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popular, na Universidade de
principalmente intercultural e
poética.
Publicado srcinalmente em inglês sob o título Magic in the Anciení Greek World por
Blackwell Publishing.
©2008, Blackwell Publishing.
Direitos de edição e tradução para todos os países de lingua portuguesa.
Tradução autorizada do inglês.
Todos os direitos reservados.
© 2009, Madras Editora Ltda.
Editor:
Produção e Capa:
Tradução:
Lúcia Sano
Revisão da Tradução:
Camila Zanon
Revisão:
Neuza Rosa
Maria Cristina Scomparini
Bárbara Eliza A. Martins
Collins, Derek
Magia no mundo grego antigo/Derek Collins; tradução Lúcia Sano. - São Paulo:
Madras, 2009.
Titulo srcinal; Magic in the ancient Greek world.
Bibliografia.
ISBN 978-85-370-0512-5
meio
aindaeletrônico, mecânico,
o usu da internet, inclusive
sem por meio
a permissão de processos
expressa da Madrasxerográficos, incluindo
Editora, na pessoa de
seu
editor (Lei nü 9.610, de 19.2.98).
Agradecimentos
Abreviações
Introdução
11
17
Frazer eTylor
20
Malinowski
22
23
Lévy-Bruhl
25
Evans-Pritchard
29
Magia Simpática
34
36
Magia e Analogia
38
41
42
Conclusão
47
51
A Magia e os Deuses
51
Divindade e Natureza
57
59
72
Magia e Causalidade
75
81
Magoi
88
93
Outros Termos de Magia
97
Conclusão
98
5
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
106
Agentes Divinos
109
"Caracteres"
114
Partes do Corpo e Saúde
121
Magia Erótica
135
Estatuetas
140
Eròtes
147
159
A Mecânica dos Encantamentos Homéricos
163
Obstetrícia e Ginecologia
164
Combinações de Versos e o Poder da Metáfora
171
Intoxicação, Sufocamento e Gota
176
Encantamentos e Adivinhação
182
Teurgia Neoplatônica e Homero
185
Conclusão
192
5. Magia
Magia na na
LeiLei Grega
e no e Romana
Imaginário 195 Grego
Legal
196
Julgamentos por Magia Erótica
199
Teóris, a Feiticeira Lêmnia
201
As Leis de Platão contra Magia
204
Magia no Direito e na História Legal Romana
207
As Doze Tábuas
208
A Lex Cornelia
212
Magia e Maleficium: Magia e Bruxaria
217
Apuleio, o Mago
220
Tardios
233
Interpretationes Christianae
237
A Herança Medieval
239
Conclusão
241
Bibliografia
247
índice Remissivo
259
^
AGRADECIMENTOS
Finalmente, dedico este livro aos meus pais e aos meus filhos,
Adam e Bryan Collins, que ainda não conseguem exatamente acreditar
que seu pai estude magia, e não que ele a pratique. Meninos, que
vocês nunca percam essa capacidade de se maravilhar.
ABREVIAÇÕES
(Berlin, 1923-)
GRBS Greek, Roman and Byzantine Studies
HThR Harvard Jheological Review
IG Inscriptiones Graecae (Berlin, 1873-present)
JHS Journal ofHellenic Studies
LSJ Liddell, Scott, Jones et ai, eds., A Greek-Engltsh Lexi
MD Materiali e Discussioni
MDAI Mitteilungen des deutschen archãologischen Instituis
(Athenische Abteilung)
OLD P. G. W. Glare, ed., Oxford Latin Dictionary (Oxford,
1996)
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
No terceirodando
amarração, capítulo, apresento
atenção umao
especial panorama da magia de em placas
seu desenvolvimento
de imprecação, ou defixiones, e nas estatuetas e na magia eróticas.
Amarrar os deuses no mito grego apresenta-se como um paralelo da
amarração humana e argumenta-se que a amarração produz uma deficiência
na sua vítima, que inverte as noções gregas de saúde física. O
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
FUNCIONA?
As duaspor
feitas questões
alunosno
detítulo deste
História da capítulo são talvez
Magia. Pode-se dizeras mais comumente
que
elas também são as duas perguntas mais difíceis de se responder, embora
eu me arrisque a sugerir que a primeira é mais fácil de ser respondida
que a segunda. Isso é verdade porque em qualquer cultura,
em qualquer época, há freqüentemente um consenso geral e conjecturado
sobre o que é magia, assim como quem a pratica. Na história
da magia, da Antigüidade grega e romana até o início da Idade
Média, houve alterações cruciais no entendimento de como a magia
funcionava, o que acabou por resultar na bifurcaçâo dela em uma
espécie natural e outra demoníaca.2 Essas eram as duas únicas teorias
disponíveis acerca do funcionamento da magia desde a Idade Média
até o Renascimento, segundo as quais as propriedades mágicas eram
ou inerentes a objetos naturais, como pedras e plantas, ou a magia era
realizada por meio da intervenção de demônios.3 Mas essas teorias
foram formuladas por membros da Igreja e por teólogos, além dos
interessados ocasionais da Antigüidade Tardia, que estavam bastante
distantes da prática-padrão de magia. Se houvesse alguém em posição
de questionar os próprios praticantes de magia sobre como sua
magia funcionava, tomando como base apenas os indícios da Antigüidade
grega, duvido que teria havido muito consenso. Na verdade,
estou certo de que todos, com exceção de alguns poucos, praticantes
exista ou que tenha um dia existido. A idéia de que uma pessoa com
uma desagradável espinha de peixe presa na garganta, talvez até sentindo
falta de ar, possa acreditar que, ao dizer um verso de poesia,
essa espinha se desprenderá, não faz nenhum sentido. O motivo pelo
qual alguém moldaria uma figura de argila ou cera e enfiaria agulhas
em seus olhos, boca e peito - como uma forma de atrair, mas não ferir,
permanentemente, a pessoa
ser despachado para a lataamada - deveria,
de lixo alguém pode
da superstição. pensar,
Todos rogam
pragas, e alguns rogam pragas com arte, mas o motivo que levaria alguém
a escrever uma fórmula de maldição invocando as divindades
do mundo subterrâneo em uma fina lâmina de chumbo, enrolá-la e
perfurá-la com um prego e, em seguida, enterrá-la na tumba de uma
pessoa desconhecida, chega ao nível do absurdo. Moléstia, doença e
ferimentos físicos resultantes de acidentes são fatos comuns da vida.
Mas o motivo pelo qual uma pessoa fabricaria um amuleto feito de
hematita ou bronze, gravaria nele um cavaleiro sob um cavalo golpeando
criaturas como leões, escorpiões ou um demônio prostrado, e depois
Malinowski
4. Tambiahl990:72.
5. Malinowski: 1954: 70-84.
MAGIA: O QJJE É E COMO FUNCIONA?
Esse exemplo, ainda que inventado, não foi pensado para sugerir
que a magia é "real", no sentido de que sua operação tem um
impacto físico no mundo. Ela foi pensada para sugerir que a magia é
fundamentalmente
» seja lá a formauma
queforma de comunicação
assuma, - eter
pode, de fato, essa
umcomunicação
impacto sobre
Lévy-Bruhl
8. Lévy-Bruhl 1979:65.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
" Iene em seu aspecto mágico, assim como uma variedade de daimones
anônimos - a quem os praticantes de magia podem se dirigir. Há
algumas convenções de discurso prescritas nesse caso; por exemplo,
diz-se que a vítima de uma maldição está amarrada na presença dessas
figuras do mundo subterrâneo que, por sua vez, são invocadas
duas pequenas tábuas que tenham sido besuntadas com poções. A resposta é determinada
quando as tábuas grudam ou desgrudam. Cf. Evans-Pritchard 1937: 359-74.
15. O mais prestigioso dos oráculos azande (benge). Um veneno que tem a estriquini
na
como base, derivado de uma planta rastejante, é dado a uma ave doméstica, o que muit
as vezes
causa convulsões. A resposta depende da ave sobreviver ou morrer. Cf. Evans-Pritch
ard
1937: 258-351.
MAGIA: O QUE É E COMO FUNCIONA?
Nesse
geral relato, a feitiçaria
de um infortúnio. Ao não é invocada
contrário, ela como umacomo
explica explicação
condições
particulares foram reunidas, não de modo oposto, mas em conjunção
com as causas naturais, para fazer com que alguém se envolvesse em
acontecimentos que lhe provocaram um mal. Portanto, seria incorreto
sugerir que, como os azande acreditam em feitiçaria, eles não têm
compreensão da causalidade natural. A feitiçaria é uma entre várias
causas que explicam um acontecimento, e sua relevância advém tanto
da contextualização moral da responsabilidade a que ela se refere
quanto de sua capacidade de justificar os desvios de uma situação
normal que resultam em um dano. Com relação ao envolvimento
com poderes místicos e invisíveis, as explicações dos azande para a
magia são essencialmente as mesmas que para a feitiçaria.18 Evidentemente,
uma pessoa tem de realizar o ritual de magia conscientemente,
o que a distingue da atividade inconsciente da feitiçaria. Porém,
Magia Simpática
mas, ornamentos, são parte dele, elas são ele mesmo (construindo
25. Cf.OHansmann
N.T.: e Kriss-Rettenbeck
verbo "incubar" é utilizado1966:
para 123-25.
expressar a prática de pernoitar no interior
de um
túmulo na intenção de se obter revelações.
26. Outros exemplos de geografia sagrada podem ser encontrados em Tambiah 1990:
106-8.
27. Cf. DTA 66 e 84.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Magia e Analogia
33. Seus dois mais importantes artigos sobre magia, "The Magical Power of Words"
e "Form
and Meaning of Magical Acts", foram reimpressos em 1985.
34. Tambiah 1985: 75-76.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Assim, é possível
dirigido argumentar
aos participantes que todo
humanos ritual,uma
e utiliza em qualquer idioma,
técnica que buscaé
reestruturar e integrar as mentes e as emoções dos atores. A técnica
combina conduta verbal e não verbal e explora suas propriedades es
que nós, mas não eles, chamaríamos de sua "religião"38 Portanto, para
um observador, não faz sentido entender, por exemplo, uma forma de
purificação como "mágica" e outra como "religiosa" se ambas estão
inseridas em um cenário comumente percebido sobre o que torna a
purificação eficaz ou sobre o que a torna interessante ou necessária.
