se ouvir, o mais que se possa, o objeto e a idéia pelo som, e esse caráter é-lhe tão essencial, que resiste a todas as épocas... A língua figurativa, aquela que pinta pelo som, ficou sendo a força e a vida de toda a linguagem humana; e o espírito do homem nunca renunciará a ela. Esta relação do som com o objeto não é limitada a alguns casos, em que nos impressiona por uma forte onomatopéia, encontra-se em toda a parte; nas palavras compostas de nossa língua, como nos derivados das línguas estrangeiras, para a expressão das idéias, como para a expressão das coisas. Tal relação é, a certos respeitos, a primeira etimologia das palavras. Não é somente por imitação do grego ou do latim fremere, que fizemos a palavra fremir; é pela relação do som com a comoção que se exprime. Horror, terror, meigo, suave, corar, suspirar, pesado, leve, não vieram para nós do latim somente, mas do sentido íntimo que reconheceu e adotou esses termos, como análogos à impressão do objeto.” (Albalat, 1924)
“Se queres descrever zéfiros,
Murmure o suave arroio Em versos suavíssimos. Se refervem as ondas agitadas, O verbo troará como torrentes, Correndo em catadupa. Se Ájax ergue um penedo, E o arremessa, com custo, Pesada é cada sílaba, E as palavras arrastam-se. Mas, se vires Camila Aflorar a serena superfície Das águas prateadas, O verso voa e segue-a, Ligeiro, como as aves. (Dellile).” (Albalat, 1924)