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RSCO NP1015KL1989

2 Nota de abertura (1n)certezas


34 Nota sobre a noção de lucro liquido da
Liiiz Chaves de Alnleida

em presa

3 Reforma Fiscal: Estatuto dos benefícios


Maria Teresa Veiga de Faria 35 Jurisprudência H Juros compensatórios e os seus pressupostos
fiscais

12 A tributacáo dos imóveis: sisa. IVA. 39 Decisóes administrativas


J. Silvério Mateus

H Esclarecimentos sobre os novos impostos


imposto de-mais-valias e contribuição
H Tratamento em IVA do pagamento de indemnização
predial autárquica decorrente da não celebração de contratos
H Imposto complementar 1988

20 Mário Prates
Algumas questões {(em aberto no
domínio da fiscalidade indirecta na
H Reavaliação do activo imobilizado
H IRC: Pedidos de isenção
H Taxas de royalties
H Isenção ou redução de sisa
instauração do mercado interno
24 Carlos Bemardes
Que base para a tributação das 53 Documentos
empresas: lucro contabilístico ou H I Congresso Extraordinário dos Advogados Portugueses
((cash-flow))?
25 Cxlos Bemardes
IRC: Redução ou aumento da carga
27 António Guerreiro
f isca\?
Os créditos fiscais nos processos de
H Aplicação intercalar de resultados
Transparência de suprimentos para reservas

falência, de insolvência e de
recuperação de empresas Legislação (destacável)

. - FISCO
UOUIAIYA .
JUAISPRUO~YEIA L~GISIAEAI

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47,2.'Dto, 1100 Lisboa, Tels.: 55 85 25 - 55 85 35 As opiniões expostas nos trabalhos são daexclusiva responsabilidadedos seus autores.
1 Juros compensatórios n.Q4, do CCI, que só podcm ser con-
cedidas aos empregados da emprcsa e
e OS seus ~ ~ ~ S S U ~ O S ~ O S não aos sócios OU accionistas, mesmo
quc tenham sido gerentes ou adminis-
tradores (cfr. Código da Contribuiçáo
Industrial anotado, por J. Barreiros e
Recurso n.VO 393 competente chefe de repartição de outros, Rei dos Livros, 1986, p. 246).
Acórdão de 8 de Fevereiro de 1989 finanças, do montante de 4 299 402s e Corridos os vistos legais, cumpre
juros compensatórios da quantia de decidir.

