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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

(UFPI)
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)

SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL,


COM BASE NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE RÉPTEIS (SQUAMATA) EM
DUAS ÁREAS DE FRAGMENTO DE CERRADO NO MUNICÍPIO DE JOSÉ DE
FREITAS (PIAUÍ, BRASIL)

VITOR HUGO GOMES LACERDA CAVALCANTE

TERESINA
PIAUÍ – BRASIL
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
(UFPI)
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)

SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL,


COM BASE NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE RÉPTEIS (SQUAMATA) EM
DUAS ÁREAS DE FRAGMENTO DE CERRADO NO MUNICÍPIO DE JOSÉ DE
FREITAS (PIAUÍ, BRASIL)

VITOR HUGO GOMES LACERDA CAVALCANTE

TERESINA
PIAUÍ – BRASIL
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI)
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (MDMA)

VITOR HUGO GOMES LACERDA CAVALCANTE

SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL,


COM BASE NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE RÉPTEIS (SQUAMATA) EM
DUAS ÁREAS DE FRAGMENTO DE CERRADO NO MUNICÍPIO DE JOSÉ DE
FREITAS (PIAUÍ, BRASIL)

Dissertação apresentada ao Programa Regional


de Pós-Graduação em Desenvolvimento e
Meio Ambiente da Universidade Federal do
Piauí (PRODEMA/UFPI/TROPEN) como
requisito parcial á obtenção do título de Mestre
em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Área
de Concentração Ecologia de comunidades.
Linha de Pesquisa: Biodiversidade e utilização
sustentável dos recursos naturais.

Orientadora: Profa. Dra. Cristina Arzabe

TERESINA, 2009
C377e Cavalcante, Vitor Hugo Gomes Lacerda

Subsídios para a conservação e sustentabilidade ambiental, com


base na estrutura da comunidade de répteis (Squamata) em duas áreas
de fragmento de cerrado no município de José de Freitas (Piauí,
Brasil) / Vitor Hugo Gomes Lacerda Cavalcante. Teresina: 2009.

91 fls.

Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente)


UFPI.

Orientadora: Profa. Dra. Cristina Arzabe

1. Répteis. 2. Cerrado. 3. Percepção Ambiental. I Título.

C. D. D. – 597.6
VITOR HUGO GOMES LACERDA CAVALCANTE

SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL,


COM BASE NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE RÉPTEIS (SQUAMATA) EM
DUAS ÁREAS DE FRAGMENTO DE CERRADO NO MUNICÍPIO DE JOSÉ DE
FREITAS (PIAUÍ, BRASIL)

Teresina, 19 de Junho de 2009

___________________________________________________
Profa. Dra. Cristina Arzabe
Embrapa Meio – Norte (PRODEMA/UFPI)/ Orientadora

___________________________________________________
Profa. Dra. Larissa Nascimento Barreto
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

____________________________________________________
Prof. Dr. José Machado Moita Neto
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA/UFPI)
A Deus, aos meus pais (Lindianalva e Nunes), a minha esposa (Josenília), as minhas irmãs
(Dani e Poly), a minha orientadora (Cristina) e aos lagartos e serpentes do Piauí.

Dedico
AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus Pai criador de todas as maravilhas da natureza, as


que hoje me encantam e me instigam a compreendê-las e que me dá saúde e me abençoa com
tantos momentos e pessoas iluminados em minha vida. É difícil fazer um agradecimento justo
neste momento, pois nesta aventura científica de um mestrado são tantas pessoas que de
alguma forma lhe ajudam que posso, por descuido, deixar alguém de fora, por isto desde já
agradeço a todos que por menor que seja tenha contribuído direta ou indiretamente com
minha dissertação.
Agradeço a meus pais Lindinalva e Raimundo Nunes que sempre deram a vida
para me proporcionar uma educação de qualidade. As minhas irmãs Dani e Poly por sempre
me apoiarem na minha carreira. Agradeço a minha amada esposa Josenília pelo carinho, apoio
e compreensão em todas as etapas deste projeto, principalmente por me agüentar nos
momentos de maior stress. A Família Cavalcante e Família Lacerda (tios, primos, etc.) por
toda a motivação.
Não poderia deixar de fazer um agradecimento especial a minha querida
orientadora Dra. Cristina Arzabe, pela forma brilhante como me conduziu mesmo distante
sempre mostrando os caminhos e me dando oportunidades de escolher, refletir e amadurecer.
Obrigado pela paciência, dedicação, competência e simpatia tão admiráveis.
Agradeço ao apoio financeiro e logístico recebido desde a graduação pelo projeto
PELD, na pessoa do Coordenador Geral Dr. Antônio Alberto Jorge, bem como de toda sua
equipe da Botânica, Biólogos Assis, Ruth, Joxleide, Nívea... pelos dados coletados e cedidos,
bem como do auxílio científico.
Agradeço muito a todos que fazem o MDMA, aos coordenadores Dr. José Luis e
Dra. Socorro Lira e todo o corpo docente, a Sra. Maridete, Sr. Batistas e Sr. Riba, tão
prestativos nas questões administrativas. Agradeço a todos os amigos da turma 2007/2009,
Anézia, Anderson, Carla, Carol, Eliciana, Fábio, Gracimar, Guilhermina, Hana, Hellany,
Kerle, Lígia, Mara, Marcelo, Maura, Rakuel, Roselane e Samya, pelos maravilhosos
momentos de convivência e aprendizagem.
Este trabalho não seria possível ser realizado sem a ajuda de diversos
companheiros de campo presentes nos momentos mais duros, meus sinceros agradecimentos a
Osiel, Humberto, Josenília, Assis e Marcelo.
Agradeço ao proprietário das áreas utilizadas o empresário e ambientalista Sr.
Freitas, por ceder o Nazareth Eco Resort e a Fazenda Santa Fé, além do apoio logístico.
Muitos moradores do entorno dos fragmentos nos ajudaram neste projeto,
agradeço em especial ao Sr. Romão e família, Sr. Nonato e família, a todos os entrevistados e
todos os ajudantes de campo.
Chegar aqui não seria possível se lá no início não tivesse o apoio dos
companheiros antes estagiários (ler-se: escraviários) e agora de profissão, Wáldima, Cleuton,
Humberto, Sílvia, Adão, Fabrício, Douglas (in memorian), Francílio, Elinete, etc. obrigado a
todos. Um agradecimento especial ao iniciador de tudo isso Dr. Marcos Pérsio.
Agradeço aos componentes de minha banca de defesa, Dra. Larissa, Dr. José
Moita e Dr. José Ribamar, muito obrigado por aceitarem meu convite e serem tão prestativos.
Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio pela
Licença de Coleta concedida com bastante agilidade Nº 16361 – 1. Ao DAAD pela bolsa
concedida. Ao IFMA (Instituto Federal do Maranhão), pela compreensão e apoio.
A todos aqui citados e os não citados também, o meu MUITO OBRIGADO!
“Olha eu quero lhe dizer bem aqui, você
nunca mais vai vê na vida o que seus pais,
seus avós, seus bisavós viram. Nenhum de nós
mais, nenhum filho meu nunca! “Quanto mais
reserva, quanto mais coisa a gente poder fazer
em cima dessa terra é melhor!”(ROMÃO,
2008).
RESUMO

Dois fragmentos de cerrado distantes 34 km um do outro foram estudados em área de


ecótono na região norte do Estado do Piauí (município de José de Freitas). Um deles
apresenta vegetação de cerrado típico (Santa Fé) e outro uma vegetação de cerrado com
influência de floresta estacional semidecídua (Nazareth). Foram registradas diferenças nos
índices de biodiversidade e nos estimadores de riqueza em espécies para as duas áreas, onde
Nazareth apresentou-se como mais diverso e com maiores valores nos estimadores de riqueza
em espécies. A comparação da composição e diversidade de espécies das localidades
amostradas pode ser associada com a florística, onde a área mais homogênea apresentou
diversidade mais baixa de répteis (Squamata). Paralelamente foram realizadas entrevistas com
moradores locais visando à obtenção das representações sociais e históricas das mudanças
ambientais. Segundo a percepção dos moradores, perturbações antrópicas como incêndios e
caça ocorre mais sobre a área de Santa Fé, o que também foi registrado durante as expedições
realizadas nas áreas de estudo. Uma ligação causal direta só pode ser provada por meio de
experimentação controlada. A hipótese mais plausível para explicar os diferentes resultados
encontrados nos estimadores e índices registrados está relacionada à heterogeneidade espacial
oferecida pela vegetação, mais heterogênea no fragmento Nazareth devido à presença de
espécies de cerrado e floresta estacional semidecidual convivendo em um mesmo ambiente.
Cabe esperar que os ambientes espacialmente mais heterogêneos contenham espécies
adicionais porque proporciona uma variedade maior de micro-hábitats, uma gama mais ampla
de microclimas e mais tipos de locais para esconder-se dos predadores, entre outros,
ampliando o espectro de recursos. Em relação às perturbações antrópicas ocorridas nas áreas,
estas removem organismos vegetais e animais e interferem na comunidade por meio de
influência na disponibilidade de nichos ecológicos, podendo ainda interferir no microclima,
diminuindo a amplitude do espectro de recursos. Foi percebido pelos moradores que o entorno
mais afetado é Nazareth, o que foi corroborado pelas observações de campo, sugerindo que o
fragmento Nazareth está mais suscetível às perturbações. A diferença encontrada tanto na
vegetação como na comunidade de répteis estudada pode ser uma resposta às condições
abióticas, relativas a uma maior disponibilidade de água no fragmento Nazareth, devido à
presença do açude do Bezerro, ou seja, os gradientes de riqueza em espécies registrados
podem ser explicados por variáveis ecológicas locais.

Palavras – chave: Répteis. Cerrado. Percepção ambiental.


ABSTRACT

Two distant fragments of cerrado 34 km one of the other had studied in ecotone area
in the northern zone of the Piauí (José de Freitas). One of them presents typical cerrado
vegetation (Santa Fé) and another one cerrado vegetation with influence of semi deciduous
estacional forest (Nazareth). They had registered differences in the biodiversity indices and
the wealthy estimators in species for the two areas, where Nazareth presented as more diverse
and with bigger values in the wealthy estimators in species. The comparison of the
composition and diversity of species of the showed localities can be associated with the
floristic, where the area most homogeneous presented lower diversity of reptiles (Squamata).
Parallel interviews with local inhabitants had carried through aiming at the attainment of the
social and historical representations of the ambient changes. According to perception of the
inhabitants, atropicans disturbances as fires and hunting occur more on Santa Fé area, what
also he was registered during the expeditions carried through in the study areas. A direct
causal linking only can be proven by means of controlled experimentation. The hypothesis
most reasonable to explain the different results found in the registered estimators and indices
is related to the heterogeneous space offered by the vegetation, more heterogeneous in
Nazareth due to presence of closed species of and semi decidual estacional forest coexisting
in one same environment. It fits to wait that the more heterogeneous environments space
contain extra species because they provide a bigger variety of micron-habitats, a ampler
microclimate gamma and more types of places to hide itself of the predators, among others,
extending the specter of resources. In relation to the occurred untropical disturbances in the
areas, these remove vegetal and animal organisms and intervene with the community by
means of influence in the availability of ecological niches, being able still to intervene with
the microclimate, being diminished the amplitude of the specter of resources. It was perceived
by the inhabitants which area more affected is Nazareth, what it was corroborated by the field
comments, suggesting that Nazareth is more susceptible to the disturbances. The difference
found in such a way in the vegetation as in the community of reptiles studied can be a reply to
the abiotic, relative conditions to a bigger water availability in Nazareth, due to presence of
the açude do Bezerro, that is, it is possible that the gradients of wealth in registered species
can be explained by local ecological variable.

Keywords: Reptiles, Cerrado, Ambient perception


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Mapa 1 Mapa de vegetação do Estado do Piauí....................................................................... 27

Gráfico 1 (a,b, c, d) Dados da Estação Climatológica de Teresina/PI, a mais próxima do


Município de José de Freitas, PI (distante 40 km da sede do município). a – Temperatura
média (ºC) mensal para o ano de 2008; b – Média mensal da umidade relativa do ar (%) para
o ano de 2008; c – Precipitação total (mm) mensal para o ano de 2008; d – Precipitação total
(mm) mensal para o período de Janeiro de 2002 a Abril de 2009, em destaque o ano de 2008
(linha e marcador
vermelhos)................................................................................................................................ 28

Mapa 2 Localização dos fragmentos de cerrado utilizados neste trabalho (Nazareth e Santa
Fé), do Açude do Bezerro e zona urbana do município de José de Freitas (PI)...................... 29

Mapa 3 Localização do fragmento Nazareth (cerca de 230 ha, em azul) e áreas de entorno, no
município de José de Freitas (PI). A área ecotonal onde o fragmento está inserido é coberta
por matas de encosta e remanescentes de floresta estacional semidecidual, com manchas de
caatinga, cerrado e babaçuais, cuja vegetação recebe influência do Açude do Bezerro (cerca
de 500 ha e 11.000.000 m³, em amarelo). A zona urbana de José de Freitas (PI) (ponto verde)
fica a 6 km do fragmento......................................................................................................... 30

Mapa 4 Localização do fragmento Santa Fé (cerca de 300 ha, em vermelho) e áreas de


entorno, no município de José de Freitas (PI). A área ecotonal onde o fragmento está inserido
é coberta por manchas de cerrado e carnaubais....................................................................... 31

Figura 1 (a,b) a – Desenho esquemático do fragmento de cerrado Nazareth, mostrando os


principais componentes da fisionomia do entorno. b - Desenho esquemático do fragmento de
cerrado Santa Fé, mostrando os principais componentes da fisionomia do
entorno..................................................................................................................................... 32

Gráfico 2 Número de habitantes por censo demográfico e contagem populacional realizados


no Município de José de Freitas, Piauí, Brasil. ....................................................................... 33

Foto 1 (a,b) Imagens fotográficas de formas de obtenção de renda das famílias que residem no
entorno dos fragmentos Nazareth e Santa Fé. a – agricultura de subsistência; b – obtenção da
palha de carnaúba para extração da cera. ................................................................................ 34

Foto 2 (a, b, c, d, e, f) Imagens registradas in loco dos Impactos antrópicos nas bordas e
dentro dos fragmentos estudados. a e b - Presença de animais domésticos dentro e fora dos
fragmentos; c - trânsito de pessoas e veículos dentro e fora dos fragmentos; d - cupinzeiros
destruídos por bovinos; e - caça predatória; f - extração de madeira, dentro dos
fragmentos................................................................................................................................ 36

Foto 3 Imagem de Armadilhas de Interceptação e Queda estabelecidas no fragmento Santa Fé


no município de José de Freitas, PI, durante o ano de 2008.................................................... 38
Mapa 5. Localização dos pontos das localidades com levantamentos herpetofaunísticos
utilizadas para comparação da composição de espécies com as áreas do presente estudo. 1 –
Nazareth; 2 – Santa Fé; 3 – PNSCi; 4 – ECB; 5 – EEUU....................................................... 42

Foto 4 (a, b) Imagens da realização das entrevistas individuais e grupais, com o auxílio do
diário de campo, realizadas nos fragmentos Nazareth e Santa Fé........................................... 46

Gráfico 3 Distribuição das espécies registradas nos fragmentos Nazareth e Santa Fé segundo
listas de répteis para os biomas Cerrado e Caatinga................................................................ 50

Gráfico 4 Abundância absoluta das 26 espécies de répteis (squamata) registradas em Nazareth


e Santa Fé, por PLT e AIQ: Am al\A. alba; Le po\L. polystegum; Ig ig\I. iguana; Tr hi\T.
hispidus;Tr se\T. semitaeniatus; He ma\H. mabouia; Am am\A. ameiva; Cn gr. oc\C. gr.
ocellifer; Tu me\T. merianae; Mi ma\M. maximiliani; Ma cf. ar\M. cf. arajara; Ma cf. ni\M.
cf. nigropunctata; Ep ce\E. cencria; Dr co\D. corais;Le na\L. annulata; Li cf. pa\L. cf.
paucidens; Li po\L. poecilogirus; Li cf. vi\ L. cf. viridis; Ox tr\ O. trigeminus; Ph na\ P.
nattereri; Ph of\ P. olfersii; Ps ni\P. nigra; Ta me\T. melanocephala; Th sp A\T. sp A; Th sp
B\T. sp B; Mi ib\M. ibiboboca................................................................................................. 50

Foto 5 a- A. alba, b- T. hispidus, c- A. ameiva, d- C. cf. ocellifer, e- T. merianae, f- M.


maximiliani, g- H. mabouia, h- E. cenchria. i- D. corais, j- L. annulata, k- L. poecilogyrus, l-
O. trigeminus, m – T. melanocephala, n- Thamnodynastes sp B, o- L. cf. paucidens, p- M.
ibiboboca.................................................................................................................................. 51

Gráfico 5 Curva dos estimadores de riqueza para as duas metodologias quantificáveis e


espécies observadas, baseados no número de amostras válidas (PLT e AIQ), para o fragmento
Nazareth................................................................................................................................... 53

Gráfico 6 Curva dos estimadores de riqueza para as duas metodologias quantificáveis e


espécies observadas, baseados no número de amostras válidas (PLT e AIQ), para o fragmento
Santa Fé.................................................................................................................................... 54

Gráfico 7 (a, b, c, d) Curva dos estimadores de riqueza para os dois grupos de répteis
observadas (lagartos e serpentes), baseados no número de amostras válidas (PLT e AIQ), para
os fragmentos Nazareth (a, b) e Santa Fé (c, d)....................................................................... 55

Gráfico 8 (a, b) Curvas acumulativas de espécies raras (singletons e doubletons) e


infreqüentes (uniques e duplicates), para os fragmentos Nazareth (a) e Santa Fé (b)............. 56

Gráfico 9 Abundância absoluta das 26 espécies de répteis (squamata) registradas em Nazareth


e Santa Fé, por PLT e AIQ: Am al\A. alba; Le po\L. polystegum; Ig ig\I. iguana; Tr hi\T.
hispidus; Tr se\T. semitaeniatus; He ma\H. mabouia; Am am\A. ameiva; Cn gr. oc\C. gr.
ocellifer; Tu me\T. merianae; Mi ma\M. maximiliani; Ma cf. ar\M. cf. arajara; Ma cf. ni\M.
cf. nigropunctata; Ep ce\E. cencria; Dr co\D. corais;Le na\L. annulata; Li cf. pa\L. cf.
paucidens; Li po\L. poecilogirus; Li cf. vi\ L. cf. viridis; Ox tr\ O. trigeminus; Ph na\ P.
nattereri; Ph of\ P. olfersii; Ps ni\P. nigra; Ta me\T. melanocephala; Th sp A\T. sp A; Th sp
B\T. sp B; Mi ib\M. ibiboboca................................................................................................. 57
Gráfico 10 (a, b) Abundância absoluta separado por grupos de espécies de répteis (lagartos a;
e serpentes b), registradas para os dois fragmentos estudados................................................ 57

Gráfico 11 Curvas de acumulação de espécies de répteis (squamata) para as duas áreas de


coletas, baseadas no número de espécies registradas por amostras. Legenda: Sobs Mean Naz /
StaFé = Número médio observado em Nazareth e Santa fé; Sobs 95% + - = Intervalo de
confiança de 95 % para mais para menos................................................................................ 62

Gráfico 12 Curvas de rarefação baseadas no número de espécies por amostras, para as duas
áreas estudadas......................................................................................................................... 62

Gráfico 13 (a, b) Curvas de rarefação por método quantificável de amostragem (AIQ e PLT),
para os dois fragmentos estudados, Nazareth (a)e Santa Fé (b)............................................... 63

Gráfico 14 (a, b) Abundância absoluta de espécies de répteis squamata registrada por método
quantificável de amostragem (AIQ e PLT), para os dois fragmentos estudados, Nazareth (a) e
Santa Fé (b).............................................................................................................................. 64

Gráfico 15 (a, b, c, d) Riqueza observada e estimada para os métodos quantificáveis de


amostragem (PLT e AIQ), utilizados os dois fragmentos estudados, Nazareth (a, b) e Santa Fé
(c, d)......................................................................................................................................... 64

Dendrograma 1 Similaridade entre cinco fragmentos de cerrado no Estado do Piauí, segundo a


riqueza de espécies de répteis Squamata registrada................................................................. 65
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Data e número de dias de amostragem nos dois fragmentos estudados (Nazareth e
Santa Fé), localizados no município de José de Freitas, PI, durante o ano de 2008................ 37

