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Bolsonaro
& a Revolução
Republicana Tardia
CARLOS NEPOMUCENO
29/10/18

VERSÃO ALFA 1.1

(Versão ainda cheia de erros


e sofrerá ajustes. O livro é líquido.)
Link para baixar: http://bit.ly/formtardia

Colaboraram: Leonardo Almeida,


Antônio Cordeiro e Marco Cardoso

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A Revolução Digital ....................................................................... 11
O novo eleitor digital .................................................................... 16
O novo eleitor digital em ação – Manifestações de 2013 -
primeiro ato .................................................................................. 20
O novo eleitor digital em ação – Impeachment de 2015 –
segundo ato .................................................................................. 23
O novo eleitor digital em ação – Eleição de 2016 – terceiro ato25
As três crises encadeadas ............................................................. 26
O renascimento do marxismo latino americano .......................... 26
A Internet bate de frente com Gramsci........................................ 31
A monarquia absolutista brasileira ............................................... 35
República versus monarquia absolutista ...................................... 40
A Revolução Republicana Tardia .................................................. 42
A Revolução Republicana Tardia .................................................. 46

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Do cabelão a Bolsonaro: o que acontece neste país?

Em 1979 eu estava pelas ruas de São Paulo, aos 23 anos,


cabelão, cartaz nas mãos e pedindo a volta do irmão do Henfil,
o fim da ditadura, a liberdade. Foi um movimento lindo, que
começou com os estudantes, depois com os metalúrgicos e,
por fim, toda a população. E conseguimos o que queríamos,
pouco tempo depois o regime militar saiu de cena, abrindo
espaço para a abertura democrática.

O que fizemos, então? Viramos as costas e fomos cuidar de


nossas vidas, achando que o problema estava resolvido. E o
que se viu foi um processo vagaroso de construção de uma
democracia à brasileira, onde quase todos são iguais perante a
lei, e vale a regra: aos amigos do rei, tudo. Aos inimigos, nada,
nem mesmo a lei.

Até chegarmos no Mensalão, no Petrolão e, por fim, na


Operação Lava Jato, que revelou os intestinos de uma
República de Pernas Tortas, comandada por uma máfia e de
joelhos para os interesses de um ou dois partidos.

E em 2013 a tampa explodiu, até desembocar em 2018 com a


eleição de Jair Bolsonaro, apoiado na promessa de fazer
diferente, de abraçar a democracia, de construir uma
República.
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Será que aprendemos que isso é só o começo? Ou vamos mais
uma vez cruzar os braços e virar as costas, entregando para
alguém a tarefa de construir o Brasil que queremos?

Bem, já sabemos o que acontece quando viramos as costas à


política.

O saldo positivo desse processo é o surgimento de dezenas de


pensadores liberais/conservadores que estão jogando luz nos
processos, explicando o que acontece e porque acontece, sob
ângulos que nuca foram abordados antes.

E isso é novo. Carlos Nepomuceno é um desses.

Aproveite.

Luciano Pires -
Personal Trainer de Fitness Intelectual

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Aos milhões de brasileiros que saíram às ruas nestes últimos cinco
anos, empunhando bandeiras verde-amarelas
à procura de um país melhor.

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INTRODUÇÃO

Comecei e estudar Jair Bolsonaro há cerca de dois anos, quando


percebi que havia ali fenômeno de mídia digital diferente.

O digital é minha praia, deixa entender essa parada.

Comecei a olhar para o fenômeno dos aeroportos e não


diretamente para o capitão.

Pensei: tem algo ali que é fagulha e vai dar incêndio!

Passei, a partir daí, a ouvir as lives, depoimentos e a conhecer


mais os vídeos polêmicos de Bolsonaro para saber do que se
tratava tudo aquilo.

Ouvi mais de 100 horas de vídeos muito antes de Bolsonaro


começar a aparecer nas pesquisas como alguém que podia se
considerar concorrente válido.

Será algo de bom ou ruim aquele fenômeno para o país?

Comecei a me perguntar, desde então, até decidir meu voto pelo


capitão (17).

Percebi logo, com um ano de antecedência, que Bolsonaro ia


chegar no segundo turno, pois havia movimento bem encadeado
de marketing digital, que atendia a demanda crescente da
população.

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Quando a campanha avançou, passei a fazer lives na Lagoa, ao
longo das minhas caminhadas matinais.

Primeiro, de forma esporádica, depois diariamente, com cada vez


mais gente participando e curtindo.

Comecei ali desafio intelectual de entender como e por que um


capitão do exército com tão pouco tempo de televisão, sem
dinheiro, sem partido grande, com apenas oito segundos de
televisão chegou tão longe.

Campanha “Tabajara”.

E mais: enfrentou talvez a maior campanha difamatória do país,


tendo toda a chamada “vanguarda” brasileira contra ele: artistas,
intelectuais, mídia, ONGs de dentro e fora do Brasil, incluindo

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organismos internacionais, partidos tradicionais e institutos de
pesquisa.

Este e-book é o resultado deste esforço intelectual, que contou


com a colaboração de todos que me acompanharam na jornada,
comentando, incentivando, sugerindo e perguntando.

Será atualizado ao longo do tempo, através de novas versões.

