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SECRETARIADOPLANEJAMENTOEMEIOAMBIENTE
DIRETORIADEZONEAMENTOECOLÓGICO-ECONÔMICO
ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
GEOMORFOLOGIA
FOLHA SB.22-Z-B (Xambioá)
- ESTADO DO TOCANTINS -
Palmas
2004
GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS
Zoneamento Ecológico-Econômico
Execução pela Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente - Seplan, Diretoria de Zoneamento Ecológico-Econômico,
em convênio com o Ministério do Meio Ambiente - MMA, por meio do Subprograma de Política de Recursos Naturais /
Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil - PPG-7
GEOMORFOLOGIA
FOLHA SB.22-Z-B (Xambioá)
- Estado do Tocantins -
Escala 1:250.000
TEXTO EXPLICATIVO
ORGANIZADO POR
Ricardo Ribeiro Dias
Rodrigo Sabino Teixeira Borges
CRÉDITOS DE AUTORIA
TEXTO EXPLICATIVO
Maria Amélia Leite Soares do Nascimento
Ricardo Ribeiro Dias
Rodrigo Sabino Teixeira Borges
CARTA GEOMORFOLÓGICA
Maria Amélia Leite Soares do Nascimento
ACOMPANHAMENTO TÉCNICO
Revisão de Texto
Waleska Zanina Amorim
NASCIMENTO, Maria Amélia Leite Soares do; DIAS, Ricardo Ribeiro; BORGES, Rodrigo
Sabino Teixeira.
I fully endorse the use of the information of this booklet and am truly
confident that the Tocantins State is heading, with large steps, towards a new
stage of economic and social development, designed to ensure the best quality of
life to the next generations.
The government of the State of Tocantins has been able to account for
environment in public policies planning and management. Through the Ecological
and Economic Zoning Programme, considered the State´s strategic point in order to
make it possible to go further into economic development with environmental protection
and conservation, SEPLAN has efficiently generated products that support Tocantins
in its land management.
This report and the Geomorphological map attached are about the study
and cartography of the relief of part of the State of Tocantins, Federal Unit of the
Northern Region of Brazil. The mapped area corresponds to portions of the topografic
Sheet SB.22-Z-B Xambioá, previously mapped at scale 1:1.000.000 by
RADAMBRASIL project and existent at scale 1:250.000 in SEPLAN’s archives. The
area is limited at the North by parallel 6º00’00” and at the South by parallel 7º00’00”
of latitude South of Equator, at the West by Araguaia River and the East by Meridien
48º00’00” west of Greenwich. The report presents, under methodology considerations,
the hierarquical ordering of geomorphological facts, identified trough Landsat-5 imagery.
It discusses the available bibliographie contribution, conparing it to the results
obtamed in the present survey. Based on similarity of relief forms, relative altimetry,
genetic characteristics and watersheds conformation, three Morphostructural Domains
are defined in the area: Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas e Coberturas Meso-
cenozóicas (Paleo-mesozoic and Meso-cenozoic Sedimentary Basins),
Embasamentos em Estilo Complexo e Faixas de Dobramentos (Complex Stile
Basements and Folding Belts), and Azonal das Áreas Aluviais (Azonal from Alluvial
Areas); two Geomorphological Regions: Planaltos da Bacia do Parnaiba (Parnaíba
Basin Highlands) and Depressão do Araguaia-Tocantins (Araguaia-Tocantins
Depressions); and three Geomorphological Units: Planalto Residual do Araguaia
(Highlands Araguaia’s Residual), Depressão do Araguaia (Araguaia’s Depression)
and Chapadas do Meio-Norte (Middle-North Plateus), besides the Azonal Units
characterizad by Planícies e Terraços Fluviais (Fluvial lowlands and Terraces). It
analyses the different factors that characterize relief evolution. It recognizes several
erosive phases, resulting in the formation of pediment. It refers to the opening of
folded reliefs and to the interference of a recent techtonic movement over drainage
and planed surfaces. It assesses the relief forms and suggets better uses of land. It
analyses road tracing, fluvial navigation, the existense of sites favourable to the
implantation of weirs, hydroeletric power plants and dams for water collection and
suggests plans with the possibility of ocorrence of mineral ores.
Sumário
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................................xi
LISTA DE FOTOS........................................................................................................................................xiii
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................................................xv
LISTA DE SIGLAS......................................................................................................................................xvii
1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................................................1
1.1 - Apresentação........................................................................................................................................1
1.2 - Localização e acesso.............................................................................................................................1
1.3 - Material e base de dados........................................................................................................................3
1.4 - Metodologia...........................................................................................................................................3
ix
Lista de Figuras
xi
Lista de Fotos
1 - Colinas de topo convexo na Depressão do Araguaia. Área desmatada e ocupada com pastagens. Via de acesso
a Fazenda Furna Azul, município de Ananás. .................................................................................................30
2 - Ao fundo, escarpa de falha apresentando facetas triangulares e trapezoidais nos arenitos da Formação Pimenteiras.
Via de acesso a Fazenda Furna Azul, município de Ananás. ..........................................................................30
3 - Processos erosivos no sopé da vertente convexa em decorrência de decapeamento e pisoteio do gado. Via de
acesso a Fazenda Furna Azul, município de Ananás. .....................................................................................31
4 - Hog-back sustentado por quartzitos na serra do Bodocó. Estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153). ...............31
5 - Cascalheira recoberta por colúvio mostrando a atuação de climas pretétritos pleistocênicos nas imediações da
serra do Sororó. Estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153). .............................................................................32
6 - Estrutura ruiniforme elaborada em quartzitos da Formação Morro do Campo nas imediações da serra do Sororó.
Estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153). ......................................................................................................32
7 - Aspecto geral do relevo. Presença de extensos relevos residuais com topos pediplanados. Estrada Araguanã-
Jacilândia (TO-164). ......................................................................................................................................33
8 - Contato litológico entre metarenito e material argiloso (basalto intemperizado). Estrada Araguanã-Jacilândia (TO-
164). ..........................................................................................................................................................33
10 - Vista das vertentes laterais da área de relevo aguçado da Depressão do Araguaia. Via de acesso a Fazenda
Furna Azul, município de Ananás. .................................................................................................................34
11 - Remanescentes do pediplano sustentado por material concrecionário na Depressão do Araguaia. Via de acesso
a Fazenda Furna Azul, município de Ananás. ................................................................................................35
12 - Áreas de Floresta Aberta Mista em processo de desmatamento e queimada. Estrada Trecho Seco-Cachoeirinha.
................................................................................................................................................................................................35
xiii
Lista de Tabelas
2 – Domínios Morfoestruturais Delineados por IBGE (1997) e DEL’ARCO et. al. (1995) no Estado do Tocantins
................................................................................................................................................................9
xv
Lista de Siglas
xvii
Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
1
Introdução
subprograma foi implementado através de convênio entre Situada na parte norte do Estado do Tocantins, a área
o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Secretaria do abrange parcial ou totalmente os municípios de Ananás,
Planejamento e Meio Ambiente (SEPLAN). Angico, Aragominas, Araguaína, Araguatins, Araguanã,
na base de dados da SEPLAN, o objetivo do trabalho foi Riachinho, Santa Fé do Araguaia, São Bento do
1:250.000. Foi realizado um mapeamento geomorfológico O acesso terrestre, a partir de Palmas, pode ser afetuado
conforme metodologia de ROSS (1992) e IBGE (1995) através de dois percursos, ambos pavimentados. No
para a hierarquização do relevo, e de CREPANI et al. primeiro, percorre-se a rodovia TO-080 até a cidade de
(1998) para a caracterização do relevo quanto à Paraíso do Tocantins, a partir da qual segue-se rumo
vulnerabilidade à perda de solo por erosão. norte pela rodovia BR-153 (Belém-Brasília), passando
A atualização e revisão do plano de informação foram pelas localidades de Guaraí, Araguaína e Wanderlândia.