São essas coisas que nossas questões buscam responder, porque elas
nos aproximam daquilo que constituía magia para os gregos.
Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que os termos magia
e religião têm valor limitado à medida que eles dividem artificialmente
práticas que, em todas as suas intenções e propósitos, podem ser
as mesmas. A distinção entre magia e religião, ainda empregadas por
muitos estudiosos ocidentais até hoje, surgiu já no século XIV d.C.
e fortaleceu-se no século XVI, quando os teólogos da Reforma Protestante
começaram a propagandear o rótulo de magia para o sacramentalismo
católico e o ritual nas igrejas, como modo de distinguir
suas próprias práticas daquelas da Igreja Medieval.39 Esses escritores
entenderam bem, por exemplo, que os termos herdados magia, magicus,
maleficium, maleficus/a, veneficium e veneficus/a tinham sentidos
srcinais pagãos, que, por sua vez, estavam mais bem definidos
nas obras de Santo Agostinho (354-430 d.C.) e, especialmente, nos
códigos legais da Antigüidade tardia dos imperadores Teodósio II
(40-50 d.C) e Justiniano (c. 482-565 d.C). Além disso, todos esses
termos romanos remontavam eles próprios à Antigüidade paga
grega, deixando em aberto a questão de quão relevantes eles eram já
no século XIV, para não mencionar nos séculos posteriores. Porém,
suas preocupações imediatas eram formular uma nova definição da
Cristandade (Protestante) que fosse claramente não baseada nos sete
sacramentos católicos (batismo, crisma, casamento, eucaristia, ordenação,
penitência, extrema-unção). Como esses sacramentos tinham
aparência de magia, eles colocaram em questão a importante distinção
da Igreja Católica entre a magia, que estava relegada ao Diabo
e seus servos, e os milagres, que estavam reservados apenas para
38. A palavra "religião" vem do latim religio, que os próprios romanos definiam, sob
retudo,
em tremos de honras tradicionais que o Estado pagava aos deuses. Sobre isso, cf.
Beard,
North e Prince 1998.1: 214-27. Os gregos não tinham um termo equivalente para reli
gio.
Por sua vez, os gregos e os romanos tinham termos para a veneração perversa ou exces
siva
dos deuses, deisidaimonia e superstitio, respectivamente, que podem ambos ser tr
aduzidos
como "superstição".
39. Thomas 1971: 51-77 epassim.
MACIA: O QUE É E COMO FUNCIONA?
CONTEXTUALIZANDO A
MAGIA GREGA
A Magia e os Deuses
no fato de que ela é uma deusa ou de que termos mais comuns para
magia surgem apenas após a composição de seu Hino.
Divindade e Natureza
57. 13A10D-Kel3A7D-K.
58. 22 AI D-K.
59. 24 A 12 D-K.
60. Fr. 199 Kassel-Austin.
61. 31 A 32 D-K.
60 MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Os argumentos
Sagrada contrafundamentais apresentados
as falsas alegações em Sobre a Doença
dos praticantes de magia, até
onde podemos dizer, não tiveram nenhum impacto reconhecível no
comportamento de seus contemporâneos gregos. Esse é um ponto
significativo para se ter em mente ao seguirmos os argumentos do
autor, porque eles são claramente um indício contra sua influência
em sua época e contra a importância às vezes exagerada atribuída
a suas visões pelos estudiosos. No entanto, é fato bastante notável
que, em 1563, o médico alemão da corte do duque William de eleves,
Johannes Weyer, escrevendo por volta da fase mais severa dos
julgamentos de bruxas na Europa continental, publicou o que é agora
visto como um marco no surgimento do ceticismo com relação
à bruxaria, com a autoria do seu De praestigiis daemonum [Sobre a
ilusão dos demônio]?2 Sigmund Freud via o livro de Weyer como um
dos mais importantes da história da psiquiatria e situados de forma
proeminente no capítulo sobre "Praticantes de magia de má reputação"
- são nada mais do que trechos sobre magia retirados de Sobre a
Doença Sagrada, que estamos prestes a discutir.03
luz das suposições pré-socráticas de nosso autor com relação aos elementos
divinos da natureza, era equivalente à impiedade (asebeia):67
poder. Ora, nosso autor não pode afirmar as duas coisas: em um momento,
as ações de seus adversários são baseadas na suposição de
que eles não podem controlar o divino; em outro, na suposição
de que a divindade não existe em absoluto. Não temos como saber se
a fraqueza de argumentos desse tipo foi explorada, já que nenhuma
evidência resta de como, por exemplo, os opositores de nosso autor
responderam
hipocráticosaestão
ele. Como Geoffrey
competindo Lloyd
pelo demonstrou,69
campo da Medicina os
nãoautores
apenas
uns com os outros, mas também, provavelmente, com aqueles que
praticam rituais médicos em locais de culto, como o famoso templo
em Epidauro, em honra a Asclépio, além da competição óbvia contra
os especialistas em magia e religião nomeados em Sobre a Doença
Sagrada. Ao menos alguns dos remédios oferecidos em locais de culto
relacionados à cura de doenças parecem ter sido criados especificamente
como alternativa aos remédios sugeridos pelos médicos.
Sobre isso, há um dito, citado com freqüência na Antigüidade, que
diz que, quando os remédios dos médicos não funcionam, todos se
voltam aos sacrifícios, adivinhos, encantos e amuletos para resolver
seus problemas.70
77. Collins2002.
CONTEXTUAUZANDO A MAGIA GREGA
autor claramente não aceita essas explicações porque elas não estão
de acordo com seu próprio entendimento das causas da epilepsia.
Porém, suas observações sugerem que os especialistas, de fato, tratavam
a epilepsia como resultado de uma mácula, de espíritos vingadores,
de feitiço. E é a dimensão mágica aqui que mais nos interessa.
É difícil entender por que os especialistas tratariam a epilepsia como
uma conseqüência
própria epilepsiade um feitiço,
pudesse a não ser
ser provocada quemagia.
pela se acreditasse que a
o raciocínio
que religioso
nosso autor não põede
a seus contemporâneos.
divindade em questão,Observe
somenteclaramente
a alegação
de que ela poderia ser uma fonte de impureza. Além disso, de acordo
86. Platão, República 2.364b-c.
87. Esopo 56 (Perry).
88. Sobre a Doença Sagrada 1.44 Grensemann.
CONTEXTUALIZANDO A MAÜIA GREGA
Magia e Causalidade
103. Informações sobre causa mecânica no pensamento grego podem ser encontradas em
Hankinson 1998: 51-83; Vegetti 1999; e, em relação à magia, Collins 2003:29-37,
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
(digamos, dano, injúria, perda, etc.) no espaço e tempo para ser considerada
suficiente - é freqüentemente escolhida para ajudar a guiar
a corte na determinação da responsabilidade moral No entanto, a
causa próxima baseia-se em uma metáfora espacial que há muito foi
reconhecida como inadequada para servir como critério principal de
responsabilidade.1U4 Na Antigüidade, o argumento da causa próxima
era ainda
agência menospoderiam
divina relevante do que é hoje,
sobrepor-se pois a agência
na explicação de um humana e a
determinado
evento.
o pai do jovem morto observa que não seria justo absolver o lançador
meramente por causa da infelicidade de seu erro, já que não é claro
se a infelicidade ocorreu com ou sem influência divina. Ele diz que se
a infelicidade tiver ocorrido sem influência divina, então o homem
que atirou a lança deve ser punido por seu erro. Porém, se a punição
divina estiver presente nesses eventos e tiver caído sobre o jovem por
causa de alguma
o castigo divinoação
- emímpia (desconhecida),
outras então
palavras, o homem basta
que nãoaimpedir
atirou lança
não deve ser punido.109 Assim, a consideração da causalidade empírica
não exclui a influência divina. A possibilidade de influência divina
na ação humana cria uma situação em que um mero erro humano
pode estar inserido em uma rede de punição divina, e os efeitos do
erro humano e da punição divina (o jovem correr em direção à lança)
podem parecer ser a mesma coisa.
Embora esse exemplo não tenha sido exaustivo, ele deve ter
dado uma forte indicação do sistema flexível de causalidade disponível
na Grécia, segundo o qual um evento pode ser determinado por
fatores humanos e divinos, visíveis e invisíveis, presentes e passados,
assim como próximos e remotos, tanto no sentido espacial quanto
no temporal. Essas considerações podem encontrar paralelo na literatura
dramática grega, que pode às vezes exagerar as realidades
daquilo em que realmente se acreditava. Porém, nas observações de
um escravo frígio no Orestes de Eurípides, encontramos a mesma
variedade de alternativas quando perguntam a ele como sua senhora,
Helena, havia desaparecido. Ele responde que foi ou por magia
(pharmaka), pelas artes de praticantes de magia (magoi) ou que ela
havia sido arrebatada pelos deuses (1497-98), e é importante notar
que essas alternativas não são mutualmente exclusivas. Como os especialistas
religiosos criticados em Sobre a Doença Sagrada, se eu me
vir diante de um paciente epiléptico, tenho de perguntar se a convulsão
é provocada por causa humana ou divina, das quais nenhuma
seria visível, e se a divina é provocada por punição divina em razão
de algum ato ímpio ou por punição divina que resulta de magia, sendo
que ambas poderiam ter acontecido no passado, ou por alguma
combinação confusa de todas as causas acima. E como as condições
causais não são
verdadeiras paramutuamente exclusivas,
um determinado evento.todas elas podem ser consideradas
112. Para o cenário grego para esse tipo de imprecação judicial, cf. Faraone 1989: 156
-157,
com referência específica a Brutus na p. 154.
CONTEXTUALIZANDO A MAGIA GBÍG A 81
o termouma
formam é pejorativo
categoria e geral. Os sacerdotes
interessante mendicantes
de errantes mendigos, (agurtai)
freqüentemente
vindos da Ásia menor, que às vezes alegavam possuir habilidades
proféticas. No Agamêmnon de Esquilo, por exemplo, a princesa troiana
Cassandra, que havia recebido o dom da profecia de Apoio, mas que
113. Cícero, Brutus 217.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
114.
115. Esquilo, Agamêmnon
Dickie 2001: 65-67.1195,1273; cí Dickie 2001: 65.
