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Departamento de
Engenharia Civil e
Arquitectura
Francisco Virtuoso
2011/12
INDÍCE
1. Introdução ................................................................................................................................................... 1
5. Referências ............................................................................................................................................... 39
Ed ≤ Rd (1.1)
em que Ed representa o valor de cálculo dos efeitos das acções e Rd o valor de cálculo da
resistência correspondente. Estando a analisar a resistência de secções as variáveis Ed e
Rd podem representar os efeitos e as resistência associados a esforços isolados, como
por exemplo um esforço axial, um momento flector ou um momento torsor, ou, de uma
forma mais genérica, representar uma combinação de esforços, correspondendo neste
caso à aplicação de curvas de interacção.
Os valores de cálculo dos esforços actuantes são obtidos para os valores de cálculo das
acções, pd, os quais resultam de se majorarem os valores característicos das acções, pk,
pelos coeficientes parciais de segurança das acções1, γf, ou seja
em que Ek representa o valor característico dos efeitos das acções, os quais são
calculados para os valores característicos das acções. A utilização desta equivalência
numérica, frequentemente aplicada na prática, não deve levar a esquecer que
formalmente os coeficientes parciais de segurança γf têm de ser aplicados às acções
(equação 1.2) e não aos seus efeitos (equação 1.3).
Os valores de cálculo das resistências, Rd, são calculados com base nos respectivos
valores característicos, Rk, minorados pelo coeficiente parcial de segurança das
propriedades dos materiais, γM, tendo-se
Rk
Rd = (1.4)
γM
1 A apresentação mais detalhada da filosofia dos estados limites últimos assim como a sua aplicação através
da utilização de coeficientes parciais de segurança faz parte do programa da disciplina de Dimensionamento
de Estruturas.
Para a verificação da segurança das secções admite-se, de um forma geral, como válida
a hipótese da conservação da secções planas, hipótese de Bernoulli, ou seja, que as
secções planas se mantém planas após a deformação, ou, no contexto da verificação da
segurança, até que se atinja a rotura.
2. CRITÉRIO DE CEDÊNCIA
Considere-se uma secção solicitada apenas por um esforço axial e por momentos
flectores aplicados segundo os eixos principais de inércia. A tensão normal numa fibra
genérica de coordenadas (y; z) é, conforme se representa na figura 2.1, dada por
N M yz M zy
σ= + - (2.1)
A Ιy Ιz
A cedência ocorre quando a tensão máxima for igual à tensão de cedência, ou seja,
admitindo os esforços com sinais positivos, a secção verifica a segurança desde que
N Myzmax Mzymax
σmax = + + ≤ fy (2.2)
A Ιy Ιz
A equação 2.2 pode ser escrita em função dos valores dos esforços de cedência, o
esforço axial e os momentos flectores que actuando isoladamente provocam a cedência
da secção, tendo-se
N My Mz
+ + ≤1 (2.3)
Npl My.c Mz.c
Npl = A fy (2.4)
Ιy
My.c = f =Wy.el fy (2.5)
zmax y
Ιz
Mz.c = f =Wz.el fy (2.6)
ymax y
No caso particular da secção ser solicitada em flexão composta com Mz=0 a equação 2.3
simplifica-se, podendo ser escrita da seguinte forma
N My
+ ≤1 (2.7)
Npl My.c
Figura 2.2 – Diagrama de interacção em flexão composta e em flexão desviada de acordo com o critério de
cedência
No caso em que a secção é solicitada em flexão desviada com um esforço axial nulo a
equação 2.3 reduz-se a
My Mz
+ ≤1 (2.8)
My.c Mz.c
Figura 2.3 – Diagrama de interacção em flexão composta desviada de acordo com o critério de cedência
2 3 3 3 3 2
HEA200 S355 - A=5380 mm ; Wy.el=389x10 mm ; Wz.el=134x10 mm ; fy=355 N/mm
3 6
800x10 70x10 2
σmax =
5380
+
389x10
3 = 148,7 + 179,9 = 328,6 ≤ 355 N/mm ✓
-3 3 -6
Npl = 5380 x 355 x 10 = 1909,9 kN; My.c = 389x10 x 355 x 10 = 138,1 kNm
800 70
+
1909,9 138,1
= 0,419 + 0,507 = 0,926 ≤ 1 ✓
Sugestão: verifique que adoptando o critério de cedência, e para um esforço axial N=800 kN, o momento
máximo que se pode aplicar é de 80,2 kNm.
