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25/09/2018 Anatomia funcional da COLUNA VERTEBRAL

ANATOMIA FUNCIONAL DA COLUNA VERTEBRAL

Prof. Ezequiel Rubinstein

1 - INTRODUÇÃO

A coluna vertebral é o eixo ósseo do corpo, situada no dorso, na linha mediana, capaz de sustentar,
amortecer e transmitir o peso corporal. Além disto, supre a flexibilidade necessária à movimentação,
protege a medula espinhal e forma com as costelas e o esterno o tórax ósseo, que funciona como um
fole para os movimentos respiratórios.

A freqüência de problemas clínicos ou cirúrgicos é alta. Pesquisas mostram que 50 a 80% dos adultos
serão vítimas, no decurso de suas vidas, de alguma forma de dor decorrente de afecções da coluna
vertebral, muitas vezes, por uma postura errada durante o trabalho ou o repouso.

A coluna é formada de 33 vértebras: 24 pré-sacrais, sendo 7 cervicais, 12 torácicas e 5 lombares; pelo


sacro composto de 5 vértebras fundidas e pelo cóccix formado de 4 vértebras rudimentares fundidas

entre si, sendo que a 1a. vértebra coccígea, um pouco mais volumosa, se articula com o ápice do sacro
através de um disco intervertebral rudimentar.

2 - CURVATURAS

No embrião, a coluna vertebral tem a forma de “C” com concavidade anterior e com o desenvolvimento
a curvatura muda progressivamente.

A medida que o recém-nascido adquire controle sobre seu corpo a forma da coluna progressivamente se
altera. Nas regiões torácica e sacral, a curvatura original permanece, ou seja, com concavidade
anterior e nas regiões cervical e lombar a curvatura primitiva desaparece e, gradualmente, aparecem as
curvaturas em sentido oposto.

A curvatura cervical desenvolve-se à medida que a criança tenta erguer a cabeça - por volta dos 3
meses - e se consolida na época de sentar e do engatinhar; ocasião em que estende a cabeça e o
pescoço para olhar para frente.

A curvatura lombar, só observada no ser humano, desenvolve-se quando tracionada anteriormente pelos
músculos iliopsoas e ligamentos nos esforços de ficar de pé, porém, torna-se firme, bem consolidada,
por volta dos 2 anos de idade.

No adulto, as curvaturas com mesma direção da coluna embrionária são denominadas primárias e as
curvaturas de direção oposta, com concavidade posterior são secundárias. As curvaturas secundárias
(cervical e lombar) são extremamente móveis em relação às primárias (torácica e sacral). Das três
curvaturas pré-sacrais, a torácica é a menos móvel, enquanto que o sacro, formado de vértebras
soldadas, não apresenta qualquer movimentos entre os seus segmentos.

As curvaturas cervical e lombar são compensatórias da postura ereta assumida pelo ser humano. A
cervical suporta o peso da cabeça e alivia, em parte, a ação dos músculos da nuca em manter a extensão
da cabeça e do pescoço. A lombar compensa a desvantagem da curvatura torácica - de concavidade
anterior - e sustenta o peso do corpo. Nas mulheres, a curvatura cervical é mais branda e a lombar
mais acentuada.

Na intimidade de cada curvatura, a curva é suave e gradual e a estes níveis a coluna é relativamente
forte; porém as áreas de transição de uma curvatura para outra são mais agudas, estão sujeitas à
maior força de tração, possuem maior mobilidade e são potencialmente mais vulneráveis.

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Na transição lombossacral, o ângulo é de 37o a 48o ( no sexo feminino os valores, em média, são
maiores que no masculino) e está sujeito a grande tensão e também à maior freqüência de lesões.  

3 - ARTICULAÇÕES

3.1 - ARTICULAÇÕES ENTRE OS CORPOS VERTEBRAIS

Os corpos das vértebras unem-se por discos intervertebrais e ligamentos longitudinais anterior e
posterior.