116. Informações sobre adivinhos gregos e suas contrapartes do Oriente Próximo podem
ser encontradas em Burkert 1992: 41-64. Cf. sobre manteis e autoridade profética,
Dillery
2005.
117. Heródoto 9.33-36.
CONTEXTUALIZANDÜ A MAGIA GREGA
,.13<>
escreve:1
Magoi
142. Cf. A descrição de Diodoro Sículo dos Telquines (5.55.3), os ferreiros míticos que
podiam produzir nuvens, tempestades, granizo e neve quando quisessem, "como os m
agoi".
Sobre a passagem, cf. Kingsley 1995: 224-25.
143. De Jong 1997: 387, com indicação de bibliografia na p.l.
144. Cf., por exemplo, Nock 1972; Bremmer 1999; e cf. abaixo.
CONTEXTUAUZANDO A MAGIA GREGA
não faria, por meio da magia (goêteia). Ele então diz que dois tipos de
magia foram inventados, mageia e goêteia, ambos os quais são erros
e ardis da alma. O termo goêteia, que já vimos utilizado muitas vezes
anteriormente, nas passagens sobre magia em Platão e em referência
às práticas de Empédocles, refere-se tecnicamente à atividade de
outro termo grego comum para "mago" goês. A história filológica
de
em goês sugere
um único que
tipo deolamentação
termo srcinalmente se referia
para os mortos, a umde
chamado especialista
goôs?61 Já foi plausivelmente sugerido que o goês tinha precisamente
a habilidade de invocar os espíritos dos mortos e, embora essa característica
nem sempre possa ser percebida, em alguns autores como
Platão, é possível encontrar bons indícios de que tal distinção ainda é
relevante.163 Fontes posteriores parecem assumir que goêteia se refere
exclusivamente à invocação dos mortos.164 Porém, em Górgias, não
há nada sugerindo que ele considerasse que a invocação aos mortos
subjazia ao termo goêteia, o que torna possível que, já na segunda
metade do século V a.C, ao menos em alguns contextos, nenhuma
distinção de significado fosse relevante. Tanto magos quanto goês,
além disso, são praticamente termos de ofensa intercambiáveis, com
sentido próximo de algo como "trapaceiro".165
Conclusão
179. Frinico, Praeparatio Sophistica 56.8 de Borries. Frínico viveu no século II d.C
.
180. Bremmer 1999:9.
181. Rives (no prelo, páginas 12-15) recentemente documentou que prosadores latino
s
(com
mais exceção do Plínio, o Velho) usam magus para se referir aos sacerdotes persas com
freqüência que os poetas, de uma maneira que é consistente com o uso de magos por anti
gos
historiadores, etnógrafos e filósofos gregos.
182. Catulo, Carmina 90.1.
183. Por exemplo, Cícero, Leis 2.26, Sobre a Natureza dos Deuses 1.43.
184. Virgílio, f.cloga 8.66.
185. Virgílio, Eneida 4.493. Cf. Ovídio, Amores 3.7.35, Ars 2.425, Rem. 250; outras
referências
a autores clássicos latinos em Rives (no prelo, p. 26-43). Para ars mágica na Antigüid
ade
tardia e autores medievais, cf. as referências em Abt 1908:104-5.
CONTEXTUALIZANDO A MAGIA GREGA
MAGIA DE AMARRAÇÃO E
ESTATUETAS ERÓTICAS
101
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Como
a.C, regra, muitaspor
encontradas, dasexemplo,
placas mais antigas
na Ática dos
e na séculoslistam
Sicília, V e IVapenas
os nomes das pretensas vítimas, sem nenhum verbo adicional para
amarrar e sem nenhuma menção de quaisquer das divindades ou daimones
que figuram mais proeminentemente nas placas de períodos
posteriores. Muitas vezes, os nomes são escritos no caso grego nominativo
(do sujeito), ao passo que, em outras placas, os nomes aparecem
no caso acusativo (do objeto), o que implica que um verbo - um que
presumivelmente se refira à ação de amarrar - estava subentendido.
Alguns estudiosos especularam que o verbo para "amarrar" era recitado
em um rito oral inicialmente, que podia acompanhar o depósito
das placas e que apenas mais tarde passou a ser escrito, mas não há
indícios para essa hipótese.
IHAEAKIXOZ
sêdielki s õ S
201. Como, por exemplo, em DTA 67, cf. Faraone 1991a: 7-8.
202. DTA 43.
203. Cf. Gager 1992:67-72, ne 13 {=DT 140-87), com figura 9 e ne 14 (= Wünsch 1898
, n2 29),
com figura 10.
204. Cf. Gager 1992: 98, figura 13, reimpressa com freqüência.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Amarrando os Deuses
soltaram.
205. Cf. Faraone 1991b: 67, embora seus exemplos sejam um tanto diferentes dos c
itados
aqui.
206. Hino Homérico a Apoio 127-29.
207. O substantivo é heteróclito, cf. LSJ s.v.
MAGIA DE AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
que, por sua vez, srcina o verbo mais comum para amarração nas
placas de imprecação, KCrraÔEÍv, "amarrar completamente'
Vários mitos gregos deixam claro, por outro lado, que as divindades
podem amarrar outras criaturas, assim como umas as outras.
No Hino Homérko a Hermes, por exemplo, quando Hermes retorna,
após ter roubado o gado de Apoio, sua mãe diz que Apoio com certeza
virá e amarrará suas mãos (ou braços, x^^O ao redor de suas
costelas como retribuição.209 Mais tarde, após Hermes levar Apoio
para a caverna onde ele havia escondido o gado, Hermes devolve-o
e, para impedir que fuja, ele produz amarras (ÔeoucO para suas patas,
que milagrosamente criam raízes e mantêm o gado no lugar.210 Dadas
essas histórias,
além de Hécate e não é surpreendente
Perséfone, sejam as que, no século
divindades V a.C,
do mundo Hermes,
subterrâneo
associadas de modo mais próximo à magia de amarração e
que estejam entre as mais freqüentemente mencionadas nas placas
áticas. A divindade mais poderosa amarrada por outras divindades
foi Zeus, que certa vez foi libertado por Tétis, depois que Hera,
Agentes Divinos
Não me deixe para trás, sem lamento e sem enterro quando você
contra ti.
Elpenor pede um enterro apropriado a um herói, ou seja, que
ela seja cremado com todas as suas armas e então suas cinzas sejam
enterradas em uma tumba na praia. Não se menciona exatamente
221.
8a. Por exemplo, Xenofonte, Memorabilia 1.2.31; Demóstenes 7.33; Platão, Apologia 2
222. Hesíodo, Teogonia 4U-52.
223. Hécate tem um papel importante na mediação do retorno de Perséfone do mundo dos
mortos para sua mãe Deméter no Hino Homérico a Deméter.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
224. Para alguns exemplos de placas dirigidas a Deméter, tanto das ilhas gregas qu
anto da
Ásia Menor, cf. Gager 1992: nQ. 75 (=SGD ne 60) e ns. 89 (=DT 1,4 e 13).
225.
226. Tomlin 1988:262.
As placas cipriotas do século III a.C, por exemplo, DT 22-37, começam habitualm
ente
com "Daitnones sob a terra e daimones quem quer que vocês sejam... e quem quer que
jaza
(enterrado) aqui..."
227. Johnston 1999: 72-73.
228. Cf. Johnston 1999: 90-95, com indicação bibliográfica.
229. DTA 102.
230. DTA 103.
MAGIA DF AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
Quando quer que você, Pasianax, leia esta carta, mas nem você, Pasianax,
lera esta carta {ta grammata tauta), nem Neophanes jamais
moverá um processo contra Aristandros. Mas assim como você,
Pasianax, jaz aqui sem nada sentir, também Neophanes perderá os
sentidos e se tornará um nada.
231. D l 189.
232. Tomlin 1988: 247, com referência aos textos 112-16.
233. Graf 1997: 130-31,
234. Cf. Faraone 1991a: 4 e Versnd 2002b: 62.
235.
236. DT 52.
52.7-8.
237. DT 43 e 44. DT 44 substitui os nomes Akestõr por Neófanes, e Eratófanes e Timandr
idas
por Aristandro.
238. Por exemplo, Graf 1997: 130, contra, e.g DTA 43-44 (p. 79) em que se assume
que
Pasianax é o nome do senhor do mundo subterrâneo.
239. Cf.Versnel2002b:61.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
"Caracteres"
240. Contrariamente à opinião de Versnel 2002b: 61, eu não concordo com Versnel, o qua
l
acredita
amente" que a referência à falta de sensação de Pasianax na última linha "prova inequivoc
que o cadáver não lera a mensagem. A frase encontra paralelo em fórmulas simiiia
similibus ("semelhantes a semelhantes") típicas, do tipo "assim como esse corpo ja
z inútil,
que assim também tudo seja inútil para Teodora" (DT 68b.l-3; cf. DTA 105, 106, 107)
e
pode, portanto, não implicar nada em relação à frase que a precede.
241. Séries de placas escritas pela mesma pessoa foram encontradas em um poço em Ate
nas,
cf. SGD 160. Placas do Período Romano indicam mais fortemente a profissionalização,
cf. Tbmíin 1988: 99, com indicação bibliográfica.
MAGIA DE AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
de Eugênio...
O autor desse texto concebe os kharakteres como agentes divinos
capazes de realizar a magia de amarração declarada no texto. Houve
especulação sobre se os kharakteres aí nomeados e as 36 imagens de
kharakteres nessa placa têm alguma associação com as 36 divisões
dos céus na Astrologia egípcia.260 Qualquer que possa ser a referência
exata, desejo chamar atenção para o fato de que os kharakteres a
quem o autor se dirige nessa imprecação são meramente símbolos
pictográficos, que para Agostinho teriam o propósito de transmitir
sentidos secretos. Aqui, porém, eles são concebidos como seres animados
invocados para realizar a imprecação. Como outros observaram,
os papiros mágicos sugerem que todos os seres espirituais têm
kharakteres como assinaturas, aos quais de alguma forma se atribui
poder.261 Mas esse poder é atribuído por que ou por quem?
