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TGP – Teoria Geral do Processo

TEORIA GERAL DO PROCESSO


a
Prof . Débora Soares Guimarães

INTRODUÇÃO - PROPEDÊUTICA PROCESSUAL


(ver Teoria Geral do Processo, J.E. Carreira Alvim, capítulo I)
• O DIREITO exerce uma função pacificadora da sociedade. É o instrumento mais eficaz de
controle social. (ou de imposição de um modelo cultural).
• O ser humano possui uma vocação, que lhe é imanente de viver em sociedade. Segundo
Aristóteles, o homem é um animal político. Cada homem tem necessidade dos demais para sua
conservação e aperfeiçoamento. A sociedade não é uma formação artificial, mas uma
necessidade natural do homem.
• Necessidade: se traduz numa situação de carência ou desequilíbrio biológico ou psíquico.
Traduz a falta de alguma coisa.
o Carnelucci: A necessidade é uma relação de dependência do homem para com algum
elemento.
o Rocco: Necessidade é uma lei natural do homem, que sente ‘prazer’ por sua satisfação, e
‘dor’, por sua insatisfação.
Considerando que a necessidade é satisfeita mediante determinados elementos (entes),
emerge o conceito de BEM ou BEM DA VIDA:
• Bem:
o BEM é o elemento capaz de satisfazer a uma necessidade do homem (Carnelutti)
o BEM é tudo o que é apto para satisfazer ou que satisfaz a uma necessidade. (Rocco)
o O conceito compreende tanto bens materiais (água, alimentos, vestuário, transporte,
etc.), quanto imateriais (paz, liberdade, honra, amor, etc.)
A partir do conceito de bem, chega-se ao conceito de utilidade:
• Utilidade: é a capacidade ou aptidão de um bem para satisfazer a uma necessidade.
o A necessidade e a utilidade despertam o interesse do homem pelo gozo dos bens da vida.
Mas nem sempre ocorre que um Bem sendo útil, sobre ele haja necessidade. (um pão é
sempre útil, mas só tem interesse para quem tem fome).
Daí emerge o conceito de interesse:
• Interesse:
o É um juízo formulado por um sujeito: acerca de uma necessidade, sobre a utilidade ou
valor de um bem, como meio de satisfação dessa necessidade. (Rocco)
o É a posição favorável à satisfação de uma necessidade (Carnelucci)
Sujeito de interesse: é o homem
Objeto de interesse: é o bem da vida

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• Tipos de interesse:
Interesse individual
Interesse coletivo
Interesse Imediato
Interesse Mediato
Como os bens são limitados, e as necessidades do homem são ilimitadas, surge entre os
homens, em relação a determinados bens, choques de forças. São os CONFLITOS DE
INTERESSES:
• Conflito: ocorre conflito entre dois interesses, quando a situação favorável a satisfação de uma
necessidade exclui (ou limita) a situação favorável à satisfação de outra necessidade. (este
conflito pode ser de dois tipos:)
o Subjetivo: é interno à pessoa, e dele não se ocupa o direito
o Intersubjetivo: é o conflito travado entre duas ou mais pessoas, a respeito de um bem da
vida, que a uma só possa satisfazer.
Surgido o conflito, e este levando os contendores a disputar determinado bem da vida,
delineia-se aí uma pretensão
• Pretensão: exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio. (Carnelutti)
• Resistência: não adaptação à subordinação do interesse próprio ao interesse alheio.

LIDE ou LITÍGIO
(Adda Pelegrin, Candido Rengel Dimarco: Teoria Geral do Processo)
• Lide (ou litígio): Conflito intersubjetivo de interesses, caracterizado por uma pretensão resistida.

Estado-Juiz
Direito de Ação Direito de Defesa

Autor Réu

Pretensão Resistência
Intenção de Não aceitação da
subordinar o submissão do
interesse alheio Bem da Vida interesse próprio
ao próprio ao alheio

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• Evolução histórica dos meios de solução de litígios:


1. Autotutela
o Uso da força: uma das partes faz prevalecer sua pretensão à outra, por meio da força. - -
Nos primórdios da civilização, as normas eram costumeiras, e o Estado não possuía
autoridade suficiente para intervir na esfera individual.
- Portanto, os conflitos eram resolvidos pelos próprios particulares. É o que se chama
de autotutela, ou autodefesa.
- Marcada pela parcialidade: a solução é dada pelas partes, sem intervenção de
terceiros, e pela imposição do interesse de uma parte sobre o interesse da outra.
2. Autocomposição: uma ou ambas as partes abre mão de parte, ou da totalidade de seus
interesses. É caracterizada pela parcialidade, e pela solução amigável. (mesmo que haja
mediador, este não decide. Quem decide são as partes)
o Desistência: renúncia a pretensão.
o Submissão: renúncia à resistência
o Transação: concessões recíprocas.
3. Arbitragem Facultativa
o (período arcaico, até Séc. II AC). É caracterizada pela imparcialidade. A solução do
conflito é definida por uma terceira pessoa, chamada de árbitro, que é alheia às partes. Na
Roma antiga, caso quisessem, os litigantes podiam comparecer ante um árbitro (pretor),
buscando uma solução. Era o Litiscontestatio
o Pretor: era uma pessoa da confiança das partes, e por elas escolhido. Ele apenas
conferia solenidade ao ato, e não era representante do Estado. Não tinha autoridade,
mas firmava um acordo entre as partes, que se comprometiam a aceitar a sua decisão.
4. Arbitragem Obrigatória
o Período Romano Clássico (Séc. II AC até Séc. II DC - período formular)
o Em caso de litígio, passou a haver a obrigação de se submeter a um árbitro, que era
escolhido por um Pretor.
o O Estado Romano, já então dotado de mais autoridade, passou a proibir a autotutela
o Desde essa fase, o Estado Romano passou a elaborar normas abstratas, com critérios
objetivos e vinculativos, que deviam ser seguidas pelo julgador. Impedia-se assim a
solução subjetiva arbitrária.
5. Cognitio Extra Ordinem
o O pretor passa a atrair para si o poder de solucionar os conflitos, de forma imperativa.
Extingue a Justiça Privada, e institui a Justiça Pública.
o O Estado assume o poder-dever de solucionar os conflitos. Essa é a JURISDIÇÃO do
Estado.

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JURISDIÇÃO

• Definição
o Definição formal: É a função do Estado, pela qual este soluciona os litígios, através da
aplicação do Preceito Jurídico contido na Norma Material incidente sobre o caso concreto.
Separação de Poderes: segundo Aristóteles, ao rei (ou ao Estado) cabem as funções
Legislativas, Executiva e Jurisdicional. No Estado Moderno, estas funções foram
divididas entres os três poderes. (doutrina de Montesquieu, dos freios e contrapesos). Ao
Poder Judiciário compete a jurisdição.
Direito Material: é o conjunto de normas que regula a cooperação entre as pessoas, e
define qual dos interesses - e em que medida - deve prevalecer, e qual dos interesses em
conflito deve ser sacrificado.
o Função do Estado: jurisdição também é a função pela qual o Estado substitui aos titulares
dos interesses em conflito, para, com imparcialidade, solucioná-los com Justiça. A Jurisdição
possui estas características:
Poder: é a capacidade do Estado-Juiz, de decidir imperativamente e impor suas decisões.
Função: é encargo dos órgãos estatais.
Atividade: é um conjunto de atos praticados pelo Estado-Juiz no âmbito do processo
o Processo: é o meio de que se vale o Estado, para o exercício de sua jurisdição.

• Função da Jurisdição do Estado


o A função da Jurisdição do Estado é a busca de solução de conflitos, segundo estes princípios:
o A Jurisdição é baseada na Norma: esta é sempre uma previsão abstrata. (Direito Objetivo).
Quando no mundo concreto ocorre algo por ela previsto, a norma incide sobre este fato, que
então passa a ser um Fato Jurídico. É necessário haver identidade completa (plena) entre a
norma e o fato. Essa identidade é chamada Subjunção. Surge então um Direito Subjetivo.
o Havendo um Litígio, cabe ao titular do Direito Subjetivo recorrer (provocar) a Jurisdição,
buscando proteger seu direito. Nesse sentido, para provocar a Jurisdição, basta que o sujeito
tenha uma Pretensão (fundada ou infundada).
o Deste modo, o Objetivo principal da Jurisdição é garantir a efetividade da Norma, pelo
cumprimento do preceito nela contido, protegendo os direitos subjetivos eventualmente
ameaçados no caso concreto.
o A Jurisdição é assim a “Longa Manus” da função legislativa: o poder Legislativo elabora a
lei, mas não garante a sua efetivação (não é sua função, e nem para isso tem meios).
o A Jurisdição então se torna o principal meio de Solução de Litígios: isso porque resulta em
uma solução (Decisão) imparcial, e dotada de coercibilidade.

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• Escopos / Objetivos da Jurisdição:


o Sociais:
Pacificação social, com justiça. Ou seja: dar a quem de direito, tudo aquilo – e
exatamente aquilo – que ele tem direito de obter.
Aplicação: O Estado-Juiz aplica o preceito jurídico, e realiza o preceito jurídico.
Determina que a realidade (coisas e pessoas) se posicionem de maneira adequada ao
cumprimento do preceito contido na norma.
Educativa: Faz com que o indivíduo tome ciência dos seus direitos – e dos direitos
alheios.
o Político: preservar a liberdade individual.
o Jurídico: Garantir a efetiva aplicação prática das normas jurídicas.

• Instrumentos de atuação
o Processo: é o meio pelo qual o Estado exerce a sua jurisdição. Processo é um conjunto de
atos, praticados no âmbito da função jurisdicional, e direcionados a uma finalidade comum: a
solução do litígio, através da aplicação da Norma de Direito Material. O Processo tem duas
características:
Imparcialidade: O Estado-Juiz não pode ter interesse efetivo na causa. O único interesse
efetivo do Juiz é a solução do conflito. (O juiz está acima eqüidistante das partes)
Poder coativo do Estado: suas decisões são de caráter obrigatório.
o Partes:
Autor: tem uma pretensão, e o direito à ação
Réu: tem uma resistência, e o direito à defesa
Juiz: não é parte do processo.
• Processo: todo processo segue uma fórmula pré-estabelecida, como exigência da segurança
jurídica, e da necessidade de se preservar a imparcialidade do Juiz, bem como a imparcialidade do
Estado Jurídico. Esta fórmula é estabelecida pelo Direito Processual.

• Direito processual: Conjunto de normas e princípios que regula o exercício da função


Jurisdicional pelo Estado-Juiz, o exercício do direito de ação por parte do autor, e o exercício do
direito de defesa por parte do réu, todos no âmbito do processo.
- O Direito Processual se divide em:
o Penal: princípio da verdade real.
o Civil: princípio da verdade formal. Pode se limitar à verdade do processo.
o Trabalhista: principio da proteção ao trabalhador.

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MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

- O formalismo do Processo, embora busque a segurança jurídica, implica em altos custos, e a


demora do processo gera – muitas vezes – insegurança jurídica. Isso leva a que o Direito
permita meios alternativos de solução de conflitos. Características destes meios:
o Celeridade
o Baixos custos
o Delegalização: a solução do litígio pode se dar por juízo de direito, ou por juízo de equidade

• Conciliação: em regra, para que exista, o objeto do litígio tem que ser um bem patrimonial
disponível.
o Excepcionalmente admitida para causas de Família (não tem caráter patrimonial. Ex: guarda
de menor).
o Excepcionalmente admitida no âmbito Criminal. (para crimes de menor potencial ofensivo –
pena menor que 2 anos – em que é possível a composição do dano. Ex. briga de rua)
o Conciliador: é que promove a Conciliação. Não tem poder decisório, ele apenas aproxima as
partes. É um intermediário, que busca minimizar a tensão subjetiva entre as partes.
o Parcialidade da Conciliação: a solução do litígio via Conciliação é parcial, pois é decidida
pelas partes, e não pelo conciliador.
o A Conciliação pode ser:
Extraprocessual: fora do processo judicial. (Ex: conciliações feita pelo PROCON)
Endoprocessual: promovida pelo próprio judiciário. (previstas pelo Direito
Trabalhista, art. 845 – 850 da CLT. O Juiz deve propor a conciliação na audiência
preliminar, e antes de proferida a sentença). (no juízo Cível, o juiz deve propor no
início da audiência de instrução, e antes do julgamento. – art. 125, IV - art.
447/448/449 CPC). Além disso, a conciliação é possível a qualquer tempo do
processo.
o A Conciliação tem caráter subjetivo. O foco está em buscar o entendimento das partes, e não
no objeto do litígio.