Os discos intervertebrais, principais meios de união dos corpos das vértebras, estão presentes desde a
superfície inferior do corpo do áxis até a junção lombossacral.

Nas regiões torácica e lombar, os discos são numerados e denominados de acordo com a vértebra sob a
qual se encontram, por exemplo, o disco L3 é aquele que une as vértebras L3 e L4. Na região cervical,

este critério não é usado para a identificação do disco intervertebral, pois o primeiro disco cervical
une os corpos das vértebras C2 (áxis) e C3.

Os discos inserem, acima e abaixo, nas delgadas camadas de cartilagem hialina (placas cartilaginosas)
que revestem o osso esponjoso das superfícies superior e inferior dos corpos das vértebras e nas suas
bordas superior e inferior de osso compacto.

O disco intervertebral consiste de duas partes; uma porção periférica de fibrocartilagem, o anel
fibroso e uma parte central, mucóide, o núcleo pulposo.

O anel fibroso é composto de 12 a 20 camadas fibrosas concêntricas, que passam do corpo da vértebra
superior para a inferior em diagonal, ou seja, cada camada fibrosa tem uma obliqüidade diferente. O
cruzamento em “X” destas camadas dá elasticidade ao anel fibroso: no estiramento do disco o “X“ fica
alongado e estreito e o oposto ocorre na compressão, o “X” diminui de comprimento e se alarga.

O núcleo pulposo é um material mucóide de cor amarelada “in vivo”, altamente elástico e compressível;
no entanto, quando o disco é comprimido o núcleo pulposo libera o material aquoso que embebe o anel
fibroso e a reabsorção deste material ocorre quando o disco não está sob tensão, por exemplo, quando
a pessoa está deitada. O núcleo pulposo é a melhor fonte de nutrição do disco intervertebral, devido ao
seu baixo metabolismo e à sua irrigação praticamente ausente no adulto. Dentro do anel fibroso, o
núcleo pulposo localiza-se posteriormente. Portanto, o anel fibroso - em corte transversal - é mais
espesso anterior e delgado posteriormente ao núcleo pulposo.

Os discos intervertebrais são responsáveis por 25% do comprimento da coluna pré-sacral que,
aproximadamente, mede 70 cm no homem e 60 cm na mulher.

Os discos são os únicos responsáveis pela curvatura cervical, porque os corpos das vértebras são
ligeiramente mais baixos na parte anterior; já na curvatura torácica os corpos das vértebras são os
principais responsáveis pois os discos são de espessura uniforme (anterior e posteriormente).

Os discos cuneiformes, mais altos anteriormente, são os responsáveis pela curvatura lombar na parte
superior; mas na parte inferior tanto o disco como o corpo da vértebra contribuem para a curvatura (o

corpo da 5a vértebra lombar, por exemplo, é mais alto na frente do que atrás e o mesmo ocorre com o

5o disco).

A coluna cresce até os 25 anos e diminui na velhice, devido à redução na altura dos discos e dos corpos
vertebrais. Com a idade, o núcleo pulposo perde a capacidade de reter água, diminui em altura e tende a
tornar-se fibrocartilagíneo. Devido à osteoporose, os corpos vertebrais sofrem microfraturas ou por

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ação de traumatismos leves ou mesmo sem uma causa aparente, levando à compressão de seus corpos e
às suas conseqüências associadas como a cifose, lordose, diminuição da capacidade respiratória,
protrusão do abdome, compressão vesical, etc.

O ligamento longitudinal anterior é uma faixa larga e espessa de tecido conjuntivo denso que une as
faces anteriores dos corpos das vértebras e dos discos intervertebrais, amarrando-os, desde o arco
anterior do atlas até a face pélvica do sacro. Atua reforçando o contorno anterior dos discos
intervertebrais, durante o levantamento de objetos pesados e limitando a extensão da coluna, fato que
é  particularmente importante na região lombar, onde o peso do corpo tende a acentuar a curvatura
normal da região.