3 6 6
500x10 40x10 15x10 2
σmax =
5380
+
389x10
3 +
134x10
3 = 92,9 + 102,8 + 111,9 = 307,6 ≤ 355 N/mm ✓
3 -6
Mz.c = 134x10 x 355 x 10 = 47,6 kNm
500 40 15
+ +
1909,9 138,1 47,6
= 0,261 + 0,290 + 0,315 = 0,866 ≤ 1 ✓
Sugestão: verifique que adoptando o critério de cedência, e para um esforço axial N = 500 kN e My = 40 kNm,
o momento máximo Mz que se pode aplicar é de 21,4 kNm.
Nos casos correntes a secção é solicitada simultaneamente por esforços que dão origem
a tensões normais, o esforço axial e os momentos flectores, e esforços que dão origem a
tensões tangenciais, o momento torsor e os esforços transversos. Nestes casos a
determinação do início da cedência efectua-se através da aplicação de critérios de
cedência baseados no cálculo de uma tensão equivalente, função do estado de tensão,
que se designa por tensão de comparação, σcomp. De entre os critérios de cedência o
mais utilizado é o critério de Mises-Hencky de acordo com o qual a tensão de
comparação é dada por
2 2 2
σcomp = σ 1 + σ 2 + σ 3 - σ 1σ 2 - σ 2σ 3 - σ 3σ 1 (2.9a)
em σ1, σ2 e σ3 representam as tensões normais num ponto referidas aos eixos principais
de tensão.
2 2 2
σcomp = = σ 1 + σ 2 + σ 3 - σ 1σ 2 - σ 2σ 3 - σ 3σ 1 = f y (2.9b)
No caso particular de uma peça linear em que o estado de tensão possa ser reduzido a
um estado plano de tensão e em que tensão normal segundo o eixo perpendicular ao
eixo da peça é nula, a equação 2.9b pode ser reescrita na forma
2 2
σcomp = σx + 3τ = fy (2.10)
A área e os módulos elásticos de flexão de um perfil HEA200 foram já indicados nos exemplos 2.1 e 2.2. Na
tensões normais e tangenciais devidos aos esforços aplicados, sendo os valores necessários à definição dos
3
N 600x10 2
Tensão máxima devida ao esforço axial - σN = = = 111,5 N/mm
A 5380
6
My 45x10 2
Tensões máxima devida ao momento flector - σM = = 3 = 115,7 N/mm
Wy.el 389 x10
Vz Sy
Tensões devidas ao esforço transverso - τ =
Ι yt l
3
180x10 x(100x10x90) 2
Ponto 1 no banzo junto à ligação à alma - τ1 = 6 = 43,9 N/mm
36,9 x10 x10
3 2
180x10 x(200x10x90+90 x6,5/2) 2
Ponto 2 na alma a meia altura da secção - τ2 = 6 = 154,8 N/mm
36,9 x10 x6,5
2x43,9x10 2
Ponto 3 na alma junto à ligação ao banzo - τ3 = = 135,1 N/mm
6,5
f'y = 1 - 3⎜
⎛τmax⎞⎟2 f (2.12)
⎝ fy ⎠ y
Realce-se que esta metodologia é simples de aplicar e é conservativa, uma vez que se
admite que os valores máximos da tensão normal e da tensão tangencial ocorrem no
mesmo ponto, situação que raramente se verifica.
Exemplo 2.4: Apresenta-se neste exemplo a verificação da segurança apresentada no exemplo 2.3, mas
2
τmax = τ3 = 154,8 N/mm
2
f'y = 1-3 ( 154,8
355 ) 355 = 232,7 N/mm 2
2
Verificação da segurança - σmax = 111,5 + 115,7 = 227,2 ≤ 232,7 N/mm = f'y ✓
Npl = A fy (3.1)
em que Wy,pl e Wz,pl representam os módulos de flexão plástica relativamente aos eixos y
e z, respectivamente.
dada por τ=fy/ 3 , o esforço transverso plástico é dado por Vz,pl = A fy/ 3.
