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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI

LUIZ VITOR GIACOMINI SOPHIA

ANÁLISE COMPARATIVA DAS ALTERNATIVAS PARA SIMULAÇÃO CFD DE


TANQUE DE MISTURA OPERANDO EM REGIME TURBULENTO

São Bernardo do Campo


2010
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LUIZ VITOR GIACOMINI SOPHIA

ANÁLISE COMPARATIVA DAS ALTERNATIVAS PARA SIMULAÇÃO CFD DE


TANQUE DE MISTURA OPERANDO EM REGIME TURBULENTO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro


Universitário da FEI para a obtenção do título
de Mestre em Engenharia Mecânica.
Área de concentração:
Sistemas da Mobilidade – Propulsão e Energia
Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo de Mello

São Bernardo do Campo


2010
Dedico este trabalho a Deus, aos

meus pais, à minha namorada e

a todos que me ajudaram na

realização deste sonho.


A preocupação com o próprio homem e

seu destino deve ser sempre o principal

interesse de todo o esforço técnico (...)

para que as criações de nossas mentes

sejam uma benção, e não uma maldição

para a humanidade. Nunca se esqueçam

disso em meio a seus diagramas e

equações.

(Albert Einstein)
RESUMO

Os tanques de mistura são amplamente utilizados nos processos industriais: químicos,


petroquímicos, farmacêuticos, alimentícios e nas estações de tratamento de efluentes. O
comportamento de um sistema de agitação tem um grande impacto na qualidade do produto e
no custo de produção. O projeto adequado de um sistema de mistura pode minimizar os gastos
energéticos do equipamento e seu tempo de processamento, além de melhorar a uniformidade
do produto. O número de Potência é um parâmetro fundamental para o dimensionamento do
tanque e também para estimar o consumo energético. Nas aplicações industriais de mistura, o
consumo de potência por unidade de volume é um dos parâmetros mais utilizados para
aumento e diminuição de escalas (scale-up e scale-down) de projeto. A CFD (Computational
Fluid Dynamics) tem apresentado um papel importante para ajudar a entender o complexo
comportamento do escoamento no interior do tanque agitado. O presente trabalho apresenta
uma comparação dos diferentes modelos para tratamento do domínio rotativo utilizados na
simulação CFD de tanques de mistura. As simulações foram realizadas para um impelidor do
tipo pás inclinadas 45°, operando em regime turbulento. Além disso, é proposto um
procedimento para o cálculo do número de Bombeamento no interior do tanque agitado. Os
resultados obtidos através das simulações numéricas são validados através da comparação
com resultados experimentais disponíveis na literatura. Os resultados obtidos mostraram que
os números de Potência obtidos pelo modelo Frozen Rotor são bastante próximos aos
resultados obtidos pelo modelo Stage, mostrando que o número de Potência permanece
praticamente constante em função do número de Reynolds. Conseqüentemente, os modelos
ofereceram resultados próximos para a estimativa de consumo energético do sistema de
agitação. Os diferentes modelos para tratamento do domínio rotativo apresentaram diferenças
nos resultados para o número de Bombeamento, linhas de corrente e relação número de
Potência / número de Bombeamento (Np/NB), mostrando que a qualidade dos resultados é
influenciada pelo modelo escolhido.
Palavras chave: Tanque de mistura. Número de Potência. Dinâmica dos Fluidos
Computacional (CFD).
ABSTRACT

Stirred vessels are widely used in the industries process: chemicals, petrochemicals
pharmaceuticals, as well as wastewater treatment. Stirred vessel behavior has a great impact
in the product’s production cost and quality. The optimized project of a mixing system can
minimize the equipment power consumption and its processing time, improving product’s
uniformity. The power number is one of the most widely used design parameters in the
mixing operation and has proven to be a reliable predictor of power consumption. In industrial
mixing applications, the power consumption per unit volume of fluid is a parameter used
extensively for scale-up, scale-down and design. Computational fluid dynamics (CFD) is
playing a key role in helping to understand the highly complex flow inside stirred vessels. The
present work shows a comparison through different models used to treat rotating frame used
in CFD simulation. The simulation was done for 45° pitched blade turbine in a turbulent flow.
Moreover it is proposed a procedure to estimate the pumping number inside stirred reactor.
The results obtained by numerical simulations are validated by comparison with experimental
results published in the literature. The results have shown that power numbers obtained using
Frozen Rotor model are closely with Stage model. Both models produce results for the power
number practically constant in the turbulent regime. Consequently, different models have
shown results with great agreement to estimate the equipment power consumption. The
different models used to treat rotating frame used in CFD simulation have presented different
results in flow number, flow patterns inside stirred reactor (streamlines) and power number /
flow number relation, showing that the quality of results is influenced by the rotating frame
model.
Key words: Stirred vessels. Power Number. Computational fluid dynamics (CFD).
LISTA DE FIGURAS

Fig. 2.1 - Dimensões características do tanque: (a) tanque com chicana e (b) tanque sem
chicana......................................................................................................................................25
Fig. 2.2 - Impelidores utilizados: (a) Impelidor Rushton e (b) Impelidor do tipo 8 pás...........26
Fig. 2.3 - Vetores Velocidade em um plano vertical próximo à pá (a) θ = 0°, (b) θ = 30°, (c)
θ = 60°.......................................................................................................................................27
Fig. 2.4 - Geometria: tanque e impelidor..................................................................................28
Fig. 2.5 - Vetores plotados em um plano vertical no meio do tanque entre duas chicanas
sucessivas para duas elevações (C/T) diferentes em relação ao fundo do tanque e visualização
da malha utilizada.....................................................................................................................28
Fig. 2.6 - Impelidores: (a) tipo pás inclinadas (PBT) e (b) tipo Rushton (RT) ........................29
Fig. 2.7 - Efeito da razão (espessura(t)/diâmetro(D) da pá do impelidor) e o número de
Potência totalmente turbulento para o impelidor tipo RT e PBT..............................................30
Fig. 2.8 - Vetores velocidade e perfil da superfície livre para frações volumétricas de 0,2; 0,4;
0,6 e 0,8 (da linha da cor cinza claro ao preto): (a) utilizando-se malha hexaédrica e
velocidade de 0,303 m/s e (b) utilizando-se malha tetraédrica e velocidade de 0,205
m/s............................................................................................................................................ 33
Fig. 2.9 - Comparação do formato do vórtice através da simulação numérica e através da
técnica experimental para uma rotação do impelidor de 275 rpm............................................34
Fig. 2.10 - Curva: Números de Potência em função do Número de Reynolds para tanque sem
chicanas.....................................................................................................................................35
Fig. 2.11 - Curva: Números de Potência em função do Número de Reynolds para tanque com
chicanas.....................................................................................................................................36
Fig. 2.12 - Curva: Potência em função da Rotação do impelidor (rpm)...................................36
Fig. 2.13 - Curva: Potência em função da Rotação do impelidor (rpm)...................................37
Fig. 2.14 - Geometria do Modelo Estudado: Vista Lateral.......................................................38
Fig. 2.15 - Geometria do Modelo Estudado: Vista Superior....................................................38
Fig. 2.16 - Geometria do Impelidor..........................................................................................39
Fig. 2.17 - Resultados obtidos: Número de Potência x Número de Reynolds..........................40
Fig. 2.18 - Vetores velocidade para os ângulos 45°, 60°, 75° e 90° da pá do impelidor em
planos φ diferentes: (a) φ = 10° e (b) φ = 25°...........................................................................41
Fig. 3.1 - Impelidor do tipo pás inclinadas...............................................................................43
Fig. 3.2 - Impelidores típicos para fluidos com média à baixa viscosidade: a) Pás inclinadas,
b) Tipo Turbina e c) Tipo Fluidfoil...........................................................................................44
Fig. 3.3 - Modelo de Impelidores..............................................................................................46
Fig. 3.4 - Perfil de escoamento devido à mudança do ângulo de ataque para um impelidor do
tipo Fluidfoil.............................................................................................................................47
Fig. 3.5 - Volume de Controle ao redor do impelidor...............................................................54
Fig. 3.6 - Gráfico representativo do Np versus Re....................................................................55
Fig. 3.7 - Número de Potência versus Número de Reynolds para 3 tipos diferentes de
impelidores................................................................................................................................56
Fig. 4.1 - Geometria de coordenadas inerciais versus coordenadas não inerciais....................60
Fig 4.2 - Visualização do escoamento: (a) laminar (b) turbulento............................................63
Fig 4.3 - a) Escoamento colado à asa e b) Separação no escoamento......................................64
Fig. 4.4 - Visualização do escoamento turbulento sobre um cilindro.......................................64
Fig. 4.5 - Velocidade medida em um ponto em regime de escoamento turbulento..................65
Fig. 4.6 - Etapas para a solução numérica do problema...........................................................73
Fig. 4.7 - Tanque Agitado........................................................................................................76
Fig. 4.8 - 1/4 do Tanque Agitado dividido nos domínios estacionário e rotativo.....................77
Fig. 4.9 - Paredes do sistema de agitação.................................................................................78
Fig. 4.10 - Malha computacional não estruturada aplicada ao tanque agitado.........................79
Fig. 4.11 - Malha computacional não estruturada aplicada em ¼ do tanque agitado..............80
Fig. 4.12 - Malha computacional não estruturada aplicada no impelidor.................................81
Fig. 5.1 - Exemplo de aglomeração adaptativa em malhas não estruturadas (a) malha fina, (b)
primeira malha grosseira, (c) segunda malha grosseira............................................................88
Fig. 5.2 - Modelos para o sistema de referência.......................................................................90
Fig. 6.1 - Distância adimensional à parede (y+) na superfície do impelidor.............................93
Fig. 6.2 - Distância adimensional à parede (y+) na superfície das paredes do tanque
agitado.......................................................................................................................................94
Fig. 6.3 - Monitoramento do Número de Potência em função do tempo de simulação obtido
através de simulação transiente utilizando o modelo Sliding Mesh..........................................97
Fig. 6.4 - Resultados obtidos para o número de Potência.........................................................98
Fig. 6.5 - Apresentação do ângulo φ.......................................................................................100
Figs. 6.6 e 6.7 - Plano traçado para a obtenção do perfil de velocidades...............................100
Fig. 6.8 - Vetores Velocidade (Frozen Rotor, N=30 RPM)....................................................101
Fig. 6.9 - Vetores Velocidade (Stage N=30 RPM).................................................................101
Fig. 6.10 - Vetores Velocidade (Sliding Mesh, N=30 RPM)..................................................102
Fig. 6.11 - Vetores Velocidade apresentado por Suzukawa et al (2006)...............................102
Fig. 6.12 - Padrão de escoamento no interior do tanque agitado (linhas de corrente)
(Frozen Rotor, N=30 RPM)....................................................................................................103
Fig. 6.13 - Padrão de escoamento no interior do tanque agitado (linhas de corrente)
(Stage, N=30 RPM).................................................................................................................104
Fig. 6.14 - Padrão de escoamento no interior do tanque agitado (linhas de corrente)
(Sliding Mesh, N=30 RPM)...................................................................................................105
Fig. 6.15 - Plano traçado para obtenção da vazão do impelidor.............................................106
Fig. 6.16 - Planos traçados para obtenção do número de Bombeamento...............................107
Fig. 6.17 - Número de Bombeamento em função do Plano traçado para N = 30 RPM..........108
Fig. 6.18 - Número de Bombeamento em função do Plano traçado para N = 90 RPM..........109
Fig. 6.19 - Número de Bombeamento em função do Plano traçado para N = 180 RPM........109
Fig. 6.20 - Número de Bombeamento para y = - 0,04 m para os três modelos MRF.............110
Fig. 6.21 - Número de Bombeamento em função do Número de Reynolds para diferentes
razões (D/T)............................................................................................................................111
Fig. 6.22 - Relação Número de Potência / Número de Bombeamento...................................112
Fig. 6.23 - Potência.................................................................................................................113
LISTA DE TABELAS

Tab. 2.1 - Comparação dos números de Potência obtidos na simulação numérica com os dados
disponíveis na literatura............................................................................................................26
Tab. 2.2 - Número de Potência para o Regime de Transição....................................................31
Tab. 2.3 - Número de Potência para o Regime Turbulento...............................................31 e 32
Tab. 2.4 - Erro percentual na comparação dos números de Potência para o Regime
Turbulento.................................................................................................................................32
Tab. 4.1 - Relações geométricas do tanque agitado..................................................................75
Tab. 6.1 - Resultados obtidos para o número de Potência para diferentes malhas (N=30
rpm)...........................................................................................................................................93
Tab. 6.2 - Relações Geométricas do Tanque Agitado...............................................................95
Tab. A.1 - Torque obtido através da Simulação Numérica....................................................120
Tab. A.2 - Número de Potência obtido através da Simulação Numérica................................121
Tab. A.3 - Número de Bombeamento para uma rotação do impelidor de N=30 RPM...........122
Tab. A.4 - Número de Bombeamento para uma rotação do impelidor de N=90 RPM...........123
Tab. A.5 - Número de Bombeamento para uma rotação do impelidor de N=180 RPM.........124
Tab. A.6 - Número de Bombeamento obtido para y = - 0,04 m ............................................125
Tab. A.7 - Resultados: Relação Número de Potência/Número de Bombeamento..................125
Tab. A.8 - Potência obtida através da Simulação Numérica...................................................125
LISTA DE SÍMBOLOS

LETRAS LATINAS

[A] Coeficiente da matriz do sistema linear

a’i Aceleração, m/s²

ap, ai Coeficientes do volume de controle

arel Aceleração relativa, m/s²

A Constante empírica da correlação de Nagata (1975)

Ap Área projetada do impelidor, m2

[b] Lado direito da matriz

B Largura das chicanas, m

B’ Constante empírica da correlação de Nagata (1975)

B* Constante do modelo SST

C Distância entre o fundo do tanque e o impelidor, m

CD Coeficiente de Arrasto

CDkw Constante do modelo SST

D Diâmetro da pá ou disco ou hélice do impelidor, m

FD Força de Arrasto, kg.m/s2 =N

F1 Função de Ajuste 1 do modelo SST

F2 Função de Ajuste 2 do modelo SST

g Aceleração gravitacional, m/s2

k Energia cinética turbulenta, m2/s2

K Constante de proporcionalidade

L Comprimento característico, m
L Vetor distância entre a partícula e o eixo

m Massa, kg

N Rotação do Impelidor, rotação/segundo

nb Número de chicanas

NBO Número de Bombeamento

NFR Número de Froude

Nmist Número de Mistura

NP Número de Potência

NPm Número de Potência Modificado

NP∞ Número de Potência para Reynolds infinito (Constante Empírica)

NPNI Número de Potência proposto por Nishikawa et al (1979)

p Constante empírica da correlação de Nagata (1975)

P Pressão

Pw Potência, J/s = W

Constante do modelo SST (Limitador do modelo SST)

Q Taxa de bombeamento do impelidor, m3/s

r Vetor entre a origem do referencial não inercial e o centro do volume de


controle

rn Resíduo

Rc Constante empírica da correlação de Nagata (1975)

Re Número de Reynolds

Rθ Constante empírica da correlação de Nagata (1975)

S Vorticidade
Si Posição, m

Ss Termo fonte

t Tempo, s

T Diâmetro interno do tanque de mistura, m

Ti Intensidade Turbulenta

Tq Torque, N.m

u Velocidade, m/s

U Velocidade de escoamento médio, m/s

u (t) Velocidade total, m/s

u’(t) Componente de flutuação da velocidade

u,v,w Componentes da velocidade no sistema de coordenadas cartesiano, m/s

Vmod Velocidade medida em um plano arbitrário no interior do tanque agitado, m/s

Flutuações da velocidade

y+ Distância adimensional à parede (y+)

X,Y,Z Componentes de sistema de coordenadas cartesiano, m

w Largura da pá ou disco ou hélice do impelidor, m

Z Altura do líquido, m

LETRAS GREGAS

α1 Constante do modelo SST

α2 Constante do modelo SST

β Tempo de mistura

β1 Constante do modelo SST

β2 Constante do modelo SST


δk Constante do modelo SST

δk1 Constante do modelo SST

δk2 Constante do modelo SST

δw1 Constante do modelo SST

δw2 Constante do modelo SST

Tolerância da variável no domínio

ε Taxa de dissipação da energia cinética turbulenta, m2/s3

ηw
Tensão de cisalhamento na parede

θ Angulação da pá do impelidor

µ Viscosidade dinâmica, kg/m s

µt Viscosidade turbulenta

µeff Viscosidade efetiva

ν Viscosidade cinemática, m2/s

π Constante matemática, 3,1415926.....

ρ Massa específica, kg/m3

ζk Constante do modelo SST

ζn Constante do modelo SST

θ Propriedade escalar

Média temporal das flutuações

Variância

Raiz Quadrada (Root Mean Square)

Ω (t) Velocidade angular do sistema de coordenadas não inercial


ϕ Valor principal Fixo

Propriedade Genérica

up Propriedade Genérica no nó upwind

p e i Propriedade Genérica em p e i

[ ] Vetor solução

Coeficiente de Difusão

∇ Operador gradiente

∇ Gradiente dos nós a montante

n Distância entre o 1° e o 2° nós fora da parede, m


LISTA DE SIGLAS

ACM Additive Correction Multigrid

AMG Algebraic Multigrid

CAD Computer-Aided Design

CFD Computational Fluid Dynamics

CFX Código Comercial de CFD

DNS Direct Numerial Simulation

IO Inner Outer

LDA Laser Doppler Anemometry

LDV Laser Doppler Velocimetry

LES Large Eddy Simulation

MDF Método das Diferenças Finitas

MEF Método dos Elementos Finitos

MRF Multiple Reference Frames

MVF Método dos Volumes Finitos

PBT Pitched Blade Turbine

PBTD Pitched Blade Turbine Downflow

PIV Particle Image Velocimetry

PRIMER Pressure Implicit Momentum Explicit

QUIK Quadratic Upstream Interpolation of Convective Kinematics Scheme

RANS Reynolds Averaged Navier Stokes

RMS Root Mean Square


RT Rushton Turbine

SIMPLE Semi Implicit Linked Equations

SIMPLEC Semi Implicit Linked Equations Consistent

SIMPLER Semi Implicit Linked Equations Revised

SST Shear Stress Transport


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................21

1.1 Objetivos do presente trabalho..................................................................................23

1.2 Organização da Dissertação.......................................................................................23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................24

2.1 Introdução....................................................................................................................24

2.2 Revisão bibliográfica...................................................................................................25

2.3 Resultados Experimentais para validação do modelo numérico............................37

3. PARÂMETROS DE UM SISTEMA DE AGITAÇÃO............................................42

3.1 Introdução....................................................................................................................42

3.2 Variáveis de um projeto de um sistema de mistura.................................................47

3.3 Análise Dimensional....................................................................................................48

3.4 Números Adimensionais típicos de um sistema de agitação....................................50

3.4.1 Número de Reynolds (NRe)...........................................................................................50

3.4.2 Número de Froude (NFR)...............................................................................................51

3.4.3 Número de Bombeamento (NBO)...................................................................................51

3.4.4 Número de Mistura (Nmist).............................................................................................52

3.4.5 Número de Potência (Np)...............................................................................................52

3.5 Equações empíricas para o cálculo do número de Potência para o agitador do


tipo pás inclinadas.......................................................................................................57

4. MODELO MATEMÁTICO.......................................................................................59

4.1 Introdução....................................................................................................................59

4.2 Equações de Conservação...........................................................................................59

4.3 Sistema de Coordenadas Não Inercial.......................................................................60

4.4 Turbulência..................................................................................................................62

4.4.1 Aspectos Qualitativos....................................................................................................62


4.4.2 Aspectos Quantitativos..................................................................................................65

4.5 Equação de Conservação com médias de Reynolds (RANS - Reynolds Averaged


Navier-Stokes)..............................................................................................................67

4.6 Modelos de Turbulência.............................................................................................69

4.7 Modelo de Turbulência SST (Shear Stress Transport).............................................70

4.8 Solução numérica utilizando o pacote computacional CFD....................................73

4.9 Geometria do Modelo..................................................................................................75

4.10 Condições de contorno e propriedades físicas..........................................................77

4.11 Malha Computacional.................................................................................................79

