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ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I fct - UNL

ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I

4 – DURABILIDADE

Válter Lúcio Mar.2006 1


ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO I fct - UNL
PROGRAMA
1.Introdução ao betão armado
2.Bases de Projecto e Acções
3.Propriedades dos materiais
4.Durabilidade
5.Estados limite últimos de resistência à tracção e à compressão
6.Estado limite último de resistência à flexão simples
7.Estado limite último de resistência ao esforço transverso
………………………..

Armaduras ordinárias

Bainhas dos cabos de p.e.

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4 – DURABILIDADE
4.1. GENERALIDADES
Deve ser garantida a durabilidade da estrutura durante o período de vida
útil de projecto, sem necessidade de acções de manutenção excepcionais
nem de reparação ou de reforço estrutural.

A estrutura deve ser concebida tendo em conta: Cabeças de


ancoragem de
• período de vida útil de projecto; pré-esforço

• o ambiente em que está integrada e os agentes


agressivos com capacidade de a deteriorar.
Os meios à disposição do projectista para
controlar a durabilidade da estrutura, face às
condições ambientais em que ela se encontra e
ao período de vida útil de projecto, são:
• a qualidade do betão a utilizar;
• a espessura do recobrimento das armaduras;
• medidas especiais de protecção da superfície
do betão e das armaduras.
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4 – DURABILIDADE
O construtor deve garantir níveis de execução adequados e controlo de
qualidade.
O dono-da-obra deve efectuar inspecções regulares e executar acções de
manutenção da estrutura.

As principais acções que provocam deterioração nas estruturas de betão


armado são:
• acções mecânicas (cargas aplicadas ou deformações impostas que
danificam as estruturas, abrasão, etc.);
• erros de projecto, de execução, de utilização e de manutenção;
• acções biológicas (fungos, plantas, etc.);
• acções químicas que destroem a massa do betão endurecido ao longo
do tempo (reacção álcalis-inertes e sulfatos e outros produtos químicos
industriais);
• acções químicas que reduzem a capacidade do betão de proteger as
armaduras contra a corrosão (ataques de cloretos e carbonatação do
betão).
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4.2. CORROSÃO DAS ARMADURAS
PROTECÇÃO DAS ARMADURAS NO BETÃO
No interior do betão não contaminado as armaduras encontram-se
protegidas contra a corrosão devido à elevada alcalinidade do meio.
pH ≈ 13
Forma-se à superfície da armadura uma barreira de protecção
(película passiva) que impede a sua corrosão.
DESPASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS
Os mecanismos de transporte dos iões
despassivantes para o interior do betão
são condicionados: pelas condições de
exposição; pela resistência à
penetração; porosidade; fendilhação e
composição química do cimento.

Quando o pH desce para valores inferiores a 10, ou o


teor de cloretos ultrapassa o valor crítico, ocorre a
destruição da película passiva.
Se surgir humidade e oxigénio inicia-se o processo de
corrosão das armaduras.
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MECANISMO DA CORROSÃO
A corrosão é um processo electroquímico.
Num processo electroquímico existem os
seguintes elementos:
Ânodo – zona da armadura despassivada
Cátodo – zona da armadura com acesso a oxigénio
Condutor eléctrico – armadura
Electrólito – betão
Os produtos da corrosão são expansivos, provocando a
fendilhação e/ou delaminação do betão.

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CORROSÃO POR CARBONATAÇÃO

A corrosão é em geral generalizada e a sua progressão


é lenta.
Carbonatação do betão
O dióxido de carbono da atmosfera reage com o hidróxido
de cálcio do cimento, provocando um abaixamento do pH
de cerca de 13 para cerca de 9.5.

Ca (OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O

DISSOLUÇÃO DO FERRO REDUÇÃO DO OXIGÉNIO


Fe → Fe++ + 2e- ½ O2 + H2O + 2e- → 2OH-

PRODUTOS DA CORROSÃO
Fe++ + 2OH- →
Fe2O3 . H2O – óxido férrico hidratado
ou 2Fe(OH) 3 – hidróxido férrico

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CORROSÃO POR ACÇÃO DOS CLORETOS

A corrosão é localizada e a sua velocidade de


progressão é elevada.