Ao considerar-se uma distribuição plástica das tensões tangenciais nem sempre a área
total da secção contribuí para a resistência ao esforço transverso. Na figura 3.2
representa-se uma secção em Ι indicando-se as distribuições de tensões tangenciais e
elástica e plástica para um esforço transverso segundo o eixo z.
Figura 3.2 - Distribuição de tensões tangenciais elástica e plástica numa secção Ι. Esforço transverso
segundo o eixo z.
Como se ilustra nos diagramas apresentados na figura 3.2, tratando-se de uma secção
de parede fina a direcção das tensões tangenciais coincide com a direcção da linha
média da secção. Note-se que a resultante das tensões na alma tem de ser
estaticamente equivalente ao esforço transverso aplicado. A principal diferença entre os
dois diagramas apresentados é que a distribuição elástica depende das características de
toda a secção, incluindo os banzos, enquanto que o valor do esforço transverso plástico
só depende da área da alma. Tem-se neste caso
Figura 3.3 - Distribuição de tensões tangenciais elástica e plástica numa secção Ι. Esforço transverso
segundo o eixo y.
fy
Vy,pl = Av com Av = Abanzos = A – Aw (3.6)
3
fy 2A
Vpl = Av com Av = (3.7)
3 π
A resistência plástica à torção, embora possa ser determinada com base na mesma
abordagem adoptada para o esforço transverso, não é tratada no presente texto.
Figura 3.4 - Distribuição de tensões tangenciais elástica e plástica em secções tubulares rectangulares e
circulares
Exemplo 3.1: Adoptando um critério de plasticidade pretende calcular-se a resistência ao esforço axial, aos
momentos flectores e aos esforços transversos actuando isoladamente num perfil HEA200 S355.
2 3 3 3 3 2
HEA200 S355 – A = 5380 mm ; Wy,pl = 430x10 mm ; Wy,el = 204x10 mm ; fy = 355 N/mm
-3
Npl = A fy = 5380x355x10 = 1909,9 kN
3 -6
My,pl = Wy,pl fy = 430x10 x355x10 = 152,7 kNm
3 -6
Mz,pl = Wz,pl fy = 204x10 x355x10 = 72,4 kNm
Os esforços transversos plásticos calculam-se de acordo com as equações 3.5 e 3.6, tendo-se
2 355 -3
Az,v = Aw = A - 2btf = 5280 - 2x200x10 =1380 mm → Vz.pl = 1380 x x 10 = 282,8 kN
3
2 355 -3
Ay,v = Abanzos = 2x200x10 = 4000 mm → Vy.pl = 4000 x x 10 = 819,8 kN
3
Secção Rectangular
a
N = ba fy = N com Npl = bh fy (3.8)
h pl
A equação 3.9 pode ser escrita em função do quociente entre os esforços na secção e os
correspondentes valores plásticos, tendo-se
M ⎛ N ⎞2
+ =1 (3.10)
Mpl ⎜⎝Npl⎟⎠
A equação 3.10 define a curva de interacção plástica numa secção rectangular em flexão
composta a qual é representada na figura 3.6.
Com base nos diagramas apresentados na figura 3.7, e tendo em conta a área e a
posição do centro de gravidade de um arco de circunferência2, tem-se que
2β
N = 4βRt fy = N com Npl = 2πRt fy (3.10)
π pl
senθ
M = (2θRt fy) (2 R ) = 4R2t fy cosβ = cosβ Mpl com Mpl = 4R2t fy (3.11)
θ
As equações 3.10 e 3.11 podem ser reunidas numa única através da eliminação do
parâmetro β obtendo-se
2 M N
arcsen + =1 (3.12)
π Mpl Npl
A equação 3.12 define a curva de interacção plástica numa secção tubular circular em
flexão composta a qual é representada na figura 3.8.
Exemplo 3.2: Considere-se um perfil CHS 219.1x10 S355. Adoptando um critério de plasticidade pretende
determinar-se o valor do máximo momento que o tubo pode resistir quando sujeito a um esforço axial de
1000 kN.
