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DIREITO PENAL III


Aula 1
1 – HOMICÍDIO
• Bem jurídico tutelado – vida humana;
• Sujeitos ativo e passivo – tratando-se de crime comum, pode ser
cometido
por qualquer pessoa; sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa
viva.
• Consumação e tentativa – consuma-se com a morte da vítima; a
tentativa
ocorre quando, iniciada a execução, o crime não se consuma por
circunstâncias alheia à vontade do agente. A tentativa pode ser perfeita
(crime falho) ou imperfeita.
• Elementos objetivo e subjetivo do tipo – admite-se qualquer meio de
execução; pode ser cometido por intermédio de ação ou omissão (art. 13,
§2º do CP) ; por meios materiais ou morais; diretos ou indiretos. O
elemento subjetivo é o dolo, que pode ser direto (de 1º ou de 2º grau) ou
eventual.
• Desistência voluntária e arrependimento eficaz na hipótese de
homicídio – a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são
previstos no art. 15 do CP. Aquela consiste na abstenção de uma atividade;
este tem lugar quando o agente, já tendo ultimado o processo de execução,
desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado morte. Se o
agente dispõe de várias munições no tambor da arma, mas, dispara apenas
uma e cessa sua atividade, há desistência voluntária ou não-repetição de
atos de execução? Desistência voluntária. É diferente daquele que só efetua
um disparo por só ter uma munição no tambor. O agente responde pelos
atos já praticados (é a tentativa qualificada – retira-se a tipicidade dos atos
somente com referência ao crime em que o sujeito iniciou a execução) – se
o sujeito desiste de consumar o homicídio, responde por lesão corporal,
mas, tanto na desistência voluntária, quanto no arrependimento eficaz, é
preciso que não haja consumação.
• Figuras típicas do homicídio – homicídio simples. Atividade típica de
grupo de extermínio x homicídio simples – homicídio simples é a
realização estrita da conduta de matar alguém. Quando o homicídio simples
é praticado em atividade típica de grupo de extermínio, será hediondo.
Extermínio é a matança generalizada que elimina a vítima pelo simples fato
de pertencer a determinado grupo ou determinada classe social ou racial.
Pode ocorrer a morte de uma única vítima, desde que com as1
características acima (impessoalidade da ação). Há entendimento de que o
homicídio simples praticado em atividade de grupo de extermínio, passa a
ser qualificado pelo motivo torpe.
• Homicídio privilegiado - § 1º, do art. 121 do CP. Impelido por
relevante
valor social – a motivação e o interesse são coletivos, atingem a toda a
sociedade (ex.: homicídio do traidor da pátria); impelido por relevante
valor moral – encerra um interesse individual, mas, um interesse superior,
enobrecedor (ex.: eutanásia). É preciso tomar como paradigma a média
existente na sociedade e não analisar o sentimento pessoal do agente;sob
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima – emoção é a viva excitação do sentimento, é uma descarga
emocional passageira. É preciso que se trate de violenta emoção e que o
sujeito esteja sob o domínio da mesma, ou seja, sob o choque emocional
próprio de quem é absorvido por um estado de ânimo caracterizado por
extrema excitação sensorial e afetiva. Além disso, é fundamental que a
provocação tenha partido da própria vítima e que seja injusta, não
permitida, não permitida, não autorizada por lei. A injustiça da provocação
deve justificar, de acordo com o consentimento geral, a repulsa do agente.
Por fim, é preciso que a reação seja imediata, isto é, entre a causa (injusta
provocação) e a emoção, praticamente deve inexistir intervalo (ex
improviso).
• Redução da pena – no caso de homicídio privilegiado, a pena será
reduzida de 1/6 a 1/3. Embora o § 1º do art. 121 mencione que o juizpode
reduzir a pena, não se trata de faculdade, pois, ocorrendo qualquer causa de
diminuição dentre as previstas no dispositivo, o réu tem direito subjetivo à
redução. A facultatividade está noquantum da redução.
• Concurso entre homicídio privilegiado e qualificado – as
privilegiadoras
não podem concorrer com as qualificadoras subjetivas, mas, nada impede
que concorram com a qualificadoras objetivas. Ver art. 492, § 1º, do CPP e
Súmula 162 do STF. Aplica-se a pena do § 2º, com a diminuição do § 1º,
do art. 121 do CP.