Conto com seu apoio para torná-lo cada vez melhor.

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Um dos principais problemas para entender o “fenômeno
Bolsonaro” é repensar o papel das mídias na história humana.

O ser humano é a única espécie do planeta que cresce


demograficamente, de forma conectada e, por causa disso,
precisa promover Revoluções Midiáticas ao longo do tempo.

Revolução de Mídia são recorrentes e não uma novidade para a


espécie.

Não iniciamos nossa jornada há milhares de anos falando, nem


escrevendo e nem usando celulares, inventamos tudo isso e, toda
vez que surgia uma novidade desse tipo, mudamos.

O objetivo das Revoluções Midiáticas é o de ajustar o modelo de


comunicação para o novo patamar de complexidade demográfica
de plantão.

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Vejamos a tabela:

NOVA MÍDIA ÉPOCA MUDANÇAS

Fim do nomadismo,
agricultura,
ORALIDADE 70 MIL ANOS
domesticação dos
animais;

Monoteísmo,
possibilidade de
ESCRITA
7 MIL ANOS criação dos grandes
MANUSCRITA
impérios;

Liberalismo,
república e livre
ESCRITA
550 ANOS mercado, sociedade
IMPRESSA
contemporânea;

Como defendeu Marshall McLuhan (1911-80) e depois, mais


recentemente, o pensador digital americano Clay Shirky,
“quando mudamos a comunicação, mudamos a sociedade”.

A mídia é, assim, espécie de placa-mãe da sociedade, que define


a forma como nos organizamos enquanto espécie e altera o
modelo de como nos organizamos no tempo.

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Assim, não é o modelo de administração que define a mídia, mas
o contrário!

Ou seja, toda vez que temos mudança na forma de nos


comunicar, a sociedade entra em profundo processo de
mudança administrativa.

O atual século assiste, portanto, verdadeira Revolução


Civilizacional, pela chegada da nova mídia, o que explica um
conjunto de mudanças radicais e disruptivas que vários países
estão passando em várias áreas, inclusive o nosso.

Arrisco a dizer que todas as grandes Revoluções Civilizacionais


tiveram como ponto inicial mudanças de mídia, pela passagem de
ambiente concentrado para um mais distribuído.

A concentração favorece ambiente na sociedade, que cria


determinada centralização, que gera aumento de poder e nos
leva à decadência com o tempo.

O mundo vive hoje, assim, mudança Macro-Histórica das mídias,


fenômeno raro e pouco estudado pelos cientistas sociais de
plantão.

O Brasil é um dos países do mundo que tem utilizado a Internet


de forma intensa e cada vez mais acelerada. Temos uma tradição
oral que favorece muito a interação.

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Hoje, já há 116 milhões de brasileiros conectados, com 68% da
população online, segundo o IBGE. (Dados aqui:
https://glo.bo/2Pu6R6H).

Assim, só é possível entender o Fenômeno Bolsonaro, se


colocarmos a Revolução Midiática Digital como o epicentro do
processo.

É a mídia que nos permite sair da “Matrix”, que nos


encontrávamos - escravos de modelo concentrado de
informação, que formatou o Brasil que tínhamos.

Hoje, estamos reformatando por causa da nova mídia.

O fenômeno Bolsonaro pode que ser visto, assim, como vagão


dentro de um trem que já estava em curso,

Bolsonaro não é a locomotiva!

Podemos, assim, defender que o país vive hoje passagem do


Brasil Analógico (do jornal impresso, do rádio e da televisão) para
o Brasil Digital (do Youtube, do Facebook, Whatsapp). Isso
significa que estamos vivendo a seguinte passagem:

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BRASIL ANALÓGICO BRASIL DIGITAL

Intermediação da informação Reintermediação da


pelos meios eletrônicos de informação pelas mídias
massa digitais (Facebook, Twitter,
(Rádio, Jornal e Televisão) Whatsapp);

Interação das pessoas pelas


Interação das pessoas por
mídias digitais, de forma
canais analógicos (telefone)
muito mais horizontal e
ou presencial
constante;
Mobilização de ruas via
Mobilização de ruas
instituições analógicas
via mídias digitais.
(partidos e sindicatos)

Isso tem tido forte impacto no eleitor, que tem gradualmente


passado de ambiente informacional controlado para um muito
mais distribuído, com forte impacto na forma de pensar e agir de
cada um e de todos.

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A passagem de ambiente informacional controlado para
distribuído tem forte impacto individual em cada pessoa.

Há processo muito rápido de maturidade informacional de cada


eleitor, pois cada um deles passa a ter mais informação, aumento
da diversidade - o obrigando a refletir cada vez mais.

Podemos dizer que, se olharmos para o passado, vários


fenômenos sociais tiveram a influência de mudanças
semelhantes, na passagem de ambientes mais controlados para
distribuídos por causa da chegada de novas mídias:

FENÔMENO SOCIAL MÍDIA ESTIMULADORA

Escrita manuscrita
Monoteísmo, cristianismo
(bíblia é livro em grego);

Renascimento grego Alfabeto grego;

Reforma protestante,
Escrita impressa.
república e livre mercado

Assim, podemos dizer que quando aumentamos a população,


algo natural da espécie, haverá a demanda por nova tecnologia

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de comunicação descentralizada e, quando esta chega, teremos o
início de mudanças profundas na sociedade.

