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Informativo 614-STJ (RESUMIDO)


Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL

PODER JUDICIÁRIO
Limitação do pagamento de diárias a juiz federal

É ilegal a limitação de duas diárias e meia semanais, à luz do art. 5º da Resolução CJF nº
51/2009, quando o deslocamento de juiz federal convocado para substituição em tribunais
regionais for superior a esse lapso.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.536.434-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

DIREITO ADMINISTRATIVO

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
Compartilhamento de infraestrutura por concessionárias de serviços públicos

O compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de telefonia celular por


prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo caracteriza servidão
administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador da área utilizada para
instalação dos equipamentos.
O direito de uso previsto no art. 73 da Lei nº 9.472/97 constitui-se como servidão
administrativa instituída pela lei em benefício das prestadoras de serviços de
telecomunicações de interesse coletivo, constituindo-se direito real, de natureza pública, a ser
exercido sobre bem de propriedade alheia, para fins de utilidade pública, instituído com base
em lei específica.
Ex: João possui um terreno na beira da estrada. Ele celebrou contrato de locação com a Embratel
permitindo que a empresa instalasse, em seu imóvel, uma torre e uma antena de
telecomunicações. Alguns meses depois, a Embratel permitiu que a TIM compartilhasse de sua
infraestrutura. João ajuizou ação de indenização alegando que o contrato de locação proíbe que
a locatária faça a sublocação do imóvel para outra empresa. Ele não terá direito à indenização.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.309.158-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/09/2017 (Info 614).

Informativo 614-STJ (22/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1


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DIREITO CIVIL

RESPONSABILIDADE CIVIL
A Súmula 403 do STJ não se aplica para divulgação de
imagem vinculada a fato histórico de repercussão social

Importante!!!
A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses de divulgação de imagem vinculada a fato
histórico de repercussão social.
Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
Caso concreto: a TV Record exibiu reportagem sobre o assassinato da atriz Daniela Perez,
tendo realizado, inclusive, uma entrevista com Guilherme de Pádua, condenado pelo
homicídio. Foram exibidas, sem prévia autorização da família, fotos da vítima Daniela. O STJ
entendeu que, como havia relevância nacional na reportagem, não se aplica a Súmula 403 do
STJ, não havendo direito à indenização.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.631.329-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 24/10/2017 (Info 614).

DPVAT
Não se aplica o CDC para as discussões envolvendo o DPVAT

As normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam ao seguro


obrigatório (DPVAT).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.635.398-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

CONTRATO DE SEGURO
Se houve reconhecimento da culpa do segurado e pagamento de parte da indenização
pela seguradora ao terceiro, não se aplica a Súmula 529 do STJ

A vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demanda direta e exclusivamente contra a


seguradora do causador do dano quando reconhecida, na esfera administrativa, a
responsabilidade deste pela ocorrência do sinistro e quando parte da indenização securitária
já tiver sido paga.
Não se aplica, neste caso, a Súmula 529 do STJ. Isso porque, mesmo não havendo relação
contratual entre a seguradora e o terceiro prejudicado, a sucessão dos fatos (apuração
administrativa e pagamento de parte da indenização) faz com que surja uma relação jurídica
de direito material envolvendo a vítima e a seguradora.
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de
ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado
causador do dano.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.970-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

Informativo 614-STJ (22/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2


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ALIMENTOS
Súmula 594-STJ

Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos
em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos
pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto
da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou
eficiência da Defensoria Pública na comarca.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

ALIMENTOS
Súmula 596-STJ

Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária,
somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento
pelos pais.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 08/10/2017.

PARTILHA DE BENS
Dever de prestar contas do cônjuge que ficou na administração dos bens em mancomunhão

Após a separação de fato ou de corpos, o cônjuge que estiver na posse ou na administração do


patrimônio partilhável - seja na condição de administrador provisório, seja na de
inventariante - terá o dever de prestar contas ao ex-consorte.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.274.639-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/09/2017 (Info 614).

DIREITO DO CONSUMIDOR

DPVAT
Não se aplica o CDC para as discussões envolvendo o DPVAT

As normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam ao seguro


obrigatório (DPVAT).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.635.398-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

VÍCIO DO PRODUTO
A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC,
pode ser feita documentalmente ou verbalmente

O CDC prevê que é causa obstativa da decadência a reclamação comprovadamente formulada


pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca, nos termos do art. 26, § 2º, I:
Art. 26 (...) § 2º Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;

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De que forma tem que ocorrer essa “reclamação”? Pode ser verbal?
SIM. A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC, pode ser feita
documentalmente ou verbalmente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.442.597-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO


Súmula 595-STJ

Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos


suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério
da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

PLANO DE SAÚDE
Súmula 597-STJ

Súmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização
dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência é considerada
abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da contratação.
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 08/10/2017.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

EXECUÇÃO
Atraso na entrega da coisa e conversão do procedimento para execução por quantia certa

É possível a conversão do procedimento de execução para entrega de coisa incerta para


execução por quantia certa na hipótese em que o produto perseguido for entregue com atraso,
gerando danos ao credor da obrigação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.507.339-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/10/2017
(Info 614).

IMPENHORABILIDADE
Recursos do FIES transferidos para as instituições de ensino são impenhoráveis

São absolutamente impenhoráveis os créditos vinculados ao programa Fundo de


Financiamento Estudantil - FIES constituídos em favor de instituição privada de ensino.
Fundamento: art. 833, IX, do CPC/2015.
O FIES tem por objetivo conceder financiamento a estudantes de cursos superiores que sejam
integrantes de famílias de menor renda.
Se fosse permitida a penhora dos recursos públicos transferidos às instituições particulares
de ensino para custear o FIES, isso poderia frustrar a adesão ao programa e, em consequência,
o atingimento dos objetivos por ele traçados.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.588.226-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

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IMPENHORABILIDADE
Não se pode penhorar FGTS para pagamento de honorários sucumbenciais

Importante!!!
Não é possível a penhora do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS para o
pagamento de honorários de sucumbência.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.619.868-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

DIREITO PENAL
ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Súmula 593-STJ

Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou


prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da
vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento
amoroso com o agente.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

DIREITO TRIBUTÁRIO
CIDE-Remessas
A Lei 11.452/2007 foi isentiva, e não meramente interpretativa

Configura fato gerador da CIDE-Remessas o envio ao exterior de remuneração pela licença de


uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador (software),
ainda que desacompanhado da "transferência da correspondente tecnologia", porquanto a
isenção para tais hipóteses somente adveio com a Lei nº 11.452/2007.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.642.249-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/08/2017 (Info 614).

IMPOSTO DE RENDA
Súmula 598-STJ

Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o


reconhecimento judicial da isenção do imposto de renda, desde que o magistrado entenda
suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 08/10/2017.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO
AUXÍLIO-RECLUSÃO
Concessão do auxílio-reclusão e prisão domiciliar

Os dependentes de segurado preso em regime fechado ou semiaberto fazem jus ao auxílio-


reclusão ainda que o condenado passe a cumprir a pena em prisão domiciliar.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.672.295-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

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