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INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DA ÉTICA
(PROF. DRA. ANGELA LUZIA MIRANDA1)
1
Dra. em Filosofia (Universidad de Salamanca-ES); Dra. em Ética (Universidad del Pais Vasco);
Professora da ECT/UFRN. Texto produzido e elaborado como material didático para as aulas da
disciplina de Ética em Ciência e Tecnologia. Proibida sua reprodução sem autorização prévia de
autoria.
ÍNDICE
1
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3
2 O QUE É ÉTICA
2.1
O sentido etimológico de ética................................................................................................4
2.1
O significado de ética .............................................................................................................5
3
A ÉTICA COMO CIÊNCIA NO DECORRER DA HISTÓRIA............................................. 6
3.1
A ética como esfera da ciência prática em Aristóteles ...........................................................6
3.2
A separação da ética do mundo da política............................................................................7
3.3
A exclusão da ética do mundo científico moderno .................................................................8
3.4 As conseqüências da separação entre ética e ciência para o mundo atual............... .... 10
4
PARA CONCLUIR........................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO
Para iniciar o nosso curso sobre Ética em Ciência e Tecnologia, faremos primeiramente uma breve
introdução sobre o estudo da Ética. Portanto, a partir de agora nossos estudos se concentram em
torno ao tema da Ética; um tema tão desafiante para o mundo atual!
Por exemplo, você é capaz de responder quais são os grandes dilemas éticos que a nossa sociedade
enfrenta hoje em dia? Seria capaz de enumerar, pelo menos três deles, que enfrentaria um
profissional da tua área de atuação, em pleno exercício profissional?
Segue, portanto, a primeira atividade desta unidade que faz a gente pensar sobre Ética:
2. Aponte 3 dilemas éticos que enfrentaria um profissional da tua área de atuação e que estejam
vinculados às questões de Ciência e Tecnologia.
Feitas essas considerações iniciais, pode-se dizer que o objetivo deste módulo é:
OBJETIVO Apresentar a Ética como sendo a ciência dos princípios que regem nossas ações
GERAL práticas e como ela se constitui enquanto ciência na História do Pensamento
Ocidental.
c- E quais as conseqüências desta separação para o nosso mundo hoje. Ou seja, quais os
dilemas éticos enfrentados hoje pela Ciência e pela Tecnologia, derivados desta separação
histórica entre Ética e Política e entre Ética e Ciência.
2- O QUE É ÉTICA:
Inicialmente é necessário dizer que o tema da Ética, ainda que nos pareça distante, sempre anda às
nossas voltas. Certamente você já ter ouvido ou até mesmo deve ter usado expressões como: “Mas
isso é uma falta de ética!”, ou “Não pode ser, isso é anti-ético!”.
Fica claro, portanto, que este assunto é muito mais comum e está muito mais próximo do nosso
cotidiano, das nossas ações do dia-a-dia, do que por vezes imaginamos. Repare a charge a seguir...
A palavra ética vem do grego ethos e indica MORADA, ou o cuidado com o lugar onde habitamos.
Mais tarde os romanos passaram a usar o termo como Morus, que, do latim, indica costumes.
Assim, enquanto os filósofos gregos usavam a palavra ethos, os juristas romanos passaram a usar a
palavra morus.
Mas como se vê, ambas não indicam a mesma coisa. Enquanto os gregos usam a Ética como “a
ciência dos princípios da ação prática” (que, em última instância indica o cuidado com o lugar onde
moramos) os romanos passaram a usá-la como “o estudo da moral e dos costumes”.
Você é capaz de perceber onde está a distinção entre ambas conceituações? Existem diferenças
entre a concepção grega e a romana, entre ethos e morus? Quais são?
