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Almoço dia de trabalho Tamanás – Sábado dia 15/12

Maurício – Num certo momento hoje pela manhã

Lineu – Você quebrou o dedo?

Maurício – Foi antes ...Eu estava carregando peso e....Senti que ali ...Eu percebi que ali
tinha uma condição de carregar o peso, tinha mais uma ocupação com o momento
presente...tinha um equilíbrio, não tinha incomodo, reclamação, cansaço tinha alí uma
real presença livre de julgamentos. Outra impressão que fiquei por alguns momentos
era que a presença do corpo parece que deixa as coisas em câmera lenta. A diferença
entre se preocupar e não se preocupar.

Lineu – Quem mais pode falar um pouco?

Lucas – Posso falar também? Em determinado momento hoje também...percebi que...

Luciana – Um pouquinho mais alto?!?

Lucas – Viver a sensação é..

Lineu – Diminui aquele negócio lá ...a regulagem ...Lucas...bem forte..

Lucas – Percebi que a diferença entre viver e não viver a sensação parecia sutil. Mas
percebi que o sutil ele era... mais relacionado ao viver habitual, para esse viver
habitual a diferença era sútil, mas quando eu vivia a sensação do corpo, esse momento
a diferença não era sutil, a diferença era brutal, uma diferença total.

Lineu – Você tem que descrever a diferença. O que era assim e ficou assado? O que
não era antes ...O Maurício só falou da câmera lenta... precisa falar mais coisa
Maurício. Se você deixar isso assim, até você está dando um tiro no pé, porque eu digo
pra min que eu tenha pressa ...até pra ser mais eficiente eu preciso andar mais
depressa .... nada de ser em câmera lenta, me atrasa muito, não sei, você que estava
falando das outras coisas. Vamos ver se o Lucas já adianta algumas.

Lucas – O momento de viver a sensação, ele dá a impressão de exigir na verdade,


menos esforço. É uma necessidade muito mais de vontade do que de esforço, porque
viver a sensação me parecia na verdade um momento mais rápido e... que fosse, me
parecia ser muito mais natural do que o momento anterior.

Lineu – Mas natural ainda é pouco, precisa falar mais. Tá melhorando, ou como a
gente brinca, está esquentando.
Se vocês falarem só isso .... significa que vocês estão dizendo pra vocês que não tem
nenhuma razão pra eu ficar perdendo tempo com isso. Eu já te falei. Porquê você vai
trabalhar isso? Isso ai não ... Só o que vocês estão falando não desperta um grande
interesse, não me dá uma força pra trabalhar. Ele traz um componente de vontade
interessante.

Lucas – esse interesse é um interesse...me parece ser...o ponto que me faz retornar

Lineu – Perfeitamente.

Lucas - Talvez eu não saiba falar dele.

Lineu – Não! Não vem com essa...Isso foi proibido aqui. Faz anos que está proibida
essa expressão aqui no grupo. É claro que você sabe falar, você tem que saber
primeiro pensar que é.
- O que eu estou sentido mesmo? Esse interesse é porque?
Certeza que não é simples curiosidade, a curiosidade não para de pé numa coisa dessa.
- O que me fez voltar? E porque você falou vontade?
Você tocou uma coisa, descobriu uma coisa, precisa dizer logo.
- Ah.. o que tem esse valor?
Você está valorizando o quer você viveu.
No que? Claro que você sabe..

Quem ia falar?

Marinus - Pilar.

Pilar: Eu tive a seguinte impressão. Quando eu busco a sensação do corpo pela


sensação do corpo, é uma atenção que não...

Lineu – Isso mesmo

Luciana - É o que?

Pilar - É uma atenção que vai para o corpo mas é uma coisa que não continua. Quando
tem... vou chamar de lembrança de sí..quando há dentro um componente de si
mesmo, aí sim eu pude viver a sensação do corpo. Eu diria que... estou chamando
lembrança de si que é num nível, no meu ponto de vista ainda muito pequeno, mas um
componente dentro é tudo... porque hoje eu ainda vim pensando porque eu vinha,
qual era a razão disso, uma série de coisas que estão envolvidas com o grupo, com o
trabalho. Essa é uma coisa que eu acho que compreendi isso...que a sensação tem que
estra vinculada com o eu...podemos dizer assim

Camila: Posso falar?


Durante a manhã eu me pedi frequentemente, mentalmente, e lembrar de...me pedir
mentalmente. Voltar a atenção para o corpo, para a sensação. Que acho que é um
pouco isso que a Pilar estava falando. Eu experimentei que em alguns momentos sem
que eu me pedisse eu fui lembrada, ai nesse caso não de me pedir, mas já com essa
sensação do corpo. Nesses momentos experimentei uma descontração principalmente
na região da minha cabeça assim, do corpo. Eu falo até do meu cérebro...sabe assim?
Bem profunda, e nesses momentos de descontração e sensação. Uma atividade menor
do meu mental, desse que fala toda hora...uma diferença nisso assim.