'
Assunto: Contribuiçáo Industrial 2 224 969$, no total de 6 524 371$,
-Abatimentos relativos aos divi- com fundamento de que determinadas 1. A sentença recorrida deu como
dendos verbas indicadas deviam ser conside- provada a seguinte matéria de facto:
Custos relativos aos complemen- radas custos e não adicionadas ao a) A impugnante é contribuinte do
tos de pensCies de reforma dos traba- rendimento declarado. Grupo A para efcitos de contribui~áo
lhadores O representante do Ministério industrial;
-Juros compensatórios Público das Contribuições e Impostos b ) A impugnante apresentou, em
Sumário: I . Os abatimentos relu- apresentou, em 19/3/84,asuaresposta, 30/6/78, a declaração M/2 da con-
tivos aos dividendos efectuam-se ao manifestando-se pela improcedência tribuição industrial, referente ao cxer-
valor colectável, mas líquido de im- da impugnação. cício dc 1977, na qual indicou um
postos. -2. São considerados custos O M.QJuiz do Tribunal Tributário lucro tributável de 110 161 492S,
nos termos do artigo 26.5 n.", do de I.' Instância de Lisboa -3.QJuízo proccdendo a liquidação provisória;
Código da Contribuição Industrial, as -julgou a impugnação parcialmente c ) O lucro tributável veio a ser
despesas relativas a pensões de re- procedente no que conceme a verba de comgido para 129 918 8 9 $ , pch DCCI
forma ou complementos das pensões 121 746$50 respeitante a impostos de (+I7 757 402$), tendo-se efectuado,
de reforma a ex-trabalhadores refor- capitais que incidiram sobre dividcn- além de outros, os seguintes adi-
mudos. - 3. Quando a declaraçáo dos, com base no artigo 42." alínea cionamcntos:
modelo 2 contiver todos os elementos a), do CCI; relativamente à verba de
necessários à sua correcção, os juros 144 000s referente a complcrnentos de C1) prémios de seguros: 2 109 407s
compensatórios só são de contar até pensões de rcíorma pagas a ex-gcrcn- C2) imposto de capitais: 1 10 671s
15 de Setembro do ano em que a de- tcs da recorrida, não tendo a adminis- C3) subsídios de férias: 11 098 901s
claração m/2 foi apresentada. tração fiscal questionado a sua exprcs- C4) despesas com veteranos: 90 5 13s
são quantitativa mas a sua qualifi- C5) pensões facultativas: 268 800s
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA cação, íoi considerado custo para eíei- C6) gastos plurienais: 2 436 402s
SUPREMO TRIBUNAL tos íiscais nos tcrmos ao artigo 26.P,
ADMINISTRATIVO n.Q4do CCI; quanto aos juroscompcn- 4 A verba C1 corresponde ao
SECÇAO DE CONTENCIOSO satórios, foram considerados ilegais pagamcnto pcla impugnantc de pré-
TRIBUTÁRIO aos contados a partir de 15/9/78, por a mios de seguros sobre a vida dc diver-
CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO declaração ncla conter todos os ele- sos servidores da impugnantc;
GERAL mentos para a sua apreciação. e ) Parte dcsses seguros dcstinam-
O M.Q Juiz ordenou a subida do -se a garantir a sobreviventes bcnefi-
Recurso n.P 10 394 em que são processo em recurso obrigatório. ciários prestações pecuniárias pcriódi-
recorrente Fazenda Pública e recor- A impugnante não contra-alcgou. cas a partir da morte da pessoa segura
rida Tintas Berger (Portugal), R.L. e O Tribunal Tributário de 2.Vns- (as dcnominadas «rendas de sobrc-
de que foi relator o Ex.- Conselheiro tância julgou-se incompetente em m á o vivencia»);
Dr. Francisco Rodrigues Pardal. da hierarquia [artigos 32.Q,n.Q1, alínea fi Outra parte desses contratos
b), e 4 1.9, alínea a), do ETAP], orde- de seguros, a que corresponderam