• Mediação
o A Mediação tem caráter Objetivo. O foco está no objeto do litígio, e não na situação das
partes.
o Mediador: é com freqüência um técnico. Não tem poder decisório, ele apenas sugere formas
de se solucionar o conflito. É um intermediário, que busca minimizar a tensão subjetiva entre
as partes.
o Imparcialidade: a mediação é um meio imparcial, porque a solução do conflito é decidida
por um terceiro, alheio às partes. Em geral, é uma pessoa escolhida, e de confiança das partes.
• Arbitragem: pelo sistema arbitral, as partes contratantes elegem previamente a Arbitragem como
solução de possíveis litígios, renunciando voluntariamente a uma solução judicial. A arbitragem é
prevista desde o Código Civil de 1916, mas só ganhou força a partir da Lei 9.307, de 1996.

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o Direitos patrimoniais disponíveis: a arbitragem só é possível quando trata de Direitos


patrimoniais disponíveis. Assim, não é possível na área Criminal, onde os Direitos são
indisponíveis. Na área trabalhista, só é possível nos dissídios coletivos, e nunca nos
individuais.
o Convenção de arbitragem: um contrato pode ser celebrado prevendo uma cláusula
compromissória, onde as partes, em caso de litígio, se comprometem a procurar e acatar uma
decisão arbitral. Esta cláusula, em princípio, não é possível em Contratos de Adesão (só se for
de iniciativa do aderente).
o Compromisso arbitral: surgido o conflito, qualquer uma das partes pode notificar a outra
(por carta, com AR). As partes então devem realizar a nomeação do(s) arbitro(s), e os critérios
de julgamento.
Se uma das partes se recusa a fazer o compromisso, a outra pode recorrer ao
judiciário, que, em audiência especial, seja pela conciliação, seja pela celebração do
compromisso, seja pela nomeação de um novo árbitro. (o juiz não soluciona o
conflito, apenas nomeia um árbitro que o fará).
o Árbitro: qualquer pessoa capaz pode ser árbitro, desde que não impedida pela lei. Geralmente
é um técnico. Seu poder não provém do Estado, mas pela escolha das partes, que nele
confiam. É considerado um juiz de fato e de direito. Assim, a ele se aplicam os mesmo
impedimentos e suspeições previstos no código. Tem poder decisório, mas deve ser imparcial.
No exercício de sua função, ao árbitro se aplicam as mesmas regras do Servidor Público,
mesmo que não o seja.
o Sentença arbitral: como solução do conflito, o árbitro profere a Sentença Arbitral, dentro
dos limites previstos no Compromisso Arbitral. Sua decisão pode ser baseada num juízo de
direito, ou num juízo de equidade, dependendo do que foi previamente acordado pelas partes.
Sua decisão dever ser proferida no prazo previsto pelo contrato. Em caso de omissão, o prazo
é de 6 meses, podendo ser prorrogado por consentimento de ambas as partes. A decisão do
árbitro não é coercitiva, e por isso é considerada Título Executivo, passível de execução pelo
Poder Judiciário. A sentença arbitral não precisa ser homologada pelo judiciário.
o Controle Jurisdicional: da decisão não cabe recurso, mas existe a possibilidade de ser
anulada, somente em caso de ilegalidade. O Judiciário não analisa o mérito da questão, apenas
a sua legalidade. O juiz então não proferirá outra decisão, apenas indicará que se busque outro
árbitro para solução do conflito.
o Observação: a arbitragem pode ser:
Extraprocessual: a mais comum, acima descrita
Endoprocessual: prevista pelos Juizados Especiais (Lei 9.099/95 – art. 22 ss)

• Autotutela:
o Hipóteses atuais do Código Civil:
Retenção: ao locatário que realizou manutenção e benfeitorias necessárias em imóvel,
no caso de recusa do proprietário em reembolso, é permitido ao locatário reter a
propriedade, até que haja reembolso.
Desforço imediato: no caso de invasão, de maneira proporcional, o proprietário
Cortar árvores: (Art. 1283 CC)

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o Hipóteses do Código Penal:


Estado de necessidade
Legítima defesa
Prisão em flagrante

• Inafastabilidade da Jurisdição: há hipótese em que o Processo jurisdicional figura como único


meio de concretização da situação prevista em lei:
o Direitos indisponíveis
o Titulares que não tem a capacidade de dispor de seus direitos

JURISDIÇÃO e DIREITO PROCESSUAL

• Jurisdição: É a função do Estado, pela qual este soluciona os litígios, através da aplicação do
Preceito Jurídico condito na Norma Material incidente sobre o caso concreto. É sempre exercida
pelo Poder Judiciário.
• Processo: é o instrumento pelo qual o Judiciário exerce o seu poder. O processo se consubstancia
através de uma seqüência de atos. É um conjunto de atos, poderes, deveres, faculdades e ônus
(posições jurídicas) dos sujeitos processuais, em prol de um fim comum
• Processo Atual: segundo a atual ordem jurídica, um Processo dever ter estes requisitos básicos:
1) Universalidade da Jurisdição: significa a possibilidade do maior número de pessoas
poderem acionar a justiça, que o maior número de processos possa ser realizado. Ou seja:
acesso de todos à proteção jurídica.
Realizado na Prática: através da gratuidade da Justiça, da Defensoria Pública, da
Ação Civil Pública.
2) Devido Processo Legal: é um processo realizado de acordo com as formalidades exigidas
pelo Direito Processual. Segue a seguinte estrutura:
a. Petição: instrumento pelo qual o titular da pretensão exerce o direito de acionar o
Estado, i.e: provocar o exercício da função jurisdicional.
b. Citação: do réu. Determinada pelo Estado-Juiz. É para que o réu tenha conhecimento
de que uma ação é movida contra ele, e lhe proporciona direito de defesa.
c. Audiência: determinada pelo Juiz (de conciliação, instrução ou julgamento)
3) Contraditório: é o direito que ambas as partes têm de contraditar (impugnar) a parte
adversa, bem como de participar do livre convencimento do Juiz. Sem contraditório, o
processo é nulo. (Recurso: agravo).
4) Participação em diálogo: o processo requer a constante participação das partes no
diálogo com o Juiz, o que é observado principalmente na audiência.

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• Requisitos: para que o Processo possa garantir a Justiça, deve haver:


o Acesso à Justiça: ampla admissão de pessoas acionando o judiciário.
o Modo de ser do Processo: devido processo legal, contraditório e ampla defesa, e celeridade
processual.
o Justiça das Decisões: o juiz, ao decidir, analisa os fatos, os enquadra à norma jurídica, e
interpreta a norma jurídica, a fim de chegar a uma decisão justa. Ou seja: dar a quem de
direito tudo aquilo, e exatamente aquilo, que ele tem o direito de obter.
o Efetividade das decisões: cabe ao juiz declarar o preceito contido na normal, e também
garantir a sua realização no mundo real.

DIREITO PROCESSUAL

• É o conjunto de normas e princípios que regula o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-
Juiz, do direito de ação pelo autor, e do direito de defesa pelo réu.
• Teorias
o Teoria Dualista (Chiovenda): segundo esta teoria, o ordenamento jurídico se divide em duas
categorias: Direito Material e Direito Processual.
Direito Material: conjunto de normas que regula as relações entre as pessoas, seus bens e
utilidades da vida, no âmbito social. Prevê hipóteses abstratas, que quanto ocorridas na
vida real, (subsunção) geram direitos subjetivos.
Direito Processual: não participa da criação de direitos subjetivos. Tais direitos e
obrigações pre-existem ao Direito Processual. É conjunto de normas que buscam o
reconhecimento e a realização prática de um direito subjetivo já existente (se essa
existência for comprovada no processo). É assim um instrumento de realização prática do
direito material.
o Teoria Unitária (Carnelucci): para Carnelucci, o Direito Material sozinho é incapaz de
disciplinar todos os conflitos de interesse, necessitando, muitas vezes, do processo como meio
para complementar o preceito jurídico contido na norma. Segundo essa teoria, o Direito
Material é um arco aberto, que necessita da sentença do juiz para se completar, e só então
gerar direitos e obrigações subjetivos. Segundo essa teoria, o processo compõe a lide, ‘cria’ a
norma que vai solucionar o litígio.
- Refutação: a teoria Unitária é refutada, pois na vida real a maioria dos direitos e
obrigações subjetivos são exercidos independente de sentenças.

* * *

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EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL NO MUNDO


o Hoje: o Direito Processual é um instrumento em prol da garantia da efetividade da ordem
Jurídica Material. Antes desse conceito, houve várias fases, com respectivas teorias:
1) Fase do Sincretismo, ou Adjetivação (até meados do séc. XX): o processo era um simples
meio para o exercício de direitos. Segundo esse sistema, o direito de ação correspondia ao
próprio direito subjetivo material violado, cujo sujeito reagia a essa violação e pedia
reparação. Assim, o Direito Processual seria uma mera adjetivação do Direito Material. A
falha desta teoria é que nem sempre quem recorre tem um direito, mas sim uma pretensão.
2) Fase Autonomista, ou Conceitual (início do séc. XX): desenvolvimento de várias teorias
jurídicas sobre a natureza jurídica da Ação e do Processo. Assim, Direito de Ação seria o
direito de acionar o exercício da função jurisdicional pelo Estado-Juiz em prol da solução de
um litígio. O Direito Processual passou a ser considerado com um ramo Autônomo do Direito.
E a Ação existe independentemente da efetiva existência do Direito Material alegado.
- Essa fase foi marcada por uma visão introspectiva (estudo dos institutos, conceitos e
teorias do Direito Processual), sem qualquer caráter crítico.
3) Fase Instrumentalista: (a partir da década de 80, até hoje). Marcada por uma visão crítica, a
respeito dos efeitos do processo sobre a vida social. O objetivo é como chegar a um Processo
que seja instrumento de realização da Justiça. Esta fase é caracterizada por três ‘ondas’:
Busca maximizar o acesso à Justiça e ampliar a justiça gratuita
Busca pela proteção efetiva dos Direitos Trans-individuais.
Busca molda/adequar o modo de ser do Processo, à busca da efetiva Justiça. (celeridade,
economia processual, ampla defesa, contraditório, processo digital). Procura-se uma
solução justa, rápida, segura. Esse é o grande desafio do Direito Processual hoje.

EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL NO BRASIL


• Brasil Colônia: Ordenações Filipinas (1603)
• Brasil Independente: Em um primeiro momento, o Decreto de 1823 admite aplicação das leis
portuguesas, em tudo que não contrariasse a soberania nacional.
o Constituição Imperial de 1824: institui devido processo legal, a ampla defesa. Aboliu a tortura
e as penas corpóreas.
o 1830: primeiro Código Criminal brasileiro. Baseado no princípio da ‘reserva legal’: não há
crime sem lei anterior que o defina.
o 1832: Código Processual Criminal: Processo Penal (institui o sistema acusatório + sistema
inquisitivo)
Lei 261/1841: reduziu a ampla defesa e ampliou o poder de polícia
Lei 2033/1871: restaurou de maneira plena a ampla defesa
o 1876: Código Comercial e Regulamento: regulava o processo civil
737/1850 –
Decreto 763/1890 – aplicação do Reg. 737 ao processo civil.
Decreto 848/1890 – cria a Justiça Federal

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• Constituição Federal de 1891


o Recepciona a separação entre Justiça Federal e Justiça Estadual. Institui a competência da
União para legislar sobre Direito Processual.
• Constituição de 1934
o Cria a justiça do Trabalho. Mantém a competência da União para legislar sobre Direito
Processual
o CPC – Código do Processo Civil de 1939 (anteprojeto de Pedro Batista Martins/ Franciso
Campos)
o 1941: CPP – Código do Processo Penal (Decreto-Lei 3.869). Encontra-se atualmente em
vigor.
o 1943: CLT – regula o processo trabalhista. atualmente em vigor.
o 1973: CPC (José Francisco Marques) Atualmente em vigor.
o LEP 7210/1984: regras acerca do cumprimento da pena.
• Constituição de 1988:
o Recepciona vários princípios processuais: contraditório, ampla defesa, devido processo legal,
presunção de não culpabilidade, prisão como exceção, publicidade do processo, inércia
processual aplicada inclusive ao processo CPP criminal.
o Cria o STJ
• CPC: principais alterações no Processo Civil:
o Lei 11.417/2006 – súmula vinculante. O STF, por 2/3 de sua corte, pode dar a uma
jurisprudência já consolidada o caráter de Vinculante.
o Lei 11.419/2006 – informatização do processo civil
o Lei 11.441/2007 – permite a efetivação do Divórcio e do inventário em cartório
o Lei 12.004/2009 – Presunção de paternidade daquele que se recusa a fazer exame de DNA
o Lei 12.008/1990 – prioridade do andamento processual aos maiores de 60 anos
o Lei 11.232/2002 – processo sincrético cível: reúne numa só ação os diversos tipos
processuais: (exceção: processos relativos à Fazenda pública, e baseados em títulos executivos
extra-judiciais – TEE)
Processos de conhecimento: reconhecimento de um Direito
Execução: realização prática de um Direito já reconhecido (antes vista como ação
autônoma, hoje absorvida como uma fase do processo de conhecimento)
Cautelar: resguardar um possível direito face ao risco de perecimento pela demora
processual.
• CPP – Código do Processo Penal: Leis
o 9099/1995 – Juizados Especiais Criminais: para crimes de menor potencia ofensivo. (cuja
pena máxima não exceda a 2 anos)
o 9268/96 – Pena de multa
• CLT – Consolidação das leis do trabalho: Leis

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o EC 24/1999 – extingue a representação classista nas antigas Juntas de conciliação e


julgamento.
o EC 45/2004 – amplia as competências da justiça do trabalho: conflitos advindos da relação do
trabalho, do exercício de greve.

NORMA JURÍDICA
• Norma Jurídica: se identifica pelo seu conteúdo imediato (não pelo lugar do ordenamento onde
se encontra)
o Norma Material: regula a relação das pessoas entre si, e com relação aos bens e utilidades da
vida. Regula a cooperação das pessoas em sociedade, e a solução dos conflitos surgidos. É ela
que vai estabelecer – dentro de um conflito – qual deverá prevalecer, e qual será sacrificado.
Estabelece o critério de julgar.
O erro de julgamento material é o ‘Error Judicando’.
o Norma Instrumental: regula a aplicação da vontade / preceito jurídico contido na Norma
Material.
o Norma Processual: Regula o modo processual de solucionar conflitos, atribuindo ao juiz os
poderes necessários para essa solução e às partes os poderes e faculdades voltados à defesa de
seus interesses com a subordinação das partes à autoridade Judicial.
O erro de norma processual é o ‘erro in procedendo’.
Quanto à natureza jurídica, a norma processual é de direito público, pois regula uma
atividade estatal.
Normas processuais são cogentes, mas em alguns casos podem ser dispositivas.
• Espécies de Norma Processual:
o De organização Judiciária: regula a criação e a estrutura dos órgãos judiciários (e seus
auxiliares). Em sua maioria são constitucionais.
o Em Sentido Estrito: regula os direitos, deveres, faculdades e ônus processuais.
o Procedimental: regula o ‘onus procedendi’, a forma de coordenação dos atos processuais.
Ordinário: mais de 60 salários mínimos
Sumário: de 40 a 60 salários mínimos
Sumaríssimo: até 40 salários mínimos
• Eficácia da Norma Processual no Espaço
o Princípio da Territorialidade: determina a aplicação da ‘Lex Fori’. Ou seja: a norma
processual brasileira se aplica a toda e qualquer atividade processual exercida no território
brasileiro. Esse princípio não comporta exceção.
Segundo o CC, a lei sucessória será a do domicílio do ‘de cujus’. Aplica-se a lei material
do país domiciliar, não a lei processual.

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• Eficácia da Norma Processual no Tempo


o A princípio, a lei entra em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada (no território
nacional), e 3 meses, no exterior. É o chamado ‘vacatio legis’.
o A lei em vigor terá eficácia imediata e geral, respeitados o
Direito adquirido,
A coisa julgada, e o
Ato jurídico perfeito.
- Em caso de mudança de Lei Processual, de que maneira tal mudança afetará os processos já
em curso? Há três teorias a respeito, sendo a última a adotada no Brasil:
Fases Processuais

Postulatória Ordinatória Instrutória De Saneamento Decisória Recursal

1) Sistema da Unidade Processual: O processo, embora formado por um conjunto de atos,


possui uma unidade, só comportando a sua regulamentação por uma lei processual. (seja
antiga ou nova). Para evitar o refazimento de atos, a lei antiga deve se impor. Logo, a norma
processual nova só se aplica aos processos iniciados sob sua vigência (NÃO adotado no
Brasil!)
2) Sistema das Fases Processuais Autônomas: O processo é constituído de várias fases, cada
uma passível de ser regulada por uma lei processual diferente. A lei processual nova se aplica
às fases iniciadas sob sua vigência, não se aplicando às fases já iniciadas sob a vigência da lei
anterior. (NÃO adotado no Brasil!)
3) Sistema do Isolamento dos Atos Processuais: a lei processual se aplica de forma imediata
aos processos em curso, independente da fase processual, mas ela não prejudica a validade
dos atos processuais já praticados sob a vigência da lei anterior. A lei processual nova se
aplica aos atos a serem praticados sob sua vigência, ela não alcança os já praticados e seus
respectivos efeitos. (art. 2º CPP) - (ADOTADO no Brasil!)

NORMA PROCESSUAL
• Fontes: é tudo o que dá origem ou revela uma norma jurídica.
o Materiais: acontecimentos da vida, valores sociais econômicos, que ensejam a necessidade
de criação da norma.
o Formais: são instrumentos reveladores da norma jurídica do Direito.
Imediatas: a lei (Lei Material: emana do poder público em geral. Lei Formal: emana do
poder Legislativo)
Mediatas: os princípios gerais do direito, os costumes, a jurisprudências, a doutrina. (não
confundir princípios gerais do Direito com princípios Constitucionais!).
Abstratas: genéricas. Código Civil, Código Penal, leis materiais esparsas.
Concretas: específicas (CPP, CPC, CLT, CF)

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TPG – Teoria Geral do Processo

• Interpretação
o Gramatical: se atém ao exato sentido das palavras que compõe a norma.
o Sistemática: interpreta a norma levando em consideração o sistema do qual a norma faz parte.
o Teleológica: leva em consideração a intenção que o legislador teve ao elaborar a lei.
o Histórica: toma em consideração o contexto histórico de elaboração da norma.
o Comparativa: considera outros sistemas jurídicos, em comparação ao nosso.
• Integração: é o método de preenchimento de lacunas no ordenamento jurídico. É quando surge
um fato não previsto em lei. O juiz não pode se recusar a julgar alegando lacuna ou obscuridade da
lei. Deverá então julgar usando dois princípios:
o Analogia: julga pela norma existente para casos semelhantes
o Equidade: julgara pelos princípios metajurídicos. “da a cada um o que é seu”. (Ex: filiação
sócio-afetiva)

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
1) Imparcialidade do Juiz: o juiz se posicional acima e eqüidistante das partes. Ele não pode ter
interesse direto no objeto do litígio. Seu interesse exclusivo solucionar o litígio através da
justiça. (não pode oficiar em caso de impedimento). (art. 134 CPC e 135 CPC).
2) Juiz Natural: só é juiz o órgão investido de jurisdição. E só é investido de jurisdição aquele
estabelecido pela CF. (art. 95 CF). É direito da pessoa ser julgada por tribunal jurisdicional
instituído previamente ao fato (a CF não permite tribunais Ad-Hoc, ou de exceção). (art. 5º,
XXXVI e XXXVII CF).
- Competência: Entre os órgãos investidos de jurisdição, existe uma ordem constituída de
competências, de modo que cada juiz deve atuar dentro de sua competência. (art. 95 CF)
3) Igualdade Processual: cabe ao juiz garantir às partes as mesmas oportunidades processuais de
defesa de seus interesses. (art. 5º caput). No entanto, esse princípio é legalmente mitigado em
algumas situações:
Favor Rei: o interesse do réu goza de prevalente proteção em fazer da pretensão punitiva
do estado (a defesa sempre fala por último, presunção de inocência, prisão como exceção,
direito ao silêncio, direito de não produzir provas contra si mesmo, insuficiência de provas
gera a absolvição: ‘in dubio pro reu’. A lei retroage para beneficiar o réu).
Fazenda Pública e Ministério Público: no processo cível, tanto a fazenda como o
Ministério público tem privilégios. (prazo quádruplo para contestar, e em dobro para
responder).
4) Da Ação / Demanda ou Inércia Processual
A jurisdição é inerte, isto é, ela precisa ser provocada. Cabe ao titular da pretensão
resistida provocar o exercício da função jurisdicional em prol da solução do conflito que
envolve o direito (ou poder) de acionar o exercício da função jurisdicional.
A ação é Pública: pois sempre é exercida em face do Estado.

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TGP – Teoria Geral do Processo

Este direito (de ação) é subjetivo: é preciso ser sujeito de direito para exercê-la
Este direito de ação é autônomo, pois independe da efetiva existência do direito material
pleiteado. É abstrato, pois independe do deferimento do pedido.
O juiz, em regra, não pode conceder além do que foi pedido, sob pena da sentença ser extra
petita, ou ultra petita.
O princípio da Ação adotado atualmente no Brasil decorre da adoção do sistema
acusatório: cabe a um órgão específico acusar, e não ao Juiz. (em oposição ao antigo
sistema inquisitivo, onde o Juiz acusava, reunia provas e julgava, o que comprometia a
imparcialidade). (Obs: o inquérito policial é inquisitivo, mas não faz parte da ação. É um
processo administrativo, com vistas recolher provas para abertura do processo).
5) Contraditório e ampla defesa (art. 5º, LXV CF)
Contraditório exige comunicação de atos processuais, significa informação, e possibilidade
de defesa. Informação quanto ao processo que foi instaurado em seu desfavor, e
informação dos atos praticados pela outra parte (ex adversa). Ambas as partes são
informadas pelos atos de comunicação processual:
a) Citação: é o ato que dá ciência ao réu da instauração do processo, e lhe oportuniza o
oferecimento de defesa.
b) Intimação: dá ciência de atos relevantes praticados no processo, e pode conter
comandos de fazer ou não fazer.
c) Notificação: termo usado na justiça do trabalho, e na lei do mandato de segurança,
para designar citação ou intimação.
Possibilidade de Defesa Criminal: Civil: se ação for a respeito de bens disponíveis, não
havendo defesa supõe-se a veracidade dos fatos, e o réu será condenado à revelia. Penal: Se
a ação for a respeito de bens indisponíveis, no processo criminal será nomeado um
defensor dativo.
Princípio da Audiência bilateral: a relação jurídica processual só se perfaz com o
chamamento do réu em juízo.
Ampla Defesa: O juiz deve garantir a ambas as partes possibilidades de amplamente
defenderem seus interesses no processo. (só são válidas provas obtidas de modo legal).
6) Disponibilidade e Indisponibilidade
Princípio da Disponibilidade: Vigora no Processo Civil e no Trabalhista. Significa que as
partes têm o poder dispositivo, ou seja, a liberdade de ajuizar ou não processo, pleitear o
que melhor lhe aprouver, e mesmo renunciar ao seu direito e desistir do processo.
Já no Processo Penal, vigora a Indisponibilidade (ou oficialidade, ou irretratabilidade). O
MP tem o poder-dever de oferecer denúncia em caso de justa causa para a Ação penal. Não
pode desistir da ação penal ajuizada nem do recurso interposto. A autoridade Policial não
pode arquivar o inquérito de ofício. (art. 17, art. 72, art. 576 CPP).