Lineu – Muito bem

Fausto – Tem uma diferença que eu notei hoje, muito grande entre me pedir a
sensação do corpo, me pedir a sensação do corpo com se fosse alguma coisa que eu
faço e reconhecer atenção sobre o corpo, e sensação do corpo. É muito menos
fazer...não tem que fazer nada na verdade. E eu sinto um gosto de estar presente, um
gosto de estar aqui fazendo o que estou fazendo. E o que me interessou hoje é
que...tem aí, por vezes eu senti isso pela manhã, tem aí um início de alguma
coisa...alguma coisa começa a partir daí, como se fosse uma abertura para alguma
coisa, essa união esse encontro sabe? Esse reconhecimento, uma coisa começa aí, o
começo de alguma coisa.

Luciana - Teve uma novidade pra min hoje que eu não sei se eu vou ser bem precisa
mas numa hora foi muito precisa que era...parece contraditório o que eu vou dizer
mas foi assim...eu estava consciente, bem presente, fora da sensação, eu vi eu fora da
sensação mas eu estava muito presente, eu não estava tentando a sensação, mas ... foi
muito lúcido assim, foi diferente do que é ...que eu faço por comparação depois, hoje
foi uma coisa direta assim, que eu até fiquei pensando... Se eu não estou presente
agora e não tem essa sensação que eu normalmente experimento, que estado é esse
então que eu vejo de maneira muito direta e clara? Porque eu estava tentando. Daí
ficou muito...ficou estreita essa diferença do que foi pedido. Precisar então, o que
estava ali nesse momento? Tinha uma atenção que via mas não era a sensação do
corpo como normalmente experimento.

Malerbi – Eu descobri nessa manhã que o uso da palavra sensação pra mim mesmo
depende o ponto de vista que eu estiver, eu posso me dizer sensação em vários
momentos diferente querendo dizer coisas diferentes, tentando isso eu percebi. Assim
como vários estão dizendo aqui, essa tentativa eu querer sensação, eu pedir sensação
ela no máximo traz um impressão tátil, uma coisa outra, sinto que nesse momento isso
está mais desqualificado que antes, é um esforço infrutífero. Tem uma coisa...tentar
fazer aquele outro esforço de não esforço...que também assim, é a mesma coisa, e
experimentei também momento de ser atravessado, de ser pego, não sei dizer a
diferença de uma coisa ou da outra. Parece que eu acho no sistema toda vez que estou
vendo. Mas tentando comparar um momento preciso da manhã com agora, me parece
que, se é que eu posso usar a palavra sensação que honestamente não sei exatamente
o que é, ela nivela todas as outras coisas. Naquele instante eu estava ali suando no sol
empurrando e puxando um carrinho barulhento e agora estou aqui só sentado e
mexendo a boca e falando e parecem ser a mesma coisa, parece não fazer nenhuma
diferença diante dessa questão, fazer uma coisa, outra coisa, mais cansado, menos
cansado.
André - Estou sentindo um valor nessa nossa troca. Um dos tema que se citou foi, o
homem sozinho não pode fazer nada, e a gente fala as vezes no trabalho indireto. Eu
senti muito com você, uma tentativa que é o que ela é, tem uma limitação ela não vai
mais do que essa altura. E de repente que a gente esta trocando e tem alguma coisa
que pode passar além da possibilidade individual. Quando o Fausto falou, pra min,
abriu uma, como se abrisse dessa tentativa assim para receber uma outra impressão.
Tem alguma coisa que pode acontecer entre nós, mesmo como nós somos e com essa
impossibilidade relativa para cada um, a sua de trabalhar, algumas horas tem alguma
coisa que pode se esclarecer um pouco sobre essa direção, alguma coisa que pode, eu
me senti assim muito mais na direção de encarnar do que produzir.

Alexandra – Hoje de manhã quando eu recebi o tema da Sandra, eu não estava aqui ,
já tinha feito o exercício, e o que ela me passou me pareceu se encaixar
absolutamente com o que eu estava vivendo depois de fazer o exercício.
Eu sinto como alguns falaram ou escutei nas entrelinhas pelo menos... isso que vibra
na sensação eu reconheço como eu. E é um grande alívio me sentir vivo, viva nessa
vibração as vezes mais intensa as vezes menos intensa, sou eu. Isso como alguém falou
também apazigua muitas coisas, deixa de lado muitas coisas e se concentra numa coisa
que não é nem mais uma questão pois sou eu que estou ai, não preciso nem saber
quem eu sou, sou eu que estou ai.
E pela primeira vez eu compreendi num instante em que eu estava olhando algumas
pessoas fazendo algumas coisas, compreendi num instante, nesse sentimento de eu, o
que pode ser de zero à infinito. Porque até então, até hoje, era uma ideia limitada e
essa impressão naquele instante me abriu para uma referência, para uma
possibilidade ainda não exercida, ainda não tocada, mas que me chama.

