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por
Anthony Hoekema
O que devemos observar primeiro de tudo é que a Bíblia não descreve o homem
cientificamente; na verdade, o julgamento (dos teólogos) é que a Bíblia não nos dá
nenhum ensino científico a respeito do homem, nenhuma “antropologia” que deveria ou
poderia estar em competição com uma investigação científica do homem nos vários
aspectos de sua existência ou com a antropologia filosófica. [1]
Além disso, a Bíblia não usa uma linguagem científica exata. Ela usa termos
como alma, espírito e coração mais ou menos indistintamente. Isto é por causa das partes
do corpo que são tidas, não primariamente do ponto de vista de suas diferenças ou de suas
inter-relações com outras partes, mas como significando ou enfatizando os diferentes
aspectos do homem total em relação a Deus. Do ponto de vista da psicologia analítica e
da fisiologia, o uso do Antigo Testamento é caótico: ele é o pesadelo do anatomista
quando qualquer parte pode ser entendida como sendo a totalidade. [2]
Vez por outra, entretanto, tem sido sugerido que o homem deveria ser entendido como
consistindo de certas “partes” especificamente distintas. Um desses entendimentos é
usualmente conhecido como tricotomia — a ideia que, segundo a Bíblia, o homem
consiste de corpo, alma e espírito. Um dos proponentes mais antigos da tricotomia, como
vimos, é Irineu, que ensinava que enquanto os incrédulos possuíam somente almas e
corpos, os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito
Santo. [7] Um outro teólogo que usualmente está associado com a tricotomia é Apolinário
de Laodicéa, que viveu de 310 a aproximadamente 390 AD. A maioria dos intérpretes
atribuem a ele a idéia de que o homem consiste de corpo, alma e espírito ou mente
(pneuma ou nous), e que o Logos ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito
humano na natureza humana que Cristo assumiu. [8]Berkouwer, contudo, assinala que
Apolinário desenvolveu primeiro a sua cristologia errônea em um contexto
de dicotomia. [9] Mas J. N. D. Kelly diz que é uma questão de importância secundária
se Apolinário era um dicotomista ou tricotomista. [10]
A tricotomia foi ensinada no século XIX por Franz Delitzsch, [11] J. B. Heard, [12] J. T.
Beck, [13] e G. F. Oehler. [14] Mais recentemente tem sido defendido por escritores
como Watchman Nee, [15] Charles R. Solomon (que afirma que através do seu corpo, o
homem relaciona-se com o ambiente, através de sua alma com os outros, e do seu espírito
com Deus), [16] e Bill Gothard. [17] É interessante observar que a tricotomia é também
defendida na antiga e na nova Scofield Reference Bible. [18] A despeito deste apoio,
devemos rejeitar a visão tricotomista da natureza humana.
Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela parece fazer violência à unidade do homem.
A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado em três “partes”: a
palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas, tricha, “tríplice” e temnein,
“cortar. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até sugeriram que certas pessoas tinham
os seus espíritos cortados, enquanto que outras não.
A Bíblia, contudo, não ensina qualquer tipo de distinção aguda entre espírito (ou mente)
e corpo. Segundo as Escrituras, a matéria não é má porque foi criada por Deus. A Bíblia
nunca denigre o corpo humano como uma fonte necessária do mal, mas o descreve como
um aspecto da boa criação de Deus, que deve ser usado no serviço de Deus. Para os gregos
o corpo era considerado “uma sepultura para a alma” (soma sema) que o homem
alegremente abandonava na morte, mas esta idéia é totalmente estranha às Escrituras.
Devemos rejeitar também a tricotomia porque ela faz uma aguda distinção entre o
espírito e a alma que não encontra suporte algum nas Escrituras. Podemos ver isto mais
claramente quando observamos que as palavras hebraica e grega traduzidas
como alma e espírito são freqüentemente usadas indistintamente nas Escrituras.
1. O homem é descrito na Bíblia tanto como alguém que é corpo e alma como alguém
que é corpo e espírito: “Não temais aqueles que matam o corpo mas não podem matar a
alma” (Mt 10.28); “Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas do
Senhor, de como agradar ao Senhor, assim no corpo como no espírito” (1 Co 7.34);
“Como o corpo sem o espírito está morto, assim a fé sem as obras é morta” (Tg 2.25).
2. A dor é atribuída tanto à alma como ao espírito: “Levantou-se Ana e, com amargura
de espírito, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” (1 Sm 1.10); “Porque o Senhor
te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade,
que fora repudiada, diz o teu Deus” (Is 54.6); “Agora está angustiada a minha alma” (Jo
12.27); “Ditas estas cousas, angustiou-se Jesus em espírito” (Jo 13.21); “Enquanto Paulo
os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava, em face da idolatria dominante na
cidade” (At 17.16); “(Porque este justo [Ló], pelo que via e ouvia quando habitava entre
eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)” (1 Pe
2.8).
3. O louvor e o amor a Deus são atribuídos tanto a alma como ao espírito: “A minha alma
engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (lc 1.46-47);
“Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, de todo o
teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12.30).
