You are on page 1of 8

Quando me dei conta de que

aprendi tudo errado


Sobre como viver no Planeta Terra

Gustavo TanakaFollow
Dec 16, 2015
Eu sou um cara de muita sorte.

Tive a possibilidade de crescer numa família que me deu


tudo que sempre precisei. Pude estudar nas melhores
escolas de São Paulo. Entrei na principal universidade do
país. Pude morar fora do Brasil, aprender com uma outra
cultura e conhecer gente do mundo inteiro.

Então eu peguei todo esse meu conhecimento. Toda essa


bagagem cultural e intelectual e fui viver.

Fui trilhar o caminho que leva ao sucesso.

Fui perseguir uma coisa que eu nem sabia o que era. Que
nem sabia se queria tanto.

Às vezes as coisas davam muito certo. E quando eu achava


que sabia como as coisas funcionavam, vinha a vida e me
aplicava uma rasteira. Como se estivesse me mostrando que
eu não sabia tanto quanto eu imaginava.

E essas rasteiras aconteceram várias vezes.


E na última eu fui à lona. Knock-down.

Mas eu consegui me levantar.

E passei a viver de uma outra forma. Comecei a tentar viver


de uma maneira bem diferente.

E foi aí que me dei conta de que tinha aprendido tudo


errado.

A vida começou a se desdobrar de uma maneira totalmente


diferente. De uma maneira que eu jamais sonhava que
poderia acontecer.

Fácil. Leve. No fluxo.

E desde então eu tenho reaprendido a viver. Tenho


derrubado minhas crenças antigas. Tenho testado uma nova
forma de me relacionar com os outros, com a natureza e
comigo mesmo.

Por que eu acho que aprendi tudo errado? Listo algumas


coisas que notei.

1- Eu não aprendi a respirar

Que absurdo isso, não? É a primeira coisa que fazemos


quando entramos no planeta, é a respiração que nos
mantém vivos, e ninguém me chamou e falou: “vem cá
garoto, deixa eu te ensinar uma das coisas mais básicas da
vida: Vamos aprender a respirar”.

A respiração é a chave para o domínio da sua mente e das


suas emoções e a chave para acessar o coração também.

2- Eu não aprendi a me alimentar


Recentemente comecei a me buscar entender melhor o que é
a alimentação e o efeito disso no meu corpo. E aí fui vendo
que ninguém me ensinou nada sobre isso. E pior ainda. A
maioria das pessoas nem sabe direito o que é isso.

Mesmo os especialistas. As nutricionistas que me perdoem,


mas ninguém sabe direito como funciona a alimentação.

Existe algo de muito mais profundo que simplesmente


pensar em proteínas, carboidratos e gorduras.

Existe a energia dos alimentos, sua densidade e o efeito


diferente que dá em cada pessoa.

Eu ainda não aprendi. Mas estou tomando consciência e


sinto que me aproximo mais de saber o que me faz bem ou
não.

Alimentação muda a vida. Viver tomando remédios não é


normal. Viver com uma doença não é normal. E talvez a
alimentação seja a resposta.

3- Eu não aprendi a dormir

O que acontece com meu corpo quando eu durmo? O que


são sonhos? O que fazer com as lembranças dos sonhos?
Quanto tempo eu preciso dormir? Onde e em qual posição?
O que preciso fazer antes de dormir? E logo depois que eu
acordo?

Eu não tenho nenhuma dessas respostas. O que é bizarro, já


que eu faço isso todos os dias.

4- Eu me desconectei da natureza
A natureza tem todas as respostas. Acho que todas essas
perguntas que eu tenho feito, inclusive as que escrevi acima,
podem ser respondidas observando a natureza.

Mas eu não aprendi a plantar. Não aprendi a observar a


natureza.

Pior que isso.

Me fizeram acreditar que tudo que vem da natureza faz mal.

Exemplo?

Sol dá câncer de pele. Chuva dá resfriado. Vento traz


friagem. Andar descalço na grama suja o pé. Tem que lavar a
fruta depois que você colhe.

Será mesmo?

5- Me ensinaram que a vida é o esforço

Eu aprendi que tenho que trabalhar duro pra ter o que


quero. Que a vida não é fácil e que você tem que lutar e
sofrer para conseguir o que quer. “No pain no gain”.

Mas quando mais me esforcei na vida, nenhum resultado eu


tive.

E quando parei de dar duro na vida, a vida ficou fácil.

Ou seja.

Quer dizer então que a vida pode ser fácil? Como assim?!

Pois é. A vida é fácil. A gente que complica.


6- Me ensinaram que trabalho é o que acontece de
segunda à sexta das 8h às 18hs.

E que final de semana é pra descansar e não pensar em


trabalho.

Mas peraí. O que é trabalho afinal?

Trabalho é sentar na frente do computador e ficar mexendo


em planilhas, apresentações e respondendo emails?

Se eu tiver tomando um café com um amigo, não estou


trabalhando?

Se eu tiver deitado no sofá, viajando nas minhas ideias, eu


não estou trabalhando?