Acordam, em conferência, na nando a subida dos autos a este Su- prémios pclo menos no montante de
Secção de Contencioso Tributário do premo Tribunal. 43 503S70, dcstina-se a garantir a um
Supremo Tribunal Administrativo: O distinto representante do Minis- administrador da impugnantc a panir
tério Público é de parecer que o re- dc 1/7/76 uma prestaçiio pccuniária
TINTAS BERGER (Portugal), curso não merece provimento, tanto periódica complemcntar da pensão dc
Responsabilidade Limitada, pessoa mais que a sentença recorrida se inte- reforma que o regime da segurança
colectiva n.Q500233 152,com sede em gra no entendimento da jurisprudência social lhe assegura (as denominadas
Vale de Lide, freguesia de S.João da dcstc Supremo Tribunal. crenta vitalícia diferida»);
Talha, Repartição de Finanças de Por seu lado, a digna representante g) No ano dc 1976, a impugnante
Moscavide, concelho de Loures, veio da Fazenda Pública entende que o recebeu da EMULSA - Fábrica de
impugnar a liquidação adicional da recurso merece provimento no que Emulsõcs de Resinas Sintéticas, Ld.'.,
contribuição industrial relativa ao respeita às pcnsõcs de reforma e seus em cujo capital social participa com
rendimento auferido em 1977, pelo complcmcntos, reicridas no arligo 26." uma quota de 50 por cento, há mais de
N.' 10 15 JUL 1989 FISCO .
deduzido de 121 746$50 de imposto de complementos de pensóes de reforma posto de capitais, secção B, de 121
capitais - secção B; pagas a ex-gerentes da recorrida, não 746S50.
h) A impugnante escriturou os re- tenho a administração fiscal ques- Ora, o imposto de capitais, secção
cebimento desse rendimento ilíquido tionado a sua expressão quantitativa, B, não é deduzido à colecta (artigo
(823 500%)e o pagamento de imposto mas a sua qualificação, considerada 99." alínea a), do CCI) mas é um custo
(12 1 746550) em rubricas separadas; como custo para efeitos fiscais nos (artigo 26.Q,n.Q6, do CCI); cf. artigo
í) Deduziu ao lucro tributável a termos do artigo 26.Q,n.P4, do CCI; 37.Q, alínea c).
quantia de 701 753$50; - aos juros compensatórios por Isto significa que foi ilegal a in-
I] A impugnante criou no lucro de considcrar ilegais os contados a partir clusão da verba de 121 746550 nas
1977 uma conta de encargos a liquidar, de 15/9/78, por a declaração modelo 2 correcções de verbas.
a qual afectou os resultados do exer- conter todos os elementos para a sua Acontece que o artigo 42." 5 2 do
cício, correspondendo ao valor dos apreciação. CCI determina que as verbas a dcduzir
subsídios de férias a pagar ao seu pes- nos termos das alíneas a) e b) scrão
soal devidas pelo trabalho prestado A sentença ficou sujcita a recurso líquidas de impostos. Daíque ao mon-
durante 1977 e calculado com base nos obrigatório (artigo 256.Vo CPCI) na tante dc 832 5005 devia ser dcduzido
salários em vigor no dia 3 1112/77 (C3); parte em que foi contrária à posição o imposto de capitais - 121 746$50
1) A verba C4) respeita a despesas assumida pelo representante do Mi- -o que significa que a dedução devia
da impugnante, que, à semelhança do nistCrio Público das Contribuições e ser de 701 753$50.
que vinha fazendo havia vários anos, Impostos em 19/3/84. A recorrida deduziu 712 822$, ou
1.1) premiou com um relógio tra- O recurso obrigatório tem por seja, mais de 11 068$.
balhadores com 15 anos de ligação escopo fundamental defender a le- Portanto, à quantia de 121 746550
laboral à empresa; galidade. deve abater-se a quantia de 11 068$, o