219,1-10
Raio da linha média R= = 104,55 mm
2
2 -3
A = 2πRt = 2πx104,55x10 = 6569 mm ⇒ Npl = A fy = 6569x355x10 = 2332 kN
2 2 3 -6
Wpl = 4R t = 4x104,55 x10 = 437228 mm ⇒ Mpl = Wpl fy = 437228x355 x10 = 155,2 kNm
Para N = 1000 kN e tendo em consideração a curva de interacção definida pela equação 3.12 obtém-se
π π 1000⎞
M ≤ sen⎛ - x
⎝2 2 2332⎠ x155,2 = 139,2 kNm
Sugestão: represente os diagramas de interacção (M;N), elástico e plástico, de um CHS 219.1x10 S355.
Verifique que usando um critério elástico para um N = 1000kN o máximo momento que é possível aplicar é
de 69,6 kNm.
Secção em Ι ou H
Figura 3.9 – Secção em Ι. Decomposição do Npl e do My.pl nas parcelas absorvidas pelos banzos e pela alma.
Nf = 2btf fy (3.13)
Nw = htw fy (3.14)
Mf = btfh fy (3.16)
t wh 2
Mw = f (3.17)
4 y
t wh 2
My,pl = Mf + Mw = (btfh + )f (3.18)
4 y
Com base nos valores apresentados nas equações 3.13 a 3.18 é possível definir o
diagrama de interacção (My/My,pl; N/Npl) para uma secção Ι que se representa na figura
3.10.
Mf ⎡M - Mf ⎛ N ⎞2⎤ Mw
+ + ⎜ ⎟ ⎥ ≤1 para N < Nw (3.19)
My,pl ⎢⎣ Mw ⎝Nw⎠ ⎦ My,pl
Nesta equação Mf/My,pl representa a abcissa do ponto B definindo a parcela do momento
resistido pelos banzos. A segunda parcela do 1º termo da equação 3.19 tem em
consideração o momento flector resistido pela alma, afectado do termo entre parênteses
rectos, que não é mais do que a curva de interacção plástica da alma determinada com
base na equação 3.10, definida para secções rectangulares. Assim verifica-se que a
curva de interacção entre os pontos A e B é definida pela curva de interacção de uma
Figura 3.11 - Secção em Ι. Decomposição do Npl e do Mz,pl nas parcelas absorvidas pelos banzos e pela alma.
t fb 2
Mf = 2 f (3.20)
4 y
Mw = 0 (3.21)
t fb 2
Mz,pl = Mf + Mw = f (3.22)
2 y
Com base nos valores apresentados nas equações 3.13 a 3.15 e 3.20 a 3.22 pode
definir-se o diagrama de interacção (Mz/Mz,pl; N/Npl) para uma secção Ι que se representa
na figura 3.12.
M N - Nw ⎞2
+ ⎛⎜ ≤1 (3.23)
Mpz,pl ⎝Npl - Nw⎟⎠
Esta equação corresponde à curva de interacção plástica dos banzos, determinada com
base na equação 3.10, definida para secções rectangulares, tendo ainda em conta que o
esforço axial total resulta da soma da parcela absorvida pelos banzos com a parcela
absorvida pela alma.
Exemplo 3.3: Considere-se um perfil HEA200 S355. Adoptando um critério de plasticidade pretende obter-se
o diagrama de interacção em flexão composta para o momento segundo o eixo y (My/My,pl; N/Npl).
2 3 3 2
HEA200 S355 – A = 5380 mm ; Wy.pl = 430x10 mm ; fy = 355 N/mm
O esforço axial e o momento plástico são calculados de acordo com as equações 3.1 e 3.2, tendo-se
-3
Npl = A fy = 5380x355x10 = 1909,9 kN
-3 Mf 127,8 Mw
Mf = btfh fy = 200x10x180x355x10 = 127,8 kNm = = 0,847 = 1 - 0,847 = 0.153
Mpl,y 152,7 Mpl,y
Com base nestes valores obtém-se o diagrama de interacção representado na figura 3.13 o qual é definido
por
2 2
Se N/Npl < 0,261 →
Mf ⎡My - Mf
+
My,pl ⎣ Mw
+ ( ) N
Nw
2
⎤ Mw ≤ 1
⎦ My,pl
⇒ 0,847+ ⎡
My
⎣My,pl
- 0,847 + ( ) 0,261
N
Npl
1
x 0,153⎤ ≤ 1
2
⎦
+ 2,246( ) ≤ 1
My N
⇒
My,pl N pl
My N
Se N/Npl ≥ 0,261 → 0,872 + ≤1
My,pl Npl
Figura 3.13 - Diagrama de interacção plástica (My/My,pl; N/Npl) para um HEA 200 S355
Com base nas curvas de interacção definidas tem-se, por exemplo, para esforços axiais de 200 e 1000 kN os
N = 1000 kN → M ≤ (1 –
1909,9) 0,872
1000 152,7
y x → M ≤ 83,4 kNm y
Exemplo 3.4: Considere-se um perfil HEA200 S355. Adoptando um critério de plasticidade pretende obter-se
o diagrama de interacção em flexão composta para o momento segundo o eixo z (Mz/Mz,pl; N/Npl).