DISSOLUÇÃO DO FERRO REDUÇÃO DO OXIGÉNIO


Fe + 3Cl- → Fe Cl3- + 2e- ½ O2 + H2O + 2e- → 2OH-

PRODUTOS DA CORROSÃO

Fe Cl3- + 3OH- →
3Cl- – ião de cloreto
+ Fe(OH) 3 – hidróxido férrico
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4.3. CLASSES DE EXPOSIÇÃO (quadro 4.1 EN1992.1.1)
Designação Descrição do ambiente Exemplos informativos de condições em
da classe que podem ocorrer as classes de exposição
1 Nenhum risco de corrosão ou ataque
X0 Para betão sem armadura ou elementos Betão no interior de edifícios com uma humidade
metálicos embebidos: todas as exposições do ar ambiente muito baixa
excepto em situação de gelo/degelo,
abrasão ou ataque químico
Para betão com armadura ou elementos
metálicos embebidos: muito seco
2 Corrosão induzida por carbonatação
XC1 Seco ou permanentemente húmido Betão no interior de edifícios com uma humidade
do ar ambiente baixa
Betão permanentemente submerso em água
XC2 Húmido, raramente seco Superfícies de betão sujeitas a contacto
prolongado com água
Um grande número de fundações
XC3 Humidade moderada Betão no interior de edifícios com uma humidade
do ar ambiente moderada ou elevada
Betão exterior protegido da chuva
XC4 Alternadamente húmido e seco Superfícies de betão sujeitas a contacto com
água, não incluídas na classe de exposição XC2

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Designação Descrição do ambiente Exemplos informativos de condições em
da classe que podem ocorrer as classes de exposição
3 Corrosão induzida por cloretos
XD1 Humidade moderada Superfícies de betão expostas a cloretos
transportados pelo ar
XD2 Húmido, raramente seco Piscinas
Elementos de betão expostos a águas industriais
contendo cloretos
XD3 Alternadamente húmido e seco Elementos de pontes expostos a pulverizações
contendo cloretos
Pavimentos
Lajes de parques de estacionamento
4 Corrosão induzida por cloretos presentes na água do mar
XS1 Exposto ao sal transportado pelo ar mas Estruturas próximas da costa ou na costa
não em contacto directo com a água do mar
XS2 Permanentemente submerso Elementos de estruturas marítimas
XS3 Zonas sujeitas aos efeitos das marés, da Elementos de estruturas marítimas
rebentação e da neblina marítima