5. MÉTODO NUMÉRICO.............................................................................................82

5.1 Método dos Volumes Finitos (MVF)..........................................................................82

5.2 Características do código computacional utilizado..................................................83

5.3 Esquema de discretização dos termos advectivos.....................................................84

5.4 Solução do sistema linear de equações algébricas e o acoplamento pressão-


velocidade.....................................................................................................................85

5.5 Critério de convergência.............................................................................................89

5.6 Modelos disponíveis para sistemas rotativos............................................................90

6. RESULTADOS............................................................................................................92

6.1 Estudo de refinamento da malha...............................................................................92

6.2 Número de Potência....................................................................................................95

6.3 Vetores Velocidade .....................................................................................................99

6.4 Padrão do escoamento no interior do tanque agitado (Linhas de Corrente)......103

6.5 Número de Bombeamento........................................................................................105

6.6 Relação: Número de Potência / Número de Bombeamento...................................112

6.7 Potência......................................................................................................................113

7. CONCLUSÕES.........................................................................................................115

8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...................................................117


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................118

APÊNDICE A............................................................................................................121
21

1. INTRODUÇÃO

A mistura é provavelmente a operação unitária mais comum nas indústrias químicas


de todo o mundo. O processo de mistura em tanques agitados tem sido estudado ao longo do
tempo devido às inúmeras aplicações em processos industriais tais como mineração,
alimentos, petróleo, produtos químicos e farmacêuticos, tratamento de efluentes entre outros.
Na literatura diversos exemplos podem ser encontrados para aplicações de agitadores.
De uma forma geral, podem-se classificar as aplicações dos agitadores em duas grandes áreas:
a primeira área envolve a uniformidade tanto em relação à suspensão de sólidos quanto em
relação à uniformidade de mistura e a segunda área envolve reações químicas e transferência
de massa.
Produtos do gênero químico (resinas, tintas, papéis, polímeros), produtos do gênero
alimentício (bebidas alcoólicas, maionese, biscoitos, chocolates), produtos de higiene pessoal
(xampu, sabão e etc.) todos utilizam processos de agitação e mistura em alguma etapa do seu
processo de fabricação.
Apesar de décadas de aplicações, ainda não há uma teoria totalmente fechada para a
operação de mistura. O entendimento sobre agitação é limitado e o projeto dos tanques
atualmente depende de dados experimentais, uma vez que as leis físicas que regem os
fenômenos envolvidos no processo de mistura, principalmente no regime turbulento, não
possuem soluções analíticas e, portanto, há uma complexidade no modelo a ser tratado. Para o
processo de mistura em regime laminar, já se obtém atualmente resultados com simulações da
dinâmica dos fluidos computacional - amplamente conhecida por CFD (Computational Fluid
Dynamics) - bem próximos da realidade.
Existem diversos fatores que podem aumentar o nível de complexidade de um sistema
de mistura, dentre os quais se destacam: a existência de múltiplas fases e frações volumétricas
no processo; a utilização de fluidos não-newtonianos; o regime de escoamento estar
localizado em uma faixa de transição entre laminar e turbulento e para regimes totalmente
turbulentos onde o escoamento é caótico e aleatório e a existência de condições iniciais
complexas como um processo contendo suspensão de sólidos em que todo o material sólido
encontra-se inicialmente decantado.
Deve-se estudar e entender melhor a eficiência de um sistema de mistura, pois o
sistema de agitação causa um impacto direto no custo de produção, principalmente o custo de
22

energia elétrica. Além disso, o processo de agitação tem influência direta sobre a qualidade do
produto final.
O sistema de agitação e mistura consiste basicamente de um tanque cilíndrico, um ou
mais impelidores e um motor. Alguns tanques são providos de serpentinas ou camisas para
promover a troca de calor. Um exemplo clássico de utilização destes tanques está na produção
de resinas e em reações poliméricas onde o controle de temperatura é fundamental para o
processo produtivo. As características geométricas do sistema (diâmetro do impelidor,
diâmetro do tanque, largura da pá, presença ou não de chicanas, distância do impelidor ao
fundo do tanque e etc.) têm influência direta sobre o desempenho do processo e sobre o custo
da operação.
Vários resultados experimentais através de técnicas como LDV (Laser Doppler
Velocimetry) e PIV (Particle Image Velocimetry) estão disponíveis na literatura. Embora
abranjam um conjunto de condições de operação limitado, são de grande valor para a
validação de modelos de simulação numérica.
Diante do exposto, é necessário o uso de técnicas numéricas para um estudo mais
detalhado. A CFD (Computational Fluid Dynamics) tem sido cada vez mais utilizada para a
análise deste tipo de sistema. A dinâmica dos fluidos computacional resolve as equações de
conservação de massa, de energia e de quantidade de movimento.
O uso de técnicas numéricas para a solução de problemas complexos da engenharia e
da física é hoje uma realidade, graças ao desenvolvimento de computadores de alta velocidade
e de grande capacidade de armazenamento. Em função dessa disponibilidade computacional
que cresce exponencialmente, o desenvolvimento de algoritmos para a solução dos mais
diversos problemas tem recebido enorme atenção dos engenheiros, fazendo aumentar também
o número de pesquisadores e usuários de simulação numérica.
A simulação numérica não apresenta restrições podendo resolver problemas
complexos com condições de contorno gerais definidos em geometrias também complexas e
apresentando resultados com uma rapidez bastante grande. Outra grande vantagem da
utilização da simulação numérica está na possibilidade de se prever as condições de operação
de um determinado tanque de mistura antes de sua fabricação. Isto diminui as chances de se
obter um equipamento que não satisfaça algum requisito de projeto. A simulação do
comportamento do sistema através de protótipos numéricos antes de serem levados para testes
experimentais significa uma considerável economia de dinheiro e tempo.
A versatilidade e a generalidade dos métodos numéricos para a simulação de
problemas de engenharia são outros fatores motivadores para seu uso.
23

1.1 Objetivos do presente trabalho

Este trabalho tem por objetivo avaliar os diferentes modelos utilizados na simulação
CFD de tanques de mistura para um impelidor do tipo pás inclinadas 45° e comparar seus
resultados com resultados experimentais disponíveis na literatura.
As seguintes técnicas de simulação de domínios rotativos são avaliadas: Modelo
Múltiplos Sistemas de Referência Rotacional (Multiple Reference Frames), através das
técnicas Frozen Rotor, Stage (Circumferential Average) e Sliding Mesh.
As duas primeiras estratégias de resolução são realizadas em regime permanente e a
última em regime transiente. Os resultados fornecidos pelos diferentes modelos são
comparados entre si e com os resultados experimentais disponíveis na literatura.
Estimar a potência é um dos maiores interesses para um projeto de um sistema de
mistura. As informações de consumo de potência para os impelidores são de fundamental
importância em uma planta química, visto que o consumo de potência é proporcional ao custo
da operação. Em função do exposto, o foco da análise é comparar o número de Potência e o
número de Bombeamento fornecido pelos diferentes modelos com os resultados
experimentais.

1.2 Organização da Dissertação

O presente trabalho está organizado da seguinte forma: o capítulo 2 apresenta uma


revisão da literatura sobre tanques de mistura. Neste capítulo é dada ênfase aos trabalhos
realizados via simulação numérica através das técnicas de dinâmica dos fluidos
computacional. O capítulo 3 apresenta os conceitos relativos à agitação e mistura,
equipamentos, números adimensionais típicos de um sistema de mistura e algumas equações
empíricas para o cálculo do número de Potência para o impelidor do tipo pás inclinadas. O
capítulo 4 apresenta as equações diferenciais de conservação e informações sobre os modelos
de turbulência utilizados nas simulações. O capítulo 5 discute os aspectos numéricos do
programa utilizado nas simulações CFD. O capítulo 6 apresenta os resultados obtidos da
simulação numérica e a análise destes resultados. O capítulo 7 resume as principais
conclusões do presente trabalho e o capítulo 8 apresenta sugestões para estudos futuros.
24

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Introdução

O projeto de um sistema de mistura pode ser realizado basicamente através de duas


formas distintas: (1) através do uso de gráficos e correlações para os adimensionais
relacionados ao fenômeno obtidos a partir de estudos experimentais ou (2) através da
simulação numérica com o uso das técnicas da dinâmica dos fluidos computacional. O
presente trabalho aborda a simulação numérica por entender que se tem com esta abordagem
economia de recursos e tempo. Por esta razão, nesta revisão bibliográfica é dada ênfase aos
estudos realizados através das técnicas de dinâmica dos fluidos computacional (CFD).
Os primeiros estudos sobre sistemas de agitação se concentraram em estudos
experimentais: Nagata (1975) e Edwards et al (1976). Esses estudos através de testes
experimentais são realizados até os dias atuais. Novas técnicas experimentais como PIV
(Particle Image Velocimetry) e LDA (Laser Doppler Anemometry) permitem a obtenção de
resultados impossíveis de se obter por outras técnicas: Jaworski et al (2001), Khan et al
(2006) e Torré et al (2007).
A partir da década de 80 começaram os estudos através de softwares computacionais
utilizando a simulação numérica, como os trabalhos pioneiros de Dong et al (1994), Ciofalo et
al (1996) e Ranade et al (1997).
Os trabalhos realizados utilizando a dinâmica dos fluidos computacional (CFD) sobre
sistemas de agitação que operam em regime laminar estão presentes na literatura e os
resultados obtidos pelos autores são próximos aos reais. O grande desafio relacionado ao tema
é a modelagem CFD para o escoamento turbulento, para onde os esforços de pesquisa estão
direcionados.
Atualmente a literatura é bastante abundante sobre o tema tanques de mistura e
sistemas de agitação, porém quando se procura por algum assunto mais específico não há
muitos trabalhos realizados. Em função disso, são apresentados e discutidos alguns artigos
que, de certa forma, influenciaram a elaboração do presente trabalho. Serão abordados os
trabalhos realizados via simulação CFD em tanques de mistura que operam em regime
turbulento e trabalhos em que o objetivo específico foi a determinação do número de Potência
(Np). O objetivo principal desta revisão é o de verificar como a comunidade científica está
25

realizando as simulações: tipos dos impelidores estudados, os modelos de turbulência


escolhidos, as condições de contorno adotadas, as hipóteses usadas e os resultados
encontrados.

2.2 Revisão bibliográfica

Ciofalo et al (1996) estudaram um tanque agitado por um impelidor do tipo radial em


regime de escoamento turbulento através de uma simulação tridimensional utilizando o
Método dos Volumes Finitos. As simulações foram realizadas sem entradas de dados
empíricos através do sistema de referência rotacional no impelidor (Rotating Reference
Frame). Este trabalho é interessante, pois os problemas de superfície livre foram simulados
enquanto grande parte dos trabalhos apresentados na literatura não levam em consideração o
fenômeno de superfície livre. Embora a simulação considerando os efeitos da superfície livre
aumente significativamente o esforço computacional, os autores julgaram necessário incluí-
los.
Os autores apresentaram os perfis de velocidades e compararam o perfil de superfície
livre e o número de Potência com os dados experimentais na literatura. A geometria utilizada
no estudo é apresentada pelas figuras 2.1 e 2.2:

Fig. 2.1 - Dimensões características do tanque: (a) tanque com chicana e (b) tanque sem chicana
Fonte: Ciofalo et al (1996)
26

Fig. 2.2 - Impelidores utilizados: (a) Impelidor Rushton e (b) Impelidor do tipo 8 pás
Fonte: Ciofalo et al (1996)

A simulação foi realizada em um tanque de fundo chato com um impelidor do tipo 8-


pás localizado no centro do tanque. A velocidade de rotação do impelidor foi de 72 rpm e o
número de Reynolds 105. O pacote computacional utilizado foi o Harwell-Flow3D.
Os resultados obtidos para a superfície livre através da simulação numérica divergiram
em 9% em relação aos resultados obtidos por Nagata (1975).
Os resultados obtidos para o número de Potência através da simulação numérica
divergiram em 18% em média em relação a Nagata (1975), conforme mostra a tabela 2.1.

Tab. 2.1 – Comparação dos números de Potência obtidos na simulação numérica com os dados disponíveis na
literatura
Np Np
N (rpm) Re NFR Erro (%)
(simulação) (literatura)
139 23.200 0,052 1,19 1,47 -19,05

194 32.300 0,101 1,14 1,39 -17,99

240 40.000 0,155 1,09 1,33 -18,05

Fonte: Adaptado de Ciofalo et al (1996)

Syrjlinen e Manninen (2000) simularam numericamente o escoamento gerado por um


impelidor do tipo pás inclinadas. O fluido de trabalho foi silicone com densidade de 1039
kg/m³ e viscosidade dinâmica de 0,0159 Pa.s. Na simulação, a velocidade de rotação do
27

impelidor foi de 2672 rpm, resultando em um número de Reynolds de 7280. A simulação foi
realizada em regime permanente utilizando apenas um quarto do tanque por questões de
simetria. Malhas tetraédricas foram utilizadas. O pacote computacional usado foi o Fluent 5.
Para a discretização dos termos convectivos nas equações de conservação de
quantidade de movimento e turbulência, o esquema de 2° ordem QUICK foi utilizado. Um
modelo de segunda ordem foi utilizado para interpolar os valores de pressão nas equações de
conservação de quantidade de movimento. O acoplamento pressão-velocidade foi resolvido
utilizando-se o algoritmo SIMPLE. Os autores utilizaram o modelo de turbulência k-ε. Os
vetores velocidades foram obtidos próximos ao impelidor em um plano vertical em três
localizações tangenciais θ diferentes através da simulação numérica conforme mostra a figura
2.3. O plano θ = 0° refere-se ao plano fictício que passa sobre a pá. Os resultados obtidos
pelos autores mostraram boa concordância com os resultados experimentais obtidos por
Schafer et al (1998), apresentando uma diferença porcentual de 3%.

Fig. 2.3 – Vetores Velocidade em um plano vertical próximo à pá (a) θ = 0°, (b) θ = 30°, (c) θ = 60°
Fonte: Syrjlinen e Manninen (2000)

Montante et al (2001) estudaram o impacto causado na natureza do escoamento pela


alteração da distância do impelidor ao fundo do tanque em um sistema de agitação. O estudo
foi realizado experimentalmente utilizando-se a técnica de Laser Doppler Anemometry e
através da simulação numérica por CFD e os resultados foram comparados. Os autores
mostram que duas recirculações ocorrem em um impelidor do tipo radial: uma abaixo e uma
acima do disco. Entretanto, se a distância do disco ao fundo do tanque for reduzida
gradativamente, haverá um ponto em que se obtém apenas uma única recirculação. Os autores
estudaram um tanque cilíndrico de vidro com diâmetro de 290 mm, dotado de quatro chicanas
e um impelidor do tipo Rushton, conforme mostra a figura 2.4.
28

B = T /10

Altura do Líquido H = T

D= T /3
T = 290 mm

Fig. 2.4 - Geometria: tanque e impelidor


Fonte: Montante al (2001)

Utilizou-se para a simulação numérica o software comercial CFX 4.1. A técnica de


simulação do domínio rotativo foi realizada através do método Inner-Outer (IO). O método
descrito como IO pelos autores é similar ao método conhecido como Múltiplos Sistemas de
Referência (Multiple Reference Frames), possuindo apenas diferenças na maneira em que as
informações são trocadas na fronteira entre o domínio rotativo e o domínio estacionário. O
modelo de turbulência utilizado foi o k-ε. A transição foi estudada para a relação C/T (vide
figura 2.4) variando de 0,15 a 0,20. A figura 2.5 mostra a alteração na natureza do escoamento
do fluido no interior do tanque de mistura com a mudança da relação C/T. Os autores
utilizaram no estudo uma malha estruturada utilizando volumes hexaédricos.

(a) C/T = 0,15 (b) C/T = 0,20

Fig. 2.5 - Vetores plotados em um plano vertical no meio do tanque entre duas chicanas sucessivas para duas
elevações (C/T) diferentes em relação ao fundo do tanque e visualização da malha utilizada.
Fonte: Montante (2001)
29

Os resultados obtidos dos perfis de velocidade através da simulação numérica foram


coerentes com os ensaios experimentais, apresentando boas concordâncias.
Chapple et al (2002) estudaram através de técnicas experimentais o efeito que a
geometria do impelidor e do tanque causam no número de Potência para dois impelidores
diferentes conforme mostra figura 2.6. O primeiro impelidor é do tipo pás inclinadas (Pitched
Bladed Turbine) e o segundo impelidor é do tipo Rushton (Rushton Turbine).

Comprimento
da pá
Largura
H=T
da pá

H=T
Largura da pá

Espessura da pá Espessura da pá H=T

H=T Fig. 2.6 – Impelidores: (a) tipo pás inclinadas (PBT)


H = T e (b) tipo Rushton (RT)
Fonte: Chapple et al (2002)

Foram considerados no estudo quatro métodos experimentais para a determinação do


número de Potência: medida de corrente induzida pelo motor, medida do aumento de
temperatura do fluido, medida do torque no motor e o uso de um transdutor de torque para a
medição do torque na pá do impelidor.
Os resultados foram divididos em dois grupos: no primeiro grupo examinou-se o efeito
da espessura da pá do impelidor no número de Potência; no segundo grupo examinou-se o
efeito da razão (diâmetro do impelidor/diâmetro do tanque) no número de Potência. Da figura
2.7 pode-se concluir que o número de Potência é independente da razão (espessura da
pá/diâmetro do impelidor) para o impelidor do tipo pás inclinadas, o que não ocorre para o
impelidor do tipo Rushton.
30

Número de Potência totalmente turbulento

Chapple et al 2002

H=T

Chapple et al 2002

H=T
Média
H=T

H=T

Razão (t/D)
Fig. 2.7 - Efeito da razão (espessura(t)/diâmetro(D)
H =da
T pá do impelidor) e o número de Potência totalmente
turbulento para o impelidor tipo RT e PBT
Fonte: Adaptado de Chapple et al (2002)

Utilizou-se como parâmetro o número de Potência totalmente Turbulento (Fully


Turbulent Power Number), que aqui é definido como sendo a média de todas as medições do
número de Potência para um valor de número de Reynolds > 20.000. A sigla RT (Rushton
Turbine) refere-se ao impelidor do tipo Rushton e a sigla PBT (Pitched Blade Turbine) refere-
se ao impelidor do tipo pás inclinadas.
Chapple et al (2002) mostram que o número de Potência independe da espessura da pá
do impelidor, mas depende da razão (diâmetro da pá/diâmetro do tanque) para o impelidor do
tipo pás inclinadas. Para o impelidor do tipo Rushton os resultados obtidos foram o oposto: o
número de Potência é sensível aos detalhes da geometria do impelidor, (inclusive a espessura
da pá) e independe da relação D/T (diâmetro do impelidor/diâmetro do tanque).
As explicações para as diferenças nos resultados foram dadas devido à diferença nos
comportamentos dos impelidores. Para o impelidor do tipo Rushton o consumo de potência é
dominado pelo arrasto de forma; desta forma detalhes da geometria da pá e a separação no
escoamento possuem um impacto significativo sobre o número de Potência.
Para o impelidor do tipo pás inclinadas o arrasto de forma não é importante, porém o
escoamento do impelidor interage fortemente com a proximidade das paredes do tanque; logo
mudanças na posição do impelidor causam um impacto significativo sobre o número de
Potência.
31

Shekhar e Jayanti (2002) estudaram o número de Potência e o tempo de mistura para o


agitador do tipo 8 pás (Eight- blade paddle) em um tanque sem chicanas. A técnica Sliding
Mesh foi utilizada para simulação do domínio rotativo. Os resultados obtidos através das
simulações foram comparados com os resultados obtidos por Dong et al (1994). Os modelos
de turbulência utilizados foram o k-ε e o Low-Reynolds k-ε. O fluido foi considerado como
incompressível, com densidade de 1000 kg/m³ e viscosidade cinemática de 10-3, 10-5 e 10-6
para o escoamento laminar (Re < 10), escoamento de transição (10 > Re > 480) e escoamento
turbulento (Re > 480), respectivamente.
Para a discretização dos termos difusivos, o modelo de 2° ordem (Central Differencing
Scheme) foi utilizado, enquanto os termos convectivos foram avaliados utilizando um
esquema híbrido na qual se reduz a um esquema UPWIND de primeira ordem se o número de
Peclet da malha for maior que 2. Caso contrário, o esquema de diferenças centrais é utilizado
também para os termos convectivos. O número de Potência foi calculado através da
distribuição de pressão no impelidor e os resultados obtidos pelos autores podem ser
resumidos através das tabelas 2.2 e 2.3.

