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ÍNDICE
Prólogo 5
PRÍMI-HISTÓRIA 6
Capítulo primeiro 6
Capítulo II22
Capítulo III 30
Capítulo IV 39
Capítulo V45
Capítulo VI 51
Capítulo VII 55
SUPRANORMAL 75
Capítulo VIII 75
Capítulo IX 84
Capítulo X89
INICIAÇÃO 99
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Capítulo XI 97
Capítulo XII 108
Capítulo XIII 120
Capítulo XIV 127
Capítulo XV 138
APOCALIPSE 140
Capítulo XVI 141
Capítulo XVII 141
O ESTRANHO 162
Capítulo XVIII 162
O DIÁRIO LUMINOSO DO CÉU 165
Capítulo XIX 165
Capítulo XX 170
Prólogo
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PRÍMI-HISTÓRIA
Capítulo Primeiro
«Faz 1.500 anos, diz nosso amigo-correspondente Guy Laclau, antes dum
cataclismo que transtornou a região sudoeste de França, o estuário da
Gironda apresentava uma geografia muito distinta da que conhecemos».
A costa era muito recortada, salpicada de numerosas ilhas e, ali onde se
encontra o estuário, se estendiam planícies pantanosas e malsãs.
Os povoados estavam construídos sobre as terras altas ou sobre os
alicerces rochosos nas proximidades da trilha pré-histórica Mediterrâneo-
Oceano que conduzia aos locais do sílex, do sal e depois ao cobre ou ao
estanho.
Essai sur deux ports antiques de vestuaire de la Girónde (Ensaio sobre dois antigos costumes de
vestuário da Gironda), de Guy Laclau, segundo os arquivos da Sociedade arqueológica de Bordéus.
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A CIDADE DE BRION
A tábua de Peutinger, que está datada do século XV, é um valioso mapa-itinerário do império romano,
devido ao geógrafo-antiquário alemão Conrado Peutinger (1465-1547).
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A SENHORITA DE BRION
Certamente, lendas, sem fundamento mas muito bonitas pra ser contadas,
foram inventadas sobre a cidade de Brion e têm, ao o menos, o mérito de
perpetuar a lembrança dum porto antanho importante e relegado, pouco a
pouco, ao interior das terras pelos despejos de aluvião.
Há um bom número de séculos Brion via o curso do rio se afastar pouco a
pouco de suas muralhas.
Naquele tempo um honrado mercador morreu deixando uma sucessão
bastante embrulhada e dívidas que obrigaram Elina, sua filha única, a
vender o armazém e as diversas terras que formavam parte da herança.
O credor aproveitou a inexperiência de sua devedora pra recuperar dez
vezes o que havia emprestado mas lhe deixou, simulando magnanimidade,
uma estreita faixa de pântano que se estendia ao largo do rio durante mais
duma hora de posta de cavalo: Duas mil toesas (4km).
— Filha minha, eis aqui terrenos que representam um excelente ponto de
caça. — Disse a sua jovem vítima — Os patos e as galinholas abundam
chegada a temporada!
Elina não compreendeu a ironia do comentário já que demasiada
preocupação habitava sua formosa cabeça.
Dissemos que a jovem era bonita, muito bonita?
No entanto teve que ganhar a vida, duramente, trabalhando aqui e ali, se
contentando a miúdo em cear com sopa de pão. E os moços de Brion não
lhe prestavam atenção, dado o muito pobre que era.
Contemplando a água do Gironda deslizar até o mar, se comprazia, às
vezes, em sonhar:
Galinhola significa, também, cabeça de paturi (pessoa muito tonta ou distraída), perua. Paturi é uma
espécie de pequenos patos de arribação.
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O século XIX
Contes et légendes d'Aunis et de Saintonge (Contos e lendas de Aunis e de Saintonge), de Robert Colle,
edições Rupella, A Rochela, 1965.
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A MISTERIOSA ANCHOINE
A la recherche de la Saintonge (Busca a Saintonge), de Francois-Lucien La-bruyére, editado pelo autor.
Essa lenda já foi relatada em 1898 em Une gerbe de légendes, de Avore.
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A imersão de Ys remonta ao final da idade de Bronze, há 4.000 anos, ou ao século IV ou V de nossa era.
Alguns opinam que a lenda evoca a desaparição da Atlântida.
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Antigo nome de Paris
La Bretagne des druides, des bardes et des légendes (A Bretanha dos druidas, dos bardos e das
lendas), de Alexandre Goichon. Edições O. L. Aubert, Saint-Brieuc, 1930.
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A CIDADE DE EN-BAS
É preciso estabelecer uma relação de influência entre os homens dos megalitos, o altar de pedra em
forma de taça vulvar e os menires esculpidos pra representar falos. A arte sagrada dum povo é
representativa de seu pensamento, de sua aspiração, de sua inibição e de sua libido. A relacionar também
aos cultos eróticos de Khajuraho e de Konarak, na Índia, da África negra, e ao culto à castidade entre os
cristãos e os judeus.
O eminente erudito Jean Markale, em seu livro Les celtes (Os celtas), edições Payot, 106, Bd. São
Germano, Paris, 1969, cita Le lai de Graelent-Meur (O poema de Graelent-Meur), de Marie de France, Le
mystére de saint Gwénnolé (O mistério de são Güenole) (século XVI) e A vie des saints bretons (A vida
dos santos bretões), de padre Alberto o Grande (século XVIII) que contaram a lenda introduzindo nela a
temática cristã habitual em seu tempo.
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Depois daquela festa em que todo mundo bebera mais que de costume
Dahut entrou suavemente, descalça, ao quarto de seu pai e lhe furtou as
chaves das quais dependia a proteção da cidade.
Hersart da Villemarqué, narrou a continuação nos termos seguintes:
O rei dorme, dorme o rei. Mas um grito se elevou na planície. A água foi
solta. A cidade está submersa!
— Senhor, levantes. A cavalo. E longe de aqui. O mar transbordado
rompeu os diques!
A princesa de Ys, diz a tradição, tinha um castelo na borda do precipício. Era o castelo Ghibel, cuja
ruína desapareceu no século XIX.
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Maldita seja a branca jovem que abriu, depois do festim, a porta do poço
da cidade de Ys, essa barreira do mar...
Gradlon, que ignorava tudo referente à causa do desastre, encilhou seu
cavalo Morvach, subiu sua filha à grupa e galopou em direção a terra
firme.
Furioso e mais rápido, o oceano o perseguiu e suas ondas lamberam os
cascos do animal e, depois, as botas do ginete.
A cidade, após ele, com seus palácios suntuosos e suas naves inumeráveis,
não era mais que uma horrível solidão eriçada de ondulação espumosa. O
rei fugiu na noite...
— Mais depressa, pai meu! — Gritou Dahut, repentinamente aterrorizada
— Mais depressa. O mar nos alcançará!
Mas Morvach não pôde galopar mais rápido e a água subiu até seu peito.
Então uma voz terrível se deixou ouvir:
— Rei Gradlon, se não queres perecer agora, abandones o demônio que
levas na grupa porque é ele quem abriu as portas de bronze!
— Mais depressa, pai! — Suplicou Dahut.
Mas seu destino deve se cumprir. Suas mãos se desprenderam e caiu ela
nas ondas que, satisfeitas, se apaziguaram.
Os habitantes de Poulvid (Douarnenez) ensinam, hoje, o lugar onde a
impudica desapareceu na água.
Tudo se consumou, tudo voltou à ordem: O rei pôde se apear em terra
firme armoricana. Ys já não é mais que uma lenda ou um reino submerso
do qual é Dahut a soberana.
— Ela não morreu. — Dizem os pescadores bretões quando relatam a
lenda na noite junto ao fogo do lar.
Se convertera numa morgana, uma sereia do mar, de beleza fascinante e
fatal.
Aquele que tem olho pra ver a avista nos meio-dias ensolarados, penteando
seu largo cabelo dourado no vão das ondas ou sobre o escolho.
O menir da Thiemblaye, comuna de Saint-Samson-sur-Rance (Côtes-du-Nord), é um dos três tampões
do Inferno e uma das três chaves do mar. Se se girar o menir se produzirá um dilúvio.
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Aquele que tem ouvido pra ouvir percebe, nas noites de tempestade, sua
chamada apaixonada ascender desde a treva dos arrecifes.
Aqueles que cedem a seu convite dormem pra sempre em seu mortal
abraço.
Pescadores dizem que, nas noites sem lua, ouvem os sinos de Ys tocando a
morto na cidade submersa.
ATLANT-IS?
Parece mais que Rochebonne ficou sepultada por desabamento do terreno.
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Relatado pela revista L'ere d'aquarius (A era de aquário), 29, rua des Jeüneurs, 75002 Paris, de autoria
de Yves Tanneau.
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Essa lenda pertence também à tradição de Bresse. Na aldeia de Trois-Demoiselles, perto de Saint-
Germain-du-Bois (Saóne-et-Loire) viviam três garotas de maravilhosa beleza. Quando bebiam vinho tinto
se via baixar pela garganta, cuja pele era fina e transparente como gaze.
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A LEXÓBIA DO REI-BRUXO
O mito é idêntico à lenda da cidade submersa do lago de Issarles
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Mencionado pelo Bulletin de la société de mythologie française (Boletim da sociedade de mitologia
francesa) #12. Direção: 175, rua de Pontoise, 6000O Beauvais.
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Jesus, com o coração cheio de rancor, lhe anunciou, então, que ia destruir
Issarlés, mas que ela poderia se salvar se se pusesse, imediatamente, em
marcha e não voltasse a cabeça no momento do cataclismo. A boa mulher
se voltou ao ouvir a água impetuosa alagando os habitantes e destruindo
suas casas e ficou ela convertida em rocha. Se trata, evidentemente, duma
copia cristã do afundamento da cidade de Ys e da destruição de Sodoma.
CIDADE-DE-DEUS (Bajos-Alpes). A leste de Sisteron, perto da estrada
Departamental 3, sobre o bancal 4 chamado Les Planeaux, se teria elevado
antanho uma cidade denominada Teópolis, domínio dum certo Dardanus
do qual se lê o nome sobre a Pedra Escrita margeando a D3.
ROQUEBILLIÉRE (Alpes Marítimos). Povoado enterrado por um
desprendimento de terra em 1926.
DRAP (Alpes Marítimos). Povoado antigo destruído e enterrado por um
tremor de terra no século XVI.
CIMIEZ. Cemenelum, capital da província romana, está enterrada sob o
bairro residencial de Niza.
POMPONIANA. Município de Hyére. Povoado sepultado perto da praia
da Almanare. Se vêem, ainda, desde a estrada que vai de Tolón a Hyéres,
afloramentos de construção.
LA CIOTAT (Bocas do Ródano). Cidade submersa mar adentro ante o
porto. Se diz que um monstro marítimo a habita e, às vezes, chega à costa
pra causar estrago nos vinhedos.
BASILÉIA. Entre a ilha Maire (Bocas do Ródano) e a ilha do Planier:
Cidade neolítica do Veyron, a 13m de fundo, descoberta pelo mergulhador
Pierre Vogel.
UGERNUM. Cidade antiga da Gália Narbonense. Ugernum é mencionada
junto com Tarascão como situada sobre a estrada de Nimes a Aix.
Localização indeterminada.
FOS. Cidade submersa no litoral do porto.
MAGDELONNE (Hérault). A 10km ao sul de Mont-pellier, passando por
Palavas. Do antigo povoado, somente subsiste a catedral sobre uma granja
de aluvião entre o golfo de Leão e o estanque de Arnel.
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Bancal: Banco de remador
Ler os detalhes da descoberta no enigma dos Andes, de Robert Charroux
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POVOADOS SUBTERRÂNEOS
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Nossa documentação sobre as cidades desaparecidas da Bélgica e de Luxemburgo procede das obras
notáveis de nosso colega e amigo belga Paul de Saint-Hilaire. Ler desse autor: La Belgique mystérieuse
(Bélgica misteriosa) (1973); La Flandre mystérieuse (Flandre misteriosa) (1975); L'Ardenne mystérieuse
(Ardena misteriosa) (1976). Rossel Edition, 134, rua Real, 1000 Bruxelas e 73, rua d'Anjou, 75008 Paris.
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Capítulo II
A NASCA CHILENA
Há numerosas interrupções na evolução dos homens: Não existe elo entre os símios e o homem, brusca
desaparição do neandertal, detenção inexplicada da civilização do período magdaleniense, etc.
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Que saibamos, exceto pros homens gigantes das colinas do Dorsete inglês,
desenhados por fossos ou sulcos na terra, os geoglifos de nosso globo
estão quase sempre motivados pela natureza branca do solo...
Em resumo, é o quadro branco o que provoca a escritura e não a escritura
que cria o quadro.
Daí pensar que os geoglifos não são mais que passa-tempo de pastores ou
de povos ociosos, não há mais que um passo.
Provavelmente é verdade, em determinados casos. Por exemplo, na
Inglaterra: Os cervos e os cavalos das colinas de Dorsete são ex-votos,
representações gratuitas, aduladoras, homenagens rendidas a animais
particularmente estimados.
Embora alguns tenham acreditado ver nisso uma representação mágica
com desejo de proliferação, de repovoamento ou esperança de boa caça.
Mas em todas as outras partes do globo os geoglifos têm uma explicação e
os do Chile lembram os sinais traçados ainda em nossos dias pelos ciganos
e os andarilhos pra assinalar os lugares de boa hospitalidade e aqueles que
mais vale excluir do roteiro de caminhada.
A NASCA DE ATACAMA
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Estribação: Ramificação curta de montanhas que se destaca duma cordilheira
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O CURACA DE UNITAS
O GIGANTE DO LAGARTO
Geoglifos e tráfico de caravanas no deserto chileno, de Lautaro Núñez Atencio, professor no
departamento de arqueologia da universidade do Norte, em Antofagasta, é o melhor livro sobre os
geoglifos chilenos, e, sem dúvida, o único. Uma grande parte de nossa documentação se apóia nas
observações do professor Atencio, do engenheiro Hans Niemeyer e de nosso correspondente particular no
Chile, professor Jean-Pierre Bergoeing. Hans Niemeyer é autor de dois livros de grande erudição:
Petroglifos da cordilheira andina de Linares, em colaboração com Lotte Weisner. Edições universidade do
Chile, Santiago, 1971, e das pinturas rupestres da serra de Arica, Edições Jerônimo de Vivar, São Felipe,
Chile.
Os geoglifos, linhas, pistas e outros desenhos, da Nasca do Peru foram revelados ao grande público, em
1949, por um libreto de Maria Reiche intitulado Mystery on the desert (Mistério no deserto), Editora Médica
Peruana, Azangaro 906, Lima. E em 1974 pelos livros O enigma dos Andes, de Robert Charroux e As
pistas de Nasca, de Simone Waisbard. editora Plaza & Janes. Coleção Outros Mundos.
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Sobre a vertente ocidental do morro Unitas, se pode ver, muito mal já que
está, em parte, apagado, um gigante análogo ao curaca, cuja mão direita,
alçada em flecha, indica o Norte e a direção ao Peru.
O braço esquerdo iça um bastão ou um machado.
As cadeiras, como no curaca, estão providas de barras laterais sem
significado perceptível, e um sáurio, lagarto ou iguana, está traçado sobre
o lado esquerdo.
Como no curaca, os olhos, a boca e a nariz do gigante do lagarto são
pequenas pilhas de pedra.
Se o geoglifo pretende representar um gigante seria interessante o
relacionar com aqueles invasores de muito alta estatura, chegados por mar
sobre balsas no começo do império dos incas, se dermos crédito às
tradições mencionadas pelo jesuíta Anello Oliva.
Thor Heyerdahl, ao ter demonstrado, com a expedição do Kon-Tiki, que a
ilha de Páscoa pode ter sido povoada pelos pré-incas, se pode pensar,
também, que uma raça gigante procedente da ilha de Páscoa pôde pelo
mesmo, fazendo caminho inverso, tomar terra no Peru ou no Chile com o
desígnio de colonizar o país.
Nesse sentido os gigantes dos geoglifos teriam sido desenhados pelos
autóctones em lembrança dum período histórico particularmente azarado.
Mas existiram os gigantes?
Nossa lógica cartesiana nos leva evidentemente a contestar com a negativa,
mas não temos o direito, honradamente, de fazer tábua rasa com os
testemunhos e os indícios extremamente perturbadores dos quais
voltaremos a falar.
Sobre a vertente norte do morro Unitas um grupo de desenho reproduz
formas humanas retangulares com grandes cabeças mas sem perna
(apagadas).
A técnica habitual de varredura do solo está reforçada pela colocação de
pedras planas recalcando a borda das figuras.
