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RESUMO
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Professor adjunto do Departamento de História da UEL – Universidade Estadual de Londrina.
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Pracinhas é denominação dada aos veteranos brasileiros da Segunda Guerra Mundial
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O Brasil teve três diferentes formas de participação na Segunda
Guerra Mundial: primeiramente, como fornecedor de matérias-primas
estratégicas para o esforço de guerra das nações Aliadas, liderada pelos
Estados Unidos, contra os países do Eixo, representados pela Alemanha, Itália
e Japão. Em seguida, cronologicamente, foi permitido o uso de bases aéreas e
navais no Norte e Nordeste do país, para uso da aviação Aliada, a partir de
1942. Finalmente, após os ataques a navios mercantes brasileiros no litoral do
país, por submarinos do Eixo, foi declarado Estado de Beligerância contra os
agressores e iniciou-se a formação de uma Força Expedicionária Brasileira
(FEB), para combater diretamente as forças alemãs, no Teatro de Operações
do Mar Mediterrâneo3.
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FERRAZ, Francisco Cesar Alves. Os Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 2005.
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Pracinhas é denominação dada aos veteranos brasileiros da Segunda Guerra Mundial
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Neste trabalho, foram examinados mais especificamente os
registros históricos e memorialísticos dos combatentes paranaenses da Força
Expedicionária Brasileira (FEB). A escolha dos relatos e narrativas dos
combatentes paranaenses se deve, em primeiro lugar, à proximidade
geográfica e acesso a livros memorialísticos de circulação restrita ao Estado.
Os livros estudados como base da pesquisa foram publicados com circulação
pequena, e visavam o leitor mais próximo. Além do mais, o fato de
frequentemente ser lembrada a origem paranaense dos expedicionários nesses
livros (por exemplo, “O Paraná na FEB”, de Agostinho Rodrigues, “Nós
estivemos lá”, de José Dequech), e da associação de ex-combatentes do
Paraná ser a única no Brasil como uma referência estadual (”Legião
Paranaense do Expedicionário”) chamou a atenção para a possibilidade deste
tipo de obra contribuir para uma identidade “estadual” específica. Como
veremos adiante, essa identidade foi muito superficial, pois a identidade mais
frequente foi a de pertencimento à Força Expedicionária Brasileira (FEB) e às
forças combatentes, mas que o de compartilharem as mesmas origens
estaduais. Mesmo assim, esse foi um dos objetos de análise.
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Os expedicionários receberam dois sacos, com fardas, calçados e equipamentos de uso pessoal: um
deles, para uso em combate, era o “Saco A”. O outro, para uso na retaguarda, era o “saco B”. Os
expedicionários que realmente vivenciaram ação em combate apelidavam os outros da retaguarda de
“saco B”, o que era visto como ofensa.
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compuseram a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Mas havia soldados
paranaenses no 1º Regimento e no 6º Regimento também.
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FERRAZ, Francisco César Alves: A guerra que não acabou: A reintegração social dos veteranos da
Força expedicionária Brasileira, 1945-2000. São Paulo: Tese de Doutorado em História Social Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/Universidade de São Paulo, 2003.
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de seus membros não se pode conhecer
pessoalmente (tais como o estado nação e as
religiões mundiais).7
7
CONNERTON, Paul. Como as sociedades recordam. Portugal: Celta Editora, 1993, p.1.
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FERRAZ, Francisco César A.. A GUERRA QUE NÃO ACABOU: A Reintegração Social Dos
Veteranos Da Força Expedicionária Brasileira (1945-2000).
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A expressão “lugares de memória” não se restringe a espaços específicos, mas a todas os recursos de
lembrança e comemoração de eventos no passado. FELIX, Loiva Otero. História e Memória: A
problemática da pesquisa. Passo Fundo: Ediupf, 1998.
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dos ex-combatentes. No entanto, ao contrário
do que ronda o senso comum, as memórias
deste evento histórico não são homogêneas e
se agitam continuamente em meio às
constantes ressignificações do passado -
movimento próprio à História. Nos deparamos,
deste modo, com uma forte distinção na forma
como se estruturou a memória do sex-
combatentes “praieiros”, dos veteranos da
FEB, dos militares da ativa, da instituição
militar e dos civis, o que torna inviável o
entendimento da existência de uma memória
nacional unificada sobre a participação do
Brasil na Guerra e nos permite enxergar as
disputas sutis pelos espaços de memória e
lugares de reafirmação da identidade.10
10
Os veteranos da FEB que estiveram na Itália chamam de “praieiros” àqueles que ficaram no Brasil, na
vigilância do litoral, e que não pertenceram à FEB. A forma irônica de chama-los assim se deve ao
ressentimento dos veteranos da campanha da Itália, que viram os “praieiros” receberem os mesmos
benefícios (pensões, auxílios, direitos) que os que enfrentaram, com risco de vida, os alemães na Itália.
CARVALHO, Virgínia Mercês Guimarães. Ex-combatentes do Brasil – entre a História e a Memória
(1945-2009) - Dissertação (mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, Centro
de Filosofia e Ciências Humanas - Programa de Pós-graduação em História, Recife, Brasil, 2009.
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- A verdade sobre Guanela – Um drama da
F.E.B., de Alfredo Bertoldo Klas
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KLAS, Alfredo Bertoldo. A Verdade sobre Guanela: Um drama da F.E.B.. Editora Juruá, Curitiba, 2002
12
KLAS, Alfredo Bertoldo. A Verdade sobre Abetaia – drama de sangue e dor no 4° ataque da F.E.B. ao
Monte Castelo. Imprensa oficial, Curitiba, 2005.
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Contudo há a necessidade de ressaltar que o objetivo principal
deste trabalho foi entender:
Considerações finais
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pra propagar a memória do grupo. Entretanto vão no mesmo sentido da
memória deste grupo, quando tratam dos soldados, ou “Pés de Poeira” como
diz Rodrigues.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
____. The Soldier’s Tale: Bearing Witness to Modern War. New York, Penguin
Books Cambridge University Press, 1999.
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SEITENFUS, Ricardo. O BRASIL VAI A GUERRA: o processo de envolvimento
brasileiro na Segunda Guerra Mundial, Ed. Manole, Barueri - SP. 2003.
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