O ligamento longitudinal posterior é uma faixa de tecido conjuntivo denso que une as faces posteriores
dos corpos de todas vértebras e discos pré-sacrais e portanto está localizado na parede anterior do
canal vertebral e termina na face superior do canal sacral. Ele é largo e espesso na região cervical e,
gradualmente, torna-se estreito e delgado nas regiões torácica e lombar. Nestas regiões estreita-se
ao nível dos corpos das vértebras; fixando-se em suas bordas superior e inferior, mas na porção média
do corpo une-se ao mesmo por tecido conjuntivo frouxo. Ao nível dos discos, o ligamento expande-se
bilateralmente e insere nos mesmos, sendo esta a parte mais fraca do ligamento e de pouco valor para
a proteção dos discos lombares. Atua limitando o movimento de flexão da coluna.

3.2 - ARTICULAÇÕES ENTRE OS ARCOS VERTEBRAIS

Articulações zigoapofisárias

Os arcos vertebrais adjacentes unem-se através de articulações sinoviais, entre as facetas das
zigoapófises (ou processos articulares) denominadas articulações zigoapofisárias e por articulações
fibrosas que unem as lâminas, os processos espinhosos e transversos adjacentes.

A forma e o plano de orientação das facetas das zigoapófises é que determinam os tipos de
movimentos entre duas vértebras.

As facetas são planas e estão orientadas obliquamente - de superior e anterior para inferior e
posterior - na curvatura cervical; são planas e orientadas quase no plano frontal na curvatura torácica.
Na região lombar, as facetas das zigoapófises superiores são ligeiramente côncavas e voltadas
medialmente, enquanto aquelas das zigoapófises inferiores são ligeiramente convexas e voltadas
lateralmente, de forma que o plano destas articulações é quase sagital.

No entanto, entre a 5a vértebra lombar e a 1a sacral as facetas são quase planas; com orientação

oblíqua, entre os planos sagital e frontal, e isso ajuda a prevenir o deslizamento anterior da 5a lombar
sobre a superfície muito inclinada da face superior do sacro.

As articulações zigoapofisárias possuem cápsulas articulares delgadas e suficientemente frouxas para


permitir uma amplitude de movimento normal nas articulações. As cápsulas, geralmente, não contribuem
para orientar ou limitar movimentos; esta função é realizada pelos ligamentos longitudinais anterior ou
posterior, pelos ligamentos que unem as diversas partes de arcos vertebrais adjacentes, pelos
músculos e discos intervertebrais. No entanto, as cápsulas tornam-se muito tensas em um movimento
excessivo ou anormal e contribuem para limitá-lo; sendo que na flexão máxima da coluna lombar,
suportam aproximadamente 40% do peso corporal.

Articulações fibrosas

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As lâminas de vértebras adjacentes são unidas internamente por fortes ligamentos elásticos
denominados amarelos (flavos), que realmente são amarelos “in vivo”, devido a sua riqueza em fibras
elásticas. Os ligamentos flavos ficam tensos em qualquer posição assumida pela coluna vertebral, sendo
importante em sua estabilização.

São melhor visualizados do interior do canal vertebral, pois estão localizados na parede posterior do
mesmo. Estendem lateralmente sobre as cápsulas articulares, constituindo o limite posterior do foram
intervertebral e assim protegem os nervos de serem pinçados (ou beliscados) durante os movimentos
de flexão da coluna.

As pontas dos processos espinhosos, desde a 7a. vértebra cervical até o sacro são unidas pelo
ligamento supraespinhal, - tecido conjuntivo denso encorpado com orientação longitudinal -, que limita a
flexão da coluna. Ele se continua superiormente como o ligamento da nuca, de formato triangular, com a
base fixada na protuberância e crista occipitais externas e o ápice na ponta do processo espinhoso da

7a vértebra cervical.