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Designação Descrição do ambiente Exemplos informativos de condições em
da classe que podem ocorrer as classes de
exposição
5. Ataque gelo/degelo
XF1 Saturação moderada em água, sem produto Superfícies verticais de betão expostas à chuva
descongelante e ao gelo
XF2 Saturação moderada em água, com produto Superfícies verticais de betão de estruturas
descongelante rodoviárias expostas ao gelo e a produtos
descongelantes transportados pelo ar
XF3 Saturação elevada em água, sem produtos Superfícies horizontais de betão expostas à
descongelantes chuva e ao gelo
XF4 Saturação elevada em água com produtos Estradas e tabuleiros de pontes expostos a
descongelantes ou com água do mar produtos descongelantes
Superfícies de betão expostas a pulverizações
directas contendo produtos descongelantes e
expostas ao gelo
Zonas sujeitas aos efeitos da rebentação de
estruturas marítimas expostas ao gelo
6. Ataque químico
XA1 Ambiente químico ligeiramente agressivo, de Terrenos naturais e água no terreno
acordo com a EN 206-1, Quadro 2
XA2 Ambiente químico moderadamente agressivo, Terrenos naturais e água no terreno
de acordo com a EN 206-1, Quadro 2
XA3 Ambiente químico altamente agressivo, de Terrenos naturais e água no terreno
Válter Lúcio Mar.2006 acordo com a EN 206-1, Quadro 2 11
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4.3. TIPOS DE CIMENTOS
CEM II/A-L 42,5R
Tipo I – cimento Portland
Tipo II – cimento Portland com adições > 5%
Tipo III – cimento de alto forno
Tipo IV – cimento puzolânico
A – menor percentagem de adições
B – maior percentagem de adições
D – fumo de sílica
L – fillers cacários
P – pozolanas
S – escórias
V – cinzas volantes
32,5 – classe de resistência 32,5MPa
42,5 – classe de resistência 42,5MPa
52,5 – classe de resistência 52,5MPa
N – resistência inicial normal
R – alta resistência inicial
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CIMENTOS SECIL
Cimentos Cinzentos
Cimentos CEM I 52,5R Cimento de muito elevada resistência inicial e final, para fabrico de betões de
Portland elevado desempenho e betão pré-esforçado a idades muito jovens.
CEM I 42,5R Cimento de elevada resistência final e inicial para betão de média a elevada
resistência, pronto ou fabricado em obra.
Cimentos
CEM II/A-L 42,5R Cimento de elevada resistência e menor calor de hidratação para múltiplas
Portland de
aplicações.
Calcário
CEM II/B-L 32,5N Cimento para o fabrico de betões correntes armados e não armados, todo o
tipo de argamassas pré preparadas ou realizadas em obra, prefabricação ligeira e fabricação de
artefactos.
Cimento CEM IV/A (V) 32,5R Cimento de elevada resistência química e baixo calor de hidratação para
Pozolânico obras de betão em grande massa, betões e argamassas sujeitos a ambientes agressivos .
Cimentos Brancos
Cimento CEM I 52,5N (br) Cimento branco de muito elevada resistência para o fabrico de betões de
Portland elevado efeito arquitectónico e resistência elevada.
Cimentos
CEM II/A-L 42,5 (br) Cimento branco de elevada resistência para betão arquitectónicos de
Portland de
resistência média a elevada e prefabricação de peças e artefactos.
Calcário
CEM II/B-L 32,5R (br) Cimento branco para múltiplas aplicações em obra, na preparação de
argamassas industriais, na prefabricação de elementos estruturais e não estruturais.
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4.4. RECOBRIMENTO DAS ARMADURAS
cnom = cmin + Δcdev

Recobrimento nominal

Recobrimento mínimo

cnom Δcdev = 10mm Tolerância de execução

Em certas condições a tolerância de execução, assim como Δcdev podem ser


reduzidos.

O recobrimento nominal em betonagens


• contra o terreno deve ser ≥ 75mm
• sobre betão de limpeza deve ser ≥ 50mm

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cmin = max {cmin,b ; cmin,dur + Δcdur,γ – Δcdur,st – Δcdur,add; 10mm}

Recobrimento mínimo para a


aderência aço-betão

Recobrimento mínimo relativo


às condições ambientais

Margem de segurança
Δcdur,γ = 0
Redução para o caso de
protecções adicionais Redução para aços inoxidáveis
Δcdur,add =5mm Δcdur,st =10mm

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4 – DURABILIDADE

cmin,b - Recobrimento mínimo para garantir a aderência aço-betão


+ em armaduras ordinárias:
• varões isolados = diâmetro do varão (φ)
• agrupamentos de varões = diâmetro equivalente (φn)
+ em armaduras de pós-tensão (não superior a 80mm):
• baínhas circulares = diâmetro da baínha
• baínhas rect. = máx (menor dim. da baínha;e 0.5 maior dim.)
+ em armaduras de pré-tensão:
• 1.5 x o diâmetro do cordão ou do fio liso
• 2.5 x o diâmetro do fio indentado

Se a máxima dimensão do agregado for superior a 32 mm, cmin,b deve ser


aumentado de 5 mm

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4 – DURABILIDADE
Valores do recobrimento mínimo, cmin,dur, requisitos relativos à durabilidade
das armaduras para betão armado, de acordo com a EN 10080
(Quadro 4.4 da EN1992.1.1)
Requisito ambiental para cmin,dur (mm)
Classe Classe de Exposição de acordo com o Quadro 4.1
Estrutural X0 XC1 XC2 / XC3 XC4 XD1 / XS1 XD2 / XS2 XD3 / XS3
S1 10 10 10 15 20 25 30
S2 10 10 15 20 25 30 35
S3 10 10 20 25 30 35 40
S4 10 15 25 30 35 40 45
S5 15 20 30 35 40 45 50
S6 20 25 35 40 45 50 55
A classe estrutural a adoptar para um tempo de vida útil de projecto de 50 anos é S4, e para
30 anos ou inferior é S2.