feitas de modo que este produto tivesse uma gama de Desta cidade, ainda na BR-153, ruma-se a Xambioá,
informações capazes de subsidiar ações do governo na adentrado-se na área em estudo, após ter-se percorrido
região, bem como permitir a elaboração da carta de aproximadamente 450km a partir de Palmas.
vulnerabilidade à perda de solo por erosão, quando No segundo percurso, parte-se de Palmas pela rodovia
integrado aos demais planos de informações da base TO-010 em direção à cidade de Lajeado, num trecho de
de dados da SEPLAN obtidos no PGAI. 50km, donde segue-se, após a travessia do rio Tocantins
em balsa, por mais 17km, até o município de Miracema
1.2 - Localização e acesso
do Tocantins Desta localidade, percorre-se 24km pela
A área mapeada cobrindo parte da Folha Xambioá (SB.22- rodovia TO-342 até Miranorte e daí rumo norte pela BR-
Z-B) tem cerca de 8.350km² e está delimitada a Norte e 153 até Wanderlândia, seguindo a mesma rota anterior.
a Sul, respectivamente, pelas coordenadas de 6º00’00” Outra alternativa de acesso, a partir de Araguaína, se dá
e 7º00’00” de latitude sul, a Oeste pelo rio Araguaia e a pela TO-164, em direção a Araguanã, pela qual se adentra
Leste pela coordenada de 48º00’00” de longitude oeste na área em estudo.
(Figura 1). Em relação às folhas geográficas na escala Na área destacam-se as rodovias pavimentadas BR-153
1:100.000 da Carta Internacional ao Milionésimo (CIM), (Araguaína-Wanderlândia-Xambioá), TO-164 (Araguaína-
a área engloba integral e parcialmente as folhas: Araguanã-Xambioá), TO-210 (Ananás-Angico), TO-222
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
- mapas geológicos e textos explicativos do Programa sistematizadas por ROSS (1992) e IBGE (1995). O
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil primeiro táxon refere-se aos Domínios Morfoestruturais,
(PLGB), na escala 1:250.000, referente às folhas denominação empregada pelo IBGE (1995), que procura
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
O quarto táxon refere-se aos Tipos de Modelados de CREPANI et al. (1998) para a caracterização do relevo
representados por manchas ou polígonos constantes no quanto à vulnerabilidade. Esta metodologia tem por
interior das Unidades geomorfológicas, caracterizando objetivo estabelecer o grau de vulnerabilidade do relevo
formas de relevo homogêneas em função da similitude, utilizando-se as variáveis amplitude interfluvial, amplitude
e reafeiçoados pelos processos morfogenéticos atuais, altimétrica (amplitude de incisão do talvegue) e
o que permite inferir correspondência quanto a tipologia declividade da vertente, com índices de vulnerabilidade
dos depósitos correlativos que variam de 1.0 a 3.0. Considerando-se a ordem
crescente dos valores atribuidos a vulnerabilidade do
Em seguida realizou-se a fotointerpretação das imagens
relevo aumenta progressivamente. Assim, quanto mais
de satélite em composição colorida (TM3B, 4R e 5G) e
próximo ao índice de 1.0 maior a estabilidade da unidade
preto e branco (banda TM4) na escala 1:250.000. Foram
e, em sentido inverso, quanto mais próximo de 3.0 maior
delimitados os tipos de modelados, as Unidades e
sua vulnerabilidade. A metodologia sugere ainda uma
Regiões geomorfológicas, além dos Domínios
relação entre o índice de vulnerabilidade e a forma do
morfoestruturais.
modelado: formas tabulares, índices entre 1.0 a 1.6;
Na seqüência efetuou-se a determinação dos índices formas convexas, índices entre 1.7 a 2.3; e formas
morfométricos ou de dissecação baseado na metodologia aguçadas, índices entre 2.4 a 3.0.
Aguçada - a
Bacias Sedimentares Planaltos da Bacia do Chapadas do Meio Norte Dissecação Homogênea Tabular - t
Paleo-mesozóica s e Parnaíba
Meso-cenozóicas
Convexa - c
A determinação dos índices de vulnerabilidade foi feita Posteriormente, lançou-se sobre a base cartográfica
sobre cartas topográficas na escala 1:100.000. As 1:250.000, correspondente à Folha Xambioá, os
medidas, embora amostrais, ofereceram elevado grau polígonos extraídos na fotointerpretação, hierarquizados
de confiança, refletindo as possíveis variações taxonomicamente (Domínios, Regiões, Unidades e tipos
dimensionais correspondentes às formas de modelados de modelados) e os índices morfométricos
evidenciadas. Ainda, conforme orientação metodológica (vulnerabilidade do relevo) que, juntamente com a
de CREPANI et al. (1998), utilizou-se de média aritmética legenda, integraram o mapa preliminar de geomorfologia.
dos índices avaliados (amplitude interfluvial, amplitude
altimétrica e grau de declividade), obtendo-se o índice Baseando-se no mapa preliminar de geomorfologia partiu-
de vulnerabilidade em questão. se para o planejamento do trabalho de campo, com a
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
definição dos perfis e pontos a serem observados e o material de cobertura e os processos morfogenéticos
descritos. O trabalho de campo foi realizado em (pretéritos e atuais). Também foram observadas as formas
novembro de 1998 com os objetivos de: (i) correlacionar do relevo e processos atuantes nos diferentes ambientes
os parâmetros geométricos e respectivos índices de morfológicos (em nível de geofácie).
vulnerabilidade do relevo com as observações realizadas
em campo; (ii) proceder com o levantamento sistemático Após o trabalho de campo promoveu-se a reinterpretação
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
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Características Geomorfológicas
Com relação aos aspectos morfogenéticos da região do Três níveis de aplainamento foram identificados na região
Cerrado, destacam-se os trabalhos de RUELLAN (1953), do Bico do Papagaio: (i) o nível de cimeira, apresentando
sobre o papel das enxurradas no modelado do relevo correspondência altimétrica e proximidade com a área
analisada por MELO & FRANCO (1980), o que
brasileiro e de CHRISTOFOLETTI (1966), a propósito da
possibilitou uma extrapolação que permitiu datá-lo com
Geografia Física do Cerrado.
idade pós-cretácica; (ii) o nível intermediário,
BOAVENTURA (1974) foi o que melhor tratou a questão representado pelo nível mais baixo do Planalto dos
geomorfológica regional, oferecendo o primeiro Parecis, cuja cobertura constitui a Formação Araguaia
mapeamento sistemático na escala 1:1.000.000. Tal (Plioceno), datado como pliopleistocênico; (iii) e o piso
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
regional, que constitui o terceiro nível de pediplanação e A visão de conjunto fornecida pelas imagens orbitais, a
corresponde ao conjunto de depressões regionais similitude dos tipos de modelados, o posicionamento
datadas como neopleistocênicas. altimétrico relativo e a existência de traços genéticos
comuns constituíram o conjunto de elementos que
A geologia da Folha Xambioá foi mapeada no Programa permitiram a identificação, na Folha Xambioá, de três
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil (PLGB), Domínios morfoestruturais, duas Regiões
organizado por SOUZA & MORETON (1995). No relatório geomorfológicas, três Unidades geomorfológicas, dois
referente a esse mapeamento os autores apresentam tipos de modelados com características genéticas
um esboço da geomorfologia da Folha Xambioá, onde distintas e formas de relevo de diversos índices
identificam duas Unidades geomorfológicas: Depressão morfométricos. A Tabela 1, já citada, permite boa
Periférica do Sul do Pará e Depressão Ortoclinal do visualização dessa hierarquia taxonômica que resultou
Médio Tocantins. A Depressão Periférica do Sul do Pará na presente compartimentação do relevo.
estende-se mais a Oeste da Folha Xambioá, no Estado
do Pará. Por outro lado, a inexistência do sistema 2.2 – Domínios morfoestruturais
hidrográfico do rio Tocantins na presente Folha torna
Os Domínios morfoestruturais representam grandes
inviável tal denominação para a segunda Unidade
conjuntos estruturais que geram arranjos regionais de
identificada.
relevo, guardando relação de causa entre si.
