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Aos meus colegas de turma, pela construção da aprendizagem e pelos momentos difíceis e de
muita persistência que vivenciamos juntos.
Às minhas amigas Pacita, pela força incondicional, e Iracy, por sempre estar pronta para me
ajudar.
Ao prof. dr. Marcelo Milano, por ter me permitido aprender e conviver com as difíceis
relações de poder.
Em especial, ao meu grande mestre, prof. dr. Luiz Antonio Jóia, pelas excelências acadêmica
e executiva contextualizadas à construção de valores.
...Uma figura de transição é aquela que desenvolve um crescente poder interior e liberdade
de escolha...
Nós, como seres humanos, temos quatro necessidades: viver, amar, aprender e deixar um
legado.
Stephen R. Covey
RESUMO
fatores que influenciam, retardam e afetam o processo de tomada de decisão dos atores de
IES. O resultado da reflexão e de algumas questões críticas com base na experiência da autora
decisão estratégica.
ABSTRACT
The theoretical study had the propose to verify the reflection of the power relations
between the academic and the administrative structures of Brazilian private Higher Education
Institutions (HEI) in the process of strategic decision making. It was identified to what
extension the relations are distant or close between these structures in decision making and
which the factors that influence, delay and affect the decision making of the characters from
(HEI) are. The result of reflection and some critical issues based on author’s experience,
Key words: power relations; structure; higher education institutions; strategic decision
making.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 9
1. AS ORGANIZAÇÕES........................................................................................................ 13
PRIVADAS...............................................................................................................................46
5. CONCLUSÃO......................................................................................................................49
REFERÊNCIAS........................................................................................................................52
.
9
INTRODUÇÃO
Este ensaio teórico propositivo tem por objetivo refletir sobre a relação de poder entre
entre essas estruturas no processo decisório e verificar quais fatores influenciam, retardam e
administrativa de instituições de ensino privado. Por ter vivenciado ao longo de sua trajetória
profissional os conflitos de tomada de decisão estratégica existentes entre as duas áreas, além
de ter exercido os dois papéis, a autora sente-se à vontade para fazer suas colocações e críticas
aos processos organizacionais, bem como aos processos de órgãos competentes ao ensino
superior brasileiro.
Dessa forma, os apontamentos feitos neste estudo serão de grande contribuição para os
adaptar a esse mundo globalizado em constante mudança. Com essas mudanças, as IES
buscam cada vez mais a profissionalização, através dos processos e tecnologias de gestão de
organizações empresariais.
Educação (LDB) têm representado um grande desafio para a sobrevivência das IES brasileiras
privadas. Por isso, acredita-se que manter uma visão do mercado é responsabilidade de todos
que fazem parte de uma organização de ensino. Dessa forma, as estruturas acadêmica e
poderá oferecer subsídios aos processos decisórios. Além disso, é uma tentativa de, através do
conhecimento de cada área, buscar o bom senso na relação de poder entre as estruturas
capaz de se gerenciar e tomar decisões, pois não depende de órgãos externos para definir seus
cursos, currículos plenos e formas de gestão. Porém, essa “autonomia” é merecedora de maior
atenção.
Nesse sentido, Finger (1991) observa que a universidade tem dois momentos:
física e da parte acadêmica, sua razão de existir, tendo como agentes construtores, em
Entre eles, podem ser observados resistências e antagonismos pela imposição de idéias no
processo de tomada de decisões; idéias que muitas vezes são estratégicas para o
desenvolvimento organizacional.
Além dos apontamentos já mencionados, este ensaio teórico busca encontrar caminhos
que possam fortalecer e facilitar as relações de poder entre as estruturas, nas tomadas de
a) Objetivo geral
b) Objetivos específicos
analisar o poder nas organizações, numa visão social, econômica, política ideológica e
psicológica;
12
Pretende-se também, com este estudo, mostrar aos atores responsáveis por processos
de decisão numa organização social, os resultados positivos e negativos que podem alcançar
quando não conhecem, de fato, o que é uma organização, o que é poder e como é a relação de
poder nas organizações − nesse caso, especificamente, instituições de ensino superior privadas
1. AS ORGANIZAÇÕES
gerando impactos nas comunidades, na sociedade e no mundo. Por esse motivo, precisam ser
gestões e redes de relações, para que os seus atores possam exercer seus papéis (HALL,
2004).