OS PASTORES DE BAIXADA
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AS LHAMAS DE TILIVICHE
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A NASCA DE AREQUIPA
Quanto ao Candelabro dos Andes, as múmias de Paracas e as pedras gravadas de Ica, se remeter a O
enigma dos Andes, de Robert Charroux. Há que fazer constar que o Candelabro dos Andes, esse geoglifo
de sulco, como o tapete de Siguas, também está orientado, norte-sul, contrariamente ao que havíamos
escrito no enigma dos Andes. Fomos induzidos a erro por uma bússola avariada.
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A obra do padre Oliva, que era jesuíta, leva a data de 1631 e está revestida
de todas as aprovações dos chefes de sua ordem.
Seu título é: Vida dos homens ilustres da companhia de Jesus do Peru, mas
relações históricas e proto-históricas completam, felizmente, as de
Garcilaso da Vega que, não se recalca suficientemente, tinha dezessete
anos em 1547 quando saiu do Peru e somente escreveu seu Comentários
reais no final da vida, até 1565.
É importante fazer finca-pé em que Garcilaso da Vega, filho dum ilustre
capitão espanhol e duma princesa inca, tomou deliberadamente o partido
dos antepassados de sua mãe e cala sobre tudo o que é desfavorável aos
incas.
Não ocorre o mesmo com o pai Oliva, que não teme descrever tudo o que
vê e contar tudo o que ouve dizer sobre o passado fabuloso daqueles aos
quais chama os ingas.
Tudo induz a pensar — escreveu — que os ingas eram uma raça
estrangeira.
A miúdo se faz referência, inclusive em Garcilaso, a uma língua particular
que somente era falada e compreendida pelos membros da família
imperial...
Para assegurar seu domínio, os ingas haviam feito um trabalho admirável:
Era a construção de duas grandes estradas que se estendiam toda ao largo
de duas cadeias de montanha. Uma, que se chamava a trilha dos ingas, se
estendia desde Pastos até Chile, num trajeto de 900 léguas (3600km).
Tinha 24 pés (7,8m) de largura e a cada 4 léguas (16km) se encontravam
vastos edifícios chamados tambos. Continham grande provisão de víver, de
roupa e de tudo o que podia ser necessário. A cada meia légua (2km) se
colocavam sentinelas que transmitiam as mensagens dum a outro correndo
com grande rapidez.
»A outra estrada tinha 25 pés (8,12m) de largura e estava flanqueada, a
cada lado, por um muro elevado. Corria através das planícies, desde Piura
até Chile, onde se reunia com a outra».
Depois de haver falado do reinado dos incas, padre Oliva se estendeu sobre
o fundador do império, Manco Capac, e entrou, então, numa continuação
assombrosa e fecunda em revelação.
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«Catari relata, pois, que depois do dilúvio universal, que os índios tinham
um perfeito labirinto e ao qual chamavam pachacuti. Os primeiros homens
que chegaram à América, seja adrede ou empurrados por uma tempestade,
abordaram Caracas, onde se multiplicaram e se espalharam em todo o
Peru...»
Os incas, convertidos em soberanos do Peru, descendem dum cacique
denominado Tumbe ou Tumba.
Otoya, um dos dois filhos do cacique, cruel e bêbado, escapou duma
conspiração e se entregou a toda classe de exações que somente foram
cessadas com a chegada duma tropa de gigantes.
Esses o fizeram prisioneiro e supliciaram seus súditos com maus tratos.
»Não traziam mulher com eles e se entregavam ao crime contra natura, de
modo que Deus, irritado, os fez perecer sob o fogo do céu... A tradição
relata que esses gigantes haviam vindo sobre balsas formadas por grossas
peças de madeira e que eram tão grandes que a cabeça dum homem
comum lhes chegava apenas aos joelhos. Escavaram poços muito
profundos que se vêem ainda hoje na ponta Santa Elena e que estão cheios
de água potável. Se encontra, ainda, nesse lugar ossamentas humanas
duma estatura prodigiosa, e dentes que pesam até 14 onças (430g!). Eram
tão enormes que eu custaria acreditar se não tivesse visto (sic). É provável
que esses gigantes eram da mesma raça que aqueles que desembarcaram na
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Nos inteiramos, pelo padre Oliva, de que os incas eram uma raça
estrangeira no Peru.
Catari, o quipocamaio, nos abre outros horizontes quando escreve:
Manco (o primeiro inca), assustado pela tempestade, resolveu não ir mais
longe de Ica e não penetrar dali ao interior das terras...
Seus companheiros o descobriram mais tarde numa espaçosa caverna do
lago Titicaca, escavada pela mão humana.
As paredes estavam recobertas de ornamento de ouro e de prata, e não
dava acesso além duma porta muito estreita...
»Para se reconhecer, os companheiros de Manco se perfuraram os lóbulos
das orelhas e se penduraram grossos aros duma espécie de junco chamado
aotora (aotora = totora = junco). Essa prática parece haver dado origem à
casta dos orelhões)».
Manco saiu, numa manhã, da caverna, na alvorada, com uma roupa feita
de placas de ouro e não teve dificuldade em se fazer reconhecer como rei.
«Foi assim que fundou a monarquia dos ingas».
Tal é o relato de Anello Oliva.
Em certo sentido pode orientar as especulações a propósito de Nasca pelo
fato de que Manco chegou até Ica pra reconhecer seu futuro reino,
limitado, então, pelas pistas e linhas do pampa de Nasca.
Tinham por missão esses traçados deter magicamente a marcha
conquistadora de Manco ou bem, ao contrário, o guiar até as ribeiras do
lago Titicaca onde devia concluir sua missão e seu destino de futuro inca?
É uma hipótese que merece ser estudada, tanto mais que ninguém, até hoje,
se ocupou do tema. Não cremos que Manco tenha detido sua exploração
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Capítulo III
NASCAS DA AMÉRICA DO NORTE E DA EUROPA
OS MIMBRES DE BLYTHE
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O geoglifo é, por definição, gravado sobre o solo, por conseguinte em vão (geo: terra e gliphé:
cinzelagem). Sem embargo, demos a palavra, de acordo com a maioria do público, à imprensa, às revistas
e aos arqueólogos, sobre o sentido de traçado, desenho, gravado ou não, executado sobre o solo.
Na Índia a mandala é um esquema geométrico sagrado em cores simbólicas reproduzindo uma
cosmogonia ou um caminho iniciático, segundo um formulário que somente o bruxo conhece.
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Ler Le livre du mystérieux inconnu (O livro do misterioso desconhecido), Robert Charroux, editora
Laffont, Capítulo VI. A civilização dos celtas é a mãe de todas as civilizações: Túmulos, pirâmides e
outeiros funerários. A mulher branca dos leni-lenapés. Os mexicanos vieram da Europa. Os ameríndios têm
antepassados europeus, etc.
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A RODA DE MAJORVILLE
O raio mais largo está orientado até o este e o solstício de verão. Outros
raios indicam o lugar de Sírio, de Rigel ou de Aldebarã, o qual demonstra,
claramente, o destino astronômico do monumento.
Não obstante, na América do Norte abundam tanto os desenhos
antropomorfos e zoomorfos traçados com pedras que estamos obrigados a
crer que esses geoglifos eram também mandalas mágicas e evocações às
forças da Natureza.
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AS NASCAS DE FRANÇA
A RODA DE ENSERUNE
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OS TRAÇADOS DE ECKWERSHEIM
Na margem dos geoglifos mas, talvez, em relação seu misterioso ignoto, é
interessante assinalar os enigmáticos traçados de Eckwersheim, pequeno
povoado de 800 habitantes no baixo Reno.
Durante a noite de Natal de 1975 caiu neve e, na manhã seguinte, alguém
observou, estupefato, um sulco contínuo, com largura aproximada de
10cm, que começava na porta do jardim de sua casa, bifurcava até a horta
Comunicado de Les dernières nouvelles d'Alsace (As últimas notícias da Alsácia), de 27-12-1975.
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A BATALHA DE ICA
Capítulo IV
OS ARGUMENTOS DOS DETRATORES
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MÁ-FÉ E IGNORÂNCIA
Maria Reiche disse, igualmente, em sua entrevista: «Doutor Cabrera não permite que se pegue uma
pedra e que se a examine de perto». O que é uma contra-verdade!
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A senhora Fung tem perfeito direito a emitir esse juízo e talvez tenha
razão, mas o que nos desconcerta é a continuação dessas declarações,
também reproduzidas por Mundial, #6.
«Não existe, teria dito a diretora do museu São Marcos, associação (?)
sobre os sítios nos quais se diz ter descoberto as pedras gravadas. Não se
sabe, sequer, quais são esses sítios nem de que estão compostos
geologicamente, o que é muito importante pra estabelecer a antiguidade de
uma descoberta arqueológica, quando se pode utilizar o C-14 como é o
caso com as pedras gravadas... Tudo isso não é mais que lenda e fantasia».
Todos os alunos do sexto curso no instituto sabem ou deveriam saber que a
peritagem de datação pelo procedimento do carbono (hoje em dia em
desuso, já que é extremamente suspeito) só se pode fazer sobre organismo
vivo ou que o foi, sobre os quais se calcula o fenômeno de perda de C-14
(a metade em 5.568 anos), e não se faz, em absoluto, sobre pedra!
Essa é arqueologia de primeiro ano!
A senhora Fung, inclusive, acrescenta:
― Não se sabe quais são esses sítios...
Tu, senhora... não sabes, mas cinqüenta, cem arqueólogos sabem onde
estão situados, posto que efetuaram registros e escavações e que
publicaram livros e tese sobre suas descobertas, os quais, precisamente,
eram pedras gravadas! E é necessário que agora saibas, por mediação
nossa, o que os não cientistas ignoram: Essas pedras, das quais ignoravas a
existência em 1975, eram encontradas, colecionadas, conhecidas há
séculos!
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E autor do segredo das Nascas, editado em 1950 pela sociedade dos americanistas de Paris.
Editado por Albin Michel, Paris, 1961
Desde logo, só atacamos uma determinada categoria de pré-historiadores do CNRS, aqueles que datam
o império inca do século XIII! e descrevem as pistas de Nasca feitas de pedras alinhadas... Sentimos o
mais profundo respeito aos verdadeiros arqueólogos tais como os senhores Taleb ou Coppens...
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OS HUAQUEIROS9 ATERRORIZADOS
Os jornalistas do Mundial confessam, em sua reportagem, que pagaram a Irma Gutiérrez de Aparcana
(página 42, coluna 2).
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Cremos que o leitor já está a par das características dessa sombria história
e, no entanto, não expusemos, ainda, os argumentos contundentes que
rebentarão a verdade sobre o caso de Ica.
Um deles é, no entanto, publicado pelo próprio Mundial mas não há pior
cego que aquele que não quer ver.
Reproduzimos textualmente a declaração efetuada na página 43 da revista,
pela senhora Uchuya, a própria esposa do principal falsário:
Há alguns dias meu marido e a senhora de Aparcana foram trasladados
pela polícia pra que declarassem se as pedras eram falsas ou autênticas.
Quer dizer, se as haviam gravado ou apenas encontrado.
«Então meu esposo disse à polícia que todas as pedras que havia vendido a
doutor Cabrera haviam sido feitas por ele. Que não as havia desenterrado
de algum lugar. A senhora Irma de Aparcana disse igualmente o mesmo».
A coisa já ficava resolvida: As pedras haviam sido encontradas nas tumbas
e então Irma e Basílio iam à cadeia ou haviam sido gravadas por eles... e o
caso ficava concluso!
Que responderias de se te encontrasses em tal situação?
O governador civil de Ica, o engenheiro Enrique Egoaguirre, cavaleiro
culto, bom, humano, compreendera perfeitamente a situação e, apesar de
pressões oficiosas de gente mal intencionada, decretou um embargo.
— Os camponeses de Ocucaje — disse — são gente humilde que ganham
a vida vendendo objetos.
Nos limitamos a suas declarações, sem mais.
A EMISSÃO APÓSTROFES
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Capítulo V
E, no entanto, se tratava de cinqüenta milhões em benefício do instituto Pasteur e da investigação sobre
o câncer.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
De fato, se dermos crédito a uma tradição dificilmente controlável mas que confirmam uns indícios e os
temas religiosos tratados sobre algumas pedras, o padre Simão havia conhecido muito no santuário
secreto do morro de Ocucaje. Inclusive o teria até inventariado em parte, mas sem revelar sua existência
e significado. Por extremo zelo devoto e tal como fizeram os clérigos medievais, teria, segundo se diz,
interpolado a mensagem dos Antepassados Superiores intercalando na gliptoteca algumas pedras gravadas
representando o pecado original, a Natividade, a fuga ao Egito e a paixão de Jesus!
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10
O século 20
Hermán Buse falou das pedras de Ica em seu livro Introductions au Pérou (Introduções no Peru), Lima,
1965.
Mencionados pela Prensa, de 5 de fevereiro de 1975
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
prudente confessar que se viola sepultura, embora sejam do ano 2000 antes
de nossa era), mas compra muitas dos saqueadores.
Última Hora, de 2-9-1971, declarou que a descoberta das pedras de Ica
deram a volta ao mundo mas ainda não é conhecida no Peru.
O artigo do periódico, intitulado «Em Ica há pedras estranhas que são um
enigma», assinala a existência de gravuras representando seqüências de
intervenções cirúrgicas e de transplante de órgão, que doutor Cabrera tem a
intenção de apresentar com tema dum Congresso internacional de
medicina.
Se trata, evidentemente, de transplante de coração e do transplante de
cérebro, dos quais publicamos as fotos no enigma dos Andes.
É importante frisar que naquela data, 2 de setembro de 1971, houvesse
sido possível considerar, pra evitar o fenômeno do rejeição, a transfusão de
sangue de mulher gestante, procedimento do que os cirurgiões só
mencionaram no início de 1975, depois da aparição de nosso livro.
De El Dominical, de 27-8-1971, sob o título «O segredo das 11.000 pedras.
Possibilidade dum cataclismo arqueológico?»:
«É difícil admitir tais coisas que sobrepujam nossa imaginação. Mas isso é
possível, posto que aqui, diante de nossos olhos, estão as pedras e porque
se podem fabricar uma, duas, três, quarenta, mas não onze mil!»
1973: Entrevista de Robert Charroux e doutor Cabrera.
O assunto é ainda ignorado, salvo pelos iniciados. É certo que alguns
arqueólogos conhecem as pedras de Ocucaje e de Ica, mas somente quatro
homens captam o caráter fantástico, único, da descoberta: Doutor Cabrera,
Robert Charroux, coronel Ornar Chioino Carranza e engenheiro Borit.
Ninguém mais.
Doutor Cabrera e Robert Charroux decidem revelar as pedras de Ica,
primeiro na França e na Europa.
De El Comércio, do 17-3-1974:
Por ele, depois de ter analisado detalhadamente os argumentos pró e contra
a autenticidade das pedras, chegamos à conclusão de que, efetivamente,
Indiquemos, não obstante, que a revista belga Bufoi, 13 Berkenlaan, 2610 Wilrijk-Amberes, reproduziu,
no #32, um artigo de Gordon Steven sobre as pedras de Ica.
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Se lê em A Prensa do 5-2-1975:
A primeira conclusão, após o exame dessas pedras e a confrontação dos
objetos considerados autênticos com aqueles feitos pelos Uchuya, foi que a
comparação não era possível. Os símbolos das primeiras são extremamente
complicados com relação ao caráter tosco daqueles que se gravam
atualmente.
Muitas pessoas colecionaram, há muito tempo, pedras gravadas de Ica e
dão fé da autenticidade.
Doutor Hércules Bendezú, aderindo às apreciações de doutor Nimio
Antezana, de Ica, assegura que, se existe pedra falsa, não se pode negar a
autenticidade milenar da maior parte. O advogado iquenho 11 afirma que
11
Iquenho: Natural de Ica
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Pra saber se uma mulher está gestante se procede, freqüentemente, o teste chamado de Brouha, que
consiste em injetar urina de mulher a uma rã ou a uma coelha. Por lapaquebradomia (apertura da parede
abdominal) se comprova, nos ovários do animal, se há formação de quisto sanguíneo, o qual daria prova
de prenhez. Mais cientificamente, em nossos dias, se experimenta um teste bioquímico com os prolanes:
Hormônios gonadotropos ou prolanes, hormônios produzidos pela hipófise que excitarão as funções
hormonais das glândulas sexuais.
Os biólogos oficiais reconhecem que, nalgumas semanas, o girino relata a história da vida, inclusive a do
homem.