5. O morrer é descritivo tanto como uma partida da alma como do espírito: “Ao sair-lhe
a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni” (Gn 35.18); “E estendendo-se três
vezes sobre o menino, clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, que faças a alma
deste menino tornar a entrar nele” (1 Rs 17.21); “Não temais os que matam o corpo e não
podem matar alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma
como o corpo” (Mt 10.28); “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Sl 31.5); “E Jesus
clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27.50); “Voltou-lhe o
espírito, ela imediatamente se levantou”(Lc 8.55); “Então Jesus clamou em alta voz: Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23.46); “E apedrejavam a Estevão que
invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59).
6. Aqueles que já haviam morrido eram algumas vezes chamados tanto de almas e outras
vezes deespíritos: Mt 10.28, citado acima; “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do
altar as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa
do testemunho que sustentavam” (Ap 6.9); “e a Deus, o juíz de todos, e aos espíritos dos
justos aperfeiçoados “ (Hb 12.23); “Pois também Cristo morreu...para conduzir-vos a
Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado em espírito, no qual também foi e pregou aos
espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade
de Deus aguardava nos dias de Noé” (1 Pe 3.18-20).
Os tricotomistas freqüentemente apelam para duas passagens do Novo Testamento: Hb
4.12 e 1 Ts 5.23, para dar suporte ao seu conceito, mas nenhuma dessas passagens prova
o ponto deles.
Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração.
Estas palavras descrevem o poder penetrante da palavra de Deus. O autor de Hebreus não
pretende dizer que a palavra de Deus causa uma divisão entre uma “parte” da natureza
humana chamada alma e outra “parte” chamada espírito, assim como não pretende dizer
que a palavra causa uma divisão entre as juntas do corpo e a medula encontrada nos ossos.
A linguagem é figurativa. A cláusula seguinte aponta para o intento do autor: ele deseja
dizer que a palavra de Deus discerne “os pensamentos e atitudes (ou intenções) do
coração”. A palavra de Deus (seja ela entendida como a Escritura ou como Jesus Cristo)
penetra nos recônditos mais interiores de nosso ser, trazendo à luz os motivos secretos de
nossas ações. Esta passagem, na verdade, está em paralelo com um texto de Paulo: “[o
Senhor] não somente trará à plena luz as cousas ocultas das trevas, mas também
manifestará os desígnios dos corações” (1 Co 4.5). Não há, portanto, nenhuma razão para
se entender Hebreus 4.12 como ensinando uma distinção psicológica entre alma e espírito
como sendo duas partes constituintes do homem.
Deveríamos observar primeiro que esta passagem não é uma afirmação doutrinária, mas
uma oração. Paulo ora para que seus leitores tessalonicenses possam ser santificados e
completamente preservados ou guardados por Deus até que Cristo volte novamente. A
totalidade da santificação, pela qual Paulo ora, é expressa no texto por duas palavras
gregas. A primeira, holoteleis, é derivada de holos, significando a totalidade, e telos,
significando a finalidade ou o alvo; a palavra significa “a totalidade de modo que se
alcance o alvo”. A Segunda palavra, holokleron, derivada de holos e kleros, porção ou
parte, significa “completa em todas as suas partes”. É interessante observar que na
segunda metade da passagem, ambos o adjetivos holokeron e o verbo teretheie (“possam
ser guardados ou preservados”) estão no singular, indicando que a ênfase do texto está
sobre a totalidade da pessoa. Quando Paulo ora pelos tessalonicenses para que o espírito,
alma e corpo possam ser guardados, ele não está tentando separar o homem em três partes,
mais do que Jesus pretendeu fazer em quatro partes quando disse: “Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a
tua força (Lc 10.27). Esta passagem, portanto, também não proporciona qualquer base
para a visão tricotômica da constituição do homem. [20]
É minha convicção, contudo, que nós deveríamos rejeitar tanto a dicotomia como a
tricotomia. Como cristãos deveríamos certamente repudiar a dicotomia no sentido em que
os antigos gregos a ensinaram. Platão, por exemplo, formulou a idéia de que o corpo e a
alma devem ser tidos como duas substâncias distintas: a alma pensante, que é divina, e o
corpo. Visto que o corpo é composto de substância inferior chamada matéria, ele é de um
valor inferior à da alma. Na morte simplesmente o corpo se desintegra, mas a alma
racional (ou nous) retorna “aos ceús”, se o seu curso de ação foi justo e honrado, e
continua a existir para sempre. A alma é considerada uma substância superior,
inerentemente indestrutível, enquanto que o corpo é inferior à alma, mortal, e condenado
à destruição total. Não há no pensamento grego, portanto, lugar algum para a ressurreição
do corpo. [22]
O melhor modo de determinar a visão bíblica do homem como uma pessoa total é
examinar os termos usados para descrever os vários aspectos do homem. Antes de fazer
isso, contudo, duas observações devem ser feitas: (1) Como foi dito, a preocupação
primária da Bíblia não é a constituição psicológica ou antropológica do homem mas a sua
capacidade inescapável de relacionar-se com Deus; e (2) devemos sempre Ter em mente
que J. A. T. Robinson diz a respeito do uso que o Antigo Testamento faz destes termos:
“Qualquer parte pode ser tomada pelo todo”, [23] e o que G. E. Ladd afirma a respeito do
uso que o Novo Testamento faz dessas palavras: “A recente erudição tem reconhecido
que termos como corpo, alma e espírito não são diferentes, faculdades separadas do
homem mas diferentes modos de ver a totalidade do homem.” [24]
Com isto em mente, nós trataremos primeiro das palavras do Antigo Testamento e, então
com as encontradas no Novo Testamento.
