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Doses de Carbonato de Cálcio altera pH e acidez potencial

de solo de várzea do Sul do Tocantins


(1)
Samuel Tavares Babugen, (2) João Vidal de Negreiros Neto, (2)Natan, (2)Ana Vitória,
(2)
Allan Deyvid Pereira da Silva, (3)Rubens Ribeiro da Silva

INTRODUÇÃO

O cultivo em solos de várzea apresenta peculiaridades pela carência de


informações e pesquisas, além da complexidade do sistema formado por acúmulos
sucessivos de nutrientes ao longo do tempo e pelas frequentes alternâncias nos ciclos de
umedecimento e secagem.
Quando um solo sob inundação é drenado, ocorre a reoxidação dos constituintes
reduzidos do solo com mudanças no potencial de oxirredução (EH), pH e concentração
de Fe2+, diminuindo a solubilidade tanto do P nativo do solo quanto do P aplicado
(SAYAL e DE DATTA, 1991). Segundo Willett (1979), o decréscimo da
disponibilidade de P no solo, com a drenagem de solos inundados, está associada ao
aumento na adsorção de P, ocasionado pelo aumento da reatividade dos óxidos de ferro
em adsorver P. Desse modo, deficiência de P tem sido verificada em culturas de
sequeiro, em rotação com o arroz em solo sob inundação (Willett, 1979; Sah &
Mikkelsen, 1986a, 1986b).
Associados às alterações do EH, verificam-se aumentos no pH de solos ácidos
devido à sua redução, enquanto que em solos alcalinos, observa-se o decréscimo do pH
devido à acumulação mais intensa de CO2, fazendo com que a maioria dos solos
inundados se encontrem em valores próximos à neutralidade (CAMARGO et al., 1993).
Em decorrência destas condições, constata-se o aumento do conteúdo de eletrólitos na
solução do solo, conduzindo à liberação de cátions presentes nos sítios de troca da
matriz coloidal. Deste modo, alguns íons, macro e micronutrientes como o potássio, o
amônio, o zinco e o cobre aumentam a sua concentração no meio e, consequentemente,
a sua absorção pelas culturas, podendo, em alguns casos de excesso, atingir níveis de
toxidez a culturas como o arroz irrigado (CAMARGO, 1992).
Este trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de doses de calcário
no pH de um solo de várzea do Sul do Estado do Tocantins.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Campus de Gurupi da
Universidade Federal do Tocantins no período de 22 de maio de 2013 a 19 de junho do
mesmo ano.
O solo foi coletado em área de várzea do Projeto Irrigado Rio Formoso, na porção
Sudoeste do Estado do Tocantins, nas coordenadas geográficas 11º46’03” Sul e
49º37’55” Oeste, sob vegetação nativa e na região rizosférica do perfil do solo.
O solo foi peneirado, de forma que apenas as partículas menores que 2 mm
seguissem para a próxima fase experimental. Após seco, o solo foi pesado e
acondicionado em sacos plásticos e adicionados CaCO3, em quantidades que
atendessem aplicações equivalentes a 0,0; 1,5; 3,0; 4,5 e 6,0 Mg1 ha-1. O solo e o
CaCO3 foram misturados e mantidos a 70% da capacidade de campo. A cada 3 dias os
sacos eram abertos para troca gasosa e reposição de água.
As coletas de amostras de solo ocorreram num interstício de 7 dias, ocasião em
eram secas e realizadas as análises de pH, até os 28 Dias Após a Incubação (DAI).
As variáveis foram submetidas a análise de variância e equações de regressão
foram ajustadas entre a variável dependente (pH) e independente (doses de CaCO3).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1. Análise descritiva dos atributos químicos de um solo de várzea.