Tab. 2.2 - Número de Potência para o regime de transição


Números de Potência obtidos na simulação CFD no regime transiente
Número Número de Potência
Número de Potência obtido
N (rpm) de obtido na simulação Erro (%)
através da correlação de Nagata
Reynolds (Modelo Low- k-ε)
25 24 8,4 14,5 -42,07
50 48 7,7 11,7 -34,19
100 96 7,6 10,1 -24,75
200 192 6,2 7,8 -20,51
Fonte: Adaptado de Shekhar e Jayanti (2002)

Tab. 2.3 – Número de Potência para o regime turbulento


Números de Potência obtidos na simulação CFD no regime turbulento
Número de Potência
Número de Potência obtido na simulação obtido de correlações
de
Número
N Número de Potência Número de Potência
de O'Connell Nagata
(rpm) (Modelo k-ε padrão) (Modelo Low k-ε)
Reynolds
50 480 8,1 6,2 10,8 7,8
100 960 7,6 5,2 10,8 6,9
200 1920 6,8 6,6 10,8 5,9
500 4800 6,4 7,5 10,8 4,4
32

Números de Potência obtidos na simulação CFD no regime turbulento


Número de Potência
Número de Potência obtido na simulação obtido de correlações
de
Número
N Número de Potência Número de Potência
de O'Connell Nagata
(rpm) (Modelo k-ε padrão) (Modelo Low k-ε)
Reynolds
1000 9600 6,7 - 10,8 3,4
2000 19200 6,6 - 10,8 2,6
5000 48000 6,4 - 10,8 1,9
Fonte: Adaptado de Shekhar e Jayanti (2002)

Os números de Potência são comparados percentualmente através da tabela 2.4:

Tab. 2.4 – Erro percentual na comparação dos números de Potência para o regime turbulento
Erros porcentuais na comparação dos Números de Potência
Erro (%) Erro (%) Erro (%) Erro (%) Erro (%)
Modelo k-ε Modelo k-ε Modelo k-ε Modelo Low Modelo Low
N
padrão x padrão x padrão x k-ε x k-ε x
(rpm)
Modelo Low - Correlação de Correlação de Correlação de Correlação de
k-ε O'Connell Nagata O'Connell Nagata
50 30,65 -25 3,85 -42,59 -20,51
100 46,15 -29,63 10,14 -51,85 -24,64
200 3,03 -37,04 15,25 -38,89 11,86
500 -14,67 -40,74 45,45 - -
1000 - -37,96 97,06 - -
2000 - -38,89 153,85 - -
5000 - -40,74 236,84 - -
Fonte: Autor

As simulações realizadas por Shekhar e Jayanti (2002) mostram diferenças


significativas entre os resultados obtidos pelos dois modelos de turbulência e os resultados
disponíveis na literatura. Para uma rotação do impelidor elevada (por exemplo, 5000 rpm), os
autores obtiveram o número de Potência de 6,4 utilizando o modelo de turbulência k-ε
enquanto o resultado apresentado na literatura por Nagata (1975) é de 1,9.
Os números de Potência obtidos através da simulação numérica, utilizando-se o
modelo de turbulência k-ε, diminui com o aumento do número de Reynolds, conforme
tendência mostrada por Nagata (1975). Os autores justificaram as divergências encontradas
entre a simulação CFD e as correlações experimentais de Nagata e O’Connell devido à
formação do vórtice na superfície livre, fenômeno este que não foi levado em consideração na
simulação devido ao enorme esforço computacional requerido.
33

Glover e Fitzpatrick (2007) estudaram a formação do vórtice em um tanque agitado


sem chicanas para um sistema água-ar a pressão e temperatura ambientes (1 bar, 25°C). Para
isso, utilizaram um modelo multifásico em uma modelagem com múltiplos sistemas de
referência (Multiple Reference Frames) e um modelo de turbulência acoplado. Foi utilizado
um impelidor do tipo pás inclinadas (eight-bladed paddle) com uma velocidade angular de
7,54 rad·s-1 (72 rpm), número de Reynolds de 105 e número de Froude de 0,043.
O modelo utilizado dividiu o tanque em dois domínios: um rotativo na região do
impelidor e outro estacionário no restante do tanque. Termos adicionais foram introduzidos
nas equações de conservação de quantidade de movimento para levar em conta os efeitos da
aceleração de Coriolis e centrípeta.
Os autores utilizaram o modelo de turbulência SST (Shear Stress Transport). As
dimensões dos tanques utilizadas foram as mesmas utilizadas por NAGATA (1975) e o
estudo foi realizado em tanques com e sem chicanas por um impelidor do tipo 8 pás
inclinadas em regime turbulento. Também se estudou o efeito da concentração de sólidos do
fluido na formação do vórtice em um tanque com outras dimensões diferentes das de
NAGATA. Os autores utilizaram malhas não estruturadas tetraédricas e hexaédricas e a
simulação foi realizada em regime permanente.
Como resultados, os perfis de velocidades na parte superior do tanque foram
apresentados e estes mostraram a influência da geometria na superfície do líquido, conforme
mostra a figura 2.8.

Fig. 2.8 - Vetores velocidade e perfil da superfície livre para frações volumétricas de 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 (da linha
da cor cinza claro ao preto): (a) utilizando-se malha hexaédrica e velocidade de 0,303 m/s e (b) utilizando-se
malha tetraédrica e velocidade de 0,205 m/s
Autor: Glover e Fitzpatrick (2006)
34

Glover e Fitzpatrick (2007) mostraram que a velocidade de agitação do impelidor


influencia de maneira significativa a fração volumétrica do fluido e conseqüentemente a
formação do vórtice na superfície livre.
Torré et al (2007) estudaram numericamente e experimentalmente o formato do
vórtice em um tanque agitado com chicanas utilizando um sistema ar-água a 25°C para
diferentes velocidades de rotação do agitador. As simulações em CFD (através do pacote
computacional Ansys CFX 10.0) para prever o formato do vórtice utilizaram um modelo
multifásico Euleriano-Euleriano acoplado ao modelo de turbulência k-ε. As simulações foram
realizadas em regime permanente. As condições de contorno utilizadas na modelagem pelos
autores foram: a condição de não escorregamento na interface sólido-líquido; na parte
superior do tanque utilizou-se a condição de escorregamento livre na qual não há nenhum
fluxo através da superfície e o gradiente é zero para todas as outras quantidades. O modelo
Frozen Rotor é utilizado na interface entre os domínios rotativo e estacionário. Uma malha
não estruturada foi utilizada na simulação.
O modelo numérico forneceu como resultado o formato do vórtice em concordância
com os resultados experimentais obtidos para velocidades de 250 à 350 rpm. Para intervalos
de rotações diferentes, os resultados das simulações são diferentes dos ensaios experimentais.
Os autores não comentam os motivos das divergências dos resultados. A figura 2.9 mostra
uma comparação dos perfis de vórtices obtidos via simulação numérica e através de testes
experimentais.

Fração Fração
de Volume de Água
de volume
de água
H=T

Fig. 2.9 - Comparação do formato do vórtice através da simulação numérica e através da técnica experimental
para uma rotação do impelidor de 275 rpm.
Autor: Torré et al (2007)
35

Silva, Bezerra e Nunhez (2004) realizaram uma análise comparativa de curvas do


número de Potência para o impelidor do tipo pás inclinadas (45°) obtidas por simulação
numérica (CFD) e pelas correlações desenvolvidas por Nagata (1975) em tanques com e sem
chicanas. As hipóteses utilizadas na modelagem pelos autores foram: simulação em regime
permanente, fluido newtoniano e incompressível (ρ = 1000 kg/m³; μ = 0,001 kg/ms), ausência
de campo gravitacional e superfície livre plana. Utilizou-se o pacote computacional ANSYS
CFX 5.6 e uma malha não estruturada no modelo.
O esquema de discretização dos termos convectivos foi o esquema de primeira ordem
UPWIND. As características geométricas do sistema de agitação estudado foram: diâmetro do
tanque T = 387 mm, diâmetro do impelidor D = 200 mm, altura do líquido Z = 512 mm; D/T
= 0,517; w/D = 0,2; Z/T = 1,32; com quatro chicanas e variação da velocidade rotacional, de
N = 0,0015 a 1500 rpm.
A Figura 2.10 mostra as curvas do número de Potência para o impelidor tipo pás
inclinadas em tanque sem chicanas.

Tanque sem chicanas


Correlação de Nagata
Simulação CFD
Número de Potência

Número de Reynolds
Fig. 2.10 – Curva: Números de Potência em função do Número de Reynolds para tanque sem chicanas
Fonte: Adaptado de Silva, Bezerra e Nunhez (2004)

A Figura 2.11 mostra as curvas de potência para o impelidor tipo pás inclinadas para
tanques com chicanas.
36

Tanque com chicanas


Correlação de Nagata
Simulação CFD

Número de Potência

Número de Reynolds

Fig. 2.11 – Curva: Números de Potência em função do Número de Reynolds para tanque com chicanas
Fonte: Adaptado de Silva, Bezerra e Nunhez (2004)

A Figura 2.12 mostra a comparação entre a simulação CFD e a correlação de Nagata


para os resultados de potência para o impelidor do tipo pás inclinadas em tanques sem
chicanas.

Tanque sem chicanas


Correlação de Nagata
Simulação CFD
Potência (Watts)

Fig. 2.12 – Curva: Potência em função da rotação do impelidor (rpm).


Fonte: Adaptado de Silva, Bezerra e Nunhez (2004)

A Figura 2.13 mostra a comparação entre a simulação CFD e a correlação de Nagata


para os resultados de potência para o impelidor do tipo pás inclinadas em tanques com
chicanas.
37

Tanque com chicanas


Correlação de Nagata
Simulação CFD

Potência (Watts)

RPM
Fig. 2.13 – Curva: Potência em função da rotação do impelidor (rpm).
Fonte: Adaptado de Silva, Bezerra e Nunhez (2004)

Nota-se que os resultados obtidos pelos autores são próximos aos obtidos por Nagata
para o regime laminar. Para o regime turbulento, os resultados são mais distantes devido à
própria dificuldade do tratamento da turbulência. Evidencia-se também que há uma maior
concordância nos resultados para a simulação realizada para tanque com chicanas.
Provavelmente isto se deve ao fato de que os efeitos da superfície livre são mais intensos para
um número de Reynolds elevado.

2.3 Resultados Experimentais para validação do modelo numérico

Tendo em vista a necessidade de validação do modelo numérico utilizado no presente


trabalho, realizou-se uma busca por resultados experimentais confiáveis. Para isso, os
resultados obtidos no presente trabalho são comparados aos resultados apresentados por
Suzukawa et al (2006), onde os autores estudaram o efeito do ângulo de ataque das pás do
impelidor nas estruturas dos vórtices formados em um tanque agitado através da técnica
experimental Laser Doppler Velocimetry (LDV). Nesta investigação, os autores utilizaram um
impelidor do tipo 4 pás inclinadas com 4 ângulos de ataques diferentes: 45°, 60°, 75° e 90°.
Por um sincronismo de LDV com um transdutor de posição e velocidade angular
acoplado à pá do impelidor, as medições das três componentes de velocidades foram
38

realizadas. O método experimental permitiu capturar os detalhes da formação do vórtice tanto


atrás da pá do impelidor como na região do escoamento. Os experimentos foram realizados
em um tanque cilíndrico de fundo reto com a geometria dada pelas figuras 2.14 e 2.15.

Tampa

H=T

Chicanas
Impelidor
H=T
H=T

Fig. 2.14 - Geometria do Modelo Estudado: Vista Lateral


Fonte: Suzukawa et al (2006)

O tanque agitado possui diâmetro de T = 0,490 m e altura do líquido H=T e é dotado


de quatro chicanas verticais igualmente espaçadas com largura de W =T/10 e espessura de 5
mm. O fluido de trabalho é água potável à temperatura ambiente.

Chicanas
Impelidor
H=T

H=T

Seção de
Medição

H=T

Fig. 2.15 - Geometria do Modelo Estudado: Vista Superior


Fonte: Suzukawa et al (2006)
39

Uma tampa foi colocada acima da superfície do líquido na altura H=T, logo não há
entrada de bolhas de ar para o líquido na superfície superior. O diâmetro do impelidor
estudado é de D=T/2 = 245 mm, espessura de 2,0 mm e largura W=D/5 = 49 mm. A distância
do fundo do tanque ao centro do impelidor é de H = T/2. Os detalhes da geometria do
impelidor podem ser vistos na figura 2.16

Fig. 2.16 - Geometria do Impelidor


Fonte: Suzukawa et al (2006)

As medições foram realizadas para um número de Reynolds de 1,2 · 105, que


corresponde a uma velocidade rotacional do impelidor de n = 2,0 rev./s (N = 120 rpm,
velocidade na ponta da pá de v = 1,54 m/s). O impelidor possui rotação no sentido horário e a
origem do sistema de coordenadas utilizado é no centro do impelidor. Todas as distâncias
foram normalizadas em relação ao raio do impelidor. As medições das três componentes de
velocidades foram realizadas em um plano onde θ = 0°, localizado entre duas chicanas
sucessivas.
Como resultados, Suzukawa et al (2006) apresentaram os números de Potência
medidos em uma faixa de 3,50 · 104 ≤ Re ≤ 1,75 · 105. O número de Potência do impelidor
obtido para α =90° foi de 4,72 para um número de Reynolds de 1,2 · 105.
O número de Potência para outros impelidores e para o mesmo número de Reynolds é
4,01 (α =75°), 2,86 (α =60°) e 1,79 (α =45°) respectivamente. Os resultados obtidos pelos
40

autores mostram que o valor do número de Potência aumenta com o aumento do ângulo de
ataque quando comparados ao mesmo número de Reynolds, conforme figura 2.17.
Número de Potência
H=T

Número de Reynolds
H = Número
Fig. 2.17– Resultados obtidos: T de Potência x Número de Reynolds
Fonte: Suzukawa (2006)

Os autores apresentaram também os vetores velocidade para os ângulos 45°, 60°, 75° e
90° da pá do impelidor em planos φ diferentes: (a) φ = 10° e (b) φ = 25°, conforme mostra a
figura 2.18. Todas as medições foram realizadas em função deste ângulo φ. O valor de φ = 0°
significa um plano vertical que atravessa a pá, vide figura 2.15.
Os autores mostraram que para uma angulação da pá do impelidor de 90° não há a
formação de vórtices atrás da pá, enquanto para as outras angulações de 45°, 60° e 75° há a
formação de vórtices atrás da mesma, apresentando assim um comportamento semelhante no
escoamento.
41

Fig. 2.18 - Vetores velocidade para os ângulos 45°, 60°, 75° e 90° da pá do impelidor em planos φ diferentes:
(a) φ = 10° e (b) φ = 25°,
Fonte: Suzukawa (2006)

Os resultados obtidos experimentalmente por Suzukawa et al (2006) são comparados


com os resultados obtidos no presente trabalho via simulação numérica através das técnicas da
dinâmica dos fluidos computacional.
42

3. PARÂMETROS DE UM SISTEMA DE AGITAÇÃO

3.1 Introdução

Este capítulo aborda os aspectos e parâmetros relevantes de um sistema de agitação.


Fica evidente que o assunto é bastante vasto e não é possível explorá-lo na íntegra, mas o
objetivo aqui é o de demonstrar que o perfil de escoamento no interior de um tanque agitado
sofre influência de diversos fatores, e que estes por sua vez devem ser levados em
consideração em projetos de um sistema de mistura.
Esta seção apresenta os principais parâmetros de um sistema de agitação, segundo
referências que tratam do assunto. Detalhes sobre os tópicos aqui discutidos podem ser
encontrados em Nagata (1975) e Joaquim Junior et al (2007).
Nagata (1975) descreve a agitação como sendo um processo que possui a finalidade de
reduzir as não uniformidades (gradientes de concentração, temperatura e demais
propriedades) no interior do componente que está sendo agitado. O objetivo é que o fluido
apresente as mesmas propriedades em qualquer ponto do tanque. Sob o ponto de vista
microscópico, a mistura é o resultado da difusão molecular ou da movimentação repetida das
pequenas partículas adjacentes umas às outras. Sob o ponto de vista macroscópico, a mistura é
o resultado da movimentação de grande massa de fluido.
O projeto adequado de um sistema de agitação deve levar em consideração quais os
objetivos da aplicação e quais as características do produto a ser processado.
Joaquim Junior et al (2007) citam que os agitadores normalmente empregados nas
indústrias químicas são utilizados com diversos objetivos, dentre os quais destacam-se:
promover a mistura de líquidos miscíveis e imiscíveis; acelerar trocas térmicas; promover a
incorporação de sólidos em meios líquidos; manter sólidos em suspensão; promover a
formação de soluções ou suspensões; catalisar reações químicas e dispersar gases em um meio
líquido.
Para os diferentes tipos de processos, na maioria das vezes, são necessários sistemas
de agitação também diferentes, visto que cada sistema de agitação apresenta uma
característica particular de taxa de cisalhamento, perfil de velocidade e padrão de escoamento.
Isto dificulta a seleção do sistema de agitação mais adequado.
43

Joaquim Junior et al (2007) afirmam que dentre as muitas características dos produtos
a serem processados em um sistema de agitação é necessário se conhecer: o comportamento
reológico; o valor ou a faixa de valores de viscosidade em função da temperatura; a variação
da massa específica em função da temperatura; a concentração dos componentes e suas
características; a granulometria ou tamanho das partículas dos componentes sólidos; a
velocidade de sedimentação; a dureza e abrasividade e a tendência à formação de espuma,
aeração ou oxidação.
Para cada processo específico é necessário o uso de um tipo específico de impelidor,
que pode priorizar a geração de fluxos axiais, radiais ou tangenciais.
As dimensões características de um sistema de agitação são: o diâmetro interno do
tanque de mistura (T); o diâmetro da pá / hélice / disco do impelidor (D); a largura da pá /
hélice / disco do impelidor (w); a distância entre o fundo do tanque e a pá / hélice / disco do
impelidor (C); a altura do líquido (Z) e a largura das chicanas (B). Estas dimensões são
clássicas e podem ser encontradas em todos os livros que abordam o assunto. Na literatura
encontram-se diversas relações geométricas entre as diversas partes de um tanque, porém
essas relações são muito particulares e variam muito em função da aplicação desejada e das
características dos fluidos envolvidos. A figura 3.1 ilustra o agitador do tipo pás inclinadas e
um tanque com chicanas.

Fig. 3.1 – Impelidor do tipo pás inclinadas


Fonte: Autor

A presença de chicanas redireciona o escoamento do fluido no interior do tanque


agitado melhorando assim a transferência de potência para o fluido e diminuindo a entrada de
ar no sistema de mistura causada pelo vórtice na superfície. A formação do vórtice é, em
grande parte das aplicações, um processo indesejado que pode causar a incorporação de ar e
possível formação de espuma, o que pode prejudicar o controle eletrônico da operação, como
44

medidores de nível, por exemplo. Além disso, o cisalhamento é baixo entre o impelidor e o
fluido devido o movimento ser circulante, o que pode causar uma perda de estabilidade no
eixo (vibração no sistema) e até mesmo o derramamento do material devido ao
transbordamento de produto para fora do tanque.
Os impelidores são normalmente classificados de acordo com o regime que operam:
laminar ou turbulento. Para escoamento laminar, o diâmetro do impelidor é grande e
dependendo do tipo de aplicação pode até se aproximar ao tamanho do tanque. Para estes
casos chicanas não são utilizadas, pois não há a necessidade. No escoamento laminar
utilizam-se os principalmente os impelidores do tipo âncora e o tipo hélice.
No escoamento turbulento a transferência de quantidade de movimento é eficiente e
assim o diâmetro do impelidor é muito menor quando comparado aos impelidores utilizados
no escoamento laminar. Para este caso, o diâmetro do impelidor dificilmente chega á metade
do diâmetro do tanque. No escoamento turbulento os impelidores são classificados em
impelidores de fluxo axial e fluxo radial.
Os três principais tipos de impelidores utilizados para o regime turbulento são o tipo
naval, tipo pás (retas ou inclinadas) e tipo turbina.
Segundo Oldshue (2000), três tipos de impelidores são normalmente utilizados para
fluidos com média a baixa viscosidade: a) Pás retas inclinadas (A200) (fluxo axial), b) Tipo
Turbina (fluxo radial) e c) Tipo Fluidfoil (fluxo axial).