DEL’ARCO et al. (1995) realizaram trabalho de Correspondem às macroestruturas, como as grandes
compartimentação geoambiental do Estado do Tocantins estruturas das bacias do Paraná, Parecis e do Parnaíba,
na escala 1:1.000.000. Neste mapa foi realizada a dentre outras.
compartimentação do espaço geográfico físico, com base IBGE (1997), em trabalho de mapeamento das unidades
na Teoria Geral dos Sistemas e no modelo de paisagem de relevo brasileiras, definiu a existência de quatro
física global de BERTRAND (1971), tendo sido delineados Domínios morfoestruturais no país: (i) Depósitos
5 Domínios, 33 Regiões e 128 Geossistemas. Na Sedimentares Inconsolidados Quaternários; (ii) Bacias
superfície correspondente a Folha Xambioá tais autores e Coberturas Sedimentares Associadas; (iii) Faixas de
identificaram 3 Domínios, 5 Regiões e 9 Geossistemas. Dobramentos e Coberturas Metassedimentares
Associadas, e; (iv) Embasamentos em Estilos
De acordo com DEL’ARCO et al. (1995), os Domínios
Complexos (este não ocorre em território tocantinense).
são do tipo morfoestrutural e reunem os fatos
No trabalho de MAMEDE et al. (1985), relativo ao mapa
geomorfológicos decorrentes de aspectos amplos da
geomorfológico do Centro-Oeste, realizado na escala
geologia e da geotectônica que se refletem no arranjo
1:2.500.000, foram individualizados Domínios
estrutural do relevo. As Regiões são compartimentações
morfoestruturais que ocorrem na superfície
de um Domínio e registram as diferenciações que existem
correspondente ao território do Tocantins. DEL’ARCO et
dentro deste, podendo comportar um ou mais al. (1995) elaboraram para o Estado do Tocantins um
Geossistemas. Os Geossistemas constituem uma mapa de compartimentação geoambiental, adotando a
classe peculiar de sistema dinâmico e aberto, metodologia de BERTRAND (1971) que contempla a
hierarquicamente organizado (SOCTCHAVA, 1978, apud divisão da paisagem física. Em função da escala, tais
DEL’ARCO et al., 1995), sendo resultantes de uma autores delinearam, no Tocantins, cinco Domínios
relação dinâmica entre os elementos abióticos (rochas, morfoestruturais, que foram adotados no presente
relevo, solo, fatores hidrológicos) e bióticos (predomínio estudo: (i) Azonal das Áreas Aluviais; (ii) Bacias
de certa fauna e flora) de um dado espaço geográfico Sedimentares Cenozóicas; (iii) Bacias Sedimentares
com origem e evolução comuns. Paleo-mesozóicas e Meso-cenozóicas; (iv) Faixas de
Dobramento do Proterozóico Médio e Superior, e; (v)
Considerando os trabalhos anteriores realizados na
Complexos Metamórficos e Sequências Vulcano-
presente Folha, acredita-se que houve uma significativa
sedimentares do Arqueano e Proterozóico Inferior.
contribuição ao conhecimento geomorfológico da área
em questão, tendo em vista a lógica e o detalhamento A Tabela 2 apresenta a relação entre os Domínios
metodológico da compartimentação em nível de morfoestruturais definidos por IBGE (1997) e
mapeamento e a análise da estrutura superficial e da DEL’ARCO et al. (1995), considerando apenas o
fisionomia da paisagem em nível de relatório. território tocantinense.
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
Tabela 2 – Domínios Morfoestruturais Delineados por IBGE (1997) e DEL’ARCO et. al. (1995) no
Estado do Tocantins
Faixas de Dobramentos e
Coberturas Metassedimentares Faixas de Dobramento do Proterozóico Médio e Superior
Associadas
Embasamentos em Estilos Complexos Metamórficos e Sequências Vulcano-sedimentares
Complexos do Arqueano e Proterozóico Inferior
Na Folha Xambioá três Domínios morfoestruturais podem orientação submeridiana na porção central, também
ser individualizados: os Complexos Metamórficos e estão preenchidas por sedimentos. Segundo SOUZA &
Sequências Vulcano-sedimentares do Arqueano e MORETON (1995), dados magnetométricos registram a
Proterozóico Inferior, as Bacias Sedimentares Paleo- presença de rochas do embasamento em profundidade,
mesozóicas e Meso-cenozóicas, e o Azonal das Áreas enquanto a gamaespectrometria separa as diversas
Aluviais. unidades litológicas, devido aos diferentes níveis de
radiação apresentado por cada uma delas. As unidades
O Domínio dos Complexos Metamórficos e Sequências
estratigráficas mostram a Formação Pimenteiras, de
Vulcano-sedimentares do Arqueano e Proterozóico Inferior
idade devoniana, como a mais antiga, enquanto a mais
abrange terrenos arqueanos gnáissicos e migmatíticos
nova é representada pela Formação Rio das Barreiras,
do Complexo Colméia, expostos nos núcleos das
correlacionável à Formação Itapecuru. PEDREIRA (1991,
estruturas dômicas do Lontra e do Xambioá. COSTA (1980,
apud SOUZA & MORETON, 1995) interpreta a sucessão
apud SOUZA & MORETON, 1995) introduziu o termo
dos sistemas deposicionais desta bacia como
Complexo Colméia para designar as rochas aflorantes na
proveniente de oscilações do nível do mar em ambiente
estrutura dômica localizada próximo a cidade homônima,
continental (fluvial e desértico). Afirmam ainda os autores
e o correlacionou ao Complexo Xingu. Ainda neste Domínio
que movimentos epirogenéticos positivos, de idade
afloram unidades litoestratigráficas de idades arqueana a
pleistocênica, seriam os responsáveis pela formação de
proterozóica do Cinturão Araguaia, que incluem os
cachoeiras ao longo do rio Araguaia, de escarpas de
granitóides do Ramal do Lontra e os metassedimentos
falhas, de terraços suspensos e pelo atual nível de
do Supergrupo Baixo Araguaia (constituído pelas
erosão.
formações Morro do Campo, Xambioá, Pequizeiro e Couto
Magalhães). O Cinturão Araguaia é caracterizado por um O Domínio Azonal das Áreas Aluviais, definido por
estilo estrutural compatível com um regime compressivo DEL’ARCO et al. (1995), corresponde a um domínio
oblíquo, com predomínio de cavalgamentos imbricados especial, de caráter linear, que trunca os demais
associados a zonas de transcorrências. Ocupa cerca de Domínios, ocorrendo em diversos trechos ao longo do
dois terços dos terrrenos da Folha Xambioá (SOUZA & rio Araguaia.
MORETON, 1995).
O Domínio dos Complexos Metamórficos e Sequências
O Domínio das Bacias Sedimentares Paleo-mesozóicas Vulcano-Sedimentares do Arqueano e Proterozóico
e Meso-cenozóicas abrange aproximadamente um terço Inferior, envolvendo toda a rede de drenagem do rio
da Folha em questão. Estruturas em gráben, de Araguaia, abrange a Região geomorfológica “Depressões
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
produzidas pela resistência dos quartzitos e mármores de contato prevalecem vertentes fortemente
(cristas monoclinais) e xistos (depressões). Os vales convexizadas (em torno de 600m) com topos
encontram-se bastante encaixados, embora algumas horizontalizados, marcados pela pediplanação em bisel,
vezes registre-se a presença de superfícies alveolares. seccionado aos 200m de altura. A diferença marcante
Na média e baixa encosta observa-se com freqüência a na formação superficial encontra-se assim caracterizada:
presença de seixos subangulosos e grânulos, como nos dobramentos da Formação Xambioá verifica-se a
observado em ponto sotopondo a rocha alterada in situ ocorrência de seixos arredondados a subangulosos em
(xistos e gnaisses da Formação Xambioá). matriz areno-argilosa, parcialmente coluvionados; na
estrutura sedimentar da Formação Pimenteiras
O referido paleopavimento encontra-se envolto em matriz
presenciam-se fragmentos detríticos e concreções
areno-argilosa com escurecimento na seção superior
ferralíticas expostos na superfície.