1.2) ofereceu um bebercte de con- Esta, até 1/10/85, era dcfcndida que representa que foi corrigido a
vívio entre os premiados, outros traba- pclo reprcsentante do Ministério Pú- mais 110 6785.
lhadores que pela sua antiguidade es- blico das Contribuições e Impostos Deste modo, na correcção dc rendi-
tavam em vias de obter igual galardão nos processos tributários. mento colcctável devia abater-se a
e a administração da empresa; A partir de 1/10/85, nos processos quantia de 110 670$ (v. fls 102).
m) A verba C5) respeita ao pa- tributários, qucm dcfende a legali- Nesta partc a scntença recorrida
gamento das seguintes pensões: dadc é o representante do Ministério não merece censura salvo nesta pequc-
m.1) pensão de sobrevivênciaà viú- Público (artigo 6 9 . q o ETAF). na diferença de 11 068s: determina a
va de um dos antigos gerentes da Portanto, é necessário avcriguar verba de 121 746$50, quando só há a
impugnante no montante de 124 8005 as partes da decisão que foram con- abater a quantia de 110 678$00.
(4 x 3 1 2005); trárias à posição assumida pelo repre-
m.2) pensão complementar ao ex- sentante do MinistCrio Público das 3. A vcrba de 144 000$ rcfcrentc a
gerenteda impugnanteRogério Afonso Eontribuições c Impostos. complcmcnto de pensões de rcforma
60 000s (12 x 5 OOO$); pagas a ex-gcrentes da recorrida, não
m.3) pensão complementar ao ex- 2. A vcrba de 121 746$ rcspeitan- tcndo a administração í i i l questionado
-gerente da impugnante Rui Godinho :e a imposto de capitais que incidiram a sua exprcssrlo quantitativa mas a sua
no montante de 84 000%(12 x 7 000s); ;obre dividendos com base no artigo qualificação como custo para cfcitos
n) A impugnante considerou como 12.9,alínea a), do CCI. riscais nos termos do artigo 26." n.Q4,
custo: Está provado nos autos que a rccor- do CCI.
n.1) a despesa respeitante à aqui- -ida rccebcu de uma empresa onde Está provado nos autos quc a
sição de catálogos e tabelas no mon- .inha 50 por ccnto do capital dividen- :mpresa rccorrida atribuiu a dois ex-
tante de 2 983 184540; 10s do monhnte de 832 500$, relati- -trabalhadoresque exerceram as funçõcs
n.2) o pagamento de direitos de Iamcnte ao ano de 1977. de gerência complementos dc pcnsão
fabrico no montante de 67 1 332S40; Rclativamcnte a tais dividendos 3e reforma no ano de 1977:
o) A admnistração fiscal adicionou Iagou imposto de capitais, secçáo B A administraç30 fiscal, na corrcc@o
a verba C6), correspondcndo a 213 do :artigo 6.P n.Q1 do Código do Iin- ja dcclaração m/2, adicionou ao lucro
total referido em n) por considcrar tra- ~ o s t ode Capitais) do montante dc jeclarado a verba dc 144 000$.
tar-se em ambos os casos de gasto 121 746$50, dcduziu ao lucro lí- O M."uiz decidiu quc era tal adi-
plurianual. quido apurado a quantia de 712 822s zionamento ilcgal, dado o disposto no
quando na realidade dcvia tcr ~rtigo26." n.", do CCI.
Pcrante esta matéria de facto, o MQ ipenas deduzido 701 753550 E dccidiu bcm.
Juiz julgou procedente a impugnação :823 500s - 121 746550). A empresa Com cfeito, os trabal hadorcs bcne-
relativamente: ieduziu a mais 11 068%. riciados exerceram as funçõcs de
-à verba de 121 7-50 respcitante A administração no exame que fcz zerência na recorrida.
a impostos de capitais que incidiram ideclaração m/2 (artigo 113.VoCC1, Trata-se do exercício de uma acti-
sobre dividendos, com base no artigo :f. artigos 85.Q único e 90." corrigiu, ~idadcncccssária à produção dc pro-
42.Q,alínea a), do CCI; io quadro 18, a verba dc 167 404s mitos da cmprcsa.
FISCO N.'1015n;L1989