Tabela 2 Dados de área total (ha), área de cerrado típico (ha), distância para o fragmento
Nazareth (km), distância para o fragmento Santa Fé (km), dias de amostragem em cada área e
o ano da amostragem das localidades com levantamentos herpetofaunísticos em áreas de
cerrado no Piauí, utilizadas para este estudo............................................................................ 43

Tabela 3 Dados dos moradores entrevistados, residentes no entorno do fragmento


Nazareth................................................................................................................................... 46

Tabela 4 Dados dos moradores entrevistados, residentes no entorno do fragmento Santa Fé.
.................................................................................................................................................. 46

Tabela 5 Lista de espécies de répteis (squamata) registrados nas duas áreas amostrais (Santa
Fé e Nazareth), nomes comuns, número total de espécimes encontrados (N) e porcentagem em
relação ao total (%).................................................................................................................. 48

Tabela 6 Valores máximos dos estimadores de riqueza utilizados para as duas áreas
analisadas................................................................................................................................. 54

Tabela 7 Índices ecológicos calculados para os dois fragmentos estudados, Nazareth e Santa
Fé.............................................................................................................................................. 58

Tabela 8 Números absoluto e relativo, em cada técnica de amostragem, de unidades amostrais


com registro de indivíduos (“ocorrência”), e da abundância de cada espécie de réptil
Squamata registrada para o fragmento Nazareth..................................................................... 60

Tabela 9 Números absoluto e relativo, em cada técnica de amostragem, de unidades amostrais


com registro de indivíduos (“ocorrência”), e da abundância de cada espécie de réptil squamata
registrada para o fragmento Santa Fé....................................................................................... 61

Tabela 10. Padrão de distribuição das espécies de répteis (Squamata), registradas nos dois
fragmentos analisados (Nazareth e Santa Fé), e mais três áreas de cerrado típico com
levantamentos de répteis no Piauí............................................................................................ 66
15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16
2 INVENTÁRIOS HERPETOFAUNÍSTICOS EM ÁREAS DE CERRADO E
CAATINGA E ESTUDO DA RIQUEZA EM ESPÉCIES ............................................... 21
3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E MEIO AMBIENTE ............................................... 25
4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 27
4.1 Área de estudo - Caracterização ecológica ...................................................................... 27
4.2 Área de estudo e objeto de estudo - Caracterização sócio-econômica.............................. 32
4.3 Coleta, preparação e análise de dados ecológicos............................................................ 36
4.3.1 Coleta de dados ........................................................................................................... 36
4.3.2 Preparação e identificação do material zoológico coletado ........................................... 39
4.3.3 Análise dos dados ecológicos ...................................................................................... 39
4.3.4 Coleta, preparação e análise de dados botânicos – Equipe Botânica/PELD .................. 43
4.4 Coleta (Construção), preparação e análise de dados históricos e etnobiológicos .............. 44
4.4.1 Coleta de dados históricos e etnobiológicos ................................................................. 44
4.4.2 Preparação e análise de dados históricos e etnobiológicos............................................ 47
5 RESULTADOS ............................................................................................................... 48
5.1 Riqueza e abundância de espécies de répteis Squamata................................................... 48
5.1.2 Composição de espécies .............................................................................................. 48
5.1.3 Riqueza de espécies ..................................................................................................... 53
5.1.4 Abundância e índices ecológicos ................................................................................. 56
5.2 Desempenho dos métodos quantificáveis de amostragem ............................................... 59
5.3 Similaridade entre áreas de cerrado no Piauí................................................................... 65
5.4 Representações sociais e percepção ambiental dos entrevistados .................................... 67
6 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 71
7 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 81
ANEXOS ............................................................................................................................ 89
16

1 INTRODUÇÃO

O planeta está perdendo sua diversidade biológica à medida que espécies da flora e
da fauna são destruídas mais rapidamente do que evoluem. Esse empobrecimento biológico da
Terra é conseqüência da destruição de habitats, poluição, alteração climática e caça. Em cada
atualização do seu Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas, a International Union for
Conservation of Nature and Natural Resorces (IUCN), mostra como estamos avançando em
direção a um período de extinção em massa (BROWN, 2003). Para Primack (2001), as
maiores ameaças à diversidade biológica que resultam da atividade humana são: a destruição,
fragmentação, degradação do habitat, superexploração das espécies para uso humano,
introdução de espécies exóticas e o aumento da ocorrência de doenças.
A degradação crescente e descontrolada que vem ocorrendo nas florestas tropicais
tem gerado verdadeiros mosaicos na vegetação, onde encontramos manchas de mata primária,
ladeada por pastagens, áreas cultivadas e fragmentos de vegetação secundária. Dois efeitos
imediatos da fragmentação de um ambiente natural são a redução da área total do habitat
original e a criação de áreas de borda entre este habitat e a nova paisagem alterada (efeito de
borda). Tal evento abrange modificações abióticas, bióticas diretas e bióticas indiretas,
resultando em mudanças na interação das espécies. A extensão e as implicações destas
alterações ainda são pouco compreendidas. Acredita-se que estes variem de acordo com a
idade e o tamanho do fragmento e/ou o parâmetro físico ou organismo abordado, no entanto
existe pouca informação sobre os efeitos da fragmentação sobre a biota (CASTRO, et al.
2007; COLLI, 2003). Em algumas situações esse processo de formação dos fragmentos é
natural e a zona de transição entre os fragmentos e os habitats não florestados é menos
abrupta (PÉRICO, et al. 2005).
O termo biodiversidade aparece com freqüência tanto nos meios de comunicação
populares quanto na literatura científica, mas sua definição muitas vezes é ambígua. Na sua
definição mais simplificada, a biodiversidade é apresentada como sinônimo de riqueza em
espécies. A biodiversidade, no entanto, pode ser vista em escalas menores (subpopulações e
subespécies geneticamente distintas) e maiores (diferentes tipos de comunidades em uma
região). No entanto, é sobre a riqueza em espécies que está disponível a maior parte dos dados
sobre a biodiversidade (BEGON et al., 2007).
Segundo Sachs (2002), o estudo da biodiversidade não deveria estar limitado a um
inventário de espécies e genes, por dois motivos: primeiro, porque o conceito de
17

biodiversidade envolve também os ecossistemas e as paisagens; segundo porque a


biodiversidade e a diversidade cultural estão entrelaçadas no processo histórico de co-
evolução. Desta forma, torna-se importante nos estudos que envolvem a biodiversidade, que
esta seja analisada considerando o maior número de variáveis possíveis que possam
influenciar na sua perda.
O processo acelerado de perda da biodiversidade tem mobilizado diversos setores da
sociedade. Mesmo com a situação crítica, existem razões para uma perspectiva de melhoras
desde que as autoridades de poder decisório façam escolhas que favoreçam a sustentabilidade
ambiental e econômica (BRANDON et al., 2005). O Brasil tem adotado alguns programas
ambientais importantes como os de proteção de espécies e aumento de unidades de
conservação (UC’s) (MITTERMEIER et al., 2005; RYLANDS; BRANDON, 2005). O Brasil,
sob qualquer parâmetro, é na atualidade o país da América Latina com maior superfície
absoluta protegida e, tão somente incluindo as unidades reconhecidas na lista da IUCN até
1996, possuía 29% da superfície protegida da América do Sul (DOUROJEANI; PÀDUA,
2001). Atualmente, existem 478 unidades de conservação federais e estaduais de proteção
integral, que totalizam 37.019.697 hectares (ha), e 436 áreas de uso sustentável em
74.592.691ha (RYLANDS; BRANDON, 2005).
No entanto estes números não garantem que os ecossistemas brasileiros estejam de
fato protegidos contra a perda de biodiversidade, pois nenhum bioma brasileiro está bem
representado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (MMA, 1998). Os biomas
Cerrado e Caatinga, por exemplo, possuem apenas 4,1 e 0,91 % respectivamente, de suas
áreas totais inseridas em unidades de conservação de uso indireto e direto (KLINK;
MACHADO, 2005), quando o percentual mínimo sugerido atualmente é de 10% somente em
áreas de proteção integral (MMA, 2002). Mais agravante ainda é que a criação de áreas de
proteção ambiental nem sempre garante que estas estejam realmente resguardando suas
riquezas e biodiversidade. Muitas UC’s são criadas sem que se tenha um planejamento e
recursos que garantam a sua sustentabilidade (DOUROJEANI; PÀDUA, 2001).
Na região Nordeste do Brasil outro agravante refere-se à falta de conhecimento geral
sobre a biota das áreas naturais. Dos inventários faunísticos publicados, apenas 10% do total
são referentes ao Nordeste (LEWINSOHN; PRADO, 2002), sendo que no Estado do Piauí
esta carência é ainda mais evidente. Neste Estado, a cobertura dos inventários está quase que
totalmente restrita às suas UC’s, sendo que algumas destas já sofrem com diversos impactos
antrópicos (incêndios, invasões, extração ilegal de recursos, caça predatória, entre outros), o
que pode conduzir a informações que não condizem com a realidade pretérita, quando o
18

ambiente ainda encontrava-se isolado.


Este trabalho de mestrado foi desenvolvido como um subprojeto do Programa de
Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD - Sítio 10 – MCT/CNPq), que corresponde ao
"site" dos cerrados marginais do Nordeste e ecótonos associados. Este operacionaliza o
projeto base: Biodiversidade e Fragmentação de Ecossistemas nos Cerrados Marginais do
Nordeste, que considera 3 (três) áreas "focais" (Parque Nacional de Sete Cidades, Fazenda
Nazareth e Áreas de Influência da ECB) e 3 (três) áreas de "atenção especial" (Cerrados do
Baixo Rio Parnaíba, Reservatório de Boa Esperança e Estação Ecológica de Uruçuí-Una),
para efeitos de convergência de áreas para o desenvolvimento das suas atividades científicas,
multi e interdisciplinares, e a hipótese científica de que "os Cerrados do Nordeste (do Brasil),
representam um dos três supercentros de diversidade biológica dos Cerrados do Brasil", com
o apoio de 9 (nove) instituições governamentais e 5 (cinco) não-governamentais, vivenciando
no dia-a-dia as experiências positivas e coletivas da interinstitucionalidade (CASTRO, et al.
2007).
A partir de Castro (1994b) o Bioma Cerrado passou a ser subdividido em três
supercentros de biodiversidade (Cerrados do Planalto Central, Cerrados marginais do Sudeste
meridional e Cerrados marginais do Nordeste), esta divisão estaria relacionada às barreiras
climáticas ou às cotas altimétricas. A partir deste trabalho os cerrados piauienses passaram a
ser chamados de cerrados marginais distais, devido a estes localizarem-se as margens do
bioma e possuir uma flora diferenciada.
A questão central do projeto PELD assenta-se em duas grandes premissas: 1) que a
biodiversidade dos cerrados setentrionais do Piauí é muito pouco conhecida e 2) que a
fragmentação altera a estrutura das populações e comunidades. O desenvolvimento de
projetos ecológicos de longa duração, além de gerar conhecimentos básicos sobre os cerrados
marginais, permitirá testar hipóteses sobre os principais mecanismos/fatores envolvidos nas
alterações da composição/estrutura das populações favorecidas ou ameaçadas nas áreas de
estudo (focais e de atenção especial). Propõem-se análises integradas dos dados obtidos sobre
vegetação, fauna e fatores abióticos (a serem selecionados), que forneçam uma base sólida do
conhecimento sobre a biodiversidade local e os efeitos da fragmentação (CASTRO, et al.
2007).
Em decorrência de um conjunto de propostas de ocupação do Cerrado, especialmente
a partir da década de sessenta, este Bioma vem sendo devastado de forma acelerada. Os
cerrados do Nordeste Ocidental, principalmente do Piauí e do Maranhão, (cerrados marginais
distais) a situação não é diferente. A aquisição do conhecimento sobre a sua vegetação e
19

fauna, em todos os aspectos, não vem acompanhando a sua ocupação.


Neste contexto, foi proposto o projeto Biodiversidade e Fragmentação de
Ecossistemas nos Cerrados Marginais do Nordeste no âmbito do Programa de Pesquisas
Ecológicas de Longa Duração (PELD), visando viabilizar os estudos que resultarão: 1) no
conhecimento da biodiversidade remanescente no interior do site/sítio BIOTEN/ECOCEM; 2)
na comparação da composição e diversidade de espécies das localidades amostradas,
associadas com as questões de bordadura, homogeneização florística e fragmentação; 3) na
realização de estudos de caso em cerrado e fragmentos naturais ("capões", "fitótopos") do
Complexo de Campo Maior para avaliar o efeito de borda e a conectividade entre os mesmos;
4) no mapeamento dos remanescentes de vegetação natural; 5) no planejamento ambiental da
área do Sítio 10 e 6) na criação de um banco de dados com informações da fauna e flora dessa
região, que permitirá avaliar e monitorar as formações vegetacionais estudadas (CASTRO, et
al. 2007).
O projeto PELD tem como objetivo geral: demonstrar que a biodiversidade (de
espécies, de ecossistemas, de tipo, de forma, de função, econômica, etc.) da biota dos cerrados
do Nordeste do Brasil é diferencial, inclusive em termos de conservação e de utilização
sustentável, em relação à biodiversidade dos outros supercentros: cerrados do Sudeste
meridional e cerrados do Planalto Central (CASTRO, et al. 2007).
Este trabalho de mestrado foi lançado a fim de atender alguns dos objetivos do
PELD, e diante desse contexto algumas questões foram formuladas: qual a composição,
riqueza e diversidade de espécies de répteis Squamata em fragmentos de cerrado próximos
localizados em áreas ecotonais do norte do Estado do Piauí? Existem gradientes de riqueza
em espécies que podem ser explicados por variáveis ecológicas locais? Qual a percepção dos
moradores do entorno das áreas sob estudo quanto ao processo de fragmentação, antropização
e conservação? Estes moradores conseguem perceber efeitos negativos e/ou positivos destes
processos sobre os componentes bióticos, abióticos e o próprio modo de vida destas pessoas?
O presente trabalho tem como objetivo principal comparar a diversidade de répteis
Squamata em dois fragmentos de cerrado típico e cerrado com influencia de floresta
estacional semidecídua no Município de José de Freitas (PI), situados próximos um do outro,
bem como avaliar a percepção dos moradores do entorno destes fragmentos sobre os
processos de fragmentação, antropização e conservação de habitat.
Como objetivos específicos, foram considerados os seguintes pontos: Caracterizar a
diversidade taxonômica dos répteis estudados, mediante uma lista das espécies registradas e
número de taxa (S); Avaliar a diversidade de répteis das áreas sobre estudo com relação à
20

abundância absoluta de indivíduos (N), riqueza de espécies segundo Margalef (D),


equitabilidade (J’ de Shannon) e diversidade (H’ de Shannon); Comparar a diversidade de
répteis das diferentes áreas, buscando avaliar diferenças nos índices estatísticos que possam
indicar a influência da heterogeneidade espacial sobre este grupo; Calcular o desempenho dos
métodos quantificáveis de amostragem; Comparar os resultados obtidos com os resultados
encontrados em áreas maiores e mais homogêneas próximas aos fragmentos estudados neste
trabalho; Avaliar a percepção e representações sociais dos moradores do entorno das áreas
estudadas sobre os processos de fragmentação, antropização e conservação de habitat
ocorridos nas últimas décadas. Analisar se existem diferentes percepções sobre
antropização/conservação entre os entrevistados das duas áreas de trabalho (Nazareth e Santa
Fé) e o porquê das possíveis diferenças ou não.
21

2 INVENTÁRIOS HERPETOFAUNÍSTICOS EM ÁREAS DE CERRADO E


CAATINGA E ESTUDO DA RIQUEZA EM ESPÉCIES

O Brasil tem alta diversidade para a maioria dos grupos de vertebrados


(MITTERMEIER et al., 1997). Em relação à herpetofauna, esta é uma das mais ricas do
mundo, possuindo a primeira colocação no número de anfíbios, com 842 espécies registradas,
e a terceira colocação mundial em número de répteis, com 693 espécies catalogadas (SBH,
2008). O grau de endemismo dos vertebrados brasileiros também é um dos maiores do
mundo. Para os anfíbios, o endemismo atinge cerca de 60% das espécies registradas para o
Brasil, para os répteis, estes percentuais chegam a 37% (SABINO; PRADO, 2000). Esse alto
grau de endemismos é resultado em parte da grande diversidade de habitats ocorrentes no
Brasil (RODRIGUES, 2005).
Biomas como o Cerrado e a Caatinga, que até bem pouco tempo eram considerados
pobres em riqueza e endemismos de espécies (VANZOLINI, 1974, 1976), demonstram, com
o avanço das pesquisas, apresentarem uma fauna de répteis própria, com elevados índices de
endemismo (RODRIGUES, 2003, 2005; COLLI et al. 2002). Das 107 espécies de répteis
registradas para a Caatinga, cerca de 15% são consideradas endêmicas. Para o Cerrado, das
184 espécies de répteis registradas, 17% têm o status de endêmicas (COLLI et al. 2002). Os
números aqui apresentados são subestimados e a cada dia novas espécies são descritas, uma
vez que inventários em novas áreas, freqüentemente, revelam novas espécies (NOGUEIRA;
RODRIGUES, 2006).
Em relação à herpetofauna do Estado do Piauí, até o final da década de 1990 poucos
estudos foram registrados. A partir dos anos 2000 esse quadro melhorou com a realização de
inventários, principalmente nas unidades de conservação do estado e a implantação de
projetos como o PELD.
Em áreas de Caatinga do Estado do Piauí, que segundo Castro (2007) ocupam 20,8%
do território piauiense, uma das principais áreas inventariadas foi o Parque Nacional da Serra
da Capivara, com o registro de 19 espécies de lagartos e 16 de serpentes (ARAÚJO, et al.,
1998; OLMOS, 1998), Zaher et. al. (2002) inventariaram a herpetofauna do Parque Nacional
da Serra das Confusões, também no Piauí, e registraram 20 espécies de lagartos e 34 de
serpentes. Nas áreas de Cerrado do Piauí, que cobrem 19,8% do estado (CASTRO, 2007),
Zaher et al. (2001) inventariaram a herpetofauna da Estação Ecológica de Uruçuí-Una, e
constataram a presença de 19 espécies de lagartos e 34 de serpentes. O Estado do Piauí por
localizar-se em uma área de transição possui grande parte de seu território coberto por
22

formações ecotonais, sendo estas áreas marcadas principalmente pela presença de fragmentos
de cerrado e caatinga (e respectivos subtipos como campo cerrado, cerradão, caatingas
arbóreas e arbustivas), além de florestas semideciduais e babaçuais. Importantes inventários
herpetofaunísticos foram realizados nas áreas de transição do Piauí. No município de Valença
foram registradas 15 espécies de lagartos e 19 de serpentes (VANZOLINI, 1976;
RODRIGUES, 2003). No Parque Nacional de Sete Cidades registrou-se 12 espécies de
lagartos e 24 de serpentes (ROCHA, 2007; CAVALCANTE, 2005). Para a área de transição
localizada em propriedade da ECB rochas ornamentais no município de Castelo do Piauí,
registrou-se 13 espécies de lagartos e 18 espécies de serpentes no total (RODRIGUES, 2007).
A precariedade de inventários no Estado do Piauí é preocupante principalmente
frente ao avanço dos impactos antrópicos sobre as áreas naturais. O nível de ameaça a estas
espécies e aos ecossistemas é considerável e crescente. Impactos ambientais diretos (e. g.
destruição e fragmentação de habitats, exaustão dos recursos naturais, incêndios) são
resultantes de uma longa lista de ameaças comuns (infra-estruturas em grande escala,
conversão de terras, ações humanas não-sustentáveis) que resultam na perda da
biodiversidade na região tropical (BRANDON et al., 2005). Para a Caatinga, estima-se que
entre 30,4% e 51,7% de sua área encontra-se alterada por ações humanas e o que ainda resiste
está altamente fragmentado, a desertificação já ameaça 15% do bioma. Esta realidade
provavelmente levará agricultores e familiares a outros locais ainda não cultivados (LEAL et
al., 2005). Mais da metade do Cerrado (1 milhão km²) foi transformado em pasto e agricultura
extensiva nos últimos 35 anos, e a conversão agrícola para a soja e a criação de gado em larga
escala ainda são sua maior ameaça (KLINK; MACHADO, 2005, BARRETO, 2007).
Diferentes grupos biológicos estão sendo utilizados nos estudos sobre perda de
biodiversidade através dos efeitos de fragmentação e antropização de habitat. Cada grupo
parece apresentar respostas diferentes a estes distúrbios (DONATELLI, et. al., 2007). No caso
da herpetofauna anfíbios e répteis são considerados bons modelos para estudos sobre os
efeitos da fragmentação e impactos antrópicos devido à sua baixa mobilidade, especificidade
de habitat e facilidade de estudo (MMA, 2003). No caso específico de répteis Squamata,
Rodrigues (2005) afirma que espécies desta ordem são, em geral, muito resistentes à
fragmentação do habitat. Fragmentos de florestas isolados recentemente mantêm sua alta
diversidade por um tempo, independentemente de seu tamanho. A principal ameaça à
conservação de anfíbios e répteis no Brasil é a destruição de seus habitats através dos
desmatamentos, avanço da fronteira agrícola, mineração, fogo e projetos de desenvolvimento
(barragens e estradas, por exemplo) (SILVANO; SEGALLA, 2005). As espécies mais
23

sensíveis tendem a perder espaço para as consideradas generalistas (MMA, 2003).