Barnard (1938 apud HALL, 2004) e Weber (1947) contribuem com o estudo sobre as
outras formas de organização social, fechada ou limitada à entrada de novas pessoas, por meio
de regras estabelecidas por chefe, ou “superior” e, às vezes, por uma equipe administrativa.
Nesse contexto, observa-se que a organização inclui e exclui indivíduos. Weber (1947)
cumprimento de metas, que transcendem a vida dos indivíduos que dela fazem parte.
organizações. Porém, alguns, como Barnard (1938), identificam uma base diferente para as
base da organização é ser uma unidade social, com objetivos organizacionais estruturados na
fonte de legitimidade, que justifica suas atividades e padrões para avaliar sua eficiência e
Scott (1964 apud HALL, 2004) define organizações como entidades sociais ou
diferenciadas, com diversos tipos de participantes que trabalham juntos, visando atingirem
metas comuns.
Para Hall (1984), os objetivos de uma organização são múltiplos; logo, ela deve ser
entendida como “entidade política” e “entidade altamente complexa” (HALL, 1984, p. 23):
Assim, organizações são entendidas como um grupo de pessoas com habilidades que
aos cenários interno e externo do universo corporativo. Ainda que muitas organizações
também possam ser mistas, as organizações burocráticas são predominantes, motivo pelo qual
Segundo Faria (2003), o conceito de poder não é fácil de ser entendido, é polêmico e
influência para que o outro realize algo que, a princípio, não faria. Assim, tal conceito pode se
Verifica-se que quando o ator consegue entender o poder e as suas relações, este passa
a ser um desafio para sua sobrevivência no contexto organizacional onde se encontra. Porém,
compreender como essas relações se estabelecem entre os atores − ou seja, de forma estrutural
Bacharach e Lawler (1982) afirmam que parte dos conceitos de poder é baseada na
clássica definição dada por Max Weber, em 1947, de que o poder é a probabilidade de uma
circunstâncias que permitem uma pessoa, numa posição de controle, impor sua vontade e
vontade própria numa ação comunitária, até mesmo contra a resistência de outros que
participam da ação”.
impor suas idéias para uma pessoa ou grupos. Quando conseguem, tornam-se “fortes” e em
evidência. Quando não conseguem, advém a frustração e a busca por outras estratégias que
Os estudos de Weber (1982) sobre as estruturas políticas destacam o uso da força, nas
diferentes formas e extensões como tais estruturas a empregam contra outras organizações
dentro de uma comunidade. O poder econômico distingue-se do poder como tal, podendo ser
poder mais desenvolvido nas mãos do homem, sendo considerado o mais racional de ser
Faria (2003) afirma que, para avançar rumo a uma proposição, é necessário
Strauss (1978) retrata o poder como uma ação que se amplia, em princípio, conforme a
autoridade que o delega. Para ele, a delegação de autoridade só pode ser efetivada através de
Entende-se que a delegação de poder só é permitida por quem detém o poder, quando
“natureza” da política, através de influência baseada nos interesses pessoais ou de grupos que
controle − resulta de uma tradição patrimonialista; patrimonialismo esse que, no país, envolve
a lealdade à pessoa. Como a pressão burocrática é impessoal, todos devem seguir as regras,
normas e procedimentos. Porém, com base na exceção, algumas pessoas recebem tratamento
todos os atores que compõem a estrutura organizacional em cargos estratégicos precisam estar
atentos para a frouxidão do controle dos processos, para que o conflito não contrarie outros
organizacional.
desenvolvimento organizacional. Por sua causa, poucos levam vantagem e muitos são
preteridos. Com isso, a organização é a que mais perde, seja pela falta de comprometimento
com seus objetivos, da parte de um grande número de seus colaboradores, seja pela saída de
recursos e de meios de ação num contexto de luta específica, quando o critério de sucesso é
Vieira e Leão (2000) vêem o poder como valores culturais, consolidados ao longo da
Daft (1999) ressalta que o poder se manifesta no interior da instituição, apenas, entre
Hersey e Blanchard (1982) afirmam que a fonte de poder, muitas vezes, provém do
Numa IES, por exemplo, é mais provável que seja influente um chefe de departamento amigo
íntimo de alguém da alta cúpula do que um chefe de departamento que não mantenha contatos
desse tipo.