(horizonte pedogênico proeminente), associado a
cobertura vegetal primitiva (Floresta Ombrófila Após a referida faixa dos arenitos em contato com as
Submontana). seqüências metassedimentares do Proterozóico (domínio
de formas aguçadas), em direção a Ananás, o relevo
Em alguns pontos constata-se a presença de depósitos passa gradativamente a apresentar formas suavemente
tecnogênicos (material laterizado), associados ao convexizadas até a presença de extensos pediplanos
processo de desmatamento. As vezes aparecem da Depressão do Araguaia, marcados por detritos
planícies alveolares associadas a falhamentos laterizados, seccionados aos 200m (projeção do
perpendiculares aos planos de xistosidade, momento pediplano registrado no domínio de formas aguçadas da
em que os cursos ortoclinais respondem pelo Formação Pimenteiras).
desenvolvimento de vales dissimétricos (vertentes
concordantes correspondentes a zonas de reverso, Em toda a extensão analisada os cursos d’água ou canais
enquanto as discordantes evidenciam fortes gradientes). registrados nas encostas apresentam um caráter
intermitente ou efêmero.
Registra-se, portanto, o desenvolvimento de drenagens
cataclinais e ortoclinais: as primeiras concordantes ao O destaque morfológico de vinculação estrutural é
plano de xistosidade com menor grau de entalhamento, evidenciado em relação ao pediplano intermontano da
e as segundas contrárias ao referido plano, respondendo Depressão do Araguaia, apresentando reflexos nos
pelo pronunciado entalhamento e desenvolvimento de demais elementos naturais da paisagem.
gargantas nas encostas, em função do gradiente e Deve-se ressaltar que a referida Unidade, ao mesmo
motivadas pela erosão remontante. tempo que testifica o domínio geológico da área,
demonstra os efeitos tanto da tectônica antiga
Os solos são predominantemente Podzólicos Vermelho-
(Proterozóico) como dos reflexos da reativação registrada
amarelos Plínticos ou Pedregrosos Distróficos e Álicos
no Terciário. Tais aspectos podem ser exemplificados
associados a Petroplintossolos Pedregosos Distróficos
pela rede de falhamentos que ocorrem na área (direção
e Álicos (TOCANTINS, 2002b), ocupados por pastos
predominante NE e NW), a qual favorece o trabalho
plantados por capim braquiária (Brachiaria sp. ),
erosivo do sistema fluvial, que exerce forte imposição
constatando-se a disseminação dos babaçuais. Na
estrutural. Registra-se, portanto, uma forte imposição
superfície evidencia-se a presença de matacões e
direcional ao rio Lontra, comandada pela falha
fragmentos de quartzo leitoso/mármore, sob forma de
contracional que originou o gráben do Muricizal, além
blocos erráticos.
de reflexos na angularidade do seu curso - a direção
Em direção ao entroncamento mencionado constata-se predominante SE-NW tanto no alto quanto no baixo curso
que os efeitos da tectônica quebrante também se do rio Lontra, encontra-se associada a linhas de falhas,
refletiram nos arenitos da Formação Pimenteiras que observando que na seção terminal do mesmo esta
fazem contato com os metassedimentos da Formação contribui para romper as cristas monoclinais da serra do
Xambioá, o que pode ser afirmado em função da Lontra originando verdadeiras gaps epigênicas; tudo
extensividade das formas aguçadas. Logo após a zona indica que tal fenômeno esteja relacionado a processo
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
de superimposição. Reflexos da tectônica quebrante No trecho entre a serra do Bodocó e a Fazenda Califórnia
também podem ser sentidos na imposição direcional do (paralelo a rodovia BR-153) prevalecem vertentes de
rio Corda, bem como na sucessão de angularidades do formas fortemente convexizadas a aguçadas.
seu baixo curso.
A forte declividade da área responde pelo domínio dos
Verifica-se ainda que tanto o processo de superimposição Solos Litólicos Distróficos e Eutróficos associados a
favorecida pela tectônica quebrante quanto o Podzólicos Vermelho-amarelo Pedregoso Distróficos e
desenvolvimento de drenagem anaclinal no interior das Eutróficos (TOCANTINS, 2002b).
dobras (core das serras Ametista, do Bodocó e do Sororó)
A cobertura vegetal, da mesma forma, reflete os efeitos
contribuíram para o esvaziamento do anticlinal,
morfopedológicos, registrando-se o domínio da Floresta
originando relevo do tipo apalacheano.
Ombrófila Densa Submontana (TOCANTINS, 2002a) nas
Logo a saída de Xambioá (BR-153) tem-se área de relevo estruturas circulares e do Cerrado Típico nas faixas de
dissecado em formas aguçadas contornando a estrutura dobramentos longitudinais. Enquanto a primeira refere-
circular de rochas proterozóicas representadas pela se a uma floresta pluvial tropical, em parte justificada
Formação Morro do Campo, denominada serra do Sororó. pela presença dos Podzólicos Vermelho-Amarelo
O aspecto mais interessante foi a visualização dos subordinados, a região de Cerrados pode ser explicada
reversos dos hog-backs, cujos fronts estão voltados para pelas restrições pedológicas que implicam fenômeno
o interior da estrutura circular, topograficamente rebaixada, oligotrófico.
o que foi possível observar, já que a estrada passa em
2.4.2 - Depressão do Araguaia
seu interior. A parte referente ao reverso dos hog-backs
chamou a atenção pelo forte mergulho para Sul, A denominação dessa Unidade decorre em função de
configurando nítidos “paredões” rochosos que se seu posicionamento topográfico mais baixo em relação
destacam na paisagem, conforme observado na Foto 4. às demais Unidades geomorfológicas da área. Trata-se
Ao longo da rodovia BR-153, nas imediações da serra de uma superfície de aplainamento degradada em
do Sororó, constata-se a presença de cascalheiras, conseqüência de mudança do sistema morfogenético,
evidenciando a atuação de um paleocanal, representado onde se observam diferentes graus de dissecação.
por material constituído de grânulos e seixos de quartzo Aparece freqüentemente mascarada, inumada por
grosseiros, individualizando cascalheira de cobertura detrítica e/ou de alteração constituída por
aproximadamente 2m de espessura, inumada por colúvio couraças e/ou latossolos e as vezes desnudada em
(Foto 5). Ainda nas proximidades da serra do Sororó conseqüência de exumação de camada sedimentar ou
observam-se estruturas ruiniformes em quartzitos da de limpeza de cobertura preexistente.
Formação Morro do Campo (Foto 6).