Para que as informações biológicas sejam de fato importantes nos procedimentos de
manejo e conservação da biodiversidade, são precisos que os dados de estudos que evolvam a
riqueza em espécies demonstrem com a maior fidelidade possível os vários aspectos que
resultam na riqueza encontrada.
A escala é uma característica superior nas discussões sobre riqueza em espécies. O
número de espécies que vivem em uma determinada área refletirá as influências locais, como
a gama de micro-hábitats proporcionados e as conseqüências das interações das espécies
(competição, predação, parasitismo), assim como influências de natureza temporal e espacial
em escala maior, relativas ao pool regional de espécies ou ao intervalo de tempo em que
ocorreu o último distúrbio de grandes proporções (cheias, secas, erupções vulcânicas,
glaciações). Comparativamente, no entanto, têm sido enfatizadas mais as questões ecológicas
locais do que as regionais, estas últimas discutidas pela Macroecologia.
Em relação aos fatores que afetam a riqueza em espécies, estão aqueles geográficos
(latitude, altitude, profundidade, localização insular) e os correlacionados aos fatores
geográficos, como variabilidade climática, entrada de energia e produtividade do ambiente.
Além destes, existem os fatores independentes daqueles geográficos, como perturbações
físicas. Finalmente estão àqueles bióticos, como intensidade de predação, competição ou
parasitismo em uma comunidade, seu status sucessional e a heterogeneidade espacial ou
arquitetônica gerada pelos próprios organismos. Estes últimos poderiam ser considerados
“secundários”, pois são conseqüências de influências externas à comunidade, mas
desempenham papéis importantes na formação final da estrutura da comunidade.
Examinando as relações entre a riqueza em espécies e fatores dos quais se espera que
exerçam uma influência direta, estão aqueles cuja variação é principalmente espacial, como
produtividade, heterogeneidade espacial e severidade ambiental. Em termos gerais, a
produtividade do ambiente de animais segue as mesmas tendências do ambiente de vegetais,
ambas como resultado das mudanças dos níveis de recursos na base da cadeia alimentar e das
mudanças de condições críticas, tal como a temperatura e água. Uma análise da riqueza em
espécies de árvores na América do Norte mostrou correlação positiva com a riqueza em
espécies de quatro grupos de vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) (CURRIE,
1991).
Cabe esperar que os ambientes espacialmente mais heterogêneos contenham espécies
adicionais porque proporcionam uma variedade maior de micro-hábitats, uma gama mais
ampla de microclimas, mais tipos de locais para esconder-se dos predadores e assim por
24

diante. Na prática, a amplitude do espectro de recursos fica ampliada. A maioria dos estudos
sobre heterogeneidade espacial tem relacionado à riqueza de espécies animais à diversidade
estrutural das plantas do ambiente em que estes vivem ocasionalmente em conseqüência de
manipulação experimental das plantas, porém mais comumente por meio de comparações de
diferentes comunidades naturais.
Quer se origine intrinsecamente do ambiente abiótico ou se estabeleça por outros
componentes biológicos da comunidade, a heterogeneidade espacial é capaz de promover um
aumento na riqueza em espécies (BEGON et al., 2007), assim como sua perda pode ocasionar
o empobrecimento da diversidade biológica.
Alguma das perguntas mais importantes em estudos sobre a diversidade de espécies
de diferentes grupos de organismos é se a mesma esta correlacionada, em particular se a
diversidade de plantas influencia na diversidade de animais (QIAN, 2007). Pesquisas
realizadas com diferentes grupos de animais (vertebrados e invertebrados) apontam para uma
correlação positiva e/ou paralela com as plantas (CAMPOS et. al., 2006; QIAN; RICKLEFS,
2008). No entanto estes estudos ainda são escassos e precisam ser incrementados com análises
em diferentes ecossistemas.
25

3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E MEIO AMBIENTE

A percepção e análise do ser humano para a formação de um determinado conceito é


construído através de suas interações sociais, ou seja, no âmbito coletivo. A cultura é assim,
elemento primordial para alcançarmos essa compreensão. Entendemos aqui por cultura,
símbolos adquiridos, um produto social e não um crescimento orgânico. Dessa forma, o
comportamento de aceitação ou negação humano perante o seu ambiente está estreitamente
ligado a instituições sociais responsáveis pela introdução de valores na sociedade como: a
religião, a família, a escola, o Estado, dentre outras. Além disso, devemos considerar a
ecologia, a geografia, a economia e as circunstâncias temporal e espacial de cada grupo e
indivíduo. (LARAIA, 2002; FITA, 2008).
Consideramos impactos antrópicos ao meio ambiente toda e qualquer forma de
degradação, exploração, depreciação provocados pelo ser humano que tenha como
conseqüência um dano insustentável e/ou irreparável ao meio ambiente. Verificando a maior
parte da superfície terrestre o GLASOD (Global Assessment of Human-induced Soil
Degradation) através de estudos detectou que, globalmente, 15% das terras estavam
devastadas como resultado das atividades humanas. A expansão dessa taxa de degradação não
é conhecida porque não existe nenhum dado precedente para se comparar com os resultados
do GLASOD. Estimativas do início da década de 1990 apontavam para uma variação de 5 a
12 milhões de hectares de solos perdidos anualmente (de um total de 4,8 bilhões de hectares
de terras cultiváveis e pastos) (RADEMACHER, 1991). De acordo com a Food and
Agriculture Organization, ainda se necessita de muito progresso na coleta de dados sobre o
uso da terra, antes que essa e outras tendências importantes sejam conhecidas adequadamente
(FAO, 2008).
A consciência desses impactos, como ele si dá, quais os agentes e principalmente o
porquê dele acontecer, é de suma importância para os pesquisadores da área e salutar para a
contribuição de políticas públicas que visam à preservação e a educação ambiental. Por isso
torna-se fundamental o estudo e a pesquisa do meio ambiente e da relação que o homem tem
com ele, principalmente no que diz respeito aos recursos naturais (ARAÚJO et al., 2003).
Muito se discute sobre extinção de espécies e perda da biodiversidade, no entanto
poucos estudos analisam a relação dos componentes da biodiversidade com o homem o que
gera dificuldades de implantação de políticas de preservação.
A área estudada possui especificidades marcantes na região como os assentamentos
26

rurais, que constituem na sua maioria agentes políticos que podem ou não contribuir para a
disseminação dos impactos ao meio ambiente. Os assentamentos remetem ao processo de
fixação dos trabalhadores rurais a terra, com disponibilidade de condições adequadas para o
uso do solo e o incentivo à organização comunitária. No Brasil, em todas as experiências de
assentamento, o Governo Federal foi e continua sendo até hoje o gestor, através do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) que é o responsável, como instituição
federal, pela implantação dos mesmos considerando todas as etapas necessárias a sua
sustentabilidade. Muito pouco se conhece quanto às áreas de assentamento rural, definido
pelo (INCRA, 1996), como uma unidade empresarial associativa, de base familiar, autônoma
e gerida pelos trabalhadores, que visa o desenvolvimento econômico e social do conjunto de
assentados. Supostamente eles apresentariam características especiais que os diferenciariam
de outros grupos sociais (VEIGA; BURLANDY, 2001).
Os assentados, entretanto, possuem uma tradição cultural e são acostumados a
executar ordens e tarefas, assim, na hora de administrar o lote como uma empresa, ocorre uma
inversão de papéis, pois passam de empregados a dono e terão que planejar, executar e
controlar seus negócios (CASTRO; GOMES, 2007). O acesso a terra possibilita a estes
assentados construírem e ocuparem novos espaços sociais também fora dos assentamentos,
com reflexos sobre os centros urbanos dos municípios onde se localizam. É nesses espaços
que se exprime a nova identidade desses trabalhadores como grupo social, deixando de lado
as relações de submissão vivenciadas por eles quando subordinados ao capital (SOUSA,
2007). No entanto estes novos espaços sociais propiciam mudanças drásticas no modo de vida
destes trabalhadores, principalmente os mais idosos, o que gera conflitos sociais antes
inexistentes. Daí a importância da investigação das tangências culturais com o ambiente que é
proposta neste trabalho.
27

4 METODOLOGIA

4.1 Área de estudo - Caracterização ecológica

O Estado do Piauí está situado numa área de tensão ecológica, com vegetação de
transição ou de ecótonos, sofrendo influência de três províncias florísticas: a floresta
amazônica, o cerrado e a caatinga. Devido à elevada heterogeneidade espacial e ambiental, a
cobertura vegetal do Piauí apresenta-se como um complexo mosaico de tipos vegetacionais
que vão desde os mais secos, como as caatingas, distribuídas a leste e sudeste; passando pelos
carrascos em sua parte central e nordeste; seguidos dos cerrados em sua porção centro-norte e
sudoeste, até os mais úmidos, como as matas de babaçuais e florestas estacionais
semideciduais instaladas nos limites dos estados do Piauí e Maranhão (OLIVEIRA, 2004;
CASTRO, 2003) (Mapa 1).

Mapa 1 Mapa de vegetação do Estado do Piauí (adaptado).


Fonte: Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí - CEPRO/PI, [200?].
Nota: O ponto vermelho representa a localização do município de José de Freitas, Piauí.
28

O Município de José de Freitas situa-se na região centro – norte do Estado do Piauí,


Brasil, com uma área de 153.800 ha. O clima da região é tropical semi-árido quente, com
período seco de seis meses. A temperatura média anual varia de 24º C a 26º C, com máxima
de 38ºC e mínima de 18ºC. O regime pluviométrico é caracterizado por duas estações bem
definidas: um período chuvoso (verão) e outro seco (inverno), com o pico das chuvas
ocorrendo nos meses de fevereiro e março, podendo se estender até maio. A partir do mês de
junho as chuvas ficam mais escassas, iniciando assim o período de seca, que se estende até
novembro (Gráfico 1, a- b).

31.0 100

30.0 90
80
29.0
70
28.0 60
27.0 50
2008 40 2008
26.0
30
25.0
20
24.0 10
23.0 0

Out
Nov
Ago

Ago
Jun

Jun
Mar
Abr
Set
Out

Set
Fev

Nov

Fev

Mai
Jan

Mai

Jul

Jan

Jul

Dez
Mar

Dez
Abr

a b

600.0 600.0
2002
500.0 500.0
2003
400.0 400.0 2004
2005
300.0 300.0
2008 2006
200.0 200.0 2007

100.0 100.0 2008


2009
0.0 0.0
Ago

Ago
Set
Out

Set
Out
Fev

Nov

Fev

Nov
Jan

Mai
Jun
Jul

Jan

Mai
Jun
Jul
Mar

Dez

Mar

Dez
Abr

Abr

c d

Gráfico 1 Dados da Estação Climatológica de Teresina/PI, a mais próxima do Município de José de Freitas, PI
(distante 40 km da sede do município). a – Temperatura média (ºC) mensal para o ano de 2008; b – Média
mensal da umidade relativa do ar (%) para o ano de 2008; c – Precipitação total (mm) mensal para o ano de
2008, período da coleta de dados deste trabalho; d – Precipitação total (mm) mensal para o período de Janeiro de
2002 a Abril de 2009, em destaque o ano de 2008 (linha e marcador vermelhos). (adaptado).
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, (2009).

Duas fazendas localizadas na região rural do município de José de Freitas (Nazareth


Eco Resort e Santa Fé) são as áreas focais deste trabalho. Elas se encontram distantes 34,7 km
entre si, separadas pela zona urbana de José de Freitas (Mapa 2). Estas fazendas estão
inseridas nos limites sudoeste de uma das áreas prioritárias (Área dos Três Biomas, Complexo
de Campo Maior) para a conservação (MMA, 2002).
29

Mapa 2 Localização dos fragmentos de cerrado utilizados neste trabalho (Nazareth e Santa Fé), do Açude do
Bezerro e zona urbana do município de José de Freitas (PI). (adaptado).
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, Imagem de satélite CBERS (2008).

Área amostral 1 – Nazareth

A área amostral 1 é um fragmento de área de transição marcada pela presença de


componentes vegetais típicos de cerrado e influência de floresta estacional semidecidual,
localiza-se dentro da “fazenda” Nazareth Eco Resort (04º47’S – 42º38’W), situada na região
sul do município de José de Freitas (PI), distante seis quilômetros da sede urbana do mesmo e
a 40 km do Município de Teresina, capital do Estado do Piauí.
O Nazareth Eco Resort possui uma área total de 1.200 hectares, dos quais a maior
parte encontra-se inalterada e em bom estado de conservação. Esta região ecotonal abrange
florestas semideciduais (matas de encosta), manchas de caatinga, cerrado e babaçuais. Parte
da vegetação é influenciada pelo Açude do Bezerro, com área aproximada de 500 ha e
capacidade de 11.000.000 m³ (Mapa 3).
A área total do fragmento Nazareth é de aproximadamente 230 ha, com perímetro de
5,32 km. Possui no seu entorno variadas fisionomias como áreas ecotonais (cerrado e matas
30

semideciduais) em processo de antropização (principalmente devido à derrubada da vegetação


nativa para a agricultura), matas semideciduais e babaçuais em bom estado de conservação e
um corpo d’agua (Açude do Bezerro) (Mapa 3 e Figura 1a). Encontra-se a aproximadamente
seis quilômetros da área urbana do município de José de Freitas (Mapa 3 e Figura 1a). O
fragmento Nazareth possui como principais componentes vegetais as espécies de Alibertia sp.
(Leprosa), Syagrus sp. (Pati), Campomanesia sp. (Guabiraba) e Myrcia cf. guianensis (Muta)
(Figura 1a) (CASTRO, A. A. J. F., comunicação pessoal). Parte deste fragmento é
sazonalmente inundado no período chuvoso.

Mapa 3 Localização do fragmento Nazareth (cerca de 230 ha, em azul) e áreas de entorno, no
município de José de Freitas (PI). A área ecotonal onde o fragmento está inserido é coberta por
matas de encosta e remanescentes de floresta estacional semidecidual, com manchas de caatinga,
cerrado e babaçuais, cuja vegetação recebe influência do Açude do Bezerro (cerca de 500 ha e
11.000.000 m³, em amarelo). A zona urbana de José de Freitas (PI) (ponto verde) fica a 6 km do
fragmento. (adaptado).
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, Imagem de satélite CBERS (2008).
31

Área amostral 2 – Santa Fé

A área amostral 2 localiza-se dentro da Fazenda Santa Fé (04º39’S – 42º21’W) que


se situa na região norte de José de Freitas (PI) a 30 km da sede do município (Mapa 4), com
área total de 600 ha e vegetação predominante de cerrado típico, cujos fragmentos são
intercalados por carnaubais. O fragmento estudado (Santa Fé) possui uma área de 300 ha e
perímetro de 6,97 km. Este fragmento possui no seu entorno grandes áreas de carnaubais
(Copernicia spp), além de manchas de cerrado típico em processo de antropização (devido
principalmente a retirada de madeira, desmatamento para lavouras e incêndios
descontrolados) e uma extensa área de cerrado típico e carnaubais onde é exercida a pecuária
extensiva (Figura 1b). Parte deste fragmento é sazonalmente inundado no período chuvoso.
Os principais componentes vegetais são as espécies de Qualea grandiflora (Pau-terra-da-
folha-larga), Annona coriacea (Araticum), Qualea parviflora (Pau-terra-da-folha-miúda) e
Curatella americana (Sambaíba) (Figura 1b).(CASTRO, A. A. J. F., comunicação pessoal).

Mapa 4 Localização do fragmento Santa Fé (cerca de 300 ha, em vermelho) e áreas de entorno,
no município de José de Freitas (PI). A área ecotonal onde o fragmento está inserido é coberta
por manchas de cerrado e carnaubais. (adaptado)
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, Imagem de satélite CBERS (2008).
32

Figura 1 a – Desenho esquemático do fragmento de cerrado Nazareth, mostrando os principais componentes da


fisionomia do entorno. b - Desenho esquemático do fragmento de cerrado Santa Fé, mostrando os principais
componentes da fisionomia do entorno.
Fonte: O autor, 2008.

4.2 Área de estudo e objeto de estudo - Caracterização sócio-econômica

O Município de José de Freitas possui uma população total de 35.164 habitantes,


estes sendo compostos por 16.476 homens e 18.688 mulheres, segundo contagem
populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007). O número de
habitantes do município de José de Freitas se manteve estável no início da década de 90, no
entanto desde meados da mesma década a população vem aumentando de tamanho
constantemente (Gráfico 2) (IBGE, 1991, 1996, 2000, 2007). Seu Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) é de 0.615 segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2000). O percentual de incidência de
pobreza neste município, segundo dados do IBGE (2000, 2002, 2003), é de 55,94%.
33

Em José de Freitas são registrados 2.462 estabelecimentos agropecuários, estes


cobrem uma área 93.396 ha. A maior parte desta área é utilizada como pastagens naturais
(30.538 há), no cultivo de lavouras temporárias (28.515 ha) e em lavouras permanentes (1.487
há). Estes estabelecimentos fornecem ocupação para 8.231 pessoas, sendo 6.561 pessoas com
laço de parentesco com o produtor e 1.670 sem laço de parentesco com o produtor (IBGE,
2006).
Os números para os rebanhos de pequenos e grandes animais do município de José
de Freitas são de 14.613 cabeças de bovinos, 4.750 cabeças de eqüinos, 21.642 cabeças de
caprinos, 20.585 cabeças de ovinos, 22.736 cabeças de suínos e 99.930 cabeças de aves
(IBGE, 2008). A produção das lavouras permanentes tem como produtos principais o cultivo
de banana, laranja, limão, manga, castanha de caju e coco-da-baía (IBGE, 2008). Nas lavouras
temporárias os principais produtos produzidos são: arroz, cana-de-açúcar, feijão, mandioca,
melancia e milho (IBGE, 2008). Além do setor agrícola, José de Freitas, possui parte de sua
economia baseada nas áreas da prestação de serviços e pequenas indústrias (IBGE, 2008).

Nº de Habitantes

36000 35164
35000
Número de habitantes

34000 32858
33000
32000
31000
29451 29405
30000
29000
28000
27000
26000
1991 1996 2000 2007
Ano

Gráfico 2 Número de habitantes por censo demográfico e contagem populacional realizados no


Município de José de Freitas, Piauí, Brasil. (adaptado).
Fonte: (IBGE, 1991, 1996, 2000, 2007).