Ora, aqui já aparece o primeiro problema ao estudar a Ética. Hoje é mais comum usarmos o sentido
dado pelos romanos. Porém, é certo que o sentido grego dado à Ética é muito mais abrangente. E
por quê? A Moral, em sentido romano, se refere ao comportamento adquirido, o modo de ser
adquirido pelo homem, portanto, é o conjunto de valores. Enquanto que a Ética, em sentido grego,
não pode ser reduzida a um conjunto de normas e prescrições. Ou seja, enquanto ciência dos
princípios, ela possui a tarefa de explicar e justificar racionalmente a moral existente. Portanto, o
sentido de ethos é mais abrangente que o sentido de morus.
Talvez hoje uma ciência que tenta recuperar este sentido mais abrangente da Ética dado pelos
gregos, seja a Ecologia. “Ecologia” também vem do grego, (oikos) e indica o estudo da casa, do
lugar onde se mora. A Ética como ethos, lugar onde moramos, indica mais que costumes (tal como
atribui os romanos), indica também o cuidado com o lugar onde se mora. Daí que a Ecologia parece
recuperar o sentido da ética dada pelos gregos: trata-se de cuidar da casa, da terra: o lugar onde
vivemos...
Para os gregos, a Ética pertence ao mundo da prática, ao mundo da produção das relações humanas.
Por isso, Aristóteles classificava a Ética dentro da “práxis” (que diz respeito às ciências da produção
das relações humanas).
Mais tarde, os romanos, passaram a entender a Ética como sendo a ciência dos estudos da moral e
dos costumes.
Hoje é comum designarmos a Ética como o estudo do comportamento do agir moral (herdando
assim, a tradição dada pelos romanos).
Em segundo lugar, a PRÁXIS (as ciências práticas, que dizem respeito à produção das relações
humanas): nela se encontram a Política e a Ética.
Em terceiro lugar, a POIÉSIS (as ciências da produção manual): nela se situam a Técnica e as
Artes.
Aqui caberia indagar até que ponto, no mundo da política atualmente, não perdemos
completamente essa noção de complementaridade entre Ética e Política, sugerida por Aristóteles.
Não é mesmo?...
A reflexão acima é procedente, porque mais tarde, já no princípio da Era Moderna, Maquiavel, fará
a separação entre Ética e Política. Observe atentamente o texto a seguir:
Com essa posição, ocorre a separação da Ética do campo da Política: Uma coisa é a esfera da
realização da Política (esfera pública), outra coisa é a esfera da realização da Ética (confinada
agora ao âmbito da esfera privada). Ambas, por vezes, são incompatíveis, observa Maquiavel.
Neste mesmo sentido, existe hoje a expressão, muito comum como dito popular: “amigos, amigos;
negócios à parte!”. Ora, que significa dizer isso? Que nem sempre o valor da amizade (esfera
privada dos indivíduos) pode ser conjugado com as relações do mundo da política, dos negócios
(esfera pública).
A separação da Ética da esfera da Política em Maquiavel é o princípio do que ocorrerá mais tarde.
Pois, o início da Era Moderna produziu outra mudança drástica: a separação da Ética da esfera das
Ciências Modernas. É o que vamos ver a seguir:
Até a Idade Média, a Ética estava inserida na esfera da “ciência prática” e do conhecimento,
através do princípio da causalidade dos fenômenos do qual falava Aristóteles. Neste caso, estamos
nos referindo ao modo da causalidade final que incluía a intenção e a finalidade das coisas na
própria constituição dos seres. Ou seja, para que algo exista ou que seja conhecido necessário é que
também se conheça sua finalidade. A partir da modernidade, o que assistimos foi a separação da
Ética do âmbito da Ciência através da expulsão da causa final na constituição dos fenômenos. Por
isso é que para Francis Bacon, filósofo considerado o “pai da tecnologia moderna”, a causa formal é
a que efetivamente interessa à ciência ativa.
Para entender melhor o assunto, vejamos o que diz os gregos sobre como se pode conhecer as
coisas. Para melhor compreensão da teoria de Aristóteles, vamos utilizar um exemplo de algo muito
próximo de nós, o computador.