É o que estamos assistindo agora no Brasil.

Uma série de normas, padrões, injustiças, latências, problemas


que estão estabilizados e adormecidos entram em processo de
desestabilização e “saem do armário” para a luz do dia.

Por que isso acontece?

Um cidadão aceita determinadas coisas por não estar bem


informado e quando fica sabendo “das coisas” passa a não
aceitar mais. Simples assim.

Quando comecei a estudar o tema das Revoluções Midiáticas


acreditava que estas mudanças eram similares às Tsunamis (e
isso aparece no meu primeiro livro, de 2006, sobre o tema
“Conhecimento em Rede” – escrito com o professor Marcos
Cavalcanti).

Porém, hoje, mais amadurecido e dois livros depois e vários e-


books, considero que Revolução Civilizacional Digital, provocada
pela chegada e massificação de nova mídia descentralizada, é
mais parecida com “cupins silenciosos em um armário”.

A mudança começa o ocorrer em cada indivíduo, de forma


descentralizada, que ganha maturidade individual o que não é
aferido ou percebido de fora para dentro.

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O eleitor vai mudando com o tempo em um processo invisível
para quem olha de fora.

É importante perceber que se trata de uma mudança sistêmica


necessária, uma preparação para um ambiente social mais
sofisticado, no qual cada um passará a ter mais
responsabilidades.

É a descentralização das decisões e das responsabilidades que


permite, sistemicamente falando, a lidar melhor com o aumento
da complexidade demográfica.

Isso é algo estruturante e da essência da nossa espécie.

McLuhan chega ao ponto de dizer que novas mídias provocam


mudança na plástica cerebral de cada um, que tem
consequências logo a seguir em movimentos inéditos e
inesperados daquilo que estamos habituados.

Assim, a sociedade que vive sob o efeito de uma Revolução


Midiática tem a ilusão de que tudo está na mesma, mas há
havendo internamente em cada pessoa verdadeira revolução
cognitiva invisível!

Que vai, mais dia ou menos dia, aparecer movimentos sociais que
apontam a mudança que está ocorrendo em cada cidadão.

Há espécie de mudança rápida, profunda e imperceptível que


modifica gradualmente cada pessoa e toda sociedade

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gradualmente, como temos visto nestes últimos cinco anos no
Brasil, desde 2013.

Foram movimentos similares ao atual que desencadearam a


Reforma Protestante (1530) e a Revolução Francesa (1789), por
exemplo, sem que os antigos poderes estabelecidos pudessem
entender o que estava se passando.

Quando o Papa Medieval ou Versalhes perceberam, as Bastilhas


já tinham caído.

Assim, o Brasil tem vivido uma típica revolução midiática


silenciosa, na qual cada pessoa tem mudado internamente,
desde que começou a acessar as diversas ferramentas da
Internet.

Isso tem ocorrido com cada vez mais frequência e é a chave para
entender a eleição de Bolsonaro e os vários movimentos
anteriores a ela.

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Se analisarmos o Brasil de 2013 para cá, temos assistido
justamente as consequências destas mudanças provocadas pela
nova mídia, que já ocorreram em cada pessoa.

Em 2013, tivemos as maiores manifestações espontâneas da


história do Brasil (e talvez uma das maiores do mundo) e ali
começamos a perceber que estava em curso uma mudança
invisível e inexplicável.

(Já tinha previsto algo assim em diversas palestras bem antes


pela analogia com outras revoluções similares: para não dizerem
que estou inv entando - 12/06/2013
(https://youtu.be/H5L53bnEeMw)

Note que em 2013 tivemos uma verdadeira revolta (um


movimento sem objetivo específico), que teve como norte a
possibilidade de sair à rua sem a antiga intermediação dos
partidos, sindicatos e similares.

Os jovens não queriam mais bandeiras, símbolos unificados, mas


cada levar o seu cartaz, sem palavras de ordem em carro de som
centralizado.

Nada os representava!

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Ali, tivemos a revolta, a meu ver, de forma pura, de dois mundos:
a geração digital contra a sociedade analógica. Nada podia ser
feito ou mudado, pois era uma sensação de desconforto.

Não havia pauta, pois era uma plástica cerebral nova, que queria
ter sociedade compatível.

 Podemos dizer que a sociedade analógica é bem


representada pelos táxis, com a incapacidade de
fiscalização pela prefeitura, o monopólio das licenças e a
incapacidade de atender com qualidade os clientes;
 E a sociedade digital pelo Uber, com a avaliação constante
entre passageiros e motoristas e melhoria radical na
qualidade do atendimento.

As manifestações ocorreram e só tiveram fim graças à ação dos


vândalos (não sabemos se de forma espontânea ou a mando de
alguém) para promover verdadeiro terrorismo, quebrando tudo
que viam pela frente ao longo da noite, depois dos eventos.

O que acabou por exigir a presença da polícia e afastar os jovens


sonhadores. O movimento arrefeceu, sem antes derrubar a
aprovação da presidente Dilma Rousseff. Queda de 27% na
aprovação da presidente, como se lê aqui: http://bit.ly/2Dbbflq

O Brasil em 2013 deu o seu primeiro sinal de que estava saindo


do mundo analógico para o digital, mas nenhum político, partido,
intelectual entendeu o fenômeno.