Este entendimento está de acordc no artigo 85.Q5 único do CCI (vcr Nestc acórdáo, essa diferença dc
com redacção dada ao n.Q4 do artigc artigo 93.QCCI). concepçóes entre a função dos doi:
26.Qdo CCI pelo Decreto-Lei n.P 503- Como os elementos que originaram representantes do Estado no mesmc
B176, de 30 de Junho, que se refere a as correcções existiam na declaração processo tem já consequências quantc
«pensões de reforma, complementos m/2, os juros compensatórios só se as posiçdes tomadas: o Ministéric
de pensões de reforma» (cf. José Bar- podiam contar até 15 de Setembro de
Público considera que o recurso nác
reiros, Costa Teixeira e Quintino Fer- 1978.
reira, Código da Contribuição Indus- Esta é jurisprudência corrente dcste merece provimento, o representante
pia1 Anotado, 2.Wçã0, Rei dos Livros, Supremo Tribunal, como pode ver-se da Fazenda dá-lhe provimento parcial
1986, Lisboa, p. 243, nota 109;Garcia dos acórdãos, entre outros, de 16/3/88 por considerar que não são custos dc-
de Freitas e Soares Teles, Código da -recurso n.Q4457; 25/5/88 -recur- spesas com pensões de reforma con-
Contribuição Industrial Anotado, 5.' so n.Q4770; 24/2/88 - recurso n.Q cedidas a sócios que eram antigos gc-
ediçáo, Coimbra Editora, 1981, I, 5203; 16111/88 - recurso n.Q5333. rentes da sociedade.
p. 342, nota 3.12; p. 380, nota 43). Nesta parte, também a sentença Apesar disso, o Suprcmo vai tcr
Nesta parte, o recurso também não recorrida não merece censura. quc se debruçar não apcnas sobrc a
merece provimento. única questão que é mantida por um
Náo contende com esta afirmação 5. Em face do exposto, o recurso dos representantes do Estado mas sim
o facto de a digna representante da obrigatório não merece qualquer Cxito.
sobre as que foram sustentadas pelo
Fazenda Pública defender que «as A sentença recorrida é dc manter salvo
pensdes de reforma e seus comple- quanto ao valor dc 121 746550 que outro representante do Estado na pri-
mentos referidos no n.Q4 do artigo 26.P dcvc scr apcnas dc 110 678$ (ver supra mcira instância: como se afirma no
do CCI são os concedidos unicamente naQ2) a abater. acórdão, «C necessário averiguar as
aos empregados das empresas não Nestes termos, acordam em negar panes da dccisáo que foram contrárias
abrangendo os atribuídos a sócios ou provimcnto ao recurso obrigatório e, à posiçáo assumida pelo representante
accionistas mesmo quando tenham sido em consequtncia, manter a sentença do Ministkrio Público das Contribuições
gerentes ou administradores» (cf. J. recorrida, salvo quanto à quantia a e Impostos».
Barreiras e outros, Código Con~ibuiçáo abater rcfcrida - 110 678$. Esta ordenação processual confere,
Industrial, cit., p. 246, nota 123),uma Só são devidas custas na 1.Vns- dcste modo, poderes extraordinários