Uma receita do século III ou IV d.C. para um curto encanto de
amarração encontrada nos papiros mágicos levanta a possibilidade
de que os kharakteres têm nomes:262
258. Cf. Gager 1992: 56-58, ne 6. Tradução [para o inglês] de Gager et ai., modificada
.
259. Esses podiam ser os nomes dos que conduziam os carros ou dos cavalos; ambos
aparecem
freqüentemente em57
260. Gager 1992: placas encontradas em hipódromos.
n. 41.
261. Gager 1992: 57 n. 41.
262. PGMVII.417-22.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
De Démêtrios eu amarro
sua alma (psykhê) e mente (nous), sentimento (thymos)
De Telesarkhos: eu amarro
sua alma e mente, sentimento...
264. PGMXXXVI.178-87.
265. As imprecações judiciais nas placas de Selino, Sicília, que datam do início do século
V
a.C, já destacam a língua e as partes intelectuais do corpo. Cf. Gager 1992, 49-51.
266. DTA 51.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
...Theodotê
eu a amarro
e também sua língua
suas mãos
e seus pés...
267. DTA90.
268. Cícero, Brutus 217.
269. Um bom começo para a análise das partes do corpo em placas de imprecação é Versne]
1998.
270. DTA 96, 97; citação do 96.
MAGIA DE AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
Mikion
eu peguei
e eu amarrei
sua língua,
e alma,
e mãos
epés,
e se ele pretender
dizer algo ruim sobre Philon,
que sua língua se torne chumbo.
Perfure sua língua e que os bens,
que ele possui ou administra, se tornem inapropriados e sem
quinhão.
/ então,
seus como alguém
membros, que
mesmo se a realmente
magia não passou por
seja per seuma amarração
mencionada node
contexto de sua história.273 A compreensão culturalmente relevante
da deficiência como reverso da amarração vai ainda mais longe. Temos
uma passagem tardia do médico Sorano de Éfeso (98-138 d.C),
cuja Ginecologia é um texto médico singular, por sua descrição dos
aspectos principais de saúde em uma criança recém-nascida.274
Sorano escreve que a criança:275
Histórias
e Teodoro posteriores, por outro
de Chipre, tornam lado,entre
a relação por exemplo
a magiaas
dede Teófilo e
amarração
a deficiência explícita. No caso de Teófilo, cujos pés mãos e tinham
sido magicamente amarrados, tornando-o assim dolorosamente deficiente
e paralítico, uma imagem esculpida em bronze em forma
humana foi removida do mar. Quando quatro alfinetes espetados,
na imagem, em cada uma das mãos e dos pés foram removidos,
Teófilo recuperou-se e recobrou os movimentos.277 De modo semelhante,
Teodoro de Chipre havia se tornado deficiente por causa de
uma magia e, quando o "instrumento do feiticeiro" não especificado
foi descoberto enterrado perto da porta de seu quarto, ele também,
como podemos inferir, recuperou-se de sua deficiência.278 Embora
tardias (século VI d.C), ambas as histórias ilustram o fato de que, na
Antigüidade Tardia, se considerava que a magia de amarração tinha
277. Para o relato, cf. Gager 1992: no. 165 (= Sofrônio, Relato dos Milagres de São
Ciro e São
João, in PG 87.3, cols. 3541-48), cf. Faraone 1991b: 193.
278. Gager 1992: no. 166 (= Sophroniusibid-, PG 87.3, col. 3625).
279. Para as práticas romanas, cf. Dioniso de Halicarnasso 2.15.1-2, por exemplo,
e Garland
1995: 16-18.
280. Cf. Ogden 1997: 9-14.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTJGO
291. Weiner 1983. O povo que ela estuda vive na ilha de Kiriwina, uma das ilhas
trobriandes,
na Papua Nova-Guiné.
292. R. Gordon, Spelh ofWisdom (no prelo). Seu modelo é discutido por Versnel 1998
:224,
com n. 22.
293. Weiner 1983:705.
294. Gordon, Spelh of Wisdom (no prelo), citado em Versnel 1998: 224-25 n, 22. C
f. Gordon
1999: 268 para uma formulação semelhante.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
o público em geral, isso ainda não explicaria por que nomear partes
individuais do corpo se tornou algo mais evidente na magia.
Há uma área de pesquisa relacionada que ainda não recebeu a
consideração devida. Nomear as partes do corpo em placas de imprecação
é algo que possui semelhanças com a prática religiosa grega
e romana de dedicar ex-votos que têm como modelo partes do corpo
humano. O termo ex-voto refere-se a uma oferenda feita após o
cumprimento de um voto, como quando uma pessoa pede que uma
divindade cure sua moléstia. Se essa moléstia fosse curada, na Grécia
e em Roma, era apropriado oferecer uma estatueta, o sacrifício
de um animal e outras coisas no templo da divindade em questão
como uma oferenda de agradecimento, Há, contudo, tanto na Grécia
quanto em Roma, uma classe de estatuetas votivas que diz respeito
diretamente à cura
partes do corpo de doenças
humano, e elas
incluindo são modelos
cabeças, olhos,de terracota
orelhas, de
narizes,
299. Sobre a Grécia, cf. Burkert 2005: 6-8 e, sobre Roma, Maggiani 2005: 56-59.
300. Cf.Lloydl975:116.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
ber alguma coisa sobre isso, ele será amaldiçoado em (seu) sangue e
301. Cf. van Straten 1981; Beard, North e Price 1998.1: 12-13.
302. Van Straten 1981: 149.
303. Tomlin 1988: 230-31. Tradução [para o inglês] deTomlin.
MAGIA DE AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
cúmplice do roubo.
Magia Erótica
136
* Área, e não permitais que ela coma, beba, resista ou saia ou durma
4istante de mim, Sarapammon, filho de Área. Eu te exorto, cadáverdaimõn
Antínoo, pelo terrível e horrível nome daquele ao som de
cujo nome a terra abrirá, ao som de cujo nome os daimones, tremem
amedrontados, ao som de cujo nome os rios e as pedras se partem.
Eu te exorto, cadáver-daimôn Antínoo, pelo Barbaratham cheloumbra
barouch Adônai e por Abrasax e por laõ pakeptõth pakebraõth sabar
baphaei e por Marmaraouôth e por Marmarachtha mamazagar. Não
7 desobedeças, cadáver-tfrtimõM Antínoo, mas levanta-te por mim e vá
/'para todo lugar, para todo distrito, para toda casa e traz-me Ptolemais,
^Aiascida de Aias, a filha de Horígenes. Impede-a de comer e beber até
que ela venha até mim, Sarapammon, nascido de Área, e não per^
mitas que ela experimente outro homem, exceto a mim, Sarapammon,
Vapenas. Arrasta-a pelo cabelo, pelas entranhas até que ela não fique
^/indiferente a mim, Sarapammon, nascido de Área, e que eu a tenha,
Ptolemais, nascida de Aias, a filha de Horígenes, sujeita a mim por
toda a minha vida, sendo afeita a mim, amando-me, dizendo-me o
que ela tem em mente. Se tu fizeres isso, eu te libertarei.
cf. Ogden 2002: ne 241. Além disso, o encanto e a estueta foram encontrados perto
de
Antinoópolis, cf. Daniel e Maltomini 1990-92: 179 n. 1.
MAGIA DE AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
318. Como, por exemplo, é o caso com a superfeiticeira de Lucano, Erichtho. Em ret
ribuição
por invocar um cadáver por meio da necromancia, Erichtho promete que, uma vez que
ela tenha ouvido a profecia que lhe interessa, ele estará livre de quaisquer novas
solicitações
mágicas e terá permissão de ficar morto permanentemente {Lucano, Farsália 6.768-70 e
822-25).
319. Winlder 1991 e Faraone 1999:43-95.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
140
Estatuetas
320. Por exemplo, o decreto de fundação cirenaico, em Meiggs e Lewis 1988: 5-9, nB 5
,
linhas 44-49. Cf. Faraone 1993.
321. Teócrito Idílio 2.24-25; cf. Horácio, Sátira 1.8.43-44.
322. Faraone 1999: 45.
MAGIA DE AMARRAÇÃO E ESTATUETAS ERÓTICAS
-
cabeça e os pés, assim como ocasionalmente o torso superior, foram
torcidos, novamente como uma forma de amarração. As estatuetas, e
às vezes os caixões, foram inscritos com o nome da vítima e com imprecaçòes
mais longas. As estatuetas foram descobertas em túmulos,
santuários ou corpos de água - todos os lugares associados na imaginação
greco-romana à entrada do mundo subterrâneo. Há bastante
variação na manufatura e no realismo das estatuetas, que variam de
exemplos refinados como o modelo feminino do Louvre a outras que
são intencionalmente feias e disformes. Finalmente, embora algumas
estatuetas fossem usadas para magia erótica, como vimos anteriormente
nas instruções no PGM IV, e, portanto, para atrair a vítima,
outras eram usadas para amarrar ou impedir os inimigos de um praticante
de magia.
Três estatuetas de chumbo, por exemplo, recuperadas com seus
" de homicídio, ao exílio. Ela foi atirada ao mar, o que satisfez a exigência
básica de exílio de que a entidade ofensora fosse removida
dos limites da comunidade, nesse caso, de Tasos. Porém, os tasianos
1 foram então atingidos pela seca e, ao pedir ao oráculo de Delfos uma
' solução, receberam como resposta que deveriam anistiar seus exilados.
A seca não se dissipou e, por meio de um segundo oráculo
délfico, os tasianos
de sua comunidade perceberam
tinham que não
de retornar, apenas
mas osaantigos
também estátuamembros
de Teágenes,
já que ela também estava tecnicamente em exílio. Pescadores
recuperaram a estátua com suas redes, e os tasianos colocaram-na
no seu lugar srcinal e ofereceram sacrifícios como se ela fosse um
deus, para apaziguá-la, e a seca desapareceu.339 Novamente podemos
'. ver que a ofensa a uma estátua, dessa vez na forma de exílio, recebeu
punição, na forma de uma seca, com a diferença de que a estátua é
elevada, no fim, a um status divino. Isso ocorre porque no contexto
da religião grega, são as divindades quem normalmente provocam
catástrofes difundidas, como a seca.
344.
345. Esquilo, Eumênides
Por exemplo, 242;
Luciano, Heródoto
Sobre 6.61.
a Densa Síria 36-37; Pausânias 3.16.7-11.