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2013 deixou novas formas de manifestação de rua, que foram
utilizadas depois para o segundo ato da Revolução em curso: o
impeachment de Dilma.

Tudo começou ali, mas ninguém percebeu com clareza.

22
A partir das manifestações de 2013, se inicia processo de
estruturação de novas representações sociais com o surgimento
de pessoas e movimentos digitais independentes, tais como o
Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem para Rua – com ação direta
nas ruas e de forma ainda bem discreta do Partido Novo, entre
outros.

Era um pessoal que já vinha completamente com a cultura digital,


na forma e no conteúdo, ganhando cada vez mais corações e
mentes (vide as estupendas votações que tiveram em 2018).

Tais movimentos começam movimentos de rua mais


direcionados com algumas pautas mais evidentes:

 Defesa da Lava Jato e Sergio Moro;


 Impeachment da Dilma;
 Prisão para Lula.

As manifestações, sempre convocadas pelas mídias digitais,


começam tímidas, sem nenhum apoio das instituições políticas
tradicionais e vai ganhando adesão da população com novas
táticas.

Passam a ser convocadas para o fim de semana, geralmente aos


domingos, com hora marcada para acabar e evitam, assim, a ação
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dos vândalos, com a presença amistosa de policiais, que,
inclusive, tiram selfies com os manifestantes de camisa verde-
amarela.

O movimento vai crescendo, ganhando cada vez mais cidades e


adeptos e consegue, por fim, a abertura de processo e, por fim,
depois de muitas passeatas, a derrubada da presidente.

Os marxistas brasileiros, representados pelo PT e aliados (aqui


vou evitar a palavra esquerda que é muito genérica e imprecisa)
passam a defender que a derrubada da presidente do PT foi fruto
de um “golpe”.

Porém, já ali ignoram, escondem, não veem o movimento do


“cupim digital no armário”, que terá forte impacto no seu projeto
de poder.

A queda da presidente do partido mais bem articulado do país,


talvez do continente, através de processo constitucional, no qual
os políticos foram obrigados a aderir já demonstrava a força que
vinha das ruas, sob os efeitos da nova mídia.

Tudo isso continuava ignorado pelos analistas políticos de


plantão.

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Nas eleições municipais de 2016, ainda muito mais ligados pelo
Facebook do que pelo WhatsApp, os eleitores conseguiram
modificar, de forma significativa, o quadro eleitoral do país, com
forte derrota dos marxistas do PT.

Promoveu-se renovação de prefeitos e vereadores,


demonstrando que a onda iniciada em 2013 e 2015 continuava a
bater forte “na praia” das mudanças.

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Paralelo ao movimento, ou motivando-o cada vez mais, o país
passou, depois do governo de Dilma, por três crises profundas
encadeadas:

CRISES REFLEXOS
O aumento radical de crimes
de todos os tipos, incluindo a
SEGURANÇA triste marca de 60 mil
assassinatos por ano;

A maior crise da história do


ECONOMIA
país com inflação e recessão;
O envolvimento do partido do
governo e aliados no maior
POLÍTICA/ÉTICA
escândalo de corrupção do
mundo.

As crises foram consequência de uma agenda denominada


“Socialismo do Século XXI”, que apresentava seus primeiros
resultados, baseada nas premissas do Foro de São Paulo, algo
que o brasileiro não tinha a menor ideia do que se tratava, até
então.

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O Foro de São Paulo é o resultado do que podemos chamar de
renascimento do marxismo na América Latina, a partir de 1990.

Quando todos acreditavam que a queda do muro de Berlim, em


1989, era um ponto final dos projetos marxistas, da procura de
regimes socialistas.

Quando se imaginava que o que se denominava “esquerda” na


Europa, com viés republicano, era o mesmo que no Brasil, inicia-
se um projeto novo na América Latina, estimulado
principalmente por Cuba com aval de Lula e outros líderes
marxistas do continente.

Cuba havia perdido uma espécie de “bolsa família” da URSS e


precisava de novas formas de entrada de capital, já que é uma
ilha dependente de apoio externo, devido a sua falta de
capacidade de sobreviver sozinha.

Cuba resolveu exportar um tipo de consultoria de revolução


cultural para resolver um problema de caixa.

O Foro de São Paulo, bem ativo, promoveu a cooperação,


articulação, troca de experiências e favores entre os diferentes
grupos marxistas do continente, que tiveram enorme sucesso.

Foram muito poucos os países da região que não passaram a ter


presidentes ligados ao Foro, que passaram a ter dupla agenda:

 A externa para os eleitores de maneira geral – aquela que


dava a impressão que os marxistas do continente havia se
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rendido às ideias da república liberal, no modelo dos
partidos ex-marxistas europeus;
 A interna para o público interno – aquela que era
debatida nos gabinetes do Foro para o enfraquecimento
gradual das instituições, através do aparelhamento e um
possível golpe “branco”, quando fosse possível ao estilo
Venezuela.