Mavú – O que me pareceu mais evidente nessa tentativa de hoje. Viver, não estar na
sensação e estar na sensação, me pareceu que, uma palavra que me veio, é como se
fosse uma mudança de centro de gravidade. Onde parece que de um jeito estou num
lugar só e de outro jeito estou em muitos. Eu tenho mais consciência, mais
proximidade da situação que está sendo vivida, de um lado parece uma impressão
mais fantasmagórica de uma visão superficial do que está se passando e de outro lado
parece que é possível entrar na matéria, no corpo, no peso.

Felipeli – Então mas eu...como que me pareceu no tema que a proposta era essa...o
que muda quando eu estou experimentando sensação? Sem resposta, mas de fato
esse ato onde atenção no corpo juntos, o que isso muda? Por exemplo...o que altera?
O nível de importância disso com relação à essa relação não existia.

Mila – Acho que nós somos muito condescendentes, porque quando não tem contato
com sensação, não sei, não sei absolutamente nada. Nem que não existo, nem
coisíssima nenhuma. No momento tem o contato com uma substância, eu me dou
conta que estava esquecido, mas dai já tem o contato, se não tem contato não tem
nada. O que me faz pensar na pergunta da Luciana. Talvez eu entenda sensação como
uma coisa subjetiva, eu compreendo subjetivamente, e sensação não é isso, porquê
sem essa substância é como se diz, é um fantasma.
Marinus – Eu só percebo que estou perdido quando eu me dou conta né?! Eu era o
(zesioru – 25:28), uma coisa assim que eu senti.

Zeca – Eu concluo que..

Marinus – Concluo, essa é a conclusão. Mas a diferença eu sinto, é muito diferente pra
min, eu senti um pouco (inconuta 25:38) essa pergunta. Toda vida muda, todo sentido
da vida muda totalmente, as coisas começam a ter porque. Porque estou trabalhando?
Às vezes pode vir em forma de questão, mas é uma percepção de sentir claro, não
estou à toa. E não importa nada que vem de fora. Mas será sem rumo mas passa a
fazer sentido. ( partes ininteligíveis nesse parágrafo )

Alexandra – Será o que?

Marinus – Será sem rumo...posso continuar escrevendo besteira mas passa a fazer
sentido, eu passo a existir.

Celina – Aliás que eu volto num ponto eu volto num ponto onde as coisas fazem
sentido, o início estava ali.

Marinus – Eu retomo

Mário – Mas tem um grande mistério em pedir a sensação.

Marinus – Sem dúvida

Mário – A gente não sabe mesmo o que é pedir a sensação. O fato de eu me dispor eu
já sou advertido no mesmo instante de que eu pertenço a um outro mundo, no
mesmo instante tem uma conexão que se faz, se tem sensação, se não tem sensação,
eu não vou saber jamais até. Diga-se que eu não vou saber. Mas de onde parte meu
pedido? Ai a coisa é diferente. De onde meu pedido vem? Que é o grande mistério.
Pois nesse ponto eu já sei, eu começo a, essa palavra eu sou advertido, eu sou
informado, eu posso dizer que eu vivo, eu vivo eu pertenço a outro mundo, na hora.
Agora se não tem sensação, se tem sensação eu não sei.

Lineu – A Vera vai falar...Fale Vera.

Vera – Durante o exercício, durante a proposta que o Lineu falou, durante o trabalho
no momento que eu tinha sensação do meu corpo, a diferença da outra condição me
vinha uma pergunta, onde eu estava até agora? Onde eu a até agora? E a impressão de
ter desperdiçado, até ficado um pouco surpresa de, onde que, de não estar presente
por mais tempo, então é outro mundo, só a sensação de ter vivido mesmo, aquele
pouquinho que eu senti o corpo, e o resto me pareceu algo inexistente, como está
sendo falado aqui.