Está claro, portanto, que a palavra nephesh pode significar a pessoa total. Edmond
Jacob diz o seguinte: “Nephesh é o termo usual para a natureza total do homem, para o
que ele é e não apenas pelo que tem... Por isso a melhor tradução em muitos casos é
‘pessoa’”. [27]
Quando a referência é feita ao homem em sua relação com Deus, ruach é o termo mais
provável para ser usado..., mas quando referência é feita ao homem em relação a outros
homens, ou o homem vivendo a vida comum dos homens, então nephesh é mais provável,
se um termo psíquico é exigido. Em ambos os casos a totalidade do homem está
envolvida. [28]
Portanto, não deve ser pensado de ruach como um aspecto separado do homem, mas
como a pessoa total vista de determinada perspectiva.
A palavra coração não somente é usada no Antigo Testamento para descrever o assento
do pensamento, do sentimento e da vontade; é também a sede do pecado (Gn 6.5; Sl 95.8,
10; Jr 17.9), a sede da renovação espiritual (Dt 30.6; Sl 51.10; Jr 31.33; Ez 36.26), e o
lugar da fé (Sl 28.7; 112.7; Pv 3.5).
Mais do que qualquer outro termo do Antigo Testamento, a palavra coração significa o
homem no mais profundo centro de sua existência, e como ele é no mais profundo do seu
ser. Herman Dooyeweerd, o filósofo holandês, entendeu o coração na Escritura como
sendo “a raiz religiosa da existência total do homem”. [30] A filosofia que ele
desenvolveu enfatiza que o coração é o centro e a fonte de toda a atividade religiosa,
filosófica e moral do homem. Ray Anderson chama o coração de “o centro do eu
subjetivo”. Ele é “a unidade do corpo e da alma na verdadeira ordem deles — ele é a
pessoa”. [31]
Basar pode algumas vezes denotar a pessoa total, não apenas o aspecto físico. [36] Mas
ela pode também ser juntada com nephesh em maneiras que referem ao homem total.
Clarence B. Bass, comentando as palavras do Antigo Testamento para “corpo”, afirma:
Corpo e alma são usados quase que indistintamente, sendo que a alma indica o homem
como um ser vivo, e corpo (carne) denota-o como uma criatura corporalmente
visível...Esta unidade de corpo e alma [tem] conduzido alguns escritores a concluir que o
Antigo Testamento carece de uma idéia do corpo físico como uma entidade
discreta...Mais propriamente, contudo, o Antigo Testamento vê o corpo e a alma como
coordenadas que se interpenetram em funções para formar um todo simples. [37]
Eduard Schweizer afirma que psyche é usado freqüentemente nos Evangelhos para
descrever o homem total, [40] para representar a verdadeira vida em distinção da vida
puramente física, [41] e para referir-se à existência dada por Deus que sobrevive à
morte. [42] Schweizer diz que Paulo usa psychequando se refere à vida natural e à vida
verdadeira; ele freqüentemente usa a palavra para descrever a pessoa. [43] No Livro do
Apocalipse psyche pode ser usada para denotar a vida após a morte (como em
6.9). [44] Está claro, portanto, que psyche, como nephesh, freqüentemente significa a
pessoa total.
Agora nos voltamos para a palavra pneuma, o equivalente do Novo Testamento a ruach,
que quando se refere ao homem é mais usualmente traduzida como “espírito”. O léxico
de Arndt-Gingrich dá oito significados, incluindo os seguintes: “o espírito como parte da
personalidade humana”, “o ego de uma pessoa”, “uma disposição ou estado de mente”.
Schweizer diz que Paulo usa pneuma para as funções físicas do homem, que ele é
freqüentemente um paralelo de psyche, e que pode denotar o homem como um todo, com
ênfase mais forte sobre o seu psíquico do que sobre a sua natureza física. [45]
George Ladd, numa discussão da psicologia paulina, diz-nos que no pensamento de Paulo
o homem serve a Deus com o espírito e experimenta a renovação no espírito. Paulo
algumas vezes contrasta o pneumacom o corpo como a dimensão mais interior em
contraste com lado exterior do homem (2 Co 7.1; Rm 8.10). Pneuma pode descrever a
auto-consciência do homem( 1 Co 2.11). [46] W. D. Stacey argumenta que Paulo não vê
o pneuma como algo que somente o regenerado tem: “Todos os homens têm pneuma
desde o nascimento, mas o pneuma cristão, na comunhão com o Espírito de Deus, assume
um novo caráter e uma nova dignidade” (Rm 8.10). [47]
É interessante observar que pneuma pode se referir à vida após a morte. Como já vimos,
Hebreus 12.23 descreve santos mortos como “os espíritos dos justos aperfeiçoados”, e
ambos, Cristo (Lc 23.46) e Estevão (At 7.59), como moribundos encomendando seus
espíritos a Deus o Pai ou Deus o Filho. Cristo é também dito ter pregado aos “espíritos
em prisão”, obviamente se referindo a pessoas falecidas (1 Pe 3.19).