O projeto do Socialismo do Século XXI renovou, assim, o projeto


do Marxismo Cultural já em curso no país, desde a
redemocratização, inspirado pelo pensador italiano Antônio
Gramsci (1891-1937), que visava a ocupação dos espaços de
difusão das ideias no país (escolas, universidade, mídias,
judiciário, meio artístico).

Tivemos, assim, na América Latina nos últimos anos, um projeto


de poder velado, que teve sucesso na Venezuela e na Nicarágua,
principalmente, a volta de projeto marxista ativo.

Uma nova forma de se chegar ao socialismo na maciota e no


sapatinho.

O que parecia fantasia, papo de comunistofóbico, se tornou bem


real, ainda mais com o avançar da ditadura socialista na
Venezuela, com toda a crise social, política e econômica que se
tem visto.

Assim, os marxistas latino-americanos, diferente do que se


imaginava, ao invés de entrar no modo revisão/mudança para
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um mundo contemporâneo, entraram no modo atuação/tomada
de poder num mundo cada vez mais digital.

Os marxistas pegaram a estrada para o século XVIII enquanto o


Brasil começou a ir para o novo século. Isso é um item
fundamental para entender a presente eleição.

Ignorou-se, assim, todos os fracassos sociais, políticos e


econômicos, incluindo as terríveis agressões aos direitos
humanos do século passado.

Mais uma vez ia se tentar reviver o projeto socialista com novo


método de tomada de poder. Por incrível que pareça voltávamos,
de alguma forma, ao mesmo cenário de 1963.

No qual, os marxistas tentavam se manter no poder e modificar


o projeto republicano liberal, só que agora com novo método.

O que parecia acabado no resto do mundo, caminhava de forma


subterrânea, nos países da América Latina, incluindo no Brasil, o
acabou por ser descoberto no Brasil, através da operação Lava
Jato.

A Lava Jato, assim, não foi apenas uma operação que descobriu o
projeto de corrupção em curso no país de um partido ou de
alguns partidos.

O mais grave da operação Lava Jato foi a descoberta de um


verdadeiro golpe de estado velado, de caráter continental,

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promovido pelos marxistas, tendo como eixo central as diretrizes
do Foro de São Paulo!

Descobriu-se que havia, além do benefício próprio de algumas


pessoas físicas (caso de Lula e José Dirceu, por exemplo) e para o
partido, como também, envio de dinheiro, via BNDES ou
programa Mais Médicos, para países vizinhos, incluindo Cuba.

Descobriu-se na Laja Jato articulação continental de tomada de


poder subterrânea em parceria com as empreiteiras e grupos
criminosos de todos os tipos para que o PT não só ficasse no
poder, mas modificasse o regime do país sem a consulta à
população.

A Venezuela foi um alerta e tanto do projeto.

O escândalo não era, em absoluto, mais sobre corrupção, ao


estilo Maluf, mas da volta a um movimento marxista similar ao
de 1964, quando tentaram chegar ao poder, através das armas,
agora era na maciota, numa espécie de “metástase política”.

Agora, o projeto era através da ocupação de espaços, de forma


sonsa e dissuadida, fingindo que eram republicanos.

O objetivo, ao final, era a Venezuelização do continente.

30
O projeto marxista bolivariano para a América Latina, tendo
Gramsci como inspirador e o Foro de São Paulo como articulador,
precisava da mídia concentrada para o controle da informação e
a intermediação das manifestações de rua.

(Gramsci nunca imaginou que haveria um Whatsapp!)

Foi justamente a chegada da Internet que se barrou o projeto


bolivariano, principalmente no Brasil.

A Revolução Digital Brasileira, que se inicia em 2013, permitiu a


descentralização das mídias, a circulação de um conjunto enorme
de informações, novos pensadores, líderes, articuladores,
organizações, que passassem a disputar e ganhar a atenção do
eleitor.

E o projeto de tomada de poder subterrânea veio à tona, através


das denúncias de Olavo de Carvalho, o guru, inclusive, de
Bolsonaro, com várias lives coletivas entre os dois.

31
Boa parte das pessoas passou a conhecer, via digital, a despeito
do que veiculava a grande mídia, a retomada de projeto de poder
dos marxistas no Brasil, através de outras vias não declaradas.

O marxismo cultural, como foi na Venezuela, precisava no Brasil


de ambiente de baixa transparência e controle da informação
para que o projeto fosse bem sucedido.

Na contramão desta pretensão, tivemos, ao contrário, o aumento


radical da transparência.

32
Não estava, em absoluto, no radar dos marxistas brasileiros, as
manifestações de 2013, do impeachment e nem as que
defenderam nas ruas à prisão de Lula.

As manifestações organizadas de forma descentralizada de baixo


para cima da sociedade colocaram os marxistas na defensiva,
sem entender o que ocorria.

Revoluções de Mídia estão muito longe das cartilhas marxistas.

Sem narrativa, sem conseguir entender quem era o novo inimigo


para o qual não tinham nenhuma estratégia, tiveram que se
esconder numa espécie de “caverna ideológica”, a partir de
2015.

Refugiaram-se em discurso sem nexo para uma população cada


vez mais bem informada. Passaram a chamar todos de golpistas,
fascistas, quando, na verdade, eram eles que estavam
preparando o verdadeiro golpe!

Quando a sociedade estava se abrindo para o debate das


narrativas, os marxistas brasileiros estavam se fechando para um
discurso confuso de uma verdadeira seita primitiva.

