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Tribunal de Contas da União

Secretaria das Sessões

ATA Nº 43, DE 28 DE OUTUBRO DE 2015

- SESSÃO ORDINÁRIA -

PLENÁRIO

APROVADA EM 4 DE NOVEMBRO DE 2015


PUBLICADA EM 6 DE NOVEMBRO DE 2015

ACÓRDÃOS Nºs 2669 a 2709 e 2710 a 2756


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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA Nº 43, DE 28 DE OUTUBRO DE 2015


(Sessão Ordinária do Plenário)

Presidente: Ministro Aroldo Cedraz


Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin
Secretário das Sessões: AUFC Luiz Henrique Pochyly da Costa
Subsecretária do Plenário: AUFC Marcia Paula Sartori

À hora regimental, a Presidência declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a presença dos
Ministros Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e
Vital do Rêgo, dos Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti (convocado para substituir o
Ministro Walton Alencar Rodrigues), Marcos Bemquerer Costa (convocado para substituir a Ministra Ana
Arraes), André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira e do Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
Ausentes, em férias, o Ministro Walton Alencar Rodrigues e a Ministra Ana Arraes.

HOMOLOGAÇÃO DE ATA

O Tribunal Pleno homologou a Ata nº 42, referente à sessão ordinária realizada em 21 de outubro
(Regimento Interno, artigo 101).

PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET

Os anexos desta ata, de acordo com a Resolução nº 184/2005, estão publicados na página do Tribunal
de Contas da União na Internet (www.tcu.gov.br).

COMUNICAÇÕES (v. inteiro teor no Anexo I a esta Ata)

Da Presidência:

Apresentação dos resultados alcançados pelo TCU no período de planejamento encerrado em


setembro último;
Eleição do TCU para presidir o Comitê de Criação de Capacidades da Organização Latino-Americana
e do Caribe de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Olacefs), para o triênio 2016-2018;
Realização do “Seminário Internacional - Governança e Desenvolvimento: Práticas Inovadoras e o
Papel do Controle Externo”, no qual será lançado o segundo produto do estudo internacional TCU-OCDE:
Supreme Audit Institutions: External oversight, insight and foresight;
Apresentação de projeto de portaria que disporá sobre as orientações dirigidas às unidades prestadoras
de contas quanto à elaboração do conteúdo dos Relatórios de Gestão e de informações suplementares
referentes ao exercício de 2015 e sobre a operacionalização do Sistema de Prestação de Contas
disponibilizado pelo Tribunal. Foi aberto prazo de 15 dias para a apresentação de emendas e sugestões;
Cumprimentos a todos os servidores públicos, especialmente aos colegas desta Casa, distribuídos por
todo o território nacional, pelo transcurso do dia do servidor público;
Participação da conferência Predict Analytics World for Government 2015, evento estruturado para
ajudar líderes e gestores de agências governamentais e órgãos públicos a aplicarem as mais modernas
tecnologias de modelagem preditiva no cumprimento de suas missões. Na oportunidade, o Ministro-
Substituto Augusto Sherman Cavalcanti informou sua participação em reunião com equipe da Segecex e da
Seginf e destacou as iniciativas que o Tribunal vem adotando para adequar sua atuação aos desafios e às
oportunidades que se apresentam diante das novas tecnologias, especialmente no que se refere à análise
preditiva de dados. O Ministro Benjamin Zymler e os Ministros-Substitutos André Luís de Carvalho e
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Weder de Oliveira associaram-se à manifestação e parabenizaram a Presidência, que agradeceu os


cumprimentos.

Do Ministro Bruno Dantas:

Proposta, aprovada pelo Plenário, de determinar à Segecex que autue processo de acompanhamento
da possível contaminação por urânio em águas de consumo humano no município de Lagoa Real, no interior
da Bahia, a qual decorreria da atuação da estatal Indústrias Nucleares do Brasil.

Do Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, em substituição ao Ministro Walton Alencar


Rodrigues:

Apresentação de projeto de resolução que altera a Resolução-TCU nº 146, que dispõe sobre
implementação da Gratificação de Desempenho dos integrantes da Carreira de Especialista do Tribunal de
Contas da União. Foi aberto prazo de 15 dias para a apresentação de emendas e sugestões.

SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS

De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da
Presidência nº 9/2011, entre os dias 22 e 28 de outubro, foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes
processos:

Processo: 020.297/2014-9
Interessado: Instituto Nacional do Seguro Social
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro BRUNO DANTAS

Processo: 025.278/2015-0
Interessado: Fábio Moreira Fabrini
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Recurso da Lei de Acesso à Informação
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO

Processo: 035.498/2011-0
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Revisão de ofício - questão de ordem - Ata 33/2006-P
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Processo: 025.278/2015-0
Interessado: Fábio Moreira Fabrini
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Recurso da Lei de Acesso à Informação
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 003.112/2001-9/R001
Recorrente: Wigberto Ferreira Tartuce
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
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Recurso: 015.844/2003-0/R001
Recorrente: Alfredo Fernandes Neto
Motivo do sorteio: Recurso de revisão
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 009.261/2005-9/R001
Recorrente: CONCEICAO DE MARIA COSTA SOARES
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES

Recurso: 020.477/2007-2/R001
Recorrente: Heberth Gualberto de Souza
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO

Recurso: 030.632/2007-5/R001
Recorrente: JOSÉ ROBERTO DE PAIVA MARTINS
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BRUNO DANTAS

Recurso: 006.478/2009-6/R001
Recorrente: Fernando Jorge Carrera Saldanha Filho
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 008.216/2010-0/R001
Recorrente: CONSÓRCIO EMSA/M.MARTINS
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO

Recurso: 026.136/2010-4/R001
Recorrente: ENTIDADES/ÓRGÃOS DO GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 003.835/2011-1/R001
Recorrente: Evaldo Costa Gomes
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 009.587/2011-0/R002
Recorrente: Eduardo Tarcísio Brito Targino
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 009.587/2011-0/R003
Recorrente: Paulo Roberto de Albuquerque Garcia Coelho
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
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Recurso: 009.587/2011-0/R004
Recorrente: OSM CONSULTORIA E SISTEMAS LTDA.
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 011.876/2011-5/R001
Recorrente: MAURÍCIO CALIXTO DA CRUZ
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 019.532/2011-3/R001
Recorrente: Varley Gonçalves Ferreira
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES

Recurso: 019.532/2011-3/R002
Recorrente: Genailzo Alves Chalegra
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES

Recurso: 003.201/2012-0/R002
Recorrente: Antonio Carlos Rosa de Oliveira Junior
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 042.024/2012-9/R001
Recorrente: ÁGERE - COOPERAÇÃO EM ADVOCACY/IRADJ ROBERTO EGHRARI/GUITTY
MASROUR MILANI
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: RAIMUNDO CARREIRO

Recurso: 003.478/2013-0/R001
Recorrente: MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES

Recurso: 021.241/2013-9/R001
Recorrente: Gioconda Santos E Souza Martinez
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER

Recurso: 026.058/2013-8/R001
Recorrente: Maria Lúcia Cardoso
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 003.372/2014-6/R003
Recorrente: CONSTRUTORA PARICA LTDA - ME
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 003.372/2014-6/R004
Recorrente: Anderson José de Souza
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 010.139/2014-1/R001
Recorrente: Paulo Maia de Souza Valente
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 010.139/2014-1/R002
Recorrente: Fernando Alves do Nascimento
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 014.511/2014-2/R001
Recorrente: IQUEILA MOURA VIEIRA
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 016.854/2014-4/R003
Recorrente: Pedro Ricardo da Silva
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO

Recurso: 017.230/2014-4/R001
Recorrente: Raimundo Tarcisio Macedo
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 023.216/2014-0/R001
Recorrente: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 023.216/2014-0/R002
Recorrente: REGIANE CRISTINA MAGALHÃES
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Recurso: 025.744/2014-3/R001
Recorrente: Romildes Oliveira Rios Machado
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BRUNO DANTAS

Recurso: 001.239/2015-5/R001
Recorrente: Deivson Oliveira Vidal/INSTITUTO MUNDIAL DE DESENVOLVIMENTO E DA
CIDADANIA - IMDC
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração


Relator sorteado: BRUNO DANTAS

SUSTENTAÇÕES ORAIS

Na apreciação do processo nº TC-011.620/2012-9, cujo relator é o Ministro-Substituto Marcos


Bemquerer Costa, os Drs. Léo da Silva Alves e Antony Araújo Couto produziram sustentação oral em nome
de Waldir Ronaldo Rodrigues e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo,
respectivamente.
Na apreciação do processo nº TC-018.515/2014-4, cuja relatora é a Ministra Ana Arraes, a
Presidência indeferiu o pedido de sustentação oral apresentado pela Dra. Tatiane Rodrigues Soares, uma vez
que o § 9º do artigo 168 do Regimento Interno veda sua realização na apreciação de agravo.
Na apreciação do processo nº TC-014.846/2014-4, cujo relator é o Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa e o revisor, o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, a Presidência indeferiu os
pedidos de sustentação oral apresentados pela Dra. Marina Santana Oliveira de Sá e pelo Dr. Ricardo
Barretto de Andrade, uma vez que o processo já se encontra em fase de votação (pedido de vista formulado
com base no art. 119 do RI).
Na apreciação do processo nº TC-010.405/2006-1, cujo relator é o Ministro Raimundo Carreiro, a
Presidência indeferiu o pedido de sustentação oral apresentado pelo Dr. Rafael Resende de Andrade, por ser
intempestivo.
Na apreciação do processo nº TC-015.753/2010-7, cujo relator é o Ministro Vital do Rêgo, o Dr.
Rodrigo Jansen compareceu para produzir sustentação oral autorizada pela Presidência, em nome da
Construtora Queiroz Galvão S.A. Em razão da exclusão do processo de pauta, a sustentação oral não foi
realizada.

PROSSEGUIMENTO DE VOTAÇÃO

Nos termos do § 3º do art. 119 do Regimento Interno, deu-se prosseguimento à votação do processo nº
014.846/2014-5 (Ata nº 24/2015) e o Plenário aprovou o Acórdão nº 2712, sendo vencedora a proposta do
relator, Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

CONVOCAÇÃO DE SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

Durante a discussão do processo nº TC-005.214/2009-3, o Plenário decidiu pela realização de sessão


para apreciação exclusiva dos processos nºs 011.101/2003-6 e 007.822/2005-4, que tratam da prescrição da
pretensão punitiva. A Presidência convocou, então, com fundamento no art. 28, inc. VII, do Regimento
Interno, Sessão Extraordinária para o dia 11 de novembro, às 10 horas.

ALTERNÂNCIA NA PRESIDÊNCIA

Durante a discussão do processo nº TC-011.620/2012-9, o Ministro Raimundo Carreiro assumiu a


Presidência dos trabalhos.

PEDIDOS DE VISTA

Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo nº TC-
027.492/2013-3, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler, em função de pedido de vista formulado pelo
Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
Com base no artigo 119 do Regimento Interno, foi suspensa a votação do processo nº TC-
005.214/2009-3, cujo relator é o Ministro Raimundo Carreiro, em função de pedido de vista formulado pelo
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ministro Benjamin Zymler. O relator votou no sentido de conhecer dos Pedidos de Reexame para, no
mérito, dar-lhe provimento e tornar insubsistentes os itens 9.2, 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.546/2012-TCU-
Plenário. O relatório, o voto e a minuta de Acórdão constam do Anexo III desta Ata.

PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA

Foram excluídos de pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os seguintes processos:

TC-009.210/2015-6, TC-012.544/2011-6, TC-013.719/2015-7, TC-017.928/2015-0, TC-


024.597/2008-7, TC-024.950/2014-9, TC-025.459/2015-5 e TC-026.089/2015-7, cujo relator é o Ministro
Walton Alencar Rodrigues;
TC-008.467/2005-9, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler;
TC-030.711/2011-8, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler, a pedido do 2º revisor (art. 119),
Ministro Vital do Rêgo;
TC-010.405/2006-1, TC-025.512/2015-3 e TC-044.735/2012-0, cujo relator é o Ministro Raimundo
Carreiro;
TC-020.008/2010-4, cujo relator é o Ministro Bruno Dantas;
TC-015.753/2010-7, cujo relator é o Ministro Vital do Rêgo;
TC-008.959/2015-3, cujo relator é o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho; e
TC-024.796/2014-0, cujo relator é o Ministro-Substituto Weder de Oliveira.

PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO

O Tribunal Pleno aprovou as relações de processos a seguir transcritas e proferiu os Acórdãos de nºs
2669 a 2709.

RELAÇÃO Nº 52/2015 – Plenário


Relator – Ministro BENJAMIN ZYMLER

ACÓRDÃO Nº 2669/2015 - TCU - Plenário

Vistos, relacionados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração, interposto pela


empresa Britto Construtora Ltda. contra o Acórdão 2.875/2014-Plenário, por meio do qual esta Corte
negou provimento aos recursos de reconsideração opostos pelos Srs. Marco Aurélio Saber de Lima e
Annerita de Lima Menezes, bem como pela empresa Britto Construtora Ltda. contra o Acórdão
3.059/2011-Plenário, com redação dada pelo Acórdão 2.807/2013-Plenário;
Considerando que o presente recurso não foi conhecido pelo Tribunal, conforme Acórdão
5.250/2015-1ª Câmara;
Considerando que, na pauta da sessão de julgamento, publicada no DOU em 11/9/2015, não
constou o nome da advogada da empresa Britto Construtora Ltda., Sra. Mariana Pereira de Sá
(OAB/GO 30.090 – procuração à peça 204);
Considerando que a omissão do nome de advogado legalmente constituído na publicação da
pauta prejudica o exercício da ampla defesa e do contraditório, uma vez que há prejuízo ao direito de o
responsável requerer sustentação oral e de apresentar memoriais previamente à sessão, ensejando a
declaração de nulidade absoluta da decisão;
Considerando o posicionamento do Ministério Público de Contas, à peça 211, no sentido de que
seja declarado de ofício a nulidade do Acórdão 5.250/2015-1ª Câmara e apreciado, novamente, o
recurso interposto à peça 196;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Considerando não ser admissível a interposição de recurso de reconsideração contra deliberação


que apreciou recurso de reconsideração interposto anteriormente (art. 278, §§ 3º e 4º, do Regimento
Interno do TCU);
Considerando os pareceres uniformes da Secretaria de Recursos e do Ministério Público junto
ao Tribunal no sentido do não conhecimento do presente recurso (peças 200, 201, 202 e 205);
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM,
por unanimidade, em:
1. declarar, de oficio, a nulidade do Acórdão 5.250/2015-1ª Câmara;
2. receber a peça 196 como mera petição e negar recebimento ao pleito, em razão da preclusão
consumativa e do disposto no artigo 278, §§ 3º e 4º, do Regimento Interno do TCU, e nos termos do
art. 50, § 3º, da Resolução-TCU 259, de 7 de maio de 2014;
3. dar ciência ao recorrente deste acórdão, bem como dos pareceres que o fundamentam.

1. Processo TC-005.207/2004-8 (TOMADA DE CONTAS - Exercício: 2003)


1.1. Apensos: 010.428/2003-1 (Representação)
1.2. Responsáveis: Adenir José de Sousa (806.158.721-15); Annerita de Lima Menezes
(247.339.621-34); Antônio Gomes de Aguiar (315.266.241-68); Benevides Leonel da Silva
(056.665.461-04); Britto Construtora Ltda. (01.909.541/0001-08); Christine Ferreira Resplande
Noguira (509.274.851-68); Ely Rodrigues de Almeida (254.460.611-87); Fernanda da Silva Frazão
(836.283.041-72); Gláucia Maria Teodoro Reis (169.165.901-06); Gleyson Alves de Morais
(817.100.701-53); Gonçalo Teixeira e Silva (075.290.901-00); Humberto Vilani (382.091.282-72);
José Chaves de Melo (035.717.421-68); José Fernando Alves de Sousa (378.752.486-04); Lacy de
Lourdes Borges (124.390.291-49); Luiz Antônio da Veiga Jardim (282.601.711-04); Lícia Camilher
Machado Brandão (251.214.801-72); Marco Aurélio Saber de Lima (222.899.506-10); Marcus Flavio
Noleto Jube (382.288.661-00); Marllus Naves de Avila (517.877.761-15); Nailton Severino da
Fonseca (377.899.961-34); Paulo Maria Teles Antunes (021.349.501-53); Pedro Lucchesi Junior
(234.401.471-34); Roldão Oliveira de Carvalho (052.932.431-87); Salvador Lopes (012.798.901-34);
Stanley Simmonds (509.838.901-10); Thales Perrone Machado (730.505.040-72); Ubiratan Cipriano
Aguiar (347.632.441-91); Wilson Gamboge Junior (799.305.061-87).
1.3. Recorrente: Britto Construtora Ltda. (01.909.541/0001-08)
1.4. Órgão/Entidade: Tribunal Regional Eleitoral de Goiás
1.5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no
Estado de Goiás (Secex-GO).
1.9. Advogados constituídos nos autos: Marcos Cesar Gonçalves de Oliveira (OAB/GO 20.631),
Mariana Pereira de Sá (OAB/GO 30.090)
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2670/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM, por


unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "d", do Regimento Interno/TCU, c/c o
Enunciado nº 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal de Contas da União, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-016.796/2012-8 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Responsáveis: Deusimar Nunes Alvarenga (519.506.427-04); Francisca Daise Lustosa


Landim Pinto (663.042.107-87); Ivan Anastácio da Silva (592.866.607-15); Janete Nogueira Hartmut
Behm (452.215.707-00); Marcos Antônio Dantas Lopes (736.780.407-30); Maria das Graças Tatagiba
Lannes (989.717.867-87); Maria de Fátima dos Santos (412.682.027-20); Mauro Cassiano dos Santos
(072.362.127-68)
1.2. Órgão/Entidade: Gerência Executiva do INSS – Rio de Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
1.6. Advogados constituídos nos autos: Elisangela Correa de Queiroz (OAB/RJ 144.183); Egler
S G Barbosa (OAB/RJ 141.464); Glenio S Guedes (OAB/RJ 66.450); Samira S G Barbosa (OAB/RJ
141.703); Cibele Gomes Giacoia (OAB/RJ 116.913); Charles Pachciarek Frajdenberg (Defensor
Público Federal)
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: apostilar o Acórdão 2.263/2015-Plenário nos
seguintes termos:
1.7.1. no item 9.2.3 onde se lê o nome “Marcos Antônio Dantas”, passe-se a ler “Marcos
Antônio Dantas Lopes”;
1.7.2. no item 9.2.4 onde se lê o valor de R$ 529,17 na parcela correspondente ao dia
71/06/1996, leia-se a data como 11/06/1996.
1.7.3. dar ciência aos responsáveis do teor deste acórdão.

ACÓRDÃO Nº 2671/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM, por


unanimidade, com fundamento nos art. 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento Interno/TCU, c/c
Enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal de Contas da União, em
retificar, por inexatidão material, o Acórdão nº 2.264/2015 - Plenário, prolatado na Sessão de 9/9/2015,
Ata nº 36/2015, relativamente ao primeiro parágrafo do relatório de peça 18, onde se lê “Adoto como
relatório a instrução elaborada no âmbito da Secex/AM, ...”, leia-se “Adoto como relatório a
instrução elaborada no âmbito da Secex/TO, ...”; e relativamente ao preâmbulo do mencionado
acórdão (peça 16), onde se lê “VISTOS, relatados e discutidos (...) Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – Diretoria Regional do Ceará – ECT-DR/CE, decorrente de prejuízos (...) no município
de Maués/AM”, leia-se “VISTOS, relatados e discutidos (...) Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – Diretoria Regional do Tocantins – ECT-DR/TO, decorrente de prejuízos (...) no
município de Palmeirante/TO”; mantendo-se os demais termos do Acórdão ora retificado, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-026.040/2014-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsável: Wilians Pereira da Mota (980.423.511-00)
1.2. Órgão/Entidade: Diretoria Regional da Ect Em Tocantins - Dr/to
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Tocantins (SECEX-TO).
1.6. Representação legal: Celma Aguiar da Silva (OAB/TO 4608).
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2672/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por


unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o inciso V do art. 169 do
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Regimento Interno, em considerar cumprida a determinação do item 1.6.1/1.6.1.3 do Acórdão


4283/2012-2ª Câmara, ordenar o arquivamento do processo a seguir relacionado e o apensamento
definitivo ao TC 019.169/2011-6, com fulcro nos artigos 36 e 37 da Resolução TCU Nº 259/2014, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-041.065/2012-3 (MONITORAMENTO)


1.1. Órgão/Entidade: Ministério das Cidades (vinculador)
1.2. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Mato Grosso do Sul (Secex-
MS).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2673/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ACORDAM, por


unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, II, e 41, II e IV, ambos da Lei nº 8.443/1992 e no art. 250,
inciso II, do Regimento Interno do TCU, em dar ciência das falhas detectadas nesta auditoria, de
acordo com os pareceres emitidos nos presentes autos.

1. Processo TC nº 016.942/2015-9 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX–ES).
1.2. Entidades: Associação de Cineclubes de Vila Velha (ES) e Prefeituras Municipais de Serra
(ES), Vila Velha (ES) e Vitória (ES).
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (SECEX-ES).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. dar ciência, com fundamento no art. 7º da Resolução TCU nº 265/2014, à Secretaria
Executiva do Ministério da Cultura e à Associação de Cineclubes de Vila Velha, a respeito da saída de
recursos do Convênio nº 745.034/2010, no valor de R$ 90.000,00, sem o cadastramento no Siconv da
documentação comprobatória, correspondente à diferença entre o valor liberado e o comprovado, e da
ausência de documentação que ampare os serviços relacionados como contrapartida, correspondentes a
R$ 78.750,00, ocorrências essas que contrariam o disposto nos arts. 50, caput e § 3º, e 57, parágrafo
único, ambos da Portaria Interministerial nº 127/2008 - MPOG/MF/CGU, nos arts. 24, 64 e 73,
parágrafo único, da Portaria Interministerial nº 507/2011 - CGU/MF/MP e no § 2º da cláusula oitava
do Termo do Convênio nº 745.034/2010;
1.7.2. enviar cópia deste Acórdão, bem como da instrução elaborada pela unidade técnica, à
Secretaria Executiva do Ministério da Cultura e à Associação de Cineclubes de Vila Velha;
1.7.3. apensar o presente processo ao TC nº 010.247/2015-7.

ACÓRDÃO Nº 2674/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ACORDAM, por


unanimidade, com fundamento nos art. 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento Interno do Tribunal de
Contas da União, e no art. 54 da Resolução TCU 164/2003, c/c o enunciado 145 da Súmula de
Jurisprudência predominante do Tribunal, em autorizar a Secretaria de Controle Externo competente a
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apostilar o Acórdão 1.853/2015-TCU-Plenário, para fins de correção de inexatidão material na redação


dos itens 3.1, 9.2.1 e 9.3.1, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, nos termos abaixo:

a) No subitem 3.1, onde se lê: “Ailthon Januário Ferreira (322.394.211-00)”, leia-se: “Ailthon
Januário Pereira (322.434.211-00)”; onde se lê: “João Sena Teodoro Silva”, leia-se: “João de Sena
Teodoro Silva”; bem como incluir o nome da Sra. Crys Angélica Ulrich (738.731.109-97);
b) no subitem 9.2.1, onde se lê: “Ailthon Januário Ferreira”, leia-se: “Ailthon Januário Pereira”;
e
c) no subitem 9.3.1, onde se lê: “Instituto Corpore para o Desenvolvimento para a Qualidade de
Vida”, leia-se: “Instituto Corpore para o Desenvolvimento da Qualidade de Vida”.

1. Processo TC-024.432/2014-8 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Responsáveis: Ailthon Januário Pereira (322.434.211-00); Aparecida Lúcia Darcin Rigo
(601.523.979-49); Cláudio Rogério Malacrida (158.897.088-48); Crys Angélica Ulrich (738.731.109-
97); Edson Bernardes de Souza (629.176.509-82); Hélio Belarmino Pereira (482.525.499-34); Instituto
Corpore para o Desenvolvimento da Qualidade de Vida (07.229.374/0001-22); João de Sena Teodoro
Silva (449.394.699-72); Sandra Sebastiana Pilegi Pinheiro (742.290.799-15); Terezinha de Fátima
Inocenti Bitencourt (239.377.939-68); Vanderley Estruzani (443.709.039-04); Ângelo Roberto
Bertoncini (209.593.119-04).
1.2. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Bela Vista do Paraíso - PR
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná (Secex-PR).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 29/2015 – Plenário


Relator – Ministro AUGUSTO NARDES

ACÓRDÃO Nº 2675/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento
Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 155/2002; 38 e Anexo VI da Resolução nº 164/2003, c/c,
o Enunciado n. 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal, em retificar, por
inexatidão material, o Acórdão 3.265/2014-TCU-Plenário, prolatado na Sessão de 26/11/2014, Ata nº
47/2014, relativamente ao seu subitem 9.5.1, onde se lê o valor de R$ “53200” na parcela
correspondente ao dia 08/05/2001, leia-se o valor como R$ “532,00”, mantendo-se inalterados os
demais termos do acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-005.986/2013-3 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsáveis: Adalgisa Soares de Oliveira (037.415.177-63); Alzira Fernandes da Costa
(022.029.037-71); José Benício dos Santos (005.284.777-22); Selma Xavier Batista (513.252.687-04)
1.2. Órgão/Entidade: Gerência Executiva do Inss - Rio de Janeiro-centro/RJ - Inss/MPS
1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Representação legal: não há.


1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2676/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento
Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 155/2002; 38 e Anexo VI da Resolução nº 164/2003, c/c
o Enunciado n. 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal, em retificar, por
inexatidão material, o Acórdão nº 3481/2012-TCU-Plenário, sessão de 10/12/2012 (peça 30),
relativamente ao seu item 8., onde se lê: “Advogado constituído nos autos: não há”, leia-se:
“Advogados constituídos nos autos: Luiz Carlos dos Anjos Cereja, OAB/PA 6977- Procurações (peças
21 e 34).”, e ao subitem 9.2., onde se lê: “[....], o recolhimento dos valores aos cofres do Tesouro
Nacional:” leia-se: “[....], o recolhimento dos valores aos cofres do Centro Federal de Educação
Tecnológica do Pará-Cefet/PA”, mantendo-se inalterados os demais termos do acórdão ora retificado,
de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-028.453/2009-3 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsáveis: Maria Auxiliadora Souza dos Anjos (037.565.562-04); Maria Francisca
Tereza Martins de Souza (155.291.692-87); Maria Gabriela Cabral Monteiro de Azevedo Berger
(192.961.857-34); Ruy Leite Berger Filho (154.908.747-91); Sérgio Cabeça Braz (025.383.502-04)
1.2. Unidade: Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará –
1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará (SECEX-PA).
1.6. Representação legal: Luiz Carlos dos Anjos Cereja (6977/OAB-PA), representando Maria
Auxiliadora Souza dos Anjos; Luiz Carlos dos Anjos Cereja (6977/OAB-PA), representando Maria
Francisca Tereza Martins de Souza; Luiz Carlos dos Anjos Cereja (6977/OAB-PA), representando
Sérgio Cabeça Braz.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2677/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos art. 1º, inciso XVII, da Lei 8443/1992 c/c arts. 1º,
inciso XXV, art. 264, 265, 143, inciso V, do Regimento Interno do TCU, em não conhecer da consulta
a seguir relacionada, por não preencher os requisitos de admissibilidade, encaminhar cópia desta
deliberação aos Exmos. Deputados Federais, ora “consulentes”, e do Acórdão 2641/2014-Plenário,
acompanhado do relatório e voto que o motivaram, uma vez que, o TCU já se manifestou sobre a
questão consultada em sede de Solicitação do Congresso Nacional, que demandou à Corte auditoria
nos recursos do subsídio de equalização dos custos de produção de etanol, e arquivar o processo, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-017.924/2015-4 (CONSULTA)


1.1. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.2. Representante do Ministério Público: não atuou
1.3. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Petróleo, Gás Natural e
Mineração (SeinfraPet).
1.4. Representação legal: não há.
1.5. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2678/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "e", do Regimento
Interno, em prorrogar em 30 (trinta) dias o prazo para o atendimento do item “c” do Ofício de
diligência 265/2015-TCU/SecexPrevidência, de 20/3/2015; tornar insubsistente o Acórdão 672/2013-
TCU-Plenário, de 27/3/2013 (conforme item 63.3 da Portaria Segecex 27, de 19/10/2009); nos termos
da proposta da unidade técnica (peça 117), sem prejuízo das determinações indicadas no subitem 1.6
desta deliberação.

1. Processo TC-012.387/2012-6 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Órgão/Entidade: Codevasf - Set. Contábil e Financeira - MI; Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da
Assistência Social (SecexPrevi).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.6.1. Determinar à Controladoria Geral da União (CGU) que informe nas próximas prestações
de contas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)
quanto ao andamento da Ação Ordinária 4155- 62.2011.4.1.3309, movida pelo Distrito de Irrigação do
Projeto Estreito (DIPE), com o objetivo de homologar acordo de indenização pela Codevasf aos
produtores do Perímetro de Estreito em virtude das perdas de safras decorrentes de estiagem ocorrida
nos exercícios de 2009 e 2010;
1.6.2. Arquivar oportunamente os presentes autos, com fulcro no art. 169, inciso III, do
Regimento Interno do TCU, após a juntada da documentação a ser encaminhada em atendimento ao
item “c” do Ofício de diligência 265/2015-TCU/SecexPrevidência, de 20/3/2015, no caso de não
restarem outras análises a serem realizadas.

ACÓRDÃO Nº 2679/2015 - TCU - Plenário

Trata-se de levantamento de auditoria efetuado originalmente pela Secretaria de Controle


Externo do Ceará (Secex/CE) e atualmente conduzido pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura
Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHidroFerrovia), no âmbito do Fiscobras 2006, junto à
Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), com vistas a fiscalizar a execução das
obras alusivas à implantação do Sistema de Trens Urbanos de Fortaleza/CE, englobando os Programas
de Trabalho de número 15.453.1295.0A40.0023 (1º estágio - trecho Vila das Flores - João Felipe) e
15.453.1295.0B12.0023 (modernização do trecho João Felipe - Caucaia).
Considerando que foram cumpridas as determinações exaradas no Acórdão 1.934/2015- TCU-
Plenário e constatando que as determinações anteriores no âmbito do presente processo também já
foram cumpridas;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea “a”, do Regimento
Interno/TCU, c/c, os arts. 36, 37 e 40 da Resolução TCU n. 259/2014, em apensar o presente processo
ao TC- 008.523/2012-6 (Tomada de Contas Especial), conforme proposta da unidade técnica nos autos
(peça 617).

1. Processo TC-008.122/2006-9 (RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO)


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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Apensos: 007.790/2009-1 (RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO); 000.401/2011-0


(SOLICITAÇÃO); 006.925/2008-1 (RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO); 005.543/2011-8
(SOLICITAÇÃO); 016.172/2013-2 (SOLICITAÇÃO); 014.814/2007-9 (RELATÓRIO DE
LEVANTAMENTO); 006.980/2012-0 (SOLICITAÇÃO); 023.537/2009-2 (MONITORAMENTO)
1.2. Responsáveis: Ana Lourdes Teixeira de Miranda (059.685.933-34); Anneliete Maria
Chagas Silva Gouveia (121.580.623-04); Antonio Chalita de Figueiredo (373.161.684-04); Antônio
Alberto Rocha Aguiar (400.391.537-20); Bombardier Transportation Brasil Ltda (00.811.185/0001-
14); Clovis de Lima Picanço (060.224.303-30); Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(42.357.483/0001-26); Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (02.003.575/0001-93);
Concremat Engenharia e Tecnologia S.a. (33.146.648/0001-20); Construcoes e Comercio Camargo
Correa (61.552.512/0001-02); Construtora Queiroz Galvão Sa (33.412.792/0001-60); Consulfer -
Projetos e Consultoria Ltda (37.113.172/0001-81); Diogo Vital de Siqueira Cruz (139.393.273-87);
Edilson Rocha Portírio (002.264.163-72); Frederico Pires da Silva (663.602.507-72); Germano
Sanford Diógenes (410.266.833-00); Jefferson Vasconcelos Santos (524.849.473-72); Joao Luiz da
Silva Dias (011.089.806-00); José Aurilo Cavalcante Lima (013.369.243-49); José Fontenelle Barros
(020.390.603-91); José Marques Feitosa Neto (092.108.903-10); Júlio César Fontes Monnerat
(422.392.737-04); Kely Regina da Silva Oliveira (741.317.533-91); Leão Humberto Montezuma
Santiago Filho (163.353.683-15); Luciana Albuquerque Guimarães (440.572.453-91); Luiz Alfredo
Campos Quintanilha (341.754.907-87); Luiz Eduardo Barbosa de Moraes (230.278.003-53); Lyttelton
Rebelo Fortes (000.298.233-15); Lúcio de Castro Bomfim Júnior (162.729.513-53); Marcio Ferreira
Victorino (748.842.637-15); Montini Silva Maranhão (230.294.803-30); Mwh Brasil Engenharia e
Projetos Ltda (01.483.360/0001-54); Newton Braga Quental (021.137.674-49); Octávio Pontes Júnior
(036.881.943-49); Plínio Pompeu de Saboya Magalhães Neto (384.773.356-72); Raimundo Helder de
Girão e Silva (020.833.963-91); Rômulo dos Santos Fortes (639.369.333-91); Sérgio Machado
Nogueira (222.104.663-34)
1.3. Interessados: Advocacia-geral da União (); Companhia Brasileira de Trens Urbanos
(42.357.483/0001-26); Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (02.003.575/0001-93);
Consórcio Queiroz Galvão - Camargo Corrêa (08.321.510/0001-72); Ministério das Cidades
(vinculador) (); Procuradoria da República/ce - Mpf/mpu (26.989.715/0011-84)
1.4. Órgão/Entidade: Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Entidades/órgãos do Governo do
Estado do Ceará
1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.6. Representante do Ministério Público: não atuou
1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e
Ferroviária (SeinfraHid).
1.8. Representação legal: Ademilson de Brito Alves Viana (244877/OAB-SP), representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Alcione Soares Menezes Filho, representando Companhia
Brasileira de Trens Urbanos; Ana Claudia Lourenço Stein (330929/OAB-SP), representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Andressa Lin Fidelis (305.270/OAB-SP), representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Antonio Carlos Monteiro da Silva Filho (124.536/OAB-SP),
representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Adriana Fernandes Pereira (21199/OAB-CE),
representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Ailyn Lopes Santoro (16741/OAB-CE),
representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Alcino Luís da Costa Júnior (36.946/OAB-
DF), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Alex Schur Faiwichow, representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Alexandre Aroeira Salles (71.947/OAB-MG), representando
Construtora Queiroz Galvão Sa; Anderson Monteiro de Lima, representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Andreia Silva Machado, representando Construtora Queiroz Galvão Sa;
Antonio Carlos G. Gonçalves (33.766/OAB-DF), representando Bombardier Transportation Brasil
Ltda; Antonio Lielson Gonçalves, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Antônio de Almeida
Pinto, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Arthur Pimentel Diogo (156788/OAB-SP),
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Augusto Nogueira da Silva, representando


Construtora Queiroz Galvão Sa; Aylla Mara de Assis (285098/OAB-SP), representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Ayna Cavalcante Pereira (15231-B/OAB-CE), representando Mwh Brasil
Engenharia e Projetos Ltda; Barbara Marchiori de Assis (299.811/OAB-SP), representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Belchior Guimarães Alves Filho, representando Construtora
Queiroz Galvão Sa; Breno Barbosa Moreira (21228/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia
e Projetos Ltda; Bruno Murilo Rodrigues de Oliveira (27480/OAB-CE), representando Mwh Brasil
Engenharia e Projetos Ltda; Bruno de Luca Drago (194948/OAB-SP), representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Caio Mário da Silva Pereira Neto (163.211/OAB-SP), representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Camila Cabó Maia (27638/OAB-CE), representando Mwh
Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Camila Rioja Arantes (41862/OAB-DF), representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Carlos Alberto Silva Pereira, representando Construtora Queiroz Galvão
Sa; Carlos Augusto Barbosa Lima Oliveira, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Carolina
Feitosa Dolabela Chagas (96.205/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Celene
Lopes Bezerra, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Ciro Alvarenga, representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Cynthia Póvoa de Aragão (22.298/OAB-DF), representando
Construtora Queiroz Galvão Sa; Daniel Lopes Linhares (20366/OAB-CE), representando Mwh Brasil
Engenharia e Projetos Ltda; David Veras Bezerra (19347/OAB-CE), representando Mwh Brasil
Engenharia e Projetos Ltda; Dellane Emanuelle Pinheiro Gadelha (21270/OAB-CE), representando
Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Elisa A. Athaide de Andrade (281789/OAB-SP),
representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Eduardo Rosa Marques (41024/OAB-DF),
representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Flavio Antonio Esteves Galdino (256.411-
A/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Francisco Freitas de Melo Franco
Ferreira (89.353/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Franklin Viana Moreira
(3.179/OAB-CE), representando Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos; Fabianna Vieira
Barbosa Morselli (303067/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Fabio da
Costa Vilar (167078/OAB-SP), representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Fernando Luiz
Freitas de Carvalho (20816/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda;
Francisco William Braga Rocha, representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Francisco de
Assis Barros da Silva Junior (20092/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda;
Fábio Batista Bastos, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Fábio Luis Celli (222893/OAB-
SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Gaston Nevenschwander Neto,
representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Glênio José Peters Ligório Jr., representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Hálisson Adriano Costa (26.638/OAB-DF), representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Ingrid Vasconcelos de Sousa Araújo (21200/OAB-CE),
representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Isabela Ximenes Andrade (25307/OAB-CE),
representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Isadora C. M. S. R. Saldanha, representando
Bombardier Transportation Brasil Ltda; Jair Barbedo Marins, representando Companhia Brasileira de
Trens Urbanos; Joao Alberto Teixeira, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Joaquim
Nogueira Porto Moraes (163.267/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda;
Jose Isailton Alves, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Juliana Tiemi Mizumoto Akaishi
(257.913/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Julio Gonzaga Andrade
Neves (298.104-A/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Janaina Sousa
Gonçalves, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Jean Guilherme Arnaud Deon,
representando Construtora Queiroz Galvão Sa; José Arnaldo Delgado, representando Construtora
Queiroz Galvão Sa; José Augusto Macedo Barros, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; José
Aurilo Cavalcante Lima (2.694/OAB-CE), representando Companhia Cearense de Transportes
Metropolitanos; José Ró Silva de Oliveira, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Karine
Rocha Montenegro (21134/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Karla
Karina Lucas Monteiro (24559/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda;
17

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Lauro Miguel, representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Layza Maria Viana de
Albuquerque (10.602/OAB-CE), representando Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos;
Luciana Mendes Lobo (18.266/OAB-CE), representando Companhia Cearense de Transportes
Metropolitanos; Lucila Almeida de Moura Ferreira (36363/OAB-DF), representando Companhia
Brasileira de Trens Urbanos; Luiz Carlos Cavalcanti, representando Construtora Queiroz Galvão Sa;
Lívia Torres Ribeiro (22085/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Maria
Stella de Moraes (276.585/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Marilia
Cruz Avila (285.748/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Mateus Piva
Adami (235.070/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Milena Fernandes
Mundim (23881/OAB-DF), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Marcelo Memoria
de Araujo (14407/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Marco Antonio
de Albuquerque, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Marco Antônio Fonseca Júnior
(34449/OAB-DF), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Marina Hermeto Correa
(75.173/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Mario Jorge Cavalcante de Araújo
(28460/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Mário Roberto Villanova
Nogueira (88300/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Nelson Wilians
Fratoni Rodrigues (128341/OAB-SP), representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Nayron
Sousa Russo (106.011/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Paulo Leonardo
Casagrande (215.894/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Paola Regina
Petrozziello Pugliese (174001/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda;
Patrícia Araújo Ramos (17343/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda;
Patrícia Guercio Teixeira Delage (90.459/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa;
Paulo Fernandes Viana de Araújo (21007/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos
Ltda; Renato Poltronieri (160231/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil Ltda;
Ricardo Ferreira de Macedo (164.063/OAB-SP), representando Bombardier Transportation Brasil
Ltda; Rubens Ricardo da Fonseca Diniz, representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos;
Rafael Sganzerla Durand (211648/OAB-SP), representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos;
Raphael Henrique Ferreira Modesto de Castro, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Raquel
Chaves Santiago (19277/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Remisson
Soares da Costa (39997/OAB-DF), representando Companhia Brasileira de Trens Urbanos; Renata
Aparecida Ribeiro Felipe (97.826/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Ricardo
Ferreira, representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Rui Novais Dias, representando
Construtora Queiroz Galvão Sa; Sávio Carvalho Cavalcante (16215/OAB-CE), representando Mwh
Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Sérgio Ribeiro da Conceição, representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Thiago Miotto Palo (272.506/OAB-SP), representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Taisa Andrade Soares (89.334/OAB-MG), representando Construtora
Queiroz Galvão Sa; Talita Lima Amaro (15284/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e
Projetos Ltda; Tarcila Maria de Alencar Araripe (19597/OAB-CE), representando Mwh Brasil
Engenharia e Projetos Ltda; Tathiane Vieira Viggiano Fernandes (101379/OAB-MG), representando
Construtora Queiroz Galvão Sa; Thyago da Silva Bezerra (26990/OAB-CE), representando Mwh
Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Urbano Ramos de Andrade Lima, representando Construtora
Queiroz Galvão Sa; Victor Cesar Frota Pinto Filho (24327/OAB-CE), representando Mwh Brasil
Engenharia e Projetos Ltda; Victor Frias Françoso (192242-E/OAB-SP), representando Bombardier
Transportation Brasil Ltda; Vivian Wolf Krauss, representando Bombardier Transportation Brasil
Ltda; Washington de Aguiar Soares, representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Wilas Silva
Freitas, representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Williane Gomes Pontes Ibiapina
(12538/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Yasmin Greff Teixeira
Náufel, representando Bombardier Transportation Brasil Ltda; Zara Lais Radge Monteiro
(27828/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda; Érlon André de Matos
18

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(103096/OAB-MG), representando Construtora Queiroz Galvão Sa; Ícaro Freitas Sampaio


(27082/OAB-CE), representando Mwh Brasil Engenharia e Projetos Ltda.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.9.1. Comunicar à Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) e à
Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que o apensamento dos autos deste processo, relativo
ao Contrato 14/METROFOR/1998, à TCE 008.523/2012-6, não altera a decisão cautelar do Tribunal
de Contas da União, por meio das determinações do Acórdão 3.070/2008-TCU-Plenário e do item
9.5.2 do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, pela necessidade de retenção parcial de valores no
referido contrato e manutenção de eventuais valores já retidos, ressalvadas as decisões judiciais em
sentido contrário, até que esta Corte decida sobre o mérito dos sobrepreços apontados em sede da TCE
008.523/2012-6;
1.9.2. Encaminhar cópia desta deliberação à Companhia Cearense de Transportes
Metropolitanos (Metrofor) e à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

ACÓRDÃO Nº 2680/2015 - TCU - Plenário

O E. Plenário do Tribunal, em Sessão Ordinária de 18/4/2012, por meio do Acórdão 896/2012


(retificado pelo Acórdão 2.861/2012-TCU-Plenário), aplicou multa prevista no art. 58, inciso II da Lei
8.443/92 aos responsáveis indicados (peça 17).
Considerando que, os Srs. Fernando José de Araújo Lou, Antonio Mathias de Oliveira e Maciel
Bezerra da Silva solicitaram parcelamento da dívida em 36 meses (peça 39);
Considerando que, conforme demonstrativo de atualização de débito de peças 165/167 as multas
aplicadas aos Srs. Fernando José de Araújo Lou, Antonio Mathias de Oliveira e Maciel Bezerra da
Silva foram devidamente pagas e comprovadas não restando saldo devedor;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/92, c/c o art. 218 do
Regimento Interno, em expedir certificado de quitação aos Srs. Fernando José de Araújo Lou CPF:
284.546.774-53; Antonio Mathias de Oliveira, CPF: 871.532.208-44, e Maciel Bezerra da Silva, CPF:
021.893.004-60, ante o recolhimento integral das multas que lhes foi cominada mediante o subitem 9.5
do Acórdão nº Acórdão 896/2012, (retificado pelo Acórdão 2.861/2012-TCU-Plenário).

1. Processo TC-015.332/2009-0 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Apensos: 011.668/2012-1 (MONITORAMENTO); 015.280/2014-4 (SOLICITAÇÃO)
1.2. Responsáveis: Antonio Mathias de Oliveira (871.532.208-44); Fernando José de Araújo
Lou (284.546.774-53); Gerson Klayton da Silva (428.593.954-15); Gilberto Coutinho Freire
(505.645.874-00); Jorival França de Oliveira Júnior (625.048.604-63); Maciel Bezerra da Silva
(021.893.004-60); Manoel Elizeu Brandão (079.392.054-04); Maria da Saúde Lima dos Santos
(029.360.664-17); Prefeitura Municipal de Mata Grande - AL (12.226.205/0001-79)
1.3. Interessados: Controladoria-geral da União (05.049.940/0001-99); Secretaria de Controle
Externo - Alagoas (00.414.607/0002-07)
1.4. Órgão/Entidade: Município de Mata Grande - AL
1.5. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Alagoas (SECEX-AL).
1.8. Representação legal: Arthur Fernandes dos Anjos Carvalho (9330/OAB-AL), representando
Gerson Klayton da Silva; Bruno Zeferino do Carmo Teixeira (7.617/OAB-AL), representando Antonio
Mathias de Oliveira; Bruno Zeferino do Carmo Teixeira (7.617/OAB-AL), representando Fernando
José de Araújo Lou; Bruno Zeferino do Carmo Teixeira (7.617/OAB-AL), representando Maciel
Bezerra da Silva; Carlos Bernardo (5908/OAB-AL), representando Gerson Klayton da Silva; Diogo
Zeferino do Carmo Teixeira, representando Antonio Mathias de Oliveira; Diogo Zeferino do Carmo
19

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Teixeira, representando Fernando José de Araújo Lou; Diogo Zeferino do Carmo Teixeira,
representando Maciel Bezerra da Silva; Eduardo Wagner Queiroz Tavares Cordeiro (8636/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Fábio Henrique Cavalcante Gomes (4801/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Mércio José Tavares Lopes Junior (4292/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Ricardo Alexandre de Araújo Porfírio (7528/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Rubens Marcelo Pereira da Silva (6638/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Tizianne Candido da Silva Nascimento (7784/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Victor Fernandes dos Anjos Carvalho (7696/OAB-AL),
representando Gerson Klayton da Silva; Vitor Hugo Pereira da Silva (7.051/OAB-AL), representando
Antonio Mathias de Oliveira; Vitor Hugo Pereira da Silva (7.051/OAB-AL), representando Fernando
José de Araújo Lou; Vitor Hugo Pereira da Silva (7.051/OAB-AL), representando Maciel Bezerra da
Silva; Wanderson Lima Barros (6717/OAB-AL), representando Gerson Klayton da Silva; Yusha
Marinho de Oliveira (8144/OAB-AL), representando Gerson Klayton da Silva.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2681/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,

ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de

julho de 1992, c/c os arts. 237, inciso VII e parágrafo único, 235, e 169, inciso II do Regimento

Interno deste Tribunal c/c, o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, e de acordo com os pareceres

emitidos nos autos, em conhecer da presente representação, para, no mérito, considerá-la

procedente; indeferir o pedido de concessão de medida cautelar formulado pela Representante,

tendo em vista a inexistência dos pressupostos para a sua concessão, e em arquivar os autos após

a adoção das providências indicadas no subitem 1.7., desta deliberação.

1. Processo TC-016.553/2015-2 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Representante: Agência de Integração Empresa Escola Ltda. (CNPJ: 01.416.617/0001-74)
1.2.Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Terrestres
1.3. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.6. Representação legal: Paulo Sergio Bezerra dos Santos, representando Agência Nacional de
Transportes Terrestres; Renata Amado Ferreira, representando Agência Nacional de Transportes
Terrestres.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações/providências:
1.7.1. Com amparo na Resolução – TCU 265/2014, dar ciência à Agência Nacional de
Transportes Terrestres, com vistas à adoção de providências internas que previnam a ocorrência de
outras semelhantes, de que, no edital do Pregão Eletrônico 9/2015, exigiu-se que as empresas licitantes
20

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

comprovassem terem prestado serviços em determinadas localidades, descumprindo o artigo 30, § 5º,
da Lei 8.666/1993, que veda a exigência de comprovação de atividade ou de aptidão com limitações de
tempo ou época ou ainda em locais específicos. De igual modo, tal vedação também se aplica ao caso
de exigência de número mínimo de convênios firmados com instituições de ensino superior e médio,
públicas ou privadas, em determinadas localidades;
1.7.2. Comunicar à Agência Nacional de Transportes Terrestres e à representante o inteiro teor
desta deliberação, acompanhada de cópia da instrução da unidade técnica (peça 23);

ACÓRDÃO Nº 2682/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de
1992, c/c os art.169, incisoV, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 155, de 4 de
dezembro de 2002, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) considerar cumprida a determinação do subitem 1.6.1 do Acórdão 2.115/2015-TCU-Plenário,
pela Câmara dos Deputados;
b) considerar que houve perda de objeto da determinação do subitem 1.6.2 do Acórdão
2115/2015-TCU-Plenário, dirigida à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI);
c) arquivar os presentes autos, após encaminhar cópia desta deliberação à representante, à
Câmara dos Deputados e à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI).

1. Processo TC-018.522/2015-7 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão/Entidade: Câmara dos Deputados
1.2. Relator: Ministro Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 46/2015 – Plenário


Relator – Ministro RAIMUNDO CARREIRO

ACÓRDÃO Nº 2683/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata
de Monitoramento cujo objetivo é acompanhar e verificar o cumprimento de determinação prescrita no
subitem 9.2, do Acórdão 3437/2014-TCU-Plenário (peça 1), proferido no âmbito do TC 000.831/2009-
4 (MON).
Considerando que foi atendida satisfatoriamente a determinação estipulada no subitem 9.2.1.2 do
Acórdão 2786/2008-TCU-1ª Câmara, reiterada por meio do subitem 9.6 do Acórdão 2931/2011-TCU-
Plenário, do subitem 1.5.1 do Acórdão 6656/2009-TCU-1ª Câmara e do subitem 9.2 do Acórdão
3437/2014-TCU-Plenário.
Considerando quer em atendimento à sistemática instituída pela Portaria TCU 82/2012 arrola-se
como benefícios do controle externo neste processo a expectativa de controle e a indução de melhoria
na gestão da UJ.
21

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM, com fundamento nos arts. 143, inciso III, 15, 105 e 243, do Regimento
Interno/TCU, em:
Considerar atendida à determinação contida no subitem 9.2, do Acórdão 3437/2014-TCU-
Plenário, bem como de apensamento definitivo destes autos ao TC 016.708/2007-5, no contexto do
qual foi exarada a determinação originária (subitem 9.2.1.2, do Acórdão 2786/2008-1ª Câmara), sem
prejuízo de juntar cópia da deste Acórdão ao TC 000.831/2009-4.

1. Processo TC-004.489/2015-2 (MONITORAMENTO)


1.1. Responsável: Adailton Cardoso Dias (159.812.585-00)
1.2. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
1.3. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Tocantins (SECEX-TO).
1.6. Representação legal: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 50/2015 – Plenário


Relator – Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

ACÓRDÃO Nº 2684/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com fundamento


nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso II; 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I; 17,
inciso I; 143, inciso I; e 208 do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em julgar as contas a seguir
relacionadas regulares com ressalva e dar quitação aos responsáveis, conforme os pareceres emitidos
nos autos:

1. Processo TC-005.991/2003-1 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Apensos: TC-001.095/2015-3 (Solicitação); TC-008.037/2006-6 (Tomada de Contas
Especial)
1.2. Responsáveis: Antônio Luiz Silva de Menezes (092.036.057-20); Arisio Stanzani Franca
(750.451.687-20); Carlos Alberto Pereira de Oliveira (539.638.907-97); Carlos Eduardo Sardenberg
Bellot (490.791.077-00); Carlos Tadeu da Costa Fraga (465.343.697-53); Construtora Norberto
Odebrecht S/A (15.102.288/0022-07); Francisco Roberto André Gros (038.644.137-53); Ibsen Flores
Lima (403.228.077-00); Irani Carlos Varella (132.512.360-91); Javer Gonçalves dos Reis
(289.253.946-34); Jorge Marques de Toledo Camargo (114.400.151-04); José Miranda Formigli Filho
(553.031.707-30); José Antônio de Figueiredo (507.172.357-34); José Coutinho Barbosa
(003.161.053-68); José Roberto Saraiva Monteiro (722.590.277-68); João Carlos Soares Nunes
(182.212.460-34); João Pinheiro Nogueira Batista (546.600.417-00); Liliane Amaral do Patrocínio
Porto (848.276.027-00); Luis Fernando Mendonça Frutuoso (382.235.897-53); Luiz Carlos
Cronemberger Mendes (160.959.953-53); Mauricio Antônio Costa Diniz (325.563.736-87); Plínio
Cesar de Mello (797.662.188-20); Rogério Almeida Manso da Costa Reis (599.705.617-15); Rubens
Pessanha Filho (000.087.517-14); Sergio Akira Suzuki (459.180.589-15) e UTC Engenharia S/A
(44.023.661/0001-08)
1.3. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.
1.4. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
1.5. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin
22

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de


Janeiro (SecexEstataisRJ)
1.7. Advogados constituídos nos autos: Adriano Chaves Jucá Rolim (OAB/BA 11.320), Ana
Beatriz Rocha Mascarenhas (OAB/BA 13.835), Carlos Roberto de Siqueira Castro (OAB/DF 20.015),
Carlos da Silva Fontes Filho (OAB/RJ 59.712), Cristiana Muraro Tarsia (OAB/RJ 164.957), Polyanna
Ferreira Silva Vilanova (OAB/DF 19.273), Samara da Silva Bernardes (OAB/RJ 160.361) e outros
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há

ACÓRDÃO Nº 2685/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao


processo abaixo relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 143,
inciso III, e 237 do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em conhecer da representação, para no
mérito considerá-la improcedente, indeferir o requerimento de medida cautelar e o pedido de ingresso
nos autos como interessada da empresa Decolando Turismo e Representações Ltda., arquivando-a e
dando ciência à representante e à Fundação Nacional do Índio, com o envio de cópia da respectiva
instrução, conforme os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-027.907/2015-5 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Representante: Decolando Turismo e Representações Ltda. (CNPJ: 05.917.540/0001-58)
1.2. Unidade: Fundação Nacional do Índio (Funai)
1.3. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog)
1.6. Advogado constituído nos autos: Jonas Sidnei Santiago de Medeiros Lima (OAB/DF
12.907)
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 41/2015 – Plenário


Relator – Ministro BRUNO DANTAS

ACÓRDÃO Nº 2686/2015 - TCU - Plenário

Considerando que, à vista dos elementos contidos nos autos, não foram atendidos os requisitos
específicos de admissibilidade estabelecidos pelo art. 35 da Lei nº 8.443/1992;
Considerando que não foram apresentados fatos novos, mas sim alegações já amplamente
discutidas no âmbito deste processo;
Considerando que meros argumentos e teses jurídicas representam elementos ordinários que
somente justificariam o seu exame em sede de recurso de reconsideração, espécie recursal prevista no
artigo 33 da Lei 8.443/1992 e já manejada no presente processo;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos art. 35 da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 288 do Regimento Interno/TCU, em não conhecer do
presente recurso de revisão, por não preencher os requisitos de admissibilidade, dando-se ciência desta
deliberação à recorrente:

1. Processo TC-019.659/2011-3 (RECURSO DE REVISÃO EM TOMADA DE CONTAS


ESPECIAL)
23

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Responsáveis: Normélia Maria Rocha Correia (173.344.385-15); Prefeitura Municipal de


Conceição do Jacuípe-BA (14.222.574/0001-19); Tania Marli Ribeiro Yoshida (252.235.185-00)
1.2. Recorrente: Normélia Maria Rocha Correia (173.344.385-15)
1.3. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Conceição do Jacuípe-BA
1.4. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.5. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho
1.6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva
1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado da Bahia (SECEX-BA).
1.8. Representação legal: Allan Oliveira Lima (OAB/BA 30.276) e outros, representando
Normélia Maria Rocha Correia; Tamara Costa Medina da Silva (OAB/BA 15.776) e outros,
representando Prefeitura Municipal de Conceição do Jacuípe-BA; Joel de Souza Neiva Junior
(OAB/BA 21.118) e outros, representando Tania Marli Ribeiro Yoshida.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2687/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso V, "a" e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, em considerar implementadas as
recomendações constantes dos subitens 9.1.1 e 9.1.2, não implementadas as constantes dos subitens
9.1.3, 9.1.5 e 9.1.6, em implementação a constante do subitem 9.1.4 e atendido o item 9.2, todas do
Acórdão 104/2015-TCU-Plenário; dar ciência deste acórdão, com cópia da instrução (peça 14), à
unidade jurisdicionada e determinar o apensamento definitivo destes autos ao TC 015.869/2014-8, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.042/2015-0 (MONITORAMENTO)


1.1. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Mato Grosso do Sul
(SECEX-MS).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2688/2015 - TCU - Plenário

Considerando que a UFBA comprovou o cumprimento da determinação desta Corte e


apresentou o plano de ação contendo as informações relacionadas as recomendações constantes dos
itens 9.2 do Acórdão 3.453/2014-TCU-Plenário;
Considerando que as providências adotadas/informadas são suficientes para que se possa
considerar cumprida a determinação desta Corte e que o presente monitoramento atendeu o objetivo
para o qual foi constituído;
Considerando que o cumprimento das ações previstas no Plano apresentado pela UFBA será
monitorado pela Secex Bahia por meio dos relatórios de gestão e/ou prestações de contas anuais, que
já preveem o fornecimento dessas informações, ou mesmo por meio de novas fiscalizações;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 143, inciso V, "a" e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, em considerar cumprida a
determinação constante do item 9.2 do Acórdão 3.453/2014-TCU-Plenário, prolatado no TC
018.187/2014-5, dar ciência à Secretaria de Controle Externo na Bahia e à Universidade Federal da
24

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Bahia e em determinar o apensamento definitivo destes autos de monitoramento ao TC 020.808/2014-


3, sem prejuízo das medidas a seguir, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-007.992/2015-7 (MONITORAMENTO)


1.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo no Estado de Alagoas (00.414.607/0002-07)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal da Bahia
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Alagoas (SECEX-AL).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. determinar à UFBA que informe nos relatórios de gestão e/ou prestações de contas anuais
sobre o cumprimento das medidas indicadas do plano de ação apresentado;
1.8. determinar à unidade instrutiva de origem que verifique o cumprimento do item anterior.

ACÓRDÃO Nº 2689/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso V, "a" e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, em considerar cumprido o item
1.8.1 do Acórdão 1179/2015-TCU-Plenário (TC 018.679/2014-5) e em determinar o apensamento
definitivo destes autos ao TC 018.679/2014-5, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-011.278/2015-3 (MONITORAMENTO)


1.1. Responsável: Marcio Antonio da Silveira (283.283.451-53)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Tocantins
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Tocantins (SECEX-TO).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2690/2015 - TCU – Plenário

Considerando que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) apresentou informações acerca


da adoção de providências para implementar as recomendações constantes do Acórdão 3.450/2014-
TCU-Plenário;
Considerando que a entidade não está oferecendo obstáculo à implementação das recomendações
ainda pendentes, tendo apresentado justificativas pertinentes;
Considerando que a implementação dos itens correspondentes poderá ser monitorada pela
unidade instrutiva por meio dos relatórios de gestão e/ou prestações de contas anuais, que já preveem o
fornecimento dessas informações;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 143, inciso V, "a" e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, em considerar parcialmente
cumprida a determinação contida no item 9.3 do Acórdão 3.450/2014-TCU-Plenário, cuja verificação
dar-se-á por meio dos relatórios de gestão e/ou das prestações de contas anuais, nos termos da Decisão
Normativa-TCU 146, de 30/9/2015, e em determinar o apensamento definitivo destes autos de
monitoramento ao processo original TC 011.491/2014-0, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos:

1. Processo TC-011.860/2015-4 (MONITORAMENTO)


1.1. Responsável: Márcia Perales Mendes Silva (214.861.902-00)
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU-AC


1.3. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Amazonas
1.4. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Acre (SECEX-AC).
1.7. Representação legal: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.8.1. determinar à Secretaria de Controle Externo no Estado do Amazonas (Secex-AM) e à
Controladoria-Geral da União no Estado do Amazonas (CGU/PR-AM) que acompanhem, na avaliação
da gestão da Fundação Universidade Federal do Amazonas (Ufam) nos próximos exercícios, a
implementação das recomendações constantes dos itens 9.1.1, 9.1.2, 9.1.4 do Acórdão 3.450/2014-
TCU-Plenário;
1.8.2. encaminhar cópia desta decisão à CGU/PR-AM e à Ufam, nos termos do art. 169, § 1º, do
Regimento Interno/TCU.

ACÓRDÃO Nº 2691/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso V, "a" e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, em considerar atendidas as
determinações exaradas nos itens 9.1 e 9.2 do Acórdão 2.375/2013 – TCU – Plenário, dar ciência deste
acórdão, juntamente com a instrução inicial (peça 22), à unidade jurisdicionada e em determinar o
apensamento definitivo destes autos ao TC-018.739/2011-3, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos:

1. Processo TC-024.825/2013-1 (MONITORAMENTO)


1.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU/MS (00.414.607/0022-42)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Mato Grosso do Sul
(SECEX-MS).
1.6. Advogado constituído nos autos: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2692/2015 - TCU - Plenário

Considerando a informação de que o pregão está suspenso, haja vista a necessidade de se


analisar as impugnações encaminhadas, bem como de que o projeto básico está sendo revisto pelas
áreas competentes, havendo a possibilidade de sua alteração em decorrência da análise das
impugnações recebidas e da conclusão desta representação;
Considerando que o art. 23, § 1º, da Lei 8.666/1993 impõe a obrigatoriedade do parcelamento do
objeto em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à
licitação com vista ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade sem perda de economia de escala;
Considerando que as condições para participação no pleito contidas no subitem 8.6 do edital
restringem o universo de possíveis interessados na licitação e seu caráter competitivo;
Considerando a não constatação do periculum in mora, ante a suspensão do andamento do
pregão;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, arts. 17, inciso IV; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

parágrafo único, e art. 237, todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação,
por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente,
indeferir a medida cautelar pleiteada, pela ausência dos requisitos autorizadores, e em dar ciência desta
deliberação à unidade jurisdicionada e à representante, com cópia da instrução (peça 10), sem prejuízo
da medida abaixo, promovendo-se, ao final, o arquivamento, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos:

1. Processo TC-025.485/2015-6 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão/Entidade: Fundação Oswaldo Cruz
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. dar ciência à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a fim de evitar a mesma ocorrência em
futuras licitações e em particular no Pregão Eletrônico 053/2015-DIRAC, se este for retomado, da
ocorrência da seguinte impropriedade na primeira versão do edital do Pregão Eletrônico 053/2015-
DIRAC:
1.6.1 não parcelamento do objeto em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e
economicamente viáveis, conforme prescrito no art. 23, §1º da Lei 8.666/1993.

ACÓRDÃO Nº 2693/2015 - TCU - Plenário

Considerando que a presente representação se trata de reprodução de outra já distribuída e em


análise por esta Corte, no bojo do TC 013.775/2015-4;
Considerando que a primeira representação se encontra em estágio mais avançado;
Considerando que o pedido de medida cautelar postulado nos presentes autos já fora objeto de
análise e indeferimento, por inexistência dos requisitos autorizadores, inexistindo fato novo que
pudesse ensejar a reapreciação da decisão;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, arts. 17, inciso IV; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237,
parágrafo único, e art. 237, todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação,
por preencher os requisitos de admissibilidade, indeferir a medida cautelar pleiteada, por inexistência
dos pressupostos de sua concessão, apensar os presentes autos ao TC 013.775/2015-4 e em dar ciência
desta deliberação à representante, com cópia da instrução (peça 5), de acordo com os pareceres
emitidos nos autos:

1. Processo TC-026.388/2015-4 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 44/2015 – Plenário


Relator – Ministro VITAL DO RÊGO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2694/2015 - TCU – Plenário

Trata-se de pedido de reexame interposto por Clériston José da Silva Andrade, Secretário
Municipal de Educação e Esportes, contra os itens 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.673/2015-TCU-Plenário,
que rejeitou as razões de justificativa apresentadas pelo recorrente, relativas à assinatura de “Termo de
Referência” com qualificação técnica em desconformidade com a Lei 8.666/1993, aplicando-lhe multa.
Considerando que, regularmente notificado, em 27/7/2015 (peça 71), acerca da deliberação
recorrida (Acórdão 1.673/2015-TCU-Plenário), o interessado somente compareceu aos autos em
13/8/2015, oportunidade em que protocolizou seu pedido de reexame (peça 72);
Considerando que o prazo para a interposição desse recurso é de 15 (quinze) dias, nos termos dos
artigos 285 e 286, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;
Considerando que “a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que houver
expediente no Tribunal”, nos termos do art. 19, §3º, da Resolução TCU 170/2004, o termo a quo para
análise da tempestividade foi o dia 28/7/2015, sendo certo que o termo final para sua interposição se
deu no dia 11/8/2015;
Considerando, paralelamente, que o interessado não apresenta fatos novos capazes de alterar o
mérito do acórdão alvejado, o que, por si só, inviabiliza o conhecimento da peça recursal em tela, ex
vi, nos termos do artigo 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285, caput e §2º, e 286,
parágrafo único, do Regimento Interno/TCU;
Considerando o princípio da fungibilidade e que, ante as circunstâncias expostas, os pareceres da
unidade técnica e do representante do Ministério Público junto a este Tribunal são convergentes no
sentido do não conhecimento do recurso (peças 72, 74, 75, 76 e 79);
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, e nos
arts. 143, inciso IV, alínea "b" e § 3º, 277, inciso II, 285, § 2º, e 286, parágrafo único, do Regimento
Interno do TCU, em:
a) não conhecer do pedido de reexame interposto por Clériston José da Silva Andrade, por
restar intempestivo e não apresentar fatos novos;
b) dar ciência desta decisão ao recorrente, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
e à Prefeitura Municipal de Juazeiro - BA.

1. Processo TC-012.333/2013-1 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Responsáveis: Chirley Vanuyre Vianna Cordeiro de Santana (416.359.735-20); Clériston
José da Silva Andrade (638.707.385-53); e Edson Moraes Ruas (964.215.688-15).
1.2. Recorrente: Clériston José da Silva Andrade (638.707.385-53).
1.3. Interessados: Congresso Nacional e Prefeitura Municipal de Juazeiro - BA
(13.914.981/0001-24).
1.4. Órgão/Entidade: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e Prefeitura Municipal
de Juazeiro – BA.
1.5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
1.7. Relator da deliberacao recorrida: Ministro Bruno Dantas.
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur) e Secretaria de Fiscalização de
Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
1.9. Representação legal: Luiz Antonio Costa de Santana (OAB/BA 14.496).
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2695/2015 - TCU - Plenário


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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 143, inciso III, 235, e 237, inciso VI, e parágrafo único do Regimento Interno/TCU, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos no
Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la improcedente;
b) arquivar o presente processo, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento Interno do
TCU.

1. Processo TC-016.286/2011-1 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão: Secretaria Executiva do Ministério da Educação.
1.2. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Educação, da Cultura e do Desporto
(SecexEduc).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2696/2015 - TCU – Plenário

Trata-se de representação autuada pela Secex/RS, a partir do Ofício 7ª Turma 13/2015, de


30/9/2015, encaminhado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região.
Considerando a informação apresentada pelo citado expediente, no sentido de que a 7ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, em processo trabalhista, reconheceu a responsabilidade
subsidiária do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS por obrigações trabalhistas descumpridas
por empresa contratada para a prestação de serviços de vigilância;
Considerando que a matéria constante da documentação encaminhada é de competência do
Tribunal, referindo-se a responsável sujeito a sua jurisdição, acompanhando o indício concernente à
irregularidade ou ilegalidade.
Considerando, todavia, que o valor da condenação não consta nos documentos que deram origem
à presente representação e que, em casos semelhantes, valores referentes a verbas trabalhistas têm sido
de baixa materialidade;
Considerando que o caráter subsidiário da condenação imposta ao INSS apresenta reduzida
materialidade comparativamente ao orçamento gerido pelo Instituto;
Considerando, por fim, tratar-se de caso isolado, de baixo risco, materialidade e relevância para
unidade.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 143, inciso III, 235 e 237, inciso VI, e parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, em:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos no
Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la procedente;
b) encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao respectivo órgão de controle interno, conforme
determinado pelo art. 106, § 3º, I, da Resolução-TCU 259/2014;
c) arquivar os presentes autos, dando ciência à 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região e à Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência Social, nos
termos do art. 106, § 4º, da Resolução-TCU 259/2014.

1. Processo TC-028.032/2015-2 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Responsável: Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40).
1.2. Interessado: Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região/RS (02.520.619/0001-52).
1.3. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4. Relator: Ministro Vital do Rêgo.


1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul (Secex-
RS).
1.7. Representação legal: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2697/2015 - TCU - Plenário

Trata-se de representação de autoria do Ministério Público Federal no Estado do Amazonas, a


respeito de possíveis irregularidades na gestão de Odiney Rodrigues Hayden, no período em que geriu
a Coordenação Regional da Funai em Manaus, bem como sua responsabilidade e do servidor João
Melo Farias acerca do afundamento de embarcação de propriedade da Funai.
Considerando que a representação preenche os requisitos de admissibilidade constantes dos arts.
235 e 237, inciso I e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;
Considerando que, em relação às irregularidades noticiadas e ocorridas no exercício de 2010, o
somatório dos valores representa o total de R$ 11.795,40, sendo baixa a materialidade;
Considerando que o próprio representante reconhece em seu parecer que não resta clara a prática
de atos ímprobos por parte do então Coordenador da Funai;
Considerando que, em relação à perda da embarcação da Funai, foi instaurado Processo
Administrativo Disciplinar (PAD), o qual apontou no seu relatório a responsabilidade dos Srs. João
Melo Farias e Odiney Rodrigues Hayden, propondo a aplicação de pena de demissão para ambos;
Considerando que a Advocacia-Geral da União (AGU), após análise processual do referido
PAD, sugeriu a imposição de pena de suspensão de 30 (trinta) dias para ambos os responsáveis, bem
como o encaminhamento dos autos à Procuradoria Federal Especializada da Funai, para a adoção das
providências necessárias quanto ao ressarcimento do dano, cujo valor de aproxima de R$ 15.390,00;
Considerando, entretanto, que não existem informações nestes autos quanto ao ressarcimento do
dano provocado em decorrência da perda da embarcação;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 143, inciso III, 235, e 237, inciso I, e parágrafo único do Regimento Interno/TCU, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos no
Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
b) fazer a determinação especificada no subitem 1.6;
c) encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica ao
representante;
d) arquivar o presente processo.

1. Processo TC-029.586/2014-3 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão: Coordenação Regional da Funai de Manaus.
1.2. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Amazonas (Secex-AM).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinar à Coordenação Regional da Funai em Manaus, com fundamento no art. 250,
inciso II, do RI/TCU, que, no prazo de 90 (noventa) dias, apresente a documentação que comprove ter
tomado as medidas necessárias, com vistas a obter o ressarcimento do dano provocado, decorrente da
perda da embarcação da Funai, cuja responsabilidade foi atribuída, em Processo Administrativo
Disciplinar (PAD), aos Srs. João Melo Farias e Odiney Rodrigues Hayden.
30

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 52/2015 – Plenário


Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

ACÓRDÃO Nº 2698/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, quanto ao


processo a seguir relacionado, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "d", do Regimento
Interno, c/c o Enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal de Contas da
União, ACORDAM, por unanimidade, em retificar, por inexatidão material, o Acórdão 1292/2011-
TCU - Plenário, como a seguir:

Item 3:
Onde se lê: 3. Responsável: Nilson Santos Garcia - CPF 062.067.513-68 - ex-Prefeito.
Leia-se: 3. Responsáveis: Nilson Santos Garcia - CPF 062.067.513-68 - ex-Prefeito; Weder
Pereira Garcia (CPF 761.544.163-34), Márcio Ribeiro de Jesus Sousa (CPF 819.489.133-72), Fabiane
Pinheiro Trinta (CPF 689.961.362-04), I.F. Terraplenagem e Construções Ltda. (CNPJ
05.149.148/0001-06), C.J. Construções Ltda. (CNPJ 04.445.928/0001) e A.J. Ferreira Serviços de
Urbanização (CNPJ 00.887.274/0001-44).

Item 9.5.
Onde se lê "C.F. Construções Ltda."
Leia-se "C.J. Construções Ltda."

1. Processo TC-009.826/2006-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Apensos: 004.808/2012-6 (COBRANÇA EXECUTIVA); 004.807/2012-0 (COBRANÇA
EXECUTIVA); 004.699/2012-2 (COBRANÇA EXECUTIVA); 004.710/2012-6 (COBRANÇA
EXECUTIVA); 004.806/2012-3 (COBRANÇA EXECUTIVA); 004.804/2012-0 (COBRANÇA
EXECUTIVA)
1.2. Responsáveis: AJ Ferreira Serviços de Urbanização (00.887.274/0001-44); C.J.
Construções Ltda. (04.445.928/0001-30); Fabiane Pinheiro Trinta (689.961.362-04); IF Construções e
Terraplenagem Ltda. (05.149.148/0001-06); Márcio Ribeiro de Jesus Sousa (819.489.133-72); Nilson
Santos Garcia (062.067.513-68); Weder Pereira Garcia (761.544.163-34)
1.3. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Palmeirândia - MA
1.4. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.5. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Maranhão (SECEX-MA).
1.7. Representação legal: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2699/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, quanto ao


processo a seguir relacionado, com fundamento nos arts. 1º, inciso II, e 43, inciso I, da Lei 8.443, de
16 de julho de 1992, c/c os arts. 17, inciso IV, 143, inciso III, 237, todos do Regimento Interno,
ACORDAM, por unanimidade, em considerar a presente representação prejudicada, ante a perda de
objeto com a anulação do certame a que se referia (Tomada de Preços 002/2015), consoante os
motivos expostos no parecer da Secex/BA, restando prejudicada, também, a medida cautelar pleiteada,
31

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e em dar ciência desta deliberação à representante e ao Município de Maiquinique/BA, arquivando-se


os autos com fundamento no art. 169, V, do RI/TCU.

1. Processo TC-027.504/2015-8 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Representante: Statuss Construtora e Serviços Ltda. - ME (CNPJ 04.322.716/0001-66)
1.2. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Maiquinique - BA
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia (SECEX-BA).
1.6. Representação legal: não há.

ACÓRDÃO Nº 2700/2015 - TCU - Plenário

VISTOS e relacionados estes autos de representação, formulada por equipe de fiscalização da


Secex/CE em face de possíveis irregularidades no Contrato de Repasse 0198505-67/2006, celebrado
pela Caixa Econômica Federal com vistas à transferência de recursos do Ministério das Cidades para a
construção de 519 unidades habitacionais no Município de Eusébio/CE,
Considerando que por meio do Acórdão 152/2013 – TCU – Plenário este Tribunal conheceu da
representação e revogou a medida cautelar adotada nestes autos por decisão monocrática deste Relator,
permitindo-se, em consequência, a continuidade da execução das obras e a liberação de recursos
financeiros para pagamentos relacionados ao Contrato de Repasse 0198505-67/2006 (Siafi 567551),
Considerando que mediante referida deliberação este Tribunal determinou, ainda, à Secex/CE
que realizasse o aprofundamento do exame dos critérios de habilitação da licitação, conforme sugerido
na instrução da Secob-3, e, caso persistissem indícios de irregularidades relativos à possível restrição
indevida ao caráter competitivo do certame, capaz de ter conduzido à contratação de obra sem
observância do princípio licitatório da busca da proposta mais vantajosa para a administração,
identificasse os responsáveis e realizasse audiência desses, para que apresentassem razões de
justificativa, com fulcro no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992,
Considerando que a Secex/CE assim o procedeu, realizando a audiência dos Srs.(as) Acilon
Gonçalves Pinto Júnior, prefeito municipal à época, Marleyane Gonçalves Lobo, então Secretária
Municipal do Trabalho e Ação Social, Sillan Alves de Almeida, ex-Secretário Municipal de
Desenvolvimento Urbano, Serviços Públicos e Meio Ambiente, Francisco Éber Martins Costa e Silva,
engenheiro da Prefeitura de Eusébio, José Alves da Cunha, Francisco, Freitas Cunha, Verônica Maria
Melo Martins, Tânia Cavalcante da Silva, Edilvan Tavares de Matos e Mary Luce Albuquerque
Nogueira, membros da comissão de licitação,
Considerando que em derradeira instrução de peça 134, corroborada pelos pronunciamentos de
peças 135/136, a Secex/CE entendeu que poderiam ser acolhidas as razões de justificativa apresentadas
pelos responsáveis, com extensão de seus efeitos àqueles que não responderam às audiências (Sr.
Francisco Éber Martins Costa e Silva e Sra. Mary Luce de Albuquerque Nogueira), em face da
insubsistência de elementos caracterizadores de eventual inabilitação excessiva de licitantes por
critérios exclusivamente restritivos no edital,
Considerando que, nessa linha, propõe a secretaria que a representação seja considerada
improcedente, arquivando-se os autos,
ACORDAM, os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, por
unanimidade, em:
a) acolher as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis Sr. Acilon Gonçalves Pinto
Junior, Sra. Marleyane Gonçalves Lobo de Farias, Sr. Sillam Alves de Almeida, Sr. Francisco Freitas
Cunha, Sr. José Alves da Cunha, Sra. Verônica Maria Melo Martins, Sra. Tânia Cavalcante da Silva,
Sr. Eldivan Tavares de Matos, com extensão aos responsáveis Francisco Éber Martins Costa e Silva e
Sra. Mary Luce de Albuquerque Nogueira;
32

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) considerar a representação, no mérito, improcedente;


c) dar ciência deste acórdão ao Município de Eusébio/CE, e
d) arquivar o processo, após ciência aos interessados.

1. Processo TC-036.234/2011-7 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Responsáveis: Acilon Gonçalves Pinto Júnior (091.881.853-20); Construtora Chc Ltda
(09.425.042/0001-49); Eldivan Tavares de Matos (265.609.173-04); Francisco Eber Martins Costa e
Silva (617.214.683-15); Francisco Freitas Cunha (061.360.523-34); Francisco Jose Bardawil Filho
(013.860.013-92); José Alves da Cunha (052.616.863-34); Marleyane Gonçalves Lobo Pinto Junior
(463.459.223-15); Mary Luce Albuquerque Nogueira (190.739.683-72); Sillam Alves de Almeida
(473.219.383-87); Tania Cavalcante da Silva (797.876.223-87); Veronica Maria Melo Martins
(230.395.903-91)
1.2. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU no Estado do Ceará (00.414.607/0006-
22)
1.3. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Eusébio - CE
1.4. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (SECEX-CE).
1.7. Representação legal: Eugenio de Araujo e Oliveira Lima (18264/CE-OAB) e outros,
representando Acilon Gonçalves Pinto Júnior; Sergio Rebouças (18383/CE-OAB) e outros,
representando Construtora Chc Ltda; Ana Carolina Cavalcante de Paula e outros, representando
Francisco Freitas Cunha.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 36/2015 – Plenário


Relator – Ministro-Substituto MARCOS BEMQUERER COSTA

ACÓRDÃO Nº 2701/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 143, inciso V, alínea e, e 183, inciso I, alínea d, do Regimento Interno/TCU, em prorrogar o
prazo, por mais 60 (sessenta) dias, a contar da notificação desta deliberação, para que a Caixa
Econômica Federal cumpra a determinação constante do subitem 9.4.4 do Acórdão n. 3.271/2013 –
Plenário:

1. Processo TC-005.849/2014-4 (MONITORAMENTO)


1.1. Interessado: Tribunal de Contas da União.
1.2. Órgão/Entidade: Caixa Econômica Federal; Secretaria Executiva do Ministério das Cidades;
Secretaria Municipal de Projetos e Obras Especiais de Porto Velho/RO.
1.3. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2702/2015 - TCU - Plenário


33

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso V, alínea c, do Regimento Interno/TCU, em reiterar determinação contida no
subitem 1.8.1 do Acórdão n. 890/2015 – Plenário, de acordo com o parecer emitido pela SeinfraUrb:

1. Processo TC-017.121/2012-4 (MONITORAMENTO)


1.1. Apensos: TC-005.358/2014-0 (Solicitação); TC-018.002/2015-3 (Solicitação).
1.2. Responsável: Inês da Silva Magalhães (051.715.848-50).
1.3. Órgão/Entidade: Caixa Econômica Federal; Secretaria Federal de Controle Interno da
Controladoria-Geral da União; Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.
1.4. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
1.7. Representação legal: Guilherme Lopes Mair (OAB/DF n. 32.261) e outros, representando
Caixa Econômica Federal.
1.8. Determinação/Informação:
1.8.1. à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades e à Caixa Econômica
Federal, com fundamento no art. 45 da Lei n. 8.443/1992 e no art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, para que, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da ciência desta deliberação, apresente
os elementos comprobatórios destinados a demonstrar a efetiva implantação dos procedimentos
operacionais concernentes à verificação de que os municípios deram cumprimento aos critérios de
hierarquização, seleção da demanda e de publicidade, nos termos do disposto no item 8 do anexo da
Portaria/MCidades n. 595/2013, devendo a documentação contemplar:
1.8.1.1. definição oficial acerca dos responsáveis por verificar se os municípios
cumpriram/cumprem as regras de hierarquização, de seleção da demanda e de publicidade,
estabelecidas no programa;
1.8.1.2. normativos internos da SNH/MCidades e/ou CEF, com definição das respectivas áreas
técnicas responsáveis por essa verificação no âmbito dessas instituições;
1.8.1.3. procedimentos/roteiros formalizados para essa verificação, inclusive os procedimentos
adotados nas hipóteses em que se concluir que os municípios não deram cumprimento a essas regras.
1.8.2. informar à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades e à Caixa
Econômica Federal que a reincidência no descumprimento de determinação poderá ensejar a aplicação
de multa aos responsáveis, com base no art. 58, inciso VII, da Lei n. 8.443/1992.

ACÓRDÃO Nº 2703/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 143, incisos III e V, alínea a, e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, e considerando o
cumprimento das determinações constantes do Acórdão n. 987/2012 – Plenário, em arquivar o presente
processo:

1. Processo TC-017.185/2012-2 (MONITORAMENTO)


1.1. Interessado: Tribunal de Contas da União.
1.2. Órgão/Entidade: Caixa Econômica Federal; Secretaria Executiva do Ministério das Cidades;
Prefeitura Municipal de Serra/ES.
1.3. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
34

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2704/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 27 da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno/TCU, em dar quitação ao Sr.
Carlos Eduardo Chaves, ante o recolhimento da multa que lhe foi imputada, de acordo com o parecer
da SeinfraAeroTelecom:

1. Processo TC-000.277/2010-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Apenso: TC-013.780/2015-8 (Solicitação).
1.2. Órgão/Entidade: Caixa Econômica Federal; Secretaria Executiva do Ministério das Cidades;
Secretaria Executiva do Ministério das Cidades.
1.3. Responsáveis: Carlos Eduardo Chaves (266.177.158-10); Pedro Euzébio Alves de Souza
(386.303.202-06); Tiago Dambrós Costa Beber (889.420.151-15); Valmir Queiroz de Medeiros
(205.216.854-00).
1.4. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.5. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Aviação Civil e
Comunicações (SeinfraAeroTelecom).
1.7. Representação legal: Iuri Batista de Oliveira (OAB/DF n. 14.066) e outros, representando
Caixa Econômica Federal; Elio Oliveira Cunha (OAB/RO n. 6.030) e outros, representando Tiago
Dambrós Costa Beber e Valmir Queiroz de Medeiros.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Quitação relativa ao subitem 9.1.4, do Acórdão n. 3.271/2013, proferido pelo Plenário, em


Sessão de 27/11/2013, conforme Ata n. 47/2013.
Valor original da multa: R$ 2.500,00 Data de origem da multa: 27/11/2013
Valor recolhido: R$ 2.898,34 Data do recolhimento: 27/5/2015

ACÓRDÃO Nº 2705/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 47, caput, da Lei n. 8.443/1992, em converter os presentes autos em Tomada de Contas
Especial, encaminhando-os à SecexDefesa para a realização das citações, audiências e demais medidas
propostas pela unidade técnica:

1. Processo TC-018.459/2014-5 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Apensos: TC-018.517/2013-7 (Representação); TC-018.744/2012-5 (Representação).
1.2. Responsáveis: Carlos Vuyk de Aquino (967.646.868-15); Fernando Cesar Pereira Santos
(662.127.587-00); José Roberto Machado e Silva (440.443.567-34); Juniti Saito (007.990.250-20);
Luiz Anesio de Miranda (345.019.597-20); Luiz Paulo Moraes da Silveira (469.474.428-34); Marco
Aurélio Gonçalves Mendes (449.425.758-34); Organização Brasileira Para o Desenvolvimento
Científico e Tecnológico do Controle do Espaço Aéreo (05.979.994/0001-53); Ronaldo Yuan
(729.310.277-15).
1.3. Órgão/Entidade: Centro de Controle Interno da Aeronáutica; Departamento de Controle do
Espaço Aéreo da Aeronáutica – MD/CA.
1.4. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança
Pública (SecexDefesa).
35

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Representação legal: Eurico Jorge de Lima e outros, representando Centro de Controle
Interno da Aeronáutica.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2706/2015 - TCU – Plenário

Registro, inicialmente, que atuo neste processo em substituição à ministra Ana Arraes, nos
termos da Portaria TCU 300, de 26 de outubro de 2015.
Visto este agravo (peça 250) apresentado pela Associação dos Advogados do Banco do Brasil –
ASABB em face de despacho à peça 241, que remeteu ao relator a quo deste feito um recurso
nominado pela agravante como pedido de reexame, por considerar que o referido recurso tratava-se de
agravo contra determinação de caráter essencialmente cautelar, expressamente fundamentada no art.
276, § 5º, do Regimento Interno do TCU, além de ponderar que inexistia no processo qualquer juízo de
mérito sobre a matéria tratada;
considerando, com fundamento no art. 289 do Regimento Interno, que o prazo estabelecido para
interposição de agravo contra despacho decisório é de cinco dias, contados na forma do art. 183;
considerando que, nos termos do art. 183, inciso II, do Regimento Interno, os prazos relativos à
processualística do TCU contam-se dia a dia, a partir da data constante de documento que comprove a
ciência da parte;
considerando que o despacho agravado foi proferido em 08/07/2015 (peça 241) e que os
representantes legais da agravante compareceram aos autos para solicitar vista e cópia deste processo
em 08/09/2015 (peça 246) e apenas apresentaram o presente agravo em 22/09/2015(peça 250);
considerando, por fim, em aplicação analógica, que, nos termos do art. 179, § 4º, do Regimento
Interno, supre a falta da citação ou da audiência o comparecimento espontâneo do responsável;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, por
unanimidade, em não conhecer o agravo apresentado pela Associação dos Advogados do Banco do
Brasil – ASABB (peça 250), com fundamento nos arts. 278, § 2º, 289, e nos termos do art. 143, inciso
IV, ‘b’, do Regimento Interno, em razão da intempestividade do pleito, e, previamente à remessa ao
relator a quo, em enviar os autos à Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro para
dar ciência à agravante e à unidade jurisdicionada do teor desta decisão.

1. Processo TC-018.515/2014-2 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Apenso: TC 012.423/2014-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.2. Classe de Assunto: I.
1.3. Recorrente: Associação dos Advogados do Banco do Brasil – ASABB (CNPJ
00.438.999/0001-55).
1.4. Unidade: Banco do Brasil S.A. – Centro de Apoio aos Negócios e Operações Logísticas de
São Paulo.
1.5. Relator: ministro-substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.6. Relatora da deliberação recorrida: ministra Ana Arraes.
1.7. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.8. Unidade Técnica: não atuou.
1.9. Representação legal: Tatiane Rodrigues Soares (OAB/DF 16.141), representando a Asabb, e
outros.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2707/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 143, inciso V, alínea a, e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, e considerando o
36

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

cumprimento das determinações constantes dos subitens 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão n. 1.452/2015 –
Plenário, em arquivar o presente processo, de acordo com o parecer da Secex/PE:

1. Processo TC-028.044/2014-2 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Representante: Imunizadora Guarani Ltda. – Me (10.633.029/0001-64).
1.2. Órgão/Entidade: 16º Batalhão de Infantaria Motorizado – MD/CE.
1.3. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (Secex/PE).
1.6. Representação legal: Sérgio Genes e outros.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 37/2015 – Plenário


Relator – Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

ACÓRDÃO Nº 2708/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por


unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “e”, e 183, parágrafo único, do
Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resolução nº 246/2011, em deferir a solicitação
apresentada pela Sra. Eliana Pontes de Mendonça, Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas do
Ministério da Saúde, e conceder ao Ministério da Saúde a prorrogação, por 60 (sessenta) dias, do prazo
para atendimento ao item 9.4 do Acórdão 1.176/2015-TCU-Plenário, devendo o novo prazo ser
contado a partir do término daquele originalmente concedido, de acordo com o parecer emitida pela
unidade técnica:

1. Processo TC-034.062/2011-4 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Interessado: Tribunal de Contas da União.
1.2. Órgão/Entidade: não há.
1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

RELAÇÃO Nº 25/2015 – Plenário


Relator – Ministro-Substituto WEDER DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 2709/2015 - TCU - Plenário

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, na forma do art.


143, V, 'e' do RI/TCU, combinado com o art. 183 parágrafo único do RI/TCU e art. 7º da Instrução
Normativa TCU 63/2010, e de acordo com a proposta emitida pela Unidade Técnica, ACORDAM, por
unanimidade, em conhecer da presente solicitação e prorrogar, em caráter excepcional, para
37

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

16/11/2015, o prazo para apresentação do processo de contas do Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social - BNDES pela Controladoria-Geral da União.

1. Processo TC-027.826/2015-5 (SOLICITAÇÃO)


1.1. Interessado: Controladoria Geral da Uniao - CGU (05.914.685/0001-03).
1.2. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de
Janeiro (SecexEstat).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

Ata n° 43/2015 – Plenário


Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA

Por meio de apreciação unitária de processos, o Plenário proferiu os Acórdãos de nºs 2710 a 2756, a
seguir transcritos e incluídos no Anexo II desta Ata, juntamente com os relatórios e os votos em que se
fundamentaram.

ACÓRDÃO Nº 2710/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 015.986/2014-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Levantamento de Auditoria.
3. Interessados: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade: Ministério do Trabalho e Previdência Social.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevidência).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria com objetivo de
comparar o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) brasileiro com os regimes previdenciários de
quatro países da União Europeia - Portugal, Grécia, Polônia e Hungria -, no que se refere, entre outros
aspectos à estrutura demográfica e econômica, benefícios, regras, financiamento, indicadores de
sustentabilidade do sistema, ações para mitigar pressões sobre o equilíbrio fiscal e principais reformas
previdenciárias realizadas nos últimos anos,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em
9.1. encaminhar, para ciência, cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a
fundamentam e dos estudos produzidos pelos peritos local e externo, constantes das peças 23 e 24, ao
Ministério do Trabalho e Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), à Casa Civil da Presidência da República,
às Presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, à Comissão de Assuntos Econômicos
do Senado Federal, à Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, à Comissão de Meio
Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, à Comissão de
Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, à Comissão de Finanças e Tributação da
38

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Câmara dos Deputados, à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados,
à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, à representação da União Europeia
no Brasil;
9.2. determinar à SecexPrevidência que realize acompanhamento anual da situação da
Previdência Social brasileira, em especial das questões tratadas neste levantamento;
9.3. arquivar os presentes autos;

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2710-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Augusto Nardes
(Relator), Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2711/2015 – TCU – Plenário

1. Processo 011.620/2012-9.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessados/Responsáveis
3.1. Interessados: Secex/SP e Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues (CPF 040.796.928-46).
3.2. Responsáveis: Ângelo Petto Neto (CPF 197.976.308-97), Izildinha Aparecida Amaral Vieira
(CPF 011.049.768-62), José Tadeu da Silva (CPF 720.451.168-91), Waldir Ronaldo Rodrigues (CPF
040.796.928-46).
4. Entidade: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo – Crea/SP.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – Secex/SP.
8. Representação legal: Antony Araújo Couto, OAB/SP 226.033; Júlio de Souza Comparini,
OAB/SP 297.284; Renata Valéria Pinho Casale Cohen, OAB/SP 225.847; Ricardo Campos, OAB/SP
176.819.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada pela Secex/SP, com
fundamento no art. 237, inciso VI, do RI/TCU, em que noticia possíveis irregularidades ocorridas no
âmbito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo – Crea/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos
nos arts. 235 e 237, inciso VI, do RI/TCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. acatar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Izildinha Aparecida
Amaral Vieira, e afastar a aplicação de multa à responsável;
9.3. rejeitar as razões de justificativa dos Srs. Ângelo Petto Neto, José Tadeu da Silva e Waldir
Ronaldo Rodrigues;
9.4. aplicar individualmente a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992 no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) aos Srs. Ângelo Petto Neto e José Tadeu da Silva, e de R$ 15.000,00 (quinze
mil reais) ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das
notificações, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RI/TCU), o
39

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão
até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, o parcelamento da dívida
em até trinta e seis parcelas mensais e sucessivas, esclarecendo aos responsáveis que a falta de
pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º,
do RI/TCU, sem prejuízo das demais medidas legais;
9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas caso não atendidas as notificações;
9.7. determinar ao Crea/SP, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que no prazo de
180 dias adote as seguintes medidas, com comunicação ao Tribunal das providências adotadas:
9.7.1. exclua as referências salariais acima do teto constitucional de sua tabela remuneratória, em
observância ao limite do teto remuneratório constitucional;
9.7.2. verifique a situação do funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues, em relação à irregularidade
quanto ao cargo supostamente ocupado de Gerente de Departamento ‘em extinção’, assim como avalie
a regularidade da situação funcional dos demais funcionários por ele apontados – Srs. José Batista
Novaes, Cecília Maria Lourenço e Zoel Rosa Trombeti;
9.7.3. implemente as medidas pertinentes, inclusive com a observância do direito ao
contraditório e à ampla defesa, para efetuar as correções na remuneração do Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues, decorrentes da incorporação de anuênios e de função comissionada, no limite de dez
décimos, e do irregular reenquadramento do aludido empregado no cargo de “Gerente de
Departamento – em extinção”;
9.7.4. apure, após a efetivação das correções de que trata o subitem anterior, o montante pago
irregularmente acima do teto constitucional na remuneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues e adote
as providências administrativas para o devido ressarcimento, instaurando, se necessário, a devida
tomada de contas especial;
9.8. recomendar ao Crea/SP que:
9.8.1. implemente melhorias na normatização e nos procedimentos de controles internos, em
especial por parte da Superintendência de Controladoria, para coibir a ocorrência de novas
irregularidades como as apontadas no presente processo, a saber, a aprovação e pagamento de
remunerações acima do teto constitucional, bem como de transformações de cargos e incorporações de
vantagens sem observância aos princípios da razoabilidade, moralidade, eficiência e economicidade,
bem como aos parâmetros de mercado;
9.8.2. adote, se ainda não fez, providências tendentes ao estudo e revisão do plano de cargos e
salários do Conselho, avaliando a situação das incorporações de funções comissionadas por
funcionários do Crea/SP, para adequação dos benefícios pagos a seus funcionários a parâmetros de
mercado, assim como para evitar que os futuros reajustes anuais produzam novamente referências
salariais acima do teto remuneratório constitucional;
9.8.3. estude a possibilidade de implementar limitação temporal máxima, podendo coincidir com
o período de uma gestão, prorrogável por mais uma, para o exercício de cago comissionado ou função
de confiança em áreas estratégicas da entidade;
9.9. determinar à Secex-SP que monitore o cumprimento deste acórdão;
9.10. dar ciência deste Acórdão, assim como do Relatório e do Voto que o fundamentam, aos
responsáveis e ao Crea/SP.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2711-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
40

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer


Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO 2712/2015 – TCU – Plenário

1. Processo TC 014.846/2014-4.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Representante: Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda. (CNPJ
12.887.936/0001-65).
4. Unidade Jurisdicionada: Comando Logístico do Exército Brasileiro – Ministério da Defesa.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog e
Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública – SecexDefesa.
8. Advogados constituídos nos autos: Marçal Justen Filho, OAB/PR 7.468; Cesar Augusto
Guimarães Pereira, OAB/PR 18.662; Fernão Justen de Oliveira, OAB/PR 18.661; Eduardo Talamini,
OAB/PR 19.920; André Guskow Cardoso, OAB/PR 27.074; Aline Lícia Klein, OAB/PR 29.615;
Alexandre Wagner Nester, OAB/PR 24.510; Marçal Justen Neto, OAB/PR 35.912; Rafael Wallbach
Schwind, OAB/PR 35.318; Felipe Scripes Wladeck, OAB/PR 38.054; Paulo Osternack Amaral,
OAB/PR 38.234; Guilherme Fredherico Dias Reisdorfer, OAB/PR 42.475; Karlin Olbertz, OAB/PR
46.962; Diogo Albaneze Gomes Ribeiro, OAB/SP 272.428; Mayara Ruski Augusto Sá, OAB/PR
49.049; William Romero, OAB/PR 51.663, Rodrigo Goulart de Freitas Pombo, OAB/PR 53.450,
Mônica Bandeira de Mello Lefrevre, OAB/PR 57.540; Juliane Erthal de Carvalho, OAB/PR 58.065;
Alan Garcia Troib, OAB/PR 58.064; Guilherme Augusto Vezaro Eiras, OAB/PR 61.483; Diego
Franzoni, OAB/PR 54.632; Daniel Siqueira Borda, OAB/PR 63.688; Mayara Gasparoto Tonin,
OAB/PR 65.886; Ricardo Barretto de Andrade, OAB/DF 32.136; Vitor Lanza Veloso, OAB/DF
35.110; Maria Augusta Rost, OAB/DF 37.017; João Bosco Leopoldino da Fonseca, OAB/MG 10.907;
Maurício Leopoldino da Fonseca, OAB/MG 55.454; Patrícia de Oliveira Leite Leopoldino, OAB/MG
55.456; Ana Regina Leopoldino da Fonseca Spalenza, OAB/MG 72.112; Fabrício Leopoldino Duflles,
OAB/MG 83.561; Aendria de Souza do Carmo, OAB/MG 106.808; Ana Amélia Ribeiro Sales,
OAB/MG 140.649; Fernanda Araújo C. E. M. Nogueira, OAB/MG 120.272; Maria Cristina de Sena e
Souza, OAB/MG 62.843; Paula Norton Fornaciari, OAB/MG 105.498; Lilian Barros Assis, OAB/MG
111.256; Marina Santana Oliveira de Sá, OAB/MG 132.791.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Empresa
Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda. contra o Pregão Eletrônico 1/2014
do Comando Logístico do Exército Brasileiro – Colog, do tipo menor preço por item, que tem por
objeto o registro de preços para eventual aquisição, num período de doze meses, de capacetes de
combate.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 237, inciso VII, c/c art. 235, parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU, c/c art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, conhecer da presente Representação, para, no
mérito, considerá-la improcedente;
9.2. determinar, nos termos do art. 250, II e III, do RITCU, ao Ministério da Defesa que, em
conjunto com os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, no prazo de 360 dias contados
da ciência desta deliberação, apresente um plano de ação ao TCU com a descrição e a atualização de
todos os procedimentos para a aquisição, pelas administrações militares, de materiais, produtos ou
41

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, atentando, entre outras situações, para a


necessidade de superação das seguintes inconsistências que, nos presentes autos, foram detectadas no
procedimento de aquisição de capacetes de combate:
9.2.1. o fornecimento de capacetes para o Exército Brasileiro vem sendo dominado,
fundamentalmente, ao longo do tempo, por apenas duas empresas (Inbraterrestre e Glágio), de tal
modo que a realização do correspondente pregão pode estar apresentando conotação meramente
formal;
9.2.2. o prazo de validade, no ciclo de vida, do referido capacete é de 5 anos, sendo ele definido,
contudo, pela própria empresa fornecedora e sem maior rigor técnico, de sorte que, assim, as empresas
podem gerar o seu próprio nicho de negócios com inegável concentração de mercado, sabendo que, a
cada quinquênio, os lotes deverão ser inteiramente trocados pelo Exército;
9.2.3. a suscitada falta de maior rigor técnico na definição do ciclo de vida do aludido capacete
(estipulado em 5 anos pela própria empresa) pode resultar em incertezas sobre a segurança no emprego
do equipamento, não havendo evidências técnicas, por exemplo, de que, com 4 anos, o capacete seja
de fato razoavelmente seguro ou mesmo de que, com 6 anos, ele não possa mais ser razoavelmente
seguro;
9.2.4. o referido capacete carece de indelével identificação quanto ao lote, ano de fabricação ou
número de série, entre outros elementos de individualização, permitindo, inclusive, por exemplo, que,
ao final do correspondente ciclo de vida (5 anos), o material já usado possa, de algum modo, ser
recondicionado e vendido, como novo, no mercado, mostrando-se necessário, por exemplo, que o
equipamento usado seja submetido a um efetivo plano de descarte ou de destruição;
9.2.5. algumas normas técnicas americanas vêm sendo empregadas, apenas parcialmente, para a
aferição do cumprimento dos requisitos técnicos no Retex, sem haver disciplina clara, em norma
própria, sobre as especificações e peculiaridades que devem ser observadas no ambiente brasileiro;
9.3. recomendar ao Ministério da Defesa, em conjunto com os Comandos da Marinha, da
Aeronáutica e do Exército, que no plano a que se refere o item 9.2 deste Acórdão, apresente, também,
estudos que abordem a possibilidade de que esses materiais, produtos ou equipamentos sejam
adquiridos mediante concorrência internacional, fundamentando, tão somente, se for o caso, a eventual
impossibilidade da adoção desse tipo de concorrência, por razões de segurança nacional ou da
Sociedade.
9.4. determinar que a Segecex, em conjunto com a Selog e com a SecexDefesa, adote as
providências necessárias para a apresentação ao TCU, ainda no 1º semestre de 2016, de relatório final
de levantamento sobre todo o atual procedimento de aquisição, pelas administrações militares, de
materiais, produtos ou equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, demonstrando, entre outras
questões, as semelhanças e as diferenças nos correspondentes procedimentos de aquisição adotados
pelos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, determinando, nesse ponto, ainda, que a
matriz de planejamento da referida fiscalização, com os correspondentes objetivos, seja apresentada ao
Relator até o dia 1º de março de 2016;
9.5. enviar cópia do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamenta,
ao Ministério da Defesa, ao Comando da Marinha, ao Comando do Exército e ao Comando da
Aeronáutica; e
9.6. arquivar este processo.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2712-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Declaração de Voto), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro que não participou da votação: José Múcio Monteiro
42

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.3. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa


(Relator) e André Luís de Carvalho (Revisor).
13.4. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

14. Primeira votação (itens 9.2 a 9.5):


14.1. Proposta vencedora por unanimidade: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa
(Relator)
14.2. Ministro que não participou da votação: Walton Alencar Rodrigues

15. Segunda votação (itens 9.1 e 9.6):


15.1. Ministro que votou em 24/6/2015: Walton Alencar Rodrigues
15.2. Proposta vencedora: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa (Relator), acompanhado
pelos Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro, Bruno Dantas e
Vital do Rêgo e pelo Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
15.3 Ministro-Substituto convocado com voto vencido: André Luís de Carvalho (Revisor).

ACÓRDÃO Nº 2713/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 009.199/2001-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão em Prestação de Contas Simplificada
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(10.475.689/0001-64)
3.2. Responsáveis: Dilma de Brito Silva (027.596.378-08); Ericene Bezerra Correia
(075.148.084-34); Franklin de Araujo Lima (102.632.174-34); Gilvanise Correia Lima (010.190.664-
15); Ionaldo Martins Barbosa de Souza (080.943.224-20); Jose Viana de Carvalho (015.452.304-63);
Maria José Amaral Morais (335.342.764-34); Sergio Guimarães da Costa Florido (033.986.414-15);
Sérgio Gaudêncio Portela de Melo (372.750.464-15); Valeria Americo Dantas (307.785.061-34);
Webster Silva Campelo (105.867.844-20).
4. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pelo Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas da União contra o Acórdão 370/2002, que julgou regulares com
ressalvas as contas do então Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco – Cefet/PE,
atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco- IFPE, do exercício de 2000,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão, com fundamento no art. 35 da Lei 8.443/1992, para, no
mérito, dar-lhe provimento, de forma a alterar o Acórdão 370/2002-Plenário, no sentido de julgar
irregulares as contas dos Srs. José Viana de Carvalho, CPF 015.452.304-63; Sérgio Guimarães da
Costa Florido, CPF 033.986.414-15; Ionaldo Martins Barbosa de Souza, CPF 080.943.224-20, e da
Sra. Valéria Américo Dantas, CPF 307.785.061-34, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso
III, alínea “b”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, e com
arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, e 214, inciso III, do Regimento Interno do TCU, em face das
irregularidades constatadas em sua gestão e tratadas no TC 016.687/2002-2, mantendo inalterados o
43

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

julgamento das contas dos demais gestores e os demais termos do referido Acórdão;
9.2. dar ciência desta deliberação ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco - IFPE e aos demais interessados.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2713-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

ACÓRDÃO Nº 2714/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.481/2015-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional (vinculador).
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Instituto Estadual do Ambiente do Rio de
Janeiro (Inea); Ministério das Cidades (vinculador).
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal: Jailton Zanon da Silveira (OAB/RJ 77.366); Murilo Fracari Roberto
(OAB/DF 22.934).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada nas obras de
canalização e dragagem do Rio Bengalas, bem como de recuperação da microdrenagem nos bairros
Cristina Ziede e Duas Pedras, em Nova Friburgo/RJ,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, determinar as oitivas do Ministério das
Cidades, da Caixa Econômica Federal, do Instituto Estatual do Ambiente e do Consórcio Rio Bengalas
(17.612.173/0001-63), para que se manifestem, no prazo de quinze dias, acerca:
9.1.1. dos indícios de irregularidades apurados neste relatório de auditoria quanto à mudança do
objeto licitado devido às alterações contratuais acima dos limites permitidos pela art. 65, da Lei
8.666/1993 e o disposto na Decisão 215/1999-TCU-Plenário, e que teve por consequência a elevação
do preço original de ambas as intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-Inea (Achado III.1);
9.1.2. da alegada existência de incompatibilidade entre os repasses financeiros relativos ao
Termo de Compromisso 367.938-83/2011 e a execução física da obra objeto do Contrato 09/2013-
Inea, em face do disposto no art. 40, inciso XIV, alínea “b”, e no art. 66 da Lei 8.666/1993 (Achado
III.2);
9.1.3. das paralisações e do baixo andamento das obras objeto do Contrato 09/2013-Inea,
incompatível com o caráter emergencial das intervenções, tendo em vista o disposto no art. 66 da Lei
8.666/1993 (Achado III.2);
9.1.4. dos riscos de não cumprimento dos atuais prazos de conclusão das obras objeto do
Contrato 09/2013-Inea em função de pendências relativas a desapropriações de áreas e de construções
44

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

localizadas ao longo das intervenções, tendo em vista o disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993 (Achado
III.2);
9.1.5. do cumprimento das disposições constantes dos arts. 14, 15, 17, §§ 1º e 2º, do Decreto
7.983/2013 nos aditamentos realizados no Contrato 09/2013-Inea, encaminhando a este Tribunal
planilha demonstrativa de cálculo;
9.2. promover, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 250, inciso
IV, do Regimento Interno, as audiências dos seguintes responsáveis:
9.2.1. Marco Aurélio Damato Porto, Presidente do Inea, e Fernando Antônio de Freitas
Mascarenhas, Diretor de Recuperação Ambiental do Inea, para que apresentem, no prazo de 15
(quinze) dias, razões de justificativa por celebrarem o Termo Aditivo nº 59/2014-Inea e os respectivos
termos de re-ratificação, que promoveram significativas alterações no Contrato 09/2013-Inea,
descaracterizando o objeto licitado, sem observância aos limites legais impostos pelo art. 65, §§ 1º e
2º, da Lei nº 8.666/1993 e pela jurisprudência do TCU, a exemplo da Decisão 215/1999-Plenário e dos
Acórdãos 749/2010, 2.819/2011, 2.059/2013 e 1.498/2015, todos do Plenário;
9.2.2. Alan Carlos Vieira Vargas, fiscal do contrato, João Carlos Grilo Carletti, na qualidade de
supervisor do contrato, e José Lima da Silva Júnior, gerente do contrato, por confeccionarem parecer
propondo diversas alterações no projeto licitado, sem justificativas adequadas e suficientes das
alterações tidas por necessárias, não embasadas em estudos técnicos pertinentes, e sem demonstrar
devidamente o interesse público nas alterações promovidas e a natureza superveniente dos fatos
ensejadores das modificações, em relação ao momento da licitação.
9.3. determinar à SeinfraUrbana, valendo-se do apoio da Secex-RJ, caso entenda necessário, que
adote as seguintes providências, com a urgência que o caso requer, ficando desde já autorizada a
realizar as diligências e inspeções que entender necessárias:
9.3.1. com base no exame das oitivas ora determinadas, identifique de forma conclusiva os
motivos e eventuais responsáveis pelos atrasos observados no Contrato 09/2013-Inea e, caso verifique
a prática de atos irregulares, submeta ao relator as propostas cabíveis;
9.3.2. verifique se houve prorrogações injustificadas do prazo de execução contratual, sem
amparo no art. 57, §1º, da Lei 8.666/1993, bem como se foram adotadas providências cabíveis no caso
de se apurar mora imputável ao contratado;
9.3.3. realize o exame dos aditamentos contratuais verificados no Contrato 09/2013-Inea,
analisando os seguintes aspectos:
9.3.3.1. se houve cumprimento das disposições constantes dos arts. 14, 15 e 17, §§ 1º e 2º, do
Decreto 7.983/2013;
9.3.3.2. se as principais modificações de projeto estão suficientemente embasadas,
manifestando-se sobre a adequação técnica e se há interesse público nas alterações realizadas.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2714-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 2715/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.582/2011-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Aposentadoria (revisão de ofício)
45

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Interessado: Adalberto Ariosto Rodrigues Dias (047.401.493-20).


4. Órgão/Entidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Piauí.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal: André Nascimento Cruz (5.849/OAB-PI), representando Adalberto
Ariosto Rodrigues Dias.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de revisão de ofício de aposentadoria deferida pela
Superintendência da Funasa no Estado do Piauí, objeto do Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 71, inciso III, da Constituição Federal
e nos arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45 da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 260, § 2°, do
Regimento Interno, em:
9.1. rever de ofício, parcialmente, o Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara para considerar ilegal a
aposentadoria de Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, cancelando o registro do ato número de controle
10367934-04-2009-000064-8, anteriormente deferido;
9.2. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas, em boa-fé, pelo
interessado, consoante o Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.3. determinar à Superintendência da Funasa no Estado do Piauí, com fulcro nos arts. 71, inciso
IX, da Constituição Federal e 262 do Regimento Interno desta Corte, que:
9.3.1. corrija, no prazo de 15 (quinze) dias contado a partir da ciência desta deliberação, sob pena
de responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa, o percentual de anuênios atribuído
ao Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, excluindo, para tanto, os períodos trabalhados nas esferas
estadual e municipal de governo;
9.3.2. emita e cadastre no sistema Sisac novo ato de aposentadoria para o servidor, escoimado da
falha apontada nestes autos;
9.3.3. dê ciência do inteiro teor desta deliberação ao Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias,
alertando-o de que o efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos, caso não
providos, não o exime da devolução dos valores indevidamente percebidos após a notificação;
9.3.4. envie a esta Corte de Contas, no prazo de 30 (trinta) dias, por cópia, comprovante de que o
Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias teve ciência desta deliberação;
9.4. determinar à Sefip que monitore o cumprimento das medidas indicadas nos subitens
anteriores.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2715-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 2716/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 015.383/2011-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
46

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Abílio Martins Ferreira (038.485.587-34); Adeli Francisco de Santana
(721.511.537-20); Ademir Jose de Menezes (118.806.191-72); Ademir José Ciriaco (025.027.607-04);
Albino Baptista Castro (029.273.657-68); Altair Dias da Silva (464.003.627-20); Antônio Figueredo
de Santana (355.115.327-20); Clarice Helena dos Santos Vieira Cesário (025.938.087-30); Eliana
Silva de Souza (570.551.227-91); Elizabeth Schwan Ferreira (839.520.717-49); Ely Dias Duarte
(556.289.237-53); Gelson Adalberto Teixeira (339.889.007-53); Guilherme Soares Teixeira
(267.981.827-04); Ida Novello (775.935.537-87); Joel Carneiro Viana (372.603.407-20); José Luiz
Campos (204.964.437-04); José Rodrigues de Lima (359.436.967-68); João Batista Ribeiro da Silva
(375.653.977-68); João Silvano da Silva (184.856.777-49); Lealice Nóbrega Pinto da Silva
(375.225.587-00); Luiz Gonzaga Torres (681.715.794-34); Mafalda Pereira Penha (736.373.357-00);
Maria Elba Magalhães de Meio Neto (315.629.067-04); Maria Ester de Pinho Souza (904.659.467-04);
Maria Neide Viana (049.272.653-15); Maria Teresa Viana da Costa (757.382.878-00); Maria
Therezinha Camara (446.233.057-91); Maria da Conceição Monteiro Ribeiro (763.231.107-68);
Marlene Machado Brandão (035.626.797-00); Marlene Vieira de Santana (596.797.517-91); Marília
Aldighieri Silva Pinto (187.693.307-00); Neube Carvalho (540.056.127-68); Sandra Maria da Silva e
Silva (814.847.637-34); Sueli Garcia Rodrigues de Oliveira (405.954.807-30); Suely Farias Nunes da
Silva (142.010.544-20); Tânia Nascimento de Barros (359.672.697-20); Vicente Maurício Alves
(305.386.887-34); Walmira Araújo Rocha (299.460.007-25); Zenaide Laise Farago (285.199.118-38).
4. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal :
8.1. Darcy Alanbert Rodrigues (38964/RJ-OAB) e outros, representando Ademir José Ciriaco;
8.2. Antonio Correia da Cunha (75794/RJ-OAB) e outros, representando Albino Baptista Castro;
8.3. Carlos Vargas Farias (74.153/RJ-OAB) e outros, representando Antônio Figueredo de
Santana;
8.4. Erlande Nunes Filgueira (105.793/RJ-OAB) e outros, representando Clarice Helena dos
Santos Vieira Cesário;
8.5. Guilherme Scott (59.350/RJ-OAB) e outros, representando Elizabeth Schwan Ferreira;
8.6. Carlos Leno de Moraes Sarmento (75.458/RJ-OAB) e outros, representando Guilherme
Soares Teixeira;
8.7. Danilo Saramago Sahione de Araujo (56.034/RJ-OAB) e outros, representando Ida Novello;
8.8. Marcio Fernando Aparecido Amorozini (242.635/SP-OAB) e outros, representando Maria
Teresa Viana da Costa.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial apreciada pelo
Tribunal, por meio do Acórdão 1.422/2015-Plenário, Sessão de 10/6/2015, segundo o qual foram
julgadas irregulares as contas de Eliana Silva de Souza, Clarice Helena Vieira Cesário, Suely Farias
Nunes e Albino Baptista Castro em razão de prejuízos causados aos cofres do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. rever de ofício o Acórdão nº 1.422/2015 – Plenário, para tornar insubsistente, no que toca ao
senhor Albino Baptista Castro (029.273.657-68), seu subitem 9.7., nos termos do art. 174 do RI/TCU;
9.2. encaminhar os autos à Unidade Técnica para que seja notificado o espólio do Sr. Albino
Baptista Castro (029.273.657-68), na pessoa de seu inventariante, quanto ao débito aplicado no
47

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Acórdão nº 1.422/2015 - Plenário, observando que, em caso de conclusão do processo de inventário, a


notificação deve ser encaminhada aos sucessores do falecido, para fins de ressarcimento da dívida, até
o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do art. 5º, inciso XLV, da Constituição Federal
de 1988; e
9.3. remeter cópia ao Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, nos termos do art.
16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, c/c art. 209, § 6º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2716-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

ACÓRDÃO Nº 2717/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 016.862/2013-9.
1.1. Apensos: 032.916/2014-0; 032.917/2014-7
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (em Recurso de Revisão)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães - MT (03.507.530/0001-19)
3.2. Responsáveis: Flavio Daltro Filho (072.306.051-72); Gilberto Schwarz de Mello
(523.182.651-00)
3.3. Recorrente: Gilberto Schwarz de Mello (523.182.651-00).
4. Órgão/Entidade: Município de Chapada dos Guimarães - MT.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Representação legal:
8.1. Carlos Arruda de Carli (14691/OAB-MT), representando Flavio Daltro Filho;
8.2. Edwin de Almeida Costa (14621/OAB-MT), representando Gilberto Schwarz de Mello;
8.3. Fábio Luiz Palhari (19.255-O/OAB-MT), representando Gilberto Schwarz de Mello;
8.4. Pedro Aparecido de Oliveira (7549/OAB-MT), representando Flavio Daltro Filho.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de que tratam, nesta fase processual, de agravo
interposto pelo Sr. Gilberto Schwarz de Mello contra despacho de minha autoria que conheceu do
Recurso de Revisão manejado contra o Acórdão nº 4.523/2014-TCU-Segunda Câmara, entretanto, sem
a atribuição de efeitos suspensivos,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 289, § 1º, do Regimento Interno deste Tribunal,
em:
9.1. conhecer do presente Agravo para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. cientificar o agravante desta deliberação, mediante envio de cópia do presente Acórdão, bem
como do Relatório e Voto que o fundamentam;
9.3. remeter cópia do presente acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam,
48

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para conhecimento e eventuais providências, à Advocacia-Geral da União (AGU) e à Prefeitura


Municipal de Chapada dos Guimarães (MT);
9.4. encaminhar os autos à Serur, para as providências de praxe e exame do recurso de revisão.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2717-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

ACÓRDÃO Nº 2718/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.133/2015-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessado: Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI – FUNDOS DE PENSÃO).
4. Entidade: Câmara dos Deputados.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevi).
8. Representação legal : não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação da Comissão Parlamentar de Inquérito,
instalada em 12/8/2015 (CPI-FUNDOS DE PENSÃO), por meio da qual requer seja disponibilizada,
em meio eletrônico, a documentação de todos os processos, em andamento ou concluídos, envolvendo
os fundos de pensão PETROS, PREVI, FUNCEF E POSTALIS,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer a presente Solicitação, por terem sido cumpridos os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 38, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 232, inciso III, do Regimento Interno do
TCU, e o art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução-TCU 215/2008;
9.2. autorizar desde já, com fundamento nos arts. 1º, II, e 38, II, da Lei 8.443/1992 c/c arts. 1º,
III, e 159, II, do Regimento Interno do TCU, o encaminhamento de todas as peças dos processos TC
019.048/2003-3, TC 007.671/2010-5, TC 001.485/2013-0, TC 013.043/2014-5, TC 016.626/2015-0,
TC 024.579/2013-0, TC 026.609/2013-4, TC 024.718/2014-9, TC 014.779/2015- 3, TC 015.443/2015-
9, TC 007.671/2010-5, TC 046.352/2012-0, TC 004.446/2013-5, TC 012.886/2005-2, TC
032.650/2011-6, TC 014.524/2012-0, TC 027.703/2008-5, TC 017.683/2009- 5, TC 039.120/2012-0,
TC 029.252/2010-5, TC 016.029/2005-0, TC 014.449/2007-2, TC 015.430/2005-9, TC 020.594/2005-
2 e TC 004.348/2010-9 e TC 026.639/2014-9, ao Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
relativa aos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados, Deputado Efraim Filho;
9.3. alertar o requerente, em face dos regramentos contidos nas Resoluções TCU 254/2013 e
259/2014, sobre o caráter sigiloso aplicável à documentação, com a consequente necessidade de se
manter a confidencialidade das informações disponibilizadas bem como indicar a natureza preliminar
daquelas informações relacionadas a processos que ainda não contém deliberação deste tribunal com
trânsito em julgado;
9.4. encaminhar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam,
ao Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito relativa aos Fundos de Pensão da Câmara dos
49

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Deputados, Deputado Efraim Filho, e ao autor do requerimento de informações encaminhado a esta


Corte, Deputado Fernando Francischini; e
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 14, inciso IV da Resolução-TCU
215/2008.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2718-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

ACÓRDÃO Nº 2719/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 023.142/2015-4.
2. Grupo II – Classe de Assunto II: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessados/Responsáveis: Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
4. Órgão/Entidade: Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da
Região Sudeste - Coinfra.
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional oriunda da
Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que encaminhou o Requerimento de
Informações nº 116 de 2015 de autoria do Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino de informações
acerca da participação societária de empresas estatais na estruturação de empresas privadas.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente solicitação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no
art. 38, I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 232, I, do Regimento Interno TCU, para, no mérito, considerá-la
atendida, nos termos do art. 17 da Resolução TCU 215/2008;
9.2. informar ao Exmo. Relator do TC 025.655/2015-9 que há conexão entre o processo e esta
Solicitação e requisitar cópia das peças 7 e 8 do referido processo, que contém as informações
necessárias ao atendimento desta solicitação, nos termos do art. 13 da Resolução 215/TCU/2008;
9.3. informar ao Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento de Informações
116/2015, e à Exma. Sra. Deputada Soraya Santos, Presidente da Comissão de Finanças e Tributação,
que o Levantamento de que trata o TC 025.655/2015-9 está em curso e que o produto esperado desse
trabalho é eventual proposta de fiscalização a ser submetida ao colegiado desta Corte, encontrando-se
na fase de planejamento e que as informações constantes do item seguinte ainda não foram submetidas
à deliberação final deste Tribunal;
9.4. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam ao Exmo.
Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento 116/2015, bem como à Exma. Sra. Presidente da
Comissão de Finanças e Tributação, Deputada Soraya Santos, signatária do Of. Pres. nº 249/15-CFT,
nos termos do art. 19 da Resolução 215/TCU/2008, com envio das peças 7 e 8 do TC 025.655/2015-9;
9.5. solicitar ao Relator do TC 025.655/2015-9 que, quando da análise de mérito daqueles autos,
faça encaminhar cópia do acórdão a ser proferido, bem como do relatório e voto que o fundamentarem,
50

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ao Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento de Informações 116/2015, e à


Exma. Deputada Soraya Santos, Presidente da Comissão de Finanças e Tributação;
9.6 arquivar os presentes autos, de acordo com o art. 169, V, do RI/TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2719-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

ACÓRDÃO Nº 2720/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 028.227/2011-5.
1.1. Apenso: TC 015.347/2011-7 e TC 000.012/2011-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto I: Pedido de reexame ( em Relatório de Auditoria).
3. Recorrentes: Duncan Frank Semple (329.743.531-34); Janaína Cristina Machado Pinto
Amazonas (725.652.921-04).
4. Órgão/Entidade: Ministério do Turismo.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: não atuou.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam pedidos de reexame interpostos
contra o Acórdão nº 2.235/2014-TCU-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 48 da Lei nº 8.443, de 1992, conhecer dos pedidos de reexame
interpostos pelo Sr. Duncan Frank Semple (329.743.531-34) e pela Sra. Janaína Cristina Machado
Pinto Amazonas (725.652.921-04) para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, aos
recorrentes e ao Ministério do Turismo.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2720-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

ACÓRDÃO Nº 2721/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.030/2003-7
1.1. Apenso: 006.942/2003-1
2. Grupo I – Classe de Assunto - IV: Tomada de Contas (exercício de 2002)
51

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Responsáveis: Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.255-34), José Edilberto


Ramalho Leite (CPF 002.349.823-49), Miguel Lessa Gonçalves (CPF 349.303.967-00), Sérgio Luiz
Côrtes da Silveira (CPF 817.161.767-00), Telmo Silva Hoelz (CPF 354.119.457-04), Adir dos Santos
Soares (CPF 631.716.867-91) e Jorge de Oliveira (CPF 351.220.487-20)
4. Entidade: Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
7. Unidade Técnica: Secex/RJ
8. Advogados constituídos nos autos: José Henrique Barbosa Moreira Lima Neto (OAB/RJ
83795), Flávia Maria de Figueiredo Teixeira (OAB/RJ 109255), Pedro Henrique Pittella de Souza
Leite (OAB/RJ 181590-E), Lincoln Magalhães da Rocha (OAB/DF 24089), Ivan Ribeiro dos Santos
Nazareth (OAB/RJ 121685) e outros

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da tomada de contas do Instituto Nacional de
Tráumato-Ortopedia (Into) referente ao exercício de 2002,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. excluir da relação processual o Sr. Paulo César Rondinelli (CPF 367.095.307-87)
9.2. julgar regulares com ressalva as contas dos Srs. José Edilberto Ramalho Leite e Telmo Silva
Hoelz, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, c/c
os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, dando-lhes quitação;
9.3. julgar irregulares as contas dos Srs. Deusdeth Gomes do Nascimento, Sérgio Luiz Côrtes da
Silveira e Miguel Lessa Gonçalves, bem como das sociedades LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME,
Volume Construções e Participações Ltda. e M & One Serviços Técnicos Ltda., nos termos dos arts.
1º, inciso I, e 16, inciso III, alíneas "b" e "c", 19 e 23, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 209, incisos II e III, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, condenando-os, em
solidariedade, ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de 15
(quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres da Fundação Nacional de
Saúde, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir da data
discriminada, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
9.3.1. Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.755-35) e LETECM Serviços Técnicos
Ltda. ME (CNRT 04.366.430/0001-82), pelo pagamento a maior efetuado durante o exercício de 2002,
relativos ao Processo nº 250057.0892, conforme Relatório Pericial nº 21/2004 da Equipe de Perícia em
Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde:

Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência


4.262,72 24/06/2002

9.3.2. Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.755-35) e Volume Construções e


Participações Ltda. (CNPJ 34.265.298/0001-83), por pagamentos a maior efetuados durante o
exercício de 2002, relativos ao Contrato nº 13/2000, conforme Relatório Pericial nº 22/2005 da Equipe
de Perícia em Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde:

Valor Original do Débito Data da Ocorrência


118.737,44 23/01/2002
149.830,85 08/02/2002
115.045,67 13/03/2002
5.175,32 18/04/2002
52

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

295.003,71 31/05/2002
112.390,10 04/07/2002
173,21 30/07/2002
28.243,17 30/07/2002

9.3.3. Sérgio Luiz Côrtes da Silveira (CPF 817.161.767-00) e M & One Serviços Técnicos Ltda.
ME. (CNPJ 04.366.424/0001-25), por pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002,
relativos ao Contrato nº 22/2002, conforme Relatório Pericial nº 20/2004 da Equipe de Perícia em
Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde:

Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência


132.461,81 24/10/2002

9.4. aplicar aos Srs. Deusdeth Gomes do Nascimento e Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, bem
como às empresas LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume Construções e Participações Ltda.
e M & One Serviços Técnicos Ltda. ME a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92 c/c art. 267 do
Regimento Interno, no valor individual de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), fixando-lhes o prazo de 15
(quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea "a"
do Regimento Interno), o seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir da data deste acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. rejeitar as razões de justificativa dos seguintes responsáveis, relativas às ocorrências
especificadas, aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92, no valor
individual assinalado, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea “a” do Regimento Interno), seu recolhimento aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente a partir da data deste acórdão até a dos
efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
9.5.1. Sérgio Luiz Côrtes da Silveira (CPF 817.161.767-00), multa no valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais):
Ocorrência: não designação pelo Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia de profissional
habilitado para fiscalizar, acompanhar e receber os serviços, contrariando o art. 67 da Lei 8.666/93,
bem como inexistência dos Termos de Aceitação Provisório e Definitivo da obra, contrariando o
disposto nas alíneas “a” e “h” do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/93 (Nota de Empenho 900966, de
20/09/2002, Contrato 22/2002);
Ocorrência: o Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia não ter procedido ao recebimento
definitivo da obra, nos termos do art.73 e seu § 3º da Lei 8.666/93, ou determinado à contratada a
adoção das providências previstas no art. 69 da Lei 8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou
incorreções porventura ocorridos na execução da obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais
previstas no art. 58, inciso IV, art. 77 e art. 87 da Lei 8.666/1993 (Contrato 13/2000);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 1700/2002 (itens 89 a 94 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, por ocasião da prorrogação dos contratos processo 1.119/2001 e 917/2000;
Ocorrência: ausência de instrumento de contrato, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93, no
processo 1700/2002, tendo em vista que o curso teve início em 4/12/2002 e sua data de término estava
prevista para 05/11/2003;
Ocorrência: transgressão ao art. 26, parágrafo único, inciso I, da Lei 8.666/93, quando da
contratação dos serviços objeto do processo 1327/2002, em caráter emergencial, extrapolando as
exigências determinadas pelo relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
53

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ocorrência: contratação para execução de obras emergenciais da empresa M & ONE Serviços
Técnicos Ltda-ME - processo 1327/2002, que tem como objetivo, segundo o contrato social, a
prestação de serviços de reparos de aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos, elétricos e de refrigeração,
serviços não compatíveis com a atividade que foi realizada;
Ocorrência: ausência de planilha de medição nos processos de pagamento da obra objeto do
processo 1327/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda., ferindo o art. 63 da Lei
4.320/64, que estabelece que a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor, a fim de apurar a importância exata a pagar e a origem e o objeto do que se deve pagar;
9.5.2. Miguel Lessa Gonçalves (CPF 349.303.967-00), multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil
reais):
Ocorrência: autorizar o prosseguimento dos procedimentos que objetivavam efetivação do
pagamento dos processos 1484/2002 e 1693/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos
Ltda., embora o atesto de que a obra foi realizada a contento tenha sido emitido sem a elaboração de
planilha de medição, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64, bem como pelo fato de que os servidores que
atestaram a execução não eram qualificados para tal;
9.5.3. Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.755-35), multa no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais):
Ocorrência: pagamento de serviços à Hemopan Serviços Médicos Ltda. sem amparo contratual,
durante o período de 14/02/2002 a 02/05/2002, no processo 763/2001;
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 763/2001;
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 529/2002, com relação aos itens relativos ao frete internacional,
seguro internacional e serviços do agente consolidador da carga no país de origem da mercadoria;
9.5.4. Adir dos Santos Soares (CPF 631.716.867-91) e Jorge de Oliveira (CPF 351.220.487-20),
multa no valor individual de R$ 3.000,00 (três mil reais):
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1693/2002, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64;
9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.7. acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Deusdeth Gomes do Nascimento e pela
sociedade Rhana Carga Internacional Ltda. (itens 11.27 a 11.35 e 15.1 a 15.13 da instrução constante
das folhas 2-36 da peça 23);
9.8. nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, encaminhar cópia deste acórdão, bem
como do relatório e voto que o fundamentam, à Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2721-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Relator), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2722/2015 – TCU – Plenário


54

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo nº TC 015.330/2010-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VI - Monitoramento (em Pensão Civil)
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Albertina Sousa Neto (330.896.632-87); Jairo do Carmo Silva (697.236.992-
49); Joaquim Jose do Carmo Silva (635.940.212-20); Josineide do Carmo Silva (697.265.822-53);
Juliana Maciel Angelino (521.640.802-97); Manoel Damiao da Silva (004.868.092-34); Zeneide do
Carmo Silva (377.839.982-91)
4. Órgão/Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no
Estado do Pará.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Pensão Civil, em que se apreciam os resultados
de monitoramento das determinações expedidas no Acórdão 3.630/2011-TCU-2ª Câmara, em que este
Tribunal, entre outras deliberações, considerou ilegal o ato de pensão civil instituída por Hugo Lopes
Neto, em face da informação, no respectivo ato, de que a pensionista Albertina Sousa Neto incorria em
vedação prevista no art. 225 da Lei 8.112/1990 (acumulação de mais de duas pensões); bem como
expediu determinações à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará,
que incluíram a aferição a posteriori da regularidade do benefício pensional instituído por Raimundo
Azevedo da Silva em favor de Josiane do Carmo Silva e Josineide do Carmo Silva.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1 nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, fixar o prazo de 15 (quinze) dias,
a contar da ciência desta deliberação, para que a Superintendência Federal de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento no Pará adote as providências necessárias ao exato cumprimento do art.
5º, parágrafo único, da Lei 3.373/1958, no caso da pensionista Josiane do Carmo Silva, devendo
franquear previamente à interessada o direito de defesa, em face da perda de sua condição de solteira
decorrente de seu casamento ou união estável com o Sr. Waldemar do Nascimento da Silva¸ conforme
dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, situação que implica o
cancelamento do referido benefício pensional (item 5, “ii”, do Voto que integra este Acórdão; e
subitem 9.4.4 do Ac. 3.630/2011-TCU-2ª Câmara);
9.2 nos termos do art. 250, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar à
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará, que, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação:
9.2.1 encaminhe cópia dos presentes Relatório, Voto e Acórdão à sra. Josineide do Carmo
Silva, informando-a que o Tribunal de Contas da União identificou que a interessada possui vínculo
empregatício com estabelecimento particular de ensino e que, a teor da Súmula-TCU 285, tal situação
é, em tese, incompatível com a pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva nos termos do art. 5º
da Lei 3.373/1958;
9.2.2 promova a oitiva da sra. Josineide do Carmo Silva para que comprove documentalmente,
junto ao órgão, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência da notificação, que seus rendimentos
complementares à pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva não são suficientes para garantir-
lhe subsistência condigna, nos termos definidos no Acórdão 892/2012-TCU-Plenário;
9.2.3 caso conclua que os documentos apresentados em resposta à oitiva determinada no item
9.2.2 não são capazes de demonstrar a imprescindibilidade da pensão instituída por Raimundo
Azevedo da Silva para garantir subsistência condigna à sra. Josineide do Carmo Silva, promova o
imediato cancelamento do benefício pensional;
55

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.4 encaminhe cópia dos presentes Relatório, Voto e Acórdão à sra. Albertina Sousa Neto,
beneficiária da pensão instituída por Hugo Lopes Neto, informando-a que o eventual restabelecimento
da aposentadoria por idade identificada sob o número 546481728, concedida originalmente pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é compatível com as disposições do art. 225 da Lei
8.112/1990, e não implica o cancelamento da pensão estatutária instituída, em seu favor, por Hugo
Lopes Neto;
9.2.5 informe a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência desta deliberação,
sobre as providências adotadas e resultados obtidos em cumprimento às determinações descritas nos
itens 9.2.1 a 9.2.4 e 9.3 do presente Acórdão;
9.3 reiterar à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará
a determinação contida na parte final do subitem 9.4.2 do Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, fixando-lhe
o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação, para que emita novo ato de pensão
instituída por Hugo Lopes Neto em favor de Albertina Sousa Neto, a ser submetido a este Tribunal nos
termos e prazos definidos na IN-TCU 55/2007, sob pena de responsabilidade da autoridade omissa,
elidindo-se a incorreção lançada no campo relativo à informação sobre acúmulo de mais de duas
pensões, consoante as razões apresentadas no Voto que integra este Acórdão;
9.4 determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip) que:
9.4.1 monitore o cumprimento das determinações expedidas neste Acórdão;
9.4.2 analise a possibilidade de alterar, no formulário Sisac, a pergunta “Possui mais de 2
benefícios?”, contida no quadro “Dados do Beneficiário”, ajustando-a rigorosamente à redação do art.
225 da Lei 8.112/90, que veda apenas a acumulação de mais de duas pensões (e não aposentadorias),
bem como promova os necessários ajustes, no mesmo formulário, em face das inovações trazidas na
Lei 13.135/2015, que passaram a proibir também a “percepção cumulativa de pensão deixada por mais
de um cônjuge ou companheiro ou companheira”;
9.5 encaminhar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam,
à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2722-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Relator), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2723/2015 – TCU – Plenário

1. Processo: TC 018.273/2009-1
1.1. Apensos: TCs 018.397/2009-9 e 026.095/2011-4
2. Grupo I, Classe de Assunto V – Prestação de Contas – Exercício de 2008
3. Interessado: TCU
4. Órgão/Entidade/Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit)
4.1. Responsáveis: Angela Maria Barbosa Parente (135.620.373-68); Antonio Muriel de Luna
Coutinho (003.134.324-49); Antonio Pedro Vasconcelos de Oliveira (221.376.707-63); Armando
Fontenelle Albuquerque (071.142.903-06); Carlos Alberto de Moreira Sarmento (004.817.005-44);
Carlos Alves Fernandes (338.160.347-72); Cezar Castilho Maciel (170.900.400-20); Daniele de Lima
Menezes (514.873.571-68); David José de Castro Gouvêa (232.236.859-87); Denise Gomes Simões
(466.098.656-04); Divaldo de Arruda Camara (025.342.154-34); Edson Aires dos Anjos (087.822.026-
56

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

72); Edson Campos (153.735.091-91); Eduardo de Souza Costa (426.024.246-68); Elieze Bulhoes de
Carvalho (688.262.301-53); Emanuel Leite Borges (029.015.442-15); Eneida Coelho Monteiro
(462.323.971-34); Euristenes Guimaraes Guerra (038.893.861-72); Expedito Leite da Silva
(112.494.634-91); Fernando Fortes Melro Filho (787.303.504-25); Fernando Guimarães Rodrigues
(277.964.346-34); Francisco Antelius Sérvulos Vaz (080.277.733-34); Francisco Fernando de
Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Francisco de Assis Ramalho Além (644.691.408-30); Gabriel de
Lucena Stuckert (268.698.457-00); Georges Ibrahim Andraos Filho (323.290.671-00); Gerardo de
Freitas Fernandes (062.944.483-87); Gustavo Adolfo Andrade de Sá (160.953.084-53); Heraldo
Cosentino (468.395.778-72); Hernani Lacerda Alves (049.923.185-68); Hideraldo Luiz Caron
(323.497.930-87); Hugo Sternick (296.677.716-87); Ismar Portela Santos (011.182.933-04); Jair
Sarmento da Silva (092.354.500-04); Jaqueline Costa da Silva (552.182.371-91); Jefferson Souza
Carvalho (780.973.475-04); Joao Bosco Lobo (005.984.702-63); Joaquim Guedes Martins Neto
(246.136.573-34); Jose Narcelio Marques Sousa (003.013.884-15); Jose da Silva Tiago (089.172.641-
15); José Henrique Coelho Sadok de Sá (160.199.387-00); José Otávio Ferreira Soares (549.920.877-
87); José Ribamar da Cruz Oliveira (076.076.283-04); José Roberto de Moraes Rego Paiva Fernandes
Júnior (524.117.291-20); João José dos Santos (542.170.249-91); João Silvio Cerqueira Monteiro
(052.474.895-00); Lauri Alarcao Correia Lima (112.401.131-53); Lindorf de Souza Lima Carrijo
(298.935.697-53); Lourdes Bernadete Leite (316.279.511-72); Luis Felipe de Aguilar Paulinyi
(814.498.441-20); Luiz Antonio Pagot (435.102.567-00); Luiz Claudio dos Santos Varejão
(905.106.407-10); Marcelino Augusto Santos Rosa (153.831.647-15); Marcelo Almeida Pinheiro
Chagas (791.483.526-91); Marcelo Ibrahim da Fonseca Alves (928.277.566-68); Marcelo Perrupato e
Silva (010.821.326-91); Marcos Cesar Crispim de Lima (584.731.304-72); Marcos Ledermann
(001.422.550-68); Marcus Elicio Bastos Brasil (302.293.677-04); Maria Auxiliadora Dias Carvalho
(265.599.862-68); Mauro Sergio Almeida Fatureto (562.076.976-34); Michel Dib Tachy
(000.376.135-53); Miguel Mário Bianco Masella (006.288.598-72); Miguel de Souza (098.365.274-
00); Márcio Simão (267.319.911-04); Nei Japur (071.927.036-72); Nilton Correa Vieira (072.798.846-
87); Nilton de Brito (140.470.121-49); Olimpio Luiz Pacheco de Moraes (800.430.117-72); Omir
Mello Ferreira (097.124.610-68); Orlando Fanaia Machado (789.624.046-72); Paulo Sérgio Oliveira
Passos (128.620.881-53); Pricilla Maria Santana (584.264.691-91); Raimundo Brito Facanha
(019.270.352-87); Renato da Costa Usier (222.569.718-30); Ricardo Rossi Madalena (137.221.248-
59); Riumar dos Santos (193.432.301-25); Roberto Borges Furtado da Silva (490.589.751-34);
Rodrigo Antônio Ribeiro Costa (747.267.907-06); Romerito Gonçalves Valadão (067.562.711-72);
Rommel Mello Cruz (564.167.174-68); Romulo do Carmo Ferreira Neto (288.906.631-20); Rui
Barbosa Egual (361.213.046-34); Saulo Filinto Pontes de Souza (096.808.535-00); Sebastião
Coriolano de Andrade (021.823.273-04); Sebastião Donizete de Souza (288.866.236-15); Sebastião
Vitor Braga Ribeiro (035.972.103-68); Simone Couto Ferreira (572.374.172-15); Teresa Valdy Reto
(305.033.298-00); Valter Casimiro Silveira (564.286.341-04); Vladimir Roberto Casa (413.585.540-
72); Wilson Izidorio Cruz (199.376.447-04); Zilda Maria dos Santos Mello (436.702.457-15); Élio
Bahia Souza (189.776.697-15)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
7. Unidade Técnica: SeinfraRodov
8. Representação legal: Andrea Viera Andreis (OAB/DF 25.357); Cintia Bastista Angelini
Carvalho (OAB/DF 33.265)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. levantar o sobrestamento do julgamento das presentes contas;
57

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. quanto ao Sr. Michel Dib Tachy, CPF 000.376.135-53, Diretor de Infraestrutura Aquaviária
de 14/8/2007 a 10/3/2009:
9.2.1. acatar parcialmente as razões de justificativas quanto aos dois indícios de irregularidades
pelos quais foi chamado em audiência:
9.2.1.1. as deficiências frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área
aquaviária;
9.2.1.2. o encaminhamento para assinatura do convênio 7/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/DNIT/Nº 02091/2007;
9.2.3. julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos art. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.4443/1992, em razão das falhas citadas no item 9.2.1 acima;
9.3. em relação ao Sr. Miguel de Souza, CPF 098.365.274-00, Diretor de Planejamento e
Pesquisa de 23/10/2007 a 31/3/2010:
9.3.1. acatar suas razões de justificativas quanto à não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
9.3.2. acatar parcialmente suas razões de justificativas acerca:
9.3.2.1. das deficiências diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
9.3.2.2. da ausência de providências para dotar a Autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas
despesas;
9.3.3. julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18
da Lei 8.443/1992, em razão das falhas citadas no item 9.3.2 acima;
9.4. no que tange ao Sr. Hideraldo Luiz Caron, CPF 323.497.930-87, Diretor de Infraestrutura
Rodoviária de 27/4/2004 a 26/7/2011:
9.4.1. acatar suas razões de justificativa acerca da não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
9.4.2. acatar parcialmente suas razões de justificativas sobre o descumprimento do disposto no
art. 16, inciso I, da Lei Complementar 101/2000 – LRF e descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do
Acórdão 1085, Ata 23/2007 – Plenário;
9.4.3. rejeitar suas razões de justificativas acerca das deficiências frequentes no
acompanhamento e fiscalização de convênios da área rodoviária – o que era de sua responsabilidade,
conforme inscrito nos arts. 12, inciso VI, 80, incisos I e VI, e 126, incisos I, II, III, IV e VII, do
Regimento Interno do DNIT – evidenciadas pela inexistência de relatórios adequados nos processos
relativos aos ajustes e às suas prestações de contas analisadas no exercício de 2008 e pelas situações
nas quais foram observados problemas na execução dos convênios, conforme apurado em exame da
amostra constante dos autos, em desacordo com o art. 116, § 3º, incisos I, II e III da Lei 8.666/1993,
arts. 21 e 23 da IN STN 1/1997, Decreto 1.819/1996, Decreto 6.170/2007 e os Acórdãos TCU
2059/2008 — Plenário, 1666/2008 — Plenário e 1777/2004 — Plenário;
9.4.4 julgar irregulares suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso III, alínea “b”, e 19,
parágrafo único, da Lei 8.443/1992, em razão das falhas consignadas no item 9.4.3 acima;
9.4.5. aplicar ao Sr. Hideraldo Luiz Caron a multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação,
para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a data do
Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em
vigor;
9.4.6. autorizar, desde já, o parcelamento das dívidas em até 36 parcelas, nos termos do art. 26
da Lei 8.443/92 c/c o art. 217 do Regimento Interno do TCU;
9.4.7. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
58

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;


9.5. no que concerne ao Sr. José Henrique Sadok de Sá, CPF 160.199.387-00, Diretor
Executivo, de 11/8/2006 a 31/7/2011:
9.5.1. acatar suas razões de justificativa sobre as deficiências no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
9.5.2. julgar regulares suas contas, com fundamento nas arts. 16, inciso I, e 17 da Lei
8.443/1992, dando-lhe quitação plena;
9.6. quanto ao Sr. Luiz Antônio Pagot, CPF 435.102.567-00, Diretor Geral, de 4/10/2007 a
25/7/2011:
9.6.1. acatar suas razões de justificativas que tratam:
9.6.1.1. das deficiências gerais na atividade de desapropriação de imóveis cujas áreas são
utilizadas na infraestrutura de transportes;
9.6.1.2. da não implementação de normas internas, sistemas, procedimentos e mecanismos de
controle para responsabilizar as empresas projetistas em caso de falhas técnicas em projetos;
9.6.1.3. da ausência de ações afetivas para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP
de instrumentos de planejamento necessários para tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque;
9.6.1.4. da ausência de ações de sua competência para dotar a Autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas
despesas;
9.6.2. acatar parcialmente suas razões de justificativas sobre a ausência de ações gerenciais
efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e restrições na estrutura organizacional
da autarquia quanto à deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de convênios das áreas
aquaviária e rodoviária;
9.6.3. julgar regulares com ressalva suas contas, com alicerce nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei
8.443/92, em razão das falhas citadas no item “f.2” acima, dando-lhe quitação;
9.7. em relação ao Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, CPF 288.906.631-20, Diretor de
Infraestrutura Ferroviária, de 1/1/2008 a 30/12/2008, julgar regulares com ressalva suas contas, com
base nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/92, devido à rejeição de suas razões de justificativas no
TC 018.910/2009-0, Acórdão 2091/2011-Plenário, no qual foi constatada a execução de obra,
decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao projeto executivo, sem
aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações;
9.8. com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/92, sejam julgadas regulares as
contas de Angela Maria Barbosa Parente (135.620.373-68); Antonio Muriel de Luna Coutinho
(003.134.324-49); Antonio Pedro Vasconcelos de Oliveira (221.376.707-63); Armando Fontenelle
Albuquerque (071.142.903-06); Carlos Alberto de Moreira Sarmento (004.817.005-44); Carlos Alves
Fernandes (338.160.347-72); Cezar Castilho Maciel (170.900.400-20); Daniele de Lima Menezes
(514.873.571-68); David José de Castro Gouvêa (232.236.859-87); Denise Gomes Simões
(466.098.656-04); Divaldo de Arruda Camara (025.342.154-34); Edson Aires dos Anjos (087.822.026-
72); Edson Campos (153.735.091-91); Eduardo de Souza Costa (426.024.246-68); Elieze Bulhoes de
Carvalho (688.262.301-53); Emanuel Leite Borges (029.015.442-15); Eneida Coelho Monteiro
(462.323.971-34); Euristenes Guimaraes Guerra (038.893.861-72); Expedito Leite da Silva
(112.494.634-91); Fernando Fortes Melro Filho (787.303.504-25); Fernando Guimarães Rodrigues
(277.964.346-34); Francisco Antelius Sérvulos Vaz (080.277.733-34); Francisco Fernando de
Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Francisco de Assis Ramalho Além (644.691.408-30); Gabriel de
Lucena Stuckert (268.698.457-00); Georges Ibrahim Andraos Filho (323.290.671-00); Gerardo de
Freitas Fernandes (062.944.483-87); Gustavo Adolfo Andrade de Sá (160.953.084-53); Heraldo
Cosentino (468.395.778-72); Hernani Lacerda Alves (049.923.185-68); Hugo Sternick (296.677.716-
87); Ismar Portela Santos (011.182.933-04); Jair Sarmento da Silva (092.354.500-04); Jaqueline Costa
59

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

da Silva (552.182.371-91); Jefferson Souza Carvalho (780.973.475-04); Joao Bosco Lobo


(005.984.702-63); Joaquim Guedes Martins Neto (246.136.573-34); Jose Narcelio Marques Sousa
(003.013.884-15); Jose da Silva Tiago (089.172.641-15); José Otávio Ferreira Soares (549.920.877-
87); José Ribamar da Cruz Oliveira (076.076.283-04); José Roberto de Moraes Rego Paiva Fernandes
Júnior (524.117.291-20); João José dos Santos (542.170.249-91); João Silvio Cerqueira Monteiro
(052.474.895-00); Lauri Alarcao Correia Lima (112.401.131-53); Lindorf de Souza Lima Carrijo
(298.935.697-53); Lourdes Bernadete Leite (316.279.511-72); Luis Felipe de Aguilar Paulinyi
(814.498.441-20); Luiz Claudio dos Santos Varejão (905.106.407-10); Marcelino Augusto Santos
Rosa (153.831.647-15); Marcelo Almeida Pinheiro Chagas (791.483.526-91); Marcelo Ibrahim da
Fonseca Alves (928.277.566-68); Marcelo Perrupato e Silva (010.821.326-91); Marcos Cesar Crispim
de Lima (584.731.304-72); Marcos Ledermann (001.422.550-68); Marcus Elicio Bastos Brasil
(302.293.677-04); Maria Auxiliadora Dias Carvalho (265.599.862-68); Mauro Sergio Almeida
Fatureto (562.076.976-34); Miguel Mário Bianco Masella (006.288.598-72); Márcio Simão
(267.319.911-04); Nei Japur (071.927.036-72); Nilton Correa Vieira (072.798.846-87); Nilton de Brito
(140.470.121-49); Olimpio Luiz Pacheco de Moraes (800.430.117-72); Omir Mello Ferreira
(097.124.610-68); Orlando Fanaia Machado (789.624.046-72); Paulo Sérgio Oliveira Passos
(128.620.881-53); Pricilla Maria Santana (584.264.691-91); Raimundo Brito Facanha (019.270.352-
87); Renato da Costa Usier (222.569.718-30); Ricardo Rossi Madalena (137.221.248-59); Riumar dos
Santos (193.432.301-25); Roberto Borges Furtado da Silva (490.589.751-34); Rodrigo Antônio
Ribeiro Costa (747.267.907-06); Romerito Gonçalves Valadão (067.562.711-72); Rommel Mello Cruz
(564.167.174-68); Rui Barbosa Egual (361.213.046-34); Saulo Filinto Pontes de Souza (096.808.535-
00); Sebastião Coriolano de Andrade (021.823.273-04); Sebastião Donizete de Souza (288.866.236-
15); Sebastião Vitor Braga Ribeiro (035.972.103-68); Simone Couto Ferreira (572.374.172-15); Teresa
Valdy Reto (305.033.298-00); Valter Casimiro Silveira (564.286.341-04); Vladimir Roberto Casa
(413.585.540-72); Wilson Izidorio Cruz (199.376.447-04); Zilda Maria dos Santos Mello
(436.702.457-15); Élio Bahia Souza (189.776.697-15), dando-lhes quitação plena;
9.9. dar ciência aos responsáveis deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que a
fundamentam.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2723-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Relator), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2724/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 002.652/2014-5
1.1. Apenso: TC 022.400/2007-6
2. Grupo II – Classe I – Embargos de Declaração (em Tomada de Contas Especial)
3. Embargante: Aluísio Vinagre Regis (CPF 090.660.204-15), ex-prefeito
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Conde/PB
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: não atuou
8. Advogados constituídos nos autos: Hermann Lundgren Correia Regis (OAB 12.767/PB), Ilma
60

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Isabelle dos Santos Vieira Régis (OAB 30.629/PB) e Arthur Henrique de Pontes Régis (OAB
27.251/PB)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em fase de embargos de declaração opostos ao
Acórdão 1.430/2015 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração para, no mérito, acolhê-los parcialmente e,
em consequência, alterar os termos do item 9.1 do Acórdão 1.430/2015 – Plenário, que passa a ter a
seguinte redação:
“9.1 julgar irregulares as contas de Temístocles de Almeida Ribeiro, Aluísio Vinagre Regis,
Jurandir Ronaldo da Silva, Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva, Josemar Alves de Freitas, JR Projetos e
Construções Ltda., Jesus e Ribeiro Ltda. e JAF Construções e Comércio Ltda., condenando-os ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de
mora, calculados a partir das respectivas datas até o dia do efetivo pagamento, e fixando- lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência, para que comprovem perante o TCU o recolhimento
dos montantes aos cofres do Tesouro Nacional:”
9.2. manter em seus exatos termos os demais itens do Acórdão 1.430/2015 – Plenário;
9.3. notificar o embargante acerca desta deliberação;
9.4. encaminhar os presentes autos à Serur, para exame de admissibilidade referente aos recursos
interpostos por Elias Ferreira Viana e Roosevelt Araújo de Oliveira contra o Acórdão 1.430/2015 –
Plenário.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2724-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2725/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.253/2007-4
2. Grupo I – Classe I – Embargos de Declaração (em Tomada de Contas Especial)
3. Embargante: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (CPF 669.649.975-04, ex-Secretário
Executivo do Ministério das Cidades)
3.1. Responsáveis: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (CPF 343.945.911-04, ex-Secretário
Executivo do Ministério das Cidades), Magda Oliveira de Myron Cardoso (CPF 295.784.930-53,
ex-Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração), Renato Stoppa Cândido
(CPF 227.209.521-68, ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos), Wilson Felicissimo de Lima
(CPF 461.731.291-91, ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos substituto), José Maria Martins
(CPF 225.617.811-00, Fiscal da Execução dos Serviços), Francisco Cavalcante Bizerra
(CPF 220.627.261-04, Fiscal da Execução dos Serviços substituto), Aplauso Organização de Eventos
Ltda. (CNPJ 37.986.239/0001-92), Centro de Apoio a Atividades Sociais e Educativas e Culturais –
Casec (CNPJ 07.208.231/0001-34), Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três
Estados do Sul – Cooperhaf (CNPJ 04.801.878/0001-87), Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar da Região Sul – Fetraf-Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60), Inteligência Digital Brasil
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(CNPJ 06.213.760/0001-63), Instituto Nelly de Faro Pires (CNPJ 08.530.707/0001-11), Royal Court
(CNPJ 01.848.212/0001-96) e Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicação do Distrito
Federal (CNPJ 00.618.520/0001-62)
4. Unidade: Ministério das Cidades
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação embargada: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: SecexDensenvolvimento
8. Advogados constituídos nos autos: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (OAB/DF
nº 14.933), Ana Paula de Albuquerque Cavalcante (OAB/DF nº 39.938), Claudismar Zupiroli
(OAB/DF nº 12.250), Fábio Henrique Binicheski (OAB/DF nº 16.980), Juliana Gonçalves de Souza
Guimarães (OAB/DF nº 21.410), Lúcio Landim Batista da Costa (OAB/DF nº 40.009), Marcelo
Alexandre Amaral Dalazen (OAB/DF nº 21.903) e Mirian Lavocat (OAB/DF nº 19.524)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial que tratam, nesta fase
processual, de embargos de declaração opostos por Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (ex-
Secretário Executivo do Ministério das Cidades) contra o Acórdão nº 671/2015-TCU-Plenário, que
julgou irregulares as contas dos inúmeros responsáveis, com condenação em débito, cominação de
multa e declaração de inabilitação de quatro servidores para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, em razão das ilegalidades detectadas
na realização de eventos pelo Ministério das Cidades, por intermédio da Aplauso Organização de
Eventos Ltda.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 31, 32, inciso II, e 34 da Lei
nº 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, para, no mérito, rejeitá-los, mantendo em
seus exatos termos o acórdão recorrido;
9.2. dar ciência desta deliberação ao embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2725-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2726/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 018.128/2010-6
2. Grupo II - Classe IV - Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis: Alvino Rodrigues Leitão, ex-prefeito (CPF 209.821.603-30) e Edinalva de
Nasaré da Luz, ex-tesoureira municipal (CPF 710.239.333-49); Ana Maria Dias (CPF 955.275.753-
34), Ilton Carlos Rodrigues Carvalho (CPF 375.420.603-68) e Aristônio Cavalcante da Luz, (CPF
868.480.893-20), ex-membros da CPL municipal; Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. (CNPJ
04.157.356/0001-94), D. P. Mendes - O Domingão (CNPJ 01.611.388/0001-20), T. M. de J. Chaves de
Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47),
Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves (CNPJ 10.426.609/0001-80), M. V. Pereira da
62

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Silva - Distribuidora Janifarma (CNPJ 04.220.187/0001-90) e Construtora Maryelle Ltda. (CNPJ


04.426.925/0001-50)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
7. Unidade Técnica: Secex/MA
8. Advogado constituído nos autos: Antonio Carlos de Oliveira Filho (OAB/MA 8007)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada por força do
subitem 9.3.1 do Acórdão 3.918/2008 - 2ª Câmara (TC 004.021/2004-1), em razão de irregularidades
na aplicação dos recursos da União ocorridas na Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA, entre os anos
de 2002 e 2004.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I; 12, § 3º; 16, inciso III, alíneas “b”, “c” e “d”, e §§ 2º e 3º; 19, caput;
23, inciso III; 28, inciso II; 46; 57; 58, inciso II; e 60 da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 202, § 6º; 209;
214, inciso III, alíneas “a” e “b”; 215; 216; 267; e 268, inciso II, do Regimento Interno, e ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas de Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz, Casa da
Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão;
9.2. condenar os seguintes responsáveis, solidariamente, ao pagamento das quantias abaixo
discriminadas, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos respectivos cofres, acrescidas da correção
monetária e dos juros de mora calculados a partir das referidas datas até a do efetivo recolhimento, na
forma da legislação em vigor:
9.2.1. Alvino Rodrigues Leitão e Edinalva de Nasaré da Luz
Cofre: Fundo Nacional da Saúde - FNS
Data da ocorrência Valor (R$)
24/1/2002 1.035,00
1/3/2002 2.070,00
6/4/2002 2.070,00
16/8/2002 2.070,00
2/4/2002 8,00
5/4/2002 0,03
19/4/2002 60,80
26/4/2002 22,04
3/5/2002 8,00
10/5/2002 0,03
10/5/2002 5,00
17/5/2002 34,21
31/5/2002 15,20
4/6/2002 8,00
7/6/2002 0,03
21/6/2002 30,62
29/1/2004 0,35
29/1/2004 10,00
30/1/2004 3,00
5/2/2004 0,35
5/2/2004 10,00
63

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13/2/2004 3,00
15/3/2004 6,67
16/3/2004 0,35
16/3/2004 10,00
17/3/2004 6,67
18/3/2004 0,35
18/3/2004 10,00
12/4/2004 3,00
13/5/2004 6,75
4/5/2004 0,35
5/5/2004 6,75
6/5/2004 0,35
6/5/2004 10,00
6/5/2004 10,00
20/7/2004 15,00
30/7/2004 12,42
28/2/2004 96,18
31/3/2004 45,68
12/5/2004 46,64
9/6/2004 47,62
9/7/2004 49,91
30/6/2004 45,48
17/9/2004 55,63
20/10/2004 30,34
4/2/2003 613,40
4/2/2003 720,00
4/2/2003 10.230,50
3/3/2003 782,20
3/3/2003 585,50
8/4/2003 1.081,00
8/4/2003 258,40
2/5/2003 10.539,80
2/5/2003 758,00
2/5/2003 733,00
4/6/2003 1.060,50
9/6/2003 302,50
1/7/2003 949,00
11/7/2003 378,00
4/8/2003 799,00
4/8/2003 589,50
4/8/2003 10.335,80
3/9/2003 6.679,40
5/9/2003 657,00
5/9/2003 728,00
1/10/2003 2.599,00
1/10/2003 1.507,00
Cofre: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - Fundeb
64

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Data da ocorrência Valor (R$)


30/1/2004 6.990,00
26/2/2004 2.890,00
8/5/2002 8.060,00
8/8/2002 1.500,00
2/10/2002 1.700,00
13/5/2002 7.800,00
5/6/2002 7.947,00
10/11/2003 1.487,57
9/6/2003 1.568,00
5/9/2003 1.558,00
1/12/2003 594,00
2/5/2003 2.013,00
4/8/2003 1.783,80
3/11/2003 1.248,00
15/3/2002 31,02
6/5/2002 3,00
22/5/2002 0,35
10/2/2003 4,50
10/2/2003 3,00
30/5/2003 3,00
14/7/2003 0,35
12/12/2003 10,00
12/12/2003 0,35
31/12/2003 0,35
29/1/2004 3,00
2/2/2004 3,00
18/2/2004 3,00
30/7/2004 9,24
28/2/2004 61,72
31/3/2004 25,68
30/4/2004 59,93
9/6/2004 39,82
10/8/2004 33,25
17/9/2004 51,99
Cofre: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE
Data da ocorrência Valor (R$)
19/8/2002 4.266,60
6/3/2003 4.862,00
7/3/2003 4.862,00
28/3/2003 4.862,00
30/4/2003 4.862,00
30/6/2003 4.862,00
28/7/2003 4.862,00
2/8/2003 4.862,00
8/10/2003 4.862,00
26/11/2003 4.862,00
20/2/2004 4.862,00
65

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12/8/2004 5.023,00
27/11/2004 5.916,00
19/2/2003 3.000,00
26/8/2003 3.755,90
28/10/2003 4.862,00
8/10/2003 2.350,00
10/12/2003 2.350,00
26/11/2003 2.350,00
1/6/2004 4.812,00
30/3/2004 5.000,00
30/4/2004 5.400,00
10/11/2003 5.136,00
9.2.2. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz e Casa da Carne Búfalo Bill Ltda.
Cofre: Fundo Nacional da Saúde - FNS
Data da ocorrência Valor (R$)
20/2/2004 63.995,00
23/1/2004 65.114,00
28/4/2004 68.800,00
Cofre: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE
Data da ocorrência Valor (R$)
15/3/2004 13.206,00
8/7/2004 12.773,00
30/7/2004 6.500,00
20/9/2004 5.800,00
20/10/2004 2.475,00
19/11/2004 4.520,00
19/11/2004 4.250,00
8/12/2004 4.750,00
9.2.3. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz e D. P. Mendes – O Domingão
Cofre: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - Fundeb
Data da ocorrência Valor (R$)
30/4/2003 34.400,00
31/7/2003 25.900,00
25/8/2003 8.500,00
9.3. aplicar, individualmente, pelos fundamentos legais discriminados, aos responsáveis a seguir
arrolados multa nos respectivos valores, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das quantias aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo
recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
Responsável Valor (R$) Fundamento da Multa
Alvino Rodrigues Leitão 106.000,00
Edinalva de Nasaré da Luz 106.000,00 Art. 57 da Lei
Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. 50.000,00 8.443/1992.
D. P. Mendes - O Domingão 13.000,00
Alvino Rodrigues Leitão 20.000,00
Edinalva de Nasaré da Luz 20.000,00 Art. 58, inciso II, da
Aristônio Cavalcante da Luz 10.000,00 Lei 8.443/1992.
66

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ilton Carlos Rodrigues Carvalho 10.000,00


Ana Maria Dias 10.000,00
9.4. declarar as empresas Construtora Maryelle Ltda., T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e
Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha, Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria
Chaves, M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora, Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P.
Mendes - O Domingão inidôneas para participar de licitação na Administração Pública Federal, por 5
(cinco) anos;
9.5. declarar Alvino Rodrigues Leitão e Edinalva de Nasaré da Luz inabilitados para o exercício
de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, pelo
período de 5 (cinco) anos,;
9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.7. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado do Maranhão, à Controladoria-Geral da União e ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, para a adoção das medidas pertinentes, em decorrência das
condenações e sanções acima.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2726-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2727/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.386/2013-0
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis: Francisco Gilson Mendes Luiz (ex-prefeito, CPF 437.058.804-97); Município
de Nazarezinho/PB (CNPJ 08.999.708/0001-0); e Vetor Premoldados Comércio Construções e
Serviços Ltda. - ME (CNPJ 05.828.370/0001-35)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Nazarezinho/ PB
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva
7. Unidade Técnica: Secex/PB
8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em razão da
não execução do objeto do Convênio 1.145/2006, celebrado entre a Fundação Nacional de
Saúde/Funasa e o município de Nazarezinho/PB, cujo objeto era a execução de melhorias sanitárias
domiciliares.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, incisos II e III, alíneas “c” e “d”, 19, 23, inciso III, 28, inciso II,
57 e 60 da Lei 8.443/92, c/c os arts. 209, 210 e 214, inciso III, alínea “a”, e 267 do Regimento Interno,
em
9.1 julgar regulares com ressalva as contas do Município de Nazarezinho/PB, dando-lhe
quitação;
67

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2 julgar irregulares as contas de Francisco Gilson Mendes Luiz e da empresa Vetor
Premoldados Comércio, Construções e Serviços Ltda., condenando-os, solidariamente, ao pagamento
das importâncias discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora,
calculados a partir das datas indicadas até a do efetivo recolhimento do débito, fixando-lhes o prazo de
15 (quinze) dias para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos
cofres da Fundação Nacional de Saúde:

Valor Histórico (R$) Data de ocorrência


20.000,00 4/7/2007
32.000,00 24/8/2007
20.000,00 21/12/2007
15.000,00 8/2/2008
17.000,00 12/9/2008
9.3 aplicar, individualmente, a Francisco Gilson Mendes Luiz e à empresa Vetor Premoldados
Comércio, Construções e Serviços Ltda. multa no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) , com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o
recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data
deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação
em vigor;
9.4 declarar Francisco Gilson Mendes Luiz inabilitado para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, pelo período de 5 (cinco) anos;
9.5 autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações; e
9.6 encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado da Paraíba, para adoção das medidas que entender cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2727-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2728/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 023.724/2015-3
2. Grupo II - Classe I - Embargos de Declaração (em Representação)
3. Embargante: Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. (CNPJ 29.884.632/0001-4)
4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin (manifestação
oral)
7. Unidade Técnica: não atuou
8. Advogados constituídos nos autos: Mariana Araújo Becker (OAB/DF 14.675), Luis Eduardo
Oliveira Alejarra (OAB/DF 39.534), Annelise Cristhina Dias Costa (OAB/DF 44.170) e Rogério
Vinhaes Assumpção (OAB/RJ 59.400)

9. Acórdão:
68

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam, nesta fase, de embargos de declaração
opostos pela empresa Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. ao Acórdão 2.471/2015 - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento com nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992;
146, §§ 1 e 2º, e 287 do Regimento Interno do Tribunal; e no Enunciado 145 da Súmula da
Jurisprudência desta Corte, em:
9.1. indeferir o pedido da empresa Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. de ingresso como
interessada nos autos;
9.2. considerar, em consequência, prejudicados os presentes embargos de declaração, uma vez
que têm por objeto unicamente provocar a deliberação sobre a habilitação da embargante como
interessada;
9.3. retificar, por inexatidão material, o Acórdão 2.471/2015 - Plenário, relativamente ao subitem
1.6, para que ele passe a constar com o seguinte teor: “Representação legal: Mariana Araújo Becker
(OAB/DF 14.675), Luis Eduardo Oliveira Alejarra (OAB/DF 39.534), Lilian de Argollo Bramont
(CPF 421.817.715-53), Annelise Cristhina Dias Costa (OAB/DF 44.170) e Rogério Vinhaes
Assumpção (OAB/RJ 59.400)”;
9.4. notificar a embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2728-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2729/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.311/2013-3
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)
3. Recorrente: Francisco Airton Felix (CPF: 095.031.615-68), ex-diretor presidente da Oscip
Tercon Brasil
4. Unidade: Oscip Tercon Brasil (CNPJ: 05.138.035/0001-05)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/CE.
8. Representação legal: Max Alves Carvalho (238869/SP-OAB) e outros, representando
Francisco Airton Felix

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam, neste estágio, de recurso de
reconsideração interposto por Francisco Airton Felix contra o Acórdão 2.778/2014 - Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com
fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/92 e diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente recurso de reconsideração, para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência do inteiro teor deste acórdão ao recorrente.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


69

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.


12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2729-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2730/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 004.540/2015-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Responsável: UTB União Transporte Brasília Ltda. (37.098.480/0001-85).
4. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Terrestres.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária (SeinfraRod).
8. Advogado constituído nos autos: Edvan Teles da Silva (OAB/DF 44.326), Cláudio Renato
Canto Farág (OAB/DF 14.005) e Felipe Teixeira Vieira (OAB/DF 31.718).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar,
formulada pela Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda. em face do Edital 2/2014-lote 3 da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cujo objeto é a permissão para prestação de
serviços de transporte rodoviário semiurbano de passageiros para atendimento a região do Distrito
Federal e do entorno.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1.conhecer a presente representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. revogar a medida cautelar concedida em Despacho à peça 16;
9.3. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c art. 45, caput, da Lei
8.443/1992, assinar prazo de 15 (quinze) dias para que a Agência Nacional de Transportes Terrestres
adote as providências necessárias no sentido de anular os atos que levaram à habilitação da empresa
UTB União Transporte Brasília Ltda., no Edital 2/2014-Lote 3, bem como os atos subsequentes,
facultando-lhe a retomada do processo licitatório no momento imediatamente anterior a essa etapa ou
mesmo o desfazimento de todo o procedimento licitatório no que se refere ao Lote 3;
9.4. com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Agência
Nacional de Transportes Terrestres que, na hipótese de optar pelo desfazimento de todo o
procedimento licitatório referente ao Lote 3 do Edital 2/2014, avalie a oportunidade e a conveniência
de rever a pertinência e a razoabilidade das cláusulas de habilitação e qualificação adotadas,
ponderando a possibilidade de ajustes que permitam uma maior competitividade, sem descuidar da
necessidade de se assegurar a aptidão do licitante para a boa prestação dos serviços;
9.5. encaminhar a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a documentação comprobatória do
atendimento ao item 9.3.;
9.6. indeferir o pedido de habilitação nos autos como interessado, formulado pela cooperativa
Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda.;
9.7. autorizar o apensamento dos presentes autos ao TC 025.089/2013-7, após a comprovação
do cumprimento da decisão, conforme os arts. 36, caput, e 40, inciso III, da Resolução-TCU 259/2014;
9.8. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, à
representante (Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda.), à Agência Nacional de Transportes
70

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Terrestres e à UTB União Transporte Brasília Ltda;


9.9. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam à
Procuradoria da República no Distrito Federal para adote as providências que entender cabíveis ante os
fatos noticiados na presente representação no que tange a possíveis irregularidades cometidas pelos
agentes públicos na condução do certame em apreço.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2730-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2731/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.538/2015-5.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria (Fiscobras 2015)
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Congresso Nacional (vinculador); Secretaria Municipal de Infraestrutura
Urbana e Obras de São Paulo (46.392.171/0001-04)
3.2. Responsáveis: Carlos Antonio Vieira Fernandes (274.608.784-72); Dario Rais Lopes
(976.825.438-68); Elton Santa Fé Zacarias (063.908.078-21); Maria Beatriz de Marcos Millan Oliveira
(073.610.538-74); Miriam Aparecida Belchior (056.024.938-16); Osvaldo Misso (860.279.058-91);
Ricardo Pereira da Silva (355.420.126-04); Roberto Nami Garibe Filho (112.313.258-52).
4. Órgãos/Entidades/Unidades: Caixa Econômica Federal; Ministério das Cidades (vinculador);
Prefeitura Municipal de São Paulo/SP.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrbana).
8. Representação legal: Guilherme Lopes Mair (OAB/DF 32261); Jose Mauro Gomes (não
advogado); Murilo Fracari Roberto (OAB/DF 22.934).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada no lote 1 do
Edital RDC Presencial 003/2015, referente às obras de implantação do Corredor de Ônibus Perimetral
Itaim Paulista-São Mateus (Município de São Paulo), no âmbito do Fiscobras 2015.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo relator, em:
9.1. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional, em cumprimento ao art. 117, caput, da Lei 13.080/2015 (LDO 2015), que foram detectados
indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art. 112 da LDO 2015) no lote 1
do Edital de Licitação RDC Presencial 3/2015/SIURB, relativo aos serviços de execução das obras e
elaboração de projeto executivo da obra Corredor de ônibus Perimetral Itaim Paulista-São Mateus –
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, localizados no município de São Paulo/SP, tendo sido
estimado potencial dano ao erário de R$ 59.020.900,56 devido aos indícios de sobrepreço e que o TCU
reavaliará a recomendação de paralisação caso a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e
Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP) adote a seguinte medida corretiva:
9.1.1. republicar o Edital de Licitação RDC Presencial 3/2015, nos termos da legislação em
71

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

vigor, adequando os preços unitários do orçamento-base aos referenciais de mercado, nos termos dos
arts. 3º, 4º e 5º do Decreto 7.983/2013;
9.2. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar a oitiva da
Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP), para que, no prazo
de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios de irregularidade, identificados na
documentação referente às obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e
Terminal Itaim Paulista, Edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb (lote 1):
9.2.1. sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), conforme item III.2 do relatório de auditoria (peça 72) e
instrução à peça 86;
9.2.2. ausência de parcelamento do objeto, conforme item III.3 do relatório de auditoria (peça
72);
9.2.3. lançamento de edital com recursos insuficientes, visto que o termo de compromisso
firmado (nº 0445.950-17/2014-SP) não cobre as despesas relacionadas à obra, conforme item III.4 do
relatório de auditoria (peça 72);
9.3. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar a oitiva da Caixa
Econômica Federal, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios de
irregularidade, identificados na documentação referente às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, Edital de licitação RDC Presencial
3/2015/Siurb (lote 1):
9.3.1. sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), conforme item III.2 do relatório de auditoria (peça 72) e
instrução à peça 86;
9.3.2. termo de compromisso (nº 0445.950-17/2014-SP) firmado em valores insuficientes para
cobrir as despesas relacionadas à obra, conforme item III.4 do relatório de auditoria (peça 72);
9.4. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar a oitiva do
Ministério das Cidades, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios
de irregularidade, identificados na documentação referente às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, Edital de licitação RDC Presencial
3/2015/Siurb (lote 1):
9.4.1. sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), conforme item III.2 do relatório de auditoria (peça 72) e
instrução à peça 86;
9.4.2. ausência de parcelamento do objeto, conforme item III.3 do relatório de auditoria (peça
72);
9.4.3. termo de compromisso (nº 0445.950-17/2014-SP) firmado em valores insuficientes para
cobrir as despesas relacionadas à obra, conforme item III.4 do relatório de auditoria (peça 72); e
9.5. encaminhar cópia desta deliberação, incluindo o voto e o relatório que a fundamentam, bem
como do relatório de auditoria (peça 72) à Siurb/SP, ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica
Federal e ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo/SP.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2731-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
72

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2732/2015 – TCU – Plenário.

1. Processo nº TC 012.687/2013-8.
1.1. Apenso: 020.270/2013-5.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Pedido de Reexame (Representação).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. (09.376.475/0001-51); Casa Civil da
Presidência da República; Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
3.2. Recorrente: Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20).
4. Órgão: Secretaria Especial de Portos da Presidência da República.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Fiscalização de
Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHid).
8. Advogado constituído nos autos: Apuám Carvalho Costa (OAB/DF 32.322); Eduardo
Rodrigues Lopes (OAB/DF 29.283); Luis Justiniano Haiek Fernandes (OAB/DF 2.193A) e outros.

9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido este pedido de reexame em processo de representação, interposto
pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo contra o Acórdão 1.155/2014 – TCU –
Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 286 do
Regimento Interno, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame, para no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente, à Secretaria de Portos da Presidência da
República e aos interessados constantes do item 3.1 deste Acórdão.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2732-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2733/2015 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 024.139/2015-7.
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Unidades jurisdicionadas: Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo; Prefeitura
Municipal de São Paulo.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
73

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representações ofertadas por Carlos
Alberto La Selva e Sice do Brasil Ltda., com pedido de medida cautelar, acerca de possíveis
irregularidades relacionadas à concorrência pública 01-B/SDTE/2014, conduzida pela Secretaria
Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo do município de São Paulo, cujo
objeto é a concessão de obra pública para a implementação, operação, manutenção e exploração
econômica do Circuito das Compras, em área da União denominada “Pátio do Pari”, cedida mediante
contrato de Concessão de Direito Real de Uso,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. conhecer das presentes representações, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c
arts. 235, caput, e 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;
9.2. indeferir os pedidos de medida cautelar formulados pelas representantes, ante a ausência de
plausibilidade jurídica (fumus boni iuris) na impugnação referente à incompatibilidade de prazos entre
as concessões;
9.3. no mérito, considerar as representações parcialmente procedentes;
9.4. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à
Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo e à Prefeitura Municipal de São Paulo que
procedam a formalização de aditivo ao contrato de Concessão de Direito Real de Uso do imóvel
denominado Pátio do Pari a fim de fazer constar no instrumento jurídico a condição de eficácia para
início do prazo de vigência de 35 anos estipulado para a Concessão de Direito Real de Uso, com vistas
a conferir maior segurança jurídica ao negócio;
9.5. nos termos do art. 250, inciso II, in fine, do Regimento Interno do TCU, arquivar o presentes
processo, sem prejuízo do monitoramento do cumprimento das determinações.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2733-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2734/2015 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 026.025/2014-0.
1.1. Apensos: 004.222/2015-6; 046.492/2012-7.
2. Grupo I - Classe de Assunto: V - Monitoramento.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgão: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG).
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
74

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento que teve por objetivo avaliar o
cumprimento e a implementação de deliberações constantes dos Acórdãos 1.647/2010, 1.793/2011 e
2.601/2011, todos do Plenário, com vistas a contribuir para o aprimoramento do Sistema de
Administração de Serviços Gerais (Siasg) e do sistema ComprasNet (atualmente Compras
Governamentais),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. considerar cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.1.9,
9.1.13, 9.2.1.1, 9.2.1.2, 9.2.1.3, 9.2.1.4, 9.2.1.5, 9.2.4, 9.2.7 e 9.3 do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário; 9.2.1.2, 9.2.1.3, 9.2.1.4, 9.2.1.5, 9.2.1.6, 9.2.1.7, 9.2.2.1, 9.2.2.2, 9.2.3, 9.2.4, 9.2.6, 9.2.8,
9.2.9, 9.3.1, 9.3.2.2, 9.3.3, 9.3.4, 9.3.5, 9.5.1.1, 9.5.1.2, 9.5.1.3, 9.5.1.4, 9.5.1.5.1, 9.5.1.5.2, 9.5.1.6,
9.5.1.7, 9.5.1.8, 9.5.1.9, 9.5.2 e 9.11 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário; e 9.1, 9.2.1 e 9.2.2 do
Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário;
9.2. considerar parcialmente cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.1 do Acórdão
1.647/2010-TCU-Plenário e 9.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
9.3. considerar não cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.8, 9.1.12.1, 9.1.12.2, 9.1.12.3,
9.1.12.4 e 9.2.8 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.2.5 e seus subitens do Acórdão 1.793/2011-
TCU-Plenário;
9.4. considerar em implementação as recomendações 9.2.9 do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário e 9.3.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
9.5. declarar insubsistentes as deliberações 9.2.2, 9.2.3, 9.2.5.1, 9.2.5.2, 9.2.5.3, 9.2.5.4 e 9.2.6
do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.2.7, 9.12 e 9.14 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
9.6. determinar à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão que envie a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias após o
recebimento da notificação, relatório final sobre o atendimento aos itens do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário consignados como não atendidos em sua integralidade neste monitoramento (itens 9.1.1,
9.1.8, 9.1.12.1, 9.1.12.2, 9.1.12.3, 9.1.12.4, 9.2.8 e 9.2.9 do referido Acórdão), atualizando as
informações prestadas por meio do ofício 2.621/2014-DELOG/SLTI/MPOG e da nota técnica
189/2010-DLSG/SLTI/MPOG necessariamente em confronto com os apontamentos realizados acerca
dos referidos itens na presente deliberação;
9.7. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo deste TCU que envide esforços para
iniciar, no menor prazo possível, a ação de fiscalização em desdobramento aos itens 9.12 do Acórdão
906/2009-TCU-Plenário, 9.3 do Acórdão 3.348/2012-TCU-Plenário e 9.7 do Acórdão 2.393/2013-
TCU-Plenário, incluindo, no escopo de tal fiscalização, análise sobre as questões apontadas nos
parágrafos 10-14 do Voto que fundamenta a presente deliberação;
9.8. encaminhar cópia do inteiro teor da presente deliberação:
9.8.1. a todos os órgãos que originalmente foram destinatários dos Acórdãos monitorados;
9.8.2. aos Procuradores Orlando Monteiro Espíndola da Cunha e Ariane Guebel de Alencar, em
atenção aos ofícios 3.896/2015-PRDF/MPF e 1.436/2015-PRDF/MPF (TC 004.222/2015-6, apenso);
9.9. nos termos do art. 5º, inciso II, da Portaria-Segecex 27/2009, juntar cópia da presente
deliberação aos TC’s 011.643/2010-2 e 014.474/2011-5, nos quais foram proferidos, respectivamente,
os Acórdãos 1.793 e 2.601/2011-TCU-Plenário, e apensar o presente processo ao TC 012.538/2009-1,
no qual foi proferido o Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2734-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
75

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2735/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 004.595/2015-7.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Arlindo Carvalho Meireles (042.679.247-59); Bella Furtado (410.709.097-34);
Deusimar Nunes Alvarenga (519.506.427-04); Ermelinda Cardoso Caetano (035.533.387-25); Garben
Lúcia Oliveira Lima (035.533.567-07).
4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS, em desfavor de Deusimar Nunes Alvarenga, ex-servidora daquele
Instituto, em razão do prejuízo por ela causado na habilitação e concessão irregulares de
aposentadorias em agências da Previdência Social localizadas nos bairros Copacabana e Barra da
Tijuca, no município do Rio de Janeiro;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. excluir da relação processual os responsáveis Arlindo Carvalho Meireles, Bella Furtado,
Ermelinda Cardoso Caetano e Garben Lúcia Oliveira Lima;
9.2. julgar irregulares as contas de Deusimar Nunes Alvarenga, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e 19, caput, da Lei 8.443/1992;
Achado 1. 9.3. condená-la ao recolhimento das importâncias abaixo especificadas ao Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS, acrescidas de encargos legais a partir das datas
mencionadas até a data do pagamento:
- pagamentos efetuados ao segurado Arlindo Carvalho Meireles:

Data Moeda Valor Tipo


04/01/1993 Cr$ 16.699.000,00 D
01/02/1993 Cr$ 7.879.000,00 D
01/03/1993 Cr$ 7.961.000,00 D
01/04/1993 Cr$ 10.879.234,00 D
03/05/1993 Cr$ 10.879.300,00 D
01/06/1993 Cr$ 20.820.806,00 D
01/07/1993 Cr$ 20.856.300,00 D
02/08/1993 CR$ 29.294,60 D
01/09/1993 CR$ 35.024,00 D
01/10/1993 CR$ 59.629,36 D
01/11/1993 CR$ 74.576,01 D
01/12/1993 CR$ 186.538,90 D
14/02/1995 R$ 1.060,35 D
10/03/1995 R$ 402,06 D
76

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10/05/1995 R$ 402,06 D
09/06/1995 R$ 574,37 D
05/07/1995 R$ 574,37 D
05/10/1995 R$ 1.148,74 D
06/11/1995 R$ 574,37 D
04/12/1995 R$ 1.148,74 D
03/01/1996 R$ 574,37 D
05/02/1996 R$ 574,37 D
02/04/1996 R$ 574,37 D
29/05/1996 R$ 1.148,74 D
04/06/1996 R$ 660,52 D
25/07/1996 R$ 660,52 D
28/08/1996 R$ 660,52 D
19/09/1996 R$ 660,52 D
09/10/1996 R$ 660,52 D
08/11/1996 R$ 4.681,12 D

- pagamentos efetuados à segurada Bella Furtado:

Data Moed Valor Tipo


a
02/09/1991 Cr$ 605.527,31 D
01/10/1991 Cr$ 74.218,24 D
01/11/1991 Cr$ 74.218,00 D
03/02/1992 Cr$ 163.147,00 D
01/04/1992 Cr$ 163.149,00 D
01/06/1992 Cr$ 437.469,00 D
01/07/1992 Cr$ 437.469,00 D
03/08/1992 Cr$ 437.469,00 D
01/09/1992 Cr$ 600.584,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.350.040,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.350.040,00 D
01/12/1992 Cr$ 3.071.140,00 D
04/01/1993 Cr$ 1.806.040,00 D
01/02/1993 Cr$ 3.830.000,00 D
01/03/1993 Cr$ 3.989.000,00 D
01/04/1993 Cr$ 5.372.800,00 D
01/05/1993 Cr$ 5.620.500,00 D
01/06/1993 Cr$ 10.032.500,00 D
01/07/1993 Cr$ 10.458.500,00 D
01/11/1993 CR$ 36.344,34 D
01/12/1993 CR$ 76.311,42 D
03/01/1994 CR$ 57.292,84 D
01/03/1994 CR$ 109.067,53 D
04/04/1994 CR$ 153.613,94 D
02/05/1994 CR$ 218.433,56 D
01/07/1994 R$ 164,58 D
11/01/1995 R$ 493,74 D
77

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

09/02/1995 R$ 179,58 D
09/03/1995 R$ 164,58 D
11/04/1995 R$ 164,58 D
10/05/1995 R$ 164,58 D
09/06/1995 R$ 235,11 D
11/07/1995 R$ 235,11 D
09/08/1995 R$ 235,11 D
12/09/1995 R$ 235,11 D
10/10/1995 R$ 235,11 D
10/11/1995 R$ 235,11 D
11/12/1995 R$ 470,22 D
10/01/1996 R$ 235,11 D
09/02/1996 R$ 235,11 D
11/03/1996 R$ 235,11 D
11/04/1996 R$ 235,11 D
10/05/1996 R$ 235,11 D
12/06/1996 R$ 270,37 D
09/07/1996 R$ 270,37 D
09/08/1996 R$ 270,37 D
10/09/1996 R$ 270,37 D
10/10/1996 R$ 270,37 D
11/11/1996 R$ 270,37 D
10/12/1996 R$ 540,74 D
10/01/1997 R$ 270,37 D
13/02/1997 R$ 270,37 D
11/03/1997 R$ 270,37 D
09/04/1997 R$ 270,37 D
12/05/1997 R$ 270,37 D
12/06/1997 R$ 270,37 D
09/07/1997 R$ 291,35 D
11/08/1997 R$ 291,35 D
09/09/1997 R$ 291,35 D
09/10/1997 R$ 291,35 D
12/11/1997 R$ 291,35 D
09/12/1997 R$ 582,70 D
12/01/1998 R$ 291,35 D
11/02/1998 R$ 291,35 D
11/03/1998 R$ 291,35 D
15/04/1998 R$ 291,35 D
13/05/1998 R$ 291,35 D
09/06/1998 R$ 291,35 D
09/07/1998 R$ 305,36 D
12/08/1998 R$ 305,36 D
11/09/1998 R$ 305,36 D
09/10/1998 R$ 305,36 D
11/11/1998 R$ 305,36 D
09/12/1998 R$ 610,72 D
09/01/1999 R$ 305,36 D
78

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10/02/1999 R$ 305,36 D
09/03/1999 R$ 305,36 D
14/04/1999 R$ 305,36 D
11/05/1999 R$ 305,36 D
10/06/1999 R$ 305,36 D
09/07/1999 R$ 319,43 D
10/08/1999 R$ 319,43 D
10/09/1999 R$ 319,43 D
11/10/1999 R$ 319,43 D
10/11/1999 R$ 319,43 D
09/12/1999 R$ 638,86 D
11/01/2000 R$ 319,43 D
09/02/2000 R$ 319,43 D
13/03/2000 R$ 319,43 D
11/04/2000 R$ 319,43 D
10/05/2000 R$ 319,43 D
09/06/2000 R$ 319,43 D
11/07/2000 R$ 337,98 D
09/08/2000 R$ 337,98 D
12/09/2000 R$ 337,98 D
10/10/2000 R$ 337,98 D
10/11/2000 R$ 337,98 D
11/12/2000 R$ 675,96 D
10/01/2001 R$ 337,98 D
09/02/2001 R$ 338,00 D
09/03/2001 R$ 338,00 D
10/04/2001 R$ 338,00 D
10/05/2001 R$ 338,00 D
11/06/2001 R$ 338,00 D
10/07/2001 R$ 364,00 D
09/08/2001 R$ 364,00 D
12/09/2001 R$ 364,00 D
09/10/2001 R$ 364,00 D
12/11/2001 R$ 364,00 D
11/12/2001 R$ 727,80 D
10/01/2002 R$ 364,00 D
13/02/2002 R$ 364,00 D
13/03/2002 R$ 364,00 D

- pagamentos efetuados à segurada Ermelinda Cardoso Caetano:

Data Moeda Valor Tipo


03/02/1992 Cr$ 241.205,00 D
02/03/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/04/1992 Cr$ 241.205,00 D
04/05/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/06/1992 Cr$ 555.643,00 D
01/07/1992 Cr$ 555.644,00 D
79

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

03/08/1992 Cr$ 555.644,00 D


01/09/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.249.020,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.249.020,00 D
01/12/1992 Cr$ 2.498.030,00 D
04/01/1993 Cr$ 12.159.870,00 D
09/11/1995 R$ 2.667,25 D
11/12/1995 R$ 434,50 D
16/01/1996 R$ 217,25 D
08/02/1996 R$ 217,25 D
08/03/1996 R$ 217,25 D
08/04/1996 R$ 217,25 D
09/05/1996 R$ 217,25 D
11/06/1996 R$ 249,83 D
08/07/1996 R$ 249,83 D
08/08/1996 R$ 249,83 D
09/09/1996 R$ 249,83 D
09/10/1996 R$ 249,83 D
08/11/1996 R$ 249,83 D
09/12/1996 R$ 499,66 D
09/01/1997 R$ 249,83 D
17/02/1997 R$ 249,83 D
13/03/1997 R$ 249,83 D
08/04/1997 R$ 249,83 D
12/05/1997 R$ 249,83 D
10/06/1997 R$ 249,83 D
10/07/1997 R$ 269,21 D
12/08/1997 R$ 269,21 D
09/09/1997 R$ 269,21 D
09/10/1997 R$ 269,21 D
11/11/1997 R$ 269,21 D
09/12/1997 R$ 538,42 D

- pagamentos efetuados ao segurado Garben Lúcia Oliveira Lima:

Data Moeda Valor Tipo


03/02/1992 Cr$ 241.205,00 D
02/03/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/04/1992 Cr$ 241.205,00 D
04/05/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/06/1992 Cr$ 2.186.758,00 D
01/07/1992 Cr$ 555.644,00 D
03/08/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/09/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.249.014,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.249.014,00 D
01/12/1992 Cr$ 2.498.028,00 D
04/01/1993 Cr$ 12.270.925,00 D
80

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/02/1993 Cr$ 3.012.782,00 D


01/03/1993 Cr$ 3.012.782,00 D
01/04/1993 Cr$ 4.117.569,00 D
03/05/1993 Cr$ 4.117.569,00 D
03/06/1993 Cr$ 7.893.684,00 D
03/07/1993 Cr$ 7.893.684,00 D
02/08/1993 CR$ 11.087,39 D
01/09/1993 CR$ 13.222,80 D
01/10/1993 CR$ 22.576,11 D
01/11/1993 CR$ 28.258,51 D
01/12/1993 CR$ 70.601,06 D
16/11/1995 R$ 2.667,25 D
14/12/1995 R$ 5.234,50 D
16/01/1996 R$ 217,25 D
14/02/1996 R$ 217,25 D
14/03/1996 R$ 217,25 D
16/04/1996 R$ 217,25 D
15/05/1996 R$ 217,25 D
17/06/1996 R$ 249,83 D
12/07/1996 R$ 249,83 D
14/08/1996 R$ 249,83 D
13/09/1996 R$ 249,83 D
15/10/1996 R$ 249,83 D
14/11/1996 R$ 249,83 D
17/12/1996 R$ 499,66 D
15/01/1997 R$ 249,83 D
20/02/1997 R$ 249,83 D
14/03/1997 R$ 249,83 D
16/04/1997 R$ 249,83 D
19/05/1997 R$ 249,83 D
13/06/1997 R$ 249,83 D
17/07/1997 R$ 269,21 D
18/08/1997 R$ 269,21 D
18/09/1997 R$ 269,21 D
16/10/1997 R$ 269,21 D
24/11/1997 R$ 269,21 D
16/12/1997 R$ 538,42 D
16/01/1998 R$ 269,21 D
13/02/1998 R$ 269,21 D
18/03/1998 R$ 269,21 D
22/04/1998 R$ 269,21 D
18/05/1998 R$ 269,21 D
16/06/1998 R$ 269,21 D
16/07/1998 R$ 282,15 D
18/08/1998 R$ 282,15 D
21/09/1998 R$ 282,15 D
16/10/1998 R$ 282,15 D
16/11/1998 R$ 282,15 D
81

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14/12/1998 R$ 564,30 D

Achado 2. 9.4. fixar prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o
Tribunal, do recolhimento da dívida acima imputada, com fundamento no art. 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992;
Achado 3. 9.5. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, na forma
do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.6. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para
cobrança judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do
art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da
primeira parcela em 15 dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 dias,
devendo incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na
legislação em vigor, sem prejuízo de alertar o responsável de que a falta de comprovação do
recolhimento de qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;
Achado 4. 9.7. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o
fundamentam, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, conforme determina o art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do
Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2735-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2736/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC-005.203/2015-5.
2. Grupo I; Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Vera Lúcia Ferreira Costa (CPF 144.635.358-32) e Telmo Tavares Primo
(CPF 257.610.056-20).
4. Entidade: Gerência Executiva do INSS em Campinas/SP.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – Secex/SP.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em
decorrência da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito da Gerência Executiva do
Instituto Nacional do Seguro Social em Campinas/SP;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em:
9.1. excluir da relação processual o Sr. Telmo Tavares Primo;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea “d”, 19 e 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas da Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, condenando-a, em
consequência, ao pagamento das importâncias abaixo especificadas, atualizadas monetariamente e
82

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas originais dos débitos a seguir indicadas até a
sua efetiva quitação, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, para que comprove, perante o Tribunal, o
recolhimento das referidas quantias aos cofres do INSS, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da
citada Lei, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;
Valores históricos e datas de ocorrência:
29/12/2003 1.950,06
12/3/2004 1.114,32
12/3/2004 1.114,32
14/4/2004 1.114,32
31/5/2004 1.114,32
7/6/2004 1.164,79
6/7/2004 1.164,79
5/8/2004 1.164,79
13/9/2004 1.164,79
8/10/2004 1.164,79
9/11/2004 1.164,79
7/12/2004 2.329,58
11/1/2005 1.164,79
9/2/2005 1.164,79
17/3/2005 1.164,79
14/4/2005 1.164,79
10/5/2005 1.164,79
13/6/2005 1.238,81
29/7/2005 1.238,81
23/8/2005 1.238,81
19/9/2005 1.238,81
6/10/2005 1.238,81
7/11/2005 1.238,81
6/12/2005 2.477,62
5/1/2006 1.238,81
6/2/2006 1.238,81
6/3/2006 1.238,81
6/4/2006 1.238,81
5/5/2006 1.300,75
6/6/2006 1.300,75
6/7/2006 1.300,75
4/8/2006 1.300,75
6/9/2006 1.951,12
5/10/2006 1.300,99
7/11/2006 1.300,87
6/12/2006 1.951,37
5/1/2007 1.300,87
6/2/2007 1.300,87
6/3/2007 1.300,87
5/4/2007 1.300,87
7/5/2007 1.343,79
6/6/2007 1.343,79
83

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5/7/2007 1.343,79
6/8/2007 1.343,79
6/9/2007 2.015,68
4/10/2007 1.343,79
7/11/2007 1.343,79
6/12/2007 2.015,69
7/1/2008 1.343,79
11/2/2008 1.343,79
6/3/2008 1.343,79
4/4/2008 1.410,97
7/5/2008 1.410,97
5/6/2008 1.410,97
4/7/2008 1.410,97
6/8/2008 1.410,97
6/4/2009 1.494,49
7/5/2009 1.494,49
4/6/2009 1.494,49
6/7/2009 1.494,49
6/8/2009 1.494,49
4/9/2009 2.241,73
6/10/2009 1.494,49
6/11/2009 1.494,49
4/12/2009 2.241,74
7/1/2010 1.494,49
4/2/2010 1.586,25
4/3/2010 1.586,25
7/4/2010 1.586,25
6/5/2010 1.586,25
7/6/2010 1.586,25
6/7/2010 1.586,25
5/8/2010 1.751,52
8/9/2010 2.414,79
6/10/2010 1.609,86

9.3. aplicar à Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, a multa prevista no art. 57, da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, a contar da data deste Acórdão até a data do efetivo
recolhimento, caso não seja paga no prazo estabelecido, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da
Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
9.5. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para cobrança
judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da
Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira
parcela em 15 dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 dias, devendo
incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação
em vigor, sem prejuízo de alertar a responsável que a falta de comprovação do recolhimento de
qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;
84

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.6. inabilitar a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa para o exercício de cargo em comissão ou função
de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo período de cinco anos, com fundamento no
art. 60 da Lei 8.443/1992;
9.7. encaminhar cópia do presente acórdão, bem como do relatório e do voto que o
fundamentam, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em São Paulo, nos termos do § 3º
do art. 16 da Lei 8.443/1992, c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das
medidas que entender cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2736-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2737/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.315/2011-2.
1.1. Apensos: 007.316/2011-9; 007.317/2011-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.
3. Responsável/Recorrente:
3.1. Responsável: Aldemir Bendine (043.980.408-62).
3.3. Recorrente: Petróleo Brasileiro S/A. (33.000.167/0001-01).
4. Entidade: Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Representação legal: 8.1. Bruno Henrique de Oliveira Ferreira (15345/OAB-DF); 8.2. Carlos
Roberto de Siqueira Castro (20015/OAB-DF); 8.3. Carolina Bastos Lima (135073/OAB-RJ),; 8.4.
Daniele Domingues Lima e Silva (7286/OAB-AL); 8.5. Geórgia Valverde Leão Romeiro
(18578/OAB-BA); 8.6. Lais Estorani de Faria (131272/OAB-MG); 8.7. Nilton Antônio de Almeida
Maia (67.460/OAB-RJ); 8.8. Polyanna Ferreira Silva Vilanova (19.273/OAB-DF); 8.9. Raphaela
Cristina Nascimento Perini Rodrigues (129398/OAB-RJ); 8.10. Taísa Oliveira Maciel (118.488/OAB-
RJ); 8.11. Samara da Silva Bernardes (160361/OAB-RJ); 8.12. Ésio Costa Júnior (59.121/OAB-RJ);
todos representando Petróleo Brasileiro S/A.
a)
b) 9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos petição apresentada pela Petrobras contra o Acórdão 2.154/2015-
TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal indeferiu pedido de prorrogação de prazo apresentado pela
estatal e manteve os exatos termos do Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. informar a Petrobras que a aplicação imediata dos comandos estabelecidos nos
subitens 9.1.1, 9.1.2 e 9.1.6. do Acórdão 1441/2015- TCU- Plenário poderá ser dispensada nos casos
de processos licitatórios de obras e serviços de engenharia em que as propostas oferecidas pelas
empresas participantes já tenham sido abertas, consoante relação que integra o Anexo II da peça 107
85

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dos presentes autos, devendo para tanto serem registradas, nos respectivos processos licitatórios, as
razões que justifiquem a não aplicação dos mencionados dispositivos;
9.2. determinar à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Petróleo, Gás Natural e
Mineração que acompanhe as contratações de obras e serviços de engenharia realizadas pela Petrobras
no tocante ao atendimento do rito processual determinado nos Acórdãos 621 e 1.441/2015-TCU-
Plenário e avalie se as justificativas são razoáveis, além de verificar a imprescindibilidade da
contratação e se os documentos contratuais repartem clara e objetivamente as responsabilidades das
partes, preservando o patrimônio da Estatal.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2737-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro,
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2738/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.586/2015-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de Declaração (Representação).
3. Recorrente: GLS Engenharia e Consultoria Ltda. (68.558.972/0001-30).
4. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Representação legal: José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz (OAB/RJ 106.810) e
outros, representando GLS.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de embargos de declaração opostos em
face do Acórdão 2.318/2015-TCU-Plenário, prolatado no âmbito de representação, com pedido de
medida cautelar, formulada a este Tribunal pela empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda., com
fulcro no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, versando sobre supostas irregularidades no edital do Pregão
Eletrônico 357/2015, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social -
Dataprev, tendo por objeto a "contratação de empresa especializada para prestação de serviços, pelo
prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do Centro de
Processamento Rio de Janeiro - CPRJ, preservando as certificações das normas ABNT NBR 15.247 e
NBR 60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura, para que
o referido datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do padrão Tier
III (Operational Sustainability)";
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992 combinado com os arts. 282 e 146, §1º, do
Regimento Interno do TCU, não conhecer dos presentes embargos de declaração, em virtude de a
empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda não ser parte interessada nos presentes autos;
9.2. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
86

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

representante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2738-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro,
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2739/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.812/2010-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão.
3. Recorrentes: Aristeu Chaves Filho (069.141.604-49) e Valexport (12.657.896/0001-65).
4. Entidade: Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale
do São Francisco – Valexport.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Antônio Renato Lima da Rocha (OAB/PE 4.422).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pela Associação dos
Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco – Valexport e por
Aristeu Chaves Filho, ex-presidente daquela Associação, contra o Acórdão 1.548/2012-TCU-Plenário;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão, com fulcro nos arts. 31, 32 e 35 da Lei 8.443/1992, para, no
mérito, dar-lhe provimento e tornar insubsistente o Acórdão 1.548/2012-TCU-Plenário;
9.2. arquivar os presentes autos, sem julgamento de mérito, com fundamento no disposto no art.
212 do Regimento Interno do TCU, por ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
9.3. dar ciência desta deliberação aos recorrentes, a Luciano Cezar Rocha Azevedo e Daniel Reis
de Souza, ao Desembargador Federal Néviton Guedes do Tribunal Regional Federal da Primeira
Região - TRF-1ª Região, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de Pernambuco
e à Controladoria-Geral da União;
9.4 dar ciência desta deliberação ao Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico, responsável
pelas atividades de cobrança executiva no âmbito do TCU, para a adoção das medidas cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2739-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro,
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
87

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2740/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.030/2015-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (Representação).
3. Recorrente: Cetest Minas Engenharia e Serviços S.A. (24.016.172/0001-11).
4. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberacao recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex/RJ).
8. Representação legal: José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz (OAB/RJ 106.810) e
outros, representando Cetest.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de embargos de declaração opostos em
face do Acórdão 2.319/2015-TCU-Plenário, prolatado no âmbito de representação, com pedido de
medida cautelar, formulada a este Tribunal pela empresa Cetest Minas Engenharia e Serviços S.A.,
com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, versando sobre supostas irregularidades no edital do
Pregão Eletrônico 355/2014, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência
Social - Dataprev, tendo por objeto a "contratação de empresa especializada para prestação de serviços,
pelo prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do Centro de
Processamento São Paulo - CPSP, preservando as certificações das normas ABNT NBR 15.247 e NBR
60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura, para que o
referido datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do padrão Tier III
(Operational Sustainability)";
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992 combinado com os arts. 282 e 146, §1º, do
Regimento Interno do TCU, não conhecer dos presentes embargos de declaração, em virtude de a
empresa Cetest Minas Engenharia e Serviços S.A. não ser parte interessada nos presentes autos;
9.2. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2740-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2741/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 033.088/2013-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (Representação).
3. Recorrente: Empresa de Pesquisa Energética - EPE (06.977.747/0001-80).
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Entidade: Empresa de Pesquisa Energética - EPE.


5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro
(SecexEstatais).
8. Representação legal: Fabrini Muniz Galo (108.596/RJ-OAB) e outros, representando Empresa
de Pesquisa Energética.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) contra o Acórdão 1.707/2015-TCU-Plenário;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer dos embargos, com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, para, no mérito,
rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação à embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2741-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2742/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-014.137/2015-1
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região/ES.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Tribunal Regional do
Trabalho da 17ª Região - TRT/ES, em Vitória/ES, no âmbito do Fiscobras 2015, em cumprimento ao
Acórdão 1.184/2015 - Plenário (TC-029.823/2014-5), com o objetivo de fiscalizar a regularidade dos
atos relativos à construção do novo edifício-sede do órgão,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, nos termos dos arts. 250, inciso
II, do RI/TCU, e 2º da Resolução TCU 265/2014, que:
9.1.1. encaminhe ao TCU, no prazo de trinta dias após a conclusão das análises, o resultado das
apurações em curso naquele órgão, relativas à responsabilização e ressarcimento pelo dano decorrente
89

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

da inutilização das estacas hélice contínua, projetadas pela NBC Arquitetura e Construções Ltda. e
executadas pela Delta Construções S.A., bem como de eventuais outros danos decorrentes das falhas
no projeto estrutural do edifício; e
9.1.2. caso as apurações em curso não logrem êxito em obter o ressarcimento pelos danos,
providencie a instauração da competente tomada de contas especial, disciplinada pela Instrução
Normativa TCU 71/2012;
9.2. enviar cópia desta deliberação, bem assim das peças que a fundamentam, ao Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região e ao Conselho Nacional de Justiça, atualizando as informações
repassados pelo Acórdão 3.068/2010-TCU-Plenário, e também para o Conselho Superior da Justiça do
Trabalho, com vistas à adoção das providências que julgar pertinentes, no âmbito de suas
competências,
9.3. autorizar o arquivamento dos presentes autos, sem prejuízo do monitoramento, em processo
apartado, da determinação contida no item 9.1 desta deliberação.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2742-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2743/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-017.635/2014-4.
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios (TJDFT) apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem
como dar sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da
situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança
das Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fundamento no art.
43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a
conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema
de controle interno da organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
90

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada


nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.2. adotar o código de ética formalmente, inclusive avaliando a necessidade de complementar
o código de ética do servidor público federal ante as suas atividades específicas;
9.1.3. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.4. constituir comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído;
9.1.5. aprovar plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética;
9.1.6. estabelecer formalmente:
9.1.6.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.6.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente
em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.6.3. metas para cada indicador definido na forma acima;
9.1.6.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.7. estabelecer diretrizes para área de aquisições, incluindo:
9.1.7.1. estratégia de terceirização;
9.1.7.2. política de estoques;
9.1.7.3. política de compras conjuntas;
9.1.8. estabelecer, em normativos internos, as competências, atribuições e responsabilidades dos
dirigentes, inclusive quanto à delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a
responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários
para mitigar os riscos nas aquisições;
9.1.9. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.10. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.11. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.12. observar as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna;
9.1.13. avaliar, em decorrência da distinção conceitual mencionada no subitem anterior, a
necessidade de segregar as atribuições e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de
forma que essa unidade organizacional não possua concomitantemente atribuições e competências
relativas a atividades de controle interno e a atividades de auditoria interna;
9.1.14. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização;
9.1.15. publicar todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação
de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos, etc.)
na internet;
9.1.16. publicar na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.17. publicar a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas
aquisições;
9.1.18. elaborar e aprovar um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), isto é, um plano,
contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos e processos;
9.1.19. publicar no seu sítio na internet o PLS aprovado;
9.1.20. estabelecer mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS;
9.1.21. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
91

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:


9.1.21.1. levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (art. 6º, inciso IX, alínea
“c”, da Lei 8.666/1993);
9.1.21.2. definição do método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
9.1.21.3. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.21.4. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.1.21.5. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.21.6. definição do método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços,
podendo utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
9.1.21.7. documentação do método utilizado para a estimativa de preços no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.21.8. avaliação se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atentando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir
forem positivas: 1ª) É tecnicamente viável dividir a solução? 2ª) É economicamente viável dividir a
solução? 3ª) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4ª) Há o melhor aproveitamento do mercado
e ampliação da competitividade ao dividir a solução?
9.1.21.9. avaliação, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades
de critérios de qualificação econômico-financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da IN-SLTI
2/2008, considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.22. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
9.1.22.1. definição dos requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados;
9.1.22.2. vinculação dos pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a
qualidade contratada;
9.1.22.3. previsão, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços,
da segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
9.1.22.3.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (art. 73, inciso I, alínea
“a”, da Lei 8.666/93);
9.1.22.3.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (art. 73, inciso I,
alínea “b”, da Lei 8.666/93);
9.1.22.4. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.1.22.5. previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que possa se enquadrar no contido no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.1.23. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de gestão contratual:
9.1.23.1. estabelecimento de mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos
92

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

postos de trabalho empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.23.2. exigência, antes do início da execução contratual, da designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante execução contratual;
9.1.23.3. verificação, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas
condições de habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação;
9.1.23.4. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na aprovação
das minutas de instrumentos convocatórios das licitações e de ajustes decorrentes de repactuações,
podendo ser adotados os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.1.24. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fulcro no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da eventual
prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o
problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução
mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;
9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “f”, e ao art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, antes da
elaboração de edital de licitação com vistas a substituir o Contrato 062/2010, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.2.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.2.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente;
9.2.3. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de
edital para licitação com vistas a substituir o Contrato 223/2012, realize estudo técnico preliminar com
objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.4. em atenção ao art. 66 da Lei 8.666/1993, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato
223/2012, com vencimento previsto para 27/9/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio
trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo “OBSERVAÇÕES IMPORTANTES”, constante
do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da
execução contratual;
9.2.5. em atenção ao art. 68 da Lei 8.666/93, oficie a contratada para designar formalmente outro
empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um
terceirizado vinculado a essa contratação;
9.2.6. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão
2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida;
9.2.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a
implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:
9.2.7.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2.7.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
93

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.2.7.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. dar ciência ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios acerca das seguintes
impropriedades, para que sejam adotadas medidas internas com vistas a prevenir a ocorrência de outras
semelhantes:
9.3.1. o Edital 22/2009, constante do processo administrativo 14.758/2009, contendo realização,
na sua forma presencial, de licitação na modalidade pregão, sem a demonstração da inviabilidade de
realizar o procedimento na forma eletrônica, afronta o princípio da eficiência e a jurisprudência
majoritária do TCU, a exemplo dos Acórdãos do Plenário 1.099/2010 e 2.368/2010, sendo que não
mais será considerada, por este Tribunal, a boa-fé na repetição de tal ocorrência;
9.3.2. as cláusulas 13.4, constante do Edital 22/2009, e 9.3.e do Edital 84/2012, contendo fixação
de prazo para iniciação do serviço em 24 horas e dois dias, respectivamente, sem justificativa para tal,
é incompatível com a necessidade de mobilizar pessoas para prestação dos serviços e afronta o art. 3º,
§ 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.3. a cláusula 24.1, constante do Edital 22/2009, contendo a fixação de valores para os salários
a serem pagos pela contratada aos seus empregados, quando o serviço de limpeza e conservação deve
ser pago por resultado, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada e afronta o princípio
da eficiência;
9.3.4. o item 3 do Capítulo “OBSERVAÇÕES IMPORTANTES”, constante do Edital 084/2012,
contendo a previsão de pagamento, ao final do contrato, de valor fixo relativo ao aviso prévio
trabalhado, quando ele já foi provisionado ao longo da execução contratual, afronta ao princípio da
economicidade;
9.4. dar ciência desta deliberação ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios;
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do disposto no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2743-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2744/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-018.688/2014-4
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: SecexDesenvolvimento.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de natureza operacional tendo por objeto
a avaliação da governança da política pública no tratamento administrativo do comércio exterior,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior e à Receita Federal do Brasil, órgãos componentes do Comitê Gestor do
Siscomex, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que:
9.1.1. coloquem em prática rotinas periódicas de monitoramento e avaliação do Programa Portal
Único do Comércio Exterior, tal como a própria metodologia de gerenciamento de projetos da Receita
Federal do Brasil, com vistas a aferir e divulgar precisamente o grau de progresso dos projetos e ações
pretendidos, confrontando-o com o cronograma estipulado, e a identificar e executar correções que se
façam necessárias, em consonância com os princípios da publicidade, transparência e eficiência;
9.1.2. realizem estudo para identificar a arquitetura mais adequada para a implementação do
Portal Único do Comércio Exterior, avaliando o impacto que a implementação terá nos sistemas
legados, as implicações nas soluções de TI, os respectivos custos, considerando as necessidades de
previsão orçamentária, bem como a adequação do cronograma de implementação, de forma a
determinar com precisão o objeto a ser contratado e contratar provedor de serviços de TI capacitado
para o desenvolvimento do Programa;
9.1.3. avaliem periodicamente a oportunidade e conveniência de designar servidores com
dedicação exclusiva ao desenvolvimento e implementação do Programa Portal Único do Comércio
Exterior, como medida de aprimoramento à governança na implementação da política pública;
9.2. informar aos órgãos e entidades anuentes relacionados na peça 23, p. 04/06, e ao Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Órgão Central do Sistema de Planejamento e de
Orçamento Federal, acerca da necessidade de previsão orçamentária específica para a implementação
do Programa Portal Único do Comércio Exterior, especialmente quanto ao desenvolvimento de
solução de tecnologia interna adequada ao sistema single window a ser desenvolvido, resguardando,
dessa forma, o cumprimento dos objetivos do programa;
9.3. alertar a Casa Civil da Presidência da República e o Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão para o risco de que eventual insuficiência de recursos orçamentários pode inviabilizar o
alcance dos objetivos pretendidos pela política, em especial quando esses recursos destinem-se a
atender soluções de tecnologia a serem desenvolvidas pelos órgãos e entidades gestores (Receita
Federal do Brasil e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e anuentes participantes da
implementação do Portal Único do Comércio Exterior;
9.4. incluir a Receita Federal do Brasil como parte do presente processo para que tenha acesso a
todas as peças que o compõem, tendo em vista que, em decorrência do Decreto 8.229/1994, tratar-se
de gestora do Programa Portal Único do Comércio Exterior;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam, à Casa Civil da
Presidência da República, ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao
Ministério da Fazenda, à Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara
dos Deputados e à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, e
9.6. arquivar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso II, do Regimento Interno do
TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2744-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
95

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2745/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 020.443/2014-5.
2. Grupo I – Classe: V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária (SeinfraRod).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT, no âmbito do Fiscobras 2015, tendo por objetivo fiscalizar o
Edital RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, relativo às obras de adequação da BR-
364/RO, Travessia Urbana de Porto Velho/RO, cuja licitação culminou na formalização do Contrato
TT-702/2014-00, entre o DNIT e o Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo, no valor de
R$ 76.490.000,00 (jan/2014),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, com fundamento no
art. 45 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 251, caput, do RI/TCU, que adote as medidas necessárias, no prazo
de quinze dias, no sentido de incluir cláusula específica no Contrato TT-702/2014-00 prevendo a
responsabilidade integral do Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo por toda a obra em
questão, e não apenas pelas obras remanescentes que forem executadas pelo referido Consórcio;
9.2. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit das seguintes
ocorrências:
9.2.1. a tabela de dados históricos que subsidiou a análise de risco e a definição do valor da
reserva de contingência das obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO, relativas ao
Edital RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, apresentou dados não representativos,
contrariando o disposto no art. 7º, parágrafo 1º da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014;
9.2.2. o art. 3º, §1°, inciso III, da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014, não permite entendimento
conclusivo se a definição do número mínimo de dados a serem utilizados no estudo estatístico da obra
trata de quantidade de contratos ou de família de serviços, acarretando risco de descumprimento do
disposto no art. 7º, parágrafo 1º, da referida Instrução de Serviço;
9.3. encaminhar cópia da presente deliberação, bem como das peças que a fundamentam, ao
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes;
9.4. determinar à SeinfraRod que monitore o cumprimento da determinação constante do
subitem 9.1 desta deliberação, e
9.5. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2745-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos


Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2746/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-021.938/2014-8
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsável: Tarcísio Gomes de Freitas (180.777.838-05).
4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria integrante dos trabalhos de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com
o objetivo de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação
pertinente, bem como dar sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no
levantamento da situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal
(Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar ao Dnit, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250,
inciso III, do Regimento Interno/TCU, que avalie a conveniência e a oportunidade de adotar os
seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle interno da organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.3. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.4. aprovar plano de trabalho anual para atuação da sua comissão de ética;
9.1.5. estabelecer formalmente:
9.1.5.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.5.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido conforme o subitem anterior,
preferencialmente em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.5.3. metas para cada indicador definido conforme o subitem anterior;
9.1.5.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.6. estabelecer diretrizes para área de aquisições, incluindo pelo menos as seguintes:
9.1.6.1. estratégia de terceirização;
9.1.6.2. política de compras;
9.1.6.3. política de estoques;
9.1.6.4. política de compras conjuntas;
9.1.7. estabelecer em normativos internos as competências, atribuições e responsabilidades dos
cargos efetivos e comissionados da área de aquisições;
97

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.8. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;


9.1.9. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.10. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.11. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da governança, da gestão de riscos
e dos controles internos da organização;
9.1.12. publicar todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação
de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.)
na internet;
9.1.13. publicar na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.14. publicar a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas
aquisições;
9.1.15. executar processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos:
9.1.15.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
9.1.15.2. aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.1.15.3. divulgação do plano de aquisições na Internet;
9.1.15.4. acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
9.1.16. elaborar um Plano de Gestão de Logística Sustentável, contendo objetivos e
responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento, que
permita a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos;
9.1.17. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.18. ao elaborar o plano anual de capacitação, contemplar ações de capacitação voltadas para
a governança e gestão das aquisições;
9.1.19. adotar mecanismos para acompanhar a execução do plano anual de capacitação;
9.1.20. definir, aprovar e publicar um processo formal de trabalho para:
9.1.20.1. planejamento de cada uma das aquisições considerando, inclusive, as falhas e
impropriedades que culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.16, 3.17,
3.18, 3.19, 3.20, 3.22, 3.23, 3.24 e 3.36 do relatório de auditoria integrante destes autos;
9.1.20.2. seleção do fornecedor, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.25, 3.26, 3.27 e 3.28 do
relatório de auditoria integrante destes autos;
9.1.20.3. gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.17, 3.29, 3.30, 3.31, 3.32,
3.33, 3.34 e 3.35 do relatório de auditoria integrante destes autos;
9.1.21. estabelecer e adotar padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente;
9.1.22. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, que vier a
ser elaborado, incluir os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
9.1.22.1. realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação, nos termos da
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “c”;


9.1.22.2. definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação (item
3.17);
9.1.22.3. documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.4. definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.1.22.5. documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.6. estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de
trabalho empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.22.7. definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
9.1.22.8. documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.9. avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.23. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços e a gestão
dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado, incluir os seguintes controles internos na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
9.1.23.1. definir requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados, a exemplo das
especificações de qualidade para serviços de conservação e limpeza contidas nas contratações
decorrentes do Pregão Eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos Correios (peça 18, p. 72-77), e do Pregão
Eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 19, p. 49-56), e para os serviços de vigilância
contidas na contratação decorrente do Pregão Eletrônico 152/2012, do Conjunto Hospitalar de
Sorocaba (peça 20, p. 53-63);
9.1.23.2 vincular os pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade
contratada;
9.1.23.3. prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
9.1.23.3.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/93, art. 73,
inciso I, “a”);
9.1.23.3.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/93,
art. 73, inciso I, “b”);
9.1.23.3.3. prever cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes:
9.1.23.3.3.1 atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do
objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.23.3.3.2 definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.23.3.3.3 definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do
nível de serviço obtido);
9.1.23.3.3.4 definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.23.3.3.5 definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
9.1.23.3.3.6 definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de
cálculo;
99

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.23.3.3.7 estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços


máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores
sejam desclassificadas;
9.1.23.3.3.8. prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que possa se enquadrar no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência;
9.1.23.3.3.9 incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites
provisório e definitivo na etapa de planejamento da contratação, de modo que os atores da fiscalização
tenham um referencial para atuar na fase de gestão do contrato;
9.1.24. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a gestão
dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado, incluir os seguintes controles internos na etapa de
gestão do contrato:
9.1.24.1. manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos,
a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.24.2. exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante a execução contratual;
9.1.24.3. registrar todas as ocorrências relativas à execução contratual;
9.1.24.4. aplicar as penalidades previstas à contratada sempre que uma ocorrência registrada
caracterizar uma situação passível de punição;
9.1.24.5. a cada prorrogação contratual, verificar se a contratada mantém as mesmas condições
de habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação;
9.1.24.6. avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.1.24.6.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.1.24.6.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.1.24.7. documentar a sistemática de fiscalização administrativa utilizada em cada período (item
3.33);
9.1.24.8. quando da realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para
negociar valores consentâneos com a realidade da respectiva execução contratual;
9.1.25. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação do pregoeiro ou comissão de
licitação quando da execução de atividades na fase externa da licitação;
9.1.26. realizar uma autoavaliação da atual contratação dos serviços de limpeza e conservação,
fim de identificar a eventual ocorrência das deficiências detectadas no Contrato 1/2009, anteriormente
celebrado, de forma a, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea “a”, promover os
ajustes necessários no contrato atual para melhor adequação técnica aos seus objetivos, informando ao
TCU, no prazo de 30 dias, as medidas porventura adotadas;
9.1.27. promover, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea “a”, os ajustes
necessários no Contrato 155/2012 para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
9.2. determinar ao Dnit, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 que:
9.2.1. em atenção às disposições contidas no Decreto 5.707/2006, art. 5º, 2º, c/c Portaria MP
208/2006, art. 2º, I e art. 4º, elabore Plano Anual de Capacitação para a organização;
9.2.2. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “c”, antes da eventual prorrogação
do Contrato 146/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas à substituí-lo, inclua, nos
100

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções disponíveis no


mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o problema do
transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, outras alternativas existentes (e.g. compra
de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado);
9.2.3. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “f” e art. 7º, § 4º, por ocasião de
futuras contratações de serviços como aqueles que constaram do Contrato 1/2009 ou, por ocasião de
eventual prorrogação do contrato existente (caso deficiente nos quesitos abaixo), inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.3.1. o estudo e definição da quantidade de material que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza;
9.2.3.2. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único;
9.2.3.3. obrigação da contratada quanto à adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos
serviços de limpeza e conservação, nos termos da IN-SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e IN-SLTI/MPOG
2/2008, art. 42, inciso III;
9.2.4. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “c”, antes da eventual prorrogação
do Contrato 155/2012, ou antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, realize
estudo técnico preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos
de trabalho de vigilância, à semelhança do previsto na IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 49, I;
9.2.5. em atenção a Lei 8.666/93, art. 68, oficie a empresa contratada por meio do contrato
155/2012, para que designe formalmente o preposto para representa-la, informando ao TCU, em trinta
dias, as medidas adotadas;
9.2.6. encaminhe, no prazo de noventa dias a contar da ciência deste acórdão, plano de ação para
a implementação das medidas objeto de determinação/recomendação, incluindo:
9.2.6.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o setor
responsável pelo desenvolvimento das ações;
9.2.6.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o setor e pessoa responsável pelo
desenvolvimento das ações (com nome, cargo e CPF);
9.2.6.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. dar ciência ao Dnit sobre as seguintes impropriedades/falhas, para que sejam adotadas
medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
9.3.1. o item 10.2.c, constante do Edital 217/2008, contendo obrigatoriedade de vistoria prévia às
instalações onde os serviços serão prestados como condição de habilitação, afronta o art. 3º, § 1º,
inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.2. o item 15.2.2, constante do Edital 217/2008, contendo exigência de que a contratada deve
submeter previamente a relação dos empregados ao exame da contratante, podendo esta recomendar a
substituição daqueles que, a seu juízo, não preencham as condições de idoneidade e de capacidade
exigível para o serviço, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada, e afronta o princípio
da eficiência e da impessoalidade;
9.3.3. a inclusão da parcela “treinamento, capacitação e reciclagem” como o item de “Insumos
de mão de obra” da planilha de custos e formação de preços do Contrato 1/2009, foi indevida, visto
que tal parcela já é coberta pelas pela rubrica “despesas administrativas”, conforme Acórdão
825/2010-Plenário;
9.3.4. a inclusão da parcela “reserva técnica” na planilha de custos e formação de preços do
Contrato 1/2009, foi considerada indevida, conforme jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdãos
645/2009-P, 727/2009-P, 1.942/2009-P, 2.060/2009-P, 825/2010-P, 1.597/2010-P e 3.006/2010-P);
9.4. arquivar os presentes autos, nos termos do RI/TCU, art. 169, V, sem prejuízo de que a Selog
101

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

monitore a decisão que vier a ser proferida em processo próprio.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2746-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2747/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-022.394/2014-1
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA e AP.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal Regional do Trabalho da 8ª
Região/PA e AP apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar
sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com fundamento no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a
conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema
de controle interno da organização:
9.1.1. realizar avaliação quantitativa do pessoal do setor de aquisições, de forma a delimitar as
necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de aquisições da
organização;
9.1.2. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.3. adotar mecanismo de controle e monitoramento do cumprimento do código de ética
instituído;
9.1.4. aprovar plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética;
9.1.5. estabelecer formalmente:
9.1.5.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.5.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente
em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.5.3. metas para cada indicador definido no subitem anterior;
102

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.5.4. mecanismos de gestão dos riscos relacionados aos objetivos;


9.1.5.5. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.6. estabelecer diretrizes para área de aquisições incluindo:
9.1.6.1. estratégia de terceirização;
9.1.6.2. política de compras;
9.1.6.3. política de estoques;
9.1.6.4. política de Sustentabilidade;
9.1.6.5. política de compras conjuntas;
9.1.7. avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às
aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo;
9.1.8. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.9. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.10. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.11. observar as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna;
9.1.12. avaliar, em decorrência da distinção conceitual acima, a necessidade de segregar as
atribuições e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de forma que essa unidade
organizacional não possua concomitantemente atribuições e competências relativas a atividades de
controle interno e a atividades de auditoria interna;
9.1.13. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização;
9.1.14. adotar um sistema de monitoramento para acompanhar o cumprimento das
recomendações proferidas pela unidade de auditoria interna;
9.1.15. publicar todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação
de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos, etc...)
na internet;
9.1.16. publicar na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.17. publicar na internet a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável
pelas aquisições;
9.1.18. executar processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos:
9.1.18.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
9.1.18.2. aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.1.18.3. divulgação do plano de aquisições na internet;
9.1.18.4. acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
9.1.19. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções chave da área de
aquisições, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.20. definir um processo formal de trabalho para:
9.1.20.1. planejamento de cada uma das aquisições;
9.1.20.2. seleção do fornecedor;
9.1.20.3. gestão dos contratos;
9.1.21. estabelecer e adotar:
9.1.21.1. padrões para especificações técnicas de objetivos contratados frequentemente;
103

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.21.2. padrão de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela AGU;
9.1.21.3. procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações;
9.1.22. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.22.1. realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993,
art. 6º, inc. IX, alínea c);
9.1.22.2. definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
9.1.22.3. documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.4. definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
9.1.22.5. documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.6. avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atendando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem
positivas: 1ª) É tecnicamente viável dividir a solução? 2ª) É economicamente viável dividir a solução?
3ª) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4ª) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução?
9.1.22.7. avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.23. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de gestão contratual:
9.1.23.1. manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos,
a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.23.2. definir o método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação e documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.23.3. estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de
trabalho empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.24. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
9.1.24.1. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.1.24.2. previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que se possa enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.1.25. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção a processo formal de
trabalho, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico:
9.1.25.1. atrelamento de multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de
execução do objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
104

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.25.2. definição do rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.25.3. definição do processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do
nível de serviço obtido);
9.1.25.4. definição da forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.25.5. definição das medidas a serem adotadas caso as multas se acumulem (e.g. distrato);
9.1.25.6. definição das condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de
cálculo;
9.1.26. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
9.1.26.1. exigência, antes do início da execução contratual, da designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante execução contratual;
9.1.26.2. registro de todas as ocorrências relativas à execução contratual;
9.1.26.3. aplicação das penalidades devidas sempre que uma ocorrência registrada caracterizar
uma situação passível de punição;
9.1.26.4. verificação, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas
condições de habilitação exigidas à época da licitação;
9.1.26.5. avaliação dos riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.1.26.5.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.1.26.5.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.1.26.6. documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período;
9.1.27. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, os seguintes controles internos na
etapa de planejamento da contratação:
9.1.27.1. inclusão, no modelo de gestão do contrato, de mecanismos que permitam o
rastreamento dos pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado,
identificar os bens ou serviços fornecidos pela contratada;
9.1.27.2. inclusão, no modelo de gestão do contrato, da exigência de que a garantia cubra o
pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada;
9.1.27.3. inclusão, nas cláusulas de penalidades, de previsão de sanção para o atraso na entrega
das garantias contratuais, inclusive as respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos
contratuais;
9.1.28. incluir na etapa de gestão do contrato, no modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, o
controle interno atinente à utilização de informações gerenciais do contrato, quando da realização de
repactuações, para negociar valores mais justos para a Administração;
9.1.29. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na
aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações e de ajustes decorrentes de
repactuações, podendo adotar os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.2. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com fulcro no art. 43, inciso I,
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
105

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da eventual
prorrogação dos contratos de transporte de cargas e materiais, ou da elaboração de edital para licitação
com vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das
alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação
atual (resolver o problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de
identificar a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de
compra de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro
rodado;
9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “f” e art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, não prorrogue
o 36/2013, e antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.2.1. estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.2.2. definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente;
9.2.3. antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituir os Contratos 104/2010 e
105/2010, realize estudo técnico preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de
todos os postos de trabalho de vigilância, à semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI
02/2008;
9.2.4. em atenção ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37, caput, da Constituição
Federal, nas contratações que vierem a substituir os Contratos 104/2010, 105/2010, 104/2011 e
36/2013, inclua, no termo de referência, requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e
vincule os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada;
9.2.5. em atenção ao art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993, antes da licitação com vistas a substituir o
Contrato 104/2011, avalie a possibilidade de incluir, como obrigação da contratada, a adoção de
práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza e conservação, nos termos do art. 6º
da IN-SLTI/MPOG 1/2010, e do art. 42, inciso III, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.6. em atenção ao art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, e ao princípio da legalidade
insculpido no seu art. 37, caput, adote, no prazo de noventa dias, as medidas necessárias, incluindo o
prévio contraditório da contratada, à recuperação dos valores pagos em decorrência dos materiais de
limpeza não utilizados na prestação de serviços na Vara do Trabalho de Altamira (outubro e novembro
de 2013) à conta do Contrato 36/2013;
9.2.7. em atenção ao art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, adote as medidas para excluir na
Planilha de Custos e Formação de Preços dos Contratos 104/2011 e 36/2013 a parcela “Aviso Prévio
Trabalhado”, após 12 meses de contrato, em consonância com o item 9.2.2 do Acórdão 3006/2010-
TCU-Plenário;
9.2.8. em atenção ao art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, adote, no prazo de noventa dias,
as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos indevidamente em decorrência dos ajustes
mencionados no subitem anterior nos Contratos 104/2011 e 36/2013;
9.2.9. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão
2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida;
9.2.10. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a
implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:
9.2. 10.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo (caso
não estipulado) e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2. 10.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
106

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. 10.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar as
seguintes oitivas:
9.3.1. do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e da empresa contratada por meio do
Contrato 104/2010 a respeito da inclusão da parcela referente à reciclagem da planilha de custos e
formação de preços do Contrato 104/2010, tendo em vista que tal parcela já é coberta pela rubrica
“despesas administrativas”, conforme Acórdão 825/2010-TCU-Plenário;
9.3.2. do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e das empresas contratadas por meio dos
Contratos 104/2011 e 36/2013 a respeito da inclusão da parcela “Aviso Prévio Trabalhado”, após 12
meses de contrato, em desacordo com o estabelecido no item 9.2.2 do Acórdão 3006/2010-TCU-
Plenário;
9.4. dar ciência ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região sobre a realização de pagamentos
em desacordo com o previsto no contrato, identificada nos pagamentos do Contrato 104/2010, o que
afronta o disposto no art. 66, da Lei 8.666/1993, com vistas à adoção de providências internas que
previnam a ocorrência de outras semelhantes;
9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região;

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2747-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2748/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-022.923/2014-4.
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar sequência ao trabalho
realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de governança e gestão
das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno do TCU, à Fundação Oswaldo Cruz que avalie a conveniência e a oportunidade de
107

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle interno da


organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.2. proceder, periodicamente, à avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de
aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da organização;
9.1.3. avaliar a necessidade de complementar o código de ética do servidor público federal ante
as suas atividades específicas;
9.1.4. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.5. constituir comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído;
9.1.6. aprovar plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética;
9.1.7. estabelecer formalmente:
9.1.7.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.7.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido conforme o subitem anterior,
preferencialmente em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.7.3. metas para cada indicador definido conforme o subitem anterior;
9.1.7.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.8. estabelecer diretrizes para a área de aquisições incluindo:
9.1.8.1. estratégia de terceirização;
9.1.8.2. política de compras;
9.1.8.3. política de estoques;
9.1.8.4. política de sustentabilidade;
9.1.8.5. política de compras conjuntas;
9.1.9. estabelecer em normativos internos:
9.1.9.1. estabelecer, em normativos internos, as competências, atribuições e responsabilidades
dos dirigentes, inclusive quanto à delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a
responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários
para mitigar os riscos nas aquisições;
9.1.9.2. as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de
aquisições;
9.1.9.3. política de delegação de competência para autorização de contratações;
9.1.9.4. controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
9.1.10. avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às
aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo;
9.1.11. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.12. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.13. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.14. observar as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna;
9.1.15. definir manuais de procedimentos para serem utilizados pela unidade de auditoria interna
na execução de suas atividades;
9.1.16. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização;
108

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.17. avaliar a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os


processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na internet;
9.1.18. publicar na sua página na internet a decisão quanto a regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.19. publicar a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas aquisições;
9.1.20. executar processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos:
9.1.20.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o Plano de Aquisições, contemplando, para cada contratação
pretendida, informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor
estimado, identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição
(e.g., mês), programa/ação suportado (a) pela aquisição e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela
aquisição;
9.1.20.2. aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.1.20.3. divulgação do plano de aquisições na internet;
9.1.20.4. acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
9.1.21. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.22. definir um processo formal de trabalho para seleção do fornecedor;
9.1.23. estabelecer e adotar:
9.1.23.1. padrões para especificações técnicas de objetos contratados frequentemente;
9.1.23.2. listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser executados
durante a fase de julgamento das licitações;
9.1.23.3. procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações, abrangendo
a elaboração das planilhas de custos e formação de preços;
9.1.24. na contratação que eventualmente venha a ser realizada com vistas a substituir o Contrato
92/2010-Dirac, incluir, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação do
custo/benefício do modelo de fiscalização administrativa que será utilizado, considerando, além da
conta vinculada, outras possibilidades como a aplicação dos controles previstos no Acórdão
1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles mais rígidos na seleção do fornecedor - e.g., itens
9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais eficientes na fiscalização - e.g., itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4,
9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9);
9.1.25. estabelecer modelos de listas de verificação para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor;
9.1.26. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.26.1. realização de levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (art. 6º, inciso
IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993);
9.1.26.2. definição do método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
9.1.26.3. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.26.4. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.1.26.5. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades de postos de
trabalho no processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
109

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.26.6. definição método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços,
utilizando as diretrizes contidas na IN/SLTI 5/2014;
9.1.26.7. incluir no método definido no subitem anterior a elaboração de planilhas de custos e de
formação de preços que expressem a composição de todos os custos unitários;
9.1.26.8. documentação do método utilizado para a estimativa de preços no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.26.9. avaliação se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atendando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem
positivas: 1) é tecnicamente viável dividir a solução? 2) é economicamente viável dividir a solução? 3)
não há perda de escala ao dividir a solução? 4) há o melhor aproveitamento do mercado e ampliação da
competitividade ao dividir a solução?
9.1.26.10. incluir, no levantamento dos requisitos da contratação, requisitos para aferição da
qualidade dos serviços prestados, vinculando os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a
qualidade contratada;
9.1.26.11. avaliação, no caso de contratação de serviços continuados, das diferentes
possibilidades de critérios de qualificação econômico-financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da
IN/SLTI 02/2008, considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.27. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
9.1.27.1. previsão, no modelo de gestão do contrato, de cláusulas de penalidades observando as
seguintes diretrizes:
9.1.27.1.1. atrelamento de multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de
execução do objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.27.1.2. definição da gradação das multas, de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.27.1.3. definição do processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo
do nível de serviço obtido);
9.1.27.1.4. definição da forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.27.1.5. definição da medida a ser adotada caso as multas se acumulem (e.g. distrato);
9.1.27.1.6. definição das condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas
de cálculo;
9.1.27.2. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.1.27.3. previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que se possa enquadrar no contido no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.1.27.4. previsão, no modelo de gestão do contrato, de listas de verificação para os aceites
provisório e definitivo, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para sua
atuação;
9.1.28. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de gestão do contrato:
9.1.28.1. estabelecimento de mecanismo de controle gerencial acerca da utilização dos materiais
empregados nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.28.2. estabelecimento de mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos
postos de trabalho empregados nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.28.3. verificação, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas
condições de habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação;
9.1.28.4. avaliação dos riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
110

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.1.28.4.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.1.28.4.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.1.28.5. documentação da sistemática de fiscalização utilizada em cada período, conforme o
subitem 9.1.28.4 deste Acórdão;
9.1.28.6. designação formal de todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na
gestão e fiscalização dos contratos;
9.1.28.7. exigência, antes do início da execução contratual, da designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante execução contratual;
9.1.28.8. utilização, quando da realização de repactuações, de informações gerenciais do contrato
para negociar valores mais justos para a Administração;
9.2. determinar, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, à Fundação Oswaldo
Cruz que:
9.2.1. adote, no prazo de trinta dias, as medidas necessárias para excluir das planilhas de custos e
formação de preços dos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac a parcela “aviso prévio trabalhado”
após o primeiro ano de vigência contratual, conforme o disposto no art. 19, inciso XVII, e no art. 30-A,
§ 4º, da IN/SLTI 02/2008 e na Jurisprudência desta Corte (Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário, item
9.2.2);
9.2.2. adote, no prazo de noventa dias, as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos
em decorrência das parcelas indevidamente contidas na planilha de custos e formação de preços dos
Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac;
9.3. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, à Fundação Oswaldo Cruz que:
9.3.1. inclua nos estudos técnicos preliminares com vistas à eventual contratação com vistas à
substituição do Contrato 92/2010-Dirac:
9.3.1.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, de acordo com o previsto no art. 43, parágrafo único, da IN/SLTI 2/2008;
9.3.1.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente, de acordo com o previsto no art. 2º, inciso II, do Decreto
2.271/97;
9.3.1.3. a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que expressem a composição
de todos os custos unitários, de acordo com o previsto no art. 6º, inciso IX, alínea “f”, da Lei
8.666/1993;
9.3.2. inclua nos estudos técnicos preliminares com vistas à eventual contratação com vistas à
substituição do Contrato 51/2009-Dirac:
9.3.2.1. a definição da localização, quantidade e tipo (escala e turno) de todos os postos de
trabalho de vigilância, de acordo com o previsto no art. 49, inciso I, da IN/SLTI 02/2008;
9.3.2.2. a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que expressem a composição
de todos os custos unitários, de acordo com o art. 6º, inciso IX, alínea “f”, da Lei 8.666/1993;
9.3.3. inclua nos termos de referência dos editais das eventuais contratações com vistas a
substituir os Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac, em atenção ao art. 37, caput, da Constituição
Federal, (princípio da eficiência), c/c o art. 3º, inciso II, da Lei 10.520/2002, o art. 3º, § 1º, do Decreto
2.271/1997, e o art. 110 da IN/SLTI 02/2008, requisitos para aferição da qualidade dos serviços
111

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prestados, vinculando os pagamentos a serem realizados à entrega dos serviços com a qualidade
contratada;
9.3.4. elabore e aprove, em atenção ao art. 16 do Decreto 7.746/2012, um Plano de Gestão de
Logística Sustentável, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas,
prazos de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização
estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos;
9.3.5. publique, em atenção ao art. 12 da IN/SLTI 10/2012, no seu sítio na internet o Plano de
Gestão de Logística Sustentável aprovado;
9.3.6. estabeleça, em atenção aos arts. 13 e 14 da IN/SLTI 10/2012, mecanismos de
monitoramento para acompanhar a execução do Plano de Gestão de Logística Sustentável;
9.3.7. elabore, em atenção às disposições contidas no art. 5º do Decreto 5.707/2006 c/c o art. 2º,
inciso I, e art. 4º da Portaria/MP 208/2006, Plano Anual de Capacitação que contemple,
particularmente, ações de capacitação voltadas para a governança e gestão das aquisições, com
previsão de que os fiscais e gestores de contrato recebam treinamento específico antes de assumirem o
encargo pela primeira vez e, posteriormente, periodicamente;
9.3.8. adote mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação;
9.3.9. inclua nos estudos técnicos preliminares da contratação, em atenção ao art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da eventual prorrogação do Contrato 36/2014-Dirac, ou da
elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o
problema do transporte de pessoas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;
9.3.10. encaminhe, no prazo de sessenta dias, a contar da ciência deste Acórdão, plano de ação
para a implementação das medidas prolatadas, contendo:
9.3.10.1. para cada determinação, o prazo (caso não estipulado) e o responsável (nome, cargo e
CPF) pelo desenvolvimento dessas;
9.3.10.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo seu desenvolvimento;
9.3.10.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.4. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva da
Fundação Oswaldo Cruz e da empresa contratada por meio do Contrato 92/2010-Dirac a respeito da
inclusão, na planilha de custos e formação de preços do contrato, das parcelas referentes às despesas
com a parcela técnica, por contrariar a jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdão 3.166/2011-2ª
Câmara) e o percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho (RAT), incompatível com aquele
constante da GFIP, em desacordo com o art. 22, inciso II, da Lei 8.212/1991;
9.5 dar ciência desta deliberação à Fundação Oswaldo Cruz;

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2748-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2749/2015 - TCU - Plenário


112

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-023.204/2014-1
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições na Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN) apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar
sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com fundamento no
art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie
a conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do
sistema de controle interno da organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.2. realizar, periodicamente, avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de
aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da instituição;
9.1.3. estabelecer, quanto à liderança organizacional:
9.1.3.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.3.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido no subitem anterior,
preferencialmente em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.3.3. metas para cada indicador definido no subitem anterior;
9.1.3.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.4. aprovar e publicar diretrizes para área de aquisições, incluindo:
9.1.4.1. estratégia de terceirização;
9.1.4.2. política de compras;
9.1.4.3. política de estoques;
9.1.4.4. política de sustentabilidade;
9.1.4.5. política de compras conjuntas, podendo utilizar-se do Forplad na construção de política
regional;
9.1.5. estabelecer, em normativos internos:
9.1.5.1. a estrutura organizacional da área de aquisições;
9.1.5.2. as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados;
113

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.5.3. estabelecer, em normativos internos, as competências, atribuições e responsabilidades


dos dirigentes, inclusive quanto à delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a
responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários
para mitigar os riscos nas aquisições;
9.1.5.4. controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
9.1.6. atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos setores da universidade, a
responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às aquisições, com objetivo de
buscar o melhor resultado para a instituição;
9.1.7. adotar os seguintes procedimentos sobre gestão de riscos:
9.1.7.1. estabelecimento de diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.7.2. capacitação dos gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.7.3. realização de gestão de riscos das aquisições;
9.1.8. adotar as seguintes providências quanto à transparência:
9.1.8.1. avaliar a conveniência e oportunidade de publicar na internet todos os documentos que
integram os processos de aquisições (e.g. solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares,
estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.);
9.1.8.2. publicar na internet a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas
aquisições;
9.1.8.3. publicar na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão de
controle externo;
9.1.9. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.10. definir um processo formal de trabalho para:
9.1.10.1. planejamento de cada uma das aquisições, considerando, inclusive, as falhas e
impropriedades que culminaram na proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens do
relatório de fiscalização transcrito no Relatório parte desta deliberação: 3.12 (parágrafo 136), 3.13
(parágrafo 141, “a”), 3.14 (parágrafo 147), 3.15 (parágrafo 151), 3.20 (parágrafo 171) e 3.22
(parágrafo 180);
9.1.10.2. seleção do fornecedor;
9.1.10.3. gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens do relatório de
fiscalização transcrito no Relatório parte desta deliberação: 3.13 (parágrafo 141, “b”), 3.19 (parágrafo
167), 3.24 (parágrafo 188), 3.25 (parágrafo 192), 3.26 (parágrafo 199, “a” e “b”), 3.28 (parágrafo 211)
e 3.31 (parágrafo 231);
9.1.11. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.11.1. realização de levantamento de mercado junto às diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atendem às necessidades que originaram a contratação;
9.1.11.2. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação, documentando o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntando os documentos que lhe dão suporte;
9.1.11.3. definição do método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços,
contemplando, além de pesquisa junto aos fornecedores, pesquisa ao portal de compras
governamentais e sites especializados ou entes públicos, podendo utilizar-se das diretrizes contidas na
IN/SLTI 5/2014;
114

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.11.4. documentação do método utilizado para a estimativa de preços no processo de


contratação, com a juntada dos documentos que lhe dão suporte;
9.1.11.5. avaliação se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atentando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir
forem positivas: 1) é tecnicamente viável dividir a solução? 2) é economicamente viável dividir a
solução? 3) não há perda de escala ao dividir a solução? 4) há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução?
9.1.11.6. avaliação das diferentes possibilidades de critérios de qualificação econômico-
financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da IN/SLTI 2/2008, considerando os riscos de sua
utilização ou não;
9.1.12. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), como forma de controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato, a
manutenção do controle gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.13. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico:
9.1.13.1. previsão, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços,
da segregação das atividades de recebimento de serviços, de forma que:
9.1.13.1.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (art. 73, inciso I, alínea
“a”, da Lei 8.666/1993);
9.1.13.1.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (art. 73, inciso I,
alínea “b” da Lei 8.666/1993);
9.1.13.2. previsão cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes:
9.1.13.2.1. atrelamento de multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de
execução do objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.13.2.2. definição do rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.13.2.3. definição do processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo
do nível de serviço obtido);
9.1.13.2.4. definição da forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.13.2.5. definição das medidas a serem adotadas caso as multas se acumulem (e.g. distrato);
9.1.13.2.6. definição das condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas
de cálculo;
9.1.13.3. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos global e unitário para os postos de trabalho e materiais utilizados, de forma que
propostas com valores superiores sejam desclassificadas;
9.1.14. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
9.1.14.1. designação formal de todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na
gestão e fiscalização dos contratos;
9.1.14.2. juntada das portarias de designação dos servidores responsáveis pela gestão e
fiscalização dos contratos aos autos do processo administrativo da contratação;
9.1.14.3. utilização, quando da realização de repactuações, de informações gerenciais do contrato
115

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para negociar valores mais justos para a Administração;


9.1.15. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de planejamento da contratação:
9.1.15.1. inclusão, no modelo de gestão do contrato, de mecanismos que permitam o
rastreamento dos pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado,
identificar os bens ou serviços fornecidos pela contratada;
9.1.15.2. inclusão, no modelo de gestão do contrato, da exigência de que a garantia cubra o
pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada;
9.1.15.3. inclusão, no modelo de gestão do contrato, da obrigação de abertura de processo de
penalização da contratada pelo atraso na entrega da garantia contratual;
9.1.15.4. inclusão, nas cláusulas de penalidades, do atraso na entrega das garantias contratuais,
inclusive as respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos contratuais;
9.1.16. orientar os servidores envolvidos na atividade de acompanhamento e fiscalização dos
contratos, acerca do modelo de gestão adotado pela instituição;
9.1.17. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres aos quais se refere o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, podendo ser
adotados os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.1.18. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), listas de verificação para auxiliar as atividades desenvolvidas pelo pregoeiro ou comissão
de licitação durante a fase de seleção de fornecedor;
9.1.19. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), listas de verificação para os aceites provisório e definitivo na etapa de planejamento da
contratação, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para atuar na fase de
gestão do contrato;
9.2. determinar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com fundamento no
art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, adote, no prazo de trinta
dias, as seguintes medidas:
9.2.1.1. exclusão da parcela “Itens Diversos (Mat/Maq/Equip)” da Planilha de Custos e
Formação de Preços do Contrato 55/2011, uma vez que essa parcela deveria ser retirada após doze
meses, conforme proposta da contratada;
9.2.1.2. exclusão da parcela “Aviso Prévio Trabalhado” das Planilhas de Custos e Formação de
Preços dos contratos 55/2011 e 85/2010, uma vez que essa parcela deveria ser retirada após doze
meses, conforme jurisprudência do TCU;
9.2.2. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, em atenção ao princípio da
legalidade, insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal, realize, no prazo de noventa dias,
levantamento dos valores pagos em decorrência das verbas “Itens Diversos (Mat/Maq/Equip)”, no
âmbito do Contrato 55/2011, e “Aviso Prévio Trabalhado”, no âmbito dos Contratos 55/2011 e
85/2010, adotando as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos indevidamente;
9.2.3. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência deste acórdão, plano de ação para
a implementação das medidas prolatadas, contendo:
9.2.3.1. para cada determinação, o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das
ações;
9.2.3.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, o
prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2.3.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
116

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. dar ciência à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre as seguintes
falhas ou impropriedades, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de
ocorrência de outras semelhantes:
9.3.1. a contratação de serviços de transporte de pessoas e de carga de documentos sem avaliação
das alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a
contratação (resolver o problema do transporte de pessoas e carga de documentos, a fim de identificar
a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de
veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por km rodado, entre outras
possíveis), a exemplo do constatado no Contrato 50/2010, contraria o disposto no art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993;
9.3.2. a ausência de estudo para definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na
contratação (ou na prorrogação de contrato) de serviços de limpeza, nos termos do art. 43, parágrafo
único, da IN/SLTI 2/2008, a exemplo do constatado no Contrato 55/2011, contraria o disposto no art.
6º, inciso IX, alínea “f”, e no art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993;
9.3.3. a ausência de documento técnico que fundamente a definição do tamanho das áreas que
serão objeto de contratação de serviços de limpeza (e.g. planta do prédio ou laudo de medição), a
exemplo do constatado no Contrato 55/2011, contraria o disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “f”, e no
art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993;
9.3.4. a não definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN/SLTI 02/2008, a exemplo do identificado na
contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010), contraria o disposto no art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993;
9.3.5. a não definição dos diferentes turnos para os postos de vigilância, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12 x 36h
que ficam ociosos nos finais de semana, à semelhança do previsto no art. 51-A da IN/SLTI 2/2008, a
exemplo do identificado na contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010), contraria o
disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993;
9.3.6. a contratação dos serviços especificados no Decreto 2.271/1997, sem a elaboração,
aprovação e publicação de plano de trabalho, bem como as prorrogações das contratações dessa
natureza, a exemplo do ocorrido nos Contratos 55/2011 e 85/2011, contraria os ditames do art. 2º do
supracitado decreto;
9.3.7. a falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a ausência de
vinculação dos pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada, constatadas
nas especificações dos objetos dos Contratos 55/2011 e 85/2010, contraria o princípio da eficiência,
insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal;
9.3.8. a contratação de serviços de limpeza e conservação sem avaliação da possibilidade de
incrementar, como obrigação da contratada, a adoção de novas práticas de sustentabilidade na
execução dos serviços (e.g. utilização de equipamentos de limpeza que não gerem ruído no seu
funcionamento e realização de um programa interno de treinamento de seus empregados, nos três
primeiros meses de execução contratual, para redução de consumo de energia elétrica, de consumo de
água e redução de produção de resíduos sólidos), a exemplo do constatado no Contrato 55/2011,
contraria o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 6º da IN/SLTI/MPOG 1/2010, e o art. 42, inciso III, da IN
SLTI 2/2008;
9.3.9. a contratação de serviços de limpeza e de vigilância sem realização de estudos técnicos
preliminares que contemplem avaliação do custo/benefício do modelo de fiscalização administrativa
que será utilizado, considerando, além da conta vinculada, outras possibilidades como a aplicação dos
controles previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles mais rígidos na
seleção do fornecedor - e.g. itens 9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais eficientes na fiscalização
- e.g. itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9) e a possibilidade de contratação de
empresa especializada para apoiar a avaliação do cumprimento, pelas contratadas, das obrigações
117

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

trabalhistas, previdenciárias e para com o FGTS, a exemplo do constatado no Contrato 55/2011 e no


Contrato 85/2010, contraria o disposto no art. 14 do Decreto-lei 200/1967, bem como o princípio da
eficiência;
9.3.10. as cláusulas estabelecendo a obrigatoriedade de vistoria prévia às instalações onde os
serviços serão prestados como condição de habilitação, a exemplo do ocorrido no item 5 do Edital
27/2010, afronta o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.11. a fixação de valores para os salários a serem pagos pela contratada aos seus empregados,
a exemplo do verificado no item 10 do Anexo II do Edital 27/2010, constitui intervenção indevida na
gestão da contratada, e afronta o princípio da eficiência;
9.3.12. a fixação de prazo exíguo para início da prestação do serviço contratado, sem justificativa
para tal, a exemplo do verificado no item 5.1 do Edital 133/2009, é incompatível com a necessidade de
mobilizar pessoas para prestação dos serviços, e afronta o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.13. a realização de pagamentos em desacordo com o previsto no contrato, conforme
verificado nos pagamentos dos Contratos 55/2011 e 85/2010, afronta o art. 66 da Lei 8.666/1993;
9.4. dar ciência desta deliberação à Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do disposto no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2749-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2750/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-023.270/2014-4
2. Grupo: II - Classe: V Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT-7ª).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal Regional do Trabalho da 7ª
Região apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar sequência ao
trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de governança e
gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, com fulcro no artigo 43, inciso I, da
118

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Lei 8.443/1992, c/c o artigo 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.1.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “f”, e ao artigo 7º, parágrafo 4º, da Lei 8.666/1993,
antes de eventual prorrogação do contrato de limpeza em vigor, ou da elaboração de edital para
licitação com vistas a substituí-lo, inclua nos estudos técnicos preliminares da contratação:
9.1.1.1. estudo e definição da produtividade de mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no artigo 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.1.1.2. definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio atualizada ou documento técnico equivalente;
9.1.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea c, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de edital
para licitação com vistas a substituir o contrato de vigilância em vigor, realize estudo técnico
preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de
vigilância, à semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 02/2008;
9.1.3. em atenção ao art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993, antes da eventual prorrogação do contrato
de limpeza e conservação, ou da licitação com vistas a substituí-lo, avalie a possibilidade de incluir
como obrigação da contratada a adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de
limpeza e conservação, à semelhança do contido no art. 6º da IN-SLTI/MPOG 01/2010, e no art. 42,
inciso III, da IN-SLTI 2/2008;
9.1.4. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento às orientações contidas no
item 9.2.1 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos
revisados e a economia (redução de valor contratual) obtida, e as providências para reaver os valores
pagos a maior;
9.1.5. encaminhe ao TCU, no prazo de sessenta dias, plano de ação para a implementação das
medidas constantes deste acórdão, contendo:
9.1.5.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pelo órgão, o prazo (caso não
estipulado) e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.1.5.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.1.5.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.2. recomendar ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, com fulcro no art. 43, inciso I,
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a conveniência
e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle
interno da organização:
9.2.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.2.2. realizar avaliação quantitativa e qualitativa de pessoal do setor de aquisições, de forma a
delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de
aquisições da organização;
9.2.3. estabelecer diretrizes para área de aquisições incluindo:
9.2.3.1. estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de
forma generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
9.2.3.2. política de compras;
9.2.3.3. política de estoques;
9.2.3.4. política de compras conjuntas;
9.2.4. estabelecer, em normativos internos:
9.2.4.1. as competências, atribuições e responsabilidades dos dirigentes, inclusive quanto à
119

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a responsabilidade pelo


estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos
nas aquisições;
9.2.4.2. as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de
aquisições, em especial dos pregoeiros e fiscais de contratos;
9.2.4.3. controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
9.2.5. avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a Alta Administração nas decisões relativas às
aquisições, com o objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo;
9.2.6. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.2.7. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.2.8. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.2.9. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação de governança e de gestão de riscos
da organização, bem como dos controles internos na função aquisição;
9.2.10. publicar na internet a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável
pelas aquisições;
9.2.11. executar processo de planejamento das aquisições contemplando, pelo menos:
9.2.11.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para a aquisição,
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo estratégico apoiado pela aquisição;
9.2.11.2. aprovação pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.2.11.3. divulgação do plano de aquisições na internet;
9.2.11.4. acompanhamento periódico da execução do plano para a correção de desvios;
9.2.12. elaborar e aprovar um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), contendo
objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos e processos, publicando no seu sítio na internet o PLS aprovado;
9.2.13. estabelecer mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS;
9.2.14. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisições, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.2.15. elaborar Plano Anual de Capacitação para a organização contemplando ações de
capacitação voltadas para a governança e gestão das aquisições;
9.2.16. adotar mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação;
9.2.17. definir um processo formal de trabalho para:
9.2.17.1. planejamento de cada uma das aquisições;
9.2.17.2. seleção do fornecedor;
9.2.17.3. gestão dos contratos;
9.2.18. estabelecer e adotar padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente;
9.2.19. adotar minutas de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela
Advocacia-Geral da União;
9.2.20. estabelecer e adotar procedimentos para elaboração das estimativas de preços das
contratações;
9.2.21. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares: realizar
levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento de contratações
120

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software público), visita a
feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções publicados em revistas
especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes soluções que possam
atender às necessidades que originaram a forma de prestação de serviços utilizada (art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993);
9.2.22. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão:
9.2.22.1. os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
9.2.22.1.1. definição do método de cálculo das quantidades de materiais necessários à
contratação;
9.2.22.1.2. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.2.22.2. o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato:
9.2.22.2.1. manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos
contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.2.23. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados
em atenção ao item 2.17 retro (letras “a” e “c”), os seguintes controles internos:
9.2.23.1. na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.2.23.1.1. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.2.23.1.2. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.2.23.2. na etapa de fiscalização técnica do contrato:
9.2.23.2.1. manter controle gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos
contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.2.24. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico, previsão, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, da
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
9.2.24.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (art. 73, inciso I, “a”, da
Lei 8.666/1993);
9.2.24.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (art. 73, inciso I,
“b”, da Lei 8.666/1993);
9.2.25. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares, o controle interno consistente na
avaliação, no caso de contratação de serviços continuados, das diferentes possibilidades de critérios de
qualificação econômico-financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da IN-SLTI 02/2008,
considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.2.26. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
de gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico, o controle interno
consistente no estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
121

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.2.27. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico, o controle interno
consistente na previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que possa se enquadrar no contido no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.2.28. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de gestão do contrato, o controle interno consistente na exigência, antes do início da
execução contratual, da designação formal do preposto responsável por representar à contratada
durante esse período;
9.2.29. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
9.2.29.1. avaliação dos riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.2.29.1.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.2.29.1.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido extratos avaliados ao final de um ano - sem
que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.2.29.2. documentação da sistemática de fiscalização utilizada em cada período;
9.2.30. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na
aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações, podendo adotar os modelos
estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.2.31. estabelecer uma lista de verificação para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor;
9.2.32. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de planejamento da contratação, o controle interno consistente na inclusão, no
modelo de gestão do contrato, de listas de verificação para os aceites provisório e definitivo, de modo
que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para atuar na fase de gestão do contrato;
9.2.33. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na
aprovação das minutas de ajustes decorrentes de repactuações, podendo ser adotados os modelos
estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.2.34. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes de eventual
elaboração de edital para licitação com vistas à contratação de serviços de transporte de pessoas,
cargas e materiais, incluir, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das
alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade, a fim de identificar a
solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de
veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro rodado;
9.3. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva
122

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região e da empresa contratada por meio do Contrato 13/2011
a respeito da inclusão, na planilha de custos e formação de preços do contrato, da parcela referente
despesas com treinamento, capacitação e reciclagem como item Insumos de Mão de Obra do Contrato
13/2011, visto que tal parcela já é coberta pela rubrica Despesas Administrativas, conforme o item
1.5.2 do Acórdão 825/2010-TCU-Plenário;
9.4. dar ciência ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região acerca da impropriedade
consistente na falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a vinculação dos
pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade, constatadas nas especificações do
objeto dos Contratos 13/2011 e 13/2012, em afronta ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37,
caput, da Constituição Federal; e
9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2750-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2751/2015 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 011.470/2015-1.
2. Grupo: I – Classe de Assunto: V – Relatório de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Secex/PI.
4. Órgãos/Entidades: Codevasf – Superintendência Regional de Teresina/PI – 7ª SR e Entidades/
órgãos do Governo do Estado do Piauí.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secex/PI.
8. Advogados constituídos nos autos: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório de Levantamento de Auditoria realizado
no âmbito do tema “Desenvolvimento” com recorte da Região Nordeste (FiscNordeste) cujo objetivo
específico foi obter uma visão ampla e abrangente da situação geográfica e econômico-social do
Estado do Piauí.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Secretaria de Controle Externo no Estado do Piauí – Secex/PI que, no processo
de planejamento de suas ações de controle externo, utilize as informações obtidas nestes autos como
parâmetro para definição das áreas prioritárias que devem ser objeto de fiscalizações por parte deste
Tribunal;
9.2. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam,
à Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco – Secex/PE, com vistas a subsidiar o
trabalho de consolidação das informações relativas ao Estado do Piauí, no âmbito da construção do
Relatório Sistêmico da Região Nordeste;
9.3. arquivar os presentes autos.
123

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2751-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2752/2015 – TCU – Plenário

1. Processo TC-024.630/2012-8. Apenso: TC-008.393/2015-0.


2. Grupo: II – Classe de Assunto: V – Monitoramento – Relatório de Auditoria de
Conformidade.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidades: Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal,
Secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e da Assistência Social (Sethas) do Governo do Estado do
Rio Grande do Norte e Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Cehab).
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secex/RN e SeinfraUrbana.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do monitoramento das determinações exaradas no
Relatório de Auditoria de Conformidade integrante da Fiscalização de Orientação Centralizada – FOC,
objetivando avaliar a execução das obras de construção de unidades habitacionais em Natal/RN
(Contrato de Repasse n. 226.012-13/2007), obras essas previstas no Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar:
9.1.1 ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Estado do Rio Grande do
Norte que apresentem, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da ciência deste Acórdão, a
comprovação das providências adotadas para retomada da execução das obras relativas ao Contrato de
Repasse n. 621.856;
9.1.2 ao Ministério das Cidades que:
9.1.2.1 na impossibilidade configurada de retomada da execução da obra, nos termos do subitem
acima, apresente em 60 (sessenta) dias, a contar do prazo final de sua apresentação, o resultado da
análise da prestação de contas do Contrato de Repasse n. 621.856;
9.1.2.2 em qualquer das hipóteses aventadas nos subitens 9.1.1 ou 9.1.2.1 acima, avalie a
possibilidade de dano ao erário e, se for o caso, adote as medidas indicadas no art. 8º da Lei n.
8.443/1992;
9.2 remeter cópia deste Acórdão, assim como do Relatório e do Voto que o fundamentam, ao
Procurador da República no Estado do Rio Grande do Norte, Sr. Paulo Sérgio Duarte da Rocha Júnior,
interessado no TC-008.393/2015-0, em apenso.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.


12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2752-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2753/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 029.083/2013-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Agravo (Desestatização)
3. Agravante: Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20).
4. Unidades/Interessado:
4.1. Unidades: Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq e Secretaria de Portos da
Presidência da República – SEP/PR.
4.2. Interessado: Tribunal de Contas da União.
5. Relator: Ministro Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogado: Apuám Carvalho da Costa (OAB-DF nº 32.322).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia agravo interposto pelo Deputado
Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo contra o despacho que recebeu peça nominada de
embargos de declaração como mera petição, nos termos do art. 287, § 6º, do Regimento Interno do
TCU, e negou-lhe seguimento,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do agravo, com fundamento no art. 289 do Regimento Interno deste Tribunal,
interposto pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo para, no mérito, negar-lhe
provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao agravante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2753-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

ACÓRDÃO Nº 2754/2015 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 035.902/2011-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Interessado: José Tadeu da Silva (720.451.168-91).
125

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Entidade: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo.


5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo em São Paulo (Secex/SP).
8. Representação Legal: Thiago Santos de Araújo (OAB/SP 324.659), Fátima Cristina Pires
Miranda (OAB/SP 109.889), Wilton Luís da Silva Gomes (OAB/SP 220.788), Cristiano Vilela de
Pinho (OAB/SP 221.594), Renan Bronzatto Adorno (OAB/SP 301.385), Priscila Lima Aguiar
Fernandes (OAB/SP 312.943), Rubens Catirce Júnior (OAB/SP 316.306), Gabriel Angeli Pesato
(OAB/SP 329.916), Juliana Ferreira Andrade da Silva (OAB/SP 335.963), Flávia Botta (OAB/SP
351.859), Eduardo Conde da Silva Júnior (OAB/SP 357.171), Erika Juliane Nakamura (OAB/SP
207.524-E), Camille Vaz Hurtado Pavani (OAB/SP 223.302), Erika Alves Oliver Watermann
(OAB/SP 181.904), Adriana Ferreira (OAB/SP 324.077), Antony Araújo Couto, OAB/SP 226.033,
Jadir José Alberti (OAB/SC 33.692B), Renata Valéria Pinho Casale Cohen (OAB/SP 225.847), César
Eduardo Abranches Cavalcante Foratiero (OAB/SP 199.304-E), Robson do Nascimento Ribeiro
(OAB/SP 206.013-E).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração opostos contra o
Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, por parte do Sr. José Tadeu da Silva, ex-Presidente do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo – Crea/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 conhecer dos presentes Embargos de Declaração referentes ao Acórdão n. 1.656/2015 –
Plenário, opostos pelo Sr. José Tadeu da Silva, para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. declarar, de ofício, a nulidade do aludido Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, somente em
relação ao Sr. Ariosto Mila Peixoto, ante o descumprimento do § 1º do art. 236 do Código de Processo
Civil;
9.3. determinar à Secex/SP que providencie a notificação do Sr. Ariosto Mila Peixoto acerca da
deliberação inserta no subitem 9.2 retro e a reinstrução dos autos;
9.4 dar ciência desta Deliberação ao Sr. José Tadeu da Silva.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2754-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2755/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 006.374/2012-3.
1.1. Apenso: 006.439/2010-1
2. Grupo I –Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF 117.579.905-00); Caixa Econômica
Federal (00.360.305/0001-74); Cláudia Maia de Freitas (599.430.451-87); Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (13.595.251/0001-08); Deir Nazareth Andrade Costa da
126

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Silva (CPF 268.879.165-68); Dellano Carvalho Abreu (811.902.555-53); Gilbert Souza Santos
(728.893.815-87); José Ubiratan Cardoso Matos (452.920.195-34); Leonardo Barbosa dos Santos
(959.199.295-53); Luiz Eduardo Lopes Jenkins (066.694.505-59); Ministério das Cidades
(vinculador); Márcio Reis de Jesus (917.762.605-20); Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF
408.825.945-91); Sz Construtora e Incorporadora Ltda (09.655.659/0001-50).
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Companhia de Desenvolvimento Urbano do
Estado da Bahia; Ministério das Cidades (vinculador).
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal: Murilo Oliveira Leitão (17611/ OAB-DF) e outros, representando a
Caixa Econômica Federal.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de obras realizada no Ministério das
Cidades, na Caixa Econômica Federal (Caixa) e na Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado
da Bahia (Conder), com o objetivo de fiscalizar a contratação e execução de obras de urbanização do
bairro Nova Constituinte em Salvador/BA, custeadas pelo contrato de repasse 218.855-47/2007.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator em:
9.1. acolher parcialmente as razões de justificativa da Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes
(CPF 117.579.905-00);
9.2. considerar elidida a imputação inicialmente feita às Sras. Rita de Cássia Alves de Sousa
(CPF 408.825.945-91) e Deir Nazareth Andrade Costa da Silva (CPF 268.879.165-68);
9.3. dar ciência desta deliberação à Caixa Econômica Federal, à Companhia de Desenvolvimento
Urbano do Estado da Bahia, ao Ministério das Cidades, aos responsáveis e à Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional;
9.4. encerrar o presente processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2755-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2756/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.899/2015-4.
2. Grupo I – Classe II - Assunto: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessado: Comissão Parlamentar de Inquérito - Câmara dos Deputados.
4. Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro
(SecexEstataisRJ).
8. Representação legal: André Carvalho Teixeira, 18135/OAB-DF, e outros, representando o
127

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação do Congresso Nacional em que a
Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados destinada a investigar supostas
irregularidades no BNDES requer cópia do TC 012.641/2009-2.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional, nos termos do art. 4º, I, ‘b’, da
Resolução TCU 215/2008;
9.2. encaminhar cópia do TC 012.641/2009-2 à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara
dos Deputados destinada a investigar supostas irregularidades no BNDES, informando-a de que o
processo encontra-se em fase de instrução, não havendo até o momento decisão desta Corte;
9.3. solicitar à referida Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, em sede
do art. 25, § 2º, da Lei 12.527/2011 e do art. 4º, § 2º, da Resolução TCU 254/2013, a necessidade de
observar a salvaguarda de sigilo que recai sobre as peças referenciadas na peça 178 do
TC 012.641/2009-2;
9.4. considerar integralmente atendida a presente solicitação do Congresso Nacional;
9.5. encerrar o processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2756-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira (Relator).

ENCERRAMENTO

Às 17 horas e 54 minutos, a Presidência encerrou a sessão, da qual foi lavrada esta ata, a ser aprovada
pelo Presidente e homologada pelo Plenário.

MARCIA PAULA SARTORI


Subsecretária do Plenário

Aprovada em 4 de novembro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

ANEXO I DA ATA Nº 43, DE 28 DE OUTUBRO DE 2015


(Sessão Ordinária do Plenário)

COMUNICAÇÕES

Comunicações proferidas pela Presidência.


128

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,

Tenho a grata satisfação de comunicar a Vossas Excelências que, no período de planejamento que se
encerrou em setembro último, esta Corte de Contas alcançou o expressivo desempenho de 112,97%.
Foi determinante, para esse resultado, a superação da meta dos seguintes indicadores: o índice de
trabalhos de especial relevância, bem como o de atos de pessoal, apreciados conclusivamente; e o índice de
redução do estoque de processos autuados até 2012.
Aproveito para agradecer o empenho dos Ministros, Ministros-Substitutos, Membros do Ministério
Público junto ao TCU e servidores desta Casa para o alcance das metas, o que demonstra o elevado
compromisso de todos com os objetivos institucionais.
Informações detalhadas sobre os resultados obtidos nessa fase, os processos considerados prioritários
e a situação dos autos por gabinete e por secretaria estão disponíveis para consulta no Portal Corporativo do
Tribunal.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,

Comunico a Vossas Excelências que no último dia 5 de outubro o TCU foi eleito, por unanimidade,
para presidir o Comitê de Criação de Capacidades (CCC) da Organização Latino-Americana e do Caribe de
Entidades Fiscalizadoras Superiores (Olacefs), para o triênio 2016-2018.
Naquela ocasião, enfatizei o caráter técnico das propostas constantes da postulação desta Corte ao
cargo e enfatizei relevantes resultados obtidos por meio das auditorias coordenadas e de significativa
quantidade de cursos virtuais que o Tribunal ofereceu no âmbito do CCC.
A Entidade Fiscalizadora Superior (EFS) do Peru, candidata ao cargo e que presidia o comitê há oito
anos, diante das diversas manifestações oficiais de apoio ao TCU, optou por desistir do seu pleito e aderir à
candidatura brasileira.
Oportuno registrar que nossas propostas foram apresentadas pelo Ministro-substituto Weder de
Oliveira na reunião anual do CCC, realizada no período de 14 a 16 de outubro, em Santo Domingo, na
República Dominicana.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
129

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,

Comunico a Vossas Excelências que o Tribunal de Contas da União sediará nos dias 3 e 4 de
novembro próximos, no Auditório Ministro Pereira Lira, o “Seminário Internacional - Governança e
Desenvolvimento: Práticas Inovadoras e o Papel do Controle Externo”, no qual será lançado o segundo
produto do estudo internacional TCU-OCDE: Supreme Audit Institutions: External oversight, insight
and foresight, que consolida visões e abordagens inovadoras sobre a atuação das Entidades Fiscalizadoras
Superiores (EFS).
O encontro reunirá representantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) e atores-chave dos poderes Executivo e Legislativo brasileiro, da academia e das EFS que integram
o estudo, procedentes da Polônia, da África do Sul, dos Estados Unidos, do Chile, da Suécia e do Peru, além
de palestrantes nacionais e estrangeiros.
Aproveitando a oportunidade da estada do Secretário-Geral da OCDE no mencionado evento, esta
Presidência irá assinar, em nome deste Tribunal, Protocolo de Intenções com aquela Organização, o qual
tem por objetivo dar continuidade à parceria que já existe, desde 2011, entre esta Corte de Contas e aquela
Organização e que tem apresentado excelentes resultados.
A nova fase dessa parceria tem por objeto a realização de estudo internacional sobre o
“Aprimoramento da Coordenação e do Desempenho de Políticas Públicas Descentralizadas por meio de
Auditorias Coordenadas”, a ser conduzido pela OCDE no período de 2016 a 2019.
Oportunamente, trarei ao conhecimento deste Plenário o Acordo de Cooperação que será firmado
entre o Tribunal e a OCDE.
Portanto, convido a todos, autoridades e servidores desta Casa, para prestigiarem o evento, em
especial a abertura, que acontecerá no dia 3, às 10h30, em nossa Sala de Conferências, oportunidade em que
os enviados da OCDE mostrarão o status do projeto em curso, tratarão de temas de relevância para o
estreitamento da parceria Brasil-OCDE e apresentarão detalhes sobre novo projeto a ser celebrado com a
entidade.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,

Comunico a este Plenário que a Secretaria-Geral de Controle Externo - Segecex apresentou, no


âmbito do TC-019.760/2015-9, proposta de projeto de portaria, a ser assinada pela Presidência desta Casa, a
qual disporá sobre as orientações dirigidas às unidades prestadoras de contas quanto à elaboração do
conteúdo dos Relatórios de Gestão e de informações suplementares referentes ao exercício de 2015, bem
como sobre a operacionalização do Sistema de Prestação de Contas disponibilizado pelo Tribunal, nos
termos do art. 4º, § 1º, da Decisão Normativa-TCU 146, de 30 de setembro de 2015.
O mencionado dispositivo regulamentar determinou que portaria do Presidente do Tribunal, a ser
publicada em até sessenta dias da edição da referida Decisão Normativa, divulgará a data da abertura do
Sistema e-Contas para o exercício de 2015, detalhará os procedimentos para a sua operacionalização e
definirá o formato e a profundidade em que o conteúdo do Relatório de Gestão e as informações
suplementares estabelecidas no art. 6º daquela DN devem ser elaborados e apresentados.
130

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Embora a competência para aprovar o normativo em questão tenha sido atribuída à Presidência,
entendo que o fato de este alcançar todas as Listas de Unidades Jurisdicionadas vinculadas aos Relatores
justifica a submissão do projeto à avaliação de Vossas Excelências.
Como isso, submeto o projeto de portaria à consideração de Vossas Excelências para que, no prazo de
quinze dias, sejam oferecidas emendas e sugestões que possam aprimorar o mencionado documento.
Para tanto, solicito à Secretaria das Sessões que disponibilize aos Gabinetes de Vossas Excelências
cópia do aludido projeto e da respectiva representação.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Prezados servidores,

Em nome do Colegiado e de toda a nossa Casa, considero hoje um dia muito importante, que deve ser
comemorado por todos os brasileiros: o dia do servidor público. Esse agente do Estado que dedica o tempo,
as energias e a inteligência para melhorar as condições do País e do cidadão.
Como servidores públicos que somos, temos orgulho de trabalhar com dedicação, comprometimento e
responsabilidade, especialmente no Tribunal de Contas da União, que congrega um corpo técnico da mais
alta competência, respeitabilidade e de reconhecimento nacional e internacional.
Nós sabemos que o sucesso desta Corte de Contas nas ações de Controle Externo e no
aperfeiçoamento da Administração Pública resulta da visão inovadora de grandes personalidades do
passado, como Rui Barbosa e Serzedello Corrêa, e da atuação de homens e mulheres que, ao longo da nossa
centenária história, olhando para frente, promoveram contínuos aprimoramentos do sistema que protege a
sociedade da malversação dos recursos estatais, tornando esta Instituição uma verdadeira guardiã da
Constituição, imune às crises e turbulências temporárias, sem aceitar interferência à sua autonomia e
funcionalidade (modus operandi).
Que possamos continuar nessa trajetória de bons serviços prestados à Nação, sempre com a
perspectiva de aprimorar cada vez mais nossas ações e, com isso, contribuir para o engrandecimento do
País, inclusive no cenário internacional, como já estamos fazendo.
Parabéns, portanto, a todos os servidores públicos, especialmente aos colegas desta Casa, distribuídos
por todo o território nacional.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
131

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Entre os dias 13 e 16 deste mês, uma comitiva deste Tribunal participou da conferência Predict
Analytics World for Government 2015, em Washington, EUA, evento especificamente estruturado para
ajudar líderes e gestores de agências governamentais e órgãos públicos a aplicarem as mais modernas
tecnologias de modelagem preditiva no cumprimento de suas missões.
Foram apresentados casos e experiências de líderes e de especialistas provenientes de agências
governamentais de extraordinária distinção, como o Internal Revenue Service, responsável pela
arrecadação de impostos nos Estados Unidos da América, o National Security Agency, encarregada dos
serviços de inteligência e segurança americanos, a Australian Transaction Reports and Analysys Centre,
unidade do governo australiano especializada em inteligência financeira e combate à lavagem de dinheiro,
entre outras.
Também, foram abordados problemas, soluções, tendências e inovações, inclusive com a participação
de grandes fornecedoras de tecnologia e de empresas de consultoria, as quais contribuíram com exposições,
minicursos e encontros individuais com os membros da comitiva, ocasião em que transmitiram orientações e
sugestões direcionadas à nossa realidade institucional.
Essa experiência integra o conjunto de iniciativas que o Tribunal vem adotando para adequar a sua
atuação aos desafios e às oportunidades que se apresentam diante das novas tecnologias.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

AROLDO CEDRAZ DE OLIVEIRA


Presidente

Comunicação proferida pelo Ministro Bruno Dantas.

COMUNICAÇÃO DO MINISTRO BRUNO DANTAS

Sr. Presidente,
Sra. Ministra, Srs. Ministros,
Sr. Procurador-Geral,
Gostaria de trazer ao conhecimento deste Colegiado notícias veiculadas na imprensa acerca de uma
possível contaminação por urânio em águas de consumo humano no município de Lagoa Real, no interior da
Bahia, a qual supostamente decorreria da atuação da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que atua
na região de Caetité, município vizinho, realizando mineração e beneficiamento de urânio.
Segundo as notícias, foi detectada a presença de urânio em um poço de Lagoa Real, cujo volume do
metal estaria quatro vezes superior ao limite estabelecido pelos órgãos de saúde para consumo humano, bem
como a falta de transparência da Estatal no fornecimento de informações para os órgãos ambientais do
estado e federal, estaria dificultando a verificação mais aprofundada do assunto.
Também é veiculado que já foi constatado um aumento nos novos casos de câncer na região de
Caetité, superior ao número de casos de todo o restante do Estado da Bahia, assim como uma maior
incidência da doença como causa de mortes nessa região, o que teria levado o estado a prever a instalação de
uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) neste município.
Trata-se de uma questão ambiental e de saúde pública que afeta a população de pequenas
comunidades da Bahia, meu estado de origem, e que está sendo acompanhada por diversos órgãos públicos
federais, tais como a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério
de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ao qual a INB é vinculada, e o próprio Ministério do Meio
Ambiente, além dos órgãos estaduais e municipais. Sem dúvida, a questão clama pela atenção desta Corte de
Contas.
132

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Informo aos nobres senhores que minha assessoria fez contato com a SecexAmbiental e, por meio
desta, colheu informações junto ao Ibama, o qual esclareceu que já recebeu todas as informações necessárias
da INB e está analisando o caso com a urgência e profundidade recomendáveis. O exame do Ibama irá
confirmar se o urânio encontrado nos poços examinados decorre da própria natureza da bacia hidrográfica
em que se localizam ou eventualmente das atividades exploratórias da INB. Também será reavaliado o
licenciamento ambiental concedido para exploração da mina de Caetité, permitindo assim o elucidamento
do caso.
Considerando a relevância da matéria, submeto a este colegiado a proposta de determinar à Segecex
que autue um processo de acompanhamento do assunto, identificando as unidades técnicas que devem ser
envolvidas no processo de acordo com suas competências e os procedimentos de acompanhamento a serem
definidos.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

BRUNO DANTAS
Ministro-Relator

Comunicação proferida pelo Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, em substituição ao


Ministro Walton Alencar Rodrigues.

COMUNICAÇÃO AO PLENÁRIO

Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,

Comunico a Vossas Excelências, com fundamento na Portaria da Presidência nº 299, de 23/10/2015,


em virtude do afastamento do Exmo. Sr. Ministro Walton Alencar Rodrigues, que Sua Excelência foi
sorteado relator do processo administrativo TC-008.313/2015-6, projeto de resolução que altera a
Resolução-TCU nº 146, de 28 de dezembro de 2001, que dispõe sobre implementação da Gratificação de
Desempenho dos integrantes da Carreira de Especialista do Tribunal de Contas da União.
Na forma do art. 75, § 1º, do Regimento Interno, propõe a abertura do prazo de quinze dias para
oferecimento de emendas pelos senhores ministros e de sugestões pelos senhores ministros-substitutos e
pelo senhor Procurador-Geral.
A propósito, solicita à Secretaria das Sessões que providencie o encaminhamento, aos gabinetes de
Vossas Excelências, de cópia de toda a documentação que embasa a proposta de normativo em questão.
É a matéria que trago à consideração do Plenário, Senhor Presidente.

TCU, Sala das Sessões, em 28 de outubro de 2015.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI


Ministro-Substituto

ANEXO II DA ATA Nº 43, DE 28 DE OUTUBRO DE 2015


(Sessão Ordinária do Plenário)

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA


133

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Relatórios e Votos emitidos pelos respectivos relatores, bem como os Acórdãos de nºs 2710 a 2756,
aprovados pelo Plenário.

GRUPO I – CLASSE V – Plenário


TC 015.986/2014-4
Natureza: Relatório de Levantamento
Órgão/Entidade: Ministério da Previdência Social (vinculador)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há.

SUMÁRIO: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O


REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) COM OS REGIMES PREVIDENCIÁRIOS
PÚBLICOS DE QUATRO PAÍSES DA UNIÃO EUROPEIA (PORTUGAL, GRÉCIA, POLÔNIA E
HUNGRIA). CONTRIBUIÇÕES PARA O APRIMORAMENTO DA GOVERNANÇA E PARA O
DEBATE SOBRE A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA E ATUARIAL DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL. CIÊNCIA AOS DIVERSOS ÓRGÃOS, ENTIDADES E COMISSÕES DO CONGRESSO
NACIONAL AFETAS ÀS ÁREAS PREVIDENCIÁRIA E ORÇAMENTÁRIA.

RELATÓRIO

Em exame Levantamento de Auditoria realizado com o objetivo de comparar o Regime Geral de


Previdência Social (RGPS) brasileiro com os regimes previdenciários públicos de quatro países da
União Europeia - Portugal, Grécia, Polônia e Hungria -, no que se refere à estrutura demográfica e
econômica, benefícios, regras, financiamento, indicadores de saúde do sistema e de qualidade dos
serviços, benefícios não sustentáveis, ações para mitigar pressões sobre o equilíbrio fiscal e principais
reformas previdenciárias realizadas nos últimos anos.
2. Os dados e informações levantados e os resultados obtidos foram sintetizados no Relatório
elaborado pela Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência Social –
SecexPrevidência, que integra a peça 28, reproduzido a seguir, com os ajustes de forma considerados
pertinentes, que contou com a anuência do corpo dirigente da unidade técnica (peças 29 e 30).
“Análise comparativa da estrutura, dos indicadores e dos controles previdenciários da União
Europeia com o Regime Geral de Previdência Social brasileiro
1 – Apresentação
O presente trabalho insere-se no Tribunal de Contas da União como um Levantamento de
auditoria, nos moldes previstos pela Portaria-Segecex 15/2011, autorizado pela Portaria de
Fiscalização 739/2014, com o objetivo de comparar o Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
brasileiro com os regimes previdenciários públicos de quatro países da União Europeia, no que se
refere a estrutura demográfica e econômica, benefícios, regras, financiamento, indicadores de saúde
do sistema e de qualidade dos serviços, benefícios não sustentáveis, ações para mitigar pressões sobre
o equilíbrio fiscal e principais reformas previdenciárias realizadas nos últimos anos.
Além desse objetivo específico, buscou-se a realização de comparativo técnico entre o Brasil e
os países da OCDE, de forma a avaliar aspectos relacionados às distorções introduzidas no sistema
de Previdência Social pela concessão de benefícios considerados anacrônicos e não condizentes com
a realidade demográfica e econômica brasileira, conforme proposta do Ministro Walton Alencar,
aprovada pelo Plenário do TCU em 9/10/2013 (peças 26 e 27).
O Levantamento Operacional é decorrente de deliberação constante do Despacho de
29/04/2014 do Ministro Aroldo Cedraz (TC 005.274/2014-1) e está descrito no processo
TC 015.986/2014-4.
Deve-se destacar, no entanto, que o presente Levantamento de auditoria possui peculiaridades
que exigem a não aplicação integral dos padrões sugeridos na Portaria-Segecex 15/2011, a saber:
134

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trabalho realizado em conjunto pelo Tribunal de Contas da União e pelos Diálogos


Setoriais, com financiamento do ente externo (definição, a priori, de baixa dedicação de servidores do
TCU na execução do trabalho);
Produção de conhecimento de entes não controlados pelo TCU (países da União Europeia),
como forma de buscar padrões internacionais de referência na aplicação e controle de políticas
públicas previdenciárias pelo Ministério da Previdência Social (escopo mais amplo que o definido na
portaria-segecex);
Produção de relatórios de especialistas em língua estrangeira (relatórios produzidos por
especialistas externos, aumentando a dificuldade operacional de consolidação dos trabalhos no
padrão interno);
Dessa forma, algumas alterações foram realizadas ao modelo proposto de Levantamento de
auditoria, em especial:
Planejamento:
o O trabalho de levantamento objetivou o conhecimento e compreensão dos regimes
previdenciários públicos de quatro países europeus, sem buscar a descrição de seus principais
processos de trabalho, por não haver interesse ou competência do Tribunal na fiscalização dos
sistemas estrangeiros;
o A Matriz de Planejamento do presente Levantamento foi alterada, para a forma de Tópicos,
Questões Principais e Questões, para orientar especialistas externos, não familiarizados com as
peculiaridades dos processos de Controle Externo do TCU;
o Os especialistas financiados pelos Diálogos Setoriais foram os responsáveis por identificar as
‘Fontes de informação’, ‘Procedimentos’ e ‘Detalhamentos dos Procedimentos’; coube ao Tribunal a
definição dos campos ‘Assunto/Tema/Processo’, ‘Informações Requeridas’, ‘Período’, e ‘O que a
análise vai permitir dizer’, na forma das questões propostas e nos períodos definidos no seguinte
Cronograma previsto:
Data inicial Data final Nome da Atividade Responsável
28/04/2014 09/05/2014 Planejamento das atividades por equipe de servidores do TCU TCU/UE
09/06/2014 10/06/2014 Definição dos tópicos e conteúdos do relatório a ser desenvolvido pelos peritos TCU/UE
11/06/2014 29/06/2014 Relatório de Estudo - versão 1 - perito externo UE
30/06/2014 18/07/2014 Relatório de Estudo - versão 1 - perito nacional UE
30/06/2014 18/07/2014 Relatório de Estudo - versão final - perito externo UE
23/07/2014 24/07/2014 Missão à Comissão Europeia TCU
19/07/2014 08/08/2014 Relatório de Estudo - versão final - perito nacional UE
18/08/2014 19/08/2014 Reunião Final - Relatório de Estudo - discussão final TCU/UE
09/09/2014 09/09/2014 Painel de referência com participação de convidado local TCU/UE
29/10/2014 29/10/2014 Entrega do Relatório Final da Ação (julgamento pelo TCU) TCU
Execução:
o Como o escopo do Levantamento não incluiu, diretamente, a clientela do TCU, não foram
realizadas as etapas de ‘Reunião de Apresentação’; ‘Ofício de Apresentação’; ‘Requisição de
Documentos e Informações’; e ‘Reunião de Encerramento’;
o Por se tratar de trabalho comparativo de regimes, não houve a identificação dos riscos
presentes nos processos fiscalizados, e nem a criação de Matriz de Riscos;
Relatório:
o Não foram utilizadas as seções: ‘Apresentação’; ‘Visão Geral do Órgão/entidade’;
‘Principais Processos’; ‘Principais Riscos e Possíveis Ações de Controle’;
o Foram inseridas as seções: Tópicos, de 1 a 7, onde os principais resultados do Levantamento
são descritos;

2 – Introdução
Com o intuito de melhorar a Governança do Estado brasileiro, especificamente quanto às
políticas de Previdência Social do Regime Geral (RGPS), o Tribunal de Contas da União buscou a
União Europeia (UE) para a realização de estudo conjunto.
135

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Esse estudo busca comparar o regime brasileiro com os regimes nacionais de alguns países
europeus, bem como o papel supervisor da Comissão Europeia sobre todos os sistemas de Previdência
dos países integrantes.
Delimitou-se o escopo dessa análise em um grupo de quatro países: Portugal, Grécia, Polônia e
Hungria, países que possuem características semelhantes às brasileiras, tais como: o nível de gastos
com aposentadorias e pensões – todos gastam mais que a média da União Europeia; o modelo inicial
de Previdência Social adotado – os quatro países partem de sistemas Bismarkianos do tipo pay-as-
you-go (PAYG, ou regimes de repartição); o número de reformas legislativas recentes; e a variedade
nas escolhas de estratégia para tais reformas – variando de mudanças paramétricas à adoção de
modelos capitalizados com contas individuais.
A limitação a quatro países da União Europeia se deu por orientação dos Diálogos Setoriais,
uma vez que os peritos contratados não teriam carga horária suficiente ou tempo hábil para analisar
detalhadamente mais do que quatro países. Dessa forma, os critérios supramencionados foram
estabelecidos pelo TCU para aproximar os resultados dos trabalhos ao cenário da Previdência Social
brasileira.
O tema dividiu-se em sete tópicos, cada um abordado em um dos capítulos seguintes, juntamente
com informações trazidas pelos peritos local e externo, bem como por análises realizadas pela equipe
de auditoria. Ressalta-se que a equipe do TCU coletou informações de diferentes fontes públicas, tais
como relatórios da OCDE, do Banco Mundial, das Nações Unidas, da União Europeia e do IBGE.
Em alguns casos, as fontes utilizadas pelo perito externo traziam dados prévios (banco de dados
da Eurostat, por exemplo). Nesses casos, os dados foram atualizados até a data de confecção do
relatório.
Compõem o presente trabalho, ainda, impressões e argumentos coletados de Painel de
Referências, realizado em 9 de setembro de 2014, e em missão à unidade de Proteção Social e
Sistemas de Ativação (Social Protection and Activation Systems) da Comissão Europeia, entre 23 e
24 de julho de 2014. No painel, os principais temas analisados pelos peritos foram apresentados a um
grupo de especialistas do Tribunal de Contas da União, do Ministério da Previdência Social (MPS),
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Consultoria de Orçamento da Câmara dos
Deputados (Conof), entre outros. Na missão, foram discutidos os principais desafios enfrentados pela
supervisão supranacional da Comissão Europeia, no tema da Previdência Social.
Observaram-se, quando possível, os padrões de levantamento definidos pelo TCU,
considerando-se as limitações indicadas na seção Apresentação.

3.1 – Tópico 1: Estrutura econômica e demográfica


A primeira questão trata da análise dos principais indicadores relacionados com a estrutura
previdenciária de um país. Ao perito externo, subdividiu-se a primeira questão em cinco questões e, a
essas questões, somaram-se três questões direcionadas ao perito local.
Esse primeiro tópico aborda os principais indicadores demográficos e macroeconômicos que
podem ser utilizados para se definir qual o grau de semelhança entre diferentes países. Analisaram-se
tanto indicadores tradicionalmente relacionados com a Previdência, como a estrutura etária, a taxa
de dependência e as idades média e mediana das populações estudadas; quanto indicadores de
atributos indiretamente relacionados, como a educação, o nível de renda, o coeficiente de Gini, entre
outros.
A primeira análise do tema, realizada pelo perito externo, trouxe os principais números para
diferentes variáveis, dos quatro países europeus escolhidos, e os contextualizou, quanto à sua forma
de cálculo, valores históricos e relevância ao tema Previdência.
A primeira informação destacada foi a da estratificação das populações europeias selecionadas
em três faixas etárias: população com até 14 anos (jovens); população com idade entre 15 e 64 anos
(população em idade ativa); e população com 65 anos ou mais (idosos), que utilizou como base o
banco de dados provido pelo Eurostat (Diretoria-Geral da Comissão Europeia, responsável por
136

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prover informação estatística aos institutos na União Europeia e por promover a harmonização dos
métodos estatísticos dos estados membros, candidatos ao acesso à UE e países da Associação
Europeia de Livre Comércio, ec.europa.eu/eurostat).
Sobre as faixas etárias escolhidas, cabe especial menção a impressão de alguns especialistas
ouvidos no Painel de Referência de que não há consenso na utilização da faixa de idosos como o
agregado das faixas etárias com idades superiores a 65 anos. O argumento utilizado é de que, no
Brasil, o desenho do modelo previdenciário atual permite aposentadorias mais precoces, resultando
em uma idade média de aposentadoria em torno dos 59 anos. A faixa etária de 60 anos ou mais
refletiria, portanto, de maneira mais fiel o público brasileiro aposentado.
Apesar dessa peculiaridade brasileira, a faixa etária comumente utilizada em estudos
comparativos internacionais é a de pessoas com mais de 65 anos, razão pela qual definimos tal faixa
etária para o presente relatório, mesmo que disso resultem conclusões menos conservadoras, como a
majoração da taxa de dependência, por utilizar o conceito de idoso como aquele com mais de 60 anos.
Ainda quanto à divisão por faixas etárias, o perito local complementou esses dados com
informações demográficas brasileiras, disponibilizadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios 2012 do IBGE (as informações do Eurostat estão atualizadas até 2013).
Para compreender de forma mais ampla a estrutura etária brasileira, foram consultados, ainda,
dados relativos aos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE,www.oecd.org, informações demográficas atualizadas até 2013) e do conjunto dos países
analisados pelas Nações Unidas (projeções demográficas atualizadas até 2010, esa.un.org/unpd/wpp),
dados que serão referenciados, respectivamente, como ‘dados da OCDE’ e ‘dados da ONU’ no corpo
do relatório.
Esses dados, sintetizados no Gráfico 1 abaixo, indicam que as informações demográficas atuais
do Brasil o posicionam como um país relativamente jovem, apesar de já mais antigo que a média dos
países em desenvolvimento, dos países da América Latina e do conjunto de todos os países analisados
pelas Nações Unidas (o indicador ‘Brasil’ foi calculado com base nos dados extraídos da Pnad-
2012/IBGE; os indicadores ‘Mundo’, ‘América do Sul’, ‘Regiões em desenvolvimento’ e ‘Regiões
desenvolvidas’ utilizam dados da ONU; e o indicador ‘OCDE’ apresenta dados da OCDE).
Gráfico 1 - Estrutura etária
Brasil

Mundo
América do Sul
Regiões em desenvolvimento
Regiões desenvolvidas

OCDE
União Europeia

Portugal
Polônia
Hungria
Grécia

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Até 14 anos 15 a 64 anos Acima de 65 anos

Destacaram-se, no trabalho do perito externo, duas tendências nas séries históricas dos quatro
países europeus: a faixa de jovens declinou de forma acentuada nos últimos cinquenta anos; e a faixa
de idosos teve incrementos expressivos, como se pode verificar no Gráfico 2 (em preto os percentuais
relativos ao cenário brasileiro de 2012).
137

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Observa-se que os quatro países partiram de situações semelhantes à do Brasil em 1980 para
patamares semelhantes aos dos demais países europeus em um intervalo de vinte (caso de Portugal e
Grécia, em que a maior parte da mudança demográfica se deu entre 1980 e 2000) ou trinta anos
(Polônia e Hungria, entre 1980 e 2010), períodos que podem ser considerados curtos, em termos
demográficos e previdenciários.
Gráfico 2 - Evolução da estrutura etária
Brasil - 2012

Portugal - 2010
Portugal - 2000
Portugal - 1980
Portugal - 1960

Polônia - 2010
Polônia - 2000
Polônia - 1980
Polônia - 1960

Hungria - 2010
Hungria - 2000
Hungria - 1980
Hungria - 1960

Grécia - 2010
Grécia - 2000
Grécia - 1980
Grécia - 1960
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Até 14 anos 15 a 64 anos Acima de 65 anos

Outro fator que explica o rápido envelhecimento das populações europeias analisadas é o
comportamento da taxa de fecundidade, que apresentou declínio, entre os anos de 1960 e 2012,
resultando em índices abaixo da taxa de reposição teórica de 2,1 crianças por mulher em idade fértil,
o que pode ser observado na Tabela 1. É importante notar, conforme argumentação apresentada por
especialistas no Painel de Referências, que a taxa de reposição teórica é definida em termos de
projeção demográfica e de manutenção da população total do país, ou seja, não são considerados
outros efeitos do crescimento populacional, como a pressão de uma superpopulação mundial sobre
recursos naturais escassos.
Tabela 1: Taxa de Fecundidade (em número de crianças)
1960 1980 2000 2010 2011 2012
Grécia 2,23 2,23 1,27 1,51 1,58 1,34
Hungria 2,02 1,91 1,32 1,25 1,39 1,34
Polônia : : 1,37 1,38 1,26 1,30
Portugal 3,16 2,25 1,55 1,39 1,30 1,28
UE : : : 1,61 1,58 1,58
Foi salientado pelo perito local que o Brasil, hoje com uma taxa de fecundidade de 1,74 criança
por mulher em idade fértil (dados 2014), apresentará índices semelhantes aos dos países citados em
2030, época em que a expectativa de vida do brasileiro, no nascimento, também se aproximará da
média europeia. O comportamento histórico é ilustrado no Gráfico 3, abaixo:
Gráfico 3 – Taxa de Fecundidade Total – Brasil – 2000 a 2013
138

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Para análises previdenciárias, além da estratificação etária, é importante a análise por gênero,
devido à diferenciação das longevidades médias entre homens e mulheres e ao tratamento
previdenciário diferenciado aplicado às mulheres no Brasil (geralmente os requisitos de idade para
mulheres, em aposentadorias, são menores que os dos homens em cinco anos).
Nos países europeus estudados, a proporção de mulheres na população total inicia-se em
48,8%, em média, na faixa de jovens (até 14 anos); passa por 50,6% na faixa de 15 a 64 anos; e chega
a 59,8% na faixa de idosos (variando entre 55,7% na Grécia e 62,9% na Hungria). Tal diferenciação
também se nota na sobrevida média após 65 anos (16,4 anos para homens e 20,1 para mulheres) e na
expectativa de vida ao nascer (74,9 anos para homens e 81,7 anos para mulheres). A maior diferença
na expectativa de vida ao nascer foi detectada na Polônia – 8,4 anos – e a menor na Grécia – 5,4
anos; já entre as sobrevidas médias após 65 anos, os países com maior e menor diferenças foram os
mesmos, com os índices de 4,5 anos e 2,9 anos, respectivamente.
Comparados com os demais países da União Europeia, as sobrevidas médias após 65 anos de
Portugal e Grécia apresentam os melhores valores (os valores médios de todos os países da UE são
17,7 anos para homens e 21,1 para mulheres), mas todos apresentaram rápido aumento na
longevidade desde 2000, sendo que Hungria e Polônia apresentam alto crescimento (acima da média
europeia) nas projeções de sobrevida média após os 65 anos em 2060 (a Tabela 2 apresenta os dados
discutidos para os quatro países e para a UE nos períodos informados).
139

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 2: Sobrevida média após 65 anos


Homens
1960 1980 2000 2010 2011 2012 2060
Grécia : 15,2 16,2 18,2 18,2 18,1 22,7
Hungria 12,3 11,6 13,0 14,1 14,3 14,3 20,8
Polônia : : 13,5 15,1 15,4 15,4 21,3
Portugal 12,3 13,1 15,4 17,2 17,8 17,6 22,3
UE : : : 17,5 17,8 17,7 :

Mulheres
1960 1980 2000 2010 2011 2012 2060
Grécia : 17,0 18,7 20,9 21,2 21,0 25,4
Hungria 13,9 14,7 16,7 18,2 18,3 18,1 24,1
Polônia : : 17,5 19,5 19,9 19,9 24,9
Portugal 14,5 16,1 19,1 21,0 21,6 21,3 25,6
UE : : : 21,0 21,3 21,1 :
Em termos de proporção entre gêneros, o perito local ilustra que o Brasil também apresenta
superioridade feminina nas faixas etárias mais idosas e prevalência masculina na mais nova, com
percentuais de 48,8% de mulheres na faixa de até 14 anos, 51,5% com idade entre 15 e 64 anos e
56,6% de idosas.
Do site do IBGE, podem ser extraídas informações de outros períodos, de forma a compor a
evolução da proporção de homens e mulheres na população brasileira, conforme observado na Tabela
3. Desses dados, depreende-se que apenas na faixa etária de 0 a 14 anos há maioria de homens na
população brasileira, parcela que se reduz à medida que a faixa escolhida reflete populações mais
idosas. A coluna ‘UE 4’ traz as informações médias de proporção de homens e mulheres por faixa
etária considerando os quatro países analisados pelo perito externo.
Tabela 3: Proporção entre homens e mulheres por faixa etária no Brasil
Homens
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2012 UE 4
0 a 14 anos de idade 51% 51% 50% 50% 51% 51% 51% 51%
15 a 39 anos de idade 49% 49% 49% 49% 49% 49% 49% 49%
40 a 59 anos de idade 52% 51% 51% 50% 49% 48% 47% 49%
60 a 69 anos de idade 50% 51% 50% 49% 47% 46% 46% 49%/40%
70 anos e mais de idade 44% 47% 46% 45% 44% 43% 42% 40%

Mulheres
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2012 UE 4
0 a 14 anos de idade 49% 49% 50% 50% 49% 49% 49% 49%
15 a 39 anos de idade 51% 51% 51% 51% 51% 51% 51% 51%
40 a 59 anos de idade 48% 49% 49% 50% 51% 52% 53% 51%
60 a 69 anos de idade 50% 49% 50% 51% 53% 54% 54% 51%/60%
70 anos e mais de idade 56% 53% 54% 55% 56% 57% 58% 60%
Ressalta-se que a faixa etária de 65 a 69 anos foi considerada como parte da faixa ‘Acima de 65
anos’ pelo perito externo, mas os dados fornecidos pelo IBGE a consideram como parte de ‘60 a 69
anos de idade’, razão pela qual foram indicados os dois percentuais europeus para uma única faixa
etária brasileira.
Quando a diferença entre gêneros é analisada pelo viés da expectativa de vida, o perito local
frisa que:
A Tábua de Mortalidade projetada para o ano de 2012 resultou em uma expectativa de vida de
74,6 anos para ambos os sexos, um acréscimo de 5 meses e 12 dias em relação ao valor estimado para
o ano de 2011 (74,1 anos). Para a população masculina o aumento foi de 4 meses e 10 dias passando
de 70,6 anos para 71,0 anos, em 2012. Já para as mulheres o ganho foi maior: em 2011 a esperança
de vida ao nascer era de 77,7 anos se elevando para 78,3 anos em 2012, 6 meses e 25 dias maior.
140

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em termos previdenciários, a diferença de expectativa de vida de 7,3 anos a favor das mulheres
soma-se à menor idade e tempo de contribuição requeridos pela Constituição (é assegurada a
aposentadoria no RGPS obedecidas as condições de 35 anos de contribuição para homens e 30 anos
para mulheres, respeitadas as idades mínimas de 65 para aqueles e 60 para estas, ou 60 e 55,
respectivamente, no caso de aposentadorias rurais) resultando em diferentes períodos esperados de
pagamento de aposentadorias: 18,3 anos para mulheres e 6 anos para homens.
Segundo a pesquisa ‘Cadastro Central de Empresas 2014’ (Cempre 2012), em 2012, a
participação de homens e mulheres no pessoal ocupado assalariado de todas as organizações do país
era, respectivamente, de 57,3% e 42,7%, indicando que a participação feminina ainda é inferior à
masculina quanto ao mercado de trabalho. Essa tendência se repete nos valores médios pagos a cada
um dos gêneros: R$ 2.126,67 para homens e R$ 1.697,30 para mulheres (ou seja, em média, elas
recebem o equivalente a 79,8% do salário dos homens).
Essa mesma pesquisa, no entanto, traz indicadores de que tal desigualdade tende a se modificar.
Na comparação dos dois últimos anos, a participação relativa feminina, na variação de pessoal
ocupado assalariado, foi pela primeira vez superior à participação masculina: 41,5%, ou 439,9 mil
homens, ingressaram ao mercado de trabalho, enquanto 58,5%, ou 619,8 mil foram mulheres. Os
aumentos relativos de salários médios também indicam um possível comportamento rumo a uma
igualdade entre gêneros: o aumento real dos salários masculinos foi de 2%, enquanto o feminino foi
de 2,4%. É importante destacar, ainda, a participação feminina de 58,9% em entidades da
Administração Pública, superior à masculina.
Com a crescente participação feminina no mercado de trabalho e a aproximação dos valores
pagos a ambos os sexos, para se manter a sustentabilidade e a igualdade material do sistema
previdenciário, deve-se discutir a necessidade de uma futura revisão na diferenciação de exigências
etárias por gênero, a exemplo dos países europeus analisados, trazendo à discussão ferramentas
utilizadas por eles para compensar realidades sociais específicas, como a compensação de créditos
previdenciários para reconhecer o afastamento do mercado de trabalho para cuidados com crianças,
por exemplo (assunto detalhado em tópico específico).
A diferenciação por gênero em critérios previdenciários também foi discutida pelos especialistas
do Painel de Referência. A posição majoritária é a de que a diferença entre gêneros não encontra
mais justificativa no atual cenário do mercado de trabalho, mas que outras soluções deveriam ser
implementadas de forma a não prejudicar mulheres que dediquem parte de sua idade economicamente
ativa ao cuidado de seus filhos. Duas sugestões que se destacaram foram: a diferenciação do tempo
de contribuição por gênero com a equiparação das idades mínimas; e o uso de créditos
previdenciários proporcionais ao número de filhos.
A última variável demográfica analisada foi a taxa de dependência, razão entre os grupos
etários com idades superior a 65 anos e com idades entre 15 e 64 anos. Esse indicador – usualmente
utilizado para definir um país como sendo jovem ou antigo – é de suma importância às análises
previdenciárias por tratar de grupos etários geralmente aposentados e contribuintes à previdência
oficial, respectivamente. Quanto maior essa taxa, maior é, em tese, a dificuldade de o sistema
permanecer sustentável financeira e atuarialmente.
No Brasil, a taxa de dependência é definida como a população em idade inativa (jovens com até
14 anos e idosos com mais de 65 anos) dividida pela população em idade ativa (adultos com idades
entre 15 e 64 anos), enquanto a definição utilizada pelo perito externo não computa no cálculo o
percentual de jovens com até 14 anos. Considerar-se-á, neste trabalho, a taxa de dependência pela
fórmula de cálculo utilizada pelo perito externo, já que ela permite o uso do indicador mais preciso
em trabalhos previdenciários.
Nesse ponto, os números europeus também exibiram drástica alteração entre 1960 e 2013, com
tendência identificada nas projeções a 2060, conforme ilustrado na Tabela 4.
141

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 4: Taxa de dependência


Cálculo europeu - [65+ anos] / [15 a 64 anos]
1960 1980 2000 2010 2011 2012 2060
Grécia 14,2% 20,6% 24,2% 28,4% 30,0% 30,9% 61%
Hungria 13,6% 20,9% 22,0% 24,2% 24,6% 25,1% 52%
Polônia 9,5% 15,5% 17,8% 19,0% 19,4% 20,1% 61%
Portugal 12,4% 17,8% 23,8% 27,5% 28,8% 29,4% 64%
Brasil : 7,0% 9,1% 10,8% : 12,6% 44%
Cálculo brasileiro - ([Até 14 anos] + [65+ anos]) / [15 a 64 anos]
1960 1980 2000 2010 2011 2012 2060
Grécia 51,8% 56,7% 47,1% 50,5% 52,3% 53,3% 85%
Hungria 52,3% 54,8% 46,8% 45,7% 45,7% 46,2% 78%
Polônia 64,0% 52,3% 47,0% 40,2% 40,7% 41,4% 85%
Portugal 59,2% 59,4% 48,2% 50,5% 51,4% 51,9% 85%
Brasil : 73,2% 54,9% 45,9% : 45,9% 66%

Pelo exposto, os casos europeus analisados comprovam que a situação demográfica de um país
pode ser alterada drasticamente em um curto período de tempo, levando em consideração o contexto
social e histórico por que passaram esses países nos últimos cinquenta anos. Alguns desses fatores
também podem ser observados no caso brasileiro atual – como a queda na taxa de fecundidade e o
aumento da expectativa de vida – e nos cenários projetados para os próximos anos, o que reafirma a
necessidade de constante observação e análise das tendências demográficas brasileiras, orientando
futuras discussões sobre Previdência Social e possíveis reformas legislativas nesse tema.
No quesito de projeções populacionais, o perito local destacou a atual condição de bônus
demográfico por que o Brasil passa atualmente, salientando que tal fenômeno tende a persistir até o
ano 2022, quando a taxa de dependência reverterá seu atual comportamento de queda, o que ilustra
uma curta oportunidade de oito anos para reformas estruturais. Atualmente, a população brasileira
apresenta estrutura etária em formato de ‘sino’, mas a base da figura, que representa pessoas em
idade produtiva, tenderá a se estreitar, até equiparar-se ao formato de países mais antigos, como os
europeus ou o Japão, em formato de ‘vaso’. Os dois gráficos abaixo, elaborados pelo IBGE, ilustram
essa evolução.
Gráfico 4 – Pirâmide Etária Absoluta – Brasil – Projeção 2010

Gráfico 5 – Pirâmide Etária Absoluta – Brasil – Projeção 2060


142

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Esse comportamento também pode ser observado nas projeções realizadas pela ONU, onde se
nota a convergência entre os dados informados pelas Nações Unidas e pelo IBGE. Os Gráficos 6 e 7,
abaixo, ilustram as projeções estimadas pelas duas instituições, em termos percentuais, que permitem
acompanhar a evolução da taxa de dependência brasileira.
Gráfico 6 - Evolução da distribuição percentual da população
80

70

60

50

40

30

20

10

Até 14 anos - ONU 15 a 64 anos - ONU 65 anos ou mais - ONU


Até 14 anos - IBGE 15 a 64 anos - IBGE 65 anos ou mais - IBGE
143

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gráfico 7 - Evolução da Taxa de dependência - IBGE e ONU


100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

Taxa de dependência ONU (metodologia europeia) Taxa de dependência IBGE (metodologia europeia)
Taxa de dependência ONU (metodologia IBGE)

Da evolução da taxa de dependência, extrai-se que até o ano 2020, época em que ocorre o
bônus demográfico (ponto de inflexão aproximado da curva laranja no Gráfico 6), há um aumento
lento e gradual na taxa de dependência, alcançando-se cerca de 13%. Esse aumento acelera-se, então,
entre os anos de 2020 e 2070, ultrapassando o patamar de 50%, indicando que, nesse momento, a
cada duas pessoas em idade ativa, haverá um idoso. Ocorre, no terceiro momento, uma redução na
aceleração do crescimento da taxa de dependência, resultando em valores pouco superiores a 60% em
2100, o que significa que, neste momento, para cada 10 brasileiros em idade ativa, haverá 6 idosos
com mais de 65 anos.
Em cinza, no Gráfico 7, insere-se a taxa de dependência agregando aos idosos os jovens com
até 14 anos. Nessa curva, verifica-se mais claramente o impacto da redução da fecundidade brasileira
na taxa de dependência, com a respectiva diminuição percentual do número de jovens. Nessa curva,
também se vê a inflexão ocorrida em 2020, ponto com a menor taxa de dependência do período.
Ainda no tema da estrutura demográfica brasileira, quando o Brasil é comparado com os países
da OCDE, nota-se que ele ainda pode ser considerado um país jovem – apenas o México e a Turquia
apresentam taxas de dependência menores que a brasileira –, conforme se observa na Tabela 5:
144

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 5: Taxa de dependência


Taxa de Taxa de
País País
dependência dependência
Japão 40,4% República Checa 24,6%
Itália 32,7% Noruega 23,7%
Alemanha 31,3% Canadá 22,3%
Grécia 30,9% Austrália 21,6%
Suécia 29,9% Nova Zelândia 21,6%
Portugal 29,4% Estados Unidos 20,6%
Finlândia 28,9% Luxemburgo 20,2%
França 27,8% Polônia 20,1%
Dinamarca 27,6% Islândia 19,5%
Estônia 27,2% Irlanda 18,6%
Bélgica 26,8% Eslováquia 18,4%
Áustria 26,8% Israel 17,0%
Reino Unido 26,4% Corea do Sul 16,7%
Espanha 26,3% Chile 14,2%
Suíça 25,7% Brasil 12,6%
Holanda 25,5% Turquia 11,3%
Hungria 25,1% México 10,0%
Eslovênia 25,0%
Já na comparação mundial, nota-se que o Brasil possui uma taxa de dependência menor que a
média mundial, assemelhando-se aos países da América do Sul, conforme dados disponíveis na Tabela
6. Em vermelho os países ou agrupados que possuem taxa de dependência superior à brasileira, em
verde os países com valores menores (dados da ONU, posição 2010).
Tabela 6: Taxa de dependência (mundo)
Taxa
Área, região ou país
dependência
MUNDO 11,7%
Regiões desenvolvidas 23,8%
Regiões pouco desenvolvidas 8,9%
Regiões menos desenvolvidas 6,2%
Demais regiões pouco desenvolvidas 9,3%
Regiões pouco desenvolvidas (sem a China) 8,0%
ÁFRICA 6,2%
ÁSIA 10,1%
EUROPA 23,9%
AMÉRICA LATINA E CARIBE 10,4%
Caribe 13,1%
America Central 9,2%
América do Sul 10,6%
Argentina 16,5%
Bolívia 7,9%
Brasil 10,2%
Chile 13,4%
Colômbia 8,6%
Equador 9,8%
Guiana Francesa 6,9%
Guiana 5,5%
Paraguai 8,4%
Peru 9,4%
Suriname 9,9%
Uruguai 21,8%
Venezuela 8,7%
AMÉRICA DO NORTE 19,6%
OCEANIA 16,4%
145

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A taxa de dependência também é uma das variáveis de interesse no estudo realizado pelas
Nações Unidas e publicado no ‘World Population Ageing 2013’. Nesse documento, identifica-se a
projeção para 2050 do indicador para a população mundial e para regiões com três níveis diferentes
de desenvolvimento (no original, more developed regions, less developed regions e least developed
regions), conforme ilustrado no Gráfico 8.
Essa taxa de dependência utiliza a mesma metodologia de cálculo do IBGE, ou seja, inclui
crianças e idosos na comparação com os indivíduos em idade ativa. Dessa forma, argumenta-se que o
mundo hoje está com a menor taxa de dependência de sua história e do período projetado (até 2050).
Gráfico 8 – Taxa de dependência – Projeção 2050 ONU

Uma informação de destaque no trabalho das Nações Unidas é a composição da faixa etária dos
idosos (65 anos ou mais). O relatório identifica que a faixa dos idosos também está envelhecendo, com
os muito idosos (acima de 80 anos) passando de 7% dos idosos em 1950 a 14% em 2013. Ilustra-se
essa evolução no Gráfico 9.
Gráfico 9 – Composição dos idosos
146

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Essa característica dos idosos, apontada durante o debate do Painel de Referência, ainda não
está sendo discutida na sociedade brasileira, que não tem se preocupado em analisar a qualidade com
que a população tem envelhecido, apenas com o fato de estar envelhecendo. A qualidade de
envelhecimento é um tema importante, uma vez que os muito idosos (acima de 80 anos) têm
necessidades ainda mais específicas que os idosos com até 80 anos, com impactos à sua colocação no
mercado de trabalho e aos gastos que o sistema de saúde deverá incorrer.
No trabalho da ONU, o Brasil é citado como um dos dez países com maior número de idosos
com mais de 80 anos no mundo, 16 milhões de pessoas, atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos
e Japão.
Contudo, não é apenas a demografia de um país que define seus rumos previdenciários. Deve-se
analisar o mercado de trabalho, o nível educacional da população e outros fatores que, indiretamente,
reflitam nas variáveis previdenciárias.
O primeiro ponto levantado pelo perito externo, nas variáveis macroeconômicas afetas à
Previdência, foi a participação no mercado de trabalho, ou taxa de participação (glossário da
OCDE), que é definida como a razão da força de trabalho em relação à população em idade
economicamente ativa.
Essa medida indica o tamanho relativo do suprimento de mão de obra disponível para a
produção de bens e serviços (pessoas empregadas ou ativamente procurando emprego) e é geralmente
subdividida em faixas etárias e de gênero.
Os índices de participação no mercado de trabalho dos quatro países escolhidos apresentaram,
desde 2000, valores crescentes de participação, tanto para homens quanto para mulheres. No caso
das mulheres, há diferença de até dezenove pontos percentuais, a menor, em relação à taxa dos
homens, como observado na Grécia – a taxa masculina é de 77,4%, enquanto a feminina é de apenas
58,5%. No outro extremo, Portugal – país com taxa superior à média europeia de 71,9% – apresentou
índices masculino e feminino de 77,1% e 70,2%, respectivamente, totalizando uma taxa de
participação no mercado de trabalho nacional de 73,6%, conforme Tabela 8.
147

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 8: taxa de participação


Total
1990 2000 2010 2012 2013
Grécia 59,1 63,9 68,2 67,9 68,0
Hungria : 59,9 62,4 64,3 65,1
Polônia : 66,1 65,3 66,5 67,0
Portugal 68,8 71,1 74,0 73,9 73,6
Homens
1990 2000 2010 2012 2013
Grécia 76,8 77,6 78,9 77,4 77,4
Hungria : 67,6 68,3 70,5 71,7
Polônia : 71,8 72,1 73,3 73,9
Portugal 81,4 78,7 78,2 77,9 77,1
Mulheres
1990 2000 2010 2012 2013
Grécia 42,6 50,6 57,6 58,4 58,5
Hungria : 52,5 56,7 58,3 58,8
Polônia : 60,5 58,5 59,7 60,1
Portugal 57,1 63,7 69,9 70,1 70,2
O perito local destacou que, segundo a Pnad de 2012, a população brasileira ocupada
totalizava 93,9 milhões de trabalhadores, ou uma taxa de atividade de 65,9%. A composição da
população ocupada está descrita na Tabela 9, abaixo.
Tabela 9: taxa de participação
Pnad 2012
Tipo de empregado Pop (hab) %
Empregados 58,3 62,1%
Trabalhadores por conta própria 19,5 20,8%
Trabalhadores domésticos 6,4 6,8%
Empregadores 3,6 3,8%
Trabalhadores não remunerados 2,5 2,7%
Trabalhadores na produção para o próprio consumo 3,5 3,7%
Trabalhadores na construção para próprio uso 0,1 0,1%
Total 93,9 100,0%
Considerando, ainda, a participação no mercado, o perito externo identificou a taxa de emprego
da população entre 15 e 64 anos dos países selecionados. Tais taxas, bem como os valores equivalente
para todos os países da União Europeia, encontram-se na Tabela 10.
148

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 10: taxa de emprego


Total
1990 2000 2010 2012 2013
Grécia 59,1 63,9 68,2 67,9 68,0
Hungria : 59,9 62,4 64,3 65,1
Polônia : 66,1 65,3 66,5 67,0
Portugal 68,8 71,1 74,0 73,9 73,6
UE : 62,2 64,1 64,2 64,2
Homens
1990 2000 2010 2012 2013
Grécia 76,8 77,6 78,9 77,4 77,4
Hungria : 67,6 68,3 70,5 71,7
Polônia : 71,8 72,1 73,3 73,9
Portugal 81,4 78,7 78,2 77,9 77,1
UE : 70,8 70,1 69,7 69,5
Mulheres
1990 2000 2010 2012 2013
Grécia 42,6 50,6 57,6 58,4 58,5
Hungria : 52,5 56,7 58,3 58,8
Polônia : 60,5 58,5 59,7 60,1
Portugal 57,1 63,7 69,9 70,1 70,2
UE : 53,7 58,2 58,7 58,9
O total das populações empregadas de 15 a 65 anos dos quatro países selecionados alcança 27
milhões de pessoas, ou 12,7% do total da União Europeia. Desses, 5 milhões são considerados
autônomos (self-employed), com taxas que variaram de 10,4% na Hungria a 31,9% na Grécia, em
2013. No mesmo período, a média europeia foi de 14,4%.
Já os empregados parciais (part-time) alcançam mais de 10% em Portugal e 6,3% na Hungria
(menor taxa entre os quatro países), valores menores que a média europeia de 19,5%. A maior parte
desses trabalhadores, cerca de dois terços, eram constituídas por mulheres.
A informalidade também foi citada pelo perito externo como característica relevante nos
mercados de trabalho dos países selecionados: Portugal (19,4%), Hungria (22,5%), Grécia (24%) e
Polônia (24,4%) possuem níveis de informalidade superiores aos da média europeia (15%).
Os índices de Gini, que medem a desigualdade na distribuição de renda, apresentaram-se, nos
quatro países estudados, em patamares semelhantes à média europeia, e significativamente inferiores
(representando menos desigualdade) aos índices brasileiros dos períodos estudados (em torno de
0,500), conforme se observa na Tabela 11.
Tabela 11: índice de Gini
Total
2000 2010 2011 2012 2013
Grécia 0,330 0,329 0,335 0,343 :
Hungria 0,260 0,241 0,268 0,269 0,280
Polônia 0,300 0,311 0,311 0,309 0,307
Portugal 0,360 0,337 0,342 0,345 :
UE : 0,305 0,308 0,306 :
Segundo o perito local, a precária universalização da educação, aliada à forte desigualdade do
nosso modelo vigente, traz importante norte para qualquer reforma estrutural do sistema brasileiro, o
qual, inexoravelmente, ainda terá de contar com ações assistenciais complementares, ao menos
enquanto tais aspectos da educação e economia brasileiras não forem superados.
Ainda segundo ele, o IBGE atesta que, embora tenha ocorrido aumento em todas as classes de
rendimento médio mensal, não houve alteração significativa do índice, que passou de 0,501 para
0,500 (o índice de Gini varia entre 0 – completa igualdade de renda – a 1 – completa desigualdade de
renda).
149

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Outra variável destacada pelo perito externo foi a da mediana do rendimento disponível
(median equivalised disposable income), especialmente para a faixa etária de 15 a 64 anos, ajustada
ao poder de compra. Segundo a Comissão Europeia, essa variável representa o total de renda de um
agregado familiar, após taxas e outras deduções, que está disponível para gastos ou poupança,
dividido pelo número de membros do agregado familiar. Os membros são convertidos pela aplicação
de um peso, variável de acordo com a idade de cada pessoa (1 para o primeiro adulto; 0,5 para cada
outra pessoa com mais de 14 anos; e 0,3 para cada criança com até 14 anos).
Os valores para os quatro países selecionados podem ser visualizados na Tabela 12, abaixo. A
OCDE também acompanha a variável para seus países-membro, utilizando essa variável em seus
estudos de distribuição de renda e pobreza, mas não possui uma base de dados tão completa quanto à
europeia (o que dificulta a comparabilidade entre os países).
Tabela 12: mediana do rendimento disponível
2000 2010 2011 2012
Grécia 9,383 13,413 12,088 10,01
Hungria : 6,856 7,189 7,561
Polônia : 7,815 8,426 8,822
Portugal 8,309 10,316 10,139 9,887
Uma variável comumente observada na comparação entre diferentes sistemas previdenciários
nacionais é o nível de renda do país. No Brasil, a variável que mais se presta a essa comparação é a
renda per capita, indicador que ajuda a saber o grau de desenvolvimento econômico de um país,
consistindo na divisão da Renda Nacional pela população. Por vezes, como no presente trabalho,
utiliza-se o Produto Interno Bruto (PIB ou GDP, em inglês) nesse cálculo.
Em análises comparativas, utiliza-se, na Comissão Europeia, o PIB per capita, ajustado à
paridade do poder de compra (ppc, em inglês: purchasing power parity), valores disponíveis na
Tabela 13. Destaca-se o comportamento da Grécia – que, apesar de possuir o maior nível de renda
relativo, passou por grave deterioração desde a crise financeira – e da Polônia e Hungria – que,
desde o ingresso à União Europeia, têm apresentado melhorias constantes e substanciais em seu nível
de renda.
Tabela 13: evolução do PIB per capita
(ajustado à paridade do poder de compra)
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Grécia 17,1 18,4 19,2 20,3 20,4 21,8
Hungria 11,5 12,5 12,9 13,6 14,2 14,9
Polônia 9,4 9,9 10,1 10,9 11,5 12,3
Portugal 15,9 16,3 16,4 16,7 17,9 18,7

2007 2008 2009 2010 2011 2012


Grécia 22,6 23,2 22,3 21,6 20,3 19,5
Hungria 15,3 15,9 15,3 16,1 16,9 17,0
Polônia 13,6 14,1 14,2 15,4 16,4 17,1
Portugal 19,6 19,5 18,8 19,6 19,3 19,4
€ mil (ppc)
Em termos de projeção, segundo o documento da Comissão Europeia ‘Ageing Report 2012’,
citado pelo perito externo, o PIB per capita da Grécia, em 2060, terá aumentado, em média, 0,9%;
enquanto Portugal teria um aumento de 1,3%. Como a média para a União Europeia foi estimada em
1,4%, esses países estariam perdendo espaço na economia do bloco. Por outro lado, a posição da
Hungria e da Polônia são favoráveis, está crescendo 1,8% por ano e aquela 1,4%, valores iguais ou
superiores aos da média da UE.
Dados do Banco Mundial, permitem a comparação da evolução do PIB per capita, ajustados
pela paridade de poder de compra, entre o Brasil, os países selecionados e outros agrupamentos
regionais, como se observa nos Gráficos. No primeiro gráfico, retirou-se o agrupamento ‘América do
150

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Norte’, por conter valores de PIB per capita muito superiores aos demais países ou agrupamentos
selecionados.
Gráfico 10: PIB per capita - 1990 a 2012

Europa e Ásia Central


Portugal
Grécia
Polônia
Hungria

Oriente Médio e Norte da África

Brasil
América Latina e Caribe
Mundo
Leste da Ásia e Pacífico

Sul da Ásia

África Subsaariana

US$ mil

O Gráfico 11, que ilustra a comparação do PIB per capita do Brasil com os países que
compõem a OCDE, demonstra que a situação brasileira ainda está aquém dos países desse grupo. Os
países que mais se aproximam da renda brasileira de US$ 15.033,78 são o México (US$ 16.463,39),
Turquia (US$ 18.975,46) e Chile (US$ 21.911,30).
Gráfico 11: PIB per capita - OCDE - 1990 a 2012

Luxemburgo

Noruega

Chile
Turquia
México
Brasil

US$ mil

A inflação de 2000 a 2013, nos quatro países selecionados, tem evoluído gradualmente ao nível
do restante da União Europeia. Recentemente (maio de 2014), houve índices negativos de inflação na
Grécia e em Portugal, 0% na Hungria e apenas 0,3% na Polônia. A evolução do período está
demonstrada na Tabela 15.
151

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 15: inflação 2001 - 2012


2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Grécia 2.9 3.7 3.9 3.4 3.0 3.5 3.3
Hungria 10.0 9.1 5.2 4.7 6.8 3.5 4.0
Polônia 10.1 5.3 1.9 0.7 3.6 2.2 1.3
Portugal 2.8 4.4 3.7 3.3 2.5 2.1 3.0

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013


Grécia 3.0 4.2 1.3 4.7 3.1 1.0 -0.9
Hungria 7.9 6.0 4.0 4.7 3.9 5.7 1.7
Polônia 2.6 4.2 4.0 2.7 3.9 3.7 0.8
Portugal 2.4 2.7 -0.9 1.4 3.6 2.8 0.4

Dados do Banco Mundial indicam que a evolução da inflação brasileira a aproxima da inflação
húngara, valores anuais na faixa de 4% a 8% ao ano, semelhança que se cessa a partir de 2013
(apesar de sua adesão à União Europeia em 2004 e da não adoção do Euro pelo país). Esse
comportamento pode ser verificado no Gráfico 12.
Gráfico 12: Inflação - países selecionados e Brasil - 2000 a 2013

Brasil

Hungria
Polônia
Portugal

Grécia

Na comparação da inflação brasileira com a dos países da OCDE, observa-se que apenas a
Turquia e a Islândia apresentam valores, entre 2004 e 2013, que ultrapassam os brasileiros. Em 2013,
a inflação brasileira (6,2%) ficou abaixo da inflação turca (7,49%), mas acima dos demais índices do
agregado (os índices da OCDE concentram-se entre 1% de deflação e 4% de inflação ao ano).
Os dados do Banco Mundial divergem do índice oficial mais utilizado pelo IBGE, o IPCA. Tal
divergência, para os últimos cinco anos, pode ser observada no Gráfico 13, mas a divergência não é
suficiente para descaracterizar a comparação entre Brasil e demais países analisados.
152

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gráfico 13: Inflação brasileira - Banco Mundial vs. IPCA


7,00%

6,50%

6,00%

5,50%

5,00%

4,50%

4,00%
2009 2010 2011 2012 2013
Banco Mundial IBGE (IPCA)

Quanto ao desemprego, os países europeus analisados apresentaram taxas que indicam duas
tendências opostas: até 2008 os países apresentaram índices de desemprego que convergiam à faixa
de 7% a 8%; e, após essa data, índices crescentes de desemprego, com as situações mais graves
observadas na Grécia (evolução de 11,5% em 2000 para 7,8% em 2008 e 27,5% em 2013) e em
Portugal (respectivamente, 4%, 8,1% e 17% nessas datas). Esse comportamento pode ser observado
na Tabela 16 e no Gráfico 14, bem como os dados do Banco Mundial para o Brasil, que em 2012
apresentou o valor de 6,9% (o valor oficial do IBGE apontou 5,5% para a média anual do indicador
de 2012 e 5,4% para 2013).
Tabela 16: desemprego 2001 - 2012
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Grécia 11,5 10,6 10,1 9,5 10,4 10,0 9,0
Hungria 6,6 5,7 5,6 5,8 5,9 7,2 7,5
Polônia 16,6 18,7 20,2 19,7 19,4 18,0 14,0
Portugal 4,0 4,1 4,8 6,5 6,7 8,1 8,1
Brasil 9,5 9,3 9,1 9,7 8,9 9,3 8,4

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013


Grécia 8,4 7,8 9,6 12,7 17,9 24,5 27,5
Hungria 7,4 7,9 10,1 11,2 11,0 11,0 10,3
Polônia 9,7 7,2 8,3 9,7 9,8 10,2 10,5
Portugal 8,5 8,1 10,0 11,4 13,4 16,4 17,0
Brasil 8,1 7,1 8,3 7,9 6,7 6,9 :
Gráfico 14: Desemprego - países selecionados e Brasil - 2000 a 2012

Grécia

Portugal

Hungria
Polônia

Brasil
153

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O perito externo apontou, ainda, a relação entre escolaridade e desemprego. Verificou que há
expressivo impacto do desemprego entre os de mais baixa escolaridade (entre 20% e 30%).
O último ponto discutido com os peritos sobre a estrutura demográfica e econômica do Brasil e
dos países europeus foram os padrões utilizados pela Comissão Europeia para considerar
determinado sistema previdenciário como adequado ou inadequado.
Segundo o perito externo, apesar de ser um dos maiores objetivos das políticas previdenciárias
nacionais, não há uma definição formal de ‘adequação previdenciária’. Apesar disso, tem-se utilizado
um conjunto de indicadores desde 2001 para monitorar a generosidade relativa dos sistemas
previdenciários e sua efetividade na redução da pobreza e no auxílio aos indivíduos de manterem o
padrão de vida que tinham antes da aposentadoria.
O primeiro desses indicadores é a proporção da população com mais de 65 anos que recebem
menos de 60% da renda mediana disponível. Por utilizar a mediana da população, essa metodologia
favorece a análise da pobreza em termos relativos, dentro de uma mesma população.
Baseando-se nessa medida, cada país traçou metas nacionais para a redução do número de
pobres ou pessoas em exclusão social, de forma que a União Europeia reduza o número de pobres em
20 milhões até 2020. A Grécia e a Hungria definiram uma redução de 450 mil pessoas, enquanto
Portugal foi mais conservador, buscando a redução de 200 mil pessoas. No outro extremo, a Polônia
busca reduzir a população pobre em 1,5 milhão de pessoas.
Não há, contudo, definição de qual seria o percentual aceitável da proporção de pobreza para
uma política previdenciária ser adequada. Comparam-se os indicadores nacionais e observam-se os
países com os índices mais baixos. Outra forma de comparação é verificar se o índice nacional é
maior ou menor que o índice médio da União Europeia – 14,5%.
Depreende-se dos dados de 2000 a 2012 dessa variável para os países selecionados, constante
da Tabela 17, que, apesar da crise internacional, Portugal e Grécia mantêm constante redução na
proporção de pobres entre os idosos, o que reflete o fato de que a renda disponível da população
diminuiu, mas os rendimentos de aposentadorias não.
Tabela 17: adequação previdenciária
proporção de idosos com menos de 60% da mediana da renda disponível nacional
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Grécia 31,0 33,0 : 29,4 28,2 27,9 25,6
Hungria 8,0 12,0 8,0 10,0 : 6,5 9,4
Polônia 8,0 7,0 : : : 7,3 7,8
Portugal 33,0 30,0 : : 28,9 27,6 26,1

2007 2008 2009 2010 2011 2012


Grécia 22,9 22,3 21,4 21,3 23,6 17,2
Hungria 6,1 4,3 4,6 4,1 4,5 6,0
Polônia 7,8 11,7 14,4 14,2 14,7 14,0
Portugal 25,5 22,3 20,1 21,0 20,0 17,4
O segundo indicador adotado para mensurar a adequação dos sistemas previdenciários
europeus é a taxa de reposição agregada, que compara a aposentadoria mediana da faixa etária de
65 a 74 anos com a renda mediana dos trabalhadores da faixa etária de 50 a 59 anos.
A escolha dessas faixas se dá para refletir a renda dos recém-aposentados com os rendimentos
dos trabalhadores que se aproximam da idade de aposentadoria. A média europeia do indicador para
2012 foi de 54%. Nos países selecionados, apenas a Grécia não alcançou a média europeia, o que
sugere que os sistemas previdenciários dos outros três países estão conseguindo manter boa parte do
poder de compra na aposentadoria de seus idosos. Os dados individualizados de 2003 a 2012 podem
ser observados na Tabela 18.
154

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 18: adequação previdenciária


taxa de reposição agregada
2003 2004 2005 2006 2007
Grécia 48 50 49 49 40
Hungria : : 61 54 58
Polônia : : 58 59 58
Portugal : 53 60 59 47

2008 2009 2010 2011 2012


Grécia 41 41 42 45 52
Hungria 61 62 60 59 58
Polônia 56 56 57 55 58
Portugal 51 50 53 56 58
A terceira variável utilizada para a comparação de sistemas é a taxa de reposição teórica, valor
teórico que indica qual o nível de renda que se receberia ao contribuir quarenta anos para o sistema
previdenciário. Essa taxa não considera o que efetivamente ocorre no sistema previdenciário,
reduzindo o efeito de aposentadorias precoces, regimes especiais, períodos de desemprego, diferenças
de oportunidade no mercado de trabalho ou períodos dedicados ao cuidado de crianças.
Na União Europeia, ao se contribuir quarenta anos para a Previdência, recebe-se, em média,
65% dos rendimentos pré-aposentadoria. Nos países estudados – à exceção da Grécia, com reposição
superior a 100% –, os índices de reposição teórica se aproximam da média da UE.
No entanto, devido às recentes reformas previdenciárias, esperam-se mudanças drásticas nos
índices de reposição, com reduções de um quarto ou um terço do índice nos próximos quarenta anos.
Trabalhadores jovens encontrarão sistemas previdenciários bem diferentes dos atuais aposentados.
Além disso, reformas previdenciárias têm introduzido penalidades significativas àqueles sem
histórico completo de contribuição previdenciária, ou seja, mesmo países com boas taxas de
reposição teóricas podem ser, na prática, sistemas pouco adequados do ponto de vista previdenciário.
O Relatório da Comissão Europeia sobre adequação previdenciária de 2012 (EU Comission
report on pension adequacy) traz os valores do indicador para os países selecionados, para o ano de
2010, conforme ilustrado na Tabela 19.
Tabela 19: adequação previdenciária
taxa de reposição teórica
2010
Grécia 109%
Hungria 60%
Polônia 65%
Portugal 73%

Já a análise do perito local indicou que no Brasil também não há consenso sobre a mensuração
ideal de um sistema protetivo, especialmente pelas variantes futuras e imprevisíveis do segmento. De
toda forma, destacou que alguns elementos de análise são possíveis, como a exclusão da pobreza.
A proteção social, no Brasil, reflete-se no melhor rendimento médio das pessoas em idade
avançada. De acordo com o IBGE, em 2012, o pagamento de benefícios pela Previdência Social
retirou da condição de pobreza 25 milhões de pobreza, redução de 13,1% na taxa de pobreza (frisa-se
que a definição diverge da metodologia europeia anteriormente descrita: no Brasil, considera-se que
são retirados da pobreza aqueles que, sem os rendimentos de aposentadoria, seriam considerados
pobres).
Na comparação dos indicadores de adequação previdenciárias citados, o perito local frisa que a
taxa de reposição teórica brasileira pode ser considerada elevada, uma vez que o índice brasileiro
aproxima-se de 100% de reposição, à semelhança da taxa grega – a maior dos países analisados.
Quando se leva em consideração que as regras desses países têm sido alteradas recentemente, a
divergência entre o sistema brasileiro e os europeus tende a se agravar.
Um exemplo sugerido pelo perito local, passível de adoção no Brasil, é a fixação e
monitoramento de metas relacionadas à redução da pobreza entre os idosos. Todos os países
155

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

selecionados apresentam tais parâmetros, impondo objetivos concretos de ação e, ao mesmo tempo,
viabilizando o controle social das políticas adotadas.
O Tribunal de Contas da União, em sua função de zelar pelo patrimônio público e garantir a
melhoria contínua da Governança da gestão pública, tem orientado seus esforços a trabalhos que não
busquem apenas a verificação da conformidade dos gastos públicos, mas também avaliações
qualitativas que permitam o aprimoramento de técnicas e processos realizados pelos gestores
públicos.
Nesse contexto, a Corte de Contas tem demonstrado preocupação com a atuação preventiva nos
problemas previdenciários em trabalhos realizados nos últimos anos, destacando atributos da
estrutura demográfica e econômica brasileira.
No Acórdão 2.059/2012 – Plenário, o TCU julgou auditoria realizada no Regime Geral da
Previdência Social, no Regime Próprio dos Servidores Civis da União e nos Encargos Financeiros da
União com os Militares Inativos e seus Pensionistas.
Dentre os pontos estudados, destaca-se a atenção dada à estrutura dos regimes previdenciários
brasileiros. Em consonância com os estudos dos peritos local e externo, acima citados, o Tribunal
orientou o Ministério da Previdência Social a realizar estudos que subsidiem projetos de lei visando
instituir mudanças paramétricas no regime geral, a médio e longo prazos, de forma a garantir a
manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial da clientela urbana do RGPS.
Segundo o relatório elaborado:
‘41. Os déficits registrados no RGPS estão relacionados a uma série de fatores, dentre os quais
se destacam, em ordem de importância: evasão fiscal (incluindo informalidade nas relações de
trabalho); aposentadoria rural; baixa efetividade na recuperação da dívida previdenciária; renúncias
de receitas; reajustes do salário mínimo acima dos índices de inflação; déficit urbano – resultado do
desenho do plano de benefícios no Brasil.
42. Sobre esse último ponto, embora esteja longe de ser, atualmente, um dos mais relevantes na
formação do déficit da previdência, cabe salientar que a população brasileira vem envelhecendo e,
cada vez mais, a base de contribuintes será proporcionalmente menor em relação aos beneficiados,
o que poderá, em um horizonte mais ou menos curto, comprometer a sustentabilidade do sistema.
Por isso mesmo, recentemente, o Fundo Monetário Internacional recomendou aos países que criem
mecanismos automáticos de elevação da idade da aposentadoria sempre que haja aumento na
longevidade da população. A questão, apesar de politicamente delicada, algum dia deverá ser
enfrentada por nosso país (grifo nosso).’
Do exposto no Tópico 1: Estrutura Econômica e Demográfica, conclui-se que, apesar das
diferenças significativas de alguns indicadores e características entre os países europeus analisados e
o Brasil, é possível comparar os dois conjuntos de países.
Verifica-se, ainda, que demograficamente, o Brasil é um país mais jovem que os europeus, mas
que apresenta indicadores que apontam um rápido envelhecimento da população brasileira nos
próximos anos, aproximando, assim, as duas realidades.
Finalmente, a análise macroeconômica destacou as diferenças a serem consideradas na
comparação do caso brasileiro com o dos países estudados. O Brasil é um país que ainda apresenta
alto nível de desigualdade de renda, baixa razão de PIB per capita e alta inflação, apesar de contar
com índices de desemprego mais favoráveis que os europeus.