A maioria dos moradores da zona rural de José de Freitas são pessoas de baixa renda
que geralmente prestam serviço aos donos de propriedades que praticam a agropecuária, ou
são pequenos produtores que praticam a agricultura de subsistência em suas propriedades.
Muitos dos moradores da zona rural de José de Freitas são oriundos de assentamentos
promovidos por órgãos governamentais desde a década de 1980, estes assentamentos podem
34

ser de dois tipos. Existem os assentamentos individuais, onde cada assentado recebe um lote
de terra e este possui em média 60 ha, desta forma cada família mora dentro de seus lotes e
distante de seus vizinhos, sendo responsáveis por sua produção. O outro modelo de
assentamento é o implantado atualmente pelo INCRA, conhecido como assentamentos
coletivos, onde várias famílias vivem em vilas, com casas próximas e a produção se dá através
do trabalho coletivo em um mesmo espaço de terra.
No caso dos fragmentos de cerrado estudados (Nazareth e Santa Fé), estes possuem
nos seus entorno os dois modelos de assentamentos citados. No fragmento Nazareth há 6 anos
foram assentadas 30 famílias no Assentamento São Domingos, dentre estes assentados estão
antigos moradores da região que trabalhavam nas grandes fazendas e/ou viviam como
arrendatários, e ex sem-terras de José de Freitas e de municípios vizinhos. Além dos
moradores oriundos dos assentamentos, existe no entorno de Nazareth famílias com pequenas
propriedades derivadas da repartição e venda de terras entre herdeiros. A base econômica
destas famílias é a agricultura de subsistência, a criação de pequenos animais, auxílios
governamentais e a aposentadoria (Foto 1a).
No fragmento Santa Fé existe atualmente os dois modelos de assentamentos citados.
Aproximadamente 20 anos atrás foi implantado o Assentamento Salva Terra, que seguiu o
modelo de assentamento individual. Parte das terras do entorno de Santa Fé pertence a estes
assentados. Recentemente foi implantado um assentamento coletivo na região, este ainda esta
na sua fase inicial com os moradores sendo dependentes de subsídios públicos. Alem da
agricultura de subsistência, as famílias do entorno de Santa Fé dependem economicamente de
auxílios governamentais, de aposentadorias e da renda oriunda da venda da cera de carnaúba
(Fotos 1- a, b). A carnaúba (Corpenicia sp) é uma espécie vegetal abundante na região

a b

Foto 1 Imagens fotográficas de formas de obtenção de renda das famílias que residem no entorno dos
fragmentos Nazareth e Santa Fé. a – agricultura de subsistência; b – obtenção da palha de carnaúba para
extração da cera.
Fonte: O autor, 2008.
35

As populações humanas residentes no entorno dos fragmentos estudados por


conseqüência natural geram impactos negativos e/ou positivos no próprio local em que vivem
e as regiões próximas. No caso da área de estudo em questão, diversos impactos antrópicos
negativos foram registrados (Foto 2, a - f)
No entorno do fragmento Nazareth os maiores impactos negativos observados in loco
são a remoção da vegetação natural para a retirada da madeira e implantação de lavouras
(arroz, feijão, cana-de-açúcar, etc.), a criação de animais domésticos de pequeno porte e a
caça predatória (Foto 2 – a, b, e, f). Na região do fragmento Santa Fé os principais impactos
antrópicos observados são a criação de animais domésticos de grande porte, as queimadas
descontroladas e a retirada de madeira (Foto 2 – a, b, f).
A presença de diversas espécies de animais domésticos dentro dos fragmentos foi o
impacto visivelmente mais registrado. No caso do fragmento Nazareth, este possui cercas em
boas condições e a presença destes animais refere-se apenas aos de pequeno porte (suínos e
caprinos). O fragmento Santa Fé, por outro lado, possui cercas que estão deterioradas e não
evitam a entrada também de animais de grande porte (bovinos e eqüinos) (Fotos 2 – b).
Nessa etapa da pesquisa a nossa área de estudo permaneceu a mesma, entretanto o
objeto de estudo passou a ser os moradores residentes no local a mais de 30 anos, e que
tinham no mínimo 60 anos de idade, sendo eles de quaisquer grupos ou classes sociais dos
entorno próximos aos fragmentos de cerrado estudados. Essa escolha fez-se necessária devido
ao objetivo dessa pesquisa, que para ser alcançado foi preciso selecionar dentro da população
local os que tinham mais conhecimento da região, e experiência de vida para eventualmente
captar e perceber as possíveis mudanças sócio-ambientais ao longo do tempo. E para isso fez-
se necessário utilizar como critério a idade, contemplando assim somente os idosos.
36

a b

c d

e f

Foto 2 Imagens registradas in loco dos Impactos antrópicos nas bordas e dentro dos fragmentos
estudados. a e b - Presença de animais domésticos dentro e fora dos fragmentos; c - trânsito de
pessoas e veículos dentro e fora dos fragmentos; d - cupinzeiros destruídos por bovinos; e - caça
predatória; f - extração de madeira, dentro dos fragmentos.
Fonte: O autor, 2008.

4.3 Coleta, preparação e análise de dados ecológicos

4.3.1 Coleta de dados

Inicialmente foi realizada uma expedição a fim de se averiguar a situação do uso e


ocupação de terras nos entorno do Nazareth Eco Resort e da Fazenda Santa Fé. Para tal
também foi utilizado imagens de satélite (cbers e landsat) devidamente processadas. Após a
37

expedição e análise das imagens, foram determinados dois fragmentos, um com


aproximadamente 230 ha (Área Amostral 1, Nazareth), e o outro com 300 ha (Área Amostral
2, Sta Fé). O mesmo esforço amostral foi desenvolvido nas duas áreas. Nesta primeira
expedição, foi averiguada a localização das comunidades de moradores do entorno dos
fragmentos, a fim de se determinar as possíveis moradias com pessoas aptas de serem
entrevistadas (com mais de 60 anos de idade e que residem na região a mais de 30 anos) para
a obtenção de dados históricos e etnobiológicos do local.
Depois de delimitadas as áreas amostrais, foram dispostas para a coleta da
herpetofauna, armadilhas de interceptação e queda. Os dados de campo foram obtidos ao
longo de expedições às áreas de estudo distribuídas em oito meses, entre abril e novembro de
2008 (Tabela 1). O período previsto para cada expedição de coleta era de 10 dias, no entanto
estas tiveram períodos variáveis em Nazareth, devido às fortes chuvas do ano de 2008 (ver
dados de precipitação em Gráfico 1d), que provocaram alagamento e inutilização das
armadilhas de queda por um certo período (Tabela 1). Além das coletas em armadilhas de
interceptação e queda foi efetuada coleta ativa, que somadas, aumentam a amplitude de
microhabitat possíveis de amostragem.

Tabela 1 Data e número de dias de amostragem nos dois fragmentos estudados (Nazareth e Santa Fé),
localizados no município de José de Freitas, PI, durante o ano de 2008.

Expedições Nazareth Santa Fé


Data Dias Data Dias
1º 15 a 19/VI 5 13 a 22/IV 10
2º 18 a 22/VIII 5 14 a 23/XI 10
3º 25 a 26/X 2
4º 01 a 08/XI 8
Total 20 20

Fonte: Pesquisa direta, 2008.

As coletas foram realizadas da seguinte forma:


Armadilha de Interceptação e Queda (AIQ) - em cada área amostral foram
distribuídas quatro estações de coleta compostas de 10 baldes de 60 litros cada, enterrados ao
nível do solo, distribuídos em uma linha reta de 100m, e interligados por cercas-guia de 100
metros de comprimento e 0,80 metros de altura (CECHIN; MARTINS, 2000; Foto 3) ,
totalizando oito estações de coleta com 80 baldes e 800m de cercas-guia (quatro estações em
38

Nazareth e quatro em Santa Fé). As estações de coleta possuíam uma distância mínima de 300
metros uma da outra, permitindo assim que as mesmas pudessem ser consideradas como
unidades amostrais independentes (ENGE, 2001; RIBEIRO – JUNIOR, 2006).
Procura Limitada por Tempo (PLT) - consistiu em fazer uma busca ativa durante
um tempo determinado, realizando um deslocamento a pé, muito lento, em trilhas pré-
existentes dentro das áreas, onde é realizada a inspeção de tocas, cupinzeiros, vegetação
arbórea, arbustiva, gramíneas, etc. (SANTOS-COSTA, 2003; ROCHA, 2007). Este tipo de
coleta ocorreu em dois períodos distintos, sendo 4 h de duração no período da manhã e 4 h
durante a noite (dois coletores 2 h cada), os exemplares foram coletados manualmente ou com
auxilio de equipamento adequado (gancho, pinças, bandas de borracha).
Encontro Ocasional (EO) - consistiu em considerar animais encontrados ao acaso
entre os intervalos de PLT, de visita as AIQ’s, ou ainda no recebimento de espécimes
encontrados mortos, trazidos por terceiros: trabalhadores e moradores locais, entre outros
(SANTOS-COSTA, 2003; ROCHA, 2007).

Foto 3 Imagem de Armadilhas de Interceptação e Queda estabelecidas no fragmento Santa Fé no


município de José de Freitas, PI, durante o ano de 2008.
Fonte: O autor, 2008.
39

4.3.2 Preparação e identificação do material zoológico coletado

As seguintes informações foram coletadas para os animais capturados: espécie, data,


local, hora, tipo de coleta, tipo de atividade, habitat, microhabitat, informações sobre o estágio
reprodutivo, dados morfométricos e amostra de tecido. Alguns dos animais coletados foram
sacrificados, fixados com formol a 10% e preservados em via úmida com álcool a 70º
(FRANCO et al., 2002), sendo levados posteriormente ao Laboratório de Zoologia Prof.
Antônio João Dumbra, Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí -
LZUFPI, onde foram identificados e depositados na coleção de pesquisa específica. As
coletas foram realizadas de acordo com a Licença do IBAMA Número: 16361-1.

4.3.3 Análise dos dados ecológicos

Composição de espécies

Com base no total de registros de espécies através dos métodos de amostragem nos
fragmentos e em regiões circunvizinhas, foi elaborada uma lista de espécies e abundância
absoluta. Através da abundância absoluta registrada para cada espécie foi elaborado um
gráfico com a porcentagem de registros por área amostral estudada.
Com o auxílio de listas de espécies de répteis squamata para o bioma Cerrado
(COLLI et al., 2002) e para o bioma Caatinga (RODRIGUES, M. 2003), ambos que mais
influenciam floristicamente o estado do Piauí, foi elaborado um gráfico a partir da
composição de espécies registradas neste estudo e a presença destas nas referidas listas.

Riqueza, abundância e índices ecológicos

A partir da curva de acumulação de espécies foi estimada a riqueza de répteis


Squamata, dos fragmentos estudados (RECODER; NOGUEIRA, 2007). As estimativas de
riqueza total foram baseadas no acúmulo de espécies em relação ao aumento do esforço de
coleta e na proporção das espécies raras ou pouco freqüentes utilizando os seguintes
40

estimadores não-paramétricos de riqueza total: Chao1: baseado na abundância, ou no número


de espécies representadas por somente 1 (singletons) ou 2 (doubletons) indivíduos nas
amostras; Chao2: baseado na incidência de espécies, ou pelo número de espécies encontradas
em somente uma (uniques) ou duas amostras (duplicates); Jackknife de primeira ordem (Jack
1): baseado na incidência, ou seja, no número de espécies apresentadas em apenas uma
amostra (uniques), quantificando a estimativa com base em espécies raras; Jackknife de
segunda ordem (Jack 2): baseado em incidência, tanto no número de espécies apresentadas
em apenas uma amostra (uniques) quanto em duas amostras (duplicates); Bootstrap: baseado
na incidência de todas as espécies registradas, ou seja, soma a riqueza observada e o
somatório do inverso da proporção de amostras em que cada espécie ocorre (COLWELL;
CODDINGTON, 1994; SANTOS, 2003; DIAS, 2004).
Os valores de abundância por espécie obtida para cada fragmento foram comparados
através do Teste t de student, utilizado para amostras independentes dos mesmos tamanhos ou
desiguais (AYRES et al., 2007). Este teste foi aplicado a fim de averiguar se a diferença de
riqueza e abundância encontrada entre os dois fragmentos estudados eram estatisticamente
significantes.
Com o intuito de averiguar possíveis influências causadas pelas peculiaridades
ecológicas e conseqüentemente de amostragem, dos diferentes grupos de répteis squamata
(lagartos e serpentes), foram estimadas as riquezas separadamente para lagartos e serpentes
dos fragmentos Nazareth e Santa Fé utilizando-se os mesmos estimadores de riqueza citados
anteriormente.
A comunidade herpetofaunística também foi caracterizada, nas diferentes áreas
amostrais, através da abundância absoluta, densidade e dos índices de diversidade (Shannon,
Simpson), riqueza (Margalef) e equitabilidade (DIAS, 2004). Para a aplicação destes testes e
teste t, foi utilizado o programa PAST: Paleontological Statistics 2008 a um nível de 0,05
(HAMER, et al., 2001). A análise quali-quantitativa da herpetofauna envolveu a identificação
dos organismos, destacando-se do total de organismos identificados aqueles mais abundantes
em relação aos demais grupos, conforme o ponto amostrado.

Desempenho dos métodos quantificáveis de amostragem

O esforço de captura foi calculado através da soma do número de horas trabalhadas


multiplicado pelo número de observadores (total de horas/observador) durante as atividades
41

de Procura Limitada por Tempo (PLT), considerando-se as horas de campo realizadas nos
diferentes fragmentos. Para Armadilhas de Interceptação e Queda (AIQ), o esforço foi medido
em dias e correspondeu ao período em que as mesmas permaneceram abertas, considerando-
se o total de baldes por área amostral trabalhada. O índice de intensidade amostral e a
completude do inventário foram calculados separadamente para cada um dos métodos
quantificáveis obtidos pela razão entre o número total de espécimes e a riqueza observada.
Para avaliar o esforço de coleta e permitir comparações da riqueza entre os diferentes
fragmentos de cerrado, foram produzidas curvas de acumulação de espécies (GOTELLI;
COLWELL 2001). Outro cálculo de amostragem realizado permitiu a confecção de curvas de
rarefação para as áreas analisadas. As curvas de rarefação são importantes por permitirem
comparações do número de espécies entre comunidades, quando o tamanho das amostras não
é igual (MORENO, 2001). O cálculo é realizado através do número esperado de espécies
obtido em cada amostra ou indivíduos, permitindo assim a comparação de n amostras ou
indivíduos (fixando assim um ponto de comparação). As curvas de acumulação e rarefação
bem como os demais estimadores de riqueza foram construídos com o programa EstimateS
v.8.0. (COLWELL, 2006).
A fim de visualizar a efetividade dos métodos quantificáveis de amostragem foram
construídas tabelas para cada fragmento estudado com os números absolutos e relativos, em
cada técnica de amostragem, de unidades amostrais com registro de indivíduos (“ocorrência”),
e da abundância de cada espécie de réptil registrada.

Comparação da composição de espécies com outras localidades

Para averiguar a similaridade taxonômica entre as espécies registradas neste trabalho


e as de outros levantamentos herpetofaunísticos em áreas de cerrado, foi realizada uma análise
de grupamento através da média não ponderada (UPGMA – “Unweighted Pair-Group Method
using Arithmetic Average”), sendo utilizado o coeficiente de similaridade de Gower. Estas
análises foram realizadas utilizando o programa MVSP - Multi-Variate Statistical Package
(KOVACH, 2003).
Para estas análises três áreas de cerrado típico foram consideradas: o Parque
Nacional de Sete Cidades (PNSCi), a área da mineradora ECB Rochas Ornamentais do Brasil
(ECB) e a Estação Ecológica de Uruçui-Una (EEUU) (Mapa 5). As duas primeiras áreas são
consideradas focais dentro do projeto PELD e vêm sendo amostradas em vários aspectos
42

sócio-ambientais desde o início do referido projeto, a EEUU foi amostrada por Zaher et al.,
nos anos de 2000 e 2001, e é considerada como “área de atenção especial” dentro do PELD
(CASTRO, et al., 2007).

Mapa 5. Localização dos pontos das localidades com levantamentos herpetofaunísticos


utilizadas para comparação da composição de espécies com as áreas do presente estudo. 1 –
Nazareth; 2 – Santa Fé; 3 – PNSCi; 4 – ECB; 5 – EEUU.
Fonte: O autor, 2009.

As áreas utilizadas para comparação com as deste estudo possuem as seguintes


características: PNSCi - localizado entre os municípios de Piracuruca e Brasileira (norte do
Piauí) com tamanho total de 6.221 ha dos quais de 2.341,7 ha com fitofisionomia
predominante de cerrado típico, esta área teve sua herpetofauna amostrada durante os anos de
2005 e 2006 por pesquisadores do PELD (CAVALCANTE et al., 2005; ROCHA, 2007).
ECB - localizada no Município de Castelo do Piauí possui uma área de total de 3.000 ha dos
quais 1.500 ha de são predominantes de cerrado, os levantamentos herpetofaunísticos
ocorreram nos anos de 2005 e 2006 (RODRIGUES, F. 2007). EEUU - esta unidade de
conservação localiza-se nos Cerrados do Sudoeste Piauiense, possui uma área total de
130.000 ha com formação vegetal dominante de cerrado típico, os levantamentos da fauna
terrestre na EEUU ocorreram nos anos de 2000 e 2001 (ZAHER, et al., 2001). Para facilitar a
43

comparação entre as cinco áreas foi construída uma tabela com dados das regiões e dos
levantamentos realizados (Tabela 2).

Tabela 2 Dados de área total (ha), área de cerrado típico (ha), distância para o fragmento Nazareth (km),
distância para o fragmento Santa Fé (km), dias de amostragem em cada área e o ano da amostragem das
localidades com levantamentos herpetofaunísticos em áreas de cerrado no Piauí, utilizadas para este
estudo.

Área Área de Distância p/ Distância p/


Dias de Ano(s) de
Localidade total cerrado Nazareth Santa Fé
amostragem Amostragem
(ha) típico (ha) (km) (km)
Nazareth 1.200 230 - 34,7 20 (PLT e AIQ) 2008
Santa Fé 600 300 34,7 - 20 (PLT e AIQ) 2008
ECB 3.000 1500 134,6 116,5 38 (PLT), 77 (AIQ) 2005, 2006
PNSCi 6.221 2.341 127,1 93,3 20 (PLT), 40 (AIQ) 2005, 2006
EEUU 130.000 * 543 574 64 (PLT e AIQ) 2000, 2001

Fonte: Pesquisa direta, 2008.


(*): Usou-se para indicar informação inexistente.

4.3.4 Coleta, preparação e análise de dados botânicos – Equipe Botânica/PELD

Os dados de botânica considerados neste projeto foram coletados por pesquisadores


especialistas na área, integrantes do PELD. Os índices ecológicos calculados para a vegetação
foram comparados com os índices encontrados para répteis. A metodologia usada pelos
botânicos é descrita a seguir.
Para as amostragens rápidas, em cada área amostral foi aplicado o Método de
Quadrantes (GOODLAND, 1971; MARTINS, 1991 apud CASTRO, et al. 2007). Um total de
100 pontos amostrais foram alocados de forma sistemática considerando um
interdistanciamento entre pontos (unidades amostrais) de 10,0 m. Cada ponto foi delimitado
por uma estaca de 1,0 m, passível de identificação e com um eixo para a colocação de uma
cruzeta móvel com o objetivo de aleatorizar a posição, no campo, dos eixos perpendiculares
delimitadores dos quadrantes. Foram amostrados no interior de cada quadrante virtual, os
indivíduos lenhosos (arbustos, árvores ou lianas), um por quadrante, no mínimo, que tenham
diâmetro ao nível do solo (DNS) igual ou maior que 3 cm. Para cada indivíduo amostrado foi
registrado a distância ponto-indivíduo, o perímetro do tronco ao nível do solo (PNS) e a altura
44

total (AT). Todos os indivíduos foram numerados com arame e etiqueta para posterior
identificação ou confirmação de identificação.
A coleta foi feita através de uma tesoura de poda. Espécies fora e nas proximidades
dos quadrantes foram também observadas e coletadas. Para as amostragens detalhadas, três
transeções foram alocadas aleatoriamente, com auxílio de bússola de mira e trena, ao longo
dos diferentes habitats de cada fragmento estudado, de modo a amostrar tanto a borda como o
centro de cada ambiente. Ao longo das transeções, foram instaladas parcelas de 20x20 m.
Cada parcela foi dividida ao meio, formando uma subparcela de 10x20 m para a amostragem
florística e fitossociológica e outra, de mesma dimensão, para coleta de dados destrutivos,
como amostras de solo. O critério de inclusão das espécies arbustivo-arbóreas nas parcelas foi
de 3 cm de DNS no cerrado e 3 cm de DAP na mata ciliar. A numeração e coleta dos
indivíduos foram feitas do mesmo modo descritas acima. Todo o material coletado foi
preparado para inclusão nos herbários Graziela Barroso (TEPB) do Departamento de Biologia
da Universidade Federal do Piauí - UFPI e Departamento de Biologia da Universidade
Federal do Maranhão - UFMA. A identificação foi feita a partir de bibliografia especializada,
consulta a outros herbários nacionais e envio de material a especialistas, quando necessário.
Foram feitas as análises convencionais dos dados fitossociológicos e análises de similaridade
e ordenação entre áreas, utilizando-se os programas de domínio público FITOPAC, MATA
NATIVA, TWINSPAN e CANOCO (CASTRO, et al. 2007).