Lineu – Fale Selma


Selma – Eu...a proposta de hoje. Eu entendi assim. Era para eu fazer um esforço para
sentir a diferença entre a sensação do corpo e a ausência dela. Essa manhã eu tentei
sentir isso, houve um momento específico que eu estava no sol, estava muito quente,
eu estava transpirando, dai o que me veio? A sensação poderia definir na palavra vida,
com tudo que isso implica, alegria tristeza, compaixão, raiva. Naquele momento
específico eu senti gratidão, gratidão pela vida . Agora o outro lado, pra ver a diferença
da ausência de sensação, eu fiquei me debatendo nisso o que me veio, que se eu
tentar ver a ausência de sensação eu já estou pedindo sensação, então a ausência
seria sei lá, a minha imaginação, como eu atuo o tempo todo reagindo as provocações
da vida? Foi nesse sentido que eu consegui trabalhar essa proposta de ver a sensação
e a ausência dela.

Roberta – Essa composição me vem como um estudo como foi me posto, viver tentar
compreender essa diferença, muitos momentos hoje, como agora, nesse instante eu
estou aqui sentada, estou sentindo os pés no chão, me sinto num lugar seguro, tem de
fato um lugar seguro, e essa ausência de sensação, estudar a ausência de sensação é
quase que impossível sentir a sensação e não sentir ao mesmo tempo, não perceber a
ausência de sensação, talvez hoje eu entenda um pouco o que pode ser permanecer
diante, e como permanecer diante, ausência de sensação integrada nessa, na presença
da sensação, no corpo, e eu sei que tem, eu percebo com a Marinus falou, uma
mudança de centro de gravidade. Tem um relevo que não tinha antes e um relevo que
inclui ausência de sensação, quase que desassociado presença de sensação e não viver
ausência de sensação.

Marlon - Quando a gente terminou o café e eu subi a escada lá do fundo, eu subi a


escada e pensei. Nossa como eu estou cansado!

Lineu – Porque subiu a escada? Foi fazer o que lá?

Marlon – Fui buscar ferramentas para trabalhar.

Lineu – Ah...No café da manhã...

Marlon – Depois do café da manhã

Lineu – Entendi...Pense que fosse esse agora...

Marlon – Então eu fiquei pensando...como estou cansado e nesse exato momento me


questionei...o que é estar cansado?

Lineu – Isso..

Marlon - Nessa mesma hora me lembrei da proposição e fui tentar ver o que eu estava
realmente sentindo, o que é o cansaço? Não sei muito bem descrever o que eu vivi na
hora, mas de fato eu não estava cansado, eu estava acreditando na história que eu
mesmo estava me contando, e ao longo do dia eu percebi isso, que eu acredito na
historia que eu realmente me conto, sobre me pedir e sobre estar pedindo sensação.
Durante três momentos eu senti a sensação forte do corpo. É um pouco do que o
Mário falou sobre disponibilidade, eu não sei se de fato eu preciso pedir ou preciso
aprender a me dispor?

Roberta – Exatamente

Lineu - É...mas não complica muito, pede e vê o que dá

Marlon – E foi isso

Lineu – Senão... tem que viver o que você viveu mais vezes, mais profundamente, pede
e acabou...você se pede se obriga e etc... Você luta entre o sim e o não ...todos aqueles
temas estão ai...Por uma razão que você define
E depois você vai cada dia compreendendo a razão pelo qual você se pedirá mais e
mais...
Isso aí é nebuloso pra todos nós, a prova é que o tempo todo eu adormeci. Então tudo
o que vocês estão falando mesmo do lado bom da história ainda é um pouco mentira,
é fraco, senão eu não...Como é que é isso Lucas? A vontade? A vontade é fraca
ainda...Senão eu não largaria disso se esse negocio está com essa bola toda. Se é a
vida, é a vida mas é a vida que eu... Tá bom, depois eu vejo isso, então eu ainda não
fui, não se abriu pra min a grandeza desse fato, mas a fatalidade é outra palavra ...que
é uma coisa, que é uma luta na verdade de vida e de morte, de vida e de morte como
diz o Marinus essa coisa é uma coisa decisiva, não ficou claro pra nenhum de nós isso.
E de qualquer forma as ideias estão ai, os textos estão ai pra ajudar a descrever, e veja
que quando a gente lê uma descrição do Doutor ele descreve como sendo uma coisa
muito maior, muito mais grave, muito mais imperdível, com quem diz, eu não sei como
vocês não se dão conta de que... Então, como diria a Silvia, entre sensação e não
sensação tudo está ai, é questão de escavar as profundezas, fazer os trabalhos de
escavação, pesquisas geológicas do professor “Esquerdov”. Descer fundo nessa
experiência, não tem razão para a gente viver do jeito que estou vivendo, o que me
permite dizer, o que você me fala sobre acreditar e não acreditar, estamos na borda de
um novo pensar, mas eu só vou pensar diferentemente, que já é acreditar em coisas
novas, ou seja me abrir para coisas novas, se eu começar a desacreditar do que eu
acredito. A prova de que eu acredito nas minhas coisas é que eu volto as minhas
coisas. Isso que me lembrei por um instante o que me lembrei, porque eu me pedi e
porque eu, digamos assim exerci o nível de vontade que eu tenho, se abandonar eu
volto acreditar, porque sempre eu acreditei. E aqui com esse emaranhado de
pensamentos, emoções e etc... eu vou mesmo resolver o meu problema, sem
entender que esse é meu problema, e eu não vou resolver isso.