3.2 – Tópico 2: Principais benefícios de Seguridade Social


A segunda questão trata da análise dos principais sistemas de benefícios previdenciários dos
países selecionados. Ao perito externo, subdividiu-se a questão em cinco questões e, a essas questões,
somaram-se três questões direcionadas ao perito local.
Enquanto a primeira questão focava na comparabilidade entre as características demográficas
e econômicas dos países comparados, a segunda parte busca uma análise específica e detalhada dos
sistemas de Previdência Social adotados.
156

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O primeiro ponto questionado foi sobre a forma em que a Previdência Social se estrutura nos
quatro países escolhidos.
O sistema da Grécia é baseado em um pilar público por repartição (pay-as-you-go), e os
Fundos de Seguro Social são organismos autogovernados, sob a supervisão do Ministério do
Trabalho e Seguridade Social (Ministry of Labour and Social Security), e geridos por representantes
dos empregados, empregadores e do governo. Até o ano 2000, o setor era bastante fragmentado, o que
foi gradualmente diminuindo o número de fundos de 130 a 4, atualmente. Apesar da integração dos
fundos, ainda existem diferenças significativas entre os esquemas de previdência de algumas
profissões. Além desse pilar, há fundos ocupacionais de Previdência Complementar.
A Hungria define seu sistema de Seguridade Social como o conjunto de serviços de Previdência
e Saúde, incluindo o sistema de acidentes de trabalho. Ele é supervisionado pelo Ministério de
Recursos Humanos (Ministry of Human Resources), que, em conjunto com o Ministério da Economia
Nacional (Ministry of National Economy), administra separadamente outros benefícios, como o de
desemprego, apoio à família e assistência social. Até 2011, era obrigatório que novos trabalhadores
contribuíssem a fundos privados com esquemas de contribuição definida, hoje, porém, todas as
contribuições da Seguridade Social integram o sistema estatal.
Desde 1999, o sistema de previdência polonês possui dois pilares. O primeiro é administrado
pela Instituição do Seguro Social (Social Insurance Institution), sob a supervisão do Ministério do
Trabalho e Política Social (Ministry od Labour and Social Policy), enquanto o segundo pilar é um
esquema obrigatório de previdência aberta, gerenciado por companhias de investimento privados e
supervisionado pela Autoridade de Supervisão Financeira Polonesa (Polish Financial Supervision
Authority). Ademais, existe um fundo público destinado à reabilitação de pessoas com deficiência.
Benefícios à família e seguro desemprego também não estão sob a competência da Instituição.
Em Portugal, o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social provê supervisão geral ao
tema, por meio da Secretaria de Estado da Solidariedade e da Segurança Social. Os esquemas de
Seguridade Social são geridos pelo Instituto de Seguridade Social ou por institutos específicos. O
Centro Nacional de Pensões, por exemplo, gerencia benefícios de longo prazo, enquanto o Centro
Nacional de Proteção contra Riscos Profissionais é responsável pelo tratamento de doenças
profissionais e incapacidades (à exceção de seguros acidentários, que são providos por empresas
privadas supervisionadas pelo Ministério das Finanças).
Nota-se, conforme salientado pelo perito local, que há diversas semelhanças com o sistema
brasileiro, especialmente quanto à gestão da proteção social, a qual, em regra, possui uma unidade
central e unidades autônomas responsáveis pela manutenção das ações protetivas em concreto.
Destaca-se, ainda, a existência de estruturas distintas de acordo com a ação protetiva, como a
prevalência da cobertura diferenciada de prestações acidentárias e para prestações relacionadas ao
desemprego.
Outro ponto importante é que não há uniformidade nos modelos estudados. Alguns, como o
grego, lembram os antigos modelos brasileiros por categoria profissional; outros, como o polonês,
admitem a cobertura simultânea entre o pilar público e o privado, sendo esse último compulsório e
gerido por entidades privadas.
Apesar de cada país integrante da União Europeia ser livre para decidir seu regramento
previdenciário nacional, a UE dita regras comuns para proteger os direitos de Seguridade Social de
cidadãos que decidam se movimentar dentro da Europa (inclusive com alguns países não membro,
tais como a Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça).
Como parte da Estratégia de Lisboa (2000), estabeleceu-se o Método Aberto de Coordenação
(open method of coordination – OMC), que permite aos Estados-membro avaliarem-se uns aos outros
(pressão dos pares), o que trouxe ao bloco um grau mínimo de controle difuso sobre as políticas
públicas nacionais de cada país. Nesse contexto, o Parlamento Europeu e a Corte de Justiça não têm
praticamente nenhuma atuação.
157

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Esse método de coordenação é utilizado em áreas que estão sob a competência dos Estados-
membro, tais como Emprego, Proteção Social, Inclusão Social, Educação, Juventude e Treinamento.
Suas bases são a identificação e definição conjunta de objetivos a serem atingidos; estabelecimento
conjunto de instrumentos de medição; e estudos de casos de sucesso (benchmarking), com
intercâmbio das melhores práticas entre as instituições nacionais especializadas.
Dependendo da área envolvida, utilizam-se medidas que tragam obrigações aos Estados-
membro, com diferentes graus de obrigatoriedade (nunca na forma de regulação, diretivas ou
decisões; ao invés disso, orienta-se que o país defina seu próprio planejamento e que o encaminhe à
Comissão).
Outra ferramenta de controle utilizada pela União Europeia, que tem afetado as políticas
previdenciárias dos países europeus, é o processo chamado Semestre Europeu (European Semester),
que é a publicação de recomendações específicas a cada Estado-membro com base na avaliação do
planejamento que os países submetem sobre a saúde de suas Finanças Públicas e do planejamento das
mensurações de políticas de estímulo ao crescimento e à geração de empregos.
Cabe destacar, nesse ponto, que, quando um país solicita auxílio econômico e financeiro da UE,
como recentemente ocorreu com a Grécia, ele deve satisfazer a critérios específicos estabelecidos em
programas de ajuste econômico, ou seja, países que buscam ajuda financeira tendem a perder parte
de sua soberania de definir regras de Seguridade Social.
As questões específicas sobre benefícios os dividem em três categorias: aposentadorias (por
idade, por tempo de contribuição, por invalidez); pensões; e benefícios relacionados a doenças ou
acidentes de trabalho.
Sobre as aposentadorias, o perito externo dividiu a análise em: princípios básicos; período de
elegibilidade; condições para aposentadoria integral; idade padrão para aposentadoria; fatores
determinantes no cálculo do benefício; suplementos a dependentes; método de cálculo; rendimentos
de referência; aposentadoria máxima, mínima, antecipada ou adiada; e aposentadorias por invalidez.
Quanto aos princípios básicos dos sistemas dos quatro países, conforme destacado pelo perito
local, há grande convergência entre eles: todos possuem ao menos um esquema público e obrigatório;
são financiados por diferentes contribuições; e geram aos segurados benefícios relacionados aos seus
rendimentos, variando de acordo com as contribuições e com a duração da afiliação ao sistema.
O tempo mínimo de contribuição, para obtenção do benefício, oscila entre 15 e 20 anos, de
forma similar ao brasileiro, no que diz respeito à aposentadoria por idade. Porém, exige-se, em todos
os sistemas estudados, idade mínima para aposentar-se, ao contrário da aposentadoria por tempo de
contribuição no sistema nacional. O perito local frisa, nesse ponto, que a aposentadoria por tempo de
contribuição foi amplamente utilizada nos sistemas europeus no pós-guerra, como forma de assegurar
o pleno emprego, mas que tal política foi abandonada nos anos 70.
Ainda quanto à aposentadoria por idade, nota-se, conforme destaca o perito local, uma
tendência de elevação do limite existente, além da equiparação entre as idades de aposentadoria para
homens e mulheres. Na Grécia a idade padrão para aposentadoria de homens e mulheres é de 62 anos
(para 40 anos de contribuição) ou 67 (para 15 anos de contribuição). Na Hungria, em 2009, a idade
para aposentadoria era de 62 anos, valor que vem sendo aumentado até alcançar 65 anos em 2022. A
Polônia, que até 2013 utilizava limites etários diferenciados por gênero (60 anos para mulheres e 65
para homens), decidiu ajustá-los a 67 anos, para ambos os sexos. Em Portugal, a idade mínima é de
65 anos para homens e mulheres.
Quanto aos valores dos benefícios, a quantificação da renda mensal inicial dos benefícios é, de
forma uniforme entre os países estudados, estabelecida com base em médias dos salários obtidos (os
períodos básicos oscilam entre 10 e 40 anos, com possível escolha de melhores salários em
determinado interregno), com eventual adequação do montante mediante aplicação da expectativa de
vida. O modelo brasileiro também se utiliza da variável relacionada à longevidade, mas unicamente,
de forma obrigatória, na aposentadoria por tempo de contribuição. Outro fator destacado pelo perito
158

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

local é que, em todos os modelos europeus selecionados, há, na quantificação de renda,


proporcionalidade relacionada aos anos de contribuição.
Nesse aspecto, cita o perito local, a comparação com os modelos europeus reflete a urgência
necessária em medidas estruturais de reforma no modelo brasileiro, ao contrário das ações
meramente paramétricas que têm sido adotadas desde 1998.
Sobre os limites, mínimo e máximo, das aposentadorias, não há distorções graves frente ao
modelo nacional, tendo em vista a existência de valor mínimos que, no limite, podem ser inferiores ao
salário mínimo brasileiro ou superiores ao teto nacional.
Segundo o perito externo, aposentadorias antecipadas, de forma geral, têm sido severamente
restringidas, sendo raramente admitida antes de 60 anos, especialmente para as novas gerações.
Benefícios especiais para atividades insalubres e pessoas desempregadas em idade avançada ainda
são admitidos. Todavia, nenhum deles admite aposentadorias especiais antes de 55 anos.
Como regra geral, os países selecionados bonificam os segurados que adiam a aposentadoria. O
incremento anual pelo adiamento varia de 0,33% a 3,3%. Nesse aspecto, frisa o perito local, o Brasil
poderia buscar, em alguma medida, reintroduzir esses mecanismos, como o antigo abono de
permanência em serviço, ou algo semelhante ao concedido aos atuais servidores públicos que adiam a
aposentadoria plena.
Finalmente, quanto à aposentadoria por invalidez, o destaque se dá ao fato de os sistemas
apresentados, além de mensurarem a potencial aptidão para o trabalho, buscarem avaliar a
demonstração da impossibilidade de obter determinada fração de sua remuneração usual, por meio de
análises físicas e sociais da invalidez. Alguns países adotam benefícios proporcionais, em forma
análoga ao auxílio-acidente brasileiro.
A renda das aposentadorias por invalidez é calculada considerando aspectos relacionados à
gravidade da incapacidade e o tempo de contribuição do seguro, diferentemente do modelo brasileiro,
que paga o benefício pleno em qualquer hipótese.
De acordo com a Comissão Europeia, em seu trabalho Demography, active ageing and
pension, publicado em 2012, Aposentadorias por Idade são o tipo mais comum de aposentadoria,
alcançando 73,5% das aposentadorias do bloco em 2008, seguido por Pensões por Morte (13,0%),
Aposentadorias por Invalidez (7,9%), Aposentadorias Antecipadas (3,6%), entre outras.
Já a OCDE, em seu trabalho Pensions at a glance, publicado em 2013, descreve brevemente os
sistemas previdenciários dos países membros, trazendo algumas características e indicadores.
O terceiro capítulo dessa publicação (Chapter 3. Design of pension systems) traz a estrutura
dos sistemas previdenciários dos países analisados, que constam resumidos na Tabela 20.
Nela os sistemas públicos são divididos entre Direcionados (Targeted), Básicos (Basic) e
Mínimos (Minimum), que significam, respectivamente: sistemas com pagamento de benefícios
maiores aos beneficiados mais pobres e benefícios menores aos mais ricos; sistemas que pagam
benefícios de valor único a qualquer beneficiário ou cujo cálculo apenas leva em consideração anos
trabalhados, mas não respectivas contribuições; e sistemas que utilizam para o cálculo de benefícios
apenas o rendimento de aposentadorias.
Outra informação compilada informa quais os tipos de planos de previdência, públicos ou
privados: Benefício Definido (BD), Contribuição Definida (CD) e modelos com componentes
capitalizados ou com planos de conta nocionais (NDC). Os sistemas que estão identificados com a
palavra ‘pontos’ são sistemas em que os trabalhadores recebem ‘pontos de aposentadoria’ baseados
em seus rendimentos a cada ano, sendo que na aposentadoria a soma desses pontos é convertida em
um pagamento regular de aposentadoria.
159

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 20: análise comparativa - sistemas previdenciários da OCDE


Público Público Privado
Direcionado Básico Mínimo Tipo Tipo
Austrália a CD
Áustria BD
Bélgica a a BD
Canada a a BD
Chile a a CD
República Tcheca a a BD
Dinamarca a a CD
Estônia a Pontos CD
Finlândia a BD
França a BD+Pontos
Alemanha a Pontos
Grécia a BD
Hungria BD
Islândia a a BD
Irlanda a
Israel a CD
Itália a NDC
Japão a BD
Coréia do Sul a a BD
Luxemburgo a a a BD
México a CD
Holanda a BD
Nova Zelândia a
Noruega a NDC CD
Polônia a NDC CD
Portugal a BD
Eslováquia a Pontos CD
Eslovênia a BD
Espanha a BD
Suécia a NDC CD
Suíça a a BD BD
Turquia a BD
Reino Unido a a a BD
Estados Unidos BD

Outras economias:
Argentina a BD
Brasil BD
China a NDC/CD
Índia BD + CD
Indonésia CD
Rússia a NDC CD
Arábia Saudita a BD
África do Sul a
A exemplo da aposentadoria, a análise do perito externo sobre as pensões por morte se deu nos
seguintes critérios: princípios básicos; pessoas habilitadas; pré-requisitos do instituidor; pré-
requisitos para cônjuge sobrevivente; pré-requisitos para cônjuge divorciado; pré-requisitos para
companheiros; pré-requisitos para crianças; pré-requisitos para outros beneficiados; regras para
160

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pensões a cônjuge sobrevivente, cônjuge separado ou companheiro; impacto de novo casamento;


benefícios a crianças órfãs; cálculo do valor (valores mínimos e máximos); e outros benefícios
relacionados.
Apesar da semelhança entre os princípios básicos das pensões por morte dos quatro países e do
Brasil – uma vez que todas se inserem no programa nacional de cobertura compulsória do seguro
social e possuem hipóteses de dependentes elegíveis similares –, o perito local destaca que todos os
países estudados estabelecem parâmetros mínimos para a concessão do benefício, seja por meio de
uma carência mínima, seja pela condição de aposentado do falecido. No caso de Portugal, um dos
mais benevolentes do grupo, a concessão do benefício exige ao menos três anos de contribuição
prévia.
No caso do benefício ao cônjuge sobrevivente – situação mais corriqueira do benefício – todos
os países estudados possuem requisitos rigorosos para a concessão, em geral combinando variáveis
relacionadas ao tempo de união, idade do requerente e até mesmo, em diversos casos, limitando a
duração do benefício, como forma de permitir uma transição razoável, mas sem eternizar o benefício,
como ocorre no Brasil. Nesse aspecto, cita o perito local, não há dúvidas que o modelo brasileiro é
inadequado.
Destaca-se, ainda, que os sistemas estrangeiros estudados permitem a eventual ampliação do
limite etário na hipótese de estudantes, podendo chegar a 27 anos, caso de Portugal. O perito local
observa que uma eventual restrição a benefícios de cônjuges e companheiros permitiria melhor
adequação à cobertura de filhos, estendendo o atual limite adotado de 21 anos sem afetar a
sustentabilidade das pensões por morte.
No que tange ao cálculo dos benefícios, percebe-se que eles chegam, em média, a menos de 70%
do valor da aposentadoria (à exceção da Polônia, com rendimentos de 85% a 95%). Há casos que,
além da redução no valor, há redução também no tempo em que o benefício é pago, em especial a
jovens viúvos e viúvas. Ao contrário do caso brasileiro, a realização de novo casamento cessa, em
regra, as pensões por morte nesses países (salvo o sistema polonês).
O TCU atuou sobre as pensões por morte em auditoria de 2012 (Acórdão 666/2013-Plenário). O
foco da auditoria foi avaliar os controles internos associados aos procedimentos de concessão de
benefícios e a alimentação das bases de dados das pensões, ou seja, a ênfase se deu a aspectos de
conformidade das três espécies de benefícios.
Identificou-se que havia: falhas com indicativo de pagamento indevido de benefícios e dano ao
erário e falhas que comprometem a integridade da base de dados do INSS, o que resultou em
determinações e recomendações de forma a revisar benefícios com indícios de irregularidades e a
alterar os sistemas de concessão e controle para evitar erros futuros.
Além dessas determinações e recomendações corretivas, o Voto do Ministro Relator aborda dois
pontos que derivam diretamente das disposições legais pertinentes, e cuja solução estaria na esfera de
decisão política (alheio, portanto, à atuação originária do TCU): a ausência de período de carência
para concessão de pensões por morte; e a inexistência de redutor nos valores de pensão em função da
idade ou condições econômicas do beneficiário.
Quanto aos benefícios relacionados à cobertura de doenças e acidentes, o perito local destaca
que, no aspecto conceitual, os modelos estudados não apresentam diferenças significativas frente ao
brasileiro. Todos agregam ao modelo estatal de Previdência Social a cobertura de doenças e
acidentes, cobrindo todos os segurados e, também, exigindo perícia médica prévia à concessão do
benefício.
À exceção da Hungria, todos exigem período mínimo de vinculação ao sistema, assim como o
brasileiro, o qual, todavia, comporta algumas exceções, especialmente em acidentes. Interessante
notar que na Hungria e Polônia, ao contrário de Grécia e Portugal, o empregador permanece
encarregado de pagar salários ao empregado por algum tempo limitado, assim como ocorre no
Brasil.
161

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Um aspecto para o qual o perito local chama a atenção é a renda mensal da prestação, a qual,
em regra e em todos os países, não alcança o elevado percentual previsto no Brasil de 91% para toda
e qualquer hipótese de afastamento. Sugere que esse comparativo deveria mensurar a taxa de
reposição de acordo com variáveis como número de dependentes, tempo de vinculação ao sistema ou
mesmo a gravidade da doença.
Outro aspecto interessante é a previsão, em todos os modelos, de tempo máximo de duração,
com possível conversão em invalidez. Essa limitação temporal de benefício por incapacidade não
existe mais no Brasil. Com exceção da Polônia, nota-se a existência de prestações próprias para
cuidados de crianças sob a responsabilidade dos segurados. Essa cobertura não existe no Brasil.
Já na cobertura de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais algumas diferenças relevantes
surgem. Enquanto na Grécia e Hungria o modelo é análogo ao brasileiro, com cobertura integrada ao
regime geral, Polônia e Portugal adotam modelo diverso, com cobertura acidentária autônoma,
apesar de compulsória e, eventualmente, privada (Portugal).
O perito local destaca que a Constituição brasileira, desde o final de 1998, permite a atuação
do setor privado na cobertura de acidentes do trabalho. Todavia, o tema até hoje não conta com
regulamentação, até pela forte divergência existente. Talvez um aprofundamento no estudo desses
modelos possa, em alguma medida, orientar o melhor regime para o sistema brasileiro. De toda
forma, a divisão existente nos países escolhidos já é emblemática quanto à polêmica em segregar o
modelo acidentário do regime geral de proteção social.
Apesar de haver dados agregados para o total de pessoas em aposentadorias adiantadas, por
invalidez e recebendo outros tipos de benefícios sociais, essa informação não está disponível por faixa
etária, o que dificulta definir qual a proporção da população em idade economicamente ativa que se
encontra em cada uma dessas condições.
Segundo a Pesquisa de Força de Trabalho da Eurostat (Eurostat’s Labour Force Survey), em
2013, Grécia, Hungria e Polônia apresentaram proporção de inativos superior à média da União
Europeia na faixa etária de 15 a 64 anos (28,1%), conforme ilustrado na Tabela 21.
Tabela 21: proporção de inativos entre 15 e 64 anos
2000 2008 2010 2012 2013
Grécia 36,1 32,9 31,8 32,1 32,0
Hungria 40,1 38,5 37,6 35,7 34,9
Polônia 33,9 36,2 34,7 33,5 33,0
Portugal 28,9 25,8 26,0 26,1 26,4
Dois grupos se destacam entre os inativos em idade economicamente ativa, os que optaram por
estarem inativos, em razão de aposentadorias, e os que estão afastados por estarem doentes ou
incapazes. A comparação entre essas informações, para os países selecionados, pode ser observada
na Tabela 22.
Tabela 22: proporção de inativos entre 15 e 64 anos
por tipo de inatividade (2013)
Inativos Aposentadoria Doença ou invalidez Outros
Grécia 32,0 7,6 2,1 22,3
Hungria 34,9 8,2 5,4 21,3
Polônia 33,0 7,3 6,0 19,7
Portugal 26,4 3,0 5,7 17,7
Sobre a quantidade dos benefícios previdenciários pagos no Brasil, o perito local destaca o
caráter de prestação precoce de dois benefícios: Aposentadoria por Invalidez e Pensão por Morte,
benefícios que ultrapassam 11 milhões de beneficiários no Brasil; o que permite dizer que cerca de
10% da população economicamente ativa (100 milhões de pessoas segundo a Pnad 2012) foi afastada
precocemente do mercado.
Agregando os afastamentos por aposentadoria, o afastamento chega a 30% da população
economicamente ativa, reproduzindo os padrões europeus ilustrados na Tabela 22, superando o índice
de Portugal.
162

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os benefícios por incapacidade provisória oscilam entre 4,0% e 4,5%, o que corresponde aos
padrões europeus, mas a quantificação exata não é possível, pois o auxílio-acidente não
necessariamente está correlacionado à incapacidade para o trabalho e o auxílio-doença, por sua vez,
não necessariamente implica incapacidade para toda e qualquer atividade, conforme análise do perito
local.
Outra informação disponível relacionando o mercado de trabalho e aposentadorias voluntárias
é a idade média de saída do mercado de trabalho, acompanhada pela OCDE. No Gráfico 15, essas
idades são visualizadas, divididas por gênero, para o período de 1970 a 2010. Neste gráfico estão
ilustradas as evoluções dos países da OCDE (área escura limitada pelas linhas dos países com
menores – Lowest countries – e maiores idades médias – Highest countries), bem como a idade
média de saída desses países (linha escura com a marca ‘OCDE average’).
Nota-se leve redução nas idades médias de homens e mulheres entre os anos de 1970 e 2000,
com leve aumento entre 2000 e 2012. Apesar das diferenças históricas da participação dos dois
gêneros no mercado de trabalho, entre 2005 e 2012 as idades médias de saída do mercado de
trabalho dos dois gêneros estão se aproximando (aproximando-se de 65 anos). Nos países com as
saídas femininas mais precoces, a mudança se deu de forma menos gradual, com o aumento de 55
anos de 2007 a quase 60 anos em 2012.
Gráfico 15: Idade média de saída do mercado de trabalho, por gênero

Homens Mulheres

Quando se analisam apenas os benefícios previdenciários concedidos, verifica-se a


predominância das aposentadorias por idade, com a participação expressiva das pensões por morte.
No Gráfico 16, visualiza-se a proporção desses benefícios, nos quatro países selecionados, no ano de
2011.
163

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gráfico 16: Proporção de benefícios previdenciários (%) - 2011


Grécia Hungria

19
25,8
5,8
4,8 8,8 56,2
70,3

9,1

Polônia Portugal

15,3
24,1
10,6
5,5
15,4 58,7 59,3

11,1

Considerando apenas as quatro categorias de benefícios identificadas para os quatro países, e


utilizando a Aposentadoria por Tempo de Contribuição no lugar da Aposentadoria Adiantada, os
dados para a quantidade de benefícios mantidos pelo INSS, ao final do exercício 2012, está ilustrada
no Gráfico 17.
Gráfico 17: Proporção de benefícios previdenciários (%) - 2012

Brasil

30
37

20
13

Aposentadoria por idade Aposentadoria por invalidez

Aposentadoria por tempo de contribuição Pensão por morte

Destaca-se a participação das Pensões por Morte no modelo brasileiro, em patamar superior
aos dos países selecionados. Segundo o perito local, tendo em vista a média etária brasileira ser
inferior, tais números se justificam pelo regramento excessivamente flexível da legislação brasileira
quanto a Pensões por Morte.
Dos números referentes ao Brasil, ainda se pode extrair a alta participação das aposentadorias
por tempo de contribuição na composição dos benefícios previdenciários – 13% do total. Nos países
selecionados, a aposentadoria adiantada (espécie mais próxima em termos comparativos) situa-se
entre os 5,5% e 10,6% (em média, os números brasileiros ultrapassam quase 70% os percentuais
europeus).
Verificou-se, ainda, que a maior parte dos recursos financeiros destinados a esses benefícios foi
dedicado às Aposentadorias por Idade, apesar dos altos gastos com Aposentadorias Adiantadas. Por
164

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

outro lado, as Pensões por Morte tendem a ter menor percentual de gasto, conforme se observa na
Tabela 23.
Tabela 23: proporção de gastos previdenciários 2011 (% do PIB)
Aposentadoria Aposentadoria Aposentadoria Pensões por
Total
por idade Adiantada por Invalidez morte
Grécia 8,6 3,3 0,8 2,3 14,9
Hungria 7,2 1,5 1,0 1,3 11,1
Polônia 7,1 1,6 1,1 1,7 11,6
Portugal 10,6 0,6 1,9 1,7 14,8
UE 9,5 1,1 0,9 1,6 13,0
Os números apresentados acima foram coletados da base de dados do Eurostat, mas eles se
aproximam aos valores informados pela OCDE, em sua publicação Pensions at a glance, referentes
ao ano de 2012: Grécia – 13,0%; Hungria – 9,9%; Polônia – 11,8%; e Portugal – 12,3%. Não
constam informações do Brasil quanto ao percentual de gastos previdenciários em relação ao PIB
nessa publicação.
Os gastos previdenciários do RGPS, constantes do Anuário Estatístico da Previdência Social,
divulgado pelo INSS, são consolidados na Tabela 24. Frisa-se que apenas o Regime Geral de
Previdência Social está apresentado, não incluindo informações dos regimes próprios da União,
estados, DF e municípios. Conforme destacado por especialistas presentes no Painel de Referências,
esta exclusão pode tornar a análise da sustentabilidade da Previdência Social incompleta, uma vez
que os regimes de servidores públicos de alguns países estão inseridos nos gastos previdenciários
nacionais.
Tabela 24: gastos previdenciários do RGPS
Gastos em 2012 %PIB
Benefícios do RGPS: 278.777.984 6,3%
Previdenciários 270.742.115 6,1%
Aposentadorias
Tempo de Contribuição 84.848.866 1,9%
Idade 70.447.610 1,6%
Invalidez 31.127.126 0,7%
Pensão por morte 68.292.289 1,6%
Auxílios
Doença 14.877.501 0,3%
Reclusão 317.684 0,0%
Acidente 233.102 0,0%
Salário maternidade 595.284 0,0%
Outros 2.653 0,0%
Acidentários 8.035.869 0,2%
R$ mil
O percentual de 6,3% do PIB em gastos previdenciários colocaria o Brasil no conjunto de
países com gastos em nível inferior à média dos países da OCDE, conforme ilustrado no Gráfico 18,
mas deve-se observar que esse nível de gastos é considerado alto, quando se comparam, também, o
percentual de idosos no Brasil e nos países da OCDE (percentuais destacados em laranja).
165

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gráfico 18 - Gastos previdenciário em percentual do PIB


Países abaixo da média da OCDE
21,1
Islândia Percentual de idosos (65+)
11,4
México
17,9
Coreia do Sul
China 13,1
23,1
Austrália
Chile 16,0

Canadá 23,7

23,1
Nova Zelândia
19,4
Israel
19,4
Irlanda
27,3
Holanda
Noruega 26,1
29,9
Dinamarca
Reino Unido 28,9

12,2
Brasil
28,1
Suíça
12,5
Turquia
22,8
Estados Unidos
Eslováquia 19,2

Luxemburgo 22,6
25,5
OCDE
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0

Os demais países da OCDE, o que inclui os quatro países europeus analisados, estão ilustrados
no Gráfico 19.
Gráfico 19 - Gastos previdenciário em percentual do PIB
Países acima da média da OCDE
25,5 Percentual de idosos (65+)
OCDE
29,1
Estônia
32,5
Suécia
República Tcheca 25,3

19,6
Rússia
Espanha 27,9

30,9
Finlândia
27,2
Hungria
29,6
Bélgica
42,2
Japão
26,6
Eslovênia
34,8
Alemanha
21,6
Polônia
30,1
Portugal
31,7
Grécia
29,7
Áustria
30,0
França
34,5
Itália
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Assim como no modelo brasileiro, nota-se nos quatro países estudados, uma uniformidade na
adoção de regramentos diferenciados para determinadas categorias e profissões. Segundo o perito
local, a existência desses regramentos diferenciados é natural e compreensível, dada a natureza
usualmente corporativista dos modelos bismarckianos de Previdência Social.
166

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Percebe-se, ainda, que os modelos europeus têm passado por diversas reformas nos últimos
anos, de forma a restringir as prestações diferenciadas por carreira ou ocupação, o que ocorreu, em
menor escala, no Brasil em 1995.
Destaca o perito local que a opção de se preservar algumas situações especiais não deve inibir
a uniformização de tratamento junto ao sistema protetivo, não somente como forma de preservar sua
viabilidade financeira e atuarial, mas, também, concretizar tratamento igualitário aos segurados da
Previdência Social.
Todos os países estudados contam com algum sistema complementar de cobertura
previdenciária. Em geral, são custeados pelos interessados e geridos por entidades privadas, com
exceção de Portugal, que ainda prevê um modelo complementar público. São em regra de ingresso
voluntário, assim como no modelo brasileiro, com exceção da Polônia, que prevê um modelo
complementar privado compulsório, mas com as contribuições recolhidas primeiramente ao Estado.
O perito local destacou a tendência por uma opção minimalista dos modelos públicos básicos de
proteção, os quais tendem a buscar, como objetivo, a preservação do mínimo existencial. Contudo,
modelos complementares compulsórios não são incomuns, como forma de preservar patamar
superior, assecuratório do bem-estar.
Finaliza o tópico de análise dos principais benefícios sociais o atendimento assistencial aos
idosos. No Brasil, há Benefício de Prestação Continuada (BPC) definido para a assistência de idosos
com mais de 65 anos e que não tenham rendimentos suficientes para sua própria manutenção (dita a
Constituição Federal de 1988 que um dos objetivos da Assistência Social é ‘a garantia de um salário
mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família’, o que está definido na Lei
Orgânica da Assistência Social como renda familiar per capita inferior a um quarto do Salário
Mínimo).
Nos países estudados, em maior ou menor grau, há mecanismos equivalentes para garantir a
proteção ao idoso vulnerável, exigindo-se, em variados graus, a comprovação da necessidade,
similarmente ao caso brasileiro.
Do exposto no Tópico 2: Principais benefícios de Seguridade Social, conclui-se que, hoje, o
modelo brasileiro possui algumas semelhanças nas espécies de benefícios e em suas condições, mas
há alguns pontos com divergências significativas, como a ausência de condicionalidades das pensões
por morte e a aposentadoria por tempo de contribuição, benefício que tem sido eliminado dos sistemas
previdenciários europeus.

3.3 – Tópico 3: Estrutura de financiamento


A terceira questão trata da análise das formas que os sistemas previdenciários europeus
utilizam para se financiar. Ao perito externo, subdividiu-se a questão em quatro questões e, a essas
questões, somaram-se duas questões direcionadas ao perito local.
Conforme destacado pelo perito local, o financiamento dos modelos estudados não difere muito
do sistema brasileiro, sendo financiado por contribuições dos beneficiários diretos e indiretos
(empregados e empregadores), reproduzindo a lógica bismarckiana de custeio dos sistemas.
Como no sistema brasileiro, parte dos modelos também se financiam com a utilização de
tributos, o que está previsto na Constituição Brasileira de 1988, na hipótese de déficit do sistema de
Seguridade Social.
Considerando a soma dos benefícios de Aposentadoria por Idade, Invalidez, Auxílios-doença,
Pensões por Morte e benefícios acidentários, as alíquotas de contribuição brasileira e europeias não
se diferenciam tanto, especialmente do ponto de vista do empregado (nos quatro países, os
empregados devem contribuir de 7,07% na Grécia a mais de 13% na Polônia, valores semelhantes à
alíquota variável brasileira – em regra, de 8% a 11%).
Dois casos de destaque são Portugal e Hungria. As contribuições portuguesas podem ser
reduzidas para algumas atividades e empregadores, como Organizações Não Governamentais, e para
167

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

alguns grupos de empregados, como jovens procurando seu primeiro emprego e pessoas portadoras
de deficiência. Já na Hungria, aqueles que tiverem se aposentado, mas houverem retornado à
atividade, também encontram alíquotas reduzidas.
As formas de gerenciar os sistemas previdenciários dos quatro países não divergem
significativamente da brasileira, à exceção de alguns modelos que tentam adotar elementos
capitalizados ou planos de conta nocionais (NDC).
O perito externo traz os modelos adotados em cada país, destacando a forma de controle
adotada neles. Na Grécia, devido à grande fragmentação do sistema, diversas organizações são
responsáveis por administrar os fundos de Previdência, todas sob a supervisão do governo. Esse
cenário tende, porém, a se alterar no médio prazo, devido às recentes reformas por que passa o país.
A partir de 2019, o financiamento dos diferentes órgãos de Previdência passará a um fundo geral
(Generational Solidarity Insurance Fund), que perseguirá o equilíbrio atuarial do sistema.
Na Hungria, o sistema de repartição simples funciona como o brasileiro: gerenciamento
centralizado, contribuições realizadas pelo Ministério das Finanças (Ministry of Finance) e
pagamento pelo Fundo de Aposentadoria Estatal (State Pension Fund), com os déficits sendo pagos
anualmente pelo Tesouro (Central Budget). Um ponto interessante de se focar é que houve a tentativa
de se criar um segundo pilar de previdência obrigatória com recursos administrados por particulares.
Após a transferência de algumas contribuições, o governo renacionalizou grande parte do recurso
para financiar o déficit financeiro do primeiro pilar.
A Polônia decidiu alterar a lógica de seu sistema previdenciário, trazendo mais elementos de
capitalização às aposentadorias. O sistema geral possui dois pilares: um esquema de Contribuição
Definida Nocional (NDC); e um esquema privado obrigatório, escolhido individualmente. O sistema
antigo é gerenciado pelo mesmo órgão que gerencia esses pilares. O perito externo aponta que a
administração desse novo sistema tem encontrado algumas dificuldades: como parte das
contribuições estão sendo divididas com os sistemas privados de aposentadoria (segundo pilar), os
déficits no sistema têm crescido. Outro ponto negativo dessa opção é a necessidade de se manter
registros muito precisos das contribuições individuais dos segurados, de forma a garantir o caráter
capitalizado do sistema (os recursos não compõem efetivamente uma conta individual, há apenas a
criação de contas fictícias – nocionais).
O sistema português se assemelha ao brasileiro, mas o Fundo Fiduciário de Seguridade Social
português possui autonomia legal, administrativa e financeira para gerir parte dos recursos coletados
por contribuições e tributos, ao contrário do Fundo do Regime Geral de Previdência Social, que,
ainda está sendo estruturado e não tem (ou terá) personalidade jurídica própria. Por outro lado, o
gerenciamento financeiro do sistema português está centralizado no Instituto de gerenciamento
financeiro da Seguridade Social.
Sobre o tema, o perito local destaca que, de modo geral, os sistemas previdenciários dos países
estudados têm passado por reformas que podem, no futuro, propiciar melhor controle dos valores
envolvidos, mesmo nos sistemas que não adotam o NDC (que já exigiria tal controle).
Uma das formas de se verificar as políticas públicas de incentivo à formalização do mercado de
trabalho é a análise tributária e previdenciária das pequenas empresas e dos profissionais autônomos.
Na Grécia, os profissionais autônomos devem buscar seu registro em associações ou câmaras
específicas, para, então, buscar registro nas respectivas instituições de Seguridade Social. Desde
2011, o setor tem ampliado ações para harmonizar os pré-requisitos para aposentadorias entre
empregados e profissionais autônomos. Um dos subgrupos de profissionais autônomos agrega os
trabalhadores rurais.
As Previdências Sociais da Hungria e da Polônia não possuem aspectos especiais para os
profissionais autônomos, à exceção dos trabalhadores rurais, que, na Hungria, possuem amplo
financiamento governamental e, na Polônia, contribuem com alíquotas reduzidas.
168

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em Portugal, a contribuição dos trabalhadores autônomos é inferior à combinação das


contribuições de empregados e empregadores (34,75% para estes e 29,5% para aqueles), mas há
equivalência entre os benefícios pagos aos dois grupos.
Sobre a inclusão previdenciária de autônomos, o perito local destaca que nenhum dos modelos
bismarckianos estudados produziu, de forma adequada, inclusão previdenciária dos trabalhadores
autônomos, ao contrário do sistema brasileiro, que tem buscado, nos últimos anos, a adesão desses
trabalhadores, mediante simplificação e redução da contribuição, que pode chegar a somente 5% do
salário mínimo.
No caso brasileiro, o Tribunal de Contas da União dedicou especial atenção à Previdência da
clientela rural em auditoria sobre a sustentabilidade dos regimes previdenciários brasileiros
(Acórdão 2.059/2012 – Plenário). Apesar de a atual forma de concessão ser eficaz na diminuição dos
efeitos negativos da informalidade no campo, o pouco controle na concessão pode elevar o risco de se
permitir fraudes na concessão de benefícios.
Em complementação à informação de proporção de gastos previdenciários detalhada na Tabela
23, do Tópico 2 desse Relatório, o perito externo agregou dados das contribuições sociais nacionais
para identificar quais países operam em déficit ou em superávit, conforme ilustrado na Tabela 25,
abaixo. Ele destaca, em seu estudo, que as contribuições sociais são, em todos os países, suficientes
para cobrir as aposentadorias por idade, sendo na Grécia a maior folga entre tais despesas e as
receitas sociais totais (6,8%, pouco abaixo da média europeia de 7,2%).
Tabela 25: Contribuições e despesas previdenciárias 2011 (% do PIB)
Contribuições Aposentadoria Aposentadoria Aposentadoria Pensões por Resultado
sociais por Idade Adiantada por Invalidez morte previdenciário
Grécia 15,4 8,6 3,3 0,8 2,3 0,4
Hungria 12,9 7,2 1,5 1,0 1,3 1,9
Polônia 11,7 7,1 1,6 1,1 1,7 0,2
Portugal 12,4 10,6 0,6 1,9 1,7 -2,4
UE 16,7 9,5 1,1 0,9 1,6 3,6
No modelo brasileiro, como afirma o perito local, não há sequer consenso sobre a existência de
déficit do sistema, pois, na contabilidade do modelo previdenciário brasileiro, são incluídas
prestações assistenciais e, ao mesmo tempo, excluídas receitas derivadas de formas alternativas de
tributação para alguns setores e renúncias fiscais variadas (cita o entendimento da Associação
Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil – Anfip).
A Anfip, em sua publicação ‘Seguridade e Previdência Social – Contribuições para um Brasil
mais justo’, de 2014, defende não haver, atualmente, déficit da Previdência Social. Argumenta que se
deve analisar o resultado da Seguridade Social, que é superavitário. Em todos os anos de 2010 a
2013, as receitas de Seguridade Social foram maiores que a soma das despesas nas áreas
previdenciária, assistencial, de saúde e dos benefícios do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Defende, ainda, que o Resultado da Seguridade Social seria o identificado na Tabela 26.
169

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 26: Receitas e despesas da seguridade social - 2010 a 2013 - Anfip


2010 2011 2012 2013
RECEITAS REALIZADAS 458.094 527.080 595.736 651.066
Receita de contribuições sociais 441.266 508.095 573.854 634.359
Receita Previdenciária 211.968 245.890 283.441 317.164
Cofins 140.023 159.625 181.555 199.410
CSLL 45.754 57.582 57.316 62.545
PIS/Pasep 40.372 41.584 47.778 51.185
CPMF e Outras contribuições 3.148 3.414 3.765 4.055
Receitas de entidades da Seguridade 14.693 16.730 20.109 14.855
Recursos próprios do MDS 305 86 66 239
Recursos próprios do MPS 267 672 708 819
Recursos próprios do MS 2.700 3.221 3.433 3.858
Recursos próprios do FAT 10.978 12.240 15.411 9.430
Taxas, multas e juros da fiscalização 443 511 491 509
Contrapartida do Orçamento Fiscal para EPU 2.136 2.256 1.774 1.852
DESPESAS REALIZADAS 403.009 451.000 512.435 572.897
Benefícios previdenciários 256.259 281.438 316.589 355.274
Previdenciários urbanos 199.461 218.616 243.954 274.652
Previdenciários rurais 55.473 61.435 71.135 78.625
Compensação previdenciária 1.325 1.387 1.500 1.996
Benefícios assistenciais 22.234 25.117 30.324 33.869
Assistenciais - Loas 20.380 23.353 28.485 32.119
Assistenciais - RMV 1.854 1.764 1.839 1.750
Bolsa-família e outras transferências 13.493 16.767 20.530 24.004
EPU - Benefícios de legislação especial 2.136 2.256 1.774 1.852
Saúde: despesas do MS 61.965 72.332 80.063 85.456
Assistência Social: despesas do MDS 3.425 4.033 5.669 6.224
Previdência Social: despesas do MPS 6.482 6.767 7.171 7.179
Outras ações da seguridade social 7.260 7.552 9.824 11.972
Benefícios do FAT 29.204 34.173 39.950 46.561
Outras ações do FAT 551 565 541 505
RESULTADO DA SEGURIDADE SOCIAL 55.085 76.080 83.301 78.169
R$ milhões
Do exposto no Tópico 3: Estrutura de Financiamento, conclui-se que os modelos de
financiamento estudados não diferem significativamente do modelo brasileiro, assim como as formas
de se gerenciar os sistemas previdenciários nacionais.

3.4 – Tópico 4: Sustentabilidade financeira e atuarial


A quarta questão trata da análise da sustentabilidade financeira e atuarial dos sistemas
nacionais de Previdência Social. Ao perito externo, subdividiu-se a questão em seis questões e, a essas
questões, somaram-se três questões direcionadas ao perito local.
Anualmente, os reajustes dos benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Social
são definidos na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) que, para 2015, a exemplo dos anos
anteriores, definiu, em seu projeto de lei (PLDO 2015) que ‘os benefícios são reajustados conforme a
variação da inflação, com exceção dos benefícios equivalentes ao piso previdenciário, que variam de
acordo com o ajuste do salário mínimo’.
Dessa forma, nota-se a influência de dois fatores nos gastos previdenciários do regime geral: a
inflação e o ajuste do salário mínimo (que tem buscado utilizar a fórmula de ajuste da soma da
inflação com o crescimento do Produto Interno Bruto).
Nos quatro países, a inflação também é levada em consideração nos ajustes das aposentadorias
por idade, sendo que, em alguns países, outros fatores são considerados, tais como o crescimento do
PIB, o crescimento dos salários reais ou índices de referência sociais. Os peritos destacam que,
mesmo em países com regramento específico estabelecido, essas regras podem ser suspensas, como
170

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ocorreu em Portugal em 2013, que congelou todos os benefícios, com exceção daqueles em valor
mínimo.
Como regra geral, os benefícios dos países estudados possuem variáveis relacionadas ao tempo
de contribuição, valor acumulado (real ou nocional) e, até, aspectos atuariais. Tais condições,
segundo o perito local, podem subsidiar futura reforma no modelo brasileiro, de forma a considerar,
nos benefícios em geral – e não somente nas aposentadorias –, as variáveis apresentadas.
Ao se analisar a composição das receitas previdenciárias, nota-se que os quatro países possuem
grande participação de receitas de contribuições dos participantes no total das receitas dos sistemas
de Seguridade Social. As receitas dos sistemas nacionais e das contribuições podem ser visualizadas
no Gráfico 20.
Gráfico 20: evolução das receitas da Seguridade Social - 2002 a 2011
(%PIB)
35

30

25

20

15

10
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Grécia - receita Seguridade Hungria - receita Seguridade
Polônia - receita Seguridade Portugal - receita Seguridade
Grécia - contribuições Hungria - contribuições
Polônia - contribuições Portugal - contribuições

Do gráfico de evolução das receitas da Seguridade Social dos quatro países analisados, extrai-
se que, nos últimos dez anos, houve grande variação na composição das receitas totais (em linhas
contínuas), mas pouco desse impacto foi diretamente transferido às contribuições dos participantes
(linhas tracejadas). Na Grécia, por exemplo, a receita total passou de 25% do PIB a pouco mais de
30% em um crescimento constante, enquanto as contribuições mantiveram-se no patamar de 15% do
PIB. A situação mais estável, nos quatro países, foi detectada na Polônia, que apresentou, durante
todo o período, participação das contribuições em 61% a 63% nas receitas totais, havendo inclusive
tendência de redução nos gastos de Seguridade Social, que passaram de 21,5% a 18,7% do PIB.
Pela ótica da despesa da Seguridade Social, deve-se destacar que o Eurostat considera os
gastos com Saúde como parte da Seguridade Social (como no Brasil), mesmo havendo financiamento
direto através de tributos, em muitos deles. Os gastos com Aposentadorias por idade, Pensões por
Morte, Aposentadorias por Invalidez, Benefícios para Desempregados, Benefícios para Família ou
Crianças e Garantias Mínimas de Renda podem ser visualizados no Gráfico 21.
171

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gráfico 21: evolução das despesas da Seguridade Social - 2002 a 2011


(%PIB)
25

20

15

10
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Grécia Hungria Polônia Portugal

As informações de receitas e despesas sociais, para os anos de 2009 a 2011, estão consolidadas
na Tabela 27, onde se apresentam as receitas de contribuições sociais, as receitas totais, as despesas
com Assistência e Previdência Sociais, o Resultado 1 (diferença entre as receitas totais e as despesas
com Assistência e Previdência Sociais), as despesas com Saúde e o Resultado da Seguridade Social.
Nota-se que em Portugal, nos últimos três anos, há capacidade de financiamento suficiente para o
sistema, enquanto a Polônia tem apresentado dificuldade, chegando a registrar um déficit de 0,5% do
PIB em 2010.
Tabela 27: resultado social 2009 a 2011 (% do PIB)
2009
Receitas Despesas Despesas Resultado
Contribuições Resultado 1
Seguridade Assist+Previ Saúde Seguridade
Grécia 15,2 29,0 19,9 9,1 7,5 1,6
Hungria 14,5 27,7 18,8 8,9 5,1 3,8
Polônia 11,8 18,9 14,9 4,0 3,9 0,1
Portugal 12,4 27,8 18,5 9,3 7,0 2,3
2010
Receitas Despesas Despesas Resultado
Contribuições Resultado 1
Seguridade Assist+Previ Saúde Seguridade
Grécia 15,6 29,5 20,5 9,0 7,7 1,3
Hungria 13,6 27,1 17,4 9,7 5,2 4,5
Polônia 11,2 18,3 15,0 3,3 3,8 -0,5
Portugal 12,3 27,7 18,7 9,0 6,7 2,3
2011
Receitas Despesas Despesas Resultado
Contribuições Resultado 1
Seguridade Assist+Previ Saúde Seguridade
Grécia 15,4 30,5 21,9 8,6 7,0 1,6
Hungria 12,5 22,4 16,9 5,5 5,9 -0,4
Polônia 11,7 18,7 15,1 3,6 3,6 0,0
Portugal 12,4 27,6 19,0 8,6 6,0 2,6
Para o caso brasileiro, o Gráfico 22 ilustra o comportamento das arrecadações, dos
pagamentos de benefícios e da necessidade de financiamento do RGPS. Nota-se que, apesar do nível
de gastos estar em patamar inferior aos dos quatro países analisados (no Brasil o percentual não
chega a 8% do PIB, enquanto nos países europeus gasta-se entre 11% e 15%, conforme já ilustrado
nas Tabelas 23 e 25), há constante necessidade de financiamento, na ordem de 1% do PIB brasileiro.
172

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gráfico 22: Necessidade de financiamento em relação ao PIB


(valores nominais) 2009 a 2013
8,0%

7,0%

6,0%

5,0%

4,0%

3,0%

2,0%

1,0%

0,0%
2009 2010 2011 2012 2013
Benefícios Previdenciários Arrecadação líquida Necessidade de financiamento

Registra-se, novamente, que há divergência na literatura previdenciária na análise da


sustentabilidade do sistema previdenciário. Há especialistas que sugerem a utilização do resultado da
Seguridade Social, como o Eurostat realiza (Gráficos 20 e 21 e Tabela 27), enquanto outros defendem
o estudo das receitas e despesas estritamente previdenciárias (Gráfico 22).
A OCDE apresenta, em sua publicação Pensions at a glance, informações individualizadas dos
países que a compõem, além de outras economias monitoradas, como é o caso da brasileira. As
variáveis analisadas são as seguintes:
Renda média dos trabalhadores do País (em moeda nacional e em dólares);
Renda média dos trabalhadores da OCDE (em moeda nacional e em dólares);
Percentual das despesas previdenciárias em função do PIB;
Expectativa de vida ao nascer (do país estudado e da OCDE);
Expectativa de vida aos 65 anos (do país estudado e da OCDE);
Percentual da população com mais de 65 anos em função da população economicamente
ativa (do país estudado e da OCDE).
Enquanto as informações relacionadas ao envelhecimento da população foram ilustradas nos
Gráficos 18 e 19 do Tópico 2, no presente tópico ilustra-se a comparação do percentual das despesas
previdenciárias, em função do PIB, entre o Brasil e os Estados-membro da OCDE.
O valor de 7,4% do PIB, do Regime Geral de Previdência Social brasileiro, aproxima-se da
média da OCDE (7,8%), mas afasta-se de países do grupo mais comparáveis ao Brasil, seja em grau
de desenvolvimento, seja na composição etária de sua população (México, 1,7%; Chile, 3,6%; China,
3,0%; Coreia do Sul, 2,1%). Os níveis de gastos do Brasil aproximam-se aos gastos da Turquia
(6,8%) – país mais comparável ao Brasil em termos de percentual de idosos na população e gastos
percentuais em Previdência –, Estados Unidos (6,8%), Eslováquia (7,0%), Luxemburgo (7,7%),
Estônia (7,9%) e Suécia (8,2%).
Quanto à contabilização dos sistemas previdenciários europeus, os peritos destacam que apenas
a Polônia utiliza um sistema de capitalização nocional, o que exige a manutenção de informações
detalhadas sobre as reservas potencialmente construídas individualmente pelos participantes. Os
demais países, assim como o Brasil, utilizam o critério de Benefício Definido (BD), muito embora, na
quantificação de renda mensal, existam parâmetros relacionados ao tempo de contribuição e
expectativa de vida.
O perito local destaca, ainda, que as informações relacionadas às receitas e despesas dos
sistemas possuem contabilização própria e permitem imediata e clara identificação de eventuais
déficits ou superávits. De modo geral, esses sistemas têm buscado, nos últimos anos, adequações que
permitam maior viabilidade financeira e atuarial.
173

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Segundo o perito local, baseando-se nas informações trazidas pelo perito externo, infere-se que
eventuais isenções de contribuições limitam-se a casos particulares, especialmente voltados a pessoas
engajadas em cuidados com a prole ou no desemprego, sem haver ajuste específico nas contas
previdenciárias.
Cada Estado-membro da União Europeia mantém sua soberania quanto à escolha de suas
políticas de Previdência Social e seu respectivo sistema de controle e monitoramento. Destaca-se,
contudo, que há uma crescente preocupação quanto ao controle das finanças envolvendo a proteção
social.
Embora a regra seja a autonomia nacional, controles do Comitê de Proteção Social da União
Europeia e a conscientização dos Estados-membros têm propiciado reformas visando o equilíbrio dos
sistemas nacionais a longo prazo, conforme observado pelo perito local. Alguns países utilizam-se,
para tanto, de estímulos a sistemas privados complementares de Previdência ou a adequações dos
trabalhadores e do mercado de trabalho para a inclusão de pessoas de idade avançada.
O perito local destaca, porém, que o sistema brasileiro aplica regras que vão de encontro aos
objetivos perseguidos pelos sistemas europeus: estimula-se o retiro precoce, via aposentadoria por
tempo de contribuição, e inexiste qualquer estímulo ou adequação ao mercado de trabalho para a
absorção de trabalhadores idosos.
Os casos da Polônia e Hungria, por exemplo, indicam que algumas mudanças estruturais do
sistema previdenciário podem impactar diretamente a forma de controle adotada: ao alocar parte das
receitas da Seguridade Social em um sistema privado de aposentadorias, os problemas financeiros de
longo prazo da repartição simples tornam-se pontos de atuação urgente. Essa pressão por resolução
de gargalos sistêmicos contribui para o aumento do monitoramento financeiro do sistema, à medida
que a pressão sobre as transferências governamentais aumenta.
Já em Portugal e na Grécia, o maior efeito no controle dos gastos previdenciários se deu pelos
efeitos da crise econômica. Para serem elegíveis aos programas de ajustes econômicos, esses países
sofreram substanciais reformas previdenciárias, o que trouxe à tona discussões sobre a qualidade e
necessidade das projeções atuariais desses sistemas.
Apesar da intervenção direta da União Europeia ser rara (apenas nos casos de programas de
ajuste financeiro), ela tem se utilizado do Método Aberto de Coordenação (OMC) para orientar as
políticas previdenciárias dos Estados-membro. Os trabalhos nessa área estão a cargo do Comitê de
Proteção Social (Social Protection Comittee – SPC), que monitora as condições sociais na UE,
estuda temas como Inclusão Social, Saúde e Aposentadorias, promove discussões e coordena
intercâmbios entre governos nacionais e a Comissão.
Nesse contexto, em fevereiro de 2012, a Comissão Europeia produziu um relatório chamado
White Paper on Pensions, onde discute a adequação, segurança e sustentabilidade das
aposentadorias europeias. Desse trabalho, o perito externo destaca as seguintes propostas:
Criar melhores oportunidades para trabalhadores idosos, ao estimular a adaptação dos
locais de trabalho e das práticas de mercado e ao utilizar o Fundo Social Europeu (European Social
Fund) para estimular o mercado de trabalho dos idosos;
Desenvolver esquemas privados de aposentadoria complementar, ao encorajar parceiros
sociais a desenvolver esses esquemas e aos Estados-membro a estimular via tributos ou outros
incentivos;
Aumentar a segurança dos esquemas de aposentadoria complementar, incluindo a revisão
das diretivas dos Institutos de Provisão para Aposentadorias Profissionais (Institutions for
Occupational Retirement Provision – IORP) e o fornecimento de informações mais detalhadas aos
consumidores;
Tornar esquemas de aposentadoria complementar compatíveis com a mobilidade,
protegendo o direito dos trabalhadores e promovendo a rastreabilidade desses serviços por toda a
UE;
174

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Encorajar Estados-membro a promover vidas laborativas mais longevas, ao relacionar


idade de aposentadoria com expectativa de vida, restringindo aposentadorias precoces e eliminando a
diferenciação por gênero; e
Continuar a monitorar a adequação, sustentabilidade e segurança das aposentadorias,
apoiando as reformas previdenciárias dos Estados-membro.
Desde 2001, a Comissão Europeia e os Estados-membro preparam relatórios, a cada dois anos,
onde analisam o envelhecimento das populações europeias (Ageing Report). Esses estudos baseiam-se
em metodologias, definições e premissas previamente acordadas entre os participantes, e buscam
analisar os impactos econômicos e orçamentários que o envelhecimento populacional exerce em cada
país. Verificam-se, ainda, as projeções de gastos em Previdência, Saúde; Cuidados de Longa Duração
(doenças crônicas e deficiências, do inglês Long-term care), Desemprego e Educação para os
próximos cinquenta anos.
Em 2001, definiram-se, também, os três objetivos das políticas previdenciárias, a saber:
1. Adequação: rendimentos de aposentadoria adequados para todos e acesso a aposentadorias
que permitam às pessoas a manutenção, em um grau razoável, de seu padrão de vida após a
aposentadoria, no espírito da solidariedade e justiça entre as gerações;
2. Sustentabilidade: a sustentabilidade financeira dos esquemas públicos e privados de
aposentadoria, considerando as pressões do envelhecimento populacional nas finanças públicas e no
contexto das três vertentes da estratégia previdenciária: apoiar vidas laborais mais longevas e ativas;
equilibrar contribuições e benefícios de forma socialmente equilibrada e justa; e promover a
acessibilidade e segurança de esquemas privados de aposentadoria; e
3. Modernização: sistemas transparentes, adaptados às necessidades e aspirações de homens e
mulheres, e às mudanças estruturais e demográficas das sociedades modernas, garantindo, ainda, que
as pessoas tenham informação suficiente para planejar sua aposentadoria e que as reformas sejam
conduzidas com base no mais amplo consenso.
Esses objetivos são divididos em indicadores monitorados anualmente pelo Eurostat
(epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/employment_social_policy_equality/social_protection_
social_inclusion/indicators/pension). Os indicadores primários são indicados a seguir (há
indicadores secundários para cada objetivo, que não serão tratados no presente trabalho):
1. Adequação:
1. População idosa em risco de pobreza: proporção de pessoas com 65 anos ou mais com
rendimento inferior a 60% do rendimento mediano disponível em termos equivalentes;
2. Renda mediana da população idosa: percentual do rendimento mediano das pessoas com 65
anos ou mais, comparado com pessoas com até 64 anos;
3. Taxa de reposição agregada: mediana das aposentadorias da faixa etária de 65 a 74 anos,
comparada à mediana dos rendimentos individuais da faixa de 50 a 59 anos, excluídos outros
benefícios sociais;
4. Mudança projetada da taxa teórica de reposição para os próximos 40 anos: mudança no
nível de rendimento teórico que um trabalhador hipotético sofreria ao se aposentar, em comparação
com o último ano trabalhado (indicador em construção);
2. Sustentabilidade:
1. Gastos previdenciários totais (% PIB): gastos com aposentadorias por invalidez,
aposentadorias precoces por redução na capacidade laboral, aposentadorias por idade,
aposentadorias adiantadas, aposentadorias parciais, pensões por morte e aposentadorias precoces
por razões de mercado de trabalho;
2. Nível de emprego da faixa etária de 55 a 64 anos: proporção de pessoas empregadas em
razão do total da faixa etária;
3. Idade de saída efetiva do mercado de trabalho: média da idade de saída do mercado de
trabalho, baseada em modelo probabilístico considerando as mudanças relativas das taxas de
atividade de um ano ao seguinte, em determinado grupo etário;
175

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Gastos previdenciários projetados para os próximos 50 anos (% PIB): projeção dos gastos
previdenciários em um ponto 50 anos no futuro (indicador em construção);
3. Modernização:
1. Risco de pobreza por gênero: diferença entre gêneros no risco de pobreza de pessoas com 65
anos ou mais;
2. Rendimento de idosos por gênero: diferença entre gêneros na renda relativa mediana de
idosos;
3. Taxa de reposição agregada por gênero: diferença entre gêneros na taxa.
Esses indicadores, incialmente aplicados apenas a países específicos, hoje são acompanhados
para toda a UE, incentivando uma análise comparativa entre os países, de forma a salientar as piores
performances e auxiliar tais países com recomendações específicas.
Sobre a interferência do Judiciários dos países europeus (ou supranacional) ou de outras
instituições na concessão de aposentadorias, os peritos destacam que essas interferências não são
lineares e dependem de aspectos jurídicos, políticos e culturais. De qualquer forma, elas não
alcançam a mesma amplitude do caso brasileiro, que possui parte da Justiça Federal dedicada a esse
tema.
Especial atenção se dá à atuação da Corte Europeia de Justiça – que interveio em casos de
Direitos Humanos, discriminação de gênero nas políticas previdenciárias ou em questões de
coordenação da Seguridade Social, determinando quando havia cortes de aposentadorias de
trabalhadores que contribuíram em país diverso ao da aposentadoria – e à Corte Europeia de
Direitos Humanos, que admite discussões previdenciárias, frequentemente referendando o tema com
base do direito à propriedade.
Cita o perito local que a admissão de direitos previdenciários como uma propriedade do
segurado foi inicialmente rechaçada pela Corte, em 1960, mas posteriormente admitida, em 1971,
partindo-se da premissa que, ao verter contribuições ao sistema protetivo, há um direito à parcela do
fundo previdenciário, que pode ser afetado de acordo com como venha a ser gerido, embora, nesse
primeiro caso concreto, a pretensão tenha sido indeferida devido ao caráter solidário do sistema de
proteção social. Uma aceitação mais ampla deste preceito, em matéria previdenciária, somente veio
em 1994. Também não é incomum encontrar-se lides previdenciárias como instrumento de garantia da
liberdade real e, portanto, dotada das mesmas prerrogativas de defesa que os direitos civis.
Outro ponto levantado é que a Corte Europeia já admitiu, expressamente, até a possibilidade
redução de benefício já concedido, desde que visando, comprovadamente, estabelecer um sistema
previdenciário eficiente e equilibrado. O balanço adequado entre justiça social e a economia do
Estado não seria alcançado se imposto ao segurado um ônus excessivo. Tais premissas podem
subsidiar, em alguma medida, a conduta das Cortes brasileiras, de forma a explicitar a necessidade
de adequação financeira e atuarial, preservando o sistema previdenciário para gerações futuras.
Do exposto no Tópico 4: Sustentabilidade financeira e atuarial, conclui-se que há grande
preocupação, tanto nos países estudados, quanto no Brasil, com a evolução das receitas e despesas
previdenciárias e da Seguridade Social. Há uma diferença de abordagem quanto à forma de controle
e definição da saúde financeira dos sistemas previdenciários nacionais: enquanto no Brasil a maior
preocupação das entidades envolvidas se dá no resultado previdenciário, ou seja, no déficit ou
superávit resultante da soma de despesas e receitas previdenciárias; na Comissão Europeia, o
controle busca identificar qual o nível de despesas que as nações dedicam à Previdência Social, bem
como os resultados dos sistemas adotados (adequação), respeitando, assim, a soberania de cada
Estado-membro.

3.5 – Tópico 5: Contribuições parciais


A quinta questão trata da contribuição parcial aos sistemas previdenciários, caso que inclui o
fenômeno da informalidade. Ao perito externo, subdividiu-se a questão em três questões e, a essas
questões, somaram-se três questões direcionadas ao perito local.
176

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Como já foi explicado, os sistemas previdenciários nacionais são independentes e soberanos


para ditar suas regras e formas de financiamento. No entanto, para viabilizar e estimular a liberdade
de movimentação dos trabalhadores europeus, estabeleceram-se alguns princípios para guiar as
regras de Seguridade Social interpaíses.
1. Uma pessoa está coberta pela legislação de um país por vez e, portanto, só deve contribuir a
um país. A decisão de qual legislação é aplicável é feita pelas instituições de Seguridade Social;
2. Um trabalhador está sujeito aos mesmos direitos e obrigações que os nacionais do país de
cobertura. Esse é o princípio da não-discriminação, ou do tratamento igualitário;
3. Quando se solicita um benefício, os períodos prévios de seguro, trabalho ou residência em
outros países devem ser levados em consideração; e
4. Se alguém tem direito a um benefício em dinheiro em um país, geralmente ele permanece
fazendo jus a esse direito independente de seu país de residência. Esse é o princípio da
‘exportabilidade’ (exportability).
As regras dos benefícios os dividem em dois grupos: benefícios de curto prazo e benefícios de
longo prazo. Aos de curto prazo, como benefícios por doença ou desemprego, utiliza-se o princípio da
‘integração’, ou seja, apenas um benefício é concedido ao trabalhador, calculado de acordo com a
legislação de apenas um Estado-membro.
Já os benefícios de longo prazo, como as Aposentadorias por Idade ou Invalidez e a Pensão por
Morte, utilizam o método de aposentadorias parciais. Isso significa que a aposentadoria do
trabalhador é calculada com base nos períodos de contribuição adquiridos nos Estados-membro onde
ele foi empregado, resultando em responsabilidade conjunta de mais de um Estado para o pagamento
da aposentadoria de um cidadão.
Nesse ponto, é interessante notar a semelhança com o sistema brasileiro de compensações
financeiras que pode ser realizado entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios
da União, dos estados e dos municípios.
O perito local aponta que o caso europeu possui abrangência e complexidade superior ao do
atual sistema do Mercosul, o qual, muito limitadamente, abrange as aposentadorias e a Pensão por
Morte, não cobrindo benefícios por incapacidade, por exemplo.
Quanto aos regimes, geral e próprios, o perito local aponta que a regra do modelo brasileiro é a
totalização do tempo de contribuição no último regime a que está vinculado o trabalhador, mediante
averbação das contribuições realizadas frente aos demais regimes e consequente acerto financeiro
entre eles (previsto na Lei 9.796/99).
Uma solução adequada seria, de forma semelhante à da União Europeia e à do Mercosul, a
adoção de benefícios por totalização, de forma que cada regime arque com o pagamento proporcional
do benefício devido, o que seria dificultado pela extensão territorial brasileira e pela complexidade
dos sistemas. Outra forma seria unificação do regime protetivo, pondo fim, no âmbito previdenciário,
ao regramento jurídico e administrativo diferenciado entre trabalhadores privados e servidores
(RGPS e RPPSs, respectivamente).
Os países europeus estudados, bem como os demais participantes da União Europeia,
organizam sua Previdência Social em nível nacional, não havendo comparabilidade total com o caso
dos servidores públicos brasileiros.
A Comissão Europeia estima que, em 2012, a economia informal equivalia a 15% do total da
economia da União Europeia. Nos quatro países estudados, as estimativas superam essa média, com a
Grécia e Polônia liderando (24%), seguidas pela Hungria (23%) e por Portugal (19%). No Brasil,
estima-se que a informalidade alcance 33% da população ocupada (IPEA, 2014).
As razões que justificam a informalidade, no entanto, diferem de país para país. Alguns casos
explicam-se pelo grande número de empregados autônomos; outros pela grande proporção de setores
pagos em dinheiro, como o turismo; enquanto alguns espelham democracias ainda jovens, que
possuem baixa confiança nas instituições.
177

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Assim como no Brasil, os países selecionados demandam, para a cobertura previdenciária,


tempo mínimo de filiação e contribuição, resultando em aposentadorias mínimas ou a adesão a
benefícios assistenciais.
Em alguns sistemas previdenciários europeus, há, contudo, a contabilização de períodos
passados fora do mercado de trabalho por desemprego involuntário ou para cuidado de filhos, sob
incentivo da Comissão Europeia. Uma das tendências em se permitir créditos previdenciários àqueles
que se dedicam ao cuidado de crianças é a equiparação de mínimos etários feminino e masculino.
Dessa forma, é reduzido o impacto do afastamento do mercado de trabalho de mulheres que decidam
dedicar-se exclusivamente ao cuidado de seus filhos, ao mesmo tempo em que se assegura a isonomia
entre gêneros.
Nesse tema, o perito local destaca que, em todos os países estudados, o Seguro Desemprego
vincula-se ao sistema de proteção social, como forma de atender patamares mínimos de cobertura.
Nesse aspecto, o modelo brasileiro poderia evoluir e inserir o desemprego involuntário como parte do
sistema de Previdência Social, como desejaria a própria Constituição Federal de 1988.
Do exposto no Tópico 5: Contribuições parciais, conclui-se que, apesar de ser um fenômeno
comum às realidades europeia e brasileira, a informalização do mercado de trabalho é mais relevante
e material no mercado brasileiro, e que os sistemas de Previdência e Trabalho europeus ainda não
identificaram mecanismos capazes de mitigar satisfatoriamente a influência da informalidade na
adequação dos sistemas previdenciários nacionais.

3.6 – Tópico 6: Reformas previdenciárias


A sexta questão trata das recentes reformas previdenciárias por que passaram os países
estudados. Ao perito externo, subdividiu-se a questão em duas questões e, a essas questões, somaram-
se duas questões direcionadas ao perito local.
Os países europeus passaram por diferentes cenários sociais e políticos nas últimas décadas, o
que influenciou diretamente na forma como conduzem suas políticas de Seguridade Social e de
Previdência Social.
No caso dos países do Leste Europeu, por exemplo, as reformas previdenciárias iniciaram-se
mais cedo que as reformas iniciadas pelos países mediterrâneos e movimentaram-se
significativamente para sistemas com maior participação privada ou de gerenciamento de contas
individuais. Esse movimento explica-se, em parte, pela generosidade dos sistemas de Seguridade
Social empregados nesses países na era comunista e pela transição a um sistema de economia de
mercado.
Apesar das semelhanças, Hungria e Polônia optaram por diferentes soluções: enquanto na
Hungria se manteve um benefício relativamente generoso, por repartição simples, adicionado ao
resultado das contas individuais; a Polônia utilizou mais fortemente a noção de benefícios de
Contribuição Definida Nocional (NDC), possivelmente pelos números financeiros negativos do país
entre 1990 e 2000, conforme destacado pelo perito externo.
Na Grécia, antes da crise da dívida soberana, apesar do alto crescimento dos gastos
previdenciários, as reformas previdenciárias não obtiveram muito êxito, salvo mudanças pontuais em
aposentadorias precoces e na harmonização do sistema (antes fragmentado).
Já as mudanças do sistema português, contemplaram grandes alterações, tais como o
alinhamento das idades de homens e mulheres a 65 anos e os incentivos ao aumento do período
laboral (reduzindo aposentadorias precoces e incentivando aposentadorias em idade mais avançada).
Uma das razões citadas pelo perito externo para as reformas portuguesas terem sido mais amplas que
as gregas foram os aumentos relativos dos gastos previdenciários dos dois países: enquanto Portugal
viu seu gasto quase duplicar entre 1990 e 2003 (5,4% a 10,5% do PIB), a Grécia percebeu um
aumento comparativamente menos expressivo (11,1% a 12,4% do PIB) no período.
Sobre esses pontos, o perito local aponta que há, nos quatro países, preferência pelo modelo
estatal básico, conjugado com modelos privados de cobertura, como coadjuvantes. Especialmente
178

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

após 2008, as reformas foram priorizadas, gerando fortes encargos para a geração atual, nem sempre
de forma razoável na transição, como na Polônia, que apresenta já bons resultados nas contas
previdenciárias, mas à custa de forte retração da reposição dos benefícios.
Opina, ainda, que, para o Brasil, a manutenção de um modelo estatal prioritariamente
financiado no sistema de repartição simples (PAYG), mas, simultaneamente, fundado em prestações
nocionais de acordo com as variáveis econômicas e demográficas pode conjugar, em boa medida, a
necessidade de ajustes do sistema com a responsabilização individual pela formação de reservas
previdenciárias, ainda que fictícias. Dessa forma, os riscos dos modelos capitalizados puros, como
aspectos macroeconômicos (inflação), variações demográficas e riscos políticos seriam minimizados
ou evitados.
Apesar dos sistemas estudados terem caráter predominantemente de repartição simples, o perito
local destaca que a experiência internacional aponta para outras opções viáveis, como o caso do
Canadá, que utiliza a sistemática de financiamento misto e partiu de sistema previdenciário
semelhante ao brasileiro.
Outro ponto levantado foi que a combinação de diferentes pilares de atuação garantiria
cobertura inicial universal – de forma a garantir condições mínimas de vida digna –, bem como a
manutenção do bem estar – com a adoção de pilar complementar de contribuição. Essa opção, no
entanto, traz consigo aumento em alguns riscos, pois regimes capitalizados demandariam forte
autonomia frente ao poder político, de forma a não serem utilizados como forma adicional de
financiamento de déficits públicos.
Ainda sobre o financiamento do sistema, o perito local aponta que se deve pensar em alguma
alternativa ao modelo atual. Uma possível solução seria a extinção das contribuições sociais, com
financiamento único com base em impostos.
Esse modelo adotaria dois pilares públicos e compulsórios. Um primeiro pilar de cobertura
universal, garantidor de prestações mínimas de sobrevivência a qualquer pessoa dentro dos
parâmetros estabelecidos em lei (conjugando a vulnerabilidade da população coberta com os recursos
disponíveis), e custeada por impostos arrecadados pelas bases atualmente previstas na Constituição
brasileira.
Um segundo pilar poderia ser custeado por um adicional de imposto de renda, arrecadado
individualmente, em substituição à atual contribuição previdenciária dos segurados da Previdência
Social. Haveria, nesse caso, tripla vantagem: tratamento idêntico a todas as pessoas, que prestariam
contas de sua previdência ao órgão estatal controlador, simplificação do modelo fiscal vigente e, por
fim, estimulo à prestação de contas verdadeira ao Fisco, tendo em vista os reflexos previdenciários
evidentes. Esse segundo pilar complementaria a prestação do pilar inicial, superando o pagamento
mínimo, assegurando melhor grau de bem-estar.
Do exposto no Tópico 6: Reformas previdenciárias, conclui-se que a União Europeia, por se
tratar de conjunto heterogêneo de países, com diferentes perfis demográficos, econômicos e sociais,
pode servir de inspiração ao planejamento de políticas públicas previdenciárias.

3.7 – Tópico 7: Adoção de indicadores para avaliação de políticas previdenciárias


A sétima questão resultou de pontos levantados após a primeira versão entregue pelo perito
externo. Os pontos discutidos foram condensados em duas questões.
O Tópico 7 aproveita parte da experiência do perito externo em comparar sistemas
internacionais de Previdência Social, principal objeto do presente Levantamento de Auditoria. Para
os países da OCDE, o perito explicou que a instituição mantém Grupo de Trabalho para discussão e
coleta de dados relacionados ao mercado de trabalho, emprego e assuntos sociais (Directorate for
Employment, Labour and Social Affairs), destacando, porém, que a atuação da OCDE não possui
competência e foco equivalentes aos do OMC da UE.
Especificamente quanto aos indicadores de Previdência Social, a OCDE divide o tema em 5
áreas: Direito à Aposentadoria (Pension entitlements); Renda de idosos e pobreza (Incomes and
179

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

poverty of older people); Sistemas de financiamento de Aposentadoria (Finances of retirement-


income systems); Contexto demográfico e econômico (Demographic and economic context); e
Reservas para aposentadorias públicas e privadas (Private pensions and public pension reserves).
Os 28 indicadores acompanhados dividem-se nos 5 temas citados da seguinte forma
(www.oecd.org/els/public-pensions/indicators.htm):
Direito à Aposentadoria:
o Taxa de reposição bruta;
o Taxa de reposição bruta – esquemas públicos e privados;
o Tratamento tarifário de aposentados e trabalhadores;
o Taxa de reposição líquida;
o Taxa de reposição líquida – esquemas públicos e privados;
o Risco de investimentos e aposentadorias privadas;
o Riqueza bruta previdenciária;
o Riqueza líquida previdenciária;
o Mudanças nas riquezas previdenciárias;
o Progressividade no cálculo de benefícios previdenciários;
o Relação entre aposentadorias e rendimentos;
o Médias ponderadas: riqueza previdenciária e níveis de aposentadoria;
o Composição das aposentadorias;
Renda de idosos e pobreza:
o Renda de idosos;
o Pobreza entre idosos;
Sistema de financiamento de aposentadoria:
o Contribuições;
o Gasto previdenciário público;
o Gasto com benefícios previdenciários: públicos e privados;
Contexto demográfico e econômico:
o Taxa de Fecundidade;
o Expectativa de vida;
o Razão de dependência – idosos;
o Rendimentos: médias e distribuição;
Reservas para aposentadorias públicas e privadas:
o Taxa de cobertura da previdência privada;
o Ativos em fundos de previdência e fundos de reservas da previdência pública;
o Ativos alocados a fundos de previdência/Fundos de reservas da previdência pública
(informações segregadas);
o Performance dos investimentos de fundos de previdência/Fundos de reserva da previdência
pública (informações segregadas);
o Custos operacionais de fundos de previdência/tarifas;
o Taxas de funding de planos de Benefícios Definidos.
Alguns dos indicadores acompanhados pela OCDE abordam temas tratados no presente
relatório, como os indicadores do Direito à Aposentadoria, do Sistema de financiamento de
Aposentadoria e do Contexto demográfico e econômico.
O indicador de ‘Progressividade no cálculo de benefícios previdenciários’, por exemplo, foi
desenhado de forma a identificar o relacionamento entre os rendimentos de aposentadoria e os
rendimentos durante a idade laboral. Os resultados variam de 100, para esquemas Pure-basic (que
pagariam o mesmo benefício não importando o histórico dos rendimentos e outras fontes de renda do
trabalhador), como a Irlanda e a Nova Zelândia; a 0, para esquemas Pure-insurance (que buscam
pagar a mesma taxa de reposição para todos os trabalhadores que se aposentam), como a Hungria,
Indonésia e Arábia Saudita (estes dois são países não membros da OCDE).
180

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Na publicação da OCDE Pensions at a glance, apenas dois países apresentaram números


negativos (que indicariam que o sistema, como um todo, é regressivo): o Brasil e a Suécia. A média do
índice para os países da OCDE foi de 39,2 em 2013, enquanto para os países da União Europeia foi
de 29,1. Argentina, México e Chile (os outros países sul-americanos acompanhados) apresentaram
índices de 26,4; 47,4; e 27,9.
Em termos de contribuições, o Brasil é identificado como o terceiro país com maior nível
percentual de contribuição em 2012, com 31% (11% do empregado e 20% do empregador). Acima
estariam apenas a Hungria (34%) e a Itália (33%). A média da OCDE para o indicador foi de 19%,
enquanto a da UE foi de 23%.
Para os gastos com Aposentadorias por Idade e Pensões por Morte, a OCDE não explicita os
números brasileiros, mas aponta a média do bloco como de 7,8% em 2009, com 27% deste total gasto
diretamente pelos governos. Os números brasileiros, para o RGPS, foram apresentados no Tópico 2, e
equivalem a 1,6% do PIB para cada espécie, totalizando 3,2%, valor em patamar próximo ao de
países da OCDE como a Austrália (3,5%), o Chile (3,6%) e o Canadá (4,5%).
Dentre os demais indicadores, o perito externo destaca a ‘Taxa de reposição bruta’ brasileira,
indicador que apontou a semelhança da generosidade das aposentadorias brasileiras com as
europeias para os trabalhadores que recebam valores médios de salários e que tenham contribuído
em toda sua idade laboral. Destaca, no entanto, que essa semelhança cessa aos casos de salários
maiores ou menores que a média, quando o sistema brasileiro se torna menos generoso àqueles que
recebem abaixo da média e mais generoso aos que recebem acima da média, conforme pode ser
visualizado na Tabela 28.
Tabela 28: Taxa bruta de reposição - OCDE 2013
Mediana 0,5*Média Média 1,5*Média
Grécia 64,0 75,4 53,9 46,7
Hungria 73,6 73,6 73,6 73,6
Polônia 48,8 49,3 48,8 48,8
Portugal 55,0 67,5 54,7 54,1

OCDE - homens 57,9 71,0 54,4 48,4


OCDE - mulheres 57,2 70,3 53,7 47,7

Brasil - homens 57,5 55,4 57,5 61,7


Brasil - mulheres 52,3 50,3 52,3 56,1

UE - homens 60,0 69,6 58,0 53,3


UE - mulheres 59,7 69,3 57,7 53,1
O trabalho do perito externo finaliza com uma análise crítica de quais os principais pontos em
que o sistema de controle e monitoramento da Comissão Europeia poderia inspirar o Brasil e quais
pontos que, no contexto europeu, ainda precisariam de melhorias.
Uma das maiores inovações identificadas por ele foi o Método Aberto de Coordenação (OMC),
que permitiu à União Europeia o desenvolvimento de uma nova forma de lidar com o desenvolvimento
das políticas públicas dos Países membros. A ruptura se deu ao passar de um relacionamento de
alterações legislativas baseadas em tratados (forma rígida e burocrática) a um sistema em que a
competência de se aprimorar a Governança do ente permanece com o Estado, mas os demais a
influenciam de uma forma mais sutil.
O método agregaria, portanto, dois elementos: cognitivo, com a ênfase em se criar
oportunidades para que os Estados estivessem cientes do que acontecia nos territórios vizinhos e que
pudessem aprender com essas outras experiências; e normativo, uma vez que se acordavam objetivos
e indicadores comuns, implementando a chamada ‘pressão dos pares’.
Há, no entanto, críticas a como o OMC deveria ser implementado. Partidários de uma maior
federalização da União Europeia o criticam por suas decisões não serem vinculantes e pelo baixo
181

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

impacto direto nas políticas nacionais e da Comissão Europeia; enquanto partidários de uma maior
soberania nacional dos países europeus creem que o método cria uma harmonização às escondidas,
expandindo o papel da Comissão Europeia sobre áreas de crucial interesse e competência dos
parlamentos nacionais.
De qualquer maneira, o perito externo destaca o sucesso da aplicação do OMC, uma vez que se
conseguiu desenvolver uma série de indicadores e estatísticas em uma área complexa e heterogênea,
como a Previdência Social. Uma das razões desse sucesso, segundo o perito, é o uso de indicadores de
resultado, ao invés de indicadores de insumos. Não se analisa, por exemplo, o nível de generosidade
de determinado país, mas sim os indicadores de pobreza e desigualdade. Seria, em sua opinião, mais
fácil concordar quanto a objetivos a serem atingidos do que às formas em que eles seriam alcançados.
Uma crítica levantada à história do OMC é a falta de sinergia dos processos burocráticos.
Inicialmente, as políticas previdenciárias e as políticas de emprego eram vistas como independentes.
Por um lado, alterações previdenciárias para aumentar os requisitos etários ou para estimular
maiores períodos contributivos devem ser ajustados por políticas de emprego, de forma a não
aumentar a pobreza ou a desigualdade. Já pelo viés do trabalho, políticas ativas de emprego, quando
não envolvem políticas previdenciárias, podem estimular as pessoas a não trabalhar.
Outro conflito decorrente dessa falta de sinergia é a escolha entre adequação e
sustentabilidade. Dada a crescente união econômica e monetária por que passou a UE, surgiu a
necessidade de se aumentar, também, a integração fiscal. As diretorias de assuntos econômicos e
financeiros da Comissão Europeia focaram, então, nos gastos previdenciários, principal item dos
gastos públicos de muitos países. A diretoria de assuntos sociais e de emprego, no entanto,
desaprovou o viés utilizado no primeiro Ageing Report e auxiliou na criação de um relatório conjunto
entre os dois grupos, de forma a estabelecer critérios de adequação e modernização dos sistemas
previdenciários.
A partir de então, o OMC tem utilizado a premissa de que sustentabilidade e adequação não são
objetivos conflitantes, mas dois lados de uma mesma moeda: um sistema inadequado criará pressão
política para sua expansão, enquanto um sistema insustentável resultará em mudanças ad-hoc e
tempestivas com impactos sociais negativos (aumentando a inadequação do sistema).
Uma das críticas trazidas pelo perito externo, nesse tema, é a ausência de projeções quanto aos
indicadores de adequação. Apesar de se projetarem os gastos previdenciários, não há projeções para
pobreza entre idosos e taxas de reposição. A Comissão Europeia conta apenas com projeções da taxa
teórica de reposição (com as regras atuais, essa taxa seria a reposição que alguém que contribuísse
quarenta anos iria receber).
Em suma, o perito externo traz que, para haver um sistema de monitoramento efetivo, em
políticas previdenciárias, é necessário que se desenvolva:
a) Objetivos claros para o sistema previdenciário;
b) Indicadores que foquem resultados, correntes e projetados;
c) Modo transparente para avaliação de progresso (por meio de metas quantificáveis, para
maior accountability);
d) Fóruns para constante discussão dos indicadores e avaliação de progresso (ambientes
técnicos, mas que contemplem os diferentes stakeholders); e
e) Acordo claro de Governança, que defina a natureza das recomendações resultantes e que
tenha impacto nas decisões relacionadas às políticas previdenciárias.
Do exposto no Tópico 7: Adoção de indicadores para avaliação de políticas previdenciárias,
conclui-se que o método utilizado pela Comissão Europeia para acompanhar os indicadores nacionais
(Método Aberto de Cooperação) poderia ser replicado no Brasil, substituindo os atores internacionais
(Estados-membro) por stakeholders nacionais (órgãos dos Poderes Legislativos e Executivos da
União, estados e municípios, associações representantes de empregados, empregadores e
aposentados, entre outros), de modo a aprimorar o controle social, transparência e Governança das
políticas públicas previdenciárias.
182

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4 – Conclusão
Pelo exposto no presente Levantamento de Auditoria, nota-se a complexidade do tema em
destaque: a sustentabilidade dos regimes brasileiros de Previdência Social. Buscou-se compará-lo a
alguns sistemas de previdência estrangeiros, de forma a aprimorar a discussão da Previdência Social
brasileira, permitindo que se busquem soluções de longo prazo aos problemas enfrentados por esses
países nos últimos anos.
Nesse contexto, é essencial a conscientização dos formadores e aplicadores de políticas públicas
quanto ao risco que o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) corre ao não se abordarem temas
como o envelhecimento populacional, a redução da taxa de fecundidade, o aumento da expectativa de
vida, e os impactos que tais mudanças geram à saúde financeira do RGPS.
O trabalho buscou, por meio das análises de peritos externo e local, comparar a situação do
Brasil, país ainda jovem e com pouco desenvolvimento econômico e social, com países mais velhos
(em diferentes graus) e com desenvolvimento econômico e social semelhante, verificando quais as
soluções e resultados adotados por esses países.
Essa experiência, por se inserir em um trabalho conjunto com os Diálogos Setoriais, permitiu,
ainda, o intercâmbio de experiências com especialistas de Previdência Social, permitindo enriquecer
o arcabouço ferramental da equipe do Tribunal.
Dessa forma, os dados e informações coletados no Levantamento, permitirão ao TCU aprimorar
o debate das políticas públicas brasileiras, contextualizando-os com as evoluções por que o tema tem
passado internacionalmente.

5 – Propostas de encaminhamento
Considerando as diferenças estruturais dos sistemas previdenciários europeus e brasileiro, bem
como as características singulares do acordo realizado entre o Tribunal de Contas da União e os
Diálogos Setoriais, propomos que o Tribunal de Contas da União:
Dê ciência ao Ministério da Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social, às
Presidências e Comissões temáticas de Previdência Social do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, à Casa Civil e aos Diálogos Setoriais das decisões que vierem a ser proferidas no âmbito
do presente processo, acompanhadas da presente instrução e dos estudos produzidos pelos peritos
local e externo, constantes das peças 23 e 24.
Arquive o atual processo”.
É o relatório.

VOTO
Trago à apreciação deste Plenário trabalho que considero de extrema relevância em face da
atualidade do tema e do constante desafio nacional por um equilíbrio fiscal sustentável, provavelmente
um dos mais interessantes que submeto a este Colegiado no presente ano. Trata-se de Levantamento de
Auditoria que tem o objetivo de promover estudo comparativo entre o Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) brasileiro com os regimes previdenciários públicos de quatro países da União Europeia
- Portugal, Grécia, Polônia e Hungria -, no que se refere à estrutura demográfica e econômica,
benefícios, regras, financiamento, indicadores de saúde do sistema e de qualidade dos serviços,
benefícios não sustentáveis, ações para mitigar pressões sobre o equilíbrio fiscal e principais reformas
previdenciárias realizadas nos últimos anos, a fim de apontar oportunidades de melhoria a serem
incorporadas ao nosso sistema.
2. Além desse objetivo específico, o levantamento buscou a realização de comparativo técnico
entre o Brasil e os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
de forma a avaliar aspectos relacionados às distorções introduzidas no sistema de Previdência Social
183

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pela concessão de benefícios considerados anacrônicos e não condizentes com a realidade demográfica
e econômica brasileira, conforme proposta apresentada pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues na
Sessão Plenária de 9/10/2013.
3. A dimensão valorativa da função Previdência Social pode ser traduzida pela magnitude de
seus números. A título de ilustração, as informações referentes ao exercício de 2014 são as seguintes:
valor das contribuições para o Regime Geral de Previdência Social: R$ 312 bilhões, correspondendo a
25% do total arrecadado; despesas empenhadas: R$ 495 bilhões, correspondendo a cerca de 40% do
montante, considerando apenas as despesas primárias, ou seja, excluindo-se do total as despesas
financeiras associadas aos serviços da dívida pública (fonte das informações: TC 005.335/2015-9 –
Contas do Governo da República, exercício 2014).
4. Com efeito, a oportunidade e a relevância do tema são notórias, mormente no cenário
econômico atual em que o país enfrenta desequilíbrio nas contas públicas, em especial diante dos
gastos com a Previdência Social, e a redução do nível de atividade econômico, com aumento do
desemprego, agrava a crise fiscal.
5. Sensível à importância estratégica da matéria no contexto nacional, o Ministro Vital do Rego,
relator dos processos do Ministério da Previdência Social, trouxe a apreciação deste colegiado, em
2/9/2015, algumas informações que ilustram um quadro geral do sistema previdenciário brasileiro:
elevação da expectativa de vida: hoje são 22 milhões de idosos e até 2040 esse número deve triplicar;
nos últimos 13 anos, a expectativa de vida subiu 12,4 anos; aumentos significativos no piso dos
benefícios (salário mínimo); benefício rural não é contributivo; momento atual de elevação de
desemprego e da informalidade, o que deverá gerar tendência de redução da arrecadação; elevação
substancial, ano a ano, do déficit previdenciário: em 2014, o déficit foi de R$ 120 bi; em 2015, deve
ser de R$158 bi; em 2016, deve ser de R$ 195 bi; elevação anual de R$ 40 bi.
6. A propósito, este Tribunal, em 2014, determinou por meio do Acórdão 3.414/2014-Plenário,
Fisc-Previdência Social, que a Casa Civil apresentasse plano de ação para, dentre outras, atacar as
fragilidades identificadas no RGPS.
7. Ademais, a realização desse estudo comparativo também tem como intuito contribuir para a
melhora da Governança do Estado brasileiro, especificamente quanto às políticas de Previdência
Social.

II
8. O presente trabalho foi realizado em conjunto pelo Tribunal de Contas da União e pelos
Diálogos Setoriais, que são uma nova dinâmica de cooperação entre a União Europeia (UE) e o Brasil,
sobre os mais diversos temas, que se dão com base em princípios de reciprocidade e
complementaridade e visam o intercâmbio de conhecimentos e experiências em áreas de interesse
mútuo.
9. Partindo de premissas definidas pela equipe de auditoria do Tribunal (definição do escopo do
trabalho, das questões a serem abordadas e dos critérios e países a serem estudados), consubstanciadas
na definição da matriz de planejamento, perito europeu contratado com suporte do Projeto Apoio aos
Diálogos Setoriais UE-Brasil realizou estudo para levantar informações dos sistemas previdenciários
de países europeus, entre elas estrutura, critérios e indicadores de avaliação e controle previdenciários
e formas de financiamento dos benefícios, além de experiências bem-sucedidas. Com base na
experiência europeia retratada nesse estudo, perito brasileiro realizou análise comparativa dessas
informações com a realidade previdenciária do Brasil.
10. Compõem o presente trabalho, ainda, impressões e argumentos coletados em Painel de
Referência coordenado pelo Tribunal e em missão técnica do TCU à unidade de Proteção Social e
Sistemas de Ativação (Social Protection and Activation Systems) da Comissão Europeia. No painel,
a equipe de auditoria apresentou os principais temas analisados pelos peritos a um grupo de
especialistas do Ministério da Previdência Social (MPS), do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, entre outros. Por sua vez, na referida
184

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

missão, foram discutidos os principais desafios enfrentados pela supervisão supranacional da


Comissão Europeia no tema da Previdência Social.
11. No Relatório de Levantamento de Auditoria, o tema foi dividido em sete tópicos e a
abordagem de cada tópico foi realizada juntamente com informações trazidas pelos peritos local e
externo, bem como por análises realizadas pela equipe de auditoria, que coletou informações de
diferentes fontes públicas, tais como relatórios da OCDE, do Banco Mundial, das Nações Unidas, da
União Europeia e do IBGE.
12. Importante ressaltar que o estudo comparativo não se restringiu aos quatro países, haja vista
que os auditores do Tribunal utilizaram informações de todos os integrantes da OCDE, em
atendimento à proposta do Ministro Walton Alencar aprovada na sessão plenária de 9/10/2013.

III
13. Consoante exposto no relatório precedente, as informações, dados, análises e conclusões do
trabalho permitirão ao TCU aprimorar o debate das políticas públicas previdenciárias brasileiras,
contextualizando-o com as evoluções por que o tema tem passado em âmbito internacional.
14. Dos sete tópicos em que se estruturou o estudo, destaco os seguintes pontos.
III.1. Estrutura econômica e demográfica dos países
15. Em relação aos dados demográficos, verifica-se que o Brasil tem uma pirâmide etária mais
jovem que a dos países europeus. Embora a situação brasileira seja considerada favorável, pelo bônus
demográfico atual, as projeções são preocupantes, pois indicam rápido envelhecimento da população
brasileira nos próximos anos, semelhante ao ocorrido nos países europeus em passado recente,
aproximando, assim, as duas realidades.
16. Os gráficos 4, “Pirâmide Etária Absoluta – Brasil – Projeção 2010”, e 5, “Pirâmide Etária
Absoluta – Brasil – Projeção 2060”, constantes do relatório precedente, ilustram que a população
brasileira ainda apresenta estrutura etária em formato de “sino”, mas a base da figura, que representa
pessoas em idade produtiva, tenderá a se estreitar, até equiparar-se à conjuntura de países mais antigos,
como os europeus ou o Japão, em formato de “vaso”.
17. Esse comportamento também pode ser observado nas projeções realizadas pela Organização
das Nações Unidas (ONU), conforme se observa nos gráficos 1 e 2, a seguir, que permitem
acompanhar a evolução da taxa de dependência brasileira (razão entre a população em idade inativa e a
população em idade ativa).
185

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18. Da evolução da taxa de dependência, extrai-se que até o ano 2020, época em que ocorre o
fim do bônus demográfico (ponto de inflexão aproximado da curva vermelha no gráfico 1), haverá um
aumento lento e gradual na taxa de dependência, alcançando-se cerca de 13% (gráfico 2) (significa que
para cada 8 pessoas em idade ativa, haverá 1 em idade inativa - idoso). Esse aumento será acelerado,
então, entre os anos de 2020 e 2070, ultrapassando o patamar de 50%, indicando que, nesse momento,
a cada duas pessoas em idade ativa, haverá um idoso. Ocorre, no terceiro momento, uma redução na
aceleração do crescimento da taxa de dependência, resultando em valores pouco superiores a 60% em
2100, o que significa que para cada 10 brasileiros em idade ativa, haverá 6 idosos com mais de 65
anos.
19. Em verde, no gráfico 2, insere-se a taxa de dependência agregando aos idosos os jovens com
até 14 anos. Nessa curva, verifica-se mais claramente o impacto da redução da fecundidade brasileira
na taxa de dependência, com a respectiva diminuição percentual do número de jovens. Nessa curva,
também se vê a inflexão ocorrida em 2020, ponto com a menor taxa de dependência do período.
20. Os trabalhos realizados por esta Corte de Contas nos últimos anos têm demonstrado
preocupação com os problemas previdenciários, em especial com o impacto da estrutura demográfica e
econômica brasileira na sustentabilidade financeira e atuarial da previdência (Acórdãos TCU-Plenário
2.059/2012 e 3.414/2014).
21. No Acórdão 2.059/2012-Plenário, Relator Ministro José Múcio Monteiro (Auditoria sobre a
sustentabilidade dos regimes previdenciários brasileiros), dentre os pontos estudados pelo Tribunal,
destaca-se a atenção dada à estrutura dos regimes previdenciários brasileiros. Nessa deliberação, o
TCU orientou o Ministério da Previdência Social a realizar estudos que subsidiem projetos de lei
visando instituir mudanças paramétricas no regime geral, a médio e longo prazos, de forma a garantir a
manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial do RGPS. Ressalto que essa orientação está em
consonância com o que está mostrando o estudo comparativo dos presentes autos. O seguinte trecho
dessa deliberação ilustra essa situação:
“41. Os déficits registrados no RGPS estão relacionados a uma série de fatores, dentre os quais
se destacam, em ordem de importância: evasão fiscal (incluindo informalidade nas relações de
trabalho); aposentadoria rural; baixa efetividade na recuperação da dívida previdenciária; renúncias
de receitas; reajustes do salário mínimo acima dos índices de inflação; déficit urbano – resultado do
desenho do plano de benefícios no Brasil.
42. Sobre esse último ponto, embora esteja longe de ser, atualmente, um dos mais relevantes na
formação do déficit da previdência, cabe salientar que a população brasileira vem envelhecendo e,
cada vez mais, a base de contribuintes será proporcionalmente menor em relação aos beneficiados,
186

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

o que poderá, em um horizonte mais ou menos curto, comprometer a sustentabilidade do sistema.


Por isso mesmo, recentemente, o Fundo Monetário Internacional recomendou aos países que criem
mecanismos automáticos de elevação da idade da aposentadoria sempre que haja aumento na
longevidade da população. A questão, apesar de politicamente delicada, algum dia deverá ser
enfrentada por nosso país (grifo nosso).”

III.2. Principais benefícios de Seguridade Social


22. Embora o modelo brasileiro possua algumas semelhanças nas espécies de benefícios e em
suas condições, existem alguns pontos com divergências significativas, como a ausência de
condicionalidades das pensões por morte e a aposentadoria por tempo de contribuição, benefício que
tem sido eliminado dos sistemas previdenciários europeus.
23. Oportuno destacar que as recentes alterações no sistema previdenciário brasileiro incluíram
alguns condicionantes para a concessão das pensões por morte (Lei 13.135, de 17 de junho de 2015).
24. Em relação aos gastos previdenciários em percentual do PIB, o Brasil situa-se no mesmo
patamar de países com percentual de idosos bem superiores aos nossos, ou seja, gastamos o mesmo
montante de recursos que países que tem mais que o dobro de nosso percentual de idosos (somos um
país jovem com gastos previdenciários elevados). O Gráfico 18 – “Gastos previdenciários em
percentual do PIB - Países abaixo da média da OCDE”, constante do relatório precedente, ilustra bem
essa situação.
25. Quanto aos valores dos benefícios, em todos os modelos europeus selecionados, há, na
quantificação de renda, proporcionalidade relacionada aos anos de contribuição. Nesse aspecto, a
comparação com os modelos europeus reflete a urgência necessária de medidas estruturais de reforma
no modelo brasileiro, ao contrário das ações meramente paramétricas que têm sido adotadas desde
1998.

III.3. Estrutura de financiamento e controle


26. Neste tópico, o estudo mostra que os modelos de financiamento avaliados não diferem
significativamente do modelo brasileiro, sendo financiado por contribuições dos beneficiários diretos e
indiretos (empregados e empregadores), reproduzindo a lógica bismarckiana de custeio dos sistemas,
assim como as formas de se gerenciar os sistemas previdenciários nacionais, à exceção de alguns
outros modelos.
27. Como no sistema brasileiro, parte dos modelos também se financiam com a utilização de
tributos, na hipótese de déficit do sistema de Seguridade Social.
28. Importante registrar que os sistemas previdenciários dos países estudados têm passado por
reformas que podem, no futuro, propiciar melhor controle dos valores envolvidos.

III.4. Sustentabilidade financeira e atuarial


29. O estudo mostra que há grande preocupação, tanto nos países estudados, quanto no Brasil,
com a evolução das receitas e despesas previdenciárias.
30. No tocante à forma de controle e definição da saúde financeira dos sistemas previdenciários,
foi observada diferença de abordagem: enquanto no Brasil a maior preocupação das entidades
envolvidas se dá no resultado previdenciário, ou seja, no déficit ou superávit resultante da soma de
despesas e receitas previdenciárias; na Comissão Europeia, o controle busca identificar qual o nível de
despesas que as nações dedicam à Previdência Social, bem como os resultados dos sistemas adotados
(adequação, efetividade da política previdenciária), respeitando, assim, a soberania de cada Estado-
membro.
31. O comportamento das arrecadações, dos pagamentos de benefícios e da necessidade de
financiamento do RGPS brasileiro está ilustrado no Gráfico 22 – “Necessidade de financiamento em
relação ao PIB (valores nominais) 2009 a 2013”, constante do relatório precedente. Observa-se que,
apesar do nível de gastos brasileiro situar-se em patamar inferior aos dos quatro países da UE
187

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

analisados - no Brasil o percentual não chega a 8% do PIB, enquanto nos países europeus gasta-se
entre 11 e 15% -, há constante necessidade de financiamento, na ordem de 1% do PIB brasileiro.
32. Oportuno destacar que desde 2001, a Comissão Europeia e os Estados-membro preparam
relatórios, a cada dois anos, em que analisam o envelhecimento das populações europeias (Ageing
Report). Esses estudos baseiam-se em metodologias, definições e premissas previamente acordadas
entre os participantes e buscam analisar os impactos econômicos e orçamentários que o
envelhecimento populacional exerce em cada país. Verificam-se, ainda, as projeções de gastos em
Previdência, Saúde, Cuidados de Longa Duração (doenças crônicas e deficiências), Desemprego e
Educação para os próximos cinquenta anos.
33. Além disso, em 2001, essa Comissão definiu três objetivos das políticas previdenciárias, a
saber: (i) adequação: rendimentos de aposentadoria adequados para todos e acesso a aposentadorias
que permitam às pessoas a manutenção, em um grau razoável, de seu padrão de vida após a
aposentadoria, no espírito da solidariedade e justiça entre as gerações; (ii) sustentabilidade: a
sustentabilidade financeira dos regimes públicos e privados de aposentadoria, considerando as pressões
do envelhecimento populacional nas finanças públicas e no contexto das três vertentes da estratégia
previdenciária: apoiar vidas laborais mais longevas e ativas; equilibrar contribuições e benefícios de
forma socialmente equilibrada e justa; e promover a acessibilidade e segurança de regimes privados de
aposentadoria; e (iii) modernização: sistemas transparentes, adaptados às necessidades e aspirações de
homens e mulheres, e às mudanças estruturais e demográficas das sociedades modernas, garantindo,
ainda, que as pessoas tenham informações suficientes para o planejamento de suas aposentadorias e
que as reformas sejam conduzidas com base no mais amplo consenso.
34. Esses objetivos são desmembrados em indicadores, primários e secundários, que são
monitorados anualmente para toda a UE, incentivando uma análise comparativa entre os países, de
forma a salientar as piores performances e auxiliar tais países com recomendações específicas.
35. Finalizando esse tópico, relevante observar que Corte Europeia já admitiu, expressamente,
até a possibilidade da redução de benefício já concedido, desde que visando, comprovadamente,
estabelecer um sistema previdenciário eficiente e equilibrado. O balanço adequado entre justiça social
e a economia do Estado não seria alcançado se imposto ao segurado um ônus excessivo. Tais
premissas podem subsidiar, em alguma medida, a conduta das Cortes brasileiras, de forma a explicitar
a necessidade de adequação financeira e atuarial para preservação do sistema previdenciário para
gerações futuras.

III.5. Contribuições parciais


36. Esta questão inclui o fenômeno da informalidade do mercado de trabalho, comum às
realidades europeia e brasileira. O estudo conclui que a informalização é mais relevante e material no
mercado brasileiro e que os sistemas de Previdência e Trabalho europeus ainda não identificaram
mecanismos capazes de mitigar satisfatoriamente a influência da informalidade na adequação dos
sistemas previdenciários nacionais.
37. Importante ressaltar que a informalidade no Brasil é um problema gravíssimo para a
previdência e assistência social (vide Acórdão TCU-Plenário 733/2015, Relator Ministro-Substituto
Augusto Sherman Cavalcanti – Levantamento de Auditoria no Programa do Seguro-Desemprego com
foco na análise comparativa e avaliativa dos sistemas de seguro-desemprego adotados no Brasil e nos
países da União Europeia (UE), acerca da viabilidade e da sustentabilidade dos respectivos modelos de
gestão e controle).

III.6. Reformas previdenciárias


38. Nas últimas décadas, os países europeus passaram por cenários de crises fiscais, agravadas
por questões demográficas, o que exigiu a implementação de reformas previdenciárias no sentido de
equacionar a sustentabilidade de seus regimes.
188

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

39. Nesse contexto, o Brasil tem a oportunidade identificada neste levantamento de propor
alterações no seu sistema previdenciário com vista a repartir o impacto econômico e social que essas
reformas causarão. Quanto mais tardar tais reformas, maior será o impacto que esses ajustes
acarretarão.
40. O estudo conclui que a União Europeia, por se tratar de conjunto heterogêneo de países, com
diferentes perfis demográficos, econômicos e sociais, pode servir de inspiração ao planejamento das
políticas públicas previdenciárias brasileiras.

III.7. Adoção de indicadores para avaliação de políticas previdenciárias


41. Nesta questão, verificou-se a existência de diversos indicadores, bem como de Grupo de
Trabalho para discussão e coleta de dados relacionados ao mercado de trabalho, emprego e assuntos
sociais (Directorate for Employment, Labour and Social Affairs).
42. Especificamente quanto aos indicadores de Previdência Social, a OCDE dispõe de vinte e
oito divididos em cinco áreas: Direito à Aposentadoria (Pension entitlements); Renda de idosos e
pobreza (Incomes and poverty of older people); Sistemas de financiamento de Aposentadoria
(Finances of retirement-income systems); Contexto demográfico e econômico (Demographic and
economic context); e Reservas para aposentadorias públicas e privadas (Private pensions and public
pension reserves).
43. Identificou-se como uma das maiores inovações o Método Aberto de Coordenação (Open
Method of Coordination - OMC), que permitiu à União Europeia o desenvolvimento de uma nova
forma de lidar com a questão das políticas públicas dos países membros. Passou-se de um
relacionamento de alterações legislativas baseadas em tratados, estruturados de forma rígida e
burocrática, a um sistema em que a competência de se aprimorar a governança do ente permanece com
o Estado, mas os demais a influenciam de uma forma mais sutil.
44. Esse método, cujas bases são a identificação e definição conjunta de objetivos a serem
atingidos, estabelecimento conjunto de instrumentos de medição, e estudos de casos de sucesso
(benchmarking), com intercâmbio das melhores práticas entre as instituições nacionais
especializadas, permite aos Estados-membro avaliarem-se uns aos outros (pressão dos pares), o que
trouxe ao bloco um grau mínimo de controle difuso sobre as políticas públicas nacionais de cada país.
45. Uma vez que se conseguiu desenvolver uma série de indicadores e estatísticas em área
complexa e heterogênea como a Previdência Social, a aplicação do OMC foi um sucesso. Uma das
razões é o uso de indicadores de resultado, ao invés de indicadores de insumos. Não se analisa, por
exemplo, o nível de generosidade de determinado país, mas sim os indicadores de pobreza e
desigualdade. Seria mais fácil concordar quanto a objetivos a serem atingidos do que às formas em que
eles seriam alcançados.
46. Ainda segundo o estudo, para haver um sistema de monitoramento efetivo em políticas
previdenciárias, é necessário que se desenvolvam Objetivos claros para o sistema previdenciário;
Indicadores que foquem resultados, correntes e projetados; Modo transparente para avaliação de
progresso (por meio de metas quantificáveis, para maior accountability); Fóruns para constante
discussão dos indicadores e avaliação de progresso (ambientes técnicos, mas que contemplem os
diferentes stakeholders); e Acordo claro de governança, que defina a natureza das recomendações
resultantes e que tenha impacto nas decisões relacionadas às políticas previdenciárias.
47. Neste tópico, o estudo comparativo conclui que o método utilizado pela Comissão Europeia
para acompanhar os indicadores nacionais - Método Aberto de Cooperação - poderia ser replicado no
Brasil, substituindo os atores internacionais (Estados-membro) por stakeholders nacionais (órgãos dos
Poderes Legislativos e Executivos da União, estados e municípios, associações representantes de
empregados, empregadores e aposentados, entre outros), de modo a aprimorar o controle social, a
transparência e a governança das políticas públicas previdenciárias.
189

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

48. Além dos efeitos positivos de se utilizar o OMC na esfera federal (RGPS), esse método
também poderá servir de modelo à supervisão realizada pelo Ministério de Previdência Social nos
regimes próprios de Previdência Social estaduais e municipais.

IV

49. A oportunidade e relevância deste trabalho desenvolvido pela Secretaria de Controle Externo
da Previdência, do Trabalho e da Assistência Social – SecexPrevidência, em conjunto com Diálogos
Setoriais, devem ser reconhecidas em face da necessidade e urgência de se promover ajustes no
sistema de Previdência Social brasileiro, não só pelas pressões demográficas, mas também, e
principalmente, para que se busque sustentabilidade financeira e atuarial das contas da previdência.
50. Não podemos perder de vista o impacto que a Previdência Social tem sobre os brasileiros que
contribuem durante longos anos de suas vidas para que, em momentos críticos ou em que alcançarem
determinada idade, possam ter garantida a tranquilidade de contar com o apoio da máquina estatal,
tanto no aspecto de poder programar sua aposentadoria com segurança e previsibilidade quanto na
dignidade do recebimento de benefícios previstos na forma da lei.
51. Entendo que é primordial a conscientização dos formadores e aplicadores de políticas
públicas quanto ao risco que a Previdência Social corre ao não se abordarem temas como o
envelhecimento populacional, a redução da taxa de fecundidade, o aumento da expectativa de vida, e
os impactos que tais mudanças geram à saúde financeira da Previdência Social.
52. O estudo evidencia que, frente à previdência europeia, a brasileira tem grandes desafios,
entre os quais destaco: idade mínima atrelada à expectativa de vida da população, condicionantes para
concessão de pensões, aposentadoria por tempo de contribuição, diferenciação de gênero, benefício
rural não contributivo, informalidade, inadimplência e adequação dos benefícios.
53. Com o aumento exponencial do déficit da previdência social, se o Brasil não encontrar uma
solução no curto prazo, cada vez teremos de cortar mais recursos de outras áreas para cobrir esse
déficit. Está na hora do Brasil fazer reforma previdenciária seguindo as boas práticas de governança,
como os países europeus!
54. Conforme bem realçou a SecexPrevidência, o TCU, em sua função de zelar pelo patrimônio
público e garantir a melhoria contínua da governança da gestão pública, tem orientado seus esforços a
trabalhos que busquem, além da verificação da conformidade dos gastos públicos, também a realização
de avaliações qualitativas que permitam o aprimoramento de técnicas e processos realizados pelos
gestores públicos.
55. Nesse contexto, oportuno lembrar que o Tribunal de Contas da União, por meio dos diversos
trabalhos realizados ao longo dos últimos anos, tem atuado como agente catalisador na evolução do
controle e na definição das políticas públicas previdenciárias, e, assim, contribuído para o
aprimoramento da governança do sistema previdenciário brasileiro. Dentre esses trabalhos, destaco
três: Acórdão 3.414/2014-Plenário – Relatório Sistêmico da Função Previdência Social – Fisc -
Previdência Social –, Ministro Relator Aroldo Cedraz (TC 010.651/2014-4); Acórdão 2.059/2012-
Plenário – Auditoria sobre a sustentabilidade dos regimes previdenciários brasileiros (TC
015.529/2010-0), e o recente Acórdão 2.314/2015-Plenário – Monitoramento das determinações
expedidas por meio do Acórdão 2.059/2012-Plenário com as alterações introduzidas pelo Acórdão
2.468/2013-Plenário (TC 034.660/2014-3), ambos da relatoria do Ministro José Múcio Monteiro.
56. Considero que o presente Levantamento de Auditoria atingiu o objetivo previsto de fornecer
um estudo comparativo entre o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) brasileiro com os regimes
previdenciários públicos de quatro países da União Europeia e de países da OCDE. Esse estudo
avaliou soluções de longo prazo aos problemas enfrentados por esses países nos últimos anos, no
sentido de contribuir e aprimorar o debate sobre a Previdência Social brasileira.
57. Dessa forma, entendo adequada a proposta da SecexPrevidência de se dar ciência do acórdão
que vier a ser prolatado nestes autos, bem como do relatório e voto que o fundamentam,
190

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

acompanhados dos estudos produzidos pelos peritos local e externo, constantes das peças 23 e 24, aos
diversos órgãos, entidade e Comissões do Congresso Nacional diretamente envolvidos nas áreas
previdenciária e orçamentária, e, também, aos Diálogos Setoriais.
58. Por último, gostaria de destacar a qualidade e o zelo dos trabalhos desenvolvidos pelos
auditores da SecexPrevidência, na figura de seu Secretário, do Supervisor e do Coordenador da Equipe
de Auditoria, respectivamente Fabio Henrique Granja e Barros, Jorge Mendes de Oliveira Castro Neto
e Rodrigo Otavio Coelho Hildebrand, e pelos peritos – local, Dr. Fábio Zambitte Ibrahim, e externo,
Dr. Aaron George Grech –, cujas informações, análises e conclusões, expostas de forma clara e
objetiva, visam contribuir para o aprimoramento do sistema previdenciário brasileiro.
59. Por oportuno, acolho a sugestão do eminente Ministro-Substituto André Luís de Carvalho de
incluir determinação para que a SecexPrevidência realize acompanhamento anual da situação da
Previdência Social brasileira.
60. Feitas essas considerações, acolho a proposta de encaminhamento formulada pela equipe de
auditoria coordenada pela Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social, com os ajustes que entendo pertinentes, bem como a sugestão do Ministro-Substituto André
Luís de Carvalho acima referenciada, e VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2710/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 015.986/2014-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Levantamento de Auditoria.
3. Interessados: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade: Ministério do Trabalho e Previdência Social.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevidência).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria com objetivo de
comparar o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) brasileiro com os regimes previdenciários de
quatro países da União Europeia - Portugal, Grécia, Polônia e Hungria -, no que se refere, entre outros
aspectos à estrutura demográfica e econômica, benefícios, regras, financiamento, indicadores de
sustentabilidade do sistema, ações para mitigar pressões sobre o equilíbrio fiscal e principais reformas
previdenciárias realizadas nos últimos anos,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em
9.1. encaminhar, para ciência, cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a
fundamentam e dos estudos produzidos pelos peritos local e externo, constantes das peças 23 e 24, ao
Ministério do Trabalho e Previdência Social, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), à Casa Civil da Presidência da República,
às Presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, à Comissão de Assuntos Econômicos
do Senado Federal, à Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, à Comissão de Meio
Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, à Comissão de
Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, à Comissão de Finanças e Tributação da
Câmara dos Deputados, à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados,
à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, à representação da União Europeia
no Brasil;
191

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. determinar à SecexPrevidência que realize acompanhamento anual da situação da


Previdência Social brasileira, em especial das questões tratadas neste levantamento;
9.3. arquivar os presentes autos;

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2710-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Augusto Nardes
(Relator), Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário

TC-011.620/2012-9.
Natureza: Representação.
Entidade: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia no Estado de São Paulo – Crea/SP.
Interessados: Secex/SP e Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA DO TRIBUNAL. POSSÍVEIS


IRREGULARIDADES RELACIONADAS À: 1) REMUNERAÇÃO DE EMPREGADO DA
ENTIDADE ACIMA DO TETO CONSTITUCIONAL; 2) OFERTA DE CONVÊNIO/SEGUROS DE
SAÚDE PELA ENTIDADE AOS SEUS ASSOCIADOS; 3) DIFERENÇA DE VALORES EM
CAIXA DA ENTIDADE. DILIGÊNCIAS. NÃO COMPROVAÇÃO DAS QUESTÕES ATINENTES
À OFERTA DE CONVÊNIO/SEGUROS DE SAÚDE E À DIFERENÇA DE CAIXA. INSPEÇÃO
PARA AVERIGUAR REMUNERAÇÃO ACIMA DO TETO: INDÍCIOS DE FALHAS NA
INCORPORÇÃO DE ANUÊNIOS E DE FUNÇÕES COMISSIONADAS, E NA PROGRESSÃO DE
NÍVEIS DECORRENTES DA AVALIAÇÃO DE MÉRITO. AUDIÊNCIA DOS RESPONSÁVEIS.
INCIDÊNCIA DA REGRA CONSTITUCIONAL DO TETO REMUNERATÓRIO AOS
CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL, DADA A SUA NATUREZA
AUTÁRQUICA. PARA EFEITO DOS LIMITES REMUNERATÓRIOS DO TETO
CONSTITUCIONAL, INCLUEM-SE AS VANTAGENS PESSOAIS E EXCLUEM-SE AS
PARCELAS DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. ACOLHIMENTO PARCIAL DAS RAZÕES DE
JUSTIFICATIVA DE UMA RESPONSÁVEL. REJEIÇÃO DA DEFESA DOS DEMAIS GESTORES
E APLICAÇÃO DA MULTA PERTINENTE. CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA PARCIAL.
DETERMINAÇÕES.
1) Os Conselhos de Fiscalização de Profissões regulamentadas, dada a natureza autárquica que
possuem, são alcançados pela regra constitucional do teto remuneratório (art. 37, inciso XI, da Constituição
Federal).
2) As vantagens pessoais e outras de qualquer natureza integram o somatório da remuneração para
efeito de verificação do teto constitucional, excluindo-se tão somente aquelas de caráter indenizatório
(art. 37, inciso XI, § 11, da Constituição Federal).

RELATÓRIO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cuidam os autos da Representação formulada pela Secex/SP a partir dos documentos constantes das
Peças 1 e 2 (denúncia sem a identificação da autoria), com base no art. 237, inciso VI, do Regimento
Interno/TCU, acerca de possíveis irregularidades ocorridas no Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia do Estado de São Paulo – Crea/SP.
2. As falhas noticiadas nesta Representação referem-se à:
2.1. remuneração percebida por funcionário do Crea/SP (Peça 1, p. 2): de acordo com o
expediente, o funcionário do Crea/SP Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, supostamente cedido para o
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea, estaria recebendo cerca de R$ 33 mil por mês
de salário do Crea/SP, valor que supera o teto de remuneração para servidores públicos, e teria
patrimônio incompatível com o de um funcionário de autarquia;
2.2. oferta de convênios e/ou seguros de saúde pelo Crea/SP a seus associados (Peça 1, p. 2/3): o
documento questiona se o oferecimento de planos de saúde, seguros e convênios de saúde para todos
os profissionais registrados faz parte das finalidades legalmente estabelecidas (Lei 5.194/1966) para
aquela Autarquia Federal de fiscalização do exercício profissional. Acrescenta que, pelo acesso aos
mais de 400.000 profissionais registrados no Crea/SP, com a chancela do seu presidente, inclusive pelo
seu site oficial, as empresas Qualicorp, Sul América, Unimed Paulistana, Qamil, Omint, Medial e
Notre Dame, que vendem planos de saúde, a alta direção do Crea/SP receberia cerca de R$ 100.000,00
por mês, de forma não registrada;
2.3. diferença de valores em caixa do Crea/SP (Peça 2, p. 2): constam também informações de
que a autarquia profissional teria interrompido, desde setembro do ano de 2011, a publicação de seus
balanços financeiros. Esse fato estaria ligado a alegações do ex-Presidente José Tadeu da Silva, no
sentido de que teria deixado no Crea/SP, após seu desligamento para assumir a Presidência do Confea,
R$ 180 milhões em caixa. Isso porque o presidente que assumiu o Crea/SP em janeiro de 2012 estaria
afirmando publicamente, inclusive em reuniões plenárias mensais (filmadas e gravadas), que só
encontrara R$ 30 milhões em caixa.
3. Após a promoção de diligência pela Secex/SP ao Crea/SP com vistas a obter informações e
documentos para avaliar a matéria representada (Peça 8), registro que autorizei o ingresso nos autos do
Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues na condição de interessado, nos termos do art. 144, § 2º, 146, caput e §
1º, do RI/TCU, consoante o Despacho da Peça 14.
4. Na peça 21, a unidade técnica examinou a resposta à diligência e considerou não confirmadas
as questões relativas à publicação de balanços financeiros e aos registros de valores de caixa do
Crea/SP, bem como aquela atinente à formalização de convênios e/ou seguros de saúde oferecidos aos
associados.
5. Sobre essas duas questões, a unidade instrutiva assim se manifestou (Peça 21, p. 2/3):
‘8. Quanto à ausência de publicação de balancetes financeiros e à suposta diferença de valores
em caixa, o Crea-SP informou que os demonstrativos contábeis são publicados em seu site na Internet,
após serem apreciados pelo Plenário do Conselho (peça 10, p. 9-10).
9. Sobre os atrasos na publicação, esclarece que com a criação do Conselho de Arquitetura e
Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), por meio da Lei Federal 12.378/2010, que determinou o repasse
de 90% da receita sobre anuidades e ARTs, foi necessário auditar o desmembramento da receita, o que
ocasionou atraso no fechamento dos balanços. A pendência, segundo o Crea, já foi sanada, conforme
documentação encaminhada.
10. De fato houve a criação do CAU-SP entre 2010 e 2011, sendo justificável que, no período
em que ocorreu o desmembramento das áreas de Arquitetura e Urbanismo do Crea, tenha havido
algum atraso nas publicações dos balancetes. Ademais, foi confirmado que os demonstrativos
contábeis do exercício de 2011encontram-se publicados no site do Crea-SP e não foram identificadas
quaisquer situações que corroborassem as alegações de irregularidades, razão pela qual conclui-se pela
improcedência da denúncia quanto a esse aspecto.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. No que se refere ao oferecimento de planos de saúde, seguros e convênios de saúde aos
profissionais registrados, o Crea-SP informa que disponibiliza em seu sítio eletrônico um link sobre
planos de saúde e outros benefícios, oferecidos a preços reduzidos em relação ao mercado, para a
categoria dos profissionais da área tecnológica (peça 10, p. 4-5).
12. De acordo com as informações apresentadas, ao Conselho caberia possibilitar que a
Administradora de Benefícios Qualicorp tivesse acesso aos profissionais associados por intermédio de
correspondências comuns, publicações, revistas, boletins informativos, site do Crea-SP, bem como por
meio de congressos, feiras e exposições das quais viesse a participar. Ou seja, a responsabilidade pelas
tratativas junto às operadoras de planos de saúde seria da Administradora Qualicorp, não havendo
quaisquer ajustes entre as empresas e o Conselho Regional.
13. O Conselho destaca que a Qualicorp realizava prestação de serviço à classe, sem qualquer
custo para o Crea-SP e com efetivo benefício dos profissionais registrados. Cópias dos termos de
convênio foram anexadas ao ofício de resposta do Crea (peça 10, p. 765-781).
14. O Secretário Geral do Crea-SP esclarece que os convênios em questão, celebrados em
3/8/2011 com empresas do Grupo Qualicorp, foram firmados em gestão anterior (2009/2011). A nova
Administração do Conselho, iniciada em janeiro/2012, concluiu que os instrumentos foram celebrados
com ausência de cláusulas e falhas de formalização, o que resultou na não prorrogação desses ajustes
após 2/8/2012 (peça 10, p. 7). Assim, foi firmado novo convênio com outra administradora de
benefícios, conveniada com o Crea-SP, mediante chamamento público regularmente realizado, que
assumiria a responsabilidade pela administração dos planos de saúde coletivos por adesão dos
profissionais registrados no Conselho.
15. A partir das informações apresentadas e das cópias dos instrumentos de convênio celebrados
com a Qualicorp, verifica-se que o oferecimento desse tipo de serviço não resulta em qualquer ônus
financeiro ao Conselho. Na peça denunciativa também não são anexadas quaisquer provas ou
elementos que possam corroborar as afirmações de percepção de valores por funcionários do Crea-SP
na celebração desses ajustes. Inclusive pagamentos de taxa de cadastramento e implantação,
correspondentes a uma parcela do valor total do benefício contratado, são cobrados pela Qualicorp
diretamente do usuário titular que subscrever o pedido de adesão, conforme se depreende da cláusula
4.3 do convênio (peça 10, p. 769).
16. Dessa forma, verificada toda a documentação que consta nos autos, não foi identificada
irregularidade na celebração desses convênios entre o Crea-SP e empresas administradoras de planos
de saúde.’
6. A respeito da percepção de salário em valor acima do teto constitucional (art. 37, XI, CF), a
unidade instrutiva constatou, com base nas folhas de pagamento do pessoal do Crea/SP, que o
empregado Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues percebeu a remuneração de R$ 36.117,22, em julho/2012
(Peça 10, p. 695), quantia superior ao teto constitucional de R$ 26.723,13, vigente à época da
ocorrência (Peça 21).
7. Considerando a necessidade de se fazer um mapeamento da cadeia de responsáveis que
possibilitaram a efetivação do pagamento do salário tido como irregular bem como de se obter
informações e documentos adicionais ao entendimento da matéria, a unidade técnica sugeriu e
promoveu inspeção no Crea/SP, com fundamento no art. 240 do RI/TCU e do art. 1º, VI, da Portaria
GAB/MIN/MBC 1/2007 (Peças 21, 22 e 23).
8. Na instrução constante da Peça 69, com a inspeção então realizada no Crea/SP, restaram
configuradas as seguintes irregularidades na remuneração doo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues:
8.1. incorporação de anuênios: incidência sobre a totalidade do salário (inclusive sobre rubrica
de incorporação judicial de função) e não apenas sobre o salário base;
8.2. incorporação de funções comissionadas: extrapolação do limite de 100% de uma função
para incorporação, com recebimento de 15/10 de funções comissionadas diversas; exoneração e
imediata nomeação para o mesmo cargo, ou cargo semelhante, com incorporação dos décimos da
função até então exercida; e
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8.3. avaliações de mérito: obtenção de aumento de sete níveis na tabela do Crea (do degrau 57
para o 63), mediante processos elaborados pelo próprio beneficiário, de forma desarrazoada e não
alinhada a parâmetros de mercado, e sem que fosse observado o critério de ‘equilíbrio entre os pares’
ou havido apreciação sobre se sua remuneração ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente
superior.
9. Em razão de tais achados, a unidade técnica propôs a realização de (Peças 69, 70 e 71): i)
audiência dos responsáveis identificados (Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, ex-Superintendente
Administrativo; Sra. Izildinha Aparecida Amaral Vieira, ex-Gerente de Recursos Humanos; Sr. Ângelo
Petto Neto, ex-Vice Presidente; Sr. José Tadeu da Silva, ex-Presidente); ii) oitiva do Sr. Waldir
Ronaldo Rodrigues e do Crea/SP; e iii) diligência à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
de São Paulo para que informasse ao TCU a quantidade de carteiras de trabalho emitidas em nome do
Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, encaminhando a cópia dos registros existentes em seu nome.
10. Autorizados os procedimentos, de acordo com o Despacho da Peça 72, a unidade
encaminhou aos destinatários os Ofícios/TCU/Secex/SP 1.370/2013 (Peça 75), 1.371 (Peça 78),
1.372/2013 (Peça 77) e 1.780/2013 (Peça 116), a fim de que apresentassem as razões de justificativa
pelas falhas a eles atribuídas.
11. Cientes dos ofícios de audiências (Peças 83, 95, 105 e 121), os responsáveis ofereceram as
razões de justificativa tempestivamente, ainda que se utilizando de prorrogações de prazo, de acordo
com os documentos constantes das peças 103, 111, 113, 114, 115, 119 e 127. As oitivas e a diligência
também foram respondidas pelos requeridos.
12. Transcrevo, a seguir, excerto da instrução da Peça 133, em que os elementos de defesa
foram assim resumidos e analisados no âmbito da unidade técnica:
‘EXAME TÉCNICO
Resposta à diligência
10. Sobre a diligência realizada junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, a Gerência Regional
Norte informou não ser possível fornecer as informações solicitadas (peça 112), visto que na Gerência
não há um controle de emissão de carteiras de trabalho que possibilite uma consulta específica.
Acrescenta que o cidadão pode solicitar a emissão de CTPS em qualquer posto conveniado, não sendo
um serviço exclusivo do órgão, portanto não existe qualquer tipo de arquivo e controle desses dados.
Respostas às oitivas
11. Em ofício de resposta (peça 103), o Crea-SP informa que foi inserido no pólo passivo de
Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, na qual foi determinada a suspensão
liminar do pagamento do valor excedente ao teto constitucional. O Crea foi instado a contestar o
quanto requerido pelo Ministério Público, manifestando-se pelo reconhecimento jurídico do pedido,
uma vez que o próprio funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues realizou pedido administrativo de
aposentadoria na condição de servidor público estatutário.
12. Acrescenta o Conselho que não realizou de ofício os descontos relativos aos valores
anteriormente pagos, por não constar da sentença liminar tal determinação, e que aguarda a sentença
de mérito para regularizar a situação.
13. Sobre os apontamentos quanto aos itens que compõem a remuneração do referido
funcionário, apresenta os seguintes esclarecimentos (peça 103, p. 3):
‘Inicialmente e, por oportuno, ressaltamos que, primeiramente na função de Gerente do
Departamento de Recursos Humanos e, depois, de Coordenador e de Superintendente Administrativo,
o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues mantinha sob seu domínio a área de Recursos Humanos e,
consequentemente, seus registros, processos e prontuários, de modo a tornar questionável a
legitimidade dos apontamentos atualmente encontrados sobre o período.
Outrossim, considerando a impossibilidade de se considerar uma função com evidentes
características de comissionamento, como é a de ‘Gerente’, como sendo um cargo efetivo, bem como
em razão das apontadas inconsistências encontradas nos registros funcionais e nos normativos internos
do Conselho, entendemos necessária a realização de uma apuração dos fatos.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Nota-se já ser um posicionamento deste Conselho que o cargo de Gerente de Departamento


nunca existiu em nosso quadro de carreira, estando presente, tão somente, no quadro de funcionários
comissionados ou ocupantes de função de confiança, sendo inconsistente e carente de averiguação a
classificação do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues como ocupante do ‘cargo’ de ‘Gerente de
Departamento - em extinção’, ainda mais se considerarmos que esse ‘reenquadramento’ foi um dos
responsáveis por sua expressiva evolução salarial.
Assim, no tocante às irregularidades apontadas por esse Tribunal de Contas acerca do cargo
efetivamente exercido, da remuneração recebida, da incorporação de vantagens e da concessão de
aumentos de salários e vantagens ao funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues, destacamos que,
consoante já determinado pelo Presidente deste Regional, será instaurado Processo Administrativo
para apuração dos respectivos fatos e responsabilidades.’
14. Tece ainda o Crea considerações sobre a natureza jurídica dos conselhos profissionais,
classificados como autarquias federais sui generis, informa que seu pessoal está sujeito às normas e
regime da CLT e que os cargos/empregos existentes são criados por ato administrativo e não por lei.
Alega que as supostas irregularidades apontadas em relação ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues teriam
sido praticadas enquanto ele conduzia os rumos do Departamento de Recursos Humanos do Crea-SP, e
que o caso não guarda relação com a atual política de Gestão de Pessoas da instituição.
15. Anexa à sua manifestação cópia de processo de avaliação dos funcionários do conselho,
relativa ao 2º semestre de 2007, na qual o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues também foi escolhido para ser
promovido na tabela salarial, processo que teria tido ‘seus efeitos cancelados em razão da suspeita de
eventual manipulação de resultados por parte da área responsável por sua condução’. Um processo
administrativo teria sido instaurado para apuração do assunto, com parecer jurídico exarado
salientando a ausência de transparência no procedimento adotado para a avaliação e a necessidade de
averiguação dos fatos e apuração de responsabilidades (peça 103, p. 7). O processo, instruído com os
esclarecimentos do Superintendente Administrativo – Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues – não teria sido
apreciado, constando apenas despacho sem assinatura, do então Presidente, José Tadeu da Silva,
juntado na contracapa, determinando seu arquivamento. Informa o Crea-SP que esses fatos também
serão apurados no processo administrativo a ser instaurado.
16. As informações prestadas pelo Crea-SP serão consideradas nas análises das justificativas dos
responsáveis ouvidos, assim como para os encaminhamentos a serem propostos por esta unidade
técnica. A resposta da oitiva apresentada pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues será considerada e
avaliada após a análise das razões de justificativas decorrentes de sua audiência.
17. Passa-se à análise das razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis.
18. Izildinha Aparecida Amaral Vieira, CPF 011.049.768-62, ex-Gerente de Recursos
Humanos.
18.1. Conduta: aprovar o pagamento inicial de remuneração ao funcionário Waldir Ronaldo
Rodrigues, acima do teto constitucional, em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a
jurisprudência do TCU sobre a matéria.
18.2. Razões apresentadas (peça 115): alega a ex-Gerente de RH que não aprovou o pagamento
mencionado, tendo apenas encaminhado a folha de pagamento elaborada de acordo com os normativos do
Conselho, o Plano de Cargos e Salários e a CLT.
18.2.1. Em suas justificativas, defende que não tem poder de aprovação dos pagamentos, sendo
que a folha era encaminhada para a Controladoria, a qual aprovaria tais pagamentos. Afirma que o
encaminhamento da folha ao Superintendente Administrativo era praxe no Conselho, e que os
pagamentos foram aprovados pela Presidência, por delegação de poderes ao Superintendente de
Controladoria, e pelo Diretor Tesoureiro.
18.2.2. Diz que, por determinação superior, aplicava a CLT a todos os funcionários do Conselho,
o que já ocorreria antes de seu período de gestão.
18.2.3. Acrescenta que o funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues não foi o único a receber salário
acima do teto e que os pagamentos continuaram a ser realizados após sua saída do cargo, sendo
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

interrompidos apenas por decisão judicial. Assim, em maio e junho de 2012 já haviam sido trocados
todos os Chefes de Seção de RH, a Gerência de RH e a Superintendência Administrativa e, além de
continuarem os pagamentos, novo caso foi gerado, pelos novos ocupantes dos cargos. Isso
comprovaria que todos no Crea-SP tinham o mesmo entendimento.
18.2.4. Sobre a consulta realizada por meio do Memorando 653/2011, de 30/9/2011 (peça 35, p.
150-151), afirma que o assunto não dizia respeito ao teto constitucional e sim ao teto salarial da tabela
do Crea-SP – à época, R$ 29.997,88.
18.3. Análise das justificativas: inicialmente, assiste razão à Gerente de RH quanto a suas
considerações sobre Memorando 653/2011, no sentido de que a consulta efetuada por ela não abordava
o teto constitucional. A consulta consistiu em esclarecer ‘se para os casos em que ocorrer processo de
mérito, deve-se considerar teto salarial o salário base (degrau no qual o salário do funcionário está
enquadrado) ou na composição salarial do funcionário (soma de todos os vencimentos)’.
18.3.1. No entanto, ao contrário do que alega em suas justificativas, no primeiro momento em
que surgiu pagamento de remuneração acima do teto constitucional, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues
foi sim o único a receber salário acima desse patamar. O outro caso a que se refere – o funcionário
João Batista Novaes – somente surgiria nos meses de maio e junho de 2012, tendo sido comprovada a
regularização mediante restituição do excedente aos cofres do Conselho (peça 68).
18.3.2. Sobre sua participação na efetivação dos pagamentos irregulares, depreende-se dos
processos de pagamento acostados aos autos (peça 34) que a Gerente de RH recebia as folhas de
pagamento elaboradas pelo setor competente e as encaminhava ao Superintendente Administrativo,
que por sua vez as remetia à Superintendência de Controladoria para pagamento.
18.3.3. Dessa forma, cabe analisar se sua conduta é culpável e merece ser apenada com a
aplicação de pena de multa. De acordo com o rol de atribuições e responsabilidades dos funcionários e
gestores da área de Recursos Humanos, cabia à Gerente de RH planejar, desenvolver, organizar e
gerenciar todas as atividades desenvolvidas pelas áreas de Administração de Pessoal e Gestão de
Pessoas; e coordenar e gerenciar as atividades de administração de pessoal, assegurando o
desenvolvimento dos trabalhos de folha de pagamento, encargos sociais, controle de benefícios,
admissões, férias, obrigações trabalhistas/previdenciárias e orçamento de pessoal. Ou seja, detinha
função gerencial e decisória no processo.
18.3.4. Por outro lado, há que se considerar as circunstâncias que a cercavam quando praticou o
ato. O assunto era até aquele momento inédito no Crea-SP, já que se tratava da primeira vez que a
remuneração de um funcionário extrapolava o teto constitucional. Ademais, seu superior imediato era
o Superintendente Administrativo, único beneficiário do ato naquele momento, o qual aprovou o
pagamento, situação que tornava mais difícil exigir da responsável a contestação do pagamento.
18.3.5. Diante do exposto, embora o ato praticado pela Gerente de RH tenha contribuído para a
consecução da irregularidade na implementação do pagamento, e que a funcionária deva balizar os
seus procedimentos em preceitos que regem a Administração Pública, em especial os princípios da
razoabilidade, moralidade, eficiência e economicidade, conclui-se por acatar parcialmente as
justificativas sobre a conduta adotada pela Sra. Izildinha Aparecida Amaral Vieira, consideradas as
circunstâncias que a cercavam, para afastar a aplicação de multa à responsável.
19. Ângelo Petto Neto, CPF 197.976.308-97, ex-Vice-Presidente do Crea-SP.
19.1. Conduta: no exercício da Presidência, determinar a continuidade do pagamento de
remuneração ao funcionário do Conselho, Waldir Ronaldo Rodrigues, em patamar superior ao teto
constitucional, em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a jurisprudência do TCU sobre a
matéria.
19.2. Razões apresentadas (peça 119): informa inicialmente que, de forma diversa ao que
constou na instrução do processo, ocupou o cargo de Vice-Presidente no período de janeiro/2011 a
janeiro/2012 e que esteve no exercício da Presidência nos meses de agosto, setembro e outubro de
2011, em face do licenciamento do Presidente, para disputa eleitoral da Presidência do Confea.
19.2.1. Elenca julgados para demonstrar a natureza jurídica do Crea, uma autarquia federal de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

regime especial (sui generis), cujos funcionários são regidos pela legislação trabalhista – CLT (peça
119, p. 3-8). Além disso, registra que os conselhos não recebem recursos do governo e, portanto, os
salários de seus empregados não são custeados pela máquina estatal (peça 119, p. 13).
19.2.2. Tece considerações sobre a normatização do teto remuneratório em função dos
dispositivos da CF/1988 e da emenda constitucional 41/2003, para respaldar a tese de que deviam ser
excluídas vantagens pessoais para fins de limitação do teto remuneratório até o dia 4/2/2004. Isso teria
fundamentado seu entendimento e consequente despacho pela continuidade do pagamento acima do
teto constitucional (peça 119, p. 16).
19.2.3. Afirma que considerou ainda o parecer jurídico que registrou a existência de ‘inúmeros
julgados que vinham optando por aguardar a manifestação do Supremo Tribunal Federal’. Outra
justificativa seria a transitoriedade de seu exercício no cargo, considerando que a questão seria
reavaliada pela próxima gestão (peça 119, p. 18).
19.2.4. Aponta também que o Acórdão citado na instrução é posterior à data do despacho dado
(peça 119, p. 18).
19.2.5. Por fim, registra que houve outra ocorrência de pagamento acima do teto (em
maio/2012), apontada no relatório de auditoria, e que como essa falha foi considerada sanada com o
ressarcimento pelo funcionário, que o mesmo procedimento seja adotado para o Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues (peça 119, p. 19-20).
19.3. Análise das justificativas: preliminarmente, o período em que o responsável informa que
exerceu o cargo de Vice-Presidente – jan/2011 a jan/2012 – não afasta a irregularidade, visto que seu
despacho é datado de 20/10/2011, portanto dentro do período por ele apontado.
19.3.1. Não há qualquer objeção com relação às considerações do gestor sobre a natureza
jurídica dos conselhos profissionais apontada pelo gestor – autarquia federal sui generis, regidos pela
CLT e custeados com recursos não oriundos da máquina estatal –, o que inclusive encontra respaldo na
jurisprudência desta Corte de Contas, como, por exemplo, nos Acórdãos 341/2004, 393/2007,
298/2010, 1572/2010 e 2569/2013, todos do Plenário do TCU. No entanto, o fato de não haver
transferência direta de recursos do Governo Federal aos conselhos profissionais não implica na
liberdade total de seus gestores para fixação e pagamento dos salários de seus empregados.
19.3.2. A jurisprudência pacífica do Tribunal, já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, é
no sentido de que, por receberem contribuições de natureza parafiscal, os conselhos de fiscalização
profissional sujeitam-se aos princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública. Isso
implica, por exemplo, na necessidade de realizar concurso público para admissão de pessoal e de
promover processo licitatório para aquisição de bens e serviços. Decisões nessa linha podem ser
verificadas, por exemplo, nos Acórdãos TCU 2.201/2007 e 58/2009, do Plenário; 594/2007 e
409/2009, da 1ª Câmara; e 845/2006, 551/2008 e 2.723/2012, da 2ª Câmara.
19.3.3. Ademais, os julgados desta Corte de Contas apontam para a necessidade de observância
de parâmetros de mercado para os pagamentos de salários e benefícios aos funcionários, o que não foi
observado no presente caso. Nesse sentido, o recente Acórdão 3.438/2013-TCU-Plenário, ao avaliar
vantagens praticadas pelo Crea-SP, assim deliberou:
‘9.2. determinar ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo -
Crea/SP que:
9.2.1. se abstenha de conceder aos seus funcionários vantagens não previstas em lei ou
incondizentes com a realidade do mercado, tais como gratificações equivalentes a décimo quarto e
décimo quinto salários;
9.2.2. antes da concessão de novos aumentos, reajustes e auxílios/adicionais, observe a legislação
trabalhista vigente, os parâmetros de mercado e os princípios aplicáveis à Administração Pública, e
inclua na comparação salarial todos os adicionais e outras vantagens que compõem a remuneração dos
seus funcionários.’
19.3.4. Esse posicionamento desta Corte de Contas revela que não há total liberdade do gestor
para estabelecimento de vantagens remuneratórias aos funcionários de conselhos profissionais.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

19.3.5. A transitoriedade no cargo também não pode ser utilizada para afastar a responsabilidade
pelo ato praticado. O assunto ‘pagamento acima do teto constitucional’ no âmbito do Crea-SP resultou
na emissão de parecer jurídico, que apontou para a necessidade de observância desse limite
remuneratório pelos conselhos profissionais. O despacho do gestor foi decisivo para a continuidade do
pagamento e, inclusive, para a outra ocorrência de pagamento ‘extra teto’ a funcionário, verificada em
maio e junho/2012.
19.3.6. Cabe destacar que a controvérsia apontada pelo parecerista jurídico destacava casos
discutidos em processos judiciais, não se referindo, portanto, à esfera administrativa.
19.3.7. Sobre o acórdão referido no relatório de auditoria ser posterior à data de seu despacho,
cabe esclarecer que o Acórdão 2.950/2011-TCU-Plenário refere-se ao monitoramento do Acórdão
910/2004-TCU-Plenário, o qual já havia determinado em 2004 ao Conselho Federal de Farmácia que
ajustasse os salários de servidores e dirigentes ao limite de remuneração estabelecido no art. 37, XI, da
Constituição Federal. Portanto, bem antes do despacho do então Vice-Presidente.
19.3.8. Quanto ao suposto cabimento de exclusão de vantagens pessoais para fins de limitação do
teto remuneratório, a jurisprudência do Tribunal vem adotando como parâmetro o que dispõe a
Resolução STF 318/2006 e as Resoluções do Conselho Nacional de Justiça nos 13 e 14, ambas de
2006, nos termos dos Acórdãos 1.199/2009-TCU-Plenário e 2.274/2009-TCU-Plenário. Inicialmente
adotados pelo Poder Judiciário, esses dispositivos também passaram a ser utilizados no Executivo e
Legislativo.
19.3.9. Nessa linha, a Resolução CNJ 14/2006, art. 2º, alínea ‘f’, dispõe expressamente que estão
sujeitos ao teto remuneratório todos os ‘adicionais, inclusive anuênios, biênios, triênios, qüinqüênios,
sexta-parte, ‘cascatinha’, 15% e 25%, trintenário e quaisquer outros referentes a tempo de serviço’,
enquanto que a alínea ‘h’, itens 4 e 5, inclui no cálculo as vantagens de qualquer natureza, tais como
quintos e vantagens pessoais e as nominalmente identificadas – VPNI. Portanto, não prosperam as
exclusões requeridas.
19.3.10. No que se refere ao outro pagamento acima do teto (em maio/2012), classificado como
falha e considerada sanada com o ressarcimento pelo Sr. João Batista Novaes, cumpre esclarecer que
tal pagamento só foi possível por conta do ato do então Vice-Presidente pela manutenção do
entendimento de que os pagamentos acima do teto constitucional devessem continuar a ser pagos. De
todo modo, quanto ao requerido pelo gestor de que mesmo procedimento seja adotado para o Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues, ou seja, que seja sanada a ocorrência com a promoção de ressarcimento
pelo funcionário, registre-se que determinação para promoção do ressarcimento será objeto de
proposta de encaminhamento no presente processo. No entanto, ainda que ressarcidos os valores pelo
funcionário, tal providência não afasta o ato irregular praticado, sendo cabível, portanto, a aplicação de
multa ao responsável.
20. José Tadeu da Silva, CPF 720.451.168-91, ex-Presidente do Crea-SP.
20.1. Conduta: autorizar a promoção de sete níveis salariais do funcionário Waldir Ronaldo
Rodrigues, mediante processos elaborados pelo próprio beneficiário, de forma desarrazoada e não
alinhada a parâmetros de mercado, e sem que fosse observado o critério de ‘equilíbrio entre os pares’
ou havido apreciação sobre se sua remuneração ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente
superior, com consequentes distorções salariais.
20.2. Razões apresentadas (peça 127): inicialmente, o gestor alega que ao assumir a direção do
Crea-SP em 2006, teria revertido resultado de déficit para superávit, realizado diversos investimentos e
acumulado aplicações financeiras superiores a R$ 100 milhões, sendo as denúncias decorrentes de
entraves políticos no âmbito do Sistema Confea/Creas.
20.2.1. Sobre o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, defende sua formação e carreira profissional e
registra que no período de sua gestão na Presidência o funcionário de carreira já se encontrava em
posição de destaque e possuía salário mais elevado, tendo sido ‘sobejamente reconhecido por outras
administrações’ (peça 127, p. 4-5).
20.2.2. Afirma que quando assumiu a gestão já havia um trabalho de reestruturação do Conselho,
199

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dentro do qual se incluía o Plano de Cargos e Salários e demais disposições de regulação do pessoal do
Conselho, portanto apenas o teria implementado. O plano teria sido amplamente discutido e aprovado
pela Diretoria do Crea, e em sua execução não teria havido privilégios, mas um sistema de avaliações
de desempenho e recompensas por mérito funcional, que substituiu os anuênios, extintos em sua gestão
(peça 127, p. 5-8).
20.2.3. Defende que ao final de seu período como Presidente, o salário do Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues era de R$ 32.833,83, e que o valor de R$ 36.117,22 foi decorrência de aumento concedido
pela atual administração. Cita ainda outros casos de comissionados e funcionários de carreira com
salários entre R$ 19,6 mil e R$ 28,2 mil, para contestar a afirmação de que as promoções teriam sido
dadas de forma desarrazoada e não alinhada com parâmetros de mercado (peça 127, p. 10).
20.2.4. O gestor defende que, de forma diversa ao que aponta o relatório, o funcionário não foi
progredido em todas as avaliações. A progressão por mérito teria ocorrido quatro vezes, no período de
seis anos, e aponta que o funcionário João Batista Novaes também teria sido progredido na mesma
periodicidade (peça 127, p. 11). E sobre os processos de avaliação, alega que eram elaborados por
todos os gestores de pessoal do Conselho, em conjunto com seus respectivos subordinados, e não pela
Gerente de Recursos Humanos, como registrado.
20.2.5. O critério de ‘equilíbrio entre os pares’ estaria estabelecido em Instruções do Crea-SP (de
gestões anteriores – 2004 e de sua gestão – 2007) e no Plano de Cargos e Salários de 2009. Ao tecer
comentários sobre a sistemática de avaliação, afirma que o empregado Waldir Ronaldo Rodrigues não
tinha como conduzir o processo, uma vez que o primeiro item a ser considerado para que pudesse
passar para o processo de premiação por mérito era a avaliação de desempenho, a qual era realizada
por seu superior, no caso pela Presidência e não por ele próprio (peça 127, p. 13-15). Ademais, por
haver apenas um Superintendente Administrativo no Conselho, não haveria possibilidades de
comparação.
20.2.6. Complementa que por não haver cargo superior ao Superintendente Administrativo, não
seria possível apreciar se a remuneração ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente
superior, e que essa apreciação tinha por finalidade evitar que um empregado fosse promovido e
passasse a receber mais que seu superior. Na linha hierárquica do Conselho, não existindo cargos
superiores, o objetivo era que não ultrapassasse o degrau final da carreira, que no caso dos
Superintendentes era o degrau final – número 70 da tabela (peça 127, p. 16).
20.2.7. Com relação aos parâmetros de mercado, diz que rotineiramente eram realizadas
pesquisas salariais, que o Conselho deve juntar, demonstrando a paridade com o mercado.
20.3. Análise das justificativas: preliminarmente, registre-se que os resultados financeiros do
Crea-SP na época da gestão do responsável não estão em discussão no presente processo.
20.3.1. O levantamento da evolução salarial do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues considerou sua
vida funcional durante todo o período no Crea, e não apenas o período de gestão do responsável.
Entretanto, no período da gestão do Presidente José Tadeu da Silva, o salário do funcionário passou de
R$ 16.492,41 (em jan/2006) para R$ 33.345,38 (em out/2011), pouco antes de sua saída do cargo de
Presidente. Ou seja, em seis anos o funcionário teve aumento superior a 100%, o que inclusive resultou
na extrapolação do teto constitucional. Isso demonstra que as promoções do funcionário foram dadas
de forma desarrazoada e não alinhada com parâmetros de mercado.
20.3.2. Também não há como acatar a tese de que o gestor teria apenas implementado o Plano de
Cargos e Salários, que já estaria pronto quando assumiu a Presidência do Crea-SP. As distorções
referentes às progressões de nível salarial concedidas ao funcionário ocorreram na execução desse
plano, ou seja, no processamento das avaliações, processo que aconteceu predominantemente em sua
gestão. Além disso, essas ocorrências foram repetidas no plano subsequente, o qual foi concebido sob
sua presidência.
20.3.3. Assiste razão ao gestor em sua alegação de que o valor de R$ 36.117,22 pagos ao Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues decorre de aumento salarial posterior a sua gestão (reajuste geral de 10%).
No entanto, cabe ressaltar o levantamento do perfil da folha de pagamento realizado a partir da
200

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inspeção no Crea, referente ao período de abril a junho/2012 – portanto poucos meses após sua saída
do Sr. José Tadeu da Presidência do Conselho (peça 21, p. 9):
– 1 funcionário;
– 1 funcionário;
– 5 funcionários;
– 14 funcionários;
– 47 funcionários;
– 726 funcionários.
20.3.4. Como o aumento dado em abril/2012 aos funcionários do Crea-SP foi linear de 10%, a
distorção salarial apontada no relatório foi anterior à atual gestão. Como se percebe, os outros salários
apontados pelo ex-Presidente – entre R$ 19,6 mil e R$ 28,2 mil – não afastam a situação singular
detida pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues na folha salarial. Destaque-se que esse valor de R$
36.117,22 refere-se ao pagamento ao funcionário sem que ele exerça qualquer tipo de cargo ou função
em comissão. Trata-se apenas do exercício do cargo efetivo e de suas incorporações, as quais são
objeto de questionamentos ao longo do relatório.
20.3.5. Com efeito, essa situação ocorreu, pois, ao contrário do que defende o gestor, em todas as
avaliações examinadas o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues foi beneficiado para progressão de um ou dois
níveis. Inclusive no processo de avaliação do 2° semestre de 2007, que segundo informações do Crea-
SP teve ‘seus efeitos cancelados em razão da suspeita de eventual manipulação de resultados por parte
da área responsável por sua condução’, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues foi mais uma vez escolhido
para promoção na tabela salarial.
20.3.6. Quanto ao caso do funcionário João Novaes, que também teria sido progredido na mesma
periodicidade que o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, registre-se que se trata do segundo maior salário
do Conselho (o valor de R$ 26.895,59, referenciado no quadro de faixas salariais), e não foi objeto da
verificação realizada. Sem embargo, por ter sido mencionado pelos responsáveis para respaldo do
pagamento ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, o qual foi considerado irregular, bem como por também
ocupar posição de destaque em relação aos demais salários pagos, cabe proposta ao Crea para que
institua comissão de sindicância para apuração da regularidade desse pagamento ao funcionário João
Batista Novaes.
20.3.7. Outro aspecto a ser destacado é que, nos termos da descrição da irregularidade, consta o
apontamento de que o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues elaborou e conduziu o processo de avaliação, e
não que ele tivesse realizado todas as avaliações como alega o gestor. Da documentação analisada, fica
claro que as avaliações do então Superintendente foram realizadas pelo Presidente do Conselho, porém
sem que isso altere as conclusões obtidas.
20.3.8. A alegação de que a existência de apenas um Superintendente Administrativo no Crea
inviabiliza as comparações salariais também não se sustenta. Há no Conselho outros dirigentes, como,
por exemplo, nas áreas técnica, jurídica e de controle, que podem servir de parâmetro comparativo.
Outro critério importante a ser considerado é o valor salarial do cargo efetivo exercido pelo
funcionário, já que o cargo de Superintendente Administrativo tem caráter de cargo em comissão.
20.3.9. Sobre as pesquisas salariais que demonstrariam a paridade com o mercado, cumpre
registrar que o assunto foi analisado em outro processo do Crea-SP – TC 010.955/2013-5 –, no qual se
concluiu que não havia distorções significativas nos salários praticados pelo Conselho em relação ao
mercado de trabalho. No entanto, ainda que na média os salários estejam compatíveis com o mercado, o
mesmo não pode ser dito sobre o caso específico do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, cujo salário de R$
36.117,22 (em 2012) era sim bastante superior aos patamares tanto de outros cargos similares no
mercado, quanto de outros conselhos profissionais, ou até mesmo dentro do próprio Crea-SP.
20.3.10. Com base no exposto, conclui-se pela responsabilidade do gestor na irregularidade
praticada, razão pela qual será proposta aplicação de multa ao Sr. José Tadeu da Silva.
21. Waldir Ronaldo Rodrigues, CPF 040.796.928-46, ex-Superintendente Administrativo.
21.1. Conduta: como único beneficiário do pagamento de remuneração acima do teto
201

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

constitucional no Crea-SP, em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a jurisprudência do


TCU sobre a matéria, e ocupando o cargo máximo da estrutura do Conselho na área administrativa, ter
autorizado o envio da folha de pagamento de maio/2010 para pagamento, bem como, ao ter
questionada a legalidade do pagamento de sua própria remuneração por parte de seus subordinados,
emitir despacho e participar de decisão do Vice-Presidente pela continuidade do pagamento
21.2. Razões apresentadas (peça 111, p. 1-47): inicialmente, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues
apresenta as mesmas argumentações oferecidas pelo Sr. José Tadeu e Sr. Ângelo Petto sobre a
natureza jurídica dos conselhos profissionais, sua característica sui generis, sujeição à CLT e
inexistência de verbas da união e de lei que fixe as remunerações de seu pessoal, colacionando
manifestação do Crea em dissídio coletivo e decisões da justiça trabalhista (peça 111, p. 1-15). Isso, no
seu entender, excluiria o pessoal do Crea da limitação do teto remuneratório constitucional.
21.2.1. As verbas de sua remuneração teriam sido incorporadas antes de fevereiro/2004, data em
que o STF fixou o valor do subsídio de seus ministros. Com isso, desconsideradas essas vantagens, o
valor de seu salário estaria abaixo do teto constitucional. Relaciona jurisprudência para defender que
as vantagens anteriores a fev/2004 não estão sujeitas ao teto constitucional (peça 111, p. 16-26). Além
disso, o Crea-SP teria sido auditado pelo Confea, tendo suas contas de 2006 a 2011 sido aprovadas
sem ressalvas.
21.2.2. Defende sua boa-fé no processo, por ter promovido estudo do assunto e encaminhado
para decisão superior e que o Conselho teria fornecido apenas parte dos processos, com falta de peças
que prejudicaram as análises, o que seria decorrente de questões políticas e de perseguição a sua
pessoa por parte do Crea-SP. Aduz que ao retornar do Confea foram-lhe atribuídas tarefas de baixa
complexidade, incompatíveis com sua experiência e formação profissional. Informa que com tudo isso
ingressou com ação judicial contra o Conselho (peça 111, p. 28-32).
21.2.3. Sobre a conduta na autorização do pagamento de seu salário acima do teto, defende que
não foi o único beneficiado, que o cargo que ocupava – Superintendente Administrativo – não era o
único na posição mais alta na Administração do Conselho, já que existia a Superintendência de
Controladoria que tinha competência para realizar os pagamentos dos salários (peça 111, p. 32-34). E
essa área de Controladoria, responsável pelos pagamentos, teria a responsabilidade de controlar e não
detectou irregularidade nos valores pagos acima do teto (peça 111, p. 37-39).
21.2.4. Ademais, a atual administração não interrompeu os pagamentos acima do teto até a
decisão judicial, situação que, aliada ao aumento concedido ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues em
maio/2012 e ao fato de ter havido outro pagamento em maio e junho/2012, demonstraria que o
entendimento havido anteriormente foi corroborado pela nova gestão do Conselho (peça 111, p. 34).
Com isso, pleiteia a inclusão dos atuais administradores do Conselho no rol de responsáveis (peça 111,
p. 47).
21.2.5. Defende que o Acórdão TCU 2.950/2011 – Plenário é posterior ao despacho de
pagamento, ocorrido em maio/2012 e que a decisão pela suspensão do pagamento acima do teto é de
caráter liminar, sem decisão judicial definitiva (peça 111, p. 35).
21.2.6. Segundo o gestor ouvido em audiência, estaria sendo dado tratamento diferenciado em
relação ao outro caso de pagamento acima do teto, para o qual foi dada a oportunidade de
regularização com o ressarcimento dos valores, e na instrução de Auditoria seu caso foi tratado como
irregularidade, enquanto que o caso do Sr. João Batista Novaes teria sido considerado como falha
(peça 111, p. 36-37).
21.2.7. Por fim, aponta que a consulta realizada pela Gerente de RH não estava assinada e não
tratava do teto constitucional, mas do teto da tabela de padrões existentes no Plano de Cargos Salários
e Carreiras do Conselho (peça 111, p. 40).
21.3. Análise das justificativas: ao apresentar suas justificativas, o gestor se utiliza por vezes de
fundamentos repetidos ao longo de suas considerações, os quais foram todos sintetizados e
considerados na avaliação, conclusão e encaminhamento da matéria.
21.3.1. Conforme posicionamento do Tribunal sobre a natureza jurídica dos conselhos
202

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

profissionais, na linha adotada pelo STF e consoante já abordado na análise de justificativas do Sr.
Ângelo Petto, cabe registrar que são autarquias federais sui generis, regidos pela CLT e custeados com
recursos não oriundos da máquina estatal. No entanto, o fato de não haver transferência direta de
recursos do Governo Federal aos conselhos profissionais não implica na liberdade total de seus
gestores para fixação e pagamento dos salários de seus empregados.
21.3.2. A jurisprudência pacífica do TCU, já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, é no
sentido de que, por receberem contribuições de natureza parafiscal, os conselhos de fiscalização
profissional sujeitam-se aos princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública. Isso
implica, por exemplo, na necessidade de realizar concurso público para admissão de pessoal, de
promover processo licitatório para aquisição de bens e serviços e de observar parâmetros de mercado
para os pagamentos de salários e benefícios aos funcionários. O posicionamento desta Corte de Contas
revela que não há total liberdade do gestor para estabelecimento de vantagens remuneratórias aos
funcionários de conselhos profissionais.
21.3.3. O Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues manifesta-se no sentido de que seus direitos estariam
sendo prejudicados, por controvérsia em relação à sua condição funcional (peça 111, p. 15), in verbis:
a) Pretende o TCU a redução de seus vencimentos ao teto constitucional sob o argumento de que
o mesmo estaria enquadrado na condição de servidor público;
b) Já o CREA não concede a aposentadoria ao funcionário, por entender que seus funcionários
estão sujeitos ao regime celetista.
21.3.4. Quanto a essa questão, cabe registrar que, ao contrário do alegado pelo funcionário, em
momento algum se argumentou que estaria o funcionário enquadrado na condição de servidor público.
Com efeito, isso não seria possível, pois, como dito, o Tribunal entende de forma pacífica que os
conselhos são regidos pela legislação trabalhista. Assim, correta a linha do Crea de não conceder
aposentadoria integral ao funcionário como pleiteado, até porque nunca houve o recolhimento das
contribuições previdenciárias pela totalidade de sua remuneração, característica essencial do regime
estatutário, sendo que a concessão de aposentadoria nessas condições comprometeria o equilíbrio de
receitas e despesas que deve revestir os sistemas de previdência social.
21.3.5. Sobre o acórdão referido no relatório de auditoria ser posterior à data de seu despacho,
cabe esclarecer que o Acórdão TCU 2.950/2011 – Plenário refere-se a monitoramento do Acórdão
910/2004 – Plenário, o qual já havia determinado desde 2004 ao Conselho Federal de Farmácia que
ajustasse os salários de servidores e dirigentes ao limite de remuneração estabelecido no art. 37, XI, da
Constituição Federal. Portanto, bem antes do despacho de pagamento.
21.3.6. Quanto ao suposto cabimento de exclusão de vantagens pessoais para fins de limitação do
teto remuneratório, a jurisprudência do Tribunal adota como parâmetro o que dispõe a Resolução STF
318/2006 e as Resoluções do Conselho Nacional de Justiça nos 13 e 14, ambas de 2006, nos termos
dos Acórdãos 1.199/2009-TCU-Plenário e 2.274/2009-TCU-Plenário. Inicialmente adotados pelo
Poder Judiciário, esses dispositivos também passaram a ser utilizados no Executivo e Legislativo.
21.3.7. Nessa linha, a Resolução CNJ 14/2006, art. 2º, alínea ‘f’, dispõe expressamente que estão
sujeitos ao teto remuneratório todos os ‘adicionais, inclusive anuênios, biênios, triênios, qüinqüênios,
sexta-parte, ‘cascatinha’, 15% e 25%, trintenário e quaisquer outros referentes a tempo de serviço’,
enquanto que a alínea ‘h’, itens 4 e 5, inclui no cálculo as vantagens de qualquer natureza, tais como
quintos e vantagens pessoais e as nominalmente identificadas – VPNI. Consequentemente, não
prosperam as exclusões requeridas.
21.3.8. No que se refere às alegações de o Conselho ter fornecido apenas partes dos processos
para apreciação do Tribunal, cabe esclarecer que as peças anexadas aos presentes autos são apenas
partes desses processos de avaliação, sendo que a integralidade foi disponibilizada para análise por
ocasião da inspeção realizada. Juntar a integralidade dos processos não foi considerado necessário; ao
contrário, seria descabida a juntada de todas as peças e documentos desses processos avaliativos, por
demais extensos e detalhados. Não obstante, foi juntada ao processo toda a documentação
encaminhada pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, o que inclui cópia de processos de avaliação (peças
203

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

113 e 114). Também não cabe a esta unidade técnica adentrar nas questões políticas apontadas pelo
responsável, cumprindo registrar que todas as conclusões apresentadas são decorrentes de análise da
documentação requerida e disponibilizada pelo Crea, solicitada por meio de diligência e de inspeção.
21.3.9. A apreciação pelo Confea das contas do Crea-SP também não afasta a irregularidade
praticada nem a competência do TCU para apreciação da matéria. A situação liminar da decisão
judicial não interfere na jurisdição do Tribunal para avaliar o pagamento acima do teto remuneratório
constitucional.
21.3.10. Outrossim, a existência de uma controladoria no Conselho não pode ser utilizada para
afastar sua responsabilidade na ocorrência irregular. Ocorre que no Crea, como apontado pelo próprio
funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues, a Superintendência de Controladoria tinha competência para
realizar os pagamentos das folhas de salários. Ou seja, não tinha apenas funções de planejamento e
controle, mas também de execução de pagamentos. Entendeu-se que a irregularidade restou
configurada ao elaborar a folha com o pagamento acima do teto remuneratório e encaminhá-la para
pagamento, com o agravante de que o único beneficiário – naquele momento – foi o agente que
encaminhou essa folha de pagamento. Portanto, não poderia alegar desconhecimento da situação. De
todo modo, embora não tenham sido objeto de apuração os procedimentos de controle adotados pelo
Conselho ou pela Superintendência de Controladoria para coibir esse tipo de irregularidade, será
proposta determinação ao Crea-SP para que implemente melhorias nesses procedimentos.
21.3.11. O fato de não ter havido interrupção dos pagamentos acima do teto constitucional após
o início de gestão da atual administração do Crea não interfere na configuração de irregularidade de
sua conduta, anteriormente concretizada. A continuidade dos pagamentos configura ato praticado em
momento posterior, cujas circunstâncias que o revestem devem ser avaliadas em separado. Nessa
esteira, não parece razoável exigir de um gestor que, assim que assuma a Presidência do conselho (em
jan/2012), interrompa um pagamento salarial e promova, de imediato, ações de forma diversa ao que
vinha sendo adotado na gestão anterior. De concreto, observa-se que houve acatamento do Crea-SP
sobre a decisão judicial de suspender o pagamento (em dez/2012), e que após isso não foram
verificados outros casos de pagamento acima do teto. Entende-se que essa situação de inexigibilidade
de conduta diversa do atual Presidente afasta a aplicação de multa, sem prejuízo de determinação ao
Conselho para regularização dos pagamentos praticados tanto pela atual gestão, quanto pela
administração anterior.
21.3.12. Sobre a consulta realizada pela Gerente de RH não estar assinada ou não tratar do teto
constitucional, mas do teto da tabela de padrões existentes no Plano de Cargos Salários e Carreiras do
Conselho, embora sem assinatura, a própria funcionária reconheceu ter realizado tal consulta. Sem
embargo, esse fato não altera as conclusões expostas, já que foi afastada a aplicação de multa à
referida gerente.
21.3.13. Ademais, o parecerista jurídico concluiu não haver dúvidas quanto à incidência do teto
constitucional aos salários do Conselho (peça 35, p. 142):
‘Ante as considerações acima mencionadas, ressai induvidosa a incidência do teto remuneratório
constitucional em relação aos agentes integrantes do quadro de pessoal deste Conselho, nos termos da
norma constitucional aplicável à matéria. Ou seja: como regra geral não pode haver no âmbito do
CREA/SP remunerações que extrapolem o subsídio dos Ministros do STF, salvo parcelas
indenizatórias.’
21.3.14. Em seguida, ao apreciar o parecer jurídico e encaminhar o assunto, o então
Superintendente declara expressamente que o assunto em análise abrangia ‘Valores da tabela, acima do
teto constitucional’ (peça 35, p. 147).
21.3.15. Finalmente, no que concerne ao outro caso de pagamento acima do teto (em maio e
junho/2012), apontado na instrução como falha, a qual foi considerada sanada com o ressarcimento
pelo funcionário, cumpre esclarecer que esse pagamento irregular só foi possível por conta do
entendimento de que as remunerações acima do teto constitucional devessem continuar a ser pagas,
com destaque para o fato de que tal ato teve como único beneficiário, no momento de sua expedição, o
204

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

próprio funcionário responsável pelo encaminhamento, o que afasta a presunção de boa-fé na conduta.
De todo modo, quanto ao requerido pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues de que mesmo procedimento
seja adotado em seu caso, ou seja, que seja sanada a ocorrência com a promoção de ressarcimento dos
valores acima do teto, registre-se que esse procedimento será objeto de proposta de encaminhamento
no presente processo. No entanto, ainda que ressarcidos os valores pelo funcionário, tal providência
não afasta a irregularidade do ato praticado, sendo cabível, portanto, a aplicação de multa ao
responsável.
22. Waldir Ronaldo Rodrigues, CPF 040.796.928-46, ex-Superintendente Administrativo.
22.1. Conduta: elaborar o processo de avaliação e aprovar sua própria promoção de sete níveis
salariais, o que serviu de base para a autorização do Presidente, de forma desarrazoada e não alinhada
a parâmetros de mercado, e sem que fosse observado o critério de ‘equilíbrio entre os pares’ ou havido
apreciação sobre se sua remuneração ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente superior.
22.2. Razões apresentadas (peça 111, p. 86-101): uma vez que o responsável apresentou as
razões de justificativas de sua audiência (referente ao Ofício 1370/2013, peça 75) em conjunto com a
resposta de oitiva (referente ao Ofício 1374/2013, peça 74), serão tratados neste item apenas as
questões relacionadas à conduta acima descrita, relacionada aos processos de avaliação e aprovação de
aumento de sua própria promoção de sete níveis salariais. As manifestações referentes aos demais
pontos do relatório serão tratadas em seguida, ao avaliar os pontos da oitiva.
22.2.1. De acordo com o responsável, o conceito de avaliação de desempenho não foi instituído
na gestão do Presidente José Tadeu da Silva, mas decorreria de época em que não ocupava função na
área de recursos humanos, e que teve sua formatação aprovada em 2003. As avaliações seriam feitas a
partir de aplicação de formulários, com técnicas de pontuação a quesitos positivos de comportamentos
e condutas. Relaciona os diversos trâmites na execução dos procedimentos avaliatórios (peça 111, p.
86).
22.2.2. A atividade do Departamento de Recursos Humanos seria somente reunir as informações
das avaliações realizadas e encaminhá-las ao Superintendente Administrativo, que por sua vez o
submetia para a consideração e aprovação pela instância superior. Afirma que houve processos
avaliativos em 2004/2005/2006 e que ele não foi progredido, portanto é errada a constatação de que
tenha sido progredido em todos os processos avaliativos (peça 111, p. 87-88).
22.2.3. Faz referência a dispositivos do plano de cargos e salários para demonstrar que havia
critérios para avaliação e que a aprovação final dos processos de Reclassificação em Função de Mérito
Funcional era do Presidente do Crea (peça 111, p. 90-92).
22.2.4. Defende que era empregado de carreira, ocupava a função de confiança de
Superintendente Administrativo, por ocasião das promoções por mérito e não possuía pares para
comparação. O mesmo teria ocorrido com o funcionário João Batista Novaes (peça 111, p. 93). Cita
que não havia cargo hierarquicamente superior, por isso não seria possível a avaliação de
‘ultrapassagem do degrau inicial do cargo imediatamente superior’ (peça 111, p. 94).
22.2.5. Conclui que todos os procedimentos seguiram o disposto no Plano de Cargos, Salários e
Carreiras do Crea-SP, devidamente aprovado pelo Plenário e pela Diretoria, em todas as suas fases e
em determinações emanadas de autoridades superiores, sendo que não detinha poder para aprovar as
promoções, por ser de competência exclusiva do ordenador de despesas e que não poderia aprovar
qualquer tipo de alteração que dissesse respeito à sua própria pessoa (peça 111, p. 106).
22.3. Análise das justificativas: no ano de 2003, em que o responsável afirma que foi aprovada a
formatação da avaliação de desempenho aplicada no Crea (peça 111, p. 86), o Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues já ocupava, desde 31/08/2001, a Gerência do Departamento Administrativo acumulada com
a Gerência de Recursos Humanos (peça 65, p. 3). Após essa data, passou a ocupar o cargo de
Coordenador da Divisão Administrativa e Financeira; e em 9/2/2007, foi designado para ocupar a
função de confiança de Superintendente Administrativo e Financeiro, que teve a denominação
posteriormente alterada para Superintendente Administrativo, cargo que ocupou até 31/12/2011.
Portanto, não cabe qualquer alegação de que não ocupava cargo comissionado na área de RH.
205

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

22.3.1. O responsável tece diversas considerações sobre a legalidade dos procedimentos, de que
tudo estava previsto em normativos do Crea, aprovados por Plenário e Diretoria. Entretanto, não
constou da instrução que o processo não estivesse normatizado. Ao contrário, foram juntadas diversas
peças e normas dos planos de cargos e salários e desses processos avaliativos, necessários para
caracterização das falhas. A conduta irregular do gestor foi sua participação na elaboração e execução
desses planos de carreira e sistemas de avaliação, de forma a produzir as distorções apontadas no
relatório.
22.3.2. Sobre sua ação enquanto Gerente do Departamento de Recursos Humanos, que seria
somente reunir as informações das avaliações realizadas e encaminhá-las ao Superintendente
Administrativo, cabe destacar as atribuições do Gerente do Departamento de Recursos Humanos
elencadas na instrução de audiência (peça 69, p. 5-6):
-Planejar, desenvolver, organizar e gerenciar todas as atividades desenvolvidas pelas áreas de
Administração de Pessoal e Gestão de Pessoas, visando assegurar que o Conselho disponha de pessoal
qualificado, treinado e motivado para atingir seus objetivos;
-Coordenar e gerenciar as atividades de administração de pessoal, assegurando o
desenvolvimento dos trabalhos de folha de pagamento, encargos sociais, controle de benefícios,
admissões, férias, obrigações trabalhistas/previdenciárias e orçamento de pessoal.
22.3.3. Assim, verifica-se que o cargo de Gerente detém funções de planejamento,
desenvolvimento, organização, coordenação e gerência nas áreas de administração de pessoal, gestão
de pessoas e folha de pagamento, o que aponta para sua participação na elaboração dos planos e
sistemas avaliatórios, ao contrário do que defende o ex-gestor.
22.3.4. De forma diversa ao procedimento adotado pela funcionária Izildinha Aparecida Amaral
Vieira, cujo ato omissivo na condição de Gerente de RH resultou na não implementação de rubrica
‘abate teto’ no contracheque de seu superior imediato e possibilitou o pagamento irregular, o ato
praticado pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues no exercício do cargo de Gerente de RH consistiu em sua
participação na elaboração do plano de cargos e salários que possibilitaria a obtenção de progressão de
níveis salariais, contribuindo futuramente em grande parte pelos vultosos aumentos em sua
remuneração. Nessa situação, considera-se que era exigível conduta diversa por parte do gestor e
entende-se afastada sua boa-fé no ato praticado.
22.3.5. Sobre os processos avaliativos de 2004 a 2006, em que ele não teria sido progredido, não
foram identificados funcionários progredidos nesse período. Portanto, não procede a alegação que seja
errada a constatação de que tenha sido progredido em todos os processos avaliativos, pois nos
processos em que não houve sua progressão, não houve funcionários beneficiados no conselho. E
ainda que haja algum processo em que tenham sido contemplados outros funcionários e que ele não
fosse beneficiado, anteriormente a 2006, isso não afastaria a irregularidade quanto ao período em que
se beneficiou com os diversos níveis auferidos nos processos avaliativos, conforme apontado na
instrução de audiência.
22.3.6. Cabe reforçar os efeitos ocasionados pelos sete níveis de remuneração concedidos ao
funcionário, quase R$ 6 mil mensais apenas em seu salário base, como demonstrado na instrução de
audiência, (peça 69, p. 17):
Degrau Salário (R$)
57 17.499,38
58 18.374,38
59 19.293,07
60 20.257,70
61 21.270,61
62 22.334,13
63 23.450,88
Fonte: tabela Crea-SP (peça 65, p. 282).
22.3.7.Ademais, nas constatações registradas, também não foi apontada a inexistência de
critérios estabelecidos para as avaliações de desempenho. O que se registrou foi a participação do
206

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

funcionário, em primeiro momento na elaboração dos planos de cargos e salários e processos


avaliatórios, e num segundo momento na condução dos processos de avaliação, situação que afasta a
presunção de boa-fé do ex-gestor na prática da irregularidade. Cabe esclarecer que também não foi
apontado que o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues tivesse realizado diretamente todas as avaliações dos
funcionários do Crea, as quais são realizadas pelos diversos chefes das áreas. A participação do gestor
é na consolidação dos dados e na conclusão do processo, cujo resultado o beneficiava por ter sido
escolhido para progressão em todos os processos de avaliação, logicamente naqueles em que houve
funcionários beneficiados.
22.3.8. Sobre a questão de ocupar a função de confiança de Superintendente Administrativo, que
não havia cargo hierarquicamente superior e por isso não seria possível a avaliação de ‘ultrapassagem
do degrau inicial do cargo imediatamente superior’, não possuindo pares para comparação, duas
observações cabíveis. A primeira é que essa assertiva contradiz as diversas alegações de que o cargo
não seria o mais alto na esfera administrativa. Depois, como afirma o funcionário, ele é do quadro de
carreira do Crea, portanto tem cargo efetivo, parâmetro que deveria ser considerado, já que a função de
Coordenador ou Superintendente é ad nutum. E mesmo sobre a função de Superintendente, há outros
superintendentes dentro do Crea, ou mesmo em outros conselhos profissionais, parâmetros que
poderiam ser utilizados para evitar distorções como a que se verifica no caso em análise.
22.3.9. Não é demais relembrar que em 2012 o funcionário recebia remuneração de R$
36.117,22, quase 35% a maior que o segundo maior salário do Crea – R$ 26.895,59, sendo que não
exercia qualquer função comissionada no Conselho, ao contrário do segundo caso, que exercia cargo
de Superintendente. Assim, não há como deixar de considerar como expressiva a distorção do atual
salário percebido pelo funcionário, superior ao teto remuneratório constitucional, que resultou na
implementação de rubrica ‘abate teto’, como já abordado.
22.3.10. De todo modo, sobre seu caso ser o mesmo do funcionário João Batista Novaes, o qual
percebe esse segundo maior salário do Crea, há que se considerar que referido funcionário trabalha na
área fim do Conselho e institucionalmente não detém prerrogativas na condução dos processos
avaliatórios, exceto quanto à avaliação de seus subordinados, como qualquer outro ocupante de função
comissionada. Não obstante, cumpre esclarecer que o caso desse outro funcionário não foi objeto de
verificação no presente processo, mas que diante das diversas referências a esse funcionário, e ainda
pelo fato de que em 2012 sua remuneração de R$ 26.895,59 era mais de 20% superior ao terceiro
salário (que era de R$ 22.334,13), será determinado ao Conselho que institua comissão para apuração
da regularidade de sua situação funcional e dos componentes de sua remuneração.
22.3.11. A partir das análises expostas, considera-se que as razões apresentadas pelo responsável
não afastaram as irregularidades apontadas, cabendo aplicação de multa ao responsável.
23. Waldir Ronaldo Rodrigues, CPF 040.796.928-46, ex-Superintendente Administrativo –
respostas apresentadas em sede de oitiva, em atenção ao Ofício 1.374/2013 (peça 74), que solicitou
manifestação do responsável sobre as irregularidades identificadas no presente processo. As alegações
do funcionário são extensas e detalhadas, tendo sido apresentadas em conjunto com as razões de
justificativas de sua audiência.
23.1. Esclarecimentos apresentados (peça 111): excluindo-se as manifestações referentes ao teto
remuneratório constitucional e aos processos de progressão funcional, temas já tratados nos itens
precedentes, o funcionário ainda apresentou, em síntese, as considerações seguintes.
Sobre o cargo de Gerente de Departamento ‘em extinção’
23.1.1. O Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues defende que as mudanças em seu cargo ocorreram em
1990, muito antes do período de 2007 a 2011, no qual foi Superintendente Administrativo, e em época
na qual não exercia função na área de recursos humanos (peça 111, p. 48). Imputa responsabilidade
aos Srs. Francisco Kurimori, atual Presidente do Crea-SP, e Nivaldo José Bósio, atual Secretário
Geral, pelo enquadramento de seu cargo e anexa diversos memorandos para demonstrar a origem das
decisões da área de pessoal do Conselho (peça 111, p. 48-50). Assim, estranha que não tenham sido
apresentados todos os documentos sobre o enquadramento de seu cargo, já que datam de 1990, época
207

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em que o atual Secretário Geral exerceria o cargo de Diretor Executivo, segundo ele ‘autoridade
máxima da estrutura’ (peça 111, p. 52-53).
23.1.2.Defende que sua remuneração decorre do tempo de exercício no Crea (36 anos) e de sua
qualificação profissional e compara seu salário ao de três superintendentes contratados e com pouco
tempo de casa, bem como de um funcionário concursado como Agente Administrativo e que também
ocuparia cargo de superintendente (peça 111, p. 50-51).
23.1.3. Informa que empreendeu esforços e acabou por localizar a carteira de trabalho que não
vinha encontrando, a qual estaria anexa para comprovação das transformações de seus cargos. Alega
que depois de ocupar os cargos de datilógrafo e escriturário, teria ocupado o cargo de Oficial de
Escritório, cargo esse de nível superior, e que percebia adicional pelo desempenho de função de
confiança de Chefe de Departamento (peça 111, p. 53-54). Assim, com base no Ato 54 do Crea-SP, de
7/6/1990, artigo 19, foi disposto que ‘Ficam extintas as funções gratificadas, incorporando-se aos
salários, as comissões recebidas pelo desempenho das funções gratificadas’. A partir desse ato, as
funções gratificadas teriam sido extintas e passado à condição de cargos, o que justificaria o registro
levado a efeito na carteira de trabalho.
23.1.4. Cita que essa transformação de cargos ocorreu não apenas em seu caso, mas também com
outros funcionários do conselho, como, por exemplo, os casos de Cecília Maria Lourenço e Zoel Rosa
Trombeti (peça 111, p. 56).
23.1.5. Posteriormente, no Plano de Cargos, Salários e Carreiras de 1994, por não poder ser
enquadrado como Analista de Serviços Administrativos, visto que era um cargo inferior ao de Gerente,
foi classificado como Gerente ‘em extinção’ (peça 111, p. 54). Inclusive o Crea o teria classificado
como Analista de Serviços Administrativos, enquadrado do padrão 31 ao padrão 48, 2 padrões abaixo
do teto da tabela, que era padrão 50, mas meses depois retificou o registro para Gerente de
Departamento. Esse cargo, na tabela do Plano de Carreira para Cargos de Carreira e/ou Efetivos,
iniciaria no degrau 46, podendo chegar até o degrau 70 (peça 111, p. 62).
23.1.6. Segundo o funcionário, a maior parte dos empregados, por medo de possíveis retaliações,
acabou por aceitar o enquadramento, contudo alguns questionaram o procedimento, como foi seu caso
e das outras duas funcionárias mencionadas (peça 111, p. 58).
23.1.7. No Plano de Cargos e Salários de 2009, aprovado em 2012, teria constado o cargo de
Gerente de Departamento ‘em extinção’, e os registros em sua carteira de trabalho respaldariam que
seu cargo é de Gerente de Departamento. Com base nisso, requer que sejam verificados os prontuários
e as carteiras de trabalho dos demais empregados na mesma condição (peça 111, p. 58-60).
23.1.8. Aponta contradição nas alegações do Secretário Geral do Crea, que primeiro teria dito
que o cargo de Gerente de Departamento nunca existiu, mas que em outro momento alegaria que o
PCCS previa a criação de cargo de Gerente de Departamento. Indica outros registros em que constaria
seu cargo como Gerente de Departamento, tais como demonstrativos de pagamento e exames médicos
anuais (peça 111, p. 61).
Sobre a incorporação de anuênios
23.1.9. Alega que não foi beneficiado pela extinção dos anuênios ocorrida em 2006, que a
medida foi adotada para todos os funcionários, que já fazia jus ao benefício máximo de 25%, pois
contava com 29 anos de casa. As alterações na base de cálculo dos anuênios e no entendimento de que
o valor da Função Gratificada deveria compor o salário base decorreu de dissídio coletivo, sem sua
participação (peça 111, p. 64-66).
23.1.10. Sobre sua responsabilidade nas decisões, afirma que não ocupava cargos decisórios na
área administrativa e de recursos humanos do Crea, porque haveria um cargo de Superintendente
Executivo, atribuições hoje exercidas pelo Secretário Geral. Assim, as decisões teriam emanado desse
Superintendente Executivo (peça 111, p. 68).
Sobre a incorporação de funções comissionadas
23.1.11. Afirma que a prática do Crea era realizar as incorporações diretamente nos salários,
somando o valor da tabela de gratificação de função aos salários. Com o tempo, se perderia a
208

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

informação sobre a incorporação realizada (peça 111, p. 65). Assim, a cada cálculo de incorporação
era retirado o valor já incorporado do valor a que teria direito na nova função, de modo a evitar dupla
contagem, sem resultar em benefício adicional (peça 111, p. 69).
23.1.12. Nessa sistemática, teria havido a incorporação de 8/10 correspondente à função de
Gerente Administrativo e 7/10 da função de Coordenador/Superintendente, mas quando do cálculo da
FG de Coordenador/Superintendente seria abatido o valor já incorporado da FG de Gerente
Administrativo (peça 111, p. 72).
23.1.13. Acrescenta que parte da incorporação decorre de decisão judicial e que não procede a
alegação de acumulações de gratificações de função além dos 10/10 (peça 111, p. 71). Completa que
em 2003, o funcionário teria passado a ocupar o cargo de Coordenador de Divisão e acima havia um
cargo de Superintendente, portanto, seu cargo não era o maior na estrutura (peça 111, p.73).
23.1.14. Alega que a alteração de degrau da nota 9 (peça 65, p. 74) se deu no cargo de carreira,
por isso não teve qualquer interferência na FG e que esse mesmo procedimento teria sido utilizado
para os outros coordenadores. Teria havido mudança de degrau do cargo de carreira, que, como já
enfatizado, podia chegar até o final da tabela – degrau 70 (peça 111, p.74).
Sobre os planos de cargos e salários
23.1.15. Quanto ao Plano de 2003, que possibilitou o maior aumento anual em sua remuneração
– de 29,71% na comparação entre maio/2004 e maio/2003, o responsável alega que esse aumento teria
abrangido todos os funcionários, mas que o percentual em seu salário foi maior em função de sua
nomeação para ocupar a função de Confiança de Coordenador de Divisão, função essa superior à de
Gerente do Departamento Administrativo, bem como ao aumento anual referente ao dissídio coletivo
da categoria (peça 111, p. 75). Aponta que o mesmo procedimento foi adotado para três
coordenadores, um deles o já mencionado funcionário João Batista Novaes.
23.1.16. Registra uma situação atualmente existente no Crea-SP, a qual teria sido criada na atual
gestão, em que um Agente Administrativo foi designado como Superintendente (peça 111, p. 76). Seu
salário base seria de R$ 2.254,28, função gratificada de R$ 15.271,28 e incorporação parcial de FG no
valor de R$ 2.076,23, o que poderia gerar futura distorção, quando deixar essa função de confiança.
23.1.17. Sobre a elaboração do plano de cargos e salários de 2003, alega que apenas teria juntado
documentos, numerado e rubricado as páginas do plano, mas que não teria participado de sua
elaboração (peça 111, p. 77).
23.1.18. Em relação a essa época, com base em trechos do regimento e de normativos do
Conselho, afirma que teria havido uma reestruturação entre 2000 e 2003, a partir de grupos de trabalho
com 150 empregados, para estudo dos processos, aprovada pela instância máxima do Crea (peça 111,
p. 78-82). Mesma situação teria ocorrido em outro processo de estudo sobre a reformulação dos
formulários de Avaliação de Desempenho em 2009, que também teria contado com participação de
outros funcionários do Conselho. Sob sua ótica, isso demonstraria que não houve direcionamento na
elaboração das regras de avaliação.
Sobre os reajustes reais de salário
23.1.19. Os reajustes salariais teriam sido praticados não apenas na gestão do Sr. José Tadeu da
Silva, mas em períodos anteriores (desde 1991) e até mesmo na gestão atual, em 2012, sendo que todos
os atos foram aprovados pelo Plenário do Conselho (peça 111, p. 85).
23.2. Análise da oitiva: antes de abordar as situações específicas trazidas pelo responsável, cabe
uma contextualização da situação que levou aos apontamentos sobre o funcionário constantes do
presente processo. As análises procedidas sobre a regularidade da remuneração do Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues decorreram de sua situação em relação aos demais funcionários do Conselho, o que
resultou, inclusive, na extrapolação do teto constitucional remuneratório, como já abordado. Com base
nas folhas de pagamento de abril a junho/2012, verificou-se a seguinte distribuição dos salários dos
funcionários do Crea-SP:
R$ 36.117,22 – 1 funcionário;
R$ 26.895,59 – 1 funcionário;
209

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

De R$ 20.000,00 a R$ 22.334,13 – 5 funcionários;


De R$ 15.000,00 a R$ 19.405,73 – 14 funcionários;
De R$ 10.000,00 a R$ 14.992,84 – 47 funcionários;
Abaixo de R$ 10 mil – 726 funcionários.
23.2.1. O quadro acima aponta uma situação que não é normal em uma entidade que deveria
observar preceitos da Administração Pública, como os princípios da razoabilidade, legalidade,
impessoalidade, moralidade e economicidade. A alegação de que isso seja devido a 36 anos de
trabalho, como alega o ex-gestor, também não é suficiente para legitimar essa situação, especialmente
quando se verifica que seu salário é pago sem que exerça qualquer função ou cargo comissionado, o
que não ocorre com o segundo maior salário, cujo ocupante exerce função de Superintendente.
23.2.2. A remuneração total do funcionário, na data-base março/2013, era composta por salário
base, adicional por tempo de serviço e incorporação de funções gratificadas (parte por decisão
judicial), mediante pagamento em quatro rubricas, a saber:
Rubrica Valor R$ Participação
0010 Salário base 23.450,88 64,93%
0055 Ad Tempo Serviço 6.145,70 17,02%
3014 Incorp. Parcial FG 4.578,40 12,68%
3079 Incorp. Judicial FG 1.942,24 5,38%
TOTAL 36.117,22
Fonte: Tabela – peça 64, p. 3
23.2.3. Também há que ser considerada a evolução salarial do funcionário apontada no relatório
(peça 69, p. 12). Em abril/2003, a remuneração bruta do funcionário era de R$ 8.798,04, mas a partir
de então ocorreram diversos aumentos em sua remuneração ao longo dos anos seguintes, a saber:
Mês/ano Valor R$ Aumentos em relação
ao ano anterior
Maio/2003 10.393,13 18,13%
Maio/2004 13.479,95 29,71%
Maio/2005 15.416,41 14,37%
Maio/2006 16.492,41 6,98%
Maio/2007 17.627,63 6,88%
Maio/2008 20.798,84 17,99%
Maio/2009 24.214,20 16,42%
Maio/2010 28.255,24 16,69%
Maio/2011 33.345,38 18,01%
Maio/2012 36.117,22 8,31%
Fonte: planilha elaborada por TCU (peça 64, p.1-3)
23.2.4. Feitas essas considerações iniciais, passa-se a avaliar as manifestações do funcionário
sobre a evolução dos diversos componentes de seu salário que levaram a essa situação.
23.2.5. A partir da análise de sua pasta funcional, verificou-se preliminarmente que seu cargo
efetivo não poderia ser de Gerente de Departamento, por ter característica de cargo em comissão. O
enquadramento apontado pelo funcionário, com suporte em suas carteiras de trabalho, teria como
fundamento o Ato 54 do Crea-SP, de 7/6/1990, artigo 19, que dispôs que ‘Ficam extintas as funções
gratificadas, incorporando-se aos salários, as comissões recebidas pelo desempenho das funções
gratificadas’.
23.2.6. Da leitura desse dispositivo, não se verifica a transformação de seu cargo em Gerente de
Departamento, como defende o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, mas a incorporação de valores
percebidos quando do exercício daquele cargo comissionado. Conforme informações prestadas pelo
Crea, essa mudança e o reenquadramento de cargo estão sendo revisados pelo Crea-SP, por ausência
de fundamento legal. O próprio funcionário admite que o enquadramento nesse ‘cargo’ só teria
ocorrido após seu questionamento junto com outros funcionários – aponta os casos de Cecília Maria
Lourenço e Zoel Rosa Trombeti – e que outros funcionários não tiveram o mesmo tratamento.
Portanto, esse benefício teria sido adotado em apenas poucos casos, sendo que outros teriam sido
enquadrados em cargos efetivos.
210

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

23.2.7. O fato de haver referência a esse cargo de Gerente de Departamento ‘em extinção’ em
planos, normativos ou quaisquer outros documentos do Crea-SP não é suficiente para legitimar ou
regularizar a situação que originou essa situação.
23.2.8. A imputação de responsabilidade pelo ato de reenquadramento irregular do cargo do
funcionário como Gerente de Departamento ‘em extinção’ revela-se difícil por se tratar de fato
ocorrido há mais de vinte anos. No entanto, o que pode ser feito pelo Conselho é o levantamento de
toda informação disponível e revisão dessa situação irregular. Assim, como foi informado pelo Crea-
SP que está em andamento um estudo sobre a situação do cargo do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues,
cabe determinar que esse processo seja concluído, e que sejam também avaliados esses dois outros
casos apontados, para verificação de sua regularidade.
23.2.9. O problema apontado quanto aos anuênios não foi sua extinção em 2006 como faz crer o
ex-gestor, mas a alteração de base de cálculo ocorrida em novembro/2002, que passou a incidir sobre o
total da remuneração, sem que tenha sido apresentado normativo ou documento expresso que
autorizasse a mudança. Nessa época, o funcionário já acumulava a Gerência do Departamento
Administrativo com a Gerência de Recursos Humanos, portanto já tinha cargo decisório na área de RH
do Crea. Inclusive, em fevereiro/2005, esse benefício passou a considerar na base de cálculo uma
incorporação de função gratificada obtida por meio de processo judicial, sem que fosse apresentado
qualquer despacho ou normativo que suportasse a mudança.
23.2.10. Sobre a incorporação de funções, o que foi apontado é a falta de controle do Crea sobre
os décimos das funções incorporadas aos salários. Desde dez/1997, esse tipo de vantagem não mais
existe para os servidores públicos. Ainda que não aplicável ao Crea, a Lei 8.112/1990 previa que as
funções fossem incorporadas na razão de 1/5 ou 1/10 ao ano, até que completassem o valor integral.
Em caso de exercício de função de valor maior, e já atingidos 10/10 incorporados, as frações eram
substituídas – 1/10 da função de maior valor em lugar do 1/10 da função menor – até que fosse
incorporado o valor da nova função comissionada. Assim, não era possível a um servidor público
incorporar mais que 10/10 de função.
23.2.11. Verificou-se que nos planos de cargos e salários do Crea, essas incorporações ainda são
realizadas e não foi identificado qualquer controle sobre essa vinculação ao valor da função, com
vistas a impedir que sejam ultrapassados os 10/10 (ou seja, 100%) do valor de uma função.
23.2.12. Há que se avaliar a sistemática dessa forma de incorporação que afeta todos os
funcionários do Crea que exercem função comissionada. O próprio funcionário ouvido aponta o caso
de um funcionário que tem salário base de R$ 2.254,28 e função gratificada de R$ 15.271,28, com
incorporação parcial de FG no valor de R$ 2.076,23, que pode gerar futura distorção quando esse
funcionário deixar essa função de confiança. A distorção que poderia ser ocasionada seria o
funcionário, sem que exercesse qualquer comissionamento, adquirisse direito a um salário muito
elevado, independente da atividade exercida no Conselho – ou seja, a mesma situação hoje verificada
com o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues. Assim sendo, será proposta determinação para que o Crea-SP
avalie essa situação de incorporação de funções comissionadas e promova os devidos ajustes para
evitar esse tipo de distorção.
23.2.13. Foram avaliados os planos de cargos e salários do Conselho a partir de 2003, bem como
instruções com modificações e atualizações de regras. Embora o funcionário não tenha sido o único
beneficiado pelas alterações constantes do plano, foi com esses planos que ocorreu a implementação
da sistemática de avaliação de desempenho, que resultou nos diversos níveis salariais concedidos ao
funcionário. Sobre os planos de cargos do Crea-SP, cabe observar que não existe uma tabela para cada
cargo, mas uma única tabela de 70 níveis salariais para todos os funcionários, sejam do quadro
efetivo ou apenas comissionados. Essa situação de tantos níveis é peculiar e não costuma ser
identificada em outros órgãos ou conselhos profissionais. Com isso, as referências mais altas chegam a
extrapolar o teto constitucional e possibilitam a efetivação de distorções salariais, como as registradas
com o funcionário objeto da presente representação.
23.2.14. Desde 2003, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, como já pontuado, ocupou cargos
211

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

decisórios na área administrativa e de recursos humanos, a saber: desde 31/08/2001 a Gerência do


Departamento Administrativo acumulada com a Gerência de Recursos Humanos; a partir de
5/12/2003, o cargo de Coordenador da Divisão Administrativa e Financeira; e em 9/2/2007, foi
designado para ocupar a função de confiança de Superintendente Administrativo e Financeiro, que teve
a denominação posteriormente alterada para Superintendente Administrativo, cargo que ocupou até
31/12/2011.
23.2.15. Sobre os reajustes anuais de salário, estes foram apontados no processo para demonstrar
seus efeitos sobre a remuneração do funcionário, que diante dessas diversas parcelas incorporadas ao
longo do tempo, somada às progressões de níveis salariais, potencializaram os aumentos e foram um
dos fatores responsáveis por extrapolar o teto constitucional. Com efeito, como demonstrado na
planilha de evolução salarial do funcionário (peça 64), os sucessivos aumentos de 10% ao ano tiveram
contribuição relevante para o montante atingido pelo salário do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues.
23.2.16. A concessão desses reajustes anuais e sua potencial distorção nos salários já foram
tratados no TC-010.955/2013-5, no qual foi proferido o Acórdão 3.438/2013-TCU-Plenário, que
determinou ao Crea-SP que antes da concessão de novos aumentos, reajustes e auxílios/adicionais,
observe a legislação trabalhista vigente, os parâmetros de mercado e os princípios aplicáveis à
Administração Pública, e inclua na comparação salarial todos os adicionais e outras vantagens que
compõem a remuneração dos seus funcionários (vide Informações Adicionais).Portanto, não cabe
abordar novamente o assunto neste processo.
23.2.17. Diante do exposto, analisadas as informações apresentadas pelo Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues, não foram afastadas as situações apontadas na instrução que originou a oitiva, assim como
não há alteração de entendimento sobre as audiências realizadas ou sobre as conclusões obtidas.’
13. Feita a análise da matéria, a Secex/SP propõe ao Tribunal (Peça 133, p. 24/25; 134 e 135):
13.1. conhecer da presente Representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos
nos arts. 235 e 237, inciso VI, do RI/TCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
13.2. acatar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Izildinha Aparecida
Amaral Vieira, para, consideradas as circunstâncias que a cercavam, afastar a aplicação de multa à
responsável;
13.3. rejeitar as razões de justificativa do Srs. Ângelo Petto Neto, José Tadeu da Silva e Waldir
Ronaldo Rodrigues;
13.4. aplicar aos Srs. Ângelo Petto Neto, José Tadeu da Silva e Waldir Ronaldo Rodrigues,
individualmente, a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da notificações, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’,
do RI/TCU), o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a
data do acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
13.5. autorizar, nos casos cabíveis, o desconto das dívidas na remuneração dos funcionários,
observado, por analogia, o disposto no art. 46 da Lei 8.112/1990;
13.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas caso não atendidas as notificações e não seja possível o desconto determinado;
13.7. determinar ao Crea/SP, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que no prazo
de 180 dias adote as seguintes medidas, com comunicação ao Tribunal das providências adotadas:
13.7.1. exclua as referências salariais acima do teto constitucional de sua tabela remuneratória,
tendo em vista os precedentes jurisprudenciais desta Corte que vêm coibindo essa prática, como por
exemplo o já mencionado Acórdão 2.950/2011 – TCU – Plenário;
13.7.2. implemente melhorias na normatização e nos procedimentos de controles internos, em
especial por parte da Superintendência de Controladoria, para coibir a ocorrência de novas
irregularidades como as apontadas no presente processo, a saber, a aprovação e pagamento de
remunerações acima do teto constitucional, bem como de transformações de cargos e incorporações de
vantagens sem observância aos princípios da razoabilidade, moralidade, eficiência e economicidade,
212

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

bem como os parâmetros de mercado;


13.7.3. institua Comissão para estudo e revisão do plano de cargos e salários do Conselho,
avaliando a situação das incorporações de funções comissionadas por funcionários do Crea/SP, para
adequação dos benefícios pagos a seus funcionários a parâmetros de mercado, assim como para evitar
que os futuros reajustes anuais produzam novamente referências salariais acima do teto remuneratório
constitucional;
13.7.4. adote providências para apuração da situação do funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues,
em relação à irregularidade quanto ao cargo supostamente ocupado de Gerente de Departamento ‘em
extinção’, assim como avalie a regularidade da situação funcional dos demais funcionários por ele
apontados – Srs. José Batista Novaes, Cecília Maria Lourenço e Zoel Rosa Trombeti;
13.7.5. institua, caso ainda não o tenha feito, ou conclua o Processo Administrativo Disciplinar
para apuração de responsabilidades do funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues na concretização dos
fatos apontados no presente processo;
13.7.6. proceda o desconto dos valores pagos irregularmente acima do teto constitucional dos
próximos salários do funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues, cujo montante original informado pelo
Crea/SP atingiria R$ 173.314,76 (Peça 37, p. 77), devidamente corrigidos;
13.8. encaminhar ao Crea/SP cópia de toda a documentação e informações apresentadas pelo Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues, para que sejam considerados nos estudos e apurações em andamento;
13.9. dar ciência do Acórdão que vier a ser proferido, assim como do Relatório e do Voto que o
fundamentarem, aos responsáveis e ao Crea/SP.
14. Encerrada a fase de instrução processual, nos termos do art. 160, § 2º, do RI/TCU, o Sr.
Ângelo Petto Neto (Peça 138) e o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues (Peça 141) apresentaram elementos
complementares, respectivamente às Peças 138 e 141, em relação aos itens questionados por este
Tribunal, razão por que restitui o feito à Secex/SP para que examinasse os novos elementos de defesa
(Peça 142).
15. Na sequência, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues apresentou elementos adicionais à Peça 143,
relativamente às ocorrências consideradas de sua responsabilidade, e o Crea/SP encaminhou o
documento da Peça 145, por meio do qual informou as providências adotadas por aquele Conselho.
16. Em derradeira instrução, a Secex/SP examina os elementos complementares dos Srs. Ângelo
Petto Neto e Waldir Ronaldo Rodrigues e as informações prestadas pelo Crea/SP (Peça 149):
‘EXAME TÉCNICO (elementos complementares)
4. Sr. Ângelo Petto Neto, CPF 197.976.308-97, ex-Vice-Presidente do Crea-SP.
4.1. Conduta: no exercício da Presidência, determinar a continuidade do pagamento de
remuneração ao funcionário do Conselho, Waldir Ronaldo Rodrigues, em patamar superior ao teto
constitucional, em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a jurisprudência do TCU sobre a
matéria.
4.2. Razões apresentadas (elementos complementares – peça 138):
4.2.1. Tendo em vista que os elementos juntados a título de complemento às razões de
justificativa apresentadas anteriormente (peça 119, p. 1-20), reproduzem, em seus exatos termos, as
argumentações já expostas, entende-se despiciendo remontá-las nesta oportunidade, uma vez já
sumariadas adequadamente nos itens 19.2; 19.2.1 a 19.2.5 da instrução precedente (peça 133).
4.2.2. De inédito, alguns comentários inseridos, a saber:
‘(...) Em manifestação anterior transcrevi trechos de contestações apresentadas pelo CREA, no
exercício de 2011, exercício em que, na qualidade de Vice-Presidente, assumi a Presidência do
Conselho, em face da licença do Presidente, conforme já relatado. (peça 138, p. 1)
(...) A despeito de tudo o que foi colocado no relatório de auditoria, o fato é que o Conselho
nunca reconheceu a situação de enquadramento de seus empregados, até a formulação da denúncia
anônima que motivou o presente processo. O mesmo ocorreu com a questão da necessidade de
realização de concursos públicos, que foi ignorado por completo pelo Crea-SP e por todos os outros
Conselhos, restando seu implemento somente quando o assunto foi tratado pelo judiciário e se
213

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

transformou em matéria pacificada. Observo que no Crea-SP há cerca de 130 empregados contratados
sem concurso público, cuja situação ainda encontra-se pendente. (peça 138, p. 2)
(...) Registro, mais uma vez, que meu despacho foi balizado no parecer jurídico mencionado, ou
seja, agi com boa-fé e amparado pelo suporte jurídico do Conselho, o que, entendo, deva ser levado em
consideração, pois não agi de modo a causar qualquer dano ou ilegalidade, muito pelo contrário: Ao
assumir a Presidência, por três meses, encontrei situação já instalada e, à vista de parecer jurídico
recebido, despachei nos termos consignados.’ (peça 138, p. 4)
4.3. Análise:
4.3.1. Conforme já pontuado, o responsável não logrou juntar elementos supervenientes, sendo
que mesmo as inserções ‘inéditas’, na realidade, de substancialmente novo nada apresentam,
porquanto apenas ratificam as justificativas anteriores.
4.3.2. No respeitante à alegação de boa-fé, vale explicitar que não merece prosperar. Conforme
exame empreendido com base nas informações e documentos juntados aos autos, o parecer jurídico
mencionado apontava para a exigência de os Conselhos observarem o teto constitucional. Nas
circunstâncias em que se encontrava, não poderia o Sr. Ângelo desconhecer o fato, sendo que, ao não
adotar conduta diversa, propiciou a continuidade do pagamento irregular. Portanto, não se afasta a sua
culpabilidade pontuada para o ato em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a
jurisprudência do TCU sobre a matéria.
4.3.3. Por elucidativo, destaca-se o exame efetuado na instrução anterior quanto a este aspecto:
‘19.3.5.A transitoriedade no cargo também não pode ser utilizada para afastar a responsabilidade
pelo ato praticado. O assunto ‘pagamento acima do teto constitucional’ no âmbito do Crea-SP resultou
na emissão de parecer jurídico, que apontou para a necessidade de observância desse limite
remuneratório pelos conselhos profissionais. O despacho do gestor foi decisivo para a continuidade do
pagamento e, inclusive, para a outra ocorrência de pagamento ‘extra teto’ a funcionário, verificada em
maio e junho/2012.
19.3.6. Cabe destacar que a controvérsia apontada pelo parecerista jurídico destacava casos
discutidos em processos judiciais, não se referindo, portanto, à esfera administrativa.’
4.3.4. Portanto, diante da análise demonstrada nos itens 19.3; 19.3.1 a 19.3.10 da instrução de
peça 133, p.6-8, que abordou todos os argumentos levantados pelo responsável, mantém-se o juízo
acerca da sua conduta reprovável dando ensejo à aplicação da multa prevista na Lei 8.443/1992.
5. Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, CPF 040.796.928-46, ex-Superintendente Administrativo.
5.1. Cumpre informar que ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues foram atribuídas duas condutas
irregulares, abaixo identificadas. No entanto, os elementos complementares ora apresentados não
fazem nenhuma distinção, tendo o responsável optado em apresentar as informações adicionais em
blocos. Assim, embora se siga o critério no momento da descrição da defesa, - no momento da análise,
para melhor compreensão, a exemplo do adotado na instrução precedente de peça 133 – a abordagem
do assunto será feita em relação às condutas inquinadas.
Conduta (1): como único beneficiário do pagamento de remuneração acima do teto
constitucional no Crea-SP, em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a jurisprudência do
TCU sobre a matéria, e ocupando o cargo máximo da estrutura do Conselho na área administrativa, ter
autorizado o envio da folha de pagamento de maio/2010 para pagamento, bem como, ao ter
questionada a legalidade do pagamento de sua própria remuneração por parte de seus subordinados,
emitir despacho e participar de decisão do Vice-Presidente pela continuidade do pagamento.
Conduta (2): elaborar o processo de avaliação e aprovar sua própria promoção de sete níveis
salariais, o que serviu de base para a autorização do Presidente, de forma desarrazoada e não alinhada
a parâmetros de mercado, e sem que fosse observado o critério de ‘equilíbrio entre os pares’ ou havido
apreciação sobre se sua remuneração ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente superior.
5.2. Razões apresentadas (elementos complementares – peças 141 e 143):
5.2.1. Primeiramente, faz menção ao seu tempo de casa (37 anos, tendo ingressado em 1977) e
desenvolvimento profissional (mais de uma graduação superior, dois MBAs, mestrado e doutorado,
214

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

além da publicação de quatro livros e artigos). Destaca que, durante os 37 anos, em mais de trinta
esteve nomeado para funções de confiança. Informa que, a despeito do cargo e salário, lhe são
outorgadas tarefas de baixíssima complexidade ‘por problemas políticos’. Exemplifica – aplicando o
abate-teto, recebe a importância de R$ 29.395,08, sendo que um empregado comissionado (de fora do
Conselho), com tempo de casa bem menor, percebe R$ 26.090,50 (Anexo 1- peça 141, p. 10). Reporta-
se à ação que tramita na Justiça Federal de São Paulo, por ele impetrada em 28/5/2013, à vista da
perseguição que enfrentava, antes do relatório de auditoria deste Tribunal.
Sobre o teto constitucional
5.2.2. Discorre que, desde março/2010, a totalidade de seus vencimentos começou a superar o
valor do teto constitucional, situação que perdurou até dezembro/2012, quando o Conselho passou a
realizar o abate-teto, em face de liminar concedida por meio de ação, segundo o responsável, ainda em
andamento (Ação Civil Pública 019916-14.2012.4.03.6199-JFSP).
5.2.3. Em 2011, em total demonstração de sua boa-fé, questionou o jurídico do Conselho sobre o
assunto, sendo à época emitido parecer ‘já juntado aos autos’ no sentido da continuidade dos
pagamentos até decisão definitiva. Infere que não era autoridade competente para decidir e não havia
como praticar o abate-teto em seu próprio salário. Sustenta ademais que ainda que coubesse o abate-
teto, nos seus vencimentos estão computadas vantagens obtidas antes de fevereiro de 2004 (data em
que o STF fixou o valor do subsídio mensal de seus ministros, em observância ao art. 8º da EC
41/2003), que não alcançariam o valor do teto constitucional, vantagens essas que excluídas deixariam
seus vencimentos abaixo do teto constitucional.
Sobre a controvérsia do assunto e a falta de definição de aplicação do abate-teto aos conselhos de
fiscalização do exercício profissional
5.2.4. No entender do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, o Crea-SP possui a visão de que seus
empregados são distintos do funcionalismo público e os tratam como se pertencessem à iniciativa
privada. Nesta esteira, aduz que sobre a questão ainda não há definição definitiva por parte do
judiciário. Cita que até no TCU tramita o processo TC 024.037/2013-3, autuado por força do Acórdão
1.641/2013-TCU-Plenário, que trata da ‘questão referente aos valores da remuneração bruta paga pelo
Confea ao empregado Waldir Ronaldo Rodrigues, haja vista a possibilidade de subordinação dos
Conselhos de Fiscalização Profissional ao teto remuneratório constitucional’ (grifo no original).
Acresce que a Sefip, Unidade Técnica deste Tribunal, ao analisar a matéria, apresentou a seguinte
proposta de encaminhamento:
‘b) por que seja firmado o entendimento de que os salários pagos por entes da Administração
Indireta que não recebam recursos do Tesouro Nacional, notadamente os conselhos de fiscalização
profissional, não são alcançados pelo teto remuneratório constitucional...’
Sobre a evolução salarial1020/2013), foi elaborado o Memorando 133/2014-UPE/DPF/SUPADF
(Anexo 2 –peça 141, p. 12-32), com sua evolução salarial. Noticia que, apesar de incompleto, referido
memorando apresenta informações diferentes daquelas fornecidas pelo Crea/SP ao auditor do TCU,
gerando as conclusões as quais se chegaram. Segundo o responsável, naquele memorando consta
tabela, especificando os eventos históricos que originaram as evoluções, que se tratam dos seguintes
itens: aumentos compensáveis, reajuste salarial, alteração de cargo, alteração de função, promoção,
reclassificação, desacumulo de cargo, exoneração, acordo sindical, decisão judicial e mérito. Salienta
que todos esses eventos são e sempre foram de competência exclusiva do ordenador de despesas, no
caso, o Presidente. Explicita como são operacionalizados tais eventos (peça 141, p. 3-4)
5.2.6 Conclama que, em todos os casos envolvendo sua pessoa, nunca houve despacho em causa
própria, e nem poderia ocorrer, ‘diferentemente do consignado no relatório de auditoria, onde constou
elaborar o processo de avaliação e aprovar a sua própria promoção.’ Para fazer prova a esta alegação, o
Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues junta o Memorando 004/05-Superint, de 12/1/2005 (fl. 58 do processo
C-453/03) – peça 141, p. 4.
Sobre a competência para as alterações salariais e suas origens
5.2.7 Afirmando que a competência para a prática de todos os atos relativos a pessoal era do
215

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ordenador de despesas, enumera os atos ‘questionados pela auditoria’ e quem efetivamente os ordenou:
- concessão de anuênio (25% no seu caso) – fls. 108/109 do processo C-24/88 – Despacho
assinado pelo então Presidente João Abukater Neto em 12/4/88 e aprovado pelo Plenário do Conselho
(peça 30 do relatório de auditoria);
- ato 46, de 30/10/1985, assinado pelo então Presidente Izrael M. Rozemberg, em 3/10/1985.
Segundo o responsável, o referido ato estabeleceu o cargo de Oficial de Escritório, onde teria sido
enquadrado. Este ato percorria do padrão 5-E a 7-E numa tabela salarial que se iniciava no padrão 1-A
até 9-E, demonstrando que o cargo possibilitava a progressão até perto do final da tabela (peça 30);
- ato n. 54 de 5/4/1990, assinado pelo então Presidente João Abukater Neto, de 5/4/1990, e
aprovado pelo Plenário. Nesse ato foram extintas as funções gratificadas, incorporando-se aos salários
as comissões recebidas pelo desempenho de funções gratificadas (peça 30);
Observa que na situação acima, houve ‘alteração significativa’, pois as gratificações de funções
foram simplesmente incorporadas aos salários, fato que teria ocorrido com todos os ocupantes de
função de confiança e, ‘nessa não estava no RH, o que só ocorreu mais de dez anos atrás.’
- Plano de Cargos, Salários e Carreiras de 1994 (processo C-0343/94), assinado pelo então
Presidente André Monteiro de Fázio em novembro de 1994 e aprovado pelo Plenário. Nesse plano foi
estabelecido o pagamento de novas funções gratificadas e a criação do quadro de cargos em extinção –
(peça 30);
Neste estágio, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues ressalta que também houve ‘nova alteração
significativa’, tendo em vista que novas gratificações foram concedidas sobre o salário com as
gratificações anteriores incorporadas. Novamente diz que ‘nessa não estava no RH, o que só ocorreu
mais de dez anos atrás.’
- Plano de Cargos, Salários e Carreiras de 25/11/2013 (Processo C-453/03) assinado pelo então
Presidente José Eduardo de Paula Alonso e aprovado pelo Plenário.
- Instrução 2373, de 11/2/2004, assinada pelo então Presidente José Eduardo de Paula Alonso,
estabelecendo procedimentos para administração da estrutura de cargos e salários, quadro de pessoal,
estrutura hierárquica, plano de movimentação e carreira. O Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues cita que a
Instrução ditava as regras para avaliações e promoções por mérito, bem como definia as regras para
pagamento de anuênios e demais componentes salariais. (peça 30);
- Instrução 2423, de 1º/9/2005, assinada pelo então Presidente José Eduardo de Paula Alonso,
com as mesmas finalidades da Instrução 2373/2004, então revogada (peça 31);
- Instrução 2456, de 6/3/2007, assinada pelo então Presidente José Tadeu da Silva, com as
mesmas finalidades da Instrução 2423/2004, então revogada (peça 31);
- Instrução 2466, de 10/8/2007, assinada pelo então Presidente José Tadeu da Silva, com as
mesmas finalidades da Instrução 2456/2007, então revogada (peça 31);
- Plano de Cargos, Salários e Carreiras de 24/1/2007 (Processo C-31/2007), assinada pelo então
Presidente José Tadeu da Silva e aprovado pela Diretoria do Conselho. Da mesma forma que as
Instruções, estabelecia regras para avaliações e promoções por mérito e as bases para pagamento dos
anuênios e demais verbas salariais. (peça 31);
- Alterações introduzidas no PCSC de 2009 (Processo C-639/2009), assinada pelo atual
Presidente Francisco Yutaka Kurimori em 2012 e aprovado pela Diretoria.
Salienta o responsável que tais alterações foram basicamente de estrutura e criação de cargos,
mantendo-se inalterados ‘os mecanismos existentes de avaliação de desempenho e de mérito e o cargo
de Gerente de Departamento de Extinção (fl. 768), o que está com vigência até hoje.’ (peça 141, p. 6)
- Nomeação para a função de Coordenador de Divisão, em 5/12/2003 – com isso, o Sr. Waldir
Ronaldo Rodrigues informa que passou do degrau 60 da tabela (peça 31 – fls. 30 a 40 do processo C-
453/03)
Observa que houve aqui alteração substancial em face da designação para uma função de
confiança, cujo degrau inicial era superior (a diferença dos valores era paga como função gratificada).
Da mesma forma, isso foi praticado para todos os que estavam na mesma situação.
216

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- Despacho de Incorporação Judicial, de 23/11/2004, assinado pelo então Presidente José


Eduardo de Paula Afonso, determinando a incorporação do valor no salário a partir de dezembro de
2004, em verba separada no demonstrativo de pagamento (peça 58);
- Despacho de alteração da base para pagamento de anuênio, assinado pelo então Presidente José
Eduardo de Paula Afonso, em novembro de 2002, definindo o conceito de salário-base (mesma
definição contida na Instrução 2373 e seguintes, que tratavam de assuntos de pessoal);
- Despachos de promoção de mérito devido os resultados obtidos nas avaliações de desempenho:
a) de 2007, fl. 26 do C-610/2006, assinado em 23/1/2007 pelo então Presidente José Tadeu da Silva
(peça 65); b) de 2008, assinado pelo Diretor Administrativo no exercício da Presidência Valdemar
Antônio Demétrio (fl. 152 do processo C-61/06 – peça 55); c) de 2009 (fl. 120 do C-501/2007),
assinado em 16/3/2009 pelo então Presidente José Tadeu da Silva (peça 65); d) de 2010 (fl. 402 do C-
501/2007), assinado em 18/3/2010 pelo então Presidente José Tadeu da Silva (peça 65)
Sobre suposta ‘conduta irregular’, consistente na elaboração dos planos de cargos, salários e
carreiras e sua execução
5.2.8. Contesta a conclusão, ‘à vista das informações dadas pelo Conselho’, de que a conduta
irregular que enseja a aplicação de multa consiste na participação da elaboração e execução desses
Planos (item 22.3.1 do relatório de auditoria de 25/3/2014). Reafirma que, conforme consta do
processo C-110/2003, o Plano de Cargos foi elaborado por grupo de empregados em virtude da
reestruturação efetuada em 2000/2003 e aprovada pelo Presidente e pelo Plenário, de acordo com o
Planejamento Estratégico – Meta 1- levantar a partir de 07/2000 informações necessárias junto aos
gerentes para subsidiar a revisão do PCSC... (Anexo 4 – peça 141, p. 34 - 35) – peça 141, p. 6
5.2.9. Acrescenta que as alterações que se seguiram no PCSC foram feitas em decorrência de
revisões realizadas por Comissão constituída de empregados de diversas áreas, de Diretor e de
Conselheiro do Crea/SP. Informa que todos os trabalhos dessa Comissão encontram-se registrados em
atas constantes do processo, sendo que demonstram claramente a origem das alterações, não havendo
que se atribuir a autoria do Plano a sua pessoa, imputação esta descabida e ainda que fosse o
responsável pela elaboração (o que não ocorreu), o Plano jamais poderia ser implantado sem a
aprovação do Presidente e do Plenário. No que tange à execução, aduz por óbvio que a
responsabilidade seria da área de Recursos Humanos, cujos trabalhos resumiam-se na
abertura/fechamento do processo, disponibilização dos formulários individualizados em sistema
informatizado, computação de dados, nos ‘exatos termos do previsto no Plano de Cargos, Salários e
Carreiras’.
5.2.10. O Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues refuta a constatação inserta no item 22.3 do relatório,
pois teria exercido a função de gerente de RH de 31/8/2001 a 5/12/2003 (‘vide anexo 2’, peça 141,
p.27). Em dezembro de 2003, imediatamente após a aprovação do PCSC, assegura que foi designado
para a função de Coordenador da Divisão Administrativa e Financeira, e a Gerência de RH continuou
existindo, para a qual foi designado novo titular. Deste modo, infere que todas as avaliações - a partir
de 2004 – foram realizadas pela Gerência de RH.
5.2.11. Consignou também como errôneas as afirmações constantes dos itens 22.3.2, 22.3.3 e
22.3.4 do relatório, por não ter sido o responsável pela elaboração do Plano e, enquanto Gerente de RH
(de 31/8/2001 a 5/12/2003), não ser o executor de qualquer processo de avaliação – mormente porque
essas avaliações só iniciaram em 2004 (vide todos os processos juntados, em que as execuções foram
feitas pelos respectivos gerentes de RH à época de cada avaliação)
Sobre a existência de cargo hierarquicamente superior para efeito de comparação
5.2.12. Prosseguindo, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues refere-se ao item 22.3.8 do relatório como
‘outro equívoco’, e aponta como base os documentos juntados, em especial nas peças 30 e 31 do
primeiro relatório de auditoria. Explica que, até 8/12/2008, haviam cargos na estrutura funcional do
Conselho hierarquicamente superiores ao que ocupava, que eram os de Secretário Geral (alterado para
Superintendente, Diretor Executivo e por fim, Secretário Executivo). Até 8/12/2008, sempre existiu
um superior hierárquico, contudo, por mais de uma década, noticia o interessado, esse cargo de gerente
217

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e coordenador (que teria passado a se denominar posteriormente de superintendente) foi ocupado por
empregados comissionados e não de carreira, por opção das administrações do Conselho.
5.2.13. Em 9/12/2008 (fl. 193 do processo C-031/2007) foi extinto o cargo de Secretário
Executivo e criadas duas funções no Gabinete da Presidência (Chefe de Gabinete e Chefe de Relações
Institucionais), responsáveis pelo acompanhamento das quatro superintendências.
5.2.14. Sustenta que, deste modo, a partir da avaliação de desempenho de 2009 não existia mais
superior hierárquico após os Superintendentes.
5.2.15. Por outro lado, comenta o interessado, a tabela salarial do Conselho sempre previu e
ainda prevê que os cargos de gerencia podem chegar até o último degrau da tabela, ou seja, degrau 70,
e hoje está enquadrado no degrau 63. Afirma que o seu cargo atual é de gerente de departamento (em
extinção), o que foi corroborado pela atual gestão do Crea-SP, consoante a alteração feita em 2012 (fls.
768 do processo C-639/2009).
5.2.16. Destaca que há o reconhecimento do cargo, conforme se pode depreender da
manifestação feita pelo Conselho, em 3/12/2012, nos autos da ação civil pública 0019916-14.2012-
403-6100 (fls. 19 a 23 do processo C-921/2012 – peça 59): ‘O funcionário supracitado foi admitido
por este Conselho em 31/1/1977 e, consoante disposto no Plano de Cargos, Salários e Carreiras do
Crea-SP de 1994, seu cargo de carreira é o de Gerente de Departamento – em extinção...’ (peça 141, p.
8). ‘Ou seja, tanto administrativamente como judicialmente, o Conselho afirma que meu cargo é o de
gerente de departamento, mas quando convém, alega que esse cargo não existe.’ – preleciona o
interessado. Ressalva, contudo, que ainda assim não fosse, o último cargo de carreira, desconsiderando
o de gerente de departamento, era o de Oficial de Escritório, que poderia chegar até próximo ao final
da tabela, não mudando o quadro atual.
5.2.17. Rebate ainda o item 22.3.9 do relatório, em que se relembra que em 2012 recebia
remuneração quase 35% maior que o segundo maior salário do Crea-SP, sendo que não exercia
qualquer função comissionada, ao contrário do segundo caso. Expõe que o empregado detentor do
segundo maior salário, Sr. João Batista Novaes, também foi exonerado de suas funções, continuando a
perceber a mesma remuneração, pois, a exemplo do ora defendente, aquele já havia incorporado quase
todas as funções gratificadas (Anexo 5 – peça 141, p. 36). Chama atenção o Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues para o fato de não ter havido menção no relatório de que possui mais de 37 anos de casa,
quase o dobro do outro empregado com o qual foi comparado. E mais, em relação às incorporações de
funções gratificadas, ressalta que essas continuam sendo praticadas pela atual gestão ‘tal e qual no
passado’, juntando os demonstrativos de pagamentos de empregados que perderam a função de
confiança, neste ano, e tiveram as incorporações operacionalizadas, proporcionais ao tempo em que
exerceram a função. (Anexo 6 – peça 141, p. 37-42). Salienta que no seu caso, as incorporações foram
quase totais, haja vista ter permanecido nas funções de confiança por mais de dez anos, ‘nos termos
dos regramentos existentes desde a década de 80 e que ainda permanecem válidos no Conselho, para
todo o corpo funcional que exerce função de confiança.’
5.2.18. Ademais, as incorporações remontam há mais de vinte anos e como já demonstrado
anteriormente, relata que assumiu a função comissionada de Gerente de RH de 31/8/2001 a 5/12/2003,
posteriormente a tais fatos, cuja época data de 5/4/1990, quando o Crea-SP, assim como os demais
órgãos de fiscalização do exercício profissional, entendiam e agiam como se fossem entes privados –
nos quais era, e ainda é, absolutamente normal a existência de gerente como cargo. Durante toda a
década de 90 reinou esse entendimento, até mesmo com o advento da Lei 9649/1998 que, em seu art.
58 estabeleceu que ‘os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas serão exercidos em
caráter privado, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa’, situação alterada
com a ADIN 1717-6.
5.2.19. Conclui que ‘toda essa situação pretérita gerou o quadro existente’, o qual não foi criado
por ele.
Sobre a boa-fé do defendente
5.2.20. O Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, ao final de seu arrazoado, alega a boa-fé, e que, a seu
218

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

juízo, fica patente em todos os documentos existentes, visto que, relativamente à questão do teto
constitucional, os entendimentos são controversos, tendo consultado o jurídico sobre a aplicação, que
acabou por resultar na determinação da autoridade competente pela continuidade até definição em
esfera superior.
5.2.21. No que pertine ao seu enquadramento e salário, o interessado registra que a situação do
cargo e as incorporações datam de mais de duas décadas, época em que não ocupava cargo no RH.
5.2.22. Além disso, anuncia que, enquanto na gerência de RH, solicitou por diversas vezes a
realização de auditorias, sendo que havia no quadro de pessoal auditor contratado para essa finalidade
e no entanto, nenhuma providência foi tomada. Ressalta que o Conselho criou uma Superintendência
de Controladoria, com a justificativa e finalidade específicas.
5.2.23. Frisa que todos os atos relativos à situação funcional e salarial ora em discussão sempre
foram originados pelos ordenadores de despesas e nunca por ato próprio. Igualmente, todas as
promoções por mérito ocorreram após avaliação de desempenho e nos estritos termos dos regramentos
existentes nos Planos de Cargos, Salários e Carreiras do Conselho.
Sobre a deficiência dos documentos apresentados pelo Crea/SP à auditoria e sobre os pedidos de
fornecimento de cópias não atendidos
5.2.24. Alega que os subsídios (material/informações) fornecidos pelo Crea/SP não foram
adequados e suficientes, restando prejudicados os trabalhos de auditoria. Por esse motivo, solicitou ao
atual Presidente do Crea/SP - em vão - o complemento com a juntada de documentos, por meio de
pedidos datados de 19/3/2014 (Anexo 8 – peça 141, p. 47- 53, reiterado em 18/6/2014 (Anexo 9 – peça
141, p. 54- 61) e novamente em 27/6/2014 (Anexo 10 – peça 141, p. 62- 64).
5.3. Análise:
5.3.1. De início, é preciso registrar que os elementos ora colacionados, em essência, tratam-se de
fragmentos do arrazoado anteriormente apresentado a este Tribunal (peças 111, 113 e 114), em
atendimento à audiência e à oitiva feitas, nos termos do Ofício 1370/2013, de 28/6/20113 –
TCU/SECEX-SP (peça 75) e Ofício 1374/2013, de 28/6/2013 – TCU/SECEX-SP (peça 74),
respectivamente. Como já esclarecido, embora o responsável tenha optado em apresentar as
informações adicionais em blocos – a presente análise, para melhor compreensão, a exemplo do
adotado na instrução precedente de peça 133, levará em conta o assunto abordado em relação às
condutas inquinadas.
5.3.2. Quanto à conduta (1): como único beneficiário do pagamento de remuneração acima do
teto constitucional no Crea-SP, em desconformidade com o art. 37, XI, da CF/1988 e a jurisprudência
do TCU sobre a matéria, e ocupando o cargo máximo da estrutura do Conselho na área administrativa,
ter autorizado o envio da folha de pagamento de maio/2010 para pagamento, bem como, ao ter
questionada a legalidade do pagamento de sua própria remuneração por parte de seus subordinados,
emitir despacho e participar de decisão do Vice-Presidente pela continuidade do pagamento
5.3.3. O responsável traz, no que interessa, as mesmas alegações, as quais foram sintetizadas nos
itens 21.2; 21.2.1; 21.2.2; 21.2.3; 21.2.4; 21.2.6 e 21.2.7 da instrução de peça 133. Examinando a
defesa, a instrução elucidou os pontos atacados conforme se depreende a partir dos itens 21.3; 21.3.1 a
21.3.15, cabendo ressaltar o seguinte:
- no que se refere à natureza jurídica dos conselhos profissionais:
‘21.3.1.Conforme posicionamento do Tribunal sobre a natureza jurídica dos conselhos
profissionais, na linha adotada pelo STF e consoante já abordado na análise de justificativas do Sr.
Ângelo Petto, cabe registrar que são autarquias federais sui generis, regidos pela CLT e custeados com
recursos não oriundos da máquina estatal. No entanto, o fato de não haver transferência direta de
recursos do Governo Federal aos conselhos profissionais não implica na liberdade total de seus
gestores para fixação e pagamento dos salários de seus empregados.
21.3.2. A jurisprudência pacífica do TCU, já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, é no
sentido de que, por receberem contribuições de natureza parafiscal, os conselhos de fiscalização
profissional sujeitam-se aos princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública. Isso
219

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

implica, por exemplo, na necessidade de realizar concurso público para admissão de pessoal, de
promover processo licitatório para aquisição de bens e serviços e de observar parâmetros de mercado
para os pagamentos de salários e benefícios aos funcionários. O posicionamento desta Corte de Contas
revela que não há total liberdade do gestor para estabelecimento de vantagens remuneratórias aos
funcionários de conselhos profissionais.’
- no que concerne às parcelas salariais para fins de limitação do teto constitucional
‘21.3.6. Quanto ao suposto cabimento de exclusão de vantagens pessoais para fins de limitação
do teto remuneratório, a jurisprudência do Tribunal adota como parâmetro o que dispõe a Resolução
STF 318/2006 e as Resoluções do Conselho Nacional de Justiça nos 13 e 14, ambas de 2006, nos
termos dos Acórdãos 1.199/2009-TCU-Plenário e 2.274/2009-TCU-Plenário. Inicialmente adotados
pelo Poder Judiciário, esses dispositivos também passaram a ser utilizados no Executivo e Legislativo.
21.3.7. Nessa linha, a Resolução CNJ 14/2006, art. 2º, alínea ‘f’, dispõe expressamente que
estão sujeitos ao teto remuneratório todos os ‘adicionais, inclusive anuênios, biênios, triênios,
qüinqüênios, sexta-parte, ‘cascatinha’, 15% e 25%, trintenário e quaisquer outros referentes a tempo de
serviço’, enquanto que a alínea ‘h’, itens 4 e 5, inclui no cálculo as vantagens de qualquer natureza,
tais como quintos e vantagens pessoais e as nominalmente identificadas – VPNI. Consequentemente,
não prosperam as exclusões requeridas.’
5.3.4. Diante disso, não prospera a tese suscitada sobre a controvérsia do assunto (natureza
jurídica dos conselhos) e a falta de definição de aplicação do abate-teto aos conselhos de fiscalização
do exercício profissional, bem como à exclusão das vantagens pessoais para fins de limitação do teto
remuneratório.
5.3.5. Quanto ao entendimento que estaria sendo firmado no TC 024.037/2013-3, acerca do
limite remuneratório no âmbito dos conselhos profissionais, em consulta ao sistema de registros
processuais deste Tribunal, verifica-se que o citado processo, de fato, decorre do Acórdão 1.641/2013
– TCU- Plenário (sigiloso), mas não certifica que aquele posicionamento é definitivo, dado o estágio
atual do processo – pendente de deliberação por este Tribunal.
5.3.6. Também não lhe assiste razão ao inferir que a ausência do rol de documentos solicitados
tenha prejudicado os trabalhos de auditoria – o responsável valeu-se desta alegação em etapa anterior,
ao ser instado em sede de audiência e oitiva (peça 111, p. 28), como se comprova do trecho abaixo
transcrito:
‘(...) Por outro lado, vê-se do processo desse TCU, cuja vista foi concedida, ajuntada de apenas
parte de processos do Crea/SP, com a falta de peças fundamentais à elucidação dos fatos. Assim,
vislumbra-se a falta de juntada de vários documentos e até de processos inteiros, sem qualquer menção
a respeito, ficando prejudicados os trabalhos realizados e, como via de consequência, muitas das
conclusões a que se chegou (...)’
5.3.7.A instrução precedente assim se manifestou (peça 133, p. 12):
‘21.3.8. No que se refere às alegações de o Conselho ter fornecido apenas partes dos processos
para apreciação do Tribunal, cabe esclarecer que as peças anexadas aos presentes autos são apenas
partes desses processos de avaliação, sendo que a integralidade foi disponibilizada para análise por
ocasião da inspeção realizada. Juntar a integralidade dos processos não foi considerado necessário; ao
contrário, seria descabida a juntada de todas as peças e documentos desses processos avaliativos, por
demais extensos e detalhados. Não obstante, foi juntada ao processo toda a documentação
encaminhada pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, o que inclui cópia de processos de avaliação (peças
113 e 114). Também não cabe a esta unidade técnica adentrar nas questões políticas apontadas pelo
responsável, cumprindo registrar que todas as conclusões apresentadas são decorrentes de análise da
documentação requerida e disponibilizada pelo Crea, solicitada por meio de diligência e de inspeção.’
5.3.8. Quanto à existência de uma controladoria no Conselho, foi feita a seguinte análise:
‘21.3.10. Outrossim, a existência de uma controladoria no Conselho não pode ser utilizada para
afastar sua responsabilidade na ocorrência irregular. Ocorre que no Crea, como apontado pelo próprio
funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues, a Superintendência de Controladoria tinha competência para
220

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

realizar os pagamentos das folhas de salários. Ou seja, não tinha apenas funções de planejamento e
controle, mas também de execução de pagamentos. Entendeu-se que a irregularidade restou
configurada ao elaborar a folha com o pagamento acima do teto remuneratório e encaminhá-la para
pagamento, com o agravante de que o único beneficiário – naquele momento – foi o agente que
encaminhou essa folha de pagamento. Portanto, não poderia alegar desconhecimento da situação. De
todo modo, embora não tenham sido objeto de apuração os procedimentos de controle adotados pelo
Conselho ou pela Superintendência de Controladoria para coibir esse tipo de irregularidade, será
proposta determinação ao Crea-SP para que implemente melhorias nesses procedimentos.’
5.3.9. Igualmente, o fato de ter solicitado auditoria porque havia no quadro de pessoal auditor
contratado, não vem ao propósito de eximi-lo da responsabilidade na ocorrência irregular.
5.3.10. No tocante à boa-fé e ao fato de ter se baseado em parecer jurídico, a instrução assim
consignou (peça 133, p. 13):
‘21.3.12. Sobre a consulta realizada pela Gerente de RH não estar assinada ou não tratar do teto
constitucional, mas do teto da tabela de padrões existentes no Plano de Cargos Salários e Carreiras do
Conselho, embora sem assinatura, a própria funcionária reconheceu ter realizado tal consulta. Sem
embargo, esse fato não altera as conclusões expostas, já que foi afastada a aplicação de multa à
referida gerente.
21.3.13.Ademais, o parecerista jurídico concluiu não haver dúvidas quanto à incidência do teto
constitucional aos salários do Conselho (peça 35, p. 142):
‘Ante as considerações acima mencionadas, ressai induvidosa a incidência do teto remuneratório
constitucional em relação aos agentes integrantes do quadro de pessoal deste Conselho, nos termos da
norma constitucional aplicável à matéria. Ou seja: como regra geral não pode haver no âmbito do
CREA/SP remunerações que extrapolem o subsídio dos Ministros do STF, salvo parcelas
indenizatórias.’
21.3.14. Em seguida, ao apreciar o parecer jurídico e encaminhar o assunto, o então
Superintendente declara expressamente que o assunto em análise abrangia ‘Valores da tabela, acima do
teto constitucional’ (peça 35, p. 147).
5.3.11. Ou seja, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, diante das circunstâncias relatadas, não poderia
negar ciência do fato, sendo que ao ignorá-lo e ter autorizado o envio da folha de pagamento de
maio/2010 para pagamento, incorreu em conduta reprovável, deflagrando o pagamento de
remuneração acima do teto constitucional, em seu próprio benefício.
5.4. Quanto à conduta (2): elaborar o processo de avaliação e aprovar sua própria promoção de
sete níveis salariais, o que serviu de base para a autorização do Presidente, de forma desarrazoada e
não alinhada a parâmetros de mercado, e sem que fosse observado o critério de ‘equilíbrio entre os
pares’ ou havido apreciação sobre se sua remuneração ultrapassaria o degrau inicial do cargo
imediatamente superior.
5.4.1. As razões de justificativa foram sumariadas nos itens 22.2; 22.2.1 a 22.2.5 da instrução de
peça 133 e examinadas consoante itens 22.3; 22.3.1 a 22.3.11 da mesma instrução (p. 14-16).
5.4.2. Acerca da alegação de que todos os atos relativos à situação funcional e salarial ora em
discussão sempre foram originados pelos ordenadores de despesas e nunca por ato próprio e que,
igualmente, todas as promoções por mérito ocorreram após avaliação de desempenho e nos estritos
termos dos regramentos existentes nos Planos de Cargos, Salários e Carreiras do Conselho, impera
frisar que o questionamento, neste caso, não se refere a este aspecto. Fato que foi esclarecido nos
termos dos itens 22.3.1 (peça 133, p. 15) e 22.3.7 (peça 133, p.16):
‘22.3.1. O responsável tece diversas considerações sobre a legalidade dos procedimentos, de que
tudo estava previsto em normativos do Crea, aprovados por Plenário e Diretoria. Entretanto, não
constou da instrução que o processo não estivesse normatizado. Ao contrário, foram juntadas
diversas peças e normas dos planos de cargos e salários e desses processos avaliativos,
necessários para caracterização das falhas. A conduta irregular do gestor foi sua participação na
elaboração e execução desses planos de carreira e sistemas de avaliação, de forma a produzir as
221

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

distorções apontadas no relatório. (grifamos)


(...)
22.3.7. Ademais, nas constatações registradas, também não foi apontada a inexistência de
critérios estabelecidos para as avaliações de desempenho. O que se registrou foi a participação do
funcionário, em primeiro momento na elaboração dos planos de cargos e salários e processos
avaliatórios, e num segundo momento na condução dos processos de avaliação, situação que afasta a
presunção de boa-fé do ex-gestor na prática da irregularidade. Cabe esclarecer que também não foi
apontado que o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues tivesse realizado diretamente todas as avaliações
dos funcionários do Crea, as quais são realizadas pelos diversos chefes das áreas. A participação
do gestor é na consolidação dos dados e na conclusão do processo, cujo resultado o beneficiava
por ter sido escolhido para progressão em todos os processos de avaliação, logicamente naqueles
em que houve funcionários beneficiados.’ (grifamos)
5.4.3. Deste modo, enumerar os atos normativos – obtidos inclusive durante a inspeção no
Crea/SP e já focados no exame empreendido posteriormente que concluiu pelas distorções salariais ora
em discussão - ou apresentar documento – ainda incompleto - contendo a evolução salarial da qual se
teve ciência quando da fiscalização no órgão – sequer serve ao propósito de atenuar a irregularidade
apontada.
5.4.5. Ou seja, não se trata de imputar culpa por ser o autor absoluto ou responsável direto pela
execução do Plano, mas notadamente porque resultou configurada a sua participação substancial no
processo que autorizou o sistema avaliativo que posteriormente o favoreceu de maneira injustificada.
Isto fica claro no item 22.3.4 da instrução, abaixo reproduzido.
‘22.3.4. De forma diversa ao procedimento adotado pela funcionária Izildinha Aparecida Amaral
Vieira, cujo ato omissivo na condição de Gerente de RH resultou na não implementação de rubrica
‘abate teto’ no contracheque de seu superior imediato e possibilitou o pagamento irregular, o ato
praticado pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues no exercício do cargo de Gerente de RH consistiu em sua
participação na elaboração do plano de cargos e salários que possibilitaria a obtenção de progressão de
níveis salariais, contribuindo futuramente em grande parte pelos vultosos aumentos em sua
remuneração. Nessa situação, considera-se que era exigível conduta diversa por parte do gestor e
entende-se afastada sua boa-fé no ato praticado.’
5.4.7. Assim também, valer-se do fato de que os atos foram aprovados pelo Plenário, ou que o
Plano de Cargos e Salários de 2003 foi fruto de discussão em função das metas estratégicas estipuladas
pelo Conselho, não anula a sua culpabilidade na ocorrência, visto que perdurou como responsável pela
área de RH durante todo o processo de elaboração, o que, por certo, assegurou-lhe a influência
necessária para a formatação desejada.
5.4.8. Sob este raciocínio, o documento de peça 143, p. 3, que se trata de declaração subscrita
pelo Sr. Carlos Gomes dos Santos Côrtes, CPF 013767808-97, juntada posteriormente aos elementos
adicionais, no sentido de que o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues não foi o autor do PCSC de 2003, nem a
autoridade autorizadora dos anuênios pagos, não surte efeito sobre as conclusões acerca da conduta
verificada.
5.4.9. Sobre a existência de cargo hierarquicamente superior para efeito de comparação, mister
lembrar que o assunto foi examinado adequadamente nos itens 22.3.8, 22.3.9 e 22.3.10 (peça 133, p.
16), abaixo transcritos, denotando que não cabe lhe dar guarida nesta oportunidade, visto que não
inova em suas fundamentações.
‘22.3.8. Sobre a questão de ocupar a função de confiança de Superintendente Administrativo,
que não havia cargo hierarquicamente superior e por isso não seria possível a avaliação de
‘ultrapassagem do degrau inicial do cargo imediatamente superior’, não possuindo pares para
comparação, duas observações cabíveis. A primeira é que essa assertiva contradiz as diversas
alegações de que o cargo não seria o mais alto na esfera administrativa. Depois, como afirma o
funcionário, ele é do quadro de carreira do Crea, portanto tem cargo efetivo, parâmetro que deveria ser
considerado, já que a função de Coordenador ou Superintendente é ad nutum. E mesmo sobre a
222

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

função de Superintendente, há outros superintendentes dentro do Crea, ou mesmo em outros conselhos


profissionais, parâmetros que poderiam ser utilizados para evitar distorções como a que se verifica no
caso em análise.
22.3.9. Não é demais relembrar que em 2012 o funcionário recebia remuneração de R$
36.117,22, quase 35% a maior que o segundo maior salário do Crea – R$ 26.895,59, sendo que não
exercia qualquer função comissionada no Conselho, ao contrário do segundo caso, que exercia cargo
de Superintendente. Assim, não há como deixar de considerar como expressiva a distorção do atual
salário percebido pelo funcionário, superior ao teto remuneratório constitucional, que resultou na
implementação de rubrica ‘abate teto’, como já abordado.
22.3.10. De todo modo, sobre seu caso ser o mesmo do funcionário João Batista Novaes, o qual
percebe esse segundo maior salário do Crea, há que se considerar que referido funcionário trabalha na
área fim do Conselho e institucionalmente não detém prerrogativas na condução dos processos
avaliatórios, exceto quanto à avaliação de seus subordinados, como qualquer outro ocupante de função
comissionada. Não obstante, cumpre esclarecer que o caso desse outro funcionário não foi objeto de
verificação no presente processo, mas que diante das diversas referências a esse funcionário, e ainda
pelo fato de que em 2012 sua remuneração de R$ 26.895,59 era mais de 20% superior ao terceiro
salário (que era de R$ 22.334,13), será determinado ao Conselho que institua comissão para apuração
da regularidade de sua situação funcional e dos componentes de sua remuneração.’
5.4.10. O responsável contesta os itens 22.3; 22.3.1 e 22.3.4 da instrução de peça 133. Não
procede. As constatações insertas nos itens referenciados pelo defendente não merecem reformas, uma
vez que a conduta ora questionada refere-se à elaboração do processo de avaliação e à aprovação de
sua própria promoção de sete níveis salariais, incorrendo em distorção salarial sem justificativa
plausível. Neste sentido, resultam inócuas as alegações produzidas. Resta comprovado e conforme
confirma o próprio, no ano de 2003 – em que foi aprovada a formatação da avaliação de desempenho
aplicada no Crea/SP – o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues exercia o cargo de Gerente de Recursos
Humanos cumulativamente com o de Gerente do Departamento Administrativo. E como tal, a sua
participação na elaboração dos planos e sistemas avaliatórios afigura-se evidente, à vista das
atribuições do cargo. A instrução de peça 133 bem elucidou a questão nos itens 22.3.2, 22.3.3, 22.3.4 e
22.3.5:
‘22.3.2. Sobre sua ação enquanto Gerente do Departamento de Recursos Humanos, que seria
somente reunir as informações das avaliações realizadas e encaminhá-las ao Superintendente
Administrativo, cabe destacar as atribuições do Gerente do Departamento de Recursos Humanos
elencadas na instrução de audiência (peça 69, p. 5-6):
- Planejar, desenvolver, organizar e gerenciar todas as atividades desenvolvidas pelas áreas de
Administração de Pessoal e Gestão de Pessoas, visando assegurar que o Conselho disponha de pessoal
qualificado, treinado e motivado para atingir seus objetivos;
- Coordenar e gerenciar as atividades de administração de pessoal, assegurando o
desenvolvimento dos trabalhos de folha de pagamento, encargos sociais, controle de benefícios,
admissões, férias, obrigações trabalhistas/previdenciárias e orçamento de pessoal.
22.3.3. Assim, verifica-se que o cargo de Gerente detém funções de planejamento,
desenvolvimento, organização, coordenação e gerência nas áreas de administração de pessoal, gestão
de pessoas e folha de pagamento, o que aponta para sua participação na elaboração dos planos e
sistemas avaliatórios, ao contrário do que defende o ex-gestor.
22.3.4. De forma diversa ao procedimento adotado pela funcionária Izildinha Aparecida Amaral
Vieira, cujo ato omissivo na condição de Gerente de RH resultou na não implementação de rubrica
‘abate teto’ no contracheque de seu superior imediato e possibilitou o pagamento irregular, o ato
praticado pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues no exercício do cargo de Gerente de RH consistiu em sua
participação na elaboração do plano de cargos e salários que possibilitaria a obtenção de progressão de
níveis salariais, contribuindo futuramente em grande parte pelos vultosos aumentos em sua
remuneração. Nessa situação, considera-se que era exigível conduta diversa por parte do gestor e
223

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

entende-se afastada sua boa-fé no ato praticado.


22.3.5 Sobre os processos avaliativos de 2004 a 2006, em que ele não teria sido progredido, não
foram identificados funcionários progredidos nesse período. Portanto, não procede a alegação que seja
errada a constatação de que tenha sido progredido em todos os processos avaliativos, pois nos
processos em que não houve sua progressão, não houve funcionários beneficiados no conselho. E
ainda que haja algum processo em que tenham sido contemplados outros funcionários e que ele não
fosse beneficiado, anteriormente a 2006, isso não afastaria a irregularidade quanto ao período em que
se beneficiou com os diversos níveis auferidos nos processos avaliativos, conforme apontado na
instrução de audiência.’
5.4.11. Na instrução de peça 69, na qual foram consignados os resultados da inspeção realizada
no Crea/SP, restou comprovada a sua responsabilização, em decorrência dos fatos assim relatados:
‘64. Planos de cargos e salários – foram implantados três planos no Conselho, nos anos de 2003
(peça 30, p. 72-94), 2007 (peça 31, p. 28-45) e 2009 (peça 32, p. 1-55). Entre esses exercícios, houve
expedição de atos com modificações e atualizações de regras, como foi o caso da Instrução 2.373, de
11/2/2004 (peça 30, p. 95-108), Instrução 2.423, de 1º/9/2005 (peça 31, p. 1-26) e da Instrução 2.456,
de 6/3/2007 (peça 31, p. 46-58), dentre outras. (grifos no original)
64.1. Os planos de cargos e salários e instruções expedidas promoveram diversas mudanças nos
valores para cargos e funções do Conselho, e disciplinaram alterações na estrutura salarial, tal como a
unificação da tabela de salários, passando todos os cargos efetivos e funções comissionadas a constar
de uma única tabela, que com o tempo aumentou e atingiu os 70 (setenta) níveis salariais hoje vigentes
(peça 65, p. 282). (grifos no original)
64.2. Essas alterações beneficiaram todos os funcionários, mas tiveram especial impacto na
remuneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues. Como exemplo, o plano de 2003 possibilitou o maior
aumento anual na remuneração do funcionário, cujo salário sofreu aumento de 29,71% (maio/2004 em
relação a maio/2003).
64.3. No Plano de Cargos e Salários de 2003, constam rubricas do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues
como Gerente do Departamento Administrativo (peça 65, p. 30-39), o que demonstra sua participação
na elaboração das regras instituídas na vigência do plano de 2003, que foram reproduzidas nos planos
seguintes. O Plano foi assinado em 25/11/2003, e em seguida, no dia 5/12/2003, é expedida a Portaria
032/03 com sua promoção para o cargo em comissão de Coordenador da Divisão Administrativa e
Financeira (peça 65, p. 48-50).’
5.4.12. Importante salientar que as considerações sobre o cargo de Gerente de Departamento ‘em
extinção’, incorporação de anuênios, incorporação de funções comissionadas, planos de cargos e
salários, e reajustes reais de salários, ora introduzidas nesta etapa processual pelo responsável,
encontram-se expostas nos itens 23.1.1 a 23.1.19 da instrução de peça 133, sendo o exame respectivo
efetuado nos itens 23.2, 23.2.1 a 23.2.16 da mesma instrução. Portanto, ‘a situação pretérita que gerou
a situação presente’ foi devidamente tratada na instrução, com a proposição de medidas corretivas,
quando cabível e, ao contrário do que opina o defendente, não se revela suficiente para afastar a sua
responsabilidade.
5.4.13. Vale destacar os seguintes itens:
‘23.2.7. O fato de haver referência a esse cargo de Gerente de Departamento ‘em extinção’ em
planos, normativos ou quaisquer outros documentos do Crea-SP não é suficiente para legitimar ou
regularizar a situação que originou essa situação.
23.2.8. A imputação de responsabilidade pelo ato de reenquadramento irregular do cargo do
funcionário como Gerente de Departamento ‘em extinção’ revela-se difícil por se tratar de fato
ocorrido há mais de vinte anos. No entanto, o que pode ser feito pelo Conselho é o levantamento de
toda informação disponível e revisão dessa situação irregular. Assim, como foi informado pelo Crea-
SP que está em andamento um estudo sobre a situação do cargo do Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues, cabe determinar que esse processo seja concluído, e que sejam também avaliados
esses dois outros casos apontados, para verificação de sua regularidade.(grifamos)
224

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

23.2.10. Sobre a incorporação de funções, o que foi apontado é a falta de controle do Crea
sobre os décimos das funções incorporadas aos salários. Desde dez/1997, esse tipo de vantagem não
mais existe para os servidores públicos. Ainda que não aplicável ao Crea, a Lei 8.112/1990 previa que
as funções fossem incorporadas na razão de 1/5 ou 1/10 ao ano, até que completassem o valor integral.
Em caso de exercício de função de valor maior, e já atingidos 10/10 incorporados, as frações eram
substituídas – 1/10 da função de maior valor em lugar do 1/10 da função menor – até que fosse
incorporado o valor da nova função comissionada. Assim, não era possível a um servidor público
incorporar mais que 10/10 de função. (grifamos)
23.2.12. Há que se avaliar a sistemática dessa forma de incorporação que afeta todos os
funcionários do Crea que exercem função comissionada. O próprio funcionário ouvido aponta o caso
de um funcionário que tem salário base de R$ 2.254,28 e função gratificada de R$ 15.271,28, com
incorporação parcial de FG no valor de R$ 2.076,23, que pode gerar futura distorção quando esse
funcionário deixar essa função de confiança. A distorção que poderia ser ocasionada seria o
funcionário, sem que exercesse qualquer comissionamento, adquirisse direito a um salário muito
elevado, independente da atividade exercida no Conselho – ou seja, a mesma situação hoje verificada
com o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues. Assim sendo, será proposta determinação para que o Crea-
SP avalie essa situação de incorporação de funções comissionadas e promova os devidos ajustes
para evitar esse tipo de distorção. (grifamos)
23.2.16. A concessão desses reajustes anuais e sua potencial distorção nos salários já foram
tratados no TC-010.955/2013-5, no qual foi proferido o Acórdão 3.438/2013-TCU-Plenário, que
determinou ao Crea-SP que antes da concessão de novos aumentos, reajustes e auxílios/adicionais,
observe a legislação trabalhista vigente, os parâmetros de mercado e os princípios aplicáveis à
Administração Pública, e inclua na comparação salarial todos os adicionais e outras vantagens que
compõem a remuneração dos seus funcionários (vide Informações Adicionais). Portanto, não cabe
abordar novamente o assunto neste processo.’ (grifamos)
5.4.14. Acerca da sistemática de avaliação que contribuiu para a distorção salarial verificada no
caso do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, especificamente quanto à subida de sete níveis salariais,
verifica-se que a instrução de peça 69, conforme itens 66, 66.1 a 66.9, bem historiou o feito e pontuou
a sua responsabilidade no episódio. Por oportuno, transcrevem-se os itens 66.3 e 66.4:
‘66.3. A partir da documentação obtida e analisada, verifica-se que o Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues foi escolhido em todos os processos avaliativos para ser progredido, o que resultou na
subida de 7 níveis salariais. As progressões ocorreram nos seguintes meses: fevereiro/2007 – 1 nível,
passando do degrau 56 para o 57 (peça 65, p. 110-118); março/2009 – 2 níveis, passando do degrau 57
para o 59 (peça 65, p. 173-184); março/2010 – 2 níveis, passando do degrau 59 para o 61 (peça 65, p.
200- 220); março/2011 – 2 níveis, passando do degrau 61 para o 63 (peça 65, p. 237-247).
66.4. Destaque-se que os processos avaliativos eram elaborados pela Gerente de Recursos
Humanos e submetidos à aprovação do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, na qualidade de
Superintendente Administrativo, que após confirmar ciência e apor o ‘de acordo’, submetia o processo
de avaliação ao Presidente do Crea, para conhecimento e manifestação. Esse procedimento pode ser
constatado, por exemplo, no Memorando 225/2009 – GERH, de 11/3/2009 (peça 65, p. 173-175) e no
Memorando 193/10-GERH/URH, de 11/3/2010’ (peça 65, p. 209-211).
5.4.15. Acerca da observação de que a instrução sequer teria mencionado o fato de possuir 35
anos de serviço, o que seria o diferencial no comparativo com o outro funcionário, não se sustenta,
cabendo desconsiderar o equívoco apontado pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues quanto ao item 22.3.9
da instrução de peça 133. Veja-se o item 23.2.1 da instrução de peça 133:
‘23.2.1. O quadro acima aponta uma situação que não é normal em uma entidade que deveria
observar preceitos da Administração Pública, como os princípios da razoabilidade, legalidade,
impessoalidade, moralidade e economicidade. A alegação de que isso seja devido a 36 anos de
trabalho, como alega o ex-gestor, também não é suficiente para legitimar essa situação, especialmente
quando se verifica que seu salário é pago sem que exerça qualquer função ou cargo comissionado, o
225

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

que não ocorre com o segundo maior salário, cujo ocupante exerce função de Superintendente.’ (grifos
no original)
5.5. No mais, ressalta-se que a conduta do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues deve ser avaliada no
contexto da situação em que foram apuradas as irregularidades que levaram a esta significativa
distorção salarial em sua remuneração. Sob esta ótica, sobressai a probabilidade de culpa do ora
defendente, o qual, embora não no papel de ordenador de despesas, exerceu função determinante para
a culminação dos atos que ensejaram as audiências aqui efetuadas. Não é demais trazer à baila excerto
da instrução de peça 69, que narrou o feito no item 63.10, com base em documentação comprobatória
acostada aos autos, obtidas durante a inspeção realizada:
‘63.10. Cabe mais uma vez destacar que durante todo o período em que se verificaram essas
irregularidades, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues ocupava cargos decisórios na área administrativa e de
recursos humanos, a saber: desde 31/08/2001 a Gerência do Departamento Administrativo acumulada
com a Gerência de Recursos Humanos; a partir de 5/12/2003, o cargo de Coordenador da Divisão
Administrativa e Financeira; e em 9/2/2007, foi designado para ocupar a função de confiança de
Superintendente Administrativo e Financeiro, que teve a denominação posteriormente alterada para
Superintendente Administrativo, cargo que ocupou até 31/12/2011.’
5.6. Dessarte, conclui-se que os elementos complementares (peças 141 e 143) não trouxeram
informações supervenientes no sentido de influenciar no encaminhamento proposto, visto que não
afastam a culpabilidade do responsável em ambas as condutas, devendo-se manter a proposta de
encaminhamento formulada no item 35 da instrução de peça 133.’
17. Diante da análise empreendida (Peça 149), a Secex/SP, considerando que os elementos
adicionais das Peças 138, 141, 143 e 145 não alteram a conclusão lançada na instrução da Peça 133,
ratifica o encaminhamento sugerido anteriormente, o qual registrei no item 13 deste Relatório (Peças
149, 150 e 151).
18. Estando os autos em meu Gabinete, mais uma vez o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues
apresentou outras duas petições, cujos teores, em apertada síntese, podem ser assim resumidos:
18.1. documento da Peça 154: segundo o requerente, ainda há questões pendentes, haja vista que
a proposta feita pela unidade instrutiva de se determinar ao Crea/SP que apure a questão da suposta
ocupação do cargo de Gerente de Departamento ‘em extinção’ e que institua, se ainda não o fez,
Processo Administrativo Disciplinar para apuração de responsabilidades do ora requerente na
concretização dos fatos apontados na Representação. Assim, refuta a proposta da unidade técnica de
aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 e da autorização do desconto da
dívida em sua remuneração. Requer a oportunidade para a juntada de elementos atualizados do
Processo Administrativo Disciplinar e da ação civil pública, bem como a notificação pessoal de seus
patronos acerca das movimentações processuais destes autos.
18.2. documento da Peça 156: apresenta cópia da Ata de Reunião realizada em 05/02/2015, feita
pela Comissão Especial de Processo Administrativo Disciplinar. Destaca, com base em excerto de
depoimento prestado à Comissão do PAD, não ter, à época da ocorrência dos fatos relatados nesta
Representação, competência para decidir sobre a composição salarial, atribuição própria da presidência
e dos ordenadores de despesa. Requer a juntada do referido documento e a devida consideração da
matéria quando do exame do mérito.
19. Também o Crea/SP, após a fase instrutiva destes autos, apresentou o documento da Peça 155,
para informar que, de acordo com a sentença proferida nos autos do Processo 0000247-77-
2014.5.02.0076 (76ª Vara do Trabalho de São Paulo), a denominação do cargo de ‘Gerente de
Departamento- em extinção’ empregado no caso do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues é irregular e não
tem respaldo legal, por se tratar de função de confiança e não de cargo efetivo.
É o Relatório.
226

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VOTO

Trago à apreciação deste Colegiado Representação formulada pela Secex/SP acerca de possíveis
irregularidades ocorridas no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo –
Crea/SP (Peça 5).
2. Atendidos os requisitos previstos no art. 237, inciso VI, c/c o art. 235, ambos do RI/TCU, cabe ao
Tribunal conhecer da presente Representação.
3. A unidade técnica inicialmente apontou, com base na documentação inserta nas Peças 1 e 2, três
supostas falhas relacionadas a: i) pagamento de remuneração a empregado do Crea/SP com valor acima
do teto constitucional; ii) oferta de convênios e/ou seguros de saúde aos associados da entidade; iii)
diferença de valores em caixa do Crea/SP.
4. Realizadas as diligências pertinentes, bem como inspeção no Crea/SP, a unidade instrutiva
considerou confirmada somente a ocorrência de remuneração acima do teto constitucional. As duas
últimas questões mencionadas foram devidamente esclarecidas pelo Crea/SP, razão por que não
configuraram falhas.
5. Restou, então, a questão do pagamento de remuneração a empregado do Crea/SP com valor
acima do teto constitucional, em cuja composição a unidade técnica apontou, com base nas apurações
feitas durante a inspeção no Crea/SP, falhas tanto na incorporação de anuênios e de funções
comissionadas, como na progressão funcional decorrente da avaliação de mérito do empregado Sr. Waldir
Ronaldo Rodrigues.
6. Assim, promovidas as audiências dos responsáveis a fim de que apresentassem razões de
justificativa pelas falhas atribuídas, segundo a atuação de cada um, a saber, Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues
(ex-Superintendente Administrativo), Sra. Izildinha Aparecida Amaral Vieira (ex-Gerente de Recursos
Humanos), Sr. Ângelo Petto Neto (ex-Vice-Presidente), Sr. José Tadeu da Silva (ex-Presidente), bem
como a oitiva do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, na condição de interessado, e do Crea/SP, e examinados
os elementos de defesa, a unidade instrutiva propôs, em síntese, ao Tribunal:
6.1. conhecer da Representação e considerá-la, no mérito, parcialmente procedente;
6.2. acolher as justificativas da Sra. Izildinha Aparecida Amaral Vieira;
6.3. rejeitar as justificativas dos Srs. Ângelo Petto Neto, José Tadeu da Silva e Waldir Ronaldo
Rodrigues, e aplicar-lhes, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992;
6.4. determinar ao Crea/SP a adoção de providências relacionadas à ocorrência abordada nesta
Representação.
7. Acolho, desde logo, as conclusões da unidade técnica, como minhas razões de decidir, no sentido
da improcedência das questões relacionadas à oferta de convênios e/ou seguros de saúde aos associados
da entidade, bem como à suposta diferença de valores em caixa do Crea/SP, sendo despiciendo
acrescentar quaisquer ponderações à matéria.
8. No que se refere à inobservância do teto constitucional na remuneração do empregado, apesar de
considerar adequada a análise empreendida pela unidade instrutiva quanto à constatação da ocorrência,
considero importante tecer alguns comentários.
II
9. Com base na folha de pagamento de julho/2012, verificou-se que o empregado do Crea/SP Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues percebia salário, sem a devida implantação da rubrica “abate-teto”, em
patamar superior ao teto constitucional. À época, a remuneração do aludido empregado era de R$
36.117,22, situação que extrapolava o limite constitucional então vigente que era de R$ 26.723,13.
10. Consta informação nos autos que a rubrica “abate-teto” somente foi implementada pelo
Crea/SP a partir de janeiro/2013 (Peça 35, p. 10), por força de liminar concedida na Ação Civil Pública
019916-14.2012.4.03.6100-JFSP, ajuizada pelo Ministério Público Federal em desfavor do Crea/SP e
do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues.
11. Conforme pesquisa processual, na referida ação civil foi prolatada sentença de mérito,
julgando-a procedente (disponibilizada eletronicamente em 27/11/2013), por meio da qual foi
227

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

determinado ao Crea/SP a redução da remuneração do aludido empregado de modo a adequá-la ao teto


constitucionalmente previsto; pendente, porém, de decisão de mérito a apelação manejada pelo Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues (Processo 2012.61.00.019916-6, 26ª Vara/JFSP, Quinta Turma).
12. A unidade instrutiva, por ocasião da inspeção que realizou no Crea/SP no período de 25/3 a
22/4/2013, portanto antes da decisão de mérito da aludida ação civil pública, verificou restar pendente
a situação de pagamento de salário extra teto constitucional ao referido empregado no período de
maio/2010 a dezembro/2012.
13. O Crea/SP, em atendimento à solicitação da equipe de inspeção, apresentou-lhe naquela
ocasião planilha contendo a soma dos valores pagos acima do teto constitucional que perfaz o
montante de R$ 173.314,76 (Peça 37, p. 77). Entretanto, não constou em sua resposta informação
sobre a providência eventualmente adotada para recuperar os valores pagos a maior.
14. A propósito, a unidade técnica, ao averiguar a regularidade das rubricas que compõem a
remuneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, constatou também falhas na incorporação de
anuênio/funções de confiança e na progressão funcional decorrente da avaliação de mérito do aludido
empregado.
15. Verificou-se que, a partir de novembro/2002, o anuênio, na razão de 1% ao ano, passou a
incidir, sem amparo normativo, sobre o total da remuneração do empregado, deixando de se adotar a
regra anteriormente aplicada que considerava apenas o salário base, de acordo com o previsto nos
Acordos Coletivos.
16. Sobre a incorporação de valores de função comissionada, a unidade instrutiva apontou que o
empregado Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues incorporou 15/10 de função comissionada (rubrica 3014),
além da incorporação judicial (rubrica 3079), ultrapassando irregularmente o limite de dez décimos da
função.
17. O excerto, a seguir reproduzido, da instrução da Peça 69, referente à inspeção realizada no
Crea/SP, bem retratou a sistemática de incorporação de função comissionada do Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues:
“63. Incorporação de funções comissionadas – apesar de extinta essa espécie de gratificação
no âmbito de toda a Administração Pública Federal, esse é outro benefício pago pelo Crea-SP até hoje.
Como se depreende da planilha (peça 64, p. 1), a partir do mês de dezembro/2003 houve a primeira
incorporação de função, no valor de R$ 2.076,42.
63.1. Até novembro/2003, o exercício de funções comissionadas no Conselho era retribuído por
valor fixo, com base em tabela específica (peça 65, p. 5). A partir de dezembro, foi alterada a
sistemática e o valor passou a representar a diferença entre o valor do cargo efetivo e o valor da
função.
63.2. Em decorrência da mudança de sistemática, ocorreu a incorporação de 8/10 da função
ocupada. A incorporação foi determinada pelo Presidente do Crea à época, Sr. José Eduardo de Paula
Alonso, em 5/12/2003, e abrangeu diversos funcionários do Conselho (peça 65, p. 40-50).
63.3. A regra do Crea-SP é que as incorporações de função ocorrem quando o funcionário deixa
o cargo. Na vigência dessa sistemática, em janeiro/2006 o funcionário foi exonerado do cargo de
Coordenador de Divisão e readmitido em seguida para o mesmo cargo, com incorporação de 2/10 do
valor da função (peça 65, p. 76-78).
63.4. Outro valor referente à incorporação de função do funcionário, que até o momento atual
integra seu salário, refere-se à decisão judicial. O valor passou a integrar o salário do funcionário a
partir de dezembro/2004, tendo sido inclusive pago valor retroativo. Esse valor também tem sido
atualizado por todos os reajustes salariais de planos e acordos coletivos do Crea-SP (atualmente atinge
o montante de R$ 1.942,24), o que fez com que ainda hoje o valor incorporado judicialmente
represente 5,38% de sua remuneração bruta (peça 64, p. 3).
63.5. Nesse momento cabe apontar outra distorção na estrutura salarial do Conselho. Como dito,
o funcionário já havia incorporado 8/10 da função de Gerente Administrativo e 2/10 de Coordenador
228

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de Divisão. No entanto, ainda assim, foi somada nova incorporação judicial, o que extrapola os dez
décimos de uma função.
63.6. Mesmo já tendo incorporado mais de dez décimos, em abril/2007 ocorre nova incorporação
de mais 1/10 da função de Coordenador, desta vez por conta da alteração do cargo de confiança
ocupado pelo funcionário, de Coordenador de Divisão para Superintendente Administrativo e
Financeiro, houve nova incorporação de função (peça 65, p. 120).
63.7. E outras duas incorporações de décimos ainda viriam a ocorrer. A primeira em
setembro/2008, por conta da exoneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues da função de confiança de
Superintendente Administrativo e Financeiro, e concomitante nomeação (no mesmo ato) para a função
de confiança de Superintendente Administrativo (peça 65, p. 169-170). A simples mudança de nome
do cargo de confiança resultou na incorporação de mais 1/10 da função. A última incorporação ocorre
em janeiro/2012, por ocasião de sua exoneração do cargo de Superintendente Administrativo,
momento em que incorporou mais 3/10 da função (peça 65, p. 264-265).
63.8. Com isso, verifica-se que o funcionário incorporou 15/10 de função comissionada, além da
incorporação judicial. O resultado é que no momento atual, considerando-se o valor da rubrica de
função incorporada (3014) e de incorporação judicial de função (3079), o Sr. Waldir ainda percebe R$
6.520,64, o que representa 18% de sua remuneração bruta.
63.9. Sobre a forma de incorporação de décimos de funções comissionadas, o Secretário Geral
do Crea-SP assim se pronunciou (peça 52, p. 1):
‘Elucidamos também que o controle de incorporação de funções comissionadas do Conselho
ocorre conforme descrito no Plano de Cargos, Salários e Carreiras vigente, especificamente nos itens
8.11 e 8.12 e seus respectivos subitens. Não foram encontrados controles mais detalhados realizados
pela gestão anterior. Atualmente, quando há apenas mudança na nomenclatura da função de confiança
optou-se a partir de março de 2012 por manter a nomeação, alterando-se somente a lotação ou demais
informações, sem que haja incorporação de função gratificada. Tal mudança evita que a referida
incorporação ultrapasse dez décimos da função gratificada.’
63.10. Cabe mais uma vez destacar que durante todo o período em que se verificaram essas
irregularidades, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues ocupava cargos decisórios na área administrativa e de
recursos humanos, a saber: desde 31/08/2001 a Gerência do Departamento Administrativo acumulada
com a Gerência de Recursos Humanos; a partir de 5/12/2003, o cargo de Coordenador da Divisão
Administrativa e Financeira; e em 9/2/2007, foi designado para ocupar a função de confiança de
Superintendente Administrativo e Financeiro, que teve a denominação posteriormente alterada para
Superintendente Administrativo, cargo que ocupou até 31/12/2011.”
18. Conforme anotado pela unidade instrutiva, chama atenção a falta de controle por parte do
Crea/SP na incorporação de função comissionada, porquanto permitiu que o valor incorporado
ultrapassasse os dez décimos da função.
19. Outro ponto que também contribuiu para o aumento da remuneração do Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues foi a progressão funcional de sete níveis decorrente de avaliação de mérito, realizada com alto
grau de subjetividade, consoante registrado pela equipe de inspeção, inclusive com desrespeito ao critério
do “equilíbrio entre os pares”. Eis o detalhamento da ocorrência (Peça 69):
“66. Avaliações de mérito – outra sistemática adotada pelo Crea que contribuiu para a distorção
salarial no caso do Sr. Waldir foi a instituição de um procedimento de avaliações de mérito dos
funcionários, para concessão de progressões de carreira na estrutura do Conselho. O conceito foi
instituído a partir de 2007, já na gestão do Presidente José Tadeu da Silva.
66.1. De forma resumida, o procedimento consiste em que cada funcionário do Conselho seja
avaliado por seus superiores. Entre os melhores avaliados, um percentual de 10 a 15% de cada setor é
beneficiado com um ou dois degraus na tabela de degraus do Crea-SP.
66.2. Ocorre que o sistema revela elevada subjetividade por parte dos condutores do processo.
Isso se verifica em dois momentos. O primeiro por ocasião da avaliação propriamente dita, em que são
aplicados os critérios de valoração a cada funcionário. O segundo, cujos efeitos são ainda mais
229

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relevantes, é a ausência de critérios objetivos para escolha de quais funcionários, dentre os melhores
avaliados, serão agraciados com a progressão de um ou dois degraus na carreira.
66.3. A partir da documentação obtida e analisada, verifica-se que o Sr. Waldir Ronaldo foi
escolhido em todos os processos avaliativos para ser progredido, o que resultou na subida de 7 níveis
salariais. As progressões ocorreram nos seguintes meses: fevereiro/2007 – 1 nível, passando do degrau
56 para o 57 (peça 65, p. 110-118); março/2009 – 2 níveis, passando do degrau 57 para o 59 (peça 65,
p. 173-184); março/2010 – 2 níveis, passando do degrau 59 para o 61 (peça 65, p. 200-220);
março/2011 – 2 níveis, passando do degrau 61 para o 63 (peça 65, p. 237-247).
66.4. Destaque-se que os processos avaliativos eram elaborados pela Gerente de Recursos
Humanos e submetidos à aprovação do Sr. Waldir Ronaldo, na qualidade de Superintendente
Administrativo, que, após confirmar ciência e apor o ‘de acordo’, submetia o processo de avaliação ao
Presidente do Crea, para conhecimento e manifestação. Esse procedimento pode ser constatado, por
exemplo, no Memorando 225/2009 – GERH, de 11/3/2009 (peça 65, p. 173-175) e no Memorando
193/10-GERH/URH, de 11/3/2010 (peça 65, p. 209-211).
66.5. Para demonstrar o que isso representa em valores no salário base do funcionário (além do
salário base, a remuneração abrange ainda função incorporada, função incorporada judicialmente e
adicional por tempo de serviço incorporado), foram extraídos da tabela salarial atualmente vigente os
sete degraus em que ocorreu a progressão:
D Salário (R$)
egrau
5 17.499,38
7
5 18.374,38
8
5 19.293,07
9
6 20.257,70
0
6 21.270,61
1
6 22.334,13
2
6 23.450,88
3
Fonte: tabela Crea-SP (peça 65, p. 282).
66.6. Do quadro acima, constata-se que esse conjunto de promoções por ‘mérito’ resultaram em
aumento no salário base de 34% ao funcionário. Ressalte-se que havia ocorrido ainda outra promoção
em agosto/2008, com a concessão de mais dois níveis ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, que foi
posteriormente cancelada (peça 65, p. 148-162). Nesse caso, o próprio Memorando da Gerência de
Recursos Humanos já continha assinatura do Superintendente Administrativo e Financeiro, endereçado
ao Presidente do Crea-SP.
66.7. Esse critério subjetivo tem sido responsável por grandes distorções salariais dentro do
Conselho. Mas em nenhum caso o impacto foi tão expressivo, como na remuneração do ex-
Superintendente Administrativo. Isso porque na sistemática de avaliação consta como um dos critérios
para escolha dos funcionários a serem promovidos o ‘equilíbrio entre os pares’. Ou seja, buscava-se
certa coerência entre os salários dos funcionários do Conselho que ocupavam o mesmo cargo ou
função, de forma a evitar disparidades salariais. No entanto, esse parâmetro não foi observado no caso
do Sr. Waldir.
66.8. Questionado a respeito da inobservância ao critério de ‘equilíbrio entre os pares’ no caso
do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, o Secretário Geral do Conselho apresentou a seguinte manifestação
(peça 52, p. 1):
230

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘Quanto ao conceito de ‘equilíbrio entre pares’ relacionado à concessão de mérito decorrente de


Avaliação de Desempenho, verificou-se, junto aos documentos existentes no antigo Departamento de
Recursos Humanos, a existência, desde 2007, de memorandos de finalização de processo de avaliação
de desempenho, nos quais havia descrição dos critérios utilizados para a promoção por mérito
funcional.
Entre esses critérios identificou-se um item denominado ‘Avaliação de Salários dos pares em
Função’, conforme documentos em anexo. A comparação salarial entre pares parece ter sido realizada
considerando-se a função desempenhada na época, fato que nos leva a inferir que o funcionário Waldir
Ronaldo Rodrigues não teve esta comparação realizada, visto não possuir parâmetro para análise de
paridade.
Identificou-se ainda que não foi realizada análise para o funcionário em questão sobre a
adequação da faixa salarial em relação à hierarquia de cargos, isto é, apreciação se a remuneração
recebida ultrapassava ou não o degrau inicial do cargo imediatamente superior, conforme realizado
para os cargos de chefe e gerente, por exemplo.
Diante disso, elucida-se que tais ausências de comparação ocorreram sem que justificativa
formal fosse localizada em processos internos específicos à promoção por mérito. E, finalmente
acrescentamos, que o conceito de ‘equilíbrio entre pares’ indagado neste ofício e possíveis
normatizações quanto ao cálculo para basear tal análise também não foram localizados.’
66.9. Da leitura da manifestação acima, verifica-se que não apenas o critério de ‘equilíbrio entre
os pares’ não foi adotado para o Sr. Waldir, como sequer houve apreciação sobre se sua remuneração
ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente superior. Em outras palavras, reconhece o
Secretário Geral que o salário do funcionário, após essas sucessivas promoções por ‘mérito’, encontra-
se desvinculado de seu cargo efetivo que, conforme já exposto, até o momento o Conselho não sabe
sequer precisar qual é de fato esse cargo ocupado pelo Sr. Waldir Ronaldo.
66.10. Diante do exposto, cabe responsabilização do Presidente e do Superintendente
Administrativo do Crea, que contribuíram para as progressões funcionais irregulares.”
20. As ocorrências relacionadas a anuênios, à incorporação de funções comissionadas e à
progressão funcional contribuíram, sem dúvida, para o aumento do valor da remuneração do Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues e, consequentemente, para a extrapolação do limite do teto constitucional.
III
21. Ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, na condição de ex-Superintendente Administrativo, cargo
máximo na estrutura administrativa do Crea/SP, foi atribuída a responsabilidade por: i) ter autorizado o
envio da “folha de pagamento” de sua própria remuneração acima do teto constitucional para o setor
de pagamento, havendo emitido despacho e participado da decisão pela continuidade do pagamento de
sua própria remuneração, após questionamento da legalidade do pagamento extra teto; e ii) ter
elaborado o processo de avaliação e aprovado sua própria promoção de sete níveis salariais, sem
observância de parâmetros de mercado e do critério de “equilíbrio entre os pares”.
22. Além da audiência, também foi feita a oitiva do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues para que,
como interessado admitido nos autos, nos termos do art. 144, § 2º, do RI/TCU, se manifestasse sobre
as falhas apontadas em sua remuneração.
23. Dentre os argumentos oferecidos pelo Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues sobre a primeira
questão, destaca-se a tentativa de justificar a exclusão dos empregados do Crea/SP da limitação do teto
remuneratório constitucional. Alega, para tanto, que a entidade tem característica sui generis, sujeita-
se ao regime celetista, não utiliza verba federal, e fixa a remuneração de seu pessoal por meio de ato
administrativo sem a necessidade de lei específica para tal. Ademais, defende que, excluídas as
vantagens pessoais, a sua remuneração não ultrapassaria o teto constitucional.
24. Antes de examinar a defesa apresentada, convém consignar a norma constitucional que
dispõe sobre o regramento do teto remuneratório:
“Art. 37
(...)
231

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da


administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003).
(...)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.” (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005). Grifei.
25. Os argumentos do responsável não se sustentam. O art. 37, inciso XI, da CF define dentre os
destinatários da regra do teto os titulares de cargos, empregos e funções da Administração Direta,
autárquica e fundacional, alcançando pois os Conselhos de Fiscalização de Profissões regulamentadas,
dada a natureza autárquica de tais entidades assim já consagrada pela Suprema Corte (ADI 1.717-6/DF,
MS 21.797-9, MS 22.643-9), porquanto arrecadam e gerenciam recursos de natureza parafiscal, e
sujeitam-se às normas gerais e princípios de direito público e ao controle jurisdicional do TCU.
26. Também não prospera a tese de excluir da remuneração as vantagens pessoais para, enfim,
enquadrá-la no teto constitucional. Com a vigência da Emenda Constitucional 41/2003, nos precisos
termos do art. 37, XI, da Constituição Federal, convém ressaltar que as vantagens pessoais – aí
incluídas, por exemplo, as rubricas decorrentes da incorporação de quintos/décimos e de anuênio,
integram o somatório da remuneração, para efeito de verificação do teto, excluindo do teto
remuneratório tão somente aquelas de caráter indenizatório, conforme previsto no § 11 do aludido
dispositivo constitucional, incluído pela Emenda Constitucional 47/2005.
27. Esta Corte de Contas ao examinar caso concreto de inobservância do teto constitucional em
Conselho de Fiscalização de Profissão Regulamentada determinou ao jurisdicionado o ajuste nos
salários ao limite da remuneração do art. 37, inciso XI, da CF, além de determinar a realização da
glosa relativa aos valores excedentes (v.g.: Acórdão 910/2004, alterado pelo Acórdão 470/2005;
Acórdão 2.950/2011, todos do Plenário).
28. Sobre a segunda questão, o responsável ressalta, em especial, que não ocupava cargo
comissionado na área de recursos humanos, cabendo-lhe tão somente reunir as informações das avaliações
realizadas e encaminhá-las ao superior hierárquico; e que “não possuía pares para comparação”, numa
referência ao critério de avaliação de “equilíbrio entre os pares”.
29. Conforme exame empreendido pela unidade instrutiva, essas justificativas não afastam a
responsabilidade do ex-gestor. Restou demonstrado que desde agosto/2001 o aludido responsável ocupava
a Gerência do Departamento Administrativo acumulada com a Gerência de Recursos Humanos.
Posteriormente, atuou como Coordenador da Divisão Administrativa e Financeira, e depois a função de
confiança de Superintende Administrativo e Financeiro, cujo nome foi alterado para Superintendente
Administrativo.
30. De acordo com as atribuições do cargo de Gerência do Departamento Administrativo, o Sr.
Waldir Ronaldo Rodrigues era responsável pela gestão de pessoal, com função de planejamento,
desenvolvimento, organização, coordenação e gerência nas áreas de administração de pessoal e folha de
pagamento, quadro que permite inferir no sentido de sua participação na elaboração dos planos e sistema
de avaliação, bem como na consolidação dos dados e na conclusão do processo.
232

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

31. A progressão funcional em sete níveis decorrente do processo avaliatório do Sr. Waldir
Ronaldo Rodrigues causou distorção em sua remuneração, haja vista que o critério de “equilíbrio entre os
pares” foi completamente inobservado. Não houve comparação salarial do aludido responsável com as
remunerações de cargos/funções assemelhados. Tampouco se verificou a adequação da faixa salarial
relativamente à hierarquia de cargos, de modo a averiguar se a remuneração recebida ultrapassava ou
não o degrau inicial do cargo imediatamente superior.
32. A fim de dar efetividade ao critério de “equilíbrio entre os pares”, poderia ter sido realizada a
comparação da remuneração com outros cargos de superintendentes existentes no Crea, conforme exame
da unidade instrutiva. Portanto, não procede a alegação de que não havia pares para comparação.
33. Nem mesmo os elementos complementares oferecidos pelo responsável (Peças 141 e 145)
foram capazes de afastar as falhas apontadas, segundo a unidade instrutiva, cujo exame, reproduzido no
Relatório precedente, adoto integralmente como minhas razões de decidir (Peça 149).
34. Encerrada a fase de instrução, o Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues apresentou ainda duas petições
(Peças 154 e 156).
35. Na Peça 154, o responsável considera não haver segurança jurídica para a aplicação da sanção
pecuniária prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, uma vez que haveria de se esperar pela
conclusão do Processo Administrativo Disciplinar – PAD para apuração dos fatos apontados nestes autos,
cuja instauração é sugerida pela unidade instrutiva em sua proposta de encaminhamento. Também afirma
não ser o caso de determinar o desconto da dívida em sua remuneração, aplicando-se por analogia a
sistemática da Lei 8.112//1990, porquanto o direito não abriga o emprego de tal instituto em prejuízo da
parte. Ao final, requer oportunidade para juntar elementos atualizados do PAD e da ação civil pública,
bem como que seus patronos sejam notificados pessoalmente das movimentações processuais destes autos
para futura apresentação de memoriais e de pedido de sustentação oral.
36. Já na Peça 156, o ex-gestor apresenta cópia da Ata de Reunião realizada em 05/02/2015, feita
pela Comissão Especial de Processo Administrativo Disciplinar. Destaca, com base em excerto de
depoimento prestado à Comissão do PAD, não ter, à época da ocorrência dos fatos relatados nesta
Representação, competência para decidir sobre a composição salarial, atribuição própria da presidência
e dos ordenadores de despesa. Requer a juntada do referido documento e a devida consideração da
matéria quando do exame do mérito.
37. Sobre a notificação pessoal dos patronos acerca das tramitações destes autos, cabe consignar que
o pedido não encontra amparo nas regras de processualística aplicáveis aos processos de controle externo.
Compete aos patronos acompanhar via publicação no Diário Oficial da União a inclusão do processo em
pauta, para fins de distribuição de memoriais e de eventual pedido de sustentação oral, o qual poderá ser
requerido até quatro horas antes do início da sessão (art. 168 do RI/TCU).
38. A respeito da alegada impossibilidade da aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
8.443/1992 antes da conclusão do Processo Administrativo Disciplinar a que se refere o subitem 13.7.5 da
proposta de encaminhamento da Secex/SP, cumpre esclarecer inexistir sustentação para esse
entendimento do responsável.
39. Isso porque a sanção sugerida pela unidade instrutiva está baseada nas falhas atribuídas ao
responsável, cujas razões de justificativa são insuficientes para descaracterizá-las. A conclusão da
apuração que está sendo feita no âmbito do PAD, cuja instauração já fora noticiada pelo Crea/SP ao
responder à oitiva deste Tribunal, não vincula a decisão deste Tribunal sobre a matéria destes autos, haja
vista que as falhas apontadas estão nestes autos bem configuradas.
40. Ademais, a proposta da unidade técnica no sentido de determinar ao Crea/SP a instauração e
conclusão de PAD não encontra fundamento na jurisprudência desta Corte, que assentou pela
incompetência do Tribunal para ordenar a instauração direta de sindicâncias e processos administrativos
disciplinares.
41. Pela pertinência, reproduzo, a seguir, ementa do Acórdão 2.906/2000 – Plenário em que consta
a posição deste Tribunal sobre a matéria:
233

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRAZOS


PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS PELO MP/TCU. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PARA DETERMINAR APURAÇÕES DE
IRREGULARIDADES. INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PARA ORDENAR A
INSTAURAÇÃO DIRETA DE SINDICÂNCIAS E PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
DISCIPLINARES. CONHECIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL. ALTERAÇÃO DA EMENTA
DO ACÓRDÃO RECORRIDO.
(...)
4. Não é competente o Tribunal de Contas da União, jurisdição constitucional especializada,
para determinar diretamente a instauração ou para controlar resultados de sindicâncias ou de
procedimentos administrativos disciplinares, porquanto tais poderes não se subsomem às competências
constitucionais e legais de que é detentor. A omissão ilegal da autoridade competente resolve-se no
âmbito da própria Administração ou no Judiciário.
5. O Tribunal de Contas da União pode determinar à autoridade administrativa que apure
indícios de irregularidades cuja fiscalização esteja prevista nas competências desta Corte
42. Entretanto, se da apuração realizada no âmbito de Processo Administrativo Disciplinar resultar a
indicação de prejuízo ao erário, deverá o gestor adotar as providências para a recomposição do dano,
inclusive instaurando a competente tomada de contas especial, se for o caso. Nesse sentido, eis os excertos
do sumário e do voto condutor do Acórdão 9.901/2011 – 2ª Câmara:
“SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. EXERCÍCIO 2007. IMPROPRIEDADES
RELACIONADAS À CONDUÇÃO DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES E
DE SINDICÂNCIA. AUDIÊNCIAS. RAZÕES DE JUSTIFICATIVA ACATADAS E REVELIA DE
UM GESTOR. FALHAS FORMAIS E IRREGULARIDADES PASSÍVEIS DE MULTA. CONTAS
IRREGULARES DO DIRETOR GERAL DA ENTIDADE. REGULARIDADE COM QUITAÇÃO
PLENA DOS DEMAIS GESTORES. DETERMINAÇÃO E CIÊNCIAS.
- O Tribunal de Contas da União não é competente para controlar os resultados de processos
administrativos disciplinares, inclusive quanto a eventual morosidade dos respectivos procedimentos e
decisões. Todavia, o TCU pode determinar aos gestores responsáveis, sob certas circunstâncias, a
apuração de fatos e condutas de agentes públicos que sejam prejudiciais ao erário ou que configurem
atos de gestão ilegais ou ilegítimos.”
Voto
“11. Na presente situação fática constato que, nos processos em aberto relacionados pela
Secex/MS, há possibilidade de se configurar dano ao erário, sendo assim, deixamos de nos deparar
com infração meramente disciplinar, cabendo, portanto, a intervenção desta Corte. A propósito, cito os
Acórdãos 606/2011, 2052/2010, ambos do Plenário, em que houve determinação à entidade para que
adote medidas de ressarcimento ao erário caso confirmado eventual débito apurado em Processo
Administrativo Disciplinar.”
43. Deve-se dar especial atenção ao presente caso, porquanto há possibilidade de que o débito não
se limite apenas ao valor da remuneração que ultrapassou o teto constitucional. É possível a ocorrência de
débito oriundo de irregularidade na incorporação de anuênio e de função comissionada, bem como de
reenquadramento do responsável no cargo de “Gerente de Departamento – em extinção”, cujos
detalhamentos estão sendo apurados pelo Crea/SP, conforme já noticiado por aquela entidade.
44. Caso confirmado prejuízo aos cofres do Crea/SP em decorrência de tais falhas, deverá a
entidade adotar as providências necessárias ao ressarcimento do valor devido e, esgotadas as medidas
administrativas e prévias à Tomada de Contas Especial, deverá então instaurar a competente TCE.
45. Deixo também de acolher a sugestão da unidade instrutiva de determinar o desconto na folha de
pagamento do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues do montante que ultrapassou o teto constitucional, tendo em
vista a inaplicabilidade de tal medida aos empregados do Crea/SP com base em analogia à previsão
constante da Lei 8.112/1990.
46. Acerca do conteúdo da cópia da Ata de Reunião realizada em 05/02/2015, feita pela Comissão
234

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Especial de Processo Administrativo Disciplinar (Peça 156), cumpre informar que o depoimento
prestado pelo então Presidente do Crea/SP, Sr. José Tadeu da Silva, isentando o Sr. Waldir Ronaldo
Rodrigues da alteração de sua própria remuneração, não é suficiente por si só para afastar a
responsabilidade deste último mencionado pelas falhas que lhes foram atribuídas, em especial porque,
na condição de ocupante de cargos máximos na área de gestão de pessoal, atuou de forma a favorecer
sua própria remuneração, conforme amplamente demonstrado pela unidade instrutiva.
IV
47. Ainda nestes autos constam como responsáveis a Sra. Izildinha Aparecida Amaral Vieira (ex-
Gerente de Recursos Humanos), o Sr. Ângelo Petto Neto (ex-Vice-Presidente) e o Sr. José Tadeu da Silva
(ex-Presidente).
48. Coube à Sra. Izildinha Aparecida Amaral Vieira responder pela aprovação do pagamento inicial
da remuneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues acima do teto constitucional. Em síntese, restou
evidenciado que, apesar de deter poder de decisão em razão da função que exercia, no caso concreto
apenas encaminhou a folha de pagamento à Controladoria do Crea/SP, unidade responsável pela
aprovação das despesas da folha de pessoal.
49. Nessa circunstância e sopesando o fato de que o único empregado a receber a remuneração
acima do teto naquela ocasião era o seu superior hierárquico, o qual já havia aprovado a folha de
pagamento, a unidade instrutiva concluiu por acolher parcialmente a justificativa e não aplicar multa à
responsável, posição com a qual estou de acordo.
50. Já o Sr. Ângelo Petto Neto foi responsabilizado por haver determinado a continuidade do
pagamento da remuneração ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues acima do teto constitucional, conforme o
despacho da Peça 35, p. 148. Argumenta o responsável que somente atuou no exercício da presidência nos
meses de agosto a setembro de 2011, que os Conselhos de Fiscalização Profissional não se sujeitam ao
teto constitucional, dada a sua natureza sui generis, e que as vantagens pessoais não são consideradas para
fins de teto constitucional.
51. Tais argumentos não prosperam a favor do responsável. Conforme anotado alhures, a regra do
teto remuneratório disposta no texto constitucional, além de ter auto-aplicabilidade (v.g.: Acórdãos
463/2009, 2.602/2013, 1.856/2009, todos do Plenário), é bastante clara ao tratar do alcance das entidades
autárquicas e à inclusão das vantagens pessoais e outras de qualquer natureza.
52. Ainda que o responsável tenha exercido a Presidência do Crea/SP somente por três meses, o ato
de autorização da continuidade do pagamento de remuneração acima do teto constitucional assinado em
20/10/2011 (Peça 35, p. 148) produziu efeitos até dezembro/2012, portanto por mais de 1 ano e dois
meses.
53. Dessa forma, considerando que a defesa oferecida não elide a falha incorrida, cabe aplicar ao
responsável a multa sugerida pela unidade instrutiva.
54. Ao Sr. José Tadeu da Silva (ex-Presidente) é atribuída a responsabilidade por autorizar a
promoção de sete níveis salariais do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, mediante processos elaborados pelo
próprio beneficiário, de forma desarrazoada e não alinhada a parâmetros de mercado, sem que fosse
observado o “critério de equilíbrio entre os pares” ou havido apreciação se a sua remuneração
ultrapassaria o degrau inicial do cargo imediatamente superior, com consequentes distorções salariais.
55. Consoante visto da análise empreendida pela unidade instrutiva, o responsável não logrou
êxito em descaracterizar a falha apontada ou eximir-se de sua responsabilidade. A avaliação de mérito,
sistemática adotada pelo Crea/SP que permitia a progressão em níveis da carreira com impacto no
valor da remuneração, ocorreu de forma dissociada do “critério de equilíbrio entre os pares” e dos
parâmetros de mercado, já comentado alhures. Cabe, portanto, na linha proposta pela unidade
instrutiva, rejeitar as razões de justificativa do ex-gestor e aplicar-lhe a multa sugerida.
V
56. Os fatos apurados nesta Representação indicam o descumprimento às normas constitucionais
que estipulam o teto remuneratório, que alcança, por expressa disposição do art. 37, inciso XI, dentre
outros destinatários, os titulares de cargos, empregos e funções da Administração Direta, autárquica e
235

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fundacional, contemplando pois os Conselhos de Fiscalização de Profissões Regulamentadas, dada a


natureza autárquica de tais entidades, assim deliberado pela Suprema Corte (ADI 1.717-6/DF, MS
21.797-9, MS 22.643-9).
57. Como visto, o caso concreto revela pagamento da remuneração acima do teto constitucional ao
empregado Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, no período de maio/2010 a dezembro/2012, sendo a partir daí
adequado ao teto constitucionalmente previsto por força de decisão judicial (Processo
2012.61.00.019916-6, 26ª Vara/JFSP, Quinta Turma).
58. Consoante apuração feita pela unidade técnica, contribuíram para a extrapolação do teto
remuneratório a incorporação de anuênios, sem amparo normativo, sobre o total da remuneração do
empregado em vez do salário base; a incorporação de 15/10 de função comissionada, além da
incorporação judicial; a progressão funcional de sete níveis decorrente de avaliação de mérito
dissociada de critérios objetivos; e de reenquadramento irregular do empregado no cargo de “Gerente
de Departamento – em extinção, confirmado em sede de Reclamação Trabalhista ( Processo 0000247-
77.2014.5.02.0076, 76ª Vara do trabalho de São Paulo – SP – Peça 155).
59. Embora a questão tenha sido judicializada, o TCU deve, no desempenho de sua competência
outorgada pela Carta Magna, apreciar a matéria e expedir as determinações pertinentes ao caso.
60. Dessa forma, considerando a necessidade de se reaver em favor do Crea/SP o valor excedente
da remuneração paga acima do teto constitucional ao aludido empregado no período de maio/2010 a
dezembro/2012, e tendo em vista as falhas decorrentes da incorporação de anuênios e de função
comissionada, bem como do irregular reenquadramento do empregado no cargo de “Gerente de
Departamento – em extinção”, cabe determinar ao Crea/SP que proceda a levantamento dos valores pagos
indevidamente e adote as providências administrativas para o devido ressarcimento, instaurando, se
necessário, a devida tomada de contas especial.
61. Anoto, por fim, que acolho, na forma de recomendação, as determinações sugeridas pela
unidade técnica para revisar normativos e planos de cargos e salários do Crea/SP, por entender mais
adequado ao presenta caso.
No mais, acolho, no essencial, a proposta da Secex/SP e voto por que seja adotada a deliberação
que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2711/2015 – TCU – Plenário

1. Processo 011.620/2012-9.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessados/Responsáveis
3.1. Interessados: Secex/SP e Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues (CPF 040.796.928-46).
3.2. Responsáveis: Ângelo Petto Neto (CPF 197.976.308-97), Izildinha Aparecida Amaral
Vieira (CPF 011.049.768-62), José Tadeu da Silva (CPF 720.451.168-91), Waldir Ronaldo
Rodrigues (CPF 040.796.928-46).
4. Entidade: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo – Crea/SP.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – Secex/SP.
8. Representação legal: Antony Araújo Couto, OAB/SP 226.033; Júlio de Souza Comparini,
OAB/SP 297.284; Renata Valéria Pinho Casale Cohen, OAB/SP 225.847; Ricardo Campos, OAB/SP
176.819.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada pela Secex/SP, com
fundamento no art. 237, inciso VI, do RI/TCU, em que noticia possíveis irregularidades ocorridas no
236

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

âmbito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo – Crea/SP.


ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos
nos arts. 235 e 237, inciso VI, do RI/TCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. acatar parcialmente as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Izildinha Aparecida Amaral
Vieira, e afastar a aplicação de multa à responsável;
9.3. rejeitar as razões de justificativa dos Srs. Ângelo Petto Neto, José Tadeu da Silva e Waldir Ronaldo
Rodrigues;
9.4. aplicar individualmente a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992 no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) aos Srs. Ângelo Petto Neto e José Tadeu da Silva, e de R$ 15.000,00 (quinze
mil reais) ao Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das
notificações, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RI/TCU), o
recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão
até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, o parcelamento da dívida
em até trinta e seis parcelas mensais e sucessivas, esclarecendo aos responsáveis que a falta de
pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º,
do RI/TCU, sem prejuízo das demais medidas legais;
9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas caso não atendidas as notificações;
9.7. determinar ao Crea/SP, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que no prazo de 180 dias
adote as seguintes medidas, com comunicação ao Tribunal das providências adotadas:
9.7.1. exclua as referências salariais acima do teto constitucional de sua tabela remuneratória, em
observância ao limite do teto remuneratório constitucional;
9.7.2. verifique a situação do funcionário Waldir Ronaldo Rodrigues, em relação à irregularidade quanto
ao cargo supostamente ocupado de Gerente de Departamento ‘em extinção’, assim como avalie a regularidade
da situação funcional dos demais funcionários por ele apontados – Srs. José Batista Novaes, Cecília Maria
Lourenço e Zoel Rosa Trombeti;
9.7.3. implemente as medidas pertinentes, inclusive com a observância do direito ao contraditório e à
ampla defesa, para efetuar as correções na remuneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues, decorrentes da
incorporação de anuênios e de função comissionada, no limite de dez décimos, e do irregular reenquadramento
do aludido empregado no cargo de “Gerente de Departamento – em extinção”;
9.7.4. apure, após a efetivação das correções de que trata o subitem anterior, o montante pago
irregularmente acima do teto constitucional na remuneração do Sr. Waldir Ronaldo Rodrigues e adote
as providências administrativas para o devido ressarcimento, instaurando, se necessário, a devida tomada
de contas especial;
9.8. recomendar ao Crea/SP que:
9.8.1. implemente melhorias na normatização e nos procedimentos de controles internos, em especial por
parte da Superintendência de Controladoria, para coibir a ocorrência de novas irregularidades como as
apontadas no presente processo, a saber, a aprovação e pagamento de remunerações acima do teto
constitucional, bem como de transformações de cargos e incorporações de vantagens sem observância aos
princípios da razoabilidade, moralidade, eficiência e economicidade, bem como aos parâmetros de mercado;
9.8.2. adote, se ainda não fez, providências tendentes ao estudo e revisão do plano de cargos e salários do
Conselho, avaliando a situação das incorporações de funções comissionadas por funcionários do Crea/SP, para
adequação dos benefícios pagos a seus funcionários a parâmetros de mercado, assim como para evitar que os
futuros reajustes anuais produzam novamente referências salariais acima do teto remuneratório constitucional;
9.8.3. estude a possibilidade de implementar limitação temporal máxima, podendo coincidir com o
período de uma gestão, prorrogável por mais uma, para o exercício de cago comissionado ou função de
confiança em áreas estratégicas da entidade;
9.9. determinar à Secex-SP que monitore o cumprimento deste acórdão;
9.10. dar ciência deste Acórdão, assim como do Relatório e do Voto que o fundamentam, aos
237

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

responsáveis e ao Crea/SP.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2711-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário


TC 014.846/2014-5
Natureza: Representação.
Unidade Jurisdicionada: Comando Logístico do Exército Brasileiro – Ministério da Defesa.
Representante: Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda. (CNPJ
12.887.936/0001-65).

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. COMANDO LOGÍSTICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO.


PREGÃO ELETRÔNICO. REGISTRO DE PREÇOS. AQUISIÇÃO DE CAPACETES.
EQUIPAMENTO SUJEITO A CONTROLE NA FORMA DO REGULAMENTO APROVADO
PELO DECRETO 3.665/2000. INABILITAÇÃO DA EMPRESA AUTORA DA
REPRESENTAÇÃO. HABILITAÇÃO DE OUTRA LICITANTE. PEDIDOS CAUTELARES.
CONHECIMENTO. IMPROCEDÊNCIA. ARQUIVAMENTO.
1. Nos termos do art. 4º do Regulamento aprovado pelo Decreto 3.665/2000, incumbe ao
Exército baixar as normas de regulamentação técnica e administrativa para a fiscalização dos produtos
controlados.
2. Em licitação destinada à aquisição de equipamento controlado sujeito à homologação pelo
próprio Exército, inexiste reparo a fazer no resultado da fase de habilitação quando a autora da
Representação não aponta nenhum parâmetro normativo vulnerado nos testes a que o produto foi
submetido.