3 3 2
HEA200 S355 – Wz.pl = 204x10 mm ; fy = 355 N/mm
3 -6
Mz,pl = Wz,pl fy = 204x10 x355x10 = 72,4 kNm
Com base nestes valores obtém-se o diagrama de interacção representado na figura 3.14 o qual é
2 2
Se N/Npl > 0,261 →
Mz
Mpl,z
+ ( )
N - Nw
Npl - Nw (
≤1 ⇒
2
Mz
Mz.pl
+
1 - 0,261 ) ≤1
N/Npl,z - 0,261
⇒
+( ) ≤1
Mz N/N - 0,261
pl,z
Mz.pl 0,739
Mz
Se N/Npl ≤ 0,261 → ≤1
Mz,pl
Figura 3.14 - Diagrama de interacção plástica (Mz/Mz,pl, N/Npl) para um HEA 200 S355
Com base nas curvas de interacção definidas tem-se, por exemplo, para esforços axiais de 200 e 1000 kN os
2
N = 1000 kN → Mz ≤ ⎡1,125 - 1,831
⎣ ( 1000
1909,9 ) ⎤⎦ x 72,4 → M ≤ 45,1 kNm
z
Conhecidas as duas curvas de interacção, cada uma das quais com momentos apenas
My N ⎞ ⎛ Mz N ⎞
num dos eixos, ⎛⎜ ; e ; , o problema resume-se a definir a interacção para
⎝My,pl Npl⎟⎠ ⎜⎝Mz,pl Npl⎟⎠
as situações em que os dois momentos, My e Mz, são simultaneamente não nulos.
My Mz N ⎞
Conforme se pode observar na figura 3.15 a superfície de interacção ⎛⎜ ; ;
⎝My,pl Mz,pl Npl⎟⎠
Figura 3.16 - Definição do diagrama de interacção (My/My,pl; Mz/Mz,pl; N/Npl) através de curvas de interacção
para N=cte.
My Mz ⎞
A curva de nível que define a interacção entre ⎛⎜ ; pode ser genericamente
⎝MN,y,pl MN.z,pl⎟⎠
definida por
My Mz ⎞
Na figura 3.18 representam-se as projecções no plano ⎛⎜ ; das curvas de
⎝MN.y.pl MN.z.pl⎟⎠
interacção para N/Npl=0 e para um valor genérico de N/Npl diferente de zero. Os valores
de α e β são determinados numericamente tendo em consideração as características
geométricas das secções. No quadro 3.1 indicam-se os valores de α e β para o caso das
secções mais correntemente utilizadas em flexão composta desviada (EC3 [1]).
Ι, H 2 5n β≥1
2 2 -
1,66 1,66 α, β ≤ 6
2 2
1 - 1,13n 1 - 1,13n
Quadro 3.1 – Valores dos parâmetros α e β para definir as curvas de interacção entre momentos flectores
em função do nível de esforço axial (n= N/Npl) (Adaptado do EC3 [1])
Note-se que no caso em que um dos termos My ou Mz é nulo a expressão 3.24 se reduz
às expressões da verificação da resistência de secções solicitadas em flexão composta
não desviada.
- no caso particular de secções com simetria radial, como por exemplo secções
tubulares circulares, os valores de α e β tomam o valor de 2, ou seja, para um valor
de fixo de n = N/Npl as curvas de interacção são circunferências uma vez que os
momentos flectores resistentes são iguais em todas as direcções.