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Capítulo VI
A TORRENTE DESCOBRE A GLIPTOTECA
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São autênticas. Não cabe dúvida e o demonstramos, mas o que, com razão,
intriga os arqueólogos é sua aparição relativamente tardia.
La Prensa, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1975. Artigo: O enigma das pedras.
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Eis a chave do enigma: Em 1961 o rio Ica abandonou o curso normal e foi
solapar os morros do povoado de Ocucaje.
A água arrastou a areia dessas colinas desérticas e pôs a nu uma necrópole
ou, mais exatamente, um santuário, onde um povo desconhecido depositou
seu arquivo pré-histórico. Mais de 10.000 pedras recobrem o solo: Basta se
agachar pra recolher.
O povo de Ocucaje está na cercania (aproximadamente 1km) e os
habitantes não tardam a notar a presença daquelas pedras negras ou grises,
todas gravadas com desenhos fantásticos.
Transportam essas pedras misteriosas até suas pobres moradas, a miúdo
com grande esforço, já que algumas pesam 400kg, 600kg e mais! As
depositam contra as paredes, nas bodegas escuras que franqueiam seus
aposentos, inclusive as deixam na praça do povo.
Quem lhes roubaria esses vestígios enigmáticos?
Nunca um turista se aventurou em Ocucaje, que está perdido entre o
pampa de Hornillo e o pampa de Huayuri.
A maioria dos habitantes de Ica ignora esse povo sem interesse, como
ignoram, também, a arqueologia. Uma ciência que por eles pouco se
interessa e as pedras permaneceriam muito tempo nos pátios das casas, sob
o sol que as branqueia dia após dia, se doutor Cabrera não as tivesse,
enfim, descoberto.
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Os sítios e os museus do Peru são, literalmente, saqueados pelos antiquários e mercenários europeus.
Um exemplo: O museu de Paracas foi vendido, clandestinamente, por inteiro, a um comprador belga ou
holandês.
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Edições Inti-Sol, avenida Inca-Garcilaso de la Vega, #1342-B, Lima, Peru.
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DATAÇÕES ARRISCADAS
Capítulo VII
O ESOTERISMO DAS PEDRAS E DOS MENIRES
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Menir significa: Pedra larga. Não é totalmente seguro que men signifique
pedra.
Men, man, memez em inglês, em germânico e em céltico significam:
Homem e montanha, que somos tentados ao relacionar com emana
(grande, em sânscrito), com Manu o sábio herói do dilúvio hindu, com
Manannan, o mago-feiticeiro da ilha de Man, umbigo do mundo, com
Mannus, o primeiro homem na mitologia germânica, com emana, o poder
das estátuas da ilha de Páscoa.
O menir, na tradição, participa estreitamente da montanha, do poder, de
Deus e do primeiro homem da criação.
Na arqueologia clássica, o dólmen passa por ser mais antigo que o menir.
Mas é um costume dos pré-historiadores oficiais decretar que a porretada
existiu antes do porrete, o rio antes do vale, o tremor de terra antes da
Terra e a bicicleta antes da roda!
Desse modo nos ensinam que a idade do bronze (cobre e estanho) é
anterior à idade do ferro, e que os andaimes, por exemplo em Lascaux,
existiu antes da parede!
Sobre tais bases os pré-historiadores declaram que o dólmen, formado por
três, quatro ou cinco menires suportando uma mesa de pedra, é mais antigo
que o menir!
Se fazendo eco do ponto de vista oficial, o jornalista cientista H. de Saint-
Blanquat, numa revista especializada, depois de escrever que já não existe
mistério nos megalitos prossegue com essas linhas não menos
A religião da Gália, escreveu P. Saint-Yves, é um palimpsesto onda escritura romana deixa ler, com
grande esforço, algo sobre as crenças de nossos antepassados. Os nomes dos deuses celtas eram
secretos. Os conhecidos são, na verdade, apenas pseudônimos. No entanto, se sabe que os megalitos
eram chamados pedras de sobrevivência.
Sciences et avenir (Ciências e futuro), #342, agosto de 1975.
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Les hommes de la pierre ancienne (Os homens da pedra antiga) (paleolítico e mesolítico), H. Breuil e
R. Lantier. Edições Payot, Paris.
Em todos os povoados antigos se rodeava a tumba com um círculo de pedras que tinham por missão
fixar o espírito do morto. Em nossos dias as tumbas são, todavia, rodeadas de pedras rematadas por uma
lousa.
Les celtes et l'expansion céltique jusqu'a l'époque de La Tène (Os celtas e a expansão céltica até a época
de La Tène ). Edições Albin Michel, Paris, 1950.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Os celtas não são uma raça mas um povo ou um grupo de povos «distintos
dos greco-latinos, dos germanos, dos balto-eslavos, dos iberos e dos
lígures» com os quais têm, no entanto, numerosos pontos comuns.
H. Hubert os dividiu em quatro grupos: Goideles, pietos, bretões (incluídos
os galos) e belgas.
Provavelmente se afastariam do tronco indo-europeu no Oriente.
Os primeiros elementos que penetraram na Gália, e talvez, também, na
Espanha, são, se diz, os pictões do Poatu, aparentados aos pictos de
Escócia.
Se estabeleceram no Ocidente na idade do bronze, o que resultou
extremamente vago, já que os pré-historiadores estão tão pouco seguros de
sua ciência que estendem a idade do bronze desde -2.000 anos (Altine-
Depe, Turcomênia) a -8.000 anos (Medzamor, Armênia soviética).
Tomemos uma data média. 3.000 e, digamos que os celtas têm uma
antigüidade de 5.000 anos, que excede a decretada em altas esferas: 2.500
a 3.000 anos somente!
É certo que a cepa permaneceu mais pura na Irlanda e na Bretanha mas,
pelo menos no que concerne a nosso país, se os mais importantes centros
de megalito subsistiram no país de Amor (Bretanha), parece que os
principais santuários foram edificados noutros sítios: Em Chartres, em
Loudun, em Saint Benoit-sul-Loire, no monte São-Miguel, em Autun, nos
Vosgos e em Marselha.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Certo é que seu pensamento já existia mas se pode dizer que se afirmou
com a destreza de sua mão que podia colher e criar.
A palavra mão, escreveu Dimitri Panine, é, talvez, a mais antiga do mundo
e da língua original, já que a mão foi, em definitivo, a primeira ferramenta
e quase o primeiro pensamento do homem original.
É interessante vincular essa idéia ao menir erguido que servirá pra suportar
o pensamento do homem, inclusive não formulado, inclusive abstrato.
No princípio o homem vertical, por simples impulso mecânico, talvez,
como no menino de nossos dias, traçou com seu dedo um risco no solo.
Foi o primeiro geoglifo e, depois, com um calhau rude, rabiscou sobre uma
rocha mole, e foram os primeiros grafites.
Os traçados primordiais que deviam culminar no símbolo e na escrita
foram, sem dúvida, o risco horizontal, o risco vertical, a quadrícula e,
enfim, o círculo.
O esboço duma civilização acabava de nascer: O homem já tinha,
sucessivamente, a sua disposição os quatro elementos essenciais: O
pensamento, a mão, a pedra e o traçado.
A água e a argila lhe haviam dado a vida, a pedra ia lhe dar o arranque da
civilização com o betel,13 o kudurru,14 a baliza, o menir, o pilar, o obelisco.
O PEDERNAL
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
14
Os hebreus, renderam, antanho, culto a essa pedra negra que representava Meni, deusa da fortuna
(Isaías, LXV, 11). Meni era o planeta Vênus que os árabes denominam a Pequena Fortuna e os persas
Nanaia ou Anaíta, duma palavra armênia (II, Macabeus, I, 13, Estrabão XV, 733). Era também a divindade
árabe Emana adorada sob a forma duma pedra pelas tribos instaladas entre Meca e Medina (Corão, Lili,
19).
15
O termo betilo significa casa da divindade. Tipo de estátua muito estilizada, em pedra local, do período
nurágico.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Um enigma rodeia as pedras verdes que têm uma relação evidente com o
planeta Vênus.
No templo de Chavim, Peru, se pode ver um grande monolito de serpente
chamado a pedra verde do mundo, que bastava remover, antanho, pra
provocar um dilúvio.
Esse monolito, segundo se dizia, procedia de Vênus, o mesmo que a pedra
do Santo-Graal, a esmeralda verde caída da fronte de Lúcifer.
Por outra parte, é curioso mencionar que os fungos psilocibos do México,
país do Deus venusiano Quetzalcoatle, têm a propriedade de fazer ver toda
vida de cor verde.
A PEDRA DE SAYWITE
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A COMPANHEIRA ASHERAT
Em seu livro notável e iniciático: Le pape des escargots (O papa dos escargôs) (escargô é um caracol
gigante apreciado na culinária francesa), Henri Vincenot recalca a estranheza da oração cristã Ave maris
stella cujo texto é: «Salve, estrela do mar, santa mãe de Deus, mãe permanecendo virgem, porta feliz do
céu, aceites a saudação dos lábios de Gabriel, e mudando o nome de Eva nos estabeleças na paz.» Apesar
de seu título humorístico, Le pape des escargots, de Henri Vincenot, edições Denoel, Paris, 1972, é um
livro de alta iniciação, particularmente no que concerne à igreja cristã druídica e ao simbolismo. Ademais,
esse livro-chave é uma obra-mestra, de leitura cativante.
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Ler O livro dos mundos esquecidos, de Robert Charroux. Editorial Plaza & Janes, capítulo XVIII A Bíblia
foi deturpada.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
talhar ou lhes dar forma por temor a ferir a divindade que ali estava
incorporada.
O betilo (do grego baitülos, hebreu bethel: casa de Deus) era
particularmente apreciado no Próximo Oriente, principalmente em Tiro,
aonde foi transportado um aerolito sagrado encontrado pela deusa
Astartéia.
Em Pessinonte, na Galácia, a estátua de Cibele, mãe dos deuses, havia,
segundo se diz, caído do céu.
Na lenda hebraica a pedra de cabeceira de Jacó foi erigida em monumento
e chamada Casa de Deus num lugar que era primitivamente a cidade de
Luz.
Milhares de anos antes os povos que edificaram os menires antigos, os da
Escandinávia, França, Portugal e Grã-Bretanha, tinham a mesma crença e
nunca aplicaram a ferramenta sacrílega sobre a pedra bruta.
No entanto, numa época muito antiga, os homens do Cro-Magnon haviam
ousado esculpir a argila pra fazer umas Mater e a pedra pra lhe dar uma
tosca forma humana.
Nada além de tímida infração do tabu, e muito estranho à pedra, pois é
incontestável que, se o quisessem, os hábeis entalhadores de sílex
poderiam produzir uma estatuária.
Com modéstia se limitaram a expressar seu sentido artístico nos machados
de pedra polida que, por uma aberração que é de sua natureza, os pré-
historiadores tomam por ferramenta (não podem ser utilizados como tal),
quando, na maior parte dos casos, são ex-votos ou criações artísticas.
E depois, pouco a pouco, com o desenvolvimento intelectual, a idéia que
os Antigos tinham da divindade se ampliou e se começou a esculpir na
rocha pra dar a forma dum falo, símbolo de potência, de homem, de vida.
À medida que se baixa a escala de latitude e de antigüidade aparecem os
menires: Sem refinar no norte, toscamente talhados no maciço central, com
forma nitidamente fálica e humana na Córsega e cada vez mais elaborados
ao descer até o sul.
Le monde souterrain (O mundo subterrâneo), de J.-P. Bayard, página 61. Edições Flammarion.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Os mais antigos são, pois, os menires de forma tosca. Os mais recentes são
os melhor talhados e os mais antropomorfos.
OS COMPANHEIROS, OS FRANCO-MAÇÕES, OS
JUDEUS E A FADA MELUSINA
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
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FALOS E PEDRAS-MÃE
Ver o #7 do Bulletin de la société de mytologie française (Boletim da sociedade de mitologia francesa),
60.000 Beauvais.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
O CADUCEU
O caduceu dos médicos, denominado Hermes ou Mercúrio, não se originou da fábula grega e sim do
símbolo de cópula das cobras. Se observam nele os símbolos de Siva: O touro, a naga, o lingam (falo),
estão reunidos nos anéis do caduceu drávida de Moenjo-Daro e do caduceu sumério-acádio de Gudéia (-
3.000 anos). Se pode ver, também, o símbolo da árvore associado à divindade ou, melhor ainda, o
símbolo dos Iniciadores vindos sobre serpentes voadoras (ou dragões), que ensinaram aos homens a arte
de sanear. Nessa hipótese o dragão voador é o artefato interplanetário e as serpentes são os Iniciadores.
J. Boulnois: Le caducée et a symbolique dravidienne indo-méditerranéenne de Varbre, de la pierre, du
serpent et de la dieuse mère (O caduceu e o simbolismo drávida indo-mediterrâneo da pedra, da serpente
e da deusa-mãe). Librairie d'Amérique et d'Orient, Adrien Maisonneuve, Paris, 1939. Esse livro é obra dum
escritor que se pode considerar grande iniciado.
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Por veneração a nossa madre, a Terra, em certos povoados a mulher pare agachada diretamente sobre o
solo. J. Boulnois indica que «um jarro procedente de Elã, mostra a uma mulher agachada encima do
homem, na relação sexual». Um gravado e numerosas cerâmicas peruanas representam essa posição e
levariam a pensar que era natural e, talvez, inclusive, habitual no casal da pré-história, mesmo que se
tenham encontrado gravados pré-históricos nos quais o homem e a mulher estão acoplados em pé. Se o
varão está prostrado sobre o solo, há que ver nele, provavelmente, o símbolo da Terra colocada sob o
Céu, ou a homenagem do primeiro homem a Géia. Mas é mais certo ainda que essa posição obedeça a
razões físicas e elétricas da Terra, ao ser o homem + e a mulher -.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
No há sacrilégio em reproduzir a vida, ao contrário, está no programa do homem fazer filhos pra se
perpetuar na continuidade espaço-tempo. Esculpir uma estátua pode ser considerado uma homenagem a
Deus, uma imitação de sua criatura. Tudo está na invenção. Em compensação, confeccionar figurinha com
pretensão de vida é magia negra. Traficar os genes e as arquiteturas biológicas pra modificar o plano
duma espécie vivente é, também, magia negra, um crime, um pecado.
Ao contrário, na mitologia egípcia, o deus Jonsu (O Navegante), exorcista e curandeiro, delegava seus
poderes a uma estátua onde encarnava seu duplo lhe dando a missão de ir ao reino levar a cura a seus
suplicantes.
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Pontificar: Expor opinião em tom dogmático como sendo verdade inegável
18
Gorro cônico terminado em ponta, geralmente de cartão e coberto de tela, utilizado, especialmente,
pelos penitentes em procissão de Semana Santa.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
A SIDURITA INFALÍVEL
Moscou, não tivesse declarado, de modo muito formal, que duas pedras,
pelo menos, falavam: A ametista e a siderosa.
Pois bem, a siderosa, de fórmula FeOCO2, ou ferro espático atraível por
ímã é, exatamente, a sidurita dos Antigos.
Resvi Tilssov logrou fazer comunicar entre si siduritas ou ametistas
distantes entre si 200m.
As pedras emitem onda, em determinados momentos, mas durante um
tempo muito breve, e são esses contatos que o físico chama linguagem,
que decifrado poderia causar algumas surpresas nos meios oficiais!
Segundo Gérard Gilles (Nostra Ep167), um tratado de física publicado no
século XVIII afirmava já que «a ametista fala a um ímã quando se lhe
acerca a ele», o qual sucede também com a turmalina de Ceilão.
Eusébio, bispo de Cesariana, nunca se separava de suas ofitas que
pronunciava oráculos com voz tênue parecendo um silvo.
Sanchoniatão dizia dos betilos-menires, que eram pedras viventes e
parlantes mas o que teria pensado da galena, esse sulfato de chumbo (PbS),
que, com inteligência prodigiosa, detectava, em 1927, os sinais elétricos e
os convertia em som, palavra e música com a conivência dos carretéis
auto-capacidade e dum alto-falante?
Bem é verdade que os órgãos basálticos e que as pedras da Orelha de
Dionísio, em Siracusa, têm poderes análogos!
A pedra do Destino de Fál ou Coronation stone ou L'a Fail é uma pedra
talhada que mede, aproximadamente, 0,90m de comprimento, 0,30m de
altura e 0,60m de largura, na qual estão encravados dois anéis de ferro.
Seria uma pedra sem importância se, segundo um rito milenar, cada
monarca da Inglaterra não devesse, pra ser entronizado, se sentar sobre ela
e a ouvir gritar, o que passa por ser a prova da legitimidade do soberano
sobre o reino da Irlanda.