4.4 Coleta (Construção), preparação e análise de dados históricos e etnobiológicos

4.4.1 Coleta de dados históricos e etnobiológicos

A coleta de dados foi de abordagem predominantemente qualitativa, pois teve por


finalidade explorar aspectos de opiniões e as diferentes representações sobre as possíveis
transformações sócio-culturais e suas conseqüências sobre o meio ambiente, em fragmentos
de cerrado no município de José de Freitas, Piauí.
É importante destacar que, a esta percepção de pesquisa qualitativa não vislumbra
a coleta de dados, por entender que os dados no âmbito social não se encontram prontos e há
disposição do pesquisador, não são exatos, são complexos e densos necessitando ser
45

interpretados e construídos. Além disso, “o nativo é detentor do primeiro discurso”1 cabendo


ao pesquisador desenvolver um “olhar sociológico”2 a fim de atingir uma democratização da
“postura hermenêutica”3 (GEERTZ, 1978; BOURDIEU, 1997).
Utilizamos como instrumentos metodológicos de pesquisa, o diário de campo e
entrevistas individuais e grupais semi-estruturadas, através de tópicos guia (ANEXO). O
tópico guia é um auxílio para o pesquisador, ele serve como um lembrete dos temas que
devem ser abordados e os objetivos que devem ser alcançados, podendo ser acrescentada,
retirada ou modificada qualquer questão existente nele. Dependendo disso, a compreensão e
informações demonstradas pelo entrevistado durante a entrevista, e uma posterior análise se as
questões levantadas respondem à problemática suscitada (GASKELL, 2003). As maiorias dos
entrevistados, nas duas áreas, são da mesma classe e grupo social apresentando o mesmo nível
de escolaridade e semelhanças na compreensão do assunto, contribuindo de forma positiva
para atingir o nosso objetivo. Assim, não foram necessárias grandes mudanças nos tópicos
guia (Tabelas 3 e 4).
As entrevistas foram realizadas via técnica gravador audiovisual, para que não se
perdesse nenhum detalhe da fala ou expressão do sujeito. É importante ressaltar que, a nossa
postura ética profissional respeita o direito do individuo de colaborar ou não com está
pesquisa. Por isso, houve a elaboração de um termo de consentimento e livre esclarecimento
(ANEXO).
Esses métodos foram selecionados porque julgamos que seria o mais adequado
para trabalhar com o público em questão e para obter espontaneidade e veracidade nas
respostas para a problemática aqui suscitada, pois as entrevistas permitem uma maior
liberdade nas respostas do que os questionários. E o diário de campo, na perspectiva de
Oliveira (2002) é um instrumento de muito valor na pesquisa, sendo habitual para quem
trabalha em comunidades, ele foi utilizado durante todo o processo de construção de dados
(Foto 4).

1
Geertz defende que “o nativo é o detentor do primeiro discurso” a fim de mostrar e alertar que o trabalho do
pesquisador é apenas uma representação, interpretação dos fatos sociais, pois ele muitas vezes não vivenciou e
nem pertence àquela cultura pesquisada.
2
Termo sociológico utilizado por Bourdieu, para destacar que o sociólogo deve estar atento as representações
simbólicas e instituições que estão por detrás do discurso do(s) indivíduo(s) estudados.
3
Conceito social construído por Bourdieu, que trata sobre a postura acessível que o pesquisador deve
manter diante do entrevistado independente da sua posição na sociedade, para evitar o
constrangimento do mesmo e a falta de ética profissional.
46

Tabela 3 Dados dos moradores entrevistados, residentes no entorno do fragmento Nazareth.

Entrevistados Sexo, Idade, escolaridade Tempo de moradia na região


1. A. G. S M, 62 anos, analfabeto. 62 anos.
2. D. J. S M, 70 anos, alfabetizado. 70 anos.
3. M. D. M F, 60 anos, analfabeta. 60 anos.
4. L. P. S M, 60 anos, analfabeto. 60 anos.
5. L. A.O M, 74 anos, alfabetizado 74 anos.
6. M. S. L F, 65 anos, alfabetizada 40 anos.

Fonte: Pesquisa direta, 2008.

Tabela 4 Dados dos moradores entrevistados, residentes no entorno do fragmento Santa Fé.

Entrevistado Sexo, Idade, escolaridade Tempo de moradia na região


1. S. N. M, 65 anos, analfabeto. 30 anos.
2. D. C. F, 63 anos, alfabetizada 30 anos.
3. S. S. N M, 60 anos, analfabeto 30 anos
4. J. P. S M, 75 anos, analfabeto 45 anos
5. F. F. R M, 61 anos, analfabeto 40 anos
6. R. N. G. A. M, 62 anos, analfabeto 62 anos
7. F. R. B M, 65 anos, analfabeto 35 anos

Fonte: Pesquisa direta, 2008.

Foto 4 Imagens da realização das entrevistas individuais e grupais, com o auxílio do diário de campo,
realizadas nos fragmentos Nazareth e Santa Fé.
Fonte: O autor, 2008.

A técnica utilizada para a escolha dos entrevistados, dentro o universo de pessoas a


partir de 60 anos e residentes há mais de 30 anos no local, foi o sistema de rede, no qual se
identifica um sujeito significante que dispõe de informações sobre a localidade, os moradores,
a temática e indique pessoas que possam ser entrevistadas e formas adequadas de abordagem
47

(DUARTE, 2002). Com isso, buscamos a percepção destes em relação às transformações


sócio-ambientais, bem como as atividades impactantes (caça - predatória, queimada, etc.). O
grau de fragmentação e antropização foram definidos também através da contribuição da
percepção dos moradores locais, para que, se possa analisar se a diversidade de répteis
acompanha essa percepção. O número de sujeitos entrevistados não foi delimitado a priori,
pois as entrevistas só encerraram quando não houve mais questões inerentes a pesquisa e as
respostas tornam-se repetitivas. (GASKELL, 2003; DUARTE, 2002). Para chegar a este
ponto foi necessário realizar cinco entrevistas individuais e duas grupais nos dois fragmentos.
Foram entrevistados quatro homens e duas mulheres no entorno do fragmento Nazareth, estes
possuem faixa etária entre 60 e 74 anos e residentes na região pelo menos há 40 anos (Tabela
3). No entorno do fragmento Santa Fé, foram entrevistados seis homens e uma mulher, com
faixa etária entre 60 e 75 anos e residentes na região a pelo menos 30 anos (Tabela 4).

4.4.2 Preparação e análise de dados históricos e etnobiológicos

A transcrição das entrevistas se configura em uma etapa importante da


interpretação e análise de dados. Uma transcrição infiel pode comprometer todo o trabalho de
pesquisa, por não respeitar e ter falta de compromisso com o discurso do sujeito. [...] seja qual
for a orientação analítica escolhida, o primeiro passo é produzir uma transcrição com boa
qualidade. No nosso caso, esta transcrição inclui todas as palavras faladas, mas não as
características paralingüísticas (GASKELL, 2003) Buscando a meta de realizar um bom
trabalho de transcrição é que, seguimos as normas indicadas por Whitaker (2002) e Bourdieu
(1997) visando assim preservar o conteúdo do discurso, evitando o caráter caricatural.
Há ainda muita divergência e severas críticas por parte dos sociólogos sobre as
formas de colher, transcrever e interpretar relatos orais de forma que garanta uma
confiabilidade. Entretanto, alguns estudos vêm demonstrando a viabilidade de critérios
rigorosos para avaliação de confiabilidade, como no procedimento denominado inter-rater
reliability. Utilizamos este método de análise, disponibilizando relatos gravados e transcritos4,
assim como os procedimentos utilizados para colhê-los, a diferentes pesquisadores que não
participaram da pesquisa em questão. Assim cada pesquisador poderá emitir suas impressões
(DUARTE, 2002).

4
Através de e-mail ao autor: vitorherpeto@yahoo.com.br.
48

5 RESULTADOS

5.1 Riqueza e abundância de espécies de répteis Squamata

5.1.2 Composição de espécies

Nas quatro expedições as áreas de estudo (80 amostras, 40 em cada fragmento


estudado) foram registradas um total de 440 indivíduos, sendo 414 lagartos e 26 serpentes.
Dentre estes espécimes encontraram-se sete famílias, 10 gêneros e 12 espécies de lagartos;
três famílias, 10 gêneros e 14 espécies de serpentes, totalizando 26 espécies de répteis
Squamata (Tabela 5; Foto 5, a - p). Os lagartos (incluindo os anfisbenídeos) apresentaram um
mínimo de uma espécie e no máximo três por família, enquanto nas famílias de serpentes
destaca-se a columbridae com 12 espécies. No entanto, os táxons mais abundantes no total de
amostras (considerando as duas áreas amostrais) pertencem ao grupo dos lagartos com
Tropidurus hispidus (n=163) e Cnemidophorus gr. ocellifer (n=138) apresentando altas taxas
de encontro em relação às demais espécies encontradas (Tabela 5).

Tabela 5 Lista de espécies de répteis (squamata) registrados nas duas áreas amostrais (Santa Fé e
Nazareth), nomes comuns, número total de espécimes encontrados (N) e porcentagem em relação ao total
(%).

Família/Espécies Nomes comuns N %


Amphisbaenidae
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 Cobra-de-duas-cabeças 1 0,23
Leposternon polystegum (Duméril, 1851) Cobra-de-duas-cabeças 1 0,23
Iguanidae
Iguana iguana (Linnaeus, 1758) Camaleão 1 0,23
Tropiduridae
Tropidurus hispidus (Spix, 1825) Lagartixa, Carambolo 163 37,0
Tropidurus semitaeniatus (Spix, 1825) Lagartixa 4 0,9
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Briba 9 2,0
49
Cont...
Família/Espécies Nomes comuns N %
Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Calango-verde 30 6,8
Cnemidophorus gr. ocellifer (Spix, 1825) Calanguinho-verde 138 31,4
Tupinambis merianae (Duméril; Bibron, 1839) Teiú, Téju, Tiú 3 0,7
Gymnophthalmidae
Micrablepharus maximiliani (Reinhardt; Luetken, 1862) Briba do rabo azul 35 8,0
Scincidae
Mabuya cf. arajara Rebouças-Spieker, 1981 Briba, Calango-cobra 1 0,23
Mabuya cf. nigropunctata (Spix, 1825) Briba, Calango-cobra 28 6,4
Boidae
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) Salamanta 1 0,23
Columbridae
Drymarchon corais (Boie, 1827) Papa-pinto 2 0,45
Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) Dormideira, jararaca 1 0,23
Liophis cf. paucidens (Hoge, 1953) Corre-campo, cipó 1 0,23
Liophis poecilogyrus (Wied, 1825) Mata-boi, Cobra-capim 2 0,45
Liophis viridis Günther, 1862 Cobra-verde 2 0,45
Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron; Duméril, 1854 Falsa-coral 3 0,7
Philodryas nattereri Steindachner, 1870 Corredeira, corre-campo 1 0,23
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cobra-verde 1 0,23
Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron; Duméril, 1854) Cobra-preta 1 0,23
Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758) Cinco-minutos 4 0,9
Thamnodynastes sp A Dormideira, jararaca, 2 0,45
Thamnodinastes sp B Correia-de-veado 3 0,7
Elapidae
Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) Coral verdadeira 2 0,45
TOTAL 440 100

Fonte: Pesquisa direta, 2009.

Comparando a composição das espécies registradas nos dois fragmentos com as


listas de espécies de répteis squamata para os dois biomas que mais influenciam
floristicamente o estado do Piauí (Cerrado e Caatinga) (COLLI et al., 2002; RODRIGUES,
M. 2003), foi possível averiguar que do total de 26 espécies registradas 17 (65%) constam
como ocorrentes nos dois biomas. Quatro espécies (15%) só estão presentes na lista de répteis
da Caatinga, duas espécies (8%) são citadas somente na lista do bioma Cerrado e três espécies
(12%) não constam nas duas listas (duas espécies por indefinição taxonômica) (Gráfico 3).
Das 26 espécies registradas nas duas áreas amostrais oito possuem 100% de registros
em Nazareth, e sete são exclusivas de Santa Fé. Considerando a abundância absoluta das
espécies por área estudada T. hispidus obteve 60% de registros em Santa Fé e 40% em
50

Nazareth, a segunda espécie mais abundante neste trabalho (C. gr. ocellifer) também obteve a
maioria dos registros em Santa Fé com 68% do total contra 32% em Nazareth (Gráfico 4).

Cerrado Caatinga Cerrado/Caatinga Indefinido

12% 8%

15%

65%

Gráfico 3 Distribuição das espécies registradas nos fragmentos Nazareth e Santa Fé segundo listas
de répteis para os biomas Cerrado e Caatinga.
Fonte:Pesquisa direta,2009.

100%
90%
% de indivíduos por área

80%
70%
60%
50%
40% Santa Fé
30%
Nazareth
20%
10%
0%
Tu me

Ep ce
Dr co

Li po

Mi ib
Am al

Cn gr oc

Ma cf ni

Ps ni

Th sp A
Th sp B
He ma

Mi ma

Li cf pa
Am am

Ma cf ar

Ox tr
Ph na
Ig ig

Tr se

Ph of

Ta me
Le po

Le anu

Li cf vi
Tr hi

Espécies registradas

Gráfico 4 Abundância absoluta das 26 espécies de répteis (Squamata) registradas em Nazareth e Santa
Fé, por PLT e AIQ: Am al\A. alba; Le po\L. polystegum; Ig ig\I. iguana; Tr hi\T. hispidus;Tr se\T.
semitaeniatus; He ma\H. mabouia; Am am\A. ameiva; Cn gr. oc\C. gr. ocellifer; Tu me\T. merianae; Mi
ma\M. maximiliani; Ma cf. ar\M. cf. arajara; Ma cf. ni\M. cf. nigropunctata; Ep ce\E. cencria; Dr co\D.
corais;Le na\L. annulata; Li cf. pa\L. cf. paucidens; Li po\L. poecilogirus; Li cf. vi\ L. cf. viridis; Ox tr\
O. trigeminus; Ph na\ P. nattereri; Ph of\ P. olfersii; Ps ni\P. nigra; Ta me\T. melanocephala; Th sp
A\T. sp A; Th sp B\T. sp B; Mi ib\M. ibiboboca.
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
51

a b

c d

e f

g h

Foto 5 a- A. alba, b- T. hispidus, c- A. ameiva, d- C. cf. ocellifer, e- T. merianae, f- M. maximiliani,


g- H. mabouia, h- E. cenchria.
Fonte: O autor, 2008.
52
Cont...

i j

k l

m n

o p

Foto 5 i- D. corais, j- L. annulata, k- L. poecilogyrus, l- O. trigeminus, m – T. melanocephala, n-


Thamnodynastes sp B, o- L. cf. paucidens, p- M. ibiboboca.
Fonte: O autor, 2008.
53

5.1.3 Riqueza de espécies

Considerando as duas áreas de cerrado típico estudadas, e os dois grupos de répteis


amostrados (lagartos e serpentes), Nazareth foi o fragmento que apresentou o maior número
de registros de espécies (n=19), tendo o fragmento Santa Fé um registro próximo (n=18). A
partir da riqueza de espécies observadas por amostra em cada fragmento, foi calculado se as
diferenças apresentadas eram significantes estatisticamente. O teste t apresentou uma riqueza
média por amostra (40 amostras para cada fragmento) menor para o fragmento Nazareth
(média=2,72) em relação ao fragmento Santa Fé (média=2,75), no entanto esta diferença não
é significante (t=0.080, p>0.05).
Para a obtenção de estimativas de riqueza de répteis (Squamata) presentes nos
fragmentos Nazareth e Santa Fé, foram utilizados cinco estimadores de riqueza, sendo que
quatro destes utilizam dados de incidência de espécies nas amostras (Chao 2, Jack1, Jack2 e
Bootstrap) e um usa dados de abundância nas amostras (Chao 1), considerando os dois
métodos quantificáveis de amostragem (PLT + AIQ). A riqueza estimada para o fragmento
Nazareth ficou entre 23,3 (Bootstrap) e 38,3 (Jack 2) (Gráfico 5). Para o fragmento Santa Fé
foi estimado uma riqueza entre 21,0 (Bootstrap) e 28,7 (Jack 2) espécies existentes (Gráfico
6). Os demais estimadores de riqueza utilizados (Jack 1, Chao 1 e 2) apresentaram estimativas
intermediárias ao valores apresentados (Tabela 6).

40
Número de espécies estimada

35
30 Sobs 95%
25 Sobs
Chao 1
20
Chao 2
15 Jack 1
10 Jack 2
Bootstrap
5
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Amostras

Gráfico 5 Curva dos estimadores de riqueza para as duas metodologias quantificáveis e espécies
observadas, baseados no número de amostras válidas (PLT e AIQ), para o fragmento Nazareth.
Fonte: Pesquisa direta, 2009.
54

40

Número de espécies estimada


35
30
Sobs 95%
25
Sobs
20
Chao 1
15 Chao 2
10 Jack 1

5 Jack 2
Bootstrap
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Amostras

Gráfico 6 Curva dos estimadores de riqueza para as duas metodologias quantificáveis e espécies
observadas, baseados no número de amostras válidas (PLT e AIQ), para o fragmento Santa Fé.
Fonte: Pesquisa direta, 2009.

Tabela 6 Valores máximos dos estimadores de riqueza utilizados para as duas áreas analisadas.

Estimador de Riqueza Estimativas máximas de riqueza por área


Nazareth Santa Fé
Bootstrap 23,3 21,0
Jack 1 29,6 24,8
Jack 2 38,3 28,7
Chao 1 34,0 23,2
Chao 2 36,8 23,1

Fonte: Pesquisa direta, 2009.

Os resultados obtidos para os dois grupos de répteis separados (lagartos e serpentes)


e por fragmento apresentou os seguintes números totais de espécies observadas e estimadas:
Nazareth registrou dez espécies de lagartos e nove de serpentes observadas, e os estimadores
apresentaram um mínimo de 11,2 (Bootstrap) e máximo de 17,7 (Jack 2) espécies de lagartos
e um mínimo de 11,8 (Bootstrap) e máximo de 20,6 (Jack 2) espécies de serpentes (Gráfico 7
– a, b). Santa Fé registrou nove espécies de lagartos e nove de serpentes observadas e os
estimadores apresentaram um mínimo de 9,5 (Chao 2) e máximo de 11,9 (Jack 2) espécies de
lagartos e um mínimo de 11,1 (Bootstrap) e máximo de 16,7 (Jack 2) espécies de serpentes
(Gráfico 7 – c, d).
55

22 22
20
Lagartos Nazareth 20
Serpentes Nazareth
18 18
16 16
Riqueza estimada

Riqueza estimada
Sobs Sobs
14 14
12 Chao 1 12 Chao 1
10 10
Chao 2 Chao 2
8 8
6 Jack 1 6 Jack 1
4 4
Jack 2 Jack 2
2 2
0 Bootstrap 0 Bootstrap
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37

Amostras a Amostras b

22 22
20
Lagartos Santa Fé 20
Serpentes Santa Fé
18 18
16 16
Riqueza estimada

Riqueza estimada
Sobs Sobs
14 14
12 Chao 1 12 Chao 1
10 10
Chao 2 Chao 2
8 8
6 Jack 1 6 Jack 1
4 4
Jack 2 Jack 2
2 2
0 Bootstrap 0 Bootstrap
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37

Amostras c Amostras d

Gráfico 7 Curva dos estimadores de riqueza para os dois grupos de répteis observadas (lagartos e serpentes),
baseados no número de amostras válidas (PLT e AIQ), para os fragmentos Nazareth (a, b) e Santa Fé (c, d).
Fonte: Pesquisa direta, 2009.

Muitas das variações dos valores dos estimadores de riqueza de espécies estão
relacionadas com a quantidade de espécies raras, singletons e doubletons (espécies
representadas por somente um ou dois indivíduos respectivamente), e/ou espécies
infreqüentes, uniques e duplicates (presentes em uma ou duas amostras respectivamente)
encontradas em cada fragmento estudado. Do total de espécies registradas no fragmento
Nazareth, dez são representadas por singletons e apenas duas por doubletons, os uniques deste
fragmento totalizaram 11 registros e os duplicates dois (Gráfico 8a). O fragmento Santa Fé
apresentou números inferiores ao anterior totalizando sete singletons e três doubletons, esses
registros se repetiram em relação aos uniques e duplicates registrados (sete e três
respectivamente) (Gráfico 8b).
56

12 12
Nazareth Santa Fé
10 10

Registro de espécies

Registro de espécies
8 8
Singletons Singletons
6 6
Doubletons Doubletons
4 4
Uniques Uniques
2 Duplicates 2 Duplicates
0 0
1 5 9 13172125 293337 1 5 9 13 1721 252933 37

Amostras aa Amostras b

Gráfico 8 Curvas acumulativas de espécies raras (singletons e doubletons) e infreqüentes (uniques e duplicates),
para os fragmentos Nazareth (a) e Santa Fé (b).
Fonte: Pesquisa direta, 2009.