Os ligamentos interespinhais são delgadas membranas de tecido conjuntivo denso que unem os corpos
dos processos espinhosos adjacentes e são contínuos com os ligamentos amarelos e supra-espinhais. Os
ligamentos interespinhais são bem desenvolvidos na região lombar, não estão sob tensão e portanto não
limitam o movimento de flexão.

Os ligamentos intertransversais unem lateralmente os processos transversos vizinhos e são mais


desenvolvidos na região lombar inferior e tendem a faltar, principalmente, na região cervical.  

3.3 - ARTICULAÇÕES ATLANTO-AXIAIS

As facetas superiores dos processos articulares do áxis e as inferiores das massas laterais do atlas
formam articulações planas. O arco anterior e o ligamento transverso do atlas formam com o dente do
áxis uma articulação cilindróide. As três articulações funcionam como uma unidade e permitem a
rotação da cabeça.

3.4 - ARTICULAÇÕES ATLANTO-OCCIPITAIS

Ocorrem entre os côndilos occipitais e as faces superiores das massas laterais do atlas. As duas
articulações funcionam como uma unidade, elipsóide e biaxial, permitindo assim os movimentos de
flexão, extensão e flexão lateral da cabeça.

3.5 - ARTICULAÇÕES COSTOVERTEBRAIS

A maioria das costelas se articula com a coluna vertebral em dois pontos: a articulação costovertebral,
entre a cabeça da costela e as fóveas costais superior e inferior dos corpos de duas vértebras
adjacentes e a articulação costotransversal, entre o tubérculo da costela e a fóvea costal transversal
do processo transverso da vértebra correspondente.

Na articulação costovertebral, sinovial, envolvida pela cápsula articular, a cavidade articular é dividida
em duas, superior e inferior, pela presença de um ligamento intra-articular, curto, situado
horizontalmente, que vai da cabeça da costela para o disco intervertebral. A cápsula articular está
reforçada anteriormente, pelo ligamento radiado.

A articulação costotransversal, também sinovial, é revestida por uma cápsula articular que é espessa,
inferiormente, mas delgada nas outras porções. Os ligamentos costotransversais próprio, lateral e
superior reforçam a articulação.

3.6 - ARTICULAÇÃO SACROILÍACA


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São articulações sinoviais simples do tipo plano e portanto capazes de movimentos em várias direções
mas de amplitude muito limitada. São formadas pelas faces auriculares do íleo e do sacro. A cavidade
articular constitui apenas uma parte da articulação entre o sacro e o íleo. Uma grande área, póstero-
superior a face auricular do íleo, entre a tuberosidade ilíaca e o sacro está ocupada pelo forte
ligamento sacroilíaco interósseo, o qual posteriormente se confunde com o ligamento sacroilíaco dorsal,
um forte espessamento da cápsula articular. Anteriormente a cápsula articular também apresenta um
espessamento, o ligamento sacroilíaco ventral, que é bem menos espesso que o dorsal. Além destes, a
articulação sacroilíaca apresenta dois ligamentos a distância: o ligamento sacrotuberal e o ligamento
sacroespinhal.

4 - ANORMALIDADES CONGÊNITAS E ADQUIRIDAS DA COLUNA VERTEBRAL

4.1 - CIFOSE

Geralmente, é um aumento exagerado na curvatura torácica. uma pessoa cifótica, em linguagem popular,
é conhecida como corcunda. Quando ocorre uma inversão na direção das curvaturas lombar e cervical
estas deformidades são conhecidas como cifose cervical e cifose lombar.

A cifose torácica pode ser uma compensação de uma lordose lombar ou devido à compressão dos corpos
vertebrais, como na osteoporose. Já as cifoses lombar e cervical, geralmente são acompanhadas de
escoliose, e são conseqüentes ao crescimento desigual de vértebras (presença de hemivértebras ou
vértebras em forma de cunha).

4.2 - LORDOSE

A lordose é um aumento exagerado nas curvaturas cervical e lombar. Pode ser uma compensação de uma
cifose ou à flacidez muscular com ou sem aumento de peso anterior à coluna - como na obesidade e na
gravidez.