vez que, no caso em apreço, os bene- tância de acordo com o decidido (ar- ao Ministério Público na 1."instância:
íiciários das pensões de reforma eram tigo 3.Qda Tabcla dc Custas no STA). ainda que mais tardc a sua posição scja
trabalhadores da empresa, embora
tenham exercido as funções dc ge- Lisboa, 8 dc Fcvcrciro de 1989 abandonada pelo representante do
rência. Ministério Público junto do STA, este
Sáo situações completamente diver- Francisco Rodrigucs Pardal (Rclator) tcrá de se debruçar sobre questões
sas. Armindo José Giráo antcriormentc suscitadas.
Assim, a verba de 144 000$ não é Lciião Cardoso, Hcrnâni Figucircdo. Sublinhc-sc também que a dupla
dc adicionar ao rendimento declarado Fui prescntc, Gouvcia e Mclo rcpresentaçáo do Estado faz com que
e corrigido. :stc tenha perante o mcsmo caso duas
posiçõcs distintas: do ponto dc vista da
4. Os juros compensatórios liqui- Icgalidadc e do ponto de vista dos
dados posteriormentc a 15 de Sctcm- 1. Podcm dividir-secm trCs grupos Icgílimos interesses da Fazenda
bro de 1978 são ilegais, por a dc- principais as qucstdes suscitadas por Nacional.
claraçáo m/2 conter todos os elcmcn- este acórdáo.
tos para a sua apreciação. No caso do ponto dc vista da lcgali-
A declaraçáo foi apresentada em A primeira é a rcafirmação da 3adc, Icva ao abandono total das posi-
3016178. Esta continua todos os elc- posiçáo já tradicional do STA, que iões sustentadasna lqnstância. Mas o
mcntos nccessários para os scrviços atribui ao Ministério Público das ponto dc vista dos intcresscs legítimos
da administraçáo fiscal procedcrcm à Contribuiçdcs c Impostos, até 1 dc Icvaria à dcfcsa dc uma partc dclcs.
corrccção da autoliquidação provisória Outubro de 1985 (data da entrada em Para além das questdes ligadas ao con-
(artigo 85.Q 5 único do CCI). Não vigor do Estatuto dos Tribunais Ad- :cito dc Icgalidadc e intcrcssc público,
foram invocadas quaisquer omissdcs ministrativos e Fiscais) a dcfcsa da mdc comprecndcr-se facilmcntc porque
ou incxactiddcs. Estavam em causa lcgalidadc. Dcpois dcsta data, nos :xistc um tão grande atraso no jul-
apenas questdes de critkios relativa- criticávcis tcrmos dcstc decreto, que Zamcnto dc processos fiscais.
mente a certas verbas. distingue cntrc «lcgalidadc»,cuja dcfcsa
Com efeito, náo houve nccessi- cabc ao MinistérioPúblico,e «intcres-
dadc dcproceder-se aoexame à escrita 2. A segunda qucstão, quc também
da impugnante. Tudo isto revela que scs legítimos da Fazenda»,cuja dclcsa iáo vamos abordar aqui, é o problema
não houvc da parte da empresa recor- cabe ao rcprcscntante desta, a dcfcsa ias pcnsõcs dc reforma pagas a anligos
rida qualquer acto ou facto que impc- da lcgalidadc caberá apcnas ao Mi- ;ercntcs. Náo só nos parece certa a so-
disse a liquidação corrcctiva prevista nistério Público. ução dada ao caso, como nos parccc
1 N."1015JUL1989 RSCO H