NOTA: Para Aristóteles todos os seres possuem 4 modos de causalidade: a causa material,
formal, eficiente e final.
Na causa material se analisa de que é feita a coisa (por exemplo: um computador é feito de aço, de
vidro, de cristal, de carbono, etc);
Na causalidade formal se analisa suas formas, ou como é feita (no nosso exemplo: se o computador
é redondo, é quadrado, oval, retangular, etc.);
Na causalidade eficiente se analisa o agente de sua produção, quem o produziu (seguindo nosso
exemplo, se o computador foi produzido por um artesão, por um designer, por um robô, etc);
Na causalidade final se analisa para que existe (no nosso caso em questão, se o computador serve
para escrever, desenhar, organizar, reduzir tempo e trabalho,etc).
Para os antigos, portanto, só conhecemos as coisas, identificando estes 4 modos de causalidade que
as compõe. No exemplo do computador, só conhecemos a totalidade deste “ser computador”,
quando analisamos que é feito de metal e eletromagnetismo (causa material); possui forma
retangular (causa formal); foi produzido em série por uma empresa com máquinas especializadas
em hardware e software (causa eficiente); e sua razão de existir é derivado da sociedade
informatizada que vivemos hoje (causa final).
Pois bem! O que vai ocorrer, a partir da Modernidade, é que a causa final deixa de ser importante
no processo de conhecimento científico, passando a interessar, sobretudo e somente, os aspectos
formais e materiais na descoberta dos fenômenos.
Tudo! Se poderia dizer. Observe a explicação a seguir, ela é importantíssima para responder essa
pergunta:
Decretada pelos modernos, a partir do século XVI, à ciência não importa mais saber o para quê das
coisas, mas o como elas acontecem. E o para que é uma questão ética, porque diz respeito à
finalidade (teleologia) das coisas; diz respeito à intencionalidade dos fenômenos.
Por exemplo, quando eu pergunto qual é a “razão de ser” dos computadores, eu transfiro essa
resposta ao campo dos valores e estes exigem uma resposta com implicações éticas e não somente
técnicas. Não se trata somente de dar uma resposta utilitária, o “serve para”, mas de refletir sobre
a razão de existir das coisas e porque surgem. No caso dos computadores, a pergunta nos remete ao
próprio sentido da sociedade tecnológica e informatizada que vivemos hoje, sem precedentes na
História do Pensamento Ocidental.
Ora, se a pergunta sobre a causalidade final dos fenômenos exige resposta com implicações de
juízos de valor, ísto é, implicações éticas, isso passou a desinteressar como atividade da Ciência e
de como se conhece as coisas, na época Moderna. Foi por isso que na Era Moderna a Ética passou a
ser confinada na esfera da Filosofia, apartando-se do mundo da Ciência. Foi por isso que a ética
passou a ser assunto da Filosofia e não mais da Ciência.
Para compreender o contexto histórico desta separação entre Ética e Ciência, leia o texto a seguir:
Esta nova interpretação do mundo natural, que constitui, sem dúvida, a grande perda do
aristotelismo na era moderna, também será reforçada pela visão galileana de ciência e de universo.
A revolução epistemológica da ciência moderna é caracterizada pela defesa de uma ciência
autônoma e independente, capaz de dar uma descrição objetiva da realidade, através dos aspectos
quantificáveis e mensuráveis da realidade que são iguais para todos.
É com base nestes ideais que Galileu Galilei exclui do âmbito da descoberta científica a causalidade
final, propagando em definitivo a visão mecanicista, donde a causa eficiente e formal tem especial
destaque na explicação dos fenômenos naturais.
Para Galileu Galilei, a ciência deveria se afastar da investigação qualitativa, posto que possibilita a
interpretação subjetiva da realidade devido à sua variação. Quando manifesta sua posição sobre a
relação entre ciência e fé, nota-se a visão dualista e excludente de Galileu sobre ciência e valor.