Uma lenda quer que ela seja o betel que sustentava a arca da aliança.
Levada por Jeremias após a destruição de Jerusalém, teria sido plantada
As ofitas de Eusébio eram, provavelmente, siduritas.
Le monde souterrain (o mundo subterrâneo), de Jean-Pierre Bayard, Edições Flammarion, Paris, 1961. A
Caaba, a pedra negra de Meca, que representava a Anaíta (Vênus) antes que fosse açambarcada pelos
muçulmanos, designava, nos primeiros tempos do Islã, mediante oscilações e uma voz, aos imãs
sucessores de Russém.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
1 5
2
1,618 pra Michel Ponge-Helmer
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x+1=x2 x2-x-1=0 x= 1 2 5
x-1=x-1 x2-x-1=0 x= 1 2 5
1,618
0,618 = (1 + 1,618) = (1,618 x 1,618) = 2,618
O número áureo é estritamente igual a Sua expressão numérica, irracional, começa por 1,618.
(Facettes, #29, página 9). Em alta iniciação se ensina que o número áureo não é uma aritmética mas está
determinado por intuição e relação harmoniosa entre o homem e o cosmo.
Le monde souterrain (O mundo subterrâneo), de J.-P. Bayard, Edições Flammarion, 1961.
Le pape des escargots (O papa dos escargôs), de Henri Vincenot, Edições Denoel, Paris, 1972, págs.
35-36.
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Os estudos de professor Alexander Thom sobre Estonerrenge e Carnaque demonstrariam que esses
monumentos ou sítios eram observatórios astronômicos. Os alinhamentos do Menée, de Kermario e de
Kerlescant teriam sido conectados com o observatório lunar que constituíam o menir gigante de Er-Kroecht
(25m de altura) e pedras de mira. O conjunto teria permitido prever eclipses e determinar os solstícios. Os
investigadores do CNRS inclusive escreveram (La Recherche, #34) que os menires eram computadores!
Estamos longe de pensar que nossos antepassados eram ignorantes. Ao contrário, lutamos pra fazer
reconhecer sua existência e sua qualidade de Antecessores Superiores em determinados terrenos. Mas isso
de qualificar de computador um menir, há um degrau que não franqueamos!
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OS GUERREIROS DE FILITOSA
Filitosa está a 50km ao sul de Ajácio. Se tem fácil acesso em automóvel ao lugar onde há um
restaurante, um museu e um parque onde é agradável errar entre as estátuas armadas, os menires e os
vestígios ciclópicos.
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OS PILARES DO CÉU
Tanto faz ser chamado betilo ou pedra alçada o menir sempre teve
reputação mágica, benéfica e, freqüentemente, divina.
Se lhe atribuem tantos poderes que já não se sabe qual lhe caracteriza e lhe
dá significado principal.
Então, ao tomar consciência da multiplicidade de funções possíveis que se
lhe atribuem, se adquire uma convicção que é, com certeza, a expressão da
verdade: Segundo as épocas e os lugares os menires tinham significados
muito claros.
Há tanta diferença entre o menir de Carnaque e o obelisco de Luxor como
entre um dólmen e uma catedral, entre uma lagarta e uma mariposa.
Para os esoteristas o menir é a Árvore sagrada, o eixo do mundo, o centro
do mundo habitado por Deus, a casa e a palavra de Deus. É também o deus
informal, o deus na pedra.
É o Pai vertical, doador de vida, o falo sagrado de todos os povos antigos.
Na Índia é o Lingam sagrado, substância vivente, inteligente e genitora.
Às vezes é o Antepassado, a pedra-mãe que dá a luz à humanidade.
Como pilar, o djed dos egípcios está carregado de influxo benfeitor
porque, por sua base, toca o lombo da quimera, trajeto nas correntes
telúricas, e por sua ponta é receptor das influências celestes.
Nesse sentido tem o papel de acumulador de ondas benéficas e de agulhas
de acupuntura.
Para os outros, o menir é um computador, elemento de olha astronômica.
Na Sibéria, na região dos rios Ienissei e Abacã, estão eretos menires ou ídolos ou mulheres velhas
notavelmente esculpidos de rostos, representações animais e personagens providas de três olhos e de
largas orelhas! Esses menires têm uma antigüidade de 4.000 anos.
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SUPRANORMAL
Les plus anciens contes de l'humanité (Os mais antigos contos da humanidade), de T. H. Gaster, página
114, Edições Payot, Paris.
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Capítulo VIII
NAS FRONTEIRAS DO INCRÍVEL
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Telecinesia: Deslocamento de objetos sem contato. Psicocinesia: Deslocamento de objetos pelo poder do
pensamento. A psicotrônica é a parapsicologia dos investigadores da Urs. Como se pode ver, essa nova
ciência tem já um vocabulário bastante bem provido!
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O EFEITO GIRARD
A conseqüência de declarações públicas nas quais ressalta demasiado visivelmente sua má-fé, os
racionalistas, compreendendo que estavam perdendo a pouca estima que ainda se lhes concedia, julgaram
oportuno mudar subitamente de opinião. Numa emissão sobre a parapsicologia, de 1 de julho de 1977,
pela Antena 2, doutor Alfredo Krantz, neuropsiquiatra, membro da União Racionalista mas erudito
honrado, reconhecia a autenticidade do fenômeno psi e dos experimentos de Jean-Pierre Girard.
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declara rotundamente que não quer obter de dito dom algum benefício
pecuniário e que nunca se exibirá em espetáculo público.
No entanto não oculta que freqüentou ambientes da manipulação como
ilusionista aficionado. Declarou:
Quero somente ajudar ao desenvolvimento da ciência e estou a disposição
dos físicos que efetuem suas atividades nos laboratórios de investigação.
«Atuar em público é muito perigoso. Por dinheiro, quase todo mundo tem
a tentação de cometer fraude. Por conseguinte, prefiro me pôr a salvo de
tentação».
E quando lhe perguntaram a explicação dos fenômenos que produz,
respondeu com grande humildade:
«Não compreendo o que ocorre mas o que faço todo mundo poderá fazer
algum dia. Estou persuadido de que assim será. O essencial é captar as
causas desconhecidas..».
Jean-Pierre Girard, ex-pupilo da beneficência pública, teve infância bem
mais difícil, tanto mais por seus dons precoces de vidência e de percepção
supranormal lhe causavam muitas incômodos.
— Eis aqui uma multiplicação: 17 x 363... Igual a 6.171.
— Quem disse isso? — Perguntava o mestre — Outra vez Girard... sempre
Girard, claro. Como sabes que o resultado é 6.171 se ainda não fizeste a
multiplicação?
— Não sei, senhor. Mas deve dar 6.171.
Outra vez, o mestre iniciava uma frase:
— Vejamos, hoje, estudaremos... á, sim... será...
— A batalha de Rocroy!
Era de novo o aluno Girard quem perturbava as funções mentais do bom
pedagogo, incapaz de assimilar como seu aluno podia adivinhar o futuro
ou ler seu pensamento.
Então, como um verdadeiro herói de liga racionalista, sucumbia ao
argumentum baculinum e aplicava uma surra ao jovem vidente, argüindo:
— És uma criatura do Diabo. Dês uma olhada na página de tua lição e
imediatamente a poderás recitar de memória!
131
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Um cura de povo e um racionalista dos pés à cabeça não podem aceitar tais
prodígios sem atribuir ao Diabo ou a uma armadilha!
J. P. Girard, por seu poder psi, fez levitar objetos, mudou a natureza dum
metal, freou o desenvolvimento dum caldo de cultivo, entortou barras
indeformáveis por esforço muscular (em metalurgia essas barras são
chamadas proveta) mas pôde, também, transmitir sua faculdade.
Como a maioria dos médiuns, J.-P. Girard pode produzir efeitos negativos, mas muito raramente
positivos, como se o efeito psi pudesse destruir mas não criar.
133
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Eis aqui sobre o efeito Girard a opinião dum homem honesto que, por
acréscimo, é um eminente especialista do supranormal e autor de
numerosas obras que lhe conferem autoridade na matéria.
Desse modo Jean-Pierre Girard realizou milagre de maneira reiterativa,
burlou as leis físicas estabelecidas, desconcertou os físicos e demonstrou,
mediante o experimento, que os fundamentos de nossa ciência não são
mais que relativos e, em todo caso, devem ser revisados.
O biólogo Gunther S. Stent, da universidade da Califórnia, não teme
manifestar que a ciência é empírica e retorna, quando não pode dar
explicação, à noção de alma de Descartes (Science et vie, #703, pág. 26).
— Existe erro nalguma parte! — Clamam os irredutíveis racionalistas que
se negam a crer no razoável pra opor a obstinação estúpida.
No entanto, tudo entra na linha científica, posto que J.-P. Girard fez seus
experimentos ante os comitês mais temíveis da ciência oficial da França,
Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Bélgica, Suíça, Estados Unidos e no
prestigioso instituto Estanforde, da Califórnia.
Os fenômenos são conseguidos dificilmente quando o buraco não tem mais que um milímetro de
diâmetro, e muito facilmente com uma abertura de 5mm.
136
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Pro professor Hans Bender, do instituto de parapsicologia de Friburgo de Brisgóvia, a energia necessária
pra dobrar uma vara metálica procederia, não do médium, senão do próprio objeto. O efeito túnel
concerne franquear uma barreira potencial por um elétron.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Para se pôr ao corrente, sugerimos a nossos leitores que leiam La parapsychologie devant a science (A
parapsicologia diante da ciência), Edições Berg-Belibaste, 28, rua Henrique Barbusse, 75005, Paris, que
expõe as conclusões do Encontro internacional de parapsicólogos organizado em Reimes, em 16 e 17 de
dezembro de 1975. Os firmantes são: Hans Bender, Rémy Chauvin, Olivier Costa de Beauregard, Jean
Kierfcens, André Dumas, Yvonne Duplessis, François Fabre, Nicole Gibrat, John Barret Hasted, Pierre Janin,
Hubert Larcher e Christian Moreau. A obra é do tipo chamado sério mas, de fato, ultrapassa a imaginação
mais transbordante dos empíricos que não deixarão de se inspirar nela pra disparatar! Ao lado de estudos
superiormente interessantes, se encontram crenças e ingenuidades que fazem sorrir.
Cabe notar quantas vezes a palavra imaginar é usada, não somente por Hasted, mas também pelos
físicos em sua peleja com o Misterioso Ignoto. O que frisa até que ponto a imaginação é necessária pra
fazer avançar o labirinto.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Para ser mais claro, digamos que quando o J.-P. Girard de nosso universo
está persuadido de que uma vara de metal se entortará, outro J.-P. Girard,
que existe noutro mundo, aplica toda sua energia pra realizar o fenômeno.
O investigador metapsíquico Frédéric W. H. Myers pensa que pra
compreender o efeito psi há do imaginar como pertencendo a determinado
espaço-tempo denominado médio-psi ou metaetérico.
Émile Boirac, da Academia de Dijão, sugere a idéia dum subconsciente
coletivo, uma mãe-cepa universal (a mônada) que seria como o éter do
universo e sua memória acáchica.
Esse conceito se encontra na teoria dos cromossomos-memória e do
legado genético a partir dum antepassado comum e único. «Vivemos na
superfície de nosso ser», dizia doutor Osty, e poderíamos acrescentar:
Sobre a epiderme dum himalaia celular cuja inteligência está repartida em
todas as células.
As árvores entremeiam suas raízes nas trevas do solo e as ilhas se reúnem
no fundo do oceano.
Do mesmo modo, existe uma continuidade de consciência cósmica contra
a qual nossa individualidade somente levanta barreiras acidentais e onde
nossos espíritos estão submersos como numa água-mãe...», escreveu
William James em 1909.
Essas considerações, essas reflexões dos metapsíquicos levam a pensar que
o efeito psi tem necessidade, pra se manifestar, dum meio metaetérico e da
ajuda do inconsciente coletivo, que parece menos convincente que as teses
de professor Hasted.
Nas fronteiras do compreensível professor Hans Bender considera que a
psicocinesia, ou ação desencadeada pela influência do espírito sobre a
matéria, é «uma descrição objetiva duma explicação subjetiva»!
Por último, Rémy Chauvin diz que «os físicos experimentam muita
dificuldade em renunciar a suas noções habituais de tempo e de espaço e
que a anti-física de Costa de Beauregard seria mais apta pra explicar o
irracional que a física tradicional».
Le livre du mystérieux inconnu (O livro do misterioso desconhecido), de Robert Charroux, Os
Antecessores Superiores, capítulo IV, Os cromossomos-memórias.
Citado por André Dumas em La parapsychologie devant la science (A parapsicologia diante da ciência).
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Recolhido por Guy Lagorce no periódico L'Equipe.
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Capítulo IX
O GERADOR DE AZAR
Esse componente é um corpo radiativo. O gerador aleatório é, de certo modo, análogo ao contador
Gáiguer.
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Segundo Jacques Monod o azar e a necessidade seriam os fatores dominantes da evolução.
Rémy Chauvin, biólogo, professor na Sorbona, é um sábio ilustrado que não teme estudar o enigma do
irracional. Denuncia a espantosa mediocridade dos livros dedicados ao estranho, ao fantástico, à epidemia
das intrusões de extraterrenos no menor mistério e, tem razão, fustiga a santarronice e o espírito primário
da união racionalista e, tem todavia mais razão, como a maioria dos escritores inteligentes e cultos,
concede certo favor à ciência poética, a qual, desde nosso ponto de vista, lhe faz extremamente simpático
e lhe acerca aos critérios de verdade. Se deve ler desse biólogo sem tapa: Certaines choses que je ne
m'explique pas (Certezas que não sei explicar). Edições Retz, Paris.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Quiçá! Mas como vinagre numa compota de picle. Sem vida nem
felicidade.
Seja o que for, parece certo que os feitiços de doutor Barry, porque atua
verdadeiramente como jettatore, resultem positivos tanto no amor como na
hostilidade porque a planta, ao contrário do homem, não conhece a couraça
preservadora do malefício nem o sentido da maldade voluntária.
Se não, as montanhas desmoronadas, as selvas destruídas, as terras
envenenadas, os mares mortalmente contaminados, tivessem, faz tempo,
estrangulado o nefasto reinado humano.
A única particularidade certa do homem é que é capaz de odiar.
Em todo caso tudo deve ser possível num certo universo e, inclusive, no
nosso deve acontecer, de vez em quando, que o impossível se realize.
Uma espécie de anti-física à Costa de Beauregard, e que teria uma relação
com as ondas avançadas!
Mágicos e incompreensíveis encantamentos desses bruxos do Verbo e do
labirinto que são os sábios!
Mas se um gerador aleatório pensa e se seu pensamento se converte em
criador, então em que se convertem as certezas em geologia, em biologia,
em matemática, etc.?
Uma cifra tem, talvez, sua individualidade, seu pensamento. Em certos
casos um 5 poderia se converter num 6 do mesmo modo que 1=3 no
mistério da Trindade?
Se o gerador, o gato ou uma potência desconhecida influi no azar, lhe
obriga a dar um privilégio do Vivente organizado, quer dizer, à matéria
orgânica, é todo o conceito darviniano da evolução o que está em jogo!
Pra resumir digamos que a evolução do Vivente se fez se beneficiando de
favor e complacências misteriosas que dariam, aparentemente, mais
oportunidade à vida, ao ritmo, ao movimento que ao estagnação ou à
involução.
Se é assim, a água que emana dum tubo perfeitamente vertical e que pode
se esparramar igualmente tanto num lado quanto noutro sobre uma
superfície perfeitamente plana, deveria eleger se estender sobre o lado
habitado pela matéria vivente orgânica dos homens, dos prados, dos
bosques, mais que sobre o lado constituído por um deserto de areia ou de
matéria vivente debilmente organizada e inteligente.
A própria vida supõe esse privilégio, esse desequilíbrio requerido que
assegura o movimento, a evolução. Se as oportunidades foram iguais ao
equilíbrio e ao desequilíbrio, a vida cessaria pela supressão do movimento.
O azar estaria, pois, trucado desde seu arranque.
Capítulo X
O MISTERIOSO DESCONHECIDO E A DÚVIDA
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mesmo modo juraste não montar em cólera contra vós, e não lhes fazer
mais recriminação.
E o Isola-comparsa comentava:
— Por conseguinte, não temeis, não perecereis afogados. Sobretudo os que
estão no anfiteatro e galinheiro!
Às vezes o Isola-médium colocava os pingos sobre os I!
— A linha 14 de tal livro? Começa por: «Podes... etc.», mas o P maiúsculo
foi mal impresso e parece um K!