ser esse o regime actualmente vigente juros compensatórios, acentuado no Mais adequado seria,por isso, uma
e criado pelos artigos 23.Q(custos) e presente acórdão: se a declaração con- previsão legal para actos do convi-
38.Q(realizaçdes de utilidade social) tém todos os elementos que deva con- buinte que por manifestarem apcnas
do CIRC. Em especial no que diz res- ter, osjuros compensatórios só poderão uma conduta dirigida ao retardamento
peito ao regime criado pelo artigo 38.Q contar-se até ao dia 15 de Setembro, da liquidação provocassem um com-
quanto a seguros realizados pela em- data queo 9 único do artigo 85.VoCCI portamento penalizador dos juros com-
presa, só nos parecem excluídos os impunha para a realização da liqui- pensatórios e simultaneamente cons-
que concedam ao gerente vantagens dação definitiva. tituísse uma causa de justificação para
claramente superiores às que são con- Ora mesmo sem discutirmoso accr- condutas que não pudessem scr con-
cedidas aos demais trabalhadores da to deste segundo princípio, esta apli- sideradas como dirigidas a essa mcsma
empresa. cação dos juros compensatórios, indc- finalidade3.
pendentemente daculpa epor um prazo A solução para quc aponta o CIRC
3. Eliminadas as duas primeiras bem dcíinido, parece prcssupor a ncu- dcverá Icvar os tribunais a uma nova
questócs propomo-nos agora exami- Validade financeira dos mcsmos2: a reapreciação do significado jurídico
nar a questão dos juros compensadrios, vantagem obtida pelo pagamento tardio de acto imputável aocontribuinte,pois
no sentido da determinação dos pres- é compensada pelo juro cobrado nesse nos casos em que houve atraso na
supostos da sua aplicação. período. Que nunca pode ser muito dcclaração a situação é clara.
Nos termos do Código da Con- elevado, porque há uma limitação de Mas é-o bastante menos nos nu-
tribuição Industrial, como vcremos tcmpo. mcrosos acasos em que possa haver
parcialmente reproduzidos pelo CIRC, Mas no artigo 80.Qdo CIRC, ao mcra divcrgencia aceitável dc critérios:
os juros compensatórios eram a con- mcsmo tcmpo quc mantem a indciimipo mesmo quc scjam os «erros»previstos
sequência do atraso da liquidação dos requisitos para aplicação dos juros pclo n.Q4 do artigo 80.Q,pois a pri-
imputável ao contribuinte. Mas sem compcnsatórios (facto impudvcl ao meira consequência do carácter pe-
que se avançassem quaisquer notas contribuintc), introduz duas altcraçõcs: nalizador quc foi dado aos juros com-
para a definição do comportamento no sentido do princípio já dcscnvolvido pensatórios é a existência dc mais
do contribuinte que permitiam con- pcla jurisprudencia do STA dctcrmina apcrtado requisito para a sua aplicação.
sidcrar que o atraso lhe era imputável. no scu n.Q4 que se o atraso na liqui-
Perante este quadro geral, foi pouco dação decorrer de erros evidenciados J. L. Saldanha Snncltes
a pouco a jurisprudência do STA pro- pcla própria dcclaração os juros só
ccdcndo a uma concretização dos poderão contar-se por 180 dias. E os ' Acórdáos Douirinais, 247, p. 968.
princípios de aplicação desta norma, juros scrão iguais à taxa dcdesconto do Neste caso, o STA considerou que o con-
nosentidodedistinguir entre compor- Banco dc Portugal, mais cinco pontos tribuinte tinha sido induzido em erro pelo
tamentos do contribuinte que leva- pcrccntuais. próprio modelo da declaração oficial. Mas
riam à aplicação de juros compen- Quc resulta dcstas alteraçdcs? a culpa do contribuinte podia existir pela
satórios e quais os que não levariam a Vamos supor um caso em que o auszncia dc fundamentação de alguns
essa mesma aplicação. atraso se dcve a uma aceitável elementos contidos na declaração. V.
Neste sentido, veio a afirmar «que divcrgencia de critérios. O prazo má- Acórdüo da 2.Vlnfância. Colecção, 1982,
constitui jurisprudência uniforme destc ximo dc scis mcscs limita a pcnali- p. 261. Ou à existEncia de simples negli-
STA, face ao artigo 93.Qdo CCI e a zação. gência. Acórdüos Doutrinais, 266, p. 204.
outros preceitos paralelos dos diver- Mas a introdução de uma taxa igual E pode considerar-se que háneutrali-
sos códigos, quc não basta que o facto à Laxa básica dc dcsconto, mais cinco dadc financeira quando. por exemplo, estcs
causa do rctardamento se liguc objec- pontos pcrccntuais, fórmula que se juros são iguais àprime rate, como sucede
tivamente ao contribuinte, a esse título destina a evitar a constante disparidadc nos EUA.
lhe sendo de imputar ou atribuir. É entrc a taxa fixada pcla Ici e a taxa dc Criando os chamados/affispecie di
ainda indispensável que a ilicitude da juro do mercado, é apcnas parcialmente evasione que acompanham sempre o re-
conduta sc ligue uma ccrta culpa, que flcxivcl: o pcso dos cinco pontos adi- gime de autoliquidação. Nicola dPArnati,
tome aquela censurável»'. cionais tcndcrá a aumentar quando o «AutoaccertamentoTributario)),Enciclope-
E dcsta forma o STA criou um juro dcsccr c a diminuir quando o juro dia dcll Diritto, p. 581. nt. Salvatore Ia
critério para distinguir entre rctarda- subir. Rosa, «Mettodi di Accertamento e Re-
mentos da liquidação, não provcnicn- Podc, pois, tomar-se fortcmcnte forma Tributaria», Rivista di Diritto r i -
tes de comportamcnto censurável do penalizadora, mcsmo quc nada cxista nanziaro eScienza della Finanzau, Junho
contribuinte e dc naturais divergencias dc censurável no comportamcnto do 1978. p. 220. Tambkm na Alemanha 0
dc critérios entre o contribuintc e a contribuintc. Da mcsma forma que podc pagamento de juros pelo atraso na liqui-
administração. scr muito escassamcntc penalizadora dação exige o preenchimento dos elcrncn-
E juntamente com este criou um mesmo quc haja um comportarncnto tos que tipificam a fraude fiscal. Tipke-
segundo limite para a aplicação dos censurávcl por partc do contribuintc. Kruse, AO, 1986, an. 2. 5 235.

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