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CONSIDERAÇÕES SOBRE O MATERIAL DE ESTUDO DA IMMB

Thiago Banfi Credico


São Paulo, 18 de setembro de 2018

Recebi o Material de Estudo da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, publicado na página de


Facebook oficial da IMMB na madrugada do dia 15 de setembro de 2018.

Obviamente, comecei a leitura com muito apreço, tendo em vista que a publicação alegava
tratar-se de um material cuidadosamente preparado para promover o esclarecimento acerca de todo
o processo da atual purificação da Igreja, bem como, as razões do posicionamento adotado pela IMMB,
perante os fatos apresentados.

Porém, com uma rápida olhada pelo conteúdo do material, fui tomado por uma profunda
tristeza. Trata-se na verdade de uma propaganda contra Kyoshu-Sama. É um material cheio recortes
e de frases adulteradas para comparar assuntos diferentes sob uma ótica deturpada, com muitas
retóricas e falácias. Além disso, não apresenta absolutamente nada de esclarecedor, exceto a posição
da IMMB em uma empreitada contra Kyoshu-Sama e seu filho Sr. Masaaki Okada. Não vejo outro
objetivo no material a não ser fazer com que os membros engulam a indigesta posição da instituição.

Entretanto, ainda assim, o li repetidas vezes para só então deixar aqui minhas impressões e
reflexões em 10 pontos que listo abaixo:

1 - Começo pelo discurso que a Igreja veio pregando, cheio de inconsistências e alternâncias.
No começo de 2017, para a IMMB a purificação era "problema do Japão", não passando de
"acontecimentos envolvendo a direção da Igreja Izunome do Japão e Kyoshu-Sama" e "não nos
afetaríamos por termos apenas laços de amizade, mas não ligações jurídicas com o a Igreja do Japão".
De pouco em pouco foi mudando sua posição, para "um assunto que pode afetar", posteriormente
para "seus reflexos atingem diretamente o desenvolvimento da Obra Divina no Brasil." e finalmente
passou a ser problema que afeta todo o mundo "nossa igreja está passando por um intenso processo
de purificação, iniciado no Japão, envolvendo a Igreja Mãe e o Quarto Líder Espiritual, Sr. Yoichi Okada.
Naturalmente, esse processo produz consequências nas igrejas de todo o mundo, incluindo nosso país".
Estas posições foram amplamente divulgadas através do corpo institucional da Igreja através de suas
páginas pessoais do Facebook, e comunicados pelos canais oficiais da IMMB. Afinal de contas,
defender Kyoshu-Sama é problema nosso ou não? Se não for de nossa competência, seria sensato
retirar o Mundial do nome de nossa Igreja deixando apenas Igreja Messiânica do Brasil.

2 - Quando Meishu-Sama disse que se tornou "KAMI NO DAIKOSHA", a IMMB afirma que "é
importante ressaltar que Meishu-Sama se referiu à sua pessoa." Por que não poderia estar se referindo
à posição que assumiu? Entendo que esta afirmação, seja apenas uma tentativa de separar o Trono
de Kyoshu do próprio Kyoshu-Sama, para posteriormente poder continuar dizendo serem apoiadores
do Trono, mesmo que o ocupante do mesmo não tenha valor nenhum, podendo ser substituído tão
cedo quanto a diretoria o julgue impertinente. Seria possível dissociar o Trono de Kyoshu daquele que
o ocupa? Se for assim, quem ocupa o Trono de Kyoshu, deixa de sê-lo e trona-se apenas uma figura
simbólica, pois na prática quem efetivamente protege os Ensinamentos como "Senhor dos
Ensinamentos" é a diretoria, que hierarquicamente deveria estar abaixo de Kyoshu-Sama. É algo que
não faz o menor sentido.

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3 - Fala-se sobre o estabelecimento do Trono de Kyoshu como se tivesse ocorrido com a maior
facilidade, contudo, oculta-se o fato de que se deu em meio uma comoção geral da passagem de
Meishu-Sama, onde cerca de 75% dos membros se afastaram e uma parcela dos que ficaram não
concordaram com a investidura de Nidai-Sama, e portanto a purificação acerca do Trono começou aí.
Sobre a purificação de 85~97, fala-se como se o papel da Terceira Líder tenha sido desnecessário, pois
após sua retirada da Obra, sua expansão foi formidável. Contudo, tudo nos leva a acreditar que isso
só aconteceu pelo fato de que a Igreja Izunome era a única que se alinhava com as diretrizes de
Kyoshu-Sama.

