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Sumário
Sumário............................................................................................................................. 3
O INSTITUTO AYRTON SENNA ................................................................................. 5
CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................... 5
Educação Integral ......................................................................................................... 5
As Competências Socioemocionais .............................................................................. 7
A Relação das Competências Socioemocionais com a Autonomia ......................... 7
A Organização das Competências Socioemocionais ................................................ 8
Definição Das Competências Apresentadas ............................................................. 9
Evidências do Impacto dessas Competências na Vida dos(das) Estudantes .......... 11
O Currículo ................................................................................................................. 12
A Avaliação Formativa ............................................................................................... 12
A Rubrica.................................................................................................................... 13
A METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS ................................................................................................... 16
O Projeto de Vida ....................................................................................................... 16
Como Apoiar os(as) Estudantes na Produção e no Desenvolvimento do PV ............ 17
O Envolvimento dos(as) Estudantes ....................................................................... 18
Recomendações para O Planejamento das Atividades ........................................... 18
Como Acompanhar o Desenvolvimento do PV ......................................................... 20
Princípios e Recomendações sobre o que Fazer e o que Não Fazer com o
Instrumento e seus Resultados................................................................................ 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 23
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
Caro(a) professor(a)!
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Educação Integral
Há tempos o conceito de educação integral tem ganhado destaque no Brasil, tanto
em marcos legais quanto em pesquisas e iniciativas educacionais. Ainda assim, não é
possível dizer que já chegamos a um entendimento definitivo e compartilhado do que é a
educação integral. No histórico brasileiro, muitos projetos e políticas trataram o tema pelo
viés da ampliação do tempo, que pode auxiliar, mas não é suficiente para implementar
uma educação com o propósito que trataremos no Diálogos Socioemocionais.
A sociedade brasileira tem amparo legal para estimular que as famílias e a
sociedade se corresponsabilizem por assegurar que todas as crianças, os adolescentes e
os jovens tenham acesso, participação efetiva e sucesso na escola. Por exemplo, a
Constituição Federal estabelece em seu artigo 205, que o objetivo da educação é o
desenvolvimento pleno da pessoa e ressalta aspectos de cidadania e de qualificação para
o mundo do trabalho.
Mesmo antes da Constituição Federal, a 1ª Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), promulgada em 1961, traz princípios de educação integral, ressaltando
em seu artigo 1º que o fim da educação é o desenvolvimento integral da personalidade
humana e também reforça os aspectos de preparação para exercício da cidadania e sua
qualificação para o mundo do trabalho.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada no final de 2017, reforça
o compromisso da nação com a educação integral, entendida como desenvolvimento
humano global, de modo a formar pessoas autônomas e capazes de se servir dessas
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
A BNCC reforça, ainda, que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para
o desenvolvimento de competências e que a educação deve estar sintonizada com as
necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, tornando a educação um
processo significativo para eles.
Essa documentação indica que não é qualquer tipo de educação que deve ser
oferecida durante o ciclo básico, mas uma que tenha como objetivo o desenvolvimento
de crianças e jovens em todas as dimensões do ser humano, para que tenham direito ao
pleno exercício de sua cidadania.
A comunidade internacional também produziu marcos para pensar e implementar
educação integral. O Relatório Delors, da Comissão Internacional sobre Educação para o
século 21, é um marco por registrar os quatro pilares da educação:
Aprender a conhecer - aprender a aprender, para beneficiar-se das
oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida
Aprender a fazer - a competência que torna a pessoa apta a enfrentar
numerosas situações e estar preparada para o mundo do trabalho
Aprender a conviver - compreensão do outro e a percepção das
interdependências, respeito pelo pluralismo
Aprender a ser - estar em condições de agir com uma capacidade cada vez
maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
Embora já seja discutida há décadas, a educação integral também pode ser uma
resposta a características específicas do momento histórico deste século, marcado pelo
avanço da comunicação virtual, pela mobilidade humana, pelo acúmulo e velocidade nas
informações, cuja facilidade no acesso exige cada vez mais competências para a busca, a
seleção criteriosa e o uso adequado à pessoa e à coletividade. O quadro abaixo ajuda a
ilustrar a intensidade das mudanças no mundo e na sociedade.
