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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Centro de Educação, Comunicação e Letras


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras, nível de mestrado
profissional em Letras – PROFLETRAS
Disciplina: Linguagem, Práticas Sociais e Ensino
Profa. Dra. Luciane Thomé Schröder

Mestrandas: Ana Paula dos Santos


Luciana Aparecida Bravim Macarini

SÍNTESE DO TEXTO

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Rio de Janeiro: Edições Loyola, 1999.


p. 05-45.

Nesta conferência Michel Foucault abordou o tema do surgimento e fixação


dos discursos em nossa sociedade. Inicialmente, o autor expõe o encadeamento dos
discursos e o fato de que nenhum discurso surge livremente, mas esses são
continuações de outros discursos e estão inseridos em uma ordem dada pelas
instituições.
A hipótese a partir da qual é desenvolvida a argumentação seria:

“...em toda a sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo


controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número
de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e
perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e
temível materialidade” (FOUCAULT, 1999, p. 09)

A partir da apresentação dessa hipótese há uma discussão a respeito das


formas como ocorre a produção dos discursos, pois há discursos que são permitidos
e outros, proibidos. A proibição ocorre por meio de procedimentos de exclusão,
como a interdição ou palavra proibida, a separação e a rejeição ou a segregação da
loucura e a oposição entre o falso e o verdadeiro ou vontade de verdade. O primeiro
procedimento pode ser exemplificado a partir dos discursos que versam sobre
assuntos tabus como o sexo e a política, a respeito dos quais pesam silenciamentos.
Sobre a separação e a rejeição, Foucault trata do discurso do louco, cujo discurso,
historicamente, não circula como outros discursos, pois oscila ente a nulidade, o
inválido e o discurso profético ou ligado ao divino e sobrenatural. Atualmente, o
discurso do louco pode ter outro status, contudo esse discurso só obtém visibilidade
se amparado pelo discurso institucionalizado do médico ou psicanalista. A respeito
da exclusão via oposição verdadeiro e falso, Foucault considera que na Antiguidade
a verdade estava ligada ao ethos de quem proferia o discurso. Após o século XVI
com o surgimento de métodos empíricos houve um deslocamento do ler para o ver e
do comentar para o verificar, o que antecipou a ciência positivista do século XIX. A
isso é dado o nome de vontade de verdade e a qual para obter efeitos de verdade
utiliza-se de mecanismos como a técnica.
A vontade de verdade encontra apoio na instituição, como a escola e “tende a
exercer sobre os outros discursos [...] uma espécie de pressão e como que um
poder de coerção” (FOUCAULT, 1999, p. 18). Esse procedimento não muito falado,
mas faz com que sejam tomadas como verdades absolutas e inquestionáveis os
dados gerados a partir daquilo que é disposto como a forma correta de obter
conhecimento, sem que se pense em questionar aquilo que é afirmado.
Além desses procedimentos externos, existem outros, os procedimentos
internos a um determinado discurso e que tem a função de exercer controle. Um
desses procedimentos é o comentário que replica um texto e mantém o que é dito,
mesmo que com outra roupagem. Outro procedimento seria “o autor [...] não
entendido, é claro, como o indivíduo falante que pronunciou ou escreveu um texto,
mas o autor como o princípio de agrupamento do discurso, como unidade e origem
de suas significações, como foco da sua coerência”. (FOUCAULT, 1999, p. 26)
Nesse sentido, quando um discurso é atribuído a um autor limita um discurso à
individualidade, ou seja, não é permitido ver o contexto mais amplo no qual um
discurso está inserido. Um terceiro procedimento seria a disciplina, que se opõe aos
procedimentos de comentário e autor, e é “um princípio de controle da produção de
discursos. Ela fixa os limites pelo jogo de uma identidade que tem a forma de uma
reatualização permanente das regras”. (FOUCAULT, 1999, p. 36) Seria, por
exemplo, o que se verifica na medicina a qual delimita certos discursos, com seus
erros e verdades, a cada época o que pode ser dito a respeito de uma determinada
doença.
Foucault admite ainda um terceiro grupo de procedimentos que visa a
determinar as condições de funcionamento de um discurso. A rarefação diz respeito
às restrições impostas para a entrada na ordem do discurso, pois nem todos os
discursos são permeáveis e nem todos têm acesso. A fim de limitar a entrada na
ordem do discurso são utilizadas restrições como o ritual, constituído de “gestos,
comportamentos, circunstâncias, e todo o conjunto de signos que devem
acompanhar o discurso”. (FOUCAULT, 1999, p. 39) Outra restrição seriam as
“sociedades de discurso” cuja função é determinar que certos conhecimentos
circulem apenas em grupos fechados. Outra restrição seria a doutrina que “liga os
indivíduos a certos tipos de enunciação e lhes proíbe, consequentemente, todos os
outros”. (FOUCAULT, 1999, p. 43)
Foucault finaliza o excerto lido concluindo que “Todo sistema de educação é
uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os
saberes e os poderes que eles trazem consigo”. (FOUCAULT, 1999, p. 44)

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