5.1.4 Abundância e índices ecológicos

Somando o total de registro de espécimes nos dois fragmentos estudados, foram


registrados 440 indivíduos, sendo 167 lagartos e 11 serpentes para o fragmento Nazareth (19
espécies), e 247 lagartos e 15 serpentes para Santa Fé (18 espécies). No fragmento Nazareth
as espécies de lacertílios Tropidurus hispidus (n = 66; 37%) e Cnemidophorus gr. ocellifer
(n=44; 24,7%) dominam o ambiente em termos de abundância absoluta de répteis (Squamata),
a espécie Ameiva ameiva (n=23; 12,9%) surge como a terceira mais abundante. No fragmento
Santa Fé as espécies mais abundantes continuam sendo T. hispidus (n=97, 37%) e
Cnemidophorus gr. ocellifer (n=94; 35.8%), no entanto a terceira espécie mais abundante
neste fragmento é o lacertílio Micrablepharus maximiliani (n=22; 8,4%) (Gráfico 9).
O cálculo de abundância absoluta foi realizado separando-se os diferentes grupos de
répteis (Squamata) estudados, com objetivo de diminuir as distorções causadas pelo grande
intervalo entre as abundâncias de lagartos e serpentes (n=1 a 97 respectivamente). Mesmo
com a separação de grupos pode-se observar que os lagartos apresentaram resultados
extremamente discrepantes em relação à abundância, com os já mencionados T. hispidus e C.
gr. ocellifer apresentando acima de 40 registros e outras espécies como M. cf. arajara, I.
iguana e L. polystegum com apenas um registro no total de amostras (Gráfico 10a).
As serpentes apresentaram uma abundância absoluta de no máximo três registros por
área, sendo as espécies T. melanocephala, T. sp B e O. trigeminus as mais abundantes (n=4, 3
57

e 3 respectivamente), e as espécies P. olfersii, L. annulata, E. cencria, L. cf. paucidens e P.


nattereri, as menos abundantes com apenas um registro cada (Gráfico 10b).

180

160

140

120

100

80 Santa Fé

60 Nazareth

40

20

Ig ig
Tr se

Ta me
Dr co

Le po
Le anu

Mi ib
Li cf vi
Tr hi
Cn gr oc

Th sp A
Li cf pa
Mi ma

He ma

Th sp B
Ma cf ar

Ox tr
Am am

Tu me

Ph of

Ep ce
Li po
Ma cf ni

Ps ni
Am al

Ph na
Gráfico 9 Abundância absoluta das 26 espécies de répteis (squamata) registradas em Nazareth e Santa
Fé, por PLT e AIQ: Am al\A. alba; Le po\L. polystegum; Ig ig\I. iguana; Tr hi\T. hispidus; Tr se\T.
semitaeniatus; He ma\H. mabouia; Am am\A. ameiva; Cn gr. oc\C. gr. ocellifer; Tu me\T. merianae; Mi
ma\M. maximiliani; Ma cf. ar\M. cf. arajara; Ma cf. ni\M. cf. nigropunctata; Ep ce\E. cencria; Dr co\D.
corais;Le na\L. annulata; Li cf. pa\L. cf. paucidens; Li po\L. poecilogirus; Li cf. vi\ L. cf. viridis; Ox tr\
O. trigeminus; Ph na\ P. nattereri; Ph of\ P. olfersii; Ps ni\P. nigra; Ta me\T. melanocephala; Th sp
A\T. sp A; Th sp B\T. sp B; Mi ib\M. ibiboboca.
Fonte: Pesquisa direta, 2008.

180 5
Abundância Lagartos Abundância Serpentes
Número de indivíduos registrados

Número de indivíduos registrados

160
140 4
120
100 3
80
Santa Fé 2 Santa Fé
60
40 Nazareth Nazareth
1
20
0 0
Tr se
Le po
Mi ma

Tu me
Tr hi

Ma cf ni

He ma

Ma cf ar
Ig ig
Cn gr oc

Am am

Le anu

Li cf pa
Ph na
Th sp B
Ta me

Th sp A

Ep ce
Li po

Dr co

Ps ni
Mi ib

Li cf vi
Ox tr

Ph of

Espécies de lagartos registrados a Espécies de serpentes registradas b

Gráfico 10 Abundância absoluta separado por grupos de espécies de répteis (lagartos a; e serpentes b),
registradas para os dois fragmentos estudados.
Fonte: Pesquisa direta, 2009.
58

Com o auxílio dos dados de abundância por espécie registrada em cada fragmento,
foram calculados os índices de diversidade de Shannon-Wiener (H’), Simpson (D),
Equitabilidade (J) e Margalef. Em praticamente todos os índices ecológicos calculados o
fragmento Nazareth apresentou maiores valores em relação ao fragmento Santa Fé, a única
exceção foi na abundância absoluta de indivíduos (Tabela 7).
Alguns dos índices calculados para os répteis também foram registrados para a
vegetação dos fragmentos estudados (Abundância, Riqueza de espécies, Shannon e
Equitabilidade), semelhante aos índices para répteis, os dados de vegetação também se
apresentaram superiores para o fragmento Nazareth (CASTRO, A. A. J. F., comunicação
pessoal). Estes dados, e outros já apresentados (tamanho da área, perímetro, abundância
absoluta e riqueza máxima e mínima estimada), foram agrupados na mesma tabela a fim de
facilitar a comparação entre índices ecológicos de répteis e vegetação (Tabela 7).

Tabela 7 Índices ecológicos calculados para os dois fragmentos estudados, Nazareth e Santa Fé.

Nazareth Santa Fé
Índices Ecológicos
(230 ha; 5,3 km) (300 ha; 6,9 km)
Abundância absoluta - Répteis 178 (0,77) 262 (0,87)
Abundância absoluta - Vegetação 400 400
Riqueza de espécies (S) - Répteis 19 18
Riqueza de espécies (S) - Vegetação 67 42
Riqueza Mínima estimada (Bootstrap) 23,3 21,06
Riqueza Máxima estimada (Jack 2) 38,3 28,7
Índice de Simpson (D) 0,7746 0,7208
Shannon-Wiener (H’) - Vegetação 3,35 2,54
Shannon-Wiener (H’) - Répteis 1,893 1,663
Equitabilidade (J) - Vegetação 0,8 0,68
Equitabilidade (J) - Répteis 0,64 0,57
Margalef - Répteis 3,474 3,053

Fonte: Pesquisa direta, 2009.


Nota: Em destaque (linhas cinza) os índices calculados para a vegetação das áreas de Nazareth e Santa Fé.
59

5.2 Desempenho dos métodos quantificáveis de amostragem

Cada um dos dois fragmentos estudados recebeu um total de 20 dias de amostragem,


totalizando um esforço de coleta por área de 160 horas-observador para PLT e 80 dias-
armadilha (800 dias-balde) para AIQ. Os métodos de amostragem PLT e AIQ combinados
registraram 440 espécimes de répteis squamata nos dois fragmentos, sendo 412 lagartos, 26
serpentes e duas anfisbênias (Tabela 5). Do total de espécimes registrados 264 (60%) foram
obtidos por PLT (254 lagartos e 10 serpentes), e 176 (40%) por AIQ (160 lagartos e 16
serpentes) (Tabelas 8 e 9). Estes dados referem-se aos dois fragmentos estudados.
Quando considerado os fragmentos separadamente, Nazareth registrou em PLT 12
espécies (sete exclusivas) e 84 indivíduos, sendo oito espécies de lagartos (n=79) e quatro
espécies de serpentes (n=5), desta forma a taxa média de encontro para PLT em Nazareth foi
de 0,525 répteis por hora/observador, aproximadamente um indivíduo a cada 1 hora e 54
minutos de PLT. A metodologia de AIQ registrou em Nazareth um total de 12 espécies (sete
exclusivas) e 94 indivíduos, sendo seis espécies de lagartos (n=88) e seis espécies de
serpentes (n=6), o cálculo da taxa média de encontro para AIQ em Nazareth foi de 1,175
répteis por dia/armadilha, aproximadamente um indivíduo a cada 20 horas de AIQ
funcionando (Tabela 8).
Santa Fé registrou na PLT 14 espécies (seis exclusivas) e 180 indivíduos, sendo nove
espécies de lagartos (n=175) e cinco espécies de serpentes (n=5), a taxa média de encontro
para PLT em Santa Fé foi de 1,125 répteis por hora/observador (um indivíduo a cada 53
minutos). A metodologia de AIQ registrou em Santa Fé um total de 12 espécies (quatro
exclusivas) e 82 indivíduos, sendo cinco espécies de lagartos (n=72) e sete espécies de
serpentes (n=10), a taxa média de encontro para AIQ em Santa Fé foi de 1,025 répteis por
dia/armadilha, aproximadamente um indivíduo a cada 23 horas de AIQ funcionando (Tabela
9). No fragmento Nazareth as taxas de encontro na PLT foram 10,5 vezes maior que em AIQ,
já no fragmento Santa Fé as taxas de encontro de répteis para PLT apresentaram-se 26 vezes
maiores em relação à AIQ.
60

Tabela 8 Números absoluto e relativo, em cada técnica de amostragem, de unidades amostrais com
registro de indivíduos (“ocorrência”), e da abundância de cada espécie de réptil Squamata registrada para
o fragmento Nazareth.

Métodos quantificáveis de amostragem – Nazareth


Espécies PLT AIQ
Amphisbaenidae Ocorrência (%) Abundância (%) Ocorrência (%) Abundância (%)
Amphisbaena alba 1 (5) 1 (1.2) -
Tropiduridae
Tropidurus hispidus 16 (80) 31 (36.9) 14 (70) 35 (37.2)
Tropidurus semitaeniatus 1 (5) 4 (4.7)
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia 3 (15) 4 (4.7)
Teiidae
Ameiva ameiva 7 (35) 9 (10.7) 10 (50) 14 (14.9)
Cnemidophorus gr. ocellifer 14 (70) 21 (25) 15 (75) 23 (24.4)
Tupinambis merianae 1 (5) 1 (1.2)
Gymnophthalmidae
Micrablepharus maximiliani 9 (45) 13 (13.8)
Scincidae
Mabuya cf. arajara 1 (5) 1 (1.0)
Mabuya cf. nigropunctata 4 (20) 8 (9.5) 2 (10) 2 (2.1)
Columbridae
Drymarchon corais 2 (10) 2 (2.4)
Leptodeira annulata 1 (5) 1 (1.0)
Liophis poecilogyrus 1 (5) 1 (1.0)
Liophis viridis 1 (5) 1 (1.2) 1 (5) 1 (1.0)
Oxyrhopus trigeminus 1 (5) 1 (1.0)
Philodryas olfersii 1 (5) 1 (1.2)
Pseudoboa nigra 1 (5) 1 (1.2)
Tantilla melanocephala 1 (5) 1 (1.0)
Elapidae
Micrurus ibiboboca 1 (5) 1 (1.0)
TOTAL 20 amostras 84 indivíduos 20 amostras 94 indivíduos

Fonte: Pesquisa direta, 2009.


61

Tabela 9 Números absoluto e relativo, em cada técnica de amostragem, de unidades amostrais com
registro de indivíduos (“ocorrência”), e da abundância de cada espécie de réptil Squamata registrada para
o fragmento Santa Fé.

Métodos quantificáveis de amostragem - Santa Fé


Espécies PLT AIQ
Amphisbaenidae Ocorrência (%) Abundância (%) Ocorrência (%) Abundância (%)
Leposternon polystegum 1 (5) 1 (0.5)
Iguanidae
Iguana iguana 1 (5) 1 (0.5)
Tropiduridae
Tropidurus hispidus 18 (90) 85 (47.2) 9 (45) 12 (14.6)
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia 3 (15) 5 (2.8)
Teiidae
Ameiva ameiva 3 (15) 3 (1.6) 3 (15) 4 (4.8)
Cnemidophorus gr. ocellifer 14 (70) 63 (35) 16 (80) 31 (37.8)
Tupinambis merianae 2 (10) 2 (1.1)
Gymnophthalmidae
Micrablepharus maximiliani 4 (20) 5 (2.8) 8 (40) 17 (20.7)
Scincidae
Mabuya cf. nigropunctata 6 (30) 10 (5.5) 7 (35) 8 (9.7)
Boidae
Epicrates cenchria 1 (5) 1 (0.5)
Columbridae
Liophis cf. paucidens 1 (5) 1 (1.2)
Liophis poecilogyrus 1 (5) 1 (0.5)
Oxyrhopus trigeminus 1 (5) 1 (0.5) 1 (5) 1 (1.2)
Philodryas nattereri 1 (5) 1 (1.2)
Tantilla melanocephala 3 (15) 3 (3.6)
Thamnodynastes sp A 1 (5) 1 (0.5) 1 (5) 1 (1.2)
Thamnodinastes sp B 1 (5) 1 (0.5) 2 (10) 2 (2.4)
Elapidae
Micrurus ibiboboca 1 (5) 1 (1.2)
TOTAL 20 amostras 180 indivíduos 20 amostras 82 indivíduos

Fonte: Pesquisa direta, 2009.

A partir dos dados registrados nos dois métodos de coleta (AIQ + PLT) foram
construídas curvas de acumulação de espécies de répteis (Squamata) para cada fragmento de
cerrado trabalhado (Nazareth e Santa Fé, Gráfico11). Estas curvas foram produzidas sem
randomização de amostras, facilitando assim a comparação com outros trabalhos. Os
resultados obtidos tanto para Nazareth quanto para Santa Fé mostraram que as curvas ainda
não atingiram uma estabilização permanente, ou assíntota, desta forma seria necessário um
aumento na amostragem para termos um inventário mais completo.
A partir dos dados de cada fragmento amostrado foram construídas curvas de
rarefação baseadas no número de espécimes por espécie registrada. As curvas de rarefação
62

para os dois fragmentos também não atingiram a assíntota, reforçando o indicativo de que o
inventário das áreas ainda não está completo (Gráfico 12).

30
28
26
24
22
20
Nº de espécies

18
16 Sobs 95% Nazareth
14
Sobs Nazareth
12
10 Sobs 95% Sta Fé
8 Sobs Santa Fé
6
4
2
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39

Amostras

Gráfico 11 Curvas de acumulação de espécies de répteis (Squamata) para as duas áreas de coletas,
baseadas no número de espécies registradas por amostras. Legenda: Sobs Nazareth / Santa Fé = Número
médio observado em Nazareth e Santa Fé; Sobs 95% Nazareth / Santa Fé = Intervalo de confiança de 95
% para mais e para menos.
Fonte: Pesquisa direta, 2009.

30
28
26
24
22
20
Nº de espécies

18
16
14
Nazareth
12
10 Santa Fé
8
6
4
2
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39

Amostras

Gráfico 12 Curvas de rarefação baseadas no número de espécies por amostras, para as duas áreas
estudadas.
Fonte: Pesquisa direta, 2009.
63

Para averiguar se alguns dos métodos quantificáveis de amostragem utilizados,


atingiram a assíntota, e se os resultados individuais não influenciavam no momento da
formação de curvas com todas as amostras, foram construídas curvas de rarefação para os
resultados das amostras separadas de PLT e AIQ. Os resultados individuais obtidos
confirmaram os cálculos para os dois métodos reunidos. No fragmento Nazareth as curvas de
rarefação para PLT e AIQ apresentaram praticamente os mesmos resultados, não atingindo
uma estabilização com o aumento das amostras. Em Santa Fé a curva para AIQ apresentou
uma leve tendência a estabilização enquanto que para PLT não se observou esta tendência
(Gráfico 13 – a, b).

14 14
Nazareth Santa Fé
12 12

10 10
Nº de espécies

Nº de espécies
8 8

6 AIQ 6 AIQ
4 PLT 4 PLT
2 2

0 0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19

Amostras a Amostras b

Gráfico 13 Curvas de rarefação por método quantificável de amostragem (AIQ e PLT), para os dois
fragmentos estudados, Nazareth (a) e Santa Fé (b).
Fonte: Pesquisa direta, 2009.

Quando analisado qual dos métodos quantificáveis acessava mais ou menos as


espécies registradas os dados de Nazareth e Santa Fé apresentaram diferenças em relação às
espécies mais abundantes. O fragmento Nazareth registrou para T. hispidus (espécie mais
abundante) 31 indivíduos em PLT e 35 indivíduos em AIQ, a segunda espécie mais abundante
C. gr. ocellifer registrou 21 indivíduos em PLT e 25 em AIQ. No fragmento Santa Fé o
método de PLT foi o que mais acessou as duas espécies mais abundantes, registrando 85
indivíduos de T. hispidus para PLT e 12 para AIQ, C. gr. ocellifer apresentou 63 indivíduos
para PLT e 31 para AIQ (Gráfico 14 – a, b).
Em todos os gráficos dos estimadores de riqueza por método quantificável de
amostragem o estimador Jack 2 foi o que apresentou as maiores estimativas de espécies. Para
Nazareth, PLT apresentou uma estimativa máxima de 22,25 espécies (12 observadas) e AIQ
máximo de 24,1 espécies (12 observadas). O fragmento Santa Fé obteve uma estimativa
64

máxima de 26,1 espécies para PLT (14 observadas) e 18,36 para AIQ (12 observadas)
(Gráfico 15 – a, b, c, d).

100 100
Nazareth Santa Fé
80 80

Nº de indivíduos
Nº de indivíduos

60 60

40 40
PLT PLT

AIQ AIQ
20 20

0
0

Ig ig
Th sp B
Am am
Ta me

Tu me
Ep ce
Ma cf ni
Tr hi

Le po
Mi ib

Li po
Mi ma

Li cf pa

Ph na

He ma
Ox tr
Cn gr oc

Th sp A
Le anu

Ox tr
Ta me

Tr se

Tu me
Am am

Ma cf ni
Tr hi

Li cf vi

Am al

Ps ni
He ma
Mi ma

Li po

Dr co
Cn gr oc

Mi ib

Ph of
Ma cf ar

Espécies registradas a Espécies registradas b

Gráfico 14 Abundância absoluta de espécies de répteis squamata registrada por método quantificável de
amostragem (AIQ e PLT), para os dois fragmentos estudados, Nazareth (a)e Santa Fé (b).
Fonte: Pesquisa direta, 2008.

28 28
26 PLT Nazareth 26 AIQ Nazareth
24 24
Riqueza estimada

Riqueza estimada

22 22
20 20
18 Sobs 18 Sobs
16 16
14 Chao 1 14 Chao 1
12 Chao 2 12 Chao 2
10 10
8 Jack 1 8 Jack 1
6 6
4 Jack 2 4 Jack 2
2 2
0 Bootstrap 0 Bootstrap
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19

Amostras a Amostras b

28 28
26 PLT Santa Fé 26 AIQ Santa Fé
24 24
Riqueza estimada

Riqueza estimada

22 22
20 20
18 Sobs 18 Sobs
16 16
14 Chao 1 14 Chao 1
12 12
Chao 2 Chao 2
10 10
8 Jack 1 8 Jack 1
6 6
4 Jack 2 4 Jack 2
2 2
0 Bootstrap 0 Bootstrap
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19

Amostras c Amostras d

Gráfico 15 Riqueza observada e estimada para os métodos quantificáveis de amostragem (PLT e AIQ),
utilizados nos dois fragmentos estudados, Nazareth (a, b) e Santa Fé (c, d).
Fonte: Pesquisa direta, 2008.
65

5.3 Similaridade entre áreas de cerrado no Piauí

A análise de agrupamentos entre os dois fragmentos estudados neste trabalho e


outras três áreas de cerrado com levantamentos herpetológicos no Estado do Piauí (Parque
Nacional de Sete Cidades – PNSCi, ECB Rochas Ornamentais – ECB e Estação Ecológica de
Uruçui – Una - EEUU), mostrou a formação de quatro grupos no cluster: o primeiro grupo
reuniu os dois fragmentos de cerrado trabalhados neste projeto, apresentando uma
similaridade de 70% na composição de espécies entre Nazareth e Santa Fé; no segundo grupo
o PNSCi apresenta 57% de similaridade com o grupo 1; no terceiro grupo aparece a ECB com
53% de similaridade em relação ao grupo 2; e por último um quarto grupo com a EEUU
apresentando similaridade de 50% em relação ao grupo 4 (Dendrograma 1).

Dendrograma 1 Similaridade entre cinco fragmentos de cerrado no Estado do Piauí, segundo a riqueza de
espécies de répteis Squamata registrada.
Fonte: Pesquisa direta, 2009.