Fig. 3.2 - Impelidores típicos para fluidos com média à baixa viscosidade: a) Pás inclinadas, b) Tipo Turbina e
c) Tipo Fluidfoil
Fonte: Oldshue, 2000

O padrão de escoamento no interior do tanque agitado pode ser alterado por alguns
parâmetros como a geometria do impelidor, geometria do tanque, viscosidade do fluido e etc.
45

Kumaresan e Joshi (2006) apresentaram diversos modelos de impelidores que são


utilizados nas indústrias. A figura 3.3 ilustra alguns deles. A nomenclatura dos impelidores é
dada por: (1) As quatro primeiras letras PBTD é a abreviação do inglês Pitched Blade Turbine
Dowflow e significam que são agitadores do tipo pás inclinadas que geram fluxo para baixo.
As duas primeiras letras HF é a abreviação do inglês HydroFoil, que significa o agitador do
tipo hidrofólio; (2) Os dois números subseqüentes representam o ângulo de ataque das pás; (3)
A letra W seguida do número representa a espessura da pá em milímetros e (4) o número
único seguido do ponto de travessão representa o número de pás fixadas ao hub do impelidor.
46

Fig. 3.3 – Modelo de Impelidores: (A) PBTD30W5545-3; (B) PBTD3020W50-6; (C) PBTD30W50-6; (D)
PBTD60W3085-6; (E) PBTD60W50-6; (F) PBTD45W50-4; (G) PBTD45W5030-6; (H) PBTD45W3050-6; (I)
HF30W25-3; (J) HF45W25-3; (K) HF4530W2517-3; (L) HF6030W2513-3; (M) HF6045W2520-3; (N) HF2;
(O) HF3; (P) HF3060-4; (Q) HF4560-4; (R) Disco Turbina padrão.
Fonte: Kumaresan e Joshi, 2006
47

Oldshue (2000) mostra que a natureza do escoamento no interior de um tanque agitado


pode ser alterada pela geometria do sistema. A figura 3.4 ilustra esta alteração na natureza do
escoamento devido apenas à mudança de ângulo de ataque em um impelidor do tipo
Hidrofólio (Fluidfoil).

Fig. 3.4 - Perfil de escoamento devido à mudança do ângulo de ataque para um impelidor do tipo Fluidfoil
Fonte: Oldshue (2000)

3.2 Variáveis de um projeto de um sistema de mistura

Além da geometria do sistema de agitação, as propriedades do fluido (viscosidade,


densidade, calor específico e etc.) e a velocidade de rotação do impelidor são variáveis que
influenciam diretamente no sistema de mistura. Estas variáveis são utilizadas para calcular a
potência e o torque responsáveis pelo custo operacional do processo e o custo fixo do tanque.
Da física, sabe-se que a potência pode ser calculada pelo produto da força pela
velocidade. Logo, a potência consumida por um sistema de agitação é calculada por P = F.u,
onde F é a força de arrasto do impelidor e u a velocidade entre a pá do impelidor e o fluido.
No escoamento turbulento, a força de arrasto pode ser representada através da equação 3.1:

(3.1)

onde CD é o coeficiente de arrasto, a massa específica do fluido e Ap é a área projetada do


impelidor. Deste modo a potência pode ser calculada através da equação 3.2:
48

(3.2)

A velocidade é proporcional à rotação πND e a área é função de D2. Portanto, a


potência pode ser escrita através equação 3.3:

(3.3)

onde k é uma constante de proporcionalidade. O torque pode ser relacionado à potência de


acionamento do impelidor através da equação 3.4:

(3.4)

No sistema internacional (SI), a unidade de potência é Watts (J/s), a unidade de


velocidade de rotação é s-1 e a unidade do torque é N.m (J).

3.3 Análise Dimensional

Há alguns anos, um artigo no periódico Scientific American discutiu a velocidade na


qual os dinossauros seriam capazes de correr. Os únicos dados disponíveis sobre
estas criaturas eram os registros de fósseis – sendo os mais pertinentes o
comprimento médio das pernas l e s dos passos dos dinossauros. Poderiam estes
dados ser utilizados para avaliar a velocidade dos dinossauros? A comparação de
dados de l e s e da velocidade de quadrúpedes (por exemplo, cavalos, cachorros) e
de bípedes (por exemplo, humanos) não tinha levado a nenhuma conclusão até se
notar em um gráfico da razão s/l em função de v²/g l (onde v é a velocidade medida
do animal e g a aceleração da gravidade, que os dados para a maioria dos animais
caíam aproximadamente sobre uma mesma curva. Deste modo, usando o valor de s/l
dos dinossauros, um valor correspondente de v²/g l pôde ser interpolado da curva,
levando uma estimativa para a velocidade v dos dinossauros. (FOX et al, 2004).

Esta breve introdução apresentada por Fox et al (2004) no capítulo sobre análise
dimensional e semelhança ilustra de forma interessante o poder desta ferramenta no projeto de
experimentos. Livros especializados têm sido escritos sobre a aplicação da análise
dimensional em metrologia, astrofísica, economia, construção de modelos em escala, usinas
49

piloto de processamento físico, ciências sociais, ciências biomédicas, farmácia, geometria


fractal e até mesmo no estudo do crescimento de plantas.
Çengel e Cimbala (2007) afirmam que as três finalidades primárias da análise
dimensional são: gerar problemas adimensionais que ajudam no projeto das experiências
(físicas e/ou numéricas) e no relatório de resultados experimentais; obter as leis de escala para
que o desempenho do protótipo possa ser previsto com o desempenho do modelo e prever às
vezes as tendências das relações entre os parâmetros.
Segundo WHITE (2002), experimentos que podem resultar em tabelas de saída ou
mesmo em vários volumes de tabelas podem ser reduzidos a um único conjunto de curvas ou
mesmo a uma única curva quando adimensionalizados convenientemente. Grande parte dos
problemas de fluidos são complexos e não podem ser tratados de uma maneira teórica ou
analítica. Estes devem ser testados experimentalmente. Seu comportamento é registrado em
forma de dados experimentais. Tais dados são muito mais úteis se forem expressos de maneira
compacta e econômica. Os gráficos são extremamente úteis e essas são as motivações para a
análise dimensional.
Basicamente a análise dimensional é um método para se reduzir o número e a
complexidade das variáveis que afetam um dado fenômeno físico, pela aplicação de uma
espécie de técnica de compactação. Se um fenômeno depende de “n” variáveis dimensionais,
a análise dimensional irá reduzir o problema a apenas k variáveis adimensionais, onde a
redução, n – k = 1, 2, 3 ou 4, depende da complexidade do problema. Em geral n-k é igual ao
número de dimensões diferentes que governam o problema.
Embora a análise dimensional tenha o objetivo de reduzir as variáveis e agrupá-las,
esta traz vários benefícios adicionais: o primeiro é uma enorme economia de tempo e de
dinheiro. Um segundo benefício é que ela permite o planejamento de um experimento ou
teoria. Ela sugere formas adimensionais de escrever as equações, além de sugerir variáveis
que podem ser descartadas reduzindo o desperdício de recursos. Um terceiro benefício é que a
análise dimensional permite converter dados de um modelo pequeno e barato em informação
de projeto de um protótipo de grandes dimensões e caro.
White (2002) resume a questão da importância da análise dimensional com a seguinte
frase: “Não vamos construir um avião de um milhão de dólares e depois verificar se ele
fornece ou não a força de sustentação suficiente”.
50

3.4 Números Adimensionais típicos de um sistema de agitação

A análise de um sistema de agitação pode ser realizada através de números


adimensionais descritos a seguir.

3.4.1 Número de Reynolds (Re)

O número de Reynolds é um dos números adimensionais mais importantes na área de


mecânica dos fluidos. INCROPERA e DEWITT (2003) mostram que o número de Reynolds
deve ser interpretado como a razão das forças de inércia e as forças viscosas, conforme
equação 3.5:

(3.5)

onde L é um comprimento característico, u é uma velocidade característica, massa


específica do fluido e µ viscosidade dinâmica do fluido.
Para um sistema de agitação, o comprimento característico é o diâmetro do impelidor
D e a velocidade característica é a velocidade na borda do impelidor πND. Com isso, tem-se
o número de Reynolds conforme a equação 3.6:

(3.6)

Um valor de Re inferior a 10 caracteriza o regime laminar e um superior a 10.000


caracteriza o regime turbulento para sistemas de mistura. Entre esses valores, o regime é de
transição.
51

3.4.2 Número de Froude (NFR)

O número de Froude aparece como um parâmetro adimensional nos escoamentos de


superfície livre em livros de mecânica dos fluidos.
Este número adimensional inclui as forças gravitacionais e é usado para considerar os
efeitos da superfície livre, por exemplo, o vórtice central no número de Potência. Por isso,
este número adimensional é incluído em correlações de número de Reynolds e no número de
Potência em sistemas sem chicanas. O número de Froude é dado pela equação 3.7:

(3.7)

3.4.3 Número de Bombeamento (NB)

O número de bombeamento relaciona a taxa de bombeamento do impelidor Q (volume


escoado através da área do impelidor e por unidade de tempo) com a velocidade de rotação e
tamanho do impelidor. Portanto, correlaciona a capacidade de bombeamento de diferentes
impelidores com diferentes geometrias de tanques. O número de bombeamento é dado pela
equação 3.8.

(3.8)

O bombeamento pode ser definido como a quantidade de material descarregado por


um impelidor rotativo. Para impelidores de fluxo axial, como o de pás inclinadas ou naval, a
vazão de descarga é medida na direção vertical abaixo do impelidor. O número de
bombeamento também varia com o diâmetro do impelidor na região de regime turbulento.
Pequenos diâmetros de impelidores devem ser evitados quando o bombeamento é importante
para o processo.
52

3.4.4 Número de Mistura (Nmist)

O número de mistura é dado pelo produto da velocidade de rotação N e o tempo de


mistura β conforme a equação 3.9.

(3.9)

O tempo de mistura é uma medida do tempo necessário para misturar líquidos


miscíveis ao longo do volume do tanque agitado. Se o número de mistura for constante, o
tempo de mistura é proporcional ao inverso da velocidade de rotação do impelidor.
Joaquim Junior et al (2007) definem o tempo de mistura como sendo o tempo medido
no instante da adição de um traçador até o instante em que o líquido alcança um grau de
uniformidade desejado.
A estimativa do tempo de mistura é alterada pelo volume de líquido no interior do
tanque agitado e este fato levou diversos autores a obterem diferentes correlações para o
tempo de mistura. Na região de regime turbulento, o tempo de mistura adimensional
permanece praticamente constante independentemente do fluido. A literatura apresenta
diversas relações que correlacionam o tempo de mistura ao número de Reynolds, número de
Froude e a geometria do sistema.

3.4.5 Número de Potência (Np)

Chapple et al (2002) afirmam que em aplicações industriais o consumo de potência


por unidade de volume de fluido é usado extensamente para o aumento (scale-up) e
diminuição (scale-down) de escala de projetos. Ao invés de amplamente difundido, a relação
entre o consumo de potência no impelidor e a geometria do tanque são definidos somente em
termos gerais. Os autores explicam que isto é devido à dificuldade de obtenção de medições
precisas do torque em escalas pequenas e também devido às limitações da teoria de arrasto,
particularmente para escoamentos tridimensionais com recirculações. Os primeiros estudos de
consumo de potência datam antes de 1934, mas os estudos realizados por Rushton são
53

amplamente citados como o primeiro trabalho nesta área. Segundo Chapple et al (2002),
Rushton através da análise dimensional desenvolveu um grupo de números adimensionais,
incluindo o número de Potência dado pela equação 3.10:

(3.10)

A potência é usualmente calculada pela medida do torque e velocidade da pá do


impelidor conforme equação 3.11:

(3.11)

Combinando as equações 3.10 e 3.11, tem-se a equação 3.12:

(3.12)

O número de Potência é um dos parâmetros mais amplamente utilizados como


especificação de projeto em operações de mistura e este fornece estimativas seguras em
inúmeros resultados de processos. Este número adimensional possui fundamentos físicos e
pode ser obtido através de uma análise da força de arrasto ou alternativamente através de um
balanço de momento angular. Tatterson (1991) apud Chapple et al (2002) discute a análise por
força de arrasto. Nesta análise, o torque é relacionado à força de arrasto através da equação
3.13, resultando na relação de proporcionalidade da equação 3.14.

(3.13)

(3.14)

Uma análise alternativa pode ser feita através de um balanço de momento angular em
um volume de controle em volta do impelidor como mostra a figura 3.5.
54

Fig. 3.5 - Volume de Controle ao redor do impelidor


Fonte: Chapple et al (2002)

Esta análise fornece o mesmo resultado, vide equação 3.16.

(3.15)

( 3.16)

Chapple et al (2002) afirmam que esta abordagem possui a vantagem de usar perfis de
velocidade ao redor do impelidor, logo a conexão entre os fluxos e o número de Potência pode
ser examinada e o efeito da geometria no número de Potência pode ser melhor entendido.
A dependência do número de Potência pelo número de Reynolds é análoga aos
resultados bem estabelecidos do fator de atrito em escoamento de tubos e o coeficiente de
arrasto em uma esfera.
No regime laminar, onde as forças viscosas dominam (Re < 10 - 100, dependendo do
impelidor de interesse), o número de Potência é inversamente proporcional ao número de
Reynolds (Np ∝ 1/Re) e a potência depende fortemente da viscosidade do fluido. Para o
escoamento turbulento (Re > 2 · 104) o número de Potência é constante e independe do
Número de Reynolds. Entre as regiões de regime laminar e turbulento existe uma zona de
transição gradual. A figura 3.6 ilustra esta característica.
55

Re > 104
Número de Potência

H=T
Laminar Transição Turbulento

H=T H=T H=T

Com chicanas

H=T

Sem chicanas
H=T

H=T

Número de Reynolds
H=T
Fig. 3.6 - Gráfico representativo do Np versus Re
Fonte: Adaptado de Joaquim Júnior (2007)

O número de Potência (Np) é influenciado pela presença de chicanas no tanque e pela


distância do impelidor ao fundo do tanque. Dependendo do tipo de impelidor, da relação entre
o número de chicanas, da largura da chicana e do diâmetro do tanque, o número de Potência
pode aumentar ou diminuir. Diversos autores desenvolveram correlações empíricas para o
cálculo do número de Potência.
Segundo Chapple et al (2002) o número de Potência é freqüentemente citado como “O
Número de Potência para um tipo específico de impelidor”. Muitos pesquisadores consideram
que Np depende principalmente da velocidade da borda e da área projetada das pás. A área
projetada depende de variáveis como o diâmetro do impelidor, largura e comprimento das pás.
Possíveis variações no número de Potência devido às mudanças no diâmetro do
impelidor, da distância do impelidor ao fundo do tanque e detalhes da construção do
impelidor colocam um grau de incerteza em uma das especificações centrais usadas para o
projeto de um equipamento de mistura. Muitas medições exatas de torque e consumo de
potência são necessárias para resolver essas ambigüidades porque em pequenas escalas, o
torque cai drasticamente (T ∝ D5). Enquanto o torque também aumenta com N², há limites
práticos do torque devido à entrada de ar e vibração mecânica.
A obtenção da curva do número de Potência em função do número de Reynolds obtida
em escala piloto é bastante utilizada para a estimativa da potência em escala industrial, porém
nem sempre os valores obtidos em laboratório fornecem bons resultados em aumento de
56

escala porque desta forma o equacionamento fica limitado a apenas uma correlação
matemática e não são levados em consideração os fenômenos físicos envolvidos.
As curvas de potência para diferentes impelidores podem ser encontradas na literatura,
mas é preciso ressaltar que tais curvas são aplicáveis a fluidos newtonianos e também para a
geometria em que foi testada. Autores plotaram o Np em função de Re na forma de gráficos.
A figura 3.7 ilustra curvas do número de Potência (eixo Y) em função do número de
Reynolds (eixo X) para três tipos diferentes de impelidores: (1) impelidor do tipo pás retas
para tanque com chicanas; (2) impelidor do tipo pás curvas para tanque com chicanas e (3)
impelidor do tipo propeller para tanque com chicanas ou impelidor fora de centro.
Número de Potência

2
H=T

Número de Reynolds
Fig. 3.7 – Número de Potência versus
H = T Número de Reynolds para três tipos diferentes de impelidores
Fonte: Oldshue, 2000

Nagata (1975) realizou o levantamento do número de Potência em função do número


de Reynolds através de estudos experimentais para diversas relações geométricas do sistema
de agitação. Seu trabalho é considerado como um dos ícones no assunto.
Diversos trabalhos recentes que foram realizados via simulação numérica através das
técnicas de dinâmica dos fluidos computacional (CFD) utilizaram os resultados obtidos por
Nagata para a validação de seus modelos.
57

3.5 Equações empíricas para o cálculo do número de Potência para o agitador do


tipo pás inclinadas

Nagata (1975) apresenta correlações obtidas a partir de dados experimentais para o


cálculo do número de Potência. Para os agitadores do tipo pás inclinadas para tanques sem
chicanas, o número de Potência pode ser determinado pela equação 3.17.

(3.17)

onde A, B’ e p são dados pelas expressões 3.18 a 3.20.

(3.18)

(3.19)

(3.20)

onde T é o diâmetro interno do tanque de mistura, z é a altura do nível do líquido, D é o


diâmetro do impelidor e w é a largura da pá do impelidor.
O número de Potência para os agitadores do tipo pás inclinadas para tanques com
chicanas, é obtido através da equação 3.21.

(3.21)

onde A e B’ são calculados conforme as equações 3.18 e 3.19 respectivamente e Rθ e e Rc são


calculados pelas expressões 3.22 e 3.23 respectivamente.

(3.22)
58

(3.23)

Deve-se observar que as correlações obtidas através das equações 3.17 e 3.21 não
levam em consideração o número de chicanas (nb) e a largura das chicanas (B). Nagata (1975)
propõe então uma nova correlação para o cálculo de um novo número de Potência (Npm)
levando-se em consideração estes fatores, através da equação 3.24:

(3.24)

onde

(3.25)

Nishikawa et al (1979) propõem também uma correlação para o cálculo do número de


Potência a partir do número de Potência obtido por Nagata para o agitador do tipo pás
inclinadas através da equação 3.26:

(3.26)

Outros pesquisadores publicaram equações e gráficos obtidos experimentalmente,


porém os estudos foram realizados para casos particulares e em geometrias particulares.
59

4. MODELO MATEMÁTICO

4.1 Introdução

Este capítulo apresenta o modelo matemático utilizado no presente trabalho para a


caracterização do escoamento no interior do tanque de mistura.

4.2 Equações de Conservação

As equações diferenciais de conservação que descrevem o escoamento são dadas pela


equação de conservação de massa (eq. 4.1) e pela equação de conservação de quantidade de
movimento (eq. 4.2).

(4.1)

(4.2)

onde é a densidade do fluido, xj são as coordenadas cartesianas, t é o tempo, ui é a


componente de velocidade, P é a pressão, µ é a viscosidade dinâmica do fluido e S um termo
fonte.
São três as equações de quantidade de movimento, sendo cada uma delas para cada
componente de velocidade. Este conjunto de equações é capaz de descrever os escoamentos
em regime laminar e turbulento. A natureza do escoamento turbulento, no entanto, é muito
mais complexa. Normalmente se utiliza um modelo de turbulência conveniente, o que requer
alterações nas equações de quantidade de movimento, como comentado mais adiante.
60

4.3 Sistema de Coordenadas Não-Inercial

Normalmente as deduções das equações de conservação de quantidade de movimento


admitem que o sistema de referência seja inercial, isto é, em repouso ou movimentando-se
com velocidade constante. Porém em muitos casos é conveniente a utilização de um
referencial não-inercial, ou acelerado. Para o presente trabalho, o sistema de tanque agitado
apresenta regiões estacionárias e regiões rotativas. Em função disso, há a necessidade de se
separar os domínios em estacionário e rotativo.
White (2002) cita outros exemplos em que é conveniente o uso de um referencial não-
inercial: um exemplo seria um sistema de coordenadas fixo a um foguete durante o
lançamento; outro exemplo seria qualquer escoamento sobre a superfície terrestre que está se
acelerando em relação às estrelas fixas devido à rotação da Terra.
Supondo que o escoamento de um fluido tenha velocidade u em relação a um sistema
de coordenadas não-inercial xyz, conforme figura 4.1.