4.3 - ESCOLIOSE

A escoliose é a deformidade em que existe uma ou mais curvaturas laterais da coluna. Pode ser
funcional (ou fisiológica) e estrutural (ou patológica).

No primeiro caso, a coluna curva-se lateralmente devido à diferença de peso nas duas metades do
corpo em conseqüência: a) da poliomielite; b) da diferença de comprimento dos membros inferiores,
devido à fraturas mal reduzidas, à uma prótese mal adaptada ou a um joelho valgo unilateral, c) de uma
má postura.

A escoliose estrutural, geralmente, aparece na infância e é progressiva. A causa é o crescimento


desigual das vértebras, como a presença de vértebras em cunha ou hemivértebras.

4.4 - ESPINHA BÍFIDA

A espinha bífida é um defeito de fechamento do arco vertebral: falta o processo espinhoso e, às vezes,

parte das lâminas adjacentes. Na maioria dos casos, aparece na 5a vértebra lombar ou no sacro. A
forma benigna, chamada espinha bífida oculta, às vezes é assintomática e o defeito ósseo é um achado
radiológico. A pele relacionada ao defeito ósseo, às vezes, apresenta uma mancha avermelhada e com
uma quantidade maior de pelos.

Nos casos graves, denominada espinha bífida aberta, as meninges e o líquor se exteriorizam e formam
uma hérnia, denominada meningocele e em casos mais graves herniam, além das meninges e do líquor, a
medula espinhal - é a mielomeningocele.

4.5 - ESPONDILÓLISE
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A espondilólise é um defeito de fechamento do arco vertebral ao nível da lâmina, logo posterior ao


pedículo. Quando a falha é bilateral, uma parte anterior da vértebra (incluindo corpo, pedículos,
processos transversos e zigoapófises superiores) está unida, por tecido conjuntivo denso, com o
restante do arco vertebral (lâminas, zigoapófises inferiores e processo espinhoso). Ou seja, não há
continuidade óssea entre as duas zigoapófises superiores com as inferiores.

Em conseqüência de um trauma ou de uma hiperextensão, a parte anterior da 5a lombar pode deslizar

junto com o restante da coluna sobre a 1a vértebra sacral. A este deslizamento patológico denomina-se
espondilolistese

4.6 - OSTEOFITOSE

A osteofitose é o crescimento de esporões ósseos com forma e tamanho variáveis, denominados


osteófitos (bicos de papagaio, em linguagem leiga), nas bordas superior e ou inferior dos corpos das
vértebras. Os osteófitos podem se desenvolver nos contornos anteriores, ântero-laterais, posteriores
ou póstero-laterais das bordas dos corpos vertebrais e além de limitar movimentos, podem comprimir a
medula espinhal ou suas raízes nervosas. A doença pode estar circunscrita a duas ou três vértebras de
uma região ou ser universal, ou seja, acometer todas as vértebras pré-sacrais.

4.7 - HÉRNIA DE DISCO

A hérnia de disco é o extravasamento do núcleo pulposo, devido a uma fraqueza do anel fibroso: o
núcleo pulposo  hernia e pode comprimir a medula espinhal ou suas raízes nervosas. A protrusão pode
ser precipitada por trauma, mas a degeneração - por envelhecimento do disco - é um fator importante.

A compressão do disco em uma direção, movimenta, o núcleo pulposo em direção oposta. Assim, a
herniação pode acontecer em diversas direções (anterior, posterior, ântero-lateral e póstero-lateral).
Na curvatura cervical, a hérnia é mais freqüente no disco entre as vértebras C5 e C6. Na curvatura

lombar, a maior freqüência acontece no 5o disco, seguido em ordem decrescente no 4o e 3o discos.