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7) Do Dispositivo X da Livre investigação de provas


Princípio Dispositivo: Antigamente, o Juiz não podia determinar de ofício produção de
provas, ficando condicionado às provas e alegações apresentadas pelas partes (mero
espectador). Isso buscando a imparcialidade do juiz.
Atualmente, este princípio ainda existe, mas de maneira mitigada. (art. 130, 407, 418 CPC)
No Processo Civil, se o juiz entender que as provas são insuficientes para esclarecimento
do processo, pode determinar que se busquem outras. Mas não é obrigado a fazê-lo,
podendo se ater ao que for apresentado pelas partes. É suficiente a verdade formal, pois se
trata de bens disponíveis.
Já no Processo Penal, o Princípio da Livre investigação das provas vigora de maneira
absoluta. O juiz deve determinar as provas que entender necessárias ao esclarecimento dos
fatos, já que está vinculado à busca a verdade real. (prova cabal da materialidade e da
autoria). Sem o que, deverá absolver o réu. (defesa de bens indisponíveis)
Em processos civis que versem sobre menores ou incapazes, vale a busca da verdade real.
8) Princípio da persuasão racional ou livre convencimento do Juiz
Sistema da Prova Legal: por esse sistema, cada prova tem um valor inalterável,
previamente fixado em lei, ao qual o juiz deve aplicar mecanicamente. (Alemanha. Não
adotado no Brasil)
Sistema do julgamento ‘secundum conscientiam’: Não é mais adotado: o juiz é livre para
decidir, com, sem, e até mesmo contra as provas apresentadas (sistema da inquisição).
Sistema da persuasão racional: o juiz deve decidir com base no conjunto probatório, e os
elementos carreados aos autos. Mas tem a liberdade de valorar as provas de acordo com
critérios críticos e racionais, sempre de forma motivada. (art. 131 CPC) Não existe na lei
brasileira valor pré-fixado para provas.
9) Princípio do Impulso Oficial
Embora o juiz não possa de ofício iniciar um processo, uma vez iniciado este pela parte
interessada, cabe ao juiz impulsionar, movimentar o processo de fase em fase, até chegar a
solução do conflito (sentença).
Preclusão: é a perda de um direito, faculdade ou poder processual. (é fenômeno
processual) Pode ser:
- Temporal: decorre do esgotamento do prazo para realizá-la
- Lógica: prática de ato incompatível com aquele que caberia à parte praticar
- Consumativa: decorre da própria prática do ato
10) Princípio da motivação das decisões judiciais
Toda e qualquer decisão judicial precisa ser motivada. (art. 93, IX CF). É instrumento de
fiscalização do juiz pela sociedade.
No processo, são três os atos praticados pelo juiz
- Despacho: não tem conteúdo decisório, assim não precisa ser motivada
- Decisão interlocutória: decide algo importante, mas não decide mérito. Deve ser motivada
- Sentença: decide o mérito da causa, ou extingue o processo. Precisa ser motivada.

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11) Princípio da Publicidade


Todo processo é público. Salvo quando segue em segredo de justiça. Estes são previstos
em lei.
Consultar autos do processo é reservado às partes e seus procuradores (art. 155 único CC).
No entanto, a doutrina considera o art. 93 IX CF, EC 45/2004, que garante a publicidade
dos atos públicos.
12) Princípio do duplo grau de jurisdição
Em regra, a decisão proferida em uma instância, é passível de recurso para instância
superior, podendo ser cassada em caso de ‘erro in Procedendo’ (erro processual), ou
reformada, em caso de ‘erro Judicando’ (erro material).
13) Princípio da Lealdade Processual
As partes, no âmbito do processo devem atuar de forma proba, leal. Ou seja, não podem
deliberadamente proceder de forma a falsear o processo (criar provas inexistentes ou
utilizar provas ilícitas, falsificar documentos, arrolar testemunhas com falso depoimento).
A quebra de lealdade processual pode gerar a ‘litigância de má-fé’. (art. 14 CPC)

JURISDIÇÃO: PRINCÍPIOS E CLASSIFICAÇÃO


o Definição formal: É a função do Estado, pela qual este soluciona os litígios, através da
aplicação do Preceito Jurídico contido na Norma Material incidente sobre o caso concreto.
Poder: capacidade do Estado de decidir imperativamente e impor decisões
Funções: Encargo dos órgãos jurisdicional.
o Características: (segundo Chiovenda)
Substitutividade: através da Jurisdição, o Estado-Juiz substitui – com uma atividade sua
– a atividade das partes, buscando a imparcialidade e a solução justa. É o Estado que vai
determinar a solução do litígio e não as partes. (Excepcionalmente, o titular de um
interesse pode satisfazê-lo invadindo a esfera jurídica alheia: autotutela)
Escopo de atuação do Direito Material: é através da Jurisdição que o Estado garante a
efetividade das normas que integram o ordenamento jurídico, ou seja, a realização
prática do preceito.
o Lide / Litígio
É conflito intersubjetivo de interesses, caracterizado por uma pretensão resistida. De
regra, a jurisdição pressupõe e existência de uma lide a ser solucionada.
Jurisdição Voluntária: Por regra a jurisdição é contenciosa (supõe uma lide). No entanto,
quando o único meio do titular exercer seu direito é através da jurisdição, em razão de
uma determinação legal, admite-se a jurisdição voluntária. (ex: casal que se separa de
comum acordo, mas tem filhos menores. É necessária ação de divórcio. Ex: sucessão na
qual algum dos herdeiros é menor).

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o Inércia:
De regra, os órgãos jurisdicionais precisam ser provocados pela parte interessada, para
poderem exercer jurisdição. O juiz não pode instalar o processo de ofício. Só ingressa na
esfera jurídica privada mediante provocação.
o Definitividade
A jurisdição é a atividade que gera decisões definitivas, ou seja, dotadas de
imutabilidade. Ou também, revestidas pelo manto da coisa julgada. Há dois tipos de
coisa julgada:
Coisa julgada Formal: apenas impede o prosseguimento do processo. Não impede novo
processo com mesmas partes, pedido e causa de pedido. (é sentença terminativa, que
termina o processo mas não julga o mérito)
Coisa julgada Material: é a imutabilidade dos efeitos da sentença. Impede as partes de
rediscutir a causa em outro processo. E impede o juiz de modificar a decisão, e impede a
lei de alterar o conteúdo do que foi decidido. Decorre do trânsito em julgado da sentença,
o qual denota o não cabimento de recurso em função da perda do prazo e do grau de
exaurimento das hipóteses.

• Princípios inerentes à Jurisdição


1) Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por pessoa legitimamente investida no
cargo de juiz. Os critérios da investidura são definidos na Constituição. ( ) É um
monopólio do Estado, que a exerce através de seus órgãos e agentes: Juízes e Tribunais
(tribunal é um órgão colegiado)
2) Aderência de Território: a jurisdição, enquanto expressão da soberania estatal, só pode
ser exercida no âmbito do território brasileiro. Além disso, no Brasil, cada juiz exerce sua
jurisdição dentro de determinados limites:
Competência: é o limite de jurisdição atribuída ao juiz, em termos materiais
(competência material), e em termos territoriais (competência territorial). Logo, o Juiz
só exerce sua autoridade no âmbito de determinado território.
A prática de atos processuais1 fora deste território deverá ser requerida ao Juiz local,
por meio de uma Carta Precatória (de juiz a juiz), Carta de Ordem (de tribunal para juiz
local), ou Carta Rogatória (de juiz brasileiro para juiz estrangeiro: via diplomática, pelo
Ministério da Justiça).
3) Indelegabilidade: tem como regra a indelegabilidade das atribuições entre os poderes: o
juiz não pode delegar suas atribuições a outro órgão. Porque ele exerce sua função em
nome do Estado, e não em nome ou direito próprio. O conteúdo das atribuições do Poder
Judiciário é fixado pela CF, ou seja, só a ela cabe prever as hipóteses em que a delegação
é permitida. (art. 102, I, m)
Art. 102. Compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente: (...)
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de
atribuições para a prática de atos processuais;

1
Ex: Citação, oitiva de testemunha, penhora de bens, perícia local, busca e apreensão, etc.

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4) Inevitabilidade: uma vez provocada pela parte interessada, a Jurisdição é inevitável para
as partes. Isto é, ela gerará uma decisão que independe da concordância das partes para
ser aplicada. A decisão do juiz é imperativa, impõe-se à vontade das partes, que a ele
devem submissão.
5) Inafastabilidade (ou acesso à Justiça): a jurisdição representa um encargo dos órgãos
jurisdicionais. Logo, o juiz não pode ser recusar a julgar alegando lacuna ou obscuridade
da lei. A lei não pode excluir do judiciário a apreciação de lesão ou ameaça de lesão ao
direito (art. 5º XXXV CF e art. 126 -127 CPC)
6) Juiz Natural: toda pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz previamente
instituído, imparcial e competente. (a CF não permite tribunais Ad-Hoc, ou de exceção).
(art. 5º, XXXVI e XXXVII CF).
7) Inércia: a jurisdição é inerte. O juiz, como regra, só pode exercer jurisdição se provocado
pelo legítimo interessado. Como regra, o juiz não atua de ofício.

• Jurisdição: Enquanto expressão da soberania estatal, ela é una. Mas a doutrina, para viabilizar a
distribuição de processos, a divide em categorias / espécies. Esta divisão obedece aos seguintes
critérios:
o Objeto: se atém à natureza da pretensão deduzida em juízo ou do Direito material aplicável.
o Criminal: envolve a pretensão punitiva do Estado
o Cível (em sentido amplo): se define por exclusão. Envolve todas as demais pretensões.
o Independência: a jurisdição cível e a penal são independentes entre si. Mas a decisão
criminal faz coisa julgada no cível. Se absolver o réu por inexistência do fato, inexistência da
autoria ou reconhecimento de causa excludente de ilicitude.
• Quanto à estrutura dos órgãos jurisdicionais: divide-se em:
o Comum: envolve as demais matérias
o Especial: envolve matéria trabalhista, eleitoral e militar.
• Quanto à hierarquia: (divisão de instâncias, que decorre do duplo grau de jurisdição)
o Superior: decide processos em grau recursal. (excepcionalmente em grau originário). (juízo
Ad quem)
o Inferior: decide processos em grau originário. (juízo Ad quo)
• Quanto à Fonte:
o Jurisdição de direito, quanto o juiz decide com base na norma
o Jurisdição de equidade, quando o juiz decide com base na equidade (dar a cada um o que é
seu). Tal decisão só é permitida quando prevista em lei.