Em uma seção de sua Dogmatics na qual ele trata com “o homem como alma e corpo”,
Karl Barth, falando do coração no Novo e no Antigo Testamentos, diz:
Se fôssemos verdadeiros com os textos bíblicos deveríamos dizer do coração que ele é in
nuce o homem total em si mesmo, e, portanto, não somente o locus de sua atividade mas
de sua essência...Assim, o coração não é meramente uma realidade mas a realidade do
homem, ambos – da totalidade da alma e da totalidade do corpo. [50]
Assim, novamente aqui vemos a ênfase bíblica na totalidade do homem. Kardia significa
a pessoa total em sua essência mais interior. No coração a atitude básica do homem para
com Deus é determinada, seja de fé ou de incredulidade, de obediência ou de rebelião.
Embora estritamente falando o Antigo Testamento não tenha uma palavra para corpo, ele
usa basar para descrever o aspecto físico do homem, sua carne. No Novo Testamento há
duas palavras para corpo: sarx esoma. Arndt-Gringrich lista oito significados para sarx,
usualmente traduzidos como “carne”; entre outros significados estão: “corpo”, “um ser
humano”, “natureza humana”, “limitação física”, “o lado exterior da vida”, e “o
instrumento desejoso do pecado” (particularmente nos escritos de Paulo).
Sarx no Novo Testamento, então possui dois significados principais: (1) o aspecto
externo, físico da existência do homem — neste sentido ele pode ser usado do homem
como um todo; e (2) carne como a tendência dentro do homem caído para desobedecer a
Deus em todas as áreas da vida. [51] Neste segundo sentido, encontrado principalmente
nas epístolas de Paulo, não devemos restringir o sentido desarx como se referindo
somente ao que usualmente chamamos de “pecados da carne” (pecados do corpo); ao
contrário, deveríamos entendê-lo como referindo-se aos pecados cometidos pela pessoa
total. Na lista das “obras da carne” (ta erga tes sarkos) encontrada em Gálatas 5.19-21,
onde cinco de quinze dizem respeito aos pecados do corpo; o restante diz respeito ao que
chamamos de “pecados do espírito”— como ódio, discórdia, ciúme, e que tais. Assim,
mesmo quando a palavra sarks é usada neste segundo sentido, ela diz respeito à pessoa
total, e não apenas a uma parte dela.
Agora nos voltamos para a palavra soma, usualmente traduzida como “corpo”. Arndt-
Gingrich dá cinco significados, incluindo os seguintes: “o corpo vivo”, “o corpo da
ressurreição”, e “a comunidade cristã ou igreja”. Clarence B. Bass, num artigo sobre o
corpo nas Escrituras, também lista cinco definições da palavra soma: “a pessoa total como
uma entidade diante de Deus”, “o locus do espiritual no homem”, “o homem total como
destinado para a membrezia no reino de Deus”, “o veículo para a ressurreição”, e “o lugar
do teste espiritual em termos do qual o julgamento acontecerá”. [52] Ele chega à seguinte
conclusão:
Assim, está claro que o corpo é usado para representar a totalidade do homem, e milita
contra qualquer idéia da visão bíblica do homem como existindo à parte da manifestação
corporal, a menos que seja durante o estado intermediário [que é, o estado entre a morte
e a ressurreição]. [53]
Podemos resumir nossa discussão das palavras bíblicas usadas para descrever os vários
aspectos do homem, como segue: o homem deve ser entendido como um ser unitário. Ele
tem um lado físico e um lado mental ou espiritual, mas não devemos separar esses dois.
A pessoa humana deve ser entendida como uma alma corporificada ou um corpo
“espiritualizado” (“animado”). [54] A pessoa humana deve ser vista em sua totalidade,
não como uma composição de diferentes “partes”. Este é o ensino claro de ambos os
Testamentos. [55]
UNIDADE PSICOSOMÁTICA
Embora a Bíblia veja o homem como uma totalidade, ela também reconhece que o ser
humano possui dois lados: o físico e o não-físico. Ele possui um corpo físico, mas ele
também é uma personalidade. Ele tem uma mente com a qual ele pensa, mas também um
cérebro que é parte do seu corpo, e sem o qual ele não pode pensar. Quando as coisas
andam errada com ele, é necessária uma cirurgia, mas outras vezes ele pode precisar de
um aconselhamento. O homem é uma pessoa que pode, contudo, ser vista dedois ângulos.