5 - O MITO DA POSIÇÃO ERETA

É um erro comum considerar o ser humano mal adaptado à postura ereta e apontá-la como causa de
várias patologias, entre as quais destacam-se as hérnias de disco e os osteófitos. Os estudos
paleontológicos mostram que a postura ereta é uma característica dos nossos antepassados
antropóides e hominídeos há cerca de 25 a 30 milhões de anos. Tanto a postura quanto a forma de
locomoção bípede se tornaram uma constante no Plioceno, há uns 12 milhões de anos atrás e estavam
completamente estabelecidos nas formas humanas ancestrais há mais de 1 milhão de anos. Com esta
longa história de evolução progressivamente mais eficiente é difícil imaginar circunstâncias nas quais
patologias atribuíveis à postura ereta pudessem ter persistido no reservatório genético do qual surgiu
a moderna humanidade.

Assim, patologias como hérnias abdominais, prolapso uterino, lesões de discos intervertebrais e varizes
dos membros inferiores e do testículo, que trazem consigo claras desvantagens para a sobrevivência e
a reprodução do seu portador, ainda mais nos tempos pré-históricos, se decorrentes de uma mal
adaptação à postura ereta, já teriam sido eliminadas, sendo extintas pela seleção natural.

Desta forma, é necessária uma outra explicação que não a postura ereta para tais patologias. Uma boa
teoria é a de que elas são decorrentes de uma recente (em termos evolutivos) alteração ambiental à
qual o ser humano ainda não se adaptou bem. Esta alteração ambiental foi a passagem da vida nômade à

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sedentária que trouxe consigo a realização de esforços repetitivos e constantes, geralmente


acompanhados da manipulação e do transporte de objetos de grande peso.

Em síntese, a postura e a locomoção eretas não trazem por si só maiores problemas. Estes são
decorrentes do trabalho constante e repetitivo com objetos de grande peso e/ou da execução também
repetitivas de movimentos, que constituem fenômenos evolutivamente recentes.

6 - MOVIMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL

Os movimentos da coluna vertebral são o resultado de pequenos movimentos permitidos entre as


vértebras adjacentes. A amplitude de movimento entre duas vértebras depende, fundamentalmente, da
altura do disco: quanto mais alto o disco, maior seu grau de compressão e, em conseqüência, maior a
amplitude de movimento permitida. A direção do movimento, no entanto, depende particularmente da
forma e do plano de orientação das facetas zigoapofisárias. Os fatores limitantes de movimento nas
articulações em geral, como os ligamentos e o grau de alongamento dos músculos antagonistas aqui
também são importantes.

A amplitude do movimento de flexão é limitada pelos ligamentos posteriores (longitudinal posterior,


flavo, supraespinhal e da nuca) e pelos músculos posteriores (ou extensores); limitam a amplitude do
movimento de extensão o ligamento longitudinal anterior, o contato entre os processos espinhosos e os
músculos anteriores (ou flexores).

A amplitude do movimento de flexão lateral é limitada, na curvatura lombar, pelos músculos e


ligamentos intertransversais do lado convexo - o oposto ao movimento, e na região cervical, pelos
músculos do lado convexo e pelo contato entre os processos unciformes do lado côncavo - o do
movimento.

A extraordinária mobilidade da região cervical deve-se à altura dos discos, ao plano de orientação das
facetas das zigoapófises e ao número proporcionalmente grande de articulações para um segmento
curto da coluna.

A curvatura torácica permite movimentos limitados na parte superior e é mais móvel próxima à junção
toracolombar. A pouca mobilidade nas porções superior e média da curvatura é devida à união das dez
vértebras superiores com o esterno através das costelas e os discos serem baixos. A direção quase
frontal das facetas das zigoapófises limitam a flexão e a extensão, exceto na parte inferior em que as
facetas dispõem-se em um plano que se aproxima do sagital. A extensão além de ser limitada pelo
ligamento longitudinal anterior, pela superposição dos processos espinhosos, também o é pela
superposição das lâminas. As lâminas das vértebras torácicas são as mais altas da coluna e mais altas
que os corpos de suas respectivas vértebras. A flexão lateral e a rotação são mais amplas próximo à
junção toracolombar.