Mas é ...eu diria que é tão básico, fundamental, primário onde nós estamos num nível,
nós estamos deixando isso pra depois? Isso é o trabalho prático.

Patrícia – Posso falar?

Lineu – Ivan já almoçou?


Ivan – Fui no mercado e comi um salgado.

Lineu – Mas não faça isso..

Marinus – Tem um prato reservado aqui...

André – E tem um lugar para você sentar aqui...E é cortesia porque ele não estava
inscrito, não vou aceitar o pagamento

Lineu – tem lugar ali...vai lá....Ele só não disse que horas foi o salgado, deve ter sido as
11h da manhã... Ivan...continua comendo ai sem fazer barulho.
Fale Patrícia

Patrícia – Nessa tentativa, eu pude experimentar como algumas pessoas falaram, a


vastidão da dimensão do que pode ser sensação, porque ela pode acontecer em
muitos níveis, e também experimentei que eu poderia substituir essa palavra por
outras, tudo seria a mesma experiência.

Lineu – Isso...

Patrícia – Ai...Eu estava tentando e pensei, tá bom eu quero ver a diferença mas não
foi pedido para eu tentar uma parte em especifico

Lineu – Perfeito...

Patrícia – E eu lembre que foi pedido – Sentir, compreender


Ai como estava uma coisa muito grande, mesmo que fosse palpável esse grande, eu
falei, eu tenho que entrar em algum dos níveis. E então eu comecei a tentar sentir e
isso me deu uma sensação de preenchimento, você começa a ficar mais cheio, tem
uma substância que penetra no seu corpo e a partir dessa experiência eu comecei a
me questionar qual é a diferença de quando isso não está

Lineu – Qual é a experiência?...

Malerbi -Diferença...

Lineu – Diferença...perfeito...perfeito...

Patrícia – Definindo naquele momento que sensação era esse preenchimento de uma
substância no meu corpo, porque eu poderia definir de outra forma, em outros
momentos, hoje, eu pensei, qual é a diferença de quando isso não está. E o que me
ocorreu ao experimentar, foi muito parecido com o que a Luciana trouxe. EU me
lembro uma vez que a Roberta respondeu assim. Que esse trabalho, essa tentativa, ela
te da o peso das coisas. Como se a sensação fosse uma sensibilidade para discernir,
não discernir sensação de min, também, mas é muito maior do que...

Luciana – É muito maior do que?


Pessoas – Ela não falou ainda...

Lineu – Tá bem Patrícia...Tá muito bem...

Patrícia – Estou tentando falar assim porque é muito importante para min saber, e não
só saber mas ter bem claro qual é a diferença e a razão...última mesmo desse
discernimento.

Lineu – Tem que falar, você tem que falar pra você, é verdade...Vejam, uma coisa
primeiro...

Patrícia – E que não e só estar preenchido porque na nossa vida a gente não está
sempre preenchido

Lineu – Você mesmo falou em níveis e eu preciso descrever os níveis primeiro dentro
de quais ...as duas quais expressões tem a diferença entre falar da boca pra fora
estando preenchido é da boca pra dentro, ou na verdade vou falar pra fora mas como
seu eu tivesse da onde está saindo. Isso pode ser levado ao extremo, como falou a
Selma. É a mesma coisa viver da boca pra fora é fazer de conta que eu estou vivendo,
essa é a grande diferença enfim, e viver efetivamente. E do que a Mila citou, como eu
vou experimentar o que a não sensação? Nos momentos em que eu me lembro, eu
vou começar a pedir a sensação, a lembrar da formulação eu vou começar a me pedir
e sentir sensação e compreender o que isso quer dizer, eu me pego mesmo em outro
lugar, eu vejo de fato que estou vazio. É a diferença entre essas duas coisas, eu
autômato e a possibilidade de inversão dessas duas flechas que é tema de alguns que
vocês sugeriram. Eu adormecido no final, eu legião e essa possibilidade de vontade
que o Lucas falou, de onde vem isso?
Agora, não pode ser a vontade emprestada pelo grupo, por alguém, pelo ensinamento
ao deputado intendente do momento. Na verdade ele é o inteirino, porque o outro
esta viajando e o verdadeiro ainda não sabemos se tem. Então é o substituto do
substituto. É aquele que no momento lembrou da formulação. Tá bom mas ele, ele
assumiu e ele vai viver isso. Essa relatividade que você aponta vem dai também, que
lugar dentro de min isso sai?
Nós estamos aqui com diferenças de idade, com diferenças de tentativas de
experiência, para cada um isso é diferente, mas é tão grande nossa fraqueza que
estamos praticamente no mesmo lugar. Eventualmente temos 40, 50 anos de
diferença de trabalho, significa que nós nunca fomos de fato, nunca colocamos o dedo
na ferida ainda. Tá na hora! Estamos esperando o quê? São coisas muito simples,
muito básicas, não deveria estar...acho que por isso me desceu uma pedra no rim...