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DIREITO PENAL III


Aula 2
1 – HOMICÍDIO QUALIFICADO
1.1– Motivos Qualificadores – segundo a doutrina majoritária, os motivos
qualificadores do homicídio não se comunicam, pois, são individuais e não
constituem elementares típicas (sem os motivos qualificadores continua a
existir homicídio).Fútil: é o motivo insignificante, banal (não se confunde
com a ausência de motivo);torpe: é o motivo repugnante, abjeto, vil,
indigno, que repugna a consciência média; paga e promessa
de recompensa:é uma das modalidades de torpeza. Na paga o agente
recebe perviamente e, na promessa de recompensa há somente uma
expectativa de paga. A paga ou promessa de recompensa não precisam ser
em dinheiro, podendo se dar através de qualquer vantagem. Respondem
pelo crime qualificado quem executa e quem paga ou promete recompensa.
Não é necessário o recebimento da recompensa, basta a promessa. Se o
pagamento ocorreu depois do crime sem que tenha
havido acordo prévio, ou se houve mandato gratuito, o crime não será
qualificado.
1.2– Meios qualificadores – Veneno: só qualifica o crime se utilizado
sissimuladamente (é um meio insidioso). Para fins penais, veneno é toda
substância que tenha idoneidade para provocar lesão no organismo (ex.:
açúcar em excesso, ministrado para um diabético). Sua administração
forçada ou com o conhecimento da vítima não qualifica o crime; fogo ou
explosivo: podem constituir meio cruel ou meio de que pode resultar
perigo comum;asfixia: é o impedimento da função respiratória e pode ser
mecânica ou tóxica;tortura: é meio que causa prolongado, atroz e
desnecessário padecimento. Se o agente tortura a vítima com a intenção de
matá-la, responde por homicídio qualificado; se tortura a vítima sem
intenção de matá-la, mas, a morte ocorre culposamente (crime
preterdoloso), responde por crime de tortura (art. 1º, § 3º da Lei 9.455/97);
se inicia a tortura desejando apenas torturar, mas, durante a tortura resolve
matar a vítima, haverá dois crimes em concurso material (tortura e
homicídio); meio insidioso ou cruel: insidioso é o recurso dissimulado,
consistindo na ocultação do verdadeiro propósito do agente, é o meio
disfarçado que objetiva surpreender a vítima; meio cruel é a forma brutal
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de perpetrar o crime, é o meio bárbaro, martirizante, que revela ausência de
piedade;traição: é o ataque sorrateiro, inesperado, é a ocultação física ou
moral da intenção, é a deslealdade;e mboscada: é a tocaia, a espreita,
verificando-se quando o agente se esconde para surpreender a vítima, é a
ação premeditada de aguardar oculto a presença da vítima;dissi mulação: é
a ocultação da intenção hostil, do projeto criminoso para surpreender a
vítima (o agente se faz passar por amigo da vítima, por exemplo);recurso
que dificulte a defesa da vítima: é hipótese análoga à traição, emboscada
ou dissimulação, do qual são exemplificativas (ocorre interpretação
analógica);
1.3– Fins qualificadores – assegurar a execução, ocultação, impunidade
ou vantagem de outro crime: na primeira hipótese, o que qualifica o
homicídio não é prática de outro crime, mas o fim de assegurar a execução
deste, que pode até não ocorrer; no caso de ocultação ou impunidade, a
finalidade do agente é destruir prova de outro crime ou evitar-lhe as
conseqüências jurídico-penais; no caso de vantagem de outro crime a
finalidade é garantir o êxito do empreendimento delituoso e a vantagem
pode ser patrimonial ou não, direta ou indireta.
Obs.: a premeditação, por si só, não qualifica o homicídio.
2 – HOMICÍDIO CULPOSO
2.1– Estrutura do crime culposo – no crime culposo não se pune a
finalidade ilícita da conduta, pois, geralmente a conduta é destinada a um
fim lícito, mas, por ser mal dirigida, gera um resultado ilícito. O fim
perseguido é irrelevante, mas, os meios escolhidos são causadores de um
resultado ilícito. Há uma divergência entre a conduta praticada e a conduta
que deveria ser praticada. Na culpabilidade dos crimes culposos também é
indispensável a imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e
exigibilidade de conduta conforme o Direito.
2.2– Dolo eventual e culpa consciente – ambos apresentam um traço
comum: aprevi são do resultado proibido. No dolo eventual o agente anui
ao advento desse resultado; na culpa consciente, repele a superveniência do
resultado, na esperança convicta de que este não ocorrerá. Havendo dúvida
entre um e outra, deve prevalecer o entendimento de que houve culpa
consciente (menos gravosa para o agente), em razão da aplicação do
princípio in dubio pro reo.