A Depressão do Araguaia é a unidade de maior
Na estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153) transgridem- distribuição espacial da Folha Xambioá no Estado do
se por várias formações rochosas: Formação Xambioá e Tocantins. Ela é seccionada na direção longitudinal pelo
Morro do Campo (Proterozóicas), Formação Pimenteiras, Planalto Residual do Araguaia (formas aguçadas). A
Piauí, Pedra de Fogo (Devonianas e Permo-Triássicas), Leste deste planalto ocorre a presença de formas
e Formação Sambaíba (Triássica). tabulares com vários índices de vulnerabilidade (t1.4, t1.5,
t1.6), enquanto na parte oeste são observadas formas
Tal variação litológica nem sempre coincide com o
suavemente convexas (c1.4, c1.6, c1.7 e c1.8).
comportamento morfológico, mas os traços gerais da
paisagem denotam algum condicionamento no que se A Unidade caracteriza-se por altitudes médias de 200m,
refere às formas das vertentes. Assim, por exemplo, as com caimento geral para NW, chegando a
rochas da Formação Xambioá, no contato com a aproximadamente 160m na sub-bacia do ribeirão
Formação Pimenteiras, originam formas aguçadas Curicacas, acompanhando a calha do Araguaia. As
(cristas), dispostas em longa faixa de sentido longitudinal, maiores altitudes correspondem às formas residuais
que sobressaem em observações de escala regional. (morros testemunhos) localizadas no inicio da depressão
13
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
periférica, a oeste do front da cuesta representada pela da Bacia do Parnaíba. As Areias Quartzosas vinculam-
escarpa herdada de falha das Chapadas do Meio Norte. se ao domínio tabular dos sedimentos areno-
São formas isoladas como os morros Azul e do Mato, conglomeráticos da cobertura cretácica (Formação Rio
cotados a 330 e 315m, respectivamente. das Barreiras) da sub-bacia do rio Muricizal (seqüência
de entulhamento do gráben do Muricizal). As Areias
Conforme representação geológica (CPRM, 1994), a
Quartzosas com Latossolos Amarelos e Latossolos
Depressão do Araguaia individualiza-se por estruturas
Vermelho-amarelos subordinados, situadas na seção
metassedimentares do Proterozóico (Cinturão Araguaia),
leste da Unidade, bem como as associações de
bem como pelos denominados “domos” gnáissicos que
representam o core esvaziado de antigos anticlinais Latossolos Vermelho-Amarelos e Latossolos Amarelos
(Complexo Colméia). O contato estrutural é marcado pela prevalecem nas sequências sedimentares das formações
seqüência estratigráfica da Bacia do Meio Norte, Motuca, Pedra de Fogo, Piauí e Pimenteiras. Enquanto
representada pelas formações Pimenteira (Devoniano), as associações de Gleissolos e Solos Aluviais
Piauí (Carbonífero), Pedra de Fogo (Permiano), Motuca distribuem-se em diversos trechos dos vales dos rios
(Permo-Triássico), Sambaíba (Triássico), além dos Araguaia e Corda e do ribeirão Muricizal. As unidades
derrames basálticos da Formação Mosquito (Triássico- pedológicas individualizadas apresentam caráter
Jurássico). A seqüência em questão dispõe-se no sentido distrófico, o que identifica baixa troca de bases, bem
norte-sul, seguindo uma faixa que varia de 2,5 (Formação como baixo teor de ferro, o que influencia diretamente
Piauí) a 25km (Formação Mosquito). A referida disposição
na variação dos matizes descritos.
tem uma exetensão superior a 300km, abrangendo as
Folhas Araguaína e Xambioá em praticamente toda No trecho entre Araguanã e a Fazenda Natimiara (por
extensão latitudinal. A diversidade litológico-estrutural intermédio da TO-164) observou-se área de relevo
encontra-se seccionada pelo pediplano intermontano, dissecado em formas convexas, esculpidas em litologias
elaborado no Plio-Pleistoceno, ainda testemunhado por proterozóicas da Formação Xambioá que localmente
aplainamentos conservados (como no domínio tabular) originaram formas de pontões e relevos residuais
ou pelo menos preservados nos topos dos interflúvios
mantidos por coberturas Terciário-Quaternárias,
(domínio das formas convexizadas).
mapeadas pela CPRM (1994) como Quaternárias. O
Da mesma forma que no Domínio Proterozóico, verifica- aspecto geral do relevo dessa área pode ser visualizado
se intenso processo de fraturamento na seqüência na Foto 7. Nos cortes ao longo da estrada foram
sedimentar, relacionado a tectônica moderna, observados afloramentos de xistos grafitosos que não
apresentando direção predominante NE e NW, além de influenciam no modelado pediplanado da depressão.
extensas falhas extensionais transcorrentes evidenciadas Observou-se também interessante perfil, cujo contato
no contato Pimenteiras-Piauí e Pedra de Fogo-Mosquito. litológico entre metarenito e material argiloso,
A primeira referência implica imposição direcional sul-
intemperizados, é mantido por falha. O topo desse relevo
norte à sub-bacia do ribeirão Lago Grande.
é totalmente nivelado por pediplanação, onde também
Na Depressão do Araguaia os solos Podzólicos se evidencia a presença de falhamentos, como observado
Vermelho-amarelos Plínticos ou Pedregosos com na Foto 8.
Petroplintossolos e Cambissolos Pedregosos
No interflúvio Inhumas-Lontra foi delimitado ponto de
subordinados (TOCANTINS, 2002b) estão vinculados às
formas convexizadas da seção oeste (c1.7 e c1.8), observação em uma superfície dissecada em interflúvios
individualizadas pelos cálcio-clorita-muscovita-quartzo- convexos (c1.7), que a CPRM (1994) mapeou como área
xistos da Formação Pequizeiro (Cinturão Araguaia). As de lateritos ferruginosos (Qla). A análise desse ponto
associações de Podzólicos Vermelho-amarelos com permitiu verificar que se trata de um material de cobertura
Podzólicos Vermelho-amarelos Plínticos ou Pedregosos representado por um paleopavimento quartzoso originado
relacionam-se às formas convexizadas da seção leste de veios de quartzo filonados nas rochas da Formação
(c.1.6 a c1.8) associadas aos argilitos, siltitos e arenitos Xambioá, os quais foram liberados pelo processo de
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
intemperização, atualmente coluvionados. O colúvio é abriga alguns remanescentes da Floresta Ombrófila) para
representado por material areno-argiloso concrecionário, abrigar pastagens plantadas de capim brachiarão
com horizonte A proeminente, em função da pretérita (Brachiaria brizantha). No ponto mencionado constata-
alinhados que lhe dão, em área, a configuração de relevos à Formação Mosquito. No referido trecho verifica-se o
domínio do Cerrado, além da presença de espécies
aguçados, como pode ser visto na Foto 10. Inicialmente
arbóreas remanescentes do Cerradão com presença
constata-se a presença de relevo suavemente
da sambaíba (palmácea).
convexizado nas áreas mais elevadas, muitas vezes
justificado por cristas sustentadas por concreções Nas imediações do rio São Marinho constata-se a
ferruginosas, caindo para 200m na zona depressionária, presença de arenitos de coloração avermelhada, ainda
correspondente à seção-tipo da Depressão do Araguaia, relacionados à Formação Sambaiba, destacando-se a
onde predomina extenso pediplano desmatado (que mata ciliar e a ocorrência de babaçuais.
15
Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
De modo geral, a drenagem encontra-se caracterizada feições ligadas a acumulação fluvial de forma plana,
por cursos intermitentes, no período de execução do levemente inclinada, apresentando ruptura de declive em
trabalho de campo (novembro), desprovidos de água. Nas relação ao leito do rio e às várzeas recentes situadas
depressões em que ocorre acúmulo de argila constata- em nível inferior, entalhada devido às mudanças de
se presença de água. condições de escoamento e conseqüente retomada de
erosão, os denominados terraços.
Nas imediações da localidade de Trecho Seco, no
extremo norte da área em questão, próximo ao ribeirão Representa a Unidade azonal registrada em alguns
Ronca, mantêm-se o predomínio de formas suavemente trechos do rio Araguaia, como ao longo de suas inflexões
convexizadas (c1.7) em arenitos da Formação Motuca. tecto-estruturais (confluências com o ribeirão Curicacas
Verifica-se presença freqüente de níveis de pedimentação ou Sucupira, rio Corda, ribeirão Xambioazinho e
e bajadas . A cobertura vegetal é exuberante, principalmente entre a ilha Barreira Branca e a foz do rio
correspondendo a Floresta Ombrófila Aberta Submontana Muricizal).