A sociedade brasileira amadurecia digitalmente e politicamente


em direção à descentralização, ao engajamento por narrativas
mais consistentes e discursos lógicos e os petistas entravam cada
vez mais para dentro da caverna ideológica.

33
O fosso entre o eleitor e os marxistas, diante de todas as crises
que castigavam profundamente o país, foi cada vez mais se
alargando.

Houve profunda revolta não só pela falta de autocrítica, de


pedido de desculpas por todos os sofrimentos causados pelas
crises, agravado por uma atitude agressiva contra todos que
queriam dar novos rumos ao país.

A tática do marxismo cultural: controle dos espaços da produção


de ideias bateu de frente com a descentralização da Internet.

Era a transparência versus a opacidade!

Era Gramsci versus o Whatsapp!

Era o século XXI contra o XVIII!

34
Nas manifestações de rua, o país começou a perceber, sempre
via mídias digitais, que estava numa certa encruzilhada:

 Havia a proposta bolivariana que nos levaria a algo


parecido com a Venezuela, tirania monarquista
absolutista;
 Ou o resgate – ou mesmo criação - dos valores
republicanos, em torno do hino, da bandeira, da
constituição, da democracia liberal.

“Nossa bandeira jamais será vermelha” – expressava de certa


forma esse tipo de encruzilhada, que era clara nas ruas, mas não
fazia parte do discurso dos analistas políticos de plantão.

35
O desprezo dos marxistas pelos valores da república liberal ficou
cada vez mais claro, de forma explícita, sem gelo.

 O impeachment, apesar de seguir as normas


constitucionais, foi golpe;
 A prisão dos marxistas corruptos era sempre injusta,
principalmente a do Lula. o “preso político”.

O que se percebia nas mídias digitais, através de cada vez mais


interlocutores era algo que não se ventilava nas mídias
analógicas.

Passou a se ter uma espécie de intuição dos valores, que giram


em torno da base da ética republicana, que foi trazida com toda
força pela Lava Jato.

“Todos são iguais perante à lei”.

36
O sonho de igualdade de que os poderosos poderiam ir também
para a prisão, que nunca saiu do papel, começou a se realizar
com a Lava Jato e o apoio das ruas.

Por causa das manifestações de rua e do trabalho da “República


de Curitiba” (operação Lava Jato), tivemos a prisão de
personagens nunca antes sonhada pelos republicanos brasileiros.

De presidente de empreiteiras, a presidente da república,


passando por ministros, parlamentares, etc.

Começou a ficar claro que havia algo maior do que apenas uma
luta entre república versus marxistas entre a bandeira verde-
amarela e a vermelha.

37
Percebeu-se que os marxistas haviam feito aliança com o que
havia de pior na monarquia absolutista brasileira.

A antiga oligarquia do país fez pacto com os marxistas para a


manutenção do status quo, desde Renan Calheiros a Maluf.

E aí tivemos algo maior nessa briga.

Não era mais apenas a luta política, mas um verdadeiro embate


ético (e por que não dizer épico) de maiores proporções entre:

ÉTICA ESTRUTURA

Todos são iguais perante às


leis, menos os membros da
TRIBAL, MAFIOSA, MARXISTA nossa tribo, o Maluf, menos
os “guerreiros do povo
brasileiro”;

Todos são iguais perante as


LIBERAL
leis, sem distinção;.

O movimento digital republicano passou a ser, assim, não mais


uma luta apernas contra os marxistas do Foro de São Paulo, mas

38
também algo maior contra as oligarquias do país, estabelecidas
desde 1500, que fizeram aliança com estes.

Passou-se a uma luta de 518 anos, na qual o Brasil, até hoje, não
havia oficializada, de uma vez por todas, a sua república.
Passamos a ter o embate entre o povo e o “Mecanismo” série
que fez sucesso no Netflix.

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Passamos, assim, a ter como pano de fundo o embate entre a
ética republicana:

“Todos são iguais perante as leis”.

Versus a ética tribal/monarquista:

“Todos são iguais perante as leis, menos os membros da nossa


tribo, dos marxistas, da nossa máfia”.

E aí passamos a perceber que o movimento que estava em curso


no país, antes mesmo de Bolsonaro aparecer, era espécie de
“Revolução Republicana Tardia”.

O Brasil, que havia criado a república em 1889, nunca havia


conseguido, na prática, viver de forma plena e continuada a ética
fundante desse tipo de regime: “todos são iguais perante às leis”.

Foi a derrubada do poder do rei absoluto, que permitiu que a


república fosse fundada em diferentes países.

Assim, não tínhamos uma república para valer, pois sempre


haviam, como ainda há, exceções ao cumprimento das penas.

Intuitivamente, fomos descobrindo que vivíamos, de fato, numa


monarquia absolutista disfarçada que teve várias fases: passou
muito tempo pelos fisiológicos conhecidos e quando todos

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acreditavam que os marxistas iriam superá-la, com uma revisão
do seu papel agora como republicanos liberais, tivemos um susto.

Ao invés dos marxistas latino-americanos aderirem aos conceitos


republicanos liberais como prometeram nas campanhas e na
carta aos brasileiros, de 2002 do PT, trouxe o projeto de
monarquia om toda força!

