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Publicado em: 30/01/2019 | Atualizado em: 31/01/2019

Academia de Ciências recebe governador na celebração da posse do novo


presidente da FAPERJ

Por Ascom Faperj

Celebração na casa da ciência: o novo presidente da FAPERJ, Jerson Lima,


discursa ao lado do governador Wilson Witzel (à sua dir.) durante cerimônia
para marcar sua nomeação, na Academia de Ciências (Foto: Ascom/ABC)

Solenidade na Academia Brasileira de Ciências (ABC) na segunda, 28 de janeiro, celebrou a posse do


cientista e acadêmico Jerson Lima Silva na presidência da FAPERJ. Com auditório lotado, a cerimônia
contou com a presença do governador Wilson Witzel, que ratificou seu desejo de cumprir o que determina
a Constituição estadual e voltar a destinar 2% da receita tributária líquida para a FAPERJ. Desde 2015
que a Fundação vem enfrentando dificuldades para honrar o pagamento dos chamados “Auxílios”,
limitando-se quase que unicamente ao pagamento de bolsas. Os “Auxílios”, que representavam até então
a maior parte do fomento à pesquisa praticado pela FAPERJ, se dividem em programas regulares do
calendário anual de apoio a projetos, além de editais específicos voltados para o incremento das
atividades em áreas da Ciência, Tecnologia e Inovação, de acordo com necessidades previamente
identificadas.

Acompanhado do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I), Leonardo Rodrigues, o


governador disse que fará todo o possível para cumprir a Constituição estadual. “Esse é o nosso objetivo.
Mas estamos em um momento muito difícil, sendo obrigados a um contingenciamento para ter segurança
para encerrar o exercício financeiro”, disse. Em sua fala, o governador mostrou-se sensibilizado com a
necessidade dos investimentos na área e lembrou sua própria trajetória na academia, já que faz
atualmente doutorado em Ciência Política na Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele também
destacou as ações em curso para aumentar a arrecadação, como o combate à sonegação fiscal e as
negociações com o governo federal para aumentar o repasse para os estados dos impostos arrecadados,
assim como a porcentagem dos royalties do petróleo.

Além de Witzel e Rodrigues, também compuseram a mesa na solenidade o reitor da Universidade do


Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ruy Garcia Marques; o presidente da ABC, Luiz Davidovivich; o vice-
presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), Antônio Egídio Nardi, e o presidente em exercício
da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), André Godoy.
O primeiro a discursar foi o anfitrião, Davidovich, que ressaltou que o estado do Rio tem características
ímpares por abrigar instituições de pesquisa de relevância nacional e internacional, exemplos de potência
científica e de inovação à espera de apoio continuado e sólido. “É com esperança que recebemos nesta
casa o governador e o secretário, pois queremos de fato ver uma FAPERJ forte e os parabenizo pela
escolha do professor Jerson Lima, que garante a continuidade das ações da Fundação”, disse o
renomado físico.

Em seu discurso, Davidovich lembrou aos presentes que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (Fapesp) há tempos já recebe os recursos do erário mensalmente, na forma de
duodécimos, o que não acontece no Rio. Ele destacou alguns projetos marcantes na área da Ciência,
Tecnologia e Inovação que geraram importantes retornos para a economia e a sociedade, como a
descoberta revolucionária da pesquisadora Johanna Döbereiner, de fixação de nitrogênio no solo por
meio de bactérias, o que proporcionou aumento de quatro a sete vezes na produtividade das lavouras de
soja, além de uma economia de bilhões de dólares com adubos nitrogenados. Mencionou ainda o tanque
oceânico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que permite simular as condições
enfrentadas por plataformas de petróleo em alto-mar. “Temos muita esperança de que essas oscilações
no repasse de recursos à FAPERJ, que denotam descaso do governo estadual com a Ciência no Estado
do Rio, vão mudar”, afirmou, lembrando que um apoio constante à pesquisa fluminense certamente
enriquecerá a economia do Rio de Janeiro e do Brasil. Como exemplo, destacou os avanços obtidos no
estudo do Alzheimer e, em particular, da rede de estudos em Arboviroses – que reuniu os principais
nomes da pesquisa na área no estado e foi financiada em sua maior parte pela FAPERJ –, que incluem
pesquisas com dengue, zika e chikungunya, e que apresentaram resultados importantes. Criada, em
alguma medida, após a explosão de casos de microcefalia no País, a rede permitiu não só confirmar a
relação entre a Zika e a microcefalia, como igualmente avançar, por exemplo, em descobertas relevantes
para a cura de casos neurológicos graves de dengue e chikungunya.