(TOCANTINS, 2002a). Registra-se em diversos locais o
Pela disposição geomorfológica entende-se que tais
processo de desmatamento e queimadas, em alguns
planícies representam antigas margens côncavas do rio
locais com a presença de carvoeiras, conforme pode
Araguaia determinadas por angularidades tectônicas, que
ser visto na Foto 12.
foram gradativamente retilinizadas pelo processo natural
Conforme se observou na introdução da presente Folha, da meandração. O estrangulamento de pedúnculos
a tipologia da vegetação apresenta uma certa implicou na formação de meandros abandonados, os
correspondência com os aspectos morfopedológicos da quais gradativamente foram sendo inumados por
área. Desse modo, constata-se a presença do Cerrado seqüências aluvionares associadas aos períodos de
Típico no domínio das Areias Quartzosas e de manchas cheias. A maior evidência nesse sentido pode ser sentida
de Floresta Ombrófila Aberta Submontana no domínio no trecho entre a ilha Barreira Branca e a confluência
dos Podzólicos Vermelho-escuro e Podzólicos Vermelho- com o ribeirão Muricizal onde, além da significativa
amarelos. extensão da disposição aluvial atual, constata-se a
presença de considerável terraço, cuja origem
2.4.4 - Planícies e Terraços Fluviais
provavelmente encontra-se vinculada a última fase
A denominação da Unidade guarda relação ao fato de interglacial (Mindel-Riss). Observa-se que a formação
predominarem feições associadas a processos de de lagos semi-circulares associados à disposição dos
acumulação recente em áreas planas, sujeitas a sedimentos (cordões arenosos) comprova tais relações
inundações periódicas, correspondendo às várzeas com os meandros abandonados, ainda não totalmente
atuais, denominadas planícies. Vinculam-se também às inumados.
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
3
Unidades Morfoclimáticas e Evolução do Relevo
Na área recoberta pela Folha Xambioá, no Estado do Observa-se que no Cerrado o processo de humificação
Tocantins, tem-se evidências dos efeitos paleoclimáticos é prejudicado pelas elevadas temperaturas durante a
em todas as Unidades geomorfológicas mapeadas. Na estação seca, momento em que o solo encontra-se
Depressão do Araguaia e nas Chapadas do Meio Norte exposto e ressequido.
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Os processos bioquímicos são dificultados, atenuando O clima atual na presente área, responsável pela
a atividade pedogênica. No período chuvoso o aumento dissecação do relevo, é caracterizado, segundo a
da cobertura vegetal favorece a interceptação das chuvas, classificação de KÖPPEN (1948), como Aw com
processando a elaboração dos hidróxidos através da transição para Am. Predomina, entretanto, o clima Aw,
interferência sobretudo dos microorganismos. caracterizado por duas estações distintas: verão úmido
(outubro a abril) e inverno seco acentuado (maio a
Nos solos saturados os compostos liberados pela
setembro).
decomposição das plantas migram em profundidade,
A temperatura média anual mínima e máxima situa-se,
acumulando-se no perfil como uma primeira etapa de
respectivamente, entre 14ºC e 36ºC. O índice
formação de crosta. Na estação seca os hidróxidos são
pluviométrico médio anual situa-se entre 1.548 e
oxidados e desidratados, transformando-se em
1.795mm, o que individualiza a condição de clima semi-
compostos estáveis que facilitam a precipitação do ferro.
úmido.
O escoamento assume papel relevante no processo de
3.2 – Evolução do relevo
dissecação da morfologia. Na estação chuvosa o
escoamento superficial difuso favorece o transporte do A evolução geomorfológica da área em questão pode
material desagregado ou resultante da decomposição ser entendida a partir dos dobramentos proterozóicos,
química, mesmo em relevo muito suave. O fluxo de associados a efeitos intrusivos, que de certa forma
subsuperfície faculta a lixiviação, o transporte e a explicam o comportamento das estruturas circulares das
concentração de materiais solúveis, contribuindo para a serras da Ametista, Lontra, Bodocó, Sororó e Verde.
formação de crostas por oscilação do lençol freático. O Tais estruturas, por apresentarem resistência litológica,
escoamento fluvial é responsável pelo entalhamento do preservam remanescentes do processo de pediplanação
talvegue e conseqüente dissecação das superfícies de cimeira regional, marcado pelas cotas dos 400-500m.
aplainadas.
Partindo-se do princípio de que a pediplanação de cimeira
Em síntese, tem-se que o grau de dissecação encontra-
regional tenha ocorrido no Mioceno-Oligoceno (Terciário
se associado aos aspectos fisionômicos da vegetação,
Médio), acredita-se que o referido período, até o Plioceno,
da capacidade de percolação da água nos solos, do
tenha sido caracterizado por um clima úmido,
comportamento das formações superficiais, das
responsável pela evolução vertical da área, intensificada
características das rochas, da concentração da
por processo epirogenético positivo. Como as estruturas
precipitação e do próprio comportamento topográfico.
resultantes dos dobramentos proterozóicos
MOREIRA (1977) lembra que, dependendo do grau de
dissecação das superfícies modeladas, duas situações apresentavam resistência litológica foram preservadas,
apresentam dissecação incipiente, “conforme indica o Retornando o clima agressivo (semi-árido) nova fase de
aspecto extremamente evasée dos vales”, com pediplanação acontece, tendo como referência o nível
excelente drenagem subsuperficial. Em tais situações de base delineado pelo processo de dissecação fluvial.
as formas de erosão são pouco visíveis, observando-se Portanto, novo aplainamento, desta feita de caráter
fraca participação dos processos de decomposição intermontano, é assistido, respondendo principalmente
química e bioquímica, o que implica baixa ação
pelo seccionamento de seqüências sedimentares
pedogênica, preservando os aplainamentos que
relacionadas à seção periférica da Bacia Sedimentar do
caracterizam a região, bem como os paleopavimentos
Parnaíba.
superficiais associados aos Cambissolos, e; (2) os
níveis intermediários, desenvolvidos a partir da Após tais efeitos foram registradas oscilações climáticas
formação de vertentes convexas, o que estimula maior responderam por reafeiçoamento de vertentes associadas
escoamento superficial e conseqüente aumento da a processos morfogenéticos diferenciados: (1) fases
dissecação do modelado. glaciais, processos morfogenéticos mecânicos, com
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
abertura de vales e elaboração de níveis de pedimentação; extensão na seção centro-sul da Folha Araguaína e parte
(2) fases interglaciais, processos morfogenéticos desta área, como por exemplo no gráben do Muricizal.
químicos, com entalhamento de vales e entulhamento
de soleiras por colúvios, além de superfícies alveolares Como resultado final verifica-se a incipiência do processo
associadas a fenômenos de aluvionamentos. de dissecação em relação ao pediplano intermontano, o
que explica o baixo índice de vulnerabilidade na Depressão
Registram-se aqui os efeitos tectônicos Terciários, tanto
do Araguaia e o conseqüente predomínio de formas
na formação do gráben do Muricizal como a do próprio
rio Araguaia, respondendo pela direção geral dos aguçadas no Planalto Residual do Araguaia, relacionadas
principais cursos d’água na região. Após tais aos dobramentos proterozóicos e reflexos da tectônica
abatimentos assistiu-se ao processo de entulhamento terciária, que preservam tais condições pela manutenção
sedimentar Terciário, conforme observou-se em grande da resistência litológica.