Trabalho é a história mais mal contada da humanidade.

É hora da gente repensar tudo isso. Derrubar nossas crenças


e desconstruir tudo.

7- Aprendi a viver na escassez

Não existe para todo mundo. Por isso é bom você garantir o
seu.

Eu preciso garantir minha vaga na faculdade, no mercado de


trabalho, e não posso contar minha ideia para ninguém.
Senão vão roubá-la. E alguém vai ganhar dinheiro com a
minha ideia.

Aprendi que preciso poupar para o futuro. Porque no futuro


vai faltar. Nunca se sabe o dia de amanhã.
E agora eu to conhecendo uma palavra chamada
abundância. E ninguém nunca me ensinou sobre isso.

Não se trata apenas de ter muito dinheiro. Mas de ter todas


as coisas que você precisa.

De poder acessar os recursos que você quer a hora que você


quer.

De poder contar com pessoas que sabem fazer o que você


não sabe e estão super dispostas a te ajudar.

De confiar que no universo existe tudo o que você precisa. E


a vida sempre vai te prover do que você precisa para realizar
qualquer coisa.

8- Eu aprendi a competir

E não aprendi nada sobre colaboração. Eu nem sei colaborar


direito, porque aprendi o contrário.

Aprendi a garantir o meu, me isolar e não ajudar todo


mundo que tenho vontade.

Aprendi a analisar o que uma pessoa pode me dar em troca


antes de ajudá-la.

E eu sinto vergonha de tudo isso.

Sinto vergonha de não saber como ajudar as pessoas e como


colaborar de verdade.

Vou parar essa lista por aqui pro texto não ficar muito longo.
Mas tem mais um monte de coisas que aprendi errado.
Na verdade, acho que aprendi tudo errado.

Criamos uma sociedade que empodera as pessoas erradas.

E nós seguimos as pessoas erradas. O cego liderando o cego.

Mas felizmente acho que tudo isso está mudando.

Eu estou me dando conta de que aprendi tudo errado.

E to jogando uma granada nas minhas crenças.

Implodindo com dinamite tudo o que sempre acreditei que


era verdade.

Quando você se dá conta de que as premissas estão erradas,


você precisa desconstuir tudo e começar do zero.

Como seu eu apertasse o botão reset.

E é o que estou fazendo.

Estou aprendendo. E experimentando, vou errando e


chegando mais perto de quem realmente sou.

E quem sabe um dia eu aprenda e aí escrevo um manual de


como viver no Planeta Terra…

Gustavo Tanaka

A vida é como um piquenique em


uma tarde de domingo
BY JIGME WANGCHUCK (LEONARDO OTA)

Este texto é do grande mestre Chagdud Tulku Rinpoche que ensinou no Brasil
e fundou o Chagdud Gonpa Brasil.

“A vida é como um piquenique em uma tarde de domingo — ela não dura muito
tempo. Só olhar o sol, sentir o perfume das flores ou respirar o ar puro já é uma
alegria. Mas se tudo o que fazemos é ficar discutindo onde pôr a toalha, quem
vai sentar em que canto, quem vai ficar com o peito ou a coxa do frango…, que
desperdício! Mais cedo ou mais tarde o tempo fecha, a tarde cai e o piquenique
acaba. E tudo o que fizemos foi ficar discutindo e implicando uns com os
outros. Pense em tudo que se perdeu.

Você pode estar se perguntando: se tudo é impermanente, se nada dura, como


pode alguém viver feliz? É verdade que não podemos, de fato, agarrar ou nos
segurar às coisas, mas podemos usar esse conhecimento para olhar a vida de
modo diferente, como uma oportunidade muito breve e rara. Se trouxermos à
nossa vida a maturidade de saber que tudo é impermanente, vamos ver que
nossas experiências serão mais ricas, nossos relacionamentos mais sinceros,
e teremos maior apreciação por tudo aquilo que já desfrutamos.

Também seremos mais pacientes. Vamos compreender que, por pior que as
coisas possam parecer no momento, as circunstâncias infelizes não podem
durar. Teremos a sensação de que seremos capazes de suportá-las até que
passem. E com maior paciência seremos mais delicados com as pessoas a
nossa volta. Não é tão difícil manifestar um gesto amoroso quando nos damos
conta de que talvez nunca mais estaremos com a nossa tia-avó. Por que não
deixá-la feliz? Por que não dispor de tempo para ouvir todas aquelas histórias
antigas?

Chegar à compreensão da impermanência e ao desejo autêntico de fazer os


outros felizes nesta breve oportunidade que temos juntos, constitui o começo
da verdadeira prática espiritual. É esse tipo de sinceridade que efetivamente
catalisa a transformação em nossa mente e em nosso ser.
Não precisamos raspar a cabeça nem usar vestes especiais. Não precisamos
sair de casa nem dormir em uma cama de pedras. A prática espiritual não
requer condições austeras — apenas um bom coração e a maturidade de
compreender a impermanência. Isso nos fará progredir.”

You might also like