As Competências Socioemocionais
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O Currículo
Segundo a etimologia, a palavra currículo vem do latim curriculum e significa
percurso. No contexto escolar, muitas pessoas acabam reduzindo a ideia de currículo à
grade curricular das disciplinas, mas não é só isso. Ele diz respeito à vida escolar e seu
desenvolvimento: o conteúdo, a gestão, a organização, a didática, a formação, as
concepções curriculares e filosóficas, a seleção cultural, o tempo e o espaço, as condições
institucionais e a avaliação.
Por isso é muito importante que o currículo seja elaborado a partir de um projeto
político debatido e compartilhado com a comunidade escolar e que responda ao objetivo
final da educação: quem se deseja formar. Os marcos legais citados anteriormente – a
Constituição Federa, a LDB e a BNCC – apontam claramente a responsabilidade pela
construção do Projeto Político Pedagógico pela comunidade escolar, responsável por
definir o currículo que norteará o desenvolvimento integral de seus(suas) estudantes.
Nesse cenário, aprender a conhecer e a fazer ganham sentido se articulados ao aprender a
ser e a conviver, conforme os quatro pilares de educação da Unesco comentados
anteriormente.
Para trilhar esse caminho, é fundamental que os currículos considerem o(a)
estudante enquanto autor e condutor consciente de seu processo de aprendizagem. Para
que isso aconteça, é preciso criar espaços para o protagonismo estudantil. O(a) estudante
precisa passar por experiências de convivência, de tomada de decisão, de pesquisa e de
participação ativa. Precisa empenhar-se em querer saber mais ao realizar um trabalho, ao
construir soluções conjuntas para resolver problemas do cotidiano escolar, ao construir
sua própria identidade. Nesse sentido, o diálogo e o autoconhecimento são fundamentais
no processo educativo. A proposta de educação integral para o século 21 concebe o(a)
estudante como sujeito central e ativo no processo de aprendizagem, e, portanto, no
currículo.
A Avaliação Formativa
A avaliação formativa é uma proposta pedagógica que visa acompanhar o percurso
de ensino e aprendizagem, e não apenas seu resultado ao final de um ciclo ou período.
Sua metodologia se configura por trazer ao(à) professor(a) subsídios necessários para que
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
ele possa conhecer e intervir eficazmente na mediação da aprendizagem até que o aluno
alcance um objetivo determinado. Para isso, o(a) professor(a) precisa:
deixar claro o percurso sugerido;
propor atividades nas quais o aluno tem a chance de progredir e melhorar;
checar e conversar sobre a aprendizagem por meio de feedbacks ao longo do
caminho;
corrigir a rota quantas vezes forem necessárias, buscando o melhor resultado
possível para cada situação.
A Rubrica
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Consenso
1 1-2 2 2-3 3 3-4 4
FIM DA 1ª APLICAÇÃO
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Também pode estar disponível para a rede um sistema chamado Panorama, que também está preparado
para o registro das expectativas de desenvolvimento e das reflexões a cada aplicação.
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A METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO
DAS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS
A proposta apresentada nesta seção foi especialmente formulada para escolas que
possuem um espaço curricular para tratar de outros temas, além das áreas do
conhecimento tradicionais e que buscam estimular o protagonismo estudantil – por
exemplo, aula de cidadania, de projeto de vida, disciplina de projetos, entre outros.
Para essa metodologia de desenvolvimento das competências associada ao
Diálogos Socioemocionais, o Instituto empregou um componente já conhecido das redes
públicas de educação: o Projeto de Vida. Nas próximas sessões, vamos apresentar um
modelo de projeto de vida que busca organizar e potencializar o desenvolvimento das
competências socioemocionais, sem negligenciar outros trabalhos que a rede já
desenvolve. Isso significa que a proposta deve ser analisada e adaptada à estrutura que a
rede possui e ao trabalho que ela já desenvolve. Portanto, se algumas escolas da rede já
usam Projeto de Vida, por que não incorporar a ele o objetivo explícito e intencional de
se trabalhar também com as competências socioemocionais? Se já possui esse objetivo,
por que não acompanhar o seu desenvolvimento para saber se os objetivos estabelecidos
estão, de fato, sendo alcançados? Entenda um pouco mais nas próximas sessões.