“Todos são iguais perante as leis, menos os guerreiros do povo


brasileiro!”

Os marxistas radicalizaram a ética tribal monarquista, através do


aparelhamento do estado, beneficiamento de todos que são da
própria tribo (no Brasil e no exterior).

E, além disso, quando descobertos no golpe que estava em curso


pela Lava Jato, criaram o falso discurso de perseguição política
para escamotear o projeto feito na surdina.

Se refugiaram na caverna para ver se passava a crise da


descoberta do golpe de migração da república para monarquia
ainda mais absolutista, como ocorreu na Venezuela.

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Assim, podemos dizer que a Internet provocou movimento de
massa, debaixo para cima, de forma descentralizada contra a
ética tribal/monarquista:

“Todos são iguais perante as leis, menos os membros de algumas


tribos, incluindo a dos marxistas”.

É bom saber que as Revoluções Republicanas dos países com


democracias liberais mais maduras, que ocorreram há cerca de
200 anos, por incrível que pareça também foram viáveis pela
chegada de nova mídia.

Foi a massificação do papel impresso, a partir de 1450, que


permitiu as mudanças religiosas da Reforma Protestante, que se
iniciam com Martinho Lutero.

Foi a leitura continuada da bíblia, estimulada pelos protestantes,


com o vertiginoso empoderamento informacional da população
que permitiu o surgimento das revoluções liberais, pela ordem
Inglesa (1688), Americana (1775) e Francesa (1789).

Assim, podemos dizer que aqueles países viveram as respectivas


revoluções liberais, cortando literalmente, em alguns casos, a
cabeça do rei para se opor a ética tribal e absolutista
ultrapassada:

“Todos são iguais perante as leis, menos a família real”.


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É a nova ética liberal a pedra fundamental para estabelecer as
bases da nova civilização a partir deste primeiro passo.

O Brasil, entretanto, não havia vivido esse processo, até hoje.

Nossa república foi criada num gabinete e não teve movimento


de massa que defendesse de forma clara esta ética estruturante
do mundo contemporâneo: “todos são iguais perante a lei”.

Assim, a chegada da nova mídia digital, abriu as porta para que o


país começasse a sonhar e querer esse tipo de ética, na prática,
sem exceção, numa Revolução Republicana Tardia.

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O movimento é similar ao que aconteceu no passado com os
outros países, mas ocorre aqui alguns séculos depois motivado
pela chegada da nova mídia.

Assim, a agenda brasileira, que está difícil de enxergar no


primeiro momento, é justamente algo que é banal para os outros
países, mas que, só agora, estamos conseguindo conquistar na
prática e não apenas no papel!

A partir daí, o país passou a perceber dois caminhos claros:

 De um lado a equipe da Lava Jato apontando um futuro


republicano possível: “todos são iguais perante as leis” –
“Não temos “bandidos de estimação”;
 E do outro marxistas, aliados às velhas oligarquias: “todos
são iguais perante à leis, menos os membros da nossa
tribo, grupo, máfia”, que são “guerreiros do povo brasileiro
ou antigos coronéis”, apesar das condenações na justiça.

Este era o cenário que tínhamos antes das eleições de 2018:

 Uma crise profunda e encadeada nos campos social,


político e econômico;
 Um movimento de defesa de república;
 Um eleitor digital com outra cabeça, nova força,
informado, articulado, mobilizado, utilizando mais e mais
as mídias digitais;
 E a consciência de grande parte dos novos manifestantes e
líderes digitais do golpe que estava em curso no país.
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Foi nesse cenário e neste contexto que Bolsonaro resolve ser
presidente numa mesa da sua casa na Barram, em 2014.

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Jair Messias Bolsonaro, capitão da reserva e deputado federal,
quando resolve se candidatar, em 2014, coloca o pé no digital por
influência de um de seus filhos.

Diferente dos demais candidatos, ele passa a:

 fazer a campanha quatro anos antes, visitando todo o país;


 e a usar intensamente as mídias digitais.

E tem como eixo de sua campanha um versículo da bíblia que diz:


“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” - João 8:32.

O interessante que este mote da campanha é muito próximo


daquilo que os estudiosos do mundo digital interpretam dos
efeitos da Internet sobre a sociedade.

A passagem de ambiente mais fechado, opaco, de informação


controlada para um mais aberto, transparente de informação
aberta e distribuída.

”E conhecereis a transparência da Internet e a transparência da


Internet vos libertará”.

Podemos dizer que nessa campanha:

 A população queria promover mais um ato da sua


Revolução Republicana Tardia, em direção ao

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fortalecimento das atividades da Lava Jato, algo que se
iniciou em 2013;
 E Bolsonaro passou a oferecer, via mídias digitais, um
conjunto de valores republicanos que as pessoas
desejavam.

O que houve, desde 2014, quando Bolsonaro começou a viajar


pelo Brasil, foi um afunilamento entre a demanda e a oferta.

Bolsonaro passou a ser visto como o Sérgio Moro 2.0, alguém


que ia permitir aprofundar e ir adiante com a Revolução em
curso.

Note que era movimento que estava em curso, antes do


Bolsonaro. Foi, assim, o movimento revolucionário que
incorporou Bolsonaro e não o contrário.