Exemplo 3.5: Para o perfil HEA200 S355 já considerado nos exemplos 3.3 e 3.4 pretende determinar-se a
curva de interacção para N = 400kN e, com base nessa curva de interacção, o valor do momento resistente
My quando Mz = 20kNm:
-3
Npl = A fy = 5380x355x10 = 1909,9 kN
3 -6
My.pl = Wy.pl fy = 430x10 x355x10 = 152,7 kNm
3 -6
Mz.pl = Wz.pl fy = 204x10 x355x10 = 72,4 kNm
N 400,0
n= = = 0,209
Npl 1909,9
Nw
a= = 0,261 (ver exemplo 3.2)
Npl
2
MN.y.pl = 152,7 (1 - 2,246x0,209 ) = 137,7 kNm (ver exemplo 3.2)
( My
138,8 ) ( )+
Mz
72,4
≤1
1,045
Mz=20,0 kNm ⇒ My ≤ 1- ( )
20,0
72,4
x 138,8 ⇒ My ≤ 117,2 kNm
3.2.3 Caso geral da interacção entre momento flector, esforço axial e esforço
transverso
M ⎛ V ⎞2
+ =1 (3.25)
Mpl ⎜⎝Vpl⎟⎠
Figura 3.20 – Diagrama de interacção entre o momento flector e o esforço transverso numa secção
rectangular.
Com base na contribuição dos banzos e da alma para a resistência ao esforço transverso
define-se o diagrama de interacção My-Vz de uma secção Ι ou H representado na figura
3.22, em que o troço não linear corresponde à interacção entre o esforço transverso e o
momento flector da alma, o qual é definido adaptando a equação 3.25 ao rectângulo
definido pela alma do perfil, obtendo-se
M - Mf ⎛ V ⎞2
+ =1 (3.26)
Mpl - Mf ⎜⎝Vpl⎟⎠
Figura 3.22 - Diagrama de interacção entre o momento flector My e o esforço transverso Vz numa secção Ι ou H.
Pode demonstrar-se que os diagramas de interacção plástica são sempre convexos. Esta
propriedade tem uma importância fundamental na determinação aproximada de curvas
de interacção e na aplicação prática dessas mesmas curvas. Com efeito, o facto de as
curvas de interacção serem convexas permite afirmar que uma curva de interacção
obtida através duma poligonal definida por pontos sobre a solução exacta é sempre uma
4.1. Introdução
Nas secções das classes 1 e 2 o estado limite último de resistência é atingido quando a
secção está totalmente plastificada. No caso das secções das classes 3 e 4 a capacidade
de deformação da secção (a sua extensão axial, no caso de um esforço axial, ou a sua
curvatura, no caso de um momento flector) é limitada pela ocorrência de fenómenos de
encurvadura local.
⎛ σx.Ed ⎞2 + ⎛ σz.Ed ⎞2 - ⎛ σx.Ed ⎞ ⎛ σz.Ed ⎞ + 3⎛ τEd ⎞2 ≤ 1 (EC3.1.1 – 6.1) 3 (4.1)
⎜f /γ ⎟ ⎜f /γ ⎟ ⎜f /γ ⎟ ⎜f /γ ⎟ ⎜f /γ ⎟
⎝ y M0⎠ ⎝ y M0⎠ ⎝ y M0⎠ ⎝ y M0⎠ ⎝ y M0⎠
3 - Por uma questão de referência aos textos dos Eurocódigos identifica-se, quando apropriado, o
documento e o número da equação nesse documento. Por exemplo a equação 4.1 deste texto é
idêntica à equação 6.1 do Eurocódigo 3 – Parte 1.1 [1].
Nos casos correntes de elementos metálicos a tensão σz.Ed é nula, ou não sendo nula é
suficientemente pequena para poder ser desprezada, caso em que a equação 4.1 se
reduz a
Note-se que as equações 4.1 e 4.2 permitem definir a ocorrência da cedência numa
secção de uma peça linear uma vez que as tensões σx.Ed, σz.Ed e τEd têm de ser
calculadas tendo em consideração os esforços que actuam na secção: esforço normal,
momentos flectores, esforços transversos e momento torsor.