Na parte superior da curvatura lombar, a flexo-extensão e a flexão lateral têm relativamente grande
amplitude devido às facetas estarem dispostas no plano sagital e suficientemente afastadas e à altura
dos discos. Nesta porção da curvatura lombar o movimento de  rotação é limitado, por que as facetas -
neste movimento - se trancam quase de imediato. A 4a e 5a vértebras lombares possuem facetas
dispostas obliquamente, entre os planos sagital e frontal, que permitem maior amplitude do movimento
de rotação. A flexão lateral é acompanhada de certo grau de rotação para o mesmo lado e vice-versa,
devido à obliqüidade das facetas das zigoapófises.

Os movimentos lombares são sincrônicos com os do quadril e os do pescoço com os da cabeça. No ato de
tocar os dedos no chão, ocorre inicialmente flexão lombar, seguida da inclinação anterior da pelve no
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quadril, o que amplia o movimento.

6.1 - MOVIMENTOS E MÚSCULOS MOTORES DA CABEÇA E DO PESCOÇO

Flexão ou flexão anterior é o movimento, no plano sagital, em que o mento se aproxima da parede
anterior do tórax. Motores primários (MP): Esternocleidomastóideos direito e esquerdo. Motores
secundários (MS): Escalenos, pré-vertebrais (longo da cabeça, longo do pescoço, reto anterior da
cabeça e reto lateral da cabeça) - de ambos os lados.

Extensão é o movimento, no plano sagital, em que a nuca se aproxima do dorso. MP: Trapézio (fibras
superiores), esplênio da cabeça, esplênio do pescoço e semi-espinhal da cabeça - de ambos os lados.
MS: Extensões cervicais e craniais do eretor da espinha (iliocostal cervical, longuíssimo da cabeça,
longuíssimo do pescoço, espinhal da cabeça, espinhal do pescoço), reto posterior maior da cabeça, reto
posterior menor da cabeça - de ambos os lados.

A flexão lateral, também chamada de inclinação lateral, é o movimento no plano frontal em que a
cabeça e o pescoço se aproximam do ombro direito ou esquerdo. MP: esternocleidomastóideo do lado do
movimento. MS: Escalenos, esplênios da cabeça e do pescoço, oblíquos superior e inferior da cabeça -
do lado do movimento.

A rotação é o movimento no qual o pescoço e a cabeça giram para direita ou para esquerda em torno de
um eixo “vertical”. Aproximadamente 50% do movimento ocorre na articulação atlanto-axial. MP:
esternocleidomastóideo do lado oposto ao movimento e escalenos e esplênios do lado do movimento.

6.2 - MOVIMENTOS E MÚSCULOS MOTORES DO TRONCO

Flexão ou flexão anterior é o movimento anterior, no plano sagital, de aproximação do tronco com a
pelve. MP: reto abdominal direito e esquerdo. MS: oblíquo externo do abdome direito e esquerdo.
Oblíquo interno do abdome direito e esquerdo.

Extensão é o  movimento posterior, no plano sagital, em que o dorso se aproxima da pelve. MP:
Extensões lombares e torácicas do m. eretor da espinha (iliocostais torácico e lombar, longuíssimo do
tórax, espinhal do tórax) e quadrado lombar de ambos os lados.

Rotação é o movimento no qual o tronco gira para a direita ou para esquerda, em torno de um eixo
“vertical”. MP (Rotação para o lado de um m. oblíquo interno do abdome): m. oblíquo interno do abdome
deste lado e o m. oblíquo externo contralateral. MS: iliocostal lombar, iliocostal torácico e outros
músculos rotadores mais profundos - do mesmo lado do movimento.

Flexão lateral (inclinação lateral) é o movimento, no plano frontal, em que as últimas costelas se
aproximam da crista ilíaca direita ou esquerda. MP: m. oblíquo externo do abdome, m. oblíquo interno do
abdome e quadrado lombar do lado do movimento.

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