Pesquisa: vale um ponto da prova. Jurisprudência sobre violação de algum ponto da teoria dada em
sala. (sugestão: violação da inafastabilidade de jurisdição).
(fim da matéria do 1º bimestre)

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TPG – Teoria Geral do Processo

LIMITES DA JURISDIÇÃO
• Limites Internacionais: (Ada Pellegrini, p. 167)
o Fundamentos: quem dita os limites internacionais da jurisdição de cada Estado são as normas
internas desse mesmo Estado. Contudo, o legislador não leva muito longe a jurisdição de su
país, principalmente por dois motivos:
Conveniência: excluem-se os conflitos irrelevantes para o Estado. O que ele quer, afinal,
é a pacificação dentro do seio de sua própria convivência social.
Viabilidade: excluem-se os casos em que não será possível a imposição autoritiva do
cumprimento da sentença.
o Assim, em princípio, cada Estado tem poder jurisdicional nos limites de seu território.
o Imunidades: (Criminal e Cível) abrangem os Estados Estrangeiros, os chefes de Estado
estrangeiros, os agentes diplomáticos, e as Organizações Internacionais.
Não há imunidade trabalhista. No entanto, há sim imunidade de execução (os bens a
serem executados não são brasileiros).
• Limites Internos = Competência
o Em termo abstratos, todo juiz, ao tomar posse, é plenamente investido de jurisdição. Mas no
âmbito do caso concreto, ele a exerce dentro de certos limites.
o Assim, competência é a quantidade de jurisdição atribuída a determinado juiz ou tribunal, ou
seja, é a medida dentro da qual determinado juiz ou tribunal exerce a sua jurisdição. Essa
limitação passa por 3 etapas lógicas: (realizadas pelo cartório de distribuição)
1) Composição dos diferentes órgãos jurisdicionais: (definida pela Constituição)
2) Organização do grupo de processos.
3) Atribuição de determinados grupos de processos a determinado juiz.
o A distribuição das competências define-se a partir dos seguintes critérios:
1) Competência em razão de Matéria: é determinada pela natureza da pretensão deduzida
em juízo, ou da relação jurídica controvertida, ou do fundamento jurídico material da
demanda. Se justiça comum (criminal, ou cível), se justiça especial (trabalhista, eleitoral,
militar, etc.).
Esta competência é absoluta e irrevogável.
Para violação de competência, em matéria cível, cabe Ação Rescisória. Em matéria
criminal, cabe revisão Criminal.
2) Competência em razão da Pessoa: se define pela qualidade do autor ou do réu. (Ex: ações
contra a União correm na Justiça Federal. Ações contra Presidente da República ou
parlamentares possuem foro privilegiado. Ações em que haja menores correm na vara da
Infância e Juventude.)
Competência em razão de pessoa também é absoluta.
3) Competência em razão do Foro / Território: Foro é o território dentro do qual o juiz
exerce sua jurisdição. Foro de Juiz Estadual é comarca, Foro de Juiz Federal é subseção
judiciária. Foro de juiz do DF é circunscrição judiciária. O Foro define o local onde o
processo deve ser ajuizado. (Não confundir Foro com Fórum!).

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TGP – Teoria Geral do Processo

Não é competência absoluta, mas relativa. Isso significa que o juiz não pode
declarar incompetência de ofício. Deve ser argüida pelo réu, no prazo da defesa,
mediante exceção de incompetência. Se exceção não for oferecida no prazo, a
competência se prorroga.
Cível: foro do domicílio do réu.
Criminal: local da consumação do crime.
Trabalhista: local da última prestação de serviço.
4) Competência em razão do Duplo grau de Jurisdição: define a competência originária e
recursal dos órgãos jurisdicionais. É através desta que se define se será instância inferior
ou instância superior.
Esta competência também é absoluta.
• Fases de delimitação da Competência de determinado Juiz: para delimitar, deve-se analisar os
seguintes critérios:
a) Competência de jurisdição: qual é a justiça competente? Se é comum ou especial. (razão de
matéria)
b) Competência originária: Qual a instância competente? (razão de matéria, ou do duplo grau de
jurisdição)
c) Competência de foro: em que território o processo deve ser ajuizado? (razão de foro)
d) Competência de juízo: qual o juiz / vara competente? (sinônimo de órgão judiciário) (matéria
ou pessoa)
e) Competência interna: dentro de uma vara, qual é o juiz competente? (competente é o juiz que
1º conhecer o processo = prevento).
f) Competência recursal: qual é o órgão jurisdicional competente para analisar o mérito do
recurso? (define-se pelo duplo grau de jurisdição)
• Competência Absoluta e Relativa
o Competência Absoluta:
Em razão de matéria, da pessoa e de duplo grau de jurisdição.
A incompetência absoluta é improrrogável. (ou seja, é insanável)
Em caso de incompetência, deve declarada ser pelo juiz, de ofício.
Pode ser argüida por qualquer das partes, a qualquer momento. (caso o juiz não o faça).
Neste caso, os atos decisórios proferidos pelo juiz incompetente serão nulos.
o Competência relativa:
Em matéria de foro: não pode ser declarada pelo juiz de ofício.
Deve ser argüida pelo réu, no prazo da contestação (15 dias), mediante ‘exceção de
incompetência’.
Se não for argüida no prazo, ela se prorroga (o juiz passa a ser competente)

* * *

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TPG – Teoria Geral do Processo

DIREITO DE AÇÃO
• Direito de Ação: é o direito ao exercício da atividade jurisdicional, ou o poder de exigir este
exercício. Como o Estado proíbe a autotutela e limita a arbitragem e a conciliação, resta como
opção legitima a jurisdição. Como só o Estado a pode exercer, ele fica obrigado a prestá-la. Este é
o direito de ação. O Direito de ação não depende da efetiva existência do Direito material
pleiteado. Basta uma pretensão, abstratamente passível de proteção jurídica.
• Teorias sobre a sua natureza Jurídica
o Teoria Imanentista (Savigny): construída por Savigny em meados do séc. XIX. Segundo
essa teoria, o Direito de Ação é o direito de reclamar em juízo aquilo que me é devido. O
direito de Ação era entendido como uma qualidade imanente a todo o direito material, ou com
o próprio direito subjetivo material violado pedindo sua reparação. Não há direito sem ação, e
não há ação sem direito. E a ação segue a natureza do direito. (essa teoria está ultrapassada).
o Polêmica: Muther X Windsheid: essa polêmica surgiu na Alemanha no fim do séc. XIX.
Muther chegou a conclusão de que o direito de ação é diferente do direito material lesado. Do
direito de ação decorrem dois direitos: o direito do autor à tutela jurisdicional (exercida em
face do estado). O direito do Estado de reparar a lesão (exercido contra aquele que a causou).
O problema dessa teoria é que vincula a existência do direito de ação a um direito
material lesado.
• Teorias sobre a autonomia do Direito de Ação: para essas teorias, o Direito de ação tem
existência autônoma, em relação ao Direito Material. Um das provas disso é que a ação pode ser
meramente declaratória.
o Teoria de Wach: considera o Direito de Ação como Direito concreto à tutela jurisdicional.
Assim, o Direito de ação é o direito à tutela jurisdicional, exercido contra o Estado, ou o
direito ao cumprimento da obrigação pelo réu, do qual se exige uma sujeição.
O erro é que a existência do direito de ação depende da efetiva tutela jurisdicional, isto é,
da proteção concreta do direito lesado. Logo, o direito de ação é o direito a uma sentença
favorável. (acaba caindo no mesmo erro de Muther). Essa teoria ensina que o direito de
ação só existe quando houver tutela concreta, portanto, quando existir direito material
violado.
o Teoria de Degenkolb: (Alemanha – 1877) Direito de Ação seria o direito abstrato de agir. É
um direito à atividade jurisdicional, exercido exclusivamente em face do estado. É o direito de
exigir o Estado a solução de um conflito. É um direito abstrato, isto é, que existe mesmo que o
juiz verifique a inexistência do direito material pleiteado pelo autor.
Para essa teoria, o direito de ação é o direito a um provimento jurisdicional de mérito
(sentença). Seja favorável ou desfavorável ao autor.
Para exercer o direito de ação, o autor não precisa provar ter efetivamente o direito que
alega, basta apenas que demonstre a POSSIBILIDADE JURÍDICA (in abstrato) de ter
aquilo que pleiteia. Ou seja, que o autor deduza um interesse seu abstratamente previsto
no ordenamento jurídico.

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TGP – Teoria Geral do Processo

o Brasil: no Brasil a teoria de Degenkolb foi aperfeiçoada por Liebman2:


Segundo ele, só há atividade jurisdicional, quando o juiz profere uma sentença de mérito
(uma sentença que solucione o conflito). O direito de Ação é o direito a essa atividade
jurisdicional, ou o poder de exigir essa atividade.
Para Liebman, a Ação não é somente um direito, mas um poder. Como o Estado é
igualmente interessado na solução do conflito, este não teria obrigação de fazê-lo. (só este
ponto NÃO é adotado no Brasil, que considera a ação somente um direito).
Para ele, a Ação é autônoma, porque existe independentemente do direito material existir
ou não.
E é abstrata, porque é o direito a uma sentença de mérito, que não precisa ser favorável.
Embora a Ação seja autônoma e abstrata, o legislador pode vincular o seu exercício ao
atendimento de condições mínimas.

Direito de Ação Direito à: Favorecido


Proteção
Wach Concreto Autor
concreta
Degenkolg,
Atividade Autor
Liebman, Abstrato
Jurisdicional ou réu
Brasil

• Características do Direito de Ação (segundo a atual doutrina processualista brasileira)


1) Direito: é o direito de exigir o exercício da atividade jurisdicional pelo Estado, que tem a
obrigação de exercê-la, através do processo. O fato de o Estado ser interessado na solução do
conflito, não exclui a sua obrigação de exercer a jurisdição.
2) Público: a Ação é um direito público, pois é exercido em face do Estado, visando o exercício
de uma função pública, que é a jurisdição. (o direito de ação NÃO é exercido contra o réu,
embora possa gerar efeitos na sua vida jurídica. Contra o réu, o autor exerce uma pretensão de
direito material).
3) Subjetivo: é um direito subjetivo, porque é um direito do sujeito (física ou jurídica), que o
exerce em face do Estado.
4) Cívico: requer uma prestação POSITIVA por parte do Estado, que deverá estruturar o pode
judiciário, os serviços auxiliares, os procedimentos, os cartórios, etc.
5) Autônomo: porque sua existência não depende da existência do direito Material pleiteado
pelo autor.
6) Abstrato: sua existência não depende do juiz conceder proteção concreta ao autor. É abstrato,
porque para existir, basta que o autor demonstre a possibilidade abstrata de ter o direito

2
Doutrinador ítalo-alemão radicado no Brasil após a 2ª Guerra Mundial. Trouxe importantes contribuições ao sistema
processual brasileiro atual.

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TPG – Teoria Geral do Processo

alegado. Nesse sentido, o direito de Ação é o direito a um provimento (decisão) jurisdicional


de mérito (solução do conflito). Seja este provimento favorável ou desfavorável ao autor.
7) Instrumental: figura como instrumento propiciador da análise da pretensão de direito
material pelo estado. É inerte, pois o Estado precisa que o autor exerça o direito de ação para
poder solucionar o caso concreto.
8) Conexo: é conexo a uma situação jurídica material e correlato a uma situação de sujeição. O
direito de Ação está vinculado à busca pela solução de um conflito advindo de uma relação de
Direito material. Existe uma situação de sujeição às partes em relação ao juiz. A decisão dele
independe das partes concordarem ou não.
(CAPASDIC)

CONDIÇÕES DA AÇÃO (PIL)


• Condições da Ação são pressupostos mínimos, que precisam estar presentes para que o direito de
ação exista ou possa ser exercido. São três:
1. Possibilidade jurídica de pedido
2. Interesse de agir
3. Legitimidade de causa
o Se não estiverem presentes, o autor não tem direito de ação. A falta alguma dessas condições,
gera a CARÊNCIA da ação (diz-se que o autor é CARENTE). Isso leva ao indeferimento
liminar da petição inicial. O juiz extinguirá o processo sem julgar o mérito.
o POSSIBILIDADE jurídica do pedido: significa que o pedido do autor, isto é, a pretensão
por ele apresentada deve estar do campo da permissibilidade normativa. O pedido não pode
ser algo excluído a priori pelo ordenamento jurídico, sem considerar as peculiaridades do caso
concreto.
Ex: cobrança de dívida de jogo, execução de contrato de prestação de serviços sexuais,
execução de obrigação humanamente impossível, reclamação trabalhista de vendedor de
droga em face do traficante, etc.
Ex: no Direito Penal, a possibilidade jurídica do pedido é a Tipicidade.

o I NTERESSE de agir: se desdobra em três características:


Utilidade: a atividade jurisdicional deve se mostrar útil, isto é, o juiz precisa verificar que
a partir da jurisdição pode-se obter um resultado útil para as partes e para a sociedade. E a
ação só será útil de for demonstrada a necessidade e adequação.
Necessidade: significa que o autor deve demonstrar que diante da situação litigiosa a
jurisdição se mostra como único meio de satisfação de sua pretensão. (Ou ainda): que a
lei impõe a via judiciária como único meio para a satisfação de determinada pretensão. (é
necessário que estejam esgotadas todas as instâncias administrativas).
Adequação: significa que deve haver uma pertinência de adequação entre o provimento
jurisdicional pleiteado e a situação lamentada pelo autor. (ou ainda): o provimento

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TGP – Teoria Geral do Processo

jurisdicional requerido deve se mostrar apto para sanar a possível situação lesiva da qual
o autor reclama. (Ex: se quero alimentos, não devo ajuizar ação de guarda).

o L EGITIMIDADE de causa: o autor deve demonstrar que é o titular do possível direito em


questão. Em regra, o autor deve ser legítimo, isto é, o titular do possível direito que pleiteia.
Não se pode pleitear em nome próprio direito alheio, salvo nas hipóteses de substituição
processual.
Substituição: é quando alguém substitui, ou representa o legítimo interessado em uma
ação. No direito trabalhista, sindicatos podem atuar como representantes, ajuizando ação
em nome dos membros de classe trabalhista.