Dizia Galileu: “a ciência é cega para o mundo dos valores e do sentido da vida,
enquanto a fé é incompetente sobre questões factuais” (REALE, e ANTISSERI.
História da Filosofia. Vol 2. São Paulo: Paulus, 1990, pp. 266 – grifo nosso).
O mundo dado como expressão de fatos isentos de valoração não mais implica, pois, no conceito de
bem e do dever ser, contrariando assim a “ontologia teleológica de Aristóteles”. Essa visão
predomina e acompanha toda a história do pensamento científico moderno.
Eis um dos pontos cruciais da diferença entre o mundo dos antigos e o mundo dos modernos.
David Hume (outro filósofo da modernidade), mais tarde, vai dizer que “de
fatos não se pode deduzir normas”, ou seja, em sentenças descritivas não se
pode extrair sentenças prescritivas e, tratando a ciência de fatos, dela não se
pode exigir dimensão teleológica, assim como é impossível tratar de uma
fundamentação científica da normatividade ética.
Em definitivo, com o mundo moderno, a Ciência nada mais tem a ver com a Ética. Doravante resta à
Ciência conhecer, descobrir, não importando o para quê.
3.4 As consequências desta separação entre ética e ciência para o mundo atual
E quais as conseqüências desta nova visão das coisas e do mundo? Ou seja, quais as conseqüências
desta separação entre Ciência e Ética?
Analisando os efeitos desta visão em seus Estudos de Moral Moderna, Apel reitera:
Portanto, foi somente com a renúncia da causalidade final dos fenômenos, que a Ciência Moderna
passou a desenvolver o método científico tal como conhecemos hoje, isto é, livrando-se de todos os
julgamentos morais e juízos de valor decorrentes das suas descobertas e experiências científicas. O
único elemento de valoração passou a ser o técnico, ou seja, os aspectos técnicos e quantificáveis
das descobertas científicas.
Em suma, o conhecimento científico produziu, ainda que aparentemente, “uma visão de dualidade
entre fatos e valores, com a implicação de que o conhecimento empírico é logicamente discrepante
do prosseguimento dos objetos morais ou da observação de regras éticas” (Cf. SANTOS, Introdução
a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: GRAAL Ltda, 2000. p. 52).
Livre de qualquer julgamento ético, onde somente importa a “descoberta científica”, a Ciência a
partir da modernidade, sentiu-se soberana, livre das amarras do mundo das virtudes dos antigos e,
sobretudo, livre do mundo do controle da moralidade medieval (papel este ocupado, em grande
parte, pela Inquisição).
Porém, o ato livre da descoberta científica, trouxe conseqüências nem sempre previsíveis. A
produção da bomba atômica, o início da Guerra Fria, a corrida armamentista na metade do século
XX, a destruição do meio ambiente, enfim, os efeitos diretos e colaterais da sociedade tecnológica,
encarregaram-se de trazer à mesma Ciência que expulsou a Ética de seu campo de investigação, os
dilemas éticos dela procedentes.
PARA REFLETIR: Compreender porquê a relação entre Ética e Ciência, na modernidade, tornou-se
dicotômica e que o desprezo da causa final (o para quê existem as coisas) do âmbito do
conhecimento científico, custou o apartamento da ética tanto no exercício da produção científica,
quanto no da produção tecnológica, parece elementar para entender o sentido de sociedade,
ciência e tecnologia que construímos com a modernidade.
Bem, para pensar um pouco mais sobre as conseqüências desta separação entre Ética e Ciência, leia
o texto a seguir de um grande estudioso deste assunto nos tempos atuais.