Não pode...Porque eu não experimento isso? Porque eu sinto de verdade como você
falou, alguma coisa é preenchida, alguém ainda deu esses contornos, eu me sinto
muito mais seguro é a palavra, como se eu estivesse em casa, uma porção de medos e
ânsias e preocupações desaparecem, as coisas vão, pode se dizer assim, para seu lugar,
os problemas são exatamente os mesmos mas minha relação com os problemas é
diferente...significa que eu sou diferente. Nem estou me preocupando com a ideia de
eu, eu apareço, nem sei o que e isso e é bobagem perder tempo com isso agora, é
claro que isso nos espera lá na frente, mas antes de mais nada, materialmente essa
coisa de estou aqui e tudo é diferente, eu já penso diferente, já sinto diferente, isso
que faz com que eu mude a relação com todas as coisas que permanecem iguais. O seu
caso é um bom exemplo, a vida só tem problemas não tem outras coisas. Mesmo
quando eu digo que estou contente é dito isso, minha alegria é muito relativa, é muito
pequeno isso, quando vocês falam de alegria vocês sentem que existe uma alegria de
outra ordem que não é a que eu vivo ordinariamente.

Quem mais ia falar? Então fala...

Pode falar...fala..

Fale para o Zeca poder achar ruim com você..

Daniela – Tá bom

Lineu – Moli se quiser falar você fala.

Zeca – eu não prometo nada.

Daniela – A primeira coisa que me apareceu diante dessa proposição. Foi que eu me
amparo em bases falsas. E ai eu me vi começar um trabalho cheio de motivações
tortas. Mas ai ok, eu continuei trabalhando, observando isso, e comecei a perceber
que isso me tirava de estar ali trabalhando de fato, e ai isso foi se aquietando e
realmente teve alguns instantes que eu estava ali trabalhando . Sem a maioria dos
pretexto que me acompanham normalmente. E é possível perceber que tem vários
níveis de compreensão dentro disso. Desde um nível mais ordinário mesmo, até um
deixar que ai sim algo vem e me toca realmente. É possível simplesmente ser.

Zeca – Você deu muitas palavras. Num instante, sensação está presente, estou fazendo
alguma coisa. Me sinto presente no corpo?
Me surpreendeu ate que ninguém falou, eu não estava presente, eu estava dormindo.
Não é na ausência de sensação, o que? Estava implícito no que cada um falava. Eu não
sei direito, eu falo - ah, eu não tinha sensação! Mas eu não sei, eu não toquei nisso, eu
não estava desperto na ausência de sensação, num instante talvez, agora sensação, e
eu faço como o Príncipe Lubowedsky, não sei se vocês se lembram do filme, quando o
dervishe aparece e fala com ele, e ele fala – Como você sabe isso sobre minha vida? Ai
o dervishe – Mesmo nesse instante você é dominado pela sua curiosidade.

É assim que eu sou, você e cada um de nós, dai quero lembrar do tema e será que
agora vou ter alguma coisa pra falar, e eu já não estou apreciando o instante da
sensação. A conversa fica pra depois, quando eu voltar aqui na reunião, tentar de novo
e voltar a sensação, talvez eu vou encontrar palavras adequadas para falar da
experiência. Mas no momento é apreciar a experiência, é penetrar, é ir quebrando, em
campos você não estava, o Marlon falou de 7 véus.
Marlon – De queimar os véus