Condições da ação, no Código de Processo Civil:


Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei.

Art. 282. A petição inicial indicará:


I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e
do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:


I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

Art. 295. A petição inicial será indeferida:


I - quando for inepta;
II - quando a parte for manifestamente ilegítima;
III - quando o autor carecer de interesse processual;
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, §
5o);
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à
natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida,
se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, § único, 1ª parte, e 284.

* * *

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TPG – Teoria Geral do Processo

ELEMENTOS DA AÇÃO (POC)


• Elementos da ação são os elementos que propiciam a identificação da ação, isto é, a sua
diferenciação com relação a qualquer outra ação já ajuizada, ou que venha a ser ajuizada. Toda
ação deve conter os seguintes elementos identificadores. Devem ser especificados na petição
inicial (art. 282 CPC, art. 840 CLT, art. 41 CPP).
o Se não contiver algum desses elementos, o juiz indeferirá liminarmente a petição inicial, e não
julgará o mérito. São três os elementos:
Direito Processual X Direito Material
1. Partes Sujeitos
2. Causa de pedir Fato Jurídico
3. Objeto (ou Pedido) Objeto (ou Bem da vida)
1. PARTES: são aquelas pessoais que participam do contraditório perante o estado juiz.
Autor (ou Reclamante, ou Requerente): quem deduz uma pretensão em juízo
Réu (ou Reclamado, ou Requerido): quem se vê envolvido pela pretensão do autor.
o Devem ter:

Capacidade de ser parte = personalidade jurídica


Capacidade de estar em juízo = capacidade civil (ou ser representada ou
assistida)
Capacidade postulatória = representadas por um advogado
o Litisconsórcio = pluralidade de partes em um mesmo processo.
Ativo: mais de um autor
Passivo: mais de um réu
o Terceiros envolvidos: (ver pág. 31)

2. CAUSA DE PEDIR: são os fundamentos, isto é, os fatos dos quais o autor deduz
ter o direito que alega.
o Fatos: A petição inicial narra os fatos alegados e enquadra estes fatos na previsão normativa
em abstrato. Nas ações trabalhistas, bastam os fatos. Nas cíveis, é necessário fatos e
enquadramento (art. 282 CPC)

3. OBJETO: (ou PEDIDO) é a exposição da pretensão do autor:


o O Objeto (Pedido) tem dois elementos:
Imediato: (ou próximo) se refere ao provimento jurisdicional buscado pelo autor:
Ex: pede uma condenação (do autor); uma desconstituição (de um casamento); uma
declaração (de nulidade); uma reintegração (de posse)
Mediato: (ou remoto) se refere ao “bem da vida” argüido (que o autor quer alcançar)
com o provimento pleiteado.
o Litispendência: ocorrência de duas ações idênticas ocorrendo na justiça. Havendo, só será
julgada a primeira, e as demais serão extintas.

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TGP – Teoria Geral do Processo

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES


ESPÉCIES DE AÇÃO
• Ação de conhecimento: é aquela que visa a obtenção de um provimento ‘cognitivo’, isto é, que
solucione o litígio, analisando a pretensão do autor, e definindo qual dos interesses, e em que
medida, deve ser protegido e qual deve ser sacrificado.
o Declaratória: visa declarar a existências ou inexistência de uma relação jurídica, ou a
veracidade ou falsidade de um documento. (Ex: ação de reconhecimento de união estável,
ação de investigação de paternidade)
o Constitutiva: visa a constituição ou desconstituição de determinada relação ou situação
jurídica. (ex: constitutiva: adoção, desconstitutiva: divórcio)
o Condenatória: visa o reconhecimento de um direito pleiteado pelo autor, e da sua violação,
com a conseqüente imposição ao réu da sanção correspondente, ou de uma obrigação que ele
deva cumprir em prol da satisfação do direito do autor. (ex: ação penal, ação trabalhista, etc.)
• Ação de execução: visa a execução prática de um direito já reconhecido, seja por sentença, seja
por título extra-judicial. Visa um provimento jurisdicional executório/satisfativo, que seja capaz de
realizar na prática os resultados da vontade concreta da lei.
o Ação sincrética: (só existente no Cível) é a ação condenatória que traz em seu âmbito uma
fase de cumprimento da sentença, não sendo necessária execução posterior. A ação de
execução continua existindo, quando o título for extra-judicial, ou a Fazenda pública for parte
no processo.
• Ação cautelar: é aquela que visa preservar eventual direito do autor, em razão de uma possível
situação lesiva decorrente do decurso do tempo. Necessita dois requisitos:
o Fumus boni Iuris: possibilidade de ter o direito alegado
o Periculum in mora: situação de risco, advinda do decurso do tempo.
• Ação mandamental: visa obter uma ordem judicial, a ser cumprida sob pena de “astreintes”
(multa diária). (ex: dissídio coletivo que envolva greve ilegal)
• Ação executiva Latu Sensu: visa reconhecer determinado direito, e já traz em seu âmbito os
meios propiciadores da sua realização prática. (ex: ação de despejo, ação de reintegração de
posse).

EXCEÇÃO
• Exceção: Em sentido amplo, exceção significa DEFESA do réu. Tem por base a bilateralidade
da ação e do processo. É a capacidade, tanto da ação quanto do processo, de gerar efeitos na esfera
jurídica do réu. Assim, o binômio ação X exceção compõe a estrutura do processo contencioso.
• Direito de exceção: é o direito do réu se defender, o direito de impugnar as alegações do autor.
Esse direito é exercido em face do Estado, pois fará com que esse deva analisar não somente as
alegações do autor, mas também as alegações do réu.
• Espécies:
o Exceção (ou defesa) processual: o réu questiona a validade do processo, ou admissibilidade
da ação.

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TPG – Teoria Geral do Processo

o Exceção (ou defesa) substancial: o réu questiona o mérito da pretensão do autor. Pode ser:
Direta: quando o réu ataca diretamente a pretensão do autor. (ex: ação de pensão
alimentícia. Mas o autor é maior de 18 anos, e não cursa faculdade, assim não tem mais
esse direito).
Indireta: o réu opõe fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor,
sem elidir propriamente os fundamentos do seu pedido. (ex: prescrição, quitação,
compensação, novação).

PROCESSO
• Processo: a palavra tem origem em ‘Procedere’: do latim, que significa ‘seguir adiante’. É um
conjunto de: atos, direitos, poderes, faculdades, deveres, ônus e sujeições, exercidos pelas partes e
pelo Estado-juiz, para o alcance de uma finalidade comum: a solução do litígio.
o Assim, o processo não é apenas uma sucessão de atos. Envolve a relação entre esses atos, bem
como a relação entre os sujeitos processuais que praticam esses atos.
o Envolve uma série de atos e posições jurídicas ativas (direitos, poderes, faculdades) e passivas
(deveres, ônus e sujeições), interconectadas, e que se referem aos sujeitos processuais.
o É o instrumento pelo qual a jurisdição opera. É indispensável ao exercício da jurisdição, que
busca solucionar os litígios com justiça.
• Processo X Procedimento dos autos:
o Procedimento é:
O aspecto formal do processo.
A forma pela qual os atos são coordenados.
O revestimento exterior dos atos processuais.
A forma que a lei prevê para os atos processuais.
A veste externa dos atos processuais.
• Espécies de Procedimento:
o Comum: ordinário, sumário, sumaríssimo
o Especiais: (próximo semestre)
• Autos: são os documentos nos quais se corporificam os atos do procedimento.

• Natureza jurídica do Processo (teorias):


o Processo como um contrato (Phothier): baseado na teoria do Contrato social de Rousseau.
Ambas as partes contratualmente concordam em se submeter a jurisdição do Estado.
o Processo como um quase contrato (Cuenynaw):
A falha das duas teorias anteriores está em vincular o processo a um acordo em que as
partes se submeteriam voluntariamente ao seu resultado. Na verdade, não há necessidade

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TGP – Teoria Geral do Processo

de submissão das partes ao processo. Ele simplesmente se impõe. Essa visão antiga é
baseada no antigo direito romano, puramente contratualistas.
o Processo como uma situação jurídica (Goldschmidt): considera que o processo é um instituto
de direito público, e não privado. (esse conceito está certo)
(No entanto, erra ao dizer que): O processo tem natureza de uma situação jurídica
(vínculo estático entre os sujeitos processuais). O direito material pleiteado sofre uma
mutação estrutural no âmbito do processo, ganhando dinamicidade, e se transformando
em meras possibilidades, perspectivas, ônus e expectativas. As partes não teriam deveres,
mas apenas o juiz.
o Processo como uma relação jurídica (Bülow): o processo tem natureza de relação jurídica,
ordenadora da conduta dos sujeitos processuais, nas suas relações recíprocas. O processo tem
natureza de relação jurídica, porque figura como um nexo entre os sujeitos processuais,
atribuindo-lhes direitos, faculdades, e os correspondentes deveres, sujeições e ônus.
o Posição atual: O processo tem NATUREZA jurídica de relação jurídica processual.
(tem NATUREZA, e não É) O processo não se confunde com o mero procedimento, nem
se restringe à noção exclusiva de relação processual, porque envolve não só uma relação
entre os sujeitos processuais, mas também o conjunto de atos, e as relações entre esses
atos.
• Relação Jurídica Processual
o É considerada uma relação triangular (autor – juiz – réu)
o Impõe deveres entre as partes:
Dever recíproco de lealdade entre as partes
A parte sucumbente (a que perde a demanda) deverá reembolsar as despesas processuais.
As partes podem convencionar a suspensão do processo.

• Situações/posições: A relação Jurídica Processual é um conjunto de situações/posições jurídicas


que podem ser:
o Ativas: representa uma atividade permitida no âmbito do processo
Poderes: conduta/atividade permitida, capaz de influir/refletir na esfera jurídica de
outrem, criando novas posições jurídicas.
Faculdades: é uma conduta/atividade permitida, que se exaure na esfera jurídica do
próprio agente.
o Passivas:
Deveres: é uma conduta cujo exercício é obrigatório.
Sujeições: é a impossibilidade de evitar uma atividade alheia, ou a situação criada por ela.
Ônus: é uma faculdade cujo exercício é necessário para o alcance de determinado
interesse.

• Relação de Direito Material X Relação de Direito Processual: a relação jurídica processual não
se confunde com a relação jurídica de direito material, diferenciando-se pelos seus sujeitos, seu
objeto e seus pressupostos validantes.