Fig. 4.1 – Geometria de coordenadas inerciais versus coordenadas não inerciais


Fonte: White (2002)

Adiciona-se uma aceleração não-inercial du/dt vetorialmente a uma aceleração relativa


arel para se obter a aceleração absoluta ai em relação a algum sistema de coordenadas inercial
XYZ conforme figura 4.1. Desta forma, tem-se a equação 4.3:
61

(4.3)

Aplicando-se a segunda lei de Newton, obtém-se as equações 4.4 e 4.5.

(4.4)

(4.5)

onde F é o somatório das forças externas.


A segunda lei de Newton nas coordenadas não-inerciais xyz é equivalente a adicionar
mais termos de “força” – m arel para levar em conta os efeitos não inerciais, sendo, portanto
esta força fictícia. No caso mais geral, o termo arel consiste em quatro partes, três das quais
levam em conta a velocidade angular Ω(t) do sistema de coordenadas não inercial. Analisando
a figura 4.1, observa-se que o deslocamento absoluto da partícula é representado através da
equação 4.6.

(4.6)

A derivada da equação 4.6 fornece a velocidade absoluta representada pela equação


4.7:

(4.7)

Uma segunda derivada fornece a aceleração absoluta, dada pela equação 4.8:

(4.8)

Comparando as equações 4.8 e 4.3, percebe-se que os termos descritos a seguir


representam a aceleração relativa adicional: d2R/dt é a aceleração da origem das coordenadas
não-inerciais em relação á xyz; (dΩ/dt) ⨉ r é o efeito da aceleração angular; 2Ω ⨉ V é a
aceleração de Coriolis; Ω x (Ω ⨉ r) é a aceleração centrípeta, dirigida da partícula normal para
o eixo de rotação com magnitude Ω2L, onde L é a distância entre a partícula e o eixo.
62

A formulação do volume de controle da quantidade de movimento linear, em


coordenadas não-inerciais, meramente adiciona termos inerciais resultantes da integração das
acelerações relativas adicionais sobre cada elemento de massa do volume de controle.
Apenas o domínio rotativo apresenta estes termos adicionais. O programa
computacional ANSYS CFX 12 implementa os efeitos da aceleração de Coriolis e da
aceleração centrípeta através de “forças” fictícias adicionadas aos termos fonte das equações
de conservação de quantidade de movimento (eq. 4.2), dado pela equação 4.9:

(4.9)

onde r é o vetor entre a origem do referencial não inercial e o centro do volume de controle.

4.4 Turbulência

4.4.1 Aspectos Qualitativos

Muitos escoamentos significativos de engenharia são turbulentos, logo estes


escoamentos não são apenas de interesse teórico.
Segundo Versteeg e Malalasekera (2007) o número de Reynolds mostra a medida da
importância da força de inércia, associada aos efeitos convectivos e as forças viscosas. Em
experimentos na área de fluidos é observado que para valores abaixo do chamado número de
Reynolds crítico, o escoamento é ordenado e as camadas adjacentes de fluido escorregam
umas sobre as outras. Se as condições de contorno aplicadas não mudam com o tempo, o
regime é permanente. Este regime descrito é denominado regime laminar. Para valores acima
do número de Reynolds crítico, uma série de complicações de eventos ocorrem nas quais
conduzem à mudanças radicais na característica do escoamento. No final, o comportamento
do escoamento é aleatório e caótico. A movimentação do fluido se torna intrinsecamente
oscilante mesmo com as condições de contorno constantes. A velocidade e todas as outras
propriedades mudam de uma maneira caótica e aleatória. Tem-se o chamado regime
turbulento. A figura 4.2 ilustra a visualização de ambos os escoamentos.
63

Fig 4.2 - Visualização do escoamento: (a) laminar (b) turbulento


Fonte: Versteeg e Malalasekera (2007)

A turbulência é caracterizada por vórtices que se movem aleatoriamente ao redor e


sobre a direção principal do movimento, misturando freqüentemente o fluido. O estado
caótico de movimento do fluido surge quando sua velocidade excede um valor específico.
Para velocidades baixas, as forças viscosas são dominantes e amortecem as flutuações. A
presença da turbulência provoca variações aleatórias nas propriedades do escoamento, sendo
estas variações denominadas de flutuações. Estas flutuações próprias da turbulência são
denominadas de difusividade da turbulência, na qual causam uma rápida mistura e aumentam
as taxas de transporte de quantidade de movimento, calor e massa.
Tennekes e Lumley (1972) apresentam a difusividade turbulenta como sendo uma
característica muito importante do fenômeno de turbulência nas quais as aplicações as dizem
respeito: impede a separação da camada limite em aerofólios em ângulos de ataque grandes
(mas não tão grandes); é a origem da resistência do escoamento em dutos e aumenta a
transferência de quantidade de movimento entre correntes de vento e do oceano. Escoamentos
turbulentos sempre ocorrem para altos números de Reynolds. A turbulência freqüentemente
começa como uma instabilidade do escoamento laminar quando o número de Reynolds se
torna grande. As instabilidades estão relacionadas à interação dos termos viscosos e os termos
inerciais não lineares nas equações de quantidade de movimento.
As interações dos termos viscosos são bastante complexas: a matemática das equações
diferenciais parciais não lineares ainda não foi desenvolvida em um ponto em que soluções
gerais podem ser dadas.
A aleatoriedade e a não linearidade combinadas fazem com que as equações de
turbulência sejam difíceis de serem tratadas (para não dizer impossíveis) senão por métodos
64

matemáticos computacionais. Não há soluções gerais para as equações de Navier-Stokes. A


turbulência é rotacional e nas três dimensões e é caracterizada pelos altos níveis de
vorticidade.
Os escoamentos turbulentos são sempre dissipativos. A tensão de cisalhamento
viscosa provoca uma deformação que aumenta a energia interna do fluido pela ação da
energia cinética turbulenta. A turbulência precisa de suprimento de energia para continuar,
caso contrário cairá rapidamente. Movimentos aleatórios e caóticos como as ondas
gravitacionais nas atmosferas planetárias e o barulho (acústico) das ondas do mar não são
turbulentos. Em outras palavras, a maior diferença entre a aleatoriedade das ondas e a
turbulência é que as ondas são essencialmente não-dissipativas, enquanto a turbulência é
essencialmente dissipativa.
Tennekes e Lumley (1972) apresentam a separação da camada limite em um
escoamento de ar sobre uma asa, conforme figura 4.3. A figura 4.3b ilustra a complexidade do
escoamento turbulento.

Fig 4.3 - a) Escoamento colado á asa e b) Separação no escoamento


Fonte: Tennekes e Lumley (1972)

Mathieu e Scott (2000) apresentam um escoamento turbulento sobre um cilindro


através da figura 4.4, onde se nota que é nítido o aparecimento das vorticidades no
escoamento. É aí que as dificuldades da modelagem do escoamento aparecem.

Fig. 4.4 - Visualização do escoamento turbulento sobre um cilindro


Fonte: Mathieu e Scott (2000)
65

4.4.2 Aspectos Quantitativos

Segundo Bird, Stewart e Lightfoot (2004) a velocidade medida em um ponto do


escoamento pode ser representada através da figura 4.5.

Fig. 4.5 - Velocidade medida em um ponto em regime de escoamento turbulento


Fonte: Bird, Stewart e Lightfoot, 2004

A velocidade é decomposta em um valor médio U adicionando uma componente de


flutuação u’(t), conforme equação 4.10

(4.10)

O escoamento turbulento pode ser caracterizado em termos de valores médios de suas


propriedades e algumas propriedades estatísticas de suas flutuações. Mesmo o escoamento
onde as velocidades e pressões médias variam em apenas uma ou duas direções, as flutuações
turbulentas sempre são tri-dimensionais. Além do mais, a visualização do escoamento
turbulento revela escoamentos rotacionais, chamados de vorticidade turbulenta com uma
ampla faixa de tamanho de vórtices.
Em outras palavras, se em um ponto do fluido uma componente da velocidade for
observada em função do tempo, verifica-se que ela flutua de maneira caótica conforme
mostrado na figura 4.5. As flutuações são desvios irregulares de um valor médio. A
velocidade do fluido pode ser considerada como a soma de um valor médio com a flutuação.
A aparência da turbulência se manifesta como flutuações aleatórias da componente de
velocidade medida acerca do valor médio e todas as outras variáveis, por exemplo, todas as
66

componentes de velocidade, pressão, temperatura, densidade, etc. irão apresentar este mesmo
comportamento dependente do tempo.
A decomposição de Reynolds define uma propriedade de escoamento φ nesse ponto
como o somatório do valor médio fixo e a componente de flutuação variando no tempo
θ’(t), através da equação 4.11

(4.11)

onde t é um intervalo de tempo suficiente.


Daí, tem-se a definição de média temporal e as descrições estatísticas amplamente
utilizadas da componente de flutuação θ’.
A média temporal da propriedade φ para escoamento permanente é definida através
da equação 4.12:

(4.12)

Para os escoamentos transientes, a média temporal da propriedade θ no tempo t é


obtida da média dos valores instantâneos da propriedade θ acima de um número grande de
experimentos idênticos repetidos: o chamado Média Total (Ensemble Average)
A média temporal das flutuações θ’ é, por definição, zero conforme equação 4.13:

(4.13)

Por uma questão de simplicidade, a dependência do tempo de θ e θ’ explicitamente


não será mais escrita neste trabalho, conforme equação 4.14:

(4.14)

As descrições mais compactas das características principais da componente de


flutuação das variáveis do escoamento turbulento são expressas em termos estatísticos.
As funções utilizadas para descrever a magnitude das flutuações θ’ em relação ao
valor médio são a variância e o desvio padrão (Root Mean Square) dadas pelas equações
4.15 e 4.16 respectivamente.
67

(4.15)

(4.16)

Os valores de r.m.s das componentes de velocidade são de importância particular, pois


eles são mais fáceis de se medir e expressam a intensidade das flutuações de velocidade.
As variâncias possuem uma interpretação como sendo a energia cinética por unidade
de massa para uma respectiva flutuação de velocidade. A energia cinética turbulenta por
unidade de massa k para uma dada localização é dada pela equação 4.17:

(4.17)

A intensidade turbulenta Ti dada pela equação 4.18 é função da velocidade média do


escoamento:

(4.18)

A intensidade turbulenta é importante para a implementação das condições de


contorno utilizadas na simulação numérica. Usualmente, esta intensidade é especificada nas
entradas do domínio de cálculo.

4.5 Equação de Conservação com médias de Reynolds (RANS - Reynolds Averaged


Navier-Stokes)

Nota-se que o escoamento turbulento exibe uma característica média e uma


componente de flutuação dependente do tempo e por isso a velocidade pôde ser dividida na
componente média mais a componente dependente do tempo.
Em geral, os modelos de turbulência modificam as equações originais de Navier-
Stokes para produzir as equações de conservação com médias de Reynolds (Reynolds
68

Averaged Navier-Stokes - RANS). Essas equações representam o escoamento médio e a


modelagem dos efeitos de turbulência não são resolvidos para as flutuações turbulentas. Os
modelos de turbulência baseados nas equações de RANS são conhecidos como modelos de
turbulência estatísticos devido ao procedimento estatístico empregado para obter as equações.

Com as modificações das equações originais de Navier-Stokes para as equações RANS


tem-se a introdução de termos adicionais desconhecidos contendo produtos das quantidades
de flutuação, na qual atuam como tensões adicionais no fluido. Estes termos chamados de
Tensores Turbulentos ou Tensores de Reynolds são difíceis de determinar diretamente e se
tornam também desconhecidos. Portanto, quando se utiliza o conceito de médias de Reynolds
(RANS), as equações se modificam e aparecem os termos adicionais. Na impossibilidade de se
encontrar esses valores, utiliza-se um modelo de turbulência que calcula uma aproximação
para esses termos, normalmente utilizando o conceito de viscosidade turbulenta.

As equações diferenciais de conservação de quantidade de movimento são escritas


através da equação 4.19:

(4.19)

As equações contêm os termos dos fluxos turbulentos adicionais aos fluxos difusivos
moleculares. Os novos termos são os tensores de Reynolds. A barra acima significa que
valores são médios no tempo. Estes termos são devido aos termos convectivos não lineares
nas equações de RANS. Eles refletem o fato de que o transporte convectivo devido às
flutuações de velocidade turbulenta contribui para intensificar a mistura causada por
flutuações em nível molecular. Para altos números de Reynolds, as flutuações de velocidade
ocorrem em uma escala de comprimento muito maior do que a trajetória média das
flutuações; então os fluxos turbulentos são muito maiores que os fluxos moleculares.
Os modelos de turbulência aproximam os tensores de Reynolds por expressões que são
conhecidas como modelos de turbulência. Para se obter as quantidades turbulentas é
necessário impor algumas simplificações aos tensores de Reynolds permitindo um tratamento
matemático aos termos turbulentos. A hipótese de Boussinesq assume que os tensores de
Reynolds podem ser expressos por gradientes de velocidade e este conceito é utilizado na
maioria dos modelos de turbulência.
O termo que aparece na equação 4.19 é dado pela equação 4.20:
69

(4.20)

onde µt é a viscosidade turbulenta.


Quando a equação 4.20 é substituída na equação 4.19, pode-se notar o aparecimento
de uma nova viscosidade. Trata-se da viscosidade efetiva, onde µeff = µ + µt. Alguns
trabalhos da literatura já trazem a equação 4.19 com a inclusão da viscosidade efetiva,
representada pela equação 4.21:

(4.21)

O software comercial CFX 12 utilizado no presente trabalho apresenta a equação de


conservação de quantidade de movimento através da equação 4.21.

4.6 Modelos de Turbulência

Os modelos de turbulência são tratados de forma detalhada na literatura: Peinke et al


(2005); Veersteg e Malalasekera (2007).
Conforme discutido na seção 4.5 do presente trabalho, com as modificações das
equações originais de Navier-Stokes para as equações RANS, tem-se a introdução de termos
adicionais (Tensores de Reynolds) desconhecidos e estes precisam ser modelados através dos
modelos de turbulência. Um dos modelos de turbulência mais utilizados, o modelo k-ε tem
sido implantado e industrialmente é considerado o modelo padrão. É provado que o modelo k-
ε é estável e numericamente robusto, porém para algumas aplicações este modelo não é muito
apropriado: escoamentos com separação na camada limite; escoamentos com mudanças
repentinas de direção; escoamentos de fluidos em rotação e escoamentos em superfícies
curvilíneas.

Os modelos de turbulência podem ser classificados em ordem crescente de


complexidade e também de esforço computacional. São eles: o modelo de zero equação; os
modelos de duas equações (k-ε e suas variações, k-ω e suas variações e o modelo SST - Shear
70

Stress Transport); modelo de Tensão de Reynolds (Reynolds Stress Model), os modelos que
simulam os grandes vórtices, conhecidos como LES (do inglês Large Eddy Simulation) e os
modelos que realizam uma simulação numérica direta, conhecidos como DNS (do inglês
Direct Numerical Simulation).

Os modelos de turbulência, com exceção do DNS, são utilizados para estimar os


efeitos de turbulência no escoamento de fluidos sem resolver todas as escalas das menores
flutuações turbulentas. Alguns modelos possuem aplicações específicas, enquanto outros
podem ser aplicados a uma ampla classe de problemas e situações.
O modelo LES é uma forma intermediária de cálculo de turbulência na qual se
consegue capturar o comportamento dos vórtices grandes. O método envolve um “filtro” nas
equações de Navier-Stokes, na qual se deixa passar os vórtices grandes e rejeita os vórtices
pequenos. O modelo DNS capta o escoamento médio e todas as flutuações de velocidades
turbulentas. Neste caso, as equações de Navier-Stokes são resolvidas em malhas
suficientemente finas, capazes de resolver as escalas de comprimento de Kolmogorov com
passo de tempo suficientemente pequeno para resolver o período de rápidas flutuações. Esta
simulação leva em conta todos os tamanhos de vórtices turbulentos formados.
Os modelos tipo RANS e suas variantes proporcionam uma boa relação
custo/benefício. Os modelos LES e DNS exigem um grande esforço computacional para
resolver as escalas de turbulência. Para algumas classes de problemas os modelos LES e DNS
são necessários para se descrever adequadamente o escoamento, como por exemplo, a
separação formada na esteira de um corpo rombudo.

4.7 Modelo de Turbulência SST (Shear Stress Transport)

Menter, Kuntz e Langtry (2003) apresentam uma revisão sobre a utilização do modelo
SST nos últimos 10 anos. O método SST foi desenvolvido devido à necessidade da
acuracidade da predição de escoamentos aeronáuticos com grandes gradientes adversos de
pressão e separação.
Um dos principais problemas em modelar a turbulência é a precisão da predição da
separação do escoamento de uma superfície plana. Os modelos de turbulência de duas
equações freqüentemente falham em estimar o início e a quantidade de separação do
escoamento frente às condições do gradiente de pressão adverso. Os modelos de turbulência
71

de duas equações (k-ε, k-ω) oferecem bons resultados para a maioria dos problemas
relevantes de engenharia. Em escoamentos onde o transporte turbulento ou os efeitos do não-
equilíbrio estão presentes, a hipótese de viscosidade turbulenta não é mais válida e os
resultados para os modelos de viscosidade turbulenta são imprecisos.
Este é um fenômeno importante em muitas aplicações técnicas, particularmente para a
aerodinâmica de aviões, onde, por exemplo, as estolagens características dos aviões são
controladas pela separação do escoamento da asa do avião. Por esta razão, a comunidade da
aerodinâmica tem desenvolvido um grande número de modelos de turbulência para estas
aplicações. Geralmente, os modelos de turbulência de duas equações predizem o início da
separação muito tarde e estimam uma região de separação menor. Isto é problemático, pois
este comportamento fornece uma característica de performance otimista para um aerofólio,
por exemplo.
Existem outros modelos desenvolvidos para resolver esse tipo de problema. O modelo
k-ω baseado no modelo SST (Shear-Stress Transport) foi projetado para dar uma alta precisão
na predição do início e da quantidade de separação frente às condições dos gradientes
adversos de pressão pela inclusão dos efeitos de transporte na formulação da viscosidade
turbulenta. Esses resultados são muito melhores para predizer a separação de escoamentos.
O modelo SST é recomendado para simulações com alta precisão na camada limite e
este modelo foi desenvolvido para superar as deficiências do modelo k-ω. Uma das vantagens
do modelo de k- ω é o tratamento próximo à parede para baixos valores de número de
Reynolds. O comportamento de convergência do modelo k- ω é freqüentemente similar ao
modelo k- ε.
O modelo SST combina as vantagens dos modelos k-ε e k-ω. Na região próxima à
parede, utiliza-se o modelo k-ω e para regiões mais afastadas utiliza-se o modelo k-ε. O
tratamento dado nas regiões próximas às paredes pelo modelo SST reduz os requisitos de
resolução de malha nessas regiões, o que contribui para uma melhoria significativa para as
estimativas industriais de transferência de calor. Sua formulação é baseada em funções de
ajuste (blending functions) na qual se garante uma seleção apropriada das zonas k-ε e k-ω sem
que seja necessária a interação do usuário.
Conforme descrito por Menter (2003), o modelo resolve duas equações diferenciais de
conservação, dadas pelas equações 4.22 e 4.23

(4.22)
72

(4.23)

onde F1 é uma função de ajuste dada pela equação 4.24:

(4.24)

(4.25)

onde y é a distância até a parede mais próxima.