Zeca – De queimar os véus. É fácil falar das camadas, mas o importante é ficar diante
disso, isso só pode se aprofundar, porque cada vez menos vai ter Zeca dando opinião e
Dani achando isso ou aquilo. Vou viver a experiência, essa experiência de estar
presente nesse corpo, eu também não sei falar da sensação mas eu sei a diferença,
cada um de nos sabe. Na vida ordinária ninguém da importância para isso, se você
estiver numa reunião e falar, oh pessoal, agora estou aqui experimentando a sensação
do meu corpo, vão falar que você está maluco, é melhor nem falar. Vão falar – O que
você tomou? O que você cheirou?
Enquanto que aqui eu posso falar disso, eu estava lá reclamando, tenso, contraído,
fazendo alguma coisa reclamando que não vai dar tempo, isso e aquilo. De repente no
meio desse cenário meio sinistro, presente no corpo, sensação. É! Não tem nada à
fazer. Começa a ficar claro tudo que se fala, e o Lineu dizia, todos esses temas estão
presentes, é a luta do sim e do não.
Cada coisa que foi formulada, a gente tentou cobrir varias direções, várias abordagens
para as ideias em sistemas. É isso simplesmente. É como soltar, alguma coisa, soltar, e
quem tem que soltar? A Dani o Zeca que são quem tá no meio do caminho contraindo
de novo pra pensar bem sobre o assunto, ou pra ter uma reação emocional, ou o que
seja. Simplesmente viver a experiência, e eu não fui treinado, eu falo sempre isso. Eu
fui treinado pelo contrario, pra procurar coisas fora, eu não sei o que e isso né, me
deixar ocupar por uma experiência, pela sensação, não tem limites, rapidamente, com
eu dizia a 3 minutos atrás, eu volto para o que é importante, para o que eu estou
fazendo, para minha colocação no horário, o que tinha que ser feito, o que vai
acontecer, eu volto para a temporalidade do personagem que eu desempenho.
Quando eu tenho uma possibilidade de rester, permanecer, permanecer , em contato
com a sensação. Como se a sensação fosse uma âncora que dificulta que eu me afaste,
eu só posso me segurar nela para permanecer um pouco, alguns segundos, e
rapidamente o mental o emocional, que legal. Tudo que aparece me leva embora de
novo desse lugar.

Fredy – Meio que... quanto mais familiar o lugar que você está, seu nível de confiança
é um pouco maior, quando você está na sua casa é quando você está mais relaxado,
mas mesmo assim você tem alguns medos, algumas preocupações. Mas parece que
quando você retorna para esse lugar, como o Lineu falou, você tem uma confiança que
você não encontra em lugar algum, é como se você estivesse realmente no lugar onde
você deveria estar.

Lineu – É de outra ordem

Fredy - O Malerbi falou que as coisas acontecem...foi o Malerbi que falou, em câmera
lenta?

Pessoas – Foi o Luiz.

Frey – O cheiro da cola estava muito forte hoje.


E realmente parece que as coisas acontecem em câmera lenta porque você consegue
absorver muito mais coisas ao mesmo tempo. Não é que você está no piloto
automático totalmente rápido cego para tudo o que vem em volta, você realmente
está absorvendo cada impressão que vem de cada lado.

Lineu – “O contato do interior com uma vida intensa e fina é a descoberta capital de
uma sensação nova. Devido a este contato, pode-se dizer então, eu me ressinto - no
sentido de eu tenho a sensação - e nós nos conhecemos vivos nisso que se exprime.”
- Ele está pondo em palavras o que nos não conseguimos falar, o que quer dizer
também, pode ser que nos não tenhamos vivido isto, mas não faz mal, fica abrindo um
caminho pra nós. É assim que nos devemos ouvir isso.
“Ainda não podemos falar de conhecimento de si, mas existe aí um esboço que é
importante de não perder, um começo que é importante de não perder. Se você
pudesse agora discernir neste novo tipo de sensação uma fina realidade emocional, -
procurem no que vocês viveram, tentei apontar para a Patrícia – uma fina realidade
emocional, sem nenhuma relação com aquilo que nós conhecemos como emoção – ele
ainda esta falando de sentimento – mas mesmo assim ainda misturada ou confundida
coma primeira, você pode dizer – Eu tenho a sensação e eu sinto – Pablo acorda. Quer
água? Deem água para o Pablo – É perfeitamente exato de um ponto de vista...ai eu
posso dizer... Eu tenho a sensação de min, ou eu...je me ressent e je me sent ... - em
francês eu diria eu tenho a sensação e eu me sinto – depois outros pontos
permanecerão ou ficam para serem reconhecidos, é perfeitamente exato de um ponto
de vista prático que se essa sensação preside a nossa vida manifesta, todos os nossos
funcionamentos aparecerão como inteligentes – ele está falando de uma pessoa, em
particular é a uma meio que .... que tinha dito que ao viver essa experiência lavando
ou fazendo a vessele ela tinha dito que, com se as mãos estivessem mais inteligentes e
lavassem a louça onde está ... que lavou a louça sozinho – Todos os nosso
funcionamentos aparecerão como mais inteligentes, o que você viu quando você
falava das duas mãos lavando a vessele. E uma coisa notável, você não fez nada – olha
que interessante – você não fez nada para que elas ficassem inteligentes”. – enquanto
uns e outros falavam, vocês, talvez a patrícia mais, você não fez nada quando você
partiu na direção disso que você viveu e falou, eu não falei pra min eu vou me sentir
em casa, eu vou me sentir mais seguro, eu falei eu vou sentir meu corpo, esse é o
deputado intendente, ele não sabe das outras coisas que não são com ele. É aquela
ideia, nós estamos passando ao largo de um tesouro enorme, o homem tem uma casa
e quatro quartos, vive num porão, nos estamos deixando por isso mesmo, enquanto a
nossa disposição tem uma vida vastíssima, de outra ordem mesmo, riquíssima, isso é o
começo, vocês estão falando do começo dessa possibilidade, não foi o que nós
pedimos mas é bem o que nós vivemos.
“A inteligência procede da relação, todo ato, toda função, todo ser, toda vida que não
estão ligados conscientemente à Causa - com letra maiúscula - a razão de tudo, são
coisas sem inteligência e sem valor - causa quer dizer também razão pela qual, quer
dizer também objetivo, quer dizer também o porquê.
“Mas a menor forma de vida no vasto mundo se ela estiver religada a origem, e o sabe
– ou seja, conscientemente, sabe disso – com essa finura intuitiva do coração que nós
vamos reconhecendo pouco à pouco, se o conhecendo ela honra e ama sem falhar,
por conhecer isso, toda pequena, a menor forma de vida brilha com a mesma
grandeza deste príncipe sem limites, do príncipe sem limites.