Se, em vista das conseqüências, hoje possíveis, de ações humanas, distinguirmos entre uma
microesfera (família, matrimônio, vizinhança), uma mesoesfera (patamar da política nacional) e
uma macroesfera (destino da humanidade), então será facilmente demonstrável que as normas
morais, atualmente eficazes entre todos os povos, ainda estão sempre predominantemente
concentradas na esfera íntima (sobretudo na regulamentação das relações sexuais); já na
mesoesfera da política nacional elas estão, em larga escala, reduzidas ao impulso arcaico do
egoísmo grupal e da identificação grupal, enquanto as decisões propriamente políticas valem como
"razão de estado" moralmente neutra. Mas, quando é atingida a macroesfera dos interesses humanos
vitais, o cuidado por elas ainda parece estar confiado, primariamente, a relativamente poucos
iniciados.
Essas poucas indicações devem ser suficientes para deixar claro que os resultados da ciência
representam um desafio moral para a humanidade. A civilização tecnocientífica confrontou todos os
povos, raças e culturas, sem consideração de suas tradições morais grupalmente específicas e
culturalmente relativas, com uma problemática ética comum a todos. Pela primeira vez, na história
da espécie humana, os homens foram praticamente colocados ante a tarefa de assumir a
responsabilidade solidária pelos efeitos de suas ações em medida planetária. Deveríamos ser de
opinião que, a essa compulsão por uma responsabilidade solidária, deveria corresponder a validez
intersubjetiva das normas, ou pelo menos do princípio básico de uma ética da responsabilidade.
4- PARA CONCLUIR
Bem, até aqui vimos como a Ética se institui e se consolida no decorrer da História do Pensamento
Ocidental.
- Na Antigüidade, os gregos sugerem, com o termo ethos, o estudo da morada; do lugar onde
vivemos. E não há separação da Ética em relação à Política.
- Os Romanos, passam a usar o termo para designar os costumes, daí o sentido de morus.
Nos próximos módulos, vamos analisar as principais Correntes da Ética Contemporânea, que se
instituem em modalidades de ética, porque estipulam cada uma delas, critérios distintos para
identificar os valores morais. Nisso, vamos perceber quais as implicações destes diversos modelos
para a Ciência e a Tecnologia na sociedade atual.
Mas, antes faça os exercícios de fixação para avaliar se você já conseguiu apreender os conteúdos
mais importantes desta parte introdutória da Ética.
5- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1- Sobre o sentido etimológico de ética e moral, arraste os termos da primeira coluna de acordo
como o sentido dado na segunda coluna.
1) Ethos
2) Morus
3) Gregos
4) Romanos
a) Em sentido etimológico, a palavra “ética” vem de _________, que significa o lugar onde se mora,
ou o cuidado com o lugar onde se vive.
b) Em sentido histórico, os ________ passaram a utilizar a palabra moral para designar os hábitos ou
costumes
c) A palavra “ética”, origina-se de ethos e surge com os ________.
d) Os romanos substituiram o sentido de ethos dado pelos gregos, pela palavra latina _________.
4- Com relação ao sentido da Ética dada por Aristóteles na Grécia Antiga, é correto afirmar que:
a) Para Aristóteles a Ética se situa no âmbito da razão ou da ciência pura. A isso Aristóteles
denominava “theoresis”.
b) Para Aristóteles, tanto a Ética, quanto a Política se situam no âmbito da razão prática. Por isso, o
filósofo grego denominava este âmbito da razão de “práxis”.
Ética em Ciência e Tecnologia – ECT/UFRN | Prof. Dra. Angela L. MIranda
Versão didática Página 14 de 17
Introdução ao Estudo da Ética
c) Para Aristóteles, a Ética pertence à esfera da “theoresis” (ciência pura), enquanto a Política
pertence ao âmbito da “práxis” (ciência prática).
d) Para Aristóteles, a Política pertence à esfera da “theoresis” (ciência pura), enquanto a Ética
pertence ao âmbito da “práxis” (ciência prática).
e) Para Aristóteles, tanto a Ética, quanto a Política se situam no âmbito da produção manual. Por
isso, o filósofo grego denominava este âmbito da razão de “poiésis”.
