Professional Documents
Culture Documents
SOBRE O ARTIGO1
1
REIMER, Haroldo. Monoteísmo e Identidade. Disponível em: www.haroldoreimeir.pro.br
Sobre as fontes para reconstrução
Expressões doutrinárias
b) O culto deve ser anicônico. Dizer isso significa que as práticas religiosas ou
cúlticas devem acontecer sem recurso a qualquer tipo de imagens representativas
de Deus. Isso abarca a iconografia em sentido amplo, incluindo imagens fundidas e
esculpidas. A proibição do uso de imagens acontece ao longo do conjunto dos textos
2
Condensados na Bíblia Hebraica e chamado pelos Judeus de Tanak.
da Bíblia hebraica como elemento religioso e identitário marcante da cultura
hebraica.
3
Êxodo cap. 19 a Números 10.10.
estava em dissintonia com a oficialidade doutrinária. A riqueza de detalhes da
cultura material a partir de escavações arqueológicas em Israel tem evidenciado, por
exemplo, a contraposição entre o ‘dogma’ da ausência de imagens (aniconismo) e a
riqueza de material iconográfico encontrado pela Arqueologia. Isso levou, por
exemplo, o professor Othmar Keel, da Universidade de Freiburg, Suíça, onde está
reunido o maior acervo iconográfico relativo ao Antigo Oriente, a afirmar
categoricamente: “no antigo Israel havia uma profusão de imagens!”.
Considerações finais
Mediante este texto, o qual sintetizei aquilo que considerei de maior
importância para se entender os princípios do monoteísmo hebraico, entendo que
Reimer oferece-nos possibilidades de realizarmos a leitura do Antigo Testamento de
uma perspectiva histórico-científica muito interessante e abrangente. Do mesmo
modo, numa podemos fazer a releitura numa perspectiva teológica, mas em que
você é obrigado a ponderar e considerar por uma questão de lealdade intelectual os
documentos arqueológicos e históricos. Ao teólogo-cristão, pode não ser tão fácil de
início considerar tais possibilidades, visto que a Escritura tem maior peso em sua
maneira relacionar e julgar os fatos. Considero que Reimer teve muito equilíbrio na
forma como apresentou sua ideia e argumentou cada ponto com precisão não
deixando que os pressupostos se tornassem ponto principal, mas antes, que se
fossem meios de chegar a uma realidade talvez, mais empírica e ao mesmo tempo
usando a própria Escritura como meio de reconstrução. Concluo dizendo que a
própria Escritura deixa em aberto ou sugere a dúvida a respeito do surgimento sólido
do monoteísmo. Conforme escreveu Champlin4:
[...] Pode até ser verdade, conforme dizem muitos teólogos , que a fé
religiosa original dos hebreus fosse henoteísta5, e não monoteísta.
Mas o relato da criação foi escrito em uma época da história de Israel
em que o monoteísmo já estava bem firmado. Seções posteriores do
Antigo Testamento talvez reflitam uma fé religiosa mais primitiva. O
trecho de Dt. 4.7 poderia ser um reflexo do henoteísmo. Outras
nações tinham deuses, mas não defendiam os seus adoradores,
como o Deus dos hebreus fazia em favor deles. Posteriormente todos
outros deus foram tidos por falsos. [...] É inegável que os
antepassados de Abraão eram politeístas 6. Permanece em dúvida
quanto desse politeísmo entrou na vida dos patriarcas. A história dos
ídolos do lar que Raquel ocultou e que, posteriormente Jacó sepultou
antes de voltar à Terra Prometida, indica definidamente um tempo em
que o monoteísmo ainda não havia prevalecido totalmente.
4 CHAMPLIN, Russel Norman, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. IV. p.347.
HAGNOS.
5 Que ou quem crê num deus supremo, mas sem negar a existência de outros deuses. Ou monolatria.