Comparando diretamente a composição de espécies entre as cinco áreas analisadas


anteriormente, pode-se observar que das 51 espécies de lagartos e serpentes registradas para
as cinco áreas, somente quatro estão presentes em todas as áreas sendo três lagartos e uma
serpente (Ameiva ameiva, Cnemidophorus gr. ocellifer, Micrablepharus maximiliani e
Oxyrhopus trigeminus). Oito espécies são registradas no mínimo em quatro áreas (cinco
lagartos e três serpentes), 13 espécies são registradas em três áreas (cinco lagartos e oito
serpentes) e 29 espécies são pertencentes à no mínimo duas áreas (Tabela 10).
66

Tabela 10. Padrão de distribuição das espécies de répteis (Squamata), registradas nos dois fragmentos
analisados (Nazareth e Santa Fé), e mais três áreas de cerrado típico com levantamentos de répteis no
Piauí.

Família Espécies Nazareth Santa Fé PNSCi ECB EEUU


Amphisbaenidae Amphisbaena alba X X
Leposternon polystegum X
Amphisbaena vermicularis X
Amphisbaena sp.n. X
Iguanidae Iguana iguana X X
Polychrotidae Polychrus acutirostris X X
Tropiduridae Tropidurus hispidus X X X X
Tropidurus semitaeniatus X
Tropidurus oreadicus X
Gekkonidae Hemidactylus agrius X
Hemidactylus mabouia X X X X
Briba brasiliana X
Phyllodactylidae Phyllopezus pollicaris
Teiidae Ameiva ameiva X X X X X
Cnemidophorus gr. ocellifer X X X X X
Tupinambis merianae X X X
Gymnophthalmidae Colobosaura modesta X
Micrablepharus maximiliani X X X X X
Vanzosaura rubricauda X
Scincidae Mabuya cf. nigropunctata X X
Mabuya heathi X X
Mabuya cf. arajara X
Mabuya bistriata X
Leptotyphlopidae Leptotyphlops brasiliensis X
Boidae Boa constrictor X
Epicrates cenchria X X
Colubridae Apostolepis cearensis X X X
Drymarchon corais X X
Leptodeira annulata X
Leptophis ahaetulla X
Liophis cf. paucidens X X
Liophis poecilogyrus X X X
Liophis viridis X X
Mastigodryas bodaerti X
Oxybelis aeneus X
Oxyrhopus trigeminus X X X X X
Philodryas nattereri X X
Philodryas olfersii X X
Phimophis iglesiasi X X
Pseudoboa nigra X X
Psomophis joberti X X X
Spilotes pullatus X
67
Cont...

Família Espécies Nazareth Santa Fé PNSCi ECB EEUU


Taeniphalus occipitalis X
Tantilla melanocephala X X X X
Thamnodynastes sp A X X X
Thamnodinastes sp B X
Waglerophis merremi X X
Elapidae Micrurus ibiboboca X X X X
Viperidae Bothrops moojeni X
Bothrops lutzi X
Crotalus durissus X X
Total 51 19 18 27 21 18

Fonte: Pesquisa direta, 2009.

5.4 Representações sociais e percepção ambiental dos entrevistados

As pessoas entrevistadas neste trabalho em geral apresentaram-se semelhantes em


relação ao modo de vida, condição social, econômica e escolaridade, não existindo distinção
evidente entre o grupo de Nazareth e o grupo de Sta Fé (Tabelas 3 e 4). Os entrevistados
basicamente consideram-se lavradores, no entanto a renda destes é oriunda principalmente de
aposentadorias e programas assistenciais públicos. O nível de escolaridade é baixo, com os
entrevistados declarando-se analfabetos ou semi-alfabetizados. Quando perguntado aos
entrevistados se estes conheciam bem a região, também houve semelhança nas respostas dos
dois grupos, ou seja, ambos afirmam que sim, pois desde que residem na região realizam
andanças devido às atividades de vaqueiro (exercida por alguns quando empregados das
antigas fazendas), caça e etc.

“Eu conheço mata por mata, vereda por vereda, estradas. Sei onde era caminho e não
é mais que foram entupidos com cerca de arame, os donos, que foram comprando,
foram cercando e hoje onde era caminho não existe mais porque foi cercado”. “A
BR não era asfaltada, era só na piçarra, meu irmão ali é coisa nova”. “Na minha
época não tinha canaviais de cana, não tinha COMVAP (Usina sucro-alcooleira
instalada na região), não tinha campo de milho, 2000 ha, pro trabalhador trabalhar,
não tinha, e a vida era melhor” (L. P. S., 60 anos, Nazareth).

Na tentativa de averiguar a percepção dos entrevistados das mudanças ambientais


e/ou sociais ocorridas ao longo dos anos na região em que vivem, foi perguntado aos
entrevistados se acreditavam que ocorreram grandes mudanças desde o início do tempo de
moradia na região. Os resultados obtidos foram diferentes para os dois fragmentos estudados.
68

Em Nazareth os entrevistados afirmam que houve sim grandes mudanças na


fisionomia da região, no entanto estas ocorreram de maneiras diferentes dentro e fora do
fragmento Nazareth. Na região do entorno os relatos apontam para mudanças negativas do
ponto de vista ambiental. As principais mudanças citadas, em relação à fisionomia da região,
pelos entrevistados estão relacionadas ao desmatamento para a criação de lavouras
temporárias e permanentes (os campos na linguagem local), a derrubada de carnaubais e
“áreas de mata” para a implantação do Açude do Bezerro e o desaparecimento de espécies
frutíferas da região.
Em relação à fauna da região de Nazareth e entorno os entrevistados apontam como
principais mudanças o desaparecimento de algumas espécies de aves, mamíferos e peixes
(juriti, veado, etc.), devido à caça predatória intensificada com o crescimento populacional,
outro fator relatado foi o modo de criação dos animais domésticos que eram soltos nas
grandes áreas e passou a serem confinados em cercados menores. Em relação aos répteis a
única associação foi com desaparecimento de serpentes relacionado ao desmatamento das
áreas de brejo.

“A mata era grande com muita fartura, todo tipo de planta ali tem, não como era de
primeiro. Primeiro era tudo crescido e a fartura era grande. Hoje foi cortado,
devastado e não tem mais o que tinha antes. De primeiro todo tipo de fruta, ali tinha,
pequi, bacuri, murici, maria-preta, manga, laranja, caju, tinha muita cajuá, que o
velhinho mandou plantar aqui. Agora ta acabado e não tem quase nada. E tinha na
região quase toda!Tinha muito coco tucum, carnaubal grande. Hoje quase não tem,
foi cortado tudo. Pra fazer a barragem derrubaram tudo, pra vender. Hoje ta tudo
pouco, porque nós tínhamos grande fartura” (L. A. O. 74 anos, Nazareth)

As principais mudanças sociais relatadas nas entrevistas em Nazareth foram o


aumento populacional, aumento da marginalidade, melhoria nas relações de trabalho entre
“grandes e pequenos” e a posse de terra propiciada para alguns dos pequenos produtores
entrevistados. Na área interna do fragmento Nazareth os entrevistados relatam mudanças
ambientais positivas devidas principalmente ao fim das atividades agropecuárias dentro da
fazenda.

[...] onde tinha dez casas, tem 100! Tem assentamento! Aquilo não é bom não, você
sabia?... Vem quatro de Teresina, quatro de outro lugar que não conhece de onde é, e
a maioria desse pessoal não é gente boa não... Onde tinha uma armadilha pra peixe
hoje tem um monte, os caçadores! É perigoso atirar um no outro; antigamente você
atirava em uma juriti e achava a comida do dia, e tinha muita e não se acabava! Hoje
não vá mais não, que não tem [...] (L. P. S., 60 anos, Nazareth)
69

No fragmento Santa Fé os entrevistados relatam também perceber mudanças na


fisionomia da região, e ao contrário de Nazareth, não fazem distinção entre mudanças dentro e
fora do fragmento, consideram os dois espaços com as mesmas características ao longo de
suas vivências na região. As principais mudanças citadas, em relação à fisionomia da região,
pelos entrevistados estão relacionadas à depauperação da vegetação devido aos incêndios
descontrolados e a extração de madeira (pau d’arco, pequi, etc.) e o crescimento populacional.
Com relação à fauna os relatos são similares aos de Nazareth, apontando o sumiço de espécies
de aves e mamíferos (ema, tatu, veado, preá) e a diminuição das populações de peixe,
relacionadas à caça predatória.

“[...] antigamente tinha mais mato, hoje tem menos [...] aqui no Boi Morto (povoado
vizinho ao fragmento Santa Fé) tinha uns lugares fechados, não sei por que
desapareceu. “Em Santa Fé já teve, muito incêndio, já queimou tudo, mas acabou a
vista do que tinha. “Aqui tinha muita fruta que dava muito, o Araticum, hoje em dia
tem os pés mais não dá mais, não sei por quê. “Outra coisa que a gente tinha muito e
agora não tem mais de jeito nenhum, era a ema [...] era bonita a ema”. “Os paus de
madeira grande ainda tem, mas é muito pouco”. “Eles compravam as terras,
achavam que comprava barato, ai o que eles fazia, vendia a madeira e passava os
caminhões cheio de madeira, carradas e carradas. “Mas nunca mais foi tirada
madeira, faz uns 15 anos” (S. N. 65 anos, Santa Fé).

A percepção sobre as mudanças sociais em Santa Fé apresentaram mais pontos


positivos que negativos, ao contrário dos entrevistados de Nazareth. Eles relatam as melhorias
na qualidade de vida relacionada à posse de terra (com a implantação do assentamento Salva
Terra) e as facilidades de transporte e compras de mercadorias.
Em conseqüência aos questionamentos anteriores foi perguntado aos entrevistados do
entorno dos fragmentos Nazareth e Santa Fé, se estes percebiam o porquê das mudanças
relatadas anteriormente. Em Nazareth as mudanças percebidas pelos entrevistados foram
relacionadas com o aumento populacional, as ações do poder público (negativas segundo os
entrevistados), a posse da terra, aos grandes empreendimentos agrários e a implantação
recente dos assentamentos rurais. Em Santa Fé as mudanças citadas tiveram relação com as
queimadas descontroladas, o aumento populacional (menos percebido do que em Nazareth) e
as ações do poder público (positivas segundo os entrevistados).
Analisando a fala dos entrevistados foi verificado se estes possuíam expectativas
positivas e/ou negativas de mudanças sócio-ambientais. Foi verificado um discurso pessimista
por parte dos entrevistados de Nazareth, estes parecem não se adaptarem diante das mudanças
sócio-ambientais ocorridas nas últimas décadas (aumento populacional, crescimento da
criminalidade, compartimentalização das terras e desmatamento), no entanto a presença da
70

futura reserva particular do patrimônio natural (RPPN - Nazareth Eco Resort) na região gera
controvérsias entre os entrevistados, as pessoas que não tem vínculo (empregatício e/ou
parentesco com empregados) com a futura RPPN, não reconhecem a importância ecológica de
uma área de preservação e a consideram improdutiva, os entrevistados que possuem vínculo
com a futura RPPN demonstram absorver em parte o discurso preservacionista do proprietário
da futura RPPN.

“Olha eu quero lhe dizer bem aqui, você nunca mais vai vê na vida o que seus pais,
seus avós, seus bisavós viram. Nenhum de nós mais, nenhum filho meu nunca!
“Quanto mais reserva, quanto mais coisa a gente poder fazer em cima dessa terra é
melhor!”“. “Cada dono de terreno dessa região nossa, conseguisse plantar 500 pés
de árvores por ano, tava uma maravilha, uma coisa fria”. “cada vez mais as coisas
vão pior pra tudo, pra todos [...]”. “quando se cultiva é até bom, o negócio é quando
se acaba, e aquela terra foi destruída pra mais nunca voltar o que era [...]”.(L. P. S.,
60 anos, Nazareth)

Os entrevistados do entorno de Santa Fé demonstram mais otimismo em relação às


questões sociais, principalmente relacionados com as políticas públicas e as facilidades de
acesso a produtos e serviços. Na questão ambiental os entrevistados de Santa Fé não
apontaram perspectivas positivas e/ou negativas.

“Quando eu tomei entendimento de gente, morava pouca gente aqui, a coisa era
muito difícil e hoje é mais fácil para sobreviver”. “No meu entendimento o governo
deu terra hoje pra todo mundo, deu boa condição pra comprar o que quiser: gado,
animal, tudo enquanto” (F. R. B. 65 anos, Santa Fé).
71

6 DISCUSSÃO

O número de espécies registradas para os fragmentos Nazareth e Santa Fé (n=26, 12


lagartos e 14 serpentes) é baixo quando comparado com áreas de Cerrado extensivamente
amostradas, Colli et al. (2002) sugerem uma média de 25 espécies de lagartos em amostras de
cerrado, baseado em três levantamentos nos estados do Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal.
Strussmann (2000), por exemplo, registrou 25 espécies de lagartos e 25 de serpentes em áreas
de Cerrado do estado do Mato Grosso com 60 dias de amostragem e média de 400
horas/observador. Uetanabaro, et al. (2006), registraram 21 espécies de lagartos e 14 de
serpentes em inventário rápido na região de cerrado do Complexo Aporé – Sucuriú. No
entanto estes levantamentos foram conduzidos em áreas expressivamente maiores que as deste
estudo e considerando todas as fitofisionomias que compõe as áreas de cerrado (ex. cerrado
típico, cerradão, cerrado rupestre, veredas, etc.). Ainda não se sabe ao certo qual séria a média
geral de espécies de répteis Squamata para áreas de cerrado, Colli et al. (2002), analisaram
101 levantamentos em áreas de cerrado e obtiveram uma média de 12 espécies de lagartos
para 97% destas áreas, acredita-se que possa existir uma alta variação regional na diversidade
de lagartos do cerrado e que é necessário mais estudos para confirmar ou não esta hipótese. O
grupo das serpentes é considerado mal amostrado para o Bioma Cerrado não sendo possível
sugerir médias por inventários (COLLI et al., 2002).
Considerando o Bioma Caatinga, o de maior presença no Estado do Piauí (CASTRO,
2007), Vitt (1995) sugere uma média de 18 espécies de lagartos. Um inventário realizado no
Parque Nacional da Serra da Capivara (com vegetação predominante de caatinga) registrou 15
espécies de lagartos e 16 de serpentes (ARAÚJO, et al., 1998). Outro inventário realizado em
áreas de caatinga no Piauí, no Parque Nacional da Serra das Confusões registrou 20 espécies
de lagartos e 34 de serpentes (ZAHER, et al., 2002). Vanzolini (1976) registrou 15 espécies
de lagartos e 19 de serpentes na região de transição cerrado-caatinga em Valença do Piauí. A
riqueza de lagartos registrada para estes inventários estão próximos da média apresentada por
Vitt (1995), mas se compararmos estes números com os dos fragmentos Nazareth e Santa Fé,
encontramos riquezas de espécies maiores nestas áreas de caatinga e transição cerrado-
caatinga. Até o momento não é possível afirmar se a riqueza registrada nos fragmentos
Nazareth e Santa Fé estão de acordo com as médias apresentadas para as áreas de caatinga,
cerrado e transição, ou se a área ecotonal do Complexo de Campo Maior possui uma média
72

própria de riqueza de espécies. Fica evidente que mais áreas devem ser amostradas na região
norte do Piauí para termos uma média precisa da riqueza de répteis squamata.
Os Cerrados marginais do Nordeste possuem uma flora diferenciada (CASTRO,
1994b). Inventários herpetofaunísticos conduzidos nestes cerrados marginais, como o
realizado por Zaher et al. (2001), na Estação Ecológica de Uruçui-Una, no sudoeste piauiense,
registrou para todas as fitofisionomias de cerrado da região 25 espécies de lagartos e 34 de
serpentes, mas se considerarmos apenas as áreas de cerrado típico, estes números caem para
nove espécies de lagartos e nove de serpentes.
Considerando as áreas ao norte do Piauí, os inventários realizados no Parque
Nacional de Sete Cidades registraram para todas as fitofisionomias 12 espécies de lagartos e
24 de serpentes, se considerarmos só as áreas consideradas de cerrado típico os números são
de seis espécies de lagartos e 18 de serpentes, o inventário na ECB rochas ornamentais,
registrou 13 espécies de lagartos e 18 espécies de serpentes no total, e para as áreas de cerrado
típico 12 lagartos e 11 serpentes. Estes dados indicam que a diversidade de répteis do cerrado
está positivamente associada à variedade de fitofisionomias presente nas áreas trabalhadas. A
riqueza em espécies pode variar numa escala espacial (WOLTERS; BENGTSSON;
ZAITSEV, 2006). Desta forma a heterogeneidade dos habitats amostrados pode ser um dos
fatores determinantes da riqueza encontrada. No caso dos fragmentos Nazareth e Santa Fé,
por se tratarem de áreas relativamente pequenas (230 e 300 ha respectivamente), estas não
apresentam internamente uma grande variação em termos fitofisionômicos, sendo inexistente
ou pouco expressiva a presença de subtipos de cerrado (cerrado rupestre, cerradão, veredas,
campos, etc.) geralmente presentes em extensões maiores do bioma Cerrado (PAGOTTO, et
al., 2006) ou outras formas vegetacionais.
A fauna de répteis (Squamata) registrada nos fragmentos Nazareth e Santa Fé, é
predominantemente de áreas de Cerrado e Caatinga (COLLI et al., 2002; RODRIGUES, M.
2003), com algumas espécies de ampla ocorrência, isto pode ser devido ao fato de o Estado do
Piauí estar localizado em uma área de tensão ecológica, que segundo Castro et al. (2007),
trata-se de uma região de transição entre comunidades que contém espécies características de
cada e presumivelmente é intermediária em termos de condições ambientais. Desta forma a
vegetação tende a ser formada por mosaicos vegetacionais, o que gerou fragmentos naturais
que ainda conservam características físicas muito semelhantes às áreas centrais destes biomas.
Esta característica ecotonal é marcante na região de estudo, onde é possível
reconhecer variados tipos vegetacionais em espaços relativamente pequenos. Como descrito
anteriormente os fragmentos Nazareth e Santa Fé apesar de compartilharem diversos
73

componentes vegetais possuem entorno com diferenças marcantes. Em parte do entorno do


fragmento Nazareth existem as matas semidecíduas. Estudos com diferentes grupos
zoológicos nestas matas semidecíduas vêm sugerindo que estas abrigam espécies afins de
áreas mais florestadas (MIRANDA et al., 2005). No presente estudo foi registrada uma
espécie de lagarto da família Scincidae (Mabuya cf. arajara), no fragmento Nazareth que até
o presente só havia registros para as matas semidecíduas próximas ao fragmento, esta espécie
é considerada endêmica de brejos da caatinga cearense (SPIEKER, 1981), este registro indica
que as matas semidecíduas possam contribuir com a riqueza de espécies do fragmento de
cerrado de Nazareth.
No entorno do fragmento Santa Fé, o tipo vegetacional mais presente são as extensas
áreas de carnaubais, onde a cobertura vegetal no solo é escassa. Neste fragmento não foram
registradas espécies afins de áreas florestadas. Diante das questões levantadas até aqui, fica
evidente que uma comparação da composição de espécies dos fragmentos Nazareth e Santa Fé
com outras áreas de cerrado deve ser cautelosa, e levar em conta a diversidade de tipos
vegetacionais, a posição das áreas em relação aos biomas de influência e a amostragem
realizada (tipo e quantidade). Em geral, a riqueza regional tem sido determinada por fatores
geográficos, evolutivos e históricos, e a coexistência de espécies só pode ser compreendida
realmente se for considerado os fatores históricos responsáveis pela formação de uma
comunidade (RICKLEFS; SCHLUTER, 1993, apud ROCHA, 2007).
A riqueza real de espécies observada nos fragmentos Nazareth e Santa Fé não
apresentou diferenças significativas (19 e 18 espécies respectivamente), no entanto quando
comparado a riqueza máxima estimada para as duas áreas, o fragmento Nazareth apresentou
números bem maiores que Santa Fé (38,3 contra 28,7 espécies). Estes números foram obtidos
para o estimador de riqueza Jackknife de segunda ordem (Jack 2), que é baseado em
incidência, tanto no número de espécies apresentadas em apenas uma amostra (uniques)
quanto em duas amostras (duplicates), e isto poderia afetar as estimativas de riqueza já que
Nazareth apresentou maiores registros de uniques, no entanto quando comparado as
estimativas de riqueza para um estimador baseado na abundância por espécies (Chao 1), no
geral a estimativa diminui (34,0 para Nazareth contra 23,2 para Santa Fé) mas a diferença
entre as áreas permanece em aproximadamente 10 espécies (COLWELL; CODDINGTON,
1994). Estes dados indicam que possa existir de fato uma maior riqueza de répteis Squamata
no fragmento Nazareth, amostragens mais abrangentes e utilizando outros grupos biológicos
podem confirmar ou não esta tendência.
74