Segundo Menter (2003), as equações 4.24 e 4.25 fazem com que F1 seja igual a zero
longe da parede (modelo k-ε) e mude para 1 dentro da camada limite (modelo k-ω). A
viscosidade turbulenta é definida pela equação 4.26:

(4.26)

onde S é uma medida da taxa de deformação e F2 é uma segunda função de juste dada pela
expressão 4.27:

(4.27)

Um limitador é utilizado no modelo SST para prevenir o desenvolvimento da


turbulência nas regiões estagnadas, através da equação 4.28:

(4.28)
73

Todas as constantes são determinadas pela mistura das constantes correspondentes dos
modelos k-ε e k-ω, através de interpolação linear, como na equação 4.29:

(4.29)

As constantes deste modelo são: β*=0,09; 1=5/9; β1=3/40; k1=0,85; ω1=0,5;

2=0,44; β2=0,0828; k2=1 e ω2=0,856.

O modelo é recomendado para os seguintes tipos de escoamentos: escoamentos sem


tensão de cisalhamento com grandes anisotropias (fluidos em sistema de agitação);
escoamentos com mudanças repentinas de direção; escoamentos onde os campos (os fluxos)
principais são complexos e assim reproduzem a natureza anisotrópica da turbulência e
escoamentos que apresentam flutuações. Por esta razão, o presente trabalho utiliza nas
simulações numéricas o modelo de turbulência SST.

4.8 Solução numérica utilizando o pacote computacional CFD

A primeira etapa para a resolução do problema via CFD é a geração da geometria


tridimensional através do Design Modeler do CFX ou através de um CAD (Computer-Aided
Design) externo.
A próxima etapa é a geração da malha computacional, através do CFX-Mesh. Após a
geração da malha, são introduzidas as condições iniciais e de contorno no CFX-Pre
necessárias à resolução do problema. Estas condições, juntamente com as propriedades
físicas do fluido e a seleção do modelo de turbulência modelam o problema a ser resolvido.
As equações são então resolvidas fornecendo a solução numérica para o problema.
Deve-se, por conseguinte, analisar os resultados obtidos através do CFX-Post. A figura 4.6
mostra as etapas necessárias para a solução numérica do problema via CFD:

Design Modeler
ou CAD Externo CFX-Mesh CFX Pre CFX Solver CFX Post

Fig. 4.6 – Etapas para a solução numérica do problema


Fonte: Autor
74

O pacote comercial de CFD é basicamente dividido em três grandes grupos: pré-


processamento, solver e o pós-processamento.
As atividades na etapa de pré-processamento envolvem: a definição da geometria da
região de interesse (domínio computacional); a geração da malha, ou seja, a subdivisão do
domínio em volumes de controle; a seleção dos modelos físicos; a definição das propriedades
do fluido e a especificação das condições de contorno apropriadas.
A solução do problema de escoamento (velocidade, pressão, temperatura, etc.) é
definida nos nós dentro de cada volume. A precisão da solução de CFD é governada pelo
número de volumes da malha. Geralmente quanto maior é o número de volumes (nós) maior é
a exatidão da solução.
Os pré-processadores fornecem aos usuários uma “biblioteca” de propriedades dos
fluidos mais comuns, a facilidade de escolher os modelos (por exemplo, modelos de
turbulência, transferência de calor por radiação, modelos de combustão) e as principais
equações de movimento dos fluidos.
Nesta etapa, há a criação de um arquivo de definição da simulação (.def) onde estão
todas as informações que serão utilizadas pelo solver, incluída a malha de cálculo.
O solver do CFX utiliza o MVF, que em linhas gerais faz a integração das equações
diferenciais de conservação para cada volume da malha; a discretização, que é a conversão
dos resultados das equações diferenciais integrais em um sistema de equações algébricas e
solução propriamente dita destas equações algébricas. No solver, é criado o arquivo de
resultados (.res) de todas as variáveis resolvidas nos nós da malha.
Após a solução, tem-se a etapa de pós-processamento, onde os resultados são
fornecidos pelo solver: exibição da malha; vetores plotados; gráficos de superfície em 2D e
3D; as linhas de fluxo do fluido; animações e etc.
O pós-processador permitiu o cálculo de arrasto e torque hidrodinâmico essencial para
o cálculo do número de Potência. Além disso, permitiu especificar planos e cálculo de valores
médios de cada variável nestes planos e o cálculo da vazão que atravessa um dado plano.
Conforme comentado no capítulo de resultados, esta capacidade será usada para o cálculo do
número de Bombeamento.
75

4.9 Geometria do modelo

Com o objetivo de validação do modelo, a geometria do sistema estudado é a mesma


de Suzukawa et al, (2006). Os detalhes da geometria do sistema de agitação já foram
apresentados no capítulo 2, através das figuras 2.14 a 2.16 nas páginas 37 e 38. A tabela 4.1
resume as principais dimensões utilizadas.

Tab. 4.1 – Relações Geométricas do Tanque Agitado

Relações geométricas do sistema de agitação Cotas (mm)


Diâmetro do Tanque 490
Altura do volume de líquido 490
Altura das chicanas 490
Largura das chicanas 49
Diâmetro do impelidor 245
Largura da pá do impelidor 49
Espessura da pá do impelidor 2
Distância da pá do impelidor ao fundo do tanque 295
Fundo Tanque de fundo reto
Fonte: Autor

As figuras 4.7 e 4.8 apresentam o tanque agitado e ¼ do mesmo tanque dividido nos
domínios estacionário e rotativo, respectivamente.
76

Fig. 4.7 – Tanque Agitado


Fonte: Autor
77

Domínio Rotativo

Domínio Estacionário

Fig. 4.8 – 1/4 doTanque Agitado dividido nos domínios estacionário e rotativo
Fonte: Autor

4.10 Condições de Contorno e Propriedades Físicas

As condições de contorno aplicadas para o sistema em estudo foram: nas paredes do


tanque, aplicou-se o tratamento de não escorregamento; o topo do tanque é tratado como uma
parede, logo não há fluxo de massa no topo do tanque e os tensores são nulos e velocidade
axial nula; aplicou-se a condição de peridiocidade rotacional nas superfícies 1 e 2 indicadas
na figura 4.9; o fluido é considerado newtoniano e é modelado como uma fase líquida
78

uniforme e contínua; as propriedades físicas são constantes; a rotação do impelidor é


constante e a temperatura do sistema é constante.
A figura 4.9 apresenta as paredes do sistema de agitação, onde as condições de
contorno foram impostas para a resolução do problema.

Superfície 1 Superfície 2

Fig. 4.9 – Paredes do sistema de agitação


Fonte: Autor

Para a solução das equações diferenciais de conservação de transporte são necessárias


as informações das propriedades do fluido, tais como densidade, viscosidade, condutividade
térmica, coeficientes de difusão e etc.
Para o modelo estudado, um tanque com um agitador do tipo pás inclinadas, onde não
há troca de calor e o fluido de trabalho é a água à uma temperatura de 25°C, especificou-se a
densidade de 997 kg/m³ e viscosidade de 8,899 x 10-4 kg/m.s do fluido.
79

4.11 Malha Computacional

O presente trabalho utiliza malhas não-estruturadas devido à sua facilidade de geração


e a possibilidade de refinamento em determinadas posições, além de requerer pouca
intervenção por parte do usuário. Estas malhas utilizam principalmente elementos
tetraédricos. As figuras 4.10 a 4.12 mostram que a malha foi construída de forma a apresentar
um refinamento maior na região próxima ao impelidor e nas paredes do tanque de agitação.

Fig. 4.10 – Malha computacional não estruturada aplicada ao tanque agitado


Fonte: Autor
80

Fig. 4.11 – Malha computacional não estruturada aplicada em ¼ do tanque agitado


Fonte: Autor
81

Fig. 4.12 – Malha computacional não estruturada aplicada impelidor


Fonte: Autor

Na construção da malha computacional, existem quatro tipos de volumes de controle


tridimensionais: o hexaedro (com quadriláteros nas seis faces), o tetraedro (com triângulos
nas quatro faces), o prisma (dois triângulos conectados por três quadriláteros) e a pirâmide
(quatro triângulos ligados aos lados de um quadrilátero).
A malha computacional utilizada no modelo proposto é uma malha não estruturada
composta de 419.799 nós, com 1.524.907 elementos. Elementos prismáticos foram utilizados
para refinar a malha nas paredes, inclusive no impelidor. Este tipo de elemento permite
refinar a malha na direção normal à parede sem refinamento desnecessário nas outras
direções. Este refinamento é necessário, pois são posições de gradientes elevados de
velocidade.
A precisão da solução, o custo em termos de hardware de um computador e o tempo
de cálculo são dependentes do refinamento da malha. Malhas otimizadas são freqüentemente
não-uniformes: refinadas em áreas onde grandes gradientes ocorrem de um ponto ao outro e
grosseira em regiões em que as mudanças são pequenas.
82

5. MÉTODO NUMÉRICO

5.1 Método dos Volumes Finitos (MVF)

Os métodos numéricos para a solução de problemas na mecânica dos fluidos são muito
úteis, pois são muito raras as soluções analíticas para esses tipos de problemas, restando assim
apenas uma abordagem via simulação numérica ou através da realização de experimentos,
principalmente para geometrias complexas.
A tarefa do Método dos Volumes Finitos é o de resolver uma ou mais equações
diferenciais substituindo as derivadas existentes por expressões algébricas que envolvem
valores da variável a ser resolvida para um número de volumes da malha em um domínio de
cálculo.
Ao calcular os valores da variável no domínio, têm-se incógnitas. Para resolvê-las, são
necessárias equações formando um sistema linear.
Com a finalidade de se obter resultados mais precisos deve-se aumentar o número de
volumes da malha. A solução numérica será mais próxima da solução exata quanto maior for
esse número. Isto aumenta o número de incógnitas do sistema linear e desta forma também
aumenta o custo computacional.
Os métodos tradicionais para a solução numérica de equações diferenciais são os
Métodos de Diferenças Finitas (MDF), de Volumes Finitos (MVF) e de Elementos Finitos
(MEF).
Os softwares comerciais disponíveis atualmente utilizam o MVF em função
principalmente da sua robustez e devido às suas características conservativas. É fundamental
que o método satisfaça os princípios de conservação, dados pelas equações na seção 4.2 do
presente trabalho. Assim, não há chance de existir gerações ou sumidouros de quantidades
conservadas no interior do domínio de cálculo, como massa, quantidade de movimento e
energia, desde que seja obtida a solução do sistema linear.
Segundo Darwish, Saad e Hamdan (2008) as técnicas de CFD envolvem basicamente
uma primeira etapa denominada de discretização, que é a obtenção de um sistema de equações
algébricas lineares a partir das equações diferenciais parciais que representam os princípios de
conservação e uma segunda etapa que é a solução propriamente dita destas equações
83

algébricas. A convergência da solução é alcançada através de um método iterativo. Para


problemas transientes, o processo de solução total é repetido em passos de tempo.
As equações diferenciais de conservação que governam o fenômeno físico, para uma
propriedade genérica , são dadas pela expressão 5.1:

(5.1)

onde é a densidade, t é o tempo, u é o vetor velocidade, é o coeficiente de difusão e


(x,y,z,t) é uma propriedade genérica dependente para a qual a solução é procurada. Esta
equação é chamada de equação de transporte para a propriedade . Ao lado esquerdo da
equação tem-se a taxa de variação da propriedade no tempo e o termo convectivo. Do lado
direito tem-se o termo difusivo e o termo fonte.
Discretizando o domínio de cálculo e integrando a equação 5.1 em um volume de
controle da malha, a equação algébrica obtida pode ser escrita através da equação 5.2:

(5.2)

onde os coeficientes dependem de esquemas específicos utilizados no processo de


discretização.
Versteeg e Malalasekera (2007) discutem em detalhes o processo de discretização
utilizado na obtenção das equações algébricas a partir das equações diferenciais.
O processo de discretização fornece um sistema linear de equações algébricas. O
solver do código computacional é utilizado para resolver este sistema de equações.

5.2 Características do código computacional utilizado

O código computacional utilizado é o CFX versão 12 da ANSYS disponível no Centro


Universitário da FEI. O código utiliza o Método dos Volumes Finitos para a etapa de
discretização das equações diferenciais de conservação.
Para a obtenção da solução do modelo, utilizou-se uma malha não estruturada.
Maiores detalhes podem ser encontrados no capítulo de resultados.
84

A disponibilidade de modelos implementados para tratar os domínios rotativos, como


descritos no item 4.3 do capítulo anterior e a ampla variedade de modelos de turbulência
presentes no CFX são outros fatores motivadores para seu uso.
Os resultados foram obtidos através do código computacional CFX 12. As simulações
foram realizadas em computador provido de dois processadores QuadCore; 2,19 GHz e 16
GB de memória RAM.

5.3 Esquema de discretização dos termos advectivos

Para completar a discretização dos termos advectivos é necessário aproximar a


variável nas faces do volume de controle.
Podem-se encontrar na literatura diversas formas de se realizar esta aproximação
dentre as quais se destacam: o esquema de Diferenças Centrais (Central Differencing
Scheme); esquema Upwind (Upwind Differencing Scheme); esquema Híbrido (Hybrid
Differencing Scheme); esquema Power Law (Power Law Scheme); esquema de 2° ordem
QUICK (Quadratic Upwind Differencing Scheme); esquema de 3° ordem (TVD Schemes).
Maiores informações podem ser encontradas em Maliska (2004) e Versteeg e Malalasekera
(2007).
A forma utilizada, pelo código computacional, para avaliar o valor de nas faces do
volume de controle é dada pela equação 5.3.

(5.3)

onde up é o valor de no nó a montante, r é o vetor do nó a montante para a posição na face


do volume de controle onde se deseja aproximar e∇ é o gradiente dos nós a montante.
Para esquemas de discretização diferentes, a forma de calcular ∇ e β são também diferentes.
O usuário deve especificar o esquema de discretização desejado.
No presente trabalho, a discretização dos termos advectivos foi feita utilizando um
esquema de 2° ordem para as equações de quantidade de movimento e o esquema híbrido para
as variáveis de turbulência.
85

5.4 Solução do sistema linear de equações algébricas e o acoplamento pressão-


velocidade

Através do Método dos Volumes Finitos consegue-se a obtenção do sistema de


equações algébricas lineares através da discretização das equações diferenciais parciais que
representam os princípios de conservação. A solução deste sistema fornece a distribuição de
nos nós da malha. Os métodos de solução destes sistemas lineares podem ser diretos ou
iterativos.
Os softwares comerciais de CFD não utilizam os métodos diretos devido ao grande
número de operações matemáticas e conseqüentemente uma grande capacidade de
armazenamento de memória, pois os sistemas lineares apresentam um número elevado de
zeros na matriz dos coeficientes. Faz-se necessário então o uso de métodos iterativos.
O sistema linear é composto por equações algébricas, como a 5.4, sendo uma para
cada volume da malha.

(5.4)

onde é a variável dependente, b é o lado direito da equação, a é o coeficiente da equação, i


é a identificação do volume de controle ou nó em questão e viz refere-se aos vizinhos e
também inclui o coeficiente central multiplicando a variável dependente na posição i,
conforme equação 5.2. Para a solução de um problema hidrodinâmico em 3D é necessário a
obtenção da pressão e das três componentes de velocidade em cada volume da malha. As
equações algébricas podem ser escritas na forma matricial pelas equações 5.5 a 5.7, em um
sistema acoplado:

(5.5)

(5.6)
86

(5.7)

Segundo o manual do CFX, as vantagens deste tipo de tratamento acoplado são


diversas, dentre os quais se destacam: robustez, generalidade e simplicidade.
O pacote computacional utiliza um “solver” acoplado, no qual se resolvem as
equações hidrodinâmicas como um sistema único. Esta abordagem de solução utiliza uma
discretização totalmente implícita das equações para um dado passo de tempo. Para problemas
em regime permanente, o passo de tempo funciona como um “parâmetro acelerador” que leva
às soluções aproximadas para soluções permanentes. Isto reduz o número de iterações
necessárias para a convergência ou para o cálculo da solução para cada passo de tempo em
uma análise independente do tempo.
A solução de cada sistema de equações consiste basicamente de duas operações
numéricas. Para cada passo de tempo há: (1) a geração de coeficientes, onde as equações não
lineares são linearizadas e agrupadas na matriz solução e (2) a solução da equação, onde as
equações linearizadas são resolvidas.
Com o aumento da complexidade dos problemas de CFD, técnicas para acelerar o
processo de solução do sistema de equações têm sido desenvolvidas. Uma solução para o
problema é fornecida pelos métodos Multigrid.
Keller et al (2004) explicam que a idéia básica de aceleração da convergência dos
métodos Multigrid é reconhecer que os métodos iterativos conseguem eliminar rapidamente
os erros com comprimentos de onda da ordem do tamanho da malha. Assim, com a utilização
de malhas desde bem refinadas até bem grosseiras, com poucos volumes no domínio,
consegue-se eliminar os erros em todas as frequências, e portanto, acelerando o processo de
convergência. O conceito do método é simples: obter malhas grosseiras a partir de malhas
refinadas.
Keller et al (2004) propõem o método ACM - Additive Correction Multigrid fazendo
um estudo dos fatores que influenciam na performance deste método.
Os autores mostram, através de um equacionamento matemático, que o princípio de
funcionamento do método é o de realizar algumas poucas iterações na malha original refinada
para eliminar os erros de alta freqüência, partindo em seguida para uma malha mais grosseira
87

que fornecerá correções a serem aplicadas na malha mais refinada. A idéia é obter uma
solução aproximada na malha fina, em um número de iterações que elimine os erros de alta
freqüência. Não se deve ficar iterando muito na malha fina, pois após terem sido eliminados
os erros de alta freqüência, os de freqüência mais baixa diminuem muito lentamente nesta
malha. Passa-se então para a malha mais grossa imediatamente acima. Através da passagem
para uma outra malha ainda mais grossa, elimina-se os erros com outros comprimentos de
onda em um processo até chegar-se a uma malha bastante grosseira, onde até uma solução
direta, portanto exata, possa ser aplicada. Obtida a solução na malha mais grossa possível, as
correções são agora passadas para a penúltima malha mais grossa. Nesse ponto deve-se
decidir se continua subindo com o processo até chegar na malha mais fina ou se da penúltima
malha volta-se para a última malha. Esses procedimentos dão origem aos chamados ciclos V e
W.
No ciclos V parte-se da malha mais fina, desce até a mais grossa e volta para a mais
fina, repetindo-se este ciclo se necessário. No ciclo W, inicia-se na mais fina até atingir a mais
grossa, volta-se uma malha ou duas para cima e novamente desce-se para a mais grossa
repetindo-se o processo.
Keller et al (2004) ilustram o método ACM através das figuras 5.1 (a), (b) e (c).
Embora os blocos sejam formados de um modo inconveniente, neste exemplo os volumes são
unidos em blocos com cinco células. Pode-se ver que o bloco da malha grosseira é formado
pela junção dos volumes de controle da malha grosseira em diferentes direções, resultando em
uma aglomeração com formas não-estruturadas.
88

(a) (b)

(c)
Fig. 5.1 – Exemplo de aglomeração adaptativa em malhas não estruturadas (a) malha fina, (b) primeira malha
grosseira, (c) segunda malha grossseira
Fonte: Keller et al (2004)

O CFX utiliza o método algébrico Multigrid (AMG) para a solução das equações
linearizadas. As soluções são realizadas e controladas pelos passos de tempo (physical time
scale ou timestep) para as análises em regime permanente e transiente.
O sistema linearizado das equações discretizadas pode ser escrito em uma forma de
matriz, conforme a equação 5.8:

(5.8)

onde [A] é o coeficiente da matriz, [ ] é o vetor solução, [b] é o lado direito da equação. A
n
equação 5.8 pode ser resolvida iterativamente, começando com uma solução aproximada ,
n+1
na qual será melhorada pela correção ’, dando uma melhor solução . Por exemplo,

(5.9)

onde é a solução da equação 5.10:


89

(5.10)

com rn , o resíduo, obtido da equação 5.11:

(5.11)

Aplicações repetidas deste algoritmo darão a solução com a precisão desejada.