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
4
Aplicações da Pesquisa Geomorfológica
Segundo MAURO, DANTAS & ROSO (1982), os tipos A escala adotada não permite informações de detalhes,
de modelados identificados, refletindo as características mas indica coordenadas regionais com alcance para
dos sistemas morfogenéticos, constituem-se numa detectar informes suficientes para uma avaliação do
importante variável a se ponderar nos estudos para o potencial do relevo de acordo com a sua energia e com
planejamento regional. As funções desta variável com a sua dinâmica. Ao abordar questões ligadas às
os componentes de outros sistemas podem orientar aplicações práticas da pesquisa geomorfológica neste
diferentes soluções para o manejo ambiental. Estudos trabalho sente-se que sugestões melhores podem ser
integrados dessa natureza podem ser realizados a partir dadas apenas no que se refere à vulnerabilidade do
da seleção de áreas cujas condições morfodinâmicas relevo. Aspectos como implantação de redes viárias e
facilitam, dificultam ou impedem o seu aproveitamento ferroviárias, linhas de transmissão, potencial para
econômico. O mapeamento geomorfológico baseado em instalações portuárias, navegação, recursos minerais e
imagens orbitais não apenas constitui-se num registro sítios favoráveis à implantação de açudes e represas
de conjuntos de formas de relevo representativas dos hidrelétricas demandariam maior tempo para trabalhos
sistemas ambientais, mas também possibilita o de campo. Assim, no que se refere aos aspectos
reconhecimento de suas potencialidades no contexto abordados, far-se-ão comentários gerais baseados nas
regional, bem como a utilização que se faz desses observações das imagens orbitais e de radar, bem como
relevos. nas cartas topográficas, já que o tempo de pesquisa de
Ainda conforme os supracitados autores, o mapa campo não foi suficiente para um envolvimento maior
geomorfológico destaca os conjuntos de modelados que com esse tipo de informação.
possuem baixas taxas de erosão (os aplainamentos)
daqueles de maior energia erosiva (os dissecados), 4.1 – Vulnerabilidade do relevo
evidenciando, ainda, os modelados expressivos Entende-se como vulnerabilidade o grau de estabilidade
instalados sobre acumulações fluviais e lacustres (os do relevo com relação a maior ou menor energia erosiva.
terraços e várzeas). Desta forma, o mapa geomorfológico A Tabela 3 ilustra os índices morfométricos adotados no
fornece indicações diretas para seleção de áreas com presente mapeamento.
adequações peculiares e ponderáveis a grandes, médios
As planícies e os terraços fluviais, típicas formas de
e pequenos projetos ligados ao planejamento regional,
acumulação, não se enquadram nessa classificação, que
bem como diretrizes para traçados da rede rodoviária ou
abrange somente os relevos dissecados. As restrições
ferroviária, localização de barragens e obras de
nessa classe, entretanto, não se devem à erosão mas
contenção de enchentes, dentre outras. Enfatizam
às inundações periódicas freqüentes ou eventuais que
MAURO, DANTAS & ROSO (1982) que, apesar dos
dificultam as atividades agrícolas de culturas
recursos tecnológicos com que se pode contar na
permanentes. Essas áreas restringem-se à faixa que
atualidade, uma inadaptação do relevo a implantação de
acompanha, de maneira intermitente, o rio Araguaia.
projetos e obras de arte implica em altos custos de
Posicionam-se próximo a localidade de Padre Cícero,
construção e manutenção.
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
no limite sul da Folha, no trecho entre a ilha dos formas convexizadas (c1.7 e c1.8). Refere-se a extenso
Americanos e a cidade de Xambioá e no trecho entre a pediplano intermontano, com altitude média de 150-
cachoeira Santa Isabel e a localidade de Antonina, 200m, com baixo grau de incisão dos talvegues, o que
envolvendo as ilhas fluviais de todas as dimensões permite a preservação dos testemunhos residuais do
espaciais. processo de pediplanação, sobretudo no topo dos
interflúvios.
Os menores índices morfométricos das classes muito
baixa a média são encontrados nas Chapadas do Meio Essa classe é favorável à utilização agrícola ou pecuária,
Norte e na Depressão do Araguaia. Nas Chapadas do pois os relevos apresentam vertentes suaves e os solos
Meio Norte os índices t1.3, t1.6, c1.8 são observados não apresentam sérias limitações a ocupação. A prática
sobre os arenitos Sambaíba, configurando um relevo agrícola nessas condições traz poucos prejuízos aos
plano. Na parte sul o índice c1.7 em relevos de topo solos em decorrência do seu esgotamento pela erosão.
convexo apresenta-se em manchas extensas e Isto porque a erosão laminar, desenvolvida pelo
contínuas. Formas geométricas semelhantes a planícies escoamento difuso das águas pluviais, tem pouca
fluviais pertencentes a Depressão do Araguaia (c1.4) competência devido ao fraco gradiente topográfico.
quebram a monotonia do relevo de chapada e assinalam Entretanto, deve haver precaução contra o
desmatamento indiscriminado, quer para uso
a evolução remontante da drenagem da Depressão do
agropastoril, quer para abertura de estradas, sobretudo
Araguaia.
quando as vertentes, por mais suaves que sejam,
Durante os trabalhos de campo efetuados nessas áreas registrarem diferenças de solos, pois isto estimula o
observou-se diversos ravinamentos e boçorocamentos escoamento concentrado das águas pluviais que atacam
ao longo das estradas em virtude da falta de prevenção a zona de fraqueza e originam boçorocas, muitas vezes
e controle do escoamento concentrado das águas de grandes proporções.
pluviais, notadamente nas áreas de contato entre as
As classes de vulnerabilidade média a muito alta são
Chapadas e a Depressão, onde se acentuam as
encontradas no Planalto Residual do Araguaia, Unidade
declividades, elevando a vulnerabilidade do relevo às
geomorfológica em que predominam índices de classes
ações antrópicas.
muito altas. A monotonia topográfica da Depressão do
As classes morfométricas muito baixa a média abrangem Araguaia vez ou outra é quebrada pelos remanescentes
também os relevos pouco dissecados com solos pouco desse planalto residual, caracterizado por faixas de
suscetíveis à erosão, que constituem a maior extensão estruturas metassedimentares dobradas no Proterozóico
da superfície representada pela Depressão do Araguaia, e remobilizadas por ocasião da tectônica moderna.
caracterizada por apresentar um relevo pouco Portanto, tanto a resistência litológica das seqüências
movimentado, basicamente representado por formas quartzíticas como os reflexos tectônicos nos sedimentos
tabulares, de baixo grau de dissecação (t1.4 a t1.6) e Paleozóicos imediatos contribuíram para o entendimento
22
Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
dos resultantes estruturais, que implicam maior grau de situam-se nessa serra, em torno de 400 a 450m,
vulnerabilidade geomorfológica na área em questão. enquanto a topografia geral na área situa-se em torno de
Exemplos como as serras da Ametista, Lontra, Bodocó, 100 a 200m. Entretanto, a construção de uma represa
Sororó, Verde e Azul, além do reflexo extensional da falha nesse local seria totalmente inviável e implicaria em
relativa ao gráben do Muricizal, implicam o domínio de problemas sérios à cidade de Xambioá, cujas cotas
formas aguçadas, com índices que variam de 2.4 a 2.8, altimétricas também se situam em torno de 100 a 200m.
portanto com classes morfométricas médias a altas.
Nas demais vias fluviais, afluentes do rio Araguaia, o
Exemplo dos reflexos da tectônica moderna em maior problema é a horizontalidade da superfície
seqüências paleozóicas imediatas pode ser atribuído a relacionada à Depressão do Araguaia, onde dificilmente
serra Azul, onde prevalecem formas aguçadas com índice se encontraria um sítio favorável a obras desse tipo.
morfométrico alto (2,7), a qual transgride das seqüências
4.3 - Potencial para navegação e instalações
proterozóicas para os arenitos da Formação Pimenteiras,
portuárias
onde o processo de falhamento, respondendo por maior
grau de dissecação, implicou entalhamento pronunciado O rio Araguaia é a grande via fluvial da área recoberta
dos talvegues. pela Folha Xambioá e apresenta limitações de ordem
Essas áreas que englobam classes morfométricas natural à navegação. Apesar de correr sobre uma
médias a muito altas são de uso econômico precário e superfície plana, de sedimentação recente, apresenta
difícil, necessitando de cuidados especiais. As grande oscilação do nível de água ao longo do ano e
superfícies de alta vulnerabilidade erosiva, drena áreas de litologias distintas. É navegável por
especificamente onde o relevo apresenta vertentes de barcos de porte médio da cidade portuária de Xambioá
declividades acentuadas com presença de escarpas e para jusante e para montante, atendendo principalmente
solos suscetíveis a erosão, não devem ser utilizadas e as populações ribeirinhas. Das proximidades da
mantidas em suas condições originais. Nas áreas em localidade de Padre Cícero, a montante, no trecho sul
que houve ou esteja havendo utilização silvoagropastoril da Folha em questão, até a confluência com o rio Lontra,
recomenda-se a reconstituição da cobertura vegetal com apresenta-se livre de corredeiras e cachoeiras. Todavia,
orientação técnica de especialistas no assunto. caracteriza-se pela formação de planícies, sendo
4.2 - Sítios favoráveis à implantação de açudes, comum a presença de grandes bancos de areia no
represas hidrelétricas e barramentos para fundo do leito, praias marginais, afloramentos rochosos
captação de água e ilhas de formas geométricas e dimensões variadas.