Caminhando aqui e ali na pista, sempre diante do público pra que ouvisse
melhor as respostas, os Isola, o mesmo que Uri Geller e J.-P. Girard,
ilusionistas como eles (embora aficionados), passavam entre a multidão
pra realizar milagres parapsicológicos.
— E ocorre o mesmo em nossos dias! — Asseguram os racionalistas
raivosos — Um dia desmascararemos J.-P. Girard e descobriremos seu
truque!
Nada é impossível em certos universos, incluindo que a verdade seja uma
mentira mas, de qualquer maneira, se pode penetrar no mundo onde o
impossível é possível!
O truque dos irmãos Isola?
Muito exato e não discernível pelo público: A venda dos olhos ocultava
uma placa de escuta telefônica desde onde um fio muito fino descia até os
sapatos, cujas solas estavam providas duma larga placa de cobre.
Em quatro ou cinco lugares do tapete felpudo da pista (ou do cenário), se
dispuseram transmissores eletrônicos sobre os quais o compadre conduzia
ao médium de modo que transmissores e placas das solas entrassem em
contato.
Os transmissores estavam conectados por cabos com os bastidores onde
um terceiro comparsa, segundo as petições do público, telefonava
tranqüilamente as respostas ao pseudomédium.
O EFEITO QUÍRLIAN
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O artigo que nos foi remetido por um leitor de Bear Cross (Dorsete) está recortado de tal modo que não
se pode ler mais que o inicio do titular do periódico: The Sunday. Pode ser o Sunday Times, do Sunday
Express, do Sunday Mirror ou do Sunday Telegraph.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
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A INICIAÇÃO DA COBRA
TE LEVANTES E ANDES!
No domingo, 27 de março de 1977, sobre a pista do aeroporto de Tenerife, dois bóingues 747, um
ianque, o outro holandês, colidiram. Houve 579 vítimas. É provável que a cifra dada por Lee Fried esteja
mais próxima da verdade, ao se ter podido ter falecimento nos dias seguintes.
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INICIAÇÃO
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Capítulo XI
O IMAGINÁRIO E A ILUMINAÇÃO
Pessoalmente, não concedemos crédito a uma criação do universo e pensamos que é eterno e existiu
sempre.
Nos mundos da antimatéria, Science et vie (Ciência e vida), #672, página 58.
20
Ver, no final do livro, nota sobre a diferença de nomenclatura numérica entre Américas e Europa.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
O físico sueco Oscar Klein supõe um universo original já formado dum mundo e dum antimundo
separados por um escudo protetor: O ambiplasma. O físico russo Sajarov e o estoniano Gustavo Naan
também imaginam universos de matéria e de antimatéria parecidas mas inversas.
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A TRANSFERÊNCIA MUNDO-ANTIMUNDO
O Grande Sol, dessa vez original, esse Grande Cérebro primevo e total que
continha em potência os universos, os seres e as coisas da criação pode ser,
em certa medida, assimilado ao cérebro humano?
Os esoteristas, a quem a palavra de Hermes Trimegisto e dos grandes
iniciados é uma garantia mais segura de labirinto que as hipóteses dos
cientistas, admitem como postulado de fé que o que está acima é como o
que está abaixo, que o que está em Deus está igualmente no mais ínfimo
grão de areia.
Ademais, como o diz Ph. Lavastine: Herdamos Deus!
Nessa ótica o cérebro humano teria propriedades e poderes análogos
àqueles do Grande Cérebro primevo.
É certo que não sabemos utilizar esses poderes mas não há dúvida de que
os possuímos.
Quando um homem está iluminado por uma crença intensa o milagre está
a seu alcance: A mãe adivinha o perigo, o santo levita, caminha sobre a
água, cura doenças consideradas incuráveis, o sábio descobre, o paralítico
anda e o cego recupera a vista.
Não se diz que a fé pode mover montanha, entortar uma vara de metal?
Ao se relacionar, geralmente, o milagroso com a fé, se pode pensar, em
forma de hipótese de trabalho, que fenômenos singulares nascidos no
cérebro, engendram um universo antiparticular análogo ao que foi
engendrado pela iluminação original.
Nessa condição o corpo físico do iluminado passaria dentro doutro mundo.
Pensamos também no fenômeno de ubiqüidade observado sobre as
partículas que se colocam sobre órbitas mais excêntricas quando se lhes
aporta um fluxo suplementar de energia.
Não dissociamos a iluminação da esquizofrenia e das interações que pode ter nossa organização psíquica
com o modo arcaico de pensar (o pensamento primitivo do feto). Em todos esses casos extremos, o legado
genético (os cromossomos-memória) intervém ressuscitando os grandes sentimentos que impressionaram
os homens dos tempos muito antigos: Medo aos cataclismos, beatitude numa espécie de paraíso primitivo
no qual tudo era possível. Nesse processo fenomenal, o espaço-tempo e suas conclusões lógicas adquirem
um valor particular não perceptível por nossas mentes condicionadas. Certos povoados primitivos e,
principalmente, os aborígines australianos que estão, todavia, vinculados com o tempo do sonho
continuam vivendo nesse sistema de irrealidade.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Se pode dizer a irrealidade do imaginário porque o imaginativo é tão real (e irreal) como o cotidiano.
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Os heróis dos livros de cavalaria que dom Quixote toma por modelo são os que se encontram nas
novelas de:
— Feliciano de Silva (século XVI): Crônica dos valorosos cavaleiros dom Florisel de Nicéia e o valoroso
Anaxarte. (Sevilha, 1546.)
— Huon de Vilanova (ou um trovador do século XIII): Renaud de Montauban ou a lenda dos quatro filhos
Aymon.
— Vasco de Lobeira, escritor português de língua espanhola, um dos autores de numerosas novelas de
cavalaria, entre eles Amadis de Gaula, chamado o Cavaleiro do Leão, ou o Cavaleiro da Verde Espada.
— Anônimo: O Poema de Meu Cid.
— Roberto de Boron, Geoffroy de Monmouth e, principalmente, Robert Wace (autor do Brut) que
imaginaram as novelas da Távola redonda.
— Chrétien de Troyes: Le chevalier au Lion (O cavaleiro em Lião) (homem-unicórnio da rainha Genebra).
— Melquior Pfeizing: Aventuras perigosas do louvável, piedoso e muito renomado herói e cavaleiro
Tuerdank (Carlos o Temerário, duque da Borgonha, que foi uma espécie de dom-quixote e que, como ele,
se equivocou sobre seu tempo. Foi um dos últimos cavaleiros com Francisco I e Henrique IV).
Mencionaremos que, em 1654, foi escrito um livro contra a Cavalaria e contra dom Quixote, por dom
Jerônimo de São Pedro. Seus heróis eram o Cavaleiro do Leão (Jesus) e o Cavaleiro da Serpente (Lúcifer).
O livro está dividido em raízes: Raiz da rosa fragrante. Os capítulos são Folhas da rosa ou Maravilhas. O
título da terceira parte do livro, que jamais foi escrita, devia ser: Flor da rosa odorífera. O livro foi proibido
pelo Index expurgatorias em 1667!
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Le Paradigme perdu: A nature humaine (O paradigma perdido: A natureza humana), Edições du Seuil,
Paris.
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Os genes têm 8.300.000 combinações possíveis. Na elaboração duma criança as combinações possíveis
entre genes e cromossomos alcançam a cifra de 78 mil milhões.
21
Pirro (-318 – -272) (em grego Πυρρος, em latim Pyrrhus: cor de fogo, ruivo) foi rei do Epiro e da Macedônia, tendo
ficado famoso por ter sido um dos principais opositores a Roma.
Seu nome se tornou famoso pela expressão Vitória de Pirro, quando da vitória na batalha de Ásculo. Quando lhe deram
parabém pela vitória conseguida a custo, se diz que respondeu com estas palavras:
— Mais uma vitória como esta e estarei perdido.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
O PROBLEMA DA GARRAFA
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
22
E como o elétron é partícula e onda ao mesmo tempo
Georges Colomb, chamado Christophe (1856-1945) era um sábio botânico, professor na Sorbona. Entrou
na literatura francesa com essas obras mestras que são: La famille Fenouillard (A família Fenouillard)
(1895), Le sapeur Camembert (O sapador Camember) (1896) e L'idée fixe du savant Cosinus (A idéia fixa
do sábio Cosinus) (1899).
Esses argumentos e esses novos modos de pensar constituem o jogo intelectual e rico em
prolongamento dos sábios da universidade de Princetão, em Estados Unidos. O professor Raymond Ruyer,
da universidade de Nancy, apresentou em seu livro: A gnose de Princetão, Edições Fayard, essa ciência
que exige, para ser compreendida, certa inversão de nossos esquemas mentais habituais que desconcerta
e encarrilha até novas perspectivas.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Talvez exista um trajeto inverso das ondas e dos fótons, mas não se está
seguro disso, posto que os biólogos imaginam que pra ver o exterior nosso
eu estaria obrigado a sair de nós, a se exteriorizar também.
Nessa hipótese se produziria um trabalho fantástico que não se limitaria ao
objeto e ao processo de transformação, senão que transbordaria fora deles,
fora do ser humano e, sem dúvida, fora de nosso universo conhecido.
O observador humano, tu, nesse caso, transcenderia, então, até se
exteriorizar, até se converter numa supraconsciência, super universal no
sentido em que parece ter um fenômeno de ubiqüidade.
Mas o eu consciente e lúcido do observador nada saberia do mecanismo,
do irracional, da magia de seu desdobramento.
A menos que seu prodigioso cérebro imagine o exterior como se, ao sair
dum cine, contemplasse o filme além da tela, sobre o próprio cenário onde
foi filmado.
Esse jogo, excessivamente sábio e complicado pra nosso débil
entendimento tem, sobre um plano menos elevado, o interesse de nos
facilitar a aproximação ao Misterioso Ignoto e aos universos paralelos.
Somente os sábios mais sutis captam esse ignoto insondável que governa
nosso pensamento, nosso comportamento e nossas funções mais
elementares.
Como somos ignorantes! Tudo é exato porque tudo é magia, ilusão, maia.
O PECADO DO EU
De fato, esse eu, esse ego que tanto nos preocupa não tem tangibilidade,
realidade muito evidente!
Existimos? Certamente!
Mas, melhor, à maneira duma célula pertencendo ao himalaia universal, e
não como indivíduo consciente, livre, unitário.
Escolhemos nosso sobrenome. Nosso nome de batismo. O cor de nossos
olhos, de nosso cabelo, nossas taras hereditárias, nossa nacionalidade?
Já o mencionamos mais acima: Está admitido em física nuclear que partículas (grãos de luz, ou fótons)
podem desaparecer como matéria e reaparecer como radiação eletromagnética.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Entre os hindus o nome da mulher tinha que ser suave de pronunciar: Sita,
Kali, o nome do guerreiro: Rude e sonoro, o do brâmane: Poderoso e
majestoso, o do paria: Difícil de pronunciar e expressando a abjeção.
Entre os hebreus os nomes tinham um significado místico: Elias e Joel
(dois nomes de Deus) ou representavam uma característica ou qualidade.
Os gregos chamavam os meninos: Filho de fulano, e o homem não
adquiria um nome próprio antes do merecer por uma reputação individual.
Desse modo Aristocles se converteu em Platão devido à largura dos
ombros e foi esse apelido que ficou.
O apelido: O gago, o coxo, o forte, o simples, o audaz, etc., foi sempre
mais representativo do indivíduo que o sobrenome decretado pelas leis.
Cabe ressaltar que o eu pode se converter em nós e assim era no tempo dos
romanos, o Nós majestoso, pra significar que tal tirano, tal césar tinha o
poder, o valor, a força, a beleza, em resumo, o valor de várias pessoas.
Capítulo XII
OS CAMINHOS ENGANOSOS DO LABIRINTO
Não é fácil dar significado concreto aos símbolos e é ainda mais difícil
lhes assinalar uma hierarquia.
Geralmente se concede uma primazia ao sinal de Deus ou do Sol: O
círculo, assim como também a espiral, representam o Divino em sua
manifestação mais total: A evolução e o espaço-tempo.
Os outros símbolos mais correntemente evocados pelos esoteristas são a
água, o fogo, a serpente, o dragão, o labirinto, o falo, o jarro, a suástica, as
estrelas, o unicórnio, etc. Não obstante, se olvidam, com freqüência, os
principais: |, —, +, O.
O | representa ao homem, o — a mulher, o + o acasalamento e o
hermafrodita, ao O o ponto de neutralidade, o nó de tempo e de espaço no
que tudo é diferente ou não existe: O tempo e o espaço do divino.
Naturalmente, depois dos símbolos principais de Deus, do universo, do
triplo mistério do homem, vêm as representações do falo, do jarro (taça-
vulva), do fogo, da serpente, da água.
Temos estudado esse aspecto da individualidade e do livre arbítrio em O livro do passado misterioso,
editora Plaza & Janes, Coleção Outros Mundos. Capítulo XIII: A escritura cromossômica e o pecado.
Invento do nome. O mote ou nome cromossômico. O pecado mortal, etc.
A hierarquia exigiria a seguinte ordem: O + é o hermafrodita original, o – a mulher, e o | homem. Nessa
ótica, a O representa a Deus.
184
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Mas foram os gregos, de imaginação ainda mais fértil que os egípcios, que
criaram o mito da ave maravilhosa que, no final da vida, se deixava
consumir pelo Sol apra renascer de sua cinza, às vezes com a forma de
verme ou ovo.
O ovo, ou o verme, se convertia, então, numa nova fênix cujo primeiro
cuidado era transportar a Heliópolis, sobre o altar do Sol, despojos de sua
antiga encarnação.
Cada fênix vivia 654 anos segundo Suidas, 540 anos se crermos em Plínio
e Solínio, 500 anos segundo Heródoto e 1.461 anos segundo Tácito.
A época de sua morte coincidia sempre com o equinócio vernal (da
primavera), o que indica claramente que os antigos viam um ciclo no mito.
A revista ianque Kronos diz que a aparição da fênix coincidia com a cheia
do Nilo, os movimentos de Sótis (a estrela Sírio) e os doze sinais do
zodíaco, o que estabelecia relação entre as atividades humanas cotidianas e
as da natureza divina.
Essa harmonia tranqüilizadora, recalcada adrede pelos sacerdotes,
persuadia as massas sobre sua posse verdadeira ao macrocosmo, aos
grandes ciclos cósmicos dos quais o homem, como a fênix, a cheia, os
equinócios eram parte integrante e manifestação privilegiada.
Dictionnaire da civilisation égyptienne (Dicionário da civilização egípcia), de Georges Posener, Serge
Sauneron e Jean Yoyotte, edições Fernand Hazan, 35, rue de Seine, Paris.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
O SACRIFÍCIO DO PELICANO
O LABIRINTO
Ver o conceito em imagens que Eduardo Pastor desenhou sob a forma de tarote em seu suntuoso álbum
Le chemin d'images (O caminha das imagens), impresso na oficina de Pastor-Création, em serigrafia
manual, Caminho do moinho, 60950 Ermenonville.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
reis que construíram todo esse edifício. Portanto não falo dos alojamentos
subterrâneos mais que por referências alheias: Quanto aos superiores, os vi
e os considero o maiores que os homens puderam fazer.
Os passadiços através dos apartamentos e os circuitos através dos pátios
nos causavam, por sua incrível variedade, admiração ilimitada, enquanto
passávamos dum pátio aos aposentos, dos aposentos aos pórticos e a outros
apartamentos donde chegávamos a mais pátios.
O teto de todo esse conjunto de alojamento é de pedra, assim como as
paredes, que estão em toda parte decoradas com figuras em baixo-relevo.
Ao redor de cada pátio existe uma colunata de pedras brancas
perfeitamente unidas entre si. Em cada um dos ângulos do labirinto se
eleva uma pirâmide de cinqüenta orgias», sobre a qual se esculpiu, em
grande, figuras de animal. Se chega a elas por um subterrâneo».
O LABIRINTO DE CRETA
Uma orgya = 1,84m.
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Ler de Paul de Saint-Hilaire: L'enigme des labyrinthes (O enigma dos labirintos). Edições Nardon,
Bruxelas.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
»Após o qual essa mísera besta dorme e se acha presa dum sonho tão
profundo que os caçadores, espreitando ali perto, espiando sinal da moça,
têm tempo de sobra para se aproximar com laços e cordas.»
O unicórnio é, por conseguinte, o símbolo da confiança e do amor traídos
e, por extensão, do amor jamais recompensado.
Por tal razão a Idade Média tinha suas damas-unicórnios e seus homens-
unicórnios.