cinco categorias: coerção, recompensa, legitimidade, talento e referência. Yuki e Falbe (1992)
• a pessoa pode tornar as coisas difíceis para os outros e você não quer que ela
do trabalho que você realiza, de esperar que você cumpra com suas legítimas
• você gosta da pessoa e tem prazer em fazer coisas para ela (poder de
referência).
como o que há de mais relevante para uma análise. Conforme mencionado por Hall (2004), o
político está calcado na razão política, definida como o conjunto das relações entre indivíduos
organizações, para que propostas de decisões estratégicas sejam sugeridas sem comprometer a
considera que a racionalidade tem como um dos seus fundamentos a adequação dos meios aos
quanto a objetivos. Tal adequação possibilitaria a eficiência nas organizações. Além disso, a
Acredita-se que, dessa forma, num processo burocrático, o indivíduo não perceba a
manipulação que está sofrendo. Além do mais, nesse contexto, aceita as determinações sem
questionar as crenças, pois a burocracia tem muita força através da sua racionalidade.
matrículas passaram a ser feitas por disciplina (atendendo aos interesses individuais); foram
Há muitas evidências de que a maioria das ações dentro de uma IES seja subordinada à
razão. Por sua vez, a razão é entendida dentro e fora do contexto organizacional como um
mercado. Assim, toda e qualquer ação deve ser planejada com um “olhar” mais crítico,
Em sua análise, que toma por base uma economia de mercado, DiMaggio e Powell
(1983) afirmam que a força por trás do movimento pela racionalização e burocratização acaba
racionalidade política (burocrático-sociológica) que tem como base cumprir as regras sociais e
independentes, com interesses divergentes. Nessa concepção percebe-se, claramente, que tais
organizacionais.
Concorda-se com Vieira e Carvalho (2007) quando dizem que a burocracia − o meio
mais racional pelo qual o sistema pretende controlar o processo de trabalho e os indivíduos −
racionalidade e na disciplina, que são seus sinais de identidade perante os demais modelos de
organização social.
Segundo Weber (1993 apud VIEIRA; CARVALHO, 2007), o poder só pode ser
exercido se for legitimado. Por sua vez, a legitimação significa aprovação social, a qual é
fundamental para que as relações de poder sejam estabelecidas: os indivíduos que têm direitos
esse motivo, identificar as relações de poder existentes nas organizações facilita a interação
hierárquica. Entretanto, entende-se que o poder se fundamenta na razão, nas leis e nas normas
que indicam os comportamentos. Por outro lado, liderança carismática sem gestão
participativa e sem pôr a “mão na massa” não faz com que sua equipe tenha credibilidade na
Concorda-se com a definição de Weber (1982) quanto ao controle dos recursos através
profissionais qualificados, os gestores devem estar “atentos” para os caminhos adotados nas
pessoais. Acrescentam que estas são “fontes” controladoras das bases do poder, como é o caso
que o indivíduo detenha, das oportunidades ou, mesmo, da combinação desses fatores.
liderança, sem diploma. De acordo com o site do Grupisa (2008), uma pesquisa realizada a
jornal Folha de São Paulo, no setor público, somente 32% dos profissionais em cargos de
22
apud GRUPISA, 2008), relatou que os dados mostram que a força de trabalho brasileira ainda
está muito aquém, tanto em quantidade quanto em qualidade, para atender às demandas de
crescimento da economia.
Particular, Antonio Carbonari Netto (2006 apud GRUPISA, 2008), disse que uma possível
explicação para a falta de graduados em cargos de chefia é o fato de muitas empresas ainda
serem familiares, com muitos pais passando a gestão para filhos sem preparo. "A falta de
tanto no setor público quanto no privado, tem causado enorme prejuízo socioeconômico ao
país".
sucessão familiar, há cargos estratégicos assumidos por líderes sem formação “promovendo”
o desenvolvimento organizacional. Dessa forma, o caos está formado. A dificuldade que esses
para posições estratégicas nas suas organizações agrava o fracasso organizacional. Por esse
motivo, fica perceptível a falta de visão, qualificação e, até mesmo, de interesse e motivação
profissionalizar?