4 - Pela maneira em que o material foi escrito, este ficou muito parecido com os vários textos
da Toho-no-Hikari onde afirmam que a Izunome não aceitava o Quarto Líder, mesmo após sua
investidura. Esquecem de mencionar que estavam tirando a Terceira Líder do Trono à força, no início
dos anos 90, e por defendê-la isso não poderia ocorrer. Sendo assim, só após os trâmites legais serem
concluídos no final dos anos 90, permitindo que a Terceira Líder abdicasse do Trono por espontânea
vontade, é que um novo Kyoshu poderia assumir.

5 - Depois, fala-se que eram os membros, em especial da Izunome, que não aceitavam o quarto
líder em seus corações, exigindo um grande esforço do Revmo. Watanabe para que isso fosse mudado.
Mesmo sendo bastante claro, que quem não aceitava as orientações de Kyoshu-Sama sempre foi
justamente o grupo Toho-no-Hikari, encarando a figura de Kyoshu apenas como um símbolo, sem
autonomia para interferir em absolutamente nada quanto ao rumo e gestão das igrejas.

6 - De forma bastante contraditória, é dito que as palavras do Quarto Líder começaram a


divergir dos Ensinamentos ao ponto de causar preocupação na Terceira Líder, no Revmo. Watanabe e
nos diretores. É um contrassenso, uma vez que o Revmo. Watanabe continuou divulgando e
defendendo as palavras de Kyoshu-Sama até suas últimas palestras. Onde estariam registradas então
tais preocupações? Se de um lado, há palestras em que o Revmo. Watanabe defende o Trono, e do
outro? Seriam estas preocupações expressas pelo relato do Sr. Takamasa Watanabe? Por que motivo
seria importante considerar apenas este relato ao invés dos relatos dos outros ministros e reverendos
que dedicaram com ele até o final de sua vida e que asseguram que ele sempre permaneceu fiel à
Kyoshu-Sama?

7 - É dito que o Sr. Masaaki representar Kyoshu-Sama é um agravante. Qual é o motivo disso?
É outra coisa absolutamente sem sentido! É dito que o filho do Revmo. Watanabe representa seu pai,
mas o filho de Kyoshu-Sama, que está sendo preparado para ser o Quinto Líder, não o representa?
Quem decide isso? Não é o próprio Kyoshu-Sama o único a poder decidir quem pode ou não o
representar? Quanto a isso, temos autorização expressa do Quarto Líder para que seu filho lhe
represente, contudo não temos conhecimento desta autorização do Revmo. Watanabe para que seu
filho lhe representasse.

8 - É completamente fora de contexto a análise sobre a reencarnação, proposta no Material,


simplesmente por que esta análise parte da premissa que o ser humano não reencarna, e as palestras
alvos deste disparate não se tratam disso. Nunca tratou-se de negar a reencarnação, mas sim de
compreender o "nascer de novo". Toda refutação das palavras de Kyoshu-Sama e Masaaki-Sama é
uma falácia Ad Logicam, pois apresentam uma conclusão falsa sobre uma premissa mentirosa. Além
disso, temos mais um problema neste ponto: Quais são as fontes das palavras de Masaaki-Sama?
Apresentar apenas recortes de um material que nunca foi disponibilizado em sua totalidade é no
mínimo um erro que compromete a credibilidade do documento. Então, poderia ser dito que os
trechos recortados parecem contraditórios, mas quando inserido em seu contexto original, eles assim

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não se revelariam. Se fosse assim, então por qual motivo não foi revelado o documento na íntegra?
Será que não apresentaram o documento na íntegra exatamente para poder usar da falácia Ad
Logicam? Resumindo, temos trechos sem referência, que são contraditórios e não se sustentam,
usados para concluir uma premissa mentirosa.

9 - Também é completamente fora do contexto a análise sobre amor altruísta, pois esta parte
da premissa que Kyoshu-Sama e Masaaki-Sama consideram que os Ensinamentos são antigos e
ultrapassados. Sobre esse assunto, vejamos:

a) Quando foi dito que existe algum ensinamento antigo ou ultrapassado? Não
encontrei isso em nenhum material disponibilizado até o momento.
b) Listo agora os argumentos (I), (II) e (III) extraídos do Material que são redundantes
e que se contradizem:

(I) - Quando procedemos a uma leitura atenta e lúcida das palavras do Quarto
Líder Espiritual e do Sr. Masaaki, infelizmente, constatamos que a ideia de que
os ensinamentos de Meishu-Sama são “antigos” e “ultrapassados” está presente
em vários momentos, como vimos até aqui.
(II) - Quando ouvimos o Quarto Líder afirmar que o “nosso entendimento dos
ensinamentos de Meishu-Sama esteve errado até hoje”
(III) - Admitimos que, em muitos aspectos, a nossa prática do ensinamento de
Meishu-Sama ainda não atingiu o nível ideal. No entanto, o problema não são
os ensinamentos, mas sim, cada um de nós, o nosso nível espiritual.