Por definição, o unicórnio era o namorado ao qual se obrigava às piores
humilhações por brincadeira, unicamente por prazer e diversão. O
protótipo se acha em Lancelot ou le chevalier à la charrette et la
soumission à la dame (O cavaleiro de carroça e a submissão à dama), de
Chrétien de Troyes.
O SÍMBOLO DO BOSQUE
Histoire da nature, chasse, vertus, propriétés et usage da lycorne (História da natureza, caça, virtudes,
propriedades e usos do unicórnio), de Laurent Catelan, Montpellier, 1624, página 11.
Le mythe da dame à la licorne (O mito da dama ao unicórnio), de Bertrand d'Aslorg. Edições du Seuil.
Lore of the unicorn (Tradição do unicórnio), de Odel Shepard, Boston, 1930.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Quiçá podemos esclarecer este enigma mediante uma explicação que, por
acréscimo, servirá de preâmbulo a outro mistério fascinante: O da cidade
de Luz.
O bosque com o unicórnio representa o labirinto no qual nos perdemos,
onde nos escondemos, o refúgio secreto da Idade Áurea, a cidade de Luz
(cidade cerrada em toda parte, ovo filosofal, matraz) onde residia o ser, na
etapa fetal, antes de nascer homem.
O bosque simboliza o retorno ao Antro original (o ventre materno) e
também o Outro original que éramos antes de vir ao mundo.
O homem, sobretudo quando é jovem, experimenta, às vezes, a
necessidade de se esconder, dissimular, entrar num bosquete, entre
matagais, onde poderá surpreender a todos sem ser visto. É o retorno ao
ventre materno, a andadura do unicórnio.
O menino em perigo corre se refugiar no regaço de sua mãe. O proscrito, o
acossado, busca refúgio no bosque, no maquis, que são como labirintos.
Existe também uma relação entre o unicórnio e a gruta do ermitão no
bosque.
Dada sua ambivalência, o unicórnio também pode representar o ser
primevo, o hermafrodita (antes da diferenciação) buscando seu paraíso
perdido.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Na tapeçaria De la dame à la licorne (Da dama ao unicórnio), do museu de Cluny, a Dama empunha um
espelho que reflete a cabeça do animal. É a perfeita evocação da passagem ao Outro Mundo.
O advento do supranormal milagroso e da fé reencontrada nos incita a não rechaçar logo a idéia do
reino submarino onde podem sobreviver aqueles que àli foram com a fé.
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Capítulo XIII
A MISTERIOSA CIDADE DE LUZ
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Segundo certas tradições o menino, ao nascer, aparece com uma luz sobre
a frente, a Estrela, que é a lembrança da vida anterior, o terceiro olho,
ainda não oculto, aberto sobre o domínio do tempo.
Mas o anjo do nascimento, que é também o da morte, apaga essa luz com a
finalidade de provocar a queda fora da eternidade que o menino deve
padecer quando escapa ao Grande-Outra Parte.
Abreviando: O nascimento representa a ruptura com um imenso passado
do qual o ser é primitivamente depositário, mas que deve rechaçar, e com
um universo do qual deve sair, universo identificado com a mágica cidade
de Luz.
Na tradição a cidade de Luz (quiçá a Suz de Abrão que teria se convertido,
mais tarde, na Betel da Palestina) tinha a forma da amêndoa mística (a
vulva, o éden da mulher = amêndoa, em hebreu) e suas muralhas sem porta
nem janela, sem abertura, ascendiam ao céu a uma altura vertiginosa.
Quem vivia nessa cidade cerrada nunca morria e gozava da Idade Áurea.
Os que desejavam morrer deviam se atirar do alto das muralhas do recinto
ao mundo onde existe a morte.
Também Deus experimentou uma mutação em condição análoga: Morreu ao sair da pedra, do universo
cerrado do betilo assírio-babilônico.
Devemos lembrar também de Metis, primeira esposa de Zeus, cujos filhos, como a mãe, deviam saber
mais coisas que todos os deuses e os homens juntos, segundo Hesíodo. Já sabemos como impediu Zeus
aqueles nascimentos privilegiados: Engolindo duma só vez Metis e o menino que ela levava.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Mas é, também, uma realidade na qual o homem deve esquecer que foi
homúnculo, ao homúnculo que foi símio, ao símio que foi marsupial, ao
marsupial ictiossauro e, assim, sucessivamente, remontando à alga, o vírus,
o calcário, o hidrogênio, o carbono, a onda, a luz primordial, a treva hiper
luminosa que se supõe ser Deus-universo e, remontando ainda mais longe,
na imensidão que nem podemos imaginar.
Ao menos se tomarmos como referência a evolução darviniana.
Mas o problema e o mistério continuam os mesmos se cremos que o
homem é um ser privilegiado e uma imagem, uma substituição de Deus ou
seu reflexo num dado lugar.
Seja o que for, em iniciação se ensina que é proibido levantar o véu de Ísis,
roubar os frutos da árvore do labirinto, o fogo celeste (anátema contra os
iniciadores antigos, com freqüência chamados extraterrenos contra os
anjos, contra Lúcifer, etc.).
Simbolicamente, os antepassados dalguns dentre nós, Adão e Eva foram
expulsos do Éden por comer a maçã 25 e, por isso, cortaram as raízes que
tinham em comum com Deus.
O Éden é o paraíso, cerrado em toda parte, onde se goza a beatitude
suprema, é o sexo da mulher, sua vulva, onde, quando se mergulha nela, o
homem goza uma graça inefável, duma eternidade, duma imortalidade
instantânea que perde ao se retirar dela.
Perder o paraíso é, de certo modo, vir ou regressar ao mundo. É sair sem
que se saiba, explicitamente, se ao exterior ou interior!
Em Tiauanaco, Bolívia, sobre o altiplano andino, duas grandes portas de
pedra, a célebre porta do Sol e a porta da Lua, recortam suas aberturas
sobre o céu, mas ninguém saberia dizer, ao as franquear, se entra ou sai
dalgum sítio.
A treva hiperluminosa da iniciada Christia Sylf se identifica com a Grande Luz primordial da cosmogênese
clássica geradora do universo de partículas e de antipartículas. A treva hiperluminosa é um sol negro pelo
fato de que cega e não pode ser percebida.
25
Nenhuma tradição identifica o fruto. A maçã é uma imagem renascentista. Mas não poderia ser, pois não
é fruta tropical.
Éden = jardim, em hebreu, ou gar-eden: o recinto (Gênese, II, 8, III, 23), a muralha. No inicio do
simbolismo e da escritura houve o | = o falo e a O = a vulva. Os antigos não se equivocaram nisso. Antes
de se curvar em forma de éden feminino, de rosa e de espiral, antes de errar em forma de labirinto até o
ponto em que tudo nasce e acaba, o traço primeiro de sua escritura representou um homem, quer dizer,
um falo, ou seja, um menir.
204
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Mencionemos que Deus morre ao sair da pedra, do universo cerrado, compacto, do betilo. Igualmente o
menino, ao franquear a muralha, perde uma parte de sua identidade divina. Sai do Éden ou Beth Éden (a
cidade de Éden, o penhasco de Éden, quer dizer, A casa de pedra e de luz, a cidade de Luz).
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escalas diferentes: Pra Deus com uma potência n e pra sua projeção
humana somente a potência 1, igual a ela mesma.
O macrocosmo e o microcosmo.
Com, não obstante, certa diferenciação original: Deus eterno, existente por
seu próprio pensamento, por sua própria consciência, não saindo de sua
cidade de Luz; e o homem, que vem do mundo perceptível ao franquear a
muralha.
Esse matiz explicaria, quiçá, a divindade total dum e a divindade reduzida
doutro, excluindo os seres excepcionais, que não nascem pela vulva da
mãe, senão escapando pela outra saída.
Os essênios e Jesus estigmatizaram o nascimento normal: Vergonha àquele
que saiu das entranhas duma mulher.
Se lê no evangelho de Tomás, versículo 83, em Mateus, XXIV, 19 e em
Lucas, XXIII, 29:
— Bem-aventurado o ventre que não engendrou. A desaparição da estrela
frontal seria, por conseguinte, a sanção infligida ao homem a partir de seu
nascimento.
Na mesma tradição simbólica, Deus não tolera que o homem saiba tanto
quanto ele, ambicione a deificação e, em conseqüência, foram elaborados
tabus:
— Uns ciclos encerram as grandes aventuras humanas e diluem as
civilizações mais florescentes na sombra do olvido pelo fogo da terra, do
céu ou pela água dum dilúvio.
— O tipo humano é cerebralmente provido, como os magnetófonos, dum
sistema que apaga o saber anterior enquanto registra os fatos vividos.
Ou seja, o labirinto do passado está escondido nas zonas neurais do
cérebro que nunca são solicitadas.
— As possibilidades da inteligência humana e suas aquisições científicas
estão programadas desde o nascimento e limitadas por um capital de 13
mil milhões de neurônios não renováveis com, ao contrário, uma perda
irremediável, a cada dia, de cem a trezentas mil dessas células. A faculdade
Os neurônios são as células do cérebro (córtex cerebral, cerebelo, tálamo), da medula espinal e dos
principais centros nervosos. Particularmente sensível, recolhem, conduzem e transmitem os estímulos. É
por esse motivo que, vulgarmente, são denominadas sementes de inteligência.
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O que é importante, disse Christia Sylf, é a saída, a qual, de fato, pode ser uma entrada no eu ou na
Outra Parte original, fora do tempo, por transmutação. Imagem paralela: A Porta do Sol, em Tiauanaco,
permite a entrada e a saída, duma só vez, e por não importa que lado, posto que não dá, nem sobre um
interior nem sobre um exterior. Nesse sentido é o símbolo da passagem, da comporta que leva a outro
mundo.
Curiosa relação: A borda e as volutas da orelha lembram, evocam a imagem do embrião humano e, em
acupuntura têm uma correspondência direta com a maior parte dos órgãos.
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Sanchoniatão: História fenícia, extraída por Robert Charroux de La préparation évangélique (A
preparação evangélica), de Eusébio, bispo de Cesaréia. O livro de Sanchoniatão, anterior à guerra de
Tróia, foi, várias vezes, destruído pela conjura de contra-verdade. Reproduzimos uma vintena de suas
páginas em O livro dos senhores do mundo. editora Plaza & Janes, Coleção Outros Mundos. Nessa
serpente, que produz um grande deslocamento de ar, que tem velocidade fantástica graças a suas hélices,
cabe ver um artefato voador semelhante ao Concorde de 1976. Quer dizer, um pássaro alargado ou uma
serpente voadora.
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A VIOLAÇÃO DA DONZELA
PANDORA
do deus convidando seu filho Deucalião e a sua nora Pirra a construir uma
arca pra sobreviver à inundação.
Num certo sentido se pode pensar que Pandora é uma Melusina.
Veio ela dum Outra Parte diviso, não franqueia a saída pela porta plebéia,
senão que é atirada por cima das muralhas da cidade de Luz e fica privada
dessa memória acáchica, segundo Rudolf Steiner, que representa a estrela
do recém-nascido.
Sem dúvida, inconscientemente (embora se a tenha acreditado pérfida),
abriu o recipiente e obedeceu às ordenes programadas no Outra Parte
divino.
Se produz uma espécie de transferência dum mundo ao outro, o Outra
Parte eliminando seus resíduos psíquicos ao os projetar por cima de suas
muralhas.
A Idade Áurea, se existiu, talvez não pôde subsistir mais que mediante essa
operação de limpeza e de eliminação que lembra, de modo estranho, a dos
barris de dejeto radiativo dos quais nossa civilização quer se livrar pra
continuar vivendo.
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Capítulo XIV
O FEITICEIRO DA CIDADE DE LUZ
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Boswelia serrata
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Então teria chegado o momento pra ele de ir à outra vida que se conhecia,
que se havia descrito: Uma vida que transcorria num reino subterrâneo,
num país todo verde onde o Rei seria rei e seguiria reinando eternamente.
Mas, de fato, ninguém voltara de lá pra dizer se era verdade! Em resumo, o
Rei tinha medo.
Um dia chegou uma estranha notícia: Sobre o lago dos jardins, procedente
do céu, pousara uma espécie de pássaro grande que pôs um ovo ao mesmo
tempo casca e berço.
O pássaro levantou o vôo e a casca-berço ficou encalhada sobre a ribeira
do lago.
Quando foi aberta, se viu, dentro um menininho que levava na frente uma
mancha clara em forma de estrela.
Então avisaram aos sacerdotes e ao Rei.
Os sacerdotes haviam decidido imediatamente que aquele menino vindo
doutra parte não podia senão perturbar a vida da cidade, que era um
indesejável e que devia morrer.
— Luz somente pode perdurar — afirmavam — se a Lei é estritamente
observada! As estrelas, as montanhas, os bosques e os animais obedecem a
essa lei e assim tudo vai bem.
Todos aqueles que estavam presentes, foram então testemunhas dum feito
extraordinário: O menino, muito pequeno, tinha, no entanto, um dom
prodigioso: Falava como uma pessoa maior e se dirigindo ao Rei, disse:
— Équidnos é meu nome e acabei de nascer neste mundo. Teus sacerdotes
são cruéis. Por que queres que eu morra?
— Porque é a Lei. Aqui, ninguém deve entrar, ninguém deve sair, senão
pra morrer. Ademais, o destino que te reservamos será logo o meu, quiçá
amanhã.
O menino replicou em voz muito baixa pra que ao redor não pudessem
ouvir:
— Ó, Rei, sei que tua hora nem a minha chegaram. Enquanto eu estiver em
tua cidade nada terás a temer por tua vida.
O Rei estava assombrado ante este discurso procedente duma criaturinha
que, a princípio, não deveria falar.
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Tudo o que o céu decretava, tudo o que o betilo decidia, era anunciado
pelos sacerdotes, mas o acontecimento tivera lugar em dia, e as
configurações celestes não puderam pronunciar algum tipo de veredito e a
pedra sagrada não foi consultada.
Um mensageiro viera do céu, convinha lhe fazer honra e o receber com
nobre hospitalidade!
Ficou, finalmente, convencionado que se deixaria o menino viver e que
seria julgado mais tarde.
Équidnos cresceu, cresceu tão bem que ao cabo dalguns dias, dalgumas
semanas, as tradições não são rigorosas neste sentido, se converteu num
garoto, depois num adolescente e, finalmente, num homem muito belo,
com cabelo louro, olhos azuis e um dom de palavra sem cessar mais
prodigioso.
Falava, e tudo o que dizia era como uma linguagem divina.
Tudo o que contava era tão apaixonante que o povo parava e não podia ir
embora, não podiam evitar o escutar.
O Rei estava subjugado mais que todo mundo e chegava a esquecer que,
um dia, os Sacerdotes viriam a lhe anunciar a data de seu óbito.
Équidnos sabia muito sobre o porvir e tudo do passado, desde os tempos
originais que dizia ser uma luz deslumbrante, até o tempo dos primeiros
homens e das primeiras cidades.
Por causa desse dom o Rei o queria e ia a escutar cada noite, no Divã de
Opala, as histórias cativantes que se situavam em épocas e em lugares dos
quais não se tinha idéia em Luz.
Escutava, escutava e dormia com um estranho sonho já que, dormindo,
continuava ouvindo o narrador e sonhava com aventuras que excitavam
seu prazer, surpresa e admiração.
Despertava na aurora mas esperava a noite com impaciência porque
Équidnos era o narrador maravilhoso do qual já não podia prescindir. Era
como o ópio, como o haxixe.
Todo mundo em Luz esteve logo a par do acontecimento e se intrigava pra
conseguir o favor de sonhar um conto no Divã de Opala.
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Desde que Équidnos falava, era, pra quem escutava, como os primeiros
tragos de haxixe um doce bem-estar e as coisas em torno ficavam
enfumaçadas em imagens embaçadas.
Équidnos seguia falando e quem escutava era como o fumante que, depois
de dez pipas de haxixe de ópio perde a noção da realidade mas pode viver
intensamente o que lhe contam.
E logo, como ao fumar trinta pipas de haxixe, era o êxtase, o
embevecimento.
A Corte, os convidados, os servidores, todos escutavam, entendiam,
compreendiam e viviam os contos. Participavam, se convertiam em heróis
num grande sonho desperto. Porque de fato, dormiam muito depressa.
A fama de Équidnos era tão grande que irradiava fora do Divã, como as
ondas da água em torno do salto do peixe, como as ondas do céu em torno
do trovão, tanto era assim que através do bosque do Labirinto chegou ao
santuário da Donzela do Unicórnio...