RELATÓRIO

Trata-se da Representação formulada pela empresa Inbraterrestre Indústria e Comércio de


Materiais de Segurança Ltda. (peça 1, p. 1/29) contra o Pregão Eletrônico 1/2014 do Comando
Logístico do Exército Brasileiro – Colog, do tipo menor preço por item, que tem por objeto o registro
de preços para eventual aquisição, num período de doze meses, de capacetes de combate, com
orçamento estimado em R$ 57.625.800,00, reduzido a R$ 55.580.000,00 após o processamento da fase
de lances e negociação com o licitante declarado vencedor (peça 1, p. 65/84).
2. A Representante foi inabilitada por não apresentar o memorial descritivo do seu produto,
contrariando o subitem 8.1.2 do edital. Todavia, afirma que tal exigência seria ilegal por restringir
desnecessariamente a sua participação, uma vez que os elementos necessários para identificar o
produto já teriam sido apresentados no processo de homologação perante o Departamento de Ciências
e Tecnologia do Exército – DCT e reproduzidos na sua proposta. Além disso, o documento faltante
poderia ter sido obtido por meio de diligência àquele Departamento.
238

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Adicionalmente, a Representante impugnou a habilitação da empresa Glágio do Brasil Ltda.,


vencedora do certame, sob os seguintes argumentos:
a) o órgão não teria tratado isonomicamente os licitantes, pois teria realizado diligência para
certificar-se sobre a revalidação do Título de Registro – TR do produto fornecido pela empresa Glábio
do Brasil Ltda., documento que autoriza a fabricação de produto controlado pelo Exército;
b) a concorrente não teria comprovado a aprovação e homologação do Memorial Descritivo pelo
DCT, pois não havia nenhuma rubrica ou carimbo no documento que permitisse aferir a sua validade;
c) o produto oferecido pela empresa habilitada seria de qualidade inferior, uma vez que o seu
Relatório Técnico Experimental – Retex registra a ocorrência de deformações.
4. A Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog examinou os aspectos
acima mencionados na instrução que compõe a peça 4, abaixo transcrita, com ajustes de forma:
“EXAME DE ADMISSIBILIDADE
5. Inicialmente, deve-se registrar que a representação preenche os requisitos de admissibilidade
constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU, haja vista a matéria ser de competência do
Tribunal, referir-se a responsável sujeito a sua jurisdição, estar redigida em linguagem clara e objetiva,
conter nome legível, qualificação e endereço da representante, bem como encontrar-se acompanhada
do indício concernente à irregularidade ou ilegalidade.
6. Além disso, a empresa Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda.
possui legitimidade para representar ao Tribunal, consoante disposto no inciso VII do art. 237 do
RI/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993.
7. Dessa forma, a representação poderá ser apurada, para fins de comprovar a sua procedência,
nos termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do Regimento Interno do TCU, aplicável às representações
de acordo com o parágrafo único do art. 237 do mesmo RI/TCU.
EXAME TÉCNICO
8. A representante [informa que é] empresa especializada no fornecimento de equipamentos ao
setor de defesa [e possui] Título de Registro e Atestado de Capacidade Técnica emitidos pelo Exército
Brasileiro, documentos que lhe autorizariam a fabricar e comercializar produtos controlados. No item
1, apesar de classificada em primeiro lugar, teria sido inabilitada por supostamente não ter comprovado
qualificação técnica, motivo pelo qual a empresa Glágio do Brasil Ltda. foi convocada e declarada
vencedora, por ter ofertado o melhor lance. Alega que essa empresa não preencheria as condições
mínimas de habilitação.
9. O recurso administrativo impetrado pela Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de
Segurança Ltda. contra a decisão da pregoeira foi indeferido. A seguir, apresentaremos os argumentos
trazidos pela representante seguidos de nossa análise.
Inabilitação indevida da empresa representante para o Item 1
10. A inabilitação ocorreu em razão da não apresentação do Memorial Descritivo, exigido no
subitem 8.1.2 do edital. [Todavia, tal documento integrou a solicitação de aprovação e homologação
do produto pelo Exército Brasileiro]. Após esse procedimento foram emitidos o Resultado da
Avaliação Técnica e o Relatório Técnico Experimental (Retex), devidamente apresentados no processo
licitatório, comprovando oficialmente a aprovação e homologação do produto controlado (...).
11. Destaca que, no campo ‘Descrição Detalhada do Objeto Ofertado’ do sistema Comprasnet,
foram apresentadas todas as informações e elementos técnicos necessários à adequada especificação do
objeto, pois, ‘do contrário, a representante teria sido desclassificada de plano’. Argumenta que o
Memorial Descritivo já teria sido entregue à Administração para a emissão do Retex.
12. Considera que sua inabilitação teria decorrido de um formalismo exacerbado. Cita
precedentes do TCU e do Poder Judiciário no sentido de que o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório deve ser temperado pela razoabilidade e pela finalidade do procedimento licitatório.
Entende que o Memorial Descritivo é absolutamente dispensável, [pois] a Administração Pública
poderia extrair todas as informações que constam desse documento de outros apresentados pela
representante.
239

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Questiona até mesmo a pertinência da exigência do Memorial Descritivo, uma vez que esse
documento poderia ser suprido por outros elementos necessários à comprovação de capacidade
técnica. Tal alegação seria corroborada pelo fato de que, em licitações anteriores, somente teriam sido
exigidos o TR e o Retex.
14. Alega que o procedimento de aprovação e homologação do produto para emissão do Retex é
semelhante à fase de pré-qualificação, prevista no art. 30, II, da Lei 12.462 e no art. 80, II, do Decreto
7.581, normas que regulamentam do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC). Tal
procedimento dispensaria nova verificação do preenchimento das exigências técnicas no âmbito dos
certames licitatórios, pois o Retex faria ‘as vezes do memorial descritivo, inclusive por se tratar de
resultado de um procedimento de averiguação no qual se verificou previamente tal memorial’.
15. Destaca que a exigência, por ser impertinente e restritiva à competitividade, sem
proporcionar qualquer vantagem à Administração Pública, seria contrária ao art. 37, XXI, da
Constituição Federal, e aos arts. 3º, I, § 1º e 30, § 5º, da Lei 8.666/93.
16. Por fim, com base no art. 43, § 3º, da Lei de Licitações e Contratos, afirma que, ‘se a
ausência do memorial descritivo implicasse em alguma dúvida quanto às características do produto
ofertado (...) – caberia à i. Pregoeira ao menos diligenciar no sentido de obter tais informações junto ao
DCT do d. Exército Brasileiro’. Cita também o art. 26, § 3º, do Decreto 5.450/2005, que autoriza o
pregoeiro a sanar erros ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos documentos e sua
validade jurídica. Segundo a representante, não seria o caso de juntada de documentos novos, mas de
confirmação de informações que já constariam da proposta.
Manifestação do Colog por ocasião do julgamento do recurso administrativo
17. Destaca que a inabilitação da representante decorreu dos subitens 8.1.2 e 8.1.3 do edital da
licitação. Aponta que eventuais discordâncias ou dúvidas deveriam ter sido impugnadas no momento
oportuno, conforme previsto no art. 41 da Lei 8.666/93 e no item 9 do instrumento convocatório.
18. Aponta que o Memorial Descritivo seria necessário para demonstrar que o produto oferecido
foi homologado, bem como para verificar sua conformidade com as especificações técnicas exigidas,
[pois] a apresentação do TR e do Retex, por não detalharem o produto, não seria suficiente para tanto.
Para justificar a exigência, cita caso concreto em que, pela não verificação do Memorial na fase de
habilitação, o material oferecido pela empresa contratada não teria atendido às necessidades do
Exército. Segundo a pregoeira, a descrição detalhada do objeto não substituiria o Memorial Descritivo
por não garantir que o produto do licitante atenderia ao objeto licitado.
19. Argumenta que as diligências serviriam para dirimir dúvidas quanto aos documentos, ou
informações neles contidas, apresentados pelo particular, mas não possibilitariam a juntada de
documentos novos, não apresentados oportunamente. Destaca que a inabilitação teria decorrido da não
apresentação de documento exigido no edital.
Análise
20. Pelo que consta dos autos, a representante, de fato, não apresentou o Memorial Descritivo,
documento exigido no subitem 8.1.2 do Edital do Pregão Eletrônico 1/2014 – Colog. Além disso, o
subitem seguinte (8.1.3) prevê expressamente que a não entrega ou entrega da documentação em
desacordo com o previsto no edital acarretaria a inabilitação da empresa. Nota-se, portanto, que a
conduta da pregoeira seguiu fielmente o previsto no instrumento convocatório.
21. Por outro lado, deve-se avaliar a pertinência da exigência. Na decisão relativa ao recurso
administrativo impetrado pela empresa Inbraterrestre, a pregoeira justifica da seguinte maneira:
‘[...] o documento é indispensável para verificar se o material/produto ofertado pela licitante é
compatível com a especificação técnica do item licitado, pois apenas a apresentação do Título de
Registro (TR) e do Relatório Técnico Experimental (Retex) não é condição suficiente para comprovar
tal fato, uma vez que tais documentos não detalham o produto.’
22. Segundo a empresa representante, as informações contidas no documento em questão já
constariam do campo ‘Descrição Detalhada do Objeto Ofertado’. Entretanto, segundo a pregoeira, ‘a
descrição detalhada do objeto não substitui o Memorial Descritivo, pois esta não garante que o
240

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

capacete balístico que a licitante possui homologado junto à DFPC [Diretoria de Fiscalização de
Produtos Controlados] atende ao objeto licitado’. A argumentação da pregoeira nos parece procedente,
uma vez que, conforme subitem 5.3.1 do edital, o referido campo deveria contemplar as
‘especificações técnicas mínimas do texto-base (ainda que resumidas)’. Nota-se, portanto, que o
campo não necessariamente apresentará as especificações completas do objeto ofertado pelo licitante,
fator que dificultaria a aceitação do objeto com a segurança necessária. A pregoeira complementa a
questão informando que, em certames anteriores, a falta de exigência do tipo resultou na frustração da
contratação, situação que se pretende evitar no certame em tela. Analisando a cópia do Retex e do TR
constante da peça 1, p. 420 a 422, confirmamos que tais documentos não trazem informações
detalhadas sobre o produto avaliado.
23. Sobre a realização de diligência, assiste razão à pregoeira, [porque] se trata de instrumento
destinado ao esclarecimento ou complementação da instrução do processo, ‘vedada a inclusão
posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta’, conforme
expresso no § 3º do art. 43 da Lei 8.666/93.
24. Também não procede a alegação de que a exigência seria restritiva à competitividade, já que
se trata de documento cuja elaboração depende tão somente do próprio licitante. Mais que isso,
presume-se sua existência prévia, já que, conforme expõe a própria representante, é necessária sua
apresentação quando da solicitação de aprovação e homologação do produto.
25. A alegação de que o procedimento de aprovação e homologação de produto para emissão do
Retex equivaleria à fase de pré-qualificação em contratações realizadas por meio de RDC também não
deve ser considerada. A pré-qualificação é voltada para a identificação de potenciais fornecedores de
determinado bem ou serviço, enquanto a emissão do Retex tem por objetivo autorizar a produção de
produtos controlados, ou seja, são instrumentos voltados a diferentes finalidades.
Habilitação indevida da empresa declarada vencedora do certame
26. Segundo a representante, o Título de Registro (TR) apresentado pela empresa Glágio do
Brasil Ltda. possuiria validade somente até 31/12/2013, mas que, conforme declaração da DFCP, a
validade da autorização teria sido estendida somente até 28/2/2014, sendo essa empresa, apesar do TR
vencido, declarada vencedora em 22/4/2014. Acrescenta que o art. 49, § 3º, do Decreto 3.365/2000,
que prevê a manutenção da validade do registro a partir do momento do protocolo de revalidação, não
resguardaria a posição da licitante, [porque] a DFPC teria estabelecido o termo final de validade
estendida. Dessa forma, entende que houve descumprimento do subitem 8.1.2 do edital e que a
empresa Glágio não poderia ter sido habilitada e declarada vencedora do certame.
27. Destaca que a diligência efetuada pela pregoeira com vistas a verificar a situação do
processo de revalidação do TR apresentado pela Glágio representaria quebra de isonomia entre os
licitantes, uma vez que igual medida não foi adotada em relação à sua proposta. Alega que as
informações técnicas que pretensamente não constariam na ‘Descrição Detalhada do Objeto Ofertado’
e no Retex poderiam ser ‘facilmente confirmadas a partir da verificação de documento
inequivocamente armazenado junto ao d. Exército’.
28. Com base no Retex apresentado pela licitante vencedora, a representante questiona também
a qualidade do produto ofertado, pois, segundo tal documento, ‘apresentaram grandes deformações,
inclusive na placa testemunho, sem no entanto perfurá-lo’. Alega que no Retex do seu produto não
haveria qualquer observação, o que demonstraria sua qualidade superior. Assim, considerando a
qualidade superior de seu produto e sua colocação em primeiro lugar após a fase de lances, não poderia
ser alijada do certame.
29. Questiona a validade do Memorial Descritivo apresentado pela Glágio do Brasil Ltda. por
ele não conter qualquer rubrica ou carimbo demonstrando ser aquele que fora aprovado e homologado
pelo DFPC. Ressalta que o Memorial Descritivo, caso realmente exigível, deveria ser aquele arquivado
no DFPC no momento da solicitação de avaliação para emissão do Retex, pois, do contrário, estaria
sendo admitido documento unilateral que poderia estar desconforme com aquele examinado e
homologado pelo DFPC.
241

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

30. Relata haver pontos contraditórios no Memorial Descritivo apresentado pela Glágio: o
documento teria feito menção à avaliação de coletes e não de capacetes e conteria incompatibilidade
entre a composição do tecido balístico indicado no Memorial Descritivo (430 g/m² + ou - 10% de
variação) e aquela constante do Retex (430 g/m²).
31. Diante dos argumentos apresentados, requer a inabilitação da empresa Glágio, por
descumprimento do edital.
Manifestação do Colog por ocasião do julgamento do recurso administrativo
32. Informa que a DFPC teria informado que a documentação de habilitação apresentada pela
Glágio do Brasil Ltda. atenderia o subitem 8.1.2 do edital. Aponta que ‘durante o processo de
revalidação do TR a requerente continua com seu registro válido para todos os fins, até a finalização
do processo, que poderá suspender ou cancelar o registro, caso ocorra qualquer irregularidade na
documentação’. Tal afirmação teria por fundamento o § 3º do art. 49 do Decreto 3.365/2000 (R-105).
Acrescenta que em consulta realizada ao DFPC obteve a confirmação de que o processo de revalidação
teria sido aceito e vigorava desde 27/3/2014.
33. Aponta que o item 8.1.2 do edital exigiria apenas a homologação do Retex, e não do
Memorial Descritivo, que seria um documento complementar. Acrescenta que toda a documentação
encaminhada pela empresa Glágio do Brasil Ltda. foi enviada para a DFPC para análise e considerada
conforme ao edital.
34. Sobre as observações relativas a deformações do capacete após disparo de metralhadora
automática (.44 Mag) que constam do Retex apresentado pela Glágio do Brasil Ltda., informa que a
placa testemunho não foi perfurada e o produto foi considerado ‘CONFORME’, atendendo à exigência
do subitem 4.4.3 do Texto-base D Abst/CI II 032/2010 (peça 3).
35. Não existiria incompatibilidade entre a especificação da gramatura do tecido balístico
indicada no Memorial e a contida no Retex, pois ambos seriam de 430 g/m² e a margem de 10% seria
inerente ao processo de fabricação do tecido.
Análise
36. A questão relativa à validade do TR apresentado pela Glágio do Brasil Ltda. foi
devidamente esclarecida pelo Comando Logístico do Exército. O Decreto 3.665/2000 prevê
expressamente, no § 3º do art. 49, que a protocolização do pedido de revalidação do TR resulta na
manutenção de sua validade até a decisão sobre o pedido. Além disso, consultado pelo Colog, a DFPC
confirmou que o processo de revalidação teria sido aceito e estava em vigor desde 27/3/2014.
37. A suposta inferioridade do produto oferecido pela empresa vencedora em relação ao produto
da empresa representante, ainda que fosse comprovada, não seria suficiente para resultar na
inabilitação da Glágio. Embora conste a informação de que, após os testes com disparos de
determinado tipo de arma, houve deformações no capacete, o equipamento recebeu a classificação
‘CONFORME’, o que o torna apto a ser adquirido pelo Exército, conforme previsto no subitem 4.4.3
da Especificação do Capacete de Combate Nível III A (D Abst/CI II 032/2010).
38. A invalidade do Memorial Descritivo apresentado pela Glágio também não prospera.
Conforme declaração da pregoeira, tal documento teria por finalidade evitar equívocos e verificar a
conformidade do produto oferecido com as especificações técnicas exigidas na licitação. O documento
encaminhado pela Glágio do Brasil Ltda. apresenta a descrição do capacete, os materiais utilizados, o
processo de fabricação e as especificações do produto, cumprindo bem a finalidade a que se destina.
Apesar da ausência de elementos que permitam constatar que o referido documento seria aquele
apresentado para fins de obtenção do Retex, a numeração sequencial das páginas constantes do canto
superior direito é indicativo de que o Memorial apresentado e o Retex são partes de um mesmo
documento (peça 1, p. 419-434).
39. Sobre a menção à avaliação de coletes e não de capacetes no Memorial Descritivo, trata-se
de erro que não compromete a validade do documento, uma vez que, conforme transcrição abaixo,
verifica-se que o título do item contém expressamente a palavra ‘capacetes’:
‘6 - AVALIAÇÃO DOS CAPACETES BALÍSTICOS
242

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A aprovação ou rejeição dos coletes deve ser feita de conformidade com as recomendações do
item 5.2 da NIJ Standard 0106.01.’
40. A alegada contradição sobre a gramatura do material empregado na construção do produto
não se sustenta, [porque] a variação, conforme salienta a pregoeira do Colog, é inerente ao próprio
procedimento de fabricação do material.
Medida liminar
Análise
41. Consoante o art. 276 do Regimento Interno/TCU, o Relator poderá, em caso de urgência, de
fundado receio de grave lesão ao Erário, ao interesse público, ou de risco de ineficácia da decisão de
mérito, de ofício ou mediante provocação, adotar medida cautelar, determinando a suspensão do
procedimento impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser
adotada quando presentes os pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in mora.
42. Conforme análise acima, considerando o entendimento pela improcedência da
representação, não há que se falar em fumus boni iuris, portanto, o pedido de medida cautelar deve
ser indeferido.
CONCLUSÃO
43. O documento constante da peça 1 deve ser conhecido como representação, por preencher os
requisitos previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei
8.666/1993.
44. Conforme relatado, a inabilitação da empresa representante decorreu da não apresentação do
Memorial Descritivo exigido no subitem 8.1.2 do edital. Portanto, a conduta da pregoeira encontra
amparo no instrumento convocatório. A exigência mostra-se pertinente, uma vez que visa à obtenção
de informações que permitem avaliar a compatibilidade do produto oferecido com as especificações
exigidas na licitação, evitando a repetição de problemas ocorridos em contratações anteriores. Não se
vislumbra qualquer restrição à competitividade decorrente da exigência, uma vez que o documento
solicitado é elemento necessário à obtenção da aprovação e homologação do equipamento junto ao
Exército Brasileiro, de forma que todos os potenciais fornecedores teriam condições de apresentá-lo
sem maiores problemas.
45. A questão relativa à validade do TR da Glágio do Brasil Ltda. foi superada, uma vez que,
além da previsão normativa de que a protocolização do pedido de revalidação do TR resulta na
manutenção de sua validade até a decisão sobre o pedido, foi constatada, por meio de diligência à
DFPC, a aceitação do processo de revalidação do documento. Sobre as deformações verificadas nos
testes, que supostamente revelariam a inferioridade do capacete ofertado pela Glágio, salientamos que,
apesar da observação contida no Retex, o produto testado teve sua conformidade atestada, cumprindo o
requisito exigido nas especificações do produto (D Abst/CI II 032/2010). A invalidade do Memorial
Descritivo apresentado pela vencedora da licitação e a inconsistência na gramatura do tecido balístico
também não se sustentaram nessa análise.
46. Além disso, a desclassificação ora contestada não gerou aumento no valor da contratação do
Item 1, já que a empresa convocada aceitou fornecer o produto pelo mesmo valor negociado com a
representante, classificada em primeiro lugar antes de sua inabilitação. Em relação ao Item 2, a
empresa contratada foi a primeira colocada após a fase de lances.
47. Pelo exposto, entendemos que o presente processo encontra-se em condições de ser
apreciado, conforme proposta de encaminhamento abaixo.”
5. Em face do exposto, a Selog propôs, à uniformidade, o seguinte encaminhamento (peças 4-6):
5.1. conhecer da presente Representação, porque satisfeitos os requisitos de admissibilidade
previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da
Lei 8.666/1993;
5.2. indeferir o requerimento de medida cautelar formulado pela empresa Inbraterrestre Indústria
e Comércio de Materiais de Segurança Ltda., tendo em vista a inexistência dos pressupostos
necessários para adoção da referida medida;
243

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5.3. no mérito, considerar improcedente a Representação;


5.4. comunicar ao Comando Logístico do Exército Brasileiro e à Representante a decisão que
vier a ser adotada nestes autos;
5.5. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 237, parágrafo único, c/c o art. 250, inciso I,
do Regimento Interno/TCU.
6. Estando os autos em meu Gabinete, a Representante apresentou novo arrazoado (peça 8),
contestando a análise feita pela Selog com os seguintes argumentos:
a) o memorial descritivo seria irrelevante para fins de caracterização do objeto ofertado;
b) a alegação de frustração de contratação anterior seria improcedente;
c) seria possível realizar diligência para obter informação que se encontra em poder da própria
Administração;
d) o memorial descritivo apresentado pela empresa Glágio Brasil Ltda. não foi homologado;
e) o memorial descritivo apresentado pela empresa Glágio Brasil Ltda. diverge do documento
que embasou a expedição do Relatório Técnico Experimental – Retex do produto que pretende
fornecer.
7. Por meio de despacho (peça 17), determinei à Selog que buscasse esclarecer junto ao
Comando Logístico do Exército Brasileiro a(s) razõe(s) pelas quai(s) o Capacete Balístico Nível III-A,
Modelo GB55, produzido pela empresa Glágio do Brasil Ltda. obteve certificação pela conformidade
por parte do Centro de Avaliações do Exército, apesar de o Relatório Técnico Experimental
2.578/2010, de 22/07/2010, conter a observação de que “nos tiros de .44 Mag, o capacete apresentou
grandes deformações, inclusive na placa testemunho” (peça 1, p. 421).
8. Para responder a essa indagação, a Selog realizou a diligência junto ao Colog (peça 21).
9. À peça 19, a Representante apresentou novo arrazoado, sustentando, em suma:
a) o cabimento da medida cautelar postulada na inicial;
b) a existência de diferença entre as amostras de capacete apresentadas pela empresa Glágio na
licitação e aquelas aprovadas e homologadas pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx) que
geraram a emissão do Relatório Técnico Experimental (ReTEx);
c) alternativamente, a inobservância das normas técnicas de especificação na realização dos
testes balísticos;
d) a ausência de exame de compatibilidade entre as amostras e os ReTEx apresentados pela
Glágio, pois os relatórios elaborados pelo CAEx após o exame das amostras apenas atestam a
conformidade do resultado dos ensaios e inspeções com as especificações do edital, o que caracteriza
descumprimento do item 18.1.3 do edital, diferentemente do procedimento observado em pregão de
2012 destinado à aquisição de coletes, em que um exame detalhado de compatibilidade entre as
amostras com os testemunhos de prova arquivados junto ao ReTEx da representante teria sido
realizado pelo CAEx e documentado nos autos do processo licitatório.
10. As alegações da representante foram examinadas na instrução da Selog de peça 23, tendo
originado oitiva do Colog quanto aos seguintes pontos (peça 27):
“a) esclarecimentos quanto ao fato de o Capacete Balístico Nível III-A, Modelo GB55,
produzido pela empresa Glágio, ter obtido certificação pela conformidade por parte do Centro de
Avaliações do Exército, apesar de o Relatório Técnico Experimental 2.578/2010, de 22/07/2010,
conter a observação de que, ‘nos tiros de .44 Mag, o capacete apresentou grandes deformações,
inclusive na placa testemunho’, assim como quanto às seguintes afirmações da empresa Inbraterrestre:
a.1) as deformações verificadas no teste acima podem acarretar graves danos aos combatentes
que utilizarem os capacetes, inclusive com risco de vida;
a.2) os capacetes apresentados (amostras) pela empresa Glágio no certame seriam diferentes dos
aprovados e homologados pelo CAEx, não compatíveis com os testemunhos aprovados quando da
emissão do ReTEx, tendo em vista que o CAEx não constatou a existência das ‘grandes deformações’,
conforme os Relatórios de Colaboração Técnica 03/2014 e 04/2014, sendo que tais fatos feririam o
item 18.1.6 do edital (amostra desconforme);
244

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a.3) o CAEx não teria realizado os testes de compatibilidade das amostras com o ReTEx
apresentado pela Glágio, o que estaria contrário à norma técnica de especificação do capacete – Texto
Base DAbst/CI II 32/2012, bem como ao item 18.1.3 do edital e às normas que regulam produtos
controlados, como o Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados pelo Exército (art. 293
R-105) e a Portaria 18/2006 do DLOG (art. 8º e 17), fato esse que estaria caracterizado quando os
Relatórios de Colaboração Técnica 3/2014 e 4/2014 afirmam apenas que as amostras obtiveram a
classificação CONFORME, sem qualquer observação quanto às ‘grandes deformações’;
a.4) em 2012, para o Pregão Eletrônico 51/2012 (coletes à prova de balas), o Colog realizou o
exame de compatibilidade das amostras com os testemunhos de prova arquivados junto ao ReTex, o
que, segundo a representante, seria o procedimento que deveria ter ocorrido no certame em análise;
b) outras informações e esclarecimentos que julgar cabíveis para o deslinde deste processo,
inclusive encaminhando cópia de contrato firmado ou documento similar com a Glágio do Brasil, bem
como de Ordens de Serviços e/ou pedidos para aquisição de capacetes já realizados e cronograma de
novos pedidos.”
11. À empresa Glágio do Brasil Ltda. foi dada oportunidade de manifestar-se no prazo de quinze
dias, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, sobre os aspectos acima
descritos (peça 28).
12. Uma vez que o exame dos autos envolve aspectos referentes ao processo de homologação de
produtos controlados pelo Exército, que constitui atividade finalística da Unidade Jurisdicionada,
considerei adequado que a Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública
– SecexDefesa desse continuidade à instrução do feito.
13. Ao analisar os argumentos apresentados pelo Colog em resposta à diligência (peça 24) e à
oitiva (peça 40), a SecexDefesa consignou (peça 44) que algumas informações vieram
desacompanhadas de evidências e que não foi esclarecida a alegação de que as deformações
verificadas no teste para obtenção do ReTEx 2.578/2010 poderiam acarretar graves danos aos
combatentes que viessem a utilizar os capacetes a ele relacionados, inclusive com risco de vida.
14. Em consequência, a SecexDefesa realizou inspeção no Centro de Avaliação do Exército, com
fundamento no art. 240 do RI/TCU, com as seguintes finalidades:
a) acessar os autos do processo administrativo de avaliação técnica que originou o ReTEx
2.578/2010 da Empresa Glágio, com o fim de analisar o memorial descritivo correspondente e verificar
de que forma eles se vinculam;
b) colher informações e documentos que possibilitassem compreender a sistemática e o
arcabouço normativo relacionados aos testes balísticos realizados nos capacetes para obtenção do
ReTEx e para verificar sua conformidade com as amostras apresentadas em processos licitatórios, com
o propósito de:
b.1) esclarecer as alegações da representante de que as deformações nos capacetes verificadas
nos testes que resultaram no ReTEx 2.578/2010 poderiam acarretar graves danos aos combatentes que
utilizassem os capacetes, inclusive com risco de vida;
b.2.) verificar o nível de abrangência normativa dos procedimentos usuais relacionados aos testes
balísticos realizados nos capacetes para obtenção do ReTEx e dos procedimentos usuais relacionados
aos testes balísticos realizados nas amostras de processos licitatórios para a verificação de sua
conformidade com o ReTEx, identificando procedimentos e atividades que não estejam normatizados;
c) inspecionar os capacetes da Empresa Glágio (amostras do processo licitatório) que foram
submetidos aos testes balísticos para fins de verificação de sua conformidade com os requisitos do
edital e sua compatibilidade com o ReTEx;
d) inspecionar os capacetes da Empresa Glágio (testemunhos de prova) que foram submetidos
aos testes balísticos para obtenção do ReTEX 2.578/2010;
e) inspecionar outros capacetes balísticos (testemunhos de prova) submetidos a testes balísticos
com calibre .44 Magnum, obtendo cópias dos ReTEx dele resultantes;
245

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

f) inspecionar o testemunho de prova que originou o ReTEx da empresa Inbraterrestre


apresentado no certame objeto destes autos;
g) analisar todos os documentos originados dos testes balísticos realizados nas amostras
ofertadas pela Empresa Glágio no certame objeto destes autos, principalmente os que subsidiaram a
elaboração dos Relatórios de Colaboração Técnica nº 003 e 004/2014; e
h) obter esclarecimentos quanto à inexistência de relatório específico para avaliação da
compatibilidade das amostras da Glágio com os testemunhos de prova arquivados quando da obtenção
do ReTEx 2.578/2010, o que representaria procedimento diverso do adotado no Pregão Eletrônico
51/2012, em que tal relatório foi elaborado para subsidiar os relatórios de colaboração técnica.
15. Antes mesmo de ser elaborada a instrução acerca dos elementos recolhidos na inspeção, a
representante manifestou-se (peça 61) sobre eles, alegando que o relatório fotográfico não contém o
capacete testado com a munição .44 Mag, o qual teria apresentado ‘grandes deformações, incluindo
grandes deformações na placa testemunho’.
16. Os achados de fiscalização foram registrados e avaliados na derradeira instrução da
SecexDefesa, abaixo transcrita (peça 63):
“EXAME TÉCNICO
108. Passa-se a seguir ao exame das informações e documentos obtidos junto ao CAEx,
evitando-se repetição de análises já realizadas na instrução do TC 016.056/2014-0 e que aqui se
aplicam.
109. Em relação aos questionamentos levantados pela representante em relação à veracidade dos
memoriais descritivos apresentados pela empresa Glágio no processo licitatório, por inexistência de
identificadores que possibilitem atestar sua origem e autenticidade, valem aqui as mesmas análises já
realizadas na instrução do TC 016.056/2014-0, parágrafos 25 a 36 [nos quais relatou-se que a
documentação dos testes e ensaios balísticos realizados nos protótipos apresentados para obtenção do
ReTEx e nas amostras fornecidas em processos licitatórios são arquivados na forma de cadernos de
prova, com numeração correspondente à da prova realizada, e não constituem um processo
administrativo com folhas numeradas sequencialmente e rubricadas].
110. Conforme fazem prova os documentos acostados às peças 1, p. 424-428, e 56, p. 14-18,
constatou-se a identidade entre os memoriais descritivos apresentados na licitação e os arquivados
junto à documentação gerada com os testes balísticos que resultaram na elaboração dos ReTEx.
111. O que também se verifica neste processo é a ausência de tratamento formal da
documentação relacionada aos testes para obtenção do ReTEx e para a avaliação de amostras em
processos licitatórios. Considerando que medidas corretivas para tratar essa questão já foram propostas
na instrução anterior [determinar ao Centro de Avaliações do Exército que tome as medidas
necessárias para conferir o tratamento previsto na Lei 9.784/1999 e em normas correlatas aos
documentos relacionados aos testes e ensaios balísticos que realiza, e recomendar ao Colog que
preveja, nos próximos editais, controles efetivos para evitar questionamentos quanto à veracidade dos
documentos apresentados pelos licitantes para comprovar a habilitação para a produção e a
comercialização de produtos controlados], entende-se desnecessário qualquer comentário adicional.
112. Em consequência, propor-se-á a improcedência das supostas irregularidades relacionadas
aos memoriais descritivos (alínea ‘d’ do item 73).
113. Quanto à alegação da representante de que não teriam sido realizados os testes de
compatibilidade entre as amostras e os testemunhos de prova da Empresa Glágio, por conta da
inexistência de relatório especifico para registrar os exames de compatibilidade, tal qual verificado no
Pregão 51/2012, em que se elaborou o Relatório nº 3/DAM, de 9/7/13 (peça 49, p. 78-89 do TC
016.056/2014-10), também desnecessária qualquer análise adicional à realizada na instrução do TC
016.056/2014-0, parágrafos 43 a 48, que tratou da mesma questão, impondo-se, portanto, sua
improcedência (alínea ‘g’ do item 73). [Nos parágrafos 43 a 48 da instrução afirmou-se que as
amostras fornecidas em processos licitatórios são submetidas aos mesmos testes e ensaios balísticos
aplicados nos protótipos apresentados para obter autorização de fabricação e comercialização de
246

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

produtos controlados; o fato de a administração já não contar com os testemunhos de prova que
embasaram a emissão do Relatório Técncio Experimental – ReTEx em nada prejudica o exame de
conformidade da amostra com o edital e com o próprio ReTEx, que pode ser efetuado por intermédio
dos memoriais descritivos].
114. No que se refere a alegação de que as deformações verificadas no protótipo de capacete da
Empresa Glágio deveriam ter ensejado a reprovação nos testes balísticos para a obtenção do ReTEx,
entende-se que as informações e documentos obtidos são suficientes para desconstituí-la.
115. A equipe de inspeção teve acesso não só ao protótipo de capacete da empresa Glágio
testado com munição .44 mag e que foi objeto do registro de deformação contido no ReTEx
2.578/2010 mas também às amostras do processo licitatório submetidas aos testes de aceitação. À peça
60, p. 1-12, encontram-se as fotos retiradas dos capacetes durante a inspeção, com as respectivas
discriminações, se protótipo ou amostras, e se testados com calibre 9 mm ou .44 mag.
116. A primeira grande constatação que veio a confirmar as informações apresentadas pelo
Colog em resposta à oitiva foi a de que todos os capacetes retro citados sofreram deformações após
submetidos aos testes balísticos. E elas ocorreram tanto em relação aos disparos efetuados com calibre
9 mm, quanto em relação aos disparos com calibre .44 mag, sendo mais acentuadas em relação a esse
último. Fazem evidências as fotos contidas à peça 60, p. 1-12.
117. A propósito, cabe destacar que também houve deformação em capacete balístico da
representante submetido a testes balísticos com calibre .44 mag. Vide foto à peça 60, p. 11-12.
118. Outra constatação foi a de que os citados capacetes, incluindo o que foi referenciado no
ReTEx 2.578/2010 da empresa Glágio, não sofreram qualquer perfuração na parte interna, seja nos
testes com calibre 9 mm ou .44 mag.
119. Portanto, a deformação verificada na placa testemunho utilizada nos testes balísticos para
obtenção do ReTEx 2.578/2010 não se originou do contato com o projétil. Tampouco foi causada pela
deformação do capacete, como alega a representante.
120. Isto porque conforme se verifica das fotos do protótipo, contidas à peça 60, p.2-3, as
deformações não foram tão acentuadas a ponto de alcançar o meridiano do capacete, condição
necessária para que elas pudessem atingir a placa testemunho, representada na foto localizada à p. 10
de mesma peça. Tal condição também não se observou nas amostras de capacete da empresa Glágio
testadas no processo licitatório (peça 60, p. 4-9).
121. Segundo o Tenente Wendel, engenheiro do CAEx que foi responsável pelos testes balísticos
que resultaram no ReTEx mencionado e que estava presente na inspeção, a deformação da placa
testemunho foi causada por componente da estrutura interna de fixação do capacete que se soltou com
o impacto dos disparos.
122. De modo que tais constatações minimizam os riscos apontados na alegação da representante
de que os usuários dos capacetes oriundos do ReTEx 2.578/2010 estariam sujeitos a sérios danos a sua
integridade física. Não havendo que se falar, em consequência, de trauma que ‘ultrapassaria o centro
do cérebro’.
123. A propósito, registre-se que, diferentemente das amostras de capacetes utilizadas nos testes
de aceitação do processo licitatório (peça 60, p. 4), não há identificação do calibre utilizado para testar
o capacete indicado pelo CAEx como tendo sido o que sofreu deformações na placa testemunho
durante os testes para obtenção do ReTEx. Entretanto, conforme explanação contida nos parágrafos
124 a 127, tal informação é irrelevante.
124. Questionados sobre as razões pelas quais as deformações não são consideradas para fins de
aprovação dos capacetes, os gestores do CAEx responderam que não há estudos conclusivos sobre a
existência de correlação entre deformações no capacete e dano à vida. Como evidência apresentaram o
documento acostado à peça 59, que é uma apresentação sobre o tema realizada em uma conferência
ocorrida em São Francisco (EUA) em novembro de 2007.
125. Esse seria o motivo de a norma por eles utilizadas não incluir as deformações como critério
de avaliação nos testes balísticos. Informaram também desconhecer qualquer outra norma, seja
247

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nacional ou internacional, que considere esse critério.


126. Ainda sobre esse assunto, relataram que a norma americana utilizada nos testes balísticos -
NIJ STD 0106.01, editada em 1981, encontra-se em revisão para, entre outras modificações, incluir as
deformações como critério de avaliação e aprovação em testes balísticos.
127. De fato, tal assertiva pode ser comprovada por meio do documento apresentado pela
representante e juntado à peça 43, p. 7-8, o qual contém informação retirada do site do Instituto
Nacional de Justiça do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América sobre a revisão da
norma com aquela finalidade. Registre-se que o site faz referência ao documento apresentado pelo
CAEx referido no parágrafo 106, o que demonstra ainda estar atual, não obstante datar de 2007.
(...)
129. No que refere às normas relacionadas aos testes balísticos, [confirmaram-se] as informações
já prestadas pelo Colog na manifestação juntada à peça 24. São utilizadas exclusivamente as normas
NIJ STD 0106.01 – Ballistic Helmets, e NIJ STD 0108.01 – Ballistic Resistant Protective
Materials, do Instituto Nacional de Justiça do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da
América, observadas as RTB 0219, Capacete de Combate e suas alterações (Port 028/04/SCT) e
normas correlatas.
130. Em relação à documentação dos testes balísticos, são utilizados os documentos-padrão
previstos nos cadernos de prova (peças 56-58), os quais registram os resultados provenientes das duas
etapas em que se dividem aqueles testes, inspeção visual e resistência balística. Para cada uma dessas
etapas, é produzido um boletim específico com os resultados e as análises dos testes realizados,
conforme as citadas normas.
131. Posteriormente, com base naqueles boletins são produzidos o Relatório Técnico
Experimental (ReTEx) e o Resultado de Avaliação Técnica (RAT), que subsidiarão a emissão do
Título de Registro, todos esses documentos previstos no Regulamento para Fiscalização de Produtos
Controlados, Decreto 3.665/2000.
(...)
133. Com relação à suposta ausência do capacete testado com a munição .44 Mag no relatório
fotográfico, verifica-se que a relevância dessa alegação já foi preliminarmente afastada no parágrafo
123 (com fundamento nos parágrafos 124 a 127), razão pela qual o assunto não será analisado
novamente.”
17. Ante o exposto, em manifestações uniformes a SecexDefesa endossa a proposta de
encaminhamento elaborada pela Selog, descrita no item 5 supra.
18. É o Relatório.

VOTO

I –Visão Geral do Processo


Em exame Representação formulada pela Empresa Inbraterrestre Indústria e Comércio de
Materiais de Segurança Ltda. contra o Pregão Eletrônico 1/2014 do Comando Logístico do Exército
Brasileiro – Colog, do tipo menor preço por item, que tem por objeto o registro de preços para eventual
aquisição, num período de doze meses, de capacetes de combate.
2. O objeto licitado foi orçado em R$ 57.625.800,00. O lance de menor valor foi oferecido pela
ora Representante, a qual, todavia, foi inabilitada por não ter apresentado o memorial descritivo do
produto, exigido pelo edital. Após o processamento da fase de lances e negociação com a empresa
Glágio do Brasil Ltda., que ofertou o segundo menor lance, o valor do objeto foi reduzido a R$
55.580.000,00.
3. A Representante impugna a sua inabilitação no certame e a habilitação de sua concorrente,
com base na interdependência entre as licitações realizadas pelo Colog para aquisição de produtos
248

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

controlados, nos termos do Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), aprovado
pelo Decreto 3.665/2000, e o procedimento de homologação e fiscalização desses mesmos produtos, a
cargo do Exército.
4. Em linhas gerais, extrai-se do mencionado R-105 que cabe ao Exército fiscalizar as atividades
exercidas por pessoas físicas e jurídicas relacionadas a fabricação, recuperação, manutenção, utilização
industrial, manuseio, uso esportivo, colecionamento, exportação, importação, desembaraço
alfandegário, armazenamento, comércio e tráfego dos produtos relacionados no seu Anexo I. O
registro e a fiscalização dos produtos controlados são supervisionadas pelo Departamento Logístico –
DLog, por meio da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados – DFPC. A autorização para
fabricação consiste no Título de Registro – TR, e é concedida após inspeção e testes dos protótipos,
consubstanciados no Resultado da Avaliação Técnica – RAT e o Relatório Técnico Experimental –
ReTEx. Alguns desses documentos são relevantes para habilitação dos fabricantes nas licitações, como
será visto adiante.
5. Na petição inaugural deste feito (peça 1), bem como em três arrazoados complementares
(peças 8, 19 e 61), a Representante questionou a razoabilidade da exigência editalícia de apresentação
de Memorial Descritivo dos produtos que pretende fornecer, sob o argumento de já tê-lo feito no
processo de homologação do produto. Também afirma a falta de correspondência entre documentos
apresentados pela sua concorrente e aqueles pertinentes ao processo de homologação dos produtos
ofertados, e questiona a acuidade dos testes de amostras fornecidas pelo licitante em face dos
resultados dos testes de protótipos apresentados para homologação do produto.
6. A questão assemelha-se àquela discutida no TC 016.056/2014-0, que teve como objeto o
pregão destinado à aquisição de coletes balísticos. Tanto este TC 014.846/2014-4 como o TC
016.056/2014-0 foram inicialmente instruídos pela Secretaria de Controle Externo de Aquisições e
Logística – Selog, que neste feito realizou diligência e oitiva do Colog. Por haver questões
relacionadas ao processo de homologação de produtos controlados pelo Exército, que constitui
atividade finalística da Unidade Jurisdicionada, considerei adequado que a Secretaria de Controle
Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública – SecexDefesa desse continuidade à instrução do
feito.
7. As conclusões da Selog e da SecexDefesa são no sentido de que: i) esta Representação deve
ser conhecida, porque satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, inciso
VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993; ii) cabe indeferir o
pedido cautelar formulado pela empresa Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança
Ltda., tendo em vista a inexistência dos pressupostos do periculum in mora e do fumus boni Iuri; iii)
no mérito, a Representação é improcedente.
8. Acolho as conclusões da Unidade Especializada e da Unidade Técnica deste Tribunal, haja
vista que os questionamentos realizados pela Representante foram afastados um a um, como passo a
expor.
II – Inabilitação da empresa Inbraterrestre Indústria e
Comércio de Materiais de Segurança Ltda.
9. A inabilitação da Representante foi declarada com base no disposto no subitem 8.1.2 do edital,
que exige expressamente a apresentação de memorial descritivo dos produtos que se queira fornecer, e
no subitem 8.1.3, que prescreve a inabilitação de licitante em caso de não entrega da documentação
exigida.
10. Na petição inicial e nas diversas manifestações apresentadas a cada etapa da instrução
processual, a Representante insurgiu-se contra a sua inabilitação aos seguintes argumentos:
a) a exigência de apresentação de memorial descritivo seria ilegal porque o procedimento de
aprovação e homologação prévia do produto pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército –
DCT tem como requisito a apresentação desse mesmo documento, fato que dispensaria nova
verificação do documento nos certames licitatórios para aferir o preenchimento das exigências
técnicas;
249

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) o memorial descritivo entregue ao Exército Brasileiro para fins de emissão do Relatório


Técnico Experimental – ReTEx e obtenção da licença para fabricação e comercialização dos produtos
seria irrelevante para caracterizar o objeto ofertado na licitação, uma vez que todas as informações que
compõem tal documento estariam presentes na proposta formulada no processo licitatório, ainda que
em documentos esparsos (o próprio ReTEx, o Contrato Social e Texto Base 32/2012);
c) não procede a justificativa da Administração de que o memorial descritivo tornou-se
imprescindível em razão de ter sido frustrada uma contratação anterior, pois em três licitações em que
não se exigiu memorial descritivo a finalidade da licitação foi plenamente alcançada;
d) caso o memorial descritivo fosse considerado imprescindível, a pregoeira deveria ter
realizado diligência ao Departamento de Ciências e Tecnologia do Exército – DCT, com fundamento
no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993, a fim de obter informação que se encontra em poder da própria
Administração, por não se tratar de documento novo.
11. Nenhum dos dispositivos do edital que embasaram a inabilitação da interessada foi
impugnado no momento oportuno, providência para a qual o art. 41, § 2º, da Lei 8.666/1993 fixa o
prazo de dois dias úteis antes da data fixada para a abertura dos documentos pertinentes à licitação ou
da realização de leilão, sob pena de decadência.
12. Sobre o mérito da exigência, releva notar que o fato de a licitante ter um produto previamente
homologado pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados não significa que tal produto
atenda às exigências de toda e qualquer licitação promovida pelo Comando do Exército. Isto porque a
fiscalização de produtos controlados atende a diversas finalidades elencadas no art. 2º do Regulamento
para a Fiscalização de Produtos Controlados, aprovado pelo Decreto 3.665/2000, que ora transcrevo:
“Art. 1o Este Regulamento tem por finalidade estabelecer as normas necessárias para a correta
fiscalização das atividades exercidas por pessoas físicas e jurídicas, que envolvam produtos
controlados pelo Exército.
Parágrafo único. Dentre as atividades a que se refere este artigo destacam-se a fabricação, a
recuperação, a manutenção, a utilização industrial, o manuseio, o uso esportivo, o colecionamento, a
exportação, a importação, o desembaraço alfandegário, o armazenamento, o comércio e o tráfego dos
produtos relacionados no Anexo I a este Regulamento.
Art. 2o As prescrições contidas neste Regulamento destinam-se à consecução, em âmbito
nacional, dos seguintes objetivos:
I - o perfeito cumprimento da missão institucional atribuída ao Exército;
II - a obtenção de dados de interesse do Exército nas áreas de Mobilização Industrial, de Material
Bélico e de Segurança Interna;
III - o conhecimento e a fiscalização da estrutura organizacional e do funcionamento das fábricas
de produtos controlados ou daquelas que façam uso de tais produtos em seu processo de fabricação e
de seus bens;
IV - o conhecimento e a fiscalização das pessoas físicas ou jurídicas envolvidas com a
recuperação, a manutenção, o manuseio, o uso esportivo, o colecionamento, a exportação, a
importação, o desembaraço alfandegário, o armazenamento, o comércio e o tráfego de produtos
controlados;
V - o desenvolvimento da indústria nacional desses produtos; e
VI - a exportação de produtos controlados dentro dos padrões de qualidade estabelecidos.”
13. Diante da variedade de propósitos a que se presta o processo de homologação de produtos
controlados pelo Comando do Exército, surge a necessidade de, a cada licitação, avaliar a pertinência
do produto ofertado às demandas específicas do adquirente.
14. Ademais, não se pode emprestar ao procedimento de homologação de produtos controlados,
disciplinado pelo regulamento aprovado pelo Decreto 3.665/2000, os efeitos da fase de pré-
qualificação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas, prevista no art. 30, inciso II, da Lei
12.462/2011, de modo a dispensar a verificação do preenchimento das exigências técnicas. Isto porque
250

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

o referido regime tem cabimento restrito nas hipóteses de contratação mencionadas no art. 1º da
referida lei, entre as quais não se encontram as aquisições realizadas pelo Comando do Exército.
15. Ao contrário do que afirma a Representante, a leitura do Título de Registro (TR) e do
Relatório Técnico Experimental (ReTEx) por ela apresentados permite verificar que eles não contêm o
detalhamento do produto homologado. Esses dados permanecem no Memorial Descritivo que compõe
o processo de homologação.
16. Releva também consignar que o preenchimento do campo “Descrição Detalhada do Objeto
Ofertado” na proposta registrada no sistema Comprasnet também não substitui o memorial descritivo.
A despeito da adjetivação da descrição como “detalhada”, o referido campo deve contemplar
“especificações técnicas mínimas do texto-base (ainda que resumidas), de acordo com o subitem 5.3.1
do edital”.
17. Quanto à alegação de que todas as informações que constariam do memorial descritivo
estariam disponíveis em documentos compontentes da licitação, verifica-se que o licitante pretende
transferir para a Administração o seu ônus de compilar as informações necessárias em um único
documento e de integrá-lo ao processo licitatório juntamente com os documentos pertinentes à
habilitação, sem demonstrar a inviabilidade de tê-lo feito em momento oportuno.
18. O fato de que licitações anteriores foram concluídas sem a exigência de apresentação do
memorial descritivo não exclui a possibilidade de a administração vir a demandar esse documento em
outros certames. A administração não fica vinculada às suas práticas, podendo aperfeiçoar os
requisitos úteis à garantia da finalidade da licitação, desde que compatíveis com as normas que
regulam o procedimento. O interesse público em aferir a compatibilidade do produto com as
necessidades da administração se sobrepõe ao ônus do licitante de juntar documento preexistente ao
processo licitatório.
19. Quanto à presença do memorial descritivo nos quadros da Administração, cabe ter em mente
que a realização de diligência destina-se a esclarecer ou complementar a instrução do processo
licitatório, ou seja, deve referir-se a elemento já constante dos autos sobre o qual paire alguma dúvida,
sendo expressamente vedada pela lei a sua realização para inclusão posterior de documento ou de
informação que deveria constar originalmente da proposta, independentemente do local onde esses
elementos possam ser obtidos.
20. Ademais, como afirmou a Selog, a exigência contida no edital não constitui nenhum óbice à
participação de interessados, haja vista que a elaboração do documento requerido depende tão somente
do próprio licitante e presume-se sua existência prévia, pois o produto, antes de ter a sua aquisição
licitada, deve ser homologado pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados – DFPC,
finalidade para a qual é imprescindível a apresentação de memorial descritivo.
21. Diante desses elementos, a conduta da pregoeira que inabilitou a empresa Empresa
Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda. em face da ausência de
documento essencial mostra-se compatível com as disposições legais e editalícias.
III – Habilitação da licitante Glágio do Brasil Ltda.
22. A Representante contestou a habilitação da empresa Glágio do Brasil Ltda., vencedora do
certame, aos seguintes argumentos:
a) a Administração teria tratado os licitantes de forma não isonômica ao realizar diligência para
certificar-se sobre a revalidação do Título de Registro – TR emitido para os capacetes da empresa
Glágio Brasil Ltda., documento que autoriza a fabricação de produto controlado pelo Exército;
b) a validade do referido documento teria expirado em 31/12/2013 e sido estendida somente até
28/02/2014, não alcançando o dia 22/04/2014, no qual realizou-se a licitação;
c) a concorrente não teria comprovado que o memorial descritivo apresentado na licitação
corresponde àquele apresentado para fins de homologação do produto, pois não há nenhuma rubrica ou
carimbo no documento que permita aferir a identidade desses documentos;
d) o memorial descritivo apresentado pela empresa Glágio Ltda. para fins de expedição do
Relatório Técnico Experimental – ReTEx 2.578/2010 não corresponde ao mesmo que foi apresentado
251

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

na licitação, fato evidenciado na menção a coletes ao invés de capacetes e na diferença nas gramaturas
dos tecidos;
e) o produto oferecido pela empresa Glágio Brasil Ltda. na licitação seria de qualidade inferior à
desejada, uma vez que o Retex 2.578/2010 registra a ocorrência de deformações;
f) como o ReTEx 2.578/2010 registra a ocorrência de deformações nos testes balísticos e os
relatórios de teste das amostras entregues pela empresa Glágio na licitação não o fazem, seria forçoso
reconhecer que as amostras apresentadas na licitação diferem dos testemunhos de prova aprovados e
homologadas pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx) ou que os testes balísticos das amostras
não teriam observado as normas técnicas aplicadas aos testes dos testemunhos de prova;
g) não foi examinada a compatibilidade entre as amostras e os ReTEx 2.578/2010 , pois os
relatórios elaborados pelo CAEx após o exame das amostras apenas atestam a conformidade do
resultado dos ensaios e inspeções com as especificações do edital, sem vinculá-las ao referido
relatório, o que caracteriza descumprimento do item 18.1.3 do edital.
23. Conforme instrução da Selog, mostrou-se acertada a realização de diligência pela pregoeira
para verificar a validade do Título de Registro apresentado pela empresa Glágio do Brasil Ltda., uma
vez que o art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993 permite esse procedimento para esclarecer dúvida sobre
elemento constante do processo licitatório, como no caso do TR apresentado pela licitante.
24. Quanto a validade do TR, muito embora constasse anotação de que o documento seria aceito
até 28/02/2014, prevalece o disposto no art. 49, § 3º, do Decreto 3.665/2000, segundo o qual a
protocolização do pedido de revalidação do documento resulta na manutenção de seus efeitos até a sua
apreciação. No caso em exame, o pedido foi efetivamente aceito e estava em vigor desde 27/03/2014,
previamente, portanto, à licitação.
25. No que diz respeito à compatibilidade entre o memorial descritivo apresentado no processo
de homologação e aquele apresentado na licitação, a Selog registrou que apesar de o Memorial
Descritivo apresentado pela Glágio do Brasil Ltda. não mencionar o número do respectivo ReTEx, ele
contém a descrição do capacete, os materiais utilizados, o processo de fabricação e as especificações
do produto, cumprindo a finalidade de evitar equívocos e verificar a conformidade do produto
oferecido com as especificações técnicas exigidas na licitação. Apontou, ainda, que a numeração
sequencial das páginas do memorial descritivo apresentado e do Retex indica serem eles partes de um
mesmo documento.
26. Quanto à alegação de que o memorial descritivo apresentado pela empresa Glágio referir-se-
ia a coletes, objeto estranho ao ReTEx 2.578/2010, a suposta falha foi assim afastada na instrução a
cargo da Selog:
“39. Sobre a menção à avaliação de coletes e não de capacetes no Memorial Descritivo, trata-se
de erro que não compromete a validade do documento, uma vez que, conforme transcrição abaixo,
verifica-se que o título do item contém expressamente a palavra ‘capacetes’:
‘6 - AVALIAÇÃO DOS CAPACETES BALÍSTICOS
A aprovação ou rejeição dos coletes deve ser feita de conformidade com as recomendações do
item 5.2 da NIJ Standard 0106.01.’
40. A alegada contradição sobre a gramatura do material empregado na construção do produto
[430 g/m² + ou - 10% de variação no Memorial Descritivo e 430 g/m² no ReTEx] não se sustenta,
[poiso] a variação, conforme salienta a pregoeira do Colog, é inerente ao próprio procedimento de
fabricação do material.”
27. Ainda segundo a Selog, a alegada inferioridade do produto oferecido pela empresa Glágio
Brasil Ltda. em relação ao produto da empresa Representante não seria suficiente para resultar na
inabilitação daquela, pois o equipamento em questão recebeu a classificação ‘CONFORME’, que o
torna apto a ser adquirido pelo Exército, segundo previsto no subitem 4.4.3 da Especificação do
Capacete de Combate Nível III A (D Abst/CI II 032/2010).
28. Para esclarecer as questões relacionadas à veracidade do memorial descritivo, à
compatibilidade das amostras fornecidas na licitação com os protótipos utilizados na homologação dos
252

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

produtos e ao desempenho dos equipamentos nos testes balísticos, a SecexDefesa realizou inspeção no
Centro de Avaliação do Exército. Suas conclusões constam da instrução transcrita no item 15 do
Relatório precedente
29. A Unidade Técnica constatou que os Memoriais Descritivos apresentados na licitação são
idênticos aos arquivados junto à documentação gerada com os testes balísticos que resultaram na
elaboração do ReTEx 2.578/2010 (ver documentos acostados nas peças 1, p. 424-428, e 56, p. 14-18).
A ausência de vinculação explícita do memorial descritivo com o respectivo relatório técnico
experimental deve-se ao fato de que os documentos referentes aos testes balísticos dos protótipos
apresentados para fins de homologação e das amostras da licitação ficam agrupados em cadernos de
prova, com numeração correspondente à da prova realizada, o que, todavia, não impede de aferir a
correspondência entre os documentos.
30. A necessidade de formalizar processos administrativos referentes à homologação dos
produtos controlados e a conveniência de identificar os documentos que lhe dizem respeito foram
tratados no bojo do TC 016.056/2014-0, apreciado por meio do Acórdão 1.343/2015 – Plenário. Por
meio desse Acórdão, foi determinado ao Centro de Avaliações do Exército, com fundamento no art.
250, inciso II, do RI/TCU, que adotasse “as medidas necessárias para conferir o tratamento previsto na
Lei 9.784/1999 e em normas correlatas aos documentos relacionados aos testes e ensaios balísticos que
realiza, informando a este Tribunal, de 60 (sessenta) a contar da ciência deste Acórdão, as providências
adotadas”, sendo desnecessário reiterar providência cujo prazo de implementação ainda está em curso.
31. Quanto à aferição da compatibilidade das amostras entregues pela empresa Glágio na
licitação com os protótipos fornecidos na homologação dos produtos, a SecexDefesa esclareceu que o
fato de a Administração já não contar com os testemunhos de prova que embasaram a emissão do
Relatório Técnico Experimental – ReTEx em nada prejudica o exame de conformidade da amostra
com o edital e com o próprio ReTEx, que pode ser efetuado por meio dos memoriais descritivos.
Ademais, as amostras são submetidas aos mesmos testes e ensaios balísticos aplicados nos protótipos.
32. No que diz respeito ao desempenho dos capacetes nos testes balísticos, a equipe de inspeção
teve acesso tanto ao protótipo que embasou o ReTEx 2.578/2010, quanto às amostras do processo
licitatório submetidas aos testes de aceitação, e registrou o que segue:
a) todos os capacetes sofreram deformações após os testes balísticos com os disparos efetuados
com calibre 9mm e com calibre .44mag, sendo mais acentuadas em relação a este último; inclusive a
amostra da Representante sofreu deformação no disparo de calibre .44mag;
b) nenhum dos referidos os capacetes, incluindo o da empresa Glágio que deu origem ao ReTEx
2.578/2010, sofreu perfuração na parte interna, seja nos testes com calibre 9mm ou .44mag;
c) a marca verificada na placa testemunho (placa de alumínio fixada no interior da cabeça
modelo transversalmente à linha de tiro) não foi causada pelo projétil, porque não houve perfuração na
parte interna, nem pela deformação do casco do capacete, porque tal deformação não foi tão profunda
a ponto de alcançar o meridiano do capacete, condição necessária para que pudesse imprimir uma
marca na placa testemunho;
d) segundo o engenheiro do CAEx responsável pelos testes balísticos que embasaram o ReTex,
presente à inspeção, a marca existente na placa testemunho foi causada pela soltura de componente da
estrutura interna de fixação do capacete durante os disparos;
e) as deformações observadas não impediram a aprovação dos capacetes porque normas técnicas
empregadas como parâmetro pelo Exército Brasileiro – as normas NIJ STD 0106.01 (Ballistic
Helmets) e NIJ STD 0108.01 (Ballistic Resistant Protective Materials) do Instituto Nacional de
Justiça do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América, RTB 0219 (Capacete de
Combate) e suas alterações (Port 028/04/SCT) – não incluem as deformações como critério de
avaliação nos testes balísticos;
f) muito embora a Representante afirme que a norma NIJ STD 0106.01, editada em 1981,
encontre-se em processo de revisão, até o presente momento não existem evidências de que tenha sido
efetivamente alterada;
253

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

g) questionados sobre a razão pelas quais as deformações não são consideradas para aprovação
dos capacetes, os gestores do CAEX responderam que não há estudos conclusivos sobre a existência
de correlação entre as deformações no capacete e o dano à vida; como evidência dessa afirmação
apresentaram documento oriundo de uma apresentação feita em conferência realizada em São
Francisco (EUA) em novembro de 2007; ademais, afirmam que desconhecem qualquer outra norma,
nacional ou internacional, que considere esse critério.
33. Quanto à documentação dos testes balísticos, a equipe de fiscalização consignou que são
utilizados os documentos-padrão previstos nos cadernos de prova (peças 56-58), os quais registram os
resultados aferidos na inspeção visual e na resistência balística. Para cada uma dessas etapas, é
produzido um boletim específico com os resultados e as análises dos testes realizados, conforme as
citadas normas. Posteriormente, com base naqueles boletins são produzidos o Relatório Técnico
Experimental (ReTEx) e o Resultado de Avaliação Técnica (RAT), que subsidiarão a emissão do
Título de Registro (TR), todos esses documentos previstos no Regulamento para Fiscalização de
Produtos Controlados, Decreto 3.665/2000.
34. Pelo que foi apurado na inspeção, o Centro de Avaliações do Exército observou as normas
aplicáveis à realização dos testes balísticos e à respectiva documentação. Ainda que os capacetes
tenham sofrido deformação sob impacto de projétil, as normas adotadas como referencial não preveem
que a deformação torne o produto impróprio para uso, porque não se conhece qualquer estudo,
nacional ou internacional, que correlacione de maneira conclusiva as deformações no capacete com o
dano à vida.
35. Vale ressaltar que o Exército elegeu as normas NIJ STD 0106.01 e NIJ STD 0108.01 como
parâmetro com base na competência que lhe foi outorgada pelos arts. 4o e 5º do Regulamento aprovado
pelo Decreto 3.665/2000, abaixo transcritos:
“Art. 4º Incumbe ao Exército baixar as normas de regulamentação técnica e administrativa para
a fiscalização dos produtos controlados.
Art. 5º Na execução das atividades de fiscalização de produtos controlados, deverão ser
obedecidos os atos normativos emanados do Exército, que constituirão jurisprudência administrativa
sobre a matéria”.
36. Importa também frisar que a empresa Inbraterrestre não apontou nenhum regulamento que
tenha sido desconsiderado no teste dos protótipos homologados ou das amostras de licitação. Assim,
conclui-se que não existem parâmetros legais ou normativos que tornem irregular o controle exercido
pelo Exército, seja como órgão responsável pela licença de fabricação do produto, seja como unidade
adquirente. Desse modo, não há reparos a fazer na habilitação da empresa Glágio do Brasil Ltda. no
Pregão Eletrônico 1/2014 promovido pelo Comando Logístico do Exército.
37. Na véspera desta Sessão, a Representante apresentou novo memorial, reiterando que o
ReTEx 2.578/2010, referente ao produto da sua concorrente, menciona que “nos tiros de .44 Mag o
capacete apresentou grandes deformações, inclusive na placa testemunho, sem no entanto perfurá-la”.
38. Noticiou, ainda, que em 19/06/2015 a 16ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito
Federal concedeu medida liminar no bojo de ação cautelar impetrada pelo Ministério Público Militar
em face da União (Processo 0034363-08.2915.4.01.3400), suspendendo as notas de empenho
2015NE800063 e 2015NE800141 até ulterior decisão daquele juízo sobre a alegação de que, no
Pregão Eletrônico 1/2014, os capacetes nível III.A não atendem à norma NIJ no que se refere à
proteção do usuário de tiros de .9mm e .44 Magnum.
39. Como razões de decidir, consta que, em 08/10/2014 aportou na Procuradoria da Justiça
Militar uma representação apócrifa contra o Exército Brasileiro, dando conta das grandes deformações
anotadas no ReTEx 2.578/2010, bem como do “falecimento de Cabo do Exército, morto em operação,
em circunstâncias nas quais houve a transfixação do capacete”.
40. O fato de que o ReTEx 2.578/2010 contém anotação sobre grandes deformações nos testes
balísticos já foi examinado no item 32 deste Voto, não tendo sido apontado pelo Representante qual
dos dispositivos das normas técnicas teriam sido inobservadas pelo Exército.
254

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

41. Quanto ao segundo argumento, não existem elementos suficientes para correlacionar o óbito
de Cabo do Exército à fase de habilitação do Pregão 1/2014. Não é informado o modelo de capacete
utilizado pela vítima nem o tipo de projétil que o perfurou. Sobretudo, não se pode atribuir a um
evento ocorrido em campo efeitos desconstitutivos sobre os testes balísticos, que devem ser realizados
de acordo com o protocolo fixado em normas técnicas.
42. Cabe mencionar que a medida cautelar deferida pela Justiça Federal baseou-se em
procedimento de cognição sumária, ao passo que nesta Representação já foram realizadas diversas
diligências e inspeção in loco com o fito de averiguar a alegada desconformidade dos resultados dos
testes balísticos com os padrões de teste, não tendo sido constatada a infração a qualquer norma
técnica por parte do Exército.
43. Pelos fundamentos acima expendidos, ponho-me de acordo com a proposta das Unidades
Técnica e Especializada, e voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

VOTO REVISOR

Na Sessão do dia 24/06/2015, quando atuava em substituição ao ilustre Ministro José Múcio,
pedi vista do presente processo, nos termos do art. 119 do RITCU, para melhor examinar as
ponderações suscitadas pelo ilustre Ministro-Relator Marcos Bemquerer.
2. Como visto, trata-se de representação formulada pela Inbraterrestre Indústria e Comércio de
Materiais de Segurança Ltda. em face de possíveis falhas no Pregão Eletrônico n.º 1/2014 do Comando
Logístico do Exército Brasileiro – Colog, sob o tipo menor preço por item, cujo objeto consiste no
registro de preços para a eventual aquisição de capacetes de combate, com orçamento estimado em R$
57.625.800,00, reduzido para R$ 55.580.000,00 após o processamento da fase de lances e a negociação
com o licitante declarado vencedor.
3. Em suma, acompanhando os pareceres técnicos, o nobre Relator propõe que a presente
representação seja considerada improcedente.
4. Ao tempo em que enalteço o brilhante voto do ilustre Relator, peço licença para oferecer-lhe
duas breves sugestões.
5. Em primeiro lugar, proponho que, em vez de improcedente, o TCU considere prejudicada a
apreciação de mérito da presente representação.
6. Entendo que a presente representação merece ser considerada prejudicada, diante do
superveniente obstáculo para se comprovar, no presente processo, a efetiva higidez técnica do capacete
apresentado para testes pela Glágio do Brasil Ltda., seja em virtude do desaparecimento do capacete
que, nos testes iniciais, teria apresentado a indigitada deformação, seja em virtude do resultado
inconclusivo da perícia técnica feita pela Polícia Federal que, a partir de novos exames, chegou aos
autos.
7. Penso que, nessas circunstâncias, o TCU não deve se manifestar conclusivamente sobre o
mérito do feito, abstendo-se de declarar a procedência ou a improcedência da presente representação e
de, com isso, gerar de algum modo benefícios jurídicos, respectivamente, para a Inbraterrestre ou para
a Glágio; até mesmo porque compete ao TCU a tutela tão somente do interesse público e ele, no
presente caso concreto, pode ser plenamente alcançado com a prejudicialidade da representação,
deixando para o Exército, então, a escolha técnica de prosseguir, ou não, com a aquisição dos aludidos
capacetes.
8. De todo modo, e em segundo lugar, proponho que o TCU adote providências para a futura
correção de algumas inconsistências detectadas nos procedimentos para aquisição de equipamentos
controlados pela administração militar, a exemplo dos referidos capacetes de combate.
9. Ocorre que, durante as diversas audiências travadas no meu Gabinete com representantes das
FFAA, do MPU e até das empresas interessadas, foram constatadas as seguintes inconsistências:
255

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) o fornecimento de capacetes para o Exército Brasileiro vem sendo dominado,


fundamentalmente, ao longo do tempo, por apenas essas duas empresas (Inbraterrestre e Glágio), de tal
modo que a realização do correspondente pregão pode estar apresentando conotação meramente
formal;
b) o prazo de “validade”, no ciclo de vida, do referido capacete é de 5 anos, sendo ele definido,
contudo, pela própria empresa fornecedora e sem maior rigor técnico, de sorte que, assim, as empresas
geram o seu próprio nicho de negócios com inegável concentração de mercado, sabendo que, a cada
quinquênio, os lotes deverão ser inteiramente trocados pelo Exército (v.g.: há informações de que
alguns capacetes no exterior podem ter validade de 10 anos);
c) a suscitada falta de maior rigor técnico na definição pelo Exército do ciclo de vida do aludido
capacete (estipulado em 5 anos pela própria empresa) pode resultar em incertezas sobre a segurança no
emprego do equipamento, não havendo evidências técnicas, por exemplo, de que, com 4 anos, o
capacete seja de fato razoavelmente seguro ou mesmo de que, com 6 anos, ele não possa mais ser
razoavelmente seguro;
d) o referido capacete carece de indelével identificação quanto ao lote, ano de fabricação ou
número de série (fato atestado até pela perícia da polícia federal), permitindo, inclusive, por exemplo,
que, ao final do correspondente ciclo de vida (5 anos), o material já usado possa, de algum modo, ser
simplesmente recondicionado e vendido, como novo, no mercado;
e) o Exército vem empregando, apenas parcialmente, as normas técnicas americanas para a
aferição do cumprimento dos requisitos técnicos no Retex, sem disciplinar claramente, em norma
própria, as especificações e as peculiaridades que devem ser observadas no caso brasileiro.
10. Entendo, pois, que o TCU pode enviar determinações ao Ministério da Defesa para que, em
conjunto com os Comandos das Forças Singulares, apresente um plano de ação que contemple a
atualização de todos os procedimentos para a aquisição, pelas administrações militares, de materiais,
produtos ou equipamentos controlados, além de enviar determinação à Segecex para que, em conjunto
com a Selog e com a SecexDefesa, adote as providências necessárias para a realização de
levantamento sobre todo o procedimento de aquisição, pelas administrações militares, de materiais,
produtos ou equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, demonstrando, entre outras questões, as
semelhanças e as diferenças nos procedimentos adotados pelos Comandos da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica.
11. Por esses termos, e louvando, mais uma vez, o nobre Relator pelo seu brilhante voto, com o
qual na sua essência concordo, é que pugno por que o TCU considere prejudicada a apreciação de
mérito da presente representação, sem prejuízo do envio das aludidas determinações.
Ante o exposto, proponho que seja prolatado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

“9.1. conhecer da presente representação, por atender aos requisitos legais e regimentais de
admissibilidade, para, no mérito, todavia, considerá-la prejudicada;
9.2. determinar, nos termos do art. 250, II e III, do RITCU, ao Ministério da Defesa que, em
conjunto com os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, no prazo de 360 dias contados
da ciência desta deliberação, apresente um plano de ação ao TCU com a descrição e a atualização de
todos os procedimentos para a aquisição, pelas administrações militares, de materiais, produtos ou
equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, atentando, entre outras situações, para a
necessidade de superação das seguintes inconsistências que, nos presentes autos, foram detectadas no
procedimento de aquisição de capacetes de combate:
9.2.1. o fornecimento de capacetes para o Exército Brasileiro vem sendo dominado,
fundamentalmente, ao longo do tempo, por apenas duas empresas (Inbraterrestre e Glágio), de tal
modo que a realização do correspondente pregão pode estar apresentando conotação meramente
formal;
9.2.2. o prazo de validade, no ciclo de vida, do referido capacete é de 5 anos, sendo ele definido,
contudo, pela própria empresa fornecedora e sem maior rigor técnico, de sorte que, assim, as
256

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

empresas podem gerar o seu próprio nicho de negócios com inegável concentração de mercado,
sabendo que, a cada quinquênio, os lotes deverão ser inteiramente trocados pelo Exército;
9.2.3. a suscitada falta de maior rigor técnico na definição do ciclo de vida do aludido capacete
(estipulado em 5 anos pela própria empresa) pode resultar em incertezas sobre a segurança no
emprego do equipamento, não havendo evidências técnicas, por exemplo, de que, com 4 anos, o
capacete seja de fato razoavelmente seguro ou mesmo de que, com 6 anos, ele não possa mais ser
razoavelmente seguro;
9.2.4. o referido capacete carece de indelével identificação quanto ao lote, ano de fabricação
ou número de série, entre outros elementos de individualização, permitindo, inclusive, por exemplo,
que, ao final do correspondente ciclo de vida (5 anos), o material já usado possa, de algum modo, ser
recondicionado e vendido, como novo, no mercado, mostrando-se necessário, por exemplo, que o
equipamento usado seja submetido a um efetivo plano de descarte ou de destruição;
9.2.5. algumas normas técnicas americanas vêm sendo empregadas, apenas parcialmente, para
a aferição do cumprimento dos requisitos técnicos no Retex, sem haver disciplina clara, em norma
própria, sobre as especificações e peculiaridades que devem ser observadas no ambiente brasileiro;
9.3. determinar que a Segecex, em conjunto com a Selog e com a SecexDefesa, adote as
providências necessárias para a apresentação ao TCU, ainda no 1º semestre de 2016, de relatório
final de levantamento sobre todo o atual procedimento de aquisição, pelas administrações militares,
de materiais, produtos ou equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, demonstrando, entre
outras questões, as semelhanças e as diferenças nos correspondentes procedimentos de aquisição
adotados pelos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, determinando, nesse ponto,
ainda, que a matriz de planejamento da referida fiscalização, com os correspondentes objetivos, seja
apresentada ao Relator até o dia 1º de março de 2016;
9.4. enviar cópia do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamenta,
ao Ministério da Defesa, ao Comando da Marinha, ao Comando do Exército e ao Comando da
Aeronáutica; e
9.5. arquivar os presentes autos, sem prejuízo de determinar que a Selog promova o
monitoramento sobre a determinação contida no item 9.2 deste Acórdão.”

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO


Revisor

DECLARAÇÃO DE VOTO

Ao cumprimentar o Ilustre Ministro Revisor da matéria, André Luís de Carvalho pelo trabalho
apresentando, apresento a seguinte contribuição ao Acórdão ora proposto, no sentido de se poder obter
melhores resultados nos processos de compras do Ministério da Defesa, a cargo dos Comandos das
Forças Armadas:

“9.3. Recomendar ao MD que, em conjunto com os Comandos da Marinha, da Aeronáutica e do


Exército, que no plano a que se refere o item 9.2 deste Acórdão, apresente, também, estudos que
abordem a possibilidade de que esses materiais, produtos ou equipamentos sejam adquiridos mediante
concorrência internacional, fundamentando, tão somente, se for o caso, a eventual impossibilidade da
adoção desse tipo de concorrência, por razões de segurança nacional ou da Sociedade.”

Sala das Sessões, em 28 de outubro de 2015.


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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

RAIMUNDO CARREIRO
Ministro

ACÓRDÃO 2712/2015 – TCU – Plenário

1. Processo TC 014.846/2014-4.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Representante: Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda. (CNPJ
12.887.936/0001-65).
4. Unidade Jurisdicionada: Comando Logístico do Exército Brasileiro – Ministério da Defesa.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog e
Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública – SecexDefesa.
8. Advogados constituídos nos autos: Marçal Justen Filho, OAB/PR 7.468; Cesar Augusto
Guimarães Pereira, OAB/PR 18.662; Fernão Justen de Oliveira, OAB/PR 18.661; Eduardo Talamini,
OAB/PR 19.920; André Guskow Cardoso, OAB/PR 27.074; Aline Lícia Klein, OAB/PR 29.615;
Alexandre Wagner Nester, OAB/PR 24.510; Marçal Justen Neto, OAB/PR 35.912; Rafael Wallbach
Schwind, OAB/PR 35.318; Felipe Scripes Wladeck, OAB/PR 38.054; Paulo Osternack Amaral,
OAB/PR 38.234; Guilherme Fredherico Dias Reisdorfer, OAB/PR 42.475; Karlin Olbertz, OAB/PR
46.962; Diogo Albaneze Gomes Ribeiro, OAB/SP 272.428; Mayara Ruski Augusto Sá, OAB/PR
49.049; William Romero, OAB/PR 51.663, Rodrigo Goulart de Freitas Pombo, OAB/PR 53.450,
Mônica Bandeira de Mello Lefrevre, OAB/PR 57.540; Juliane Erthal de Carvalho, OAB/PR 58.065;
Alan Garcia Troib, OAB/PR 58.064; Guilherme Augusto Vezaro Eiras, OAB/PR 61.483; Diego
Franzoni, OAB/PR 54.632; Daniel Siqueira Borda, OAB/PR 63.688; Mayara Gasparoto Tonin,
OAB/PR 65.886; Ricardo Barretto de Andrade, OAB/DF 32.136; Vitor Lanza Veloso, OAB/DF
35.110; Maria Augusta Rost, OAB/DF 37.017; João Bosco Leopoldino da Fonseca, OAB/MG 10.907;
Maurício Leopoldino da Fonseca, OAB/MG 55.454; Patrícia de Oliveira Leite Leopoldino, OAB/MG
55.456; Ana Regina Leopoldino da Fonseca Spalenza, OAB/MG 72.112; Fabrício Leopoldino Duflles,
OAB/MG 83.561; Aendria de Souza do Carmo, OAB/MG 106.808; Ana Amélia Ribeiro Sales,
OAB/MG 140.649; Fernanda Araújo C. E. M. Nogueira, OAB/MG 120.272; Maria Cristina de Sena e
Souza, OAB/MG 62.843; Paula Norton Fornaciari, OAB/MG 105.498; Lilian Barros Assis, OAB/MG
111.256; Marina Santana Oliveira de Sá, OAB/MG 132.791.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Empresa
Inbraterrestre Indústria e Comércio de Materiais de Segurança Ltda. contra o Pregão Eletrônico 1/2014
do Comando Logístico do Exército Brasileiro – Colog, do tipo menor preço por item, que tem por
objeto o registro de preços para eventual aquisição, num período de doze meses, de capacetes de
combate.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 237, inciso VII, c/c art. 235, parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU, c/c art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, conhecer da presente Representação, para, no
mérito, considerá-la improcedente;
9.2. determinar, nos termos do art. 250, II e III, do RITCU, ao Ministério da Defesa que, em
conjunto com os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, no prazo de 360 dias contados
da ciência desta deliberação, apresente um plano de ação ao TCU com a descrição e a atualização de
todos os procedimentos para a aquisição, pelas administrações militares, de materiais, produtos ou
258

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, atentando, entre outras situações, para a


necessidade de superação das seguintes inconsistências que, nos presentes autos, foram detectadas no
procedimento de aquisição de capacetes de combate:
9.2.1. o fornecimento de capacetes para o Exército Brasileiro vem sendo dominado,
fundamentalmente, ao longo do tempo, por apenas duas empresas (Inbraterrestre e Glágio), de tal
modo que a realização do correspondente pregão pode estar apresentando conotação meramente
formal;
9.2.2. o prazo de validade, no ciclo de vida, do referido capacete é de 5 anos, sendo ele definido,
contudo, pela própria empresa fornecedora e sem maior rigor técnico, de sorte que, assim, as empresas
podem gerar o seu próprio nicho de negócios com inegável concentração de mercado, sabendo que, a
cada quinquênio, os lotes deverão ser inteiramente trocados pelo Exército;
9.2.3. a suscitada falta de maior rigor técnico na definição do ciclo de vida do aludido capacete
(estipulado em 5 anos pela própria empresa) pode resultar em incertezas sobre a segurança no emprego
do equipamento, não havendo evidências técnicas, por exemplo, de que, com 4 anos, o capacete seja
de fato razoavelmente seguro ou mesmo de que, com 6 anos, ele não possa mais ser razoavelmente
seguro;
9.2.4. o referido capacete carece de indelével identificação quanto ao lote, ano de fabricação ou
número de série, entre outros elementos de individualização, permitindo, inclusive, por exemplo, que,
ao final do correspondente ciclo de vida (5 anos), o material já usado possa, de algum modo, ser
recondicionado e vendido, como novo, no mercado, mostrando-se necessário, por exemplo, que o
equipamento usado seja submetido a um efetivo plano de descarte ou de destruição;
9.2.5. algumas normas técnicas americanas vêm sendo empregadas, apenas parcialmente, para a
aferição do cumprimento dos requisitos técnicos no Retex, sem haver disciplina clara, em norma
própria, sobre as especificações e peculiaridades que devem ser observadas no ambiente brasileiro;
9.3. recomendar ao Ministério da Defesa, em conjunto com os Comandos da Marinha, da
Aeronáutica e do Exército, que no plano a que se refere o item 9.2 deste Acórdão, apresente, também,
estudos que abordem a possibilidade de que esses materiais, produtos ou equipamentos sejam
adquiridos mediante concorrência internacional, fundamentando, tão somente, se for o caso, a eventual
impossibilidade da adoção desse tipo de concorrência, por razões de segurança nacional ou da
Sociedade.
9.4. determinar que a Segecex, em conjunto com a Selog e com a SecexDefesa, adote as
providências necessárias para a apresentação ao TCU, ainda no 1º semestre de 2016, de relatório final
de levantamento sobre todo o atual procedimento de aquisição, pelas administrações militares, de
materiais, produtos ou equipamentos controlados, no Brasil e no exterior, demonstrando, entre outras
questões, as semelhanças e as diferenças nos correspondentes procedimentos de aquisição adotados
pelos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, determinando, nesse ponto, ainda, que a
matriz de planejamento da referida fiscalização, com os correspondentes objetivos, seja apresentada ao
Relator até o dia 1º de março de 2016;
9.5. enviar cópia do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamenta,
ao Ministério da Defesa, ao Comando da Marinha, ao Comando do Exército e ao Comando da
Aeronáutica; e
9.6. arquivar este processo.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2712-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Declaração de Voto), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro que votou em 24/6/2015: Walton Alencar Rodrigues
259

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.3. Ministro que não participou da votação: José Múcio Monteiro


13.4. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
(Relator) e André Luís de Carvalho (Revisor).
13.5. Ministro-Substituto convocado com voto vencido: André Luís de Carvalho (Revisor).
13.6. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário


TC 009.199/2001-8
Natureza(s): Recurso de Revisão em Prestação de Contas Simplificada - Exercício: 2000
Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
Exercício: 2000
Responsáveis: Dilma de Brito Silva (027.596.378-08); Ericene Bezerra Correia (075.148.084-
34); Franklin de Araujo Lima (102.632.174-34); Gilvanise Correia Lima (010.190.664-15); Ionaldo
Martins Barbosa de Souza (080.943.224-20); Jose Viana de Carvalho (015.452.304-63); Maria José
Amaral Morais (335.342.764-34); Sergio Guimarães da Costa Florido (033.986.414-15); Sérgio
Gaudêncio Portela de Melo (372.750.464-15); Valeria Americo Dantas (307.785.061-34); Webster
Silva Campelo (105.867.844-20)
Interessado: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(10.475.689/0001-64)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS SIMPLIFICADA. EXERCÍCIO DE 2000.


VERIFICAÇÃO DE FALHAS NAS ÁREAS DE BENS MÓVEIS, IMÓVEIS, LICITAÇÕES E
CONTRATOS. AUDIÊNCIA DO EX-DIRETOR-GERAL DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO.
ACOLHIMENTO DOS ELEMENTOS DE DEFESA APRESENTADOS. REGULARIDADE COM
RESSALVA DAS CONTAS DOS AGENTES RESPONSÁVEIS. DETERMINAÇÕES. RECURSO
DE REVISÃO INTERPOSTO PELO MP/TCU. CONHECIMENTO. REABERTURA DAS
CONTAS. IRREGULARIDADES DIVERSAS APURADAS EM RELATÓRIO DE AUDITORIA.
CONTRARRAZÕES. PROVIMENTO. CONTAS IRREGULARES DE ALGUNS GESTORES.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Controle Externo no


Estado de Pernambuco, cuja proposta de encaminhamento contou com a anuência do titular da unidade
técnica e do representante do Ministério Público:
“Trata-se de prestação de contas simplificada do então Centro Federal de Educação
Tecnológica de Pernambuco – Cefet/PE, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Pernambuco- IFPE, do exercício de 2000.
HISTÓRICO
2. O exame preliminar feito no âmbito desta Unidade Técnica está inserto na peça 7, p. 50-51, e
peça 3, p. 1-3 (quando da conversão em processo eletrônico, a instrução foi inserida nos autos,
insertas nas peças indicadas, cuja sequência se dá nessa ordem). O exame de mérito está inserto na
peça 6, p. 83-91.
3. O pronunciamento do Ministério Público, peça 6, p. 93, concordante com a Secex-PE, foi no
sentido de que as justificativas apresentadas pelos responsáveis, em respostas às audiências
promovidas, seriam insuficientes para elidir a maioria das irregularidades verificadas nas contas,
motivo pelo qual foi proposto o julgamentos das contas dos responsáveis indicados pela
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

irregularidade, com imputação de multa.


4. As proposições da Unidade Técnica e do MP TCU junto ao Tribunal não foram acolhidas no
Voto do Relator (peça 4, p. 31-32) que deu sustentação ao Acórdão 370/2002-TCU –Plenário, peça 4,
p. 34-35, em que o Tribunal decidiu nos seguintes termos:
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/92,
julgar as contas dos responsáveis identificados no item 3 supra, regulares com ressalva, dando-lhes
quitação;
b) determinar ao atual Diretor-Geral do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Pernambuco - CEFET-PE que:
b.1) observe o disposto nos arts. 94 e 96 da Lei nº 4.320/64 e no item 8 da IN/SEDAP nº 205/88,
a fim de que haja a perfeita caracterização de todos os bens de caráter permanente e dos agentes
responsáveis pela sua guarda e administração;
b.2) atente para o disposto no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93, no que se refere à
execução, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, dos contratos celebrados por dispensa de licitação
de obras ou serviços, em estado de emergência ou calamidade pública;
b.3) observe o art. 23 da Lei nº 8.666/93, quanto ao enquadramento dos procedimentos
licitatórios para a contratação de serviços, bem como o inciso II do art. 24 da Lei nº 8.666/93, em
relação aos valores permitidos para a realização de aquisições que dispensam a licitação;
c) determinar à Secretaria Federal de Controle Interno que faça constar, em título específico do
próximo Relatório de Auditoria da entidade, as providências adotadas pela direção do CEFET-PE, no
sentido de dar cumprimento às determinações ora firmadas.
5. Posteriormente, após apreciação do processo TC 016.687/2002-2, que trata de Relatório de
Auditoria realizada no órgão (Acórdão 370/2007-TCU-2ª Câmara), o Ministério Público,
considerando que as irregularidades tratadas naqueles autos implicariam alteração do mérito das
contas do exercício de 2000 dos gestores daquele Centro, requereu ao Tribunal que conhecesse do
recurso de revisão, reabrisse as contas do órgão do exercício de 2000 e julgasse irregulares as contas
dos gestores que deram causa às irregularidades identificadas no referido Acórdão que apreciou o
Relatório de Auditoria (peça 11, p. 1-5).
6. No exame de admissibilidade promovido pela Secretaria de Recursos (peça 11, p. 6-7) foi
proposto o conhecimento do recurso de revisão, com fulcro nos arts. 32, III, e 35, III, da Lei
8.443/1993, e encaminhados os autos à Diretoria Técnica daquela Secretaria, para que realizasse a
análise de prelibação do recurso e, posteriormente, enviasse os autos à Secretaria das Sessões, para
sorteio do relator, nos termos do art. 22, parágrafo único, da Resolução TCU 175/2005 c/c o inciso I
do art. 50 da Resolução TCU 199/2006 e Portaria Serur 01/2004.
7. A 4ª Diretoria Técnica da Serur, em exame de peça 10, p. 15-16, considerando que o Acórdão
370/2007-TCU-2ª Câmara (TC 016.687/2002-2) foi objeto de pedidos de reexame, pendentes à época
de análise, sugeriu ao Relator (que viesse a ser sorteado) o sobrestamento do recurso interposto pelo
MP/TCU contra o Acórdão 370/2002-TCU-2ª Câmara, relativo às presentes contas, até o julgamento
dos pedidos de reexame interpostos contra o Acórdão proferido nos autos do TC 016.687/2002-2.
8. Essa proposta obteve a anuência do Relator Marcos Bemquerer Costa (que atuou nos autos
em função do afastamento legal do Ministro Relator Augusto Nardes - conforme extrato do sorteio de
fls. 117-118, do anexo 1).
9. A Serur, levantando a Questão de Ordem aprovada pelo Plenário do TCU, Sessão de
24/6/2009 (Anexo III da Ata 25, publicada em 26/6/2009), encaminhou os autos a esta Secretaria,
mediante despacho do Secretário, para que, após o julgamento dos pedidos de reexame contra o
Acórdão 370/2007-TCU-2ª Câmara (TC 016.687/2002-2), fossem adotados os seguintes
procedimentos:
a) levantar o sobrestamento do presente processo;
b) promover o encerramento do TC 016.687/2002-2 e o seu apensamento aos presentes autos,
com fulcro na alínea ‘c’ da parte dispositiva da Questão de Ordem aprovada pelo Plenário do TCU
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em 24/6/2009;
c) identificar os responsáveis e promover suas audiências, alertando que os atos processuais
praticados no TC 016.687/2002-2 serão aproveitados, podendo, em sede de contrarrazões ao recurso
de revisão, complementar suas defesas; e
d) promover a análise do mérito e demais medidas necessárias ao regular seguimento do feito.
10. No exame promovido por esta Unidade Técnica à peça 6, p. 94-96 e 100, e no exame feito à
peça 22, após transitado em julgado o TC 016.687/2002-2 (Acórdão 370/2007-TCU-2ª Câmara,
Acórdão 1923/2011 – 2ª Câmara, e Acórdão 2793/2013 – 2ª Câmara), foram identificados os
responsáveis e as respectivas ocorrências descritas no Relatório de Auditoria (TC 016.687/2002-2)
que teriam impacto nas contas do Cefet/PE, atual IFPE, relativas ao exercício de 2000, bem como
foram analisadas questões de ordem quanto ao sobrestamento das contas e quanto à autorização da
reabertura das contas pelo Relator (peça 6, p. 100).
11. À peça 25, com fulcro no art. 283 do Regimento Interno do TCU, foi determinado pelo
Relator a notificação dos responsáveis listados na instrução de peça 22, para que, no prazo de quinze
dias, apresentassem contrarrazões ao recurso de revisão interposto pelo Ministério Público, bem
como foi determinado o encaminhamento de cópia da peça recursal apresentada pelo parquet (peça
11, p. 1-2 e 4), para conhecimento.
12. Promovidas as comunicações, com confirmação de recebimento das correspondências dos
Correios, mediante AR (aviso de recebimento), peças 31-42, e presentes as contrarrazões dos Srs.
Sérgio Guimarães da Costa Florido (peça 44), Valeria Américo Dantas (peça 45), Ionaldo Martins
Barbosa de Souza (peça 47), Franklin de Araujo Lima (peça 51) e José Viana de Carvalho (peça 50),
passamos a sua análise.
EXAME TÉCNICO
13. Inicialmente, cabe registrar que as análises serão realizadas por tipo de ocorrência. Logo,
faremos uma síntese das contrarrazões apresentadas, para em seguida, fazer a análise das
contrarrazões de todos os responsáveis.
14. Ocorrência: contratação direta, mediante dispensa e inexigibilidade de licitação fora das
hipóteses legais, ou sem a observância do que dispõe o parágrafo único do art. 26 da Lei 8666/1993,
a exemplo das compras de combustíveis do Posto São Francisco Ltda. e da contratação da empresa
Conservadora Santa Clara Ltda.
Responsáveis: José Viana de Carvalho, CPF 015.452.304-63, Diretor do Cefet/PE; Franklin de
Araújo Lima, CPF 102.632.174-34, Encarregado do Setor Financeiro.
14.1. Síntese das contrarrazões dos responsáveis
14.1.1. Contrarrazões do Sr José Viana de Carvalho (peça 50): o responsável, em suas
preliminares, dentre outras, entende que as ocorrências apontadas, a ele notificadas, não seriam tão
graves ao ponto de modificar o Acórdão que considerou as contas do exercício 2000, regulares com
ressalvas.
14.1.1.1. A respeito da contratação da empresa Santa Clara Ltda., esclarece que teria sido
procedida à renovação contratual da empresa, objetivando única e exclusivamente obter substancial
economia para o CEFET-PE, e que teria sido assim procedido respaldado em parecer da
Procuradoria Jurídica do CEFET, já que, diante da escassez de recursos orçamentários, teria
entendido que seria a melhor alternativa para a Instituição.
14.1.1.2. Relativamente às compras de combustíveis do Posto São Francisco, no Relatório da
Auditoria, item 88, página 160 do volume principal o Auditor acata as justificativas no que toca a
dispensa de licitação para a contratação em julho de 1997 do Posto São Francisco, uma vez que não
acorreram outros licitantes ao certame, conforme Ata da Comissão de Licitação colecionada a folha
218 do volume 13 do já mencionado processo.
14.1.2. Contrarrazões do Sr. Franklin de Araujo Lima (peça 51): o responsável, para melhor
compreensão da sua defesa, apresenta trechos do Relatório de Auditoria do TC 016.687/2002-1, bem
como trechos do Relatório do Ministro Relator, que deram sustentação aos Acórdão 370/2007-TCU-2ª
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Câmara, Acórdão 1923/2011 – 2ª Câmara, e, finalmente, ao Acórdão 2793/2013 – 2ª Câmara, que


reduziu a multa a ele atribuída. Considera o responsável que agiu dentro da legalidade e que
existiram muitas dificuldades para administrar uma casa com mais de 7.000 pessoas e 350
funcionários: escassez de recursos, necessidade de agilidade na aquisição de materiais e serviços por
grupos internos da Instituição, repasse de recurso em cima do fechamento do exercício financeiro etc.
14.2. Análise das contrarrazões apresentadas: no presente momento processual, não retomamos
a análise de mérito quanto às falhas já objeto de julgamento no TC 016.687/2002-2. O que se verifica
é se a falha impacta o exame das presentes contas. A falha, isoladamente, não teria o condão de
alterar o julgamento das contas, portanto, cabe acolher as contrarrazões do Sr. Franklin de Araujo
Lima.
14.2.1. No que se refere ao Sr. José Viana de Carvalho, analisada a falha no conjunto das
demais a seguir relatadas, somos pelo não acolhimento das contrarrazões apresentadas.
15. Ocorrência: alteração ilegal do estatuto da Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Tecnológica em Pernambuco - Funtec que, em desacordo com o inciso II do art. 28 do Código Civil
então vigente, modificou a destinação de seu patrimônio e permitiu a apropriação, por ela, de
patrimônio originalmente afetado ao Cefet/PE.
Responsáveis: José Viana de Carvalho, CPF 015.452.304-63, Diretor; Sérgio Guimarães da
Costa Florido, CPF 033.986.414-15, Diretor Substituto; Valéria Américo Dantas, CPF 307.785.061-
34, Administrador e Diretor Substituto; Ionaldo Martins Barbosa de Souza, CPF 080.943.224-20,
Diretor do Departamento de Administração Geral.
15.1. Síntese das contrarrazões dos responsáveis:
15.1.1. contrarrazões do Sr. José Viana de Carvalho (peça 50, p. 2): o responsável entende que
houve um equívoco, uma vez que a ocorrência teria sido efetivada no exercício de 2001, quando não
era mais Diretor Geral do Cefet/PE, conforme a Resolução 02/01 expedida em 08 de março de 2001
pela 9ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital com Atuação em Tutela e
Fundações, Entidades e Organizações Sociais (peça 50, p. 6-7).
15.1.1.1. Mesmo assim, esclarece que a FUNTEC se transformou em OSCIP em virtude de lei
federal, com a expressa aprovação do Ministério Público e do Ministério da Justiça e que seu
patrimônio não foi fraudado ou ilegalmente apropriado, como afirma o Auditor no Relatório de
Auditoria. Que o patrimônio continua a pertencer, em sua totalidade, à coletividade. Que se erro
existir deve recair sobre o Ministério Público e Ministério da Justiça.
15.1.2. Contrarrazões do Sr. Sérgio Guimarães da Costa Flórido, Diretor-Substituto (peça 44),
Ionaldo Martins Barbosa de Souza, Gerente de Administração e Manutenção (peça 47), Sra. Valéria
Américo Dantas, Diretora-Substituta (peça 45): Os argumentos são similares aos do Sr. José Viana.
Em acréscimo, argumentam que a falha somente poderia lhes ser imputada como instituidores da
organização, uma vez que, no exercício dos cargos em comissão que exerciam em 2000, não poderiam
lhes ser imputada nenhuma responsabilidade.
15.2. Análise das contrarrazões apresentadas: inicialmente, cabe registrar que os argumentos
dos responsáveis quanto à falha já foram apresentados e suficientemente analisados no processo TC
016.687/2002-2 (ver peça 9, p. 23-29 e acórdãos prolatados nos autos).
15.2.1. No que se refere à responsabilização no exercício de 2000, a circunscrição dos atos no
exercício se deveu à aprovação da alteração do estatuto da Funtec, visando transformá-la em Oscip
(organização Social Civil de Interesse Público), em reunião de 1º de dezembro de 2000 (peça 81, p.
59-73 do TC 016.687/2002-2), e em virtude de os instituidores acima referenciados serem, também,
responsáveis nas presentes contas.
15.2.2. Não acolhemos as contrarrazões apresentadas. A falha, isoladamente, teria o condão de
macular as contas, mais ainda, de alterar o julgamento proferido no Acórdão 370/2002-TCU –
Plenário relativamente aos Srs. José Viana de Carvalho, Diretor; Sérgio Guimarães da Costa Florido,
Diretor Substituto; Ionaldo Martins Barbosa de Souza, Diretor do Departamento de Administração
Geral, e Sra. Valéria Américo Dantas, Administradora e Diretora Substituta; haja vista que esses
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responsáveis se serviram da titularidade de cargos no Cefet/PE, que lhes outorgavam poderes de


disposição sobre receitas, servidores e instalações do órgão, em benefício de uma fundação privada,
conforme se depreende do Relatório de Auditoria (peças 13-16), e do seguinte trecho do voto que deu
sustentação ao Acórdão 370/2007-TCU-2 –Câmara:
27. Chama a atenção, em especial, a questão do relacionamento entre o Cefet/PE e a Funtec.
28. Em 1998, cinco ex-dirigentes do Centro instituíram uma fundação privada, a Funtec, cujo
patrimônio teria sido integralizado por contribuições deles próprios e cujo conselho curador era
composto por esses instituidores.
29. O estatuto da entidade (fls. 73/86 do volume 4) foi elaborado com o intuito de induzir a
crença de que a fundação se destinava a apoiar o desenvolvimento do Cefet/PE, como se dessume das
finalidades enumeradas no art. 4º daquele documento e do fato de que o patrimônio reverteria, em
caso de extinção, ao Centro. Além disso, a composição do conselho curador incluía, a par dos cinco
instituidores, quatro representantes da área de ensino do Cefet/PE, indicados pelo Diretor-Geral
daquele Centro.
30. Sob o pálio dessa aparente vinculação, a Funtec, além de receber benefícios como a cessão
gratuita de imóvel do Cefet/PE para seu funcionamento, passou a ser rotineiramente contratada, com
dispensa de licitação, pelos sucessivos Diretores-Gerais do Centro - alguns deles instituidores da
fundação e membros de seu conselho curador, o que agrava a irregularidade da conduta - para
prestação dos mais diversos tipos de serviços ao Cefet/PE, além de ter passado a intermediar a quase
totalidade das prestações de serviços à comunidade pelo Centro.
31. Com isso, vultosas somas começaram a ser auferidas pela Fundação a título de taxa de
administração, inclusive com prejuízo ao Centro, já que, como mostrou a Secex/PE (fl. 172, item 148),
recursos de convênios que antes eram recebidos integralmente pelo Cefet/PE foram diminuídos com a
criação e o repasse da taxa de administração apropriada pela Funtec.
32. Surgiu, também, uma situação esdrúxula em termos de administração financeira: amparada
nos convênios firmados com o Cefet/PE, a Funtec passou a gerir sobras de recursos que deveriam ter
sido recolhidas ao Centro e, mediante solicitações dos Diretores-Gerais do Cefet/PE, passou a
adquirir bens e doá-los ao Centro - sem qualquer comprovação de realização dos indispensáveis
procedimentos licitatórios, eis que os recursos pertenciam ao Cefet/PE e, nessa condição, eram
públicos - além de ter passado a emitir, para custeio de despesas do Centro, cheques nominativos a
servidores ou dirigentes desta última entidade, que, posteriormente, tinham que comprovar à Funtec a
devida utilização. Criou-se, assim, uma gestão financeira sem registro no Sistema Integrado de
Administração Financeira - Siafi, além de ter passado a ser rotineira a inusitada prática de servidores
públicos prestarem contas da utilização de recursos públicos a uma entidade privada.
33. Em 1999, alterações estatutárias passaram a possibilitar o pagamento de salários aos
dirigentes da Fundação, indicados pelo conselho curador sempre entre professores do Cefet/PE,
quase todos com dedicação exclusiva.
34. Em 2000, novas mudanças estatutárias desvincularam a Funtec do Cefet/PE. Sua
denominação foi alterada, suas finalidades foram alteradas, a composição do conselho curador
passou a excluir os representantes do Centro e a destinação do patrimônio em caso de extinção foi
modificada, deixando de ser o Cefet/PE. Adicionalmente, foi autorizada a transformação da natureza
jurídica, de fundação para organização da sociedade civil de interesse público - Oscip. Tais
modificações foram formalmente aprovadas pelo Ministério Público de Pernambuco e pelo Ministério
da Justiça, como relatou a Secex/PE (fl. 175, item 168).
35. Em suas justificativas, os responsáveis alegaram que “a Funtec jamais desvirtuou o seu fim”
e que “nunca se constituiu uma fundação de apoio à então Escola Técnica Federal de Pernambuco,
hoje Cefet/PE, inclusive por não ser esta a intenção de seus instituidores e por inexistir amparo legal
para sê-lo” (fl.170). Também argumentaram que as transformações estatutárias foram aprovadas
pelo Ministério Público.
36. Como bem afirmou a Secex/PE, essa aprovação foi meramente formal e não é suficiente
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para assegurar a legalidade das operações praticadas pela Funtec com o Cefet/PE, já que as
irregularidades ocorriam no cotidiano do relacionamento entre as duas entidades, em que uma
fundação privada, constituída por dirigentes de um ente público, era por estes mesmos dirigentes
contratada, com dispensa indevida de licitação, e administrava recursos do Centro para lhe fornecer
bens e serviços também adquiridos sem licitação, apropriando-se, nesse processo, de vultosas
quantias à guisa de taxa de administração.
37. Como visto, as alegações dos responsáveis são improcedentes. No entanto, a questão da
existência de amparo legal para constituição de fundações de apoio a centros federais de educação
tecnológica suscitou comentários adicionais da Secex/PE, que solicitou desta Corte pronunciamento
acerca da matéria.
38. Não vislumbro, porém, necessidade de tal manifestação, eis que a questão ficou aclarada
com a edição, em data posterior à instrução dos autos, do Decreto 5205/2004, que, ao regulamentar a
Lei 8958/1994, que dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de
pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio, considerou, no § 1º de seu art. 1º, que os
centros federais de educação tecnológica se incluem entre aquelas entidades de ensino.
39. Anoto, apenas, que o relacionamento entre os Cefet e suas respectivas fundações de apoio
deve balizar-se pelo disposto na lei e no decreto há pouco mencionados e pela estrita observância da
jurisprudência desta corte a respeito do tema.
16. Ocorrência: falta de recolhimento aos cofres públicos das sobras de recursos arrecadados
com o pagamento de taxas de inscrição no vestibular, em desacordo com o disposto no artigo 2º do
Decreto 93.872/1986.
Responsável: José Viana de Carvalho, CPF 015.452.304-63.
16.1. Síntese das contrarrazões do responsável (peça 50): o responsável reafirma os
argumentos anteriormente apresentados de não teria recolhido os valores aos cofres públicos, em
virtude de a Procuradoria do Cefet/PE ter emitido parecer de que as verbas arrecadadas dos
concorrentes ao certame para ingresso no Cefet/PE em razão de convênio com a FUNTEC não
tinham natureza pública e, portanto, não teriam que ser recolhidas aos cofres públicos.
16.2. Análise das contrarrazões apresentadas: conforme análise já promovida e constante do
Relatório do Acórdão 370/2007-TCU-2ª Câmara (itens 17.2 e 17.3), a irregularidade restou
configurada, não estando em discussão, nessa oportunidade, o mérito a respeito disso.
16.2.1. No que se refere ao impacto da falha nas presentes contas, somos pelo não acolhimento
das contrarrazões do Sr. José Viana de Carvalho. Não se pode perder de vista que a falha se dava
num contexto em que, segundo Relatório de Auditoria (TC 016.687/2002-2), a FUNTEC seria
beneficiária, ilegalmente, de recursos do Cefet/PE.
17. Ocorrência: realização de despesas com compras e gastos não relacionados às atividades
institucionais do Cefet/PE, tais como refeições em restaurantes finos, contas de bares, aluguéis de
veículos, remédios etc.
Responsável: José Viana de Carvalho, CPF 015.452.304-63.
17.1. Síntese das contrarrazões do responsável (peça 50): segundo o responsável os gastos
relatados nessa ocorrência foram feitos com recursos oriundos do convênio 002/99 firmado entre o
Cefet-PE e a FUNTEC, cujas atividades de cooperação estavam inseridas no corpo do referido
convênio e que a FUNTEC teve as contas do exercício aprovadas pelo Ministério Público de
Pernambuco, Promotoria das Fundações.
17.2. Análise das contrarrazões apresentadas. Os argumentos apresentados pelo Sr. José Viana
de Carvalho já foram analisados no Relatório do Acórdão 370/2007-TCU-2ª Câmara (itens 18.1 e
18.2).
17.2.1. No que se refere ao impacto da falha nas presentes contas, somos pelo não acolhimento
das contrarrazões do Sr. José Viana de Carvalho. Não se pode perder de vista que a falha se dava
num contexto em que, segundo Relatório de Auditoria (TC 016.687/2002-2), a FUNTEC seria
beneficiária, ilegalmente, de recursos do Cefet/PE.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18. A respeito da possibilidade de aplicação de multa aos responsáveis que terão suas contas
julgadas irregulares, entendemos que seria dispensável nesta oportunidade, uma vez que se
configuraria bis in iden, tendo em vista que o Tribunal por meio do Acórdão 370/2007 – 2ª Câmara,
Sessão 13/3/2007, com pedidos de reexame apreciados pelo Acórdão 1923/2011 – 2ª Câmara, Sessão
29/3/2011, e embargos de declaração opostos contra o Acórdão 1923/2011 – 2ª Câmara, apreciados
pelo Acórdão 2793/2013 – 2ª Câmara, Sessão de 21/5/2013, assim decidiu:
9.1. aplicar, com fundamento no inciso III do art. 58 da Lei nº 8.443/1992, multas individuais
nos valores a seguir descritos, a serem recolhidas aos cofres do Tesouro Nacional atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do término do prazo abaixo estipulado até a data do
pagamento:
9.1.1. de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a José Viana de Carvalho, Ebenezer Paraíso Vilela e
Rosemar Gomes de Santana;
9.1.2. de R$ 8.000,00 (oito mil reais ) a Franklin de Araújo Lima e a Xistófanes Pessoa de Luna;
9.1.3. de R$ 7.000,00 (sete mil reais) a Moacyr Ramos Samarcos Júnior;
9.1.4. de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a Valéria Américo Dantas e Ionaldo Martins Barbosa de
Souza, Sérgio Guimarães da Costa Flórido, Marcílio Accioly Xavier.
CONCLUSÃO
19. Após a análise das contrarrazões dos responsáveis, somos pelo acolhimento das
contrarrazões do Sr. Franklin de Araujo Lima, uma vez que a falha, isoladamente, ou no contexto das
falhas já apreciadas nas contas de 2000, mediante o Acórdão 370/2002-TCU-Plenário, não teria o
condão de macular as suas contas.
20. Quanto às demais, dos Srs. José Viana de Carvalho, Diretor; Sérgio Guimarães da Costa
Florido, Diretor Substituto; Valéria Américo Dantas, Administradora e Diretora Substituta; Ionaldo
Martins Barbosa de Souza, Diretor do Departamento de Administração Geral, somos pelo não
acolhimento das contrarrazões, haja vista que esses responsáveis se serviram da titularidade de
cargos no Cefet/PE, que lhes outorgavam poderes de disposição sobre receitas, servidores e
instalações do órgão, em benefício de uma fundação privada, o que, em nosso entendimento, é
suficientemente grave para macular suas contas, dispensando-se a aplicação de multa, nesta
oportunidade, uma vez que se configuraria bis in iden, tendo em vista que o Tribunal já multou os
responsáveis no processo TC 016.687/2002-2.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO
21. Entre os benefícios do exame deste processo de contas podem-se mencionar outros
benefícios diretos, consubstanciados na expectativa de controle, dentre os indicados nas Orientações
para benefícios do controle constantes do anexo da Portaria – Segecex 10, de 30/3/2012.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
22. Em razão do exposto, e considerando o impacto sobre as presentes contas das
irregularidades constatadas no TC 016.687/2002-2 (apreciado pelos Acórdãos 370/2007 – 2ª Câmara,
Sessão 13/3/2007, 1923/2011 – 2ª Câmara, Sessão 29/3/2011, e 2793/2013 – 2ª Câmara, Sessão
21/5/2013), submetemos à consideração superior as seguintes propostas:
a) acolher as contrarrazões apresentadas pelo Sr. Franklin de Araujo Lima e rejeitar as
contrarrazões apresentadas pelos Srs. José Viana de Carvalho, Sérgio Guimarães da Costa Florido,
Ionaldo Martins Barbosa de Souza e Sra. Valéria Américo Dantas;
b) conhecer do Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público, com fundamento no art.
35 da Lei 8.443/1992, para no mérito dar-lhe provimento, alterando, em consequência, o Acórdão
370/2002-Plenário, no sentido de julgar irregulares as contas dos Srs. José Viana de Carvalho, CPF
015.452.304-63; Sérgio Guimarães da Costa Florido, CPF 033.986.414-15; Ionaldo Martins Barbosa
de Souza, CPF 080.943.224-20, e da Sra. Valéria Américo Dantas, CPF 307.785.061-34, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19,
parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, e 214, inciso III,
do Regimento Interno do TCU, em face das irregularidades constatadas em sua gestão e tratadas no
266

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TC 016.687/2002-2, mantendo inalterados o julgamento das contas dos demais gestores e os demais
termos do referido Acórdão;
c) dar ciência do Acórdão que vier a ser proferido, assim como do relatório e do voto que o
fundamentarem, ao IFPE e aos demais interessados”.

É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de prestação de contas simplificada do então Centro Federal de Educação


Tecnológica de Pernambuco – Cefet/PE, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco – IFPE, relativa ao exercício de 2000.
2. Por meio do Acórdão 370/2002-Plenário, este Tribunal julgou regulares com ressalvas as
contas dos responsáveis arrolados nos autos, deu-lhes quitação e expediu determinações.
II
3. Nesta oportunidade, aprecio recurso de revisão interposto pelo Ministério Público, em face de
irregularidades reconhecidas por esta Corte no Acórdão 370/2007 – 2ª Câmara que implicariam
alteração do mérito das contas do exercício de 2000. Nessa decisão, prolatada nos autos do TC
016.687/2002-2, que tratou de auditoria realizada pela Secex/PE nas licitações, contratos e convênios
realizados pelo Cefet/PE, o Tribunal, dentre outras medidas, aplicou multa a diversos gestores.
4. A unidade técnica expediu as notificações aos gestores responsáveis pelas irregularidades para
apresentarem suas contrarrazões ao recurso.
5. Após examinar os argumentos apresentados pelo Ministério Público e as contrarrazões dos
gestores, a unidade técnica propõe o conhecimento do recurso para que, no mérito, esta Corte julgue
irregulares as contas de alguns dos gestores apenados no processo de auditoria. Tal proposta de
encaminhamento contou com a anuência do representante do parquet especializado.
III
6. O recurso merece ser conhecido, uma vez que preenche os requisitos de admissibilidade
previstos nos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei 8.443/1992.
7. Por entender que a unidade técnica e o Ministério Público enfrentaram adequadamente os
argumentos trazidos na peça recursal e as contrarrazões dos responsáveis, adoto as análises efetivadas
como razões de decidir, sem prejuízo das considerações a seguir.
8. Preliminarmente, registro que se examinam no presente recurso de revisão os reflexos das
irregularidades reconhecidas por este Tribunal, por meio das decisões prolatadas no TC 016.687/2002-
2, sobre as presentes contas. Dessa forma, o mérito dessas irregularidades, já deliberadas por decisões
transitadas em julgado (Acórdão 370/2007-TCU-2ª Câmara, Acórdão 1923/2011 – 2ª Câmara e
Acórdão 2793/2013 – 2ª Câmara), não serão objeto de análise.
9. Em consonância com os pareceres precedentes, entendo que a falha atribuída ao Sr. Franklin
de Araujo Lima, então encarregado do setor financeiro (contratação direta, mediante dispensa e
inexigibilidade de licitação fora das hipóteses legais), isoladamente, não ensejaria alteração do
julgamento das contas desse gestor.
9. Já as falhas atribuídas aos demais responsáveis, Sérgio Guimarães da Costa Florido (Diretor
Substituto), Valeria Américo Dantas (Administradora e Diretora Substituta), Ionaldo Martins Barbosa
de Souza (Diretor do Departamento de Administração-Geral) e José Viana de Carvalho (Diretor), que
giram em torno do relacionamento entre o Cefet/PE e a Funtec, ensejam o julgamento pela
irregularidade de suas contas, conforme pugnou a unidade técnica e o representante do Ministério
Público.
267

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Como visto no relatório precedente, os responsáveis apresentaram contrarrazões aptas a


afastar a alteração do julgamento de suas contas apenas no tocante à “alteração ilegal do estatuto da
Funtec que, em desacordo com o inciso II do art. 28 do Código Civil então vigente, modificou a
destinação de seu patrimônio e permitiu a apropriação, por ela, de patrimônio originalmente afetado
ao Cefet/PE”. Os demais argumentos apresentados procuram rediscutir o mérito das irregularidades
reconhecidas por este Tribunal em decisões já transitadas em julgado.
11. Para o Sr. José Viana de Carvalho, a ocorrência teria sido efetivada no exercício de 2001,
quando já não era mais Diretor Geral do Cefet/PE. O Sr. Sérgio Guimarães da Costa Flórido, o Sr.
Ionaldo Martins Barbosa de Souza e a Sra. Valéria Américo Dantas argumentam que não poderiam a
eles ser imputada responsabilidade pela alteração estatutária, uma vez que estavam no exercício de
cargos em comissão e não eram instituidores da fundação.
12. Como bem ressaltou a unidade técnica, a aprovação do estatuto da Funtec ocorreu em
1/12/2000, portanto, dentro do período a que se refere as presentes contas. No que toca à
responsabilização dos instituidores da fundação, ela se mostra correta, dado que eles também são
gestores arrolados nas presentes contas.
13. Os demais argumentos apresentados procuram tão somente rediscutir o mérito das
irregularidades reconhecidas por este Tribunal em decisões já transitadas em julgado.
14. Ademais, esses responsáveis utilizaram-se dos cargos no Cefet/PE em benefício de uma
fundação privada, conforme consignado no voto condutor do Acórdão 370/2007 – 2ª Câmara, que, por
elucidativo, transcrevo os trechos a seguir:
“27. Chama a atenção, em especial, a questão do relacionamento entre o Cefet/PE e a Funtec.
28. Em 1998, cinco ex-dirigentes do Centro instituíram uma fundação privada, a Funtec, cujo
patrimônio teria sido integralizado por contribuições deles próprios e cujo conselho curador era
composto por esses instituidores.
29. O estatuto da entidade (fls. 73/86 do volume 4) foi elaborado com o intuito de induzir a
crença de que a fundação se destinava a apoiar o desenvolvimento do Cefet/PE, como se dessume das
finalidades enumeradas no art. 4º daquele documento e do fato de que o patrimônio reverteria, em
caso de extinção, ao Centro. Além disso, a composição do conselho curador incluía, a par dos cinco
instituidores, quatro representantes da área de ensino do Cefet/PE, indicados pelo Diretor-Geral
daquele Centro.
30. Sob o pálio dessa aparente vinculação, a Funtec, além de receber benefícios como a cessão
gratuita de imóvel do Cefet/PE para seu funcionamento, passou a ser rotineiramente contratada, com
dispensa de licitação, pelos sucessivos Diretores-Gerais do Centro - alguns deles instituidores da
fundação e membros de seu conselho curador, o que agrava a irregularidade da conduta - para
prestação dos mais diversos tipos de serviços ao Cefet/PE, além de ter passado a intermediar a quase
totalidade das prestações de serviços à comunidade pelo Centro.
31. Com isso, vultosas somas começaram a ser auferidas pela Fundação a título de taxa de
administração, inclusive com prejuízo ao Centro, já que, como mostrou a Secex/PE (fl. 172, item 148),
recursos de convênios que antes eram recebidos integralmente pelo Cefet/PE foram diminuídos com a
criação e o repasse da taxa de administração apropriada pela Funtec.
32. Surgiu, também, uma situação esdrúxula em termos de administração financeira: amparada
nos convênios firmados com o Cefet/PE, a Funtec passou a gerir sobras de recursos que deveriam ter
sido recolhidas ao Centro e, mediante solicitações dos Diretores-Gerais do Cefet/PE, passou a
adquirir bens e doá-los ao Centro - sem qualquer comprovação de realização dos indispensáveis
procedimentos licitatórios, eis que os recursos pertenciam ao Cefet/PE e, nessa condição, eram
públicos - além de ter passado a emitir, para custeio de despesas do Centro, cheques nominativos a
servidores ou dirigentes desta última entidade, que, posteriormente, tinham que comprovar à Funtec a
devida utilização. Criou-se, assim, uma gestão financeira sem registro no Sistema Integrado de
Administração Financeira - Siafi, além de ter passado a ser rotineira a inusitada prática de servidores
públicos prestarem contas da utilização de recursos públicos a uma entidade privada”.
268

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15. Tais falhas se mostram suficientemente graves para macular as contas desses responsáveis,
sem, entretanto, aplicar-lhes multa, tendo em vista que esta Corte já multou esses gestores em
deliberações prolatadas no TC 016.687/2002-2.
Ante o exposto, em consonância com a unidade técnica e o representante do Ministério Público,
VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2713/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 009.199/2001-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão em Prestação de Contas Simplificada
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(10.475.689/0001-64)
3.2. Responsáveis: Dilma de Brito Silva (027.596.378-08); Ericene Bezerra Correia
(075.148.084-34); Franklin de Araujo Lima (102.632.174-34); Gilvanise Correia Lima (010.190.664-
15); Ionaldo Martins Barbosa de Souza (080.943.224-20); Jose Viana de Carvalho (015.452.304-63);
Maria José Amaral Morais (335.342.764-34); Sergio Guimarães da Costa Florido (033.986.414-15);
Sérgio Gaudêncio Portela de Melo (372.750.464-15); Valeria Americo Dantas (307.785.061-34);
Webster Silva Campelo (105.867.844-20).
4. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pelo Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas da União contra o Acórdão 370/2002, que julgou regulares com
ressalvas as contas do então Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco – Cefet/PE,
atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco- IFPE, do exercício de 2000,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão, com fundamento no art. 35 da Lei 8.443/1992, para, no
mérito, dar-lhe provimento, de forma a alterar o Acórdão 370/2002-Plenário, no sentido de julgar
irregulares as contas dos Srs. José Viana de Carvalho, CPF 015.452.304-63; Sérgio Guimarães da
Costa Florido, CPF 033.986.414-15; Ionaldo Martins Barbosa de Souza, CPF 080.943.224-20, e da
Sra. Valéria Américo Dantas, CPF 307.785.061-34, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso
III, alínea “b”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, e com
arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, e 214, inciso III, do Regimento Interno do TCU, em face das
irregularidades constatadas em sua gestão e tratadas no TC 016.687/2002-2, mantendo inalterados o
julgamento das contas dos demais gestores e os demais termos do referido Acórdão;
9.2. dar ciência desta deliberação ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco - IFPE e aos demais interessados.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2713-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
269

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE ___ – Plenário


TC 011.481/2015-3
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro -
Inea; Ministério das Cidades (vinculador)
Interessado: Congresso Nacional (vinculador)
Representação legal: Jailton Zanon da Silveira (OAB/RJ 77.366); Murilo Fracari Roberto
(OAB/DF 22.934).

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCOBRAS/2015. OBRAS DE


CANALIZAÇÃO E DRAGAGEM DO RIO BENGALAS, EM NOVA FRIBURGO/RJ.
DIMINUIÇÃO DO RITMO DE EXECUÇÃO DAS OBRAS. ALTERAÇAO DO OBJETO
LICITADO. EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES LEGAIS DE ADITAMENTO CONTRATUAL.
AUDIÊNCIAS, DETERMINAÇÕES E OITIVAS.

RELATÓRIO

Trata-se de auditoria realizada com vistas a avaliar a legalidade e a legitimidade da utilização dos
recursos referentes ao Termo de Compromisso 0367.938-83/2011 (Siafi 671373), vinculado à segunda
etapa do Programa de Aceleração do Crescimento, tendo por objeto a canalização e dragagem do Rio
Bengalas, bem como a execução de obras de recuperação da microdrenagem nos bairros Cristina Ziede e
Duas Pedras, situados em Nova Friburgo/RJ, município fortemente afetado pelas chuvas de janeiro de 2011
que atingiram toda a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.

2. Transcrevo, a seguir, corpo do relatório de auditoria (peça 60) elaborado por equipe da
Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana, cuja proposta de encaminhamento contou com a
anuência dos dirigentes da unidade técnica (peças 61 e 62):

“Apresentação
1. Trata-se de auditoria sobre o Termo de Compromisso 0367.938-83/2011, Siafi 671373, cujo
objeto é a canalização e dragagem do Rio Bengalas, bem como a execução de obras de recuperação
da microdrenagem nos bairros Cristina Ziede e Duas Pedras, situados em Nova Friburgo/RJ.
2. O Termo de Compromisso citado, após as alterações realizadas por meio da celebração de
aditivo e re-ratificações, tem o valor total de R$ 253.072.352,08 (dos quais R$ 212.780.163,94 são
repasses da União e R$ 40.292.188,14 são relativos à contrapartida).
3. São partes do instrumento: (i) a União Federal, por intermédio do Ministério das Cidades
(MCidades), na qualidade de compromitente, representado pela Caixa Econômica Federal (Caixa);
(ii) o Estado do Rio de Janeiro, na qualidade de compromissário; e (iii) o Instituto Estatual do
Ambiente (Inea), como interveniente executor.
4. Os recursos são provenientes do Programa de Drenagem Urbana e Controle de Erosão
Marítima e Fluvial, vinculado à segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2),
270

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sendo disciplinado pelas regras da Portaria Interministerial 130, de 23/4/2013, que dispõe sobre as
transferências de recursos federais do Orçamento Geral da União (OGU) para execução de obras e
prestação de serviços de engenharia destinados à prevenção e ao enfrentamento de desastres naturais
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios.
I.1. Importância socioeconômica
5. Os municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, localizados na região serrana do
Estado do Rio de Janeiro, foram afetados por enchentes decorrentes de fortes chuvas ocorridas em
janeiro de 2011. A calamidade, extensamente veiculada pelos meios de comunicação, resultou em
aproximadamente 850 mortos e trinta mil desalojados/desabrigados.
6. Em Nova Friburgo, o tempo de recorrência das chuvas foi em torno de 300 anos, isso
equivale a dizer que a probabilidade de ocorrência de outro evento de proporções iguais ou
superiores é de apenas 0,33% (a probabilidade de ocorrência é o inverso do tempo de recorrência).
7. O desastre afetou a macrodrenagem do Rio Grande, Córrego d’Antas e Rio Bengalas com
assoreamento de calhas e até mudança em alguns trechos do curso do rio. Foi inicialmente executado
um conjunto de obras emergenciais custeadas pelo Fundo Estadual de Conservação (Fecam) e pelo
Projeto Limpa Rio, que, segundo a CI INEA/DIRAM 791/12, de 30/7/2012 (evidência 18), somaram
R$ 52.515.324,57.
8. Após as obras emergenciais, foram necessárias as intervenções para recuperação e
ampliação dos sistemas de drenagem, cuja previsão inicial superava 209 milhões de reais
(R$ 45.078.263 relativos ao Córrego d’Antas e R$ 164.127.227 relativos ao Rio Bengalas). Nesse
contexto, essas obras foram inseridas na seleção no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-
2), conforme Portaria MCidades n. 515, de 3/11/2011 (Evidência 18).
9. A importância socioeconômica da obra deve-se à expectativa de que a canalização do Rio
Bengalas possa evitar ou diminuir as consequências de novos eventos climáticos de grande
magnitude, em função do aumento da capacidade de vazão do Rio (aprofundamento e alargamento da
calha) e da estabilidade das margens (revestimento em concreto).
II. Introdução
II.1. Deliberação que originou o trabalho
10. Em cumprimento ao Acórdão 1.184/2015-TCU-Plenário, foi realizada a auditoria no
Ministério das Cidades, na Caixa Econômica Federal e no Instituto Estadual do Ambiente,
abrangendo atos e fatos ocorridos no período de 12/12/2011 a 19/6/2015.
11. As razões que motivaram esta auditoria foram o grande volume de recursos envolvidos e a
importância socioeconômica da obra, bem como os riscos identificados no processo de
acompanhamento das obras da Região Serrana do Rio (TC 013.554/2013-1), sob a responsabilidade
da Secex-RJ.
12. O relator deste processo (TC 011.481/2015-3), Ministro Benjamin Zymler, foi definido com
base no art. 18-A da Resolução TCU 175, de 25/5/2005.
II.2. Visão geral do objeto
II.2.1. Termos de Compromissos relacionados direta e indiretamente ao objeto auditado
13. Pela figura apresentada a seguir é possível identificar que o curso do Rio Bengalas – cuja
canalização é objeto do Termo de Compromisso 0367.938-83/2011 sob análise – passa por região
densamente urbanizada da cidade de Nova Friburgo. Na figura foram destacados também os bairros
Cristina Ziede e Duas Pedras que tiveram os serviços de microdrenagem incluídos no escopo do
instrumento de repasse citado:
271

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Figura 1 – Rio Bengalas e bairros abrangidos pelo Termo de Compromisso 0367.938-83/2011

Fonte: Memorial descritivo das intervenções no Rio Bengalas elaborado pelo Inea (Evidência 25, p. 6)
14. Conforme se detalhará no subtópico seguinte, a licitação e contratação das obras do Rio
Bengalas abrangeram uma outra intervenção no município de Nova Friburgo, a recuperação do
Córrego d’Antas (também apresentado na Figura 1 anterior). O Córrego d’Antas é um afluente do Rio
Bengalas e os recursos são provenientes do Termo de Compromisso 0367.940-24/2011, também
inserido no contexto dos repasses de recursos relativos à recuperação dos rios da Região Serrana
atingidos pelo desastre de 2011.
15. Em função de ter sido celebrado um único contrato de obras para as duas intervenções
mencionadas, deve-se esclarecer que nas análises do presente trabalho foi necessário incluir
informações relativas às obras do Córrego d’Antas, a fim de delinear adequadamente a parte do
contrato que trata exclusivamente do Rio Bengalas. Sobre as obras do Córrego d’Antas, as
informações incidentais obtidas indicam que as obras previstas atingiram menos de 4% de execução e
encontram-se paralisadas a considerável período de tempo.
16. Assim, considera-se que o Termo de Compromisso 0367.940-24/2011, ainda que não esteja
compreendido no objeto desta fiscalização, está indiretamente relacionado e, portanto, entendeu-se
pertinente registrar algumas considerações sobre o Córrego d’Antas ao longo do presente relatório.
Considerando que as obras do Córrego estão paralisadas em estágio inicial, as informações
apresentadas ao longo do relatório são suficientes para fornecer uma visão geral do empreendimento,
ainda que não tenham sido realizados para o córrego citado os mesmos procedimentos de auditoria
que foram aplicados ao Rio Bengalas.
II.2.2. Licitação e contrato
17. A licitação das obras de ambos os termos de compromissos citados (Rio Bengalas e Córrego
d’Antas) se deu por meio de um único certame, a Concorrência Nacional 18/2012, em regime de
empreitada por preço unitário. Segundo a ata de julgamento, o certame contou com apenas duas
interessadas: (i) a Carioca Christian-Nielsen Engenharia S.A., cuja proposta remontava em
R$ 195.535.293,03; e (ii) o Consórcio Rio Bengalas (Construtora Ferreira Guedes S.A.,
CNPJ 61.099.826/0001-44 e EIT Engenharia S.A, CNPJ 13.300.818/0001-71) com proposta de
R$ 194.449.531,25.
18. O objeto do certame foi adjudicado para o Consórcio Rio Bengalas
(CNPJ 17.612.173/0001-63), originando o Contrato 09/2013-INEA, datado em 18/2/2013, no valor de
272

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 194.449.531,25 (abrangendo as obras referentes ao Córrego d’Antas e ao Rio Bengalas), que


correspondeu a um desconto de 7% em relação ao valor estimado pela administração, no total de
R$ 209.205.491,43 para os dois rios. Com base nas planilhas orçamentárias apresentadas pelo
vencedor, o valor contratado estava assim dividido:
Tabela 1 – Valores iniciais das intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013 INEA
Objeto Termo de Compromisso Valor Prazo
Rio Bengalas 0367.938-83/2011 R$ 152.622.606,48 18 meses
Córrego d’Antas (1ª Etapa) R$ 14.190.037,62
0367.940-24/2011 38 meses
Córrego d’Antas (2ª Etapa) R$ 27.636.887,14
Total R$ 194.449.531,25 40 meses (vigência do contrato)
Fonte: contrato e planilha orçamentária
19. No entanto, o Contrato 09/2013-INEA sofreu grandes alterações, tendo seu valor, após
termos aditivos, passado a ser de R$ 234.914.274,59 (R$ 150.661.161,58 relativos ao Rio Bengalas e
R$ 84.253.113,01 relativos ao Córrego d’Antas).

II.2.4. Processos correlatos do TCU

19.1. No âmbito do TCU, com vistas a acompanhar as obras relativas à Região Serrana do Rio
de Janeiro, atendidos pelos recursos repassados pelo Ministério das Cidades por meio de Portaria
515/2011, foi constituído processo de acompanhamento específico, em cumprimento ao item 9.1.1 do
Acórdão 860/2013-TCU-Plenário.
20. O citado acompanhamento (TC 013.554/2013-1) ficou sob a responsabilidade da Secex-RJ,
tendo por enfoque a verificação do cumprimento dos prazos de conclusão dos empreendimentos,
originando o Acórdão 3.301/2014-TCU-Plenário, de 26/11/2014. Na ocasião, o voto condutor
apresentou a situação da execução das obras em comento:
Apesar do vultoso volume de recursos e de a assinatura de oito contratos de repasse ter ocorrido ainda
em 2011, o objetivo de mitigar os efeitos das calamidades e evitar novas ocorrências ainda não foi efetivamente
confrontado pelas ações em exame. Dos oito contratos de repasses assinados pela Caixa Econômica Federal,
sete estão paralisados e apenas um está em execução, mesmo assim sem ter alcançado 35% de avanço físico.
21. Ainda com base nas informações registradas no voto em comento, foi apresentado o quadro
resumo da situação das obras avaliadas (consulta datada de 11/11/2014), dentre essas obras se
encontram as relativas ao Termo de Compromisso 0367.938-83, objeto dos presentes autos:
Tabela 2 – Situação em 11/11/2014 extraida do voto do Acórdão 3.301/2014-TCU-Plenário
Percentual
Termo de
Objeto Município Valor de execução Situação
Compromisso
das obras
CLAUSULA SUSPENSIVA PARCIAL
Obras de contenção
0367.936-65 Teresópolis 44.649.987,89 14,77% Falta documentação de projeto e/ou de
em taludes
titularidade e/ou de licença ambiental
Obras de contenção
0367.937-79 Nova Friburgo 36.949.929,58 34,64% NORMAL
em taludes
CLAUSULA SUSPENSIVA PARCIAL
Obras no Rio
0367.938-83 Nova Friburgo 116.995.179,79 3,38% Falta documentação de projeto e/ou de
Bengalas
titularidade e/ou de licença ambiental
CLAUSULA SUSPENSIVA PARCIAL
Obras no Córrego
0367.940-24 Nova Friburgo 50.786.686,52 3,52% Falta documentação de projeto e/ou de
d’Antas
titularidade e/ou de licença ambiental
Obras no Rio CLAUSULA SUSPENSIVA PARCIAL
0367.941.38 Carvão, Rio Santo Petrópolis 43.767.033,24 29,32% Falta documentação de projeto e/ou de
Antônio e Rio Cuiabá titularidade e/ou de licença ambiental
CLAUSULA SUSPENSIVA PARCIAL
Obras no Rio do
0367.942.42 Teresópolis 45.857.345,17 6,91% Falta documentação de projeto e/ou de
Príncipe
titularidade e/ou de licença ambiental
CLAUSULA SUSPENSIVA PARCIAL
Obras no Rio Imbuí e
0367.943-57 Teresópolis 16.558,218,18 7,17% Falta documentação de projeto e/ou de
Paquequer
titularidade e/ou de licença ambiental
273

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Fonte: voto do Acórdão 3.301/2014-TCU-Plenário (situação referente a 11/11/2014)


22. O Acordão 3.301/2014-TCU-Plenário determinou que fosse elaborado plano de ação, no
prazo de sessenta dias, detalhando cronograma físico-financeiro para finalização das obras objeto
dos contratos de repasse. A documentação referente ao referido plano foi apresentada em 7/4/2015,
no qual consta que a conclusão de todos os contratos de repasse foi fixada para os anos de 2016 e
2017, conforme Ofício 1052/2015/AECI/GM/MCIDADES, de 2/4/2015 (evidência 17, p. 3).
23. O percentual registrado para o Termo de Compromisso 0367.938-83 (Rio Bengalas) no
Sistema de Acompanhamento de Obras da Caixa Econômica Federal (Siurb),
https://webp.caixa.gov.br/urbanizacao/siurbn/acompanhamento/ac_publico/sistema/asp/ptei_filtro_ini
cial.asp, em 10/8/2015, era de 37,70% (evidência 24, p. 1). Já conforme documento apresentado pela
própria Caixa (evidência 13), em 10/6/2015, as medições acumuladas representavam 51% de
execução, porém aquelas efetivamente aferidas equivaliam a 36,98% da obra.
24. O outro empreendimento também abrangido no Contrato 09/2013-INEA da obra, relativo ao
Córrego d’Antas, objeto do Termo de Compromisso 0367.940-24, encontrava-se em 10/8/2015 com
apenas 3,52% da obra executada, conforme consulta ao sistema Siurb (evidência 24, p. 2). Observe-se
que o percentual da consulta datada em 10/8/2015 é idêntico àquele obtido em 11/11/2014, constante
do voto do Acórdão 3.301/2014-TCU-Plenário, o que indica que a obra do Córrego se encontra
paralisada.
II.3. Metodologia utilizada
25. Os principais papéis de trabalho elaborados pela equipe de auditoria foram: a matriz de
planejamento e a curva ABC de serviços contidos na etapa correspondente ao Rio Bengalas, objeto da
auditoria. Também compõem os papéis de trabalho as informações e os relatórios gerados pelo
Sistema de Análise de Orçamento (SAO) do TCU.
26. Foram registradas neste relatório as alterações incorridas no Contrato 09/2013-INEA tanto
para o Rio Bengalas quanto, de forma incidental, para o Córrego d’Antas, pois – conforme já
registrado – apesar de não pertencer ao escopo da presente fiscalização, esse empreendimento está
indiretamente relacionado ao Rio Bengalas, visto que ambas as intervenções fazem parte de um único
contrato de execução de obras.
27. Houve ainda inspeção in loco da obra do Rio Bengalas, bem como análise da documentação
solicitada pela equipe de auditoria e reuniões nas dependências do Inea e da Caixa, localizadas na
cidade do Rio de Janeiro. Não houve inspeção no trecho correspondente ao Córrego d’Antas, pois,
além de não fazer parte do escopo da auditoria, os serviços estavam, segundo informações obtidas,
com menos de 4% de execução.
28. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal
de Contas da União (Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, alterada pela Portaria-TCU 168 de 30/6/2011)
e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU
(Portaria-Segecex 26 de 19/10/2009), devendo ser observadas as limitações informadas a seguir.
II.4. Limitações inerentes à auditoria
29. A dimensão da catástrofe, com grandes quantidades de material carreado para a área na
qual se deram as obras (terra, lixo, sedimentos, objeto e pertences das casas inundadas), e a
realização de obras emergenciais prévias não foram devidamente documentadas no processo
administrativo da licitação Concorrência Nacional 18/2012, o que impediu a identificação exata da
situação antes do início das obras objeto da presente fiscalização.
30. Ou seja, houve dificuldades da mensuração dos reais quantitativos previstos e executados
para a obra, em especial os relacionados à escavação, carga e transporte de terra. Deve-se frisar que
o contrato para realização das obras sob análise foi celebrado sob regime de Empreitada por Preço
Unitário, o que exige extremo rigor na medição dos volumes de material movimentados.
31. Também, as grandes alterações verificadas entre o projeto básico, que serviu de fundamento
para a contratação, e o projeto executivo (elaborado concomitantemente à obra) dificultaram a
mensuração dos quantitativos, visto que a execução contratual iniciou com base em solução de
274

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

engenharia relativa à execução da canalização do Rio Bengalas que foi substancialmente alterada a
partir da 11ª e 12ª medições, restando ainda serviços da solução anterior entre aqueles acrescidos
pela alteração contratual, tornando difícil a mensuração exata da execução do contrato (essa
constatação será objeto de achado específico).
32. Soma-se às dificuldades de delineamento dos serviços do Rio Bengalas, a abrangência, em
uma mesma licitação e contratação, das obras relativas ao Córrego d’Antas (com repasses federais
por meio do Termo de Compromisso 0367.940-24), o que obrigou o levantamento e tratamento de
informações relativas ao Córrego na análise da situação do contrato, especialmente em função da
necessidade de definir apropriadamente o objeto e o impacto das alterações contratuais realizadas.
II.5. Volume de recursos fiscalizados
33. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 253.072.352,08 (dos quais
R$ 212.780.163,94 são repasses da União e R$ 40.292.188,14 são relativos à contrapartida),
exclusivamente referentes ao Termo de Compromisso 0367.938-83/2011 - Rio Bengalas.
34. Não foi considerado o montante referente ao Termo de Compromisso 0367.940-24 cujo
objeto refere-se à recuperação do Córrego d’Antas, apesar de terem sido levantados e registrados no
presente Relatório valores relativos e esse empreendimento, com vistas a esclarecer a situação e as
alterações contratuais ocorridas no Contrato 09/2013-INEA.
II.6. Benefícios estimados da fiscalização
35. Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a expectativa de
controle decorrente da ação de auditoria perante os órgãos auditados, melhoria na gestão contratual
e correção de critério de pagamento.
III. Achados de auditoria

III.1. Alteração do objeto licitado/contratado em desrespeito ao disposto na Lei Geral de


Licitações
Tipificação:
36. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO:
37. O presente achado não se enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 112, § 1º, inciso IV,
da Lei 13.080/2015 (LDO/2015), pois, em que pese o valor total da contratação tenha sido elevado
com as alterações contratuais, acima dos limites impostos pela Lei Geral de Licitações, configurando
grave desvio relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a administração
pública, não foi possível constatar a existência de sobrepreço ou superfaturamento que importasse em
efetivos prejuízos ao erário ou a terceiros.
Situação encontrada:
38. Observou-se que o objeto do Contrato 09/2013-INEA, relativo às obras no Rio Bengalas e
Córrego d’Antas, sofreu, por meio de termos aditivos e re-ratificações, grandes alterações de valores
de suas etapas e serviços originalmente previstos, assim como alteração nas metodologias de
execução das obras, que o desassociam dos termos e das condições de execução pactuados quando de
sua celebração, contrariando o disposto nos art. 65, da Lei 8.666/1993, assim como a jurisprudência
desta Corte de Contas.
39. A tabela a seguir apresenta os valores iniciais e vigentes após alterações do Contrato
09/2013-INEA e dos termos de compromissos associados:
Tabela 3 – Valores contratuais com BDI (16%)
Valor original Valor Termo de Valor Contrato Obras
Termo de Valor original Termo
Contrato Obras Compromisso após (09/2013-INEA) após
Compromisso de Compromisso1
(09/2013-INEA)2 alterações alterações5
3
R$ 116.995.779,79 R$ 253.072.352,08
0367.938-83/2011 (R$ 111.150.000,00 de (R$ 212.780.163,94 de
recursos da união e R$ 152.622.606,48 recursos da união e R$ 174.771.218,39
(Rio Bengalas) R$ 5.845.779.79 de R$ 40.262.188,14 de
contrapartida) contrapartida)
275

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 50.786.686,52
(R$ 44.640.000,00 de
0367.940-24/2011
recursos da União e R$ 41.826.924,77 R$ 48.622.407,634 R$ 60.143.056,19
(Córrego d’Antas) 6.146.686,52 de
(Apenas recursos da União)
contrapartida)
TOTAL R$ 167.782.466,31 R$ 194.449.531,25 R$ 301.694.759,71 R$ 234.914.274,59
Fontes:
1
Valores obtidos dos termos de compromissos assinados, juntados aos autos;
2
Valores obtidos dos contatos celebrados e das respectivas planilhas orçamentárias;
3
Documento apresentado pela Caixa durante a fase de execução, demonstrando a posição em 10/6/2015;
4
Valor constante no banco de dados sobre o termo de compromisso disponível no sítio eletrônico da Caixa;
5
Valores obtidos das planilhas orçamentárias dos instrumentos de alterações contatuais.
40. Inicialmente, nota-se que, pelas informações registradas no banco de dados da Caixa, o
novo valor do Termo de Compromisso 0367.940-24/2011 (R$ 48.622.407,63) não seria suficiente para
o custeio das despesas relativas as obras do Córrego d’Antas após o aditivo contratual (R$
60.143.056,19). Por outro lado, o valor do Termo de Compromisso 0367.938-83/2011 é superior ao
contrato para execução das obras do Rio Bengalas.
41. As alterações realizadas foram de ordem quantitativas e qualitativas, classificadas conforme
critério do Inea. As alterações classificadas como qualitativas relativas às obras do Rio Bengalas se
referem principalmente à solução de engenharia adotada para execução das estruturas de contenção
utilizadas para canalização do mencionado rio – segundo informações colhidas durante a fase de
execução da auditoria.
42. A solução que serviu de base para licitação previa a realização de cortinas atirantadas
executadas em concreto armado moldado in loco. Posteriormente, porém, a metodologia adotada
para confecção dessas cortinas foi alterada para estruturas pré-moldadas realizadas em canteiro
específico, para então serem transportadas ao local de sua aplicação.
43. No entanto, após a decisão pela utilização das cortinas pré-moldadas, houve uma segunda
alteração da solução de engenharia prevista, desta vez referente ao método de fixação das cortinas
atirantadas pré-moldadas na calha do Rio Bengalas.
44. A primeira solução previa que a fixação das cortinas pré-moldadas seguiria a seguinte
sequência de execução (etapas):
1) cadastramento e retirada de interferências;
2) cravação de estacas metálicas com martelo vibratório;
3) perfuração e instalação de tirantes;
4) escavação e abertura de calha com escavadeira hidráulica;
5) execução de “ensecadeiras” (barreiras metálicas dividindo a área de trabalho do rio) e posterior
esgotamento de água liberando o pátio interno de trabalho);
6) execução de base para o assentamento das peças pré-moldadas;
7) lançamento e assentamento das peças pré-moldadas;
8) execução de pilares de amarração das peças;
9) protensão dos tirantes;
10) execução da viga superior de amarração;
11) execução de colchão de pedras; e
12) retirada da "ensecadeira", permitindo que o rio retome seu fluxo normal.
45. Essas etapas de execução foram apresentadas durante a visita da equipe de auditoria ao
local da obra por meio de vídeo-animação elaborado pelo consórcio responsável pelas obras.
Contudo, durante a elaboração do presente relatório, foi constatado que as etapas de execução 4 e 5
(ilustradas nas figuras a seguir, retiradas da vídeo-animação mencionada) não estavam condizentes
com as alterações empreendidas na planilha orçamentária.
276

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Figura 2 – Ilustração dos serviços escavação e abertura de calha com escavadeira hidráulica

Figura 3 – Ilustração da execução de "ensecadeiras"

Figura 4 - Ilustração do esgotamento de água liberando o pátio interno de trabalho

46. Com base em informação e documentação obtidas junto ao Inea (Evidência 26), foi
constatada uma segunda alteração na metodologia de execução, em que as etapas 4 e 5 foram
alteradas para:
i. execução de aterro interno na calha do rio para permitir acesso ao maquinário (pátio de
trabalho);
ii. cravação de duas fileiras de estaca-prancha: uma externa à calha do rio, com função de
“arrimo”, e
iii. uma interna nos moldes de “ensecadeira”, mas sem essa função específica;
47. As figuras a seguir, constantes do documento do Inea que apresenta o registro fotográfico
277

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

das obras executadas no Rio Bengalas (Evidência 26), apresentam a solução de engenharia adotada
em substituição à execução das "ensecadeiras" apresentada no vídeo-animação do consórcio
contratado:
Figura 5 – Ilustração do aterro interno na calha do rio para permitir acesso Figura 6 – Trabalhadores entre
ao maquinário (método realizado em ambas as margens do Rio) fileiras internas e externas de estacas prancha

Figura 7 – Fixação dos blocos pré-moldados entre as fileiras interna e externa (arrimo) de estacas prancha

48. Considerando os valores totais relativos às intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-
INEA, tem-se a seguinte situação:
Tabela 4 – Detalhamento das alterações contratuais por objeto e etapa (valores com BDI de 16%), em Reais
Valores originais do Valores do Contrato Valores dos % Alteração em
Contrato 09/2013 09/2013, após acréscimos e reduções relação aos valores
278

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(A) alterações (B) (C = B-A) originais (C/A)

TOTAL
BENGALAS 152.622.606,48 174.771.218,39 22.148.611,91 14,51%
BENGALAS

1ª ETAPA 14.190.037,62 54.331.051,40 40.141.013,78 282,88%


CORREGO 2ª ETAPA 27.636.887,14 5.119.812,78 -22.517.074,36 -81,47%
D’ANTAS TOTAL
41.826.924,77 60.143.056,19 18.316.131,42 43,79%
CORREGO
TOTAL 194.449.531,25 234.914.274,58 40.464.743,33 20,81%
49. Nota-se que em relação ao Rio Bengalas as alterações equivaleram a 14,51% do valor total
originalmente estabelecido para esse empreendimento. Já com relação às intervenções no Córrego
d’Antas, a alteração realizada foi 43,79%, porcentagem que excede os limites do art. 65 da Lei
8.666/1993.
50. Ademais, se percebe que a primeira etapa do Córrego d’Antas teve seus valores aumentados
em 282,88% do valor original, em detrimento da diminuição da segunda etapa prevista, o que
configura alteração do orçamento e do cronograma de execução de serviços que serviu de base para
licitação e contratação – fato que reforça o entendimento de que houve desvinculação entre o objeto a
ser executado e o previsto à época do certame, contrariando o disposto na jurisprudência desta Corte
de Contas.
51. Frise-se que a Tabela 4 apresenta percentagens de alteração relativas aos valores inicial e
final das intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-INEA – considerando compensações entre
supressões e acréscimos, tanto qualitativos quanto quantitativos. Por essa análise, o valor total do
contrato teria passado de R$ 194.449.531,25 para R$ 234.914.274,58, o que representaria um
aumento de 20,81%.
52. No entanto, no que tange aos limites de alterações contratuais fixados pelo art. 65 da Lei
8.666/93, a jurisprudência do TCU tem se consolidado sobre a necessidade de se observar
individualmente os acréscimos e supressões realizadas, vedada a possibilidade de compensação entre
as distintas alterações. Cita-se como exemplo de decisões neste sentido os fundamentos utilizados nos
votos dos Acórdãos 749/2010, 2.530/2011, 2.134/2006 e 1.192/2009, todos do Plenário deste
Tribunal.
53. Nesse contexto, passa-se para o detalhamento do histórico das alterações do Contrato
09/2013-INEA (que abrange as obras de ambos os termos de compromisso da Tabela 4 anterior), o
que permite registrar o impacto que os acréscimos e as substituições de serviços tiveram sobre o
contrato em comento:
Tabela 5 – Valores do contrato após alterações contratuais
CONTRATO REVOGAÇÃO DO 1º Após 1º ADITIVO
EVENTO 1º ADITIVO (61/2013) Após 1ª RERA DO 59/2014 Após 2ª RERA DO 59/2015
ORIGINAL ADITIVO (59/2014)
% % % %
%
DATA 18/02/2013 26/09/2013 ORIGINA 24/09/2014 30/09/2014 ORIGINA 12/02/2015 ORIGINA 24/03/2015 ORIGINA
ORIGINAL
L L L L
Acréscimos - - 0,00% - 0,00% 1.367.303,44 0,70% 1.367.303,44 0,70% 1.367.303,44 0,70%

Itens novos - - 0,00% - 0,00% 23.041.148,75 11,85% 22.904.405,95 11,78% 22.904.405,95 11,78%
QUANTITATIVA

Total
- 0,00% - 0,00% 24.408.452,19 12,55% 24.271.709,39 12,48% 24.271.709,39 12,48%
ALTERAÇÃO

acréscimo
Redução - - 0,00% - 0,00% 29.657.885,77 15,25% 29.745.839,42 15,30% 30.350.283,69 15,61%
Resultado
- 0,00% - 0,00% -5.249.433,58 -2,70% -5.474.130,03 -2,82% -6.078.574,30 -3,13%
quantitativa
Acréscimos - 1.358.574,84 0,70% -1.358.574,84 -0,70% 1.548.560,70 0,80% 1.548.560,70 0,80% 1.598.950,24 0,82%

Itens novos - 47.252.465,31 24,30% -47.252.465,31 -24,30% 126.519.671,20 65,07% 111.367.407,50 57,27% 112.811.984,99 58,02%
Total
QUALITATIVA

48.611.040,15 25,00% -48.611.040,15 -25,00% 128.068.231,90 65,86% 112.915.968,20 58,07% 114.410.935,23 58,84%
ALTERAÇÃO

acréscimo
Redução - 48.611.040,15 25,00% -48.611.040,15 -25,00% 74.411.269,34 38,27% 66.977.095,55 34,44% 67.867.617,59 34,90%
Resultado
- 0,00% - 0,00% 53.656.962,56 27,59% 45.938.872,65 23,63% 46.543.317,64 23,94%
quantitativa
VALOR FINAL 194.449.531,25 194.449.531,25 100,00% 194.449.531,25 100,00% 242.857.060,23 124,89% 234.914.273,87 120,81% 234.914.274,59 120,81%

54. Para fins de análise dos limites máximos permitidos pela legislação e jurisprudência, deve-
279

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

se tomar os valores relativos tanto aos acréscimos quantitativos, R$ 24.271.709,39 (12,48% do valor
original do contratado), quanto aqueles classificados como qualitativos R$ 114.410.935,23 (58,84%
do valor original). Com base nessas premissas, conclui-se que foram acrescidos ao contrato sob
análise serviços que totalizaram R$ 138.682.644,62 (o que representa um acréscimo de 71,32% em
relação ao valor originalmente estabelecido no contrato celebrado).
55. Tais alterações são expressivas e relevantes, especialmente devido ao fato de substancial
número de itens de serviços que fizeram parte da contratação original terem sido substituídos por
outros para os quais não houve o devido processo licitatório.
56. A jurisprudência do TCU admite para as alterações contratuais (qualitativas e
quantitativas) a possibilidade de realização de acréscimos em patamares superiores aos registrados
no art. 65 da Lei 8.666/1993, entretanto, tal possibilidade se dar de forma específica e excepcional. A
Decisão 215/1999-TCU-Plenário estabeleceu os requisitos que devem ser cumpridos para que a
extrapolação dos limites do art. 65 possa ser considerada aceita:
8.1. com fundamento no art. 1º, inciso XVII, § 2º da Lei nº 8.443/92, e no art. 216, inciso II, do Regimento
Interno deste Tribunal, responder à Consulta formulada pelo ex-Ministro de Estado de Estado do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho, nos seguintes
termos:
a) tanto as alterações contratuais quantitativas - que modificam a dimensão do objeto - quanto as
unilaterais qualitativas - que mantêm intangível o objeto, em natureza e em dimensão, estão sujeitas aos limites
preestabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº 8.666/93, em face do respeito aos direitos do contratado,
prescrito no art. 58, I, da mesma Lei, do princípio da proporcionalidade e da necessidade de esses limites
serem obrigatoriamente fixados em lei;
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas de contratos de
obras e serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites aludidos no item anterior, observados os
princípios da finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais do
contratante privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguintes pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma eventual
rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um novo
procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e econômico-
financeira do contratado;
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou imprevisíveis por
ocasião da contratação inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de natureza e
propósito diversos;
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização do cronograma de
execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;
VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os limites
legais mencionados na alínea “a”, supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão contratual,
seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse público primário
(interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à
sua urgência e emergência; (...)
57. Quanto ao Contrato 09/2013-INEA, sob análise, observa-se que não foi devidamente
fundamentado o cumprimento dos requisitos do Decisão 215/1999-TCU-Plenário, visto que:
a) não foi evidenciada a vantagem em manter a contratação em detrimento da realização de
novo certame pela administração pública, principalmente quando se constata o percentual de
alteração sofrido na etapa da intervenção do Córrego d’Antas;
b) as alterações não decorreram de fato superveniente, pois, após o início da execução
contratual, não foram constatadas quaisquer alterações nos objetos das intervenções que pudessem
implicar na redefinição dos métodos construtivos ou serviços previstos, não satisfazendo o item III da
Decisão em foco;
c) devido à prorrogação dos prazos originalmente previstos para conclusão das obras, não se
280

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pode constatar a otimização do cronograma que trata o requisito do item V da Decisão.


58. Quanto à prorrogação dos prazos para término das obras, informa-se que a conclusão das
obras do Rio Bengalas era prevista para 26/5/2016. Após alterações contratuais, passou para
30/6/2017 (prorrogação de mais de um ano). Já para o Córrego d’Antas, a data inicial prevista para
a conclusão da obra era para 26/9/2014, passando, posteriormente, para 31/3/2017 (dois anos e meio
de prorrogação), conforme informações do contrato original (evidência 6) e Ofício do MCidades
(evidência 17).
59. Com relação ao inciso IV do item 8.1 da Decisão 215/1999-TCU-Plenário, que versa sobre
a impossibilidade de admitir-se alterações contratuais que importem em transfiguração do objeto
originalmente contratado em outro de natureza e propósito diversos, cabe mencionar uma outra
deliberação deste Tribunal, o Acórdão 2.819/2011-TCU-Plenário, que também impõe critério acerca
de alterações na natureza do objeto licitado/contratado:
9.2. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes que, nas futuras
contratações celebradas a partir da data de publicação deste Acórdão no Diário Oficial da União, passe a
considerar, para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei nº
8.666/1993, as reduções ou supressões de quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o
conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada
um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração
estabelecidos no dispositivo legal;”
9.2. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes que, em cada caso
abrangido por essa solução temporária e intertemporal indicada no subitem anterior deste acórdão, os aditivos
que vierem a ser celebrados deverão ser justificados quanto à sua pertinência e conformidade às
características e diretrizes fundamentais estabelecidas no projeto básico, devendo ser devidamente registrados
nos respectivos processos administrativos, estando, assim, disponíveis à fiscalização dos órgãos de controle;
(grifou-se)
60. Note-se que a deliberação transcrita, além de reforçar o critério que deve ser adotado para
cálculo dos limites estabelecido pelo 65 da Lei 8.666/1993, dispõe que as alterações realizadas têm
que ser justificadas em face das premissas estabelecidas no projeto básico que serviu de molde para a
contratação. O voto do acórdão em comento destaca que não só o percentual máximo de alterações
deve ser observado quando da inserção ou substituição itens ao contrato:
A alegação dos dirigentes do DNIT, no sentido de que as alterações contratuais devem ser aquilatadas
tão-somente pelo reflexo financeiro final que produzem no preço do contrato (fls. 157/158), não pode
prosperar. De fato, na letra da Lei (art. 65, §§ 1º e 2º), os limites máximos admitidos para as alterações
contratuais devem ser aplicados sobre o objeto contratual em si (ou seja, no caso de obras, o conjunto dos
“tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar” - art. 6º, inciso IX, alínea “c”), e
não sobre o valor da avença, que funciona apenas como parâmetro de aferição das alterações efetuadas.
Assim, tendo contratado, por exemplo, a construção de uma “estrada com pavimentação asfáltica”, a
Administração não está autorizada a alterar o objeto contratual para “estrada com pavimentação de
concreto”, ainda que os preços sejam equivalentes. É que, numa tal hipótese, a alteração dos quantitativos de
serviços e de materiais originalmente levados à licitação seria em muito superior aos limites admitidos pela
Lei, mesmo não ocorrendo expressiva alteração no preço total da obra”. (grifou-se)
61. Relembre-se que, conforme o art. 3º da Lei 8.666/1993, o processo licitatório destina-se a
garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e da seleção da proposta mais
vantajosa para a administração, devendo ser “processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos
que lhes são correlatos”.
62. Em relação à situação registrada na execução do Contrato 09/2013-INEA, entende-se que
restam fragilizados alguns dos critérios estabelecidos pela legislação, em especial aqueles relativos à
vinculação ao instrumento convocatório, à impessoalidade e, à igualdade, visto que o objeto do
contrato em foco – nos exatos termos em que está sendo executado – não foi ofertado em concorrência
para outros possíveis interessados com capacidade de executá-lo.
281

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Objetos nos quais o achado foi constatado:


a) Termo de Compromisso 671373, Canalização, dragagem do Rio Bengalas e a execução de
obras de recuperação da microdrenagem nos bairros Cristina Ziede e Duas Pedras, situados de Nova
Friburgo/RJ, Governo do Estado do Rio de Janeiro.
b) Contrato 09/2013-Inea, Execução das obras de controle de inundação, drenagem e
recuperação ambiental do Córrego d’Antas e Rio Bengalas no município de Nova Friburgo - RJ,
Consorcio Rio Bengalas.
Critérios:
a) Acórdão 1428/2003, Plenário;
b) Acórdão 2134/2006, Tribunal de Contas da União, Plenário;
c) Acórdão 1192/2009, Tribunal de Contas da União, Plenário;
d) Acórdão 749/2010, Tribunal de Contas da União, Plenário;
e) Acórdão 2530/2011, Tribunal de Contas da União, Plenário;
f) Acórdão 2819/2011, Tribunal de Contas da União, Plenário;
g) Decisão 215/1999, Tribunal de Contas da União, Plenário;
h) Lei 8666/1993, art. 2º; art. 6º, inciso X; art. 12; art. 57; art. 65;
Evidências:
a) Evidência 1 - Termo de Compromisso Original TC 0367.938-83 (Rio Bengalas) - Termo de
Compromisso Original TC 0367.938-83 (Rio Bengalas).
b) Evidência 2 - Termo de Compromisso - Aditivo ao Anexo do TC 0367.938-83 (Rio Bengalas)
- Termo de Compromisso - Aditivo TC 0367.938-83 (Rio Bengalas).
c) Evidência 3 - Termo de Compromisso Original TC 0367940-24 (Córrego Dantas) - Termo de
Compromisso Original TC 0367940-24 (Córrego Dantas).
d) Evidência 4 - Edital da Concorrência Nacional CN 18/2012-INEA - Edital da Concorrência
Nacional CN 18/2012-INEA.
e) Evidência 5 - Ata Julgamento da Concorrência Nacional CN 18/2012-INEA - Ata Julgamento
da Concorrência Nacional CN 18/2012-INEA.
f) Evidência 6 - Contrato Obra Original 09/2013 - Contrato Obra Original 09/2013.
g) Evidência 7 - Planilha orçamentária referente ao Contrato 09/2013 - Planilha orçamentária
referente ao Contrato 09/2013.
h) Evidência 8 - 1º Termo Aditivo (61_2013, de 26/9/2013) do Contrato 09/2013 - 1º Termo
Aditivo (61_2013, de 26/9/2013) do Contrato 09/2013.
i) Evidência 9 - Revogação do 1º Termo Aditivo e celebração de novo 1º Termo Aditivo
(59_2014, 30/9/2014) do Contrato 09/2013 - Revogação do 1º Termo Aditivo e celebração de novo 1º
Termo Aditivo (59_2014, 30/9/2014) do Contrato 09/2013.
j) Evidência 10 - 1ª Reratificação do 1º Termo Aditivo (12/2/2015) do Contrato 09/2013 - 1ª
Reratificação do 1º Termo Aditivo (12/2/2015) do Contrato 09/2013.
k) Evidência 11 - 2ª Reratificação do 1º Termo Aditivo (24/3/2015) do Contrato Obra 09/2013 -
2ª Reratificação do 1º Termo Aditivo (24/3/2015) do Contrato Obra 09/2013.
l) Evidência 12 - Planilha Resumo do INEA sobre as alterações contratuais - Planilha Resumo
do INEA sobre as alterações contratuais.
m) Evidência 13 - Situação Financeira do referente às obras no Rio Bengalas em 10/6/2015,
segundo informações da CEF - Situação Financeira do referente às obras no Rio Bengalas em
10/6/2015, segundo informações da CEF.
n) Evidência 14 - Última medição Rio Bengalas apresentada - até a conclusão da fase de
execução da auditoria (24ª). - Última medição Rio Bengalas apresentada - até a conclusão da fase de
execução da auditoria (24ª).
o) Evidência 16 - Última medição Córrego d'Antas apresentada - até a conclusão da fase de
execução de auditoria (19ª). - Última medição Córrego d'Antas apresentada - até a conclusão da fase
de execução de auditoria (19ª).
282

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

p) Evidência 15 - Resumo da execução das obras relativas ao Rio Bengalas (conforme última
medição) - Resumo da execução das obras relativas ao Rio Bengalas (conforme última medição).
q) Evidência 21 - Comparação valor unitário de itens de serviços (antes e após alterações
contratuais) - Comparação valor unitário de itens de serviços (antes e após alterações contratuais).
r) Evidência 23 - Termo Aditivo de Alteração do TC-036793883_2011 - Termo Aditivo de
Alteração do TC-036793883_2011.
Causas da ocorrência do achado:
a) Falhas de planejamento do empreendimento que contribuíram para não identificação - em
época anterior à licitação - da solução de engenharia que acabou por vir ser adotada durante a
vigência contratual.
b) Prosseguimento indevido de contrato cujo objeto foi substancialmente alterado (o que
exigiria a realização de nova licitação e contratação)
c) Inobservância da legislação e jurisprudência que regem os limites permitidos para realização
de alterações contratuais.
Efeitos/Consequências do achado:
a) Prejuízos gerados por aquisição ou contratação sem escolha da proposta mais vantajosa
b) Alteração do objeto licitado, implicando em perda da isonomia, transparência e
competitividade do processo de contratação.
Conclusão:
63. Constatou-se que o objeto do Contrato 09/2013-INEA, relativo às obras no Rio Bengalas e
Córrego d’Antas, sofreu grandes alterações quantitativas e qualitativas em relação ao escopo dos
serviços que serviram de base para a Concorrência Nacional 18/2012-INEA (os instrumentos formais,
datas e valores relacionados foram apresentadas na Tabela 5).
64. Conforme se destacou, houve relevantes alterações nas metodologias de execução das
obras, que a desvirtuaram dos termos e das condições de execução pactuados quando de sua
celebração do contrato, contrariando os limites dispostos nos art. 65 da Lei 8.666/1993, assim como a
jurisprudência desta Corte de Contas.
65. Conforme apresentado na Tabela 5 e no parágrafo 0 deste relatório, foram acrescidos ao
contrato sob análise serviços no montante de R$ 138.682.644,62 (o que representa uma alteração de
71,32% em relação ao valor originalmente previsto no certame e contrato celebrado). Em função da
amplitude das alterações, se entende que houve alteração indevida do objeto licitado.
66. A este respeito cabe destacar trecho do voto do Acordão 1.428/2003-TCU-Plenário, no qual
o Ministro Relator refutou argumento de que a alteração substancial do método construtivo não
constituiria mudança de objeto:
8.Diante do exposto, não posso concordar com o raciocínio simplista de que a alteração realizada no
projeto inicialmente licitado não ultrapassou o limite de 25% e, por isso mesmo, não existiu nenhuma
ilegalidade. Muito menos posso concordar com os fundamentos apresentados pela SEMARH quando defende
que “se uma barragem de terra, por exemplo, tem seu método construtivo alterado para uma de concreto
compactado a rolo (CCR) não pode de modo algum afirmar que houve alteração do objeto”. Por certo
continuará sendo uma barragem, mas jamais poderá ser considerado o mesmo objeto licitado.
(...)
10.Não se alegue que não houve alteração do projeto básico, mas apenas o seu detalhamento no projeto
executivo, pois, apesar de reconhecer que este possa fazer algumas correções naquele, não pode alterá-lo de
modo a se constituir objeto completamente distinto do inicialmente licitado. Alterações significativas, antes de
iniciada a obra exige a realização de novo procedimento licitatório e não assinatura de termo aditivo. (grifou-
se)
67. A desvinculação ao objeto licitado tem como consequência a quebra da isonomia,
transparência e competividade que devem reger as contratações públicas, visto que não se sabe quais
seriam as empresas interessadas nem o preço que seria ofertado por esses potenciais concorrentes
para este objeto que está, de fato, em execução. Entende-se, assim, que alterações da dimensão das
relatadas no presente achado exigiriam à época a realização de um novo processo licitatório.
283

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

68. Cabe destacar também que, conforme apresentado na Tabela 3 e no parágrafo 0 deste
relatório, as informações obtidas revelam inconsistências entre os recursos dos Termos de
Compromissos destinados às obras no município de Nova Friburgo e os valores previstos para as
respectivas intervenções. Em suma, o Termo de Compromisso relativo ao Córrego d’Antas não possui
recursos suficientes para a totalidade desse empreendimento e o Termo de Compromisso relativo ao
Rio Bengalas foi celebrado em montante superior à parcela contratual corresponde às obras.
69. Essa incompatibilidade pode estar relacionada à não formalização de alterações nos
instrumentos de repasse e deficiências de planejamento, que representam risco de realização de
“compensações de recursos” entre os instrumentos de transferências para custear obras distintas de
seus respectivos instrumentos de repasse, hipótese rechaçada pela legislação e jurisprudência por
significar desvinculação total dos recursos repassados ao objeto executado.
Proposta de encaminhamento:
70. Do exposto, com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, propõe-se determinar as
oitivas do Ministério das Cidades (MCidades), da Caixa Econômica Federal (Caixa), do Instituto
Estatual do Ambiente (Inea) e do Consórcio Rio Bengalas (CNPJ 17.612.173/0001-63), perante os
indícios de irregularidades apurados neste relatório de auditoria quanto à mudança do objeto licitado
e contratado devido as alterações contratuais acima dos limites permitidos pela Lei Geral de
Licitações e que elevou o preço original de ambas as intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-
INEA, conforme análise apresentada no Achado III.1.

III.2. Paralisação e diminuição do ritmo de execução das obras


Tipificação:
71. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO:
72. O presente achado não se enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 112, § 1º, inciso IV,
da Lei 13.080/2015 (LDO/2015), pois, apesar da existência de irregularidade em desconformidade
com o disposto na Lei Geral de Licitações, não há potencial para ensejar a nulidade do procedimento
licitatório e não foi possível constatar prejuízo ao erário ou a terceiros.
Situação encontrada:
73. Por meio da visita in loco realizada nas obras do Rio Bengalas não foram identificadas
evidências de que o empreendimento estivesse, de fato, em execução (não foram constatadas equipes
de trabalho do consórcio construtor mobilizadas na obra). Apesar disso os gestores do Inea e da
Caixa informaram que a obra em comento apresentava ritmo lento de execução após ter registrado
períodos de paralisação
74. Destaca-se também que no sítio eletrônico do Sistema de Acompanhamento de Obras da
Caixa (Siurb), em consulta de 9/9/2015, o empreendimento relativo ao Rio Bengalas apresenta
situação “atrasada”, com percentual de obras/serviços com 37,70%, e pendência operacional
“desbloqueio ou desembolso com bm [boletim de medição] - falta recurso na conta vinc
[vinculador]”.
75. Conforme informações do contrato original (evidência 6) e Ofício do MCidades (evidência
17), registra-se que o prazo para conclusão das obras do Rio Bengalas era originalmente fixado em
26/5/2016, entretanto, após alterações contratuais passou para 30/6/2017 (prorrogação de mais de
um ano).
76. Para o Córrego d’Antas a prorrogação do prazo para entrega das obras foi ainda maior,
visto que a data inicial prevista para a conclusão da obra, 26/9/2014, foi alterada para 31/3/2017
(dois anos e meio de prorrogação).
77. Com base na documentação relativa ao Contrato Original, evidência 6, e nas informações
prestadas pelo Inea e pelo MCidades, registradas na Nota Técnica 168/DDCOT/SNSA/MCidades,
datada em 25/3/2015 (encaminhada ao TCU em resposta ao Ofício 3761/2014-TCU/Secex-RJ, no
âmbito do processo de monitoramento TC 013.554/2013-1, evidência 17), pode-se elaborar a seguinte
284

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

linha do tempo que retrata os principais eventos relacionados ao Contrato 09/2013-INEA:


Figura 8 – Linha do tempo dos principais eventos relacionados ao empreendimento

1
Conforme registro “medições auferidas” do documento da CEF sobre a situação financeiras dos termos de compromissos
2
Conforme última medição apresentada pelo Inea para o Córrego d’Antas
78.A situação apresentada expõe as dificuldades para cumprimento do planejamento da
execução das obras, visto que, mesmo tendo se passado três anos e meio da assinatura do Termo de
Compromisso – motivada pela alegada urgência na realização das obras – os percentuais de
execução registrados na última medição realizada até a data da fase de execução desta fiscalização
atingem menos de 37% para o Rio Bengalas e se aproxima de 9% para o Córrego d’Antas (Evidências
14-16).
79. Já conforme consulta ao sistema Siurb da Caixa Econômica Federal, na data de 10/8/2015,
o percentual de execução registrado para as obras do Rio Bengalas era de 37,70% e 3,52% para
obras do Córrego d’Antas (evidência 24). Conforme apresentado nos parágrafos 0-0 da Visão Geral
do Objeto as obras do Córrego d’Antas permanecem no mesmo percentual registrado 11/11/2014.
80. Questionados sobre o motivo das paralisações e atrasos, os representantes do Inea e da
Caixa que acompanharam a visita in loco destacaram a demora de liberação dos repasses por parte
do Ministério das Cidades (MCidades), o que teria dificultado a realização de despesas necessárias
ao regular andamento do empreendimento. Frise-se que até o momento o MCidades não foi
diligenciado acerca desse assunto, porém será dado a oportunidade para que o citado ministério se
manifeste nas próximas etapas processuais do presente trabalho.
81. Prosseguindo-se a análise pela documentação obtida na fase de execução, a posição do
contrato – em 10/6/2015 – é apresentada na tabela a seguir, elaborada com base em documento
apresentado pela Caixa (evidência 13):
Tabela 6 – Situação contratual segundo Caixa Econômica Federal (evidência 13)
Medições
Investimento aprovado - SPA Repasse creditado Repasse desbloqueado Medições aferidas Repasse pendente
apresentadas Glosas (R$)
MCidades (R$)
Repasse (R$) Contrapartida (R$) Total (R$) Valor (R$) % Valor (R$) % Valor (R$) % Valor (R$) %
212.780.163 40.292.188 253.072.352 63.925.850 30 63.925.850 30 94.988.093 44 68.857.739 32 26.130.353 66.429.461

82. Segundo informações obtidas em reunião com os gestores da Caixa e Inea, as glosas
apresentadas em coluna específica da tabela anterior referem-se principalmente à exclusão, por parte
da Caixa, de serviços constantes da medição apresentada – relativos à elaboração de blocos de
concretos pré-moldados que ainda não haviam sido fixados na calha do rio, não atendendo, portanto,
ao critério de medição estabelecido.
83. Note-se que, pelas informações apresentadas na Tabela 6 anterior, foram aferidas medições
que remontam mais de 68,8 milhões de reais, entretanto, o repasse creditado e desbloqueado foi
inferior a 64 milhões, estando ainda pendente mais de R$ 66 milhões a título de repasses por parte do
MCidades.
84. Os representantes da Caixa e do Inea presentes em reunião realizada na fase de execução
informaram ainda que, para contornar o problema de falta de recursos e possibilitar o
prosseguimento da obra, o Inea aportou aproximadamente dez milhões de reais que, conforme
informações dos gestores, serão posteriormente formalizados a título de contrapartida ou de recursos
285

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

reembolsáveis pelo termo de compromisso firmado com o MCidades (porém não foi apresentada
documentação comprobatória e este respeito).
85. Observando os valores relativos à última medição apresentada (24ª medição), nota-se que
alguns itens apresentam patamares de medição bastante elevado se comparado a todo o somatório
das 23 medições anteriores (em especial cita-se o item “dragagem”, cujo valor registrado na 24ª
medição é pouco superior a todo acumulado das 23 medições anteriores):
Tabela 7 – Valores relativos a 24ª e acumulados nas 23 medições anteriores
Acumulad
24º
Ite o até a 23ª
Descrição medição
m medição
(R$)
(R$)
1.1 ADMINISTRAÇÃO DA OBRA 1.668.148 879.656
1.2 SERVIÇOS PRELIMINARES 301.735 -
1.2 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA SERVIÇOS PRELIMINARES - SERVIÇOS EXTRAS
ADEQUAÇÕES DE MICRO E MESO DRENAGEM E DEMAIS INTERFERENCIAS COM A INFRAESTRUTURA
1.3 - -
LOCAL
1.3 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA ADEQUAÇÕES - SERVIÇOS EXTRAS - -
1.4 DRAGAGEM 5.477.925 5.972.534
1.4 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA DE DRAGAGEM - MUDANÇA DE METODOLIGIA 486.512 -
1.4 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA DE DRAGAGEM - SERVIÇO EXTRA 950.258 588.396
1.5 CANALIZAÇÃO 23.090.819 6.706.381
1.5 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA DE CANALIZAÇÃO 16.555.035 5.086.785
10.797.48
1.5 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA DE CANALIZAÇÃO - SERVIÇOS EXTRAS 267.553
0
1.6 URBANIZAÇÃO - RIO BENGALAS - -
1.6 ITENS NOVOS 1ª RERA MEMÓRIA DE URBANIZAÇÃO - SERVIÇOS EXTRAS - 182.627
1.7 AS BUILT - RIO BENGALAS - -
48.797.985 30.213.85
SOMATÓRIO
9
86. Conforme explicações fornecidas pelo servidor da 2ª Gerência de Obras do Inea, Marcos
Balaguer, tal fato decorreria de um acúmulo de medições sem o respectivo pagamento, em função da
intempestividade de realização de ajustes contratuais. A seguir, trecho de mensagem eletrônica de
18/6/2015 (evidência 22, p. 1), em que o citado servidor se pronuncia a respeito do assunto:
Quanto à 24ª medição, é preciso entender que tem itens sendo medidos que foram represados
aguardando a aprovação da reprogramação (anexa a este e-mail - 001 - RIO BENGALAS_.xls (2003) - COM
CANTEIRO) e consequentes Termos Aditivos. Assim, os quantitativos de serviços da Canalização que foram
medidos na 24ª medição possuem acúmulo de um período onde se aguardou a aprovação da reprogramação.
87. Além dos atrasos dos repasses de recursos apontados pela Caixa e pelo Inea como um dos
fatores que levaram à diminuição do ritmo de obras, identificou-se a necessidade de desapropriação
de áreas de intervenção das obras como outro relevante risco de não cumprimento dos prazos de
conclusão dos empreendimentos. De fato, durante os trabalhos de campo, foi observado que pequenos
trechos da calha principal do Rio Bengalas não foram executados pois estavam pendentes as
desapropriações de imóveis residenciais e comerciais localizados em aéreas que seriam atingidas
pelas obras de canalização. A observação foi corroborada em reunião com os gestores representantes
da Caixa e do Inea.
Objetos nos quais o achado foi constatado:
a) Termo de Compromisso 671373, Canalização, dragagem do Rio Bengalas e a execução de
obras de recuperação da microdrenagem nos bairros Cristina Ziede e Duas Pedras, situados de Nova
Friburgo/RJ, Governo do Estado do Rio de Janeiro.
b) Contrato 09/2013-Inea, Execução das obras de controle de inundação, drenagem e
recuperação ambiental do Córrego d’Antas e Rio Bengalas no município de Nova Friburgo - RJ,
Consorcio Rio Bengalas.
Critérios:
a) Lei 8666/1993, art. 8º, art. 40, inciso XIV, item b; art. 66.
Evidências:
a) Evidência 6 - Contrato Obra Original 09/2013 - Contrato Obra Original 09/2013.
b) Evidência 13 - Situação Financeira do referente às obras no Rio Bengalas em 10/6/2015,
286

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

segundo informações da CEF


c) Evidência 14 - Última medição Rio Bengalas apresentada - até a conclusão da fase de
execução da auditoria (24ª).
d) Evidência 16 - Última medição Córrego d’Antas apresentada - até a conclusão da fase de
execução de auditoria (19ª).
e) Evidência 17 - Resposta ao Ofício 3761/2014 SECEX-RJ - Notificação (TC 013.554/2013-1,
processo de acompanhamento)
f) Evidência 22 - E-mail INEA (Esclarecimento de dúvidas) - Mensagem eletrônica do Gerente
de Obras II - Inea - Marcos Balaguer.
g) Evidência 15 - Resumo da execução das obras relativas ao Rio Bengalas (conforme última
medição) - Resumo da execução das obras relativas ao Rio Bengalas (conforme última medição).
Causas da ocorrência do achado:
a) Intempestividade da disponibilização de recursos financeiros, por parte do MCidades, para
atendimento das despesas atinente à execução contratual.
Efeitos/Consequências do achado:
a) Ocorrências de atrasos e paralisação no andamento na execução do empreendimento
contratado, com possível descumprimento do prazo de entrega estimado. (efeito potencial)
Conclusão
88. É de amplo conhecimento que as restrições orçamentárias e financeiras da União têm se
intensificado desde o ano de 2014, inclusive foram pontuadas no âmbito do TC 003.997/2014-6,
julgado pelo Acórdão 593/2015-TCU-Plenário, que tratou do programa “Serviços Urbanos de Agua e
Esgoto”, sob gestão do MCidades. Em um outro trabalho recente desta unidade técnica,
Fiscalis 172/2015, TC 011.130/2015-6, registrou-se que o problema também ocorreu em obra de
saneamento cujos recursos estavam sob gestão do Ministério da Integração.
89. Com relação ao objeto da presente auditoria, constatou-se que o cronograma de desembolso
financeiro do Termo de Compromisso apresenta incompatibilidades com a execução física da obra e
com a sistemática de antecipação de desbloqueio de recursos estabelecida pela Portaria
Interministerial 130/2013-MPOG/MF/MCidades/MI/CGU/MS. Além disso, constataram-se atrasos de
repasses de recursos financeiros provenientes do Termo de Compromisso TC/PAC 0367.938-83/2011,
e também do TC/PAC 0367.940-24/2011.
90. De acordo com o que foi relatado na situação encontrada, observa-se um acúmulo de
medições sem a correspondente liquidação e pagamento por parte da Caixa – o que, em parte, é
consequência de descompasso com a execução financeira dos recursos atinentes ao Termo de
Compromisso firmado pelo MCidades (conforme se observa na Tabela 6 deste relatório).
91. Repise-se que ambas as intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-INEA tiveram seus
prazos de conclusão prorrogados. Segundo previsão contratual original, as obras do Rio Bengalas
que seriam concluídas em 26/5/2016, foram prorrogadas para mais de um ano depois (30/6/2017).
Para o Córrego D’Antas, a situação é ainda mais preocupante, pois as intervenções contratadas que
deveriam já terem sido concluídas em 26/9/2014, porém foram postergadas para 31/3/2017, conforme
documento do MCidades (Evidência 17).
92. Além disso, foram constatados riscos de atrasos provenientes de pendências relativas às
desapropriações de áreas e construções ao longo do Rio Bengalas, fato que pode acarretar novo
descumprimento das previsões de conclusão das obras.
93. Tais atrasos, tanto em relação ao repasse dos recursos quanto às desapropriações, frente
aos desastres ocorridos em 2011 na região serrana, demonstram vulnerabilidade na prevenção de
enchentes no Rio Bengalas e também no Córrego d’Antas, incompatível com o caráter emergencial
das intervenções pretendidas e que motivaram a celebração dos referidos Termos de Compromissos.
94. Releva-se observar que a demora na execução e finalização das obras expõe a população
aos riscos de novas enchentes, visto que a execução parcial dos empreendimentos em comento afeta
sua efetividade no que diz respeito à diminuição dos efeitos de grandes eventos climáticos.
287

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Proposta de encaminhamento:
95. Do exposto, com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, determinar as oitivas do
Ministério das Cidades (MCidades), da Caixa Econômica Federal (Caixa), do Instituto Estatual do
Ambiente (Inea) e do Consórcio Rio Bengalas (CNPJ 17.612.173/0001-63), para que se manifestem,
em especial acerca:
a) da alegada existência de incompatibilidade entre os repasses financeiros relativos ao Termo
de Compromisso 367.938-83/2011 e a execução física da obra, bem como, sobre a possível relação da
incompatibilidade com os atrasos e paralisações da execução física das obras objeto do Contrato
09/2013-INEA (Achado III.2);
b) dos riscos de não cumprimento dos atuais prazos de conclusão das obras objeto do Contrato
09/2013-INEA em função de pendências relativas a desapropriações de áreas e de construções
localizadas ao longo das intervenções (Achado III.2);
c) das paralisações e do baixo andamento das obras objeto do Contrato 09/2013-INEA,
incompatível com o caráter emergencial das intervenções (Achado III.2).

III.3. Utilização de critério de medição para a administração local incompatível com a


jurisprudência vigente
Tipificação:
96. Irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO:
97. O presente achado não se enquadra no conceito de IG-P previsto no art. 112, § 1º, inciso IV,
da Lei 13.080/2015 (LDO/2015), pois, apesar da existência de irregularidade em desconformidade
com o disposto na Lei Geral de Licitações, não há potencial para ensejar a nulidade do procedimento
licitatório e não foi possível constatar prejuízo ao erário ou a terceiros.
Situação encontrada:
98. Observou-se que os pagamentos relativos à Administração Local, item cujo montante total
equivale a R$ 4.742.568,72, incluído o BDI de 16% (evidência 14, p. 1), estão sendo efetuados com
base em medição por preço unitário dos itens da mão-de-obra e dos insumos utilizados, sem a
proporcionalidade em relação ao andamento da obra, contrariando o disposto na jurisprudência
desta Corte de Contas, em especial, os Acórdãos 1.874/2007-TCU-Plenário e 2.622/2013-TCU-
Plenário.
99. O Acórdão TCU 2.622/2013-Plenário orientou que fosse estabelecido, nos editais de
licitação, critério objetivo de medição para a administração local, estipulando pagamentos
proporcionais à execução financeira da obra, evitando-se, assim, desembolsos indevidos de
administração local em virtude de atrasos ou de prorrogações injustificadas do prazo de execução
contratual, com fundamento no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e nos artigos 55, inciso
III, e 92, da Lei 8.666/1993.
100. O critério estabelecido pelo TCU – ao vincular o percentual de execução da administração
local ao percentual de execução da obra – evita que haja pagamentos de administração local
desproporcionais à execução da obra e assim minimiza o risco de que sejam efetuados pagamentos
por serviços não executados ou realizados em quantitativos superiores ao necessário. A medição da
administração local segundo a equipe mobilizada – semelhante à forma adotado no contrato em
comento – pode distorcer os pagamentos e levar ao recebimento indevido de valores pelo construtor
se ele reduzir o ritmo de execução da construção de maneira a prorrogar o prazo de conclusão do
empreendimento.
101. Cabe mencionar que, em análise de contratações de serviços de TI, o TCU tem firmado
jurisprudência no sentido de que critérios de pagamento vinculados à disponibilidade de mão de obra
são conflitantes com o princípio da eficiência, visto que estimulam o contratado a utilizar e medir
mais horas ou postos de trabalho do que seria necessário para alcançar o resultado estipulado, esse
mecanismo foi denominado “paradoxo do lucro-incompetência”, descrito originariamente no voto do
288

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Acórdão 1.558/2003-TCU-Plenário.
102. De forma análoga, poderia ser vislumbrado o “paradoxo do lucro-incompetência” ao se
fixar pagamento de administração local de forma desvinculada do ritmo de execução da obra, visto
que a remuneração deste item contratual seria maximizada com a utilização de mão de obra e tempo
de execução superiores ao necessário.
103. No caso específico sob análise, o risco de as medições relativas à administração local
superarem o previsto contratualmente se maximiza em função da diminuição do ritmo da obra e das
pendências relativas a liberação de imóveis em áreas de intervenção da obra (já apresentadas nos
achados anteriores deste relatório), o que pode ocasionar novos atrasos na conclusão dos serviços,
prorrogação do contrato e, consequentemente, a extrapolação do montante de recursos relativos à
administração local necessários para o porte desse empreendimento, caso fosse realizado em ritmo
normal de execução.
104. Diante da análise da 24ª medição da obra do Rio Bengalas, constata-se que o percentual
acumulado pago a título de Administração Local corresponde a 62,32% do total estipulado para esse
item. Já a obra – segundo a mesma medição apresentada – possuía 52,44% de execução física para o
mesmo período (as informações da medição não consideram os valores que não foram auferidos,
portanto, a porcentagem de execução da obra difere da considerada pela Caixa que equivale a
aproximadamente 37%, assunto já apresentado no Achado III.2).
105. Consideradas as informações da 24ª medição (evidência 14) do Rio Bengalas e as atuais
condições pactuadas, após a realização das alterações contratuais, caso a administração local
estivesse vinculada ao percentual de execução da obra, o valor desse item devido à contratada seria
aproximadamente 2,4 milhões de reais (52,44% do valor previsto para o item, R$ 4.742.568,72),
entretanto na 24ª medição o item já remonta, com BDI, R$ 2.955.453,81. Com base na informação do
que já haveria sido executado, o saldo referente ao item administração local seria de R$ 1.787.114,91
(com BDI), para obras que tem previsão de conclusão em 30/6/2017.
106. Frise-se que os valores em tela foram obtidos da medição apresentada pela contratada
referente exclusivamente às obras do Rio Bengalas e só serão de fato considerados devidos à empresa
executora se aferidos pela Caixa Econômica Federal – que conforme destacado já realizou glosas em
medições da obra, porém relativos a outros itens que não administração local.
Objetos nos quais o achado foi constatado:
a) Termo de Compromisso 671373, Canalização, dragagem do Rio Bengalas e a execução de
obras de recuperação da microdrenagem nos bairros Cristina Ziede e Duas Pedras, situados de Nova
Friburgo/RJ, Governo do Estado do Rio de Janeiro.
b) Contrato 09/2013-Inea, Execução das obras de controle de inundação, drenagem e
recuperação ambiental do Córrego d’Antas e Rio Bengalas no município de Nova Friburgo - RJ,
Consorcio Rio Bengalas.
Critérios:
a) Acórdão 1874/2007, item Sumário, Tribunal de Contas da União;
b) Acórdão 2622/2013, item 9.3.2.2, Tribunal de Contas da União;
c) Constituição Federal, art. 37, inciso XXI;
d) Lei 8666/1993, art. 55, inciso III.
Evidências:
a) Evidência 15 - Resumo da execução das obras relativas ao Rio Bengalas (conforme última
medição)
b) Evidência 22 - E-mail INEA (Esclarecimento de dúvidas) - Mensagem eletrônica de
18/6/2015, Marcos Balaguer - Gerente de Obras II.
Causas da ocorrência do achado:
a) Inobservância ou interpretação inadequada dos critérios de medição estabelecidos pela
legislação e jurisprudência vigentes para os serviços de administração local.
b) Ausência de adequado planejamento do processo licitatório que pudesse identificar pontos de
289

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

risco da contratação, em especial relativos a possível não cumprimento dos prazos originalmente
estabelecidos para conclusão da obra.
Efeitos/Consequências do achado:
a) Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito potencial)
Conclusão
107. Inúmeras vezes, em trabalhos deste Tribunal, observou-se que prorrogações da conclusão
de obras levavam a que as estimativas iniciais de custos relativos à administração local de obras
fossem superadas. Isto se deve, como se sabe, ao fato de que os atrasos e paralisações de obra não
necessariamente provocam proporcional diminuição das unidades medidas para fins de pagamento da
administração local.
108. Considerando que o Contrato 09/2013-INEA já apresenta, em seu histórico, atrasos e
paralisações, bem como, conforme já apresentado neste relatório, existem relevantes riscos de que o
ritmo de execução das obras e eventuais pendências administrativas e legais (como desapropriação)
imponham nova prorrogação dos prazos atuais de conclusão do empreendimento, ganha relevância, e
preocupação, o fato de a administração local estar sendo paga por medição unitária da mão-de-obra
e insumos (como, por exemplo, veículos) registrados em cada medição.
109. Portanto, entende-se cabível para o caso em tela que a administração contratante se
acautele a fim de evitar futura solicitação da contratada para celebração de aditivo contratual
motivado por medição de despesas relativas à administração local acima dos valores efetivamente
necessários à consecução do objeto contatado.
110. Considerando que o Contrato 09/2013-INEA já possui parte do objeto executada, porém,
com a maior parcela ainda para ser executada (considerando as intervenções no Rio Bengalas e no
Córrego d’Antas), entende-se necessário o estabelecimento de critério que permita compatibilizar o
percentual de execução de administração local ao percentual de execução financeira da obra,
adequando o instrumento contratual ao entendimento vigente deste Tribunal.
111. Ou seja, se, por exemplo, a execução financeira dos itens do contrato (excetuando,
evidentemente, a própria administração local) equivale a sessenta por cento do montante total
estimado para consecução da obra, o pagamento da administração local não poderá exceder os
mesmos sessenta por cento do montante de recursos previstos especificamente para esse item.
Proposta de encaminhamento:
112. Do exposto, com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, determinar as oitivas do
Ministério das Cidades (MCidades), da Caixa Econômica Federal (Caixa), do Instituto Estatual do
Ambiente (Inea) e do Consórcio Rio Bengalas (CNPJ 17.612.173/0001-63), para que se manifestem
acerca do descompasso entre os percentuais de execução do item administração local em relação ao
percentual de execução das obras do Contrato 09/2013-INEA, bem como, acerca de possíveis medidas
previstas ou realizadas em relação a este assunto (Achado III.3).
IV. Informações Adicionais
113. Insta registrar que os Termos de Compromissos destinados a custear as obras da Região
Serrana do Rio, relacionadas às inundações do início de 2011, foram inseridos no Anexo II da
Portaria MCidades 442, de 31/8/2012, que, em seu art. 3º, §1º, dispensou o cumprimento dos itens
18.2 a 18.5 do “Manual de Instruções Para Contratação e Execução dos Programas e Ações do
Ministério das Cidades” (instituído pela Portaria MCidades 40, de 31/1/2011).
114. Tais itens são referentes aos requisitos mínimos a serem observados para celebração de
termos de compromisso com cláusulas suspensivas. O item 18.5 do citado manual vedava a
formalização de termos de compromissos com cláusula suspensiva total e, diante do afastamento
dessa vedação, o instrumento de repasse foi assinado sem a documentação necessária à realização
integral do empreendimento, tal como a exigência das titularidades dos terrenos.
115. Um outro ponto que merece registro diz respeito ao fato de os valores relativos ao
empreendimento sob análise destoarem substancialmente entre o Sistema Integrado de Administração
290

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Financeira (Siafi) e as fontes de informação da Caixa, com a Síntese do Projeto Aprovado (SPA) e o
Sistema de Acompanhamento de Obras da Caixa (Siurb).
116. Conforme consulta ao Siafi, módulo Contransf, realizada em 10/9/2015 (evidência 27), o
valor do Termo de Compromisso equivaleria à R$ 157.479.107,81 (destes, R$ 151.633.328,02 seriam
recursos da União), estando R$ 130.355.311,93 na situação “a comprovar” e R$ 21.278.016,09 na
situação “a liberar”.
117. No entanto, esses valores não condizem com o valor aprovado após o aditivo ao Termo de
Compromisso (evidência 23) cujo parcela da União é de R$ 212.780.163,94 (totalizando
R$ 253.072.352,08 quando somado à contrapartida de R$ 40.292,188,08).
118. Tais inconsistência evidenciam falhas na realização dos procedimentos relativos às
alterações contratuais, comprometem a transparência dos recursos destinados ao Termo de
Compromisso, e compromete dados que, inclusive, poderiam ser utilizados para o controle gerencial
dos processos de utilização de recursos públicos federais.
119. Além disso, foi informada a existência de aportes de recursos por parte do Estado do Rio
de Janeiro no empreendimento em foco, sem a devida formalização de aditivo ao Termo de
Compromisso (assunto descrito no parágrafo 0), fato que prejudica ainda mais o controle da
execução dos empreendimentos e dos recursos repassados entre entes de distintas esferas de governo.
120. Porém, optou-se por não registrar tais questões em forma de achados de auditoria, visto
que a desatualização de dados sobre transferências e suas respectivas prestações de contas,
registradas no Siafi, são problemas sistêmicos, cujo possível tratamento no âmbito desta Corte se
daria de forma mais adequada por meio de processo específico no qual fosse possível abordar o
assunto em toda sua dimensão, evitando-se assim encaminhamentos isolados referentes aos
determinados instrumentos de transferência em particular.
V. Análise dos Comentários dos Gestores
121. O relatório preliminar foi encaminhado para comentários do gestor à Caixa Econômica
Federal (Oficio 0669/2015-TCU/SeinfraUrbana), ao Ministério das Cidades (Ofício 0670/2015-
TCU/SeinfraUrbana) e ao Instituto Estadual de Ambiente - Inea (Ofício 0671/2015-
TCU/SeinfraUrbana), todos de 16/9/2015, a fim de conferir melhor compreensão das questões
abordadas e correção de eventuais erros formais e/ou materiais. Como manifestação, a Caixa
apresentou o Ofício 1748/2015/SN de Transferência de Recursos Públicos (Peça 25). O Inea registrou
suas considerações no Ofício Inea/Pres. 898/2015 (peças 26-28). Vencido o prazo, não houve
manifestação do Ministério das Cidades.
122. Quanto aos comentários relativos ao Achado III.1, "Alteração do objeto
licitado/contratado em desrespeito ao disposto na Lei Geral de Licitações", entende-se que as
informações apresentadas pela Caixa e pelo Inea não trataram de erros formais ou materiais do
presente relatório preliminar e – apesar de trazerem informações complementares àquelas obtidas
durante a fase de execução – tiveram por objeto a discussão do mérito das análises realizadas, não
devendo ser contempladas nesta fase processual destinada aos comentários dos gestores.
123. Quanto ao Achado III.2, "Paralisação e diminuição do ritmo de execução das obras", em
que pese a situação de paralisação da obra observada durante a fase de execução, a Caixa afirmou
que a obra teria sido recentemente retomada em ritmo adequado, apesar de não ter sido conclusiva a
respeito da possibilidade de cumprimento dos prazos estabelecidos, conforme trechos do Ofício
1748/2015/SN (Peça 25) transcritos a seguir:
1.2 Efetivamente houve uma redução do ritmo de execução e até paralisação das atividades por certo
período, mas hoje os serviços foram plenamente retomados e as obras estão sendo executadas em bom ritmo;
(...)
1.2.2 Entendemos que no momento da próxima aferição de serviços as partes, MCidades, CAIXA, INEA e
Consórcio, poderão avaliar se houve comprometimento do prazo final programado e quais as ações possíveis e
necessárias para recuperação do cronograma, se for necessário;
124. Cabe também registrar que os comentários dos gestores destacaram a existência de
291

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

reprogramação contratual pendente de análise e aprovação por parte da Caixa. A existência de


reprogramações não concluídas foi registrada pelos comentários de ambos os respondentes, conforme
trechos transcritos a seguir:
a) Caixa - Ofício 1748/2015/SN de Transferência de Recursos Públicos (Peça 25):
1.1.4 Mesmo não sendo foco da auditoria, o Relatório Preliminar faz apontamentos sobre a
reprogramação dos serviços no Córrego D'Antas, mas cabe esclarecer que a CAIXA ainda não aprovou a
proposta de reprogramação da primeira etapa e, também, não há aprovação da para a segunda etapa da
intervenção e assim serviços e valores só serão considerados definidos ao final das análises, lembrando que a
necessidade de recursos adicionais deverão ser supridos pelo tomador através de contrapartida; (Grifo
acrescido)
b) INEA - Ofício Inea/Pres. 898/2015 (peça 26-28):
Com relação ao apontamento do parágrafo 40 do relatório, informamos que a diferença apontada por
esta Corte de Contas com relação ao valor do Termo de Compromisso 0367.940-24/2011 (R$ 48.622.407,63)
que passou para R$ 60.143.056,19, está descrita no Quadro de Composição de Investimento, que se encontra
em análise pela caixa Econômica Federal. Após a aprovação, será efetuado um Termo Aditivo ao convênio
citado. Todo acréscimo apontado neste parágrafo será suportado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, a
título de contrapartida. (Grifo acrescido)
125. Tal fato reforça as considerações apresentadas no Achado III.1, referentes a alteração do
objeto contratado, bem como a existência de relevantes riscos de que pendências possam atrasar a
entrega das obras (assunto objeto do Achado III.2).
126. Em pese não afetarem as conclusões deste relatório, cabe registrar ainda a existência de
contrato específico que tem por objeto o desfazimento de imóveis nas áreas de intervenção das obras
em Nova Friburgo, conforme informação trazidas pelo Ofício Inea/Pres. 898/2015 (peça 26-28):
Ademais, vale ressaltar que a atuação do Inea vem sendo feita de forma planejada e proativa, lembrando
que mesmo antes do início do processo licitatório do referido contrato, o Instituto já tratava da área afetada,
visando à realocação da população
Tal fato fica demonstrado através do Contrato 06/2012, firmado em 06/01/2012, cujo objeto é a
prestação de serviços de engenharia com vistas aos "Serviços de Desfazimento de Imóveis na região Serrana do
estado do Rio de Janeiro - Município de Nova Friburgo" (Anexo III). Note-se, que o referido contrato não faz
parte do Termo de Compromisso ora avaliado, sendo integralmente custeado com recursos estaduais
127. Ainda em relação ao Achado III.2, registra-se que o Inea informou o exato valor e a
documentação referente ao aporte de recursos que o instituto realizou em função da dificuldade de
execução financeira dos recursos do Termo de Compromisso 0367.938-83/2011, complementando
assim a informação registrada no relatório, conforme trecho do Ofício Inea/Pres. 898/2015 (peça 26-
28) a seguir:
No que tange a demora dos repasses, a gestão contratual envolveu vários participantes, tais como, o
Consórcio construtor, o INEA, a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades. Para a aprovação da
rerratificação, devido ao seu nível de detalhamento, foi demandado um prazo superior ao ideal para a
continuidade plena da execução das obras.
Esta demora impactou diretamente no prazo dos repasses financeiros. O Estado do Rio de Janeiro,
preocupado com a retomada do ritmo dos serviços, aportou o montante de R$10.152.739,15 (dez milhões, cento
e cinquenta e dois mil, setecentos e trinta e nove reais e quinze centavos). O Ofício INEA/DIRAM n° 1/8/2015
datado de 08/07/2015, solicitou o ressarcimento, através de recursos reembolsáveis, deste valor decorrente de
despesas referente ao Termo de Compromisso 0367.938-83/2011 - Rio Bengalas - Nova Friburgo. (Anexo VI).
128. Apesar de corroborar a situação descrita no Achado III.2, a informação trazida a título de
comentário dos gestores não afeta as conclusões ou encaminhamentos relativos ao Achado III.2,
mantendo assim a proposta já registrada no relatório preliminar.
129. Com relação ao Achado III.3, "Utilização de critério de medição para a administração
local incompatível com a jurisprudência vigente", a Caixa por meio do Ofício 1748/2015/SN de
Transferência de Recursos Públicos (Peça 25), destacou que:
1.3.1.1 Observando a previsão normativa, os profissionais da CAIXA vêm registrando nos RAEs
(Relatórios de Acompanhamento de Engenharia) glosas no item Administração Local, no RAE N° 1468/2013
292

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

houve glosa de R$ 163.501,09 (descrita no item 4.3 das observações do RAE), no RAE N° 1740/2013 houve
glosa de R$ 93.895,86 (descrita no item 4.4 das observações do RAE) e no mais recente relatório, RAE N°
173/2015 (que contempla a 24' medição), temos o seguinte registro de glosa: "4.3) Glosa no item
Administração Local de Obras referente a proporcionalidade com a execução física da obra. Realizado 38,76%
da obra. Glosa efetivada de R$ 1.117.234,91."
130. Em que pese não ter apresentado documentação comprobatória, uma vez que a 24ª
medição foi apresentada à equipe como sendo a última à época da execução da auditoria, o Inea
também registrou no Ofício Inea/Pres. 898/2015 (peça 26-28) que instituiu procedimentos com vistas
a evitar que a execução da administração local se desvincule do percentual de execução física da
obra, conforme trecho a seguir:
Neste sentido, conforme pode ser visto do quadro abaixo, até o início da 23ª medição, houve a aferição
do item administração local de acordo exclusivamente com o estabelecido no contrato. A partir da 24ª medição,
contudo, foi iniciado o procedimento para adequação aos limites sugeridos pelo Tribunal de Contas da União.
Desta forma, a partir da 30ª medição os limites referentes ao item passaram a atender integralmente a
indicação pela r. Corte de Contas, compensando-se os valores do passado. (Grifo acrescido)
131. A informação fornecida pela Caixa está de fato registrada nos Relatórios de
Acompanhamento de Obra (RAE) apresentados. Assim, considera-se que a Caixa apresentou
elementos suficientes para descaracterização da situação encontrada no Achado III.3 deste relatório.
Com isso, deixa-se de propor encaminhamento em relação a este ponto.
VI. Conclusão
132. A principal constatação registrada pelo presente trabalho foi a substancial alteração
observada entre o objeto licitado e o em execução pelo consórcio contratado, situação apresentada no
Achado III.1, no qual destacou que as alterações contratuais realizadas acresceram ao contrato sob
análise serviços no montante de R$ 138.682.644,62 (o que representa 71,32% do valor originalmente
previsto no certame e contrato celebrado). Também ganha relevo as substanciais alterações de
metodologia referente à execução das cortinas atirantadas utilizadas para canalização do Rio
Bengalas.
133. Assim, entende-se que houve alteração indevida do objeto licitado, implicando em fuga ao
instrumento convocatório, e, consequentemente, perda da isonomia, transparência e competitividade
do processo de contratação, bem como em possível prejuízo à escolha da proposta mais vantajosa
para administração, razão pela qual foi proposta a realização de oitiva para que os órgãos e
entidades envolvidos apresentem informações a respeito da constatação.
134. Registre-se que, apesar de as alterações da metodologia de execução das obras terem
ensejado aumento dos valores inicialmente previstos para realização das obras, na análise unitária
dos itens mais relevantes da planilha orçamentária, não foram identificados elementos que pudessem
apontar para a existência de sobrepreço ou de superfaturamento, seja em termos de valores ou de
quantitativos contratados.
135. Porém, deve-se reafirmar as limitações referentes à deficiência de documentação relativa à
situação original das áreas de intervenção (antes do início das obras), tal como batimetria e
topografia primitivas, o que dificultou uma análise precisa de alguns quantitativos de itens, situação
descrita no Subtópico 0 deste relatório.
136. Constatou-se também que a obra em comento passou por atrasos e paralisações que
ensejaram a prorrogação do prazo de conclusão inicialmente previsto, dentre os motivos para esses
atrasos está a intempestividade dos repasse financeiros por parte do Ministério das Cidades. Essa
situação foi objeto do Achado III.2. Com relação a este assunto entende-se cabível a realização de
oitiva para obtenção de informações acerca das causas e consequências dos atrasos e das
paralisações das obras, tendo em vista que a não funcionalidade plena dos empreendimentos eleva os
riscos a que a população está exposta em caso de novos eventos climáticos de grande magnitude.
137. Já no Achado III.3, registrou-se preliminarmente que o critério de pagamento da
administração local estabelecido no Contrato 09/2013-INEA não atendia à jurisprudência deste
Tribunal e envolvia risco de execução de despesas em montante superior ao previsto contratualmente,
293

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

motivo pelo qual havia sido proposta a realização de oitiva a fim de obter informações relativas a
possíveis procedimentos que estão sendo adotados para que o pagamento deste item dê-se em
compasso com a execução financeira da obra.
138. Contudo, diante das manifestações descritas no tópico "Análise dos Comentários dos
gestores", a Caixa trouxe elementos suficientes para descaracterização da situação encontrada no
Achado III.3 deste relatório. Com isso, deixa-se de propor encaminhamento em relação a este ponto.
139. Em cada um dos achados citados foram pontuados os motivos pelos quais se entendeu pelo
não enquadramento do empreendimento objeto do presente relatório no conceito de IG-P previsto no
art. 112 da Lei 13.080/2015 (LDO 2015). Além disso, deve-se reconhecer a existência de outros
elementos a serem considerados para a não paralisação do empreendimento, tais como, impactos e
riscos sociais e ambientais envolvidos, possível deterioração da parcela de obra executada, custos de
desmobilização e de realização de nova contratação – fatores que estão relacionados entre àqueles
avaliados pelo Congresso Nacional quando da decisão pelo bloqueio ou desbloqueio de
empreendimentos, conforme dispõe o art. 113 da citada LDO 2015.
VII. Proposta de encaminhamento
140. Do exposto, com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, determinar as oitivas do
Ministério das Cidades (MCidades), da Caixa Econômica Federal (Caixa), do Instituto Estatual do
Ambiente (Inea) e do Consórcio Rio Bengalas (CNPJ 17.612.173/0001-63), para que se manifestem,
no prazo de quinze dias, acerca:
a) dos indícios de irregularidades apurados neste relatório de auditoria quanto à mudança do
objeto licitado e contratado devido às alterações contratuais acima dos limites permitidos pela art. 65,
da Lei 8.666/1993 e o disposto na Decisão 215/1999-TCU-Plenário, e que teve por consequência a
elevação do preço original de ambas as intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-INEA
(Achado III.1).
b) da alegada existência de incompatibilidade entre os repasses financeiros relativos ao Termo
de Compromisso 367.938-83/2011 e a execução física da obra objeto do Contrato 09/2013-INEA, em
face do disposto no art. 40, inciso XIV, item b e no art. 66 Lei 8.666/1993 (Achado III.2);
c) das paralisações e do baixo andamento das obras objeto do Contrato 09/2013-INEA,
incompatível com o caráter emergencial das intervenções, tendo em vista o disposto no art. 66 Lei
8.666/1993 (Achado III.2).
d) dos riscos de não cumprimento dos atuais prazos de conclusão das obras objeto do Contrato
09/2013-INEA em função de pendências relativas a desapropriações de áreas e de construções
localizadas ao longo das intervenções, tendo em vista o disposto no art. 66 Lei 8.666/1993 (Achado
III.2)”.

É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de relatório de auditoria realizada pela Secretaria de Infraestrutura Urbana


(SeinfraUrban), no âmbito do Fiscobras/2015, tendo por escopo a verificação da legalidade e da
legitimidade da gestão dos valores financeiros transferidos por força do Termo de Compromisso
0367.938-83/2011 (Siafi 671373), destinado a executar as obras de canalização e dragagem do Rio
Bengalas, bem como a recuperação da microdrenagem nos bairros Cristina Ziede e Duas Pedras,
situados em Nova Friburgo/RJ.
2. O referido termo de compromisso foi firmado entre o Ministério das Cidades, representado
pela Caixa Econômica Federal, e o Estado do Rio de Janeiro, tendo como interveniente executor o Inea
– Instituto Estadual do Ambiente. O citado ajuste, após aditivos, atingiu o valor de R$ 253.072.352,08,
294

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dos quais R$ 212.780.163,94 são provenientes de repasses da União e R$ 40.292.188,14 são relativos
aos recursos da contrapartida.
3. O Rio Bengalas passa por região densamente urbanizada da cidade de Nova Friburgo/RJ,
município que foi afetado pelas fortes chuvas ocorridas em janeiro de 2011, na região serrana do Rio
de Janeiro.
4. As obras foram licitadas mediante a Concorrência Nacional 18/2012, que originou o Contrato
09/2013-Inea, celebrado em 18/2/2013 entre o Inea e o Consórcio Rio Bengalas, composto pela
Construtora Ferreira Guedes S.A. e a EIT Engenharia S.A., no valor de R$ 194.449.531,25. Porém, a
referida avença foi aditada para R$ 234.914.274,59, em virtude de significativas alterações no projeto
licitado.
5. É relevante destacar que existe outro Termo de Compromisso, de número 0367.940-24/2011,
que também destina recursos para obras compreendidas no objeto do Contrato 09/2013-Inea,
especificamente para a intervenção realizada no Córrego d’Antas, afluente do Rio Bengalas.
6. No curso dos trabalhos de auditoria, foram identificados os seguintes indícios de
irregularidade:
a) alteração do objeto licitado/contratado em desrespeito ao disposto na Lei Geral de Licitações
(item III.1 do relatório de auditoria);
b) paralisação e diminuição do ritmo de execução das obras (item III.2 do relatório de
fiscalização);
c) utilização de critério de medição para a administração local incompatível com a jurisprudência
vigente (achado III.3).
7. Este último achado foi considerado esclarecido após manifestação preliminar da Caixa
Econômica Federal, de forma que a SeinfraUrban não propôs nenhum encaminhamento a respeito.
8. Com relação à primeira impropriedade, a equipe de auditoria verificou que o Contrato
09/2013-Inea sofreu grandes alterações quantitativas e qualitativas em relação ao escopo dos serviços
que serviram de base para a Concorrência Nacional 18/2012. Entendeu a unidade técnica que as
alterações nas metodologias de execução das obras desvirtuaram os termos e condições pactuadas
quando da celebração do ajuste, ultrapassando os limites legais de aditamento contratual previstos no
art. 65 da Lei 8.666/1993.
9. Conforme apresentado no relatório que fundamenta esta decisão, houve acréscimos de
serviços no montante de R$ 138.682.644,62, quantia que se traduz em uma alteração de 71,32% do
valor originalmente celebrado.
10. Assim, alinho-me ao exame realizado pela equipe de auditoria e considero pertinente a
proposta de realizar a oitiva dos órgãos envolvidos e do Consórcio Rio Bengalas a respeito desse
indício de irregularidade. No entanto, tratando-se de transgressão à norma legal, nos termos do art. 43,
inciso II, da Lei 8.443/1992, avalio que também deva ser promovida a audiência dos responsáveis
pelos indícios de irregularidade em tela.
11. No caso, às peças 40, 41 e 42, verifico que os Srs. Marco Aurélio Damato Porto, Presidente
do Inea, e Fernando Antônio de Freitas Mascarenhas, Diretor de Recuperação Ambiental do Inea,
foram os signatários do Termo Aditivo nº 59/2014-Inea e dos respectivos “termos de re-ratificação”,
que promoveram alterações no Contrato 09/2013-Inea.
12. A unidade técnica também concluiu que a fundamentação utilizada pelo Inea para
demonstrar o atendimento dos seis pressupostos da Decisão 215/1999-Plenário nas alterações
contratuais realizadas pelo órgão foi insuficiente, visto que:
“a) não foi evidenciada a vantagem em manter a contratação em detrimento da realização de
novo certame pela administração pública, principalmente quando se constata o percentual de
alteração sofrido na etapa da intervenção do Córrego d’Antas;
b) as alterações não decorreram de fato superveniente, pois, após o início da execução
contratual, não foram constatadas quaisquer alterações nos objetos das intervenções que pudessem
295

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

implicar na redefinição dos métodos construtivos ou serviços previstos, não satisfazendo o item III da
Decisão em foco;
c) devido à prorrogação dos prazos originalmente previstos para conclusão das obras, não se
pode constatar a otimização do cronograma que trata o requisito do item V da Decisão.”
13. Ademais, avalio que outra questão de fundo a ser analisada no presente achado, seja a
motivação para as diversas alterações nos projetos, pois é pacífica a jurisprudência do TCU no sentido
de que as alterações do projeto licitado devam ser precedidas de procedimento administrativo no qual
fique adequadamente consignada a justificativa das alterações tidas por necessárias, que devem ser
embasadas em pareceres e estudos técnicos pertinentes, bem como deve restar caracterizada a natureza
superveniente, em relação ao momento da licitação, dos fatos ensejadores das alterações. Nesse
sentido, cito os Acórdãos Plenários 2.161/2011, 517/2011, 1.597/2010, 2.588/2010, 2.032/2009
2.053/2015.
14. Observo que a peça 26 dos autos contém as justificativas apresentadas para motivar as
alterações contratuais. Todavia, considero que tais elementos não são realmente hábeis para embasar
as principais modificações observadas, que se encontram descritas no relatório que acompanha esta
deliberação.
15. Cito como exemplo a substituição das estacas-raiz por estacas pranchas metálicas. A
justificativa para essa modificação, presente à peça 26, fl. 27, foi que “as estacas em perfil metálico
não são afetadas pela elevação do nível de águas, já as estacas do tipo raiz em concreto, previstas
inicialmente no projeto, podem sofrer cisalhamento quando da sua execução em caso de chuvas
intensas”.
16. Tal justificativa, além de ser genérica e imprecisa, em uma primeira análise, não é suficiente
para motivar uma alteração contratual de um serviço orçado em R$ 1.172.505,60, por outro de R$
16.170.386,21 (peça 52), pois, em princípio, ambas as soluções deveriam ter sido projetadas para
resistir a todos os esforços atuantes e não se demonstrou que o dimensionamento das estacas do tipo
raiz estivesse equivocado. Ao contrário, existem indícios de que a alternativa de cravação de estacas
metálicas tem se mostrado problemática em alguns trechos, em vista da presença de matacões que
impedem a cravação dos elementos até a profundidade requerida, consoante informação apresentada
pelo Ministério das Cidades no Ofício nº 003166/2015/AECI/GM/MCIDADES, de 2/10/2015 (peça
63, p. 12).
17. Em função do princípio da indisponibilidade do interesse público, não há amparo para
permitir a alteração do serviço com perda de qualidade para o contratante ou com aumento de preço,
quando a solução especificada atende satisfatoriamente os requisitos da obra.
18. Outra alteração relevante foi a substituição das placas de concreto moldado in loco por
placas pré-moldadas de concreto. A mudança da metodologia construtiva, também com ônus adicional
para o contratante, foi embasada na realização da obra no menor prazo possível e em supostas
dificuldades para executar a cortina atirantada de concreto moldado in loco (peça 26, p. 26).
19. Tal justificativa passa ao largo do fato de que o prazo de execução da obra, tal qual foi
projetada, é uma obrigação contratual do consórcio. Poderia ser admitida a alteração da técnica
construtiva, desde que tal ajuste não importasse custo adicional ao contratante e que houvesse de fato
uma redução no prazo de construção ou outro benefício objetivamente mensurável. No entanto,
conforme tratarei no tópico seguinte desta proposta de deliberação, a execução da obra se encontra em
ritmo lento e parece que a mudança realizada tornou apenas o contrato mais oneroso para o
contratante, ao passo que facilitou a execução do objeto para o contratado.
20. Em suma, essas duas modificações foram as principais causas para o aumento do custo da
canalização do Rio Bengalas em mais de R$ 13 milhões (peça 43), o que me faz perquirir sobre a real
vantajosidade das alterações nos projetos licitados. Nos termos da jurisprudência consolidada na
Súmula TCU nº 261/2010, constitui prática ilegal a revisão de projeto básico ou a elaboração de
projeto executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de natureza e propósito
diversos.
296

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. Dessa forma, entendo pertinente realizar a audiência dos Srs. Alan Carlos Vieira Vargas,
fiscal do contrato, João Carlos Grilo Carletti, na qualidade de supervisor do contrato, e José Lima da
Silva Júnior, gerente do contrato, por confeccionarem parecer propondo diversas alterações no projeto
licitado, sem justificativas adequadas e suficientes das alterações tidas por necessárias.
22. Por fim, algumas alterações procedidas parecem ter tornado o contrato injustificadamente
mais oneroso para a Administração, como na supressão realizada do item “perfuração rotativa vertical
em solo c/ coroa de widia c/ diâmetro de 8 polegadas”. Esse serviço foi contratado por um preço
unitário de R$ 101,59. (peça 45, fl. 7). Por outro lado, foi incluído no contrato o serviço “perfuração
rotativa horizontal em solo c/ coroa de widia c/ diâmetro de 5 polegadas” ao preço unitário de R$
149,09 (peça 45, fl. 11).
23. Verifico, portanto, que o novo serviço de perfuração em solo, apesar de ser realizado com
menor diâmetro (5 polegadas), apresenta preço mais elevado do que a perfuração em solo com maior
diâmetro (8 polegadas).
24. Ao ser promovida a celebração de aditivos contratuais, com a inclusão de novos serviços ou
acréscimos de quantitativos de itens previstos na planilha orçamentária da obra, deverão ser
observados os preços praticados no mercado, bem como mantido o desconto inicialmente ofertado
pela licitante vencedora, com vistas a garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e evitar a
prática irregular do “jogo de planilha” (art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e arts. 14, 15 e 17,
§§ 1º e 2º, do Decreto 7.983/2013).
25. Portanto, em adição às propostas de oitiva formuladas pela unidade técnica, considerando as
observações realizadas neste voto, bem como o vulto e a importância do empreendimento, além do
elevado percentual de aditamento contratual verificado no contrato fiscalizado, pondero ser adequado
que os órgãos responsáveis pela condução do empreendimento comprovem, perante este Tribunal, o
cumprimento do disposto nos arts. 14, 15 e 17, §§ 1º e 2º, do Decreto 7.983/2013.
II
26. Quanto ao segundo achado de auditoria, a equipe de fiscalização registrou que a obra sofreu
atrasos e paralisações que ensejaram a prorrogação de prazo de conclusão inicialmente estabelecido.
Consoante consulta realizada ao sistema Siurb da Caixa Econômica Federal, na data de 10/8/2015, o
percentual de execução das obras do Rio Bengalas era de 37,70%, enquanto as obras do Córrego
d’Antas contavam com apenas 3,52% de execução, sendo que as obras do Córrego d’Antas
permanecem no mesmo percentual registrado desde 11/11/2014.
27. Concluiu a unidade técnica que, dentre os motivos para os atrasos, está a intempestividade
dos repasses financeiros por parte do Ministério das Cidades. No entanto, o Ofício nº
003166/2015/AECI/GM/MCIDADES, de 2/10/2015 (peça 63), juntado aos autos após a conclusão da
fiscalização, apresenta informação de que o contrato está amparado pelos benefícios da Portaria
Interministerial n° 130/2013/MF/MPOG/CGU/MI/MS/MCID, que permite a liberação dos recursos
financeiros antes da efetiva execução do empreendimento e aferição pela Caixa Econômica Federal.
28. O órgão repassador demonstra que, até setembro de 2015, já foram liberados cerca de R$ 130
milhões para o empreendimento, enquanto os boletins de medição totalizam R$ 108 milhões. Concluiu
o concedente que “ao longo dos 30 meses em que a obra vem sendo executada, o MCIDADES teve
recursos financeiros de repasse a frente da execução real da obra em 25 meses, correspondentes a
84% do período de execução”.
27. É particularmente preocupante a informação trazida pelo Ministério das Cidades de que há
riscos de novos atrasos no empreendimento, em vistas de novos ajustes nos projetos de engenharia, das
dificuldades para remoção das famílias atingidas pela obra e da necessidade de remoção de linha de
alta tensão, que interfere na execução do objeto.
28. Recordo que o atraso na conclusão das obras expõe a população local aos riscos de novas
enchentes e catástrofes naturais, como a que foi verificada em janeiro/2011. Por isso, pondero que a
situação narrada é um indício de grave transgressão a normas legais, podendo ensejar a aplicação das
penalidades previstas na Lei Orgânica do TCU aos responsáveis.
297

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

29. Em um exame preliminar, constatado o atraso injustificado da execução do ajuste pela


empresa contratada, deve-se instaurar procedimento com vistas a um exame objetivo das razões do
atraso. Este pode ter sido ocasionado por culpa da própria construtora, por atos e fatos de terceiro, pela
superveniência de fato excepcional ou imprevisível, ou, ainda, por atos e omissões da própria
Administração.
30. Quando a Administração concorre para o descumprimento dos prazos acordados, a apuração
de responsabilidades dos gestores é cabível, principalmente quando a dilação for consequência de
negligência, imperícia ou imprudência dos gestores.
31. De outra forma, nos atrasos advindos da incapacidade ou mora da contratada, o órgão
contratante tem o dever de adotar as medidas cabíveis para aplicar as multas contratuais e demais
penalidades previstas em lei.
32. Enfatizo que o atraso na execução de obras públicas é ocorrência de extrema gravidade, que
pode inclusive ser enquadrada no tipo penal previsto no art. 92 da Lei de Licitações e Contratos.
Portanto, a realização das oitivas propostas pela equipe de auditoria permitirá colher evidências e
informações acerca das causas e consequências dos atrasos das obras.
33. Considerando a importância social da obra, entendo que este Tribunal deve realizar apuração
dos responsáveis pela paralisação e atraso dos serviços, podendo, eventualmente, aplicar as
penalidades previstas na Lei 8.443/1992, caso se constate que os motivos determinantes advêm de atos
praticados pelos gestores do Estado do Rio de Janeiro ou do aporte deficiente de recursos pelos entes
financiadores do empreendimento.
34. Em vista da situação apresentada, manifesto-me de acordo com o encaminhamento alvitrado
no relatório de auditoria, de realizar oitiva dos órgãos envolvidos e do consórcio contratado, que
permitirá a unidade técnica realizar um exame conclusivo sobre os motivos determinantes do atraso no
empreendimento.
Ante todo o exposto, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2714/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.481/2015-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional (vinculador).
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Instituto Estadual do Ambiente do Rio de
Janeiro (Inea); Ministério das Cidades (vinculador).
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal: Jailton Zanon da Silveira (OAB/RJ 77.366); Murilo Fracari Roberto
(OAB/DF 22.934).

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada nas obras de
canalização e dragagem do Rio Bengalas, bem como de recuperação da microdrenagem nos bairros
Cristina Ziede e Duas Pedras, em Nova Friburgo/RJ,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
298

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1. com fundamento no art. 250, inciso V, do RITCU, determinar as oitivas do Ministério das
Cidades, da Caixa Econômica Federal, do Instituto Estatual do Ambiente e do Consórcio Rio Bengalas
(17.612.173/0001-63), para que se manifestem, no prazo de quinze dias, acerca:
9.1.1. dos indícios de irregularidades apurados neste relatório de auditoria quanto à mudança do
objeto licitado devido às alterações contratuais acima dos limites permitidos pela art. 65, da Lei
8.666/1993 e o disposto na Decisão 215/1999-TCU-Plenário, e que teve por consequência a elevação
do preço original de ambas as intervenções abrangidas pelo Contrato 09/2013-Inea (Achado III.1);
9.1.2. da alegada existência de incompatibilidade entre os repasses financeiros relativos ao
Termo de Compromisso 367.938-83/2011 e a execução física da obra objeto do Contrato 09/2013-
Inea, em face do disposto no art. 40, inciso XIV, alínea “b”, e no art. 66 da Lei 8.666/1993 (Achado
III.2);
9.1.3. das paralisações e do baixo andamento das obras objeto do Contrato 09/2013-Inea,
incompatível com o caráter emergencial das intervenções, tendo em vista o disposto no art. 66 da Lei
8.666/1993 (Achado III.2);
9.1.4. dos riscos de não cumprimento dos atuais prazos de conclusão das obras objeto do
Contrato 09/2013-Inea em função de pendências relativas a desapropriações de áreas e de construções
localizadas ao longo das intervenções, tendo em vista o disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993 (Achado
III.2);
9.1.5. do cumprimento das disposições constantes dos arts. 14, 15, 17, §§ 1º e 2º, do Decreto
7.983/2013 nos aditamentos realizados no Contrato 09/2013-Inea, encaminhando a este Tribunal
planilha demonstrativa de cálculo;
9.2. promover, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 250, inciso
IV, do Regimento Interno, as audiências dos seguintes responsáveis:
9.2.1. Marco Aurélio Damato Porto, Presidente do Inea, e Fernando Antônio de Freitas
Mascarenhas, Diretor de Recuperação Ambiental do Inea, para que apresentem, no prazo de 15
(quinze) dias, razões de justificativa por celebrarem o Termo Aditivo nº 59/2014-Inea e os respectivos
termos de re-ratificação, que promoveram significativas alterações no Contrato 09/2013-Inea,
descaracterizando o objeto licitado, sem observância aos limites legais impostos pelo art. 65, §§ 1º e
2º, da Lei nº 8.666/1993 e pela jurisprudência do TCU, a exemplo da Decisão 215/1999-Plenário e dos
Acórdãos 749/2010, 2.819/2011, 2.059/2013 e 1.498/2015, todos do Plenário;
9.2.2. Alan Carlos Vieira Vargas, fiscal do contrato, João Carlos Grilo Carletti, na qualidade de
supervisor do contrato, e José Lima da Silva Júnior, gerente do contrato, por confeccionarem parecer
propondo diversas alterações no projeto licitado, sem justificativas adequadas e suficientes das
alterações tidas por necessárias, não embasadas em estudos técnicos pertinentes, e sem demonstrar
devidamente o interesse público nas alterações promovidas e a natureza superveniente dos fatos
ensejadores das modificações, em relação ao momento da licitação.
9.3. determinar à SeinfraUrbana, valendo-se do apoio da Secex-RJ, caso entenda necessário, que
adote as seguintes providências, com a urgência que o caso requer, ficando desde já autorizada a
realizar as diligências e inspeções que entender necessárias:
9.3.1. com base no exame das oitivas ora determinadas, identifique de forma conclusiva os
motivos e eventuais responsáveis pelos atrasos observados no Contrato 09/2013-Inea e, caso verifique
a prática de atos irregulares, submeta ao relator as propostas cabíveis;
9.3.2. verifique se houve prorrogações injustificadas do prazo de execução contratual, sem
amparo no art. 57, §1º, da Lei 8.666/1993, bem como se foram adotadas providências cabíveis no caso
de se apurar mora imputável ao contratado;
9.3.3. realize o exame dos aditamentos contratuais verificados no Contrato 09/2013-Inea,
analisando os seguintes aspectos:
9.3.3.1. se houve cumprimento das disposições constantes dos arts. 14, 15 e 17, §§ 1º e 2º, do
Decreto 7.983/2013;
299

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.3.2. se as principais modificações de projeto estão suficientemente embasadas,


manifestando-se sobre a adequação técnica e se há interesse público nas alterações realizadas.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2714-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário


TC 011.582/2011-1
Natureza: Aposentadoria (revisão de ofício)
Órgão/Entidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Piauí
Interessado: Adalberto Ariosto Rodrigues Dias (047.401.493-20)
Representação legal: André Nascimento Cruz (5.849/OAB-PI), representando Adalberto Ariosto
Rodrigues Dias.

SUMÁRIO: APOSENTADORIA. REGISTRO. IDENTIFICAÇÃO POSTERIOR DE QUE O


INTERESSADO, SERVIDOR ORIGINARIAMENTE CONTRATADO SOB O REGIME DA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, TEVE COMPUTADO EM SEU FAVOR, PARA
FINS DE ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO, PERÍODO TRABALHADO NA ESFERA
ESTADUAL. OITIVA. ILEGALIDADE DO ATO. REVISÃO DE OFÍCIO. NEGATIVA DE
REGISTRO. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução elaborada no âmbito da
Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip), a qual contou com a anuência dos dirigentes da unidade
técnica e do Ministério Público:
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de ato de concessão inicial de aposentadoria a Adalberto Ariosto Rodrigues Dias
(CPF 047.401.493-20), ex-servidor da Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Piauí.
2. O ato de aposentadoria foi apreciado por esta Corte de Contas pela legalidade mediante
Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, sessão de 31/5/2011 (peça 15).
HISTÓRICO
3. A Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Piauí, mediante Ofício
25/SOCAD/SEREH/SUEST-PI/FUNASA, de 22/12/2014, considerando relatório de Auditoria Interna
da Fundação Nacional de Saúde, encaminhou relação de servidores que estão recebendo adicional de
tempo de serviço (ATS) em percentual incorreto, em razão de terem sido incluídos no cálculo do
adicional períodos trabalhados no Estado e/ou Municípios (peça 18).
4. Na relação encaminhada, consta o nome do ex-servidor Adalberto Ariosto Rodrigues Dias.
Em consequência, esta Unidade Técnica, conforme instrução constante à peça 21, propôs a
300

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

autorização, pelo relator sorteado, de revisão de ofício do Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, que julgou
legal ato de aposentadoria do referido ex-servidor, em face da constatação de violação à ordem legal.
5. A Secretaria das Sessões promoveu o sorteio do novo relator (peça 23). O relator sorteado,
mediante despacho anexado à peça 24, reencaminhou os autos à Sefip, visando a instrução do feito,
além de advertir esta unidade técnica para a necessidade de conferir urgência à tramitação do
presente processo, haja vista a proximidade do termo final do prazo revisional estabelecido no art.
260, § 2º, do Regimento Interno.
6. Assim, esta Unidade Técnica realizou a oitiva do interessado, por meio do Ofício
12.138/2015-TCU/SEFIP, de 10/09/2015 (peça 25). A correspondência foi recebida no endereço do
aposentado Adalberto Ariosto Rodrigues Dias em 28/9/2015, conforme Aviso de Recebimento-AR
anexado à peça 27. O Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias manifestou-se sobre a oitiva, por meio de
seus advogados, conforme documentação anexada à peça 28.
EXAME TÉCNICO
Resposta à oitiva
7. O ex-servidor Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, por intermédio de seus advogados,
apresentou os seguintes argumentos em relação ao recebimento do adicional de tempo de serviço no
percentual discutido (peça 28):
a) alega que as informações enviadas a este Tribunal pela Superintendência Estadual da
Funasa no Estado do Piauí, mediante Ofício 25/SOCAD/SEREH/SUEST-PI/FUNASA, de 22/12/2014,
estão descontextualizadas, visto que o ‘gestor do ente federal no Estado do Piauí, escudado nas
orientações emanadas da Presidência do Órgão, em 17.11.2011, na forma e termos contidos no
Memorando nº 098/SOCAD/SEREH/SUEST-PI/FUNASA, justificou a situação e, por conta e risco,
decidiu pela ininterrupção da situação’ (peça 28, p. 3);
b) informa que o interessado foi notificado da abertura do processo administrativo
25235.009.011/2013-55, instaurado com o objetivo de regularizar o percentual do pagamento do
adicional por tempo de serviço (peça 28, p. 3);
c) alega que os atos da Administração Pública possuem presunção de legalidade e legitimidade
(peça 28, p. 4);
d) alega que a concessão discutida foi deferida antes do advento da Lei 8.112/1990 e
regulamentada na forma e termos da Resolução PRE-047, de 22/07/1987, da Presidência da então
Fundação Serviços de Saúde Pública (peça 28, p. 4);
e) a responsabilidade pela continuidade dos pagamentos, a título de anuênios por tempo de
serviço prestado ao Distrito Federal, Territórios e Municípios, após o advento da Lei 8.112/1990,
apesar dos constantes apontamentos da auditoria do órgão, foi exclusivamente assumida pela
Administração da FUNASA (peça 28, p. 5);
f) registra que os valores recebidos possuem natureza alimentar e foram recebidos de boa-fé,
não sendo justo e razoável penalizar o servidor público por erro ou equívoco da Administração
Pública, uma vez que o servidor já recebe há anos a vantagem neste valor (peça 28, p. 5-6);
g) enfim, solicita o acolhimento da defesa para que o ato de aposentadoria seja considerado
legal, [ou] que o órgão limite-se à adequação do percentual devido de vantagem pecuniária a título
de anuênios, excluindo o tempo computado de serviços prestado à Secretaria de Estado da Saúde do
Piauí, no período de 1/2/1976 a 8/12/1977 (peça 28, p. 6);
h) solicita, ainda, que a FUNASA, em cumprimento à decisão judicial, com tutela antecipatória
deferida, nos autos do processo 35055-84.20144.01.4000, em trâmite na 2ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Estado do Piauí, abstenha-se de promover descontos nos salários do interessado a título
de reposição ao erário, haja vista que o ex-servidor, em momento algum, contribuiu para que a
Administração Pública promovesse pagamentos contrários à lei, o que caracteriza recebimento de
boa-fé (peça 28, p. 6).
8. Foram anexadas aos autos cópias dos seguintes documentos:
301

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) relatório de auditoria operacional realizada na Superintendência Estadual da FUNASA no


Piauí (peça 28, p. 10-15);
b) cópia de defesa apresentada pelo interessado no processo administrativo
25235.009.011/2013-55, endereçado à Chefe do Setor de Recursos Humanos da Funasa, solicitando
que a administração abstenha-se de reduzir o percentual devido a título de anuênios e que não efetue
nenhum desconto a título de reposição ao erário, já que os valores foram recebidos de boa-fé (peça
28, p. 21-34);
c) cópia da aludida Resolução PRE-047, de 22 de julho de 1987, que regulamentou a concessão
do adicional por tempo de serviço aos servidores da Fundação SESP (peça 28, p. 36-37);
d) cópia de ação ordinária 35055-84.2014.4.01.4000, sendo autor o Sindicato dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Piauí e ré a FUNASA, na qual foi deferida
liminar ‘para determinar a Ré que se abstenha de promover descontos, a título de reposição ao erário,
nos proventos do autor, de valores recebidos referente a erro praticado pela Administração, até
ulterior deliberação do juízo’ (peça 28, p. 42-46).
Análise dos argumentos apresentados
Adicional de tempo de serviço
9. No serviço público federal, com relação ao adicional de tempo de serviço, este foi concedido,
inicialmente, pelo artigo 146 da Lei 1.711/1952 (...).
10. Com a publicação da Lei 8.112/1990, o artigo 67, em sua redação original, estabelecia o
seguinte:
‘Art. 67. O adicional por tempo de serviço é devido à razão de 1% (um por cento) por ano de
serviço público efetivo, incidente sobre o vencimento de que trata o art. 40.
Parágrafo único. O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em que completar o anuênio.’
11. Contudo, essa redação foi alterada pela Lei 9.527, de 10/12/1997, passando o mencionado
dispositivo a ter novo comando com limite máximo:
‘Art. 67. O adicional por tempo de serviço é devido à razão de cinco por cento a cada cinco
anos de serviço público efetivo prestado à União, às autarquias e às fundações públicas federais,
observado o limite máximo de 35% incidente exclusivamente sobre o vencimento básico do cargo
efetivo, ainda que investido o servidor em função ou cargo de confiança.’
12. Por fim, o artigo 67 foi revogado pela Medida Provisória 2.225-45, de 2001. A referida
norma, em seu art. 15, assim dispôs:
‘Art. 15. Revogam-se:
(...)
II - o inciso III do art. 61 e o art. 67 da Lei nº 8.112, de 1990, respeitadas as situações
constituídas até 8 de março de 1999.’
13. O servidor Adalberto Ariosto Rodrigues Dias aposentou-se no cargo de médico em
11/9/2009, com base no artigo 6º da Emenda Constitucional 41/2003 (peça 29). Ingressou no serviço
público em 9/12/1977, possuindo no órgão federal 31 anos, 9 meses e 14 dias de tempo de serviço.
Quando ingressou no órgão era regido pela CLT, passando com a publicação da Lei 8.112/1990 a ser
estatutário, ou seja, não foi regido pela Lei 1.711/1952. Assim, considerando-se o tempo de serviço
prestado à atual FUNASA, o ex-servidor possui 21 anos, 3 meses e 5 dias de tempo de serviço para o
adicional de tempo de serviço, fazendo jus a anuênios no percentual de 21% (9/12/1977 a 8/3/1999)
(peça 30).
14. No entanto, atualmente o inativo está recebendo 22% de anuênios, uma vez que foi
computado período laborado junto à Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (1/2/1976 a 8/12/1977),
contrariando jurisprudência desta Corte de Contas, proferida nos Acórdãos 1.717/2005-1ª Câmara e
524/2007-1ª Câmara. Transcrevemos a ementa do Acórdão 524/2007-1ª Câmara:
‘3. O tempo de serviço municipal [estadual], prestado sob a égide do Decreto 31.922/1952,
pode ser computado para fins de gratificação de tempo de serviço, desde que o servidor tenha
ingressado no serviço público federal ainda na vigência da Lei 1.711/1952.’
302

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15. No ato de aposentadoria consta 1 ano, 10 meses e 12 dias de tempo de serviço público
estadual, 1 ano e 27 dias de tempo de serviço público municipal e 8 meses e 3 dias de tempo insalubre.
Os tempos de serviço público municipal e estadual podem ser computados para a aposentadoria do
interessado, o que ocorreu; porém, não cabe para fins de anuênios. O tempo insalubre do inativo
também não pode entrar no cálculo dos anuênios, pois para apuração do adicional de tempo de
serviço considera-se tempo de serviço público efetivo.
16. Assim, o ato de aposentadoria está ilegal, pois registra o pagamento de anuênios no
percentual de 22%, quando o correto seria 21%. Desta forma, considerando que ainda não
transcorreram cinco anos da prolação do Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, requisito temporal previsto
no art. 260, § 2o, do Regimento Interno do TCU, pode este Tribunal proceder à revisão de oficio do
ato de aposentadoria de Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, passando a considerá-lo ilegal, em razão
do pagamento incorreto dos anuênios.
Boa-fé
17. Não vislumbramos nos autos má-fé por parte do interessado. Foi a administração da ex-
Fundação de Serviços de Saúde Pública, hoje Funasa, que concedeu a vantagem dos anuênios ao
inativo no percentual indevido, com base na Resolução da Presidência PRE-047, de 22/07/1987.
Assim, pode ser aplicada a Súmula TCU 106, dispensando a devolução dos valores indevidamente
recebidos até a data da ciência pelo órgão de origem do acórdão que vier a ser proferido.
Decisão Judicial 35055-84.2014.4.01.4000
18. Verifica-se que no Processo Judicial 35055-84.2014.4.01.4000 foi deferida liminar
‘para determinar a Ré que se abstenha de promover descontos, a título de reposição ao erário, nos
proventos do autor, de valores recebidos referente a erro praticado pela Administração, até ulterior
deliberação do juízo’ (peça 28, p. 42-46).
19. Nota-se que a determinação é no sentido de não se fazer descontos a título de
reposição ao erário. No entanto, não existem impedimentos para que se determine a correção do
percentual de anuênios pago ao inativo.
CONCLUSÃO
20. Verifica-se que ato de aposentadoria de Adalberto Ariosto Rodrigues Dias apresenta
irregularidade no pagamento do adicional de tempo de serviço em percentual de 22%, haja vista que
o interessado faz jus a 21%.
21. Assim, o ato de aposentadoria do interessado deverá ser considerado ilegal, cabendo
proposta para que seja revisto de ofício o Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, com base no § 2º do artigo
260 do Regimento Interno do TCU, uma vez que ainda não decorreram 5 anos da publicação do
mencionado acórdão.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
22. De conformidade com o preceituado no artigo 71, inciso III, da Constituição Federal de
1988; c/c o art. 169 do Regimento Interno/TCU, e tomando por base as verificações feitas pela
unidade técnica, na forma prevista no artigo 260, caput, do Regimento Interno-TCU, propõe-se:
a) seja revisto de ofício o Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, para que considere ilegal o ato de
aposentadoria de Adalberto Ariosto Rodrigues Dias (CPF 047.401.493-20), em virtude do pagamento
de adicional por tempo de serviço em percentual incorreto;
b) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos até a data da ciência pelo órgão
de origem do acórdão que vier a ser proferido, com base no Enunciado 106 da Súmula da
Jurisprudência do TCU;
c) determinar à Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Piauí que:
c.1) no tocante aos anuênios, faça cessar os pagamentos decorrentes do ato impugnado,
comunicando ao TCU, no prazo de quinze dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 262,
caput, do Regimento Interno do TCU, 8o, caput, da Resolução 206/2007-TCU e 15, caput, da
Instrução Normativa 55/2007-TCU;
303

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c.2) dê ciência, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da notificação, do inteiro teor desta
deliberação ao interessado, alertando-o de que o efeito suspensivo proveniente da interposição de
eventuais recursos junto ao TCU não o exime da devolução dos valores percebidos indevidamente,
caso o recurso não seja provido;
c.3) emita novo ato de aposentadoria, livre da irregularidade detectada, no prazo de 15
(quinze) dias, contado a partir da ciência desta deliberação, com apoio no art. 262, § 2º, do
Regimento Interno do TCU; e
c.4) informe o teor do acórdão que vier a ser prolatado, encaminhando ao TCU, no prazo de
trinta dias, comprovante da data de ciência pelo interessado, nos termos do art. 4o, § 3o, da Resolução
170/2004-TCU.”
É o relatório.

VOTO

Por meio do Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, esta Corte deferiu o registro, entre outras, da
aposentadoria de Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, servidor ex-celetista da Superintendência
Estadual da Funasa no Piauí.
2. Mais tarde, entretanto, verificou-se que, para o cálculo do adicional por tempo de serviço
(ATS) incluído nos proventos do inativo, foi considerado o período de 1 ano, 10 meses e 12 dias
trabalhado na Secretaria de Estado da Saúde do Piauí, hipótese não admitida na jurisprudência do
Tribunal.
3. Ouvido a respeito, o interessado alega que não teve qualquer participação no procedimento
equivocado, cuja responsabilidade exclusiva seria da própria administração da Funasa. Afirma que
percebe o adicional, tal qual ora definido, há muitos anos, circunstância que, associada à natureza
alimentar dos proventos e à sua boa-fé no episódio, impede a desconstituição unilateral do ato
inquinado. Conclusivamente, requer a manutenção do Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara e, “se de direito,
que o órgão ao qual se vincula se limite à adequação do percentual devido a título de anuênios”,
excluindo o tempo indevidamente computado, mas abstendo-se de efetuar descontos para
recomposição do erário.
4. Instruindo o feito, a Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip) consigna que, em se tratando
de servidores ex-celetistas, “os tempos de serviço público municipal e estadual podem ser computados
para a aposentadoria; porém, não para fins de anuênios”. Assim, propugna “seja revisto de ofício o
Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara, com base no § 2º do artigo 260 do Regimento Interno do TCU, uma
vez que ainda não decorreram 5 anos da publicação do mencionado acórdão”, para considerar ilegal e
negar registro ao ato de aposentadoria do interessado.
5. O Ministério Público, em cota simples, manifesta concordância com a unidade técnica.
6. Acompanho os pareceres.
7. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que “é ilegal o ato concessório de
aposentadoria que inclui o cômputo de tempo de serviço estadual a servidores ex-celetistas, para fins
de Gratificação Adicional por Tempo de Serviço” (Acórdão 1.686/2005-2ª Câmara, entre outros). Esse
entendimento decorre do quanto estabelecido no art. 103, inciso I, da Lei 8.112, de 11 de dezembro de
1990, que instituiu o regime jurídico único do funcionalismo federal:
“Art. 103 Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade:
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Distrito Federal”.
8. Segundo informam os autos, o Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias ingressou nos quadros da
Administração Federal, sob o regime da CLT, em dezembro de 1977.
9. Como o adicional por tempo de serviço foi extinto em março de 1999 (Medida Provisória
1.815), tem-se que o percentual máximo de anuênios atribuível ao interessado seria de 21%.
304

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Nada obstante, a Superintendência da Funasa no Piauí conferiu ao inativo o percentual de


22%, tendo computado, para tanto, o período de um ano e dez meses prestado a órgão estadual.
11. Ilegal, pois, nos moldes em que deferida, a aposentadoria em análise.
12. Quanto à segurança jurídica, que, no dizer do inativo, impediria a desconstituição unilateral
do ato, observo que a inativação ocorreu em setembro de 2009, e o registro pelo Tribunal,
aperfeiçoando a concessão, foi deferido em maio de 2011. Como a presente revisão de ofício se dá
dentro do prazo de cinco anos do registro, em conformidade com os arts. 260, § 2º, do Regimento
Interno e 54 da Lei 9.784/1999, não há que se falar em decadência do poder-dever da Administração
de corrigir a irregularidade gravosa ao erário.
13. Por fim, no que concerne à restituição dos valores percebidos a maior, assiste razão ao ex-
servidor, sendo de se dispensar a medida nos termos da Súmula TCU 106.
14. Diante do exposto, voto no sentido de que este Colegiado adote a deliberação que ora
submeto à sua apreciação.

ACÓRDÃO Nº 2715/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.582/2011-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Aposentadoria (revisão de ofício)
3. Interessado: Adalberto Ariosto Rodrigues Dias (047.401.493-20).
4. Órgão/Entidade: Superintendência Estadual da Funasa no Estado do Piauí.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal: André Nascimento Cruz (5.849/OAB-PI), representando Adalberto
Ariosto Rodrigues Dias.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de revisão de ofício de aposentadoria deferida pela
Superintendência da Funasa no Estado do Piauí, objeto do Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 71, inciso III, da Constituição Federal
e nos arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45 da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 260, § 2°, do
Regimento Interno, em:
9.1. rever de ofício, parcialmente, o Acórdão 3.399/2011-1ª Câmara para considerar ilegal a
aposentadoria de Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, cancelando o registro do ato número de controle
10367934-04-2009-000064-8, anteriormente deferido;
9.2. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas, em boa-fé, pelo
interessado, consoante o Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.3. determinar à Superintendência da Funasa no Estado do Piauí, com fulcro nos arts. 71, inciso
IX, da Constituição Federal e 262 do Regimento Interno desta Corte, que:
9.3.1. corrija, no prazo de 15 (quinze) dias contado a partir da ciência desta deliberação, sob pena
de responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa, o percentual de anuênios atribuído
ao Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias, excluindo, para tanto, os períodos trabalhados nas esferas
estadual e municipal de governo;
9.3.2. emita e cadastre no sistema Sisac novo ato de aposentadoria para o servidor, escoimado da
falha apontada nestes autos;
9.3.3. dê ciência do inteiro teor desta deliberação ao Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias,
alertando-o de que o efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos, caso não
providos, não o exime da devolução dos valores indevidamente percebidos após a notificação;
9.3.4. envie a esta Corte de Contas, no prazo de 30 (trinta) dias, por cópia, comprovante de que o
305

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sr. Adalberto Ariosto Rodrigues Dias teve ciência desta deliberação;


9.4. determinar à Sefip que monitore o cumprimento das medidas indicadas nos subitens
anteriores.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2715-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

GRUPO I – CLASSE II – Plenário


TC 015.383/2011-3
Natureza: Tomada de Contas Especial
Órgão: Instituto Nacional do Seguro Social
Responsáveis: Abílio Martins Ferreira (038.485.587-34); Adeli Francisco de Santana
(721.511.537-20); Ademir Jose de Menezes (118.806.191-72); Ademir José Ciriaco (025.027.607-04);
Albino Baptista Castro (029.273.657-68); Altair Dias da Silva (464.003.627-20); Antônio Figueredo
de Santana (355.115.327-20); Clarice Helena dos Santos Vieira Cesário (025.938.087-30); Eliana
Silva de Souza (570.551.227-91); Elizabeth Schwan Ferreira (839.520.717-49); Ely Dias Duarte
(556.289.237-53); Gelson Adalberto Teixeira (339.889.007-53); Guilherme Soares Teixeira
(267.981.827-04); Ida Novello (775.935.537-87); Joel Carneiro Viana (372.603.407-20); José Luiz
Campos (204.964.437-04); José Rodrigues de Lima (359.436.967-68); João Batista Ribeiro da Silva
(375.653.977-68); João Silvano da Silva (184.856.777-49); Lealice Nóbrega Pinto da Silva
(375.225.587-00); Luiz Gonzaga Torres (681.715.794-34); Mafalda Pereira Penha (736.373.357-00);
Maria Elba Magalhães de Meio Neto (315.629.067-04); Maria Ester de Pinho Souza (904.659.467-04);
Maria Neide Viana (049.272.653-15); Maria Teresa Viana da Costa (757.382.878-00); Maria
Therezinha Camara (446.233.057-91); Maria da Conceição Monteiro Ribeiro (763.231.107-68);
Marlene Machado Brandão (035.626.797-00); Marlene Vieira de Santana (596.797.517-91); Marília
Aldighieri Silva Pinto (187.693.307-00); Neube Carvalho (540.056.127-68); Sandra Maria da Silva e
Silva (814.847.637-34); Sueli Garcia Rodrigues de Oliveira (405.954.807-30); Suely Farias Nunes da
Silva (142.010.544-20); Tânia Nascimento de Barros (359.672.697-20); Vicente Maurício Alves
(305.386.887-34); Walmira Araújo Rocha (299.460.007-25); Zenaide Laise Farago (285.199.118-38)
Representação legal: Darcy Alanbert Rodrigues (38964/RJ-OAB) e outros, representando
Ademir José Ciriaco; Antonio Correia da Cunha (75794/RJ-OAB) e outros, representando Albino
Baptista Castro; Carlos Vargas Farias (74.153/RJ-OAB) e outros, representando Antônio Figueredo de
Santana; Erlande Nunes Filgueira (105.793/RJ-OAB) e outros, representando Clarice Helena dos
Santos Vieira Cesário; Guilherme Scott (59.350/RJ-OAB) e outros, representando Elizabeth Schwan
Ferreira; Carlos Leno de Moraes Sarmento (75.458/RJ-OAB) e outros, representando Guilherme
Soares Teixeira; Danilo Saramago Sahione de Araujo (56.034/RJ-OAB) e outros, representando Ida
Novello; Marcio Fernando Aparecido Amorozini (242.635/SP-OAB) e outros, representando Maria
Teresa Viana da Costa.
306

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONTAS JULGADAS IRREGULARES.


DÉBITO. MULTA. FALECIMENTO DO RESPONSÁVEL. REVISÃO DE OFÍCIO. EXCLUSÃO
DA MULTA. NOTIFICAÇÃO DO ESPÓLIO.

RELATÓRIO

Trata-se de tomada de contas especial apreciada pelo Tribunal, por intermédio do Acórdão
1.422/2015-Plenário, Sessão de 10/6/2015, segundo o qual foram julgadas irregulares as contas de
Eliana Silva de Souza, Clarice Helena Vieira Cesário, Suely Farias Nunes e Albino Baptista Castro em
razão de prejuízos causados aos cofres do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
2. De acordo com a Secretaria de Controle Externo no Rio de Janeiro (Secex/RJ), ao ser
procedida a notificação dos responsáveis, a senhora Fátima Marcial Castro Ortolan (CPF 831.197.367-
91) apresentou ao Tribunal cópia da certidão de óbito (peça 274) do senhor Albino Baptista Castro.
3. Em face dessa informação, aquela unidade instrutiva assentou que em situações similares, nas
quais a morte de um responsável ocorre após a citação, mas antes da prolação do acórdão
condenatório, esta Corte de Contas “tem decidido no sentido de que os herdeiros do falecido passam a
ocupar a posição do de cujus na tomada de contas especial, assumindo o processo no estado em que
se encontra, não havendo a necessidade da repetição das fases processuais já atingidas pela
preclusão (Acórdão 4.035/2010-TCU-2ª Câmara; Acórdão 8.661/2011-TCU-2ª Câmara)”.
4. Além disso, por intermédio da instrução acostada à peça 277, aquela Secex/RJ ponderou o
seguinte:
“6. Assim, a obrigação de reparar o dano deverá recair sobre o espólio ou herdeiros, de acordo
com o disposto no inciso XLV do art.5º da Constituição Federal.
7. No tocante à multa, resta pacificado nesta Corte de Contas que ocorrendo o falecimento do
responsável antes da prolação do acórdão, não haverá possibilidade de aplicação dessa sanção,
tendo em vista seu caráter personalíssimo.
8. A propósito, o tema foi disciplinado com a edição da Resolução TCU nº 235, de 15 de
setembro de 2010, com os procedimentos a serem observados quando do falecimento de responsável.
9. O mencionado normativo, em seu art. 4º, dispõe:
Art. 4º O art. 3º da Resolução-TCU n° 178, de 24 de agosto de 2005, passa a vigorar com a seguinte
redação para as alíneas „e‟e „f‟ e o acréscimo de parágrafo único:
§ 2º O Tribunal, mediante proposta do relator, da unidade técnica ou do Ministério Público, poderá
rever, de ofício, o acórdão em que houver sido aplicada multa a gestor que tenha falecido antes do trânsito
em julgado da deliberação.
10. Considerando a informação do falecimento do Sr. Sérgio Albino de Souza Castilho,
conforme faz prova a certidão de óbito acostada a peça 274, p.3, proponho o encaminhamento dos
presentes autos ao Gabinete do Relator, Ministro Benjamin Zymler, por intermédio do Douto
Ministério Público/TCU, com as seguintes propostas:
a) rever de ofício o Acórdão 1.422/2015-TCU-Plenário, de 10/6/2015, para tornar insubsistente
a multa aplicada no item 9.7 ao responsável Sr. Albino Baptista Castro; e
b) notificar o espólio de Albino Baptista Castro (CPF 029.273.657-68), quanto ao débito
aplicado no Acórdão 1.422/2015-TCU-Plenário.”
5. Tendo o corpo diretivo daquela Secex/RJ se manifestado de acordo, foram o autos submetidos
ao Ministério Público junto ao TCU que, por intermédio da cota acostada à peça 281, anuiu ao
proposto.
É o relatório.

VOTO
307

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trata-se de tomada de contas especial apreciada pelo Tribunal, por intermédio do Acórdão
1.422/2015-Plenário, segundo o qual foram julgadas irregulares as contas de Eliana Silva de Souza,
Clarice Helena Vieira Cesário, Suely Farias Nunes e Albino Baptista Castro em razão de prejuízos
causados aos cofres do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
2. Em razão do falecimento do senhor Albino Baptista Castro, ocorrido em 21/3/2015 (Certidão
de Óbito acostada à peça 274), a unidade técnica, em consonância com o representante do MP/TCU,
propõe a revisão de ofício do Acórdão 1.422/2015 – Plenário com o intuito de excluir a multa
imputada ao responsável.
4. Considerando que o falecimento do Sr. Albino Baptista Castro ocorreu em data anterior à do
citado aresto, o qual foi prolatado na Sessão Plenária de 10/6/2015, não haveria possibilidade de
aplicação da multa ao responsável falecido (causa de extinção de punibilidade), em face da natureza
personalíssima da sanção, a qual não se transfere aos sucessores.
5. Quanto ao débito, a reparação pode perfeitamente alcançar o espólio, na pessoa de seu
inventariante. Em caso de concluído o inventário, os sucessores do de cujus poderão ser demandados
para ressarcimento do débito até o limite do patrimônio transferido, nos termos do art. 5º, inciso XLV,
da Constituição Federal de 1988.
6. Desse modo, acolhendo as manifestações da Secex/RJ e do Ministério Público junto ao TCU,
julgo que deve ser promovida a revisão de ofício do Acórdão 1.422/2015-Plenário, a teor do art. 174
do RI/TCU, com intuito de tornar insubsistente, no que toca o citado responsável, o disposto no item
9.7. daquele aresto.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2716/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 015.383/2011-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Abílio Martins Ferreira (038.485.587-34); Adeli Francisco de Santana
(721.511.537-20); Ademir Jose de Menezes (118.806.191-72); Ademir José Ciriaco (025.027.607-04);
Albino Baptista Castro (029.273.657-68); Altair Dias da Silva (464.003.627-20); Antônio Figueredo
de Santana (355.115.327-20); Clarice Helena dos Santos Vieira Cesário (025.938.087-30); Eliana
Silva de Souza (570.551.227-91); Elizabeth Schwan Ferreira (839.520.717-49); Ely Dias Duarte
(556.289.237-53); Gelson Adalberto Teixeira (339.889.007-53); Guilherme Soares Teixeira
(267.981.827-04); Ida Novello (775.935.537-87); Joel Carneiro Viana (372.603.407-20); José Luiz
Campos (204.964.437-04); José Rodrigues de Lima (359.436.967-68); João Batista Ribeiro da Silva
(375.653.977-68); João Silvano da Silva (184.856.777-49); Lealice Nóbrega Pinto da Silva
(375.225.587-00); Luiz Gonzaga Torres (681.715.794-34); Mafalda Pereira Penha (736.373.357-00);
Maria Elba Magalhães de Meio Neto (315.629.067-04); Maria Ester de Pinho Souza (904.659.467-04);
Maria Neide Viana (049.272.653-15); Maria Teresa Viana da Costa (757.382.878-00); Maria
Therezinha Camara (446.233.057-91); Maria da Conceição Monteiro Ribeiro (763.231.107-68);
Marlene Machado Brandão (035.626.797-00); Marlene Vieira de Santana (596.797.517-91); Marília
Aldighieri Silva Pinto (187.693.307-00); Neube Carvalho (540.056.127-68); Sandra Maria da Silva e
Silva (814.847.637-34); Sueli Garcia Rodrigues de Oliveira (405.954.807-30); Suely Farias Nunes da
Silva (142.010.544-20); Tânia Nascimento de Barros (359.672.697-20); Vicente Maurício Alves
(305.386.887-34); Walmira Araújo Rocha (299.460.007-25); Zenaide Laise Farago (285.199.118-38).
4. Órgão/Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
308

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e


Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal :
8.1. Darcy Alanbert Rodrigues (38964/RJ-OAB) e outros, representando Ademir José Ciriaco;
8.2. Antonio Correia da Cunha (75794/RJ-OAB) e outros, representando Albino Baptista Castro;
8.3. Carlos Vargas Farias (74.153/RJ-OAB) e outros, representando Antônio Figueredo de
Santana;
8.4. Erlande Nunes Filgueira (105.793/RJ-OAB) e outros, representando Clarice Helena dos
Santos Vieira Cesário;
8.5. Guilherme Scott (59.350/RJ-OAB) e outros, representando Elizabeth Schwan Ferreira;
8.6. Carlos Leno de Moraes Sarmento (75.458/RJ-OAB) e outros, representando Guilherme
Soares Teixeira;
8.7. Danilo Saramago Sahione de Araujo (56.034/RJ-OAB) e outros, representando Ida Novello;
8.8. Marcio Fernando Aparecido Amorozini (242.635/SP-OAB) e outros, representando Maria
Teresa Viana da Costa.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial apreciada pelo
Tribunal, por meio do Acórdão 1.422/2015-Plenário, Sessão de 10/6/2015, segundo o qual foram
julgadas irregulares as contas de Eliana Silva de Souza, Clarice Helena Vieira Cesário, Suely Farias
Nunes e Albino Baptista Castro em razão de prejuízos causados aos cofres do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. rever de ofício o Acórdão nº 1.422/2015 – Plenário, para tornar insubsistente, no que toca ao
senhor Albino Baptista Castro (029.273.657-68), seu subitem 9.7., nos termos do art. 174 do RI/TCU;
9.2. encaminhar os autos à Unidade Técnica para que seja notificado o espólio do Sr. Albino
Baptista Castro (029.273.657-68), na pessoa de seu inventariante, quanto ao débito aplicado no
Acórdão nº 1.422/2015 - Plenário, observando que, em caso de conclusão do processo de inventário, a
notificação deve ser encaminhada aos sucessores do falecido, para fins de ressarcimento da dívida, até
o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do art. 5º, inciso XLV, da Constituição Federal
de 1988; e
9.3. remeter cópia ao Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, nos termos do art.
16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, c/c art. 209, § 6º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2716-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.
309

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 016.862/2013-9 [Apensos: TC 032.916/2014-0, TC 032.917/2014-7]
Natureza: Agravo (em Recurso de Revisão)
Agravante: Gilberto Schwarz de Mello (523.182.651-00)
Órgão: Município de Chapada dos Guimarães - MT
Responsáveis: Flavio Daltro Filho (072.306.051-72); Gilberto Schwarz de Mello (523.182.651-
00)
Interessado: Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães - MT (03.507.530/0001-19)
Representação legal: Carlos Arruda de Carli (14691/OAB-MT), representando Flavio Daltro
Filho; Edwin de Almeida Costa (14621/OAB-MT), representando Gilberto Schwarz de Mello; Fábio
Luiz Palhari (19.255-O/OAB-MT), representando Gilberto Schwarz de Mello; Pedro Aparecido de
Oliveira (7549/OAB-MT), representando Flavio Daltro Filho.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. OMISSÃO NO DEVER DE


PRESTAR CONTAS. NÃO COMPROVAÇÃO DA BOA E REGULAR APLICAÇÃO DE
RECURSOS PÚBLICOS FEDERAIS REPASSADOS AO MUNICÍPIO CONVENENTE. CONTAS
IRREGULARES, DÉBITO E MULTA. RECURSO DE REVISÃO. CONHECIMENTO. AGRAVO
CONTRA DESPACHO QUE NÃO CONCEDEU EFEITO SUSPENSIVO. CONHECIMENTO.
NEGADO PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo interposto pelo Sr. Gilberto Schwarz de Mello contra despacho de minha
autoria (peça 52) que conheceu do Recurso de Revisão de sua autoria manejado contra o Acórdão nº
4.523/2014-TCU-Segunda Câmara, entretanto, sem a atribuição de efeitos suspensivos.
2. Segundo o agravante, antes de adentar o mérito da necessidade de flexibilização do efeito
suspensivo a ser aplicado ao Recurso de Revisão, seria necessário pontuar alguns fatos ocorridos que
refletem em todo o juízo sobre a demanda.
3. Aponta, então, diversos argumentos para caracterizar a nulidade da citação e que a sua revelia
fora fruto dessa nulidade, o que teria gerado irreparável cerceamento da defesa com prejuízo ao
contraditório.
4. Aduz que as suas contas mostraram-se iliquidáveis em virtude do extravio criminoso de toda a
documentação necessária à prestação de contas do convênio em questão bem como de toda a Prefeitura
Municipal de Chapada dos Guimarães e que milita a seu favor o princípio da presunção de inocência.
5. Aventa a possibilidade de o Sr. Flávio Daltro filho estar envolvido com o desaparecimento da
referida documentação pois, sendo seu principal inimigo político, teria interesse no desaparecimento
dos mencionados documentos.
6. Quanto ao requerido efeito suspensivo no Pedido de Revisão, registra:
“A Lei Orgânica do TCU, Lei 8.443/1992, por sua vez, dispõe que o recurso de reconsideração,
o pedido de reexame e os embargos de declaração suspendem o cumprimento da decisão recorrida. Já
o recurso de revisão e o agravo de instrumento, em regra, não possuem efeito suspensivo, podendo o
Relator, todavia, atribuir tal efeito ao recurso com fundamento no poder geral de cautela, aplicável
também na esfera do TCU.
Reconhece-se a jurisprudência do TCU no sentido de que o Relator não poderia atribuir efeito
suspensivo ao recurso de revisão. Ocorre, todavia, que tais decisões reconhecem a semelhança do
recurso de revisão com a ação rescisória, no âmbito da qual se admite o deferimento de medidas de
natureza cautelar ou antecipatória de tutela (CPC, art. 489).
Araken de Assis ensina que ‘o efeito suspensivo, impede a produção dos efeitos próprios do
provimento’ (Manual dos Recursos. 4° ed. RT, 2012, p. 260).
310

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Também o Manual de Recursos do TCU, aprovado pela Portaria n° 35/2014, considera o efeito
suspensivo, em termos objetivos, um dos mais relevantes porque ‘quando presente, impede a eficácia
prática da decisão impugnada, ou seja, obsta o seu cumprimento’.
Desse modo, o efeito suspensivo, que tem fundamento na segurança jurídica, destina-se a
assegurar a própria utilidade da possibilidade de revisão das decisões por meio da interposição de
recursos.
No presente caso, a necessidade da admissibilidade do efeito suspensivo encontra-se
consubstanciada no fato de que a citação do Recorrente/Agravante, quanto a estes autos, está eivada
de nulidade, impossibilitando o Recorrente/Agravante de usufruir seu direito constitucional à ampla
defesa e contraditório, em confronto ao que determina a Súmula Vinculante nº 3 do STF. Igualmente,
a aplicação das sanções apresentadas ocasionaria supressão ilegítima do patrimônio do
Recorrente/Agravante, bem como inelegibilidade eleitoral. TUDO SEM LHE SER POSSIBILITADA A
SUA DEFESA.
Portanto, considerando a insurgência da nulidade da citação, ocasionando cerceamento de
defesa ao Recorrente/Agravante, há de se entender que o efeito suspensivo não só pode ser aplicado
no presente caso, pela segurança jurídica, como também é imperiosa a sua aplicação, tendo em vista
que o direito à ampla defesa e contraditório é garantia constitucional.
Ademais, caracterizasse a presença do fumus boni iuris no presente agravo, no fato de que as
nulidades que fulminam a citação e a intimação destes autos geram extremo prejuízo à defesa do
Recorrente/Agravante, culminando no total cerceamento à garantia constitucional da ampla defesa e
contraditório.
Não só o Regimento Interno do E. TCU, como também a Lei 8.443/1992, garantem
compulsoriamente ao Recorrente/Agravante a ampliação de seus direitos para realização de sua
defesa.
Inclusive, como já dito anteriormente, a Súmula Vinculante nº 3 do STF determina que nos
processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa.
Outrossim, há também comprovação do fumus boni iuris ante a iliquidez da prestação de contas
sobre a aplicação dos recursos oriundos do convênio objeto desta demanda, conforme demonstrado
no ‘item 1.2’, considerando a sua análise imprescindível para o julgamento do mérito do Recurso de
Revisão, tornando assim imperiosa a aplicação do efeito suspensivo ao citado recurso, para que não
ocorra injustiça.
Corroborando com o exposto acima, também permeia o periculum in mora nesta pretensão, haja
vista que a execução provisória do julgado combatido já foi iniciada, conforme processos de cobrança
executiva nºs. 032.917/2014-7 e 032.916/2014-0, pois tais execuções irão ocasionar bloqueio/penhora
do patrimônio do Recorrente/Agravante, bem como pelo fato que será atribuída ilegibilidade do
Recorrente/Agravante no próximo pleito eleitoral municipal de 2016.
Assim, constata-se a perturbadora possibilidade de o Recorrente/Agravante sofrer restrição de
seu patrimônio sob a luz de um processo maculado por nulidade que corrompe seu direito
constitucional à ampla defesa e contraditório.
Ademais, pretensão pelo pleito eleitoral municipal de 2016 não é apenas uma alusão sob um
evento futuro, mas uma realidade que se consagrou no pleito eleitoral de 2012, onde o
Recorrente/Agravante foi eleito, porém não pode realizar sua gestão por determinação judicial.
A existência de constrição patrimonial a ser efetivada, bem como os efeitos de inelegibilidade,
reflexos da denegatória do efeito suspensivo ao Recurso de Revisão interposto pelo
Recorrente/Agravante, deixam clara a ocorrência do periculum in mora.
Como se não bastasse as argumentações acima, o exame da flexibilização do efeito suspensivo
sobre o Recurso de Revisão requer breves esclarecimentos acerca do instituto da coisa julgada,
analisando, sistematicamente, sua conexão ao princípio da presunção de inocência.

7. E discorre o agravante sobre os institutos a que se refere resgatando jurisprudência do STF e


311

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do STJ para reforçar a necessidade de o Tribunal observar, neste caso, o princípio da presunção de
inocência em virtude da inexistência de coisa julgada.
8. Argui, ainda, o agravante a ausência de fundamentação no despacho denegatório do efeito
suspensivo.
9. Registra que o relator “julgou consoante o exame preliminar realizado pela Serur (peças
49/50), e com fulcro nos artigos 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992, conhecendo o
Recurso de Revisão interposto, porém sem a atribuição de efeitos suspensivos.
10. E alega que, “na citada análise preliminar (peça 49/50) não foram expostas as motivações,
nem os fundamentos necessários da denegatória do efeito suspensivo sobre o Recurso de Revisão
interposto”, reforçando esse seu juízo sobre a necessidade de motivação das decisões, conforme Lei nº
9.784/1999 e na doutrina pátria.
11. Conclui que “o referido despacho padece de nulidade, haja vista que o mesmo não
fundamenta sua decisão acerca de ter afastado o efeito suspensivo sobre o recurso interposto, pois
claramente, o despacho não fundamentou a sua decisão, tampouco enfrentou qualquer das razões da
necessidade de aplicação de efeito suspensivo apresentadas pelo Agravante/Embargante no ‘item 1.2’
da peça do Recurso de Revisão”.
12. Por fim, “espera ver admitido, conhecido e provido o presente AGRAVO, em razão da
flagrante violação aos artigos 5°, inciso, LIV, LV, parágrafos 1°, 28 e 170, inciso V da Constituição
Federal, em face de todo o arrazoado no Recurso de Revisão, ensejando a reforma/anulação da
decisão que denegou o efeito suspensivo ao Recurso de Revisão interposto, determinando-lhe a
aplicação do citado efeito”.

É o relatório.

VOTO

Por preencher os requisitos de admissibilidade, conheço do Agravo interposto pelo Sr. Gilberto
Schwarz de Mello contra o despacho por mim exarado em 14/8/2015, ao apreciar a admissibilidade do
recurso de revisão igualmente manejado pelo agravante em face do Acórdão nº 4.523/2014-TCU-
Segunda Câmara.
2. A decisão agravada conheceu do recurso de revisão, consoante análise preliminar efetuada
pela Serur, entretanto, sem atribuição de efeitos suspensivos, e foi vazada nos seguintes termos:
“ Atendidos os requisitos de admissibilidade pertinentes, consoante análise preliminar efetuada
pela Serur (peças 49/50), e com fulcro nos artigos 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992,
conheço do Recurso de Revisão, interposto por Gilberto Schwarz de Mello, sem a atribuição de efeitos
suspensivos, e restituo os presentes autos à Serur, para exame de mérito”.

3. No mérito, rejeito o agravo pelos motivos a seguir expostos.


4. Inicialmente, porque a Lei nº 8.443/1992, Lei Orgânica do Tribunal, estabelece textualmente
que o recurso de revisão não terá efeito suspensivo, verbis:
“Art. 35. De decisão definitiva caberá recurso de revisão ao Plenário, sem efeito suspensivo,
interposto por escrito, uma só vez, pelo responsável, seus sucessores, ou pelo Ministério Público junto
ao Tribunal, dentro do prazo de cinco anos, contados na forma prevista no inciso III do art. 30 desta
Lei, e fundar-se-á:
I - em erro de cálculo nas contas;
II - em falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado a decisão
recorrida;
III - na superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida.
312

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Parágrafo único. A decisão que der provimento a recurso de revisão ensejará a correção de
todo e qualquer erro ou engano apurado”. (Grifei)

5. Aliás, o próprio agravante registra essa circunstância na sua peça recursal, vide como se
expressa o recorrente:
“A Lei Orgânica do TCU, Lei 8.443/1992, por sua vez, dispõe que o recurso de reconsideração,
o pedido de reexame e os embargos de declaração suspendem o cumprimento da decisão recorrida. Já
o recurso de revisão e o agravo de instrumento, em regra, não possuem efeito suspensivo, podendo o
Relator, todavia, atribuir tal efeito ao recurso com fundamento no poder geral de cautela, aplicável
também na esfera do TCU”. (Grifo no original)
6. Ademais, igual disposição está consignada no Regimento Interno desta Casa:
Art. 288. De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada de contas, inclusive
especial, cabe recurso de revisão ao Plenário, de natureza similar à da ação rescisória, sem efeito
suspensivo, interposto uma só vez e por escrito pelo responsável, seus sucessores, ou pelo Ministério
Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de cinco anos, contados na forma prevista no inciso IV do
art. 183, e fundar-se-á”. (Grifei)

7. Igualmente, não socorre o agravante o seu argumento que reconhece a jurisprudência do TCU
no sentido de que o Relator não poderia atribuir efeito suspensivo ao recurso de revisão, entretanto,
ponderando que tais decisões reconhecem a semelhança desse recurso com a ação rescisória, no
âmbito da qual se admite o deferimento de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela
(CPC, art. 489), logo, tal medida seria possível.
8. Em primeiro lugar, porque, como dito pelo agravante, a jurisprudência do TCU é pacífica no
sentido de que não há amparo legal para a concessão de efeito suspensivo ao Recurso de Revisão (v.g.
Acórdãos nºs 1.772/2012, 677/2011, 1.841/2010 e 579/2009, todos de Plenário) ou, dito de outra
forma, não é cabível atribuir efeito suspensivo ao recurso de revisão em razão de expressa proibição
legal (Acórdãos nºs 344/2010 e 1840/2010, ambos do Plenário).
9. Em segundo lugar, ainda que ponderada a similaridade desse recurso com a ação rescisória,
conforme aponta o agravante, identifico precedente do Tribunal no seguinte sentido: “O recurso de
revisão é similar à Ação Rescisória, no processo civil comum, ou ao de revisão criminal, no processo
criminal comum, e guarda a característica de agredir a coisa julgada, daí não ter efeito suspensivo da
decisão, mas tão-só o devolutivo (Acórdão 1.083/2008-TCU-Plenário).
10. Por fim, reconheço que, em casos excepcionais, a doutrina e a jurisprudência admitem a
atribuição desse efeito a recursos que não possuem o atributo da suspensão quando houver relevante
fundamentação para tanto, a teor do art. 558 do Código de Processo Civil, de aplicação subsidiária
nesta Corte. Nesse sentido, identifico o Acórdão 1.918/2015-TCU-Plenário, de Relatoria da Ministra
Ana Arraes, a discutir essa matéria e assim ementado: “A concessão de efeito suspensivo a recurso de
revisão é medida excepcional e requer a presença dos requisitos da plausibilidade jurídica do pedido,
do perigo da demora e, ainda, se existe fundado receio de grave lesão ao erário ou ao interesse
público ou risco de ineficácia da decisão de mérito com a suspensão do deliberado”.
11. Considero que, no mesmo sentido desse precedente, no presente caso, não são cabíveis,
agora, alegações a respeito de prováveis lesões ao patrimônio particular para impedir a continuidade da
ação de execução, que busca, com base em título executivo válido, a reparação do dano sofrido pelo
erário federal, por meio do devido processo legal.
12. Isso, porque não vislumbro neste caso alguns dos requisitos mencionados no precedente, a
saber: fundado receio de grave lesão ao erário ou ao interesse público ou risco de ineficácia da decisão
de mérito.
13. Ademais, tal situação se configurou porque o agravante não exerceu, em sua plenitude e por
seu próprio discernimento, o exercício das suas prerrogativas processuais, visto que não se utilizou do
Recurso de Reconsideração, instituto que a Lei Orgânica do Tribunal previu para rediscutir o mérito da
313

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

matéria, em segunda instância de julgamento, com efeito suspensivo expresso, conforme art. 33 da
referida norma, como forma de permitir ao responsável perante o TCU rediscutir a matéria sem o
impacto da decisão desfavorável sobre seu direito subjetivo.
14. Também não procede a alegação do agravante em relação à ausência de fundamentação no
despacho denegatório do efeito suspensivo, uma vez que, conforme teor que reproduzi no parágrafo 2º
deste voto, a decisão pautou-se na análise preliminar realizada pela Serur e fundamentou-se legalmente
nos artigos 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992, este último dispositivo a mencionar
expressamente a impossibilidade jurídica de concessão de efeito suspensivo no recurso de revisão.
15. Deixo de adentrar na discussão das demais questões suscitadas, por serem matéria afetas ao
mérito do julgado, insuscetíveis de discussão em sede de agravo.
16. Portanto, pendente de apreciação o mérito do recurso de revisão, os presentes autos devem
ser encaminhados à Serur para as providências a seu cargo.

Ante o exposto, VOTO por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2717/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 016.862/2013-9.
1.1. Apensos: 032.916/2014-0; 032.917/2014-7
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (em Recurso de Revisão)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães - MT (03.507.530/0001-19)
3.2. Responsáveis: Flavio Daltro Filho (072.306.051-72); Gilberto Schwarz de Mello
(523.182.651-00)
3.3. Recorrente: Gilberto Schwarz de Mello (523.182.651-00).
4. Órgão/Entidade: Município de Chapada dos Guimarães - MT.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Representação legal:
8.1. Carlos Arruda de Carli (14691/OAB-MT), representando Flavio Daltro Filho;
8.2. Edwin de Almeida Costa (14621/OAB-MT), representando Gilberto Schwarz de Mello;
8.3. Fábio Luiz Palhari (19.255-O/OAB-MT), representando Gilberto Schwarz de Mello;
8.4. Pedro Aparecido de Oliveira (7549/OAB-MT), representando Flavio Daltro Filho.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de que tratam, nesta fase processual, de agravo
interposto pelo Sr. Gilberto Schwarz de Mello contra despacho de minha autoria que conheceu do
Recurso de Revisão manejado contra o Acórdão nº 4.523/2014-TCU-Segunda Câmara, entretanto, sem
a atribuição de efeitos suspensivos,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 289, § 1º, do Regimento Interno deste Tribunal,
em:
9.1. conhecer do presente Agravo para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. cientificar o agravante desta deliberação, mediante envio de cópia do presente Acórdão, bem
como do Relatório e Voto que o fundamentam;
314

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. remeter cópia do presente acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam,
para conhecimento e eventuais providências, à Advocacia-Geral da União (AGU) e à Prefeitura
Municipal de Chapada dos Guimarães (MT);
9.4. encaminhar os autos à Serur, para as providências de praxe e exame do recurso de revisão.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2717-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

GRUPO I – CLASSE II – Plenário


TC 022.133/2015-1
Natureza: Solicitação do Congresso Nacional
Órgão/Entidade: Câmara dos Deputados
Representação legal: não há

SUMÁRIO: SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. CPI – FUNDOS DE PENSÃO.


CÓPIA DOS PROCESSOS, EM ANDAMENTO OU CONCLUÍDOS, ENVOLVENDO OS
FUNDOS DE PENSÃO PETROS, PREVI, FUNCEF E POSTALIS. ALERTAR AO SOLICITANTE
ACERCA DA CHANCELA DE SIGILO QUE RECAI SOBRE AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS.
ATENDIMENTO DA SOLICITAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Solicitação do Congresso Nacional, enviada ao Tribunal pelo Exmo.


Deputado Efraim Filho, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar
indícios de aplicação incorreta de recursos e de manipulação na gestão de fundos de previdência
complementar de funcionários de estatais e servidores públicos, ocorridas entre 2003 e 2015 – CPI –
FUNDOS DE PENSÃO.
2. Os autos foram inicialmente instruídos pela Secretaria de Controle Externo da Previdência, do
Trabalho e da Assistência Social, nos termos a seguir reproduzidos com ajustes de forma considerados
pertinentes:
“INTRODUÇÃO
O Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, destinada a
investigar indícios de aplicação incorreta dos recursos e de manipulação na gestão de fundos de
previdência complementar de funcionários de estatais e servidores públicos, ocorridas entre 2003 e
2015, e que causaram prejuízos vultosos aos seus participantes (CPI — fundos de pensão), Deputado
Efraim Filho (DEM/PB), mediante Ofício 16/15-P (peça 1), de 19/8/2015, encaminhou o
Requerimento 137 de 2015 – CPI-Fundos de Pensão, de autoria do Deputado Fernando Francischini
(Solidariedade/PR), que solicita ao TCU que (peça 1, p. 1): disponibilize para esta CPI, em meio
eletrônico, a documentação de todos os processos, em andamento ou concluídos, envolvendo fundos
de pensão de estatais, no sentido de atender ao requerimento n° 137/2015, cópia em anexo, aprovado
em reunião deliberativa ordinária realizada em 18/8/2015.
315

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. A solicitação supramencionada sofreu aditamento mediante Ofício 39/15-P, de 1/9/2015, no


qual o Presidente da CPI, ao se referir à demanda anterior, informa que ‘a análise deva considerar os
fundos de pensão PETROS, PREVI, FUNCEF e POSTALIS, sobre os quais recaem as maiores
Dúvidas’ (peça 5, p. 1). O Presidente da Comissão esclarece, ainda, ‘que ao prestar as informações
pertinentes esse Tribunal se circunscreva especificamente aos fundos de pensão acima elencados, no
período estabelecido entre os anos de 2003 a 2015’.
EXAME TÉCNICO
3. Considerando que a solicitação em pauta envolve processos associados à Petrobrás (Petros),
ao Banco do Brasil (Previ), à Caixa Econômica Federal (Funcef), à Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (Postalis) e à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc),
entidades que pertencem a Listas de Unidades Jurisdicionadas (LUJ) diversas, sob a relatoria de
diferentes Ministros desta Corte, e sob responsabilidade de diferentes unidades do Tribunal, a
Coordenação-Geral de Controle Externo da Área Social e da Região Nordeste (Cosocial) definiu
caber à Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência Social
(SecexPrevidência) a consolidação das informações para envio à CPI. Com esse propósito, requereu-
se que as secretarias responsáveis pelas respectivas Unidades Jurisdicionadas (UJ) enviassem os
documentos digitalizados para a SecexPrevidência (peça 6, p. 1-3).
4. A tabela abaixo apresenta informações sobre os processos, abertos e encerrados, que
envolvem os quatro fundos de pensão objetos da solicitação da CPI, cuja documentação com todas as
peças acompanha o presente processo, em mídia eletrônica (CD). As informações relativas aos
processos que não se encontram sob a responsabilidade da SecexPrevidência foram a ela repassadas
pelas secretarias responsáveis pelas unidades jurisdicionadas afetas aos fundos de pensão, a saber,
Secretaria de Controle Externo da Fazenda Nacional (SecexFazenda), Secretaria de Controle Externo
da Administração Indireta no Rio de Janeiro (SecexEstatais) e Secretaria de Fiscalização de
Infraestrutura de Aviação Civil e Comunicações (SeinfraAeroTelecom).

Processo Apensados Tipo Estado Ano Relator UJ Unidade


técnica
019.048/2003-3 020.985/2005-5 - REPR ENCERRADO 2003 AROLDO MPS SecexPrevi
SCN CEDRAZ (vinculador)
020.986/2005-2 -
SCN
021.199/2005-1 -
REPR
002.153/2012-2 -
MON
015.113/2013-2 -
MON
007.671/2010-5 SCN ENCERRADO 2010 AROLDO Previc, CEF, SecexPrevi
CEDRAZ BB, Petrobrás

001.485/2013-0 REPR ENCERRADO 2013 AROLDO Previc SecexPrevi


CEDRAZ

013.043/2014-5 DEN ENCERRADO 2014 AROLDO MPS SecexPrevi


CEDRAZ (vinculador)

016.626/2015-0 DEN ABERTO 2015 VITAL DO Previc SecexPrevi


RÊGO
024.579/2013-0 026.609/2013-4 - DEN ABERTO 2013 AUGUSTO -
DEN NARDES

026.609/2013-4 DEN ENCERRADO 2013 AROLDO -


CEDRAZ

024.718/2014-9 DEN ABERTO 2014 AUGUSTO MPS


NARDES (vinculador)

014.779/2015-3 SCN ABERTO 2015 VITAL DO -


RÊGO
316

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

015.443/2015-9 SCN ABERTO 2015 VITAL DO -


RÊGO

007.671/2010-5 SCN ENCERRADO 2010 AROLDO Previc, CEF, SecexPrevi


CEDRAZ BB, Petrobrás
046.352/2012-0 SOLI ENCERRADO 2012 AROLDO Petrobrás SecexEstat
CEDRAZ
004.446/2013-5 SOLI ENCERRADO 2013 AROLDO SecexEstat
CEDRAZ
012.886/2005-2 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO SecexFazen
CEDRAZ
032.650/2011-6 ACOM ENCERRADO 2011 AROLDO CEF SecexFazen
CEDRAZ

014.524/2012-0 REPR ENCERRADO 2012 AROLDO CEF SECEX-RS


CEDRAZ

027.703/2008-5 DEN ENCERRADO 2008 AROLDO CVM, BB, BC, SefidEnerg


CEDRAZ Centrais
Elétricas
Brasileiras S.A.

017.683/2009-5 RL ENCERRADO 2009 AROLDO BB, CVM, MPS SecexFazen


CEDRAZ (vinculador),
CEF, Petrobrás

039.120/2012-0 MON ENCERRADO 2012 AROLDO Banco do Brasil SecexFazen


CEDRAZ S.A.
029.252/2010-5 PC ABERTO 2010 VITAL DO ECT SeinfraTel
RÊGO
026.639/2014-9 PC ABERTO 2014 BENJAMIN ECT SeinfraTel
ZYMLER
016.029/2005-0 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO CEF
CEDRAZ
014.449/2007-2 REPR ENCERRADO 2007 AROLDO CEF
CEDRAZ
015.430/2005-9 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO BB
CEDRAZ
020.594/2005-2 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO BB
CEDRAZ
004.348/2010-9 DEN ENCERRADO 2010 AROLDO BB
CEDRAZ

5. Dos processos elencados acima, 21 são processos eletrônicos, e 5 são processos físicos.
Tendo em vista que ainda estão em andamento as providências para conversão dos processos físicos
para eletrônicos, para obtenção das cópias, cabe informar ao Solicitante que, após a conclusão da
conversão dos processos físicos, haverá o encaminhamento das cópias restantes.
6. De outra parte, cabe propor que os autos sejam encaminhados, primeiramente, à Secretaria
das Sessões para sorteio do relator, nos termos do art. 34 da Resolução-TCU 175/2005, considerando
que os processos acima elencados integram diferentes unidades jurisdicionadas sob a relatoria de
diferentes Ministros.
7. Cabe propor, ainda, que, após o sorteio, os autos sejam enviados ao Gabinete do Relator
sorteado, com proposta de: a) conhecimento da presente Solicitação do Congresso Nacional, com
fundamento nos arts. 1º, II, e 38, II, da Lei 8.443/1992 c/c arts. 1º, III, e 159, II, do Regimento Interno
do TCU, tendo em vista que foram preenchidos os requisitos de admissibilidade estabelecidos nos
arts. 232, III, do Regimento Interno e 4º, I, “b”, da Resolução TCU 215/2008; e b) encaminhamento
dos documentos solicitados pela CPI.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
8. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
317

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

I – encaminhar os autos à Secretaria das Sessões para sorteio de relator, nos termos do art. 34
da Resolução-TCU 175/2005, considerando que os processos acima elencados integram unidades
jurisdicionadas sob a relatoria de diferentes Ministros;
II – após o sorteio, enviar os autos ao Gabinete do Relator sorteado, com proposta de:
a) conhecer da presente Solicitação do Congresso Nacional, com fundamento nos arts. 1º, II, e
38, II, da Lei 8.443/1992 c/c arts. 1º, III, e 159, II, do Regimento Interno do TCU, tendo em vista que
foram preenchidos os requisitos de admissibilidade estabelecidos nos arts. 232, III, do Regimento
Interno e 4º, I, ‘b’, da Resolução TCU 215/2008;
b) autorizar desde já, com fundamento nos arts. 1º, II, e 38, II, da Lei 8.443/1992 c/c arts. 1º, III,
e 159, II, do Regimento Interno do TCU, o encaminhamento de todas as peças dos processos TC
019.048/2003-3, TC 007.671/2010-5, TC 001.485/2013-0, TC 013.043/2014-5, TC 016.626/2015-0,
TC 024.579/2013-0, TC 026.609/2013-4, TC 024.718/2014-9, TC 014.779/2015-3, TC 015.443/2015-
9, TC 007.671/2010-5, TC 046.352/2012-0, TC 004.446/2013-5, TC 012.886/2005-2, TC
032.650/2011-6, TC 014.524/2012-0, TC 027.703/2008-5, TC 017.683/2009-5, TC 039.120/2012-0,
TC 029.252/2010-5 e TC 026.639/2014-9, ao Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
relativa aos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados, Deputado Efraim Filho, transferindo para
a Comissão Parlamentar de Inquérito o resguardo do grau de sigilo aplicável à documentação;
c) informar ao Solicitante que, posteriormente, haverá o encaminhamento de cópia dos
processos TC 016.029/2005-0, TC 014.449/2007-2, TC 015.430/2005-9, TC 020.594/2005-2 e TC
004.348/2010-9, assim que concluída a digitalização dos referidos processos físicos;
III - dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito relativa aos Fundos de Pensão da Câmara dos
Deputados, Deputado Efraim Filho, e ao autor do requerimento de informações encaminhado a esta
Corte, Deputado Fernando Francischini.”
3. O Sr. Secretário manifestou-se de acordo com a proposta de encaminhamento apresentada
pelo Sr. Diretor.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de Solicitação do Congresso Nacional, por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito


– Fundos de Pensão, criada para investigar indícios de aplicação incorreta de recursos e de
manipulação na gestão de fundos de previdência complementar de funcionários de estatais e servidores
públicos, ocorridas entre 2003 e 2015 – CPI – Fundos de pensão, por meio do qual requer informações
sobre os fundos de pensão PETROS, PREVI, FUNCEF e POSTALIS, sobre os quais recaem as
maiores dúvidas.
2. Conforme demonstrado pela Unidade Técnica no relatório precedente, a solicitação oriunda
daquela Comissão Parlamentar merece ser conhecida. Consoante dispõem o art. 4º, inciso I, alínea "b",
da Resolução-TCU 215/2008 e o art. 232, inciso III, do Regimento Interno do TCU (RITCU), o
presidente de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito está legitimado a solicitar informação em
nome do Congresso Nacional.
3. Em relação ao conteúdo da solicitação, importa informar que 21 dos processos são eletrônicos
e 5 físicos, os quais já foram devidamente digitalizados e poderão ser encaminhados após a presente
deliberação.
4. Abaixo estão as informações sobre os processos, abertos ou encerrados, que envolvem os
quatro fundos de pensão objeto de atenção pela CPI:
Processo Apensados Tipo Estado Ano Relator UJ Unidade
técnica
318

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

019.048/2003-3 020.985/2005-5 - REPR ENCERRADO 2003 AROLDO MPS SecexPrevi


SCN CEDRAZ (vinculador)
020.986/2005-2 -
SCN
021.199/2005-1 -
REPR
002.153/2012-2 -
MON
015.113/2013-2 -
MON
007.671/2010-5 SCN ENCERRADO 2010 AROLDO Previc, CEF, SecexPrevi
CEDRAZ BB, Petrobrás

001.485/2013-0 REPR ENCERRADO 2013 AROLDO Previc SecexPrevi


CEDRAZ

013.043/2014-5 DEN ENCERRADO 2014 AROLDO MPS SecexPrevi


CEDRAZ (vinculador)

016.626/2015-0 DEN ABERTO 2015 VITAL DO Previc SecexPrevi


RÊGO
024.579/2013-0 026.609/2013-4 - DEN ABERTO 2013 AUGUSTO -
DEN NARDES

026.609/2013-4 DEN ENCERRADO 2013 AROLDO -


CEDRAZ

024.718/2014-9 DEN ABERTO 2014 AUGUSTO MPS


NARDES (vinculador)

014.779/2015-3 SCN ABERTO 2015 VITAL DO -


RÊGO
015.443/2015-9 SCN ABERTO 2015 VITAL DO -
RÊGO

007.671/2010-5 SCN ENCERRADO 2010 AROLDO Previc, CEF, SecexPrevi


CEDRAZ BB, Petrobrás
046.352/2012-0 SOLI ENCERRADO 2012 AROLDO Petrobrás SecexEstat
CEDRAZ
004.446/2013-5 SOLI ENCERRADO 2013 AROLDO SecexEstat
CEDRAZ
012.886/2005-2 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO SecexFazen
CEDRAZ
032.650/2011-6 ACOM ENCERRADO 2011 AROLDO CEF SecexFazen
CEDRAZ

014.524/2012-0 REPR ENCERRADO 2012 AROLDO CEF SECEX-RS


CEDRAZ

027.703/2008-5 DEN ENCERRADO 2008 AROLDO CVM, BB, BC, SefidEnerg


CEDRAZ Centrais
Elétricas
Brasileiras S.A.

017.683/2009-5 RL ENCERRADO 2009 AROLDO BB, CVM, MPS SecexFazen


CEDRAZ (vinculador),
CEF, Petrobrás

039.120/2012-0 MON ENCERRADO 2012 AROLDO Banco do Brasil SecexFazen


CEDRAZ S.A.
029.252/2010-5 PC ABERTO 2010 VITAL DO ECT SeinfraTel
RÊGO
026.639/2014-9 PC ABERTO 2014 BENJAMIN ECT SeinfraTel
ZYMLER
016.029/2005-0 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO CEF
CEDRAZ
014.449/2007-2 REPR ENCERRADO 2007 AROLDO CEF
CEDRAZ
319

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

015.430/2005-9 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO BB


CEDRAZ
020.594/2005-2 REPR ENCERRADO 2005 AROLDO BB
CEDRAZ
004.348/2010-9 DEN ENCERRADO 2010 AROLDO BB
CEDRAZ

5. Tendo sido sorteado relator (peça 9), entendo de todo pertinente o envio das informações à
comissão parlamentar de inquérito demandante, ressalvando-se o caráter sigiloso de algumas peças
processuais e alertando-se quanto ao caráter preliminar de algumas análises empreendidas no bojo
daqueles processos ainda pendentes de decisão transitada em julgado. Trata-se, pois, de importante
colaboração do Tribunal de Contas da União para o desenvolvimento dos trabalhos da CPI.
Ante o exposto, Voto no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação
do Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2718/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.133/2015-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessado: Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI – FUNDOS DE PENSÃO).
4. Entidade: Câmara dos Deputados.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevi).
8. Representação legal : não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação da Comissão Parlamentar de Inquérito,
instalada em 12/8/2015 (CPI-FUNDOS DE PENSÃO), por meio da qual requer seja disponibilizada,
em meio eletrônico, a documentação de todos os processos, em andamento ou concluídos, envolvendo
os fundos de pensão PETROS, PREVI, FUNCEF E POSTALIS,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer a presente Solicitação, por terem sido cumpridos os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 38, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 232, inciso III, do Regimento Interno do
TCU, e o art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução-TCU 215/2008;
9.2. autorizar desde já, com fundamento nos arts. 1º, II, e 38, II, da Lei 8.443/1992 c/c arts. 1º, III, e
159, II, do Regimento Interno do TCU, o encaminhamento de todas as peças dos processos TC
019.048/2003-3, TC 007.671/2010-5, TC 001.485/2013-0, TC 013.043/2014-5, TC 016.626/2015-0, TC
024.579/2013-0, TC 026.609/2013-4, TC 024.718/2014-9, TC 014.779/2015- 3, TC 015.443/2015-9, TC
007.671/2010-5, TC 046.352/2012-0, TC 004.446/2013-5, TC 012.886/2005-2, TC 032.650/2011-6, TC
014.524/2012-0, TC 027.703/2008-5, TC 017.683/2009- 5, TC 039.120/2012-0, TC 029.252/2010-5, TC
016.029/2005-0, TC 014.449/2007-2, TC 015.430/2005-9, TC 020.594/2005-2 e TC 004.348/2010-9 e TC
026.639/2014-9, ao Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito relativa aos Fundos de Pensão da
Câmara dos Deputados, Deputado Efraim Filho;
9.3. alertar o requerente, em face dos regramentos contidos nas Resoluções TCU 254/2013 e
259/2014, sobre o caráter sigiloso aplicável à documentação, com a consequente necessidade de se
manter a confidencialidade das informações disponibilizadas bem como indicar a natureza preliminar
daquelas informações relacionadas a processos que ainda não contém deliberação deste tribunal com
trânsito em julgado;
320

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4. encaminhar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam,
ao Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito relativa aos Fundos de Pensão da Câmara dos
Deputados, Deputado Efraim Filho, e ao autor do requerimento de informações encaminhado a esta Corte,
Deputado Fernando Francischini; e
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 14, inciso IV da Resolução-TCU
215/2008.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2718-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

GRUPO II – CLASSE II – Plenário


TC 023.142/2015-4
Natureza: Solicitação do Congresso Nacional
Órgão/Entidade: Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Representação legal: não há

SUMÁRIO: Solicitação de informações acerca da participação societária de empresas estatais na


estruturação de empresas privadas. Atendimento parcial. Envio de informações. Arquivamento do
feito.

RELATÓRIO

Cuidam os presentes autos de Solicitação do Congresso Nacional, em que a Exma. Sra.


Presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados encaminha Requerimento
de Informações 116/2015 (peça 1, p. 1), de autoria do Deputado Pauderney Avelino, a fim de que o
TCU preste informações sobre os seguintes itens (peça 1, pp. 2/3):
“I. Reportagem do jornal O Globo, de 24 de agosto de 2015, intitulada "Sob suspeita, estatais
são sócias em 234 empresas privadas", citou levantamento feito pelo TCU que teria como intuito o
mapeamento da extensão dos negócios paralelos das empresas públicas. Esse levantamento foi de fato
realizado? Em caso positivo, quais as conclusões obtidas?
II. As estatais envolvidas participaram da estruturação de empresas privadas com o objetivo
precípuo de futuramente contratá-las sem licitação?
III. Solicito o envio de quaisquer documentos e relatórios produzidos sobre o assunto em tela.”

2. Encaminhado o feito à Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da


Região Sudeste (Coinfra), foi elaborada a instrução constante à peça 9, cujo excerto é a seguir
transcrito:
“2. Analisando a justificativa que acompanha o Ofício supra, observa-se que o fato que dá
origem ao requerimento é a notícia publicada no jornal O Globo, no dia 24 de agosto de 2015. A
321

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

matéria cita levantamento em curso no Tribunal dando conta da existência de participações


societárias de empresas estatais em duzentos e trinta e quatro empresas privadas.
3. Revelando preocupação com o teor noticiado na matéria, o Exmo. Deputado requereu acesso
às conclusões obtidas pelo Tribunal, além dos documentos produzidos durante o procedimento ora
tratado.
HISTÓRICO
4. Em instrução acostada à peça 5 dos autos, realizou-se o exame de admissibilidade e
constatou-se pelo conhecimento do expediente como Solicitação do Congresso Nacional, tendo em
vista a legitimidade da Deputada Soraya Santos (atual presidente da Comissão de Finanças e
Tributação) como autoridade solicitante nos termos do art. 4º, inciso I, alínea b da Resolução TCU
215/2008.
5. Considerando o conflito de competência devido à existência de diversas unidades
jurisdicionadas envolvidas, encaminhou-se o presente processo à Secretaria das Sessões para sorteio
de relatoria (peça 7)
6. No dia 18/9/2015, o Relator sorteado, Exmo. Ministro Augusto Nardes, encaminhou os autos
à Coinfra para andamento dos trabalhos (peça 8).
EXAME TÉCNICO
7. No exame da presente Solicitação do Congresso Nacional, responder-se-á às questões
formuladas no Of. Pres. nº 249/15-CFT (peça 1, p. 1):
QUESTÃO I
8. A primeira questão foi formulada da seguinte maneira: “Reportagem do jornal O Globo, de
24 de agosto de 2015, intitulada "Sob suspeita, estatais são sócias em 234 empresas privadas", citou
levantamento feito pelo TCU que teria como intuito o mapeamento da extensão dos negócios paralelos
das empresas públicas. Esse levantamento foi de fato realizado? Em caso positivo, quais as
conclusões obtidas?”
9. Em resposta, informamos que o Levantamento citado está em curso no âmbito do TC
025.655/2015-9, classificado como sigiloso em função do disposto no art. 2º da Portaria-Segecex nº
15 de 2011. Esse processo (TC 025.655/2015-9), de relatoria do Exmo. Ministro Raimundo Carreiro,
trata de levantamento, cujo objetivo é dar cumprimento à determinação aprovada pelo Colegiado em
virtude da comunicação lida em Plenário pelo Exmo. Ministro Bruno Dantas na sessão ordinária de
22 de abril de 2015, conforme excerto da Ata nº 14/2015 abaixo:
Determinar à Segecex que proceda o levantamento e apresente proposta de fiscalização sobre a
matéria, das situações nas quais entidades da Administração Pública Federal figurem como sócias
minoritárias em empresas privadas, realizando um tratamento ainda mais detalhado nas situações em
que tais empresas figurem como contratadas pela própria Administração.
10. O referido Levantamento encontra-se atualmente aberto e em instrução, não havendo, até o
momento, conclusão e apreciação no mérito.
QUESTÃO II
11. A pergunta da questão II foi realizada da seguinte forma: “as estatais envolvidas
participaram da estruturação de empresas privadas com o objetivo precípuo de futuramente contratá-
las sem licitação?
12. No que tange à participação das estatais na estruturação das empresas privadas,
informamos que, até o momento, não está concluído o tratamento detalhado das situações em que
empresas estatais figuram como contratadas pela própria Administração, uma vez que o
Levantamento do TC 025.655/2015-9 encontra-se em andamento.
QUESTÃO III
13. A terceira questão solicita o envio de quaisquer documentos e relatórios produzidos sobre o
assunto em tela.
14. Considerando que o Levantamento do TC 025.655/2015-9 encontra-se em andamento, é
possível fornecer informações parciais já obtidas no âmbito do processo por meio de cópia das peças
322

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7 e 8 do referido processo. Essas peças cuidam das respostas às diligências feitas por esta Coinfra ao
Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (DEST/MPOG) e à Coordenação-Geral de Participações Societárias vinculada à
Secretaria do Tesouro Nacional (COPAR/STN).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
15. Diante do exposto, submete-se à consideração superior a presente solicitação do Congresso
Nacional, encaminhada pela Presidente da Comissão de Finanças e Tributação, por meio do Of. Pres.
nº 249/15-CFT, de 26 de agosto de 2015, com base no Requerimento de Informações nº 116 de 2015
de autoria do Sr. Deputado Pauderney Avelino, propondo:
a) informar ao relator do TC 025.655/2015-9 que o mencionado processo é conexo a esta
Solicitação e requisitar cópia das peças 7 e 8 do referido processo, que contém as informações
necessárias ao atendimento parcial desta solicitação, nos termos do art. 13 da Resolução-TCU
215/2008;
b) informar ao Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento de Informações
116 de 2015, e à Sr.ª Deputada Soraya Santos, Presidente da Comissão de Finanças e Tributação, que
o Levantamento de que trata o TC 025.655/2015-9 está em curso e que o produto esperado desse
trabalho é eventual proposta de fiscalização a ser submetida ao colegiado desta Corte;
c) considerar esta solicitação parcialmente atendida, nos termos do art. 18 da Resolução-TCU
215/2008, informando ao Exmo. Deputado Pauderney Avelino e à Exma. Deputada Soraya Santos que
o levantamento que trata da participação de empresas estatais como sócias minoritárias em empresas
privadas – levantamento este que tem como produto final eventual proposta de fiscalização –
encontra-se em curso, na fase de planejamento;
d) dar ciência da decisão que vier a ser proferida ao Exmo. Deputado Pauderney Avelino, autor
do Requerimento 116/2015, bem como à Presidente da Comissão de Finanças e Tributação, Exma.
Deputada Soraya Santos, signatária do Of. Pres. nº 249/15-CFT, nos termos do art. 19 da Resolução-
TCU 215/2008, com envio das peças 7 e 8 do TC 025.655/2015-9.”

É o Relatório.

VOTO

Versa a espécie sobre expediente formulado pela Presidente da Comissão de Finanças e


Tributação da Câmara dos Deputados em que encaminha Requerimento de Informações (peça 1, p. 1),
de autoria do Deputado Pauderney Avelino, a fim de que o TCU preste informações sobre participação
societária de empresas estatais na estruturação de empresas privadas.
2. Uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 1º, II, da Lei
8.443/1992, combinado com o art. 4º, II, da Resolução 215/TCU/2008, deve o expediente em análise
ser conhecido como Solicitação do Congresso Nacional, passando-se, portanto, à análise de mérito.
3. O cerne da solicitação consiste em informações sobre participação societária de empresas
estatais na estruturação de empresas privadas.
4. Conforme informado pela Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e
da Região Sudeste (Coinfra), encontra-se em trâmite neste Tribunal o TC 025.655/2015-9, de relatoria
do Exmo. Sr. Ministro Raimundo Carreiro, que versa sobre os pontos suscitados, mas ainda não está
concluído.
5. De acordo com a instrução constante à peça 9, foram realizadas diligências ao Departamento
de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (DEST/MPOG) e à Coordenação-Geral de Participações Societárias vinculada à Secretaria do
Tesouro Nacional (COPAR/STN), que são atos preliminares com vistas à formulação de mérito e,
portanto, não vinculativo, uma vez que ainda não houve pronunciamento definitivo do TCU, mas que,
323

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nas palavras da Unidade Técnica, atenderiam parcialmente à solicitação da Presidente da mencionada


Comissão.
6. Dessa forma, com os fundamentos mencionados no Relatório que antecede este Voto, os quais
adoto como razões de decidir, acolho a proposta formulada uniformemente pela Coinfra, com os
ajustes julgados pertinentes.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2719/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 023.142/2015-4.
2. Grupo II – Classe de Assunto II: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessados/Responsáveis: Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
4. Órgão/Entidade: Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da
Região Sudeste - Coinfra.
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Solicitação do Congresso Nacional oriunda da
Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que encaminhou o Requerimento de
Informações nº 116 de 2015 de autoria do Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino de informações
acerca da participação societária de empresas estatais na estruturação de empresas privadas.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente solicitação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no
art. 38, I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 232, I, do Regimento Interno TCU, para, no mérito, considerá-la
atendida, nos termos do art. 17 da Resolução TCU 215/2008;
9.2. informar ao Exmo. Relator do TC 025.655/2015-9 que há conexão entre o processo e esta
Solicitação e requisitar cópia das peças 7 e 8 do referido processo, que contém as informações
necessárias ao atendimento desta solicitação, nos termos do art. 13 da Resolução 215/TCU/2008;
9.3. informar ao Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento de Informações
116/2015, e à Exma. Sra. Deputada Soraya Santos, Presidente da Comissão de Finanças e Tributação,
que o Levantamento de que trata o TC 025.655/2015-9 está em curso e que o produto esperado desse
trabalho é eventual proposta de fiscalização a ser submetida ao colegiado desta Corte, encontrando-se
na fase de planejamento e que as informações constantes do item seguinte ainda não foram submetidas
à deliberação final deste Tribunal;
9.4. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam ao Exmo.
Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento 116/2015, bem como à Exma. Sra. Presidente da
Comissão de Finanças e Tributação, Deputada Soraya Santos, signatária do Of. Pres. nº 249/15-CFT,
nos termos do art. 19 da Resolução 215/TCU/2008, com envio das peças 7 e 8 do TC 025.655/2015-9;
9.5. solicitar ao Relator do TC 025.655/2015-9 que, quando da análise de mérito daqueles autos,
faça encaminhar cópia do acórdão a ser proferido, bem como do relatório e voto que o fundamentarem,
ao Exmo. Sr. Deputado Pauderney Avelino, autor do Requerimento de Informações 116/2015, e à
Exma. Deputada Soraya Santos, Presidente da Comissão de Finanças e Tributação;
9.6 arquivar os presentes autos, de acordo com o art. 169, V, do RI/TCU.
324

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2719-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário


TC 028.227/2011-5 [Apensos: TC 015.347/2011-7 e TC 000.012/2011-4]
Natureza: Pedido de Reexame (Relatório de Auditoria).
Órgão: Ministério do Turismo.
Recorrentes: Duncan Frank Semple (329.743.531-34) e Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas
(725.652.921-04).
Representação legal: não atuou.

SUMÁRIO: AUDITORIA. CONVÊNIOS DO MINISTÉRIO DO TURISMO. APROVAÇÃO


DE PROJETOS AO ARREPIO DE NORMAS INFRALEGAIS. MULTA. PEDIDO DE REEXAME.
ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMAR A DECISÃO RECORRIDA.
CONHECIMENTO DO RECURSO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução transcrita a seguir (peça 319), elaborada no âmbito da
Secretaria de Recursos (Serur) do TCU, cujo encaminhamento foi aprovado pelo corpo diretivo
daquela unidade técnica (peça 320) e anuído pelo Ministério Público junto ao TCU (MPTCU),
conforme parecer de peça 323:
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de pedidos de reexame (peças 308 e 309) interpostos por Duncan Frank Semple e
Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas, à época dos fatos Diretor de Gestão Estratégica e
Coordenadora-Geral de Análise de Projetos do Ministério do Turismo, respectivamente, contra o
Acórdão 2235/2014 – Plenário (peça 275), transcrito a seguir:
9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas por Adriano Rodrigues Pereira, Ana Isabel
Mesquita de Oliveira, Carla de Souza Marques, Carlos Paulo de Sousa, Frederico Silva da Costa,
Isabelle Agner Brito, Junia Cristina Franca Santos Egidio, Marta Feitosa Lima Rodrigues, Rubens
Portugal Bacellar e Soemes Castilho da Silva;
9.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas por Duncan Frank Semple e Janaina
Cristina Machado Pinto Amazonas, aplicando-lhes multa individual nos valores de R$ 4.000,00
(quatro mil reais) e R$ 8.000,00 (oito mil reais), respectivamente, com fundamento no art. 58, inciso
II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão
até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. determinar ao Ministério do Turismo que encaminhe ao Tribunal, no prazo de 30 dias:
325

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.1 cronograma de trabalho para exame e conclusão das prestações de contas dos convênios
Siconv 704496, 704788, 704854, 704873, 705988, 732146, 739369, 742115, 755508 e 755557,
encaminhando a este Tribunal, ao final do prazo a ser estipulado no referido cronograma, os
resultados e as providências adotadas, exame este que deve verificar a procedência dos indícios de
irregularidades consignados no item ‘£1’ da proposta de encaminhamento contida no Relatório que
fundamenta esta deliberação;
9.3.2. cronograma de trabalho para a adoção das providências cabíveis para a instauração da
devida Tomada de Contas Especial para os convênios Siconv 703334, 736898, 739360, 704165,
704853, 733642, 740842, 741581, 742543 e 754027, e informe a este Tribunal a respeito ao final do
prazo a ser estipulado no cronograma;
9.4. determinar ao Ministério do Turismo que, quando da contratação, por meio de empresário
exclusivo, de profissional de qualquer setor artístico consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública, nos termos do art. 25, inciso III, da Lei 8.666/1993 e do item 9.5 do Acórdão
96/2008-Plenário:
9.4.1. avalie conclusivamente a validade do contrato de exclusividade dos artistas com o
empresário contratado antes do repasse dos recursos ao convenente, reiterando que o contrato de
exclusividade difere da autorização restrita à localidade do evento e concedida apenas para os dias
correspondentes à apresentação dos artistas;
9.4.2. indique, nos pareceres técnicos que concluírem pela adequação dos custos propostos, o
parâmetro referencial utilizado, análise esta que deve incorporar, sempre que possível, outras fontes
além daquelas apresentadas pelos potenciais convenentes;
9.5. recomendar ao Ministério do Turismo que avalie a oportunidade e a conveniência de:
9.5.1. estabelecer regra prevendo que os convênios relacionados a eventos deverão ser
executados primordialmente em destinos considerados prioritários pelo Ministério, em conformidade
com os Planos Nacionais de Turismo;
9.5.2. editar normativo com objetivo de verificar, nos convênios firmados para a realização de
eventos, a existência de patrocínio de outras entidades públicas ou privadas, obedecidos os
parâmetros contidos no Acórdão 96/2008-Plenário;
9.6. encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a
fundamentam, bem como dos documentos constantes às peças 53, 100, p. 1-18, e 164, ao Ministério do
Turismo;
9.7. dar ciência desta deliberação aos responsáveis arrolados neste processo;
9.8. juntar cópia desta deliberação ao TC 027.917/2011-8 (Prestação de Contas Ordinária da
Secretaria-Executiva do MTur, exercício 2010), ao TC 028.009/2011-8 (Prestação de Contas
Ordinária da Coordenação-Geral de Convênios do MTur, exercício 2010), ao TC 027.920/2011-9
(Prestação de Contas Ordinária da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, exercício 2010), ao
TC 041.674/2012-0 (Prestação de Contas Ordinária da Secretaria-Executiva do MTur, exercício
2011), ao TC 041.702/2012-3 (Prestação de Contas Ordinária da Coordenação-Geral de Convênios
do MTur, exercício 2011), a fim de que se verifiquem possíveis reflexos nessas contas.
HISTÓRICO
2. Em cumprimento ao Acórdão 2.113/2011 – Plenário, promoveu-se a presente Auditoria de
Conformidade no Ministério do Turismo (MTur) a fim de avaliar convênios de apoio a eventos e a
festividades. Isso porque se divulgaram nos meios noticiosos irregularidades praticadas em eventos
apoiados pelo Órgão. O Ministério Público especializado as colacionou no TC 000.012/2011-4,
apenso a estes autos. Houve treze achados de auditoria.
3. Dentre as imputações feitas ao ora recorrente Duncan Frank Semple, então Diretor de
Gestão Estratégica do Órgão, a motivadora da sua punição pecuniária, com fundamento no art. 58,
inciso II, da Lei 8.443, de 16/7/1992, por não elidida depois de examinada suas razões de justificativa,
consistiu na aprovação da prestação de contas do Convênio 716152 não obstante a apresentação de
conjunto musical diverso da prevista no plano de trabalho do ajuste sem consulta prévia ao
326

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Concedente, portanto não precedida de análise de custos, em infração ao disposto no art. 37 da então
vigente Portaria Interministerial 127/2008, que impunha o condicionamento de alterações à
celebração de termo aditivo ao negócio jurídico firmado. Irregularidade descrita no subitem 2.12,
alínea b, do Relatório de Auditoria (peça 164, p. 41-53).
4. Com relação à recorrente Janaina Cristina M. Pinto, então Coordenadora-Geral de Análise
de Projetos do MTur, foram duas as irregularidades motivadoras da punição pecuniária.
5. A primeira consistiu na constatação de que se aprovou proposta do convênio Siconv 742543
em data coincidente com o início do evento seu objeto, de modo a fazer impossível a obrigatória
supervisão no local prevista em normativos do MTur, registrada no subitem 2.7 do Relatório de
Auditoria (peça 164, p. 30-32) e subalínea g.1 da instrução final (peça 269, p. 24-25). O convênio
impugnado teve por fim apresentações musicais nos dias 28 e 29 de junho de 2010 em dois municípios
do Estado de Sergipe. Dois meses antes, a área técnica no Ministério fez a primeira análise da
proposta e identificou a necessidade de expedir comunicação de diligência ao interessado, com o que
o processo retornou ao Ministério para exame em 24/6/2010, quatro dias antes do evento.
6. Consta nos autos a informação de que no dia 28 de junho daquele ano a proposta ainda
carecia de complementação pelo proponente (peça 226, p. 8), oportunidade em que se requereu a
adequação da proposta ao valor autorizado e a juntada aos autos da programação do evento.
7. O Tribunal reputou que o procedimento é irregular porque (i) é vedada pela Portaria MTur
153/2009 a realização de diligências ou o seu saneamento a menos de setenta e duas horas da data de
início de vigência do negócio jurídico e porque (ii) a aprovação da proposta no dia do evento impediu
a obrigatória fiscalização no local prevista noutro normativo daquele Ministério.
8. A responsável juntou aos autos memorando ministerial supostamente autorizador da
aprovação de convênios na data de início de sua vigência em caráter excepcional. A Corte entendeu
haver a norma mencionada apenas autorizado a feitura de análises e as diligências e incumbido à
área técnica competente de aprovar ou rejeitar as propostas, pelo que cumpria à responsável avaliar
se eventual aprovação impactaria o descumprimento de outros normativos, sobretudo diante de
planos de trabalho previsores, como no caso, de repasses significativos.
9. A segunda irregularidade, objeto do subitem do 2.8 do Relatório de Auditoria (peça 164, p.
32-34) e da subalínea g.2 da instrução final (peça 269, p. 25-26) e motivadora da apenação da
responsável, constituiu-se na aprovação de proposta do Convênio Siconv 736898 com previsão de
transferência no valor de R$ 1.192.320,00 oriundos de emenda parlamentar individual para uma
associação de defesa de direitos sociais, portanto ao arrepio do estabelecimento de teto no valor de
R$ 300.000,00 para apoio a evento com recursos de emenda parlamentar individual mediante a
Portaria MTur 153/2009.
10. Diante disso, os responsáveis mencionados interpuseram os recursos a seguir examinados,
mediante os quais pedem (peça 308, p. 9) a reforma da decisão no sentido do julgamento pela elisão
das aplicações de multa memoriadas.
ADMISSIBILIDADE
11. Perfilham-se os exames de admissibilidade juntados às peças 310 e 311, acolhidos pelo
relator do recurso, ministro Aroldo Cedraz (peça 315), em que se propõe conhecer dos recursos e
suspender os efeitos do subitem 9.2 da decisão combatida.
MÉRITO
12. Delimitação
12.1. No essencial, é de perquirir se:
a) a aprovação de prestação de contas de convênio cujo plano de trabalho se alterou sem a
celebração de termo aditivo consistiria em conduta de menor grau de gravidade na hipótese de
alteração apenas do conjunto musical previsto;
b) a vistoria no local da execução do evento objeto de convênio em seu segundo dia de
realização não impossibilitaria a tomada de todos os procedimentos condicionantes da aprovação da
proposta; e
327

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) o objeto de convênio consistente em conjunto de eventos implica a sujeição de cada um desses


ao teto estabelecido no art. 29 da Portaria MTur 153/2009.
13. Da aprovação de prestação de contas de convênio cujo plano trabalho se alterou sem a sua
aprovação pelo Concedente
13.1. O recorrente Duncan Frank Semple assevera (peça 308, p. 3-9) que a aprovação de
prestação de contas de convênio cujo plano de trabalho se alterou sem a aprovação pelo Concedente
consistiria em conduta de menor grau de gravidade na hipótese concretizada, a de alteração apenas
do conjunto musical previsto.
13.2. Assere que caberia ter em vista que à época dos fatos era da Coordenação Extraordinária
de Análise de Prestação de Contas, seção cuja criação teria sido por ele sugerida, a responsabilidade
pela análise das prestações de contas no MTur, conforme o disposto na Portaria MTur 142/2010.
Análise
13.3. O recorrente carece de razão.
13.4. De acordo com o entendimento o Tribunal consolidado em sua jurisprudência, há desvio
de finalidade na hipótese de os recursos transferidos terem aplicação distinta da programada por
empregados para alcance de outros objetivos; há desvio de objeto, diversamente, na de terem sido
empregados para o alcance dos mesmos objetivos iniciais conquanto sua aplicação tenha sido distinta
da programada. Vale notar que o Tribunal tem reiteradamente decidido julgar contas regulares com
ressalva e não condenar o responsável a ressarcir o erário se constatado tão somente desvio de objeto
– e não desvio de finalidade, locupletamento do gestor ou dano ao erário (Acórdãos 2.190/2013 e
2.706/2013 – 2ª Câmara).
13.5. O recorrente desenvolve arrazoado acerca desse juízo do Tribunal em processos de
contas. Cita decisões em que o Tribunal julgou contas regulares com ressalva e não condenação em
débito diante de desvio de objeto.
13.6. Ora, trata-se de questão distinta da motivadora de sua apenação. Como está claro na
fundamentação da decisão, a conduta reprovável do ora recorrente, motivadora de sua apenação, não
consistiu na alteração, em si, do conjunto musical previsto, mas antes na falta da consulta prévia ao
Concedente para tanto, em infração ao disposto no expressamente citado art. 37 da então vigente
Portaria Interministerial 127/2008, que impunha o condicionamento de alterações à celebração de
termo aditivo ao negócio jurídico firmado. De tal descumprimento de norma decorreu a inexistência
de análise de custos da execução do objeto do convênio, dado que, à evidência, a execução de
apresentação musical por conjunto distinto implica custos diferentes.
13.7. Poder-se-á dizer que o Tribunal não apenou responsáveis em casos similares. É que tanto
a aplicação ou não da multa estatuída na cabeça do art. 58 da Lei 8.443, de 1992, como o
estabelecimento do seu valor, observados os limites ali mesmo fixados, é decisão proferida a juízo
desta Corte conforme tenha reputado maior ou menor a gravidade da conduta. É o que se infere sem
maior dificuldade da leitura atenta das expressões ‘poderá aplicar multa’ e ‘de até Cr$ 42.000.000,00
[..] ou valor equivalente’ na cabeça do artigo mencionado.
13.8. Trata-se de atribuição desta Corte no exercício do poder discricionário da Administração.
Vale lembrar do conceito dado ao adjetivo discricionário por Plácido e Silva em sua consagrada obra
Vocabulário Jurídico (28ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 484):
DISCRICIONÁRIO. Assim se diz de todo poder, que não está limitado, que se dirige pela própria
vontade do agente, sem qualquer limitação exterior, segundo sua própria discrição ou entendimento.
13.9. O juízo de aplicação de sanção deve considerar não só a gravidade da infração em causa,
mas também as circunstâncias envolvidas na conduta do administrador faltoso em cada caso concreto
examinado. E é possível que tais circunstâncias influam na convicção do Tribunal de modo a afastar a
cominação das penalidades previstas sem que tal constitua precedente em face de infrações da mesma
natureza.
328

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.10. Como se vê com a leitura do item 15 da referida fundamentação (peça 277), a Corte
reputou que tal falha se constitui em ‘grave infração à Portaria Interministerial 127/2008’ e consistiu
em motivo para multar o ora recorrente.
13.11. Perfilha-se tal entendimento e se entendem que as razões recursais, em face do exposto
nos subitens 13.5 e 13.6 supra, não servem de fundamento para revelar erro nesse julgamento.
14. Da incompatibilidade da vistoria no local da execução do evento objeto do convênio em seu
primeiro dia de realização com a aprovação do projeto na mesma data
14.1. A recorrente Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas assere (peça 309, p. 1-2) que a
vistoria no local da execução do evento objeto de convênio em seu segundo dia de realização não
impossibilitaria a tomada de todos os procedimentos condicionantes da aprovação da proposta.
14.2. Não teria havido má-fé de sua parte.
14.3. A proposta teria tido sua ‘autorização de análise’ emitida no dia 20/4/2010 e no dia 23
próximo seguinte devolvida ao proponente ‘para complementações’. Em 10/6/2010 teria sido emitido
parecer no sentido do seu cancelamento em face da inexistência de saldo suficiente para o custeio da
emenda parlamentar. Todavia, não se teria podido efetuar o cancelamento no Siconv naquela
oportunidade em razão de a proposta estar com o proponente.
14.4. Em razão da existência do mencionado parecer e do registro no Siconv da sua situação de
proposta ‘em complementação’, a proposta teria sido retirada do conjunto de pleitos pendentes de
análise.
14.5. Somente em 28/6/2010, ante nova disponibilidade de recursos pecuniários originados de
emenda parlamentar, a Coordenação-Geral de Análise de Projetos (CGAP) teria tido autorização
para retomar a análise de projeto.
14.6. Trabalhavam de forma integrada as seções responsáveis pela análise, pelo monitoramento
e pela fiscalização dos projetos. Por essa maneira, a fiscalização do convênio teria sido iniciada junto
com a sua formalização. Mesmo antes desta, a Coordenação-Geral de Monitoramento e Fiscalização
(CGMC) teria sido cientificada da possível aprovação do projeto mediante o correio eletrônico de
cópia aposta à peça 309, p. 4-5.
14.7. Caberia considerar que o cancelamento temporário havido consistiu em fato excepcional
alheio à vontade da ora recorrente por foça do poder discricionário das autoridades parlamentares
para manejar os recursos pecuniários oriundos de suas emendas e que mesmo diante de tal
intercorrência o ‘prazo exíguo’ não impediu a realização de ‘todos os trâmites necessários desde a
análise à fiscalização in loco’.
14.8. Em suma, não teria ficado comprovada a impossibilidade da realização da fiscalização no
local ‘mesmo que apenas no segundo dia do evento em questão’.
14.9. Por fim, a recorrente assere que se cingiu a cumprir determinações superiores e faz prova
do alegado mediante a cópia de memorando acostada à peça 309, p. 6, expediente mediante o qual o
Secretário Nacional de Políticas de Turismo da MTur faz saber de sua decisão, tomada em conjunto
com o Secretário-Executivo do Órgão, no sentido de, por força de instabilidades havidas no sistema
informatizado e na decorrente impossibilidade da feitura e do cumprimento de diligências, fixar em
2/7/2010 a data-limite para a feitura de diligência e análises de propostas de convênios ‘com previsão
de início de vigência’ até essa mesma data.
Análise
14.10. A alegação não merece prosperar.
14.11. O cerne da questão não está na viabilidade de haverem sido tomados os procedimentos
prévios à aprovação do convênio, mas antes, à impossibilidade de feitura da fiscalização da
realização do evento a ele relativo ante a aprovação em data coincidente com a da sua própria
realização.
14.12. Mediante o Memorando Circular MTur 10/2010 (peça 226, p. 15), novamente trazido aos
autos pela ora recorrente (peça 309, p. 6), não se autorizou, em caráter excepcional, a aprovação de
convênios até a data de início de sua vigência, mas, antes, a feitura de análises e as diligências
329

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fundadoras da aprovação. A feitura de tais análises e diligências com antecedência inferior a setenta
e duas horas da data de início de vigência do negócio jurídico de objeto de valor pecuniário
significativo era, em regra, vedada pela Portaria MTur 153/2009.
14.13. Contudo, também havia norma a observar não relativa à feitura de análises e diligências,
mas à de fiscalização da realização do evento no seu local. Cumpria à área técnica competente
aprovar ou rejeitar a proposta relativa ao convênio em foco tendo em vista também a necessidade do
cumprimento da obrigatoriedade, estabelecida no Memorando Circular MTur 24/2009 (peça 99, p.
31-33, Capítulo II, alínea b) de feitura de fiscalização no local de convênios celebrados ‘cujo objeto
seja o apoio a eventos e que sejam contemplados com transferência de recursos federais superiores a
R$ 500.000.00’.
14.14. Vale dizer, a aprovação em foco haveria que se dar com antecedência bastante para a
feitura da fiscalização da realização do evento − e não, portanto, em dia coincidente com o da
realização do evento, hipótese em que restaria inviabilizada tal fiscalização.
14.15. Nessa linha de raciocínio, eventuais problemas de instabilidade do sistema informatizado
não se prestam de justificativa para a aprovação do convênio ao arrepio de requisitos para tanto,
dentre esses, a feitura obrigatória de fiscalização no local, conforme o registrado no subitem 2.7 do
Relatório de Auditoria (peça 164, p. 30-32) e subalínea g.1 da instrução final (peça 269, p. 24-25).
14.16. Diante da proximidade da data prevista para a realização do evento de alto valor
pecuniário, cumpria rejeitá-lo tempestivamente para que não tivesse lugar a sua custosa realização
sem a sua obrigatória fiscalização.
14.17. A própria recorrente, conquanto não o prove, afirma que somente se fiscalizou a
realização do segundo dia do evento. Ora, tal corresponde a admitir, ao menos, que não houve a
fiscalização no seu primeiro dia de realização, ressaltando-se, todavia, que a conclusão da equipe de
auditoria foi pela inexistência da referida fiscalização in loco (conforme item 2.7.7. do Relatório de
Fiscalização, à peça 164, p. 31). Fato grave não apenas pelo descumprimento da norma aqui
explicado, mas, principalmente, pelo valor total dos recursos pecuniários nele empregados.
14.18. Tem-se, dessa maneira, por grave a conduta reprovável da ora recorrente. E, corolário,
por acertada a apenação impugnada.
15. Do objeto de convênio consistente em conjunto de eventos a implicar a sujeição de cada um
desses ao teto estabelecido no art. 29 da Portaria MTur 153/2009.
15.1. A recorrente Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas sustenta (peça 309, p. 2) que o
objeto de convênio consistente em conjunto composto por três eventos implica a sujeição de cada um
desses ao teto estabelecido no art. 29 da Portaria MTur 153/2009.
15.2. Não teria excedido esse limite o valor de nenhum dos três eventos, cada um consistente
numa ‘etapa’.
15.3. Ter-se-ia dado que no ‘parecer de aprovação’ as ‘informações’ não teriam sido ‘inseridas
de forma separada’ como se teria feito noutros convênios aprovados. Tal não implicaria infração à
norma aqui citada.
Análise
15.4. Não assiste razão à recorrente.
15.5. Transcrevem-se do sítio do Ministério do Turismo na rede mundial de computadores o art.
28 da então vigente Portaria MTur 153, de 6/10/2009:
Art. 28. O teto para apoio a evento com recursos de Emenda Parlamentar Individual limita-se a R$
300.000,00 (trezentos mil reais) por evento, sendo possível o apoio conjunto de Emendas Parlamentares
Individuais distintas, respeitando-se, neste caso, o limite máximo de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
reais) por evento.
Parágrafo Único. O apoio a eventos em valores acima de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
reais) somente poderá ser viabilizado com recursos oriundos de Emendas Parlamentares de Bancada.
15.6. O dispositivo supratranscrito estabelece como regra o teto de R$ 300.000,00 em foco por
evento custeado com recursos de Emenda Parlamentar Individual; como exceção à regra, o evento
330

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

custeado por conjunto composto por distintas emendas dessa natureza, hipótese em que o limite
máximo a observar seria de R$ 1.200.000,00.
15.7. A norma estabelecia, ainda, em seu parágrafo único, a possibilidade de se custear evento
de valor maior que R$ 1.200.000,00 se viabilizado ‘com recursos oriundos de Emendas Parlamentares
de Bancada’.
15.8. Como visto na instrução do processo, o Convênio Siconv 736898 recebeu uma única
Emenda Parlamentar Individual. Portanto, a situação fática se subsume tão só à regra geral
estabelecida na cabeça do art. 28 supratranscrito – e não à exceção nela estabelecida ou à hipótese
prevista no seu parágrafo único. Por essa forma, em tal situação se pode empregar em apenas um dos
eventos previstos, esse valor máximo oriundo da única emenda recebida.
15.9. Como repassaram-se R$ 1.192.000,00 para o convênio, restou não observado o teto
estipulado na regra geral e a sua aprovação se constitui em conduta reprovável; suscetível, assim, da
punição aplicada pela Corte.
CONCLUSÃO
16. Das análises anteriores conclui-se que:
a) a aprovação de prestação de contas de convênio cujo plano de trabalho se alterou sem a
celebração de termo aditivo consiste em conduta grave quando mesmo na hipótese de alteração
apenas do conjunto musical previsto;
b) se impossível tomar todos os procedimentos condicionantes da aprovação de proposta de
convênio, ainda que em razão de fatos alheios à vontade do agente público para tanto competente, faz
mister a sua rejeição;
c) consistente o objeto de convênio em conjunto de eventos, o recebimento para a sua
concretização de uma única Emenda Parlamentar individual implica a subsunção da situação fática à
regra geral estabelecida na cabeça do art. 28 da Portaria MTur 153, de 2009, vigente à época, qual a
de limitação do apoio ao valor máximo de R$ 300.000,00, de modo que em tal situação se pode
empregar em apenas um dos eventos previstos esse valor máximo oriundo da única emenda recebida.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
17. Do exposto, propõe-se, com fundamento nos art. 48 da Lei 8.443, de 16/6/1992:
a) conhecer dos recursos e, no mérito, negar-lhes provimento;
b) notificar da decisão sobrevinda os recorrentes e os demais interessados notificados do
Acórdão impugnado, não sem antes anexar ao expediente de notificação cópia do relatório e de da
fundamentação do acórdão sobrevindo.”
É o relatório.