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TPG – Teoria Geral do Processo

o Ex: José compra carro de Maria, por R$ 60.000.


Relação de direito Material (compra e venda),
Regida pelo Direito Civil.
O objeto é a compra.
Os pressupostos são: manifestação de vontade, objeto lícito, forma prescrito ou não
defensa, agente capaz e legítimo
o Após a compra, o carro apresenta defeito, e José abre ação edilícia redibitória.
Essa é uma relação de Direito Processual.
O objeto é a solução do litígio
Os sujeitos são o autor (José), o juiz, e a ré (Maria)
Os pressupostos são: demanda regularmente formulada, capacidade de quem a formula,
investidura do destinatário da demanda.

SUJEITOS PROCESSUAIS
• ESTADO JUIZ: comanda a atividade processual. É um sujeito imparcial, não pode ter nenhum
interesse direito na demanda. E não é portador de interesse que entre em conflito com quem quer
que seja. Seu interesse é assim genérico, no sentido de pacificar a sociedade com justiça.
o São poderes do Estado-Juiz:
Administrativos / de polícia: o juiz tem o poder de zelar pelo bom êxito do processo,
evitando perturbações e condutas que violem a ordem e o decoro.
Jurisdicionais, quanto aos meios
- Poderes instrutórios: visam a formação do convencimento do juiz.
- Poderes ordinatórios: visam o mero impulso (andamento) processual
Jurisdicionais, quanto ao fim:
- Decisórios: é o poder de emitir uma sentença de mérito
- Executórios: é o poder de, uma vez emitida a sentença, garantir o seu cumprimento.
o São deveres do Estado-Juiz: (art. 125, 126, 130, 131 CPC)
Atuar com imparcialidade
Zelar pela igualdade entre as partes
Observar o devido processo legal
Garantir o contraditório e a ampla defesa
Motivar suas decisões

• PARTES: são aquelas que participam do contraditório perante o Estado-juiz. Têm interesse direto
na causa.
o Autor: deduz uma pretensão em juízo
o Réu: se vê envolvido pela pretensão do autor.

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TGP – Teoria Geral do Processo

• Intervenção de Terceiros: há determinadas hipóteses em que a lei permite, e outras em que


determina, que terceiros participem do processo. São as seguintes:
o Assistência: o terceiro (assistente) ingressa no processo buscando reforçar os argumentos do
autor e do réu, e pode fazer isso porque é titular de uma relação jurídica com o assistido que
pode ser alcançada de forma reflexa pela decisão judicial. (art. 50 ss. CPC).
o Oposição: o terceiro (oponente) ingressa no processo contra o autor e o réu, pleiteando para si
o bem disputado pelas partes. (art. 56 ss. CPC)
o Nomeação à autoria: o réu se declara parte ilegítima para a demanda, indicando ao autor o
titular da obrigação pleiteada pelo autor. (art. 62 CPC)
o Denunciação da lide: a parte devedora determina a participação de terceiro no processo, com
o objetivo de resguardar o direito de regresso contra esse terceiro. (art. 70 CPC)
o Chamamento ao processo: ocorre quando um dos devedores solidários chama os outros para
compartilhar com ele o cumprimento da obrigação. (art. 77 CPC).
Outros:
o MP: (Ministério Público) não é parte. É o ‘custos legis’, o fiscal da lei (também chamado
promotor, ou ‘parquet’)
o Advogado: não é parte. Exerce a capacidade postulatória.
o Defensoria Pública: exerce a representação processual daqueles que não tem condições de
pagar um advogado.
• Objeto: é a função jurisdicional que deve ser exercida pelo Estado, em prol da solução do litígio.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
• Pressupostos processuais: devem estar presentes para que a relação processual se desenvolva de
uma forma válida, ou seja:
• Demanda Regularmente formulada:
o Requisitos intrínsecos
Regularidade procedimental
Petição Inicial regular e citação feita de acordo com a lei.
o Requisitos extrínsecos:
Ausência de impedimento (coisa julgada, litispendência)
• Capacidade de quem a formula (requisitos subjetivos relativos às partes):
o Autor:
Capacidade de ser parte = personalidade jurídica
Capacidade de estar em juízo = capacidade civil plena, ou estar assistido ou representado.
Capacidade postulatória = representação por advogado.

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TPG – Teoria Geral do Processo

• Juiz: Investidura do destinatário da demanda (juiz):


o Investidura
o Competência
o Imparcialidade
• Características da relação jurídica processual:
o Complexidade: envolve uma série de posições jurídicas ativas e passivas.
o Progressividade: é dinâmica, contínua, direcionada a um resultado.
o Unidade: representa a soma de atos e posições processuais coordenados, em prol de uma
finalidade comum, que é a solução do conflito.

ESPÉCIES DE PROCESSO
(Esta matéria tem conteúdo muito próximo com as Espécies de Ação. Ver pág. 27)
• Processo de conhecimento: (ou declaratório em sentido amplo) é aquele no âmbito do qual o juiz
vai analisar o mérito da pretensão deduzida em juízo, isto é, da causa, solucionando o conflito
através da aplicação do direito material, que vai determinar qual dos interesses, e em que medida,
deve prevalecer, e qual deve ser sacrificado.
o Declaratória: (em sentido estrito) visa declarar a existências ou inexistência de uma relação
jurídica, ou a veracidade ou falsidade de um documento, ou a ocorrência de um fato. (Ex:
ação de reconhecimento de união estável, ação de investigação de paternidade)
o Constitutivo: visa a constituição, modificação ou desconstituição de determinada relação ou
situação jurídica. (ex: constitutiva: adoção. Desconstitutiva: divórcio. Modificativa: conversão
de união estável em casamento.)
o Condenatório: visa o reconhecimento de um direito material violado, com a conseqüente
imposição ao réu da sanção ou obrigação correspondente, em prol da satisfação do direito do
autor. (ex: ação penal, ação trabalhista, etc.)
OBS: as sentenças declaratórias e executivas têm capacidade de alcançar plenamente os
efeitos nela previsto sem necessidade de providência posterior. Já a sentença condenatória
necessita uma execução forçada, se não cumprida espontaneamente.
Processo condenatório sincrético: só existente no processo civil, que engloba uma fase de
cumprimento da sentença, dispensando um processo de execução.
• Processo de execução: visa a execução prática de um direito já reconhecido, seja por sentença,
seja por título extra-judicial. Visa um provimento jurisdicional executório/satisfativo, que seja
capaz de realizar na prática os resultados da vontade concreta da lei. É vigente no:
o Processo Penal
o Processo Trabalhista
o Processo civil: Execução contra a fazenda pública, execução baseada em título executivo
extra-judicial, execução contra devedor insolvente, e legislação especial
• Processo cautelar: visa obter uma medida cautelar. Visa preservar situações exteriores
necessárias para que o processo principal (condenatório) gere um resultado regular e eficaz. Ou:
visa preservar um possível direito em face de uma situação lesiva decorrente do decurso do tempo.

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TGP – Teoria Geral do Processo

o Pode ser de dois tipos:


Preparatório: é anterior ao processo principal.
Incidental: ocorre no curso do processo principal
o A medida cautelar é: provisória, precária e não-satisfativa
o Necessita dois requisitos:
Fumus boni Iuris: possibilidade de existência do direito alegado
Periculum in mora: situação de risco, advinda do decurso do tempo.
o A antecipação de tutela é satisfativa, e exige verossimilhança da alegação

SENTENÇA
• Conceito: é o ato judicial que julga o mérito da causa solucionando o conflito ou que visa
extinguir o processo, sem julgamento de mérito.
• Espécies:
o Definitiva: é a sentença que visa extinguir o processo julgando o mérito.
o Terminativa: é a sentença que extingue o processo sem julgar o mérito.
• Atos do juiz, dentro do curso do processo:
o Atos ordinatórios: são atos meramente de impulso processual, não significando decisões.
o Atos instrutórios: são os que visam a produção de provas, a fim de fundamentar a formação de
seu convencimento.
o Atos de saneamento: busca corrigir nulidades do processo
o Atos decisórios: podem decidir algo importante para o processo, ou o próprio processo em si.
Decisão interlocutória: é a decisão sobre algo ato do processo, mas não o processo em si.
(Ex: decisão de ordenar perícia a pedido de uma das partes. Ex: antecipação de tutela).
Sentença: é a decisão de mérito final do processo, que assim o extingue. Gera coisa
julgada.
• Composição da sentença:
o Relatório: é o breve resumo dos fatos apresentados.
o Fundamentação: (motivos) é a exposição das questões lógicas e prejudiciais no processo, cujo
conhecimento mostra-se indispensável para se chegar ao resultado do processo. O juiz analisa
os fatos do relatório sob a ótica jurídica.
Dispositivo: é a aplicação da norma no caso concreto. É onde está a decisão do juiz, em
sentido estrito.

* * *

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TPG – Teoria Geral do Processo

COISA JULGADA
o Quando de uma sentença já não cabe mais recurso, passa a ser sentença final, a qual gera
coisa julgada material e formal.
o Da sentença terminativa, esta gera coisa julgada formal, mas não material.
• Espécies:
o Formal: significa a imutabilidade da sentença (ou acórdão) no âmbito do processo na qual foi
proferida, impedindo seu re-exame ou modificação. Isso em razão da preclusão de recursos e
impugnações. É assim chamada preclusão máxima, pois gera a perda do direito somente
naquele processo. É pressuposto para a coisa julgada material.
o Material: é a imutabilidade dos efeitos da sentença, jogados para fora do processo. Gera
imutabilidade no processo em que foi proferida, e também em qualquer outro processo.
Impede o juiz de voltar a julgar a mesma causa,
Impede as partes de voltarem a litigar sobre a mesma causa, e
Impede o legislador de editar lei que modifique o que foi decidido em definitivo
• Limites
o Subjetivos: significa que a autoridade da coisa julgada (material e formal) só alcança as
partes às quais a sentença é julgada, não beneficiando ou prejudicando terceiros.
Terceiro juridicamente prejudicado: é aquele que, embora não tenha feito parte do
processo, é titular de uma relação jurídica de direito material alcançada pela decisão
proferida pelo processo. Como este terceiro não foi parte no processo, não é atingido pela
coisa julgada, podendo questionar essa decisão em processo autônomo.
o Objetivos: (art. 469 CPC – aplicável ao penal e trabalhista) A coisa julgada só incide sobre a
parte dispositiva da sentença, aquela que contém a aplicação da norma concreta ou o preceito
jurídico formado pelo juiz.
A coisa julgada não incide sobre:
Art. 469. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte
dispositiva da sentença;
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.
Questões prejudiciais são aquelas que, podendo por si só constituir objeto de um processo
autônomo, são suscitadas em outro processo, como antecedentes lógico necessário para
solução da questão principal, devendo ser julgadas antes desta por influírem no seu teor.
(art. 470 CPC)
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o
requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir
pressuposto necessário para o julgamento da lide.