Vários outros algoritmos são apresentados na literatura para o tratamento do
acoplamento pressão velocidade: SIMPLE, SIMPLER, SIMPLEC, SIMPLEST, PRIME
dentre outros. Todos eles são algoritmos do tipo estimativa e correção (guess and correct) e
resolvem cada uma das equações separadamente, de forma iterativa. Estas alternativas são
menos eficientes que a solução acoplada utilizada pelo CFX.
O arranjo das variáveis na malha computacional entre as componentes de velocidade e
a pressão pode ser de dois tipos: arranjo co-localizado ou arranjo desencontrado. O CFX
utiliza o arranjo co-localizado.
No arranjo co-localizado todas as variáveis utilizam o mesmo volume de controle, o
que significa usar um único volume de controle para realizar todas as integrações. Maliska
(2004) explica o benefício do modelo: “Usar um único volume de controle para realizar todas
as integrações significa que o cálculo das áreas para a determinação dos fluxos das diferentes
propriedades é o mesmo, facilitando enormemente a construção e a implementação
computacional do algoritmo.” Maiores detalhes podem ser encontrados na literatura.

5.5 Critério de convergência

A simulação numérica é realizada até que um critério de convergência seja satisfeito.


O critério de convergência adotado no presente trabalho é o RMS (Root Mean Square), onde
são verificados se o RMS dos resíduos das equações de conservação de massa e quantidade de
movimento são menores que 5 · 10-5.
O resíduo é calculado como a diferença entre o lado direito e o lado esquerdo de cada
equação do sistema linear das equações discretizadas. Os resíduos são então normalizados
com o propósito de monitorar a solução e verificar se o critério de convergência foi satisfeito.
Para cada solução da variável , o resíduo é dado pela expressão 5.12:
90

(5.12)

onde rn é a diferença no volume de controle considerado, ap representa o coeficiente do


volume de controle, é a tolerância da variável no domínio.
O cálculo de ap e não são simples e não serão representados aqui. Algumas
considerações importantes: os resíduos normalizados são independentes do passo de tempo
(timestep) adotado e os resíduos normalizados são independentes da estimativa inicial (initial
guess).
Uma solução exata do sistema linear de equações algébricas tornaria todos os resíduos
nulos.

5.6 Modelos disponíveis para sistemas rotativos

Conforme apresentado no item 4.3 do presente trabalho, é conveniente para o sistema


do tanque de mistura utilizar um referencial não-inercial devido ao mesmo apresentar regiões
estacionárias e rotativas. Um modelo conveniente é necessário para a troca constante de
informações na interface dos sistemas rotativo e estacionário. Esta troca de informações é o
que diferencia os modelos. É o objetivo deste trabalho utilizar modelos diferentes para o
sistema de referência e avaliar seus resultados fornecidos. As estratégias de resolução
avaliadas são: Frozen Rotor, Stage (Circumferential Average) e Sliding Mesh.
A figura 5.2 mostra de maneira sucinta os regimes em que os modelos são aplicados.

Frozen Rotor
Regime
Permanente
Stage
MRF

Regime
Transiente Sliding Mesh

Fig. 5.2 – Modelos para o sistema de referência


Fonte: Autor
91

As simulações utilizando os modelos Frozen Rotor e Stage são realizadas em regime


permanente, enquanto a simulação utilizando o modelo Sliding Mesh é feita em regime
transiente.
Através da estratégia Frozen Rotor, o sistema de referência muda, mas a orientação
relativa das componentes que atravessam a interface é fixa. Os dois sistemas de referência se
conectam de uma forma tal que eles possuem posições relativas fixas em todo o cálculo, mas
com o apropriado sistema de transformação ocorrendo através da interface.
Na modelagem utilizando-se a técnica Stage (Circumferential Average) tem-se que as
passagens da pá do impelidor são resolvidas simultaneamente calculando-se a média entre os
domínios rotativos e estacionários. Soluções em regime permanente são obtidas em cada
sistema de referência através da média de fluxo gerada.
A modelagem utilizando a técnica Sliding Mesh é a única abordagem que realmente
modela o sistema em regime transiente. Nesta aproximação, o movimento relativo passageiro
entre os componentes é simulado, impossibilitando falhas no balanço de massa, quantidade de
movimento e energia, levando em conta todos os efeitos de interação entre componentes e seu
movimento relativo. Esta abordagem é a única que pode simular corretamente todos os fluxos
gerados por impelidores tanto axiais, como radiais e tangenciais, predizendo desde os fluxos
primários até os fluxos e vorticidades gerados na região de conexão dos domínios.
A grande desvantagem desta abordagem é o grande recurso computacional
empregado, principalmente o tempo de simulação requerido.
92

6. RESULTADOS

O presente capítulo está subdividido de forma a organizar a apresentação e discussão


dos resultados. Inicialmente, na seção 6.1, apresenta-se um estudo de refinamento e
adequação da malha computacional. Nas seções 6.2 a 6.7, são apresentados, respectivamente,
os resultados para o número de Potência (Np), vetores velocidade, linhas de corrente, número
de Bombeamento (NB), relação Np/NB e potência. Todos os resultados apresentados mostram
a comparação entre resultados obtidos com os diferentes modelos para domínios rotativos e
também a comparação com resultados experimentais, sempre que estes estiverem
disponíveis.

6.1 Estudo de refinamento da malha

Os resultados obtidos nas simulações numéricas devem ser independentes da malha


utilizada. A forma proposta no presente trabalho de se averiguar a adequação da malha foi
através da verificação do resultado obtido para o número de Potência, visto que esse é o
principal foco do trabalho. Este procedimento consiste em analisar os resultados obtidos do
número de Potência para malhas progressivamente mais refinadas.
Desta forma, foi realizado um estudo de refinamento da malha, para malhas
progressivamente refinadas, com número de elementos entre 941.830 e 2.429.168. Todas as
simulações em regime permanente utilizaram o modelo Frozen Rotor e atingiram a
convergência, considerando-se um resíduo RMS menor que 5 · 10-5.
A tabela 6.1 resume os principais resultados obtidos do número de Potência para cinco
malhas diferentes.
93

Tab. 6.1 – Resultados obtidos para o número de Potência para diferentes malhas (N=30 rpm)

Parâmetros Malha 1 Malha 2 Malha 3 Malha 4 Malha 5


Número de
Elementos da Malha 0,94 1,19 1,52 1,84 2,43
(x 106)
Torque (N.m) 0,06080 0,05995 0,06019 0,05839 0,05848

Número de Potência 1,736 1,713 1,718 1,667 1,670

Tempo de Simulação 3 h 40 min 3 h 56 min 6 h 54 min 5 h 54 min 6 h 44 min


Fonte: Autor

A análise dos resultados das simulações forneceu diferença entre o maior e o menor
valor do número de Potência de apenas 3,9%, indicando que as malhas utilizadas apresentam
um refinamento satisfatório. Deve-se salientar que a hipótese de regime permanente pode ser
um tanto simplista para este tipo de problema, tendo em vista a dificuldade de se
obter convergência com RMS menor que 5x10-5. Possivelmente, o padrão de escoamento no
interior do tanque de mistura é instável, dificultando a obtenção de soluções para regime
permanente.
Além disso, para se verificar a independência da malha na obtenção dos resultados,
verificou-se o valor de y+ (distância adimensional à parede), que é definida pelo manual do
CFX (ANSYS CFX-Solver Theory Guide) através da equação 6.1:

(6.1)

onde w é a tensão de cisalhamento agindo sobre a parede, é a densidade do fluido, ν é a


viscosidade cinemática e n é a distância entre o primeiro e o segundo nós da malha, junto à
parede. O manual do software não traz uma recomendação para o valor de y+, porém
recomenda-se a necessidade de pelo menos três volumes dentro da sub-camada limite
laminar. A sub-camada limite laminar vai até y+=5 (VERSTEEG e MALALASEKERA
(2007)). Embora não exista uma recomendação explícita de fazer y+=1 nas paredes, esta
parece ser uma condição satisfatória, pois o terceiro volume ficaria com y+<5 (desde que a
malha não esteja ficando grosseira rápido demais, ao se afastar da parede).
As figuras 6.1 e 6.2 mostram que os valores de y+ na região do impelidor e nas paredes
do tanque agitado estão compreendidos entre zero e 1,2; mostrando assim que a malha
94

computacional utilizada para a obtenção dos resultados numéricos está adequada,


considerando o refinamento nas proximidades da parede.

Fig. 6.1 – Distância adimensional à parede (y+) na superfície do impelidor


Fonte: Autor

Fig. 6.2 – Distância adimensional à parede (y+) na superfície das paredes do tanque agitado
Fonte: Autor
95

6.2 Número de Potência

Este tópico apresenta os números de Potência obtidos pelos três modelos utilizados na
simulação CFD de tanques de mistura: Frozen Rotor, Stage e Sliding Mesh. Além disso,
comparam-se os resultados numéricos obtidos com os resultados experimentais obtidos por
Suzukawa et al (2006) e por autores consagrados tais como Nagata (1975) e Nishikawa et al
(1979). A avaliação do número de Potência utilizando as correlações propostas por Nagata e
Nishikawa et al foi feita usando os dados apresentados na tabela 6.2. As correlações propostas
pelos autores estão disponíveis no item 3.5 do presente trabalho (páginas 57 e 58) e não são
repetidas aqui.

Tab. 6.2 – Relações Geométricas do Tanque Agitado

Relações geométricas do sistema de agitação Cotas (mm)


Diâmetro do Tanque 490
Altura do volume de líquido 490
Altura das chicanas 490
Largura das chicanas 49
Diâmetro do impelidor 245
Largura da pá do impelidor 49
Espessura da pá do impelidor 2
Distância da pá do impelidor ao fundo do tanque 295
Fundo Tanque de fundo reto
Fonte: Autor

Como resultados da utilização das correlações propostas por Nagata, foram obtidos os
valores de Np=1,35 e Npmod=1,27. Deve-se lembrar que apenas o número de Potência
modificado leva em consideração a presença de chicanas no tanque de mistura. Através da
utilização da correlação de Nishikawa, obteve-se o valor de Np=1,34.
É importante ressaltar que as correlações obtidas pelos autores não levam em
consideração maiores detalhes da geometria do sistema de agitação (impelidor e tanque); e
sabe-se que a geometria influencia diretamente o perfil de escoamento no interior do tanque
agitado.
96

Suzukawa et al (2006) apresentaram os números de Potência medidos em uma faixa de


3,50 · 104 ≤ Re ≤ 1,75 · 105. Dentro desta faixa de números de Reynolds, o número de
Potência medido pelos autores variou entre 2,50 e 1,73. Estes resultados são
significativamente superiores aos reportados por Nagata (1975) e Nishikawa (1979).
Kresta et al (2004) mostram que o número de Potência para o impelidor do tipo pás
inclinadas à 45° (45° PBT; 4 pás) é da ordem de 1,27 para o modelo por ele estudado, sob
regime de escoamento turbulento.
Os resultados da simulação numérica, desenvolvidos no presente trabalho foram
obtidos através do código computacional CFX versão 12 através do uso de computador
provido de dois processadores QuadCore; 2,19 GHz e 16 GB de memória RAM. Para
acelerar a obtenção dos resultados utilizou-se processamento paralelo em todas as simulações
desenvolvidas, recurso disponível no código computacional.
As simulações numéricas foram realizadas através das técnicas de domínio rotativo
Frozen Rotor, Stage, e Sliding Mesh. A rotação do impelidor variou entre 30 e 180 rpm,
correspondendo à variação de Reynolds entre 0,3 x 105 e 2,0 x 105. A rotação do impelidor é
especificada como condição de contorno para as simulações. Todas as simulações foram
obtidas com a malha 3 do estudo de refinamento da malha apresentado na seção 6.1 do
presente trabalho.
O pós-processador permite o cálculo da força de arrasto e o torque hidrodinâmico
sobre superfícies. Dessa forma, pode-se calcular o torque a ser imposto ao impelidor para a
manutenção de seu movimento de rotação. Com o torque fornecido pelo pós-processador foi
possível calcular o número de Potência (Np) através da equação 6.2.

(6.2)

Os modelos Frozen Rotor e Stage utilizam simulações em regime permanente. O


software utilizado permitiu monitorar o torque e o número de Potência durante o processo de
solução iterativa. Foi possível observar que estes dois parâmetros variam pouco após as 100
primeiras iterações, apesar de o critério de convergência ser satisfeito apenas após 1000
iterações, aproximadamente.
Para o modelo transiente Sliding Mesh, observou-se que o torque não é constante ao
longo do tempo, apresentando um perfil de oscilações em função do tempo. Embora não se
tenha encontrado na literatura algum resultado similar, acredita-se que esta oscilação no
97

torque seja devido a uma possível interação entre o impelidor de quatro pás e as quatro
chicanas presentes no tanque. Pode-se chegar a esta conclusão observando que é de
aproximadamente quatro o número de oscilações no torque para cada volta do impelidor. Em
função deste comportamento, calculou-se um valor de torque e de número de Potência médio,
conforme mostra a figura 6.3. O valor médio apresentado no gráfico da figura 6.3 é obtido
através da média móvel do Np na última volta do impelidor. Para a simulação mostrada na
figura, com rotação de 30 rpm, o impelidor leva 2,0 segundos para completar uma volta.
Embora o número de Potência não seja constante para o modelo Sliding Mesh, para se
comparar com os outros modelos, considerou-se o valor médio do Np nas últimas duas voltas
da simulação (de um total de sete voltas), resultando no valor 1,37.

2.0

1.8
Número de Potência

1.6

1.4

1.2

1.0
0 2 4 6 8 10 12 14

Tempo (s)

Np media 4.0 segundos

Fig. 6.3– Monitoramento do Número de Potência em função do tempo de simulação obtido através de simulação
transiente utilizando o modelo Sliding Mesh (rotação do impelidor de 30 rpm)
Fonte: Autor

Indicações da literatura reportam que o número de Potência obtido através do modelo


Sliding Mesh deveria ficar inalterado após seis ou sete voltas do impelidor. Isso não foi
observado na simulação mostrada na figura 6.3. O tempo de processamento necessário para
98

produzir o resultado da figura 6.3 é bastante alto (aproximadamente 20 dias). Esta é uma
característica que torna a simulação com o modelo Sliding Mesh muito custosa do ponto de
vista computacional.
Os resultados obtidos na simulação numérica para o torque e o número de Potência
para os três modelos MRF diferentes estão disponíveis no apêndice A do presente trabalho. A
figura 6.4 resume através de um gráfico os resultados obtidos via simulação numérica em
comparação com resultados experimentais disponíveis na literatura.

3.0

2.5
Número de Potência

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0
0.1 0.6 1.1 1.6 2.1

Número de Reynolds (x 105)

Nagata (1975) Nagata modificado


Suzukawa et al (2006) Simulação numérica - Stage
Simulação numérica - Frozen Rotor Nishikawa (1979)
Simulação Numérica - Sliding Mesh

Fig. 6.4 – Resultados obtidos para o número de Potência


Fonte: Autor

Vários trabalhos da literatura apresentam curvas do número de Potência em função do


número de Reynolds em escala logarítmica. Isto faz com que as diferenças apresentadas entre
os resultados não fiquem nítidas, pois resultados com mesma ordem de grandeza parecem
muito próximos nesta escala. A figura 6.4 apresenta os resultados em escala linear para que
99

possa ser realizada uma melhor avaliação dos resultados obtidos através da simulação
numérica.
A simulação numérica realizada através do modelo Sliding Mesh é muito mais custosa
do ponto de vista computacional. Entretanto, deve-se ressaltar que a simulação utilizando o
modelo Sliding Mesh fornece um resultado adicional em relação aos outros modelos: a
variação do torque em função do tempo, que pode ser útil para se analisar problemas
envolvendo a vibração do equipamento.
Comparando-se os resultados obtidos pelos modelos Frozen Rotor e Stage, pode-se
afirmar que os resultados dos dois modelos são bastante próximos, para número de Reynolds
maior que 1,0 · 105. Para valores de Reynolds abaixo dessa faixa, os resultados são
ligeiramente diferentes, o que era esperado, pois o regime de escoamento passa a não ser
mais turbulento, entrando assim em um regime de transição.

6.3 Vetores Velocidade

O perfil de velocidades no interior do tanque agitado são avaliados e comparados


através das técnicas de simulação de domínios rotativos Frozen Rotor, Stage e Sliding Mesh
para as simulações realizadas. Para a obtenção dos vetores velocidade, traçou-se um plano
para um ângulo φ de 25°. A figura 6.5 mostra a vista superior do tanque de mistura onde é
possível se visualizar o ângulo φ.
100

Chicanas
Impelidor

Seção de
medição

Fig. 6.5 – Apresentação do ângulo φ.


Fonte: Suzukawa et al (2006)

As figuras 6.6 e 6.7 ilustram a posição do plano traçado para a obtenção dos vetores
velocidade.

Figs. 6.6 e 6.7 – Plano traçado para a obtenção do perfil de velocidades


Fonte: Autor
101

As figuras 6.8 a 6.10 mostram os perfis de velocidade próximo à pá do impelidor


através das técnicas de domínio rotativo Frozen Rotor, Stage e Sliding Mesh, respectivamente
para uma velocidade do impelidor de 30 rpm.

Fig. 6.8 – Vetores Velocidade (Frozen Rotor, N=30 rpm)


Fonte: Autor

Fig. 6.9 – Vetores Velocidade (Stage N=30 rpm)


Fonte: Autor
102

Fig. 6.10 – Vetores Velocidade (Sliding Mesh N=30 rpm)


Fonte: Autor

Os perfis de velocidade obtidos através de simulação numérica para os três modelos de


domínio rotativo apresentaram a formação de vórtice na ponta da pá do impelidor, na parte
traseira, assim como os resultados mostrados por Suzukawa et al (2006) através da técnica
experimental LDV (Laser Doppler Velocimetry), vide figura 6.11 para um plano φ de 25°.

Fig. 6.11– Vetores Velocidade apresentado por Suzukawa et al (2006)


Fonte: Suzukawa et al (2006)
103

Os três modelos conseguiram reproduzir bem os perfis de velocidade no interior do


tanque agitado. Através de uma comparação visual pode-se afirmar que o modelo Sliding
Mesh fornece melhores resultados, principalmente nas proximidades da base da pá.

6.4 Padrão do escoamento no interior do tanque agitado (Linhas de Corrente)

As figuras 6.12 a 6.14 mostram o padrão de escoamento (linhas de corrente) formados


no interior do tanque agitado para uma rotação no impelidor de 30 rpm para as técnicas de
domínio rotativo Frozen Rotor, Stage e Sliding Mesh respectivamente.
Para o modelo Frozen Rotor conclui-se que ocorrem basicamente duas recirculações
no interior do tanque agitado, uma acima e outra abaixo do impelidor.

Fig. 6.12 – Padrão de escoamento no interior do tanque agitado (linhas de corrente)


(Frozen Rotor, N=30 rpm)
Fonte: Autor
104

O modelo Stage apresenta através da figura 6.13 três recirculações principais no


interior do tanque agitado. Os resultados disponíveis na literatura para os padrões de
escoamento não reportam a presença de três recirculações, como mostrado na figura 6.13. É
interessante notar que, embora o padrão de escoamento seja muito diferente para os modelos
Stage e Frozen Rotor, os resultados para o número de Potência são relativamente próximos.