346. Eurípides, Alceste 1097-158.
347. Ovídio, Metamorfoses 10.243-97.
348. Ateneu 605f-606b; Plínio, História Natural 36.21.
349. Gell 1998: 134.
MACIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
147
Erõtes
Podemos estender o modelo de agência social para incluir um
último grupo de estatuetas que ainda não foram discutidas e que são
utilizadas na magia erótica. Nos exemplos seguintes, veremos claramente
que as estatuetas podiam operar como agentes de um praticante
de magia, com uma missão premeditada. Refiro-me às imagens
de madeira ou cera de Eros (erõs), de quem elas tomam seu nome
técnico "Erõtes" (erõtes). Em dois papiros mágicos do século IV a.C,
PGM IV. 1840-70 e XII. 14-95, encontramos a descrição de procedimentos
para obter Eros como assistente mágico. Os procedimentos
envolvem a fabricação de imagens de Eros (erõtes) ou de madeira ou
de cera, a sua consagração com oferendas de frutas, sacrifícios e encantos
para anirjiá-las; então, deve-se enviá-las para a realização de
magia
homem erótica - literalmente
ou mulher enviá-las
que o praticante voando
desejasse para atrair
recuperar. Alémqualquer
dos
encantos greco-romanos, temos a felicidade de possuir um texto es- *"
crito pelo autor do século II d.C. Luciano de Samósata (Philopseudes,
O Amante de Mentiras, 34.14) que descreve como os erõtes funcionam e
oferece alguma indicação de que animar estatuetas de Eros era um procedimento
distintivo e conhecido.355
estiverem seu poder" (1807-10). É preciso que seja feita uma oferenda
de alguma coisa que deve ser queimada, o que se diz "dar alma"
(eu\|/uXouv) a Eros e a todo o rito - em outras palavras, animá-lo. Por
fim, há o rito para obter Eros como assistente (PGM IV.1842-71):
372. Durkheim 1915. Cf. a visão geral de Durkheim por Bell 1992: 23-25 e Skorupski
1976:
18-35.
373. Cf. Collins 2003: 45.
374. Para uma visão geral recente do conceito de magia, com indicação bibliográfica, cf.
FowlereGraf2005.
CAPÍTULO 4
ENCANTAMENTOS
HOMÉRICOS
375. Cf. Renehan 1992 (embora eu aconselhe cuidado com relação à sua distinção na p. 2
entre medicina "racional" e magia "irracional").
376. Cf. Faraone 1999:97-102.
377. Por exemplo, a imprecação da fornalha, [Homero] Epigrama 14.
378. Filóstrato, Heroicus 43.12 (= 195 Kayser). O conhecimento de Homero sobre nec
romania
também é sugerido em Filóstrato, Vida de Apolônio de Tiana 4.16 e Apuleio, Apologia
31. Cf. Ogden 2001: 259-60.
157
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
verso 5.291 da Ilíada quase inteiro, cf. IG 14.2580.2. Para uma lamella de ouro (d
e proveniência
desconhecida) inscrita com o verso 2.95 da Ilíada, cf. a discussão adiante.
380. Documentado por Thiers 1984. Cf. o hexâmetro grego detectado por Daly 1982:96
em
um encanto inglês do século VIII escrito em latim, baseado no verso 24.451 da Ilíada.
ENCANTAMENTOS HOMÊRICOS
Pitágoras e Empédocles
382.
383. Cf.
SobrePuschmann 196315.108,
os Remédios e Daremberg
e cf.&aRuelle 1963.
discussão adiante.
384. A investigação de Heim (1892: 514-19) é a referência básica.
385. Iâmblico, Df Vit. Pyth, 25.111 e 29.164. Observe que nessas passagens, tanto
versos de
Homero quanto de Hesiodo são citados, porém nenhum verso de Hesíodo sobrevive nos
papiros mágicos. Cf. Dion Crisóstomo 33.61.1, em que encontramos a interrogação "Qual
Homero ou qual Arquíloco é forte o bastante para dissipar (literalmente, "afastar co
m o
canto", EÜjçuÔELv) esses males?"
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
afastar a névoa (akhlus) dos teus olhos, que aí estava antes, para que
No contexto
Diomedes da llíada,
a ver o auxílio
e a ferir dequando
Afrodite, Atena acabará
ela estáajudando
ajudando Enéas
se casar (agamos)
o seu desejo de não ter filhos. O adjetivo agamos no verso acima também
não é usado em seu sentido homérico. Como Matthew Dickie recentemente
argumentou, o substantivo gamos nos papiros mágicos gregos freqüentemente
não tem o sentido de "casamento" mas de "união sexual".400
De modo semelhante, sugiro que agamos em nosso verso (llíada 3.40) era
interpretado não como um desejo de não se casar, mas de evitar a união
sexual, o que é mais consistente com o objetivo geral do verso de evitar a
gravidez. Assim,
se a situação da temos
mulherdois níveis
buscando de sentido
auxílio fosseoperando nesse
concebida verso,
em dois como
estágios:
desejo de evitar a união sexual (agamos) e desejo, caso a primeira condição
não se realize, de evitar a concepção (agonos).
A interpretação dos adjetivos agonos e agamos encontra maior
confirmação nos procedimentos rituais recomendados em conjunto
com a escrita ou a pronúncia do verso. Se escrito, o verso deve ser
402. Eles estavam, contudo, lendo Homero e outros autores gregos, como é enfatizad
o por
Schwendner 2002.
403. Cf. Faraone 1996: 84.
404. Faraone 1996: 84 n. 24.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
vez de deixá-lo seguir seu curso, o que nós dá bons argumentos para
excluir as hemorroidas.
412. Cf.Dean-Jonesl989.
413.
414. King 1998: 29.
Hipócrates, De Ares, Águas e Lugares 21, cf. Dean-Jones 1989: 181-82. A quantia
esperada
eram dois kotulai áticos, ou cerca de um litro, excessivo para qualquer padrão moder
no,
cf. King 1998: 30.
415. Cf. King 1998: 29.
416. Hipócrates, Das Doenças das Mulheres 1.6, cf. King 1998: 30.
417. [Hipócrates], Aforismos 5.50.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
418. A não ser quaisquer usos mágicos dos fluxos menstruais. No século I d.C, por exem
plo,
Plínio, o Velho, sabia que sujar os umbrais com sangue menstrual funcionava como u
m
antídoto contra magia (tactis omnino menstruopostibus imitasfteri Magorum artes-,
História
Natural 28.85), mas isso dificilmente tem relevância para nossa questão.
419. Cf. Brashear 1995: 3547.
ENCANTAMFNTOS HOMÉRICOS
(a)
Assim falando, ele conduziu os cavalos solípedes por meio
do fosso (taphros) [llíada 10.564]
(b)
e homens ofegantes (aspairein) em meio a cruel derramamento
de sangue [llíada 10.521]
(c)
e limparam-se de muito suor (hidrõs) no mar [llíada
10.572]
É possível que o contexto narrativo desses versos, o livro 10,
conhecido na Antigüidade
aqui, especialmente para como Doloneia,
os versos (a) etenha
(c), alguma
já que relevância
eles aparecem no
420. llíada 8.424,10.193 e 5.385. A questão sobre se todos os seis versos em PGM IV.
468-74
formam um conjunto se torna problemática por causa dos paragraphoi que aparecem ac
ima
dos versos 469, 471 e 474. Contudo, os três versos em que estamos interessados (llía
da
10.521, 564 e 572) reaparecem, de fato, com um verso adicional em PGM IV.821-24
e, em
seguida, sozinhos em 2146-50, o que torna provável que eles fossem considerados de
alguma
forma uma unidade. Heim 1892: 518 chama esses três versos de "potenttssimi".
421. Cf. Betz 2003: 226 com n. 804.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
o verso 10.564 da Ilíada é o único dos três versos que tem a ver com
cavalos e carros, esse deve ser nosso verso-chave. Porém, observe que
a ação de dirigir cavalos solípedes por meio de um fosso é agora destacada
para o prejuízo que o carro de um oponente pode sofrer como
resultado, e não a velocidade dos cavalos do vencedor. Assim, temos
duas ações simpáticas assimétricas que são metaforicamente inferidas
a partir desse mesmo verso - a primeira para velocidade e propagação
e a segunda para criar um obstáculo. Esse exemplo, mais do
que qualquer outro dos que vimos, sugere fortemente que devemos
ter cuidado ao analisar a metáfora subjacente a um verso mágico,
porque o processo interpretativo realizado por seus usuários pode
ser expansivo, e não estritamente definido. Tal visão, além disso, está
de acordo com a observação de Tambiah, que foi feita a partir de um
conjunto de indícios culturais completamente diferentes, de que em
magia "as palavras primam pela expansão expressiva"427 O desafio é
destrinchar as metáforas e as analogias em questão e entender como
elas funcionam juntas.
Além do verso (a), os outros dois versos provavelmente conotam
conquista (b) e proteção ou limpeza (c), o que permite simultaneamente
que aquele
verso que dirige
(a) impedirá queoseus
carro seja vitorioso,
oponentes assim como o O impulso
sejam bem-sucedidos.
de combinar mais de um verso para produzir um efeito fornece
mais indícios de que o contexto narrativo não está mais no controle
Se o raciocínio
como para
eu o descrevi é o uso
até desses
aqui versos
ao menos homéricosisso
plausível, da forma
não minimiza
Por que se acreditava que esse verso fosse eficaz contra a embriaguez?
No contexto da Ilíada., ele descreve Zeus atirando raios nos
troianos como advertência de que a situação da batalha está prestes
a se voltar contra eles. Porém, de acordo com o modelo cronológico
pelo qual venho argumentando, eu esperaria que, quando esse verso
foi associado com a cura da embriaguez, seu contexto narrativo já
não importasse de modo algum. Embora a metáfora de ser "atingido
pelo raio da embriaguez" tenha registros já no século VII a.C, na
obra do poeta lírico Arquíloco (fr.120), podemos supor que os raios
de Zeus no nosso verso seriam usados para manter o bêbado alerta.