VOTO

Examinam-se nestes autos, pedidos de reexame contra o Acórdão nº 2.235/2014-TCU-Plenário,


interpostos pelo Sr. Duncan Frank Semple e pela Sra. Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas,
Diretor de Gestão Estratégica e Coordenadora-Geral de Análise de Projetos do Ministério do Turismo,
à época dos fatos, os quais foram responsabilizados e multados no referido decisum, por
irregularidades cometidas na aprovação de convênios.
2. Os recursos foram detidamente analisados na Secretaria de Recursos (Serur) deste Tribunal.
Em suma, o Sr. Duncan Frank Semple centrou os argumentos de sua peça recursal na alegação de que
se constituiu em ocorrência de menor grau de gravidade a aprovação da prestação de contas do
Convênio 716152, por meio do qual foram repassados recursos federais para a apresentação de banda
musical diversa daquela prevista no plano de trabalho do ajuste. Em seu socorro, trouxe julgados
recentes do Tribunal, em que ocorrências semelhantes, segundo seu entendimento, teriam acarretado o
julgamento das contas regulares com ressalvas, posto tratar-se de desvio de objeto e não de finalidade.
331

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Não assiste razão ao recorrente, conforme bem analisado pela Serur. O caso presente não se
confunde com as situações trazidas da jurisprudência do Tribunal, visto que aqui, houve substituição
da banda musical sem autorização do MTur, não havendo, portanto, uma análise dos novos custos da
execução do objeto do convênio, que alterou-se com a contratação de banda diferente daquela prevista
inicialmente. Tal fato resultou em infração ao disposto no art. 37 da então vigente Portaria
Interministerial 127/2008. Além da omissão na análise dos novos custos envolvidos, não foi
apresentado na peça recursal qualquer comprovação de que a nova banda atendia, plenamente, à
finalidade do convênio.
4. No que diz respeito ao recurso da Sra. Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas, seus
argumentos tentam demonstrar, inicialmente, a existência de elementos alheios à sua área de atuação,
os quais motivaram a aprovação do convênio Siconv 742543 em data coincidente com o início do
evento - apresentações musicais nos dias 28 e 29 de junho de 2010 em dois municípios do estado de
Sergipe. Aduz a recorrente que a vistoria no local da execução do evento, de responsabilidade de outra
unidade do Ministério, não se mostrava inviabilizada, ainda que fosse no segundo dia do evento,
considerando, adicionalmente, que tal unidade foi informada via email sobre o convênio. Recorre-se
ainda, a Sra. Janaina, do Memorando Circular nº 10/2010/Mtur, que previu excepcionalidade na
tramitação de projetos com data de início até o dia 02 de julho daquele ano.
5. Não obstante os argumentos apresentados, não há como dar guarida às pretensões da
recorrente. Conforme analisado pela unidade técnica, ainda que se tratem de fatos alheios à
discricionariedade da ora recorrente, não ficou comprovada possibilidade da realização da fiscalização
no local “mesmo que no segundo dia do evento em questão”. Cabia à recorrente aprovar o convênio
apenas no caso de haver antecedência suficiente para a realização da fiscalização e não em dia
coincidente com o da realização do evento, hipótese em que ficou inviabilizada tal fiscalização. Assim,
considerando a relevância dos valores envolvidos, na ordem de R$ 500.000.00, cumpria à recorrente
rejeitar a realização do evento para que o mesmo não ocorresse sem a sua obrigatória fiscalização, ou
aprová-lo somente no caso de, seguramente, restar comprovado pela área responsável que tal
fiscalização era viável.
6. A Sra. Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas alega ainda, quanto à extrapolação do teto
estabelecido no art. 29 da Portaria MTur 153/2009, que o objeto do convênio questionado consistia em
um conjunto composto por três eventos, o que implicaria a sujeição de cada um desses,
individualmente.
7. Também neste caso, não assiste razão à recorrente. Conforme esclarecido pela Serur, o artigo
28 da então vigente Portaria MTur 153, de 6/10/2009, prevê que o teto para apoio a evento com
recursos de Emenda Parlamentar Individual limitava-se a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) por
evento, sendo possível o apoio conjunto de Emendas Parlamentares Individuais distintas, respeitando-
se, neste caso, o limite máximo de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) por evento. O
parágrafo único do artigo 28 estabelecia que o apoio a eventos em valores acima de R$ 1.200.000,00
(um milhão e duzentos mil reais) somente poderia ser viabilizado com recursos oriundos de Emendas
Parlamentares de Bancada.
8. Conforme se verifica no relatório e voto do acórdão recorrido, o Convênio Siconv 736898
recebeu uma única Emenda Parlamentar Individual, sendo repassado o valor de R$ 1.192.000,00.
Restou, assim, não observado o teto de R$ 300.000,00 estipulado no artigo 28 da então vigente
Portaria MTur 153/2009. Conforme analisou a Serur, o apoio a eventos conjuntos, que amplia o teto
para R$ 1.200,00, deve se basear em mais de uma emenda parlamentar, o que não foi o caso.
9. Desse modo, ratificando entendimento manifestado pelo eminente Ministro Aroldo Cedraz, no
exame preliminar de admissibilidade realizado à peça 315, conheço dos recursos interpostos pelo Sr.
Duncan Frank Semple e pela Sra. Janaina Cristina Machado Pinto Amazonas. No mérito, acolho os
fundamentos utilizados na instrução da Serur, transcritos no relatório precedente a este Voto e
resumidos nos itens anteriores, para negar-lhes provimento.
332

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ante o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a minuta de Acórdão que trago à apreciação
deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2720/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 028.227/2011-5.
1.1. Apenso: TC 015.347/2011-7 e TC 000.012/2011-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto I: Pedido de reexame ( em Relatório de Auditoria).
3. Recorrentes: Duncan Frank Semple (329.743.531-34); Janaína Cristina Machado Pinto
Amazonas (725.652.921-04).
4. Órgão/Entidade: Ministério do Turismo.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: não atuou.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se apreciam pedidos de reexame interpostos
contra o Acórdão nº 2.235/2014-TCU-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 48 da Lei nº 8.443, de 1992, conhecer dos pedidos de reexame
interpostos pelo Sr. Duncan Frank Semple (329.743.531-34) e pela Sra. Janaína Cristina Machado
Pinto Amazonas (725.652.921-04) para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, aos
recorrentes e ao Ministério do Turismo.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2720-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

GRUPO I – CLASSE IV – Plenário


TC 012.030/2003-7 [Apenso: TC 006.942/2003-1]
Natureza: Tomada de Contas (exercício de 2002)
Entidade: Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into)
Responsáveis: Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.255-34), José Edilberto Ramalho
Leite (CPF 002.349.823-49), Miguel Lessa Gonçalves (CPF 349.303.967-00), Sérgio Luiz Côrtes da
Silveira (CPF 817.161.767-00), Telmo Silva Hoelz (CPF 354.119.457-04), Adir dos Santos Soares
(CPF 631.716.867-91) e Jorge de Oliveira (CPF 351.220.487-20)
Advogados constituídos nos autos: José Henrique Barbosa Moreira Lima Neto (OAB/RJ 83795),
Flávia Maria de Figueiredo Teixeira (OAB/RJ 109255), Pedro Henrique Pittella de Souza Leite
333

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(OAB/RJ 181590-E), Lincoln Magalhães da Rocha (OAB/DF 24089), Ivan Ribeiro dos Santos
Nazareth (OAB/RJ 121685) e outros

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS DO INSTITUTO NACIONAL DE TRÁUMATO-


ORTOPEDIA (INTO). EXERCÍCIO DE 2002. IRREGULARIDADES EM PAGAMENTOS
DECORRENTES DE CONTRATOS DE OBRA. CITAÇÕES. AUDIÊNCIAS. REJEIÇÃO
PARCIAL DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA.
LEVANTAMENTO DO SOBRESTAMENTO DOS AUTOS. EXCLUSÃO DA RELAÇÃO
PROCESSUAL DO SR. PAULO CÉSAR RONDINELLI. CONTAS REGULARES COM
RESSALVA DE ALGUNS RESPONSÁVEIS. CONTAS IRREGULARES DE OUTROS
RESPONSÁVEIS. DÉBITO. MULTA. AUTORIZAÇÃO PARA PARCELAMENTO DAS
DÍVIDAS. ENVIO DE CÓPIA DA DELIBERAÇÃO À PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

RELATÓRIO

Trata-se da tomada de contas do Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into) referente ao


exercício de 2002. O Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia localiza-se na cidade do Rio de
Janeiro/RJ. Órgão da administração direta vinculado ao Ministério da Saúde, foi instituído pela
Portaria GM/MS n° 1820, de 31/10/1994, e tem por finalidade assessorar o ministério na formulação
da política nacional de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação das doenças do sistema
músculo esquelético, qualificar profissionais, desenvolver pesquisas, além de prestar assistência
através de sua unidade hospitalar. Em julho de 2011, o Into, como membro integrante da estrutura
organizacional do Ministério da Saúde, passou a se chamar Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia Jamil Haddad.
2. Apenso a estes autos está o TC 006.942/2003-1, que trata de auditoria realizada no Into com a
finalidade de analisar a implementação de determinações deste Tribunal e a organização do processo
interno de compras de bens e contratações de serviços. Em decorrência do conteúdo da referida
auditoria foi prolatado o Acórdão nº 2184/2004-TCU-2ª Câmara, determinando a realização de
diligência, audiências e citações, bem como expedindo determinações à Secretaria Executiva do
Ministério da Saúde, ao Into e à Secretaria Federal de Controle Interno.
3. À luz de novos elementos acostados aos autos em razão da mencionada deliberação,
especialmente relatórios periciais elaborados pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema
Único de Saúde (Denasus), o então relator, Ministro Benjamin Zymler, determinou a realização de
novas comunicações, diligências, audiências e citações. Essas proposições foram analisadas pela
Secex/RJ, cuja instrução e proposta de encaminhamento transcrevo a seguir, com ajustes de forma que
entendo pertinentes (peça 23, p. 2-36):
“(...)
11. Alegações de defesa do responsável Deusdeth Gomes do Nascimento
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato n°
13/2000, conforme Relatório Pericial n° 22/2005 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Argumentos
11.1 Em síntese, o responsável apresentou os seguintes elementos para análise:
a) afirmou que ao assumir desconhecia, assim como as equipes do DENASUS, a real dimensão
dos problemas e a gravidade da situação organizacional do INTO;
b) emprestou todo o suporte aos trabalhos de apuração das irregularidades, de responsabilidade
de seu antecessor, Paulo César Rondinelli;
c) o Relatório n° 22 "não estava disponível à época dos fatos ocorridos, o que demonstra, no
mínimo, boa-fé do suplicante e seu desconhecimento acerca das irregularidades apontadas";
334

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) foi "vítima das circunstâncias" e "da ineficiência dos diversos setores responsáveis pela
administração do INTO";
e) é um cirurgião de renome e desenvolve valoroso trabalho na presidência da ABBR;
f) sua gestão foi prejudicada por uma assessoria precária;
g) muitos fatos só chegaram ao seu conhecimento após os relatórios de auditoria;
h) afirmou que os pagamentos foram efetuados com observância de todos os trâmites legais;
i) sustenta que qualquer irregularidade porventura existente adveio da má execução da obra e
não do pagamento em si;
j) não participou diretamente dos processos de pagamento, deixando os trâmites administrativos
a cargo dos agentes e órgãos responsáveis; desse modo, inexiste nexo de causalidade entre qualquer
conduta danosa e a sua atuação;
k) não se lhe pode atribuir culpa ou dolo, em sede de responsabilidade subjetiva, pois agiu
sempre norteado por despachos e pareceres dos órgãos técnicos e jurídicos;
l) solicitou que o TCU aguarde o resultado de nova perícia no HEAN que teria sido solicitada à
Comissão de Processo Administrativo Disciplinar instaurada pela portaria ministerial GM/MS nº
829/05, afirmando que os elementos do Relatório Pericial n° 22 basearam-se em verificação indireta;
Análise
11.2 A questão central relativa às obras do Hospital Estadual Anchieta foi a mudança do projeto
determinada direta e pessoalmente pelo ex-Diretor Deusdeth Gomes do Nascimento. Não se sustenta,
portanto, o argumento de desconhecimento ou de má assessoria.
11.3 Conforme já registrado, a alteração do projeto ocorreu de modo intempestivo, em afronta
aos dispositivos legais e contrariando a jurisprudência desta Corte na matéria (Decisão n° 215/1999-
Plenário; Relator: Ministro JOSÉ ANTONIO B. DE MACEDO):
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos
seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus
objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; (...)
§ 1 O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões
que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por
cento) para os seus acréscimos.
§ 2 Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes.
"(..) responder à consulta formulada pelo ex-Ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal (...) nos seguintes termos:
a) tanto as alterações contratuais quantitativas - que modificam a dimensão do objeto - quanto as
unilaterais qualitativas - que mantêm intangível o objeto, em natureza e em dimensão, estão sujeitas aos limites
preestabelecidos nos §§ 1° e 2° do art. 65 da Lei n.°8.666/93, em face do respeito aos direitos do contratado
(...), do princípio da proporcionalidade e da necessidade de esses limites serem obrigatoriamente fixados em
lei;
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas de contratos de
obras e serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites aludidos no item anterior, observados os
princípios da finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais do
contratante privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguintes pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma eventual
rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um novo
procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e econômico-
financeira do contratado;
335

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou imprevisíveis por
ocasião da contratação inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de natureza e
propósito diversos;
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização do cronograma de
execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;
VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os limites
legais mencionados na alínea 'a' supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão contratual,
seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse público primário
(interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja, gravíssimas a esse interesse, inclusive quanto à
sua urgência e emergência:" (grifei)
11.4 Assinale-se que nem o ex-Diretor, nem a empresa demonstraram o cumprimento de um
sequer dos seis requisitos cumulativos exigidos pelo TCU. Ao contrário, os elementos presentes nos
autos comprovam que:
a) não foi apresentado nenhum fato superveniente que implicasse em dificuldades não previstas
ou imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;
b) ocorreu a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de natureza e propósito
diversos;
c) em vez da "antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes", ocorreu a sua
inviabilização; e
d) não há registro de documento expressando a motivação do aditamento contratual com as
demonstrações requeridas.
11.5 Quanto à má execução da obra, observe-se que a cláusula oitava do Contrato n° 13/2000
estipulou como obrigação do contratante:
a) manter rígido acompanhamento do presente contrato, na sua execução, de modo a assegurar a fiel
observância de suas cláusulas e condições operacionais no âmbito das unidades hospitalares e administrativas;
(...) d) fiscalizar a execução dos serviços prestados e rejeitar, no todo ou em parte, se os mesmos
estiverem em desacordo com os termos descritos no cronograma físico-financeiro - anexo III que integra o
presente contrato.
11.6 Não poderia o ex-Diretor desconhecer a prerrogativa da Administração Pública presente no
art. 58 da Lei n° 8.666/1003, nem as obrigações estipuladas no art. 67 do mesmo diploma:
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração,
em relação a eles, a prerrogativa de: (...)
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
informações pertinentes a essa atribuição.
§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com
a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados.
§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência do representante deverão ser solicitadas
a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes.
11.7 Importa, também, assinalar que a alteração determinada por Deusdeth Gomes do
Nascimento no projeto de reforma e recuperação do Hospital Estadual Anchieta, modificando a
principal finalidade da unidade de centro de reabilitação e fisioterapia para centro de cirurgia,
formalizada apenas 29 dias após sua posse na direção do INTO e desacompanhada de quaisquer
estudos técnicos indicando a necessidade dessas mudanças, atendeu ao seu interesse pessoal na
qualidade de presidente da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação — ABBR, que, mantido
o projeto inicial, perderia a condição de principal centro receptor de pacientes de reabilitação no Rio
de Janeiro (vol. 3, fl. 251). Ressalte-se que a destinação original das obras no HEAN foi prevista como
um dos objetivos do Convênio nº 02/1997, atendendo a reivindicação da Comissão de Portadores de
Deficiência (Anexo 8, fls. 15-16 e 18).
336

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.8 No Relatório de Gestão de 2001, o responsável declarou que "a partir de novembro de
2001, a ABBR passa a ser responsável também pelo atendimento ambulatorial em sua sede, num setor
exclusivo que dispõem (sic) de instalações adequadas para atendimento pós-operatório nas diversas
sub-especialidades, para os pacientes do INTO (TC 008.213/2002-2, principal - fl. 24). De igual
forma, ao justificar a contratação sem licitação da ABBR, o responsável afirmou que "a contratada é
notoriamente a única instituição qualificada, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a promover a
implementação do projeto em questão, posto que é um centro de referência pioneiro em reabilitação
..." (TC 008.213/2002-2, principal - fl. 83).
11.9 A alteração foi determinada em afronta aos dispositivos já mencionados da Lei n°
8.666/1993, mesmo implicando na demolição das parcelas até então executadas da obra, como a
piscina do ginásio de hidroterapia, e ainda que ao custo adicional de R$ 811.577,96 para o Tesouro.
Tudo contribuindo para uma obra mal planejada, mal gerenciada, mal executada e mal fiscalizada, cujo
resultado é nulo em termos de assistência à saúde da população. A conduta do ex-Diretor Deusdeth
Gomes do Nascimento, a par de caracterizar-se como ato de gestão ilegal, ilegítimo e antieconômico, é
inequivocamente passível de enquadramento nos tipos previstos no caput do art. 11 da Lei n°
8.429/1992, segundo o qual constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições. Ademais, os fatos constantes dos autos
caracterizam a ocorrência do crime previsto no art. 92 da Lei n° 8.666/1993, com a responsabilidade
solidária da empresa contratada, nos termos do parágrafo único do mesmo dispositivo:
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem
autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda,
pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta
Lei;
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente concorrido para a
consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou
prorrogações contratuais.
11.10 O açodamento na modificação do projeto foi tal que a planta fornecida pelo ex-Diretor à
VOLUME não tem data ou assinatura. Tais informações também não constam dos desenhos e
documentos examinados pela equipe responsável pelo Relatório Pericial, em desobediência a preceitos
legais e à jurisprudência desta Corte: "somente aceite projetos básicos contendo o nome do engenheiro
responsável e a devida ART no CREA, nos termos dos arts. 1º e 2° da Lei no 6.496/1077" (Decisão n°
535/2000 — Plenário, Rel.: Min, MARCOS VILAÇA)
11.11 Quanto à solicitação de que o TCU aguarde os resultados de uma nova perícia que teria
sido solicitada à Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, cumpre assinalar que há
independência entre as instâncias, não estando o controle externo exercido pelo TCU vinculado a
decisões ou procedimentos na esfera administrativo-disciplinar. Nada impede que, na forma
regimentalmente prevista, o responsável venha a apresentar memorial com elementos constantes de
nova perícia, se essa vier a ser realizada. O que não pode prosperar é o adiamento sine die dos
presentes autos.
11.12 No caso em exame, a perícia já existiu, por solicitação do Ministério Público da União.
Foram examinados centenas de itens (Anexo 8, fls. 145-181), confrontando-se a realidade observada in
loco pelos auditores - e minuciosamente registrada em fotografias - com as medições apresentadas pela
empresa. A solicitação da nova perícia não apresenta um único questionamento aos dados mensurados
pelos técnicos e registrados no Relatório Pericial. A propósito, cumpre lembrar a lição de Hely Lopes
Meirelles i acerca da presunção de legitimidade da administração pública:
"Outra consequência da presunção de legitimidade é a transferência do ônus da prova de invalidade do ato
administrativo para quem a invoca. Cuide-se de arguição de nulidade do ato, por vício formal ou ideológico, a
prova do defeito apontado ficará sempre a cargo do impugnante, e até a sua anulação o ato terá plena eficácia."
337

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.13 Aplicando-se o princípio da analogia, deduz-se que cabia ao responsável demonstrar


algum erro, imprecisão, falha ou insuficiência no Relatório Pericial. Não o tendo feito, a postulação de
uma nova perícia carece de amparo legal, doutrinário e jurisprudencial.
Considerações acerca da Lei de Responsabilidade Fiscal
11.14 No que concerne às alterações profundas determinadas pelo responsável Deusdeth Gomes
do Nascimento no projeto da obra, alterando efetivamente o objeto do contrato de centro de
reabilitação para centro de cirurgia, aplicam-se as considerações acerca da Lei de Responsabilidade
Fiscal constantes dos itens 53 a 55 da instrução do vol. 3, fis. 247 a 248 do TC 008.213/2002-2:
53. A Lei Complementar n° 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, estabeleceu
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Posteriormente, a Lei n° 10.028,
de 19/10/2000, introduziu alterações no Código Penal, sendo cognominada Lei dos Crimes Fiscais. Dispõem os
artes. 15 e 16 da LRF:
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de
despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa será acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
subsequentes;
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira
com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 1° Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
I- adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação especifica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de firma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e
a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o
exercício;
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme
com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas
disposições.
§ 2° A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de
cálculo utilizadas.
§ 3° Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser
a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4° As normas do caput constituem condição prévia para:
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras:
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3° do art. 182 da Constituição." (grifei)
54. Observa-se dos autos do processo que não constam os documentos exigidos pelos incisos I e II do art.
16 da LRF, o que faz com que as despesas decorrentes do respectivo contrato sejam não autorizadas,
irregulares e lesivas ao patrimônio público à luz do art. 15 da LRF. Por conseguinte, encontra-se o gestor,
Paulo César Rondinelli, sujeito a responder pelo crime capitulado no art. 2° da Lei n° 10.028/2000, a seguir
transcrito:
"Art. 2° O Título XI do Decreto-Lei n° 2.848, de 1940, passa a vigorar acrescido do seguinte capítulo e
artigos:
... "Ordenação de despesa não autorizada"
"Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:"
"Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos."
55. Cumpre, por conseguinte, propor a remessa dos autos ao Ministério Público Federal para que adote
as providências cabíveis no que concerne à Lei de Responsabilidade Fiscal e à Lei dos Crimes Fiscais.
11.15 Acrescente-se a tais ponderações, a palavra do professor Carlos Pinto Coelho Motta acerca
do art. 16 da LRF:
O dispositivo em tela, com seus incisos e parágrafos, direciona-se portanto aos atos decisórios referentes à
contratação.
338

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.16 Também o respeitado doutrinador Jessé Torres Pereira Júnior acentuou a importância do
dispositivo:
Assim, uma vez que se haja especificado completamente o objeto a contratar-se (seja compra, obra ou
serviço, reitere-se), há de constar nos autos definição administrativa quanto à natureza desse objeto implicar, ou
não, o atendimento àquele preceito da LRF.
11.17 Semelhante é a dicção de Lucas Rocha Furtado:
O art. 15 da LRF dispõe, em primeiro lugar, que serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas
ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam ao disposto em seus
artigos 16 e 17.
Nesses termos, a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa deverá ser acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
subsequentes;
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a
lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
A estimativa de impacto orçamentário-financeiro para os três exercícios - para aquele em que entrará em
vigor a despesa e para os dois subsequentes - deverá, em primeiro lugar, demonstrar a adequação da despesa
com a lei orçamentária anual, indicando que a essa despesa é objeto de dotação específica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a
realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício.
Essa estimativa deverá igualmente demonstrar a compatibilidade da despesa a ser gerada pelo contrato com o
plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, e que ela se conforma com as diretrizes, objetivos,
prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
Impõe a ainda a LRF, em seu art. 16, § 2°, que essa estimativa será acompanhada das premissas e
metodologia de cálculo utilizadas. Além da estimativa do impacto financeiro-orçamentário, deverá constar nos
autos do processo de licitação ou de contratação direta a declaração do ordenador de despesa, ou seja, daquela
"autoridade de cujos ates resultem a emissão de empenho, autorização de pagamento, suprimento ou dispêndio
de recursos" (conforme dispõe o art. 80, § 1°, do Decreto-lei 200/64) de que o aumento de despesa a ser gerado
pela execução do contrato tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e
compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Ou seja, a declaração será
apenas o ato que vinculará o ordenador de despesa à estimativa de impacto financeiro-orçamentário, imputando-
lhe, consequentemente, responsabilidade pessoal.
Verifica-se, portanto, que além da simples indicação da rubrica orçamentária de onde irá originar-se o
recurso para fazer frente à despesa a ser gerada pelo contrato, condição já imposta pela Lei 8.666/93, a LRF
impõe, ademais, a juntada aos autos do processo de licitação ou de contratação direta da estimativa do impacto
orçamentário-financeiro e da declaração do ordenador de despesa aqui referidos. Essas duas providências
constituem, ademais, em condição prévia para o "empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou
execução de obras", nos termos do art. 16, § 4°, da LRF. (...)
Esses são importantes aspectos da LRF que trazemos à discussão. O não cumprimento desses preceitos,
conforme dispõe o art. 15 da LRF, importará em que as despesas decorrentes de execução de contratos mantidos
pelo Poder Público sejam consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público, exigindo,
em consequência, a pronta atuação do Ministério Público e Tribunal de Contas competentes.
11.18 Da mesma forma que fizera o seu antecessor, Paulo César Rondinelli, ao celebrar o
contrato, o ex-Diretor Deusdeth Gomes do Nascimento ao firmar o quarto termo aditivo ao contrato
desrespeitou os mencionados preceitos da LRF, incorrendo na hipótese prevista no art. 359-D do
Decreto-Lei n°2.848/1940, com a redação do art. 2° da Lei n° 10.028/2000.
11.19 Por conseguinte, propõe-se em relação ao responsável Deusdeth Gomes do Nascimento a
remessa dos autos ao Ministério Público Federal para que adote as providências cabíveis no que
concerne à Lei de Responsabilidade Fiscal e à Lei dos Crimes Fiscais, tendo em vista a presença de
elementos que sugerem a ocorrência do crime capitulado no art. 359-D do Decreto-Lei nº 2.848/1940,
com a redação do art. 2° da Lei n° 10.028/2000.
Conclusão:
339

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.20 De todo o exposto, conclui-se pela rejeição das alegações de defesa, propondo-se a
determinação ao responsável Deusdeth Gomes do Nascimento da restituição do débito em
solidariedade com a VOLUME Construções e Participações Ltda., bem como a aplicação da sanção
prevista no art. 57 da Lei n° 8.443/1992, sem prejuízo das medidas complementares alvitradas.
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Processo
n° 250057.0892, conforme Relatório Pericial n° 21/2004 da Equipe de Perícia em Obras do
DENASUS.
Argumentos
11.21 Reproduziu a argumentação apresentada relativa ao Contrato n° 13/2000. Sustentou que
não apostou qualquer rubrica ou exarou parecer e/ou autorização com referência a esse processo.
Afirmou a inexistência de nexo causal entre sua conduta e a irregularidade apontada. Invocou a
doutrina da responsabilidade subjetiva do servidor público
Análise
11.22 O exame do Relatório Pericial nº 21 indica a ocorrência de irregularidades na realização
da Dispensa de Licitação n° 50/02 e na execução do contrato de obras com a empresa LETECMJ
Serviços Técnicos Ltda.-ME, com pagamento efetuado acima dos valores reais para os serviços
executados (Anexo 3, fls. 004-022 e 029). A Planilha de Glosa (Anexo II ao Relatório Pericial n° 21)
identifica um pagamento indevido no exercício de 2002, conforme quadro a seguir.
Apenso XLIII — Relatório n° 21 — LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME — pagamento
efetuado acima dos valores reais para os serviços executados
Valor original da glosa Data Documentos correspondentes
R$ 4.262,72 24/6/2002 NF nº 16, de 13/6/2002

11.23 O responsável não contestou a existência do débito, nem o seu montante. Limitou-se a
negar sua responsabilidade.
11.24 Ora, o Relatório que fundamentou o Acórdão n° 1.619/2004-Plenário sintetizou a
orientação desta Corte nos seguintes termos:
"É entendimento pacífico no Tribunal que o instrumento da delegação de competência não retira a
responsabilidade de quem delega, visto que remanesce a responsabilidade no nível delegante em relação aos
atos do delegado (v.g. Acórdão 56/1992 - Plenário, in Ata 40/1992; Acórdão 54/1999 - Plenário, in Ata
19/1999; Acórdão 153/2001 – Segunda Câmara, in Ata 10/2001). Cabe, por conseguinte, à autoridade delegante
a fiscalização dos atos de seus subordinados, diante da culpa in eligendo e da culpa in vigilando."
11.25 A recorrência das irregularidades verificadas no setor de licitações e de fiscalização de
contratos, especialmente na área de obras, sinaliza para ausência de diligência mínima do então Diretor
em exigir dos setores competentes maior rigor na conferência dos dispêndios por ele autorizados,
quanto à conformidade legal e à exatidão dos documentos que os fundamentam. Portanto, faltou
cautela ao administrador em adotar medidas preventivas de acompanhamento gerencial sobre pontos
em que poderia haver maior risco de ocorrência de irregularidade.
Conclusão:
11.26 Pela rejeição das alegações de defesa, propondo-se a determinação ao responsável
Deusdeth Gomes do Nascimento da restituição do débito, em solidariedade com a LETECM Serviços
Técnicos Ltda. ME, bem como a aplicação da sanção prevista no art. 57 da Lei n° 8.443/1992.
Ocorrência: Valor pago à empresa Rhana Carga Internacional Ltda., no total de R$ 12.581,35 e
R$ 7.329,27 em função das despesas operacionais relativas à importação dos bens objeto dos processos
1514/2000 e o 0856/2001, respectivamente, os quais não foram concluídos, visto que não houve a
aquisição dos bens, pois não foram emitidos os empenhos.
Argumentos
11.27 Esclareceu que tais pagamentos não foram efetuados, com suporte em documentos da
Divisão de Administração de Material e Patrimônio (Anexo 9, fl. 029).
Análise
340

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.28 As alegações de defesa apresentadas pela empresa (item 15.3 desta instrução)
esclareceram o ponto e, sendo acatadas, alcançam o responsável solidário.
Conclusão:
11.29 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
Ocorrência: Valor pago à empresa Rhana Carga Internacional Ltda. referente à "taxa sindical"
de R$ 715,00, para os 6 procedimentos de importação, totalizando R$ 4.290,00, tendo em vista que
não cabe a cobrança da taxa, com base no § 2° do art. 50 do Decreto Lei n° 2472/1988, pois no preço
da Prestação de Serviços, no valor de R$ 6.250,00, para cada Declaração de Importação, já estavam
incluídos os serviços do despachante aduaneiro.
Argumentos
11.30 Em síntese, argumentou que a taxa foi efetivamente recolhida ao Sindicato, tendo sido
arrecadado o competente imposto de renda, bem como que a taxa compunha item à parte na tabela de
custos da empresa.
Análise
11.31 As alegações de defesa apresentadas pela empresa (item 15.7 desta instrução)
esclareceram o ponto e, sendo acatadas, alcançam o responsável solidário.
Conclusão:
11.32 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
Ocorrência: Valor pago à empresa Rhana Carga Internacional Ltda, pelo serviço de "frete
local+seguro local+Ad Valorem do transporte", uma vez que os mesmos estavam incluídos no preço
da Prestação de Serviço, segundo itens 1.20 e 1.21 da "Proposta de Prestação de Serviços de
Importação", encaminhada ao INTO pela empresa Rhana Carga Internacional Ltda., datado de
06/02/2002.
Argumentos
11.33 Sustentou a legitimidade do procedimento adotado.
Análise
11.34 As alegações de defesa apresentadas pela empresa (item 15.9 desta instrução)
esclareceram o ponto e, sendo acatadas, alcançam o responsável solidário.
Conclusão:
11.35 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
12. Alegações de defesa do responsável Sérgio Luiz Côrtes da Silveira
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato n°
22/2002, conforme Relatório Pericial n° 20/2004 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Argumentos
12.1 Inicialmente, apresentou "considerações iniciais necessárias" (Anexo 11, fls. 002-007)
relatando sua trajetória como gestor e chamando a atenção "para o conjunto da obra realizada" que
"não pode ser maculado por simples detalhes formais que não afetaram os resultados; por simples
impropriedades materiais porventura ocorridas e que não alteraram os procedimentos de maneira
substancial ...".
12.2 A seguir, a resposta abraçou as teses da "imprestabilidade, no caso concreto, da prova
emprestada" (Anexo 11, fls. 009-011), do "induzimento ao erro cometido pela equipe técnica em
obras do DENASUS" (Anexo 11, fis. 011-012), do "desrespeito ao princípio do devido processo legal,
caracterizador do cerceamento de defesa" (Anexo 11, fls. 012-015), do "desrespeito aos princípios do
contraditório e da ampla defesa cometido pela equipe técnica em obras do DENASUS,
caracterizadores do cerceamento de defesa" (Anexo 11, fls. 015-021) e, finalmente, da
"incompetência de um dos peritos para subscrever os relatórios periciais" (Anexo 11, fis. 021-022).
12.3 Posteriormente, a resposta examinou o mérito das ocorrências assinaladas.
12.4 Alegou o responsável que quem assinou as Notas de Empenho foi o seu subordinado
Miguel Lessa Gonçalves, a partir do atesto dos servidores Adir dos Santos Soares e Jorge de Oliveira,
tendo se limitado a assinar o contrato e ratificar a despesa, sendo, portanto, um caso de excludente de
341

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

tipicidade de conduta, com fulcro no princípio da confiança, uma vez que não seria razoável "se exigir
de um Médico Ortopedista a formulação de questionamentos na área da engenharia civil". Registrou,
igualmente, que adotou providências saneadoras em 13/03/2003, anteriormente ao recebimento de
Ofício da SECEX-RJ, do qual resultou uma glosa no valor de R$ 34.252.88; assim como informou os
fatos à Comissão de Processo Administrativo Disciplinar.
Análise
12.5 Quanto a elementos de apreciação subjetiva sobre a carreira do gestor, não cumpre
considerá-los; sendo oportuno, apenas, pontuar, quanto à afirmação de que o "INTO era um antes da
gestão do ora defendente, sendo completamente outro após a sua gestão", que o responsável não foi
alheio às gestões que o antecederam, às quais posteriormente acusou de graves irregularidades, tendo
sido membro ativo da Diretoria do INTO nas gestões dos senhores Paulo César Rondinelli e Deusdeth
Gomes do Nascimento, nas quais desempenhou funções de confiança, inclusive tendo sido nomeado
presidente da comissão de licitação do órgão em período assinalado por graves irregularidades. Por
outro lado, o fato de ter sido nomeado Secretário de Estado de Saúde não o torna imune à fiscalização
desta Corte. Tanto é assim que diversos ilustres antecessores seus no mesmo cargo já foram objeto de
sanções determinadas pelo TCU.
12.6 No que concerne à argumentação acerca da imprestabilidade da prova emprestada, a defesa
não distinguiu a especificidade dos processos de controle externo em face das normas que presidem o
processo penal.
12.7 Os argumentos não se aplicam ao caso concreto em análise. Um Relatório Pericial assim
como um Relatório de Auditoria elaborado por equipe de fiscalização do TCU não se caracteriza como
um procedimento judicial, mas técnico, assemelhando-se a um procedimento inquisitorial, em que
ainda não há indiciados ou acusados, não cabendo, portanto, o estabelecimento do contraditório.
12.8 A oportunidade do contraditório e da ampla defesa surge com a decisão do Ministro-
Relator de promover a audiência ou a citação. Neste sentido, citem-se trechos do Relatório que
fundamentou o Acórdão n° 200/2002-Plenário (Relator: Ministro AUGUSTO SHERMAN):
Relativamente às provas emprestadas aludidas pelo apelante, depreende-se da obra citada pelo recorrente,
que o autor considera 'válida, sem dúvida, a prova carreada aos autos obtida em outro processo. Contudo, tendo
em linha de consideração que a ausência da garantia da ampla defesa e do contraditório é o principal motivo
para determinar a anulação dos processos de TCE, temos sustentado a necessidade de se permitir ao envolvido,
logo após a transferência de provas, o direito de contraditá-las".
(...)
Quanto às demais solicitações apresentadas pelo apelante, deve ser evidenciado que as provas constantes
do inquérito policial vieram confirmar os fatos levantados pela unidade técnica, conforme já referenciado nos
itens 3.2 a 3.2.5 e 4.1 desta instrução. Frise-se que não existe óbice ao aproveitamento de provas emprestadas
obtidas em outro processo, desde que seja permitido ao responsável contraditá-las, como se depreende da obra
Tomada de Contas Especial, de Jorge Ulysses Jacoby Fernandes, mencionada pelo próprio recorrente como
respaldo à sua defesa. Portanto, entende-se que tais argumentos não merecem acolhimento.
12.9 De igual modo, o Acórdão n° 301/2001 — Plenário (Relator: Ministro VALMIR
CAMPELO):
Por que os documentos originários do Ministério Público e da CPI do Judiciário não poderiam ser
considerados meios de prova? Tão-só por vontade da recorrente? Decerto, não tem razão o GRUPO OK
CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES S.A. Todos os meios moralmente legítimos são hábeis para provar a
verdade dos fatos, máxime os documentos. Se a recorrente os reputa falsos, cabia a ela demonstrar a falsidade
de tais documentos. Ao revés disso, limitou-se a anatemizá-los, estabelecendo como dogma que documentos
fornecidos pelo Ministério Público ou por CPI não têm valor probante.
Na forma como ataca a validade do uso da documentação extraída de outros processos, a recorrente
parece desconhecer a chamada 'prova emprestada', admissível no Direito pátrio.
12.10 Nos processos perante o TCU, a realização da citação e da audiência asseguram a
observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa. É uma absoluta contradição do
responsável utilizar-se da oportunidade de defesa para alegar cerceamento do direito de defesa.
342

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12.11 No que concerne à suposta incompetência de um dos peritos para subscrever os relatórios
periciais, tal circunstância, ainda que eventualmente confirmada, não tem o condão de alterar a
substância dos mesmos. Demais, os relatórios foram produtos de trabalho de equipe e não de natureza
individual; desse modo, a chancela de outros profissionais habilitados assegura a validade dos
trabalhos. Também a esse respeito vale citar trecho do Relatório que fundamentou o Acórdão nº
301/2001 — Plenário (Relator: Ministro VALM1R CAMPELO):
Com respeito à alegação de que o julgamento das contas se fundou em documentos apócrifos e sem
autenticação, cumpre notar que a valoração da prova é uma atribuição do órgão judicante. A parte pode defender
a invalidade ou impertinência de algum elemento probatório, mas a palavra final a respeito disso é a do
julgador. O princípio da livre apreciação da prova pelo juiz constitui um dos cânones do direito adjetivo pátrio
(cf. REsp n° 7.870/SP, DJ de 03.02.92) e encontra-se positivado no art. 131 do Código de Processo Civil, in
verbis:
'Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos,
ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o
convencimento.'
12.12 O exame do Relatório Pericial n° 20 indica a ocorrência de inúmeras e graves
irregularidades na contratação e na execução à9 contrato de obras com a empresa M & One Serviços
Técnicos Ltda. ME, com pagamento efetuado acima dos valores reais para os serviços executados
(Anexo 2, fls. 003-029 e 039). A Planilha de Glosa (Anexo II ao Relatório Pericial n° 20) identifica um
pagamento indevido no exercício de 2002, conforme quadro a seguir (Anexo 3, fl. 039).
Apenso XL — Relatório n° 20 - M & One Serviços Técnicos Ltda. ME — pagamento efetuado
acima dos valores reais para os serviços executados
Valor original da glosa Data Documentos correspondentes
R$ 132.461,81 24/10/2002 NF nº 18, de 1/10/2002

12.13 Cumpre registrar que irregularidades na contratação da M & One Serviços Técnicos Ltda.
ME foram detectadas nos autos do TC 006.942/2003-1, anexo aos presentes autos, tendo conduzido,
por Despacho do Ministro-Relator, LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA, à realização de audiência
dos responsáveis Sérgio Luiz antes da Silveira, Adir dos Santos Soares e Jorge de Oliveira, cujas
razões de justificativa apresentadas foram analisadas na instrução do vol. 3, fls. 002-034, concluindo-
se pela rejeição das mesmas. Entre os argumentos então apresentados, os responsáveis admitiram ter
ocorrido um pagamento a maior de R$ 34.252,88, cuja restituição teria sido solicitada pelo INTO à
empresa, mas de cujo retorno aos cofres públicos não há registro. Tendo em vista o exame mais
minucioso constante do Relatório Pericial n° 20, considerou-se na citação o valor da glosa em R$
132.461,81, que não foi contestado pelos citados.
12.14 A respeito da argumentação visando imputar a responsabilidade a seus subordinados,
aplica-se o raciocínio exposto nos itens 11.24 e 11.25 da presente instrução. Há, contudo, três
agravantes. Em primeiro lugar, o contrato em questão foi celebrado por expressa solicitação do
responsável (TC 006.942/2003-1, vol. 3, fl. 140), então Coordenador de Administração Geral do
1NTO. Em sequência, embora alegue não ser razoável exigir-se de um Médico Ortopedista
conhecimentos não pertinentes a sua área de especialização, no expediente em que solicitou a
realização da obra, o responsável teceu robusta sustentação da inconveniência de certame licitatório
sob pretexto da emergência (TC 006.942/2003-1, vol. 3, fl. 140). Ora, como demonstrado na instrução
do vol. 3, fl. 020, o mesmo responsável, já investido das funções de Diretor-Geral do 1NTO, tendo
assinado contrato para obra de emergência visando minimizar "risco à saúde dos pacientes e
funcionários da Instituição", não poderia ignorar que o contrato incluiu diversos serviços que não
guardavam relação com as determinações da Anvisa para serem executados emergencialmente.
Finalmente, o senhor Adir Soares dos Santos, Artífice de Carpintaria e Marcenaria, que, conforme
depoimento à CPAD assinou projeto básico e plantas preparados por terceiros ligados à empresa
contratada (TC 006.942/2003-1, vol. 3, 11. 145), foi designado como fiscal do Contrato pessoalmente
pelo responsável Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, conforme a Cláusula Oitava (TC 006.942/2003-1, vol.
343

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2, fl. 45). Como o responsável exercera antes a função de Coordenador de Administração Geral, não
cabe alegar que desconhecia a ausência de qualificações do referido servidor para tão relevante função.
12.15 Por derradeiro, quanto ao argumento de que adotou providências tempestivamente, cumpre
sublinhar que a iniciativa de promover a medição somente ocorreu quatro meses após a realização do
último pagamento e quando a equipe de auditoria do DENASUS já estava trabalhando no INTO, por
solicitação da Procuradoria da República, e também poucos dias antes do início dos trabalhos de
campo de equipe de fiscalização da SECEX-RJ (TC 006.942/2003-1).
Conclusão:
12.16 Pela rejeição das alegações de defesa, propondo-se a determinação ao responsável Sérgio
Luiz Côrtes da Silveira da restituição do débito, em solidariedade com a M & One Serviços Técnicos
Ltda. ME, bem como a aplicação da sanção prevista no art. 57 da Lei n° 8.443/1992.
13. Alegações de defesa do responsável Volume Construções e Participações Ltda.
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato n°
13/2000, conforme Relatório Pericial n° 22/2005 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Argumentos
13.1 O arrazoado (Anexo 11, fls. 102-128) consiste nos seguintes argumentos principais:
a) a origem que conduziu ao presente procedimento administrativo foi uma representação da
subempreiteira Abdalatif Ltda., que foi condenada a indenizar a VOLUME por dano moral;
b) o certame licitatório foi regular, bem como a execução contratual e a entrega das obras;
c) as irregularidades apuradas pelo DENASUS e pela Comissão de sindicância envolvendo
diretores e servidores do INTO não atingem a VOLUME, que nelas não teve participação, nem por
elas foi favorecida;
d) a solicitação para modificação do projeto partiu do ex-Diretor Deusdeth Gomes do
Nascimento, pessoalmente, cabendo à VOLUME, como contratada, aceitar as modificações impostas
pela Diretoria Geral do INTO e executar as obras de acordo com o projeto modificado;
e) a referida modificação no projeto da obra ensejou a perda de serviços já executados, como o
ginásio de hidroterapia;
f) a VOLUME reconheceu que construiu o ginásio de hidroterapia, demoliu a construção
realizada e construiu, no mesmo lugar, um centro cirúrgico de acordo com o novo projeto, seguindo a
orientação do ex-Diretor Deusdeth Gomes do Nascimento;
g) não procede o questionamento do DENASUS quanto a certos serviços, pois os mesmos não
fizeram parte do escopo da obra;
h) o laudo do DENASUS desconsiderou as mudanças no projeto original;
i) a VOLUME executou os serviços para os quais foi contratada;
j) as falhas nos projetos de obras devem ser atribuídas ao INTO;
k) o desgaste e deteriorização (sic) do Hospital é resultante da sua não ocupação, bem como da
ausência de manutenção predial desde a conclusão das obras em julho de 2002, há mais de cinco anos;
l) o laudo do DENASUS considerou apenas o projeto original, não observando as alterações
promovidas pelos termos aditivos;
m) a glosa dos valores relativos à obra executada representaria enriquecimento sem causa da
Administração Pública
Análise
13.2 O fato gerador da glosa foi a constatação pela Equipe de Auditoria do DENASUS das
irregularidades descritas nos seguintes documentos:
a) Relatório nº 22, da Perícia Técnica Contábil e de Engenharia (Anexo 8, fls. 002-042);
b) Perícia Técnica de Engenharia (Anexo 8, fls. 043-275);
c) Dossiê Fotográfico (Anexo 8, vol. 1, fls. 001-131);
d) Parecer Técnico de Enfermagem (Anexo 8, vol. 1, fls. 132-133c);
e) Parecer Técnico Área Médico Cirúrgico (Anexo 8, vol. 1, fls. 133d-136);
f) Nota Técnica de Engenharia Elétrica (Anexo 8, vol. 1, fls. 137-172);
344

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

g) Documentos anexos à Nota Técnica de Engenharia Elétrica (Anexo 8, vol. 1, fls. 173-233).
13.3 As alegações de defesa apresentadas desconsideraram os elementos constantes dos itens c),
d), g), h), i), j), k), l), m), o), p), q), r), s) e t) da instrução no vol. 3, fls. 111-112, bem como omitem
explicações em relação às irregularidades constatadas na Planilha de Custos, a exemplo das
mencionadas no item 24 da instrução no volume 3, fl. 112.
13.4 As alegações de defesa apresentadas não mencionam que foi a própria VOLUME, por
solicitação do ex-Diretor Deusdeth Gomes do Nascimento, quem orçou e detalhou as alterações do
projeto.
13.5 Ao aceitar o encargo de executar um projeto com as flagrantes falhas apontadas no
Relatório Pericial, e por ela mesma reconhecidas em seu arrazoado, a VOLUME feriu o art. 9°, III,
letra f) do Código de Ética Profissional dos engenheiros que estipula como DEVER do profissional nas
relações com os clientes, empregadores e colaboradores alertar sobre os riscos e responsabilidades
relativos às prescrições técnicas e às consequências presumíveis de sua inobservância. Ademais, nos
termos da Lei n° 6.496/1977, a Anotação de Responsabilidade Técnica — ART define para os efeitos
legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.
Art. 18 - As alterações do projeto ou plano original só poderão ser feitas pelo profissional que o tenha
elaborado.
Parágrafo único - Estando impedido ou recusando-se o autor do projeto ou plano original a prestar sua
colaboração profissional, comprovada a solicitação, as alterações ou modificações deles poderão ser feitas por
outro profissional habilitado, a quem caberá a responsabilidade pelo projeto ou plano modificado.
(...)
Art. 20 - Os profissionais ou organizações de técnicos especializados que colaborarem numa parte do
projeto deverão ser mencionados explicitamente como autores da parte que lhes tiver sido confiada, tornando-se
mister que todos os documentos, como plantas, desenhos, cálculos, pareceres, relatórios, análises, normas,
especificações e outros documentos relativos ao projeto sejam por eles assinados.
Parágrafo único - A responsabilidade técnica pela ampliação, prosseguimento ou conclusão de qualquer
empreendimento de engenharia, arquitetura ou agronomia caberá ao profissional ou entidade registrada que
aceitar esse encargo, sendo-lhe, também, atribuída a responsabilidade das obras, devendo o Conselho Federal
adotar resolução quanto às responsabilidades das partes já executadas ou concluídas por outros profissionais.
13.6 Ora, as plantas e os desenhos relativos às modificações no projeto original não estão
datadas, nem assinadas (Anexo 8, vol. 1, fl. 144). Por ocasião da mudança do objeto "não foram
elaborados e anexados ao processo os projetos complementares das instalações elétricas/telefone,
hidráulica/sanitária, gás, incêndio, gases medicinais, vácuo, ar comprimido e estrutural" (Anexo 8,
vol. 1, fl 145). Desse modo, à luz das normas que regulam o exercício da engenharia no Brasil, a
VOLUME é inequivocamente responsável, tanto pelas alterações que ela própria promoveu no projeto,
quanto por sua execução.
13.7 A profunda alteração do projeto da obra, modificando as características previstas de centro
de reabilitação para centro de cirurgias, constitui, por si só, grave irregularidade que afronta os
seguintes dispositivos legais:
a) Lei n° 8.666/1993:
Art. 92 Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e
do fornecimento de itens a eles necessários:
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo
ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do
capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
b) Lei Complementar tf 101/2000: arts. 15 e 16 (examinados no item 11.14 e seguintes desta instrução).
13.8 Cite-se, a propósito, excerto do Voto condutor do Acórdão n° 1.428/2003-P (Rel. Min.
UBIRATAN AGUIAR):
"6. Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 9a edição, p. 495),
ao discorrer sobre o tema, orienta de forma apropriada que "como princípio geras, não se admite que a
345

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

modificação do contrato, ainda que por mútuo acordo entre as partes, importe alteração radical ou acarrete
frustração aos princípios da obrigatoriedade da licitação e isonomia".
7. Argumentando, questiono se seria razoável admitir que seja adjudicado a um certo licitante a compra
de dez carros populares a um preço global de R$ 230.000,00 e, posteriormente, se assine termo aditivo
substituindo aqueles por seis automóveis de luxo, no valor total de R$ 280.000,00, sob a alegação de que ambos
são carros e que, dessa forma, não houve alteração do objeto e não foi ultrapassado o limite fixado no art. 65
multicitado. Tal procedimento além de ferir o princípio da isonomia entre os licitantes, não assegura à
administração o melhor preço, como exigido pelo art. 3º da Lei n° 8.666/93. Aliás, nem mesmo se pode falar em
licitação, já que foi licitado um objeto e adquirido outro completamente diferente, ainda que ambos
tenham a mesma designação genérica. (...)
10. Não se alegue que não houve alteração do projeto básico, mas apenas o seu detalhamento no projeto
executivo, pois, apesar de reconhecer que este possa fazer algumas correções naquele, não pede alterá-lo de
modo a se constituir objeto completamente distinto do inicialnlinte licitado." (grifei)
13.9 É o citado professor Marçal Justen Filho quem tece os seguintes comentários acerca do
tema:
A Administração, após realizar a contratação, não pode impor alteração da avença mercê da simples
invocação da sua competência discricionária. (...)
A Administração tem de evidenciar, por isso, a superveniência de motivo justificador da alteração
contratual. Deve-se evidenciar que a solução localizada na fase interna da licitação não se revelou,
posteriormente, como a mais adequada. Deve indicar que os fatos posteriores alteraram a situação de fato ou de
direito e exigem um tratamento distinto daquele adotado. (...)
A melhor adequação técnica supõe a descoberta ou a revelação de circunstâncias desconhecidas acerca da
execução da prestação ou a constatação de que a solução técnica anteriormente adotada não era a mais
adequada. (...)
A lei não estabelece limites qualitativos para essa modalidade de modificação contratual. Não se pode
presumir, no entanto, existir liberdade ilimitada. Não se caracteriza a hipótese quando a modificação tiver
tamanha dimensão que altere radicalmente o objeto contratado. (...) No entanto, a modificação unilateral
introduzida pela Administração não pode transfigurar o objeto licitado em outro, qualitativamente distinto.
13.10 Em outra passagem, o referido autor preleciona:
A lei proíbe, implicitamente, que o contrato preveja efeitos financeiros retroativos a período anterior à sua
lavratura. Evita-se, desse modo, o risco de simulação de cumprimento anterior de formalidades. Depois,
elimina-se o surgimento de situações de fato irreversíveis. Se o particular iniciasse o cumprimento das
prestações, a Administração acabaria sendo compelida a legitimar a situação. O contrato poderia funcionar
como a única solução para evitar a revelação da irregularidade.
13.11 Atente-se que a solicitação para a alteração do projeto, subscrita por Deusdeth Gomes do
Nascimento é datada de 29/06/2001 (vol. 3, fl. 251), ou 29 dias após sua posse como diretor do INTO.
Os três primeiros termos aditivos ao contrato, datados de 31/08/2001, 28/1212001 e 30/04/2002
cuidam apenas da prorrogação do prazo de execução, sem nada mencionar quanto a alterações
qualitativas e/ou quantitativas. Apenas o quarto e último termo aditivo, datado de 03/05/2002,
menciona as alterações no projeto como justificativa para um acréscimo de 38,7% no valor da avença,
representando R$ 811.577,96. Poucos dias depois, em 31/05/2002 foi efetuado um pagamento de R$
517.432,03, complementado por outro de R$ 197.130,54 em 04/07/2002, e o restante, sendo pago em
30/07/2002.
13.12 No entanto, o próprio ex-Diretor Deusdeth Gomes do Nascimento, no Relatório de Gestão
que compõe a presente Tomada de Contas, afirmou, em 15/02/2002 que "o HEAN encontra-se em
obras de adaptação com término previsto para março próximo para tornar-se um importante Centro
Referencial em Trauma, com 40 leitos e um Centro de Tratamento de Infecções Osteo-Articulares,
com 40 leitos e Sistema de Oxigeno-Terapia com Câmara Hiperbárica integrada, 05 leitos de UTI,
totalizando 85 leitos e 04 salas cirúrgicas" (TC 008.213/2002-2, principal — fls. 01 e 12), ou seja,
conforme as especificações da alteração do projeto registradas no Ofício INTO 474/2001, principal, fl.
201). Em outro trecho do Relatório de Gestão de 2001, o responsável afirmou “o HEAN encontra-se
em fine final de obras de adaptação e ampliação" (TC 008.213/2002-2, principal — fl. 16).
346

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.13 Resta claro que as modificações começaram a ser executadas antes da formalização da
alteração contratual. Ou seja, a empresa realizou obras e executou serviços, inclusive de demolição das
parcelas anteriormente concluídas, sem cobertura legal e sem autorização contratual, contando com a
omissão e conivência da direção do INTO e dos fiscais do contrato. A celebração do quarto termo
aditivo intentou camuflar a ilegalidade e permitir um "acerto de contas" à custa do Erário.
13.14 Ao efetuar, ainda que por solicitação do ex-Diretor-Geral, alterações profundas no projeto,
que conduziram à inutilização de parcelas anteriormente executadas, estipulando arbitrariamente os
quantitativos a serem executados e, por conseguinte, o montante adicional a ser cobrado do poder
público, a VOLUME beneficiou-se de uma hipótese esdrúxula e ilegal de dispensa de licitação,
caracterizando grave infração a norma legal. Em todos os momentos desse longo percurso de
ilegalidades, a VOLUME atuou em comum acordo com a direção do INTO, agindo com flagrante má-
fé, conforme demonstrado à saciedade pelo Relatório Pericial, inclusive, entre outros, sem ser
exaustivo e demais dos pontos já apontados na instrução do volume 3, fls. 106-118:
a) Execução de serviço em dimensão 06 (seis) vezes menor que a cotada e faturada (Foto n° 01,
Anexo 8, vol. 1, fl. 001);
b) Inobservância da Portaria n° 1.884/GM, de 11/01/1994, cujos anexos constituem
regulamentos técnicos destinados ao planejamento, programação, elaboração, avaliação e aprovação de
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, a ser observado em todo o território
nacional; bem como da NBR 13.534 - Segurança das Instalações Elétricas de Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde, constituindo infração à legislação sanitária federal, nos termos do inciso II do
art. 10 da Lei n° 6.437/1977 (Anexo 8, vol. 1, fls. 138-139);
c) Ausência dos projetos básicos de engenharia de instalações elétricas e eletrônicas (Anexo 8,
vol. 1, fl. 142);
d) Os Projetos Executivos e "Como foi feito" ("As Built") foram pagos, mas não apresentados à
Equipe de Auditoria (Anexo 8, vol. 1, fl. 145);
e) Os projetos gráficos apresentados à Equipe de Auditoria revelam ausência de desenhos,
diagramas, memória de cálculo, memorial descritivo, laudos técnicos, entre outras graves
impropriedades (Anexo 8, vol. 1, fls. 147-148);
f) Todos os serviços de instalações elétricas para o aumento de carga da subestação para 1.500
Kva foram faturados, pagos, mas não realizados; sendo que a concessionária de energia elétrica
informou que a última solicitação para aumento de carga, de 112,5 Kva para 450 Kva ocorreu em 1999
(Anexo 8, vol. 1, fl. 149);
g) Foi mantida a carga instalada de 450 Kva, insuficiente para atender às necessidades
operacionais da unidade, caso um dia viesse a funcionar como previsto (Anexo 8, vol. 1, fl. 157);
h) A não execução de um sistema de proteção da edificação contra descargas atmosféricas (para-
raios) coloca em risco a segurança das instalações do HEAN (Anexo 8, vol. 1, fl. 170).
13.15 Finalmente, a Perícia resume um conjunto de consideranda com 77 irregularidades,
concluindo que "a obra do HEAN é completamente irregular, tanto em alusão aos seus documentos,
como atinente à sua execução, tendo sido pedido, porém perdido, todo o erário que foi destinado para
sua recuperação" (Anexo 8, fls. 261-275). Os demais Relatórios — Fotográfico, Parecer Técnico de
Enfermagem, Parecer Técnico Área Médico Cirúrgico e Nota Técnica de Engenharia Elétrica
corroboram e acrescentam ênfase à descrição das irregularidades apontadas.
13.16 Ante o conjunto de irregularidades comprovadas, impossível desfazer o vínculo de
responsabilidade solidária entre a VOLUME e os dirigentes do INTO.
13.17 Oportuno citar-se a doutrina de Jessé Torres Pereira Júnior:
A obrigação de entregar bem, obra ou serviço em prefeita sintonia com as especificações do ato
convocatório não exclui, ..., a responsabilidade da contratada pela solidez e segurança de obra de vulto, no
quinquênio seguinte ao recebimento, nos termos do Código Civil, que se aplicam aos contratos públicos.
13.18 O dispositivo aplicável do Código Civil, vigente à época da celebração e da execução
contratuais é o art. 1.245:
347

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Art. 1245. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de
materiais e execução responderá, durante 5 (cinco) anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão
dos materiais, como do solo, exceto, quanto a este, se, não o achando firme, preveniu em tempo o dono da obra.
13.19 Comentando o dispositivo, assim expressou-se Clóvis Beviláqua:
Os edifícios e outras construções consideráveis, ..., não revelam os seus vícios desde logo. Abriu para eles
o Código, uma exceção à regra de que cessa, com a aceitação da obra, a responsabilidade do empreiteiro.
13.20 A norma deve ser considerada em conjunto com o § 2° do art. 73 da Lei n° 8.666/1993:
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança
da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos limites
estabelecidos pela lei ou pelo contrato.
13.21 Acerca do recebimento, preleciona Jessé Torres Pereira Júnior: O recebimento integra, a
seu turno, outro conjunto articulado de atos a que o direito financeiro brasileiro chama de "liquidação
da despesa -, cujo ato final (a ordem de pagamento) passa, necessariamente, pela comprovação da
entrega do material ou da prestação efetiva do serviço (Lei nº 4.320/1964, arts. 63-64), ou seja, pelo
recebimento.
13.22 Evidencia-se, portanto, a ilegalidade do pagamento efetuado, sem a regular liquidação da
despesa, tendo em vista os inúmeros defeitos apontados no Relatório Pericial.
13.23 De igual modo, considerando a impossibilidade de aproveitamento, ainda que parcial das
obras, entende-se como técnica e juridicamente adequada a quantificação do débito pelo montante total
despendido. Com efeito, no Acórdão n° 1.260/2006 – 1ª Câmara (Ata n° 16/2006), de relatoria do
Ministro GUILHERME PALMEIRA, em sede de TCE, julgaram-se irregulares as contas e em débito
os responsáveis, com glosa total dos valores repassados e aplicação de multa, em face do pagamento
integral à empresa contratada sem que o objeto do convênio — coincidentemente um hospital, cujo
projeto depois foi alterado para centro hospitalar - tenha sido plenamente executado.
13.24 Embora, efetivamente, negar pagamento a serviços executados constitua enriquecimento
ilícito, o argumento não se aplica à situação sub examine, cuja caracterização é exatamente o oposto:
efetuar pagamento por serviços não realizados ou executados em afronta a dispositivos legais, em
dissonância com as normas técnicas aplicáveis, sem observância de padrões mínimos de qualidade;
resultando em produto absolutamente inservível para o objeto proposto.
13.25 Ao analisar o tema enriquecimento sem causa, posicionou-se o professor Celso Antônio
Bandeira de Mello:
Tem-se, portanto que a regra geral, que o princípio retor da matéria, evidentemente é e não pode deixar
de ser o da radical vedação ao enriquecimento sem causa. Logo, para ser excepcionado, demanda o concurso de
sólidas razões em contrário, quais sejam: a prova, a demonstração robusta e substanciosa de que o
empobrecido obrou com má-fé, concorrendo deliberada e maliciosamente para a produção de ato viciado do
qual esperava captar vantagem indevida. É que, em tal caso, haverá assumido o risco consciente de vir a sofrer
prejuízos se surpreendida a manobra ilegítima em que incorreu. (grifos no original)
13.26 Avultam nos presentes autos as condicionantes apresentadas pelo ilustre administrativista
para excepcionar a aplicação do princípio.
Conclusão
13.27 Opina-se, por conseguinte, pela rejeição das alegações de defesa, propondo-se a
determinação à VOLUME Construções e Participações Ltda. da restituição do débito, em solidariedade
com Deusdeth Gomes do Nascimento, bem como a aplicação da sanção prevista no art. 57 da Lei n°
8.443/1992.
14. Alegações de defesa do responsável Paulo César Rondinelli
Ocorrência: valor da diferença entre a proposta de menor preço, indevidamente desclassificada,
e os valores efetivamente contratados e pagos à empresa Toesa Service Ltda. (Contrato n° 14/1999),
realizados no período de 28/01/2002 a 11/09/2002 (o valor original foi acrescido do mesmo percentual
de reajuste pago à empresa contratada).
Argumentos
348

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14.1 Embora tenha sido citado em 08/03/2006, o responsável somente apresentou sua resposta
em 24/03/2008 (Anexo 10, fls. 136-144). Em síntese, argumentou que a citação não procede pois,
embora tenha sido o responsável pela contratação em tela, foi exonerado em 01/07/2001, não podendo
ser responsabilizado por pagamentos posteriores à sua gestão.
Análise
14.2 Efetivamente, embora o ex-Diretor tenha sido o responsável pela celebração do contrato
não é cabível imputar-lhe responsabilidade pelos pagamentos decorrentes de prorrogação contratual
efetuada após a sua exoneração.
Conclusão
14.3 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
15. Alegações de defesa do responsável Rhana Carga Internacional Ltda. (Anexo 9, fls.
067-079)
Ocorrência: Valor pago à empresa Rhana Carga Internacional Ltda., no total de R$ 12.581,35 e
R$ 7.329,27 em função das despesas operacionais relativas à importação dos bens objeto dos processos
1514/2000 e 0856/2001, respectivamente, os quais não foram concluídos, visto que não houve a
aquisição dos bens, pois não foram emitidos os empenhos.
Argumentos
15.1 Preliminarmente, com base no parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal, arguiu a
incompetência do TCU para julgar supostas irregularidades praticadas. A seguir, citou doutrina e a
Súmula TCU n° 187 referentes a processos de tomadas de contas especial, de natureza distinta dos
presentes autos.
15.2 Afirmou, em sequência, que, pelo fato da citação ter sido determinada em sede de Acórdão,
o Tribunal já teria firmado posição pela irregularidade das contas, previamente ao exercício do direito
de defesa, violando princípio constitucional, acarretando a nulidade da referida deliberação.
15.3 Reconheceu que os serviços relativos aos processos 1514/2000 e 0856/2001 não foram
prestados, mas afirma que não recebeu por tais processos, indicando em tabelas e documentos anexos
(Anexo 9, fls. 074-075 e 104-127) a composição dos valores por ela recebidos.
Análise
15.4 O argumento preliminar não possui qualquer sustentação jurídica. O responsável confunde
o dever de prestar contas com a competência do TCU de julgar as contas daqueles que derem causa a
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público (Constituição Federal:
art. 71, 11, in fine).
15.5 A empresa também confunde a natureza de decisões preliminares, como a que determina a
citação, de decisões definitivas, que encerram um juízo de mérito. A citação é exatamente a
oportunidade concedida ao responsável para o exercício do contraditório e da ampla defesa,
precedendo, sempre, a decisão acerca da regularidade das contas.
15.6 Todavia, assiste razão à empresa quando demonstra que não ocorreu pagamento referente
aos processos questionados.
Conclusão:
15.7 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
Ocorrência: Valor pago à empresa Rhana Carga Internacional Ltda. referente à "taxa sindical"
de R$ 715.00, para os 6 procedimentos de importação, totalizando R$ 4.290,00, tendo em vista que
não cabe a cobrança da taxa, com base no § 2° do art. 5° do Decreto Lei nº 2472/1988, pois no preço
da Prestação de Serviços, no valor de R$ 6.250,00, para cada Declaração de Importação, já estavam
incluídos os serviços do despachante aduaneiro.
Argumentos
15.8 A empresa argumenta que a previsão da taxa sindical é prevista pelo § 2º do art. 5° do
Decreto Lei n° 2472/1988.
Análise
349

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15.9 Assiste razão à responsável, pois na relação de processos e custos (Anexo 9, fl. 054), o item
é discriminado à parte dos serviços da empresa.
Conclusão:
15.10 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
Ocorrência: Valor pago à empresa Rhana Carga Internacional Ltda. pelo serviço de “frete
local+seguro local+Ad Valorem do transporte", uma vez que os mesmos estavam incluídos no preço
da Prestação de Serviço, segundo itens 1.20 e 1.21 da "Proposta de Prestação de Serviços de
Importação", encaminhada ao INTO pela empresa Rhana Carga Internacional Ltda., datado de
06/02/2002.
Argumentos
15.11 A empresa afirma que as parcelas questionadas não eram inclusas no preço fixo de R$
6.250,00, tendo sido os serviços prestados por outra empresa, que por eles foi paga, conforme
documentos anexos.
Análise
15.12 Assiste razão à responsável, pois na relação de processos e custos (Anexo 9, fl. 054), o
item é discriminado à parte dos serviços da empresa.
Conclusão:
15.13 As alegações apresentadas podem ser acatadas.
16. Alegações de defesa do responsável LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, revel
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Processo
n° 250057.0892, conforme Relatório Pericial n° 21/2004 da Equipe de Perícia em Obras do
DENASUS.
Conclusão:
16.1 Propõe-se a condenação em débito, em solidariedade com Deusdeth Gomes do
Nascimento, e a aplicação da sanção prevista no art. 57 da Lei nº 8443/1992.
17. Alegações de defesa do responsável M & One Serviços Técnicos Ltda. ME, revel
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato n°
22/2002, conforme Relatório Pericial n° 20/2004 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Conclusão:
17.1 Propõe-se a condenação em débito, solidariamente com Sérgio Luiz Cortes da Silveira, e a
aplicação da sanção prevista no art. 57 da Lei nº 8443/1992.
18. Razões de justificativa do responsável Sérgio Luiz Cortes da Silveira
Ocorrência: não designação pelo INTO de profissional habilitado para fiscalizar, acompanhar e
receber os serviços, contrariando o art. 67 da Lei n° 8.666/93, bem como pela inexistência dos Termos
de Aceitação Provisório e Definitivo da obra, contrariando o disposto nas alíneas a e b do inciso I do
art. 73 da Lei n° 8.666/93 (Nota de Empenho n° 900966, de 20/09/2002, Contrato n° 22/2002).
Argumentos
18.1 Demais das "considerações iniciais necessárias", descritas nos itens 12.1 e 12.2 e
analisadas nos itens 12.5 a 12.11 desta instrução, argumentou que não se pode confundir falta de
designação com falta de fiscalização e acompanhamento. Isso porque "de forma independente da
designação formal de determinado servidor para acompanhar e fiscalizar a obra de que trata o
Relatório 24, de modo implícito essa designação, de maneira impessoal, já havia sido prevista no
Regimento Interno" do INTO " cabendo, indiscutivelmente, àqueles servidores lotados no SENGE o
exercício da competência regimental definida". Destacou, ainda, que o fato de as irregularidades
constatadas terem sido mínimas, de apenas 1,23% sobre o valor medido, constitui "prova provada de
que houve acompanhamento e fiscalização".
18.2 Por sua vez, a propósito da inexistência dos Termos de Aceitação Provisório e Definitivo
da obra, argumentou que o recebimento provisório seria feito pelo responsável pelo acompanhamento
e fiscalização e que ele, Sérgio Cortes, não era esse responsável; bem como que o recebimento
350

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

definitivo somente poderia ocorrer após o recebimento provisório que não existiu, o todo constituindo
mero vício de formalidade.
Análise
18.3 Não houve recebimento definitivo porque este se sucede ao provisório que não existiu. Não
houve recebimento provisório porque este deveria ser feito por servidor designado, o que não ocorreu.
Não houve designação de servidor pelo responsável por fazê-la, porque esta estava implícita no
Regimento Interno do INTO. Como não houve prejuízo significativo, o desrespeito a expressos
preceitos legais transforma-se em mero vício de formalidade.
18.4 Tal linha de argumentação não pode prosperar. A uma, porque a inexistência de prejuízo
não tem o condão de tornar legais procedimentos irregulares. A duas, porque se aceita a tese da
"designação implícita de fiscais de contrato" as consequências na administração pública brasileira
seriam incomensuráveis. A três, porque numa instituição com a quantidade de licitações fraudulentas,
de obras irregulares e de contratos superfaturados como os comprovadamente registrados no INTO no
período 1998-2002, o mínimo que se espera de um gestor zeloso na defesa do patrimônio público é a
adoção de providências para minimizar tais ocorrências, inclusive a estrita observância dos ditames
legais referentes à execução dos contratos.
18.5 A esse respeito, ensina Marçal Justen Filho:
O regime de direito administrativo atribui à Administração o poder-dever de fiscalizar a execução do
contrato (art. 58, III). Compete à Administração designar um agente seu para acompanhar diretamente a
atividade do outro contratante. O dispositivo deve ser interpretado no sentido de que a fiscalização pela
Administração não é mera faculdade assegurada a ela. Trata-se de um dever, a ser exercitado para
melhor consecutar o interesse público. Parte-se do pressuposto, inclusive, de que a fiscalização induz o
executado a executar de modo mais perfeito os deveres a ele impostos.
A regra deve ser aplicada estritamente nos casos em que a sequência da execução na prestação provoca o
efeito de ocultar eventuais defeitos da atuação do particular. Esses defeitos não são irrelevantes e provocarão
efeitos em momento posterior. No entanto, o simples exame visual ou a mera experimentação são insuficientes
para detectá-los. Em tais hipóteses. A Administração deverá designar um representante para verificar o
desenvolvimento da atividade do contratante. Isso se passa especialmente com obras de engenharia. (grifei)
18.6 O TCU já enfrentou e rejeitou argumentação semelhante nos autos do TC 005.838/2001-2
(Acórdão nº 430/2005-Plenário; Relator: Ministro LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA), de cujo
Relatório e Voto extraem-se os seguintes excertos:
Como regra geral, pensamos que a formalização da indicação de um agente da administração não deve ser
prescindida, especialmente para obras, serviços de engenharia ou outras contratações especializadas. (...)
Portanto, havendo necessidade de apuração da atuação funcional em caso de fiscalização e
acompanhamento de determinado contrato, como responsabilizar o chefe, ou seu substituto, se a
responsabilidade foi dissipada entre diversos servidores da unidade administrativa? Conclui-se, então, que essa
delegação deverá ser formalizada, mediante a designação prevista pela Lei 8.666/93. (...)
Ademais, os argumentos trazidos pelo Recorrente, tais como o fato de que a Casa Legislativa estruturou
suas unidades administrativas, definindo suas competências, e portanto, a figura do gestor é desnecessária, não
são suficientes para afastar a exigência posta no artigo 67 da Lei 8.666/93, que é clara ao requerer a nomeação
de um representante da Administração.
18.7 Conclui-se que a designação de fiscal do contrato não pode ser genérica para um órgão,
mas recair sobre servidor expressamente designado.
18.8 De igual modo, a jurisprudência desta Corte assevera que a ausência de dano não isenta de
punição a fiscalização negligente:
(...) Tal negligência denota desídia administrativa e falta de zelo para com a res publica. Tanto que,
embora não tenha sido apurado qualquer dano ao Erário, é legítima, legal e bem merecida a multa aplicada ao
gestor. (Acórdão n° 1908/2004-2' Câmara; Relator: Ministro LINCOLN MAGALHÃS EDA ROCHA).
Conclusão:
18.9 Pela rejeição das alegações de defesa, propondo-se a aplicação ao responsável Sérgio Luiz
Cortes da Silveira da sanção prevista no art. 58 da Lei n° 8.443/1992.
351

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ocorrência: o INTO não ter procedido ao recebimento definitivo da obra, nos termos do art. 73
e seu § 3º da Lei n° 8.666/93, ou determinado à contratada a adoção das providências previstas no art.
69 da Lei n° 8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou incorreções porventura ocorridas na
execução da obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais previstas no art. 58, inciso IV, art. 77
e art. 87 da Lei nº 8.666/1993 (Contrato n° 13/2000);
Argumentos
18.10 Argumentou que, antes de sua posse, fora instaurado procedimento pelo Ministério
Público Federal o que "por si só, impedia a adoção de medidas, digamos, precipitadas". Na sua visão,
“qualquer providência no sentido do recebimento definitivo das obras "realizadas" no Hospital
Anchieta seria, uma inconsequência monstruosa um desfavor do interesse público". Destaca, ainda,
que não poderia adotar as providências previstas no art. 69 da Lei n° 8.666/93 visando à correção de
vícios, defeitos ou incorreções porventura ocorridos na execução da obra, ou, ainda, a aplicação das
sanções contratuais previstas no art. 58, incise IV, art. 77 e art. 87 da Lei n° 8.666/1993 porque "os
vícios, defeitos e incorreções somente se tornaram conhecidos com a apresentação do Relatório nº 22
após, portanto, o término da vigência do Contrato n° 13/2000, no qual as sanções eram previstas".
Análise
18.11 Os argumentos não se sustentam.
18.12 O procedimento instaurado pelo Ministério Público Federal, embora envolvesse a empresa
VOLUME, não dizia respeito especificamente às obras do Hospital Estadual Anchieta (Anexo 2, fls.
104-134). Tanto é assim que o primeiro Comunicado de Auditoria da equipe do DENASUS
relacionado a tais irregularidades é o de n° 25, datado de 08/05/2003.
18.13 Ainda que houvesse procedimento específico relativo ao Contrato n° 13/2000, tal fato
jamais poderia ser invocado como justificativa para a inação administrativa e a renúncia ao poder-
dever da Administração de adotar os procedimentos de sua exclusiva competência.
18.14 O segundo argumento é contraditório com o primeiro. Se havia indícios de irregularidades,
derivados de procedimento do Ministério Público Federal (argumento 1), deveria o ex-Diretor-Geral
ter determinado providências visando à apuração das mesmas, a saber, a designação de comissão para
realizar observação ou vistoria que comprovasse a adequação do objeto aos termos contratuais (art. 73,
I, b). E se não havia qualquer conhecimento de vícios, defeitos e incorreções (argumento 2), deveria o
ex-Diretor-Geral ter determinado as mesmas providências visando o recebimento definitivo da obra.
Tamanhas e tão manifestas eram tais irregularidades que a comissão designada não teria dificuldade
em propor as medidas previstas no art. 58, inciso IV, art. 69, art. 77 e/ou art. 87 da Lei n° 8.666/1993.
18.15 O que em hipótese alguma encontra respaldo legal é a completa omissão do responsável,
desde a sua posse, em 23/08/2002, pouco após o último pagamento referente ao Contrato n° 13/2000,
em 30/07/2002, até as inspeções realizadas pela equipe da SECEX-RJ em 2003 e 2004, e até o final de
sua gestão no INTO em 2005.
18.16 Para situar o quadro legal concernente aos fatos e irregularidades ocorridos após o término
do Contrato n° 13/2000, cumpre recordar o mandamento dos arts. 69, 73 e 76 da Lei n° 8.666/1993:
"Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas,
no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da
execução ou de materiais empregados."
"Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
I- em se tratando de obras e serviços:
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a
adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei:
...
§ 3º O prazo a que se refere a alínea "h" do inciso I deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa)
dias, salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e previstos no edital."
352

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

"Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra, serviço ou fornecimento executado em
desacordo com o contrato."
18.17 Tendo em vista que o último pagamento referente ao contrato ocorreu em julho de 2002, o
que pressupõe o término das obras nesse período e considerando as informações de que até o presente
— abril de 2008 — não ocorreu o recebimento definitivo das obras; e considerando que a ação do
tempo e a inação administrativa acarretaram a deterioração daquilo que poderia ter sido aproveitado;
assim como o fato de que, desde 2001 o HEAN não oferece condições de receber pacientes, evidencia-
se a responsabilidade do ex-Diretor-Geral do INTO, Sérgio Luiz Cortes da Silveira, cuja nomeação
ocorreu em 22/08/2002, pelo fato de o INTO não ter procedido ao recebimento definitivo da obra, nos
termos do art. 73 e seu § 3 da Lei n° 8.666/93, ou determinado à contratada a adoção das providências
previstas no art. 69 da Lei n° 8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou incorreções porventura
ocorridos na execução da obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais previstas no art. 58,
inciso IV, art. 77 e art. 87 da Lei n° 8.666/1993.
18.18 Na lição de Jessé Torres Pereira Júnior: Não há discrição administrativa quanto ao dever
de rejeitar o que foi executado em desacordo com o contrato.
18.19 Segundo Lucas Rocha Furtado, não é impeditivo para tal providência o fato de a obra ter
sido fiscalizada:
Ou seja, mesmo a Administração tendo fiscalizado e acompanhado a execução do contrato, mesmo o
objeto do contrato tendo sido recebido pela Administração, tanto provisória quanto definitivamente,
verificando-se vícios, defeitos ou incorreções, por eles será o contratado obrigado a responder, conforme
dispõem os arts. 69, 70 e 73, § 2º, todos da Lei de Licitações.
18.20 O entendimento é compartilhado por Marçal Justen Filho:
O recebimento (provisório ou definitivo) não elimina o dever do particular responder pela integridade da
coisa. Mesmo que o vício revele-se em momento posterior ao recebimento (sendo impossível sua detecção na
ocasião), o particular deverá responder por ele.
18.21 O prazo para responsabilização da empresa, em tese, teria expirado em 2007, conforme
explicado por Jessé Torres Pereira Júnior:
A obrigação de entregar bem, obra ou serviço em perfeita sintonia com as especificações do ato
convocatório não exclui, mesmo exercido com rigor pela Administração o seu dever de fiscalizar, ou já recebida
a obra em definitivo, a responsabilidade da contratada pela solidez e segurança de obra de vulto, no quinquênio
seguinte ao recebimento, nos termos do Código Civil, que se aplicam aos contratos públicos.
18.22 Todavia, o mesmo respeitado doutrinador cita ainda Diógenes Gasparini que acrescenta
que, nas hipóteses de culpa ou dolo, o que é manifesto nas obras do Hospital Estadual Anchieta, a
prescrição é de vinte anos.
18.23 A omissão do ex-Diretor-Geral encontra reprimenda na lição do Professor Carlos Pinto
Coelho Motta:
É, portanto, inaceitável o contratado omisso ou relapso, e a atitude do contratante que, por tolerância ou
negligência, deixe de aplicar sanções devidas.
18.24 No mesmo diapasão, preleciona Marçal Justen Filho:
A aceitação de prestação defeituosa caracteriza falta grave do agente administrativo e poderá
acarretar, inclusive, sua punição penal.
18.25 A propósito da omissão do gestor na aplicação de penalidades contratuais, assim
manifestou-se o Ministro-Relator UBIRATAN AGUIAR no Voto que conduziu ao Acórdão nº
1358/2002-Plenário:
Não custa relembrar os ensinamentos do saudoso Professor Hely Lopes Meirelles (in memorian), que em
sua obra Direito Administrativo Brasileiro, Malheiros 24º ed., pg. 212, 1999 (atualizada por seus precursores),
no sentido de que "a omissão na aplicação das penalidades contratuais acarreta responsabilidade para a
autoridade omissa, pois ao administrador público não é licito renunciar, sem justificativa, aos direitos do
Estado".
Sob esse prisma, alinho-me à proposta da Secex/PE, com vistas a promover a citação dos responsáveis.
Considerações acerca da Lei de Improbidade Administrativa
353

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18.26 Com respeito ao Hospital Estadual Anchieta, é inafastável considerar o enquadramento das
gravíssimas irregularidades documentadas nos autos na hipótese dos incisos IX e XI do art. 10 da Lei
n° 8.429/1992, bem como do caput do art. 11 do mesmo diploma:
"Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 1° desta lei, e notadamente:
... IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
... XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições ..." (grifei)
18.27 Por conseguinte, propõe-se, de modo complementar às demais propostas apresentadas,
comunicar ao Ministério Público Federal os indícios de ocorrência do crime de improbidade
administrativa previsto no art. 10, incisos IX e XI e no art. 11, caput da Lei n° 8.429/1992 e de
responsabilidade dos ex-Diretores do INTO Paulo César Rondinelli e Deusdeth Gomes do
Nascimento.
18.28 Também a responsável VOLUME Construções e Participações Ltda. é suscetível de ser
responsabilizada, nos termos do art. 3º do referido diploma legal:
"Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta
ou indireta."
18.29 Ademais, cumpre considerar-se o mandamento do inciso X do art. 10 da Lei nº
8.429/1992:
"Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culpou', que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. I desta lei, e notadamente:
... X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público:" (grifei).
18.30 Ora, a situação do Hospital Estadual Anchieta, abandonado desde 2002, sofrendo
progressiva deterioração, gerando expressivos gastos de custeio sem nenhuma contrapartida de
serviços à comunidade, é um exemplo de, no mínimo, grave negligência no cuidado com o patrimônio
público. Recomenda-se, assim, a par das demais propostas anteriormente apresentadas, comunicar ao
Ministério Público Federal, a hipótese de ocorrência do crime de improbidade administrativa previsto
no inciso X do art. 10 da Lei n° 8.429/1992 e de responsabilidade conjunta dos dirigentes do INTO e
da Secretaria Estadual de Saúde — RJ de 2002 até o presente.
Conclusão:
18.31 Pela rejeição das alegações de defesa, propondo-se a aplicação ao responsável Sérgio Luiz
Cortes da Silveira da sanção prevista no art. 58 da Lei n° 8.443/1992.
19. Razões de justificativa do responsável Miguel Lessa Gonçalves
Ocorrência: autorizar o prosseguimento dos procedimentos visando efetivação do pagamento
dos processos n° 1484/2002 e 1693/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
embora o atesto de que a obra foi realizada a contento tenha sido emitido sem a elaboração de planilha
de medição, ferindo o artigo 63 da Lei n° 4.320/64, bem como pelo fato de que os servidores que
atestaram a execução não eram qualificados para tal, conforme razões de justificativa apresentada a
esta Corte, onde os responsáveis afirmam que ambos não possuem conhecimentos técnicos e legais
para a elaboração de planilhas e sequer possuem o primeiro grau completo.
Argumentos
19.1 Afirmou que, ao assumir suas funções, procedeu de imediato a revisões em todos os
contratos mantidos pela entidade, deparando-se com diversas ilegalidades que foram saneadas e que
fundamentaram os Relatórios de Auditoria do DENASUS e a CPAD nomeada pelo Ministro da Saúde.
354

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Menciona Relatório da CGU segundo o qual as medidas implementadas resultaram em economia para
os cofres públicos de cerca de R$ 2,2 milhões.
19.2 Registra que o contrato com a empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda. foi "simulado,
montado e armado", mas ainda assim aprovado pelo Serviço Jurídico do INTO e pela Consultoria
Jurídica do Ministério da Saúde. Afirma que somente após o pagamento das faturas sem a medição é
que constatou-se a irregularidade, o que foi objeto de providências de sua parte e do então Diretor
Sérgio Luiz Côrtes da Silveira. Finalmente, invoca a doutrina de Hely Lopes Meirelles e precedentes
jurisprudenciais desta Corte para afirmar que não houve dolo, má-fé ou simples culpa de sua parte.
Análise
19.3 As justificativas apresentadas reproduzem os argumentos do então Diretor Sérgio Luiz
Côrtes da Silveira, constantes do TC 006.942/2003-1, Vol. 3, fls. 001-016, e analisadas na instrução do
Vol. 3, fls. 018-020, cuja conclusão foi pela rejeição das razões de justificativa (Vol. 3, fls. 033-034).
Conclusão
19.4 Pela rejeição das razões de justificativa.
20. Síntese das análises efetuadas em instruções anteriores
20.1 Finalmente, cumpre recuperar as propostas conclusivas da análise efetuada na instrução do
Vol. 3, fls. 002-034, referente às razões de justificativas apresentadas em resposta às audiências
determinadas nos autos do TC 006.942/2003-1, a saber:
I) Rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis relacionados abaixo,
relativamente as respectivas ocorrências, e aplicar-lhes a multa prevista no artigo 58, II, da Lei
8.443/92:
Responsável: Sérgio Luiz Cortês da Silveira
CPF: 817.161.797-00
Ocorrências:
a) ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da Lei
8.666/93, no processo 1700/2002 (itens 89 a 94 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
b) ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da Lei
8.666/93, por ocasião da prorrogação dos contratos processo 1.119/2001 e 917/2000 (itens 95 a 98 da
instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
c) ausência de instrumento de contrato, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93, no processo
1700/2002, tendo em vista que o curso teve início em 04/12/2002 e sua data de término estava prevista
para 05/11/2003 (itens 99 a 101 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
d) transgressão ao art. 26, parágrafo único, inciso I, da Lei 8.666/93, quando da contratação dos
serviços objeto do processo 1327/2002, em caráter emergencial, tendo em vista que o relatório da
ANVISA determinou, somente, as providências relacionadas abaixo com relação a área física e os
serviços relacionados no Projeto Básico extrapolam essas exigências (itens 102 a 111 da instrução do
Vol. 3, fls. 002- 034).

Providências Prazos
Instalação de lavatórios em todos os locais apontados no relatório. 90 dias
Troca e ou ampliação das bancadas das pias (utilizadas para preparo das 90 dias
medicações) para evitar risco de contaminação durante a manipulação.
Funcionamento barreira física e funcional no acesso de pacientes ao centro Imediato
cirúrgico do quarto andar (utilização de macas do tipo transferência).

e) contratação para execução de obras emergenciais da empresa M & ONE Serviços Técnicos
Ltda-ME - processo 1327/2002, que tem como objetivo, segundo o contrato social, a prestação de
serviços de reparos de aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos, elétricos e de refrigeração, serviços não
compatíveis com a atividade que foi realizada (itens 102 a 111 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
355

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

f) ausência de planilha de medição nos processos de pagamento da obra objeto do processo


1327/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda., ferindo o artigo 63 da Lei n°
4.320/64, que estabelece que a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor, a fim de apurar a importância exata a pagar e a origem e o objeto do que se deve pagar (itens
102 a 111 da instrução do Vol. 3. fls. 002-034); e
Responsável: Deusdeth Gomes do Nascimento
CPF: 059.877.255-34
Ocorrências:
a) pagamento de serviços à Hemopan Serviços Médicos Ltda. sem amparo contratual, durante o
período de 14/02/2002 a 02/05/2002, no processo 763/2001 (itens 115 a 124 da instrução do Vol. 3,
fls. 002-034);
b) ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da Lei
8.666/93, no processo 763/2001 (itens 115 a 124 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034); e
c) ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da Lei
8.666/93, no processo 529/2002, com relação aos itens relativos ao frete internacional, seguro
internacional e serviços do agente consolidador da carga no país de origem da mercadoria (itens 125 a
127 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034).
Responsável: Adir dos Santos Soares
CPF: 631.716.867-91
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1693/2002, ferindo o artigo 63 da Lei n° 4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução do Vol. 3, fls.
002-034);
Responsável: Jorge de Oliveira
CPF: 351.220.487-20
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1484/2002, ferindo o artigo 63 da Lei n° 4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução do Vol. 3, fls.
002-034).
CONCLUSÃO
Diante do exposto, os autos poderiam ser submetidos à consideração superior, sugerindo o
encaminhamento ao gabinete do Excelentíssimo Senhor Ministro-Relator, RAIMUNDO CARREIRO,
propondo:
a) sejam julgadas irregulares as contas dos responsáveis Deusdeth Gomes do Nascimento,
Sérgio Luiz Côrtes da Silveira e Miguel Lessa Gonçalves, nos termos dos arts. 1°, inciso I, e 16, inciso
III, alíneas "b" e "c", da Lei n° 8.443/92, e regulares com ressalvas as dos demais responsáveis, nos
termos dos arts. 1°, inciso I e 16, inciso II da Lei n° 8.443/92;
b) sejam rejeitadas as alegações de defesa dos seguintes responsáveis, julgando-os em débito,
nos termos do art. 19, caput e 23 da Lei nº 8.443/92, e cientificando-os, nos termos do disposto no art.
12, § 1°, e 22, parágrafo único, da Lei n° 8.443/92 c/c o art. 153, § 2º, do Regimento Interno/TCU,
para, em novo e improrrogável prazo de 15 dias a contar da ciência, comprovarem, perante este
Tribunal (art. 214, III, alínea "a" do Regimento Interno) o recolhimento aos cofres do Tesouro
Nacional das importâncias devidas abaixo discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos
juros de mora, calculados a partir das datas a seguir apresentadas até a data do efetivo recolhimento, na
forma prevista na legislação em vigor:
b.1) Responsável: Deusdeth Gomes do Nascimento, CPF 059.877.755-35
Responsável: LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, CNRT 04.366.430/0001-82
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Processo n°
250057.0892, conforme Relatório Pericial n° 21/2004 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência
356

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.262,72 24/06/2002

b.2) Responsável: Deusdeth Gomes do Nascimento, CPF 059.877.755-35


Responsável: Volume Construções e Participações Ltda., CNPJ 34.265.298/0001-83
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato n°
13/2000, conforme Relatório Pericial n° 22/2005 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência
221.204,11 23/01/2002
262.801,04 08/02/2002
201.788,35 13/03/2002
9.077,44 18/04/2002
517.432,03 31/05/2002
197.130,54 04/07/2002
303,81 30/07/2002
49.538,09 30/07/2002

b.3) Responsável: Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, CPF 817.161.767-00


Responsável: M & One Serviços Técnicos Ltda. ME. CNPJ 04.366.424/0001-25
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato n°
22/2002, conforme Relatório Pericial n° 20/2004 da Equipe de Perícia em Obras do DENASUS.
Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência
132.461,81 24/10/2002

c) seja aplicada aos senhores Deusdeth Gomes do Nascimento e Sérgio Luiz Côrtes da Silveira e
às empresas LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume Construções e Participações Ltda. e M &
One Serviços Técnicos Ltda. ME a multa referida no art. 57 da Lei nº 8.443/92 c/c art. 267 do
Regimento Interno, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea "a" do Regimento Interno), seu recolhimento aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo
fixado, até a data do efetivo pagamento;
d) sejam rejeitadas as razões de justificativa dos seguintes responsáveis, relativas às ocorrências
especificadas, aplicando-se-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II da Lei n° 8.443/92, fixando-lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214,
III, alínea "a" do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo fixado, até a data do efetivo pagamento;
d.1) Sérgio Luiz Côrtes da Silveira - CPF 817.161.767-00
Ocorrência: não designação pelo INTO de profissional habilitado para fiscalizar, acompanhar e
receber os serviços, contrariando o art. 67 da Lei n° 8.666/93, bem como pela inexistência dos Termos
de Aceitação Provisório e Definitivo da obra, contrariando o disposto nas alíneas a e h do inciso I do
art. 73 da Lei n° 8.666/93 (Nota de Empenho n° 900966, de 20/09/2002, Contrato n° 22/2002) (itens
1.8.1 a 18.9 desta instrução);
Ocorrência: o INTO não ter procedido ao recebimento definitivo da obra, nos termos do art.73 e
seu § 3º da Lei nº 8.666/93, ou determinado à contratada a adoção das providências previstas no art. 69
da Lei n° 8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou incorreções porventura ocorridas na
execução da obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais previstas no art. 58, inciso IV, art. 77
e art. 87 da Lei n° 8.666/1993 (Contrato n° 13/2000) (itens 18.10 a 18.31 desta instrução);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 1700/2002 (itens 89 a 94 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
357

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, por ocasião da prorrogação dos contratos dos processos 1.119/2001 e 917/2000
(itens 95 a 98 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
Ocorrência: ausência de instrumento de contrato, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93, no
processo 1700/2002, tendo em vista que o curso teve início em 04/12/2002 e sua data de término
estava prevista para 05/11/2003 (itens 99 a 101 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
Ocorrência: transgressão ao art. 26, parágrafo único, inciso I, da Lei 8.666/93, quando da
contratação dos serviços objeto do processo 1327/2002, em caráter emergencial, tendo em vista que o
relatório da ANVISA determinou, somente, as providências relacionadas abaixo com relação a área
física, e os serviços relacionados no Projeto Básico extrapolam essas exigências (itens 102 a 111 da
instrução do Vol. 3, fls. 002-034).
Providências Prazos
Instalação de lavatórios em todos os locais apontados no relatório 90 dias
Troca e ou ampliação das bancadas das pias para evitar risco de contaminação 90 dias
durante a manipulação
Funcionamento barreira física e funcional no acesso de pacientes ao centro Imediato
cirúrgico do quarto andar (utilização de macas do tipo transferência)

Ocorrência: contratação para execução de obras emergenciais da empresa M & ONE Serviços
Técnicos Ltda-ME - processo 1327/2002, que tem como objetivo, segundo o contrato social, a
prestação de serviços de reparos de aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos, elétricos e de refrigeração,
serviços não compatíveis com a atividade que foi realizada (itens 102 a 111 da instrução do Vol. 3, fls.
002-034);
Ocorrência: ausência de planilha de medição nos processos de pagamento da obra objeto do
processo 1327/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda., ferindo o artigo 63 da
Lei n° 4.320/64, que estabelece que a liquidação da despesa consiste na verificação do direito
adquirido pelo credor, a fim de apurar a importância exata a pagar e a origem e o objeto do que se deve
pagar (itens 102 a 111 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
d.2) Miguel Lessa Gonçalves - CPF 349.303.967-00
Ocorrência: autorizar o prosseguimento dos procedimentos visando efetivação do pagamento
dos processos n° 1484/2002 e 1693/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
embora o atesto de que a obra foi realizada a contento tenha sido emitido sem a elaboração de planilha
de medição, ferindo o art. 63 da Lei n° 4.320/64, bem como pelo fato de que os servidores que
atestaram a execução não eram qualificados para tal, conforme razões de justificativa apresentada a
esta Corte, onde os responsáveis afirmam que ambos não possuem conhecimentos técnicos e legais
para a elaboração de planilhas e sequer possuem o primeiro grau completo (itens 19.1 a 19.4 desta
instrução);
d.3) Deusdeth Gomes do Nascimento - CPF 059.877.755-35
Ocorrência: pagamento de serviços à Hemopan Serviços Médicos Ltda. sem amparo contratual,
durante o período de 14/02/2002 a 02/05/2002, no processo 763/2001 (itens 115 a 124 da instrução do
Vol. 3, fls. 002-034);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 763/2001 (itens 115 a 124 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 529/2002, com relação aos itens relativos ao frete internacional,
seguro internacional e serviços do agente consolidador da carga no país de origem da mercadoria (itens
125 a 127 da instrução do Vol. 3, fls. 002-034);
d.4) Adir dos Santos Soares - CPF 631.716.867-91
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
358

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processo 1693/2002, ferindo o art. 63 da Lei n° 4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução do Vol. 3, fls.
002-034);
d.5) Jorge de Oliveira - CPF 351.220.487-20
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1484/2002, ferindo o art. 63 da Lei n° 4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução do Vol. 3, fls.
002-034).
e) seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II da Lei nº 8.443/92, a cobrança
judicial das dívidas caso não atendidas as notificações;
f) sejam acatadas as alegações de defesa apresentadas pelos senhores Paulo César Rondinelli
(itens 14.1 a 14.3 desta instrução), Deusdeth Gomes do Nascimento (itens 11.27 a 11.35 desta
instrução) e Rhana Carga Internacional Ltda. (itens 15.1 a 15.13 desta instrução)
g) seja comunicado ao Ministério Público Federal que os fatos descritos no Relatório Pericial nº
22 documentam indícios de ocorrência de infringência pelo senhor Deusdeth Gomes do Nascimento do
disposto nos arts. 15 e 16 da Lei Complementar n° 101/2000, caracterizando o tipo penal previsto no
art. 359-D do Decreto-Lei n° 2.848/1940, com a redação do art. 2º da Lei n° 10.028/2000 (itens 11.14
a 11.19 desta Instrução);
h) seja comunicado ao Ministério Público Federal que os fatos descritos no Relatório Pericial
n° 22 documentam indícios de ocorrência do crime de improbidade administrativa previsto no art. 10,
incisos IX e XI e art. 11, caput, da Lei n° 8.429/1992 e de responsabilidade conjunta dos ex-Diretores
do INTO Paulo César Rondinelli e Deusdeth Gomes do Nascimento e da empresa VOLUME
Construções e Participações Ltda. (itens 18.26 a 18.30 desta Instrução);
i) seja comunicado ao Ministério Público Federal que os fatos descritos no Relatório Pericial nº
22 indicam a hipótese de ocorrência do crime de improbidade administrativa previsto no art. 10, inciso
X, da Lei n° 8.429/1992 e de responsabilidade conjunta dos dirigentes do INTO e da Secretaria
Estadual de Saúde - RJ de 2002 até o presente (itens 18.26 a 18.30 desta Instrução).
Todavia, dando cumprimento ao Despacho do Ministro-Relator MARCOS VILAÇA nos autos
do TC 008.213/2002-2, cumpre encaminhar proposta ao Ministro-Relator RAIMUNDO CARREIRO
no sentido de sobrestamento do feito, até a decisão definitiva do processo apartado destinado ao
exame das irregularidades verificadas nos Contratos n° 14/1999, n° 16/1999 e n° 13/2000, celebrados
pelo Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia – INTO.
Em caso de acatamento da proposta de sobrestamento, cabe propor também nova diligência à
Superintendência Regional do Rio de Janeiro do Departamento de Polícia Federal indagando acerca
das conclusões, bem como solicitando cópia das principais peças, do inquérito que conduziu às prisões
em flagrante de funcionários do INTO juntamente com empregados da empresa Brasil Sul Indústria e
Comércio Ltda., prestadora de serviços de lavanderia (item 38 da instrução do Vol. 3, fl. 116).”
4. Em 8/10/2010 determinei, mediante despacho, o sobrestamento da análise do presente
processo até o julgamento dos recursos de revisão interpostos pelo MP/TCU referentes às contas do
instituto dos exercícios de 1998 a 2000, tendo em vista que a apreciação dos aludidos recursos
poderiam produzir efeitos nestas contas, conforme relatado pela unidade técnica. Registro que o
processo apartado destinado ao exame das irregularidades verificadas nos Contratos n° 14/1999, n°
16/1999 e n° 13/2000 (TC 009.400/2008-9), que repercutem nas contas do instituto de 1999 a 2002, foi
apensado às contas de 1999 e por cópia às contas de 2000, com determinação de que as citações
propostas fossem realizadas no âmbito das contas dos exercícios a que estivessem associados os
respectivos débitos. O TC 008.213/2002-2, relacionado às contas de 2001, também foram sobrestados.
5. Por meio do Acórdão nº 1436/2011-TCU-Plenário o Tribunal decidiu:
a) julgar irregulares as contas do Into relativas aos exercícios de 1999 e 2000 com relação aos
responsáveis Paulo César Rondinelli (ex- Diretor-Geral) e Sérgio Albino de Souza Castilho (ex-
Coordenador de Administração Geral), condenando-os em débito solidariamente às empresas Gruçaí
Construtora Ltda., LHM Ar Condicionado Ltda. e Volume Construções e Participações Ltda.;
359

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) manter o julgamento pela irregularidade das contas do Into relativas ao exercício de 1998,
com imputação de débito aos responsáveis e empresas acima mencionados, bem como à Massa Falida
da empresa TEL Termo Engenharia Ltda., condenando-os, solidariamente;
c) aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92, individualmente, aos Srs. Paulo César
Rondinelli e Sérgio Albino de Souza Castilho, e às empresas Gruçaí Construtora Ltda., LHM Ar
Condicionado Ltda., Volume Construções e Participações Ltda. e à Massa Falida da empresa TEL
Termo Engenharia Ltda.
6. O Sr. Paulo César Rondinelli e as empresas Gruçaí Construtora Ltda. e LHM Ar
Condicionado Ltda. interpuseram recursos de reconsideração em relação ao Acórdão nº 1436/2011-
TCU-Plenário acima mencionado. O Tribunal negou provimento aos recursos e manteve inalterada a
decisão recorrida (Acórdão nº 554/2014-TCU-Plenário).
7. A seguir, transcrevo a análise técnica sobre o assunto elaborada por auditor da Secex/RJ (peça
109), cuja proposta de encaminhamento mereceu a anuência dos dirigentes da unidade técnica (peças
110 e 111):
"(...)
EXAME TÉCNICO
15. Seguindo a mencionada determinação do ministro Weder de Oliveira, relator do TC
009.400/2008-9, de realização das citações decorrentes dessa representação no âmbito das contas dos
exercícios a que estivessem associados os respectivos débitos, cumpre-nos verificar as citações
resultantes do mencionado processo.
16. Em primeira instrução do TC 009.400/2008-9 (peça 1, p. 2-7), que gerou o sobrestamento do
processo em análise, consignou-se:
(...) Quanto às contas de 2002, igualmente foram realizadas as citações e audiências e
analisadas as respectivas respostas (Anexo 1, fls. 274 a 309).
(...) Em cumprimento ao Despacho do Ministro-Relator MARCOS VILAÇA no TC
008.213/2002-2, foi encaminhada proposta ao Ministro-Relator RAIMUNDO CARREIRO no
sentido de sobrestamento do feito, até a decisão definitiva do processo apartado.
(...) Verifica-se que já foram feitas as seguintes citações e audiências relativas aos contratos que
constituem objeto do presente apartado:
a) Contrato n° 14/1999, celebrado com a TOESA Service Ltda.:
a.1) Citações do responsável Paulo César Rondinelli relativa aos pagamentos efetuados nos
exercícios de 2001 e 2002;
b) Contrato n° 16/1999, celebrado com a VOLUME Construções e Participações Ltda.:
b.1) Citação do responsável Paulo César Rondinelli relativa aos pagamentos efetuados no exercício de
2001;
b.2) Citação da responsável VOLUME Construções e Participações Ltda. relativa aos pagamentos
efetuados no exercício de 2001;
c) Contrato n° 13/2000, celebrado com a VOLUME Construções e Participações Ltda.:
c.1) Citação do responsável Paulo César Rondinelli relativa aos pagamentos efetuados no exercício de
2001;
c.2) Citações do responsável Deusdeth Gomes do Nascimento relativa aos pagamentos efetuados nos
exercícios de 2001 e 2002;
c.3) Citações da responsável VOLUME Construções e Participações Ltda. relativa aos pagamentos
efetuados nos exercícios de 2001 e 2002;
As respectivas alegações de defesa foram analisadas, tendo sido as instruções unânimes nas propostas de
rejeição e aplicação das sanções cabíveis. Registre-se que o responsável Paulo César Rondinelli foi revel na
citação relativa aos pagamentos efetuados no exercício de 2001 com respeito ao Contrato n° 13/2000,
celebrado com a VOLUME Construções e Participações Ltda.
Ainda com respeito ao Contrato n° 13/2000, nos autos do TC 012.030/2003-7 foi realizada audiência do
360

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ex-Diretor-Geral do INTO, Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, para apresentar razões de justificativa para o
INTO não ter procedido ao recebimento definitivo da obra, nos termos do art. 73 11, e seu § 3º da Lei n°
8.666/93, ou determinado à contratada a adoção das providências previstas no art. 69 da Lei n°
8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou incorreções porventura ocorridos na execução da
obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais previstas no art. 58, inciso IV, art. 77 e art. 87 da Lei n°
8.666/1993. A resposta consta do Anexo 2, fls. 772 a 776 e foi analisada na instrução reproduzida no Anexo
1, fls. 274 a 309.
17. Em segunda instrução (TC 009.400/2008-9, peça 1, p. 11-14), porém, após recebimento de
novos relatórios periciais do Denasus, registrou-se:
Posteriormente à instrução inicial dos presentes autos, foi remetido ao TCU o
Ofício/PRRJ/GAB/MFCF n° 188/2008, subscrito pela Procuradora da República Marina Filgueira de
Carvalho Fernandes, que informa que o DENASUS encaminhou novos Relatórios Técnicos Periciais da
Comissão Técnica Pericial, relativos a irregularidades ocorridas no Instituto Nacional de Tráumato-
Ortopedia — INTO e no Hospital Estadual Anchieta, os quais se destinaram a substituir os Relatórios Periciais
de Auditoria nos 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19 e 22 e que foram elaborados em razão do pedido de defesa nos
autos do Processo Administrativo Disciplinar n° 25000.105210/2004- 56 (Anexo 6, fls. 001-002).
Assinale-se que o Relatório Técnico Pericial da Comissão Técnica Pericial - CTP n° 08/2007 diz
respeito ao Contrato n° 16/1999 e o Relatório Técnico Pericial CTP n° 01/07 — HEAN refere-se ao Contrato n°
13/2000, ambos objeto da presente Representação.
O Relatório Técnico Pericial da Comissão Técnica Pericial - CTP n° 08/2007, em sua conclusão,
alterou os valores da Planilha de Glosa do anterior Relatório Pericial n° 12. A nova Planilha de Glosa
encontra-se às fls. 026-027 do Anexo 6. A comparação entre os valores anteriores e os revistos consta da
tabela a seguir.
Data Valor anterior (R$) Valor revisto (R$)
11/11/1999 159.080,73 210.374,33
09/12/1999 233.763,68 308.771,99
23/12/1999 315.42.9,85 416.642,58
27/01/2000 85.105,49 112.413,49
16/03/2000 59.705,87 78.863,84
07/04/2000 58.896,30 77.793,08
10/05/2000 55.253,23 72.981,13
20/07/2000 31.269,69 41.302,51
08/08/2000 13.459,12 17.776,15
21/09/2000 100.967,05 244.593,48
14/12/2000 93.260,29 225.923,79
14/12/2000 88.748,18 214.993,19
De outro lado, a revisão impactou também os valores relativos às citações anteriormente feitas
nos autos do TC 008.213/2002-2, conforme demonstrado pela tabela adiante.
Data Valor anterior Valor revisto
03/01/2001 88.748,11 214.993,17
20/02/2001 41.075,99 99.506,92
Por conseguinte, deve-se reformular a proposta de citação dos responsáveis solidários Paulo César
Rondinelli e VOLUME Construções e Participações Ltda., corrigindo os valores anteriormente
mencionados às fls. 004-006 e 009. Ademais, as citações referentes ao exercício de 2001 devem ser
renovadas, com os novos valores, em homenagem aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Fenômeno distinto sucedeu com o Relatório Técnico Pericial CTP n° 01/07 — HEAN em relação ao
anterior Relatório Pericial n° 22. Aquela peça propugnara a glosa total dos valores despendidos com o
contrato, ao passo que a nova perícia optou pela glosa parcial (Anexo 6, fls. 102-103). Tais diferenças
refletem-se na tabela a seguir.
361

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Data Valor anterior Valor revisto


03/04/2001 127.211,30 68.284,19
09/05/2001 196.674,58 105.570,53
02/07/2001 383.701,82 205.962,59
28/09/2001 176.177,47 94.568,14
31/10/2001 144.679,88 77.660,94
23/11/2001 148.239,72 79.571,78
20/12/2001 186.074,95 106.086,98
23/01/2002 221.204,11 118.737,44
08/02/2002 262.801,04 149.830,85
13/03/2002 201.788,35 115.045,67
18/04/2002 9.077,44 5.175,32
31/05/2002 517.432,03 295.003,71
04/07/2002 197.130,54 112.390,10
30/07/2002 303,81 173,21
30/07/2002 49.538,09 28.243,17
Neste caso, entende-se não ser necessária a renovação das citações, considerando os termos do Relatório
e Voto do Ministro-Relator UBIRATAN AGUIAR que fundamentaram o Acórdão n° 2.056/2006 - Plenário:
Saliento que o levantamento de valores a ser efetivado pela 3a Secex não compromete a validade das
citações procedidas nos presentes autos, visto que não haverá majoração dos valores inicialmente
imputados aos Procuradores quando da deliberação que vier a ser oportunamente prolatada. Será procedida,
tão-somente, apuração exata dos débitos a partir do conhecimento de todas as parcelas a serem deles
subtraídas, em beneficio dos responsáveis.
18. As análises procedidas, a que nos referimos acima, indicam ausência de necessidade de
novas medidas neste processo. Há, porém, necessidade de revisão dos valores de débito referentes
pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato 13/2000.
(...)
CONCLUSÃO
21. O exame dos processos envolvidos no sobrestamento deste feito revela que a análise destas
contas pode prosseguir, conforme parágrafos 3 a 14 desta instrução.
22. A última instrução deste feito trouxe proposta conclusiva que não pode ser levada adiante
devido à necessidade de aguardar decisão definitiva do TC 009.400/2008-9, processo apartado
destinado ao exame das irregularidades verificadas nos Contratos 14/1999, 16/1999 e 13/2000,
celebrados pelo Into.
23. Como registrado em instruções desse processo (TC 009.400/2008-9, peça 1), inexiste
necessidade de adição de proposições àquelas mencionadas na conclusão da última instrução deste
processo. Há, porém, necessidade de revisão dos valores de débito referentes pagamentos a maior
efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato 13/2000, conforme última instrução do
TC 009.400/2008-9.
24. Desse modo, propomos, o levantamento do sobrestamento deste processo com o
encaminhamento indicado no parágrafo 6 [que reproduz a proposta de encaminhamento da unidade
técnica efetuada na instrução de peça 23, p. 2-36, transcrita neste relatório],, após revisados os valores
de débito acima mencionados.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
25. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
a) o levantamento do sobrestamento deste processo, nos termos do art. 11 da Lei 8.443/92, c/c o
art. 157 do Regimento Interno/TCU;
b) sejam julgadas irregulares as contas dos responsáveis Deusdeth Gomes do Nascimento,
Sérgio Luiz Côrtes da Silveira e Miguel Lessa Gonçalves, nos termos dos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso
362

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

III, alíneas "b" e "c", da Lei 8.443/92, e regulares com ressalvas as dos demais responsáveis, nos
termos dos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso II, da Lei 8.443/92;
c) sejam rejeitadas as alegações de defesa dos seguintes responsáveis, julgando-os em débito,
nos termos dos arts. 19, caput, e 23 da Lei 8.443/92, e cientificando-os, nos termos do disposto no art.
12, § 1°, e 22, parágrafo único, da Lei 8.443/92 c/c o art. 153, § 2º, do Regimento Interno/TCU, para,
em novo e improrrogável prazo de 15 dias a contar da ciência, comprovarem, perante este Tribunal
(art. 214, III, alínea "a" do Regimento Interno) o recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional das
importâncias devidas abaixo discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de
mora, calculados a partir das datas a seguir apresentadas até a data do efetivo recolhimento, na forma
prevista na legislação em vigor:
c.1) Responsável: Deusdeth Gomes do Nascimento, CPF 059.877.755-35
Responsável: LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, CNRT 04.366.430/0001-82.
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Processo
250057.0892, conforme Relatório Pericial 21/2004 da Equipe de Perícia em Obras do Departamento
Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (itens 11.20 a 11.26 da instrução constante das
folhas 2-36 da peça 23);
Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência
4.262,72 24/06/2002
c.2) Responsável: Deusdeth Gomes do Nascimento, CPF 059.877.755-35
Responsável: Volume Construções e Participações Ltda., CNPJ 34.265.298/0001-83
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato
13/2000, conforme Relatório Pericial 22/2005 da Equipe de Perícia em Obras do Departamento
Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (itens 11.1 a 11.20 da instrução constante das folhas
2-36 da peça 23);
Valor Original do Débito Data da Ocorrência
118.737,44 23/01/2002
149.830,85 08/02/2002
115.045,67 13/03/2002
5.175,32 18/04/2002
295.003,71 31/05/2002
112.390,10 04/07/2002
173,21 30/07/2002
28.243,17 30/07/2002
c.3) Responsável: Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, CPF 817.161.767-00
Responsável: M & One Serviços Técnicos Ltda. ME., CNPJ 04.366.424/0001-25
Ocorrência: pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002, relativos ao Contrato
22/2002, conforme Relatório Pericial 20/2004 da Equipe de Perícia em Obras do Departamento
Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (itens 12.1 a 12.16 da instrução constante das folhas
2-36 da peça 23).
Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência
132.461,81 24/10/2002
d) seja aplicada aos senhores Deusdeth Gomes do Nascimento e Sérgio Luiz Côrtes da Silveira
e às empresas LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume Construções e Participações Ltda. e M
& One Serviços Técnicos Ltda. ME a multa referida no art. 57 da Lei 8.443/92 c/c art. 267 do
Regimento Interno, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea "a" do Regimento Interno), seu recolhimento aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo
fixado, até a data do efetivo pagamento;
363

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) sejam rejeitadas as razões de justificativa dos seguintes responsáveis, relativas às ocorrências


especificadas, aplicando-se a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, fixando-lhes o prazo
de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III,
alínea “a” do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo fixado, até a data do efetivo pagamento;
e.1) Sérgio Luiz Côrtes da Silveira - CPF 817.161.767-00
Ocorrência: não designação pelo Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia de profissional
habilitado para fiscalizar, acompanhar e receber os serviços, contrariando o art. 67 da Lei 8.666/93,
bem como inexistência dos Termos de Aceitação Provisório e Definitivo da obra, contrariando o
disposto nas alíneas “a” e “h” do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/93 (Nota de Empenho 900966, de
20/09/2002, Contrato 22/2002) (itens 18.1 a 18.9 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23);
Ocorrência: o Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia não ter procedido ao recebimento
definitivo da obra, nos termos do art.73 e seu § 3º da Lei 8.666/93, ou determinado à contratada a
adoção das providências previstas no art. 69 da Lei 8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou
incorreções porventura ocorridos na execução da obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais
previstas no art. 58, inciso IV, art. 77 e art. 87 da Lei 8.666/1993 (Contrato 13/2000) (itens 18.10 a
18.31 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 1700/2002 (itens 89 a 94 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, por ocasião da prorrogação dos contratos processo 1.119/2001 e 917/2000 (itens
95 a 98 da instrução constante das folhas 3-35 da peça 18);
Ocorrência: ausência de instrumento de contrato, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93, no
processo 1700/2002, tendo em vista que o curso teve início em 4/12/2002 e sua data de término estava
prevista para 05/11/2003 (itens 99 a 101 da instrução constante das folhas 3-35 da peça 18);
Ocorrência: transgressão ao art. 26, parágrafo único, inciso I, da Lei 8.666/93, quando da
contratação dos serviços objeto do processo 1327/2002, em caráter emergencial, tendo em vista que o
relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou, somente, as providências
relacionadas abaixo com relação a área física e os serviços relacionados no Projeto Básico extrapolam
essas exigências (itens 102 a 111 da instrução constante das folhas 3-35 da peça 18);
Providências Prazos
Instalação de lavatórios em todos os locais apontados no relatório 90 dias
Troca e ou ampliação das bancadas da pias para evitar risco de 90 dias
contaminação durante a manipulação
Funcionamento barreira física e funcional no acesso de pacientes ao centro Imediato
cirúrgico do quarto andar (utilização de macas do tipo transferência)
Ocorrência: contratação para execução de obras emergenciais da empresa M & ONE Serviços
Técnicos Ltda-ME - processo 1327/2002, que tem como objetivo, segundo o contrato social, a
prestação de serviços de reparos de aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos, elétricos e de refrigeração,
serviços não compatíveis com a atividade que foi realizada (itens 102 a 111 da instrução constante das
folhas 3-35 da peça 18);
Ocorrência: ausência de planilha de medição nos processos de pagamento da obra objeto do
processo 1327/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda., ferindo o art. 63 da Lei
4.320/64, que estabelece que a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor, a fim de apurar a importância exata a pagar e a origem e o objeto do que se deve pagar (itens
102 a 111 da instrução constante das folhas 3-35 da peça 18);
e.2) Miguel Lessa Gonçalves - CPF 349.303.967-00
Ocorrência: autorizar o prosseguimento dos procedimentos que objetivavam efetivação do
pagamento dos processos 1484/2002 e 1693/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos
364

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ltda., embora o atesto de que a obra foi realizada a contento tenha sido emitido sem a elaboração de
planilha de medição, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64, bem como pelo fato de que os servidores que
atestaram a execução não eram qualificados para tal, conforme razões de justificativa apresentada a
esta Corte, onde os responsáveis afirmam que ambos não possuem conhecimentos técnicos e legais
para a elaboração de planilhas e sequer possuem o primeiro grau completo (itens 19.1 a 19.4 da
instrução constante das folhas 2-36 da peça 23);
e.3) Deusdeth Gomes do Nascimento - CPF 059.877.755-35
Ocorrência: pagamento de serviços à Hemopan Serviços Médicos Ltda. sem amparo contratual,
durante o período de 14/02/2002 a 02/05/2002, no processo 763/2001 (itens 115 a 124 da instrução
constante das folhas 3-35 da peça 18);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 763/2001 (itens 115 a 124 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 529/2002, com relação aos itens relativos ao frete internacional,
seguro internacional e serviços do agente consolidador da carga no país de origem da mercadoria (itens
125 a 127 da instrução constante das folhas 3-35 da peça 18);
e.4) Adir dos Santos Soares - CPF 631.716.867-91
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1693/2002, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução constante das
folhas 3-35 da peça 18);
e.5) Jorge de Oliveira - CPF 351.220.487-20
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1484/2002, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução constante das
folhas 3-35 da peça 18);
f) seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, a cobrança
judicial das dívidas caso não atendidas as notificações;
g) sejam acatadas as alegações de defesa apresentadas pelos senhores Paulo César Rondinelli
(itens 14.1 a 14.3 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23), Deusdeth Gomes do Nascimento
(itens 11.27 a 11.35 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23) e Rhana Carga Internacional
Ltda. (itens 15.1 a 15.13 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23);
h) seja comunicado ao Ministério Público Federal que os fatos descritos no Relatório Pericial
22 documentam indícios de ocorrência de infringência pelo senhor Deusdeth Gomes do Nascimento do
disposto nos arts. 15 e 16 da Lei Complementar 101/2000, caracterizando o tipo penal previsto no art.
359-D do Decreta-Lei 2.848/1940, com a redação do art. 2º da Lei 10.028/2000 (itens 11.14 a 11.19 da
instrução constante das folhas 2-36 da peça 23);
i) seja comunicado ao Ministério Público Federal que os fatos descritos no Relatório Pericial 22
documentam indícios de ocorrência do crime de improbidade administrativa previsto no art. 10, incisos
IX e XI e art. 11, caput da Lei 8.429/1992 e de responsabilidade conjunta dos ex-Diretores do Instituto
Nacional de Tráumato-Ortopedia Paulo César Rondinelli e Deusdeth Gomes do Nascimento e da
empresa Volume Construções e Participações Ltda. (itens 18.26 a 18.30 da instrução constante das
folhas 2-36 da peça 23);
j) seja comunicado ao Ministério Público Federal que os fatos descritos no Relatório Pericial 22
indicam a hipótese de ocorrência do crime de improbidade administrativa, previsto no art. 10, inciso X,
da Lei 8.429/1992 e de responsabilidade conjunta dos ex-dirigentes do Instituto Nacional de Tráumato-
Ortopedia e da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (itens 18.26 a 18.30 da instrução
constante das folhas 2-36 da peça 23)."
365

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. O Ministério Público junto ao TCU, representado nos autos pelo Procurador Sergio Ricardo
Costa Caribé, assim se manifestou (peça 112):
"Cuidam os autos do processo de contas (PC) do exercício de 2002 do Instituto Nacional de
Tráumato-Ortopedia (INTO), vinculado ao Ministério da Saúde (MS).
2. Os presentes autos encontram-se em condições de ter seu sobrestamento levantado, visto que
as situações a seguir descritas, causadoras do sobrestamento - relacionadas aos Contratos n° 14/1999,
16/1999 e 13/2000, cujas execuções apresentaram reflexo nos exercícios em que foram assinados e nos
anos subsequentes -, chegaram a termo:
a) TCs 008.785/1999-6, 007.546/2000-9 e 007.365/2001-1: contas do INTO dos exercícios de
1998 a 2000, contra as quais foram interpostos recursos de revisão, já apreciados pelo Tribunal por
meio do Acórdão 1.436/2011-TCU-Plenário (vide despacho de Vossa Excelência à peça 24, p. 14,
autorizando o sobrestamento até que os referidos recursos fossem apreciados);
b) TC 009.400/2008-9: representação encerrada, cujo objeto foi a avaliação da existência de
irregularidades nos três contratos referidos anteriormente. As irregularidades que apresentaram
reflexos na gestão de 2002 do INTO foram objeto de citações neste PC, conforme determinado pelo
relator desses autos, Ministro Weder de Oliveira (cf. despacho à peça 1, p. 22-23, da representação).
3. Além das citações oriundas das análises efetivadas no TC 009.400/2008-9, foram realizadas
audiências de gestores do INTO em cumprimento a despacho proferido pelo Ministro Lincoln
Magalhães da Rocha, à peça 2, p. 27, do TC 006.942/2003-1, relativo à auditoria realizada no Instituto
com a finalidade de analisar a implementação de determinações do TCU e a organização do processo
interno de compras de bens e contratações de serviços da entidade.
4. As apurações levadas a efeito no TC 006.942/2003-1 levaram a Corte de Contas a prolatar o
Acórdão 2.184/2004-TCU-2ª Câmara, por meio do qual foi determinada a realização da audiência de
um gestor do INTO e a citação de outros dois.
5. O terceiro segmento de audiências e citações procedidas nestes autos foi autorizado pelo
então relator deste PC, Ministro Benjamin Zymler, conforme despacho à peça 20, p. 25.
6. As análises de alegações de defesa e razões de justificativa dos responsáveis chamados ao
processo pelo TCU para justificar as irregularidades foram levadas a efeito, em especial, em três
instruções da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex/RJ):
a) neste PC: peça 23, p. 2-36;
b) no TC 009.400/2008-9: peça 1, p. 2-7 e 11-14.
7. A derradeira manifestação da Secex/RJ nestes autos consta da instrução à peça 109, na qual a
unidade técnica resumiu as situações que justificavam o sobrestamento deste PC e as análises
empreendidas nas instruções que mencionei nas letras “a” e “b” do item precedente.
8. Na proposta de encaminhamento da instrução à peça 109, a Secex/RJ sugeriu, além do
levantamento do sobrestamento deste processo, que fossem julgadas irregulares as contas dos Srs.
Deusdeth Gomes do Nascimento (diretor do INTO até 21/8/2002, inclusive); Sérgio Luiz Côrtes da
Silveira (diretor do INTO a partir de 22/8/2002, inclusive) e Miguel Lessa Gonçalves (coordenador de
administração geral do INTO a partir de 29/7/2002 e ordenador de despesa por delegação de
competência). Com base no art. 12, § 1°, da Lei 8.443/1992, a unidade técnica propôs que fosse
concedido a esses responsáveis novo e improrrogável prazo para o recolhimento dos débitos indicados
no quadro que apresento adiante, no item 10 deste parecer.
9. Para os demais responsáveis do INTO, a unidade técnica propôs que as respectivas contas
fossem julgadas regulares com ressalva (rol de responsáveis à peça 1, p. 11-15).
10. O quadro a seguir, elaborado a partir das informações constantes do item 25 da instrução à
peça 109, resume as irregularidades que motivaram a Secex/RJ a rejeitar a maior parte das alegações
de defesa e razões de justificativa por ela analisadas no decorrer do andamento processual, bem como
discrimina os responsáveis e valores envolvidos, nos casos decorrentes de citação:
VALOR DATA DA
Nº OCORRÊNCIA RESPONSÁVEIS ORIGINAL OCORRÊN-
(R$) CIA
366

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VALOR DATA DA
Nº OCORRÊNCIA RESPONSÁVEIS ORIGINAL OCORRÊN-
(R$) CIA
CITAÇÕES
“pagamentos a maior efetuados durante o
exercício de 2002, relativos ao Processo Deusdeth Gomes
250057.0892, conforme Relatório Pericial do Nascimento e
21/2004 da Equipe de Perícia em Obras do LETECM
1 4.262,72 24/6/2002
Departamento Nacional de Auditoria do Serviços Técnicos
Sistema Único de Saúde (itens 11.20 a 11.26 Ltda. ME (em
da instrução constante das folhas 2-36 da peça solidariedade)
23)”
“pagamentos a maior efetuados durante o 118.737,44 23/1/2002
exercício de 2002, relativos ao Contrato Deusdeth Gomes 149.830,85 8/2/2002
13/2000, conforme Relatório Pericial 22/2005 do Nascimento e 115.045,67 13/3/2002
da Equipe de Perícia em Obras do Volume 5.175,32 18/4/2002
2 Departamento Nacional de Auditoria do Construções e 295.003,71 31/5/2002
Sistema Único de Saúde (itens 11.1 a 11.20 da Participações 112.390,10 4/7/2002
instrução constante das folhas 2-36 da peça Ltda. (em
23)” solidariedade) 173,21 30/7/2002
28.243,17 30/7/2002
“pagamentos a maior efetuados durante o
exercício de 2002, relativos ao Contrato Sérgio Luiz Côrtes
22/2002, conforme Relatório Pericial 20/2004 da Silveira e M &
da Equipe de Perícia em Obras do One Serviços 24/10/200
3 132.461,81
Departamento Nacional de Auditoria do Técnicos Ltda. 2
Sistema Único de Saúde (itens 12.1 a 12.16 da ME. (em
instrução constante das folhas 2-36 da peça solidariedade)
23)”
AUDIÊNCIAS
“não designação pelo Instituto Nacional de Sérgio Luiz Côrtes
Tráumato-Ortopedia de profissional habilitado da Silveira
para fiscalizar, acompanhar e receber os
serviços, contrariando o art. 67 da Lei
8.666/93, bem como inexistência dos Termos
4 de Aceitação Provisório e Definitivo da obra,
contrariando o disposto nas alíneas “a” e “h”
do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/93 (Nota de
Empenho 900966, de 20/09/2002, Contrato
22/2002) (itens 18.1 a 18.9 da instrução
constante das folhas 2-36 da peça 23)”
“o Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia
não ter procedido ao recebimento definitivo da
obra, nos termos do art. 73 e seu §3º da Lei
8.666/93, ou determinado à contratada a
adoção das providências previstas no art. 69
da Lei 8.666/93 visando à correção de vícios,
5 defeitos ou incorreções porventura ocorridos
na execução da obra, ou, ainda, a aplicação
das sanções contratuais previstas no art. 58,
inciso IV, art. 77 e art. 87 da Lei 8.666/1993
(Contrato 13/2000) (itens 18.10 a 18.31 da
instrução constante das folhas 2-36 da peça
23)”
6 “ausência de justificativa do preço, nos termos
367

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VALOR DATA DA
Nº OCORRÊNCIA RESPONSÁVEIS ORIGINAL OCORRÊN-
(R$) CIA
do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da
Lei 8.666/93, no processo 1700/2002 (itens 89
a 94 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18)”
“ausência de justificativa do preço, nos termos
do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da
Lei 8.666/93, por ocasião da prorrogação dos
7
contratos processo 1.119/2001 e 917/2000
(itens 95 a 98 da instrução constante das
folhas 3-35 da peça 18)”
“ausência de instrumento de contrato, nos
termos do art. 62 da Lei 8.666/93, no processo
1700/2002, tendo em vista que o curso teve
8 início em 4/12/2002 e sua data de término
estava prevista para 05/11/2003 (itens 99 a
101 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18)”
“transgressão ao art. 26, parágrafo único,
inciso I, da Lei 8.666/93, quando da
9
contratação dos serviços objeto do processo
1327/2002, em caráter emergencial (...)”
“contratação para execução de obras
emergenciais da empresa M & ONE Serviços
Técnicos Ltda-ME - processo 1327/2002, que
tem como objetivo, segundo o contrato social,
a prestação de serviços de reparos de
10
aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos,
elétricos e de refrigeração, serviços não
compatíveis com a atividade que foi realizada
(itens 102 a 111 da instrução constante das
folhas 3-35 da peça 18)”
“ausência de planilha de medição nos
processos de pagamento da obra objeto do
processo 1327/2002, efetuados à empresa M
& ONE Serviços Técnicos Ltda., ferindo o art.
63 da Lei 4.320/64, que estabelece que a
11 liquidação da despesa consiste na verificação
do direito adquirido pelo credor, a fim de
apurar a importância exata a pagar e a origem
e o objeto do que se deve pagar (itens 102 a
111 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18)”
“autorizar o prosseguimento dos Miguel Lessa
procedimentos que objetivavam efetivação do Gonçalves
pagamento dos processos 1484/2002 e
1693/2002, efetuados à empresa M & ONE
Serviços Técnicos Ltda., embora o atesto de
12
que a obra foi realizada a contento tenha sido
emitido sem a elaboração de planilha de
medição, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64,
bem como pelo fato de que os servidores que
atestaram a execução não eram qualificados
368

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VALOR DATA DA
Nº OCORRÊNCIA RESPONSÁVEIS ORIGINAL OCORRÊN-
(R$) CIA
para tal, conforme razões de justificativa
apresentada a esta Corte, onde os responsáveis
afirmam que ambos não possuem
conhecimentos técnicos e legais para a
elaboração de planilhas e sequer possuem o
primeiro grau completo (itens 19.1 a 19.4 da
instrução constante das folhas 2-36 da peça
23)”
“pagamento de serviços à Hemopan Serviços Deusdeth Gomes
Médicos Ltda. sem amparo contratual, durante do Nascimento
o período de 14/02/2002 a 02/05/2002, no
13
processo 763/2001 (itens 115 a 124 da
instrução constante das folhas 3-35 da peça
18)”
ausência de justificativa do preço, nos termos
do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da
14 Lei 8.666/93, no processo 763/2001 (itens 115
a 124 da instrução constante das folhas 3-35
da peça 18)”
ausência de justificativa do preço, nos termos
do inciso III, parágrafo único, do art. 26 da
Lei 8.666/93, no processo 529/2002, com
relação aos itens relativos ao frete
15 internacional, seguro internacional e serviços
do agente consolidador da carga no país de
origem da mercadoria (itens 125 a 127 da
instrução constante das folhas 3-35 da peça
18)”
“efetuar atesto de que a obra foi realizada a Adir dos Santos
contento, sem a elaboração de planilha de Soares
medição, no processo de pagamento efetuado
16 à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1693/2002, ferindo o art. 63 da Lei
4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução
constante das folhas 3-35 da peça 18)”
efetuar atesto de que a obra foi realizada a Jorge de Oliveira
contento, sem a elaboração de planilha de
medição, no processo de pagamento efetuado
17 à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1484/2002, ferindo o art. 63 da Lei
4.320/64 (itens 140 a 145 da instrução
constante das folhas 3-35 da peça 18)”

11. Para os gestores com proposta de irregularidade de suas contas (Srs. Deusdeth Gomes do
Nascimento e Sérgio Luiz Côrtes da Silveira), bem como às sociedades LETECM Serviços Técnicos
Ltda. ME, Volume Construções e Participações Ltda. e M & One Serviços Técnicos Ltda., a Secex/RJ
propôs a aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei Orgânica/TCU e para aqueles com proposta de
rejeição das razões de justificativa a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, dessa lei (Srs.
Deusdeth Gomes do Nascimento, Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, Miguel Lessa Gonçalves, Adir dos
Santos Soares e Jorge de Oliveira).
369

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. Foi proposto, ainda, o acolhimento das alegações de defesa apresentadas pelos Srs. Paulo
César Rondinelli (itens 14.1 a 14.3 da instrução à peça 23 - p. 2-36), Deusdeth Gomes do Nascimento
(itens 11.27 a 11.35 da instrução à peça 23, p. 2-36) e Rhana Carga Internacional Ltda. (itens 15.1 a
15.13 da instrução à peça 23, p. 2-36).
13. Ao final do item 25 da instrução à peça 109 (letras “h” a “j”), a Secex/RJ sugeriu que fosse
comunicado ao Ministério Público Federal (MPF) os fatos descritos no Relatório Pericial 22/2005,
elaborado pela Equipe de Perícia em Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único
de Saúde (Denasus), conforme análises empreendidas nos itens 11.14 a 11.19 e 18.26 a 18.30 da
instrução à peça 23, p. 2-36. Para a unidade técnica, os fatos indicados nesses itens representariam
indícios de descumprimento de dispositivos da Lei Complementar 101/2000 e da Lei 8.429/1992,
inclusive com caracterização de crimes previstos no Código Penal e na Lei de Improbidade
Administrativa.
14. Concordo com a análise e as conclusões da Secex/RJ, ressalvando a necessidade de serem
efetuados ajustes no encaminhamento sugerido no item 25 da instrução à peça 109.
15. Quanto ao mérito das contas dos Srs. Deusdeth do Nascimento, Sérgio da Silveira e Miguel
Lessa Gonçalves, entendo correta a rejeição das respectivas alegações de defesa e razões de
justificativa, visto que o descontrole administrativo permitiu, como principal espécie de irregularidade
ocorrida no INTO em 2002, pagamentos a maior em contratos de obras.
16. No caso de um dos contratos no qual foi verificado pagamentos a maior, o de nº 13/2000,
lembro que as alterações de projeto do Hospital Estadual Anchieta (com quem o INTO mantinha
convênio desde 1997, para reforma desse hospital) foram determinadas “direta e pessoalmente pelo ex-
Diretor Deusdeth Gomes do Nascimento” (item 11.2 da instrução da Secex/RJ – peça 23, p. 4). Tais
alterações contribuíram, de modo essencial, para a concretização das irregularidades cujas parcelas de
débito têm proposta de imputação, em solidariedade, com a sociedade Volume Construções e
Participações Ltda.
17. De igual modo, outro ex-diretor do INTO, Sr. Sérgio da Silveira, teve participação essencial
em irregularidades caracterizadas por pagamentos a maior verificados no Contrato 22/2002, que
beneficiaram a sociedade M & One Serviços Técnicos Ltda. ME. Quanto a esse ajuste, verificou-se a
existência de pagamentos superiores aos valores reais dos serviços executados, tendo contribuído para
essa irregularidade não somente o citado ex-diretor, mas, também, dois servidores do INTO que
contam com proposta de rejeição de suas razões de justificativa e de aplicação da consequente multa,
Srs. Adir Soares e Jorge de Oliveira.
18. Conforme apurado no TC 006.942/2003-1, esses dois servidores, que não detinham
qualificação para verificar o cumprimento do objeto do Contrato 22/2002 (serviços de adequações
físicas das instalações assistenciais do Instituto), atestaram, com posterior ratificação por parte do Sr.
Miguel Lessa Gonçalves, que a obra foi realizada a contento, sem que tenha sido por eles emitida a
correspondente planilha de medição.
19. Tendo em vista as irregularidades descritas nos itens precedentes, além daquelas que foram
objeto de audiência dos ex-diretores do INTO (Srs. Deusdeth do Nascimento e Sérgio da Silveira),
conforme enumeradas nos diversos itens do quadro do item 10 deste parecer, entendo justificada a
proposta de julgamento pela irregularidade de suas contas. Igual juízo pode ser conferido à gestão do
Sr. Miguel Gonçalves, então coordenador de administração geral do INTO, sem que, contudo, se
impute débito a esse gestor (pois foi ouvido apenas em audiência neste PC).
20. Considerando que não restou comprovada neste PC e nos exames procedidos no âmbito do
TC 006.942/2003-1 a boa-fé dos ex-diretores do INTO ouvidos em citação, entendo que suas contas
podem ser, de imediato, julgadas irregulares, com imputação de débito, em solidariedade com as
sociedades envolvidas. Não se justifica, portanto, a providência proposta pela Secex/RJ na letra “c” do
item 25 da instrução à peça 109 (adoção da medida preliminar prevista no art. 12, § 1°, da Lei
8.443/1992).
370

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. Além das contas dos ex-gestores do INTO, entendo que também deve haver o julgamento
das contas das sociedades que se beneficiaram com pagamentos irregulares, para as quais será
sugerido, também, a imputação de débito solidário com os referidos ex-gestores.
22. No caso dos responsáveis que contam com proposta de julgamento pela regularidade com
ressalva de suas contas, entendo que nem todos que constam do rol à peça 1, p. 11-15, devem ter suas
contas julgadas pelo Tribunal, considerando que a Secex/RJ sugeriu tal medida em relação aos
“demais responsáveis” do INTO (letra “b” do item 25 da instrução à peça 109), sem identificar quais
seriam esses gestores.
23. Assim, considerando o disposto no art. 10 da Instrução Normativa TCU 63/2010, proponho
que apenas os Srs. José Edilberto Ramalho Leite, coordenador de programas especiais, e Telmo Silva
Hoelz, coordenador de administração geral do INTO (até 9/6/2002), tenham suas contas julgadas pela
regularidade com ressalva. Destaco que as ressalvas às contas desses gestores podem ser caracterizadas
pelas falhas que motivaram as determinações constantes do item 9.3 do Acórdão 2.184/2004-TCU-2ª
Câmara, as quais também decorrem da gestão deficiente dos ex-diretores do Instituto no exercício de
2002.
24. No que tange à citação do Sr. Paulo César Rondinelli, oriunda das apurações no TC
006.942/2003-1 (peça 1, p. 14-15, desse processo), sugiro que seja excluída sua responsabilidade deste
PC, o que torna despicienda a proposta da Secex/RJ, de acolhimento de suas alegações de defesa. Esse
responsável foi citado para responder por débitos ocorridos entre 28/1/2002 e 11/9/2002, quando
ocorreram pagamentos indevidos (a maior) à sociedade Toesa Service Ltda., sendo que o responsável
foi exonerado da função de diretor do INTO em 1º/7/2001.
25. Lembro que o Sr. Paulo Rondinelli, ante a ocorrência de diversas irregularidades em sua
gestão como diretor do INTO, teve suas contas julgadas irregulares pelo TCU com referência aos
exercícios de 1998 a 2000, com imputação de débito e multa (vide Acórdão 1.436/2011-TCU-
Plenário). Encontra-se em tramitação o processo que cuida da gestão do Instituto em 2001, quando o
referido gestor ocupou a titularidade da entidade em parte do exercício (TC 008.213/2002-2).
26. No que se refere às propostas apresentadas pela Secex/RJ nas letras “h” a “j” do item 25 da
instrução à peça 109, entendo que a oportuna adoção, pelo Tribunal, da medida prevista no art. 16, §
3º, da Lei 8.443/1992 atende à expectativa da unidade técnica, de comunicar ao MPF ocorrências que
podem caracterizar descumprimento de dispositivos do Código Penal, da Lei de Responsabilidade
Fiscal e da Lei de Improbidade Administrativa.
27. Por fim, deve ser promovido ajuste na redação das letras “d” e “e” do item 25 da instrução à
peça 109, no sentido de que reste explícito que as multas a serem aplicadas aos responsáveis têm
caráter individual. Além disso, cabe efetivar correção em relação à data na qual será iniciada a
contagem da correção monetária que incidirá sobre as penalidades, caso não forem recolhidas no prazo
que vier a ser concedido pelo TCU, que será a data em que vier a ser proferido o acórdão condenatório
(e não o “dia seguinte ao término do prazo fixado”, conforme constou da proposta da Secex/RJ). Tal
compreensão sobre a atualização de multas impostas pelo Tribunal constou, de modo explícito, do item
23 do voto proferido pela Ministra Ana Arraes ao fundamentar o Acórdão 1.247/2012-TCU-Plenário.
28. Ante o exposto, manifesto minha concordância parcial com relação à proposta de
encaminhamento da Secex/RJ (peça 109), sugerindo, em consequência, os seguintes ajustes (com
manutenção das demais propostas sugeridas pela unidade técnica):
a) inclusão de item excluindo a responsabilidade do Sr. Paulo César Rondinelli deste processo
de contas;
b) alteração da redação da letra “b” do item 25 da instrução à peça 109, que passa a ter o
seguinte teor:
b) sejam julgadas regulares com ressalva as contas dos Srs. José Edilberto Ramalho Leite e Telmo Silva
Hoelz, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno/TCU, dando-lhes quitação;
371

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) alteração da redação da letra “c” do item 25 da instrução à peça 109, que passa a ter o
seguinte teor:
c) sejam julgadas irregulares as contas dos Srs. Deusdeth Gomes do Nascimento, Sérgio Luiz Côrtes da
Silveira e Miguel Lessa Gonçalves, bem como das sociedades LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume
Construções e Participações Ltda. e M & One Serviços Técnicos Ltda., nos termos dos arts. 1º, inciso I, e 16,
inciso III, alíneas "b" e "c", da Lei 8.443/92 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, dessa lei, e com os arts. 1º, inciso I,
209, incisos II e III, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno/TCU, condenando-os, em solidariedade, ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações,
para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da dívida aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, atualizada monetariamente e acrescida dos
juros de mora, calculados a partir da data discriminada, até a data do recolhimento, na forma prevista na
legislação em vigor:
(...)
d) alteração da redação das letras “d” e “e” do item 25 da instrução à peça 109, que passam a ter
o seguinte teor:
d) seja aplicada, individualmente, aos Srs. Deusdeth Gomes do Nascimento e Sérgio Luiz Côrtes da
Silveira e às sociedades LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume Construções e Participações Ltda. e M
& One Serviços Técnicos Ltda. ME a multa referida no art. 57 da Lei 8.443/92 c/c art. 267 do Regimento
Interno, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o
Tribunal (art. 214, III, alínea "a" do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido neste processo até a dos efetivos
recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
e) sejam rejeitadas as razões de justificativa dos seguintes responsáveis, relativas às ocorrências
especificadas, aplicando-se, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, fixando-lhes
o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea
“a” do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente
desde a data do acórdão que vier a ser proferido neste processo até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas
após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
(...)
e) alteração da redação da letra “g” do item 25 da instrução à peça 109, que passa a ter o
seguinte teor:
g) sejam acatadas as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Deusdeth Gomes do Nascimento (itens
11.27 a 11.35 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23) e pela sociedade Rhana Carga Internacional
Ltda. (itens 15.1 a 15.13 da instrução constante das folhas 2-36 da peça 23);
f) exclusão das letras “h” a “j” do item 25 da instrução à peça 109;
g) inclusão da providência prevista no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, no sentido de ser
encaminhada cópia da deliberação que vier a julgar este processo de contas à Procuradoria da
República no Estado do Rio de Janeiro, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis."
É o relatório.

VOTO

Em exame a tomada de contas do Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), atual


Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad, órgão da administração direta
vinculado ao Ministério da Saúde, referente ao exercício de 2002.
2. O julgamento das presentes contas estava sobrestado, aguardando a apreciação do TC
009.400/2008-9, processo de representação que cuida de irregularidades em pagamentos referentes a
contratos celebrados pelo Into e que repercutem nas contas da entidade dos exercícios de 1999 a 2002,
a saber: Contrato nº 14/1999 (Toesa Service Ltda., para manutenção preventiva e corretiva de
viaturas), 16/1999 e 13/2000 (Volume Construções e Participações Ltda., para execução de obras de
372

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

recuperação do Hospital Anchieta). Esse processo de representação foi apensado às contas do Into do
exercício de 1999 (TC 007.546/2000-9), que foi reanalisada em conjunto com as contas do Into de
1998 e 2000 (TC 008.785/1999-6 e TC 007.365/2001-1, respectivamente), reabertas a partir de
recursos de revisão interpostos pelo Ministério Público junto ao TCU. Destaco que as irregularidades
apontadas na referida representação, que apresentaram reflexos na gestão de 2002, foram objeto de
citações e audiências na tomada de contas que ora se examina.
3. Registro, por oportuno, que a tomada de contas do Instituto relativa ao exercício de 2001
(TC 008.213/2002-2) encontra-se sobrestada pelo mesmo motivo e ainda não foi apreciada pelo
Tribunal.
4. Por meio do Acórdão nº 1436/2011-TCU-Plenário, este Tribunal apreciou as contas do Into
relativas a 1998, 1999 e 2000, e decidiu, em síntese:
a) julgar irregulares as contas do Into de 1999 e 2000 com relação aos responsáveis Paulo César
Rondinelli (ex-Diretor-Geral) e Sérgio Albino de Souza Castilho (ex-Coordenador de Administração
Geral, condenando-os em débito solidariamente às empresas Gruçaí Construtora Ltda., LHM Ar
Condicionado Ltda. e Volume Construções e Participações Ltda.;
b) manter a irregularidade das contas do Into de 1998 relativas ao exercício de 1998, com
imputação de débito solidário aos responsáveis Paulo César Rondinelli e Sérgio Albino de Souza
Castilho, bem como às empresas Gruçaí Construtora Ltda., LHM Ar Condicionado Ltda., Volume
Construções e Participações Ltda. e à Massa Falida da empresa TEL Termo Engenharia Ltda;
c) aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92, individualmente, aos responsáveis e
empresas acima mencionados.
5. Esta deliberação foi objeto de recursos de reconsideração, que foram conhecidos e não
providos pelo Tribunal por meio do Acórdão nº 554/2014-TCU-Plenário.
6. Portanto, o levantamento do sobrestamento do presente feito mostra-se possível, para que seja
examinado o reflexo das irregularidades identificadas no TC 009.400/2008-9 nas contas do Into
relativas ao exercício de 2002.
7. As irregularidades identificadas na gestão do Into nos exercícios de 1998 a 2002, que refletem
a desorganização administrativa que vivia a entidade na época, chegaram ao conhecimento deste
Tribunal a partir de relatórios periciais elaborados pela Equipe de Perícia em Obras do Departamento
Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), complementados posteriomente por
relatórios técnicos periciais elaborados por Comissão Técnica Pericial do Denasus.
8. Todas as ocorrências relativas à gestão do Into de 2002 foram detalhadamente analisadas pela
unidade técnica e pelo Ministério Público junto ao TCU, que concluíram, em síntese, pela
irregularidade das contas dos principais gestores e a imputação de débito a eles e às empresas
envolvidas, além da aplicação de multa.
9. Pelos fundamentos apresentados na instrução técnica e no parecer do MP/TCU, ambos
transcritos no relatório precedente, acolho as conclusões, na forma sugerida pelo representante do
parquet especializado, e incorporo os seus fundamentos como minhas razões de decidir, assinalando
que o encaminhamento proposto está em consonância com o que já foi decidido por este Plenário nas
contas de exercícios anteriores da entidade. O quadro resumo elaborado pelo MP/TCU (vide item 10 do
parecer transcrito no relatório precedente), resume as irregularidades que motivaram a unidade técnica
a rejeitar a maior parte das alegações de defesa e razões de justificativa por ela analisadas no decorrer
do andamento processual, discriminando os responsáveis e valores envolvidos nos casos decorrentes
de citação.
10. Além de ajustes na redação da proposta da unidade técnica, dissentiu o MP/TCU quanto à
responsabilidade do Sr. Paulo César Rondinelli nestes autos. De fato, a exlusão do mencionado
responsável se faz necessário, uma vez que a citação realizada pela Secex/RJ imputou a ele débitos
relativos a pagamentos a maior efetuados entre 28/1/2002 e 11/9/2002 à empresa Toesa Service Ltda.,
quando o responsável foi exonerado da função de diretor Into em 1º/7/2001.
373

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Quanto à proposta de multa aos responsáveis que tiveram as suas razões de justificativa
rejeitadas, observo que os pareceres indicam que o mesmo valor aplicar-se-ia a todos, o que não se
coadunaria com o grau de responsabilidade individual pelas ocorrências assinaladas. Assim, faço
ajustes no sentido de estabelecer uma gradação da pena.
12. Incorporando às minhas razões de decidir os fundamentos expendidos na instrução da
unidade técnica e no parecer do MP/TCU, não é possível reconhecer a boa-fé na conduta dos ex-
diretores do INTO ouvidos em citação no que se refere às irregularidades tratadas nos presentes autos,
o que permite, desde logo, julgar irregulares as presentes contas, não se aplicando a adoção da medida
preliminar proposta pela Secex/RJ, prevista no art. 12, § 1°, da Lei nº 8.443/1992, consoante assinalou
o representante do parquet especializado.
Ante o exposto, acolho o parecer do Ministério Público e Voto no sentido de que o Tribunal
adote a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2721/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.030/2003-7
1.1. Apenso: 006.942/2003-1
2. Grupo I – Classe de Assunto - IV: Tomada de Contas (exercício de 2002)
3. Responsáveis: Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.255-34), José Edilberto
Ramalho Leite (CPF 002.349.823-49), Miguel Lessa Gonçalves (CPF 349.303.967-00), Sérgio Luiz
Côrtes da Silveira (CPF 817.161.767-00), Telmo Silva Hoelz (CPF 354.119.457-04), Adir dos Santos
Soares (CPF 631.716.867-91) e Jorge de Oliveira (CPF 351.220.487-20)
4. Entidade: Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
7. Unidade Técnica: Secex/RJ
8. Advogados constituídos nos autos: José Henrique Barbosa Moreira Lima Neto (OAB/RJ
83795), Flávia Maria de Figueiredo Teixeira (OAB/RJ 109255), Pedro Henrique Pittella de Souza
Leite (OAB/RJ 181590-E), Lincoln Magalhães da Rocha (OAB/DF 24089), Ivan Ribeiro dos Santos
Nazareth (OAB/RJ 121685) e outros

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da tomada de contas do Instituto Nacional de
Tráumato-Ortopedia (Into) referente ao exercício de 2002,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. excluir da relação processual o Sr. Paulo César Rondinelli (CPF 367.095.307-87)
9.2. julgar regulares com ressalva as contas dos Srs. José Edilberto Ramalho Leite e Telmo Silva
Hoelz, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, c/c
os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, dando-lhes quitação;
9.3. julgar irregulares as contas dos Srs. Deusdeth Gomes do Nascimento, Sérgio Luiz Côrtes da Silveira
e Miguel Lessa Gonçalves, bem como das sociedades LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume
Construções e Participações Ltda. e M & One Serviços Técnicos Ltda., nos termos dos arts. 1º, inciso I, e 16,
inciso III, alíneas "b" e "c", 19 e 23, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III,
210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, condenando-os, em solidariedade, ao pagamento das quantias a
seguir especificadas, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres
da Fundação Nacional de Saúde, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir
da data discriminada, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
374

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.1. Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.755-35) e LETECM Serviços Técnicos


Ltda. ME (CNRT 04.366.430/0001-82), pelo pagamento a maior efetuado durante o exercício de 2002,
relativos ao Processo nº 250057.0892, conforme Relatório Pericial nº 21/2004 da Equipe de Perícia em
Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde:

Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência


4.262,72 24/06/2002

9.3.2. Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.755-35) e Volume Construções e


Participações Ltda. (CNPJ 34.265.298/0001-83), por pagamentos a maior efetuados durante o
exercício de 2002, relativos ao Contrato nº 13/2000, conforme Relatório Pericial nº 22/2005 da Equipe
de Perícia em Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde:

Valor Original do Débito Data da Ocorrência


118.737,44 23/01/2002
149.830,85 08/02/2002
115.045,67 13/03/2002
5.175,32 18/04/2002
295.003,71 31/05/2002
112.390,10 04/07/2002
173,21 30/07/2002
28.243,17 30/07/2002

9.3.3. Sérgio Luiz Côrtes da Silveira (CPF 817.161.767-00) e M & One Serviços Técnicos Ltda.
ME. (CNPJ 04.366.424/0001-25), por pagamentos a maior efetuados durante o exercício de 2002,
relativos ao Contrato nº 22/2002, conforme Relatório Pericial nº 20/2004 da Equipe de Perícia em
Obras do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde:

Valor Original do Débito (R$) Data da Ocorrência


132.461,81 24/10/2002

9.4. aplicar aos Srs. Deusdeth Gomes do Nascimento e Sérgio Luiz Côrtes da Silveira, bem
como às empresas LETECM Serviços Técnicos Ltda. ME, Volume Construções e Participações Ltda.
e M & One Serviços Técnicos Ltda. ME a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92 c/c art. 267 do
Regimento Interno, no valor individual de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), fixando-lhes o prazo de 15
(quinze) dias, a partir da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea "a"
do Regimento Interno), o seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir da data deste acórdão até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. rejeitar as razões de justificativa dos seguintes responsáveis, relativas às ocorrências
especificadas, aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92, no valor
individual assinalado, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea “a” do Regimento Interno), seu recolhimento aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente a partir da data deste acórdão até a dos
efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
9.5.1. Sérgio Luiz Côrtes da Silveira (CPF 817.161.767-00), multa no valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais):
Ocorrência: não designação pelo Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia de profissional
habilitado para fiscalizar, acompanhar e receber os serviços, contrariando o art. 67 da Lei 8.666/93,
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bem como inexistência dos Termos de Aceitação Provisório e Definitivo da obra, contrariando o
disposto nas alíneas “a” e “h” do inciso I do art. 73 da Lei 8.666/93 (Nota de Empenho 900966, de
20/09/2002, Contrato 22/2002);
Ocorrência: o Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia não ter procedido ao recebimento
definitivo da obra, nos termos do art.73 e seu § 3º da Lei 8.666/93, ou determinado à contratada a
adoção das providências previstas no art. 69 da Lei 8.666/93 visando à correção de vícios, defeitos ou
incorreções porventura ocorridos na execução da obra, ou, ainda, a aplicação das sanções contratuais
previstas no art. 58, inciso IV, art. 77 e art. 87 da Lei 8.666/1993 (Contrato 13/2000);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 1700/2002 (itens 89 a 94 da instrução constante das folhas 3-35 da
peça 18);
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, por ocasião da prorrogação dos contratos processo 1.119/2001 e 917/2000;
Ocorrência: ausência de instrumento de contrato, nos termos do art. 62 da Lei 8.666/93, no
processo 1700/2002, tendo em vista que o curso teve início em 4/12/2002 e sua data de término estava
prevista para 05/11/2003;
Ocorrência: transgressão ao art. 26, parágrafo único, inciso I, da Lei 8.666/93, quando da
contratação dos serviços objeto do processo 1327/2002, em caráter emergencial, extrapolando as
exigências determinadas pelo relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Ocorrência: contratação para execução de obras emergenciais da empresa M & ONE Serviços
Técnicos Ltda-ME - processo 1327/2002, que tem como objetivo, segundo o contrato social, a
prestação de serviços de reparos de aparelhos eletrodomésticos, eletrônicos, elétricos e de refrigeração,
serviços não compatíveis com a atividade que foi realizada;
Ocorrência: ausência de planilha de medição nos processos de pagamento da obra objeto do
processo 1327/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda., ferindo o art. 63 da Lei
4.320/64, que estabelece que a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor, a fim de apurar a importância exata a pagar e a origem e o objeto do que se deve pagar;
9.5.2. Miguel Lessa Gonçalves (CPF 349.303.967-00), multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil
reais):
Ocorrência: autorizar o prosseguimento dos procedimentos que objetivavam efetivação do
pagamento dos processos 1484/2002 e 1693/2002, efetuados à empresa M & ONE Serviços Técnicos
Ltda., embora o atesto de que a obra foi realizada a contento tenha sido emitido sem a elaboração de
planilha de medição, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64, bem como pelo fato de que os servidores que
atestaram a execução não eram qualificados para tal;
9.5.3. Deusdeth Gomes do Nascimento (CPF 059.877.755-35), multa no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais):
Ocorrência: pagamento de serviços à Hemopan Serviços Médicos Ltda. sem amparo contratual,
durante o período de 14/02/2002 a 02/05/2002, no processo 763/2001;
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 763/2001;
Ocorrência: ausência de justificativa do preço, nos termos do inciso III, parágrafo único, do art.
26 da Lei 8.666/93, no processo 529/2002, com relação aos itens relativos ao frete internacional,
seguro internacional e serviços do agente consolidador da carga no país de origem da mercadoria;
9.5.4. Adir dos Santos Soares (CPF 631.716.867-91) e Jorge de Oliveira (CPF 351.220.487-20),
multa no valor individual de R$ 3.000,00 (três mil reais):
Ocorrência: efetuar atesto de que a obra foi realizada a contento, sem a elaboração de planilha
de medição, no processo de pagamento efetuado à empresa M & ONE Serviços Técnicos Ltda.,
processo 1693/2002, ferindo o art. 63 da Lei 4.320/64;
9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
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9.7. acolher as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Deusdeth Gomes do Nascimento e pela
sociedade Rhana Carga Internacional Ltda. (itens 11.27 a 11.35 e 15.1 a 15.13 da instrução constante
das folhas 2-36 da peça 23);
9.8. nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, encaminhar cópia deste acórdão, bem
como do relatório e voto que o fundamentam, à Procuradoria da República no Estado do Rio de
Janeiro, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2721-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Relator), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE VI – Plenário


TC 015.330/2010-9
Natureza(s): Monitoramento (em Pensão Civil)
Órgão/Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado
do Pará
Interessados: Albertina Sousa Neto (330.896.632-87); Jairo do Carmo Silva (697.236.992-49);
Joaquim Jose do Carmo Silva (635.940.212-20); Josiane do Carmo Silva (715.176.002-78), Josineide
do Carmo Silva (697.265.822-53); Juliana Maciel Angelino (521.640.802-97); Manoel Damiao da
Silva (004.868.092-34); Zeneide do Carmo Silva (377.839.982-91)
Representação legal: não há.

SUMÁRIO: PENSÃO CIVIL. SFA-PA. MONITORAMENTO DE DETERMINAÇÕES


EXPEDIDAS NO ACÓRDÃO 3.630/2011-2ª CÂMARA. APURAÇÃO DE FATOS QUE IMPÕEM,
EM TESE, O CANCELAMENTO DE PENSÃO CONCEDIDA A DUAS FILHAS MAIORES
SOLTEIRAS NOS TERMOS DO ART. 5º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 3.373/58 (VÍNCULO
DE EMPREGO E CASAMENTO/UNIÃO ESTÁVEL). CONSIDERAÇÕES SOBRE A VEDAÇÃO
DE ACÚMULO DE MAIS DE DUAS PENSÕES PREVISTA NO ART. 225 DA LEI 8.112/90.
VEDAÇÃO RESTRITA A BENEFÍCIO PENSIONAL, QUE NÃO ALCANÇA APOSENTADORIA.
DETERMINAÇÕES AO ÓRGÃO DE ORIGEM. DETERMINAÇÃO PARA APRIMORAMENTO
DO SISAC. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de monitoramento das determinações expedidas no Acórdão 3.630/2011-TCU-2ª


Câmara, em que este Tribunal, entre outras deliberações, considerou ilegal o ato de pensão civil
instituída por Hugo Lopes Neto, em face da declarada acumulação de mais de duas pensões pela
beneficiária Albertina Sousa Neto, em desacordo com o disposto no art. 225 da Lei 8.112/1990, e,
ainda, expediu as seguintes determinações à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento no Pará, que incluíram a aferição a posteriori da regularidade do benefício pensional
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instituído por Raimundo Azevedo da Silva em favor de Josiane do Carmo Silva e Josineide do Carmo
Silva, verbis:
9.4.1 faça cessar, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência desta deliberação, os pagamentos
decorrentes do ato de fls. 2/4 (beneficiária: Albertina Sousa Neto), sob pena de responsabilidade solidária da
autoridade administrativa omissa;
9.4.2 oriente a Sra. Albertina Sousa Neto sobre seu direito de opção previsto no art. 225 da Lei
8.112/90, e, caso a interessada comprove sua renúncia em relação a uma das duas pensões declaradas, emita
novo ato, submetendo-o a este Tribunal nos termos da IN TCU 55/2007;
9.4.3 envie a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência, os documentos
comprobatórios de que a interessada tomou ciência desta deliberação, bem como da orientação referida no
subitem 9.4.2;
9.4.4 quanto à pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva (fls. 5/8), emita o correspondente ato
de alteração, contemplando a beneficiária Josiane do Carmo Silva, submetendo-o a este Tribunal nos termos
da IN TCU 55/2007, observadas as seguintes condições:
9.4.4.1 confirmação prévia de que as Sras. Josiane do Carmo Silva e Josineide do Carmo Silva
permanecem solteiras e sem exercer cargo público, condições exigidas no parágrafo único do art. 5° da Lei
3.373/58, para o recebimento da referida pensão;
9.4.4.2 se ao menos uma dessas condições não for comprovada, o órgão deverá suspender
imediatamente os pagamentos em favor da respectiva beneficiária, recalculando as cotas partes em favor dos
demais pensionistas;
9.4.4.3 o ato de alteração não deverá contemplar os nomes dos Srs. Jairo do Carmo Silva e Joaquim
José do Carmo Silva, por terem ultrapassado a idade limite para fazer jus à pensão temporária;
9.4.4.4 caso a Sra. Josiane do Carmo Silva não possua mais o direito à pensão, considerar prejudicada
a emissão do ato de alteração da pensão, por falta de objeto, sem prejuízo da providência determinada no
subitem 9.4.4.2.
2. Reproduzo, a seguir, o teor principal do parecer do Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé,
do MPTCU, que engloba o resumo das análises e conclusões da Secretaria de Fiscalização de Pessoal
– Sefip (peças 9 a 11):
(...)
No que concerne à pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva, em relação às
beneficiárias Josineide do Carmo Silva e Josiane do Carmo Silva, a Sefip informa que a unidade
jurisdicionada enviou a este Tribunal a comprovação de que ambas declararam, em 18/8/2011, o não
exercício de cargo público e a permanência na condição de solteira (peça 1, p. 36 e 39). Não obstante,
destaca que, em consulta ao sistema Siape e à base de dados da Diretoria de Gestão de Informações
Estratégicas – DGI (peça 3), foi possível observar a seguinte situação:
(i) a Sra. Josineide do Carmo Silva possui vínculo empregatício (pelo menos desde 2008) em
estabelecimento particular de ensino, com remuneração em dezembro de 2013 no valor de R$ 898,06;
e
(ii) de acordo com os dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, a
Sra. Josiane do Carmo Silva tem como cônjuge ou companheiro o Sr. Waldemar do Nascimento da
Silva.
Já no que se refere ao ato do instituidor Hugo Lopes Neto, considerando que a pensionista
Albertina Sousa Neto renunciou a duas aposentadorias concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social, conclui que, nesse caso, faltou apenas a emissão de novo ato no sistema Sisac, conforme
previsto no item 9.4.2 da decisão monitorada.
Diante disso, em pareceres uniformes às peças 9 e 10, aquela unidade técnica propõe a
realização da audiência do Sr. Ademir Conceição Carvalho Teixeira, para que justifique a não
emissão de novo ato de pensão civil instituída por Raimundo Azevedo da Silva, contemplando a
beneficiária Josiane do Carmo Silva, conforme determinado pelo subitem 9.4.4 do Acórdão
3.630/2011-TCU-2ª Câmara, bem como a manutenção do pagamento do benefício em favor da
referida pensionista e da Sra. Josineide do Carmo Silva, as quais não atendem mais aos requisitos
378

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para a manutenção da percepção do benefício nos termos da Lei 3.373/1958 e da Súmula 285/TCU,
em razão da perda da condição de solteira e dependência econômica do instituidor, respectivamente.
Com efeito, em razão da situação conjugal da Sra. Josiane do Carmo Silva, verificada no
Cadastro Único para Programas Sociais à peça 3, p. 8, entendo que não é mais cabível a sua
permanência no rol de beneficiárias da pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva. Contudo,
tendo em vista que consta dos autos que a interessada afirmou em 18/8/2011 que continuava solteira e
não exercia cargo público, entendo que tal situação não caracteriza o descumprimento da decisão
deste Tribunal por parte do gestor, para fins de sua responsabilização.
Assim, com as vênias de praxe, penso ser mais adequado ao caso determinar à unidade
jurisdicionada que providencie a suspensão do benefício e o ressarcimento dos valores pagos
indevidamente, sem prejuízo de que sejam adotadas as medidas penais cabíveis, na hipótese de ser
constatado que, em 18/8/2011, a referida beneficiária prestou declaração falsa.
Da mesma forma, no caso da Sra. Josineide do Carmo Silva, creio que não se pode considerar o
acórdão descumprido pela unidade jurisdicionada, para fins de responsabilização do gestor, pois
também consta dos autos uma declaração em que a filha do instituidor afirma, na mesma data, ser
solteira e não exercer cargo público.
No entanto, ante a constatação de que essa interessada exerce atividade privada, percebendo
remuneração pouco superior a um salário mínimo, considero necessário colher mais informações
acerca da situação fática em que a mesma está inserida, para fins de aferição de sua dependência
econômica, como, por exemplo, se possui gastos com dependentes ou enfermidades que impedem a
sua subsistência condigna apenas com as receitas decorrentes do seu labor.
Isto porque, a Súmula TCU nº 285 afirma que a pensão da Lei 3.373/1958 somente é devida à
filha solteira maior de 21 anos enquanto existir dependência econômica em relação ao instituidor do
benefício. Não obstante, por diversas vezes este Tribunal já se manifestou no sentido de que a aferição
dessa dependência deve ser realizada caso a caso, de forma a verificar se a renda auferida permite a
subsistência condigna do interessado, o que não é possível ser feito com a simples comparação com
salário mínimo.
Nesse sentido, cabe transcrever os trechos do voto condutor do Acórdão 892/2012-TCU-
Plenário, proferido em sede de consulta, o qual abordou com profundidade a questão, citando
diversos precedentes, ao analisar os critérios para a concessão e manutenção do benefício de pensão
à filha solteira maior de 21 anos de idade:
32. À luz do ensinamento de Odonel Urbano Gonçalves, a dependência econômica configura-se quando
“preponderantemente a pessoa dependa do recurso do segurado para sua sobrevivência” (in Manual de
Direito Previdenciário, 2ª ed., p. 39, Atlas, S.P., 1993). E sobrevivência não é o mesmo que padrão de vida.
33. Seguindo-se esta esteira, destaque-se que a condição de dependência econômica do beneficiário em
relação ao instituidor, para fins de deferimento de pensão civil, deve ser aferida caso a caso, tanto pelo órgão
concedente como por este Tribunal, pelos meios probatórios que se considerem suficientes e necessários, não
constituindo economia própria, excludente da concessão de pensão civil, renda incapaz de proporcionar
subsistência condigna (Acórdãos nºs 3.801/2007-1ª Câmara e 1.883/2010-1ª Câmara, dentre outros).
34. O mesmo princípio foi, inclusive, objeto do Enunciado nº 35 da Súmula de Jurisprudência deste
Tribunal, que, ao tratar da pensão especial para viúvas de militares e de funcionários civis especificados na Lei
nº 3.738/1960, assim firmou: “Não constitui economia própria, excludente da concessão de pensão especial,
renda incapaz de proporcionar subsistência condigna”.
(...)
36. Outra análise que vem bem a propósito neste feito é a realizada pelo Ministro José Jorge, ao relatar
o TC-010.892/2007-7, oportunidade em que foi aprovado o Acórdão nº 4.103/2009 – TCU – Primeira Câmara,
reconhecendo-se então a legalidade da pensão deferida a uma pessoa que já percebia rendimentos mensais no
valor aproximado de três salários mínimos.
(...)
38. Na mesma linha, tem-se o seguinte posicionamento do Ministro Raimundo Carreiro, ao relatar o TC-
020.856/2007-4, quando foi aprovado o Acórdão nº 4.197/2008 – TCU - Segunda Câmara:
379

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. No pertinente a [omissis], igualmente beneficiário da referida instituidora, na condição de pessoa


designada (sobrinho maior inválido), entendo que assiste razão ao Ministério Público, ao opinar pela
legalidade do seu benefício pensional, diante dos elementos trazidos aos autos, comprovando a sua
dependência econômica em relação à instituidora.
(...)
4. Para reforçar a orientação deste Tribunal quanto à matéria, não é demasiado reportarmo-nos ao
Acórdão 2.534/2007-TCU-Plenário (in Ata 50/2007), em que esta Corte de Contas, ao examinar Relatório de
Auditoria realizada pela Sefip, baseando-se em dados cadastrais extraídos do Sistema de Administração de
Pessoal - Siape, gerido pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, visando verificar possíveis ocorrências de pagamentos indevidos de pensões, em desconformidade com
as normas vigentes, determinou àquela Secretaria de Recursos Humanos que atuasse como coordenadora,
orientadora e centralizadora com vistas ‘à realização de verificações quanto à comprovação da dependência
econômica como elemento de legitimação da concessão da pensão prevista no art. 215 da Lei nº 8.112/1990
aos beneficiários elencados no art. 217, inciso I, alínea ‘e’, e inciso II, alínea ‘d’, daquela norma legal, a ser
aferida caso a caso, pelos meios probatórios que se considerem suficientes e necessários, não constituindo
economia própria, excludente da concessão de pensão (consoante a Súmula TCU 35), renda incapaz de
proporcionar subsistência condigna;’.
5. Nessa linha de raciocínio, ficou demonstrada a dependência econômica de [omissis] em relação à
instituidora, destacando-se que o benefício percebido junto ao INSS não constitui óbice ao deferimento da
presente pensão ante o disposto na Súmula TCU 35, ratificado pelo supracitado decisum, devendo assim o seu
ato de pensão ser considerado legal.” (os destaques são deste relator).
39. E foi seguindo esta mesma orientação que, na oportunidade em que relatei o TC-001.772/2007-0,
este Tribunal acolheu proposta que formulei no sentido de que a subsistência condigna só pode ser avaliada
levando-se em consideração as particularidades do caso concreto. Naquela oportunidade, mesmo sabendo que
o beneficiário percebia proventos de aposentadoria do INSS em valor aproximado de dois salários mínimos, o
encaminhamento dado foi pela legalidade da pensão. A seguir, trago excerto do citado aresto:
“10. À luz desses precedentes, não vejo como negar o registro da pensão ora apreciada, que tem por
fundamento o art. 217, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 8.112/1990 (filho inválido, enquanto durar a invalidez).
11. Consoante o laudo de fls. 13, assinado por junta médica do Ministério da Fazenda, o beneficiário é
portador de neoplasia maligna, não me parecendo que o valor por ele recebido do INSS, a título de
aposentadoria por invalidez (R$ 1.145,63), seja capaz de inviabilizar a pensão estatutária deixada por seu pai.
12. Inequivocamente, o acometimento de doença tão grave, a ponto de provocar a invalidez do portador,
é um fato a ser devidamente considerado no encaminhamento da matéria sob exame, na medida em que, como
visto, o Tribunal reconhece que o benefício da espécie deve proporcionar subsistência condigna ao
pensionista, aferindo-se caso a caso a condição de dependência econômica, pelos meios probatórios que se
considerem suficientes e necessários.
13. Nesse contexto, o bom senso e até a intuição indicam que o atendimento do princípio antes referido
(subsistência condigna), em se tratando de portador de neoplasia maligna, deve ter por base parâmetros
diferenciados daqueles normalmente imaginados para a sobrevivência de pessoas saudáveis ou com
limitações físicas menos importantes.
14. Vista a questão nesses termos, creio que o valor percebido junto ao INSS pelo favorecido, de baixa
materialidade frente à situação ora revelada, não constitui óbice ao recebimento da pensão em comento, dada
a condição especial de saúde do pensionista, com os indispensáveis e custosos tratamentos daí advindos.”
(destaquei). (destaques no original)
Por último, no que se refere ao ato do instituidor Hugo Lopes Neto, embora a Sefip tenha
afirmado que houve a renúncia de duas aposentadorias (rural e por idade), afirmação essa feita com
base nas páginas 26 e 30 da peça 1, cumpre esclarecer que tais páginas, na verdade, apresentam duas
cópias do mesmo documento, que trata da renúncia de uma aposentadoria por idade no Regime Geral
de Previdência Social, sob o benefício nº 0546481728.
De qualquer maneira, entendo que a referida renúncia não atende ao que restou disposto no
item 9.4.2 do Acórdão 3.630/2011-TCU-2ª Câmara, pois a irregularidade que levou à apreciação do
ato dessa interessada pela ilegalidade está associada à percepção de mais de dois benefícios
380

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pensionais e não de outra aposentadoria, em face da proibição expressa do art. 225 da Lei
8.112/1990.
Por conseguinte, em relação a essa situação, avalio ser mais adequado reiterar à unidade
jurisdicionada as determinações contidas nos itens 9.4.1 e 9.4.2 do Acórdão 3.630/2011-TCU-2ª
Câmara, sem prejuízo de que seja providenciado o ressarcimento dos valores pagos indevidamente,
caso a interessada ainda esteja percebendo, cumulativamente, mais de duas pensões.

É o Relatório.

VOTO

Apreciam-se, nesta assentada, os resultados do monitoramento das determinações expedidas no


Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, de minha relatoria, em que este Tribunal, entre outras deliberações,
negou registro ao ato de pensão instituída por Hugo Lopes Neto em favor de Albertina Sousa Neto.
PENSÃO INSTITUÍDA POR RAIMUNDO AZEVEDO DA SILVA
2. No caso do ato instituído por Raimundo Azevedo da Silva (fls. 5/8, peça 1), embora a
concessão tenha sido considerada legal e registrada, este Tribunal ordenou ao órgão responsável –a
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará – que emitisse o
necessário ato de alteração da concessão inicial para nela incluir a beneficiária Josiane do Carmo Silva,
desde que fossem confirmados os requisitos necessários à concessão do direito à referida interessada,
habilitada na condição de filha solteira não ocupante de cargo público, nos termos do parágrafo único
do art. 5º da Lei 3.373/1958, vigente à época do óbito do instituidor, ocorrido em 1986, antes, portanto,
da Lei 8.112/1990, que revogou a referida espécie pensional.
3. Referida determinação decorreu do fato de a interessada Josiane do Carmo Silva figurar no
rol de beneficiários da pensão no sistema Siape, mas não ter sido incluída no ato concessório
submetido a este Tribunal (peça 1, p. 13).
4. Na mesma ocasião, também foi determinado ao órgão responsável que verificasse a
permanência das condições legais necessárias ao pagamento da pensão em tela para a beneficiária
Josineide do Carmo Silva (permanecer solteira, sem ocupar cargo público e não ter outra fonte de
renda que possa descaracterizar a necessidade do benefício pensional).
5. Ao monitorar o cumprimento dessas deliberações, a Secretaria de Fiscalização de Pessoal
(Sefip) apurou que:
(i) a Sra. Josineide do Carmo Silva possui vínculo empregatício (pelo menos desde 2008) em
estabelecimento particular de ensino, com remuneração em dezembro de 2013 no valor de R$ 898,06;
e
(ii) de acordo com os dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, a
Sra. Josiane do Carmo Silva tem como cônjuge ou companheiro o Sr. Waldemar do Nascimento da
Silva.
6. Com base nessas apurações, ambas as interessadas teriam perdido, em tese, a condição de
beneficiárias da pensão prevista no art. 5º, parágrafo único, da Lei 3.373/1958, segundo o qual “A filha
solteira, maior de 21 (vinte e um) anos, só perderá a pensão temporária quando ocupante de cargo
público permanente”. No âmbito desta Corte de Contas, a exegese desse dispositivo é dada pela
Súmula 285, verbis:
A pensão da Lei 3.373/1958 somente é devida à filha solteira maior de 21 anos enquanto existir
dependência econômica em relação ao instituidor da pensão, falecido antes do advento da Lei
8.112/1990.
7. Assim, esses achados motivaram a Sefip a propor audiência do gestor responsável, em virtude
da não emissão de novo ato de pensão em favor de Josiane do Carmo Silva, “conforme determinado
381

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pelo subitem 9.4.4 do Acórdão 3.630/2011-TCU-2ª Câmara”, e da “manutenção do pagamento do


benefício em favor da referida pensionista e da Sra. Josineide do Carmo Silva”, que “não atendem
mais aos requisitos para a manutenção da percepção do benefício”.
8. Todavia, conforme bem ponderado pelo Parquet especializado, essa proposta não deve ser
acolhida, porquanto a conduta do agente responsável baseou-se em declarações das interessadas
informando que atendiam aos requisitos legais para a obtenção do benefício em tela. Importa dizer que
ambas as declarações foram emitidas em agosto de 2011, por força de diligência promovida pelo
próprio órgão responsável em virtude do acórdão ora monitorado.
9. Em vista disso, o representante do Ministério Público considera que a situação da interessada
Josiane do Carmo Silva requer tão-somente determinação ao órgão responsável para que interrompa o
pagamento do respectivo benefício.
10. Acolho em parte tal conclusão, ressalvando apenas que, como a interessada não foi instada a
comparecer aos autos deste processo para exercer seu direito de defesa, cabe a este Tribunal apenas
assinar prazo à SFA-PA, nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, para que adote as
providências necessárias ao exato cumprimento do art. 5º, parágrafo único, da Lei 3.373/1958, no caso
da pensionista Josiane do Carmo Silva, devendo franquear previamente à interessada o direito de
defesa, em face da perda de condição de solteira decorrente de seu casamento ou união estável com o
Sr. Waldemar do Nascimento da Silva¸ conforme dados do Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal (cf. item 5, “ii”, do presente voto).
11. No que tange à interessada Josineide do Carmo Silva, também de acordo com o parecer do
Ministério Público, a jurisprudência assentada no Acórdão 892/2012-TCU-Plenário, proferido em sede
de consulta, define que, em casos como o dessa pensionista, que percebe outra fonte de renda além da
pensão em comento, a supressão do benefício não deve ocorrer se a fonte alternativa de rendimentos
não for suficiente para garantir uma subsistência condigna da interessada, cumprindo aferir tais
circunstâncias em cada caso concreto. Os fundamentos dessa dicção jurisprudencial foram
devidamente anotados no parecer levado ao Relatório, sendo desnecessário aqui reprisá-los.
12. Em vista disso, endosso as análises e conclusões do ilustre Procurador, no sentido de que:
...ante a constatação de que essa interessada [Josineide do Carmo Silva] exerce atividade
privada, percebendo remuneração pouco superior a um salário mínimo, considero necessário colher
mais informações acerca da situação fática em que a mesma está inserida, para fins de aferição de
sua dependência econômica, como, por exemplo, se possui gastos com dependentes ou enfermidades
que impedem a sua subsistência condigna apenas com as receitas decorrentes do seu labor. (grifei).
13. Tal conclusão impõe seja determinado ao órgão responsável que promova a oitiva da sra.
Josineide do Carmo Silva para que comprove, documentalmente, que os rendimentos percebidos
cumulativamente com a pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva são insuficientes para
garantir à interessada condições de subsistência condigna em caso de perda da referida pensão.
PENSÃO INSTITUÍDA POR HUGO LOPES NETO
14. Quanto a situação da interessada Albertina Sousa Neto, beneficiária da pensão instituída por
Hugo Lopes Neto, permito-me discordar das conclusões do Parquet, no ponto em que propõe sejam
reiteradas “à unidade jurisdicionada as determinações contidas nos itens 9.4.1 e 9.4.2 do Acórdão
3.630/2011-TCU-2ª Câmara, sem prejuízo de que seja providenciado o ressarcimento dos valores
pagos indevidamente, caso a interessada ainda esteja percebendo, cumulativamente, mais de duas
pensões.”
15. Essa conclusão do Ministério Público baseou-se nas seguintes premissas, assim anotadas no
respectivo parecer:
- embora a Sefip tenha afirmado que houve a renúncia de duas aposentadorias (rural e por
idade), afirmação essa feita com base nas páginas 26 e 30 da peça 1, cumpre esclarecer que tais
páginas, na verdade, apresentam duas cópias do mesmo documento, que trata da renúncia de uma
aposentadoria por idade no Regime Geral de Previdência Social, sob o benefício nº 0546481728; e
382

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- a referida renúncia não atende ao que restou disposto no item 9.4.2 do Acórdão 3.630/2011-
TCU-2ª Câmara, pois a irregularidade que levou à apreciação do ato dessa interessada pela
ilegalidade está associada à percepção de mais de dois benefícios pensionais e não de outra
aposentadoria, em face da proibição expressa do art. 225 da Lei 8.112/1990.
16. Minha divergência reside no fato de que a vedação legal de acúmulo de rendas prevista no
art. 225 da Lei 8.112/1990 refere-se a pensões, e não a aposentadorias, conforme informa, inclusive, a
segunda premissa pontuada pelo Parquet.
17. E nesse sentido, observo que a única informação que motivou a negativa de registro do ato de
pensão em comento foi a resposta “1-Sim”, associada à pergunta “Possui mais de 2 benefícios?”, no
ato às fls. 2/4 (peça 1, p. 5). Na instrução original que embasou o Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, essa
informação foi assim interpretada pela Sefip para fundamentar sua proposta pela negativa de registro
do ato:
No ato de fls. 2/4 consta que a Sra. Albertina Sousa Neto, beneficiária do instituidor Hugo
Lopes Neto, declarou perceber mais de dois benefícios, o que torna o ato ilegal, pois a lei 8.112/90,
em seus artigos 222 e 225, proíbe a percepção cumulativa de mais de duas pensões (grifei).
18. Na esteira dessa conclusão, o voto condutor do aludido acórdão exarou a seguinte análise
“10. Em relação às demais concessões, concordo com as análises e propostas da Sefip,
ratificadas pelo Ministério Público, acrescendo apenas que a Sra. Albertina Sousa Neto, beneficiária
no ato de fls. 2/4, deverá ser orientada, pelo órgão responsável, sobre seu direito de opção, previsto
no art. 225 da Lei 8.112/90. Caso a interessada comprove sua renúncia em relação a uma das duas
pensões declaradas, o órgão deverá emitir novo ato, submetendo-o a este Tribunal nos termos da IN
TCU 55/2007. A concessão inicial está irregular em face da declaração da interessada de que possui
mais de duas pensões.” (trecho do voto condutor do Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, de minha
relatoria; grifei).
19. Assim, este Tribunal expediu o seguinte comando ao órgão responsável:
9.4.2 oriente a Sra. Albertina Sousa Neto sobre seu direito de opção previsto no art. 225 da Lei
8.112/90, e, caso a interessada comprove sua renúncia em relação a uma das duas pensões
declaradas, emita novo ato, submetendo-o a este Tribunal nos termos da IN TCU 55/2007; (grifei).
20. Ao tomar ciência dessa deliberação, a interessada requereu e obteve o cancelamento do
mencionado “benefício”, que, na verdade, tratava-se de uma aposentadoria rural “por idade”,
concedida sob o regime geral de previdência.
21. E, como visto, essa última informação levou o Ministério Público a considerar não cumprido
o direito de opção anotado no subitem 9.4.2 do acórdão monitorado.
22. Com todas as vênias, identifico razões suficientes para não acolher esse encaminhamento.
23. A primeira é que não há, nos autos, nenhuma evidência de que a presumida declaração de
Albertina Sousa Neto de que possuía “mais de 2 benefícios”, deduzida tão-somente com base na
informação contida no formulário do sistema Sisac, fazia referência a pensões, e não a aposentadorias.
E nesse passo, cumpre assinalar que a palavra “benefícios”, nos termos do art. 185 da Lei 8.112/1990,
compreende tanto as aposentadorias quanto as pensões. Assim, a informação existente no ato
submetido a este Tribunal não comprova que a presumida declaração da interessada tenha se referido a
percepção de mais de duas pensões. E a vedação contida no art. 225 da Lei 8.112/90 refere-se
expressamente a “mais de duas pensões”.
24. Outrossim, consulta recente realizada pela Sefip, em abril de 2015, no sistema de pesquisa
integrada da Diretoria de Gestão de Informações Estratégicas (DGI/Seginf) deste Tribunal, não
identificou nenhuma outra pensão nem fonte de renda alternativa da interessada (peça 3, p. 2-3).
25. Assim, não vejo suporte fático para impugnar o ato em apreço tão-somente com base na
informação veiculada no formulário do ato sujeito a registro.
26. Dessa forma, torna-se inócua, no caso concreto, a primeira assertiva do Parquet, de que os
documentos comprobatórios da renúncia ao benefício previdenciário às fls. 26 e 30 referem-se apenas
a uma aposentadoria, e não a duas conforme teria informado a Sefip. É que, como visto, o art. 225 da
383

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Lei 8.112/1990 não proíbe a acumulação de pensão com aposentadoria nem com apenas uma única
outra pensão. Esse artigo, ao vedar a percepção acumulada de “mais de duas pensões”, admite, ipso
facto, a percepção de até duas pensões. Assim, nenhuma dessas hipóteses de vedação se confirma nos
autos.
27. A par disso, outra razão adicional que me leva a dissentir do Ministério Público é que a
interessada, tão-logo notificada pelo órgão responsável sobre a orientação contida no subitem 9.4.2 do
Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, providenciou a renúncia ao benefício de aposentadoria (peça 1, p. 25
a 30). Nos termos do Ofício 050 SGP/DAD/SFA/MAPA-PA (peça 1, p. 25), foi expedida a seguinte
orientação à sra. Albertina Sousa Neto: “...na forma do Art. 225 da Lei n° 8.112/90, caso V.Sa.,
comprove a renúncia em relação a uma das concessões, o benefício desta SFA/PA poderá ser
recuperado, em novo ato”. Essa orientação foi fiel aos termos da opção dada no subitem 9.4.2 do
mencionado acórdão, que previa a emissão de novo ato, caso a interessada comprovasse “sua renúncia
em relação a uma das duas pensões declaradas”. Esse conjunto de circunstâncias não deixa dúvidas
de que a interessada seguiu rigorosamente a orientação recebida deste Tribunal e do órgão concedente
de sua pensão.
28. Ressalto que, em face da sobredita renúncia de aposentadoria, os proventos de pensão da sra.
Albertina Sousa Neto continuaram a ser pagos pela SFA-PA, conforme atesta a peça 3.
29. Concluo, dessa forma, pela necessidade de reiterar à SFA-PA a determinação contida na
parte final do subitem 9.4.2 do Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, quanto à necessidade de emitir novo
ato de pensão instituída por Hugo Lopes Neto em favor de Albertina Sousa Neto, a ser submetido a
este Tribunal nos termos e prazos definidos na IN TCU 55/2007, sob pena de responsabilidade da
autoridade omissa, elidindo-se a incorreção lançada no campo relativo à informação sobre acúmulo de
mais de duas pensões.
30. Acrescento, por outro lado, que o Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara não carece de revisão,
porquanto as conclusões e comandos nele assentados referentes ao ato de pensão instituída por Hugo
Lopes Neto basearam-se em informação contida no respectivo ato sujeito a registro submetido a este
Tribunal, cuja incorreção foi identificada apenas na presente fase de monitoramento. Mantém-se,
portanto, a necessidade de emissão de novo ato, informando-se corretamente, desta feita, o campo
sobre a acumulação de “mais de 2 benefícios”, a ser interpretado como acumulação de pensões, e não
de aposentadorias.
31. Na esteira dessa discussão, considero oportuno determinar à Sefip que analise a possibilidade
de alterar, no formulário Sisac, a pergunta “Possui mais de 2 benefícios?”, contida no quadro “Dados
do Beneficiário”, ajustando-a rigorosamente à redação do art. 225 da Lei 8.112/90, que veda apenas a
acumulação de mais de duas pensões (e não de aposentadorias). Observo que essa alteração deve
contemplar também as inovações trazidas na Lei 13.135/2015, que também proíbe a “percepção
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou companheiro ou companheira”.
32. Como se trata de determinação com alcance futuro sobre todos os processos de pensão nest
Tribunal, decidi, por isso, submeter a presente deliberação ao descortino do Tribunal Pleno, nos termos
do § 1º do art. 17 e no parágrafo único do art. 139.
33. Por fim, também se faz oportuno determinar à SFA-PA que dê ciência desta deliberação à
pensionista Albertina Sousa Neto, informando-a que o eventual restabelecimento da aposentadoria por
idade identificada sob o número 546481728, concedida originalmente pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), é compatível com as disposições do art. 225 da Lei 8.112/1990, e não implica o
cancelamento da pensão estatutária instituída, em seu favor, por Hugo Lopes Neto.

Do exposto, VOTO por que seja aprovado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2722/2015 – TCU – Plenário


384

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo nº TC 015.330/2010-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VI - Monitoramento (em Pensão Civil)
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Albertina Sousa Neto (330.896.632-87); Jairo do Carmo Silva (697.236.992-
49); Joaquim Jose do Carmo Silva (635.940.212-20); Josineide do Carmo Silva (697.265.822-53);
Juliana Maciel Angelino (521.640.802-97); Manoel Damiao da Silva (004.868.092-34); Zeneide do
Carmo Silva (377.839.982-91)
4. Órgão/Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no
Estado do Pará.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Pensão Civil, em que se apreciam os resultados
de monitoramento das determinações expedidas no Acórdão 3.630/2011-TCU-2ª Câmara, em que este
Tribunal, entre outras deliberações, considerou ilegal o ato de pensão civil instituída por Hugo Lopes
Neto, em face da informação, no respectivo ato, de que a pensionista Albertina Sousa Neto incorria em
vedação prevista no art. 225 da Lei 8.112/1990 (acumulação de mais de duas pensões); bem como
expediu determinações à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará,
que incluíram a aferição a posteriori da regularidade do benefício pensional instituído por Raimundo
Azevedo da Silva em favor de Josiane do Carmo Silva e Josineide do Carmo Silva.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1 nos termos do art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, fixar o prazo de 15 (quinze) dias,
a contar da ciência desta deliberação, para que a Superintendência Federal de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento no Pará adote as providências necessárias ao exato cumprimento do art.
5º, parágrafo único, da Lei 3.373/1958, no caso da pensionista Josiane do Carmo Silva, devendo
franquear previamente à interessada o direito de defesa, em face da perda de sua condição de solteira
decorrente de seu casamento ou união estável com o Sr. Waldemar do Nascimento da Silva¸ conforme
dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, situação que implica o
cancelamento do referido benefício pensional (item 5, “ii”, do Voto que integra este Acórdão; e
subitem 9.4.4 do Ac. 3.630/2011-TCU-2ª Câmara);
9.2 nos termos do art. 250, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar à
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará, que, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação:
9.2.1 encaminhe cópia dos presentes Relatório, Voto e Acórdão à sra. Josineide do Carmo
Silva, informando-a que o Tribunal de Contas da União identificou que a interessada possui vínculo
empregatício com estabelecimento particular de ensino e que, a teor da Súmula-TCU 285, tal situação
é, em tese, incompatível com a pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva nos termos do art. 5º
da Lei 3.373/1958;
9.2.2 promova a oitiva da sra. Josineide do Carmo Silva para que comprove documentalmente,
junto ao órgão, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência da notificação, que seus rendimentos
complementares à pensão instituída por Raimundo Azevedo da Silva não são suficientes para garantir-
lhe subsistência condigna, nos termos definidos no Acórdão 892/2012-TCU-Plenário;
9.2.3 caso conclua que os documentos apresentados em resposta à oitiva determinada no item
9.2.2 não são capazes de demonstrar a imprescindibilidade da pensão instituída por Raimundo
Azevedo da Silva para garantir subsistência condigna à sra. Josineide do Carmo Silva, promova o
imediato cancelamento do benefício pensional;
385

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.4 encaminhe cópia dos presentes Relatório, Voto e Acórdão à sra. Albertina Sousa Neto,
beneficiária da pensão instituída por Hugo Lopes Neto, informando-a que o eventual restabelecimento
da aposentadoria por idade identificada sob o número 546481728, concedida originalmente pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é compatível com as disposições do art. 225 da Lei
8.112/1990, e não implica o cancelamento da pensão estatutária instituída, em seu favor, por Hugo
Lopes Neto;
9.2.5 informe a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência desta deliberação,
sobre as providências adotadas e resultados obtidos em cumprimento às determinações descritas nos
itens 9.2.1 a 9.2.4 e 9.3 do presente Acórdão;
9.3 reiterar à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará
a determinação contida na parte final do subitem 9.4.2 do Acórdão 3.630/2011-2ª Câmara, fixando-lhe
o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência desta deliberação, para que emita novo ato de pensão
instituída por Hugo Lopes Neto em favor de Albertina Sousa Neto, a ser submetido a este Tribunal nos
termos e prazos definidos na IN-TCU 55/2007, sob pena de responsabilidade da autoridade omissa,
elidindo-se a incorreção lançada no campo relativo à informação sobre acúmulo de mais de duas
pensões, consoante as razões apresentadas no Voto que integra este Acórdão;
9.4 determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip) que:
9.4.1 monitore o cumprimento das determinações expedidas neste Acórdão;
9.4.2 analise a possibilidade de alterar, no formulário Sisac, a pergunta “Possui mais de 2
benefícios?”, contida no quadro “Dados do Beneficiário”, ajustando-a rigorosamente à redação do art.
225 da Lei 8.112/90, que veda apenas a acumulação de mais de duas pensões (e não aposentadorias),
bem como promova os necessários ajustes, no mesmo formulário, em face das inovações trazidas na
Lei 13.135/2015, que passaram a proibir também a “percepção cumulativa de pensão deixada por mais
de um cônjuge ou companheiro ou companheira”;
9.5 encaminhar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam,
à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Pará.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2722-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Relator), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE V – Plenário


TC 018.273/2009-1
Apensos: TCs 018.397/2009-9 e 026.095/2011-4
Natureza: Prestação de Contas
Exercício: 2008
Órgão/Entidade/Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit)
Responsáveis: Angela Maria Barbosa Parente (135.620.373-68); Antonio Muriel de Luna
Coutinho (003.134.324-49); Antonio Pedro Vasconcelos de Oliveira (221.376.707-63); Armando
386

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Fontenelle Albuquerque (071.142.903-06); Carlos Alberto de Moreira Sarmento (004.817.005-44);


Carlos Alves Fernandes (338.160.347-72); Cezar Castilho Maciel (170.900.400-20); Daniele de Lima
Menezes (514.873.571-68); David José de Castro Gouvêa (232.236.859-87); Denise Gomes Simões
(466.098.656-04); Divaldo de Arruda Camara (025.342.154-34); Edson Aires dos Anjos (087.822.026-
72); Edson Campos (153.735.091-91); Eduardo de Souza Costa (426.024.246-68); Elieze Bulhoes de
Carvalho (688.262.301-53); Emanuel Leite Borges (029.015.442-15); Eneida Coelho Monteiro
(462.323.971-34); Euristenes Guimaraes Guerra (038.893.861-72); Expedito Leite da Silva
(112.494.634-91); Fernando Fortes Melro Filho (787.303.504-25); Fernando Guimarães Rodrigues
(277.964.346-34); Francisco Antelius Sérvulos Vaz (080.277.733-34); Francisco Fernando de
Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Francisco de Assis Ramalho Além (644.691.408-30); Gabriel de
Lucena Stuckert (268.698.457-00); Georges Ibrahim Andraos Filho (323.290.671-00); Gerardo de
Freitas Fernandes (062.944.483-87); Gustavo Adolfo Andrade de Sá (160.953.084-53); Heraldo
Cosentino (468.395.778-72); Hernani Lacerda Alves (049.923.185-68); Hideraldo Luiz Caron
(323.497.930-87); Hugo Sternick (296.677.716-87); Ismar Portela Santos (011.182.933-04); Jair
Sarmento da Silva (092.354.500-04); Jaqueline Costa da Silva (552.182.371-91); Jefferson Souza
Carvalho (780.973.475-04); Joao Bosco Lobo (005.984.702-63); Joaquim Guedes Martins Neto
(246.136.573-34); Jose Narcelio Marques Sousa (003.013.884-15); Jose da Silva Tiago (089.172.641-
15); José Henrique Coelho Sadok de Sá (160.199.387-00); José Otávio Ferreira Soares (549.920.877-
87); José Ribamar da Cruz Oliveira (076.076.283-04); José Roberto de Moraes Rego Paiva Fernandes
Júnior (524.117.291-20); João José dos Santos (542.170.249-91); João Silvio Cerqueira Monteiro
(052.474.895-00); Lauri Alarcao Correia Lima (112.401.131-53); Lindorf de Souza Lima Carrijo
(298.935.697-53); Lourdes Bernadete Leite (316.279.511-72); Luis Felipe de Aguilar Paulinyi
(814.498.441-20); Luiz Antonio Pagot (435.102.567-00); Luiz Claudio dos Santos Varejão
(905.106.407-10); Marcelino Augusto Santos Rosa (153.831.647-15); Marcelo Almeida Pinheiro
Chagas (791.483.526-91); Marcelo Ibrahim da Fonseca Alves (928.277.566-68); Marcelo Perrupato e
Silva (010.821.326-91); Marcos Cesar Crispim de Lima (584.731.304-72); Marcos Ledermann
(001.422.550-68); Marcus Elicio Bastos Brasil (302.293.677-04); Maria Auxiliadora Dias Carvalho
(265.599.862-68); Mauro Sergio Almeida Fatureto (562.076.976-34); Michel Dib Tachy
(000.376.135-53); Miguel Mário Bianco Masella (006.288.598-72); Miguel de Souza (098.365.274-
00); Márcio Simão (267.319.911-04); Nei Japur (071.927.036-72); Nilton Correa Vieira (072.798.846-
87); Nilton de Brito (140.470.121-49); Olimpio Luiz Pacheco de Moraes (800.430.117-72); Omir
Mello Ferreira (097.124.610-68); Orlando Fanaia Machado (789.624.046-72); Paulo Sérgio Oliveira
Passos (128.620.881-53); Pricilla Maria Santana (584.264.691-91); Raimundo Brito Facanha
(019.270.352-87); Renato da Costa Usier (222.569.718-30); Ricardo Rossi Madalena (137.221.248-
59); Riumar dos Santos (193.432.301-25); Roberto Borges Furtado da Silva (490.589.751-34);
Rodrigo Antônio Ribeiro Costa (747.267.907-06); Romerito Gonçalves Valadão (067.562.711-72);
Rommel Mello Cruz (564.167.174-68); Romulo do Carmo Ferreira Neto (288.906.631-20); Rui
Barbosa Egual (361.213.046-34); Saulo Filinto Pontes de Souza (096.808.535-00); Sebastião
Coriolano de Andrade (021.823.273-04); Sebastião Donizete de Souza (288.866.236-15); Sebastião
Vitor Braga Ribeiro (035.972.103-68); Simone Couto Ferreira (572.374.172-15); Teresa Valdy Reto
(305.033.298-00); Valter Casimiro Silveira (564.286.341-04); Vladimir Roberto Casa (413.585.540-
72); Wilson Izidorio Cruz (199.376.447-04); Zilda Maria dos Santos Mello (436.702.457-15); Élio
Bahia Souza (189.776.697-15)
Representação legal: Andrea Viera Andreis (OAB/DF 25.357); Cintia Bastista Angelini
Carvalho (OAB/DF 33.265)

Sumário: PRESTAÇÃO DE CONTAS ORDINÁRIA DO DNIT. EXERCÍCIO DE 2008.


REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE JUTIFICATIVA. CONTAS IRREGULARES DE UM
RESPONSÁVEL. MULTA. ACOLHIMENTO PARCIAL DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA.
CONTAS REGULARES COM RESSALVA DE OUTROS RESPONSÁVEIS COM QUITAÇÃO.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACOLHIMENTO DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. CONTAS REGULARES DOS DEMAIS


RESPONSÁVEIS COM QUITAÇÃO PLENA. CIÊNCIA AOS RESPONSÁVEIS.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório a instrução de peça 150 da lavra de auditor da extinta


Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias (SecobRodovias), atualmente Secretaria de
Fiscalização de Infraestrutura (SeinfraRodov), endossada pelo corpo dirigente daquela Unidade
Técnica (peças 151 e 152):

INTRODUÇÃO
1. Trata-se da prestação de contas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte –
Dnit, relativas ao exercício de 2008, cujo certificado de auditoria emitido pelo Controle Interno (peça
22, p. 38-45) considerou regulares com ressalvas as gestões de treze responsáveis e os demais tiveram
suas atuações consideradas regulares.
2. No âmbito desta Corte, o exame das contas iniciou-se pela análise das informações trazidas
pelo relatório de gestão do Dnit e pelo relatório de auditoria da CGU. A primeira instrução dos autos
(peça 23, p. 13-17) apontou a necessidade de se investigar de modo mais profundo alguns dos indícios
de irregularidades constatados. Assim, realizou-se inspeção na autarquia com o objetivo de colher
informações para subsidiar a análise das contas.
3. A segunda instrução (peça 23, p. 44 – peça 24, p. 64) propôs a realização de audiências com
base na inspeção realizada nos presentes autos, bem como em levantamentos de auditoria efetivados
em outros processos, quais sejam, o TC 018.397/2009-9, o TC 018.396/2009-1 e o TC 012.813/2009-
9. Esses tinham por objetivo examinar, respectivamente, os procedimentos do DNIT para: o
planejamento geral e o controle da execução orçamentária; o planejamento, a contratação e o
acompanhamento de serviços para elaboração de projetos; e a execução de convênios. A instrução
procedeu também à análise dos itens para os quais entendeu não ser necessário propor
encaminhamentos (peça 25, p. 3-37), mormente aqueles trazidos pela CGU.
4. Foram realizadas as audiências dos seguintes gestores: Srs. Luiz Antônio Pagot (peça 25, p.
49 – peça 26, p. 1), Miguel de Souza (peça 26, p. 2-4), Hideraldo Luiz Caron (peça 26, p. 5-7), Michel
Dib Tachy (peça 25, p. 47-48) e José Henrique Coelho Sadok de Sá (peça 25, p. 45-46).
5. Na instrução mais recente (peça 26, p. 49 – peça 27, p. 46), deu-se o exame das audiências
resultando nas seguintes propostas:
a) Sr. Michel Dib Tachy, rejeitar as razões de justificativas quanto aos dois indícios de
irregularidades pelos quais foi chamado em audiência;
b) Sr. Miguel de Souza, acatar as razões de justificativas em relação a um dos indícios de
irregularidades e acatar parcialmente em relação aos demais;
c) Sr. Hideraldo Luiz Caron, acatar as razões de justificativas no que tange um dos indícios de
irregularidade, acatar parcialmente em relação a outro e rejeitar no que diz respeito a um terceiro
indício de irregularidade;
d) Sr. José Henrique Coelho Sadok de Sá, acatar as razões de justificativas apresentadas;
e) Sr. Luiz Antônio Pagot, acatar as razões de justificativas relativas a quatro dos indícios de
irregularidade apontados e rejeitar em relação a outro.
6. Com base no exame das audiências, a instrução mais recente propugnou o seguinte
julgamento para as contas dos responsáveis (peça 27, p. 44-46):
a) Sr. Michel Dib Tachy – contas irregulares;
b) Sr. Miguel de Souza – contas regulares com ressalvas;
c) Sr. Hideraldo Luiz Caron – contas irregulares;
d) Sr. José Henrique Coelho Sadok de Sá – contas regulares;
e) Sr. Luiz Antônio Pagot – contas irregulares;
388

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Entretanto, devido à existência de dois processos abertos que possuíam responsáveis em


comum com as presentes contas, foi proposto, na mesma instrução, o sobrestamento dos autos até a
desfecho dos sobrestantes.
8. O então secretário da Secex-1 emitiu despachou discordando parcialmente da instrução mais
recente. O dirigente da unidade técnica reexaminou as razões de justificativas apresentadas e chegou
a conclusões diferentes em relação aos Srs. Michel Dib Tachy e Luiz Antônio Pagot.
9. Em seu despacho, o secretário entendeu que as razões de justificativas do Sr. Michel Dib
Tachy deveriam ser parcialmente acolhidas cabendo julgar suas contas regulares com ressalvas. Em
relação ao Sr. Luiz Antônio Pagot, também foi indicado que deveriam ser parcialmente acatadas as
razões de justificativas, cuja rejeição havia sido proposta na instrução anterior, de modo que caberia
julgar suas contas regulares com ressalvas.
10. Após expressar suas divergências parciais em relação ao entendimento apresentado na
instrução anterior, o dirigente da Secex-1 propôs o sobrestamento dos autos até que se procedesse o
julgamento dos TCs 018.910/2009-0 e 005.868/2009-7. O Ministro-Relator acolheu a proposta
apresentada pelo secretário da Unidade Técnica (peça 27, p. 52).
11. A presente instrução tem por objetivo verificar se os processos sobrestantes ainda
constituem impedimento para o julgamento das contas, bem como a influência deles no exame de
mérito da gestão dos responsáveis, e, caso não subsistam razões para o sobrestamento, propor o
julgamento de mérito deste processo.
PROCESSOS SOBRESTANTES
12. Para os julgamentos das gestões dos responsáveis é necessário considerar os demais
processos nos quais o Tribunal analisou eventuais irregularidades praticadas pelos gestores no
exercício em exame. Nesse sentido, Ministro-Relator indicou, em despacho (peça 27, p. 52), que
caberia o acompanhamento dos desfechos dos TCs 018.910/2009-0 e 005.868/2009-7, de modo a se
poder dar continuidade à análise destas contas. É também pertinente avaliar se os processos apensos
a essas contas têm influência na avaliação do mérito da gestão dos responsáveis, conforme
estabelecido no art. 250, § 5º, do RITCU.
13. No TC 018.910/2009-0, que se encontra encerrado, três responsáveis em comum com as
presentes contas foram chamados em audiência, os Srs. Luiz Antônio Pagot, Rômulo do Carmo
Ferreira Neto e Ricardo Rossi Madalena. O Sr. Luiz Antônio Pagot teve suas razões de justificativas
aceitas pelo Acórdão 2091/2011-Plenário. O mesmo Acórdão rejeitou as justificativas dos Srs.
Rômulo do Carmo Ferreira Neto e Ricardo Rossi Madalena, aplicando-lhes multa. Ambos os
responsáveis impetraram pedidos de reexame não providos, nos termos do Acórdão 539/2013 –
Plenário.
14. O Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, Diretor de Infraestrutura Ferroviária, foi apenado
em função da execução de obra (construção do contorno e pátio ferroviário de Tutóia -
Araraquara/SP), decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao
projeto, sem aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações. Do relatório de
fiscalização (peça 1, p. 22 do TC 018.910/2009-0) depreende-se que a falha observada perpassou pelo
exercício de 2008 (em análise nos presentes autos), devendo, pois, ter impacto neste processo de
contas.
15. Os fatos apontados indicam ter ocorrido falha do então Diretor de Infraestrutura
Ferroviária no acompanhamento das obras dos mencionados contorno e pátio ferroviário, não lhe
tendo sido atribuído prejuízo ao Erário. Não foram trazidas evidências de que tais problemas
ocorressem de forma recorrente nos demais empreendimentos da diretoria.
16. Por não considerar que o fato isoladamente possua gravidade para levar à irregularidade
das contas do gestor, e que não há nos autos outros elementos que maculem sua conduta, entende-se
adequado imputar-lhe uma ressalva nestas contas em função da irregularidade apontada no TC
018.910/2009-0.
389

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Ao Sr. Ricardo Rossi Madalena, Superintendente Regional do Dnit/SP, foi aplicada multa,
por meio do Acórdão 2091/2011 – Plenário, por permitir a substituição de profissionais para a
execução do objeto da concorrência 161/2008 por outros sem que fosse feita a aferição dos currículos
nos termos previstos no edital. De acordo com o relatório do voto condutor do referido acórdão, o
contrato decorrente do certame foi assinado em 18/3/2009, portanto fora do escopo temporal de
análise dos presentes autos. Assim, o TC 018.910/2009-0 não traz elementos que possam influenciar o
julgamento das contas de 2008 do Sr. Ricardo Rossi Madalena.
18. O TC 005.868/2009-7 também está encerrado. O processo possuía os seguintes responsáveis
em comum com os presentes autos: o Sr. Hideraldo Luiz Caron, o Sr. Luiz Antônio Pagot, o Sr.
Orlando Fanaia Machado, Sr. Rui Barbosa Egual. Os Srs. Hideraldo Luiz Caron e Rui Barbosa Egual
tiveram suas razões de justificativas rejeitadas, com aplicação de multa, pelo Acórdão 1936/2011 –
Plenário. Já o Acórdão 3144/2012 – Plenário deu provimento aos recursos apresentados pelo Sr.
Hideraldo Luiz Caron tornando insubsistente a penalidade a ele aplicada. Restou a rejeição das
razões de justificativas do Sr. Rui Barbosa Egual, então Superintendente Regional do Dnit no Mato
Grosso, em função do descumprimento da orientação contida no item 9.2.1 do acórdão 978/2006 –
Plenário, tendo lhe sido aplicada multa (Acórdão 1936/2011 – Plenário c/c item 9.2 do Acórdão
3144/2012 – Plenário).
19. O item 9.2.1 do Acórdão 978/2006-Plenário, cujo descumprimento levou à apenação do Sr.
Egual, dispõe o seguinte:
9.2. reiterar a determinação contida no item 9.1 do Acórdão nº 829/2004-TCU-Plenário, de
modo a determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes que:

9.2.1. na execução dos contratos de conservação e restauração rodoviária, exija, como condição para
o pagamento das medições, que os quantitativos medidos sejam discriminados em relatório de
fiscalização que identifique, por meio de mapas lineares ou outros instrumentos, a estaca e posição
geográfica inicial e final da execução de cada serviço e seja acompanhado por arquivo de fotos
digitais datadas e que enquadrem a indicação, com precisão mínima de uma centena de metros, da
localização em que foram obtidas, de forma a evidenciar suficientemente a situação dos trechos
concernentes antes e depois dos trabalhos e registrar inequivocamente a realização das atividades;
20. Especificamente, a razão para a condenação do Sr. Egual, de acordo com relatório do voto
condutor do Acórdão 1936/2011 – Plenário, está no fato de a 5ª medição provisória do Contrato
14/2008 não contemplar as exigências do Acórdão transcrito acima, tais quais as identificações da
estaca e da posição geográfica inicial e final da execução de cada serviço, acompanhado de arquivo
com fotos digitais. A referida medição encontra-se entre a p. 19 da peça 21 e a p. 7 da peça 22,
daquele processo. Observa-se que o documento é datado de 13 de fevereiro de 2009 e refere-se ao
período de 1/1/2009 a 31/1/2009, não tendo, pois, interferência no processo de contas do exercício de
2008.
PROCESSOS APENSADOS
21. Existem dois processos apensos a esses autos: TC 018.397/2009-9 e TC 026.095/2011-4. O
TC 018.397/2009-9 trata de um relatório de auditoria na área de planejamento da execução
orçamentária e financeira, já tendo sido suas conclusões incorporadas às presentes contas como se
observa em instrução prévia (peça 23, p. 44 – peça 24, p. 64). O TC 026.095/2011-4 é uma solicitação
da Polícia Federal que questionou o Tribunal acerca da existência de processos envolvendo um
determinado contrato do Dnit. Não se observa elementos nos processos apensos que indiquem impacto
no mérito das contas de 2008.
OUTRO PROCESSO CONEXO
22. Além dos dois processos que levaram ao sobrestamento dos presentes autos, identificou-se,
no curso desta instrução, outro que poderia influenciar na decisão de mérito que vier a ser proferida.
Trata-se do TC 021.503/2013-3, Tomada de Contas Especial – TCE, constituído a partir do TC
028.945/2012-3 para apurar possíveis irregularidades na contratação de empresa para
390

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

manutenção/conservação de postos de pesagem. Foram relatadas a adesão indevida a uma ata de


registro de preços e a celebração irregular de aditivos ao contrato decorrente.
23. O Sr. Hideraldo Luiz Caron, responsável constante do rol das presentes contas, foi, na
mencionada TCE, citado para apresentar suas alegações de defesa em relação a supostos pagamentos
indevidos. Ademais, o responsável foi ouvido em audiência em relação a cinco supostas
irregularidades: i) aceitação de pesquisa que nitidamente não permitiu atestar a economicidade da
adesão à ata de registro de preços; ii) adesão à ata de registro de preços com objeto distinto do que se
pretendia executar; iii) alteração contratual além dos limites legais; iv) celebração indevida de
aditivo contratual; v) demolição dos antigos postos de pesagem sem análise detalhada do custo das
alternativas.
24. A instrução de mérito do TC 021.503/2013-3, ainda não apreciada por esta Corte, propõe a
rejeição das razões de justificativa e das alegações de defesa do gestor, bem como a aplicação de
multa e a condenação ao pagamento de débito.
25. Dos indícios de irregularidades imputados ao responsável, apenas a aceitação indevida de
pesquisa de preço é relativa ao exercício de 2008 (conforme observa-se da peça 1, p. 151-154, do
028.945/2012-3), sendo que os demais eventos se passaram nos exercícios subsequentes.
26. Os fatos analisados pelo TC 021.503/2013-3 são de considerável gravidade, tendo inclusive
resultando na caracterização, pela Unidade Técnica, da existência de danos ao Erário. Todavia, o
impacto nos presentes autos se resume a apenas o ocorrido em 2008. Nesse sentido, entende-se que a
rejeição das razões de justificativa quanto à aceitação indevida de pesquisa de preços não constitui
por si só motivo para o julgamento pela irregularidade das contas do responsável, devendo-se
constituir uma ressalva na avaliação da sua gestão. Ressalta-se que os demais fatos têm a
possibilidade de macular as contas do responsável nos exercícios seguintes.
27. O Tribunal ainda não se manifestou em relação as alegadas irregularidades tratadas no TC
021.503/2013-3. Assim, caso não houvesse outros eventos que maculassem as contas de 2008 do Sr.
Hideraldo Luiz Caron, os presentes autos deveriam ser sobrestados para aguardar o deslinde do TC
021.503/2013-3; entretanto, como será visto a seguir, é proposto nesta instrução o julgamento pela
irregularidade das contas do responsável, de modo que se entende desnecessário o aguardo do
julgamento daquele processo, uma vez que, de acordo com os argumentos aqui apresentados, este
resultaria no máximo em uma ressalva na avaliação da gestão do Sr. Caron em 2008.
EXAME DAS AUDIÊNCIAS E MÉRITO DAS CONTAS
28. Em relação ao mérito do presente processo, entende-se, com base nas informações e
argumentos constantes nos autos, assistir razão à proposta de encaminhamento formulada na
instrução anterior (peça 26, p. 49 – peça 27, p. 46), com as modificações propostas pelo então
Secretário da Secex-1 (peça 27, P. 50-51) – tanto em relação à análise das audiências quanto ao
julgamento das contas –, suplementada pela análise do impacto dos processos conexos, realizada
nesta instrução, que apontou uma ressalva nas contas do Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, em
função da condenação ocorrida no TC 018.910/2009-0.
29. No que diz respeito aos indícios de irregularidades previamente tratados em outras peças do
presente processo, entende-se caber, em conformidade com as análises já realizadas nestes autos,
acatar – total ou parcialmente – as razões de justificativas apresentadas em sede de audiências pelos
Srs. Michel Dib Tachy, Miguel de Souza, José Henrique Coelho Sadok de Sá e Luiz Antônio Pagot. No
que tange ao Sr. Hideraldo Luiz Caron, contudo, não ficaram afastados os indícios de irregularidades
concernentes a uma das audiências, devendo, pois, serem rejeitadas as justificativas quanto a esse
ponto.
30. No que concerne ao mérito das contas, a proposta é de julgar regulares com ressalvas as
contas dos Srs. Michel Dib Tachy, Miguel de Souza e Luiz Antônio Pagot e irregulares as do Sr.
Hideraldo Luiz Caron. As irregularidades e ressalvas motivadoras das propostas de julgamentos
desses gestores originaram-se das audiências realizadas no âmbito deste processo.
391

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

31. Destaca-se que a audiência (peça 26, p. 5-7) do Sr. Hideraldo Luiz Caron, Diretor de
Infraestrutura Rodoviária – DIR, de cujas razões de justificativas propõe-se a rejeição, é relativa às
deficiências frequentes no acompanhamento e na fiscalização de convênios da área rodoviária e
possui o condão de macular as contas do gestor, pois não trata apenas de uma irregularidade pontual,
como explanado na instrução que propôs a audiência (peça 24, p.23):
A irregularidade ora tratada representa, na verdade, uma falha de gestão, pois se funda não em
um ou dois casos isolados, mas em vários casos encontrados no exame de uma amostra de convênios
celebrados pelo DNIT, revelando falhas no controle e na execução gerencial da atuação da autarquia.
As informações coletadas durante os trabalhos não indicam que tenham sido avaliadas soluções e
alternativas para a fiscalização dos convênios, tais como a opção por outros instrumentos de
descentralização, como o contrato de repasse, ou a solicitação de auxílio de outros órgãos ou entes
públicos. Dessa deficiência decorrem, certamente, prejuízos para os objetivos dos convênios e dos
programas de governo, para a sociedade e para o Erário.
32. Ainda em relação à proposta de julgamento pela irregularidade das contas do Sr. Hideraldo
Luiz Caron, cabe mencionar que o gestor já havia sido chamado em audiência no âmbito das contas
de 2006, TC 022.574/2007-5, por indícios de irregularidades na área de convênios (mesmo assunto
que motiva a proposta de irregularidade em suas contas nestes autos), particularmente, em função:
i) das deficiências frequentes na fiscalização de convênios; ii) da inexistência de relatórios
adequados de fiscalização de convênios; iii) da inexistência de procedimentos efetivos, estabelecidos e
sistematizados para adequada atuação das unidades responsáveis pela fiscalização de convênios; iv)
da inexistência de ações gerenciais para supervisionar os trabalhos das áreas envolvidas, controlar,
acompanhar e avaliar a execução dos convênios e seus resultados e; v) da inexistência de relatórios
gerenciais com avaliações da atividade e dos resultados da modalidade de execução dos programas
do DNIT.
33. O Acórdão 2555/2011 – Primeira Câmara decidiu por julgar regulares com ressalvas as
contas do responsável em função do entendimento, expresso no voto condutor, de que estariam sendo
tomadas as providências para a correção das impropriedades observadas:
Dessa forma, admitindo que os gestores do Dnit, no exercício de 2006, engendraram medidas
com vistas ao aperfeiçoamento do controle da aplicação de recursos, tanto os repassados a estados e
municípios, mediante convênios, quanto às contratações diretas por ele realizadas e que a percepção
dos resultados das ações de cunho gerencial demandam tempo superior ao ano civil que circunscreve
a apreciação das contas dos gestores públicos, acolho as razões de justificativa e julgo as contas
regulares com ressalva, dando-se quitação aos responsáveis. (grifos não estão no original)
34. Assim, observa-se que as falhas concernentes à execução de convênios já haviam sido
constatadas por esta Corte no processo de contas 2006, quando se entendeu serem suficientes (para
considerar regular a atuação dos gestores em questão) as medidas adotadas naquele exercício pelo
Dnit, uma vez que as ações implementadas pela autarquia teriam sido na direção de solucionar os
problemas observados. Todavia, a persistência das deficiências na área de convênios, relatadas na
análise das contas de 2008, é indicativo da limitada efetividade das medidas que teriam sido adotadas
em 2006.
35. Fica então reforçada a proposta apresentada no sentido de julgar irregulares as contas do
Sr. Hideraldo Luiz Caron, pois a despeito de já ocupar por um considerável período (desde do
exercício de 2004) o cargo de Diretor de Infraestrutura Rodoviária, ainda persistiram deficiências
frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios na área rodoviária no exercício de 2008.
CONCLUSÃO
36. Os presentes autos, relativos ao processo de contas anual do Dnit de 2008, foram
sobrestados com o intuito de aguardar o desfecho dos TCs 018.910/2009-0 e 005.868/2009-7.
Verificou-se já ter ocorrido o julgamento de mérito dos processos, tendo um dos processos resultado
na condenação, por eventos ocorridos em 2008, de um responsável presente no rol destas contas, Sr.
392

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Rômulo do Carmo Ferreira Neto, Diretor de Infraestrutura Ferroviária. Entende-se que tal fato deve
levar a uma ressalva nas contas do referido gestor.
37. Quanto às audiências realizadas no âmbito dos presentes autos e o mérito das contas dos
demais responsáveis, manifesta-se concordância com o entendimento expresso pelo então Secretário
da Secex-1. Assim, propõe-se o julgamento pela irregularidade das contas do Sr. Hideraldo Luiz
Caron e pela regularidade com ressalvas de outros três gestores.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
38. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) levantar o sobrestamento do julgamento das presentes contas;
b) quanto ao Sr. Michel Dib Tachy, CPF 000.376.135-53, Diretor de Infraestrutura Aquaviária
de 14/8/2007 a 10/3/2009:
b.1) acatar parcialmente as razões de justificativas quanto aos dois indícios de irregularidades
pelos quais foi chamado em audiência:
b.1.1) as deficiências frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área
aquaviária;
b.1.2) o encaminhamento para assinatura do convênio 7/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/DNIT/Nº 02091/2007;
b.2) julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos art. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.4443/1992, em razão das falhas citadas no item “b.1)” acima;
c) em relação ao Sr. Miguel de Souza, CPF 098.365.274-00, Diretor de Planejamento e
Pesquisa de 23/10/2007 a 31/3/2010:
c.1) acatar suas razões de justificativas quanto à não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
c.2) acatar parcialmente suas razões de justificativas acerca:
c.2.1) das deficiências diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
c.2.2) da ausência de providências para dotar a Autarquia de normas, sistemas e procedimentos
para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro das obras de
implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas despesas;
c.3) julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.443/1992, em razão das falhas citadas no item “c.2)” acima;
d) no que tange ao Sr. Hideraldo Luiz Caron, CPF 323.497.930-87, Diretor de Infraestrutura
Rodoviária de 27/4/2004 a 26/7/2011:
d.1) acatar suas razões de justificativa acerca da não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
d.2) acatar parcialmente suas razões de justificativas sobre o descumprimento do disposto no
art. 16, inciso I, da Lei Complementar 101/2000 – LRF e descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do
Acórdão 1085, Ata 23/2007 – Plenário;
d.3) rejeitar suas razões de justificativas acerca das deficiências frequentes no acompanhamento
e fiscalização de convênios da área rodoviária – o que era de sua responsabilidade, conforme inscrito
nos arts. 12, inciso VI, 80, incisos I e VI, e 126, incisos I, II, III, IV e VII, do Regimento Interno do
DNIT – evidenciadas pela inexistência de relatórios adequados nos processos relativos aos ajustes e
às suas prestações de contas analisadas no exercício de 2008 e pelas situações nas quais foram
observados problemas na execução dos convênios, conforme apurado em exame da amostra constante
dos autos, em desacordo com o art. 116, § 3º, incisos I, II e III da Lei 8.666/1993, arts. 21 e 23 da IN
STN 1/1997, Decreto 1.819/1996, Decreto 6.170/2007 e os Acórdãos TCU 2059/2008 — Plenário,
1666/2008 — Plenário e 1777/2004 — Plenário;
d.4) julgar irregulares suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso III, alínea “b”, e 19,
parágrafo único, da Lei 8.443/1992, em razão das falhas consignadas no item “d.3” acima;
393

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d.5) aplicar a multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’,
do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente, desde a data do Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
d.6) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
e) no que concerne ao Sr. José Henrique Sadok de Sá, CPF 160.199.387-00, Diretor
Executivo, de 11/8/2006 a 31/7/2011:
e.1) acatar suas razões de justificativa sobre as deficiências no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
e.2) julgar regulares suas contas, com fundamento nas arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992,
dando-lhe quitação plena.
f) quanto ao Sr. Luiz Antônio Pagot, CPF 435.102.567-00, Diretor Geral, de 4/10/2007 a
25/7/2011:
f.1) acatar suas razões de justificativas que tratam:
f.1.1) das deficiências gerais na atividade de desapropriação de imóveis cujas áreas são
utilizadas na infraestrutura de transportes;
f.1.2) da não implementação de normas internas, sistemas, procedimentos e mecanismos de
controle para responsabilizar as empresas projetistas em caso de falhas técnicas em projetos;
f.1.3) da ausência de ações afetivas para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP
de instrumentos de planejamento necessários para tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque;
f.1.4) da ausência de ações de sua competência para dotar a Autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem
novas despesas;
f.2) acatar parcialmente suas razões de justificativas sobre a ausência de ações gerenciais
efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e restrições na estrutura
organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de
convênios das áreas aquaviária e rodoviária;
f.3) julgar regulares com ressalva suas contas, com alicerce nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei
8.443/92, em razão das falhas citadas no item “f.2” acima, dando-lhe quitação;
g) em relação ao Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, CPF 288.906.631-20, Diretor de
Infraestrutura Ferroviária, de 1/1/2008 a 30/12/2008, julgar regulares com ressalva suas contas, com
base nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/92, devido à rejeição de suas razões de justificativas no
TC 018.910/2009-0, Acórdão 2091/2011-Plenário, no qual foi constatada a execução de obra,
decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao projeto executivo, sem
aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações;
h) com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/92, sejam julgadas regulares as
contas dos demais responsáveis arrolados nos autos, dando-lhes quitação plena;
i) dar ciência aos responsáveis da decisão que vier a ser proferida;
j) arquivar o presente processo, nos termos do inciso III do art. 169 do Regimento Interno do
TCU.

O representante do Ministério Público junto ao TCU, Procutador Júlio Marcelo de


Oliveira, anui à proposta da Unidade Técnica, com os ajustes que entende pertinentes (peça 153):

[...]
394

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ante os achados do Relatório de Auditoria SFC/CGU/PR 224292 (peças 15, p. 26, a 22, p. 37), o
Controle Interno certificou, em 28.7.2009, a regularidade da gestão dos responsáveis indicados no
artigo 10 da IN/TCU 57/2008, à exceção dos seguintes, cuja certificação foi pela regularidade com
ressalva: Michel Dib Tachy, Diretor de Infraestrutura Aquaviária; Miguel de Souza, Diretor de
Planejamento e Pesquisa; Nilton de Brito, Coordenador-Geral de Desenvolvimento de Projetos; José
Henrique Coelho Sadok de Sá, Diretor Executivo; Wilson Izidorio Cruz, Coordenador-Geral Hidr.
Portos Int.; Rômulo do Carmo Ferreira Neto, Diretor de Infraestrutura Ferroviária; Hugo Sternick,
Coordenador-Geral de Desenvolvimento de Projetos; Hideraldo Luiz Caron, Diretor de
Infraestrutura Rodoviária; Luziel Reginaldo de Souza, Diretor de Planejamento e Pesquisa; Luiz
Antônio Pagot, Diretor-Geral; Zilda Maria dos Santos Mello, Coordenadora-Geral de Obras
Ferroviárias; Francisco de Assis R. Além, Coordenador-Geral Hidr. Portos Int., e Luiz Cláudio dos
Santos Varejão, Coordenador-Geral de Operação Rodoviária (peça 22, pp. 38/45).
Após instrução preliminar e inspeção na entidade (peças 23, pp. 13/8 e 44/51; 24, pp. 1/64, e 25,
pp. 3/38), foi promovida a audiência dos responsáveis, nos termos a seguir:

I - José Henrique Coelho Sadok de Sá, Diretor Executivo (peça 25, pp. 45/6):
a) ausência de providências de sua competência, conforme descrito no artigo 125, inciso III,
alínea “c”, do Regimento Interno do Dnit, para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP
de instrumentos de planejamento necessários para a tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque, e, ainda, por não
ter providenciado meios para coordenar as atividades da DPP (elaboração de projetos) e da
Diretoria de Infraestrutura Rodoviária – DIR (execução de obras), resultando em deficiências
diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no gerenciamento da realização de estudos e
projetos e da contratação de obras rodoviárias, consistentes na inexistência de informações
organizadas e sistematizadas sobre os projetos em fase de elaboração e acompanhamento, tanto na
sede da autarquia como nas suas Superintendências Regionais; inexistência de informações
organizadas e sistematizadas sobre os projetos aprovados, que podem ser objeto de licitação da obra
correspondente, com ou sem atualização; inexistência de instrumentos técnicos e fundamentados para
a decisão oportuna e justificada sobre início de um novo projeto de obra e insuficiência de
coordenação entre a DPP e a DIR no tocante às obras a serem contratadas, decorrendo, desse
quadro, a ineficiência e a ineficácia da Administração, uma vez que cerca de 80% dos projetos
elaborados entre 2006 e 2008 não tiveram suas obras contratadas e dificilmente terão, pois o valor
das obras projetadas encontra-se bastante superior à capacidade histórica de contratação do Dnit,
implicando um gasto desnecessário, com projetos e estudos, de cerca de R$ 237 milhões, e, por outro
lado, obras consideradas prioritárias e relevantes não tinham projetos prontos quando do pedido de
licitação ou possuíam projetos desatualizados que não sofreram revisão, a exemplo da duplicação da
BR-101/ES (Processo 50617.000649/06-54), da implantação e pavimentação de interseção na BR-
050/MG (Processo 50600.005233/08-73), da adequação e restauração na BR-135/MG (Processo
50600.026536/06-16) e da restauração na BR-116/MG (Processo 50600.000231/09-79),
considerando-se, por fim, que todo esse quadro afronta o princípio da eficiência, inscrito no artigo
37, caput, da Constituição Federal;

II - Michel Dib Tachy, Diretor de Infraestrutura Aquaviária (peça 25, pp. 47/8):
a) deficiências frequentes no acompanhamento e na fiscalização de convênios da área
aquaviária, o que é de sua responsabilidade, conforme inscrito no artigo 99, incisos I, VI e XIX, do
Regimento Interno do Dnit, e que foi demonstrado pelas irregularidades apontadas no exame dos
Convênios Aquaviários AQ 111/05, AQ 137/05, AQ 273/05, AQ 292/06, AQ 196/05, AQ 138/05, AQ
110/05 e AQ 262/05, conforme Relatório de Auditoria Anual de Contas 224292 da Secretaria Federal
de Controle Interno, relativo à gestão de 2008, ferindo a Lei 8.666/1993, artigo 116, § 3°, incisos I, II
395

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e III; o Decreto 1.819/1996, artigos 1º, 2°, parágrafo único, 3° e 4°; a IN/STN 1/1997, artigos 21, §
4°, inciso I, 23 e 24, e o Decreto 6.170/2007, artigo 10;
b) encaminhamento para assinatura do Convênio 7/2008, emitindo o Relato à Diretoria
Colegiada/Dnit 109/2007, em 21.12.2007, reiterado pelo Relato à Diretoria Colegiada/Dnit 1/2008,
em 17.1.2008, em desacordo com o Parecer/HRMDM/PGE/Dnit/2091/2007, haja vista que estavam
presentes, no referido convênio, irregularidades como: a proposta de convênio possuía plano de
trabalho genérico, sem descrição das metas físicas; a proposta não foi acompanhada de licenças
ambientais, estudos de viabilidade técnico-econômica e projetos básicos das obras; as planilhas de
preços e de quantitativos não detalhavam os serviços e envolviam o pagamento de mão de obra e taxa
de administração, itens vedados para essa situação, tudo isso ferindo os artigos 2°, inciso II-A, § 1°,
7°, inciso I, e 8°, incisos I e II, da IN/STN 1/1997, além de configurar descumprimento ao item 9.1.2
do Acórdão 351, Ata 11/2006 – Plenário;

III - Luiz Antônio Pagot, Diretor-Geral (peças 25, pp. 49/52, e 26, p. 1):
a) ausência de ações efetivas de sua competência, estabelecida nos artigos 89, § 1°, e 124,
inciso VI, do Regimento Interno da autarquia, o que causou deficiências gerais na atividade de
desapropriação de imóveis cujas áreas são utilizadas na infraestrutura de transportes, especialmente
em decorrência da verificação de diversas áreas já utilizadas, mas ainda não desapropriadas; não
implementação de plano de desapropriação; inexistência de normas internas sobre o assunto;
inexistência de procedimentos administrativos regulares para análise de valores e relatórios de preços
oriundos das Superintendências Regionais e inexistência de providências efetivas para dotar a
estrutura do Dnit de setor adequadamente instalado para atuar na área, ocasionando o não
atendimento ao disposto no artigo 81, incisos IX e XI, da Lei 10.233/2001, o não atendimento aos
princípios da legalidade e da eficiência e riscos de prejuízos e paralisações de obras;
b) não adoção de ações de sua competência, estabelecida nos artigos 7º, 12, incisos III e IX, e
124, incisos II e VI, do Regimento Interno da autarquia, para a implementação de normas internas,
sistemas, procedimentos e mecanismos de controle para responsabilizar as empresas projetistas em
caso de falhas técnicas em projetos, o que foi verificado no exame de amostra composta pelos
Contratos 227/2006 (Processo 20600.001.546/2006-96), 138/2006 (Processo 50600.008.165/2006-
32), 1900035/2007 (Processo 50619.001275/2006-74) e 1900005/2007 (Processo
50619.001269/2006-17), os quais sofreram, durante o exercício de 2008, revisões decorrentes de
falhas nos projetos, sem que qualquer procedimento de responsabilização da empresa projetista tenha
ocorrido, afrontando, assim, o disposto nos artigos 66, 69 e 70 da Lei 8.666/1993, a Decisão TCU
767/2002 – Plenário e o Acórdão TCU 938/2003 – Plenário;
c) ausência de ações gerenciais efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas
e as restrições na estrutura organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no
acompanhamento e na fiscalização de convênios da área aquaviária, o que é competência de sua
área, conforme inscrito no artigo 124, incisos II, III, VI e VII, do Regimento Interno do Dnit, o que
resultou na ocorrência de irregularidades como as apontadas no exame dos Convênios Aquaviários
AQ 111/05, AQ 137/05, AQ 273/05, AQ 292/06, AQ 196/05, AQ 138/05, AQ 110/05 e AQ 262/05,
conforme Relatório de Auditoria Anual de Contas 224292 da Secretaria Federal de Controle Interno,
relativo à gestão de 2008, o que feriu a Lei 8.666/1993, artigo 116, § 3°, incisos I, II e III; o Decreto
1.819/1996, artigos 1º, 2°, parágrafo único, 3° e 40; a IN/STN 1/1997, artigo 21, § 4°, inciso I, 23 e
24, e o Decreto 6.170/2007, artigo 1°;
d) ausência de ações gerenciais efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas
e as restrições na estrutura organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no
acompanhamento e na fiscalização de convênios da área rodoviária, o que é de sua competência,
conforme inscrito nos artigos 89, § 1º, e 124, incisos I, II, III, IV, V e VI, do Regimento Interno do
Dnit, e que foi evidenciado pela inexistência de relatórios adequados nos processos relativos aos
ajustes e às prestações de contas analisadas no exercício de 2008, mesmo quando houve solicitações
396

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

da área administrativa do Dnit, e por situações em que foram observados problemas na execução dos
convênios, conforme apurado em exame da amostra indicada na Tabela 6 [peça 27, p. 24], em
desacordo com o artigo 116, § 3º, incisos I, II e III, da Lei 8.666/1993; artigos 21 e 23 da IN/STN
1/1997; Decreto 1.819/1996, Decreto 6.170/2007 e os Acórdãos TCU 2.059/2008, 1.666/2008 e
1.777/2004, todos do Plenário;
e) ausência de ações efetivas de sua competência, conforme descrito no artigo 124, incisos II, IV
e VI, do Regimento Interno do Dnit, para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP de
instrumentos de planejamento necessários para a tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque, e, ainda, por não
ter providenciado meios para coordenar as atividades da DPP (elaboração de projetos) e da
Diretoria de Infraestrutura Rodoviária – DIR (execução de obras), resultando em deficiências
diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no gerenciamento da realização de estudos e
projetos e da contratação de obras rodoviárias, consistentes na inexistência de informações
organizadas e sistematizadas sobre os projetos em fase de elaboração e acompanhamento, tanto na
sede da autarquia como nas suas Superintendências Regionais, inexistência de informações
organizadas e sistematizadas sobre os projetos aprovados, que podem ser objeto de licitação da obra
correspondente, com ou sem atualização, inexistência de instrumentos técnicos e fundamentados para
a decisão oportuna e justificada sobre início de um novo projeto de obra e insuficiência de
coordenação entre a DPP e a DIR no tocante às obras a serem contratadas, decorrendo, desse
quadro, a ineficiência e a ineficácia da Administração, uma vez que cerca de 80% dos projetos
elaborados entre 2006 e 2008 não tiveram suas obras contratadas e dificilmente terão, pois o valor
das obras projetadas encontra-se bastante superior à capacidade histórica de contratação do Dnit,
implicando um gasto desnecessário, com projetos e estudos, de cerca de R$ 237 milhões, e, por outro
lado, obras consideradas prioritárias e relevantes não tinham projetos prontos quando do pedido de
licitação ou possuíam projetos desatualizados que não sofreram revisão, a exemplo da duplicação da
BR-101/ES (Processo 50617.000649/06-54), da implantação e pavimentação de interseção na BR-
050/MG (Processo 50600.005233/08-73), da adequação e restauração na BR-135/MG (Processo
50600.026536/06-16) e da restauração na BR-116/MG (Processo 50600.000231/09-79),
considerando-se, por fim, que todo esse quadro afronta o princípio da eficiência inscrito no artigo 37,
caput, da Constituição Federal; e
f) ausência de ações de sua competência, segundo descrito no artigo 124, incisos II, VI e VII, do
Regimento Interno do Dnit, para dotar a autarquia de normas, sistemas e procedimentos para
realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro das obras de
implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas despesas,
no exercício em que entrarem em vigor e nos dois subsequentes, valores estes referentes às despesas
com manutenção do novo patrimônio e possíveis receitas futuras, pois a análise da amostra de
processos relacionados na Tabela 15 [peça 27, pp. 25/6], demonstrou que os procedimentos que vêm
sendo praticados na Diretoria de Infraestrutura Rodoviária para a estimativa do impacto
orçamentário-financeiro das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de
capacidade rodoviária não levam em consideração elementos fundamentais que ocorrem dentro do
período entre o exercício de início da obra e os dois subsequentes, como as despesas que serão
necessárias para a manutenção de cada novo patrimônio criado, os valores que serão necessários
para a manutenção de todos os ativos criados no mesmo período e as estimativas de receitas futuras,
às quais devem ser confrontados os gastos previstos, o que está em desacordo com o artigo 16, inciso
I, da Lei de Responsabilidade Fiscal e ainda caracteriza descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do
Acórdão 1.085, Ata 23/2007 – Plenário;

IV - Miguel de Souza, Diretor de Planejamento e Pesquisa (peça 26, pp. 2/4):


a) não responsabilização das empresas projetistas por falhas, responsabilidade essa
estabelecida nos artigos 7º, 12, incisos III e IX, e 61, incisos VIII e XII, do Regimento Interno da
397

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

autarquia, o que foi verificado, neste processo, no exame de amostra composta pelos Contratos
227/2006 (Processo 20600.001.546/2006-96), 138/2006 (Processo 50600.008.165/2006-32),
1900035/2007 (Processo 50619.001275/2006-74) e 1900005/2007 (Processo 50619.001269/2006-17),
os quais sofreram revisões decorrentes de falhas nos projetos, o que feriu os artigos 66, 69 e 70 da Lei
8.666/1993, a Decisão TCU 767/2002 – Plenário e o Acórdão TCU 938/2003 – Plenário, e para o que
contribui a falta de orientações e normas internas que estabeleçam os procedimentos a serem
observados pelos setores envolvidos na elaboração e revisão de projetos e coordenação de suas
ações;
b) deficiências diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no gerenciamento da
realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias, consistentes na inexistência
de informações organizadas e sistematizadas sobre os projetos em fase de elaboração e
acompanhamento, tanto na sede da autarquia como nas suas Superintendências Regionais;
inexistência de informações organizadas e sistematizadas sobre os projetos aprovados, que podem ser
objeto de licitação da obra correspondente, com ou sem atualização; inexistência de instrumentos
técnicos e fundamentados para a decisão oportuna e justificada sobre início de um novo projeto de
obra e insuficiência de coordenação entre a DPP e a DIR no tocante às obras a serem contratadas,
decorrendo, desse quadro, a ineficiência e a ineficácia da Administração, uma vez que cerca de 80%
dos projetos elaborados entre 2006 e 2008 não tiveram suas obras contratadas e dificilmente terão,
pois o valor das obras projetadas encontra-se bastante superior à capacidade histórica de
contratação do Dnit, implicando um gasto desnecessário, com projetos e estudos, de cerca de R$ 237
milhões, e, por outro lado, obras consideradas prioritárias e relevantes não tinham projetos prontos
quando do pedido de licitação ou possuíam projetos desatualizados que não sofreram revisão, a
exemplo da duplicação da BR-101/ES (Processo 50617.000649/06-54), da implantação e
pavimentação de interseção na BR-050/MG (Processo 50600.005233/08-73), da adequação e
restauração na BR-135/MG (Processo 50600.026536/06-16) e da restauração na BR-116/MG
(Processo 50600.000231/09-79), considerando-se, por fim, que todo esse quadro afronta o princípio
da eficiência, inscrito no art. 37, caput, da Constituição Federal, bem como não está de acordo com
as competências do responsável estabelecidas no artigo 61, incisos III, IV e VI, do Regimento Interno
da autarquia; e
c) ausência de providências efetivas de sua competência, segundo descrito no artigo 61, incisos
I e IV, do Regimento Interno do Dnit, para dotar a autarquia de normas, sistemas e procedimentos
para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro das obras de
implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas despesas,
no exercício em que entrarem em vigor e nos dois subsequentes, valores estes referentes às despesas
com manutenção do novo patrimônio e possíveis receitas futuras, pois a análise dos processos
relacionados na Tabela 15 [peça 27, pp. 2/3] demonstrou que os procedimentos que vêm sendo
praticados na Diretoria de Infraestrutura Rodoviária para a estimativa do impacto orçamentário-
financeiro das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade
rodoviária não levam em consideração elementos fundamentais que ocorrem dentro do período entre
o exercício de início da obra e os dois subsequentes, como as despesas que serão necessárias para a
manutenção de cada novo patrimônio criado, os valores que serão necessários para a manutenção de
todos os ativos criados no mesmo período e as estimativas de receitas futuras, às quais devem ser
confrontados os gastos previstos, o que está em desacordo com o artigo 16, inciso I, da Lei de
Responsabilidade Fiscal e ainda caracteriza descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do Acórdão 1.085,
Ata 23/2007 – Plenário;

V - Hideraldo Luiz Caron, Diretor de Infraestrutura Rodoviária (peça 26, pp. 5/7):
a) não responsabilização das empresas projetistas por falhas em projetos, responsabilidade essa
estabelecida nos artigos 7º, 12, incisos III e IX, e 80, inciso II, do Regimento Interno da autarquia, o
que foi verificado no exame de amostra composta pelos Contratos 227/2006 (Processo
398

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

20600.001.546/2006-96), 138/2006 (Processo 50600.008.165/2006-32), 1900035/2007 (Processo


50619.001275/2006-74) e 1900005/2007 (Processo 50619.001269/2006-17), os quais sofreram
revisões decorrentes de falhas nos projetos, afrontando, assim, os artigos 66, 69 e 70 da Lei
8.666/1993, a Decisão TCU 767/2002 – Plenário e o Acórdão TCU 938/2003 – Plenário;
b) deficiências frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área rodoviária, o
que é de sua responsabilidade, conforme inscrito nos artigos 12, inciso VI, 80, incisos I e VI, e 126,
incisos I, II, III, IV e VII, do Regimento Interno do Dnit, e que foi evidenciado pela inexistência de
relatórios adequados nos processos relativos aos ajustes e às suas prestações de contas analisadas no
exercício de 2008, mesmo quando houve solicitações da área administrativa do Dnit, e por situações
em que foram observados problemas na execução dos convênios, conforme apurado em exame da
amostra indicada na Tabela 6 [peça 27, p. 14], em desacordo com, o artigo 116, § 3º, incisos I, II e
III, da Lei 8.666/1993; 21 e 23 da IN/STN 1/1997; Decreto 1.819/1996; Decreto 6.170/2007 e os
Acórdãos TCU 2.059/2008 – Plenário, 1.666/2008 – Plenário e 1.777/2004 – Plenário;
c) descumprimento do disposto no artigo 16, inciso I, da Lei Complementar 101/2000 – LRF e
descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do Acórdão 1.085, Ata 23/2007 – Plenário, o que é sua
responsabilidade, segundo descrito no artigo 80, incisos I e V, do Regimento Interno do Dnit, pois a
análise dos processos relacionados na Tabela 15 [peça 27, pp. 14/5], demonstrou que os
procedimentos que vêm sendo praticados na Diretoria de Infraestrutura Rodoviária para a estimativa
do impacto orçamentário-financeiro das obras de implantação, construção, pavimentação e
adequação de capacidade rodoviária não levam em consideração elementos fundamentais que
ocorrem dentro do período entre o exercício de início da obra e os dois subsequentes, como as
despesas que serão necessárias para a manutenção de cada novo patrimônio criado, os valores que
serão necessários para a manutenção de todos os ativos criados no mesmo período e as estimativas de
receitas futuras, às quais devem ser confrontados os gastos previstos.
Os responsáveis apresentaram razões de justificativa: Michel Dib Tachy (peça 86, pp. 3/6), José
Henrique Coelho Sadok de Sá (peça 86, pp. 7/16), Miguel de Souza (peça 124, pp. 2/27), Hideraldo
Luiz Caron (peça 126, pp. 6/14) e Luiz Antônio Pagot (peças 129, pp. 3/52, e 130, pp. 1/7).
Ato contínuo, a então 1ª Secex procedeu à análise das defesas e o titular da unidade técnica à
época, dissentindo da proposta da sr.ª AUFC apenas no tocante à irregularidade das contas dos srs.
Michel Dib Tachy e Luiz Antônio Pagot, concluiu, em 2011, o seguinte, em síntese (peças 26, pp.
49/53, e 27, pp. 1/51):

MÉRIT
RESPONSÁVEL
ACATAR O DAS
ACATAR REJEITAR
PARCIALMENTE CONTA
S
Michel Dib Tachy, (a) deficiências frequentes no regulare
Diretor de acompanhamento e fiscalização s com
Infraestrutura de convênios da área
Aquaviária de aquaviária; (b) encaminhamento
ressalva
14/8/2007 a para assinatura do Convênio
10/3/2009 007/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/DNIT/Nº
02091/2007;
399

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

MÉRIT
RESPONSÁVEL
ACATAR O DAS
ACATAR REJEITAR
PARCIALMENTE CONTA
S
Michel Dib Tachy, (a) deficiências frequentes no regulare
Diretor de acompanhamento e fiscalização s com
Infraestrutura de convênios da área
Aquaviária de aquaviária; (b) encaminhamento
ressalva
14/8/2007 a para assinatura do Convênio
10/3/2009 007/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/DNIT/Nº
02091/2007;
Miguel de Souza, não responsabilização das (a) deficiências diversas e regulare
Diretor de empresas projetistas por generalizadas no controle, s com
Planejamento e falhas em projetos;
Pesquisa de
no planejamento e no ressalva
23/10/2007 a gerenciamento da
31/3/2010 realização de estudos e
projetos e da contratação
de obras rodoviárias; (b)
ausência de providências
para dotar a Autarquia de
normas, sistemas e
procedimentos para
realizar, de forma
consolidada, a estimativa
do impacto orçamentário-
financeiro das obras de
implantação, construção,
pavimentação e adequação
de capacidade que
acarretem novas despesas;
Hideraldo Luiz não responsabilização das descumprimento do disposto no deficiências irregular
Caron, Diretor de empresas projetistas por art. 16, inciso I, da Lei frequentes no es e
Infraestrutura falhas em projetos; Complementar 101/2000 – LRF acompanhamento e
Rodoviária desde e descumprimento dos itens 9.1 e na fiscalização de
multa do
27/4/2004 9.1.1 do Acórdão 1085, Ata convênios da área artigo
23/2007 – Plenário; rodoviária; 58,
inciso I,
da Lei
8.443/19
92
Jose Henrique deficiências no Regulare
Coelho Sadok de Sá, controle, no s
Diretor Executivo
desde 11/8/2006
planejamento e no
gerenciamento da
realização de estudos e
projetos e da
contratação de obras
rodoviárias
Luiz Antônio Pagot, (a) deficiências gerais na ausência de ações gerenciais regulare
Diretor-Geral a atividade de efetivas compatíveis e s com
partir de 4/10/2007: desapropriação de imóveis necessárias para contornar os
cujas áreas são utilizadas problemas e restrições na
ressalva
400

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

MÉRIT
RESPONSÁVEL
ACATAR O DAS
ACATAR REJEITAR
PARCIALMENTE CONTA
S
Michel Dib Tachy, (a) deficiências frequentes no regulare
Diretor de acompanhamento e fiscalização s com
Infraestrutura de convênios da área
Aquaviária de aquaviária; (b) encaminhamento
ressalva
14/8/2007 a para assinatura do Convênio
10/3/2009 007/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/DNIT/Nº
02091/2007;
na infraestrutura de estrutura organizacional da
transportes; (b) não autarquia quanto à deficiência
implementação de normas frequente no acompanhamento e
internas, sistemas, fiscalização de convênios das
procedimentos e áreas aquaviária e rodoviária;
mecanismos de controle
para responsabilizar as
empresas projetistas em
caso de falhas técnicas em
projetos; (c) ausência de
ações efetivas para dotar a
Diretoria de Planejamento e
Pesquisa – DPP de
instrumentos de
planejamento necessários
para a tomada de decisão
de início da elaboração de
projetos e de um
gerenciamento adequado
dos projetos em elaboração
e em estoque; (d) ausência
de ações de sua
competência para dotar a
Autarquia de normas,
sistemas e procedimentos
para realizar, de forma
consolidada, a estimativa
do impacto orçamentário-
financeiro das obras de
implantação, construção,
pavimentação e adequação
de capacidade que
acarretem novas despesas.

Na ocasião, o então Secretário da 1ª Secex também propôs a regularidade das contas dos
demais responsáveis e o sobrestamento do julgamento de mérito do presente processo até que se
procedesse ao julgamento dos TCs 018.910/2009-0 e 005.868/2009-7 (peça 27, p. 51).
Em 8.7.2011, Vossa Excelência determinou o sobrestamento, nos termos propostos pela unidade
técnica (peça 27, p. 52).
Sobre os processos sobrestantes, a Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias -
SecobRodov, na derradeira instrução destes autos, assim se manifestou (peças 150 a 152):
I – TC-018.910/2009-0 (encerrado):
a) três responsáveis em comum com as presentes contas foram chamados em audiência: srs.
Luiz Antônio Pagot, Rômulo do Carmo Ferreira Neto e Ricardo Rossi Madalena. O sr. Luiz Antônio
Pagot teve suas razões de justificativa aceitas mediante o Acórdão 2.091/2011 – Plenário, por meio
401

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do qual também foi rejeitada a defesa dos srs. Rômulo do Carmo Ferreira Neto e Ricardo Rossi
Madalena, sancionados com multa. Ambos os responsáveis impetraram pedidos de reexame não
providos, nos termos do Acórdão 539/2013 [593/2013] – Plenário;
b) o sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, Diretor de Infraestrutura Ferroviária, foi multado em
função da execução de obra (construção do contorno e pátio ferroviário de Tutóia - Araraquara/SP),
decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao projeto, sem aditivos
contratuais e sem definição dos custos das alterações. Do relatório de fiscalização (peça 1, p. 22 do
TC-018.910/2009-0) depreende-se que a falha observada perpassou pelo exercício de 2008 (em
análise nos presentes autos), devendo, pois, ter impacto neste processo de contas;
b.1) os fatos apontados indicam ter ocorrido falha do então Diretor de Infraestrutura
Ferroviária no acompanhamento das obras dos mencionados contorno e pátio ferroviário, não lhe
tendo sido atribuído prejuízo ao erário. Não foram trazidas evidências de que tais problemas
ocorressem de forma recorrente nos demais empreendimentos da diretoria;
b.2) por não considerar que o fato isoladamente possua gravidade para levar à irregularidade
das contas do gestor, e que não há nos autos outros elementos que maculem sua conduta, entende-se
adequado imputar-lhe uma ressalva nestas contas em função da irregularidade apontada no TC-
018.910/2009-0;
c) ao sr. Ricardo Rossi Madalena, Superintendente Regional do Dnit/SP, foi aplicada multa, por
meio do Acórdão 2.091/2011 – Plenário, por permitir a substituição de profissionais para a execução
do objeto da Concorrência 161/2008 por outros sem que fosse feita a aferição dos currículos nos
termos previstos no edital. De acordo com o relatório do voto condutor do referido acórdão, o
contrato decorrente do certame foi assinado em 18.3.2009, portanto, fora do escopo temporal de
análise dos presentes autos. Assim, o TC-018.910/2009-0 não traz elementos que possam influenciar o
julgamento das contas de 2008 do sr. Ricardo Rossi Madalena;
II – TC-005.868/2009-7 (encerrado):
a) o processo possuía os seguintes responsáveis em comum com os presentes autos: Hideraldo
Luiz Caron, Luiz Antônio Pagot, Orlando Fanaia Machado e Rui Barbosa Egual;
b) os srs. Hideraldo Luiz Caron e Rui Barbosa Egual tiveram suas razões de justificativa
rejeitadas, com aplicação de multa, por meio do Acórdão 1.936/2011 – Plenário, reformado pelo
Acórdão 3.144/2012, também do Plenário, que deu provimento ao recurso apresentado pelo sr.
Hideraldo Luiz Caron e tornou insubsistente a penalidade a este aplicada;
c) o sr. Rui Barbosa Egual, então Superintendente Regional do Dnit no Mato Grosso, foi
multado em função do descumprimento da orientação contida no item 9.2.1 do Acórdão 978/2006 –
Plenário, que previa o seguinte:

“9.2. reiterar a determinação contida no item 9.1 do Acórdão 829/2004 – TCU – Plenário, de
modo a determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes que:
9.2.1. na execução dos contratos de conservação e restauração rodoviária, exija, como condição
para o pagamento das medições, que os quantitativos medidos sejam discriminados em relatório de
fiscalização que identifique, por meio de mapas lineares ou outros instrumentos, a estaca e a posição
geográfica inicial e final da execução de cada serviço e seja acompanhado por arquivo de fotos
digitais datadas e que enquadrem a indicação, com precisão mínima de uma centena de metros, da
localização em que foram obtidas, de forma a evidenciar suficientemente a situação dos trechos
concernentes antes e depois dos trabalhos e registrar inequivocamente a realização das atividades;”

d) especificamente, a razão para a condenação do sr. Egual, de acordo com o relatório do voto
condutor do Acórdão 1.936/2011 – Plenário, está no fato de a 5ª medição provisória do Contrato
14/2008 não contemplar as exigências do acórdão transcrito acima, tais quais as identificações da
estaca e da posição geográfica inicial e final da execução de cada serviço e arquivo com fotos
digitais. A referida medição encontra-se entre a p. 19 da peça 21 e a p. 7 da peça 22, daquele
402

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processo. O documento é datado de 13.2.2009 e refere-se ao período de 1.1.2009 a 31.1.2009, não


tendo, pois, interferência no processo de contas do exercício de 2008.
Em acréscimo, a então SecobRodov registrou que os dois processos apensos a estes autos (TC-
018.397/2009-9 e TC-026.095/2011-4) não têm impacto no mérito destas contas de 2008.
A unidade técnica especializada registrou, ainda, que identificara outro processo que poderia
influenciar a decisão de mérito destes autos, qual seja, TC-021.503/2013-3 (TCE para apurar
possíveis irregularidades na contratação de empresa para manutenção/conservação de postos de
pesagem. Foram relatadas a adesão indevida a uma ata de registro de preços e a celebração irregular
de aditivos ao contrato decorrente);
a) o sr. Hideraldo Luiz Caron foi citado, na mencionada TCE, em razão de supostos pagamentos
indevidos. Ademais, o responsável foi ouvido em audiência em relação a cinco supostas
irregularidades: i) aceitação de pesquisa que nitidamente não permitiu atestar a economicidade da
adesão à ata de registro de preços; ii) adesão à ata de registro de preços com objeto distinto do que se
pretendia executar; iii) alteração contratual além dos limites legais; iv) celebração indevida de
aditivo contratual; v) demolição dos antigos postos de pesagem sem análise detalhada do custo das
alternativas;
b) a instrução de mérito do TC-021.503/2013-3, ainda não apreciada por esta Corte, propõe a
rejeição das razões de justificativa e das alegações de defesa do gestor, bem como a aplicação de
multa e a condenação ao pagamento de débito;
c) dos indícios de irregularidades imputados ao responsável, apenas a aceitação indevida de
pesquisa de preço é relativa ao exercício de 2008 (peça 1, pp. 151/4, do TC-028.945/2012-3), sendo
que os demais eventos se passaram nos exercícios subsequentes;
d) os fatos analisados pelo TC-021.503/2013-3 são de considerável gravidade, tendo inclusive
resultado na caracterização, pela unidade técnica, da existência de dano ao erário. Todavia, o
impacto nos presentes autos resume-se ao ocorrido em 2008, de modo que a rejeição das razões de
justificativa quanto à aceitação indevida de pesquisa de preços não constitui, por si só, motivo para o
julgamento pela irregularidade das contas do responsável, devendo-se constituir uma ressalva na
avaliação da sua gestão. Os demais fatos têm a possibilidade de macular as contas do responsável nos
exercícios seguintes;
e) o TCU ainda não se manifestou em relação às irregularidades tratadas no TC- 021.503/2013-
3. Assim, caso não houvesse outros eventos que maculassem as contas de 2008 do sr. Hideraldo Luiz
Caron, os presentes autos deveriam ser sobrestados para aguardar o deslinde do TC-021.503/2013-3;
entretanto, entende-se desnecessário o aguardo do julgamento daquele processo, uma vez que, de
acordo com os argumentos ora apresentados, este resultaria no máximo em uma ressalva na
avaliação da gestão do sr. Caron em 2008.
Assim, ratificando a proposta do titular da 1ª Secex (peça 27, pp. 47/51), “suplementada pela
análise do impacto dos processos conexos, realizada nesta instrução, que apontou uma ressalva nas
contas do sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, em função da condenação ocorrida no TC
018.910/2009-0”, a SecobRodov propõe, em uníssono (peças 150 a 152):

“a) levantar o sobrestamento do julgamento das presentes contas;


b) quanto ao Sr. Michel Dib Tachy, CPF 000.376.135-53, Diretor de Infraestrutura Aquaviária
de 14/8/2007 a 10/3/2009:
b.1) acatar parcialmente as razões de justificativa quanto aos dois indícios de irregularidades
pelos quais foi chamado em audiência:
b.1.1) as deficiências frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área
aquaviária;
b.1.2) o encaminhamento para assinatura do Convênio 7/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/Dnit/Nº 02091/2007;
403

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b.2) julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos art. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.4443/1992 [8.443/1992], em razão das falhas citadas no item ‘b.1)’ acima;
c) em relação ao Sr. Miguel de Souza, CPF 098.365.274-00, Diretor de Planejamento e
Pesquisa de 23/10/2007 a 31/3/2010:
c.1) acatar suas razões de justificativa quanto à não responsabilização das empresas projetistas
por falhas em projetos;
c.2) acatar parcialmente suas razões de justificativa acerca:
c.2.1) das deficiências diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
c.2.2) da ausência de providências para dotar a autarquia de normas, sistemas e procedimentos
para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro das obras de
implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas despesas;
c.3) julgar regulares com ressalva suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.443/1992, em razão das falhas citadas no item ‘c.2)’ acima;
d) no que tange ao Sr. Hideraldo Luiz Caron, CPF 323.497.930-87, Diretor de Infraestrutura
Rodoviária de 27/4/2004 a 26/7/2011:
d.1) acatar suas razões de justificativa acerca da não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
d.2) acatar parcialmente suas razões de justificativa sobre o descumprimento do disposto no art.
16, inciso I, da Lei Complementar 101/2000 – LRF e descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do Acórdão
1.085, Ata 23/2007 – Plenário;
d.3) rejeitar suas razões de justificativa acerca das deficiências frequentes no acompanhamento
e fiscalização de convênios da área rodoviária – o que era de sua responsabilidade, conforme inscrito
nos arts. 12, inciso VI, 80, incisos I e VI, e 126, incisos I, II, III, IV e VII, do Regimento Interno do
Dnit – evidenciadas pela inexistência de relatórios adequados nos processos relativos aos ajustes e às
suas prestações de contas analisadas no exercício de 2008 e pelas situações nas quais foram
observados problemas na execução dos convênios, conforme apurado em exame da amostra constante
dos autos, em desacordo com o art. 116, § 3º, incisos I, II e III, da Lei 8.666/1993, arts. 21 e 23 da IN
STN 1/1997, Decreto 1.819/1996, Decreto 6.170/2007 e os Acórdãos TCU 2.059/2008 — Plenário,
1.666/2008 – Plenário e 1.777/2004 – Plenário;
d.4) julgar irregulares suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso III, alínea ‘b’, e 19,
parágrafo único, da Lei 8.443/1992, em razão das falhas consignadas no item ‘d.3’ acima;
d.5) aplicar a multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’,
do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente, desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
d.6) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
e) no que concerne ao Sr. José Henrique Sadok de Sá, CPF 160.199.387-00, Diretor Executivo,
de 11/8/2006 a 31/7/2011:
e.1) acatar suas razões de justificativa sobre as deficiências no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
e.2) julgar regulares suas contas, com fundamento nas arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992,
dando-lhe quitação plena.
f) quanto ao Sr. Luiz Antônio Pagot, CPF 435.102.567-00, Diretor Geral, de 4/10/2007 a
25/7/2011:
f.1) acatar suas razões de justificativa que tratam:
f.1.1) das deficiências gerais na atividade de desapropriação de imóveis cujas áreas são
utilizadas na infraestrutura de transportes;
404

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

f.1.2) da não implementação de normas internas, sistemas, procedimentos e mecanismos de


controle para responsabilizar as empresas projetistas em caso de falhas técnicas em projetos;
f.1.3) da ausência de ações afetivas para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP
de instrumentos de planejamento necessários para tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque;
f.1.4) da ausência de ações de sua competência para dotar a autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem
novas despesas;
f.2) acatar parcialmente suas razões de justificativa sobre a ausência de ações gerenciais
efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e restrições na estrutura
organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de
convênios das áreas aquaviária e rodoviária;
f.3) julgar regulares com ressalva suas contas, com alicerce nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei
8.443/1992, em razão das falhas citadas no item ‘f.2’ acima, dando-lhe quitação;
g) em relação ao Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, CPF 288.906.631-20, Diretor de
Infraestrutura Ferroviária, de 1/1/2008 a 30/12/2008, julgar regulares com ressalva suas contas, com
base nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/1992, devido à rejeição de suas razões de justificativa no
TC 018.910/2009-0, Acórdão 2.091/2011-Plenário, no qual foi constatada a execução de obra,
decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao projeto executivo, sem
aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações;
h) com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992, sejam julgadas regulares as
contas dos demais responsáveis arrolados nos autos, dando-lhes quitação plena;
i) dar ciência aos responsáveis da decisão que vier a ser proferida;
j) arquivar o presente processo, nos termos do inciso III do art. 169 do Regimento Interno do
TCU.”

II

O Ministério Público de Contas acompanha, no essencial, a proposição às peças 150 e 152.


De fato, a proposta de irregularidade das contas do sr. Hideraldo Luiz Caron, ex-Diretor de
Infraestrutura Rodoviária, com aplicação de multa é pertinente.
Como bem ponderou o sr. Auditor da SecobRodov (peça 150), unidade técnica responsável pela
derradeira instrução do presente feito:

“31. (...) a audiência (peça 26, p. 5-7) do sr. Hideraldo Luiz Caron, Diretor de Infraestrutura
Rodoviária – DIR, de cujas razões de justificativa propõe-se a rejeição, é relativa às deficiências
frequentes no acompanhamento e na fiscalização de convênios da área rodoviária e possui o condão
de macular as contas do gestor, pois não trata apenas de uma irregularidade pontual, como
explanado na instrução que propôs a audiência (peça 24, p. 23):

‘A irregularidade ora tratada representa, na verdade, uma falha de gestão, pois se funda não em
um ou dois casos isolados, mas em vários casos encontrados no exame de uma amostra de convênios
celebrados pelo Dnit, revelando falhas no controle e na execução gerencial da atuação da autarquia.
As informações coletadas durante os trabalhos não indicam que tenham sido avaliadas soluções e
alternativas para a fiscalização dos convênios, tais como a opção por outros instrumentos de
descentralização, como o contrato de repasse, ou a solicitação de auxílio de outros órgãos ou entes
públicos. Dessa deficiência decorrem, certamente, prejuízos para os objetivos dos convênios e dos
programas de governo, para a sociedade e para o Erário’.
405

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

32. Ainda em relação à proposta de julgamento pela irregularidade das contas do sr. Hideraldo
Luiz Caron, cabe mencionar que o gestor já havia sido chamado em audiência no âmbito das contas
de 2006, TC-022.574/2007-5, por indícios de irregularidades na área de convênios (mesmo assunto
que motiva a proposta de irregularidade em suas contas nestes autos), particularmente, em função:

‘i) das deficiências frequentes na fiscalização de convênios; ii) da inexistência de relatórios


adequados de fiscalização de convênios; iii) da inexistência de procedimentos efetivos, estabelecidos e
sistematizados para adequada atuação das unidades responsáveis pela fiscalização de convênios; iv)
da inexistência de ações gerenciais para supervisionar os trabalhos das áreas envolvidas, controlar,
acompanhar e avaliar a execução dos convênios e seus resultados e; v) da inexistência de relatórios
gerenciais com avaliações da atividade e dos resultados da modalidade de execução dos programas
do Dnit.’

33. O Acórdão 2.555/2011 – Primeira Câmara decidiu por julgar regulares com ressalva as
contas do responsável em função do entendimento, expresso no voto condutor, de que estariam sendo
tomadas as providências para a correção das impropriedades observadas:

‘Dessa forma, admitindo que os gestores do Dnit, no exercício de 2006, engendraram medidas
com vistas ao aperfeiçoamento do controle da aplicação de recursos, tanto os repassados a estados e
municípios, mediante convênios, quanto às contratações diretas por ele realizadas e que a percepção
dos resultados das ações de cunho gerencial demanda tempo superior ao ano civil que circunscreve a
apreciação das contas dos gestores públicos, acolho as razões de justificativa e julgo as contas
regulares com ressalva, dando-se quitação aos responsáveis. (grifos não estão no original)’

34. Assim, observa-se que as falhas concernentes à execução de convênios já haviam sido
constatadas por esta Corte no processo de contas 2006, quando se entendeu serem suficientes (para
considerar regular a atuação dos gestores em questão) as medidas adotadas naquele exercício pelo
Dnit, uma vez que as ações implementadas pela autarquia teriam sido na direção de solucionar os
problemas observados. Todavia, a persistência das deficiências na área de convênios, relatadas na
análise das contas de 2008, é indicativo da limitada efetividade das medidas que teriam sido adotadas
em 2006.
35. Fica então reforçada a proposta apresentada no sentido de julgar irregulares as contas do
sr. Hideraldo Luiz Caron, pois, a despeito de já ocupar por um considerável período (desde o
exercício de 2004) o cargo de Diretor de Infraestrutura Rodoviária, ainda persistiram deficiências
frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios na área rodoviária no exercício de 2008.”
(destaques da instrução)

A proposta de irregularidade das contas e de aplicação de multa ao sr. Hideraldo Luiz Caron,
ex-Diretor de Infraestrutura Rodoviária, é reforçada pela análise levada a termo, em 2011, pela 1ª
Secex, merecendo destaque os argumentos que seguem (peça 27, pp. 17/25):
a) a audiência do senhor Hideraldo refere-se não somente a deficiências na fiscalização e
inexistência de relatórios de fiscalização nos casos listados, mas também à frequência dessas
ocorrências, implicando a inadequação de ações de controle e de gerência na fiscalização e no
acompanhamento de convênios rodoviários;
b) as omissões tanto indicam a inexistência da própria atividade de fiscalização quanto
configuram irregularidade na formalização dos processos de prestação de contas dos convênios. No
TC-012.813/2009-9, Levantamento de Auditoria cuja análise subsidiou o exame das presentes contas,
ficou consignado que, no exame da amostra de prestações de contas de convênios, não foi localizado
nenhum relatório efetivo – propriamente dito – da fiscalização do Dnit, a qual sempre se limitou a
assinar um campo de uma ficha simples indicando que os serviços foram prestados;
406

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) em sua defesa, o sr. Hideraldo relatou que a fiscalização dos convênios cabe às
Superintendências Regionais e que cada convênio possui um fiscal designado. Além disso, apresentou
normas internas relativas a procedimentos de medição e pagamentos;
d) o sr. Hideraldo explicou que, ao final de obra conveniada, esta é recebida, bem como o seu
relatório as built. Porém, isto não substitui o parecer técnico, especialmente na parte que trata da
regular contratação e execução dos serviços conveniados, bem como do alcance dos objetivos (inciso
I do § 1° do artigo 31 da IN/STN 1/1997), para prestação de contas final e/ou parcial do convênio;
e) da mesma forma, a edição de normas para regular pagamentos e medições não supre a ação
de supervisão da DIR, inclusive para cobrar das áreas subordinadas o cumprimento das normas;
f) observe-se que a área de convênios apresenta problemas já há algum tempo e foi objeto de
determinações do Tribunal, conforme levantamento de auditoria realizado no TC-012.813/2009-9 e
resumido na tabela abaixo:

Parecer, com
Acórdão/ fundamento na
Decisão Determinação Monitorada situação encontrada

9.3.2. obedeça o art. 23 da IN/STN nº 1/97 no sentido de exercer a


AC- função gerencial fiscalizadora, dentro do prazo regulamentar de
2059/08- execução/prestação de contas do convênio, assegurando aos seus
PL agentes qualificados o poder discricionário de reorientar ações. Descumprida

9.3.1. cumpra os arts. 7º, inciso V, e 21, § 4º, inciso I, da IN/STN nº


1/97 no sentido de conservar a autoridade normativa e exercer controle
e fiscalização sobre a execução das obras públicas, bem como de
assumir ou transferir a responsabilidade pelo mesmo, no caso de
paralisação ou de fato relevante que venha a ocorrer, de modo a evitar
AC- a descontinuidade dos serviços com posterior prejuízo aos cofres
2059/08- públicos, liberando as parcelas do convênio somente após a correção
PL das impropriedades ocorridas nas obras públicas. Descumprida

9.2. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de


Transportes que, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992,
realize fiscalização tempestiva sobre a execução dos convênios nos
quais figure como concedente, especialmente quanto às justificativas e
à base legal escolhida pelos convenentes para licitar ou afastar o
processo licitatório, com vistas à execução dos objetos dos convênios, a
fim de evitar a ocorrência de situações como aquela analisada neste
processo, envolvendo a contratação indevida da Fundação para o
AC- Desenvolvimento Sustentável (Fundese) pelo Município de Camaçari/BA
1666/08- por inexigibilidade de licitação, em observância ao que dispõe o art. 23
PL da Instrução Normativa STN nº 1/1997. Descumprida

9.4.6. ao exercer sua função de fiscalizar a aplicação de recursos


repassados mediante convênios, procure realizar inspeções periódicas
AC- nas obras delegadas e, ao pactuar aditivos de convênios para
1777/04- complementação de obras, faça constar com clareza no termo quais
PL serviços constituem o objeto da aplicação dos recursos. Descumprida

g) todos esses problemas e prejuízos ocorrem em um quadro de omissão gerencial do Dnit, que
viabiliza a celebração e a execução de convênios sem planejamento e sem supervisão e controle.
Tanto nas justificativas apresentadas, como no relatório de gestão do Dnit, existe uma lacuna no que
407

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

se refere a trabalhos de avaliação ou de acompanhamento da área de convênios, sendo visível que os


poucos atos praticados limitaram-se à expedição de algumas normas, as quais sabidamente não
trariam, por si sós, solução para o problema e nem evitariam, como não evitaram, os efeitos pontuais
danosos;
h) desse modo, não foi apresentada nenhuma justificativa para a inexistência de instrumentos
efetivos de fiscalização de convênios e nenhuma ação gerencial ou de supervisão com o objetivo de
induzir ou controlar a atividade;
i) a atuação omissiva do responsável constitui irregularidade, especialmente por produzir a
ocorrência frequente da falta de fiscalização adequada dos convênios, em afronta a normas como a
Lei 8.666/1993, e por desatender suas competências gerenciais e de supervisão, incumbidas pelo
Regimento Interno do Dnit:

“Art. 80. À Diretoria de Infraestrutura Rodoviária compete:


I – administrar e gerenciar a execução de programas e projetos de construção, operação,
manutenção e restauração da infraestrutura rodoviária;
(...)
VII – promover o acompanhamento físico e financeiro das obras e serviços sob sua jurisdição;
(...)
Art. 126. São atribuições comuns aos Diretores:
(...)
II – zelar pelo desenvolvimento e credibilidade interna e externa do Dnit e pela legitimidade de
suas ações;
(...)
VI – contribuir com subsídios para propostas de ajustes e modificações na legislação,
necessárias à modernização do ambiente institucional de atuação do Dnit;
VII – definir, orientar e supervisionar a atuação das Superintendências Regionais;
(...)
X – garantir a transparência dos procedimentos administrativos do Dnit;
(...)
XII – planejar, dirigir, orientar e supervisionar as atividades das respectivas unidades que lhes
sejam subordinadas;
(...)
XVI – submeter, anualmente, à Diretoria Colegiada a avaliação quanto ao alcance das metas e
dos programas sob sua responsabilidade, indicando os respectivos parâmetros para a análise,
relatando as disfunções que prejudicaram o alcance dos objetivos e as medidas implementadas para a
correção dos mesmos.”

j) concluindo, as razões de justificativa do sr. Hideraldo quanto aos convênios devem ser
rejeitadas e suas contas, julgadas irregulares.
De outra parte, importa lembrar que, na instrução às peças 26, pp. 49/53, e 27, pp. 1/46, a sr.ª
AUFC da 1ª Secretaria havia proposto também a irregularidade das contas e a aplicação de multa
aos srs. Michel Dib Tachy (Diretor de Infraestrutura Aquaviária) e Luiz Antônio Pagot (Diretor-
Geral), encaminhamento que não contou com a adesão do titular daquela unidade à época (peça 27,
pp. 47/51) e que não conta agora com a adesão da SecobRodov (peças 150 a 152).
Rememorando, no que se refere ao sr. Michel Dib Tachy, Diretor de Infraestrutura Aquaviária
de 14.8.2007 a 10.3.2009, a sr.ª AUFC da 1ª Secex havia proposto a rejeição das razões de
justificativa acerca:
a) das deficiências frequentes no acompanhamento e na fiscalização de convênios da área
aquaviária;
408

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) do encaminhamento para assinatura do Convênio 7/2008, emitindo o Relato à Diretoria


Colegiada/Dnit 109/2007, em 21.12.2007, reiterado pelo Relato à Diretoria Colegiada/Dnit 1/2008,
em 17.1.2008, em desacordo com o Parecer/HRMDM/PGE/Dnit 2091/2007, haja vista que estavam
presentes, no referido convênio, irregularidades como: a proposta de convênio possuía plano de
trabalho genérico, sem descrição das metas físicas; a proposta não foi acompanhada de licenças
ambientais, estudos de viabilidade técnico-econômica e projetos básicos das obras; as planilhas de
preços e de quantitativos não detalhavam os serviços e envolviam o pagamento de mão de obra e taxa
de administração, além de configurar descumprimento ao item 9.1.2 do Acórdão 351/2006 – Plenário.
Na ocasião, em 18.5.2011, a sr.ª AUFC da 1ª Secex abordou a matéria nos seguintes termos, em
essência (§§ 2.1 a 2.2.1 às peças 26, pp. 49/53, e 27, p. 1):
I - Deficiências no acompanhamento e na fiscalização de convênios aquaviários
a) primeiramente, é necessário relembrar que a audiência ao sr. Dib Tachy refere-se não
somente a deficiências na fiscalização e inexistência de relatórios de fiscalização nos casos listados,
mas também à frequência dessas ocorrências, implicando a inadequação de ações de controle e de
gerência na fiscalização e no acompanhamento de convênios aquaviários. As omissões tanto
representam deficiência da própria atividade de fiscalização quanto irregularidade na formalização
dos processos de prestação de contas dos convênios;
b) além disso, a falta de fiscalização ensejou a ocorrência de irregularidades na execução do
objeto dos convênios, conforme anotado no Relatório de Auditoria Anual de Contas 224292, do item
7.2 ao item 7.10 (da fl. 994 à fl. 1010, vol. principal), entre as quais se destacam, conforme
identificado pela CGU em suas auditorias: porto de Tabatinga, no qual vários itens foram construídos
fora das especificações técnicas; porto de Manacapuru, onde foram executados serviços que não
faziam parte do projeto básico; porto de Manaquiri, no qual as medições estavam acima dos serviços
efetivamente realizados; porto de Santarém, no qual foram feitos pagamentos por serviços não
realizados; porto de Coari, com divergências entre o executado e as medições. A Diretoria de
Infraestrutura Aquaviária somente se manifestou depois de instada pela CGU sobre estes problemas,
ou seja, as ações informadas pelo gestor, como a adoção de documentos padrão e planilhas de
controle, não foram competentes para evitar as irregularidades;
c) considerando que o objeto das audiências referia-se a ocorrências “frequentes”, o sr. Dib
Tachy foi ouvido em função de suas competências e atribuições de gerência e acompanhamento da
área. Entretanto, embora tenha citado as deficiências estruturais do Dnit, não trouxe informações
suficientes sobre medidas de cunho mais gerencial ou estratégico adotadas durante o exercício para
solucionar as deficiências nem para obter soluções alternativas mais abrangentes, no tocante aos
pontos questionados. Tanto assim que o problema da fiscalização dos convênios aquaviários continua
sendo relatado nas contas da autarquia de 2009 (TC-020.959/2010-9 – análise preliminar realizada).
Também não foram consideradas quaisquer medidas estratégicas alternativas para contornar as
deficiências operacionais do Dnit, tais como a elaboração de instrumentos e relatórios consolidados
de controle ou a adoção de instrumentos alternativos de execução indireta dos programas, como, por
exemplo, o contrato de repasse, criado pelo Decreto 1.819/1996;
d) o contrato de repasse é uma modalidade de transferência voluntária de recursos para estados
e municípios utilizando-se de uma instituição bancária oficial federal que atua como mandatária da
União. Os poderes transferidos ao ente bancário são estabelecidos mediante termo de cooperação e
podem englobar a fiscalização das obras;
e) o Decreto 6.170/2007, que dispõe sobre normas para transferências de recursos da União por
meio de convênios e contratos de repasse, estabeleceu:

“Art. 6º Constitui cláusula necessária em qualquer convênio dispositivo que indique a forma
pela qual a execução do objeto será acompanhada pelo concedente.
Parágrafo único. A forma de acompanhamento prevista no caput deverá ser suficiente para
garantir a plena execução física do objeto.
409

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Art. 8º A execução de programa de trabalho que objetive a realização de obra será feita por
meio de contrato de repasse, salvo quando o concedente dispuser de estrutura para acompanhar a
execução do convênio.”

e) atualmente, a Caixa Econômica Federal realiza a intermediação dos contratos de repasse;


f) desse modo, os convênios foram assinados dentro de um quadro de falta de planejamento
estratégico que viabilizasse o seu acompanhamento, situação essa de que decorreram as
irregularidades na fiscalização;
g) sem outros argumentos ou elementos apresentados pelo gestor, suas justificativas não são
suficientes para afastar as irregularidades apontadas nas audiências, que afrontam as regras
dispostas nos artigos 67 da Lei 8.666/1993 e 21, 23 e 31 da IN/STN 1/1997, relativos à obrigação de o
concedente fiscalizar os convênios, indicam a inadequação geral do desenvolvimento dessa atribuição
e representam ineficiência da Administração;
h) assim, considerando o conjunto de elementos analisados, as razões de justificativa devem ser
rejeitadas e o ponto deve constituir irregularidade para as contas do gestor, especialmente por
representar irregularidades frequentes de uma área de gestão;
i) registre-se que o Tribunal realizou determinação ao Dnit, conforme Acórdão 1.106/2010 –
Plenário, no sentido de serem adotadas medidas de cunho gerencial e de controle da área de
convênios e outras transferências. Assim, no monitoramento da deliberação, será mantido o
acompanhamento da área e das ações corretivas adotadas pelo Dnit;
II - Assinatura do Convênio 7/2008
a) o objeto da audiência prende-se ao fato de o gestor ter dado encaminhamento, à Diretoria
Colegiada do Dnit, da proposta do convênio sem que todos os requisitos estivessem atendidos e em
afronta ao parecer jurídico da própria autarquia, que anotava essa deficiência. Além disso, a
audiência envolve o fato específico de o gestor ter assinado convênio sem elementos necessários,
especialmente o plano de trabalho, projetos, especificações e preços;
b) suas justificativas constituem-se no fato de que as administrações hidroviárias deveriam
compor a estrutura do Dnit e também no fato de que o convênio considera metas físicas de
quilômetros de hidrovia mantida, bem como que não foram incluídas hidrovias novas;
c) o TCU havia determinado pelo Acórdão 351/2006 – Plenário que o Dnit adotasse medidas
para incorporar as administrações hidroviárias, atendendo, assim, ao disposto na Lei 10.233/2001,
que atribuiu ao Dnit atuação nas vias navegáveis e instalações portuárias fluviais;
d) essas medidas começaram somente com a abertura do Processo 50600.008353/2009-11, onde
foram previstas alterações no Regimento Interno do Dnit e a alocação de DAS para suprir a demanda
das administrações hidroviárias. O referido processo foi aberto pelo sucessor do senhor Dib Tachy no
cargo de Diretor de Infraestrutura Aquaviária, ou seja, no exercício de 2008, ora em exame, não
ocorreu nenhuma medida para incorporar as administrações hidroviárias, o que caracteriza ainda
desobediência à decisão do TCU;
e) outro argumento apresentado como justificativa foi o fato de que as metas físicas se
concretizaram pela apresentação do quilômetro de hidrovia mantido;
f) ocorre, porém, que essa quantificação de meta física está muito aquém do necessário para
balizar o acompanhamento do convênio e, especialmente, a regularidade dos serviços e dos valores
envolvidos na sua execução;
g) no TC-027.008/2009-1, há análises de prestações de contas datadas de 28.8.2009 (da fl. 160
à fl. 203, anexo 4, do TC-027.008/2009-1) e de 19.3.2010 (da fl. 205 à fl. 247, anexo 4, do TC-
027.008/2009-1), nas quais a fiscal do convênio deixou consignado que o procedimento adotado parte
“do princípio de que o plano de trabalho do convênio não estabelece metas específicas a serem
alcançadas por cada unidade administrativa” (fls. 160 e 206, anexo 4, do TC-027.008/2009-1);
410

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

h) uma visão dessas prestações de contas confirma que os documentos juntados pelas
administrações hidroviárias são analisados apenas pelas incoerências que apresentam em sua
formatação e sua adequação aos requisitos mínimos da Lei 8.666/1993, e não podem ser cotejados e
conferidos com projetos básicos ou com estudos de viabilidade econômico-social, pois estes não foram
juntados. Assim, a fiscal, ao descrever sua análise, explicou que buscou “extrair dos documentos
enviados pela CODOMAR o máximo de informações que permitissem classificar as despesas em
custeio administrativo, custeio operacional e capital” (fls. 160 e 207, anexo 4, do TC-027.008/2009-
1), e que esta análise “abrangeu tanto a parte de documentação e sua apresentação como a aplicação
dos recursos” (fls. 160 e 207, anexo 4, do TC-027.008/2009-1);
i) as prestações de contas demonstram que poderiam ter sido feitas previsões sobre alguns
serviços com base nos gastos realizados nos anos anteriores, como os gastos correntes para
manutenção das administrações hidroviárias, serviços para conservação das hidrovias, tais como
balizamento, batimetria e dragagem. E os investimentos também deveriam receber um detalhamento
maior. Isto possibilitaria um melhor controle sobre as administrações hidroviárias e a análise com
maior profundidade das prestações de contas, enquanto elas não fossem incorporadas de vez à
estrutura do Dnit;
j) desse modo, sendo essas as justificativas apresentadas pelo gestor, elas não são suficientes
para descaracterizar a irregularidade inquinada nem a responsabilidade.
Divergindo, parcialmente, por entender que se poderiam acatar, em parte, as razões de
justificativa do sr. Michel Dib Tachy quanto às deficiências frequentes no acompanhamento e na
fiscalização de convênios da área aquaviária, bem como ao encaminhamento para assinatura do
Convênio 7/2008, em desacordo com o Parecer/HRMDM/PGE/Dnit 2091/2007, e julgar regulares
com ressalva as contas deste, o então titular da 1ª Secex teceu as considerações que seguem, em
20.6.2011 (peça 27, pp. 47/51):

“2. O sr. Michel Tachy, Diretor de Infraestrutura Aquaviária (DAQ) do Dnit, foi ouvido em
audiência por conta de duas irregularidades: deficiências frequentes no acompanhamento e na
fiscalização de convênios aquaviários e participação na assinatura do Convênio 7/2008, firmado pela
autarquia com a Companhia Docas do Maranhão (Codomar).
3. Quanto às falhas na fiscalização de convênios, a sr.ª Auditora, a despeito de rejeitar as razões
de justificativa do responsável, expressamente reconheceu que ‘os convênios foram assinados dentro
de um quadro de falta de planejamento estratégico que viabilizasse o seu acompanhamento, situação
essa de que decorreram as irregularidades na fiscalização’ (fl. 1296).
4. Ocorre que, dos oito convênios que sustentaram a proposta de audiência, sete foram firmados
em 2005 e um em 2006, ou seja, todos eles já estavam em execução quando o sr. Michel Tachy
assumiu a chefia da DAQ, em agosto de 2007. Ora, se as deficiências na formalização dos
instrumentos eram de tal ordem que inviabilizavam seu adequado acompanhamento, comprometendo
inclusive a futura atividade de fiscalização, apresenta-se, com a devida vênia, de excessivo rigor
apenar o responsável precisamente por ‘deficiências no acompanhamento e na fiscalização’ ocorridas
três anos depois.
5. É certo que, se o Dnit não se encontra aparelhado para bem acompanhar a execução
descentralizada das ações a seu cargo, cumpre à autarquia suprimir essa forma de atuação ou buscar
mecanismos alternativos para implementá-la satisfatoriamente, a exemplo dos contratos de repasse
intermediados pela Caixa Econômica Federal, como oportunamente lembrado na instrução. O que se
discute neste momento, todavia, diz respeito não à decisão gerencial de firmar os ajustes, mas ao
enfrentamento das consequências quase inevitáveis de convênios celebrados sem o devido cuidado.
6. Nesse sentido, a propósito, no que concerne à atuação da DAQ, os autos dão notícia de
medidas mitigadoras do problema, a exemplo dos destaques em favor do Exército para a realização
de ações de fiscalização (fl. 995 do vol. principal).
7. A par disso, é importante discernir as falhas havidas na execução dos convênios (da
411

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

responsabilidade do convenente) das falhas na fiscalização da avença (estas, sim, da responsabilidade


do repassador). Sobre o ponto, o Controle Interno, conquanto tenha identificado deficiências na
atuação da DAQ, fez, no relatório de auditoria de gestão (fls. 994/1010 do vol. principal), diversas
referências à ação preventiva e corretiva da Diretoria, como ilustram os apontamentos alusivos aos
convênios relativos aos terminais fluviais de São Raimundo (fls. 995/6), Tabatinga (fls. 998/9),
Manacapuru (fls. 1000/1), Manaquiri (fl. 1006) e Coári (fls. 1007/8).
8. Por fim, é igualmente importante consignar que os autos não dão notícia da eventual
aprovação indevida de prestações de contas, principal elemento de controle dos convênios por parte
do repassador, nem de possível omissão da DAQ na adoção das medidas saneadoras pertinentes
quando identificadas irregularidades na execução desses convênios.
9. Assim, manifesto-me, no ponto, pelo acolhimento parcial das razões de justificativa
apresentadas pelo responsável.
10. A segunda falha a motivar a proposta de irregularidade das contas do ex-Diretor da DAQ
consiste em sua atuação em favor da assinatura, com a Codomar, do Convênio 7/2008, destinado à
administração e à manutenção de hidrovias, o qual não apresentaria elementos mínimos de
qualificação do respectivo objeto, como plano de trabalho, metas e estudos de viabilidade.
11. Segundo entendo, a celebração de convênio entre as partes, no caso, foi imprópria.
12. Nos termos do Decreto 6.170/2007, não há previsão de celebração de convênios de natureza
financeira envolvendo exclusivamente entes federais. À luz daquela norma, que atualmente disciplina
as transferências de recursos promovidas por órgãos e entidades da administração federal, ajustes da
espécie devem se dar por meio de termo de cooperação, instrumento definido como aquele ‘por meio
do qual é ajustada a transferência de crédito de órgão da administração pública federal direta,
autarquia, fundação pública, ou empresa estatal dependente, para outro órgão ou entidade federal da
mesma natureza’ (art. 1°, inciso III).
13. A transferência de crédito, nesses casos, se dá no âmbito do próprio orçamento federal,
sendo operacionalizada por meio de destaque. Assim, não há que se falar em planos de trabalho
detalhados, rígidos cronogramas de desembolso, minudentes projetos básicos ou preços
predeterminados que obriguem entre si os entes cooperados, até porque não haverá, propriamente,
fiscalização por parte do concedente nem muito menos prestação de contas do favorecido.
14. Na verdade, o que ocorre nesses casos é a transferência de determinado programa de
trabalho entre unidades orçamentárias, obviamente acompanhada dos respectivos créditos. Tais
créditos, uma vez transferidos, têm sua execução submetida aos mecanismos de controle que
ordinariamente atuam sobre o órgão ou a entidade recebedora dos recursos, aí incluídas as ações do
Sistema Federal de Controle Interno e as desta Corte de Contas. Por certo que a unidade
repassadora, por ter interesse direto no objeto, deve acompanhar e mesmo participar das ações da
unidade executora. Contudo, não há que se falar em ‘fiscalização’ de uma pela outra.
15. No convênio entre o Dnit e a Codomar, a dificuldade reside no fato de a companhia não
ostentar, ao menos formalmente, a condição de ‘estatal dependente’, o que a impede de receber
destaques. Contudo, a meu ver, abstraindo tal circunstância, tudo o mais tipifica a hipótese de termo
de cooperação.
16. Com efeito, o fato é que o Dnit recebeu uma incumbência para a qual ainda não foi
minimamente aparelhado; já a Codomar, com a estadualização do porto de Itaqui, viu-se esvaziada e,
num processo de acomodação, passou a se apresentar como a entidade pública federal responsável –
mediante ‘delegação de competência do governo federal’ (cf. relatório de gestão da empresa,
disponível em http://www.codomar.com.br/images/stories/documentos/relatoriodegestao2009 -
codomar.pdf) – pela administração das vias navegáveis interiores. Contudo, a dotação orçamentária
para o desempenho desse mister é formalmente atribuída ao Dnit, que, assim, tem de encontrar um
mecanismo de fazê-la chegar ao agente executor - a Codomar.
17. Posta a questão nesses termos, não vejo elementos para apenar o responsável, razão pela
qual manifesto-me pelo acolhimento parcial de suas justificativas.
412

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18. A despeito do entendimento acima defendido, é de se reconhecer que o atual arranjo


institucional envolvendo a administração das vias navegáveis interiores tem deixado muito a desejar,
sobretudo em face do inegável alheamento do Dnit no tocante à efetiva assunção de suas
competências legais referentes ao tema. Deixo, contudo, de me estender a respeito nestes autos, haja
vista encontrar-se em fase final de instrução o TC-027.008/2009-1, que cuida especificamente da
matéria.”

Com relação ao sr. Luiz Antônio Pagot, Diretor-Geral a partir de 4.10.2007, a sr.ª AUFC da 1ª
Secex havia proposto, em 18.5.2011, a rejeição das razões de justificativa acerca da “ausência de
ações gerenciais efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e restrições na
estrutura organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no acompanhamento e
fiscalização de convênios das áreas aquaviária e rodoviária”. Em consequência, manifestou-se pela
irregularidade das contas deste e pela aplicação de multa, com base nos argumentos a seguir (peça
27, pp. 23/42):
a) o sr. Pagot relacionou uma série de normas e de ações que foram realizadas em sua gestão
para estruturar melhor o órgão e tornar mais eficiente sua gestão. Todavia, elas não são suficientes
para sanar o maior problema de todos: a falta de mão de obra;
b) a assinatura de convênios sem que haja pessoas suficientes para acompanhá-los é um
problema de gestão, pois indica falta de planejamento. Essa falta de planejamento fica patente quando
se verifica que o Dnit, desde a sua criação em 2002, não discutiu a adoção do contrato de repasse
como forma de suplantar essa dificuldade oriunda da escassez de funcionários ou a intensificação das
descentralizações orçamentárias para o Exército. Aliás, esta alternativa foi tomada em recentes anos
e necessita ser intensificada, tendo em vista as várias falhas relatadas pela CGU nos convênios
aquaviários;
c) a responsabilidade maior no acompanhamento dos convênios cabe aos Diretores de
Infraestrutura Aquaviária e Rodoviária. Por este motivo, eles foram chamados a responder pelas
falhas verificadas pelo TCU e pela CGU. Todavia, a discussão sobre maneiras de suplantar a falta de
mão de obra com a adoção de outros instrumentos para operacionalizar e fiscalizar os convênios cabe
a todo corpo diretivo do Dnit, com maior ênfase ao Diretor-Geral, o qual tem por incumbência,
segundo o Regimento Interno da autarquia:

“Art. 124. São atribuições do Diretor-Geral:


(...)
VI – orientar o planejamento, a organização e a execução das atividades do Dnit;
VII – promover a articulação do Dnit com o Ministério dos Transportes e com outros órgãos e
entidades públicas ou privadas.”

d) pelo motivo acima, o sr. Pagot foi chamado a apresentar razões de justificativa pela
“ausência de ações gerenciais efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e
restrições na estrutura organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no
acompanhamento e fiscalização de convênios da área rodoviária e aquaviária”;
e) a falta de mão de obra tem sido usada como argumento há muito tempo para justificar
diversas falhas no Dnit: terceirizações irregulares, medições incorretas de obras, pagamentos por
serviços sem cobertura contratual, erros na análise de licitações, não funcionamento de balanças de
veículos, não processamento de multas, entre outras. Para todos estes problemas, o primeiro
argumento dos gestores do Dnit, desde sua criação em 2002, tem sido a insuficiência de funcionários;
f) todavia, no caso específico dos convênios, esta desculpa não pode mais ser aceita,
considerando que existe outro instrumento para operacionalizar as transferências voluntárias – o
contrato de repasse – e que as descentralizações orçamentárias para a fiscalização deveriam ter sido
413

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

feitas com maior intensidade. Já são quase 10 anos sem que estas providências fossem tomadas, de
modo que os problemas no gerenciamento dos convênios somente se acumularam;
g) desse modo, as justificativas apresentadas pelo responsável não elidem a irregularidade.
Dissentindo em parte, por considerar que se poderiam acatar parcialmente as razões de
justificativa do sr. Luiz Antônio Pagot e julgar regulares com ressalva as contas deste, o titular, à
época, da 1ª Secex assim se posicionou, em 20.6.2011 (peça 27, pp. 47/51):

“19. No tocante ao sr. Luiz Antônio Pagot, Diretor-Geral do Dnit, a proposta de irregularidade
de suas contas funda-se na suposta ‘ausência de ações gerenciais efetivas compatíveis e necessárias
para contornar os problemas e restrições na estrutura organizacional da autarquia quanto à
deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de convênios das áreas aquaviária e
rodoviária’.
20. Sobre o ponto, reconhece a sr.ª Auditora que ‘a responsabilidade maior no
acompanhamento dos convênios cabe aos Diretores de Infraestrutura Aquaviária e Rodoviária’ (fl.
1337). Nada obstante, por considerar que o principal problema da entidade encontra-se na ‘falta de
mão de obra’, deficiência que o Diretor-Geral não logrou equacionar, formula, também em relação à
sua gestão, juízo de irregularidade.
21. Especificamente em relação aos convênios aquaviários, cabem aqui, em linhas gerais, as
mesmas considerações feitas acima sobre a defesa do diretor da DAQ.
22. Com respeito aos convênios rodoviários, cobra relevo anotar, de plano, que estes autos não
possuem elementos bastantes para que se possa aferir a pretensa carência de mão de obra da
autarquia. De fato, especificamente em relação às transferências de recursos, a própria instrução
apresenta alternativas de ação — como os contratos de repasse — que permitiriam sua satisfatória
implementação sem a necessidade de ampliação do quadro de pessoal do Dnit. Nada obstante, ainda
que comprovadamente tal fosse o caso, a decisão definitiva sobre o número ideal de servidores do
departamento não se insere na esfera de competência de seu Diretor-Geral, o qual, de sua parte, não
se furtou – conforme alegado – de empreender diversas tratativas a respeito com o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
23. Posto isso, observo que, particularmente no que concerne aos convênios rodoviários, a
principal irregularidade apontada no TC-012.813/2009-9, levantamento de auditoria cuja análise
subsidiou o exame das presentes contas, foi a ‘falta de emissão de parecer técnico quanto à execução
física e atingimento dos objetivos do convênio, (...), para prestação de contas final e/ou parcial do
convênio’, conforme, aliás, consta do próprio texto da audiência do responsável.
24. Ora, tal falha, conquanto grave, é de cunho eminentemente operacional, situando-se a
responsabilidade pelo seu cometimento no nível das Superintendências Regionais, unidades
diretamente encarregadas da fiscalização, e da Diretoria de Infraestrutura Rodoviária (DIR), unidade
supervisora. Estender tal responsabilidade ao Diretor-Geral parece-me inadequado, sobretudo
inexistindo nos autos elementos que demonstrem ter sido levada tempestivamente ao seu conhecimento
a ocorrência da falha.
25. Assim, também nesse caso, manifesto-me pelo acolhimento parcial das justificativas
apresentadas pelo gestor.”

Por seus pertinentes fundamentos, no que se refere ao mérito das contas dos srs. Michel Dib
Tachy (Diretor de Infraestrutura Aquaviária) e Luiz Antônio Pagot (Diretor-Geral), o Ministério
Público de Contas adere às conclusões do então Secretário da 1ª Secex (peça 27, pp. 47/51), ora
secundadas, em uníssono, pela manifestação da Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias, no
sentido da regularidade com ressalva (peças 150 a 152).

III
414

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ante o exposto, o Ministério Público de Contas manifesta-se de acordo com a proposição da


SecobRodov (peças 150 a 152), salvo no que se refere à sugestão de arquivamento do processo (peça
150, item 38, alínea “j”) com base no artigo 169 do Regimento Interno/TCU (“III - nos casos de
decisões definitivas ou terminativas, após a adoção das providências nelas determinadas e a
efetivação das competentes comunicações”), haja vista os desdobramentos processuais decorrentes da
proposta de aplicação de multa ao sr. Hideraldo Luiz Caron, ex-Diretor de Infraestrutura Rodoviária.

É o Relatório.

VOTO

Trata-se de Prestação de Contas ordinárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de


Transportes (Dnit) relativas ao exercício de 2008.

2. Anoto, preliminarmente, que não susbsiste razão para o sobrestamento destes autos, por mim
acolhido em despacho, uma vez que os TCs 018.910/2009-0 e 005.868/2009-7estão foram
devidamente julgados. Somente o Acórdão 2.091/2011-TCU-Plenário proferido nos autos do TC
018.910/2009-0 trouxe reflexos às contas de um responsável, como se verá mais adiante.

3. O Controle Interno opinou pela regularidade com ressalvas das contas de treze responsáveis e
pela regularidade das contas dos demais.

4. No âmbito deste Tribunal, feitas as análises preliminares no relatório de gestão no Dnit,


inspeção in loco e levantamentos de auditorias objeto dos TCs 018.396/2009-1, 018.397/2009-9
(apenso) e 012.813/2009-9, decidiu-se aprofundar o exame de alguns indícios de irregularidade. Para
tanto, foram feitas, pela extinta 1ª Secex, as audiências dos seguintes responsáveis que exerciam os
respectivos cargos à época dos fatos: Michel Dib Tachy, Diretor de Infraestrutura Aquaviária; Miguel
de Souza, Diretor de Planejamento e Pesquisa; Luiz Antônio Pagot, Diretor-Geral; José Henrique
Sadok de Sá, Diretor-Executivo; Hideraldo Luiz Caron, Diretor de Infraestrura Rodoviária.
5. Examinadas as razões de justificativa apresentadas por esses responsáveis a SeinfraRodov,
levando em conta as opiniões do Titular da extinta 1ª Secex que se pronunciou antes do sobrestamento
dos autos, propõe em uníssono:
a) levantar o sobrestamento do julgamento das presentes contas;
b) quanto ao Sr. Michel Dib Tachy, CPF 000.376.135-53, Diretor de Infraestrutura Aquaviária
de 14/8/2007 a 10/3/2009:
b.1) acatar parcialmente as razões de justificativa quanto aos dois indícios de irregularidades
pelos quais foi chamado em audiência:
b.1.1) as deficiências frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área
aquaviária;
b.1.2) o encaminhamento para assinatura do Convênio 7/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/Dnit/Nº 02091/2007;
b.2) julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos art. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.4443/1992 [8.443/1992], em razão das falhas citadas no item ‘b.1)’ acima;
c) em relação ao Sr. Miguel de Souza, CPF 098.365.274-00, Diretor de Planejamento e
Pesquisa de 23/10/2007 a 31/3/2010:
c.1) acatar suas razões de justificativa quanto à não responsabilização das empresas projetistas
por falhas em projetos;
c.2) acatar parcialmente suas razões de justificativa acerca:
415

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c.2.1) das deficiências diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no


gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
c.2.2) da ausência de providências para dotar a autarquia de normas, sistemas e procedimentos
para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro das obras de
implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas despesas;
c.3) julgar regulares com ressalva suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.443/1992, em razão das falhas citadas no item ‘c.2)’ acima;
d) no que tange ao Sr. Hideraldo Luiz Caron, CPF 323.497.930-87, Diretor de Infraestrutura
Rodoviária de 27/4/2004 a 26/7/2011:
d.1) acatar suas razões de justificativa acerca da não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
d.2) acatar parcialmente suas razões de justificativa sobre o descumprimento do disposto no art.
16, inciso I, da Lei Complementar 101/2000 – LRF e descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do Acórdão
1.085, Ata 23/2007 – Plenário;
d.3) rejeitar suas razões de justificativa acerca das deficiências frequentes no acompanhamento
e fiscalização de convênios da área rodoviária – o que era de sua responsabilidade, conforme inscrito
nos arts. 12, inciso VI, 80, incisos I e VI, e 126, incisos I, II, III, IV e VII, do Regimento Interno do
Dnit – evidenciadas pela inexistência de relatórios adequados nos processos relativos aos ajustes e às
suas prestações de contas analisadas no exercício de 2008 e pelas situações nas quais foram
observados problemas na execução dos convênios, conforme apurado em exame da amostra constante
dos autos, em desacordo com o art. 116, § 3º, incisos I, II e III, da Lei 8.666/1993, arts. 21 e 23 da IN
STN 1/1997, Decreto 1.819/1996, Decreto 6.170/2007 e os Acórdãos TCU 2.059/2008 — Plenário,
1.666/2008 – Plenário e 1.777/2004 – Plenário;
d.4) julgar irregulares suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso III, alínea ‘b’, e 19,
parágrafo único, da Lei 8.443/1992, em razão das falhas consignadas no item ‘d.3’ acima;
d.5) aplicar a multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’,
do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente, desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
d.6) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
e) no que concerne ao Sr. José Henrique Sadok de Sá, CPF 160.199.387-00, Diretor Executivo,
de 11/8/2006 a 31/7/2011:
e.1) acatar suas razões de justificativa sobre as deficiências no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
e.2) julgar regulares suas contas, com fundamento nas arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992,
dando-lhe quitação plena.
f) quanto ao Sr. Luiz Antônio Pagot, CPF 435.102.567-00, Diretor Geral, de 4/10/2007 a
25/7/2011:
f.1) acatar suas razões de justificativa que tratam:
f.1.1) das deficiências gerais na atividade de desapropriação de imóveis cujas áreas são
utilizadas na infraestrutura de transportes;
f.1.2) da não implementação de normas internas, sistemas, procedimentos e mecanismos de
controle para responsabilizar as empresas projetistas em caso de falhas técnicas em projetos;
f.1.3) da ausência de ações afetivas para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP
de instrumentos de planejamento necessários para tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque;
f.1.4) da ausência de ações de sua competência para dotar a autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
416

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem


novas despesas;
f.2) acatar parcialmente suas razões de justificativa sobre a ausência de ações gerenciais
efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e restrições na estrutura
organizacional da autarquia quanto à deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de
convênios das áreas aquaviária e rodoviária;
f.3) julgar regulares com ressalva suas contas, com alicerce nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei
8.443/1992, em razão das falhas citadas no item ‘f.2’ acima, dando-lhe quitação;
g) em relação ao Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, CPF 288.906.631-20, Diretor de
Infraestrutura Ferroviária, de 1/1/2008 a 30/12/2008, julgar regulares com ressalva suas contas, com
base nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/1992, devido à rejeição de suas razões de justificativa no
TC 018.910/2009-0, Acórdão 2.091/2011-Plenário, no qual foi constatada a execução de obra,
decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao projeto executivo, sem
aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações;
h) com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/1992, sejam julgadas regulares as
contas dos demais responsáveis arrolados nos autos, dando-lhes quitação plena;
i) dar ciência aos responsáveis da decisão que vier a ser proferida;
j) arquivar o presente processo, nos termos do inciso III do art. 169 do Regimento
Interno do TCU.

6. Destaco que o Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, na qualidade de Diretor de Infraestrutura
Ferroviária, teve suas contas julgadas regulares com ressalva em processo conexo (TC 018.910/2009-0
– Acórdão 2.091/2011-TCU-Plenário), trazendo reflexos à presente prestação de contas, em vista de
execução de obra prevista no Edital de Concorrência 33/2007 com divergência em relação ao projeto
executivo, sem aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações.

7. Os demais processos examinados pelas instâncias precedentes, mesmo os que ainda não
julgados, não seriam hábeis a modificar o mérito desta prestação de contas, inexistindo óbice, portanto,
ao julgamento de mérito do presente processo.

8. O Ministério Público anuiu à proposta da Unidade Técnica, à exceção do arquivamento do


feito, haja vista os desdobramentos processuais decorrentes da proposta de aplicação de multa ao sr.
Hideraldo Luiz Caron, ex-Diretor de Infraestrutura Rodoviária.

9. Em vista das adequadas análises feitas pela SecobRodov e da fudamentação de suas


conclusões, acolho a proposta da Unidade Técnica, com a exclusão de item feita pelo MPTCU e,
ainda, com os ajustes que julgo pertinentes.

***

10. Quanto às contas do Sr. Hideraldo Luiz Caron, na qualidade de Diretor de Infraestrutura
Rodoviária, justifica-se o julgamento pela irregularidade de suas contas, com aplicação de multa, em
decorrência da rejeição das razões de justificativa por ele apresentadas no concernente às deficiências
frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área rodoviária por não ser
irregularidade pontual.

11. Sobressai dos autos a informação de que a mesma irregularidade que fundamenta a proposta
da Unidade Técnica para as presentes contas, ratificada pelo MPTCU, fora detectada nas contas da
autarquia do exercício de 2006 (TC 022.574/2007-5). Entretanto, em vista das providências que teriam
417

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sido tomadas com vistas ao saneamento dessas impropriedades, a 1ª Câmara, por meio do Acórdão
2.555/2011, julgou regulares com ressalva as contas de todos os responsáveis.
12. Reforça esse entendimento o fato de que em Levantamento de Auditoria (TC 012.813/2009-
9), persistiam diversas impropriedades na fiscalização de convênios em virtude de descumprimento de
determinações exaradas nos Acórdãos 1.777/2004, 1.666/2008 e 2.059/2008, todos do Plenário deste
Tribunal.

***

13. As contas do Sr. José Henrique Sadok de Sá, na qualidade de Diretor Executivo, devem ser
julgadas regulares. O responsável foi chamado em audiência para responder acerca das deficiências no
controle, no planejamento e no gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de
obras rodoviárias. Não obstante, em vista de ações desenvolvidas para estudos de processos e
instrumentos de controle e gerenciamento, foi mitigada a responsabilidade do Sr. José Henrique nas
presentes contas.

***

14. No tocante ao Sr. Miguel de Souza, na qualidade de Diretor de Planejamento e Pesquisa,


sustenta-se o julgamento de suas contas pela regularidade com ressalvas no acolhimento parcial das
razões de justificativa para as seguintes irregularidades: a) deficiências diversas e generalizadas no
controle, no planejamento e no gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de
obras rodoviárias; b) da ausência de providências para dotar a autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas
despesas.

15. Muito embora as razões de justificativa apresentadas pelo responsável não sejam hábeis a
afastar a irregularidade apontada nos autos, ponderou a auditora da extinta 1ª Secex, referindo-se à
época em que foram praticados os atos de gestão, que:

os conceitos e os objetivos da LRF ainda não foram totalmente compreendidos por parte da
Administração. No TC 018.397/2009-9, em que a 1ª Secex realizou fiscalização acerca do
planejamento geral e orçamentário do DNIT, o Tribunal exarou determinação voltada à correta
aplicação de dispositivos da LRF, especialmente o que foi abordado mais acima. Posteriormente, a
AGU ingressou com embargos contra a decisão, que foram instruídos por esta Secretaria, em cujo
exame pode ser observada, mais uma vez, a compreensão equivocada da norma por parte de entes da
Administração.

Desse modo, considerando que apenas recentemente o Tribunal se manifestou sobre a aplicação
da LRF, e considerando que na referida deliberação foram feitas determinações de medidas corretivas
e que também esclarecem acerca daquela Lei Complementar, as justificativas do gestor podem ser
parcialmente aceitas, em caráter excepcional.

***

16. O Sr. Michel Dib Tachy, na qualidade de Diretor de Infraestrutura Aquaviária (DAC), deve
ter suas contas julgadas regulares com ressalva, como defendeu o Titular da extinta 1ª Secex que
dissentiu parcialmente de auditora daquela Unidade Técnica:
418

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. O sr. Michel Tachy, Diretor de Infraestrutura Aquaviária (DAQ) do Dnit, foi ouvido em
audiência por conta de duas irregularidades: deficiências frequentes no acompanhamento e na
fiscalização de convênios aquaviários e participação na assinatura do Convênio 7/2008, firmado pela
autarquia com a Companhia Docas do Maranhão (Codomar).
3. Quanto às falhas na fiscalização de convênios, a sr.ª Auditora, a despeito de rejeitar as razões
de justificativa do responsável, expressamente reconheceu que ‘os convênios foram assinados dentro
de um quadro de falta de planejamento estratégico que viabilizasse o seu acompanhamento, situação
essa de que decorreram as irregularidades na fiscalização’ (fl. 1296).
4. Ocorre que, dos oito convênios que sustentaram a proposta de audiência, sete foram firmados
em 2005 e um em 2006, ou seja, todos eles já estavam em execução quando o sr. Michel Tachy
assumiu a chefia da DAQ, em agosto de 2007. Ora, se as deficiências na formalização dos
instrumentos eram de tal ordem que inviabilizavam seu adequado acompanhamento, comprometendo
inclusive a futura atividade de fiscalização, apresenta-se, com a devida vênia, de excessivo rigor
apenar o responsável precisamente por ‘deficiências no acompanhamento e na fiscalização’ ocorridas
três anos depois.
5. É certo que, se o Dnit não se encontra aparelhado para bem acompanhar a execução
descentralizada das ações a seu cargo, cumpre à autarquia suprimir essa forma de atuação ou buscar
mecanismos alternativos para implementá-la satisfatoriamente, a exemplo dos contratos de repasse
intermediados pela Caixa Econômica Federal, como oportunamente lembrado na instrução. O que se
discute neste momento, todavia, diz respeito não à decisão gerencial de firmar os ajustes, mas ao
enfrentamento das consequências quase inevitáveis de convênios celebrados sem o devido cuidado.
6. Nesse sentido, a propósito, no que concerne à atuação da DAQ, os autos dão notícia de
medidas mitigadoras do problema, a exemplo dos destaques em favor do Exército para a realização
de ações de fiscalização (fl. 995 do vol. principal).
7. A par disso, é importante discernir as falhas havidas na execução dos convênios (da
responsabilidade do convenente) das falhas na fiscalização da avença (estas, sim, da responsabilidade
do repassador). Sobre o ponto, o Controle Interno, conquanto tenha identificado deficiências na
atuação da DAQ, fez, no relatório de auditoria de gestão (fls. 994/1010 do vol. principal), diversas
referências à ação preventiva e corretiva da Diretoria, como ilustram os apontamentos alusivos aos
convênios relativos aos terminais fluviais de São Raimundo (fls. 995/6), Tabatinga (fls. 998/9),
Manacapuru (fls. 1000/1), Manaquiri (fl. 1006) e Coári (fls. 1007/8).
8. Por fim, é igualmente importante consignar que os autos não dão notícia da eventual
aprovação indevida de prestações de contas, principal elemento de controle dos convênios por parte
do repassador, nem de possível omissão da DAQ na adoção das medidas saneadoras pertinentes
quando identificadas irregularidades na execução desses convênios.
9. Assim, manifesto-me, no ponto, pelo acolhimento parcial das razões de justificativa
apresentadas pelo responsável.
10. A segunda falha a motivar a proposta de irregularidade das contas do ex-Diretor da DAQ
consiste em sua atuação em favor da assinatura, com a Codomar, do Convênio 7/2008, destinado à
administração e à manutenção de hidrovias, o qual não apresentaria elementos mínimos de
qualificação do respectivo objeto, como plano de trabalho, metas e estudos de viabilidade.
11. Segundo entendo, a celebração de convênio entre as partes, no caso, foi imprópria.
12. Nos termos do Decreto 6.170/2007, não há previsão de celebração de convênios de natureza
financeira envolvendo exclusivamente entes federais. À luz daquela norma, que atualmente disciplina
as transferências de recursos promovidas por órgãos e entidades da administração federal, ajustes da
espécie devem se dar por meio de termo de cooperação, instrumento definido como aquele ‘por meio
do qual é ajustada a transferência de crédito de órgão da administração pública federal direta,
autarquia, fundação pública, ou empresa estatal dependente, para outro órgão ou entidade federal da
mesma natureza’ (art. 1°, inciso III).
13. A transferência de crédito, nesses casos, se dá no âmbito do próprio orçamento federal,
419

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sendo operacionalizada por meio de destaque. Assim, não há que se falar em planos de trabalho
detalhados, rígidos cronogramas de desembolso, minudentes projetos básicos ou preços
predeterminados que obriguem entre si os entes cooperados, até porque não haverá, propriamente,
fiscalização por parte do concedente nem muito menos prestação de contas do favorecido.
14. Na verdade, o que ocorre nesses casos é a transferência de determinado programa de
trabalho entre unidades orçamentárias, obviamente acompanhada dos respectivos créditos. Tais
créditos, uma vez transferidos, têm sua execução submetida aos mecanismos de controle que
ordinariamente atuam sobre o órgão ou a entidade recebedora dos recursos, aí incluídas as ações do
Sistema Federal de Controle Interno e as desta Corte de Contas. Por certo que a unidade
repassadora, por ter interesse direto no objeto, deve acompanhar e mesmo participar das ações da
unidade executora. Contudo, não há que se falar em ‘fiscalização’ de uma pela outra.
15. No convênio entre o Dnit e a Codomar, a dificuldade reside no fato de a companhia não
ostentar, ao menos formalmente, a condição de ‘estatal dependente’, o que a impede de receber
destaques. Contudo, a meu ver, abstraindo tal circunstância, tudo o mais tipifica a hipótese de termo
de cooperação.
16. Com efeito, o fato é que o Dnit recebeu uma incumbência para a qual ainda não foi
minimamente aparelhado; já a Codomar, com a estadualização do porto de Itaqui, viu-se esvaziada e,
num processo de acomodação, passou a se apresentar como a entidade pública federal responsável –
mediante ‘delegação de competência do governo federal’ (cf. relatório de gestão da empresa,
disponível em http://www.codomar.com.br/images/stories/documentos/relatoriodegestao2009 -
codomar.pdf) – pela administração das vias navegáveis interiores. Contudo, a dotação orçamentária
para o desempenho desse mister é formalmente atribuída ao Dnit, que, assim, tem de encontrar um
mecanismo de fazê-la chegar ao agente executor - a Codomar.
17. Posta a questão nesses termos, não vejo elementos para apenar o responsável, razão pela
qual manifesto-me pelo acolhimento parcial de suas justificativas.
18. A despeito do entendimento acima defendido, é de se reconhecer que o atual arranjo
institucional envolvendo a administração das vias navegáveis interiores tem deixado muito a desejar,
sobretudo em face do inegável alheamento do Dnit no tocante à efetiva assunção de suas
competências legais referentes ao tema. Deixo, contudo, de me estender a respeito nestes autos, haja
vista encontrar-se em fase final de instrução o TC-027.008/2009-1, que cuida especificamente da
matéria.

***

18. Por fim, as contas do Sr. Luiz Antonio Pagot, na qualidade de Diretor-Geral do Dnit, devem
ser julgadas regulares com ressalva, igualmente de acordo com a manifestação o Titular da extinta 1ª
Secex que discordou em parte de auditora daquela Unidade Técnica:

19. No tocante ao sr. Luiz Antônio Pagot, Diretor-Geral do Dnit, a proposta de irregularidade
de suas contas funda-se na suposta ‘ausência de ações gerenciais efetivas compatíveis e necessárias
para contornar os problemas e restrições na estrutura organizacional da autarquia quanto à
deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de convênios das áreas aquaviária e
rodoviária’.
20. Sobre o ponto, reconhece a sr.ª Auditora que ‘a responsabilidade maior no
acompanhamento dos convênios cabe aos Diretores de Infraestrutura Aquaviária e Rodoviária’ (fl.
1337). Nada obstante, por considerar que o principal problema da entidade encontra-se na ‘falta de
mão de obra’, deficiência que o Diretor-Geral não logrou equacionar, formula, também em relação à
sua gestão, juízo de irregularidade.
21. Especificamente em relação aos convênios aquaviários, cabem aqui, em linhas gerais, as
mesmas considerações feitas acima sobre a defesa do diretor da DAQ.
420

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

22. Com respeito aos convênios rodoviários, cobra relevo anotar, de plano, que estes autos não
possuem elementos bastantes para que se possa aferir a pretensa carência de mão de obra da
autarquia. De fato, especificamente em relação às transferências de recursos, a própria instrução
apresenta alternativas de ação — como os contratos de repasse — que permitiriam sua satisfatória
implementação sem a necessidade de ampliação do quadro de pessoal do Dnit. Nada obstante, ainda
que comprovadamente tal fosse o caso, a decisão definitiva sobre o número ideal de servidores do
departamento não se insere na esfera de competência de seu Diretor-Geral, o qual, de sua parte, não
se furtou – conforme alegado – de empreender diversas tratativas a respeito com o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
23. Posto isso, observo que, particularmente no que concerne aos convênios rodoviários, a
principal irregularidade apontada no TC-012.813/2009-9, levantamento de auditoria cuja análise
subsidiou o exame das presentes contas, foi a ‘falta de emissão de parecer técnico quanto à execução
física e atingimento dos objetivos do convênio, (...), para prestação de contas final e/ou parcial do
convênio’, conforme, aliás, consta do próprio texto da audiência do responsável.
24. Ora, tal falha, conquanto grave, é de cunho eminentemente operacional, situando-se a
responsabilidade pelo seu cometimento no nível das Superintendências Regionais, unidades
diretamente encarregadas da fiscalização, e da Diretoria de Infraestrutura Rodoviária (DIR), unidade
supervisora. Estender tal responsabilidade ao Diretor-Geral parece-me inadequado, sobretudo
inexistindo nos autos elementos que demonstrem ter sido levada tempestivamente ao seu conhecimento
a ocorrência da falha.
25. Assim, também nesse caso, manifesto-me pelo acolhimento parcial das justificativas
apresentadas pelo gestor.

Em face do exposto, Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à
consideração deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2723/2015 – TCU – Plenário

1. Processo: TC 018.273/2009-1
1.1. Apensos: TCs 018.397/2009-9 e 026.095/2011-4
2. Grupo I, Classe de Assunto V – Prestação de Contas – Exercício de 2008
3. Interessado: TCU
4. Órgão/Entidade/Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit)
4.1. Responsáveis: Angela Maria Barbosa Parente (135.620.373-68); Antonio Muriel de Luna
Coutinho (003.134.324-49); Antonio Pedro Vasconcelos de Oliveira (221.376.707-63); Armando
Fontenelle Albuquerque (071.142.903-06); Carlos Alberto de Moreira Sarmento (004.817.005-44);
Carlos Alves Fernandes (338.160.347-72); Cezar Castilho Maciel (170.900.400-20); Daniele de Lima
Menezes (514.873.571-68); David José de Castro Gouvêa (232.236.859-87); Denise Gomes Simões
(466.098.656-04); Divaldo de Arruda Camara (025.342.154-34); Edson Aires dos Anjos (087.822.026-
72); Edson Campos (153.735.091-91); Eduardo de Souza Costa (426.024.246-68); Elieze Bulhoes de
Carvalho (688.262.301-53); Emanuel Leite Borges (029.015.442-15); Eneida Coelho Monteiro
(462.323.971-34); Euristenes Guimaraes Guerra (038.893.861-72); Expedito Leite da Silva
(112.494.634-91); Fernando Fortes Melro Filho (787.303.504-25); Fernando Guimarães Rodrigues
(277.964.346-34); Francisco Antelius Sérvulos Vaz (080.277.733-34); Francisco Fernando de
Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Francisco de Assis Ramalho Além (644.691.408-30); Gabriel de
Lucena Stuckert (268.698.457-00); Georges Ibrahim Andraos Filho (323.290.671-00); Gerardo de
Freitas Fernandes (062.944.483-87); Gustavo Adolfo Andrade de Sá (160.953.084-53); Heraldo
Cosentino (468.395.778-72); Hernani Lacerda Alves (049.923.185-68); Hideraldo Luiz Caron
(323.497.930-87); Hugo Sternick (296.677.716-87); Ismar Portela Santos (011.182.933-04); Jair
421

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sarmento da Silva (092.354.500-04); Jaqueline Costa da Silva (552.182.371-91); Jefferson Souza


Carvalho (780.973.475-04); Joao Bosco Lobo (005.984.702-63); Joaquim Guedes Martins Neto
(246.136.573-34); Jose Narcelio Marques Sousa (003.013.884-15); Jose da Silva Tiago (089.172.641-
15); José Henrique Coelho Sadok de Sá (160.199.387-00); José Otávio Ferreira Soares (549.920.877-
87); José Ribamar da Cruz Oliveira (076.076.283-04); José Roberto de Moraes Rego Paiva Fernandes
Júnior (524.117.291-20); João José dos Santos (542.170.249-91); João Silvio Cerqueira Monteiro
(052.474.895-00); Lauri Alarcao Correia Lima (112.401.131-53); Lindorf de Souza Lima Carrijo
(298.935.697-53); Lourdes Bernadete Leite (316.279.511-72); Luis Felipe de Aguilar Paulinyi
(814.498.441-20); Luiz Antonio Pagot (435.102.567-00); Luiz Claudio dos Santos Varejão
(905.106.407-10); Marcelino Augusto Santos Rosa (153.831.647-15); Marcelo Almeida Pinheiro
Chagas (791.483.526-91); Marcelo Ibrahim da Fonseca Alves (928.277.566-68); Marcelo Perrupato e
Silva (010.821.326-91); Marcos Cesar Crispim de Lima (584.731.304-72); Marcos Ledermann
(001.422.550-68); Marcus Elicio Bastos Brasil (302.293.677-04); Maria Auxiliadora Dias Carvalho
(265.599.862-68); Mauro Sergio Almeida Fatureto (562.076.976-34); Michel Dib Tachy
(000.376.135-53); Miguel Mário Bianco Masella (006.288.598-72); Miguel de Souza (098.365.274-
00); Márcio Simão (267.319.911-04); Nei Japur (071.927.036-72); Nilton Correa Vieira (072.798.846-
87); Nilton de Brito (140.470.121-49); Olimpio Luiz Pacheco de Moraes (800.430.117-72); Omir
Mello Ferreira (097.124.610-68); Orlando Fanaia Machado (789.624.046-72); Paulo Sérgio Oliveira
Passos (128.620.881-53); Pricilla Maria Santana (584.264.691-91); Raimundo Brito Facanha
(019.270.352-87); Renato da Costa Usier (222.569.718-30); Ricardo Rossi Madalena (137.221.248-
59); Riumar dos Santos (193.432.301-25); Roberto Borges Furtado da Silva (490.589.751-34);
Rodrigo Antônio Ribeiro Costa (747.267.907-06); Romerito Gonçalves Valadão (067.562.711-72);
Rommel Mello Cruz (564.167.174-68); Romulo do Carmo Ferreira Neto (288.906.631-20); Rui
Barbosa Egual (361.213.046-34); Saulo Filinto Pontes de Souza (096.808.535-00); Sebastião
Coriolano de Andrade (021.823.273-04); Sebastião Donizete de Souza (288.866.236-15); Sebastião
Vitor Braga Ribeiro (035.972.103-68); Simone Couto Ferreira (572.374.172-15); Teresa Valdy Reto
(305.033.298-00); Valter Casimiro Silveira (564.286.341-04); Vladimir Roberto Casa (413.585.540-
72); Wilson Izidorio Cruz (199.376.447-04); Zilda Maria dos Santos Mello (436.702.457-15); Élio
Bahia Souza (189.776.697-15)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
7. Unidade Técnica: SeinfraRodov
8. Representação legal: Andrea Viera Andreis (OAB/DF 25.357); Cintia Bastista Angelini
Carvalho (OAB/DF 33.265)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. levantar o sobrestamento do julgamento das presentes contas;
9.2. quanto ao Sr. Michel Dib Tachy, CPF 000.376.135-53, Diretor de Infraestrutura Aquaviária
de 14/8/2007 a 10/3/2009:
9.2.1. acatar parcialmente as razões de justificativas quanto aos dois indícios de irregularidades
pelos quais foi chamado em audiência:
9.2.1.1. as deficiências frequentes no acompanhamento e fiscalização de convênios da área
aquaviária;
9.2.1.2. o encaminhamento para assinatura do convênio 7/2008, em desacordo com o
Parecer/HRMDM/PGE/DNIT/Nº 02091/2007;
9.2.3. julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos art. 16, inciso II, e 18 da
Lei 8.4443/1992, em razão das falhas citadas no item 9.2.1 acima;
422

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. em relação ao Sr. Miguel de Souza, CPF 098.365.274-00, Diretor de Planejamento e


Pesquisa de 23/10/2007 a 31/3/2010:
9.3.1. acatar suas razões de justificativas quanto à não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
9.3.2. acatar parcialmente suas razões de justificativas acerca:
9.3.2.1. das deficiências diversas e generalizadas no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
9.3.2.2. da ausência de providências para dotar a Autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas
despesas;
9.3.3. julgar regulares com ressalvas suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso II, e 18
da Lei 8.443/1992, em razão das falhas citadas no item 9.3.2 acima;
9.4. no que tange ao Sr. Hideraldo Luiz Caron, CPF 323.497.930-87, Diretor de Infraestrutura
Rodoviária de 27/4/2004 a 26/7/2011:
9.4.1. acatar suas razões de justificativa acerca da não responsabilização das empresas
projetistas por falhas em projetos;
9.4.2. acatar parcialmente suas razões de justificativas sobre o descumprimento do disposto no
art. 16, inciso I, da Lei Complementar 101/2000 – LRF e descumprimento dos itens 9.1 e 9.1.1 do
Acórdão 1085, Ata 23/2007 – Plenário;
9.4.3. rejeitar suas razões de justificativas acerca das deficiências frequentes no
acompanhamento e fiscalização de convênios da área rodoviária – o que era de sua responsabilidade,
conforme inscrito nos arts. 12, inciso VI, 80, incisos I e VI, e 126, incisos I, II, III, IV e VII, do
Regimento Interno do DNIT – evidenciadas pela inexistência de relatórios adequados nos processos
relativos aos ajustes e às suas prestações de contas analisadas no exercício de 2008 e pelas situações
nas quais foram observados problemas na execução dos convênios, conforme apurado em exame da
amostra constante dos autos, em desacordo com o art. 116, § 3º, incisos I, II e III da Lei 8.666/1993,
arts. 21 e 23 da IN STN 1/1997, Decreto 1.819/1996, Decreto 6.170/2007 e os Acórdãos TCU
2059/2008 — Plenário, 1666/2008 — Plenário e 1777/2004 — Plenário;
9.4.4 julgar irregulares suas contas, com fundamento nos arts. 16, inciso III, alínea “b”, e 19,
parágrafo único, da Lei 8.443/1992, em razão das falhas consignadas no item 9.4.3 acima;
9.4.5. aplicar ao Sr. Hideraldo Luiz Caron a multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação,
para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da referida quantia ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a data do
Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em
vigor;
9.4.6. autorizar, desde já, o parcelamento das dívidas em até 36 parcelas, nos termos do art. 26
da Lei 8.443/92 c/c o art. 217 do Regimento Interno do TCU;
9.4.7. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
9.5. no que concerne ao Sr. José Henrique Sadok de Sá, CPF 160.199.387-00, Diretor
Executivo, de 11/8/2006 a 31/7/2011:
9.5.1. acatar suas razões de justificativa sobre as deficiências no controle, no planejamento e no
gerenciamento da realização de estudos e projetos e da contratação de obras rodoviárias;
9.5.2. julgar regulares suas contas, com fundamento nas arts. 16, inciso I, e 17 da Lei
8.443/1992, dando-lhe quitação plena;
9.6. quanto ao Sr. Luiz Antônio Pagot, CPF 435.102.567-00, Diretor Geral, de 4/10/2007 a
25/7/2011:
9.6.1. acatar suas razões de justificativas que tratam:
423

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.6.1.1. das deficiências gerais na atividade de desapropriação de imóveis cujas áreas são
utilizadas na infraestrutura de transportes;
9.6.1.2. da não implementação de normas internas, sistemas, procedimentos e mecanismos de
controle para responsabilizar as empresas projetistas em caso de falhas técnicas em projetos;
9.6.1.3. da ausência de ações afetivas para dotar a Diretoria de Planejamento e Pesquisa – DPP
de instrumentos de planejamento necessários para tomada de decisão de início da elaboração de
projetos e de um gerenciamento adequado dos projetos em elaboração e em estoque;
9.6.1.4. da ausência de ações de sua competência para dotar a Autarquia de normas, sistemas e
procedimentos para realizar, de forma consolidada a estimativa do impacto orçamentário-financeiro
das obras de implantação, construção, pavimentação e adequação de capacidade que acarretem novas
despesas;
9.6.2. acatar parcialmente suas razões de justificativas sobre a ausência de ações gerenciais
efetivas compatíveis e necessárias para contornar os problemas e restrições na estrutura organizacional
da autarquia quanto à deficiência frequente no acompanhamento e fiscalização de convênios das áreas
aquaviária e rodoviária;
9.6.3. julgar regulares com ressalva suas contas, com alicerce nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei
8.443/92, em razão das falhas citadas no item “f.2” acima, dando-lhe quitação;
9.7. em relação ao Sr. Rômulo do Carmo Ferreira Neto, CPF 288.906.631-20, Diretor de
Infraestrutura Ferroviária, de 1/1/2008 a 30/12/2008, julgar regulares com ressalva suas contas, com
base nos arts. 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/92, devido à rejeição de suas razões de justificativas no
TC 018.910/2009-0, Acórdão 2091/2011-Plenário, no qual foi constatada a execução de obra,
decorrente do Edital de Concorrência 33/2007, com divergência em relação ao projeto executivo, sem
aditivos contratuais e sem definição dos custos das alterações;
9.8. com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei 8.443/92, sejam julgadas regulares as
contas de Angela Maria Barbosa Parente (135.620.373-68); Antonio Muriel de Luna Coutinho
(003.134.324-49); Antonio Pedro Vasconcelos de Oliveira (221.376.707-63); Armando Fontenelle
Albuquerque (071.142.903-06); Carlos Alberto de Moreira Sarmento (004.817.005-44); Carlos Alves
Fernandes (338.160.347-72); Cezar Castilho Maciel (170.900.400-20); Daniele de Lima Menezes
(514.873.571-68); David José de Castro Gouvêa (232.236.859-87); Denise Gomes Simões
(466.098.656-04); Divaldo de Arruda Camara (025.342.154-34); Edson Aires dos Anjos (087.822.026-
72); Edson Campos (153.735.091-91); Eduardo de Souza Costa (426.024.246-68); Elieze Bulhoes de
Carvalho (688.262.301-53); Emanuel Leite Borges (029.015.442-15); Eneida Coelho Monteiro
(462.323.971-34); Euristenes Guimaraes Guerra (038.893.861-72); Expedito Leite da Silva
(112.494.634-91); Fernando Fortes Melro Filho (787.303.504-25); Fernando Guimarães Rodrigues
(277.964.346-34); Francisco Antelius Sérvulos Vaz (080.277.733-34); Francisco Fernando de
Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Francisco de Assis Ramalho Além (644.691.408-30); Gabriel de
Lucena Stuckert (268.698.457-00); Georges Ibrahim Andraos Filho (323.290.671-00); Gerardo de
Freitas Fernandes (062.944.483-87); Gustavo Adolfo Andrade de Sá (160.953.084-53); Heraldo
Cosentino (468.395.778-72); Hernani Lacerda Alves (049.923.185-68); Hugo Sternick (296.677.716-
87); Ismar Portela Santos (011.182.933-04); Jair Sarmento da Silva (092.354.500-04); Jaqueline Costa
da Silva (552.182.371-91); Jefferson Souza Carvalho (780.973.475-04); Joao Bosco Lobo
(005.984.702-63); Joaquim Guedes Martins Neto (246.136.573-34); Jose Narcelio Marques Sousa
(003.013.884-15); Jose da Silva Tiago (089.172.641-15); José Otávio Ferreira Soares (549.920.877-
87); José Ribamar da Cruz Oliveira (076.076.283-04); José Roberto de Moraes Rego Paiva Fernandes
Júnior (524.117.291-20); João José dos Santos (542.170.249-91); João Silvio Cerqueira Monteiro
(052.474.895-00); Lauri Alarcao Correia Lima (112.401.131-53); Lindorf de Souza Lima Carrijo
(298.935.697-53); Lourdes Bernadete Leite (316.279.511-72); Luis Felipe de Aguilar Paulinyi
(814.498.441-20); Luiz Claudio dos Santos Varejão (905.106.407-10); Marcelino Augusto Santos
Rosa (153.831.647-15); Marcelo Almeida Pinheiro Chagas (791.483.526-91); Marcelo Ibrahim da
Fonseca Alves (928.277.566-68); Marcelo Perrupato e Silva (010.821.326-91); Marcos Cesar Crispim
424

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de Lima (584.731.304-72); Marcos Ledermann (001.422.550-68); Marcus Elicio Bastos Brasil


(302.293.677-04); Maria Auxiliadora Dias Carvalho (265.599.862-68); Mauro Sergio Almeida
Fatureto (562.076.976-34); Miguel Mário Bianco Masella (006.288.598-72); Márcio Simão
(267.319.911-04); Nei Japur (071.927.036-72); Nilton Correa Vieira (072.798.846-87); Nilton de Brito
(140.470.121-49); Olimpio Luiz Pacheco de Moraes (800.430.117-72); Omir Mello Ferreira
(097.124.610-68); Orlando Fanaia Machado (789.624.046-72); Paulo Sérgio Oliveira Passos
(128.620.881-53); Pricilla Maria Santana (584.264.691-91); Raimundo Brito Facanha (019.270.352-
87); Renato da Costa Usier (222.569.718-30); Ricardo Rossi Madalena (137.221.248-59); Riumar dos
Santos (193.432.301-25); Roberto Borges Furtado da Silva (490.589.751-34); Rodrigo Antônio
Ribeiro Costa (747.267.907-06); Romerito Gonçalves Valadão (067.562.711-72); Rommel Mello Cruz
(564.167.174-68); Rui Barbosa Egual (361.213.046-34); Saulo Filinto Pontes de Souza (096.808.535-
00); Sebastião Coriolano de Andrade (021.823.273-04); Sebastião Donizete de Souza (288.866.236-
15); Sebastião Vitor Braga Ribeiro (035.972.103-68); Simone Couto Ferreira (572.374.172-15); Teresa
Valdy Reto (305.033.298-00); Valter Casimiro Silveira (564.286.341-04); Vladimir Roberto Casa
(413.585.540-72); Wilson Izidorio Cruz (199.376.447-04); Zilda Maria dos Santos Mello
(436.702.457-15); Élio Bahia Souza (189.776.697-15), dando-lhes quitação plena;
9.9. dar ciência aos responsáveis deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que a
fundamentam.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2723-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro
(Relator), José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE – Plenário


TC 002.652/2014-5 [Apenso: TC 022.400/2007-6]
Natureza: Embargos de Declaração (em Tomada de Contas Especial)
Embargante: Aluísio Vinagre Regis, ex-prefeito
Unidade: Prefeitura Municipal de Conde/PB

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. IRREGULARIDADE


NA APLICAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS TRANSFERIDOS POR MEIO DE CONTRATO DE
REPASSE. INDÍCIOS DE CONLUIO E FRAUDE À LICITAÇÃO. CONVERSÃO DO PROCESSO
EM TCE. CITAÇÕES. AUDIÊNCIAS. OITIVA. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA.
CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE
CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. INIDONEIDADE DAS EMPRESAS.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO. ACOLHIMENTO
PARCIAL. CIÊNCIA.