Após a cerimônia, Jerson Lima (ao centro) posa ao lado de alguns de seus alunos e
colaboradores (Foto: Lécio Augusto Ramos)

Reitor da Uerj, Garcia Marques, que foi presidente da FAPERJ entre os anos de 2007 e 2014, elogiou a
escolha do governador para presidir a Fundação. “A comunidade científica do estado está em festa com a
chegada do professor Jerson Lima à presidência da FAPERJ”, disse, ressaltando que o acadêmico
conhece a Fundação em plenitude, tendo sido seu diretor Científico entre os anos de 2003 e 2018, com
aprovação maciça de toda a comunidade. “Trabalhei por oito anos com o professor Jerson na FAPERJ e
não tenho qualquer dúvida de que ele reúne todas as qualidades para assumir a presidência dessa que é
a principal agência de fomento à pesquisa em nosso estado”. Dirigindo-se ao governador, lembrou que a
FAPERJ é de primordial importância para todas as instituições de pesquisa e inovação sediadas no
estado, em especial para as universidades estaduais. “Precisamos restabelecer no menor espaço de
tempo possível a capacidade de fomento da FAPERJ. Nos últimos três anos, tivemos uma drástica
redução no Auxílio à Pesquisa”, lembrou. Segundo ele, não obstante a situação crítica por que passa o
estado, é indispensável que haja um cronograma de pagamento de todos os “Auxílios” aprovados pela
Fundação – alguns que remontam ao segundo semestre de 2014 – e não pagos, pois eles são
fundamentais para o funcionamento e desenvolvimento de centenas de laboratórios e linhas de pesquisa
em todas as áreas de conhecimento e em todas as instituições de ensino e pesquisa sediadas no Rio de
Janeiro.

O secretário estadual de C,T&I, Leonardo Rodrigues, destacou o perfil técnico das equipes que estão
sendo montadas nas áreas de C,T&I e comentou sobre a tranquilidade de ter, na FAPERJ, um presidente
que tem o respaldo de toda a comunidade científica. Rodrigues reforçou a necessidade da academia e as
empresas caminharem juntas. “Nós precisamos trabalhar ao lado da sociedade e dar oportunidades para
os jovens que pretendem entrar no mercado de trabalho por meio da Faetec [Fundação de Apoio à Escola
Técnica], que também tem todo apoio da FAPERJ. É necessário ter um olhar social e de inclusão porque
nós só vamos virar esse jogo com educação, formação profissional, e disponibilizando para o mercado os
melhores profissionais”, disse.

Gestores, acadêmicos, autoridades, pesquisadores e funcionários da


FAPERJ lotaram o auditório da Academia Brasileira de Ciências, no
Rio, para acompanhar a cerimônia (Foto: Lécio Augusto Ramos)

O presidente da FAPERJ, que foi o penúltimo a discursar, lembrou que o estado do Rio de Janeiro conta
com um avantajado número de instituições de excelência, e que quatro universidades sediadas no Rio
estão entre as 20 melhores avaliadas do País. “Com todo esse patrimônio imensurável, somos o segundo
estado em maior produção de conhecimento e inovação do País. Levando-se em consideração que nos
dias atuais conhecimento é riqueza, podemos afirmar que o estado é rico, e que essa riqueza precisa ser
valorizada, nutrida e chamada a contribuir na solução dos problemas fluminenses. Nesse cenário, a
principal missão da FAPERJ é fazer com que esse grande patrimônio científico e tecnológico do estado
gere conhecimento novo e que participe ativamente do desenvolvimento sustentável e da recuperação
econômica e social do Rio de Janeiro”, acrescentou.

De acordo com o novo titular da FAPERJ, como parte do projeto de recuperação da capacidade de
fomento da Fundação, a FAPERJ e a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação buscarão
aumentar as parcerias com as agências do Governo Federal e suas agências, CNPq, Finep, Capes,
Decit, Embrapii. Em seguida, citou a política de investimentos em pesquisa nos Estados Unidos para
exemplificar o retorno financeiro dos recursos alocados em C,T&I, argumentando que é preciso inverter a
lógica de que em épocas de crise a área é quase sempre uma das primeiras a primeiras sofrer cortes. Em
seu discurso, Jerson lembrou que, de acordo com o diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde
Americano (NIH), Francis Collins, cada dólar investido pelo NIH na área de pesquisa Biomédica e da
Saúde resulta em um retorno de US$ 2,2 dólares em 12 meses, de acordo com um estudo publicado em
2010 na revista científica Nature.

A solenidade contou ainda com a presença de um expressivo número de acadêmicos da Ciência, reitores,
pró-reitores, pesquisadores e professores. Diversos membros do secretariado de Witzel marcaram
presença na cerimônia. Além de Rodrigues, também estavam presentes o secretário estadual de Esporte,
Lazer e Juventude, Felipe Bornier; a secretária estadual de Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia
Santoro; o secretário estadual de Governo e de Relações Institucionais, Gutemberg de Paula Fonseca.
Saudações especiais foram feitas ao ex-presidente da ABC, o matemático Jacob Palis, e ao historiador
José Murilo de Carvalho, que além de acadêmico da ABC, também integra a Academia Brasileira de
Letras (ABL). Também tiveram suas presenças registradas o documentarista e empresário João Moreira
Salles, fundador do Instituto Serrapilheira, primeira instituição privada dedicada ao fomento da pesquisa
no País; e o físico Ildeu de Castro Moreira, presidente Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência
(SBPC).

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