Como um estremecimento de asas, como um convite, chamado e atração
de ímã.
E, numa noite, o que devia acontecer aconteceu: A Donzela acudiu ao Divã
de Opala.
Naquela noite Équidnos esteve mais prodigioso, mais assombroso, mais
mirífico, mais encantador que nunca.
A estrela de ouro de sua fronte cintilava como a primeira estrela que
desperta no despontar da noite.
Contou histórias dos mares longínquos, de amor e de jardins onde chovem
pétalas de rosa e de amendoeira, onde fontes de água sussurram em ilhas
perfumadas de ilanguilã,27 onde dançam princesas de sonho e jovens
deuses de rosto resplandecente.
E quando falava ocorria que suas palavras mais fascinantes, após vibrar no
ar, se materializavam em flores ou em pedras preciosas cambiantes que
caíam como uma fina chuva no Divã de opala.
E todo mundo ficava alienado de embevecimento como o fumante de ópio
ou de haxixe. E logo todos dormiam.
27
Nome científico: Cananga odorata. Nome popular: ylang-ylang (ilanguilã), perfum tree, árvore-do-
perfume. Origem: Ilhas Comoro, Malásia, Indonésia e Madagascar. Família: Anonácea.
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uma sinal e ele a seguiu. Ela penetrou no Labirinto enrolando um largo fio
de seda que marcava o caminho pro regresso de Équidnos.
O Unicórnio esperava num clareira, furioso e encantado ao mesmo tempo.
— Meu doce guardião. — Murmurou a Donzela — Sinto uma grande pena
por te decepcionar, mas o amor é mais forte que a razão e te rogo me
perdoes.
O amansou com ternas palavras, acariciou largamente o corno de cristal e,
a força de mimo, o apaziguou tanto e tão bem que o formoso animal
acabou adormecendo.
— Venhas! — Disse ela a Équidnos.
Se orientava ela entre as colunas como a abelha ao regresso à colméia e
seus pés maravilhosos pareciam interpretar uma sinfonia dançada sobre os
alouçados de mármore e ônix.
E Équidnos penetrou no refúgio íntimo da Donzela como se poderia
penetrar no interior duma jóia, duma pérola ou duma esmeralda. Talvez no
interior duma estrela!
Mas, quem penetrou no interior duma estrela?
Olhava em torno dele, deslumbrado.
Quando voltou a cabeça até Iona, ela deixara cair completamente seus
véus.
Somente seus pés maravilhosos estavam ocultos e ela parecia irreal, etérea,
luminosa, fora do espaço-tempo e fora da beleza terrena e divina.
Ele gemeu com êxtase, com inefável felicidade.
Então, lentamente, como jóias tiradas dum estojo, ela se libertou
totalmente da prisão dos véus.
Avançou um passo até ele, verdade sublime, luz material. E como seus pés
a uniam à terra, como abandonava sua leveza, sua luz mudou e Équidnos
compreendeu que ela saía de sua inacessível cidade de Luz, que rompia
todas as muralhas, todos os tabus pra se converter, voluntariamente, em
carnal criatura terrena apta pra amassar e interpenetrar carne humana.
E ela estava ali, ante ele, menina-moça enamorada, arrebatada, aberta
como uma romã muito madura ao sol.
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E seu Verbo era tão terrivelmente mágico que se estivesse desperto, o povo
de Luz poderia ver o Grande Sacerdote, depois outro, e logo um terceiro. E
todos os sacerdotes começando a voar como o Unicórnio, num só impulso,
franquear as altas muralhas e se perder entre as nuvens.
Équidnos continuava como se nada passasse e contava em imagem tudo o
que no inconsciente coletivo, se tramava, se urdia, se concretizava havia
dias e dias, noites e noites, anos e anos.
E, com sua revelação, com a partida dos sacerdotes, Luz se convertia numa
cidade livre!
Livres as estrelas em sua vagabundagem, livre o Rei, livre o povo pra fixar
seu destino. Livre a Vaca Sagrada pra se reunir com a manada, livres os
fogos pra arder ou apagar.
Quando os dormentes despertaram se ouviu um largo suspiro de alívio
ascender da cidade como um grande vento e, como uma nuvem, esse alívio
planou suspenso encima dos palácios e das casas.
Por a magia do Verbo, o universo de Luz mudara e um novo dia
despontava sobre uma civilização nova.
Desse modo aquela coisa impossível se realizara: A vida se evadira de Luz
e a morte pôde penetrar nela, soubera franquear as altas muralhas da
cidade.
No espaço dum sonho.
O que é certo é que o povo desperto, maravilhado, gritou subitamente:
— Abaixo os sacerdotes. Viva o rei!
E também o rei gritou:
— Abaixo os sacerdotes!
E era feliz, vencedor, porque sabia que agora ele nem Équidnos nem a
Donzela morreriam pela vontade dos representantes de Deus.
E a partir daquele dia tudo mudou em Luz.
Ninguém mais observou: As estrelas nem o betilo. Os camponeses
semearam o trigo a sua conveniência e toda a Natureza se libertou das leis
estritas impostas pelo céu.
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Nunca mais os fogos dos lares foram apagados nem cerradas portas e
janelas, nem cortada a barba dos homens nem, tampouco, a cabeleira das
mulheres.
Nada ficou oculto. E, posto que se havia chegado a todo ele, o Rei e seu
povo decidiram abrir uma porta na muralha da cidade.
Os habitantes atacaram vigorosamente, com pás e piquetas, a Grande
Muralha Ocidental pra perfurar o túnel que, atravessando a espessa base,
desembocaria sobre o reino exterior, aonde nenhum vivo chegara.
Depois de dias e dias, semanas e semanas, meses e meses de trabalho, a
luz do Reino Exterior brotou por uma brecha: Luz já não estava só em seu
universo!
O Rei ordenou que se alargasse a fenda mas que ninguém traspassasse
aquele umbral. Tudo deveria ser feito em sua ocasião com grande
cerimonial.
Inclusive ficou estabelecida a idéia de consultar os deuses mas ninguém
conhecia as fórmulas que os atraíam, a magia que os fazia aparecer e falar.
Se decidiu prescindir do auxilio do Céu.
Na verdade o Rei estava inquieto.
Já não tinha os sacerdotes pra consultar e, consciente de sua
responsabilidade real, se perguntava se não dimanaria um perigo pela
violação dos tabus.
— Franquear a muralha sempre foi perigoso!
— É preciso que uma relha proíba a fuga ao reino desconhecido!
— É um projeto razoável. E guardarei a chave da porta infranqueável!
E o que foi pensado foi dito e o que foi dito foi feito: Uma relha
monumental, enorme, pesada, de barrotes de metal forjado foi cravada no
meio do túnel e guardiões vigiaram a entrada. Assim tudo pareceu voltar à
ordem.
Exceto que a Vaca Sagrada freqüentava as manadas de touro, que o Templo
estava deserto, que as colheitas ficavam cada vez mais míseras, que o rio
tão rápido crescia desmesuradamente ou que se diminuía até se converter
num simples riacho e que o betilo estava mudo e negro como um asa de
corvo.
232
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Somente pôde explicar as coisas Équidnos, aquele ser milagroso que viera
do Céu numa grande esfera voadora, que nascera dum ovo flutuante sobre
a água do lago e que falava como um mestre escolar desde sua chegada ao
mundo.
Mas Équidnos, que compreendia esses sinais precursores de catástrofe se
cuidava muito de desvelar seu pensamento, exceto a Iona, a quem disse um
dia:
— Os presságios são cada vez mais sombrios e inquietantes. É preciso
partir nessa noite e buscar refúgio no reino de fora.
— Quero o que queiras, coração aberto e olhos cerrados! — Respondeu
ela, impetuosamente — Falas e creio em cada palavra tua.
Na noite, aproveitando o pesado sonho do Rei, Équidnos entrou na câmara
e com maestria e discrição furtou a chave de ouro do portão, que o
soberano conservava sempre pendurada no pescoço na ponta duma
correntinha.
E depois, ambos, o Encantador e a Donzela empreenderam a fuga da
cidade dormente com seu sonho de eternidade, porque todo mundo tinha,
ainda, o privilégio da vida sem limite.
À entrada do túnel os guardiões vigiavam mas, mediante sua magia,
Équidnos os adormeceu num instante.
Então, os fugitivos penetraram no imenso passadiço e chegaram ao portão,
que não tiveram dificuldade em abrir com a chave de ouro.
No entanto a grade rangeu sobre suas dobradiças e creram perceber um
murmúrio de alarma que era, ao mesmo tempo, lamento.
Em sua excitação não fizeram caso e correram à saída e à vida do Reino da
terra prometida.
Adeus Luz, adeus Rei!
De mãos dadas, coração palpitante, franquearam a saída e ficaram quase
assombrados ao se ver vivos.
O ar do outro reino lhes pareceu mais ligeiro, mais puro, mais revigorante
que em Luz, mas, talvez, não era mais que uma impressão de liberdade.
Treparam na montanha que fechava o horizonte e de cujo cume podiam
contemplar a cidade de Luz.
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234
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28
Maelstrom ou Maelström. Forma usual de Malstrøm. Usa-se figurativo no sentido de turbilhão, voragem,
movimento vertiginoso de elementos incontroláveis. (Delta Larousse)
Ver nota no final do livro
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Capítulo XV
NOTAS E COMENTÁRIOS SOBRE O CONTO
É bem verdade que essa Lei é dura, nem boa, nem má, mas rígida e
necessária.
A fênix deve se queimar sobre a fogueira, o rei deve ser condenado a
morte, os touros devem ser imolados o mesmo como Deus deve se
sacrificar perpetuamente, como o Sol, pra se manter e manter a vida.
Enquanto foi observada a lei cósmica Luz perdurou.
E depois houve o pecado vindo do céu com uma história de Feiticeiro,
mestre do Verbo, quer dizer, da maia, da mentira.
Équidnos falou como falava a Serpente a Eva e a Adão.
Mas, não era necessário que viesse?
O narrador e a Serpente não são mais que os instrumentos do destino.
Como poderiam resistir os homens aos encantamentos que são os agentes
destrutores da ordem, mas que encantam a imaginação?
Ao ser a vida eterna em Luz, cabe imaginar que o tempo tinha um valor
particular e que os seres se estabilizavam à idade de sua conveniência.
O mito é sempre mais antigo que o conto que o revela.
O mito é a memória dos sacerdotes. O conto é o sonho dos povos.
O sentido profundo dum mito não deve ser desvelado porque o véu de Ísis
é o vestido que esconde o tesouro, o conteúdo da cesta nos mistérios
elêusicos.
Por isso mesmo, o vestido dum rei engendrado pelo sacro é um véu de Ísis.
O rei que está revestido com ele não é um homem: Se converte numa
dignidade.
O que existe nele, é sua coroa, seu manto, seu cetro, seu trono. Seu rosto e
sua identidade importam tão pouco que, antanho, na alta Antigüidade
egípcia, não se devia representar seus rasgos: Somente devia existir como
símbolo.
Desvelar o final dum mito seria, por conseguinte, uma incursão sacrílega
nos caminhos proibidos.
Nem tudo deve ser revelado:
— Seja porque tudo deve ser merecido e divulgado no tempo desejado.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Em nosso tempo a seleção de sanidade e de qualidade (idéia de raça superior, banco de esperma) que
deveria sobrepor à seleção natural que já não se observa, seria julgada bárbara e desumana: Supressão
das crianças inválidas, dos meninos-bolha, malformados, mongolóides, cegos. Supressão também dos
adultos preguiçosos, malfeitores, dos assassinos, dos incuráveis, etc. Nossa sensibilidade, os escrúpulos de
nossa consciência deteriorada, nossa covardia nos proíbem o que parece ser uma monstruosidade. Ao
contrário, acudimos em auxilio aos países super povoados, salvamos por alguns anos as crianças que
deveriam morrer de fome, lhes deixando somente o tempo justo antes de morrer pra procriar e aumentar
ainda mais o sofrimento e a indigência de sua nação. A lei cósmica supõe um deus inflexível, justo e não
um deus de amor.
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APOCALIPSE
Capítulo XVI
CRÔNICA DOS TEMPOS ATUAIS E VINDOUROS
FENÔMENO DE REJEIÇÃO
O coeficiente intelectual dos amarelos é muito superior ao dos brancos e dos negros. É, quiçá, uma razão
pra ter esperança?
Pralaia: Termo indiano que significa destruição do universo.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Não são responsáveis por isso já que foram programados pra ser
sacrílegos.
No final de nosso tempo, a partir do século XVIII, um processo análogo se
desenvolveu no sentido Europa–Estados Unidos.
Foi como um fenômeno de rejeição que projetou fora do velho mundo
esclerosado células cancerosas que se desenvolveram, fora da moral e fora
da lei, sobre um território virgem.
Desde o início do século XX Estados Unidos esparramou no globo
princípios incontrolados, experimentos apressados e um novo modo de
sociedade e de vida que afogou o que o mundo antigo conservara de válido
e de cósmico.
Se instaurou o materialismo e com ele o desenvolvimento desenfreado,
estúpido, da ciência e de seus corolários: A insatisfação, a cobiça, a
violência e o terror.
O rapto com seqüestro, as quadrilhas contrabandistas, os assaltos, as
máquinas caça-níquel, a droga, a bomba atômica, o movimento ripe, etc., e
finalmente a insegurança a todos os níveis tem acabado por desviar os
homens e os contaminar de morte.
Não é culpa dos ianques: Como Eva, como Adão, obedeceram aos
impulsos secretos de sua natureza.
Como protesto ante essa operação suicida, a Natureza manchada,
destripada, degradada, começa a reagir pra não permitir aos homens
continuar agindo até a destruição completa de seu planeta.
Por outra parte, os povos jovens se sublevam e repudiam a felicidade
branca como repudiariam a peste e a cólera.
Por mais que se fale da evolução darviniana das espécies ou das crenças no
homem, criatura excepcional e privilegiada, não por isso deixa de ser
menos certo que o choque genético dinâmico do planeta sugere reflexões
bastante pessimistas.
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Esse esquema resulta muito crível pelo fato de que encaixa perfeitamente
com os fatos vividos e o processo natural de equilíbrio que rege o capital
genético das espécies animais.
Não obstante, é prudente formular certa reserva, embora pareça se opor à
lei universal dos ciclos e ao bom sentido puro e simples: Se o homem se
voltasse, sensato, justo e bom, o final de sua civilização poderia ser
notavelmente atrasado.
Há alguns anos comitês científicos formularam a hipótese duma detenção
voluntária do progresso. Muito rapidamente assimilou a futilidade de
semelhante intenção que supunha não somente o fim da corrida nuclear,
senão também limitação de riqueza, de potência, por conseguinte de
malignidade, inaceitáveis tanto aos afortunados como aos reivindicadores
incapazes.
A humanidade do século XX não parece tomar o caminho da recuperação. Segundo determinadas
estatísticas a potência de destruição do planeta seria de 15t de TNT por habitante, a caça do homem causa
estrago em diversas partes do mundo, no Alasca se matam selvagemente as crias de foca, na França
subsiste, todavia, a infame e bestial caça de montaria, herdada do tempo feudal. Por último, em plena
Paris, uma inteligêntsia deliqüescente aplaude a edificação na praça Beaubourg do mais vergonhoso
monumento de nossa história: O centro nacional de arte e de cultura Georges-Pompidou, obra-prima de
mau-gosto e agressividade.
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Os reatores de enriquecimento de La Haya, produzem mais plutônio que consomem. Se poderia fazer o
inverso pra eliminar esse produto perigoso. O mineral é tão radiativo como quando é tratado. Os dejetos,
com os quais não se sabe o que fazer, misturados a argila neutra poderiam ser integrados às minas nas
quais estavam na origem.
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O livro dos segredos traídos, editora Plaza & Janes. Primi-história, capítulo II: O mundo nasceu em
Estados Unidos.
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Histoire inconnu des hommes depuis 100.000 ans (História desconhecida dos homens desde 100.000
anos), de Robert Charroux, capítulo VII: Os extraterrenos vieram à Terra. Guerras atômicas na Índia,
página 176.
246
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Capítulo II: O Enigma do deserto de Gobi. Explosão atômica na Mongólia, etc.
Ver France-Soir do 10-XII-76. O extraordinário relato dum sábio israelita. Vi um desastre nuclear nos
Urais...
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O gás tóxico era o TCDD, um desfolhante produzido pela fábrica Icmesa de Seveso, na Lombardia. A
fuga mortal aconteceu em 10 de julho de 1976.