RELATÓRIO
425

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trata-se de embargos de declaração opostos por Aluísio Vinagre Regis, ex-prefeito de


Conde/PB, contra o Acórdão 1.430/2015 – Plenário, cujo teor reproduzo a seguir, no que concerne ao
recorrente:
“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 12, § 3º; 16, inciso
III, alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’, e §§ 2º e 3º; 19; 23, inciso III, alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’; 28, inciso II; 46; 57; 58,
inciso I; e 60, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 209, incisos II, III e IV, §§ 5º e 7º; 210; 214, inciso III,
alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’, 267 e 268, inciso I, do Regimento Interno/TCU, em:
9.1 julgar irregulares as contas de Temístocles de Almeida Ribeiro, Jurandir Ronaldo da Silva,
Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva, Josemar Alves de Freitas, JR Projetos e Construções Ltda., Jesus e
Ribeiro Ltda. e JAF Construções e Comércio Ltda., condenando-os ao pagamento das quantias a
seguir especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir
das respectivas datas até o dia do efetivo pagamento, e fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias,
contados da ciência, para que comprovem perante o TCU o recolhimento dos montantes aos cofres do
Tesouro Nacional:
[...]
9.1.5. Aluísio Vinagre Regis:
Valor Histórico (R$) Data de ocorrência
59.618,59 28/1/2005
44.507,23 4/2/2005
8.564,90 13/6/2005
9.1.6. Aluísio Vinagre Regis, solidariamente com Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva e com a
empresa Jesus e Ribeiro Ltda.:
Valor Histórico (R$) Data de ocorrência
23.753,68 4/2/2006
9.1.7. Aluísio Vinagre Regis, solidariamente com Josemar Alves de Freitas e com a empresa
JAF Construções e Comércio Ltda.:
Valor Histórico (R$) Data de ocorrência
1.090,50 13/6/2005
9.2. aplicar aos responsáveis a seguir multas individuais nos valores especificados, nos termos
do art. 57 da Lei 8.443/1992, fixando- lhes o prazo de quinze dias, a contar das notificações, para que
comprovem, perante o TCU, o recolhimento do respectivo valor aos cofres do Tesouro Nacional, o
qual deverá ser atualizado monetariamente, se pago após o vencimento;
Responsável Valor (R$)
Temístocles de Almeida Ribeiro 200.000,00 (duzentos mil reais)
Aluísio Vinagre Regis 110.000,00 (cento e dez mil reais)
Jurandir Ronaldo da Silva 120.000,00 (cento e vinte mil reais)
JR Projetos e Construções Ltda. 120.000,00 (cento e vinte mil reais)
Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais)
Jesus e Ribeiro Ltda. 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais)
Josemar Alves de Freitas 50.000,00 (cinquenta mil reais)
JAF Construções e Comércio Ltda. 50.000,00 (cinquenta mil reai
[...]
9.4. considerar graves as infrações cometidas por Temístocles de Almeida Ribeiro, Aluísio
Vinagre Regis, Elias Ferreira Viana, Antônio Soares de Lima, Roosevelt Araújo de Oliveira, Jurandir
Ronaldo da Silva, Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva e Josemar Alves de Freitas e inabilitá-los para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal,
pelo período de 5 (cinco) anos;”
2. O ex-gestor argumenta a existência de contradição na decisão, nos seguintes termos:
426

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“1. DOS FATOS E DO DIREITO


Excelência, ao analisar o acórdão que julgou o processo acima em destaque, constata-se que no
item 9.1 julgou irregulares as contas de ‘Temístocles de Almeida Ribeiro, Jurandir Ronaldo da Silva,
Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva, Josemar Alves de Freitas, JR Projetos e Construções Ltda, Jesus e
Ribeiro Ltda e JAF Construções e Comércio Ltda’, não existindo qualquer referência no acórdão
quanto a rejeição das contas do embargante — Aluísio Vinagre Régis, conforme se observa do trecho
do julgado abaixo:
‘ACÓRDÃO 1430/2015 — Plenário 1. Processo n° TC 002.652/2014-5. 1.1. Apenso: TC
022.400/2007-6 2. Grupo 1- Classe 1V - Tomada de Contas Especial 3. Responsáveis: Temístocles de
Almeida Ribeiro (CPF 059.479.284-34), ex-prefeito; Aluísio Vinagre Regis (CPF 090.660.204-15), ex-
prefeito; Elias Ferreira Viana (CPF 603.218.814- 00), presidente da comissão de licitação; Antonio
Soares de Lima (CPF 697.938.834-72), membro da comissão de licitação; Roosevelt Araújo de
Oliveira (CPF 645.595.484-04), membro da comissão de licitação; JR Projetos e Construções Ltda.
(CNPJ 04.828.552/0001- 43); Jesus e Ribeiro Ltda. (CNPJ 01.407.069/0001-05); JAF Construções e
Comércio Ltda. (CNPJ 03.488.716/0001-78); Jurandir Ronaldo da Silva (CPF 618.309.924-49),
representante da empresa JR Projetos e Construções; Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva (CPF
893.027.454-49), representante da empresa Jesus e Ribeiro; Josemar Alves de Freitas (CPF
206.420.834-87), representante da empresa JAF Construções 4. Unidade: Prefeitura Municipal de
Conde/PB 5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro 6. Representante do Ministério Público:
Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin 7. Unidade Técnica: Secex/PB 8. Advogados constituído nos
autos: Ana Raquel Azevedo Régis Marques (OAB/PB 13.811), Marcos Antônio Leite Ramalho Júnior
(OAB/PB 10.859), Carlos Neves Dantas Freire (OAB/PB 2.666), e outros 9. Acórdão: VISTOS,
relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, em face de irregularidades na
aplicação dos recursos federais transferidos à Prefeitura Municipal de Conde/PB por meio do
Contrato de Repasse 0159509-82. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos
em sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1°, inciso
I; 12, § 3 0; 16, inciso III, alíneas ‘b’, ‘c’ e ‘d’, e §§ 2° e 3°; 19; 23, inciso III, alíneas ‘a’, ‘h’ e ‘c’;
28, inciso II; 46; 57; 58, inciso 1; e 60, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 209, incisos II, III e IV, §§ 5° e
7°; 210; 214, inciso III, alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’, 267 e 268, inciso I, do Regimento lntemo/TCU, em: 9.1
julgar irregulares as contas de Temistocies de Almeida Ribeiro, Jurandir Ronaldo da Silva, Kenro
Kaimmy Ribeiro da Silva, Josemar Alves de Freitas, JR Projetos e Construções Ltda., Jesus e Ribeiro
Ltda. e JAF Construções e Comércio Ltda., condenando-os ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das
respectivas datas até o dia do efetivo pagamento, e fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, contados
da ciência, para que comprovem perante o TCU o recolhimento dos montantes aos cofres do Tesouro
Nacional:’ (destacou-se).
No entanto, nos itens seguintes, 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7 e 9.2 foi imputado débito e valor de multa,
sem que o acórdão tenha rejeitado suas contas; bem como foi declarada sua impossibilidade de
contratar com a Administração Pública Federal (item 9.4), sem que tivesse suas contas julgadas
irregulares, o que demonstra a contradição do julgado.
Conforme se observa facilmente da Lei Orgânica deste TCU, são cabíveis embargos de
declaração quando observado obscuridade, omissão ou contradição.
No caso presente, resta patente a contradição, eis que o acórdão entendeu por bem em não
julgar irregular as contas do embargante, tanto é que não o incluiu na relação dos que tiveram as
contas julgadas irregulares no item 9.1, porém, imputou-lhe débitos, multa e outras sanções, razão
porque merecem serem acolhidos os embargos para afastar a contradição indicada, dando efeitos
infringentes aos presentes embargos, para afastar também a condenação do embargante nos itens
9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.2 e 9.4.
2. DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer-se:
427

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) que sejam recebidos e acolhidos os presentes embargos de declaração, afastando a


contradição indicada, dando efeitos infringentes ao julgamento, para deixar de condenar o
embargante às penas impostas nos itens 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.2 e 9.4, do acórdão, considerando que
não houve julgamento irregular das contas do embargante;
b) que seja dado efeito suspensivo aos presentes embargos de declaração, com fulcro no § 2°, do
artigo 34, da Lei 8.443/1992;
c) a juntada do substabelecimento em anexo.”

É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos, nesta fase, de embargos de declaração opostos por Aluísio Vinagre Regis, ex-
prefeito de Conde/PB, contra o Acórdão 1.430/2015 – Plenário, que condenou-o ao pagamento de
débito, multa e inabilitou-o para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito
da Administração Pública Federal, pelo período de cinco anos.
2. Primeiramente, registro que os embargos podem ser conhecidos por cumprirem os requisitos
de admissibilidade previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992.
3. Inúmeras evidências levaram este Tribunal a concluir pela existência de fraude e simulação
em licitações e contratos firmados pela Prefeitura de Conde/PB, que tinham por objeto a pavimentação
e drenagem de ruas do município, com recursos federais oriundos de contrato de repasse firmado com
o Ministério das Cidades e interveniência da Caixa Econômica Federal. A execução das avenças
alcançou a gestão do embargante.
4. O recorrente alega a existência de contradição no Acórdão 1.430/2015 – Plenário, porque a
decisão não o menciona no rol de responsáveis que tiveram suas contas julgadas irregulares, indicados
no item 9.1. Não obstante, mediante as deliberações dos itens 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.2 e 9.7, o ex-
prefeito foi condenado ao pagamento de débito e multa e teve considerada grave sua conduta, o que
motivou sua inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança.
5. Portanto, segundo o recorrente, haveria contradição, na medida em que o Tribunal teria
entendido por bem não julgar suas contas irregulares, porém impôs-lhe débito e sanções. O
saneamento desta incongruência deveria, então, conferir efeitos infringentes ao acórdão, afastando as
condenações prescritas nos itens 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.2 e 9.4.
6. Verifico que, de fato, o acórdão comporta contradição, mas que se deve, tão-somente, a erro
material, visto que deixou de registrar o nome do ex-prefeito dentre os vários responsáveis que tiveram
suas contas julgadas irregulares. A inexatidão é facilmente perceptível pelo teor do relatório e do voto
que fundamentaram a deliberação recorrida, os quais revelam que o Tribunal, ao acolher a
integralidade das propostas formuladas pela unidade técnica e pelo Ministério Público, entendeu pela
irregularidade das contas do embargante, conforme evidenciam os seguintes trechos destacados
daquelas peças:
“PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea ‘d’, da Lei 8.443/1992, c/c os
arts. 1º, inciso I, e 209, inciso IV, do Regimento Interno do TCU, que sejam julgadas irregulares as
contas de Temístocles de Almeida Ribeiro, CPF 059.479.284-34, e Aluísio Vinagre Regis, CPF
090.660.204-15, ex-prefeitos, e de Jurandir Ronaldo da Silva, CPF 618.309.924-49, Kenro Kaimmy
Ribeiro da Silva, CPF 893.027.454-49, e Josemar Alves de Freitas, CPF 206.420.834-87, sócios, de
fato, das empresas contratadas, JR Projetos e Construções Ltda., CNPJ 04.828.552/0001-43, Jesus e
Ribeiro Ltda., CNPJ 01.407.069/0001-05, e JAF Construções e Comércio Ltda., CNPJ
03.488.716/0001-78, respectivamente;”
428

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“15. As alegações de defesa do ex-prefeito Aluísio Vinagre Regis também não devem ser
acolhidas, pois, embora não tenha praticado os atos atinentes à licitação e contratação fraudulentas,
sua gestão deu continuidade a todas as irregularidades já mencionadas, efetuando pagamentos às
empresas e não exigindo os documentos necessários à comprovação da regularidade da execução das
obras, em decorrência da sua atribuição de fiscalizar o cumprimento dos contratos.
[...]
17. Portanto, os responsáveis citados não lograram afastar o débito e nem mesmo justificar as
irregularidades apontadas, ao que cabe acolher integralmente a proposta da unidade técnica,
asseverada pelo representante do Ministério Público, no sentido de julgar irregulares as contas dos
ex-prefeitos, [...]”
7. Destarte, os presentes embargos devem ser parcialmente acolhidos, de forma a corrigir a
contradição advertida pelo recorrente. Contudo, não lhes devem ser conferidos efeitos infringentes,
para excluir as sanções impostas nos itens 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.2 e 9.7, como requer o ex-prefeito.
8. Nesta oportunidade, portanto, deve ser reformado o item 9.1 do Acórdão 1.430/2015 –
Plenário, com vistas corrigir o erro material da deliberação, incluindo o nome de Aluísio Vinagre
Regis no conjunto de responsáveis que tiveram suas contas julgadas irregulares.
9. Reforço que não se trata de reformatio in pejus, tendo em vista que, conforme explicado
anteriormente, o julgamento pela irregularidade das contas do ex-gestor está claramente consignado no
relatório e no voto que fundamentaram a decisão. Essas peças constituem parte essencial da
deliberação, conforme dispõem os arts. 1º, § 3°, da Lei 8.443/1992 e 69 do Regimento Interno do
TCU.
10. Registro, por fim, que os responsáveis Elias Ferreira Viana e Roosevelt Araújo de Andrade
interpuseram recursos de revisão contra o Acórdão 1.430/2015 – Plenário e, portanto, estes autos
devem ser encaminhados à Serur para exame de admissibilidade.
11. Em tempo, observo que o recurso apresentado por Roosevelt Araújo de Andrade, que
sustenta ter sido inválida sua citação no processo, não interfere no julgamento dos presentes embargos,
ao contrário do que foi suscitado pelo ora embargante em memorial. A uma, porque os responsáveis
Aluísio Vinagre Regis e Roosevelt Araújo de Andrade têm situações jurídicas distintas nos autos, pois
responderam por questões diferentes. A duas, porque eventual declaração de nulidade da citação do
responsável Roosevelt Araújo de Andrade não teria o condão de anular todo o processo, mas apenas a
parte falha, nos termos do art.175 do Regimento Interno do TCU.
Ante o exposto, voto por que este Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2724/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 002.652/2014-5
1.1. Apenso: TC 022.400/2007-6
2. Grupo II – Classe I – Embargos de Declaração (em Tomada de Contas Especial)
3. Embargante: Aluísio Vinagre Regis (CPF 090.660.204-15), ex-prefeito
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Conde/PB
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: não atuou
8. Advogados constituídos nos autos: Hermann Lundgren Correia Regis (OAB 12.767/PB), Ilma
Isabelle dos Santos Vieira Régis (OAB 30.629/PB) e Arthur Henrique de Pontes Régis (OAB
27.251/PB)

9. Acórdão:
429

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos em fase de embargos de declaração opostos ao


Acórdão 1.430/2015 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração para, no mérito, acolhê-los parcialmente e,
em consequência, alterar os termos do item 9.1 do Acórdão 1.430/2015 – Plenário, que passa a ter a
seguinte redação:
“9.1 julgar irregulares as contas de Temístocles de Almeida Ribeiro, Aluísio Vinagre Regis,
Jurandir Ronaldo da Silva, Kenro Kaimmy Ribeiro da Silva, Josemar Alves de Freitas, JR Projetos e
Construções Ltda., Jesus e Ribeiro Ltda. e JAF Construções e Comércio Ltda., condenando-os ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de
mora, calculados a partir das respectivas datas até o dia do efetivo pagamento, e fixando- lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência, para que comprovem perante o TCU o recolhimento
dos montantes aos cofres do Tesouro Nacional:”
9.2. manter em seus exatos termos os demais itens do Acórdão 1.430/2015 – Plenário;
9.3. notificar o embargante acerca desta deliberação;
9.4. encaminhar os presentes autos à Serur, para exame de admissibilidade referente aos recursos
interpostos por Elias Ferreira Viana e Roosevelt Araújo de Oliveira contra o Acórdão 1.430/2015 –
Plenário.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2724-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário


TC 007.253/2007-4
Natureza: Embargos de Declaração (em Tomada de Contas Especial)
Embargante: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (ex-Secretário Executivo do Ministério das
Cidades)
Responsáveis: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (ex-Secretário Executivo), Magda Oliveira
de Myron Cardoso (ex-Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração), Renato Stoppa
Cândido (ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos), Wilson Felicissimo de Lima
(ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos substituto), José Maria Martins (Fiscal da Execução
dos Serviços), Francisco Cavalcante Bizerra (Fiscal da Execução dos Serviços substituto), Aplauso
Organização de Eventos Ltda., Centro de Apoio a Atividades Sociais e Educativas e Culturais – Casec,
Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul – Cooperhaf,
Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul – Fetraf-Sul, Inteligência Digital
Brasil, Instituto Nelly de Faro Pires, Royal Court e Sociedade de Usuários de Informática e
Telecomunicação do Distrito Federal
Unidade: Ministério das Cidades
430

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL.


MINISTÉRIO DAS CIDADES. REALIZAÇÃO DE EVENTOS. ADESÃO A ATA DE REGISTRO DE
PREÇOS. APLAUSO ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS LTDA. ATENDIMENTO A DEMANDAS
INTERNAS E EXTERNAS. DETECÇÃO DE IRREGULARIDADES. CITAÇÃO. AUDIÊNCIA.
EXCLUSÃO DE DUAS ENTIDADES DO POLO PASSIVO PROCESSUAL. CONTAS
IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM
COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E
OBSCURIDADE. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DO MÉRITO. EMBARGOS REJEITADOS.

RELATÓRIO

Cuidam os autos, nesta fase processual, de embargos de declaração opostos por Rodrigo José
Pereira Leite Figueiredo (ex-Secretário Executivo do Ministério das Cidades) contra o Acórdão
nº 671/2015-TCU-Plenário, que julgou irregulares as contas dos inúmeros responsáveis, com
condenação em débito, cominação de multa e declaração de inabilitação de quatro servidores para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal,
em razão das ilegalidades detectadas na realização de eventos pelo Ministério das Cidades, por
intermédio da Aplauso Organização de Eventos Ltda.
2. A parte dispositiva do acórdão embargado encontra-se assim redigida:
“VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial decorrente de
conversão de representação formulada por equipe de auditoria deste Tribunal, em razão de
irregularidades detectadas na realização de eventos pelo Ministério das Cidades, por intermédio da
Aplauso Organização de Eventos Ltda.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e
‘c’, 19, caput, 23, inciso III, 28, inciso II, 57, 58, inciso II, e 60 da Lei nº 8.443/1992, c/c com os
arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III e §§ 5 e 7º, 214, inciso III, 267, 268, inciso II, e 270 do Regimento
Interno, em:
9.1. excluir do polo passivo processual o Centro de Apoio a Atividades Sociais, Educativas e
Culturais – Casec e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul – Fetraf-
Sul;
9.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas por Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo
(ex-Secretário Executivo do Ministério das Cidades), Magda Oliveira de Myron Cardoso
(ex-Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração), Renato Stoppa Cândido
(ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos) e Jaqueline Souto Mangabeira Binicheski (ex-Chefe
de Divisão da Coordenação de Licitação e Contratos);
9.3. rejeitar as alegações de defesa e julgar irregulares as contas dos responsáveis abaixo
arrolados, condenando-os solidariamente em débito, pelas importâncias a seguir discriminadas,
atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora, calculados a partir das datas indicadas,
até a efetiva quitação dos débitos, na forma prevista na legislação em vigor, fixando-lhes o prazo de
quinze dias, a contar do recebimento das notificações, para comprovarem perante o Tribunal o
recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional:
9.3.1. II Encontro de Habitação da Agricultura Familiar em Chapecó/SC, no valor de
R$ 70.020,00 (setenta mil, vinte reais), em 10/7/2006: Cooperativa de Habitação dos Agricultores
Familiares dos Três Estados do Sul – Cooperahaf, Aplauso Organização de Eventos Ltda., Rodrigo
José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron Cardoso, Renato Stoppa Cândido e José
Maria Martins (fiscal da execução dos serviços realizados pela Aplauso);
9.3.2. Congresso Rio São Francisco Sustentável, no montante de R$ 185.149,60 (cento e oitenta
e cinco mil, cento e quarenta e nove reais e sessenta centavos), em 13/11/2006, e Congresso
Municípios e Desenvolvimento – Planejamento e Estratégias Empreendedoras, no valor de
431

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 555.448,30 (quinhentos e cinquenta e cinco mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e trinta
centavos), em 14/12/2006: Inteligência Digital Brasil, Aplauso Organização de Eventos Ltda.,
Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron Cardoso, Renato Stoppa Cândido e
José Maria Martins;
9.3.3. Seminário de Agroenergia, no valor de R$ 163.283,60 (cento e sessenta e três mil,
duzentos e oitenta e três reais e sessenta centavos), em 29/11/2006: Royal Court, Aplauso
Organização de Eventos Ltda., Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron
Cardoso, Renato Stoppa Cândido e José Maria Martins;
9.3.4. Congresso Tecnologia da Informação, Cidadania, Integração e Desenvolvimento Social,
no montante de R$ 250.029,00 (duzentos e cinquenta mil, vinte e nove reais), em 20/11/2006:
Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicação do Distrito Federal, Aplauso Organização
de Eventos Ltda., Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron Cardoso, Renato
Stoppa Cândido, José Maria Martins, Wilson Felicissimo de Lima (ex-Coordenador-Geral de
Recursos Logísticos substituto) e Francisco Cavalcanti Bizerra (fiscal da execução dos serviços
substituto);
9.3.5. Congresso Redução da Pobreza Urbana através de Pequenas Obras, no montante de
R$ 293.727,00 (duzentos e noventa e três mil, setecentos e vinte e sete reais), em 4/4/2007: Instituto
Nelly de Faro Pires, Aplauso Organização de Eventos Ltda., Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo,
Magda Oliveira de Myron Cardoso, Renato Stoppa Cândido, José Maria Martins, Wilson Felicissimo
de Lima e Francisco Cavalcanti Bizerra;
9.4. aplicar multa aos responsáveis abaixo relacionados, nos valores individuais a seguir
detalhados, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após
o vencimento, na forma da legislação em vigor:
9.4.1. Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron Cardoso e Renato
Stoppa Cândido – R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais);
9.4.2. José Maria Martins – R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
9.4.3. Wilson Felicissimo de Lima e Francisco Cavalcanti Bizerra – R$ 10.000,00 (dez mil
reais);
9.4.4. Jaqueline Souto Mangabeira Binicheski – R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
9.4.5. Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul –
Cooperahaf – R$ 6.000,00 (seis mil reais);
9.4.6. Inteligência Digital Brasil – R$ 74.000,00 (setenta e quatro mil reais);
9.4.7. Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicação do Distrito Federal –
R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais);
9.4.8. Instituto Nelly de Faro Pires – R$ 40.000,00 (quarenta mil reais);
9.4.9. Aplauso Organização de Eventos Ltda. – R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais);
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.6. declarar Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron Cardoso e
Renato Stoppa Cândido inabilitados para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança
no âmbito da Administração Pública Federal, pelo período de 8 (oito) anos, bem como José Maria
Martins, pelo prazo de 5 (cinco) anos;
9.7. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Distrito Federal, para as providências que
entender cabíveis;
9.8. juntar cópia da presente deliberação aos processos de contas anuais da Secretaria
Executiva do Ministério das Cidades, referentes aos exercícios de 2006 (TC 018.750/2007-8) e 2007
(TC 020.491/2008-0).”
432

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Mediante despacho, solicitei o especial apoio da SecexDesenvolvimento, que se manifestou


pela rejeição dos embargos, conforme instrução abaixo reproduzida:
“Trata-se de embargos de declaração apresentados por Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo,
em face do Acórdão nº 671/2015-TCU-Plenário (peça 60), que rejeitou suas razões de justificativa,
aplicou-lhe multa individual de R$ 75.000,00 e o declarou inabilitado para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança na Administração Pública Federal pelo período de oito anos.
HISTÓRICO
2. Em Tomada de Contas Especial (TCE) de responsabilidade dos gestores do Ministério das
Cidades e de outras entidades (peça 9, p. 15-63), instaurada a partir da conversão de representação
concebida por equipe de auditoria da então 1ª Secex, para apurar falhas na realização de eventos
pelo ministério por intermédio da Aplauso Organização de Eventos Ltda., foram detectadas
irregularidades que ensejaram débitos decorrentes da não comprovação da efetiva realização dos
eventos e da caracterização de desvios de finalidade, em razão da execução de objetos que não se
coadunavam com a missão institucional do órgão, da falta de celebração dos termos de ajuste e de
previsão orçamentária ou legal que amparasse a concessão dos recursos.
3. A responsabilização dos servidores resultou da autorização para pagamentos de despesas
sem: i) amparo legal; ii) previsão orçamentária; iii) formalização da motivação do gasto; iv) termo de
ajuste; v) exigência da apresentação da prestação de contas em momento posterior aos eventos.
4. Diante disso, foram citados, solidariamente, Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo
(ex-Secretário Executivo do Ministério das Cidades), Magda Oliveira de Myron Cardoso
(ex-Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração), Renato Stoppa Cândido
(ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos), José Maria Martins (fiscal da execução dos serviços
pela Aplauso), Wilson Felicissimo de Lima (ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos substituto),
Francisco Cavalcanti Bizerra (fiscal da execução dos serviços substituto), a empresa Aplauso
Organização de Eventos Ltda. e as entidades envolvidas na realização dos eventos.
5. O ora embargante apresentou suas razões (peça 40, p. 3-15), afirmando, entre outras, que,
em função de portaria ministerial, não detinha a responsabilidade de fiscalizar ou supervisionar a
execução e a prestação de contas ou os pagamentos destinados à Aplauso, e que somente o corpo
técnico do ministério, a quem cabia tais ações, deveria responder pelos danos constatados.
6. No voto condutor do Acórdão nº 671/2015-TCU-Plenário, foi assinalado que as alegações do
embargante não mereciam acolhimento pelo Tribunal, por estarem em dissonância com a
jurisprudência sobre o tema (peça 59). Em decorrência, o Tribunal rejeitou suas razões de
justificativa, aplicou-lhe multa e o declarou inabilitado para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal pelo período de oito anos.
7. Em face desta decisão, o responsável opôs os presentes embargos, analisados a seguir.
ADMISSIBILIDADE
8. O recurso é tempestivo, uma vez que o recorrente foi notificado da condenação em 26/6/2015
(peça 98) e os embargos opostos em 8/5/2015 (peça 66), portanto, protocolizados antes mesmo de o
recorrente tomar ciência formal do acórdão, por meio de Aviso de Recebimento.
9. Não houve perda do objeto, a peça atende ao princípio da singularidade recursal e o
recorrente possui interesse e legitimidade, nos termos do art. 144, § 1º, do Regimento Interno/TCU.
10. Assim, estão atendidos os requisitos gerais de admissibilidade.
MÉRITO
Argumentos do embargante
11. Na peça recursal em análise, o embargante, então Secretário Executivo do Ministério das
Cidades (MC), alega (peça 66) que a Portaria-MC nº 363, de 13/6/2006, retirou-lhe qualquer
responsabilidade jurídica sobre os atos que lhe foram imputados por negligência e a responsabilidade
de supervisão dos atos de gestão orçamentária e financeira do ministério. Em função da portaria, não
poderia praticar atos de supervisão, sendo justamente estes que ensejaram sua responsabilização.
433

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. Aduz que é dogma administrativo o estrito respeito ao princípio da legalidade, portanto,
jamais poderia ter adotado qualquer providência para inibir a prática dos atos considerados
irregulares, se estava proibido, por norma legal, de tomar conhecimento dos mesmos, uma vez que o
Ministro de Estado retirou das atribuições do Secretário Executivo a gestão orçamentária e
financeira, bem como a fiscalização dos créditos que não estavam sob sua supervisão,
repassando-lhes à SPOA.
13. Assim, alega que o Relator fundamentou seu voto sem levar em consideração a redação da
Portaria-MC nº 363/2006, que havia sido previamente mencionada na sua defesa.
14. Acrescenta que, antes desta, havia a Portaria-MC nº 537/2005, que possuía o mesmo teor e
também lhe retirava qualquer prática de ato irregular. Além disso, o Processo
nº 80000.035025/2005-86, que originou a TCE, esteve na SE/MC apenas uma única vez, em 1º/9/2005,
quando ainda não era Secretário Executivo, visto que sua nomeação ocorreu apenas em 10/10/2005.
15. Na sequência, colacionou decisões do TCU que tratavam sobre embargos de declaração
com efeito modificativo e de casos em que a responsabilidade de gestores foi afastada.
16. Conclui que o objetivo dos embargos é de que seja suprida omissão, preenchendo a lacuna
para deliberar se era da sua competência a fiscalização, supervisão ou gestão do contrato, e se
responde pelas consequências das irregularidades apontadas pela unidade instrutiva.
17. Por fim, requer que os presentes embargos tenham efeitos infringentes e o processo seja
arquivado sem aplicação de sanção.
Análise
18. A alegação do recorrente de que o Acórdão nº 671/2015-TCU-Plenário incorreu em
omissão/obscuridade ao não analisar o conteúdo da Portaria-MC nº 363/2006 não procede.
19. No relatório do voto condutor do acórdão (peça 58), que reproduziu a análise da unidade
técnica, consta expressa menção ao argumento do recorrente, inclusive citando o número da portaria:
‘201. Noticiou que, (...) em 12/7/2006, mediante a Portaria nº 363, o Ministro de Estado do
MCidades delegou competência à SPOA para a prática de atos de gestão orçamentária e financeira
na Secretaria Executiva do MCidades, no que se referia ‘aos recursos consignados no orçamento
daquela unidade, dos créditos adicionais e daqueles sob supervisão, e também a outros servidores
deste Ministério’ (fl. 10 do anexo 8).
202. Em seguida, ressaltou que em nenhum dos atos administrativos apontados fora atribuída
responsabilidade ao Secretário Executivo pela gestão financeira e orçamentária (fl. 10 do anexo 8).’
20. Por sua vez, no mesmo relatório, consta análise sobre a referida portaria:
‘234. Rodrigo José Pereira Leite, então Secretário Executivo do MCidades, relativamente aos
exercícios de 2006 e 2007, basicamente se limitou a responsabilizar o corpo técnico subordinado
pelas irregularidades constatadas, não apresentando quaisquer documentos e argumentos capazes de
elidir os fatos apontados pela equipe de fiscalização, ou de demonstrar a impossibilidade de que
tivesse ciência dos atos que estavam sendo indevidamente praticados.
235. O argumento de que não teria a obrigação de fiscalizar toda e qualquer ação de seus
subordinados não procede, pois o dever de vigiar é inafastável, sob pena de se desvirtuar a cadeia e o
controle hierárquicos. Nesse sentido, esta Casa vem se posicionando pela competência do
administrador para controlar efetivamente as atividades/encargos/tarefas/deveres de seus
subordinados (Decisão nº 158/2001-TCU-Plenário e Acórdão nº 33/2005-TCU-Plenário).
236. Outrossim, o art. 13 do Decreto-Lei nº 200/1967 dispõe sobre a efetividade do princípio do
controle, que deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os órgãos.
237. Para o exercício do controle hierárquico, o que se aplica ao caso sub examine,
pressupõem-se inarredáveis as ações de supervisão, coordenação, orientação, fiscalização,
aprovação, revisão e avocação das atividades controladas, na esteira do acompanhamento das
condutas ou omissões dos subordinados.
238. Até porque a primeira contratação da Aplauso para cobrir o evento ‘2ª Conferência
Nacional das Cidades’, orçada inicialmente pelo Ministério no valor de R$ 1.793.705,00, representou
434

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

despesa de montante bastante elevado para que as autoridades superiores não acompanhassem a
regularidade da contratação e da execução dos gastos.
239. Além do mais, não é razoável inferir que a responsabilidade pela avaliação das
solicitações externas de apoio e concessão de recursos tenha se originado/processado exclusivamente
no âmbito da Coordenação-Geral de Recursos Logísticos, sem a anuência da Secretaria Executiva e a
prévia autorização da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração. Isso porque se
tratava de despesas bastante vultosas, haja vista que os seis eventos externos alcançavam soma
bastante expressiva (R$ 1.516.658,40).
(...)
241. Não bastasse isso, no tocante à competência legal atribuída pelos normativos que
disciplinam o funcionamento do MCidades, não há que se hesitar da responsabilidade do gestor.
242. A Portaria nº 227, de 4/7/2003, que trata do Regimento Interno do Ministério das Cidades,
dispõe que: i) a Secretaria Executiva tem por finalidade supervisionar e coordenar as atividades das
secretarias integrantes da estrutura do Ministério (art. 1º, inciso I, anexo II; fl. 29 do anexo 8), o que
inclui a supervisão de sua própria estrutura; (...) iv) incumbe ao Secretário Executivo supervisionar e
avaliar a execução dos projetos e atividades do Ministério, bem como supervisionar e coordenar a
articulação dos órgãos do Ministério com os órgãos centrais dos sistemas afetos à área de
competência da Secretaria Executiva (art. 9º, incisos II e III, anexo II; fl. 31 do anexo 8) (...).
243. Daí inegável a responsabilidade pelo acompanhamento dos atos praticados por
subordinados, o que caracteriza a mencionada culpa in vigilando do responsável, por meio da
omissão no dever de atenção para com as condutas dos gestores no âmbito da Secretaria Executiva.
Registre-se ainda a ausência de qualquer excludente, quer de ilicitude, quer de culpabilidade.
244. Afora isso, o responsável ocupou o cargo de Secretário Executivo nos exercícios de
2006/2007, em que ocorreram os eventos impugnados, razão pela qual a equipe de fiscalização
absteve-se de discriminar os períodos de gestão.
(...)
246. (...) Os documentos revelam que o Secretário Executivo tinha ciência da contratação da
Aplauso e da magnitude dos eventos/recursos envolvidos (...).’
21. No voto, ao tratar da responsabilidade dos servidores que praticaram atos relacionados com
a contratação pela Aplauso, a vista de que todo aquele que participa da cadeia causal responde pelo
dano ao erário, inclusive o agente omisso na gestão da coisa pública, o relator concluiu:
‘34. O então Secretário Executivo Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, a quem competiria
vigiar, fiscalizar e supervisionar os atos praticados por seus subordinados, tenta se eximir de
responsabilização nesta TCE, alegando que somente o corpo técnico deveria responder pelo dano, o
que não merece acolhimento pelo Tribunal, por estar em dissonância com sua jurisprudência sobre o
tema. Cabe frisar que se delega competência, mas não responsabilidade, que remanesce no nível
delegante em relação aos atos do delegado (Acórdão nº 135/2010-TCU-Plenário).’
22. Como se observa, as questões suscitadas foram analisadas na instrução, reproduzidas no
relatório e abordadas no voto condutor do acórdão, no qual constou o entendimento de que a
delegação de competência não afastava o dever de vigiar e de supervisionar do então Secretário
Executivo.
23. Em relação à Portaria-MC nº 537/2005, não foi mencionada nas defesas anteriores, dessa
forma, não seria possível que o acórdão pudesse abarcá-la em sua análise. Não obstante, pelo fato de
a portaria apresentar o mesmo teor da Portaria-MC nº 363/2006, sua análise seria desnecessária.
24. Portanto, nota-se que não houve omissão nem obscuridade no Acórdão nº 671/2015-TCU-
Plenário. Na realidade, os presentes embargos possuem o objetivo de discutir novamente o mérito, o
que não é admissível, consoante reiterada jurisprudência do TCU:
‘Acerca dos embargos declaratórios, a jurisprudência do TCU indica que: 1) não se prestam
para a rediscussão do mérito nem para reavaliação dos fundamentos que conduziram à prolação do
acórdão recorrido; 2) a contradição deve estar contida dentro dos termos do inteiro teor da
435

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

deliberação atacada; 3) não há omissão quando a matéria é analisada na instrução da unidade


técnica que consta do relatório e que integra as razões de decidir da deliberação; 4) o julgador não
está obrigado a apreciar todos e cada um dos argumentos desfiados pela parte, sendo suficiente que
se atenha àqueles bastantes à formação de sua convicção acerca da matéria; e 5) eventual erro de
julgamento deve ser corrigido por outra via recursal própria. Nessa linha, o Acórdão nº 3.339/2013-
TCU-1ª Câmara é verdadeiramente paradigmático, pois compende valiosos ensinamentos sobre o
assunto.’ (Acórdão nº 131/2015-TCU-1ª Câmara)
CONCLUSÃO
25. Conclui-se que os argumentos apresentados nestes embargos foram analisados no Acórdão
nº 671/2015-TCU-Plenário e as questões decididas, não caracterizando omissão ou contradição o fato
de não terem sido adotadas as teses e interpretações preferidas pelo embargante.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
26. Em face do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) conhecer dos embargos de declaração, e, no mérito, negar-lhes provimento, com fundamento
nos art. 34 da Lei nº 8.443,92, c/c o art. 287 do Regimento Interno do TCU;
b) encaminhar os autos ao gabinete do Relator competente para apreciação do recurso;
c) dar ciência ao recorrente e aos órgãos/entidades interessados do teor da decisão que vier a
ser adotada, acompanhada do seu relatório e voto.”

É o relatório.

VOTO

Os embargos de declaração opostos nestes autos de tomada de contas especial podem ser
conhecidos, uma vez que atendem os requisitos gerais dos recursos (art. 34, § 1º, da Lei nº 8.443/1992)
no que se refere à singularidade, tempestividade, legitimidade da recorrente, interesse em recorrer e
adequação do documento.
2. A propósito, impende ressaltar que este Tribunal já firmou orientação no sentido de que, em
recursos da espécie, se exclui do juízo de admissibilidade o exame, ainda que em cognição superficial,
da existência de obscuridade, omissão ou contradição na decisão recorrida, cuja verificação deve ser
remetida para o mérito (Acórdãos nºs. 637/2005-TCU-Plenário e 855/2003-TCU-2ª Câmara).
3. Todavia, no mérito, concordo com a unidade técnica que não merecem prosperar as alegações
do embargante acerca da ocorrência de omissões e obscuridades na deliberação recorrida.
4. A presente TCE foi instaurada a partir da conversão de representação formulada por equipe de
auditoria da então 1ª Secex, apurando-se débito decorrente das irregularidades relacionadas com
eventos demandados pelo Ministério das Cidades à empresa Aplauso Organização de Eventos Ltda.,
haja vista a falta de comprovação da efetiva realização dos eventos e a caracterização de desvios de
finalidade, em razão da execução de objetos que não se coadunavam com a missão institucional do
órgão, da ausência de celebração dos termos de ajuste e de previsão orçamentária ou legal que
amparasse a concessão dos recursos.
5. Diante disso, foram citados o embargante Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, então
Secretário Executivo do Ministério das Cidades, solidariamente com Magda Oliveira de Myron
Cardoso (ex-Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração), Renato Stoppa Cândido
(ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos), José Maria Martins (fiscal da execução dos serviços
pela Aplauso), Wilson Felicissimo de Lima (ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos substituto),
Francisco Cavalcanti Bizerra (fiscal da execução dos serviços substituto), a empresa Aplauso
Organização de Eventos Ltda. e as entidades envolvidas na utilização irregular de recursos públicos.
436

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Mediante o Acórdão nº 671/2015-TCU-Plenário, foram rejeitadas as alegações de defesa do


ex-Secretário Executivo no sentido de que, em função de Portaria MC nº 363, de 13/6/2006, não tinha
a responsabilidade de fiscalizar ou supervisionar a execução e a prestação de contas ou os pagamentos
destinados à Aplauso, e que somente o corpo técnico do ministério, a quem cabia tais ações, deveria
responder pelos danos constatados.
7. No voto condutor dessa deliberação, registrei que essa tese não encontra amparo na
jurisprudência desta Corte de Contas, na medida em que se delega competência, mas não
responsabilidade, que remanesce no nível delegante em relação aos atos do delegado, conforme
excerto a seguir reproduzido:
“30. Concluiu a SecexDesenvolvimento pela rejeição de todas alegações de defesa apresentadas
pelas entidades citadas solidariamente com a Aplauso, especialmente por não terem sido acrescidos
aos autos cópias de recibos, notas fiscais e outros documentos bastantes para comprovar a prestação
dos serviços concernentes aos eventos intermediados pela vencedora do registro de preços gerenciado
pelo Ministério da Saúde, ao qual o MCidades aderiu, não só para fins de atendimento de suas
próprias demandas, mas também das externas, que deviam ter obedecido às regras específicas para a
concessão de recursos públicos federais, mediante celebração do correspondente de termo de
convênio.
31. Ante a existência de débito, passo a tratar da responsabilidade dos servidores públicos que
praticaram atos relacionados com a contratação da Aplauso para a execução das demandas externas.
32. Tendo presente que todo aquele que participa da cadeia causal responde pelo dano ao
erário, inclusive o agente omisso na gestão da coisa pública, a citação dos servidores do MCidades
decorreu da concessão de recursos para os pagamentos de despesas de terceiros interessados sem
amparo legal, previsão orçamentária, formalização da motivação do gasto, termo de ajuste e
exigência de apresentação da prestação de contas dos eventos intermediados pela Aplauso.
33. O poder-dever de agir em face de irregularidades na aplicação de recursos públicos federais
implica a responsabilidade do servidor pelo ressarcimento do débito apurado.
34. O então Secretário Executivo Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, a quem competiria
vigiar, fiscalizar e supervisionar os atos praticados por seus subordinados, tenta se eximir de
responsabilização nesta TCE, alegando que somente o corpo técnico deveria responder pelo dano, o
que não merece acolhimento pelo Tribunal, por estar em dissonância com sua jurisprudência sobre o
tema. Cabe frisar que se delega competência, mas não responsabilidade, que remanesce no nível
delegante em relação aos atos do delegado (Acórdão nº 135/2010-TCU-Plenário).
(...)
54. Concluída a instrução desta TCE, não pairam dúvidas quanto à culpabilidade dos
responsáveis, ficando esclarecida a participação de cada um deles em relação às contratações para a
realização de eventos que resultaram em dano ao erário. Para tanto, lançaram mão de procedimentos
‘inovadores’ que não encontravam guarida na legislação e nos atos normativos disciplinadores do
repasse de recursos públicos federais. Concordo que as condutas dos dirigentes do MCidades e do
fiscal dos contratos da Aplauso se revestem de gravidade suficiente para que o Tribunal declare a
inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei nº 8.443/1992, com a fixação do prazo de 8 (oito)
anos para Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, Magda Oliveira de Myron Cardoso e Renato
Stoppa Cândido e de apenas 5 (cinco) anos para José Maria Martins.”
8. Em consonância com o art. 1º, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 69 do Regimento Interno,
são partes essenciais das deliberações do Tribunal o relatório do Relator, que conterá as conclusões dos
pareceres da unidade instrutiva e do Ministério Público; a fundamentação com que analisar as questões
de fato e de direito; e o dispositivo com que decidir sobre o mérito do processo. Não está o Ministro-
Relator obrigado a responder um a um os argumentos invocados, caso isso não seja imprescindível
para a formação de seu convencimento acerca da solução da lide.
437

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Ademais, a SecexDesenvolvimento refutou a alegação do embargante de que teria havido


omissão e obscuridade decorrente da falta de análise do conteúdo da Portaria MC nº 363/2006,
destacando que, no meu relatório, foi transcrita a instrução daquela unidade técnica, onde consta
expressa menção à questão da delegação de competência, inclusive citando-se o número da portaria,
como se pode ver dos itens abaixo:
“201. Noticiou que, (...) em 12/7/2006, mediante a Portaria nº 363, o Ministro de Estado do
MCidades delegou competência à SPOA para a prática de atos de gestão orçamentária e financeira
na Secretaria Executiva do MCidades, no que se referia ‘aos recursos consignados no orçamento
daquela unidade, dos créditos adicionais e daqueles sob supervisão, e também a outros servidores
deste Ministério’ (fl. 10 do anexo 8).
202. Em seguida, ressaltou que em nenhum dos atos administrativos apontados fora atribuída
responsabilidade ao Secretário Executivo pela gestão financeira e orçamentária (fl. 10 do anexo 8).
(...)
234. Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo, então Secretário Executivo do MCidades,
relativamente aos exercícios de 2006 e 2007, basicamente se limitou a responsabilizar o corpo técnico
subordinado pelas irregularidades constatadas, não apresentando quaisquer documentos e
argumentos capazes de elidir os fatos apontados pela equipe de fiscalização, ou de demonstrar a
impossibilidade de que tivesse ciência dos atos que estavam sendo indevidamente praticados.
235. O argumento de que não teria a obrigação de fiscalizar toda e qualquer ação de seus
subordinados não procede, pois o dever de vigiar é inafastável, sob pena de se desvirtuar a cadeia e o
controle hierárquicos. Nesse sentido, esta Casa vem se posicionando pela competência do
administrador para controlar efetivamente as atividades/encargos/tarefas/deveres de seus
subordinados (Decisão nº 158/2001-TCU-Plenário e Acórdão nº 33/2005-TCU-Plenário).
236. Outrossim, o art. 13 do Decreto-Lei nº 200/1967 dispõe sobre a efetividade do princípio do
controle, que deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os órgãos.
237. Para o exercício do controle hierárquico, o que se aplica ao caso sub examine,
pressupõem-se inarredáveis as ações de supervisão, coordenação, orientação, fiscalização,
aprovação, revisão e avocação das atividades controladas, na esteira do acompanhamento das
condutas ou omissões dos subordinados.
238. Até porque a primeira contratação da Aplauso para cobrir o evento ‘2ª Conferência
Nacional das Cidades’, orçada inicialmente pelo Ministério no valor de R$ 1.793.705,00, representou
despesa de montante bastante elevado para que as autoridades superiores não acompanhassem a
regularidade da contratação e da execução dos gastos.
239. Além do mais, não é razoável inferir que a responsabilidade pela avaliação das
solicitações externas de apoio e concessão de recursos tenha se originado/processado exclusivamente
no âmbito da Coordenação-Geral de Recursos Logísticos, sem a anuência da Secretaria Executiva e a
prévia autorização da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração. Isso porque se
tratava de despesas bastante vultosas, haja vista que os seis eventos externos alcançavam soma
bastante expressiva (R$ 1.516.658,40).
(...)
241. Não bastasse isso, no tocante à competência legal atribuída pelos normativos que
disciplinam o funcionamento do MCidades, não há que se hesitar da responsabilidade do gestor.
242. A Portaria nº 227, de 4/7/2003, que trata do Regimento Interno do Ministério das Cidades,
dispõe que: i) a Secretaria Executiva tem por finalidade supervisionar e coordenar as atividades das
secretarias integrantes da estrutura do Ministério (art. 1º, inciso I, anexo II; fl. 29 do anexo 8), o que
inclui a supervisão de sua própria estrutura; (...) iv) incumbe ao Secretário Executivo supervisionar e
avaliar a execução dos projetos e atividades do Ministério, bem como supervisionar e coordenar a
articulação dos órgãos do Ministério com os órgãos centrais dos sistemas afetos à área de
competência da Secretaria Executiva (art. 9º, incisos II e III, anexo II; fl. 31 do anexo 8) (...).
438

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

243. Daí inegável a responsabilidade pelo acompanhamento dos atos praticados por
subordinados, o que caracteriza a mencionada culpa in vigilando do responsável, por meio da
omissão no dever de atenção para com as condutas dos gestores no âmbito da Secretaria Executiva.
Registre-se ainda a ausência de qualquer excludente, quer de ilicitude, quer de culpabilidade.
244. Afora isso, o responsável ocupou o cargo de Secretário Executivo nos exercícios de
2006/2007, em que ocorreram os eventos impugnados, razão pela qual a equipe de fiscalização
absteve-se de discriminar os períodos de gestão.
(...)
246. (...) Os documentos revelam que o Secretário Executivo tinha ciência da contratação da
Aplauso e da magnitude dos eventos/recursos envolvidos (...).”
10. Cabe ressaltar que os embargos de declaração têm por finalidade corrigir obscuridade,
omissão ou contradição em deliberações do Tribunal. Seu objetivo não é o de proporcionar novo
julgamento da questão posta nos autos, mas somente o de esclarecer, interpretar ou completar o
pronunciamento anteriormente emitido, em benefício de sua compreensão ou inteireza.
11. Registro que a omissão atacável por embargos declaratórios é a lacuna condizente com a
conclusão do julgado, não a que se refere aos argumentos das partes, os quais podem ser rejeitados
implicitamente. Não está o Relator obrigado a responder um a um os argumentos invocados, se apenas
um deles é suficiente para a solução da lide, conforme pacífica jurisprudência dessa Corte de Contas
(Acórdãos nºs. 153/2003-TCU-Plenário, 1.488/2004-TCU-1ª Câmara e 1.016/2008-TCU-Plenário).
12. No mesmo sentido, cito o entendimento firmado em precedente do STJ – 1ª Turma (EDcl no
RMS nº 21800. Relator Ministro José Delgado, DJ 14/12/2006):
“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
IRREGULARIDADES NO ACÓRDÃO. DESNECESSIDADE DE EXAME DE DISPOSITIVOS
PERQUERIDOS.
1. Não ocorrência de irregularidades no acórdão quando a matéria que serviu de base à
oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando as
questões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação
e jurisprudência consolidada. O não acatamento das teses deduzidas no recurso não implica
cerceamento de defesa. Ao julgador cumpre apreciar o tema de acordo com o que reputar atinente à
lide. Não está obrigado a julgar a questão de acordo com o pleiteado pelas partes, mas sim com o seu
livre convencimento (art. 131 do CPC), utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos
pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso. As funções dos embargos de
declaração, por sua vez, são, somente, afastar do acórdão qualquer omissão necessária para a
solução da lide, não permitir a obscuridade por acaso identificada e extinguir qualquer contradição
entre premissa argumentada e conclusão.
2. Enfrentamento de todos os pontos necessários ao julgamento da causa, sendo desnecessário o
exame/indicação expressa dos dispositivos que arguiu nos aclaratórios.
3. Embargos rejeitados.”
13. No presente caso, o responsável apenas apresenta os mesmos argumentos de antes, buscando
simplesmente instaurar nova apreciação de mérito da TCE, ensejando a rediscussão dos fundamentos
do acórdão condenatório acerca das questões jurídicas envolvendo delegação de competência,
exaustivamente tratadas nos relatório e voto condutores da decisão embargada.
14. Assim, e considerando que a atual pretensão do embargante é, na verdade, mudar o mérito da
deliberação desta Corte de Contas, não havendo omissões ou contradições a serem supridas, acolho o
parecer da unidade técnica pela rejeição dos embargos de declaração, mantendo-se inalterado o
acórdão contestado.
Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2725/2015 – TCU – Plenário


439

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo nº TC 007.253/2007-4
2. Grupo I – Classe I – Embargos de Declaração (em Tomada de Contas Especial)
3. Embargante: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (CPF 669.649.975-04, ex-Secretário
Executivo do Ministério das Cidades)
3.1. Responsáveis: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (CPF 343.945.911-04, ex-Secretário
Executivo do Ministério das Cidades), Magda Oliveira de Myron Cardoso (CPF 295.784.930-53,
ex-Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração), Renato Stoppa Cândido
(CPF 227.209.521-68, ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos), Wilson Felicissimo de Lima
(CPF 461.731.291-91, ex-Coordenador-Geral de Recursos Logísticos substituto), José Maria Martins
(CPF 225.617.811-00, Fiscal da Execução dos Serviços), Francisco Cavalcante Bizerra
(CPF 220.627.261-04, Fiscal da Execução dos Serviços substituto), Aplauso Organização de Eventos
Ltda. (CNPJ 37.986.239/0001-92), Centro de Apoio a Atividades Sociais e Educativas e Culturais –
Casec (CNPJ 07.208.231/0001-34), Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três
Estados do Sul – Cooperhaf (CNPJ 04.801.878/0001-87), Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar da Região Sul – Fetraf-Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60), Inteligência Digital Brasil
(CNPJ 06.213.760/0001-63), Instituto Nelly de Faro Pires (CNPJ 08.530.707/0001-11), Royal Court
(CNPJ 01.848.212/0001-96) e Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicação do Distrito
Federal (CNPJ 00.618.520/0001-62)
4. Unidade: Ministério das Cidades
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação embargada: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: SecexDensenvolvimento
8. Advogados constituídos nos autos: Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (OAB/DF
nº 14.933), Ana Paula de Albuquerque Cavalcante (OAB/DF nº 39.938), Claudismar Zupiroli
(OAB/DF nº 12.250), Fábio Henrique Binicheski (OAB/DF nº 16.980), Juliana Gonçalves de Souza
Guimarães (OAB/DF nº 21.410), Lúcio Landim Batista da Costa (OAB/DF nº 40.009), Marcelo
Alexandre Amaral Dalazen (OAB/DF nº 21.903) e Mirian Lavocat (OAB/DF nº 19.524)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial que tratam, nesta fase
processual, de embargos de declaração opostos por Rodrigo José Pereira Leite Figueiredo (ex-
Secretário Executivo do Ministério das Cidades) contra o Acórdão nº 671/2015-TCU-Plenário, que
julgou irregulares as contas dos inúmeros responsáveis, com condenação em débito, cominação de
multa e declaração de inabilitação de quatro servidores para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, em razão das ilegalidades detectadas
na realização de eventos pelo Ministério das Cidades, por intermédio da Aplauso Organização de
Eventos Ltda.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 31, 32, inciso II, e 34 da Lei
nº 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, para, no mérito, rejeitá-los, mantendo em
seus exatos termos o acórdão recorrido;
9.2. dar ciência desta deliberação ao embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2725-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
440

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE IV - Plenário


TC 018.128/2010-6
Natureza: Tomada de Contas Especial
Responsáveis: Alvino Rodrigues Leitão, ex-prefeito; Edinalva de Nasaré da Luz, ex-tesoureira
municipal; Ana Maria Dias, Ilton Carlos Rodrigues Carvalho e Aristônio Cavalcante da Luz, ex-
membros da CPL municipal; Casa da Carne Búfalo Bill Ltda., D. P. Mendes - O Domingão, T. M. de
J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha, Teresinha
Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves, M. V. Pereira da Silva - Distribuidora Janifarma e
Construtora Maryelle Ltda.
Unidade: Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA

Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PREFEITURA MUNICIPAL DE


TUFILÂNDIA/MA. IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO DOS RECURSOS DA UNIÃO,
ORIUNDOS DE DIVERSOS PROGRAMAS. SIMULAÇÃO DE CONTRATAÇÃO. PROCESSO
LICITATÓRIO FRAUDULENTO. UTILIZAÇÃO DE EMPRESAS DE FACHADA. ATOS
PRATICADOS COM INFRAÇÃO À NORMA. DANO AO ERÁRIO. CITAÇÕES E AUDIÊNCIAS.
REVELIA DE ALGUNS DOS RESPONSÁVEIS. REJEIÇÃO DA DEFESA DE OUTROS. CONTAS
IRREGULARES. DÉBITO DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. MULTAS. INABILITAÇÃO
PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA NO ÂMBITO
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE PARA
PARTICIPAR DE LICITAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Tribunal por força do subitem
9.3.1 do Acórdão 3.918/2008 - 2ª Câmara, em razão de irregularidades na aplicação dos recursos da
União, oriundos de diversos programas, ocorridas na Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA, durante
a gestão do ex-prefeito Alvino Rodrigues Leitão, entre os anos de 2002 e 2004.
2. Saneado o processo, a Secex/MA (peça 101) instruiu o feito nos seguintes termos:
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de tomada de contas especial instaurada por este Tribunal por força do item 9.3.1
do Acórdão 3.918/2008-TCU-2ª Câmara (peça 1, p. 1-13), originada do desentranhamento do Anexo
1 do TC 004.021/2004-1 (representação), em razão de irregularidades na aplicação dos recursos do
Sistema Único de Saúde - SUS, Fundef, Pnae e EJA pela prefeitura de Tufilândia (MA), na gestão
2002/2004.
HISTÓRICO
2. Deliberados em conformidade com o item 9.3 do acórdão acima citado, as audiências e as
citações dos responsáveis foram realizadas nos presentes autos.
3. Na tabela abaixo, elaborada nas instruções anteriores (peças 58 e 67) e complementada na
presente instrução, verifica-se o demonstrativo de audiências, citações e comunicações realizadas:
Documento de Tipo Responsável Recebido/ Resposta em
441

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Comunicação Publicado em
Ofício 90/2009 Citação 1/4/2009 (não apresentou)
(peça 2, p. 25-30) Alvino Rodrigues (peça 4, p. 10)
Ofício 94/2009 Audiência Leitão 20/4/2009 (não apresentou)
(peça 2, p. 41-43) (peça 4, p. 16)
Edital 115 Citação 18/4/2002 (não apresentou)
(peças 49 e 55) Edinalva de (peças 49 e 55)
Edital 312 Audiência Nasaré da Luz 17/4/2012 (não apresentou)
(peças 45 e 52) (peças 45 e 52)
Ofício 716/2009 Audiência Ilton Carlos 23/4/2009 (não apresentou)
(peça 4, p. 8-9) Rodrigues (peça 4, p. 19)
Carvalho
Ofício 96/2009 Audiência Ana Maria Dias 1/4/2009 (não apresentou)
(peça 2, p. 46-47) (peça 4, p. 18)
Ofício 92/2009 Citação Casa da Carne 6/4/2009 23/4/2009
(peça 2, p. 37-38) Búfalo Bill Ltda. (peça 4, p. 11) (peça 4, p. 24-30)
Ofício 93/2009 Citação D. P. Mendes - O 1/4/2009 (não apresentou)
(peça 2, p. 39-40) Domingão (peça 4, p. 13)
Ofício 160/2009 Audiência T. M. de J. Chaves ----------------- 23/4/2009
(peça 3, p. 3) de Sousa Comércio (peça 4, p. 20-21)
e Representações -
Livraria e
Papelaria Santa
Teresinha
Ofício 161/2009 Audiência Teresinha Chaves ------------------ 23/4/2009
(peça 3, p. 4) de Sousa - ME - (peça 4, p. 22-23)
Livraria Chaves
Ofício 2626/2012 Audiência Aristônio 16/10/2012 (não apresentou)
(peça 70) Cavalcanti Da Luz (peça 75)
Ofício 2658/2013 Comunicação Haroldo 15/10/2012 (não apresentou)
(peça 69) Guimarães Soares (peça 71)
Filho (OAB/MA
5078)
4. Os Ofícios 2626/2012 e 2658/2012-TCU/Secex-MA, incluídos na tabela acima, foram objeto
da proposta de encaminhamento da última instrução (peça 67). O primeiro objetivou a realização de
nova audiência do Sr. Aristônio Cavalcanti da Luz, responsável no presente processo, que ampliou o
rol de irregularidades a ele atribuídas. O segundo visou comunicar ao representante da empresa M.
V. Pereira da Silva, Sr. Haroldo Guimarães Soares Filho, da ausência de procuração nos autos que o
legitima a atuar em defesa da referida empresa.
5. Os ofícios foram corretamente recebidos nos endereços indicados, conforme os avisos de
recebimentos (AR) encaminhados a esta Secex/MA e juntados aos autos (peça 71 e 75).
6. O novo ofício de audiência, devidamente composto com todas as irregularidades a ele
imputadas, foi recebido e o AR devolvido a esta Secex/MA, sem que o Sr. Aristônio Cavalcanti da Luz
apresentasse defesa a este Tribunal, podendo este responsável ser considerado revel.
7. Com relação à comunicação contida nos termos do ofício 2658/2012-TCU/SECEX-MA (peça
69) para que o representante apresentasse procuração que o habilita representar a empresa M. V.
Pereira da Silva, esta não foi atendida.
8. Também há de se notar, conforme bem apontado na última instrução (peça 67, p.3), que
foram devidamente feitas as citações e audiências dos Srs. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de
442

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Nasaré da Luz, Ilton Carlos Rodrigues Carvalho e Ana Maria Dias, e da empresa D. P. Mendes - O
Domingão, que não apresentaram defesa a este Tribunal, podendo ser considerados revéis.
9. Verifica-se que já existe nos autos manifestações das empresas Casa da Carne Búfalo Bill
Ltda. e T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa
Teresinha e da Sra. Terezinha Chaves de Sousa que serão analisadas nesta instrução, haja vista o
atendimento às citações e às audiências propostas ao longo do processo, conforme quadro acima.
10. Com a intervenção do Ministério Público junto ao TCU nos autos (peça 81) e a consequente
determinação do Ministro-Relator (peça 82), o quadro de comunicações processuais foi alterado.
Abaixo, o resumo da movimentação processual a partir das determinações supra mencionadas:
Documento Tipo Responsáv Recebido/ Resposta em
de Comunicação el Publicado
em
Edital Citaç 27/11/2013( Não houve
Edinalva
102/2013 (peça 85) ão peça 100)
de Nasare da
Edital Audiê 27/11/2013( Não houve
Luz
103/2013 (peça 86) ncia peça 100)
Ofício Citaç D. P. 03/12/2013 Não ouve
3140/2013 (peça ão Mendes - O (peça 89)
87) Domingão
Oficio
3139/2013 (peça
88)
Oficio
1451/2014 (peça Casa da Não houve Não houve
Citaç
93) Carne Búfalo
ão
Ofício Bill Ltda.
2853/2014
(peça 95)
Edital 19.12.2014 Não houve
146/2014 (Peça 99)
11. Cumpridas todas as determinações do Ministro-Relator, no tocante ao complemento das
comunicações processuais no bojo deste processo e da correção de erro material referente à correta
identificação de responsável Ilton Carlos Rodrigues Carvalho, entre outras medidas sugeridas pelo
MPTCU, passa-se ao exame técnico desta instrução.
EXAME TÉCNICO
Das Revelias
12. Regularmente citados e ouvidos em audiências, os responsáveis Sr. Alvino Rodrigues
Leitão, Sra. Edinalva de Nasaré da Luz não compareceram aos autos. Operam-se, portanto, os efeitos
da revelia, dando-se prosseguimento ao processo, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
13. Da mesma forma, os responsáveis Sr. Ilton Carlos Rodrigues Carvalho, Sra. Ana Maria
Dias e Sr. Aristônio Cavalcanti da Luz, somente ouvidos em audiência, não se pronunciaram em suas
defesas, operando, portanto, os efeitos da revelia.
14. Por fim, a empresa D. P. Mendes - O Domingão, regularmente citada, permaneceu silente à
citação a ela dirigida e deve ser considerada revel nos presentes autos.
15. O efeito da revelia não se restringe ao prosseguimento dos atos processuais, como
erroneamente se pode inferir do teor do mencionado dispositivo legal, vez que esse seguimento
constitui decorrência lógica na estipulação legal dos prazos para que as partes produzam os atos de
seu interesse. O próprio dispositivo legal citado vai mais além ao dizer que o seguimento dos atos,
uma vez configurada a revelia, se dará para todos os efeitos, inclusive para o julgamento pela
irregularidade das contas, como se pode facilmente deduzir.
443

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

16. Nos processos do TCU, a revelia não leva à presunção de que seriam verdadeiras todas as
imputações levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que
a revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor. Dessa forma, a
avaliação da responsabilidade do agente não pode prescindir da prova existente no processo ou para
ele carreada.
17. Ao não apresentar sua defesa, o responsável deixou de produzir prova da regular aplicação
dos recursos sob sua responsabilidade, em afronta às normas que impõem aos gestores públicos a
obrigação legal de, sempre que demandados pelos órgãos de controle, apresentar os documentos que
demonstrem a correta utilização das verbas públicas, a exemplo do contido no art. 93 do Decreto-Lei
200/67: ‘Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na
conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas
competentes.’
18. Configuradas suas revelias frente às citações e audiências deste Tribunal e inexistindo
comprovação da boa e regular aplicação dos recursos transferidos, não resta alternativa senão dar
seguimento ao processo proferindo julgamento sobre os elementos até aqui presentes, que conduzem à
irregularidade das contas.
19. Portanto, deve ser imputado aos responsáveis Sr. Alvino Rodrigues Leitão, Sra. Edinalva
de Nasaré da Luz, os débitos descritos na proposta de encaminhamento, pelas irregularidades lá
descriminadas. Da mesma forma, deve ser aplicada multa aos responsáveis Ilton Carlos Rodrigues
Carvalho, Ana Maria Dias e Aristônio Cavalcanti da Luz, pelas irregularidades nos proessos de
licitação.
20. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, conforme
determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, em se tratando de processo em que as
partes interessadas não se manifestaram acerca das irregularidades imputadas, não há elementos
para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o
julgamento de mérito pela irregularidade das contas, nos termos do § 6º do mesmo artigo do
normativo citado (Acórdãos 2.064/2011-TCU-1ª Câmara, 6.182/2011-TCU-1ª Câmara, 4.072/2010-
TCU-1ª Câmara, 1.189/2009- TCU-1ª Câmara, 731/2008-TCU-Plenário, 1.917/2008-TCU-2ª
Câmara, 579/2007-TCU-Plenário, 3.305/2007-TCU-2ª Câmara e 3.867/2007-TCU-1ª Câmara).
Das defesas
Casa da Carne Búfalo Bill Ltda.
21. Por determinação do Ministro-Relator, baseada em parecer do MPTCU, procedeu-se nova
citação à empresa Casa da Carne Búfalo Bill Ltda., a qual, como mostra o quadro acima, permaneceu
silente. Operar-se-ia, portanto, os efeitos da revelia, uma vez que se entendeu que a primeira citação
não foi válida.
22. Todavia a empresa Casa da Carne Búfalo Bill Ltda., na pessoa do seu representante legal
Sr. José Alves da Silva Junior, apresentou sua defesa junto a este Tribunal em 23/4/2009 (peça 4,
p.24-30) contestando a irregularidade de aquisição de material incompatível com a atividade
econômica da empresa fornecedora, ocorrida na aplicação dos Recursos do Sistema Único de Saúde -
SUS e do EJA, no exercício de 2004, junto ao Município de Tufilândia/MA. Em face do princípio da
verdade material, deve-se analisar a defesa do responsável
23. Em sua defesa, como alegação genérica acerca da irregularidade de aquisição de material
incompatível com a atividade econômica da empresa fornecedora (não contesta valores ou datas), o
responsável afirma que a atividade econômica da sociedade empresária foi ampliada no ano de 2001,
incluindo-se, além do comércio varejista de carnes/açougues, o comércio varejista de produtos
alimentícios em geral, comércio varejista de material de limpeza em geral e comércio varejista de
material para escritório. Para tanto, junta nos autos alteração contratual da empresa em apreço
(peça 4, p.26-28), supostamente registrada na Junta Comercial do Maranhão (Jucema).
24. Alega, ainda, que não teve conhecimento da participação da empresa que representa nas
licitações que envolveram o Município de Tufilândia/MA. Esclarece que o seu irmão, o Sr. Francineto
444

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gomes da Silva, com procuração que lhe dava poderes para agir em nome da empresa, é que teria
efetuado o cadastro para participação das licitações em análise.
25. Contudo, o relatório que serviu de base para o Acórdão 3.918/2008 – 2ª Câmara, o qual
determinou as citações e audiências neste processo (peça 1, 20-54 e peça 2), menciona claramente a
participação da empresa em análise nas licitações promovidas pelo Município de Tufilândia/MA.
Ademais, à peça 7, p.16-32, encontra-se notas fiscais da empresa defendente endereçadas ao
município em comento.
26. Com relação à alteração da atividade econômica da empresa Casa da Carne Búfalo Bill
Ltda., entende-se que, se realmente tiver sido registrado na Jucema, não o foi nos cadastros da
Receita Federal do Brasil (peça 77), onde se percebe inalterado o registro no campo específico,
indicando a atividade de comércio varejista de carnes/açougues, com data da situação de 3/11/2005.
Ou seja, a alteração não se processou no âmbito dos registros federais e, portanto, não deve ser,
nesse sentido, acatada a defesa nos presentes autos.
27. Com relação à justificativa do Sr. José Alves da Silva Junior, representante da empresa ora
analisada, na tentativa de elidir sua responsabilidade nos presentes autos, alegando que desconhecia
os procedimentos licitatórios que a referida empresa participara junto à Prefeitura Municipal de
Tufilândia/MA e que fora seu irmão que teria participado de tais licitações, não procede tal
argumento, à medida que, segundo o próprio representante legal da empresa, o Sr. Francineto Gomes
da Silva, seu irmão, tinha procuração para agir em nome da empresa.
28. Segundo o art. 653 do Código Civil Brasileiro, opera-se o mandato quando alguém recebe
de outra pessoa poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. Sendo
procuração o instrumento do mandato, têm-se que o Sr. Francineto Gomes da Silva agiu em nome da
empresa Casa da Carne Búfalo Bill Ltda, e que, portanto, deve ser mantida a responsabilidade do seu
representante legal, o Sr. José Alves da Silva Junior.
T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa
Teresinha
29. A empresa T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações apresentou suas razões
de justificativa por intermédio de seu procurador, devidamente identificado nos autos (peça 4, p. 20-
21). Fora ouvida em audiência tendo em vista a irregularidade de simulação de procedimentos
licitatórios (Convites nºs 11, 17, 18, 20,21 e 23/2002).
30. Limitou-se em sua defesa a afirmar que não cometera nenhuma irregularidade, pois
simplesmente não participara de nenhum procedimento licitatório envolvendo a Prefeitura Municipal
de Tufilândia/MA.
31. Contudo, o relatório que serviu de base para o Acórdão 3.918/2008 - 2ª Câmara, o qual
determinou as citações e audiências neste processo (peça 1, 20-54 e peça 2), menciona claramente a
participação da empresa em análise nas licitações promovidas pelo Município de Tufilândia/MA.
Ademais, à peça 27, p. 3 e p. 19-20, encontram-se notas fiscais da empresa defendente endereçadas ao
município em comento.
32. Para tanto, não apresentou nenhum documento que refutasse as evidências encontradas nos
presentes autos, nem trouxe nada de novo ao processo, devendo, portanto, ser mantida a sua
responsabilidade associada à irregularidade aponta nos autos.
Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves
33. A empresa Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves apresentou suas razões de
justificativa por intermédio de seu procurador, devidamente identificado nos autos (peça 4, p.22-23).
Fora ouvida em audiência tendo em vista a irregularidade de simulação de procedimentos licitatórios
(convites nºs 11, 17, 18, 20,21 e 23/2002).
34. Limitou-se em sua defesa a afirmar que não cometera nenhuma irregularidade, pois
simplesmente não participara de nenhum procedimento licitatório envolvendo a Prefeitura Municipal
de Tufilândia/MA.
445

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

35. Contudo, o relatório que serviu de base para o Acórdão 3918/2008 – 2ª Câmara, o qual
determinou as citações e audiências neste processo (peça 1, 20-54 e peça 2), menciona claramente a
participação da empresa em análise nas licitações promovidas pelo município de Tufilândia/MA.
Ademais, à peça 26, p. 43-50, encontram-se notas fiscais da empresa defendente endereçadas ao
município em comento.
36. Para tanto, não apresentou nenhum documento que refutasse as evidências encontradas nos
presentes autos, nem trouxe nada de novo ao processo, devendo, portanto, ser mantida a sua
responsabilidade associada à irregularidade apontada nos autos.
M. V. Pereira da Silva (Janifarma Distribuidora)
37. Antes de analisar as razões de justificativa da responsável, esclarece-se que notificado o
procurador da responsável para apresentar a procuração que o legitimasse no exercício da
representatividade, este não o fez, apesar de a notificação ter sido devidamente entregue no endereço
do Sr. Haroldo Guimarães Soares Filho (OAB/MA 5078), conforme peça 71, podendo considerar-se a
citada empresa como revel, nos termos do art. 202 § 8º do Regimento Interno deste Tribunal.
38. No entanto, valendo-se dos princípios da verdade material e do formalismo moderado,
julga-se por bem analisar a defesa do responsável e dar seguimento ao processo.
39. A empresa M. V. Pereira da Silva apresentou suas razões de justificativas por intermédio de
seu procurador, devidamente identificado nos autos (peça 66). Fora ouvida em audiência tendo em
vista a irregularidade de simulação de procedimentos licitatórios (Convites nºs 2, 6, 8 e 29/2002).
40. As verificações da equipe de inspeção designada por este Tribunal para apurar as
irregularidades na Prefeitura de Tufilândia/MA concluíram que os procedimentos licitatórios
envolvendo a empresa M. V. Pereira da Silva (Janifarma Distribuidora) como vencedora do certame
foram fictícios, apenas montados para simular o cumprimento do dever constitucional e legal de
licitar, disciplinado nos arts. 37, caput e inciso XXI, da CF/88 e 2º e 3º da Lei 8666/93.
41. Entre os indícios apurados pela equipe de inspeção para caracterizar a irregularidade
apontada acima, foram detectadas:
41.1. não identificação no recibo do convite do responsável pelo recebimento da firma
convidada;
41.2. não identificação do representante das empresas presentes na sessão de habilitação e
julgamento das propostas;
41.3. não apresentação de prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS, em
desacordo com as condições exigidas para habilitação nos convites;
41.4. Convites nºs 2, 8 e 29/2002 dirigidos às mesmas empresas e com o mesmo objeto,
contrariando o § 7º do art. 22 da Lei 8.666/93, que determina que a cada novo convite realizado para
o mesmo objeto é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações.
42. Há confirmação (Anexo I, Volume I do TC 004.021/2004-1), peça 6, de que a empresa
analisada participou do certame licitatório fictício, contrariando o que categoricamente afirma em
sua defesa.
43. Ainda, o relatório que serviu de base para o Acórdão 3918/2008 - 2ª Câmara, o qual
determinou as citações e audiências neste processo (peça 1, 20-54 e peça 2), menciona claramente a
participação da empresa em análise nas licitações promovidas pelo município de Tufilândia/MA.
Ademais, à peça 8, p. 48-49 e peça 11, encontram-se notas fiscais da empresa defendente endereçadas
ao município em comento.
44. Não apresenta em suas razões de justificativa nenhuma prova contrária ao que está sendo
acusada, limitando-se a afirmar que não participou dos certames referenciados e, se valendo dos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, roga que não seja penalizada civil nem penalmente.
45. Por estas razões, entende-se por não acatadas as razões de justificativa da empresa M. V.
Pereira da Silva (Janifarma Distribuidora).
CONCLUSÃO
446

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

46. Diante da revelia dos Srs. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz, e da
empresa D. P. Mendes - O Domingão, devidamente citados, e inexistindo nos autos elementos que
permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas
condutas, propõe-se que suas contas sejam julgadas irregulares e que os responsáveis sejam
condenados em débito, bem como que lhe(s) seja aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992.
47. Da mesma forma, ante a revelia dos Sr. Ilton Carlos Rodrigues Carvalho, Sra. Ana Maria
Dias, Sr. Aristônio Cavalcanti da Luz, ouvidos em audiência, e inexistindo nos autos elementos que
permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas
condutas, propõe-se que suas contas sejam julgadas irregulares e que lhes seja aplicada a multa do
art. 58 da Lei 8.443/1992.
48. Em face da análise promovida nos itens 17 a 36 do exame técnico, propõe-se rejeitar as
razões de justificativa e as alegações de defesa apresentadas pelas empresas Casa da carne Búfalo
Bill Ltda, T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa
Teresinha, Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves e M. V. Pereira da Silva (Janifarma
Distribuidora), uma vez que não foram suficientes para sanear as irregularidades a eles atribuídas, de
modo que suas contas devem ser julgadas irregulares.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO
49. Entre os benefícios do exame desta tomada de contas especial pode-se mencionar débito
imputado pelo Tribunal, sanção aplicada pelo Tribunal e outros benefícios diretos e indiretos.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
50. Ante o exposto, submeto os autos à consideração superior, propondo:
50.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘b’ e ‘c’, e §º e 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III, e
§º e 5º, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas do Sr.
Alvino Rodrigues Leitão (CPF: 209.821.603-30), ex-prefeito do Município de Tufilândia/MA;
50.2. condenar o Sr. Alvino Rodrigues Leitão (CPF: 209.821.603-30), em solidariedade com a
Sra. Edinalva de Nasaré da Luz (CPF 710.239.333-49), ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, as irregularidades a ele atribuídas e aos recursos federais envolvidos, com a fixação do
prazo de quinze dias, a contar das notificações para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres credores
respectivos, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:
Recursos do Sistema Único de Saúde - SUS (Cofre: Fundo Nacional da Saúde – FNS)
a) Irregularidade: aquisição de material incompatível com a atividade econômica da empresa
fornecedora (Cunha Representações Comerciais - F. C. e Silva Filho Comércio e Representações)
Quantificação do débito:
Data da ocorrência Valor (R$)
24/1/2002 1.035,00
1/3/2002 2.070,00
6/4/2002 2.070,00
16/8/2002 2.070,00
b) Irregularidade: pagamento de despesas incompatíveis com a finalidade do SUS
Quantificação do débito
Data da ocorrência Valor R($)
2/4/2002 8,00
5/4/2002 0,03
19/4/2002 60,80
26/4/2002 22,04
447

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3/5/2002 8,00
10/5/2002 0,03
10/5/2002 5,00
17/5/2002 34,21
31/5/2002 15,20
4/6/2002 8,00
7/6/2002 0,03
21/6/2002 30,62
29/1/2004 0,35
29/1/2004 10,00
30/1/2004 3,00
5/2/2004 0,35
5/2/2004 10,00
13/2/2004 3,00
15/3/2004 6,67
16/3/2004 0,35
16/3/2004 10,00
17/3/2004 6,67
18/3/2004 0,35
18/3/2004 10,00
12/4/2004 3,00
13/5/2004 6,75
4/5/2004 0,35
5/5/2004 6,75
6/5/2004 0,35
6/5/2004 10,00
6/5/2004 10,00
20/7/2004 15,00
30/7/2004 12,42
28/2/2004 96,18
31/3/2004 45,68
12/5/2004 46,64
9/6/2004 47,62
9/7/2004 49,91
30/6/2004 45,48
17/9/2004 55,63
20/10/2004 30,34
c) Irregularidade: aquisição de medicamentos de empresa fisicamente inexistente e cuja
atividade é incompatível com os produtos fornecidos (W.J. Lopes Distribuidora - Med Nordeste)
Quantificação do débito
Data da ocorrência Valor (R$)
4/2/2003 613,40
4/2/2003 720,00
4/2/2003 10.230,50
3/3/2003 782,20
3/3/2003 585,50
8/4/2003 1.081,00
8/4/2003 258,40
448

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2/5/2003 10.539,80
2/5/2003 758,00
2/5/2003 733,00
4/6/2003 1.060,50
9/6/2003 302,50
1/7/2003 949,00
11/7/2003 378,00
4/8/2003 799,00
4/8/2003 589,50
4/8/2003 10.335,80
3/9/2003 6.679,40
5/9/2003 657,00
5/9/2003 728,00
1/10/2003 2.599,00
1/10/2003 1.507,00
Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
do Magistério - FUNDEF (Cofre: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb)
d) Irregularidade: aquisição de material elétrico de firma fisicamente inexistente (J.M.J.
Comércio Ltda. -Armazém Lopes)
Quantificação do débito:
Data da ocorrência Valor (R$)
30/1/2004 6.990,00
26/2/2004 2.890,00
e) Irregularidade: aquisição de materiais incompatíveis com a atividade econômica das
empresas fornecedoras (PROTEC – F.C.T. Sousa Vidigal; J.R.E. Serra comércio e representações;
Maria D.C. Martins; Distribuidora Mendes Ltda., Renilton A. Mendes
Quantificação do débito:
Data da ocorrência Valor (R$)
8/5/2002 8.060,00
8/8/2002 1.500,00
2/10/2002 1.700,00
13/5/2002 7.800,00
5/6/2002 7.947,00
10/11/2003 1.487,57
9/6/2003 1.568,00
5/9/2003 1.558,00
1/12/2003 594,00
2/5/2003 2.013,00
4/8/2003 1.783,80
3/11/2003 1.248,00
f) Irregularidade: realização de despesas incompatíveis com a finalidade do Fundef
Quantificação do débito:
Data da ocorrência Valor (R$)
15/3/2002 31,02
6/5/2002 3,00
22/5/2002 0,35
10/2/2003 4,50
449

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10/2/2003 3,00
30/5/2003 3,00
14/7/2003 0,35
12/12/2003 10,00
12/12/2003 0,35
31/12/2003 0,35
29/1/2004 3,00
2/2/2004 3,00
18/2/2004 3,00
30/7/2004 9,24
28/2/2004 61,72
31/3/2004 25,68
30/4/2004 59,93
9/6/2004 39,82
10/8/2004 33,25
17/9/2004 51,99
Recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE (Cofre: FNDE)
g) Irregularidade: aquisição de gêneros alimentícios de firma fisicamente inexistente (J.
Gutemberg da Silva – Nutri alimento)
Quantificação do débito:
Data da ocorrência Valor (R$)
19/8/2002 4.266,60
6/3/2003 4.862,00
7/3/2003 4.862,00
28/3/2003 4.862,00
30/4/2003 4.862,00
30/6/2003 4.862,00
28/7/2003 4.862,00
2/8/2003 4.862,00
8/10/2003 4.862,00
26/11/2003 4.862,00
20/2/2004 4.862,00
12/8/2004 5.023,00
27/11/2004 5.916,00
Recursos do Programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA (Cofre: Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - FNDE)
h) Irregularidade: aquisição de gêneros alimentícios e livros de firma fisicamente inexistente
(J. Gutemberg da Silva – Nutri Alimentos; Gráfica padrão – F.W. Rocha)
Data da ocorrência Valor (R$)
19/2/2003 3.000,00
26/8/2003 3.755,90
28/10/2003 4.862,00
8/10/2003 2.350,00
10/12/2003 2.350,00
26/11/2003 2.350,00
1/6/2004 4.812,00
30/3/2004 5.000,00
30/4/2004 5.400,00
450

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

i) Irregularidade: aquisição de material incompatível com a atividade econômica da empresa


fornecedora (Maria D.C. Martins)
Quantificação do débito
Data da ocorrência Valor (R$)
10/11/2003 5.136,00
50.3. condenar o Sr. Alvino Rodrigues Leitão (CPF: 209.821.603-30), ex-prefeito do
Município de Tufilândia/M, em solidariedade com a Sra. Edinalva de Nasaré da Luz (CPF
710.239.333-49) e a empresa Casa de carne Bufalo Bill Ltda. (CNPJ: 04.157.356/0001-94), ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, as irregularidades a ele atribuídas e aos recursos
federais envolvidos, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o
recolhimento das dívidas aos cofres credores respectivos, atualizadas monetariamente e acrescidas
dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na
forma prevista na legislação em vigor:
Recursos do Sistema Único de Saúde - SUS (Cofre: Fundo Nacional da Saúde – FNS)
a) Aquisição de material incompatível com a atividade econômica da empresa fornecedora
Casa de carne Bufalo Bill Ltda.
Quantificação do débito
Data da ocorrência Valor (R$)
20/2/2004 63.995,00
23/1/2004 65.114,00
28/4/2004 68.800,00
Recursos do Programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA (Cofre: FNDE)
b) Aquisição de material incompatível com a atividade econômica da empresa fornecedora
Casa de carne Bufalo Bill Ltda.
Quantificação do débito
Data da ocorrência Valor (R$)
15/3/2004 13.206,00
8/7/2004 12.773,00
30/7/2004 6.500,00
20/9/2004 5.800,00
20/10/2004 2.475,00
19/11/2004 4.520,00
19/11/2004 4.250,00
8/12/2004 4.750,00

50.4. condenar o Sr. Alvino Rodrigues Leitão (CPF: 209.821.603-30), ex-prefeito do


Município de Tufilândia/M, em solidariedade com a Sra. Edinalva de Nasaré da Luz (CPF
710.239.333-49) e a empresa D. P. Mendes – O Domingão (CNPJ 01.611.388/0001-20), ao
pagamento das quantias a seguir especificadas, as irregularidades a ele atribuídas e aos recursos
federais envolvidos, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o
recolhimento das dívidas aos cofres credores respectivos, atualizadas monetariamente e acrescidas
dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na
forma prevista na legislação em vigor:
Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
do Magistério - FUNDEF (Cofre: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb do Municipio de Tufilãndia/MA )
451

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) Irregularidade: Aquisição de material incompatível com a atividade econômica da empresa


fornecedora
Quantificação do débito
Data da ocorrência Valor (R$)
30/4/2003 34.400,00
31/7/2003 25.900,00
25/8/2003 8.500,00
50.5. aplicar ao Sr. Alvino Rodrigues Leitão (CPF 209.821.603-30) multa prevista no inciso II
do artigo 58 da citada Lei, ante as irregularidades abaixo enumeradas, divididas por aplicação de
recursos, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove,
perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, o
recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a
data do Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor:
Recursos dos Sistema Único de Saúde - SUS
a) não-realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas nas aquisições de
medicamentos e combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004;
b) locação de veículos, em 2002 e 2003, sem a realização de procedimento licitatório e sem a
devida formalização contratual;
c) simulação de procedimentos licitatórios (Convites nºs 2, 6, 8 e 29/2002);
d) ausência de desconto da contribuição previdenciária do salário dos profissionais da saúde
(médicos, enfermeiros e agentes comunitários) e ausência de recolhimento aos cofres da Previdência
Social das contribuições descontadas dos demais servidores daquela área;
e) contratação de médicos, enfermeiros e agentes comunitários, sem concurso público;
f) pagamento reiterado de despesas em espécie, em desrespeito ao art. 74, § 2º, do Decreto-Lei
n 200/1967, sem correspondência entre o saque bancário e despesa;
g) ausência de controle de entrada e distribuição de bens de almoxarifado;
h) gestão dos recursos do Fundo Municipal de Saúde pelo Prefeito Municipal e pelo
Tesoureiro do Município, e não pelo Secretário de Saúde, em desacordo com o art. 9º, inciso III da
Lei n. 8.080/1990.
Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
do Magistério - FUNDEF
i) não-realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas nas aquisições
expediente, elétrico, escolar e combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004;
j) locação de veículos, em 2004, sem a realização de procedimento licitatório e também sem a
devida formalização contratual.
k) simulação de procedimentos licitatórios (Convites nºs 11, 17, 18, 20,21 e 23/2002.
l) ausência de recolhimento aos cofres da Previdência Social da contribuição previdenciária
descontada dos salários dos servidores da educação;
m) pagamento de despesas em espécie, em desrespeito ao art. 74, § 2º do Decreto-Lei n.
200/1967, sem correspondência entre o saque bancário e a despesa;
n) ausência de controle de entrada e distribuição de bens de almoxarifado;
o) ausência de atesto em notas fiscais, configurando infração às normas legais e
regulamentares da Administração Pública.
Recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar
p) não-realização de procedimentos licitatórios e o fracionamento de despesas nas aquisições
de gêneros alimentícios, no exercícios de 2003 e 2004.
Recursos do Programa de Educação de Jovens e Adultos
452

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

q) não-realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas nas aquisições de


livros didáticos, gêneros alimentícios, material de limpeza e locação de veículos, nos exercícios de
2003 e 2004.
r) ausência de recolhimento aos cofres da Previdência Social da contribuição previdenciária
descontada dos salários dos professores contratados no âmbito do Programa de Alfabetização de
Jovens e Adultos - EJA.
50.6. aplicar à Sra. Edinalva de Nasaré da Luz (CPF 710.239.333-49) multa prevista no inciso
II do artigo 58 da citada Lei, ante as irregularidades abaixo enumeradas, divididas por aplicação de
recursos, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove,
perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, o
recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a
data do Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor:
Recursos do Sistema Único De Saúde - SUS
a) ausência de desconto da contribuição previdenciária do salário dos profissionais da saúde
(médicos, enfermeiros e agentes comunitários) e ausência de recolhimento aos cofres da Previdência
Social das contribuições descontadas dos demais servidores daquela área;
b) contratação de médicos, enfermeiros e agentes comunitários, sem concurso público;
c) pagamento reiterado de despesas em espécie, em desrespeito ao art. 74, § 2°, do Decreto-Lei
n. 200/1967, sem correspondência entre o saque bancário e despesa;
d) ausência de controle de entrada e distribuição de bens de almoxarifado;
e) gestão dos recursos do Fundo Municipal de Saúde pelo Prefeito Municipal e pelo Tesoureiro
do Município, e não pelo Secretário de Saúde, em desacordo com o art. 90, inciso III, da Lei n°
8.080/1990.
Recursos do Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização do Magistério - FUNDEF
f) ausência de recolhimento aos cofres da Previdência Social da contribuição previdenciária
descontada dos salários dos servidores da educação;
g) pagamento de despesas em espécie, em desrespeito ao art. 74, § 2° do Decreto-Lei n.
200/1967, sem correspondência entre o saque bancário e a despesa;
h) ausência de controle de entrada e distribuição de bens de almoxarifado;
i) ausência de atesto em notas fiscais, configurando infração às normas Administração
Pública.
Recursos do Programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA
j) ausência de recolhimento aos cofres da Previdência Social da contribuição previdenciária
descontada dos salários dos professores contratados no âmbito do Programa de Alfabetização de
Jovens e Adultos - EJA.
50.7. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘b’ e ‘c’ da Lei 8.443/1992 c/c
os arts. 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e
III, e § 5º, 210, §2º, e 214, inciso III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas
da Sra. Ana Maria Dias (CPF 955.275.753-34), do Sr. Aristônio Cavalcante da Luz (CPF
868.480.893-20) e do Sr. Ilton Carlos Rodrigues Carvalho (CPF 375.420.603-68).
50.8. aplicar, individualmente, multa à Sra. Ana Maria Dias (CPF 955.275.753-34), ao Sr. Ilton
Carlos Rodrigues Carvalho (CPF 375.420.603-68), e ao Sr. Aristônio Cavalcante da Luz (CPF
868.480.893-20), na condição de membros da CPL do município de Tufilândia/MA, prevista no inciso
II do artigo 58 da citada Lei, ante as irregularidades abaixo enumeradas, divididas por aplicação de
recursos, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove,
perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, o
recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a
453

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

data do Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor:
Recursos do Sistema Único De Saúde - SUS
a) não realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas nas aquisições de
medicamentos e combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004;
b) locação de veículos, em 2002 e 2003, sem a realização de procedimento licita tório e sem a
devida formalização contratual;
c) simulação de procedimentos licitatórios (Convites n 2, 6, 8 e 29/2002).
Recursos do Fundo De Manutenção E Desenvolvimento Da Educação Básica e de
Valorização Do Magistério - FUNDEF
d) não realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas nas aquisições de
material de expediente, elétrico, escolar e combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004;
e) locação de veículos, em 2004, sem a realização de procedimento licita tório e também sem a
devida formalização contratual;
f) simulação de procedimentos licitatórios (Convites n 11, 17, 18, 20, 21 e 23/2002)
Recursos do Programa Nacional De Alimentação Escolar - PNAE
g) não realização de procedimentos licitatórios e o fracionamento de despesas nas aquisições
de gêneros alimentícios, no exercícios de 2003 e 2004.
Recursos do Programa De Educação De Jovens E Adultos - EJA
h) não realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas das aquisições de
livros didáticos, gêneros alimentícios, material de limpeza e locação de veículos, nos exercícios de
2003 e 2004.
50.9. não aceitar as razões de justificativas das empresas T. M. de J. Chaves de Sousa
Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47),
Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves (CNPJ 10.426.609/0001-80) e M. V. Pereira da
Silva - Janifarma Distribuidora (CNPJ 04.220.187/0001-90)
50.10. aplicar às empresas T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e
Papelaria Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47) e Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria
Chaves (CNPJ 10.426.609/0001-80) multa prevista no inciso II do artigo 58 da citada Lei, ante a
irregularidade abaixo enumerada, dividida por aplicação de recursos, fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal, nos termos do art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a data do Acórdão até a do efetivo recolhimento,
se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
Recursos do Fundo de Manutençãod Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
do Magistério - FUNDEF
a) simulação de procedimentos licitatórios (Convites nºs 11, 17, 18, 20, 21 e 23/2002)
50.11. aplicar à empresa T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e
Papelaria Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47) e Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria
Chaves (CNPJ 10.426.609/0001-80) multa prevista no inciso II do artigo 58 da citada Lei, ante as
irregularidade abaixo enumerada, dividida por aplicação de recursos, fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal, nos termos do art. 214,
inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a data do Acórdão até a do efetivo recolhimento,
se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
do Magistério - FUNDEF
a) simulação de procedimentos licitatórios (Convites nºs 2, 6, 8 e 29/2002).
50.12. declarar a inidoneidade das empresas T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e
Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47), Teresinha
454

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves (CNPJ 10.426.609/0001-80), M. V. Pereira da Silva -


Janifarma Distribuidora (CNPJ 04.220.187/0001-90), Bufalo Bill Ltda. (CNPJ: 04.157.356/0001-94)
e D. P. Mendes - O Domingão (CNPJ 01.611.388/0001-20) tendo em vista a ocorrência de fraude
comprovada à licitação, na forma prevista no art. 46 da Lei n° 8.443, de 16 de julho de 1992.
50.13. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendida a notificação.
50.14. autorizar, caso solicitado, o parcelamento da dívida, na forma do art. 217 do Regimento
Interno;
50.15. encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do
voto que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do
Maranhão, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992, c/c o § 7º do art. 209 do Regimento
Interno do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis.”
3. O MP/TCU, representado nos autos pelo Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico,
anuiu à essência da proposta da unidade técnica, sem prejuízo de fazer algumas pertinentes e
esclarecedoras considerações no parecer da peça 104, que segue abaixo parcialmente transcrito:
“(...)
De início, cumpre destacar que não houve o cumprimento da determinação dirigida à Secex/MA
no subitem 1.5.2 do Acórdão 3.331/2011 - 2ª Câmara (peça 4, p. 11, do TC 031.177/2008-2),
prolatado no TC 031.177/2008-2 (representação apensada à presente TCE), vazada nos seguintes
termos:
‘1.5. Determinar à Secex/MA que:
1.5.1. (...)
1.5.2. examine as razões de justificativas já aduzidas pelas empresas neste TC 031.177/2008, em
conjunto e em confronto com as demais evidências de fraude constantes das referidas tomadas de
contas especiais’.
Embora a Secex/MA, tenha ressaltado, no item 17 da instrução que integra a peça 67 (p. 3), que
posterior análise de mérito deveria considerar, para fins de declaração de inidoneidade, além das
irregularidades tratadas nos presentes autos, as razões de justificativa já aduzidas pelas empresas
responsáveis no processo apenso (TC 031.177/2008-2), fato que foi destacado por este representante
do MP/TCU no último parágrafo da primeira página do Parecer que integra a peça 81 (alínea ‘a’), as
defesas apresentadas naqueles autos não foram mencionadas pela unidade técnica em sua derradeira
instrução (peça 101).
Para suprir essa omissão e facilitar a compreensão do assunto tratado, apresentamos, na tabela
abaixo, um resumo das audiências que foram realizadas no âmbito do processo apenso, ressaltando
que todas as referências a peças e páginas dizem respeito ao TC 031.177/2008-2:
Documento Local. do Doc. Responsável Local. do AR Resposta
Ofício Peça 2, p. 22-29 M. V. Pereira da Silva Peça 3, p.18 Não houve
296/2009
Ofício Peça 2, p. 30-37 Construtora Maryelle Ltda. Peça 3, p. 45 Não houve
419/2009
Ofício Peça 2, p. 38-45 Teresinha Chaves de Sousa - Peça 3, p. 19 Peça 3, p. 36-
420/2009 ME - Livraria Chaves 42
Ofício Peça 2, p. 46-53 T. M. de J. C. de S. C. e Rep. Peça 3, p. 20 Peça 3, p. 29-
421/2009 35
Ofício Peça 3, p. 1-8 Casa da Carne Búf. Bill Ltda. Peça 3, p. 21 Peça 3, p. 22-
422/2009 28
Ofício Peça 3, p. 9-16 D. P. Mendes - O Domingão Peça 3, p. 17 Não houve
431/2009
Examinando as defesas aduzidas no TC 031.177/2008-2 pelas firmas Teresinha Chaves de Sousa
- ME - Livraria Chaves (peça 3, p. 36-42), T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações -
455

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Livraria e Papelaria Santa Teresinha (Peça 3, p. 29-35) e Casa da Carne Búfalo Bill (Peça 3, p. 22-
28), observa-se que os argumentos apresentados pelos responsáveis são idênticos aos que constam
nos presentes autos (peça 4, p. 22-23; peça 4, p. 20-21; e peça 4, p. 24-30; respectivamente). Por
conta disso, temos por suficiente a análise realizada pela Unidade Técnica.
Quanto aos responsáveis que devem ter contas julgadas irregulares, entendemos que, por terem
dado causa a dano ao erário, tal providência se aplica apenas aos Srs. Alvino Rodrigues Leitão,
Edinalva de Nasaré da Luz e às firmas Casa da Carne Búfalo Bill Ltda e D. P. Mendes - O Domingão,
a quem, nesse sentido, deverá ser aplicada a multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992. Na
condição de membros da CPL do Município de Tufilândia/MA, os Srs. Aristônio Cavalcante da Luz,
Ilton Carlos Rodrigues Carvalho e Ana Maria Dias devem responder tão-somente pela prática de ato
com grave infração à norma legal, cabendo ser a eles aplicada a multa prevista no artigo 58, inciso
II, da Lei 8.443/1992.
Feitas essas considerações, manifestamo-nos em essência de acordo com o exame realizado pela
SECEX-MA na instrução que integra a peça 101, sugerindo que:
a) sejam considerados revéis os Srs. Alvino Rodrigues Leitão (CPF 209.821.603-30), Edinalva
de Nasaré da Luz (CPF 710.239.333-49), Aristônio Cavalcante da Luz (CPF 868.480.893-20), Ilton
Carlos Rodrigues Carvalho (CPF 375.420.603-68), Ana Maria Dias (CPF 955.275.753-34), e as
firmas D. P. Mendes - O Domingão (CNPJ 01.611.388/0001-20), M. V. Pereira da Silva (CNPJ
04.220.187/0001-90) e Construtora Maryelle Ltda. (CNPJ 04.426.925/0001-50);
b) sejam rejeitadas as alegações de defesa apresentadas pela firma Casa da Carne Búfalo Bill
Ltda. (CNPJ 04.157.356/0001-94);
c) sejam rejeitadas as razões de justificativa apresentadas pelas firmas Casa da Carne Búfalo
Bill Ltda. (CNPJ 04.157.356/0001-94), Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves (CNPJ
10.426.609/0001-80) e T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria
Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47);
d) sejam julgadas irregulares as contas dos Srs. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré
da Luz e das firmas Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão, com fundamento
no artigo 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, da Lei 8.443/1992, condenando os responsáveis solidários,
nos exatos termos propostos pela unidade técnica nos subitens 50.2, 50.3 e 50.4 de sua derradeira
instrução (peça 101, p. 7-14), ao recolhimento das quantias lá indicadas, aos cofres credores lá
informados;
e) seja aplicado aos Srs. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz e às firmas Casa
da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão, individualmente, a multa prevista no art. 57
da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente, desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor (subitem 50.8 da instrução, peça 101, p. 16);
f) seja aplicado aos Srs. Aristônio Cavalcante da Luz, Ilton Carlos Rodrigues Carvalho e Ana
Maria Dias, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o
recolhimento da quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, desde a data do
Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em
vigor;
g) sejam adotadas as medidas sugeridas pela unidade técnica nos subitens 50.12, 50.13, 50.14 e
50.15 de sua derradeira instrução (peça 101, p. 17), devendo-se incluir a Construtora Maryelle Ltda.
no rol de firmas de que trata o subitem 50.12 (peça 101, p. 17), a serem declaradas inidôneas para
participar de licitação na Administração Pública Federal.”

É o relatório.
456

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VOTO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Tribunal, por força do subitem 9.3.1 do
Acórdão 3.918/2008 - 2ª Câmara (TC 004.021/2004-1), em razão de irregularidades na aplicação dos
recursos da União, oriundos de diversos programas, ocorridas na Prefeitura Municipal de
Tufilândia/MA, durante a gestão do ex-prefeito Alvino Rodrigues Leitão, entre os anos de 2002 e
2004. O total de débitos apurados chega à cifra de R$ 527.040,72, em valores desse período.
2. O referido processo tratou de representação autuada a partir de documentação encaminhada
pelo então Secretário-Executivo do Gabinete do Ministro Extraordinário da Segurança Alimentar e
Combate à Fome, versando sobre irregularidades na aplicação de verbas liberadas pelo Governo
Federal ao Município de Tufilândia/MA.
3. Tal processo teve como foco principal a apuração de impropriedades na aplicação de recursos
da União repassados a essa municipalidade, na gestão do ex-prefeito Alvino Rodrigues Leitão, que foi
marcada por uma série de irregularidades, além de outros fatos que macularam sua conduta, como:
prisão por tentativa de saque de R$ 50.000,00 das contas do FGTS dos servidores do município;
omissão na prestação de contas ao TCE/MA, relativa ao exercício de 2004, efetuada somente após
representação do Ministério Público para intervenção no município; e o estado lastimável em que foi
deixada a prefeitura, com móveis, equipamentos e veículos completamente depredados e arquivos
vazios.
4. O acórdão exarado na representação determinou que fossem notificados os seguintes
responsáveis: ex-prefeito Alvino Rodrigues Leitão (citação e audiência); ex-tesoureira Edinalva de
Nasaré da Luz (citação e audiência); ex-membros da CPL municipal Aristônio Cavalcante da Luz,
Ilton Carlos Rodrigues Carvalho e Ana Maria Dias (audiência); Casa da Carne Búfalo Bill Ltda.
(citação), D. P. Mendes - O Domingão (citação), Construtora Maryelle Ltda. (audiência), Teresinha
Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves (audiência), T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e
Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha (audiência) e M. V. Pereira da Silva - Janifarma
Distribuidora (audiência).
5. Após saneados os autos, a Secex/MA, na instrução da peça 101, apresentou proposta de
mérito, que, com as pertinentes considerações, obteve a anuência parcial do MP/TCU, conforme
parecer da peça 104.
6. O Ministério Público junto a esta Corte, dissentindo da Secex/MA, considera que, “na
condição de membros da CPL do Município de Tufilândia/MA, Aristônio Cavalcante da Luz, Ilton
Carlos Rodrigues Carvalho e Ana Maria Dias devem responder tão somente pela prática de ato com
grave infração à norma legal, cabendo ser a eles aplicada a multa prevista no artigo 58, inciso II, da
Lei 8.443/1992”. A proposta da unidade técnica foi no sentido de que tais responsáveis tenham contas
julgadas irregulares.
7. Ainda quanto aos agentes que devem ter suas contas julgadas irregulares, o representante do
Ministério Público entende que, além do ex-prefeito e da ex-tesoureira municipal, as firmas Casa de
Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão também devem ser incluídas nesse rol, pois
concorreram diretamente para o dano causado ao erário.
8. Na lista de empresas mencionadas pela Secex/MA que devem ser declaradas inidôneas para
licitar na Administração Pública Federal, o representante do Ministério Público acrescenta a firma
Construtora Maryelle.
9. Assim, unificada a instrução da unidade técnica com o parecer do MP/TCU, o que se propõe,
no mérito, nestes autos é, em resumo, o seguinte:
- Responsáveis que devem ser considerados revéis: Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré
da Luz, Aristônio Cavalcante da Luz, Ilton Carlos Rodrigues Carvalho, Ana Maria Dias, D. P. Mendes
- O Domingão e Construtora Maryelle Ltda.
457

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- Responsáveis que devem ter defesas rejeitadas: Casa da Carne Búfalo Bill Ltda., Teresinha
Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves, T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações -
Livraria e Papelaria Santa Teresinha e M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora.
- Responsáveis que devem ter contas julgadas irregulares, com condenação em débito solidário e
aplicação da multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992: Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de
Nasaré da Luz, Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão.
- Responsáveis que devem ser condenados a pagamento da multa prevista no art. 58, inciso II, da
Lei 8.443/1992: Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz, Aristônio Cavalcante da Luz,
Ilton Carlos Rodrigues Carvalho, Ana Maria Dias, T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e
Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha, Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria
Chaves e M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora.
- Firmas que devem ser declaradas inidôneas para participar de licitação na Administração
Pública Federal: Construtora Maryelle Ltda., T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações
- Livraria e Papelaria Santa Teresinha, Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves, M. V.
Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora, Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O
Domingão.
10. As irregularidades atribuídas ao ex-prefeito, à ex-tesoureira e às empresas Casa da Carne
Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão, de que resultaram dano ao erário, foram as seguintes:
Responsáveis Irregularidades (citação) Débito Solidário
Solidários (somatório)
Aquisição de material incompatível com a atividade R$ 7.245,00
econômica da empresa fornecedora. Recursos do Fundo
Alvino Rodrigues Nacional da Saúde - FNS.
Leitão e Edinalva de Pagamento de despesas incompatíveis com a finalidade R$ 734,80
Nasaré da Luz do SUS. Recursos do FNS.
Aquisição de medicamentos de empresa fisicamente R$ 52.886,50
inexistente e cuja atividade é incompatível com os
produtos fornecidos. Recursos do FNS.
Aquisição de material elétrico de firma fisicamente R$ 9.880,00
inexistente. Recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação - Fundeb.
Aquisição de materiais incompatíveis com a atividade R$ 37.259,37
econômica das empresas fornecedoras. Recursos do
Fundeb.
Realização de despesas incompatíveis com a finalidade R$ 346,55
do Fundef. Recursos do Fundeb.
Aquisição de gêneros alimentícios de firma fisicamente R$ 63.825,60
inexistente. Recursos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - Fnde.
Aquisição de gêneros alimentícios e livros de firma R$ 33.879,90
fisicamente inexistente para o Programa de Educação de
Jovens e Adultos. Recursos do Fnde.
Aquisição de material incompatível com a atividade R$ 5.136,00
econômica da empresa fornecedora. Recursos do Fundeb.
Aquisição de material incompatível com a atividade R$ 197.909,00
Alvino Rodrigues econômica da empresa fornecedora Casa de Carne Bufalo
Leitão, Edinalva de Bill Ltda. Recursos do FNS.
Nasaré da Luz e Aquisição de material incompatível com a atividade R$ 54.274,00
458

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Casa da Carne econômica da empresa fornecedora Casa de Carne Bufalo


Búfalo Bill Ltda. Bill Ltda. Recursos do Fnde.
Alvino Rodrigues Aquisição de material incompatível com a atividade R$ 68.800,00
Leitão, Edinalva de econômica da empresa fornecedora. Recursos do Fundeb.
Nasaré da Luz e D.
P. Mendes - O
Domingão
11. O ex-prefeito também foi chamado em audiência em razão das seguintes irregularidades na
gestão dos recursos do SUS, do Fundeb, do Programa Nacional de Alimentação Escolar e do Programa
de Educação de Jovens e Adultos: não realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de
despesas nas aquisições de medicamentos e combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004; locação de
veículos, em 2002 e 2003, sem a realização de procedimento licitatório e sem a devida formalização
contratual; simulação de procedimentos licitatórios (Convites 2, 6, 8 e 29/2002); ausência de desconto
da contribuição previdenciária do salário dos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros e agentes
comunitários) e de recolhimento aos cofres da Previdência Social das contribuições descontadas dos
demais servidores daquela área; contratação de médicos, enfermeiros e agentes comunitários, sem
concurso público; pagamento reiterado de despesas em espécie, em desrespeito ao art. 74, § 2º, do
Decreto-Lei 200/1967, sem correspondência entre o saque bancário e despesa; ausência de controle de
entrada e distribuição de bens de almoxarifado; gestão dos recursos do Fundo Municipal de Saúde pelo
prefeito municipal e pelo tesoureiro do município, e não pelo secretário de saúde, em desacordo com o
art. 9º, inciso III, da Lei 8.080/1990; não-realização de procedimentos licitatórios e fracionamento de
despesas de material de expediente, elétrico, escolar e combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004;
locação de veículos, em 2004, sem a realização de procedimento licitatório e também sem a devida
formalização contratual; simulação de procedimentos licitatórios (Convites 11, 17, 18, 20, 21 e
23/2002); ausência de recolhimento aos cofres da Previdência Social da contribuição previdenciária
descontada dos salários dos servidores da educação; pagamento de despesas em espécie, em
desrespeito ao art. 74, § 2º, do Decreto-Lei 200/1967, sem correspondência entre o saque bancário e a
despesa; ausência de controle de entrada e distribuição de bens de almoxarifado; ausência de atesto em
notas fiscais, configurando infração às normas legais e regulamentares da Administração Pública; não
realização de procedimentos licitatórios e o fracionamento de despesas nas aquisições de gêneros
alimentícios, no exercícios de 2003 e 2004; não realização de procedimentos licitatórios e
fracionamento de despesas nas aquisições de livros didáticos, gêneros alimentícios, material de
limpeza e locação de veículos, nos exercícios de 2003 e 2004; ausência de recolhimento aos cofres da
Previdência Social da contribuição previdenciária descontada dos salários dos professores contratados
no âmbito do Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos - EJA.
12. Igualmente, para a ex-tesoureira municipal Edinalva de Nasaré da Luz foi promovida
audiência devido às seguintes irregularidades: ausência de desconto da contribuição previdenciária do
salário dos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros e agentes comunitários) e ausência de
recolhimento aos cofres da Previdência Social das contribuições descontadas dos demais servidores
daquela área; contratação de médicos, enfermeiros e agentes comunitários, sem concurso público;
pagamento reiterado de despesas em espécie, em desrespeito ao art. 74, § 2°, do Decreto-Lei 200/1967,
sem correspondência entre o saque bancário e despesa; ausência de controle de entrada e distribuição
de bens de almoxarifado; gestão dos recursos do Fundo Municipal de Saúde pelo prefeito municipal e
pelo tesoureiro do município, e não pelo secretário de saúde, em desacordo com o art. 90, inciso III, da
Lei 8.080/1990; ausência de recolhimento aos cofres da Previdência Social da contribuição
previdenciária descontada dos salários dos servidores da educação; pagamento de despesas em espécie,
em desrespeito ao art. 74, § 2°, do Decreto-Lei 200/1967, sem correspondência entre o saque bancário
e a despesa; ausência de controle de entrada e distribuição de bens de almoxarifado; ausência de atesto
em notas fiscais, configurando infração às normas Administração Pública; ausência de recolhimento
459

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

aos cofres da Previdência Social da contribuição previdenciária descontada dos salários dos
professores contratados no âmbito do Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos - EJA.
13. Por sua vez, os então membros da Comissão de Permanente de Licitação da Prefeitura de
Tufilândia/MA foram chamados em audiência em razão das seguintes impropriedades: não realização
de procedimentos licitatórios e fracionamento de despesas nas aquisições de medicamentos e
combustíveis, nos exercícios de 2003 e 2004; locação de veículos, em 2002 e 2003, sem a realização
de procedimento licitatório e sem a devida formalização contratual; simulação de procedimentos
licitatórios (Convites 2, 6, 8 e 29/2002); não realização de procedimentos licitatórios e fracionamento
de despesas nas aquisições de material de expediente, elétrico, escolar e combustíveis, nos exercícios
de 2003 e 2004; locação de veículos, em 2004, sem a realização de procedimento licitatório e também
sem a devida formalização contratual; simulação de procedimentos licitatórios (Convites 11, 17, 18,
20, 21 e 23/2002); não realização de procedimentos licitatórios e o fracionamento de despesas nas
aquisições de gêneros alimentícios, no exercícios de 2003 e 2004; não realização de procedimentos
licitatórios e fracionamento de despesas das aquisições de livros didáticos, gêneros alimentícios,
material de limpeza e locação de veículos, nos exercícios de 2003 e 2004.
14. Realizou-se, também, a audiência das seguintes empresas, em função, principalmente, da
irregularidade atinente à simulação e fraude em procedimentos licitatórios: Construtora Maryelle
Ltda., T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha,
Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves, M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora,
Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão.
15. Com efeito, os responsáveis Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz, Aristônio
Cavalcante da Luz, Ilton Carlos Rodrigues Carvalho, Ana Maria Dias, D. P. Mendes - O Domingão e
Construtora Maryelle Ltda. foram devidamente notificados mas se quedaram silentes, devendo
prosseguir o processo, com os efeitos da revelia, conforme estabelece o art. 12, § 3º, da Lei
8.443/1992.
16. Já os responsáveis Casa da Carne Búfalo Bill Ltda., Teresinha Chaves de Sousa - ME -
Livraria Chaves, T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa
Teresinha e M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora apresentaram defesas que foram
examinadas, respectivamente nos itens 21 a 28, 33 a 36, 29 a 32 e 37 a 45 da instrução da Secex/MA
que consta no relatório precedente a este voto.
17. O representante da Casa da Carne Búfalo Bill Ltda., contra as evidências nos autos de sua
participação nos certames impugnados, confirmadas por notas fiscais dessa firma endereçadas ao
município maranhense, apenas redargui asseverando que outra pessoa teria agido em nome da
empresa, efetuando o cadastro para participação das licitações em análise, bem como que teria
ocorrido a devida alteração contratual que justificaria a pretensão de fornecimento de material
incompatível com a atividade econômica da empresa fornecedora. Tais argumentos não são suficientes
para infirmar a prova de que a empresa participou da fraude. Destarte, é correta a posição da unidade
técnica de rejeitar tais alegações.
18. A firma T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e Representações, em sua defesa, limitou-se
a afirmar que não cometeu nenhuma irregularidade, pois não participou de qualquer procedimento
licitatório envolvendo a Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA. Essa linha de defesa está em flagrante
contraste com as evidências dos autos lastreadas por notas fiscais dessa empresa emitidas para a
municipalidade envolvida. Devem, pois, ser rejeitadas as razões de justificativa dessa responsável.
19. Idêntica linha de argumentação apresentou a empresa Teresinha Chaves de Sousa - ME -
Livraria Chaves, também ouvida em audiência em razão de sua participação em simulação de
procedimentos licitatórios, contra a mesma evidência. Portanto, sua defesa deve ser rejeitada.
20. Por sua vez, o representante da firma M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora, sem
apresentar qualquer prova contrária, defendeu-se afirmando que não participou dos certames
impugnados e, citando os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, solicitou a não penalização
da empresa. De outro lado, a partir de verificações documentais, a equipe de inspeção designada por
460

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

este Tribunal para apurar as irregularidades na Prefeitura de Tufilândia/MA concluiu que os


procedimentos licitatórios envolvendo a Janifarma como vencedora do certame foram fictícios,
porquanto montados apenas para simular o cumprimento do dever constitucional e legal de licitar.
Destarte, anuo à rejeição de sua defesa.
21. Em atenção à mais atualizada jurisprudência desta Corte, as empresas Casa da Carne Búfalo
Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão, que concorreram para os danos ao erário, também devem ter
suas contas julgadas irregulares.
22. Todavia, divirjo da proposta de aplicação da multa do art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 às
demais empresas envolvidas nas fraudes aos certames, tendo em vista que o entendimento do Tribunal
a respeito do assunto vem se consolidando no sentido de ser inaplicável à pessoa jurídica contratada ou
licitante a multa desse artigo da LO/TCU, a exemplo dos seguintes acórdãos: 2.374/2015 - Plenário,
639/2014 - 1ª Câmara e 2.161/2010 - Plenário. A participação fraudulenta de licitantes em processos
licitatórios tem ensejado a aplicação apenas da sanção prevista no art. 46 da Lei 8.443/1992 à pessoa
jurídica.
23. Sopesando o grau de participação, o número e a natureza das ocorrências, arbitro os
seguintes valores das multas a serem aplicadas aos responsáveis:
Responsável Valor (R$) Fundamento da Multa
Alvino Rodrigues Leitão 106.000,00
Edinalva de Nasaré da Luz 106.000,00 Art. 57 da Lei 8.443/1992
Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. 50.000,00
D. P. Mendes - O Domingão 13.000,00
Alvino Rodrigues Leitão 20.000,00
Edinalva de Nasaré da Luz 20.000,00 Art. 58, inciso II, da Lei
Aristônio Cavalcante da Luz 10.000,00 8.443/1992
Ilton Carlos Rodrigues Carvalho 10.000,00
Ana Maria Dias 10.000,00
24. Ante a verificação da participação nas fraudes apuradas, julgo pertinente que todas as
empresas envolvidas sejam declaradas inidôneas para participar, por cinco anos, de licitações na
Administração Pública Federal.
25. Nessa linha de cognição, considero, ainda, coerente e aplicável ao caso corrente, ante o grau
de culpabilidade e da reprovabilidade da conduta de Alvino Rodrigues Leitão, ex-prefeito, e de
Edinalva de Nasaré da Luz, ex-tesoureira municipal, que sejam eles inabilitados para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, por cinco
anos.
Por todo o exposto, com as alterações e adendos supra elencados, acolho os pareceres e voto
por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2726/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 018.128/2010-6
2. Grupo II - Classe IV - Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis: Alvino Rodrigues Leitão, ex-prefeito (CPF 209.821.603-30) e Edinalva de
Nasaré da Luz, ex-tesoureira municipal (CPF 710.239.333-49); Ana Maria Dias (CPF 955.275.753-
34), Ilton Carlos Rodrigues Carvalho (CPF 375.420.603-68) e Aristônio Cavalcante da Luz, (CPF
868.480.893-20), ex-membros da CPL municipal; Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. (CNPJ
04.157.356/0001-94), D. P. Mendes - O Domingão (CNPJ 01.611.388/0001-20), T. M. de J. Chaves de
Sousa Comércio e Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha (CNPJ 04.839.979/0001-47),
Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria Chaves (CNPJ 10.426.609/0001-80), M. V. Pereira da
461

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Silva - Distribuidora Janifarma (CNPJ 04.220.187/0001-90) e Construtora Maryelle Ltda. (CNPJ


04.426.925/0001-50)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
7. Unidade Técnica: Secex/MA
8. Advogado constituído nos autos: Antonio Carlos de Oliveira Filho (OAB/MA 8007)

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada por força do
subitem 9.3.1 do Acórdão 3.918/2008 - 2ª Câmara (TC 004.021/2004-1), em razão de irregularidades
na aplicação dos recursos da União ocorridas na Prefeitura Municipal de Tufilândia/MA, entre os anos
de 2002 e 2004.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I; 12, § 3º; 16, inciso III, alíneas “b”, “c” e “d”, e §§ 2º e 3º; 19, caput;
23, inciso III; 28, inciso II; 46; 57; 58, inciso II; e 60 da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 202, § 6º; 209;
214, inciso III, alíneas “a” e “b”; 215; 216; 267; e 268, inciso II, do Regimento Interno, e ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas de Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz, Casa da
Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P. Mendes - O Domingão;
9.2. condenar os seguintes responsáveis, solidariamente, ao pagamento das quantias abaixo
discriminadas, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos respectivos cofres, acrescidas da correção
monetária e dos juros de mora calculados a partir das referidas datas até a do efetivo recolhimento, na
forma da legislação em vigor:
9.2.1. Alvino Rodrigues Leitão e Edinalva de Nasaré da Luz
Cofre: Fundo Nacional da Saúde - FNS
Data da ocorrência Valor (R$)
24/1/2002 1.035,00
1/3/2002 2.070,00
6/4/2002 2.070,00
16/8/2002 2.070,00
2/4/2002 8,00
5/4/2002 0,03
19/4/2002 60,80
26/4/2002 22,04
3/5/2002 8,00
10/5/2002 0,03
10/5/2002 5,00
17/5/2002 34,21
31/5/2002 15,20
4/6/2002 8,00
7/6/2002 0,03
21/6/2002 30,62
29/1/2004 0,35
29/1/2004 10,00
30/1/2004 3,00
5/2/2004 0,35
5/2/2004 10,00
462

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13/2/2004 3,00
15/3/2004 6,67
16/3/2004 0,35
16/3/2004 10,00
17/3/2004 6,67
18/3/2004 0,35
18/3/2004 10,00
12/4/2004 3,00
13/5/2004 6,75
4/5/2004 0,35
5/5/2004 6,75
6/5/2004 0,35
6/5/2004 10,00
6/5/2004 10,00
20/7/2004 15,00
30/7/2004 12,42
28/2/2004 96,18
31/3/2004 45,68
12/5/2004 46,64
9/6/2004 47,62
9/7/2004 49,91
30/6/2004 45,48
17/9/2004 55,63
20/10/2004 30,34
4/2/2003 613,40
4/2/2003 720,00
4/2/2003 10.230,50
3/3/2003 782,20
3/3/2003 585,50
8/4/2003 1.081,00
8/4/2003 258,40
2/5/2003 10.539,80
2/5/2003 758,00
2/5/2003 733,00
4/6/2003 1.060,50
9/6/2003 302,50
1/7/2003 949,00
11/7/2003 378,00
4/8/2003 799,00
4/8/2003 589,50
4/8/2003 10.335,80
3/9/2003 6.679,40
5/9/2003 657,00
5/9/2003 728,00
1/10/2003 2.599,00
1/10/2003 1.507,00
Cofre: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - Fundeb
463

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Data da ocorrência Valor (R$)


30/1/2004 6.990,00
26/2/2004 2.890,00
8/5/2002 8.060,00
8/8/2002 1.500,00
2/10/2002 1.700,00
13/5/2002 7.800,00
5/6/2002 7.947,00
10/11/2003 1.487,57
9/6/2003 1.568,00
5/9/2003 1.558,00
1/12/2003 594,00
2/5/2003 2.013,00
4/8/2003 1.783,80
3/11/2003 1.248,00
15/3/2002 31,02
6/5/2002 3,00
22/5/2002 0,35
10/2/2003 4,50
10/2/2003 3,00
30/5/2003 3,00
14/7/2003 0,35
12/12/2003 10,00
12/12/2003 0,35
31/12/2003 0,35
29/1/2004 3,00
2/2/2004 3,00
18/2/2004 3,00
30/7/2004 9,24
28/2/2004 61,72
31/3/2004 25,68
30/4/2004 59,93
9/6/2004 39,82
10/8/2004 33,25
17/9/2004 51,99
Cofre: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE
Data da ocorrência Valor (R$)
19/8/2002 4.266,60
6/3/2003 4.862,00
7/3/2003 4.862,00
28/3/2003 4.862,00
30/4/2003 4.862,00
30/6/2003 4.862,00
28/7/2003 4.862,00
2/8/2003 4.862,00
8/10/2003 4.862,00
26/11/2003 4.862,00
20/2/2004 4.862,00
464

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12/8/2004 5.023,00
27/11/2004 5.916,00
19/2/2003 3.000,00
26/8/2003 3.755,90
28/10/2003 4.862,00
8/10/2003 2.350,00
10/12/2003 2.350,00
26/11/2003 2.350,00
1/6/2004 4.812,00
30/3/2004 5.000,00
30/4/2004 5.400,00
10/11/2003 5.136,00
9.2.2. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz e Casa da Carne Búfalo Bill Ltda.
Cofre: Fundo Nacional da Saúde - FNS
Data da ocorrência Valor (R$)
20/2/2004 63.995,00
23/1/2004 65.114,00
28/4/2004 68.800,00
Cofre: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE
Data da ocorrência Valor (R$)
15/3/2004 13.206,00
8/7/2004 12.773,00
30/7/2004 6.500,00
20/9/2004 5.800,00
20/10/2004 2.475,00
19/11/2004 4.520,00
19/11/2004 4.250,00
8/12/2004 4.750,00
9.2.3. Alvino Rodrigues Leitão, Edinalva de Nasaré da Luz e D. P. Mendes – O Domingão
Cofre: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - Fundeb
Data da ocorrência Valor (R$)
30/4/2003 34.400,00
31/7/2003 25.900,00
25/8/2003 8.500,00
9.3. aplicar, individualmente, pelos fundamentos legais discriminados, aos responsáveis a seguir
arrolados multa nos respectivos valores, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das quantias aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo
recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
Responsável Valor (R$) Fundamento da Multa
Alvino Rodrigues Leitão 106.000,00
Edinalva de Nasaré da Luz 106.000,00 Art. 57 da Lei
Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. 50.000,00 8.443/1992.
D. P. Mendes - O Domingão 13.000,00
Alvino Rodrigues Leitão 20.000,00
Edinalva de Nasaré da Luz 20.000,00 Art. 58, inciso II, da
Aristônio Cavalcante da Luz 10.000,00 Lei 8.443/1992.
465

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ilton Carlos Rodrigues Carvalho 10.000,00


Ana Maria Dias 10.000,00
9.4. declarar as empresas Construtora Maryelle Ltda., T. M. de J. Chaves de Sousa Comércio e
Representações - Livraria e Papelaria Santa Teresinha, Teresinha Chaves de Sousa - ME - Livraria
Chaves, M. V. Pereira da Silva - Janifarma Distribuidora, Casa da Carne Búfalo Bill Ltda. e D. P.
Mendes - O Domingão inidôneas para participar de licitação na Administração Pública Federal, por 5
(cinco) anos;
9.5. declarar Alvino Rodrigues Leitão e Edinalva de Nasaré da Luz inabilitados para o exercício
de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, pelo
período de 5 (cinco) anos,;
9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.7. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado do Maranhão, à Controladoria-Geral da União e ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, para a adoção das medidas pertinentes, em decorrência das
condenações e sanções acima.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2726-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE IV – Plenário


TC 022.386/2013-0
Natureza: Tomada de Contas Especial
Responsáveis: Francisco Gilson Mendes Luiz (ex-prefeito); Município de Nazarezinho/PB; e
Vetor Premoldados Comércio Construções e Serviços Ltda. - ME
Unidade: Prefeitura Municipal de Nazarezinho/PB

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. MELHORIAS SANITÁRIAS


DOMICILIARES. INEXECUÇÃO DO OBJETO. PRESTAÇÃO DE CONTAS INIDÔNEA.
CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA O
EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. COBRANÇA
JUDICIAL DAS DÍVIDAS.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada em razão da não execução do objeto do
Convênio 1.145/2006, celebrado entre a Fundação Nacional de Saúde/Funasa e o município de
Nazarezinho/PB. O objeto do ajuste era a implementação de melhorias sanitárias domiciliares.
2. A unidade técnica fez um breve histórico dos fatos, que transcrevo a seguir (peça 37, p. 1):
“HISTÓRICO
2. Os recursos previstos para a implementação do objeto conveniado foram orçados incialmente
466

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em R$ 133.900,00, sendo posteriormente alterados mediante 1º Termo Aditivo para o valor total de R$
136.561,14, dos quais R$ 130.000,00 seriam repassados pelo concedente e R$ 6.561,14
corresponderiam à contrapartida, tendo sido liberado o valor parcial de R$ 104.000,00, por meio das
Ordens Bancárias 20060B912508 e 2007OB900532, respectivamente, emitidas, em 29/11/2006 e
16/1/2007, ambas no valor de R$ 52.000,00 (peças 1, pp. 53-63, 69 e 77, e 2, p. 115).
3. Em obediência a despacho do Exmo. Sr. Ministro-Relator (peça 24), foram procedidas as
citações a seguir, nos moldes propostos pela unidade técnica em instrução de peça 22:
a) Francisco Gilson Mendes Luiz e Vetor Premoldados Comércio, Construções e Serviços Ltda.,
pelo dano apurado nesta tomada de contas especial (Ofícios 538 e 539/2015-TCU/SECEX-PB, de
20/4/2015); e
b) Francisco Gilson Mendes Luiz e Município de Nazarezinho-PB pela não devolução do saldo
remanescente da conta específica do convênio (Ofícios 538 e 540/2015-TCU/SECEX-PB, de
20/4/2015.”
3. Feitas as citações, apenas o município se manifestou. A unidade técnica propôs a
irregularidade das contas dos demais responsáveis por meio da instrução de peça 37, parcialmente
transcrita a seguir:
“EXAME TÉCNICO
6. O município de Nazarezinho encaminhou documentação composta de extratos bancários da
conta corrente e fundo de investimento e Guia de Recolhimento da União com devolução do valor de
R$ 10.680,58.
7. Examinando a documentação acostada, constata-se que a devolução deu-se em 13/5/2015, e
o valor correspondeu ao saldo existente no fundo de investimento do município, naquela data (peça
35, p. 7-9).
8. Atualizando o montante para a data em que se deu o recolhimento (13/5/2015),
corresponderia a R$ 10.930,37 (peça 36), logo, a devolução ficou a menor em R$ 249,79. Neste caso,
ante o valor irrisório, pode se aplicar o princípio da bagatela e/ou insignificância, segundo o qual
fugiria ao interesse público a apreciação, pela autoridade, de questões de ínfima importância. Sendo
assim, poderão ser julgadas regulares com ressalva as contas do município de Nazarezinho/PB, nos
termos do art. 12, § 2º, c/c o art. 16, inciso II, da Lei 8.443/92, já que não há que se falar em má-fé do
ente público, dando-lhe quitação. No que se refere ao Sr. Francisco Gilson Mendes Luiz, responsável
solidário na dívida recolhida, não há como dar o mesmo tratamento, já que foi observada outra
irregularidade nas presentes contas, também nos termos do art. 12, § 2º, da Lei 8.443/92.
9. Os demais responsáveis não se manifestaram nos autos, permanecendo silentes até a presente
data.
10. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os aludidos responsáveis,
impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
(...)
13. Ao não apresentar sua defesa, os responsáveis deixaram de produzir prova da regular
aplicação dos recursos sob suas responsabilidades, em afronta às normas que impõem aos gestores
públicos a obrigação legal de, sempre que demandados pelos órgãos de controle, apresentar os
documentos que demonstrem a correta utilização das verbas públicas, a exemplo do contido no art. 93
do Decreto-Lei 200/67: ‘Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular
emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas
competentes.’
14. Configurada sua revelia frente à citação deste Tribunal e inexistindo comprovação da boa e
regular aplicação dos recursos transferidos, não resta alternativa senão dar seguimento ao processo,
proferindo julgamento sobre os elementos até aqui presentes, que conduzem à irregularidade de suas
contas.
467

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, conforme
determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, em se tratando de processo em que a
parte interessada não se manifestou acerca das irregularidades imputadas, não há elementos para que
se possa efetivamente reconhecê-la.
16. Diante das revelias do Sr. Francisco Gilson Mendes Luiz e da empresa Vetor Premoldados
Comércio, Construções e Serviços Ltda. e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela
ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, poderá este
Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito pela irregularidade das contas, nos termos do §
6º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, bem como imputar o débito e aplicar a multa prevista no
art. 57 da Lei 8.443/92 (Acórdãos TCU 2.064/2011, 2.141/2014 e 4.448/2014, todos da 1ª Câmara, e
4.307/2014, da 2ª Câmara).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
17. Diante do exposto, considerando o recolhimento pelo município de Nazarezinho/PB do saldo
remanescente do convênio, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
17.1 com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 18 e 23,
inciso II, da mesma Lei, que sejam julgadas regulares com ressalva as contas do município de
Nazarezinho/PB (CNPJ 08.999.708/0001-0), dando-lhe quitação;
17.2 com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘c’, da Lei 8.443/1992 c/c os
arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, 210 e 214, inciso III,
do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas do Sr. Francisco Gilson Mendes Luiz
(CPF 437.058.804-97), ex-prefeito do município de Nazarezinho/PB, condenando-o, solidariamente
com a empresa Vetor Premoldados Comércio, Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 05.828.370/0001-
35) ao pagamento das importâncias discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos
juros de mora, calculados a partir das datas indicadas até a do efetivo recolhimento do débito,
abatendo-se, na oportunidade, eventual ressarcimento, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias para
que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres da Fundação
Nacional de Saúde, nos termos do art. 23, inciso III, alínea ‘a’, da citada Lei, c/c o art. 214, inciso III,
alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU:

Valor Histórico (R$) Data de ocorrência


20.000,00 4/7/2007
32.000,00 24/8/2007
20.000,00 21/12/2007
15.000,00 8/2/2008
17.000,00 12/9/2008
17.3 aplicar, individualmente, ao Sr. Francisco Gilson Mendes Luiz e à empresa Vetor
Premoldados Comércio, Construções e Serviços Ltda., a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/92, c/c
o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para
que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o
recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data
do acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na
forma da legislação em vigor;
17.4 com fulcro no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, seja autorizada, desde logo, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
17.5 autorizar, desde logo, caso requerido, o pagamento das dívidas em até trinta e seis
parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento
Interno, fixando o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovação
perante o Tribunal do recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela
anterior, para comprovação dos recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor
468

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mensal, atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em


vigor; e
17.6 encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, acompanhada do relatório e
voto que a fundamentarem, à Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do art.
209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis.”
4. Os dirigentes da unidade técnica e o representante do Ministério Público manifestaram
concordância com a proposta.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada em razão da não execução do objeto do


Convênio 1.145/2006, celebrado entre a Fundação Nacional de Saúde/Funasa e o município de
Nazarezinho/PB. O objeto do ajuste era a implementação de melhorias sanitárias domiciliares, no valor
total de R$ 136.561,14, sendo R$ 130.000,00 a cargo do concedente. Do total previsto no ajuste, foram
liberados R$ 104.000,00.
2. Regularmente citados, o ex-prefeito e a empresa contratada não compareceram aos autos nem
recolheram o débito, configurando-se sua revelia. Já o município, citado em razão da não devolução do
saldo do convênio, encaminhou documentação composta de extratos bancários da conta corrente e
fundo de investimento e Guia de Recolhimento da União com devolução do valor de R$ 10.680,58.
3. A unidade técnica, em pareceres convergentes, e com a concordância do Ministério Público,
propõe a irregularidade das contas do ex-prefeito, condenando-o, em solidariedade com a empresa
contratada, ao pagamento do débito, com aplicação de multa proporcional. Em relação à
municipalidade, diante do baixo valor do resíduo não recolhido, propõe a regularidade com ressalva.
4. Acolho os pareceres, sem prejuízo das seguintes considerações.
5. Com efeito, a execução do objeto do convênio sequer foi iniciada, conforme atestou o órgão
concedente em duas oportunidades, por meio de vistorias in loco. No “Relatório de Acompanhamento
de Obras”, de 22/6/2007, o técnico responsável assinalou (peça 1, p. 269):
“Em visita técnica realizada ao município de Nazarezinho/PB, para acompanhamento físico do
Convênio 1.145/06, no período de 18 a 22/06/07, constatamos in loco que a construção dos módulos
sanitários previstos no convênio supracitado não havia sido iniciada. Em contato com o gestor
municipal, ele nos informou que a obra já havia sido licitada, e que estava aguardando a ordem de
serviço para dar início aos trabalhos.”
6. Em set/2008, a Funasa esteve novamente no município, ocasião em que, mais uma vez,
verificou que nada havia sido feito (peça 1, p. 319). Notificado (peça 1, p. 323), o responsável não se
pronunciou. Ato contínuo, a TCE foi instaurada (peça 1, p. 3).
7. No âmbito desta Corte, como já mencionei, o ex-prefeito e a empresa contratada se
mantiveram silentes. As suas contas devem, evidentemente, ser julgadas irregulares, com a condenação
dos responsáveis em débito, na forma proposta pela unidade técnica, com a aplicação de multa
proporcional, que fixo em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
8. Mas acredito que a reprimenda deva ser maior. É que o ex-prefeito encaminhou, em
31/8/2007, prestação de contas parcial do convênio, no valor de R$ 52.000,00 (peça 1, pp. 215/261).
Só que as obras nem chegaram a ser iniciadas, conforme atestou a Funasa após vistoria in loco
realizada em setembro de 2008. Portanto, o responsável apresentou documentação inidônea, a título de
prestação de contas, na tentativa de induzir em erro os órgãos de controle.
9. A conduta deve ser considerada grave. Dessa forma, proponho que o ex-prefeito seja
inabilitado pelo período de 5 (cinco) anos para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança no âmbito da Administração Pública Federal, com base no disposto no art. 60 da Lei
8.443/92.
469

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. A última observação. Em uma primeira aproximação, a quantia devolvida pela prefeitura, no
valor de R$ 10.680,58, deveria ser abatida do débito imputado aos responsáveis. Ocorre que, como a
empresa foi condenada em solidariedade com o ex-prefeito, as datas consideradas para efeito de
condenação foram as relativas aos pagamentos à construtora (entre JUL/2007 e SET/2008). Por outro
lado, os recursos foram transferidos ao município em NOV/2006 e JAN/2007. Então, presume-se que,
nesse interregno, ou seja, até o pagamento à contratada, os recursos foram mantidos em aplicação
financeira. Feitas as transferências à empresa, restou um valor que, mantido em fundo de investimento
até MAI/2015, resultou no saldo restituído pelo município.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2727/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.386/2013-0
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis: Francisco Gilson Mendes Luiz (ex-prefeito, CPF 437.058.804-97); Município
de Nazarezinho/PB (CNPJ 08.999.708/0001-0); e Vetor Premoldados Comércio Construções e
Serviços Ltda. - ME (CNPJ 05.828.370/0001-35)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Nazarezinho/ PB
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva
7. Unidade Técnica: Secex/PB
8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em razão da
não execução do objeto do Convênio 1.145/2006, celebrado entre a Fundação Nacional de
Saúde/Funasa e o município de Nazarezinho/PB, cujo objeto era a execução de melhorias sanitárias
domiciliares.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, incisos II e III, alíneas “c” e “d”, 19, 23, inciso III, 28, inciso II,
57 e 60 da Lei 8.443/92, c/c os arts. 209, 210 e 214, inciso III, alínea “a”, e 267 do Regimento Interno,
em

9.1 julgar regulares com ressalva as contas do Município de Nazarezinho/PB, dando-lhe


quitação;
9.2 julgar irregulares as contas de Francisco Gilson Mendes Luiz e da empresa Vetor
Premoldados Comércio, Construções e Serviços Ltda., condenando-os, solidariamente, ao pagamento
das importâncias discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora,
calculados a partir das datas indicadas até a do efetivo recolhimento do débito, fixando-lhes o prazo de
15 (quinze) dias para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos
cofres da Fundação Nacional de Saúde:

Valor Histórico (R$) Data de ocorrência


20.000,00 4/7/2007
32.000,00 24/8/2007
20.000,00 21/12/2007
15.000,00 8/2/2008
470

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17.000,00 12/9/2008
9.3 aplicar, individualmente, a Francisco Gilson Mendes Luiz e à empresa Vetor Premoldados
Comércio, Construções e Serviços Ltda. multa no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) , com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o
recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data
deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação
em vigor;
9.4 declarar Francisco Gilson Mendes Luiz inabilitado para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, pelo período de 5 (cinco) anos;
9.5 autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações; e
9.6 encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e voto que a fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado da Paraíba, para adoção das medidas que entender cabíveis.
10. Ata n° 43/2015 – Plenário.
11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2727-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE I - Plenário


TC 023.724/2015-3
Natureza: Embargos de Declaração (em Representação)
Embargante: Infotec Consultoria e Planejamento Ltda.
Unidade: Petróleo Brasileiro S/A

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REPRESENTAÇÃO. NÃO


CONHECIMENTO. ACÓRDÃO 2.471/2015 - PLENÁRIO. PEDIDO DE INGRESSO DA
REPRESENTANTE COMO INTERESSADA NOS AUTOS. INDEFERIMENTO. EMBARGOS
PREJUDICADOS.

RELATÓRIO

Em exame embargos de declaração opostos por Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. (peça
45) ao Acórdão 2.471/2015 - Plenário, prolatado com o seguinte teor:
“Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao
processo a seguir relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992; nos arts. 143,
inciso III, 146, §§ 1º e 2º, e 237, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU; e nos arts. 6º e 2º, § 2º,
da Resolução TCU 36/1995, ACORDAM em não conhecer da representação, por não atender aos
requisitos de admissibilidade, arquivando-a e dando ciência à representante, à empresa Stefanini
Consultoria e Assessoria em Informática S/A (58.069.360/0001-20) e à Petróleo Brasileiro S/A, com o
envio de cópia da respectiva instrução, conforme os pareceres emitidos nos autos.”
3. Os autos tratam de representação, com pedido de medida cautelar, formulada pela empresa
Infotec Consultoria e Planejamento Ltda., a respeito de possíveis irregularidades ocorridas no Convite
RNNE 1733037.15.8, objetivando a contratação de empresa para prestação de serviços suplementares
471

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de apoio administrativo, gestão e suporte operacional, no âmbito de atuação da Regional Norte-


Nordeste dos Serviços Compartilhados da Petrobras, nos estados do Amazonas e Pará.
4. Segundo a representante, a proposta vencedora, oferecida pela Stefanini Consultoria e
Assessoria em Informática Ltda., conteria preço inexequível, por ter considerado indevidamente a
desoneração tributária instituída pela Lei 12.546/2011.
5. Após a análise das informações trazidas pelas oitivas prévias feitas junto à Petrobras e à
empresa Stefanini, a Secex/BA concluiu que não restou devidamente caracterizado prejuízo ao erário
ou lesão ao patrimônio público para justificar a atuação do TCU, motivo pelo qual propôs não
conhecer da presente representação, sendo, pois, prolatado o acórdão que ora se intenta embargar.
6. Nesta oportunidade, a Infotec Consultoria e Planejamento Ltda., em síntese (peça 45), pleiteia
o seguinte:
“A embargante/representante requereu sua habilitação como interessada no processo, item 17
dos autos. Ocorre que tal pleito jamais foi analisado pela autoridade competente. Urge consignar que
o interesse da ora embargante é latente, vez que foi a representante junto a esta Corte de Contas, bem
como pelo fato de ter participado do certame licitatório em voga. Desta feita, até mesmo para evitar
futuros entraves processuais por falta de interesse recursal, resta imperioso integrar a decisão aqui
atacada manifestando-se sobre a habilitação como interessada no processo feita pela
representante/embargante. Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência o conhecimento e o
provimento dos embargos de declaração opostos nesta oportunidade, com vistas a suprir a omissão
apontada sobre o pedido de habilitação como interessada feita pela ora embargante.”

É o relatório.

VOTO

Em exame embargos de declaração opostos por Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. (peça
45) ao Acórdão 2.471/2015 - Plenário, que decidiu não conhecer da representação de sua autoria, por
não atender aos requisitos de admissibilidade, uma vez que não restou devidamente caracterizado, nos
autos, prejuízo ao erário ou lesão ao patrimônio público para justificar a atuação do TCU.
2. A representação, com pedido de medida cautelar, formulada pela empresa ora embargante
referia-se a possíveis irregularidades ocorridas no Convite RNNE 1733037.15.8, objetivando a
contratação de empresa para prestação de serviços suplementares de apoio administrativo, gestão e
suporte operacional, no âmbito de atuação da Regional Norte-Nordeste dos Serviços Compartilhados
da Petrobras, nos estados do Amazonas e Pará.
3. A embargante argumenta que seu pedido de ingresso como interessada nos autos não foi
apreciado.
4. Assim sendo, reiterando tal demanda, sob a alegação de que seu interesse é latente, uma vez
que foi a representante e participou do mencionado certame, solicita o “conhecimento e o provimento
dos embargos de declaração, opostos nesta oportunidade, com vistas a suprir a omissão apontada,
sobre o pedido de habilitação como interessada”.
5. De fato, houve um equívoco. No despacho de autorização do pedido de vista e cópia (peça
13) apresentado pela Infotec Consultoria e Planejamento Ltda., foi registrado o seguinte: “Observo
que, em que pese o requerimento de peça 12 solicitar cópia integral, e conforme conversa com a
citada advogada, serão entregues apenas as peças apresentadas pela representante, haja vista haver
necessidade de sua habilitação como interessada no processo.” No entanto, os autos não vieram ao
meu gabinete para apreciação de tal pedido.
6. Também verifico que a parte dispositiva do acórdão, no item 1.6, contém erro material, pois a
advogada Annelise Cristhina Dias Costa (OAB/DF 44.170) consta como representante da empresa
472

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática S/A, quando, na verdade, ela é uma das causídicas
da Infotec.
7. Tais falhas formais, contudo, em nada afetaram a cognição de mérito formada nos autos.
8. De início, enfatizo que os embargos de declaração não se prestam, em regra, à alteração do
mérito da decisão embargada, eis que sua finalidade é aclarar ou corrigir obscuridade, omissão ou
contradição existente na fundamentação do julgamento, em conformidade com o que prescreve o art.
34, caput, da Lei 8.443/1992.
9. Não obstante, não há óbices para que se examine, nesta oportunidade, o pedido da
representante de ingresso nos autos como interessada, que consta na peça 16.
10. Prontamente, observo que, nem nessa solicitação, tampouco nos seus argumentos ora
expostos, a representante não logrou demonstrar, de forma clara e objetiva, razão legítima para intervir
no processo. Portanto, os requisitos estabelecidos no § 1º art. 146 do Regimento Interno do Tribunal
não estão satisfeitos, devendo ser indeferido o pleito da empresa, com fundamento no § 2º desse
dispositivo regimental.
11. Com efeito, lembro que é pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que
representantes e denunciantes não são considerados como interessados nos respectivos processos de
forma automática, devendo, para tanto, solicitar ingresso nos autos, demonstrando cabalmente razão
legítima para neles intervir. Seguem essa linha, entre outros, os Acórdãos 773/2004, 2.323/2006,
1.855/2007, 820/2008, 1.218/2008, 1.568/2015 e 2008/2015, todos do Plenário.
12. Sobre isso, o emérito Ministro Valmir Campelo, no voto condutor do Acórdão 820/2008 -
Plenário, de forma objetiva e didática, assim tratou da matéria:
“Ao apresentar uma representação ou ao fazer uma denúncia, provoca-se a ação fiscalizatória
do Tribunal de Contas, que assume o andamento do processo, adotando as medidas necessárias à
apuração do que foi noticiado. Assim, inexiste para o denunciante, assim como para o representante,
a prerrogativa de comparecer aos autos com fins de defender os seus interesses. O interesse que está a
ser defendido é o interesse público, com o cumprimento de normas legais e de princípios norteadores
da conduta dos gestores públicos.”
13. Esclareço ainda que o atraso na decisão sobre a habilitação da representante em nada
prejudicou o saneamento dos autos, ainda mais por ser ela denegatória.
14. Por último, como a embargante objetiva apenas e exatamente que se delibere sobre sua
habilitação como interessada, condição que lhe é negada nesta oportunidade, sugiro que os embargos
de declaração sejam considerados prejudicados.
Ante o exposto, voto no sentido de que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado

ACÓRDÃO Nº 2728/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 023.724/2015-3
2. Grupo II - Classe I - Embargos de Declaração (em Representação)
3. Embargante: Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. (CNPJ 29.884.632/0001-4)
4. Unidade: Petróleo Brasileiro S.A.
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin (manifestação
oral)
7. Unidade Técnica: não atuou
8. Advogados constituídos nos autos: Mariana Araújo Becker (OAB/DF 14.675), Luis Eduardo
Oliveira Alejarra (OAB/DF 39.534), Annelise Cristhina Dias Costa (OAB/DF 44.170) e Rogério
Vinhaes Assumpção (OAB/RJ 59.400)
473

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam, nesta fase, de embargos de declaração
opostos pela empresa Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. ao Acórdão 2.471/2015 - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento com nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992;
146, §§ 1 e 2º, e 287 do Regimento Interno do Tribunal; e no Enunciado 145 da Súmula da
Jurisprudência desta Corte, em:
9.1. indeferir o pedido da empresa Infotec Consultoria e Planejamento Ltda. de ingresso como
interessada nos autos;
9.2. considerar, em consequência, prejudicados os presentes embargos de declaração, uma vez
que têm por objeto unicamente provocar a deliberação sobre a habilitação da embargante como
interessada;
9.3. retificar, por inexatidão material, o Acórdão 2.471/2015 - Plenário, relativamente ao subitem
1.6, para que ele passe a constar com o seguinte teor: “Representação legal: Mariana Araújo Becker
(OAB/DF 14.675), Luis Eduardo Oliveira Alejarra (OAB/DF 39.534), Lilian de Argollo Bramont
(CPF 421.817.715-53), Annelise Cristhina Dias Costa (OAB/DF 44.170) e Rogério Vinhaes
Assumpção (OAB/RJ 59.400)”;
9.4. notificar a embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2728-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário


TC 032.311/2013-3
Natureza: Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)
Recorrente: Francisco Airton Felix, ex-diretor presidente da Oscip Tercon Brasil
Unidade: Oscip Tercon Brasil
SUMÁRIO: RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL.
CONVÊNIO COM OSCIP. IMPUGNAÇÃO TOTAL DAS DESPESAS. REVELIA DE DOIS
GESTORES E DA OSCIP. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA
O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. SOLICITAÇÃO
PARA ARRESTO DE BENS. RAZÕES RECURSAIS INSUFICIENTES PARA ALTERAR O
MÉRITO. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução da Secretaria de Recursos (Serur), à peça 69, que foi acolhida
pelos dirigentes da unidade técnica (peças 70 e 71) e pelo Ministério Público junto ao TCU (peça 72):
“INTRODUÇÃO
Trata-se de recurso de reconsideração interposto por Francisco Airton Felix, ex-diretor
474

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

presidente da Oscip Tercon Brasil (peça 43), contra o Acórdão 2.778/2014 - Plenário (peça 33),
transcrito na íntegra abaixo, com destaque para os itens alcançados pelo efeito suspensivo do
recurso:
‘9.1. declarar revéis Cássio Ramon Pereira Fontes e Jorge José Durval e a empresa Oscip Tercon
Brasil, com fundamento no art. 12, § 3º, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, e no art. 202, § 8º, do Regimento
Interno do TCU (RITCU);
9.2. acolher parcialmente as alegações de defesa apresentadas por Francisco Airton Félix;
9.3. julgar irregulares as contas de Cassio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Felix e Jorge José
Durval, bem como da Oscip Tercon Brasil, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alíneas ‘b’ e
‘c’, da Lei nº 8.443, de 1992, para condená-los, solidariamente, na forma a seguir especificada, ao pagamento
das quantias a seguir apresentadas, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora, calculados
desde as datas indicadas até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, fixando-lhes o prazo de
15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal, o recolhimento da
referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea ‘a’, da Lei nº 8.443,
de 1992, atualizada monetariamente, na forma da legislação em vigor;
9.3.1. responsáveis solidários: Cássio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Félix, Jorge José Durval
e Oscip Tercon Brasil:
Data Valor
26/11/2010 R$ 350.000,00
9.3.2. responsáveis solidários: Cássio Ramon Pereira Fontes, Jorge José Durval e Oscip Tercon Brasil:
Data Valor
8/7/2011 R$ 350.000,00
9.4. aplicar, individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de
R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), a Cássio Ramon Pereira Fontes e Jorge José Durval, bem como à Oscip
Tercon Brasil, e, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a Francisco Airton Félix, fixando-lhes o prazo de
15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da referida
quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas a que se refere este Acórdão, caso não
atendidas as notificações, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992;
9.6. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, c/c o art. 217 do
Regimento Interno do TCU, o parcelamento das dívidas constante deste Acórdão em até 36 (trinta e seis)
parcelas, atualizadas monetariamente até a data do pagamento, esclarecendo aos responsáveis que a falta de
pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º, do
RITCU), sem prejuízo das demais medidas legais;
9.7. considerar grave a infração cometida e, com fundamento no art. 60 da Lei nº 8.443, de 1992,
inabilitar os Srs. Cassio Ramon Pereira Fontes, Francisco Airton Felix e Jorge José Durval para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da administração pública federal, pelo período de 8
(oito) anos;
9.8. solicitar à Advocacia-Geral da União, por intermédio do Ministério Público junto ao Tribunal de
Contas da União, as medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis julgados em débito, nos termos
do art. 61 da Lei nº 8.443, de 1992, caso não haja, dentro do prazo estabelecido, o recolhimento do débito;
9.9. determinar ao Ministério do Turismo que conclua, se a ainda não o fez, a tomada de contas especial
relativa à omissão no dever de prestar contas dos recursos do Convênio Siafi/Siconv nº 723.876/2009,
celebrado com a Oscip Tercon Brasil, que tinha por objeto a qualificação na cadeia produtiva do turismo nos
municípios no estado da Bahia, encaminhando-a ao TCU, via controle interno, no prazo de até 60 (sessenta)
dias;
9.10. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do relatório e da proposta de deliberação que o
fundamenta:
9.10.1 à Procuradoria da República no Estado do Ceará, com fundamento no § 3º, do art. 16, da Lei nº
8.443, de 1992, e no § 7º, do art. 209, do RITCU, para o ajuizamento das ações civis e penais cabíveis,
inclusive, diante da possível prática de crime de falsidade ideológica por parte de Cássio Ramon Pereira
Fontes, que subscreveu o termo do Convênio nº 744.042/2010 na data de 5/8/2010 (Peça nº 1, fls. 93/129),
quando não mais presidia a entidade convenente – Oscip Tercon Brasil (Peça nº 22, fls. 37/42);
475

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.10.2. ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para as providências cabíveis em relação


ao item 9.7 deste Acórdão;
9.11. juntar cópia deste Acórdão, bem como do relatório e da proposta de deliberação que o fundamenta,
aos autos do TC 018.254/2013-6, do TC 019.649/2013-4 e do TC 012.420/2014-0, em trâmite nesta Corte de
Contas.’
HISTÓRICO
2. Esta tomada de contas especial foi instaurada pelo Ministério do Turismo – MTur em
desfavor da Oscip Tercon Brasil e de Cássio Ramon Pereira Fontes, diretor presidente da entidade,
em razão da impugnação total das despesas atinentes ao Convênio CV nº 1362/2010, Siconv
744042/2010, celebrado em 5/8/2010 (peça 1, pp. 93-129), destinado ao incentivo ao turismo, por
meio da implementação do Projeto intitulado ‘Realização de Cursos de Qualificação para a Cadeia
Produtiva do Turismo no Ceará’.
3. Para a consecução do convênio, foi previsto o aporte de R$ 1.119.000,00, cabendo
R$ 1.000.000,00 aos cofres federais e R$ 119.000,00 ao convenente, a título de contrapartida.
4. Do total previsto para o ajuste, o MTur repassou apenas duas parcelas de R$ 350.000,00, em
4/5 e 8/7/2011, tendo retido o repasse dos valores restantes (R$ 300.000,00), em virtude da não
apresentação da prestação de contas da 2ª parcela.
5. Anote-se que a prestação de contas da 1ª parcela, embora inicialmente aprovada pelo órgão
repassador, foi posteriormente impugnada, em face das irregularidades apuradas pelo grupo de
trabalho instituído pelo MTur para avaliar a execução de convênios, contratos de repasse e termos de
parceria celebrados com entidades privadas sem fins lucrativos.
6. As aludidas irregularidades podem ser sintetizadas pelos seguintes achados:
- pendências da convenente com relação à prestação de contas de convênios anteriores;
- relatório parcial sem informação acerca das etapas cumpridas, dos profissionais capacitados e dos
objetivos alcançados;
- não comprovação do processo seletivo, apoiado em critérios de qualificação técnico-profissional, para
a contratação de pessoas físicas;
- inexistência da relação de presença, acompanhamento e de desempenho dos capacitados;
- não inserção dos orçamentos e propostas de preços no Siconv;
- não comprovação da execução física da 2ª parcela liberada;
- divergências nas informações apresentadas pela Oscip quanto à contratação de pessoas físicas,
consubstanciadas na identificação de termos de contratos de trabalho remunerado e de termos de adesão ao
serviço voluntário, assinados na mesma data, pelas mesmas pessoas; e
- não inserção dos relatórios de execução das parcelas liberadas no Sistema de Convênios e Contratos
de Repasse do Governo Federal (Siconv).
7. Essas irregularidades estão relacionadas com a atuação de três diferentes gestores, que
foram presidentes da entidade em momentos distintos.
8. Cássio Ramon Pereira Fontes (3/2/2009 a 15/4/2010) foi o responsável pela celebração do
ajuste, ocorrido em 5/8/2010, e pela apresentação da prestação de contas da 1ª parcela, ocorrida em
4/5/2011, já depois do término formal de sua gestão como presidente da entidade.
9. Por sua vez, durante a gestão de Francisco Airton Félix (15/4/2010 a 2/1/2011), ocorreu o
repasse da 1ª parcela (23/11/2010). Por fim, durante a gestão de Jorge José Durval (a partir de
4/1/2011), ocorreu a transferência da 2ª parcela.
10. Com base nessas informações e diante das aludidas irregularidades, o TCU promoveu a
citação solidária da Oscip Tercon Brasil e dos três responsáveis, para que se manifestassem,
especificamente, sobre o débito ‘decorrente do prejuízo ao erário oriundo da não comprovação da
boa e regular aplicação dos recursos repassados por meio do convênio CV 1362/2010’.
11. Embora regularmente citados, apenas Francisco Airton Félix apresentou defesa.
12. Como consta do relatório, os pareceres acostados aos autos sugeriram a irregularidade das
contas e a condenação em débito dos responsáveis, divergindo, entre si, especialmente, quanto à
extensão do dano e à responsabilização pelo débito.
476

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. O Relator a quo acolheu, em seu voto, os pareceres precedentes e os acréscimos sugeridos
pelo MP/TCU, sendo proferido o Acórdão 2.778/2014 - Plenário (peça 33).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
14. O Ministro-Relator José Múcio admitiu o recurso (peça 50), atribuindo efeito suspensivo aos
itens 9.3, 9.3.1, 9.4, 9.5 e 9.7 do Acórdão 2.778/2014 - Plenário (peças 44 e 45).
EXAME TÉCNICO
15. Constitui objeto do recurso definir se:
(a) houve a comprovação da regular aplicação dos recursos do convênio (1ª parcela);
(b) há legitimidade passiva do recorrente.
16. O recorrente sustenta que:
(a) o acórdão recorrido reconheceu que houve aprovação das contas da primeira parcela, mas
responsabilizou o recorrente pela ausência no relatório parcial de informação acerca das etapas
cumpridas, profissionais capacitados e objetivos alcançados e outras irregularidades verificadas no
julgamento do TCU (peça 43, p. 5);
(b) ‘de acordo com o disposto no artigo 50 da Portaria Interministerial MPOG/MF/CGU nº
127. de 29 de maio de 2008, ao tratar dos pagamentos dos Convênios, está expresso que só ocorrerá a
liberação da segunda parcela após a aprovação pelo concedente do relatório de comprovação de
aplicação dos recursos da primeira parcela’. No mesmo sentido é a cláusula sexta do termo de
convênio, em que a liberação da segunda parcela do convênio está condicionada à comprovação e
prestação de contas da regular utilização dos recursos da primeira parcela. ‘Sendo assim, no presente
caso, se houve a liberação da segunda parcela em 07/2011 é porque a aplicação dos recursos da
primeira parcela liberada em 11/2010 já havia sido aprovada pelo Concedente, o que, por si só, já
exclui qualquer responsabilidade do recorrente quanto à suposta alegação da malversação do recurso
da segunda parcela, quando já estava desligado da Oscip’ (peça 43, pp. 9/10);
(c) ‘recebera a visita de fiscais do Concedente que vistoriaram a execução do Projeto e não
encontraram qualquer irregularidade, tanto é que não fora emitida qualquer notificação para
adequação ou correção das atividades’ e ‘segundo consta na Cláusula Terceira do Convênio, é
obrigação do Parceiro Público suspender a liberação dos recursos quando constatada qualquer
irregularidade seja ela técnica ou decorrente do uso dos recursos’ (peça 43, p. 11);
(d) ‘Assim, se não houve a emissão de qualquer comunicado para a Oscip durante o período de
gestão do recorrente, muito menos a suspensão da liberação dos recursos, já que a segunda parcela
fora liberada em 07/2011, comprova-se a total regularidade da gestão do recorrente. Por fim, atenta-
se para o fato de que houve a suspensão da liberação da terceira parcela vez que foram encontradas
supostas irregularidades quanto à utilização da parcela anterior, a segunda, que só fora liberada 7
(sete) meses após a saída do recorrente da Oscip. Dessa maneira, inconteste que as irregularidades
apontadas nesta Tomada de Contas não são de responsabilidade do recorrente’ (peça 43, p.12);
(e) cumpriu sua obrigação, na qualidade de presidente da Oscip, ao registrar no SICONV toda
a movimentação e uso dos recursos do convênio, bem como manteve a regularidade de seu
cadastramento junto ao SICONV, de acordo com a cláusula terceira, item II, alíneas ‘h’, ‘n’, ‘o’ e ‘p’,
do termo de convênio. Juntaram-se aos autos, os documentos extraídos do site do SICONV, com todas
as notas fiscais, recibos e a relação dos contratos firmados no período de sua gestão (peça 43, pp.
7/8);
(f) ‘A prestação de contas relativa à primeira parcela englobou o período compreendido desde
sua liberação, 23/11/2010 até a entrega do relatório parcial, que ocorrera em 04/05/2011. Não há
dúvidas de que o relatório apresentado é muito mais condizente com o período da gestão do sucessor
do recorrente do que com o de sua própria gestão, uma vez que estava exercendo o cargo de
Presidente praticamente apenas durante o mês 12/2010’. Reforça que tal relatório foi inegavelmente
aprovado pelo convenente (peça 43, p. 8);
(g) ‘No próprio julgamento proferido, há dúvidas quanto à existência ou não de prejuízo ao
erário em relação à lª parcela dos recursos. Ocorre que o entendimento do Relator foi no sentido de
477

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

que houve sim dano ao erário também em relação à primeira parcela, embasando-se no Parecer de
Avaliação de Regularidade 2/2012’. Destaca que este parecer foi emitido em 01/2012, muito tempo
após o afastamento do recorrente da Oscip. ‘Ou seja, eventuais falhas ou distorções apontadas em
relatório não poderiam por ele ser sanadas. Há de ser levado em consideração que, em relação ao
período que esteve na gestão deste Convênio (praticamente apenas 12/2010), já havia um parecer do
próprio concedente aprovando as contas e o relatório parcial apresentado’ (peça 43, p. 13).
(h) ‘no julgamento proferido, houve divergência quanto à extensão do dano e à
responsabilização pelo débito, uma vez que o parecer da unidade instrutiva entendeu que havia débito
apenas em relação à segunda parcela liberada, o que restringiria a responsabilidade do ora
recorrente apenas à aplicação de multa legal’ (peça 43, p. 5);
(i) a falha apontada no Parecer de Avaliação de Regularidade 2/2012 é inerente a dados
conclusivos da primeira etapa do Projeto (referências sobre etapas cumpridas, relação de
desempenho dos capacitados, listas de presença), que obviamente ainda não estavam disponíveis
durante a gestão do recorrente, pois foi disponibilizado somente em 04/2011, momento em que já não
ocupava o cargo de presidente da Oscip (peça 43, p. 14);
(j) a ausência destas informações não pode ser considerada falha grave, nem mesmo servir de
fundamento para dano ao erário, pois, caso contrário, seria obrigação do concedente informar à
Oscip para regularizá-las e somente liberar a segunda parcela após sua retificação. ‘Portanto, já que
assim não fora feito, sendo aprovado o relatório parcial apresentado, sem qualquer restrição ou
apontamento, inclusive com a posterior liberação dos recursos da segunda parcela, há de se concluir
pela não importância da falta destas informações, as quais, frise-se, não eram de competência do
recorrente, já que ele se afastara bem antes da conclusão da primeira etapa’ (peça 43, p. 15)
(k) ‘o Relator embasa seu convencimento quanto à existência de prejuízo referente à primeira
parcela na inconsistência relacionada aos contratos de trabalho e aos termos de adesão ao serviço
voluntário assinados pelas mesmas pessoas físicas e na mesma data. Contudo, não há qualquer
explicação nos autos de como tal inconsistência poderia ocasionar prejuízo ao erário ou significar
qualquer irregularidade por parte do gestor da Oscip Tercon Brasil. Cumpre mencionar que houve a
formalização destes dois modelos de contratação, pois à época, havia uma discussão jurídica se as
Oscip, no desenvolver de atividades decorrentes de convênios públicos e termos de parceria,
deveriam, obrigatoriamente, se submeterem ao disposto na Lei de Voluntariado. Com o intuito de
evitar irregularidades, formalizaram-se os dois modelos de contratação para questionamento junto ao
ente concedente, o qual, posteriormente, orientou pela utilização do contrato de trabalho. Tanto é que
se a existência desses dois modelos de contratação indicasse alguma irregularidade, a Oscip Tercon
Brasil não os submeteria ao órgão concedente, nem muito mesmo os tornaria público por meio do
Siconv’ (peça 43, pp. 15/16);
(l) ‘Outra justificativa para embasar a condenação do ora recorrente foi a constatação de que
alguns contratos que integraram a prestação de contas foram assinados por Cássio Ramon Pereira
Fontes, embora na época a presidência já estivesse sendo exercida pelo recorrente. Quanto à esta
irregularidade, cumpre mencionar que o recorrente residia, assim como sempre o fez, na cidade de
Salvador/BA, não estando presente todos os dias na sede da Oscip Tercon Brasil em Fortaleza. Assim,
para evitar atrasos e perda de prazos, dentro dos permissivos estatutários, fora formalizada uma
procuração para Cassio Ramon, que estava sempre presente, já que residia e domiciliava na cidade
de Fortaleza’ (peça 43, pp.16/17);
(m) o pagamento realizado, na data da liberação da 1ª parcela dos recursos, para contratos
firmados em momento anterior, decorreu do atraso de três meses do repasse por parte da concedente.
Assim, para evitar prejuízo à convenente em razão do aumento de preços dos fornecedores,
formalizaram-se os contratos antes da liberação dos recursos, a fim de garantir o preço orçado e
constante no projeto básico aprovado pelo concedente. Os pagamentos foram comprovadamente
realizados dentro do que havia sido informado no Projeto Básico e utilizado de base para o Termo de
Convênio firmado (peça 43, pp. 17/19);
478

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(n) como não se sabia a data de início da prestação dos serviços, já que esta dependia da
liberação dos recursos, os contratos firmados não foram claros e específicos quanto aos termos de
vigência. Reforça que a vigência dos contratos estava atrelada ao Termo de Convênio firmado,
constando cláusula dispondo que a contratada assumiria o compromisso de realizar o serviço dentro
do prazo de execução do projeto (peça 43, pp. 18/19).
Análise
17. De fato, como argumenta o recorrente, inicialmente, houve a aprovação parcial das contas
pelo concedente, em referência à 1ª parcela dos recursos, conforme nota técnica de 25.5.2011 (peça 2,
p. 170/2 e 174/8). E, por consequência, autorizou-se a liberação da segunda parcela dos recursos
federais pactuados, que foi efetivada mediante ordem bancária datada de 8.7.2011, no valor de
R$ 350.000,00 (peça 2, p. 186).
18. Ocorre que, em seguida, o Ministério do Turismo verificou a existência de várias
pendências relacionadas à aplicação da primeira parcela dos recursos.
19. O grupo de trabalho constituído pelo Ministério do Turismo procedeu à avaliação do
Convênio 744.042/2010 e detectou diversas impropriedades, consignadas no Parecer de Avaliação de
Regularidade 2/2012 (peça 2, pp. 221/7), e, em 31.1.2012, o Ministro do Turismo, em face dessas
conclusões, determinou a instauração imediata desta tomada de contas especial (peça 2, p. 215).
20. Com efeito, a aprovação parcial das contas (1ª parcela) não afasta as conclusões do Parecer
de Avaliação de Regularidade 2/2012.
21. Nota-se que a convenente foi chamada a se manifestar sobre as irregularidades apuradas
neste parecer (peça 2, pp. 217/219) e a apresentar a prestação de contas final do convênio (peça 2, p.
245, 255, 257 e 259). Todavia, como não houve resposta, deu-se prosseguimento ao processo especial
de contas (peça 2, p. 289).
22. No âmbito desta Corte de Contas, as alegações de defesa de Francisco Airton Felix
(peça 22) também não foram suficientes para afastar sua responsabilidade sobre os recursos
repassados na primeira parcela, conforme análise empreendida na instrução acostada à peça 28.
23. Quanto às irregularidades examinadas e o dano ao erário, consta do voto condutor do
acórdão recorrido, o seguinte (peça 32, pp. 2/3):
‘18. Como adiantado, acompanho a análise da auditora federal da Secex/CE e, em consequência,
entendo de que os diversos elementos trazidos ao processo configuram a ocorrência de prejuízo ao erário
referente também à 1ª parcela dos recursos federais transferidos.
19. A esse respeito, cito o Parecer de Avaliação de Regularidade 2/2012, datado de 27/1/2012, dando
conta de que a convenente não apresentou, na prestação de contas parcial, nenhum relatório sobre as etapas
cumpridas, os profissionais capacitados e os objetivos alcançados, e de que tampouco encaminhou a relação de
presença e informações sobre o desempenho dos capacitados.
20. Demais disso, outro forte elemento que reforça a existência de prejuízo referente à 1ª parcela diz
respeito à relevante inconsistência relacionada com os contratos de trabalho (remunerado) e os termos de
adesão ao serviço voluntário (não remunerado), que foram assinados pelas mesmas pessoas físicas e na mesma
data.
21. As alegações de defesa apresentadas por Francisco Airton Félix não elidiram as referidas
irregularidades, não socorrendo ao responsável a mera alegação de que a inexistência de ressalvas pelos
técnicos da concedente, durante a visita de fiscais, ‘comprova a total regularidade de sua gestão’, até porque,
posteriormente, o grupo de trabalho instalado pelo MTur revelou a existência de diversas irregularidades que
culminaram com a impugnação total das despesas efetuadas com a 1ª parcela.
22. Aliás, em suas alegações de defesa, o responsável não apresentou qualquer justificativa quanto à
inconsistência relacionada com os referidos contratos de trabalho e termos de adesão que foram celebrados
durante a sua gestão no comando da Oscip Tercon do Brasil.
23. Além de não justificar a incoerência na assinatura simultânea de contratos de trabalho e termos de
adesão ao serviço voluntário por parte das mesmas pessoas físicas para o exercício da mesma função na Oscip,
Francisco Airton Félix também não explicou a razão de o aludido ajuste, celebrado em 5/8/2010, e de todos os
contratos que integraram a prestação de contas parcial, celebrados em 6/8, 15/10 e 3/12/2010, terem sido
subscritos por Cássio Ramon Pereira Fontes, na condição de representante legal da Oscip Tercon Brasil,
479

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apesar de ele não ser mais o Diretor Presidente dessa entidade desde 15/4/2010.
24. Ainda sobre a falta de esclarecimentos suficientes, nota-se que, no mesmo dia em que a primeira
parcela dos recursos federais foi creditada na conta específica do convênio, o que ocorreu, importa frisar, na
gestão de Francisco Airton Félix, houve pagamentos que totalizaram R$ 155.716,60, referentes aos Contratos
de Prestação de Serviços nos 1, 2 e 3/2010, todos celebrados com a empresa Art & Cores Gráfica e Editora
Com. e Rep. Ltda. (Peça nº 1, fls. 241/288).
25. Os aludidos contratos, aliás, foram firmados em 15/10/2010, antes mesmo de a primeira parcela do
convênio ter sido liberada, tendo o MPTCU observado que não foram estabelecidas, de forma precisa, as suas
respectivas vigências, pois constou apenas cláusula dispondo que a contratada assumiria o compromisso de
realizar o serviço dentro do prazo de execução do projeto ‘Qualificação para a Cadeia Produtiva do Turismo’.
26. Observe-se, ainda a esse respeito, que as notas fiscais correspondentes aos Contratos nos 1, 2 e
3/2010 foram emitidas em 19/11, 29/10 e 29/10/2010 (Peça nº1, fls. 259, 279 e 300), respectivamente, ou seja,
antes da transferência à Oscip da primeira parcela dos recursos federais.
27. Em vista desses aspectos, aos quais também incorporo as dúvidas suscitadas pelo Ministério Público
sobre: i) o perfil institucional da empresa responsável pelo Contrato nº 1/2010, em face do objeto contratado;
ii) a falta de comprovantes dos objetos adquiridos mediante os Contratos n os 2 e 3/2010; iii) e a falta de
indicação de elementos mínimos necessários à precificação do objeto do Contrato nº 4/2010, acerca dos quais
não foram apresentados esclarecimentos, acompanho os pareceres que concluem pela ocorrência de prejuízo
ao erário em relação aos recursos da 1ª parcela, bem assim pela prática de atos de gestão lesivos aos cofres
públicos por parte de Francisco Airton Félix .
28. Nesse ponto, deve-se destacar que a jurisprudência do TCU é firme no tocante à responsabilidade
pessoal do gestor pela comprovação da boa e regular aplicação dos recursos federais recebidos mediante
convênio ou instrumentos congêneres, submetendo-se todo aquele que gere recursos públicos ao dever
constitucional e legal de demonstrar o correto emprego dos valores federais, nos termos do parágrafo único, do
art. 70, da Constituição de 1988 e do art. 93 do DecretoLei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967 (v.g.: Acórdãos
225/2000, 27/2004, 1.569/2007, da 2ª Câmara; Acórdãos 1.438/2008 e 6.636/2009, da 1ª Câmara; e Acórdãos
11/1997, 1.659/2006 e 59/2009, do Plenário).’
(destaques acrescidos)
24. O registro de toda movimentação dos recursos do convênio no SICONV, descrito pelo
recorrente, atende à cláusula terceira, item II, do termo de convênio, no entanto, remanescem as
irregularidades descritas no item anterior desta instrução, inclusive a não inserção no SICONV dos
relatórios de execução das parcelas liberadas, conforme consta do Parecer de Avaliação de
Regularidade 2/2012 (peça 2, p. 225).
25. O fato de o relatório parcial ter sido emitido em data posterior à sua gestão, 4.5.2011 (peça
1, pp. 147/398 e peça 2, pp. 3/168), não afasta a responsabilidade de Francisco Airton Félix pelos
recursos nela recebidos, qual seja, R$ 350.000,00, em 26.11.2010 (peça 1, p. 225).
26. Na mesma data, houve a movimentação (transferência bancária) de R$ 18.840,00,
R$ 74.915,00 e R$ 61.961,60 da conta específica. Considerando a transferência de R$ 120.000,00
para a aplicação CDB-DI em 2.12.2010 e as demais operações financeiras realizadas no mês de
dezembro de 2010 (transferências bancárias, emissão de doc, ted e resgates), o saldo remanescente foi
de, aproximadamente, R$ 31 mil reais em CDB-DE e R$ 486,16 na conta específica (vide
contabilidade do extrato bancário à peça 1, pp. 225 e 235). Portanto, mais de 90% dos recursos da
primeira parcela do convênio foram gastos ainda no ano de 2010, ou seja, na gestão do recorrente.
Daí surge a sua responsabilização nestes autos.
27. A responsabilidade subjetiva, presente nos processos de controle externo deste Tribunal,
decorre do estabelecimento do nexo entre a conduta do agente e o resultado obtido. Neste caso, restou
caracterizado o liame entre a conduta culposa do recorrente (recebimento e gestão da primeira
parcela dos recursos do convênio) diante das irregularidades verificadas no Parecer de Avaliação de
Regularidade 2/2012, referentes à primeira parcela repassada.
28. O recorrente tenta transferir a responsabilidade para seu sucessor, em razão de o relatório
parcial ter sido entregue em 4/5/2011, período extemporâneo à sua gestão, que foi de 15.4.2010 a
3.1.2011 (peça 22, pp. 37-42). No entanto, como já examinado, toda a primeira parcela foi recebida
480

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pelo recorrente em 26.11.2010 e mais de 90% desses recursos foram dispendidos na sua gestão.
29. Assim, diversamente do que se alega, as falhas apontadas no Parecer de Avaliação de
Regularidade 2/2012, alusivas a dados conclusivos - como etapas cumpridas, objetivos atingidos,
profissionais capacitados, desempenho e presença dos capacitados – devem ser atribuídas ao
recorrente, vez que quase a totalidade dos recursos da primeira parcela foi paga em sua gestão.
30. A teor dos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964, que rege o convênio (peça 1, p. 93), o pagamento
de despesa somente deve ser efetuado após a sua regular liquidação, que, por sua vez, consiste na
verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base documentos comprobatórios do
respectivo crédito.
31. Nesses termos, a autorização de pagamento das despesas (mais de 90% da 1ª parcela)
somente deveria ocorrer após o recorrente ter verificado a execução do serviço, que, segundo o plano
de trabalho, seria o planejamento, a mobilização, o desenvolvimento e aplicação de oficinas para
qualificar camareira, garçom, pizzaiolo, cozinheiro e confeiteiro (peça 1, pp. 189/193). Assim,
entende-se que o recorrente, minimamente, deveria conhecer as etapas cumpridas e os objetivos
atingidos ao término de sua gestão. Tais informações, diferentemente do que se alega, são importantes
para demonstrar a regular aplicação dos recursos, mas ainda não foram apresentadas pelo ex-gestor,
motivo pelo qual se deve manter a sua responsabilização nestes autos.
32. Quanto à alegada divergência entre os pareceres da unidade técnica, do Ministério
Público/TCU e do Relator a quo, importa esclarecer que o parecer da unidade técnica é meramente
opinativo e não vincula a decisão do Tribunal, sendo comum, portanto, a divergência entre as
conclusões da secretaria e a deliberação final dessa Corte (v.g. Acórdão 1.051/2014 - Plenário).
33. A respeito da inconsistência relacionada a contratos de trabalho e termos de adesão ao
serviço voluntário, assinados pelas mesmas pessoas físicas e na mesma data, diversamente do
sustentado, não foi o principal motivo para se caracterizar o débito.
34. Os itens 18 a 20 do voto do Relator a quo deixam claro que diversos elementos trazidos ao
processo configuram a ocorrência de prejuízo ao erário, sendo o Parecer de Avaliação de
Regularidade 2/2012 a prova central - dando conta de que a convenente não apresentou, na prestação
de contas parcial, nenhum relatório sobre as etapas cumpridas, os profissionais capacitados e os
objetivos alcançados, e de que tampouco encaminhou a relação de presença e informações sobre o
desempenho dos capacitados.
35. A inconsistência relacionada com os contratos de trabalho (remunerado) e os termos de
adesão ao serviço voluntário (não remunerado), que foram assinados pelas mesmas pessoas físicas e
na mesma data, apenas reforçou a existência de prejuízo referente à 1ª parcela, uma vez que ainda
não foi demonstrada a regular aplicação da 1ª parcela dos recursos transferidos à Oscip.
36. Nota-se que o fato em questão é absolutamente incomum e contraditório, senão vejamos: as
mesmas pessoas físicas firmam contrato de trabalho remunerado e no mesmo dia assinam termo de
adesão ao serviço voluntário.
37. O recorrente apresenta a justificativa para tal evento, da seguinte forma (peça 43, pp. 15/16):
‘Cumpre mencionar que houve a formalização destes dois modelos de contratação, pois à época, havia
uma discussão jurídica se as Oscip, no desenvolver de atividades decorrentes de Convênios públicos e Termos
de Parceria, deveriam obrigatoriamente se submeter ao disposto na Lei de Voluntariado. Com o intuito de
evitar irregularidades, formalizaram-se os dois modelos de contratação para questionamento junto ao ente
concedente, o qual, posteriormente, orientou pela utilização do contrato de trabalho.’
38. Ante a explicação do responsável, acolhe-se o argumento apresentado. Todavia, não se
mostra eficaz para demonstrar a regularidade na aplicação da primeira parcela dos recursos do
convênio.
39. Quanto à constatação de que o Convênio 744.042/2010 (celebrado em 5.8.2010 - peça 1, p.
129) e todos os contratos da prestação de contas parcial (celebrados nas datas de 6.8, 15.10 e
3.12.2010 - peça 1, pp. 249, 269, 288, 310, 322, 326) foram assinados por Cássio Ramon Pereira
Fontes, na condição de representante legal da Oscip Tercon Brasil, apesar de ele não ser mais o
481

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Diretor Presidente dessa entidade desde 15.4.2010 (peça 22, pp. 39/40), entende-se que a alegação
permanece incoerente.
40. A justificativa apresentada para tal procedimento foi que o domicílio do recorrente é a
cidade de Salvador/BA e, para dar seguimento às atividades da Oscip em Fortaleza/CE, o recorrente
outorgou poderes a Cassio Ramon para representá-la, já que residia nesta cidade. Verifica-se, no
entanto, conforme dispõe o art. 21 do estatuto da Oscip, que caberia ao vice-presidente substituir o
presidente na sua falta ou impedimento, ou seja, caberia a Raimundo Riberio do Carmo Filho
representar a Oscip, em vez de Cassio Ramon (peça 1, p. 53 e peça 22, pp. 39/40).
41. Constata-se que o recorrente não apresentou justificativa para o descumprimento da
disposição estatutária sobredita, bem como não apresentou a procuração que outorgou poderes a
Cassio Ramon. Assim, remanesce a incoerência examinada nestes autos.
42. Ocorrida a liberação da 1ª parcela dos recursos em 23.11.2010 (atraso de três meses), a
convenente já havia firmado os contrato 1, 2, 3/2010 em 15.10.2010 (peça 1, pp. 249, 269 e 288), sob
a alegação de garantir o melhor preço orçado.
43. As notas fiscais correspondentes aos Contratos 1, 2 e 3/2010 foram emitidas em 19.11.2010,
29.10.2010 e 29.10.2010 (peça 1, pp. 259, 279 e 300), respectivamente, também, antes da
transferência à Oscip da primeira parcela dos recursos federais.
44. Observa-se que tal procedimento não está amparado nos normativos que regem o convênio,
ainda que se sustente a comprovação de seu pagamento.
45. No caso de atraso na liberação dos recursos, o procedimento preconizado no parágrafo
primeiro da cláusula quarta do convênio é o seguinte (peça 1, p. 105):
‘Quando o concedente der causa na liberação dos recursos, a vigência deste convênio será prorrogada,
de ofício, pelo exato período do atraso verificado, devendo a convenente, caso o atraso tenha comprometido a
realização de metas ou ações estabelecidas no cronograma de execução, reformular o Plano de Trabalho, que
deve ser aprovado pela área técnica do concedente e anexado ao respectivo processo.’
46. A mesma observação se faz em relação à falta de especificação da vigência dos contratos
firmados, ainda que atrelada ao Termo de Convênio firmado. Desse modo, as justificativas
apresentadas pelo recorrente não merecem ser acolhidas.
47. Oportuno relembrar outras irregularidades e observações trazidas pelo Ministério
Público/TCU (peça 31, pp. 6/9):
‘Especificamente em relação ao Contrato 1/2010, que resultou na nota fiscal 202 (peça 1, p. 259), causa
estranheza que seu objeto, consistente em inserções de spots em rádio, tenha sido contratado com uma
gráfica/editora, e não com um veículo de comunicação. Isso sem falar que não foram informadas, nem na
proposta orçamentária, nem no contrato, nem na nota fiscal, a duração dos spots, a quantidade de inserções e
a rádio em que a mídia teria sido veiculada.
Quanto ao Contrato 2/2010, que tratou da impressão de apostilas, cartazes e panfletos, e ao Contrato
3/2010, que tratou da aquisição de produtos diversos (cadernos, canetas, borrachas, espátulas, facas, lápis,
blocos de nota, apontadores, dosadores, luvas para forno, bases para montagem de pizza, rolos e colheres de
madeira), não foi juntado aos autos nenhum comprovante da efetiva utilização desse material na realização dos
cursos de capacitação previstos no convênio.
No que tange ao Contrato 4/2010 (peça 1, pp. 304/10), que embasou a nota fiscal emitida em 6.12.2010,
no valor de R$ 55.000,00 (peça 1, p. 316), verifica-se que seu objeto, consistente na prestação de serviços de
transporte para a equipe executiva do projeto (coordenadores, assistentes, agentes e oficineiros), era bastante
genérico, tendo em vista que não houve qualquer discriminação do veículo de transporte, dos itinerários a
serem percorridos, da quantidade de passageiros, das datas e duração das viagens, do prazo de vigência do
contrato, etc. Ou seja, não foram indicados elementos mínimos necessários para a precificação do serviço
contratado.
Ante todas essas fragilidades identificadas na documentação que integrou a prestação de contas parcial
do convênio, o Ministério Público entende que está devidamente configurado o prejuízo ao erário decorrente
da não comprovação da boa e regular aplicação da 1ª parcela dos recursos federais.
(...)
Importante mencionar que tramitam nesta Corte outras três tomadas de contas especiais envolvendo
482

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

convênios firmados com a Oscip Tercon Brasil, conforme quadro a seguir:


Processo Órgão Concedente Convênio/Termo de Recursos Federais
Parceria Repassados
TC 018.245/2013-6 Ministério do Convênio MTE/Senaes R$ 300.000,00
Trabalho e Emprego 45/2009 (Siconv
724.902/2009)
TC 019.649/2013-4 Ministério do Termo de Parceria 15/2009 R$ 975.000,00
Trabalho e Emprego (Siconv 723.874/2009)
TC 012.420/2014-0 Ministério do Esporte Convênio 748.065/2010 R$ 2.100.000,00
Extrai-se dos autos do TC 019.649/2013-4 a informação de que a Oscip Tercon do Brasil ‘fechou suas
portas’, não funcionando mais no seu endereço cadastrado na Receita Federal. Reproduz-se, abaixo, relatório
produzido por servidora do Ministério do Trabalho e Emprego, datado de 30.11.2011 (peça 1, pp. 171/2, do TC
019.649/2013-4, grifos acrescidos):
(...)
Cabe transcrever, ainda, trechos do e-mail encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego por
funcionários da Oscip Tercon do Brasil (peça 1, pp. 173/4, do TC 019.649/2013-4, grifou-se), relatando a má
gestão de recursos públicos por parte dessa entidade:
(...)
Como se vê, são fortes os indícios de que a Oscip Tercon Brasil desviou recursos públicos, uma vez que
simplesmente abandonou a sua sede, deixando de dar andamento a convênios pactuados com o governo federal
e de prestar contas dos respectivos recursos, bem como deixando dívidas junto a empregados e fornecedores.
Diante do desaparecimento da Oscip Tercon Brasil, que, juntamente com o seu atual presidente e com o
signatário do Convênio 744.042/2010, quedaram-se revéis no feito, o Ministério Público proporá, em
acréscimo à proposta da auditora, que seja solicitado à Advocacia-Geral da União o arresto dos bens dos
responsáveis julgados em débito, na forma do art. 61 da Lei 8.443/1992 e conforme jurisprudência desta Corte
(Acórdão 335/2014-Plenário).
Ademais, ante a notícia, nestes autos, de que a Oscip Tercon Brasil também não prestou contas dos
recursos do Convênio Siafi/Siconv 723.876/2009 (peça 2, p. 223), cujo objeto era a qualificação da cadeia
produtiva do turismo em municípios do estado da Bahia (peça 1, p. 19), será proposta determinação ao
Ministério do Turismo para que conclua, se ainda não o tiver feito, a respectiva tomada de contas especial,
encaminhando-a a esta Corte no prazo de 180 dias.’ (destaques acrescidos)
48. Diante de todo o exposto, as alegações recursais não merecem acolhimento.
CONCLUSÃO
49. O recorrente não conseguiu demonstrar a regular aplicação da primeira parcela dos
recursos do Convênio CV nº 1362/2010, em razão de subsistirem as irregularidades descritas no
Parecer de Avaliação de Regularidade 2/2012, que informou a ausência, na prestação de contas
parcial, de relatório sobre as etapas cumpridas, os profissionais capacitados e os objetivos
alcançados, relação de presença e informações sobre o desempenho dos capacitados.
50. Francisco Airton Felix, na qualidade de ex-presidente da Oscip Tercon Brasil, é responsável
pela não comprovação da regular aplicação da primeira parcela de recursos do convênio, uma vez
que tais recursos foram a ele repassados e quase a sua totalidade foi utilizada na sua gestão.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
51. Ante o exposto, submete-se à consideração superior a análise do recurso de reconsideração
apresentado por Francisco Airton Felix contra o Acórdão 2.778/2014 - Plenário, propondo-se, com
fundamento no artigo 33 da Lei 8.443/1992:
a) conhecer do recurso de reconsideração e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) dar ciência às partes, à Procuradoria da República no Estado do Ceará, aos
órgãos/entidades interessados, bem como aos demais cientificados do acórdão recorrido;
c) encaminhar os autos ao Ministério Público junto ao TCU.”
É o relatório.

VOTO
483

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cuida-se de recurso de reconsideração interposto por Francisco Airton Felix, ex-diretor


presidente da Oscip Tercon Brasil, em face do Acórdão 2.778/2014-TCU-Plenário, que julgou suas
contas irregulares, imputando-lhe débito de R$ 350.000,00 (data-base 26/11/2010) em solidariedade
com outros responsáveis, aplicando-se multa de R$ 20.000,00 e inabilitando-o para exercício de cargo
em comissão ou função de confiança, no âmbito da Administração Pública Federal, pelo período de
oito anos.
2. Os autos tratam, em sua origem, de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério do
Turismo (MTur) em desfavor da Oscip Tercon Brasil e do ex-diretor presidente Cássio Ramon Pereira
Fontes, em razão de irregularidades na execução do Convênio 1362/2010, celebrado em 5/8/2010,
objetivando o incentivo ao turismo, mediante a implementação do projeto intitulado “Realização de
Cursos de Qualificação para a Cadeia Produtiva do Turismo no Ceará”.
3. Foram previstos, para a execução do objeto, R$ 1.119.000,00, dos quais R$ 1.000.000,00
seriam repassados pela União e R$ 119.000,00 ficariam a cargo do convenente, a título de
contrapartida.
4. Todavia, apenas duas parcelas de R$ 350.000,00 foram repassadas à Oscip, uma em 4/5/2011
e outra em 8/7/2011, em função da não apresentação da prestação de contas da 2ª parcela, ficando
retido o valor de R$ 300.000,00.
5. Foi instituído grupo de trabalho pelo MTur para avaliar a execução de convênios, contratos de
repasse e termos de parceria celebrados com entidades sem fins lucrativos. Esse grupo identificou
irregularidades na execução da 1ª parcela do convênio em apreço, a despeito de ela já ter sido aprovada
pelo órgão repassador.
6. As irregularidades identificadas em ambas as parcelas consistem, basicamente, em:
(i) pendências da convenente com relação à prestação de contas de convênios anteriores;
(ii) relatório parcial sem informação acerca das etapas cumpridas, dos profissionais capacitados e
dos objetivos alcançados;
(iii) não comprovação do processo seletivo, apoiado em critérios de qualificação técnico-
profissional, para a contratação de pessoas físicas;
(iv) inexistência da relação de presença, acompanhamento e de desempenho dos capacitados;
(v) não inserção dos orçamentos e propostas de preços no Sistema de Convênios e Contratos de
Repasse do Governo Federal (Siconv);
(vi) não comprovação da execução física da 2ª parcela liberada;
(vii) divergências nas informações apresentadas pela Oscip quanto à contratação de pessoas
físicas, consubstanciadas na identificação de termos de contratos de trabalho remunerado e de termos
de adesão ao serviço voluntário assinados na mesma data, pelas mesmas pessoas; e
(viii) não inserção dos Relatórios de Execução das parcelas liberadas no Siconv.
7. Esses achados ocorreram durante a gestão de três diferentes gestores, os quais atuaram na
qualidade de diretores presidentes da Tercon Brasil.
8. A gestão de Cássio Ramon Pereira Fontes ocorreu de 3/2/2009 a 15/4/2010. Contudo, ele foi o
responsável pela celebração do ajuste, em 5/8/2010, e pela prestação de contas da 1ª parcela, em
4/5/2011, mesmo já tendo deixado a presidência da entidade. Ele assinou diversos documentos durante
a gestão de Francisco Airton Félix, mesmo constando no estatuto da Oscip que caberia ao vice-
presidente, Raimundo Riberio do Carmo Filho, representá-la nos impedimentos do presidente. Dessa
forma, Cássio Ramon e Francisco Félix foram responsáveis solidários com relação à prestação de
contas dessa parcela.
9. A gestão de Francisco Airton Félix, ora recorrente, transcorreu de 15/4/2010 a 2/1/2011,
quando ocorreu o repasse da 1ª parcela (23/11/2010), sendo mais de 90% desses recursos gatos em sua
gestão.
10. Finalmente, a transferência da 2ª parcela ocorreu na presidência de Jorge José Durval (a
partir de 3/1/2011).
484

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Tendo em vista as irregularidades supramencionadas, o TCU efetuou a citação desses três
responsáveis e da Oscip Tercon Brasil. Entretanto, apenas Francisco Airton Félix se manifestou nos
autos.
12. Contudo, suas razões de justificativa não foram suficientes para afastar a sua
responsabilidade no que se refere à prestação de contas da primeira parcela repassada. Mediante o
Acórdão 2.778/2014-TCU-Plenário, ele teve suas contas julgadas irregulares, foi condenado em débito
solidário com os demais responsáveis em relação a essa parcela (R$ 350.000,00), sendo-lhe aplicada
multa de R$ 20.000,00 e, além disso, foi inabilitado para exercício de cargo em comissão ou função de
confiança, no âmbito da Administração Pública Federal, pelo período de oito anos.
13. Cabe ressaltar que houve fortes indícios de que a Oscip Tercon Brasil seria responsável pelo
desvio de recursos públicos em vários ajustes celebrados com o governo federal, em acréscimo à
notícia de desaparecimento dessa entidade. Assim, o Relator a quo, acatou em seu voto a proposta do
MP/TCU de adoção de medidas para o arresto dos bens dos responsáveis condenados em débito, em
montante equivalente ao valor atualizado do dano apurado, caso não fosse recolhido, dentro do prazo,
o valor devido.
14. Ademais, foram firmados contratos com a empresa Art & Cores Gráfica e Editora Com. E
Rep. Ltda. (peça 1, pp. 241/288), em 15/10/2010, antes mesmo de a primeira parcela do convênio ter
sido liberada, tendo o MP/TCU observado que não foram estabelecidas suas respectivas vigências,
uma vez que constou apenas cláusula dispondo que a contratada assumiria o compromisso de realizar o
serviço dentro do prazo de execução do projeto “Qualificação para a Cadeia Produtiva do Turismo”.
Na mesma data da liberação da 1ª parcela, durante a gestão do recorrente, houve pagamentos no valor
de R$ 155.716,60, todos referentes aos contratos celebrados com aquela empresa, sendo que as notas
fiscais foram emitidas antes dessa liberação (peça 1, pp. 259, 279 e 300).
15. Inconformado com a decisão do Tribunal, Francisco Airton Félix interpôs o presente recurso
de reconsideração.
16. Em síntese, o recorrente alegou que as contas da primeira parcela, sob sua responsabilidade,
haviam sido aprovadas pelo concedente, tanto que houve liberação da segunda parcela. Informou que
recebera visita de fiscais do concedente que vistoriaram a execução do projeto sem encontrarem
qualquer irregularidade e, ademais, não houve a emissão de qualquer comunicado para a Oscip durante
o período de sua gestão.
17. Defendeu que exercera a presidência da entidade praticamente apenas durante o mês 12/2010
e que, dessa forma, como a prestação de contas relativa à primeira parcela englobou o período
compreendido entre 23/11/2010 e 4/5/2011, o Relatório Parcial apresentado era mais condizente com o
período da gestão do seu sucessor.
18. Explicou, quanto aos contratos de trabalho e os termos de adesão ao serviço voluntário, os
quais foram assinados pelas mesmas pessoas físicas e na mesma data, que formalizara os dois modelos
de contratação para questionamento junto ao ente concedente de qual seria a forma correta, em função
de discussões jurídicas acerca da submissão ou não da Oscip ao disposto na Lei de Voluntariado. O
ente, posteriormente, orientou pela utilização do contrato de trabalho.
19. Com relação à constatação, pelo Tribunal, de que alguns contratos que integraram a
prestação de contas haviam sido assinados por Cássio Ramon Pereira Fontes, embora na época a
presidência já estivesse sendo exercida pelo recorrente, alegou que havia formalizado uma procuração
para aquele responsável, em função de dificuldades operacionais, tendo em vista que residia em
Salvador/BA e a Oscip estava sediada em Fortaleza/CE.
20. Por fim, quanto ao fato de os contratos terem sido firmados antes da liberação dos recursos
pelo concedente, o recorrente aduziu que assim o fez para evitar prejuízo com o possível aumento de
preços dos fornecedores, pelo fato de ter havido atraso de três meses no repasse da primeira parcela.
21. A Serur, em análise às razões recursais, concluiu que não ficou demonstrada a regular
aplicação dos recursos referentes à primeira parcela do convênio, em razão de subsistirem as
irregularidades apontadas pelo Parecer de Avaliação de Regularidade 2/2012 (peça 2, pp. 221/7)
485

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

emitido pelo grupo de trabalho constituído pelo MTur para avaliar o convênio. Esse parecer informou
que houve ausência, na prestação de contas parcial, de relatório sobre as etapas cumpridas, os
profissionais capacitados e os objetivos alcançados, relação de presença e informações sobre o
desempenho dos capacitados. Além disso, a unidade técnica também pontuou que a quase totalidade
dos recursos referentes à primeira parcela foi utilizada na gestão de Francisco Airton Felix. Dessa
forma, a Serur propôs o conhecimento do recurso com negativa de provimento.
22. O MP/TCU concordou integralmente com a proposta da unidade técnica.
23. Manifesto-me de acordo com a Serur e o MP/TCU pelos motivos que passo a expor a seguir.
24. Assiste razão ao recorrente quando alega que o concedente havia aprovado parcialmente as
contas do convênio, em relação à primeira parcela, tanto que liberou os recursos referentes à segunda
parcela. Contudo, em seguida, o MTur verificou a existência de uma série de impropriedades
relacionadas à aplicação da primeira parcela, mediante análise efetuada pelo grupo de trabalho por ele
constituído. Entendo que a aprovação parcial ocorrida em momento anterior não impede que
irregularidades detectadas a posteriori sejam devidamente apuradas e sanadas. Dessa forma, considero
esse argumento insuficiente para excluir a responsabilidade de Francisco Airton Felix.
25. Quanto ao argumento do recorrente de que exerceu a presidência da Oscip apenas no mês
12/2010 e, por isso, a responsabilidade maior deveria ser atribuída ao seu sucessor, tal alegação não
deve prosperar. Toda a primeira parcela foi por ele recebida em 26/11/2010 e mais de 90% desses
recursos foram gastos em sua gestão.
26. Com relação à inconsistência relacionada aos contratos de trabalho e aos termos de adesão ao
serviço voluntário assinados pelas mesmas pessoas físicas e na mesma data, acolho o argumento do
recorrente, mas o julgo insuficiente para elidir sua responsabilidade.
27. No que se refere ao fato de Cássio Ramon Pereira Fontes haver assinado documentos que
integravam a prestação de contas durante a gestão de Francisco Airton Felix, as alegações do
recorrente não merecem guarida. Não foi acostada aos autos nenhuma procuração ou qualquer outra
evidência comprovando a regularidade da outorga de poderes a Cassio Ramon. Ademais, o vice-
presidente da entidade à época era Raimundo Riberio do Carmo Filho, que teria legitimidade para
assinar contratos na ausência de Francisco Airton Felix.
28. Finalmente, quanto aos contratos firmados antes da liberação dos recursos pelo concedente,
entendo que tal procedimento foi irregular, pois não está amparado em nenhum normativo.
Ante o exposto, julgo que os argumentos de Francisco Airton Felix são insuficientes para alterar
o Acórdão 2.778/2014-TCU-Plenário. Dessa forma, nego provimento a este recurso de reconsideração
e voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2729/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.311/2013-3
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsideração (em Tomada de Contas Especial)
3. Recorrente: Francisco Airton Felix (CPF: 095.031.615-68), ex-diretor presidente da Oscip
Tercon Brasil
4. Unidade: Oscip Tercon Brasil (CNPJ: 05.138.035/0001-05)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/CE.
8. Representação legal: Max Alves Carvalho (238869/SP-OAB) e outros, representando
Francisco Airton Felix

9. Acórdão:
486

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, que tratam, neste estágio, de recurso de
reconsideração interposto por Francisco Airton Felix contra o Acórdão 2.778/2014 - Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/92 e diante das razões expostas pelo Relator,
em:
9.1. conhecer do presente recurso de reconsideração, para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência do inteiro teor deste acórdão ao recorrente.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2729-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE VII – Plenário


TC 004.540/2015-8
Natureza: Representação
Entidade: Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
Responsável: UTB União Transporte Brasília Ltda. (37.098.480/0001-85)
Advogado constituído nos autos: Edvan Teles da Silva (OAB/DF 44.326), Cláudio Renato Canto
Farág (OAB/DF 14.005) e Felipe Teixeira Vieira (OAB/DF 31.718)

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA. PROCEDÊNCIA


PARCIAL. REVOGAÇÃO DA CAUTELAR. DETERMINAÇÃO. ANULAÇÃO DE
HABILITAÇÃO DE LICITANTE. ANULAÇÃO DA HOMOLOGAÇÃO. APENSAMENTO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de representação com pedido de medida cautelar formulada pela Cootransp
Cooperativa de Transportes Ltda. em face do Edital 2/2014-lote 3 da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT), cujo objeto é a permissão para prestação de serviços de transporte rodoviário
coletivo regular interestadual semiurbano de passageiros operado por ônibus do tipo urbano para
atendimento a região do Distrito Federal e dos municípios de seu entorno.
2. A primeira etapa da outorga de permissão de serviços regulares de Transporte Rodoviário
Interestadual Semiurbano de Passageiros (TRIP) foi acompanhada pelo Tribunal no âmbito do
processo TC 025.089/2013-7, nos termos especificados na Instrução Normativa-TCU 27/1998.
3. Os estudos de viabilidade técnica, econômico-financeira e ambiental (EVTEA) foram
apreciados por intermédio do Acórdão 436/2014-TCU-Plenário, não se observando, na oportunidade,
indícios de irregularidade suficientes a inviabilizar a licitação. Nada obstante, foram feitas
determinações e recomendações com o objetivo de aprimorar o TRIP semiurbano.
4. Consoante as diretrizes do Projeto da Rede Nacional de Transporte Rodoviário Interestadual e
Internacional de Passageiros (ProPass), os direitos de exploração dos serviços de transporte rodoviário
interestadual são licitados em duas modalidades: linhas de características rodoviárias e linhas
487

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

semiurbanas.
5. As linhas semiurbanas possuem características de transporte urbano, tais como a permissão
para transportar passageiros em pé e o controle do acesso de usuários por catraca ou similar, realizado
majoritariamente em distâncias inferiores a 75 km, o que as diferenciam das linhas de características
rodoviárias.
6. O Plano de Outorga agrupou 551 linhas já existentes em 33 “quotas de exploração”,
conceituadas pela ANTT como “o direito e o dever de explorar os serviços regulares de transporte
rodoviário coletivo interestadual de passageiros, ligando origens e destinos definidos”, consoante se lê
no item 30 do Anexo II (Glossário) do Plano de Outorgas (peça 47, p. 4). Essas quotas, por sua vez,
são aglomeradas em quatro lotes.
7. O resultado da licitação do lote 3, ora impugnado, teve como licitante vencedora a empresa
UTB União Transporte Brasília Ltda.
8. A Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda., doravante denominada Cootransp, ingressou
com a presente representação pleiteando a adoção de medida cautelar com vistas a suspender o
certame, em face de indícios de irregularidade no tocante ao atestado de capacidade técnico-
operacional apresentado pela licitante vencedora.
9. Examinados os fatos, a SeinfraRodovia se manifestou favoravelmente à concessão da medida
cautelar alvitrada, vez que presentes os requisitos do perigo da demora e da fumaça do bom direito
(peça 12, p. 7):
“Nos presentes autos constatou-se a fumaça do bom direito nas alegações do autor, consubstanciada nos
indícios de que o atestado apresentado pela vencedora do Lote 3 da licitação em epígrafe não espelha de modo
adequado as exigências do Edital. Destarte, a questão envolvendo a capacidade técnica da UTB deve ser
analisada com maior profundidade por esta unidade técnica, em vista da real possibilidade de ter havido
irregularidade na condução do certame.
Por seu turno, encontra-se presente o perigo da demora, dada a iminência de assinatura do contrato,
trazendo riscos de ineficácia da decisão de mérito que vier a ser proferida nos autos e de prejuízo ao interesse
público existente na prestação adequada do serviço de transporte na região do entorno de Brasília.
De outra banda, o perigo da demora reverso se encontra mitigado, eis que a população afetada pela
licitação do Lote 3 já vem sendo atendida por empresas que operam com contratos emergenciais.”
10. Atuando em substituição ao então relator do feito, Ministro Walton Alencar Rodrigues, o
Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti exarou despacho anuindo com a proposta da unidade
instrutiva no sentido de conceder a medida cautelar inaudita altera pars, em suma, determinando (peça
16, p.3):
“(...) à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que suspenda, cautelarmente, o Lote 3, do
Leilão 002/2014, cujo objeto é a permissão para a prestação de serviços de transporte rodoviário coletivo regular
interestadual semiurbano de passageiros operado por ônibus do tipo urbano para atender a região do Distrito
Federal e dos municípios de seu entorno, e que se abstenha de praticar atos dele decorrente, em especial a
assinatura do contrato de permissão, até ulterior deliberação deste Tribunal (...)”
11. Na mesma assentada determinou realização de oitiva da ANTT e da UTB (de forma
facultativa), para que se manifestassem acerca dos fatos apontados nos autos, “sobretudo quanto à
confiabilidade das informações contidas no atestado de capacidade técnica ofertado por essa empresa
(emitido pela Prefeitura de Niquelândia/GO), podendo anexar documentação pertinente (laudos,
vistorias, etc.)”, conforme peça 16, p. 3.
12. Posteriormente, a UTB ingressou com Agravo contra o despacho acautelatório do Relator, o
qual não foi conhecido pelo Tribunal, conforme o Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário.
13. Instruído o feito, reproduzo, no essencial e com os ajustes pertinentes, o exame apresentado
pela SeinfraRodovia (peça 49):
“EXAME TÉCNICO
16. O presente exame técnico será divido por seções, nas quais os pontos trazidos à baila pela
representante serão analisados. Em cada ponto, serão apresentados breve histórico, sínteses das manifestações
da ANTT, da UTB e o correspondente exame técnico.
488

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Ressalta-se que, como destacado no Despacho à peça 16, o exame técnico será focado na questão do
atestado apresentado pela vencedora, pois foi o ponto de maior gravidade relatado na instrução inicial (peça 12)
e que, em decorrência, motivou o deferimento da cautelar pleiteada pela Cootransp.
DO ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICO-OPERACIONAL APRESENTADO PELA UTB
18. O Item 104.2.1 do Edital em comento estipulava que o licitante deveria apresentar (peça 6, p. 26):
‘(...) documento hábil de comprovação de que a Proponente prestou serviço público regular de Transporte
Rodoviário Coletivo de Passageiros operado por ônibus tipo urbano, por no mínimo 3 (três) anos consecutivos
nos últimos 5 (cinco) anos, contados da data de publicação deste Edital, com mínimo de 30% (trinta por cento)
da frota do Lote que pretende participar.’
19. No entender da Unidade Técnica, haveria dúvidas quanto à veracidade das informações apresentadas
pela vencedora em seu atestado, eis que: (i) verificou-se divergências entre os quantitativos informados pela
Prefeitura de Niquelândia e aqueles apresentados em outra oportunidade pela própria UTB; (ii) o quantitativo
informado no atestado era consideravelmente desproporcional à população atendida a que se referia; e (iii)
constataram-se indícios de que o serviço constante dos atestados não teria sido prestado de modo ininterrupto.
Síntese das manifestações da UTB
20. Preliminarmente, sustenta que a representante ingressou com ações judiciais contra a licitação
analisada, não tendo logrado êxito (peça 35, p. 2-6) e que ela “aventurou-se a participar do certame licitatório
sem possuir qualquer condição para tal” (peça 35, p. 2).
21. Quanto ao ponto em discussão, entende que (peça 35, p. 17):
‘(...) o número de veículos a ser atingido visando o cumprimento do edital não é anual, e sim trienal, ou
seja, o número de carros a serem atingidos não é a cada ano para cada ano para que ao final de 3 anos totalize
319 e sim no total de três anos deverá a empresa ter atingido o número mínimo de 30% da frota do lote que
pretendia participar (...)’
22. Pondera que o número estimado pela Unidade Técnica de passageiros transportados por viagem
encontra-se equivocado, vez que “o número de 86 passageiros é a capacidade total de transporte [do veículo]
(...) não significando que a cada viagem a empresa leva e traz 86 passageiros (...)” (peça 35, p. 17).
23. Afirmou que o contrato firmado com a Prefeitura de Niquelândia não fixava quantitativo mínimo de
veículos e que apenas estabelecia diretrizes para que o serviço fosse prestado em condições adequadas,
considerando aspectos de regularidade e segurança (peça 35, p. 18). Nesse sentido (peça 35, p. 18):
‘(...) o quantitativo da frota pode ser obtido tanto pelo somatório da frota nos anos de 2011, 2012, 2013 e
2014, quanto individualmente a cada ano de operação, tendo em vista que o contrato de concessão não fixa um
quantitativo mínimo.
Por isso, foi atestado que o quantitativo era estimado, inclusive pelo fato de que cabe à concessionária
atender à demanda e supri-la, alocando a frota necessária ao bom cumprimento do contrato de concessão.’
24. Considerou que o serviço informado no atestado foi prestado de maneira adequada e que, “nesse
sentido, não há que se questionar (...) a utilização estimada de 110 ônibus nos anos de contrato em vigência com
o município de Niquelândia/GO (...)” (peça 35, p. 19).
25. Apresentou atestado emitido pela ANTT em 2015 informando que a UTB (peça 35, p. 52):
‘(...) opera atualmente 19 (dezenove) serviços de transporte rodoviários coletivo regular interestadual
semiurbano de passageiros, sendo 3 (três) serviços convencionais com sanitário e 16 (dezesseis) serviços
regulares semiurbanos.’
26. O mesmo atestado informou que a empresa possuiria cadastrado na Agência, entre veículos
convencionais, executivo, leito, semileito e semiurbano, 134 carros, sendo que 113 referem-se à última categoria
(peça 35, p. 53).
27. Salientou que não seria correto o Tribunal interpretar que o serviço atestado não teria sido prestado de
modo contínuo, pois: (i) os contratos tinham cláusula de prorrogação da concessão por até um ano; e que (ii)
trata-se de um serviço público essencial, de forma que deve, nos termos da legislação e jurisprudência, ser
prestado de modo continuado, não sendo permitida a “interrupção por formalidades contratuais” (peça 35, p.
20).
28. Acrescentou que a Prefeitura de Niquelândia, em resposta à indagação da Comissão de Outorga, teria
confirmado a continuidade dos serviços prestados (peça 35, p. 20).
29. Posteriormente, questionou os cálculos e estimativas da Unidade Técnica no que diz respeito à frota
elencada no atestado de capacidade técnica.
489

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

30. Nesse sentido, a UTB alega que não transportava apenas passageiros entre Niquelândia e Vila
Macedo, mas também (peça 35, p. 23):
‘(...) dentro da própria área urbana de Niquelândia e aglomerados urbanos intermediários (...) [sendo
incorreto] vincular a rota para dizer que os passageiros que entravam no ônibus da UTB em Niquelândia eram
os que exclusivamente queriam se deslocar a Vila Macedo.’
31. Ponderou que, em relação ao Lote 3, a ANTT estimou o transporte de aproximadamente um quinto da
população existente na região coberta pelo serviço, demonstrando a razoabilidade do quantitativo informado
pela UTB em seu atestado.
32. Ressaltou, ainda (peça 35, p. 23), que:
‘(...) A exigência de veículos inclui frota reserva, veículos fora de operação, enfim, margem de segurança
de forma a, em horários determinados e em situações excepcionais, haver a possibilidade de atendimento.
Ninguém opera com 319 veículos na rua ao mesmo tempo. Ter frota de 110 veículos não significa colocar todos
os 110 nas ruas.’
33. Apresentou excerto de um Laudo Técnico afirmando que o número estimado de deslocamentos na
região coberta pelo atestado seria de 196 veículos, mais vinte de reserva (peça 35, p. 25), sendo incorreto
concluir que a linha só atenderia interessado em ir até a fábrica de cimento da região.
34. Em sequência, condena a interpretação dada pelo TCU à cláusula 104.2.1 do Edital, afirmando que o
Tribunal invade a “competência regulatória da Agência, colocando requisitos por ela não pretendidos” (peça 35,
p. 26), o que seria contrário à própria jurisprudência desta Corte.
35. Nesse ponto, considerou que o requisito de regularidade do transporte não conduz à conclusão de que
deva ser prestado “sem interrupção”, “todos os dias do ano” (peça 35, p. 29). Aduziu que, mesmo na hipótese de
a empresa não operar por “um ou dois meses de um dos anos por problemas de contrato administrativo” (peça
35, p. 29), não se ponde concluir que houve perda de sua capacidade operacional. Assim (peça 35, p. 29):
‘Da mesma forma, a unidade técnica transformou os 30% da frota do Lote, em uma situação em que todos
os 30% da frota compreendida no lote estivessem operando nas ruas. Isso não pode ser aceito. Se para prestar os
serviços junto à Prefeitura de Niquelândia a UTB administrou mais de 96 ônibus urbanos, lidando com frota
reserva, frota avariada, frota em uso, enfim, com todas as determinantes variáveis para uma boa prestação de
serviços, não cabe ao TCU colocar como exigência todos os ônibus nas ruas para colocar em dúvida, através de
um cálculo não suportado pelo edital, a veracidade do atestado de capacidade.’
36. Acrescentou que, sem lograr êxito, a representante ingressou com oito ações judiciais contra o
certame. Nesse ponto, repisou que, em uma das ações, teria sido registrado que o atestado apresentado pela UTB
conteria elementos “alicerçados em laudos técnicos e tecnicamente avaliados pela ANTT” (peça 35, p. 32).
Síntese das manifestações da ANTT
37. Inicia informando os insucessos da representante na esfera judicial com vistas a anular a licitação, “o
que nos leva a concluir que a referida empresa apenas objetiva medidas protelatórias ao andamento legal do
certame” (peça 34, p. 2).
38. Apresenta parecer já citado em instrução anterior que afirma: (i) o intervalo de tempo necessário à
renovação contratual dos contratos firmados entre a UTB e a Prefeitura de Niquelândia seria irrelevante frente à
regularidade do serviço prestado pela empresa entre 2011 e 2014, como registra o atestado; e (ii) não se pode
negar fé aos documentos públicos.
39. Em relação à dúvida existente quanto à veracidade das informações contidas no atestado apresentado
pela vencedora, informou que a Comissão de Outorga solicitou esclarecimentos à Prefeitura de Niquelândia, que
assim se manifestou (peça 34, p. 36):
‘Atesto, a pedido verbal da UTB União Transporte Brasília Ltda., que para a execução dos serviços de
transporte coletivo urbano de passageiros, objeto de cessão firmado com esta Prefeitura Municipal de
Niquelândia, foi utilizada uma frota estimada de aproximadamente 110 (cento e dez) ônibus, nos anos de 2011
até a presente data.
Por fim ratifico os termos do Atestado de Capacidade Técnica em favor da UTB-União Transporte
Brasília Ltda. emitido por esta Prefeitura em 12 de maio de 2014 oportunidade em que faço esclarecer as
informações relativas ao quantitativo de ônibus utilizados, se refere ao período da execução de serviços na
forma acima atestado (SIC). Por ser verdade firmo o presente. Niquelândia, 24 de setembro de 2014.’
40. Salienta, assim, que os integrantes da Comissão de Outorga agiram com zelo, visando esclarecer
eventuais dúvidas quanto ao atestado apresentado. Ato contínuo, apresentaram parecer da Procuradoria Jurídica
da ANTT, ponderando que (peça 34, p. 38):
490

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘Os fatos suscitados pela impugnante, nesta oportunidade, não infirmam as conclusões da comissão de
outorga, Em verdade, faz um juízo de valor em cima das informações, o que vai de encontro às regras do
julgamento objetivo que deve ser realizado pela Comissão.
Além disso, considerando-se que as informações prestadas pela Prefeitura gozam de presunção de
legitimidade, que a comissão perquiriu o Município para obter esclarecimentos e, a partir destas informações,
chegou à conclusão de que o atestado estaria de acordo com a regra editalícia, não há razão para o acolhimento
das ilações feitas pela COOTRANSP, que foram devidamente rechaçadas pela Comissão. [ ...] (...).’
41. No tocante à afirmação da Cootransp de que o atestado também incluiu serviços prestados em caráter
de fretamento para a Votorantim, a Agência ressaltou que foram apresentados os contratos firmados com a
Prefeitura de Niquelândia. Dessa forma, a locomoção de funcionários da fábrica de cimento teria sido prestada
por meio de transporte regular de passageiros, comprovada mediante contratos e declarações da Prefeitura.
42. Quanto ao quantitativo de veículos informado no atestado, a ANTT informou que realizou duas
diligências à Prefeitura de Niquelândia, a qual afirmou que a empresa utilizou (peça 34, p. 40):
‘(...) uma frota estimada de aproximadamente 110 (cento e dez) ônibus, nos anos de 2011 até a presente
data (...) o que atende tanto ao quantitativo, quanto ao período mínimo de operação exigidos no Edital.’
43. Considerou que o fato de o atestado estimar uma frota não seria prejudicial, uma vez que, em
“levantamento de dados de transporte, a aferição de um determinado parâmetro é realizada muitas vezes por
meio de estimativas” (peça 34, p. 40) e que o edital não exigia que a comprovação de experiência se restringisse
à frota operacional, eis que “a frota operacional, em virtude da sazonalidade da demanda por serviços de
transporte, varia ao longo dos meses dos anos (...) e dos dias de semana” (peça 34, p. 41).
44. Ponderou que a ANTT não definiu modelo único de ônibus a ser adotado, e que apenas para fins de
elaboração dos estudos de viabilidade adotou-se como referência o veículo que comportava 48 passageiros
sentados no momento de vale e 87 (pés e sentados) nos momentos de pico, de modo que seria incorreta a
alegação da Unidade Técnica de que o Edital 2/2014 exigia que a comprovação de experiência das licitantes
tomasse por base carros com capacidade máxima de 87 passageiros ou que “a capacidade média dos veículos
seria de 86 lugares” (peça 34, p. 42).
45. Informou, nesse sentido, que o contrato entre a Prefeitura de Niquelândia e a UTB ressaltava que
foram utilizados ônibus com capacidade mínima de 26 lugares.
46. Confirmou que surgiram dúvidas quanto à regularidade do serviço prestado, pois, de fato, houve o
interregno de quatro meses entre a celebração de dois contratos com a Prefeitura. Porém, ponderou que o poder
executivo municipal teria garantido que a empresa não teria interrompido a prestação de serviços. De fato, a
Prefeitura Municipal teria afirmado que (peça 34, p. 43):
‘(...) os intervalos entre um contrato de permissão e outro ocorreu porque a permissionária não manifestou
em tempo hábil a prorrogação ou concessão, porém, não interrompeu a prestação do serviço.’
Análise
47. De início, cumpre repisar trecho do voto condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário, que não
conheceu do agravo apresentado pela UTB, segundo o qual “não há qualquer relação entre a idoneidade e
capacidade da empresa representante com os fundamentos da medida cautelar concedida, referentes ao atestado
de capacidade técnica apresentado pela agravante.”
48. Com relação às ações judiciais impetradas pela representante, a qual não teria logrado êxito em
nenhuma situação, há que se falar que o TCU e o Poder Judiciário não obedecem, necessariamente, aos mesmos
ritos. Por exemplo, enquanto nas ações civis há a observância ao princípio do dispositivo e da verdade formal, o
Tribunal guia-se pela verdade material e pela iniciativa própria de suas ações. Por isso, o trânsito do processo
em ambas as instâncias pode divergir. Ademais, como bem ressaltou o Relator, “é cediço que há independência
entre as instâncias civil, penal e administrativa, não havendo notícia de qualquer decisão judicial sobre o
questionado leilão da ANTT que vincule a atuação desta Corte” (voto condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-
Plenário).
49. Frise-se, ademais, que, no geral, o Poder Judiciário apenas indeferiu os pedidos cautelares da
representante, não afastando em definitivo as irregularidades apontadas. Por exemplo, no curso do Agravo de
Instrumento 0012731-38.2015.4.01.0000/DF, interposto pela Cootransp, o Poder Judiciário apenas afirmou que
“sem a devida dilação probatória, não se pode afirmar se houve, ou não, a ilegalidade apontada pela autora”
(peça 34, p. 27) e que “a comprovação de que tal documento é fraudulento caberá a agravante, no momento
processual adequado” (peça 34, p. 29). Assim, a ilegalidade ora tratada também não foi afastada definitivamente
pelo juízo competente.
491

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

50. Deve ser afastada também a afirmativa de que, ao interpretar o edital, o TCU estaria invadindo
competência regulatória da ANTT. De fato, recorrendo-se novamente ao voto condutor do Acórdão 1.026/2015-
TCU-Plenário,
‘O Tribunal de Contas da União, ao suspender o certame, apenas exerce sua competência constitucional
de controle externo de entidade da administração federal indireta, nesse caso, sob o enfoque da legalidade. A
decisão que concedeu a medida cautelar examinou, apenas, o cumprimento de requisito de habilitação
estabelecido pela própria ANTT, não tendo havido, assim, qualquer ingerência indevida nas atribuições da
agência.’
51. Quanto ao quantitativo de ônibus operados pela UTB e atestados pela Prefeitura de Niquelândia, os
elementos acostados aos autos não lograram afastar as dúvidas que pairavam sobre a acuidade das informações
prestadas.
52. De início, é importante afastar a possibilidade de somar os atestados dos serviços prestados nos
últimos três anos. Como salientado no voto do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário,
‘(...) não há como entender que o quantitativo de 96 ônibus poderia ser atingido com o somatório de
quantitativos anuais. O instrumento convocatório exigia, de forma cristalina, uma operação contínua de 96
veículos por três anos consecutivos.
Ademais, a expressão “[...] com o mínimo de 30% (trinta por cento) da frota do Lote [...]” deve ser
interpretada considerando o início do item do edital: “[...] comprovação de que a Proponente prestou serviço
público regular de Transporte Rodoviário Coletivo de Passageiros [...] ”. Ou seja, a frota exigida deveria ter sido
realmente operada durante o período atestado.’
53. O voto acima também afasta a alegação da ANTT de que o atestado não exigia que a comprovação se
cingisse à frota operacional. Como ressaltado pelo Relator, a frota exigida deveria ser realmente operada no
período atestado, mesmo que componha a frota de reserva. Todavia, como se verá abaixo, a fidedignidade dos
quantitativos informados não foi demonstrada.
54. O próprio atestado apresentado pela empresa não é claro, eis que a Prefeitura afirma que foi
empregada (grifou-se) “uma frota estimada de aproximadamente 110 (cento e dez) ônibus, nos anos de 2011 até
a presente data” (peça 34, p. 40). Ou seja, pela informação contida no próprio atestado, é impossível saber se os
veículos foram empregados em “uma operação contínua por três anos consecutivos” ou se o quantitativo foi
obtido somando-se os veículos empregados ao longo dos anos de operação.
55. Outrossim, a imprecisão do atestado também resta evidente quando se nota que esse documento
informa uma “frota estimada”. Embora em muitas situações seja comum o uso de estimativas, como ressaltado
pela própria Agência, é necessário que qualquer inferência seja baseada em hipóteses, modelos ou premissas.
Contudo, em nenhum momento fica claro como a Prefeitura de Niquelândia realizou tal estimativa. Ademais, a
inferência em matéria de transporte é comum quando se trata de variáveis para as quais é difícil levantar com
precisão seu real valor, como é o caso de estimar a demanda dos passageiros em um estudo de viabilidade, o que
é diferente de apurar o quantitativo de veículos empregados efetivamente no transporte de passageiros em um
dado período.
56. A ANTT alegou que a estimativa foi necessária pelo fato de que “não se pode obrigar a todos os
órgãos gestores que se tenha uma infraestrutura que subsidie o levantamento completo da população”,
especialmente no caso de cidades menores (peça 34, p. 40). Sabe-se, de fato, que cidades pequenas enfrentam
problemas de estrutura que inviabilizam sua plena atuação. Contudo, uma vez que a demonstração dos
quantitativos era requisito essencial dado no edital para a qualificação dos licitantes, caberia, então, à ANTT
evidenciar de outra forma a frota empregada. Do contrário, a exigência de atestado nos moldes do item 104.2.1
reveste-se de obrigatoriedade meramente formal. Nisso, o voto condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário
foi novamente preciso quando afirmou que:
‘Vale destacar que o instrumento convocatório exigiu a comprovação de operação mínima de certo
número de ônibus, não apenas uma estimativa” (grifos no original).
(...)
Em sede de recurso administrativo, a ANTT fundamentou a aceitação do atestado na impossibilidade de
recusar fé a documento público. Entretanto, como bem exposto pela unidade técnica, cuida-se de presunção
relativa de veracidade, que pode ser afastada com a produção de provas em sentido contrário.
O conteúdo do atestado apresentado pela UTB demandava, ao menos, a realização de diligências
adequadas por parte dos gestores da autarquia para verificar sua veracidade e afastar as incertezas quanto à
capacidade da empresa que se sagrou vencedora no Lote 3.’
492

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

57. Prosseguindo, a UTB alega que a frota envolvida na operação de transporte de passageiros é
consideravelmente maior do que aquela que efetivamente se encontra “nas ruas”. Nesse particular, ponderaram
que (peça 35, p. 23):
‘(...) A exigência de veículos inclui frota reserva, veículos fora de operação, enfim, margem de segurança
de forma a, em horários determinados e em situações excepcionais, haver a possibilidade de atendimento.
Ninguém opera com 319 veículos na rua ao mesmo tempo. Ter frota de 110 veículos não significa colocar todos
os 110 nas ruas.’
58. De fato, o próprio edital fixou uma cota a compor a “frota de reserva”. Ocorre que nem a UTB e
tampouco a ANTT conseguiram demonstrar que houve o efetivo emprego desses veículos, inclusive os de
reserva, nos serviços apresentados pelo atestado sobre o qual pairam dúvidas. Com efeito, como ressaltado na
instrução anterior, e no Despacho do Relator (peça 16, p. 2):
‘Além disso, consta dos autos documentação emitida pela UTB indicando que a empresa utilizava frota
de 40 veículos, em 2011 (peça 2, p. 50), e de 38 veículos, em 2013 (peça 2, p. 54), ou seja, número inferior ao
exigido no edital da ANTT (96 ônibus).’
59. Notadamente, o documento da UTB à peça 2, p. 54, apresenta, por exemplo, a “relação da frota do
ano de 2013” em resposta à solicitação da Prefeitura de Niquelândia para que informasse “lista dos ônibus que
prestaram serviços neste município” (peça 2, p. 44). O mesmo vale para o exercício de 2011, quando foi
mencionada uma frota de 40 veículos. Em nenhum desses dois anos atingiu-se a frota de 96 veículos exigida no
edital.
60. Ressalta-se que, diante do contrataste entre as informações contidas no atestado apresentado pela
vencedora e a listagem dos veículos envolvidos no transporte de passageiros pela própria UTB no trajeto
Niquelândia-Vila Macedo, o Tribunal solicitou manifestações dos envolvidos com vistas a demonstrar a
fidedignidade das informações divulgadas, podendo anexar “documentação pertinente” (laudo, vistorias, etc.)
(peça 16, p. 3).
61. Aplicar-se-ia, in casu, o enunciado publicado no número 226 do informativo de licitações e contratos,
baseado no Acórdão 3.418/2014-TCU-Plenário (grifamos):
‘Ao constatar incertezas sobre o cumprimento de disposições legais ou editalícias, especialmente
dúvidas que envolvam critérios e atestados que objetivam comprovar a habilitação das empresas em disputa,
o responsável pela condução do certame deve promover diligências para aclarar os fatos e confirmar o
conteúdo dos documentos que servirão de base para a tomada de decisão da Administração (art. 43, § 3º, da
Lei 8.666/93).’
62. Porém, a única medida concreta da ANTT foi diligenciar a própria prefeitura que emitiu o atestado.
Nenhum outro método de avaliação da veracidade das informações prestadas foi mencionado, frente aos
indícios claros de imprecisão no documento apresentado Poder Executivo de Niquelândia.
63. Se, como afirmou a UTB, o Contrato firmado com a Prefeitura de Niquelândia não fixava
quantitativos mínimos, e o edital exigia a sua comprovação, não pode a ANTT deixar de utilizar outros meios de
avaliação da frota da vencedora quando a única informação que se tem é uma estimativa sem bases
metodológicas apresentada em um atestado sobre o qual há indícios claros de imprecisão.
64. Nesse sentido, as manifestações apresentadas não atacaram o ponto fulcral da instrução passada, qual
seja: os fortes indícios existentes, principalmente aqueles apresentados nos itens 58-59 desta instrução, segundo
os quais o quantitativo mínimo de veículos exigidos no item 104.1.2 do Edital não haviam sido atendidos.
65. A UTB, a quem cabe o controle de sua própria frota, não apresentou nenhum documento que sanasse
as imprecisões do atestado apresentado. De fato, a única documentação que acostou relativo à sua frota foi um
atestado emitido pela ANTT, mencionado no item 25. No entanto, tal atestado não atende aos requisitos do
edital, eis que a frota arrolada foi empregada em apenas dois exercícios e, em alguns casos, em apenas um
(2014).
66. Nesse particular, como destacado no voto condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário:
‘(...) Ressalto que a estrutura atual da empresa, além de não ter sido comprovada nos presentes autos, não
tem relação com o atestado de capacidade técnica questionado, porquanto este se refere a período anterior.’
67. Por outro lado, assiste razão à ANTT e à UTB ao afirmarem que a capacidade de 86 passageiros por
veículo é para fins de projeto, não sendo demandada tal capacidade para a apresentação de atestado, mas, tão
somente, a utilização de ônibus do tipo urbano. Contudo, tal argumentação não afasta os indícios materiais de
que a vencedora do certame não utilizou a frota mínima exigida na qualificação técnico-operacional, como
relatado nos itens 58-59 desta instrução, como também não evidencia de que forma uma frota estimada de 110
493

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

veículos seria compatível com a informação da UTB acostada aos autos de que operaria em apenas seis horários
entre Niquelândia e Vila Macedo (peça 2, p. 52).
68. De fato, considerando que: (i) a ANTT informou que os atestados referem-se a ônibus com
capacidade de 26 lugares; (ii) que existem apenas seis horários, em ida e volta (doze itinerários), e que (iii) em
média, segundo o projeto básico da ANTT, 10% da frota é de reserva (não operacional) (peça 7, p. 19), tem-se
que ainda seriam transportados um número médio de 216 passageiros por viagem [100 ônibus operacionais
(obtido considerando que 10% da frota é de reserva) x 26 lugares/12 trajetos], quase 8 vezes a capacidade de
cada ônibus. Mesmo que o veículo não esteja totalmente ocupado, não sendo utilizados todos os 26 lugares, vê-
se que a ordem de grandeza dos fatores envolvidos lança dúvidas quanto ao tamanho da frota informada pela
licitante para atender ao contrato com a municipalidade.
69. Outra forma de ver o problema é: se existem seis horários com ida e volta (12 itinerários) para uma
frota estimada de 110 veículos, sendo 10% de caráter de reserva, então, para cada itinerário, estariam vinculados
aproximadamente nove ônibus operacionais e um de reserva.
70. Informação mais recente, extraída do endereço institucional da empresa na internet, indica que o
sentido Niquelândia – Vila Macedo conta com sete horários de saída em dias de semana (peça 43) e quatro em
fins de semana. O sentido inverso conta com seis horários de saída em dias de semana e cinco aos finais de
semana (peça 44). A média de itinerários em cada sentido é próxima de seis, mantendo a coerência das
estimativas acima.
71. Não são números que comprovam cabalmente que a empresa não cumpriu os requisitos para
demonstrar a capacidade técnico-operacional exigida no edital, mas apenas somam-se aos indícios apontados
nos itens 58-59, para os quais não foram apresentadas manifestações convincentes. De fato, segundo a ANTT,
para o Lote 3 em análise, são exigidos um total de 319 ônibus para operar 117 linhas (peça 34, p. 46),
demonstrando que, ao menos em tese, o número apresentado no atestado da UTB soa desarrazoado, qual seja,
110 veículos para operar seis horários em cada destino.
72. Nesse caso, ao se examinar a quantidade de carros por itinerário contida em documentação da própria
UTB (peça 2, p. 52), vê-se que o Plano de Trabalho da empresa projetava o emprego de 39 veículos na Linha
Niquelândia-Vila Macedo no período 2013-2014, compatível com o quantitativo de 38 veículos (item 59)
indicado em documento próprio da empresa, mas muito distante dos 110 veículos informados no atestado.
73. Em relação ao estudo de demanda de tráfego para a rota Niquelândia-Vila Macedo, a empresa busca
demonstrar que seria exequível transportar quase um quarto da população daquela cidade. Não se pretende, aqui,
avaliar a qualidade de tal estudo, eis que essa tarefa foge do escopo desta instrução. Mas deve ser ressaltado que,
segundo a própria ANTT, há estudos apontando em direções diversas, conforme transcrição abaixo, retirada de
parecer da Agência (peça 34, p. 6, grifamos):
‘Em que pese a apresentação, por todos os interessados (recorrentes e impugnante), de estudos
independentes com conclusões diversas acerca do número de ônibus necessários à prestação do serviço
público atestado pela Prefeitura de Niquelândia (...)’
74. Insta salientar, nesse ponto, que, como ressaltou o Exmo. Ministro Relator Augusto Sherman no voto
condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário, a UTB “não considera os dados populacionais de Vila
Macedo, bem inferiores aos de Niquelândia, e o fato de a própria empresa ter informado que operava em apenas
seis horários”
75. Outrossim, se, apenas para fins de argumentação, for assumido que há demanda potencial de um
quarto da população de Niquelândia, questiona-se como tal montante teria sido atendido por apenas seis linhas
de ônibus em cada sentido.
76. Finalmente, no que tange à continuidade dos serviços, o que se tem apenas é uma declaração da
Prefeitura de Niquelândia de que o transporte havia sido prestado regularmente, mesmo nos períodos de
inexistência de relação contratual formalmente estabelecida. A UTB também alegou que a continuidade dos
serviços prestados proibiria sua interrupção, mesmo ante a inexistência de contrato, nos moldes da Lei.
77. Não foram acostados ao atestado nenhum relatório de fiscalização da prefeitura ou documento
semelhante que comprovasse essa afirmação. O mero fato de a lei e doutrina estipularem que a continuidade é
um requisito intrínseco dos serviços públicos essenciais não significa que, necessariamente, a empresa o prestou
de modo regular durante os lapsos existentes entre os diversos contratos firmados com o Poder Executivo de
Niquelândia.
78. Adicionalmente, embora a regularidade não implica que o serviço deva ser prestado em todos os dias
do ano, como afirma a representante, ela exige a prestação da atividade sem grandes lapsos temporais. Nesse
494

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sentido, a instrução anterior ressaltou que o interregno entre contratos sequenciais chegou a “cinco meses entre
2011 e 2012 e de mais cinco meses entre 2012 e 2013, totalizando quase dez meses, aproximadamente um ano”
(peça 12, p. 5)
79. A ausência de comprovação efetiva da regularidade dos serviços prestados não pode ser vista de modo
isolado, mas deve ser considerada em conjunto com o ponto nuclear desta seção, qual seja: a falta de
comprovação de que a empresa operou com os quantitativos mínimos exigidos em edital.
80. Em adição, considerando que, durante a vigência dos contratos, tem-se pouca garantia acerca da
adequação dos quantitativos apresentados no atestado, mais se terá durante o período de inexistência de vínculos
contratuais.
81. As manifestações ora apresentadas não elidiram os indícios de irregularidade apontados nos autos.
Como apontado pelo Exmo. Ministro Augusto Sherman no voto condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-
Plenário, “a agravante não apresentou esclarecimentos quanto ao número de ônibus de sua frota em 2011 e
2013, registrado em documentos da própria empresa (peça 2, p. 50 e 54), bastante inferior aos 96 exigidos no
certame”.
82. O encaminhamento quanto ao presente item será dado ao final da instrução, uma vez que é importante
avaliar a presente irregularidade em conjunto com outros pontos que dizem respeito à representação, tratados a
seguir.
DA NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO PELA UTB EM NIQUELÂNDIA
83. Em sua representação, a Cootransp alegou que o serviço contido no atestado tinha natureza de
fretamento, de acordo com disposições contratuais com a Votorantim (peça 1, p. 15).
Síntese das Manifestações da UTB e ANTT
84. Em essência, afirmam que havia contratos firmados com a Prefeitura, caracterizando o serviço público
de transporte regular de passageiros.
Análise:
85. Assiste razão à ANTT e à UTB, uma vez que os serviços relatados no atestado de capacidade técnico-
operacional decorreram de contratos firmados com a Prefeitura de Niquelândia, o Poder Concedente local.
DA DESCLASSIFICAÇÃO DA REPRESENTANTE
86. Sinteticamente, a representante alegou que foi desclassificada por meras inconformidades formais.
Síntese das Manifestações da UTB e da ANTT
87. A ANTT afirmou que examinou os recursos apresentados pela empresa, mesmo quando
intempestivos, conhecendo, nesses casos, os recursos como petição.
88. A UTB, por seu turno, afirmou que a representante foi desclassificada por não apresentar a totalidade
das documentações exigidas no edital.
Análise:
89. Os autos revelam que a ANTT avaliou as manifestações da Cootransp, quer seja mediante recurso ou
petição (peças 9, 10 e 34, p. 5-8). Questiona-se nessa instrução a avaliação que a Agência fez do atestado
apresentado pela vencedora e a ausência de providências efetivas para comprovar as informações ali contidas,
em resposta à provocação da Cootransp. Assim, pode-se considerar que as repostas dadas pela ANTT foram
insuficientes, porém, isso não afasta o fato de que a Autarquia franqueou aos licitantes o direito ao contraditório
e ampla defesa.
90. Também resta assente que a Cootransp falhou em apresentar documentos básicos exigidos no edital,
tais quais ausência de assinatura da corretora no seguro de garantia da proposta, falta de apresentação dos atos
constitutivos da empresa e de procuração e a carta de compromisso de remuneração da Bovespa (peça 35, p. 7).
91. Trata-se de documentos comuns a serem entregues em uma licitação, de modo que sua
desclassificação pela não apresentação desses itens não é uma decisão desarrazoada ou excessivamente formal.
No caso da apólice de seguro, por exemplo, indaga-se qual seria a validade desse contrato se viesse
desacompanhado da assinatura do corretor competente.
92. O Tribunal tem entendido que a Comissão de Licitação deve realizar diligências para solicitar
informações complementares em caso de obscuridade ou para sanar eventuais dúvidas ou lacunas. Porém, não
se deve chegar ao extremo de se exigir que a Comissão de Licitação faça solicitações adicionais para que os
concorrentes enviem documentações faltantes, ou, até mesmo, para que sejam aceitas propostas
desacompanhadas desses elementos, sob pena de inviabilizar ou desfigurar a licitação.
495

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

93. Insta salientar que o representante questionou junto à ANTT a validade da exigência de carta de
compromisso de quitação dos serviços prestados pela Bovespa. Registre-se, porém, que trata-se de exigência
comumente estabelecida em editais de concessão, muitos deles examinados pelo próprio Tribunal.
94. Assim, não se verificam irregularidades quanto ao tema.
Conclusão do exame técnico
95. Das irregularidades apontadas pela representante, não foi afastada aquela relativa à confiabilidade das
informações contidas no atestado emitido pela Prefeitura de Niquelândia.
96. A fim de avaliar qual o encaminhamento adequado, é necessário salientar que a UTB informou estar
arcando com pesados encargos financeiros e econômicos relativos às despesas e aos investimentos que assumiu
tendo em vista a expectativa de que celebraria o contrato com a Agência (peça 34, p. 32-35). Porém, como
ressaltou o Exmo. Ministro Augusto Sherman Cavalcanti no voto condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-
Plenário, “entendo que eventuais prejuízos financeiros suportados pela UTB União Transporte Brasília Ltda. em
razão da suspensão do leilão não podem se sobrepor ao interesse público”.
97. Prosseguindo, a UTB também informou que o transporte de pessoas nas regiões englobadas no Lote 3
é atualmente feito de maneira precária e inadequada. Já a ANTT salientou que as autorizações especiais, dada
sua natureza precária, impedem a regulação efetiva do setor e que atualmente não haveria limite máximo de
idade dos ônibus, o que seria alterado por via da licitação em apreço.
98. A ANTT também ponderou que a inviabilização da licitação do Lote 3 prejudicaria também o
andamento do Lote 4 do mesmo certame, pois (peça 34, p. 48):
‘(...) caso a empresa UTB não possa assinar o contrato, ensejando a necessidade de nova licitação, ou sua
assinatura seja adiada, a empresa Taguatur, para evitar a descontinuidade na prestação dos serviços [atualmente
cobertos no Lote 3], teria que continuar a operação da linha Brasília/DF - Águas Lindas de Goiás/GO, além de,
por obrigação contratual, assumir integralmente todas as ligações do Lote 4 com frota estimada de 224 ônibus.
Considerando que, apenas para a operação do Lote 4 a empresa teria que adquirir, no mínimo, 18 ônibus com
idade de até 10 anos, a empresa teria que ter, ainda, frota suficiente para atender a demanda da linha Brasília/DF
- Águas Lindas de Goiás/GO que hoje opera, além de outros serviços (Brasília-Cidade Eclética, Brasília-Santo
Antônio do Descoberto e Taguatinga-Santo Antônio do Descoberto) que não estão incluídos no Lote 4.
(...)
Ademais, cabe mencionar que o adiamento da assinatura do Contrato do Lote 3 implicará em adiar aos
passageiros das ligações atendidas por esse Lote os benefícios esperados com a licitação.’
99. Porém, a ANTT deixou de demonstrar que a empresa Taguatur não teria condições de assumir tais
linhas no caso de interrupção da licitação do Lote 3. Ademais, existem outras empresas que poderiam assumir, a
título precário, a exploração das linhas do mesmo lote. De fato, no âmbito do TC 025.089/2013-7, constatou-se
que, no caso do transporte do entorno (peça 36, p. 4, do TC 025.089/2013-7):
‘(...) foram identificados os três atuais operadores dos serviços de TRIP semiurbano e os sete operadores
do transporte urbano do Distrito Federal. De acordo com este levantamento, foi estimado que cinco potenciais
interessados participariam da licitação, valor médio entre o cenário mais conservador, em que apenas os atuais
operadores participariam da licitação, e o menos conservador, em que todos os potenciais licitantes
participariam.’
100.Esses eventuais interessados, ou até mesmo a própria UTB, poderiam operar a linha em caráter
precário, garantindo a continuidade da prestação do serviço, como ocorreria no caso de licitação no qual novo
operador assume o serviço prestado por um antigo.
101.Obviamente que a precariedade da prestação do serviço não trará os ganhos aos usuários previstos na
licitação. Porém, não se pode perder de vista que o prazo da permissão é longo, de quinze anos (peça 6, p. 5), de
modo que a ausência de comprovação da capacidade técnico-operacional da UTB pode vir a prejudicar os
usuários por longo período. De fato, presume-se que, se a Cláusula 104.2.1 foi colocada no Edital, é porque o
Poder Permitente julga que a demonstração de tal experiência é essencial para minimizar os riscos de prestação
irregular e inadequada dos serviços.
102.Outrossim, a Administração encontra-se adstrita ao princípio da legalidade e à vinculação ao
instrumento convocatório. Portanto, não se admite que a Comissão de Outorga deixe de aplicar as exigências do
próprio edital, ainda mais ao se constatar que não se tratou de mera irregularidade formal, mas sim que a
contratada deixou de demonstrar a capacidade técnico-operacional por meio do atestado exigido.
103.Na mesma esteira, apenas a UTB e a Cootransp tiveram suas documentações analisadas (peça 45),
sendo que a segunda foi desclassificada logo no começo do certame. Caso as exigências de qualificação técnica
496

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fossem relaxadas, como ocorreu no caso concreto, é lícito assumir que poderia ter havido mais competição,
dado o universo de potenciais interessados citados no item 99.
104.Ou seja, a aceitação do ato da ANTT de ter acolhido o atestado apresentado pela UTB não poderá
ocorrer sem irremediável comprometimento ao princípio da isonomia, vinculação ao instrumento convocatório e
legalidade.
105.Cumpre rememorar que o coeficiente tarifário teto da licitação era (peça 6, p. 5) 0,086284
R$/passageiro.km ao passo que o ofertado pela UTB foi 0,084213 R$/passageiro.km (peça 46), resultando em
um deságio de menos de 2,5%, o qual indica não só a baixa competição como também que eventual atraso em
nova licitação não irá prejudicar sobremaneira os usuários.
106.Portanto, propõe-se determinar à Agência Nacional de Transportes Terrestres, com fundamento no
art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que, no prazo de
quinze dias, anule o ato que habilitou a empresa UTB União Transporte Brasília Ltda. no Edital de Licitação
2/2014, cujo objeto é a permissão para prestação de serviços de transporte rodoviário coletivo regular
interestadual semiurbano de passageiros operado por ônibus do tipo urbano que atendem a região do distrito
federal e dos municípios de seu entorno.
OUTROS PONTOS RELEVANTES
107.A 1ª Etapa da outorga de permissão de serviços regulares de Transporte Rodoviário Interestadual
Semiurbano de Passageiros (TRIP semiurbano) objeto do Edital 2/2014, nos moldes da Instrução Normativa
(IN) TCU 27/98, foi acompanhada pelo Tribunal no âmbito do processo TC 025.089/2013-7.
108.Considerando que os elementos aqui avaliados poderão repercutir na análise dos demais estágios, e
dada a similitude dos objetos tratados nestes autos e naquela desestatização, propõe-se apensar este processo ao
TC 025.089/2013-7, conforme os arts. 36, caput, e 40, inciso III, da Resolução-TCU 259/2014.
109.Sabe-se, pela própria jurisprudência do TCU, que a apresentação de atestado fraudulento pode
ensejar a inabilitação da licitante para contratar com a administração. Contudo, o fato de o atestado não permitir
comprovar a qualificação técnico-operacional do licitante em virtude da apresentação de informações imprecisas
que não puderem ser comprovadas não pode levar à conclusão extrema de que é fraudulento.
110.Assim, deixa-se de propor qualquer penalidade à empresa e aos gestores.”
14. Nesse contexto, a unidade instrutiva assim concluiu e encaminhou a instrução (peça 49, p.
14-15), a qual contou com a anuência do dirigente da unidade (peça 50):
“CONCLUSÃO
111.A UTB e a ANTT não comprovaram o quantitativo da frota de veículos informado no atestado
apresentado pela Prefeitura de Niquelândia/GO. As argumentações apresentadas basearam-se na questão da fé
que deve ser dado a instrumentos públicos e em cálculos que sustentavam que a demanda potencial da linha
Niquelândia-Vila Macedo suportava 110 veículos.
112.Porém, não foi apresentado nenhum documento que evidenciasse de modo satisfatório o emprego
dessa frota no serviço atestado, o que é agravado frente aos indícios de que a própria UTB teria informado à
Prefeitura de Niquelândia frota consideravelmente menor. Tanto a UTB quanto a ANTT não apresentaram
nenhum laudo, relatório de vistoria, relatório de fiscalização ou qualquer instrumento afim que evidenciasse de
modo objetivo os quantitativos informados pela no atestado.
113.Destarte, considerando os princípios da isonomia, legalidade e vinculação ao instrumento
convocatório, e que o contrato entre as partes ainda não foi celebrado, propõe-se determinar à ANTT, com
fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que,
no prazo de quinze dias, anule o ato que habilitou a empresa UTB União Transporte Brasília Ltda. no Edital de
Licitação 2/2014, cujo objeto é a permissão para prestação de serviços de transporte rodoviário coletivo regular
interestadual semiurbano de passageiros operado por ônibus do tipo urbano que atendem a região do distrito
federal e dos municípios de seu entorno (itens 18-106 desta instrução).
114.As demais alegações do representante não procedem. Assim, propõe-se considerar a presente
representação parcialmente procedente (itens 83-94 desta instrução).
115.Outrossim, considerando o acompanhamento objeto do TC 025.089/2013-7, propõe-se apensar estes
autos àqueles, conforme os arts. 36, caput, e 40, inciso III, da Resolução-TCU 259/2014 (itens 107-108 desta
instrução).
(...)
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
118.Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
497

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

I – Considerar a presente representação parcialmente procedente;


II – Revogar a medida cautelar dada pelo Relator em Despacho à peça 16;
III – Determinar à Agência Nacional de Transportes Terrestres, com fundamento no art. 43, inciso I, da
Lei 8.443/1992, c/c art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que, no prazo de quinze dias, anule o ato
que habilitou a empresa UTB União Transporte Brasília Ltda. no Edital de Licitação 2/2014, cujo objeto é a
permissão para prestação de serviços de transporte rodoviário coletivo regular interestadual semiurbano de
passageiros operado por ônibus do tipo urbano que atendem a região do distrito federal e dos municípios de seu
entorno itens;
IV – Apensar os presentes autos ao TC 025.089/2013-7, conforme os arts. 36, caput, e 40, inciso III, da
Resolução-TCU 259/2014;
V – Enviar cópia desta decisão, bem como do relatório e voto que a fundamentarem, ao representante, à
Agência Nacional de Transportes Terrestres e à UTB União Transporte Brasília Ltda.”
15. Previamente ao julgamento de mérito deste processo, a UTB apresentou memorial trazendo
elementos adicionais (peças 55 e 56). Com vistas ao exame dessa nova manifestação da empresa, o
relator do feito determinou a restituição dos autos à unidade instrutiva (peça 57).
16. Reexaminando os fatos, à luz das novas informações encaminhadas, a unidade instrutiva, em
essência, ratificou a proposta anteriormente formulada, conforme faço reproduzir, com os ajustes
pertinentes, a análise técnica empreendida (peça 63):
“EXAME TÉCNICO
20.A empresa UTB inicia suas considerações afirmando que havia permanecido duas dúvidas em relação
à comprovação de sua capacidade técnica, quais sejam:
a) a permanência por três anos na prestação do serviço público de transporte urbano ou semiurbano em
Niquelândia;
b) o quantitativo de ônibus atestado como 110 veículos na prestação dos serviços.
21.A empresa traz elementos que, em sua visão, esclareceriam esses pontos, além de reforçar argumentos
já tratados previamente nestes autos. A seguir serão analisados de forma especifica cada um dos pontos trazidos.
“Da teleologia da capacitação técnica” (peça 55, p.2-6)
22.A empresa afirma que a cláusula do edital que exigia a prestação de serviço público regular de
transporte rodoviário coletivo de passageiros operado por ônibus tipo urbano, por no mínimo três anos
consecutivos, deveria ser interpretada de forma a permitir a interpretação de que esses serviços fossem prestados
com interrupções, pois “edital não fala em 3 anos consecutivos e ininterruptos, mas apenas em consecutivos”
(peça 55, p. 5).
23.Ademais, é afirmado que a UTB teria apresentado outro atestado, que demonstraria a capacidade
técnica exigida, além daquele impugnado – emitido pela prefeitura de Niquelândia (peça 55, p. 6).
24.Não se entende assistir razão à interpretação trazida pela empresa de que seria possível demonstrar
experiência na prestação de determinados serviços por três anos consecutivos a despeito de haver interrupções
nesse período, pois “consecutivo” significa “que segue outro; imediato, subsecutivo, conseguinte” (nos termos
do Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.11a), não cabendo arguir que dois intervalos de tempos são
consecutivos se existir intervalo terceiro entre eles. Destaca-se que no caso concreto os períodos de interrupção
contratual não são irrisórios. Conforme indicado pelo atestado apresentado (peça 55, p. 28-29), os períodos de
cobertura contratual foram os seguintes:
a) 1º contrato: 10/2/2011 a 31/12/2011;
b) 2º contrato: 10/5/2012 a 31/12/2012;
c) 3º contrato: 2/5/2013 a 2/5/2014.
25.Observa-se terem ocorrido dois períodos sem cobertura contratual, cada um de duração de mais de
quatro meses, durante o interregno no qual se pretendia demonstrar a experiência exigida. Claramente a
condição de prestação dos serviços por três anos consecutivos não ficou evidenciada pelos contratos, não apenas
por os três períodos contratuais não serem consecutivos, mas também por totalizarem cerca de 30 meses, ao
invés dos três anos exigidos.
26.Em relação ao outro atestado que demonstraria a capacidade técnica da licitante (peça 55, p. 27),
observa-se que ele apenas indica que a UTB (peça 55, p. 27) operaria dezenove “serviços de transporte
rodoviário de coletivo regular interestadual semiurbano”, apresentando as datas de autorização das operações. O
item 104.2 do edital não é atendido, uma vez que não é discriminado o tamanho frota utilizada, tampouco
498

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

quando efetivamente ocorreu a prestação dos serviços. Assim, não se deve considerar que o mencionado
atestado atenda aos requisitos do instrumento convocatório.
“Prova de que a prestação de serviços foi ininterrupta por três anos” (peça 55, p. 6-9)
27.A despeito de considerar que o edital não exigiria a ininterrupta execução dos serviços de transporte
público, a empresa UTB afirma tê-los executados sem interrupção, tendo ocorrido lapsos temporais de
continuidade nos contratos firmados para a execução dos serviços, mas não na prestação dos serviços.
28.Cita-se o atestado de qualificação técnica emitido pela prefeitura de Niquelândia no qual é afirmado
que a empresa teria prestado de “forma ininterrupta” o serviço de transporte de passageiros de Niquelândia a
Vila Macedo e vice-versa desde 10/2/2011 até a data de 29/4/2014.
29.Para reforçar o argumento acerca da continuidade dos serviços, a empresa argumenta (peça 55, p.7-8):
(...) pois se a UTB prestou serviços de forma exclusiva entre Niquelândia e Macedo, como ficaram os
munícipes sem o transporte público por tal período? Seriam um caos, que ficaria estampado na manchete da
imprensa local, e nada se acha nesse sentido.
30.Com objetivo de demonstrar que realmente prestou os serviços, a empresa juntou notas fiscais e
recibos referentes à venda de vales-transporte nos períodos nos quais não havia cobertura contratual (peça 55, p.
35-66).
31.A afirmação da empresa de que o atestado emitido pela prefeitura de Niquelândia seria o suficiente
para a comprovação da experiência já foi enfrentado por despacho do então Ministro Relator no qual se
entendeu que os elementos contidos no referido documento não demonstravam a prestação continua do serviço,
in verbis (peça 16, p.2):
[...] há indícios de que os serviços atestados não foram executados de forma ininterrupta. Documento de
lavra da Prefeitura de Niquelândia indica que foram celebrados três contratos com a empresa UTB: o primeiro
com vigência entre 10/2/2011 e 31/12/2011, o segundo entre 10/5/2012 e 31/12/2012 e o último entre 2/5/2013
e 2/5/2014.
32.Em relação aos outros elementos que mostrariam a execução contínua do serviço de forma
extracontratual – quais sejam: i) o argumento de que a interrupção dos serviços de transporte entre os
mencionados municípios por quatro meses constituir-se-ia em um fato público e notório, cuja a não
evidenciação significaria que os serviços foram mantidos de forma continua; ii) cópias de 29 notas fiscais e
recibos de venda de vales-transporte durante períodos nos quais não havia cobertura contratual; – entende-se
que ainda que se considere plausível que a empresa tenha, de modo informal, continuado a operar ônibus entre
os mencionados destinos após a expiração dos contratos, isso não constitui indicativo do cumprimento dos
requisitos prescritos nos contratos já vencidos, como número de veículos. Ademais, como já tratado
anteriormente neste processo, os documentos existentes nos autos (peça 2, p.50-54) indicam que a frota utilizada
para o cumprimento das avenças em questão não era suficiente para o atendimento as exigências do certame.
Isso será abordado no item seguinte.
33.Especificamente em relação às notas fiscais e recibos apresentados, cabe destacar que não há menção
nos documentos em relação ao trajeto no qual os vales-transporte seriam utilizados.
“Da prova da operação de frota superior aos 96 ônibus exigidos pelo edital” (peça 55, p. 10-14)
34.No memorial, a UTB tenta descreditar os documentos utilizados pela Unidade Técnica para concluir
que a empresa não comprovou a operação do quantitativo de ônibus requerido no edital. É afirmado que as
informações que embasaram a conclusão das instruções anteriores não contariam com “pretensão de correção
técnica” (peça 55, p. 12).
35.A empresa alegou que o serviço de transporte entre Niquelândia e Vila Macedo deveria atender treze
linhas. Afirma, ainda, que tinha, para cada trajeto, no horário de pico, cerca de cinco carros, mais um de reserva
em operação e outro em manutenção preventiva. Isso geraria um total de 91 veículos (7x13). Assim conclui que
“é impossível, portanto, uma frota de 39 carros. Em sendo assim, os documentos nos quais a Secretaria apoia
seu parecer não foram produzidos para dar a real capacidade operacional” (peça 55, p.14). .
36.Para dar suporte a sua afirmação, a UTB apresenta relação de veículos, e seus respectivos Certificados
de Registro e Licenciamento, que conteria: 180 ônibus no exercício de 2014; 170, em 2013; 159, em 2012; e
154, em 2011.
37.Primeiramente, cabe esclarecer que o documento que a UTB afirma não contar com pretensão de
correção técnica é intitulado Plano de Trabalho, relativo ao período de 15/4/2013 a 14/4/2014, tendo sido
elaborado pela própria empresa para o transporte de passageiros de Niquelândia a Vila Macedo e Vila Macedo a
Niquelândia.
499

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

38.O cálculo apresentado – de que haveria, em média, sete ônibus para cada um dos treze trajetos (cinco
efetivamente em circulação e dois em manutenção/reserva) – pressupõe um número de veículos por linha bem
superior ao quantitativo constante do Plano de Trabalho (peça 2, p. 52-54), no qual haveria uma média de três
ônibus por trajeto, perfazendo 39, mais cinco de reserva para suporte em caso de manutenção, totalizando 44
veículos (média de 3,4 ônibus por trajeto já incluindo os reservas, menos da metade do considerado pela UTB
no cálculo apresentado no memorial), conforme tabela a seguir:
Quadro 1 – Quantitativos de veículos utilizados por trajeto de acordo com o Plano de Trabalho firmado
entre a UTB e a Prefeitura de Niquelândia para a prestação do transporte de passageiros de Niquelândia x
Macedo e Macedo x Niquelândia no período entre 15/4/2013 e 14/4/2014
(...)
39.Não é razoável desconsiderar os dados constantes do Plano de Trabalho, no qual a própria contratada
para operar o serviço de transporte no trecho quantificou – de forma específica para cada trajeto – os
quantitativos de veículos utilizados, em favor dos cálculos apresentados a posteriori pela empresa no memorial,
que se baseiam na disponibilização média de um número bem superior de veículos por trajeto sem justificativa
técnica desse quantitativo.
40.Além disso, mesmo que se aceitasse os números apresentados pela UTB no memorial, o quantitativo
de 91 veículos informados ainda é inferior aos 96 exigidos no edital.
41.Quanto aos documentos que demonstrariam possuir a empresa um quantitativo de ônibus – entre os
exercícios de 2011 e 2014 – superior ao exigido, tal documentação não indica que a empresa operou o montante
necessário de ônibus no trecho em pauta, uma vez que os demais carros poderiam ser utilizados para outras
finalidades não relacionadas aos contratos em questão. De fato, o citado plano de trabalho (peça 2, p. 52-54)
afirma que a empresa possuiria 110 veículos, sendo que apenas 39 (mais cinco de reserva) atenderiam o trecho
entre Niquelândia e Vila Macedo (peça 2, p. 53). Ademais, do sítio da empresa na internet
(www.utb.com.br/linhas), constata-se que a UTB opera diversas outras linhas.
“Os fundamentos idôneos da avaliação da ANTT sobre a veracidade do atestado” (peça 55, p. 15-
17)
42.A UTB afirma ter provado no item anterior possuir frota bem superior ao que constava dos
documentos que a Unidade Técnica teria usado como base para colocar em dúvida o atestado impugnado. A
partir dessa afirmação concluiu que o TCU havia utilizado erroneamente “o conceito de frota em operação
(admitindo apenas a frota reserva)” ao invés de levar em consideração a frota gerenciada ou disponível, com
teria pretendido o edital (peça 55, p. 16). Ademais, foi transcrito excerto de um laudo pericial que embasaria o
pleito da empresa.
43.Os argumentos trazidos neste tópico já apresentados perante esta Corte (peça 35, p. 23-25), foram
analisados nos autos. O entendimento previamente apresentado pela Unidade Técnica, com o qual aqui se
manifesta concordância, é que o fato de a empresa ser proprietária de certo número de ônibus não é um
indicativo suficiente de que tais veículos tenham prestado o serviço público regular de transporte de passageiros
nos termos exigidos no edital, em especial considerando os demais documentos que apontam o uso de um
número menor de veículos. Como colocado na instrução anterior, “ocorre que nem a UTB e tampouco a ANTT
conseguiram demonstrar que houve o efetivo emprego desses veículos [...] Além disso, consta dos autos
documentação emitida pela UTB indicando [..] número inferior ao exigido no edital da ANTT” (peça 49, p.8).
“Da incabível inversão do ônus da prova sobre a veracidade do atestado” (peça 55, p. 17-18) e “Na
dúvida, deve-se preservar a presunção e não declarar a ilegitimidade do documento” (peça 55, p. 18-20)
44.Nesses tópicos, a UTB sustenta que não caberia a ela produzir provas que demonstrassem a validade
do atestado apresentado, pois isso se constituiria em inversão indevida do ônus da prova, uma vez que o
documento gozaria de fé pública e ostentaria presunção relativa de veracidade. Apesar de não ter, no seu
entender, obrigação de produzir provas, a empresa reafirma ter apresentado documentos que desqualificariam
aqueles usados para lançar dúvidas sobre o atestado.
45.A questão da presunção de veracidade do atestado já foi objeto de análise nestes autos – tanto no
despacho do relator que concedeu a cautelar (peça 16, p. 2-3), quanto no voto do Acórdão-TCU-Plenário
1026/2015 (peça 40, p. 4) – ocasiões nas quais se argumentou que tal presunção seria relativa, podendo ser
afastada por provas em sentido contrário e que tais provas constavam dos autos. Como já discutido nos itens
anteriores, os novos elementos trazidos pela empresa não mostram serem incorretas as evidências constantes dos
autos que indicam serem os quantitativos de veículos operados nos contratos em pauta inferiores ao exigido no
edital.
500

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

46.Cabe ressaltar também que não está sendo afirmado que o atestado apresentado pela empresa é
fraudulento, mas tão somente que, com base na indisponibilidade do interesse público, impessoalidade e na
vinculação ao instrumento convocatório, e em face das dúvidas existentes acerca dos termos do atestado
apresentado e dos indícios acerca de sua inadequação, deveria a ANTT ter realizado investigações adicionais.
Em se tratando de licitação, na qual o interesse central é de cunho público, cabe à empresa apresentar atestado
que demonstre cabalmente a qualificação solicitada no edital.
“Da invasão das competências do poder regulador” (peça 55, p. 20-21)
47.A empresa argumenta não ter esta Corte competência para interpretar as regras do certame, pois “quem
conhece as exigências de capacitação técnica é o Regulador, não sendo legítimo ao Controle Externo
reinterpretar norma editalícia, dando alcance que desborda os termos em que foi escrita, para, a partir daí,
construir exigência diversa da posta no instrumento convocatório” (peça 55, p. 20-21).
48.Esse tema também já foi objeto de exame na instrução precedente (peça 49, p. 7), bem como, no voto
conduto do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário (peça 39, p. 2),
O Tribunal de Contas da União, ao suspender o certame, apenas exerce sua competência constitucional de
controle externo de entidade da administração federal indireta, nesse caso, sob o enfoque da legalidade. A
decisão que concedeu a medida cautelar examinou, apenas, o cumprimento de requisito de habilitação
estabelecido pela própria ANTT, não tendo havido, assim, qualquer ingerência indevida nas atribuições da
agência.
“Dos prejuízos à população” (peça 55, p. 21)
49.A UTB afirma que a população a ser atendida pelo certame em pauta estaria sendo prejudicada, pois os
ônibus que estariam atendendo o trecho – por meio de contratos emergenciais – não apresentariam condições
adequadas de conforto e segurança, colocando os passageiros em risco de morte. São anexas fotos para ilustrar a
situação precária em que se encontrariam os veículos atualmente em circulação.
50.Entende-se que a alegação da UTB de que o serviço contratado por meio da licitação teria maior
qualidade do que o executado pela atual operadora do trecho não é o bastante para se ignorar a não
demonstração do atendimento aos requisitos de capacidade técnico-operacional do certame. Sobre o tema,
manifesta-se concordância com as ponderações da instrução precedente (peça 49, p. 13):
101. Obviamente que a precariedade da prestação do serviço não trará os ganhos aos usuários previstos na
licitação. Porém, não se pode perder de vista que o prazo da permissão é longo, de quinze anos (peça 6, p. 5), de
modo que a ausência de comprovação da capacidade técnico-operacional da UTB pode vir a prejudicar os
usuários por longo período. De fato, presume-se que, se a Cláusula 104.2.1 foi colocada no Edital, é porque o
Poder Permitente julga que a demonstração de tal experiência é essencial para minimizar os riscos de prestação
irregular e inadequada dos serviços.
102. Outrossim, a Administração encontra-se adstrita ao princípio da legalidade e à vinculação ao
instrumento convocatório. Portanto, não se admite que a Comissão de Outorga deixe de aplicar as exigências do
próprio edital, ainda mais ao se constatar que não se tratou de mera irregularidade formal, mas sim que a
contratada deixou de demonstrar a capacidade técnico-operacional por meio do atestado exigido.
103. Na mesma esteira, apenas a UTB e a Cootransp tiveram suas documentações analisadas (peça 45),
sendo que a segunda foi desclassificada logo no começo do certame. Caso as exigências de qualificação técnica
fossem relaxadas, como ocorreu no caso concreto, é lícito assumir que poderia ter havido mais competição,
dado o universo de potenciais interessados citados no item 99.
104. Ou seja, a aceitação do ato da ANTT de ter acolhido o atestado apresentado pela UTB não poderá
ocorrer sem irremediável comprometimento ao princípio da isonomia, vinculação ao instrumento convocatório e
legalidade.
105. Cumpre rememorar que o coeficiente tarifário teto da licitação era (peça 6, p. 5) 0,086284
R$/passageiro.km ao passo que o ofertado pela UTB foi 0,084213 R$/passageiro.km (peça 46), resultando em
um deságio de menos de 2,5%, o qual indica não só a baixa competição como também que eventual atraso em
nova licitação não irá prejudicar sobremaneira os usuários.
“Do dever do estado de indenizar os prejuízos causados à UTB” (peça 55, p. 21-22)
51.A empresa afirma, bem como traz cópias dos documentos correspondentes, ter incorrido, de boa-fé,
em despesas necessárias para a adequada execução do contrato – seguros garantias e empréstimos para a
aquisição de ônibus novos – em função de já ter ocorrido a homologação do certame por ocasião de sua
suspensão cautelar. É trazida jurisprudência indicando caber indenização ao licitante prejudicado pela
revogação/anulação do certame.
501

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

52.Primeiramente, ressalta-se que não há relação contratual entre a Administração e a empresa,


decorrente do edital impugnado, que pudesse embasar um pedido de reparação de danos. A mera homologação
do resultado não gera direitos subjetivos à contratada. Ademais, observa-se que a própria empresa deu causa a
sua desclassificação ao não demonstrar ter experiência prévia que atendesse os ditames do edital, assim não se
vislumbra qualquer razão para ser indenizada. De todo modo, a análise de eventuais pleitos para que a
Administração promova o ressarcimento de despesas supostamente indevidas incorridas por particulares
refogem às competências desta Corte.
“Da cautelar que prejudica usuários e terceiro licitante vencedor de outro lote” (peça 55, p. 23)
53.A empresa afirma que, além dos usuários do Lote 3 estarem sofrendo com a má prestação dos serviços
pelos permissionários precários, os usuários do Lote 4 estariam “correndo sérios riscos e impossibilitados de
usufruir de melhores serviços” (peça 55, p. 23), nos termos dos argumentos previamente trazidos pela ANTT. A
seguir encontram-se transcritos os argumentos da ANTT em relação aos prejuízos sofridos pelos usuários do
Lote 4 e o exame realizado na instrução anterior, com o qual se manifesta aqui concordância (peça 49, p. 12-13).
98. A ANTT também ponderou que a inviabilização da licitação do Lote 3 prejudicaria também o
andamento do Lote 4 do mesmo certame, pois (peça 34, p. 48):
(...) caso a empresa UTB não possa assinar o contrato, ensejando a necessidade de nova licitação, ou sua
assinatura seja adiada, a empresa Taguatur, para evitar a descontinuidade na prestação dos serviços [atualmente
cobertos no Lote 3], teria que continuar a operação da linha Brasília/DF - Águas Lindas de Goiás/GO, além de,
por obrigação contratual, assumir integralmente todas as ligações do Lote 4 com frota estimada de 224 ônibus.
Considerando que, apenas para a operação do Lote 4 a empresa teria que adquirir, no mínimo, 18 ônibus com
idade de até 10 anos, a empresa teria que ter, ainda, frota suficiente para atender a demanda da linha Brasília/DF
- Águas Lindas de Goiás/GO que hoje opera, além de outros serviços (BrasíliaCidade Eclética, Brasília-Santo
Antônio do Descoberto e Taguatinga-Santo Antônio do Descoberto) que não estão incluídos no Lote 4.
(...)
99. Porém, a ANTT deixou de demonstrar que a empresa Taguatur não teria condições de assumir tais
linhas no caso de interrupção da licitação do Lote 3. Ademais, existem outras empresas que poderiam assumir, a
título precário, a exploração das linhas do mesmo lote. De fato, no âmbito do TC 025.089/2013-7, constatou-se
que, no caso do transporte do entorno (peça 36, p. 4, do TC 025.089/2013-7):
(...) foram identificados os três atuais operadores dos serviços de TRIP semiurbano e os sete operadores
do transporte urbano do Distrito Federal. De acordo com este levantamento, foi estimado que cinco potenciais
interessados participariam da licitação, valor médio entre o cenário mais conservador, em que apenas os atuais
operadores participariam da licitação, e o menos conservador, em que todos os potenciais licitantes
participariam.
100. Esses eventuais interessados, ou até mesmo a própria UTB, poderiam operar a linha em caráter
precário, garantindo a continuidade da prestação do serviço, como ocorreria no caso de licitação no qual novo
operador assume o serviço prestado por um antigo.
PEDIDO DA EMPRESA COOTRANSP DE INGRESSAR COMO AMICUS CURIAE (peça 59)
54.A cooperativa Cootransp, autora da peça inicial da presente representação, ingressou com pedido de
integrar estes autos como Amicus Curiae. A representante alega não ter interesse em defender somente
interesses particulares, enquanto licitante do Lote 3 do edital em análise, mas também interesses públicos.
Afirma que traria aos autos “grandes esclarecimentos que iriam ajudar a esta relatoria a tomar a melhor decisão”
(peça 59, p. 2).
55.Após apresentar seu pedido de integrar o processo, a Cootransp passa a fazer considerações acerca das
manifestações emitidas pela UTB, em especial quanto ao memorial apresentado.
56.A Cootransp afirma que os documentos apresentados pela UTB não comprovariam que o segmento
entre Niquelândia e Vila Macedo teria sido operado pela empresa utilizando 110 ônibus, pois o trecho não
comportaria tal número de veículos considerando-se que apenas oitenta famílias seriam atendidas em Vila
Macedo. Os pequenos valores das notas de venda dos vales-transporte corroborariam o argumento de que o
quantitativo de passageiros transportados e ônibus utilizados seria inferior ao afirmado pela UTB. Ademias, é
citada a licitação realizada pelo Município de Catalão, que abrangeria toda a população urbana e rural (estimada
em 75.700 habitantes), na qual o edital estimaria a utilização total de quinze ônibus, sendo dois de reserva, na
operação de todos os lotes. Isso demonstraria que não poderia a UTB ter utilizado 110 ônibus no trecho em
questão.
502

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

57.A Cootransp afirma não haver relação entre o Lote 3 e 4 do certame, pois seriam operações
independentes, e, portanto, não haveria prejuízos ao funcionamento de um em função do cancelamento da
licitação do outro. É afirmado, ainda, que, em função do deságio insignificante observado na licitação, o
prosseguimento do certame não traria benefícios à população em termos tarifários.
Exame do pedido de ingresso como Amicus Curiae
58.Primeiramente, cabe esclarecer que o Regimento Interno desta Corte não prevê a figura do Amicus
Curiae (Amigo da Corte) que é, nos termos do art. 138 do novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015,
pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, que poderia se
manifestar nos autos, após decisão do relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema
objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia.
59.Em relação ao presente processo, além de não se observar a existência regimental do Amicus Curiae,
não se entende que o objeto sob análise tenha repercussão social ou especificidades que demandariam a
assistência de um Amigo da Corte. Tampouco, se observa na Cootransp, licitante do edital do impugnado, a
representatividade adequada para exercer tal papel.
60.Ainda que se recebesse o pedido enviado pela Cootransp como um requerimento para ingressar como
parte interessada no processo, este também não deveria ser deferido. Nos termos do § 1º do art. 146 do
Regimento Interno do TCU, o interessado deve demonstrar em seu pedido, de forma clara e objetiva, razão
legítima para intervir no processo, o que não se observou, pois a Cootransp apenas afirma, de forma genérica,
ter o objetivo de defender o interesse público e traz elementos contrários ao ponto de vista defendido pela UTB
nos autos.
61.Mesmo não sendo parte do processo, entende-se que, em função do princípio da verdade material, os
elementos trazidos pela Cootransp poderiam, no que couber, auxiliar na instrução dos autos. Todavia, as
principais questões trazidas pela cooperativa – número de ônibus utilizados pela UTB no trecho entre
Niquelândia e Vila Macedo e prejuízos aos usuários dos lotes 3 e 4 em função da suspensão da licitação – já
foram objeto de análise nesta instrução, tendo-se concluído na mesma direção defendida pela Cootransp.
CONCLUSÃO
62.Esta instrução visa analisar os elementos trazidos pela empresa UTB, em sede de memorial, em
relação ao aceite do atestado que demonstraria a experiência prévia requerida para participar da licitação
referente ao Lote 3 do Edital 2/2014 da ANTT, bem como a outros pontos que denotariam os prejuízos trazidos
aos usuários e à própria empresa em função da não celebração do contrato decorrente do certame. Ademais,
também se examinou o pedido da representante Cootransp de ingressar no processo como Amicus Curiae.
63.O ponto central da análise dizia respeito à comprovação de que a empresa prestou o serviço público
regular de transporte de passageiros por, no mínimo, três anos consecutivos utilizando determinado número de
veículos, nos termos do edital.
64.A empresa pretendeu durante o processo licitatório demonstrar o atendimento aos requisitos editalícios
por meio de atestado emitido pela prefeitura de Niquelândia que indicava ter a UTB prestado o mencionado
serviços entre Niquelândia e Vila Macedo. Ocorre que, como já relatado em instruções anteriores e em despacho
do relator, o atestado apresentado não era claro quanto ao atendimento dos requisitos do certame, em especial
quanto à continuidade da prestação dos serviços durante três anos e o número de ônibus utilizados. Além disso,
havia nos autos documentos da própria empresa indicando que ela havia operado o trecho em questão com um
quantitativo de veículos inferior ao exigido no edital.
65.Com o objetivo de demonstrar a continuidade dos serviços, a empresa apresentou notas fiscais de
vales-tranporte emitidas durante o período de suposta descontinuidade dos serviços; entretanto, não trouxe
elementos que demonstrassem que a operação do trecho em questão se deu nas condições exigidas pelo certame,
tampouco que as notas realmente eram relativas ao segmento em pauta. (itens 27-33)
66.Na tentativa de demonstrar que o quantitativo de veículos que operava entre Niquelândia e Vila
Macedo atenderia os requisitos do edital, a empresa encaminhou cópia da documentação de sua frota – que seria
numericamente superior aos requisitos certame – e apresentou cálculos que demonstrariam a plausibilidade de
se utilizar uma quantidade de veículos similar a demandada pelo edital.
67.Como relação a esse ponto, também se entendeu não assistir razão à UTB. O fato da empresa ser
proprietária de determinado número de veículos não demonstra que estes foram utilizados no trecho em questão
e sob as condições exigidas no edital. Em relação aos cálculos apresentados pela UTB, constatou-se que foram
baseados em premissas consideravelmente diferentes daquelas presentes em outros documentos da própria
empresa, como o Plano de Trabalho do período 2013-2014. (itens 34-41)
503

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

68.As demais alegações da empresa já haviam sido analisadas nestes autos ou tratavam de questões
acessórias. (itens 22-26 e 42-53)
69.A representante Cootransp ingressou com pedido de integrar neste processo na condição de Amicus
Curiae e trouxe elementos que, na sua visão, reforçariam a não aceitabilidade do atestado impugnado.
Considerando-se que não há a figura do Amicus Curiae no Regimento Interno desta Corte e, mesmo que
houvesse, a representante não atenderia os requisitos para desempenhar tal papel, deve-se indeferir seu pedido.
Ademais, não se observa no pedido da Cootransp os pressupostos para torna-la parte interessada nos autos.
Quanto aos novos documentos/argumentos trazidos pela representante, não se entende terem o condão de
influenciar no encaminhamento do processo. (itens 54-61)
70. Considerando-se que os elementos trazidos no memorial pela empresa UTB não foram suficientes
para alterarem o entendimento já expresso na instrução anterior (peça 49), cabe manter, na essência, a proposta
de encaminhamento apresentada naquela peça (peça 49, p. 14-15), com a qual aqui se manifesta concordância,
realizando apenas modificações formais.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
71.Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
a) Considerar a presente representação parcialmente procedente;
b) Revogar a medida cautelar dada pelo Relator em Despacho à peça 16;
c) Determinar à Agência Nacional de Transportes Terrestres, com fundamento no art. 71, inciso IX, da
Constituição Federal e no art. 45, caput, da Lei 8.443/1992, que, no prazo de quinze dias:
c.1) anule o ato que habilitou a empresa UTB União Transporte Brasília Ltda. relativamente à licitação do
Edital 2/2014, e todos os outros que lhe sucederam, inclusive a homologação do certame, fazendo retornar a
licitação ao estágio imediatamente anterior; e
c.2) encaminhe a este Tribunal a documentação comprobatória do atendimento do item anterior;
d) Autorizar, desde já, o apensamento dos presentes autos ao TC 025.089/2013-7, após a comprovação do
cumprimento da decisão, conforme os arts. 36, caput, e 40, inciso III, da Resolução-TCU 259/2014;
e) Enviar cópia desta decisão, bem como do relatório e voto que a fundamentarem, à representante
(Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda), à Agência Nacional de Transportes Terrestres e à UTB União
Transporte Brasília Ltda.”
17. Encerrado o pronunciamento da unidade instrutiva, o Ministro Walton Alencar Rodrigues
declarou sua suspeição para relatar a matéria (peça 76). Em seguida, fui sorteado relator dos presentes
autos (peça 82).
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de representação com pedido de medida cautelar formulada pela Cootransp
Cooperativa de Transportes Ltda. (Cootransp) em face do Edital 2/2014-Lote 3 da Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT), cujo objeto é a permissão para prestação de serviços de transporte
rodoviário semiurbano de passageiros para atendimento da região do Distrito Federal e do entorno.
Vale ressaltar que dos quatro lotes licitados, para os lotes 1 e 2 não acudiram interessados, sendo,
dessa forma, apenas o lote 4 objeto de assinatura de contrato.
2. O ponto fulcral da impugnação diz respeito a indícios de que as informações inseridas nos
atestados de qualificação técnica e operacional apresentados pela licitante vencedora do certame, UTB
União Transporte Brasília Ltda., não se apresentam verossímeis.
3. Posto isso, em exame de cognição sumária, atuando em substituição ao então relator do feito,
foi concedida, pelo Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, medida cautelar inaudita altera
pars determinando à ANTT a suspensão do leilão e a abstenção da prática de atos dele decorrentes, em
especial a assinatura do contrato de permissão, até ulterior deliberação deste Tribunal.
4. Na oportunidade, a principal inconsistência observada na condução do processo licitatório foi
assim abordada no despacho acautelatório (peça 16):
504

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“Como a frota prevista para o Lote 3 seria de 319 veículos, conforme o projeto básico (peça 7, p. 19), a
empresa licitante deveria demonstrar ter operado, no mínimo, 96 ônibus urbanos, de modo ininterrupto por três
anos, nos últimos cinco anos.
A vencedora da licitação, UTB União Transporte Brasília, apresentou atestado emitido pela Prefeitura de
Niquelândia/GO, o qual menciona a operação contínua de aproximadamente 110 veículos, no período de
10/2/2011 a 12/5/2014 (peça 2, p. 16). Todavia, há fortes indícios de que a informação contida nesse atestado
não corresponde à realidade.
O documento em questão indica que a UTB teria prestado serviço de transporte de passageiros entre
Niquelândia e a Vila Macedo. Consulta ao sítio do IBGE na internet revela que a população de Niquelândia, no
ano passado, era de aproximadamente 45.000 habitantes. Já Vila Macedo, consoante documento de lavra da
Prefeitura de Niquelândia, tem população estimada de 80 famílias, além de outras 700 pessoas trabalhando na
indústria da Votorantim (peça 2, p. 40).
Considerando que a ANTT estimou que cada ônibus transportaria, em média, 86 passageiros (27.434/319,
peça 7, p. 19), a UTB teria transportado, diariamente, 9.460 pessoas entre Niquelândia e Vila Macedo (110
veículos x 86 pessoas por veículo), número que carece de razoabilidade, sobretudo em razão de a própria UTB
ter informado que havia apenas seis horários em cada sentido da rota Niquelândia – Vila Macedo (peça 2, p. 52).
Ou seja, em cada horário deveriam ser transportadas cerca de 800 pessoas (9.460/12).
Além disso, consta dos autos documentação emitida pela UTB indicando que a empresa utilizava frota de
40 veículos, em 2011 (peça 2, p. 50), e de 38 veículos, em 2013 (peça 2, p. 54), ou seja, número inferior ao
exigido no edital da ANTT (96 ônibus).
Vale destacar que o item 104.2, do instrumento convocatório, exigia a comprovação da prestação efetiva
de serviços (“prestou serviço público regular”) por três anos ininterruptos, não sendo suficiente que a
interessada demonstre ter possuído o número mínimo de 96 ônibus na época do serviço atestado.
Não bastasse isso, há indícios de que os serviços atestados não foram executados de forma ininterrupta.
Documento de lavra da Prefeitura de Niquelândia indica que foram celebrados três contratos com a empresa
UTB: o primeiro com vigência entre 10/2/2011 e 31/12/2011, o segundo entre 10/5/2012 e 31/12/2012 e o
último entre 2/5/2013 e 2/5/2014 (peça 2, p. 39, e peça 10, p. 8).” (grifos acrescidos)
5. Promovidas as oitivas da ANTT e da empresa UTB, não foram oferecidos argumentos
substanciosos, no entender da unidade instrutiva, a elidir os seguintes indícios de irregularidades: (i)
divergência entre os quantitativos informados pela Prefeitura de Niquelândia e aqueles apresentados
em outra oportunidade pela própria UTB; (ii) quantitativo informado no atestado consideravelmente
desproporcional à população atendida pela empresa; e (iii) indícios de que o serviço constante dos
atestados não teria sido prestado de modo ininterrupto.
6. Avalio que os exames empreendidos pela unidade instrutiva encontram-se devidamente
fundamentados e alcançaram conclusões adequadas, motivo pelo qual os adoto como razões de decidir,
sem prejuízo das considerações que explicito neste voto.
***
7. A UTB inicia sua manifestação alegando que a representante não logrou êxito em seu pleito
junto ao poder judiciário, o que descreditaria os argumentos aqui trazidos; que o número de
passageiros transportados em cada ônibus, 86, se referia a capacidade total, o que não significa que, a
cada viagem, a empresa transportasse essa quantidade de passageiros; que o contrato firmado com a
Prefeitura de Niquelândia não fixava quantitativo mínimo de veículos; que a ANTT emitiu atestado
dando conta que a empresa possuía cadastro de 134 veículos, dentre convencionais, executivo, leito,
semileito e semiurbano, dos quais 113 referentes à última categoria; que há manifestação da Prefeitura
de Niquelândia no sentido da continuidade da prestação dos serviços; e que este Tribunal estaria
invadindo a competência fiscalizatória da agência reguladora.
8. Por seu turno, a ANTT entende que a representante apenas objetiva medidas protelatórias,
obstando o devido prosseguimento do certame; que o intervalo de tempo necessário à renovação
contratual dos contratos firmados entre a UTB e a Prefeitura de Niquelândia seria irrelevante frente à
regularidade do serviço prestado pela empresa entre 2011 e 2014; que não se pode negar fé aos
documentos públicos; e que eventuais dúvidas foram sanadas com as diligências efetuadas.
9. De plano, destaco que a independência das esferas administrativa e judicial afasta qualquer
505

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

tentativa de vinculação do julgamento desta Corte a eventual decisão proferida no âmbito do poder
judiciário. Ademais, não há vedação a que os fatos apreciados naquela esfera possam vir aqui a ter
interpretação diversa, sobretudo por serem os processos de controle externo regularmente
desenvolvidos nesta Corte de Contas norteados pela busca da verdade material.
10. Ainda, não merece prosperar ilações de que este Tribunal estaria a invadir o plexo de
competências regulatórias próprias à ANTT. Recorro, para confortar tal entendimento, ao voto
condutor do Acórdão 1.026/2015-TCU-Plenário:
“O Tribunal de Contas da União, ao suspender o certame, apenas exerce sua competência constitucional
de controle externo de entidade da administração federal indireta, nesse caso, sob o enfoque da legalidade. A
decisão que concedeu a medida cautelar examinou, apenas, o cumprimento de requisito de habilitação
estabelecido pela própria ANTT, não tendo havido, assim, qualquer ingerência indevida nas atribuições da
agência.”
11. O que há de concreto é que remanescem dúvidas sobre a acuidade das informações prestadas
no procedimento licitatório.
12. Compulsando os autos (peça 34), observo que o atestado apresentado pela empresa não se
revela claro a expressar de forma inequívoca o atendimento da exigência editalícia de comprovação da
quantidade mínima de 96 veículos em operação simultânea e ininterrupta por um período de 3 anos,
vez que o que fora apresentado faz menção a uma estimativa de operação de 110 veículos no período
de 2011 a 2013 no município de Niquelândia/GO.
13. Não há, portanto, como firmar convicção se os veículos foram empregados em uma
operação por três anos consecutivos ou se o quantitativo foi obtido somando-se os veículos
empregados ao longo dos anos de operação junto à municipalidade.
14. Não desconheço que inferências estatísticas são comuns em modelagem no setor de
transporte, em especial quando se trata de variáveis para as quais é difícil levantar com precisão seu
real valor, como é o caso de estimar a demanda de passageiros em um estudo de viabilidade. Contudo,
é necessário que tais aferições sejam baseadas em hipóteses, premissas ou modelos suportados por
evidências que detenham aceitável grau de confiabilidade, haja vista que a demonstração dos
quantitativos se apresenta como requisito assentado no edital para a qualificação dos licitantes.
15. Ocorre que a UTB e a ANTT não lograram êxito em demonstrar que houve o efetivo
emprego do número de veículos consignados no atestado apresentado, sobretudo por não restar
inequivocamente caracterizado nos autos o atingimento do quantitativo mínimo em operação de 96
veículos.
16. A contextualização fática ora apreciada se amolda faticamente ao que está expresso no
enunciado 226 do Informativo de Licitações e Contratos deste Tribunal, baseado no
Acórdão 3.418/2014-TCU-Plenário:
“Ao constatar incertezas sobre o cumprimento de disposições legais ou editalícias, especialmente dúvidas
que envolvam critérios e atestados que objetivam comprovar a habilitação das empresas em disputa, o
responsável pela condução do certame deve promover diligências para aclarar os fatos e confirmar o conteúdo
dos documentos que servirão de base para a tomada de decisão da Administração (art. 43, § 3º, da Lei
8.666/93).”
17. Entendo, no caso concreto, que não poderia a ANTT ter se furtado a utilizar outros meios de
avaliação da frota da licitante vencedora quando a única informação que se tinha era uma estimativa
sem bases metodológicas, apresentada em um atestado sobre o qual pairam dúvidas quanto a sua
fidedignidade.
18. De extrema relevância, a meu ver, é a exigência de que a comprovação de qualificação
técnica recaísse sobre serviços que tenham sido prestados com regularidade, visto resguardar a
Administração de conceder a prestação do serviço público a um particular que não detenha arcabouço
técnico e econômico para satisfatoriamente exercê-lo.
19. Outra questão de relevo é a exigência de prestação continuada do serviço para fins de
habilitação. O mero fato de a lei por si só estipular que a continuidade é um requisito intrínseco dos
serviços públicos essenciais não significa que, como faz sugerir a UTB, seja o bastante para se
506

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

presumir que o serviço haja sido prestado de modo regular durante os lapsos temporais especificados
nos diversos contratos firmados com a Prefeitura de Niquelândia.
20. Para formar juízo quanto a essa questão se mostra de fundamental significância a
informação trazida aos autos de que o interregno entre contratos sequenciais com a municipalidade
sem a devida cobertura contratual alcançou cinco meses entre 2011 e 2012 e ultrapassou esse período
entre 2012 e 2013, totalizando quase dez meses sem a respectiva comprovação da prestação do serviço
por parte da UTB.
21. Tal fato deve ser levado em consideração a partir de uma análise conjunta com o cerne da
controvérsia, qual seja: a falta de comprovação de que a empresa operou com os quantitativos mínimos
exigidos em edital. Na minha percepção a combinação destas impropriedades atinge sobremaneira a
expectativa da obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração.
22. Outro ponto aduzido pela representante versa que o serviço objeto do atestado apresentado
tinha natureza de fretamento, decorrente de contrato de natureza privada com a empresa Votorantim,
para transporte de funcionários de uma unidade fabril de cimento.
23. Examinados os argumentos apresentados pela ANTT e pela UTB, restou comprovado, no
entanto, que os serviços relatados no atestado de capacidade técnico-operacional decorreram de
contratos firmados com a Prefeitura de Niquelândia/GO, poder concedente local, afastando-se a
ocorrência de irregularidade quanto a esse argumento.
24. Por outro lado, do que fora apresentado nos autos, é inegável que a representante, Cootransp,
não logrou êxito em atender exigências básicas contidas no edital, tais como: falta de apresentação dos
atos constitutivos da empresa, de procuração, da carta de compromisso de remuneração da Bovespa e,
a que considero mais sensível, a ausência de assinatura da corretora no seguro de garantia da proposta,
o que afasta a validade jurídica da apólice. Assim, não há como estabelecer uma relação direta de
interesse na causa por parte da cooperativa licitante, visto não se apresentar como potencial
beneficiária do resultado da licitação.
25. Por oportuno, releva consignar que o coeficiente tarifário teto da licitação era 0,086284
R$/passageiro.km, ao passo que o ofertado pela UTB, potencial vencedora do certame, foi 0,084213
R$/passageiro.km, resultando em um deságio de menos de 2,5%, fato que, na minha percepção, indica
não só a baixa competição no certame, como também que possível atraso em face da necessidade de
nova licitação não acarretará severos prejuízos aos usuários.
26. Doutro modo, tendo em conta que o prazo da permissão é longo, de quinze anos, a ausência
de comprovação da capacidade técnico-operacional da UTB pode vir a prejudicar os usuários por
longo período.
27. Ainda, julgo relevante registrar que a despeito de a UTB alegar que detém pátios de garagem
e pontos de apoio na região a ser atendida, o que em tese a torna plenamente habilitada a bem
desempenhar o serviço a ser concedido, tal fato não se traduziu em vantagem competitiva, haja vista o
deságio ofertado ter sido de menos de 2,5% em relação à tarifa-teto.
28. Com efeito, não se adentra nesta oportunidade ao mérito de eventual restrição à
competitividade decorrente das exigências impostas, pois estas têm fundamento legal e não
configuram, por si só, restrição indevida ao caráter competitivo do certame, porém, devem sempre
estar fundamentadas tecnicamente, de forma a demonstrar inequivocamente sua imprescindibilidade e
pertinência em relação ao objeto licitado, inserindo-se, ainda, na esfera da discricionariedade da
Administração.
29. Por outro lado, não se pode olvidar que a Administração encontra-se adstrita ao princípio da
legalidade e à vinculação ao instrumento convocatório. Inadmissível, portanto, que a Comissão de
Outorga da ANTT deixe de aplicar as exigências do próprio edital que tenha formulado, ainda mais ao
se constatar que não se tratou de mera irregularidade formal, mas sim que a contratada deixou de
demonstrar a capacidade técnico-operacional por meio do atestado exigido.
30. Importa ainda registrar que este Tribunal não se mostra insensível à realidade social da
população que depende do transporte público, destinatária e objeto fim da realização do certame. Por
507

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

outro lado, não pode este órgão de controle externo se omitir à efetiva aplicação da lei, devendo,
portanto, pautar suas ações pela incansável busca da preservação do interesse público.
31. Outrossim, a competência de levar a cabo a análise quanto à capacitação técnica, econômica
e operacional das licitantes permanece a cargo da ANTT, fato que não exclui a competência
constitucional deste Tribunal em apreciar a legalidade dos atos administrativos praticados.
32. Registro que, estando estes autos na iminência de julgamento, a UTB apresentou memorial
contendo elementos adicionais versando sobre os seguintes pontos: (i) permanência por três anos na
prestação do serviço público de transporte urbano ou semiurbano em Niquelândia; e (ii) quantitativo de
veículos objeto de atestado na prestação dos serviços.
33. Reexaminando os fatos, a unidade instrutiva, em essência, ratificou a proposta anteriormente
formulada, com a qual me alinho por entender que não foram carreados aos autos elementos novos
com o condão de elucidar ou modificar o entendimento firmado.
34. Importante assinalar que o plano de trabalho que versa sobre serviços prestados em
Niquelândia/GO, elaborado pela própria UTB, tem força probante, não sendo razoável desconsiderá-lo
e passar a tomar por mais adequados os dados encaminhados a posteriori por memorial, que se
baseiam na disponibilização média de um número bem superior de veículos por trajeto, sem
justificativa técnica desse quantitativo. Ainda, mesmo que se aceitassem os números apresentados pela
UTB no memorial, o quantitativo de 91 veículos informado ainda seria inferior ao exigido no edital.
35. Ademais, ratifico o posicionamento de que não se insere na competência originária deste
Tribunal se fazer substituir às atribuições das agências reguladoras no exame da real capacidade de
eventuais licitantes virem a cumprir os contratos firmados, bem como de fiscalizar a atuação das
concessionárias de serviços públicos. Nesse sentido, colaciono excertos do voto condutor do
Acórdão 1.703/2004-TCU-Plenário:
“26. O TCU deve atuar de forma complementar à ação das entidades reguladoras no que concerne ao
acompanhamento da outorga e da execução contratual dos serviços concedidos. Afinal, o fato de o Poder
Concedente deter competência originária para fiscalizar a atuação das concessionárias não impede a atuação
cooperativa e suplementar do TCU, que pode, assim, fiscalizar a prestação dos serviços públicos delegados. Por
outro lado, a Corte de Contas não pode substituir o órgão regulador, sob pena de atuar de forma contrária à
Constituição Federal. Nesse sentido, cumpre reiterar que a fiscalização do Tribunal deve ser sempre de segunda
ordem, sendo seu objeto a atuação das agências reguladoras como agentes estabilizadores e mediadores do jogo
regulatório. Logo, essa fiscalização não deve versar sobre o jogo regulatório em si mesmo considerado.
(...)
29. Deve-se salientar que o TCU não pode assumir a condição de defensor dos interesses de quaisquer
dos grupos em disputa, mas deve atuar em defesa da estabilidade das regras, do cumprimento dos contratos e da
eficiência do jogo regulatório. Afinal, em conformidade com a lição de Caio Tácito, citada pelo representante do
Parquet especializado, as agências reguladoras devem, simultaneamente, zelar pela fixação de tarifas módicas (o
que corresponde a preservar os interesses imediatos dos usuários) e pela manutenção de uma remuneração
apropriada para o capital investido (o que equivale a proteger os interesses dos concessionários).
(...)
Finalmente, ressalto que, no exercício do controle externo das concessões de serviços públicos, o TCU se
defronta com dois tipos de atos praticados pelas agências reguladoras: os vinculados e os discricionários.
Quando os atos supostamente irregulares forem do primeiro tipo, ou seja, quando as entidades reguladoras
tiverem violado expressa disposição legal, o Tribunal pode determinar a esses entes que adotem as providências
necessárias à correção das irregularidades detectadas. Por outro lado, quando se tratar de atos discricionários,
praticados de forma motivada e visando satisfazer o interesse público, esta Corte de Contas pode unicamente
recomendar a adoção de providências consideradas por ela mais adequadas.”
36. No caso em apreço, a delimitação do escopo das exigências para qualificação técnica se
inseriu no espectro de discricionariedade da entidade reguladora, todavia, ao inseri-las no edital passa a
Administração a vincular-se ao disposto no instrumento convocatório. Doutra forma, estaria a ferir a
isonomia do certame.
***
37. A partir dessas considerações, cumpre reconhecer a nulidade dos atos que levaram à
508

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

habilitação da empresa UTB União Transporte Brasília Ltda., no Edital 2/2014-Lote 3, assim como
dos atos subsequentes. Isso significa que seria hipoteticamente possível o aproveitamento dos atos
anteriores do procedimento licitatório, opção que estaria dentro da margem de discricionariedade do
gestor.
38. Contudo, os contornos fáticos deste caso concreto indicam que a manutenção dessa licitação
é inviável, visto que, conforme verifico ao examinar a ata de julgamento (peça 8), a empresa UTB foi a
única habilitada. Vale dizer, com a eliminação da UTB, a licitação tornar-se-á imediatamente
fracassada, por força da inabilitação de todas as empresas.
39. Nessa hipótese, é certo que é facultado à administração fixar novo prazo (de oito dias úteis)
para a apresentação de nova documentação escoimada das irregularidades identificadas
(Lei 8.666/1993, art. 48, § 3º).
40. Todavia, considerando que apenas duas proponentes acorreram ao certame, nada impede que
toda a licitação seja revogada a fim de se privilegiar o interesse público pela ampliação da
competitividade, hipótese em que poderá a ANTT avaliar a conveniência e a oportunidade de rever,
inclusive, a pertinência e a razoabilidade das cláusulas de habilitação e qualificação adotadas,
ponderando a possibilidade de ajustes que permitam uma maior competitividade, sem descuidar da
necessidade de se assegurar a aptidão do licitante para a boa prestação dos serviços.
41. Vale dizer, declarada pelo Tribunal a nulidade dos atos impugnados, fica à disposição do
gestor a opção de desfazer todo o procedimento licitatório ou invalidar apenas os atos insuscetíveis de
aproveitamento, retomando, nessa segunda hipótese, a licitação no momento imediatamente anterior ao
ato tornado insubsistente.
42. Destarte, cabe ao Tribunal, neste momento, assinar prazo para que a ANTT adote as
providências necessárias no sentido de anular o ato que habilitou a empresa UTB União Transporte
Brasília Ltda., no Edital 2/2014-Lote 3, bem como os atos subsequentes, facultando-lhe a retomada do
processo licitatório no momento imediatamente anterior a essa etapa ou mesmo o desfazimento de todo
o procedimento licitatório.
***
43. Por fim, anoto que a cooperativa Cootransp, autora da peça inicial da presente representação,
ingressou com pedido de integrar estes autos como Amicus Curiae.
44. Como é cediço, o Regimento Interno desta Corte não prevê tal figura que é, nos termos do
art. 138 do novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015, pessoa natural ou jurídica, órgão ou
entidade especializada, com representatividade adequada, que poderia se manifestar nos autos, após
decisão do relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda
ou a repercussão social da controvérsia.
45. Com espeque na norma apresentada, não vislumbro que o objeto sob análise tenha
repercussão social ou especificidades que demande tal assistência. Tampouco, observo na Cootransp,
na qualidade de licitante do certame em questão, a representatividade adequada para exercer tal papel
em nome de um direito que transcenda interesses específicos e que tenha repercussão relevante a toda
sociedade.
46. Não há também como se admitir o ingresso como parte interessada, pois a entidade, nos
termos do § 1º do art. 146 do Regimento Interno do TCU, deve demonstrar em seu pedido, de forma
clara e objetiva, razão legítima para intervir no processo - o que não se constata no caso, vez que a
Cootransp apenas se limita a afirmar, de forma genérica, ter o objetivo de defender o interesse público
e contrapor o ponto de vista defendido pela UTB nos autos. Indefiro, portanto o pleito apresentado.
47. Julgo ainda pertinente a remessa de cópia da deliberação proferida, acompanhada deste Voto
e do Relatório que a fundamentam, à Procuradoria da República no Distrito Federal para adote as
providências que entender cabíveis ante os fatos noticiados na presente representação no que tange a
possíveis irregularidades cometidas pelos agentes públicos que conduziram o certame em apreço.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2730/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 004.540/2015-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Responsável: UTB União Transporte Brasília Ltda. (37.098.480/0001-85).
4. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Terrestres.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária (SeinfraRod).
8. Advogado constituído nos autos: Edvan Teles da Silva (OAB/DF 44.326), Cláudio Renato
Canto Farág (OAB/DF 14.005) e Felipe Teixeira Vieira (OAB/DF 31.718).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar,
formulada pela Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda. em face do Edital 2/2014-lote 3 da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cujo objeto é a permissão para prestação de
serviços de transporte rodoviário semiurbano de passageiros para atendimento a região do Distrito
Federal e do entorno.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1.conhecer a presente representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. revogar a medida cautelar concedida em Despacho à peça 16;
9.3. com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c art. 45, caput, da Lei
8.443/1992, assinar prazo de 15 (quinze) dias para que a Agência Nacional de Transportes Terrestres
adote as providências necessárias no sentido de anular os atos que levaram à habilitação da empresa
UTB União Transporte Brasília Ltda., no Edital 2/2014-Lote 3, bem como os atos subsequentes,
facultando-lhe a retomada do processo licitatório no momento imediatamente anterior a essa etapa ou
mesmo o desfazimento de todo o procedimento licitatório no que se refere ao Lote 3;
9.4. com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Agência
Nacional de Transportes Terrestres que, na hipótese de optar pelo desfazimento de todo o
procedimento licitatório referente ao Lote 3 do Edital 2/2014, avalie a oportunidade e a conveniência
de rever a pertinência e a razoabilidade das cláusulas de habilitação e qualificação adotadas,
ponderando a possibilidade de ajustes que permitam uma maior competitividade, sem descuidar da
necessidade de se assegurar a aptidão do licitante para a boa prestação dos serviços;
9.5. encaminhar a este Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, a documentação comprobatória do
atendimento ao item 9.3.;
9.6. indeferir o pedido de habilitação nos autos como interessado, formulado pela cooperativa
Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda.;
9.7. autorizar o apensamento dos presentes autos ao TC 025.089/2013-7, após a comprovação
do cumprimento da decisão, conforme os arts. 36, caput, e 40, inciso III, da Resolução-TCU 259/2014;
9.8. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, à
representante (Cootransp Cooperativa de Transportes Ltda.), à Agência Nacional de Transportes
Terrestres e à UTB União Transporte Brasília Ltda;
9.9. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam à
Procuradoria da República no Distrito Federal para adote as providências que entender cabíveis ante os
fatos noticiados na presente representação no que tange a possíveis irregularidades cometidas pelos
agentes públicos na condução do certame em apreço.
510

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2730-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE V – Plenário


TC 011.538/2015-5
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgãos/Entidades/Unidades: Caixa Econômica Federal; Ministério das Cidades (vinculador);
Prefeitura Municipal de São Paulo/SP
Responsáveis: Carlos Antonio Vieira Fernandes (274.608.784-72); Dario Rais Lopes
(976.825.438-68); Elton Santa Fé Zacarias (063.908.078-21); Maria Beatriz de Marcos Millan Oliveira
(073.610.538-74); Miriam Aparecida Belchior (056.024.938-16); Osvaldo Misso (860.279.058-91);
Ricardo Pereira da Silva (355.420.126-04); Roberto Nami Garibe Filho (112.313.258-52)
Interessados: Congresso Nacional; Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São
Paulo (46.392.171/0001-04).
Representação legal: Jose Mauro Gomes, representando Prefeitura Municipal de São Paulo/SP;
Guilherme Lopes Mair (OAB/DF 32261) e Murilo Fracari Roberto (OAB/DF 22.934), representando a
CEF

SUMÁRIO: FISCOBRAS 2015. RELATÓRIO DE AUDITORIA NAS OBRAS DE


IMPLANTAÇÃO DO CORREDOR DE ÔNIBUS – PERIMETRAL ITAIM PAULISTA-SÃO
MATEUS, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO/SP. CONFIRMAÇÃO DOS
INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE GRAVE COM RECOMENDAÇÃO DE PARALISAÇÃO (IG-
P). OITIVAS.