Em outra passagem do Geoponica, raios e trovões são associados de
modo negativo ao tempo ruim, porque eles podem anunciar chuva
em excesso, que trará prejuízo à plantação - e das plantas mencionadas,
a colheita da chuva é especificamente citada.428 Porém, essa parece
uma área de associação muito geral. Uma explicação mais decisiva
pode ser encontrada no papel que os trovões possuem na interpretação
dos sonhos, como é relatado pelo famoso intérprete de sonhos
Artemidoro de Éfeso (século II d.C). Entre as interpretações de sonhos
variadas por ele expostas, dois princípios básicos lhes são subjacentes:
o primeiro é de que o trovão é fogo e é da natureza do fogo
destruir toda matéria;429 o segundo é que o que quer que seja atingido
428. Por exemplo, Geoponica 1.12.37. Cf. 1.12.16, que sugere enterrara pele de u
m hipopótamo
no lugar em que a pessoa deseja impedir que trovões caiam, e 11.2.7, em que se diz
que
trovões não caem onde há figueiras plantadas.
429. Artemidoro, Interpretação dos Sonhos 2.9.8.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
baleia.
Encantamentos e Adivinhação
Esses versos são uma exortação de íris a Príamo para que ele
faça a viagem até Aquiles, a fim de recuperar o corpo de Heitor. Os
Roberts sugerem que, uma vez que esses versos são, na verdade, uma
mensagem de Zeus anunciando seu apoio à difícil missão, eles são apotropaicos
- um termo
males, que
o que euliteralmente significa
acho que está "afastar",
provavelmente por exemplo,
correto.
445. Até hoje, encontrei apenas o verso 5.127 da Iliada = PGM VII.115, que é utiliza
do em
Luciano, Caronte, 7.12-13. Deve-se observar que PGM VII.1-148 é fragmentário e 24 ve
rsos
(de um total de 216) estão apenas parcialmente legíveis ou ausentes.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
um soldado irá
a noite toda (heudon pannukhi), mas o doce sono não tomou Zeus
446. Agradeço meu colega, Arthur Verhoogt, por chamar minha atenção para esse papiro.
Sobre o arquivo Heronino, cf. Rathbone 1991.
447.
rva Por exemplo, Rathbone 1991: 12-13, com mais referência. Rathbone (p. 12) obse
que cinco cartas da administração central da propriedade de Apiano são escritas no ver
so de
fragmentos de textos literários, incluindo partes dos livros 3 e 8 da Ilíada. Contud
o, P. Flor.
II259 não é um papiro reutilizado, o que nos dá a certeza de que havia a intenção de que o
s
versos iliádicos acompanhassem a carta.
448. Isso é confirmado por Messeri 1998 (com prancha CXXVI).
ENCANTAMENTOS HOMÉRICOS
Como a poesia
o mundo divinode Homero
mais eraodivinamente
do que mortal, e éinspirada, elaarefletia
por isso que relação
modelo-cópia não é apropriada para Proclo. Na verdade, os mitos
homéricos sào symbola (ou, em outros contextos, synthémata) que
precisam ser interpretados e não têm de ser estritamente análogos às
verdades que eles expressam. Proclo baseia-se ainda mais na idéia de
analogia (analogia), que não possui o sentido moderno que utilizei
em outras passagens deste livro, Para os neoplatônicos, analogia srcinalmente
expressava uma relação matemática, mas, em contextos
alegóricos, referia-se à correspondência entre o sentido superficial de
um texto e quaisquer verdades metafísicas que o texto expressasse.452
Mais especificamente, symbola para os neoplatônicos eram determinados
animais, pedras, plantas e substantivos (isto é, símbolos lingüísticos)
os quais eles acreditavam que, ao ser utilizados em rituais
teúrgicos, atraíam determinadas divindades das esferas celestes e invisíveis
para o mundo material e visível - do qual o propósito último
era unificar o teurgista com o Uno, a fonte de toda divindade.453 Teurgia
(literalmente, em grego theourgia significa "obra divina" ou "rito
sacramentai") era ao mesmo tempo um programa intelectual, filosófico
e religioso-mágico, que vários autores explicam como a prática
de trazer um praticante em comunhão com a divindade máxima, o
Uno. Essa unificação era realizada por meio de sympatheia, que, para
neoplatônicos e estoicos em geral, era uma conexão ontológica entre
homens
A menção específica aqui a akhlus? que toma vida própria no
pensamento neoplatônico, relaciona essa passagem de modo bastante
evidente à llíada 5.127 e possui a mesma conotação aqui que a
palavra para névoa (homikhlê) no Hino 4. Lidas em conjunto, no entanto,
essas alusões à llíada 5.127-28 não são meramente literárias,
mas mágicas - e especificamente teúrgicas. A conotação mágica da
passagem acima está presente na referência ao "auxílio impedidor de
457. Como já foi observado, o verso 5.127 da llíada, por exemplo, também aparece no "o
ráculo
homérico", PGM VII.115.
458. Cf. Van den Berg 2001: 99-100 e 182.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Conclusão
195
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
471.
os Notavelmente em Tucidides 2.48, em que pharmaka se refere aos "venenos" que
peloponenses supostamente colocaram nas cisternas do Pireu, que foi o primeiro a
ser atingido
pela praga de Atenas em 430 a.C.
472. Como no Hipólito de Euripides, em que "poções do amor encantatórias" (509) também
são chamadas de pharmakon (516).
473. Cf. Scarborough 1991.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
o philtron a ele para aumentar sua afeição por ela. Acontece que há
uma quantidade razoável de indícios do Período Clássico até a Antigüidade
Tardia de que esposas, amantes e prostitutas usavam poções
de amor e outros afrodisíacos para manter ou intensificar a afeição
de seus companheiros e clientes.481 Tal prática, por exemplo, é discutida
no famoso caso da mítica Dejanira, esposa de Héracles, que por
engano usa letalmente o philtron do centauro Nesso para atrair de
volta seu
mulher, marido,Embora
Iole.482 após ele demonstrar
Héracles morraum forte
por interesse
causa por outra
de um philtrony
que havia sido feito a partir do sangue venenoso do centauro, a
479. Antífon, Contra a Madrasta 1.14-20.
480. [Aristóteles] Magna Moralia 16 = 1188b29-38.
481. Cf. Faraone 1999:110-19.
482. Esse é o argumento de As Traquínias de Sófocles.
MAGIA NA LEI GREGA E ROMANA
(pharmakeia) que não resulte em morte, uma pessoa leiga paga pelos
danos ao passo que o especialista médico é sentenciado à morte. No
caso de magia envolvendo imprecações de amarração (katadeseis),
encantamentos (epagôgai) ou feitiços (epõidai), novamente um leigo
é multado de acordo com os custos do prejuízo, ao passo que um
profeta {mantis) ou adivinho (teratoskopos) é sentenciado à morte.500
A lei
que umateniense
indivíduotinha regras
levava para processos
seu ofensor a juízo.privados por
Se Platão danos,
tinha em
essa
forma de procedimento legal em mente nos casos em que os danos
deveriam ser pagos, isso sugere que sempre que os pharmakeia envolvessem
leigos e o resultado não fosse a morte, ele consideraria
esses casos como assuntos privados a ser resolvidos pelos indivíduos
envolvidos. Porém, sempre que a situação resultasse em morte ou
houvesse profissionais envolvidos, a resolução desses casos seria assunto
da cidade-estado como um todo e, por isso, os responsáveis
deveriam ser purgados.501
Só podemos
aludem nos perguntar
a alguma se as
deficiência na regras imaginárias
lei ateniense deépoca
de sua Platão
com relação
à magia - com exceção dos pharmakeia e do envenenamento,
sobre os quais já vimos que havia uma lei aplicável no caso de injúria
séria ou morte. Por um lado, Platão distingue em padrões bastante
diferentes os leigos e os profissionais quando a situação não envolve
morte, o que pode apontar para uma visão de que, em sua época,
profissionais como os adivinhos não eram mais responsabilizados
por magia do que suas contrapartes leigas. Por outro lado, algo mais
importante é o fato de que Platão claramente admite que imprecações
de amarração (katadeseis), encantamentos (epagõgai) e feitiços
{epõidai) podiam provocar danos, algo que seria provado em juízo
e pelo qual a parte vitoriosa receberia então o direito à indenização.
Observamos no segundo capítulo que, com relação a esses tipos de
magia não-farmacêutica, Platão hesitava em concordar que eles exerciam
efeitos físicos no mundo.504 Porém, de modo paradoxal, ele aqui
estabelece um tribunal em que acusações de tal tipo de magia poderiam
ser ouvidas. Minha especulação é que, para Platão, a gravidade
de profissionais suspeitos era tamanha que, se eles pudessem ser
atingidos por meio de acusações de magia, deveria existir uma corte
para isso - mesmo que o restante de seu tempo fosse consumido na
resolução de disputas privadas relativamente menos importantes.
a.C. - é importante não apenas por si só, mas porque tais estatutos
503. Cf.Dickie2001:63.
504. Platão, Leis 11.933a-b.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
As Doze Tábuas
505. No que se segue, baseio-me na análise das Doze Tábuas em Rives 2002.
MAGIA NA LEI GREGA E KOMANA
lemos em Plínio, o Velho (c. 23-79 d.C.)> que é a nossa fonte mais
importante para os preceitos das Doze Tábuas, que uma lei restringia
"quem quer que fizesse um feitiço nocivo" [malum carmen).506
Esse preceito foi entendido quase unanimemente pelos pesquisadores
como uma referência à magia na forma de um encantamento ou
fórmula mágica, assim como foi por Plínio. Contudo, recentemente
se demonstrou
e mesmo ao atoque
de malum carmen
maldizer pode também
no sentido se referir
de utilizar à calúnia
linguagem abusiva.
507 Embora essa interpretação não exclua a interpretação mágica,
os indícios que temos não nos permitem dizer sem dúvida que a lei
das Doze Tábuas se refere exclusivamente ao feitiço mágico, mesmo
que autores posteriores como Plínio pensassem que sim.