O Projeto de Vida
Projeto de Vida (PV) é um componente curricular que permite estabelecer a
conexão entre a escola e o(a) estudante. Por meio de sua vivência, o(a) estudante tem a
oportunidade de refletir sobre si mesmo, descobrir quem ele é e estabelecer, a partir disso,
o que quer vir a ser e aonde quer chegar a cada ano escolar e também na sua vida futura.
Isso envolve o aprendizado relativo às áreas do conhecimento e o desenvolvimento das
competências socioemocioanis identificadas e escolhidas pela sua importância para o vir
a ser desejado pelo(a) estudante.
É importante que o PV seja trabalhado de maneira intencional e sistemática e que
sinalize ao(à) estudante que é um trabalho sério e intenso, daí a necessidade de ser
acompanhado sistematicamente por ele – processo de autoavaliação – e também em
conjunto com o(a) professor(a), para possíveis e necessários ajustes no planejamento
original. Para tanto, sugerimos instrumentos de registro e recomendamos alguns cuidados
e algumas práticas que contribuem para o bom andamento deste trabalho com e pelo(a)
estudante.
O documento “Itinerário de Atividades para o desenvolvimento do Projeto de
Vida” apresenta sugestões de atividades elaboradas intencionalmente com o foco na
potencialização do desenvolvimento de competências socioemocionais. Essas atividades
têm por objetivo orientar o(a) professor(a) no planejamento de sua aula, que deve
considerar o contexto de cada turma e o trabalho com as competências selecionadas a
cada período. Nelas, as competências devem ser trabalhadas constante e
simultaneamente, de acordo com as preferências dos(as) estudantes e de forma articulada
com a proposta pedagógica da escola. Assim, o projeto de vida aqui proposto provoca
para que o caminho a ser percorrido entre o presente e o futuro passe pelo
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É importante que os combinados estejam claros para os(as) estudantes e que sejam
estabelecidos sob o consenso de todos, afinal de contas, o que está em jogo é o bom
desenvolvimento das próximas atividades e encontros. Por isso, sempre que necessário,
relembre esses combinados, destacando aqueles tópicos que considerar prioritários.
Agora que foi possível saber mais sobre Projeto de Vida, sobre como associá-lo à
avaliação formativa e à aplicação das rubricas, cabe entender como acompanhar se os
objetivos de desenvolvimento socioemocional estabelecido por e para cada estudante
estão sendo alcançados.
é essencial nesse processo, pois nela está todo o registro do processo de desenvolvimento
e da visão de cada estudante sobre ele. Recomenda-se que o(a) professor(a) o estimule a
utilizá-la em todas as atividades e a consultá-la ao longo de todo o processo, para realinhar
e (re)definir estratégias, num processo contínuo de autoavaliação e autoconhecimento.
O diagrama abaixo registra a sugestão de trabalho com o PV ao longo do ano:
O Instituto Ayrton Senna também alerta para alguns usos inadequados dessa
metodologia. As orientações são:
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
Esperamos que este material tenha despertado o seu interesse no trabalho proposto
e o motive a buscar mais fontes para aprofundamento e preparação para o trabalho. Há
outros materiais disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, mas não hesite em
buscar mais materiais e se desafiar. A familiaridade com o tema vai se construindo aos
poucos. Portanto, a sua disposição de aprender, de qualificar a sua prática e de trocar
experiências em processos formativos é essencial nesse processo.
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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS PLANEJAMENTO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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socioemocional como antídoto para a desigualdade de oportunidades. Relatório técnico.
DELORS, J [et al] (1998) Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO
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UNESCO
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