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Em 1966, por acidente, um B52 americano soltou quatro bombas H perto do povoado espanhol de
Palomares, na costa mediterrânea. Em 20 de fevereiro de 1962 um F86H da 2 a Esquadrilha tática ianque
da base área de Phalsbourg (Mosela) perdeu uma bomba carregada na região de Bebing-Kerprich-aux-
Bois.
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Os sábios não são charlatães, que diabo! E os super geradores não são
perigosos!
A prova é que se o Super-Fênix se embalasse o plutônio fundido entraria
em contato com o sódio do circuito primário!
— Maravilhoso! — Asseguram nossos bons expertos — O sódio se
vaporizaria e o vapor detonaria. Nada grave, como podem se dar conta!
Incêndio nas 5.000t de sódio?
— Se fecha a cuba e o sódio se apaga por si mesmo! — Afirmam os do
CEA (Comissariado da Energia Atômica).
Risco de explosão?
— Resultaria como um petardo molhado: Psé! E ainda, nem sequer isso...
Por quê? A causa do efeito Dopler... Não se pensou no efeito Dopler?
Em resumo, o Super-Fênix é muito menos perigoso que uma pistola de ar
comprimido e os técnicos do CEA recomendam encarecidamente a
Match, #1.472 de 12 de agosto, página 38.
251
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29
Ver no final do livro tabela dos principais meteoros
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SE LE REDOUTABLE EXPLODISSE
FAÇAS TU MESMO!
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Em 29 de abril de 1977 o Los Angeles Times, revelava após dez anos de denso véu, que 200t de urânio
embarcadas a bordo do cargueiro alemão Mayday haviam desaparecido entre Amberes e Gênova, onde
devia ser desembarcado o carregamento! O Governo italiano e a muito respeitável Comissão européia da
Energia Atômica de nada se deram conta. E não fomos nós quem roubou esse urânio!, asseguram os
países árabes. E os israelenses juram sobre a Tora que tampouco foram eles! Quanto aos marinheiros do
Mayday, perderam completamente a memória. E por outra parte se perdeu, também, todo vestígio da
tripulação e da carga. Há que recalcar que com 200t de urânio se podem fabricar mais de 100 bombas
atômicas!
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UM SEGREDO A VOZES
Uma bomba atômica artesanal pode muito bem ser fabricada por quem
quer que se disponha a procurar 5kg ou 6kg de plutônio.
Mas não duma só vez! Porque a 7kg, inclusive menos, o plutônio de massa
crítica explode espontaneamente.
O jogo consiste, pois, em o fragmentar em partes separadas ou isoladas por
telas de chumbo ou de cádmio.
A explosão nuclear acontecerá quando todas as partes forem postas
bruscamente em contato.
A bomba de John Phillips, se a tivesse fabricado, disse o professor Chilton,
físico especializado em energia nuclear, poderia, muito possivelmente,
funcionar.
É, certamente, dum modelo antiquado mas poderia destruir uma cidade da
importância de New Haven (160.000 habitantes).
Phillips revelou que utilizara, principalmente, o Manhattan Project e Los Alamos Primer, cujo preço é de
15 dólares. Ler a esse propósito: France-Soir de 12 de outubro e Match de 6 de novembro de 1976.
A massa crítica é a massa mínima duma substância fissível pra que uma reação em cadeia possa se
desenvolver. Está em função de seu grau de enriquecimento, da natureza e da espessura do refletor de
nêutron que envolve a carga. Pro urânio 235 enriquecido a 100%, a massa crítica é de 15kg com um
refletor de 15cm de espessura. Com um enriquecimento de 60, a massa é de 22kg. Com um
enriquecimento de 10, é de 130kg.
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SE O DIABO TENTA
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32
4 mil milhões em numeração européia = 4 bilhões em numeração americana
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Febris ante a perspectiva duma guerra meteorológica, que seria catastrófica pra eles, já que são
particularmente vulneráveis, os russos, em setembro de 1976, conseguiram fazer firmar aos ianques o
protocolo dum tratado proibindo as transformações do contexto com fim militar. Os centros ianques da
Jolla, na Califórnia e de Wrangley, no Colorado, estudam, não obstante, estranhos projetos: Desviar
ciclones tropicais até países estrangeiros mediante uma pequena explosão nuclear: Desencadear tremores
de terra injetando água marinha na fenda da crosta terrena, o que também produziria maremoto.
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Banquisa do pólo Norte. Os lugares marcados com uma cruz seriam ideais
pra fazer arrebentar bombas atômicas que empurrariam a banquisa no mar
de Beloforte, o mar da Groenlândia e o oceano Atlântico ao oeste. Sobre as
costas da Rússia e da Sibéria, ao leste. Até os 40° e 80° paralelos, a
temperatura abaixaria entre 5° a 10°. Seria o desastre pra Estados Unidos e
Urs, mas também, desgraçadamente, Escandinávia, Europa e Canadá. A
banquisa do mar Glacial Ártico afluiria no mar de Barentes ao mar Branco
e bloquearia a grande base soviética da península de Cola, onde estão
habitualmente estacionados entre 50 e 100 submarinos e uma poderosa
frota de superfície.
Os efeitos desse dilúvio teriam, sem dúvida, repercussão até no Pacífico e
dele resultariam terríveis epidemias de peste, cólera e acidentes climáticos
consideráveis que poderiam chegar até a glaciação temporária da Europa.
A temperatura média nos Estados Unidos e Europa baixaria
vertiginosamente entre 10 a 20 graus, impedindo o cultivo e a pecuária
durante vários anos.
Cabe imaginar a amplitude de semelhante catástrofe que a humanidade, há
12.000 anos, sofreu pelo menos duas vezes, sem dúvida porque a
civilização se aventurara por vias análogas às que agora seguimos.
Estamos neste ponto crítico em 1982.
Homens (heróis ou criminosos) praticam a chantagem a base de bomba,
explosivo convencional, com seqüestro...
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Capítulo XVII
A FICÇÃO, A CIÊNCIA E A VERDADE
Idi Amim Dada, 150kg, ex campeão de luta-livre, foi presidente do estado de Uganda. Segundo seu
humor alimentava os crocodilos do Nilo Alberta com ingleses o judeus. Dada a ocasião, com um bispo
cristão. Foi um diletante a quem deleitava passear sua corpulência num palanquim levado por súditos
brancos da rainha da Inglaterra.
Anedota duvidosa. A frase teria sido pronunciada, talvez, por Dumas, presidente do tribunal que julgava
Lavoisier, ou pelo fiscal Fouquier-Tinville, ou pelo vice-presidente Coffinhal. O ilustre químico havia
solicitado de seus juízes que adiassem sua execução pra terminar experimentos que julgava úteis.
O comitê Pugwash agrupa, desde 1957, os maiores pensadores do mundo, que estudam o que poderiam
empreender pra salvar nossa civilização. Ler O enigma dos Andes, capítulo IX. Os tempos do apocalipse. A
conjura de Pugwash. Publicado por esta editora.
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Não cabe negar: O iniciado é tão sacrílego quanto o sábio. Os dois franqueiam os tabus e abrem as
portas proibidas.
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mas se trata duma minoria. A maioria dos grandes sábios do século XX, aqueles de Estados Unidos
principalmente, foram comprados a golpe de milhões ao estilo de futebolistas, pelos regatões do mercado
de cérebro. Sabem, pois, a que se ater sobre sua qualidade moral!
Ver: A vie, c'est autre chose ou les malades da science (A vida, essa outra coisa ou os malefícios da
ciência), de Gilbert Bonnot, Belfond editor. «A ciência — escreveu G. Bonnot — se converteu em
formidável franco-maçonaria, nova religião que tem seus templos, seus ritos draconianos, seus sacerdotes
que, em ocasiões, chegam a excomungar.» Mas, em nosso critério, o mais antipático é a insuportável
auto-suficiência dos pseudo-sábios.
35
O livro foi escrito, originariamente, em francês
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Deus sabe a quantidade que há, a cada ano, de simpósios e de seminários de sábios, de engenheiros,
daqui e de além. O seminário, etimologicamente é um semeadouro, um lugar onde se colocam sementes,
uma escola de formação. O antigo One, two, two da rua da Provença, o Chabanais perto da Biblioteca
Nacional eram seminários. (Ambos lugares foram famosas casas de prostituição.) O simpósio era um
estabelecimento da mesma índole na antigüidade grega. Estava consagrado às bebidas, aos festins e aos
entremeios galantes (de sun: com, e posis: ação de beber). Os sábios são humoristas. Pelo menos não
tentam nos enganar!
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DIPLOMADOS DE PERGAMINHO E
DESCOBRIDORES AUTÊNTICOS
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QUADRO DE HONRA
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Se pra nos defender contra aqueles que nos atacam e contra aqueles
igualmente que rapinam nossas descobertas e roubam o título de nossos
livros, brincamos de vingadores, não queríamos por isso nem muito
menos, fazer papel de guru ou de dono da verdade.
Somos arqueólogos silvestres, é um fato, e com muita honra, mas se nossa
arqueologia é fantástica é porque o fantástico pertence a sua natureza, a
sua própria essência.
No entanto não podemos dizer que os traçados de Nasca do Peru, que as
medicine wheels do Canadá, que as pedras de Ica, que os gigantes da ilha
de Páscoa, que o transporte de pedras talhadas de 30t ao cimo da fortaleza
de Ollantaytambo, Peru, que os foguetes de três andares enviados no céu
de Sibiu (Romênia) em 1529, etcétera, são coisas que pertencem ao
cotidiano, ao corrente!
Que façamos ficção científica é muito diferente!
De fato, não existe a ficção científica, como tampouco, por outra parte, a
ciência (de scire: saber), salvo àqueles que se tomam por Deus Pai e,
desgraçadamente, formam legião.
Conviria melhor pensar em diligência, investigação até um inseguro
labirinto mas, posto que a maia do verbo impôs a ficção científica, diremos
que essa não se diferencia da pseudo-ciência dos pontífices e dos
charlatães exceto por sua honestidade fundamental e humildade. Talvez
também por maior possibilidade de investigação com vista a acessar meta
concreta.
De fato, a imagem-desejo, ou ficção científica, precedeu à ciência, é sua
geradora, o aguilhão e a vidência magistral, pela exata e luminosa razão
que surgiu do poder da imaginação excitada pelas mensagens abstrusas dos
cromossomos-memória.
Antes que as revistas científicas, demos uma relação detalhada sobre os foguetes de Sibiu, com fotos do
manuscrito da época, em Le livre du mystérieux inconnu (O livro do misterioso desconhecido), capítulo I,
páginas 25 e seguintes.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
É claro que cada um de nós tem uma chave de decifragem pra tudo o que
nos é proposto, já que cada um tem seu conceito, linguagem pra decifrar
tal ou qual aspecto do real.
Viste uma mulher muito bonita, um homem muito bom.
Que sentido dar a tuas palavras? A mulher bonita é loura, morena, ruiva. O
homem é bom porque vai à missa, porque é caritativo ou justo?
Viste um gerânio vermelho mas ninguém mais que tu pode dar a verdade
de teu vermelho.
Os 7 milhões de cones e os 130 bastonetes da retina (quantidades que são
distintas segundo os indivíduos) não transformam exatamente os 750.000
matizes cromáticos que percebem, numa energia elétrica assimilável pra
todos os cérebros.
Em resumo, sobre 4 mil milhões de homens não existem dois que possam
perceber exatamente a mesmo cor.
Por isso mesmo ninguém pode dizer exatamente que idade tem, que hora é,
já que nada é imóvel, nada é permanente no universo, inclusive o próprio
universo.
Tudo é maia, imaginação e, como o dizia um poeta espanhol: Toda a vida é
sonho e os sonhos, sonhos são.
O dia em que uma mulher nos ama está cheio de sol e de borboleta!
O ESTRANHO
Capítulo XVIII
JESUS ESTÁ ENTERRADO NO JAPÃO
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JESUS NO TIBETE
AS TUMBAS DE JESUS
A vie inconnu de Jésus-Christ (A vida desconhecida de Jesus Cristo), de Nicolau Notovitch, Edições
Ollendorff, Paris, 1894.
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Capítulo XIX
REALIDADES, SONHOS E FANTASMAS
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CONTRADIÇÕES FASTIDIOSAS
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Só faltará tirar uma conclusão ambígua, tida conta que nada pode ser
demonstrado num sentido nem noutro e que a solução é um assunto de
crença.
La langue sacrée (A língua sagrada), de Émile Soldi-Colbert, IV volume, fascículo 2, 1903.
287
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Montmorillon et sa région (Montmorillon e sua região), de Jacques Pineau, S.F.I.L. e imprenta Texier, Z.
I. République, 8600 Poatiê.
288
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Lumiéres dans a nuit (Luzes na noite), Misteriosos objetos celestes e problemas conexos, Les Pins,
43400, Le Chambon-sur-Lignon.
289
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290
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A ORDEM DE MELQUIDESEQUE
291
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Capítulo XX
DELÍRIO DOS LABORATÓRIOS
Cosmic connection ou L'appel des étoiles (Conexão cósmica ou O apelo das estrelas), de Carl Sagan,
Edições du Seuil, 27, rua Jacó, 75006, Paris.
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A ESFERA DE DYSON
Eis aqui alguns títulos das obras de Jimmy Guieu: Le retour des dieux (O retorno dos deuses), Les sept
sceaux du cosmo (Os sete selos do cosmo), A voix qui venait d'ailleurs (A voz vinda de alhures), Le
pionnier de l'atome (O pioneiro do átomo), etc. Edições Fleuve Noir, Paris.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Andrômeda é uma constelação do hemisfério boreal que contém o objeto celeste mais distante que um
olho humano, nu, pode divisar numa noite muito clara: A grande nebulosa de Andrômeda. É extragalática.
Cosmic connection (Conexão cósmica), de Carl Sagan.
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298
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300
Robert Charroux Arquivos doutros mundos
Wilhelm Reich e o doutor Timothy Leary expressaram a mesma idéia: A Inteligência suprema semeia o
espaço interestelar. Aminoácidos se depositam sobre os planetas. Quando chegar a morte física do homem
na Terra, o ADN revelará sua mensagem secreta: Fujamos. A entidade genética abandona o planeta!
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O LIVRO DE ECLESIASTES
Muito mais sábio que Einstein e Carl Sagan, os antigos ensinavam as leis
do destino, e a Bíblia fez eco dele no Livro de Eclesiastes, ao qual cabe
admirar a alta filosofia unida a um labirinto científico assombrosamente
profundo. Eis aqui um extrato de capítulos que merecem meditação:
Capítulo primeiro:
2 Vaidade de vaidade, diz o Eclesiastes: Vaidade de vaidade. Tudo é
vaidade.
3 Que proveito tira o homem de tudo pelo qual se afana sob do Sol?
4 Passa uma geração e vem outra mas a Terra permanece pra sempre.
Livro de Enoque. Parte I, capítulo VII, versículo 10: E eles lhes ensinaram (às mulheres) a bruxaria, o
encantamento e as propriedades das raízes e das árvores. Capítulo VIII, versículo 1: Azazyel ensinou,
também, os homens a fazer espada, faca, escudo, couraça e espelho. Lhes ensinou a fabricação de
bracelete e de adorno, o uso da pintura, a arte de pintar as sobrancelhas, de empregar pedra preciosa e
toda classe de tintura, de modo que o mundo fosse corrompido.
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Robert Charroux Arquivos doutros mundos
9 O que foi será. O que já se fez, isso é o que se fará. Nada se faz novo sob
o Sol.
10 Uma coisa da qual dizem: «Olhai, isso é novo». Assim era nos séculos
anteriores a nós.
Não há memória do que precedeu, nem do que sucederá haverá memória
nos que virão depois.
Capítulo II:
14 O sábio tem olhos na frente e o néscio anda em treva. Vi também que
uma mesma é a sorte de ambos.
15 E disse em meu coração: «Também terei a mesma sorte do néscio. Por
que, pois, me tornar sábio? Que proveito tirarei dele?» E disse pra mim:
«Também isso é nulidade».
21 Porque quem trabalhou com labirinto, com perícia e bom sucesso, tem
depois que deixar tudo a quem nada fez nele. Também isso é vaidade e
grande mal.
Capítulo VIII:
17 Examinei, também, a obra de Deus, que não pode o homem conhecer
quanto se faz sob o Sol, e por muito que em buscar se fatigue, nada chega
a descobrir. E, ainda quando disser o sábio que sabe, nada chega a saber.
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FIM
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Apêndice
Diferença de nomenclatura numérica entre Américas e Europa
Américas Europ Nú Nota
a mero ção
escrito científica
Um Um 1 100
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Austrália 21 lgaranga
Kansas - 17 Haviland
Eua
o - Brasil Cangalha
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