7- Sobre a separação entre Ética e Ciência no mundo moderno, e, com base no texto, assinale o que
for correto:
“somente a renúncia à valoração teleológica dos próprios fenômenos da natureza possibilita uma
ciência, cujos resultados são experimentalmente comprováveis e, desta forma, em princípio
tecnicamente valorizáveis”. (APPEL, Karl-Otto. Estudos de moral moderna. Petrópolis: Vozes, 1994,
p. 96).
a) A afirmação do autor sugere que a ciência moderna renunciou à causalidade final dos fenômenos,
por isso, ela pôde tornar seus resultados experimentalmente comprováveis e tecnicamente
valorizáveis.
b) A frase utilizada pelo autor “somente a renúncia à valoração teleológica dos próprios fenômenos
da natureza” poderia ser substituída pela frase “somente a renúncia à causalidade final dos
fenômenos da natureza”, pois, com a frase, o autor sugere o sentido de causalidade final dos
fenômenos, tal qual pensavam os gregos, sobretudo, a partir de Aristóteles.
c) Segundo autor do texto, os resultados experimentalmente comprováveis e, desta forma, em
princípio tecnicamente valorizáveis, só foram alcançados pela ciência moderna, com a renúncia da
causalidade final dos fenômenos.
d) Para o autor do texto, a renúncia à valoração teleológica dos fenômenos da natureza é um dos
pressupostos fundamentais para a constituição de uma ciência, cujos resultados são feitos com base
na comprovação e na experiência.
e) Todas as alternativas acima estão corretas.
Sobre a relação entre Ética e Ciência, leia o texto a seguir, depois assinale o que é correto nas duas
próximas perguntas:
[ ... ] Se até pouco tempo atrás a guerra podia ser interpretada como instrumento de seleção
biológica e, entre outros aspectos, de expansão espacial de espécie humana, através do
confinamento dos eventualmente mais fracos em regiões desabitadas, esta concepção está hoje
definitivamente superada pela invenção da bomba atômica: desde então o risco destruidor das
ações bélicas não se restringe mais à micro ou mesoesfera de possíveis consequências, mas ameaça
a existência da humanidade no seu todo. O mesmo se dá hoje em dia com os efeitos principais e
colaterais da técnica industrial. Isso se tornou gritantemente claro nos últimos anos com a
descoberta da progressiva poluição ambiental. [ ... ]
Essas poucas indicações devem ser suficientes para deixar claro que os resultados da ciência
representam um desafio moral para a humanidade. APEL, Karl-Otto. Estudos de moral moderna.
Petrópolis, Vozes, 1994. p. 72-74.
9- Considerando a interpretação do texto e a relação entre Ética e Ciência, é correto afirmar que:
a) O texto sugere que os resultados das descobertas científicas, por si só, já representam
dilemas éticos que a humanidade há de enfrentar.
b) O texto considera que os efeitos principais e colaterais da técnica industrial, bem como os
resultados da ciência na atualidade, demonstram que a Ciência deve estar separada da
Ética.
c) O texto acentua que os efeitos e resultados da ciência e da técnica modernas possuem
implicações éticas para toda a humanidade.
d) As alternativas a e c estão corretas.
10- De acordo com o texto deste capítulo, vários dilemas éticos que a humanidade enfrenta hoje são
resultados da dicotomia produzida entre Ciência e Ética a partir da Modernidade. Ou seja, estes,
encarregaram-se de trazer à mesma Ciência que expulsou a Ética de seu campo de investigação, os
problemas éticos dela procedente. São dilemas éticos resultantes da própria Ciência no século XX:
a) A produção da bomba atômica.
Se você deseja ainda aprofundar alguns dos temas trabalhados aqui, sugerimos as seguintes
recomendações bibliográficas:
CRÉDITOS
Texto e conteúdo produzido e elaborado por Angela Luzia Miranda
Doutora em Filosofia – Universidad de Salamanca (ES)
Doutora em Ética – Universidad del País Vasco
Professora Adjunta - ECT- UFRN/Brasil