23
A realidade é que esse discurso “florido” já não tem mais sentido de acontecer dentro
cujos objetivos são a razão da existência dessas organizações. São essas regras e estruturas
hierárquico perder os plenos poderes que tem. Seja por ter saído da organização ou deixado o
cargo, dependendo da influência que exercia, seu posicionamento deixará de ser importante
para determinados indivíduos ou grupos, confirmando o dito popular: “Rei morto; rei posto” e
conseguem lidar com ela, não se consegue perceber a relação de poder. Nesse sentido, é
equipe, mas consegue conduzir a equipe a cumprir ou não cumprir determinadas ações
organização, mesmo que eles não sejam legitimados como detentores do poder.
Morgan (1986) diz que o poder nas organizações pode ser identificado de acordo com
especialização;
Hall (2004) afirma que, em muitos aspectos, organizações e poder são sinônimos. Para
poder dos poderosos e sistema de poder através da forma como as pessoas se adaptam às
privada possam ser configuradas através de relações formais, impessoais e legais, originárias
das organizações burocráticas. Estas, por sua vez, fazem uso da força ou das influências
sociais, políticas ou ideológicas, abordadas por Weber, podendo também ser configuradas
As instituições de ensino superior (IES) privadas são formadas por duas estruturas: a
recursos humanos. Ambas apresentam, numa luta aberta, resistências e antagonismos pela
imposição de idéias.
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estão submetidos não apenas a normas regimentais das leis estabelecidas pelos órgãos do
de idéias citadas anteriormente, que nas instituições de ensino superior existem dois centros
órgãos competentes externos. Dessa forma, os gestores precisam estar atentos para o
contexto de valores compartilhados com o espaço social. Só assim se poderão gerar impactos
organizacionais.
Galaskiewicz (1985) e Perrucci e Pilisuk (1970 apud HALL, 2004) afirmam que a
maioria das comunidades possui mais de uma organização dominante e que as estruturas de
Assim, esses interesses podem indicar o caminho que a organização deverá seguir. Contudo,
ensino, muitas vezes, os interesses e necessidades da comunidade não podem ser atendidos.
Questiona-se, então: Até onde vai a autonomia da universidade? O que as demais IES podem
profissional. Nesse sentido, pode se afirmar que essa relação de domínio local gera impacto
Marcus e Goodman (1991 apud HALL, 2004) apontam que as organizações sabem
que são responsáveis por suas ações, as quais são por elas redefinidas, para que não sejam
responsabilizadas pela prática de crimes. Dessa forma, pode ser compreendido que as IES têm
objetivos diversificados e conflitantes porque precisam cumprir “exageradas” regras, para não
serem punidas, ao mesmo tempo em que precisam atender a diversos tipos de comunidade.
necessário refletir sobre a aplicabilidade das teorias de Freire (1983), Piaget (1973), Vigotsky,
Segundo Selznick (1957 apud HALL, 2004), uma organização para ser bem-sucedida
precisa obter poder e apoio na sociedade e tornar o conjunto de idéias compatível com os
valores da população.
não se estruturam apenas em buscar eficiência em suas atividades, mas também em valores,
crenças e mitos compartilhados, acrescenta que o ambiente não é apenas a fonte de destino de
legitimação.
Conclui-se, então, que quando uma universidade busca o envolvimento com outras
mercado, seja em relação à comunidade, seja em relação à sociedade. Isso se dá, pela
utilização de recursos materiais e simbólicos que possam causar impacto no poder corporativo
Para entendermos melhor essa questão, vejamos como Baremblitt (1996), Bernardes
(1993), Etzioni (1971) e Lourau (1995 apud SERMANN, 2003) definem instituições:
• Baremblitt define como instituições lógicas das decisões que regulam as atividades
humanas, mostrando o que pode, o que não pode ou o que é indiferente, podendo ser
• Etzioni diz que instituições, no sentido usual do termo, são prédios ou fábricas.