Outro fator que poderia influenciar as estimativas de riqueza para os fragmentos


estudados seria a análise conjunta dos grupos de répteis (lagartos e serpentes), para evitar um
possível erro de análise dos dados foram realizadas estimativas por grupo de réptil (lagartos e
serpentes). Os resultados por grupo foram semelhantes aos computados com todas as espécies
juntas, ou seja, o fragmento Nazareth continuou obtendo as maiores estimativas. Em Santa Fé
a estimativa máxima para os lagartos foi de 11,9 espécies, número aproximadamente em três
espécies maior que o observado (n=9). Estas estimativas reforçam a indicação de que a
riqueza de répteis Squamata no fragmento Nazareth seja maior que no fragmento Santa Fé.
Os estimadores de riqueza associados às curvas de acumulação de espécies são
utilizados para propiciar uma melhor abordagem sobre a diversidade existente em uma área e
seu uso pode ajudar a reduzir dificuldades de interpretação de resultados dos inventários
(SANTOS, 2003), contudo, os resultados observados com o uso dos estimadores devem ser
analisados com cautela, pois problemas relativos à amostragem como, o esforço de coleta e
pequena abrangência da área, podem impedir também que a riqueza observada seja
equivalente à riqueza estimada. Segundo Santos (2003), mesmo em comunidades muito
diversas é difícil obter uma estabilização da curva de coletor e o que se espera de uma
estimativa de riqueza é que ela gere um valor estável, independentemente do esforço amostral
(ROCHA, 2007). As curvas de acumulação de espécies calculadas para os dois fragmentos
não atingiram a assíntota, no entanto demonstram uma tendência a estabilização. As curvas de
rarefação confirmam esta tendência, denotando que estaríamos próximos de temos um
inventário o mais completo possível.
Quando comparado os índices de abundância absoluta de espécies por fragmento
estudado, temos uma inversão única na posição entre Nazareth e Santa Fé, pois de todos os
índices ecológicos e estimativas de espécies registrados, Santa Fé só apresenta maiores
números em relação ao total de indivíduos registrados por fragmento (262 indivíduos para
Santa Fé contra 178 indivíduos para Nazareth). As espécies que mais contribuíram para o
incremento na abundância total de espécimes para os dois fragmentos estudados foram o
tropidurídeo T. hispidus e o teídeo C. gr. ocellifer, ambos considerados espécies de lagartos
generalistas e que tem preferência por habitat mais abertos (MESQUITA; COLLI, 2003,
VITT, 1995). Neste caso como citado anteriormente o fragmento Santa Fé possui áreas
abertas em seu entorno o que poderia propiciar maiores populações das espécies citadas.
Analisando lagartos e serpentes separadamente podemos observar que as diferenças
significativas de abundância entre as populações de mesma espécie ocorreram somente entre
lagartos tendo espécies com apenas um registro (ex. I. iguana) e outras com 97 registros (T.
75

hispidus). As serpentes apresentaram baixos índices populacionais nos dois fragmentos, este
fato pode estar associado ao modo de vida críptico deste grupo o que dificulta a sua
amostragem.
Os índices ecológicos de Shannon, Simpson, Equitabilidade e de Margalef
calculados para os fragmentos Nazareth e Santa Fé, obtiveram maiores resultados para o
primeiro fragmento. Os índices obtidos para a vegetação dos fragmentos também se
apresentaram maiores para Nazareth, confirmando a tendência de que este fragmento seja o
mais diverso. Um índice importante apresentado nos estudos de vegetação é a riqueza de
espécies observada para cada fragmento, onde Nazareth obteve um total de 67 espécies
enquanto que Santa Fé registrou 42 espécies de plantas. Estes dados indicam que o fragmento
Nazareth é mais heterogêneo em termos de vegetação o que pode explicar uma possível
riqueza maior de espécies de répteis. Colli (2003) analisou os efeitos da fragmentação natural
e antrópica do Cerrado sobre a diversidade de lagartos e concluiu que a heterogeneidade
espacial dentro dos fragmentos pode favorecer a riqueza de lagartos, e que o tamanho dos
fragmentos, não apresentou relação com a diversidade de lagartos.
Alguns estudos envolvendo espécies da herpetofauna sugerem uma associação
positiva entre a heterogeneidade de habitats e a diversidade deste grupo. Barreto (1999), em
estudos de fragmentação na Amazônia com anfíbios não observou diferenças significativa em
nenhum dos parâmetros populacionais e da comunidade analisados devido o tamanho do
fragmento, mas sim devido à presença de habitats reprodutivos. Vieira et. al., (2008), em
estudos com anfíbios na caatinga observou uma crescimento na diversidade de modos
reprodutivos associado à maior diversidade estrutural de plantas e maior hidroperíodo. Para os
répteis a relação com a heterogeneidade da vegetação também é positiva como já citado.
As análises dos métodos quantificáveis de amostragem demonstraram que a PLT foi
mais eficiente que a AIQ considerando o total de indivíduos registrados para os dois
fragmentos (60% de registros para PLT e 40% para AIQ), no entanto está tendência não
continua quando comparamos os resultados separados por fragmento estudado. Em Nazareth
o método de PLT registrou menos indivíduos que em AIQ. Em Santa Fé aconteceu o inverso,
o método PLT registrou um número bem maior de espécimes do que em AIQ. Mais uma vez
as diferenças foram devidas as duas espécies mais abundantes nos dois fragmentos (T.
hispidus e C. gr. ocellifer), que em Santa Fé eram constantemente registradas na PLT.
Os métodos quantificáveis de amostragem mostraram-se complementares em relação
às espécies que acessaram, principalmente no fragmento Nazareth, onde das 19 espécies
registradas sete foram exclusivas de PLT e sete exclusivas de AIQ (73,6% de
76

complementaridade). Para Santa Fé estes números foram menores, das 18 espécies registradas
seis foram exclusivas de PLT e quatro de AIQ (55,5% de complementaridade). Estes dados
confirmam a importância de se utilizarem métodos complementares para a amostragem de
répteis.
A análise do dendrograma formado a partir da similaridade entre as espécies
registradas nas áreas de estudo e outros três levantamentos de répteis em áreas de cerrado do
Piauí, permitiu a visualização de quatro grupos com similaridades variáveis entre 70% e 50%.
Existe uma associação negativa entre a distância das áreas e o percentual de similaridade, ou
seja, as áreas mais próximas (menor distância em quilômetros) apresentaram-se como as mais
similares em termos de composição de espécies.
No entanto outros fatores podem influenciar a composição de espécies de cada
fragmento, o tempo de fragmentação a ligação com fragmentos vizinhos e a proximidade com
áreas naturais, bem como os próprios processos de fragmentação e antropização de habitat
influenciam na diversidade de répteis (BARRETO, com. pess.).
Os dados dos últimos censos demográficos realizados pelo IBGE, no município de
José de Freitas, demonstram um crescimento de aproximadamente 20% da população nos
últimos 10 anos. Este crescimento populacional foi percebido de maneiras diferentes pelos
entrevistados do entorno dos fragmentos Nazareth e Santa Fé. Esta percepção diferenciada
pode ser explicada pela maior densidade demográfica na área do entorno de Nazareth, em
relação à Santa Fé. Como visto nos mapas do capitulo I, o fragmento Nazareth fica localizado
entre os municípios de Teresina (capital do Estado do Piauí) e José de Freitas, fato este que
acaba agregando maior quantidade de moradores em busca de acesso mais rápido e eficiente a
estrutura de serviços urbanos dos dois municípios. Em conseqüência disto, segundo os
entrevistados do entorno deste fragmento, ocorre maior divisão territorial das antigas fazendas
em propriedades menores, através da venda de terras. No fragmento Santa Fé ocorre o
contrário do anterior, pois este está mais distante da estrutura urbana dos municípios de José
de Freitas e Teresina o que dificulta o acesso a estrutura de serviços urbanos e
conseqüentemente a fixação dos moradores na região.
O município de José de Freitas apresentou como principal fonte de ocupação o setor
primário, ou seja, a maior parte da população economicamente ativa do município trabalha
(com ou sem salários) em estabelecimentos rurais (aproximadamente 82%), sendo que a
estrutura empresarial do município fornece ocupação nos setores secundários (indústrias) e
terciários (prestação de serviços, comércio e administração pública) (aproximadamente 18%)
77

(IBGE, 2008). Estes números evidenciam a importância da zona rural para a economia do
município de José de Freitas, e conseqüentemente a pressão antrópica que esta zona recebe.
Os relatos orais denunciam o desmatamento descontrolado para o plantio de
pequenas roças e criação de animais além das queimadas descontroladas e da caça predatória.
Estes impactos antrópicos geram diferentes conseqüências ao meio ambiente bem como a
fauna de répteis Squamata registrada. Os impactos antrópicos podem estar associados a uma
homogeneização da flora e fauna (OLDEN, et. al., 2006)
A presença de animais domésticos de pequeno porte (caprinos e suínos) nos
fragmentos pode afetar a cobertura vegetal da região. Estudos sobre herbivoria de caprinos na
Caatinga indicam que estes são importantes herbívoros para a vegetação de Caatinga, pois
utiliza partes da maioria das espécies de árvores e arbustos encontrados na região como
forragem. Desta forma é proposto que a herbivoria por caprinos constitui um importante fator
de seleção natural capaz de afetar a abundância e a distribuição geográfica de espécies
lenhosas da Caatinga (LEAL, et. al., 2003). Estudos em outros ecossistemas têm relatado
mudanças na abundância de populações, na riqueza e diversidade de espécies, na estrutura
física de comunidades vegetais em decorrência da herbivoria por caprinos (LEAL, et. al.,
2003). Os relatos dos moradores e as observações in loco, demonstram que os suínos, na
busca pelo bulbo na raiz do capim-gordura, acabam por remover o solo e matar a planta.
No entorno e dentro do fragmento Santa Fé, além dos animais domésticos de
pequeno porte, também foi observado à presença de animais de grande porte (bovinos e
eqüinos) geralmente estes são encontrados formando grandes aglomerações que se alimentam
de gramíneas e plantas jovens. Além dos impactos já citados pela herbivoria em áreas naturais
os animais maiores podem causar a compactação ou adensamento de solos de pastagens
cultivadas ou nativas, problema atualmente considerado notório e generalizado (COSTA E
JÚNIOR, 2000). A remoção ou raleamento da vegetação podem aumentar a incidência solar
no solo e prejudicar o forrageio de algumas espécies de répteis consideradas forrageadoras
ativas, principalmente as que procuram o alimento nas horas mais quentes do dia. Algumas
espécies de répteis registradas nos dois fragmentos pertencem ao grupo citado (VITT, 1995).
Outro fator relacionado com os danos a vegetação seria a diminuição da proteção contra
predadores propiciada pela vegetação.
A presença de bovinos, além dos impactos citados anteriormente, ocasiona na região
do fragmento Santa Fé, a destruição de cupinzeiros, conforme observado in loco (Fig. 2d).
Segundo os relatos dos moradores este fato é devido ao ato de “amolar os chifres” que o gado
pratica, roçando a ponta dos chifres nos cupinzeiros acabando por destruí-los totalmente. Os
78

cupinzeiros são uns dos principais abrigos da herpetofauna do cerrado e sua destruição pode
afetar a abundância deste grupo (COLLI, et al., 2002).
A caça predatória foi relatada pelos entrevistados dos dois fragmentos como sendo o principal
fator de desaparecimento de espécies de mamíferos e aves, um dos exemplos citados seria o
da Ema que segundo os moradores tratava-se de uma espécie abundante na região e a pelo
menos 10 anos não é vista, este animal encontra-se ameaçado de extinção, sendo listado em
algumas “listas vermelhas” estaduais (e. g. Espécies aves ameaçadas de extinção no Estado de
São Paulo, 2008).
O único relato de desaparecimento de espécies de répteis (serpentes) estaria
relacionado ao desmatamento. A caça predatória e a remoção da vegetação natural, por sua
vez, podem ocasionar a quebra de ciclos ecológicos, diminuindo a predação sobre alguns
grupos de répteis e limitando os recursos para outros. Desta forma, as espécies consideradas
generalistas tendem a aumentar suas populações, se sobrepondo às espécies mais sensíveis,
que vão desaparecendo (MMA, 2003).
A questão social que mais incomoda os entrevistados, segundo os seus relatos, é o
crescimento populacional e as mudanças no modo de vida causadas por este fato. O aumento
da população no entorno dos dois fragmentos estudados, é em parte propiciada pela instalação
recente dos assentamentos rurais. A política de criação de assentamentos rurais como parte do
processo de reforma agrária no Brasil foi iniciada de fato em meados dos anos 80 (período de
criação do Assentamento Salva Terra no entorno de Santa Fé). Esta política teve impulso nos
governos Fernando Henrique e Lula (períodos de criação dos assentamentos recentes em
Nazareth e Santa Fé) (LAMERA, 2008).
No entanto nestes assentamentos, principalmente nos mais recentes, persistem graves
problemas sociais ainda sem equacionamento. Isso reafirma que “a conquista da terra não
significa que seus ocupantes passem a dispor da necessária infra-estrutura social (saúde,
educação, transporte, moradia) e produtiva (terras férteis, assistência técnica, eletrificação,
apoio creditício e comercial)” (BERGAMASCO, 1997). Os programas governamentais de
criação de assentamentos rurais incorrem na inserção de indivíduos alheios à região e que
muitas vezes não sabem lidar com o manejo adequado das terras que recebem, causando
problemas socioambientais. Este fato aponta para o paradoxo das políticas públicas, que por
um lado tentam proteger um aspecto, como é o caso da biodiversidade brasileira, e por outro
lado, visando o “social”, propiciam a sua destruição. Para que tenhamos assentamentos
viáveis do ponto de vista sócio-ambiental e econômico é preciso, por exemplo, planejar
cuidadosamente a apropriação coletiva da água e das florestas, associando conservação
79

ambiental e produção agrícola e agroflorestal. Essa mudança de padrão, para ser efetiva, deve
envolver tanto os órgãos públicos quanto os órgãos de luta pela terra (PÁDUA, 2004).
Apesar de os relatos dos entrevistados serem unânimes em perceberem as mudanças
sócio-ambientais ocorridas nas últimas décadas, ficou evidente nos discursos uma
diferenciação entre as percepções dos entrevistados do entorno de Nazareth e Santa Fé. Os
primeiros demonstraram perceber de forma mais evidente os problemas de desmatamento e
crescimento populacional, que no caso de Santa Fé apesar de citados não foram evidenciados
em todas as entrevistas.
Uma das possíveis explicações para este fato seriam os diferentes processos de
sensibilização pelos quais passam os moradores do entorno dos fragmentos estudados. Os
moradores do entorno de Nazareth convivem com a presença de uma futura RPPN, e
conseqüentemente com as medidas e o discurso preservacionista do proprietário (cercas,
coibição da caça e pesca, manutenção de grandes áreas naturais intactas, etc.). Além disso, os
lotes de terras são pequenos e a relação com os vizinhos é mais intensa. Os moradores do
entorno de Santa Fé não convivem com a presença de áreas e discursos de preservação e a
proximidade com os vizinhos é menor devido ao distanciamento maior entre vizinhos.
Desta forma a presença ou ausência de áreas de conservação pode estar servindo de
referência e facilitando a diferenciação entre área conservada (o fragmento no caso de
Nazareth) e não-conservada (o entorno).
80

7 CONCLUSÕES

O número de espécies de répteis (Squamata) encontrado nos fragmentos estudados é


baixo quando comparado com outros inventários realizados em áreas de cerrado e caatinga.
São necessários mais inventários padronizados em áreas de ecótono a fim de determinarmos
uma média de registros de espécies em áreas ecotonais de cerrado e caatinga. Nazareth
apresentou uma riqueza esperada bem maior que Santa Fé em todos os estimadores utilizados.
Nos índices ecológicos calculados Nazareth também apresentou números superiores aos de
Santa Fé, indicando que de fato a riqueza em espécies seja maior no fragmento Nazareth.
Os dados obtidos para a vegetação dos dois fragmentos estudados registraram uma
riqueza de espécies maior no fragmento Nazareth em relação à Santa Fé, corroborando com os
dados da fauna de répteis (Squamata).
A heterogeneidade espacial, verificada principalmente pela composição vegetal,
indica ser este um dos possíveis fatores determinantes para que o fragmento Nazareth obteve-
se uma riqueza real e esperada maior em relação ao fragmento Santa Fé.
A realização deste trabalho permitiu a elaboração de três considerações sobre o modo
como os moradores do entorno de cada fragmento estudado percebem e representam
socialmente a degradação ambiental e a conservação.
Primeiramente ficou evidente que a forma como os assentamentos rurais foram
implementados nas duas áreas estudadas foi determinante no estilo de vida destes moradores,
bem como na relação destes com o meio ambiente.
As diferenças dos componentes vegetais entre as duas áreas (áreas mais fechadas
com presença de matas semidecíduas e babaçuais em Nazareth; áreas mais abertas com
grande presença de carnaubais em Santa Fé) também determinam as relações e representações
sociais dos moradores.
Por último a presença de uma futura área de preservação ambiental (RPPN, Nazareth
Eco Resort) e as medidas conservacionistas do proprietário desta área, fornecem um contraste
entre preservado e não preservado, o que acaba por inserir no contexto social dos moradores
do entorno do fragmento Nazareth a temática da sustentabilidade, fato não observado no
fragmento Santa Fé. A incorporação de educação ambiental formal e não-formal, por
intermédio das capacitações e da formação profissional, poderia tornar a presença de áreas de
conservação numa importante "porta de entrada" para se abordar a gestão ambiental
participativa das unidades de conservação.
81

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89

ANEXOS
90

TÓPICO GUIA - ENTREVISTA


PERCEPÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DOS MORADORES LOCAIS DO ENTORNO
DOS FRAGMENTOS NAZARETH E SANTA FÉ

1. Qual era ou é sua atividade profissional?

2. O(A) senhor(a) afirma conhecer bem a região? O(A) que o Senhor(a) conhece por aqui?

3. O(A) Senhor(a) acha que aqui mudou muito do tempo que era criança?

3.1. Se sim, o que mudou? Por que ocorreram essas mudanças?

3.2. Como era essa região antes? E os animais e as plantas (fauna e a flora) como eram?

3.3. Quais animais e plantas (fauna e flora) do seu tempo de criança que não se vê mais
por aqui?

4. Quais os lagartos que o (a) Senhor(a) conhece?

5. Quais as cobras que o(a) Senhor (a) conhece?


91

TERMO DE CONSENTIMENTO E LIVRE ESCLARECIMENTO

Você está sendo convidado a participar da pesquisa:


Você foi selecionado por sistema de rede (indicação) e sua participação não é obrigatória. A
qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento não
necessitando apresentar nenhuma justificativa, bastando para isso, informar sua decisão a(o)
pesquisador(a). Sua recusa ou consentimento não lhe trará nenhum prejuízo físico, moral,
financeiro ou de qualquer outra natureza.

1. Os objetivos deste estudo são ................................................................................

2. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas feitas pelo(a)


pesquisador(a), ceder sua imagem para registro fotográfico e audiovisual.

3. Não haverá benefícios direto, principalmente financeiro relacionado com sua participação,
enquanto sujeito da pesquisa.

4. Os dados referentes à sua pessoa serão confidenciais e asseguramos o sigilo de sua


participação durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Os
dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação

5. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador
principal para localizá-lo a qualquer tempo. Seu nome é (Acadêmico/ Mestrando: Vitor Hugo
Gomes Lacerda Cavalcante, sob orientação da Profª Drª Cristina Arzabe, telefone
(86)32274541/(86)88146548.O seu anonimato será preservado por questões éticas.

Considerando os dados acima, CONFIRMO estar sendo informado por escrito e verbalmente
dos objetivos deste estudo científico e em caso de divulgação por foto e/ou vídeo AUTORIZO
a publicação.

Eu:.................................................................................................................................................
Idade:...............Sexo:...........Reside no local há:.................................... portador(a) do
documento RG Nº..................................... UF:..............., declaro que entendi os todos os itens
deste termo e concordo em participar.

Teresina, _____ de ______________ de 200___.

_____________________________________________________________
Assinatura do participante

_______________________________________________________________
Assinatura do pesquisador

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