De acordo com Plínio, a segunda lei das Tábuas, que diz respeito
a encantamentos, é: "quem quer que tenha encantado {excantare)
a colheita".510 Essa lei é o que há de mais próximo da referência de
Sérvio acima
notar que os com relação
termos a atrair
usados o trigo
por Sérvio plantado,
e nas Tábuas, mas é importante
da forma como
relata Plínio, não são idênticos. O verso usado na versão de Plínio,
excantare, não é comum, mas parece denotar atrair ou seduzir uma
coisa de um lugar para outro por meios invisíveis.5" O verbo cantare
certamente denota a recitação de um poema, a performance de uma
canção, ou até de um encantamento mágico. Então, parece que a colheita
poderia ser magicamente - o que significa dizer de modo invisível
e imperceptível - transferida de um lugar para outro por meio
de um feitiço. Além do feitiço, os meios pelos quais tal transferência
era obtida são menos claros.
Alguém que diga "drogas" (venena) deve acrescentar se elas são boas
nena), uma vez que sob esse nome está contido tudo aquilo que, quan
nessa categoria.
514. Grafl997:64.
515. Para a possível relação etimológica de venenum com Venus, cf. Walde 1910 s.v. venen
um,
que
516.teria um sentido
Em português, srcinal de "Liebestrank".
"purificação", tanto médica quanto ritual, pode traduzir os termos la
tinos
purgatio, purificatio, ao passo que "purificação ritual" pode traduzir lustrum, tust
ratio.
517. Justiniano, Digesto 50.16.236. Cf. Watson 1985. Utilizei a tradução editada de
Watson,
mas com modificações.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
A Ixx Cornelia
o eu-lírico
ervas de sua
(herbae) oitava
e drogas Écloga (publicada
{venena) em 37 a.C.)
que ele testemunhou dizer
"ter que usa
transferido
518. Rives 2002: 276.
519. Como quando Plínio se refere a veneficia que provoca um eclipse, História Natur
al
2.54. Para pharmakeia, cf. capitulo 2.
520. Plínio, História Natural 28.
MAGIA NA LEI GREGA E ROMANA
seus inimigos por meio de más artes (malae artes). Eles também
542. Lucano, Farsália 6.413-830. Essa cena descreve o filho de Pompeu, Sexto, cons
ultando
a bruxa tessália Erictho na véspera da batalha de seu pai com Júlio César. César derrotou
Pompeu em Farsália em 48 a.C.
543. Histórias parciais desse desenvolvimento podem ser encontradas em Kieckhefer
1989:
19-42 eHint 1991: 13-35.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Apuleio, o Mago
546.
547. Apuleio, Apologia
A absolvição 82.1. pode ser inferida pelo fato de que ele fez discursos vári
de Apuleio
os anos
depois diante de dois procónsules da África: Scveriano em 162/3 d.C. (Florida 9.39)
e Cipião
Orfito em 163/4 d.C. (Florida 17.1 e 17.18-21). O Florida (17.18) também sugere qu
e em
163/4 Apuleio era como uma celebridade local entre os cartaginenses.
548. Apuleio, Apologia 28.4-5 e 24-25.
549. Apuleio, por exemplo. Apologia 25.14.
550. Por exemplo, Apuleio, Apologia 2.5.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
o início
582. que Apuleio
Apuleio, insere
Apologia todo esse pedido no contexto de suas
58.3-8.
583. O caso dos mistérios báquicos em 186 a.C. era famoso (Livio 39.8 -19). Cf. Cícero
, Leis
2.21; Paulo, Sententiae 5.23.15; Código Teodosiano9. 16.7.
584. Cf. Abt 1908: 295.
585. Apuleio, Apologia 61.16-25.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
590. PGMVIII.14.
591.
592. Apuleio,
PGMV.379.Apologia 63.25.
593. Apuleio, Apologia 63.5-8.
594. PGMV.2371-73.
595. Apologia 61.2, 64.3, cf, Harrison 2000: 74, na 91 e Graf 1997: 81.
596. Suetônio, Nero 56.
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
14. Aqueles que dão poções do amor ou abortivas, mesmo que não
ajam com malícia planejada, porque isso mesmo assim é um mau
604. O estudo mais completo acerca dos demonólogos do início da Era Moderna pode ser
608. Em leis posteriores, além da poção do amor (amatorium pocuium) e abortiva (aborti
onis
pocuium), encontramos outras distinções em venena, incluindo contraceptivos (medicam
entum
ad conceptionem) e cosméticos (referidos por seus negociantes, pigmentarü).
Negociantes de cosméticos são passíveis de punição sob a Lei Cornéiia se eles distribuírem
cicuta, salamandra, acônito, larvas de pinheiro, besouros venenosos, mandrágora e, c
om
exceção do uso para purificação, a cantárida (Marciano, Institutes [Digesto 48.8.3]).
MAGIA NA LEI GREGA E ROMANA
612. Código Teodosiano 9.16,4. Cf. também os textos citados em Pharr 1932.
613. Para mais sobre esse desenvolvimento, cf. Graf 1999.
614. Pólemon, Declamationes (p. 44-45 Hinck), cf. Ogden 2002: nQ 295.
615. As Sentenças de Paulo 5.23.18.
616. Código Teodosiano 9.16.
617. Código Justiniano 9.18.
MAGIA NA LEI GREGA E ROMANA
Deve ser punido e vingado de modo merecido com as ieis mais severas
o conhecimento (scientia) daqueles que, com auxílio das artes
mágicas (magicae artes), ou ameaçaram a segurança de alguém ou
fizeram com que mentes castas se voltassem à luxúria. Contudo, nenhuma
acusação criminal deve ser feita a remédios (remedia) para
os
da corpos humanos,
colheita de uvasou para distritos
maduras rurais, por
contra tempestades ouse temer pela proteção
violentas
A Herança Medieval
241
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ÍNDICE REMISSTVO
adivinhação 30, 35, 66, 67, 82, 83, 91, 130, 131, 183, 185, 190, 191,
225, 230,82,
adivinho 232, 235,
83, 84,236,
87, 237, 238,
89, 91, 239,
159, 242,
206, 244
207
Admeto 145
Adônis 137
Adriano 138,190,236
Adriano de Tiro 236
Aécio de Amida 179
aêr 59
Afonso, o Sábio 115
África 30, 32,102,141, 220, 221, 239
Africano, Júlio 158
Afrodite 148, 157,163, 186
Agamêmnon 81, 82,180
Agathos Daimõn 176
agência 13, 14, 40, 41, 47, 58, 75, 76, 77,120,144,145,147,152,153,
155, 167,239,242,245
259
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Alceste 145
Alcmeão de Cróton 59
Amestris 91
Amor 148
amuleto 19,21,117, 118, 158
analogia 13, 20, 38, 39, 41, 43, 45, 94, 95, 96, 151, 163,164,166, 172,
173,174, 175,187,242
Anaxágoras 223
Anaximandro 58, 59
Anaxímenes 58, 59
Antífon 77,78, 199,200
Antínoo 137,138, 139, 140
Antioquia 102
Anúbis 137, 154
aõroi 27, 109, 112,138,141
Apameia 119
Apiano 184
Apoio 29, 65, 66, 81, 106, 107, 151, 160,167, 169, 183
Apolônia 59, 83
Apolônio de Tiana 157,232,235
Apoio Nômio 66
Apothetai 126
Apuleio
Aquiles de
160,Madaura
182 15,219,220
Aquino, Tomás de 116
Arcádia 141,235
Areópago 198
Ares 66, 69, 135,142,168,169, 186
Argélia 220
Aristandros 113,114
Aristarco 159
Aristófanes 83, 86,144,159,160
Aristóteles 59, 76, 84, 131, 198, 200, 224, 226
Arkhippès 105
Arquíloco 159, 177
ÍNDICE REMISSIVO
Bath 112,113,127,132,133,134,248
Beirute 239
Biaios 110
biaiothanatoi 27, 109,112
Boccaccio 232
Bonecos 145
boustrophedon 104
Britânia 102,112,133,240
Calças 167
Campos Elísios 27
caracteres 115, 117, 118
carmen (pi. carmina) 209, 218
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Catão 238
Catulo 98
causalidade 13, 20, 26, 32, 33, 42, 74, 75, 78, 79, 242, 245
causa mecânica 42, 75
causa próxima 76, 77
causa volitiva 76, 79
Cefalônia 141
Célio 173
Cerâmico 141
Cérbero 128
charlatão 97
Cibele 82
Cícero, Brutus 81, 122
ciência 12,20,51
Cílon 84
Circe 52, 54,109,157
Clark, Stuart 49
Clemente de Alexandria 89
Clerc, Charly, 146
Código Teodosiano 15, 236, 237,238, 239
como encantamento 183,192
Compitália 146
comunicação 23,24,25,40,114, 115, 116, 118,145,155
Constantino I 237
Constantinopla 179,239
Contra Aristogiton 201
Cornelia 6, 212, 213, 214, 249, 254
Corpus hippiatricorum graecorum 189
Corpus Júris Civilis 239
Crasso, Júlio
Creofilei 160 229
Creófilo 160
Creonte 89
Cresimo, C Fúrio 210
ÍNDICE REMISSIVO
Creta 84,141,223
Crises 43
Cristianismo 237
Cupido 148
Dáfnis 209
daimõn (pi. daimones) 58, 112, 137,138, 139, 140, 149, 176, 232
Dárdano 182
Das Doenças das Mulheres 169
deficiência 13, 123, 124, 125, 207
defigere 102,217,234
defixio (pi. defixiones) 102
Deífono 83
Dejanira 200,201
Délfis 140
Delos 141
Deméter 55,56,58,111,112
Demétrio de Falero 203
Demócrito 223
Demofonte 55
demônio de dentição 56
demônios 17, 56, 116, 117, 118, 138, 174, 218, 219, 232, 233, 238,
239
Demóstenes 77, 103,111,143, 198, 200, 201, 202,203
De Vita Pythagorica 162
devotio (pi. devotiones) 216
Dickie, Matthew 73,165
Digesto (de Justiniano) 15, 210, 211,215, 234, 239,240, 244
Dikê 110
Diocleciano 236
Diodoros 142
Diógenes de Apoiônia 59
Diokles 142
Diomedes 163,172,
Dioniso 89, 174, 188227
107, 123,125,
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Diophanes 142
Dioscorides 166
divindade 29,40,41, 57, 58, 59,60,61,64,65, 66, 67, 69, 70, 93, 106,
107, 108, 110, 112, 116, 131, 132, 133, 134, 135, 150, 151, 170, 187,
188,189,193,225,226,243
divindades do Olimpo 28, 29
doença de171
Doloneia Héracles 62
Domiciano 235
Doze Tábuas 6, 15, 208, 209, 210, 211, 212
Epicarmo 59
Epidauro 64,132
epilepsia 13,43,60,61,62,63,64,66,67,68,69,70,96,126,127,174,
226, 227,243
Epimênides de Creta 84, 223
epistolé 112, 114
epõidê
epõidos(pi.