* * *

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TGP – Teoria Geral do Processo

RECURSOS
• Conceito: É o meio processual que a lei disponibiliza às partes viabilizando, no âmbito da mesma
relação processual, a anulação, reforma ou a modificação da decisão judicial proferida.
(impugnada).
o Não é obrigatório, mas voluntário
o Não é novo processo, mas apenas nova fase de mesmo processo
o Não se deve confundir com o duplo grau de jurisdição obrigatório, reexame necessário ou
remessa ex ofício (ex: ações contra a Fazenda pública)
• Objetivos: o Recurso busca:
o Modificação da decisão: alteração do seu conteúdo
o Invalidação da decisão: cassação
o Esclarecimento: de obscuridade , omissão ou contradição
• Efeitos:
o Devolutivo: significa que o recurso devolve a outro órgão do poder judiciário (juiz ou
tribunal) para re-análise de uma matéria já julgada.
o Suspensivo: suspende a eficácia da decisão recorrida, impedindo a pratica de atos executórios,
que não poderão ocorrer enquanto pendente o recurso suspensivo.
Apelação: (art. 520 CPC)
Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no
entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:
I - homologar a divisão ou a demarcação;
II - condenar à prestação de alimentos;
IV - decidir o processo cautelar;
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela;

• Decisão Judicial: o Recurso será sempre contra uma Decisão Judicial, a qual será
o Interlocutória: decide uma questão incidente no processo. Nos tribunais, é chamada ‘decisão
monocrática’.
o Sentença: nos tribunais, é chamada ‘Acórdão’.
Definitiva: decide o mérito, a questão principal
Terminativa: busca extinguir o processo sem julgamento de mérito.
• Juízo:
o A Quo: é o juízo inicial, contra quem se recorre
o Ad Quem: é o juízo a quem se recorre. Tem a competência para julgar o mérito do recurso.
• Pressupostos de admissibilidade: para que o recurso seja admitido, deve cumprir certo requisitos,
sem os quais não será julgará seu mérito. Há dois tipos:
o Pressupostos Subjetivos: São também chamados pressupostos intrínsecos, pois estão
vinculados a própria existência do direito de recorrer.

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TPG – Teoria Geral do Processo

1) Capacidade processual: é a capacidade para interpor o recurso. Só podem interpor o


recurso as partes, terceiro juridicamente prejudicado ou o Ministério Público. (art. 499
CPC)
2) Legitimidade parar recorrer: pressupõe dois aspectos:
a. Sucumbência: perda total ou parcial da ação
b. Interesse: demonstração de aptidão do recurso para acolher plenamente a pretensão
do recorrente.
o Pressupostos Objetivos: os três primeiros são considerados intrínsecos, pois vinculados a
existência do direito, e os três últimos são extrínsecos, pois vinculados ao exercício do direito:
1) Recorribilidade: a decisão impugnada precisa ser recorrível. (ex: homologação de acordo
entre as partes é irrecorrível).
2) Cabimento / adequação: contra cada decisão, cabe um recurso específico, sob pena de não
ser acolhido.
3) Ausência de impedimento: deve ser demonstrado que as partes não renunciaram
previamente ao direito de recorrer. (seja renúncia expressa ou tácita). (art. 502 CPC)
4) Tempestividade: o recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei. Caso
contrário, gera preclusão: a perda de uma faculdade processual (art. 508 CPC)
5) Preparo: é o depósito recursal que deve ser pago para aceitação recursal. O não
pagamento gera deserção. (art. 512 CPC)
6) Regularidade formal: onde devem constar: petição escrita, partes, motivos
(fundamentação) pedido de modificação ou cassação da decisão.

CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS


• Quanto à extensão da matéria impugnada:
o Parcial: quando impugna apenas determinado aspecto da decisão judicial.
o Total: quando impugna a totalidade da decisão judicial.
• Quanto à autoria:
o Principal: quando uma das partes interpõe independentemente da conduta da outra parte.
o Adesivo: ocorre quando uma parte recorre e a outra não, sendo ambas sucumbentes. Neste
caso, a parte omissa pode no prazo de resposta ao recurso interposto pela outra, interpor
recurso adesivo (art. 500 CPC).
• Quanto ao conteúdo:
o Normais: (ou comuns, ordinários ou de fundamentação livre) é aquele que pode impugnar
qualquer matéria.
o Especiais: (ou extraordinários ou de fundamentação) é vinculada ao aspectos previstos em lei
(ex: RE, RESP, embargos de divergência).

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TGP – Teoria Geral do Processo

PROCEDIMENTO

• Definição: é meio pelo qual os atos processuais são coordenados. É o revestimento exterior do ato
processual.
o Legalidade das formas e instrumentalidade das formas: (art. 154 CPC) significa que o ato
processual dever ser praticado segundo a forma pré-estabelecida na lei (organização +
segurança jurídica).
Autoriza o aproveitamento do ato processual praticado fora da formalidade, se não
houver prejuízo às partes, o ato alcançar sua finalidade, e a lei não prever nulidade.
o Local, tempo e modo dos atos processuais: normalmente são praticados na sede do juízo, mas
podem ser praticados em outro local. (ex: depoimento de testemunha em hospital,
reconstituição de crime, etc). (art. 176 CPC).

TEMPO (prazo): precisam ser praticados em determinado prazo estabelecido na lei, sob pena de
preclusão:
Prazos:
o Ordinatórios / Dilatórios: é aquele estabelecido em benefício das partes, logo as partes de
comum acordo podem aumentá-los ou reduzi-los. (art. 181 CPC)
o Peremptórios: é aquele imposto pela lei às partes, e que não pode ser por elas modificado. (art.
182 CPC)
• Preclusão: é a perda da faculdade de praticar um ato processual
o Temporal: perda da faculdade de praticar um ato processual pelo decurso do tempo. (art. 177
CPC).
O juiz não se submete aos prazos, pois para ele são impróprios. (art. 187 CPC)
• Contagem:
o Se não há prazo previsto em lei, o juiz deverá determiná-lo. Se o juiz não o fizer, o prazo será
de 5 dias. (art. 185 CPC)
o A contagem é em dias corrido (não se contam domingos e feriados). Mas os prazos não se
iniciam e nem terminam em sábado, domingo, feriado, ou dias em que não tenha havido
expediente forense. (art. 178 – 179 CPC)
o Conta-se o prazo excluindo-se o dia do início (dies a quo), e contando-se o dia do vencimento
(dies a quem). (Art. 184 CPC)
o Suspende-se o prazo durante as férias (recesso) do judiciário.
Exceto jurisdição voluntária (art. 174 CPC)
o Fazenda pública e ministério público: 4x para contestar, e 2x para responder.
o Horários: Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. (art.
172 CPC)

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TPG – Teoria Geral do Processo

MODO do procedimento:
• Linguagem:
o Atos verbais: são os praticados oralmente pela partes. (mas devem ser reduzidos a termo
posteriormente)
o Atos Escritos:
o Atos mistos:
• Atividade
o Atos judiciais: (art. 162 CPC)
Provimento: são pronunciamentos do juiz no processo. (atos decisórios).
Reais: atos de impulso oficial, ou andamento processual, e de formação do
convencimento do juiz. (colheita de provas)
o Atos das partes:
Postulatórios: é aquela pela qual a parte pleiteia um provimento jurisdicional. (ex: petição
inicial).
Instrutórios: é a colheita efetiva de provas. Buscam a formação do convencimento do
juiz.
Dispositivos: é o ato pelo qual uma das partes abre mão de uma posição ativa no
processo, ou do próprio provimento jurisdicional. (ex: desistência do processo pelo autor,
reconhecimento do pedido do autor pelo réu, etc.)
Reais: são atos materiais das partes no processo. (ex: participação em audiência).
o Atos dos serventuários: (da justiça)
Atos de comunicação (citação, intimação)...
Documentação (reduzir a termo atos verbais)...
Movimentação: (dar carga ao processo, fazer o processo concluso ao juiz)...
Execução: (penhora de bens)...

• Validade dos atos processuais: (art. 243 CPC ss.) O descumprimento, ou a violação da forma
processual pode implicar em:
o Mera irregularidade: não gera efeito algum e não prejudica nem o processo nem as partes. (ex:
juiz esquece de ler os autos, no começo da sessão).
o Nulidade relativa: esta só pode ser argüida pela parte prejudicada, e no primeiro momento que
lhe couber falar aos autos, sob pena de convalidação. E o prejuízo precisa ser demonstrado.
o Nulidade absoluta: o prejuízo é presumido (não precisa ser demonstrado). Pode ser declarada
pelo juiz de ofício.

* * *

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TGP – Teoria Geral do Processo

PROVAS PROCESSUAIS
• Conceito: é o meio pelo qual se demonstra a veracidade de um fato alegado pela parte.
• Ônus probatório: é ônus do autor provar os fatos constitutivos do seu direito. É ônus do réu fazer
prova dos fatos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do autor.
• Atuação do Juiz:
o Princípio da livre investigação das provas pelo juiz.
o Princípio da persuasão racional do juiz OU do livre convencimento motivado
• Meios de prova: o sistema processual brasileiro não estabelece hierarquia no valor das provas.
o Prova documental,
o Prova testemunhal (art. 405 CPC),
o Confissão (quando uma parte reconhece a veracidade de um fato contrário ao seu interesse),
o Prova pericial: é prova técnica realizada por especialista na matéria. Tem obrigação de ser
imparcial, e é nomeado pelo juiz.
Exame: sobre pessoas ou bens móveis
Vistoria: sobre bens imóveis
Avaliação: busca mensurar valor de bens móveis ou imóveis
o Presunções: somente em alguns casos é permitida (ex: exame paternidade DNA). Súmula 301
STJ.
o Exibição de documento ou coisa: pode-se pedir ao juiz que determine exibição de
documentos. (ex: pensão, ação de alimentos)

PODER JUDICIÁRIO
• Garantia:
o De independência: (art. 95 CF) vitaliciedade (após 2 anos de exercício), inamovibilidade (art.
93, VIII CF), irredutibilidade de subsídios.
o De imparcialidade: (art. 95 CF) vedações: não pode exercer outro cargo ou profissão, salvo
magistério. Não pode vincular-se a partidos. “Quarentena” de 3 anos, após deixar a
magistratura.
• Órgãos
o De convergência: tribunais que servem de última instância em sua matéria. (tribunais
superiores)
o De superposição: são aqueles que não estão inseridos na divisão de justiça comum e especial.
(STJ e STF).
• Justiça
o Comum: cível e criminal
o Especial: trabalhista, eleitoral e militar
• STF: órgão de cúpula do judiciário e guardião da CF. 11 ministros (art. 101 CF). Escolhidos pelo
presidente e aprovados pelo senado. Com

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TPG – Teoria Geral do Processo

o Competência originária. Competência recursal ordinária e extraordinária. (art. 102 CF)


o Edição de Súmulas Vinculantes, com 2/3 de seus membros. (art. 103 a CF)
• STJ: 33 ministros: 1/3 TJs, 1/3 TRFs, 1/6 advogados, 1/6 MP. Competências originárias e
recursais. (ex: julgar governadores). Recursos ordinários e especiais (art. 105 CF)
• TJ: juízes provenientes das varas estaduais. Competências originárias e recursais. Composição
determinada pelas constituições estaduais
• TRFs: causas contra a União. Composto por 7 membros. Competências originárias e recursais.
(art. 94 CF: quinto constitucional). Escolhidos pelo Presidente da República.
• TST: 27 ministros. 5º constitucional. Competências originárias e recursais. (Rec. Revista) dos
TRTs ao TST).
• TRT: compostos de no mínimo 7 juízes. 5º constitucional. Competências originárias (sindicatos
regionais) e recursais (dos juízes do trabalho: RO). Extinção dos classistas em 1999. (emenda 24).
• TRE: não tem quadro próprio. Juízes estaduais ou federais nomeados antes das eleições. TRE tem
7 membros: 2 do TJ, 2 da justiça estadual + 5º constitucional. TSE: 3 ministros do STF, 2 do STJ
mais 2 advogados. (art. 120 CF)
• STM: competência exclusivamente criminal (e só crimes militares), e só julga membros das forças
armadas. Composto por 15 ministros. 3 oficiais-generais de cada força. 5 civis. (2 escolhidos pelo
PR entre juízes auditores e membros do Ministério público militar. 3 advogados notórios.) Não
analisa recursos crimes das Polícias Militares.
• TJM: Tribunais de justiça militar (tribunais militares estaduais). Julga matéria criminal + ato
disciplina. Competência sobre as polícias militares estaduais. (só existem em SP, MG e RS)
• Conselhos de justiça e juízes auditores: somente competência criminal militar.

STF

STJ TST TSE STM

TJ TJM TRFs TRT TRE


(SP-MG-RS)

Varas e Conselhos Varas e Varas e Juntas e Conselhos


juízes de justiça juízes juízes do juízes de justiça
estaduais e juízes federais Trabalho eleitorais e juízes
auditores auditores

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