Interior dos Estruturas Estruturas


edifícios no exterior próximas da costa

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Valores do recobrimento mínimo, cmin,dur, requisitos relativos à durabilidade
das armaduras de pré-esforço (Quadro 4.5 da EN1992.1.1)
Requisito ambiental para cmin,dur (mm)
Classe Classe de Exposição de acordo com o Quadro 4.1
Estrutural X0 XC1 XC2 / XC3 XC4 XD1 / XS1 XD2 / XS2 XD3 / XS3
S1 10 15 20 25 30 35 40
S2 10 15 25 30 35 40 45
S3 10 20 30 35 40 45 50
S4 10 25 35 40 45 50 55
S5 15 30 40 45 50 55 60
S6 20 35 45 50 55 60 65

Interior dos Estruturas Estruturas


edifícios no exterior próximas da costa

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4 – DURABILIDADE
Classificação estrutural recomendada (Quadro 4.3 EN1992.1.1)
Classe Estrutural
Classe de Exposição de acordo com o Quadro 4.1
Critério X0 XC1 XC2 / XC3 XC4 XD1 XD2 / XS1 XD3 / XS2 /
XS3
Tempo de vida útil de aumentar aumentar aumentar aumentar aumentar aumentar aumentar
projecto de 100 anos de 2 de 2 de 2 de 2 de 2 de 2 de 2
classes classes classes classes classes classes classes
Classe de Resistência 1) 2) ≥ C30/37 ≥ C30/37 ≥ C35/45 ≥ C40/50 ≥ C40/50* ≥ C40/50* ≥ C45/55**
reduzir de reduzir de reduzir de 1 reduzir de reduzir de reduzir de reduzir de 1
1 classe 1 classe classe 1 classe 1 classe 1 classe classe
Elemento com geometria reduzir de reduzir de reduzir de 1 reduzir de reduzir de reduzir de reduzir de 1
de laje (posição das 1 classe 1 classe classe 1 classe 1 classe 1 classe classe
armaduras não afectada
pelo processo construtivo)
Garantia especial de reduzir de reduzir de reduzir de 1 reduzir de reduzir de reduzir de reduzir de 1
controlo da qualidade da 1 classe 1 classe classe 1 classe 1 classe 1 classe classe
produção do betão
Notas ao Quadro 4.3
1. Considera-se que a classe de resistência e a razão água-cimento estão relacionadas. Poderá considerar-se uma composição
especial (tipo de cimento, razão água-cimento, enchimento de finos) a fim de obter uma baixa permeabilidade.
2.O limite pode ser reduzido de uma classe de resistência se a introdução de ar for superior a 4%.
Outras Notas:
* ≥ C50/60 quando o cimento utilizado for CEM I ou CEM IIA
** ≥ C60/75 quando o cimento utilizado for CEM I ou CEM IIA

Interior dos Estruturas Estruturas


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4 – DURABILIDADE
RECOBRIMENTO NOMINAL
cnom = cmin,dur + Δcdev
para betão armado, para um tempo de vida útil de projecto de 50 anos
(mm)
Classe Classe de Exposição de acordo com o Quadro 4.1
Estrutural X0 XC1 XC2 / XC3 XC4 XD1 / XS1 XD2 / XS2 XD3 / XS3
S1 20 20 20 25 30 35 40
S2 20 20 25 30 35 40 45
S3 20 20 30 35 40 45 50

S4 20 25 35 40 45 50 55
S5 25 30 40 45 50 55 60
S6 30 35 45 50 55 60 65

Tomou-se Δcdev=10mm. Considerar o requisito de aderência cnom ≥ (φ ou φn) + Δcdev

Interior dos Estruturas Estruturas


edifícios no exterior próximas da costa

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