Nós não precisamos retratar a ‘mente’ e o ‘cérebro’ como duas espécies ‘substâncias” que
se interagem. Não precisamos pensar dos eventos mentais e dos eventos cerebrais como
dois conjuntos distintos de eventos...Parece-me suficientemente melhor descrever os
eventos mentais e seus eventos cerebrais correlatos como os aspectos “interiores” e
“exteriores” de uma e da mesma seqüência de eventos, que em sua plena natureza são
mais ricos — tem mais para eles — do que pode ser expresso tanto numa categoria mental
como física, isoladamente. [60]
O homem, então, existe num estado de unidade psico-somática. Assim, fomos criados,
assim somos agora, e assim seremos após a ressurreição do corpo. Porque a redenção
plena inclui a redenção do corpo (Rm 8.23; 1 Co 15.12-57), visto que o homem não é
completo sem o corpo. O futuro glorioso dos seres humanos em Cristo inclui ambos, a
ressurreição do corpo e uma nova terra purificada e aperfeiçoada.[62]
O ESTADO INTERMEDIÁRIO
Agora, enfrentaremos uma pergunta importante: O que dizer a respeito do período entre
a morte e a ressurreição, o chamado “estado intermediário”? Quando uma pessoa morre,
o que acontece? Visto que alguém não é completo sem o corpo, então uma pessoa cessa
de existir até ao tempo da ressurreição? Ou ela “existe” num estado completamente
inconsciente? Ou imediatamente após a morte recebe a ressurreição do corpo? Ou ela
recebe uma espécie de corpo intermediário, para ser substituído mais tarde por um corpo
ressuscitado?
A idéia de que o homem cessa de existir entre a morte e a ressurreição, sustentada pelas
Testemunhas de Jeová e pelos Adventistas do Sétimo Dia, deve ser rejeitada como não-
bíblicas. [63] A idéia de que após a morte as pessoas recebem imediatamente corpos
“intermediários” também não encontra base nas Escrituras. O contraste no Novo
Testamento é sempre entre o corpo presente e o corpo ressuscitado (cf. Fp 3.21; 1 Co
15.42-44). Os aderentes dessa idéia, às vezes, citam 2 Coríntios 5.1 para provar que
receberemos tais corpos “intermediários”: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste
tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos,
eterna, nos céus.” Mas esta passagem fala a respeito da casa eterna no céu. Se tivéssemos
que entender esta “casa eterna” como se referindo a um novo corpo, ela não designaria
um corpo “intermediário”, temporário. [64]
Uma outra idéia, usualmente chamada de “sono da alma”, é a de que o homem, ou sua
“alma” , existe num estado inconsciente entre a morte e a ressurreição. Esta idéia tem sido
sustentada por vários grupos cristãos. João Calvino escreveu sua primeira obra
teológica, Psychopannychia, para combater os ensinos do sono-da-alma sustentados
pelos anabatistas da sua época. [65] Mais recentemente, esta posição tem sido defendida
por G. Vander Leeuw, [66] Paul Althaus [67] e Oscar Cullmann. [68]
Mas isto não responde à nossa pergunta sobre o que acontece ao ser humano entre a morte
e a ressurreição. Quando a Dooyeweerd foi perguntado: Que espécie de funções podem
ainda ser deixadas para a “alma” (anima rationalis separata, alma racional separada)
quando ela separada de sua conjunção temporal com as funções pre-psíquicas [70] (i.e.,
pós a morte), sua resposta foi: “Nada” (niets!). [71] Em sua resposta, contudo,
Dooyeweerd
Não nega a existência continuada da alma após a morte, nem ele apresenta o estado da
alma desincorporada como sendo de inconsciência. Todavia, por privar a alma de suas
funções temporais, ele parece deixar somente o mais indefinido dos aspectos no lugar das
almas racionais desincorporadas. [72]
No mesmo raciocínio, Berkouwer afirma que nós não deveríamos concluir da “negativa”
de Dooyeweerd de que ele rejeita a idéia da comunhão com Cristo após a morte. [73]
Quando Dooyeweerd pronunciou o seu “nada!”, ele estava respondendo a uma questão a
respeito de uma idéia do homem que ele próprio não subscrevia: a de que o homem
possuía duas “partes” separadas, um corpo mortal inferior e uma “alma racional” superior,
indestrutível e imortal — o ensino dos filósofos gregos antigos. Assim, nós não seríamos
justos com Dooyeweerd se aplicássemos suas palavras ao seu próprio entendimento do
estado intermediário. Não obstante, devemos admitir que a afirmação é enigmática. Ela
tem conduzido muitas a levantar questões a respeito da posição de Dooyeweerd a respeito
do estado dos crentes entre a morte e a ressurreição. [74]
Algumas vezes o Novo Testamento simplesmente diz que o crente continuará a existir
neste estado de alegria provisória:
Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de
escolher. Ora, de um e de outro lado estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar
com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. (Fp 1.22-23)
Jesus, respondendo ao pecador penitente, disse: “Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no paraíso. (Lc 23.43)
Temos, portanto, sempre ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do
Senhor; visto que andamos por fé, e não pelo que vemos. Entretanto estamos em plena
confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor. (2 Co 5.6-8)
Na passagem aos Filipenses Paulo contrasta “o viver na carne” com “partir e estar com
Cristo”, sugerindo claramente que é possível para uma pessoa não mais estar vivendo no
presente corpo e, todavia, estar com Cristo — um estado que é muito melhor que o
presente estado. Particularmente significativo neste ponto é a passagem de 2 Coríntios,
onde Paulo contrasta o “enquanto no corpo” (endemountes en to somati) com o estar
“ausente do corpo” (ekdemesai ek tou somatos). Se Paulo tivesse pretendido descrever a
bênção do crente após a ressurreição, ele poderia Ter usado uma expressão como
“ausentes destecorpo”, sugerindo que os crentes então estariam “habitando” um novo
corpo. Mas ele simplesmente “ausentes do corpo”, dizendo aos seus leitores que ele está
pensando de uma existência entre o corpo presente e o corpo da ressurreição. Observe
que, em ambas as passagens, Paulo afirma que é possível para os crentes estarem com
Cristo, mesmo quando eles não mais vivem em seus presentes corpos e antes deles
receberem seus corpos ressuscitados.
Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mt 10.28).
Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam (Ap
6.9).
Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a
incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados
nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados. (Hb 12.22-
23)
Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para
conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também
foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando
a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na
qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água. (1 Pe 3.18-20)
Assim, às vezes, o Novo Testamento diz que nós que somos crentes, continuaremos a
existir num estado provisório de alegria entre a morte e a ressurreição, enquanto que em
outras vezes ele diz que as “almas” ou “espíritos” dos crentes ainda existirão durante
aquele estado. Mas a Bíblia não usa palavras como “alma” e “espírito” no mesmo modo
que nós o fazemos; dessa forma, estas passagens estão pretendendo tão somente nos dizer
que os seres humanos continuarão a existir entre a morte e a ressurreição, enquanto
esperam a ressurreição do corpo. A Bíblia não nos dá qualquer descrição antropológica
da vida nesse estado intermediário. Podemos especular a respeito dela, podemos tentar
imaginar a que esse estado será, mas não podemos formar nenhuma idéia clara da vida
entre a morte e a ressurreição. A Bíblia ensina sobre ela, mas não a descreve. Como
Berkouwer diz, o que o Novo Testamento nos conta a respeito do estado intermediário
não é nada mais do que um sussurro. [75]
Embora o homem exista agora no estado de unidade psico-somática, esta unidade poderá
ser temporariamente rompida no tempo da morte. Em 2 Coríntios 5.8 Paulo ensina
claramente que os seres humanos podem existir à parte de seus corpos presentes. O
mesmo ponto é assinalado em duas outras passagens do Novo Testamento:
Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará
juntamente em sua companhia os que dormem. (1 Ts 4.14)
Ambos os textos falam a respeito dos “santos” e “daqueles que dormem com Cristo”,
como existindo após a morte e antes da ressurreição — observe que a ressurreição
daqueles que dormiram em Cristo é mencionada mais tarde em 1 Tessalonicenses
4.16. [76] Pode ser observado também que neste verso a expressão “mortos em Cristo”
claramente sugere que os crentes falecidos ainda estão em algum estado de existência
antes da ressurreição.
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
O entendimento do homem como uma pessoa total, como foi desenvolvido neste capítulo,
tem importantes implicações práticas.
Primeira, a igreja deve estar preocupada com a pessoa total. Em sua pregação e em seu
ensino a igreja deve dirigir-se não somente às mentes daqueles a quem ela serve, mas
também às suas emoções e suas vontades. A pregação que meramente comunica
informação intelectual a respeito de Deus ou da Bíblia está seriamente inadequada; os
ouvintes devem ser despertados em seus corações e movidos a louvar a Deus. Os
professores na escola dominical devem fazer mais do que simplesmente dar aos alunos
uma rota de “conhecimento” versos da Bíblia ou das afirmações doutrinárias; seu ensino
deve exigir uma resposta que envolva todos os aspectos da pessoa. Os programas da igreja
para a juventude não deveria negligenciar o corpo; os esportes e as atividades externas
deveriam ser encorajadas como um aspecto da vida cristã globalizada.
Em sua tarefa evangelista e missionária, a igreja deveria lembrar-se também que ela está
tratando com pessoas completas. Embora o propósito principal de missões seja confrontar
as pessoas com o evangelho, de forma que elas possam se arrepender de seus pecados e
serem salvas através da fé em Cristo, todavia a igreja nunca deve se esquecer que os
objetos de sua empreitada missionária têm necessidades tanto físicas quanto espirituais.