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2.3– Tentativa de homicício culposo – segundo o entendimento majoritário,
é impossível, pois, trata-se, na verdade, de crime preterdoloso (o resultado
foi maior do que o inicialmente pretendido). Logo, como a tentativa fica
aquém do resultado desejado, conclui-se ser inadmissível nos crimes
preterintencionais. Na tentativa há o dolo de matar, mas, o resultado não se
consuma; no homicídio culposo, não há o dolo de matar, mas, o resultado
se consuma.
2.4– Majorante para homicídio culposo – O CP, no § 4º do art. 121,
enumera taxativamente quatro modalidades de circunstâncias que
determinam o aumento da pena no homicídio culposo: a)Inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício: não se confunde com a
imperícia, pois, nesse caso, o agente conhece a regra técnica, mas não a
observa. A imperícia, por fazer elemento da culpa, situa-se no tipo e a
inobservância de regra técnica se localiza na culpabilidade. Qualquer
modalidade de culpa (imprudência, negligência ou imperícia) permite a
aplicação dessa majorante; b) omissão de socorro à vítima: não constitui
crime autônomo como ocorre no art. 135 do CP, mas, simples majorante.
Só incidirá quando for possível prestar o socorro. O risco pessoal afasta a
majorante; c) não procurar diminuir as conseqüências do
comportamento: não deixa de ser uma omissão de socorro; d) fuga para
evitar prisão em flagrante: a majorante incide em razão do sujeito ativo
procurar impedir a ação da justiça. A fuga por justo motivo afasta a
majorante, assim como ocorre na omissão de socorro à vítima.
2.5– Homicídio doloso contra menor e contra maior de 60 (sessenta) anos
– a Lei 8.069/90 acrescentou essa causa de aumento no § 4º, 2ª parte, do
art. 121 do CP. Trata-se de causa de aumento de natureza objetiva e
aplicação obrigatória sempre que o homicídio, em qualquer de suas
modalidades dolosas (simples, privilegiado, ou qualificado), for praticado
contra menor de 14 anos. Se o homicídio é praticado no dia em que a
vítima completa 14 anos não incide a causa de aumento (não é mais, menor
de 14 anos). Também sofre aumento de 1/3 a pena do homicídio doloso
praticado contra maior de 60 (sessenta) anos. Porém, como esta regra foi
acrescentada ao CP pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que entrou
em vigor em 30/12/2003, somente a partir desta data passou a valer. É
preciso que a idade da vítima entre na esfera de conhecimento do agente.
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2.6- Homicídio culposo no trânsito – O art. 302 da Lei 9.503/97 (CTB)
tipificou o homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor
como crime de trânsito. Alguns juristas entendem tratar-se de norma
inconstitucional por ferir o princípio da isonomia, pois, o homicídio
culposo do CP prevê pena de 1 a 3 anos de detenção e, o homicídio culposo
do CTB prevê pena de 2 a 4 anos de detenção. Porém, outros entendem não
haver inconstitucionalidade, pois, o desvalor da ação no homicídio culposo
cometido na direção de veículo automotor é maior do que aquele existente
no homicídio culposo genérico. É crime remetido (art. 121, § 3º do CP);
culposo (se o atropelamento for doloso, aplica-se o art. 121 do CP e não o
art. 302 do CTB); não admite tentativa; é crime de dano; é crime material
(exige resultado naturalístico); tutela a vida; tem como sujeito passivo
qualquer pessoa, desde que determinada; tem como sujeito passivo
qualquer pessoa, desde que esteja na direção de veículo automotor (veículo
automotor vem definido no anexo I do CTB); O art. 302 não faz menção
expressa quanto ao local onde o delito pode ser cometido, mas, entende-se
que, em razão do disposto no art. 1º, §1º e art. 2º do CTB que determinam
que este código regerá o trânsito nas vias terrestres do Território Nacional
abertas à circulação, é necessário que o sujeito ativo esteja na direção de
veículo automotor e, além disso, que esteja em via pública (aberta à
circulação), embora, Damásio de Jesus entenda que os delitos do CTB
podem ser cometidos em qualquer lugar, público ou privado. Segundo a
primeira corrente, se o delito acontecer em local privado (interior de uma
fazenda, por exemplo) aplica-se o CP que prevê pena menor para o
homicídio culposo com possibilidade, inclusive, de aplicação do art. 89 da
lei 9.099/95.
2.7– Perdão judicial – o § 5º do art. 121 do CP refere-se à hipótese em que
o
agente é punido diretamente pelo próprio fato que praticou, em razão das
gravosas conseqüências produzidas, que o atingem profundamente. A
gravidade das conseqüências deve ser aferida em função da pessoa do
agente, não se cogitando aqui de critérios objetivos. As conseqüências não
se limitam aos danos morais, podendo constituir-se de danos materiais (ex.:
pai que causa, culposamente, acidente de trânsito no qual morre seu filho).