RELATÓRIO

Trata-se de auditoria efetuada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana deste


TCU (SeinfraUrbana) nas obras de implantação do Corredor de Ônibus – Perimetral Itaim Paulista-São
Mateus (Município de São Paulo), no período compreendido entre 8/6/2015 e 31/7/2015.
2. Transcrevo a seguir, no essencial, o relatório de auditoria elaborado pela equipe, o qual
contou com a anuência do corpo diretivo da unidade instrutiva (peça 72).
“I. Apresentação
1. Trata-se de fiscalização realizada no Ministério das Cidades, na Prefeitura Municipal de São Paulo/SP
e na Caixa Econômica Federal, inserida no Fiscobras 2015, em cumprimento ao Acórdão 1.184/2015-TCU-
Plenário, que tem como objeto as obras de implantação do Corredor de Ônibus – Perimetral Itaim Paulista-São
Mateus, localizado no município de São Paulo/SP.
2. O objeto que integrou a presente fiscalização encontra-se atualmente em licitação. O Corredor
Perimetral Itaim Paulista-São Mateus está incluído como o lote 1 um dos dois lotes do Edital RDC Presencial n.
3/2015, que foi publicado em 16/5/2015. Vale dizer que o outro lote desse edital é o Corredor Radial Leste –
Trecho 3, empreendimento também fiscalizado neste Fiscobras 2015, no TC 011.535/2015-6.
511

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Convém mencionar que os órgãos e empresas públicas municipais envolvidos no empreendimento são:
(i) São Paulo Transporte S/A (SPTrans) – empresa pública municipal responsável pelo anteprojeto do
empreendimento (concepção inicial da obra); (ii) Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras
(Siurb/SP) – secretaria a cargo da elaboração dos projetos básicos e da licitação das obras; e (iii) São Paulo
Obras S/A (SPObras) – empresa pública municipal encarregada da gestão contratual e fiscalização das obras
(medições e pagamentos).
4. A abertura das propostas estava inicialmente prevista para 16/6/2015. No entanto, em 18/6/2015, a
Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP) publicou comunicado no
qual informa a suspensão da licitação sine die, em virtude de: (i) relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do
Município de São Paulo (TCM-SP); (ii) diversos pedidos de esclarecimentos realizados por empresas
interessadas; e (iii) representação interposta pela APEOP – Associação Paulista de Empreiteiros de Obras
Públicas. De acordo com o edital de licitação, em sua última versão, o Corredor Itaim Paulista-São Mateus está
orçado em R$ 593.819.557,14 (data-base julho/2014), montante cerca de 14% superior ao do orçamento
entregue pela Caixa à equipe.
5. Posteriormente, em 8/7/2015, a Siurb/SP reabriu o certame, tendo sido marcada data de abertura das
propostas para 6/8/2015. Em 22/7/2015, esta Corte de Contas, nos autos do TC 011.535/2015-6 (Corredor
Radial Leste – Trecho 3), considerando presentes os pressupostos da fumaça do bom direito e do perigo da
demora, efetuou oitiva prévia da Siurb/SP acerca de irregularidades identificadas até a aquele momento
(restrição à competitividade).
6. Em seguida, o TCM-SP prolatou medida cautelar suspendendo o certame, conforme consta de
despacho publicado em 31/7/2015, no Diário Oficial da Cidade de São Paulo.
7. Por fim, vale dizer que, nos autos do TC 011.535/2015-6, o TCU também exarou medida cautelar
determinando a suspensão do certame, além de haver proposta de classificar o achado de sobrepreço
identificado como pIG-P (proposta de irregularidade grave com recomendação de paralisação) no Corredor
Radial Leste – Trecho 3.
(...)
II. Introdução
II.1. Deliberação que originou o trabalho
17. Em cumprimento ao Acórdão 1.184/2015 - Plenário, realizou-se a auditoria Ministério das Cidades,
Prefeitura Municipal de São Paulo - SP e Caixa Econômica Federal, no período compreendido entre 08/06/2015
e 31/07/2015.
18. Entre as razões que motivaram esta auditoria, destacam-se: (i) o elevado vulto dos investimentos
previstos para as obras, no valor atualizado de R$ 596.708.066,99 (data-base julho/2014); (ii) o resultado das
análises de risco realizadas, por meio do Sistema de Auditoria de Orçamentos (SAO), para obras de mobilidade
urbana custeadas com recursos do Ministério das Cidades, estando entre as 5 obras de mobilidade urbana no
País com maior materialidade, relevância e risco; (iii) a relevância da obra para a cidade de São Paulo/SP; e (iv)
a oportunidade logística de analisar quatro empreendimentos por meio de um mesmo deslocamento da equipe de
auditoria para São Paulo/SP, tendo em vista que também foram selecionados os empreendimentos dos
Corredores de ônibus – Radial Leste – Trecho 1 (TC 019.151/2015-2), Radial Leste – Trecho 3 (TC
011.535/2015-6) e M’Boi Mirim (TC 011.533/2015-3), todos por meio de análise de risco.
II.2. Visão geral do objeto
19. O Corredor de ônibus – Perimetral Itaim Paulista – São Mateus visa propiciar uma ligação viária de
transporte público coletivo de forma perimetral entre os bairros Itaim Paulista e São Mateus, isto é, sem passar
por regiões com trânsito urbano saturado.
20. Além disso, o Corredor de ônibus – Perimetral Itaim Paulista-São Mateus foi dividido em alguns
trechos. Os trechos incluídos no lote 1 do edital de licitação RDC Presencial 3/2015 são os trechos 2 e 3, além
do terminal de ônibus Itaim Paulista. Convém esclarecer que todos esses empreendimentos foram incluídos num
único objeto licitado [conforme detalhado no relatório à peça 72].
(...)
III. Achados de auditoria
III.1. Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado.
45. Foram detectados indícios de sobrepreço global no orçamento enviado para análise de risco, referente
à obra do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, no montante de R$ 81.310.374,94, o que corresponde
512

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a 18,37% do valor total orçado de R$ 523.999.995,60 (data-base julho/2014) e a 29,03% da amostra analisada
que foi de 68,97%.
46. Inicialmente, convém registrar que os indícios de irregularidade a que se referem o presente achado se
enquadram no conceito definido no art. 112, § 1º, inciso IV, da Lei 13.080/2015 (LDO/2015), pois são
materialmente relevantes frente ao valor total licitado (Perimetral Itaim Paulista-São Mateus – sobrepreço de R$
81.310.374,94, o que corresponde a 13,81% do valor total orçado); (ii) apresentam potencialidade de ocasionar
prejuízos ao erário; (iii) podem acarretar nulidade do procedimento licitatório; e (iv) configuram graves desvios
aos princípios constitucionais a que está submetida a Administração Pública Federal, notadamente o princípio
da legalidade (preços acima dos referenciais definidos nos art. 3º e 4º do Decreto 7.983/2013) e o princípio da
eficiência (risco de contratar proposta não vantajosa para a Administração Pública).
47. Ademais, nos termos do art. 113, incisos I a XI, eventuais impactos negativos sociais, econômicos e
financeiros decorrentes da pIG-P são mitigados, pois a obra ainda não foi iniciada, estando em fase de licitação.
Também não há custo de deterioração de serviços executados, haja vista que não houve nenhuma execução
física do empreendimento. Por fim, não há custos de desmobilização, perda de empregos por demissão, entre
outros riscos negativos acarretados pela pIG-P, uma vez que a obra está em fase de licitação.
48. Dessa maneira, verifica-se que o atual estágio em que se encontra a obra é o ideal para a correção dos
problemas apontados no presente achado. Não há dúvidas de que a obra é importante para a cidade. Justamente
por isso, o empreendimento deverá ser bem planejado, para que o risco de paralisação por falta de recursos, ou
qualquer outro motivo previsível, seja mitigado ao máximo antes da contratação.
49. Desde já, cabe esclarecer que o valor do orçamento analisado difere do orçamento-base da licitação
RDC Presencial 3/2015, uma vez que foi analisado o orçamento enviado pela Caixa durante a fase de
planejamento dos trabalhos. Não foi possível analisar o orçamento-base da licitação em decorrência de dois
motivos: (i) não foi encaminhado pela Siurb/SP o orçamento-base da licitação em formato Excel; (ii) havia
limitação de prazo para conclusão desta fiscalização, em função da medida cautelar vigente e do indicativo de
pIG-P.
50. Apesar disso, verificou-se que, em todos os itens analisados menos um, os preços unitários do
orçamento analisado estavam condizentes com o orçamento-base da licitação disponibilizado em formato PDF
para a equipe.
51. A exceção ocorreu no serviço ‘Fornecimento e aplicação de concreto usinado para pavimento rígido
(FCTMK=4,5 MPA), inclusive cura química – 7 dias’. Nesse item, o preço unitário constante do orçamento da
Caixa, que foi analisado, foi de R$ 707,06/m³, enquanto o preço unitário no orçamento-base da licitação foi de
R$ 708,40/m³. Em outras palavras, caso fosse considerado o orçamento-base da licitação, o sobrepreço seria
ainda maior.
52. O método utilizado para avaliação do sobrepreço foi o método da limitação dos preços unitários
ajustados (MLPUA), no qual não são considerados abatimentos decorrentes de preços com descontos. Isso
porque o orçamento analisado se refere a um edital de licitação e não a um contrato de obra pública já
celebrado, o que indica a possibilidade de correção das irregularidades ainda na fase de edital sem afetar direitos
de terceiros. Nesse caso, o montante de sobrepreço corresponde a 29,03% sobre a amostra e a 18,37% do total
da obra.
53. Os preços verificados apontados com sobrepreço encontravam-se acima das medianas registradas no
Sinapi e do menor preço registrado no Sicro, o que caracteriza violação aos art. 3º e 4º, do Decreto 7.983/2013 e
ao art. 8º, § 3º, da Lei 12.462/2011 (RDC).
54. De acordo com os mencionados dispositivos, os custos unitários de obras e serviços executadas com
recursos do orçamento da União não podem ultrapassar os valores definidos no Sinapi e no Sicro. Exceções à
regra devem ser justificadas por condições especiais, devidamente caracterizadas em relatório técnico
circunstanciado, assinado por profissional habilitado (com ART), aprovado pela autoridade competente, o que
não ocorre no presente caso.
55. É nesse mesmo sentido a jurisprudência desta Corte de Contas, segundo a qual, salvo justificativa
técnica detalhada e devidamente fundamentada, os preços constantes do orçamento de obras públicas executadas
com recursos federais devem estar em conformidade com limites e critérios para fixação de preços máximos
estipulados pela legislação (Acórdãos 314/2011, 273/2010, 1.925/2010, 331/2009, 1.981/2009, 1.732/2009,
2.002/2009 e 2.154/2009, todos do Plenário).
56. Assim, a fixação de preços acima dos valores contidos no Sinapi e no Sicro é irregular, uma vez que
afronta os normativos vigentes.
513

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

57. Nesse ponto, passa-se a descrever as premissas técnicas que nortearam as principais composições de
preços unitários paradigma para os serviços analisados das obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São
Mateus e Terminal Itaim Paulista.
III.1.1 Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus
III.1.1.1 – BDI Paradigma adotado
58. O BDI paradigma adotado para o caso concreto foi de 21,40%, pois a obra constitui um corredor de
ônibus. Por isso, do ponto de vista dos insumos (materiais, equipamentos e técnicas de engenharia empregadas),
o empreendimento se assemelha à tipologia de obras rodoviárias. Dessa maneira, o percentual de BDI
paradigma provém da média estabelecida no Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário para esse tipo de obra,
acrescido do percentual de 2% na rubrica de impostos, referente ao regime de desoneração de mão de obra
incidente no caso concreto, e decorre do disposto na lei 12.546/2011, a qual instituiu a Contribuição
Previdenciária sobre Receita Bruta (CPRB).
59. Cabe notar que o BDI foi estabelecido no orçamento-base da licitação em 26,97%. (...)
62. Ademais, cabe destacar que o BDI do Orçamento-base da licitação leva em consideração que a obra
será executada no regime tributário da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), previsto no
art. 7º, inciso IV, da Lei 12.546/2011. Ou seja, foi previsto no orçamento que incidirá o regime de desoneração
de encargos sociais sobre a mão de obra (pelo regime não desonerado, em regra, 20% sobre a mão de obra),
acarretando que não seja incluído nenhum pagamento de previdência social nos encargos sociais da obra, sendo
remunerada a alíquota de 2% de INSS no BDI (incidente sobre todo o custo direto).
63. Os encargos sociais da mão de obra previstos no orçamento-base da licitação também levaram em
conta a desoneração incidente e foram fixados em 88,93% para mão de obra horista e 50,40% para mão de obra
mensalista (excluídos os 20% de INSS). Ambos os percentuais estão próximos aos percentuais informados pelo
Sinapi para o estado de São Paulo – 88,36% e 50,01%, respectivamente.
III.1.1.2 – Composições de preços unitários paradigma dos principais serviços
III.1.1.2.1 – Fornecimento e aplicação de concreto usinado para pavimento rígido (fctmk=4,5 Mpa),
inclusive cura química – 7 dias
64. O preço unitário paradigma para esse serviço foi extraído diretamente do Sicro 2 no serviço – 2 S 02
606 50 – Concreto de Cimento Portland com forma deslizante AC/BC. Convém ressaltar que essa é a
composição do Sicro referente a implantação de pavimento rígido. Considerou-se a utilização de areia e brita
comerciais, em decorrência de a obra estar localizada em zona urbana.
65. É necessário incluir o valor do transporte dos materiais comerciais até a obra, haja vista que os
insumos Areia e Brita Comerciais do Sicro têm seus preços fixados na condição ‘posto jazida’, isto é, sem levar
em consideração o transporte da jazida até a obra.
66. Por isso, foi feita pesquisa no sítio do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), tendo
sido selecionadas as jazidas de areia e de brita mais próximas à obra, resultando numa DMT de 88 km e de 63
km, respectivamente, uma vez que não consta do projeto básico da obra um detalhamento acerca da localização
das jazidas comerciais desses materiais.
67. Por sua vez, a DMT desde a usina de concreto até a obra foi estimada em 10 km, já que a obra está
localizada em região urbana, na qual é possível encontrar usinas de concreto num raio médio de 10 km da obra,
a exemplo das Concreteiras: (i) Redimix, localizada na Av. Guarulhos, 3313, Guarulhos/SP (distância de 25 km
até o ponto de encontro entre o Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus e o Corredor Radial Leste –
Trecho 3); (ii) Concreto e Cia, localizada na Rua Antônio Camardo, 505 – Tatuapé – São Paulo/SP (distância de
20 km até o mesmo ponto); (iii) KN Lajes e Concreto, localizada na Estrada D. João Nery, 1.524 - Itaim
Paulista – São Paulo/SP (distância de 4,7 km); (iv) Limamix Tecnologia de Concreto, localizada na Rua das
Indústrias, 40, Ferraz de Vasconcelos/SP (distância de 4,5 km); e (v) Concretos Lajes e Serviços, localizada na
Avenida Brasil, 290, Ferraz de Vasconcelos/SP (distância de 7 km), conforme pesquisa realizada no sistema
Google Maps.
68. Feitas essas considerações, o preço unitário paradigma foi calculado em R$ 414,21/m³, enquanto o
preço unitário do orçamento é de R$ 707,06/m³, resultando num sobrepreço total de R$ 10.680.515,56.
III.1.1.2.2 – Armadura em aço CA-50
69. A composição de preços unitários paradigma é proveniente da composição Sinapi 74254/1 – Armação
Aço CA-50 diâm. 16,0 (5/8) à 25,0 mm (1) – fornecimento/corte / dobra / colocação. A adaptação que foi feita
diz respeito à perda incidente no aço CA-50, a qual foi reduzida de 10% (prevista no Sinapi) para 5%, o que
514

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

resulta no preço unitário paradigma de R$ 6,90/kg, enquanto o preço unitário do orçamento é R$ 7,68/kg,
acarretando sobrepreço global neste item de R$ 1.853.341,44.
70. Entende-se que 10% é uma perda desarrazoada para o aço CA-50, em face das tecnologias atuais que
tornam mais eficiente o processo para execução de armadura para estruturas de concreto.
71. A título de exemplo de que reduções nas perdas de aço toleradas nos orçamentos de obras públicas
resultam em economias consideráveis de recursos federais, cabe recorrer ao relatório que fundamentou o
Acórdão 1.624/2009-TCU-Plenário, referente às obras da usina nuclear de Angra 3.
72. Na ocasião, apontou-se que, desde meados da década de 1990, era possível praticar perdas pouco
maiores que 5% para aços cortados e dobrados na obra.
‘216. Por fim, outro ponto importante da presente análise diz respeito ao índice de perdas no corte do aço
CA-50. Causou surpresa à equipe o fato de que o índice de perdas na renegociação foi elevado de 7% para 10%.
Por este motivo, registra-se que na presente instrução o índice de perdas foi ajustado para 7%, conforme
Proposta Comercial da Andrade Gutierrez, vencedora da licitação (documento '2 - planilha orçamentária, anexo
8.9', março/1994; Anexo 1, Vol. 2, do Processo). Alerta-se que a majoração das perdas pretendida ocorreu
apenas nas composições de custos unitários do aço CA-50, não ocorrendo o mesmo para os aços CA-25 e CA-
60, para os quais a Eletronuclear manteve o percentual de 7% da proposta original.’ (destaques acrescidos)
73. No caso do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, em que haverá cerca de 2.364 toneladas
de aço fornecidas para a obra, as práticas comuns de mercado são no sentido de adquirir o aço já cortado e
dobrado, mediante processo industrial. Esse ponto é reconhecido pela jurisprudência do TCU, conforme
Acórdão 3.650/2013-TCU-Plenário.
74. Ademais, a redução das perdas de aço ao mínimo tecnicamente possível é exigência do art. 3º e art. 4º,
inciso III, e § 1º, todos da Lei 12.462/2011, pois as licitações regidas pelo RDC devem respeitar: (i) o princípio
do desenvolvimento nacional sustentável; e (ii) a diretriz de ‘busca da maior vantagem’ de natureza ambiental,
inclusive no que tange ao (ii.1) ‘desfazimento de bens e resíduos’, respeitando as normas de ‘disposição final
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos gerados pelas obras contratadas’, de modo a privilegiar (ii.2) o
uso de metodologias executivas que comprovadamente reduzam o consumo de recursos naturais.
III.1.1.2.3 – ‘Descarte de material de demolição de bota fora licenciado material solto (classe II B)’ e
‘Descarte de solo inerte, em bota fora licenciado, material solto’
75. Em ambos os itens, a composição paradigma foi calculada com base em cotações enviadas pela
Siurb/SP. De acordo com essas cotações, o custo mediano para a taxa de descarte de material inerte classe II B é
de R$ 18,63 / ton.
76. Por isso, fazendo a necessária adaptação na unidade de medida para metro cúbico, o preço unitário
paradigma foi calculado em R$ 16,96/m³, enquanto o preço unitário do orçamento é de R$ 40,45/m³, no
primeiro item (material de demolição) e de R$ 34,28/m³ no segundo item (solo inerte).
77. Por isso, o sobrepreço total nos itens são de R$ 9.493.378,58 e R$ 5.413.120,33, respectivamente.
78. Cabe ressaltar que, apesar da diferença de preços entre os dois itens no orçamento da obra, de acordo
com a norma técnica ABNT NBR 10.004/2004, a classe II B informada para o material de demolição do
primeiro serviço se refere a materiais inertes.
79. Segundo essa norma técnica, há três categorias de classificação de resíduos: classe I – Perigosos; II A
– não inertes; e II B – inertes. Os resíduos perigosos são aqueles que apresentam risco à saúde pública ou ao
meio ambiente ou são inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos, patogênicos etc. Por sua vez, os resíduos
inertes, que são os ora avaliados, são aqueles que não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados em
água em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, exceto aspecto, cor, turbidez, dureza e
sabor. Ou seja, os resíduos não inertes, normalmente, apresentam solubilidade em água ou ainda
biodegradabilidade, combustibilidade, entre outras características.
80. Em outra norma técnica, a ABNT NBR 15.113/2004, estão dispostos os procedimentos requeridos
para a execução de descarte de resíduos ambientalmente adequado de acordo com sua classificação.
81. Ou seja, segundo esses normativos, ambos os serviços especificados serão executados de forma
similar de modo a propiciar o descarte ambientalmente correto, uma vez que ambos podem ser classificados
como inertes (classe II B).
82. Além da análise de preço, convém trazer à baila uma discussão sobre a necessidade de realizar
pagamentos de taxa de descarte para bota-fora de materiais inertes. Com efeito, não se vislumbra tal
necessidade, ainda mais no caso de descarte de solo inerte, o qual possui valor econômico e pode ser reutilizado
515

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

como material de empréstimo para eventuais aterros em outras obras da Prefeitura de São Paulo/SP ou nas obras
do próprio Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus.
83. Por ora, aceita-se a premissa adotada no projeto básico de que o solo obtido nos cortes não poderá ser
reutilizado, mas cabe ressaltar que não houve estudos sobre a viabilidade, ou não, de reuso do material obtido
nas escavações.
84. Ademais, verifica-se a inexistência de estudos que atestem a inviabilidade de a Prefeitura utilizar o
material escavado para eventuais recomposições ambientais de erosões. Outra opção seria adquirir um terreno
para torna-lo um bota-fora de obras de corredores de ônibus (bota-fora ‘pulmão’), haja vista que são previstos
montantes vultosos de pagamentos de taxas de descarte em vários empreendimentos executados
simultaneamente na cidade.
85. Ou seja, são várias as alternativas que deveriam ter sido estudadas e avaliadas na etapa de estudos de
viabilidade, sopesando todos os parâmetros de custos de taxas de descarte, transporte, DMT, compra de terreno,
etc.
III.1.1.2.4 – ‘Remoção de terra além do primeiro km’ e ‘Remoção de Entulho além do primeiro km’
86. Esses itens se referem ao transporte de material escavado/demolido depois do primeiro km, haja vista
que, conforme o memorial descritivo da obra, o primeiro km de transporte é remunerado nas composições de
escavação, carga e transporte e de demolição, respectivamente.
87. A composição paradigma foi extraída do Sicro 2 – 1 A 00 002 07 – Transporte local com basculante
10 m³ rodovia pavimentada (restauração rodoviária).
88. As adaptações que foram feitas na composição dizem respeito a: (i) mudança na unidade de medida
do serviço de t.km para m³.km; e (ii) a velocidade média de transporte.
89. Cabe lembrar que a composição do Sicro adota velocidade média de deslocamento de 40 km/h. No
projeto básico, não foi encontrado nenhum estudo acerca da velocidade média de transporte até o bota-fora.
Aliás, de acordo com o projeto básico, a DMT até o bota-fora é de 25,90 km para o trecho 2 do empreendimento
– Bota-fora Pepec Ambiental, localizado na Estrada Governador Mário Covas Júnior, s/n, Itaquaquecetua/SP. E
de 13,05 km para o trecho 3, com o mesmo bota-fora.
90. Convém mencionar que ambos os trechos integram o mesmo objeto licitado, o que será abordado no
achado específico de ausência de parcelamento de objeto.
91. De acordo com os mapas de trajeto, constantes do projeto, no caso do trecho 2, o percurso ocorrerá
pela Av. Jacu-Pêssego e posteriormente pela Rodovia Ayrton Senna da Silva, até o bota-fora. Já no caso do
trecho 3, o percurso projetado é por dentro da própria obra (Estrada Dom João Nery), entrando posteriormente
pela Av. Marechal Tito, em seguida pela Rodovia Henrique Eroles e Estrada Alberto Hinoto, até chegar ao local
do bota-fora.
92. No âmbito do TC 011.535/2015-6, que trata de auditoria nas obras do Corredor Radial Leste – Trecho
3, em resposta à manifestação preliminar relativamente à proposta de irregularidade grave com recomendação
de paralisação (pIG-P) (cf. Peças 147 e 148 do TC 011.535/2015-6), a Siurb/SP trouxe um estudo da
Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP), no qual foi feita uma contagem volumétrica de
tráfego, além de um levantamento das velocidades nas principais vias da cidade nos horários de pico.
93. De acordo com o aludido estudo da CET-SP (peça 147, p. 105, do TC 011.535/2015-6), a média
aritmética das velocidades que foram levantadas para a Av. Jacu-Pêssego é de 34,3 km/h.
94. Já em relação ao percurso do trecho 3 do empreendimento, não foram encontrados dados no estudo da
CET-SP. Ademais, em relação ao trecho 2, vale destacar que o referido estudo da CET/SP não abarcou a
integralidade dos trajetos esperados para o transporte até o bota-fora, haja vista que não foi estudada a Rodovia
Ayrton Senna da Silva, por exemplo.
95. Na falta de outros dados comprobatórios que deveriam estar incluídos no projeto básico da obra, é
possível afirmar, de forma conservadora, que a velocidade média do trajeto até o bota-fora poderá ser de 40
km/h, conforme a composição do Sicro, uma vez que a Rodovia Ayrton Senna, por exemplo, é constituída de
pistas expressas com limite de velocidade máxima permitida de 90 km/h para caminhões, com grande
capacidade viária com, pelo menos, 3 faixas de rolamento em cada sentido no percurso em tela.
96. Ou seja, eventuais velocidades menores na Av. Jacu-Pêssego poderão ser compensadas pela
velocidade maior que poderá ser desenvolvida durante o percurso na Rodovia Ayrton Senna.
97. Por conta disso, a produção horária da equipe foi calculada com capacidade = 10 m³; fator de carga =
1,00; fator de conversão = 1,00; fator de eficiência = 0,75; e velocidade média de deslocamento = 40 km/h.
516

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

98. Por isso, no caso do serviço de ‘Remoção de terra além do primeiro km’, o preço unitário paradigma
foi calculado em R$ 0,97 / m³.km, enquanto o preço unitário do orçamento é de R$ 1,53 / m³.km. Em vista
disso, o sobrepreço total nesse item é de R$ 4.000.763,35.
99. Já no caso do serviço de ‘Remoção de entulho além do primeiro km’, o preço unitário do orçamento é
de R$ 1,19 / m³.km. Por isso, o sobrepreço total nesse item é de R$ 1.124.378,07.
III.1.1.2.5 – Base de Binder Denso (sem transporte)
100. Para esse serviço, a composição paradigma é proveniente do Sicro – 5 S 02 540 52 – ‘CBUQ –
binder AC/BC’. A unidade de medida original do Sicro para essa composição é tonelada.
101. Por sua vez, esse serviço consta no orçamento do empreendimento com unidade de medida metros
cúbicos. De modo a adaptar a composição paradigma, partiu-se da premissa de que a massa específica de CBUQ
para binder é de 2,4 t/m³.
102. Ademais, segundo pesquisa realizada no sítio do DNPM, as DMT das jazidas de areia e brita
comerciais até a obra foram estimadas em 88 km e 63 km, respectivamente. Não foi considerado nenhum
transporte do CBUQ desde a usina até a obra, haja vista a descrição ‘sem transporte’ prevista no serviço
avaliado e o fato de que há um outro item da planilha que remunera o transporte de materiais betuminosos, a
saber, ‘Transporte de pavimento asfáltico’.
103. Cabe ressaltar que o custo unitário do insumo CAP 50/70 é proveniente de tabela publicada pela
Agência Nacional do Petróleo – ANP.
104. Dessa maneira, o preço unitário paradigma foi calculado em R$ 218,74 / m³, enquanto o preço
unitário do orçamento é de R$ 482,43 / m³. O sobrepreço total no item é de R$ 5.085.260,21.
III.1.1.2.6 – Base de Brita graduada tratada com cimento - BGTC
105. A composição paradigma é proveniente do Sicro 2 – 5 S 02 230 50 – Base de brita graduada BC. A
adaptação consiste em incluir na composição o insumo ‘Cimento Portland CP II-32’ com coeficiente de 75 kg,
equivalente a 4% do peso da brita graduada.
106. Essa proporção de cimento Portland frente à brita está condizente com as especificações técnicas e
com a composição de preços unitários do orçamento da obra.
107. A outra adaptação consiste na DMT de transporte horizontal entre a usina de brita graduada e a
frente de serviço, estimada em 10 km, conforme análise empreendida no serviço de concreto usinado para
pavimento rígido.
108. Feitas essas considerações, o preço unitário paradigma alcançou R$ 182,83/m³, enquanto o preço
unitário do orçamento é de R$ 197,93/m³, resultando num sobrepreço total no item de R$ 556.401,11.
III.1.1.2.7 – Disposição final de resíduos classe II A – não inertes, em aterro sanitário
109. A composição de preços paradigma se baseia em cotação realizada pela equipe de auditoria junto à
empresa Lara Central de Tratamento de Resíduos Ltda., localizada em Mauá/SP.
110. Segundo essa cotação, datada de 1º/9/2015, a taxa de descarte para resíduos não inertes foi cotada
em R$ 80,00 / ton, ratificado por cotações que a Siurb/SP enviou no âmbito do processo relativo ao Corredor
Radial Leste – Trecho 3 (peça 150 do TC 011.535/2015-6).
111. Por isso, a composição paradigma, realizada a adaptação para a unidade de medida metro cúbico,
resultou num preço unitário de R$ 72,84 / m³, enquanto o preço unitário do orçamento é de R$ 129,89 / m³. O
sobrepreço total no item é de R$ 1.591.714,40.
III.1.1.2.8 – Demolição de pavimento asfáltico, inclusive capa, inclui carga no caminhão
112. A composição paradigma é proveniente do Sinapi 72949 – ‘Demolição de pavimentação asfáltica,
exclusive transporte do material retirado’ – unidade de medida m³.
113. Por isso, foi necessário adaptar a unidade de medida do serviço para m². Para tanto, considerou-se
que o pavimento a ser demolido terá espessura média de 0,25 m, conforme sondagens a trado realizadas no
projeto básico.
114. Cabe enfatizar que, embora a composição do Sinapi mencione que está excluído no preço paradigma
o transporte do material retirado, verifica-se na composição paradigma a utilização de equipamentos atinentes à
etapa de carga do caminhão no serviço.
115. Entende-se que não são necessárias novas adaptações, uma vez que todas as etapas já estão
contempladas: demolição e carga. A única etapa excluída é o transporte, assim como no orçamento-base.
116. Por isso, o preço unitário paradigma alcançou R$ 12,81 / m², enquanto o preço unitário do
orçamento foi de R$ 13,41 / m². O sobrepreço total no item foi de R$ 148.134,21.
III.1.1.2.9 – Eletroduto de polietileno flexível alta resistência – 4’
517

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

117. A fim de estabelecer a composição paradigma para esse serviço, partiu-se da composição Sinapi –
86168 – ‘Eletroduto PVC flexível corrugado reforçado, DN 2’ e foram realizadas adaptações.
118. A adaptação consistiu em trocar o insumo Sinapi ‘2681 – Eletroduto de PVC Roscável de 2’, sem
luva’ pelo insumo Sinapi 34287 – ‘Duto de polietileno 4’, ref. Kanaflex’, com o mesmo coeficiente de 1 m.
Cabe esclarecer que o item se refere ao fornecimento de eletroduto para uma edificação – Terminal de ônibus
Itaim Paulista.
119. Dessa maneira, o preço unitário paradigma foi calculado em R$ 20,63/m, enquanto o preço unitário
do orçamento é de R$ 49,92/m. O sobrepreço total no item foi de R$ 1.940.387,76.
III.1.1.2.10 – Demais itens não detalhados
120. Os demais itens não detalhados tiveram suas composições de preços unitários paradigma
provenientes diretamente dos sistemas referenciais, sem nenhuma adaptação, conforme coluna ‘código’ do
relatório SAO incluído como evidência nos autos.
III.1.2 Objeto
121. O objeto fiscalizado foi o lote 1 do Edital de RDC Presencial 3/2015/SIURB, cujo objeto abarcou a
execução de dois empreendimentos, divididos em dois lotes: (i) Corredor de Ônibus – Radial Leste – Trecho 3;
e (ii) Corredor de ônibus – Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e terminal Itaim Paulista.
122. Na presente fiscalização, foi examinado o Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus. O
Corredor Radial Leste – trecho 3 é objeto do TC 011.535/2015-6.
123. A estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário no presente achado alcança R$ 81.310.374,94.
(...)
III.2. Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento.
131. Foram encontradas cláusulas restritivas à ampla competitividade no edital de RDC Presencial
3/2015, de acordo com a legislação e a jurisprudência do TCU, referente ao Corredor Perimetral Itaim Paulista-
São Mateus. As cláusulas irregulares foram: (i) realização de licitação presencial, sem a justificativa adequada,
quando a lei do RDC prioriza a forma eletrônica; (ii) exigência de prestação de garantia de fiel cumprimento do
contrato concomitante com apresentação de patrimônio líquido mínimo; (iii) restrição à tipologia/funcionalidade
de obra nas exigências acerca de cobertura metálica e área construída (terminal de ônibus); (iv) limitação de
atestados para atender às exigências de habilitação técnico-operacional; e (v) ausência de publicação das peças
técnicas da licitação em sítio eletrônico da Internet, importando em ônus desnecessários para eventuais
interessados obterem esses elementos.
132. O presente achado de auditoria não se enquadra no disposto no inciso IV, § 1º, art. 112, da Lei
13.080/2015 (LDO/2015), pois não foi possível calcular a materialidade em relação ao orçamento-base da obra.
133. Além dessas cláusulas tendentes a restringir a competitividade do certame RDC Presencial 3/2015,
embora o edital não seja claro quanto à vedação a que uma mesma licitante seja contratada para executar os dois
lotes, foi identificado que, em resposta a um licitante (Aviso de Esclarecimentos nº 001, de 30/7/2015), a
comissão firmou interpretação de que as licitantes podem oferecer propostas para os dois lotes do RDC
Presencial 3/2015 (Radial Leste - Trecho 3 e Perimetral Itaim Paulista-São Mateus), mas só poderá ser
contratada para um dos dois lotes, em descumprimento à jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.223/2013,
2.373/2013 e 602/2015, todos do Plenário). E entendeu a Comissão que, caso a licitante tenha interesse em
apresentar propostas para os dois lotes, terá que apresentar garantias em valor proporcional ao somatório dos
valores dos dois lotes, mesmo sabendo que somente poderá assinar contrato para um desses lotes.
134. Também vale destacar que, em decorrência dos indícios de irregularidades constatados, no caso do
edital do RDC Presencial 3/2015, a equipe de auditoria elaborou instrução acostada à peça 19 do TC
011.535/2015-6, na qual pondera que se fizeram presentes os pressupostos da fumaça do bom direito e do perigo
da demora no caso concreto, haja vista que a licitação estava prevista para ter sua abertura em 6/8/2015,
propondo realizar oitiva prévia da Siurb/SP acerca dos indícios de irregularidade, com base no art. 276, § 2º, do
Regimento Interno do TCU e na delegação de competência conferida pelo art. 1º, inciso II, da Portaria-Min-BD
1/2014.
135. Ou seja, essa questão também foi abordada no TC 011.535/2015-6, uma vez que o edital de licitação
em exame se refere às duas obras simultaneamente: (i) Corredor de ônibus Radial Leste – Trecho 3; e (ii)
Corredor de ônibus Perimetral Itaim Paulista-São Mateus – trechos 2 e 3 e terminal Itaim Paulista.
136. Naquele processo, foi exarada por este Tribunal medida cautelar no sentido de suspender o
andamento do certame, em face dos indícios de irregularidades constatadas.
518

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

137. Com efeito, verificou-se que as cláusulas apontadas acima feriam a legislação e a jurisprudência
desta Corte de Contas, conforme detalhado a seguir.
III.2.1 Realização de licitação presencial, sem a justificativa adequada, em desacordo com o art. 13 da Lei
12.462/2011
138. No preâmbulo do Edital de Licitação RDC Presencial nº 003/15/SIURB restou consignado que a
opção pela realização do certame presencial foi feita em razão de a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras
(Siurb), da Prefeitura Municipal de São Paulo/SP, não dispor das ferramentas necessárias para a realização do
procedimento sob a forma eletrônica.
139. Acerca da escolha da modalidade de licitação, se presencial ou eletrônica, o art. 13 da Lei
12.462/2011 prescreve que ‘as licitações deverão ser realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica,
admitida a presencial’.
140. Nesse sentido, o Decreto 7.581/2011, que regulamentou o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas, dispõe em seu art. 13:
‘Art. 13. As licitações deverão ser realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica.
§ 1º Nos procedimentos sob a forma eletrônica, a administração pública poderá determinar, como
condição de validade e eficácia, que os licitantes pratiquem seus atos em formato eletrônico.
§ 2º As licitações sob a forma eletrônica poderão ser processadas por meio do sistema eletrônico utilizado
para a modalidade pregão, de que trata o Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005.’
141. Dessa forma, a escolha pela modalidade presencial, em detrimento da eletrônica, embora possível,
deve ser justificada de maneira satisfatória, tendo em vista que o diploma legal estabelece a preferência pela
forma eletrônica. No caso concreto, a justificativa é insatisfatória.
142. A referida preferência pela forma eletrônica no RDC é devida a série de fatores, entre os quais o
incentivo ao aumento da competitividade do torneio e a dificuldade imposta ao potencial conluio de licitantes,
conforme expõe estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – Diretrizes
para combater o conluio entre concorrentes em contratações públicas.
143. O aumento de competitividade decorre, por exemplo, da redução dos custos para participação dos
certames licitatórios, pois a participação em licitações presenciais impõe uma série de gastos e dificuldades para
licitantes sediadas em outras localidades. Tais restrições não existem para empresas sediadas em outras unidades
federativas quando utilizada a forma eletrônica de licitação. Assim, o uso do RDC processado por meio do
sistema eletrônico visa prestigiar, em particular, o princípio constitucional da isonomia, assim como selecionar a
proposta mais vantajosa para a Administração.
144. A menor abrangência das licitações presenciais favorece a disputa apenas entre fornecedores
regionais ou locais, o que traz um efeito maléfico para a Administração, uma vez que licitantes de outras regiões
poderiam apresentar melhor qualidade do produto e menor preço. Até porque, no caso concreto, há grande
interesse no mercado de obras em São Paulo/SP e, eventualmente, empresas de outras localidades podem vir a
ter interesse em ingressar nesse mercado.
145. Por todos esses motivos, o TCU vem determinando aos jurisdicionados, no âmbito das contratações
mediante pregão, que só utilizem o formato presencial no caso de inviabilidade de realização do certame no
formato eletrônico, a ser justificada pela autoridade competente. Os Acórdãos 1.700/2007-TCU-Plenário e
2.292/2012-TCU-Plenário vão nesse sentido. Essa interpretação pode ser aplicada de forma análoga ao presente
caso. Inclusive porque o Decreto 7.581/2011 possibilita que seja usado o mesmo sistema eletrônico utilizado
para a modalidade pregão nas licitações amparadas no RDC.
146. Ademais, ainda que a Siurb não dispusesse de sistema próprio para processar os pregões eletrônicos
e, consequentemente, a licitação em questão, poderia se credenciar para utilizar a plataforma do Comprasnet do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog), ou ainda, o sistema e-Licitações do Banco do Brasil
(BB), que são as ferramentas usadas para obras com recursos federais.
147. Em consulta ao sítio do Comprasnet (https://www.comprasgovernamentais.gov.br/gestor-de-
compras/publicacoes/manuais), verificou-se, inclusive, que é disponibilizado um manual a fim de orientar o
usuário do órgão público interessado a utilizar o sistema no caso de RDC Eletrônico
(https://www.comprasgovernamentais.gov.br/arquivos/manuais/manual_rdc_eletronico_v1_08032013.pdf).
148. Portanto, os responsáveis pelo Edital de Licitação RDC Presencial nº 003/15/SIURB infringiram o
art. 13º da 12.462/2011, que exige, em caso de empreendimentos com recursos federais, a utilização de licitação
preferencialmente na forma eletrônica, pois deixaram de apresentar justificativas plausíveis no aludido processo
licitatório de que a utilização da forma eletrônica era inviável, ainda mais em um objeto de R$ 857,3 milhões.
519

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

149. Não cabe ao administrador público adotar postura contrária a dispositivos literais de Lei que está em
vigor, salvo se, no caso concreto, a adoção de dispositivo legal afrontar claramente o interesse público, situação
que demandará pareceres técnicos e jurídicos circunstanciados a embasar e justificar o afastamento de norma ao
caso concreto.
150. Vale destacar novamente que a forma eletrônica do certame, além de aumentar a competitividade,
mitiga o risco de conluio entre licitantes.
III.2.2 Exigência de prestação de garantia de fiel cumprimento do contrato concomitante com
apresentação de patrimônio líquido mínimo, contrariando o teor da Súmula TCU 275/2012
151. No que se refere à Qualificação Econômico-Financeira, o edital trouxe a exigência de que a licitante
comprove possuir Patrimônio Líquido mínimo, nos seguintes termos:
‘12. DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO
12.2.3 – Relativos à Qualificação Econômico-Financeira:
c. Prova de ter o Licitante o Patrimônio Líquido igual ou superior a valor especificado no preâmbulo
deste Edital, comprovado pelo Balanço Patrimonial exigido na alínea ‘a’, admitindo-se a atualização para o mês
de entrega da documentação por meio do Índice de Preços ao Consumidor – IPC.
(grifo nosso)
(...)
2. INFORMAÇÕES INICIAIS
2.9. Patrimônio Líquido Mínimo exigido:
Lote 1: R$ 59.670.000,00 (cinquenta e nove milhões seiscentos e setenta mil reais)
Lote 2: R$ 26.060.000,00 (vinte e seis milhões e sessenta mil reais)’
(Itens 12.2.3 ‘c’ e 2.9 do Edital de licitação RDC Presencial n. 003/15/SIURB - p. 23-24 e 4)
152. Ainda tratando das questões econômico-financeiras, o edital estipula a exigência de que a licitante
vencedora apresente garantia do contrato, conforme a seguir:
‘16.1. A garantia do contrato será prestada antes de sua lavratura, mediante Guia de Recolhimento, no
valor correspondente ao percentual de 5% (cinco por cento) sobre o valor do contrato a ser firmado, que deverá
ter prazo de validade até o recebimento definitivo do objeto contratual, e, será liberada após o recebimento
definitivo do objeto contratual, mediante requerimento da Contratada.’
153. De plano, convém notar que o art. 14 da Lei 12.462/2011 remete as exigências de habilitação em
certames regidos pelo RDC ao disposto nos arts. 27 a 33 da Lei 8.666/1993.
154. Isso posto, o art. 31, § 2º, da Lei 8.666/1993, aplicável ao caso por força do art. 14 da Lei
12.462/2011, ao abordar tal tema, estipula que, no caso de obras, a Administração poderá estabelecer, no
instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido ou ainda as
garantias realizadas por meio de caução em dinheiro ou títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança
bancária.
155. Pela leitura do dispositivo, é possível afirmar que as duas alternativas ali indicadas seriam
consideradas como equivalentes. Isso conduz à ideia de que o particular pode comprovar sua capacitação
econômico-financeira por uma das duas vias, a sua escolha.
156. Entendimento contrário a esse nos levaria a um acúmulo de garantias, o que geraria obstáculos
excessivos à participação de licitantes, indo de encontro ao princípio da competitividade, que está previsto no
art. 3º, inciso I, da Lei 8.666/1993.
157. Nesse sentido, há jurisprudência consolidada do Tribunal de Contas da União, a exemplo dos
Acórdãos 1622/2010, 1265/2009, 170/2007, 701/2007 e 2338/2006, todos do Plenário. Diante de farta
jurisprudência em sentido único, em 30/5/2012, este Tribunal editou a Súmula 275, com fundamento no art. 31,
§ 2°, da Lei de Licitações e Contratos, aplicável ao caso concreto por força do art. 14 da Lei 12.462/2011,
conforme a seguir transcrito:
‘Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração pode exigir das licitantes, de forma não
cumulativa, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias que assegurem o adimplemento do
contrato a ser celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução de obras e serviços.’ (grifo
nosso)
158. Diante de todo o exposto, a exigência prevista no Edital no sentido de requerer cumulativamente
patrimônio líquido mínimo juntamente com as garantias previstas no art. 56, § 1º, da Lei 8.666/1993 não
encontra conformidade com tal norma nem com a jurisprudência deste Tribunal.
520

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

III.2.3 Restrição excessiva à tipologia e funcionalidade de obra nas exigências concernentes à habilitação
técnico-operacional
159. Apesar de essa cláusula editalícia ter sido corrigida, após a atuação da equipe do TCU, vale narrar a
situação encontrada. Isso porque a falha é grave e ilustra a falta de diligência em relação ao objetivo de atrair a
maior competitividade possível ao certame.
160. A cláusula editalícia que estabelece as exigências de capacidade técnico-operacional das licitantes
era a seguinte:
‘d) A empresa/consórcio participante deverá apresentar atestado(s) comprobatório(s) da aptidão técnico-
operacional, emitido(s) pelo contratante titular, obrigatoriamente pessoa jurídica de direito público ou privado,
em nome da empresa Licitante, devidamente registrado(s) no Sistema CREA/CONFEA, e deverá(ão)
comprovar a execução de obras e serviços, em área urbana, em um único contrato ou contratos simultâneos, para
cada subitem, conforme especificações e quantitativos abaixo:
Lote 1 - Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus - Trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista
d.1) Implantação de corredor de ônibus igual ou superior a 8,0km em sentido único ou com 4,0Km em
dois sentidos de direção;
d.2) Terminal de Passageiros com cobertura metálica e área construída igual ou superior a 14.600m²;
d.3) Execução de pavimento rígido de concreto fck≥30MPa, fctmk≥4,5MPa: 16.200,00m³.
d.4) Execução de pavimento flexível com Polímero: 6.700,00m³.
d.5) Execução de fundação de rachão: 44.200,00m³.
d.6) Execução de base de brita graduada e/ou brita graduada tratada com cimento: 41.100,00m³.
d.7) Execução de ponte e/ou viaduto em balanços sucessivos, com vão maior ou igual à 70m e área de
tabuleiro maior ou igual à 1.264,00m².
d.9) Execução de galeria técnica para enterramento de rede elétrica.
d.10) Execução de fundação em estaca com extensão maior ou igual a 7.500m.’
(grifo nosso)
161. Verifica-se, portanto, que a SIURB/SP exige em seu item d.2 do Lote 1 que a licitante apresente
atestado de capacidade técnica contemplando um ‘terminal de passageiros com cobertura metálica e área
construída igual ou superior a 14.600 m²’.
162. Em outras palavras, a SIURB/SP faz exigências no sentido de que atestado de capacidade técnica do
licitante se refira a tipologia específica e exata (na funcionalidade) de obra.
163. De plano, não há justificativas técnicas para exigir que o atestado de capacidade técnica se refira
exclusivamente a um terminal de passageiros e não a uma edificação de funcionalidade similar, haja vista que a
execução de coberturas metálicas é um serviço similar para qualquer que seja a destinação que será dada à
edificação na qual está sendo executada, quer seja um ginásio ou estádio poliesportivo ou um pavilhão de
exposições, ou ainda um terminal de passageiros.
164. Caso mantida a cláusula do edital da forma como se encontrava antes da atuação do TCU, uma
empresa que disponha apenas de atestado de capacidade técnica relativo à cobertura metálica de uma grande
edificação, mas que não funcione como terminal de passageiros, em quantitativos superiores aos solicitados, por
exemplo, poderá ser inabilitada no certame, embora tenha comprovação de experiência em fornecimento e
montagem de complexas coberturas metálicas.
165. Cobertura metálica também é um serviço comumente executado em pavilhões de exposições, em
hangares aeroportuários, em galpões industriais. Em todos eles, as dificuldades intrínsecas à execução, no caso
de construções novas, é similar, não influenciando, de modo decisivo, a funcionalidade interna da edificação.
166. Portanto, verifica-se que a restrição do atestado solicitado a edificação que funcione como ‘terminal
de passageiros’ importa em restrição à competitividade do certame.
167. Em outro giro, a exigência de atestado de capacidade técnica relativa à tipologia e funcionalidade
específica de obra é condenada pela jurisprudência do TCU.
168. Com efeito, os Acórdãos 1.023/2013, 1.223/2013, 222/2013, 1.733/2010, 1.998/2013, 1.502/2009,
311/2009 e 1.226/2012, todos do Plenário, esposam o entendimento segundo o qual:
‘Conforme jurisprudência deste Tribunal, a inserção, nos editais de licitação, de expressões que possam
levar à interpretação restritiva quanto à demonstração de execução de serviços atrelada a determinada tipologia
de obra deve ser evitada, salvo se imprescindível à certeza da boa execução do objeto e desde que devidamente
fundamentada no processo licitatório, conforme o Acórdão nº 1.226/2012-Plenário. (...)’ (Acórdão 1.223/2013-
TCU-Plenário, trecho do relatório)
521

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

169. No caso concreto, não é razoável dizer que é imprescindível à boa execução do objeto exigir que a
experiência da licitante na execução de coberturas metálicas se dê exclusivamente em terminais de passageiros,
já que, como comentado, coberturas metálicas executadas em obras de tipologias e funcionalidades distintas não
acarreta que tenha sido necessária menor capacidade técnico-operacional da empresa.
III.2.4 Limitação de atestados para atender às exigências concernentes à habilitação técnico-operacional
170. Apesar de essa cláusula editalícia ter sido corrigida em nova versão do edital de licitação, após a
atuação da equipe do TCU, vale narrar a situação encontrada, novamente com o intuito de registrar os riscos de
limitação à competitividade presentes na versão do edital antes da atuação desta Corte de Contas.
171. Nesse ponto, convém, novamente, transcrever a cláusula editalícia do edital original que estabelece
as exigências de capacidade técnico-operacional.
‘d) A empresa/consórcio participante deverá apresentar atestado(s) comprobatório(s) da aptidão técnico-
operacional, emitido(s) pelo contratante titular, obrigatoriamente pessoa jurídica de direito público ou privado,
em nome da empresa Licitante, devidamente registrado(s) no Sistema CREA/CONFEA, e deverá(ão)
comprovar a execução de obras e serviços, em área urbana, em um único contrato ou contratos simultâneos,
conforme especificações e quantitativos abaixo:’(grifo nosso)
172. Verifica-se, portanto, que a experiência exigida nos diversos serviços listados no edital deverá ser
comprovada por intermédio de um único atestado ou de atestados relativos a contratos executados em um
mesmo período de tempo, ainda que em localidades distintas.
173. A fim de analisar esse indício de irregularidade, convém relembrar o conceito de capacidade técnico-
operacional. De acordo com a doutrina:
‘A qualificação técnica operacional consiste em qualidade pertinente às empresas que participam da
licitação. Envolve a comprovação de que a empresa, como unidade jurídica e econômica, participara
anteriormente de contrato cujo objeto era similar ao previsto para a contratação almejada pela Administração
Pública.’ (JUSTEN FILHO, M., Comentários à lei de licitação e contratos administrativos, 15. ed., São Paulo,
Dialética, 2012, p. 499)
174. Tendo em mente esse conceito, não se justifica tecnicamente exigir que o licitante comprove a
execução de todos os serviços por meio de um único atestado.
175. Isso porque, de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, as frentes de serviço referentes
aos serviços exigidos pelo edital não serão simultâneas, até mesmo pelos impactos que podem causar no
trânsito, que não pode ser interrompido por longos períodos.
176. Ou seja, se o objeto a ser contratado não exige simultaneidade, não se justifica que o licitante
comprove experiência em haver executado os serviços por meio de atestado único ou da mesma época.
177. Ademais, a jurisprudência desta Corte de Contas afirma que a limitação ao número ou à
temporalidade de atestados tem o potencial efeito de restringir a competitividade do certame, conforme
Acórdãos 2.150/2008, 2.882/2008, 1.237/2008, 1.636/2007, 2.359/2007, 2.019/2013 todos do Plenário.
178. A propósito, vale destacar que o Acórdão 2.019/2013-TCU-Plenário se refere a um edital de
licitação lançado sob a égide do Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Outrossim, embora os demais
julgados mencionados se refiram a licitações que tinham por fundamento legal a Lei 8.666/1993, a Lei
12.462/2011, que instituiu o RDC, dispõe em seu art. 14: ‘Na fase de habilitação das licitações realizadas em
conformidade com esta Lei, aplicar-se-á, no que couber, o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993 (...)’.
179. Portanto, toda a jurisprudência desta Corte de Contas proferida em relação à Lei 8.666/1993 segue
válida em relação às cláusulas de habilitação de licitações de RDC.
180. Dessa forma, de acordo com a jurisprudência do TCU, uma licitante poderia certificar sua
capacidade técnico-operacional de executar as obras licitadas ao demonstrar que realizou os serviços exigidos
no edital em obras diferentes, não sendo razoável exigir que todos os serviços estejam incluídos em um único
atestado.
181. Nesse ponto, convém transcrever excerto do Acórdão 2.019/2013-TCU-Plenário: ‘exigência de que,
para fins de comprovação de capacidade técnico-operacional, todos os serviços estejam incluídos em um único
atestado, quando é suficiente que o quantitativo de cada serviço esteja atendido por algum atestado, ainda que
em obras distintas, cabendo justificativas em cada caso.’
182. No caso concreto, verifica-se uma grave limitação aos atestados que as licitantes poderiam
apresentar. Nos termos do edital de licitação, ou as licitantes deverão contemplar todos os serviços exigidos em
um único atestado ou em atestados referentes a ‘contratos simultâneos’.
522

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

183. Entende-se que a cláusula em tela viola a jurisprudência do TCU e importa em restrição à
competitividade do certame.
184. No entanto, durante a fase de execução do presente trabalho, a equipe de auditoria encaminhou
ofício de requisição solicitando justificativas para essa cláusula editalícia. Em resposta ao ofício de requisição, a
Siurb/SP informou que a comprovação do subitem 12.2.4, alínea d, poderia ser realizada com atestados variados
para comprovação de cada um dos serviços listados.
185. O edital original previa que a abertura da licitação se daria em 16/6/2015. Posteriormente, em
comunicado realizado em 10/6/2015, a Siurb/SP adiou a data para 30/6/2015. Em 18/6/2015, a Siurb/SP
comunicou a suspensão do certame, sem data estimada para retomada.
186. Por fim, em 8/7/2015, a Siurb/SP reabriu o certame, tendo sido marcada data de abertura em
6/8/2015. O edital de licitação foi republicado em nova versão.
187. Na nova versão do edital, a cláusula que trata de habilitação técnico-operacional foi redigida da
seguinte forma:
‘d) A empresa/consórcio participante deverá apresentar atestado(s) comprobatório(s) da aptidão técnico-
operacional, emitido(s) pelo contratante titular, obrigatoriamente pessoa jurídica de direito público ou privado,
em nome da empresa Licitante, devidamente registrado(s) no Sistema CREA/CONFEA, e deverá(ão)
comprovar a execução de obras e serviços, em área urbana, em um único contrato ou contratos simultâneos, para
cada subitem, conforme especificações e quantitativos abaixo:’ (grifo nosso)
188. Portanto, verifica-se que a cláusula editalícia apresenta uma redação que esclarece melhor as
exigências de habilitação técnico-operacional, segundo entendimento da Siurb/SP.
III.2.5 Dificuldades impostas aos licitantes para obtenção das peças técnicas
189. Outro ponto que também merece destaque por impor restrição à competitividade é a forma de
disponibilização dos elementos técnicos da licitação – projeto básico, orçamento, memoriais descritivos etc.
Verifica-se que no sítio eletrônico da Prefeitura de São Paulo (http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br/),
no qual foram publicados os editais de licitação, só é possível baixar o arquivo relativo ao edital de licitação
propriamente dito. Ou seja, não é possível obter as peças técnicas correspondentes por meio do sítio eletrônico,
mesmo após a republicação do edital.
190. Corrobora essa observação o fato de que o edital de licitação prevê que os licitantes deverão
comparecer pessoalmente à Divisão Técnica de Licitações da SIURB/SP munidos de um disco compacto DVD-
R para cópia dos arquivos.
191. Entende-se que isso também implica em potencial restrição à competitividade do certame, já que
importa em custos desnecessários de deslocamentos de eventuais interessados para a sede da SIURB/SP, quando
a Prefeitura de São Paulo/SP poderia ter disponibilizado link para download de todos os elementos em seu sítio
eletrônico.
192. Em outras palavras, uma eventual licitante cuja sede esteja localizada fora do município de São
Paulo/SP terá que custear o deslocamento de um funcionário para obter os elementos necessários para
formulação de sua proposta, o que pode afastar interessados.
193. A jurisprudência do TCU indica que constitui cláusula restritiva à competitividade a imposição de
custos desnecessários à participação de licitantes, como ocorre no caso concreto (cf. Acórdãos 600/2011-TCU-
Plenário, 6.466/2010-TCU-2ª Câmara, 1.924/2010-TCU-Plenário, 362/2007-TCU-Plenário).
194. Convém transcrever excerto do Acórdão 362/2007-TCU-Plenário, in verbis: ‘4. É vedada a
exigência (...) por impor ônus desnecessário antes da contratação e restringir o caráter competitivo do certame.’
195. Portanto, resta caracterizada a restrição à competitividade do certame derivada da imposição de ônus
desnecessário a eventuais interessados antes da contratação, além da exigência de comparecimento pessoal à
sede do órgão pode facilitar o contato prévio entre potenciais licitantes, trazendo risco de conluio.

III.2.6 Ausência de clareza do Edital e interpretação da Comissão de Licitação pela vedação à contratação
de uma mesma empresa para a execução dos dois lotes
196. Durante a análise preliminar da equipe, em sede de cognição sumária, com vistas a fundamentar
proposta de oitiva prévia à medida cautelar, não foi identificada cláusula que expressamente vedasse a
contratação de uma mesma empresa para execução dos dois lotes. Ou seja, desde que os preços sejam os
menores (maior desconto) e que a empresa detenha capacidade técnica e econômica para tal, o edital não oferece
óbices à contratação de uma mesma empresa para os dois lotes.
523

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

197. No entanto, em apreciação do ‘Aviso de Esclarecimentos nº 001’, publicado em 30/7/2015, após a


oitiva prévia, a equipe identificou que a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) da
Prefeitura de São Paulo, em resposta aos questionamentos formulados pela empresa DP Barros Pavimentação e
Construção Ltda. firmou entendimento de que uma empresa somente pode ser contratada para um único lote,
mesmo que seu preço tenha sido o menor nos dois lotes. É o que se passa a demonstrar.
198. Nos itens 2.4 e 2.5 do Edital consta que a licitação será processada de forma presencial, com modo
de disputa ‘fechado’. Ou seja, embora o RDC permita o modo de disputa aberto, o qual permite disputas por
lances, de modo similar ao Pregão, a Prefeitura optou pela entrega de envelopes lacrados.
199. No item 8.4.12 o Edital registra que ‘nenhuma licitante poderá participar desta licitação com mais de
uma Proposta de Preço’. Entende-se que a vedação é em relação à apresentação de mais de um preço para cada
lote, o que é óbvio, pois o Edital permite a apresentação de um preço para cada lote, ou seja, dois preços no
total.
200. Tal entendimento é corroborado pelos itens 10.1.1 e 10.1.2 (um envelope com uma via da proposta
de preços, para cada lote).
201. Logo, o problema do Edital não estaria na apresentação das propostas, pois resta claro que os
licitantes podem ofertar preços para cada um dos lotes.
202. O item 11.1.4, ao tratar da abertura e julgamento das propostas, dispôs, tanto no caput quanto na
alínea ‘b’, que ‘a Comissão de Licitação procederá à classificação das propostas, por lote, em ordem decrescente
de desconto (% proposto), restando vencedora a licitante que ofertar o MAIOR DESCONTO, em relação ao
preço global fixado, para cada lote’. Logo, resta claro também que uma empresa que ofereça o melhor preço
(maior desconto) tanto no lote 1 quanto no lote 2 pode ser declarada ‘vencedora’ em ambos os lotes.
203. Ocorre que o item 11.1.4 possui uma alínea ‘d.1’ que consigna: ‘Em caso de uma mesma empresa
ser classificada provisoriamente em primeiro lugar em mais de um lote, a escolha será feita pelo critério da
vantajosidade’.
204. A introdução desta alínea traz a incerteza acerca do direito da empresa contratar ambos os lotes, pois
não está claro em nenhuma parte do Edital (i) que ‘escolha’ seria essa (presume-se que seria a escolha de um
dos dois lotes), e (ii) o que se entende por ‘critério de vantajosidade’.
205. A dúvida em relação ao item 11.1.4.d.1 é ainda maior quando se observa o item 15.1 do edital,
segundo o qual ‘finalizada a fase recursal e definido o resultado de julgamento, a Comissão poderá negociar
condições mais vantajosas com o primeiro colocado’.
206. Ora, se ambas as propostas de uma empresa (lotes 1 e 2) são as mais vantajosas, as ‘primeiras
colocadas’, as ‘vencedoras’, elas devem ser contratadas.
207. Impedir que uma empresa que ofereceu a menor proposta (maior desconto) em determinado lote
assine contrato para a execução da obra ofende os princípios da legalidade e da eficiência dispostos no art. 37,
caput, da Constituição Federal e subverte a lógica de contratar a proposta mais vantajosa para a administração
pública, pois o inciso XXI do mesmo artigo dispõe expressamente que somente existirão exigências
indispensáveis ao cumprimento das obrigações. Portanto, caso uma empresa ofereça a menor proposta de preços
e comprove possuir capacidade técnica e econômica para executar ambos os lotes, deve ser a escolhida.
208. A Lei 8.666/1993, aplicável ao caso concreto por força do art. 14 da Lei 12.462/2011, ao
regulamentar o art. 37, inciso XXI, da Constituição, expressamente dispôs, em seu art. 3º, caput, que a licitação
se destina à ‘seleção da proposta mais vantajosa para a administração’, sendo necessariamente ‘processada e
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos’, dentre eles o da legalidade, da vinculação ao
instrumento convocatório e do julgamento objetivo. Ainda de acordo com o art. 3º, dessa vez conforme §1º,
inciso I, é vedado aos agentes públicos tolerar cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem
o caráter competitivo.
209. À luz do disposto no Regime Diferenciado de Contratações, a situação encontrada é ainda mais
grave.
210. O art. 1º, § 1º, incisos I e IV, da Lei 12.462/2011 expressamente dispõe que um dos objetivos do
regime é justamente ‘ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes’ e a
‘seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública’, o que é reiterado no art, 4º, inciso III, que
coloca a busca pela maior vantagem econômica como diretriz nas licitações regidas pelo RDC. Em adição, o art.
3º reitera que também no RDC os princípios da legalidade, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e da eficiência devem ser seguidos, agregando ainda, a título de reforço, o princípio da
‘economicidade’.
524

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

211. Ainda em relação ao RDC, resta expressamente definido em Lei que o parcelamento do objeto em
lotes, ‘ visando à ampla participação de licitantes’, deve se dar ‘sem perda da economia de escala’ (art, 4º, inciso
VI).
212. Por óbvio que quando uma empresa realmente deseja fornecer uma proposta competitiva para dois
lotes, ao invés de apenas um, a expectativa é a de que, ao vencer ambos os lotes, haja um ganho de escala que
permita sustentar o desconto maior. A empresa se beneficiará de um canteiro único, de uma administração local
única, de fornecedores que poderão negociar menores preços unitários em função do maior volume de materiais
a adquirir, de facilidade logísticas, de racionalidade no uso de mão de obras e equipamentos, reduzindo os
tempos improdutivos, dentre várias outras possibilidades de otimização de processos produtivos. Por outro lado,
a Administração Pública se beneficia da redução de preços em cada um dos lotes.
213. Contudo, o entendimento esposado pela SIURB no ‘Aviso de Esclarecimentos nº 001’, publicado em
30/7/2015, em resposta aos questionamentos formulados pela empresa DP Barros Pavimentação e Construção
Ltda. é totalmente diverso. Conforme interpretação própria, uma empresa somente pode ser contratada para um
único lote, mesmo que seu preço tenha sido o menor nos dois lotes.
214. Na pergunta 1 a licitante questiona: ‘o subitem 11.1.4 alínea d.1 estabelece que em caso de uma
mesma empresa seja classificada provisoriamente em primeiro lugar em mais de um lote, a escolha será feita
pelo critério de vantajosidade; entendemos que os licitantes poderão participar dos 2 (dois) lotes, podendo ser
contratado para apenas um lote, este entendimento está correto?’. A resposta da SIURB é lacônica: ‘Sim. O
entendimento está correto’.
215. Contudo, o posicionamento é ainda mais controverso ao se considerar que, na pergunta 2, o licitante
registra: ‘se a resposta acima for afirmativa, entendemos que se participar nos 2 (dois) lotes, basta apenas
efetuar a garantia do maior lote, este entendimento está correto?’ Em resposta a SIURB, novamente sem
qualquer fundamentação mais elaborada, diverge do entendimento e registra: ‘Deverá efetuar garantia para os
dois lotes’.
216. Ora, não há qualquer coerência em se exigir garantia da proposta para os dois lotes quando a
Comissão defende que o contrato só poderá ser assinado para um único lote. Tal entendimento conduz a um
ônus indevido ao licitante, o que afasta potenciais interessados. Conforme item 2.10 do edital, imputa-se
desnecessariamente um custo de quase R$ 2,5 milhões para a garantia do Lote 2 além dos quase R$ 5,94
milhões para o Lote 1.
217. Portanto, observa-se que as respostas da Comissão de Licitação não estão respaldadas no Edital,
tampouco na Lei 12.462/2011, ofendendo, portanto, aos princípios do art. 37 da Constituição Federal.
218. A irregularidade de impedimento para que uma empresa contrate os dois lotes se tiver as melhores
propostas é a mesma que foi encontrada no item 12.2 do Edital de Pré-Qualificação 1/2012 – referente ao
Trecho 1 do Corredor Radial Leste, conforme foi tratado no TC 019.151/2015-2.
219. Oportuno ressaltar que a Prefeitura Municipal de São Paulo já havia sido alertada por esta Corte de
Contas para que não vedasse que uma empresa assinasse contrato em mais de um lote, conforme Acórdãos
1.223/2013 (item 9.5.1.2; obras de controle de inundações nas bacias dos rios Aricanduva e Zavuvus, em São
Paulo), 2.373/2013 (item 9.1.9) e 602/2015, todos do Plenário.
III.2.7 Cobrança de pagamento de preço público para impugnação do Edital
220. De acordo com o item 14.2 do Edital da Concorrência RDC Presencial 3/2015, a impugnação do
Edital e de seus Anexos somente será aceita ‘mediante o pagamento do preço público devido, de acordo com a
legislação municipal vigente, em agência bancária, por meio de guia de recolhimento, que deverá ser
autenticada mecanicamente no campo indicado, expedida pela Divisão Técnica de Licitações, visando sua
juntada no processo da licitação’.
221. Primeiramente, o Edital não informa qual seria a ‘legislação municipal vigente’, tampouco qual seria
o valor cobrado.
222. De qualquer modo, tal procedimento, da forma como colocado no Edital, além de não encontrar
qualquer respaldo legal na Lei 12.462/2011, ofende seriamente o princípio da moralidade administrativa, na
medida em que impõe, além do ônus representada pelo ‘preço público’, também custos de deslocamento e um
constrangimento ilegal à pessoa física ou jurídica que identifique irregularidade na licitação.
223. Cabe lembrar que, nos exatos termos do art. 45, inciso I, alínea ‘b’, da Lei 12.462/2011, cabem
pedidos de esclarecimentos ou impugnações ao instrumento convocatório no prazo mínimo de até 5 (cinco) dias
úteis antes da data de abertura das propostas, no caso de licitação para contratação de obras e serviços. A
525

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

referida lei, em seu artigo 46, também recepcionou o direito à representação aos Tribunais de Contas, previsto
no § 1º do art. 113 da Lei 8.666/1993.
224. Um cidadão ou uma empresa que deseje exercer seu direito de impugnar o Edital eivado de vícios
será obrigado a comparecer na Divisão Técnica de Licitações da Prefeitura tanto para emitir a guia de
recolhimento quanto para entregá-la com a autenticação bancária.
225. Portanto, a cláusula deve ser revista de modo a excluir a cobrança indevida da taxa.
III.2.8 Ausência de indicação clara acerca do critério de reajuste financeiro
226. O Edital de RDC Presencial 3/2015 menciona, em sua cláusula 18.1, que as condições de reajuste
financeiro estariam definidas na minuta do contrato - anexo XVI do edital. No entanto, consultando a minuta do
contrato, verifica-se que não foi definido o critério de reajuste contratual.
227. Entende-se que isso contraria o disposto no art. 40, inciso XVI, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993,
aplicável ao caso concreto por força do disposto no art. 39 da Lei 12.462/2011.
228. Reforça a irregularidade o fato de que vários licitantes tiveram dúvidas acerca do critério de reajuste,
conforme demonstram os pedidos de esclarecimentos feitos sobre esse tema.
III.2.9 Conexões processuais do presente achado com o TC 011.535/2015-6
229. Convém mencionar que o presente achado possui conexão com o que vem sendo tratado no
TC 011.535/2015-6, o qual trata de auditoria realizada nas obras do Corredor de ônibus – Radial Leste – Trecho
3.
230. Naquele processo, foi realizada oitiva prévia à medida cautelar da Siurb/SP. Em sua resposta à oitiva
prévia, a Siurb/SP acolheu alguns dos apontamentos da equipe, notadamente em relação a: (i) limitação de
atestados de capacidade técnico-operacional; (ii) exigência concomitante de patrimônio líquido mínimo e de
garantia de fiel cumprimento do contrato, sem, contudo, permitir a reabertura do prazo da licitação para
formulação das propostas, o que também caracteriza uma irregularidade.
231. Ademais, naquele processo, foi realizada oitiva da Siurb/SP acerca de outros pontos, especialmente a
restrição à competitividade identificada no processo licitatório. A resposta à oitiva da Siurb/SP acerca dessas
questões ainda não foi analisada naqueles autos.
232. Além disso, os indícios de irregularidade constatados nos presentes autos caracterizam os
pressupostos da fumaça do bom direito e do perigo da demora.
233. A fumaça do bom direito é caracterizada pela restrição à competitividade decorrente dos fatos
narrados no presente achado e no achado relativo à ausência de parcelamento do objeto.
234. Ademais, não obstante a determinação do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM/SP),
publicada no dia 31/7/2015 no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, no sentido de suspender cautelarmente o
certame que tinha data prevista para abertura de propostas no dia 6/8/2015, entende-se ser pertinente a adoção
da cautelar por este Tribunal, tendo em vista que: (i) a integralidade dos recursos é de origem federal; (ii) as
instâncias de controle externo municipal e federal são independentes; e (iii) além das constatações específicas de
cada uma das Cortes de Contas. Nesse contexto, o pressuposto do perigo da demora se faz presente, uma vez
que o certame pode ser retomado a qualquer momento, tendo em vista que o TCM/SP determinou tão somente a
suspensão do certame, e não sua anulação.
235. Além disso, não se verifica perigo da demora reverso, haja vista que: (i) ainda não foi iniciada
nenhuma obra; e (ii) os termos de compromisso de ambos os empreendimentos licitados têm validade até
30/1/2019.
236. Porém, entende-se que já foi expedida medida cautelar relativa ao Edital de RDC Presencial 3/2015
no âmbito do TC 011.535/2015-6, razão pela qual não há necessidade de nova medida cautelar nos presentes
autos, tendo em vista que foram constatados problemas similares.
(...)
III.3. Ausência de parcelamento do objeto, embora técnica e economicamente recomendável.
242. O objeto incluído no lote 1 do Edital de Licitação RDC Presencial nº 003/15/SIURB consta como a
execução de obras e serviços integrantes do Plano Municipal de Mobilidade Urbana da Secretaria Municipal de
Transportes, compreendendo: lote 1 (Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus – Trechos 2 e 3 e Terminal
Itaim Paulista) e lote 2 (Corredor Leste Radial – Trecho 3). Observa-se que, no caso do lote 1, foram agregados
dois trechos do corredor de ônibus, além da construção do Terminal Itaim Paulista.
243. O presente achado de auditoria não se enquadra no disposto no inciso IV, § 1º, art. 112, da Lei
13.080/2015 (LDO/2015), pois não foi possível calcular a materialidade em relação ao orçamento-base da obra.
526

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

244. Além disso, verifica-se, com base no orçamento enviado pela Caixa que o serviço mais
materialmente relevante do empreendimento se refere a ‘Fornecimento, fabricação, pintura e montagem de
estrutura metálica para estações de parada em aço ASTM A-36 / A-572’, perfazendo cerca de R$ 96,7 milhões,
o que corresponde a 18,46% do total da obra.
245. De acordo com a descrição do item, o serviço se refere a coberturas metálicas de terminais de
passageiros. Cabe ressaltar que para esse serviço está sendo exigido atestado de capacidade técnico-operacional
e profissional.
246. Convém notar que a natureza do serviço de cobertura metálica é distinta da execução de um corredor
de ônibus. Nessa obra, predominam os serviços de movimentação de terra e pavimentação, naquela, por sua vez,
os serviços se assemelham aos de uma edificação.
247. Ademais, convém ressaltar que foram incluídos dois trechos do corredor de ônibus no mesmo objeto,
o que também poderia ser parcelado, reduzindo exigências econômico-financeiras, garantias e, com isso,
permitindo maior participação.
248. Entende-se, num exame de cognição sumária, que a natureza dos serviços justificaria o parcelamento
do objeto entre trechos 2 e 3 do corredor de ônibus em dois contratos distintos (um para cada trecho) e
construção do terminal Itaim Paulista em outro.
249. Vale destacar que a Lei 12.462/2011 (RDC), no inciso VI do art. 4º, prescreve o seguinte:
‘Art. 4º Nas licitações e contratos de que trata esta Lei serão observadas as seguintes diretrizes:
(...)
VI - parcelamento do objeto, visando à ampla participação de licitantes, sem perda de economia de
escala.’
250. Segundo o dispositivo legal, o parcelamento, no âmbito das licitações públicas, é regra, pois busca a
ampliação do universo de concorrentes, inclusive atraindo empresas especializadas, com maior qualidade de
produção e menores preços. Nesse sentido, cada parte, item, etapa ou parcela, deve representar uma licitação
isolada. A eventual impossibilidade técnica e econômica e/ou a perda da economia de escala devem estar
baseadas em estudos técnicos formais que as justifiquem, o que não ocorreu no presente caso.
251. Esse entendimento foi objeto de reiterados arestos desta Corte, a saber, Acórdãos 2.593/2013,
1.998/2013, 2.293/2013, 336/2008, 159/2003, todos do Plenário, embasados na premissa objeto da Súmula 247:
‘É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das licitações para a
contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para
o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla
participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição
da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de
habilitação adequar-se a essa divisibilidade.’
252. Dessa forma, em juízo de cognição sumária, analisando apenas os documentos disponíveis,
principalmente o projeto básico, não se vislumbra razão para que o lote 1, referente a construção dos trechos 2 e
3 do Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus e do Terminal Itaim Paulista, não pudesse ser parcelado.
253. Além, cabe notar que não foram encontradas justificativas para a adoção do regime de execução de
empreitada por preço unitário (EPU) no caso do Terminal Itaim Paulista, o que viola o disposto no art. 8º, § 2º,
da Lei 12.462/2011.
254. O referido parcelamento refletiria, inclusive, nos quantitativos a serem solicitados em relação aos
atestados de capacidade técnico-operacional. Se os valores solicitados forem menores, a princípio, mais
licitantes poderiam cumprir os requisitos exigidos, o que culminaria na ampliação da competitividade.
255. Convém enfatizar que, apesar da estreita conexão processual entre estes autos e o TC 011.535/2015-
6, o presente achado não é tratado naquele processo.
256. Contudo, no TC 011.535/2015-6, foi realizada oitiva prévia da Siurb/SP acerca de indícios de
irregularidade sobre a licitação em exame. Tendo em vista a urgência do caso, em instrução que fundamentou
oitiva prévia à medida cautelar, a equipe abordou essa questão.
257. Em sua resposta (cf. Peça 25, p. 1-4, do TC 011.535/2015-6), a Siurb/SP trouxe argumentos acerca
dessa questão da ausência de parcelamento do objeto. As alegações e elementos trazidos pela Siurb/SP poderão
ser analisadas, doravante, nos presentes autos, quando da análise das demais oitivas ora propostas.
(...)
527

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

III.4. O valor do convênio não cobre as despesas relativas à obra licitada ou é superior às despesas
efetivas relacionadas à obra licitada.
262. A Prefeitura Municipal de São Paulo/SP publicou o edital de RDC Presencial 3/2015/Siurb, referente
à implantação do Corretor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e terminal Itaim Paulista, sem
que houvesse previsão de recursos orçamentários suficientes para assegurar o pagamento das despesas relativas
às obras licitadas, em desobediência aos arts. 7º, § 2º, inciso III, e 38, caput, ambos da Lei 8.666/1993, e
jurisprudência do TCU.
263. O presente achado de auditoria não se enquadra no disposto no inciso IV, § 1º, art. 112, da Lei
13.080/2015 (LDO/2015), pois apesar de se mostrar materialmente relevantes em relação ao contrato firmado
(aproximadamente 12% em relação ao valor total do orçamento-base da licitação), é possível sanear o achado
tempestivamente, caso a Prefeitura Municipal de São Paulo ou o Ministério das Cidades aloquem mais recursos
para o empreendimento, o que mitiga risco de dano ao erário derivado de eventual paralisação da obra por falta
de recursos financeiros.
264. As obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus são objeto de instrumento de
transferência de recursos federais, a saber, o Termo de Compromisso n. 0445.950-17/2014-SP, o qual previu o
montante de R$ 529 milhões para a execução. Cumpre acrescentar que o citado termo não contém previsão de
contrapartida municipal.
265. Ao comparar o total constante no orçamento-base do edital de licitação com o montante previsto no
termo de compromisso, verificou-se que o valor consignado no instrumento de transferência de recursos federais
não é suficiente para cobrir as despesas das obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, o qual foi
orçado no edital em R$ 596.708.066,99.
266. Ou seja, faltam cerca de R$ 67 milhões, o que equivale a cerca de 11,34% do valor previsto em
edital.
267. Nesse sentido, cumpre destacar que o art. 7º, § 2º, inciso III, da Lei 8.666/1993 estabelece que:
‘§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:
(...)
III – houver previsão de recursos orçamentos que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de
obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;
IV – o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que
trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.’
268. Por seu turno, o art. 38, caput, da Lei 8.666/1993, também é claro no sentido de que, para a abertura
do processo licitatório, deve haver a indicação dos recursos necessários para cobrir as despesas do objeto
licitado, conforme transcrição a seguir:
‘Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo,
devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo autorização respectiva, a indicação sucinta de seu
objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: (...)’
269. A Portaria Interministerial 507/2011, em seus art. 19, inciso III; art. 20, inciso I, alínea ‘a’; art. 25;
art. 26, caput; e art. 28, caput, também veda que sejam licitadas obras sem adequado lastro financeiro.
270. No que concerne a esse tema, a jurisprudência desta Corte de Contas é pacífica no sentido de que o
processo licitatório somente pode ser iniciado se existir recurso orçamentário próprio para a realização da
despesa correspondente, a exemplo do disposto nos Acórdãos 299/2010, 1.832/2010 e 3.071/2008, todos do
Plenário.
271. Ademais, convém lembrar que o exame efetuado pelo Tribunal de Contas do Município de São
Paulo/SP (TCM/SP) acerca do empreendimento apontou a existência de problemas financeiros relacionados a
despesas com desapropriações e com remoção e reassentamento de famílias em habitações precárias.
272. Ante todo o exposto, considerando que não houve revisão do plano de trabalho aprovado pelo
Ministério das Cidades que embasou a assinatura do termo de compromisso, fica constatado que a Prefeitura
Municipal de São Paulo publicou edital de licitação para a execução do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São
Mateus, sendo que não havia previsão de recursos orçamentários suficientes para cobrir as despesas das obras
licitadas, em desobediência aos arts. 7º, § 2º, inciso III, e 38, caput, da Lei 8.666/1993, e jurisprudência do
TCU.
(...)
IV. Esclarecimentos adicionais
IV.1 Relatoria
528

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

277. Quanto à relatoria deste processo (TC 011.538/2015-5), destaca-se que o critério de definição do
ministro-relator baseou-se no art. 18-A da Resolução TCU 175, de 25/5/2005, haja vista tratar-se de processo
constituído em razão de fiscalização de obras públicas.
IV.2 Medida Cautelar adotada pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo/SP (TCM-SP)
278. Convém trazer à baila que, de acordo com notícias dadas pela imprensa e com despacho publicado
no Diário Oficial da Cidade de São Paulo/SP na data de 31/7/2015, p. 96, o Tribunal de Contas do Município de
São Paulo/SP (TCM-SP) adotou medida cautelar suspendendo (não anulando) o Edital do RDC Presencial
3/2015, relativos aos Corredores Perimetral Itaim Paulista/São Mateus e Radial Leste - Trecho 3.
279. Segundo o despacho do Exmo. Sr. Conselheiro João Antônio, do TCM-SP, foram encontrados
problemas relacionados a: (i) insuficiente reserva de recursos para o corrente exercício; (ii) falta de evidência
acerca do cumprimento de cláusula suspensiva do termo de compromisso junto ao Ministério das Cidades /
Caixa; (iii) ausência de justificativa nos autos para adoção de regime de execução de empreitada por preço
unitário; (iv) ausência de justificativa para o não parcelamento do objeto; (v) cláusula editalícia que prevê a
possibilidade de desclassificação de licitante a partir do ‘conhecimento de fato que afete a capacidade
financeira, técnica ou comercial da licitante’; (vi) potencial diferença de cerca de R$ 48 milhões nas despesas
com desapropriações; (vii) Ausência de planejamento e ações com relação a núcleo de habitações precárias na
Estrada do Iguatemi a exigir a remoção e reassentamento das famílias; (viii) solução antieconômica na adoção
de ‘Piso em Granito Branco 50x50 cm levigado espessura 2 cm’, a ser utilizado no Terminal Itaim Paulista; (ix)
não utilização de agregados reciclados; (x) aplicação equivocada de critério de medição e pagamento do serviço
de ‘Remoção de terra além do primeiro km’, conduzindo a sobrepreço no serviço; (xi) remunerar o ATO é pagar
duas vezes os serviços de elaboração de projetos executivos, razão pela qual o valor de R$ 21.119.805,36 é
indevido; (xii) orçamento com excesso de quantidades nos serviços ‘Câmara transformadora’, conduzindo a
sobrepreço de cerca de R$ 1,8 milhão; (xiii) falta de ART da responsável pela aprovação do orçamento; (xiv)
ausência de compatibilização do projeto de iluminação pública às especificações da futura PPP em licitação; e
(xv) adoção de orçamento com data-base de julho/2014, apesar de vigente a tabela Siurb com data-base de
janeiro/2015.
280. Ademais, o TCM-SP apontou falta de detalhamento e cerca de R$ 39,2 milhões de sobrepreço no
orçamento-base da licitação do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus acerca de um único item
orçamentário – ‘Fornecimento, fabricação, pintura e montagem de estrutura metálica para estações de parada em
aço ASTM A-36/572 G50 (incluso transporte)’.
281. Ante essas razões, aquela Corte de Contas municipal determinou a suspensão cautelar do certame,
antes mesmo da abertura das propostas.
IV.3 Utilização de ação orçamentária ‘guarda chuva’ para obras de grande vulto
282. Além dos achados de auditoria apontados neste relatório, foram encontrados indícios de utilização de
ação orçamentária ‘guarda chuva’ (Ação 10SS) que está sendo adotada pelo Ministério das Cidades para custear
empreendimentos de mobilidade urbana, embora se trate de obras de grande vulto, a exemplo dos Corredores
Radial Leste - Trecho 3 (aproximadamente R$ 261 milhões) e Perimetral Itaim Paulista-São Mateus
(aproximadamente R$ 597 milhões). Essa questão será abordada em processo específico futuro, uma vez que
afeta diversas obras de mobilidade urbana.
V. Conclusão
283. As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
a) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado;
b) Restrição à competitividade decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento;
c) Ausência de parcelamento do objeto;
d) O valor do convênio não cobre as despesas relativas à obra licitada
284. Para as demais questões da matriz de planejamento, salvo os procedimentos afetos à análise de
projeto básico e de quantitativos, não foram identificados achados de auditoria.
285. Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar a correção de irregularidades,
por meio da atuação tempestiva do controle, evitando que sejam materializados riscos potenciais que afetem o
alcance dos resultados do empreendimento, sendo o total dos benefícios quantificáveis desta auditoria de R$
81.310.374,94.
286. Destacam-se a seguir os achados de auditoria presentes neste relatório.
V.1 Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado
529

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

287. O sobrepreço identificado no orçamento-base do Edital do RDC Presencial 3/2015, que abarca em
um de seus objetos o Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, totaliza R$ 81.310.374,94 (data-base
julho/2014), o que corresponde a 18,37% do total orçado de R$ 523.999.995,60 e a 29,03% da amostra
analisada, tendo sido incluídos na amostra percentual de 68,97% do valor total.
288. O sobrepreço é evidenciado a partir da comparação entre os preços unitários dos serviços incluídos
na planilha orçamentária e os preços paradigma estimados pela equipe de auditoria, os quais são provenientes,
em sua maioria, dos sistemas de referência Sinapi e Sicro. Convém mencionar que, em alguns casos, as
composições de preços unitários paradigma passaram por adaptações, com vistas a melhor refletir as condições
de execução especificadas no projeto dos empreendimentos.
289. Vale destacar que o percentual identificado de sobrepreço é materialmente relevante frente ao valor
total do contrato e do orçamento-base da licitação. Além disso, verificou-se, no caso concreto, que: (i) os
indícios de sobrepreço apresentam potencialidade de ocasionar prejuízos ao erário; (ii) podem acarretar nulidade
do procedimento licitatório; e (iii) podem configurar graves desvios aos princípios constitucionais a que está
submetida a Administração Pública, notadamente os princípios da legalidade e da eficiência.
290. O princípio da legalidade foi ferido, na medida em que a fixação de preços unitários acima dos
sistemas referencias importa em descumprimento do disposto no art. 3º e 4º do Decreto 7.983/2013 e na
jurisprudência do TCU (Acórdãos 314/2011, 273/2010, 1.925/2010, 331/2009, 1.981/2009, 1.732/2009,
2.002/2009 e 2.154/2009, todos do Plenário).
291. Ademais, nos termos do art. 113, incisos I a XI, da Lei 13.080/2015 (LDO/2015), os impactos
sociais, econômicos e financeiros decorrentes da pIG-P são mitigados, pois a obra ainda não foi iniciada,
estando em fase de licitação. Também não há custo de deterioração de serviços executados, haja vista que não
houve nenhuma execução física do empreendimento. Por fim, não há custos de desmobilização, perda de
empregos, entre outros riscos negativos acarretados pela pIG-P descritos na LDO/2015, uma vez que a obra está
em fase de licitação.
292. Dessa maneira, verifica-se que o atual estágio em que se encontra a obra é o ideal para a correção
dos problemas apontados no presente achado.
293. Ante essas razões, entende-se que os indícios de sobrepreço estão enquadrados no disposto no art.
112, § 1º, inciso IV, da Lei 13.080/2015 (LDO/2015). Ou seja, o presente achado recebeu classificação de pIG-
P (proposta de irregularidade grave com recomendação de paralisação).
294. Nesse diapasão, nos termos do art. 112, § 9º, da LDO/2015, é importante que seja concedido 15 dias
corridos de prazo à unidade jurisdicionada para apresentação de manifestação preliminar acerca dos indícios de
sobrepreço.
295. Ademais, alvitra-se realizar oitiva da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São
Paulo/SP (Siurb/SP) e da Caixa Econômica Federal acerca das ocorrências de sobrepreço.
V.2 Restrição à competitividade decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento
296. No edital de licitação relativo ao Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, foram constatadas
ocorrências de potencial restrição à competitividade no Edital de RDC Presencial 3/2015, principalmente
relacionadas a: (i) ausência de parcelamento do objeto; (ii) realização de licitação presencial sem a justificativa
adequada; (iii) exigência de prestação de garantia de fiel cumprimento do contrato concomitante com
apresentação de patrimônio líquido mínimo; (iv) restrição à tipologia de obra com exclusiva funcionalidade de
Terminal de Passageiros nas exigências de habilitação técnico-operacional; (v) limitação de atestados para
atender as exigências de habilitação técnico-operacional; e (vi) ausência de publicação das peças técnicas da
licitação em sítio eletrônico da internet importando em ônus desnecessário para eventuais interessados.
297. Cumpre mencionar que a licitação teve sua data de abertura adiada em 10/6/2015. Originalmente, a
abertura das propostas estava prevista para 16/6/2015, a qual foi adiada para 30/6/2015. Posteriormente, em
18/6/2015, a Siurb/SP comunicou a suspensão do certame, sem data estimada para retomada.
298. Porém, em 8/7/2015, a Siurb/SP reabriu o certame, tendo sido marcada a data de abertura das
propostas para 6/8/2015. Nessa reabertura, o edital de licitação foi republicado em nova versão. Em nova
redação do edital, foi elidida a irregularidade (v).
299. Cumpre mencionar que, face aos indícios de irregularidade constatados e à iminência de abertura do
certame, a equipe de auditoria elaborou instrução acostada à peça 19 do TC 011.535/2015-6, na qual propôs a
realização de oitiva prévia da Siurb/SP, com vistas a expedição de medida cautelar no sentido de suspender o
certame, uma vez que estavam presentes os pressupostos da fumaça do bom direito (irregularidades observadas
no edital de licitação) e do perigo da demora (data de abertura do certame).
530

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

300. Em resposta à oitiva prévia, a Siurb/SP afirmou que efetuaria correções no edital de licitação de
forma a elidir as irregularidades (iii) e (iv), sem, contudo, permitir a reabertura do prazo da licitação para
formulação das propostas, o que também caracteriza uma irregularidade. Em relação aos demais indícios de
irregularidades, as alegações apresentadas pela Siurb/SP não foram suficientes para afastá-los.
301. Além dessas cláusulas tendentes a restringir a competitividade do certame RDC Presencial 3/2015,
embora o edital não seja claro quanto à vedação a que uma mesma licitante seja contratada para executar os dois
lotes, foi identificado que, em resposta a um licitante (Aviso de Esclarecimentos nº 001, de 30/7/2015), a
comissão firmou interpretação de que as licitantes podem oferecer propostas para os dois lotes do RDC
Presencial 3/2015, mas só poderá ser contratada para um dos dois lotes, em descumprimento à jurisprudência do
TCU (Acórdãos 1.223/2013, 2.373/2013 e 602/2015, todos do Plenário). E entendeu a Comissão que, caso a
licitante tenha interesse em apresentar propostas para os dois lotes, terá que apresentar garantias em valor
proporcional ao somatório dos valores dos dois lotes, mesmo sabendo que somente poderá assinar contrato para
um desses lotes.
302. Também foi constatado que o edital de licitação previu que eventuais impugnações somente seriam
aceitas ‘mediante pagamento de preço público devido, de acordo com a legislação municipal vigente, em
agência bancária, por meio de guia de recolhimento, que deverá ser autenticada mecanicamente no campo
indicado, expedida pela Divisão Técnica de Licitações, visando sua juntada no processo de licitação’. Entende-
se que essa é uma cláusula que não tem respaldo legal, além de ofender o princípio da moralidade
administrativa.
303. Verificou-se, ainda, lacuna grave no edital de licitação ao não especificar o critério de reajuste
contratual que deverá nortear o futuro contrato a ser celebrado.
304. Convém mencionar que o presente achado possui conexão com o que vem sendo tratado no TC
011.535/2015-6, o qual trata de auditoria realizada nas obras do Corredor de ônibus – Radial Leste – Trecho 3.
305. Ademais, naquele processo, foi realizada oitiva da Siurb/SP acerca de outros pontos, especialmente a
restrição à competitividade identificada no processo licitatório. A resposta à oitiva da Siurb/SP acerca dessas
questões ainda não foi analisada naqueles autos.
306. Além disso, os indícios de irregularidade constatados nos presentes autos caracterizam os
pressupostos da fumaça do bom direito e do perigo da demora.
307. A fumaça do bom direito é caracterizada pela restrição à competitividade decorrente dos fatos
narrados no presente achado e no achado relativo à ausência de parcelamento do objeto.
308. Ademais, não obstante a determinação do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM/SP),
publicada no dia 31/7/2015 no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, no sentido de suspender cautelarmente o
certame que tinha data prevista para abertura de propostas no dia 6/8/2015, entende-se ser pertinente a adoção
da cautelar por este Tribunal, tendo em vista que: (i) a integralidade dos recursos é de origem federal; (ii) as
instâncias de controle externo municipal e federal são independentes; e (iii) além das constatações especificadas
de cada uma das Cortes de Contas. Nesse contexto, o pressuposto do perigo da demora se faz presente, uma vez
que o certame pode ser retomado a qualquer momento, tendo em vista que o TCM/SP determinou tão somente a
suspensão do certame, e não sua anulação.
309. Além disso, não se verifica perigo da demora reverso, haja vista que: (i) ainda não foi iniciada
nenhuma obra; (ii) os termos de compromisso de ambos os empreendimentos licitados têm validade até
30/1/2019; (iii) o único empenho de recursos federais para as obras foi realizado em 16/9/2014, o que mantém
sua validade pelo menos até 30/6/2016, de acordo com o Decreto 7.654/2011.
310. Porém, entende-se que já foi expedida medida cautelar relativa ao Edital de RDC Presencial 3/2015
no âmbito do TC 011.535/2015-6, razão pela qual não há necessidade de nova medida cautelar nos presentes
autos, apesar de terem sido constatados problemas similares.
311. Ademais, já foi realizada oitiva da Siurb/SP acerca do presente achado naquele processo. Por isso,
tendo em mente o princípio da economia processual, propõe-se tratar essas questões atinentes aos indícios de
restrição à competitividade do certame somente no TC 011.535/2015-6.
V.3 Ausência de parcelamento do objeto
312. O objeto incluído no lote 1 do Edital de Licitação RDC Presencial nº 003/15/SIURB consta como a
execução de obras e serviços integrantes do Plano Municipal de Mobilidade Urbana da Secretaria Municipal de
Transportes, compreendendo: lote 1 (Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus – Trechos 2 e 3 e Terminal
Itaim Paulista) e lote 2 (Corredor Leste Radial – Trecho 3). Observa-se que, no caso do lote 1, foram agregados
dois trechos do corredor de ônibus, além da construção do Terminal Itaim Paulista.
531

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

313. Entende-se que esse fato configura descumprimento do art. 4º, inciso VI, da Lei 12.462/2011, que
instituiu o RDC, já que os trechos 2 e 3 do Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus e o Terminal Itaim
Paulista poderiam haver tido sua contratação parcelada.
314. Convém enfatizar que, apesar da estreita conexão processual entre estes autos e o TC 011.535/2015-
6, o presente achado não é tratado naquele processo.
315. Contudo, no TC 011.535/2015-6, foi realizada oitiva prévia da Siurb/SP acerca de indícios de
irregularidade sobre a licitação em exame. Tendo em vista a urgência do caso, na oitiva prévia, essa questão foi
abordada.
316. Em sua resposta (cf. Peça 25, p. 1-4, do TC 011.535/2015-6), a Siurb/SP abordou essa questão da
ausência de parcelamento do objeto. As alegações e elementos trazidos pela Siurb/SP poderão ser analisadas,
doravante, nos presentes autos, quando da análise das demais oitivas ora propostas.
317. Por isso, para o presente achado, alvitra-se realizar oitiva da Siurb/SP, sem prejuízo de analisar
futuramente, em conjunto com a oitiva ora proposta, as alegações da Siurb/SP constantes da peça 25, p. 1-4, do
TC 011.535/2015-6, aproveitando-se a argumentação ali realizada à análise acerca dos indícios de irregularidade
apontados.
V.4 O valor do convênio não cobre as despesas relativas à obra licitada
318. Foi evidenciado que o Termo de Compromisso 0445.950-17/2014 (Perimetral Itaim Paulista-São
Mateus) não previu recursos suficientes para custear a totalidade das despesas das obras.
319. Com efeito, o Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus está orçado na licitação em R$
596.708.066,99 (data-base julho/2014), enquanto o termo de compromisso previu o valor de R$ 529 milhões.
320. Dessa forma, entende-se que as ocorrências mencionadas ferem o disposto no art. 7º, § 2º, inciso III
c/c art. 38, ambos da Lei 8.666/1993, além do que determina a jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdãos
299/2010, 1.832/2010 e 3.071/2008, todos do Plenário).
321. Em vista desses fatos, alvitra-se realizar oitiva da Siurb/SP, da Caixa Econômica Federal e do
Ministério das Cidades acerca das ocorrências narradas.
VI. Proposta de encaminhamento
322. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
322.1. em cumprimento ao § 9º do art. 112 da Lei 13.080/2015 (LDO 2015) e com fulcro no item 9.5 do
Acórdão 3.143/2013-TCU-Plenário c/c item 9.12 do Acórdão 448/2013-TCU-Plenário, colher a manifestação
preliminar da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP), para que esta,
no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, pronuncie-se quanto à proposta desta unidade técnica de classificar
como IG-P (inciso IV do § 1º do art. 112 da LDO 2015) os indícios de irregularidades graves tratados no item
III.1 deste relatório, trazendo, inclusive, elementos que demonstrem o que está consignado no art. 113, incisos I
a XI, da mesma lei, notadamente em relação ao custo da deterioração ou perda de materiais adquiridos ou
serviços executados, às despesas necessárias à preservação das instalações e dos serviços já executados, às
medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o saneamento dos indícios de
irregularidades apontados, aos custos para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato, dentre
outros que entender pertinente;
322.2. consolidar, na instrução que tratar da análise da manifestação preliminar supramencionada, as
seguintes propostas de encaminhamento:
322.3. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar oitiva da Siurb/SP,
enviando cópia deste relatório para subsidiar suas manifestações, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste
acerca dos seguintes indícios de irregularidade:
322.3.1. sobrepreço identificado no orçamento-base do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb/ decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 81.310.374,94 (data-base julho/2014) ou outro valor que resultar da análise da manifestação preliminar;
322.3.2. ausência de parcelamento do objeto referente ao Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus
– trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista;
322.3.3. o valor do convênio não cobre as despesas relativas às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus – Termo de Compromisso 0445.950-17/2014-SP;
322.4. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar oitiva da Caixa
Econômica Federal, enviando cópia deste relatório para subsidiar suas manifestações, para que, no prazo de
quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios de irregularidade:
532

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

322.4.1. sobrepreço identificado no orçamento-base do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,


edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb/ decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 81.310.374,94 (data-base julho/2014) ou outro valor que resultar da análise da manifestação preliminar;
322.4.2. o valor do convênio não cobre as despesas relativas às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus – Termo de Compromisso 0445.950-17/2014-SP;
322.5. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar oitiva do Ministério das
Cidades, enviando cópia deste relatório para subsidiar suas manifestações, para que, no prazo de quinze dias, se
manifeste acerca dos seguintes indícios de irregularidade:
322.5.1. sobrepreço identificado no orçamento-base do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb/ decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 81.310.374,94 (data-base julho/2014) ou outro valor que resultar da análise da manifestação preliminar;
322.5.2. o valor do convênio não cobre as despesas relativas às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus – Termo de Compromisso 0445.950-17/2014-SP;”
3. Conforme visto, dada a relevância material do sobrepreço detectado, do potencial prejuízo ao
erário e do desvio aos princípios constitucionais da legalidade e da eficiência, propôs-se classificar tal
irregularidade como grave com recomendação de paralisação (IG-P), conforme previsto no art. 112, §
1º, inciso IV da Lei 13.080/2015 (LDO/2015).
4. Assim, foi colhida a manifestação preliminar do gestor, nos termos do art. 112, § 9º, da Lei
13080/2015 (LDO 2015), cuja análise efetuada pela SeinfraUrbana transcrevo logo a seguir (peça 86):
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de Relatório de Auditoria para avaliar os atos praticados visando à contratação das
obras de implantação do Corredor de Ônibus – Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, localizado no município
de São Paulo/SP.
2. A fiscalização foi realizada no período entre 8/6/2015 e 31/7/2015 e constatou as seguintes
irregularidades: (i) sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado; (ii) restrição à
competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento; (iii) ausência de
parcelamento do objeto; e (iv) o valor do convênio não cobre as despesas relativas à obra licitada (peça 72, p. 3-
5).
3. Os indícios de sobrepreço decorrentes de preços excessivos frente ao mercado, apontados pela equipe
de fiscalização na planilha do orçamento base do certame, totalizaram R$ 81.310.374,94 (data-base julho/2014),
o que corresponde a cerca de 18,37% do valor total orçado de R$ 523.999.995,60 (data-base julho/2014) e a
29,03% da amostra analisada, a qual perfez 68,97% do valor total (peça 72, p. 14-15).
4. Logo, em vista da relevância material do sobrepreço detectado, do potencial prejuízo ao erário e do
desvio aos princípios constitucionais da legalidade e da eficiência, classificou-se esse achado como proposta de
irregularidade grave com recomendação de paralisação (pIG-P), conforme previsto no art. 112, § 1º, inciso IV
da Lei 13.080/2015 (LDO/2015).
5. Diante disso, o teor dos trabalhos de auditoria foi encaminhado ao gestor a fim de colher sua
manifestação preliminar no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 112, § 9º, da Lei
13080/2015 (LDO 2015) e do item 9.5 do Acórdão 3143/2013 c/c item 9.12 do Acórdão 448/2013, ambos do
Plenário.
6. Portanto, o término do prazo ocorreu no dia 6/10/2015, segunda-feira, já que a Siurb/SP confirmou a
leitura do ofício no dia 18/9/2015 (peça 76 e 77).
7. Assim, a Siurb/SP protocolou suas ponderações e alegações no dia 6/10/2015, por intermédio do Ofício
n. 235 SIURB/ATAJ, de 6/10/2015 (peça 82), observando o prazo estabelecido no Ofício n. 0682/2015-
SeinfraUrbana, de 18/9/2015.
8. Além disso, o relatório já deixara consignadas propostas de medidas saneadoras (oitivas) para os
demais achados, antes de qualquer análise de mérito.
9. Por fim, merece registro o fato de que a Siurb/SP ingressou com novos elementos durante a instrução
destes autos, em 15/10/2015, conforme consta da peça 83.
EXAME TÉCNICO
10. Cumpre destacar que esta instrução tem por escopo analisar apenas os argumentos trazidos pela
Siurb/SP concernentes ao achado com proposta de irregularidade grave com paralisação (pIG-P).
11. Por isso, nesse momento, passa-se a analisar os argumentos específicos da Siurb/SP acerca do
sobrepreço imputado no Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus.
533

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

I. Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado


I.1 BDI Paradigma adotado
I.1.1 Resumo do argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 21-24)
12. Inicialmente, a Siurb/SP alega que a documentação na qual a auditoria se baseou (memórias de
cálculo, planilhas orçamentárias e composições de preços unitários) encontram-se em fase de revisão. Aduz que
eventuais ajustes finais na planilha orçamentária e respectivas peças gráficas, quando concluídos e devidamente
aprovados, constituirão a documentação técnica ‘que integrará o procedimento licitatório. Assim sendo, uma vez
que a análise foi baseada em elementos que ainda estão em fase de revisão, restam prejudicados os
apontamentos feitos pela fiscalização’. (cf. peça 82, p. 21).
13. A seguir, a Siurb/SP afirma que todas as recomendações feitas pelo Tribunal, além de orientações que
foram realizadas em outros procedimentos licitatórios, ‘estão sendo observadas pela Administração nessa fase
de revisão e serão devidamente justificadas’ (peça 82, p. 21).
14. Aquele órgão municipal também argumenta que o BDI adotado pela equipe de auditoria, embora siga
os referenciais do Sicro 2 e do Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário, não é adequado.
15. As razões para isso, segundo a Siurb/SP, são:
a) o empreendimento está inserido dentro da malha viária consolidada de São Paulo/SP. Não obstante, no
passado (1979), a estrada do Iguatemi, estrada do Lajeado Velho e estrada Dom João Nery fizeram parte do
Plano Rodoviário Municipal, porém, essa não é mais a realidade atual, uma vez que diversos municípios da
Região Metropolitana de São Paulo exercem influência nessas vias, tornando-as distintas de ‘qualquer rodovia,
sejam estaduais ou federais’, por conta das características de alto volume de tráfego (mais de 3.500
veículos/hora e velocidade média de 37 km/h – manhã e 28 km/h – tarde, segundo a Siurb/SP esses números
estão lastreados em estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo – CET/SP de maio de 2014);
b) as vias mencionadas podem ser caracterizadas como eixo estrutural III (única pista com 1 faixa de
rolamento por sentido), havendo ocorrência de trânsito interrompido, cuja área de influência direta alcança mais
de 2,20 milhões de habitantes ‘e mais de 4,0 milhões na região Leste’ (peça 82, p. 22);
c) os problemas relacionados às ‘logísticas de deslocamento da população, deslocamento da mão-de-obra
com a execução dos serviços de obra’ (peça 82, p. 22);
d) as variações na produtividade dos serviços decorrentes de problemas na ‘mobilidade de equipamentos,
máquinas e mão-de-obra frente às dificuldades com as interferências (não cadastradas e irregulares’ (peça 82, p.
22); e
e) a necessidade de rápida conclusão da obra de forma a minimizar eventuais transtornos para a
mobilidade da população na região.
16. Em vista disso, no entender da Siurb/SP a comparação do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São
Mateus com uma obra de tipologia rodoviária seria equivocada, pois não leva em consideração ‘a natureza
urbana de alta complexidade na qual’ a obra ‘se insere na maior região metropolitana do país’ (peça 82, p. 23).
Ademais, a Siurb/SP assinala que a existência de obras de arte especiais – OAE no empreendimento poderia
conferir-lhe ‘o perfil de estrutural’ (peça 82, p. 23).
17. Em seguida, a Siurb/SP apresenta um quadro com o detalhamento do BDI adotado na planilha
orçamentária da obra. O órgão defendente afirma que a taxa de BDI adotada de 26,97% incorpora o regime de
desoneração de mão de obra.
18. Aquele órgão municipal aponta que, em relação à ausência da rubrica de ‘Despesas Financeiras’
comentada pela equipe de auditoria em seu relatório, a Prefeitura de São Paulo não inclui remuneração para
‘Despesas Financeiras’.
19. Ao final, a Siurb/SP esclarece que não há previsão de início para a licitação da obra e que a
documentação técnica que embasará o certame se encontra em fase de revisão e conclusão dos ajustes finais.
I.1.2 Análise
20. De plano, verifica-se que, contrariamente ao que afirma a Siurb/SP, os elementos examinados se
referiam a uma licitação em curso, a qual foi suspensa por decisão cautelar do Tribunal de Contas do Município
de São Paulo/SP (TCM/SP) e por esta Corte de Contas, em vista da existência dos pressupostos da fumaça do
bom direito e do perigo da demora.
21. Ocorre que, embora a planilha orçamentária do certame tenha sido solicitada pela equipe de auditoria
em formato de planilha eletrônica, a Siurb/SP enviou apenas um arquivo do tipo PDF para a equipe, o que
dificulta a realização das análises necessárias.
22. Por conta disso, visando não trazer demora para as análises de preços unitários, a equipe utilizou
534

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

arquivo obtido junto à Caixa Econômica Federal durante a auditoria. No entanto, o valor total da obra veiculado
na planilha obtida junto à Caixa era ligeiramente menor que o constante do edital de licitação. Logo, é possível
que o sobrepreço que tenha sido apurado seja, na realidade, maior do que os cerca de R$ 82 milhões informados
no relatório de auditoria (peça 72, p. 3).
23. Portanto, a alegação da Siurb/SP de que ‘os apontamentos feitos pela fiscalização’ restariam
prejudicados não merece prosperar, uma vez que a fiscalização foi feita sobre edital de licitação publicado.
24. Acerca da inadequação do BDI paradigma adotado pela equipe, apesar dos argumentos da Siurb/SP,
convém destacar que a comparação realizada para fins de aferição de existência ou não de sobrepreço baseia-se
no preço de venda e não somente no BDI, conforme estipulado no item 26 do Relatório do Acórdão 2.622/2013-
TCU-Plenário:
O método tradicionalmente adotado para a determinação de preços de venda de obras públicas (e também
obras privadas) compreende basicamente duas grandes parcelas: (i) custos diretos; e (ii) BDI. O Decreto
7.983/2013, art. 2º, inciso VI, considera que o preço global de referência correspondente ao valor do custo
global de referência acrescido do percentual correspondente ao BDI.
25. Assim, mesmo que a Siurb/SP adote BDI superior ao paradigmático, a análise efetuada pela equipe de
auditoria é sobre o preço de venda de um serviço e considera também os custos diretos. Assim, a existência
isolada de BDI acima dos referenciais não conduz necessariamente à existência de sobrepreço, haja vista que
também devem ser considerados os custos diretos da empresa.
26. O objetivo é estipular um preço paradigma de mercado, de acordo com os sistemas de custos
referenciais e as taxas médias de BDI praticadas.
27. No entanto, vale dizer que o Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário é o referencial consagrado pela
jurisprudência para taxas de BDI paradigma.
28. Mais adiante, a Siurb argumentou que a equipe de auditoria comparou equivocadamente o
empreendimento em questão com uma obra de tipologia rodoviária, desconsiderando que a obra está ‘inserida
dentro da malha viária consolidada da cidade de São Paulo’.
29. A Siurb/SP também aponta para algumas especificidades locais, a exemplo de: (i) o alto volume de
tráfego; (ii) as características da via em que serão realizados os serviço com uma faixa de rolamento para cada
sentido; (iii) as dificuldades de deslocamento dos equipamentos e mão de obra para as frentes de serviço; (iv) as
produtividades reduzidas de equipamentos e mão de obra frente às interferências; (v) a necessidade de agilidade
na conclusão da obra visando mitigar os impactos da execução da obra no trânsito local; e (vi) a inclusão de
obras de arte especiais (OAE) no objeto licitado. Nesse diapasão, segundo a Siurb/SP, a comparação do
empreendimento com uma obra de tipologia rodoviária estaria equivocada em vista dessas especificidades.
30. De plano, verifica-se que, como a própria Siurb/SP aponta, o sistema viário no qual serão executados
os serviços já fizeram parte do plano rodoviário municipal. Portanto, as vias, em algum momento, já foram
oficialmente classificadas como rodovias.
31. Em outro giro, o alto volume de tráfego nas vias em questão, por si só, não descaracteriza a obra
como rodovia, haja vista a existência de diversas rodovias que também possuem grande quantidade de veículos
transitando, inclusive em ambiente urbano.
32. Acerca das características das vias em que serão realizados os serviços (uma faixa de rolamento por
sentido), primeiramente, cabe lembrar que não é todo o trajeto do Corredor que possui essas características.
(...)
33. Ademais, diversas rodovias com pista simples e uma faixa de rolamento por sentido recebem serviços
de restauração rodoviária, mesmo em ambiente urbano, nos quais há desvio e interrupção parcial ao trânsito.
Como exemplo dessa situação, pode ser mencionada a execução de anéis rodoviários em ambiente urbano.
34. Em várias obras desse tipo, o DNIT utiliza os referenciais do Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário para
taxas de BDI do orçamento-base da licitação.
35. Em relação às dificuldades de mobilização de equipamentos e de mão de obra, verifica-se que a
Siurb/SP apresenta argumentos genéricos, sem especificar quais seriam os ‘problemas com as logísticas de
deslocamento da população, deslocamento da mão-de-obra com a execução dos serviços de obra’ (peça 82, p.
22) e quais alternativas foram estudadas para reduzir o impacto da execução da obra para a mobilidade da
população, a exemplo de mudança de itinerários de carros e ônibus, desvios de tráfego etc.
36. Acerca das alegadas reduções de produtividade dos serviços da obra face às dificuldades com as
interferências não cadastradas e irregulares, observa-se, primeiramente, a contradição dessa argumentação
diante da alegada necessidade de conclusão ágil da obra, uma vez que produtividades menores atrasam a
535

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

conclusão do empreendimento.
37. Verifica-se também que as alegações da Siurb/SP são genéricas e carecem de maiores estudos que
comprovem as reais produtividades dos serviços. Em vista disso e da jurisprudência do TCU, as produtividades
constantes dos sistemas referenciais são consideradas como adequadas ao caso concreto, especialmente para as
composições relativas a serviços de restauração rodoviária.
38. Ademais, verifica-se que as alegadas reduções de produtividade seriam causadas por eventuais
interferências. No entanto, a Síntese da Qualificação dos Impactos Potenciais constante do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) do empreendimento (cf. peça 82, p. 18) considerou de pequena magnitude eventuais
interferências com redes de utilidades públicas. Portanto, essa alegação da Siurb/SP não merece prosperar.
39. Atinente à necessidade de agilidade na conclusão da obra, entende-se que essa consideração deve
estar refletida no cronograma físico-financeiro do empreendimento e no aumento das produtividades dos
serviços e não na taxa de BDI a ser adotada. Cabe ressaltar que, em obras de restauração rodoviária, também é
frequente a necessidade de rápida conclusão dos serviços. Ou seja, a alegação da Siurb/SP não descaracteriza o
BDI paradigma adotado pela equipe de auditoria.
40. Sobre a inclusão de obras de arte especiais (OAE) no objeto licitado, verifica-se que serviços
referentes a OAE também fazem parte de obras rodoviárias e não de obras de ‘perfil estrutural’, sendo essa mais
uma razão que conduziu a equipe ao entendimento de que o empreendimento em questão possui características
de obras rodoviárias.
41. Portanto, o enquadramento das obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus como
empreendimento de tipologia rodoviária considerou a premissa de que os principais serviços envolvidos nessa
classificação abrangem movimentação de terra, pavimentação e execução de obras de arte especiais.
42. Ao observar a composição da curva ABC, verifica-se que 47 serviços perfazem 80,80% do valor total
orçado. Desses, 31 serviços estão relacionados a movimentação de terra, pavimentação ou obras de artes
especiais, a exemplo de: (i) Fornecimento e Aplicação de Concreto Usinado para Pavimento Rígido
(FCTM,K=4,5mpa), inclusive cura química – 7 dias; (ii) Armadura em Aço CA-50; (iii) Descarte de Material de
Demolição Bota Fora Licenciado, Material Solto (Classe II B); (iv) Fundação de Rachão; (v) Remoção de Terra
Além do Primeiro Km; (vi) Descarte de Solo Inerte em bota-fora licenciado, material solto, entre outros
serviços.
43. Dessa forma, resta claro que a maior parcela técnica e financeira do empreendimento refere-se àqueles
serviços típicos de obras de tipologia rodoviária. Nesse contexto, também é possível observar que há
predominância, nas composições dos serviços da Siurb/SP, do emprego de equipamentos em detrimento da mão
de obra, o que também caracteriza a tipologia adotada pela equipe de auditoria.
44. Diante dessas constatações, resta claro que o empreendimento em questão pode ser adequadamente
classificado como obra de tipologia rodoviária para fins de aplicação da metodologia de custos do Sicro. Assim,
não assiste razão ao argumento do gestor, no sentido de que houve comparação equivocada por parte da equipe
de auditoria.
45. Com relação ao fato de se tratar de obra em ambiente urbano, frisa-se que tal aspecto já está refletido
na análise efetuada pela equipe de auditoria, na medida em que boa parte das composições de custo adotadas no
exame são de restauração rodoviária. Obras de restauração rodoviária são realizadas em meia pista, com desvio
de tráfego, conforme especificações do Sicro 2.
46. Com efeito, conforme visita in loco realizada pela equipe de auditoria, o Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus terá como um de seus métodos de execução a realização de desvios de tráfego e de
interdição de pistas, haja vista que, em alguns pontos, o sistema viário atual consiste em pista com apenas uma
faixa de rolamento por sentido.
47. Por isso, entende-se que há similaridade entre os serviços de restauração rodoviária e os que serão
executados no Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, haja vista que em ambos os casos existe a
necessidade de executar as obras concomitantemente à operação parcial do sistema viário. Ademais, as
definições de restauração rodoviária corroboram esse entendimento, uma vez que, segundo definições contidas
no Manual do Sicro 2 – volume 1 – p. 89:
a) os serviços de restauração são aqueles correspondentes às obras de melhoramentos ou reconstrução das
rodovias que, após certo tempo de uso ou devido a quaisquer condições adversas, tiveram suas características
construtivas iniciais deterioradas a ponto de não poderem ser reconstituídas por simples serviços de
conservação;
b) os serviços de construção correspondem às obras de implantação ou construção propriamente ditas;
536

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) os serviços de conservação são aqueles necessários à manutenção, dentro das condições normais de
uso, das obras já construídas.
48. Em função da complexidade, os serviços com característica de restauração têm maior custo que os de
construção. Assim, não é passível de prosperar o argumento da Siurb no sentido de que o ambiente no qual a
obra está inserida não foi adequadamente considerado na valoração dos custos feita pela equipe de auditoria.
49. Além disso, acerca da alíquota referente ao pagamento de contribuição previdenciária (regime de
desoneração de mão de obra), verifica-se que essa alíquota de 2% foi devidamente incluída no BDI Paradigma
da equipe de 21,40%.
50. Aliás, o BDI paradigma da equipe inclui todas as rubricas recomendadas pela jurisprudência do TCU,
inclusive as despesas financeiras. Cabe lembrar que, conforme o relatório que subsidia o Acórdão 2.622/2013-
TCU-Plenário, a rubrica de despesas financeiras remunera a defasagem temporal entre os desembolsos
efetuados pela empresa contratada e o efetivo pagamento das medições da obra.
51. Trata-se de uma situação que ocorre rotineiramente em obras públicas. Em geral, a empresa executa
os serviços durante o mês em que está sendo apropriada a medição, efetuando os desembolsos devidos para
compra de insumos e pagamento de salários. Apenas após finalizado o mês, conferida e aprovada a medição
pela fiscalização é que o processo de pagamento é submetido ao setor financeiro do órgão. Em seguida, ocorrem
os trâmites de liberação dos recursos financeiros e emissão de ordem bancária para a empresa contratada.
52. O prazo médio entre o fim da elaboração da planilha de medição e a liberação dos recursos
financeiros é de 15 dias. Antes disso, estima-se que o ‘centro de gravidade’ dos desembolsos da empresa
ocorreu na metade do mês em que foram executados os serviços.
53. Portanto, ocorre uma defasagem de 30 dias entre o ‘centro de gravidade’ dos desembolsos e a
liberação dos recursos financeiros. Nesse ínterim, o capital desembolsado pela empresa deve ser remunerado
pelo seu custo de oportunidade. Por isso, entende-se que é devida a rubrica de despesas financeiras incluídas no
BDI.
54. Cabe, por fim, mencionar que a Siurb/SP afirma que não há previsão de início para a licitação e que
os elementos técnicos do empreendimento encontram-se em fase de revisão e conclusão de ajustes finais.
Portanto, entende-se que este é o momento ideal para que a Siurb/SP efetue as medidas corretivas propostas por
esta Corte de Contas, readequando os preços unitários da orçamento-base da licitação aos preços de mercado.
I.2 Composições de preços unitários paradigma dos principais serviços
I.2.1 Fornecimento e aplicação de concreto usinado para pavimento rígido (fctmk = 4,5 Mpa), inclusive
cura química – 7 dias
I.2.1.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 24-26)
55. A Siurb afirma, primeiramente, que ‘a cura adequada é fundamental para o concreto alcançar um
melhor desempenho’. Por conta disso, nos dizeres daquele órgão municipal, as especificações da cura do
concreto não deveriam ser consideradas irrelevantes ou serem tratadas superficialmente.
56. Alega que, ao analisar a composição Sicro 2 S 02 606 50 – ‘Concreto de cimento Portland com forma
deslizante’ adotada pela equipe como referencial paradigma, se observaria que o concreto especificado no Sicro
não atenderia ‘a cura estipulada e adequada para o empreendimento que é de 7 dias, uma vez que a pista de
rolamento deverá ser liberada para tráfego geral’.
57. Argumenta que, no Sicro, a cura prevista para o concreto seria de 28 dias, o que não atende às
especificações do projeto e aos requisitos para uma obra urbana. Portanto, segundo a Siurb/SP, ao adotar o Sicro
como referencial paradigma, a comparação estaria sendo feita entre elementos ‘completamente distintos, o que
inviabiliza qualquer comparação’.
58. Desse modo, a Siurb/SP aduz que ocorreu ‘um equívoco de interpretação do material a ser aplicado’.
59. Ademais, a Siurb/SP também argumenta que a composição do Sicro considera que o concreto será
usinado na obra, ‘o que neste empreendimento, em função de sua localidade, seria praticamente inviável’, uma
vez que a localidade da obra traria dificuldades para encontrar área disponível para instalar usina de concreto.
(...)
61. Segundo a Siurb/SP, além de a especificidade da cura do concreto não ter sido considerada no
paradigma da equipe de auditoria, também haveriam diferenças entre os métodos construtivos previstos na
composição paradigma e o especificado no projeto da obra.
62. Por isso, no quadro 2, de acordo com a Siurb/SP estaria refletida a cura mais rápida do concreto e uma
velocidade mais adequada para os transportes de materiais, uma vez que a velocidade de transporte adotada na
composição paradigma da equipe seria de 60 km/h.
537

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

63. Com essa análise, a Siurb/SP alega que o preço unitário do serviço que atenderia às especificações
seria de R$ 720,48/m³, valor superior ao do orçamento-base da licitação que é de R$ 707,06/m³.
I.2.1.2 Análise
64. Inicialmente, o gestor alega que a composição do Sicro 2 – 2 S 02 606 50 – ‘Concreto de cimento
Portland com forma deslizantes’ não se adequa ao empreendimento, em vista do tempo de cura especificado
para o concreto ser de 7 dias.
65. No entanto, em consulta ao sítio eletrônico do DNIT (http://www.dnit.gov.br/custos-e-
pagamentos/sicro/sudeste/sao-paulo/2014/julho/sao-paulo-julho-2014), verificou-se que a especificação de
serviço dessa composição está prevista na Norma DNER-324.
66. Com relação à cura, tal normativo prevê, em seu item 5.3.10.1, que devem ser obedecidas a prescrição
a seguir, entre outras:
‘O período total de cura será de sete dias, compreendendo o período inicial de aproximadamente 24 horas,
contadas tão logo terminado o acabamento do pavimento, seguido de período (final) até o concreto atingir a
idade de sete dias.’ (grifo nosso)
67. Logo, resta claro que os argumentos do gestor não merecem prosperar, uma vez que ao utilizar a
composição ‘2 S 02 606 50’ a equipe de fiscalização já considerou a cura de sete dias, que, conforme o próprio
defendente, é a mais adequada ao empreendimento.
68. Além disso, cabe lembrar que, de acordo com a composição auxiliar do Sicro 1 A 01 656 51 –
‘Usinagem de conc c/ cim port p/ pav rígido AC/BC’, incluída na composição paradigma deste serviço, estão
incluídos aditivos ao concreto que garantem o ganho de resistência do concreto em cura rápida.
69. Acerca da alegação de que está prevista na composição paradigma a usinagem do concreto na obra,
cabe lembrar que, em visita in loco realizada pela equipe de auditoria às obras do Corredor Radial Leste –
Trecho 1, foi constatada a existência de usina misturadora de jet grout no canteiro, o que demonstra que é
possível a utilização de usinagem na obra, haja vista que as usinas de concreto e de jet grout possuem dimensões
físicas parecidas.
70. Diante disso, o orçamento-base da licitação deve ser elaborado de forma a garantir a economicidade
dos serviços pelo uso da metodologia executiva viável e eficiente, nos termos do art. 6º, inciso IX, da Lei
8.666/1993.
71. Além disso, não há fundamento para que a utilização de usina de concreto no canteiro seja afastada de
pronto, conforme argumentado pela Siurb, inclusive pelas constatações feitas no canteiro de obras já instalado
referente ao trecho 1 do Corredor Radial Leste, conforme fotografias da equipe de auditoria.
(...)
72. Além disso, a usinagem do concreto dentro da obra é mais cara em relação à compra de concreto
usinado fora da obra, conforme se depreende a partir de comparação entre o preço do Sicro (usinado na obra) e
o preço do Sinapi (comprado de concreteira). Pois, o custo unitário da usinagem de concreto no Sicro,
computados todos os insumos e transportes é de R$ 318,12/m³, enquanto o custo de compra do concreto usinado
bombeado em concreteira, segundo o Sinapi, é de R$ 295,03/m³ (incluindo os transportes).
73. Dessa maneira, caso fosse acolhida a alegação da Siurb/SP e fosse feita alguma adaptação na
composição paradigma, o preço unitário paradigma relativo ao serviço ficaria ainda menor. Ou seja, em vez do
preço unitário paradigma de R$ 414,12/m³, o preço unitário passaria a ser R$ 404,09/m³, o que aumentaria o
sobrepreço.
74. Por isso, de forma conservadora, em prol do gestor, e visando evitar a abertura de novo contraditório
na presente etapa processual, sem prejuízo de reavaliações futuras, não será acolhida a argumentação da
Siurb/SP relativa à usinagem do concreto dentro da obra.
75. Acerca das diferenças entre os métodos executivos, verifica-se que a Siurb/SP apresentou apenas duas
tabelas de composições de preços unitários, sem especificar, de modo claro, quais são essas diferenças.
76. A partir da comparação entre os quadros apresentados pela Siurb/SP ou da composição de preço
unitário do projeto da obra, não é possível inferir quais são essas diferenças.
77. Pelo contrário, ao analisar as especificações técnicas do projeto de pavimentação da obra e as
especificações técnicas do Sicro, não se verificam diferenças quanto aos métodos executivos a serem
empregados.
78. Aliás, cabe comentar que o quadro 1 apresentado pela Siurb/SP não guarda relação com a composição
paradigma adotada pela equipe, a qual se encontra na peça 63, p. 13-14, a qual foi enviada à Siurb/SP por meio
do ofício 682/2015-TCU/SeinfraUrbana. É possível constatar diversas diferenças em diversos custos unitários
538

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dos insumos e dos transportes entre o quadro apresentado pela Siurb/SP e a composição paradigma real, sendo a
principal diferença o custo unitário do transporte de areia comercial.
79. Aliás, a partir da comparação entre os quadros apresentados pela Siurb/SP, observa-se que aquele
órgão municipal efetuou alguns cálculos sem justificativas técnicas. Verifica-se que a diferença entre as duas
composições encontra-se no custo da atividade auxiliar de ‘Usinagem de conc. c/ cim. Port. p/ pav. Rígido
AC/BC’ e nos custos dos transportes dos materiais ‘Areia Comercial’, ‘Brita Comercial’ e de usinagem de
concreto.
80. No caso do custo da atividade auxiliar de ‘Usinagem de conc. c/ com. Port. p/ pav. Rígido AC/BC’,
observa-se que a Siurb/SP acresceu o custo da atividade em 35% sob a justificativa de que esse seria o valor
adequado para um concreto com cura de 7 dias.
81. Entretanto, embora seja indevido qualquer acréscimo por conta de cura de 7 dias, em face das
especificações técnicas do Sicro que já preveem esse tipo de cura, cabe comentar que a Siurb/SP não apresentou
cálculos ou detalhamento que justificasse ou explicasse como se chegou ao número de 35%. Portanto, não é
possível acolher esse acréscimo relativo ao custo do concreto usinado.
82. Em relação ao custo dos transportes, os quais foram calculados em R$ 0,32/t.km na composição
paradigma, a Siurb/SP, em sua composição, efetuou acréscimos nesse valor para R$ 0,93/t.km, sob a alegação
de que o paradigma da equipe prevê velocidades de transporte de 60 km/h.
83. Verifica-se que o transporte especificado pela equipe de auditoria foi a partir da composição do Sicro
2 – 1 A 00 002 91 – ‘Transporte comercial c/ basc. 10 m³ rod. Pav’. De acordo com o manual do Sicro, a
velocidade média de transporte é realmente de 60 km/h.
84. No entanto, conforme anotado pela equipe em seu relatório, a localização das jazidas de areia e de
brita foram obtidas em pesquisas junto à base de dados do Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), privilegiando aquelas mais próximas à obra.
(...)
85. Verificam-se que as jazidas localizam-se próximas a rodovias cuja velocidade máxima pode alcançar
90 km/h para caminhões. Portanto, não é desarrazoada a velocidade de transporte de 60 km/h para os materiais
areia e brita.
86. Aliás, cabe ressaltar que a Siurb/SP, em sua resposta, não trouxe elementos acerca da localização das
jazidas, do trajeto a ser realizado pelos caminhões e de estudos acerca da velocidade efetiva dos caminhões
nessas rodovias. Em sua composição constante do quadro 2, não é possível inferir qual a velocidade considerada
no custo do transporte. Ou seja, a Siurb/SP não comprovou, de modo objetivo, qual seria o valor adequado de
velocidade de transporte.
87. Lembrando que o ônus de provar a boa e regular aplicação dos recursos públicos é do gestor, não será
acolhido a alegação genérica da Siurb/SP acerca da inadequação da velocidade de transporte dos materiais de
areia e brita.
88. Em relação ao transporte do concreto entre a usina e a frente de serviço, entende-se que a velocidade
média de 60 km/h pode não ser razoável, principalmente considerando as operações de espera e de manobra do
caminhão, haja vista que a frente de serviço afetará o trânsito local. Outra razão é que o percurso previsto é de
apenas 10 km.
89. Portanto, acolhe-se a argumentação da Siurb/SP e passa-se a considerar o transporte do concreto com
velocidade média de 40 km/h com caminhão betoneira, segundo a composição Sicro - 1 A 00 002 50 –
‘Transporte local com caminhão betoneira em rodovia pavimentada’.
90. Ademais, contrariamente ao que a Siurb/SP apontou de que a ‘cura do concreto foi completamente
desconsiderada’, verifica-se que, tanto na especificação técnica do Sicro quanto na composição de preço
paradigma, está prevista a execução de cura de 7 dias para o concreto.
91. Ante o exposto, acolhe-se parcialmente a argumentação da Siurb/SP para o serviço de pavimento
rígido, tendo sido elevado o preço unitário paradigma para R$ 427,70/m³, frente ao valor anterior de R$
414,21/m³.
(...)
92. Apesar da elevação no preço unitário paradigma, o serviço ainda possui um sobrepreço total de R$
10.188.190,73.
I.2.2 Armadura em Aço CA-50
I.2.2.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 27)
93. A Siurb argumenta que a obra apontada como paradigma na perda do aço é uma obra de
539

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

características distintas do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, uma vez que se trata de uma obra
‘com outros padrões de controle tecnológico até pelo tipo de obra, e risco a ela relacionada’.
94. Portanto, alega a Siurb/SP que para uma perda de aço adequada seria necessário realizar uma
comparação igualitária com outras obras de infraestrutura de porte similar.
95. Além das diferenças entre as obras, a Siurb/SP aduz que o corte e a dobra do aço está previsto para ser
realizado no canteiro de obras e não por meio de corte e dobra industrial. Uma evidência apontada pela Siurb/SP
para essa alegação é a composição de preço unitário do serviço.
96. Ademais, aquele órgão municipal diz que uma das razões para prever o corte e dobra do aço em
canteiro é o fato de que a obra está sendo licitada ‘com o projeto básico, portanto é impossível saber qual a real
perda do aço sem o projeto executivo de armação’, conforme preconizariam diversas tabelas oficiais de preços
(Sicro, Sinapi, Edif, Siurb, CPOS, FDE etc.).
97. Por fim, a Siurb/SP aduz que, tendo em mente que as sucessivas Leis de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), desde 2003, vem determinando que os entes tomadores de recursos federais utilizem as tabelas oficiais
Sicro e Sinapi e que esses sistemas preveem uma perda de aço de 10%, o custo utilizado ‘pela Prefeitura de São
Paulo no item ‘Armadura em aço CA-50’ está dentro dos parâmetros que preconiza o Egrégio Tribunal de
Contas da União’.
I.2.2.2 Análise
98. Inicialmente, no que se refere à comparação efetuada pela equipe de auditoria entre o percentual de
perdas adotado no empreendimento de Angra 3 e o admitido na obra em análise, convém destacar que os
argumentos trazidos pela Siurb/SP apontam genericamente para uma suposta impossibilidade de comparação
entre os empreendimentos.
99. No entanto, para justificar tecnicamente a opção feita pela equipe deste Tribunal, convém mencionar
que, em Angra 3, o projeto básico e o orçamento original datavam de 1989, enquanto o orçamento da obra do
Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus foi elaborado em julho/2014.
100. Ou seja, há mais de 20 anos, já era possível atingir perdas de aço inferiores a 10%.
101. Nesse sentido, decorridos mais de 20 anos, a análise do TCU considerou a evolução técnica por que
passou a engenharia. Assim, a adoção do percentual de 5% para perdas foi considerado mais condizente com a
realidade atual e apoia-se na literatura (Tabela de Composição de Preços para Orçamentos - TCPO, ed. 13, São
Paulo/SP, Pini, 2008, p. 151) e na jurisprudência (Acórdão 1.256/2013 e 1.624/2009, todos do Plenário).
102. Além disso, mesmo considerando obras de infraestrutura de porte similar como quer a Siurb/SP, esta
Corte de Contas vem alertando para a necessidade de redução das perdas de aço, conforme demonstra o
Acórdão 3.650/2013-TCU-Plenário, relativo às obras de implantação do campus da Universidade Federal da
Integração Latino-Americana (Unila), in verbis:
‘58. A composição paradigma elaborada pela Unidade Técnica está acostada à peça 35. A equipe
considerou que a bitola de ¾ de polegada é mais representativa no projeto executivo. Além disso, considerou
uma perda de 5%, pois constatou que o aço estava sendo fornecido cortado e dobrado (peça 92, p.54).
59. A UNILA, em sua defesa, afirmou que a CPU do orçamento base adotou o mesmo percentual de
perdas considerado no relatório de fiscalização (5%). Afirmou ainda que o percentual adotado independe de
corte e dobra serem realizados no canteiro ou em fábrica.
(...)
66. Quanto ao índice de perdas, deve-se destacar que, de fato, a CPU do orçamento base considera 5%,
assim como a equipe da SECOB-1. Entretanto, na CPU do consórcio vencedor da licitação (peça 16, p. 41), foi
considerada uma perda de 12,78% (...).
67. Registre-se que a nova CPU apresentada pela defesa apresentou 5% de perdas também.’
103. Em outras palavras, tem-se um exemplo de que gestores públicos e empresas contratadas acolheram
apontamentos do TCU e aplicaram em obras de infraestrutura percentuais de perdas de aço inferiores a 10%.
104. Ademais, a Siurb alega que, em consulta a diversos sistemas referenciais, Sicro, Sinapi, DER/SP,
Companhia Paulista de Obras e Serviços – CPOS, Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE e
Siurb/SP, verificou-se que o percentual adotado para perdas do aço CA-50 varia de 10% a 15%. Assim, a
adoção do percentual de 10% no caso da obra do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus estaria
adequado. Porém, anteriormente à definição de qual o percentual de perda a ser aplicado, é necessário verificar
qual seria a metodologia de corte e dobra mais eficiente em cada caso particular, ou seja, qual método
representaria menor ônus para a Administração.
105. Conforme a ementa do Acórdão 1.256/2013-TCU-Plenário, essa Corte se manifestou no seguinte
540

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sentido:
‘1. A opção de adoção do corte e da dobra de aço em canteiro de obras e de produção de concreto em
betoneiras, em detrimento, respectivamente, da utilização de corte e dobra industrializados e de central de
concreto, devem ser justificadas do ponto de vista técnico e econômico, tendo em vista que aquelas soluções
representam maior ônus para a Administração.’
106. Assim, cumpre destacar que os percentuais adotados nos citados referenciais (10%) se referem a
corte e dobra no canteiro de obras. Essa opção, no caso de ser a solução adotada pelo gestor, deveria ser
adequadamente justificada, inclusive sob o prisma econômico, de forma a restar comprovado que seria a opção
de menor custo.
107. Nesse diapasão, a justificativa apresentada pelo gestor de que a licitação da obra ‘está sendo
realizada com o projeto básico, portanto é impossível saber qual a real perda do aço sem o projeto executivo de
armação’ é inconsistente, uma vez que a legislação (art. 2º, inciso IV da Lei 12.462/2011) e a jurisprudência do
TCU (cf. Acórdãos 1.733/2011, 2.084/2011, 2.812/2011, 3.032/2013, 896/2015, todos do Plenário) exigem que
conste do projeto básico da obra o detalhamento das armaduras de todas as peças da estrutura a ser executada,
com vistas a quantificar corretamente os serviços de armação, uma vez que, in verbis:
‘42. Não obstante, vale ressaltar que a jurisprudência do Tribunal tem considerado que a utilização de
taxas para o cálculo no detalhamento da armadura dos elementos estruturais de obras não atende às exigências
do art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993 [idênticas às do art. 2º, inciso IV, da Lei 12.462/2011], conforme bem
examinado pela unidade especializada (v.g.: Acórdão 2.084/2011, 2.812/2011, ambos do Plenário).’ (Acórdão
896/2015-TCU-Plenário, trecho do voto condutor da lavra do Exmo. Sr. Ministro Relator Marcos Bemquerer
Costa)
108. Portanto, verifica-se, na realidade, que o projeto do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus
contém grave deficiência, já que não possui adequada quantificação do serviço de ‘Armadura em aço CA-50’,
cabendo incluir esse ponto em futura oitiva da Siurb/SP e da Caixa Econômica Federal.
109. Acerca da alegação de que o Sinapi prevê perdas de 10%, cabe ressaltar que a escala da obra do
Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus é muito maior que a escala das obras comumente orçadas pelo
Sinapi (habitação, escolas, saneamento), que não apropria ganhos de escala, conforme demonstra a
jurisprudência do TCU (Acórdão 2.984/2013-TCU-Plenário).
110. Aliás, as sucessivas Leis de Diretrizes Orçamentárias, o Decreto 7.983/2013 e a jurisprudência do
TCU determinam que o Sinapi constitui apenas um limite máximo admissível para custos de obras públicas. Ou
seja, nos casos onde for recomendado e viável o uso de composições mais econômicas, é dever do gestor adotá-
las, com base no princípio da eficiência administrativa, constante do art. 37, caput, da Constituição Federal de
1988.
111. Vale mencionar ainda que as composições do Sinapi Referencial estão sendo revisadas pela Caixa
Econômica Federal, com apoio da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia, ligada a
Universidade de São Paulo (USP), justamente para atualizá-las às atuais práticas de mercado mais eficientes.
112. Portanto, o percentual de perdas de 5% deve ser aplicado no caso de corte e dobra industrial, que é a
alternativa mais adequada no caso de obras de grande porte. Esse entendimento, adotado por esta Corte,
conforme itens 58 a 69 do Relatório do Acórdão 3.650/2013-TCU-Plenário, também corresponde às práticas
comuns de mercado, que trazem benefícios econômicos e de sustentabilidade (perdas menores).
113. Ademais, como referência para o valor de perdas acima mencionado, pode-se citar a composição
03210.8.1.4 – Armadura de aço para estruturas em geral, CA-50, diâmetro até 10,0 mm, corte e dobra industrial,
fora da obra – da Tabela de Composições de Preços para Orçamentos (TCPO) da Pini, na qual é estabelecido
que as perdas de aço são de 5%.
114. Cumpre destacar que a composição paradigma adotada pela equipe de auditoria para o serviço de
armadura é conservadora, pois desconsiderou deduções nos coeficientes de mão de obra devidas aos ganhos de
produtividade no corte e dobra industrial em detrimento daquele feito na obra. Segundo o item 31 do Relatório
do Acórdão nº 2.872/2012-TCU-Plenário, a eliminação das atividades de corte e dobra no canteiro reduz em
cerca de 50% a quantidade de mão de obra necessária para a execução do serviço, que passa a ser tão somente
para colocação da armadura final nas formas, etapa do serviço que não possui perdas.
115. Além disso, um percentual menor de perdas está em consonância com as disposições da Lei
12.462/2011 (RDC) a qual estipula, em seu art. 4º, § 1º, inciso I, que a Administração Pública deverá respeitar,
em suas licitações e contratações, normas relacionadas a sustentabilidade ambiental. Entende-se que, quanto
menores forem as perdas do serviço, menor será a geração de resíduos da obra, o que trará benefícios do ponto
541

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de vista ambiental. Aceitar perdas maiores, sem qualquer justificativa razoável, significa descumprir a lei do
RDC, considerando o porte e a localização da obra (São Paulo/SP).
116. Por conseguinte, não são acolhidas as alegações do gestor, restando mantido o sobrepreço
originalmente apurado para este item.

I.2.3 Descarte de material de demolição de bota-fora licenciado material solto (classe II B) e Descarte de
solo inerte, em bota-fora licenciado, material solto
I.2.3.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 27-31)
117. Primeiramente, a Siurb/SP colaciona uma tabela com diversos pesos específicos de materiais. Nessa
tabela, consta o peso específico de entulho de obras como 1.500 kg/m³ e o de ‘terra apiloada seca’ de 1.000 a
1.600 kg/m³.
118. Dessa maneira, a Siurb/SP afirma que considerou o peso específico do solo como 1.600 kg/m³, o que
resulta em 1,6 t/m³. Na planilha orçamentária, o serviço é orçado em m³ e não em toneladas. Por isso, segundo a
Siurb/SP, adotando-se o preço de R$ 18,63/t cotado pela equipe de auditoria em outros processos (TC
011.535/2015-6 e 019.151/2015-2), o preço unitário paradigma deveria ser de R$ 29,81/m³.
119. Por isso, aquele órgão municipal afirma que ‘o preço adotado de R$ 40,45/m³ e R$ 34,28/m³ se
referem à mediana das cotações realizadas pela SPTrans, convertidos em metros cúbicos’.
120. Ademais, a Siurb/SP afirma que não encontrou ‘no relatório do nobre auditor os cálculos para
melhor entendimento dos conceitos e pesos adotados’.
121. Por fim, a Siurb/SP anota que, em relação ao apontamento do relatório de auditoria atinente a não
reutilização do solo proveniente das escavações na própria obra, ‘vale alerta ao nobre auditor, que em uma
análise ao projeto básico e planilha de quantidades e preços, verá nos itens de limpeza do terreno, obras de arte
etc., grandes quantidades de reaterro onde será reaproveitado o material escavado’.
I.2.3.2 Análise
122. Primeiramente, cabe mencionar que o Sicro considera que o peso específico de materiais de 1ª
categoria é de 1,6 t/m³. Para materiais soltos, o Sicro apropria 1,5 t/m³ de peso específico.
123. Visando conceder conservadorismo, em prol do gestor, e manter a coerência das análises efetuadas
nos outros processos (TC 011.533/2015-3, 011.535/2015-6, 011.538/2015-5 e 019.151/2015-2), considera-se o
peso específico de 1,6 t/m³.
124. Por isso, acolhendo o argumento da Siurb/SP relativamente à adaptação efetuada nas unidades de
medida do serviço, o custo unitário paradigma deve ser revisto para R$ 29,81/m³ e o preço unitário paradigma,
consequentemente, para R$ 36,19/m³.
125. Em relação aos preços da Siurb/SP, verifica-se que, conforme se depreende da peça 150 do TC
011.535/2015-6, a mediana das cotações efetuadas é de R$ 18,63/ton.
126. Ademais, durante as análises efetuadas no TC 019.151/2015-2, algumas empresas foram consultadas
pela equipe. A resposta de uma delas consta da peça 157 daquele processo, no qual consta o valor de R$
15,00/m³ para descarte de solo inerte em bota-fora licenciado. Ou seja, caso fosse considerada a cotação
realizada pela equipe, o sobrepreço seria ainda maior.
127. Contudo, por conservadorismo e visando evitar a abertura de novo contraditório na presente etapa
processual, será adotada a taxa de descarte de material inerte de R$ 18,63/ton, pesquisada pela Siurb/SP.
128. Convém mencionar que, em relação às alegações da Siurb/SP de que não encontrou as premissas de
cálculo do preço paradigma desse item da planilha, verifica-se que a equipe de auditoria descreveu todas as suas
considerações no relatório de auditoria (peça 72, p. 18-19), além de também estarem consignadas na
composição paradigma constante da peça 63, p. 1. Vale destacar que a Siurb/SP recebeu cópia integral dos
autos.
129. Atinente ao argumento da Siurb/SP de que é possível observar no projeto básico da obra os estudos
relativos ao reaproveitamento de material escavado em reaterros, verifica-se que a Siurb/SP não foi específica
em sua colocação, não tendo indicado, de forma exata, quais plantas, desenhos ou cálculos constantes do projeto
básico que comprovem sua afirmativa.
130. Portanto, diante do acolhimento parcial das alegações da Siurb/SP, verifica-se que o preço unitário
paradigma sofreu elevação para R$ 36,19/m³, o que resulta em sobrepreço total de R$ 1.723.099,80 para o item
de ‘Descarte de material de demolição bota-fora licenciado, material solto (classe II B)’ e elide o sobrepreço
detectado no item de ‘Descarte de solo inerte, em bota-fora licenciado, material solto’.
I.2.4 Remoção de terra além do primeiro km e Remoção de entulho além do primeiro km
542

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

I.2.4.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 31-43)
131. Em síntese, a Siurb/SP alega que a velocidade de transporte de 40 km/h considerada na composição
do Sicro 2 utilizada como paradigma pela equipe de auditoria – 1 A 00 002 07 – ‘Transp. Local c/ basc. 10 m³
em rodovia pavimentada (restauração rodoviária)’ não é aplicável ao caso concreto, pois a obra se desenvolve
em ambiente urbano.
132. Em seguida, a Siurb/SP apresenta uma tabela com as distâncias percorridas pelo caminhão em seu
trajeto até o bota-fora e respectivas velocidades de referência.
(...)
133. O órgão defendente também traz alguns cálculos comparativos do custo do serviço, nos quais,
segundo a Siurb/SP, foram feitas correções na composição do orçamento-base da licitação em relação a: (i) o
fator de carga, em função da capacidade de carga do caminhão ser de 15 toneladas, ‘ou seja, não comportaria
um volume integral de terra de 10 m³’; e (ii) a velocidade de transporte correta calculada como 30,98 km/h,
conforme tabela acima.
134. A Siurb/SP, portanto, calculou o custo unitário do serviço em R$ 1,21/m³.km, enquanto o custo
unitário paradigma foi de R$ 0,80 / m³.km.
(...)
135. Acerca do quadro acima, a Siurb/SP aduz também que comparou apenas os custos, ‘pois ficaria
inviável o comparativo de preços, visto que há diferenças nos BDIs paradigma e da SPTrans’.
136. Em vista do cálculo acima efetuado, a Siurb/SP conclui que não haveria sobrepreço no serviço, pois,
‘ao se adotar uma velocidade mais adequada’, é possível calcular um valor praticamente igual ao da planilha
orçamentária.
137. Aquele órgão municipal também alega que o relatório de auditoria encaminhado por meio do ofício
532/2015-TCU/SeinfraUrbana computou o preço unitário paradigma de R$ 1,03/m³.km, ‘o que demonstra
também incerteza com relação ao cálculo do preço do serviço’.
138. Em seguida, a Siurb/SP afirma que, conforme já mencionado nestes autos e nos demais processos de
corredores de ônibus em São Paulo/SP, a obra está inserida em meio urbano, ‘onde há percursos com diversas
interrupções e interferências nas velocidades dos caminhões, desvios de tráfego’. Por conseguinte, conclui
aquele órgão municipal que as comparações realizadas pela equipe de auditoria, na prática, não refletem:
‘(...) a realidade do empreendimento, não espelhando a fidelidade e a realidade da obra em questão, pois a
obra em questão se assemelha [a obras rodoviárias] no ponto de vista dos insumos (materiais e equipamentos),
mas não quanto a técnica de engenharia, a logística e o controle do tráfego e os transeuntes que transitam
praticamente 20h por dia. Tornam este tipo de obra diferente das obras rodoviárias, onde esta totalmente
segregada às intempéries exteriores (sic).’(peça 82, p. 34)
139. Para corroborar seu argumento, a Siurb/SP colaciona uma simulação teórica acerca da velocidade
desenvolvida por um caminhão com carga de 15 toneladas, semelhante ao equipamento previsto no Sicro,
circulando em meio urbano, em uma condição de livre tráfego e interferências, em duas trajetórias, a primeira de
300 m e a segunda de 500 m.
140. As premissas adotadas na simulação, segundo a Siurb/SP, foram: (i) os cruzamentos existentes
durante o percursos foram considerados com os semáforos abertos para caminhão; (ii) a única parada no final do
percurso foi considerada decorrente do semáforo fechado com um tempo de espera de 30 segundos; (iii) os
parâmetros de aceleração, velocidade, frenagem foram os do caminhão Cargo 2629 com potência máxima de
290 cv; (iv) o caminhão possui carga de 15 toneladas, sua capacidade máxima; (v) o limite de velocidade
máxima da via é de 50 km/h; (vi) eventuais resistências ao movimento não foram consideradas; e (vii) a
condição de via livre sem congestionamento foi considerada.
141. As tabelas de simulação encontram-se na peça 82, p. 35-42, e as especificações técnicas do
caminhão foram anexadas na peça 82, p. 43.
142. Segundo essas simulações, a velocidade média do trajeto de 300 m sem considerar a parada no
semáforo seria de 29,2 km/h, enquanto computada a parada no semáforo por 30 segundos, a velocidade seria
16,1 km/h. Por sua vez, no trajeto de 500 m, os valores seriam de 34,6 km/h e de 22,0 km/h, respectivamente.
I.2.4.2 Análise
143. De plano, convém notar que assiste razão à Siurb/SP quando afirma que a velocidade de transporte
adotada na composição paradigma foi de 40 km/h, conforme consta do Sicro.
144. Em relação ao quadro de trajeto e cálculo de velocidades apresentado pela Siurb/SP, cabe comentar
que o trajeto informado pela Siurb/SP é relativo ao trecho 2 do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus.
543

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Observa-se que a Siurb/SP não elaborou o mesmo quadro para o caso do trecho 3, também incluído no objeto da
licitação, haja vista que a DMT do trecho 3 para o bota-fora é de 13,05 km e que o trajeto ocorre pela Estrada
Dom João Nery, em seguida, pela Av. Marechal Tito e rodovias subjacentes dentro de Itaquaquecetuba/SP.
145. Novamente no que concerne ao quadro de trajeto e de cálculo de velocidades, verifica-se que os
valores de velocidade de referência informados pela Siurb/SP não estão lastreados em evidências ou estudos
comprobatórios.
146. Aliás, conforme o único estudo apresentado pela Siurb/SP até o momento entre os processos
atinentes a corredores de ônibus no Fiscobras 2015, o estudo realizado pela Companhia de Engenharia de
Tráfego de São Paulo (CET/SP), cf. peça 147, p. 105, não foram feitas medições de velocidade na Av. Professor
João Batista, na Rodovia Ayrton Senna e nas vias dentro do município de Itaquaquecetuba/SP. A única via,
dentre as mencionadas pela Siurb/SP, que possui algum tipo de medição é a Av. Jacu-Pêssego, cuja média
aritmética de velocidades medidas pela CET/SP é de 34,3 km/h, e não 28,0 km/h, como quer fazer crer a
Siurb/SP.
(...)
148. Portanto, os valores de velocidade que integram o cálculo da Siurb/SP não possuem comprovação e
não podem ser acolhidos.
149. Em relação ao fator de carga, entende-se que não assiste razão à Siurb/SP em reduzi-lo para 0,9,
conforme análise já realizada na peça 153, p. 24, do TC 011.535/2015-6. Naquela ocasião, ficou claro que,
conforme o item 5.4.1 do Manual de Custos Rodoviários – Volume 1 Metodologia e Conceitos, as operações de
transporte local, na determinação da produção horária do caminhão considera os seguintes fatores: capacidade
útil do caminhão, fator de eficiência, distancia de transporte, velocidade média, além do tempo de manobras,
carga e descarga. Observa-se que o fator de carga, o qual pode ser definido como a relação entre a capacidade
efetiva do equipamento e sua capacidade nominal, observada a categoria do material, não é relevante para esse
item, tendo em vista que o serviço remunera apenas o transporte e não as operações de escavação e carga.
150. Considerando que a capacidade do equipamento foi computada como 10 m³, não há diminuição na
capacidade efetiva do equipamento em relação à nominal, principalmente porque o fator de carga diferenciado
já foi remunerado no serviço de escavação, carga e transporte até 1 km, cabendo ao serviço ora em análise
apenas o transporte que ultrapassa a distância de 1 km.
151. Corrobora a tese acima explicitada o demonstrativo do cálculo da produção da equipe referente ao
serviço 1 A 00 002 07, constante da página 38 do Manual de Custos Rodoviários – Volume 3 Composições de
Custos Unitários de Atividades Auxiliares. Nesse documento, considerou-se o fator de carga igual a um para o
cálculo da produção da equipe, o que não influenciou o resultado final.
152. Vale destacar que os critérios de medição e pagamento da licitação (cf. peça 26, p. 326) esclarecem
que o serviço não inclui as operações de carga.
153. No que concerne ao preço unitário paradigma que constou do relatório de auditoria encaminhado por
meio do ofício 532/2015-TCU/SeinfraUrbana, verifica-se que se trata do TC 011.535/2015-6, que cuida de
auditoria realizada no Corredor de ônibus – Radial Leste – Trecho 3.
154. De fato, naquele relatório, a equipe de auditoria computou o preço unitário paradigma de R$
1,03/m³.km para o serviço de transporte. No entanto, conforme mencionado em instruções posteriores daqueles
autos (cf. peça 153, p. 23-24, do TC 011.535/2015-6), o cálculo de produtividade realizado na composição
paradigma original daqueles autos ocorreu por meio de adaptação nas unidades de medida, enquanto os cálculos
posteriores realizados nas demais fiscalizações, inclusive a que consta destes autos, foi feito por meio de
metodologia consagrada pelo Sicro, a saber, a multiplicação da capacidade do equipamento pelos fatores de
correção (fator de carga, de conversão e de eficiência) e pela velocidade do transporte.
155. Por essa razão, ocorreu essa diferença nos preços unitários paradigma calculados, ponto que foi
corrigido em instruções posteriores daqueles autos. Verifica-se, portanto, que não assiste razão à Siurb/SP
quando afirma que haveria incerteza em relação ao cálculo do preço unitário paradigma.
156. Em relação aos quadros comparativos de preços elaborados pela Siurb/SP, observa-se que, além do
fator de carga indevidamente reduzido, a velocidade de transporte, conforme já analisado, também está
inadequada.
157. Outro problema do cálculo efetuado pela Siurb/SP diz respeito ao custo horário do caminhão
basculante, observa-se que, enquanto o Sicro estipula o custo horário de R$ 119,80 (e não R$ 120,51 como
consta no quadro elaborado pelo órgão defendente), a Siurb/SP calculou sua composição com o valor de R$
126,90.
544

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

158. Vale dizer que o órgão defendente não mencionou a fonte de preços desse custo horário de R$
126,90.
159. Em relação a comparação entre custos e não entre preços, por conta de eventual diferença entre taxas
de BDI, cabe comentar que, contrariamente ao que afirma a Siurb/SP, não é inviável a realização desse tipo de
comparação, conforme reconhece a jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 3.239/2011, 1.804/2012, 93/2009,
1.913/2011 e 1.053/2009, todos do Plenário).
160. No que diz respeito às alegações da Siurb/SP sobre o percurso do transporte ser feito em meio
urbano, o que o sujeita a interrupções e interferências, verifica-se que são alegações genéricas sem as
necessárias evidências que comprovem e especifiquem quais são essas interrupções e interferência e qual o seu
impacto no transporte.
161. Em relação às dificuldades, interrupções e interferências incidentes sobre o trânsito de caminhões,
verifica-se que a Siurb/SP apresenta argumentos genéricos, sem especificar quais seriam esses problemas e
quais alternativas foram estudadas para mitigar essas interferências, a exemplo de mudança de itinerários de
carros e ônibus, desvios de tráfego etc.
162. Portanto, o enquadramento das obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus como
empreendimento de tipologia rodoviária considerou a premissa de que os principais serviços envolvidos nessa
classificação abrangem movimentação de terra, pavimentação e execução de obras de arte especiais.
163. Ao observar a composição da curva ABC, verifica-se que 47 serviços perfazem 80,80% do valor
total orçado. Desses, 31 serviços estão relacionados a movimentação de terra, pavimentação ou obras de artes
especiais, a exemplo de: (i) Fornecimento e Aplicação de Concreto Usinado para Pavimento Rígido
(FCTM,K=4,5mpa), inclusive cura química – 7 dias; (ii) Armadura em Aço CA-50; (iii) Descarte de Material de
Demolição Bota Fora Licenciado, Material Solto (Classe II B); (iv) Fundação de Rachão; (v) Remoção de Terra
Além do Primeiro Km; (vi) Descarte de Solo Inerte em bota-fora licenciado, material solto, entre outros
serviços.
164. Dessa forma, resta claro que a maior parcela técnica e financeira do empreendimento refere-se
àqueles serviços típicos de obras de tipologia rodoviária. Nesse contexto, também é possível observar que há
predominância, nas composições dos serviços da Siurb/SP, do emprego de equipamentos em detrimento da mão
de obra, o que também caracteriza a tipologia adotada pela equipe de auditoria.
165. Diante dessas constatações, resta claro que o empreendimento em questão pode ser adequadamente
classificado como obra de tipologia rodoviária para fins de aplicação da metodologia de custos do Sicro. Assim,
não assiste razão ao argumento do gestor, no sentido de que houve comparação equivocada por parte da equipe
de auditoria.
166. Com relação ao fato de se tratar de obra em ambiente urbano, frisa-se que tal aspecto já está refletido
na análise efetuada pela equipe de auditoria, na medida em que boa parte das composições de custo adotadas no
exame são de restauração rodoviária. Obras de restauração rodoviária são realizadas em meia pista, com desvio
de tráfego, conforme especificações do Sicro 2.
167. Com efeito, conforme visita in loco realizada pela equipe de auditoria, o Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus terá como um de seus métodos de execução a realização de desvios de tráfego e de
interdição de pistas, haja vista que, em alguns pontos, o sistema viário atual consiste em pista com apenas uma
faixa de rolamento por sentido.
168. Em relação às simulações feitas pela Siurb/SP, verifica-se que são exercícios teóricos, quando aquele
órgão poderia ter apresentado um conjunto fático-probatório mais robusto, como, por exemplo, tacógrafos de
caminhões carregados e descarregados em obras próximas de Corredores de ônibus em São Paulo/SP, efetuando
um estudo estatístico das velocidades desenvolvidas, dos tempos de parada etc.
169. Cabe também comentar que o gráfico de aceleração e desaceleração apresentado pela Siurb/SP na
peça 82, p. 35, não teve sua fonte indicada, motivo pelo qual não é possível afirmar se os valores constantes das
simulações são válidos. Outras premissas adotadas nas simulações também são questionáveis, como a existência
de semáforos a cada 300 m ou a cada 500 m, uma vez que o percurso até o bota-fora no caso concreto será
realizado por meio de vias expressas, como a Av. Jacu-Pêssego e a Rodovia Ayrton Senna.
170. Em adição, as simulações foram feitas para a condição carregada do caminhão, porém, verifica-se
que essa situação não ocorrerá na integralidade do percurso realizado entre obra e bota-fora, haja vista que o
retorno do caminhão para as frentes de serviços se dará com caminhão vazio.
171. Ademais, segundo os cálculos teóricos das especificações técnicas do caminhão colacionadas pela
Siurb/SP (peça 82, p. 43), é possível que esse veículo atinja 104 km/h de velocidade máxima na condição de
545

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

peso bruto total (PBT), isto é, com carga máxima.


172. Portanto, na falta de elementos comprobatórios mais sólidos, considera-se, de forma conservadora,
em prol do gestor, que será desenvolvida a velocidade média medida pela CET/SP na Av. Jacu-Pêssego de 34,3
km/h, em todo o percurso até o bota-fora.
173. Em vista disso, o preço unitário paradigma passa a ser de R$ 1,13/m³.km, resultando num sobrepreço
total para este item de R$ 2.850.505,38.
I.2.5 Base de binder denso (sem transporte)
I.2.5.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 44-45)
175. Inicialmente, a Siurb/SP ilustra uma composição de preço unitário, na qual efetua uma adaptação de
unidades de medidas com base em um peso específico de 2,4 t/m³ para o binder. Além disso, também recalcula
o preço do transporte de CAP 50/70.
(...)
176. Por isso, segundo o gestor, houve um equívoco nos cálculos da equipe de auditoria, pois o valor
correto seria de R$ 408,24/m³, seguindo as mesmas DMTs previstas na composição paradigma e o custo para o
CAP da tabela da Agência Nacional do Petróleo – ANP.
177. Convém comentar que a Siurb/SP, em adendo recente à sua resposta, juntou aos autos a tabela da
ANP para o CAP 50/70 de 2014 (cf. peça 83, p. 2).
178. Em seguida, a Siurb/SP trouxe outra composição na qual efetua alterações nos custos dos
transportes, uma vez que, segundo aquele órgão, o transporte estipulado pela equipe de auditoria prevê
velocidades de transporte de 60 km/h, valor superior ao que é ‘aceitável para caminhões dentro das principais
vias do município de São Paulo/SP’.
(...)
180. Portanto, afirma a Siurb/SP que não há sobrepreço no item, pois o preço do serviço ‘adequado para
os meios urbanos da obra em questão’ seria de R$ 549,64/m³, valor superior ao preço unitário constante do
orçamento-base da obra.
I.2.5.2 Análise
181. Primeiramente, vale dizer que assiste razão à Siurb/SP no que concerne à adaptação nas unidades de
medida. Embora a equipe de auditoria tenha corrigido a produtividade horária dos equipamentos para 75 t / 2,4
t/m³ = 31,25 m³, não foram recalculados os coeficientes da composição que não fossem relativos ao uso de
equipamentos e mão-de-obra, a exemplo das atividades auxiliares de: (i) usinagem de CBUQ (binder) AC/BC;
(ii) Transporte de CAP 50/70; (iii) Transporte de Areia comercial; e (iv) Transporte de brita comercial.
182. Portanto, foi feita adaptação em todos os coeficientes desses insumos, multiplicando-os por 2,4 t/m³
(valor do peso específico do CBUQ).
(...)
183. Acerca do cálculo do valor de CAP 50/70 constante da composição da Siurb/SP, verifica-se que
houve um equívoco de interpretação. A Siurb/SP apropriou o custo do insumo CAP 50/70, quando, na realidade,
o grupo E da composição se refere à Transporte de Materiais.
184. Ou seja, essa rubrica remunera o transporte do CAP 50/70 desde a refinaria até a usina de CBUQ.
Corrobora essa afirmativa o fato de que: (i) o transporte de CAP consta como transporte de materiais
betuminosos – código 1 A 00 102 00; e (ii) o insumo CAP já está computado na atividade auxiliar de Usinagem
de CBUQ (binder) AC/BC.
(...)
185. Cabe notar que o custo unitário do CAP 50/70 apropriado pela equipe é de R$ 901,24/t, superior ao
que a Siurb/SP incluiu em sua composição (R$ 891,59/t), demonstrando o conservadorismo da análise que foi
realizada.
186. Em adição, vale dizer que a composição paradigma não será revisada em relação ao custo unitário do
CAP 50/70, com vistas a evitar a abertura de novo contraditório na presente etapa processual, sem prejuízo de
reavaliações futuras.
187. No que concerne às velocidades de transporte de areia e brita comercial, cabe novamente mencionar
a análise que foi feita no tópico I.2.1.2 da presente instrução. Repetindo a mesma análise, verifica-se que os
custos de transporte de areia e brita comercial, os quais foram calculados em R$ 0,32/t.km na composição
paradigma, a Siurb/SP, em sua composição, efetuou acréscimos nesse valor para R$ 0,93/t.km, sob a alegação
de que o paradigma da equipe prevê velocidades de transporte de 60 km/h.
188. Verifica-se que o transporte especificado pela equipe de auditoria foi a partir da composição do Sicro
546

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2 – 1 A 00 002 91 – ‘Transporte comercial c/ basc. 10 m³ rod. Pav’. De acordo com o manual do Sicro, a
velocidade média de transporte é realmente de 60 km/h.
189. No entanto, conforme anotado pela equipe em seu relatório, a localização das jazidas de areia e de
brita foram obtidas em pesquisas junto à base de dados do Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), privilegiando aquelas mais próximas à obra.
(...)
190. Verificam-se que as jazidas localizam-se próximas a rodovias cuja velocidade máxima pode alcançar
90 km/h para caminhões. Portanto, não é desarrazoada a velocidade de transporte de 60 km/h para os materiais
areia e brita.
191. Aliás, cabe ressaltar que a Siurb/SP, em sua resposta, não trouxe elementos acerca da localização das
jazidas, do trajeto a ser realizado pelos caminhões e de estudos acerca da velocidade efetiva dos caminhões
nessas rodovias. Em sua composição constante do quadro 2, não é possível inferir qual a velocidade considerada
no custo do transporte. Ou seja, a Siurb/SP não comprovou, de modo objetivo, qual seria o valor adequado de
velocidade de transporte.
192. Lembrando que o ônus de provar a boa e regular aplicação dos recursos públicos é do gestor, não
será acolhido a alegação genérica da Siurb/SP acerca da inadequação da velocidade de transporte dos materiais
de areia e brita.
193. Portanto, diante do acolhimento parcial das alegações da Siurb/SP, verifica-se que o preço unitário
paradigma para este serviço foi aumentado para R$ 493,97/m³, o que elidiu o sobrepreço anteriormente
constatado.
I.2.6 Base de brita graduada tratada com cimento - BGTC
I.2.6.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 45-46)
194. De modo semelhante aos casos dos serviços de ‘Base de binder denso’ e de ‘Fornecimento e
aplicação de concreto usinado para pavimento rígido (fctmk = 4,5 Mpa), inclusive cura química – 7 dias’, a
Siurb/SP alega que a composição paradigma deste item prevê o transporte de areia e brita comercial com
velocidade de transporte de 60 km/h, o que seria inadequado para ‘os meios urbanos’.
195. Em vista disso, a Siurb/SP, em sua composição hipotética, majorou os custos de transportes de
‘Usinagem de brita graduada BC’ de R$ 0,32/t.km para R$ 0,93/t.km.
I.2.6.2 Análise
196. De modo a manter a coerência nas análises, conforme já descrito no tópico I.2.1.2 desta instrução, é
acolhida parcialmente a argumentação da Siurb/SP para o caso da Usinagem de brita graduada BC.
197. Naquele tópico, ficou consignado que, em relação ao transporte entre a usina e a frente de serviço,
entende-se que a velocidade média de 60 km/h pode não ser razoável, principalmente considerando as operações
de espera e de manobra do caminhão, haja vista que a frente de serviço afetará o trânsito local. Outra razão é
que o percurso previsto é de apenas 10 km.
198. Portanto, acolhe-se a argumentação da Siurb/SP e passa-se a considerar o transporte do concreto com
velocidade média de 40 km/h com caminhão basculante, segundo a composição Sicro - 1 A 00 002 07 –
‘Transporte local c/ basc 10 m³ rodov. Pav. (restauração rodoviária)’.
199. Em vista disso, o preço unitário paradigma sofreu elevação para R$ 190,77/m³, resultando num
sobrepreço total para este item de R$ 263.775,03.
I.2.7 Disposição final de resíduos classe II A – não inertes, em aterro sanitário
I.2.7.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 47)
200. A Siurb/SP afirma que a análise deste item segue os mesmos preceitos dos apresentados para o item
de Descarte de material de demolição e descarte de solo inerte.
I.2.7.2 Análise
201. Semelhantemente ao que foi analisado no tópico I.2.3.2 desta instrução, o qual tratou dos serviços de
‘Descarte de material de demolição’ e de ‘Descarte de solo inerte’, são rejeitadas as justificativas da Siurb/SP e
mantido o preço unitário paradigma para este item.
I.2.8 Demolição de pavimento asfáltico, inclusive capa, inclui carga no caminhão
I.2.8.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 47-48)
202. Em síntese, o gestor alega que a espessura média do pavimento para a demolição é de 40 cm,
conforme memória de cálculo do projeto básico e não de 25 cm, conforme anotado pela equipe.
203. Em seguida, a Siurb/SP aduz que a composição paradigma da equipe Sinapi 72949 – ‘Demolição de
pavimento asfáltico, exclusive transporte’, não remunera a etapa de carga do material demolido, uma vez que
547

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

não estão previstos os insumos de pá carregadeira e de caminhão basculante na composição do Sinapi.


204. Em vista disso, a Siurb/SP conclui que a composição paradigma ‘não apresenta os mesmos
elementos para uma comparação igualitária, pois para se fazer uma análise coerente dos custos, deve-se utilizar
os mesmos insumos’.
205. Ademais, a Siurb/SP apresenta uma composição de preço unitário para o serviço, seguindo os
coeficientes e insumos previstos na composição Siurb, porém com custos unitários provenientes do Sinapi.
206. Segundo a Siurb/SP, essa composição apresenta um valor de R$ 16,87/m², enquanto o orçamento-
base da licitação apropria o valor de R$ 13,41/m², o que demonstra que não sobrepreço no item.
I.2.8.2 Análise
207. Com efeito, a memória de cálculo dos quantitativos incluídos na planilha informa o valor de 40 cm
para a espessura de pavimento a ser demolida (cf. peça 57, p. 22).
208. Por essa razão, convém efetuar adaptações na composição paradigma para esse serviço. Para tanto,
considerando que a equipe havia antes considerado que a espessura do pavimento demolido era de 25 cm, todos
os coeficientes da composição paradigma serão multiplicados por 0,40 / 0,25 = 1,60.
209. Em relação à alegada ausência da etapa de carga do material nos caminhões, verifica-se que a
composição do Sinapi apropria os equipamentos de retroescavadeira, porém, de fato, não incluem pás
carregadeiras ou caminhões basculantes.
210. Conquanto retroescavadeiras possam executar as operações de carga em caminhão, considerando
que o Sinapi não possui especificações técnicas da composição em questão que esclareçam, de modo objetivo,
se a etapa de carga está ou não incluída, de modo conservador, em prol do gestor, será incluída uma atividade
auxiliar na composição paradigma – Sinapi 72898 – ‘Carga e Descarga mecanizadas de entulho em caminhão
basculante 6 m³’, unidade de medida m³.
211. Em razão de a unidade de medida da atividade auxiliar ser metros cúbicos, seu coeficiente será 0,40
m³, considerando a espessura do pavimento em 40 cm.
(...)
213. Portanto, diante do acolhimento parcial das alegações da Siurb/SP, o preço unitário paradigma para
esse serviço sofreu elevação para R$ 21,50/m², o que elidiu o sobrepreço nesse item.
I.2.9 Eletroduto de polietileno flexível alta resistência – 4’
I.2.9.1 Resumo dos argumentos apresentados pela Siurb/SP (peça 82, p. 48)
214. A Siurb/SP elenca duas composições do Sinapi 73798/001 – ‘Duto espiral flexível singelo PEAD d
= 50 mm (2’) revestido com PVC com fio guia de aço, galvanizado, lançado direto no solo, incl. conexões’ e
73798/003 - ‘Duto espiral flexível singelo PEAD d = 75 mm (3’) revestido com PVC com fio guia de aço,
galvanizado, lançado direto no solo, incl. conexões’. Segundo o gestor, o custo unitário de ambas as
composições é de R$ 22,98/m e R$ 36,89/m, respectivamente.
215. Por conta disso, o gestor alega que caberia avaliar a razão pela qual o preço unitário da composição
paradigma, a qual se refere a um eletroduto de polietileno flexível alta resistência diâmetro de 4’ e possui custo
de R$ 20,63/m, é inferior às duas referências mencionadas do próprio Sinapi.
216. Ademais, o gestor alega que a composição paradigma ‘não é nem uma referência presente na tabela
publicada’ do Sinapi, uma vez que ela não foi localizada. Por isso, o gestor alega que, possivelmente, a
composição paradigma foi elaborada com base em referências regionais, ‘que não sofreu atualização de
insumos, não podendo assim ser levada em consideração para apontar a divergência’.
I.2.9.2 Análise
217. Em primeiro lugar, vale dizer que as composições Sinapi 73798/001 e 73798/003 possuem os custos
unitários de R$ 24,80 e R$ 39,81, respectivamente, na data-base de julho/2014.
218. Ao analisar essas composições, verifica-se que elas guardam similaridades com a composição
adotada como paradigma pela equipe de auditoria.
219. Em decorrência da falta de especificações técnicas ou de maiores detalhes por parte da Caixa acerca
das parcelas que estão incluídas ou não nas composições, não é possível saber a razão acerca da disparidade de
custos entre essas composições.
220. No entanto, não assiste razão ao gestor quando afirma que a composição não está presente em ‘tabela
publicada’ do Sinapi. Com efeito, é possível encontrar a composição em relatórios do Sinapi.
(...)
221. Com efeito, a composição não integra o banco do Sinapi Referencial, mas está contida no banco de
composições Nacional – São Paulo, e baseia-se em composição do banco de informações da Polícia Rodoviária
548

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Federal, órgão executor de obras.


222. Além disso, ela pode ser utilizada como paradigma, na falta de uma composição do Sinapi
Referencial, de acordo com o art. 5º, parágrafo único, do Decreto 7.983/2013 e com a jurisprudência desta Corte
de Contas (Acórdão 3.272/2011 -TCU-Plenário), o qual determina que são aplicáveis composições de outros
sistemas na hipótese de não serem encontradas referências no Sinapi Referencial ou no Sicro.
223. Portanto, não podem ser acolhidos os argumentos da Siurb/SP.
224. Porém, cabe tecer uma ressalva. A equipe de auditoria adotou como paradigma a composição 86168
- ‘Eletroduto PVC flexível corrugado reforçado, DN 2'‘, tendo realizado adaptações nessa composição,
incluindo o insumo 34287 – ‘Duto de polietileno 4', ref. Kanaflex’.
225. No entanto, visando manter a coerência entre as análises efetuadas nos presentes autos e no TC
011.535/2015-6, o qual trata do Corredor de Ônibus Radial Leste – Trecho 3, cabe modificar a composição
paradigma para a composição Sinapi 85075 - ‘Fornecimento e instalação de duto subterrâneo de 4’, ref.
Kanaflex ou similar (PRF-MG).
226. Verifica-se que a composição 85075 é mais aderente ao serviço em questão, além de ter custo
unitário de R$ 32,00/m frente aos R$ 16,99/m de custo unitário da composição paradigma. Portanto, é possível
observar que essa modificação é conservadora e beneficia o gestor, razão pela qual não será necessário reabrir o
contraditório para este item.
227. Ante o exposto, o preço unitário paradigma sofreu elevação para R$ 38,85/m, apesar disso, o item
continua apresentando sobrepreço total de R$ 733.593,39.
I.3 Conclusão acerca do achado de sobrepreço
228. Ante as análises realizadas, verifica-se o acolhimento parcial das alegações da Siurb/SP e a
realização de adaptações nas composições paradigma referentes aos itens de: (i) Fornecimento e aplicação de
concreto usinado para pavimento rígido (fctmk=4,5 MPa), inclusive cura química – 7 dias; (ii) Descarte de
material de demolição em bota-fora licenciado, material solto (classe II B); (iii) Descarte de solo inerte, em
bota-fora licenciado, material solto; (iv) Remoção de terra além do primeiro km; (v) Remoção de entulho além
do primeiro km; (vi) Base de binder denso (sem transporte); (vii) Base de brita graduada tratada com cimento –
BGTC; e (viii) Demolição de pavimento asfáltico, inclusive capa, inclui carga no caminhão. Nos demais itens,
não foram acolhidas as alegações da Siurb/SP.
229. Por essas razões, o sobrepreço global remanescente apurado no Corredor Perimetral Itaim Paulista-
São Mateus é de R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), o que perfaz 12,69% em relação ao total do
orçamento analisado e 19,52% em relação à amostra analisada, tendo sido analisada uma amostra de 68,97%.

II. Demais análises afetas a indícios de irregularidade do tipo IG-P


II.1 Dados e argumentos trazidos pela Siurb/SP (peça 82, p. 1-21)
230. Nos termos do art. 113, incisos I a XI, § 1º, inciso I, e § 3º, todos da Lei 13.080/2015 (LDO/2015),
cabe ao gestor trazer elementos aos autos acerca de:
I - os impactos sociais, econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do
empreendimento pela população;
II - os riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes do atraso na fruição dos
benefícios do empreendimento;
III - a motivação social e ambiental do empreendimento;
IV - o custo da deterioração ou perda de materiais adquiridos ou serviços executados;
V - as despesas necessárias à preservação das instalações e dos serviços já executados;
VI - as despesas inerentes à desmobilização e ao posterior retorno às atividades;
VII - as medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o saneamento dos indícios
de irregularidades apontados;
VIII - o custo total e o estágio de execução física e financeira de contratos, convênios, obras ou parcelas
envolvidas;
IX - empregos diretos e indiretos perdidos em razão da paralisação;
X - custos para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato; e
XI - custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação.
231. Nesse diapasão, a Siurb/SP colacionou dados e argumentos relativos a esses dispositivos legais
conforme peça 82, p. 1-21.
II.1.1 Alegações iniciais da Siurb/SP (peça 82, p. 1-8)
549

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

232. Inicialmente, a Siurb/SP traz informações atinentes acerca dos problemas de mobilidade urbana da
cidade de São Paulo/SP, do Plano de Mobilidade formulado pela Secretaria Municipal de Transportes (SMT)
em conjunto com a São Paulo Transportes S/A (SPTrans), empresa pública municipal (cf. peça 82, p. 2).
233. Segundo a Siurb/SP, todos os empreendimentos planejados para São Paulo/SP compõem um sistema
de transporte mais amplo. Em outras palavras, cada corredor de ônibus contribuirá para a efetividade global
desse sistema.
234. A Siurb/SP aduz, portanto, que a paralisação de empreendimentos ‘poderá pôr em risco todo o
planejamento da renovação da distribuição das linhas de ônibus na Cidade o que elevará de sobremaneira o risco
da falta de eficiência do Sistema de Transporte’ (peça 82, p. 2).
235. Em seguida, aquele órgão municipal detalha aspectos operacionais do Plano de Mobilidade Urbana
para a zona leste de São Paulo/SP. De acordo com os dados apresentados (cf. peça 82, p. 3), no período entre
2010 e 2012, a SMT e a SPTrans concebeu o Corredor Radial Leste – trechos 1 e 2, Corredor Itaquera e
Corredor Aricanduva, norteando o processo de licitação das obras concluído em 2013.
236. Em 2013, a gestão municipal iniciou os trâmites para elaboração de projetos de novos
empreendimentos de corredores e terminais de ônibus, além daqueles previstos anteriormente. Entre essas novas
intervenções, encontra-se o Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus (cf. peça 82, p. 3).
237. Por isso, a Siurb/SP alega que a paralisação ‘deste processo prejudicará o planejamento de futuras
políticas públicas com o agravamento do problema de mobilidade o que poderá ocasionar o aumento dos
investimentos públicos futuros’ (peça 82, p. 4).
238. Nesse contexto, a administração municipal tem por objetivo substituir ‘maciçamente o uso do
transporte individual pela oferta de transporte coletivo público mais eficiente, face a grande demanda por
deslocamentos na cidade’ (peça 82, p. 5).
239. A Siurb/SP novamente aponta para a questão de que o empreendimento questionado integra um
sistema de transporte. Por isso, eventuais paralisações ou atrasos nos investimentos poderiam prejudicar a
implantação do Plano de Mobilidade da cidade de São Paulo/SP.
240. A seguir, a Siurb/SP apresenta diversos dados geográficos, socioeconômicos, estatísticos sobre
mobilidade, entre outros, acerca da região Leste da cidade.
241. Segundo o gestor, eventuais melhorias no serviço de mobilidade urbana da região leste da cidade
terão impactos no atendimento de ‘grande demanda de trabalhadores que utilizam as cidades metropolitanas
como 'dormitório', por exemplo’ (peça 82, p. 6).
242. O órgão defendente também informa que a cidade de São Paulo/SP ainda possui uma organização
setorizada. Dessa forma, as áreas mais desenvolvidas economicamente encontram-se nas regiões central e sul da
cidade, enquanto a zona leste ainda possui uma destinação predominantemente residencial. Em decorrência
disso, ocorre grande demanda por transporte urbano nos horários de pico.
243. Essa demanda, de acordo com o gestor, é direcionada para os ônibus, ‘já que as linhas de alta
capacidade de transporte (Metrô e trens urbanos) estão estagnadas’.
244. Em seguida, o gestor apresenta dados operacionais do sistema de mobilidade urbana da região leste.
Segundo os números apresentados, o Metrô é responsável por transportar uma média de 980.000
passageiros/dia, enquanto os trens urbanos 1.986.000 passageiros/dia e os ônibus 119.760.000 passageiros/dia.
245. Por isso, de acordo com o gestor, a implantação de corredores de ônibus para a região leste da cidade
é importante e está motivada, seja em relação aos empreendimentos previstos no período de 2010/2012, seja
para o conjunto complementar de obras planejadas entre 2013 e 2014.
246. O gestor informa, ainda, que todos os corredores de ônibus possuem as características de faixa
exclusiva à esquerda da via, infraestrutura com plataforma junto ao canteiro central, acessibilidade, sinalização e
segurança voltadas para o atendimento ao usuário e interface com ônibus grandes (articulados, biarticulados
e/ou superarticulados).
247. Por isso, segundo o gestor:
‘O Sistema de Transporte planejado para a região Leste compatibiliza as ofertas de média e alta
capacidade, estruturando uma rede de serviço dedicada ao transporte coletivo: linhas de ônibus alimentadoras,
corredores de ônibus, linhas de metrô e trens, sistema monotrilho e corredor perimetral metropolitano.’ (peça
82, p. 8 – os destaques constam do texto original)
248. Dessa maneira, o gestor afirma que serão muitos os impactos negativos acarretados por uma
paralisação do processo de implantação do Plano de Mobilidade para a cidade de São Paulo/SP.
II.1.2 Impactos sociais, econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do
550

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

empreendimento pela população (peça 82, p. 8-13)


249. De acordo com a Siurb/SP, a crise de mobilidade da cidade de São Paulo/SP afeta as relações de
trabalho, principalmente, por tirar da população economicamente ativa seu tempo livre, que acaba sendo gasto
nos tempos de deslocamento em uma distância média de 30 km entre o local de trabalho e residência localizada
no extremo leste da cidade.
250. A Siurb/SP também faz um resgate histórico de que investimentos importantes em transportes foram
concentrados, historicamente, na região central da cidade, acarretando a valorização do solo nessa região, o que
ocasionou um processo de direcionamento para a periferia da cidade aquelas famílias de menor poder aquisitivo.
251. Em vista disso, o gestor afirma que, em se mantendo esse processo de produção do espaço urbano,
haverá impactos nos seguintes fatores: (i) renda e rendimento; (ii) atividades econômicas; (iii) qualidade de
vida; (iv) infraestrutura urbana e social; (v) sistema viário regional e transporte coletivo; (vi) política nacional de
mobilidade urbana; (vii) estrutura viária; e (viii) uso e ocupação do solo.
252. Em relação ao indicador de renda e rendimento, aponta-se que a desigualdade social existente entre
as regiões centrais e as áreas periféricas atendidas pelo empreendimento perdurarão enquanto essas áreas
‘distantes da riqueza forem desprovidas de mobilidade pela carência de sistema compatível à demanda
existente’.
253. No que diz respeito ao indicador de atividades econômicas, alega-se que a ausência de investimentos
em mobilidade para a região leste da cidade acarreta déficit de empregos para a região leste da cidade frente ao
número de habitantes, obrigando essa população se deslocar para o centro do município. Outra consequência,
segundo o gestor, é a informalização da economia e a evasão de impostos, causando, assim, deficiências à
capacidade de investimentos para as áreas carentes, o que mantém a desigualdade e a vulnerabilidade.
254. Atinente aos indicadores de qualidade de vida, o gestor faz menção ao índice paulista de
vulnerabilidade social – um indicador que propicia obter uma visão detalhada das condições de vida da reigão
estudada. O gestor coloca que, de acordo com o estudo de impacto ambiental do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus, as regiões de Itaim Paulista, Guaianases, São Miguel e São Mateus, que serão beneficiadas
pela obra, apresentam vulnerabilidade social alta. Em outras palavras, são regiões com condições ruins em
termos de dimensão socioeconômica.
255. Em adição, aduz-se que ‘as áreas extremas são de difícil acesso e de notória carência de oferta de
infraestruturas, assim sendo, os atrasos na fruição dos benefícios para execução da infraestrutura de transporte,
elemento catalisador, prejudicarão as ações complementares direcionadas ao desenvolvimento dessas áreas’. Em
outras palavras, o gestor coloca que as principais áreas beneficiadas pela obra podem ser caracterizadas como
carentes de infraestrutura e de difícil acesso.
256. Acerca da infraestrutura urbana e social, a Siurb/SP argumenta que existe uma concentração de
infraestrutura urbana no centro expandido da cidade de São Paulo/SP. Nos bairros periféricos, há uma
necessidade de que a população tenha que se deslocar para as regiões mais centrais do município para usufruir
de equipamentos e serviços públicos, haja vista a carência de infraestruturas nesses bairros.
257. Por essa razão, o Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus se insere num esforço de
redistribuir empregos e serviços a partir da implantação de eixos estruturais de transporte. A ideia é a de que os
corredores de ônibus abrirão frente ao desenvolvimento desses eixos, segundo o gestor. Eventual demora no
início desse processo afastará a possibilidade de novos comportamentos sociais, que seriam favoráveis ‘a uma
relação mais adequada e aderente à legislação e à execução de políticas públicas adequadas e menos onerosas’.
258. Sobre a questão do sistema viário e do transporte coletivo, o gestor assinala que a população mais
pobre enfrenta as maiores dificuldades de circulação, além de ter que percorrer trajetos em vias precárias e
subdimensionadas para a demanda crescente, o que acarreta altos custos de transporte, maiores tempos de
viagens, menor frequência de oferta, pouca regularidade e baixa flexibilidade de destinos dos transportes
coletivos e falta de segurança.
259. Esse conjunto de problemas, segundo o gestor, restringe as oportunidades de empregos e o acesso a
serviços públicos e privados por parte dessa população.
260. Por conseguinte, o eventual atraso na execução do empreendimento impedirá que as melhorias e
benefícios esperados sejam ofertados o mais breve possível para a população.
261. No que tange à Política Nacional de Mobilidade Urbana, o gestor pondera que os atrasos na oferta de
melhorias nos serviços de mobilidade para a população atingem a consecução dos objetivos previstos na Política
Nacional de Mobilidade Urbana, além da ocorrência de custos intangíveis relacionados a esse atraso, a exemplo
de: (i) ‘o valor da vida de vários indivíduos fadados à desigualdade na busca de oportunidades de mudança e
551

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

qualidade de vida’; (ii) ‘custos com as dificuldades na oferta dos serviços básicos e equipamentos sociais’; (iii)
‘falta de qualidade de vida da população e maiores custos com saúde, segurança, habitação como dever do
Estado e direito do cidadão’.
262. Em relação à estrutura viária, o gestor afirma, em síntese, que ‘a falta ou o atraso na conclusão de
melhoramentos viários para ampliação da capacidade de infraestrutura perdurará o prejuízo causado no
desempenho comercial’. Ademais, alega que os meios de transporte coletivo, como ônibus, metrô e trem,
direcionados para a região leste da cidade já se encontram sobrecarregados, o que demanda investimentos neste
setor.
263. Relativamente aos indicadores de uso e ocupação do solo, o gestor apresenta dados acerca dos usos
do solo na área de influência direta (AID) do empreendimento e pondera que a AID possui perfil
predominantemente residencial, seguida de comércio e serviços e figurando as áreas verdes e os equipamentos
urbanos, em menor parcela. A partir disso, conclui o gestor que a realidade na região é de carência de
infraestrutura e de serviços públicos.
264. Em adição, o gestor assinala que a região leste da cidade de São Paulo/SP demanda grandes
investimentos para ajustar, de forma adequada, a proporção entre oferta de serviços públicos e a densidade
populacional. Por conta disso, a região apresenta ‘constante tensão social, arregimenta grande contingente à
criminalidade pela pouca eficácia das políticas públicas que se destinam a resgatar a cidadania em meio a
desestruturação e a informalidade das relações sociais’.
265. Para que haja alteração dessa realidade, o gestor pondera que são necessários investimentos públicos
contínuos e que as ações de infraestrutura de transporte não são, por si mesmas, suficientes. Entretanto, segundo
o gestor, uma obra dessa magnitude atrai outras ações como o reassentamento de famílias, a implantação de
novos equipamentos de saúde e educação, melhor fluidez do trânsito, as equipes de segurança terão melhor
acesso à região e novas empresas tendem a se estabelecer. Esse conjunto de medidas, portanto, produzirão o
efeito esperado na transformação da região, de acordo com o gestor.
266. Em suma, conclui o gestor que interrupção do repasse federal para as obras do sistema de transporte
‘não produzirá o efeito desejado’. Ou seja, a falta de investimentos significa estagnação e tensão social e nos
meios produtivos a incapacidade de gerar riqueza com eficiência e custos competitivos, de acordo com a
Siurb/SP.
267. A Siurb/SP também pondera que, há décadas, perdura um quadro de falta de investimentos no setor
de mobilidade, mas que, ‘hoje, a decisão técnica e política sinaliza clara intenção de transformar’.
268. Por fim, conclui a Siurb/SP que esse ciclo virtuoso de melhorias para a região ‘não pode ser rompido
com a paralisação ou atrasos de investimentos públicos na implantação do incremente de infraestrutura do
transporte coletivo público, em especial, o Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus trechos 2 e 3 e
Terminal Itaim Paulista’.
II.1.3 Riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes do atraso na fruição dos
benefícios do empreendimento (peça 82, p. 13-15)
269. A Siurb/SP, primeiramente, coloca que não há conflitos do empreendimento com a legislação
incidente, ‘estando plenamente de acordo com as recomendações, diretrizes, parâmetros e restrições relativas ao
Estatuto da Cidade (...)’, entre outros normativos. Logo, aduz o gestor que as características do empreendimento
são de utilidade pública.
270. O gestor, então, coloca que os principais riscos sociais, ambientais e à segurança da população estão
relacionados à contínua exposição de mais de 4 milhões de pessoas à vulnerabilidade social, baixo índice de
desenvolvimento humano, violência, ocupação de áreas de proteção ambiental e de risco, insalubridade e risco
de contaminação por agentes agressivos à saúde pública etc.
271. Em seguida, pondera o gestor que o trânsito é um dos maiores desafios a ser enfrentado pela
administração pública municipal. A situação atual, de acordo com o gestor, não é desejável e enseja aumento de
custos de transporte, redução da segurança de tráfego e aumento da poluição.
272. Em outro giro, a Siurb/SP afirma que, em vista do fato de que investimentos em mobilidade
propiciam melhorias para famílias de menor poder aquisitivo, os problemas de mobilidade urbana ocorridos em
São Paulo aprofundam a desigualdade social estabelecida.
273. Por essas razões, o gestor conclui que a carência de investimentos públicos em infraestrutura na
região leste acarreta riscos permanentes para população. Por isso, considerando que o empreendimento
destinado a melhorias da mobilidade urbana tem impactos positivos na qualidade de vida dos usuários, eventual
atraso na fruição dos benefícios do empreendimento ‘corroborará com a manutenção da desigualdade social,
552

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

carência de cidadania, preconceito social e violência urbana’.


II.1.4 A motivação social e ambiental do empreendimento (peça 82, p. 15-20)
274. Segundo a Siurb/SP, a principal motivação social e ambiental do empreendimento para a população
de mais de 4 milhões de pessoas é o aumento da sua qualidade de vida, uma vez que a substituição do transporte
individual para o transporte coletivo público ‘irá reduzir a emissão de poluentes na atmosfera o que não somente
reduzirá a suspensão de particulados na atmosfera e o aumento do efeito estufa, mas, também, decorrerá na
diminuição do índice de ocorrência na população de doenças cardiorrespiratórias (...)’.
275. Portanto, de acordo com a Siurb/SP, essa seria uma das principais melhorias no meio ambiente
causadas pelo empreendimento. Outro fator é a compensação ambiental prevista na obra, pois, são previstas a
implantação de áreas verdes como praças e parques, o que ‘tende a diminuir as zonas de calor (...),
descontaminar o solo e dar destino correto aos resíduos, reorganizar a ocupação de famílias que, reassentadas,
passam a usufruir de saneamento básico e salubridade’.
276. Nos estudos de impacto ambiental, foram identificados 36 impactos potenciais (IP) decorrentes da
construção e operação do empreendimento. A Siurb/SP apresenta uma síntese desses impactos potenciais, em
relação a sua natureza e a sua magnitude.
277. Portanto, a Siurb/SP afirma que, na hipótese de ‘desativação temporária do processo de licitação do
Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista – Lote 1 e Corredor
Radial Leste trecho 3 – Lote 2’, incidem custos ambientais e socioeconômicos derivados da situação em que o
sítio de implantação permaneça sem os benefícios que os empreendimentos podem proporcionar, muitos
superiores aos impactos negativos decorrentes das obras.
278. A situação, segundo o gestor, traz transtornos e dificuldades futuras, impedindo a melhoria da
qualidade de vida de 30% da população da cidade, mais de 4 milhões de habitantes.
II.1.5 Custo de deterioração ou perda de materiais adquiridos ou serviços já executados
279. Segundo a Siurb/SP, este item não se aplica ao caso concreto, pois o empreendimento encontra-se
em processo licitatório.
II.1.6 As despesas necessárias à preservação das instalações e dos serviços já executados
280. Segundo a Siurb/SP, este item não se aplica ao caso concreto, pois o empreendimento encontra-se
em processo licitatório.
281. No entanto, o gestor alega que as áreas que foram objeto de decreto de utilidade pública poderão ter
seu valor imobiliário modificado ao longo do tempo. Segundo o gestor, não é possível precisar esse valor,
devido a inconstância do mercado imobiliário.
282. Atualmente, estima-se que o valor imobiliário das áreas a serem desapropriadas totalize R$ 83
milhões.
283. Outro gasto significativo mencionado pela Siurb/SP se refere ao licenciamento ambiental da obra.
Segundo aquele órgão municipal, foram empregados R$ 3 milhões para os Corredores Perimetral Itaim
Paulista/São Mateus trechos 2 e 3, Terminal Itaim Paulista, Corredor Radial Leste – Trecho 3 e Corredor
Perimetral Bandeirantes.
II.1.7 As despesas inerentes à desmobilização e ao posterior retorno às atividades
284. Segundo a Siurb/SP, este item não se aplica ao caso concreto, pois o empreendimento encontra-se
em processo licitatório.
II.1.8 As medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o saneamento dos indícios
de irregularidades apontados
285. As medidas mencionadas pela Siurb/SP fazem referência a gestões realizadas junto ao Ministério das
Cidades e à Caixa Econômica Federal no intuito de melhor esclarecer e revisar os projetos, as memórias de
cálculo dos serviços de engenharia e serviços de obra e a planilha de orçamento estimativo, além de prestar ‘os
devidos esclarecimentos às Cortes de Fiscalização’.
II.1.9 O custo total e o estágio de execução física e financeira de contratos, convênios, obras ou parcelas
envolvidas
286. Segundo a Siurb/SP, este item não se aplica ao caso concreto, pois o empreendimento encontra-se
em processo licitatório.
II.1.10 Empregos diretos e indiretos perdidos em razão da paralisação
287. Segundo a Siurb/SP, este item não se aplica ao caso concreto, pois o empreendimento encontra-se
em processo licitatório.
II.1.11 Custos para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato
553

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

288. A Siurb/SP informa que não foram estimados os custos para realização de nova licitação ou
celebração do novo contrato, haja vista a necessidade de envolvimento para tais serviços de um grande número
de funcionários, ‘demandando número excessivo de horas para respectivo trabalho’.
II.1.12 Custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação
289. Segundo a Siurb/SP, este item não se aplica ao caso concreto, pois o empreendimento encontra-se
em processo licitatório.
IV.2 Análise
290. A partir dos elementos apresentados pela Siurb/SP, não restam dúvidas acerca da relevância
socioeconômica do empreendimento para a cidade de São Paulo/SP.
291. Com efeito, trata-se de um empreendimento de utilidade pública importante para a zona leste da
maior cidade do país e que poderá ter impactos positivos muito relevantes na melhoria da qualidade de vida da
população.
292. No entanto, convém notar que a Siurb/SP não apresentou dados numéricos e financeiros acerca do
eventual impacto negativo que o atraso na fruição do empreendimento poderia provocar.
293. As alegações da Siurb/SP se ativeram a argumentos genéricos acerca da importância do
empreendimento para a cidade. A Siurb/SP não informou, por exemplo, as despesas eventualmente realizadas
com desapropriação de imóveis ou os dados que quantifiquem a quantidade de empregos diretos e indiretos
gerados pela obra.
294. Seria necessário demonstrar, de forma objetiva, que a eventual paralisação do empreendimento
poderia causar problemas cujas consequências negativas superassem o benefício proveniente da correção das
irregularidades, seja do ponto de vista social, ambiental, econômico ou financeiro, o que não ocorre no caso
concreto.
295. Eventuais riscos ambientais pela paralisação do empreendimento também são mitigados, uma vez
que a obra ainda não foi iniciada. Na falta de dados que quantifiquem esses riscos, pode-se afirmar que os
benefícios resultantes da correção das irregularidades superam o montante dos impactos negativos da IG-P.
296. Verifica-se também que ainda não incidem custos de deterioração de materiais ou de parcelas já
executadas da obra, haja vista que o empreendimento ainda não foi iniciado.
297. Os custos de manutenção dos serviços executados, de desmobilização etc. também são inexistentes,
se considerado que a obra ainda não começou.
298. Cabe notar que a Siurb/SP não apresentou estimativa acerca do custo financeiro de realizar nova
licitação. Nesse diapasão, entende-se que o benefício financeiro decorrente da correção das irregularidades
supera eventuais custos de repetição do procedimento licitatório.
299. Em relação aos empregos diretos perdidos em função da paralisação da obra, verifica-se que a
Siurb/SP não apresentou estimativa.
300. Por isso, complementando a análise efetuada no relatório de auditoria (cf. peça 72, p. 39), com base
no art. 113, § 5º, da LDO/2015, entende-se que eventuais impactos e riscos negativos sociais, econômicos e
financeiros decorrentes de uma IG-P são mitigados, pois a obra ainda não foi iniciada, estando em fase de
licitação.
301. Cabe ressaltar que a própria Siurb/SP reconhece que a obra ainda não foi iniciada.
302. Por essas razões, o benefício financeiro que poderá advir das medidas corretivas que o gestor deverá
adotar é significativo frente aos custos relacionados à classificação do achado como IG-P, considerando que não
foi elidido nos autos um sobrepreço da ordem de R$ 59 milhões, o que é materialmente relevante.
CONCLUSÃO
303. Primeiramente, convém trazer à baila que a presente instrução se dedicou unicamente a analisar os
argumentos trazidos aos autos pela Siurb/SP relativos aos indícios de irregularidade classificados pela equipe de
auditoria como Proposta de Irregularidade Grave com Recomendação de Paralisação (pIG-P).
304. Cabe também mencionar que o empreendimento fiscalizado nestes autos – Corredor de ônibus
Perimetral Itaim Paulista-São Mateus – trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, integra edital de licitação RDC
Presencial 3/2015, o qual encontra-se suspenso cautelarmente por decisão do Tribunal de Contas do Município
de São Paulo/SP (TCM/SP) e desta Corte de Contas adotada no TC 011.535/2015-6.
305. Os demais encaminhamentos processuais serão realizados em momento processual futuro.
306. Portanto, analisando os argumentos expostos pela Siurb/SP, verificou-se o acolhimento parcial deles.
Por isso, o sobrepreço global inicialmente apontado na auditoria foi reduzido para R$ 59.020.900,56 (data-base
julho/2014), o que corresponde a 12,69% do valor total referencial e 19,52% da amostra analisada. A amostra
554

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

analisada alcançou 68,97% do valor global da obra.


307. Em vista das novas análises e composições paradigma, convém noticiar que foi juntada aos autos
curva ABC com preços paradigmas revisados na peça 84, além de constarem da peça 85 as novas composições
paradigma que abarcam o acolhimento parcial das alegações da Siurb/SP.
308. Portanto, diante da materialidade dos indícios de sobrepreço que remanescem em discussão nos
autos e que não foram elididos, entende-se que cabe ratificar proposta ao Exmo. Sr. Ministro Relator Bruno
Dantas para classificação do achado de sobrepreço e de restrição à competitividade apontado nos presentes
autos como IG-P, nos termos do art. 112, § 1º, inciso IV, da Lei 13.080/2015 (LDO/2015), já que: (i) os fatos
são materialmente relevantes em relação ao valor total da obra (12,69%); (ii) apresentam potencialidade de
ocasionar prejuízos ao erário; (iii) podem ensejar nulidade de procedimento licitatório e do contrato dele
decorrente; e (iv) configuram graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a
administração pública federal, notadamente os princípios da legalidade (preços acima dos referenciais definidos
no art. 3º e 4º do Decreto 7.983/2013) e da eficiência (risco de contratar proposta não vantajosa para a
Administração Pública).
309. Além disso, trata-se de uma atuação preventiva do controle externo no caso concreto, pois o
empreendimento ainda não foi iniciado até o momento, não há contrato assinado e nem foi repassado recurso
federal para o objeto até o momento.
310. Em outro giro, com base no art. 113, § 5º, da LDO/2015, entende-se que eventuais impactos e riscos
negativos sociais, econômicos e financeiros decorrentes de uma IG-P são mitigados, pois a obra ainda não foi
iniciada, estando em licitação.
311. Cabe ressaltar que a própria Siurb/SP reconhece que a obra ainda não foi iniciada.
312. Ademais, os elementos apresentados pela Siurb/SP não demonstraram se os impactos negativos
decorrentes de uma IG-P superariam os benefícios acarretados pela correção das irregularidades.
313. Por essas razões, o benefício financeiro que poderá advir das medidas corretivas que o gestor deverá
adotar é significativo frente aos custos relacionados à classificação do achado como IG-P.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
314. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional,
em cumprimento ao art. 117, caput, da Lei 13.080/2015 (LDO 2015), que foram detectados indícios de
irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art. 112 da LDO 2015) no Edital de Licitação RDC
Presencial 3/2015/SIURB, relativo aos serviços de execução das obras e elaboração de projeto executivo da obra
Corredor de ônibus Perimetral Itaim Paulista-São Mateus – trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, localizados
no município de São Paulo/SP, tendo sido estimado potencial dano ao erário de R$ 59.020.900,56 devido ao
sobrepreço e que o TCU reavaliará a recomendação de paralisação caso a Secretaria Municipal de Infraestrutura
Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP) adote a seguinte medida corretiva:
a.1) republicar o edital de licitação, nos termos da legislação em vigor, corrigindo os preços unitários do
orçamento-base da licitação RDC Presencial 3/2015 aos referenciais de mercado, nos termos dos arts. 3º, 4º e 5º
do Decreto 7.983/2013;
b) com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar oitiva da Secretaria Municipal
de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP), enviando cópia do relatório de auditoria (peça 72)
para subsidiar suas manifestações, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios
de irregularidade:
b.1) sobrepreço identificado no orçamento-base do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb, decorrente de preços
excessivos frente ao mercado, no valor de R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014);
b.2) ausência de parcelamento do objeto referente ao Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista;
b.3) o valor do convênio não cobre as despesas relativas às obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-
São Mateus – Termo de Compromisso 0445.950-17/2014-SP;
c) com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar oitiva do Ministério das
Cidades, enviando cópia do relatório de auditoria (peça 72) para subsidiar suas manifestações, para que, no
prazo de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios de irregularidade:
c.1) sobrepreço identificado no orçamento-base do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb, decorrente de preços
555

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

excessivos frente ao mercado, no valor de R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014);


c.2) ausência de parcelamento do objeto referente ao Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista;
c.3) o valor do convênio não cobre as despesas relativas às obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-
São Mateus – Termo de Compromisso 0445.950-17/2014-SP;
d) com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar oitiva da Caixa Econômica
Federal, enviando cópia deste relatório para subsidiar suas manifestações, para que, no prazo de quinze dias, se
manifeste acerca dos seguintes indícios de irregularidade:
d.1) sobrepreço identificado no orçamento-base do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus,
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb, decorrente de preços
excessivos frente ao mercado, no valor de R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014);
d.2) o valor do convênio não cobre as despesas relativas às obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-
São Mateus – Termo de Compromisso 0445.950-17/2014-SP;
e) encaminhar cópia da decisão que vier a ser proferida nos presentes autos, acompanhada de relatório e
voto, ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo/SP.
f) restituir os autos à SeinfraUrbana para a continuidade do feito.”
É o relatório.

VOTO

Submeto à deliberação do Plenário relatório de auditoria efetuada pela Secretaria de Fiscalização


de Infraestrutura Urbana deste TCU (SeinfraUrbana) nas obras de implantação do Corredor de Ônibus
Perimetral Itaim Paulista-São Mateus (Município de São Paulo), no período compreendido entre
8/6/2015 e 31/7/2015.
2. O volume de recursos fiscalizados alcançou montante da ordem de R$ 524 milhões. Essa
quantia equivale ao valor total orçado e analisado para as obras deste lote, conforme orçamento
enviado pela Caixa. O empreendimento, que ainda se encontra na fase de edital, será executado com
recursos do Ministério das Cidades, com acompanhamento da Caixa Econômica Federal.
3. No âmbito do Município de São Paulo/SP, estão diretamente envolvidos com tal projeto de
infraestrutura: a São Paulo Transportes S/A (SPTrans, encarregada pelo anteprojeto); a Secretaria
Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP, responsável por projeto básico
e licitação da obra); e a São Paulo Obras S/A. (SPObras, empresa pública a quem caberá a futura
gestão contratual da obra).
4. Destaco que, no Fiscobras 2015, foram realizadas quatro ações de controle correlatas
envolvendo corredores de ônibus no Município de São Paulo:
4.1. o TC 011.535/2015-6 cuida de auditoria efetuada no lote 2 do Edital RDC Presencial
003/2015, referente às obras de implantação do Corredor de Ônibus Radial Leste – Trecho 3. As
irregularidades ensejaram medida cautelar de suspensão da licitação, decisão referendada pelo Plenário
na sessão de 12/08/2015, e, posteriormente, foram classificadas como IG-P mediante despacho,
decisão comunicada ao Plenário na sessão de 14/10/2015;
4.2. o TC 019.151/2015-2 trata de auditoria efetuada no Contrato 43/Siurb/13 e no Edital de
Pré-Qualificação 1/2012-SPobras, referentes às obras de implantação do Corredor de Ônibus Radial
Leste - Trecho 1. As irregularidades foram classificadas como IG-P mediante despacho, decisão
comunicada ao Plenário na sessão de 14/10/2015;
4.3. o TC 011.533/2015-3 trata de auditoria efetuada no projeto básico referente às obras de
implantação do Corredor de Ônibus M'Boi Mirim - Trecho M'Boi Mirim-Cachoeirinha. As
irregularidades não foram classificadas como IG-P em decorrência da fase inicial do empreendimento
(nem mesmo o edital havia sido lançado) – o que permitiria a realização das correções devidas
(Acórdão 2.636/2015-TCU-Plenário, aprovado em 21/10/2015); e
556

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.4. o presente processo aborda a auditoria realizada no Corredor de Ônibus Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus. Trata-se da análise do lote 1 do Edital RDC Presencial 003/2015 (o mesmo
edital examinado no TC 011.535/2015-6, referente ao lote 2).
5. Nota-se que um mesmo edital (Edital RDC Presencial 003/2015) é composto de dois lotes
distintos: um refere-se ao Corredor Radial Leste - trecho 3 (cuja auditoria foi abordada no TC
011.535/2015-6); o outro refere-se ao Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus (de que cuida a
presente auditoria).
6. Cabe noticiar que o procedimento licitatório como um todo (englobando os dois lotes) está
suspenso em virtude de determinação exarada pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo e de
cautelar de minha lavra no âmbito do TC 011.535/2015-6.
10. No âmbito do presente processo de fiscalização, efetuada a auditoria no edital do Corredor
de Ônibus Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, foram identificadas as seguintes irregularidades:
a) sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado;
b) ausência de parcelamento do objeto;
c) restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento; e
d) termo de compromisso firmado em valores insuficientes para cobrir as despesas relacionadas à
obra.
7. Registro que os elementos que materializam esses achados estão detalhadamente descritos e
evidenciados no relatório de auditoria (peça 72).
8. No entender da SeinfraUrbana, os indícios de sobrepreço, se confirmados, poderiam ser
enquadrados no conceito de irregularidade grave com recomendação de paralisação (IG-P), nos termos
do art. 112, § 1º, inciso IV, da Lei 13.080/2015 (LDO 2015). Assim, em consonância com o art. 112, §
9º, da LDO 2015, foi colhida a manifestação preliminar dos gestores quanto à possibilidade de que o
Tribunal viesse a recomendar ao Congresso Nacional a interrupção do fluxo de recursos ao
empreendimento.
9. Examinada tal manifestação, para fins de atendimento ao disposto na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, os argumentos apresentados não foram suficientes para afastar a constatação. Dessa
forma, a unidade instrutiva propõe: (i) confirmar a classificação da irregularidade como IG-P, em
conformidade com o art. 112, § 1º, inciso IV, e § 9º, e o art. 117, da Lei 13.080/2015; e (ii) realizar a
oitiva prevista no art. 250, inciso V, do Regimento Interno, sobre todas as irregularidades (incluindo o
sobrepreço), com vistas a exercer o contraditório sobre os apontamentos de auditoria.
14. Ou seja, esta deliberação tem caráter sumário, eis que a manifestação preliminar colhida não
deu enfoque à resolução de mérito das questões aqui abordadas, mas se cingiu ao enquadramento dos
indícios de sobrepreço como irregularidade grave com recomendação de paralisação.
II
10. De fato, os indícios de sobrepreço revestem-se de significativa gravidade.
11. Aliás, nas quatro auditorias supramencionadas, os orçamentos apresentaram sobrepreço em
valores relevantes – daí a classificação das irregularidades como IG-P.
12. Registro que tal análise baseou-se em metodologia tradicionalmente adotada nas auditorias
de obras realizadas pelo TCU. Efetuou-se o cotejo entre orçamento auditado e preços paradigmas
estipulados com base em sistemas de referência oficiais, promovidas as devidas adequações às
especificidades da obra, conforme preconiza a boa técnica de engenharia de custos e a legislação (em
especial, o Decreto 7.983/2013).
13. Nessa análise, busca-se estimar valores referenciais, parâmetros de preços razoáveis,
representativos do quanto deveria ser pago pela execução de determinados serviços. Ínsito a tal método
de estimativa de preços há certo grau de conservadorismo, visto que os sistemas referenciais, que são a
base do modelo, trabalham com valores medianos e não refletem as arrojadas estratégias
mercadológicas com que trabalham as grandes empresas no processo de aquisição de insumos para as
obras de maior vulto. Mas a própria estimativa realizada pela SeinfraUrbana tornou a análise ainda
557

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mais conservadora, na medida em que, na escolha de insumos e composições, adotaram-se parâmetros


razoáveis que asseguram que os preços praticados sejam suficientes para a justa remuneração dos
serviços avaliados.
14. Ainda quanto à metodologia de análise, é importante frisar que o orçamento foi avaliado
segundo o método da limitação dos preços unitários ajustados (MLPUA). Assim, o sobrepreço
calculado decorreu da simples soma dos valores unitários que ultrapassaram os preços referenciais,
sem que tenha havido qualquer tipo de compensação com eventuais itens subavaliados. Ou seja, a
ênfase recai sobre cada serviço isoladamente, a partir da premissa de que o preço unitário de nenhum
item da planilha pode ser injustificadamente superior ao paradigma de mercado.
15. Explica a unidade instrutiva (peça 72, p. 15):
“52. O método utilizado para avaliação do sobrepreço foi o método da limitação dos preços unitários
ajustados (MLPUA), no qual não são considerados abatimentos decorrentes de preços com descontos. Isso
porque o orçamento analisado se refere a um edital de licitação e não a um contrato de obra pública já
celebrado, o que indica a possibilidade de correção das irregularidades ainda na fase de edital sem afetar direitos
de terceiros.”
16. Endosso a adoção de tal metodologia (MLPUA) para a análise de editais, visto que os
preços unitários só devem superar os referenciais em condições especiais, devidamente justificadas em
relatório técnico circunstanciado aprovado pela autoridade competente (Decreto 7.983/2013, art. 8º,
parágrafo único).
17. Nesse mesmo sentido já se pronunciou o Tribunal em diversas ocasiões, assim como o
Ministério Público de Contas, em parecer sobre o tema:
“Demais disso, vê-se que, ante a assinatura de termo contratual, restou afastada a aplicação da
Metodologia de Limitação dos Preços Unitários Ajustada - MLPUA, alvitrada pelo Acórdão 2.319/2009-TCU-
Plenário, já que ela se aplica à fase licitatória.” (voto condutor do Acórdão 2.173/2014-TCU-Plenário)
“Em situações corriqueiras, o MLPUA mostra-se adequado apenas à fase editalícia.” (voto condutor
do Acórdão 3.650/2013-TCU-Plenário)
“Registro que considero cabido, em princípio, a aplicação desse método de sobreavaliação [MLPUA]
quando constatado ainda em fase editalícia. Afinal, o gestor não pode se afastar do seu dever em balizar os
preços unitários de seu certame pelos referenciais da LDO, fazendo valer critérios de aceitabilidade de preços
unitários e globais, tal qual prevê o art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93.” (voto condutor do Acórdão 3.443/2012-
TCU-Plenário)
“Por fim, embora o escopo da presente manifestação restrinja-se à análise de contratos, julgo relevante
registrar que me parece razoável a adoção do MPLUA para o exame de editais. Nesse caso, identificando
sobrepreço unitário em determinado serviço, cumpre ao Tribunal compelir o gestor à correção da irregularidade
com vistas a garantir a conformidade do orçamento e possibilitar a adequada aplicação do critério de
aceitabilidade de preços unitários, conforme o art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93 e a Súmula nº 259/2010 do
TCU.” (Parecer de lavra do Procurador-Geral do MP/TCU, dr. Paulo Soares Bugarin, cujos fundamentos foram
acolhidos pelo Acórdão 1.219/2014-TCU-Plenário).
18. O relatório de auditoria foi submetido à manifestação preliminar da Siurb/SP. Os
argumentos apresentados em contraposição aos valores de referência adotados pela equipe foram
devidamente analisados pela SeinfraUrbana, cujas conclusões incorporo às minhas razões de decidir.
19. As alegações juntadas aos autos foram parcialmente acolhidas acarretando a reanálise do
orçamento. Foram realizadas adaptações nas composições paradigma referentes a diversos serviços,
tais como: fornecimento e aplicação de concreto usinado, descarte de material, remoção de terra e de
entulho, base de binder denso, base de brita graduada tratada com cimento e pavimento asfáltico.
20. Em consequência, o valor impugnado foi substancialmente reduzindo para R$ 59 milhões, o
que perfaz um percentual de 19% de sobrepreço em relação a toda a amostra analisada. Esse
sobrepreço representa algo em torno de 13% do valor do orçamento do Corredor de Ônibus Perimetral
Itaim Paulista-São Mateus.
21. Dessa forma, mesmo consideradas e acolhidas diversas arguições apresentadas pelos
gestores, subsiste significativo sobrepreço no valor estimado para a obra, o que significa que a
manifestação preliminar não afastou o risco da continuidade da licitação nas atuais condições. Por essa
558

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

razão, estou de acordo com o entendimento da unidade instrutiva de que os indícios de irregularidades
são materialmente relevantes; têm potencial de ocasionar prejuízos ao erário e de ensejar a nulidade do
procedimento licitatório e do contrato resultante; e configuram graves desvios relativamente aos
princípios constitucionais da legalidade e da eficiência. Conformado, portanto, o suporte fático para a
incidência do art. 112, § 1º, inciso IV, da Lei 13.080/2015 – hipótese que nos conduz à classificação da
irregularidade como grave com recomendação de paralisação.
III
22. Com base no art. 113 da Lei 13.080/2015, os gestores aduziram elementos adicionais a fim
de demonstrar possível dano reverso de eventual paralisação das obras. Tal documentação também foi
objeto de análise por parte da SeinfraUrbana, conforme preconiza o § 5º do mesmo artigo.
23. Restou evidenciada a importância capital do empreendimento no contexto da complexa
situação da questão da mobilidade urbana na cidade de São Paulo. De fato, a boa e regular implantação
do corredor tem impactos em aspectos sociais e econômicos que envolvem o município, aprimorando a
sua infraestrutura urbana e a qualidade de vida e a segurança dos seus cidadãos.
24. Assinala a unidade instrutiva, em contraposição, que, na presente situação, está mitigado o
dano reverso de eventual paralisação, uma vez que “a obra ainda não foi iniciada, estando em fase de
licitação”. Dessa forma, considera que o benefício financeiro decorrente da correção da irregularidade
é significativo em face dos custos relacionados à classificação do achado como IG-P.
25. A título de reforço, pondero que, na etapa de licitação, a correção das irregularidades aqui
tratadas tende a não atrasar significativamente o cronograma do empreendimento, visto que o ajuste
nos preços é algo bastante simples de ser implementado.
26. De qualquer forma, vale ressalvar o fato de que o exame de tais questões tem a finalidade
precípua de subsidiar mais propriamente o Congresso Nacional em sua decisão sobre o bloqueio dos
recursos, conforme dicção do caput do art. 113 da LDO 2015.
IV
27. Verifico, neste caso concreto, a gravidade particular de o mesmo objeto apresentar
sobrepreço e achados que resultam na restrição à competitividade da licitação. Não é raro o Tribunal
deparar-se com situações em que a superestimativa do orçamento não acarreta prejuízo concreto ao
erário devido à acirrada disputa promovida pela concorrência. É que, premidas pelo risco de perderem
o objeto do torneio, as concorrentes são levadas a reduzir os valores de suas propostas, aproximando-
os dos preços de mercado.
28. Ou seja, a possível restrição à competitividade apontada pela equipe aumenta o risco de que
o sobrepreço no edital venha a se transformar em superfaturamento no futuro contrato.
29. A unidade instrutiva constatou ausência de parcelamento do objeto, consubstanciada no
fato de que o lote 1 engloba dois trechos do corredor de ônibus (Corredor Perimetral Itaim Paulista/São
Mateus – Trechos 2 e 3) em conjunto com a construção do Terminal Itaim Paulista.
30. Em licitações públicas, a regra é o parcelamento do objeto, sempre que recomendável, com
vistas a proporcionar maior participação no certame. Podemos vislumbrar a existência de diversas
empresas que poderiam se habilitar a executar as obras de edificação referentes a um terminal, mas não
são capazes de construir um corredor de ônibus dessa envergadura e nem estão dispostas a se
consorciar. Deixam de participar da disputa, portanto.
31. O inverso também pode ser imaginado, em especial, quando considerado que a fase de
habilitação exige capacidade de executar obras de estrutura metálica; sem contar o consequente
incremento das exigências de ordem econômica e financeira decorrente de tal acumulação – tudo em
imediato prejuízo à competitividade do torneio.
32. É no mesmo sentido o Acórdão 2.593/2013-TCU-Plenário (dentre vários outros), de cujo
sumário extraio a seguinte orientação: a regra do parcelamento do objeto da licitação é absolutamente
vinculante e impositiva ao administrador sempre que, a partir da avaliação de dados fáticos, técnicos e
econômicos, se vislumbre que a grandeza do objeto licitado, aliada às disposições do edital, tendam a
reduzir o universo de licitantes.
559

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

33. É certo que pode haver fundamentação técnica que justifique a escolha da Administração
neste caso concreto (embora não conste da documentação da licitação), o que pode ser mais bem
apurado com a realização das oitivas propostas, com as quais estou de acordo.
34. A unidade instrutiva também menciona outros indícios de restrição à competitividade ainda
não saneados, tais como: vedação a que a mesma concorrente execute os dois lotes; realização de
licitação presencial sem a justificativa adequada; e ausência de publicação das peças técnicas da
licitação em sítio eletrônico da internet, entre outros. Todavia, esses aspectos não terão
aprofundamento nestes autos, porquanto estão sendo abordados no âmbito do TC 011.535/2015-6, que
cuidou do mesmo edital, conforme detalhado neste voto.
35. Por fim, identificou-se achado que pode revelar falhas no planejamento dos órgãos
envolvidos: o valor do termo de compromisso (R$ 529 milhões) não é suficiente para cobrir as
despesas relacionadas à obra (da ordem de R$ 597 milhões), o que afronta o art. 7º, § 2º, inciso III,
da Lei 8.666/1993 e a Portaria Interministerial 507/2011.
36. São diversos os casos em que o Tribunal se depara com esse tipo de problema e alerta os
órgãos sobre a necessidade de que o processo licitatório somente seja iniciado quando houver recursos
orçamentários suficientes para executar integralmente seu objeto, a exemplo do Acórdão 3.071/2008-
TCU-Plenário.
37. Em obras públicas, dada a magnitude das quantias despendidas, é especialmente necessário
atentar-se para essa questão, visto que a paralisação da execução de uma obra por falta de recursos
pode acarretar prejuízos de grande monta aos cofres públicos.
38. Quanto a essa matéria, relembro os resultados da auditoria operacional realizada pelo
Tribunal em obras paralisadas, no ano de 2007: as investigações revelaram que algo em torno de 79%
das paralisações de obras decorrem de problemas no fluxo orçamentário financeiro (Acórdão
1.188/2007-TCU-Plenário).
V
39. Registro, por fim, que é de natureza perfunctória o exame empreendido pela unidade
instrutiva, visto que a necessidade de atendimento ao exíguo prazo estabelecido pelo art. 112, § 9º, da
Lei 13.080/2015 inviabiliza o aprofundamento analítico e o esgotamento de todas as questões em
exame – juízos próprios de momentos processuais posteriores, de caráter exauriente.
40. É natural que na realização das oitivas que ora se autorizam outras ponderações venham a
ser aduzidas pelas partes envolvidas com o condão de alterar a percepção deste Tribunal sobre as
questões postas.
41. Especificamente no que tange aos indícios de sobrepreço, ainda que o mérito não esteja
concluído, os elementos disponíveis já possuem musculatura suficiente para um juízo seguro sobre a
matéria, ao menos no que tange à necessidade de agir preventivamente, conforme o espírito do
Fiscobras, delineado na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
42. De relevo lembrar que, ainda que, posteriormente, o Congresso Nacional delibere pelo
bloqueio de recursos federais à obra, nada obsta que ela tenha continuidade com recursos próprios,
conforme decisão do Município de São Paulo e de seu órgão de controle.
43. Ante todo o exposto, acompanhando com ajustes de forma a proposta da SeinfraUrbana,
Voto pela confirmação dos indícios de sobrepreço como IG-P e pela realização de oitivas acerca das
irregularidades aqui apontadas, na forma da deliberação que ora submeto a este colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2731/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.538/2015-5.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria (Fiscobras 2015)
3. Interessados/Responsáveis:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.1. Interessados: Congresso Nacional (vinculador); Secretaria Municipal de Infraestrutura


Urbana e Obras de São Paulo (46.392.171/0001-04)
3.2. Responsáveis: Carlos Antonio Vieira Fernandes (274.608.784-72); Dario Rais Lopes
(976.825.438-68); Elton Santa Fé Zacarias (063.908.078-21); Maria Beatriz de Marcos Millan Oliveira
(073.610.538-74); Miriam Aparecida Belchior (056.024.938-16); Osvaldo Misso (860.279.058-91);
Ricardo Pereira da Silva (355.420.126-04); Roberto Nami Garibe Filho (112.313.258-52).
4. Órgãos/Entidades/Unidades: Caixa Econômica Federal; Ministério das Cidades (vinculador);
Prefeitura Municipal de São Paulo/SP.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrbana).
8. Representação legal: Guilherme Lopes Mair (OAB/DF 32261); Jose Mauro Gomes (não
advogado); Murilo Fracari Roberto (OAB/DF 22.934).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada no lote 1 do
Edital RDC Presencial 003/2015, referente às obras de implantação do Corredor de Ônibus Perimetral
Itaim Paulista-São Mateus (Município de São Paulo), no âmbito do Fiscobras 2015.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo relator, em:
9.1. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional, em cumprimento ao art. 117, caput, da Lei 13.080/2015 (LDO 2015), que foram detectados
indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art. 112 da LDO 2015) no lote 1
do Edital de Licitação RDC Presencial 3/2015/SIURB, relativo aos serviços de execução das obras e
elaboração de projeto executivo da obra Corredor de ônibus Perimetral Itaim Paulista-São Mateus –
trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, localizados no município de São Paulo/SP, tendo sido
estimado potencial dano ao erário de R$ 59.020.900,56 devido aos indícios de sobrepreço e que o TCU
reavaliará a recomendação de paralisação caso a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e
Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP) adote a seguinte medida corretiva:
9.1.1. republicar o Edital de Licitação RDC Presencial 3/2015, nos termos da legislação em
vigor, adequando os preços unitários do orçamento-base aos referenciais de mercado, nos termos dos
arts. 3º, 4º e 5º do Decreto 7.983/2013;
9.2. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar a oitiva da
Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo/SP (Siurb/SP), para que, no prazo
de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios de irregularidade, identificados na
documentação referente às obras do Corredor Perimetral Itaim Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e
Terminal Itaim Paulista, Edital de licitação RDC Presencial 3/2015/Siurb (lote 1):
9.2.1. sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), conforme item III.2 do relatório de auditoria (peça 72) e
instrução à peça 86;
9.2.2. ausência de parcelamento do objeto, conforme item III.3 do relatório de auditoria (peça
72);
9.2.3. lançamento de edital com recursos insuficientes, visto que o termo de compromisso
firmado (nº 0445.950-17/2014-SP) não cobre as despesas relacionadas à obra, conforme item III.4 do
relatório de auditoria (peça 72);
9.3. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar a oitiva da Caixa
Econômica Federal, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios de
irregularidade, identificados na documentação referente às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, Edital de licitação RDC Presencial
3/2015/Siurb (lote 1):
561

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.1. sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de


R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), conforme item III.2 do relatório de auditoria (peça 72) e
instrução à peça 86;
9.3.2. termo de compromisso (nº 0445.950-17/2014-SP) firmado em valores insuficientes para
cobrir as despesas relacionadas à obra, conforme item III.4 do relatório de auditoria (peça 72);
9.4. com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, realizar a oitiva do
Ministério das Cidades, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste acerca dos seguintes indícios
de irregularidade, identificados na documentação referente às obras do Corredor Perimetral Itaim
Paulista-São Mateus, trechos 2 e 3 e Terminal Itaim Paulista, Edital de licitação RDC Presencial
3/2015/Siurb (lote 1):
9.4.1. sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado, no valor de
R$ 59.020.900,56 (data-base julho/2014), conforme item III.2 do relatório de auditoria (peça 72) e
instrução à peça 86;
9.4.2. ausência de parcelamento do objeto, conforme item III.3 do relatório de auditoria (peça
72);
9.4.3. termo de compromisso (nº 0445.950-17/2014-SP) firmado em valores insuficientes para
cobrir as despesas relacionadas à obra, conforme item III.4 do relatório de auditoria (peça 72); e
9.5. encaminhar cópia desta deliberação, incluindo o voto e o relatório que a fundamentam, bem
como do relatório de auditoria (peça 72) à Siurb/SP, ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica
Federal e ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo/SP.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2731-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário.


TC 012.687/2013-8 [Apenso: TC 020.270/2013-5].
Natureza: Pedido de Reexame (Representação).
Recorrente: Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (CPF 331.556.234-20).
Órgão: Secretaria de Portos da Presidência da República.
Interessados: Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. (09.376.475/0001-51); Casa Civil da
Presidência da República; Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Advogados constituídos nos autos: Apuám Carvalho Costa (OAB/DF 32.322); Eduardo
Rodrigues Lopes (OAB/DF 29.283); Luis Justiniano Haiek Fernandes (OAB/DF 2.193A) e outros.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. IRREGULARIDADES NA SELEÇÃO DA


ESTRUTURADORA BRASILEIRA DE PROJETOS S.A (EBP). ESTUDOS RELATIVOS À
CONCESSÃO DE ARRENDAMENTOS PORTUÁRIOS. PROCEDÊNCIA PARCIAL.
AUTORIZAÇÃO PARA PROSSEGUIMENTO DOS ATOS DECORRENTES DA PORTARIA
SEP/PR 38/2013. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES. PEDIDO DE REEXAME.
CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO. CIÊNCIA.
562

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

RELATÓRIO
Trata-se de pedido de reexame interposto pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho
de Melo contra o Acórdão 1.155/2014 – TCU – Plenário, que deu provimento parcial à Representação
decorrente da conversão de Denúncia por ele oferecida, autorizando o prosseguimento dos atos
decorrentes da Portaria SEP/PR 38/2013, por meio da qual a Secretaria de Portos (SEP) autorizou a
Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. (EBP) a realizar estudos destinados a subsidiar a preparação
de procedimentos licitatórios de concessões de portos organizados e de arrendamentos portuários.
2. Além de autorizar o prosseguimento dos atos decorrentes da Portaria SEP/PR 38/2013, o
Acórdão recorrido fez as seguintes determinações e recomendações, in verbis:
“9.3. determinar à SEP/PR que:
9.3.1. fundamente o cálculo do ressarcimento dos valores dos estudos técnicos selecionados nos termos da
Portaria SEP/PR 38/2013 em dados objetivos que não sejam vinculados ao valor total dos investimentos
estimados para as concessões e arrendamentos, mas aos respectivos custos de elaboração dos estudos, incluindo
margem de lucro compatível com a natureza do serviço e com os riscos envolvidos e, se possível, baseados em
preços de mercado, para serviços de porte e complexidade similares;
9.3.2. aplique os critérios decorrentes da revisão determinada no subitem 9.3.1 deste Acórdão à forma de
cálculo da remuneração dos estudos e projetos autorizados mediante a Portaria SEP/PR 38/2013;
9.3.3. no âmbito de sua competência constante do art. 16, inciso II, da Lei 12.815/2013:
9.3.3.1. regulamente os procedimentos relacionados às autorizações para realização de estudos sobre
arrendamentos portuários e concessões de portos organizados, de forma que sejam estabelecidos requisitos
mínimos de publicidade para chamamento de interessados e para aceitação e denegação de pedidos de
autorização;
9.3.3.2. estabeleça, com a devida publicidade e previamente a cada chamamento a ser emitido, os critérios
de julgamento e de escolha dos estudos ofertados;
9.4. recomendar à Casa Civil da Presidência da República que avalie a necessidade de regulamentar o
artigo 21 da Lei 8.987/1995, estabelecendo diretrizes gerais para atuação dos diversos órgãos que possam
utilizar a prerrogativa de autorizar a elaboração de estudos de viabilidade de projetos de concessão de serviços
públicos;
9.5. determinar à Casa Civil da Presidência da República que oriente os órgãos da administração pública
a, caso pretendam emitir novas autorizações antes de ser editada a regulamentação referida no item anterior,
adotem, no que couber, as disposições do Decreto nº 5.977/2006;”
3. Após exame preliminar de admissibilidade, a Secretaria de Recursos (Serur) propôs o não
conhecimento do pedido de reexame, em face da ausência de legitimidade e de interesse recursal do
recorrente, com fulcro no artigo 48 da Lei 8.443/1992 e nos artigos 146 e 282 do Regimento
Interno/TCU.
4. Divergindo desse entendimento e tendo em vista a existência de indiscutível interesse público
na matéria veiculada na peça recursal sob exame, expedi Despacho (peça 115) conhecendo do pedido
de reexame e conferi efeito suspensivo aos itens 9.1 a 9.5 do Acórdão 1.155/2014-Plenário, com
fundamento no artigo 48 da Lei 8.443/1992. Ademais, submeti os autos à Serur para a análise de
mérito.
5. Atendida essa determinação, retornaram os autos à minha apreciação.
6. Em suma, o recorrente apresentou os seguintes argumentos: (i) incompetência da SEP/PR para
dispor sobre os atos regulados pela Portaria SEP/PR 38/2013; (ii) ilegalidade do objeto da Portaria
SEP/PR 38/2013; (iii) vício de forma da autorização conferida pela Portaria SEP/PR 38/2013; (iv)
inadequação da estrutura produtiva da EBP com a autorização a ela conferida; (v) lesividade ao
patrimônio público e (vi) desvio de finalidade na autorização conferida à EBP.
7. Ao fim de sua peça recursal, requer o recorrente (peça 103, p. 41):
“a) O presente recurso seja conhecido, sendo conferido o respectivo EFEITO SUSPENSIVO ATIVO,
conforme previsão contida no art. 285, caput, do RITCU, SUSPENDENDO-SE todas as deliberações e
autorizações contidas no Acórdão n° 1155/2014 - TCU - Plenário, até que haja nova manifestação sobre o
563

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mérito da REPRESENTAÇÃO, principalmente no que tange à continuidade dos estudos elaborados e/ou em
elaboração pela EBP, apresentados à esse EG. TCU pela ANTAQ e SEP;
b) No mérito, o presente recurso seja provido, reformando-se o Acórdão n° 1155/2014 - TCU - Plenário,
de modo que seja anulada a autorização conferida à EBP pela Portaria SEP n° 38/2013, por ser ilegal e lesiva ao
interesse público, cessando-se definitivamente todos os seus efeitos, proibindo-se a ANTAQ e SEP de utilizar os
estudos elaborados pela EBP no bojo das licitações em curso perante esse Eg. TCU.“
8. Transcrevo, com os ajustes e supressões que entendo pertinentes, o exame de mérito do
recurso realizado pela Serur (peça 122), que contou com a anuência de seu corpo diretivo (peças 123 e
124):
“EXAME TÉCNICO
4. Delimitação do Recurso
4.1. Constituem objeto do recurso as seguintes questões:
a) a competência da SEP/PR para dispor sobre os atos regulados pela portaria SEP/PR 38/2013;
b) o objeto da Portaria SEP/PR 38/2013;
c) o vício de forma;
d) a estrutura produtiva da EBP;
e) a lesividade ao patrimônio público;
f) o desvio de finalidade.
5. Questão – da competência da SEP/PR para dispor sobre os atos regulados pela portaria
SEP/PR 38/2013.
Argumento
5.1. O recorrente sustenta que as atribuições e competências da SEP/PR gravitariam em torno da
formulação das políticas e diretrizes para o fomento do setor de Portos, envolvendo o planejamento
estratégico do setor, e que cabe à ANTAQ a realização dos procedimentos licitatórios dos contratos de
concessões e arrendamentos de terminais portuários, desde a elaboração dos respectivos editais
reguladores dos certames, e a celebração dos contratos de arrendamento/concessão de instalações
portuárias (cf. art. 27 da Lei 10.233/2001).
5.2. Assevera que a autorização constante da Portaria 38/2013 - SEP/PR ultrapassaria a
realização dos estudos voltados à definição de diretrizes para a realização de procedimentos licitatórios
ou ao planejamento setorial, uma vez que incluiriam: a) estudos de mercado; b) estudos de engenharia;
c) estudos ambientais; e d) avaliação econômico-financeira. Nesse sentido, a Portaria trataria
indevidamente da própria licitação, da qual a EBP participaria desde sua fase interna.
5.3. Cita declarações e documentos disponibilizados pela EBP, segundo o qual a empresa se
encarregaria até mesmo da elaboração das minutas de edital e de contrato de concessão.
Análise
5.4. O recorrente repete, sem inovar, argumentação afastada desde a prolação do Acórdão
3.362/2013 – Plenário, por não ter sido considerada procedente nem pela então SefidTransporte, nem
pelo Ministério Público junto ao TCU. Não há irregularidade no fato de os estudos voltados à
definição de diretrizes para a realização de procedimentos licitatórios incluam estudos de mercado,
estudos de engenharia, estudos ambientais e avaliação econômico-financeira.
5.5. Mesmo a elaboração de minutas de edital e de contrato de concessão pode ser objeto de
estudos preliminares, bastando que a decisão seja, ao final, tomada pelas autoridades regulatórias,
ainda que estas venham a se basear nos subsídios fornecidos pelo estudo em questão para a tomada de
decisão. Juridicamente, isso não configura que o autor do estudo terá “participado da fase interna da
licitação”.
5.6. Reitere-se que não há usurpação de competências da ANTAQ na Portaria SEP/PR 38/2013,
pois através dela a SEP define as diretrizes para a realização dos procedimentos licitatórios por meio
de estudos autorizados, nos termos do art. 16, da Lei 12.815/2013. A ANTAQ conduzirá os
procedimentos licitatórios seguindo as diretrizes estabelecidas pelo poder concedente, nos termos do
art. 27, inciso XV, da Lei 10.233/2001. Desse modo, o argumento do recorrente não deve ser acolhido.
6. Questão – do objeto da Portaria SEP/PR 38/2013
564

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6.1. Alerta que a portaria concederia à EBP poderes para dizer sobre a própria licitação,
atividade tipicamente estatal e indelegável à iniciativa privada. Cita declarações e notícias publicadas
em meios de comunicação segundo as quais a EBP seria a responsável pela condução de todo o
processo, desde a consulta pública até a celebração do contrato de concessão. Diz que seria
perceptível, na minuta dos editais de licitação e dos contratos de arrendamento disponibilizados pela
ANTAQ, linguagem e formato distintos dos padrões governamentais, o que demonstraria que a EBP
seria a autora desses documentos.
6.2. Alega que o processo licitatório deve ser conduzido diretamente pela administração pública,
de modo a evitar os conflitos de interesse, e sustenta que o objeto versado no art. 21 da Lei de
Concessões poderia ser licitado, e que o fato de os sócios privados da EBP terem relação com
empresas do setor portuário lhe retiraria a independência, a transparência e a equidistância das
empresas interessadas. Registra que, dentre os acionistas da EBP, existem bancos de nacionalidade
estrangeira, e outros que “controlam ou fazem parte de holdings que (...) dedicam-se às mais diversas
atividades”.
6.3. Sobre o instituto da “manifestação de interesse”, destaca que os artigos 9º, 10 e 11 do
Decreto 5.977/2004 deixariam antever a intenção do legislador em favorecer a participação de mais de
uma empresa na elaboração dos estudos e projetos.
6.4. Questiona também a constitucionalidade, frente ao art. 37 da CF/88, da obtenção de serviços
privados, por meio de autorização, sem a devida e específica regulamentação legal. Considera que o
objeto disciplinado pela Portaria SEP/PR poderia ter sido objeto de regular procedimento licitatório,
resguardando-se o interesse público.
Análise
6.5. Juridicamente, a Portaria SEP 38/2013 não delegou nenhuma competência à EBP, apenas
autorizou a realização dos estudos destinados a subsidiar a SEP/PR na preparação dos estudos que
efetivamente fundamentarão os processos licitatórios. O recorrente deixa de acostar indícios que
corroborem as ilações realizadas, baseando-se apenas em manchetes de meios de comunicação e em
conjecturas, expostas de forma superficial, sobre o suposto “estilo” dos documentos relativos às
concessões/arrendamentos portuários em exame e o “estilo” tradicional de redação oficial.
6.6. Dessa forma, não é possível se afirmar que a EBP esteja conduzindo os processos
licitatórios em substituição à ANTAQ, nem que esteja elaborando as diretrizes do setor em
substituição à Secretaria Especial de Portos da Presidência da República. O argumento sobre o
controle acionário da EBP serve para caracterizá-la como empresa privada de fins lucrativos, mas a
informação segundo a qual dentre elas se encontram “instituições financeiras internacionais” ou
“holdings” é irrelevante ao deslinde da questão, quando se abandona a premissa incorretamente
adotada pelo recorrente de que a empresa seria a responsável final pela condução do processo
licitatório.
6.7. Saliente-se que não há ilegalidade no afastamento do dever de licitar quando o Poder
Público decide pelo emprego da autorização prevista no art. 21, da Lei 8.987/1995 (ou no art. 6º, § 3º,
do Decreto 8.033/2013). A partir do exame dos textos normativos aplicáveis, é possível se concluir que
a escolha entre realizar licitação para a escolha de um estudo ou a autorização para que os interessados
encaminhem os respectivos estudos deve, no caso concreto e em situações análogas, restar com o
administrador público, conforme expressa previsão legal, ressaltando-se que o regulador, no caso, não
está optando arbitrariamente entre duas escolhas possíveis conforme a legislação em abstrato: nos
termos do Voto revisor do Acórdão 1155/2014 – Plenário, determinadas dificuldades desaconselham a
adoção de licitação na modalidade concurso para os estudos que fundamentam as futuras concessões.
6.8. Como salientado pelo Relatório do Acórdão 3.362/2013 – Plenário, o mecanismo pode ser
utilizado de modo legítimo, caso seja mantida a isonomia entre as sociedades empresariais que atuam
no setor de elaboração de projetos para obras de infraestrutura.
6.9. O recorrente cita o art. 37, inciso XXI, da CF/1988, segundo o qual “as obras, serviços,
compras e alienações serão contratadas mediante processo de licitação pública” sem atentar que o texto
565

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

normativo se inicia com a expressão “ressalvados os casos especificados na legislação”. Embora a


licitação seja o procedimento formal caracterizado pela ampla competição entre os interessados, ela
não é obrigatória em todos os casos, havendo situações nas quais outros fatores motivam o
estabelecimento, no texto normativo, de previsões de contratação direta, sem que se possa falar em
irregularidade. Dessa forma, mesmo o fato de o contrato administrativo ser o instrumento primordial
pelo qual o Estado estabelece relação jurídica com particular e de a licitação ser o procedimento pelo
qual a administração seleciona esse particular dentre os possíveis interessados não permite afirmar, de
plano, que o art. 21, da Lei 8.987/1995 seja simplesmente inconstitucional. Ademais, o fato de não
haver uma regulação específica para o art. 21, da Lei 8.978/1995 também não torna o dispositivo em
questão inconstitucional.
6.10. Caso o dispositivo seja empregado de forma visivelmente inadequada, isto é, com o intuito
de direcionar os estudos para uma entidade específica, o ato em questão estará maculado por desvio de
finalidade, mas esta possibilidade não torna o dispositivo inconstitucional. Consoante realizado nos
presentes autos, é possível utilizar textos normativos aplicáveis a situações análogas (tal como o
Decreto 5.977/2006, nos termos do Acórdão TCU 112/2012 – Plenário) para se traçar os parâmetros
que devem ser observados pelo agente público, de modo que se possa constatar que não foram
cometidos desvios de finalidade ou outros vícios na prática do ato administrativo em questão. Não há
que se confundir “ato praticado com desvio de finalidade” com “ato baseado em lei inconstitucional”.
7. Questão – do vício de forma
7.1. Cita pronunciamentos doutrinários para afirmar que o ato administrativo “portaria” é
reservado ao poder hierárquico da Administração Pública, sem o poder de estabelecer obrigações
recíprocas entre a Administração Pública e terceiros, nem de vincular os administrados. Uma vez que a
Portaria SEP/PR não se limitaria à prática de atos hierárquicos internos, mas outorgaria à EBP poderes
para disciplinar a própria licitação, considera que o ato apresenta vício de forma.
Análise
7.2. Inicialmente, deve-se afastar a premissa, adotada de modo equivocado pelo recorrente, de
que a Portaria 38/2013 outorgue à EBP poderes para disciplinar licitação de concessão ou
arrendamento portuário. Não há um padrão uniforme adotado pelas diversas entidades da
administração pública, em suas diversas esferas, para denominar os atos administrativos, de tal sorte
que a classificação é realizada por cada doutrinador de forma empírica. Doutrina não citada pelo
recorrente, ademais, entende que os atos gerais ou individuais emanados de autoridades que não sejam
o Chefe do Poder Executivo podem ser denominadas de “resolução” ou de “portaria”, sem fazer
distinção entre as denominações, acrescentando ainda que o instrumento de que se valem as
autoridades para transmitir ordens internas uniformes aos subordinados (ou seja, correspondendo à
descrição de “portaria” feita pelo recorrente) é normalmente chamada de “circular” [DIPIETRO, M. H.
S. Z. Direito Administrativo. 19ª Ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 241-242]. Um dos autores citados pelo
recorrente, ademais, reconhece que “as tentativas que os estudiosos encetam para distingui-los tem
sido infrutífera, pois que é grande a variação que sofrem no que se refere a seu conteúdo e à
competência dos agentes. Entendemos, pois, que na pratica administrativa atual é irrelevante distingui-
los” [CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. 19ª ed. Rio de Janeiro: Lumen
Iuris, 2007. p. 125].
7.3. De toda sorte, o nome do ato administrativo constitui formalidade sanável e não essencial à
validade do ato, aplicando-se ao caso o art. 55 da Lei 9.784/1999, segundo o qual os atos que
apresentam defeitos sanáveis devem ser convalidados pela própria Administração, na medida em que
não acarretem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.
7.4. Este constitui o propósito do Acórdão 1155/2014 – Plenário ora recorrido, quando, de modo
a afastar a lesão ao interesse público e a ameaça ao interesse de terceiros, determinou o
prosseguimento dos atos decorrentes da Portaria SEP/PR 38/2013 condicionado à fundamentação do
cálculo do ressarcimento dos valores dos estudos técnicos em dados objetivos que não estejam
566

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

vinculados ao valor total dos investimentos estimados, e a aplicação desses critérios aos estudos
autorizados com base na Portaria em questão.
8. Questão – da estrutura produtiva da EBP
8.1 Adverte que a EBP possuiria apenas 20 empregados, e que não seria possível garantir o nível
dos profissionais e qualificação técnica dos “parceiros” da empresa. Entende que tal atividade deveria
ser desenvolvida pelo próprio Poder Público, e que a circunstância violaria ainda o art. 3º, inciso V, da
Portaria SEP/PR 38/2013, segundo o qual a autorização concedida seria pessoal e intransferível.
8.2 Cita o Parecer 466/2013/ICMB-LBDC/PF-ANTAQ/PGF/AGU, segundo o qual: i) os
estudos submetidos ao Poder Concedente pela EBP ainda não haviam sido analisados pela comissão
mista SEP/ANTAQ de forma a serem aprovados ou rejeitados, mas ainda assim haviam servido de
fundamento para a confecção das minutas de documentos jurídicos; ii) seria necessária previa
regulamentação do poder concedente que considerasse as diretrizes do Decreto 5.977/2006, em
especial a obrigatoriedade de realização de chamamento público anterior à outorga das autorizações,
como mecanismo de isonomia; e iii) seria vedada a terceirização de atividades especializadas de
regulação.
Análise
8.3 O recorrente adota premissa equivocada, segundo a qual a atividade de realização dos
estudos deveria ser desenvolvida pelo próprio Poder Público, considerando-a evidente por si só sem
expor os motivos pelos quais ela assim deveria ser considerada. Todavia, não há fundamentos para se
considerar a realização de tais estudos como atividade que só possa ser desempenhada pelo ente
Estatal, sem recorrer a termos cujo significado não pode ser previamente definido de forma
consensual, como “típica de Estado”, de “interesse público” e “estratégica”.
8.4 Antes de lançar os editais de desestatização, o poder concedente deve escolher entre realizar
estudos de forma direta e por conta própria, com seus recursos humanos e materiais (i.e., agentes
públicos vinculados à Secretaria Especial dos Portos, à ANTAQ, e utilizando suas dotações
orçamentárias), ou remunerar particulares pelo uso de recursos a eles pertencentes, ou seja, mediante
execução indireta – o que for menos oneroso aos cofres públicos (princípio da eficiência) e ao mesmo
tempo compatível com os outros valores que devem ser observados pela Administração
(materializados nos princípios da legalidade, moralidade, finalidade, motivação, razoabilidade e
proporcionalidade).
8.5 Por sua vez, o particular que eventualmente realizar os referidos estudos se deparará com
escolha análoga, podendo utilizar recursos próprios ou de terceiros para atingir seu objetivo. A decisão
do autor do estudo entre utilizar empregados ou prestadores de serviços dependerá dos custos e
benefícios de cada modalidade de contratação. É, portanto, irrelevante para o Poder público, uma vez
que este deverá se preocupar apenas com a qualidade do produto final a qual, se for considerada
aceitável, permitirá a utilização do estudo e ensejará a remuneração dos custos incorridos.
8.6 Assim: i) o particular que terá seus recursos utilizados deve ser selecionado de forma
isonômica, mas constatar uma eventual violação a esse princípio não implica afirmar que esteja
ocorrendo “terceirização” das atividades especializadas de regulação; e ii) a estrutura produtiva do
autor do estudo é de sua responsabilidade, sendo este livre para otimizar os recursos humanos e
materiais empregados de modo a atingir determinado padrão de qualidade, pois sabe que a
Administração Pública não utilizará nem remunerará estudos com qualidade insuficiente. Os estudos
referidos no art. 21 da Lei 8.987/1995, por expressa previsão legal, não constituem atividade a ser
necessariamente desenvolvida pelo próprio Poder Público, nem implicam transferência da atividade
regulatória nem a seu autor, nem aos titulares dos recursos por ele mobilizados, ainda que o autor em
questão tenha sido indevidamente favorecido quando escolhido para realizá-los.
9. Questão – da lesividade ao patrimônio público
9.1 Infere que o valor que a EBP receberá quando da assinatura dos contratos de
concessão/arrendamento não configuraria mero ressarcimento ou reembolso de despesas, mas sim
remuneração, pois a empresa visaria à obtenção de lucro. Adverte que os recursos obtidos pela EBP
567

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

seriam exclusivamente oriundos dos ressarcimentos previstos no art. 21, da Lei 8.795/1995. Questiona
como excessivo o percentual de 0,37% do valor total dos investimentos a serem
concessões/arrendamentos. Fazendo referência às manifestações de interesse realizadas pela ANAC,
que a empresa INVEPAR teria cobrado cerca de dois milhões de reais pela realização de estudos,
enquanto a EBP teria cobrado dezessete milhões.
9.2 Denuncia que não haveria explicitação dos critérios e estimativas utilizadas pela SEP/PR
para que o valor global de ressarcimento viesse a alcançar o patamar de R$ 63.800.00,00. Deduz que a
remuneração paga à EBP deverá ser utilizada no cálculo do valor final da proposta a ser apresentada e
repassada às tarifas e preços futuramente cobrados pelos concessionários, encarecendo-as.
9.3 Reitera que, cf. Nota Técnica 06/2013/CMSA, não teriam sido previstos investimentos para
os terminais STS10 e STS15, mas que, mesmo assim, a Secretaria de Planejamento da SEP teria
indicado valores de investimentos para as referidas áreas a fim de viabilizar o ressarcimento à EBP, de
forma aleatória. Atribui a irregularidade à adoção pela SEP/PR, como critério de remuneração da EBP,
de um percentual não do valor efetivo dos investimentos realizados, mas do valor arbitrado pela SEP e
pela EBP, ainda que não guardassem sintonia com os projetos aprovados pela Comissão Mista.
9.4 Afirma que a área STS10 se encontraria totalmente operacional, mas que mesmo assim a
SEP/PR teria proposto o valor de R$ 645.700.000,00 como investimentos necessários, apenas para
garantir o pagamento de R$ 2.011.423,97 a título de remuneração à EBP. Aduz que a área STS10,
dessa forma, não necessitaria de novos investimentos, e contesta a utilização do valor de
R$ 645.700.000,00 como critério para o ressarcimento da EBP. Postula que a irregularidade configura
defesa de interesses meramente privados, em detrimento do interesse público, por parte da SEP/PR.
Análise
9.5 Assiste razão ao recorrente quando estatui que a SEP/PR não explicitou os critérios e
estimativas utilizados para calcular o valor global de ressarcimento, e que o valor total estimado dos
investimentos relativo a cada arrendamento ou concessão se revela um critério pouco consistente para
calcular o ressarcimento do respectivo estudo. A insuficiente consistência do critério conduziria a
dificuldades como a relatada pelo recorrente, segundo o qual teriam sido previstos investimentos
excessivos para determinada área portuária já consolidada. Acrescente-se, todavia, que não é possível
considerar adequada a comparação feita pelo recorrente entre as conclusões da citada Nota Técnica
elaborada pela Comissão Mista ANTAQ/SEP e aquelas alcançadas pela própria SEP/PR a partir dos
estudos da EBP, sem uma análise minuciosa de ambos os documentos.
9.6 De toda sorte, foi com base no fundamento ora exposto que o Tribunal determinou à SEP/PR
que não somente fundamentasse o cálculo do ressarcimento dos valores dos estudos técnicos
selecionados nos termos da Portaria SEP/PR 38/2013 em dados objetivos que não sejam vinculados ao
valor total dos investimentos estimados para as concessões e arrendamentos, mas também que
aplicasse os critérios decorrentes dessa revisão à formula de cálculo de remuneração dos estudos e
projetos autorizados mediante a Portaria SEP/PR 38/2013.
9.7 Também assiste razão ao recorrente ao salientar que não há como se considerar o valor que
uma empresa recebe quando o estudo por ela realizado é empregado para fundamentar processos de
concessão/arrendamento como simples ressarcimento de custos inferidos, não obstante o vocábulo
empregado pelo art. 21 da Lei 8.987/1995. Ressalte-se desse modo que, para que o instituto seja
compatível com racionalidade econômica, o termo deve ser interpretado de forma ampla, de modo que,
dentre os custos a serem “ressarcidos”, esteja o custo de oportunidade da empresa que realiza os
estudos em questão.
9.8 Dessa forma, no ponto específico, não há o que se falar em sucumbência recursal.
10. Questão – do desvio de finalidade
10.1 Lembra a participação da EBP em reuniões antes do início dos trabalhos para o
arrendamento de portos, aponta a ocorrência de ofensa ao princípio da impessoalidade, e julga que as
evidências deixariam claro a existência de vinculo estreito entre as partes pública e privada. Considera
568

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inusitado o procedimento de se conceder autorização específica à EBP, e que o correto teria sido abrir
chamada pública, com ampla publicidade.
10.2 Julga que seria impossível a qualquer empresa ter condições de deliberar pela viabilidade de
participar de projetos no prazo exíguo de 20 dias, previsto na portaria. O favorecimento se traduziria
em prejuízo para os demais interessados na elaboração de estudos e projetos, cuja possibilidade de
participação também teria sido restrita pela exigência de apresentação, em conjunto, de todos os
estudos relativos aos 162 empreendimentos.
10.3 Argumenta pela inexistência de motivo razoável para que uma empresa não possa
apresentar estudos e/ou projetos de viabilidade voltada apenas para um dos blocos, ou para uma
parcela destes.
Análise
10.4 Embora não tenha sido constatada a existência de posturas deliberadamente
antirrepublicanas (cf. o Voto Revisor do Acórdão 1155/2014 – Plenário), é necessário se reconhecer
que a EBP terminou favorecida, a partir da demonstração de que a modelagem do processo de
autorização pela Portaria SEP/PR 38/2013 deu-se nas exatas condições requeridas pela empresa.
Demonstrou-se que a estruturadora influenciou, de forma decisiva, as condições que seriam aplicáveis
a seus potenciais concorrentes (peça 93, p. 24) ainda que a decisão, juridicamente, tenha sido tomada
pela SEP/PR.
10.5 Nesse ponto específico, assiste razão ao recorrente, mas a repetição dos argumentos
anteriormente apresentados induz ao entendimento de que eles tenham sido integralmente rejeitados.
Trata-se, entretanto, de conclusão equivocada, dado que o Acórdão recorrido julgou a representação
“parcialmente procedente”, apenas adotando solução jurídica diversa para os problemas detectados
pelo então representante.
10.6 Observe-se que, muito embora tenha constato da Declaração de Voto do Exmo. Min.
Benjamin Zymler que “o procedimento adotado pela Secretaria Especial de Portos pode ser
considerado legal e constitucionalmente adequado”, pois estaria inserido no campo de
discricionariedade do agente público (peça 89, p. 9), o Voto Revisor do Exmo. Min. Walton Rodrigues
reconheceu as distorções presentes na publicação da Portaria SEP/PR 038/2013 (peça 91, p. 1),
possibilitadas pela existência de lacunas na regulamentação a respeito da matéria (peça 91, p. 4).
Mesmo reconhecendo a existência de tais falhas, o Voto revisor considerou que as mesmas não
autorizavam a suspensão dos procedimentos e que o interesse público estaria restaurado com a
regulamentação dos procedimentos subsequentes e a aplicação, aos presentes estudos, de critérios de
ressarcimento fundados em bases objetivas diversas do valor total estimado para os investimentos.
10.7 O recorrente argumenta pela existência de “desvio de finalidade” e que esse vício
conduziria, necessariamente, à anulação do processo de manifestação de interesse deflagrado pela
publicação da Portaria SEP/PR 038/2013. Enquanto a “finalidade” é o resultado que a Administração
quer alcançar com a prática do ato administrativo - nesse caso, a obtenção de estudos - motivos, por
sua vez, são os pressupostos de fato e de direito que servem de fundamento ao ato administrativo.
Enquanto o pressuposto de direito é o dispositivo normativo em que se baseia o ato, no caso, o art. 21
da Lei 8.987/1995, o pressuposto de fato, por outro lado, é o conjunto de circunstâncias,
acontecimentos e situações que levam a Administração a praticar determinado ato.
10.8 Há, portanto, duas possíveis narrativas dos fatos que levaram à publicação da Portaria
SEP/PR 038/2013, conforme salientado pela Declaração de voto revisor do Ministro Benjamin Zymler
(p. 5, peça 89). Segundo a primeira narrativa, defendida pelo recorrente e, em alguma medida, aceita
pelo Ministério Público junto ao Tribunal e pelo Ministro Relator, o processo teria se destinado a
favorecer uma empresa específica, estabelecendo severas barreiras à entrada de concorrentes para
conferir-lhe exclusividade indevida. Nessa narrativa, teria havido uma indicação falsa de motivo, o que
deveria conduzir à anulação do ato inquinado e a prática de novo ato para deflagrar o processo de
manifestação de interesse. Observe-se que o recorrente se refere a “ilegalidades sem possibilidade de
correção”, pois teriam sido pautadas em “fraudes e simulações”. Como o recorrente assevera, não seria
569

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

possível se convalidar um ato administrativo cujo vício fosse relativo ao motivo, pois não haveria
como se alterar retroativamente a situação de fato que conduziu à sua prática: caso se houvesse
constatado que o objetivo da SEP/PR teria sido favorecer a EBP, não haveria como manter a Portaria
038/2013.
10.9 A outra interpretação possível dos fatos, a partir dos elementos constantes dos autos, é
aquela adotada pelo Acórdão recorrido, que, embora reconheça a existência de condições favoráveis à
EBP devido à participação em reuniões nas quais conheceu e provavelmente discutiu as intenções do
governo relativas à desestatização de áreas portuárias, não verifica indícios suficientes para
caracterizar a manifesta intenção de prejudicar o Erário ou eventuais concorrentes, mas apenas em
alcançar, ainda que de forma açodada, a realização dos estudos.
10.10 Assim, quando se entende que o objetivo da SEP/PR era a obtenção dos estudos
necessários aos processos de desestatização e concessão, embora se reconheça que a interação entre a
EBP e o poder concedente terminou por favorecer empresa específica, esse direcionamento passa a ser
considerado acidental ao ato administrativo. Dessa forma, entende-se que não ocorreu “desvio de
finalidade”, o que diminui os entraves à confirmação da Portaria SEP/PR 38/2013.
10.11 Como forma de eliminar as causas que possibilitaram as irregularidades encontradas, o
Acórdão recorrido determinou à SEP/PR não apenas a fundamentação dos critérios de ressarcimento
em dados objetivos e a aplicação desses critérios aos estudos e projetos autorizados pela Portaria, mas
também: i) a regulamentação dos procedimentos relacionados às autorizações para realização de
estudos sobre arrendamentos e concessões portuárias, estabelecendo requisitos mínimos de publicidade
para chamamento de interessados e para aceitação e denegação de autorizações; e ii) o estabelecimento
prévio e público dos critérios de julgamento e de escolha dos estudos ofertados. Note-se, entretanto,
que não se exigiu a repetição do ato autorizativo e a realização de chamamento público, nem a
concessão de novo prazo aos eventuais interessados na apresentação de estudos e projetos.
10.12 Esclareça-se, desse modo, que o Acórdão recorrido não determinou a convalidação do ato
administrativo, o que envolveria o saneamento e a prática de novo processo de manifestação de
interesse, mas apenas propôs medidas para evitar que as irregularidades viessem a se repetir e, ao
mesmo tempo, deixou de considerar necessária sua anulação, entendendo que esta seria ainda mais
prejudicial ao interesse público. Trata-se da figura da “confirmação” [DIPIETRO, M. H. S. Z. Direito
Administrativo. 19ª Ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 255].
10.13 Nesse sentido, o Voto Revisor do Acórdão recorrido traz que “não parece socorrer ao
interesse público (...) o atraso na implementação de medidas necessárias ao desenvolvimento do setor
de infraestrutura do País, o que adviria da realização de nova manifestação de interesse, novas
autorizações, elaboração de novos estudos, seleção dos melhores, etc. Entendo, aliás, presente a
hipótese de periculum in mora reverso, uma vez que a paralisação dos procedimentos, em relação aos
salientados blocos, alterará completamente o cronograma do Poder Executivo, rompendo com as
expectativas e o planejamento de todo o setor”.
10.14 Embora não haja informações quantificáveis sobre os prejuízos que seriam trazidos pelo
atraso causado pela publicação de nova portaria, que atendesse aos princípios da impessoalidade e
evitasse as desarrazoadas barreiras à entrada estabelecidas pela Portaria SEP/PR 38/2013, e nem sobre
os prejuízos representados àqueles pela perda de uma chance de apresentarem estudos e projetos sobre
concessões e arrendamentos portuários, o Acórdão recorrido considerou que a manutenção do
administrativo viciado seria menos lesiva ao interesse público que o seu refazimento escoimado de
vícios, o que deve configurar requisito desta figura jurídica.
10.15 Em uma análise inicial, seria preciso determinar o prejuízo representado pela demora
adicional causada pela necessidade de se realizar nova manifestação de interesse, novas autorizações e
novos estudos, correspondente ao valor adicionado aos fornecedores e aos consumidores pelas
transações que provavelmente deixariam de ser realizadas nesse intervalo de tempo. Esse valor deve
ser comparado com os prejuízos aos interesses particulares causados pela confirmação do ato: em uma
primeira análise, é realmente provável que os prejuízos suportados por toda a economia sejam
570

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

superiores àqueles suportados pelos integrantes do setor de consultoria em projetos de infraestrutura,


pela perda da chance de participar de processo isonômico de manifestação de interesse privado. O
recorrente não traz, por sua vez, nenhuma informação que possa alterar o juízo inicialmente formado
pela Corte de Contas.
10.16 É tarefa mais árdua quantificar as consequências sistêmicas dessa confirmação, ou seja, o
prejuízo trazido pela confirmação de ato no qual se percebe, a partir da narrativa dos fatos, a seleção de
uma empresa para se relacionar com o Poder Público sem processo isonômico, prejuízo este que
também deve ser ponderado para se alcançar a decisão. A ausência de regras claras quanto à
possibilidade de ser selecionado para se relacionar com o Poder Público e a chance de um agente
específico, ainda que detentor de capacidade técnica, ser escolhido sem base em critérios objetivos e
sim em função de seu acesso aos agentes decisores constituem elementos de incerteza à atividade
econômica e inibidores de investimentos produtivos.
10.17 Por outro lado, a ausência de indícios de que a finalidade do processo fosse o
favorecimento à determinada empresa privada ou a lesão ao patrimônio público e a possibilidade de o
direcionamento ter sido causado pelo açodamento na condução do processo de desestatização portuária
contribuem para reduzir os referidos elementos de incerteza e as consequências sistêmicas prejudiciais,
pois tais circunstâncias não deverão estar presentes nos próximos processos de manifestação de
interesse.
10.18 Nesse sentido, saliente-se que uma das razões pelas quais se sanciona determinada conduta
considerada como ilícita é a redução da probabilidade de que esta venha a ocorrer novamente. No caso
em concreto, este é o papel cumprido pela determinação para que a SEP/PR regulamentasse os
procedimentos relacionados às autorizações para realização de estudos sobre arrendamentos e
concessões portuárias, e pela recomendação à Casa Civil da Presidência da República para que
avaliasse a necessidade de regulamentar o art. 21 da Lei 8.987/1995, a qual resultou na edição do
Decreto 8.428/2015. Dessa forma, encontra-se minimizado o risco de que autoridade administrativa
venha novamente a deflagrar processo de manifestação de interesse sem os requisitos mínimos de
publicidade para chamamento de interessados e aceitação/denegação de pedidos de autorização, e sem
critérios de julgamento e escolha dos estudos ofertados.
10.19 Uma vez preenchida a lacuna regulamentar relativa ao art. 21 da Lei 8.987/1995, reduzem-
se as possibilidades que um agente venha a ser selecionado para elaborar estudos e projetos sem base
em critérios objetivos, diminuindo a referida incerteza inibidora de investimentos produtivos na
atividade setorial de consultorias e projetos.
10.20 Dessa forma, o Acórdão entendeu que seria possível a confirmação do ato administrativo,
isto é, que a Administração poderia renunciar ao poder de anular o ato ilegal, por razoes de interesse
público, tendo em vista que a anulação do procedimento deflagrado pela Portaria SEP/PR 38/2013
poderia causar prejuízo maior que sua manutenção. O recorrente dedica-se a demonstrar que o “ato não
poderia ser convalidado”, quando não foi essa a solução adotada pelo Acórdão recorrido, ao mesmo
tempo em que não oferece argumentos para demonstrar que, pelo contrário, o prejuízo causado pela
manutenção do ato seria maior que aquele representado por sua anulação.
CONCLUSÃO
11. Das análises anteriores, conclui-se que:
11.1 O recorrente argumenta que a autorização constante da Portaria 38/2013 - SEP/PR
ultrapassaria a realização dos estudos voltados à definição de diretrizes para a realização de
procedimentos licitatórios ou ao planejamento setorial. Citando declarações e notícias publicadas em
meios de comunicação, assevera que a portaria concederia à EBP poderes para dizer sobre a própria
licitação, o que consistiria em atividade tipicamente estatal e indelegável à iniciativa privada.
Entretanto, não há irregularidade no fato de os estudos voltados à definição de diretrizes para a
realização de procedimentos licitatórios incluam estudos de mercado, estudos de engenharia, estudos
ambientais e avaliação econômico-financeira. Juridicamente, não é possível se afirmar que a EBP
571

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

esteja conduzindo os processos licitatórios em substituição à ANTAQ, nem que esteja elaborando as
diretrizes do setor em substituição à Secretaria Especial de Portos da Presidência da República.
11.2 O recorrente afirma que o ato administrativo “portaria” é reservado ao poder hierárquico da
Administração Pública, sem o poder de estabelecer obrigações recíprocas entre a Administração
Pública e terceiros, nem de vincular os administrados. Porém, atos gerais ou individuais emanados de
autoridades que não sejam o Chefe do Poder Executivo podem ser denominadas de “resolução” ou de
“portaria”, sem fazer distinção entre as denominações, não sendo possível a alegação de “vício de
forma”.
11.3 Quanto às advertências de que a EBP possuiria apenas 20 empregados, que não seria
possível garantir o nível dos profissionais “parceiros” da empresa e que tal circunstancia violaria a
pessoalidade e a intransferibilidade da autorização, esclarece-se que o procedimento de manifestação
de interesse para a realização de estudos em processos de desestatização não consiste em
“terceirização” das atividades especializadas de regulação, e que a estrutura produtiva dos autores dos
estudos é de responsabilidade de cada um deles, que devem otimizar seus recursos, sujeitos à restrição
de que seja atingido determinado nível de qualidade exigido para que o estudo seja utilizado pelo
poder concedente.
11.4 Assiste razão ao recorrente quando estatui que a SEP/PR não explicitou os critérios e
estimativas utilizados para calcular o valor global de ressarcimento, e que o valor total estimado dos
investimentos relativo a cada arrendamento ou concessão se revela um critério pouco consistente para
calcular o ressarcimento do respectivo estudo. Entretanto, não há o que se falar em sucumbência
recursal, pois com base neste fundamento o TCU determinou à SEP/PR que: i) fundamentasse o
cálculo do ressarcimento dos valores dos estudos técnicos selecionados nos termos da Portaria SEP/PR
38/2013 em dados objetivos que não fossem vinculados ao valor total dos investimentos estimados; e
ii) aplicasse os critérios decorrentes dessa revisão à formula de cálculo de remuneração dos estudos e
projetos autorizados mediante a Portaria SEP/PR 38/2013.
11.5 Por fim, o recorrente alega que os atos praticados pela EBP e pela SEP se caracterizariam
como ilegalidades e que não seria possível sua correção, de tal sorte que não poderiam ser
convalidadas pelo Tribunal. Quanto aos argumentos da existência de indícios de favorecimento à EBP,
e da realização de restrições pouco razoáveis à participação de eventuais interessados, o TCU, embora
tenha reconhecido os diversos problemas ocorridos quando da publicação da Portaria SEP/PR 38/2013,
não considerou que estes eram suficientes para demonstrar a existência de desvio de finalidade, pois
constatou-se que o objetivo da SEP/PR não era o favorecimento da EBP, mas sim a realização rápida
dos estudos e projetos.
11.6 Desse modo, embora o recorrente tenha asseverado que o vício no procedimento de
autorização contaminaria todos os eventos futuros, o Tribunal de Contas da União não convalidou nem
determinou a convalidação do ato administrativo em questão, apenas concluiu que a anulação do
referido ato traria mais prejuízos à sociedade como um todo do que sua confirmação.”
9. Ao fim, a unidade instrutora fez a seguinte proposta de encaminhamento:
“12. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com fundamento no
art. 48, da Lei 8.443, de 1992:
a) conhecer do pedido de reexame do Sr. Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de
Melo, e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) dar ciência da deliberação que vier a ser adotada ao recorrente, à Secretaria Especial de
Portos/PR, à Casa Civil/PR, à ANTAQ e aos demais interessados.”
É o Relatório.

VOTO
572

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em apreciação pedido de reexame interposto pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues


Coutinho de Melo contra o Acórdão 1.155/2014-TCU-Plenário.
2. Em síntese, essa deliberação deu provimento parcial à Representação decorrente da conversão
de Denúncia oferecida pelo ora recorrente, anuindo ao prosseguimento dos atos decorrentes da Portaria
SEP/PR 38/2013, por meio da qual a Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR)
autorizou a Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. (EBP) a realizar estudos destinados a subsidiar a
preparação de procedimentos licitatórios de concessões de arrendamentos portuários.
3. Contudo, a deliberação recorrida também emitiu determinações e recomendações à SEP/PR e
à Casa Civil no sentido de disciplinar os procedimentos relacionados às autorizações para realização de
estudos sobre arrendamentos portuários e concessões de portos organizados e os critérios para o
ressarcimento dos interessados nessa atividade econômica (itens 9.3 a 9.5 do Acórdão 1.155/2014-
TCU-Plenário).
4. Nesta oportunidade, o recorrente insurge-se contra essa deliberação, trazendo, em suma, os
seguintes argumentos: (i) incompetência da SEP/PR para dispor sobre os atos regulados pela Portaria
SEP/PR 38/2013; (ii) ilegalidade do objeto da Portaria SEP/PR 38/2013; (iii) vício de forma da
autorização conferida pela Portaria SEP/PR 38/2013; (iv) inadequação da estrutura produtiva da EBP
com a autorização a ela conferida; (v) lesividade ao patrimônio público; e (vi) desvio de finalidade na
autorização conferida à EBP.
II
5. De plano, manifesto minha total concordância com o exame de mérito feito pela Serur, o qual
incorporo às minhas razões de decidir, sem prejuízo de repisar alguns de seus fundamentos.
6. Sobre a alegada incompetência da SEP/PR para dispor sobre os atos regulados pela Portaria
em questão, não merecem prosperar os argumentos do recorrente, que tenta mostrar que a SEP/PR, na
qualidade de Poder Concedente, teria tão somente a competência de planejar estrategicamente o setor
portuário e que isso não incluiria a realização dos procedimentos licitatórios, a celebração dos
contratos de concessão e a emissão da autorização a que se refere o art. 21 da Lei 8.987/1995.
7. A legislação aplicável é cristalina quanto à divisão das competências nesse caso. Cabe à
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a elaboração dos editais, instrumentos de
convocação e promoção da licitação, de acordo com as diretrizes do Poder Concedente, a teor do
disposto no art. 27, inciso XV, da Lei 10.233/2001 e no art. 16, inciso II, da Lei 12.815/2013.
8. Sobre a ilegalidade do objeto da multicitada Portaria SEP/PR 38/2013, caracterizada em
eventual delegação indevida da competência de realização do processo licitatório à EBP, destaco que a
Portaria não delega competência alguma à EBP, mas sim autoriza a empresa a realizar os estudos
destinados a subsidiar a SEP/PR na preparação dos estudos que fundamentarão os processos
licitatórios.
9. Não é possível afirmar que a EBP esteja conduzindo os processos licitatórios em substituição
à Antaq, nem que esteja elaborando as diretrizes do setor em substituição à Secretaria de Portos da
Presidência da República.
10. A elaboração de minutas de edital e do contrato de concessão, no âmbito da contratação
autorizada pelo art. 21 da Lei 8.987/1995, não tem o condão de usurpar a competência das autoridades
regulatórias e do Poder Concedente, já que é delas a decisão final, que pode, inclusive, tomar por base
os subsídios fornecidos pelo estudo contratado. Isso não se confunde, como alegou o recorrente, com a
participação da empresa autorizada na fase interna da licitação.
11. O recorrente também argumenta no sentido de que o Poder Concedente deveria ter licitado a
autorização para elaboração dos estudos. Esse argumento não se sustenta. A opção pela autorização
prevista no art. 21 da Lei 8.987/1995 (ou no art. 6º, § 3º, do Decreto 8.033/2013) é uma faculdade do
Poder Concedente, sendo, portanto, legítima. O Voto revisor do Ministro Benjamin Zymler, que
acompanhou o Voto vencedor do Acórdão recorrido, trouxe lições valiosas sobre a constitucionalidade
e a legalidade dessas autorizações, in verbis:
573

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“3. Avalio que a questão de fundo a ser abordada nesta assentada se refere à constitucionalidade e
legalidade das autorizações concedidas [...] para elaborar os projetos relativos às concessões e aos
arrendamentos portuários em tela. Em especial, discute-se a necessidade de as referidas autorizações serem
precedidas por processos competitivos de escolha ou mesmo por licitações.
4. O art. 37, XXI, da Constituição Federal estabelece que obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública, ressalvados os casos especificados na legislação.
5. A previsão legal citada pela Constituição Federal foi provida por meio do art. 21 da Lei nº 8.987/1995,
o qual estabelece que:
‘Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou investimentos já
efetuados, vinculados à concessão, de utilidade para a licitação, realizados pelo poder concedente ou com a
sua autorização, estarão à disposição dos interessados, devendo o vencedor da licitação ressarcir os
dispêndios correspondentes, especificados no edital. (grifei)
6. Ou seja, o ordenamento jurídico pátrio permite que os estudos técnicos referentes a concessões de
serviços públicos ocorram mediante autorização.
(...)
8. Ressalto o caráter discricionário deste ato, uma vez que o Poder Público analisará a conveniência e a
oportunidade dessa autorização. Assim sendo, não existe a obrigatoriedade de a autorização em tela ser
precedida por um processo seletivo formal.
(...)
17. Conclui-se, pois, que o mencionado art. 21 da Lei 8.987/1995 fornece o fundamento jurídico para a
dispensa de licitação.
(...)
20. Um desses poderes [da SEP/PR] é o de autorizar diretamente a realização de estudos destinados a
subsidiar concessões de portos e arrendamentos de instalações portuárias.
21. Para além das autorizações, ressalto que no âmbito das contratações diretas também ocorre a
relativização do Princípio da Impessoalidade, uma vez que não existe necessariamente um processo de seleção
competitivo informado por esse princípio. A escolha é feita com base nas condições especiais de uma dada
entidade, as quais a tornam a mais adequada para realizar a tarefa da qual será incumbida. Assim, na ponderação
de princípios constitucionais, preponderam os bens jurídicos envolvidos em cada situação tipificada em lei.
(...)
25. Ressalto que o Princípio da Impessoalidade não é afastado de todo, apenas não prepondera sobre os
outros princípios e valores acima citados. Por via de consequência, a escolha a ser feita pela Administração
Pública não pode ser arbitrária, ao contrário, deve ser motivada, inclusive no que concerne à avaliação da
capacidade da entidade que vier a ser selecionada.
(...)
31. Por outro lado, a Administração Pública, se entender necessário, poderá realizar um certame
competitivo ou mesmo uma licitação para escolher um projeto que servirá de base para uma concessão de um
porto organizado ou um arrendamento portuário. Afinal, não há vedação à adoção de tal procedimento.
32. Nessa última hipótese, haverá uma renúncia pela administração à escolha discricionária por uma
contratação não precedida por um processo de escolha competitivo.”
12. Em outras palavras, antes de lançar os editais de desestatização, o Poder Concedente deve
fazer a seguinte escolha: realizar estudos de forma direta e por conta própria, com seus recursos
humanos e materiais, ou remunerar particulares pelo uso de recursos a eles pertencentes. Ou seja, deve
sopesar a eficiência e, ao mesmo tempo, outros valores que devem ser observados pela Administração,
materializados nos princípios da legalidade, moralidade, finalidade, motivação, razoabilidade e
proporcionalidade.
13. Ademais, os estudos referidos no art. 21 da Lei 8.987/1995, por expressa previsão legal, não
constituem atividade a ser necessariamente desenvolvida pelo próprio Poder Público, nem implicam
transferência da atividade regulatória nem a seu autor, nem aos titulares dos recursos por ele
mobilizados, ainda que o autor em questão tenha sido indevidamente favorecido quando escolhido para
realizá-los.
14. Logo, não merecem acolhida os argumentos do recorrente quanto a esses pontos.
III
574

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15. Quanto ao vício de forma na expedição da Portaria SEP/PR 38/2013, que na visão do
recorrente deveria ter efeitos apenas interna corporis, a doutrina administrativista, como ponderou a
Serur, é inconclusiva quanto ao tema.
16. Ainda que a expedição da referida Portaria padecesse de vício formal, trata-se de formalidade
sanável e não essencial à validade do ato, podendo ser convalidado pela própria Administração, na
medida em que não acarreta lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, nos termos do art. 55
da Lei 9.784/1999.
17. Nesse sentido o Acórdão recorrido, quando, de modo a afastar a lesão ao interesse público e
a ameaça ao interesse de terceiros, determinou o prosseguimento dos atos decorrentes da Portaria
SEP/PR 38/2013, condicionado à fundamentação do cálculo do ressarcimento dos valores dos estudos
técnicos em dados objetivos – desvinculados do valor total dos investimentos estimados – e à
aplicação desses critérios aos estudos autorizados com base na Portaria em questão.
18. Dessa forma, não é possível acompanhar o recorrente quanto a esse argumento recursal.
IV
19. A alegação de que a estrutura produtiva da EBP obsta a continuidade dos atos decorrentes da
autorização conferida, é, a meu sentir, irrelevante para alterar a decisão guerreada.
20. O particular escolhido para realizar os referidos estudos pode lançar mão de recursos
próprios ou de terceiros para atingir seu objetivo. Essa decisão depende de uma análise de custos e
benefícios de cada modalidade de contratação, sendo, portanto, irrelevante para o Poder Concedente,
uma vez que este deve ter como foco a qualidade do produto final, a qual, caso seja considerada
aceitável, permitirá a utilização do estudo e ensejará a remuneração dos custos incorridos para tanto.
21. Logo, não deve ser acatado o recurso quanto a esse argumento.
V
22. Quanto à possibilidade de que os critérios utilizados para remunerar o particular autorizado
pela Portaria SEP/PR 38/2013 sejam lesivos ao patrimônio público, assiste razão ao recorrente.
23. A insuficiente consistência desses critérios pode conduzir a dificuldades como a relatada pelo
recorrente, segundo o qual teriam sido previstos investimentos excessivos para determinada área
portuária já consolidada.
24. De todo modo, foi com base nessa insuficiência que o Tribunal determinou à SEP/PR que
não somente fundamentasse o cálculo do ressarcimento dos valores dos estudos técnicos selecionados
nos termos da Portaria SEP/PR 38/2013 em dados objetivos – desvinculados do valor total dos
investimentos estimados para as concessões e arrendamentos –, mas também que aplicasse à formula
de cálculo de remuneração os critérios decorrentes dessa revisão. Portanto, a questão já foi resolvida
no Acórdão a quo, não merecendo outro tratamento em sede recursal.
VI
25. No que toca ao desvio de finalidade e ofensa ao princípio da impessoalidade da contratação
autorizada, consubstanciada, na visão do recorrente, pelo privilégio conferido à EBP, teço algumas
considerações.
26. A deliberação recorrida, apesar de ter reconhecido falhas na autorização conferida pela
Portaria SEP/PR 38/2013, concluiu pela legalidade e constitucionalidade do procedimento adotado
pela SEP/PR, tornando possível a confirmação desse ato administrativo. Esta Corte não convalidou
nem determinou a convalidação do ato administrativo em questão, como alega o recorrente, apenas
concluiu que a anulação do referido ato traria mais prejuízos à sociedade como um todo do que sua
confirmação.
27. O rationale dessa decisão decorre de algumas premissas, as quais não são infirmadas pelos
argumentos trazidos pelo recorrente. A primeira, de que o interesse público restaria atendido com a
regulamentação dos procedimentos para novas autorizações e a aplicação de novos critérios de
ressarcimento aos estudos já autorizados (itens 9.3 a 9.5 do Acórdão vergastado). A segunda, de que
não haveria indícios suficientes para caracterizar a manifesta intenção de prejudicar o Erário ou
eventuais concorrentes, mas apenas alcançar, ainda que de forma precipitada, a realização dos estudos.
575

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A terceira, de que a anulação desse ato não socorreria ao interesse público, frente ao atraso que essa
medida traria ao desenvolvimento do setor portuário. Como bem pontuado no Voto revisor do
eminente Ministro Walton Alencar Rodrigues, redator do Acórdão vergastado, “presente a hipótese de
periculum in mora reverso, uma vez que a paralisação dos procedimentos, em relação aos salientados
blocos, alterará completamente o cronograma do Poder Executivo, rompendo com as expectativas e o
planejamento de todo o setor”.
28. Assim, considerando que o objetivo da SEP/PR era a obtenção dos estudos necessários aos
processos de desestatização e concessão, e não o intencional favorecimento da EBP, não restou
caracterizado o desvio de finalidade.
VII
29. Caminhando para a conclusão do meu Voto, ressalto a edição do Decreto 8.428/2015, que
atende a recomendação contida no item 9.4 do Acórdão recorrido, no sentido de regulamentar o art. 21
da Lei 8.987/1995. Essa norma, que dispõe sobre o procedimento de manifestação de interesse a ser
observado na apresentação de projetos, levantamentos, investigações ou estudos, reduzirá os riscos de
que um agente venha a ser selecionado para elaborar estudos e projetos sem base em critérios
objetivos.
30. Rememoro, por deveras oportuno, a tese que apresentei em meu Voto revisor do Acórdão
1.602/2015-TCU-Plenário, onde defendi a inviabilidade da manutenção do convênio celebrado entre o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a EBP, vez que restou
caracterizada afronta aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade administrativa e
isonomia, pelo patente privilégio conferido à EBP na contratação. Todavia, considerando, entre outros
aspectos, o significativo impacto na estruturação de projetos de infraestrutura necessários à promoção
do desenvolvimento nacional, esta Corte decidiu fixar o prazo de 360 dias para o desfazimento do
referido convênio, permitindo-se a sua continuidade apenas quanto à conclusão dos projetos que já se
encontravam em andamento à época da prolação do Acórdão.
31. Feitas todas essas considerações, não deve ser provido o recurso em exame.
Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação
deste Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2732/2015 – TCU – Plenário.

1. Processo nº TC 012.687/2013-8.
1.1. Apenso: 020.270/2013-5.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Pedido de Reexame (Representação).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. (09.376.475/0001-51); Casa Civil da
Presidência da República; Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
3.2. Recorrente: Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20).
4. Órgão: Secretaria Especial de Portos da Presidência da República.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Fiscalização de
Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHid).
8. Advogado constituído nos autos: Apuám Carvalho Costa (OAB/DF 32.322); Eduardo
Rodrigues Lopes (OAB/DF 29.283); Luis Justiniano Haiek Fernandes (OAB/DF 2.193A) e outros.

9. Acórdão:
576

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTO, relatado e discutido este pedido de reexame em processo de representação, interposto


pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo contra o Acórdão 1.155/2014 – TCU –
Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 48 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 286 do
Regimento Interno, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame, para no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente, à Secretaria de Portos da Presidência da
República e aos interessados constantes do item 3.1 deste Acórdão.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2732-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I - CLASSE VII - Plenário


TC 024.139/2015-7
Natureza: Representação
Unidades jurisdicionadas: Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo; Prefeitura
Municipal de São Paulo
Representação legal: não há

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CONTRATO DE CDRU ENTRE UNIÃO E MUNICÍPIO.


REALIZAÇÃO DE LICITAÇÃO PELO ENTE MUNICIPAL PARA CONSECUÇÃO DAS
FINALIDADES DA CESSÃO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO EXPLÍCITA PARA EFETIVAÇÃO
DA CESSÃO. NECESSIDADE IMPLÍCITA DE COINCIDÊNCIA DOS PERÍODOS DE VIGÊNCIA
CONTRATUAL. DETERMINAÇÃO PARA FORMALIZAÇÃO DE ADITIVO. INCOMPETÊNCIA
DO TCU PARA FISCALIZAR O EDITAL DA LICITAÇÃO MUNICIPAL. FISCALIZAÇÃO PELO
TCM-SP. PROCEDÊNCIA PARCIAL. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Tratam-se de representações ofertadas por Carlos Alberto La Selva e Sice do Brasil Ltda. (peças
1 e 24), com pedido de medida cautelar, acerca de possíveis irregularidades relacionadas à
concorrência pública 01-B/SDTE/2014, conduzida pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento,
Trabalho e Empreendedorismo do município de São Paulo (SDTE/SP), tendo como objeto a concessão
de obra pública para a implantação, operação, manutenção e exploração econômica do Circuito das
Compras, dos projetos associados e das obrigações acessórias, nos termos da minuta de contrato.
2. A área da União denominada “Pátio do Pari” foi cedida mediante contrato de Concessão de
Direito Real de Uso (CDRU) resolúvel em condições especiais, para a municipalidade implementar,
mediante licitação, projeto para fomento do comércio e desenvolvimento econômico e social dos polos
577

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

comerciais do centro de São Paulo (Pari, Brás, Bom Retiro, Santa Ifigênia e Sé), assim como implantar
equipamentos urbanos na região.
3. O certame envolve as seguintes quantias principais: 1) valor do contrato: R$ 1,5 bilhão,
correspondente ao valor presente estimado da totalidade das receitas do contrato, nos termos dos
estudos prévios de viabilidade econômica realizados pelo poder concedente; 2) valor dos
investimentos: R$ 300 milhões, correspondente ao valor presente estimado da totalidade dos
investimentos a serem realizados pela concessionária, nos termos dos estudos prévios de viabilidade
econômica realizados pelo poder concedente; e 3) garantia da proposta: garantia de cumprimento da
proposta comercial, no valor mínimo de R$ 15 milhões, que será prestada pelas licitantes, na forma do
edital.
4. Em apertada síntese, o representante Carlos Alberto La Selva ventila as seguintes
irregularidades (peça 1): incompatibilidade de prazos entre a CDRU federal e a concessão municipal e
restrição à competitividade mediante prazo exíguo de visita técnica e limitação imotivada de
participantes de consórcio. O expediente da empresa Sice (peça 24) versa basicamente sobre os
mesmos questionamentos insertos na primeira representação.
5. Efetuadas as medidas preliminares de saneamento tidas como cabíveis, o auditor responsável
pela instrução (peça 30) entendeu que estaria caracterizado tanto o fumus boni iuris, em vista da
possibilidade de ter havido distorções na licitação realizada pela SDTE/SP considerando as supostas
anomalias apontadas pelos representantes, quanto o periculum in mora, uma vez que a abertura das
propostas estava marcada para o dia 29/9/2015, registrando, ainda, que o periculum in mora reverso
para a Administração não representaria riscos maiores do que aqueles que poderiam advir da não
adoção da medida cautelar pleiteada pelo representante. Ao fim, propôs o conhecimento da
representação, a adoção de medida cautelar para suspender a concorrência 01-B/SDTE/2014 e a oitiva
dos responsáveis.
6. Divergindo do posicionamento defendido pelo auditor, o Titular da Diretoria de Aquisições
Logísticas da Secex-RJ emitiu o seguinte pronunciamento (peça 31):
“2. Em que pese a fundamentada argumentação que respalda a instrução preliminar à peça 30, manifesto
discordância quanto à concessão da medida cautelar ali proposta, por considerar que não há nos autos elementos
de convicção que evidenciem claramente a provável prática de ato contrário à lei ou ao direito, exigida na
cognição sumária (fumus boni iuris), de maneira a justificar a tutela de urgência requerida.
3. Começo pela principal ocorrência apontada na exordial, ou seja, a possível ilegalidade consistente na
incompatibilidade de prazos entre a concessão de direito real de uso, a título oneroso (CDRU), estabelecida pela
União em favor da Prefeitura Municipal de São Paulo, para exploração da área denominada ‘Pátio do Pari’, e a
vigência do contrato de concessão de obra pública que o município haverá de firmar com vencedor da
Concorrência Pública n. 01-B/SDTE/2014 (Processo 04977.012351/2011-21).
4. Quanto a esse particular, a controvérsia que se firmou até aqui se refere à definição do termo inicial do
prazo de vigência de 35 anos da cessão da citada área ao município, sob o regime de CDRU, tendo em vista que
o instrumento do contrato foi assinado em 5/7/2012, ao passo que a concessão municipal à iniciativa privada,
cuja vigência também foi fixada em 35 anos (a contar da celebração do respetivo contrato), ainda depende do
término do procedimento licitatório. Decorre daí a conclusão inicial de que o futuro contrato de concessão
municipal já estaria defasado em pelo menos três anos em relação à CDRU da União. Nesse contexto, portanto,
a vigência da concessão municipal ultrapassará a da CDRU federal, firmada em 5/7/2012, de forma que esse
desencontro temporal acarretará no uso privativo de bem público sem cobertura contratual, o que colocaria em
risco o patrimônio da União.
5. A seu turno, a Secretaria de Patrimônio da União - SPU, conforme consta da instrução preliminar, teria
retirado seu entendimento, inclusive fundado em parecer da Consultoria Jurídica da Advocacia Geral da União,
no sentido que o prazo de vigência da CDRU apenas começaria a fluir com o início do prazo do contrato de
concessão de obra no terreno do ‘Pátio do Pari’. Ou seja, a própria ‘razão de ser’ da concessão da área ao
munícipio, relacionada à consecução de projeto de desenvolvimento socioeconômico da região, com
aproveitamento econômico pela União, já seria bastante para condicionar o início da vigência da CDRU à
conclusão da licitação. Haveria, assim, uma espécie de operação casada que naturalmente deveria pressupor a
coincidência de períodos de vigência contratual como forma de viabilizar a ação pública coordenada entre os
578

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

governos federal e municipal.


6. Particularmente, entendo que a intepretação sobre o início da vigência da CDRU não pode estar
dissociada das circunstâncias que motivaram a sua constituição. Não é demais ressaltar que a transferência do
uso do ‘Pátio do Pari’ à administração municipal foi efetuada com o propósito expresso de a Prefeitura de São
Paulo ‘(...) implementar, mediante licitação, projeto para fomento do comércio e desenvolvimento econômico e
social dos polos comerciais do centro de São Paulo (...), assim como implantar equipamentos urbanos na
região’. Daí porque a CDRU em análise não pode ser considerada como um fim em si mesmo, uma vez que foi
constituída com a expectativa de exploração futura da área por terceiro e, inclusive, disso deriva a retribuição
pretendida pela União.
7. Nesse sentido, é razoável imaginar que as projeções de investimentos, custos e retorno, sobretudo no
que se refere à concepção do contrato de concessão da obra, tenham sido construídas com base no
dimensionamento do projeto para o prazo de 35 anos, de modo que a não coincidência dos períodos de vigência
da cessão federal da área do ‘Pátio do Pari’ e da concessão municipal pode levar à inviabilidade econômica do
empreendimento. Foi o que registrou a Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e
Empreendedorismo (SDTE/SP), nos seguintes termos:
(...) o prazo de 35 anos possui guarida no estudo de avaliação econômica do projeto, considerando-se uma
taxa de retorno adequada, o investimento a ser realizado, bem como os rendimentos previstos no
empreendimento trazidos a valor presente, que justificam, por exemplo, o valor do contrato de concessão. Em
outras palavras, um prazo inferior de concessão não permitiria o tempo necessário para o vencedor do certame
ter o retorno dos investimentos que ali serão realizados, de forma a inviabilizar a existência do projeto. (Peça 20,
p. 8).
8. Desse modo, considerando a especificidade de que a concessão de uso, no caso em tela, vincula-se do
ponto de vista finalístico à celebração de uma contratação futura, em que o uso do bem cedido está diretamente
relacionado a sua exploração econômica por terceiro, afigura-se como consequência natural e esperada que se
aguarde o tempo necessário à realização do procedimento licitatório, para só então começar a correr o prazo da
CDRU, isto é, simultaneamente com o prazo contratual da concessão municipal.
9. Decerto que o momento para a adoção das providências voltadas à efetiva exploração da área cedida
não pode representar uma potestade do município frente à União, de modo a retardar indefinidamente o início da
licitação para aquele fim, até porque um longo tempo de espera pode fazer com que o cedente não mais se
interesse pela cessão. Contudo, no caso concreto, a licitação está em andamento, além do mais a própria
Secretaria de Patrimônio da União - SPU, conforme a resposta reproduzida na instrução preliminar, afirmou que
espera o encerramento do certame para que a ‘(...) União venha a receber as receitas que lhe são devidas a partir
de então’. Aliás, a SPU alegou a existência de periculum in mora ao reverso, com a projeção de cenário drástico
e danoso caso o imóvel denominado ‘Pátio do Pari’ venha a ser devolvido à administração federal, relatando
que tal situação geraria ‘despesas com a guarda, manutenção e fiscalização, valores expressivos, que
acarretariam um desastre aos cofres do Estado, tendo em vista o tamanho da área e, tendo em vista os inúmeros
problemas hodiernos havidos na Feirinha da Madrugada’ (peça 19).
10. Sobre o assunto, cabe observar que o 1º aditamento ao contrato de cessão de uso (peça 2, p. 6),
firmado em 11/12/2013, previu o compromisso de a Prefeitura de São Paulo promover a publicação do edital de
convocação do procedimento licitatório até 15/12/2013. Todavia, conforme se depreende da manifestação do
Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), inserida à peça 22, houve um erro formal na redação
do termo aditivo quanto à indicação da data que deveria servir de limite para a publicação do ato convocatório.
A rigor, deveria constar o dia 15/12/2014, e não 11/12/2013. Eis as ponderações apresentadas pelo TCE/SP para
acolher a justificativa de erro formal, as quais se mostram bastante razoáveis:
Esclareceu a Origem que houve um erro formal na data constante do Termo Aditivo, uma vez que deveria
ter constado que o prazo final para publicação do edital era 15/12/2014, e não 15/12/2013, como constou. Note-
se que o Termo de Aditamento foi assinado no dia 11/12/2013, não se mostrando razoável que a União e a
Prefeitura do Município de São Paulo possam ter acordado que o edital seria publicado no prazo de 3 (três) dias
após a celebração do Termo Aditivo. Tal assertiva restou comprovada pelo Ofício encaminhado pela
Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo, fl. 726/727. Demais disso, esclareceu a Origem que as
providências para correção do erro já estavam sendo tomadas, motivo pelo qual entendo que os esclarecimentos
se mostram aptos a superar o apontamento.
11. Considerando que o Edital da Concorrência Pública 01-B/SDTE/2014 foi lançado em 12/12/2014
(posteriormente republicado em 17/7/2015), não há que se falar em desatendimento do prazo contratual para a
579

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

realização do certame a cargo da Prefeitura de São Paulo, segundo previsto no termo de aditamento acima
mencionado.
12. É de se notar, ainda, que o instrumento contratual da CDRU não estipula condição para o início da sua
vigência. Contudo, ante as particularidades do caso em apreço, isso não quer dizer necessariamente que o ajuste
está em vigor desde a sua assinatura, em 13/7/2012. No ponto, vale lembrar a regra de hermenêutica contida no
art. 112 do Código Civil, que também se aplica aos negócios jurídicos da Administração, segundo a qual ‘nas
declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem’.
13. À primeira vista, a ausência no termo contratual de que o prazo de vigência da CDRU teria início
apenas quando da assinatura do contrato de concessão pelo município pode conduzir à intelecção de que o
primeiro negócio entraria em vigor imediatamente após a sua assinatura. Essa é a interpretação que se extrai da
literalidade do acordo. No entanto, ao se perquirir a real intenção perseguida pelas partes com a contratação,
consistente na cessão de bem da União ao Município de São Paulo, para na área cedida haver exploração de
atividade de econômica por particulares, com rendimentos para o cedente, deve prevalecer a intepretação de que
essa unidade de propósitos torna indissociáveis os períodos de vigência da CDRU e da concessão municipal.
14. Dessa maneira, por não vislumbrar plausibilidade jurídica na impugnação referente à
incompatibilidade de prazos (fumus boni iuris), considero que deve ser rejeitada a medida cautelar pleiteada.
15. Em relação às possíveis irregularidades descritas na representação quanto ao Edital da Concorrência
Pública n. 01-B/SDTE/2014, elaborado pela SDTE/SP, entendo que o Tribunal de Contas da União não possui
competência para se manifestar sobre o certame conduzido pelo ente municipal. Embora os contratos de CDRU
e de concessão de obra estejam logicamente imbricados, conforme já se ressaltou, a referida unidade de
propósitos não transfere para a Corte de Contas Federal a atribuição de fiscalizar o procedimento licitatório,
bem como o contrato dele resultante, afetos à operacionalização da concessão municipal. Entender em sentido
contrário pode significar ofensa à delimitação de competências que a Constituição da República traçou para a
atuação dos órgãos de controle externo das diferentes esferas de governo.
16. No caso concreto, a atuação do TCU dirige-se ao controle da legalidade do contrato de cessão de uso
da área conhecida como ‘Pátio do Pari’, como também ao acompanhamento da sua execução, notadamente
quanto à verificação de se os bens cedidos pela União estão sendo utilizados em conformidade com a finalidade
prevista no termo contratual firmado com o Município de São Paulo.
17. Quanto à que ao julgado que serviria de fundamento para respaldar a competência do TCU para
fiscalizar a concessão municipal em comento, com o emprego de imóvel repassado pela União, há que se atentar
para os traços distintivos entre a situação apreciada por meio do Acórdão 1.606/2003-TCU-Plenário e a questão
que se examina no caso concreto.
18. Mediante o citado decisum, julgou-se processo de consulta formulada pelo Ministério dos Transportes
acerca da competência do Tribunal para a fiscalização de contratos de concessão decorrentes de delegações de
rodovias federais aos estados com base na Lei 9.277/96. O Pleno da Corte decidiu que o TCU ‘tem competência
para fiscalizar os contratos de concessão celebrados com a iniciativa privada ou administrado pelos Estados da
Federação, pelo Distrito Federal e por Municípios, ou por consórcio entre eles - compostos por rodovias federais
delegadas aos entes da Federação com base na Lei nº 9.277/96’.
19. Como se vê, na referida assentada, não se discutiu apenas a entrega de bens federais às administrações
estaduais (rodovias). A situação disciplinada pela Lei 9.277/96 envolve a delegação de serviços públicos de
titularidade da União aos Estados da Federação. Vale dizer, a jurisdição do Tribunal alcança os contratos de
concessão conduzidos pelos estados e explorados por particulares porque, no contexto da aludida norma,
transfere-se também a prestação de serviço público federal. Nesse particular reside a diferença marcante entre a
matéria decidida no Acórdão 1.606/2003-TCU-Plenário e a situação tratada nestes autos. No caso em análise,
não há qualquer serviço público de competência da União sendo entregue à administração municipal a atrair a
fiscalização do Tribunal de Contas da União quanto à execução dos serviços.
20. Por meio do contrato de cessão de bens, sob o regime da CDRU, transfere-se apenas a gestão do
patrimônio da União, com vistas à consecução de um objetivo específico, cuja realização incumbe à entidade
cessionária. Para tanto, quanto às medidas concretas que façam necessárias à exploração econômica do bem que
lhe foi confiado, a exemplo da concessão de obra, o cessionário deverá observar as normas e regulamentos
aplicáveis a sua esfera de atuação, respondendo, quanto a esse aspecto, perante os órgãos de controle locais.
21. Assim, a fiscalização do TCU deve se pautar pelas disposições estipuladas no contrato de cessão da
área do ‘Pátio do Pari’, em especial quanto ao atendimento da finalidade da contratação, sem que isso signifique
580

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

adentrar no exame de questões atinentes à concessão municipal, senão nos estreitos limites definidos pelo
contrato de CDRU.
22. Destarte, no que se refere às questões veiculadas nesta representação e examinadas na instrução
preliminar à peça 30, considerando que a regra de competência do TCU delimita a sua atuação apenas para se
manifestar sobre a incompatibilidade de prazos entre a CDRU e concessão municipal, considerando, ainda, que
essa questão envolve debate eminentemente de direito, como também a análise aqui procedida não considerou
irregular a vinculação dos referidos prazos com vistas à implementação do projeto de desenvolvimento
socioeconômico da área do ‘Pátio do Pari’, entende-se ser possível a formulação de imediata proposta de mérito,
nos termos do que dispõe o art. 276, § 6º, parte final, do Regimento Interno do TCU.
23. Adoto, com as devidas vênias de estilo, posicionamento divergente do que foi consignado na
instrução inicial à peça 30, manifestando-me pela improcedência da representação, sem prejuízo, contudo, da
formulação das comunicações abaixo sugeridas.
24. Registro, por fim, que a empresa Sice do Brasil Ltda., em 21/9/2015, protocolou nova representação
contra o Edital da Concorrência Pública n. 01-B/SDTE/2014, com pedido cautelar para a imediata suspensão do
certame (peça 23).
25. A representação versa basicamente sobre os mesmos questionamentos insertos na peça atravessada
pelo Sr. Carlos Alberto La Selva, a qual foi objeto de análise por esta Unidade Técnica. A empresa Sice do
Brasil alega que o conflito de prazos (aquele cedido pela União à Prefeitura de São Paulo e aquele cedido pela
Prefeitura de São Paulo à iniciativa privada) cria um ambiente de insegurança jurídica incompatível com o porte
financeiro do empreendimento, cuja consequência seria o desestímulo de possíveis interessadas em participar do
certame, tendo em vista o risco de a contratada ser surpreendida com a revogação da CDRU pela União, antes
do término do prazo da concessão municipal.
26. Questiona, ainda, a importância que a futura concessionária terá que pagar à empresa responsável pela
realização dos estudos que antecederam o edital, pugnando pela atualização das análises preliminares, por
entender que entre a inauguração e a conclusão do procedimento já se passaram cinco anos e nesse período a
região sofreu profundas transformações socioeconômicas, o que deve ser considerado para o prosseguimento do
certame, sob pena dessa defasagem conduzir à formulação de propostas inexequíveis.
27. Considerando a similaridade de objetos no tocante à representação que foi submetida à análise da
instrução preliminar e a peça posteriormente protocolada pela empresa Sice do Brasil (peça 23), entendeu-se por
bem autuar esta última nestes próprios autos, em atenção aos princípios da racionalidade administrativa e
celeridade processual, com vistas a conferir tratamento uniforme às impugnações oferecidas contra a
Concorrência Pública n. 01-B/SDTE/2014.
28. Por esse motivo, a representação da empresa Sice do Brasil deve seguir a mesma sorte da primeira
impugnação, tal como se propõe neste despacho, ou seja, conhecer da representação, por preencher os requisitos
de admissibilidade contidos no art. 235 do Regimento Interno do TCU; indeferir a cautelar pleiteada, em face da
ausência de demonstração de ilegalidade na coincidência dos prazos de vigência da cessão federal e da
concessão municipal (fumus boni iuris); e, no mérito, considerá-la improcedente.
29. Ante o exposto, submeto ao Secretário a seguinte proposição ao eminente Relator:
a) conhecer das representações, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237
do Regimento Interno desse Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, para, no mérito, considerá-las
improcedentes;
b) indeferir a concessão da cautelar pleiteada, haja vista a ausência de pressuposto para a adoção de tal
medida;
c) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, acompanhada do relatório e do voto que a
fundamentem, bem como da inicial da representação, da instrução inicial à peça 30 e deste pronunciamento, ao
Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), para as providências que entender cabíveis, como
também à Secex-SP e à SecexAdministração, unidades do TCU detentoras, respectivamente, da
Superintendência Regional da SPU em S. Paulo e da SPU-Unidade Central como clientela, para avaliarem a
conveniência e oportunidade de acompanhamento do processo de cessão da área da denominada ‘Pátio do Pari’
à Prefeitura Municipal de São Paulo mediante contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU), a título
oneroso (Processo 04977.012351/2011-21);
d) dar ciência do acórdão que vier a ser proferido, assim como do relatório e do voto que o
fundamentarem, à representante, ao Ministério de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), à
Secretaria de Patrimônio da União - SPU e à Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Empreendedorismo (SDTE/SP) do Município de São Paulo;


e) arquivar os presentes autos.”
7. O encaminhamento do Diretor obteve a anuência do Secretário da Secex-RJ (peça 32).
8. É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de representações ofertadas por Carlos Alberto La Selva e Sice do Brasil Ltda.,
com pedido de medida cautelar, acerca de possíveis irregularidades relacionadas à concorrência
pública 01-B/SDTE/2014, conduzida pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e
Empreendedorismo do município de São Paulo (SDTE-SP).
2. A licitação tem como objeto a concessão de obra pública para a implementação, operação,
manutenção e exploração econômica do Circuito das Compras, em área da União denominada “Pátio
do Pari”, cedida mediante contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) para a
municipalidade implementar projeto para fomento do comércio e desenvolvimento econômico e social
dos polos comerciais do centro de São Paulo.
3. Em síntese, os representantes apontam as seguintes irregularidades: incompatibilidade de
prazos entre a CDRU federal e a concessão municipal e restrição à competitividade mediante prazo
exíguo de visita técnica e limitação imotivada de participantes de consórcio.
4. As presentes representações devem ser conhecidas, porquanto presentes os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c arts. 235, caput, e 237, inciso VII e
parágrafo único, do RI/TCU.
5. Quanto ao mérito, desde logo incorporo às minhas razões de decidir o exame levado a efeito
pelo Diretor da unidade instrutiva e adotado pelo Secretário da Secex-RJ, reforçando as considerações
que julgo pertinentes.
6. O primeiro ponto diz respeito à suposta incompatibilidade de prazos entre a CDRU
estabelecida pela União em favor da Prefeitura de São Paulo e a vigência do contrato de concessão que
o município haverá de firmar com vencedor da concorrência. Quanto a isso, a controvérsia refere-se à
definição do termo inicial do prazo de vigência de 35 anos da cessão, tendo em vista que a CDRU foi
assinada em 5/7/2012, ao passo que a concessão municipal à iniciativa privada, cuja vigência também
foi fixada no mesmo período (35 anos), ainda depende do término do procedimento licitatório. Decorre
daí a conclusão inicial de que o futuro contrato de concessão municipal já estaria defasado em pelo
menos três anos em relação à CDRU da União, de forma que esse desencontro temporal acarretaria
insegurança jurídica para os atores participantes na concessão.
7. A União realizou cessão onerosa mediante contrato resolúvel em condições especiais. É fato
que o contrato de CDRU não impôs condição para início imediato da sua vigência, motivo pelo qual
desde que foi assinado, em 5/7/2012, começou a produzir determinados efeitos. Depreendo dos autos
que, por exemplo, os ônus relativos a guarda, manutenção e fiscalização da área cedida estão a cargo
da municipalidade. Diga-se de passagem, consta no contrato de CDRU que o cessionário encontra-se
com a posse do imóvel desde 22/11/2010, data em que foi celebrado Termo de Guarda Provisória entre
as partes.
8. Contudo, independentemente da data em que o direito de uso tenha sido cedido pela União ao
município, entendo que a eficácia e a vigência da CDRU, em si, estão inexoravelmente condicionadas
à realização da licitação para implementação do projeto e à consequente assinatura do contrato de
concessão a ser firmado entre a municipalidade e o vencedor da concorrência. É dizer que a assinatura
do contrato entre município e licitante vencedor é condição de eficácia para início do prazo de vigência
de 35 anos estipulado para a CDRU.
582

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. O motivo para que o prazo de vigência da CDRU apenas comece a fluir com o início do prazo
do contrato de concessão de obra no terreno do Pátio do Pari funda-se na própria razão de ser da
concessão da área ao munícipio, relacionada à consecução de projeto de desenvolvimento
socioeconômico da região, com aproveitamento econômico pela União. Parece-me lógico que haja
uma coincidência de períodos de vigência contratual como forma de viabilizar a ação pública
coordenada entre os governos federal e municipal.
10. A interpretação sobre o início da vigência da CDRU não pode estar dissociada das
circunstâncias que motivaram a sua constituição. Não é demais ressaltar que a transferência do uso do
Pátio do Pari à administração municipal foi efetuada com o propósito expresso de a Prefeitura de São
Paulo “implementar, mediante licitação, projeto para fomento do comércio e desenvolvimento
econômico e social dos polos comerciais do centro de São Paulo (...), assim como implantar
equipamentos urbanos na região”. Daí porque a CDRU em análise não pode ser considerada como um
fim em si mesmo, uma vez que foi constituída com a expectativa de exploração futura da área por
terceiro e, inclusive, disso deriva a retribuição pretendida pela União.
11. Nesse sentido, é razoável imaginar que as projeções de investimentos, custos e retorno,
sobretudo no que se refere à concepção do contrato de concessão da obra, tenham sido construídas
com base no dimensionamento do projeto para o prazo de 35 anos, de modo que a não coincidência
dos períodos de vigência da cessão federal e da concessão municipal pode levar à inviabilidade
econômica do empreendimento.
12. Pode-se buscar amparo, ainda, na regra de hermenêutica contida no art. 112 da Lei
10.406/2002 (Código Civil), aplicável aos negócios jurídicos da Administração, segundo a qual “nas
declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal
da linguagem”. Ao se perquirir a real intenção perseguida pelas partes com a contratação, consistente
na cessão de bem da União ao município de São Paulo, para na área cedida haver exploração de
atividade de econômica por particulares, com rendimentos para o cedente, deve prevalecer a
intepretação de que essa unidade de propósitos torna indissociáveis os períodos de vigência da CDRU
e da concessão municipal.
13. Ademais, também considero aplicável o princípio da boa-fé, consagrado nos arts. 113, 187 e
422 do Novo Código Civil, pelo qual está assente a necessidade de extrair das relações contratuais um
significado que mais se aproxime à ideia de confiança, honestidade, lealdade e cooperação esperada e
exigida das pessoas que se relacionam juridicamente, evitando-se dar guarida a condutas que
configurem prejuízo a uma parte em benefício da outra. A doutrina pátria leciona que a interpretação
pela boa-fé prestigia a teoria da confiança, predominando a vontade objetiva do contrato, ou seja, a
vontade aparente do negócio jurídico, de acordo com o que o homem médio entenderia a respeito do
significado das cláusulas posta em divergência.
14. Logo, considerando a especificidade de que a concessão de uso, no caso em tela, vincula-se
do ponto de vista finalístico à celebração de uma contratação futura, em que o uso do bem cedido está
diretamente relacionado a sua exploração econômica por terceiro, afigura-se como consequência
natural e esperada que se aguarde o tempo necessário à realização do procedimento licitatório para só
então começar a correr o prazo da CDRU, isto é, simultaneamente com o prazo contratual da
concessão municipal.
15. Ressalto que o entendimento defendido neste Voto vai ao encontro do interesse de todos os
envolvidos na concessão: a União, a SDTE-SP e, obviamente, o mercado competidor potencialmente
interessado na licitação. Diga-se de passagem, constam nos autos reiteradas manifestações nesse
sentido, tanto por parte da Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo (SPU-SP),
inclusive com esteio em parecer da Advocacia-Geral da União, quanto por parte da SDTE-SP.
16. De todo modo, a fim de conferir maior segurança jurídica ao negócio como um todo, julgo
prudente determinar à SPU-SP e à SDTE-SP que promovam o aditamento do contrato de CDRU para
que façam constar do instrumento jurídico a condição de eficácia para início do prazo de vigência de
35 anos estipulado para a CDRU.
583

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Dessa maneira, por não vislumbrar plausibilidade jurídica na impugnação referente à
incompatibilidade de prazos (fumus boni iuris), julgo que deve ser indeferida a medida cautelar
pleiteada pelos representantes.
18. Em relação às possíveis irregularidades descritas nas representações quanto ao edital da
concorrência pública 01-B/SDTE/2014, elaborado pela SDTE-SP, entendo que o TCU não possui
competência para se manifestar sobre o certame conduzido pelo ente municipal. Embora os contratos
de CDRU e de concessão de obra estejam intrinsicamente relacionados, tal unidade de propósitos não
transfere para esta Corte Federal a atribuição de fiscalizar o procedimento licitatório, bem como o
contrato dele resultante, afetos à operacionalização da concessão municipal. Entender em sentido
contrário pode significar ofensa à delimitação de competências que a Constituição da República traçou
para a atuação dos órgãos de controle externo das diferentes esferas de governo.
19. No caso concreto, a atuação do TCU dirige-se ao controle da legalidade do contrato de
cessão de uso da área do Pátio do Pari e ao acompanhamento da sua execução, notadamente quanto ao
atendimento da finalidade da contratação e à consequente verificação de se os bens cedidos pela União
estão sendo utilizados em conformidade com os objetivos previstos no termo contratual firmado com o
município de São Paulo, sem que isso signifique adentrar no exame de questões atinentes à licitação da
concessão municipal. Por oportuno, registro que a concessão municipal é objeto de pelo menos três
processos no Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), nos quais a continuidade do
certame foi autorizada: 72.001.944/11-30, 72.000.530/15-35 e 72.003.619/15-53.
20. Portanto, considerando que os pressupostos não se confirmaram neste caso concreto, não há
como prosperar o pedido de adoção de medida cautelar nestes autos, mesmo porque, nos termos do art.
276, § 6º, do RI/TCU, o processo já está em condições de receber pronto julgamento de mérito pela
sua procedência apenas parcial, a fim de determinar às unidades jurisdicionadas que promovam o
devido aditamento do contrato. O cumprimento da determinação deverá ser monitorado pela unidade
técnica à luz da Portaria-Segecex 27/2009.
21. Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2733/2015 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 024.139/2015-7.
2. Grupo I - Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Unidades jurisdicionadas: Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo; Prefeitura
Municipal de São Paulo.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representações ofertadas por
Carlos Alberto La Selva e Sice do Brasil Ltda., com pedido de medida cautelar, acerca de possíveis
irregularidades relacionadas à concorrência pública 01-B/SDTE/2014, conduzida pela Secretaria
Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo do município de São Paulo, cujo
objeto é a concessão de obra pública para a implementação, operação, manutenção e exploração
econômica do Circuito das Compras, em área da União denominada “Pátio do Pari”, cedida mediante
contrato de Concessão de Direito Real de Uso,
584

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:


9.1. conhecer das presentes representações, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c
arts. 235, caput, e 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;
9.2. indeferir os pedidos de medida cautelar formulados pelas representantes, ante a ausência de
plausibilidade jurídica (fumus boni iuris) na impugnação referente à incompatibilidade de prazos entre
as concessões;
9.3. no mérito, considerar as representações parcialmente procedentes;
9.4. com fulcro no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar à
Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo e à Prefeitura Municipal de São Paulo que
procedam a formalização de aditivo ao contrato de Concessão de Direito Real de Uso do imóvel
denominado Pátio do Pari a fim de fazer constar no instrumento jurídico a condição de eficácia para
início do prazo de vigência de 35 anos estipulado para a Concessão de Direito Real de Uso, com vistas
a conferir maior segurança jurídica ao negócio;
9.5. nos termos do art. 250, inciso II, in fine, do Regimento Interno do TCU, arquivar o presentes
processo, sem prejuízo do monitoramento do cumprimento das determinações.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2733-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I - CLASSE V - Plenário


TC 026.025/2014-0 [Apensos: 004.222/2015-6, 046.492/2012-7]
Natureza: Monitoramento
Órgão: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: MONITORAMENTO DOS ACÓRDÃOS 1.647/2010, 1.793/2011 e 2.601/2011,


TODOS DO PLENÁRIO, ACERCA DOS SISTEMAS SIASG E COMPRASNET. NÃO
CUMPRIMENTO E NÃO MONITORAMENTO DE ALGUMAS DETERMINAÇÕES
ENVOLVENDO O SERPRO. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA RELAÇÃO CONTRATUAL
ENTRE O SERPRO E OS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO. DETERMINAÇÃO À SEGECEX
PARA REALIZAR FISCALIZAÇÃO PREVISTA NOS ACÓRDÃOS 906/2009, 3.348/2012 E
2.393/2013, TODOS DO PLENÁRIO. ALTO ÍNDICE (89,8%) DE CUMPRIMENTO E
IMPLEMENTAÇÃO DAS DEMAIS DELIBERAÇÕES MONITORADAS. CONTRIBUIÇÃO
PARA O APRIMORAMENTO DOS SISTEMAS DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES
FEDERAIS. ENCERRAMENTO DO PROCESSO.

RELATÓRIO
585

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Por registrar com propriedade as principais ocorrências havidas no andamento deste processo,
resumindo os fundamentos das peças até então acostadas aos autos, adoto como relatório a instrução da
equipe responsável pela análise do processo (peça 69), in verbis:
“1. INTRODUÇÃO
Deliberações
1.1. A presente fiscalização foi autorizada por meio dos comandos contidos, respectivamente, nos itens
9.6 e 9.18 dos Acórdãos 1.647/2010 e 1.793/2011, ambos do Plenário do TCU. Adicionalmente, o Acórdão
2.601/2011-TCU-Plenário, por meio do item 9.4, determinou à Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da
Informação (Sefti) que prosseguisse no monitoramento do subitem 9.1.13 do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário.
Visão geral do objeto
1.2. Após a realização de um levantamento incial para conhecer as bases de dados dos sistemas Siasg e
Comprasnet (TC 012.538/2009-1, Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário), foi feita auditoria para avaliar a
consistência e a confiabilidade dos dados desses sistemas (TC 011.643/2010-2, Acórdão 1.793/2011-TCU-
Plenário).
1.3. Em virtude de comando expresso no item 9.2.1 do Acórdão 656/2011-TCU-Plenário, foi feito a priori
o monitoramento do subitem 9.1.13 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário (TC 014.474/2011-5, Acórdão
2.601/2011-TCU-Plenário) com vistas a verificar a questão da utilização de dispositivos de envio automático de
lances (robôs) em pregões eletrônicos realizados no Portal Comprasnet. Este monitoramento considerou a
deliberação em implementação e assinou prazo de sessenta dias para que a SLTI/MP adotasse as providências
necessárias ao exato cumprimento do que estabelecem o art. 3º da Lei nº 8.666/1993 e o parágrafo único do art.
5º do Decreto nº 5.450/2005 acerca da observância do princípio constitucional da isonomia.
1.4. Os Acórdãos em monitoramento contêm determinações e recomendações que tratam, dentre outros
assuntos, de aspectos de regras de negócio, segurança da informação e cadastros dos sistemas Comprasnet e
Siasg.
1.5. É importante registrar ainda que, com intuito de verificar o cumprimento do disposto no art. 7º da Lei
10.520/2002, com base nos registros dos bancos de dados Siasg e Comprasnet, foi realizada auditoria específica,
que também efetuou o monitoramento dos subitens 9.2.1.1, 9.3.2.1, 9.3.2.2, 9.5.1.1, 9.7.1 e 9.8.1 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, haja vista a potencial influência das respectivas providências adotadas sobre o objeto
da auditoria. Segue quadro resumo do resultado do monitoramento já efetuado, consubstanciado no Acórdão
754/2015-TCU-Plenário:
<<<TABELA NO ORIGINAL >>>
Quadro 1 – Situação de atendimento às deliberações– Acórdão 795/2011-TCU-Plenário
1.6. O Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg) é a ferramenta de apoio
informatizado aos processos de compras e contratações, as quais são geridas operacionalmente pelos gerentes
das Unidades Administrativas de Serviços Gerais (Uasg) de cada órgão da Administração Pública Federal
(APF).
1.7. Fazem uso do Siasg, compulsoriamente, todos os integrantes do Sistema de Serviços Gerais (Sisg),
sendo que é permitida a inscrição facultativa de outros órgãos e entidades da APF. De acordo com os arts. 1º e
2º do Decreto 1.094/1994, os órgãos e unidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional devem obrigatoriamente utilizar o sistema em seus procedimentos de compras e contratações.
1.8. O Comprasnet é o portal de compras do Governo Federal na internet que permite, mediante acesso ao
sítio www.comprasnet.gov.br, a realização de pregões eletrônicos, a obtenção de informações sobre licitações e
contratos realizados pela APF, tais como a legislação vigente e os editais publicados, além da opção para o
cadastramento dos fornecedores no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf), onde é feita a
verificação da regularidade fiscal das empresas licitantes, entre outras coisas.
1.9. O portal oferece ainda, como informações de acesso livre ao público em geral, consultas a avisos e
resultados de licitações, a extratos de contratos celebrados, a informações sobre o fornecimento de materiais e
serviços para a Administração, além da possibilidade de acompanhamento de pregões e cotações eletrônicas
cadastrados no sistema.
1.10. Como informações franqueadas aos fornecedores, embora abertas à consulta pública, oferece
cadastramento prévio, consulta ao registro cadastral, simulador de pregão e conexão com os portais dos órgãos
de arrecadação tributária.
586

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.11. Dessa forma, o Comprasnet funciona como ferramenta de apoio informatizado para a realização de
cotações eletrônicas, pregões presenciais e eletrônicos e intenções de registro de preços. Dessas funcionalidades,
a mais utilizada e relevante é a realização de pregões eletrônicos.
Objetivo
1.12. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o cumprimento e a implementação das deliberações
constantes dos Acórdãos 1.647/2010, 1.793/2011 e 2.601/2011, todos do Plenário do TCU, com vistas a
contribuir para o aprimoramento do Sistema de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e do sistema
Comprasnet, principais instrumentos gerenciadores de licitações e compras no âmbito do Governo Federal.
Metodologia
1.13. Para a realização deste trabalho, foram seguidos os normativos institucionais que tratam das
fiscalizações no âmbito do TCU, em especial os documentos intitulados ‘Padrões de Monitoramento’, aprovado
pela Portaria-Segecex 27, de 19/10/2009, e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovada por meio da
Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de 30/6/2011.
1.14. Durante a fase de planejamento desta fiscalização, foi realizada a leitura dos relatórios de auditoria
que deram origem aos Acórdãos 1.647/2010, 2.601/2011 e 1.793/2011, todos do Plenário do TCU e, para
definição do escopo do trabalho, foi feita avaliação da viabilidade de monitoramento de cada deliberação.
1.15. O art. 8º da Resolução TCU 265/2014 assim dispõe:
Art. 8° Serão monitoradas:
I - as determinações previstas no Art. 2° desta Resolução, obrigatoriamente;
II - as recomendações previstas no Art. 6° desta Resolução, a critério do Tribunal, do Relator ou da
unidade responsável técnica; e
III - as ações constantes de plano de ação encaminhado ao Tribunal pela unidade jurisdicionada.
1.16. Dessa forma, com base nas disposições contidas no art. 8º da Resolução TCU 265/2014, algumas
deliberações dos acórdãos supramencionados, não foram monitoradas, conforme segue:
1.17. Itens 9.1.2, 9.1.10 e 9.1.11 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário: determinações à SLTI/MP que
tratam de cumprimento de normativos na liquidação de despesas, monitoramento técnico de execução contratual
e aplicação de sanções por descumprimento de obrigações contratuais (Contrato 45/2005). Essas determinações,
por tratarem de cumprimento de normativos e de um Contrato muito antigo, não foram monitoradas;
1.18 Itens 9.7 e 9.8 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário: recomendações aos órgãos do Poder
Legislativo e ao Ministério da Defesa que explicitam alguns procedimentos essenciais para condução de suas
contratações, seja com relação ao uso do sistema de registro de preços, seja com relação ao planejamento da
contratação ou à fase de habilitação dos fornecedores, seja com relação ao cadastramento de seus contratos no
Siasg. Essas recomendações, em síntese, tratam de mero cumprimento de normativos, o que levou esta unidade
técnica a decidir pelo seu não monitoramento. Vale salientar que os itens 9.7.1 e 9.8.1 deste Acórdão foram
monitorados no âmbito do TC 015.239/2012-8 (item 9.9 do Acórdão 754/2015-TCU-Plenário), que tratou do
cumprimento do disposto no art. 7º da Lei 10.520/2002, nos registros dos bancos de dados Siasg e Comprasnet;
1.19 Itens 9.9 e 9.10 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário: recomendações cujo monitoramento
demandaria esforço considerável por parte da equipe de fiscalização, por envolver toda a Justiça Eleitoral, bem
como a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o que levou esta unidade técnica a decidir pelo seu não
monitoramento;
1.20 Item 9.13 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário: determinação à Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, à Superintendência Regional da Paraíba do Instituto de Colonização e Reforma Agrária e à
Fundação Universidade de Brasília que observem estritamente os limites de valores previstos para as
modalidades de licitação, em cumprimento ao disposto no art. 23, incisos I e II, da Lei nº 8.666/1993. Como
versa sobre mero cumprimento de Lei e cujo monitoramento exigiria esforço considerável da equipe de
fiscalização para analisar uma amostra de licitações realizadas em órgãos que não constituíram o foco da
auditoria original, esta unidade técnica decidiu pelo não monitoramento desta deliberação.
1.21 Ainda na fase de planejamento, para a coleta dos planos de ação atualizados, bem como das demais
informações e documentos necessários, foram encaminhados ofícios para as seguintes instituições: Secretaria de
Logística e Tecnologia da Informação (SLTI/MP) e Departamento de Coordenação e Governança das Empresas
Estatais (Dest/MP), ambos do Ministério do Planejamento, Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), Caixa Econômica Federal (Caixa), Banco do Brasil (BB), Secretaria
da Receita Federal do Brasil (RFB) e Casa Civil da Presidência da República (peças 3, 7, 8, 9, 28, 29, 32, 33 e
34).
587

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.22 A etapa de execução incluiu a análise das informações e dos documentos encaminhados para
comprovar o atendimento das determinações e das recomendações exaradas no âmbito dos acórdãos
mencionados, ressaltando-se que os documentos considerados como evidências foram incluídos como peças
eletrônicas nos autos do processo. Nos casos em que a análise realizada não foi suficiente para comprovar o
cumprimento ou implementação da deliberação monitorada, foram aplicadas outras técnicas de auditoria, tais
como entrevistas com gestores, testes de sistema e observação direta.
1.23 Registre-se, por oportuno, que também foi realizada reunião de encerramento com os gestores da
SLTI/MP, em 12/3/2015, para apresentar as conclusões obtidas pela equipe quanto ao atendimento ou não das
deliberações monitoradas.
Processos conexos
1.24 No que diz respeito aos TCs 012.538/2009-1, 011.643/2010-2 e 014.474/2011-5, cumpre registrar
que algumas peças desses processos foram utilizadas como evidências nos presentes autos.
1.25 No TC 015.239/2012-8, realizou-se monitoramento dos subitens 9.2.1.1, 9.3.2.1, 9.3.2.2, 9.5.1.1,
9.7.1 e 9.8.1 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário e seus resultados (item 9.9 do Acórdão 754/2015-TCU-
Plenário) foram aproveitados no âmbito deste monitoramento.
1.26 Quanto ao TC 046.492/2012-7, não apresentou nenhum reflexo direto sobre esta fiscalização. Ele foi
apensado ao presente processo com base no comando contido no Acórdão 1141/2013-TCU-Plenário de forma a
subsidiar o exame que viria a ser empreendido neste processo acerca do uso de robôs em pregões eletrônicos.
Configura-se como mais um dos vários casos já analisados no âmbito do TC 014.474/2011-5.
2. ANÁLISE DO ATENDIMENTO DAS DELIBERAÇÕES
ACÓRDÃO 1.647/2010-TCU-Plenário
2.1 DETERMINAÇÕES À SLTI/MP
Determinação 9.1.1: no prazo de noventa dias implemente mecanismos transparentes, seguros e
rastreáveis em seus processos de execução/pagamento que permitam verificar a quantidade e a qualidade dos
serviços prestados, incluindo-os em seus editais e contratos, em conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.1. Durante a auditoria, ao avaliar o processo de execução referente ao Contrato 45/2005, não foram
identificadas informações que permitissem, de forma direta e objetiva, a comparação entre os produtos que
deveriam ser desenvolvidos para cada demanda ou ordem de serviço (peça 43, p. 35).
2.1.2. Concluiu-se, então, que o processo administrativo formalizado que documentava a execução do
supramencionado contrato não permitia aferição dos produtos efetivamente entregues relacionados aos
pagamentos executados (peça 43, p. 36).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.3. Em resposta ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça 3), a SLTI/MP encaminhou uma planilha que
informa a situação da implementação das deliberações relativas aos Acórdãos 1.647/2010 e 1.793/2011, ambos
do Plenário do TCU.
2.1.4. Com relação ao item em análise, a SLTI/MP indica que a determinação encontra-se implementada,
uma vez que substituiu o contrato que apresentava problema pelo Contrato 74/2010, celebrado com o Serpro em
novembro de 2010 (peça 49, p. 1).
Análise
2.1.5. Importante ressaltar que o Contrato 74/2010 supramencionado já foi objeto de análise por esta
Secretaria no âmbito do TC 022.241/2010-8, que tratou de auditoria para avaliar uma amostra de contratos de
tecnologia da informação (TI) firmados entre órgãos da APF e o Serpro.
2.1.6. No relatório da mencionada auditoria, conclui-se que diversos dos problemas relatados na
contratação anterior foram continuados na nova contratação. Segue trecho do relatório que elucida tal afirmação
(peça 50, p. 6-7):
[...]
B.1.2.1. Indefinição dos serviços de produção
85. O modelo de pagamento constante do Contrato 45/2005 previu, na celebração inicial, remuneração
mediante parcela mensal fixa para os serviços de produção de sistemas dos Anexos II a XII (Anexo 5, fls. 159-
164). O pagamento de parcela mensal fixa impede que flutuações nos volumes de produção dos sistemas sejam
apuradas tempestivamente durante a execução contratual, o que pode resultar em cobrança injusta para a
contratante, conforme a própria CGTI/SPOA/MP afirmou em documento anterior à celebração do segundo
termo aditivo (Anexo 5, v. 2, fl. 517). Ademais, não constava dos Anexos II a XII a indicação de métrica, seja
588

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

baseada em unidade de negócio, seja em unidade de consumo de insumos (espaço em disco, uso de circuitos de
comunicação etc.), ou a indicação de meta (percentual de disponibilidade, tempo de resposta médio etc.) que
tenha sido utilizada na estimativa de dimensionamento dos citados serviços e, por conseguinte, que pudesse ser
usada para a determinação dos preços contratados. Cabe ressaltar que o serviço de produção do sistema Siape do
Anexo I do Contrato 45/2005 não apresentou a citada falha, pois adotou métrica baseada em unidade de negócio
para fins de sua mensuração, qual seja o número de registros processados no sistema (Anexo 5, v. 4, fl. 969).
86. A inserção gradativa de indicadores e metas para o serviço de produção de sistemas dos Anexos I, II,
III, V, VI, VII, VIII, X, XI, XII (Anexo 5, v. 4-5, fls. 963-967, 1.010-1.013, 1.017-1.024, 1.056-1.059, 1.081,
1.104-1.105, 1.115-1.117, 1.147, 1.149 e 1.151-1.152) e as alterações na mensuração dos serviços de produção
dos Anexos IV, parte do V, IX, XIII e XIV (Anexo 5, v. 4-5, fls. 1.039, 1.058, 1.145, 1.160 e 1.165),
empreendidas nos termos aditivos que se seguiram, resultaram em melhorias na mensuração dos citados
serviços. Mesmo assim, o modelo de remuneração dos serviços de produção de sistemas dos Anexos II, III,
parte do V, VI, VII, VIII, X, XI e XII (Anexo 5, v. 4-5, fls. 1.016, 1.030, 1.058, 1.089, 1.110, 1.135, 1.147,
1.150 e 1.152) continuou sendo baseado no pagamento de parcela mensal fixa, sem que constasse dos autos
analisados a indicação da métrica de mensuração dos serviços para fins de formação de seus preços.
87. Cumpre ressaltar que a irregularidade persistiu na contratação que sucedeu o Contrato
45/2005, sendo o pagamento de parcela mensal utilizado em todos os anexos do Contrato 74/2010, sem a
utilização de métricas para dimensionamento dos serviços prestados, inclusive naqueles anexos que foram
remunerados no Contrato 45/2005 com base em unidade de negócio ou unidade de processamento e/ou
armazenamento (Anexo 4, v. 1, fl. 159, CD 5, arquivos da pasta ‘\Anexos de Serviço’).
B.1.2.2. Serviços de manutenção e desenvolvimento – pagamento por hora
88. No Contrato 45/2005 e nos aditivos que se seguiram, foram constatadas falhas no método de
mensuração dos serviços de manutenção de sistemas, os quais foram remunerados por parcela fixa mensal
(consoante registrado no achado ‘D’ – Modelo de pagamento não vinculado a resultados) e por homem/hora,
bem como no método de mensuração do serviço de desenvolvimento de sistemas do Anexo III, que deixou de
ser remunerado por ponto de função e passou a ser faturado por homem/hora.
89. Os serviços de manutenção de sistemas de diversos anexos foram inicialmente remunerados por
parcela mensal fixa (Anexo 5, fls. 159-163) e passaram a ser remunerados por homem/hora gradativamente: no
primeiro termo aditivo – Anexos IV e VIII – (Anexo 5, v. 1-2, fls. 404 e 472), no segundo termo aditivo –
Anexos III e XIII – (Anexo 5, v. 3, fls. 647 e 795), no terceiro aditivo – alterados os Anexos II, IX, X, XI, XII e
incluído o Anexo XIV – (Anexo 5, v. 5, fls. 1.016, 1.145, 1.147, 1.150, 1.152 e 1.165) e, assim, continuaram no
quarto e último termo aditivo (Anexo 5, v. 4-5, fls. 1.016, 1.030, 1.039, 1.135, 1.147, 1.150, 1.152, 1.160 e
1.165). Já o serviço de desenvolvimento de sistemas do Anexo III começou sendo remunerado por ponto de
função (Anexo 5, fl. 160) e passou a ser remunerado por homem/hora desde o segundo aditivo (Anexo 5, v. 3,
fl. 647).
90. Como evidência de que essa situação perdurou até o último aditivo do Contrato 45/2005, citam-se os
serviços de manutenção de sistemas dos Anexos II, III, IV, VIII, XII e XIV, faturados nos meses de abril e
junho de 2010 (Anexo 6, v. Principal-2, fls. 80, 122, 155, 342, 547 e 620).
91. Destaca-se que a contratação que sucedeu o Contrato 45/2005 previu que os serviços de
manutenção de alguns Anexos (IV e VIII) continuassem sendo mensurados por homem/hora (Anexo 4, v.
1, fl. 159, CD 5, arquivos da pasta ‘\Anexos de Serviço’). (grifos nossos)
2.1.7. O TCU, por meio do item 9.2 do Acórdão 2.393/2011-TCU-Plenário (peça 50, p. 72), decorrente do
TC 022.241/2010-8, entendeu que o contrato que sucedeu aquele analisado durante a auditoria do sistema Siasg,
Contrato 74/2010, ainda apresentava falhas em relação à indefinição dos quantitativos em diversos dos serviços
contratados.
2.1.8. Constata-se que houve melhorias em alguns serviços, como os de desenvolvimento e manutenção
de sistemas, em que a irregularidade relacionada à indefinição do fator de ajuste que dificultava a mensuração
dos serviços efetivamente prestados foi parcialmente sanada na nova contratação, que adotou modelo de
contagem de pontos de função aderente ao CPM 4.3 (peça 50, p. 9).
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 1);
b) Relatório do Acórdão 2.393/2011-TCU-Plenário (peça 50, p. 6-7).
Conclusão
589

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1.9. Apenas parte dos problemas encontrados durante a auditoria foi de fato sanada na nova contratação
realizada pela SLTI/MP, a despeito do que o órgão informou em resposta à equipe de auditoria.
Proposta de encaminhamento
2.1.10. Considerar a determinação 9.1.1 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário parcialmente cumprida.
Determinação 9.1.3: ao contratar desenvolvimento de software utilizando a métrica de Análise de Pontos
de Função, abstenha-se de utilizar cálculo de fator de ajuste, de modo a impossibilitar alterações na remuneração
da funcionalidade medida, por se basear em interpretação subjetiva dos níveis das características gerais de
sistemas, em desacordo com o previsto no art. 54, § 1º, da Lei nº 8.666/93 e art. 2º, VIII, da IN SLTI/MP nº
4/2008.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.11. Durante a auditoria, constatou-se nas medições relativas ao Contrato 45/2005, vigente à época, a
utilização de fator de ajuste para a contagem dos pontos de função executados sem memória de cálculo para os
valores de ajuste utilizados (peça 43, p.40-41).
2.1.12. Considerou-se tal prática reprovável por agregar fator multiplicativo subjetivo ao quantitativo
medido e por não fazer parte da norma ISO 14143, além de estar em desuso pelo mercado, devido, também, à
obsolescência dos níveis de características gerais de sistemas (peça 43, p. 41).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.13. Idem aos comentários e providências especificados em cumprimento ao item 9.1.1 do Acórdão
1.647/2010-TCU-Plenário (parágrafos 2.1.3 e 2.1.4 deste relatório).
Análise
2.1.14. Como já descrito no parágrafo 2.1.8 deste relatório, houve melhoria no modelo contratual em
relação ao fator de ajuste antes adotado para a contagem dos pontos de função. No novo modelo, adotou-se
como referência o manual de contagem na versão 4.3 (peça 50, p. 9).
2.1.15. Dessa forma, considera-se que o contrato que sucedeu o analisado no âmbito da auditoria,
Contrato 74/2010, sanou o problema apontado, podendo a presente determinação ser considerada cumprida.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 2);
b) Relatório do Acórdão 2.393/2011-TCU-Plenário (peça 50, p. 6-7).
Conclusão
2.1.16. O problema relativo à adoção de fator de ajuste na metodologia de cálculo de pontos de função foi
sanado no novo modelo contratual.
Proposta de encaminhamento
2.1.17. Considerar a determinação 9.1.3 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.1.4: abstenha-se de definir regras de negócio para seus sistemas que descumpram
comandos normativos vigentes, como o estipulado no art. 7º do Decreto 5.450/2005, utilizando, caso entenda
necessário, prerrogativas para a atribuição de regramento complementar, como as atribuídas pelo art. 31 do
citado decreto, no caso do exemplo do pregão eletrônico, dando a devida publicidade, de forma a garantir a
isonomia entre os licitantes.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.18. Foram detectadas falhas na implementação da fase de encerramento aleatório, que não era fortuita
ou incerta para todos os licitantes, em descumprimento ao art. 24, § 7º, do Decreto nº 5.450/2005 (peça 43, p.
54).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.19. Em resposta ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça 3), a SLTI/MP informa que a regra de
encerramento aleatório encontra-se agora implementada no sistema (peça 49, p. 3-4).
Análise
2.1.20. Na versão mais atual do documento que especifica as regras de negócio do Pregão, verifica-se que
a fase de encerramento de um item contempla agora um período aleatório com duração de zero a trinta minutos
(peça 67, p. 33), em conformidade com o preconizado art. 24, § 7º, do Decreto nº 5.450/2005.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 3-4).
Conclusão
2.1.21. O problema primordial que a determinação buscava solucionar encontra-se devidamente sanado.
Proposta de encaminhamento
590

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1.22. Considerar a determinação 9.1.4 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário cumprida.