Algumas cuidam de pessoas incapazes e outras têm tarefas técnicas, como no caso dos
• Lourau diz que uma instituição é uma norma universal ou tida como tal. Por exemplo, o
• Bernardes diz que uma instituição se caracteriza por ter a função de atender a certa
necessidade social básica e por ser formada por uma estrutura que envolve relações de
acordo, de normas e procedimentos, bem como por pessoas com suas crenças, valores e
comportamentos.
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também pode ser entendida como uma organização, porque realiza estudos, pesquisa e
extensão em diferentes formas e para diferentes fins. No seu cotidiano, ela igualmente
outras atividades.
ponto de vista dos estudos organizacionais, tem ampliado o ambiente para além das
que as outras, por terem múltiplas funções e vários perfis ideológicos. Elas precisam e devem
sobreviver no mercado competitivo. Por isso, precisam estar estruturadas como unidades de
suas peculiaridades.
Identifica-se dentro das organizações que vários estudos sobre organizações sociais
têm mostrado que cada vez mais a burocracia está inserida em seus processos, através da
forma:
• papéis definidos pela organização: cargos criados através de normas. A partir daí,
de poder;
(nepotismo);
produtivo; e
concreta.
modelo político de organização, que tem como princípio orientador a razão política − ou seja,
31
arranjos de poder entre indivíduos e/ou grupos de interesses diversos e/ou divergentes −, tem
• o conflito é normal;
que o controle das ações e das relações entre os indivíduos das organizações, através de
ensino superior são organizadas pelas estruturas administrativa e acadêmica e pela formação
podem dar continuidade à carreira acadêmica, através dos cursos de pós-graduação lato e
O MEC é o órgão responsável pela educação brasileira. Nele estão inseridas a SESu
Pessoal de Nível Superior), responsável pelos cursos stricto sensu (mestrado e doutorado).
Segundo o MEC (BRASIL, 2008), as IES são classificadas, de acordo com a natureza
jurídica das suas mantenedoras, como públicas (projeto de lei de iniciativa do Poder
Ministério da Educação).
As IES privadas são mantidas e administradas por pessoas físicas ou pessoas jurídicas
de direito privado. São divididas ou se organizam como instituições privadas com fins
lucrativos ou como privadas sem fins lucrativos. Podem ser organizadas como:
instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, de direito privado.
• instituições privadas sem fins lucrativos podem ser quanto à sua vocação
social:
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por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive, cooperativas de
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendam a orientações
educação ou de assistência social que prestem os serviços para os quais foram instituídas e os
Graduação
• bacharelado (diploma);
• licenciatura (diploma);
• tecnologia (diploma).
Seqüencial
• complementar (certificação).
Pós-Graduação
Pós-Graduação
Lato sensu
especialização e residência médica. Têm duração mínima de 360 horas, não computando o
tempo de estudo individual ou em grupo e sem assistência docente, nem o tempo destinado à
Stricto sensu
Pessoal de Nível Superior (Capes) realiza uma avaliação a cada três anos, e as médias variam
de 1 a 7. Para ser reconhecido, o curso deverá apresentar média maior que 3. O curso de
mestrado dura dois anos, durante o qual o aluno desenvolve a dissertação e cursa as
responsabilidade. Elas oferecem cursos superiores, no mínimo, em uma das suas modalidades
e cursos de pós-graduação.
escolar.
organizações, entender o significado de estratégia. Optou-se pela análise feita por Whittington
(2002), que retrata as quatro abordagens genéricas de estratégia, conhecidas como clássica,
dominante nos livros. Surgiu nos anos 1960, com os trabalhos do historiador de negócios
básicos em longo prazo, com ações e recursos necessários alocados, para que os objetivos
sejam atingidos. Nesse sentido, um bom planejamento racional pode ser adaptado e antecipar
estratégias são elaboradas por meio da análise racional, afastada do “campo de batalha” dos
Ansoff (1965) vincula suas noções sobre estratégia diretamente à prática militar: a
figura do general no topo, presidindo uma rígida hierarquia, é quem toma as decisões finais.