Embora haja opiniões em contrário, a doutrina majoritária entende que,
presentes os requisitos, a concessão do perdão pelo juiz é obrigatória.6

DIREITO PENAL III


Aula 3
1 – INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (art.
122 do Código Penal)
1.1– Bem jurídico tutelado – vida humana
1.2– Natureza jurídica da morte e das lesões corporais de natureza grave:
segundo a doutrina majoritária a morte ou as lesões corporais de natureza
grave constituem condição objetiva de punibilidade do crime de
participação em suicídio. Para Cezar Roberto Bitencourt as condições
objetivas de punibilidade não fazem parte do crime, mas, pressupões que
este já esteja perfeito e acabado, sendo aquelas, apenas condições para
imposição da pena. Portanto, o referido autor entende que a morte e as
lesões corporais graves devem fazer parte do dolo do agente e, assim,
seriam elementos constitutivos do tipo, sem os quais, a conduta de quem
instiga ou induz se torna atípica.
1.3– Sujeitos ativo e passivo – trata-se de crime comum e, por isso, sujeito
ativo pode ser qualquer pessoa (capaz de induzir, instigar ou auxiliar) –
admite-se co-autoria e participação em sentido estrito; sujeito passivo é a
pessoa induzida, instigada ou auxiliada que pode ser qualquer pessoa viva e
capaz de entender o significado de sua ação e de determinar-se conforme
esse entendimento (é indispensável capacidade de discernimento), pois,
caso contrário estaremos diante de homicídio.
1.4– Consumação e tentativa – consuma-se o crime com a morte da vítima
(mero induzimento, instigação ou auxílio não consumam o crime, pois,
trata-se de crime material e não formal). A tentativa, para alguns é
impossível (Damásio E. de Jesus) e, para outros, haverá tentativa quando a
instigação, o induzimento ou o auxílio não produzirem a morte, mas,
gerarem lesões corporais de natureza grave (Cezar Roberto Bitencourt
denomina essa situação de tentativa qualificada).
1.5– Classificação doutrinária – trata-se de crime comum, comissivo,
excepcionalmente omissivo (auxílio), de dano, material, instantâneo,
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doloso, de conteúdo variado e plurissubisistente (se perfaz por meio de
vários atos – é preciso a morte ou lesões corporais graves).
1.6– “Pacto de morte” – verifica-se o pacto de morte quando duas pessoas
combinam, por qualquer razão, o duplo suicídio. Nessa hipótese, o
sobrevivente responderá por homicídio, desde que tenha praticado ato
executório. Se nenhum morrer, aquele que realizou atos executórios contra
o parceiro responderá por tentativa de homicídio e aquele que ficou
somente na “contribuição” responderá por tentativa de induzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio, se houver, pelo menos, lesão corporal
grave.
Ex.: A e B trancam-se em um quarto hermeticamente fechado. A abre a
torneira de gás; B sobrevive. Nesse caso, B responde por participação em
suicídio.
Se o sobrevivente é quem abriu a torneira, responde por homicídio, pois
praticou ato executório de matar.
Os dois abrem a torneira de gás, não se produzindo qualquer lesão
corporal, em face da intervenção de um terceiro: ambos respondem por
tentativa de homicídio um do outro, pois, os dois praticaram ato executório
de matar.
Se um terceiro abre a torneira de gás e os dois se salvam, não havendo
lesão corporal de natureza grave, os dois não respondem por nada, pois sua
conduta é atípica, mas, o terceiro responde por dupla tentativa de
homicídio.
Se os dois sofrem lesões corporais graves, sendo que A abriu a torneira
de gás e B não, aquele responde por tentativa de homicídio e este por
participação em suicídio.
Nos casos de “roleta russa” o sobrevivente responde por participação em
suicídio. No entanto, se um dos jogadores for coagido a participar e o
coator sobreviver, responderá por homicídio.
2 – INFANTICÍDIO (art. 123 do Código Penal)
2.1– Bem jurídico tutelado – vida humana. Protege-se a vida do nascente e
do recém-nascido.
2.2– Sujeitos ativo e passivo –so mente a mãe pode ser sujeito ativo e,
desde
que se encontre sob a influência do estado puerperal. Trata-se de crime
próprio. Sujeito passivo é o próprio filho nascente (durante o parto) ou
recém-nascido (logo após).
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apostila de penal III

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Direito Penal - Parte Especial - Rogerio Greco


Direito Penal Parte Especial
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