É bastante evidente pelo argumento (III) que concorda-se e admite-se que não
conseguimos compreender completamente os Ensinamentos, pois isso depende do
nosso nível espiritual. Entendo que é exatamente a mesma coisa afirmada por Kyoshu-
Sama no argumento (II). Desta forma, o argumento (I) é a parte ilógica, apresentada de
forma deturpada apenas para contradizer o argumento (II).

Fica óbvio que Kyoshu-Sama e seu filho não são contra a prática do altruísmo, pelo contrário,
pesquisando em suas palestras publicadas pela Revista Izunome, que é um material elaborado e
reconhecido pela própria IMMB, é possível encontrar pelo menos 50 vezes a palavra altruísmo. Isso,
obviamente, sem contarmos as citações indiretas que são relacionadas ao incentivo da prática.

10 - Por fim, duas expressões foram pinçadas das palavras de Masaaki-Sama para dizer que
"Devolver os Ensinamentos a Deus" e "escondemos o que precisa ser escondido para não passar
vergonha" são expressões que nos causam profundo lamento, porém ao analisarmos estas expressões
dentro de seu contexto percebemos que:

a) Me parece maravilhoso aplicar este conceito tipicamente japonês para os


Ensinamentos, pois o conceito de devolver (OKAESHI) provém de um termo muito
próximo ao que chamamos em português de retribuir. Não trata-se de entregar de volta
aquilo que foi presenteado, mas sim, é muito mais relacionado com agradecer aquilo
que recebemos para quem nos presenteou. Isto em nada ignora e nega a qualificação
divina a partir da qual Meishu-Sama escreveu os ensinamentos, pelo contrário, por
reconhecer que os Ensinamentos são provindos de Deus, sendo presentes dEle para
toda a humanidade, que surge a latente necessidade de retribuição (OKAESHI).

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b) Dizer que "escondemos o que precisa ser escondido" em nada desqualifica o próprio
trabalho de edição dos ensinamentos e estabelecimento da Doutrina que veio sendo
desenvolvido por cada Líder Espiritual que ocupou o Trono de Kyoshu desde a Ascensão
do Fundador, pelo contrário, demonstra que Kyoshu-Sama está completamente ciente
sobre nossa postura humana em selecionar apenas os Ensinamentos que nos são
convenientes.

Neste ponto, acrescento que citar frases soltas ao acaso, fora de seu contexto, ou é
amadorismo ou é má fé. Este é um recurso usual para distorcer as palavras do autor. Qualquer leitor
um pouco mais atento e imparcial percebe este recurso e conclui que o texto não tem credibilidade.
Em termos de metodologia da redação (metodologia da pesquisa) isso torna o documento
tendencioso, portanto, de fácil refutação.

Chego ao fim de minhas impressões e reflexões em 10 pontos com as seguintes dúvidas:

O que houve com os comunicados que a IMMB emitiu, dizendo "Portanto, temos a autonomia
necessária para garantir a continuidade do apoio irrestrito e irrefutável às orientações de Kyoshu-
Sama", "Solicitamos que a Izunome reveja a sua posição e não mais aceite a produção e a veiculação
de qualquer material que denigra a imagem de Kyoshu-Sama, pois do contrário seremos obrigado a
romper nossos laços institucionais e exigir a renúncia do Presidente Kobayashi e os diretores que o
seguem" e "A IMMB reafirma seu compromisso de seguir unido a Kyoshu-Sama, reconhecendo que
suas orientações são a manifestação do sentimento de Meishu-Sama para avanço da Obra Divina no
mundo"? Como pudemos passar desses comunicados acima, para a cartilha anti-Kyoshu que foi
apresentada no Material de Estudo da Igreja Messiânica Mundial do Brasil? O que houve com o
sentimento de defender Kyoshu-Sama? Será que quando o Revmo. Watanabe deixou o Mundo
Material, este sentimento foi junto com ele?

Pelo tempo que fizeram os membros esperar, alegando uma posição imparcial com relação a
purificação da nossa Igreja, eu esperava por um material, no mínimo, um pouco mais esclarecedor.

Espero do fundo do coração que esta reflexão possa ser muito útil para todos, tanto quanto foi
para mim em minha busca para verdadeiramente compreender e praticar o que Meishu-Sama nos
ensinou e não apenas aquilo que julgo ser conveniente a partir de minhas próprias experiências. Muito
obrigado, e que a graça de Deus esteja com todos os senhores.

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