Com isto em mente, o fato de que o homem é um ser unitário, deveríamos evitar
expressões como “salvar a alma” quando descrevendo a tarefa do missionário, e
deveríamos optar por uma abordagem holística ou abrangente em missões. Esta
abordagem, que algumas vezes é conhecida como “o ministério da palavra e das ações”,
direciona o missionário a estar preocupado não somente a respeito de ganhar convertidos
para Cristo, mas também em melhorar as condições de vida desses convertidos e seus
vizinhos, trabalhando em áreas como agricultura, dietética e saúde. O estabelecimento de
escolas para a educação cristã dos nacionais e a manutenção de clínicas e hospitais tanto
para o cuidado da saúde rotineira como da emergencial, entretanto, não deve ser
considerado como estranho à província da atividade missionária da igreja, mas como um
aspecto essencial dela. Arthur F. Glasser, ex-deão da Escola de Missões Mundiais do
Seminário Teológico Fuller (California), diz que na tarefa como missionários cristãos,
A escola deveria também estar preocupada a respeito da pessoa total. Embora um dos
principais propósitos da escola seja a instrução intelectual, o professor nunca deveria
esquecer que o aluno que está ensinando é uma pessoa total. A escola, portanto, não
deveria treinar apenas a mente, mas deveria apelar para as emoções e vontade, visto que
o ensino eficaz deve produzir no aluno tanto o amor pela matéria como um desejo de
aprender mais a respeito dela. Além disso, as escolas deveriam evidenciar uma
preocupação pelo corpo assim como pela mente. Os esportes de espectadores, no qual
poucos jogam e muitos meramente observam, têm o seu lugar, mas muito mais importante
para o corpo discente como um todo é um bom programa de educação física, com uma
ênfase nos esportes de jogos internos que envolvam todos os estudantes.
Quem há em psicologia hoje que não seja um proponente dos principais princípios da
teoria organísmica que o total é algo além da soma de suas partes, que o que acontece a
uma parte acontece ao todo, e que não há nenhum compartimento separado dentro do
organismo? [86]
Os conselheiros devem lembrar-se também do fato de que o homem é uma pessoa total.
Eles deveriam ser treinados a reconhecer os problemas que requerem a especialidade de
outros além de si mesmos, e deveriam encaminhar seus aconselhandos, quando
necessário, a médicos e psiquiatras. Os problemas mentais não deveriam ser tidos como
totalmente distintos dos problemas físicos, porque nenhum tipo de problema está sempre
separado do outro. Visto drogas anti-depressivas podem curar certos tipos de depressão,
um conselheiro sábio fará uso desses meios. Pacientes que possuem problemas muito
profundos, de fato, podem mais eficazmente ser curados através de esforços combinados
de uma equipe terapêutica, consistindo, talvez, de um psicólogo, um assistente social, um
médico e um psiquiatra. [87]
O conselheiro não deveria pensar de uma saúde mental e espiritual como coisas
totalmente separadas. Visto que o homem é uma pessoa total, o espiritual e o mental são
aspectos de uma totalidade, de forma que cada aspecto influencia e é influenciado pelo
outro. Howard Clinebell diz o seguinte: “A saúde espiritual é um aspecto indispensável
da saúde mental. Os dois podem estar separados somente numa base teórica. Nos seres
humanos vivos, a saúde espiritual e mental estão inseparavelmente entrelaçadas.”[88]
citação dos versos da Bíblia pode ser tudo o de que necessita para ajudar o membro da
igreja a resolver um difícil problema espiritual. Mas um entendimento do homem como
uma pessoa total conduz-nos a perceber que tal abordagem pode ser totalmente
inadequada. David G. Benner, num artigo no qual ele desafia a opinião comum de que a
personalidade humana pode ser dividida em duas partes, uma “parte” espiritual e uma
psicológica, ilustra seu ponto da seguinte maneira:
[1] G. C. Berkouwer, De Mens het Beeld Gods (Kampen: Kok, 1957), p. 211. Cf. Ray S.
Anderson, On Being Human (Grand Rapids: Eerdmans, 1982), p. 213.
[2] John A. T. Robinson, The Body (London: SCM Press, 1952), p. 16.
[8] Ver Louis Berkhof, History of Christian Doctrines (Grand Rapids: Eerdmans, 1937),
p. 106-107; J. L. Neve, A History of Christian Thought (Philadelphia: United Lutheran
Publication House, 1943), p. 126; Anderson, On Being Human, p. 207-8.
[9] Man, p. 209. Ver também o comentário de A. Grillmeier citado em n.20. Dichotomy é
a idéia de que o homem deve ser entendido como consistindo de duas “partes”, corpo e
alma.
[16] The Handbook of Happiness (Denver: Heritage House Publications, 1971), 28; ver
também p. 27-58.
[17] Wilfred Brockelman, Gothard, The Man and his Ministry: An Evaluation (Santa
Barbara: Quill Publications, 1976), 85-96.
[18] The Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press, 1909), no texto
de 1 Ts 5.23; The New Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press,
1967) no texto de 1 Ts 5.23.
[22] Cf o meu livro A Bíblia e o Futuro, (pp 86-87 edição em inglês). Sobre este ponto
ver também Berkouwer, Man, 212-22.
[24] G. E. Ladd, A Theology of the New Testament (Grand Rapids: Eerdmans, 1974), 457.
[25] Francis Brown, S. R. Driver, e Charle Briggs, Hebrew and English Lexicon of the
Old Testament (New York: Houghton Mifflin, 1907).
[29] F. H. Von Meyenfeldt, Het Hart (Leb, Lebab) in het Oude Testament (Leiden: E. J.