Ao se avaliar uma área para sugerir sítios favoráveis à Tais aspectos morfológicos obrigam a um conhecimento
implantação de açudes, represas hidrelétricas e rotineiro prévio do canal do rio por parte de barqueiros
barramentos para captação de água o relevo constitui e outros condutores de veículos da hidrovia,
uma das mais importantes variáveis, já que devem ser notadamente no período seco, quando as águas tendem
consideradas as gargantas de superimposição e a a baixar muitos metros.
existência de cachoeiras e relevos residuais.
Da confluência do rio Lontra para jusante surgem
Analisando-se de maneira geral a superfície em questão,
trechos encachoeirados, a exemplo das cachoeiras
verifica-se que a única área viável a implantação de uma
de São Miguel, próximo a cidade de Xambioá, e Santa
represa hidrelétrica seria a que se situa na localidade
Isabel, a montante da localidade de Antonina. Na
denominada Remanso dos Botos, numa curvatura do rio
Araguaia, a jusante da confluência com o rio Corda. imagem orbital este trecho apresenta um padrão
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Instalações portuárias além da existente na cidade de chuvas concentradas. O prejuízo com os gastos
Xambioá seriam praticamente inviáveis, dadas as reincidentes, nesse caso, é maior do que a economia
limitações de ordem natural impostas ao tráfego fluvial. gerada na construção da obra.
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(1992), a quase totalidade das minerações baseia-se processos naturais atuantes no local, ou seja,
em trabalhos que envolvem a mobilização de solos e semelhante àquela existente antes da intervenção da
rochas ou escavações. A extração mineral pode se dar mineração, de forma que o equilíbrio seja auto-
em terra (céu aberto ou subterrânea) ou em corpos d’água sustentável. Esta deve envolver todos os processos de
(rios, lagos ou mar), sendo a primeira relativamente mais interação no meio físico, as características do meio
comum. Ressalta o autor que a fase de implantação biológico e o uso e ocupação do solo local.
pode se desenvolver de forma concomitante com a de
A contribuição da geomorfogênese para reconhecimento
funcionamento e que, além disso, dado o caráter
dos recursos minerais pode se dar no sentido de avaliar
marcadamente transitório da atividade, pelo fato de as
as diversas fases erosivas a que foi submetida a região.
jazidas se esgotarem em prazos estipuláveis e os bens
Os processos de pediplanação que atuaram na área
minerais não serem renováveis, a fase de desativação
truncaram litologias diferenciadas do Arqueano ao
assume importantíssimo papel, ao se estabelecerem
Terciário. As litologias arqueanas encerram em suas
medidas que prevejam a estabilização e o
matrizes diamante, havendo a possibilidade de ocorrência
reaproveitamento da área minerada.
desse mineral nos terraços do rio Araguaia e afluentes,
Salienta ainda FORNASARI FILHO (1992) que a o qual constitui depósito correlativo da pediplanação,
recuperação implica no fato de que o lugar alterado seja hipótese essa aventada por BARBOSA et al. (1966). No
trabalhado de modo a situar as condições ambientais mapa da CPRM (1994) é indicada a localização de
em proximidade às condições anteriores a intervenção. garimpo inativo desse mineral a jusante e a montante do
Busca-se uma nova situação de equilíbrio para os rio Muricizal.
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
Ilustrações Fotográficas
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 1 – Colinas de topo convexo na Depressão do Araguaia. Área desmatada e ocupada com pastagens. Via de
acesso a Fazenda Furna Azul, município de Ananás.
Foto 2 – Ao fundo, escarpa de falha apresentando facetas triangulares e trapezoidais nos arenitos da Formação
Pimenteiras. Via de acesso a Fazenda Furna Azul, município de Ananás.
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
Foto 3 – Processos erosivos no sopé da vertente convexa em decorrência de decapeamento e pisoteio do gado.
Via de acesso a Fazenda Furna Azul, município de Ananás.
Foto 4 – Hog-back sustentado por quartzitos na serra do Bodocó. Estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153).
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 5 – Cascalheira recoberta por colúvio mostrando a atuação de climas pretéritos pleistocênicos nas imediações
da serra do Sororó. Estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153).
Foto 6 – Estrutura ruiniforme elaborada em quartzitos da Formação Morro do Campo nas imediações da serra do
Sororó. Estrada Xambioá-Wanderlândia (BR-153).
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
Foto 7– Aspecto geral do relevo. Presença de extensos relevos residuais com topos pediplanados. Estrada Araguanã-
Jacilândia (TO-164).
Foto 8 – Contato litológico entre metarenito e material argiloso (basalto inteperizado). Estrada Araguanã-Jacilândia
(TO-164).
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada - Bico do Papagaio
Foto 10 – Vista das vertentes laterais da área de relevo aguçado da Depressão do Araguaia. Via de acesso a
Fazenda Furna Azul, município de Ananás.
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Zoneamento Ecológico-Econômico Geomorfologia - SB.22-Z-B (Xambioá)
Foto 11 – Remanescentes do pediplano sustentado por material concrecionário, na Depressão do Araguaia. Via
de acesso a Fazenda Furna Azul, município de Ananás.
Foto 12 – Áreas de Floresta Aberta Mista em processo de desmatamento e queimada. Estrada Trecho Seco-
Cachoeirinha.
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Projeto de Gestão Ambiental Integrada
ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Folhas Concluídas
ESTADO DO TOCANTINS
SB.22-X-D
MARABÁ
SB.23-V-C
IMPERATRIZ
SB.22-Z-B
XAMBIOÁ
SB.23-Y-A
TOCANTINÓPOLIS
SB.22-Z-D
ARAGUAÍNA
DIRETORIA DE ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Equipe Técnica
Equipe de Apoio
SEPLAN
SECRETARIA DOPLANEJAMENTOEMEIOAMBIENTE
DIRETORIADEZONEAMENTOECOLÓGICO-ECONÔMICO
AANO-EsplanadadasSecretarias
Fones: (63)218.1151-218.1195
Fax:(63)218.1158-218.1098
CEP:77.010-040
PALMAS-TOCANTINS
http://www.seplan.to.gov.br e-mail:splandze@seplan.to.gov.br
MINISTÉRIODOMEIOAMBIENTE
SECRETARIADECOORDENAÇÃODAAMAZÔNIA-SCA
EsplanadadosMinistériosBloco"b"9ºAndar
Fones:(61)317.1430-317.1404-317.1406
Fax:(61)322.3727
CEP:70068-900
BRASÍLIA-DF
http://www.mma.gov.br e-mail:sca@mma.gov.br
PROGRAMAPILOTOPARAAPROTEÇÃODASFLORESTASTROPICAISDOBRASIL
SUBPROGRAMADEPOLÍTICASDERECURSOSNATURAIS-SPRN
SCSQ.06ED.SOFIANº50SALA202
Fone:(61)325.6716
Fax:(61)223.0765
CEP:70300-968
BRASÍLIA-DF