Coeficiente
Variável Média Mediana Variância SW1
Variação Assimetria Curtose
7 dias
pH 6,86 6,72 0,856 13,49 0,093 -1,239 0,02ns
14 dias
pH 6,58 6,54 0,328 8,70 -0,307 -0,796 0,13*
21 dias
pH 6,60 6,63 0,200 6,78 -0,451 -0,554 0,30*
28 dias
pH 6,50 6,57 0,187 6,67 -0,260 -1,291 0,03ns
14 dias
Ca+Mg 5,28 5,4 2,25 28,41 -0,180 -1,24 0,04ns
21 dias
Ca+Mg 5,13 5,19 1,95 27,19 -0,023 -1,10 0,30*
28 dias
Ca+Mg 5,22 5,34 1,45 27,75 -0,139 -1,31 0,04ns
14 dias
Ca 4,23 4,43 2,71 38,96 -0,384 -1,12 0,02ns
21 dias
Ca 4,15 4,24 3,06 42,20 -0,265 -1,15 0,05*
28 dias
Ca 4,21 4,54 2,84 40,01 -0,465 -1,05 0,01ns
14 dias
Mg 1,04 1,05 0,08 27,91 -0,129 -0,87 0,43*
21 dias
Mg 1,00 0,99 0,22 47,14 0,793 0,78 0,27*
28 dias
Mg 0,96 0,81 0,13 37,85 1,153 0,06 0,002ns
14 dias
H+Al 1,31 1,13 1,72 99,89 0,622 -0,96 0,002ns
21 dias
H+Al 1,83 1,34 2,64 88,96 0,596 -1,06 0,002ns
28 dias
H+Al 1,68 1,40 2,32 90,70 0,592 -1,01 0,004ns
28 dias
P 38,36 38,67 27,30 13,62 0,287 0,11 0,384*
28 dias
K 33,04 32,57 3,68 5,81 0,397 -0,83 0,25ns
(1)
SW: teste de normalidade de Shapiro-Wilk; (*): significativo a 5%: (ns): não-significativo a 5%.
Figura 1. Curvas de calibração do pH de um solo de várzea submetido a doses
crescentes de calcário avaliados (Figura 1a) em quatro períodos de tempo (Figura 1b).

CONCLUSÃO
 A adoção do teste de normalidade de Shapiro e Wilk aos dados indicou
distribuição normal para o pH do solo nos períodos de coleta de 14 e 21 dias e não
normal quando as coletas foram feitas aos 7 e aos 28 dias.

 Os valores estudados de Ca+Mg e Ca nos períodos de 14 e 28 DAI (dias após


incubação), como também, Mg e K aos 28 DAI e a acidez potencial em todas as
coletas apresentaram distribuição não normal dos dados.

 Os efeitos diretos separados ,faz com que haja acumulação de íons e


aumente a força iônica e altere a composição iônica da solução do solo, que afeta o
equilíbrio envolvendo os nutrientes, os íons antagonistas e os íons absorvidos pelo
sistema radicular.
 O teor de matéria orgânica no solo influi diretamente na energia de oxidação,
pois o aumento neste conteúdo favorece a redução pelo suprimento de elétrons
nas reações
 Este mecanismo conduz a uma diminuição na energia de
oxidação da rizosfera, deixando-a susceptível a ação da toxidez dos produtos da
redução. Estes produtos afetam significativamente as plantas na forma de
desordens nutricionais. Estas podem ser causadas pelos efeitos tóxicos do ferro,
alumínio, manganês(b) (a), boro, sulfeto, ácidos orgânicos voláteis e salinidade.

Referências Bibliográficas
CAMARGO, F.A.O. Caracterização da ação fitotóxica de ácidos orgânicos
voláteis sobre a cultura do arroz. Itaguaí - RS. 126p. Tese (Mestrado em Agronomia) -
Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
1992.
CAMARGO, F.A.O., SANTOS, G.A., ROSSIELLO, R.O.P., et al. Produção de
ácidos orgânicos voláteis pela planta de arroz sob condições anaeróbias. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 17, n. 3, p. 337-342, 1993.
DeDATTA, S.K. Principles and practices of rice production. New York: John
Wiley, 1981. 618 p.

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