Determinação 9.1.5: no prazo de noventa dias, inclua, no sistema Comprasnet, regra de negócio que
impossibilite que, para um dado certame, um mesmo usuário atue como pregoeiro e como autoridade
competente, como definido no Decreto 5.450/2005, art. 8º, incisos IV, V, e VI e como estabelece a regra geral
da Lei 9.784/1999, art. 56, § 1º.
Determinação 9.1.6: verifique e corrija, para os sistemas computacionais de sua gestão, eventuais falhas
ao princípio de segregação de funções, de modo a impedir a delegação de que trata o art. 13, II, da Lei nº
9.784/1999 e de forma a observar o princípio geral do art. 56, § 1º, do mesmo diploma legal.
Situação que levou à proposição das deliberações
2.1.23. Constatou-se que era possível a atribuição simultânea dos perfis ‘pregoeiro’ e ‘homologador’ para
um mesmo usuário do Comprasnet, além de terem sido coletados exemplos de certames em que um mesmo
usuário executou atos atribuídos aos dois perfis supramencionados (peça 43, p. 57).
2.1.24. Esta situação gerava também uma incompatibilidade em relação à decisão de recursos
administrativos. Uma vez que a autoridade competente (perfil denominado homologador no sistema
Comprasnet) possui atribuições de decidir os recursos contra os atos do pregoeiro, far-se-ia necessário que os
dois perfis de usuários (pregoeiro e homologador) no sistema Comprasnet fossem segregados (peça 43, p. 55).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.25. Em resposta ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça 3), a SLTI/MP informa que a falha aponta na
auditoria foi sanada com a implementação da Demanda 033032. Além disso, ressalta que o sistema contempla a
integralidade dos requisitos contido no art. 8º do Decreto 5.450/2005 (peça 49, p. 4-5).
Análise
2.1.26. Durante os trabalhos de campo realizados na execução do monitoramento, foram realizados
diversos testes no sistema de forma a evidenciar o avanço na solução de diversos problemas apontados durante a
auditoria.
2.1.27. Em relação às determinações em análise, tentou-se atribuir os perfis necessários para a atuação
como pregoeiro e autoridade competente a um mesmo usuário do sistema. Conforme evidenciado por meio da
tela do sistema Senha-Rede que demonstra o resultado da ação, não é mais possível atribuir os dois
mencionados perfis a um mesmo usuário.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 4-5);
b) Tela do sistema Senha-Rede (peça 51).
Conclusão
2.1.28. O problema que as determinações visavam corrigir foi sanado, sendo que o sistema atual não
permite a atribuição dos mencionados perfis conflitantes a um mesmo usuário.
Proposta de encaminhamento
2.1.29. Considerar as determinações 9.1.5 e 9.1.6 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário cumpridas.
Determinação 9.1.7: ao registrar ocorrências no sistema Sicaf, segregue-as, em obediência aos princípios
da eficiência e da transparência, de forma a não reunir sobre um mesmo ‘tipo de ocorrência’ sanções que
possuam fundamentos jurídicos distintos e, consequentemente, efeitos diferentes sobre os fornecedores,
possibilitando o armazenamento do período de suspensão ou impedimento.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.30. Evidenciou-se que o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf) possuía apenas
dois tipos de registro para ocorrências impeditivas de licitar ou contratar com a Administração Pública: ‘002 -
suspensão’ e ‘021 – Suspensão órgãos não integrantes do Sisg’. Portanto, ocorrências impeditivas de licitar e
contratar distintas eram registradas com o mesmo código (peça 43, p. 61).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.31. Na planilha que contém o status de todas as deliberações dos acórdãos monitorados, a SLTI/MP
considera que esta determinação encontra-se cumprida com a implementação da Demanda 25694, uma das
funcionalidades do novo sistema Sicaf, implantado em 18/1/2011 (peça 49, p. 6-7)
Análise
2.1.32. Além do informado pela SLTI/MP na supramencionada planilha, foram analisadas as regras de
negócio atualmente implementadas no sistema Sicaf, enviadas em resposta ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça
3).
591

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1.33. Nas regras de negócio relativas a ocorrências no sistema, verifica-se que as mesmas foram
segregadas em dez tipos, contemplando desde casos de advertência até algumas espécies de impedimento para
licitar (peça 52, p. 5).
2.1.34. Não há mais apenas dois tipos de registro para as ocorrências impeditivas para licitar, como
demonstra o documento de regras de negócio (peça 52, p. 5), o que permite considerar que a nova versão do
sistema cumpre a determinação em análise.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 6-7);
b) Documento de regras de negócio do sistema Sicaf (peça 52, p. 5).
Conclusão
2.1.35. O Sicaf foi adaptado para contemplar vários tipos de impedimentos para licitar, o que é suficiente
para atendimento da presente deliberação.
Proposta de encaminhamento
2.1.36. Considerar a determinação 9.1.7 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.1.8: de acordo com o princípio da eficiência e de modo a evitar que fornecedores
impedidos possam ser habilitados em pregões eletrônicos, inclua, no prazo de noventa dias, mecanismo no
sistema Comprasnet que avise aos pregoeiros, oportunamente, caso empresas vencedoras da fase competitiva do
pregão possuam registro de suspensão ou impedimento, de acordo com os registros do Sicaf.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.37. Não foram encontradas, nas regras de negócio do Comprasnet, dispositivos que alertassem os
pregoeiros acerca de suspensões de empresas no decorrer do pregão, ficando por iniciativa exclusiva dos
gestores a consulta manual ao Sicaf, em fase posterior aos lances (peça 43, p. 60).
2.1.38. Constatou-se a ocorrência de problema decorrente da falha no sistema no Pregão Eletrônico
155/2009 do STJ (Uasg 50.001), em que o pregoeiro, após aceitar a oferta de licitante, teve que inabilitá-lo, após
consulta ao Sicaf (peça 43, p. 60).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.39. A SLTI/MP considera que o problema foi solucionado com a implementação da Demanda 25694,
que disponibilizou um link no Comprasnet para que o pregoeiro possa consultar o CNPJ de um fornecedor no
Sicaf (peça 49, p. 9-10).
Análise
2.1.40. Nota-se que o intuito da determinação não foi disponibilizar interface no sistema Comprasnet para
que o usuário, no caso o pregoeiro, efetuasse a consulta do fornecedor no sistema de cadastro, o Sicaf.
2.1.41. Na verdade, a leitura do texto da determinação deixa claro que o objetivo era a implementação de
mecanismo automático que realizasse a consulta das empresas vencedoras e trouxesse a informação para o
pregoeiro.
2.1.42. Assim, entende-se que a mera disponibilização de um link para consulta da situação do fornecedor
no sistema Comprasnet não cumpre o comando da determinação, pois a consulta permanece dependente de
iniciativa do pregoeiro, motivo pelo qual julga-se que a determinação não pode ser considerada cumprida.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 9-10).
Conclusão
2.1.43. Não foi automatizada a etapa de consulta ao cadastro de fornecedores para avaliar a existência de
impedimento de licitar, tendo sido apenas disponibilizado link para consulta.
Proposta de encaminhamento
2.1.44. Considerar a determinação 9.1.8 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário não cumprida.
Determinação 9.1.9: no prazo de noventa dias, inclua mecanismo no sistema Siasg que impeça o registro
de dispensa de licitação com fulcro nos incisos I e II do art. 24 da Lei 8.666/93 em valores superiores aos
legalmente permitidos.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.45. Constatou-se que o sistema Siasg permitia que fossem registradas dispensas de licitação com
valores superiores aos máximos estabelecidos na Lei 8.666/93, art. 24, incisos I e II. Tal impropriedade permitia
cadastro errôneo de dispensa de licitação, pela remissão a inciso incorreto ou, ainda, dispensas de licitação
ilegais (peça 43, p. 66).
Providências adotadas e comentários dos gestores
592

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1.46. A SLTI/MP alega ter cumprido a presente determinação por meio da implementação da Demanda
42665, que inseriu o controle exigido na deliberação no sistema (peça 49, p. 10).
Análise
2.1.47. Testes substantivos foram executados no sistema com o objetivo de verificar a implementação da
determinação em análise. O procedimento consistiu em tentar cadastrar uma dispensa de licitação no sistema
com base no art. 24, inciso II, da Lei 8.666/93, que possui limite de R$ 8.000,00.
2.1.48. Verificou-se, conforme tela capturada do sistema (peça 53), que o Siasg não permite, retornando
mensagem de erro pertinente, que se refere a cadastramento de dispensa com valor acima do valor estabelecido
pela legislação.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 10);
b) Tela do sistema Siasg (peça 53).
Conclusão
2.1.49. O sistema não permite mais a inserção de dispensa de licitação em valores acima dos permitidos
pela legislação.
Proposta de encaminhamento
2.1.50. Considerar a determinação 9.1.9 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.1.12: nos termos do Decreto 1.048/1994, art. 2º, incisos I e II, assegure suporte de
consultas às informações das licitações aos gestores e aos interessados, de modo dinâmico, confiável e eficaz,
por meio, por exemplo, das orientações constantes no item 1 do Acórdão 371/2008-Plenário, de forma a superar
as atuais deficiências de pesquisa do portal Comprasnet, a exemplo das seguintes: impossibilidade de pesquisa
de editais cujos objetos sejam complexos ou raros (item 9.1.12.1); impossibilidade de pesquisa textual no
conteúdo dos editais, contratos, atas e demais atos administrativos (item 9.1.12.2); impossibilidade de acesso
aos modelos de gestão contratual disponíveis em editais e contratos administrativos (item 9.1.12.3);
impossibilidade de acesso aos editais com mais de dois anos de divulgação (item 9.1.12.4).
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.51. Em virtude da necessidade de gestores e da sociedade em geral consultar editais, especialmente
aqueles que possuam objetos complexos ou raros, foram avaliados os mecanismos de consulta a tais
documentos disponibilizados no Comprasnet.
2.1.52. Verificou-se que as consultas do Comprasnet não disponibilizavam um meio de se obter tais
informações, o que poderia frustrar a confecção de melhores licitações, bem como a troca de experiência entre
gestores (peça 43, p. 72).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.53. Por meio de planilha enviada em resposta ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça 3), a SLTI/MP
alega que abriu a Demanda 83408 junto ao Serpro, com previsão de conclusão em março de 2015 para a
implementação das funcionalidades determinadas (peça 49, p. 10-11).
Análise
2.1.54. Por meio de entrevistas e testes no sistema realizados nos trabalhos de campo do presente
monitoramento, durante a sua fase de execução, constatou-se que, na verdade, o objetivo da demanda
mencionada pela SLTI/MP é disponibilizar o link para o edital da licitação no extrato de publicação do Diário
Oficial.
2.1.55. Nota-se, então, que a demanda mencionada na resposta da SLTI/MP não encontra nexo direto com
a determinação ora em análise.
2.1.56. Verificou-se, ainda, que as pesquisas do sistema ainda são realizadas em alguns campos
normalizados que devem ser inseridos quando do cadastro da licitação no sistema, como, por exemplo, objeto
do certame.
2.1.57. Já o conteúdo dos editais, apesar destes encontrarem-se armazenados de forma digital no sistema,
não pode ser pesquisado, o que impede que a determinação seja considerada cumprida, uma vez que seu intuito
era justamente disponibilizar consulta ao conteúdo dos editais cadastrados no sistema.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 10-11);
b) Consultas realizadas no sistema durante os trabalhos de campo;
c) Entrevista com os gestores responsáveis.
Conclusão
593

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1.58. Não foram disponibilizados novos mecanismos de pesquisa que possibilitem aos usuários do
sistema Comprasnet encontrarem informações do conteúdo dos editais.
Proposta de encaminhamento
2.1.59. Considerar a determinação 9.1.12 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e seus subitens não
cumpridos.
Determinação 9.1.13: no prazo de noventa dias adote meios de prover isonomia entre os licitantes do
pregão eletrônico, em relação a possível vantagem competitiva que alguns licitantes podem obter ao utilizar
dispositivos de envio automático de lances (robôs).
Determinação 9.1 do Acórdão 2.601/2011-Plenário: assinar, com fundamento no inciso IX do art. 71 da
Constituição Federal, o prazo de 60 (sessenta) dias para que a Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão adote as providências necessárias ao exato
cumprimento do que estabelecem o art. 3º da Lei nº 8.666/1993 e o parágrafo único do art. 5º do Decreto nº
5.450/2005 acerca da observância do princípio constitucional da isonomia, mediante a busca de alternativas,
além da ação mencionada nos itens 5 e 6 da Nota Técnica 112/DLSG/SLTI/MP, para implementação rápida de
mecanismos inibidores do uso de dispositivos de envio automático de lances em pregões eletrônicos conduzidos
via portal Comprasnet, estabelecendo, se for o caso, instruções complementares sobre a matéria, conforme
preconiza o art. 31 do Decreto nº 5.450/2005.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.1.60. À época do Levantamento que gerou o Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário (TC 012.538/2009-1),
o TCU já era abordado, por meio de diversas representações, acerca de possíveis prejuízos à isonomia em
pregões eletrônicos quando um dos licitantes dispunha de dispositivos de envio automático de lances. À época,
a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI/MP), gestora do sistema, já tinha conhecimento
desse tipo de uso, entretanto a solução adotada (dispositivos captcha) era facilmente contornada por robôs que
faziam o reconhecimento automático das imagens que supostamente impediriam o envio de lances no prazo
estabelecido pelas regras de negócio do sistema (peça 43, p. 73).
2.1.61. Nesse sentido, o Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário, em seu subitem 9.1.13, determinou à
SLTI/MP que adotasse meios para prover isonomia entre licitantes em relação à possível vantagem competitiva
que alguns poderiam obter ao utilizar robôs. Naquela oportunidade não foram exemplificadas sugestões de
implementação da referida deliberação, ficando a cargo do órgão gestor estudar o que poderia ser feito.
2.1.62. Contudo, no âmbito do TC 019.116/2010-1, o TCU recomendou à SLTI/MP que considerasse a
possibilidade de, no cumprimento do subitem 9.1.13 doAcórdão 1.647/2010-TCU-Plenário, utilizar as seguintes
possibilidades (Acórdão 5.432/2010-TCU-1ª Câmara):
1.6.1. tempo mínimo entre lances subsequentes, de forma que a possível utilização de robôs por um
licitante não se constitua em vantagem competitiva que elimine a isonomia no certame;
1.6.2. percentual de redução mínimo entre lances subsequentes, no intuito de que a possível utilização de
robôs por um licitante provoque uma redução significativa de preço em relação ao lance anterior.
2.1.63. Entretanto, diante do quadro que permanecia, o TCU determinou, por meio do Acórdão 656/2011-
TCU-Plenário, que a Sefti procedesse, de imediato, ao monitoramento do subitem 9.1.13 do Acórdão
1.647/2010-TCU-Plenário.
2.1.64. A equipe de monitoramento identificou que, até aquele momento, a SLTI/MP trabalhava com a
possibilidade de alteração da sistemática dos pregões eletrônicos, algo que demandaria alteração de normativos
vigentes, especialmente do Decreto 5.450/2005. Em termos tecnológicos, a solução adotada não se mostrava
suficiente, pois alterações das imagens da solução de captcha eram, com o tempo, aprendidas pelos robôs (TC
014.474/2011-5, peça 15, p. 5).
2.1.65. Como conclusão, a equipe de monitoramento considerou a deliberação em implementação e
propôs que fossem adotadas outras medidas além daquelas em curso, inclusive por meio de instruções
normativas, para que se aumentasse a incerteza de vitória de um licitante que apenas cobria os lances com
margem insignificante ao da proposta momentaneamente vencedora (Decreto 5.450/2005, art. 31, parágrafo
único).
2.1.66. Seguem trechos do relatório do monitoramento que retratam a situação encontrada à época (TC
014.474/2011-5, Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário):
3.10. ... em pregões eletrônicos conduzidos via portal Comprasnet:
a) é possível aos usuários de dispositivos de envio automático de lances (robôs) a remessa de lances em
frações de segundo após o lance anterior, o que ocorre durante todo o período de iminência do pregão;
594

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) com a possibilidade de cobrir lances em frações de segundo, o usuário do robô pode ficar à frente do
certame na maior parte do tempo, logrando assim probabilidade maior (e real) de ser o licitante com o lance
vencedor no momento do encerramento do pregão, que é aleatório;
c) ciente dessa probabilidade, que pode chegar a ser maior que 70%, o licitante usuário do robô pode
simplesmente cobrir os lances dos concorrentes por alguns reais ou apenas centavos, não representando,
portanto, vantagem de cunho econômico para a Administração.
2.1.67. Nesta linha, foi prolatado, como resultado do monitoramento do item 9.1.13 do Acórdão
1.647/2010-TCU-Plenário, o Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário, que, em seu item 9.1, assinou prazo de
sessenta dias para que a SLTI/MP adotasse as providências necessárias ao exato cumprimento do que
estabelecem o art. 3º da Lei 8.666/1993 e o parágrafo único do art. 5º do Decreto 5.450/2005 acerca da
observância do princípio constitucional da isonomia.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.1.68. A SLTI/MP editou a IN 3/2011, a qual foi posteriormente alterada pela IN 3/2013. A seguir
transcreve-se trecho da IN SLTI/MP 3/2011, em versão consolidada (grifos nossos, peça 68):
Art. 1º-A O instrumento convocatório poderá estabelecer intervalo mínimo de diferença de valores
entre os lances, que incidirá tanto em relação aos lances intermediários quanto em relação à proposta que
cobrir a melhor oferta. (Incluído pela Instrução Normativa nº 3, de 4 de outubro de 2013)
Art. 2º Na fase competitiva do pregão, em sua forma eletrônica, o intervalo entre os lances enviados pelo
mesmo licitante não poderá ser inferior a vinte (20) segundos e o intervalo entre lances não poderá ser
inferior a três (3) segundos. (Redação dada pela Instrução Normativa nº 3, de 4 de outubro de 2013)
Art. 3º Os lances enviados em desacordo com o artigo 2º desta norma serão descartados automaticamente
pelo sistema.
Análise
2.1.69. Seguem trechos do relatório do monitoramento que orientam quanto às alterações que deveriam
ser efetuadas pela SLTI/MP (TC 014.474/2011-5, Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário):
5.6. Para o caso em tela, considera-se propício que normativo do MP verse sobre a persecução da
isonomia dos licitantes envolvidos, considerando o uso de dispositivos para inserção automática de lances e
operadores humanos no mesmo certame, o que, no caso em análise, está diretamente relacionado com a
ampliação da competitividade.
5.7. Conforme descrito no item 3 deste relatório, é possível que um licitante utilizando robô tenha
resposta extremamente rápida com relação a outro participante, em percentuais que chegam a 90% de vantagem.
5.8. Além da busca pela isonomia, a solução a ser adotada deve evitar que licitantes tentem apenas cobrir
o lance de concorrentes com percentual ínfimo, estimulando-os a apresentar lances que efetivamente reduzam o
preço ofertado. Em outras palavras, o mecanismo a ser implementado deverá aumentar a incerteza de um
licitante na vitória do certame, mesmo para aqueles que contam com um robô para efetuar lances. Essa regra
deve, portanto, possibilitar que o risco de apenas cobrir uma determinada proposta por poucos reais (ou mesmo
centavos) não compense, devido à probabilidade razoável de que o certame se encerre por conta do tempo
aleatório de até trinta minutos da última etapa da fase competitiva do pregão eletrônico (Decreto 5.450/2005,
art. 7º).
...
5.11. Assim, entende-se que o MP deve definir a forma pela qual será perseguido o princípio da isonomia
no pregão eletrônico, o que poderá envolver adoção de medidas que diminuam a vantagem competitiva
atualmente existente a favor dos licitantes que utilizam robôs, em detrimento dos demais que não utilizam esse
recurso. Tal definição pode vir a ser regulamentada por instrução complementar, nos termos do art. 31 do
Decreto 5.450/2005, que definiria como a SLTI entende que garantirá a isonomia entre todos os licitantes e
introduziria regras adicionais para a inibição ou limitação do uso dos robôs.
5.12. Essa regulamentação também propiciaria, por via indireta, a persecução da competitividade do
certame, pela possibilidade de um operador humano competir com o robô. Na via finalística da licitação,
também ajudaria na busca pelo melhor preço para a administração pública, na medida em que aumentaria a
incerteza do licitante que utiliza robô, atualmente seguro em apenas cobrir discretamente os demais lances
ofertados.
2.1.70. Constata-se que a versão inicial da IN previa apenas o intervalo mínimo de vinte segundos entre
lances de um mesmo licitante. Nota-se que a SLTI/MP adicionou (art. 1º da IN SLTI/MP 3/2013 alterou a
redação do art. 2º da IN SLTI/MP 3/2011) intervalo mínimo de três segundos entre quaisquer lances, além de
595

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

facultar ao comprador o estabelecimento de diferença mínima entre os valores dos lances ofertados (art. 1º-A da
IN SLTI/MP 3/2011) (peça 68).
2.1.71. Importa ressaltar que o tema é controverso e ainda não há uma pacificação de entendimentos entre
as entidades que discutem o tema relacionado ao uso de robôs em certames públicos sobre qual seria a melhor
solução para o suposto problema. Há quem defenda a disponibilização de robôs a todos os licitantes, o que, de
certa forma, traria isonomia à competição, e também os que defendem a adoção de mecanismos que proíba
definitivamente o uso de robôs.
2.1.72. Contudo, independentemente da discussão acerca da possibilidade de uso ou não de robôs, está
evidenciado que os objetivos explicitados acima (medidas que diminuam a vantagem competitiva antes
existente a favor dos licitantes que utilizam robôs e que evitem que licitantes tentem apenas cobrir o lance de
concorrentes com percentual ínfimo) foram cumpridos com a edição da IN SLTI/MP 3/2013 e, inclusive, as
sugestões do Acórdão 5.432/2010-TCU-1ª Câmara foram consideradas (intervalos mínimos e valores mínimos).
2.1.73. Na fase de execução dos trabalhos do presente monitoramento, foram realizadas entrevistas com
os gestores que informaram que foi implantada nova funcionalidade no sistema Comprasnet, conforme
preconizado pelo novo normativo (IN SLTI/MP 3/2013). Para verificar a devida implementação da regra no
sistema, testou-se o envio de lances em intervalos menores do que o intervalo estabelecido no normativo. Na
tela capturada no sistema, verifica-se que o mesmo retorna o erro ao usuário impedindo que o lance seja
considerado válido na condução do certame (peça 54).
2.1.74. Após o estabelecimento desta sistemática, percebe-se que o TCU tem sido menos demandado em
relação ao eventual uso de robôs que comprometam a isonomia de pregões eletrônicos realizados pelo portal do
Comprasnet.
2.1.75. Ressalta-se que o portal de compras do Banco do Brasil, Licitações-e, adotou as possibilidades
constantes na IN SLTI/MP 3/2013 (Cartilha disponível em http://www.licitacoes-
e.com.br/aop/lct/help/pt_br/site_intro/CartilhaComprador.pdf). Sobre a solução adotada pelo Banco do Brasil, o
TCU prolatou o Acórdão 3.040/2014-TCU-Plenário), que considerou cumprido o item 9.3 do Acórdão
1.216/2014-TCU-Plenário, o qual havia emitido comando semelhante ao ora monitorado para o Banco do Brasil
S/A.
2.1.76. Assim, entende-se que a SLTI/MP tomou providências para que o Comprasnet possibilite aos
gestores, quando da condução de pregões eletrônicos, estabelecerem parâmetros que reduzem a vantagem
competitiva que os dispositivos automáticos de envio de lances podem ter.
Evidências
a) IN SLTI/MP 3, de 4 de outubro de 2013 (peça 68);
b) Tela capturada do Sistema Comprasnet (peça 54).
Conclusão
2.1.77. A SLTI/MP normatizou e implementou nova funcionalidade no sistema Comprasnet de modo a
aperfeiçoá-lo e tornar mais isonômica a competição, o que foi suficiente para atendimento das deliberações ora
analisadas.
Proposta de encaminhamento
2.1.78. Considerar as determinações 9.1.13 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.1 do Acórdão
2.601/2011-TCU-Plenário cumpridas.
2.2 RECOMENDAÇÕES À SLTI/MP
Recomendação 9.2.1: ao contratar desenvolvimento de software utilizando a métrica de Análise de Pontos
de Função, evite adotar, como único guia de referência para contagens, o Manual de Práticas de Contagem do
Ifpug, adicionando ao contrato cláusulas complementares que elucidem pontos em aberto, abordando, por
exemplo, tópicos como: diferenciação, em sua fórmula de cálculo, dos custos dos pontos de função para
desenvolvimento de novas funcionalidades daqueles relativos a supressões ou alterações de funcionalidades
existentes (item 9.2.1.1); diferenciação, em sua fórmula de cálculo, dos custos de pontos de função para o
desenvolvimento completo de uma funcionalidade (todas as fases do ciclo de desenvolvimento) daqueles
necessários à execução de apenas uma fase do ciclo (9.2.1.2); adoção de uma tabela de itens não mensuráveis
(item 9.2.1.3); definição das fronteiras a serem utilizadas nas contagens (item 9.2.1.4); políticas para definição
de: novas fronteiras, contagem de recursos reutilizáveis, remuneração de requisitos não funcionais e resolução
de impasses acerca das contagens (item 9.2.1.5).
Situação que levou à proposição da deliberação
596

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.2.1. Foram constatadas diversas falhas no modelo e na execução do Contrato 45/2005, que suportava o
desenvolvimento dos sistemas auditados. Dentre as falhas, podem ser citadas a ausência de diferenciação do tipo
de intervenção a ser executada no sistema, indefinição das fronteiras utilizadas nas contagens, inexistência de
política para remuneração de requisitos não funcionais, dentre outros (peça 43, p. 37-38).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.2. A SLTI/MP indica que a determinação encontra-se implementada, uma vez que substituiu o
contrato que apresentava problema pelo Contrato 74/2010, celebrado com o Serpro em novembro de 2010 (peça
49, p. 14-17).
2.2.3. Acompanha seu esclarecimento informação sobre a publicação, em novembro de 2010, de um
roteiro de contagem de pontos de função, elaborado pela SLTI/MP em parceria com os órgãos do Sistema de
Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (Sisp), e que contempla, entre outros aspectos, as
orientações dos subitens 9.2.1.1, 9.2.1.2, 9.2.1.3 e 9.2.1.5, Com relação ao 9.2.1.4, a SLTI/MP entende que
depende do objeto do contrato e, portanto deve ser especificado claramente em cláusula contratual.
Análise
2.2.4. Conforme já relatado na análise da determinação 9.1.1, constata-se que o modelo contratual atual
apresentou melhorias em alguns serviços, como os de desenvolvimento e manutenção de sistemas, em que a
irregularidade relacionada à indefinição do fator de ajuste que dificultava a mensuração dos serviços
efetivamente prestados foi parcialmente sanada na nova contratação, que adotou modelo de contagem de pontos
de função aderente ao CPM 4.3 (peça 50, p. 9).
2.2.5. Na análise da determinação 9.1.3 (parágrafos 2.1.14 e 2.1.15 deste relatório), considerou-se que os
problemas relativos à utilização de fatores de ajuste na contratação de desenvolvimento de softwares encontram-
se sanados com o novo modelo adotado no contrato atual, uma vez que o instrumento adota atualmente modelo
de contagem aderente ao CPM 4.3.
2.2.6. Dessa forma, considera-se que o contrato que sucedeu o analisado no âmbito da auditoria, Contrato
74/2010, sanou o problema apontado.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 14-17);
b) Relatório do Acórdão 2.393/2011-TCU-Plenário (peça 50).
Conclusão
2.2.7. O contrato atual adota nova sistemática de contagem, aderente ao CPM. 4.3
Proposta de encaminhamento
2.2.8. Considerar a recomendação 9.2.1 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.2.2: habilite a função de envio de avisos no sistema de pregão eletrônico do Comprasnet
durante a suspensão do certame, de modo a possibilitar que o pregoeiro envie comunicações aos fornecedores,
como aquelas relacionadas ao andamento do certame.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.9. Verificou-se que o sistema não permitia ao pregoeiro o envio de avisos aos licitantes enquanto o
pregão estava suspenso, o que poderia causar diversos inconvenientes, como a perda do prazo para
microempresas enviarem lances de desempates após a etapa de aceitação (peça 43, p. 44).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.10. Segundo resposta encaminhada pela SLTI/MP, a presente recomendação havia sido implementada
com a implantação da Demanda 42665. Contudo, em entrevista realizada com os gestores responsáveis pelo
sistema, constatou-se que a citada demanda não trata, na verdade, do envio de comunicações aos fornecedores
no sistema Comprasnet.
2.2.11. Solicitou-se, então, novamente, agora por meio do Ofício de Requisição 2-652/2014 (peça 45),
evidências da implementação da recomendação em tela ou justificativas para sua não implementação.
2.2.12. Em resposta, encaminhada por meio do Ofício 405/DELOG/SLTI/MP (peça 46), a SLTI/MP
informa, em suma, que a implementação da recomendação em análise não é conveniente nem oportuna e não
resolveria os problemas elencados no achado de auditoria que subsidiou a presente recomendação. Isto porque a
irregularidade, segundo aquela Secretaria, se deu em virtude de falha do pregoeiro, por não ter adotado os
procedimentos de acordo com o descrito nos manuais.
Análise
2.2.13. Na análise empreendida pela SLTI/MP sobre a condução do pregão citado como falho na
auditoria, percebe-se que, de fato, o mesmo não foi suspenso. O pregoeiro não realizou o procedimento de
597

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

suspensão, disponível no sistema, conforme preconiza o manual. Tal fato é demonstrado na sequência de atos
(peça 46, p. 3-4).
2.2.14. É fato que, caso o pregoeiro tivesse procedido como determina o manual, todos os licitantes
receberiam o aviso de suspensão com a provável data de reinício das atividades, visto que, para suspender a
licitação, o sistema exige que se informe uma data de retomada das atividades.
2.2.15. Diante deste cenário, a SLTI/MP finaliza sua argumentação expondo o seguinte entendimento
(peça 46, p. 5):
Diante do exposto não é conveniente e oportuna a referida alteração no Comprasnet, pois permitiria ao
Pregoeiro, realizar movimentações indevidas ou prestação de informações que não ficariam registradas na ata do
certame, e não evitaria a ocorrência de situação similar ao caso analisado.
2.2.16. Compartilha-se o entendimento esposado pela SLTI/MP quanto à recomendação ora em análise.
Dessa forma, entende-se que a falha detectada na auditoria decorreu, na verdade, da não aplicação dos corretos
procedimentos definidos em manuais pelo pregoeiro e não pela incapacidade do sistema emitir avisos enquanto
o sistema encontra-se suspenso.
2.2.17. Assim, considera-se que a justificativa apresentada pelo órgão deve ser acatada e a presente
recomendação deve ser considerada prejudicada.
Evidências
a) Ofício 405/DELOG/SLTI/MP (peça 46).
Conclusão
2.2.18. Consideram-se válidos os argumentos apresentados pela SLTI/MP. A presente recomendação não
possui mais objeto a ser analisado.
Proposta de encaminhamento
2.2.19. Considerar a recomendação 9.2.2 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário não aplicável.
Recomendação 9.2.3: instrua os pregoeiros, por meio de treinamentos e de atualização do manual do
pregoeiro, para que, no âmbito dos pregões operacionalizados pelo Comprasnet, expeçam comunicados ou
avisos aos licitantes, em tempo útil, mantendo-os informados acerca das próximas etapas do certame,
especialmente aquelas sem prazo definido, como a de aceitação de objeto.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.20. Em virtude de diversos potenciais problemas decorrentes da falta de comunicação entre pregoeiro
e licitantes, em especial em relação ao envio de avisos para manter, constantemente, todos os participantes,
informados a respeito de novas movimentações no certame, entendeu-se necessário exarar a presente
recomendação (peça 43, p. 44-45).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.21. Em resposta encaminhada para atender ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça 3), a SLTI/MP
informa ter implantado funcionalidades de envio automatizado de avisos nos procedimentos de suspensão e
reabertura do certame (peça 49, p. 20-12).
Análise
2.2.22. Nota-se que o problema a ser endereçado era o mesmo relatado na recomendação anterior. Como
ficou constatado que, na verdade, o problema decorreu de falha na aplicação dos procedimentos pelo pregoeiro e
não por deficiências no sistema, o mesmo raciocínio pode ser aqui utilizado.
2.2.23. Caso o pregoeiro adote corretamente os procedimentos, em todas suspensões e reaberturas do
certame, os fornecedores serão notificados, não havendo que se falar em falhas ou oportunidades de melhoria,
neste caso específico, no sistema.
2.2.24. Assim, entende-se que se perdeu o objeto de análise da presente recomendação, assim como
ocorrido na deliberação anterior.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 20-12);
b) Ofício 405/DELOG/SLTI/MP (peça 46).
Conclusão
2.2.25. A presente recomendação perdeu o objeto de análise, não cabendo conclusão acerca de sua
implementação.
Proposta de encaminhamento
2.2.26. Considerar a recomendação 9.2.3 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário não aplicável.
598

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Recomendação 9.2.4: avalie a possibilidade de incluir no sistema Comprasnet, nas opções do fornecedor,
informações tempestivas acerca dos certames em que este está participando, permitindo a ele identificar as
próximas etapas em que sua ação pode ser necessária, para os diversos pregões em que esteja cadastrado.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.27. Em virtude da ausência de uma tela que apresentasse as informações consolidadas a respeito de
todos os certames que um determinado fornecedor está participando, entendeu-se pertinente a implementação de
funcionalidade no sistema que permitisse uma visualização desta maneira (peça 43, p. 46).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.28. Em resposta ao Ofício 816/2014-TCU/Sefti (peça 3), a SLTI/MP apresentou os seguintes
argumentos a respeito desta recomendação (peça 43, p. 21):
Atualmente o fornecedor recebe todas as informações referente aos pregões que está participando,
indicando as etapas que deverá atuar. Inclusive os pregões agendados, suspensos, em andamento e finalizados.
Análise
2.2.29. Para testar a implementação informada pela SLTI/MP, durante os trabalhos de campo foram
coletadas algumas telas do sistema que corroboram a informação prestada.
2.2.30. Na tela inicial de acesso de fornecedores, tem-se as opções iniciais básicas, dentre elas,
acompanhar a aceitação/habilitação/admissibilidade (peça 55). Clicando nesta opção, abre-se uma tela com
informações a respeito de todos os certames em que o fornecedor encontra-se cadastrado, com um conjunto de
informações sucinto de cada um dos pregões (peça 56).
2.2.31. Por fim, ao se clicar em um dos certames listados, é apresentada outra tela com todos os itens da
licitação escolhida, podendo o fornecedor agir da maneira que lhe for mais apropriada (peça 57).
2.2.32. Constata-se, assim, que o comando da recomendação foi atendido, uma vez que existe agora no
sistema uma tela para o fornecedor que consolida as informações a respeito de todos os certames em que está
participando, melhorando sobremaneira a usabilidade do sistema.
Evidências
a) Telas do sistema (peças 55-57).
Conclusão
2.2.33. O sistema apresenta informações consolidadas para o fornecedor sobre todos os certames em que
este se encontra cadastrado.
Proposta de encaminhamento
2.2.34. Considerar a recomendação 9.2.4 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.2.5: verifique a conveniência e oportunidade de realizar estudo com o objetivo de
aprimorar a usabilidade do sítio Comprasnet, de acordo com as boas práticas de mercado, a exemplo de evitar:
retorno vazio para órgãos e entidades que utilizam outros sistemas (item 9.2.5.1); existência de órgãos
duplicados em consultas (item 9.2.5.2); pesquisa de pregões presenciais restritivas (item 9.2.5.3); necessidade de
multiplicar quantitativos durante inserção de proposta (item 9.2.5.4).
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.35. Em virtude da constatação de diversas oportunidades de melhoria de usabilidade no sistema
Comprasnet, concluiu-se que o sistema poderia não estar sendo uma ferramenta eficiente para os usuários, razão
pela qual foi exarada a presente recomendação (peça 43, p. 49).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.36. A respeito destes itens, a SLTI/MP encaminhou a seguinte resposta (peça 49, p. 21-22):
Item 9.2.5.1: o atendimento à determinação desse item restou prejudicado, uma vez que não é possível
obter o retorno para órgãos e entidades que utilizam outros sistemas, devido a grande diversidade de sistemas
existentes. Para permitir a troca de informações com outros órgãos, estão disponibilizadas estruturas XML para
os módulos SIDEC, SICON, SISPP e CATMAT.
Item 9.2.5.2: não se verificou a incidência de órgãos duplicados;
Item 9.2.5.3: verifica-se que o pregão presencial tem caído em desuso ao longo do tempo, o que coaduna
com a legislação vigente. Por esse motivo, as atualizações têm sido priorizadas para o pregão eletrônico, onde se
verifica o pleno atendimento desse item;
Item 9.2.5.4: o sistema funciona atualmente da seguinte forma: o fornecedor envia os dois valores
(unitário e global). Portanto, o próprio fornecedor faz essa multiplicação. Se assim não for, e o sistema fizer essa
multiplicação, caso o fornecedor informe um valor unitário errado, o sistema considerará, baseado no valor
unitário informado, um valor global errado. Com isso, o fornecedor poderá alegar que o sistema o levou ao erro.
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Análise
2.2.37. Verifica-se que, em relação ao primeiro item, a SLTI/MP alega inviabilidade técnica. Em virtude
do grande número de sistemas existentes, a implementação de funcionalidade que retorne qual sistema o órgão
utiliza, mostra-se de fato, inviável.
2.2.38. Quanto à incidência de retorno duplicado para pesquisa de órgãos, não há mais incidência deste
tipo de inconsistência. Sobre os pregões presenciais, justifica a inviabilidade de se implementar novas
funcionalidades para a modalidade com base na baixa taxa de uso deste tipo de licitação, o que de fato se
verifica.
2.2.39. Por último, tem-se a possibilidade aventada de o sistema calcular o valor global de acordo com o
quantitativo de cada item. A SLTI/MP alega que, caso implementasse a funcionalidade, poderia haver casos de
informação errada de preço unitário, que refletiria no preço global. Segundo a SLTI/MP, o fornecedor poderia,
então, culpar o sistema por tê-lo induzido ao erro. Portanto, o órgão considera que a necessidade de preencher os
dois campos mostra-se, na verdade, como uma etapa de conferência necessária para que o fornecedor não envie
informações erradas ao sistema.
2.2.40. Nota-se, então, que apenas foi, de fato, resolvido o problema relativo ao retorno duplicado em
pesquisas. As demais alterações propostas não foram implementadas, tendo sido devidamente justificadas, fato
que faz com que deva se considerar a recomendação em tela não mais aplicável.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 21-22).
Conclusão
2.2.41. A recomendação em tela não mais se aplica, tendo em vista as justificativas apresentadas pelo
órgão.
Proposta de encaminhamento
2.2.42. Considerar a recomendação 9.2.5 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário não aplicável.
Recomendação 9.2.6: mantenha atualizada a documentação de sistemas e de usuários, conforme boas
práticas (Cobit 4.1, objetivo de controle AI6.5), considerando a criação de artefatos para os sistemas antigos,
especialmente aqueles críticos e complexos, como o Siasg, a exemplo dos seguintes documentos: dicionário e
modelo de dados do Siasg (item 9.2.6.1); casos de uso e regras de negócio do Siasg (item 9.2.6.2); documento
de requisitos não funcionais do Comprasnet (item 9.2.6.3); documento de visão do DW-Siasg (item 9.2.6.4);
manual de usuário do Sicaf (item 9.2.6.5).
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.43. Foram encontradas deficiências nas atualizações de artefatos, tais como manual de usuário e
documentação de sistemas (peça 43, p. 51).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.44. A SLTI/MP enviou as seguintes informações a respeito da documentação de sistemas e usuários
(peça 49, p. 25-27):
O sistema de compras possui legado das informações considerando os artefatos dos sistemas antigos. Os
módulos do sistema SIASG por serem muito antigos originalmente não possuem documentação, porém a
medida que este vem sendo manutenido, a equipe de desenvolvimento vem confeccionando documentos das
funcionalidades alteradas.
Atualmente, o desenvolvimento de sistemas pelo SERPRO utiliza-se do padrão PSDS, que é compatível
com o atendimento das determinações exaradas pelo TCU, inclusive quanto à atualização de documentação dos
sistemas.
Está disponível no Portal de Compras do Governo Federal o manual do SICAF, no endereço
www.comprasgovernamentais.gov.br - Gestor de Compras - Publicações - Manuais SIASGNet.
Análise
2.2.45. Nota-se que a justificativa enviada pelo órgão auditado apresenta como principal argumento para a
deficiência na documentação do sistema, o fato de existir um legado de artefatos de sistemas antigos que não
foram documentados à época de seu desenvolvimento.
2.2.46. De fato, não faz sentido documentar agora um sistema muito antigo que, possivelmente, será
migrado para plataforma baixa, devido ao enorme esforço que a tarefa demandaria. Assim, na migração e nos
novos desenvolvimentos, todos os procedimentos relativos ao processo de desenvolvimento de software do
Serpro deverão ser respeitados, fazendo com que os novos sistemas sejam devidamente documentados, visto
600

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

que, segundo a SLTI/MP, a etapa de documentação é parte do processo de desenvolvimento de sistemas do


Serpro.
2.2.47. Por último, no que diz respeito ao manual de usuário para o sistema Sicaf, procede a informação
sobre a existência de documento de auxílio ao usuário para a utilização do sistema, disponível online.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 25-27).
Conclusão
2.2.48. As justificativas para não implementar a recomendação em análise procedem, uma vez que
desenvolver documentação para um sistema legado que deverá, em um futuro próximo, ser descontinuado, de
fato não é eficiente. Apenas em relação ao manual de usuário para o Sicaf, a SLTI/MP cumpriu a
recomendação.
Proposta de encaminhamento
2.2.49. Considerar a recomendação 9.2.6 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário não aplicável.
Recomendação 9.2.7: de modo a evitar equívocos de interpretação, disponibilize as restrições de consulta
e convenções relacionados ao DW-Siasg, mencionadas, por exemplo, no documento de especificação de regras
de negócio.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.50. Pelo fato de o DW-Siasg ser um banco de dados obtido por meio de extração personalizada dos
sistemas originais (módulos do Siasg), é importante, ao utilizar os resultados das consultas, considerar o
conjunto de regras/restrições que se encontravam listadas no documento de especificação de regras de negócio
do sistema. Dessa forma, entendeu-se oportuna a promoção da publicidade deste documento aos usuários deste
sistema (peça 43, p. 27-28).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.51. A SLTI/MP informa que somente possuem acesso ao DW-Siasg os servidores que participam de
treinamento específico para sua utilização. Segundo o órgão, tal medida tem como resultado evitar equívocos de
interpretação e dar tratamento adequado às informações obtidas por este sistema (peça 49, p. 27).
Análise
2.2.52. A tratativa dada pelo órgão de fato mitiga os riscos de má interpretação dos resultados obtidos por
meio da extração de dados da ferramenta. Uma vez que se trata de sistema específico que demanda usuários
com maior nível de conhecimento para usufruir de seus resultados, considera-se adequada a solução dada pela
SLTI/MP.
2.2.53. Com o treinamento prévio dos usuários, pode-se garantir que os mesmos conheçam as limitações
do sistema, conhecendo as bases de dados que o alimentam, e mitigar os riscos decorrentes da má interpretação
dos resultados apresentados pelo DW-Siasg.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 27).
Conclusão
2.2.54. As justificativas apresentadas pela SLTI/MP (liberação de acesso ao sistema apenas àqueles que
participam de treinamento específico) são consideradas suficientes para atendimento da presente deliberação.
Proposta de encaminhamento
2.2.55. Considerar a recomendação 9.2.7 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.2.8: verifique a conveniência e oportunidade de atualizar a Portaria Normativa
SLTI/MP 4/2002, para que inclua os novos perfis de usuários disponíveis no sistema.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.56. Foram detectados perfis cadastrados no sistema diferentes daqueles listados na portaria que tratava
de normatizar o controle de acesso (peça 43, p. 32).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.57. Sobre a presente recomendação, a SLTI/MP limitou-se a informar que havia iniciado a atualização
do normativo, que tinha data prevista de conclusão para janeiro de 2015 (peça 49, p. 28).
Análise
2.2.58. Até a finalização dos trabalhos de campo do presente monitoramento, a SLTI/MP informava que a
atualização do normativo ainda não havia sido finalizada. Não foi disponibilizada à equipe de monitoramento
qualquer minuta da norma ou algo similar.
Evidências
601

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a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 28).


Conclusão
2.2.59. Não foi evidenciada ação do órgão para atualizar a Portaria Normativa SLTI 4/2002, o que induz a
considerar a presente deliberação como não implementada.
Proposta de encaminhamento
2.2.60. Considerar a recomendação 9.2.8 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário não implementada.
Recomendação 9.2.9: de forma a possibilitar o intercâmbio de informações de ocorrências de licitantes
entre os distintos cadastros de fornecedores, notadamente as impeditivas de licitar e contratar, implemente
procedimentos de envio remoto, por exemplo, utilizando web services.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.2.61. Relatou-se na auditoria que o sistema Sicaf não contemplava o registro de ocorrências, a exemplo
das impeditivas de contratar, de órgãos ou entidades não integrantes do Sisg e que optaram por ter cadastro
próprio nos termos da Lei 8.666/1993, art. 34, § 2º. Tal fato também ocorria para os cadastros pertencentes às
outras esferas administrativas (peça 43, p. 64).
2.2.62. A falta de um cadastro unificado de ocorrências possibilitaria a contratação de pessoa impedida de
licitar e contratar com a Administração Pública, a exemplo das sanções previstas no art. 7º da Lei 10.520/2002 e
do inciso IV do art. 87 da Lei 8.666/1993 (peça 43, p. 64).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.2.63. A respeito da presente recomendação, a SLTI/MP enviou as seguintes informações (peça 49, p.
28-29):
Em implementação pela demanda 84141, que irá integrar, via web service, o sistema do TCU/CNJ, e pela
demanda 85025 que possibilitará aos Gestores Públicos do SISG possibilidade de consultar o CEIS - CGU, por
intermédio de link que será criado no Portal de Compras Governamentais - Comprasnet. Previsão para
conclusão desta demanda em 2015.
Análise
2.2.64. Nota-se que encontram-se em implementação, com previsão de conclusão em 2015, as demandas
que visam integrar o sistema com os bancos de dados do TCU, CNJ e CGU. Estes são, de fato, os principais
bancos de informações sobre empresas inabilitadas em âmbito nacional.
2.2.65. Contudo, nota-se que o comando da recomendação sugere também a integração com bases de
outras esferas administrativas, como estados e municípios. Entende-se que os esforços de integração, após
concluídas as iniciativas em andamento, devem continuar para promover uma rede nacional de informações e
evitar que o poder público contrate empresas que foram punidas e não devem celebrar contratos com os entes
públicos.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 28-29).
Conclusão
2.2.66. Verifica-se que há tratativas em andamento para integração com três bases em nível federal, com
previsão para conclusão em 2015.
Proposta de encaminhamento
2.2.67. Considerar a recomendação 9.2.9 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário em implementação.
2.3 RECOMENDAÇÃO À CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Recomendação 9.3: promova ações com vistas a propor projeto legislativo com o objetivo de tornar
efetivas as sanções suspensivas e de declaração de inidoneidade a fornecedores previstas na legislação, tendo em
vista a falta de obrigatoriedade de alimentação de um cadastro único de sancionados pelos diversos órgãos e
entidades das esferas administrativas.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.3.1. Na mesma linha das falhas descritas para a recomendação 9.2.9, concluiu-se na auditoria que a
ausência de um cadastro único de inabilitados a contratar com o poder público impossibilitava consignar
efetividade à legislação que impede que empresas com tais restrições participem de seus processos licitatórios
(peça 43, p. 63-64).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.3.2. Por meio do Ofício 0927/2014-TCU/Sefti (peça 33), questionou-se a Casa Civil a respeito das
tratativas dadas à presente recomendação. Em resposta, encaminhada por meio do Ofício 808/SE-C.Civil/PR
(peça 39), informa-se que a recomendação foi implementada, com a edição da Lei 12.846/2013.
602

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Análise
2.3.3. O supramencionado ato normativo, Lei 12.846/2013, dispõe sobre a responsabilização
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública.
2.3.4. O art. 23 do mencionado normativo assim dispõe:
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de
governo deverão informar e manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional de Empresas
Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público, instituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados
relativos às sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 da Lei no 8.666, de 21 de junho
de 1993.
2.3.5. Constata-se que o dispositivo criou a obrigação para todos os entes da República de alimentar um
sistema único de cadastro de empresas inidôneas e suspensas. Considera-se, então, que a recomendação em
análise foi atendida.
Evidências
a) Lei 12.846/2013.
Conclusão
2.3.6. Considera-se que o art. 23 da Lei 12.846/2013 deu pleno atendimento ao comando da
recomendação em análise.
Proposta de encaminhamento
2.3.7. Considerar a recomendação 9.3 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário implementada.
ACÓRDÃO 1.793/2011-TCU-Plenário
Com intuito de verificar o cumprimento do disposto no art. 7º da Lei 10.520/2002, com base nos registros
dos bancos de dados Siasg e Comprasnet, foi realizada auditoria específica, que também efetuou o
monitoramento dos subitens 9.2.1.1, 9.3.2.1, 9.3.2.2, 9.5.1.1, 9.7.1 e 9.8.1 do Acórdão 1.793/2011-TCU-
Plenário, haja vista a potencial influência das respectivas providências adotadas sobre o objeto da auditoria (TC
015.239/2012-8). O quadro resumo do resultado deste monitoramento, consubstanciado no Acórdão 754/2015-
TCU-Plenário, encontra-se no parágrafo 1.5 deste relatório.
2.4 DETERMINAÇÕES À SLTI/MP
Determinação 9.2.1.2: oriente os gestores dos órgãos integrantes do Sisg a respeitarem os limites
previstos no art. 8º, caput e § 3º, do Decreto 3.931/2001.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.1 No âmbito das contratações registradas no módulo de registro de preços do Siasg (SISRP), foram
identificadas 9.430 ocorrências de aquisições cuja soma dos empenhos emitidos pela unidade administrativa de
serviços gerais (Uasg) contratante superava em 25% o valor máximo estabelecido pelo no art. 8º, caput e § 3º,
do Decreto 3.931/2001, normativo regulamentador do Sistema de Registro de Preços (SRP) e que estava vigente
à época em que o Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foi prolatado.
2.4.2 Verificou-se, também, que o módulo Sistema de Minuta de Empenho (Sisme) do Siasg somente
criticava as quantidades registradas nos empenhos emitidos por unidades gerenciadoras da ata de registro de
preços ou por demais participantes do certame licitatório, não havendo qualquer validação no que tange às
aquisições feitas por órgãos e entidades que não fizeram parte do planejamento conjunto da licitação.
2.4.3 Constatou-se, ainda, que mesmo os controles que validavam as quantidades dos bens e serviços
empenhados eram insuficientes para a evitar a irregularidade em questão, tendo em vista a inexistência de
críticas dos valores monetários dos empenhos que excediam o quantitativo máximo permitido no referido
Decreto, o que possibilitava que qualquer órgão emitisse empenhos cuja a soma dos valores fosse superior a
25% do valor registrado na respectiva ata de registro de preço.
2.4.4 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens 9.2.1.2,
9.2.3 e 9.5.1.2 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.5 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o subitem
9.2.1.2 do referido acórdão havia sido atendido da seguinte forma (peça 15, p. 4):
2.4.5.1 por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de Planejamento, Orçamento e
Administração dos órgãos do Sistema de Serviços Gerais (Sisg), em 25/8/2011;
2.5.2 mediante mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do Sistema de Administração de Serviços
Gerais (Siasg) a todas as unidades usuárias do sistema, em 29/8/2011.
603

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Análise
2.4.8 Preliminarmente, cabe ressaltar que o Decreto 3.931/2001 foi revogado pelo Decreto 7.892/2013,
que, por sua vez, manteve o limite de 100% do quantitativo registrado na ata de registro de preços em aquisições
realizadas por órgão ou entidade da Administração Pública Federal (APF) não participante do certame,
conforme disposto no § 3º do art. 22. Entende-se, portanto, que o novo regulamento de contratações mediante
registro de preços não altera a necessidade de atendimento da deliberação ora analisada.
2.4.9 O Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos Subsecretários de Planejamento,
Orçamento e Administração, conforme informado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15),
recomendava o cumprimento das determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.2, 9.2.8 e 9.3.5 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário. Consta à peça 16, p. 1-3, a cópia deste Ofício-Circular enviada à Agência Brasileira
de Inteligência (Abin).
2.4.10 Quanto à mensagem enviada por meio do ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9), cabe explicitar o
seu funcionamento. Conforme consta do item 2.3.31 do Relatório que deu origem ao citado acórdão, o referido
módulo permite a troca de mensagens eletrônicas por meio dos terminais do Siasg, entre os gestores de compras,
para a realização de consultas e divulgação de informações de interesse do setor. Esse serviço possibilita agilizar
a divulgação de orientações normativas do órgão central, por meio de avisos e circulares, que podem ser
simultaneamente transmitidos aos órgãos e entidades da administração federal em todo o território nacional.
2.4.11 Assim sendo, considerando que o ‘Comunica’ é um canal informatizado de alcance nacional e
amplamente utilizado pelos gestores de compras do Siasg, entende-se que a mensagem enviada pela SLTI/MP
por meio desse módulo foi suficiente para orientar os seus órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação
ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 4);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.12 O novo regulamento do SRP não altera a necessidade de atendimento da deliberação ora analisada
e as providências adotadas pela SLTI/MP foram consideradas suficientes para atendê-la.
Proposta de encaminhamento
2.4.13 Considerar a determinação 9.2.1.2 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.1.3: oriente os gestores dos órgãos integrantes do Sisg, quando se tratar de contratação
mediante adesão à ata de registro de preço, a realizarem ampla pesquisa de mercado, visando caracterizar sua
vantajosidade sob os aspectos técnicos, econômicos e temporais, sem prejuízo de outras etapas do planejamento,
conforme previsto no art. 15, § 1º, da Lei 8.666/1993 c/c os arts. 3º e 8º, caput, do Decreto 3.931/2001 e no item
9.2.2 do Acórdão 2.764/2010-TCU-Plenário.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.14 No que tange a contratações de bens realizadas mediante registro de preço, foram detectadas
diversas ocorrências em que a soma dos valores de minutas de empenhos relativas a um determinado item
fornecido pela empresa contratada era superior à soma dos preços das quantidades registradas em ata.
2.4.15 Em especial, destacaram-se dois casos em que a soma das quantias empenhadas por Uasgs que
adquiriram determinado bem superaram muito o limite de valor e de quantitativo consignados na ata de registro
de preços correspondente (23.482,78% e 229,76% respectivamente). Ademais, muitas das minutas de empenho
emitidas para essas aquisições foram feitas por Uasgs que não tinham participado da licitação que culminou na
assinatura das atas de registro de preços, isto é, foram emitidas por Uasgs ‘caronas’.
2.4.16 À época da auditoria, avaliou-se que uma possível causa para a ocorrência desse tipo de prática
consistia na relativa facilidade de adesão às atas de registro de preços por parte dos ‘caronas’, conforme
possibilitava o caput do art. 8º do Decreto 3.931/2001, vigente à época da auditoria que culminou no Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário.
2.4.17 Apesar de as situações anteriormente mencionadas não terem sido caracterizadas, por si só, como
irregularidades à época da auditoria, elas demonstram que os fornecedores daqueles itens venderam um
quantitativo muito maior do que o inicialmente previsto pelo conjunto de Uasgs que participaram do
planejamento da licitação para registro de preços.
2.4.18 Nesse sentido, concluiu-se que a adesão indiscriminada às atas poderia acarretar contratações
menos vantajosas do ponto de vista econômico, tendo em vista que se o quantitativo desses órgãos estivesse
604

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

incluído no total a ser licitado, o fornecedor teria condições de oferecer um preço inferior, proporcionando
maior economia de escala para a APF. Ademais, poderia haver o risco de conluio entre os gestores do órgão
gerenciador da ata e determinado licitante, o que fere o princípio da isonomia e da moralidade pública, ambos
insculpidos no caput do art. 3º da Lei 8.666/1993.
2.4.19 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens
9.2.1.3 e 9.5.1.3 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.20 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 4), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.1.3 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
Análise
2.4.21 De início, cabe destacar que, diferentemente do regulamento antigo do SRP (Decreto 3.931/2001),
o Decreto 7.892/2013 impôs um quantitativo máximo de bens ou serviços que podem ser adquiridos por meio
de adesões a atas de registro de preços. Com efeito, o art. 22, § 4º, da aludida norma dispõe que:
O instrumento convocatório deverá prever que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de
preços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro
de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do número de órgãos não participantes
que aderirem.
2.4.22 Embora ainda se considere elevado o limite global de 500% do quantitativo de bens e de serviços
registrados em ata que podem ser adquiridos por um conjunto de órgãos ou entidades não participantes da
licitação, entende-se que a mencionada alteração no regulamento do SRP consiste em um passo importante no
combate à prática das adesões indiscriminadas a atas de registro de preços no âmbito da APF.
2.4.23 A despeito disso, o novo Decreto não dispensa a necessidade de as instituições públicas federais
continuarem realizando ampla pesquisa de mercado visando comprovar a vantajosidade da contratação por meio
de registro de preços, conforme se depreende da leitura do art. 7º, caput, c/c art. 9º, inciso XI, do Decreto
7.892/2013, razão pela qual persiste a obrigatoriedade de cumprimento da deliberação ora analisada.
2.4.24 Dessa forma, a exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 4);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.25 O novo regulamento do SRP não altera a obrigatoriedade de cumprimento da deliberação ora
analisada e as providências adotadas pela SLTI/MP foram consideradas suficientes para atendê-la.
Proposta de encaminhamento
2.4.26 Considerar a determinação 9.2.1.3 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.1.4: oriente os gestores dos órgãos integrantes do Sisg, quando atuarem como
gerenciadores de atas de registro de preço, a não aceitarem a adesão após o fim da vigência das atas, em atenção
ao art. 4º, caput, e § 2º, do Decreto 3.931/2001.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.27 Foram identificadas 321 ocorrências de contratos celebrados entre a APF e fornecedores mediante
SRP após o fim da vigência da ata que registrava o preço do bem ou do serviço adquirido, mesmo considerando
eventuais prorrogações do prazo de validade do aludido documento, o que ia de encontro ao disposto no art. 4º,
caput, c/c o §2º do Decreto 3.931/2001.
2.4.28 Considerando a legislação afeta ao registro de preços vigente à época da auditoria, entendeu-se que
o propósito de se estabelecer a validade da ata de registro de preços era definir um limite de tempo no qual os
preços registrados para o bem ou serviço estivessem compatíveis com aqueles praticados no mercado, a fim de
preservar a vantajosidade da contratação, sobretudo do ponto de vista econômico.
605

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.4.29 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens
9.2.1.4, 9.2.4 e 9.5.2 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.30 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.1.4 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
Análise
2.4.31 O novo regulamento do SRP manteve o prazo de validade da ata de registro de preços previsto no
Decreto 3.931/2001, isto é, não superior a doze meses, incluídas eventuais prorrogações. Nesse sentido,
considerando que o referido prazo estabelece um limite temporal após o qual torna-se juridicamente impossível
celebrar novos contratos com base nos preços praticados em uma determinada ata, entende-se que a
fundamentação normativa que deu origem ao item 9.2.1.4 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário não foi
alterada à luz do novo regulamento que rege a matéria, motivo pelo qual persiste a necessidade do cumprimento
da deliberação ora analisada.
2.4.32 Assim sendo, a exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.33 O novo regulamento do SRP não altera a obrigatoriedade de cumprimento da deliberação ora
analisada e as providências adotadas pela SLTI/MP foram consideradas suficientes para atendê-la.
Proposta de encaminhamento
2.4.34 Considerar a determinação 9.2.1.4 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.1.5: oriente os gestores dos órgãos integrantes do Sisg a verificarem, durante a fase de
habilitação das empresas, a existência de registros impeditivos da contratação no Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas/CGU, disponível no Portal da Transparência
(http://www.portaltransparencia.gov.br), além da habitual pesquisa já realizada no módulo Sicaf do sistema
Siasg, em atenção ao art. 97, caput, e parágrafo único, da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.35 Durante a execução da auditoria, foram identificados diversos casos em que a APF realizou
contratações de empresas que constavam do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis),
mantido pela Controladoria Geral da União (CGU). Essa conduta é tipificada como crime, tanto por parte dos
gestores quanto das empresas licitantes, conforme disposto no caput e no parágrafo único do art. 97 da Lei
8.666/1993.
2.4.36 Apesar de o Ceis não ser completo, pois, à época, não incluía registros de sanções de todos os
estados e municípios brasileiros, verificou-se a existência de registros de sanções a empresas que não constavam
no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf). Como o Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário já
havia tratado do assunto, entendeu-se que cabia apenas determinar aos órgãos governantes superiores que
orientassem os órgãos sob sua jurisdição a verificar a existência de registros impeditivos da contratação de
determinado fornecedor no Ceis.
2.4.37 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens
9.2.1.5 e 9.5.1.5.1 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.38 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.1.5 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
606

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
Análise
2.4.39 A exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.40 As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.2.1.5 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.4.41 Considerar a determinação 9.2.1.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.1.6: oriente os gestores dos órgãos integrantes do Sisg a verificarem a composição
societária das empresas a serem contratadas no sistema Sicaf, a fim de certificarem se entre os sócios há
servidores do próprio órgão contratante, abstendo-se de celebrar contrato nessas condições, em atenção ao art.
9º, inciso III, da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.42 A partir da execução de cruzamento de dados, foram encontradas 3.921 minutas de empenho que
tinham como favorecidas, à época de suas respectivas emissões, empresas em que pelo menos um de seus sócios
era servidor público do próprio órgão contratante. Também foram identificados indícios de 733 contratos
firmados com empresas que teriam entre seus sócios servidores públicos pertencentes aos quadros funcionais
das próprias instituições contratantes. Ressalte-se que a participação de servidor público em licitações, ainda que
indireta, é vedada pelo inciso III do art. 9º da Lei 8.666/1993.
2.4.43 Durante a auditoria, entendeu-se que, em função do seu vínculo econômico e financeiro com o
fornecedor, o servidor público do órgão contratante que possui a condição de sócio da licitante participa
indiretamente do certame. Ademais, considerou-se que a vedação estabelecida no aludido dispositivo legal era
objetiva e, portanto, a irregularidade em questão independia da existência ou não de atuação do servidor no
processo licitatório.
2.4.44 Registre-se, por oportuno, que algumas dessas ocorrências foram averiguadas de forma mais
aprofundada. Em certos casos, os indícios foram confirmados. Em outros, verificou-se a existência de resultados
falso-positivos, devido, principalmente, a informações desatualizadas sobre a composição societária das
empresas constantes da base do CNPJ.
2.4.45 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens
9.2.1.6 e 9.5.1.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.46 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.1.6 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
Análise
2.4.47 A exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
607

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).


Conclusão
2.4.48 As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.2.1.6 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.4.49 Considerar a determinação 9.2.1.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.1.7: oriente os órgãos integrantes do Sisg a cadastrarem seus contratos no Siasg, em
atenção ao art. 19, § 3º, da Lei 12.309/2010.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.50 Foram identificados cinco contratos que não foram registrados no Siasg pelos órgãos públicos
contratantes, mais especificamente no módulo Sistema de Gestão de Contratos (Sicon).
2.4.51 Essa prática sinaliza desconformidade com recorrentes comandos inseridos nas Leis de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), a exemplo do art. 19, § 3º, da Lei 12.309/2010, que determinam a todos os órgãos da
Administração Pública Federal, integrantes dos orçamentos fiscal, da seguridade social, e de investimento das
estatais, a registrarem os respectivos contratos no Siasg. Além disso, tais órgãos deixaram de atender a
determinações expressas do TCU para que procedessem à adequação desses cadastramentos.
2.4.52 No entanto, entendeu-se que não era possível criar controles no próprio Siasg que obrigassem os
administradores a cadastrarem todos os contratos firmados no referido sistema. Primeiro porque o Siasg apenas
reflete as informações do mundo real, não sendo ele responsável por gerar os próprios contratos. Segundo
porque existem situações nas quais os próprios contratos são facultativos, pois são passíveis de serem
substituídos por outros instrumentos, não sendo necessários para emissão de notas de empenho ou ordens
bancárias.
2.4.53 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens
9.2.1.7 e 9.5.1.9 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.54 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5-6), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.1.7 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
Análise
2.4.55 A exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5-6);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.56 As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.2.1.7 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.4.57 Considerar a determinação 9.2.1.7 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.2.1: oriente os órgãos integrantes do Sisg acerca da impossibilidade de adesão a atas de
registro de preços provenientes de licitações de administração estadual, municipal ou distrital, por falta de
amparo legal, em atenção à Orientação Normativa – AGU 21, de 1/4/2009.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.58 Mediante pesquisa realizada na base de dados de empenhos do exercício de 2010 (até 13/7/2010)
do sistema Siafi, foram encontrados empenhos emitidos a fornecedores que haviam sido contratados por meio
de adesões a atas de registro de preço estadual ou municipal. Tal prática contraria a Orientação Normativa 21,
de 1/4/2009, da Advocacia Geral da União (AGU), cuja fundamentação se baseia na ausência de previsão legal
608

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para esse tipo de adesão, violando, assim, o princípio da legalidade expresso no caput do art. 37 da Constituição
Federal.
2.4.59 Entendeu-se, também, que os requisitos a serem observados no âmbito de uma licitação federal são
mais amplos que os de uma licitação de outra esfera de governo. Nesse sentido, a adesão à ata de registro de
preço gerenciada por órgão estadual, municipal ou distrital pode não atender aos requisitos que o gestor público
federal obrigatoriamente deve seguir caso ele opte por efetuar a compra mediante processo licitatório, sem
adesão à referida ata.
2.4.60 No que tange à jurisprudência do TCU sobre o assunto, não foi encontrada, à época da auditoria,
posicionamento acerca da validade jurídica da adesão à ata de registro de preço gerenciada por entes estaduais,
municipais ou distritais. Verificou-se, ainda, que parte da doutrina entendia ser viável tal prática, embora possa
ser sustentada, sob aspecto jurídico, a necessidade de norma autorizativa específica.
2.4.61 Ante o exposto, concluiu-se pela impossibilidade de que instituições públicas federais façam
adesões a atas de registro de preços provenientes de outras esferas administrativas, motivando, assim, a
determinação ora em análise. Diante disso, o TCU deliberou pela expedição da determinação e da
recomendação contidas nos itens 9.2.2.1 e 9.5.1.4 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, respectivamente.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.62 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 6), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.2.1 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
2.4.63 A SLTI/MP também informou que o MP não concede a usuário do Siasg perfil de inclusão de atas
de registros de preços cujos pregões foram realizados por esfera estadual, municipal ou distrital.
Análise
2.4.64 O § 8º do art. 22 do Decreto 7.892/2013 dispõe que ‘É vedada aos órgãos e entidades da
administração pública federal a adesão a ata de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade municipal,
distrital ou estadual’. Nesse sentido, o entendimento que subsidiou o item 9.2.2.1 do Acórdão 1.793/2011-TCU-
Plenário foi positivado em vista do novo regulamento do SRP, motivo pelo qual reforça-se a necessidade de
cumprimento da deliberação ora analisada.
2.4.65 Diante disso, a exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 6);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.66 As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.2.2.1 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.4.67 Considerar a determinação 9.2.2.1 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.2.2: oriente os órgãos integrantes do Sisg a executarem adequadamente o processo de
planejamento de suas contratações a fim de bem estimarem os quantitativos de bens e serviços a serem
contratados, evitando a necessidade de firmar aditivos com acréscimo de valor em prazo exíguo, baseado no art.
65, § 1º, da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.68 Foram identificadas 659 ocorrências de contratos cujos termos aditivos acresceram em 25% o
valor contratado em um intervalo de até 180 dias contados da celebração inicial. Entendeu-se que o uso de todo
o percentual de acréscimo possibilitado pelo art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 em prazo tão exíguo sugeria falha
de planejamento das quantidades que deveriam ser contratadas, o que ia de encontro à diretriz presente no art. 8º
da referida lei, bem como contrariava a jurisprudência do TCU à época da execução da auditoria (Acórdãos
838/2004, 2.094/2004, 117/2006, 304/2006, todos do Plenário).
609

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.4.69 Além disso, considerou-se que essa conduta pode ter comprometido a lisura do procedimento
licitatório que deu origem à contratação possivelmente subdimensionada, caso algum dos licitantes soubesse de
antemão das pretensões de acréscimo da Administração
2.4.70 Ante o exposto, o TCU deliberou pela expedição da determinação e da recomendação contidas nos
itens 9.2.2.2 e 9.5.1.7 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, respectivamente.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.71 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 6), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o
subitem 9.2.2.2 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de
Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do
Siasg a todas as unidades usuárias.
Análise
2.4.72 A exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 6);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.73 As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.2.2.2 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.4.74 Considerar a determinação 9.2.2.2 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.3: promova alterações no sistema Siasg com vistas a impedir que as Uasgs emitam
empenhos cuja soma de seus valores seja superior ao limite máximo estabelecido no art. 8º, § 3°, do Decreto
3.931/2001, explicitando o valor máximo a ser empenhado para cada item, ou institua controles compensatórios
capazes de evitar a ocorrência dessa irregularidade.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.75 Situação já descrita na análise da determinação 9.2.1.2 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário
(parágrafos 2.4.1 a 2.4.4 deste relatório).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.76 A SLTI/MP informou que o ‘Siasg não mais permite que o participante extraordinário (carona)
emita empenhos em quantidade superior a 100% da quantidade licitada (empenho original)’ (peça 15, p. 4). E
acrescentou que o sistema bloqueia tentativas de compra superior a 100% da quantidade originalmente
contratada (peça 15, p. 7 e peça 49, p. 32).
2.4.77 Durante os trabalhos de campo, em entrevista realizada com os gestores responsáveis, a equipe de
monitoramento também foi informada a respeito da implementação do limite máximo a ser empenhado em cada
ata.
2.4.78 Contudo, informou-se que tal controle é realizado por meio dos empenhos realizados no Siasg.
Logo, entidades não pertencentes ao Sisg que realizam empenho fora deste sistema e aderem a atas, não se
submetem a este tipo de controle, a exemplo das empresas estatais.
Análise
2.4.79 Por meio da tela capturada (peça 58) em simulação realizada no sistema durante os trabalhos de
campo, nota-se que o sistema criticou, no momento de criar uma minuta de empenho no Siasg, a adesão a uma
ata em que a quantidade adquirida ultrapassava o limite de cinco vezes a quantidade prevista no item.
2.4.80 Tal limitador foi implementado em decorrência da publicação do Decreto 7.892/2013, que
prescreveu, no art. 22, §4º, a seguinte limitação:
O instrumento convocatório deverá prever que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de
preços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro
de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do número de órgãos não participantes
que aderirem.
610

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.4.81 Importa ressaltar que o controle do quantitativo já adquirido, como informado pelos gestores
responsáveis, é realizado por meio do total empenhado no sistema Siasg, aplicando-se às entidades que emitem
empenho por meio deste sistema. No caso de entidades que não realizam empenho no Siasg, o sistema não
aplica os controles pertinentes, não limitando então o quantitativo máximo de contratação vinculado a uma ata
de registro de preços.
2.4.82 Apesar da possibilidade de adesão além do limite permitido, por entidades que não realizam
empenhos por meio do Siasg, entende-se que o escopo da presente determinação restringe-se ao Siasg. Assim,
considera-se que a SLTI/MP já implantou os controles possíveis para mitigar a ocorrência de adesões acima dos
limites estabelecidos, em concordância com o comando da deliberação em análise.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 4, 6-7);
b) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 32);
c) Tela capturada do Siasg (peça 58);
d) Decreto 7.892/2013.
Conclusão
2.4.83 Verifica-se que houve evolução normativa sobre o tema relacionado ao limite de adesões a atas de
registros de preços, tendo sido publicado o Decreto 7.892/2013, que limitou as adesões ao quíntuplo dos
quantitativos incialmente previstos.
2.4.84 Tal limitação foi implementada no sistema, que impõe limites ao quantitativo contratado com base
nos empenhos realizados no Siasg.
Proposta de encaminhamento
2.4.85 Considerar a determinação 9.2.3 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.4: implante controles no sistema Siasg de modo a não permitir a aquisição de bens e
serviços oriundos de adesão a registro de preço após o fim da vigência da respectiva ata, de forma a observar o
disposto no art. 15, § 3º, da Lei 8.666/1993 e ao art. 4º, caput e § 2º, do Decreto 3.931/2001, ou institua
controles compensatórios capazes de evitar a ocorrência dessa irregularidade.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.86 Situação já descrita na análise da determinação 9.2.1.4 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário
(parágrafos 2.4.27 a 2.4.29 deste relatório).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.87 A SLTI/MP informou que o ‘sistema não mais permite geração de empenhos originais fora da
vigência da ata’ (peça 15, p. 5, 7).
Análise
2.4.88 Em tela capturada durante os testes realizados em campo (peça 59), verifica-se que o sistema
critica a emissão de nota de empenho para uma ata com vigência expirada, apontando a mensagem de erro
‘VIGÊNCIA DA ATA JÁ EXPIROU’.
2.4.89 Considera-se, então, que tal controle é suficiente para limitar a ocorrência das irregularidades
relatadas no achado de auditoria que deu origem à presente determinação.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 5, 7);
b) Tela capturada (peça 59).
Conclusão
2.4.90 Foi inserido controle no Siasg para crítica da data de validade da ata de registro de preços, que
impossibilita emissão de empenho quando da vigência expirada.
Proposta de encaminhamento
2.4.91 Considerar a determinação 9.2.4 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.5: crie controles no sistema Comprasnet a fim de impedir que participem de um
certame empresas cujos sócios sejam membros da respectiva comissão de licitação, em cumprimento ao art. 9º,
inciso III e § 4º, da Lei 8.666/1993, ou institua controles compensatórios capazes de evitar a ocorrência dessa
irregularidade.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.92 Executou-se procedimento de auditoria, por meio de cruzamento de dados, com o intuito de
identificar se membros de comissões de licitação (pregoeiros, membros da equipe de apoio, homologadores, etc
611

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

registrados no Comprasnet), estariam participando de forma indireta de licitações das quais fossem os próprios
responsáveis, mantendo algum tipo de relação com as empresas licitantes.
2.4.93 Foram encontrados dez pregões em que a situação acima descrita de fato havia ocorrido, fato que
motivou a presente deliberação (peça 47, p. 46-47).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.94 Conforme Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP, a SLTI/MP informou que, com a implantação do
novo Sicaf, em janeiro/2011, o sistema faz essa verificação no Siape, acusando a existência de CPF de servidor
da APF na composição societária das empresas licitantes (peça 15, p. 7).
2.4.95 Questionados os gestores em entrevista, os mesmos informaram que o sistema não criticava a
presença de empresas com sócios que participam da comissão de licitação do certame.
Análise
2.4.96 Constatou-se nos trabalhos de campo que o sistema emite apenas avisos relacionados a empresas
participantes que possuam sócios em comum entre elas e de que um sócio de empresa participante é servidor
público. Realizada simulação no sistema verificou-se que realmente o mesmo não apresenta críticas se um
membro da comissão de licitação de um determinado certame fizer parte do quadro societário de uma empresa
fornecedora na mesma licitação.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 7);
b) Entrevista com os gestores;
c) Testes no sistema.
Conclusão
2.4.97 Verifica-se que a situação atualmente encontrada é a mesma identificada durante a auditoria,
concluindo-se, que não foram envidados esforços para dar cumprimento à presente determinação.
Proposta de encaminhamento
2.4.98 Considerar a determinação 9.2.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário não cumprida.
Determinação 9.2.6: crie controles no sistema Siasg de forma a não permitir o registro de licitações em
modalidades incompatíveis com os valores previstos na legislação, em atenção ao princípio da legalidade
contido no caput do art. 37 da Constituição Federal e ao disposto nos incisos I e II do art. 23 da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.99 Como resultado da execução do procedimento de cruzamento de dados durante a auditoria, que
visava verificar se haviam sido realizadas licitações em modalidades incompatíveis com o valor estimado da
contratação, foram identificadas 123 ocorrências cujos valores estimados estavam superiores ao limite máximo
estabelecido pela Lei de Licitações para a modalidade utilizada. Desses certames, identificaram-se 114 convites
e nove tomadas de preços que foram realizados com valores estimados acima daqueles previstos nos incisos I e
II do art. 23 da Lei 8.666/1993 (peça 47, p. 55).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.100 A situação encontrada aqui é similar à relatada no parágrafo 2.1.46 deste relatório. A diferença
somente refere-se aos limites, que aqui são relacionados à modalidade licitatória. Em entrevista com os gestores,
informou-se que, por meio da mesma demanda, a SLTI/MP implementou tais controles.
Análise
2.4.101 Foram efetuados testes no sistema de forma a verificar os controles e críticas no caso de inserção
de valores maiores do que os previstos nas respectivas modalidades.
2.4.102 O sistema apresentou resultados pertinentes de recusa de valores acima dos permitidos pela
legislação para cadastro das licitações em cada uma das modalidades testadas (peça 53).
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 8);
b) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 33);
c) Testes no sistema (peça 53).
Conclusão
2.4.103 O sistema não permite mais a inserção de modalidades de licitação em valores acima dos
permitidos pela legislação.
Proposta de encaminhamento
2.4.104 Considerar a determinação 9.2.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
612

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Determinação 9.2.7: implemente controle no sistema Comprasnet que impeça o uso da prerrogativa de
efetuar lance de desempate em pregões, conforme art. 44, § 2º, da Lei Complementar 123/2006, para
microempresas e empresas de pequeno porte que não se enquadrem em faturamento condizente com o definido
no art. 3º da mencionada Lei Complementar, utilizando como referência o somatório de ordens bancárias
sacadas no último exercício, constantes no sistema Siafi, ou institua controles compensatórios com vistas a
evitar essa irregularidade.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.105 Foram encontradas diversas ocorrências de microempresas (ME) e empresas de pequeno porte
(EPP) que, apesar de serem beneficiárias de ordens bancárias em somatório superior ao limite estabelecido pelo
art. 3º, inciso II, da Lei Complementar 123/2006 (lance desempate), utilizaram o benefício previsto no art. 44, §
2º, da referida lei no âmbito de processos licitatórios (peça 47, p. 57).
2.4.106 Identificou-se o caso de um fornecedor que efetuou o lance de desempate em um certame
realizado em 2009 mesmo tendo faturamento superior a R$ 10 milhões no ano anterior. Verificou-se, ainda, que
algumas empresas usufruíram irregularmente deste benefício em várias licitações num período superior a um
ano (peça 47, p. 58).
2.4.107 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens
9.2.7, 9.2.8, 9.2.11 e 9.2.12 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.108 Conforme Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP, a SLTI/MP informou que o Comprasnet é
integrado à base Receita Federal do Brasil (RFB), da qual extrai a informação de faturamento bruto (exercício
anterior) que enquadra uma empresa como ME/EPP, a fim de materializar a prerrogativa de se efetuar lance de
desempate em pregões (peça 15, p. 8).
2.4.109 A SLTI/MP entende que o mecanismo sugerido por esta determinação identificaria os valores
recebidos junto ao Governo Federal, contudo não identificaria os valores recebidos junto à iniciativa privada,
persistindo a possibilidade de contratação de uma empresa indevidamente declarada ME/EPP (peça 15, p. 8).
2.4.110 Em entrevista com os gestores responsáveis pelo sistema, os mesmos informaram que não foram
dadas tratativas a respeito da presente determinação, uma vez que a situação atual permite que a RFB aprimore
sua base de dados de forma a garantir que as informações repassadas via sistema ao Sicaf reflita a verdadeira
situação cadastral das empresas.
2.4.111 Foi abordado ainda o fato de a atualização cadastral junto à RFB acontecer com periodicidade
anual, o que, segundo os gestores da SLTI/MP, é um prazo longo, uma vez que uma empresa poderia atingir
faturamento superior ao permitido para micro e pequenas empresas em apenas um mês e continuar usufruindo
dos benefícios na licitação por mais onze meses.
Análise
2.4.112 Entende-se que assiste razão à SLTI/MP quando informam que não possuem responsabilidade
sobre o cadastro de empresas, de competência da RFB.
2.4.113 A solução paliativa determinada consistia em fazer um cruzamento com as ordens bancárias, fato
que, como o próprio relatório de auditoria constata, somente controlaria o faturamento das empresas junto a
órgãos públicos que utilizam o Siafi.
2.4.114 Com o advento da nota fiscal eletrônica, a RFB pode agora controlar, com critérios temporais
bem menores, o faturamento das micro e pequenas empresas. Assim, a solução mais adequada para o problema
mostra-se na gestão mais eficiente do cadastro de empresas por parte da Receita Federal.
2.4.115 Com uma gestão mais eficiente, o cadastro disponibilizado pela RFB ao Sicaf estaria sempre
atualizado, impedindo que as empresas que superarem o limite de faturamento das micro e pequenas usufruam
dos benefícios concedidos àquele nicho de empresas nos certames públicos.
2.4.116 Uma vez que a situação atual, com o advento da nota fiscal eletrônica e possibilidade de um
controle maior da RFB sobre o cadastro de empresas, difere sobremaneira daquela encontrada durante a
auditoria, entende-se que a deliberação em tela perdeu seu objeto, não se justificando mais o esforço de realizar
cruzamento com as ordens bancárias do Siafi para sanar o problema de uso indevido do lance de desempate.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 8);
b) Entrevista com gestores.
Conclusão
613

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.4.117 Verifica-se que, com o advento da nota fiscal eletrônica, a Secretaria da Receita Federal do Brasil
pode promover uma gestão mais adequada de seu cadastro de empresas, fornecendo informações mais
fidedignas ao Sicaf, de modo que as micro e pequenas empresas que ultrapassem o limite de faturamento não
usufruam dos benefícios assegurados àquele nicho empresarial nos certames públicos.
Proposta de encaminhamento
2.4.118 Considerar a determinação 9.2.7 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário não aplicável.
Determinação 9.2.8: em observância ao art. 44 da Lei Complementar 123/2006, para modalidades de
licitação diferentes de pregão eletrônico, oriente os integrantes do Sisg a verificar no Portal da Transparência
(http://www.portaldatransparencia.gov.br), quando da habilitação de microempresas e de empresas de pequeno
porte que tenham utilizado a prerrogativa de efetuar lance de desempate, se o somatório dos valores das ordens
bancárias recebidas pela empresa, relativas ao seu último exercício, extrapola o faturamento máximo permitido
como condição para esse benefício, conforme art. 3º da mencionada Lei Complementar.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.119 Situação já descrita na análise da determinação anterior (item 9.2.7, parágrafos 2.4.105 a 2.4.107
deste relatório).
2.4.120 Considerando que, à época da auditoria, era possível verificar os valores pagos às pessoas físicas
e jurídicas por meio de consulta ao Portal da Transparência (http://www.portaldatransparencia.gov.br) dos
gastos diretos do Governo Federal, o Plenário do TCU deliberou pela expedição desta determinação e da
determinação constante do item 9.5.1.8 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário (peça 47, p. 59).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.121 Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o subitem
9.2.8 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de Planejamento,
Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do Siasg a todas as
unidades usuárias.
Análise
2.4.122 A exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
c) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15, p. 9);
d) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
e) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.4.123 As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.2.8 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.4.124 Considerar a determinação 9.2.8 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
Determinação 9.2.9: em conjunto com a STN/MF, crie controles para restringir que membros do Sisg
efetuem empenhos diretamente no sistema Siafi, em desacordo com o art. 2º da IN – SLTI/MP 1/2002, ou
institua controles compensatórios com vistas a evitar a ocorrência dessa irregularidade.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.4.125 Os órgãos integrantes do Sisg devem realizar o cadastro de seus empenhos pelo Siasg, conforme
dispõe o art. 2º da IN SLTI/MP 1/2002.
2.4.126 Entretanto, na auditoria foram identificados empenhos emitidos por integrantes do Sisg
diretamente no sistema Siafi durante o exercício de 2010. Tal prática impedia que regras estabelecidas para os
membros do Sisg fossem verificadas no sistema Siasg, prejudicando a integridade de seus dados (peça 47, p.
62).
2.4.127 O registro direto no Siafi permitia, por exemplo, que a identificação da compra não fosse feita ou,
se realizada, restringia-se a campo texto no sistema, o que impossibilitava, mais uma vez, a verificação da
compra por meio de controles automatizados.
614

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.4.128 Ante o exposto, o Plenário do TCU deliberou pela expedição das medidas contidas nos itens 9.2.9
e 9.2.14 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.4.129 Os gestores responsáveis pelo Siasg informaram em entrevista que foram implementados
controles no sistema, de forma que o Siafi bloqueie a emissão de empenhos diretamente neste sistema de
execução financeira.
2.4.130 O fluxo necessário agora passa pela criação de uma nota de empenho no Siasg, necessariamente
vinculada a um procedimento licitatório já finalizado, para que, somente depois, sejam cadastrados os devidos
documentos no Siasg para que possa ser dado início à execução financeira do contrato por meio do Siafi.
Análise
2.4.131 As funcionalidades informadas foram testadas durante os trabalhos de campo. Inicialmente
tentou-se criar um empenho diretamente no Siafi, sem antes ter feito o procedimento correto no Siasg. A tela
capturada do Siafi apresenta a mensagem de erro que informa que a emissão da nota de empenho é permitida
somente por meio do Siasg ou do portal (peça 60).
Evidências
a) Tela capturada (peça 60).
Conclusão
2.4.132 Constata-se, então, que os controles demandados na presente determinação foram implantados
nos sistemas, de forma que a emissão de empenho diretamente no Siafi foi bloqueada.
Proposta de encaminhamento
2.4.133 Considerar a determinação 9.2.9 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário cumprida.
2.5 RECOMENDAÇÕES À SLTI/MP
Recomendação 9.3.1: promova alterações no módulo SISRP do sistema Siasg, a fim de que sejam
registradas as informações de todas as empresas que vierem a ser convocadas pela Administração para
fornecimento de bem ou prestação de serviço decorrente de registro de preços, de modo que não sejam perdidas
as informações dos primeiros convocados quando houver a necessidade de emitir empenhos para os demais
fornecedores, à semelhança do preconizado no objetivo de controle AI 2.3 - Controle e Auditabilidade do
Aplicativo - do Cobit 4.1.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.5.1. A auditoria detectou inconsistências nas informações do Sistema de Registro de Preços (SISRP) do
Siasg. O procedimento de auditoria executado visava verificar se, em compras decorrentes de registro de preços
constantes do Siasg, os favorecidos das minutas de empenho emitidas pelos órgãos contratantes eram
fornecedores que não estavam incluídos na respectiva ata (peça 47, p. 15).
2.5.2. Verificou-se que, pelo fato de o sistema não consignar todos os dados, segundo a ordem de
colocação dos licitantes, mas apenas o do primeiro colocado, fazia com que, nos casos em que era necessário
convocar o segundo ou posteriores classificados, estes não figuravam como fornecedores na ata analisada.
Tratava-se, então, de inconsistência de informações do sistema, não sendo possível analisar se havia
irregularidade na convocação dos fornecedores (peça 47, p. 15-16).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.5.3. Na planilha da SLTI/MP, registra-se que esta recomendação foi atendida e que ‘atualmente o
sistema permite que haja alteração do CNPJ quando há necessidade de emitir empenhos para os demais
fornecedores que não o primeiro – caso de remanescentes’. Isto é feito mantendo todos os registros de
empenhos já realizados (peça 49, p. 34-35).
2.5.4. Ademais, nos trabalhos de campo, os gestores responsáveis pelo Siasg informaram que os
problemas relatados na auditoria foram solucionados com a implantação do módulo de formação de cadastro
reserva no Comprasnet.
2.5.5. A documentação que aborda as funcionalidades e define o fluxo de informações neste módulo
encontram-se no manual acostado aos autos na peça 61.
Análise
2.5.6. Segundo o manual do módulo de formação de cadastro reserva no Comprasnet, a autoridade
competente, no momento de homologação, terá disponível a ferramenta de formação de cadastro reserva (peça
61, p. 2).
2.5.7. No momento em que a autoridade competente convoca os fornecedores para formação do cadastro,
o sistema envia e-mail para todos os fornecedores que não tiveram suas propostas recusadas.
615

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.5.8. Na visão do fornecedor, será agora disponibilizada a opção de registrar intenção de participar do
cadastro reserva (peça 61, p. 6). Decorrido o prazo para que os fornecedores registrem intenção de participar do
cadastro reserva, resta agora à autoridade competente realizar a gestão do cadastro (peça 61, p. 11).
2.5.9. Ao finalizar as operações, o sistema cria uma lista com todos os fornecedores aptos ao
fornecimento dos itens cadastrados na ata, de forma que o histórico de fornecimento não se perca, nem haja
dúvidas a respeito da execução contratual no caso de convocação do segundo e demais colocados, uma vez que
todas as informações destes fornecedores agora constarão da ata.
Evidências
a) Planilha da SLTI/MP (peça 49, p. 34-35);
b) Manual do cadastro reserva (peça 61).
Conclusão
2.5.10. Foram sanados os problemas de cadastro reserva em registros de preço.
Proposta de encaminhamento
2.5.11. Considerar a recomendação 9.3.1 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.3.2.2: promova alterações no sistema Comprasnet visando possibilitar a consulta da
quantidade de vezes em que as empresas participantes de um certame licitatório foram anteriormente
desclassificadas e permitir acesso às respectivas atas, com o intuito de subsidiar a instauração de processos
administrativos contra aquelas que vêm recorrentemente infringindo atos tipificados no art. 7º da Lei
10.520/2002;
Situação que levou à proposição da deliberação
2.5.12. À época da auditoria, foram constatadas diversas situações de empresas que, recorrentemente,
desistiram do certame licitatório de forma repentina e injustificada após serem convocadas pelo pregoeiro para o
encaminhamento de documentação de habilitação ou de planilhas de preços ajustadas aos seus lances. Essa
conduta, além de ser passível de sanção legal, conforme disposto no art. 7º da Lei 10.520/2002, acabava
retardando o andamento das licitações, bem como tinha o potencial de frustrar o certame ou provocar
contratações por valores potencialmente inflacionados.
2.5.13. Entendeu-se, ainda, que reiteradas desclassificações injustificadas de um mesmo conjunto de
empresas sem qualquer ação dos órgãos e entidades contratantes sugeria uma expectativa de impunidade perante
a Administração. Concluiu-se, portanto, que os gestores das instituições públicas contratantes, por dever de
ofício, deveriam proceder à abertura de processo administrativo contra as empresas que estivessem incorrendo
nesse tipo de infração, sob pena de sofrerem sanções administrativas e penais previstas na legislação pertinente
(art. 71, inciso XI, da Constituição Federal c/c art. 1º, incisos VIII e IX, da Lei 8.443/1992).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.5.14. Essa recomendação foi analisada no bojo do TC 015.239/2012-8, sendo que no relatório da
fiscalização, a SLTI/MP, em resposta a expediente encaminhado por esta Secretaria no âmbito daquela
fiscalização, informou que havia aberto uma demanda junto ao seu fornecedor de soluções de TI para
implementar a demandada funcionalidade. No item 9.9 do Acórdão 754/2015-TCU-Plenário (resultante daquela
fiscalização), esta recomendação foi considerada em implementação.
2.5.15. Na planilha mais atualizada encaminhada pela SLTI/MP (peça 49, p. 36), o órgão informa que a
demanda foi devidamente implantada e disponibilizada em 2013.
Análise
2.5.16. Nota-se que, conforme informa o órgão auditado, foi aberta demanda para disponibilizar a
informação sobre empresas desclassificadas durante a condução do processo licitatório no Comprasnet e tal
demanda foi concluída em 2013.
2.5.17. Em entrevista realizada com os gestores, os mesmos informaram que a funcionalidade encontrava-
se disponível no sistema. Contudo, não foi possível simular tais avisos em virtude da longa sequência de passos
necessários.
2.5.18. No documento que define as regras de negócios do pregão eletrônico (peça 67), tem-se que, a
partir da versão 8.0, o sistema apresenta uma lista contendo as ocorrências de desclassificação do fornecedor em
licitações anteriores.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 36);
b) Regra de negócio pregão (peça 67).
Conclusão
616

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.5.19. Considera-se que se implementou no sistema a funcionalidade demandada na recomendação.


Proposta de encaminhamento
2.5.20. Considerar a recomendação 9.3.2.2 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.3.3: estabeleça a obrigatoriedade de divulgação prévia de intenção de compra no
módulo de Intenção de Registro de Preços, para membros do Sisg, antes da realização de licitações para registro
de preços, a fim de possibilitar maior economia de escala, em harmonia com o princípio da economicidade
estabelecido no caput do art. 70 da Constituição Federal.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.5.21. Constatou-se relativa facilidade de adesão a atas de registro de preços por parte dos ‘caronas’,
conforme possibilitava o caput do art. 8º do Decreto 3.931/2001, vigente à época da auditoria que culminou no
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário. Ademais, a ausência de obrigatoriedade na utilização da opção ‘Intenção de
Registro de Preço’ (IRP) para membros do Sisg não os estimulava a participarem da fase de planejamento da
compra compartilhada, de forma a potencializar maior economia aos cofres públicos face ao ganho de escala.
Portanto, foi proposta recomendação à SLTI/MP para tornar essa sistemática obrigatória.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.5.22. A SLTI/MP alega que a recomendação encontra-se atendida com a publicação do Decreto
7.892/2013 (peça 49, p. 37).
Análise
2.5.23. De fato, o supramencionado normativo infra legal estabeleceu um capítulo específico que trata da
intenção de registro de preços, definindo os procedimentos e responsabilidades pelo processo, que é
operacionalizado por meio do Siasg.
2.5.24. O Decreto estabelece a obrigatoriedade de registro prévio da intenção e, no §1º do art. 4º, define
que a divulgação de intenção de registro de preços poderá ser dispensada, desde que devidamente justificada
pelo órgão gerenciador.
2.5.25. Importante frisar que qualquer órgão ou entidade que tiver interesse em receber informações sobre
intenções de registro de preços, basta que se cadastre no módulo de intenção de registro de preços na linha de
fornecimento de seu interesse.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 37);
b) Decreto 7.892/2013, art. 4º.
Conclusão
2.5.26. O art. 4º do Decreto 7.892/2013 estabeleceu a obrigatoriedade da divulgação prévia da intenção de
registro de preços, dando cumprimento à presente recomendação.
Proposta de encaminhamento
2.5.27. Considerar a recomendação 9.3.3 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.3.4: aprimore a consulta ao cadastro de ocorrências do Sicaf para refletir a situação real
das empresas, inclusive quanto às suas respectivas matrizes e filiais, a partir do número raiz do CNPJ
informado, com vistas a garantir a sua efetividade quanto às sanções administrativas aplicadas à pessoa jurídica
da empresa, englobando todos os seus demais estabelecimentos.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.5.28. Constatou-se que as ocorrências de eventuais sanções registradas no Sicaf não se estendiam às
filiais ou à matriz da empresa. Em outras palavras, quando se verificava no Sicaf que determinado fornecedor
era inidôneo perante a APF, o sistema não informava que as suas filiais também eram inidôneas e vice-versa.
Dessa forma, entendeu-se que, diante da declaração de inidoneidade da empresa pela Administração, decorrente
da prática de alguma ilicitude (art. 87, inciso IV, da Lei 8.666/1993 e art. 46 da Lei 8.443/1992), seria razoável
que essa sanção alcançasse toda a empresa, incluindo a matriz e suas filiais.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.5.29. A SLTI/MP informa que a recomendação foi atendida em 2014, quando o sistema teria sido
adaptado para filtrar CNPJ de matrizes e filiais (peça 49, p. 38).
Análise
2.5.30. Nos trabalhos de campo, foram realizadas consultas no Siasg com vistas a testar a implementação
da funcionalidade de pesquisa de ocorrências com base na raiz do CNPJ, funcionalidade agora disponível no
sistema. Na tela inicial (peça 63), deve-se escolher a opção de pesquisa por raiz de CNPJ.
617

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.5.31. Em seguida, deve-se informar a matriz do CNPJ e clicar no botão pesquisar. O resultado (peça 64)
apresentará todas as empresas filiais vinculadas a um CNPJ raiz pesquisado. Para a obtenção da informação de
ocorrências, basta clicar sobre qualquer uma das empresas listadas que o sistema exibirá sua lista de ocorrências
(peça 65).
2.5.32. Considera-se que a implementação da pesquisa por raiz de CNPJ disponibilizou importante
funcionalidade para os gestores públicos e atendeu às expectativas de melhoria no sistema demandadas na
recomendação em análise.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 38);
b) Telas capturadas do Siasg (peças 63, 64 e 65).
Conclusão
2.5.33. Considera-se implantada a funcionalidade de pesquisa de ocorrências por raiz de CNPJ no Siasg.
Proposta de encaminhamento
2.5.34. Considerar a recomendação 9.3.4 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.3.5: oriente os órgãos e entidades sob sua atuação a verificarem, durante a fase de
habilitação das empresas, a existência de registros impeditivos de contratação por improbidade administrativa
no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa disponível no Portal do
CNJ, além da habitual pesquisa já realizada no módulo Sicaf do sistema Siasg, em atenção ao art. 97, parágrafo
único, da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.5.35. Verificou-se que determinado ente da APF contratou empresa condenada por improbidade
administrativa, prática que afronta o art. 12 da Lei 8.429/1992. A sentença condenatória da referida empresa
constava no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa, instituído pela
Resolução CNJ 44/2007 (peça 47, p. 45).
2.5.36. Cabe destacar, ainda, a baixa quantidade de registros de condenações inseridos no referido
cadastro por membros do Poder Judiciário de alguns estados da Federação, fato que possivelmente
impossibilitou que fossem encontrados outros contratos celebrados com fornecedores que se encontravam nessa
situação. Entendeu-se que a consulta prévia por gestores da APF a este Cadastro consistia em uma medida
importante para se evitar a contratação de empresas que foram condenadas por esse ilícito.
2.5.37. Diante disso, o Plenário do TCU deliberou, entre outras medidas, pela expedição das
recomendações contidas nos itens 9.3.5, 9.5.1.5.2 e 9.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.5.38. Conforme consta do plano de ação de cumprimento do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário,
consignado na Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15), de 27/9/2011, a SLTI/MP informou que o subitem
9.3.5 do referido acórdão foi atendido por meio de ofícios encaminhados aos Subsecretários de Planejamento,
Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e mensagem enviada no módulo ‘Comunica’ do Siasg a todas as
unidades usuárias.
Análise
2.5.39. A exemplo da análise realizada para avaliar o cumprimento do item 9.2.1.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, entende-se que o Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP encaminhado aos
Subsecretários de Planejamento, Orçamento e Administração dos órgãos do Sisg e a mensagem enviada pela
SLTI/MP por meio do módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16, p. 5-9) foram suficientes para orientar os seus
órgãos jurisdicionados a observarem a deliberação ora analisada.
Evidências
a) Nota Técnica 223-DLSG/SLTI-MP (peça 15);
b) Ofício-Circular 23/DLSG/SLTI-MP (peça 16);
c) Mensagem enviada pela SLTI/MP no módulo ‘Comunica’ do Siasg (peça 16).
Conclusão
2.5.40. As providências adotadas pela SLTI/MP para atender a determinação contida no item 9.3.5 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.5.41. Considerar a recomendação 9.3.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário implementada.
Recomendação 9.3.6: defina tipologia para os termos aditivos contratuais a serem inseridos no Siasg, de
forma a identificar unicamente cada um deles, a exemplo dos aditivos de valores, de vigência, de repactuação,
618

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

entre outros possíveis, efetuando crítica dos dados em função de cada tipo de aditivo celebrado, em atenção ao
art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, ou institua controles compensatórios capazes de evitar a ocorrência dessa
irregularidade.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.5.42. Durante a auditoria, buscou-se identificar registros de contratos na base de dados do Siasg cujos
aditivos suplantavam o percentual de 25%, o que contraria o art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993. Os resultados
observados indicaram grande quantidade de casos, 2.609 registros, possivelmente irregulares (peça 47, p. 54).
2.5.43. Contudo, em virtude da constatação nos trabalhos de campo de cadastramento errado, valores
digitados incorretamente, inserção, no valor do aditivo, do valor total da contratação, dentre outras falhas,
optou-se por recomendar a definição de tipologia para os campos relativos aos aditivos contratuais (peça 47, p.
54-55).
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.5.44. Em resposta mais recente enviada pela SLTI/MP, o órgão informou que a recomendação encontra-
se em implementação (peça 49, p. 38):
O sistema está em processo de implantação. Atualmente está disponível os seguintes tipos de termos
aditivos: supressão, acréscimo, apostilamento e vigência. Falta atender somente a repactuação. Demanda nº
55884. *Estimado para 2015
Análise
2.5.45. Em entrevista com os gestores, houve questionamento a respeito da implantação das mencionadas
funcionalidades no sistema, tendo sido informado que as mesmas ainda se encontram em desenvolvimento.
Evidências
a) Planilha SLTI/MP (peça 49, p. 38);
b) Entrevistas com os gestores.
Conclusão
2.5.46. Algumas tipologias foram implementadas no sistema, porém outras estão em processo de
desenvolvimento.
Proposta de encaminhamento
2.5.47. Considerar a recomendação 9.3.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário em implementação.
2.6 RECOMENDAÇÕES AO DEST/MP, AO CNJ e AO CNMP
2.6.1. Considerando que as providências adotadas para a implementação de cada um dos subitens do item
9.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário pelos órgãos destinatários (Dest/MP, CNJ e CNMP) são idênticas,
será feita apenas uma única análise para todos os subitens.
Recomendação 9.5.1.1: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação acerca da
necessidade de autuarem processos administrativos contra as empresas que praticarem atos ilegais previstos no
art. 7º da Lei 10.520/2002, alertando-os de que a não autuação sem justificativa dos referidos processos poderá
ensejar a aplicação de sanções, conforme previsão do art. 82 da Lei 8.666/1993, bem como representação por
parte do Tribunal de Contas da União, com fulcro no art. 71, inciso XI, da Constituição Federal c/c o art. 1º,
inciso VIII, da Lei 8.443/1992.
Recomendação 9.5.1.2: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação, quando se
tratar de contratações mediante o Serviço de Registro de Preço (SRP), a respeitarem os limites previstos no art.
8º, caput, e § 3º, do Decreto 3.931/2001.
Recomendação 9.5.1.3: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação, quando se
tratar de contratação mediante adesão à ata de registro de preço, a realizarem ampla pesquisa de mercado,
visando caracterizar sua vantajosidade sob os aspectos técnicos, econômicos e temporais, sem prejuízo de outras
etapas do planejamento, conforme previsto no art. 15, § 1º, da Lei 8.666/1993 c/c os arts. 3º e 8º, caput, do
Decreto 3.931/2001 e no item 9.2.2 do Acórdão 2.764/2010-TCU-Plenário.
Recomendação 9.5.1.4: orientem, conforme o caso, as entidades ou os órgãos sob sua atuação acerca da
impossibilidade de adesão a atas de registro de preços provenientes de licitações de administração estadual,
municipal ou distrital, por falta de amparo legal, em atenção ao princípio da legalidade previsto no caput do art.
37 da Constituição Federal.
Recomendação 9.5.1.5.1: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação a
verificarem, durante a fase de habilitação das empresas, em atenção ao art. 97, caput, e parágrafo único, da Lei
8.666/1993, além da habitual pesquisa já realizada no módulo Sicaf do sistema Siasg, a existência de registros
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

impeditivos da contratação no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e suspensas/CGU, disponível no Portal


da Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br).
Recomendação 9.5.1.5.2: orientem, conforme o caso, as entidades ou os órgãos sob sua atuação a
verificarem, durante a fase de habilitação das empresas, em atenção ao art. 97, caput, e parágrafo único, da Lei
8.666/1993, além da habitual pesquisa já realizada no módulo Sicaf do sistema Siasg, a existência de registros
impeditivos da contratação por improbidade administrativa no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por
Ato de Improbidade Administrativa disponível no Portal do CNJ.
Recomendação 9.5.1.6: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação, a verificarem
a composição societária das empresas a serem contratadas no sistema Sicaf a fim de certificarem se entre os
sócios há servidores do próprio órgão/entidade contratante, abstendo-se de celebrar contrato nessas condições,
em atenção ao art. 9º, inciso III, da Lei 8.666/1993.
Recomendação 9.5.1.7: orientem, conforme o caso, as entidades ou os órgãos sob sua atuação a
executarem adequadamente o processo de planejamento de suas contratações a fim de bem estimarem os
quantitativos de bens e serviços a serem contratados, evitando a necessidade de firmar aditivos com acréscimo
de valor em prazo exíguo, baseado no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.
Recomendação 9.5.1.8: orientem, conforme o caso, as entidades ou os órgãos sob sua atuação a
verificarem no Portal da Transparência (http://www.portaldatransparencia.gov.br), quando da habilitação de
microempresas e de empresas de pequeno porte que tenham utilizado a prerrogativa de efetuar lance de
desempate, se o somatório dos valores das ordens bancárias recebidas pela empresa, relativas ao seu último
exercício, extrapola o faturamento máximo permitido como condição para esse benefício, conforme art. 3º da
mencionada Lei Complementar.
Recomendação 9.5.1.9: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação, a cadastrarem
seus contratos no Siasg, em atenção ao art. 19, § 3º, da Lei 12.309/2010.
Recomendação 9.5.2: orientem, conforme o caso, as entidades ou órgãos sob sua atuação, quando atuarem
como gerenciadores de atas de registro de preço, a não aceitarem a adesão após o fim da vigência das atas, em
atenção ao art. 4º, caput, e § 2º, do Decreto 3.931/2001.
Situações que levaram à proposição das deliberações
2.6.2. Para a recomendação 9.5.1.1, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.5.12 e 2.5.13
deste relatório.
2.6.3. Para a recomendação 9.5.1.2, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.1 a 2.4.4
deste relatório.
2.6.4. Para a recomendação 9.5.1.3, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.14 a 2.4.19
deste relatório.
2.6.5. Para a recomendação 9.5.1.4, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.58 a 2.4.61
deste relatório.
2.6.6. Para a recomendação 9.5.1.5.1, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.35 a 2.4.37
deste relatório.
2.6.7. Para a recomendação 9.5.1.5.2, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.35 a 2.4.37
deste relatório.
2.6.8. Para a recomendação 9.5.1.6, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.42 a 2.4.45 a
deste relatório.
2.6.9. Para a recomendação 9.5.1.7, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.68 a 2.4.70
deste relatório.
2.6.10. Para a recomendação 9.5.1.8, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.105 a
2.4.107 deste relatório.
2.6.11. Para a recomendação 9.5.1.9, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.50 a 2.4.53
deste relatório.
2.6.12. Para a recomendação 9.5.2, a situação é a mesma que foi descrita nos parágrafos 2.4.27 a 2.4.29
deste relatório.
Providências adotadas e comentários dos gestores
1) Dest/MP
2.6.13. Por meio do Ofício 1481/MP/SE/Dest (peça 13, p. 1-4), de 21/10/2014, o Dest/MP informou que,
em cumprimento ao item 9.5 e subitens do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, expediu o Ofício
620

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

590/2011/MP/SE/Dest, de 24/8/2011, a todas as entidades e órgãos sob sua atuação (peça 13, p. 5-7). A relação
das 95 empresas que receberam o referido ofício está acostada à peça 20 dos autos.
2) CNJ
2.6.14. Mediante o Ofício 505/SG/2014 (peça 21, p. 1-2), de 12/10/2014, o CNJ informou que
encaminhou, em 26/9/2011, o Ofício-Circular 358/SG – SCI/2011 que dava ciência do Acórdão 1.793/2011-
TCU-Plenário, em especial do item 9.5, aos presidentes dos tribunais regionais eleitorais (peça 22), dos tribunais
regionais federais (peça 23) e dos tribunais regionais do trabalho (peça 24). Além disso, o CNJ enviou o Ofício-
Circular 657/GP – SCI/2011 (peça 25) dando ciência do item 9.5 do mencionado acórdão aos presidentes dos
seguintes órgãos: Superior Tribunal Militar, Conselho da Justiça Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal
Superior Eleitoral, Tribunal Superior do Trabalho e Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
3) CNMP
2.6.15. O presidente da Comissão de Controle Administrativo e Financeiro do CNMP (CCAF/CNMP)
informou, por meio do Memorando 14/2014/CCAF/CNMP (peça 26), que a publicidade dos acórdãos do TCU
que contenham recomendação ao CNMP de orientar as entidades e órgãos sob sua jurisdição seria feita
mediante inserção de sua referência/extrato de conteúdo no Manual do Ordenador de Despesas em meio virtual
(peça 27), acompanhado de e-mails informativos aos grupos eletrônicos já constituídos pela CCAF/CNMP.
Análise
2.6.16. Preliminarmente, cabe ressaltar que, quanto às recomendações 9.5.1.2, 9.5.1.3 e 9.5.2 do Acórdão
1.793/2011-TCU-Plenário, que foram embasadas no antigo regulamento do SRP (Decreto 3.931/2001), as
análises realizadas nos parágrafos 2.4.8, 2.4.21 a 2.4.23 e 2.4.31 deste relatório mostram que as eventuais
implementações dessas deliberações não vão de encontro à nova regulamentação (Decreto 7.892/2013).
Ademais, no que tange à recomendação 9.5.4, vale destacar que o § 8º do art. 22 do Decreto 7.892/2013 reforça
o entendimento que deu origem a essa deliberação, motivo pelo qual a sua implementação ainda pode ser
conveniente e oportuna pelos órgãos que a receberam.
2.6.17. A recomendação 9.5.1.1 foi analisada no bojo do TC 015.239/2012-8 e o item 9.9 do Acórdão
754/2015-TCU-Plenário resultante considerou esta recomendação implementada pelo Dest/MP e pelo CNJ,
porém não implementada pelo CNMP, conforme descrito no Quadro 1 do presente relatório (parágrafo 1.5).
2.6.18. Passadas essas considerações, analisam-se as providências adotadas por cada um dos órgãos para
implementar as recomendações contidas nos subitens do item 9.5 do citado acórdão (Dest/MP, CNJ e CNMP).
2.6.19. Quanto às medidas colocadas em prática pelo Dest/MP, entende-se que o Ofício
590/2011/MP/SE/Dest, encaminhado às 95 empresas sob sua jurisdição, foi suficiente para alertar as entidades
sobre a necessidade de cumprir os subitens do item 9.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
2.6.20. Em relação às providências adotadas pelo CNJ, considera-se que o encaminhamento do referido
acórdão por meio de ofícios também é suficiente para orientar os órgãos sob atuação do Conselho a observarem
os procedimentos descritos nos subitens do item 9.5 do acórdão mencionado.
2.6.21. No que diz respeito às ações empregadas pelo CNMP, verificou-se que o Manual do Ordenador de
Despesas, disponível para consulta no link
(http://www.cnmp.mp.br/portal/images/COMPLETO_Manual_do_Ordenador_WEB.pdf), contempla, de fato, as
recomendações inseridas nos itens 9.5 e subitens do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário (peça 27, p. 117, 122-
124). Dessa forma, tendo em vista que esse documento é público e de fácil acesso aos gestores dos órgãos do
Ministério Público, entende-se que o referido manual consiste em um meio adequado para que o CNMP seja
capaz de transmitir aos seus jurisdicionados as práticas determinadas e recomendadas pelo TCU, em especial
nos subitens do item 9.5 do aludido acórdão.
Evidências
a) Ofício 1481/MP/SE/Dest (peça 13, p. 1-4);
b) Cópia do Ofício 590/2011/MP/SE/Dest encaminhado às empresas estatais federais (peça 13, p. 5-7);
c) Relação das 95 empresas que receberam o Ofício 590/2011/MP/SE/Dest (peça 20);
d) Ofício 505/SG/2014 enviado pela Secretaria-Geral do CNJ à Sefti/TCU (peça 21, p. 1-2);
e) Ofício-Circular 358/SG – SCI/2011 encaminhado aos tribunais regionais eleitorais (peça 22);
f) Ofício-Circular 358/SG – SCI/2011 encaminhado aos tribunais regionais federais (peça 23);
g) Ofício-Circular 358/SG – SCI/2011 encaminhado aos tribunais regionais do trabalho (peça 24);
h) Ofício-Circular 657/GP – SCI/2011 (peça 25);
i) Memorando 14/2014/CCAF/CNMP (peça 26);
j) Manual do Ordenador de Despesa do CNMP (peça 27).
621

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conclusão
2.6.22. As providências adotadas pelo Dest/MP, CNJ e CNMP para atender as recomendações contidas
nos subitens do item 9.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.6.23. Considerar implementadas as recomendações contidas nos subitens 9.5.1.1, 9.5.1.2, 9.5.1.3,
9.5.1.4, 9.5.1.5.1, 9.5.1.5.2, 9.5.1.6, 9.5.1.7, 9.5.1.8, 9.5.1.9 e 9.5.2 do item 9.5 do Acórdão 1.793/2011-TCU-
Plenário.
2.7 RECOMENDAÇÃO AO CNJ
Recomendação 9.6: verifique as razões da incompletude do Cadastro Nacional de Condenações Cíveis
por Ato de Improbidade Administrativa (Resolução – CNJ 44/2007), corrigindo suas falhas de alimentação, por
tratar-se de importante meio de defesa da Administração Pública contra contratações de condenados por
improbidade administrativa, em garantia à eficácia das sanções previstas no art. 12 da lei 8.429/1992.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.7.1. Situação já descrita nos parágrafos 2.5.35 a 2.5.37 deste relatório.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.7.2. Por meio do Ofício 505/SG/2014 (peça 21, p. 1-2), o CNJ informou que, em 26/3/2014, foi
assinado o Termo de Cooperação Técnica 8/2014 (peça 81-89) com o objetivo de conjugar esforços para o
aperfeiçoamento e a manutenção do Cadastro Nacional de Condenados por Ato de Improbidade Administrativa
e por Ato que implique Inelegibilidade (CNCIAI).
Análise
2.7.3. Inicialmente importa ressaltar que o CNJ não encaminhou evidências que possam demonstrar que o
órgão envidou esforços para realizar a verificação dos motivos da incompletude do cadastro e nem informou ter
dado tratativas para avaliar a integridade das informações contidas nesta base de dados.
2.7.4. O supramencionado termo de cooperação técnica sem dúvidas tende a contribuir com o
aperfeiçoamento do processo de alimentação da base de dados do CNCIAI. Os órgãos que celebraram o termo
são: Conselho Nacional de Justiça, Corregedoria Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça, Conselho da
Justiça Federal, Superior Tribunal Militar, Corregedoria da Justiça Militar da União e Tribunal de Contas da
União.
2.7.5. Nota-se que os principais órgãos que aplicam penalidades que devem constar do cadastro assinaram
o termo de cooperação, o que faz com que a expectativa é de que este seja de fato devidamente alimentado e
sirva de base para a exclusão dos inabilitados dos certames públicos.
2.7.6. Contudo, por não se ter noticiado qualquer tratativa para verificar os problemas na base de dados
relatados na auditoria, entende-se que a recomendação em tela pode ser considerada parcialmente
implementada.
Evidências
a) Ofício 505/SG/2014 (peça 21).
Conclusão
2.7.7. Considera-se que a recomendação em tela foi parcialmente implementada por não ter sido realizada
análise dos motivos da incompletude da base de dados.
Proposta de encaminhamento
2.7.8. Considerar a recomendação 9.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário parcialmente implementada.
2.8 RECOMENDAÇÃO AO BANCO DO BRASIL E À CAIXA
Recomendação 9.11: recomendar ao Banco do Brasil S/A e à Caixa Econômica Federal que orientem os
usuários de seu sistema de pregão eletrônico a verificar no Portal da Transparência
(http://www.portaldatransparencia.gov.br), quando da habilitação de microempresas e de empresas de pequeno
porte, que tenham utilizado a prerrogativa de efetuar lance de desempate, conforme Lei Complementar nº
123/2006, art. 44, se o somatório de ordens bancárias recebidas pela empresa, relativas ao seu último exercício,
já seria suficiente para extrapolar o faturamento máximo permitido como condição para esse benefício,
conforme art. 3º da mencionada Lei Complementar.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.8.1. Situação já descrita na análise da determinação 9.2.7 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário
(parágrafos 2.4.105 a 2.4.107 deste relatório).
622

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.8.2. Considerando que, à época da auditoria, era possível verificar os valores pagos às pessoas físicas e
jurídicas por meio de consulta ao Portal da Transparência (http://www.portaldatransparencia.gov.br) dos gastos
diretos do Governo Federal, o Plenário do TCU deliberou pela expedição desta determinação (peça 47, p. 59).
Providências adotadas e comentários dos gestores
Caixa
2.8.3. Conforme consta do Ofício 24/2011/Sucot (peça 32, p. 1-2), de 4/11/2011, a Caixa Econômica
Federal informou que, por meio da Comunicação Eletrônica Gelic 24/2011 (peça 32, p. 3-8), orientou as
Gerências de Filial de Logística, unidades responsáveis pela condução das licitações da empresa, a forma de
realizar a pesquisa recomendada no item do Acórdão ora em análise.
Banco do Brasil
2.8.4. Por meio do Ofício 2014/02729, de 4/12/2014, a Diretoria de Governo do Banco do Brasil
informou que a recomendação contida no item 9.11 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foi implementada,
indicando como evidência a orientação consignada na seção ‘Links Úteis’ do sítio www.licitacoes-e.com.br
(peça 40, p. 1).
Análise
2.8.5. No que diz respeito às providências adotadas pela Caixa, a Comunicação Eletrônica Gelic 24/2008
encaminhada pela Superintendência Nacional de Contratações às diversas Gerências de Filial Logística da
entidade apresenta um roteiro contendo os passos necessários para realizar a consulta no Portal da Transparência
das ordens bancárias recebidas por microempresas e empresas de pequeno porte que participem de licitações
promovidas pela Caixa (peça 32, p. 4-8). Adicionalmente, conforme consta do referido documento, tal
orientação deveria ser repassada a todos os empregados de cada unidade (peça 32, p. 3).
2.8.6. Nesse sentido, considerando que a comunicação enviada tem grande abrangência no âmbito da
entidade e que o roteiro elaborado é bem detalhado de forma a ser aplicado pelos funcionários da Caixa durante
a fase de habilitação dos processos licitatórios, entende-se que essas medidas foram suficientes para cumprir o
item 9.11 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário.
2.8.7. Relativamente à medida empregada pelo BB, entende-se que a providência adotada pela entidade é
suficiente para cumprir o item do Acórdão ora em análise, pois a inclusão do texto da referida recomendação na
página inicial do sistema Licitações-e consiste em meio eficaz para orientar todos os usuários do sistema a
realizarem a pesquisa no Portal da Transparência das ordens bancárias recebidas no ano anterior pelas micro e
pequenas empresas que queiram utilizar o benefício previsto no art. 44 da Lei Complementar 123.
Evidências
a) Ofício 24/2011/Sucot (peça 32, p. 1-2);
b) Comunicação Eletrônica Gelic 24/2011 (peça 32, p. 3-8);
c) Ofício 2014/02729 (peça 40).
Conclusão
2.8.8. As providências adotadas pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil para atender a
recomendação contida no item 9.11 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário foram suficientes.
Proposta de encaminhamento
2.8.9. Considerar a recomendação 9.11 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário implementada.
2.9 RECOMENDAÇÃO À RFB
Recomendação 9.12: recomendar à Secretaria da Receita Federal do Brasil que avalie a possibilidade de
criação de controle que verifique o somatório de ordens bancárias sacadas constantes no sistema Siafi com
vistas a identificar e excluir empresas optantes de programas como o Simples Nacional que não possuam
condição de faturamento correspondente ao enquadramento de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos
termos da Resolução - CGSN 15/2007, art. 3º, II, ‘a’.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.9.1. Situação já descrita na análise da determinação 9.2.7 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário
(parágrafos 2.4.105 a 2.4.107 deste relatório).
2.9.2. Devido ao enquadramento inadequado como ME ou EPP (faturamento não condizente com o
definido no art. 3º da Lei Complementar 123/2006), constatou-se a possibilidade de que essas empresas
estivessem usufruindo irregularmente da prerrogativa de efetuar lance de desempate em pregões, conforme art.
44, § 2º, da Lei Complementar 123/2006. Por essa razão, o TCU fez a recomendação em análise (peça 47, p.
59).
Providências adotadas e comentários dos gestores
623

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.9.3. Situação já descrita nos parágrafos 2.4.108 e 2.4.111 deste relatório.


Análise
2.9.4. Análise já empreendida nos parágrafos 2.4.112 a 2.4.116 deste relatório.
Evidências
a) Entrevista com gestores.
Conclusão
2.9.5. Verifica-se que, com o advento da nota fiscal eletrônica, a Secretaria da Receita Federal do Brasil
pode promover uma gestão mais adequada de seu cadastro de empresas, fornecendo informações mais
fidedignas ao Sicaf, de modo que as micro e pequenas empresas que ultrapassem o limite de faturamento não
usufruam dos benefícios assegurados àquele nicho empresarial nos certames públicos.
Proposta de encaminhamento
2.9.6. Considerar a recomendação 9.12 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário não aplicável.
2.10 DETERMINAÇÃO A OUTROS ÓRGÃOS
Determinação 9.14: determinar aos seguintes órgãos e entidades que observem o cumprimento do art. 2º
da IN - SLTI/MP 1/2002 e lancem seus empenhos por meio do Siasg, ao contrário do ocorrido no exercício de
2010 quando foram encontrados empenhos efetuados diretamente no Siafi: Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, Cinemateca Brasileira, Datasus/MS, Departamento de Polícia Federal, Fundação Oswaldo Cruz,
Fundação Universidade de Brasília, Fundação Universidade do Amazonas, Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, Fundo Nacional de Saúde, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis, Instituto Nacional do Seguro Social, Instituto Nacional de Meteorologia,
Instituto Federal de Educação Científica e Tecnologia da Bahia, Instituto Federal de Educação Científica e
Tecnologia de Brasília, Instituto Federal de Educação Científica e Tecnologia do Espírito Santo, Instituto
Federal de Educação Científica e Tecnologia de Minas Gerais, Instituto Federal de Educação Científica e
Tecnologia do Rio Grande do Sul, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Hospital da Lagoa,
Hospital Geral de Jacarepaguá, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Cultura,
Ministério das Comunicações, Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome, Ministério dos Transportes, Ministério do Turismo, Universidade Federal do Pará e Universidade Federal
da Paraíba.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.10.1. Situação já descrita na análise da determinação 9.2.9 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário
(parágrafos 2.4.125 a 2.4.128 deste relatório).
2.10.2. À época da auditoria, considerou-se pertinente a emissão de alerta aos integrantes do Sisg que
registraram empenhos diretamente no sistema Siafi.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.10.3. Foram consideradas as providências adotadas pela SLTI/MP e pela STN, já descritas nos
parágrafos 2.4.129 e 2.4.130 deste relatório.
Análise
2.10.4. Conforme análise já empreendida no parágrafo 2.4.131 deste relatório, constatou-se que foram
implantados controles nos sistemas Siafi e Siasg de forma que a emissão de empenho diretamente no Siafi foi
bloqueada.
Evidências
a) Tela capturada (peça 60).
Conclusão
2.10.5. Diante da atual impossibilidade de se efetuar empenhos diretamente no Siafi, conclui-se pela
perda de objeto da presente recomendação.
Proposta de encaminhamento
2.10.6. Considerar a recomendação 9.14 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário não aplicável.
2.11. ACÓRDÃO 2.601/2011-TCU-Plenário
Determinação 9.2.1: tão logo conclua o processo de identificação da alternativa definitiva para coibir a
utilização de ferramenta de envio automático de lances nos pregões eletrônicos operacionalizados no sistema
Comprasnet, mencionado nos itens 5 e 6 da Nota Técnica 112/DLSG/SLTI/MP, dê ciência das respectivas
conclusões e propostas de implementação a este Tribunal;
Determinação 9.2.2: enquanto não for implementada a alternativa definitiva conforme item anterior,
encaminhe mensalmente a este Tribunal documento informando as medidas que estão sendo tomadas com
624

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relação ao cumprimento do subitem 9.1.13 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário;no prazo de noventa dias


implemente mecanismos transparentes, seguros e rastreáveis em seus processos de execução/pagamento que
permitam verificar a quantidade e a qualidade dos serviços prestados, incluindo-os em seus editais e contratos,
em conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/1993.
Situação que levou à proposição da deliberação
2.11.1. Em virtude de comando expresso no item 9.2.1 do Acórdão 656/2011-TCU-Plenário, foi feito a
priori o monitoramento do subitem 9.1.13 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário (TC 014.474/2011-5, Acórdão
2.601/2011-TCU-Plenário) com vistas a verificar a questão da utilização de dispositivos de envio automático de
lances (robôs) em pregões eletrônicos realizados no Portal Comprasnet.
2.11.2. Este monitoramento considerou a deliberação em implementação e o respectivo Acórdão exigiu
uma solução definitiva para a questão por meio do item 9.2.1. A fim de que fosse possível o acompanhamento
concomitante, o TCU expediu ainda a determinação 9.2.2, ambas ora em análise.
Providências adotadas e comentários dos gestores
2.11.3. Em relação à informação periódica das ações, a SLTI/MP encaminhou ao TCU, no âmbito do TC
014.474/2011-5, as peças 18, 20 a 25, 27, 29 a 35, 46 a 53. Na última peça mencionada, informa as tratativas
dadas ao problema, que são aquelas já relatadas nos parágrafos 2.1.68 a 2.1.76 deste relatório.
Análise
2.11.4. Quanto à primeira determinação, nota-se que a SLTI/MP encaminhou periodicamente as
informações a respeito das tratativas que estavam sendo implementadas para corrigir o problema da isonomia
nas licitações conduzidas pelo Comprasnet, dando cumprimento ao comando do Acórdão.
2.11.5. Em relação à solução definida, conforme já relatado nos parágrafos 2.1.68 a 2.1.76 deste relatório,
a SLTI/MP publicou novo normativo e implementou funcionalidades no sistema de modo a trazer mais
isonomia à competição nas licitações.
2.11.6. Há agora intervalo mínimo de valor e de tempo para o envio de lances no sistema, conforme já
relatado nos mencionados parágrafos. Tais medidas tendem a efetivamente aumentar a isonomia nos certames
conduzidos por meio do Comprasnet.
Evidências
a) IN SLTI/MP 3, de 4 de outubro de 2013 (peça 68);
b) Tela capturada do Sistema Comprasnet (peça 54).
Conclusão
2.11.7. A SLTI/MP enviou periodicamente informações ao TCU sobre as tratativas dadas para corrigir os
problemas de isonomia nos certames conduzidos por meio do Comprasnet, publicou novo normativo e
implementou funcionalidades no sistema que tornaram a competição mais isonômica.
Proposta de encaminhamento
2.11.8. Considerar as determinações 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário cumpridas.
3. BENEFÍCIOS EFETIVOS DAS DELIBERAÇÕES
3.1. Dentre os benefícios alcançados em decorrência do atendimento das deliberações contidas nos
Acórdãos ora monitorados, podem ser listados:
3.1.1 melhorias nos contratos de desenvolvimento de software celebrados pela SLTI/MP, em virtude da
alteração dos modelos de gestão e mecanismos de mensuração dos serviços prestados;
3.1.2 implementação correta nos sistemas das regras de negócio contidas nos normativos que regem as
contratações públicas;
3.1.3 aperfeiçoamento das regras de controle de acesso aos sistemas Siasg e Comprasnet, fortalecendo os
controles e mitigando possibilidades de ocorrências de erros e fraudes;
3.1.4 disponibilização adequada de informações aos gestores e empresas licitantes de modo a melhorar a
usabilidade do sistema Comprasnet;
3.1.5 promoção da isonomia na condução dos certames públicos, com a publicação de normativo e
implementação de regras no sistema que mitigam as vantagens competitivas decorrentes da utilização de robôs
para envio de lances.
4. CONCLUSÃO
4.1. O Quadro 2 apresenta a situação do cumprimento das determinações e da implementação das
recomendações exaradas no Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário, constatada durante o presente monitoramento.
Cumprida ou Em Parcialmente Não Não
Item
implementada cumprimento ou cumprida ou cumprida ou aplicável
625

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em parcialmente não
implementação implementada implementada
9.1.1 X
9.1.3 X
9.1.4 X
9.1.5 X
9.1.6 X
9.1.7 X
9.1.8 X
9.1.9 X
9.1.12.1 X
9.1.12.2 X
9.1.12.3 X
9.1.12.4 X
9.1.13 X
9.2.1.1 X
9.2.1.2 X
9.2.1.3 X
9.2.1.4 X
9.2.1.5 X
9.2.2 X
9.2.3 X
9.2.4 X
9.2.5.1 X
9.2.5.2 X
9.2.5.3 X
9.2.5.4 X
9.2.6 X
9.2.7 X
9.2.8 X
9.2.9 X
9.3 X
Quantidade 15 1 1 6 7
Percentual 50,0% 3,3% 3,3% 20% 23,4%
Quadro 2 – Situação de atendimento às deliberações – Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário.
4.2. O Quadro 3 apresenta a situação do cumprimento das determinações e da implementação das
recomendações direcionadas à SLTI/MP no âmbito do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, constatada durante o
presente monitoramento.

Em Parcialmente Não
Cumprida ou cumprimento ou cumprida ou cumprida ou Não
Item
implementada em parcialmente não aplicável
implementação implementada implementada
626

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.1.2 X
9.2.1.3 X
9.2.1.4 X
9.2.1.5 X
9.2.1.6 X
9.2.1.7 X
9.2.2.1 X
9.2.2.2 X
9.2.3 X
9.2.4 X
9.2.5 X
9.2.6 X
9.2.7 X
9.2.8 X
9.2.9 X
9.3.1 X
9.3.2.2 X
9.3.3 X
9.3.4 X
9.3.5 X
9.3.6 X
Quantidade 18 1 0 1 1
Percentual 85,6% 4,8% 0% 4,8% 4,8%
Quadro 3 – Situação de atendimento às deliberações SLTI/MP – Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário
4.3. O Quadro 4 apresenta a situação do cumprimento das determinações e da implementação das
recomendações direcionadas aos demais órgãos (Dest/MP, BB, CEF, RFB, CNJ e CNMP) no âmbito do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, constatada durante o presente monitoramento.
Em Parcialmente Não
Cumprida ou cumprimento ou cumprida ou cumprida ou Não
Item
implementada em parcialmente não aplicável
implementação implementada implementada
9.5.1.1 X
9.5.1.2 X
9.5.1.3 X
9.5.1.4 X
9.5.1.5.1 X
9.5.1.5.2 X
9.5.1.6 X
9.5.1.7 X
9.5.1.8 X
9.5.1.9 X
9.5.2 X
627

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.6 X
9.11 X
9.12 X
9.14 X
Quantidade 12 0 1 0 2
Percentual 80% 0% 6,7% 0% 13,3%
Quadro 4 – Situação de atendimento às deliberações a outros órgãos – Acórdão 1.793/2011-TCU-
Plenário
4.4. O Quadro 5 apresenta a situação do cumprimento das determinações exaradas no Acórdão
2.601/2011-TCU-Plenário, constatada durante o presente monitoramento.
Em Parcialmente Não
Cumprida ou cumprimento ou cumprida ou cumprida ou Não
Item
implementada em parcialmente não aplicável
implementação implementada implementada
9.1 X
9.2.1 X
9.2.2 X
Quantidade 3 0 0 0 0
Percentual 100% 0% 0% 0% 0%
Quadro 5 – Situação de atendimento às deliberações – Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário
4.5. Em um contexto amplo, foram encontrados avanços nos sistemas que controlam as aquisições
públicas, em decorrência do cumprimento/implementação das deliberações dos acórdãos monitorados.
Mecanismos de controle de acesso e usabilidade dos sistemas foram aperfeiçoados, os contratos foram
aprimorados e proporcionada maior isonomia nos certames com as novas regras que mitigam o impacto da
utilização de robôs para envio de lances nos certames.
4.6. Percebe-se que o panorama geral de cumprimento e implementação das deliberações contidas nos
acórdãos monitorados é bastante positivo. De um total de 69 deliberações monitoradas, 62 foram consideradas
cumpridas/implementadas, em cumprimento/implementação, parcialmente cumpridas/implementadas ou que
não mais se aplicam, ou seja, quase 90%.
4.7. Dessa forma, entende-se que os objetivos buscados pelas fiscalizações realizadas nos sistemas Siasg e
Comprasnet, materializados nos comandos dos Acórdãos 1.793/2011-TCU-Plenário e 2.601/2011-TCU-
Plenário, já podem ser considerados alcançados, não havendo necessidade de novos monitoramentos das citadas
deliberações.
4.8. Em relação ao Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário, para as deliberações que ainda não se encontram
cumpridas ou implementadas (26.6%), entende-se que existem justificativas suficientes apresentadas pelos
gestores, de forma a se descartar a necessidade de realizar novas determinações ou reiterações, assim como a
proposição de aplicação de multas em virtudes dos descumprimentos. Entende-se prudente, contudo, requisitar
ao órgão gestor que envie a este Tribunal relatório final sobre o atendimento às deliberações consignadas como
não atendidas neste monitoramento.
5. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
5.1. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 250, incisos II e III do Regimento Interno do TCU, com as seguintes propostas:
5.1.1 Considerar cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.1.9, 9.1.13,
9.2.1, 9.2.4, 9.2.7 e 9.3 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.2.1.2, 9.2.1.3, 9.2.1.4, 9.2.1.5, 9.2.1.6,
9.2.1.7, 9.2.2.1, 9.2.2.2, 9.2.3, 9.2.4, 9.2.6, 9.2.8, 9.2.9, 9.3.1, 9.3.2.2, 9.3.3, 9.3.4, 9.3.5, 9.5 e subitens e 9.11 do
Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
5.1.2 Considerar parcialmente cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.1 do Acórdão 1.647/2010-
TCU-Plenário e 9.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
5.1.3 Considerar não cumpridas/ não implementadas as deliberações 9.1.8, 9.1.12 e seus subitens e 9.2.8
do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.2.5 e seus subitens do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
628

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5.1.4 Considerar em implementação as recomendações 9.2.9 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e


9.3.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
5.1.5 Considerar insubsistentes as deliberações 9.2.2, 9.2.3, 9.2.5 e 9.2.6 do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário e 9.2.7, 9.12 e 9.14 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
5.1.6 Determinar à SLTI/MP que envie a este Tribunal, no prazo de trinta dias após o encerramento do
cronograma constante em seu plano de ação para cumprimento das deliberações do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário, relatório final sobre o atendimento às deliberações consignadas como não atendidas neste
monitoramento (itens 9.1.1, 9.1.8, 9.1.12, 9.2.8 e 9.2.9 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário);
5.1.7 Encaminhar cópia do acórdão que vier a ser proferido, bem como do relatório e do voto que o
fundamentarem, à SecexAdministração, ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica Federal, à RFB, ao CNMP, ao
CNJ, ao Dest/MP e à SLTI/MP;
5.1.8 Encaminhar cópia do acórdão que vier a ser proferido, bem como do relatório e do voto que o
fundamentarem, ao Sr. Orlando Monteiro Espíndola da Cunha e à Sra. Ariane Guebel de Alencar, Procuradores
da República no Distrito Federal, a fim de subsidiar a instrução do Inquérito Civil 1.16.000.002999/2011-77,
instaurado na Procuradoria da República do Distrito Federal;
5.1.9 Juntar cópia da deliberação que vier a ser proferida aos autos ao TC 011.643/2010-2, no qual foi
proferido o Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, nos termos do inciso II do art. 5º da Portaria Segecex 27, de
19/10/2009;
5.1.10 Apensar os presentes autos ao TC 012.538/2009-1, no qual foi proferido o Acórdão 1.647/2010-
TCU-Plenário, nos termos do inciso II do art. 5º da Portaria Segecex 27, de 19/10/2009.”
2. O encaminhamento obteve a anuência das chefias da unidade instrutiva (peças 70-71).
3. É o relatório.

VOTO

Trata-se de monitoramento com base no art. 35 da Resolução-TCU 259/2014, c/c arts. 8º e 9º da


Resolução-TCU 265/2014, cujo objetivo é avaliar o cumprimento e a implementação de deliberações
constantes dos Acórdãos 1.647/2010, 1.793/2011 e 2.601/2011, todos do Plenário, com vistas a
contribuir para o aprimoramento do Sistema de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e do sistema
ComprasNet (atualmente Compras Governamentais), principais instrumentos gerenciadores de
licitações e compras no âmbito do Governo Federal, debatendo aspectos de regras de negócio,
segurança da informação e cadastros dos referidos sistemas, dentre outros assuntos.
2. Adianto que acompanho na íntegra as análises efetuadas pela unidade técnica, incorporando às
minhas razões de decidir a instrução transcrita no Relatório que antecede este Voto, sem prejuízo de
tecer as considerações adicionais que julgo pertinentes.
3. Mais antiga das deliberações monitoradas, o Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário tratou de
levantamento de auditoria na Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG) com o objetivo de conhecer o conjunto de sistemas
informatizados que compõem ou auxiliam o portal atualmente denominado Compras Governamentais,
em que é disponibilizada plataforma para a realização de pregões eletrônicos no âmbito do governo
federal. As determinações e recomendações prolatadas versaram sobre pontos específicos que, pela
relevância ou criticidade, necessitavam de atuação imediata por parte da SLTI/MPOG.
4. No tocante ao precitado Acórdão, 15 determinações/recomendações foram classificadas como
cumpridas/implementadas (9.1.3, 9.1.4, 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.1.9, 9.1.13, 9.2.1.1, 9.2.1.2, 9.2.1.3,
9.2.1.4, 9.2.1.5, 9.2.4, 9.2.7 e 9.3). Outras sete (9.2.2, 9.2.3, 9.2.5.1, 9.2.5.2, 9.2.5.3, 9.2.5.4 e 9.2.6),
relacionadas ao envio de avisos, à usabilidade do sistema e aos artefatos de documentação, foram tidas
como não mais aplicáveis, em razão de superveniência de fatos que tornaram inexequível a
implementação de tais recomendações, motivo pelo qual devem ser tornadas insubsistentes, sem
necessidade de reformulação da deliberação original.
629

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. A recomendação atinente ao intercâmbio de informações de ocorrências de licitantes entre os


distintos cadastros de fornecedores (9.2.9), foi considerada em implementação, uma vez que as
providências para sua efetivação ainda estão em curso. Verifico que tal deliberação equivale à Ação
10/2014 da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), que por
sua vez é continuidade da Ação 11/2013. Deste modo, parece-me desnecessária qualquer providência
adicional no âmbito do presente processo, uma vez que o atendimento da recomendação depende da
conjugação de esforços de diversos órgãos e entidades da Administração.
6. Seis deliberações não foram cumpridas/implementadas (9.1.8, 9.1.12.1, 9.1.12.2, 9.1.12.3,
9.1.12.4 e 9.2.8). No meu entender, o item 9.1.8 guarda estreita relação com o supracitado item 9.2.9,
pois ambos abordam a inclusão no sistema de mecanismo para consultar o registro de suspensão ou
impedimento das empresas licitantes. Já o item 9.1.12 trata da pesquisa às informações das licitações.
Quanto a isso, a SLTI/MPOG alegou que a demanda 83.408 incluiria as funcionalidades determinadas;
todavia, a unidade instrutiva consignou que a demanda mencionada não encontra nexo direto com a
determinação em análise, de tal modo que, ao cabo, não foram disponibilizados novos mecanismos de
pesquisa que possibilitem aos usuários do sistema encontrarem informações do conteúdo dos editais.
Por fim, no que diz respeito ao item 9.2.8, verifico que, muito embora não constem do item 6.4 da
Portaria Normativa SLTI/MPOG 4/2002, os perfis “con-geral” e “naointsisg” estão previstos no
Manual de Orientação para Cadastramento e Habilitação de Usuário no Siasg, versão de 2006,
podendo ser considerada de menor relevância a não atualização da referida Portaria.
7. Enfim, uma determinação do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário foi avaliada parcialmente
cumprida (9.1.1) e outras três não foram monitoradas (9.1.2, 9.1.10 e 9.1.11). Coincidentemente, tais
deliberações referem-se ao contrato 45/2005, celebrado com o Serviço Federal de Processamento de
Dados (Serpro), cujo objeto era o desenvolvimento e a manutenção dos sistemas relacionados ao Siasg.
De fato, boa parte da fiscalização referente a esse Acórdão teve como foco o referido contrato. Eis os
achados a ele relacionados: impossibilidade de rastrear serviços executados, uso impróprio da métrica
de análise de pontos de função, uso de fator de ajuste não objetivo e falhas no monitoramento técnico.
8. Consta nos autos que o contrato 45/2005 foi sucedido pelo contrato 74/2010 e que ambos já
foram objeto de análise pela unidade instrutiva em outro processo (TC 022.241/2010-8), que tratou de
auditoria para avaliar dois contratos de prestação de serviços pelo Serpro (além do contrato 45/2005, e
seu sucessor, firmado com o MPOG, também o contrato 2/2009 firmado com o Ministério da
Fazenda). O processo foi apreciado por meio do Acórdão 2.393/2013-TCU-Plenário e resultou numa
série de determinações e recomendações aos órgãos envolvidos.
9. Devo mencionar, ainda, o Acórdão 3.348/2012-TCU-Plenário, acerca de consulta formulada
pelo Ministro da Fazenda sobre proposta de nova sistemática de contratação de serviços estratégicos de
informática junto ao Serpro, no esteio da Lei 12.249/2010. Em tal deliberação prevaleceu o
posicionamento do Min. José Jorge, no sentido de não conhecer da consulta (por versar sobre caso
concreto) e de determinar à Segecex que incluísse análises sobre o objeto da consulta nas ações com
vistas a dar cumprimento ao Acórdão 906/2009-TCU-Plenário.
10. De se ressaltar que consta no bojo do supracitado Acórdão 3.348/2012-TCU-Plenário que
esta Corte promoveu, em setembro daquele ano, o evento “Encontro com o Mercado Privado de TI:
Contratações Públicas de TI”, ocasião em que foram apresentados não só casos de sucesso nas
aquisições da área, mas também as principais deficiências nessas contratações, com destaque para o
desconforto expresso pelo mercado de TI em relação à Lei 12.249/2010.
11. A unidade instrutiva registrou ainda que foi ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF)
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) pela Associação das Empresas Brasileiras de
Tecnologia da Informação (Assespro). No sítio Notícias do STF, foi publicada nota sobre a ADI 4.829
informando que, dentre as ilações formuladas pela requerente, a Assespro sustenta que a Lei
12.249/2010 representaria intervenção excessiva do Estado na atividade econômica, que concederia
privilégios indevidos à empresa pública e que faria cativo o mercado representado pela União. De
acordo com a nota, outro argumento trazido pela autora da ação foi que:
630

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“(...) o artigo 67 da Lei 12.249/2010 deixou a cargo dos ministros da Fazenda e do Planejamento a
definição de serviços estratégicos que serão beneficiados com a dispensa de licitação. Para a associação, tal
dispositivo permitiu aos ministros ‘legislar’ sobre quais serviços podem ser dispensados de licitação.
‘Entretanto, de acordo com o artigo 22, inciso XXVII, da Constituição Federal, a criação de normas gerais de
licitação e contratação compete exclusivamente ao Poder Legislativo da União’, sustenta a entidade. ‘Quando
um ministro do Estado da Fazenda ou do Planejamento qualifica um tipo de serviço como estratégico, o mesmo
está, na realidade, criando uma nova hipótese de dispensa de licitação, o que é inconstitucional, visto que
compete exclusivamente ao Poder Legislativo da União a criação de normas sobre licitação e contratação
pública’. E, nesta linha, outro ponto de flagrante inconstitucionalidade refere-se à abertura de novas hipóteses de
dispensa de licitação mediante a mera discricionariedade do Poder Executivo. Ou seja, mediante a definição
pelo ministro do que venham a ser ‘serviços estratégicos’, afirmou a associação.”
12. Ultimamente, esta Corte tem se deparado com diversos processos que abordam situações nas
quais empresas estatais figuram como sócias minoritárias em empresas privadas e com elas mantêm
(ou pretendem manter) alguma relação contratual, a exemplo dos recentes Acórdãos 894, 1.344, 1.602
e 1.985/2015, todos do Plenário. Traçando um paralelo entre a empresa estatal e a empresa com
participação estatal, ambas com personalidade jurídica de direito privado, ressalto o seguinte trecho
que consignei no Voto do Acórdão 1.985/2015-TCU-Plenário:
“33. Guardadas as devidas proporções, este movimento assemelha-se ao de intervenção do Estado na
exploração da atividade econômica ocorrido no século passado, principalmente após a crise do início da década
de 1930, cuja tendência só foi contida nos anos 1980, com as transformações sociais, políticas e econômicas
ocorridas na época. Diga-se de passagem, o intervencionismo do citado período (1930-1980) sempre foi alvo de
severas críticas por parte da doutrina especializada, pois as estruturas e facilidades típicas da iniciativa privada
que deveriam servir para uma melhor atuação estatal muitas vezes ensejaram o aproveitamento da pessoa
jurídica de direito privado para burlar os requisitos de isonomia, impessoalidade, moralidade e economicidade
exigidos pelo regime de direito público e nele sujeitos a controle.”
13. Na linha do precitado Acórdão, não é preciso muito esforço imaginativo para concluir que a
utilização pelo Estado tanto de empresas privadas com participação estatal quanto de empresas
públicas com personalidade jurídica de direito privado tem lugar especialmente em função das
prerrogativas que lhe são intrínsecas. No meu sentir, tal forma de ação deve-se muito mais à busca de
maior libertação dos grilhões do regime do direito público do que à necessidade (real ou eventual) de
adequação do regime jurídico de tais empresas às atividades que por elas são executadas. Ou seja,
busca-se liberar determinadas áreas ou atividades dos procedimentos burocráticos e formais impostos
de forma geral aos órgãos e entidades da Administração, mas sem quaisquer garantias de que tais
empresas sejam geridas para atender o interesse público que pautou a intervenção do Estado ou que
atinjam os objetivos de eficiência e agilidade pretendidos, gerando o risco de tornarem-se
crescentemente deficitárias e tecnicamente defasadas.
14. Para melhor compreensão da questão, penso que devem ser devidamente desdobrados uma
série de outros temas correlatos, como a evolução do intervencionismo do Estado na economia, as
características e finalidades da Administração Indireta e da descentralização administrativa, os
problemas ocorridos na atuação das empresas estatais federais, os ajustes promovidos pela CF/88
reduzindo a atuação do Estado como agente na esfera da atividade econômica e estabelecendo em seu
art. 173 as hipóteses para tal, a aplicabilidade dos princípios da livre iniciativa e da subsidiariedade que
regem a intervenção do Estado na economia, a questão das empresas estatais dependentes, a existência
de empresas públicas atuando como meros órgãos administrativos, etc.
15. Não tenho a pretensão de esgotar a matéria nesta assentada, mas também não tenho dúvidas
de que o relacionamento do Serpro com o Governo Federal, como um todo, deve merecer deste TCU a
mesma atenção que tem sido dada aos sobreditos processos. Assim, em adição às propostas alvitradas
pela unidade instrutiva, julgo pertinente este Plenário determinar à Segecex que envide esforços para
iniciar, no menor prazo possível, a ação de fiscalização em desdobramento aos itens 9.12 do Acórdão
906/2009-TCU-Plenário, 9.3 do Acórdão 3.348/2012-TCU-Plenário e 9.7 do Acórdão 2.393/2013-
631

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TCU-Plenário, incluindo, no escopo de tal fiscalização, análise sobre as questões apontadas nos
parágrafos 10-14 deste Voto.
16. A segunda deliberação ora monitorada é o Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, que versou
sobre auditoria de conformidade com o objetivo de verificar a consistência e a confiabilidade dos
dados constantes do Siasg e do antigo ComprasNet.
17. Em relação ao precitado Acórdão, seis itens (9.2.1.1, 9.3.2.1, 9.3.2.2, 9.5.1.1, 9.7.1 e 9.8.1)
foram fiscalizados no âmbito do TC 015.239/2012-8, com vistas a verificar o cumprimento do disposto
no art. 7º da Lei 10.520/2002 nos registros dos bancos de dados Siasg e Comprasnet, e os resultados
coligidos no recente Acórdão 754/2015-TCU-Plenário foram aproveitados no âmbito deste
monitoramento. E, à luz do art. 8º da Resolução-TCU 265/2014, não foram monitoradas cinco
deliberações (9.7, 9.8, 9.9, 9.10 e 9.13), de acordo com as explicações apresentadas no Relatório.
18. Das deliberações restantes contidas no Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário, objeto do
presente monitoramento, 30 foram consideradas cumpridas ou implementadas, três foram tidas como
não mais aplicáveis (9.2.7, 9.12 e 9.14), uma recomendação em implementação (9.3.6), uma
recomendação parcialmente implementada (9.6) e uma determinação não cumprida (9.2.5). Haja vista
o alto índice de cumprimento e implementação das deliberações, nada tenho a acrescentar à análise da
unidade instrutiva e reitero o entendimento de que os objetivos buscados já podem ser considerados
alcançados, não havendo necessidade de novos monitoramentos.
19. Por fim, as três determinações contidas no Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário, que tratou
da utilização de dispositivos de envio automático de lances (robôs) em pregões eletrônicos, foram
integralmente cumpridas pela SLTI/MPOG.
20. Em suma, julgo que o panorama geral de cumprimento e implementação das deliberações
contidas nos Acórdãos monitorados é bastante positivo. De um total de 69 deliberações monitoradas,
62 (89,8%) foram consideradas cumpridas/implementadas, em cumprimento/ implementação,
parcialmente cumpridas/implementadas ou que não mais se aplicam, notadamente em relação aos
Acórdãos 1.793/2011-TCU-Plenário e 2.601/2011-TCU-Plenário, para os quais os objetivos buscados
pelas fiscalizações realizadas nos sistemas Siasg e Comprasnet já podem ser considerados alcançados,
não havendo necessidade de novos monitoramentos dos referidos Acórdãos.
21. Relativamente ao Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário, que possui um maior percentual de
deliberações que ainda não se encontram cumpridas ou implementadas (26,6%), existem justificativas
satisfatórias apresentadas pelos gestores, de forma a se descartar a necessidade de realizar novas
determinações ou reiterações, assim como a proposição de aplicação de multas em virtudes dos
descumprimentos, sendo suficiente determinar ao órgão que envie relatório final sobre o atendimento
às deliberações consignadas como não atendidas neste monitoramento.
22. Dentre os benefícios alcançados em decorrência do atendimento das deliberações contidas
nos Acórdãos ora monitorados, corroboro a conclusão da unidade instrutiva no sentido de que, em um
contexto amplo, foram encontrados avanços nos sistemas que controlam as aquisições públicas:
mecanismos de controle de acesso e usabilidade dos sistemas foram aperfeiçoados, os contratos foram
aprimorados e uma maior isonomia foi proporcionada, destacando-se, por exemplo, tanto as novas
regras que visam a impedir o uso da prerrogativa de efetuar lance de desempate em pregões por
licitantes que auferiram faturamento maior que o definido na Lei Complementar 123/2006, quanto
aquelas que mitigam o impacto da utilização de robôs para envio de lances nos certames.
23. Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2734/2015 - TCU - Plenário

1. Processo nº TC 026.025/2014-0.
632

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Apensos: 004.222/2015-6; 046.492/2012-7.


2. Grupo I - Classe de Assunto: V - Monitoramento.
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgão: Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG).
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento que teve por objetivo avaliar o
cumprimento e a implementação de deliberações constantes dos Acórdãos 1.647/2010, 1.793/2011 e
2.601/2011, todos do Plenário, com vistas a contribuir para o aprimoramento do Sistema de
Administração de Serviços Gerais (Siasg) e do sistema ComprasNet (atualmente Compras
Governamentais),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, em:
9.1. considerar cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5, 9.1.6, 9.1.7, 9.1.9,
9.1.13, 9.2.1.1, 9.2.1.2, 9.2.1.3, 9.2.1.4, 9.2.1.5, 9.2.4, 9.2.7 e 9.3 do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário; 9.2.1.2, 9.2.1.3, 9.2.1.4, 9.2.1.5, 9.2.1.6, 9.2.1.7, 9.2.2.1, 9.2.2.2, 9.2.3, 9.2.4, 9.2.6, 9.2.8,
9.2.9, 9.3.1, 9.3.2.2, 9.3.3, 9.3.4, 9.3.5, 9.5.1.1, 9.5.1.2, 9.5.1.3, 9.5.1.4, 9.5.1.5.1, 9.5.1.5.2, 9.5.1.6,
9.5.1.7, 9.5.1.8, 9.5.1.9, 9.5.2 e 9.11 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário; e 9.1, 9.2.1 e 9.2.2 do
Acórdão 2.601/2011-TCU-Plenário;
9.2. considerar parcialmente cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.1 do Acórdão
1.647/2010-TCU-Plenário e 9.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
9.3. considerar não cumpridas/implementadas as deliberações 9.1.8, 9.1.12.1, 9.1.12.2, 9.1.12.3,
9.1.12.4 e 9.2.8 do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.2.5 e seus subitens do Acórdão 1.793/2011-
TCU-Plenário;
9.4. considerar em implementação as recomendações 9.2.9 do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário e 9.3.6 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
9.5. declarar insubsistentes as deliberações 9.2.2, 9.2.3, 9.2.5.1, 9.2.5.2, 9.2.5.3, 9.2.5.4 e 9.2.6
do Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário e 9.2.7, 9.12 e 9.14 do Acórdão 1.793/2011-TCU-Plenário;
9.6. determinar à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão que envie a este Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias após o
recebimento da notificação, relatório final sobre o atendimento aos itens do Acórdão 1.647/2010-TCU-
Plenário consignados como não atendidos em sua integralidade neste monitoramento (itens 9.1.1,
9.1.8, 9.1.12.1, 9.1.12.2, 9.1.12.3, 9.1.12.4, 9.2.8 e 9.2.9 do referido Acórdão), atualizando as
informações prestadas por meio do ofício 2.621/2014-DELOG/SLTI/MPOG e da nota técnica
189/2010-DLSG/SLTI/MPOG necessariamente em confronto com os apontamentos realizados acerca
dos referidos itens na presente deliberação;
9.7. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo deste TCU que envide esforços para
iniciar, no menor prazo possível, a ação de fiscalização em desdobramento aos itens 9.12 do Acórdão
906/2009-TCU-Plenário, 9.3 do Acórdão 3.348/2012-TCU-Plenário e 9.7 do Acórdão 2.393/2013-
TCU-Plenário, incluindo, no escopo de tal fiscalização, análise sobre as questões apontadas nos
parágrafos 10-14 do Voto que fundamenta a presente deliberação;
9.8. encaminhar cópia do inteiro teor da presente deliberação:
9.8.1. a todos os órgãos que originalmente foram destinatários dos Acórdãos monitorados;
9.8.2. aos Procuradores Orlando Monteiro Espíndola da Cunha e Ariane Guebel de Alencar, em
atenção aos ofícios 3.896/2015-PRDF/MPF e 1.436/2015-PRDF/MPF (TC 004.222/2015-6, apenso);
633

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.9. nos termos do art. 5º, inciso II, da Portaria-Segecex 27/2009, juntar cópia da presente
deliberação aos TC’s 011.643/2010-2 e 014.474/2011-5, nos quais foram proferidos, respectivamente,
os Acórdãos 1.793 e 2.601/2011-TCU-Plenário, e apensar o presente processo ao TC 012.538/2009-1,
no qual foi proferido o Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2734-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE II – Plenário


TC 004.595/2015-7.
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
Responsáveis: Arlindo Carvalho Meireles (042.679.247-59); Bella Furtado (410.709.097-34);
Deusimar Nunes Alvarenga (519.506.427-04); Ermelinda Cardoso Caetano (035.533.387-25); Garben
Lúcia Oliveira Lima (035.533.567-07).
Representação legal: não há

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONCESSÃO FRAUDULENTA DE


BENEFÍCIOS. IRREGULARIDADE DAS CONTAS DA RESPONSÁVEL. CONDENAÇÃO
EM DÉBITO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.

RELATÓRIO

Adoto como relatório o pronunciamento da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de


Janeiro (peça 14), que contou com a anuência do corpo diretivo daquela unidade, lavrada nos seguintes
termos:
INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS em razão do prejuízo causado pela ex-servidora Deusimar Nunes Alvarenga, referente a
habilitação e concessão irregulares de aposentadorias, que acarretaram prejuízos aos cofres do INSS.
Os fatos ocorreram nas agências da Previdência Social localizadas nos bairros Copacabana e Barra da
Tijuca, no município do Rio de Janeiro.
HISTÓRICO
2. O Relatório Conclusivo (peça 2, p. 262) da Comissão Permanente de Tomada de Contas
Especial/GEXNIT/RJ, instaurada por meio da Portaria 69/INSS/GEXNIT/RJ, de 8/12/2006, concluiu
pela responsabilização da ex-servidora, solidariamente com os segurados que receberam benefícios
indevidos.
3. Remetidos os autos à Controladoria-Geral da União (CGU), foi elaborado o Relatório de
Auditoria 11/2015, por meio do qual se confirmou a responsabilização da ex-servidora, solidariamente
com os segurados (peça 2, p. 312).
634

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Após a emissão do certificado de auditoria e do parecer do dirigente de controle interno –


ambos com parecer pela irregularidade das contas – bem como do pronunciamento ministerial, o
processo foi encaminhado para o Tribunal de Contas da União, para fins de julgamento (peça 2, p.
324).
5. Na instrução preliminar inserida à peça 4 destes autos, concluiu-se que apenas a ex-servidora
Deusimar Nunes Alvarenga deveria figurar no polo passivo da presente TCE. Da citada manifestação é
possível extrair toda linha de argumentação que respalda a orientação seguida por esta Unidade
Instrutiva no sentido de não promover a citação dos segurados beneficiados.
6. Conforme a tese ali exposta, em apertada síntese, a permanência dos segurados na relação processual
da tomada de contas especial dependerá da comprovação de que, seja por dolo ou culpa, concorreram para a
prática do ato fraudulento. Na condição de terceiro desvinculado da Administração e sem o dever legal de
prestar contas, a submissão do segurado à jurisdição do TCU exigirá prova de que ele tenha contribuído de
modo decisivo e em concurso com o agente público para a produção do dano. Do contrário, a jurisdição do TCU
não os alcançará, nos termos do art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92.
7. Na referida instrução, colheu-se uma série de deliberações nas quais a Corte, ressentindo-se da
presença de elementos capazes de atribuir aos segurados efetiva participação na fraude, entendeu por bem
excluí-los da relação processual, a exemplo do que se decidiu nos Acórdãos TCU – Plenário 859/2013,
2.369/2013, 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013, 3.112/2013 e 3.626/2013.
8. Apurou-se que, por meio do Acórdão 859/2013–TCU–Plenário, esse Tribunal apreciou ocorrências
semelhantes às descritas no caso concreto, tendo decidido naquela assentada pela exclusão de 24 (vinte e quatro)
segurados da relação processual, também sob a alegação de ausência de provas capazes de evidenciar o
envolvimento deles na fraude (item 11 da instrução inserta à peça 4).
9. Dessa forma, não faria sentido determinar a citação dos beneficiários, quando, na análise preliminar, já
fosse possível identificar a ausência de provas aptas a demonstrar que eles agiram em conluio com o autor das
fraudes, tal como ocorreu no caso vertente, deixando-se para decidir formalmente sobre a exclusão dos
segurados da relação processual para quando da deliberação de mérito.
10. Assim, autuado este TC, com inclusão das peças necessárias, foi determinada a citação da ex-
servidora Deusimar Nunes Alvarenga decorrente de irregularidades na concessão de benefícios previdenciários,
tendo sido apurado como prejuízo ao erário o valor original de R$ 72.897,00 (peça 2, p. 202).
11. A citação da Sra. Deusimar Nunes Alvarenga foi promovida por meio do Ofício 1689/2015-
TCU/SECEX-RJ, de 11/6/2015 (peça 10), com ciência em 17/6/2015, conforme AR, (peça 11). Em que pese
haver sido citado regularmente, conforme atesta o aviso de recebimento (AR) que compõe a peça 11, a Sra.
Deusimar Nunes Alvarenga não atendeu à citação e não se manifestou quanto às irregularidades verificadas.
Assim, transcorrido o prazo regimental fixado sem providencias do aludido responsável, impõe-se que seja
considerado revel, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, §3º, da Lei 8.443/1992 (Lei
Orgânica do TCU – LO/TCU).
EXAME TÉCNICO
12. Na instrução preliminar inserida à peça 4 destes autos eletrônicos, concluiu-se que apenas a ex-
servidora Deusimar Nunes Alvarenga deveria figurar no polo passivo da presente TCE. Da citada manifestação
é possível extrair toda linha de argumentação que respalda a orientação seguida por esta Unidade Instrutiva no
sentido de não promover a citação dos segurados.
13. Conforme a tese ali exposta, em apertada síntese, a permanência dos segurados na relação processual
da tomada de contas especial dependerá da comprovação de que, seja por dolo ou culpa, concorreram para a
prática do ato fraudulento. Na condição de terceiro desvinculado da Administração e sem o dever legar de
prestar contas, a submissão do segurado à jurisdição do TCU exigirá prova de que ele tenha contribuído de
modo decisivo e em concurso com o agente público para a produção do dano. Do contrário, a jurisdição do TCU
não os alcançará, nos termos do art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92.
14. Na referida instrução, colheu-se uma série de deliberações nas quais a Corte, ressentindo-se da
presença de elementos capazes de atribuir aos segurados efetiva participação na fraude, entendeu por bem
excluí-los da relação processual, a exemplo do que se decidiu nos Acórdãos TCU – Plenário 859/2013,
2.369/2013, 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013, 3.112/2013 e 3.626/2013.
15. Apurou-se que, por meio do Acórdão 859/2013 – TCU – Plenário, esse Tribunal apreciou ocorrências
semelhantes às descritas no caso concreto, tendo decidido naquela assentada pela exclusão de 24 (vinte e quatro)
segurados da relação processual, também sob a alegação de ausência de provas capazes de evidenciar o
635

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

envolvimento deles na fraude (itens 7 a 19 inserta à peça 4).


16. Dessa forma, não faria sentido determinar a citação dos beneficiários, quando, na análise preliminar,
já fosse possível identificar a ausência de provas aptas a demonstrar que eles agiram em conluio com os autores
das fraudes, tal como ocorreu no caso vertente. Assim, procedeu-se à citação unicamente da ex-servidora
Deusimar Nunes Alvarenga, deixando-se para decidir formalmente sobre a exclusão dos segurados da relação
processual para quando da deliberação de mérito.
17. Assim, em cumprimento ao despacho do Ministro-Relator (peça 6), foi promovida a citação da
responsável, mediante o Ofício 1689/2015-TCU/SECEX-RJ, de 11/6/2015 (peça 10), com ciência em 17/6/2015
(conforme AR, peça 11). A Sra. Deusimar Nunes Alvarenga não atendeu a citação e não se manifestou quanto
às irregularidades verificadas.
18. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inerte a responsável, sem apresentar alegações
nem recolher o débito apurado, pode, assim, ser considerada revel, dando-se prosseguimento ao processo, de
acordo com o previsto no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
19. As conclusões e provas constantes do Relatório da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar
que se encontra à peça 1 destes autos eletrônicos são suficientes para atribuir à Sra. Deusimar Nunes Alvarenga
a responsabilidade pelo débito apurado nos autos, haja vista que a apuração de responsabilidade funcional da ex-
servidora, que resultou na aplicação da pena de demissão, funda-se em elementos substanciosos quanto à
materialidade e autoria dos ilícitos que lhes foram imputados (peça 1, p. 57-89).
20. No que se refere às específicas concessões impugnadas, as condutas ilícitas da responsável foram
descritas em relatórios individuais de auditagem, nos termos dos dossiês acostados à peça 1 (p. 41-55).
21. Cabe aqui abrir um parêntese para esclarecer que a proposta de exclusão dos segurados da relação
processual não tem o condão de obstaculizar eventual cobrança administrativa e/ou judicial de iniciativa do
INSS quanto a valores recebidos indevidamente pelos beneficiários. Explica-se.
22. Não obstante o art. 16, § 2º, da Lei 8.443/92 e a jurisprudência do TCU citada no item 9 desta
instrução erijam a demonstração de culpa ou dolo como pressuposto indispensável para que a conduta do
particular (estranho à Administração) esteja submetida à jurisdição do TCU, claro está que pode haver casos em
que o segurado se beneficiou da fraude sem que dela tivesse conhecimento, ou seja, sem agir de maneira dolosa
ou culposa.
23. As inúmeras tomadas de contas especiais resultantes da concessão irregular de benefícios
previdenciários revelam que o comportamento dos segurados pode variar em cada caso a depender das provas
que forem carreadas aos autos acerca da sua efetiva contribuição para a consecução do ilícito, bem como da
circunstância de terem consciência ou não de que o benefício recebido era irregular. Sobre o assunto, convém
transcrever as observações insertas na sentença absolutória exarada pelo juízo da 8ª Vara Criminal Federal da
Seção Judiciária do Rio de Janeiro, nos autos da Ação Penal n. 2001.5101513802-3, in verbis (peça 6, p. 14-30,
TC 034.248/2013-7):
24. Investigações realizadas em processos que tramitam nesta Justiça Federal dão conta de que quadrilhas
muito bem organizadas atuam na concessão de benefícios fraudulentos em determinados períodos, contando não
apenas com a participação de servidores como também de despachantes e até advogados. Por vezes, os
segurados aproveitam-se de tal situação para obter, conscientemente, benefícios a que não fazem jus. Em outras,
acreditando terem direito ao benefício, são ludibriados por estas pessoas.
25. Ressalta-se aqui a situação dos segurados que acreditavam fazer jus ao benefício, muitas vezes
iludidos por intermediários (despachantes e advogados) ou até por prepostos do INSS e a estas pessoas
confiaram seus documentos, com vistas à obtenção do benefício previdenciário. Em situações como essa, a
fraude ocorre no interior da instituição, por meio de lançamentos incorretos nos sistemas informatizados da
previdência relacionados a vínculos empregatícios, contagem de tempo de serviço, valores de salários de
contribuição, entre outras fraudes que ocasionam pagamento de benefícios aos quais os segurados não têm
direito.
26. Nesse quadro, embora o concerto fraudatório envolva servidores da Autarquia e possíveis
intermediários, sem que o segurado tenha consciência do ilícito, é inegável que a percepção de valores pagos
indevidamente, pois que não preenchidos os pressupostos legais para a concessão do benefício, gera, para o
beneficiário, o dever de ressarcir a Previdência Social, sob pena de enriquecimento sem causa, a teor do que
dispõe o art. 884 do Código Civil.
27. Em outras palavras, a ausência de elementos que comprovem a participação dos segurados na prática
do ato ilícito, quanto a terem agido de má-fé, adulterado documentos ou emitido declarações falsas, por
636

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

exemplo, é suficiente para retirá-los do polo passivo da TCE, pois sobre eles não incidirá a jurisdição da Corte
de Contas, segundo já observado. No entanto, no âmbito administrativo, se houver a constatação de que
segurados receberam benefícios que não lhe eram devidos (o que pode ocorrer independentemente de dolo ou
culpa), tendo havido ou não a suspensão do pagamento, a decisão do Tribunal pela exclusão desses segurados da
relação processual não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais que a entidade
prejudicada entender como cabíveis, com o objetivo de reaver aquilo que foi pago sem justa causa, ou seja, à
míngua de fundamento jurídico.
28. Destarte, caso seja ratificado o posicionamento de que os segurados arrolados nesta TCE devem ser
excluídos da relação processual, considera-se oportuno comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS e à Procuradoria Geral Federal – PGF que a mencionada decisão não impede a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos aos referidos
beneficiários, em virtude da concessão indevida de benefício previdenciário (aposentadoria por tempo de
serviço).
CONCLUSÃO
29. Considerando que o alcance da jurisdição do Tribunal de Contas da União sobre terceiros estranhos à
Administração Pública depende da comprovação de que tenham agindo com dolo ou culpa. Considerando que,
no caso concreto, que não há elementos que indiquem cabalmente a participação dos beneficiários no conluio
para a prática dos atos fraudulentos apurados pela auditoria interna do INSS. Conclui-se, portanto, que a
atribuição de responsabilidade apenas da ex-servidora Deusimar Nunes Alvarenga, com a exclusão dos demais
segurados da relação processual, é medida que melhor se coaduna com os ditames da culpabilidade e dos
princípios da racionalidade processual e da efetividade da jurisdição de contas, conforme os argumentos
apresentados na instrução preliminar (peça 4).
30. A Sra. Deusimar Nunes Alvarenga foi citada e não apresentou alegações de defesa, sendo
considerada revel, nos termos do art. 12, §3º, da Lei 8.443/1992, em decorrência de irregularidades na
concessão de benefícios previdenciários aos segurados acima citados.
31. Os autos carecem de elementos que permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de excludentes
de culpabilidade nas condutas da Sra. Deusimar Nunes Alvarenga, cabendo propor que suas contas sejam
julgadas irregulares e que seja condenada em débito, bem como que lhe seja aplicada a multa prevista no art. 57
da Lei 8.443/1992.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE
32. Entre os benefícios do exame desta Tomada de Contas Especial, pode-se mencionar a proposta de
imputação de débito pelo Tribunal, indicado no item 42.1 do anexo da Portaria – Segecex 10/2012.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
33. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, sugerindo-se o envio dos autos
à Douta Procuradoria, com as seguintes propostas:
a) excluir da relação processual os segurados: Arlindo Carvalho Meireles (CPF: 042.679.247-59); Bella
Furtado (CPF: 410.709.097-34); Ermelinda Cardoso Caetano (CPF: 035.533.387-25); e Garben Lúcia Oliveira
Lima (CPF: 035.533.567-07);
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e §§ 1º e 2º da Lei 8.443/1992, c/c os
arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, e §§ 1º e 5º, 210 e 214, inciso III,
do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas da Sra. Deusimar Nunes Alvarenga, ex-
servidora do INSS, condenando-a ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de
quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data
do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, em decorrência da concessão irregular de
aposentadorias por tempo de serviço, ocasionando prejuízo aos cofres públicos, como segue:
b.1) Devedor: Sra. Deusimar Nunes Alvarenga (CPF: 519.506.427-04), em razão da concessão irregular
de benefícios previdenciários, ocasionando prejuízo aos cofres públicos, segundo os pagamentos efetuados aos
seguintes segurados:
b.1.1) Arlindo Carvalho Meireles (CPF: 042.679.247-59):
Data Moeda Valor Tipo
04/01/1993 Cr$ 16.699.000,00 D
01/02/1993 Cr$ 7.879.000,00 D
637

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/03/1993 Cr$ 7.961.000,00 D


01/04/1993 Cr$ 10.879.234,00 D
03/05/1993 Cr$ 10.879.300,00 D
01/06/1993 Cr$ 20.820.806,00 D
01/07/1993 Cr$ 20.856.300,00 D
02/08/1993 CR$ 29.294,60 D
01/09/1993 CR$ 35.024,00 D
01/10/1993 CR$ 59.629,36 D
01/11/1993 CR$ 74.576,01 D
01/12/1993 CR$ 186.538,90 D
14/02/1995 R$ 1.060,35 D
10/03/1995 R$ 402,06 D
10/05/1995 R$ 402,06 D
09/06/1995 R$ 574,37 D
05/07/1995 R$ 574,37 D
05/10/1995 R$ 1.148,74 D
06/11/1995 R$ 574,37 D
04/12/1995 R$ 1.148,74 D
03/01/1996 R$ 574,37 D
05/02/1996 R$ 574,37 D
02/04/1996 R$ 574,37 D
29/05/1996 R$ 1.148,74 D
04/06/1996 R$ 660,52 D
25/07/1996 R$ 660,52 D
28/08/1996 R$ 660,52 D
19/09/1996 R$ 660,52 D
09/10/1996 R$ 660,52 D
08/11/1996 R$ 4.681,12 D
valor original: R$ 16.915,55
b.1.2) Bella Furtado (CPF: 410.709.097-34):

Data Moeda Valor Tipo


02/09/1991 Cr$ 605.527,31 D
01/10/1991 Cr$ 74.218,24 D
01/11/1991 Cr$ 74.218,00 D
03/02/1992 Cr$ 163.147,00 D
01/04/1992 Cr$ 163.149,00 D
01/06/1992 Cr$ 437.469,00 D
01/07/1992 Cr$ 437.469,00 D
03/08/1992 Cr$ 437.469,00 D
01/09/1992 Cr$ 600.584,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.350.040,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.350.040,00 D
01/12/1992 Cr$ 3.071.140,00 D
04/01/1993 Cr$ 1.806.040,00 D
01/02/1993 Cr$ 3.830.000,00 D
01/03/1993 Cr$ 3.989.000,00 D
01/04/1993 Cr$ 5.372.800,00 D
01/05/1993 Cr$ 5.620.500,00 D
01/06/1993 Cr$ 10.032.500,00 D
01/07/1993 Cr$ 10.458.500,00 D
01/11/1993 CR$ 36.344,34 D
638

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/12/1993 CR$ 76.311,42 D


03/01/1994 CR$ 57.292,84 D
01/03/1994 CR$ 109.067,53 D
04/04/1994 CR$ 153.613,94 D
02/05/1994 CR$ 218.433,56 D
01/07/1994 R$ 164,58 D
11/01/1995 R$ 493,74 D
09/02/1995 R$ 179,58 D
09/03/1995 R$ 164,58 D
11/04/1995 R$ 164,58 D
10/05/1995 R$ 164,58 D
09/06/1995 R$ 235,11 D
11/07/1995 R$ 235,11 D
09/08/1995 R$ 235,11 D
12/09/1995 R$ 235,11 D
10/10/1995 R$ 235,11 D
10/11/1995 R$ 235,11 D
11/12/1995 R$ 470,22 D
10/01/1996 R$ 235,11 D
09/02/1996 R$ 235,11 D
11/03/1996 R$ 235,11 D
11/04/1996 R$ 235,11 D
10/05/1996 R$ 235,11 D
12/06/1996 R$ 270,37 D
09/07/1996 R$ 270,37 D
09/08/1996 R$ 270,37 D
10/09/1996 R$ 270,37 D
10/10/1996 R$ 270,37 D
11/11/1996 R$ 270,37 D
10/12/1996 R$ 540,74 D
10/01/1997 R$ 270,37 D
13/02/1997 R$ 270,37 D
11/03/1997 R$ 270,37 D
09/04/1997 R$ 270,37 D
12/05/1997 R$ 270,37 D
12/06/1997 R$ 270,37 D
09/07/1997 R$ 291,35 D
11/08/1997 R$ 291,35 D
09/09/1997 R$ 291,35 D
09/10/1997 R$ 291,35 D
12/11/1997 R$ 291,35 D
09/12/1997 R$ 582,70 D
12/01/1998 R$ 291,35 D
11/02/1998 R$ 291,35 D
11/03/1998 R$ 291,35 D
15/04/1998 R$ 291,35 D
13/05/1998 R$ 291,35 D
09/06/1998 R$ 291,35 D
09/07/1998 R$ 305,36 D
12/08/1998 R$ 305,36 D
11/09/1998 R$ 305,36 D
09/10/1998 R$ 305,36 D
639

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11/11/1998 R$ 305,36 D
09/12/1998 R$ 610,72 D
09/01/1999 R$ 305,36 D
10/02/1999 R$ 305,36 D
09/03/1999 R$ 305,36 D
14/04/1999 R$ 305,36 D
11/05/1999 R$ 305,36 D
10/06/1999 R$ 305,36 D
09/07/1999 R$ 319,43 D
10/08/1999 R$ 319,43 D
10/09/1999 R$ 319,43 D
11/10/1999 R$ 319,43 D
10/11/1999 R$ 319,43 D
09/12/1999 R$ 638,86 D
11/01/2000 R$ 319,43 D
09/02/2000 R$ 319,43 D
13/03/2000 R$ 319,43 D
11/04/2000 R$ 319,43 D
10/05/2000 R$ 319,43 D
09/06/2000 R$ 319,43 D
11/07/2000 R$ 337,98 D
09/08/2000 R$ 337,98 D
12/09/2000 R$ 337,98 D
10/10/2000 R$ 337,98 D
10/11/2000 R$ 337,98 D
11/12/2000 R$ 675,96 D
10/01/2001 R$ 337,98 D
09/02/2001 R$ 338,00 D
09/03/2001 R$ 338,00 D
10/04/2001 R$ 338,00 D
10/05/2001 R$ 338,00 D
11/06/2001 R$ 338,00 D
10/07/2001 R$ 364,00 D
09/08/2001 R$ 364,00 D
12/09/2001 R$ 364,00 D
09/10/2001 R$ 364,00 D
12/11/2001 R$ 364,00 D
11/12/2001 R$ 727,80 D
10/01/2002 R$ 364,00 D
13/02/2002 R$ 364,00 D
13/03/2002 R$ 364,00 D

valor original: R$ 28.371,60

b.1.3) Ermelinda Cardoso Caetano (CPF: 035.533.387-25):

Data Moeda Valor Tipo


03/02/1992 Cr$ 241.205,00 D
02/03/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/04/1992 Cr$ 241.205,00 D
04/05/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/06/1992 Cr$ 555.643,00 D
640

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/07/1992 Cr$ 555.644,00 D


03/08/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/09/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.249.020,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.249.020,00 D
01/12/1992 Cr$ 2.498.030,00 D
04/01/1993 Cr$ 12.159.870,00 D
09/11/1995 R$ 2.667,25 D
11/12/1995 R$ 434,50 D
16/01/1996 R$ 217,25 D
08/02/1996 R$ 217,25 D
08/03/1996 R$ 217,25 D
08/04/1996 R$ 217,25 D
09/05/1996 R$ 217,25 D
11/06/1996 R$ 249,83 D
08/07/1996 R$ 249,83 D
08/08/1996 R$ 249,83 D
09/09/1996 R$ 249,83 D
09/10/1996 R$ 249,83 D
08/11/1996 R$ 249,83 D
09/12/1996 R$ 499,66 D
09/01/1997 R$ 249,83 D
17/02/1997 R$ 249,83 D
13/03/1997 R$ 249,83 D
08/04/1997 R$ 249,83 D
12/05/1997 R$ 249,83 D
10/06/1997 R$ 249,83 D
10/07/1997 R$ 269,21 D
12/08/1997 R$ 269,21 D
09/09/1997 R$ 269,21 D
09/10/1997 R$ 269,21 D
11/11/1997 R$ 269,21 D
09/12/1997 R$ 538,42 D

valor original: R$ 9.577,49

b.1.4) Garben Lúcia Oliveira Lima (CPF: 035.533.567-07):

Data Moeda Valor Tipo


03/02/1992 Cr$ 241.205,00 D
02/03/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/04/1992 Cr$ 241.205,00 D
04/05/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/06/1992 Cr$ 2.186.758,00 D
01/07/1992 Cr$ 555.644,00 D
03/08/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/09/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.249.014,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.249.014,00 D
01/12/1992 Cr$ 2.498.028,00 D
04/01/1993 Cr$ 12.270.925,00 D
01/02/1993 Cr$ 3.012.782,00 D
641

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/03/1993 Cr$ 3.012.782,00 D


01/04/1993 Cr$ 4.117.569,00 D
03/05/1993 Cr$ 4.117.569,00 D
03/06/1993 Cr$ 7.893.684,00 D
03/07/1993 Cr$ 7.893.684,00 D
02/08/1993 CR$ 11.087,39 D
01/09/1993 CR$ 13.222,80 D
01/10/1993 CR$ 22.576,11 D
01/11/1993 CR$ 28.258,51 D
01/12/1993 CR$ 70.601,06 D
16/11/1995 R$ 2.667,25 D
14/12/1995 R$ 5.234,50 D
16/01/1996 R$ 217,25 D
14/02/1996 R$ 217,25 D
14/03/1996 R$ 217,25 D
16/04/1996 R$ 217,25 D
15/05/1996 R$ 217,25 D
17/06/1996 R$ 249,83 D
12/07/1996 R$ 249,83 D
14/08/1996 R$ 249,83 D
13/09/1996 R$ 249,83 D
15/10/1996 R$ 249,83 D
14/11/1996 R$ 249,83 D
17/12/1996 R$ 499,66 D
15/01/1997 R$ 249,83 D
20/02/1997 R$ 249,83 D
14/03/1997 R$ 249,83 D
16/04/1997 R$ 249,83 D
19/05/1997 R$ 249,83 D
13/06/1997 R$ 249,83 D
17/07/1997 R$ 269,21 D
18/08/1997 R$ 269,21 D
18/09/1997 R$ 269,21 D
16/10/1997 R$ 269,21 D
24/11/1997 R$ 269,21 D
16/12/1997 R$ 538,42 D
16/01/1998 R$ 269,21 D
13/02/1998 R$ 269,21 D
18/03/1998 R$ 269,21 D
22/04/1998 R$ 269,21 D
18/05/1998 R$ 269,21 D
16/06/1998 R$ 269,21 D
16/07/1998 R$ 282,15 D
18/08/1998 R$ 282,15 D
21/09/1998 R$ 282,15 D
16/10/1998 R$ 282,15 D
16/11/1998 R$ 282,15 D
14/12/1998 R$ 564,30 D

valor original: R$ 18.032,36


642

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) aplicar à Sra. Deusimar Nunes Alvarenga (CPF: 519.506.427-04), a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovar, perante o TCU (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o
recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão
que vier a ser proferido até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
d) autorizar, desde logo, caso seja requerido, o pagamento parcelado das importâncias devidas em até
trinta e seis parcelas, nos termos do art. 217 do Regimento Interno;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
f) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que a
fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, nos termos do
art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas
que entender cabíveis; e
g) comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal – PGF que
decisão indicada na alínea “a” acima não impede a adoção de providências administrativas e/ou judiciais, com
vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos aos segurados ali referidos (alínea “a”), em razão da
concessão indevida de benefício previdenciário.
2. A representante do Ministério Público junto a este Tribunal (peça 16), por sua vez, conquanto
concorde com a proposta da unidade técnica, destacou a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva
em relação a multa proposta, nos seguintes termos:

O presente processo de Tomada de Contas Especial trata de irregularidades praticadas pela Senhora
Deusimar Nunes Alvarenga, à época servidora da Gerência Executiva do Instituto Nacional do Seguro Social na
cidade do Rio de Janeiro (INSS/RJ), na concessão de benefícios previdenciários em favor dos segurados Senhor
Arlindo Carvalho Meireles e Senhoras Bella Furtado, Ermelinda Cardoso Caetano e Garben Lúcia Oliveira
Lima.
2. Registrada a revelia da Senhora Deusimar Nunes Alvarenga em oferecer defesa nos autos, a proposta
da Unidade Técnica consiste em julgar irregulares as contas da responsável e condená-la, em cada caso dos
benefícios concedidos indevidamente, ao pagamento dos débitos aos cofres do INSS, aplicando-se-lhe, ainda, a
multa prevista no art. 57 da Lei n.º 8.443/92 (peças 14/15). A medida compreende, ainda, excluir os segurados
da relação jurídica processual, considerando, na linha da jurisprudência do TCU acerca de matéria semelhante, a
ausência nos autos de elementos que comprovem a participação dos beneficiários nas irregularidades.
3. De início, verifica-se que, cometidas as fraudes nas averbações de tempo de contribuição para
aposentadoria com a atuação da referida servidora pública, os pagamentos indevidos dos benefícios se
estenderam até a respectiva suspensão pelo INSS, nos seguintes períodos: Senhor Arlindo Carvalho Meireles, de
04/01/93 a 08/11/96; Senhora Bella Furtado, de 02/09/91 a 13/03/2002; Senhora Ermelinda Cardoso Caetano,
de 03/02/92 a 09/12/97; e Senhora Garben Lúcia Oliveira Lima, de 03/02/92 a 14/12/98.
4. Nesse caso, cada data de pagamento indevido constitui o marco inicial da contagem do prazo de
prescrição, na espécie para a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União. Conforme manifestações
específicas deste Parquet nas sessões da 2.ª Câmara de 05/05 e 07/07/2015, há de se conceder tratamento
isonômico aos agentes jurisdicionados na matéria, adotando-se a vertente majoritária do TCU acerca da
aplicação subsidiária das regras dos arts. 205 e 2028 do Código Civil de 2002 para a prescrição da pretensão
punitiva na atividade de controle externo.
5. Assim, a entrega da citação no endereço da Senhora Deusimar Nunes Alvarenga, ocorrida em
17/06/2015 (peças 10/11), constitui a data de interrupção do prazo decenal da prescrição da pretensão punitiva.
Considerando as datas dos pagamentos indevidos a cada segurado, a contagem do prazo decenal na forma legal
e, ainda, a interrupção do prazo prescricional em cada situação, os resultados sobre a ocorrência ou não da
prescrição são os indicados no quadro a seguir:

Responsável Período de pagamento Término do Interrupção da


indevido prazo decenal prescrição
de prescrição
04/01/93 a 08/11/96 04/01/2013 e
643

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Responsável Período depagamento Término do Interrupção da


indevido prazo decenal prescrição
de prescrição
(Arlindo Carvalho Meireles) 11/01/2013
Deusimar Nunes 02/09/91 a 13/03/2002 02/09/2011 e 17/06/2015
Alvarenga (Bella Furtado) 11/01/2013
03/02/92 a 09/12/97 03/02/2012 e
(Ermelinda Cardoso Caetano) 11/01/2013
03/02/92 a 14/12/98 03/02/92 e
(Garben Lúcia Oliveira Lima) 11/01/2013

6. Conforme se extrai do quadro anterior, resta prejudicado aplicar penalidade à responsável, Senhora
Deusimar Nunes Alvarenga, pois ocorreu, anteriormente à data de interrupção em cada caso, o término do prazo
decenal de prescrição da pretensão punitiva relativamente aos valores de débito.
7. Diante do exposto, esta representante do Ministério Público manifesta-se de acordo com a proposta da
Unidade Técnica, nos termos da instrução e parecer às peças 14/15, exceto quanto a aplicar penalidade à
Senhora Deusimar Nunes Alvarenga, ante a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva pelo TCU (letra “c”
do item 33 da peça 14).

É o relatório.

VOTO

A presente tomada de contas especial foi instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, em desfavor de Deusimar Nunes Alvarenga, ex-servidora daquele Instituto, em razão do
prejuízo por ela causado na habilitação e concessão irregulares de aposentadorias em agências da
Previdência Social localizadas nos bairros Copacabana e Barra da Tijuca, no município do Rio de
Janeiro.
2. Não houve a responsabilização dos segurados beneficiários pelas irregularidades, tendo em
vista a ausência de elementos, nestes autos, capazes de atribuir a estes a efetiva participação na fraude
em exame, na linha da jurisprudência deste Tribunal, conforme Acórdãos do Plenário 859/2013,
2.369/2013, 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013, 3.112/2013 e 3.626/2013.
3. Instada a se pronunciar nos autos, conforme Aviso de Recebimento constante dos autos à
peça 11, a responsável manteve-se silente, sendo considerada revel, nos termos do art. 12, § 3º, da
Lei 8.443/1992.
4. Considerando que a responsável não mais reside no endereço constante da base da Receita
Federal, conforme apurado pela unidade técnica (peça 9), a citação foi realizada no endereço fornecido
pela Justiça Federal.
5. A unidade técnica propôs o julgamento pela irregularidade das contas, a condenação da
responsável à devolução do prejuízo apurado e a aplicação de multa fundada no art. 57 da
Lei 8.443/1992.
6. A representante do MPTCU, por sua vez, apontou para a prescrição da pretensão punitiva do
TCU, motivo pelo qual sugeriu a supressão da aplicação multa.
7. Concordo com as conclusões da unidade técnica, cuja análise incorporo, desde já, às minhas
razões de decidir.
8. As provas constantes dos autos dão conta que a ex-servidora do INSS participou da
habilitação e concessão fraudulenta de benefícios, causando os prejuízos a que ora se pretende ver
ressarcidos. Justificada, pois, a condenação ora proposta.
644

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Quanto à aplicação de multa, concordo com o MPTCU. De fato, no momento da citação da


responsável, em 17/6/2015, já havia transcorrido o prazo decenal da prescrição, conforme regra
estabelecida nos artigos 205 e 2028 do Código Civil, aplicável subsidiariamente neste Tribunal.
10. Há que se reconhecer, ainda, a prescrição da pretensão punitiva também para a aplicação da
pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública, com fundamento no art. 60 da Lei 8.443/1992, penalidade comumente adotada
em casos similares ao que ora se examina, conforme jurisprudência desta Corte de Contas.
Dessa forma, acompanho a proposta de encaminhamento oferecida pela unidade técnica e
VOTO pela adoção da minuta de acórdão que trago à consideração deste colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2735/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 004.595/2015-7.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Arlindo Carvalho Meireles (042.679.247-59); Bella Furtado (410.709.097-34);
Deusimar Nunes Alvarenga (519.506.427-04); Ermelinda Cardoso Caetano (035.533.387-25); Garben
Lúcia Oliveira Lima (035.533.567-07).
4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS, em desfavor de Deusimar Nunes Alvarenga, ex-servidora daquele
Instituto, em razão do prejuízo por ela causado na habilitação e concessão irregulares de
aposentadorias em agências da Previdência Social localizadas nos bairros Copacabana e Barra da
Tijuca, no município do Rio de Janeiro;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. excluir da relação processual os responsáveis Arlindo Carvalho Meireles, Bella Furtado,
Ermelinda Cardoso Caetano e Garben Lúcia Oliveira Lima;
9.2. julgar irregulares as contas de Deusimar Nunes Alvarenga, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e 19, caput, da Lei 8.443/1992;
9.3. condená-la ao recolhimento das importâncias abaixo especificadas ao Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS, acrescidas de encargos legais a partir das datas mencionadas até a data do
pagamento:
- pagamentos efetuados ao segurado Arlindo Carvalho Meireles:

Data Moeda Valor Tipo


04/01/1993 Cr$ 16.699.000,00 D
01/02/1993 Cr$ 7.879.000,00 D
01/03/1993 Cr$ 7.961.000,00 D
01/04/1993 Cr$ 10.879.234,00 D
03/05/1993 Cr$ 10.879.300,00 D
01/06/1993 Cr$ 20.820.806,00 D
645

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/07/1993 Cr$ 20.856.300,00 D


02/08/1993 CR$ 29.294,60 D
01/09/1993 CR$ 35.024,00 D
01/10/1993 CR$ 59.629,36 D
01/11/1993 CR$ 74.576,01 D
01/12/1993 CR$ 186.538,90 D
14/02/1995 R$ 1.060,35 D
10/03/1995 R$ 402,06 D
10/05/1995 R$ 402,06 D
09/06/1995 R$ 574,37 D
05/07/1995 R$ 574,37 D
05/10/1995 R$ 1.148,74 D
06/11/1995 R$ 574,37 D
04/12/1995 R$ 1.148,74 D
03/01/1996 R$ 574,37 D
05/02/1996 R$ 574,37 D
02/04/1996 R$ 574,37 D
29/05/1996 R$ 1.148,74 D
04/06/1996 R$ 660,52 D
25/07/1996 R$ 660,52 D
28/08/1996 R$ 660,52 D
19/09/1996 R$ 660,52 D
09/10/1996 R$ 660,52 D
08/11/1996 R$ 4.681,12 D

- pagamentos efetuados à segurada Bella Furtado:

Data Moeda Valor Tipo


02/09/1991 Cr$ 605.527,31 D
01/10/1991 Cr$ 74.218,24 D
01/11/1991 Cr$ 74.218,00 D
03/02/1992 Cr$ 163.147,00 D
01/04/1992 Cr$ 163.149,00 D
01/06/1992 Cr$ 437.469,00 D
01/07/1992 Cr$ 437.469,00 D
03/08/1992 Cr$ 437.469,00 D
01/09/1992 Cr$ 600.584,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.350.040,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.350.040,00 D
01/12/1992 Cr$ 3.071.140,00 D
04/01/1993 Cr$ 1.806.040,00 D
01/02/1993 Cr$ 3.830.000,00 D
01/03/1993 Cr$ 3.989.000,00 D
01/04/1993 Cr$ 5.372.800,00 D
01/05/1993 Cr$ 5.620.500,00 D
01/06/1993 Cr$ 10.032.500,00 D
01/07/1993 Cr$ 10.458.500,00 D
01/11/1993 CR$ 36.344,34 D
01/12/1993 CR$ 76.311,42 D
03/01/1994 CR$ 57.292,84 D
01/03/1994 CR$ 109.067,53 D
04/04/1994 CR$ 153.613,94 D
646

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

02/05/1994 CR$ 218.433,56 D


01/07/1994 R$ 164,58 D
11/01/1995 R$ 493,74 D
09/02/1995 R$ 179,58 D
09/03/1995 R$ 164,58 D
11/04/1995 R$ 164,58 D
10/05/1995 R$ 164,58 D
09/06/1995 R$ 235,11 D
11/07/1995 R$ 235,11 D
09/08/1995 R$ 235,11 D
12/09/1995 R$ 235,11 D
10/10/1995 R$ 235,11 D
10/11/1995 R$ 235,11 D
11/12/1995 R$ 470,22 D
10/01/1996 R$ 235,11 D
09/02/1996 R$ 235,11 D
11/03/1996 R$ 235,11 D
11/04/1996 R$ 235,11 D
10/05/1996 R$ 235,11 D
12/06/1996 R$ 270,37 D
09/07/1996 R$ 270,37 D
09/08/1996 R$ 270,37 D
10/09/1996 R$ 270,37 D
10/10/1996 R$ 270,37 D
11/11/1996 R$ 270,37 D
10/12/1996 R$ 540,74 D
10/01/1997 R$ 270,37 D
13/02/1997 R$ 270,37 D
11/03/1997 R$ 270,37 D
09/04/1997 R$ 270,37 D
12/05/1997 R$ 270,37 D
12/06/1997 R$ 270,37 D
09/07/1997 R$ 291,35 D
11/08/1997 R$ 291,35 D
09/09/1997 R$ 291,35 D
09/10/1997 R$ 291,35 D
12/11/1997 R$ 291,35 D
09/12/1997 R$ 582,70 D
12/01/1998 R$ 291,35 D
11/02/1998 R$ 291,35 D
11/03/1998 R$ 291,35 D
15/04/1998 R$ 291,35 D
13/05/1998 R$ 291,35 D
09/06/1998 R$ 291,35 D
09/07/1998 R$ 305,36 D
12/08/1998 R$ 305,36 D
11/09/1998 R$ 305,36 D
09/10/1998 R$ 305,36 D
11/11/1998 R$ 305,36 D
09/12/1998 R$ 610,72 D
09/01/1999 R$ 305,36 D
10/02/1999 R$ 305,36 D
647

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

09/03/1999 R$ 305,36 D
14/04/1999 R$ 305,36 D
11/05/1999 R$ 305,36 D
10/06/1999 R$ 305,36 D
09/07/1999 R$ 319,43 D
10/08/1999 R$ 319,43 D
10/09/1999 R$ 319,43 D
11/10/1999 R$ 319,43 D
10/11/1999 R$ 319,43 D
09/12/1999 R$ 638,86 D
11/01/2000 R$ 319,43 D
09/02/2000 R$ 319,43 D
13/03/2000 R$ 319,43 D
11/04/2000 R$ 319,43 D
10/05/2000 R$ 319,43 D
09/06/2000 R$ 319,43 D
11/07/2000 R$ 337,98 D
09/08/2000 R$ 337,98 D
12/09/2000 R$ 337,98 D
10/10/2000 R$ 337,98 D
10/11/2000 R$ 337,98 D
11/12/2000 R$ 675,96 D
10/01/2001 R$ 337,98 D
09/02/2001 R$ 338,00 D
09/03/2001 R$ 338,00 D
10/04/2001 R$ 338,00 D
10/05/2001 R$ 338,00 D
11/06/2001 R$ 338,00 D
10/07/2001 R$ 364,00 D
09/08/2001 R$ 364,00 D
12/09/2001 R$ 364,00 D
09/10/2001 R$ 364,00 D
12/11/2001 R$ 364,00 D
11/12/2001 R$ 727,80 D
10/01/2002 R$ 364,00 D
13/02/2002 R$ 364,00 D
13/03/2002 R$ 364,00 D

- pagamentos efetuados à segurada Ermelinda Cardoso Caetano:

Data Moeda Valor Tipo


03/02/1992 Cr$ 241.205,00 D
02/03/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/04/1992 Cr$ 241.205,00 D
04/05/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/06/1992 Cr$ 555.643,00 D
01/07/1992 Cr$ 555.644,00 D
03/08/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/09/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.249.020,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.249.020,00 D
01/12/1992 Cr$ 2.498.030,00 D
648

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

04/01/1993 Cr$ 12.159.870,00 D


09/11/1995 R$ 2.667,25 D
11/12/1995 R$ 434,50 D
16/01/1996 R$ 217,25 D
08/02/1996 R$ 217,25 D
08/03/1996 R$ 217,25 D
08/04/1996 R$ 217,25 D
09/05/1996 R$ 217,25 D
11/06/1996 R$ 249,83 D
08/07/1996 R$ 249,83 D
08/08/1996 R$ 249,83 D
09/09/1996 R$ 249,83 D
09/10/1996 R$ 249,83 D
08/11/1996 R$ 249,83 D
09/12/1996 R$ 499,66 D
09/01/1997 R$ 249,83 D
17/02/1997 R$ 249,83 D
13/03/1997 R$ 249,83 D
08/04/1997 R$ 249,83 D
12/05/1997 R$ 249,83 D
10/06/1997 R$ 249,83 D
10/07/1997 R$ 269,21 D
12/08/1997 R$ 269,21 D
09/09/1997 R$ 269,21 D
09/10/1997 R$ 269,21 D
11/11/1997 R$ 269,21 D
09/12/1997 R$ 538,42 D

- pagamentos efetuados ao segurado Garben Lúcia Oliveira Lima:

Data Moeda Valor Tipo


03/02/1992 Cr$ 241.205,00 D
02/03/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/04/1992 Cr$ 241.205,00 D
04/05/1992 Cr$ 241.205,00 D
01/06/1992 Cr$ 2.186.758,00 D
01/07/1992 Cr$ 555.644,00 D
03/08/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/09/1992 Cr$ 555.644,00 D
01/10/1992 Cr$ 1.249.014,00 D
03/11/1992 Cr$ 1.249.014,00 D
01/12/1992 Cr$ 2.498.028,00 D
04/01/1993 Cr$ 12.270.925,00 D
01/02/1993 Cr$ 3.012.782,00 D
01/03/1993 Cr$ 3.012.782,00 D
01/04/1993 Cr$ 4.117.569,00 D
03/05/1993 Cr$ 4.117.569,00 D
03/06/1993 Cr$ 7.893.684,00 D
03/07/1993 Cr$ 7.893.684,00 D
02/08/1993 CR$ 11.087,39 D
01/09/1993 CR$ 13.222,80 D
01/10/1993 CR$ 22.576,11 D
649

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

01/11/1993 CR$ 28.258,51 D


01/12/1993 CR$ 70.601,06 D
16/11/1995 R$ 2.667,25 D
14/12/1995 R$ 5.234,50 D
16/01/1996 R$ 217,25 D
14/02/1996 R$ 217,25 D
14/03/1996 R$ 217,25 D
16/04/1996 R$ 217,25 D
15/05/1996 R$ 217,25 D
17/06/1996 R$ 249,83 D
12/07/1996 R$ 249,83 D
14/08/1996 R$ 249,83 D
13/09/1996 R$ 249,83 D
15/10/1996 R$ 249,83 D
14/11/1996 R$ 249,83 D
17/12/1996 R$ 499,66 D
15/01/1997 R$ 249,83 D
20/02/1997 R$ 249,83 D
14/03/1997 R$ 249,83 D
16/04/1997 R$ 249,83 D
19/05/1997 R$ 249,83 D
13/06/1997 R$ 249,83 D
17/07/1997 R$ 269,21 D
18/08/1997 R$ 269,21 D
18/09/1997 R$ 269,21 D
16/10/1997 R$ 269,21 D
24/11/1997 R$ 269,21 D
16/12/1997 R$ 538,42 D
16/01/1998 R$ 269,21 D
13/02/1998 R$ 269,21 D
18/03/1998 R$ 269,21 D
22/04/1998 R$ 269,21 D
18/05/1998 R$ 269,21 D
16/06/1998 R$ 269,21 D
16/07/1998 R$ 282,15 D
18/08/1998 R$ 282,15 D
21/09/1998 R$ 282,15 D
16/10/1998 R$ 282,15 D
16/11/1998 R$ 282,15 D
14/12/1998 R$ 564,30 D

9.4. fixar prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o Tribunal, do
recolhimento da dívida acima imputada, com fundamento no art. 23, inciso III, da Lei 8.443/1992;
9.5. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, na forma do art. 28,
inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.6. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para
cobrança judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do
art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da
primeira parcela em 15 dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 dias,
devendo incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na
legislação em vigor, sem prejuízo de alertar o responsável de que a falta de comprovação do
recolhimento de qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;
650

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.7. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, conforme determina o
art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2735-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE II – Plenário


TC-005.203/2015-5.
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Gerência Executiva do INSS em Campinas/SP.
Responsáveis: Vera Lúcia Ferreira Costa (CPF 144.635.358-32) e Telmo Tavares Primo
(CPF 257.610.056-20).
Advogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FRAUDE CONFIGURADA PELA CONCESSÃO


IRREGULAR DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. EXCLUSÃO DO SEGURADO DA RELAÇÃO
PROCESSUAL. RESPONSABILIZAÇÃO DE EX-SERVIDORA DO INSS. CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS
IRREGULARES. DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU
FUNÇÃO DE CONFIANÇA.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução do Auditor Federal de Controle Externo da Secex/SP, com
cujas conclusões manifestou-se de acordo o corpo diretivo da unidade técnica (peças 13 a 15):
INTRODUÇÃO
1. Trata-se de tomada de contas especial instaurada pela Gerência Executiva do Instituto Nacional do
Seguro Social/INSS em Campinas/SP, em desfavor de Vera Lúcia Ferreira Costa – CPF 144.635.358-32, agente
administrativa da autarquia, e do corresponsável Telmo Tavares Primo, CPF 257.610.056-20, na condição de
segurado do INSS beneficiado, em razão de irregularidades apuradas no Processo Administrativo Disciplinar
(PAD) 35644.000027/2011-34, instaurado para apuração de irregularidades ocorridas na Agência da
Previdência Social de Sumaré/SP, vinculada àquela Gerência Executiva, na concessão de benefícios de amparo
social ao idoso LOAS e aposentadoria por tempo de contribuição no período compreendido entre 1999 e 2003,
que resultaram em dano ao Erário no valor total original de R$ 108.239,55.
HISTÓRICO
2. Durante a auditoria do benefício recebido pelo segurado Telmo Tavares Primo realizada pelo INSS,
foram apuradas irregularidades no cálculo do tempo de contribuição, tendo sido considerados vínculos
empregatícios nas empresas Indústria Agrícola Oeste de Minas (de 21/6/1971 a 1/11/1973), Antonio Francisco
Robatini (de 2/12/1973 a 1/4/1975) e Geni Pinto dos Santos (de 5/8/1975 a 16/1/1976), sem que fossem
apresentados documentos complementares e probatórios, uma vez que as anotações da CTPS apresentam
irregularidades (peça 1, p. 108-149).
651

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Instado a apresentar defesa, o Sr. Telmo Tavares Primo manteve-se silente. Desta forma, em
11/10/2011, foi emitido pela autarquia o Relatório Conclusivo Individual (peça 1, p. 136-142), que destaca que
não houve apresentação de defesa em relação à “notória prática de majoração do tempo de contribuição” e que o
benefício teria sido suspenso e os valores indevidamente recebidos por todo o período de concessão, de
16/4/2003 a 30/9/2010, teriam sido apurados e apresentados para cobrança.
4. A ex-servidora Vera Lúcia Ferreira Costa, responsável pela concessão do benefício, também foi
chamada a apresentar defesa ou recolher os valores indevidamente pagos aos cofres da União (peça 1, p. 158-
180). Diante da devolução da correspondência de notificação pelos Correios, houve notificação por meio de
Edital (peça 1, p. 170).
5. Como não houve apresentação de defesa ou recolhimento dos débitos por parte dos responsáveis, a
Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa e o Sr. Telmo Tavares Primo foram inscritos na dívida ativa da União (peça 1,
p. 312-314), assim como no Siafi, em solidariedade, por fraude em benefícios previdenciários (peça 1, p. 328).
Foi, então instaurado processo de tomada de contas especial.
6. Verifica-se no Relatório de TCE nº 35383.000559/2014-71, de 4/8/2014 (peça 1, p. 342-347), que a
ex-servidora Vera Lúcia Ferreira Costa e o beneficiário Telmo Tavares Primo foram responsabilizados pela
concessão fraudulenta de benefício previdenciário - aposentadoria por tempo de serviço, em razão do cômputo
indevido de períodos trabalhados com base em anotações contendo rasuras/divergências na Carteira de
Trabalho. O enquadramento administrativo do período de insalubridade também seria indevido pois divergia do
registro apresentado na carteira.
7. Assim, considerou-se que houve apresentação de documentação materialmente falsa com vistas à
obtenção da concessão, e restou configurado que, solidariamente, infringiram o art. 52 e seguintes da
Lei 8.213/1991 e do Decreto 3.048/1999.
8. O Relatório de Auditoria, o Certificado de Auditoria do Controle Interno e o Parecer do Dirigente do
Órgão de Controle Interno, todos de nº 245/2015, concluíram pela irregularidade das contas, e em débito os
responsáveis Vera Lúcia Ferreira Costa e Telmo Tavares Primo pelo valor original de R$ 108.239,55 (peça 1,
p. 385-390). O Pronunciamento do Ministro da Previdência Social foi emitido em 17/3/2015 (peça 1, p. 395),
sendo o processo encaminhado a este Tribunal.
9. Em 3/7/2015 foi realizada instrução inicial nesta Corte em que foi constatada que a responsabilidade
deveria ser imputada exclusivamente à Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa.
10. Analisando as peças dos autos do procedimento administrativo, em relação ao segurado beneficiário,
não foi possível vislumbrar evidências de ter ele agido em conluio com a ex-servidora do INSS responsável pela
concessão irregular do seu benefício de aposentadoria, ou de ter ele agido com má-fé.
11. Assim, foi proposta a exclusão do Sr. Telmo Tavares Primo da relação processual, mantendo-se a
responsabilidade da ex-servidora Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa.
12. A proposta seguiu decisões desta Corte nas quais tem sido adotado o entendimento de que não tendo
sido comprovada no processo administrativo a participação ou má-fé do segurado beneficiário, o Tribunal vem
adotando a exclusão da responsabilidade destes, deixando de proceder ao julgamento das contas dos
beneficiários, como é o entendimento dos Acórdãos 2.449/2013, 2.553/2013, 3.038/2013 e 3.112/2013, todos do
Plenário.
13. Foi citado trecho das considerações constantes do voto condutor do Acórdão 3.626/2013-TCU-
Plenário, quando foi tratada situação semelhante e afastou-se a responsabilidade dos segurados:
19. Veja-se que o simples fato de solicitar a aposentadoria sem ter tempo suficiente para tanto não é
irregularidade de per si, nem configura fraude por parte do peticionário, pois cabe ao INSS examinar a
documentação apresentada e indeferir o benefício quando não satisfeitos os requisitos legais. Caso estivesse
comprovada a participação desse grupo de pessoas, seja pela forja da documentação, seja pelo pagamento aos
servidores do INSS para a inclusão de tempo de serviço inexistente, ou qualquer outra hipótese de fraude,
poderiam e deveriam ser incluídos como responsáveis solidários na TCE. Não é, todavia, o que se apurou neste
processo, não havendo elementos outros senão única e exclusivamente a inadequação dos respectivos tempos de
serviços para a obtenção das aposentadorias, o que não se afigura suficiente para torná-los responsáveis perante
o TCU.
14. Desta forma, foi proposta a citação da responsável em face de utilizar o cargo para lograr proveito
pessoal ou de outrem, burlar os procedimentos da autarquia ao inserir vínculos empregatícios não comprovados
e considerar insalubres períodos de trabalho em função incompatível, o que resultou na concessão indevida de
benefícios de aposentadoria ao Sr. Telmo Tavares Primo
652

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

EXAME TÉCNICO
15. Com base na delegação de competência conferida pelo art. 1, inciso II, da Portaria-MIN-VR nº 1, de 8
de janeiro de 2015, do Exmo. Ministro Relator Vital do Rêgo, bem como nos termos do art. 1, inciso II, da
Portaria – SECEX/SP nº 22, foi autorizada a citação tão somente da responsável Vera Lúcia Ferreira Costa
(peça 4).
16. A Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, CPF 144.635.358-32, citada por via editalícia, não atendeu a citação
e não se manifestou quanto às irregularidades verificadas. Destaca-se que antes da citação por edital foram
adotadas providências que esgotaram as tentativas de localização da responsável.
17. Foram encaminhados ofícios de citação, mediante carta registrada-AR, à responsável
(Ofícios 1766/2015 e 2077/2015-TCU-SECEX-SP), peças 6 e 8, tendo as correspondências sido devolvidas sem
entrega ao destinatário, constando como motivo da devolução aposta no envelope os dizeres de “recusado”
(peças 7 e 9).
18. Registra-se, também, que não foram encontrados outros endereços além do constante da base de
dados da Receita Federal, para o qual foram encaminhadas as correspondências devolvidas. As tentativas de
contato por outros meios também se revelaram infrutíferas.
19. Assim, foi realizada a notificação da dívida pela via editalícia, a teor do art. 179, inciso III, do
Regimento Interno/TCU.
20. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inerte a aludida responsável, impõe-se que seja
considerada revel, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
21. Conforme já discorrido, a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa foi responsável pela concessão fraudulenta
de benefício previdenciário - aposentadoria por tempo de serviço - ao Sr. Telmo Tavares Primo, em razão do
cômputo indevido de períodos trabalhados com base em anotações contendo rasuras/divergências na Carteira de
Trabalho e também pelo enquadramento administrativo de período de insalubridade indevido pois divergia do
registro apresentado na carteira.
22. Desta forma, a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa deve ser condenada em débito pelas quantias objeto de
citação e ter as suas contas julgadas irregulares com fundamento no art. 16, inciso III, alínea “d”, da
Lei 8.443/1992. Cabe também a aplicação da pena de multa, prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
23. Acrescenta-se, ainda, que a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa responde a diversos processos na Justiça
Federal, por improbidade administrativa e na esfera criminal, por fraudes cometidas antes de sua exoneração,
alguns com sentença condenatória e outros ainda sem julgamento.
24. Conforme a jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos Plenário 1.201/2011, 1.852/2012, 859/2103,
2.299/2013, 2.449/2013 e 3.112/2013) e tendo em vista a gravidade da infração cometida, cabe ainda a
aplicação à servidora responsável da pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992.
CONCLUSÃO
25. Diante da revelia da Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa e inexistindo nos autos elementos que permitam
concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que
suas contas sejam julgadas irregulares e que a responsável seja condenada em débito, bem como que lhe seja
aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
26. Propõe-se, ainda, a aplicação à ex-servidora da pena de inabilitação para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992.
27. Ademais, deve ser excluído da relação processual o beneficiário Telmo Tavares Primo.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
28. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) excluir da relação processual o Sr. Telmo Tavares Primo, CPF 257.610.056-20.
b) considerar a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, CPF 144.635.358-32, revel para todos os efeitos, dando-se
seguimento ao processo, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alínea “d”; 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992, e
com os arts. 1º, inciso I; 209, inciso IV; 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as contas
da Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, CPF 144.635.358-32, ex-servidora da Gerência Executiva do INSS em
Campinas/SP, e condená-la ao pagamento das quantias abaixo relacionadas, atualizadas monetariamente e
acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir da correspondente data até o efetivo recolhimento, na
forma da legislação em vigor, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação para
comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Instituto Nacional do Seguro
653

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Social - INSS, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno do TCU (RI/TCU);
Irregularidade: utilizar o cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, burlar os procedimentos da
autarquia ao inserir vínculos empregatícios não comprovados e considerar insalubres períodos de trabalho em
função incompatível, o que resultou na concessão indevida de benefícios de aposentadoria ao Sr. Telmo Tavares
Primo
Responsável – Débitos (Valores em R$)
Responsável: Vera Lúcia Ferreira Costa, CPF 144.635.358-
32, em relação aos benefícios irregularmente concedidos a
Telmo Tavares Primo, CPF 257.610.056-20 (peça 1, p. 206-
208)
29/12/2003 1.950,06
12/3/2004 1.114,32
12/3/2004 1.114,32
14/4/2004 1.114,32
31/5/2004 1.114,32
7/6/2004 1.164,79
6/7/2004 1.164,79
5/8/2004 1.164,79
13/9/2004 1.164,79
8/10/2004 1.164,79
9/11/2004 1.164,79
7/12/2004 2.329,58
11/1/2005 1.164,79
9/2/2005 1.164,79
17/3/2005 1.164,79
14/4/2005 1.164,79
10/5/2005 1.164,79
13/6/2005 1.238,81
29/7/2005 1.238,81
23/8/2005 1.238,81
19/9/2005 1.238,81
6/10/2005 1.238,81
7/11/2005 1.238,81
6/12/2005 2.477,62
5/1/2006 1.238,81
6/2/2006 1.238,81
6/3/2006 1.238,81
6/4/2006 1.238,81
5/5/2006 1.300,75
6/6/2006 1.300,75
6/7/2006 1.300,75
4/8/2006 1.300,75
6/9/2006 1.951,12
5/10/2006 1.300,99
7/11/2006 1.300,87
6/12/2006 1.951,37
5/1/2007 1.300,87
6/2/2007 1.300,87
654

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6/3/2007 1.300,87
5/4/2007 1.300,87
7/5/2007 1.343,79
6/6/2007 1.343,79
5/7/2007 1.343,79
6/8/2007 1.343,79
6/9/2007 2.015,68
4/10/2007 1.343,79
7/11/2007 1.343,79
6/12/2007 2.015,69
7/1/2008 1.343,79
11/2/2008 1.343,79
6/3/2008 1.343,79
4/4/2008 1.410,97
7/5/2008 1.410,97
5/6/2008 1.410,97
4/7/2008 1.410,97
6/8/2008 1.410,97
6/4/2009 1.494,49
7/5/2009 1.494,49
4/6/2009 1.494,49
6/7/2009 1.494,49
6/8/2009 1.494,49
4/9/2009 2.241,73
6/10/2009 1.494,49
6/11/2009 1.494,49
4/12/2009 2.241,74
7/1/2010 1.494,49
4/2/2010 1.586,25
4/3/2010 1.586,25
7/4/2010 1.586,25
6/5/2010 1.586,25
7/6/2010 1.586,25
6/7/2010 1.586,25
5/8/2010 1.751,52
8/9/2010 2.414,79
6/10/2010 1.609,86
Valor atualizado até 3/7/2015: R$ 173.593,53 (peça 2).
d) aplicar à Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, CPF 144.635.358-32, a multa prevista no art. 57 da
Lei 8.443/1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 214,
inciso III, alínea “a”, do RI/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas caso não atendidas as notificações;
f) autorizar, caso requerido, o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno, fixando-lhe o prazo
de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para que comprove perante o Tribunal o recolhimento da
655

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para que comprove o recolhimento das demais
parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal, atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, na
forma prevista na legislação em vigor;
g) declarar a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa inabilitada para o exercício de cargo em comissão ou função
de confiança no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992; e
h) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que a
fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de São Paulo, nos termos do § 3º
do art. 16 da Lei 8.443/1992, c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que
entender cabíveis.

2. O Ministério Público, representado nos autos pelo Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, ao
manifestar-se favoravelmente à proposição da unidade técnica, sugeriu que fosse registrado, na alínea
“f”, que não incide juros de mora sobre a multa, conforme dispõe o art. 59 da Lei 8.443/1992 (peça
16).
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Gerência Executiva do Instituto
Nacional do Seguro Social em Campinas/SP, em desfavor da ex-servidora Vera Lúcia Ferreira Costa e
do Sr. Telmo Tavares Primo, na condição de segurado do INSS, em decorrência de fraude na
concessão de aposentadoria.
2. A Controladoria-Geral da União emitiu o Certificado de Auditoria pela irregularidade das
contas (peça 1, p. 389), tendo o Ministro de Estado da Previdência Social atestado ter tomado
conhecimento de tal manifestação (peça 1, p. 394).
3. No âmbito da Secex/SP, foi considerada como responsável apenas a Sra. Vera Lúcia Ferreira
Costa, por inexistirem nos autos provas de que o Sr. Telmo Tavares Primo teria agido em conluio com
a ex-servidora. Foi levada em consideração a jurisprudência do TCU, segundo a qual, não tendo sido
comprovada a participação dos beneficiários na concessão irregular, por meio dos procedimentos
internos de apuração adotados pela autarquia, não é possível concluir pela existência de conluio entre
esses e os servidores que autorizaram as concessões, devendo, pois, ser afastada a responsabilidade dos
segurados. Podem ser mencionados nessa mesma linha os recentes Acórdãos 1.359/2015, 1.715/2015,
1.932/2015 e 1.996/2015, todos do Plenário.
4. Regularmente citada (peça 12) a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa deixou transcorrer o prazo
fixado sem apresentar alegações de defesa tampouco recolher o débito a ela imputado. Caracterizada,
assim, a revelia da responsável, deve-se dar prosseguimento ao processo, nos termos do art. 12, § 3º,
da Lei 8.443/1992.
5. Nesses termos, considerando a força probatória dos elementos constantes dos autos,
principalmente no que diz respeito à demonstração de que a conduta da responsável foi determinante
para a consecução do dano ao erário apurado na presente TCE, consistente no pagamento de benefício
previdenciário valendo-se de tempo oriundo de vínculos empregatícios fictícios, manifesto-me
favoravelmente à proposição uniforme contida nos pareceres de se julgar irregulares as contas da ex-
servidora, com condenação em débito.
6. Quanto à proposta de aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, observo que,
de fato, as condutas aqui descritas dão suporte à apenação.
7. Registro, contudo, que, para algumas parcelas do débito, incide a prescrição da pretensão
punitiva por parte do TCU. Reconheço não ser este tema pacífico no âmbito deste Tribunal, uma vez
que existem teses favoráveis à imprescritibilidade, à prescrição decenal e à prescrição quinquenal.
656

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. O direcionamento definitivo a ser dado a essa matéria depende do deslinde que se afigurará
no TC 007.822/2005-4, processo ainda pendente de deliberação e que trata da aplicação desse instituto
em caso concreto. No entanto, para desfecho do caso ora sob apreciação, com as devidas vênias aos
que propugnam a tese da imprescritibilidade ou a da prescrição quinquenal, opto em aplicar a
jurisprudência até aqui predominante no Tribunal, que preconiza a aplicação da regra prescricional
assentada no art. 205 do Código Civil, pela prescrição geral de dez anos a partir da ocorrência dos
fatos, com regramento intertemporal fixado no art. 2.028 do mesmo Código.
9. No caso concreto, como a citação válida ocorreu em 25/8/2015, quando passados, para
algumas parcelas, mais de 10 anos das ocorrências apontadas, levou-se em conta tal circunstância para
a dosimetria da pena.
10. Ademais, em consonância com a jurisprudência desta Corte, concordo também com a
proposta de declaração de inabilitação da responsável para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública, com fundamento no art. 60 da
Lei 8.443/1992, podendo ser citados, nesse sentido, os Acórdãos do Plenário 665/2015, 1.715/2015,
237/2015, 1.996/2015 e 2.070/2015.
11. Considero, da mesma forma, apropriada a remessa de cópia da deliberação, bem como do
relatório e do voto que a fundamentam, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado
de São Paulo, para ajuizamento das ações que entender cabíveis.
Nesses termos, acolho na íntegra os pareceres e VOTO por que este Tribunal adote o Acórdão
que ora submeto à apreciação da 2ª Câmara.

ACÓRDÃO Nº 2736/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC-005.203/2015-5.
2. Grupo I; Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Vera Lúcia Ferreira Costa (CPF 144.635.358-32) e Telmo Tavares Primo
(CPF 257.610.056-20).
4. Entidade: Gerência Executiva do INSS em Campinas/SP.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – Secex/SP.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em
decorrência da concessão irregular de benefícios previdenciários, no âmbito da Gerência Executiva do
Instituto Nacional do Seguro Social em Campinas/SP;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em:
9.1. excluir da relação processual o Sr. Telmo Tavares Primo;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea “d”, 19 e 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas da Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, condenando-a, em
consequência, ao pagamento das importâncias abaixo especificadas, atualizadas monetariamente e
acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas originais dos débitos a seguir indicadas até a
sua efetiva quitação, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, para que comprove, perante o Tribunal, o
recolhimento das referidas quantias aos cofres do INSS, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da
citada Lei, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;
Valores históricos e datas de ocorrência:
29/12/2003 1.950,06
657

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12/3/2004 1.114,32
12/3/2004 1.114,32
14/4/2004 1.114,32
31/5/2004 1.114,32
7/6/2004 1.164,79
6/7/2004 1.164,79
5/8/2004 1.164,79
13/9/2004 1.164,79
8/10/2004 1.164,79
9/11/2004 1.164,79
7/12/2004 2.329,58
11/1/2005 1.164,79
9/2/2005 1.164,79
17/3/2005 1.164,79
14/4/2005 1.164,79
10/5/2005 1.164,79
13/6/2005 1.238,81
29/7/2005 1.238,81
23/8/2005 1.238,81
19/9/2005 1.238,81
6/10/2005 1.238,81
7/11/2005 1.238,81
6/12/2005 2.477,62
5/1/2006 1.238,81
6/2/2006 1.238,81
6/3/2006 1.238,81
6/4/2006 1.238,81
5/5/2006 1.300,75
6/6/2006 1.300,75
6/7/2006 1.300,75
4/8/2006 1.300,75
6/9/2006 1.951,12
5/10/2006 1.300,99
7/11/2006 1.300,87
6/12/2006 1.951,37
5/1/2007 1.300,87
6/2/2007 1.300,87
6/3/2007 1.300,87
5/4/2007 1.300,87
7/5/2007 1.343,79
6/6/2007 1.343,79
5/7/2007 1.343,79
6/8/2007 1.343,79
6/9/2007 2.015,68
4/10/2007 1.343,79
7/11/2007 1.343,79
6/12/2007 2.015,69
658

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7/1/2008 1.343,79
11/2/2008 1.343,79
6/3/2008 1.343,79
4/4/2008 1.410,97
7/5/2008 1.410,97
5/6/2008 1.410,97
4/7/2008 1.410,97
6/8/2008 1.410,97
6/4/2009 1.494,49
7/5/2009 1.494,49
4/6/2009 1.494,49
6/7/2009 1.494,49
6/8/2009 1.494,49
4/9/2009 2.241,73
6/10/2009 1.494,49
6/11/2009 1.494,49
4/12/2009 2.241,74
7/1/2010 1.494,49
4/2/2010 1.586,25
4/3/2010 1.586,25
7/4/2010 1.586,25
6/5/2010 1.586,25
7/6/2010 1.586,25
6/7/2010 1.586,25
5/8/2010 1.751,52
8/9/2010 2.414,79
6/10/2010 1.609,86

9.3. aplicar à Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa, a multa prevista no art. 57, da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, a contar da data deste Acórdão até a data do efetivo
recolhimento, caso não seja paga no prazo estabelecido, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da
Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
9.5. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para cobrança
judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da
Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira
parcela em 15 dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 dias, devendo
incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação
em vigor, sem prejuízo de alertar a responsável que a falta de comprovação do recolhimento de
qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;
9.6. inabilitar a Sra. Vera Lúcia Ferreira Costa para o exercício de cargo em comissão ou função
de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo período de cinco anos, com fundamento no
art. 60 da Lei 8.443/1992;
9.7. encaminhar cópia do presente acórdão, bem como do relatório e do voto que o
fundamentam, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em São Paulo, nos termos do § 3º
659

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do art. 16 da Lei 8.443/1992, c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das
medidas que entender cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2736-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 007.315/2011-2 [Apensos: TC 007.316/2011-9 e TC 007.317/2011-5].
Natureza: Relatório de Auditoria.
Entidade: Petróleo Brasileiro S/A.
Responsável: Aldemir Bendine (043.980.408-62).
Representação legal: Bruno Henrique de Oliveira Ferreira (OAB/DF 15345), Carlos Roberto de
Siqueira Castro (OAB/DF 20015), Carolina Bastos Lima (OAB/RJ 135073), Daniele Domingues Lima
e Silva (OAB/AL 7286), Geórgia Valverde Leão Romeiro (18578/OAB-BA), Lais Estorani de Faria
(OAB/MG 131272), Nilton Antônio de Almeida Maia (OAB/RJ 67460), Polyanna Ferreira Silva
Vilanova (OAB/DF 19273), Raphaela Cristina Nascimento Perini Rodrigues (OAB/RJ 129398), Taísa
Oliveira Maciel (OAB/RJ 118488), Samara da Silva Bernardes (OAB/RJ 59121) e Ésio Costa Júnior
(OAB/RJ 59121).

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. PETRÓLEO BRASILEIRO S/A. PEDIDO


DE PRORROGAÇÃO DE PRAZO. MEDIDA TENDENTE A CONFERIR MAIOR
TRANSPARÊNCIA E SEGURANÇA ÀS CONTRATAÇÕES. NECESSIDADE DE
APLICAÇÃO IMEDIATA. ORIENTAÇÕES. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

A Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), por meio de seus procuradores, opôs embargos de
declaração contra o Acórdão 2.154/2015-TCU-Plenário que indeferiu pedido de prorrogação de prazo
apresentado pela companhia e manteve, nos exatos termos o Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário. Esta
decisão alterou o Acórdão 621/2015 e definiu os prazos para o cumprimento das determinações
exaradas, com o intuito de aprimorar o modelo de contratação de obras e serviços de engenharia.
2. Reproduzo, na sequência, as arguições trazidas pela Petrobras (peça 107):
A Petrobras não se opôs, em momento algum, ao mérito das determinações proferidas, comunicando ao
Tribunal, inclusive, que já estava em curso o processo interno de implementação das mesmas. Não obstante,
demonstrou por meio do Pedido de Reexame que as contratações de obras e serviços de engenharia são
realizadas por diversas áreas da Petrobras e que, considerando o grau de complexidade e quantidade das obras
desenvolvidas pela Petrobras, restava evidenciada a necessidade da fixação de prazo compatível para
atendimento ao Acórdão, uma vez que a implantação das referidas determinações exige detalhamento por
660

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apresentarem apenas premissas gerais, além da necessidade de internalização nos normativos internos na
Companhia
(...)
No bojo do mesmo recurso, além das dificuldades decorrentes da dimensão da Companhia, também foi
salientado que a aplicação imediata desses novos parâmetros nas licitações, especialmente para aquelas que se
encontram em curso, equivale, na prática, à obrigação de reiniciar todos os procedimentos licitatórios, eis que
atualmente as minutas dos respectivos contratos compõem o instrumento convocatório sob os quais foram
apresentadas as propostas pelas licitantes. Em muitos casos, dos quais cita-se como exemplo os casos das
propostas já abertas, tal medida representará violação de direitos dos administrados, acarretando obrigações e
ônus à Petrobras.
Vale lembrar que de modo a substanciar as razões apresentadas, foram relatadas no Pedido de Reexame
70 licitações em curso consideradas essenciais para a Companhia, cujo atraso nas licitações poderá gerar graves
prejuízos, inclusive de natureza sistêmica. Não obstante a demonstração dos riscos decorrentes da eficácia
imediata das determinações, o pleito de concessão de prazo teve seu provimento negado.
Nesse aspecto, importante destacar que, embora o voto condutor da decisão ora recorrida registre
manifestação expressa quanto aos impactos e a necessidade de tempo para a implementação dos novos
procedimentos, consignou o entendimento de que "os mecanismos determinados pelo TCU não merecem
qualquer retificação, sendo descabido conferir prorrogação de prazo para regras que, a meu ver, devem ter
aplicabilidade imediata", o que, data máxima venha, representa aparente contradição.
"15. É inegável que qualquer modificação nos procedimentos usualmente adotados por uma entidade
gera impactos. A introdução de novas diretrizes à cultura interna exige esforços corporativos que, a depender
da extensão e da capilaridade da organização, consomem tempo considerável. E, amparada nessa
consideração, a Petrobras intenta postergar a obrigatoriedade das determinações prolatadas pelo Tribunal."
"32. Ademais, ainda que não seja razoável se exigir uma instantânea alteração de modelos
corporativos, pelo inegável esforço de uniformização, exigir ao menos do licitante vencedor (e futuro
contratado) dados que melhor caracterizem o preço aceito pela Administração já é medida atualmente prevista
nos editais de licitação da Petrobras." (grifos nossos)
Outrossim, a decisão ora embargada foi omissa quanto ao tratamento que deve ser dado às licitações que
se encontram em curso e consideradas essenciais pela Companhia, amplamente relatadas na peça do Pedido de
Reexame, fazendo-se apenas referência genérica aos "princípios fulcrais e cogentes aplicáveis à Administração
Pública", sem contudo analisar os casos concretos (licitações em curso) trazidos pela Companhia e amoldar a
decisão aos citados princípios.
Ora, conforme amplamente demonstrado a Petrobras não se insurge quanto à necessidade de implementar
as determinações do TCU no sentido de aprimorar seus procedimentos de contratações de obras e serviços de
engenharia, apenas espera desse E. Tribunal, em aplicação ao princípio da razoabilidade, que seja reconhecida a
desnecessidade de aplicação do acórdão para algumas das licitações já em curso, em especial aquelas com
propostas abertas.
A princípio, nos processos em que a Petrobras já tenha recebido e aberto as propostas (Anexo I), entende-
se que seria necessário cancelar o procedimento licitatório e iniciar novo certame, uma vez que não seria
possível, por exemplo, exigir da licitante vencedora a assunção de uma matriz de riscos que não constava do
instrumento convocatório e que poderia impactar seu preço.
Exemplificando, encontra-se com recebimento de proposta a licitação para "Serviços relativos à
elaboração do projeto executivo, construção civil, montagem eletromecânica, comissionamento, pré-operação e
partida e apoio à operação assistida para o empreendimento "Revamp da DEA do Coque e da FCC para o
cumprimento do TAC Reduc com o INEA - âmbito da Reduc. Convite 1754463.15.8". Vale destacar que se
necessário o cancelamento dessa licitação, o não cumprimento dos marcos desse projeto, constantes do Termo
de Ajuste de Conduta (TAC) entre a REDUC e o INEA (Órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro),
acarretaria em multa semestral no valor de R$ 550.000,00 por cada marco do projeto não cumprido, além da
possibilidade de suspensão da licença de operação, acarretando na parada da REDUC, com perda diária
estimada de R$ 3.600.000,00 para a Petrobras, no atendimento ao mercado suprido pela REDUC.
Nesse contexto, o primeiro impacto vislumbrado seria o impacto econômico e administrativo decorrente
da necessidade de cancelamento de diversos procedimentos licitatórios que já estavam em fase final e de
instauração de novos certames, contemplando aqui os custos, o tempo e a dedicação da estrutura administrativa
necessários para rebobinar as fases internas e externas das licitações.
661

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ressalte-se, contudo, que o maior impacto seria o comprometimento da competitividade do novo certame
a ser instaurado, em afronta direta ao princípio da eficiência e da economicidade, em razão de todos os licitantes
já terem tido acesso aos preços ofertados pelos demais para a execução do mesmo objeto, reduzindo a margem
de incerteza inerente à competição e revelando possíveis vantagens e/ou desvantagens competitivas das
empresas.
Por fim, cabe ressaltar que algumas licitações em processamento pela Petrobras, em que pese não terem
recebimento de propostas, possuem grande impacto na atividade da Companhia em razão de seu objeto, sendo
certo que o atraso e possível cancelamento para adaptação às novas orientações certamente geraria impactos
irreversíveis, conforme exposto no Anexo II.
3. Diante do exposto, a Petrobras requer que o presente recurso seja admitido e, no mérito,
provido, para que sejam sanados os pontos apontados por ela. Adicionalmente requer que a decisão
seja reformada, parcialmente, para que os itens de efeitos imediatos não sejam aplicados às licitações
constantes das planilhas anexas aos embargos apresentados (Anexos I e II da peça 107), ou
alternativamente, que sejam excluídas aquelas licitações que já tenham tido suas propostas abertas
(Anexo I da peça 107).
É o relatório.

VOTO

A Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) apresentou peça intitulada embargos de declaração, por
meio da qual contesta dispositivos do Acórdão 2.154/2015-TCU-Plenário, que indeferiu pedido de
prorrogação de prazo apresentado pela companhia para atendimento às determinações constantes do
Acórdão 621/2015-TCU-Plenário, alterado pelo Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário.
4. Os autos derivam de fiscalização realizada, em 2011, nas obras de construção da estrada de
acesso ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), denominada Estrada Convento. As
citadas deliberações, entretanto, possuem impacto mais abrangente e alcançam todas as obras da
empresa. Isto porque objetivaram auxiliar a Estatal no aprimoramento do seu modelo de contratação de
obras e serviços de engenharia, alvo de vários apontamentos em fiscalizações realizadas por esta Casa.
Em resumo, critica-se o insuficiente grau de detalhamento das propostas apresentadas e a indefinição
quanto às responsabilidades de cada parte.
5. As primeiras diretrizes, no âmbito deste processo, foram dadas no Acórdão 621/2015-TCU-
Plenário, de 25/3/2015, que definiu os procedimentos a serem adotados nas contratações, em especial
nas empreitadas por preço global. Na sequência, o Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário, de 10/6/2015,
prolatado em sede de embargos de declaração apresentados pela Petrobras, detalhou parte das
determinações exaradas anteriormente e estipulou os prazos para o atendimento, tendo definido que
alguns dos itens deveriam ter aplicação imediata. São eles:
9.1.1. faça constar, no instrumento convocatório das licitações, documento que estabeleça, de forma
precisa, quais frações do empreendimento haverá liberdade das contratadas para inovar em termos das soluções
metodológicas ou tecnológicas, seja em termos de modificação das soluções previamente delineadas no projeto-
base da licitação, seja detalhando os sistemas e procedimentos construtivos do projeto-base da licitação;
9.1.2. elabore e faça constar nos seus instrumentos convocatórios e contratos uma "matriz de riscos",
capaz de definir a repartição objetiva de responsabilidades advindas de eventos supervenientes à contratação,
como informação indispensável para a caracterização do objeto e das respectivas responsabilidades contratuais,
como também elemento capaz de subsidiar o dimensionamento das propostas por parte das licitantes;
(...)
9.1.6. para a parcela da obra que possui projeto desenvolvido, ou para casos em que a totalidade do
projeto já estiver definida pela Estatal, sem que haja liberdade para os particulares modificarem o projeto
licitado, estipule a discriminação das propostas comerciais com, no mínimo, as seguintes informações:
a) relação dos serviços e/ou insumos previstos para a obra, com os respectivos preços, quantidades e
unidades de quantificação, acompanhadas de memórias de cálculo e justificativas;
662

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) composição e produtividade das equipes de trabalho;


c) coeficiente de consumo dos insumos; e
d) contingenciamentos considerados.
6. Inconformada, principalmente, com os itens de aplicação imediata, a Estatal apresentou
pedido de reexame, recebido por este Tribunal como petição de prorrogação de prazo, ante sua
natureza. A recorrente solicitou a concessão de 180 dias para cumprimento das determinações insertas
nos mencionados subitens 9.1.1, 9.1.2 e 9.1.6 do Acórdão 621/2015-TCU-Plenário. Justificou, à época,
que suas contratações seguem orientações padronizadas, estipuladas em normativos centralizados,
aplicáveis a grande diversidade de obras de alta complexidade e, para que fosse possível internalizar as
premissas impostas pelo TCU, sem prejudicar o regular andamento das contratações, o prazo de 180
dias conferido para implementação das modificações (item 9.3.3 do Ac. 1.441/2015-P) deveria ser
estendido a todas as regras previstas no acórdão inicial.
7. A solicitação foi detalhadamente analisada em meu voto anterior, o qual fundamentou o
acórdão ora embargado. Avaliei cada um dos subitens, de forma pormenorizada, demonstrando por
que o cumprimento imediato dessas determinações era imprescindível. Destaco o seguinte trecho:
8. Pois bem. No atual momento, mesmo após sopesar as teses discorridas pela Petrobras em sua petição,
permaneço com o entendimento de que os mecanismos determinados pelo TCU não merecem qualquer
retificação, sendo descabido conferir prorrogação de prazo para regras que, a meu ver, devem ter
aplicabilidade imediata.
9. Resgatando os argumentos que expus tanto na deliberação originária (Ac. 621/2015-P), quanto na
posterior (Ac. 1.441/2015-P), as medidas adotadas por esta Corte têm por fim primordial demandar maior
detalhamento dos preços apresentados pelos licitantes e objetivar a repartição das obrigações contratuais,
entronizando princípios como a segurança jurídica, o julgamento objetivo, a isonomia, a eficiência e a obtenção
da melhor proposta.
10. É inegável que qualquer modificação nos procedimentos usualmente adotados por uma entidade gera
impactos. A introdução de novas diretrizes à cultura interna exige esforços corporativos que, a depender da
extensão e da capilaridade da organização, consomem tempo considerável. E, amparada nessa consideração, a
Petrobras intenta postergar a obrigatoriedade das determinações prolatadas pelo Tribunal.
11. Todavia, não é demais rememorar que, no tocante à Petrobras, existe claro hiato normativo
relacionado aos procedimentos de contratação e licitação. É de público conhecimento que, diante da falta de
regulamentação do artigo 173 da Constituição Federal, a Companhia tem por hábito aplicar os dizeres do
Decreto Federal 2.745/1998, norma contra a qual pesam inúmeras deliberações desta Casa no sentido de sua
inconstitucionalidade.
12. Nessa seara, a despeito dos prejuízos suscitados em abstrato pela Petrobras, trazidos a lume sem
demonstração objetiva quanto a sua quantificação ou real possibilidade de ocorrência, entendo que deva ser
mantida a regra de eficácia imediata dos dispositivos previstos nos itens 9.1.1, 9.1.2 e 9.1.6 do Acórdão
621/2015-TCU-Plenário. (Grifos acrescidos)
8. Conforme mencionado, o tema já havia sido abordado na apreciação dos primeiros embargos
de declaração opostos pela Petrobras, quando foi prolatado o Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário. Do
voto que o fundamentou, cito:
48. Nessa senda, ainda que me afeiçoe razoável a tese de se conferir prazo para adequação da Companhia
a algumas das determinações tratadas no Acórdão 621/2015-TCU-Plenário, in casu, tal interstício deve ser
ponderado com cuidado. A Estatal já havia sido alertada da premência de se alterar seus procedimentos em uma
miríade de ocasiões anteriores; além disso, atribuir lapso extenso para que as medidas sejam operacionalizadas
significaria autorizar que mais contratações sejam firmadas sob a égide do modelo de DFP até então empregado,
com todos os vícios evidenciados por este Tribunal.
49. Por tais motivos, avalio que, para o cumprimento das medidas determinadas no item 9.1 do Acórdão
621/2015-TCU-Plenário, deva ser criada uma regra de transição.
50. De plano, acredito que algumas das melhorias alvitradas devem ter aplicabilidade imediata. Os
aprimoramentos tratados nos itens 9.1.1 e 9.1.2 (porfiados nos trechos III e IV deste Voto) almejam
conferir maior segurança jurídica e transparência às avenças, por meio de uma indicação explícita,
objetiva e inequívoca das responsabilidades das partes. Por tal motivo, como tais medidas decorrem das
próprias cláusulas e previsões dos instrumentos contratuais, não vislumbro motivo justo para afastar sua
663

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

imediata incisão, até mesmo sobre os procedimentos em curso (seja nas licitações ou nos processos de
contratação direta).
51. Relativamente aos itens destinados a regrar especificamente a forma de apresentação das propostas
comerciais, é razoável franquear um prazo para que as modificações corporativas sejam implementadas. É
salutar que essa nova formatação do DFP seja estudada minuciosamente, contemplando as peculiaridades da
Petrobras face às tendências e padrões adotados pelo mercado nacional e internacional.
52. Em tal desiderato, acho conveniente conferir à Estatal prazo de 180 dias para implementação de
algumas das mudanças estipuladas pelo TCU. Após tal lapso, todos os procedimentos de contratação (seja nas
licitações ou nos processos de contratação direta) já deverão dispor das novas regras expressas na decisão. Mas,
mesmo para tais contratações não atingidas pelas determinações, a Companhia deve buscar conferir o maior
nível de transparência possível aos preços recebidos dos potenciais contratados, em privilégio aos mais diversos
valores licitatórios aplicáveis.
53. A despeito de franquear prazo para que a implantação das medidas seja ultimada, não posso deixar de
perceber que o cenário fático em que se insere a Petrobras demanda cautelas, especialmente ante as notícias de
malversações de seu patrimônio. Com isso em mente, acredito ser prudente estipular que, ao menos nas
contratações em valores superiores a R$ 100 milhões (cem milhões de reais), seja exigido, de imediato, das
empresas contratadas informações mais discriminadas sobre os preços pactuados, com, no mínimo, as seguintes
informações:
a) relação dos serviços e/ou insumos previstos para a obra, com os respectivos preços, quantidades e
unidades de quantificação, acompanhadas de memórias de cálculo e justificativas;
b) composição e produtividade das equipes de trabalho;
c) coeficiente de consumo dos insumos; e
d) contingenciamentos considerados.
54. Ainda que tal entendimento possa dificultar, a princípio, a conclusão dos procedimentos de
contratação já em curso, entendo que a conjuntura de incertezas que orbita a Estatal clama por tal precaução.
9. Pelas razões expostas, decidiu-se, por meio do já citado Acórdão 2.154/2015-TCU-Plenário,
indeferir o pedido de prorrogação pleiteado, mantendo-se os prazos previstos nas decisões anteriores,
além de informar a Petrobras que a interposição de eventuais novos pedidos de prorrogação de prazo,
com base em argumentos similares aos já apresentados, não implicaria suspensão da eficácia das
determinações.
10. Na atual etapa processual, a Petrobras retornou aos autos para argumentar, em síntese, que:
i. não se opõe ao mérito das determinações, mas entende que várias licitações em curso
consideradas essenciais para a Companhia seriam impactadas;
ii. o Acórdão é contraditório ao reconhecer que a determinação incute custos à Petrobras e,
ainda assim, concluir que não merece modificação;
iii. existe omissão no tratamento a ser dado às licitações em curso, uma vez que as
determinações não diferenciaram os estágios dos processos licitatórios, havendo licitações deflagradas,
mas sem propostas recebidas, licitações com propostas já abertas e outras pendentes apenas da
assinatura do contato; e
iv. nos processos em que a Estatal já tenha recebido e aberto as propostas seria necessário
cancelar o procedimento licitatório e iniciar novo certame, com significativo impacto econômico-
financeiro, além de prejuízo à competitividade do novo processo, já que não seria possível, por
exemplo, exigir da licitante vencedora a assunção de uma matriz de riscos que não constava do
instrumento convocatório e que poderia impactar seu preço.
11. Por fim, a Petrobras requer que o recurso seja admitido e, no mérito, provido, para que sejam
sanados os pontos apontados por ela como omissos ou contraditórios. Adicionalmente requer que a
decisão seja reformada, parcialmente, para que os itens de efeitos imediatos não sejam aplicados às
licitações constantes das planilhas anexas (Anexos I e II da peça 107), ou alternativamente, que sejam
excluídas aquelas licitações que já tenham tido suas propostas abertas (Anexo I da peça 107).
12. Prima facie, registro que a peça apresentada sob a denominação de embargos de declaração
não preenche os requisitos formais de admissibilidade estabelecidos no art. 34 da Lei 8.433/1992, visto
que não há na peça aduzida pela Petrobras, intenção de se insurgir contra o posicionamento do TCU.
664

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em verdade, as alegações objetivam, ao fim, discutir a abrangência e prorrogar o prazo para o


cumprimento das determinações constantes do Acórdão 621/2015-TCU-Plenário, integrado pelo
Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário. Com tal fundamento, conheço do recurso como mera petição e
passo a analisar a matéria.
13. Conforme exposto, os argumentos trazidos pela Petrobras já foram exaustivamente
debatidos nas decisões anteriores, não havendo que se falar em omissão ou contradição. As razões para
se exigir o cumprimento imediato dos subitens 9.1.1, 9.1.2 e 9.1.6 do Acórdão 621/2015-TCU-Plenário
foram minuciosamente expostas em meu voto anterior. Relembro que os dois primeiros buscam
atribuir objetividade ao instrumento contratual e conferir maior segurança jurídica e transparência à
avença, definindo de forma explícita, objetiva e inequívoca as responsabilidades dos contratantes.
14. Para melhor entendimento, retomo trecho da minha última manifestação nos autos:
14. Em estreita síntese, o item 9.1.1 destina-se a exigir que os instrumentos convocatórios das licitações
apontem explicitamente as frações do empreendimento em que haverá liberdade das contratadas para inovar em
termos de soluções de engenharia. Indicar clara e expressamente quais as parcelas da obra que já possuem
projeto definido e quais ainda virão a ser detalhadas durante a execução dos serviços é variável imprescindível a
escorreita confecção de propostas comerciais.
15. De forma análoga, o item 9.1.2 tem por finalidade fazer constar dos contratos uma ‘matriz de riscos’,
que exprima a repartição objetiva das obrigações atreladas à contratação, “como informação indispensável para
a caracterização do objeto e das respectivas responsabilidades contratuais, como também elemento capaz de
subsidiar o dimensionamento das propostas por parte das licitantes”. Tal matriz, por óbvio, espelha nada mais
que o próprio teor das disposições grafadas nos instrumentos contratuais que, por imposição legal, “devem
estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os
direitos, obrigações e responsabilidades das partes” (art. 54, § 1º, Lei 8.666/1993).
16. Assim, no que diz respeito aos itens 9.1.1 e 9.1.2, não vislumbro motivo razoável para que tais
dispositivos não sejam adotados de imediato, especialmente porque, a princípio, a demarcação inequívoca das
responsabilidades decorrentes da avença já deveria advir das próprias cláusulas do contrato.
15. O subitem 9.1.6 do Acórdão 621/2015-TCU-Plenário, por sua vez, almeja exigir dos
licitantes informações detalhadas sobre os preços ofertados, a fim de permitir integral conhecimento
das condições em que as propostas comerciais foram constituídas. Além de possibilitar um julgamento
objetivo pela Administração e a avaliação da real vantagem por ela auferida, esse detalhamento, dentre
outros benefícios, facilita as ações de controle.
16. Por tais motivos, este Plenário entendeu que a aplicação imediata de tal medida às obras de
valor acima de R$ 100 milhões protegeria o erário de situações indesejadas, mais de uma vez apuradas,
e não acarretaria grandes inovações à Companhia. Isto porque o TCU estabeleceu apenas informações
mínimas que deverão ser coletadas, no momento da contratação, dos licitantes vencedores, e não de
todos os proponentes.
17. Nesse sentido, entendo que o tema já foi por demais debatido, não havendo contradição a ser
sanada, nem obscuridade a ser esclarecida. Ainda em março desse ano, a Petrobras teve ciência das
mudanças que deveriam ser adotadas em seu modelo de contratação de obras e serviços de engenharia
e, em junho, já estava definido o prazo de 180 dias para os ajustes, acordado com a própria Estatal. A
regra definida encontra-se exposta no próprio acórdão, no subitem 9.3.1 do Acórdão 1.441/2015-TCU-
Plenário: “as determinações dispostas nos itens 9.1.1 e 9.1.2 são de aplicação imediata, devendo incidir
inclusive sobre os procedimentos de contratação já em curso” (grifos acrescidos).
18. Ainda assim, em que pese a necessidade imediata de adoção das medidas debatidas, ante os
argumentos da Petrobras sobre potenciais prejuízos decorrentes da anulação dos certames em
andamento, considero que a aplicação imediata dos dispositivos constantes dos subitens 9.1.1, 9.1.2 e
9.1.6. do Acórdão 1441/2015- TCU- Plenário pode ser excepcionalizada tão somente nos casos de
processos licitatórios em que a Estatal já tenha recebido e aberto as propostas das licitantes, conforme
relação constante do Anexo II da defesa apresentada (peça 107).
19. Nesses casos, a Petrobras deve motivar sua decisão nos processos internos de contratação,
registrando nos autos as razões que a levaram a dar continuidade às licitações sem observância dos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

comandos em discussão, bem como explicitar os prejuízos decorrentes de atrasos no andamento do


processo licitatório, caso se optasse por atender de imediato os estritos termos do Acórdão 1441/2015-
TCU- Plenário (9.1.1, 9.1.2 e 9.1.6).
20. Tais atos, porventura, poderão ser objeto de acompanhamento e fiscalização deste Tribunal,
no intuito de avaliar se as justificativas são razoáveis no caso concreto, além de verificar a
imprescindibilidade da contratação, a ponto de justificar a ausência da elaboração da matriz de risco e
do detalhamento do Demonstrativo de Formação de Preço (DFP) e, principalmente, se os documentos
contratuais repartem clara e objetivamente as responsabilidades das partes, preservando o patrimônio
da Estatal.
21. Relembro que problemas decorrentes da falta de clareza na definição das atribuições
contratuais em obras da Petrobras, já ocasionaram prejuízos materialmente relevantes, além de atrasos
significativos, em razão de prolongadas discussões contratuais. Cito como exemplo, as obras de
construção das tubovias da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em que a insuficiência de definição quanto
às obrigações contratuais de cada parte no tocante à execução das fundações provocou a postergação
de sua conclusão, após a readequação do cronograma, bem como aumento da ordem de R$ 510
milhões no valor da obra.
22. Por último, relembro que, no subitem 9.2 do Acórdão 2.154/2015-TCU-Plenário, decidiu-se
que a interposição de eventuais novos pedidos de prorrogação de prazo com base em argumentos
similares aos já apresentados não implicaria suspensão da eficácia das determinações, situação que se
aplica ao presente caso.
Ante o exposto, VOTO por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2737/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 007.315/2011-2.
1.1. Apensos: 007.316/2011-9; 007.317/2011-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.
3. Responsável/Recorrente:
3.1. Responsável: Aldemir Bendine (043.980.408-62).
3.3. Recorrente: Petróleo Brasileiro S/A. (33.000.167/0001-01).
4. Entidade: Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Representação legal: 8.1. Bruno Henrique de Oliveira Ferreira (15345/OAB-DF); 8.2. Carlos
Roberto de Siqueira Castro (20015/OAB-DF); 8.3. Carolina Bastos Lima (135073/OAB-RJ),; 8.4.
Daniele Domingues Lima e Silva (7286/OAB-AL); 8.5. Geórgia Valverde Leão Romeiro
(18578/OAB-BA); 8.6. Lais Estorani de Faria (131272/OAB-MG); 8.7. Nilton Antônio de Almeida
Maia (67.460/OAB-RJ); 8.8. Polyanna Ferreira Silva Vilanova (19.273/OAB-DF); 8.9. Raphaela
Cristina Nascimento Perini Rodrigues (129398/OAB-RJ); 8.10. Taísa Oliveira Maciel (118.488/OAB-
RJ); 8.11. Samara da Silva Bernardes (160361/OAB-RJ); 8.12. Ésio Costa Júnior (59.121/OAB-RJ);
todos representando Petróleo Brasileiro S/A.

9. Acórdão:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos petição apresentada pela Petrobras contra o Acórdão 2.154/2015-
TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal indeferiu pedido de prorrogação de prazo apresentado pela
estatal e manteve os exatos termos do Acórdão 1.441/2015-TCU-Plenário;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.3. informar a Petrobras que a aplicação imediata dos comandos estabelecidos nos subitens
9.1.1, 9.1.2 e 9.1.6. do Acórdão 1441/2015- TCU- Plenário poderá ser dispensada nos casos de
processos licitatórios de obras e serviços de engenharia em que as propostas oferecidas pelas empresas
participantes já tenham sido abertas, consoante relação que integra o Anexo II da peça 107 dos
presentes autos, devendo para tanto serem registradas, nos respectivos processos licitatórios, as razões
que justifiquem a não aplicação dos mencionados dispositivos;
9.4. determinar à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura de Petróleo, Gás Natural e
Mineração que acompanhe as contratações de obras e serviços de engenharia realizadas pela Petrobras
no tocante ao atendimento do rito processual determinado nos Acórdãos 621 e 1.441/2015-TCU-
Plenário e avalie se as justificativas são razoáveis, além de verificar a imprescindibilidade da
contratação e se os documentos contratuais repartem clara e objetivamente as responsabilidades das
partes, preservando o patrimônio da Estatal.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2737-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro,
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 011.586/2015-0.
Natureza: Embargos de Declaração (Representação).
Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).
Embargante: GLS Engenharia e Consultoria Ltda.
Representação legal: José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz (OAB/RJ 106.810).

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS CONTRA DECISÃO QUE


MANTEVE O REGULAR PROSSEGUIMENTO DA LICITAÇÃO. REPRESENTANTE NÃO
QUALIFICADA COMO INTERESSADA NOS AUTOS. NÃO CONHECIMENTO DOS
EMBARGOS. MANUTENÇÃO DOS TERMOS DO ACÓRDÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos pela empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda,
em face de suposta contradição existente no Acórdão 2.318/2015-TCU-Plenário, por meio do qual
apreciou representação, com pedido de medida cautelar, formulada a este Tribunal pela mesma
empresa, com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, versando sobre supostas irregularidades no
667

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

edital do Pregão Eletrônico 357/2015, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da


Previdência Social (Dataprev).
2. Mencionado certame tem por objeto a “contratação de empresa especializada para prestação
de serviços, pelo prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do
Centro de Processamento Rio de Janeiro – CPRJ, preservando as certificações das normas ABNT NBR
15.247 e NBR 60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura,
para que o referido datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do
padrão Tier III (Operational Sustainability)”.
3. O acórdão ora embargado revogou a medida cautelar anteriormente adotada e condicionou a
adjudicação ou a homologação para a empresa vencedora ACECO TI, a depender da fase em que se
encontrava o pregão, ao ajuste da proposta para o valor total de R$ 40.544.981,46. Em complemento,
notificou a Dataprev acerca das irregularidades constatadas no Pregão Eletrônico 357/2015, tal qual se
transcreve:
9.1. conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.
235 e 237 do Regimento Interno deste Tribunal, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, para, no mérito, julgá-la
parcialmente procedente;
9.2. revogar a medida cautelar adotada, condicionando-se a adjudicação ou a homologação (caso a
adjudicação já tenho sido realizada) do Pregão Eletrônico 357/2015 aos ajustes sugeridos pela Secex-RJ,
resultando em proposta com valor total de R$ 40.544.981,46;
9.3. dar ciência à Dataprev acerca das seguintes irregularidades constatadas no Pregão Eletrônico
357/2015:
9.3.1. falta de detalhamento da planilha de custos e formação de preços, a qual não atende ao disposto no
art. 7º, § 2º, inc. II, da Lei 8.666/93, por não conter elementos mínimos à definição dos custos por parte das
empresas licitantes;
9.3.2. não adoção de BDI reduzido para simples fornecimento de materiais e equipamentos, o que
contraria a jurisprudência do TCU acerca da orçamentação de obras e serviços de engenharia, em especial o
Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário;
9.3.3. descrição incompleta para o serviço de recarga de gás FM 200, o que não permitia a orçamentação
adequada do referido serviço;
9.4. determinar à Secex-RJ que monitore o cumprimento do item 9.2 deste acórdão;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, à
representante e à Dataprev
4. Em sede de embargos declaratórios, alegou a embargante, em essência que:
a) existiria omissão na decisão embargada, o que por si só legitima o acolhimento dos embargos
e a reforma da aludida decisão;
b) há uma declaração da ABNT acostada aos autos que comprova inexistir outra empresa no
Brasil, além da ACECO TI, capaz de prover serviços com base na certificação exigida pela NBR
15.247, norma que especifica os requisitos para salas-cofre e cofres para hardware resistentes a
incêndios;
c) o certame estaria direcionado, visto haver um monopólio de tal empresa, posto que nenhuma
outra seria capaz de vencer a licitação nos moldes ofertados;
d) a legalidade do pregão estaria comprometida, uma vez que apenas uma empresa detentora de
monopólio técnico poderia participar, o que denotaria um jogo de cartas marcadas;
e) nessa situação, o correto seria a Administração Pública lançar mão de uma contratação por
dispensa de licitação e não onerar o Erário com a realização de um certame que, na visão dela, seria
inútil;
f) haveria outra irregularidade no certame, porquanto o BDI apresentado pela empresa ACECO
TI (27,5%) mostrou-se superior ao limite estabelecido no edital (25%), tendo este Tribunal informado
que a licitante poderia retificar sua proposta;
g) tal fato mostrar-se-ia conflitante com o princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
em afronta ao artigo 41 da Lei 8.666/1993;
668

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

h) conclui que os fatos narrados demonstram a contradição do acórdão vergastado, o qual não
considerou o monopólio da ACECO TI para prestar os serviços de manutenção em salas certificadas
pela ABNT NBR 15.247, bem como o princípio da vinculação ao edital.
5. Ao final, requer a embargante que o recurso seja conhecido e provido para se reconhecer a
contrariedade da decisão combatida, conferindo caráter infringente à presente espécie recursal, no
sentido de que seja anulado o referido pregão.
É o relatório.

VOTO

Em análise embargos declaratórios opostos pela empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda,
em face de suposta omissão e contradição existente no Acórdão 2.318/2015-TCU-Plenário, que
apreciou atos do Pregão Eletrônico 357/2015, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações
da Previdência Social (Dataprev). As questões aqui consideradas originaram-se de representação
formulada pela empresa que ora apresenta este recurso.
2. O certame destina-se à “contratação de empresa especializada para prestação de serviços, pelo
prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do Centro de
Processamento Rio de Janeiro – CPRJ, preservando as certificações das normas ABNT NBR 15.247 e
NBR 60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura, para que
o referido Datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do padrão Tier
III (Operational Sustainability)”.
3. Mediante despacho presente na peça 49, foi concedida cautelar para a suspensão da licitação
até que as questões suscitadas fossem esclarecidas. Após a realização das oitivas, este Tribunal decidiu
revogar a cautelar pelos motivos explicitados no voto condutor do acórdão combatido. Nessa mesma
decisão, a Dataprev foi cientificada de todas as impropriedades associadas à realização do
procedimento licitatório, as quais, na visão deste Pleno, não maculariam sua condução a ponto de
causar nulidade.
4. Nesse particular, a única questão que mereceu tratamento mais acurado pela Dataprev seria a
correção do valor da contratação, visto que a empresa selecionada apresentou proposta com
Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) ligeiramente acima dos percentuais definidos como teto em
edital. Em face dessa particularidade, este Tribunal determinou correção dos valores antes da
assinatura do ajuste.
5. Passo ao exame das alegações da representante. Em extrato, a empresa aponta omissão e
contradição no acórdão vergastado, porquanto este não teria considerado dois pontos: (i) o real
monopólio da empresa vencedora (ACECO TI) para prestar os serviços de manutenção em salas
certificadas; e (ii) a ofensa ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, visto que o BDI da
empresa vencedora foi aceito em valor superior ao definido em edital. Nesse contexto, a embargante
pugna pela anulação do certame, razão a conferir efeitos infringentes ao acórdão embargado.
6. Verifico, de início, que a espécie recursal não atende aos requisitos de admissibilidade ínsitos
nos artigos 34, § 1º da Lei 8.443/1992, c/c artigos 146 e 282 do Regimento Interno do TCU, em
virtude de a representante não ser parte interessada no processo, razão pela qual os embargos não
devem ser conhecidos.
7. Esse tem sido o entendimento pacífico deste Tribunal, o qual tem reiteradamente decidido que
os representantes e os denunciantes não são automaticamente considerados interessados nos processos
resultantes de suas representações e denúncias, pois, em princípio, seu papel consiste apenas em
provocar a ação fiscalizatória do TCU.
8. Não obstante a rejeição da admissibilidade, decidi adentrar excepcionalmente no mérito das
alegações apresentadas pela representante, em nome da transparência e por se tratar de contratação
669

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relevante, que envolve o fornecimento e guarda de informações previdenciárias aos cidadãos mediante
o gerenciamento e manutenção de grandes bases de dados.
9. Antecipo que os argumentos trazidos pela empresa GLS, ainda que os embargos fossem
conhecidos, não merecem prosperar pelos motivos que passo a expor.
10. A empresa entende haver omissão em virtude de o Acórdão 2.318/2015-TCU-Plenário não
ter explicitamente tratado da questão afeta à possibilidade de participação de apenas uma empresa no
Pregão 357/2015. Ao compulsar os autos, percebe-se que a empresa GLS apresentou esses argumentos
no bojo dos apontamentos da representação inicial (peça 1, p. 8) sob o título “do direcionamento do
certame”. A Secex-RJ, por sua vez, examinou esse ponto no contexto da questão relacionada ao
parcelamento do objeto, dada a complexidade de serviços e atividades envolvidas no escopo da
contratação e sua relação com a competitividade do certame (peça 46).
11. Ainda que não tenha havido expressa omissão no exame da impossibilidade de participação
de outras empresas no referido pregão, considero pertinente avaliar de forma direta as considerações
trazidas pela GLS, como forma de explicitar o conteúdo da análise já então empreendida quando do
estudo inicial da representação.
12. A representante aduz que o próprio Tribunal entende que as regras de habilitação técnica
devem ser flexibilizadas para oportunizar a participação do maior número de licitantes. Nessa seara,
haveria direcionamento do certame para a única empresa que possui certificações em sala cofre, o que
prescindiria inclusive da realização de licitação para a contratação do objeto ora em exame, porquanto
não haveria outros interessados capazes de atender aos requisitos impostos pelo termo de convocação.
13. A alegação de direcionamento da licitação, consoante aqui já colocado, guarda relação direta
com a inviabilidade técnica de parcelamento do objeto deste pregão, nos termos tratados no acórdão
combatido e nas análises que o acompanham, as quais inclusive contam com o parecer da Secretaria de
Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti), unidade especializada deste Tribunal. Este
pronunciamento encontra-se à peça 70 do TC 012.030/2015-5, processo que trata de pregão similar, a
ser contratado para o datacenter de São Paulo.
14. As razões colacionadas pela empresa seriam plausíveis caso o alvo da contratação não
possuísse as particularidades e objetivos desse tipo de estrutura. O funcionamento desse datacenter
exige uma série de cautelas para a salvaguarda e recuperação de informações de magnitude
consideráveis, haja vista processar mensalmente mais de trinta milhões de aposentadorias, pensões e
auxílios, abrigar o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) com mais de duzentos e
cinquenta milhões de registro, além de conter aproximadamente onze milhões de óbitos cadastrados.
15. Com todo esse porte e nos termos defendidos pela Sefti, argumentos de ordem técnica
justificam o não parcelamento do objeto, visto a integração total do ambiente e dos sistemas que o
compõem. Ademais, a presença de múltiplos prestadores de serviços atuando no ambiente da sala-
cofre traria fragilidades ao sistema, no qual deve imperar a mitigação de riscos para garantir a
segurança e disponibilização perene das informações.
16. Todas essas peculiaridades impõem à Administração o dever de zelar por esses dados, o que
implica a exigência de certificações que garantam a qualidade e continuidade dos serviços prestados.
Como consequência, os requisitos relacionados à comprovação de habilidade para prestar serviços que
atendam à NBR 15.247, que trata de requisitos atinentes ao uso da sala cofre, vão ao encontro da busca
pelo interesse público e não maculam a realização do certame.
17. Não obstante inexistir outra empresa capaz de prover serviços específicos para as salas-cofre
nos termos da NBR 15.247, outros interessados poderiam vir a obter a certificação para participar do
pregão. Nesse diapasão, caso a Dataprev decidisse abster-se de usar o instituto da licitação, a qualquer
tempo outros interessados poderiam alegar estarem aptos a se habilitar para o certame, conforme
motivos que passo a expor.
18. Dos elementos acostados aos autos (peça 30, p. 2-3 e peça 35, p.102), depreende-se que
quando da primeira modernização do datacenter, a consultoria jurídica da Dataprev pronunciou-se
sobre a possibilidade de inexigibilidade de licitação. Naquela ocasião havia a informação de que
670

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nenhuma outra empresa seria capaz de fornecer os serviços nos moldes da NBR 15.247, fato
corroborado pelos documentos emitidos pela ABNT com data de 2012 (peça 35, p. 28).
19. O pregão que ora se examina tem como objeto ações para fins de continuidade das soluções
até então implantadas, com o acréscimo de melhorias para o funcionamento do datacenter incluindo-
se a manutenção do sistema. A informação presente nos autos indica que a situação de exclusividade
da empresa ACECO TI para prestar serviços em salas-cofres, nos termos da NBR 15.247, manteve-se
quando da ocasião dessa licitação, consoante declaração da ABNT datada de dezembro de 2014 (peça
42, p.125 do TC 012.030/2015-5).
20. Do exposto, pode-se extrair que entre a primeira contratação e esta haveria tempo hábil para
outras empresas se certificarem. Nesses termos, entendo que a Dataprev agiu com cautela ao escolher
o procedimento do pregão em detrimento da inexigibilidade de licitação. Corrobora tal assertiva a
apresentação de propostas por seis licitantes na ocasião da fase de lances do pregão, ainda que apenas a
empresa ACECO TI pudesse cumprir com todas as exigências de habilitação (peça 23, p. 2). A própria
pesquisa de mercado, feita na fase interna da licitação, trouxe razoável número de empresas ofertando
orçamentos à Dataprev quando da estimativa de preços para o certame.
21. No caso concreto, não considero que essas circunstâncias tenham causado prejuízo à
contratação, dado que a empresa vencedora apresentou proposta com desconto de cerca de 3,30% em
relação ao valor estimado pela administração.
22. Verifica-se que a anulação de uma licitação desse porte, em face dos argumentos de
direcionamento trazidos pela GLS, é que daria ensejo a prejuízos a terceiros e à própria Administração.
Conclui-se que o interesse público está a ser preservado com a manutenção desse pregão nos moldes
em que se apresenta.
23. De igual modo, a aceitação de BDI em valor superior ao definido como teto pelo edital não
se configura vício insanável ensejador de anulação do Pregão 357/2015. Ademais, essa questão foi
expressamente examinada quando da prolação do acórdão de mérito, haja vista a própria decisão trazer
a medida capaz de convalidar a impropriedade, qual seja a determinação para que a contratação só seja
efetivada com a exclusão da diferença entre o BDI ofertado (27,5%) e o apresentado no edital (25%).
24. Nesse particular, devo pontuar que a presente via recursal, caso fosse conhecida, é de
cognição restrita, não cabendo rediscussão de mérito em relação aos pontos já objeto de julgamento
pelo acórdão em exame. Ainda assim, pondero refletir sobre a alegação, uma vez que este Tribunal há
tempos se debruça sobre o tema dos critérios e valores acerca da taxa conhecida como BDI.
25. Cabe esclarecer que o entendimento preponderante é de cada particular poder apresentar a
taxa que melhor lhe convier, desde que o preço proposto para cada item da planilha e, por
consequência o preço global, não estejam em limites superiores aos preços de referência, valores estes
obtidos dos sistemas utilizados pela Administração e das pesquisas de mercado, em casos de lacunas
nos mencionados referenciais.
26. Concluo pela viabilidade do certame, ao sopesar que os elementos dos autos indicam que o
orçamento estimado pela Administração está apto a balizar os preços de mercado e que o desconto
ofertado traz a economicidade ao Pregão 357/2015. Ao privilegiar o princípio do formalismo
moderado, e ao sopesar que os princípios da economicidade e da eficiência sobrepujam a ofensa ao
princípio da vinculação ao instrumento convocatório, entendo que não há óbices ao prosseguimento
dessa contratação.
27. Com essas considerações, não conheço dos presentes embargos declaratórios e mantenho o
acórdão que ora se discute em seus exatos termos.
Em razão do exposto, VOTO para que o TCU aprove a minuta de Acórdão que ora submeto a
este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2738/2015 – TCU – Plenário


671

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo nº TC 011.586/2015-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de Declaração (Representação).
3. Recorrente: GLS Engenharia e Consultoria Ltda. (68.558.972/0001-30).
4. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Representação legal: José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz (OAB/RJ 106.810) e
outros, representando GLS.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de embargos de declaração opostos em
face do Acórdão 2.318/2015-TCU-Plenário, prolatado no âmbito de representação, com pedido de
medida cautelar, formulada a este Tribunal pela empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda., com
fulcro no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, versando sobre supostas irregularidades no edital do Pregão
Eletrônico 357/2015, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social -
Dataprev, tendo por objeto a "contratação de empresa especializada para prestação de serviços, pelo
prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do Centro de
Processamento Rio de Janeiro - CPRJ, preservando as certificações das normas ABNT NBR 15.247 e
NBR 60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura, para que
o referido datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do padrão Tier
III (Operational Sustainability)";
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992 combinado com os arts. 282 e 146, §1º, do
Regimento Interno do TCU, não conhecer dos presentes embargos de declaração, em virtude de a
empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda não ser parte interessada nos presentes autos;
9.2. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
representante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2738-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro,
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE I – Plenário


TC 011.812/2010-9.
Natureza: Recurso de Revisão.
Entidade: Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do
São Francisco – Valexport.
672

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Recorrentes: Aristeu Chaves Filho (069.141.604-49) e Valexport (12.657.896/0001-65).


Representação legal: Antônio Renato Lima da Rocha (OAB/PE 4.422).

SUMÁRIO: RECURSO DE REVISÃO EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. NOVOS


DOCUMENTOS ANEXADOS AOS AUTOS. COMPROVAÇÃO DA REGULAR APLICAÇÃO
DOS RECURSOS PÚBLICOS DISPONIBILIZADOS. AFASTAMENTO DA PREMISSA QUE
FUNDAMENTOU A DECISÃO RECORRIDA. ARGUMENTOS QUE APROVEITAM OS
DEMAIS RESPONSÁVEIS. PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Recursos – Serur (peça
119), que contou com a anuência do titular daquela unidade (peça 120):
Cuidam os autos de tomada de contas especial (TCE) instaurada pela Secretaria de Desenvolvimento
Rural do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (SDR/MAPA) em razão da falta de comprovação da
execução do objeto do Convênio MAA/SDR 12/97, firmado entre o MAPA e a Associação dos Produtores e
Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco - Valexport, que tinha como objeto a
realização de estudos para o planejamento do desenvolvimento da fruticultura irrigada nos estados da Bahia e de
Pernambuco (peça 1, p. 4-16, e peça 2, p. 22-33).
2. A Valexport e o Senhor Aristeu Chaves Filho, ex-presidente da Associação, tiveram suas contas
julgadas irregulares e foram condenados solidariamente, por meio do Acórdão 1548/2012 – TCU – Plenário
(peça 5, p. 3 a 12), a pagar a importância de R$ 600.000,00 (valor total repassado), tendo em vista a não
execução do objeto do convênio.
3. O Plenário, quando do julgamento dos recursos de reconsideração, entendeu que houve a comprovação
da execução do objeto do Convênio, porém manteve a condenação de débito dos referidos responsáveis em
virtude da ausência do nexo financeiro, conforme itens 11 a 15 do voto condutor do Acórdão 3055/2013-TCU-
Plenário (peça 75).
4. Considerando, então, que o Tribunal reconheceu a existência dos estudos, resta examinar o nexo
financeiro.
5. O auditor instrutor entende que não restou caraterizado o nexo financeiro, tendo em vista as seguintes
inconsistências (peça 117, itens 40 a 43):
a) as notas fiscais apresentadas não fazem referência ao convênio;
b) as cópias dos cheques não indicam a conta corrente do ajuste;
c) a cópia do cheque 937031 (peça 6, p. 9) menciona a agência 041 e não a agência 0963-6, da conta
corrente específica (peça 1, p. 7).
6. O Convênio MMA/SDR 12/97 (Siafi 338811) foi firmado em 29/12/1997 entre a Valexport e o Mapa -
(peça 1, p. 31-47), tendo como termo final o dia 28/7/1998.
7. Em 13/2/1998, o MAA repassou, em parcela, os R$ 600.000,00, por meio da ordem bancária
98OB00407, a qual foi creditada na Agência 0963-6, conta 1228-9, do Banco do Brasil (peça 1, p. 25)
8. Em 5/3/1998, a Valexport celebrou o Contrato 04/98 de prestação de serviços com a empresa MV
Engenharia e Alimentos S/C Ltda. – ME no valor de R$ 600.000,00 (peça 7, p. 8 a 11), com o seguinte objeto:
Constitui objeto do presente contrato a prestação de serviços técnicos de consultoria relacionados com a
execução das ações previstas para a elaboração e confecção dos planos diretores de agricultura irrigada nos
estados da Bahia e Pernambuco, nos termos do Convênio nº 012/97, celebrado entre o VALEXPORT e a
Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura e do Abastecimento – SDR/MA.
9. A referida empresa emitiu, então, as notas fiscais abaixo discriminadas correspondentes aos valores
repassados pelo Ministério à Valexport.
NF Valor Data Localização Descrição
(RS)
348 360.000,00 9/3/1998 peça 7, p. 6 Serviços de consultoria
conforme Contrato celebrado
em 03/03/98
401 240.000,00 29/5/1998 peça 7, p. 20 Serviços de consultoria
673

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Total 600.000,00

10. Os seguintes cheques teriam sido emitidos para quitar essas notas fiscais:
Cheque Valor (RS) Data Localização Descrição
937031 354.600,00 5/3/1998 peça 6, p. 9 Parcela 1/3 do Contrato
de Prestação de Serviços
especializados de
Consultoria Técnica, para
a elaboração e confecção
dos PLANOS
DIRETORES
correspondente à
fruticultura irrigada nos
estados de PE e BA
(Correspondente 60%)
937032 5.400,00 9/3/1998 Peça 7, p. 14 Ref. Recolhimento de
DARF Nota Fiscal MV
ENGª emitida em 03/98
937033 177.300,00 8/4/1998 peça 7, p. 16 -
937034 59.100,00 29/5/1998 peça 7, p. 19 Ref. Parcela 3/3 do
Contrato de Prestação de
Serviços especializados
de Consultoria Técnica
para elaboração de
PLANOS DIRETORES,
correspondente à
fruticultura
Total 596.400,00

11. Ademais, R$ 4.137,12 e R$ 1.208,08 teriam sido destinados para pagamento de IRRF sobre a NF
401 e CPMF, respectivamente, conforme relação de pagamentos peça 7, p. 3.
12. Após expor os fatos, cumpre-nos dirimir a questão fulcral, qual seja: a existência ou não do nexo
financeiro.
13. Primeiramente, frisa-se que o perito judicial chamado aos autos da Ação Ordinária n°
2000.34.00.024742-5 ponderou, com fundamento nos extratos bancários da conta do Convênio 12/97 (peça 27,
p. 35, item 1b, e p. 51 – Anexo 12/98-01), que:
Os serviços foram pagos em três parcelas: a primeira parcela foi paga em 05/03/98 com desconto do
IRRF de 1,5% como indica o recibo no valor de R$ 354.600,00 (Nota Fiscal de Serviço No 0348, datada em
09/03/98); a segunda parcela foi paga em 08/04/98 com desconto do IRRF de 1,5% como indica o recibo no
valor de R$ 177.300,00 (Nota Fiscal de Serviço No 0401, datada em 29/05/98); a terceira parcela foi paga em
08/05/98 com desconto do IRRF de 1,5% como indica o recibo no valor de R$ 59.100,00 e a terceira (Nota
Fiscal de Serviço no 0401, datada de 29/05/98) (Vide Anexo 12/97-06). Tais lançamentos estão registrados
no extrato da conta da VALEXPORT no Banco do Brasil (vide Anexo 12/97-01 e estão registrados no Livro
Caixa (Vide Anexo 12/97- 02). (peça 27, p. 39 – destaques inseridos).
14. Sabe-se que o perito deve empregar toda a diligência necessária e prestar informações verdadeiras no
auxílio do juízo.
15. No caso em concreto, o perito contador mencionou, no laudo contábil, que os lançamentos, referentes
as notas fiscais, estavam registrados no extrato bancário especifico da conta do convênio. Essas informações,
juntamente com o laudo do perito agrônomo, subsidiaram a Sentença prolatada pelo juízo da 9ª Vara Federal da
Seção Judiciária do Distrito Federal, a qual reconheceu que o objeto do convênio 12/97 fora cumprido, bem
como declarou nula a decisão administrativa que determinou a devolução integral dos valores repassados por
meio do referido ajuste.
16. Após contato telefônico com o MMA, obtive a cópia do extrato (peça 117) que tinha sido
mencionada no Relatório de Tomada de Contas Especial nº 014/2008 (peça 2, p. 50).
674

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. O extrato bancário demonstra o débito do cheque 937031, no valor de R$ 354.600,00, referente a NF
348 de R$ 360.000,00. A diferença corresponde ao IRRF de 1,5%.
18. Ademais, observa-se, nos autos, a operação de retirada na boca do caixa de R$ 354.600,00 da agência
9630 do BB (provavelmente do cheque 937031 que teria como favorecido a MV Engenharia) e o depósito dessa
importância na conta 2456-2 da agência 340-9 do BB da empresa MV Engenharia de Alimentos S/C Ltda. (peça
6, p. 8).
19. Constata-se, por meio de simulação de transferência, a titularidade da conta bancária (peça 116).
20. A NF 401 de 240.000,00, por sua vez, teria sido quitada por meio da soma do cheque 937033 de R$
177.300,00 e do cheque 937034 de R$ 59.100,00. A diferença corresponde ao IRRF de 1,5%.
21. Havia um indício de que os cheques sequenciais 937033 e 937034 também estavam relacionados a
essa agência, tendo em vista que o cheque 937031 fora debitado da agência 9630 do BB (agência do convênio).
Esse fato foi confirmado no extrato bancário.
22. Observa-se, assim, que a juntada do extrato da conta do convênio permite corroborar as informações
contidas na “relação de pagamentos” que integra a prestação de contas do ajuste (peça 7, p. 3), que também está
em conformidade com os documentos fiscais contidos nos autos.
23. No conjunto, esses elementos estão em harmonia com as conclusões do laudo pericial contábil antes
referido, que atestou a conciliação entre os documentos fiscais emitidos e os lançamentos bancários
correspondentes.
24. Em face do acima exposto, resta evidente o nexo financeiro nos pagamentos realizados a
empresa MV Engenharia e Alimentos S/C Ltda.
25. Por fim, faz-se oportuno dar ciência da deliberação que vier a ser adotada ao Desembargador Federal
Néviton Guedes do Tribunal Regional Federal da Primeira Região - TRF-1ª Região, relator da apelação
interposta pela União (vide item 43 da instrução do auditor).
26. Feitas essas considerações, divirjo da proposta do auditor federal, para:
a) propor o conhecimento dos recursos de revisão interpostos pela Valexport e pelo Senhor Aristeu
Chaves Filho contra o Acórdão 1548/2012 – TCU – Plenário para, no mérito, dar-lhes provimento a fim de
julgar regulares com ressalvas as presentes contas, excluir o débito e a inabilitação para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança constante, respectivamente, nos subitens 9.3 e 9.4 do referido Acórdão; e
b) dar ciência da aos recorrentes, ao Desembargador Federal Néviton Guedes do Tribunal Regional
Federal da Primeira Região - TRF-1ª Região, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de
Pernambuco e aos demais órgãos/entidades interessados.
2. O representante do Ministério Público junto ao TCU – MPTCU, por sua vez, ao concordar
com a proposta de encaminhamento sugerida pela unidade técnica, assim se pronunciou (peça 122):
Pelas razões expostas no pronunciamento do diretor de peça 119, acolhidas pelo dirigente máximo da
Secretaria de Recursos (peça 120), acompanhamos o entendimento da unidade instrutiva no sentido de que o
extrato bancário da conta específica, o qual não constava dos autos até a instrução pelo auditor, “permite
corroborar as informações contidas na ‘relação de pagamentos’ que integra a prestação de contas do ajuste
(peça 7, p. 3), que também está em conformidade com os documentos fiscais contidos nos autos”.
Comprovado, portanto, o nexo financeiro entre os recursos federais e os pagamentos efetuados à empresa
M V Engenharia e Alimentos S/C Ltda., manifestamo-nos de acordo com o encaminhamento oferecido pelos
dirigentes da Serur no sentido de dar provimento ao recurso com vistas a julgar regulares com ressalvas as
contas dos recorrentes, afastar o débito e a sanção de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, constantes dos subitens 9.2 e 9.4 do Acórdão
1.548/2012 – Plenário.
Em acréscimo, por consequência da exclusão do débito, sugerimos a exclusão da multa do artigo 57 da
Lei 8.443/1992, aplicada aos recorrentes por intermédio do subitem 9.3 da referida decisão.
Quanto aos membros da comissão de licitação, em que pese não tenham recorrido, entendemos que os
recorrentes trouxeram argumentos que podem ser aproveitados àqueles responsáveis, visto que, no nosso
entender, justificam a irregularidade pela qual foram responsabilizados, conforme passamos a expor.
Conforme observado pelo próprio auditor instrutor (item 61 da instrução de peça 118), a IN/STN 1/1997,
em seu artigo 27, caput e parágrafo único, diferenciava expressamente o convenente integrante da administração
pública daquele que fosse entidade privada da seguinte forma:
675

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Art. 27. Quando o convenente integrar a administração pública, de qualquer esfera de governo, deverá
obrigatoriamente, sujeitar-se às disposições da Lei nº 8.666/93, especialmente naquilo que se refira à licitação e
contrato.
Parágrafo único. Sendo o convenente entidade privada, não sujeita à Lei nº 8.666/93, deverá, na execução
das despesas com os recursos recebidos em transferência, adotar procedimentos análogos aos estabelecidos pela
referida lei.
Assim, nos termos da citada instrução normativa, a entidade privada que firmasse convênio com a União
deveria adotar procedimentos análogos aos estabelecidos na Lei 8.666/1993, quando da execução das despesas
com recursos recebidos nas transferências.
Nesse mesmo sentido, a cláusula terceira, inciso II, alínea “c”, do termo do convênio (peça 1, p. 5) previa,
como obrigação do convenente, a adoção de procedimentos licitatórios previstos na Lei 8.666/1993 ou, se fosse
o caso, procedimentos análogos. Ademais, definia, como procedimento análogo, a inclusão no processo de no
mínimo três propostas de preços de empresas que atuassem no ramo pertinente ao objeto.
Cumpre salientar que, somente em 2003, o artigo 27 da IN/STN 1/97 foi alterado, passando a sujeitar,
também, as entidades privadas às disposições da Lei 8.666/1993, especialmente em relação à licitação e
contrato, quando da execução de despesas com os recursos conveniados.
Além disso, somente em 2005, por intermédio do Acórdão 353/2005 – Plenário, essa Corte de Contas
firmou entendimento de que “a aplicação de recursos públicos geridos por particular em decorrência de
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, deve atender, no que couber, às disposições da Lei
de Licitações, ex vi do art. 116 da Lei 8.666/93”, oportunidade em que foi recomendado à Presidência da
República que procedesse “à regulamentação do art. 116 da Lei 8.666/93, estabelecendo, em especial, as
disposições da Lei de Licitações que devem ser seguidas pelo particular partícipe de convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, nas restritas hipóteses em que tenha sob sua guarda recursos públicos”.
À vista dessas considerações, consideramos de rigor excessivo se exigir dos membros da comissão de
licitação a aplicação da Lei 8.666/1993 à contratação do objeto do convênio em comento, o qual, vale destacar,
foi firmado no ano de 1997, ou seja, muito antes de este Tribunal firmar o entendimento supramencionado e
quando a própria IN STN 1/97 previa que as entidades privadas deveriam adotar procedimentos análogos aos
estabelecidos na Lei 8.666/1993, e não a lei propriamente dita, na execução das despesas com os recursos
recebidos em transferência.
Ademais, quanto à suposta irregularidade de restrição à competitividade do certame pelo fato de a
associação ter convidado apenas três empresas para participar do certame, conforme já mencionado acima, o
termo do convênio previa, como procedimento análogo à lei de licitações, a inclusão no processo licitatório de
no mínimo três propostas de preços de empresas que atuassem no ramo pertinente ao objeto. Pela leitura da ata
de reunião de licitação constante da peça 6, p. 31, depreende-se que a comissão avaliou as propostas técnicas e
de preços das três empresas que foram convidadas para participar do certame, sendo atendido, portanto, o
disposto nos termos do convênio.
Assim, adicionalmente ao proposto pelos dirigentes da unidade técnica, sugerimos que este Tribunal torne
sem efeito o subitem 9.6 do Acórdão 3.055/2013 – Plenário, por intermédio do qual foi aplicada a multa do
artigo 58 da Lei 8.443/1992 a Luciano Cezar Rocha Azevedo e Daniel Reis de Souza, excluindo-os do rol de
responsáveis desta TCE.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de recurso de revisão apresentado pela Associação dos Produtores e Exportadores de


Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco – Valexport e por Aristeu Chaves Filho, ex-
presidente daquela Associação, contra o Acórdão 1.548/2012-TCU-Plenário, por meio do qual este
Tribunal julgou irregulares suas contas, condenou-os solidariamente ao pagamento do débito relativo à
integralidade dos recursos recebidos, aplicou-lhes multas individuais do art. 57 da Lei 8.443/1992 e
676

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inabilitou o ex-presidente para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da


Administração Pública Federal pelo prazo de 5 anos.
2. A condenação foi motivada pela falta de comprovação da execução do objeto do Convênio
MAA/SDR 12/97, firmado entre o MAPA e a Valexport, cujo objeto era a realização de estudos para o
planejamento do desenvolvimento da fruticultura irrigada nos estados da Bahia e de Pernambuco, com
recursos federais da ordem de R$ 600.000,00.
3. O presente recurso está fundamentado no art. 35, inciso III (superveniência de documentos
novos com eficácia sobre a prova produzida), da Lei 8.443/1992.
4. Ratifico a deliberação do relator original do feito, Ministro José Jorge, a quem sucedi, que
conheceu do recurso, sem atribuir-lhe os efeitos suspensivos requeridos pelo recorrente, conforme
despacho constante da peça 34 destes autos.
5. A Secretaria de Recursos, na manifestação que integrou o relatório precedente, com endosso
do MPTCU, propôs o provimento do recurso, por entender que os documentos apresentados nesta fase
processual foram aptos a comprovar o nexo de causalidade entre as despesas realizadas e os recursos
federais envolvidos.
6. Concordo com as conclusões exaradas nas manifestações precedentes, cuja análise adoto,
desde já, como minhas razões de decidir.
7. Conforme registrado pela Secretaria de Recursos, o Acórdão 3.055/2013- TCU- Plenário,
proferido em sede de recurso de reconsideração, reconheceu a efetiva realização do objeto acordado,
mantendo, entretanto, o valor da condenação em virtude da ausência de comprovação do nexo de
causalidade entre o objeto e os valores transferidos.
8. Nesta oportunidade, o extrato bancário da conta específica do convênio, juntado aos autos à
peça 117, permitiu corroborar as informações contidas na relação de pagamentos que integra a
prestação de contas do ajuste (peça 7, p. 3), que também está em conformidade com os documentos
fiscais contidos nos autos.
9. No conjunto, esses elementos estão em harmonia com as conclusões do laudo pericial
contábil constante da Ação Ordinária 2000.34.00.024742-5, que atestou a conciliação entre os
documentos fiscais emitidos e os lançamentos bancários correspondentes
10. Diante disso, anuo à proposta da unidade técnica no sentido de dar provimento ao recurso
interposto para afastar a condenação em débito e aplicação de multa aos recorrentes, bem assim a
declaração de inabilitação do responsável Aristeu Chaves Filho.
11. O representante do MPTCU propugnou, ainda, pela exclusão da multa aplicada aos
membros da comissão de licitação, ainda que não tenham recorrido, por considerar que os argumentos
trazidos pelos ora recorrentes poderiam ser aproveitados àqueles responsáveis.
12. O acórdão recorrido aplicou aos membros da comissão de licitação, Luciano Cezar Rocha
Azevedo e Daniel Reis de Souza, multa fundamentada no artigo 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, tendo
em vista a realização de licitação em modalidade incompatível com o valor da contratação e a
inadequada divulgação do certame, uma vez que somente foram convidadas 3 empresas sediadas em
outra cidade (Jundiaí/SP)
13. Em seu arrazoado o membro do Parquet evidenciou que, à época da celebração da avença
(1997), os normativos vigentes autorizavam as entidades privadas que celebrassem convênios com a
administração pública a adotar, na execução das correspondentes despesas, procedimentos análogos
aos estabelecidos pela Lei 8.666/1993 (IN/STN 1/1997, art. 27, parágrafo único).
14. Tal autorização também se encontrava prevista na Cláusula Terceira, inciso II, alínea c, do
termo de convênio em exame, que, além disso, definia, como procedimento análogo, a inclusão no
processo de, no mínimo, três propostas de preços de empresas que atuassem no ramo pertinente ao
objeto (peça 1, p.5).
15. Lembrou, por fim, que somente em 2003 a referida instrução normativa foi modificada para
sujeitar também as entidades privadas às disposições da Lei 8.666/1993 e somente em 2005 este
677

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tribunal, por intermédio do Acórdão 353/2005-TCU-Plenário, firmou entendimento acerca dessa


questão.
16. Concordo com o MPTCU. De fato, o termo de convênio e as normas que regiam a matéria à
época da licitação questionada não exigiam dos condutores da contratação a observância às regras
estabelecidas na Lei de Licitações, motivo que fundamentou a aplicação de multa aos membros da
comissão de licitação.
17. Dessa forma, corroboro as conclusões do Ministério Público, para afastar, com fundamento
no art. 161 do Regimento Interno deste Tribunal, a multa aplicada aos membros da comissão de
licitação, Luciano Cezar Rocha Azevedo e Daniel Reis de Souza.
18. A ausência da caracterização do débito nesta tomada de contas especial, impõe o
arquivamento dos autos, por força do art. 212 do Regimento Interno desta Casa, haja vista a ausência
de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo.
Assim, acompanho as manifestações da unidade técnica e do MPTCU e VOTO no sentido de
que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2739/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 011.812/2010-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão.
3. Recorrentes: Aristeu Chaves Filho (069.141.604-49) e Valexport (12.657.896/0001-65).
4. Entidade: Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale
do São Francisco – Valexport.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Antônio Renato Lima da Rocha (OAB/PE 4.422).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto pela Associação dos
Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco – Valexport e por
Aristeu Chaves Filho, ex-presidente daquela Associação, contra o Acórdão 1.548/2012-TCU-Plenário;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão, com fulcro nos arts. 31, 32 e 35 da Lei 8.443/1992, para, no
mérito, dar-lhe provimento e tornar insubsistente o Acórdão 1.548/2012-TCU-Plenário;
9.2. arquivar os presentes autos, sem julgamento de mérito, com fundamento no disposto no art.
212 do Regimento Interno do TCU, por ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
9.3. dar ciência desta deliberação aos recorrentes, a Luciano Cezar Rocha Azevedo e Daniel Reis
de Souza, ao Desembargador Federal Néviton Guedes do Tribunal Regional Federal da Primeira
Região - TRF-1ª Região, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de Pernambuco
e à Controladoria-Geral da União;
9.4 dar ciência desta deliberação ao Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico, responsável
pelas atividades de cobrança executiva no âmbito do TCU, para a adoção das medidas cabíveis.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2739-43/15-P.
678

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Especificação do quorum:


13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, José Múcio Monteiro,
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 012.030/2015-5.
Natureza: Embargos de Declaração (Representação).
Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).
Embargante: Cetest Minas Engenharia S.A.
Representação legal: José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz (OAB/RJ 106.810).

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS CONTRA DECISÃO QUE


MANTEVE O REGULAR PROSSEGUIMENTO DA LICITAÇÃO. REPRESENTANTE NÃO
QUALIFICADA COMO INTERESSADA NOS AUTOS. NÃO CONHECIMENTO DOS
EMBARGOS. MANUTENÇÃO DOS TERMOS DO ACÓRDÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos pela empresa Cetest Minas Engenharia S.A., em
face de suposta contradição existente no Acórdão 2.319/2015-TCU-Plenário, por meio do qual o TCU
apreciou representação, com pedido de medida cautelar, formulada a este Tribunal pela mesma
empresa, com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, versando sobre supostas irregularidades no
edital do Pregão Eletrônico 355/2014, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da
Previdência Social (Dataprev).
6. Mencionado certame tem por objeto a “contratação de empresa especializada para prestação
de serviços, pelo prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do
Centro de Processamento São Paulo – CPSP, preservando as certificações das normas ABNT NBR
15.247 e NBR 60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura,
para que o referido datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do
padrão Tier III (Operational Sustainability)”.
7. O acórdão ora embargado revogou a medida cautelar anteriormente adotada e condicionou a
adjudicação ou a homologação para a empresa vencedora ACECO TI, a depender da fase em que se
encontrava o pregão, ao ajuste da proposta para o valor total de R$ 39.610.420,49. Em complemento,
notificou a Dataprev acerca das irregularidades constatadas no Pregão Eletrônico 355/2014, tal qual se
transcreve:
9.1. conhecer da presente representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts.
235 e 237 do Regimento Interno deste Tribunal, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, para, no mérito, julgá- la
parcialmente procedente;
9.2. revogar a medida cautelar adotada, condicionando-se a adjudicação ou a homologação (caso a
adjudicação já tenho sido realizada) do Pregão Eletrônico 355/2014 aos ajustes sugeridos pela Secex-RJ,
resultando em proposta com valor total de R$ 39.610.420,49;
679

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. dar ciência à Dataprev acerca das seguintes irregularidades constatadas no Pregão Eletrônico
355/2014:
9.3.1. falta de detalhamento da planilha de custos e formação de preços, a qual não atende ao disposto no
art. 7º, § 2º, inc. II, da Lei 8.666/93, por não conter elementos mínimos à definição dos custos por parte das
empresas licitantes;
9.3.2. não adoção de BDI reduzido para simples fornecimento de materiais e equipamentos, o que
contraria a jurisprudência do TCU acerca da orçamentação de obras e serviços de engenharia, em especial o
Acórdão 2.622/2013-TCU-Plenário;
9.3.3. descrição incompleta para o serviço de recarga de gás FM 200, o que não permitia a orçamentação
adequada do referido serviço;
9.4. determinar à Secex-RJ que monitore o cumprimento do item 9.2 deste acórdão;
(...)
8. Em sede de embargos declaratórios, alegou a embargante, em essência que:
i) existiria omissão na decisão embargada, o que por si só legitima o acolhimento dos embargos
e a reforma da aludida decisão;
j) há uma declaração da ABNT acostada aos autos que comprova inexistir outra empresa no
Brasil, além da ACECO TI, capaz de prover serviços com base na certificação exigida pela NBR
15.247, norma que especifica os requisitos para salas-cofre e cofres para hardware resistentes a
incêndios;
k) o certame estaria direcionado, visto haver um monopólio de tal empresa, posto que nenhuma
outra seria capaz de vencer a licitação nos moldes ofertados;
l) a legalidade do pregão estaria comprometida, uma vez que apenas uma empresa detentora de
monopólio técnico poderia participar, o que denotaria um jogo de cartas marcadas;
m) nessa situação, o correto seria a Administração Pública lançar mão de uma contratação por
dispensa de licitação e não onerar o Erário com a realização de um certame que, na visão dela, seria
inútil;
n) haveria outra irregularidade no certame, porquanto o BDI apresentado pela empresa ACECO
TI (27,5%) mostrou-se superior ao limite estabelecido no edital (25%), tendo este Tribunal informado
que a licitante poderia retificar sua proposta;
o) tal fato mostrar-se-ia conflitante com o princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
em afronta ao artigo 41 da Lei 8.666/1993;
p) conclui que os fatos narrados demonstram a contradição do acórdão vergastado, o qual não
considerou o monopólio da ACECO TI para prestar os serviços de manutenção em salas certificadas
pela ABNT NBR 15.247, bem como o princípio da vinculação ao edital.
9. Ao final, requer a embargante que o recurso seja conhecido e provido para se reconhecer a
contrariedade da decisão combatida, conferindo caráter infringente à presente espécie recursal, no
sentido de que seja anulado o referido pregão.
É o relatório.

VOTO

Em análise embargos declaratórios opostos pela empresa Cetest Minas Engenharia S.A., em face
de suposta omissão e contradição existente no Acórdão 2.319/2015-TCU-Plenário, que apreciou atos
do Pregão Eletrônico 355/2014, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência
Social (Dataprev). As questões aqui consideradas originaram-se de representação formulada pela
empresa que ora apresenta este recurso.
28. O certame destina-se à “contratação de empresa especializada para prestação de serviços,
pelo prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do Centro de
Processamento São Paulo – CPSP, preservando as certificações das normas ABNT NBR 15.247 e
680

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

NBR 60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura, para que
o referido Datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do padrão Tier
III (Operational Sustainability)”.
29. Mediante despacho presente na peça 48, foi concedida cautelar para a suspensão da licitação
até que as questões suscitadas fossem esclarecidas. Após a realização das oitivas, este Tribunal decidiu
revogar a cautelar pelos motivos explicitados no voto condutor do acórdão combatido. Nessa mesma
decisão, a Dataprev foi cientificada de todas as impropriedades associadas à realização do
procedimento licitatório, as quais, na visão deste Pleno, não maculariam sua condução a ponto de
causar nulidade.
30. Nesse particular, a única questão que mereceu tratamento mais acurado pela Dataprev seria a
correção do valor da contratação, visto que a empresa selecionada apresentou proposta com
Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) ligeiramente acima dos percentuais definidos como teto em
edital. Em face dessa particularidade, este Tribunal determinou correção dos valores antes da
assinatura do ajuste.
31. Passo ao exame das alegações da representante. Ela, em extrato, aponta omissão e
contradição no acórdão vergastado, porquanto este não teria considerado dois pontos: (i) o real
monopólio da empresa vencedora (ACECO TI) para prestar os serviços de manutenção em salas
certificadas; e (ii) a ofensa ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, visto que o BDI da
empresa vencedora foi aceito em valor superior ao definido em edital. Nesse contexto, a embargante
pugna pela anulação do certame, razão a conferir efeitos infringentes ao acórdão embargado.
32. Verifico, de início, que a espécie recursal não atende aos requisitos de admissibilidade
ínsitos nos artigos 34, § 1º da Lei 8.443/1992, c/c artigos 146 e 282 do Regimento Interno do TCU, em
virtude de a representante não ser parte interessada no processo, razão pela qual os embargos não
devem ser conhecidos.
33. Esse tem sido o entendimento pacífico deste Tribunal, o qual tem reiteradamente decidido
que os representantes e os denunciantes não são automaticamente considerados interessados nos
processos resultantes de suas representações e denúncias, pois, em princípio, seu papel consiste apenas
em provocar a ação fiscalizatória do TCU.
34. Não obstante a rejeição da admissibilidade, decidi adentrar excepcionalmente o mérito,
posto se tratar de contratação que expressa finalidade de grande valia no trato do interesse público,
qual seja o fornecimento e guarda de informações previdenciárias aos cidadãos mediante o
gerenciamento e manutenção de grandes bases de dados.
35. Antecipo que os argumentos trazidos pela empresa Cetest, ainda que os embargos fossem
conhecidos, não merecem prosperar pelos motivos que passo a expor.
36. A empresa entende haver omissão em virtude de o Acórdão 2.319/2015-TCU-Plenário não
ter explicitamente tratado da questão afeta à possibilidade de participação de apenas uma empresa no
Pregão 355/2014. Ao compulsar os autos, percebe-se que a empresa Cetest apresentou esses
argumentos no bojo dos apontamentos da representação inicial (peça 1, p.7) sob o título “do
direcionamento do certame”. A Secex-RJ, por sua vez, examinou esse ponto no contexto da questão
relacionada ao parcelamento do objeto, dada a complexidade de serviços e atividades envolvidas no
escopo da contratação e sua relação com a competitividade do certame (peça 45).
37. Ainda que não tenha havido expressa omissão no exame da impossibilidade de participação
de outras empresas no referido pregão, considero pertinente avaliar de forma direta as considerações
trazidas pela Cetest como forma de explicitar o conteúdo da análise já então empreendida quando do
estudo inicial da representação.
38. A representante aduz que o próprio Tribunal entende que as regras de habilitação técnica
devem ser flexibilizadas para oportunizar a participação do maior número de licitantes. Nessa seara,
haveria direcionamento do certame para a única empresa que possui certificações em sala cofre, o que
prescindiria inclusive da realização de licitação para a contratação do objeto ora em exame, porquanto
não haveria outros interessados capazes de atender aos requisitos impostos pelo termo de convocação.
681

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

39. A alegação de direcionamento da licitação, consoante aqui já colocado, guarda relação direta
com a inviabilidade técnica de parcelamento do objeto deste pregão, nos termos tratados no acórdão
combatido e nas análises que o acompanham, as quais contam com o parecer (peça 70) da Secretaria
de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti), unidade especializada deste Tribunal.
40. As razões colacionadas pela empresa seriam plausíveis caso o alvo da contratação não
possuísse as particularidades e objetivos desse tipo de estrutura. O funcionamento desse datacenter
exige uma série de cautelas para a salvaguarda e recuperação de informações de magnitude
consideráveis, haja vista sustentar dados de quase trinta milhões de benefícios pagos por mês, além de
abrigar mais de dois bilhões de dados de contribuintes e quatorze bilhões de dados de remunerações.
41. Com todo esse porte e nos termos defendidos pela Sefti, argumentos de ordem técnica
justificam o não parcelamento do objeto, visto a integração total do ambiente e dos sistemas que o
compõem. Ademais, a presença de múltiplos prestadores de serviços atuando no ambiente da sala-
cofre traria fragilidades ao sistema, no qual deve imperar a mitigação de riscos para garantir a
segurança e disponibilização perene das informações.
42. Todas essas peculiaridades impõem à Administração o dever de zelar por esses dados, o que
implica a exigência de certificações que garantam a qualidade e continuidade dos serviços prestados.
Como consequência, os requisitos relacionados à comprovação de habilidade para prestar serviços que
atendam à NBR 15.247, que trata de requisitos atinentes ao uso da sala cofre, vão ao encontro da busca
pelo interesse público e não maculam a realização do certame.
43. Não obstante inexistir outra empresa capaz de prover serviços específicos para as salas-cofre
nos termos da NBR 15.247, outros interessados poderiam vir a obter a certificação para participar do
pregão. Nesse diapasão, caso a Dataprev decidisse abster-se de usar o instituto da licitação, a qualquer
tempo outros interessados poderiam alegar estarem aptos a se habilitar para o certame, conforme
motivos que passo a expor.
44. Dos elementos acostados aos autos (peça 25, p. 2-3 e peça 35, p.3), depreende-se que
quando da primeira modernização do datacenter, a consultoria jurídica da Dataprev pronunciou-se
sobre a possibilidade de inexigibilidade de licitação. Naquela ocasião havia a informação de que
nenhuma outra empresa seria capaz de fornecer os serviços nos moldes da NBR 15.247, fato
corroborado pelos documentos emitidos pela ABNT com data de 2011 (peça 28).
45. O pregão que ora se examina tem como objeto ações para fins de continuidade das soluções
até então implantadas, com o acréscimo de melhorias para o funcionamento do datacenter incluindo-
se a manutenção do sistema. A informação presente nos autos indica que a situação de exclusividade
da empresa ACECO TI para prestar serviços em salas-cofres, nos termos da NBR 15.247, manteve-se
quando da ocasião dessa licitação, consoante declaração da ABNT datada de dezembro de 2014 (peça
42, p.125).
46. Do exposto, pode-se extrair que entre a primeira contratação e esta haveria tempo hábil para
outras empresas se certificarem. Nesses termos, entendo que a Dataprev agiu com cautela ao escolher
o procedimento do pregão em detrimento da inexigibilidade de licitação. Corrobora tal assertiva a
apresentação de propostas por oito licitantes na ocasião da fase de lances do pregão, ainda que apenas
a empresa ACECO TI pudesse cumprir com todas as exigências de habilitação (peça 4). A própria
pesquisa de mercado, feita na fase interna da licitação, trouxe razoável número de empresas ofertando
orçamentos à Dataprev quando da estimativa de preços para o certame.
47. No caso concreto, não considero que essas circunstâncias tenham causado prejuízo à
contratação, dado que a empresa vencedora apresentou proposta com desconto de cerca de 5,51% em
relação ao valor estimado pela administração.
48. Verifica-se que a anulação de uma licitação desse porte, em face dos argumentos de
direcionamento trazidos pela Cetest, é que daria ensejo a prejuízos a terceiros e à própria
Administração. Conclui-se que o interesse público está a ser preservado com a manutenção desse
pregão nos moldes em que se apresenta.
682

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

49. De igual modo, a aceitação de BDI em valor superior ao definido como teto pelo edital não
se configura vício insanável ensejador de anulação do Pregão 355/2014. Ademais, essa questão foi
expressamente examinada quando da prolação do acórdão de mérito, haja vista a própria decisão trazer
a medida capaz de convalidar a impropriedade, qual seja a determinação para que a contratação só seja
efetivada com a exclusão da diferença entre o BDI ofertado (27,5%) e o apresentado no edital (25%).
50. Nesse particular, devo pontuar que a presente via recursal, caso fosse conhecida, é de
cognição restrita, não cabendo rediscussão de mérito em relação aos pontos já objeto de julgamento
pelo acórdão em exame. Ainda assim, pondero refletir sobre a alegação, uma vez que este Tribunal há
tempos se debruça sobre o tema dos critérios e valores acerca da taxa conhecida como BDI.
51. Cabe esclarecer que o entendimento preponderante é de cada particular poder apresentar a
taxa que melhor lhe convier, desde que o preço proposto para cada item da planilha e, por
consequência o preço global, não estejam em limites superiores aos preços de referência, valores estes
obtidos dos sistemas utilizados pela Administração e das pesquisas de mercado, em casos de lacunas
nos mencionados referenciais.
52. Concluo pela viabilidade do certame, ao sopesar que os elementos dos autos indicam que o
orçamento estimado pela Administração está apto a balizar os preços de mercado e que o desconto
ofertado traz a economicidade ao Pregão 355/2014. Ao privilegiar o princípio do formalismo
moderado, e ao sopesar que os princípios da economicidade e da eficiência sobrepujam a ofensa ao
princípio da vinculação ao instrumento convocatório, entendo que não há óbices ao prosseguimento
dessa contratação.
53. Com essas considerações, não conheço dos presentes embargos declaratórios e mantenho o
acórdão que ora se discute em seus exatos termos.
Em razão do exposto, VOTO para que o TCU aprove a minuta de Acórdão que ora submeto a
este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2740/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.030/2015-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (Representação).
3. Recorrente: Cetest Minas Engenharia e Serviços S.A. (24.016.172/0001-11).
4. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberacao recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex/RJ).
8. Representação legal: José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz (OAB/RJ 106.810) e
outros, representando Cetest.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de embargos de declaração opostos em
face do Acórdão 2.319/2015-TCU-Plenário, prolatado no âmbito de representação, com pedido de
medida cautelar, formulada a este Tribunal pela empresa Cetest Minas Engenharia e Serviços S.A.,
com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93, versando sobre supostas irregularidades no edital do
Pregão Eletrônico 355/2014, promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência
Social - Dataprev, tendo por objeto a "contratação de empresa especializada para prestação de serviços,
pelo prazo de sessenta meses, de manutenção integrada de infraestrutura de datacenter do Centro de
Processamento São Paulo - CPSP, preservando as certificações das normas ABNT NBR 15.247 e NBR
60.529 obtidas, com a realização de serviços de adaptações, inclusive de infraestrutura, para que o
683

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

referido datacenter alcance a certificação de sustentabilidade de operações máxima do padrão Tier III
(Operational Sustainability)";
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992 combinado com os arts. 282 e 146, §1º, do
Regimento Interno do TCU, não conhecer dos presentes embargos de declaração, em virtude de a
empresa Cetest Minas Engenharia e Serviços S.A. não ser parte interessada nos presentes autos;
9.2. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam, à
embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2740-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 033.088/2013-6.
Natureza: Embargos de Declaração (Representação).
Entidade: Empresa de Pesquisa Energética.
Representação legal: Fabrini Muniz Galo (108.596/RJ-OAB) e outros, representando Empresa de
Pesquisa Energética.

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO VÍCIO ALEGADO.


NÃO ACOLHIMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) contra o
Acórdão 1.707/2015-TCU-Plenário, que apreciou representação intentada pela Procuradoria da
República no município do Rio de Janeiro sobre contratações efetuadas pela empresa com escritórios
de advocacia sem prévia licitação.
23. Por meio da referida decisão, o Tribunal decidiu por conhecer da representação, para no
mérito considerá-la parcialmente procedente, dando ciência das falhas detectadas à EPE, além de
encaminhar cópia da deliberação à Procuradoria da República no município do Rio de Janeiro, a fim
de subsidiar a instrução do Inquérito Civil Público PR-RJ 1.30.001.003110/2011-90.
24. Inconformados com o teor do mencionado acórdão, os representantes da Empresa de
Pesquisa Energética retornaram aos autos para apresentar embargos de declaração. Argumentam,
resumidamente, que a decisão combatida contém vício de omissão e manifesto erro material.
25. Alegam que, embora o Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU em exercício,
Sr. Lucas Rocha Furtado, tenha se manifestado durante a sessão ordinária do Plenário realizada em
684

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15/7/2015, consta registrado no acórdão combatido que o representante do Ministério Público não
atuou.
26. Deste modo, a embargante opôs os embargos declaratórios “para que seja sanado o evidente
erro material presente no r. acórdão, para que conste na parte dispositiva a efetiva atuação do
representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União no julgamento do processo”.
27. Esclarece que, para eventual desdobramento do inquérito civil, “é de curial interesse da
embargante que seja sanada a omissão quanto à posição do Parquet atuante junto a esse Tribunal de
Contas, pois a manifestação deste foi favorável à EPE, pugnando pela regularidade das contratações
ora impugnadas”.
28. Por fim, solicita que passe a constar no acórdão embargado “o posicionamento do
representante do Ministério Público, proferido na sessão de julgamento do processo em destaque, no
sentido de não haver irregularidade a ser combatida por parte deste Tribunal e que a representação
deve ser julgada, data máxima vênia, regular”.
29. Pede que:
(...) sejam conhecidos e providos os embargos declaratórios, nos termos do § 3º do art. 287 RITCU, a fim
de que sejam recebidos no efeito suspensivo, de modo que suspendam os prazos para cumprimento do acórdão
embargado e para interposição dos demais recursos, para que:
a) conste a manifestação do Parquet favorável à higidez dos processos de contratação de escritórios de
advocacia efetuados pela Empresa de Pesquisa Energética, objeto da representação impetrada pela Procuradoria
da República no Município do Rio de Janeiro para que esta seja julgada regular; e
b) seja corrigida a parte dispositiva do r. acórdão para que nele conste que se procedeu a atuação do
Representante do Ministério Público no julgamento em tela.
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de embargos de declaração opostos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
contra o Acórdão 1.707/2015-TCU-Plenário, que apreciou representação intentada pela Procuradoria
da República no município do Rio de Janeiro sobre contratações efetuadas pela empresa com
escritórios de advocacia sem prévia licitação.
30. Por meio dessa decisão, o Tribunal de Contas da União decidiu por conhecer da
representação, para no mérito considerá-la parcialmente procedente, dando ciência das falhas
detectadas à EPE, além de encaminhar cópia da deliberação à Procuradoria da República no município
do Rio de Janeiro, a fim de subsidiar a instrução do Inquérito Civil Público PR-RJ
1.30.001.003110/2011-90.
31. Relembro que as falhas identificas ocorreram em processos de inexigibilidade de licitação e
resumem-se a: ausência de justificativa de preços (em três processos), ausência de comprovação da
singularidade do serviço contratado (em um processo) e realização de pagamentos de serviços
prestados sem cobertura contratual (em um processo), sendo que em nenhum dos casos foi constatado
prejuízo ao erário.
32. Os embargos ora apresentados são tempestivos e por atenderem aos requisitos de
admissibilidade dispostos nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, podem ser recebidos. Não
merecem, contudo, ser acolhidos, pelas razões que passo a expor.
33. Os representantes da EPE argumentam, resumidamente, que a decisão combatida contém
“vício de omissão e manifesto erro material”. Alegam que consta registrado no acórdão a informação
de que o representante do Ministério Público junto ao TCU não atuou, embora o Procurador-Geral em
exercício, Sr. Lucas Rocha Furtado, tenha se manifestado durante a sessão ordinária realizada em
15/7/2015, nos seguintes termos:
685

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sr. Relator, em primeiro lugar, Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Ministros, Sr. Advogado, gostaria apenas
de me manifestar acerca do presente processo, de que desde 2012 a contratação tem sido precedida da devida
licitação. Então, considerando que uma parte da atuação do TCU diz respeito à orientação a ser firmada para os
gestores públicos, não há necessidade, haja vista, ter sido feita a licitação para a contratação impugnada, não
obstante tenha havido representação do Ministério Público Federal. A minha manifestação é no sentido de que a
representação deve ser julgada, data máxima vênia, regular, não há irregularidade mais a ser combatida por
parte deste tribunal (transcrição livre).
34. Assim, a embargante solicita que passe a constar no acórdão combatido o posicionamento do
representante do Ministério Público, proferido na sessão de julgamento, “no sentido de não haver
irregularidade a ser combatida por parte deste Tribunal”. Afirma que esse esclarecimento é crucial para
o desdobramento do inquérito civil em andamento.
35. De início aclaro que a informação trazida no preâmbulo dos acórdãos desta Corte quanto à
atuação de membro do Ministério Público junto ao TCU possui caráter meramente dispositivo e se
refere, em verdade, à existência ou não de eventuais manifestações pretéritas que o parquet tenha
produzido nos autos sob o formato de parecer. Não objetiva, desta feita, indicar se, durante a sessão de
julgamento, houve ou não manifestação proferida pelo órgão ministerial quanto às proposições
elevadas à discussão do Colegiado.
36. Desta maneira, não se pode dizer que a decisão questionada contém erro material ou
omissão, como alega a embargante, pois, realmente, não consta nos autos parecer de qualquer
representante do Ministério Público junto ao TCU (MP-TCU). Ademais, importa pontuar que as
decisões exaradas pelo TCU são assinadas, na forma regimental, pelo presidente do tribunal, pelo
Relator e pelo membro do parquet presente à sessão colegiada, atestando sua participação no
julgamento do feito. E essa formalidade igualmente revela-se adimplida no Acórdão ora vergastado.
37. Acrescento que, consoante a Lei Orgânica deste Tribunal, art. 81, inciso II, o Procurador-
Geral deve comparecer às sessões e dizer de direito, verbalmente ou por escrito, em todos os assuntos
sujeitos à decisão do Tribunal. Sua audiência, contudo, é obrigatória apenas nos processos de tomada
ou prestação de contas e nos concernentes aos atos de admissão de pessoal e de concessão de
aposentadorias, reformas e pensões. Assim, para o caso em comento, a participação do MP-TCU não
era, de fato, obrigatória.
38. Além disso, os acórdãos proferidos por esta Casa não trazem em seu corpo, nem nos
relatórios e votos que os fundamentam, uma transcrição de toda a discussão ocorrida durante as
sessões. Registram aquilo que, por fim, foi decido pelo Pleno. Cabe aos membros do pleno, consoante
art. 128 do RI, reduzir a termo suas declarações de voto, se assim desejarem, as quais passarão a
constar nos autos:
Art. 128. Qualquer ministro ou ministro-substituto convocado poderá apresentar por escrito, no prazo de
quarenta e oito horas, a sua declaração de voto, que será anexada ao processo, desde que faça comunicação
nesse sentido, logo após a proclamação do resultado.
Parágrafo único. Será obrigatória a apresentação de declaração de voto quando o ministro ou ministro-
substituto convocado proferir voto divergente ou votar com ressalva.
39. Destarte, não havendo no julgado embargado omissão, erro material ou quaisquer outros
vícios e obscuridades que mereçam esclarecimentos deste relator, propugno por rejeitar os embargos
de declaração e manter inalteradas as disposições do acórdão aguerrido.
Ante o exposto, VOTO por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2741/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 033.088/2013-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (Representação).
686

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Recorrente: Empresa de Pesquisa Energética - EPE (06.977.747/0001-80).


4. Entidade: Empresa de Pesquisa Energética - EPE.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro
(SecexEstatais).
8. Representação legal: Fabrini Muniz Galo (108.596/RJ-OAB) e outros, representando Empresa
de Pesquisa Energética.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) contra o Acórdão 1.707/2015-TCU-Plenário;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer dos embargos, com fulcro nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, para, no mérito,
rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação à embargante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2741-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I - CLASSE V - Plenário


TC-014.137/2015-1
Natureza: Auditoria
Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região/ES
Interessado: Congresso Nacional
Representação legal: não há.

SUMÁRIO: FISCOBRAS 2015. OBRAS DE CONSTRUÇÃO DO NOVO EDIFÍCIO-SEDE


DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª REGIÃO EM VITÓRIA/ES.
POSSIBILIDADE DE DANO AO ERÁRIO. PROCESSOS ADMINISTRATIVOS JÁ
INSTAURADOS PELO TRT/ES. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Os autos tratam de auditoria realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região -


TRT/ES, em Vitória/ES, no âmbito do Fiscobras 2015, com o objetivo de fiscalizar a regularidade dos
atos relativos à construção do seu novo edifício-sede.
687

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. Após a realização da fiscalização, a equipe de auditoria da Secretaria de Fiscalização de


Infraestrutura Urbana - SeinfraUrbana elaborou o Relatório de Fiscalização parcialmente transcrito a
seguir, com pequenos ajustes (peça 25):

“1 - APRESENTAÇÃO
Trata-se de relatório de auditoria realizada nas obras de construção da nova sede do TRT da 17ª
Região, em Vitória/ES, no âmbito do Fiscobras 2015.
Após a realização de estudo preliminar e anteprojeto concebidos por servidores do TRT/17ª
Região, o processo de construção da nova sede foi subdividido em quatro etapas, cujo escopo e
cronologia são sintetizados abaixo.
A primeira etapa referiu-se à elaboração dos projetos executivos do empreendimento. Mediante
licitação na modalidade tomada de preços, formalizou-se, em 23/11/2006, o contrato 19/2006 com a
empresa NBC - Arquitetura e Construções Ltda. Após cinco termos aditivos, o total contratual, em
valores da época, somou R$ 733.885,78. O termo de recebimento definitivo do objeto contratual data
de 17/10/2008, entretanto, observa-se que foi emitido com base em diversos outros termos de
recebimento parciais dos projetos - o recebimento definitivo do projeto de fundações, por exemplo,
data de 26/12/2007.
A segunda etapa referiu-se à execução das estacas de fundação do edifício. Este serviço foi
objeto do contrato 32/2007, celebrado em 28/12/2007 com a empresa Delta Construções S.A. O total
do contrato, que sofreu três aditivos, foi de R$ 3.972.844,47, em valores da época. O termo de
recebimento definitivo desta obra foi emitido em 27/11/2008.
A terceira etapa de implantação do empreendimento, na qual ele se encontra atualmente, refere-
se à construção do edifício propriamente dito: superestrutura e demais obras civis, instalações elétricas,
hidráulicas, entre outros. Para tanto, o TRT celebrou com a empresa Paulo Octávio Investimentos
Imobiliários Ltda., em 16/10/2010, o contrato 20/2010, no valor de R$ 108.519.331,33. O objeto
sofreu diversas alterações, mediante 22 termos aditivos, sendo que o valor vigente do ajuste é de
R$ 173.526.584,41, considerados os valores já pagos em valores da época e o saldo atualizado com
base em janeiro de 2014. O percentual executado da obra, até a data da auditoria, era de 17,81%.
A quarta e última etapa prevê a execução de serviços complementares ao edifício, tais como
marcenaria, comunicação visual, instalações de controle de acesso, circuito fechado de TV,
sonorização, entre outros. Esses serviços serão contratados mediante licitações específicas e deverão
ser executados de forma concomitante com a terceira etapa, cada qual com sua exigibilidade.
Importa registrar que as obras de construção da nova sede do TRT/ES já foram objeto de
auditorias deste Tribunal. Inicialmente, no âmbito do TC-004.953/2007-9, analisou-se o processo de
contratação do projeto executivo (1ª etapa). Na sequência, no âmbito do TC-024.376/2008-6, a
fiscalização recaiu sobre o contrato de elaboração dos projetos (1ª etapa), sobre a contratação e a
execução das obras de estaqueamento (2ª etapa) e sobre o edital da concorrência para construção do
edifício (3ª etapa).
Em suma, foram constatadas irregularidades no orçamento base do edital da obra da terceira
etapa, que motivaram a realização de audiências dos responsáveis. Após análises, por meio dos
Acórdãos 896/2010, 1.874/2010, 3.068/2010 e 3.356/2010, todos do Plenário, o Tribunal emitiu
diversas determinações ao TRT/ES. Para monitoramento das determinações instaurou-se o processo
apartado TC-030.221/2010-2, ao qual o originário foi apensado. Por meio do Acórdão 672/2012-TCU-
Plenário o TCU considerou que as determinações foram adequadamente cumpridas pelo TRT/ES e
decidiu pelo arquivamento dos autos.
Dando continuidade à atuação deste Tribunal acerca do empreendimento em questão, a presente
auditoria teve como objeto, inicialmente, o contrato firmado para execução da obra referente à terceira
etapa (contrato 20/2010). Entretanto, de acordo com o desenvolvimento dos trabalhos, constatou-se
que atividades referentes a etapas anteriores produziram efeitos negativos sobre a etapa atual, fazendo-
688

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

se necessário analisar, também, alguns atos emanados naquelas etapas, conforme explanado no corpo
deste relatório.
Importância socioeconômica
O Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo e as diversas Varas do Trabalho da capital
funcionam, atualmente, em vários edifícios na cidade de Vitória. A sede fica no edifício Castello
Branco, no centro dessa capital, pertencente à Caixa Econômica Federal.
Conforme relatado na exposição de motivos que deu ensejo à abertura do processo licitatório
para elaboração dos projetos da nova sede, que data de 26/5/2006, as instalações já não atendiam às
necessidades do órgão naquela época. Atualmente, em que pese a constante execução de reformas nos
prédios que ocupa, a situação apresenta-se ainda mais adversa.
A construção do novo edifício do TRT possibilitará abrigar, em um único complexo, desta vez
próprio, a sede do Tribunal, as Varas do Trabalho da capital e todos os setores administrativos do
órgão, de forma a dar mais eficiência a sua atuação e, consequentemente, prestar melhor atendimento
ao jurisdicionado.
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação que originou o trabalho
Em cumprimento ao Acórdão 1.184/2015 - Plenário, realizou-se auditoria no Tribunal Regional
do Trabalho da 17ª Região/ES, no período compreendido entre 18/6/2015 e 17/7/2015.
As razões que motivaram esta auditoria foram a materialidade dos recursos envolvidos, a
constatação de irregularidades em auditorias efetuadas pelo Tribunal nas etapas anteriores da
implantação do empreendimento e, ainda, as inconsistências identificadas na análise preliminar de
risco do orçamento da obra por meio do Sistema de Auditoria em Orçamentos do Tribunal de Contas
da União (SAO).
O SAO é uma ferramenta de avaliação de risco em orçamentos de obras públicas que possibilita
a identificação automatizada de um conjunto potencial de irregularidades. No caso específico do
orçamento das obras do TRT/ES, a análise de risco apontou indícios de custo excessivo para
administração local.

2.2 - Visão geral do objeto


O novo edifício sede do TRT/17ª Região, em construção num terreno de 9.591,98 m² localizado
na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, Enseada do Suá, Vitória/ES, constitui-se de dois blocos
interligados, um com 10 pavimentos e outro com 18 pavimentos mais ático (pavimento técnico). Além
do edifício principal, o projeto prevê um auditório com aproximadamente 300 lugares e subsolo que
abrange todo o complexo. O estacionamento possui 672 vagas paras veículos, distribuídas no subsolo e
nos três primeiros pavimentos, 37 vagas para motos e bicicletário. A área total construída é de
50.566,24 m².
Conforme descrito na apresentação deste relatório, a implantação do empreendimento foi
subdividida em quatro etapas. A primeira visou a execução do projeto executivo; a segunda, a
execução do estaqueamento das fundações; a terceira, a construção das obras civis sobre as estacas
previamente executadas; e a última contemplará serviços acessórios ao edifício.
Quanto à execução do edifício propriamente dito, fase em que o empreendimento se encontra
atualmente, o TRT/ES firmou com a empresa Paulo Octávio Investimentos Imobiliário, em
16/12/2010, o contrato 20/2010, no valor de R$ 108.519.331,33. O prazo de execução previsto era de
1.200 dias, contados da data estipulada na ordem de serviço, qual seja, 25/4/2011, e o regime de
execução acordado foi o de empreitada por preço global.
Em vista de diversas intercorrências experimentadas desde o início da execução contratual, que
implicaram a quase paralisação da obra por período de, aproximadamente, dois anos (situação mais
bem explanada em item específico deste relatório), o ajuste já sofreu 22 aditivos. Dentre as mudanças
mais significativas, encontram-se a alteração no método de execução das contenções e das fundações,
que foram substituídas.
689

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Como consequência, atualmente o valor contratual é de R$ 173.526.584,41 - considerados os


valores já pagos em valores da época e o saldo atualizado com base em janeiro de 2014 (último
reajuste aprovado pela fiscalização). O prazo para conclusão da obra foi prorrogado em 1.156 dias,
assim, de acordo com o 22º termo aditivo, o seu término deverá ocorrer até 29/7/2017 - a vigência do
contrato se estende até 16/11/2017. O percentual executado do contrato, até a 49ª medição, referente ao
período de 15/5/2015 a 13/6/2015, é de 17,81%.
O mencionado contrato 20/2010 constitui o principal objeto da presente auditoria. Contudo, em
vista dos impactos negativos que as etapas anteriores impuseram à execução deste ajuste, também
foram analisados alguns atos referentes àquelas etapas, notadamente a elaboração dos projetos
executivos e a execução do estaqueamento - contratos 19/2006, firmado com a NBC - Arquitetura e
Construções Ltda., e 32/2007, firmado com a Delta Construções S.A., respectivamente.
Cabe mencionar, também, a existência de contrato de apoio à fiscalização, firmado com a
empresa GOS Engenharia Ltda. EPP, em 25/6/2014, no valor de R$ 2.955.000,00.
2.3 - Objetivo e questões de auditoria
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar a construção do edifício-sede do Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região - ES.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?
2) Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
3) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
2.4 - Metodologia utilizada
Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de
Contas da União e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo
TCU. Nenhuma restrição foi imposta aos exames.
De acordo com a fase do trabalho, foram montadas as matrizes de planejamento e de achados.
Durante a fase de execução foram utilizadas as seguintes técnicas de auditoria: análise documental,
entrevistas com gestores e vistoria da obra.
Em que pese a existência de vários contratos como objetos da auditoria, os procedimentos
definidos na matriz de planejamento foram aplicados, em princípio, ao contrato firmado para execução
da terceira etapa da obra, qual seja, o contrato 20/2010.
O contrato de apoio à fiscalização (contrato 18/2014), em função da baixa materialidade em
relação ao valor da obra (inferior a 2%), foi verificado apenas quanto aos aspectos legais de
formalização, das atribuições da contratada e dos critérios de pagamento.
Quanto aos demais contratos, que antecederam a atual etapa (elaboração dos projetos e execução
das estacas tipo hélice), foram analisados apenas alguns documentos específicos em função das
irregularidades constatadas a partir dos impactos que elas implicaram na execução dessa etapa atual.
A vistoria da obra foi realizada no dia 1/7/2015 e teve o objetivo de verificar (ainda que de
maneira expedita) a conformidade dos serviços executados com as especificações de projeto, a
compatibilidade dos quantitativos executados com os quantitativos pagos e a atuação da fiscalização
durante a execução dos serviços.
2.5 - Volume de recursos fiscalizados
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 181.228.314,66. Este montante é
composto pela somatória, ainda que em datas base distintas, das seguintes parcelas:
- R$ 173.526.584,41 relativos ao valor atualizado do contrato 20/2010, para execução da terceira
etapa, firmado com a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda. (considerados os valores já
pagos em valores da época e o saldo atualizado com base em janeiro de 2014 - último reajuste
aprovado pela fiscalização até a data da auditoria);
690

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- R$ 2.995.000,00 (data base jan/2014) referentes ao contrato 18/2014, de apoio à fiscalização,


firmado com a empresa GOS Engenharia Ltda. EPP;
- R$ 733.885,78 (em valores da época) referentes ao contrato 19/2006, de elaboração dos
projetos executivos, firmado com a empresa NBC Arquitetura e Construção Ltda.; e
- R$ 3.972.844,47 (em valores da época), referentes ao contrato 32/2007, para execução das
estacas tipo hélice contínua, firmado com a Delta Construções S.A.
2.6 - Benefícios estimados da fiscalização
Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar o aumento da expectativa de
controle pelo órgão jurisdicionado e o reforço às medidas já adotadas pelo TRT/ES com vistas à
apuração das responsabilidades e elisão do dano decorrente dos projetos executivos deficientes e do
estaqueamento executado na segunda etapa.
3 /ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Projeto executivo deficiente ou desatualizado.
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Conforme estipulado no
§ 5º do art. 113 da Lei 13.080/2015 (LDO 2015), para fins de adequado enquadramento da
irregularidade nos conceitos definidos no art. 112, incisos IV a VI da mesma lei (IGP, IGR ou IGC),
incumbe ao TCU subsidiar o Congresso Nacional com informações acerca de potenciais prejuízos
socioeconômicos decorrentes de eventual paralisação da obra. Neste sentido, considerando que o TRT-
17 tem adotado providências para sanear a irregularidade, nos termos do art. 113, inciso VII, da LDO
2015, e, ainda, que a obra esteve paralisada por aproximadamente dois anos por conta da
irregularidade em questão, sendo retomada após ultrapassar vários obstáculos de ordem técnica,
entende-se que uma determinação de nova paralisação seria prejudicial, notadamente quanto aos
aspectos listados nos incisos IV, V, VI e XI do caput do retromencionado art. 113 da LDO 2015, a
serem observados para a adequada classificação da gravidade da irregularidade.
3.1.2 - Situação encontrada:
A execução da terceira etapa da obra de construção do edifício sede do TRT/17ª Região
evidenciou inconsistências nos projetos executivos de fundações e estruturas, que impactaram na
evolução da obra, configurando o não atendimento do art. 6º, inciso X, e art. 12 da Lei 8.666/1993.
Além da deficiência dos projetos, também foram constatados vícios construtivos no serviço de
estaqueamento das fundações, em afronta aos arts. 66 e 69 da Lei 8.666/1993.
Conforme já abordado, a execução do empreendimento foi subdividida em quatro etapas: (i)
confecção dos projetos executivos; (ii) execução das fundações do tipo estaca hélice contínua; (iii)
construção do edifício propriamente dito; e (iv) serviços complementares.
Já no início da execução da terceira etapa foram constatadas falhas que demandaram alterações
nos projetos.
Em 17/5/2011, menos de um mês após a data marcada para início dos serviços (25/4/2011), a
construtora Paulo Octávio protocolou documento no TRT no qual (i) afirmou a inviabilidade de
execução da escavação do terreno conforme prevista em projeto - contenções apenas com taludes - e
(ii) alertou sobre a possiblidade de ocorrência de recalques nas obras vizinhas em decorrência do
rebaixamento do lençol freático na região do canteiro. Como alternativa, a empresa propôs a execução
de parede diafragma ao longo de todo o perímetro da obra, com objetivo de conter o terreno junto às
escavações e diminuir o raio de influência do rebaixamento do lençol, de modo a não impactar nas
edificações vizinhas.
A empresa projetista foi instada a se manifestar e não viu necessidade de alteração do projeto. A
situação foi analisada pelo corpo técnico do TRT, que acolheu a proposta da construtora e aditivou o
contrato com a inclusão do serviço de parede diafragma no objeto (4º termo aditivo), no valor de
R$ 3.922.763,12 (em valores da época). Nesse aditivo também foi suprimido o valor de R$ 501.104,81
691

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(em valores originais, de jan/2009), relativo à parede de contenção prevista para ser executada após as
escavações.
Posteriormente, em 29/6/2012 (Ofício POE-614-42/2012), a construtora apontou falhas no
projeto estrutural e no projeto de fundações, bem como indicou a existência de defeitos nas estacas do
tipo hélice contínua executadas na segunda etapa das obras.
Instadas a se manifestarem, a projetista (NBC Arquitetura) e a construtora que executou as
estacas (Delta Construções) refutaram os apontamentos.
Em razão do impasse, o TRT decidiu contratar a execução de uma perícia técnica a fim de
avaliar a adequação do projeto e da execução das estacas. Para tanto, firmou contrato com o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), no valor de R$ 285.000,00.
No que se refere às falhas de projeto, o relatório técnico conclusivo produzido pelo IPT traz, em
síntese, as seguintes afirmações:
a) a investigação geológico-geotécnica realizada quando da elaboração do projeto não foi
suficiente para conhecimento do terreno em nível satisfatório;
b) o projeto original, com contenção das escavações apenas com taludes e sistema de
rebaixamento do nível de água, não contemplou os riscos às edificações vizinhas e a complexidade das
soluções de engenharia que seriam necessárias à sua implantação;
c) a escolha da alternativa de fundação em estacas hélice contínua, embora não possa ser
considerada inadequada, diante das características do terreno local, exige cuidados especiais;
d) os carregamentos considerados no projeto estrutural não foram adequados, fato que exige a
reavaliação dos projetos estruturais e de fundações;
e) os trechos superiores das estacas, localizados nos 3 a 4 m superficiais que seriam escavados
para execução do subsolo e dos blocos de fundação, podem ter sido considerados no cômputo do atrito
lateral;
f) o projeto de fundações não contemplou a existência de subpressão, a despeito de se ter o nível
d´água muito próximo à superfície e escavações.
Quanto às falhas na execução das estacas, o IPT aponta o seguinte:
a) as provas de carga realizadas para aceitação do serviço foram inadequadas, não permitindo
inferir a capacidade de carga das estacas;
b) ‘existência de problemas (desaprumo, excentricidades e dificuldade de inserção de
armaduras), que agravaram a situação de projeto existente, sem que medidas corretivas ou de
interrupção dos trabalhos tivessem sido tomadas’;
c) quanto à capacidade estrutural das estacas (resistência do elemento), as cargas de projeto, em
alguns casos, superam as cargas admissíveis;
d) quanto à capacidade geotécnica das estacas (resistência do solo), as resistências à tração e à
compressão não atendem à norma brasileira;
Em concluso, o instituto de pesquisa recomendou descartar as fundações então executadas para o
edifício principal, elaborando novo projeto. Para as demais áreas, entendeu possível o aproveitamento
de parte das fundações, entretanto, listou uma série de cuidados e avaliações adicionais a serem feitas
para que comprove tal possibilidade.
Diante da situação, o TRT contratou a empresa Solo Fundações e Geotécnica S/S Ltda., pelo
valor de R$ 102.700,00, para confeccionar novo projeto de estaqueamento. Este, por motivos técnicos,
desconsiderou qualquer eventual capacidade de carga das estacas existentes e adotou estacas do tipo
raiz, que estão sendo executadas entre as estacas hélice contínua preexistentes. A nova projetista
também foi contratada para acompanhar a execução do serviço e revisar os projetos em função das
intercorrências da obra.
O serviço de estacas tipo raiz foi incluído no contrato firmado com a construtora Paulo Octávio,
mediante o 19º termo aditivo, no valor de R$ 16.693.374,75 (em valores da época, incluindo custos
com administração local). Posteriormente, no 22º aditivo, o valor das fundações foi acrescido em
R$ 3.757.719,35 (também em valores da época).
692

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cabe observar que, diferentemente do regime de execução definido para a obra, este serviço foi
contratado sob o regime de empreitada por preço unitário, ou seja, com medição em função dos
quantitativos efetivamente executados.
Como consequência das dificuldades vivenciadas, a obra ficou paralisada por quase dois anos.
Neste interim, o contrato foi sendo aditivado para contemplar os serviços essenciais à manutenção do
canteiro e o rebaixamento do lençol freático.
Desta forma, constata-se que a inviabilidade técnica de execução das escavações conforme
previsto em projeto, as falhas no projeto estrutural do edifício (decorrentes da utilização de
carregamentos de cálculo inadequados), a adoção de tipo de estaca que não era o mais indicado para o
solo da região, a insuficiência da investigação geotécnica preliminar, bem como outras falhas
apontadas pela perícia do IPT evidenciam a deficiência do projeto executivo da obra.
Ademais, as consequências destas falhas de projeto foram potencializadas pela execução
inadequada do que fora projetado, implicando a inutilização total do estaqueamento executado na
segunda etapa das obras.
3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) - Contrato 32/2007, Prestação de serviços de engenharia para a execução da 2ª etapa das
obras de construção do prédio da sede do TRT-17ª - Fundações e parte do SPDA, Delta Construções
S.A.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 3.972.844,47
(IG-C) - Contrato 19/2006, Elaboração do projeto executivo para a sede do TRT/17ª Região.,
Nbc Arquitetura e Construções Ltda.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 4.706.730,25
3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:
Dentre as possíveis causas da ocorrência da irregularidade citam-se: falha na supervisão e
aprovação do projeto de fundações, inobservância às normas técnicas na elaboração do projeto e na
execução das estacas, e omissão da fiscalização da obra (segunda etapa) ao não identificar os vícios e
solicitar as correções pela empresa executora.
3.1.5 - Efeitos/Consequências do achado:
Prejuízos em decorrência da execução de parcela de obra inservível. (efeito real) - As falhas nos
projetos estrutural e de fundações e na execução das estacas ocasionaram prejuízos de ordem
financeira e demasiado atraso na obra, haja vista a impossibilidade de aproveitamento das fundações
executadas.
3.1.6 - Critérios:
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 12; art. 66; art. 67, § 1º; art. 69; art. 70.
A transgressão aos arts. 6ª e 12 refere-se às falhas no projeto executivo, de responsabilidade da
empresa NBC - Arquitetura e Construções Ltda.;
A infração aos arts. 66 e 69 foi cometida pela empresa Delta Construções S.A., no tocante às
falhas construtivas detectadas nas estacas;
A desobediência ao art. 67, § 1º, foi cometida pelos fiscais dos contratos acima que não
detectaram ou não tomaram providências para elidir as falhas detectadas nos projetos e na execução
das estacas da obra.
O art. 70, por sua vez, assegura a responsabilidade dos contratados sobre os danos causados à
administração em face das deficiências constatadas na execução dos seus respectivos contratos.
3.1.7 - Evidências:
Contrato 20-2010 - Paulo Octávio.
4° Termo aditivo ao contrato 20/2010 - Parede diafragma.
22º Termo aditivo ao contrato 20/2010 - fundações e prorrogação.
Contrato 19-2006 - NBC.
Contrato 19-2006 - NBC - aditivos.
Contrato 32-2007 - Delta.
693

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Orçamento Vigente - Sintética.