Conforme já foi referido a capacidade resistente das secções das classes 1 e 2 não se
esgota com o início da cedência, podendo para as secções destas classes considerar-se
a sua plastificação total. A determinação dos esforços associados à plastificação total das
secções, seja no caso dos esforços actuando isoladamente, seja no caso de
combinações de esforços, foi já apresentada no §3. Para a determinação dos esforços
correspondentes aos estados limites últimos de resistência de acordo com o EC3 [1] é
apenas necessário considerar o coeficiente parcial de segurança das resistências que, e
uma vez que se trata de situações em que a resistência é condicionada pela plasticidade,
é neste caso γM0.
Os elementos das estruturas metálicas têm de ser ligados entre si. Estas ligações podem
ser efectuadas através de soldaduras, de parafusos ou, em alguns casos particulares,
com rebites. Nestes últimos casos os elementos têm de ser furados de modo a
permitirem a colocação dos elementos ligadores. A existência dos furos reduz a área da
secção definindo-se uma secção útil, que se designa por Anet, cuja resistência pode ser
condicionante.
Saliente-se que no caso das secções das classes 1 e 2 a resistência da secção útil
também é calculada com base numa distribuição plástica de tensões, mas definida pela
4 - Os coeficientes parciais de segurança são definidos nos Anexos Nacionais de cada país.
Neste texto consideram-se os valores recomendados no Eurocódigo 3 Parte 1.1 [1], ou seja,
γM0 = γM1 = 1,0; γM2 = 1,25.
No EC3 [1] a verificação da secção útil é apresentada apenas para o caso da tracção.
Note-se que no caso de esforços de compressão o problema da secção útil não se coloca
pois assume-se que o furo está preenchido com o ligador, um parafuso ou um rebite. No
caso de esforços de flexão, ou mais geralmente de flexão composta, a determinação da
capacidade resistente da secção útil pode efectuar-se tendo em consideração as regras
de cálculo da resistência da secção aplicadas apenas à parte traccionada da secção. Por
exemplo, no caso de uma secção em I ou H em flexão simples a regra da verificação da
resistência da secção útil aplica-se apenas ao banzo traccionado.
Refira-se que no caso particular do momento torsor em perfis com secções de parede
fina abertas a resistência é assegurada pela torção de Saint-Venant (torção uniforme) e
pela torção não uniforme. Não sendo considerada a contribuição da torção não uniforme
a verificação da segurança ao estado limite último de resistência da secção nas situações
que envolvam esforços de torção, isolados ou combinados com outros esforços, deve ser
efectuada adoptando o critério de cedência definido pelas equação 4.1 ou 4.2.
Se ρ=0, o que corresponde a admitir que VEd/Vpl.Rd ≤ 0,5, não é necessário considerar a
interacção. Se ρ > 0, o que corresponde a VEd/Vpl.Rd > 0,5, o efeito do esforço transverso
na determinação do momento flector ou do esforço axial resistente é considerado através
da redução do valor da tensão de cedência através da seguinte expressão
fy.red = (1 - ρ) fy
⎡ NEd ⎞ 2⎤
MN.Rd = Mpl.Rd⎢1-⎛⎜ ⎟ ⎥
⎣ ⎝Npl.Rd⎠ ⎦
Secções em I ou H
Se n≤0,25 e MN.y.Rd = Mpl.y.Rd NEd
n=
Npl.Rd
n≤0,5a
A - 2btf hwtw
Se n>0,25 ou 1-n a= ≈
MN.y.Rd = Mpl.y.Rd ≤ Mpl.y.Rd A A
1-0,5a
n>0,5a
Se n≤a MN.z.Rd = Mpl.z.Rd
Se n>a ⎡ n-a⎞2⎤
MN.z.Rd = Mpl.z.Rd⎢1-⎛⎜ ⎟ ⎥
⎣ ⎝1-a⎠ ⎦
Quadro 4.1 – Determinação de esforços axiais, momentos flectores e curvas de interacção definidas no
EC3 [1] para secções das classes 1 e 2.
ou seja o momento flector resistente total é a soma do momento flector plástico do banzo,
o qual nunca é afectado pelo efeito do esforço transverso, com o momento flector
5. REFERÊNCIAS
• [1] - Eurocode 3: Design of steel structures - Part 1-1: General rules and rules for
buildings. EN 1993-1-1; May 2005.