Fig. 6.13– Padrão de escoamento no interior do tanque agitado (linhas de corrente)


(Stage, N=30 rpm)
Fonte: Autor

O modelo Stage apresenta uma descontinuidade nas velocidades entre os domínios, pois
apenas a velocidade média na interface entre os domínios é transportada para o domínio
estacionário.
O modelo Sliding Mesh apresenta através da figura 6.14 resultados diferentes quando
comparados aos modelos em regime permanente Frozen Rotor e Stage. Embora alguns
trabalhos da literatura apresentem apenas duas recirculações principais, sabe-se que a
distância do impelidor ao fundo do tanque influencia diretamente as recirculações que
ocorrem no interior do tanque agitado.
105

Fig. 6.14– Padrão de escoamento no interior do tanque agitado (linhas de corrente)


(Sliding Mesh, N=30 rpm)
Fonte: Autor

6.5 Número de Bombeamento

Os números de bombeamento são avaliados e comparados através das técnicas de


simulação de domínios rotativos Frozen Rotor, Stage e Sliding Mesh. O cálculo deste
parâmetro adimensional é realizado através da equação 6.3:

(6.3)

O bombeamento pode ser definido como a quantidade de material descarregado por


um impelidor rotativo. A literatura mostra a vazão Q como sendo a vazão de descarga
imposta pelo impelidor, porém não há qualquer tipo de informação de como se calcular esta
vazão. É importante ressaltar que cada tipo de impelidor proporciona uma vazão principal
106

junto a ele, e portanto espera-se que o modo de cálculo destas vazões para cada tipo de
impelidor sejam também diferentes.
O presente trabalho propõe uma alternativa para o cálculo da vazão de descarga do
impelidor. O primeiro passo é a criação de uma nova variável Vmod que pode ser feita com o
programa de pós processamento (CFX-Post), definida pela função 6.4

(6.4)

Através desta função 6.4 é possível se obter a velocidade na direção y no sentido


descendente. Nas regiões onde a componente y de velocidade não é descendente, Vmod passa
a valer zero. Após isso, criou-se um plano paralelo ao plano XZ, posicionado abaixo da pá do
impelidor. A figura 6.15 ilustra o plano criado. Com a criação deste plano, calcula-se a
velocidade média que atravessa este plano, no sentido descendente (Vmod_med), através da
função 6.5:

(6.5)

Fig. 6.15 – Plano traçado para obtenção da vazão do impelidor


Fonte: Autor
107

As regiões em azul escuro na figura 6.15 são regiões onde o escoamento é ascendente.
Nas demais, o escoamento é descendente, observando a escala de cores presente na figura.
Multiplicando a velocidade média fornecida pela equação 6.5 pela área do plano, tem-se a
vazão de descarga do impelidor Q. Se a vazão de descarga do impelidor fosse calculada sem
um maior cuidado, seria obtido zero como resultado. Isto se deve ao fato do escoamento
descendente ser compensado em outras partes do plano pelo escoamento ascendente.
Calculando-se a vazão através das componentes ascendentes de velocidade, o resultado é o
mesmo, confirmando que o procedimento proposto está adequado.
Como a literatura não fornece maiores detalhes de onde o plano deve estar localizado,
estudou-se o número de Bombeamento para diferentes localizações deste plano, conforme a
figura 6.16.

Fig. 6.16 – Planos traçados para obtenção do número de bombeamento


Fonte: Autor

Os resultados foram obtidos para 25 planos diferentes, onde a posição 0 m representa


o plano horizontal que corta o impelidor e o tanque ao meio. A figura 6.17 resume através de
um gráfico os principais resultados obtidos para rotação do impelidor de 30 RPM. Os
resultados obtidos com os três modelos disponíveis no pacote computacional apresentam uma
108

diferença significativa, mostrando que a qualidade dos resultados obtidos é influenciada pelo
modelo escolhido.
Deve-se observar que o bombeamento calculado para o modelo Sliding Mesh
considera apenas um instante no tempo. Não foi possível calcular um valor médio, baseado
na observação de vários instantes no tempo. É possível que este parâmetro sofra variações no
tempo, dependendo da posição relativa entre as pás do impelidor e as chicanas.

1.4

1.2
Número de Bombeamento

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
-0.24 -0.20 -0.16 -0.12 -0.08 -0.04 0.00 0.04 0.08 0.12 0.16 0.20 0.24

Posição do Plano (m)

Núm. De Bomb. - Frozen Rotor


Núm. De Bomb. - Stage
Núm. De Bomb. - Sliding Mesh

Fig. 6.17 – Número de Bombeamento em função do Plano traçado para N = 30 RPM


Fonte: Autor

Em função do grande esforço computacional envolvido na simulação através do


modelo Sliding Mesh, apenas a rotação de 30 rpm foi obtida através deste modelo. Dessa
forma, para as rotações de 90 e 180 rpm, os resultados para o número de bombeamento estão
disponíveis apenas para os modelos Frozen Rotor e Stage. Estes resultados são mostrados nas
figuras 6.18 e 6.19, respectivamente.
109

1.4

1.2
Número de Bombeamento

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
-0.24 -0.20 -0.16 -0.12 -0.08 -0.04 0.00 0.04 0.08 0.12 0.16 0.20 0.24
Posição do Plano (m)
FROZEN ROTOR STAGE

Fig. 6.18 – Número de Bombeamento em função do Plano traçado para N = 90 RPM


Fonte: Autor

1.4

1.2
Número de Bombeamento

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
-0.24 -0.20 -0.16 -0.12 -0.08 -0.04 0.00 0.04 0.08 0.12 0.16 0.20 0.24

Posição do Plano (m)


FROZEN ROTOR STAGE

Fig. 6.19 – Número de Bombeamento em função do Plano traçado para N = 180 RPM
Fonte: Autor

Os resultados computacionais obtidos através dos modelos mostram que o número de


Bombeamento depende fortemente da posição em que se calcula a vazão de descarga do
impelidor.
110

Os resultados obtidos são fisicamente consistentes, visto que o bombeamento é zero


nas paredes do tanque, pois a intensidade do escoamento na direção vertical vai decrescendo
conforme se aproxima das paredes inferior e superior, como pode ser verificado na figura
6.12. Também se pode verificar, comparando as figuras 6.12 e 6.17, que a intensidade do
escoamento, e conseqüentemente o bombeamento, são maiores na parte superior do tanque,
para a configuração geométrica estudada no presente trabalho (com o impelidor na região
central do tanque, na direção vertical). Além disso, o tanque é fechado na parte superior,
evitando a influência da superfície livre. O bombeamento elevado na parte de cima do tanque
agitado deve ser bastante importante para a formação do vórtice, para um tanque com
superfície livre.
Conforme descrito anteriormente, a literatura define a vazão como sendo a vazão de
descarga imposta pelo impelidor. Desta forma entende-se que o plano criado no modelo deve
estar bem próximo ao impelidor, visto que não faz muito sentido calcular uma taxa de
bombeamento afastada do impelidor. Em uma condição hipotética de um tanque de mistura
infinito na direção vertical, em uma região muito distante do impelidor, o fluido não sofreria
a influência da presença do impelidor; dessa forma, o escoamento em algumas regiões do
tanque estaria estagnado. A figura 6.20 mostra o número de bombeamento obtido para os três
modelos para um plano logo abaixo do impelidor, onde y = - 0,04 m.

1.2

1.0
Número de Bombeamento

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
0 50 100 150 200

Rotação (RPM)
Número de Bombeamento (Frozen Rotor)
Número de Bombeamento (Stage)
Número de Bombeamento (Sliding Mesh)

Fig. 6.20 – Número de Bombeamento para y = - 0,04 m para os três modelos MRF
Fonte: Autor
111

Os resultados encontrados através das simulações numéricas são validados através da


comparação com os resultados obtidos na literatura. Kresta et al (2004) apresenta o número
de Bombeamento em função do número de Reynolds, para o impelidor de pás inclinadas para
diferentes relações D/T (diâmetro do impelidor/ diâmetro do tanque) através da figura 6.21.
Os resultados encontrados por KRESTA et al (2004) para o número de bombeamento para os
diferentes números de Reynolds estão compreendidos entre 0,37 e 0,88. O presente trabalho
utiliza uma relação D/T = 0,5 e conforme figura 6.21 o número de bombeamento deveria
estar próximo de 0,6. Os resultados podem ser considerados bastante próximos, visto que a
geometria estudada por Kresta é diferente da geometria estudada no presente trabalho.
Número de Bombeamento

Número de Reynolds
Fig. 6.21 – Número de Bombeamento em função do Número de Reynolds para diferentes razões (D/T).
Fonte: Adaptado de KRESTA et al (2004)

Considera-se que os resultados obtidos para o número de Bombeamento através o


modelo Frozen Rotor são melhores do que os resultados obtidos pelo modelo Stage, visto que
para o modelo Frozen Rotor o número de Bombeamento é praticamente constante. Para o
modelo Stage, há uma variação porcentual relativamente grande, comparando-se os
resultados obtidos para as diferentes rotações do impelidor. Não foi possível realizar uma
avaliação mais precisa do número de Bombeamento utilizando-se o modelo Sliding Mesh, em
função do recurso computacional requerido para este tipo de modelo.
112

6.6 Relação (Número de Potência / Número de Bombeamento)

A potência transferida pelo sistema de agitação (da pá do impelidor para o fluido)


produz movimento do fluido e tensão de cisalhamento. É comum avaliar se um determinado
tipo de impelidor deve ser utilizado para bombeamento ou cisalhamento. Para isso, utiliza-se
a relação (número de Potência/ número de Bombeamento). Quanto maior esta relação, maior
é a eficiência do cisalhamento e menor a eficiência de bombeamento.
Os resultados obtidos para a relação número de Potência / número de Bombeamento
são expressos através da figura 6.22.

2.5
Número de Potência / Número de

2
Bombeamento

1.5

0.5

0
0 50 100 150 200

Rotação (RPM)
Núm. Potência / Núm. Bomb. (Frozen Rotor)
Núm. Potência / Núm. Bomb. (Stage)
Núm. Potência / Núm. Bomb. (Sliding Mesh)

Fig. 6.22 – Relação Número de Potência / Número de Bombeamento


Fonte: Autor

Os resultados obtidos para a relação (Número de Potência / Número de Bombeamento)


estão de acordo com os resultados disponíveis na literatura. Joaquim Junior et al (2007)
apresentam o valor de 2,3 para a relação (Número de Potência / Número de Bombeamento)
para o impelidor de pás inclinadas, operando em regime turbulento.
113

O modelo Frozen Rotor apresenta resultados melhores que o Stage, mostrando que a
relação Np/NB permanece quase constante. O modelo Sliding Mesh apresenta o valor de 1,27
para a relação Np/NB para uma rotação do impelidor de 30 rpm, porém é necessária uma
avaliação com uma amostragem maior para obter uma avaliação mais precisa deste modelo.
Isto não será realizado aqui em função do alto recurso computacional requerido, ficando
como sugestão para um trabalho futuro.

6.7 Potência

Estimar a potência é um dos maiores interesses para um projeto de um sistema de


mistura, visto que o consumo de potência é proporcional ao custo da operação. Os resultados
obtidos para a potência do sistema em estudo estão expressos na figura 6.23.

40

35

30
Potência (Watts)

25

20

15

10

0
0 50 100 150 200

Rotação do impelidor (RPM)

Potência (Frozen Rotor) Potência (Stage) Potência (NAGATA)

Fig. 6.23 – Potência


Fonte: Autor

Sabe-se que a potência é proporcional à rotação do impelidor elevado à terceira


potência conforme equação 6.6:
114

(6.6)

Desta forma, realizou-se o estudo da relação dada pela expressão 6.7, com a finalidade
de se avaliar qual o modelo fornece os melhores resultados para a potência.

(6.7)

A partir do gráfico 6.23, as equações das curvas dos modelos Frozen Rotor e Stage
foram ajustadas para funções do tipo potência, como mostrado nas equações 6.8 e 6.9,
respectivamente.

(6.8)

(6.9)

Comparando-se os expoentes das equações, obtidos com o ajuste (3,04 para o modelo
Frozen Rotor e 2,94 para o modelo Stage), conclui-se que ambos os modelos fornecem
resultados fisicamente consistentes, de acordo com a teoria. Os resultados obtidos por ambos
os modelos são próximos aos resultados reportados por Nagata (1975).
Nota-se que para a estimativa da potência do sistema de agitação não há praticamente
diferença entre os modelos.
115

7. CONCLUSÕES

Com base no presente estudo, pode-se afirmar que através da metodologia empregada
no presente trabalho é possível simular o comportamento de um tanque de mistura agitado por
um impelidor do tipo pás inclinadas a 45° utilizando métodos computacionais e obter
resultados similares aos resultados obtidos experimentalmente por outros autores. Diferentes
modelos para simulação de domínios rotativos foram empregados e comparados. Dessa
forma, pode-se dizer que os objetivos do presente trabalho foram atingidos.
Este trabalho contribui para os estudos de sistemas de agitação por prover informações
sobre como realizar o cálculo do número de Potência e número de Bombeamento através de
simulações CFD. A comparação entre os modelos de domínios rotativos disponíveis no
pacote computacional CFX versão 12, mostra que a qualidade dos resultados obtidos é
influenciada pelo modelo escolhido.
A análise das curvas de potência obtidas para o impelidor de pás inclinadas 45° mostra
que os resultados foram semelhantes aos resultados da literatura. Pode-se observar que o
número de Potência tende para um valor constante para altos números de Reynolds.
A avaliação dos números adimensionais (Número de Potência, Número de
Bombeamento) e o consumo de potência mostraram-se satisfatórios quando comparados aos
dados de literatura.
Para a estimativa da potência do sistema de agitação, o modelo Frozen Rotor apresenta
resultados bem próximos ao modelo Stage. O modelo Sliding Mesh necessita de um estudo
mais aprofundado para uma melhor avaliação. Em função da não disponibilidade de recurso
computacional necessário, os resultados apresentados no presente trabalho para o modelo
Sliding Mesh são bastante incompletos e inconclusivos.
A grande vantagem da utilização da simulação computacional está na possibilidade de
se prever as condições de operação de um determinado sistema antes de sua fabricação. A
simulação do comportamento do sistema através de protótipos numéricos antes de serem
levados para testes experimentais significa uma considerável economia de dinheiro e tempo,
porém para a obtenção de resultados mais precisos se faz necessário o uso de computadores
com grande capacidade de armazenamento e processamento.
A maior desvantagem da utilização da simulação computacional é que uma simulação
não reproduz necessariamente a realidade. É necessária sempre uma validação para cada novo
116

modelo empregado em cada classe de problema. Em outras palavras, o resultado não está
correto até que seja provado através de uma comparação com um experimento.
Comparando o estudo através de simulação CFD com programas computacionais
baseados em correlações experimentais (VISIMIX, por exemplo), nota-se que a análise com o
CFX é muito mais lenta. Os dados fornecidos pelas correlações são confiáveis dentro de
certos limites, pois foram obtidas a partir de dados experimentais. Entretanto, a simulação
CFD permite algo que estes programas não permitem: analisar novas geometrias ainda não
construídas, analisar em detalhe o fenômeno físico que ocorre dentro do tanque agitado, etc.
117

8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho possibilita um vasto campo para trabalhos futuros. Como sugestão, seria
possível realizar um estudo experimental para comprovar que o torque não é constante em
função do tempo conforme mostra os resultados obtidos com o modelo Sliding Mesh; realizar
um estudo experimental através da técnica de PIV (Particle Image Velocimetry) para
comprovar que o número de bombeamento não é constante, mas varia em função do plano
onde se mede o bombeamento e realizar o mesmo tipo de estudo para outros tipos de
agitadores.
118

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121

APÊNDICE A

Tab. A.1 – Torque obtido através da Simulação Numérica


Número de Torque (N.m) Torque (N.m) Torque (N.m)
Rotação (RPM)
Reynolds Frozen Rotor Stage Slidind Mesh

30 0,34 x 105 0,0601 0,0473 0,0475

45 0,50 x 105 0,1295 0,1114 -

60 0,67 x 105 0,2128 0,2032 -

75 0,84 x 105 0,3313 0,3222 -

90 1,01 x 105 0,4762 0,4690 -

105 1,18 x 105 0,6472 0,6366 -

120 1,34 x 105 0,8446 0,8308 -

135 1,51 x 105 1,0671 1,0514 -

150 1,68 x 105 1,3149 1,2974 -

165 1,85 x 105 1,6167 1,5689 -

180 2,02 x 105 1,9222 1,8664 -

Fonte: Autor
122

Tab. A.2 – Número de Potência obtido através da Simulação Numérica


Número de Número de Número de Número de
Rotação (RPM) Reynolds Potência Potência Potência
(Frozen Rotor) (Stage) (Slidind Mesh)

30 0,34 x 105 1,7189 1,3527 1,37

45 0,50 x 105 1,6473 1,4139 -

60 0,67 x 105 1,5194 1,4509 -

75 0,84 x 105 1,5138 1,4725 -

90 1,01 x 105 1,5111 1,4881 -

105 1,18 x 105 1,5088 1,4842 -

120 1,34 x 105 1,5072 1,4828 -

135 1,51 x 105 1,5049 1,4827 -

150 1,68 x 105 1,5019 1,4820 -

165 1,85 x 105 1,5265 1,4811 -

180 2,02 x 105 1,5248 1,4805 -

Fonte: Autor
123

Tab. A.3 – Número de Bombeamento para uma rotação do impelidor de N=30 RPM

Posição do Plano (m) NB (Frozen Rotor) NB (Stage) NB (Sliding Mesh)

-0,24 0,052 0,040 0,086

-0,22 0,200 0,172 0,260

-0,20 0,316 0,276 0,348

-0,18 0,392 0,336 0,392

-0,16 0,424 0,352 0,401

-0,14 0,416 0,344 0,388

-0,12 0,380 0,304 0,386

-0,10 0,304 0,196 0,425

-0,08 0,200 0,244 0,594

-0,06 0,448 0,680 0,830

-0,04 0,824 1,024 1,075

-0,02 1,048 1,228 1,163

0,00 1,184 1,304 1,150

0,02 1,224 1,240 1,058

0,04 1,228 1,068 0,915

0,06 1,192 0,812 0,750

0,08 1,108 0,556 0,596

0,10 0,968 0,424 0,530

0,12 0,820 0,424 0,502

0,14 0,748 0,480 0,468

0,16 0,708 0,516 0,424

0,18 0,636 0,516 0,386

0,20 0,496 0,428 0,334

0,22 0,340 0,356 0,254

0,24 0,088 0,096 0,076


Fonte: Autor
124

Tab. A.4 – Número de Bombeamento para uma rotação do impelidor de N=90 RPM

Posição do Plano (m) NB (Frozen Rotor) NB (Stage) NB (Sliding Mesh)

-0,24 0,036 0,044 -

-0,22 0,160 0,196 -

-0,20 0,244 0,312 -

-0,18 0,284 0,384 -

-0,16 0,304 0,420 -

-0,14 0,308 0,420 -

-0,12 0,280 0,376 -

-0,10 0,220 0,284 -

-0,08 0,176 0,160 -

-0,06 0,412 0,480 -

-0,04 0,816 0,896 -

-0,02 1,040 1,152 -

0,00 1,176 1,308 -

0,02 1,236 1,352 -

0,04 1,260 1,336 -

0,06 1,244 1,228 -

0,08 1,192 1,032 -

0,10 1,092 0,804 -

0,12 0,948 0,604 -

0,14 0,796 0,548 -

0,16 0,712 0,600 -

0,18 0,624 0,624 -

0,20 0,496 0,560 -

0,22 0,356 0,396 -

0,24 0,104 0,100 -


Fonte: Autor
125

Tab. A.5 – Número de Bombeamento para uma rotação do impelidor de N=180 RPM

Posição do Plano (m) NB (Frozen Rotor) NB (Stage) NB (Sliding Mesh)

-0,24 0,048 0,052 -

-0,22 0,192 0,220 -

-0,20 0,296 0,344 -

-0,18 0,352 0,424 -

-0,16 0,368 0,476 -

-0,14 0,376 0,492 -

-0,12 0,356 0,464 -

-0,10 0,300 0,388 -

-0,08 0,196 0,240 -

-0,06 0,316 0,216 -

-0,04 0,780 0,648 -

-0,02 0,972 0,924 -

0,00 1,112 1,040 -

0,02 1,184 1,100 -

0,04 1,204 1,112 -

0,06 1,204 1,128 -

0,08 1,176 1,112 -

0,10 1,108 1,060 -

0,12 1,000 0,944 -

0,14 0,848 0,804 -

0,16 0,740 0,736 -

0,18 0,668 0,612 -

0,20 0,544 0,436 -

0,22 0,360 0,272 -

0,24 0,096 0,080 -


Fonte: Autor
126

Tab. A.6 – Número de Bombeamento obtido para y = - 0,04m

Rotação (RPM) NB (Frozen Rotor) NB (Stage) NB (Sliding Mesh)

30 0,824 1,024 1,075

90 0,816 0,896 -

180 0,780 0,648 -

Fonte: Autor

Tab. A.7– Resultados: Relação Número de Potência/Número de Bombeamento


Np / NB Np / NB Np / NB
Rotação (RPM)
(Frozen Rotor) (Stage) (Sliding Mesh)

30 2,086 1,320 1,274

90 1,851 1,660 -

180 1,955 2,284 -

Fonte: Autor

Tab. A.8 – Potência obtida através da Simulação Numérica


Potência (Watts) Potência (Watts) Potência (Watts)
Rotação (RPM)
Frozen Rotor Stage Sliding Mesh

30 0,188 0,148 0,150

90 4,488 4,420 -

180 35,907 35,180 -

Fonte: Autor
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