Brill, 1950), 218-19.
[32] The Christian Doctrine of Man (Edinburgh: T. & T. Clark, 1911), 26.
[35] Anthropologie des Alten Testaments (Munich: Chr. Kaiser, 1973), 55.
[51] Um estudo mais antigo, embora competente, a respeito do significado de sarx nos
escritos de Paulo é o de Wm. P. Dickson, St. Paul’s Use of the Terms Flesh and
Spirit (Glasgow: Maclehose, 1883). Um estudo mais recente é o de J. A. Robinson, The
Body (1952.
[53] Ibid.
[55] Em acréscimo aos estudos da visão bíblica sobre a pessoa total referida acima,
podemos enumerar os seguintes: G. C. Berkouwer, “The Whole Man”, em Man, 194-233;
C. A. Van Peursen, Body, Soul, Spirit: A Survey of the Body-Mind Problem, (London:
Oxford University Press, 1966); H. Ridderbos, Paul: Na Outline of His Theology (Grand
Rapids: Eerdmans, 1975), 64-68, 114-26; Rudolf Bultmann, Theology of the New
Testament, vol. 1 (New York: Scribner, 1951), 190-227; Werner G. Kümmel, Man in the
New Testament (London: Epworth, 1963); Robert Jewett, Paul’s Anthropological
Terms (Leiden: E. J. Brill, 1971).
[56] John Cooper, “Dualism and the Biblical View of Human Beings”, Reformed
Journal 32, no. 9 e 10 (Setembro e Outubro de 1982).
[58] On Being Human, 209. Ver também Robert H. Gundry, Soma in Biblical
theology (Cambridge: Cambridge University Press, 1976), 83. Gundry prefere
“dualidade” ao invés de “dualismo” como sendo ensinado em ambos os Testamentos,
particularmente nos escritos de Paulo.
[59] Este termo também é usado por John Murray, “Thrichotomy”, em sua obra Collected
Writings of John Murray, vol. 2 (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1977), 33 (“o homem
é um ‘ser psico-somático”); e por G. W. Bromiley, “Anthropology”, ISBE, 1:134 (“o
homem tem um lado físico e um lado espiritual...ambos pertencem conjuntamente a uma
unidade psico-somática”); ver também Henry Stob, Ethical Reflections(Grand Rapids:
Eerdmans, 1978), 226.
[60] Donald M. MacKay, Brains, Machines and Persons (Grand Rapids: Eerdmans,
1980), 14.
[61] Ibid., 83. Mais nesse livro (p. 101) MacKay descreve a vida futura do cristão dum
modo no qual ele parece deixar lugar somente para a ressurreição do corpo e não para
uma existência continuada do crente no estado intermediária (ver abaixo, p. 218-22). Se
esta é a posição de MacKay, eu não concordaria com ele. Podemos ainda, contudo, aceitar
as afirmações feitas nas citações acima como descrições corretas da unidade da mente
com o cérebro durante esta presente vida.
[62] Ver esse assunto no meu livro A Bíblia e o Futuro, capítulos 17 e 20.
[63] Ver meu trabalho The Four Major Cults (Grand Rapids: Eerdmans, 1963), 345-71.
[64] Para uma interpretação diferente da “casa eterna no céu”, ver A Bíblia e o Futuro,
pp. 104-6 (em inglês).
[65] Ver Calvino, Tracts and Treatises of the Reformed Faith, ,vol. 3, (Grand Rapids:
Eerdmans, 1958), 413-90.
[68] Immortality of the Soul or Resurrection of the Dead? (New York: Macmillan, 1964),
10-11.
[75] De Wederkomst van Christus, vol. 1 (Kampen: Kok, 1961), 79. Sobre o estado
intermediário, ver adicionalmente Berkouwer, The Return of Christ, (Grand Rapids:
Eerdmans, 1972), 32-64; e A Bíblia e o Futuro, 92-108 (texto inglês)
[78] The American Holistic Medical Association foi fundada em Maio de 1978.
[80] Ibid.
[84] Entre a literatura volumosa sobre a medicina holística, os seguintes estudos podem
ser observados: David Allen, Whole Person Medicine (Downers Grove: InterVarsity
Press, 1980); Ed Gaedwag, Inner Balance: The Power of Holistic Healing (Englewood
Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1979); Jack La Patra, Healing: The Coming Revolution in
Holistic Medicine (New York: McGraw, 1978); Morton Walker, Total Health: The
Holistic Alternative to Traditional Medicine (New York: Everest House, 1979).
[85] Ver “Organismic Theory” na obra de Calvin S. Hall e Gadner Lindzey, Theories of
Personality, (New York: John Wiley, 1970), 298-337. Observe a bibliografia no final do
capítulo.
[87] Karl Menninger The Vital Balance (New York: Viking Press, 1963), 335.
[88] Mental Health Through Christian Community (Nashville: Abingdon, 1965), 20.
[89] “What God Hath Joined: The Psychospiritual Unity of Personality”, The Bulletin:
Christian Association for Psychological Studies 5, no. 2 (1979): 11.