Não foi ele que criou o movimento, mas agregou um nome viável
para ser eleito durante a campanha.

Assim, é equivocado imaginar que Bolsonaro é o líder do


movimento, ou que se trata de um movimento criado por ele.

O movimento já vinha desde antes e que teve uma conjunção


com o novo presidente eleito: oferta e demanda.

Bolsonaro foi sim, sem dúvida, uma espécie de startup que


ofereceu um serviço compatível para as demandas do cliente.

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Houve encontro do movimento orgânico, espontâneo e
existente, que foi cada vez mais potencializado, aí sim pelo fator
Bolsonaro, expandindo-o cada vez mais pelo país.

Isso ficou bem claro e evidente depois do episódio do atentado


contra Bolsonaro em Juiz de Fora ainda no primeiro turno.

Sem que a maior parte dos analistas políticos percebesse ou que


a mídia noticisasse, começaram a ocorrer centenas de carretas
espontâneas nos fins de semana por todo o Brasil pró-Bolsonaro.

Foi talvez a campanha eleitoral mais mássiva e descentralizada


do planeta, pois nem Bolsonaro e nem os coordenadores da
campanha tiveram a noção ou ferramentas para avaliar a
dimensão do movimento.

(Tentei pelo Youtube e vi que só será possível com


desenvolvimento de robôs digitais para captar movimento tão
exponencial e distribuído.)

A eleição de Bolsonaro para presidente do Brasil, assim, é


fenômeno típico de uma Revolução Midiática em um país do
Terceiro Mundo.

Que, diferente do que se imaginava, promove algo que já havia


ocorrido nos países de republicas liberais mais antigas, porém
que vem à tona só agora.

Posso diagnosticar que o Brasil, com a eleição de Bolsonaro vive,


assim, novo ato de sua Revolução Republicana Tardia.
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Há uma escolha pela continuidade da opção pela ética liberal:
“todos são iguais perante as leis”.

Os marxistas e os antigas oligarcas estão, assim, sofrendo


debaixo dessa verdadeira “guilhotina digital”.

É possível dizer que a história brasileira será marcada pelos


acontecimentos destes últimos cinco anos (2013-2018).

Milhões de brasileiros, com um capitão do exército incomum,


politicamente incorreto, que soube acertar na forma e conteúdo,
conseguiram a despeito de todo “mecanismo”, alterar o rumo da
história do país, com possível impacto em todo o continente.

O futuro não será fácil e nem será um mar de rosas, pois todos os
países para entrarem no mundo contemporâneo da república
liberal sofreram como nós.

Mas mais um passo foi dado na caminhada do Brasil, que se


iniciou em 2013 com o primeiro ato e chegou até aqui com um
novo presidente escolhido pelos republicanos.

Espera-se dele que esteja à altura dos desafios e estaremos aqui


para apoiá-lo e criticá-lo, quando for o caso.

O processo não acabou, está em curso, mas em um passo bem


firme em direção ao contemporâneo.
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Precisamos de clareza para entender tudo que está em jogo e o
quanto já conseguimos e o quanto ainda falta.

Não podemos nos deixar levar pela incompreensão geral que


está em curso. Quem sabe do Brasil, suas dores e desgraças,
alegria e satisfação, são os brasileiros.

Aqui se vota e aqui se paga. E se é feliz.

Bora Brasil!

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(Outras ideias que surgiram com a live correlatas)

05 motivos por que você não deve se declarar uma pessoa de


direita:

1) Direita é algo genérico demais e permite que o outro


atribua a você aquilo que ele gostaria;
2) Direita é contraposição à esquerda, o que reforça a ética
tribal do nós e eles;
3) Se defina como liberal/liberal, liberal/conservador,
monarquista, anarcocapitalista, mas nunca de direita, seja
preciso;
4) Algo mais preciso é se definir como descentralizador,
alguém que quer reduzir o tamanho do estado, aí sim
pode-se analisar os centralizadores (nazistas, fascistas,
marxistas_;
5) Como houve uma campanha muito forte de atribuir o
nazismo à direita, se facilita o discurso de quem é de
direita é um semi-nazista, a ideia de ultra-direitista reforça
o conceito fascista e nazista.

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(Outras ideias que surgiram com a live correlatas)

Faço aqui uma contribuição sobre o que se diz e o de que fato


acredito que seja Bolsonaro:

O que se diz? O que acho que é?

O conceito direita é algo


Ultra direitista genérico, bem como ultra
direitista, não diz nada

É alguém que tem ações


contra homossexuais, nada há
Homofóbico além de declarações infelizes.
É politicamente incorreto
sobre o tema

Não procede os vídeos


Racista
montados

Declarações infelizes sobre


tortura no calor dos debates.
Torturador
Nada que apareça em plano
de governo.

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O que se diz? O que acho que é?

Tendência de reduzir o estado


e descentralizar governo,
Nazista
oposto de nazismo que é
centralizador

Fascista Idem do item acima

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CARLOS NEPOMUCENO

Jornalista, doutor em Ciência da Informação, lidera a Nepô –


Estratégia Digital. Professor de vários cursos de MBA sobre o
digital no Brasil, com diversos livros publicados.

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