André – Príncipe ou princípio?

Julia – Do princípio

Lineu – Do princípio, do princípio sem limites

“Existe talvez lugar hoje para não ceder ao sentimento de limitado, mas pode-se sem
correr o risco falar de um volume de estar em contato com limites novos , alias não
seria senão algumas dezenas de centímetros, que por isso só, tudo estaria mudado,
este crescimento, essa expansão faz sair como que uma espécie de desprendimento
que faz com que nos sintamos mais livremente, porquê, menos estreitamente ligados
à diversos fenômenos, nossa emoções por exemplo. – quer dizer que estou mais livre
ou que as coisas permanecem iguais, mas nossas relações com essas coisas são outras
– Entretanto muitas dificuldades, - para não dizer todas – permanece. O que eu não
conheço é a vida, a sensação é uma propriedade dela, um aspecto nesse mundo de
formas, ele é portanto minha melhor guia, meu apoio, só ela pode me proteger contra
minhas imaginações fantasmagóricas, mas ela não pode me proteger se eu não for fiel
à ela, se a sensação não passa de uma pensamento ou ingenuamente desejado, eu me
afasto e me reencontro perdido num mundo inquietante – ele fala bem disso –
inquietante porque desconhecido – devo preferir voltar sem fim num mundo
conhecido? – nosso caso – ou me aventurar num desconhecido? Todas essas questões
estão sem sentidos, se eu não compreender que é a sensação que acabo de descobrir,
e se eu não me confiar à ela.
“É um procedimento, pode-se dizer, uma coisa a qual nós devemos voltar sem cessar,
muitas vezes, que pouco à pouco unirá e manterá num mesmo olhar tudo aquilo que
está em min, e é somente na medida que meu olhar englobar livremente mais e mais
coisas – o que você falou, mais impressões - que eu verei se dissipar minha ignorância
e meus medos, por esse conhecimento simultâneo de tudo que vive em min e pela
descoberta daquilo que religa tudo, eu começarei a compreender qual é o meu papel
de homem e o que é esperado de min, porque eu nasci nesse corpo, nessas condições,
nesse planeta.”

Vou ler de novo isso...amando isto como meu coração, com a finura intuitiva do
coração que eu reconheço pouco a pouco, eu o conhecendo ou a conhecendo a honro
e a amo sem falhar, toda esta pequena forma de vida brilhará com a grandeza desse
princípio, ou deste mesmo princípio sem limites.”

Enquanto eu olhava isso e pensava nos temas, eu não tenho que ficar bom de tema, eu
tenho que ficar bom disso aqui. Não tenho que ficar bem de ideias, isso vem depois,
isso abre caminho, não é o fim, o objetivo é esse aqui.

Fredy : Essa parte do texto descreveu acho que perfeitamente ...


Lineu – Espera aí...um por vez..

Fredy : Essa parte do texto me veio muito a mente, descreveu perfeitamente o que eu
falei do bar uma vez...

Malerbi – Não sei se todo mundo ouviu do bar?

Lineu – Vai todo mundo querer ir nesse bar...

FIM

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