Os planos de ação são desenvolvidos na tenda do general, com vistas para o campo de
tecnologia oferece com planilhas, fórmulas e gráficos de fluxo. A formulação e o controle das
estratégias ficam por conta do poder administrativo e a implementação das estratégias, por
operacionais das diversas áreas do conhecimento. A questão é: Até onde vai a qualificação
b) abordagem evolucionária: conta com estratégias que possam manter custos baixos e
mercados garantam a maximização dos lucros, dando ênfase aos processos competitivos da
Aldrich (1979) acredita que é mais provável que a adaptação do ambiente resulte mais
do acaso, da sorte e, até mesmo, do erro, do que de uma escolha estratégica. Além disso,
Alchian (1950) acredita que as empresas são jogadas de um lado para outro por forças de
Nesse sentido, percebe-se que a estratégia para os evolucionistas pode ser uma ilusão
perigosa. A única vantagem competitiva real seria a eficiência relativa. Os gerentes, portanto,
deveriam devem concentrar-se em seus custos e não se desviar dos princípios básicos.
é preciso ser muito cuidadoso quando se pensa apenas em pequenas ações de curto prazo (que
serão decididas pelo mercado, o qual pode aprová-las ou não), quando se tem pela frente, no
caso de uma universidade, o MEC, com todas as suas exigências e indicadores de qualidade,
respeito ao desenvolvimento racional da estratégia, embora seja menos confiante na força dos
School, que adota uma teoria psicologicamente mais realista sobre o comportamento humano:
organizações.
Identifica-se que nas IES a abordagem processual é fundamental para muitas tomadas
comprometimentos políticos, não com o cálculo da maximização do lucro. Por outro lado, na
dinâmica das relações de poder, não se sabe de fato se o consenso pode estar alinhado com os
objetivos organizacionais. Com isso, o controle pode ser perdido ou, mesmo, ficar camuflado.
estratégia conforme as regras locais. Nesse sentido, acredita-se que decisões não sejam
imparciais, calculistas, puramente econômicas, mas, sim, entrelaçadas com o sistema social.
Com isso, recusa a aceitação das formas e dos fins da racionalidade clássica.
Acredita-se que ações estratégicas focadas na comunidade e nos grupos sociais sejam
eficazes para as IES. Porém, as estratégias precisam ser elaboradas de forma não
outras áreas que tenham outros grupos com culturas diferenciadas. Whittington (2002) sugere
pontos de vista divergentes no que concerne à condução da gestão estratégica. Assim, nas
envolvem “formas sutis da arte de ganhar sem infringir as regras do jogo”. Por isso, a
merece atenção.
as demandas ambientais − devem ser levadas em conta e que podem fazer parte do processo
de tomada de decisão.
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Segundo March (1994), a tomada de decisão é uma atividade que interpreta uma
escolha racional, ou seja, uma escolha inteligente, de ações bem-sucedidas. Por isso, o autor
• preferências: Qual o valor das conseqüências associadas a cada alternativa para quem
decide?
• regras de decisão: Como será feita a escolha entre as alternativas das suas
indivíduos que fazem parte da organização, embora o poder de tomá-las esteja concentrado
Allison (1971) considera que, na sua essência, a decisão levará em conta o interesse
dos diversos grupos participantes do processo. Lindblom (1959) percebe o processo decisório
numa perspectiva política, visualizando suas limitações e fragmentações. Assim, esses autores
processo decisório.
Hall (2004) afirma que estão aparecendo, cada vez mais, evidências empíricas sobre a
inadequação do modelo da racionalidade econômica. Por esse motivo, para entender a política
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reconhecer que o resultado das ações influencia a posição relativa de poder dos participantes e
que outras considerações precisam fazer parte do processo de decisão, juntamente com as
caso, por exemplo, de se ignorar o que foi decidido, dando continuidade ao processo
momento, exercendo grande impacto nesse contexto. Por isso, devemos verificar possíveis
resultados antes de se operacionalizar o processo decisório, que tem de ser objetivo, político,
racional, econômico e com participação social, mas também eficaz para a organização.
Idêntica-se que as IES brasileiras, na busca por seus valores educacionais (e com suas
estratégicas, muitas vezes, a custa de conflitos entre os atores das estruturas de poder
observaram que, cada vez mais, a complexidade da eficiência deste modelo diminui. Por um
lado, a estrutura acadêmica briga para manter a qualidade do ensino; por outro, a estrutura
administrativa luta pela otimização de custos, visando sobreviver num mercado competitivo.