97 epõidai) 97
Erasístrato 131
Erecteu 164
Ereskhigal 137
Erínias 110
Eros 14, 139,140, 147, 148, 149, 150,151, 152, 153, 243, 256
erõs 135, 139, 147, 186
erõtes 147, 148, 151, 152,154,243
Esopo 70,203,222
Esparta 125, 126, 162
Esquilo 81,82, 108, 145
estatuária 101,143,145, 146, 155, 243
estátuas de culto 26, 142, 144,145
estatuetas 12, 13, 14, 26, 77, 79, 80, 99, 101, 102, 105, 118, 131, 134,
135, 140, 141, 142, 143, 146, 147, 151, 152, 153, 154, 155, 186, 195,
196, 202, 224, 229, 230, 231, 235, 243
estatuetas de Eros 147, 151, 153
estoicos 187
Estrímon 90,91
Eubeia 141
Euforbo 160
Eugênio 119
Evênio 83
excantare 210, 212
ex-voto 131
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
fantasma 124
Fayúm 170, 183
Febo 106, 183
Fédon 28
feitiçaria (azande) 30, 31, 32, 33, 35, 55, 56
Filoneu 199,200
Filóstrato 157,235
filtros 197
Frazer, James George 20
Freud, Sigmund 60
Frígia 82
Frínico 98, 103
Gaia 181
Gaio 210,211,212,214,219
Galeno 68, 95,152, 159, 166, 168, 226
Galo 190
Gé 110
geografia sagrada 37
Geoponica 177,192,238
Germânico 216,217,218
Glaucias 148
goês 94,97,202
goêteia 74, 85, 93, 94,96, 97
goéteuein 201
goõs 94
H
Hades 85,86,111, 128, 137, 178,179
haimorroia 168, 169
Hécate 29, 66, 69, 107, 110,111,128, 137, 144, 148
Hegesístrato 82
Heim,Richard 163
Heitor 165, 173, 182
Helena 78, 93, 94, 95, 97,157.162, 211
Hélio 176, 188
hemorroidas 167, 168,169
Hera 107, 108
Héracles 62, 65,145, 200
Heráclides de Ponto 87
Heráclito de Éfeso 59, 71, 88
Hermes 29,52,54,55,58,69,107,110,111,112,128,137,151, 163,
164,187,230,231,254
Hermodamas 160
Heródoto 82, 83, 90, 91, 92, 145
Herófilo 131
heróis 27, 44, 52, 54, 66, 69, 110
Heronino 183, 184,185
Hesíodo 28,111,158, 159,160,161,186
hidrõs 171,176
hiereia 202
Hino a Deméter 56
Hinos 108, 188
Homero 6, 11, 51, 110, 157, 158, 159, 160, 161, 164, 165, 167, 174,
185, 186, 187, 192, 193,197, 211, 212, 242
honestiores 234, 235
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Hopfner, Theodor 54
Horas 190
humiliores 130,234,235
humores 64, 87, 94, 95
J
Jesus 179,232
leu 176
Johnston, Sarah lies 7,109
Jonas 179
Jordan, David 142
Josefo 203
ÍNDICE REMISSIVO
Lares 146
Lázaro 179
Lei Cornélia sobre assassinos e envenenadores 15, 213, 222, 233
Leis 6, 20, 28, 72, 73, 74, 79, 86, 94, 95, 98, 118, 143, 204, 205, 206,
207, 229
Lemnos 201,248
lepus marinus 224, 225
Levante 102
Lévy-Bruhl, Lucien 25
Lex Cornélia de sicariis et veneficiis 213, 254
Líbia 220
Licurgo 103,126
ligatura (pi. ligaturae) 117,118
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Lissa 65
Lívio 214,229
Lloyd, Geoffrey 64
Luciano de Samósata 147, 162
mageia 13, 51, 54, 88, 93, 94, 96, 97, 208
mageuein 88
mageumata 88
magia como 20, 22, 75, 76, 204, 218,222, 244
magia contagiosa 34, 35, 36, 134
magia de amarração 12,13,14,67,69, 70,73,101,107,119,123,124,
125, 126, 127, 135, 136, 153, 174,205, 216, 235
magia demoníaca 240
magia erótica 14, 73,101,135,136,140,141, 147,153,154,155,197,
221,225
magia imagética 38, 39, 40,46,47
magia persuasiva 149
magia simpática 34,41, 146
magia trobriand 44
magicae artes 98,117, 209, 218, 219, 232,237
magicus 12,48,98,217
magikos 88
Magna Moralia 200
Magnésia 92
magus (pi. magi) 12, 88, 98, 116, 217, 218, 220, 221, 222, 223, 226,
228, 232
maleficium (pi. maleficia) 48, 208, 218, 222
maleficus/a 48,218
Malinowski, Bronislaw 22
Malleus Maleficarum 219
malum carmen 209
manganeia 206
manganeuein 88
manganon 88 manteis) 82,83,87,202,206
mantis (pi.
ÍNDICE RÊMISSIVO
Nero 231
Nesso 200
Niceia 237
Nikostratos 142
Nino 203
Norte da África 102, 141, 239
Nove Caminhos 91
O
Palestina 141
Panateneia 145
Paris 9,10,247,248,251,255
Parker, Robert 71
Partenon 145
ÍNDICE REMISSIVO
200,211,216,244
pharmattein 197,201
Philinna Papyrus 172
Philon 123
Philonikos 110
philtron (pi. philtra) 199, 200
physis 57
Picatrix 115
Pigmalião 145
Pireu 122, 197,199
Pisistrátidas 159
Pisístrato 162
Pitágoras 6,159,
Pitagóricos 161 160, 161, 162, 223
Pítia 29, 65, 82
placa de ouro (lamella 158, 180
placas de imprecação 12, 13, 37, 67, 68, 69, 82, 90, 98, 100, 102, 103,
104, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 118, 121, 122, 127,
129,130, 131,132,133, 134, 135,138, 154, 196, 230
\
Platão 5, 6, 15, 20, 28, 57, 58, 70, 72, 73, 74, 75, 79, 80, 81, 83, 86, 87,
89,91,93,94,95,97,99, 100, 102, 111, 118, 142, 143, 160, 161, 185,
186, 201,
podagra 202,
(gr. 204, 205,
Tioôáypa) 206, 207, 224, 226, 232, 241, 243
181
poesia homérica 12,14,157,160, 161,182, 186, 193
polução 84, 96
Ponte di Nona 133,254
Ponto 87,209
Porfírio 160, 185
Porphyras 119
possessão 65, 68, 69, 227
Preto 84
Príamo 182
Pritaneu 77, 143
Proclo 150,185, 186, 187, 188,189, 192, 193
Prometeu 108
Protágoras 77
Psique 148, 149
psykhê 109,121
Ptolemais 136, 137,138, 139,140, 154
purgação 96
purgativos 96
purificação 48, 67, 70, 71, 72, 80, 83, 84, 86, 87, 93, 95, 96, 98, 100,
Q
Quintiano 229
Quios 160
Raça de Ouro 28
Reia 82
reis coraítes 190
ÍNDICE REMISSIVO
religião 12, 22, 25, 28, 29, 48, 49,62, 63, 64, 71, 92,96, 144, 202, 215,
228, 237, 240
religio 48, 215, 227, 228, 229
relíquias 36
representação 39, 40, 41, 101, 140,151
representações coletivas 21,27, 155
República
208,229 70, 72, 80, 83, 98, 102, 132, 160, 161, 186, 199, 204, 207,
rhizotomoi 56
ritos báquicos 203
ritual 18, 22, 33, 41,42, 44, 45, 46, 48, 49, 56, 58, 65, 67, 69, 71, 140,
145,146, 150, 153, 155,158, 174, 183,188,189, 211,227, 228, 241
Rives, James 7, 208
Roma 12, 95, 112, 125, 131, 133, 134, 141, 146, 173, 182, 195, 196,
208,212,216,217,219,237
Rufino, Herênio 220
Sabrata 220
sacerdote mendicante 89, 90
sacramentalismo católico 48
sacrifício 82, 91, 92, 93, 131, 151, 228, 229, 231,235, 239
sangue 36, 52, 67, 71, 82, 83, 91, 95, 98,132,133, 166, 167, 168, 169,
170,171,200, 216, 219, 234, 235, 244
santos 36, 190
Sarapammon 136, 137, 139, 140,154
Selene 29,154
Senado 213,214,217
Sépias 92
Sérgia 214
Sérvio 209,210
Sião 189
sicarius 213, 222
Sicília 102, 103, 121,132, 141
significatio
Simaetha 140 (pi. signiíicationes) 120
simbolismo 22, 40, 41,155
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Tácito 216,217,218
Tales de Mileto 26,58
Talo 226
Tambiah, Stanley 43,143
Taussig, Michael 39
Teadélíia 184
Teágenes de Régio 186
Telêmaco 162,211
Telesarkhos
Temíson 224 121
Teócrito 140,209,212
ÍNDICE REMISSIVO
Valentiniano II 191
veneficium (pi. veneficia) 48, 210, 211, 212, 223, 225
veneficus/a 48
venenarius 222
venenum (pi. venena) 197, 211,214, 217, 218, 222, 225, 244
Vênus 145, 146
verdes 119
VersnelHenk 130
versos bíblicos 189,190
MAGIA NO MUNDO GREGO ANTIGO
Vindiciano 191
Virgílio 98, 158,190,192, 209, 212, 213, 242
vocês magicae 116, 120, 135, 174
Vodu 136
votivos 133, 227
votum 228
Weyer, Johannes 60
Wittgenstein, Ludwig 42
xamã 86
Xântipo 103
Xerxes 90,91
xoana 144, 146
Zenódoto 159
Zeus 28, 107, 108,164, 177, 180, 182,184,199
Zeus Ctésio 199
Zoroastro (Zaratustra) 93, 222
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