Percebe-se que, por falta de visão de gestão, a maioria dos profissionais acadêmicos
universidade.
conflitos e poder.
de decisões estratégicas.
PRIVADAS
A importância de saber qual o rumo que as IES desejam tomar num mercado
competitivo tem sido uma das maiores preocupações dos gestores e mantenedores.
dentro de empresas, tem sido um desafio para os profissionais que acreditam nessa proposta
necessidade de uma estrutura que leve à tomada de decisão estratégica. Porém, é percebido
que a maior dificuldade é contextualizar tal decisão no universo empresarial. Enquanto isso, o
“filosófica”.
Identifica-se que o planejamento faz parte da rotina pessoal e profissional das pessoas.
Nas organizações, ele está presente em todas as etapas formais e informais, pois há
organizacional daí advindo, bem como a finalidade dos objetivos e metas a serem alcançados.
Para garantir sua sobrevivência, cumprindo com seu compromisso social, com base
numa missão e em objetivos e metas, a IES busca conhecer previamente os fatos, a partir de
pesquisas sobre o mercado educacional. Procura identificar seus pontos fortes e fracos,
interação entre as estruturas de poder, de modo que todos se sintam parte do processo. Com
Segundo Vahl, (1991), os problemas das universidades brasileiras têm sua origem na
baixa qualificação de seus dirigentes. Identifica-se que o desconhecimento sobre gestão traz
O autor acrescenta que qualquer outra organização, assim como uma universidade, é
administrada por pessoas que tomam decisões e implementam ações. As IES são organizações
complexas, caracterizadas por objetivos conflitivos e difusos, onde as decisões tomadas têm
mensurar os serviços por elas prestados. Dessa forma, tais características se distanciam da
controle das sociedades anônimas. Essa separação dilui divergências entre o proprietário e os
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executivos, além de eliminar restrições quanto ao uso do poder. Assim, há limites nas ações e
no contexto educacional não significa ferir princípios éticos, mas, sim, repensar o estilo de
instituições de forma estratégica; que todos tenham uma visão sistêmica do ensino brasileiro,
Dessa forma, é importante ressaltar que cada IES brasileira também precisa contar
pagamento dos salários dos professores) e o percurso a ser trilhado na busca pela
5. CONCLUSÃO
gerando impactos nas comunidades, nas sociedades e no mundo. Dessa forma, este estudo
abordou o surgimento das IES na sociedade brasileira, falou dos órgãos competentes pela
Procurou ainda entender o que são organizações, por que as IES (instituições de ensino
superior) são definidas como organizações sociais, suas complexidades e o modo como se
este estudou buscou compreender tal desenvolvimento, levando em conta a relação de poder
estratégicas.
acerca do conceito do poder e das relações entre indivíduos ou entre grupos com interesses
Houve o entendimento de que o poder só pode ser exercido se for legitimado, ou seja,
dominação.
de idéias por parte dos centros de poder acadêmico e de poder administrativo, causadores de
Identificou-se que realizar ações numa IES requer das estruturas ter como foco os
conhecimento.
A universidade foi identificada como uma organização cada vez mais burocrática, com
Além de ser analisado o poder nas organizações, também foi examinado o poder que
as organizações têm perante a sociedade, de forma a atender aos interesses dos indivíduos e
estruturas de poder na maioria das universidades brasileiras privadas faz com que este estudo
decisões estratégicas. Isso diminuirá o espaço entre as relações, dando maior contribuição
Conclui-se que cada universidade tem a sua identidade, missão, crenças e valores.
Porém, os objetivos são sempre parecidos entre as organizações sociais privadas: todas
acadêmicas e administrativas, saberem quais ações devem ser empreendidas nas tomadas de
decisões estratégicas, com otimização de custos e sem perda do foco na qualidade dos
serviços prestados.
Sugere-se para a continuidade do estudo, uma abordagem com maior relevância sobre
responsáveis por gestão participativa, com objetivos a serem alcançados em prol dos
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