3º Relatório Técnico - IPT.
Breve histórico do contrato 20-2010.
3.1.8 - Conclusão da equipe:
Como exposto, o início da execução da terceira etapa das obras evidenciou deficiências
insanáveis nas etapas anteriores, implicando importantes alterações de projeto, tais como a inclusão do
serviço de parede diafragma ao longo do perímetro do terreno e o refazimento de todo o
estaqueamento da obra.
Como consequência das falhas de projeto, associadas a uma execução deficiente do
estaqueamento, que implicaram a total falta de aproveitamento das fundações executadas na segunda
etapa da obra, resta configurado o desperdício de recursos públicos, consubstanciado em dano ao
erário no valor total daquelas obras, acrescido do valor do respectivo projeto falho que a originou e dos
custos extras com os quais a administração teve que arcar, tais como a contratação de perícia técnica, o
rebaixamento de lençol freático e administração local durante o período em que a obra ficou
paralisada.
Dessa forma, em vista do disposto no arts. 70 e 67, § 1º, da Lei 8.666/1993, impende avaliar a
responsabilidade dos agentes envolvidos pelos atos que concorreram para a materialização do dano -
em especial a elaboração do projeto e a execução da obra pelos terceiros contratados, bem como as
respectivas aprovações e recebimentos pelos agentes públicos designados.
Neste sentido, verifica-se que o TRT/17ª Região já instaurou diversos processos administrativos
para apuração das responsabilidades, tais como o MA 287-13, MA 1838-14 e MA 1839-14.
Assim, considerando a existência de processos de apuração em âmbito interno do TRT (nos
quais estão sendo devidamente oportunizados os direitos de defesa dos arrolados), entende-se que a
medida mais adequada, neste momento, é determinar que o TRT/17ª Região, após concluídas as suas
apurações, encaminhe ao TCU o resultado das suas análises. Cabe observar que, se esgotadas as
medidas administrativas adotadas com vistas à elisão do dano, sem que este tenha sido elidido,
compete ao órgão a instauração de Tomada de Contas Especial, disciplinada pela Instrução Normativa
TCU 71/2012.
Registra-se, ainda, que o TRT já tomou conhecimento do entendimento acima exposto por
ocasião da análise empreendida no TC-005.676/2014-2.
O referido processo tratou de consulta formulada pelo TRT/17ª Região acerca de sua intenção de
celebrar o 19ª termo aditivo ao contrato 20/2010. Em que pese o pedido não ter sido conhecido pelo
TCU, nem mesmo sob a forma de representação, conforme determinado em Despacho do Ministro-
Substituto Weder de Oliveira, foi dado conhecimento ao TRT sobre a análise da unidade técnica, que
versou, sumariamente, sobre os custos do novo estaqueamento e sobre os indícios de dano decorrentes
da inutilização das fundações executadas na segunda etapa.
3.2 - Fuga à licitação por meio de inclusão de objeto estranho ao licitado.
3.2.1 - Tipificação do achado:
Classificação - outras irregularidades (OI)
3.2.2 - Situação encontrada:
A celebração do 19º Termo Aditivo ao Contrato TRT-17ª Região nº 20/2010 configurou a
ocorrência de fuga ao processo licitatório, tendo vista que os novos serviços incluídos na planilha
orçamentária da obra, referentes à execução de novo estaqueamento, não faziam parte do objeto
originalmente contratado, em afronta ao disposto nos arts. 2º e 65 da Lei 8.666/93.
Além disso, o termo aditivo (i) tratou de serviço para o qual a contratada se declarou não
qualificada para executar (estacas tipo raiz), (ii) considerou regime de execução diferente do previsto
no contrato (empreitada por preço unitário em contraposição à empreitada por preço global) e (iii) foi
indevidamente enquadrado nas hipóteses da Decisão 215/1999-TCU-Plenário.
Em que pese o ato irregular estar configurado, conforme descrito no corpo deste achado, também
foram constatados fatores atenuantes, os quais justificam a conduta dos gestores, de modo que os fatos
694

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

não ensejam o seu enquadramento no conceito de ‘irregularidade grave’ definido na Lei 13.080/2015
(LDO/2015), mas melhor se adequam ao conceito de ‘outras irregularidades’.
Com fins de melhor explanação, bem como em função das medidas propostas para cada caso, a
descrição e análise dos fatos será subdividida em dois tópicos: (i) a inclusão do novo serviço no
contrato, incluindo os fatores agravantes e atenuantes que envolveram a decisão, e (ii) o
enquadramento do aditivo nas hipóteses da Decisão 215/1999-TCU-Plenário.
I) Quanto à inclusão do novo estaqueamento no contrato 20/2010
Conforme relatado no outro achado deste relatório, deficiências no projeto e vícios construtivos
constatados nas estacas executadas na segunda etapa das obras implicaram a necessidade de
elaboração de novo projeto de fundações. O novo projeto foi elaborado pela Solo Fundações e
Geotécnica S/S Ltda.-EPP (contrato 16/2013, firmado mediante dispensa de licitação, nos termos do
art. 24, inciso IV da Lei 8.666/1993 - Despacho ASSJUP nº 332/2013, de 04/06/2013) e previu a
execução de estacas tipo raiz em substituição às estacas hélice contínua preexistentes.
Para contratação do novo estaqueamento, o TRT realizou consultas a empresas especializadas na
execução de fundações, bem como à própria Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda.,
signatária do contrato 20/2010, tendo concluído que a melhor opção seria a inclusão dos respectivos
serviços no escopo deste contrato. Assim, em que pese a relutância inicial da contratada em aceitar o
novo encargo, firmou-se o 19º termo aditivo, em 25/6/2014, com valor de R$ 16.693.374,75, data base
jun/2014, equivalentes a R$ 14.521.719,26 em jan/2009, data base original do contrato.
Posteriormente, em 22/06/2015, foi celebrado o 22º TA, para contemplar o acréscimo de estacas
raiz devido à revisão de cargas na fundação, decorrente da reavaliação das cargas nos diversos
pavimentos da edificação. O valor deste aditivo foi de R$ 3.757.719,35, atualizado até jan/2015, que
correspondem a R$ 3.157.278,20 na base jan/2009, de forma que o acréscimo do valor contratual
decorrente das obras da nova fundação atingiu o montante de R$ 17.678.997,46, a preços iniciais, o
que corresponde 16,29% do valor inicial do contrato.
As justificativas apresentadas para inclusão do novo estaqueamento no contrato 20/2010 foram,
em suma, as seguintes:
a) a fundação é parte integrante da edificação e tem interdependência direta com o restante da
estrutura;
b) o objeto do aditivo é um serviço indispensável para a execução da obra, visto que se
demonstrou inviável o aproveitamento das fundações já executadas, conforme laudo de perícia
realizada pelo IPT-SP e pela empresa responsável pelo projeto de reforço das fundações;
c) é conveniente que o próprio contratado para execução da obra assuma a execução das
fundações, o que eliminará definitivamente a diluição de responsabilidades pela construção do prédio
como um todo;
d) a inclusão dos serviços necessários à execução do reforço não induz à desnaturação do objeto
inicial do contrato.
Em que pese a validade das afirmações acima, esses fatos, por si só, não justificam a inclusão, no
contrato, de serviço estranho ao objeto inicialmente acordado.
O edital da Concorrência 01/2009, que resultou na contratação da construtora Paulo Octávio,
estabeleceu que o objeto da licitação era a execução da terceira fase de construção do Edifício-Sede do
TRT 17ª Região, esclarecendo que a primeira etapa compreendeu a elaboração dos projetos e a
segunda, a execução de fundações profundas. Ou seja, a execução de estacas não fazia parte do objeto
da contratação.
Além disso, vale transcrever declaração da própria contratada, registrada no Ofício POE 614
14/2014, na qual ela reitera a impossibilidade de celebração do aditivo, alertando, inclusive, para a sua
falta de habilitação técnica para execução do serviço:
‘Como se vê, a fundação profunda em estaca raiz não constitui objeto do presente contrato. Os
serviços correspondentes não foram originalmente contratados com a Peticionária e não integram o
escopo contratual. Esses serviços foram objeto de licitação específica, que foi condicionada a
695

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

requisitos (inclusive técnicos) distintos daqueles que foram exigidos na concorrência 01/2009, vencida
pela Peticionária.
(...)
A questão é que, não tendo jamais se obrigado a executar os serviços de fundações profundas em
estaca raiz, a Peticionária não dispõe da capacidade técnica profissional necessária para a execução de
tais serviços tal como exigida por ocasião da licitação específica para a execução dessa etapa do
empreendimento.’
Quanto ao último aspecto, inaptidão técnica da contratada, o tema foi objeto de questionamento
pelo Controle Interno do próprio TRT, que demandou da área gestora do contrato a comprovação da
capacitação técnico-operacional da empresa para realização do serviço.
Em atendimento, a área gestora (CMPROJ) apresentou um atestado técnico emitido em favor da
Paulo Octávio Investimentos Imobiliários pela empresa Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo,
referente à construção de um prédio de propriedade da própria Paulo Octávio, no qual consta a
execução de fundação em estacas tipo Franki. Note-se que o atestado não foi acompanhado da
respetiva Certidão de Acervo Técnico (CAT), o que era condição essencial para sua validade, nos
termos do edital da concorrência 01/2009, item 2.1.3.d.
Adicionalmente, a CMPROJ esclareceu que os serviços de estacas raiz seriam terceirizados e,
portanto, o encargo cometido à contratada seria o de subcontratar a execução de serviço análogo ao
serviço constante do atestado, de modo que o critério de habilitação restaria atendido.
Ante o exposto, a inclusão do serviço de estaqueamento no contrato 20/2010 mostra-se irregular,
uma vez que não se enquadra nas hipóteses do art. 65 da Lei 8.666/1993 e, portanto, configura fuga ao
procedimento licitatório, em ofensa ao art. 2º do mesmo diploma.
Entretanto, em que pese a contrariedade do procedimento à norma, entende-se que o caso
concreto admite algumas considerações, que justificam, no caso concreto, a adoção dessas medidas.
Quanto às condições da obra
Primeiramente, importa observar o momento em que as falhas se tornaram conhecidas e
demandaram as alterações de projeto. Na oportunidade, quando da suspeita levantada pela Paulo
Octávio acerca das estacas, posteriormente confirmadas pela perícia do IPT, toda a área do edifício já
havia sido escavada, com profundidade da ordem de 4 m, demandando, necessariamente, sob pena de
alagamento de todo o canteiro, o permanente serviço de rebaixamento do lençol freático.
Cabe observar que o valor mensal do serviço de rebaixamento é da ordem de R$ 112 mil, a
preços de jan/2009. Acrescidos dos serviços essenciais à manutenção do canteiro, o custo mensal da
obra no período de indefinição, também a preços iniciais, era da ordem de R$ 177 mil. Durante a
vigência do 3º e do 4º períodos de reajustamento, os valores mensais pagos para manutenção desses
serviços foram, respectivamente, da ordem de R$ 218 mil e R$ 230 mil. Todo o período de
indefinição, desde a constatação do problema, passando pela realização de perícia, contratação e
execução de novo projeto, e finalizando com a negociação de preço para execução do serviço, durou
aproximadamente dois anos.
Quanto à contratação do novo estaqueamento
Outra questão relevante refere-se à dificuldade encontrada pelo TRT quando da busca por
empresas que pudessem vir a ser contratadas para execução do serviço de estacas raiz.
Após impasse com à Paulo Octávio quanto ao preço do serviço, o TRT procedeu pesquisa junto a
empresas do ramo, tendo recebido cinco propostas. Entretanto, nenhuma delas apresentou preço
inferior ao orçamento base do serviço, e algumas não contemplavam os serviços acessórios necessários
(aluguel de equipamentos, fornecimentos de insumos, etc.).
Importa registrar que a Paulo Octávio, frente à falta de acordo quanto ao preço estipulado pelo
TRT para execução das estacas raiz e, consequentemente, diante do impasse a respeito da continuidade
da obra, sugeriu, em reunião ocorrida em 10/6/2014, a rescisão amigável do contrato, fato que
implicaria sérias consequências, notadamente, quanto à necessidade de manutenção do rebaixamento
do lençol.
696

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Quanto ao preço do serviço


Não se constata indício de sobrepreço no valor contratado com a Paulo Octavio para o serviço.
Em que pese o orçamento desse aditamento não ter sido analisado nesta auditoria, ele já foi objeto de
crítica por unidade técnica do TCU no âmbito do TC-005.676/2014-2. Na oportunidade, o TRT
encaminhou a planilha para análise desta Corte na forma de consulta. Embora o pleito não tenha sido
conhecido por este Tribunal (nem mesmo sob a forma de representação), a análise realizada pela
unidade técnica chegou ao conhecimento do TRT, que efetuou ajustes no seu orçamento de referência.
Quanto à alegada inaptidão da construtora para execução do serviço
Esta questão, apesar de relevante, merece algumas considerações. Não obstante a empresa Paulo
Octavio ter se declarado, incialmente, inabilitada para o serviço, verifica-se que a execução de
fundações profundas (estacas) é comumente subcontratada. Ou seja, o que se demanda da construtora,
nesses casos, é o gerenciamento, supervisionamento e responsabilização pela execução do serviço.
No caso concreto, foi exatamente o que ocorreu: a execução das estacas raiz foi, de fato,
subcontratada, cabendo à Paulo Octávio o gerenciamento dos respectivos contratos terceirizados.
Assim, diante de tantas questões que implicavam complexidade à obra, esse fato pode ser considerado
de menor relevância.
Quanto à alteração do regime de execução
Por fim, cabe discorrer sobre a alteração no critério de medição estabelecido especificamente
para este aditivo - que passou a considerar os quantitativos efetivamente executados, em detrimento do
regime de empreitada por preço global definido no contrato.
Considerando a dificuldade na definição do perfil geológico do terreno (conforme laudo do IPT),
fato que implica maior imprevisibilidade na definição, em projeto, do comprimento de cada estaca,
entende-se que a medição unitária mostra-se, de fato, mais adequada.
Além disso, uma vez que o termo aditivo representa item específico da planilha orçamentária,
essa alteração não implica alteração no critério de medição dos demais itens.
Assim, diante das circunstâncias que envolviam a obra, notadamente os impasses gerados por
conta das deficiências dos projetos e da má execução dos serviços de fundações, a inclusão destes ao
contrato de construção do edifício propriamente dito (3ª etapa do empreendimento), apesar de
configurar fuga ao procedimento licitatório, é justificável pelo objetivo de concentrar a
responsabilidade do empreendimento em uma única empresa e dar celeridade à execução dos serviços
que já foram demasiadamente atrasados.
II) Quanto à aderência do 19º aditivo à Decisão 215/1999-TCU-Plenário
Outra questão relevante na celebração do 19º termo aditivo é o seu enquadramento, pelo TRT, na
hipótese descrita no item 8.1, ‘b’, da Decisão 215/1999-TCU-Plenário, que prevê a possibilidade de
extrapolação dos limites legais de aditivos indicados na Lei 8.666/1993, desde que atendidos,
cumulativamente, alguns requisitos.
Cabe observar que o referido limite legal ainda não foi ultrapassado - até o momento, os aditivos
somam aproximadamente 22% do valor contratual. Entretanto, ante o risco de transgressão da norma,
importa discorrer sobre o entendimento do TRT sobre a questão.
Neste aspecto, entende-se que, embora os argumentos apresentados pelo TRT/ES possam ser
considerados relevantes, eles não são capazes de caracterizar o enquadramento da situação em apreço
em todos os condicionantes listados na referida Decisão.
Julga-se oportuno apresentar, para os condicionantes que não foram atendidos, a justificativa
apresentada pelo TRT, bem como a análise quanto ao seu não enquadramento.
I) não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma
eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um
novo procedimento licitatório;
O TRT alega que a contratação da Paulo Octávio foi extremamente difícil, com início em 2008,
término em 2010 e início das obras somente em 2011, não havendo nenhuma indicação de que nova
697

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

licitação iria transcorrer com mais tranquilidade, ainda mais após a vinda à tona dos problemas
enfrentados no contrato em vigor.
Também aduz que a realização de novo certame implicaria manter o canteiro e o rebaixamento
do lençol freático por um período estimado em não menos de um ano, sem qualquer garantia de que se
obteria preço inferior ao que estava sendo pactuado, haja vista as propostas apresentadas por empresas
do ramo, que não conseguiram, mesmo ante a possibilidade concreta de formalizar o contrato sem os
custos inerentes a uma licitação, reduzir ou mesmo igualar o preço estimado pelo TRT 17ª Região.
Entende-se que o atendimento a esse quesito não foi demonstrado de forma objetiva, haja vista
não se ter formalizado qualquer comprovação de que os custos decorrentes do aditivo em tela eram
inferiores aos de uma nova contratação - fez-se, apenas, uma ilação de que ‘não haveria garantia de
que com um novo certame seriam obtidos preços inferiores’.
II) não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e econômico-
financeira do contratado;
As justificativas para este quesito foram as mesmas que as alegadas para o primeiro. Da mesma
forma, o atendimento a este requisito também não foi demonstrado.
III) decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou
imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;
Justificou-se (i) que a constatação de falhas de projeto e de execução nas estacas previamente
executadas só ocorreu após iniciada a obra em si, como se encontra registrado nos autos da Matéria
Administrativa 1246/2012 (reautuado como PA 09/13), (ii) que não existia indicativo, até então, de
que a Administração enfrentaria esse tipo de problema e (iii) que essa etapa da obra (o projeto) já era
considerada superada, até mesmo por já ter sido auditada pela Corte de Contas.
Embora não houvesse nenhum indicativo visível de problemas na fundação até o início da 3ª
etapa das obras, eles decorreram, entre outros motivos, de falhas durante as fases de elaboração do
projeto e de execução das fundações. Assim, ainda que de difícil previsão, os problemas não eram
imprevisíveis. Além disso, cabe ressaltar que as fiscalizações e decisões do TCU não tem por natureza
o condão de conferir atestado de regularidade sobre o objeto fiscalizado, mas constituem somente
cognições de exames específicos empreendidos no âmbito de cada fiscalização, conforme ponderado
no Voto condutor do Acórdão 2.843/2008-TCU-Plenário.
VI) demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os
limites legais mencionados na alínea ‘a’, supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão
contratual, seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse
público primário (interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse
interesse; inclusive quanto à sua urgência e emergência.
Para esse condicionante o TRT apresentou vários argumentos.
Primeiramente, o órgão aduziu que os custos de manutenção do canteiro, de realização de novo
certame - com o consequente emprego de considerável força de trabalho especializada -, além de novo
diferimento da conclusão da obra, sem qualquer garantia de sucesso em eventual novo certame, são
inquestionáveis no caso concreto. Lembrou também que o empreendimento deveria estar sendo
entregue à sociedade no exercício de 2014, e, mesmo superando-se imediatamente este impasse, ainda
se estenderá por mais três anos.
O TRT informou estar funcionando em instalações absolutamente inadequadas, com prejuízos
em logística e eficiência operacional, ante sua dispersão por pelo menos cinco prédios distintos, além
de localização que não atende a contento a população a que serve.
Para embasar suas alegações, aquele Tribunal apresentou Pesquisa de Satisfação do Usuário
realizada em 2013, na qual se constatou a insatisfação do público (advogados, partes e testemunhas)
quanto aos seguintes quesitos: facilidade de estacionamento, serviços de transporte para chegar ao
prédio, condições de acesso ao prédio (calçada, portaria, escadarias, rampas, elevadores), quantidade
de banheiros, entre outros.
698

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Quanto público interno, apresentou-se Pesquisa de Clima Organizacional 2013/2014, que mostra
baixa avaliação nos seguintes quesitos: ‘infraestrutura’ (edificação, parte elétrica, hidráulica,
iluminação, temperatura, higiene e espaço físico), ‘acesso ao local de trabalho e ‘condições de
segurança dos servidores ao local de trabalho’.
Por fim, o órgão afirma não restar dúvidas de que o adiamento de solução para a entrega do
edifício constitui-se em sacrifício insuportável ao interesse coletivo, não se podendo olvidar que, além
do público que acorre à Justiça do Trabalho, os servidores e magistrados que ali desempenham suas
atividades são também cidadãos que precisam ter condições adequadas para prestar relevante e
essencial serviço à sociedade, sem prejuízo de sua saúde, seu bem-estar e, principalmente, sua
segurança.
Entende-se que as justificativas trazidas para demonstrar o atendimento ao sexto e último
requisito da decisão, embora importantes, não são suficientes, haja vista que postergar uma situação já
vivenciada há muitos anos pelo TRT 17ª Região, de desconforto para os seus servidores e usuários,
não caracteriza a situação de ‘sacrifício insuportável’ ao interesse público primário, principalmente
quanto à urgência e emergência alegada para a conclusão da obra.
Por todo exposto, a inclusão dos serviços de fundação no contrato de construção do edifício do
TRT 17ª Região não atende aos pressupostos relacionados na Decisão 215/1999 do TCU e, portanto,
não se justifica a extrapolação dos limites previstos no art. 65, § § 1º e 2º, da Lei 8.666/1993.

3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:


(OI) - Contrato 20/2010, 16/12/2010, Prestação de serviços de engenharia para execução da
terceira etapa das obras de construção do prédio da sede do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª
Região, Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda.
3.2.4 - Causas da ocorrência do achado:
Avaliação inadequada de pressupostos legais para a celebração do ato
3.2.5 - Efeitos/Consequências do achado:
Extrapolação do limite legal de aditivos (efeito potencial) - A interpretação equivocada quanto
aos requisitos da Decisão 215/1999-TCU-Plenário pode resultar na extrapolação dos limites definidos
na lei de licitações para aditivação do contrato.
3.2.6 - Critérios:
Lei 8666/1993, art. 65, § 1º; art. 65, § 2º; art. 65, § 3º; art. 65, § 4º; art. 65, § 5º; art. 65, § 6º; art.
65, § 7º; art. 65, § 8º; art. 65, caput.
3.2.7 - Evidências:
Contrato 20-2010 - Paulo Octávio.
19º Termo Aditivo ao Contrato 20/2010 - Execução da Nova Fundação.
PARECER CMPROJ - 19º TA.
PARECER SEADM - 19º TA.
PARECER ASSJUP - 19º TA.
PARECER CCI - 19º TA.
ATESTADO TÉCNICO DA POE - 19º TA.
RESPOSTA DA CMPROJ AO PARECER CCI - 19º TA.
RESOLUÇÃO ADM 54-14 DESPACHO ASSJUP 454-2014 - 19º TA.
OFÍCIO POE 614 14-2014.
3.2.8 - Conclusão da equipe:
Como exposto, verifica-se que a formalização do 19º termo aditivo ao contrato 20/2010 não
atendeu aos critérios do art. 65 da Lei 8.666/1993, configurando fuga a procedimento licitatório, em
ofensa ao art. 2º da mesma lei.
Entretanto, em vista das condições específicas nas quais a obra se encontrava, relatadas no tópico
‘situação encontrada’, que atenuam a gravidade da irregularidade, não se vê adequado impugnar o
procedimento adotado pelos gestores.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Dessa forma, considera-se que a conduta dos gestores não enseja a aplicação de sanção por este
Tribunal, motivo pelo qual deixa-se de propor a audiência dos responsáveis pela irregularidade, sem
prejuízo de dar ciência ao órgão sobre sua ocorrência, com base no art. 7º da Resolução TCU 265, de
9/12/2014.
Outro fato de especial relevância e que, portanto, merece atenção, é o indevido enquadramento,
pelo TRT/17ª Região, do 19º termo aditivo nos pressupostos da Decisão 215/1999-TCU-Plenário.
Conforme demonstrado, o caso concreto não atende, cumulativamente, a todos os requisitos
necessários para referendar a superação do limite legal de aditivos estabelecido no art. 65, § 1º da Lei
8.666/1993.
Dessa forma, ainda que o limite de 25% não tenha sito ultrapassado e, portanto, não haja
irregularidade neste aspecto, em virtude da iminência de sua superação, cabe dar ciência de que a
situação em análise não se enquadra nos termos da referida Decisão. Até o mais recente termo aditivo,
o 22º, os acréscimos do valor contratual já atingiram o montante de R$ 24.836.155,44, a preços
iniciais, o que corresponde a 22,89% do preço original contratado.
Considerando, ainda, as adequações do projeto estrutural que ainda não foram quantificadas,
bem como o estágio em que as obras se encontram (execução inferior a 18%) associado à já constatada
fragilidade dos projetos (fato que pode ensejar novos ajustes ao longo da execução contratual),
entende-se que a situação do contrato, no tocante ao limite legal de aditivos, apresenta alto risco.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
I) Relatoria
Com base no critério estabelecido no art. 18-A da Resolução TCU 175, de 25/5/2005, a relatoria
do presente processo é atribuída ao Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
II) Discordância de Membro da Equipe de Auditoria
Registra-se a discordância de membro da equipe de auditoria, no que diz respeito à gravidade e o
encaminhamento do achado: FUGA À LICITAÇÃO POR MEIO DE INCLUSÃO DE OBJETO
ESTRANHO AO LICITADO, conforme detalhado a seguir:
1. A celebração do 19º Termo Aditivo ao Contrato TRT-17ª Região nº 20/2010 configurou a
ocorrência de fuga ao processo licitatório, haja vista que os novos serviços incluídos na planilha da
obra não fazem parte do objeto originalmente contratado, o que constitui afronta ao disposto no art. 65,
da Lei 8.666/93.
2. Constatou-se, também, que a empresa contratada não demonstrou possuir qualificação técnica
adequada para a execução dos serviços objeto desse 19º Termo Aditivo, afrontando, assim, o disposto
no art. 30, da Lei 8666/93.
3. Verificou-se, ainda, que não foram atendidos os requisitos para o enquadramento desse 19º
Termo Aditivo nos termos da Decisão 215/1999-TCU-P, razão pela qual ele deverá estar sujeito aos
limites estabelecidos no § 1º, do art. 65, da Lei 8.666/1993.
4. Tendo em vista a gravidade das irregularidades detectadas na celebração do 19º Termo
Aditivo, que serão demonstradas a seguir, entende-se, diferente da proposta efetivada, que elas
deveriam ser classificadas como Irregularidades Graves e ensejam a realização de audiências.
HISTÓRICO
5. A empresa Paulo Otávio Empreendimentos Imobiliários Ltda., contratada para a realização
das obras de construção do prédio do TRT 17ª Região, questionou, por meio do ofício POE-614-
42/2012, de 29/6/2012, com base em Relatório Técnico da MCA Estruturas e em Parecer da
Geoconsult Consultoria de Solos e Fundações, a adequação da fundação executada pela Delta
Engenharia S.A., em estacas tipo hélice contínua monitoradas, com base em projeto elaborado pela
Emepê Fundações.
6. Para dirimir as dúvidas existentes quanto à adequação dos projetos estrutural e de fundações, o
TRT 17ª Região contratou os serviços de perícia técnica do IPT Instituto de Perícias Tecnológicas da
USP, o qual recomendou, ao final dos trabalhos, no 3º Relatório Técnico, emitido em 02/04/2013, que:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) na área dos Blocos Fórum e TRT a fundação existente, em estacas hélice, fosse descartada,
devendo ser elaborado um novo projeto, com laje de subpressão e estacas do tipo raiz;
b) nas demais áreas, a fundação existente, em estacas hélice, poderia ser reaproveitada, desde
que fossem observadas uma série de condicionantes estabelecidas no parecer.
7. Ante às conclusões da perícia do IPT e a não aprovação do projeto de reforço das fundações
elaborado pela NBC Arquitetura e Construções Ltda., conforme despacho da CMPROJ, o TRT 17ª
Região decidiu, nos termos do Despacho ASSJUP nº 318/2013, de 27/05/2013, pelo abandono dos
projetos de fundações e reforço de fundações apresentados pela empresa NBC e pela contratação dos
serviços de elaboração de um novo projeto.
8. Dessa forma, foi autorizada a contratação, por meio do Despacho ASSJUP nº 332/2013, de
04/06/2013, do projeto de reforço das fundações, por dispensa de licitação, com fundamento no inciso
IV, do art. 24, da Lei 8666/93, com a empresa SOLO FUNDAÇÕES E GEOTÉCNICA S/S LTDA.-
EPP. Assim, foi celebrado, em 18/06/2013, o Contrato 16/2013, com preço total estimado em
R$ 102.700,00, tendo por escopo os seguintes serviços:
a) reavaliação do executado com os dados existentes;
b) solicitação de dados, investigações, esclarecimentos, ensaios adicionais e acompanhamento;
c) desenvolvimento do projeto de reforço das fundações;
d) acompanhamento e revisão de projeto durante a execução;
e) as built.
9. Durante o desenvolvimento dos serviços, a empresa SOLOS concluiu pela completa
inadequação da execução do reforço com a utilização de estacas tipo hélice, apontando para soluções
com estacas raiz ou estacas metálicas ou ainda uma mistura das duas soluções, optando ao final, pela
solução em estaca raiz, com descarte total das estacas tipo hélice executadas anteriormente.
10. Após longas tratativas com a empresa Paulo Otávio Empreendimentos Imobiliários Ltda. e
realização de consultas junto a empresas especializadas na execução de fundações, o TRT 17ª Região
concluiu que a melhor opção seria a inclusão da execução das obras e serviços relativos à nova
fundação do prédio da sede, em estacas do tipo raiz, no escopo do Contrato 20/2010 e, dessa forma,
firmou, em 25 de junho de 2014, o 19º Termo Aditivo, com valor inicial de R$ 16.693.374,75, base
06/2014 para os serviços novos, equivalente a R$ 14.521.719,26, na base 01/2009, original do
contrato.
11. É importante registrar, que o aditivo em tela foi considerado, pelo TRT 17ª Região, como
sendo um aditivo de qualidade, enquadrado nos termos da Decisão 215/99-TCU-P, e, por essas razões,
não estaria sujeito ao limite de 25% estabelecido pela Lei 8666/93. Além disso, considerou-se que a
execução da nova fundação, embora não contemplada no objeto do contrato original, seria parte
integrante do prédio e, dessa forma, a sua inclusão na planilha contratual não se constituiria em desvio
de finalidade. Por fim, buscando reduzir o risco da contratada e assim tornar a sua proposta de preços
compatível com a estimativa do TRT, alterou-se o regime de execução de alguns serviços
contemplados neste 19º TA, assim como foram previstas cláusulas que preveem o reequilíbrio
contratual imediato.
12. Vale ressaltar, que, posteriormente, em 22/06/2015, foi celebrado o 22º TA, para contemplar
o acréscimo de estacas raiz devido à revisão de cargas na fundação, decorrente da reavaliação das
cargas nos diversos pavimentos da edificação. O valor deste aditivo foi de R$ 3.757.719,35, atualizado
até 01/2015, correspondente a R$ 3.157.278,20 na base 01/2009, de forma que o acréscimo do valor
contratual decorrente das obras da nova fundação atingiu o montante de R$ 17.678.997,46, a preços
iniciais, o que corresponde 16,29% do valor inicial do contrato.
13. Além disso, verifica-se que, até o mencionado 22º TA, os acréscimos do valor contratual já
atingiram o montante de R$ 24.836.155,44, a preços iniciais, o que corresponde a 22,89% do preço
original contratado.
LEGALIDADE DO ATO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14. Pelo menos quatro questões relacionadas à legalidade do ato sobressaem na celebração do
19º Termo Aditivo ao Contrato 20/2010. São elas:
a) fuga ao processo licitatório pela inserção dos serviços da nova fundação como parte do objeto
do contrato;
b) modificação do regime de execução, de preço global para preço unitário, especificamente com
relação aos serviços da nova fundação;
c) qualificação técnica inadequada da contratada para a execução das obras e serviços da nova
fundação em estacas raiz;
d) enquadramento inadequado do aditivo nos termos da Decisão 215/99-TCU-P.
Fuga ao Processo Licitatório
15. Com relação à primeira questão fuga ao processo licitatório, justificou-se a celebração do
aditivo, destinado à execução da nova fundação, pela aplicação do disposto no art. 65, inc. I, alínea ‘a’
(Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados [...] I - unilateralmente pela Administração: a)
quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus
objetivos) considerando que:
a) a fundação é parte integrante da edificação e tem interdependência direta com o restante da
estrutura;
b) o objeto do aditivo é um serviço indispensável para a execução da obra visto que se
demonstrou inviável o aproveitamento das fundações já executadas, conforme laudo de perícia
realizada pelo IPT-SP e pela empresa responsável pelo projeto de reforço das fundações;
c) é conveniente que o próprio contratado para execução da obra assuma a execução das
fundações, o que eliminará definitivamente a diluição de responsabilidades pela construção do prédio
como um todo;
d) a inclusão dos serviços necessários à execução do reforço não induz à desnaturação do objeto
inicial do contrato.
Análise
16. Verifica-se, no edital da Concorrência 01/2009, que resultou na contratação da Paulo Otávio
Empreendimentos Imobiliários, que o objeto da licitação foi a execução da terceira fase de construção
do Edifício-Sede do TRT 17ª Região, tendo sido esclarecido na sua definição que a primeira etapa
compreendeu a elaboração dos projetos e a segunda a execução de fundações profundas. Ou seja, a
execução de estacas não fazia parte do objeto da contratação.
16.1. Além disso, verifica-se no Projeto Básico da Concorrência 01/2009, que, dentre as Parcelas
de Maior Relevância Técnica e Valor Significativo não havia nenhuma associada a serviços de
execução de estaqueamento, até porque, estes serviços não faziam parte do objeto contratado.
16.2. Para corroborar tudo isso, vale transcrever declaração da própria contratada, registrada no
Ofício POE 614 14/2014, na qual ela reitera a impossibilidade de celebração do aditivo:
‘(...)
Como se vê, a fundação profunda em estaca raiz não constitui objeto do presente contrato. Os
serviços correspondentes não foram originalmente contratados com a Peticionária e não integram o
escopo contratual. Esses serviços foram objeto de licitação específica, que foi condicionada a
requisitos (inclusive técnicos) distintos daqueles que foram exigidos na concorrência 01/2009, vencida
pela Peticionária.
Confiram-se os termos do edital da concorrência 01/2007, atinente à segunda etapa da obra e que
contemplava os serviços de fundação, prevendo exigências de capacidade técnico-operacional e
profissional não previstas para o certame vencido pela ora Peticionária:
2.1.3 - PROVA RELATIVA A QUALIFICAÇÃO TÉCNICA:
c) Atestado (s) de capacidade técnico-operacional, expedido (s) em nome da licitante, fornecido
(s) por pessoa (s) jurídica (s) de direito público ou privado, e devidamente registrado (s) na entidade
profissional competente, que comprove (m) ter a licitante executado d i rela mente, ou coordenado,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

serviços pertinentes e compatíveis em características, quantidades e prazos equivalentes com o objeto


da licitação, limitadas à parcela de maior relevância definida neste EDITAL.
c. l) A parcela de maior relevância e valor significativo é a execução de estacas do tipo hélice
contínua monitorada por computador, com diâmetros nominais de 10cm, 50cm, 60cm e 70cm,
totalizando 10.556.00 m:
c.2) Entendem-se equivalentes cm características e quantidades os serviços que apresentem
grandeza proporcional à complexidade do objeto contratual. Assim, considera-se pertinente e
compatível, no presente caso, a demonstração da execução, ou coordenação, de serviços contemplando
pelo menos 50% (cinquenta por cento) das quantidades definidas na parcela de maior relevância, ou
seja, a empresa deverá demonstrar ter executado, pelo menos, 5.278m de estacas tipo hélice contínua
monitorada por computador. O diâmetro nominal das estacas executadas deverá ser de, no mínimo,
40em, que é o menor dos diâmetros definidos na parcela de maior relevância.
d) Comprovante de possuir, em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da
proposta, profissional (is) de nível superior, ou outro devidamente reconhecido pela entidade
competente, que deverá ser detentor de O l (um) ou mais atestados (ou declaração) em nome do (s)
profissional (ais), fornecido (s) por pessoa (s) jurídica (s) de direito público ou privado, devidamente
registrado (s) na entidade profissional competente, que discrimine (m) a sua responsabilidade técnica
por execução de estacas tipo hélice contínua monitorada por computador, de modo a comprovar-se, no
tocante ã capacitação técnico-profissional, a aptidão para desempenho das atividades referentes à
parcela de maior relevância;
d. l) A comprovação do vínculo do (s) profissional (ais) com a licitante poderá ser efetuada por
intermédio de um dos seguintes documentos, dentre outros: Contrato Social, se sócio; Carteira ou
Contrato de Trabalho, ou Ficha de Registro de Empregado, se empregado da licitante; Contrato de
Prestação de Serviços; ou, ainda, pela Certidão de Registro da licitante no Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia Crea, se nesse documento constar o nome do profissional
indicado dentre os responsáveis técnicos da empresa;
d.2) O (s) Atestado (s), devidamente registrado (s) na entidade profissional competente, deverá
(ão) estar acompanhado (s) da (s) sua (s) respectiva (s) Certidão (ões) de Acervo Técnico - C.A.T.,
emitidas (s) pelo Crea.
(...)’
16.3. Fica claro, portanto, que o novo estaqueamento não faz parte integrante do objeto licitado
para execução da terceira etapa das obras.
16.4. A alegação de que a fundação é parte integrante da edificação e tem interdependência
direta com o restante da estrutura, embora verdadeira, não ampara a inclusão de seus serviços no
objeto da contratação para construção da terceira etapa, uma vez que ela não foi prevista no escopo dos
serviços, assim como sequer foi exigido da contratada que mostrasse capacitação para executá-los.
16.5. É falaciosa a afirmação de que era conveniente que o próprio contratado para execução da
obra assumisse a execução das fundações, o que eliminaria definitivamente a diluição de
responsabilidades pela construção do prédio como um todo, uma vez que estes são serviços
tipicamente executados por empresas especializadas, razão pela qual, a contratação de uma outra
empresa capacitada em nada diluiria a responsabilidade pela obra.
16.6. Considera-se, portanto, que está configurado a fuga ao processo licitatório na celebração do
19º Termo Aditivo ao Contrato 20/2010, uma vez que as alterações por ele introduzidas no contrato
não encontram respaldo em nenhuma das hipóteses previstas no art. 65, da Lei 8.666/93.
16.6.1. Como se pode observar no referido artigo, apenas o inc. I, alínea ‘a’ contempla as
alterações de projeto, mas, ainda assim, não abarca a circunstância deste aditivo, haja visto que o seu
objeto deriva da inclusão de um novo objeto ao anteriormente contratado e não de uma modificação de
projeto do objeto original, que alcançou, por exemplo, a mudança de solução da parede do subsolo
para parede diafragma, objeto do 4º TA.
703

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

16.7. Embora tenha havido claramente a fuga ao processo licitatório, o TRT 17ª Região procurou
demonstrar que a alteração introduzida pelo 19º TA estaria enquadrada nos termos da Decisão
215/1999-TCU-P, o que, se confirmado como verdadeiro, afastaria esse achado, uma vez que ela
admite, em circunstâncias especialíssimas, a celebração de alterações consensuais qualitativas. No
entanto, como demonstraremos adiante, o TRT 17ª Região não logrou demonstrar a completa
aderência desse aditivo aos termos da referida Decisão, o que nos leva a manter esta irregularidade.

Modificação do Regime de Execução da Obra


17. No que diz respeito ao segundo ponto – modificação do regime de execução, justificou-se
que o art. 65, inc. II, alínea ‘b’ (‘Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados [...] II - por
acordo das partes: [...] b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço,
bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos
contratuais originários’) e os AC-1977/2013-TCU-P e AC-1978/2013-TCU-P, amparam a alteração do
regime de execução para alguns dos serviços da nova fundação, uma vez que as incertezas inerentes à
execução de estacas de fundação, mormente em terreno como aquele em que está sendo construída a
sede deste Tribunal, recomendam que, de modo a evitar desequilíbrio econômico-financeiro do
contrato, seja adotado regime diferenciado para pagamento das estacas e aos serviços a elas
relacionados.
Análise
18. Considera-se adequada a justificativa apresentada pelo TRT 17ª Região.
Qualificação Técnica Inadequada da Contratada
19. Quanto ao terceiro ponto qualificação técnica da contratada, justificou-se, primeiramente,
que a contratada é empresa de renome nacional, possui expertise incontestável para assunção das
novas responsabilidades e que o nível de exigência da habilitação técnica do certame original garantiu
à Administração a seleção de contratado idóneo, técnica e economicamente, sendo relevante assinalar,
quanto ao aspecto técnico, que a própria empresa foi quem apontou os problemas existentes na
fundação inicialmente executada, fato posteriormente constatado pela perícia do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas - IPT.
19.1. Porém, o Controle Interno apontou que não havia, nos autos, comprovação documental
inequívoca de que a Paulo Otávio Empreendimentos Imobiliários Ltda. preenchia os requisitos de
qualificação estampados no art. 30, II, da Lei 8.666/93, ainda mais porque a própria empresa havia
declarado anteriormente que não era capacitada para realização dos serviços, conforme demonstra a
transcrição de partes do Of. POE 614 14/2014, abaixo transcrito, e solicitou que fosse feita a
comprovação da capacitação técnica-operacional da empresa:
‘(...)
A questão é que, não tendo jamais se obrigado a executar os serviços de fundações profundas em
estaca raiz, a Peticionária não dispõe da capacidade técnica profissional necessária para a execução de
tais serviços tal como exigida por ocasião da licitação específica para a execução dessa etapa do
empreendimento.
Mais ainda: a Peticionária tampouco dispõe dos recursos necessários (notadamente do
maquinário) para a execução desses serviços, que exigem expertise diferenciada para a sua operação.
Trata-se, afinal, de serviços especializados o que é confirmado pela própria realização de licitação
específica para execução desses itens por esse TRT.
Ou seja: ainda que o aditivo fosse viável nos termos propostos pelo TRT (o que se coloca apenas
para argumentar), a Peticionária teria necessariamente que terceirizar esses serviços - tal como, aliás,
constou de sua proposta. Assim, e precisamente pela especialização que esses serviços requerem,
reputa-se que seria mais conveniente e vantajoso ao TR1 contratar empresa especializada para a
execução desse tipo de serviço.
(...)
704

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

No entanto, em razão dos fundamentos acima expostos e respeitosamente, a Peticionária reitera a


impossibilidade de celebração do termo aditivo para acrescentar serviços que ultrapassam a capacidade
técnica exigida por ocasião da presente licitação...’
19.2. Para atender a demanda da CCI, a CMPROJ apresentou um atestado técnico emitido em
favor da Paulo Otávio Empreendimentos Imobiliários pela empresa Ruy Ohtake Arquitetura e
Urbanismo, referente à construção de um prédio de propriedade da própria Paulo Otávio
Empreendimentos Imobiliários, no qual consta a execução de fundação em estacas tipo Franki.
19.2.1. O titular da CMPROJ menciona que a declaração de incapacidade da Paulo Otávio, no
âmbito do Ofício POE 614 14/2014, visava apenas justificar a necessidade de terceirização dos
serviços.
19.2.2. Nesse sentido, aponta que o serviço de execução de estaqueamento é especializado e
realizado por empresas com equipamentos e pessoal treinado para tanto, que, em geral, executam
apenas o estaqueamento, mas não se responsabilizam pelos serviços auxiliares tais como: fornecimento
de água, pagamento de licença de obra, pagamento de água e esgoto, pagamento de energia elétrica,
movimentação de lama, manutenção de canteiro e outros diversos, como pode ser constatado nas
várias cotações orçamentárias obtidas junto a empresas especializadas, e que o TRT 17’ Região não
disporia de recursos para a prestação direta desses serviços auxiliares, sendo necessária necessitando
sua contratação.
19.2.3. Acrescenta, que, da mesma maneira que a Paulo Otávio não executa diretamente a pele
de vidro, a instalação de divisórias, o fornecimento e instalação de elevadores, e não necessita
comprovar a execução direta desses serviços, o que seria exigência exagerada e sem condições de
cumprimento por qualquer empresa, ela não precisa apresentar tal comprovação para a execução de
estaca raiz.
19.2.4. O que se faz necessário é a comprovação de responsabilidade pela execução, mesmo que
por meio de subcontratação, e esta comprovação é feita por meio do atestado apresentado.
19.2.5. Sendo a tarefa de subcontratar e responsabilizar-se por serviço especializado de execução
de estaca tipo Franki, tecnicamente análoga à tarefa de subcontratar e se responsabilizar pela execução
de estacas do tipo Raiz, não há motivo de preocupação em contratar o aditivo junto a construtora
responsável pela execução de inúmeros edifícios com fundação profunda.
Análise
20. A afirmação de que a empresa, por ter renome nacional, o que não é consenso, e pelo nível
elevado de exigência da habilitação técnica do certame original, teria capacidade incontestável para
assumir a execução das obras da nova fundação, não encontram respaldo na realidade, haja vista as
próprias declarações da Paulo Otávio no já antes mencionado Ofício POE 614 14/2014, abaixo
reproduzidas, no sentido de que não estava capacitada tecnicamente e nem possuía maquinário para
executar tais serviços.
‘(...)
A questão é que, não tendo jamais se obrigado a executar os serviços de fundações profundas em
estaca raiz a Peticionária não dispõe da capacidade técnica profissional necessária para a execução de
tais serviços tal como exigida por ocasião da licitação específica para a execução dessa etapa do
empreendimento.
Mais ainda: a Peticionária tampouco dispõe dos recursos necessários (notadamente do
maquinário) para a execução desses serviços, que exigem expertise diferenciada para a sua operação.
Trata-se, afinal, de serviços especializados o que é confirmado pela própria realização de licitação
específica para execução desses itens por esse TRT.
Ou seja: ainda que o aditivo fosse viável nos termos propostos pelo TRT (o que se coloca apenas
para argumentar), a Peticionária teria necessariamente que terceirizar esses serviços - tal como, aliás,
constou de sua proposta. Assim, e precisamente pela especialização que esses serviços requerem,
reputa-se que seria mais conveniente e vantajoso ao TRT contratar empresa especializada para a
execução desse tipo de serviço.
705

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Seja como for, não se pode pretender importar ao presente contrato objeto de contrato distinto -
que foi objeto de licitação autônoma, da qual resultou a contratação de empresa específica e com corpo
técnico especializado na execução da fundação da obra - para impor à ora Peticionária o ônus de
executar serviços que exigem capacidade, profissionais e condições técnicas peculiares, de que a
Peticionária não dispõe e que são inconfundíveis com os requisitos necessários para a execução do
contrato hoje vigente.
(...)
4. CONCLUSÃO
(...)
No entanto, em razão dos fundamentos acima expostos e respeitosamente, a Peticionária reitera a
impossibilidade de celebração do termo aditivo para acrescentar serviços que ultrapassam a capacidade
técnica exigida por ocasião da presente licitação, notadamente em razão dos preços pretendidos pelo
E.TRT, incompatíveis com a proposta por si apresentada e com a legislação que rege o contrato.’
20.1. Para afastar esta constatação, do próprio Controle Interno do TRT 17ª Região, a CMPROJ
apresentou um atestado técnico no qual consta que a Paulo Otávio havia construído um
empreendimento com parte das fundações em estacas tipo Franki, o que demonstraria a sua capacidade
de executar este tipo de serviço, mesmo que gerenciando empresas subcontratadas.
20.2. Em primeiro lugar, este atestado não veio acompanhado da respectiva certidão de acervo
técnico, o que é condição essencial para sua validade, inclusive prevista no Edital da Concorrência
01/2009, item 2.1.3.d.
20.3. Ainda que o consideremos aceitável, gerenciar subcontratadas executando estacas Franki é
muito diferente de gerenciá-las executando estacas Raiz. Estas últimas são de execução mais complexa
e introduzem dificuldades de controle no canteiro bastante distintas das primeiras, conforme pudemos
constatar na visita in loco realizada durante a execução da fiscalização. Portanto, não podemos acatar
as alegações oferecidas pela CMPROJ, razão pela qual considera-se que não foi demonstrada a aptidão
da empresa Paulo Otávio Empreendimentos Imobiliários para a execução, mesma sob a forma de
subcontratação, dos serviços objeto do 19º TA.
20.4. Vale acrescentar, que o aditivo em tela previu, no parágrafo terceiro da Cláusula Quarta, a
possibilidade de a construtora executar diretamente as estacas, o que reforça, ainda mais, a
irregularidade cometida.
Enquadramento Inadequado na Decisão 215/1999-TCU-P
21. Cuida-se aqui, da aplicação da segunda parte da Decisão 215/1999-TCU-P, prolatada da
seguinte forma:
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas de
contratos de obras e serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites aludidos no item
anterior, observados os princípios da finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, além dos
direitos patrimoniais do contratante privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguintes
pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma
eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um
novo procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e econômico-
financeira do contratado;
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou
imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de natureza e
propósito diversos;
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização do
cronograma de execução e à antecipação dos benefícios sociais e económicos decorrentes;
706

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os


limites legais mencionados na alínea ‘a’, supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão
contratual, seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse
público primário (interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse
interesse; inclusive quanto à sua urgência e emergência
22. Neste caso, será feita a avaliação da regularidade das justificativas apresentadas para o
enquadramento de cada um dos requisitos exigidos pela decisão.
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma
eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um
novo procedimento licitatório
23. Justificou-se que:
a) a contratação da Paulo Otávio foi extremamente difícil, com início em 2008 e término em
2010, com início das obras somente em 2011, e não há nenhuma indicação de que uma nova licitação
iria transcorrer com mais tranquilidade, ainda mais após a vinda à tona dos problemas já enfrentados
no contrato em vigor;
b) a realização de novo certame implicaria manter o canteiro e o rebaixamento do lençol freático
por um período estimado em não menos de um ano, sem qualquer garantia de que se obteria preço
inferior ao que está sendo pactuado, haja vista as propostas apresentadas por empresas do ramo, que
não conseguiram, mesmo ante a possibilidade concreta de formalizar o contrato sem os custos
inerentes a uma licitação, reduzir ou mesmo igualar o preço estimado pelo TRT 17ª Região.
Análise
24. O atendimento a este quesito não foi demonstrado de uma forma objetiva, haja vista que não
se formalizou uma demonstração de que os custos decorrentes do aditivo em tela são inferiores aos de
uma nova contratação. Apenas se fez uma ilação de que não haveria garantia de que com um novo
certame seriam obtidos preços inferiores.
24.1. A esse respeito, vale registrar que Concorrência 01/2009 foi realizada em uma conjuntura
completamente diferente da atual. Naquele momento, em 2009, as grandes construtoras estavam com
suas carteiras de obras lotadas e, por isso mesmo, estavam selecionando apenas aquelas mais rentáveis,
razão principal para o desinteresse na licitação para execução da 3ª Etapa do TRT, ao passo que na
época de celebração do 19º TA, em junho de 2014, o cenário já era outro, com a economia em
desaceleração e obras paralisadas, de forma que a obra do TRT 17ª Região se tornaram mais atraente,
o que, em tese, possibilitaria a realização de um certame mais disputado do que os anteriores.
24.2. Por tudo isso, considera-se que não houve uma demonstração cabal da vantagem em se
celebrar o aditivo em tela, em detrimento da realização de uma nova licitação, até mesmo para se
contratar a obra como um todo.
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e econômico-
financeira do contratado
25. As justificativas são as mesmas já registradas no item 19, retro.
Análise
26. Da mesma forma, o atendimento a este requisito também não foi demonstrado,
principalmente no que diz respeito à capacidade técnica da Paulo Otávio, que, como mostramos no
item 20, não apresentou documentos aptos a comprová-la.
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou
imprevisíveis por ocasião da contratação inicial
27. Justificou-se que a constatação de falhas de projeto e de execução nas estacas previamente
executadas só ocorreu após iniciada a obra em si, como se encontra registrado nos autos da Matéria
Administrativa 1246/2012 (reautuado com PA 09/13), que não existia nenhum indicativo até então de
que a Administração enfrentaria esse tipo de problema, e que essa etapa da obra, inclusive, já era
considerada superada, até mesmo por já ter sido auditada pela Corte de Conta.
Análise
707

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28. Embora não houvesse nenhum indicativo visível de problemas na fundação até o início da 3ª
Etapa das Obras, eles decorreram, entre outros motivos, de uma atuação deficiente da Fiscalização do
TRT 17ª Região, tanto durante a fase de elaboração do projeto como na de execução das fundações.
Ainda assim, pode se considerar que estes problemas eram de difícil previsão.
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de natureza e
propósito diversos
29. Além das justificativas já registradas no item 16, retro, que permanecem válidas aqui,
acrescentou-se que o TRT contratou a construção de um edifício e vai receber, após a assinatura do
aditivo e o término da obra, exatamente o mesmo edifício cuja construção havia contratado, só que
agora o receberá com fundações que suportam seu peso e possibilitam o seu uso adequado
Análise
30. Considera-se atendido este requisito, haja vista que, embora a nova fundação não seja parte
do escopo original da 3ª Etapa, o resultado final obtido será o mesmo, qual seja, o edifício que havia
sido projetado inicialmente.
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização do
cronograma de execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes
31. Justificou-se que sem fundações, não haverá edifício sede e sem o aditivo ora em discussão,
perder-se-á pelo menos mais um ano de execução dos serviços contratados, na hipótese mais otimista,
antes da retomada da obra no ponto em que já deveria estar há cerca de dois anos, quando se iniciou a
apuração das falhas de projeto e de execução que culminaram com a rejeição de todas as estacas
executadas na fase anterior da obra, ou seja, adiar-se-á por mais tempo ainda o início da operação do
edifício, que deveria estar sendo entregue à sociedade capixaba neste exercício de 2015.
Análise
32. Considera-se atendido este requisito, haja vista que o objeto do aditivo é necessário para a
completa execução do objeto original, assim como a sua celebração confere mais celeridade à
realização da obra e antecipa os seus benefícios sociais e econômicos.
VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os
limites legais mencionados na alínea ‘a’, supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão
contratual, seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse
público primário (interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse
interesse; inclusive quanto à sua urgência e emergência
33. Justificou-se que:
33.1. Os custos de manutenção do canteiro, de realização de novo certame - com o consequente
emprego de considerável força de trabalho especializada -, além de novo diferimento da conclusão da
obra, sem qualquer garantia de sucesso em eventual novo certame, são inquestionáveis no caso
concreto. Vale registrar que esse empreendimento deveria estar sendo entregue à sociedade no
exercício de 2014, e, mesmo superando-se imediatamente este impasse, ainda se estenderá por mais
três anos.
33.2. O TRT 17ª Região continua funcionando em instalações absolutamente inadequadas, com
prejuízos em logística e eficiência operacional, ante sua dispersão por pelo menos cinco prédios
distintos, além de localização que não atende a contento a população a quem servimos.
33.3. Pesquisa de Satisfação do Usuário realizada em 2013 apresentou o seguinte resultado
quanto a alguns itens ligados à localização e instalações da Justiça do Trabalho em Vitória, sendo
atribuídas notas de 1,0 (um) a 10,0 (dez) pelo público (advogados, partes e testemunhas):
a) Facilidade de estacionamento - notas 1.7 para as Varas e 1.6 para a 2ª Instância;
b) Serviços de transporte para chegar ao prédio - notas 5,7 para as Varas e 6,5 para a 2ª Instância;
c) Condições de acesso ao prédio (calçada, portaria, escadarias, rampas, elevadores) - nota 5,4
para as Varas;
d) Quantidade de banheiros - nota 5,2 para a 2ª Instância.
708

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

33.4. Pesquisa de Clima Organizacional 2013/2014, realizada com o público interno e que,
portanto, convive diariamente, e não apenas de maneira esporádica, com as mazelas típicas das
instalações deficientes deste Regional, mostra o seguinte quadro:
a) O quesito ‘Infraestrutura’ (edificação, parte elétrica, hidráulica, iluminação, temperatura,
higiene e espaço físico), foi o sexto mais mal avaliado, com nota média abaixo de 2, numa escala de 0
(zero) a 5 (cinco), situou-se na região de demanda de providências urgentes por parte da
Administração;
b) O quesito ‘Acesso ao local de trabalho’, que juntamente com o anterior integra o Grupo
‘Condições e ambiente de trabalho’, foi o segundo item mais mal avaliado desse grupo. O terceiro
mais mal avaliado foi ‘Condições de segurança dos servidores ao local de trabalho’, consequência
direta da localização das Varas da Capital, que funcionam no Parque Moscoso, região que hoje se
encontra degradada pelo tráfico e consumo de drogas.
33.5. Quanto a isso, aliás, oportuno registrar que até mesmo os integrantes da equipe de
segurança deste Tribunal já foram vítimas de ameaça por parte de delinquentes que frequentam aquela
região, tendo sido inclusive lavrada ocorrência policial pelo crime de ameaça.
33.6. Não pode restar, dúvidas, portanto, de que o adiamento de solução para a entrega desse
edifício constitui-se em sacrifício insuportável ao interesse coletivo, não se podendo olvidar que, além
do público que acorre à Justiça do Trabalho, os servidores e magistrados que desempenham suas
atividades neste Tribunal são também cidadãos que precisam ter condições adequadas para prestar
relevante e essencial serviço à sociedade, sem prejuízo de sua saúde, seu bem-estar e, principalmente,
sua segurança.
Análise
34. Por fim, as justificativas trazidas para demonstrar o atendimento ao sexto e último requisito
da decisão, embora importantes, não são suficientes, haja vista que postergar uma situação já
vivenciada a muitos anos pelo TRT 17ª Região, de desconforto para os seus servidores e usuários, não
caracterizam as situações de sacrifício insuportável ao interesse público primário, principalmente
quanto à urgência e emergência alegada para a conclusão da obra.
CONCLUSÃO
35. Conclui-se, portanto, que a celebração do 19º TA não atende aos requisitos da Decisão
215/1999-TCU-P e, dessa forma, fica perfeitamente caracterizada a ocorrência de fuga ao processo
licitatório e que esse aditivo está sujeito à aplicação dos limites estabelecidos no § 1º, do art. 65, da Lei
8.666/93.
36. Ficou caracterizado, também, que a empresa contratada não demonstrou possuir qualificação
técnica adequada para a execução dos serviços inseridos no 19ª TA, e, ao contrário, se declarou
incapaz de executá-lo.
5 - CONCLUSÃO
Conforme relatado, a construção do edifício sede do TRT da 17ª Região se encontra em sua
terceira etapa de implantação, referente à execução dos edifícios propriamente ditos, fase essa que foi
antecedida pelas etapas de elaboração dos projetos e de execução de fundações em estacas do tipo
hélice contínua.
A atuação do TCU acerca do empreendimento vem constatando, desde as fases iniciais, algumas
irregularidades, como constam dos processos TC-004.953/2007-9, TC-024.376/2008-6 e
TC-030.221/2010-2 - neste último, de monitoramento, atestou-se o saneamento das irregularidades
apontadas até então.
Neste momento, foram constatadas duas irregularidades. A primeira, relativa às fundações
inicialmente executadas, decorrente tanto de deficiências de projeto quanto de falhas na execução do
serviço, que somente vieram à tona após início das obras da terceira etapa (achado 3.1), e a segunda,
referente à inclusão, no contrato 20/2010, de objeto estranho ao licitado (achado 3.2).
Quanto às deficiências de projeto, bem como às falhas na execução das fundações iniciais, que
acabaram por implicar a inutilização total do estaqueamento executado, constatou-se a existência de
709

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processos internos no TRT/ES com vistas a apurar as responsabilidades e quantificar os valores a


serem ressarcidos aos cofres públicos, que podem alcançar a ordem de R$ 4,7 milhões (em valores de
2006 e 2007).
Assim, com fundamento no art. 250, inciso II do RI/TCU, entende-se adequado determinar que,
após concluídas as apurações em curso, encaminhe a este Tribunal o resultado de suas análises.
Também se mostra pertinente determinar que, na falta de êxito na busca pela elisão do dano, deve
proceder a instauração da competente tomada de constas especial, disciplinada pela IN TCU 71/2012.
Quanto à fuga ao procedimento licitatório, configurada pela inclusão do novo estaqueamento no
escopo do contrato 20/2010 (que não previa execução de estacas), em que pese a caracterização do ato
irregular, entende-se que as circunstâncias que envolveram a tomada de decisão atenuam a gravidade
da conduta dos gestores. Entre essas circunstâncias, sobressaem (i) a necessidade permanente de
rebaixamento do lençol freático, conjugada com a intenção manifestada pela Paulo Octávio de
rescindir o contrato diante das indefinições de projeto, (ii) a aparente inviabilidade de contratação de
outra empresa para realizar o serviço, haja vista as consultas feitas pelo TRT a empresas do ramo e (iii)
a inexistência de sobrepreço no valor do serviço. Dessa forma, será proposto dar ciência ao órgão
quanto à irregularidade, em inobservância ao art. 7º da Resolução TCU 265, de 9/12/2014.
Ainda com relação ao aditivo que incluiu no contrato 20/2010 serviço alheio ao inicialmente
licitado, importa observar a impropriedade constatada quanto ao seu enquadramento nos termos da
Decisão 215/1999-TCU-Plenário.
Em que pese a situação crítica vivida pela obra em decorrência das falhas nas etapas anteriores,
bem como a pertinência de alguns dos argumentos apresentados pelos gestores para inclusão do novo
serviço no escopo do contrato, não restou configurado o atendimento cumulativo de todas as condições
definidas na citada decisão. Dessa forma, cabe dar ciência ao TRT/17ª Região da referida falta de
enquadramento na Decisão 215/1999, e, portanto, que os valores dos aditivos acerca das fundações
estão sujeitos ao limite imposto pelo art. 65, § 1º da Lei 8.666/1993.
Por fim, cabe observar a iminência de superação do referido limite, uma vez que os aditivos já
formalizados alcançam a ordem de 23% do valor inicial do contrato, percentual que ainda não inclui as
alterações que serão necessárias em decorrência das correções no projeto estrutural (dimensões dos
blocos de função, dos pilares etc.). Além disso, a fragilidade do projeto, associada ao estágio ainda
inicial da obra (inferior a 20%), sugere a possível necessidade de novas adequações.
6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) determinar ao TRT/17ª Região, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, que:
a.1) encaminhe ao TCU, no prazo de 30 dias após a conclusão das suas análises, o resultado das
apurações em curso naquele órgão, relativas à responsabilização e ressarcimento pelo dano decorrente
da inutilização das estacas hélice contínua projetadas pela NBC Arquitetura e Construções Ltda. e
executadas pela Delta Construções S.A., bem como de eventuais outros danos decorrentes das falhas
no projeto estrutural do edifício;
a.2) caso as apurações em curso não logrem êxito em obter o ressarcimento pelos danos,
providencie a instauração da competente tomada de contas especial, disciplinada pela Instrução
Normativa TCU 71/2012;
b) dar ciência ao TRT/17ª Região, com base no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, sobre as
seguintes impropriedades constatadas no contrato 20/2010, firmado com a empresa Paulo Octávio
Investimentos Imobiliários Ltda. para execução da terceira etapa das obras de construção da sua nova
sede, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à mitigação dos seus efeitos, bem como à
prevenção de ocorrências semelhantes:
b.1) a formalização do 19º termo aditivo, que incluiu no escopo do contrato a execução das
novas fundações em estacas do tipo raiz, não se enquadra nas hipóteses do art. 65 da Lei 8.666/1993 e,
portanto, configura fuga a procedimento licitatório, em ofensa ao art. 2º da mesma lei;
710

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b.2) os aditivos celebrados não atendem cumulativamente a todos os requisitos definidos no item
8.1, alínea ‘b’, da Decisão 215/1999-TCU-Plenário e, portanto, estão sujeitos aos limites estipulados
no art. 65, § § 1º e 2º, da Lei 8.666/1993.”

3. O Diretor da SeinfraUrbana manifestou-se nos seguintes termos (peça 26):

“Inicialmente, registro minha concordância parcial com a proposta de encaminhamento alvitrada


pelo coordenador da equipe de fiscalização em seu relatório.
Apesar da bem fundamentada e aprofundada análise constante do Relatório, peço vênias para
discordar do item ‘b’ da referida proposta.
Antes de adentrar no mérito da referida análise, faz-se necessário resgatar o histórico de
acompanhamento desta Corte de Contas sobre a obra em tela.
Histórico
De modo a atender o programa de necessidades definido pelo TRT/ES (TRT/17ª Região), as
obras consistem de dois blocos: (i) o primeiro com 18 pavimentos e mais o ‘ático’ (pavimento técnico
de menor altura, no topo do edifício, para abrigar máquinas, reservatórios, depósitos etc.), e (ii) o
segundo com 10 pavimentos. Há ainda (iii) um subsolo que abrange todo o complexo (profundidade da
ordem de 4 metros). Totalizando cerca de 50,5 mil m² de área construída (49,1 mil m² cobertos e 1,4
mil m² descobertos), o complexo traz quase 700 vagas para veículos. As obras se desenvolvem em
terreno de 9,6 mil m², situado na Enseada do Suá, na cidade de Vitória/ES.
A partir de estudos preliminares e anteprojeto desenvolvidos por servidores do quadro próprio do
TRT/ES (conforme registra o relatório 2015, p. 4), o planejamento segregou a contratação e execução
da obra em quatro etapas, a saber:
a) 1ª etapa = elaboração dos projetos executivos: Contrato 19/2006, firmado em 23/11/2006 com
a empresa NBC - Arquitetura e Construções Ltda., o qual, após cinco termos aditivos, custou quase
R$ 734 mil; o recebimento definitivo apenas do projeto de fundações se deu em 26/12/2007 (projetista
subcontratada Emepê Fundações, conforme relatório 2015, pág. 22); já o recebimento definitivo do
projeto executivo completo ocorreu apenas em 17/10/2008;
b) 2ª etapa = execução de fundações (estacas hélice contínuas), e parte do sistema de proteção
contra descargas atmosféricas - SPDA (aterramento): Contrato 32/2007, firmado com a empresa Delta
Construções S.A., em 28/12/2007 (dois dias após o recebimento definitivo do projeto executivo de
fundações); após três termos aditivos, o montante pago totalizou quase R$ 4 milhões, com recebimento
definitivo total em 27/11/2008;
c) 3ª etapa (em curso) = execução da superestrutura, vedações, cobertura, instalações diversas
(elétricas, hidráulicas etc.) e todos os demais serviços de engenharia civil da nova edificação: Contrato
20/2010, de 16/10/2010, firmado com a empresa Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda., sob
regime de execução por empreitada a preço global; originalmente firmado no valor de R$ 108,5
milhões, atingiu, após 22 termos aditivos, quase R$ 173,5 milhões (data-base janeiro/2014), com
percentual executado da ordem de 18% (em 50 medições, até julho/2015); a ordem de início dos
serviços é de 25/4/2011 (pág. 6 do relatório), e a previsão original era de 40 meses (3 anos e 4 meses);
o prazo mais recente para conclusão da obra, após quase dois anos de paralisação (out/2012 a
out/2014), foi determinado para 29/7/2017; além do contrato de execução da obra, há em andamento o
contrato 18/2014, de apoio à supervisão da obra, firmado em 25/6/2014, no valor de quase R$ 3
milhões (conforme item 7 do relatório 2015); e
d) 4ª etapa (futura) = serviços complementares (marcenaria, comunicação visual, instalações de
controle de acesso, circuito fechado de TV, sonorização, dentre outros), a serem contratados por meio
de licitações específicas; os cronogramas de execução ainda não foram estabelecidos, mas deverão ser
compatíveis com o andamento da atual 3ª etapa (obras civis); também ainda não há orçamento para
essa última etapa (relatório 2015, item 7.1.2, do anexo, pág. 39).
711

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O TCU vem acompanhando as licitações relacionadas à obra desde 2007, especialmente por
meio dos trabalhos da Secex/ES. O primeiro trabalho foi o Fiscalis 34/2007 (TC-004.953/2007-9), o
qual não identificou irregularidades na Tomada de Preços 01/2006, visando a contratação da 1ª etapa
(projeto executivo).
No tocante especificamente à 3ª etapa, cabe ressaltar que a concorrência nº 1/2008, cujo
orçamento era da ordem de R$ 107 milhões, apresentou indícios de sobrepreço identificados pelo
TCU. O gestor admitiu algumas falhas e propôs redução da ordem de R$ 2,6 milhões. No entanto, a
concorrência foi revogada pelo próprio TRT-ES em virtude de a única empresa participante ter retirado
sua proposta antes do término da fase de habilitação (conforme relatório que fundamentou o Acórdão
2.929/2009-TCU-Plenário).
Quando da publicação do novo edital de Concorrência, nº 1/2009 (3ª etapa), foram procedidas
novas análises pelo TCU, cabendo trazer à baila os principais processos e deliberações associadas.
No âmbito do Fiscobras 2008 (TC-024.376/2008-6), o Exmº Relator adotou, em 8/10/2009,
medida cautelar determinando que o órgão se abstivesse de homologar a nova licitação. Isso porque o
orçamento-base de R$ 116,3 milhões (abril/2009) apresentava indícios de sobrepreço, os quais
totalizavam quase R$ 7,1 milhões (cerca de 6% do valor do objeto). Tendo em vista a materialidade
dos danos potenciais, houve proposta das unidades técnicas pela classificação da obra como IG-P
(bloqueio preventivo orçamentário, financeiro e físico).
Contudo, por meio dos Acórdãos 2.929 e 2.930/2009-TCU-Plenário, ambos de 2/12/2009 (o
primeiro no monitoramento TC-025.225/2009-4, e o segundo no TC-024.376/2008-6), esta Corte de
Contas deliberou pela: (i) reclassificação de IG-P para IG-R (retenção de valores), a fim de se ‘evitar
que a interrupção do fluxo orçamentário e financeiro atrase o ritmo das obras até que seja tomada uma
decisão de mérito’ (Proposta de Deliberação do Exmº Relator, com destaques acrescidos); e (ii)
acolhendo parcialmente agravo interporto pelo TRT/ES, limitação dos efeitos da medida cautelar,
‘permitindo-se o prosseguimento da licitação até o empenho dos créditos orçamentários, (...) suspensos
os atos tendentes a resultar na convocação de empresa para assinatura do contrato, bem como os
demais atos subsequentes’.
Por meio do Acórdão 896/2010-TCU-Plenário, de 28/4/2010, o Tribunal apreciou o mérito do
Fiscobras 2008, exarando uma série de determinações, as quais foram contestadas em sede de
embargos de declaração, julgados pelo Acórdão 1.847/2010-TCU-Plenário, de 28/7/2010.
No julgamento de julho/2010 constou que a empresa Paulo Octávio Investimentos Imobiliários
Ltda., vencedora do certame, ‘aceita as modificações propostas, na planilha de preços, pelo órgão de
controle externo, desde que não seja alterado o preço global proposto quando da homologação do
resultado’ (item 12 da Proposta de Deliberação, com destaques acrescidos). Cabe ressaltar que o
contrato da 3ª etapa foi celebrado sob o regime de execução de empreitada por preço global.
Visando preservar a contratação realizada, o Acórdão 1.847/2010-TCU-Plenário (i) permitiu ‘em
caráter excepcional, nos termos do edital da Concorrência 1/2009’, que fosse empreendida
‘redistribuição do valor correspondente ao eventual excesso verificado nos preços unitários para outros
itens da planilha, desde que indicados, expressamente, os itens em que se procedeu à alteração de
preço, e respeitados, após a readequação desta, os limites de preços unitários e global fixados’
(destaques acrescidos); e (ii) comunicou ao Congresso Nacional a reclassificação da IG-R para IG-C
(continuidade). A medida que limitou os preços unitários ao critério de aceitabilidade do edital teve
por objetivo evitar o ‘jogo de planilha’ em eventuais termos aditivos, atribuindo responsabilidade de
monitoramento à Secex/ES (item 9.7), sem prejuízo de se emitir alerta para que o TRT/ES
aperfeiçoasse os editais futuros (item 9.4).
O TRT/ES entrou com pedido de reexame contra algumas das determinações do Acórdão
896/2010-TCU-Plenário, apresentando justificativas para preços praticados em vários itens. Após
apreciar parecer da unidade técnica especializada (Secob-3), o Exmº Ministro-Relator deu provimento
parcial ao recurso, de modo que o Acórdão 3.068/2010-TCU-Plenário, de 17/11/2010, promoveu
alguns ajustes nas determinações do acórdão recorrido, a exemplo do aceite de preços medianos
712

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

obtidos em cotações de serviços (inexistentes no Sinapi), em detrimento do menor preço, conforme


deliberação anterior. Ao final (item 9.6), o TCU encaminhou cópia da deliberação ao Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
Nova Auditoria foi empreendida no âmbito Fiscobras 2010 (TC-018.078/2010-9), dessa vez pela
então Secob-3. Tendo em vista que não foram detectados novos indícios de irregularidades, além
daquelas já em exame no âmbito do Fiscobras 2008, o Acórdão 2.321/2010-TCU-Plenário, de
8/9/2010, apenas (i) comunicou ao Congresso Nacional que a medida cautelar não mais subsistia e (ii)
determinou que o TC-018.078/2010-9 (Fiscobras 2010) fosse apensado ao TC-024.376/2008-6
(Fiscobras 2008).
Ainda no tocante ao acompanhamento realizado pelo TCU sobre os ajustes nos preços dos
serviços constantes da 3ª etapa da obra do TRT/ES, cabe informar que o TC-030.221/2010-2
(Acompanhamento) foi aberto com o objetivo de registrar as providências efetivamente adotadas pelo
órgão. Nesse processo, foi lançado o Acórdão 3.356/2010-TCU-Plenário, de 8/12/2010, o qual atestou
que quase todas as medidas adotadas haviam sido adequadas, exceto em relação a três serviços
(duplicidade dos ensaios de laboratório de concreto e falta de transparência nas composições de preços
das gruas e do revestimento de granito branco). Ao final, o TCU determinou o encaminhamento da
planilha orçamentária revisada pelo TRT/ES.
O processo TC-024.376/2008-6 (Fiscobras 2008) foi conduzido pela Secex/ES, com pareceres de
então Secob. Ao final, despacho do Relator determinou apensamento ao TC-030.221/2010-2
(Acompanhamento).
Ao verificar o cumprimento da determinação constante do Acórdão 3.356/2010-TCU-Plenário, a
então Secob-1 apontou que ‘o TRT da 17ª Região/ES enviou DVD contendo as planilhas
orçamentárias do empreendimento, sem, contudo, detalhar, em todos os casos, as composições dos
custos unitários com as respectivas quantidades e produtividades dos insumos de cada serviço’,
conforme registra a Proposta de Deliberação que fundamentou o Acórdão 672/2012-TCU-Plenário, de
21/3/2012.
Apesar do não encaminhamento integral da documentação analítica demandada, a instrução da
unidade técnica conseguiu apreciar os preços revisados à luz dos patamares de mercado e registrou que
‘as medidas adotadas e as justificativas apresentadas são suficientes para demonstrar a boa-fé dos
gestores, não havendo razão para sancioná-los’ (destaques acrescidos). Esse posicionamento foi
acompanhado pelo Exmº Ministro-Relator, que concluiu: ‘E, assim sendo, a despeito do atendimento
parcial (...), mas diante da boa-fé dos responsáveis e da não ocorrência de danos ao erário, deve ser
dada ciência ao Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região/ES, a respeito da falta de composição
analítica, com nível de detalhamento adequado, identificada na planilha orçamentária encaminhada
(...), em afronta ao disposto no art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993’
(destaques acrescidos). O TC-030.221/2010-2 (Acompanhamento) foi então arquivado pelo mesmo
Acórdão 672/2012-TCU-Plenário.
Superadas as discussões sobre os preços constantes do contrato original assinado para a 3ª etapa
das obras do novo edifício-sede do TRT/ES, discussões essas que duraram mais de dois anos e
envolveram três auditorias (2007, 2008 e 2010) e oito acórdãos do Plenário (entre 2009 e 2012), os
processos que tratavam da obra foram encerrados.
Contudo, em fevereiro/2014, o então Desembargador Presidente do TRT/ES encaminhou
expediente ao TCU solicitando apoio para avaliar a adequação do orçamento das novas fundações das
obras, gerando a abertura do TC-005.676/2014-2. Como o expediente não pôde ser conhecido como
consulta, especialmente por versar sobre caso concreto, a opção vislumbrada foi a de autuar como
Representação.
A instrução de 28/3/2014 registrou que ‘as fundações anteriormente executadas apresentam
falhas tanto construtivas como de projeto, que foram constatadas pelo TRT/17ª Região no decorrer do
ano de 2012’. Com vistas a avaliar possível ocorrência de danos ao erário, a unidade técnica se
debruçou sobre o caso (peça 6 do TC-005.676/2014-2, destaques acrescidos).
713

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Importa registrar ainda que foi a construtora Paulo Octavio, ‘em cumprimento à obrigação
contratual de compatibilização dos projetos’, quem, em menos de um mês após a ordem de início de
obra (pág. 9), constatou as graves inconsistências nos projetos estrutural e na execução das fundações
(2ª etapa), dentre as quais (i) a incompatibilidade das cargas consideradas no projeto estrutural em
relação às necessidades do TRT/17ª Região; (ii) os defeitos nas estacas executadas pela empresa Delta
Construção S.A. e (iii) a necessidade de execução de paredes diafragma para contenção do solo em
todo o perímetro de escavação, de modo que o rebaixamento do nível d’água do subsolo não
provocasse recalque (afundamentos) das edificações vizinhas ao terreno (págs. 9 e 12 do relatório).
Em vista dos graves problemas nas soluções de engenharia de fundações, a instrução da então
SecobEdificação registrou também que as obras estavam ‘paralisadas desde outubro de 2012, com
custos extras de manutenção do serviço de rebaixamento do lençol freático e do canteiro’.
Além disso, foi consignado que o TRT/ES, após os pareceres do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo (IPT/SP) e da empresa Solo Fundações e Geotecnia Ltda., havia adotado as
seguintes providências: (i) abertura de processo administrativo (TRT-MA 1560/2011) para apurar as
responsabilidades das empresas NBC Arquitetura e Construções Ltda. (projetista e supervisora técnica
da 2ª etapa - fundações) e Delta Construção S.A. (executora das fundações); bem como (ii) ingresso de
ação civil, por intermédio da Advocacia-Geral da União (AGU). Com efeito, o relatório do Fiscobras
2015 (pág. 12) amplia a lista de processos administrativos internos do TRT/ES, acrescentando outros
três, mais recentes: MA 287-13, MA 1838-14 e MA 1839-14.
A análise desta unidade técnica especializada registrou, como fundamentos legais acerca da
responsabilidade objetiva das empresas envolvidas: (i) art. 69 da Lei 8.666/1993 (Estatuto de
Licitações e Contratos); (ii) art. 618 da Lei 10.406/2002 (Código Civil); (iii) arts. 2º, 3º, § 1º, e 12 da
Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor); e (iv) art. 16, § 3º, alínea ‘b’, da Lei 8.443/1992
(Lei Orgânica do TCU). Também elencou os Acórdãos 2.242/2008 (item 9.2.1) e 3.144/2001 (item
9.8.2), ambos do Plenário do TCU, além de farta doutrina.
Assinalou ainda a adequada condução do processo de negociação de preços entre o TRT/ES e a
empresa Paulo Octávio, visando substituir por completo as estacas hélice contínuas (abandonadas) por
novas estacas do tipo raiz. O orçamento inicial proposto pela contratada foi da ordem de R$ 22
milhões (base janeiro/2013), mas foi reduzido para cerca de R$ 15 milhões ao final das rodadas de
negociação, ou seja, uma redução de quase 32%.
Contudo, o relatório do Fiscobras 2015, ora apresentado, registra um valor referente às novas
fundações de R$ 17,7 milhões (data-base do contrato, janeiro/2009), ou seja, pouco mais de 16% do
valor inicial do contrato de empreitada a preço global. Esse montante é composto por (i) R$ 14,5
milhões (janeiro/2009), decorrentes do 19º termo aditivo (de 25/6/2014, ou seja, R$ 16,7 milhões
atualizados à data do aditivo), somados a (ii) R$ 3,1 milhões (janeiro/2009), decorrentes do 22º termo
aditivo, assinado sob a justificativa de necessidade de revisão de cargas de projeto (em janeiro/2015,
ou seja, R$ 3,8 milhões na data do aditivo).
Além disso, cabe ressaltar que as novas fundações foram contratadas sob regime de execução por
empreitada a preços unitários (enquanto o contrato original era a preço global). A equipe de auditoria
do Fiscobras 2015 considerou adequadas as justificativas para a mudança do regime de execução
(págs. 16 e 26).
Quando da análise expedita de março/2014, objetivando apreciar a ordem de grandeza dos
preços da nova solução de fundações, a unidade técnica observou que um novo BDI foi adotado (da
ordem de 19%), e que os custos respeitaram o desconto da licitação (da ordem de 2,03%). Importante
destacar a seguinte passagem da instrução (TC-005.676/2014-2, peça 6):
20. Cumpre ressaltar que não há óbice legal em adotar BDI diferente do BDI contratado no caso
de aditivos para inclusão de serviços, haja vista que a Lei 8.666/1993 permite que preços unitários de
serviços novos, se não contemplados no contrato original, sejam fixados mediante acordo entre as
partes (art. 65, § 3º). Entretanto, a Lei resguarda a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
inicial do contrato, razão pela qual a negociação entre as partes deve ser transparente, explicitando que
714

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

se propõe menor retribuição da Administração em face dos novos encargos que recairão sobre a
contratada. (destaques acrescidos)
Apesar de, em sede de cognição sumária, esta unidade técnica não ter contestado o preço final
negociado para os novos serviços (notadamente as estacas raiz), a instrução chamou a atenção do
TRT/ES para vários pontos carentes de melhor fundamentação, a exemplo de (i) possível excesso no
dimensionamento da equipe de administração local para fazer frente à execução das novas fundações,
(ii) falta de transparência dos custos de manutenção do canteiro (‘verba mensal’), (iii) potencialidade
de substituir o insumo de ‘argamassa produzida na obra’ (em betoneiras), relevante componente do
serviço das estacas raiz, pela ‘argamassa dosada em central’ (usinada), a qual apresenta custos menores
(da ordem de 23%), ou, alternativamente, fundamentar técnica e economicamente a escolha; e (iv)
necessidade de justificar tecnicamente o uso de solda do estribo às barras longitudinais (armadura de
compressão em gaiola), onerando o serviço em cerca de 15%.
A unidade técnica registrou, por fim, uma oportunidade de economia da ordem de 2,3% em
relação à nova fundação, propondo o envio dos resultados da análise expedita ‘diante da disposição
demonstrada pelo TRT/17ª Região em implementar eventuais medidas corretivas ou de
aperfeiçoamento’. No que tange ao abandono das estacas construídas na 2ª etapa, ressaltou ainda que
‘nos termos dos arts. 3º e 4º da IN TCU 71/2012, compete originariamente ao TRT/17ª Região a
instauração do processo de tomada de contas especial com vistas a apuração dos fatos, identificação
dos responsáveis e quantificação do dano’. Isso porque, nos termos do preâmbulo do referido
normativo, ‘o Tribunal de Contas da União, na condição de órgão julgador dos processos em que se
apura a ocorrência de dano ao Erário, somente deve ser acionado após a autoridade administrativa
competente ter adotado, sem sucesso, as medidas administrativas necessárias à caracterização ou à
elisão do dano’ (TC-005.676/2014-2, peça 6, destaques acrescidos).
Em seu Despacho (peça 10 do TC-005.676/2014-2), o Exmº Relator anuiu com o entendimento
de que o expediente do TRT/ES não poderia ser conhecido como consulta, porém também não o
conheceu como representação, em vista do não preenchimento dos requisitos de admissibilidade
previstos no art. 235 do Regimento Interno do TCU.
Na sequência, registrou o Relator que ‘até o momento, portanto, a conduta do TRT/17ª Região
afigura-se correta, segundo assinala a própria SecobEdif, não demandando atuação desta Corte de
Contas no exercício do controle externo’, e, assim sendo, determinou que fosse encaminhado o
despacho para conhecimento do TRT/17ª Região, ‘cabendo àquela unidade jurisdicionada usar as
informações constantes da instrução da SecobEdif da forma que entender conveniente’ (destaques
acrescidos). Ao final, consignou o seguinte alerta: ‘deve ser ressalvado, entretanto, que se trata de
exame efetuado em sede de cognição sumária, em que não houve manifestação conclusiva nem deste
relator nem do Tribunal de Contas da União’, pois ‘não compete a este Tribunal, no exercício do
controle externo, manifestar-se previamente sobre a correção da atuação dos órgãos jurisdicionados’
(destaque do original).
Exame técnico
Como pode ser visto de todo o histórico de acompanhamento das obras pelo TCU, uma série de
problemas graves foram atribuídos às etapas de planejamento das obras. Embora tais problemas
tenham outrora dado ensejo até mesmo à proposta de classificação da obra como IG-R (em 2008), há
que se reconhecer que os obstáculos técnicos vêm sendo superados pelas equipes do TRT/ES ao longo
dos mais de sete anos. Não obstante, essa superação de forma alguma obsta a necessidade de conclusão
das análises em cursos pelo TRT-ES que visam a responsabilização e o ressarcimento pelo dano
decorrente das falhas de projeto e de execução na obra em destaque.
Adentrando-se no mérito da proposta da equipe de auditoria, o item ‘b’ apresenta o seguinte
encaminhamento:
b) dar ciência ao TRT/17ª Região, com base no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, sobre as
seguintes impropriedades constatadas no contrato 20/2010, firmado com a empresa Paulo Octávio
Investimentos Imobiliários Ltda. para execução da terceira etapa das obras de construção da sua
715

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nova sede, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à mitigação dos seus efeitos, bem
como à prevenção de ocorrências semelhantes:
b.1) a formalização do 19º termo aditivo, que incluiu no escopo do contrato a execução das
novas fundações em estacas do tipo raiz, não se enquadra nas hipóteses do art. 65 da Lei 8.666/1993
e, portanto, configura fuga a procedimento licitatório, em ofensa ao art. 2º da mesma lei;
b.2) os aditivos celebrados não atendem cumulativamente a todos os requisitos definidos no item
8.1, alínea b, da Decisão 215/1999-TCU-Plenário e, portanto, estão sujeitos aos limites estipulados no
art. 65, § § 1º e 2º, da Lei 8.666/1993.
O achado relatado pela equipe - Fuga à licitação por meio de objeto estranho ao licitado -, o qual
ensejou a supracitada proposta, também foi objeto de discordância entre o coordenador e o outro
membro da equipe de fiscalização, notadamente com relação à intepretação da gravidade e ao
encaminhamento a ser dado. Dessa forma, faz-se necessário tecer as seguintes ponderações.
Conforme relatado, o 19º Termo Aditivo trouxe a inclusão dos serviços de estaqueamento ao
Contrato do TRT-17ª Região nº 20/2010. Por não fazer parte do objeto original contratado, a equipe
entendeu que houve afronta ao disposto nos arts. 2º e 65 da Lei 8.666/1993.
Antes de se adentrar no exame da legalidade, cabe registrar a oportunidade e conveniência do
ato, no contexto presenciado pelos gestores daquele tribunal.
Como já mencionado, o empreendimento ora analisado foi dividido em quatro contratos
distintos: projetos; execução de fundações; construção do edifício; e serviços complementares.
No primeiro achado do Relatório - Projeto executivo deficiente ou desatualizado -, de comum
acordo da equipe de fiscalização, foram constatadas deficiências tanto no projeto quanto na execução
nos serviços de fundações, razão pela qual houve a necessidade de se descartar as fundações até então
executadas.
Por conta dos diversos imbróglios resultantes dos citados problemas, a obra ficou paralisada por
quase dois anos, sendo que o custo mensal da obra, no período de indefinição, era da ordem de R$ 177
mil (manutenção do canteiro e preservar a escavação).
Além disso, a equipe menciona que ‘o TRT procedeu pesquisa junto a empresas do ramo, tendo
recebido cinco propostas. Entretanto, nenhuma delas apresentou preço inferior ao orçamento base do
serviço, e algumas não contemplavam os serviços acessórios necessários’.
Diante do contexto apresentado, sem prejuízo do TRT-ES apurar as responsabilidades pelas
irregularidades constatadas no âmbito da 1ª e 2ª etapas, verifica-se que os gestores da 3ª etapa
adotaram conduta diligente, qual seja a de adotar providências, por meio da inclusão dos serviços de
fundação (projeto novo) no contrato de construção do edifício, a fim de dar celeridade à retomada da
execução da obra e de reduzir o alto dispêndio de recursos públicos causados por sua paralisação, bem
como para reduzir os riscos que serviços interdependentes (fundações e superestrutura) possuem, se
formalizados em contratos distintos.
A abertura de novo certame licitatório não somente poderia resultar em maior custo de
contratação, tendo em vista as propostas apresentadas àquele tribunal, como também resultaria em
maior tempo para retomada das obras. Ou seja, tratava-se de alternativa mais gravosa ao órgão, como
alegado por seus gestores.
Consideradas atendidas a oportunidade e conveniência do ato, retoma-se o exame de sua
legalidade.
O art. 2º da Lei 8.666/1993 trata acerca das contratações da Administração Pública, declarando
que devem ser precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas na citada lei. Já o art. 65
dispõe sobre as condições para alteração dos contratos firmados.
Assim, para ter havido fuga ao processo licitatório, haveria a necessidade de se comprovar que o
serviço incluído não se encontra nas hipóteses constantes do art. 65 da aludida lei de licitações.
Conforme consta no inciso I, alínea ‘a’, do supracitado artigo, os contratos poderão ser alterados
unilateralmente pela administração quando houve modificação do projeto, para melhor adequação
técnica aos seus objetivos.
716

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

No caso concreto, foi exatamente o ocorrido: adição de serviços (fundações) tecnicamente


essenciais ao projeto de construção do edifício sede, que é o objetivo a ser alcançado. Cabe ressaltar
que não se trata de descaracterização do objeto; pelo contrário, trata-se de serviço fundamental para a
própria execução do edifício. Tanto é assim que a prática corriqueira do mercado de construção civil é
a contratação da fundação no bojo do restante da edificação propriamente dita (superestrutura,
alvenaria, instalações, acabamento etc.).
O fato de o serviço de fundação ter sido anteriormente contratado separadamente (contrato
rescindido), não configura por si a fuga à licitação. Nesse ponto, há de se considerar a existência de
outro contrato no empreendimento (construção da superestrutura e demais serviços do edifício), o qual
possui estreita conexão com aquele objeto (infraestrutura de fundação), razão pela qual a formalização
de termo aditivo não se mostrou irregular.
Já o § 3º do art. 65 menciona que, como não foram contemplados preços unitários para esses
novos serviços, tais preços serão fixados mediante acordo entre as partes, respeitados os limites
estabelecidos no § 1º do mesmo artigo 65. No presente caso, o limite de 25% foi respeitado, conforme
consta no relatório da equipe de fiscalização.
Além disso, foi verificado também que ‘não se constata indício de sobrepreço no valor
contratado com a Paulo Octavio para o serviço’.
No tocante à aderência do 19º termo aditivo à Decisão 215/1999-TCU-Plenário, sem adentrar no
mérito do atendimento ou não dos pressupostos estabelecidos no item 8.1, ‘b’, da citada Decisão,
verifica-se que os aditivos contratuais somam, até o momento, acréscimo de 22% do valor contratual.
Sendo assim, não há que se falar na ocorrência de irregularidade, uma vez que o limite
estabelecido no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 sequer foi ultrapassado.
Pelo exposto, entendo que, no caso concreto, não houve fuga ao processo licitatório na
formalização do 19º Termo Aditivo, que trouxe a inclusão dos serviços de estaqueamento ao Contrato
do TRT-17ª Região nº 20/2010 (3ª etapa: superestrutura da obra). Além disso, não houve desrespeito
ao limite de 25% para acréscimos ou supressões, no referido contrato, razão pela qual não há que se
manifestar, nesse momento, sobre o atendimento ou não ao item 8.1, b, da Decisão 215/1999-TCU-
Plenário.
Com relação ao item ‘a.1’ da proposta apresentada no presente relatório de fiscalização, entendo
por oportuno realizar pequeno ajuste, a fim de que a conclusão das análises das apurações em curso
naquele TRT/17ª Região não ultrapasse o limite razoável de 180 dias, a contar da ciência da
deliberação que vier a ser proferida.
Submete-se, portanto, o pronunciamento desta subunidade à avaliação superior com a seguinte
proposta de encaminhamento alternativa àquela oferecida pela equipe de fiscalização:
a) determinar ao TRT/17ª Região, com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno
do TCU, que:
a.1) encaminhe ao TCU, no prazo de 30 dias após a conclusão das suas análises, ou em 180 dias
corridos a partir da ciência, o que ocorrer primeiro, o resultado das apurações em curso naquele órgão,
relativas à responsabilização e ressarcimento pelo dano decorrente da inutilização das estacas hélice
contínua projetadas pela NBC Arquitetura e Construções Ltda. e executadas pela Delta Construções
S.A., bem como de eventuais outros danos decorrentes das falhas no projeto estrutural do edifício; e
a.2) caso as apurações em curso não logrem êxito em obter o ressarcimento pelos danos,
providencie a instauração da competente tomada de contas especial, disciplinada pela Instrução
Normativa TCU 71/2012.
b) enviar cópia da deliberação a ser proferida, bem assim do relatório e do voto que a
fundamentarem, para o Conselho Nacional de Justiça, atualizando as informações repassados pelo
Acórdão 3.068/2010-TCU-Plenário, e também para o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, com
vistas à adoção das providências que julgar pertinentes, no âmbito de suas competências, para o
controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário, conforme art. 103-B, § 4º, da
Constituição Federal de 1988, e a redação da Emenda Constitucional 45, de 30 de dezembro de 2004;
717

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) autorizar o arquivamento dos presentes autos, sem prejuízo do monitoramento, em processo


apartado, das determinações e recomendações contidas no item ‘a’.”

4. O Secretário da unidade instrutiva manifestou-se de acordo com a proposta formulada pelo


Diretor acima citada (peça 27).

É o relatório.

VOTO

Os autos tratam de auditoria realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região -


TRT/ES, em Vitória/ES, no âmbito do Fiscobras 2015, em cumprimento ao Acórdão 1.184/2015 -
Plenário (TC-029.823/2014-5), com o objetivo de fiscalizar a regularidade dos atos relativos à
construção do novo edifício-sede do órgão.
2. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante aproximado de R$ 181.228.314,66,
considerando o somatório dos contratos que foram objeto da presente fiscalização.
3. O empreendimento foi subdividido em quatro etapas: elaboração dos projetos executivos
(NBC Arquitetura e Construções Ltda.), execução das estacas de fundação do edifício (Delta
Construções S.A.), construção do edifício propriamente dito e execução de serviços complementares
(e. g. marcenaria, comunicação visual, instalações de controle de acesso, circuito fechado de TV,
sonorização).
4. Atualmente a obra se encontra na fase de construção do edifício, tendo sido contratada a
empresa Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda. para realização dos serviços, em 16/10/2010.
O contrato nº 20/2010, correspondente ao empreendimento, inicialmente foi celebrado no valor de
R$ 108.519.331,33, e alterado por meio de 22 termos aditivos (vários se referem à continuidade dos
serviços de rebaixamento do lençol freático e administração local da obra no período de paralisação. O
término desta etapa está previsto para até 29/7/2017 e o percentual executado até o dia 13/6/2015 era
de 17,81%, conforme a 49ª medição.
5. A unidade instrutiva alerta que a obra em questão já foi objeto de outros julgados desta Corte,
tendo sido salientado que as determinações exaradas foram cumpridas (Acórdão 672/2012-Plenário).
6. No presente Relatório de Fiscalização constam os seguintes achados de auditoria:
6.1. Projeto executivo deficiente ou desatualizado, e
6.2. Fuga à licitação por meio de inclusão de objeto estranho ao licitado.
7. Em relação ao item 6.1, a equipe de auditoria registrou que, após a empresa Paulo Octávio ter
apontado falhas no projeto e alegado a inviabilidade técnica de execução das escavações conforme
previsto inicialmente, o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região contratou o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT, para execução de perícia para avaliar a
adequação do projeto, no valor de R$ 285.000,00. A perícia técnica realizada apontou que as falhas no
projeto estrutural do edifício, a adoção de estaca inadequada para o tipo de solo da região, a
insuficiência da investigação geotécnica preliminar e outras falhas evidenciaram, de fato, a deficiência
do projeto executivo da obra. As consequências dessas falhas, implicaram na inutilização total do
estaqueamento executado na segunda etapa das obras.
8. Diante disso, o Tribunal contratou a empresa Solo Fundações e Geotécnica S/S Ltda., pelo
valor de R$ 102.700,00, para confeccionar um novo projeto de estaqueamento, implicando na
paralisação da obra por quase dois anos.
9. Após os ajustes correspondentes, o TRT/ES assinou termos aditivos com a empresa Paulo
Octávio Investimentos Imobiliários Ltda., que resultaram no aumento de despesa de aproximadamente
R$ 24 milhões.
718

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Diante desse quadro, a equipe de auditoria considerou, assim, que as falhas de projeto,
associadas a uma execução deficiente do estaqueamento, implicaram na total falta de aproveitamento
das fundações executadas na segunda etapa da obra. Estimou o dano ao erário em R$ 4.7 milhões,
referentes aos contratos com as empresas NBC Arquitetura e Construções Ltda. (R$ 733.885,78) e
Delta Construções S.A. (R$ 3.972.844,47), respectivamente, o projetista e a construtora que executou
as estacas. No entanto, informou que já estão sendo adotadas as medidas no âmbito do TRT/ES para
reposição do dano ao erário, bem como que já houve uma análise preliminar dos valores praticados na
nova contratação dos serviços de fundação, no âmbito do TC-005.676/2014-2, por meio de Despacho
do eminente Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
11. Quanto ao achado referido no item 6.2, consta do Relatório de Auditoria que a inclusão de
serviços referentes ao novo estaqueamento não fazia parte do objeto originalmente contratado, em
afronta ao disposto nos arts. 2º e 65 da Lei 8.666/1993. Sobre esse aspecto, a equipe informou que o
termo aditivo: (I) tratou de serviço para o qual a contratada se declarou não qualificada para executar
(estacas tipo raiz), (II) considerou regime de execução diferente do previsto no contrato (empreitada
por preço unitário em contraposição à empreitada por preço global) e (III) foi indevidamente
enquadrado nas hipóteses da Decisão 215/1999-TCU-Plenário.
12. Em sua análise não acolheu as justificativas no sentido de que: (I) a fundação é parte
integrante da edificação, (II) o objeto do aditivo é um serviço indispensável para a execução da obra,
(III) é conveniente que o próprio contratado para execução da obra assuma a execução das fundações,
e (IV) a inclusão desses novos serviços não desnatura o objeto inicial do contrato. Contudo,
considerando as condições da obra, as dificuldades do TRT/ES para contratar empresa para fazer esse
novo serviço de estaqueamento, a ausência, em princípio, de indício de sobrepreço (inclusive com
ajustes indicados no âmbito do TC-005.676/2014-2), a subcontratação dos serviços pela empresa Paulo
Octávio e maior adequabilidade da medição unitária, ponderou ser justificável o objetivo de concentrar
a responsabilidade do empreendimento em uma única empresa e de dar celeridade à execução dos
serviços já demasiadamente atrasados.
13. A equipe ressalvou, também, que o termo aditivo que contratou os novos serviços de
estaqueamento, no valor de R$ 16.693.374,75 (data-base jun/2014) não atendeu aos pressupostos I, II,
III e VI da alínea “b” do item 8.1 da Decisão 215/1999-TCU-Plenário.
14. Assim, por não atender aos pressupostos acima referidos, concluiu que a formalização do 19º
termo aditivo ao Contrato 20/2010 não atendeu aos critérios do art. 65 da Lei 8.666/1993,
configurando fuga ao procedimento licitatório, em ofensa ao art. 2º da mesma lei. Todavia, considerou,
à vista dos elementos colhidos e das circunstâncias existentes na obra, a gravidade da irregularidade
poderia ser atenuada, sendo suficiente dar ciência ao TRT/ES sobre a ocorrência. Não obstante,
registrou que, como foram executados apenas 18% da obra, há alto risco quanto ao limite legal da
celebração de aditivos ao contrato.
15. Por fim, o relatório de auditoria registrou que o 19º termo aditivo foi considerado, pelo
TRT/ES, como sendo um aditivo de qualidade, enquadrado nos termos da Decisão 215/99-TCU-P, e,
por essa razão, não estaria sujeito ao limite de 25% estabelecido pela Lei 8666/1993.
16. Diante de todo esse contexto, concluiu propondo:
a) determinar ao TRT/ES que encaminhe ao TCU o resultado da apuração da responsabilização
do dano ao erário, no prazo de 30 dias após a conclusão da análise, providenciando a instauração da
TCE, se for o caso;
b) dar ciência ao TRT/ES quanto às impropriedades constatadas:
b.1) o 19º termo aditivo não se enquadra nas hipóteses do art. 65 da Lei 8.666/1993,
configurando fuga a procedimento licitatório; e
b.2) os aditivos celebrados não atendem cumulativamente a todos os requisitos definidos no
item 8.1, alínea “b”, da Decisão 215/1999-TCU-Plenário e, portanto, estão sujeitos aos limites
estipulados no art. 65, § § 1º e 2º, da Lei 8.666/1993.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. O Diretor da SeinfraUrbana, em proposta acolhida pelo Secretário, discordou do item “b” da
proposta acima citada. Registrou que a obra ficou paralisada por quase dois anos, sendo que seu custo
mensal, no período de indefinição, era da ordem de R$ 177 mil (manutenção do canteiro e preservação
da escavação). Ressaltou, ainda, a informação apresentada pela equipe de auditoria de que o TRT/ES
fez pesquisa com cinco empresas do ramo sobre os serviços de estaqueamento, e das cinco propostas
obtidas, nenhuma, pelo que ficou demonstrado no processo, apresentou preço inferior ao orçamento-
base do serviço.
18. Por outro lado, considerou que, sem prejuízo de o TRT-ES apurar as responsabilidades pelas
irregularidades constatadas no âmbito da 1ª e 2ª etapas, no seu entendimento, os gestores da 3ª etapa
adotaram providências, por meio da inclusão dos serviços de fundação (projeto novo) no contrato de
construção do edifício, retomando a execução da obra, reduzindo o dispêndio de recursos públicos
causados por sua paralisação e os riscos que serviços interdependentes possuem (fundações e
superestrutura), se formalizados em contratos distintos. Ponderou, ainda, que a abertura de nova
licitação, a seu ver, seria uma alternativa possivelmente mais gravosa para o órgão.
19. Adicionalmente, o Diretor da SeinfraUrbana considerou não ter havido fuga ao processo
licitatório, pois, comprovado que o novo serviço de estaqueamento (19º termo aditivo) representa a
adição de serviços (fundações) tecnicamente essenciais ao projeto de construção do edifício-sede, não
se tratando de descaracterização do objeto. Considerou, ainda, que este caso se enquadra no inciso I,
alínea “a”, do art. 65 da Lei 8.666/1993. Acrescenta que, sem adentrar no mérito do atendimento ou
não dos pressupostos estabelecidos no item 8.1, “b”, da Decisão 215/1999-TCU-Plenário, os aditivos
contratuais somam, até o momento, acréscimo de 22% do valor da avença, tendo sido, no seu
entendimento respeitado o limite de 25%.
20. Assim, o referido dirigente, em manifestação acolhida pelo Secretário da unidade, propôs:
a) determinar ao TRT/ES que encaminhe ao TCU o resultado da apuração da responsabilização
do dano causado ao erário, no prazo de 30 dias após a conclusão da análise, ou em 180 dias corridos a
partir da ciência, o que ocorrer primeiro, providenciando a instauração da TCE, se for o caso;
b) encaminhar cópia da deliberação ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Superior da
Justiça do Trabalho;
c) arquivar os presentes autos, sem prejuízo do monitoramento, em processo apartado.
21. Como se verifica do histórico acima, quando do início da 3ª etapa de construção do edifício-
sede do TRT/ES, a empresa contratada Paulo Octávio Ltda. para executar o objeto alegou falhas na
execução da 2ª fase, relacionadas à fundação. Tais falhas foram confirmadas por perícia técnica
contratada pelo TRT/ES. A solução adotada foi, após pesquisa de preços, por meio de termo aditivo,
contratar a referida empresa para execução desses novos serviços.
22. A divergência entre a equipe de auditoria e o Diretor e o Secretário da SeinfraUrbana está na
ocorrência ou não de fuga ao procedimento licitatório. Para a equipe, tal contratação deveria ter sido
precedida de licitação, estando sujeita ao limite de 25% previsto no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, e
não se enquadrando na Decisão 215/1999-Plenário. Para o Diretor e o Secretário, não houve fuga ao
procedimento licitatório, pois, como dito, se trata de hipótese de alteração unilateral do contrato,
previsto na alínea “a” do inciso I do art. 65 da referida Lei. Os dirigentes da unidade entenderam que
os aditivos contratuais representaram acréscimo de 22%, não tendo sido ultrapassado o limite legal,
razão pela qual não se manifestaram, nesse momento, sobre o atendimento ou não do item 8.1, “b”, da
Decisão 215/1999-Plenário.
23. Manifesto-me de acordo com a análise e proposta do Diretor e Secretário da unidade
instrutiva.
24. Em relação ao achado constante do item 6.1, a unidade técnica apurou que o TRT/ES está
adotando as medidas administrativas referentes à responsabilização e ressarcimento decorrente da
irregularidade em tela. Considero adequada a proposta de conceder prazo para que sejam
encaminhadas informações ao TCU sobre tais medidas.
720

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

25. Quanto ao achado citado no item 6.2, entendo, em sintonia com o Diretor e o Secretário da
SeinfraUrbana, ser razoável que os novos serviços de fundação possam ser enquadrados no art. 65,
inciso I, alínea “a”, da Lei 8.666/1993. Esta opção adotada pelos gestores do TRT/ES permite que os
serviços interdependentes, de fundação e de superestrutura, estejam sob a responsabilidade da mesma
empresa.
26. Concordo com os dirigentes da secretaria técnica no sentido de que, para o caso em concreto,
não havendo, em princípio, indício de sobrepreço, e tendo em vista: (I) a paralisação da obra e os
custos dela decorrentes, (II) a demora para elaboração e realização para novo procedimento licitatório,
e (III) os eventuais riscos/problemas advindos da execução de serviços interdependentes por empresas
diferentes, como foi o caso da obra em tela, resta justificada a conduta dos gestores do TRT/ES para
incluir no contrato então existente.
27. Relativamente ao enquadramento da nova contratação dos serviços de fundação no limite de
25% previsto no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, considerando que, até o presente momento, houve
acréscimo de 22% ao contrato, não há, em princípio, a meu ver, falha passível de manifestação deste
Tribunal.
28. Informo que recebi no meu gabinete, no início da tarde de hoje, solicitação do TRT/17ª
Região para retirada do processo de pauta sob a alegação de que o referido Tribunal não foi
cientificado sobre o Relatório de Auditoria em análise. Requer a concessão de um prazo de 45
(quarenta e cinco) dias para se manifestar sobre as conclusões da fiscalização, em respeito aos
princípios do contraditório e da ampla defesa (peça 28).
29. De início, cabe lembrar trecho das Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União,
encaminhado pela SeinfraUrbana, e que trata do assunto em tela:
“145. Nas auditorias operacionais, a regra é submeter o relatório preliminar aos comentários dos
gestores, inclusive os achados, as conclusões e as propostas de encaminhamento formuladas pela
equipe.
Nas demais auditorias, o encaminhamento do relatório preliminar aos gestores é obrigatório se
houver achados de alta complexidade ou de grande impacto, e opcional nas demais situações, a critério
do dirigente da unidade técnica.
Nessas auditorias, em regra, o relatório preliminar a ser encaminhado deve conter os achados e
as conclusões da equipe, cabendo ao titular da unidade decidir quanto à necessidade, oportunidade e
conveniência de incluir as propostas de encaminhamento formuladas pela equipe.
Em todos os casos, as propostas de encaminhamento não devem ser incluídas no relatório
preliminar a ser comentado caso a sua divulgação coloque em risco os objetivos da auditoria.”

30. Em segundo lugar, ressalto que se trata de processo do Fiscobras 2015, em que há prazo a ser
cumprido para deliberação.
31. Assim, não havendo a obrigatoriedade da oitiva, havendo prazo para julgamento e não
havendo, por ora, achados de alta complexidade ou impacto, indefiro o pedido.
Feitas essas considerações, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto
à apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2742/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-014.137/2015-1
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região/ES.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
721

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Representante do Ministério Público: não atuou.


7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Tribunal Regional do
Trabalho da 17ª Região - TRT/ES, em Vitória/ES, no âmbito do Fiscobras 2015, em cumprimento ao
Acórdão 1.184/2015 - Plenário (TC-029.823/2014-5), com o objetivo de fiscalizar a regularidade dos
atos relativos à construção do novo edifício-sede do órgão,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, nos termos dos arts. 250, inciso
II, do RI/TCU, e 2º da Resolução TCU 265/2014, que:
9.1.1. encaminhe ao TCU, no prazo de trinta dias após a conclusão das análises, o resultado das
apurações em curso naquele órgão, relativas à responsabilização e ressarcimento pelo dano decorrente
da inutilização das estacas hélice contínua, projetadas pela NBC Arquitetura e Construções Ltda. e
executadas pela Delta Construções S.A., bem como de eventuais outros danos decorrentes das falhas
no projeto estrutural do edifício; e
9.1.2. caso as apurações em curso não logrem êxito em obter o ressarcimento pelos danos,
providencie a instauração da competente tomada de contas especial, disciplinada pela Instrução
Normativa TCU 71/2012;
9.2. enviar cópia desta deliberação, bem assim das peças que a fundamentam, ao Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região e ao Conselho Nacional de Justiça, atualizando as informações
repassados pelo Acórdão 3.068/2010-TCU-Plenário, e também para o Conselho Superior da Justiça do
Trabalho, com vistas à adoção das providências que julgar pertinentes, no âmbito de suas
competências,
9.3. autorizar o arquivamento dos presentes autos, sem prejuízo do monitoramento, em processo
apartado, da determinação contida no item 9.1 desta deliberação.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2742-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE V - Plenário


TC-017.635/2014-4
Natureza: Auditoria
Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há
722

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

SUMÁRIO: AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). GOVERNANÇA E


GESTÃO DAS AQUISIÇÕES. DEFICIÊNCIAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO. DEFICIÊNCIAS OU AUSÊNCIA DE
MECANISMOS, INSTRUMENTOS E PRÁTICAS RELACIONADAS AO TEMA. RECOMENDAÇÕES.
DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o Relatório de Fiscalização 444/2014 (peça 50) elaborado por equipe de
auditoria da Selog, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica.

“1. Apresentação
1. Em 27/3/2013, por meio da Ata 9 do Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), foi
aprovado o Plano de Controle Externo de 2013/2014, contemplando 49 linhas de ação que impactam
diretamente dez objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal, para o quadriênio 2011-2015,
relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos no plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação de ações que promovam o aprimoramento de ações de controle voltadas à melhoria do
desempenho da Administração Pública (Objetivo Estratégico VI).
3. Ainda segundo o plano, impacta no objetivo supra a linha de ação treze, descrita a seguir:
Avaliar a governança e a gestão no Sistema único de Saúde (SUS), na segurança pública, na
defesa nacional, na previdência complementar, na sistemática de descentralização de recursos federais,
nas universidades públicas federais e nos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, nos
setores de pessoal, de tecnologia da informação e de aquisições, dentre outras áreas. (grifos nossos)
4. Em consonância com essa linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de avaliar se as práticas de governança
e de gestão de aquisições públicas adotadas pela Administração Pública Federal estão de acordo com a
legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade
orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos
resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações ficou a cargo de cinco Secretarias de
Controle Externo (Secex) dos estados (AM, CE, PA, PE, RJ) e da SefidEnergia, além da própria Selog.
6. O trabalho abrangeu os temas governança das aquisições, controles da gestão das aquisições,
controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e controles internos e conformidade
das contratações. No tema governança das aquisições, foram avaliados controles nos componentes
liderança, estratégia e controle. No tema controles da gestão, foram avaliados controles nos
componentes planos, processos e pessoas. No tema controles internos e conformidade das
contratações, foram avaliados processos de contratações relacionados à terceirização dos serviços de
limpeza, vigilância e transporte de pessoas.
7. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em critérios de
relevância, materialidade, risco e oportunidade, conforme informações constantes do
TC-016.816/2014-5.
8. Esta FOC é sequência do trabalho realizado no TC-025.068/2013-0 (ainda não apreciado), que
consistiu no levantamento da situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública
Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013), por meio do qual 376 organizações da
Administração Pública Federal informaram sua situação, por meio de questionário eletrônico (mais
informações em http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes).
9. O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Selog no Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
2. Introdução
723

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1 Deliberação
10. A presente fiscalização foi autorizada mediante despacho do Ministro-Relator Augusto
Sherman, proferido no âmbito do TC-016.816/2014-5 (peça 6). No referido despacho, foi aprovada a
sistemática geral da FOC, além de duas auditorias pilotos, sendo que este trabalho corresponde a uma
dessas auditorias pilotos.
2.2 Visão geral do objeto
11. Governança das aquisições consiste no conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com
objetivo que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis.
12. De forma mais detalhada, a governança das aquisições tem por objetivo:
a) alinhar as políticas e as estratégias de gestão das aquisições com as prioridades do negócio da
organização em prol de resultados;
b) assegurar a utilização eficiente de recursos;
c) otimizar a disponibilidade e o desempenho dos objetos adquiridos;
d) mitigar riscos;
e) auxiliar a tomada de decisão;
f) assegurar o cumprimento dos papeis e das responsabilidades e a transparência dos resultados.
13. Com respeito à distinção entre governança e gestão das aquisições, cabe frisar que não são
sinônimos, embora sejam complementares e interdependentes. Governança refere-se à definição do
que deve ser executado (direção), e gestão refere-se à forma como se executa. Por exemplo, diversas
organizações (e.g., IBGC, GAO e OCDE) preconizam que uma boa prática de governança é
estabelecer política (diretrizes) para a gestão de riscos (inclusive das aquisições). Entretanto, a
implementação dessa política não é função da governança, e sim da gestão. Já o controle da gestão é
função da governança, ou seja, a gestão deve ser monitorada quanto ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e quanto aos resultados obtidos.
14. A abordagem do presente trabalho consiste em verificar, por meio da avaliação de controles
internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes substantivos
(inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com deficiências não
contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
15. Com respeito aos contratos avaliados, optou-se por escolher os contratos para prestação de
serviços de limpeza e vigilância. A escolha decorreu dos seguintes critérios:
a) relevância: há relevância social que consiste no risco de inadimplência das obrigações
trabalhistas e previdenciárias com os trabalhadores contratadas para a prestação desses serviços na
APF;
b) materialidade: os contratos de terceirização consomem boa parte do orçamento de custeio das
organizações públicas;
c) risco: constantemente os meios de comunicação dão notícia de problemas decorrentes do
inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias desses contratos;
d) oportunidade: com a prolação do Acórdão 1.214/2013-Plenário, diversas orientações para dar
maior robustez a esses contratos foram proferidas, sem que o TCU tenha averiguado se estão sendo
seguidas e se surtiram efeito.
2.3 Objetivo e questões de auditoria
16. O objetivo geral desta fiscalização foi avaliar se as práticas de governança e de gestão de
aquisições públicas adotadas pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) estão
de acordo com a legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
17. Como objetivos específicos, podem-se citar:
a) avaliar a existência de deficiências nas práticas de governança e gestão das aquisições,
utilizando a legislação aplicável e as boas práticas como parâmetro;
b) ratificar (ou retificar) as informações apresentadas pelo TJDFT em resposta ao levantamento
do perfil de governança das aquisições realizado pelo TCU em 2013;
724

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) avaliar a existência de deficiências nos controles internos em nível de atividade no processo de


aquisição;
d) avaliar aspectos de conformidade das contratações de serviços terceirizados de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas;
e) avaliar a possível contribuição das deficiências nos controles para a ocorrência de
desconformidades nas contratações.
18. Dessa forma, com base no objetivo da fiscalização, foram elaboradas doze questões de
auditoria, a saber:
a) Q1. As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
b) Q2. A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
c) Q3. Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
d) Q4. O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições?
e) Q5. A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
f) Q6. Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
g) Q7. Os estudos técnicos preliminares contribuem para assegurar a viabilidade da contratação?
h) Q8. Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela
terceirização do serviço?
i) Q9. O termo de referência contém elementos que contribuem para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
j) Q10. A seleção do fornecedor é executada de forma a contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
k) Q11. A gestão do contrato é realizada de forma contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
l) Q12. Há controles internos compensatórios em nível de atividade no processo de aquisição
adequados?
19. A questão de auditoria oito não foi aplicada ao TJDFT, uma vez que trata da elaboração de
plano de trabalho para contratações de serviços, obrigação contida no Decreto 2.271/1997, art. 2º, o
qual não é cogente aos órgãos do poder judiciário.
2.4 Metodologia
20. Para a realização deste trabalho, que tem natureza de auditoria integrada (operacional e
conformidade), foram observados os documentos intitulados ‘Padrões de Auditoria de Conformidade’,
aprovado pela Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009, ‘Manual de Auditoria Operacional’, aprovado pela
Portaria-Segecex 4, de 26/2/2010; ‘Orientações para fiscalizações de Orientação Centralizada’,
aprovado pela Portaria-Adplan 2, de 23/8/2010; e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovada
por meio da Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de
30/6/2011. Em especial, a estrutura do relatório foi baseada no ‘Manual de Auditoria Operacional’.
21. Durante a fase de planejamento da FOC, a Selog, unidade técnica orientadora dos trabalhos,
definiu as questões, os procedimentos de auditoria e os possíveis achados com o seguinte
embasamento:
a) questões de auditoria um a seis e doze, com base nos itens do questionário utilizado no
levantamento relativo ao perfil de governança de aquisições de 2013;
b) questões sete a onze, com base no documento Riscos e Controles nas Aquisições (RCA),
publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog, menu ‘Riscos e Controles nas Aquisições’)
em atenção ao Acórdão 1.321/2014-Plenário.
22. Como resultado dessa fase, foram geradas as matrizes de planejamento e de achados-padrão
das auditorias. Essas matrizes foram aperfeiçoadas com a participação das unidades envolvidas na
FOC durante workshop, realizado presencialmente em Brasília e por meio de vídeo conferência nos
estados participantes.
23. A fim de obter evidências que possibilitassem a avaliação das informações fornecidas em
resposta ao Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, foi encaminhado
725

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ao TJDFT o Ofício 1.382/2014-TCU/Selog, de 3/7/2014, o qual solicitou documentos e informações


sobre os objetos analisados nesse trabalho (peça 8).
24. Durante a execução, foram aplicados procedimentos de análise documental e entrevistas.
Também foram solicitadas informações adicionais por meio dos Ofícios de Requisição 1-444/2014 e
02-444/2014 (peças 9 e 18).
25. Concomitante à execução dos procedimentos e registro dos achados, as conclusões
preliminares a que chegava a equipe de auditoria eram discutidas com o supervisor do trabalho, bem
como com os interlocutores designados pelo TJDFT.
26. Outro procedimento sistematizado foi a avaliação da existência ou não de divergência, para
os pontos avaliados nas seis primeiras questões, entre a situação declarada no Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - Ciclo 2013 e a situação encontrada na organização, registrado
em papel de trabalho padronizado.
27. Já na reunião de encerramento, foram apresentados os entendimentos a que tinha chegado a
equipe, esclarecendo aos gestores, na oportunidade, o caráter preliminar dessas conclusões, ainda
sujeitas a mudanças em face do aprofundamento da análise e de novos elementos eventualmente
apresentados.
28. O relatório preliminar de auditoria foi submetido aos comentários do gestor, por meio do
Ofício 0376/2015-TCU/Selog (peça 47), conforme prevê os parágrafos 145 e 146 das Normas de
Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela Portaria - TCU 280/2010. Em
resposta, o TJDFT remeteu o Ofício GSG 14.489 (peça 49), cujas considerações foram avaliadas e
geraram ajustes no relatório preliminar.
29. O ofício que solicitou os comentários do gestor também incentivou a identificação das
possíveis causas das deficiências nos controles de governança e de gestão das aquisições, a fim de
contribuir para análise acerca das propostas de encaminhamento a serem feitas neste e no relatório de
consolidação. Para cada achado identificado, o gestor foi orientado a escolher uma ou mais dentre as
seguintes possíveis causas: 1. Impossibilidade legal; 2. Falta de orientação; 3. Desconhecimento sobre
o tema; 4. Pouca cultura com respeito a riscos e controles; 5. Relação custo/benefício desfavorável; 6.
Falta de pessoal; 7. Falta de capacitação adequada; 8. Outras. As causas apontadas pelo gestor (peça
49, p. 60) foram incorporadas ao relatório.
30. A fim de aprimorar o questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, a equipe
de auditoria também avaliou a consistência de 51 itens do questionário, registrando divergência entre a
situação declarada e a situação encontrada em papel de trabalho.
31. O ofício que solicitou os comentários do gestor também solicitou a identificação das
possíveis causas das divergências, entre a situação declarada no questionário e a situação encontrada
pela equipe. Para cada questão cuja resposta foi considerada divergente, o gestor foi orientado a
escolher uma ou mais dentre as seguintes possíveis causas: 1. Interpretação diversa da apresentada pela
equipe de auditoria; 2. Não conhecimento do assunto contido da pergunta; 3. Erro material (marcação
errada); 4. Resposta fornecida com base em informação que veio da área imprópria. As causas
apontadas pelo gestor foram acostadas aos autos (peça 49, p. 62-63) e servirão de subsidio para que a
Selog aperfeiçoe o questionário para os próximos ciclos de levantamento.
32. Além de dispositivos constitucionais, legais e infralegais, foram utilizados como principais
critérios os do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - Gespública. Também
foram utilizados como critério o Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros modelos internacionais aplicáveis à governança
e à gestão de aquisições, tais como: o publicado pela Federação Internacional de Contadores
(Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective) e o utilizado pelo Government
Accountability Office (GAO), Entidade de Fiscalização Superior dos E.U.A. (Framework for
Assessing the Acquisition Function at Federal Agencies).
33. Registre-se que o arcabouço normativo que trata de controles ligados à governança e gestão
das aquisições cogente às organizações públicas federais é muito incipiente, como se pode observar no
726

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

documento contendo a fundamentação das perguntas do perfil de Governança e Gestão das Aquisições
- ciclo 2013, base das questões e procedimentos desta parte da auditoria, que pode ser consultado em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes. Esse documento contém o mapeamento dos excertos das
normas, jurisprudência e boas práticas que fundamentaram as perguntas do Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, de forma que se opta, neste relatório, por citar, sem
transcrever, os critérios de auditoria utilizados para caracterizar os achados de auditoria relatados a
seguir, uma vez que podem ser consultados na URL http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
34. Assim, este trabalho valeu-se de considerar ‘critérios emprestados’ com base no seguinte
procedimento: para os achados de conformidade, cujo critério utilizado se aplica ao ente auditado,
foram propostas determinações; para os achados em que o critério não se aplica ao ente auditado,
foram propostas recomendações. Da mesma forma, para os achados de governança, cujos critérios
foram retirados de modelos e referenciais de boas práticas, tendo em vista ausência de normativos
sobre o tema, também foram feitas recomendações.
35. Desse modo, não há proposta de determinações ao auditado com base em critérios que não
são vinculantes para ele. Nesse caso, os critérios serviram somente como base para propostas de
recomendação. Por exemplo, caso o critério identificado se encontre em uma Instrução Normativa da
SLTI, que não é cogente ao TJDFT, utilizou-se o critério para fundamentar uma recomendação.
36. Como um dos objetivos específicos deste trabalho foi avaliar a existência de deficiências nos
controles, foi utilizado o termo deficiências para iniciar o título de achados dessa natureza,
caracterizando situações onde tais controles não estão adequados, expondo a organização a riscos,
portanto, suscitando uma necessidade de melhoria por parte da organização. Por racionalidade na
redação dos achados, a fim de padronizar o título dos achados em todas as fiscalizações da FOC e
evitar a duplicação da quantidade de achados-padrão, o termo deficiências foi usado indistintamente
para os casos em que o controle existe, mas carece de aperfeiçoamento, bem como para os casos de
inexistência, nos quais o controle não estava implantado.
37. Nesses casos, as recomendações ou determinações foram direcionadas precipuamente ao
aperfeiçoamento dos processos de trabalho, por meio da criação ou adequação de controles internos
que reduzam o impacto ou a probabilidade da ocorrência de eventos de risco nas aquisições realizadas
pela organização.
38. Por fim, considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em todas as organizações, propôs-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura
mais preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que, nesta auditoria no TJDFT, optou-se pela não
responsabilização de gestores apesar da grande quantidade de falhas identificadas.
2.5 Limitações
39. Não houve qualquer limitação ou restrição aos trabalhos que mereçam registro.
2.6 Volume de Recursos Fiscalizados (VRF)
40. O VRF alcançou o montante de R$ 44.306.619,60. Foi considerado, para fins de volume de
recursos fiscalizados, a soma dos valores anuais dos contratos 062/2010 (limpeza), 115/2011
(transporte) e 223/2012 (vigilância armada), fiscalizados nesta auditoria.
41. As deliberações propostas neste relatório não impactarão as contas da organização
fiscalizada.
3. Achados de Auditoria
42. Nesta seção serão apresentados os achados de auditoria de forma agrupada, por questão de
auditoria. Para cada questão de auditoria foi também incluído um pequeno texto introdutório.
Q1. As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
43. Sobre o componente liderança, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que
assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas
727

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das


organizações e liderando os processos de trabalho.
44. No componente liderança, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) A organização executa processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da função de
aquisições considerando as competências para as atividades;
b) A organização executa avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições, a
fim de verificar se os recursos humanos estão em quantidade e com a qualificação adequada às suas
atribuições;
c) Há um código de ética implantado, divulgado e monitorado;
d) A autoridade máxima exerce a liderança organizacional, estabelecendo objetivos, indicadores
e metas para a gestão das aquisições.
45. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.1 Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de aquisições
Situação encontrada
46. O item A.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de processo
formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades.
47. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 10, folha 1), o TJDFT declarou que não realiza tal
processo.
Causas
48. Não identificada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
49. Seleção de pessoal não qualificado para desempenhar funções chave da área de aquisições
(efeito potencial).
Critérios
50. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
51. Gespública, item 6.1 - B.
Evidências
52. Resposta ao item A.1 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 10, p. 1).
Conclusão da equipe:
53. A organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio
de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das
atividades.
54. Registre-se que, mais importante que a formalização do processo de escolha das pessoas para
a ocupação dos cargos, é que esta escolha se dê em função das competências necessárias para a
execução dos encargos, ponto no qual focaremos a proposta de melhoria.
Proposta de encaminhamento:
55. Recomendar ao TJDFT que discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de
aquisições, incluindo às funções de liderança, em especial à função de principal dirigente responsável
pelas aquisições, considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais necessárias
para essas funções.
3.2 Deficiências na implantação de código de ética
Situação encontrada
56. O item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se
organização adota código de ética, prevendo sua aplicação a todas as pessoas (servidores, empregados,
gestores, colaboradores), inclusive os membros da alta administração.
57. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 2), o TJDFT declarou que não adota tal prática.
Causas
58. Não identificada.
Efeitos/Consequências do achado
728

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

59. Atores da função de aquisição adotarem condutas inadequadas nos processos ligados às
aquisições (efeito potencial).
Critérios
60. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 6.1.
61. Ifac (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 070.
62. Decreto 6.029/2007, arts. 15, 16 e 24.
63. Decreto 6.029/2007, art. 7º, II, d.
64. Decreto 6.029/2007, art. 5º.
65. Decreto 1.171/1994, art. 2º e XVI do Anexo II.
66. Decreto 6.029/2007, art. 7º, § 1º.
Evidências
67. Resposta do TJDFT ao item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 10, p. 2).
Conclusão da equipe
68. A organização não adota código de ética prevendo sua aplicação a todas as pessoas
(servidores, empregados, gestores, colaboradores), inclusive aos membros da alta administração.
Proposta de encaminhamento:
69. Recomendar ao TJDFT que:
a) adote um código de ética para orientar a atuação de todos os servidores, empregados e
colaboradores, inclusive os membros da alta administração;
b) promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
c) constitua comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do cumprimento
do código de ética instituído;
d) aprove plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética.
3.3 Deficiências na liderança organizacional
Situação encontrada
70. O item A.9 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona, em
relação ao desempenho organizacional da gestão das aquisições, se a alta administração da organização
estabeleceu:
a) objetivos para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias da organização;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo da gestão das aquisições;
c) metas de desempenho para os objetivos da gestão das aquisições;
d) mecanismos de controle do cumprimento das metas da gestão das aquisições.
71. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 2), o TJDFT declarou que estabeleceu todos os
parâmetros citados acima.
72. Como evidência, solicitada por meio do Ofício 1.382/2014-TCU/Selog, de 3/7/2014 (peça 8),
o TJDFT apresentou seu Plano Estratégico Institucional 2010-2016 (peça 11).
73. Entretanto, tal documento não contém objetivos, indicadores e metas para a função de
aquisições, tampouco mecanismos de controle do alcance das metas da função de aquisições.
74. O plano apresentado traz objetivos e indicadores para organização como um todo, sem fazer
referência específica à função de aquisições.
75. Registre-se que não se espera que os objetivos das aquisições sejam concebidos de forma
autônoma, mas, sim, alinhados aos objetivos da organização, uma vez que as aquisições são meios
para a implementação das políticas públicas, razão da existência das organizações públicas.
Causa
76. Não identificada.
Efeitos/Consequências do achado
77. Impossibilidade de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional
adequado (efeito real).
Critérios
729

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78. Gespública, itens 1.6 e 2.2.


79. Ifac (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 102.
Evidências
80. Plano Estratégico 2010-2016 do TJDFT (peça 11), encaminhado por meio do Ofício SEG
25831/2014, de 11/7/2014 (peça 12).
Conclusão da equipe
81. O TJDFT não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições, nem
mecanismos de controle do alcance das metas.
Proposta de encaminhamento
82. Recomendar ao TJDFT que estabeleça formalmente:
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
Q2. A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
83. Sobre o componente estratégia, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia
necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e
expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação
e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de
curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e
organizações envolvidas ou afetadas.
84. No componente estratégia, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Há estabelecimento de diretrizes para as aquisições, como políticas de terceirização, de
compras, de estoques dentre outras, que direcionam as decisões operacionais das aquisições (por
exemplo, quais serviços devem ser contratados e quais devem ser executados com servidores);
b) Há estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área de aquisições,
de forma que cada setor tenha atribuições específicas e se possam implementar mecanismos de
segregação de funções críticas;
c) Existem instâncias colegiadas, compostas por integrantes das diversas áreas da organização,
que apoiem as decisões críticas sobre as aquisições, mitigando o risco de decisões com viés.
85. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.4 Deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições
Situação encontrada
86. O item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
alta administração da organização aprovou e publicou diretrizes para as aquisições da organização
(peça 10, p. 2-3). Dentre as diretrizes pesquisadas, serão tratadas neste relatório as seguintes:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de estoques;
c) política de compras conjuntas.
87. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 2-3), o TJDFT declarou que não estabeleceu
estratégias de terceirização, política de estoques e política de compras conjuntas.
Causas
88. Ausência de orientação (peça 49, p. 60);
89. Pouca cultura com respeito a riscos e controles (peça 49, p. 60).
Efeitos/Consequências do achado
730

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

90. Realização de aquisições que não estejam alinhadas às diretrizes estratégicas da organização
(efeito potencial).
Critérios
91. Gespública, item 2.1.
Evidências
92. Resposta do TJDFT ao item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 10, p. 2).
Conclusão da equipe
93. O TJDFT não estabeleceu as seguintes diretrizes para função de aquisições:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de estoques;
c) política de compras conjuntas.
Proposta de encaminhamento
94. Recomendar ao TJDFT que estabeleça diretrizes para área de aquisições, incluindo:
a) estratégia de terceirização;
b) política de estoques;
c) política de compras conjuntas.
3.5 Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área
de aquisições
Situação encontrada
95. O item B.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente
máximo da organização com respeito às aquisições.
96. Em resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 3), o TJDFT declarou que haveria tais normativos
internos.
97. Como evidência citou o art. 303 do Regimento Interno do TJDFT (peça 37, p. 77-79) e as
Portarias GPR 1105/2012 (peça 38) e GPR 1415/2013 (peça 39).
98. Porém, o art. 303 do Regimento Interno do TJDFT estabelece atribuições administrativas
gerais do presidente da organização, sem referência às suas competências e responsabilidades no
tocante aos processos de aquisições.
99. Já as portarias citadas acima trazem procedimentos para a aplicação de penalidades previstas
nos artigos 86 a 88 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, bem como no artigo 7º da Lei 10.520, de 17
de julho de 2002.
Causas
100. Não identificada.
Efeitos/Consequências do achado
101. Falta de envolvimento formal da alta administração nas decisões relativas às aquisições
(efeito potencial).
Critérios
102. Ifac (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 084;
103. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1;
Evidências
104. Portarias GPR 1105/2012 e GPR 1415/2013 (peças 38 e 39);
105. Regimento Interno do TJDFT (peça 37).
Conclusão da equipe
106. O TJDFT não estabelece as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente
máximo da organização com respeito às aquisições.
Proposta de encaminhamento
107. Recomendar ao TJDFT que estabeleça em normativos internos:
731

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às


aquisições, incluindo, mas não apenas, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições.

Q3. Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
108. Sobre o componente controle, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser
avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação,
transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a
responsabilização pelos atos praticados.
109. No componente controle, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Existem diretrizes para gestão de risco das aquisições, os gestores são capacitados para
realizar gestão de risco das aquisições e essa gestão é realizada;
b) Existem canais que recebem denúncias sobre impropriedades nas aquisições da organização;
c) A função de auditoria interna está estabelecida e atua segunda as boas práticas internacionais
sobre o tema (IPPF), não realizando atividades de cogestão.
d) A organização dá publicidade das decisões sobre o julgamento das contas, agendas de
dirigentes superiores e tem transparência ativa quanto a todos os documentos de seus processos
administrativos de aquisição.
110. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.6 Deficiências na gestão de risco das aquisições
Situação encontrada
111. Os itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se:
a) a alta administração estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições;
b) a organização capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos;
c) a organização realiza gestão de riscos das aquisições.
112. Em resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 3), o TJDFT declarou que:
a) a alta administração estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições;
b) pretende adotar a prática de capacitar os gestores da área de aquisições em gestão de riscos; e
c) elaborou plano de ação para realizar gestão de riscos das aquisições.
113. Como evidência, solicitada por meio do Ofício 1382/2014-TCU/Selog, de 3/7/2014 (peça
8), o TJDFT apresentou o Regimento Interno Administrativo da Secretaria do TJDFT, capítulo IV ‐
Criação Comitê de Análise Prévia e seu art. 47 (peça 15, p. 15-16).
114. Entretanto, tal documento não estabelece diretrizes para o gerenciamento de riscos das
aquisições e nem um plano de ação para realizar gestão de riscos.
115. O capítulo IV do Regimento Interno dispõe sobre o Comitê de Análise Prévia, responsável
por realizar juízo inicial de legalidade e conveniência dos pedidos de contratação, não fazendo
qualquer referência a gerenciamento de riscos.
116. Já o art. 47 do Regimento dispõe que as contratações serão iniciadas com o respectivo
estudo prévio de viabilidade e de exequibilidade de desenvolvimento, contratação e manutenção, não
fazendo qualquer referência a gerenciamento de riscos.
Causas
117. Ausência de orientação (peça 49, p. 60);
118. Pouca cultura com respeito a riscos e controles (peça 49, p. 60).
Efeitos/Consequências do achado
119. Desconhecimento acerca dos riscos envolvidos em cada aquisição (efeito real).
Critérios
120. Gespública, item 1.1 - C.
732

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

121. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.


Evidências
122. Resposta aos itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 10, p. 3).
123. Regimento Interno Administrativo da Secretaria do TJDFT, arts. 47, 50 e 51 (peça 15, p.
14-16).
Conclusão da equipe
124. O TJDFT não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições.
Proposta de encaminhamento
125. Recomendar ao TJDFT que:
a) estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
b) capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
c) realize gestão de riscos das aquisições.
3.7 Deficiências na função de auditoria interna
Situação encontrada
126. Os itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam sobre a função de auditoria interna. Dentre as questões analisadas, as seguintes serão
tratadas neste relatório:
a) a unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de contratações específicos, como
parte de sua rotina ou mesmo de forma esporádica?
b) a unidade de auditoria interna executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão de
riscos?
127. Em resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 4), o TJDFT declarou que:
a) a unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de contratações específicos;
b) a unidade de auditoria interna não executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão
de riscos.
128. Registre-se, por oportuno, que a emissão de pareceres em processos constitui-se em um dos
tipos de atividade de controle (no caso, a revisão), e que as atividades de controle são de
responsabilidade dos gestores, não devendo ser realizadas por auditores internos por trazer-lhes perda
de independência na atividade de auditoria.
Causas do achado
129. Ausência de orientação (peça 49, p. 60);
130. Pouca cultura com respeito a riscos e controles (peça 49, p. 60).
Efeitos/Consequências do achado
131. Prejuízo à independência da unidade de auditoria interna (potencial).
132. Desconhecimento acerca da adequação dos processos de governança, riscos e controles
(real).
Critérios
133. Acórdão 1.074/2009 - Plenário, item 9.1.2.5.
134. The Institute of Internal Auditors (IIA). Estrutura Internacional de Práticas Profissionais.
Itens: 1120, 2100 e 2120.
Evidências
135. Resposta aos itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013.
Conclusão da equipe:
136. A unidade de auditoria interna é responsável por atividades que caracterizam a cogestão e
não realiza trabalhos de avaliação da gestão de riscos da organização.
Proposta de encaminhamento:
733

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

137. Recomendar ao TJDFT que:


a) observe as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores responsáveis
pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir atividades de
cogestão à unidade de auditoria interna;
b) em decorrência da distinção conceitual acima, avalie a necessidade de segregar as atribuições
e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de forma que essa unidade organizacional não
possua concomitantemente atribuições e competências relativas a atividades de controle interno e a
atividades de auditoria interna;
c) inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização.
3.8 Deficiências em accountability
Situação encontrada
138. O item C.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta, com
respeito à accountability e transparência, se a alta administração:
a) estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na
internet;
b) determina a publicação, em sua página na internet, da decisão quanto a regularidade das
contas proferida pelo órgão de controle externo;
c) determina a publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
139. Em resposta enviada ao TCU (peça 10, p. 4), o TJDFT respondeu SIM para os itens a) e b)
e NÃO para o item c).
140. Como evidência, solicitada por meio do Ofício 01-444/2014, de 6/8/2014 (peça 9), o
TJDFT apresentou a Portaria GPR 685/2007, art. 2º (peça 16).
141. Entretanto, tal dispositivo traz a seguinte redação:
art. 2º O link ‘TRANSPARÊNCIA’ ‘tem por finalidade disponibilizar, à população, informações
relativas à execução orçamentária e financeira, aos processos de licitações, contratos, convênios,
doações, permissões e ao conteúdo de outros atos praticados pela Administração, para fins de controle
social.
142. Como se observa, no dispositivo citado não constam diretrizes para que a íntegra dos
processos de aquisições seja publicada na internet (mas sim para que informações relativas aos
processos de licitações e contratos sejam publicadas). De fato, não estão publicados todos os
documentos dos processos licitatórios do TJDFT na Internet.
143. No documento encaminhado também não consta determinação para que seja publicada a
decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo na internet.
Causas do achado
144. Não identificada.
Efeitos/Consequências do achado
145. Prejuízo ao controle social dos processos de aquisição (efeito potencial).
146. Redução da transparência quanto ao julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle
externo (efeito real).
Critérios
147. Lei 12.527/2011, arts. 3º, 5º, 7º e 8º, inciso IV.
148. Lei 12.813/2001, art. 11, c/c art. 2º.
Evidências
149. Resposta ao item C.6 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 10, p. 5).
150. Portaria GPR 685/2007, art. 2º (peça 16).
Conclusão da equipe
151. Não há diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na internet.
Não há determinação para publicação da decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão
734

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de controle externo. Não há determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do


dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições na internet.
Proposta de encaminhamento
152. Recomendar ao TJDFT que:
a) avalie a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os
processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na internet;
b) publique, na sua página na internet, a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo
órgão de controle externo.
c) publique na internet a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da organização
e do principal gestor responsável pelas aquisições.
Q4. O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições?
153. Planejamento é princípio fundamental da administração pública, e sobre este componente
buscou-se avaliar se a organização pratica um processo de planejamento das aquisições, gerando um
plano de aquisições contendo o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo do ano,
instrumento este que deveria ser utilizado como insumo para a elaboração da proposta orçamentária
anual, bem como para o acompanhamento da execução orçamentária.
154. Também foi avaliada a existência de um Plano de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos
de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer
práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
155. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.9 Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS)
Situação encontrada
156. O item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização aprovou um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS ou equivalente), isto é, um
plano contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e
mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite à organização estabelecer práticas de
sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
157. Em resposta enviada ao TCU (peça 10, folha 5), o TJDFT declarou que adota parcialmente
a prática.
158. Como evidência, solicitada por meio do Ofício de Requisição 1-444/2014 (peça 9), o
TJDFT apresentou o que seria uma minuta de proposta de PLS (peça 17), a qual prevê no item IV -
Detalhamento do Plano:
Deverá ser nomeada uma comissão gestora do PLS do TJDFT, para levantamento das melhores
práticas de PLS, elaboração, monitoramento do seu compromisso, avaliação contínua dos resultados e
revisão periódica de seu conteúdo.
159. Do conteúdo da minuta, em especial do transcrito acima, conclui-se que a minuta é um
plano de ação para elaborar o PLS que foi solicitado.
Causas do achado
160. Não identificada.
Efeitos/Consequências do achado
161. Realização de contratações sem inclusão de requisitos de sustentabilidade (efeito potencial).
162. Desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios
163. Lei 8.666/93, art. 3º caput;
164. IN-SLTI 10/2012, arts. 12, 13 e 14.
Evidências
165. Minuta de proposta de PLS (peça 17).
Conclusão da equipe
735

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

166. A organização não possui um Plano de Gestão de Logística Sustentável.


Proposta de encaminhamento
167. Recomendar ao TJDFT que:
a) elabore e aprove um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), isto é, um plano,
contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos e processos;
b) publique no seu sítio na internet o PLS aprovado;
c) estabeleça mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS.
Questões de auditoria Q5 e Q6
168. Não foram registrados achados para as questões de auditoria Q5 e Q6.
Questões de auditoria Q7 a Q12
169. As questões de auditoria Q7 à Q12 tiveram como objetivo avaliar os controles internos em
nível de atividade e a conformidade nos processos de contratação, e os achados decorrentes desse tema
estão apresentados a seguir.
3.10 Deficiências no levantamento de mercado
Situação encontrada
170. Atualmente, o serviço de transporte de pessoal é realizado por meio de contratação de
motoristas terceirizados e com utilização de veículos próprios e de estrutura do TJDFT para
manutenção e abastecimento dos carros.
171. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014, letra d (peça 18, p. 1), foi solicitado ao
TJDFT que informasse se foi realizado estudo para identificar quais soluções existentes no mercado
atendiam aos requisitos da contratação de serviços de transporte de pessoal e de carga, de modo a
alcançar os resultados pretendidos e atender à necessidade da contratação.
172. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014, item II, letra ‘d’ (peça 19, p. 9), o TJDFT informou
que não realizou tal estudo.
173. Em entrevista com os gestores, foi informado que se tem discutido internamente outras
possíveis soluções para atender à demanda de transporte de pessoas, tais como a locação de veículos.
Causa do achado
174. Não realização de estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
175. Adoção de solução que não é a que apresenta melhor relação custo/benefício (potencial).
Critérios
176. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea c.
Evidências
177. Ofício GSG 30.231/2014, item II, letra ‘a’ (peça 19, p. 9).
Conclusão da equipe
178. Não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico
para identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de
transportar pessoas. A equipe de auditoria identificou, a título de ilustração e em caráter preliminar,
algumas soluções como:
a) comprar os veículos, contratar motoristas, contratar fornecimento de combustíveis, contratar
serviço de manutenção para a frota e contratar os seguros (provavelmente com fornecedores distintos);
b) análogo à alternativa ‘a’, mas com aluguel em vez de compra dos veículos;
c) análogo à letra ‘a’, mas usando motoristas próprios, em vez de terceirizados;
d) contratar o serviço de transporte de forma integrada, incluindo o fornecimento de todos os
itens da letra ‘a’, e remunerando a contratada pelo serviço (por exemplo, pagamento por km rodado).
179. Considerando que o TJDFT tem processo de contratação formalizado (Regimento Interno
Administrativo da Secretaria, Livro III, peça 15, p. 13), cabe, neste e nos demais achados relativos às
736

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

questões de contratações, recomendar o seu aperfeiçoamento, mediante inclusão de controles internos


em nível de atividade no processo já existente.
Proposta de encaminhamento
180. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
a) realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993, art. 6º,
inciso IX, alínea c).
181. Determinar ao TJDFT que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes
da eventual prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a
substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de
soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual
(transportar pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais vantajosa
dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos, locação de
veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado.
3.11 Deficiências na estimativa de quantidades de materiais
Situação encontrada:
182. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014, letra i (peça 18, p. 1), foi solicitado ao
TJDFT que apresentasse estudo realizado para estimar a quantidade de material e de equipamentos
constante do Anexo III do Termo de Referência 022/2009 para contratação de serviços de limpeza e
conservação - PA 14.758/2009.
183. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014, item I, letra ‘i’ (peça 19, p. 3), o TJDFT informou
que não foi formalizado tal estudo e, de forma sintética, explicou como teria sido feito a estimativa
solicitada, com base no plano de expansão da infraestrutura e no consumo registrado para os últimos 6
meses do contrato que precedeu o atual.
184. Porém, não obstante as informações prestadas, não foram apresentados documentos que
comprovem a realização de um estudo técnico para estimar a quantidade de material e de
equipamentos utilizados na prestação de serviços de limpeza e conservação do TJDFT.
Causas do achado
185. Deficiência no processo de planejamento das contratações. Utilização das especificações de
outras contratações sem análise crítica.
Efeitos/Consequências do achado
186. Superfaturamento devido ao superdimensionamento de materiais na contratação que não
são utilizados na execução do contrato de limpeza (potencial);
187. Execução dos serviços de limpeza com qualidade inadequada pela subestimativa do
material necessário (potencial).
Critérios
188. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alínea f, e 7º, § 4º.
Evidências
189. Ofício GSG 30.231/2014, item I, letra ‘i’ (peça 19, p. 3).
Conclusão da equipe
190. A organização não realizou estudo para estimar da melhor forma possível a quantidade de
material a ser utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação. Ainda que não haja
remuneração pelo consumo de materiais no contrato, a deficiência na estimativa causa impactos no
preço contratado.
Proposta de encaminhamento
737

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

191. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
192. Determinar ao TJDFT que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º,
§ 4º, antes da eventual prorrogação do Contrato 62/2010, ou da elaboração de edital para licitação com
vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da quantidade de material que será utilizada na prestação de serviços de
limpeza.
3.12 Deficiências na definição dos postos de trabalhos
Situação encontrada
193. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014, letras g e h (peça 18, p. 1), foi solicitado ao
TJDFT que apresentasse:
a) documento que define o tamanho das áreas internas e externas dos prédios a serem objeto dos
serviços de limpeza e conservação;
b) estudo realizado para definir os índices de produtividade da mão de obra contratada para
prestação de serviços de limpeza e conservação.
194. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014 (peça 19, p. 3), o TJDFT informou que:
a) à época da licitação, não havia estudo que materializasse de forma terminativa as áreas
externas e internas dos prédios.
b) não foi formalizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente
alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação, mas teria sido feita uma análise para o
estabelecimento dos índices, sem, entretanto, juntar memórias de cálculo que evidenciassem a
informação.
195. Portanto, a definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza e a produtividade da
mão de obra utilizada na prestação dos serviços de limpeza não estão suportadas por documentação
técnica.
196. No tocante ao contrato de vigilância armada e desarmada, foi definido um posto de trabalho
de supervisor 44h semanais (peça 22, p. 16, item 11.1.4), ao custo mensal inicial contratado de
R$4.899,28, cujas atribuições não estão estabelecidas no termo de referência.
197. Questionado, o TJDFT informou que este posto vem desempenhando as funções de
preposto da contratada (peça 22, p. 10, alínea c), o que constitui indício de ato de gestão
antieconômico, visto que as atividades de preposto são encargos da contratada remunerados no BDI do
contrato. Encaminhamento para este ponto será proposto no achado conexo 3.23 - Ausência de
designação formal dos atores da fiscalização.
Causas do achado
198. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
199. Contratação de mais postos de trabalho do que o necessário, com consequente ato de gestão
antieconômico (potencial).
Critérios
200. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alínea f e 7º, § 4º;
201. Decreto 2.271/1997, art. 2º, inciso II;
202. IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único e art. 49, inciso I.
Evidências
203. Ofício GSG 30.231/2014, item I, letras ‘g’ e ‘h’ (peça 19, p. 2-3).
204. Termo de Referência 84/2012, item 11.1.4 (peça 22, p. 16).
Conclusão da equipe
738

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

205. A organização não realizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação.
206. A definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza não está suportada por
documentação técnica.
207. As atribuições do posto de trabalho de supervisor 44h semanais do contrato de vigilância
não foram definidas, sendo ele utilizado para desempenhar as funções de proposto da contratada.
Proposta de encaminhamento
208. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrente inclua os seguintes controles internos na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
209. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrente inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão contratual:
a) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
210. Determinar ao TJDFT que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º,
§ 4º, antes da eventual prorrogação do Contrato 62/2010, ou da elaboração de edital para licitação com
vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único;
b) a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
ou documento técnico equivalente.
211. Determinar ao TJDFT que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes
da eventual prorrogação do Contrato 223/2012, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a
substituí-lo, realize estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 49, I.
3.13 Deficiências na estimativa de preços
Situação encontrada
212. A organização respondeu, no Questionário do Perfil de Governança e Gestão das
Aquisições - Ciclo 2013, que não adota procedimento padronizado para elaboração de estimativas de
preços (peça 10, questões F.6 e F.7).
213. Da análise do processo administrativo PA 14.758/2009 (limpeza), constatou-se que as
pesquisas de preços realizadas pela organização se restringiram aos materiais e insumos utilizados na
prestação dos serviços de limpeza, ou seja, não foram pesquisados os custos de mão de obra, conforme
descrito no Anexo IV do projeto básico (peça 26, p.1).
214. Os outros custos que compõem o preço final da contratação foram definidos pela própria
organização diretamente na planilha de custos e formação de preços, inclusive os percentuais de lucro
da contratada e de despesas administrativas, sem que fosse realizada uma consulta ao mercado para
verificar se os valores estimados estavam adequados.
215. A mesma situação foi verificada quando da análise do PA 03.823/2012 (vigilância), cuja
pesquisa de mercado também se limitou aos materiais e equipamentos utilizados na prestação do
serviço (peça 26, p. 2-68).
Causas do achado
216. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
217. Utilização de parâmetro inadequado para análise da aceitabilidade dos preços (efeito real).
739

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

218. Dificuldade de justificar as estimativas quando questionado por partes interessadas (efeito
potencial).
Critérios
219. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea f.
220. Acórdão 4.695/2012-Plenário, item 9.2.6.3.
Evidências
221. Anexo IV do Projeto Básico (peça 26, p. 1).
222. Pesquisa de preços para materiais e equipamentos de segurança (peça 26, p. 2-68).
Conclusão da equipe
223. A organização realizou uma pesquisa de preços inadequada para contratação de serviços de
limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada.
Proposta de encaminhamento
224. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
3.14 Deficiências na justificativa para o parcelamento ou não da solução
Situação encontrada
225. Não há justificativa técnica formalizada nos autos para a organização não parcelar as
contratações dos serviços de limpeza e conservação e de vigilância armada. Cada uma dessas
contratações foi realizada pelo TJDFT para atender a todas as localidades distribuídas pelo Distrito
Federal, sem considerar a possibilidade de parcelar os objetos por área geográfica, por exemplo, ou
outro critério de parcelamento.
226. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014, item a (peça 18, p. 1), foi solicitado ao
TJDFT que apresentasse justificativa para o não parcelamento dos objetos dos Contratos 062/2010
(limpeza e conservação), 115/2011 (transporte de pessoal e de cargas) e 223/2012 (vigilância armada).
227. Quanto ao contrato de limpeza, por meio do Ofício GSG 30.231/2014, alínea I-a (peça 19,
p. 1-2), o TJDFT informou que existiam obstáculos para o fracionamento que abarcasse a subdivisão
por localidades, porém tais informações não constam nos autos dos respectivos processos.
228. Além disso, os argumentos apresentados, em princípio, não se sustentam, pois:
a) Não há evidências de que houve redimensionamento do índice de produtividade (peça 19, p.2,
item 1), conforme se descreveu no achado 3.12;
b) O parcelamento do objeto em vários contratos não necessariamente onera a gestão contratual,
como afirma o TJDFT (peça 19, p.2, item 2), visto que, para as mesmas instalações, se for
economicamente viável, fiscalizar, por exemplo, dois contratos de limpeza pode trazer ônus
equivalente a fiscalizar um único contrato;
c) No caso de contratação de mais de uma empresa para o mesmo tipo de serviço não haveria
problemas para o TJDFT se as empresas pagassem salários distintos aos seus funcionários (peça 19,
p.2, item 3), cabendo a administração dos colaboradores à contratada, e não à contratante.
229. Quanto aos contratos de vigilância, por meio do Ofício GSG 30.231/2014, alínea III-a (peça
19, p. 9), o TJDFT informou que o parcelamento possuiria as seguintes inconveniências: I - falta de
padronização dos serviços; II - necessidade de arcar com um número maior de prepostos; III - aumento
do custo operacional das empresas; IV - aumento considerável de custos para administração gerir esses
contratos.
230. No tocante ao não parcelamento dos serviços de transporte, os argumentos apresentados
pelo TJDFT foram basicamente os mesmos, conforme Ofício GSG 30.231/2014, alínea II-a (peça 19,
p. 6).
740

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

231. Sobre esses últimos argumentos, cabe registrar que: I - a padronização dos serviços pode ser
alcançada por uma adequada descrição do objeto e que ela é função do termo de referência e da forma
de fiscalização dos contratos e não das características da contratada; II - o aumento do custo dos
prepostos não é garantido, pois ele pode ser diluído pela empresa em outros contratos que detenha na
mesma localidade, por exemplo; III - da mesma forma que o preposto, tal aumento não é garantido,
pois para esse tipo de contrato, a quantidade de equipamentos é função direta da quantidade de postos;
IV - o parcelamento não onera necessariamente a gestão contratual, visto que, para as mesmas
instalações, fiscalizar, por exemplo, dois contratos menores pode trazer ônus equivalente a fiscalizar
um único contrato maior.
232. Além disso, eventuais aumentos de custos operacionais poderiam sem compensados pela
redução dos preços devido ao aumento da competitividade da licitação decorrente de um maior número
de empresas habilitadas a prestar os serviços.
233. Do exposto, observa-se que a opção pelo não parcelamento dos serviços citados não se deu
com base em avaliação técnica completa, considerando os seguintes aspectos previsto na Lei
8.666/1993, art. 23, § 1º: 1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável
dividir a solução? 3) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do
mercado e ampliação da competitividade ao dividir a solução?
Causas do achado
234. Ausência de estratégia de terceirização (achado 3.4 - Deficiências no estabelecimento de
diretrizes para as aquisições).
235. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
236. Falta de cultura da organização em analisar possibilidade de parcelamento de um único
serviço.
Efeitos/Consequências do achado
237. Diminuição da competitividade das licitações (risco potencial).
238. Dependência de uma única contratada para prestar serviços em todas as localizações (efeito
real).
Critérios
239. Lei 8.666/93, art. 23, § 1º.
240. Lei 9.784/99, art. 2º, inciso VII.
Evidências
241. Ofício GSG 30.231/2014, item I, alínea a (peça 19, p. 1-2).
242. Ofício GSG 30.231/2014, item II, alínea a (peça 19, p. 6).
243. Ofício GSG 30.231/2014, item III, alínea a (peça 19, p. 9).
Conclusão da equipe
244. A organização não realizou estudos para avaliar o parcelamento ou não das contratações de
serviços de limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada.
245. Registre-se que esta equipe não está afirmando que os objetos deveriam ser parcelados, mas
sim que compete ao gestor realizar o estudo para avaliar a possibilidade, ou não, do parcelamento.
Proposta de encaminhamento
246. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e atentando
que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir forem
positivas: 1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução?
3) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução?
3.15 Deficiências nos requisitos de qualidade
Situação encontrada
741

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

247. Da análise das contratações decorrentes dos Termos de Referência 22/2009 (peça 21) e
84/2012 (peça 22), verificou-se que não foram estabelecidos critérios objetivos para avaliar a
qualidade dos serviços prestados pelas contratadas.
248. Tal situação impossibilita a organização de vincular a remuneração dos contratos ao alcance
de resultados pelas contratadas, verificar objetivamente se os serviços estão sendo prestados
adequadamente pela contratada e caracteriza a contratação como fornecimento de mão de obra (prática
condenada pelo Decreto 2.271/1997, art. 4º, II).
Causas do achado
249. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
250. Pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a bens ou serviços
entregues (efeito real).
251. Impossibilidade de cobrar da contratada o alcance de níveis mínimos de qualidade (efeito
real).
252. Caracterização da contratação como fornecimento de mão de obra (efeito real).
253. Caracterização da contratação como intermediação de mão de obra (efeito potencial).
Critérios
254. Lei 10.520/2002, art. 3º, inciso. II.
255. Decreto 2.271/1997, art. 4º, II.
256. IN-SLTI 2/2008, arts. 11º.
Evidências
257. Termo de Referência 22/2009 - Limpeza e conservação (peça 21).
258. Termo de Referência 84/2012 - Vigilância armada e desarmada (peça 22).
Conclusão da equipe
259. A organização não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada e, consequentemente, não vinculou os
pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade contratada.
260. A título de exemplo, citem-se as especificações de qualidade para serviços de conservação e
limpeza contidas nas contratações decorrentes do Pregão Eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos
Correios (peça 36, p. 72-77), e do Pregão Eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 34, p.
49-56), e para os serviços de vigilância contidas na contratação decorrente do Pregão Eletrônico
152/2012, do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (peça 35, p. 53-63).
Proposta de encaminhamento
261. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) definir requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados;
b) vincular os pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade
contratada.
3.16 Ausência de segregação dos recebimentos provisório e definitivo
Situação encontrada
262. Da análise dos Contratos 62/2010 (limpeza), cláusula vigésima segunda (peça 23, p. 19) e
223/2012 (vigilância), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça 24, p. 19), constatou-se que
esses preveem que apenas o executor do contrato (expressão utilizada no TJDFT para designar o fiscal
do contrato) procederá à conferência do cumprimento das obrigações prestadas para fins de atestar a
nota fiscal apresentada.
263. Não há, portanto, previsão para participação de servidor, que não o executor do contrato, ou
comissão designada, para produzir o termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a
regularidade administrativa da contratada, contrariando o previsto na Lei 8.666/93, art. 73, inciso I,
‘b’.
742

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

264. Registre-se, por esclarecedor, trecho do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções
de Tecnologia da Informação - Riscos e Controles para o Planejamento da Contratação - versão 1.0,
publicado pelo TCU, que descreve a importância dessa segregação de funções (p. 157-159. item 5.2):
5.2) Considerações: com relação ao recebimento de serviços, no art. 73, inciso I, alíneas ‘a’ e ‘b’,
da Lei 8.666/1993, há uma segregação de funções entre o fiscal do contrato, que efetua o recebimento
provisório, e o servidor ou comissão de recebimento, que efetua o recebimento definitivo. Vale
lembrar que o fiscal é responsável pelo acompanhamento e fiscalização do contrato, devendo anotar
em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que
for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados (Lei 8.666/1993, art. 67, § 1º). Assim,
é de se esperar que o termo circunstanciado relativo ao recebimento provisório deve pautar-se nessas
obrigações e seu teor deve basear-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e
fiscalização. Por exemplo, no caso de serviços para os quais sejam previstos níveis mínimos de serviço
exigidos, o fiscal deve informar no recebimento provisório se esses níveis foram alcançados ou não,
embasando como chegou a esse juízo. Por outro lado, o servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo deve verificar o trabalho feito pelo fiscal e verificar todos os outros aspectos do
contrato (e.g. uso de uniformes pelos funcionários da contratada, recolhimento de contribuições
trabalhistas e previdenciárias). A segregação de funções exposta é sintetizada na Figura 4. (...) Para
que o fiscal do contrato concentre-se na avaliação técnica dos produtos e serviços entregues, no caso
do recebimento provisório de serviços, a verificação das regularidades fiscais, trabalhistas e
previdenciárias para fins de pagamento devem ficar a cargo da comissão de recebimento, responsável
pelo aceite definitivo, que pode contar com apoio de unidade da área administrativa que execute essa
atividade. Na IN - SLTI 4/2010, as atividades relativas à gestão contratual são distribuídas para
diversos atores (art. 25, inciso III). Como há uma segregação de funções nos dois aceites, o fiscal do
contrato não deve fazer parte do aceite definitivo. É importante ressaltar que o recebimento de serviços
é diferente do recebimento de bens. Os dois recebimentos são definidos em incisos separados do art.
73. O recebimento provisório de bens é mais simples do que o correspondente para serviços, pois o
termo circunstanciado de serviços envolve um parecer sobre o serviço entregue, enquanto que o
recebimento provisório de bens é basicamente uma declaração de que o objeto foi entregue, para
depois haver a verificação da conformidade do material entregue com a especificação. A nota fiscal
(ou a fatura) deve ser objeto do recebimento definitivo, mas não do recebimento provisório. É
conveniente que a nota fiscal de serviços seja emitida após o recebimento definitivo, visto que,
havendo rejeição total ou parcial dos serviços, fica a nota fiscal previamente emitida estabelecendo
valor que não poderá ser aceito pela Administração, mas que já terá gerado efeito tributário. Também é
importante lembrar que o aceite definitivo não se confunde com a liquidação da despesa, que é
atribuição da área contábil. O aceite definitivo é insumo para a liquidação da despesa (Lei 4.320/1964,
art. 63).
Causas do achado
265. Deficiências no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
266. Fiscal do contrato despende a maior parte do tempo na fiscalização das obrigações
acessórias (e.g., encargos trabalhistas e previdenciários) do que das obrigações principais (execução
propriamente dita do serviço; potencial), e consequente recebimento dos serviços em desconformidade
com as especificações técnicas (efeito potencial).
Critérios
267. Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘a’ e ‘b’.
Evidências
268. Cláusula vigésima segunda do Contrato 062/2010 (peça 23, p. 19);
269. Cláusula décima terceira, parágrafo primeiro do Contrato 223/2012 (peça 24, p. 19).
Conclusão da equipe
743

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

270. A organização não prevê que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o
termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da
contratada, de forma que haja segregação de funções entre o recebimento provisório e o recebimento
definitivo do bem ou serviço contratado.
Proposta de encaminhamento
271. Recomendar ao TDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
271.1. prever, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
a) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-se
no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘a’);
b) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo recebimento
definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de todos os
outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/93, art. 73,
inciso I, ‘b’).
3.17 Ausência de avaliação das alternativas de fiscalização administrativa
Situação encontrada
272. Em decorrência da obrigatoriedade contida na Resolução-CNJ 169/2013, art. 1º, a
organização utiliza-se da conta vinculada para depósito de provisões de encargos trabalhistas,
previdenciários e outros sem considerar a relação custo/benefício da operacionalização desse
mecanismo de controle.
273. Registre-se que, por meio do Acórdão 4.720/2009-TCU-2ª Câmara (item 9.1 e item 4 do
voto), o TCU acolheu o argumento de que esse tipo de controle teria custo-benefício desfavorável à
administração, acolhendo posição do Banco do Brasil em sede de recurso.
274. Em que pese esse ponto não acarretar encaminhamento para o TJDFT, ante a
obrigatoriedade contida na Resolução-CNJ 169/2013, registra-se este achado para permitir que, na
consolidação da FOC, tal tema seja aprofundado.
275. A título ilustrativo, citam-se a seguir algumas alternativas para a fiscalização administrativa,
aqui considerada a fiscalização do cumprimento, pela contratada, das obrigações acessórias do
contrato, como as trabalhistas, previdenciárias e com o FGTS:
a) utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada somente por servidor público;
b) utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada por servidor público com empresa
supervisora contratada para apoio à fiscalização;
c) não utilização de conta vinculada, e implementação de outros controles compensatórios (e.g.,
os diversos previstos no Acórdão 1.214/2013-Plenário), e fiscalização realizada somente por servidor
público;
d) idem acima, mas com utilização de empresa supervisora apoiando a fiscalização.
276. Uma vez que deve haver uma relação custo-benefício favorável na implantação de
controles, alternativas estão sendo levantadas nos trabalhos das auditorias da FOC, deixando-se para o
relatório de consolidação dos trabalhos proposta de encaminhamento mais robusta.
Causas do achado
277. Orientação do CNJ para utilização da conta vinculada (Resolução-CNJ 169/2013, art. 1º).
Efeitos/Consequências do achado
278. Utilização de controle (conta vinculada) com relação custo/benefício desfavorável
(potencial).
279. Fiscal do contrato pretere a fiscalização da execução do objeto em detrimento da
fiscalização das obrigações acessórias (potencial).
Critérios
280. Princípio da eficiência.
744

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

281. Decreto-lei 200/1967, art. 14.


282. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7 e 9.1.9.
Evidências
283. Contrato 62/2010, cláusula vigésima quinta (peça 23, p. 22).
284. Contrato 223/2012, cláusula vigésima (peça 24, p. 24).
Conclusão da equipe
285. Ante os comandos da Resolução CNJ 169/2013, a organização não realizou estudo para
avaliar alternativas de fiscalização administrativa dos contratos de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento
286. Ante a obrigatoriedade prevista na Resolução CNJ 169/2013, art. 1º, deixa-se de fazer
proposta de encaminhamento neste relatório, o que poderá ser considerado pela Selog quando da
consolidação dos trabalhos desta FOC.
3.18 Ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
Situação encontrada
287. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014, letra b (peça 18, p. 1), foi solicitado ao
TJDFT que apresentasse estudo realizado para definir os critérios de habilitação econômico-financeira
previstos nos Editais 22/2009, 08/2011 e 04/2012.
288. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014, I-b, II-b e III-b (peça 19, p. 2, 6-8 e 10), o TJDFT
informou, em síntese, que transpassou os dispositivos legais para os editais de licitação.
289. Tal situação leva ao risco de contratação de empresas que não possuem capacidade
financeira para cumprir as obrigações contratuais, em caso de estabelecimento de critérios pouco
rígidos ou, em caso de definição de critérios rigorosos, à restrição indevida da competitividade da
licitação.
Causas do achado
290. Deficiência no processo de planejamento das contratações. Falta de cultura de gestão de
riscos.
Efeitos/Consequências do achado
291. Contratação de empresa sem capacidade financeira para executar o contrato (potencial).
292. Restrição da competitividade da licitação (potencial).
Critérios
293. Princípio da eficiência.
294. Decreto-lei 200/1967, art. 14.
295. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.10.2 e 9.1.10.3.
Evidências
296. Ofício GSG 30.231/2014, item I, alínea b (peça 19, p. 2).
297. Ofício GSG 30.231/2014, item II, alínea b (peça 19, p. 6-8).
298. Ofício GSG 30.231/2014, item III, alínea b (peça 19, p. 10).
Conclusão da equipe
299. A organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento
300. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não.
3.19 Deficiência nos critérios de aceitabilidade de preços
Situação encontrada
745

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

301. Da análise do processo administrativo PA 14.758/2009, constatou-se que na contratação dos


serviços de limpeza e conservação:
a) não foi fixado preço máximo para o custo dos materiais de limpeza (peça 21, p. 14);
b) o preço total dos materiais proposto (peça 23, p. 30-46) foi aceito mesmo estando acima do
que foi cotado na fase de pesquisa de preços e utilizados na planilha de custos de referência (peça 41).
302. Considerando os valores dos insumos ‘materiais individuais’, ‘materiais de limpeza’ e
‘equipamentos permanentes’ (item III da PCFP) de cada posto e a quantidade de postos contratados, a
diferença a maior foi de R$11.205,53 (valor contratado de R$109.571,88, menos valor pesquisado de
R$98.366,35) por mês (peça 40).
303. Os materiais de limpeza foram incluídos como itens do posto de trabalho, e tal situação traz
riscos de jogo de planilha, visto que o acréscimo de trabalhadores acarreta aumento linear dos custos
de insumos, os quais já foram aceitos pela organização em valores superiores ao praticado no mercado.
Causas do achado
304. Deficiências na estimativa de preços.
Efeitos/Consequências do achado
305. Sobrepreço do valor total do contrato (efeito potencial).
306. Ocorrência de jogo de planilha (efeito potencial).
Critérios
307. Lei 8.666/93, arts. 40, inciso X e 48, inciso II.
Evidências
308. Termo de Referência 22/2009, item 18 (peça 21, p. 14).
309. Planilha de referência de preços (peça 41).
310. Planilha custos e formação de preços da proposta vencedora (peça 23, p. 30-42).
311. Memória de cálculo do custo mensal dos materiais (peça 40).
Conclusão da equipe
312. A organização não fixou preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais de limpeza,
o que ocasionou a aceitação de preços desses insumos por valores acima do que foi estimado.
Proposta de encaminhamento
313. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas.
3.20 Utilização de pregão presencial em detrimento do pregão eletrônico
Situação encontrada
314. Da análise do processo administrativo PA 14.758/2009, constatou-se que a organização
utilizou o pregão presencial em detrimento do eletrônico para contratação de serviços de limpeza e
conservação (peça 21, p. 1).
315. As justificativas apresentadas à época (peça 28, p. 2) consideraram o prazo exíguo para
contratação, a complexidade da execução dos serviços, a materialidade do contrato e uma alegada
insegurança do no que tange à possibilidade de comparecimento de empresas inidôneas ao certame,
sem fazer qualquer referência a aspectos que inviabilizassem a utilização da modalidade eletrônica.
Causas do achado
316. Crença de que o pregão presencial é mais seguro que o eletrônico.
Efeitos/Consequências do achado
317. Redução da competição entre os licitantes e contratação por valores superiores (potencial).
318. Redução da transparência da licitação, em relação à forma eletrônica (real).
319. Conluio entre os licitantes (efeito potencial).
Critérios
746

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

320. Princípio da eficiência.


321. Acórdão 1.099/2010-TCU-Plenário, item 9.4.
322. Acórdão 2.368/2010-TCU-Plenário, item 9.2.
Evidências
323. Termo de Referência 22/2009 (peça 21, p. 1);
324. Projeto Básico (peça 28, p. 2).
Conclusão da equipe
325. A organização utilizou o pregão presencial em detrimento do eletrônico para contratação de
serviços de limpeza e conservação, sem justificativa para a inviabilidade da utilização do pregão
eletrônico, constituindo-se em potencial ato de gestão antieconômico, conforme já alertado a órgãos do
judiciário por meio do Acórdão 1.099/2010-TCU-Plenário, item 9.4 e do Acórdão 2.368/2010-TCU-
Plenário, item 9.2.
Proposta de encaminhamento
326. Dar ciência ao TJDFT sobre a seguinte impropriedade/falha, para que sejam adotadas
medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
a) a realização, na forma presencial, de licitação na modalidade pregão, conforme consta do PA
14.758/2009, sem a demonstração da inviabilidade de realizar o procedimento na forma eletrônica,
afronta o princípio constitucional da eficiência e a jurisprudência majoritária do TCU, a exemplo dos
Acórdãos 1.099/2010-Plenário e 2.368/2010-Plenário, e não será mais considerada de boa-fé por este
Tribunal.
3.21 Deficiências em cláusulas editalícias
Situação encontrada
327. No edital para contratação dos serviços de limpeza e conservação (Termo de Referência
22/2009; peça 21), foram feitas as seguintes constatações:
a) exigência de vistoria prévia nas suas instalações como condição para participação das
licitantes no certame;
b) vedação à soma de atestados de capacidade técnica-operacional;
c) exigência que o serviço fosse iniciado em até 24 horas após a emissão da ordem de serviço;
d) definição, pela contratante, do salário a ser pago aos empregados terceirizados.
328. Já no Edital 84/2012 (peça 22, p. 25-135) para contratação de serviços de vigilância armada
e desarmada, outras constatações foram feitas:
a) exigência de que o serviço fosse iniciado em até dois dias após a ordem de serviço;
b) previsão de pagamento, ao final do contrato, de 23,33% do valor da remuneração mensal, a
título de aviso prévio trabalhado, mesmo essa parcela sendo provisionada mensalmente como item da
planilha de custos e formação de preços (PCFP) da contratada.
329. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014, foi solicitado ao TJDFT que apresentasse as
justificativas para as constatações acima (peça 19, p. 1, itens j e f), uma vez que constituem práticas,
em geral, condenadas pelo TCU por se tratar de condições que geram restrição indevida à competição,
de ingerência indevida na gestão da contratada ou de potencial pagamento em duplicidade.
330. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014, o TJDFT informou que:
a) a vistoria prévia se baseou na redação dos art. 15 e 19 da IN-SLTI 2/2008, então em vigor na
época, na falta de padronização das edificações do TJDFT e na insegurança então existente no
mercado de terceirização (peça 19, p. 3-4, alínea j, item I);
b) à época da licitação, não havia entendimento pacificado do TCU sobre a vedação à soma de
atestados; que a natureza continuada e essencial do serviço justificaria o estabelecimento de prazo de
24 horas para início da prestação; e que o estabelecimento do salário como sendo o piso da categoria
visaria a evitar o encaminhamento de propostas que comprometessem o pagamento do piso salarial aos
terceirizados (peça 19, p. 4, alínea j, item II);
c) a exigência relativa ao prazo de 24 horas para início da prestação do serviço se deu pela
natureza essencial que caracteriza a contratação (peça 19, p. 5, alínea j, item III);
747

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) a remuneração dos terceirizados visou a assegurar o que estabelece a IN-SLTI IN-2/2008 e


evitar o encaminhamento de propostas que comprometessem o piso salarial estabelecido na respectiva
Convenção Coletiva de Trabalho da categoria (peça 19, p. 5, alínea j, item IV);
e) a inclusão de dois dias para o início da prestação do serviço decorreu da necessidade de não
interrupção da atividade pública (peça 19, p. 14, alínea f).
331. Quanto à exigência de vistoria prévia e à vedação a soma de atestados, os argumentos do
TJDFT são procedentes. Porém, as outras constatações permanecem visto que: I - o adequado
planejamento da contratação, com a finalização da licitação antes do término do contrato em vigor à
época, permitiria que a empresa vencedora se mobilizasse em prazo razoável para iniciar os serviços;
II - para garantir que a contratada não remunerasse seus colaboradores com salário inferior ao piso da
categoria, bastaria informar no edital que não se aceitariam salários inferiores ao previsto na
Convenção Coletiva de Trabalho.
332. No tocante ao pagamento, ao final do contrato, de 23,33% do valor da remuneração mensal,
a título de aviso prévio trabalhado, mesmo essa parcela sendo provisionada mensalmente como item da
PCFP, tal situação foi relatada em reunião aos gestores, que informaram a adoção de providências com
vistas a aditar o contrato de forma a excluir tal obrigação.
Causas do achado
333. Desconhecimento das consequências desse tipo de cláusulas.
Efeitos/Consequências do achado
334. Restrição indevida à competição, por (potencialmente):
a) privilegiar a empresa que já está prestando o serviço, no caso de contratos de duração
continuada, pois ela já tem os funcionários contratados.
335. Ingerência indevida na gestão da contratada ao fixar valores para os salários a serem pagos
pela contratada aos seus empregados (efeito real).
336. Pagamento em duplicidade de parcela já provisionada (efeito potencial).
Critérios
337. Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso I e art. 30;
Evidências
338. Termo de Referência 22/2009, item 13.4 (peça 21, p. 32);
339. Termo de Referência 22/2009, item 24.1 (peça 21, p. 40);
340. Termo de Referência 04/2012, item 9.3, letra e) (peça 22, p. 36);
341. Edital 084/2012, item 3 do Capítulo OBSERVAÇÕES IMPORTANTES (peça 22, p. 82).
342. Planilha de custos e formação de preços da proposta vencedora (peça 22, p. 71).
Conclusão da equipe
343. Houve deficiências na definição das cláusulas editalícias para contratação de serviços de
limpeza e vigilância.
344. Registre-se, em especial, que, uma vez que os contratos de limpeza e vigilância devem ser
pagos por resultados (ver achado 3.15 - deficiências nos requisitos de qualidade), a fixação de piso
salarial nos editais afronta a jurisprudência do TCU sobre o tema, consolidada no Acórdão 614/2008-
Plenário (Ministro-Relator Augusto Sherman) nos seguintes termos:
9.3.3.2. é vedada a fixação de piso salarial para serviços que devem ser medidos e pagos por
resultados;
345. Com respeito ao potencial pagamento em duplicidade, a fim de incluir este ponto no futuro
monitoramento, além de dar ciência propor-se-á determinação.
Proposta de encaminhamento
346. Dar ciência ao TJDFT que:
a) as cláusulas 13.4, constante do Edital 22/2009, e 9.3.e, constante do Edital 04/2012, contendo
fixação de prazo para iniciação do serviço em 24 horas e dois dias, respectivamente, sem justificativa
para tal, é incompatível com a necessidade de mobilizar pessoas para prestação dos serviços, e afronta
a Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso I;
748

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) a cláusula 24.1, constante do Edital 22/2009, contendo a fixação de valores para os salários a
serem pagos pela contratada aos seus empregados, constitui-se intervenção indevida na contratada, e
afronta o princípio da eficiência e a Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso. I, além de contrariar a
jurisprudência desta Corte sobre o tema, contida no Acórdão 614/2008-Plenário, 9.3.3.2, uma vez que
os serviços de limpeza devem ser pagos por resultado;
c) o item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante do Edital 08/2011,
contendo a previsão de pagamento, ao final do contrato, de valor fixo relativo ao aviso prévio
trabalhado, quando ele já foi provisionado ao longo da execução contratual, afronta ao princípio da
economicidade.
347. Determinar ao TJDFT que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 66, abstenha-se de efetuar, ao
final do Contrato 223/2012, com vencimento previsto para 27/09/2017, pagamento à contratada
relativo a aviso prévio trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES
IMPORTANTES’, constante do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada
mensalmente ao longo da execução contratual, informando ao TCU, em 30 dias após o final do
contrato, as medidas adotadas.
3.22 Deficiências na definição de penalidades para fase de julgamento da licitação
Situação encontrada
348. Da análise dos Editais 22/2009 (limpeza) e 84/2012 (vigilância), constatou-se que a
organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem
referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas.
349. Os itens 34.1 e 34.3 do Edital 22/2009 (peça 21, p. 49-50) e o item 32.1 do Edital 84/2012
(peça 22, p. 63) não trazem de forma clara a relação entre os comportamentos inadequados das
licitantes durante o pregão e as penalidades estabelecidas, o que prejudica a aplicação das penas e a
inibição das condutas de empresas aventureiras que retardam a conclusão dos procedimentos
licitatórios.
Causas do achado
350. Falta de cultura da administração pública em apenar empresas nessa fase da licitação.
Efeitos/Consequências do achado
351. Empresas aventureiras participam da licitação, com atraso indevido na finalização do
procedimento e suas consequências (potencial).
Critérios
352. Princípios da proporcionalidade e prudência.
Evidências
353. Edital do Pregão 22/2009, itens 34.1 e 34.3 (peça 21, p. 49-50).
354. Edital do Pregão Eletrônico 84/2012, item 32.1 (peça 22, p. 63).
Conclusão da equipe
355. A organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que, na prática, dificulta aplicar essas penalidades e, por consequência, não se inibem as
condutas que retardam o procedimento licitatório do pregão.
Proposta de encaminhamento
356. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) prever no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência.
3.23 Ausência de designação formal dos atores da fiscalização
Situação encontrada
749

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

357. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014 (peça 18, p. 1, item c), foi solicitado ao
TJDFT que apresentasse documentos de designação dos prepostos das contratadas para representá-las
na execução dos Contratos 062/2010 e 223/2012, nos termos do art. 68 da Lei 8.666/1993.
358. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014, o TJDFT informou que (peça 19, p. 2, alínea c), para
o contrato de limpeza, a organização oficiou à contratada para formalizar a designação do preposto à
época da execução da auditoria. Já para o contrato de vigilância, informou (peça 19, p. 10, alínea c)
que o supervisor 44h previsto na PCFP cumpre a função de preposto, o qual também foi designado
formalmente à época da execução da auditoria.
359. No caso do contrato de vigilância, a utilização de empregado terceirizado, vinculado ao
contrato, como preposto para representar a contratada, não é a solução adequada, visto que as
atribuições de preposto são diferentes daquelas definidas para os terceirizados e, para desempenhá-las,
o preposto não precisa estar dedicado exclusivamente ao contratante. Caso o ocupante de um posto de
trabalho esteja designado como preposto, tomaria parte do seu tempo executando as atividades
administrativas do preposto, e não executaria as atividades acometidas ao vez que ocupa.
360. Além disso, este é um custo já coberto pelas despesas indiretas incluídas no BDI, e que, por
isso, não necessita de um posto de trabalho exclusivo.
Causas do achado
361. Deficiência no processo de gestão do contrato.
Efeitos/Consequências do achado
362. Dificuldade ou impossibilidade de responsabilizar a contratada (real).
Critérios
363. Lei 8.666/93, art. 68.
Evidências
364. Ofício GSG 30.231/2014, item I, alínea c (peça 19, p. 2).
365. Ofício GSG 30.231/2014, item III, alínea c (peça 19, p. 10).
Conclusão da equipe
366. Houve falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de designação
dos prepostos pelas contratadas para representá-las na execução contratual.
Proposta de encaminhamento
367. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
a) exija, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável por
representar à contratada durante execução contratual.
368. Determinar ao TJDFT, com fulcro na Lei 8.666/1993, art. 68, que oficie a empresa
contratada por meio do Contrato 223/2012, para que designe formalmente um preposto, o qual não
poderá ser um terceirizado vinculado a essa contratação, informando ao TCU, em 30 dias, as medidas
adotadas.
3.24 Não comprovação da manutenção das condições de habilitação
Situação encontrada
369. Da análise do processo administrativo PA 03.823/2012 (vigilância), constatou-se que a
organização não verificou, a cada prorrogação do contrato, se a contratada mantinha todas as
condições de habilitação exigidas, à época da licitação.
370. As verificações a cada prorrogação (peça 33) limitaram-se a comprovar a regularidade
fiscal, previdenciária e trabalhista da empresa contratada e as penalidades registradas no Sicaf, não
abrangendo outros requisitos de qualificação exigidos no edital, tais como os dispostos nos itens 7.7,
alíneas c), d), e) e f) (peça 22, p. 33-34).
Causas do achado
371. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação, associado à inexistência de
lista de verificação para atuação da fiscalização na fase de gestão do contrato.
750

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

372. Falta de cultura da organização em fazer tal avaliação previamente às prorrogações


contratuais.
Efeitos/Consequências do achado
373. A contratada não tem condições operacionais para manter a execução do contrato
(potencial).
Critérios
374. Lei 8.666/93, art. 55, XIII.
Evidências
375. Despachos da administração (peça 33).
Conclusão da equipe
376. A organização não verificou, a cada prorrogação do contrato de vigilância, se a contratada
mantinha todas as condições de habilitação exigidas à época da licitação.
Proposta de encaminhamento
377. Recomendar ao TJDFT que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
a) a cada prorrogação contratual, verifique se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação.
3.25 Não desoneração dos contratos em decorrência do Plano Brasil Maior
Situação encontrada
378. O Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, determinou ao CNJ que orientasse os órgãos
sob sua orientação a adotar medidas necessárias à revisão dos contratos de prestação de serviços ainda
vigentes, firmados com empresas beneficiadas pela desoneração da folha de pagamento, mediante
alteração das planilhas de custo, atentando para os efeitos retroativos às datas de início da desoneração,
mencionadas na legislação aplicável (Lei 12.546/2011, art. 7º; Decreto 7.828/2012, art. 2º).
379. Por meio do Ofício de Requisição 2-444/2014 (peça 18, p. 1, item l), foi solicitado ao
TJDFT que informasse as medidas adotadas pelo órgão para o cumprimento do Acórdão 2.859/2013 -
Plenário.
380. Por meio do Ofício GSG 30.231/2014 (peça 19), o TJDFT encaminhou à equipe o processo
administrativo PA 20.229/2013, o qual contém as medidas já adotadas pelo órgão para o cumprimento
do referido acórdão.
381. A partir da análise do respectivo PA, verificou-se que o TJDFT iniciou medidas para
cumprir a orientação do CNJ, mas ainda se encontra em apuração a definição de quais os contratos
serão objeto de revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011. Impende
registrar que as medidas já adotadas até o momento da realização da auditoria ocasionaram a revisão
de dois contratos, gerando uma economia anual de R$1.340.865,24 (peça 32, p. 2).
Causas do achado
382. Grande quantidade de contratos a serem analisados no âmbito da organização.
Efeitos/Consequências do achado
383. Pagamento a maior por serviços executados por empresas abrangidas pela desoneração
fiscal (efeito real).
Critérios
384. Lei 12.546/2011, art. 2º.
385. Decreto 7.828/2012, art. 2º.
386. Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º.
387. Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1.
388. Ofício-Circular CNJ 590/2013, de 14/11/2013
Evidências
389. Despacho da Secretaria de Orçamento e Finanças do TJDFT (peça 32).
Conclusão da equipe
751

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

390. A organização ainda não ultimou as providências para revisar os contratos a serem objeto
de revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011. Também não foram
prestadas informações sobre como os valores pagos a maior estariam sendo recuperados.
Proposta de encaminhamento
391. Determinar ao TJDFT que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º e ao princípio da
legalidade, informe ao TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento as
orientações contidas no Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, incluindo detalhamento da
quantidade de contratos revisados, a economia (redução de valor contratual) obtida e as providências
para reaver os valores pagos a maior.
3.26 Deficiências nos controles compensatórios do planejamento da contratação
Situação encontrada
392. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
planejamento da contratação. Um dos controles compensatórios possíveis para essa etapa é previsto na
legislação e consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica na fase interna da licitação.
393. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, há pergunta
com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos
de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
394. Em resposta enviada (peça 25), a organização informou que não elaborou listas de
verificação com vistas à emissão de pareceres.
395. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica e os pareceres são elaborados ad hoc (em cada parecer é
verificado um conjunto de aspectos potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens com
baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Causas do achado
396. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
397. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
consultoria jurídica.
Efeitos/Consequências do achado
398. Não verificação acerca da legalidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios
399. Lei 8.666/1993, art. 115.
400. Princípio da eficiência.
Evidências
401. Informação prestada pela Assessoria Jurídica Administrativa do TJDFT (peça 25).
Conclusão da equipe
402. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria
jurídica quando da emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação.
Proposta de encaminhamento
403. Recomendar ao TJDFT que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da
consultoria jurídica na emissão pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em
especial, na aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações, podendo adotar os
modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
3.27 Deficiências nos controles compensatórios dos ajustes contratuais
Situação encontrada
752

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

404. Ainda considerando a falta de sistematização dos procedimentos das contratações no setor
público, esta auditoria avaliou se haveriam controles compensatórios suficientes nas organizações com
vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de gestão dos contratos, em
especial, antes das repactuações. Novamente, um dos controles compensatórios possíveis para essa
etapa é previsto na legislação, e consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica previamente à
celebração de ajustes.
405. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há pergunta
com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos
de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
406. Em resposta enviada pela assessoria jurídica (peça 25), a organização informou que não
elaborou listas de verificação com vistas à emissão de pareceres.
407. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica antes das repactuações e os pareceres são elaborados ad
hoc, podendo levar à avaliação de itens com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com
alto risco de ilegalidade.
Causas do achado
408. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
409. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
consultoria jurídica.
Efeitos/Consequências do achado
410. Não verificação acerca da legalidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios
411. Lei 8.666/1993, art. 115.
Evidências
412. Informação prestada pela Assessoria Jurídica Administrativa do TJDFT (peça 25).
Conclusão da equipe
413. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria
jurídica quando da emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais.
Proposta de encaminhamento:
414. Recomendar ao TJDFT que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da
consultoria jurídica na emissão pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em
especial, na aprovação das minutas de ajustes decorrentes de repactuações, podendo adotar os modelos
estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
4. Comentários do Gestor
415. Nos termos do disposto nos parágrafos 144-146 das ‘Normas de Auditoria do Tribunal de
Contas da União’, aprovadas pela Portaria - TCU 168/2011, o relatório preliminar (peça 43) foi
submetido aos comentários, opcionais, dos gestores do TJDFT. Em resposta, foi enviado o Ofício GSG
nº 14.489 (peça 49), no qual o TJDFT apresenta comentários acerca dos 27 achados de auditoria
descritos no relatório preliminar.
416. De forma geral, os comentários do TJDFT assinalam a intenção de adotar medidas
saneadores para todos os encaminhamentos propostos, não trazendo informações ou documentos que
justifiquem uma análise detalhada acerca de cada um deles, com exceção dos itens 3.1, 3.3 e 3.5,
comentados a seguir.
417. No item 3.1 (peça 49, p. 1), o TJDFT informa que a designação para os cargos de confiança
está localizada na seara da discricionariedade do Administrador e mesmo que não se tenha atualmente
ato formal disciplinando a forma de acesso às funções-chave dos setores de aquisições, o TJDFT
sempre tem por conveniente e oportuno designar servidores levando em conta suas competências
multidisciplinares, técnicas e gerenciais, necessárias para o bom desempenho dos trabalhos.
753

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

418. Sobre isso, cabe ressaltar que as medidas informadas TJDFT para selecionar os ocupantes
das funções-chave da área de aquisições vão ao encontro do proposto no relatório de auditoria (item
55). Entretanto, não foram enviadas evidências para que comprove que tal prática é adotada, motivo
pelo qual se mantém a redação contida no relatório preliminar, a fim de que, em futura ação de
monitoramento do acórdão que vier a ser proferido, ela possa ser analisada adequadamente.
419. Já no item 3.3 (peça 49, p. 2), o TJDFT informa que foi instituído, por meio da Portaria
GPR 621/2014 (peça 49, p. 9-13), o Processo de Gestão de Projetos Estratégicos — PGPE, norteando
os objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, sempre alinhados às estratégias de negócio,
estabelecendo-se, portanto, indicadores e metas nos processos de aquisição.
420. A Portaria GPR 621/2014 trata sobre a gestão de projetos no âmbito do TJDFT,
estabelecendo diretrizes para criação, desenvolvimento e encerramento de projetos estratégicos
naquele órgão. Não obstante o avançado estágio do TJDFT em gerenciamento de projetos, observa-se
que na portaria citada não há referência a objetivos, indicadores e metas organizacionais para a
unidade responsável pelas aquisições, motivo pelo qual se mantém a proposta de encaminhamento
contida no relatório preliminar.
421. Por fim, no item 3.5 (peça 49, p. 2), o TJDFT salienta que existe política de delegação de
competências para autorização de contratações, prevista na Portaria GPR 761/2014, alterada pela
Portaria GPR 1.092/2014 (peça 49, p. 14-17).
422. De fato, os documentos encaminhados pelo TJDFT comprovam a existência de uma política
de delegação de competências para autorização de contratações, conforme arts. 1º das portarias GPR
761/2014 e 1092/2014, motivo pelo qual se alterou a redação do achado 3.5, com a consequente
exclusão do encaminhamento relativo ao estabelecimento de política de delegação de competências,
que passa a trazer a seguinte redação (item 107):
Recomendar ao TJDFT que estabeleça em normativos internos:
a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às
aquisições, incluindo, mas não apenas, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições.
423. Realizado o ajuste mencionado, e considerando que as análises dos comentários dos OGS
não apontaram óbices à conveniência e à oportunidade de implementação das medidas
preliminarmente propostas, manter-se-ão todas as outras propostas de encaminhamento inicialmente
formuladas.

5. Conclusão
424. A presente fiscalização constituiu uma das vinte auditorias previstas para a Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, e teve como objetivo avaliar se
as práticas de governança e gestão das aquisições no TJDFT estão aderentes às boas práticas e de
acordo com a legislação pertinente. Este trabalho pode ser considerado a sequência do trabalho
realizado no TC-025.068/2013-0 (ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013), por meio do qual 376 organizações da Administração Pública Federal
informaram sua situação, utilizando-se questionários eletrônicos.
425. Conforme mencionado no item 2.4, os procedimentos referentes à questão de auditoria oito
(Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela terceirização do
serviço?) não foram executados e, logo, não foram registrados achados de auditoria para essa questão.
Para as demais questões de auditoria, foram registrados 27 achados de auditoria, dos quais destacamos
os resumidos a seguir.
426. Constatou-se que a organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de
aquisições por meio de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao
desempenho das atividades, o que aumenta o risco de seleção de pessoas não qualificadas para exercer
754

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

tarefas críticas, tais como pregoeiro, membro de comissão de licitação, gestor e fiscal de contratos
(item 3.1).
427. Outro aspecto relevante constatado foi que o TJDFT não estabeleceu objetivos, indicadores
e metas para a função de aquisições, nem mecanismos de controle do alcance das metas, o que impede
a alta administração de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional adequado
(item 3.3).
428. Também não foram estabelecidas as diretrizes para área de aquisições, no que tange à
estratégia de terceirização, à política de estoques e à política de compras conjuntas, o que não mitiga
ocorrências de realização de contratações desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (item
3.4).
429. É incipiente a cultura do TJDFT no tocante à gestão de riscos, pois não há diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não há capacitação dos gestores da área de aquisições em
gestão de riscos e, portanto, não é realizada gestão de riscos das aquisições, o que acarreta um
desconhecimento da organização acerca dos riscos envolvidos nas suas contratações (item 3.6).
430. As deficiências da atividade de auditoria interna (item 3.7) é uma das causas-raiz de todas
as deficiências apontadas neste relatório, visto que, ao realizar cogestão (e.g., emite pareceres em
processos de contratações específicos como parte de sua rotina), pode não executar seu papel, que, à
luz das boas práticas sobre o tema (por exemplo, IPPF), é avaliar os processos de governança, gestão
de riscos e controles da organização.
431. Em relação à accountability, o TJDFT não definiu diretrizes para que a íntegra dos
processos de aquisições seja publicada na internet, não publica a decisão quanto à regularidade das
contas proferida pelo órgão de controle externo, nem publica a agenda de compromissos públicos do
dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições. Tal situação
prejudica a transparência e o controle social dos processos de aquisição da organização (item 3.8).
432. Na contratação dos serviços de transporte de servidores, o TJDFT não realizou, previamente
à terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico para identificar os diferentes tipos de
solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de transportar pessoas, o que pode ter
levado à adoção de uma solução que não apresenta a melhor relação custo/benefício para a
organização (item 3.10).
433. No tocante ao planejamento da contratação dos serviços de limpeza, verificou-se que não
havia um estudo técnico formalizado para estimar da melhor forma possível a quantidade de material a
ser utilizado na prestação de serviços (item 3.11), nem para definir a produtividade da mão de obra
contratada (item 3.12). Além disso, o tamanho das áreas que são objeto de limpeza não foi definido
com base em documentos técnicos, tais como: planta do prédio ou laudo de medição (item 3.12).
434. Já em relação ao planejamento da contratação dos serviços de vigilância, verificou-se que as
atribuições do posto de trabalho de supervisor 44h semanais não foram definidas no termo de
referência, nem sua existência está suportava por justificativa técnica que possa evidenciar a real
necessidade do posto (item 3.12).
435. Outra falha observada na fase de planejamento das contratações de serviços de limpeza e
vigilância foi a ausência de uma avaliação por parte da organização acerca do parcelamento ou não dos
objetos contratados (item 3.14). Não foram considerados aspectos como valor dos contratos, áreas
geográficas atendidas pelos serviços, riscos de inexecução dos contratos resultantes, ampliação da
competitividade da licitação, entre outros.
436. O TJDFT também não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses
serviços, o que caracteriza o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a
resultados (item 3.15).
437. Aliado a essa deficiência, verificou-se, também, que as cláusulas de penalidades definidas
para as contratações de limpeza e vigilância não estão associadas ao objeto principal do contrato,
dificultando a aplicação de sanções pelo seu descumprimento (item 3.21).
755

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

438. Já para fase de julgamento da licitação, o TJDFT definiu de forma genérica as situações
tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das
penalidades a serem aplicadas, o que dificulta a penalização de empresas aventureiras que comparecem
ao pregão e retardam a conclusão do processo licitatório (item 3.22).
439. Outra constatação foi a não fixação de preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais
utilizados nos serviços de limpeza, o que levou o TJDFT a contratar esses insumos por preços
superiores àqueles obtidos em pesquisa de mercado realizada na fase interna da licitação, com
consequente risco de jogo de planilha (item 3.19).
440. Por sua vez, as deficiências evidenciadas nas estimativas de preço (item 3.13) apontam que
o parâmetro utilizado pelo TJDFT para julgar a licitação, em geral, é inadequado.
441. O principal objetivo da governança das aquisições é fazer com que as aquisições agreguem
valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis. Isso se dá, basicamente, a partir da
implantação e monitoramento de processos e controles na função de aquisição da organização.
442. Quanto menos instrumentos de controle houver nessa função, maiores são as chances da
ocorrência de situações que afetem negativamente as aquisições e, por consequência, maior a
probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização, acarretando,
em última análise, riscos de a organização prestar um serviço não adequado às necessidades do
cidadão.
443. Sob essa premissa e considerando os achados relatados na fiscalização, há forte relação
entre as falhas associadas à governança e gestão das aquisições e as inconformidades específicas
encontradas nos contratos analisados, como, por exemplo:
a) a falta de cultura de gestão de riscos na organização (item 3.6) contribui para que não haja
avaliação das alternativas de fiscalização administrativa nos contratos (item 3.17) nem quanto aos
critérios de habilitação econômico-financeira (item 3.18), podendo acarretar ineficiência na
fiscalização dos contratos e limitação indevida da competição ou contratação de empresa sem
condições de executar os contratos, respectivamente;
b) as deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições (item 3.4), em especial a
ausência de estratégia de terceirização, contribuem para que não seja realizada a análise do
parcelamento ou não das contratações (item 3.14), podendo acarretar diminuição da competição nas
licitações e dependência de um único fornecedor;
c) as deficiências na atividade de auditoria interna (item 3.7), que no TJDFT faz atividades de
cogestão, contribui para que o processo de contratação estabelecido pela organização (Regimento
Interno Administrativo da Secretaria) tenha fragilidades, como relatadas nos itens 3.10 e seguintes.
Segundo as boas práticas (IPPF, por exemplo), a auditoria interna também deveria realizar trabalhos a
fim de identificar as deficiências em governança relatadas neste relatório (itens 31. a 3.9).
444. Portanto, a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições no TJDFT
contribuirá para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o que só é
possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de controles
internos adequados.
445. Foram registrados 27 achados de auditoria, sendo que houve achado em nove das onze
questões de auditoria aplicadas ao TJDFT, de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de
governança e de gestão de aquisições públicas ou não são adotadas pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, ou não estão de acordo com a legislação aplicável nem aderentes às boas
práticas.
446. No tocante a validação das respostas dadas ao questionário do levantamento do perfil de
governança das aquisições, verificou-se que houve divergência para 7 (sete) dos 51 (cinquenta e um)
itens avaliados nesse trabalho, ou seja, a organização informou que adota uma determinada prática,
mas a equipe de auditoria constatou que ela, na verdade, não a adota.
447. Um exemplo é a questão C.1 do levantamento, o qual verifica se a Alta Administração
estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições. A organização informou que
756

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

possui tal prática, porém, quando da auditoria, a equipe constatou que não há, no âmbito da
organização, diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições (item 3.6).
448. Do ponto de vista da conformidade, as seguintes constatações no contrato para prestação de
serviços de limpeza e conservação (Contrato 062/2010) são consideradas relevantes:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que caracteriza
o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item 3.15), de
forma que a administração realiza pagamentos, mas não tem parâmetro objetivo para aferir como o
serviço está sendo prestado (no caso, se as áreas estão limpas);
b) estimativa deficiente da quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços (item
3.11), com risco de potencial superfaturamento;
c) o tamanho das áreas que é objeto de limpeza não foi definido com base em documentos
técnicos, tais como: planta do prédio ou laudo de medição (item 3.12), o que gera risco de ato de
gestão antieconômico;
d) estimativas de preço deficientes (item 3.13), indicando que o parâmetro utilizado pelo TJDFT
para julgar a licitação foi inadequado.
449. Ante as constatações acima, e ainda considerando todas as demais falhas expostas ao longo
do relatório, propõe-se determinar ao TJDFT que, em atenção à Constituição Federal (princípio da
eficiência), não prorrogue o Contrato 062/2010, promovendo ajustes para todas as falhas registradas
neste relatório na futura contratação.
450. Já no contrato para prestação de serviços de vigilância, são relevantes as seguintes
constatações:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que caracteriza
o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item 3.15), de
forma que a administração realiza pagamentos, mas não tem parâmetro objetivo para aferir se o serviço
está sendo prestado (no caso, como as instalações estão sendo ‘vigiadas’);
b) estimativas de preço deficientes (item 3.13), indicando que o parâmetro utilizado pelo TJDFT
para julgar a licitação foi inadequado.
451. Da mesma forma, ante as constatações acima, e ainda considerando todas as demais falhas
expostas ao longo do relatório, propõe-se determinar ao TJDFT que, em atenção à Constituição
Federal (princípio da eficiência), não prorrogue o Contrato 223/2012, promovendo ajustes para todas
as falhas registradas neste relatório na futura contratação.
452. A fim de aprimorar o Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, a equipe
de auditoria avaliou a consistência de 51 itens do questionário, registrando divergência entre a situação
declarada e a situação encontrada em 7 (sete) itens. O resumo dessa análise, acompanhado dos motivos
para a divergência apontados pelos gestores do TJDFT, está documentado (peça 49, p. 62-63) e
permite identificar oportunidades de melhoria no questionário a ser aplicado no próximo ciclo, bem
como evidencia a incipiência do tema governança no TJDFT.
453. Considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em muitas organizações, propôs-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura mais
preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que, nesta auditoria no TJDFT, optou-se pela não
responsabilização de gestores, apesar das falhas identificadas.
454. Registre-se, por fim, que o presente trabalho fez parte de um diagnóstico da governança e
gestão das aquisições nos entes públicos, e que os fatos aqui relatados serão considerados, em conjunto
com as conclusões das demais fiscalizações, no âmbito do processo referente à fiscalização
consolidadora desta FOC (TC-017.599/2014-8).
6. Benefícios da Ação de Controle Externo
455. Entre os benefícios esperados desta fiscalização, pode-se mencionar, principalmente, a
indução à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições do TJDFT,
cujas deficiências foram evidenciadas pelas falhas e impropriedades identificadas e relatadas neste
processo.
757

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

456. Além disso, espera-se uma economia de R$ 309.455,04, referente ao não pagamento de
23,33% do valor mensal do Contrato 223/2012, estipulado à época da auditoria em R$ 1.326.425,38,
conforme 5º termo aditivo (peça 42, p. 4).
7. Proposta de Encaminhamento
457. Ante o exposto, propõe-se o encaminhamento dos autos ao gabinete do Relator, Exmº
Ministro AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, com as seguintes propostas:
457.1. Recomendar ao TJDFT, com fundamento na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o
Regimento Interno do TCU, art. 250, inciso III, ao TJDFT que avalie a conveniência e a oportunidade
de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle interno da
organização:
457.1.1. discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de aquisições, incluindo às
funções de liderança, em especial à função de principal dirigente responsável pelas aquisições,
considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais necessárias para essas funções
(item 3.1);
457.1.2. adote código de ética formalmente, inclusive avaliando a necessidade de complementar
o código de ética do servidor público federal ante as suas atividades específicas (item 3.2);
457.1.3. promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado
(item 3.2);
457.1.4. constitua comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído (item 3.2);
457.1.5. aprove plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética (item 3.2);
457.1.6. estabeleça formalmente (item 3.3):
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
457.1.7. estabeleça diretrizes para área de aquisições, incluindo (item 3.4):
a) estratégia de terceirização;
b) política de estoques;
c) política de compras conjuntas.
457.1.8. estabeleça em normativos internos (item 3.5):
a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às
aquisições, nesses incluídos, mas não limitados, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições;
457.1.9. estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições (item 3.6);
457.1.10. capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos (item 3.6);
457.1.11. realize gestão de riscos das aquisições (item 3.6);
457.1.12. observe as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna (item 3.7);
457.1.13. em decorrência da distinção conceitual acima, avalie a necessidade de segregar as
atribuições e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de forma que essa unidade
organizacional não possua concomitantemente atribuições e competências relativas a atividades de
controle interno e a atividades de auditoria interna (item 3.7);
457.1.14. inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da
organização (item 3.7);
758

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

457.1.15. publique todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g.,


solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e
jurídicos etc.) na internet (item 3.8);
457.1.16. publique na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo (item 3.8);
457.1.17. publique a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da organização e do
principal gestor responsável pelas aquisições (item 3.8);
457.1.18. elabore e aprove um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), isto é, um plano,
contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos e processos (item 3.9);
457.1.19. publique no seu sítio na internet o PLS aprovado (item 3.9);
457.1.20. estabeleça mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS (item
3.9);
457.1.21. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, inclua
os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993, art. 6º,
inciso IX, alínea c; item 3.10);
b) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação (item 3.11);
c) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.11);
d) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação
(item 3. 12);
e) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3. 12);
f) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014 (item 3.13);
g) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.13);
h) avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e atentando
que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir forem
positivas: 1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução?
3) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução? (item 3.14);
i) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não (item 3.18).
457.1.22. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração do
termo de referência ou projeto básico:
a) definir requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados (item 3.16);
b) vincular os pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade
contratada (item 3.16);
c) prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
759

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c.1) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-
se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/93, art. 73, inciso I,
‘a’) (item 3.16);
c.2) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/93,
art. 73, inciso I, ‘b’) (item 3.16).
d) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas (item 3.19);
e) prever no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência (item 3.22);
457.1.23. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão contratual:
a) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações
(item 3.12);
b) exija, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável por
representar à contratada durante execução contratual (item 3.23);
c) a cada prorrogação contratual, verifique se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação (item 3.24).
457.1.24. estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em especial, na aprovação
das minutas de instrumentos convocatórios das licitações e de ajustes decorrentes de repactuações,
podendo adotar os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União (itens 3.26 e 3.27).
457.2. Determinar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o Regimento Interno do
TCU, art. 250, inciso II, ao TJDFT que:
457.2.1. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da eventual prorrogação
do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, inclua, nos
estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções disponíveis no
mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o problema do
transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado (item 3.10);
457.2.2. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º, § 4º, antes da eventual
prorrogação do Contrato 062/2010 ou antes da elaboração de edital para licitação com vistas a
substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único (item 3.12);
b) a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
ou documento técnico equivalente (item 3.12).
457.2.3. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da eventual prorrogação
do Contrato 223/2012, ou antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, realize
estudo técnico preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos
de trabalho de vigilância, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 49, I (item 3.12).
457.2.4. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 66, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato
223/2012, com vencimento previsto para 27/09/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio
trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante
760

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da
execução contratual (item 3.21);
457.2.5. em atenção a Lei 8.666/93, art. 68, oficie a contratada para designar formalmente outro
empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um
terceirizado vinculado a essa contratação (item 3.23);
457.2.6. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º e ao princípio da legalidade, informe ao TCU,
no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao Acórdão 2.859/2013 -
Plenário, item 9.2.1, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida (item 3.25);
457.3. Determinar, com fundamento no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, art.
250, II, ao TJDFT que, ante as graves constatações resumidas nos parágrafos 431 a 434, e ainda
considerando as demais falhas expostas ao longo do relatório, adote providências com vistas a não
prorrogar os contratos 062/2010 e 223/2012, promovendo ajustes para as falhas registradas neste
relatório, por estar em desacordo com a Constituição Federal, art. 37 (princípio da legalidade).
457.4. Determinar, com fundamento no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, art.
250, II, ao TJDFT que encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência do acórdão que vier a
ser proferido, plano de ação para a implementação das medidas citadas no decisum, contendo:
a) para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável
(nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
b) para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, as
ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
c) para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou oportuna,
justificativa da decisão.
457.5. Dar ciência ao TJDFT sobre as seguintes impropriedades/falhas, para que sejam adotadas
medidas internas com vistas a prevenir a ocorrência de outras semelhantes:
a) o Edital 22/2009, constante do processo administrativo 14.758/2009, contendo realização, na
sua forma presencial, de licitação na modalidade pregão, sem a demonstração da inviabilidade de
realizar o procedimento na forma eletrônica, afronta o princípio da eficiência e a jurisprudência
majoritária do TCU, a exemplo dos Acórdãos 1.099/2010-Plenário e 2.368/2010-Plenário, e não será
mais considerada de boa-fé por este Tribunal (item 3.20);
b) as cláusulas 13.4, constante do Edital 22/2009 e 9.3.e do Edital 84/2012, contendo fixação de
prazo para iniciação do serviço em 24 horas e dois dias, respectivamente, sem justificativa para tal, é
incompatível com a necessidade de mobilizar pessoas para prestação dos serviços, e afronta a Lei
8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso. I (item 3.21);
c) a cláusula 24.1, constante do Edital 22/2009, contendo a fixação de valores para os salários a
serem pagos pela contratada aos seus empregados, quando o serviço de limpeza e conservação deve ser
pago por resultado, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada, e afronta o princípio da
eficiência (item 3.21);
d) o item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante do Edital 084/2012,
contendo a previsão de pagamento, ao final do contrato, de valor fixo relativo ao aviso prévio
trabalhado, quando ele já foi provisionado ao longo da execução contratual, afronta ao princípio da
economicidade (item 3.21).
457.6. Arquivar os presentes autos, nos termos do RI/TCU, art. 169, V, sem prejuízo de que a
Selog monitore a decisão que vier a ser proferida em processo próprio.”

É o relatório.
761

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VOTO

A presente auditoria integra os trabalhos de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) -


Governança e Gestão das Aquisições realizados com os objetivos de avaliar as práticas de governança
e gestão das aquisições de vinte entidades da Administração Pública Federal e de verificar a
consistência das informações apresentadas em questionário aplicado no âmbito do levantamento
referente ao mesmo tema executado no TC-025.068/2013-0.
A fiscalização em exame foi realizada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios (TJDFT). Foram escolhidos como objeto da auditoria os Contratos 062/2010 (prestação de
serviços de limpeza), 115/2011 (prestação de serviços de transporte) e 223/2012 (prestação de serviços
de vigilância armada).
O presente trabalho se estruturou sobre três referenciais: governança, gestão e aquisições.
Governança consiste na atividade exercida pela alta administração da organização,
envolvendo as funções de avaliar, dirigir e monitorar, por meio do estabelecimento de diretrizes,
políticas e controles, visando a alcançar seus objetivos estratégicos. De sua vez, a gestão se constitui
na execução de processos e ações, por corpo gerencial qualificado, com vistas a cumprir os objetivos
estratégicos traçados. Por fim, as aquisições se referem às contratações de bens e serviços destinados a
viabilizar a execução das atividades finalísticas e das atividades meio para, em última instância, atingir
os objetivos definidos pela alta administração.
Como se vê, há interdependência entre esses fatores. Quanto mais sintonizados estiverem
entre si, maior será a eficiência, a eficácia e a efetividade da organização. Em outras palavras, boas
práticas de governança e gestão na área de aquisições resultam em agregação de valor e minimização
dos riscos atrelados ao negócio da organização.
De acordo com o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública (RBG) publicado pelo TCU, para que as funções de governança sejam
executadas de forma satisfatória, três mecanismos devem ser adotados: liderança, estratégia e controle.
Os achados de auditoria foram organizados sob a perspectiva desses três mecanismos a fim
de avaliar a governança. A seguir, examinaram-se questões mais específicas relacionadas à gestão.

II - Governança

Os mecanismos de governança são implementados a partir da adoção de determinadas


práticas. Portanto, o levantamento das práticas e dos respectivos instrumentos vigentes no órgão
permite avaliar a qualidade da governança exercida.
A partir das observações da equipe de auditoria, percebe-se que são deficientes os
instrumentos que permitam ao nível estratégico exercer a liderança necessária para conduzir à boa
governança e à consequente boa gestão do setor de aquisições. Nesse contexto, constatou-se que o
TJDFT não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de processo
formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades, não adota
código de ética prevendo sua aplicação a todas as pessoas (servidores, empregados, gestores,
colaboradores), inclusive aos membros da alta administração, e não estabelece objetivos, indicadores e
metas para a função de aquisições, nem mecanismos de controle do alcance das metas.
Com relação à estratégia, constatou-se que também são deficientes os instrumentos que
definam e divulguem a estrutura de governança do TJDFT, os papéis e as responsabilidades no tocante
à área de aquisições.
Nesse sentido, foi verificado que o órgão não estabeleceu formalmente estratégias e
políticas voltadas para a função de aquisições, quais sejam: estratégia de terceirização, política de
estoques e política de compras conjuntas. O órgão também não estabelece as competências, atribuições
e responsabilidades do dirigente máximo da organização com respeito às aquisições.
762

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Relativamente ao controle, foram examinadas as práticas relativas à gestão de riscos, à


existência de canais para recebimento de denúncias, à função de auditoria interna e à accountability
(prestação de contas e responsabilização), esta sob a perspectiva da divulgação das decisões e
documentos relacionados à atividade do setor de aquisições.
Os achados de auditoria apontam que o TJDFT não estabeleceu diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de
riscos e não realiza gestão de riscos das aquisições. Foi verificado, ainda, que a unidade de auditoria
interna é responsável por atividades que caracterizam a cogestão, e não realiza trabalhos de avaliação
da gestão de riscos da organização.
Quanto à accountability, não há diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições
seja publicada na internet. Não há, também, determinação para publicação da decisão quanto à
regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo e para publicação da agenda de
compromissos públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas
aquisições na internet.
Com base nesses achados de auditoria, conclui-se que o TJDFT enfrenta deficiências na
implementação de mecanismos e práticas de governança na área de aquisições.

III - Gestão

Segundo o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG), a gestão “é inerente e integrada aos processos organizacionais, sendo
responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pelo manejo dos recursos e poderes
colocados à disposição de órgãos e entidades para a consecução de seus objetivos”. (destaques
acrescentados)
Neste trabalho, a gestão das aquisições foi avaliada a partir do exame dos instrumentos
de planejamento, de gestão de pessoas e de padronização dos processos de trabalho da área.
Em relação ao planejamento, constatou-se que o TJDFT não possui um Plano de Gestão
de Logística Sustentável.
Quanto à gestão de pessoas e padronização de processos de trabalho, a equipe de
fiscalização não apontou achados de auditoria.
Dessa forma, pode-se concluir que no aspecto da gestão, o TJDFT encontra-se em
melhor situação que a maioria dos órgãos e entidades avaliados na presente fiscalização de orientação
centralizada, já que o único achado nesse quesito foi a ausência de Plano de Gestão de Logística
Sustentável.

IV - Conformidade das Contratações

Neste tópico, a equipe de auditoria avaliou a conformidade de aspectos específicos


relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. Os resultados se
constituem na demonstração prática dos efeitos das falhas de governança e de gestão.
Em síntese, foram constatadas as seguintes deficiências na etapa de preparação das
referidas contratações:
a) não foi realizado, para a prestação de serviços de serviços de transporte, um estudo técnico
para a identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade
de transportar pessoas;
b) não foi realizado estudo para estimar da melhor forma possível a quantidade de material a ser
utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação;
c) não foi realizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente
alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação;
763

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) pesquisa de preços inadequada para contratação de serviços de limpeza e conservação e de


vigilância armada e desarmada;
e) não foi realizado estudo para avaliar o parcelamento ou não das contratações de serviços de
limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada;
f) não foram definidos requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de limpeza e
conservação e de vigilância armada e desarmada e, consequentemente, não houve vinculação dos
pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade contratada;
g) ausência de previsão de que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o termo
circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da contratada, de
forma que haja segregação de funções entre o recebimento provisório e o recebimento definitivo do
bem ou serviço contratado.
No tocante às licitações e à execução dos contratos, foram observadas as deficiências que
se seguem:
a) não realização de estudo para definir os critérios de habilitação econômico-financeira
estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância;
b) não fixação de preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais de limpeza, o que
ocasionou a aceitação de preços desses insumos por valores acima do que foi estimado;
c) utilização do pregão presencial, em detrimento do eletrônico, para contratação de serviços de
limpeza e conservação, sem justificativa para a inviabilidade da utilização do pregão eletrônico;
d) deficiências na definição das cláusulas editalícias para contratação de serviços de limpeza e
vigilância;
e) definição, de forma genérica, das situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem
referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas, o que, na prática,
dificulta aplicar essas penalidades e, por consequência, não se inibem as condutas que retardam o
procedimento licitatório do pregão;
f) falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de designação dos
prepostos pelas contratadas para representá-las na execução contratual;
g) não verificação, a cada prorrogação do contrato de vigilância, se a contratada mantinha todas
as condições de habilitação exigidas à época da licitação;
h) não ultimação das providências para revisar os contratos a serem objeto de revisão decorrente
da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011;
i) não adoção de lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação;
j) não adoção de lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais.
Como fica evidenciado, foram constatadas deficiências no planejamento das aquisições,
na gestão de contratos e na implementação de controles internos.

V - Apreciação Geral - Conclusões

Conforme apontado pela equipe de auditoria, foram registrados 27 achados de auditoria,


de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições
públicas ou não são adotadas pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios não estão de
acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas práticas.
Foram observadas várias falhas nos processos de governança e gestão das aquisições do
órgão. Por sua vez, a avaliação da conformidade das contratações objeto da presente auditoria
demonstrou a ocorrência de um elevado número de falhas tanto nos procedimentos preparação das
referidas contratações, quanto nas fases de licitação e execução contratual. Tais ocorrências estão
intimamente relacionadas às deficiências nos processos de governança e gestão das aquisições
praticados pelo órgão auditado.
764

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Concluiu-se, assim, que a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições
no TJDFT é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados,
o que só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de
controles internos adequados.

VI - Proposta de Encaminhamento

Conforme enfatizado no relatório, as deficiências nos instrumentos de governança e


gestão elevam as chances da ocorrência de situações passíveis de afetar negativamente as aquisições e
a probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização. Para mitigar
tais riscos, foram formuladas pela equipe de auditoria recomendações e determinações a serem
encaminhadas ao TJDFT, além de se dar ciência de algumas ocorrências, as quais, no entender da
equipe de auditoria, não enseja a prolação de determinação ou recomendação.
Quanto às propostas de recomendações e ciência alvitradas pela equipe de auditoria,
acolho-as com eventuais ajustes que entendo pertinentes. As recomendações propostas visam ao
aprimoramento dos aspectos analisados nestes autos, enquanto que a cientificação das falhas
observadas busca evitar sua repetição.
Deixo de acolher, entretanto, a proposta de recomendação constante do item 457.1.1 do
relatório, que se refere à adoção de procedimento para disciplinar a forma de acesso às funções-chave
do setor de aquisições. Entendo que a escolha dos ocupantes de cargos em comissão e funções de
confiança se insere no campo da discricionariedade do gestor e envolve a aferição de uma
multiplicidade de fatores, nem todos traduzíveis em enunciados de normas. Assim, em consonância
com julgados proferidos em outros trabalhos congêneres (e.g. Acórdão 105/2015-TCU-Plenário),
penso que seja providência suficiente para solucionar o problema recomendação no sentido do
estabelecimento de um modelo de competências para as funções-chave da área, complementada por
recomendação para que a instituição expeça orientações no sentido de que, quando pertinente, a
escolha dos ocupantes de funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja
fundamentada nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da
transparência, da motivação, da eficiência e do interesse público.
Quanto às determinações propostas, uma delas diz respeito à não prorrogação dos
contratos 062/2010 e 223/2012, ante as graves irregularidades constatadas nos processos de
contratação que resultaram nos mencionados instrumentos. Destacam-se, dentre essas irregularidades,
a ausência de estudo técnico para identificar os diferentes tipos de solução que atendessem à
necessidade de transportar pessoas, ausência de estimativa da quantidade de material a ser utilizado na
prestação de serviços de limpeza, e para definir a produtividade da mão de obra contratada, bem como
a não definição do tamanho das áreas objeto do contrato de limpeza com base em documentos
técnicos.
Verifico, contudo, que o Contrato 062/2010 já se encontra no seu último período de
prorrogação, tendo em vista sua data de assinatura. Assim, a determinação deveria recair apenas sobre
o Contrato 223/2012. Ocorre que em relação a esse contrato foi apontada apenas a falha relativa à
ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de vigilância, o que
caracterizaria o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados.
Entendo, entretanto, que em relação a esses serviços específicos, não subsiste a falha mencionada, já
que, pela sua própria natureza, trata-se de serviço típico de disponibilização de mão de obra. Deixo de
acolher, então, a proposta em relação a esse contrato.

Anoto, finalmente, que outros pontos levantados neste relatório terão tratamento
específico por ocasião dos trabalhos de consolidação da FOC.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.
765

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2743/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-017.635/2014-4.
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios (TJDFT) apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem
como dar sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da
situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança
das Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fundamento no art.
43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a
conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema
de controle interno da organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.2. adotar o código de ética formalmente, inclusive avaliando a necessidade de complementar
o código de ética do servidor público federal ante as suas atividades específicas;
9.1.3. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.4. constituir comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído;
9.1.5. aprovar plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética;
9.1.6. estabelecer formalmente:
9.1.6.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.6.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente
em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.6.3. metas para cada indicador definido na forma acima;
9.1.6.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.7. estabelecer diretrizes para área de aquisições, incluindo:
9.1.7.1. estratégia de terceirização;
9.1.7.2. política de estoques;
9.1.7.3. política de compras conjuntas;
766

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.8. estabelecer, em normativos internos, as competências, atribuições e responsabilidades dos


dirigentes, inclusive quanto à delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a
responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários
para mitigar os riscos nas aquisições;
9.1.9. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.10. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.11. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.12. observar as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna;
9.1.13. avaliar, em decorrência da distinção conceitual mencionada no subitem anterior, a
necessidade de segregar as atribuições e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de
forma que essa unidade organizacional não possua concomitantemente atribuições e competências
relativas a atividades de controle interno e a atividades de auditoria interna;
9.1.14. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização;
9.1.15. publicar todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação
de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos, etc.)
na internet;
9.1.16. publicar na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.17. publicar a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas
aquisições;
9.1.18. elaborar e aprovar um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), isto é, um plano,
contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos e processos;
9.1.19. publicar no seu sítio na internet o PLS aprovado;
9.1.20. estabelecer mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS;
9.1.21. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.21.1. levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (art. 6º, inciso IX, alínea
“c”, da Lei 8.666/1993);
9.1.21.2. definição do método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
9.1.21.3. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.21.4. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.1.21.5. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.21.6. definição do método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços,
podendo utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
9.1.21.7. documentação do método utilizado para a estimativa de preços no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.21.8. avaliação se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atentando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir
forem positivas: 1ª) É tecnicamente viável dividir a solução? 2ª) É economicamente viável dividir a
767

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

solução? 3ª) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4ª) Há o melhor aproveitamento do mercado
e ampliação da competitividade ao dividir a solução?
9.1.21.9. avaliação, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades
de critérios de qualificação econômico-financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da IN-SLTI
2/2008, considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.22. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
9.1.22.1. definição dos requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados;
9.1.22.2. vinculação dos pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a
qualidade contratada;
9.1.22.3. previsão, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços,
da segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
9.1.22.3.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (art. 73, inciso I, alínea
“a”, da Lei 8.666/93);
9.1.22.3.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (art. 73, inciso I,
alínea “b”, da Lei 8.666/93);
9.1.22.4. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.1.22.5. previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que possa se enquadrar no contido no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.1.23. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de gestão contratual:
9.1.23.1. estabelecimento de mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos
postos de trabalho empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.23.2. exigência, antes do início da execução contratual, da designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante execução contratual;
9.1.23.3. verificação, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas
condições de habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação;
9.1.23.4. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na aprovação
das minutas de instrumentos convocatórios das licitações e de ajustes decorrentes de repactuações,
podendo ser adotados os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.1.24. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fulcro no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da eventual
prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o
problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução
768

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;
9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “f”, e ao art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, antes da
elaboração de edital de licitação com vistas a substituir o Contrato 062/2010, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.2.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.2.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente;
9.2.3. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de
edital para licitação com vistas a substituir o Contrato 223/2012, realize estudo técnico preliminar com
objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.4. em atenção ao art. 66 da Lei 8.666/1993, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato
223/2012, com vencimento previsto para 27/9/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio
trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo “OBSERVAÇÕES IMPORTANTES”, constante
do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da
execução contratual;
9.2.5. em atenção ao art. 68 da Lei 8.666/93, oficie a contratada para designar formalmente outro
empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um
terceirizado vinculado a essa contratação;
9.2.6. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão
2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida;
9.2.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a
implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:
9.2.7.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2.7.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.2.7.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. dar ciência ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios acerca das seguintes
impropriedades, para que sejam adotadas medidas internas com vistas a prevenir a ocorrência de outras
semelhantes:
9.3.1. o Edital 22/2009, constante do processo administrativo 14.758/2009, contendo realização,
na sua forma presencial, de licitação na modalidade pregão, sem a demonstração da inviabilidade de
realizar o procedimento na forma eletrônica, afronta o princípio da eficiência e a jurisprudência
majoritária do TCU, a exemplo dos Acórdãos do Plenário 1.099/2010 e 2.368/2010, sendo que não
mais será considerada, por este Tribunal, a boa-fé na repetição de tal ocorrência;
9.3.2. as cláusulas 13.4, constante do Edital 22/2009, e 9.3.e do Edital 84/2012, contendo fixação
de prazo para iniciação do serviço em 24 horas e dois dias, respectivamente, sem justificativa para tal,
é incompatível com a necessidade de mobilizar pessoas para prestação dos serviços e afronta o art. 3º,
§ 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.3. a cláusula 24.1, constante do Edital 22/2009, contendo a fixação de valores para os salários
a serem pagos pela contratada aos seus empregados, quando o serviço de limpeza e conservação deve
ser pago por resultado, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada e afronta o princípio
da eficiência;
769

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.4. o item 3 do Capítulo “OBSERVAÇÕES IMPORTANTES”, constante do Edital 084/2012,


contendo a previsão de pagamento, ao final do contrato, de valor fixo relativo ao aviso prévio
trabalhado, quando ele já foi provisionado ao longo da execução contratual, afronta ao princípio da
economicidade;
9.4. dar ciência desta deliberação ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios;
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do disposto no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2743-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I - CLASSE V - Plenário TC-018.688/2014-4


Natureza: Auditoria
Unidade: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Advogado constituído nos autos: não há
SUMÁRIO: AUDITORIA DE NATUREZA OPERACIONAL. GOVERNANÇA DA POLÍTICA PÚBLICA NO
TRATAMENTO ADMINISTRATIVO DO COMÉRCIO EXTERIOR. RECOMENDAÇÕES. ALERTA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o Relatório de Fiscalização 476/2014 (peça 51), elaborado por equipe da
SecexDesenvolvimento, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica.

“1. Introdução
1.1 Antecedentes
1. As transações internacionais brasileiras sofreram expressivo incremento ao longo dos últimos
dez anos. Dados da Balança Comercial Brasileira, apurada pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (Mdic), apontam que o valor das exportações passou de US$ 96,677
bilhões em 2004 para US$ 242,178 bilhões em 2013. No mesmo intervalo de tempo, o valor das
importações aumentou de US$ 62,835 bilhões para US$ 239,620 bilhões.
2. O avanço nas relações comerciais do Brasil com o mundo e o papel desempenhado pelo
comércio exterior como indutor do desenvolvimento econômico e social têm como consequência a
necessidade de aperfeiçoamento e melhoria dos procedimentos administrativos de controle que recaem
sobre as operações de importação e exportação.
3. Levantamento realizado em 2011 nas ações a cargo do Mdic (TC-004.795/2011-3, julgado
pelo Acórdão 2.543/2011-TCU-Plenário) apontou, entre outras áreas, o tratamento administrativo nas
importações como tema de risco passível de atuação do Tribunal por meio de auditoria operacional.
770

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Recentemente, por meio do Acórdão 3.682/2013-TCU-Plenário, escolheu-se o tema


governança pública com enfoque na qualidade dos serviços públicos e na competitividade do produto
nacional para orientar trabalhos específicos para as Contas do Governo de 2014.
5. O Plano Estratégico do Tribunal de Contas da União (TCU) definiu como objetivo estratégico
o aprimoramento das ações de controle voltadas à melhoria no desempenho da Administração Pública,
tendo por reflexo a aprovação de Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas
(Portaria TCU 230, de 25/8/2014).
6. Em virtude disso e tendo em vista a necessidade de se avaliar se foram estabelecidos
mecanismos que permitam a boa implementação da política pública no tema, a Secretaria de Controle
Externo do Desenvolvimento Econômico (SecexDesenvolvimento) propôs ação de controle sob a
forma de Auditoria Operacional sobre a governança no tratamento administrativo brasileiro das
importações e exportações (peça 1). A auditoria foi autorizada mediante Despacho do Exmº Ministro-
Relator AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI (peça 2).
7. A equipe de auditoria foi designada por meio da Portaria de Fiscalização/Fase Planejamento
926/2014 (peça 3), posteriormente alterada pelas Portarias 1.057/2014 (peça 4), sob o Registro Fiscalis
476/2014. A Portaria de Fiscalização/Fases Execução e Relatório 1.098/2014 (peça 5), posteriormente
alterada pela Portaria 1.518/2014 (peça 33), estabeleceu o período de 25/8/2014 a 7/11/2014 para a
realização das fases de execução e relatório da auditoria.
1.2 Identificação do objeto de auditoria
8. Parte das operações de comércio exterior sofre controle de licenciamento de dezoito órgãos e
entidades da Administração Pública (anuentes). A atuação de cada um dos anuentes é pautada por
competências, normas, procedimentos, estrutura e orçamentos próprios, o que torna complexa a
implementação de políticas na área, haja vista a diversidade de interesses.
9. Há que se considerar, ainda, que os acordos multilaterais de comércio conduzidos no âmbito
de organizações internacionais exercem influência sobre as políticas, procedimentos e normativos
internos que envolvam o comércio exterior, como é o caso do tratamento administrativo nas
importações e exportações.
10. A política pública desenvolvida no Brasil para o tratamento administrativo no comércio
exterior nos últimos anos tem por abordagem a reformulação, racionalização e simplificação dos
processos adotados pelos anuentes, com o objetivo de evitar a sobreposição de esforços, a eliminação
de procedimentos desnecessários, a diminuição de tempo para liberação de cargas importadas e
exportadas, bem como os custos associados a esta etapa.
11. Assim, dada a pluralidade de atores envolvidos e a necessidade de um esforço de
coordenação das atuações e de convergência de procedimentos, o alcance dos objetivos pretendidos
depende da implementação de mecanismos de governança na política pública no tratamento
administrativo.
12. De acordo com o Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas deste
Tribunal, a ‘governança em políticas públicas se refere aos arranjos institucionais que condicionam a
forma pela qual as políticas são formuladas, implementadas e avaliadas, em benefício da sociedade’.
Nesse contexto, o objeto desta auditoria operacional é verificar o estágio dos mecanismos de
governança na política pública para o tratamento administrativo das operações de exportação e
importação.
1.3 Objetivos e escopo da auditoria
13. O referencial desenvolvido pelo TCU identificou oito componentes que viabilizam uma boa
governança em políticas públicas. No mesmo documento, ressaltou-se que a avaliação da governança
dificilmente consegue abordar todos devido à amplitude de análise demandada. Todavia, essa
dificuldade é minimizada pelo fato de os componentes possuírem sobreposições, com conexão entre os
temas.
14. Tendo isso em consideração, foram selecionados quatro componentes do referencial para a
análise da governança no tratamento administrativo das importações e exportações:
771

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) Institucionalização: compreende os aspectos, formais ou informais, da existência da política,


como capacidades organizacionais, normatização, padrões, procedimentos, competências e recursos;
b) Planos e Objetivos: constitui a previsão das atividades necessárias e os recursos
correspondentes para a efetivação da política, tais como objetivos, etapas intermediárias, programação
de atividades a serem realizadas, cronogramas, alocação de recursos, definição de papéis e
responsabilidades, riscos, possíveis obstáculos e ações de contingência;
c) Coordenação e Coerência: é relacionada à existência de mecanismos de coordenação,
liderança e de comunicação, bem como a definição de papéis e responsabilidades, tendo-se em conta
que a política pública envolve uma miríade de atores e é necessário evitar a fragmentação da missão e
a sobreposição de programas;
d) Capacidade Organizacional e Recursos: abrange aspectos relacionados às estruturas e
processos para que as atividades planejadas sejam empreendidas.
15. A partir da compreensão e seleção dos componentes foi elaborada a Matriz de Planejamento
da Auditoria, onde estão identificadas as questões, informações requeridas, fontes de informação,
métodos de coleta de dados, métodos de análise, limitações e objetivos das análises (peça 14).
16. É importante ressaltar que a presente auditoria tem por finalidade verificar se foram ou estão
sendo implementadas e observadas boas práticas de governança na formulação e execução da política
pública atinente ao tratamento administrativo no comércio exterior. Portanto, não se trata do foco
tradicional das auditorias operacionais comumente conduzidas pelo Tribunal, visando examinar a
economicidade, eficiência, eficácia e efetividade de programa governamental. Assim, o exame não
aborda aspectos sobre como estão sendo alocados os recursos (economicidade) ou o alcance dos
objetivos pretendidos (efetividade), e sim se há mecanismos de governança que propiciem (não
necessariamente asseguram) que os resultados pretendidos sejam atingidos.
772

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Problema de auditoria
A política pública referente ao tratamento administrativo
(licenciamento de importações e exportações) no comércio exterior nos
últimos anos tem por abordagem a reformulação, racionalização e
simplificação dos processos adotados pelos diversos órgãos e entidades da
Administração Pública que atuam na área. Objetiva evitar a sobreposição de
esforços, a eliminação de procedimentos desnecessários, a diminuição de
tempo para liberação de cargas importadas e exportadas, bem como a redução
de custos para os importadores e exportadores.
A ausência de mecanismos de governança pode comprometer os
resultados e objetivos pretendidos com a política desenvolvida. Visando
responder a esse problema foram elaboradas questões de auditoria relacionadas
a quatro componentes do Referencial para Avaliação de Governança em
Políticas Públicas do TCU.

Questões de auditoria
1 Em que medida a política pública foi institucionalizada formal e
adequadamente por meio de instrumento legal (lei, decreto,
resolução etc.)?
2 De que forma a lógica de intervenção da política pública está
alinhada com seus componentes e resultados esperados?
3 Em que medida o planejamento da política pública orienta a sua
operacionalização?
4 Como os responsáveis pela política pública definem e declaram as
diretrizes, objetivos, metas, priorização, responsáveis, prazos e a
orientação estratégica a que a política está alinhada?
5 Em que medida os diversos atores governamentais envolvidos com
a política pública atuam de maneira coerente e coordenada entre
si?
6 De que maneira ocorre a articulação entre as esferas de governo
para que a política pública seja desenvolvida de maneira coesa e
coordenada?
Figura 1 - Problema e questões de auditoria
7 Em que medida os órgãos e entidades possuem capacidade
organizacional e recursos suficientes para o adequado
1.4 Critérios desenvolvimento da política pública?
17. Os principais critérios utilizados foram a Constituição Federal (art. 37, princípio da
eficiência), o Decreto 5.378/2005 (institui o Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização - GESPÚBLICA), o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e
Entidades da Administração Pública (Portaria TCU 25, de 29/1/2014) e o Referencial para Avaliação
de Governança em Políticas Públicas (Portaria TCU 230, de 25/8/2014).
18. Foram utilizados também referenciais bibliográficos sobre análise de políticas públicas
(SECCHI, Leonardo, ‘Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos’, 2010; DIAS,
Reinaldo e MATOS, Fernanda, ‘Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos, 2012).
19. Por fim, foram consultados estudos internacionais a respeito da implementação de políticas
públicas de facilitação e simplificação do comércio exterior: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS, ‘The Single Window Concept’ (peça 28, p. 1-4); GLOBAL TRADE ANALYSIS PROJECT,
‘Time as a Trade Barrier’ (peça 28, p. 5-39); ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
UN/CEFACT ‘Recommendation 33: Recommendation and Guidelines on establishing a Single
Window’ (peça 28, p. 40-76); ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DAS ADUANAS, ‘Volume 1: The
Executive Guide’ e ‘Volume 2: The Professional Practice Guide’ (peça 28, p. 77-402); e
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, ‘Single Window Planning and Implementation Guide’
(peça 34).
773

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.5 Métodos usados


20. Os métodos e técnicas usados durante o planejamento deste trabalho foram: análise
documental, pesquisa da legislação pertinente, reunião com gestores da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) do Mdic e da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) e elaboração de análise
stakeholder (peça 15) e análise SWOT (peça 16).
21. Durante a execução da auditoria, as principais atividades realizadas foram: análise de
normativos, de documentos e de respostas aos ofícios de requisição; reuniões com gestores da
Secex/Mdic, CAMEX, Receita Federal do Brasil (RFB), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); envio de questionários a todos os
interessados secundários (grupo anuentes) identificados na análise stakeholder; reunião com os
coordenadores da política (Secex/Mdic e RFB) para discussão e validação da análise SWOT; e
participação, como observadores, de seminário atinente à ‘proposta de fluxo de trabalho do futuro
processo de exportação’, organizada pelos coordenadores (Secex/Mdic e RFB) da política
desenvolvida para o tratamento administrativo do comércio exterior.
1.6 Organização do Relatório
22. Este relatório apresenta, no capítulo 2, a visão geral do comércio exterior brasileiro quanto a
conceitos, dados estatísticos, instrumentos de atuação, competências e responsabilidades dos órgãos e
entidades intervenientes e estudos conduzidos na área. O capítulo 3 discorre sobre a governança da
política pública no tratamento administrativo do comércio exterior, subdividindo-se conforme os
componentes de análise selecionados: institucionalização; planos e objetivos; coordenação e coerência;
e capacidade organizacional e recursos. A análise dos comentários apresentados pelos gestores compõe
o capítulo 4, enquanto o capítulo 5 é dedicado à conclusão do trabalho. Por fim, o capítulo 6 contém a
proposta de encaminhamento.

2. Visão geral
2.1 O Tratamento Administrativo
23. As operações de comércio exterior ocorrem em um cenário complexo, onde há questões
relacionadas a tributação, controles administrativos referentes à segurança nacional, saúde pública e
normatização de produtos, entre outros. Esses controles administrativos configuram o que se
convenciona chamar de tratamento administrativo do comércio exterior.
24. Em sentido amplo, toda a atuação governamental no controle de exportações e importações,
envolvendo, inclusive, a atuação da RFB, seria tratamento administrativo. Já em sentido estrito, o
tratamento administrativo abrange as análises administrativas realizadas pelos órgãos anuentes do
comércio exterior, visando conferir se os requisitos constantes da legislação específica de sua área de
atuação encontram-se atendidos na importação ou exportação de mercadorias. A sua atuação se
fundamenta na necessidade de controles visando assegurar a segurança nacional, a vigilância sanitária,
a regulação de mercados, entre outras funções de interesse nacional, excetuando-se a atuação
aduaneira a cargo da RFB. Quando se fala em tratamento administrativo no comércio exterior
brasileiro, o sentido é o estrito, conforme delimitado pela Portaria Secex 23/2011. Neste relatório,
portanto, sempre que houver menção ao termo tratamento administrativo, a não ser que haja a devida
ressalva, será em sentido estrito.
25. Da definição de tratamento administrativo acima, tem-se que anuentes são todos aqueles
órgãos e entidades que necessitam efetuar as análises em operações de comércio exterior para as quais
a legislação vigente demande controle governamental, excetuando-se a atuação da RFB.
26. Assim, a título de exemplo de tratamento administrativo, compete à Coordenação-Geral de
Bens Sensíveis (CGBE), do MCTI, o acompanhamento da implementação da política de controles de
exportação de bens sensíveis e serviços diretamente vinculados a tais bens, relacionados tratados
internacionais nas áreas de desarmamento e de não proliferação de Armas de Destruição em Massa.
Isso significa que, efetivamente, por força de determinação legal, a CGBE/MCTI, atuando dentro de
suas atribuições, pode negar a anuência de determinadas operações de exportação.
774

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

27. Como outro exemplo, cite-se que compete à Anvisa, na sua missão de promover a saúde da
população, exercer o controle sanitário em portos, aeroportos e fronteiras, quando da entrada de
produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive os insumos e as tecnologias a eles
relacionados. Assim, no mesmo sentido que o exemplo da CGBE/MCTI, a Anvisa no exercício de suas
atribuições, pode negar anuência em determinadas operações de importação.
28. O tratamento administrativo nas importações e exportações brasileiras é regulamentado pela
Portaria Secex 23, de 14/7/2011, com alterações posteriores. De forma complementar, os órgãos e
entidades anuentes no comércio exterior se pautam por normas específicas em relação aos produtos e
operações objeto de seu controle. A relação de órgãos anuentes, portanto, pode variar ao longo do
tempo, de acordo com os normativos vigentes à época da operação de comércio exterior. Uma lista de
anuentes, compreendendo nome do órgão/entidade; ato normativo que confere a competência de
anuência, com respectiva descrição; e endereço na internet, com link para consulta das normas
encontra-se anexada ao presente processo (peça 23, p. 4-6).
29. Esquemas demonstrando o fluxo operacional das exportações e importações encontram-se à
peça 30, p. 1-2 dos autos. Esses fluxogramas apresentam, de forma simplificada, as etapas de atuação
dos intervenientes em operações de comércio exterior. Não são considerados nos gráficos questões
relacionadas a tributação, prorrogações, regimes aduaneiros especiais e atípicos, atuação de
despachantes, operações de câmbio, entre outras particularidades que podem ocorrer, a depender do
tipo de operação. Ante as múltiplas possibilidades de controles por cada anuente, os fluxogramas
foram simplificados visando delimitar a amplitude do tratamento administrativo no comércio exterior,
objeto da política de facilitação do comércio ora analisada.
2.2 Prazos Previstos na Legislação
30. À época da conclusão deste Relatório, o tratamento administrativo era regido pela Portaria
Secex 23/2011. O normativo estabelece que o sistema administrativo das importações brasileiras
compreende as seguintes modalidades: importações dispensadas de Licenciamento; importações
sujeitas a Licenciamento Automático; e importações sujeitas a Licenciamento Não Automático.
31. As importações dispensadas de licenciamento são aquelas em que não é prevista atuação dos
anuentes na análise da operação, devendo o importador proceder o registro de Declaração de
Importação (DI) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), com o objetivo de dar início
aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à RFB. Portanto, não são objeto de tratamento
administrativo.
32. Já as importações sujeitas a licenciamento automático compreendem determinados produtos
identificados no Siscomex como sujeitos à essa modalidade de importação, bem como operações
amparadas sob o regime de drawback. Em regra compreendem importações sob análise do
Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX) da Secex/Mdic. Logo, mercadorias
sujeitas ao licenciamento automático também estão sujeitas a tratamento administrativo, apesar da
nomenclatura.
33. Por fim, as importações sujeitas a Licenciamento Não Automático compreendem
determinados produtos identificados no Siscomex como sujeitos à essa modalidade de importação,
onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do licenciamento não automático, por
produto, bem como determinadas situações previstas no art. 15 da Portaria Secex 23/2011.
34. Nas importações sujeitas a licenciamento, o importador deve registrar a Licença de
Importação (LI) no Siscomex, que ficará disponível para fins de análise pelo (s) órgão (s) anuente (s).
O prazo máximo para efetivação da LI é de 10 dias úteis nos casos de Licenciamento Automático e de
60 dias corridos no caso de Licenciamento Não Automático, contados da data do registro da LI.
Ambos os licenciamentos terão validade de 90 dias para fins de embarque da mercadoria no exterior,
quando for o caso de licenciamento prévio ao embarque.
35. Em regra, o licenciamento automático poderá ser efetuado após o embarque da mercadoria
no exterior, mas anteriormente ao despacho aduaneiro de importação (art. 16 da Portaria Secex
775

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

23/2011), enquanto o licenciamento não automático deverá ser efetuado previamente ao embarque da
mercadoria no exterior (art. 17). Exceções a essas regras constam da Portaria Secex 23/2011.
36. No caso das exportações, produtos sujeitos a procedimentos especiais, a normas específicas
de padronização e classificação, a imposto de exportação ou que tenham a exportação contingenciada
ou suspensa, em virtude da legislação ou em decorrência de compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil, bem como os produtos sujeitos à manifestação prévia dos órgãos na exportação (indicados
no Siscomex), estão sujeitos ao tratamento administrativo.
37. A Portaria Secex 23/2011 dispõe que o Registro de Exportação (RE) no Siscomex deve, em
regra, ser efetuado previamente à declaração para despacho aduaneiro e ao embarque da mercadoria.
Exceções são previstas na própria norma.
38. O RE deve ser deferido no prazo máximo de 30 dias, contados a partir do registro no
Siscomex, desde que apresentado de forma adequada e completa.
39. O prazo de validade do RE para início do despacho aduaneiro de exportação das mercadorias
é de 60 dias contados da data do seu deferimento.
40. Ante o exposto, salvo casos de prorrogações, os prazos máximos previstos na legislação nas
operações de comércio exterior são apontados na tabela a seguir:

Operação Prazo para análise do RE - Secex e Anuentes


(em dias)
Exportação 30
Importação dispensada de licenciamento -
Importação com licenciamento automático 10
Importação com licenciamento não automático 60
Tabela 1 - Prazos para análise no tratamento administrativo
Fonte: Portaria Secex 23/2011
2.3 Prazos Praticados e Impacto nas Operações de Comércio Exterior
41. Quanto aos prazos, e consequentes custos acarretados nas operações de comércio exterior,
estudo do Banco Mundial, denominado Doing Business 2014 - Economy Profile: Brazil, apresenta
uma análise do ambiente de negócios no país e traz informações relevantes sobre o tema (peça 29, p. 1-
118).
42. Entre os dados apresentados no citado documento, destaca-se o indicador ‘comércio entre
fronteiras’. Seu cálculo inclui: a quantidade de documentos requeridos para importar/exportar; o tempo
necessário para obter, preencher e submeter à análise os documentos exigíveis nas operações,
transportar internamente e desembaraçar as mercadorias (não considera o tempo de transporte
internacional); e o custo das operações, considerando todos os custos da documentação, transporte
interno, desembaraço, inspeções e taxas (official costs). Ou seja, o indicador retrata o tempo médio
entre a entrada da mercadoria no país e o recebimento da mesma pelo importador. Não deve ser
confundido com o tempo de desembaraço aduaneiro, já que essa etapa é apenas parte do tempo total
considerado pelo indicador.
43. Para efetuar o cálculo do indicador para o Brasil, foram consideradas operações de comércio
exterior realizadas por transporte marítimo para uma empresa operadora localizada na cidade de São
Paulo. O estudo aponta que, para exportar um contêiner padrão de bens, é necessária a apresentação de
seis documentos, com prazo de treze dias para conclusão da operação, ao custo de US$ 2.215. Já a
importação de contêiner equivalente requer a apresentação de oito documentos, dezessete dias para
desembaraço, ao custo de US$ 2.275.
44. A tabela a seguir apresenta um comparativo entre o Brasil, a média da América Latina e
Caribe e a média das maiores economias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) com relação aos custos médios para exportar e importar. Ao comparar o Brasil,
especialmente com as maiores economias, fica evidente o comprometimento da competitividade em
decorrência dos custos das operações. As informações são detalhadas na Tabela 2 e na Tabela 3, as
776

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

quais correspondem, respectivamente, aos procedimentos para as exportações e aos que se referem às
importações.

América Latina & OCDE (maiores


Indicador Brasil
Caribe (média) economias - média)
Quantidade de documentos para exportar 6 6 4
Tempo para exportar (em dias) 13 17 11
Custo para exportar (US$ por contêiner) 2.215 1.283 1.070
Quantidade de documentos para importar 8 7 4
Tempo para importar (em dias) 17 19 10
Custo para importar (US$ por contêiner) 2.275 1.676 1.090
Tabela 2 - Comparativo de custos e documentos para comércio entre fronteiras
Fonte: Doing Business 2014 (peça 29, p. 82)

Item Tempo (dias) Custo (US$)


Preparação de documentos 6 325
Desembaraço aduaneiro e controles administrativos/técnicos 3 400
Movimentação no porto e terminais portuários 3 500
Transporte e movimentação dentro do país 1 990
Totais 13 2.215
Tabela 3- Procedimentos para exportações no Brasil (2014)
Fonte: Doing Business 2014 (peça 29, p. 82)

Item Tempo (dias) Custo (US$)


Preparação de documentos 8 275
Desembaraço aduaneiro e controles administrativos/técnicos 4 450
Movimentação no porto e terminais portuários 3 500
Transporte e movimentação dentro do país 2 1.050
Totais 17 2.275
Tabela 4 - Procedimentos para importações no Brasil (2014)
Fonte: Doing Business 2014 (peça 29, p. 83)

45. Consulta ao site do Doing Business (http://portugues.doingbusiness.org/rankings), efetuada


em 21/5/2014 (peça 29, p. 229-230), mostra o Brasil na 124ª posição do indicador de comércio entre
fronteiras, em um ranking composto por 189 países avaliados. Tal classificação contrasta com dados
do Banco Mundial, os quais mostram que, em 2012, o Brasil foi detentor do sétimo maior produto
interno bruto do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América, da China, do Japão, da
Alemanha, da França e do Reino Unido (peça 29, p. 231-244).
46. Em outras palavras, considerando-se o potencial da economia do Brasil, a classificação na
124ª posição indica que muito deve ser feito, em termos operacionais e logísticos, a fim de dar
agilidade ao comércio exterior do país. Isto porque, entre outros fatores, esse prazo causa elevação dos
custos das operações e faz parte do denominado ‘Custo Brasil’, termo genérico utilizado para
descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o
investimento no Brasil.
47. Porém, uma importante distinção deve ser feita quando da análise dos prazos do estudo do
Banco Mundial. Parte do prazo total referente à atuação do Estado (Desembaraço aduaneiro e
controles administrativos/técnicos) nas operações deve-se ao Tratamento Administrativo e outra parte
corresponde ao Tratamento Aduaneiro.
48. Em estudo de tempos médios despendidos em operações realizadas no Porto do Rio de
Janeiro (modal marítimo), no mês de maio/2013, realizado pela RFB (peça 26, p. 10-43), são
apresentados os seguintes resultados:
777

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Quantidade de operações 6.542


Etapas da operação Tempos em cada etapa da operação em dias
Da atracação do navio no porto ao início da descarga 3
Do registro da recepção da carga pelo depositário ao
5
registro da DI (quando não obrigatória a LI)
Deferimento da LI (nos casos em que é obrigatória) 12
Deferimento da DI 1,4
Do desembaraço até a efetiva entrega da mercadoria
5
pelo depositário ao importador

Tabela 5 - Tempos de cada etapa em operações no Porto do Rio de Janeiro


Fonte: Apresentação da RFB (peça 26, p. 13)

49. Observe-se que 16% das operações exigiram licenciamento, e por conseguinte, tratamento
administrativo. Significa que 84% das operações foram submetidas apenas aos controles da RFB,
levando 1,4 dias, enquanto 16% foram submetidas, além da RFB, aos controles do tratamento
administrativo, totalizando 13,4 dias (12 mais 1,4). Assim, por média ponderada, obtém-se um tempo
médio de atuação do Estado de 3,32 dias, o que está próximo ao indicado no estudo do Banco Mundial
(4 dias).
50. Em resposta a solicitação de auditoria, a Secex apresentou relação dos anuentes nas
operações de importação e exportação; indicando, para cada anuente, a quantidade de operações, valor
total e prazos médios de análise nos casos de exigência de tratamento administrativo (licenciamentos
automático e não automático) nos anos 2012 e 2013 (peça 30, p. 3-4). Analisando-se os números
apresentados, é possível inferir indicadores sobre a produtividade nas anuências. A média ponderada
em dias para o prazo médio de anuência foi de 12,5 para o ano de 2012 e 10,7 para 2013. Essa
informação é condizente com que foi apresentado pelo estudo da RFB.
51. Ao momento da conclusão deste relatório, o Banco Mundial havia publicado novo estudo
sobre comercio entre fronteiras (peça 29, p. 119-228). O Doing Business 2015 apresenta os seguintes
dados:

América Latina & Caribe


Indicador São Paulo OCDE
(média)
Quantidade de documentos para exportar 6 6 4
Tempo para exportar (em dias) 13 16,8 10,5
Custo para exportar (US$ por contêiner) 1.925,0 1.299,1 1.080,3
Quantidade de documentos para importar 8 7 4
Tempo para importar (em dias) 17 18,7 9,6
Custo para importar (US$ por contêiner) 1.925 1.691,1 1.100,4

Tabela 6 - Comparativo de custos e documentos para comércio entre fronteiras


Fonte: Doing Business 2015 (peça 29, p. 229-230)

São Paulo Rio de Janeiro


Item Tempo (dias) Custo (US$) Tempo (dias) Custo (US$)
Preparação de documentos 6 325 6 325
Desembaraço aduaneiro e controles
3 400 3 400
administrativos/técnicos
Movimentação no porto e terminais
3 500 3 500
portuários
Transporte e movimentação dentro do
1 700 2 1.720
país
Totais 13 1.925 14 2.945
778

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tabela 7 - Procedimentos para exportações no Brasil (2015)


Fonte: Doing Business 2015 (peça 29, p. 202)

São Paulo Rio de Janeiro


Item Tempo (dias) Custo (US$) Tempo (dias) Custo (US$)
Preparação de documentos 8 275 8 275
Desembaraço aduaneiro e controles
4 450 4 450
administrativos/técnicos
Movimentação no porto e terminais
3 500 3 500
portuários
Transporte e movimentação dentro do país 2 700 2 1.720
Totais 17 1.925 17 2.945

Tabela 8 - Procedimentos para importações no Brasil (2015)


Fonte: Doing Business 2015 (peça 29, p. 202)

52. O que se verifica é que apesar de haver ocorrido uma redução nos custos de exportação e
importação em relação ao relatório de 2014 (cujos dados se referem à cidade de São Paulo), o
documento de 2015 demonstra que não houve redução na quantidade de documentos e prazos em
relação ao ano anterior. Com efeito, o documento aponta que o Brasil se encontra atualmente na 123ª
posição do ranking de comércio entre fronteiras, ou seja, praticamente não evoluiu em relação a 2014.
53. A seguir, seguem tabelas apresentando os quatro anuentes que foram responsáveis por: maior
quantidade de anuências, maior volume em dólares analisado, maior prazo médio de análise e menor
produtividade para o ano de 2013:

Anuente Quant. de Valor Total em Dólar Prazo Médio % (quant) de % de operações


Operações de Análise - operações c/ acumulado
dias tratamento
administrativo
DECEX 2.842.020 1.123.492.571.884,00 5 51,8% 51,8%
Anvisa 799.928 434.220.480.950,00 28 14,6% 66,4%
MAPA 669.747 2.225.212.588,05 20 12,2% 78,6%
Secex 413.609 5.656.388.771,00 8 7,5% 86,2%

Tabela 9 - Órgãos/entidades responsáveis por maior quantidade de anuências em 2013.


Fonte: Secex (peça 30, p. 4)

Anuente Quant. de Valor Total em Dólar Prazo Médio % (quant) de Valor médio
Operações (B) de Análise - operações c/ das operações
(A) dias tratamento (US$) (B/A)
administrativo
DECEX 2.842.020 1.123.492.571.884,00 5 51,8% 395.314,80
Anvisa 799.928 434.220.480.950,00 28 14,6% 542.824,46
ANP 128.770 368.615.057.845,00 1 2,3% 2.862.584,90
Ibama 255.002 246.653.412.471,00 4 4,6% 967.260,70
Tabela 10 - Órgãos/entidades responsáveis pelas anuências de maior valor em 2013.
Fonte: Secex (peça 30, p. 4)

Anuente Quant. de Valor Total em Prazo Médio % (quant) de operações % de


Operações Dólar de Análise - c/ tratamento operações
dias administrativo acumulado
Anvisa 799.928 434.220.480.950,00 28 14,6% 14,6%
MAPA 669.747 2.225.212.588,05 20 12,2% 26,8%
779

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

INMETRO 176.522 78.857.842.538,00 20 3,2% 30,0%


Cnen 11.470 15.950.770.106,00 16 0,2% 30,2%
Tabela 11 - Órgãos/entidades com maior prazo médio de análise em anuências em 2013.
Fonte: Secex (peça 30, p. 4)

Anuente Quant. de Valor Total em Prazo Médio % (quant) de Valor médio Análises
Operações Dólar de Análise - operações c/ das operações por dia
dias tratamento (US$) útil (A /
administrativo 256)
BB* 23 4.247.980,00 2 0,0% 184.694,78 0,1
BB* 5.622 3.137.941.325,00 5 0,1% 558.153,92 22,0
BB* 8.480 2.662.871.080,00 4 0,2% 314.017,82 33,1
Cnen 11.470 15.950.770.106,00 16 0,2% 1.390.651,27 44,8
Tabela 12 - Órgãos/entidades com menor produtividade em anuências em 2013.
Fonte: Secex (peça 30, p. 4)
* o Banco do Brasil figura como três anuentes diferentes em virtude de as anuências
configurarem análises de situações diferentes.

2.4 Siscomex e Portal Único do Comércio Exterior


54. Via de regra, as operações de comércio exterior no Brasil são executadas por intermédio do
Siscomex, sistema que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de
comércio exterior, mediante fluxo computadorizado de informações, conforme estabelece o art. 2º do
Decreto 660/1992.
55. Como será apresentado no item 3.4 deste Relatório, em que pese os avanços alcançados em
decorrência da implementação do Siscomex, a evolução das rotinas de comércio exterior, a
implementação de controles decorrentes do tratamento administrativo, bem como as idiossincrasias da
solução tecnológica adotada para construção dos diversos módulos do Siscomex acarretaram a adoção
de controles não otimizados nas operações de comércio exterior por parte do Estado. Informações
redundantes, duplicidade de exigências e falta de transparência podem ser citadas para ilustrar o
cenário.
56. A principal consequência da execução de processos sem a devida racionalização é a elevação
do tempo de resposta do Governo na análise das operações. Portanto, maiores prazos e consequentes
custos, em última instância reduzindo a competitividade do produto brasileiro no exterior.
57. Como forma de enfrentamento dos problemas anteriormente elencados, o Governo Federal
publicou o Decreto 8.229/2014, instituindo o Portal Único do Comércio Exterior, peça chave na
política de facilitação do comércio, visando integrar os sistemas de controle administrativo e os
sistemas fiscais, tanto da RFB, quanto estaduais, com sistemas de controle de carga desenvolvidos e
operados pela RFB, aumentando a eficiência dos gastos públicos na área fiscal e aduaneira.
58. Trata-se, por conseguinte, de uma decisão governamental que vai além da reformulação do
sistema informatizado em si. Abrange a reformulação e a desburocratização nos processos, a melhoria
e ampliação da comunicação entre os órgãos governamentais envolvidos. Tem como principais
objetivos a redução de prazos de análises das operações, com reflexos na redução de seus custos, bem
como o aumento da eficiência e efetividade dos controles governamentais.
59. A abordagem adotada prevê que o portal deverá ser do tipo guichê único (single window),
por meio do qual, segundo a RFB e a Secex, deverá compreender uma estrutura oficial que centralize
todos os procedimentos e exigências normativas e que atua como interface única entre a Administração
Pública e o operador do comércio exterior (peça 20, p. 7).
60. Segundo a Comissão Econômica para a Europa das Nações Unidas, o ambiente single
window tem por finalidade acelerar os processos e simplificar os fluxos de informação entre comércio
e governo e traz ganhos significativos para todas as partes envolvidas no comércio exterior. Em
780

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sentido teórico, o single window pode ser descrito como um sistema que permite aos comerciantes
prestar todas as informações em um balcão único, visando atender a todos os requerimentos da
regulação governamental relacionados a importações e exportações (The Single Window Concept -
peça 28, p. 1-4).
2.5 Relevância da Política de Facilitação do Comércio
61. Na página do Portal Único de Comércio Exterior na internet
(http://portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/programa-portal-unico-de-comercio-exterior),
acessada em 21/10/2014, há referência ao estudo de David Hummels (Time as a Trade Barrier, 2011 -
peça 28, p. 5-39), indicando que a cada dia a menos no tempo entre a saída da mercadoria importada
de sua origem e a sua entrega ao importador, há geração de uma economia equivalente, em média, a
0,8% do valor dessa mercadoria. Considerando esse percentual e os dados da corrente de comércio do
Brasil em 2013, os gestores estimam que as reduções de tempo esperadas pelo Programa têm potencial
de proporcionar uma economia anual de 23 bilhões de dólares para os exportadores e importadores
brasileiros.
62. O referido estudo leva em consideração variáveis que não necessariamente sejam aplicáveis
ao caso brasileiro, já que considera a realidade norte americana em determinado período, considerando
a matrizes de produtos exportados e importados dos Estados Unidos da América, bem como a
precificação de estocagem, frete e seguros para esse país. Portanto, não há como se afirmar que a cifra
esteja devidamente estimada para o Brasil. Contudo, é correto afirmar que a redução de prazos acarreta
a redução de custos. E tendo em vista que o estudo de Hummels considera diversas relações na cadeia
logística no comércio exterior, pelo menos pode ser considerado como fundamento para a
implementação da política, se não como estimativa de resultados.
63. Nesse sentido, destaque-se comentário apresentado pela Secex em função da apreciação do
Relatório Preliminar, encaminhado por meio do Ofício 331/2014/SE-Mdic, de 26/11/2014 (peça 46). A
Secex informa que a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Fundação Getúlio
Vargas (FGV), está atualmente desenvolvendo estudo com o propósito de aplicar a metodologia de
David Hummels para conseguir estimativas mais próximas da realidade brasileira. A versão preliminar
do estudo já teria sido apresentada à FGV, ao momento da conclusão deste relatório.
64. Para compreender o impacto dessa economia potencial de 23 bilhões de dólares, apresenta-se
na tabela a seguir dados da balança comercial brasileira de 2010 a 2013:

Ano Exportação Importação


2010 201.915 181.649
2011 256.040 226.243
2012 242.580 223.149
2013 242.179 239.621
Tabela 13 - Balança Comercial Brasileira (em milhares de dólares)
Fonte: Secex (peça 35)
65. Dos dados acima, verifica-se que a corrente de comércio de 2013 foi de 481,8 bilhões de
dólares (soma do total de exportações e importações). Para fins de ressaltar a relevância e
materialidade da política de facilitação do comércio, considerando-se a estimativa fundamentada no
estudo de Hummels, tem-se que uma economia de 23 bilhões por ano representa aproximadamente
4,8% do total da corrente de comércio brasileira em 2013.
66. O documento Recommendation No. 33 (peça 28, p. 40-76), parte das recomendações do
Centro de Facilitação do Comércio e Negócios Eletrônicos das Nações Unidas (UN/CEFACT) lista
uma série de benefícios advindos da implementação de um ambiente single window no âmbito
comércio exterior:

Benefícios para o governo Benefícios para o comércio


Utilização de recursos mais eficiente e efetiva Corte de custos em decorrência de diminuição dos
781

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

atrasos
Arrecadação de impostos mais correta (e quase Desembaraço aduaneiro e liberação das mercadorias
sempre aumentada) mais rápidos
Cooperação de importadores e exportadores Regras mais transparentes e com aplicação mais
melhorada previsível
Segurança aprimorada Aplicação de recursos mais eficiente e efetiva
Elevação da integridade e da transparência Transparência aprimorada
Quadro 1 - Benefícios de um ambiente single window
Fonte: Recommendation No. 33 (peça 28, p. 54)

3. Análise da Governança da Política Pública no Tratamento Administrativo do Comércio


Exterior
3.1 Institucionalização
3.1.1 Análise
67. Segundo o Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas do TCU, o
componente da institucionalização se refere a aspectos, formais ou informais, da existência da política.
Abrange normatização, padrões, procedimentos, definição das arenas decisórias, das competências e
atribuições dos atores e recursos necessários ao alcance dos objetivos e resultados.
68. Até 2007 não houve iniciativas da Administração que visassem direta e objetivamente tratar
a questão do tratamento administrativo nas importações e exportações brasileiras. As atuações dos
diversos órgãos anuentes ocorriam de forma fragmentada e sem harmonização, simplificação e
racionalização de procedimentos, acarretando uma série de entraves burocráticos e de custos aos
importadores e exportadores.
69. As primeiras discussões para a proposição de solução de entraves existentes no tratamento
administrativo se deram por iniciativa da CAMEX, órgão integrante do Conselho de Governo da
Presidência da República, composto por sete Ministros de Estado (Mdic, MF, Ministério das Relações
Exteriores, Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e Ministério do Desenvolvimento
Agrário) e que tem como presidente o Ministro do Mdic. Segundo entrevista com gestores do Mdic e
da CAMEX, as discussões não foram motivadas por uma demanda específica do setor privado, mas
pela própria Secretaria Executiva da Câmara à época. Além disso, a agenda de negociações
internacionais na Organização Mundial do Comércio (OMC) apontava para a necessidade de que os
países implementassem medidas de facilitação do comércio exterior, contribuindo para que o tema
ganhasse força no País.
70. As reuniões iniciais conduzidas pela CAMEX com a participação de anuentes resultaram na
Resolução CAMEX 70/2007 (peça 18, p. 21-23), que estabeleceu princípios e medidas gerais de
simplificação a serem observados pelos órgãos e entidades intervenientes no comércio exterior, e
reforçou a necessidade de que a Câmara fosse previamente consultada sobre todas as matérias
relevantes na área, ainda que consistissem de atos normativos de outros órgãos federais. Também foi
estipulado um prazo de cento e oitenta dias para que as medidas elencadas fossem implementadas
pelos anuentes.
71. A mencionada resolução não apresenta elementos que permitam caracterizar uma plena e
formal institucionalização de uma política na área, pois não dispõe sobre definição clara e precisa de
competências e obrigações dos atores, objetivos, metas e produtos associados, recursos necessários,
riscos e estratégias de contorno. O prazo estipulado, por sua vez, não estava associado à
implementação de uma determinada medida e se demonstrou inócuo.
72. Contudo, pode-se considerar a Resolução CAMEX 70/2007 como uma primeira declaração
formal de que uma política pública para o tratamento administrativo no comércio exterior estava em
elaboração, além de inaugurar oficialmente a discussão em busca de uma convergência de
procedimentos e objetivos entre os diversos órgãos e entidades anuentes.
782

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

73. No ano seguinte, a edição de um novo normativo pela CAMEX e o lançamento de uma
estratégia para o tema representaram um maior direcionamento à institucionalização da política no
tratamento administrativo.
74. A Resolução CAMEX 16/2008 (peça 18, p. 27-36) instituiu no âmbito da Câmara o Grupo
Técnico de Facilitação do Comércio (GTFAC), composto por representantes dos Ministérios
integrantes da CAMEX, com a competência de propor medidas para a racionalização, simplificação,
harmonização e facilitação de procedimentos no comércio exterior e de monitorar o cumprimento dos
prazos para a adoção dessas medidas pelos órgãos e entidades anuentes. Também foram
regulamentados os fluxos de trabalho, a organização e estrutura interna do GTFAC.
75. Em seguida foi lançada a Estratégia Nacional de Simplificação do Comércio Exterior (peça
18, p. 37-52), com a participação dos Ministérios componentes da CAMEX e dos anuentes no
comércio exterior, além de outros órgãos e entidades componentes da Administração. Foram definidas
doze propostas para implementar medidas de racionalização e simplificação no tratamento
administrativo.
76. Portanto, ao se analisar conjuntamente as Resoluções CAMEX 70/2007 e 16/2008, e o
documento que oficializou a Estratégia Nacional de Simplificação do Comércio Exterior é possível
observar a presença de elementos caracterizadores da institucionalização da política, como a criação de
uma instância coordenadora (GTFAC), a declaração de princípios gerais, a adesão de todos os órgãos e
entidades envolvidos no tratamento administrativo, a regulamentação dos fluxos de trabalho, a
identificação de ações a serem adotadas e seus respectivos responsáveis e prazos.
77. Por outro lado, não houve à época a incorporação de outros aspectos de institucionalização
condizentes com a boa prática de governança, tais como um diagnóstico completo da situação a ser
enfrentada pela política, previsão de recursos, formas de monitoramento, identificação de riscos e
ações de mitigação.
78. Na prática, a estratégia desenvolvida não gerou os resultados esperados. As atas das reuniões
do GTFAC e documento apresentado pelo Mdic demonstram que poucas medidas propostas foram de
fato implementadas e que os prazos estipulados não foram cumpridos (peça 18, p. 5- 7 e 53-90, e peça
19).
79. Como consequência, decidiu-se pela formatação de uma nova política pública para a
simplificação e racionalização do comércio exterior com modificações substanciais em comparação à
Estratégia Nacional de Simplificação do Comércio Exterior.
80. Em 2013 foi lançado, por iniciativa e coordenação conjunta da Secex e da RFB, o ‘Programa
Portal Único do Comércio Exterior’ (peça 20, p. 1-17), contendo sete projetos com vistas à
modernização, simplificação, harmonização de normas, rotinas e procedimentos relativos às operações
de importação e exportação, especialmente no que tange ao tratamento administrativo. Assim,
diferentemente da política na área representada pela ‘Estratégia Nacional de Simplificação do
Comércio Exterior’, a Secex e a RFB substituíram a CAMEX como instância coordenadora.
81. Uma outra diferença foi a realização de amplo diagnóstico da situação encontrada nos
procedimentos de importação e exportação para que então fossem formatados os sete projetos
propostos pela nova política. Além do programa em si, cada projeto possui um relato circunstanciado
das justificativas que levaram à sua proposição (peças 20, p. 18-37, peça 21 e peça 22, p. 1-34).
Também houve participação do setor privado para a elaboração do diagnóstico por meio do
PROCOMEX (Aliança Pró-Modernização Logística de Comércio Exterior), entidade que congrega
instituições do setor produtivo (peça 24).
82. Diversamente da Estratégia Nacional de Simplificação do Comércio Exterior foram fixados
os objetivos e ações pretendidos, possíveis restrições e estratégias de contorno para cada projeto
previsto no Programa Portal Único do Comércio Exterior.
83. Quanto aos recursos, embora não tenha mensurado, o Programa apontou como fundamental a
necessidade de orçamento. Como se verá no item 3.4 deste Relatório, referente ao componente
783

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘Capacidade Organizacional e Recursos’, as necessidades orçamentárias representam um ponto crítico


para a governança do Programa e há atuação dos gestores da política para solucionar a questão.
84. Outra lacuna do Programa Portal Único se refere à não previsão de formas de monitoramento
da implementação dos projetos, o que será aprofundado no item 3.2 deste Relatório, que trata do
componente ‘Planos e Objetivos’.
85. A responsabilidade pelos projetos é uma outra importante modificação introduzida na
política pelo Programa Portal Único do Comércio Exterior. Enquanto a Estratégia Nacional distribuiu a
responsabilidade pelas doze propostas entre diversos órgãos e entidades, os sete projetos do Programa
Portal Único têm como responsáveis a Secex e a RFB. Os anuentes participam como facilitadores do
Programa e têm como atribuições, entre outras, o auxílio na disponibilização de informações e
recursos, e a facilitação entre o relacionamento e a resolução de conflitos. Portanto, a Secex e RFB
atuam como gerentes do Programa e seus projetos e os anuentes como auxiliares.
86. Outra diferença reside na designação de equipes, pelo Programa Portal Único do Comércio
Exterior, para cada projeto associado, o que não havia na Estratégia Nacional. Os sete projetos são
compostos por gerente, sub-gerente, coordenador administrativo e colaboradores.
87. Como ponto de convergência entre as abordagens da política pública elaborada para o
tratamento administrativo, o Programa Portal Único também fixou prazos para a implementação dos
projetos associados (peça 22, p. 35-37).
88. O documento formalizador do Programa Portal Único previu, ainda, a necessidade de amparo
normativo à política, por meio da atualização do Decreto 660/1992, que instituiu o Siscomex, e com a
edição de Portaria conjunta entre o Mdic e o Ministério da Fazenda (MF).
89. A atualização proposta se deu com a edição do Decreto 8.229/2014 que introduziu a
Comissão Gestora do Siscomex e determinou o desenvolvimento do Portal Único do Comércio
Exterior.
90. Embora disponha, essencialmente, sobre o sistema informatizado do comércio exterior, o
normativo também aponta para a necessidade de padronização, atualização, harmonização e
simplificação dos procedimentos no tratamento administrativo. Para tanto, institui a Comissão Gestora
do Siscomex, composta pelo Mdic e pelo MF, tendo por competências a atuação e auxílio junto aos
órgãos e entidades anuentes com vistas à adoção de medidas nesse sentido. Por sua vez, o decreto
determina que os anuentes e a CAMEX devem atuar em cooperação com a Comissão Gestora para o
desenvolvimento e implementação do Portal Único.
91. Logo, com o Decreto 8.229/2014 foram normatizados a estrutura de coordenação, de divisão
de competências e de responsabilidades fixadas no documento que formalizou o Programa Portal
Único, assim como os objetivos de harmonizar e simplificar procedimentos no tratamento
administrativo.
92. Entre a elaboração da versão preliminar do relatório e sua apresentação, foi publicada a
Portaria Interministerial Mdic/MF 444, aprovando o Regimento Interno da Comissão Gestora do
Siscomex, (DOU de 21/10/2014), dispondo sobre a estrutura e modo de trabalho, bem como
reforçando o papel de atuação e auxílio junto aos anuentes para os objetivos pretendidos de
harmonização, simplificação e racionalização de procedimentos, conforme preconizado pelo Decreto
8.229/2014.
93. O quadro a seguir compara, resumidamente, os aspectos de institucionalização nas duas
abordagens da política pública no tratamento administrativo:

Estratégia Nacional de Simplificação do Programa Portal Único do Comércio


Comércio Exterior (2007-2013) Exterior (2013-)
Normatização Resoluções CAMEX 70/2007 e 16/2008 e Decreto 8.229/2014, documento
documento formalizador da estratégia. formalizador do programa e vindoura
Portaria Interministerial Mdic e MF.
Diagnóstico Não realizado, os problemas identificados Realizado e com participação do setor
784

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

foram descritos sucintamente. privado.


Coordenação GTFAC, no âmbito da CAMEX. Secex e RFB.
Responsáveis Fragmentado entre diversos órgãos e Concentrados na Secex e RFB. Os órgãos e
entidades. entidades anuentes participam de forma
auxiliar.
Cronograma Sim, estipulado para cada ação vinculada às Sim, estipulado para os projetos associados.
propostas.
Recursos Não foram previstos. Embora prevista a necessidade, não foram
mensurados.
Riscos Não foram previstos. Foram identificados.
Estratégias de Não foram previstas. Foram identificadas.
Contorno
Equipes Não foram previstas. Foram fixadas para cada projeto previsto.
Monitoramento Não foi previsto. Não foi previsto.
Quadro 2 - Comparativo da institucionalização da política

94. Nota-se que a nova política desenvolvida para o tratamento administrativo, expressa no
Programa Portal Único do Comércio Exterior, confere maior robustez ao componente de governança
de institucionalização em comparação à Estratégia Nacional de Política de Comércio Exterior.
95. A normatização do Programa, além de revestir de caráter legal a política desenvolvida,
definiu claramente a instância coordenadora, as competências das partes envolvidas, responsáveis, os
objetivos pretendidos e as ações necessárias. Também contemplou os fluxos de trabalho, fixou prazos
e identificou riscos e estratégias de contorno.
3.1.2 Boas práticas de governança identificadas e oportunidades de melhoria
96. Embora ainda careça de aperfeiçoamentos no que se refere à previsão de recursos e ao
estabelecimento de formas de monitoramento, o que será aprofundado nos capítulos 3.2 e 3.4 deste
relatório, foram identificadas as seguintes boas práticas no Programa Portal Único do Comércio
Exterior para o componente Institucionalização, adaptadas par ao caso em concreto, conforme o
Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas do TCU:
a) institucionalização formal da política pública por meio de norma legal apropriada, emitida por
órgão dotado de legitimidade e competência para fazê-lo, e na qual normatize-se a atuação dos
diversos órgãos e instituições envolvidos;
b) definição clara e formal das competências das principais partes interessadas envolvidas na
política pública, de forma que seja possível a identificação dos objetivos, papéis, responsabilidades e
obrigações de todos os envolvidos; e
c) existência de marco regulatório que não prejudique o desempenho da política pública pelo
excesso de formalismo e de detalhamento.
3.2 Planos e Objetivos
3.2.1 Análise
97. A política pública deve partir de uma formulação geral que permita definir sua lógica de
intervenção, indicando a operacionalização das ações necessárias para que as diretrizes, objetivos e
metas propostos sejam alcançados. Segundo o Referencial para Avaliação de Governança em Políticas
Públicas do TCU, o componente planos e objetivos envolve, por exemplo, o estabelecimento de
prioridades, as formas de medição e adoção de ações corretivas, programação das atividades a serem
realizadas, alocação de recursos, definição de papéis e responsabilidades, riscos, ações de
contingência, prestação de contas sobre o desempenho e promoção da busca de soluções adotadas em
outras organizações ou países.
98. Conforme já relatado, a política pública para o tratamento administrativo está atualmente
formatada sob a denominação ‘Programa Portal Único do Comércio Exterior’. O documento
propositivo do programa definiu como objetivos estratégicos a modernização, simplificação,
785

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

harmonização de normas, rotinas e procedimentos relativos às operações de importação e exportação


de bens e mercadorias (peça 20, p. 4-8). Identificou, ainda, a necessidade de redesenho dos processos
de trabalho e de desenvolvimento e integração dos sistemas informatizados, visando ‘a celeridade,
integridade da informação, previsibilidade, racionalização e segurança desses processos’ (peça 20, p.
3). Essas são, portanto, as diretrizes básicas da política pública formulada.
99. Para a operacionalização em ações, o Programa Portal Único definiu sete projetos
associados. A elaboração dos projetos do Programa Portal Único pela Secex e RFB não envolveu os
demais órgãos e entidades anuentes, conforme se depreende das respostas destes aos questionários
(peças 13 e 27). Isso poderia causar prejuízos à formação de consensos e ao engajamento dos anuentes
aos objetivos pretendidos pela política.
100. Contudo, não há críticas aos projetos que estão sendo desenvolvidos no âmbito programa
nas manifestações dos órgãos e entidades anuentes. Também nota-se a percepção da relevância do
programa pelos anuentes e o alinhamento aos métodos de trabalho para a implementação dos projetos.
Por fim, deve-se ressaltar que parte dos projetos associados compreendem aprimoramentos de
propostas da Estratégia Nacional de Simplificação do Comércio Exterior, da qual todos os anuentes
participaram (vide capítulo 3.1 deste relatório). Isto é, há o conhecimento e concordância dos anuentes
com relação aos objetivos pretendidos no Programa.
101. O quadro a seguir detalha os projetos associados do Programa Portal Único e os respectivos
prazos de implementação:

Projetos Associados Descrição Prazos


Plataforma do Portal Interface com abordagem “single window”, ou seja, acesso aos Junho/2016
Único do Comércio atuais e futuros sistemas relacionados ao comércio exterior a
Exterior partir de um local único; publicação de conteúdo pelos órgãos
anuentes de forma simples, ágil e sem a necessidade de
intervenção de equipes de tecnologia de informação.

Novo Processo de Mapeamento do processo de exportação e identificação de Junho/2016


Exportação necessidades dos intervenientes* com o intuito de se criar um
fluxo contínuo de informações a partir do Portal Único.
Cadastro de Criação de um canal único de gestão do cadastro dos Dezembro/2014
Intervenientes intervenientes* para utilização compartilhada.
Catálogo de Produtos Detalhamento das informações e características dos produtos em Junho/2015
momento e local único.
Anexação Eletrônica de Utilização de documentos e imagens captadas de scanners ao Dezembro/2014
Documentos Digitais processo de exportação e importação.
Novo Processo de Mapeamento do processo de importação e identificação de Junho/2015
Importação necessidades dos anuentes com o intuito de se criar um fluxo
contínuo de informações a partir do Portal Único.
Harmonização de Dados Criar um conjunto simplificado e padronizado de dados que será Abril/2015
de Comércio Exterior utilizado por todos os intervenientes de comércio exterior,
eliminando redundâncias de informações requeridas nos
diversos sistemas e formulário de comércio exterior.
*São considerados como intervenientes o importador, o exportador, os órgãos e entidades
anuentes, o despachante aduaneiro, o transportador e o agente de carga, entre outros.
Quadro 3 - Projetos associados do Programa Portal Único do Comércio Exterior

102. Para cada projeto associado foi elaborado um documento em separado no qual são
apresentados os seguintes elementos: justificativa, objetivos gerais e específicos, metas, restrições,
estratégias de contorno, cronogramas, premissas, resultados esperados e equipes responsáveis (peça
20, p. 18-37, peça 21 e peça 22, p. 1-34. Os projetos ‘Plataforma do Portal Único’ e ‘Cadastro de
786

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Intervenientes’ fixam, ainda, etapas e cronograma intermediários (peça 20, p. 18-37 e peça 22, p. 13-
39).
103. Verifica-se, portanto, que a arquitetura do Programa Portal Único do Comércio Exterior
observou a lógica de intervenção da política, com a definição de uma diretriz geral de simplificação e
racionalização do comércio, e o desenvolvimento de atividades e produtos para a consecução dessa
finalidade. Destaque-se, ainda, a descrição e identificação dos resultados esperados, dos riscos e ações
de mitigação, a fixação de prazos e etapas de cada projeto associado.
104. Outra boa prática identificada na elaboração e condução do Programa Portal Único consiste
na prospecção e benchmarking de medidas de simplificação do comércio adotadas por outros países,
especialmente no que se refere a soluções de tecnologia, conforme documentos apresentados pelos
gestores do programa (peça 28). Conforme será detalhado no capítulo 3.4 deste relatório, a
remodelagem dos procedimentos no tratamento administrativo das importações e exportações
pretendida pelo programa implica na criação de um sistema de tecnologia da informação mediante o
qual os operadores e intervenientes do comércio exterior poderão atuar em um único ponto de entrada
acessível por meio da internet, e não mais em sistemas dispersos. Nesse sentido, o conhecimento
acerca da implementação de políticas públicas de facilitação do comércio por outros países contribui
para o fortalecimento da governança da política desenvolvida nacionalmente.
105. Por outro lado, a formatação e execução do Programa Portal Único não abordou
adequadamente dois elementos essenciais para a boa governança relacionadas ao componente ora
avaliado: recursos e monitoramento.
106. No que se refere a recursos, foram estipulados apenas os humanos e ainda assim, como se
verá no capítulo 3.4 deste relatório, passíveis de aprimoramentos. Não foram estimados os recursos
orçamentários necessários à execução dos projetos associados ao programa, principalmente quanto ao
desenvolvimento do sistema, o que também será abordado naquele capítulo.
107. O Programa Portal Único também não fixou formas e períodos de monitoramento e
avaliação do andamento dos trabalhos, principalmente quanto ao grau de implementação dos projetos
associados. O monitoramento permite avaliar se as ações tomadas estão de acordo com os objetivos
pretendidos, possibilita a correção de rumo e reveste de transparência à política pública. Embora
tenham sido desenvolvidos indicadores de resultados para o programa (peça 26, p. 43) e outros estejam
em construção, não há relatórios periódicos e precisos que traduzam esses indicadores de modo a
permitir conhecimento acerca do progresso dos projetos associados. Assim, é fundamental que essa
lacuna seja remediada programa a fim de garantir maior robustez à governança da política pública no
tratamento administrativo.
3.2.2 Boas práticas de governança identificadas e oportunidades de melhoria
108. Considerando a análise precedente e o Referencial para Avaliação de Governança em
Políticas Públicas do TCU foram identificadas as seguintes boas práticas no Programa Portal Único do
Comércio Exterior para o componente Planos e Objetivos, adaptadas para o caso em concreto:
a) formulação de política baseada em evidências, prevendo o aproveitamento da experiência de
outros países na adoção de medidas de facilitação do comércio exterior;
b) definição precisa de objetivos para permitir uma delimitação do campo de atuação da política,
traduzindo-os, por sua vez, em projetos objetivamente caracterizados, que concorram para a
consecução dos propósitos mais gerais da intervenção pública, de modo a orientar as ações
governamentais e assegurar a transparência sobre metas e resultados;
c) consistência na lógica de intervenção da política, alinhando insumos, atividades, produtos,
efeitos e impactos em função dos problemas a serem atacados e das correspondentes causas
identificadas na formulação da política pública; e
d) identificação e documentação dos riscos durante a formulação da política.
109. Por outro lado, verificou-se a necessidade de que o Programa Portal Único contemple
mecanismos de monitoramento e avaliação da implementação das ações que permitam correções de
rumo quando necessárias e confiram maior transparência à política pública. Assim, propõe recomendar
787

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

à Secex e à RFB, como gestoras do programa, para que adotem rotinas periódicas de monitoramento e
avaliação do Programa Portal Único do Comércio Exterior, com vistas a aferir e divulgar precisamente
o grau de progresso dos projetos e ações pretendidos, confrontando-o com o cronograma estipulado, e
a identificar e executar correções que se façam necessárias, em consonância com os princípios da
publicidade, transparência e eficiência.
3.3 Coordenação e Coerência
3.3.1 Análise
110. De acordo com o Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas do TCU,
as políticas são formadas, usualmente, por uma miríade de atores, o que pode gerar a fragmentação da
missão e a sobreposição de esforços. Isso exige que as políticas públicas prevejam uma estrutura clara
de liderança e definições precisas de papéis e responsabilidades, incluindo como o esforço cooperativo
entre os órgãos será liderado.
111. O comércio exterior é um tema que congrega diversos atores e interesses por vezes
antagônicos. Por exemplo, política pública para a simplificação, facilitação e racionalização do
tratamento administrativo nas operações de comércio exterior, objeto desta auditoria, obtém apoio de
setores que atuam nas exportações e importações. Por outro lado, a indústria doméstica que compete
com produtos importados pode desestimular a adoção de medidas que facilitem as importações.
112. O quadro institucional da Administração Pública reflete essas contradições existentes na
medida em que é organizada setorialmente, podendo dificultar o estabelecimento de uma visão
compartilhada e a formação de consenso sobre a política a ser adotada. Sob essa composição, os
órgãos e entidades são induzidos a adotar iniciativas de forma setorizada, conforme seus próprios
instrumentos e competências, e não por meio de uma estrutura integrada. É nesse sentido que se faz
primordial o papel de coordenação e liderança para a convergência de iniciativas e o estabelecimento
de um objetivo único, evitando a fragmentação das ações.
113. Estudo elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que, além do
estabelecimento da vontade política, uma estrutura de liderança coesa, dotada de recursos e com
legitimidade de atuação é condição necessária para a implementação e acompanhamento de políticas
públicas de facilitação do comércio exterior (peça 28, p. 58-60).
114. Conforme visto no item 3.1 deste relatório, a primeira abordagem da política pública para o
tratamento administrativo se deu sob a denominação de ‘Estratégia Nacional de Simplificação do
Comércio Exterior’, com a coordenação do GTFAC, criado no âmbito da CAMEX.
115. A CAMEX, atualmente regida pelo Decreto 4.732/2003, foi criada com o objetivo de
coordenar políticas relacionadas ao comércio exterior. Para tanto é composta por diversos ministérios
com atribuições na área o que, em tese, facilitaria a busca de consenso para suas atividades.
116. Contudo, como já relatado, as ações propostas na Estratégia Nacional não foram
integralmente implementadas no nível e no cronograma estipulados. Isso denota uma possível
fragilidade da CAMEX para exercer o papel de coordenadora, o que debilitou a governança da política
pública e, como consequência, o atingimento dos objetivos.
117. Uma das razões seria o fato de que a CAMEX possui finalidade consultiva e regulatória, e
não executiva. A Câmara não dispõe das ferramentas operacionais para a execução de medidas no
comércio exterior. Por exemplo, uma das principais implicações das medidas de simplificação do
comércio exterior está relacionada à reformatação dos sistemas informatizados. A gerência do
principal sistema não é efetuada pela Câmara, mas sim, pela Secex e RFB.
118. Mesmo em suas atribuições essencialmente regulatórias a CAMEX encontra dificuldades
para que seja observado o art. 1º, § 1º, do Decreto 4.732/2003. Esse dispositivo determina que a
Câmara deve ser consultada sobre matérias relevantes relacionadas ao comércio exterior, mesmo
quando se tratam de atos de outros órgãos federais. Ocorre que as atividades de tratamento
administrativo no comércio exterior representam o exercício do poder de polícia pelos órgãos e
entidades anuentes, regidos por competências e regulamentos próprios que não são restritos ao crivo de
outro órgão. Assim, o desenvolvimento de uma política na área depende da formação de consensos por
788

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

meio de negociações entre os diversos órgãos e entidades que atuam no comércio exterior, e não por
meio de uma imposição normativa via o dispositivo do decreto.
119. Além disso, embora não seja subordinada ao Mdic, a Câmara utiliza a estrutura do
Ministério, uma vez que não é dotada de recursos técnicos, humanos e orçamentários próprios. Isso
reduz sua capacidade de coordenar a implementação de medidas que estão sob as atribuições
específicas de outros órgãos e entidades.
120. A reformulação da política pública para o tratamento administrativo se deu com a
proposição do Programa Portal Único do Comércio Exterior, em 2013 (peça 20, p. 1-17). A
coordenação da política no tema foi transferida para a Secex e a RFB, com o compartilhamento de
responsabilidades.
121. O Decreto 8.229/2014 legitimou essa nova estrutura de coordenação da política ao
determinar que a Comissão Gestora do Siscomex seria composta pela Secex e RFB, com funções de
atuar junto aos órgãos e entidades e auxiliá-los nas questões de padronização, atualização,
harmonização e simplificação de iniciativas e procedimentos. O mesmo normativo fixou como papel
dos órgãos e entidades anuentes a atuação em cooperação com a Comissão Gestora do Siscomex.
122. Por fim, o decreto fortaleceu o arranjo de governança ao prever que a CAMEX deve
acompanhar e atuar de forma coordenada com a Comissão Gestora na articulação com os órgãos e
entidades anuentes. Assim, embora a Câmara não tenha mais o papel preponderante que exerceu
quando da Estratégia Nacional de Simplificação, a nova formatação da política para o tratamento
administrativo reconheceu a competência do órgão para a busca de consenso e alinhamento de ações
no tema.
123. Destarte, o Programa Portal Único alterou significativamente a coordenação ao deslocá-la
para atores que detêm os instrumentos operacionais na implementação de políticas no comércio
exterior: a Secex, como propositora e expedidora de atos normativos para medidas de
aperfeiçoamento, simplificação e consolidação da legislação de comércio exterior (Decreto
7.096/2010); e a RFB com competências para a gestão e execução dos serviços de administração,
fiscalização e controle aduaneiro (Decreto 7.482/2011).
124. Em consequência dessa alteração, a responsabilidade pelos projetos no Programa Portal
Único se concentrou na instância coordenadora, em contraponto à fragmentação das ações entre os
diversos anuentes adotada na Estratégia Nacional de Simplificação. Essa diminuição na
horizontalidade da implementação da política não necessariamente implica prejuízos à articulação e
colaboração, mas reflete o papel mais relevante da Secex e da RFB no comércio exterior. Enquanto os
demais órgãos e entidades anuentes têm atribuições centradas em suas respectivas áreas de
licenciamento, a Secex e a RFB possuem uma atuação e visão sistêmicas no comércio exterior.
125. Reforça essa conclusão as respostas dos órgãos e entidades anuentes aos questionários, pois
reconhecem, majoritariamente, a legitimidade da coordenação do Programa Portal Único, validam os
fluxos de trabalho adotados e demonstram um alinhamento nos objetivos a serem alcançados,
concernentes à harmonização, facilitação e racionalização do comércio (peças 13 e 27).
126. A única exceção foi o anuente Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional
(VIGIAGRO), para o qual as decisões quanto aos objetivos e ao desenvolvimento dos projetos do
Programa Portal Único deveriam ser colegiadas e que outros anuentes importantes, como o
VIGIAGRO e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deveriam também participar como
gestores do programa (peça 27, p. 10).
127. Estudo elaborado pela ONU recomenda que as políticas de comércio exterior sejam
lideradas por instâncias que detenham maior engajamento institucional na área (peça 34, p. 73). Os
órgãos e entidades anuentes, como é o caso do VIGIAGRO, têm atuação restrita no comércio exterior,
atreladas a suas respectivas áreas de competência para o tratamento administrativo. Por sua vez, como
já observado, a Secex e a RFB possuem uma atuação e visão sistêmicas no comércio exterior. Assim,
não obstante o alegado pelo VIGIAGRO, não se vislumbram incoerências com a boa governança na
estrutura de liderança arquitetada pelo Programa Portal Único.
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128. Isso não obstante, o VIGIAGRO destacou em sua resposta o potencial do Programa Portal
Único como essencial para a capacidade e eficiência da fiscalização dos órgãos e entidades anuentes
para maior agilidade na liberação de cargas, redução do nível de intervenção em operações regulares e
aumento do combate a fraudes (peça 27, p. 10-11). Demonstra, assim, a aderência do órgão aos
objetivos e resultados esperados pela política.
129. Ainda como suplemento à instância coordenadora, a Portaria Interministerial Mdic/MF 444
aprovou o Regimento Interno da Comissão Gestora do Siscomex, consolidando a estrutura
estabelecida no documento propositivo do Programa Portal Único do Comércio Exterior ao atribuir a
coordenação à Secex e RFB, estabelecer como se dará o exercício de liderança, inclusive descrevendo
os fluxos de trabalho, e atrelando os demais órgãos anuentes como cooperadores na implementação
dos projetos propostos no programa.
3.3.2 Boas práticas de governança identificadas e oportunidades de melhoria
130. A reestruturação da política pelo Programa Portal Único contempla aspectos como a
identificação clara da instância coordenadora, a definição do papel colaborador dos demais órgãos e
entidades participantes, inclusive com a participação da CAMEX na articulação, os fluxos de trabalho
para a implementação das ações e o alinhamento dos atores aos objetivos, o que indica a observância
das seguintes práticas de boa governança para o componente de Coordenação e Coerência, conforme o
Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas do TCU:
a) existência de coordenação entre atores públicos, atuando de forma articulada para a formação
e a gestão da política pública; e
b) estabelecimento de mecanismos de articulação, comunicação e colaboração que permitam
alinhar estratégias e operações dos órgãos e entidades envolvidos para alcançar o resultado comum.

3.4 Capacidade Organizacional e Recursos


131. O quarto componente do modelo de avaliação da governança em políticas públicas previsto
no Referencial do TCU é ‘Capacidade Organizacional e Recursos’. Segundo o referencial, as políticas
públicas devem contar com organizações que possuam estruturas e processos apropriados para
empreender as atividades planejadas, assegurar o bom uso dos recursos públicos, supervisionar as
ações descentralizadas, monitorar os resultados e realimentar o processo decisório, com vistas ao
aperfeiçoamento da sua formulação e da sua própria implantação.
132. Ressalte-se que o componente considera não somente a existência de recursos
orçamentários e financeiros, mas também a disponibilidade apropriada de materiais, equipamentos,
instalações, sistemas e pessoas.
133. No caso do Programa Portal Único, as análises realizadas identificaram fragilidades no
componente sob comento relacionadas à definição da solução tecnológica a ser utilizada na
implementação do sistema informatizado de registro, acompanhamento e controle das operações de
comércio exterior, à ausência de previsão orçamentária específica para os órgãos anuentes
desempenharem suas parcelas de contribuição ao programa, e à necessidade de aperfeiçoamentos na
alocação de recursos humanos para a implementação da política.
3.4.1 Solução de Tecnologia da Informação a ser Adotada
134. Via de regra, as operações de comércio exterior no Brasil são executadas por intermédio do
Siscomex, que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de
comércio exterior, mediante fluxo computadorizado de informações, conforme estabelece o art. 2º do
Decreto 660/1992.
135. Ainda segundo o Decreto, o Siscomex busca padronizar a operacionalização das transações
entre os diversos agentes governamentais e privados, no que diz respeito ao comércio exterior. Uma
vez que as informações registradas ficam armazenadas na base de dados do sistema para recuperação
pelos usuários a qualquer tempo e tendo em vista sua estruturação, o sistema tem como objetivo:
harmonização de conceitos, uniformização de códigos e nomenclaturas; eliminação de controles e
sistemas paralelos de coleta de dados; simplificação e desburocratização das operações de comércio
790

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

exterior; preservação das funções e padronização básicas dos gestores e anuentes; redução de custos
administrativos para todos os envolvidos no sistema; e elaboração tempestiva de estatísticas de
comércio exterior.
136. Ocorre que o Siscomex não é um único aplicativo, por meio do qual todas as operações de
comércio exterior são processadas. De fato, o sistema tem sido implementado continuamente desde
1993, sendo, atualmente, constituído por mais de vinte módulos, administrados pela RFB e/ou pela
Secex.
137. Isso ocorre porque a implementação do sistema foi ocorrendo de forma gradual, com
soluções específicas para cada uma das demandas existentes, sem considerar, precipuamente, a
integração de atividades dos diversos órgãos anuentes, alguns dos quais estabelecidas posteriormente à
criação do sistema. Outro aspecto que contribuiu para a fragmentação do sistema é o fato de ele ter
sido implementado como forma de automatizar atividades manuais existentes, baseando-se em
documentos concebidos para controles manuais, notadamente as guias de importação e de exportação.
Ou seja, não foi feito um redesenho dos processos de trabalho a fim de que se tirasse maior proveito do
uso da tecnologia de informação, além da automação propriamente dita. Nesse sentido, transcreve-se
abaixo trecho de avaliação da situação atual do Siscomex feita pelos seus gestores, apresentada no
Programa Portal Único do Comércio (peça 20, p. 5):
Não obstante a recente modernização tecnológica do Siscomex Exportação - Módulo
Administrativo, cujo processo de especificação e desenvolvimento foi aberto a todos os órgãos
intervenientes no comércio exterior, as diversas evoluções do Sistema não foram suficientes para
acompanhar as crescentes demandas específicas de cada um dos órgãos anuentes. Dada a antiguidade
tecnológica de determinados módulos do Siscomex, alterações são dispendiosas, limitadas e
demoradas. Para suprir suas necessidades diante das carências funcionais para controles de caráter
técnico-científico, muitos órgãos anuentes passaram a exigir de exportadores e importadores o
cumprimento de novas obrigações externas ao Sistema. Muitas dessas exigências se executam
mediante a apresentação e a tramitação de papéis, assim como mediante sistemas informatizados
individuais e não integrados ao Siscomex. Os importadores e exportadores ficam assim obrigados a
realizar diversos procedimentos redundantes, sequenciados ou em paralelo, com dispêndio de recursos
e de tempo. (grifou-se)
138. Assim, apesar de reconhecido avanço à época de sua criação, o Siscomex atualmente não
atende plenamente aos objetivos para os quais foi criado.
139. Principal instrumento da política de facilitação do comércio, o Portal Único do Comércio
Exterior foi instituído por meio do Decreto 8.229/2014, visando integrar os sistemas de controle
administrativo com os sistemas fiscais e de controle de carga desenvolvidos e operados pela RFB, com
objetivo de aumentar a eficiência dos gastos públicos na atuação governamental nas operações de
comércio exterior.
140. Ressalte-se que a iniciativa vai além da reformulação do sistema informatizado em si.
Abrange a reformulação e a desburocratização nos processos, a melhoria e ampliação da comunicação
entre os órgãos governamentais envolvidos. Tem como principais objetivos a redução de prazos de
análises das operações, com reflexos na redução de seus custos, bem como o aumento da eficiência e
efetividade dos controles governamentais.
141. Contudo, pode-se afirmar que aparentes falhas na escolha da solução tecnológica adotada
para o desenvolvimento do Siscomex podem levar ao fracasso se adotadas para o Programa Portal
Único de Comércio Exterior. Nesse sentido, importa trazer à luz apresentação de slides denominada
‘Programa Portal Único de Comércio Exterior’, elaborada pela RFB e Mdic, e encaminhada pela
Coordenação-Geral de Auditoria Interna da RFB por meio do Ofício 65/2014-RFB/Audit/Diaex,
24/9/2014 (peça 26, p. 26). Em relação ao tema, a apresentação traz as seguintes informações:

Risco Status Probabilidade Nível de Ação de mitigação


impacto
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Falta definição da estratégia de TI Aberto Baixo Alto -


para implementação Portal, entre
RFB e Secex
Falta de escopo claro do programa Trabalho em Médio Médio Finalização dos planos
e suas entregas andamento dos projetos e assinatura
dos patrocinadores.
Solução tec. inadequada e pouco Aberto Médio Alto
robusta para atender às
necessidades de negócio
Quadro 4 - Riscos identificados nos slides “Programa Portal Único de Comércio Exterior” (peça
26)

142. O referido documento traz a identificação de eventos relacionados a questões de tecnologia


da informação com riscos negativos para a implantação do Portal Único. Classificados com risco de
alto impacto, constam da apresentação: a falta definição da estratégia de TI para implementação Portal,
entre RFB e Secex; solução tecnológica inadequada e pouco robusta para atender às necessidades de
negócio; e a estrutura conceitual inadequada do serviço de desenvolvimento de solução.
143. O que se identifica nos riscos relacionados é uma possível incompatibilidade entre as
necessidades do Programa, no que diz respeito à solução tecnológica para desenvolvimento do sistema,
e as soluções apresentadas pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), provedor de
serviços de tecnologia da informação para o Ministério da Fazenda.
144. Assim, esses riscos decorrem, em parte, da atual sistemática de contratação de soluções de
TI para a RFB, já que a legislação estabelece a contratação do Serpro para serviços estratégicos no
âmbito do MF (Lei 5.615/1970, art. 2º). Isso também tem como consequência o fato de que as soluções
de tecnologia da informação do Siscomex para a Secex são contratadas com o Serpro, já que essa
empresa pública é a desenvolvedora do sistema.
145. A respeito do modelo de sistema a ser desenvolvido notadamente em termos de tecnologia,
cabe destacar as melhores práticas internacionais sobre a questão. Conforme consta do documento
How to Build a Single Window Environment - vol.. 1 The Executive Guide (peça peça 28, p. 77-227),
elaborado pela Organização Mundial das Aduanas (OMA), o sistema deve ser projetado para refletir as
necessidades de negócio. Ainda conforme o referido documento, projetos de single window podem
requerer o desmonte de sistemas existentes e reconstrução de novos sistemas.
146. Na prática, não sendo a tecnologia da informação a essência do negócio dos gestores do
Programa, há o risco inerente de que a identificação da arquitetura necessária para atender à
necessidade do negócio, visando à delimitação da solução, seja realizada pelo próprio prestador de
serviços que executaria o desenvolvimento do sistema. Nesse sentido, medidas de contorno podem ser
adotadas para trazer o risco residual para níveis adequados, razão pela qual será proposta
recomendação reforçando práticas já adotadas pelos gestores no sentido de contornar o risco inerente
aqui identificado, conforme registrado adiante neste Relatório.
147. No caso o risco de identificação da arquitetura necessária para atender à necessidade do
negócio se concretizasse, o evento seria causa de um outro risco associado: a adoção de solução de TI
‘de prateleira’. Ou seja, dentre aquelas soluções que o prestador de serviços detém a expertise, em
detrimento da solução que seria adequada ao caso.
148. Esse risco é relevante tendo em vista que o Siscomex não foi concebido com base em
Arquitetura Orientada a Serviços (Service-Oriented Architecture - SOA). Ocorre que a OMA
recomenda, com base nas experiências de implementação de single window internacionais, a adoção
desse tipo de arquitetura, conforme consta do documento How to Build a Single Window Environment
- vol.. 2 - The Professional Practice Guide (peça 28, p. 228-402). A seguir, apresentam-se argumentos
do referido documento, em tradução livre:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Investimentos em um sistema single window sem ter a visão de arquitetura do sistema do ponto
de vista corporativo é extremamente arriscado. Por exemplo, enquanto a solução de single window é
desenvolvida, os sistemas de TI precisam estar alinhados com a arquitetura de segurança da
informação da organização, bem como serem capazes de se conectar com os sistemas existentes e os
procedimentos operacionais do negócio. (peça 28, p. 374)
Uma das principais razões para se investir em uma arquitetura corporativa é assegurar que os
recursos de TI sejam alinhados com as atividades estratégicas da aduana. Arquitetura corporativa
fornece o contexto estratégico para preparação dos sistemas de TI. Essa é uma das maneiras de se
assegurar que a gerência executiva da aduana compreenda o valor da TI e seu papel indispensável no
alcance de suas metas estratégicas. (peça 28, p. 374)
De qualquer forma que o sistema seja concebido, uma Arquitetura Orientada a Serviços (Service-
Oriented Architecture - SOA) provê uma clara alternativa para que se consiga um ambiente single
window escalável e amigável a manutenções. (peça 28, p. 374)
A SOA começa com um foco forte nos serviços do negócio. Não foca na infraestrutura
(servidores, capacidade de armazenamento etc.), mas é associada aos serviços técnicos. Essa
característica da arquitetura SOA ser fortemente associada ao negócio faz com que ela seja a escolha
natural para o desenvolvimento do ambiente single window. (peça 28, p. 376)
Assim, SOA pode facilitar a mudança nos sistemas de informação. Sistemas de TI tradicionais
são montados integrando rigidamente hardware, software e comunicações, dificultando sua
implementação (peça 28, p. 376).
SOA prevê a utilização de componentes que sejam fáceis de desenvolver e implementar para o
desenvolvimento das aplicativos (software). Esses blocos de desenvolvimento não são pedaços de
software, mas serviços de negócios que são executados visando alcançar as necessidades do negócio.
Assim, serviços comumente usados podem ser reestruturados para criar novos serviços (peça 28, p.
376).
Para resumir, SOA é recomendada para desenvolvimento de um ambiente single window porque
(peça 28, p. 378):
a) é baseada na noção de serviços;
b) a gerência do sistema entende os atributos das operações dos serviços: disponibilidade,
qualidade e custos;
c) ambientes single window envolvem a integração de vários sistemas sob gerência de vários
órgãos/entidades governamentais;
d) pode ser alinhada ao suporte de ciclo de vida do software, permitindo integração e montagem
de componentes que alavanquem as aplicações e infraestrutura existentes.
e) sob SOA, serviços não pertencem a sistemas ou redes específicas. Ao contrário, SOA permite
a utilização dos serviços previstos numa aplicação dentro do ambiente single window
independentemente de sua localização no sistema.
A SOA é uma filosofia de utilização de TI que substituiu a prática de arquitetura monolítica que
prevaleceu por três décadas. É uma nova forma de pensar no que diz respeito a soluções de TI,
incluindo o desenvolvimento de software que tem o lado do negócio da corporação em seu âmago e
pode servir de foco nos esforços de integração de diferentes aplicativos de TI (WCO - How to Build a
Sinlge Window Environment - vol.. 2 The Professional Practice Guide - peça 28, p. 381).
149. A não adoção de uma Arquitetura Orientada a serviços pode perpetuar a ocorrência de
distorções nos controles governamentais, uma vez que a concepção do sistema pode não refletir a real
necessidade de intervenção governamental (não ser orientado a serviços). Como exemplo desse tipo de
distorção, cite-se resposta enviada pelo VIGIAGRO em atendimento a questionário de auditoria (peça
27, p. 6-7):
Embora sejamos anuentes no Siscomex na importação o fato de não dispormos de acesso às LIs,
que não foram indicadas pelo importador como sendo de mercadorias enquadradas em posições ou
destaques de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) sujeitas à anuência do VIGIAGRO, não nos
793

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

permite o controle efetivo sobre as mercadorias sujeitas à fiscalização agropecuária que ingressam no
País. A indicação da posição de NCM no ato do registro da LI é feita pelo importador, que pode
selecionar uma NCM que implique o não direcionamento da LI para a anuência do VIGIAGRO. O
VIGIAGRO tem recebido denúncias e comprovado que este fato tem ocorrido.
(...) seria necessário o acesso às informações e dados registrados no Siscomex referentes às
operações de comércio exterior, enquadradas em NCMs e destaques não sujeitos à anuência do
MAPA, visando o gerenciamento do risco de fraudes, infrações e evasões da fiscalização.
150. Ante o exposto, verifica-se que existe o risco inerente de adoção de solução inadequada
para a arquitetura do Portal Único. Conforme exposto anteriormente, esse risco foi identificado pelos
gestores do Programa, conforme consta da apresentação de slides denominada ‘Programa Portal Único
de Comércio Exterior’, elaborada pela RFB e Mdic, e encaminhada pela Coordenação-Geral de
Auditoria Interna da RFB por meio do Ofício 65/2014-RFB/Audit/Diaex, 24/9/2014 (peça 26, p. 26).
Também é importante citar que os gestores têm conhecimento das recomendações da OMA, conforme
o Ofício 39/2014/DECOE/Secex, apresentado pela Secex (peça 18, p. 2-4).
151. Tanto é que o referido documento identifica como risco de alto impacto as dificuldades para
os órgãos realizarem as adaptações em seus sistemas para integração ao Portal Único. Entre os
tratamentos propostos para mitigação desse risco, consta a utilização de SOA, conforme orientação da
OMA e da ONU.
152. Durante os trabalhos de auditoria não havia sido identificada definição formal e precisa, por
parte dos gestores do Programa, sobre a arquitetura a ser adotada no desenvolvimento do Portal Único.
A Secex, em seus comentários ao Relatório Preliminar, encaminhados por meio do Ofício
331/2014/SE-Mdic, de 26/11/2014 (peça 46), destacou que o Projeto Plataforma prevê a busca de
solução de arquitetura de TI adequada ao Portal, bem como mantém diálogo com o provedor de
serviço, Serpro, a fim de garantir a solução mais apropriada. A RFB considerou que a possibilidade de
desenvolver o sistema Portal Único com base em Arquitetura Orientada a Serviços (Service-Oriented
Architecture - SOA), ou qualquer outra a ser adota será avaliada, no momento apropriado, após a
conclusão da especificação do sistema, inclusive em termos do custo-benefício de sua implementação.
153. Assim, é necessário que os gestores do Programa continuem envidando esforços no sentido
de identificar a solução adequada para que seu desenvolvimento prossiga, inclusive tendo em mente as
eventuais necessidades de reformulação e ampliação do sistema, capacidade de interligação com os
sistemas dos anuentes, e a demandem com a especificação precisa do que necessitam ao provedor de
serviços de TI. Por outro lado, cabe ao provedor de TI ter a sensibilidade no sentido de identificar se a
solução requerida consta do seu portfólio, ou se essa solução pode ser incorporada à sua carteira. Isto
porque assumir contratar com a Administração a prestação de um serviço cujas soluções tecnológicas
não sejam as adequadas para o desenvolvimento do sistema pode inviabilizar o Programa e acarretar
prejuízos tanto para os cofres públicos quanto para a sociedade.
154. Registre-se que foi realizado pelo TCU levantamento no Siscomex, por meio do qual a
Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação abordou o Programa Portal Único do
Comércio Exterior. Em função desse levantamento eventuais ações de controle podem ser realizadas
para a avaliação da implementação da solução tecnológica adotada.
155. Já no que diz respeito à avaliação da governança da política pública de facilitação de
comércio, tendo em vista a relevância da seleção da solução tecnológica e seu impacto no componente
Capacidade Organizacional e Recursos, será proposto recomendar à RFB e à Secex que realizem
estudo para identificar as reais necessidades quanto à implementação do Portal Único do Comércio
Exterior, avaliando qual a arquitetura mais adequada, o impacto que a implementação terá nos sistemas
legados, as implicações nas soluções de TI, os respectivos custos, bem como a adequação do
cronograma de implementação, de forma a determinar com precisão o objeto a ser contratado e
contratar o provedor de serviços de TI capacitado para o desenvolvimento do portal. Essa medida,
conforme consta dos comentários dos gestores, está em curso e tem o potencial de reduzir os riscos
794

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inerentes identificados neste Relatório, trazendo o risco residual a níveis adequados, visando a efetiva
implementação de um ambiente single window.
3.4.2 Orçamento
156. O Portal Único do Comércio Exterior foi formalmente estabelecido por meio do Decreto
8.229/2014. Porém, ele não dispõe, até o orçamento vigente (2014), de programa ou ação
orçamentários específicos. Contudo, no Projeto de Lei Orçamentária Anual para o exercício 2015
(PLOA-2015) está prevista a ação orçamentária 153V - Desenvolvimento do Portal Único de
Comércio Exterior, dentro do Programa 2024 - Comércio Exterior (peça 31, p. 134 e 182).
157. Ocorre que há algumas inconsistências no que diz respeito à gestão do componente sob
comento. Em primeiro lugar, conforme foi destacado na análise da solução de tecnologia da
informação a ser adotada, ao momento da conclusão deste relatório não havia uma definição precisa da
solução de arquitetura do sistema. Assim sendo, ainda não há estimativa precisa quanto aos recursos
orçamentários necessários para a adequada implementação do Programa.
158. Em segundo lugar, no PLOA-2015, a ação orçamentária 153V apenas está prevista para a
RFB e a Secex, com montantes de R$ 9.000.000,00 e R$ 23.000.000,00, respectivamente. Não há
nenhuma previsão de recursos de ação relacionada ao Portal Único de Comércio Exterior para os
órgãos anuentes.
159. A ausência de recursos para os anuentes pode comprometer a adoção de providências por
parte destes no sentido de realizar as eventuais adaptações em seus sistemas, ou mesmo
desenvolvimento de sistemas, que em última instância se interligariam com o sistema central do Portal
Único de Comércio Exterior. A ausência de conexão ou mesmo a conexão inadequada compromete a
obtenção de um ambiente single window e impacta negativamente na agilidade da atuação
governamental nas operações de comércio exterior, comprometendo o principal objetivo da política de
facilitação de comércio.
160. Nesse sentido, é esclarecedora a resposta do VIGIAGRO, em atendimento a questionário de
auditoria (peça 27, p. 5-12). Segundo o VIGIAGRO, o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas
para integração de seu Sistema de Informações Gerenciais de Importação e Exportação de Produtos
Agropecuários (SIGVIG) com o Portal Único é uma das principais adaptações em nível estratégico na
implementação das ações e projetos previstos no Programa Portal Único do Comércio Exterior.
161. Para realização dos controles administrativos de sua competência, o VIGIAGRO aponta que
a ausência de integração do SISVIG com o Siscomex implica a necessidade de acesso e manifestação
em dois sistemas de informação, além da fragilidade na execução dos controles oficiais.
162. Ocorre que para o desenvolvimento das ferramentas necessárias à integração do SIGVIG ao
Portal Único, o VIGIAGRO fica sujeito à disponibilidade da empresa de tecnologia da informação
contratada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Essa empresa
desenvolve e faz a manutenção dos mais de 60 sistemas de informação gerencial do Ministério.
163. Essas despesas são executadas por intermédio da ação orçamentária 2000 - Administração
da Unidade. Isso implica que, além das despesas relacionadas à gestão e manutenção de soluções e
processos de tecnologia da informação, as despesas referentes à administração da unidade, à
coordenação e à gestão de programas do MAPA, à capacitação de servidores, à operação dos serviços
administrativos das unidades descentralizadas, entre ouras, são executadas por meio da ação 2000.
Logo, além dos outros 59 sistemas informatizados do MAPA, o desenvolvimento do SIGVIG ainda
disputa a priorização de recursos com as demais atividades que são executadas por meio da ação
Administração da Unidade.
164. Por fim, o MAPA alega que a ausência total de fonte arrecadadora, já que não cobra
nenhuma taxa para os serviços prestados, associada à redução em quase 50% no orçamento
disponibilizado no Plano Orçamentário do VIGIAGRO, de 2009 até 2014, tem resultado na ausência
de recursos para investimento na compra de equipamentos de informática e no desenvolvimento de
ferramentas de tecnologia da informação, necessários para a integração com o Programa Portal Único
do Comércio Exterior.
795

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

165. Ressalte-se, novamente, que os demais anuentes também não foram contemplados com ação
orçamentária específica para desenvolvimento e interligação de seus sistemas com o sistema central do
Portal Único.
166. Mais uma vez, o risco de orçamento insuficiente e/ou equivocado encontra-se mapeado na
apresentação de slides denominado ‘Programa Portal Único de Comércio Exterior’, elaborado pela
RFB e Mdic, e encaminhado pela Coordenação-Geral de Auditoria Interna da RFB por meio do Ofício
65/2014-RFB/Audit/Diaex, 24/9/2014 (peça 26, p. 25), na qual é apontada a possibilidade carência de
recurso financeiro para desenvolvimento do programa como evento de risco de alto impacto.
167. Apesar de identificado em relação ao orçamento da RFB e da Secex, esse risco negativo
também compreende os demais anuentes. Tanto que o documento identifica um outro risco negativo
classificado como alto: dificuldades para os órgãos realizarem as adaptações em seus sistemas para
integração ao Portal. Para esse risco, constam entre as causas a limitação orçamentária e a falha no
processo de comunicação da gestão do programa com os órgãos e na sensibilização das gerências
estratégicas dos demais órgãos.
168. Com efeito, na Minuta de Portaria que trata do Regimento Interno da Comissão Gestora do
Siscomex, criada pelo Decreto 8.229, de 22 de abril de 2014, no art. 14, há previsão de que a Comissão
Gestora, por meio de seu Comitê Executivo, atuará no desenvolvimento e na implementação do Portal
Único do Comércio Exterior em cooperação com os órgãos e entidades da administração federal
participantes.
169. Por sua vez, o art. 19, § 1º, prevê que as demandas inerentes aos sistemas próprios
administrados pelos demais órgãos intervenientes no comércio exterior, ainda que possam interferir
direta ou indiretamente no Siscomex por meio do Portal Único do Comércio Exterior, serão custeadas
pelo demandante. O art. 20 dispõe que os custos associados à interligação dos sistemas dos demais
órgãos intervenientes no comércio exterior ao Siscomex ou de seu acesso, transmissão ou recepção de
dados ficarão a cargo de cada órgão interveniente.
170. Portanto, o risco é de pleno conhecimento dos gestores do Programa. Apesar de não
possuírem competência para solicitar recursos para os demais órgãos anuentes, não se pode negar que
os gestores do Programa, consoante o disposto no art. 14 supra referido, tem o dever de orientar os
demais órgãos a adotar as ações necessárias para a adequada implementação do Portal Único.
171. Assim, será proposto recomendar à RFB e à Secex que realizem gestões junto às instâncias
decisórias dos demais órgãos e entidades anuentes e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), Órgão Central do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, de forma a
sensibilizá-los acerca da necessidade de previsão orçamentária específica para a implementação do
Programa Portal Único do Comércio Exterior, especialmente quanto ao desenvolvimento de solução de
tecnologia interna adequada ao sistema single window a ser desenvolvido, resguardando, dessa forma,
o cumprimento dos objetivos do programa.
172. Ao MPOG, órgão central do Sistema de Planejamento, Orçamento Federal, e à Casa Civil
da Presidência da República, cabe informar para que atentem ao risco de que a ausência de recursos
orçamentários para os órgãos e entidades anuentes visando a implementação do Programa Portal Único
do Comércio Exterior, especialmente quanto ao desenvolvimento das soluções de tecnologia, pode
inviabilizar o alcance dos objetivos pretendidos pela política.
3.4.3 Pessoal
173. Conforme visto no capítulo 3.2 deste relatório, a operacionalização do Programa Portal
Único do Comércio Exterior se reflete no desenvolvimento de projetos associados. Para cada projeto
foram designadas equipes responsáveis por sua execução (peça 20, p. 18-37, peça 21 e peça 22, p. 1-
34).
174. A Secex e a RFB, definidos como órgãos componentes do Comitê Gestor do Siscomex pelo
Decreto 8.229/2014, editaram portarias designando servidores para o desenvolvimento e
implementação do Portal Único do Comércio Exterior (peça 26, p. 44-46 e peça 32). Contudo, nota-se
que os servidores componentes das equipes não são de dedicação exclusiva.
796

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

175. Ao momento da conclusão deste Relatório, a Secex, em seus comentários ao Relatório


Preliminar, encaminhados por meio do Ofício 331/2014/SE-Mdic, de 26/11/2014 (peça 46), informou
que, dispõe de 10 servidores com dedicação exclusiva para atuarem no projeto e outros servidores da
Secex têm dedicação parcial. Contudo, não apresentou designação nova formal do tempo de dedicação
desses servidores.
176. Os gestores da Secex e RFB identificaram, em entrevistas realizadas, que o fato de serem
constituídas equipes com dedicação exclusiva à implementação do Programa Portal Único contribuiria
para o alcance dos objetivos pretendidos.
177. Portanto, embora a designação de equipes para a execução dos projetos, ainda que com
dedicação parcial, possa ser considerada uma boa prática, será proposta, como medida de
aprimoramento à governança, recomendação à RFB e à Secex para que avaliem a oportunidade e
conveniência de designar servidores com dedicação exclusiva ao desenvolvimento e implementação do
Programa Portal Único do Comércio Exterior.
3.4.4 Boas práticas de governança identificadas e oportunidades de melhoria
178. As análises evidenciaram oportunidades de melhoria no componente de governança
Capacidade Organizacional e Recursos, relacionadas à implementação da solução de tecnologia da
informação, à previsão orçamentária de recursos para implementação do Programa Portal Único do
Comércio Exterior, e à necessidade de designação de pessoal com dedicação exclusiva à
implementação das ações.
179. Apesar de diagnosticados pelos gestores do Programa, os riscos identificados ainda não
foram devidamente contornados. Ao momento da conclusão dos trabalhos de auditoria, ainda não
havia uma definição precisa da arquitetura de sistema, nem da solução tecnológica a ser utilizada no
desenvolvimento do Portal Único. Essa indefinição, por si só, já acarreta a imprecisão na estimativa de
recursos necessários para implementação do Programa.
180. Outro risco é o de eventuais dificuldades de interligação dos sistemas dos órgãos anuentes
com o sistema central do Portal Único. A ausência de definição da arquitetura do sistema faz parte das
causas do risco, porém há outras causas. Entre elas consta a ausência de previsão orçamentária no
PLOA-2015 contemplando os órgãos que necessitem fazer ajustes e ou desenvolvimento de sistemas
para interligar ao Portal Único.
181. Ante o exposto, serão apresentadas propostas para que sejam adotadas providências no
sentido de mitigar os riscos apontados para o componente de governança ‘Capacidade Organizacional
e Recursos’.
182. Por fim, cabe registrar que, apesar de não totalmente contornados, os riscos aqui
apresentados já haviam sido devidamente mapeados pelos gestores do programa. Esse mapeamento
apresenta um diagnóstico e ações de mitigação previstas e encontra-se registrado tanto no Plano do
Programa Portal Único de Comercio Exterior, quanto na apresentação de slides denominada ‘Programa
Portal Único de Comércio Exterior’, elaborada pela RFB e Mdic. Esse mapeamento demonstra uma
boa prática de governança na implementação da política pública formulada para o tratamento
administrativo do comércio exterior.
183. Outra boa prática que merece destaque é a designação formal de servidores para participar
do desenvolvimento do Programa, ainda que com dedicação parcial. Porém, será proposta
recomendação à RFB e à Secex para o aprimoramento da governança quanto à previsão de recursos
humanos no Programa Portal Único do Comércio Exterior, baseado no entendimento de que a
designação de pessoal com dedicação exclusiva minimiza os riscos associados à implementação das
ações.
4. Comentários dos Gestores
4.1 Comentários do Mdic (Ofício 331/2014/SE-Mdic, de 26/11/2014 - peça 46)
184. Em suma, os comentários focaram nos seguintes aspectos:
797

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) entre a elaboração da versão preliminar do relatório e sua apresentação, foi publicada a


Portaria Interministerial Mdic/MF 444, que aprova o Regimento Interno da Comissão Gestora do
Siscomex, publicada no DOU de 21/10/2014;
b) com relação à estimativa de impacto do Portal, informa que a Confederação Nacional da
Indústria (CNI), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), estaria desenvolvendo estudo
com o propósito de aplicar a metodologia de David Hummels para conseguir estimativas mais
próximas da realidade brasileira. A versão preliminar do estudo já teria sido apresentada à FGV;
c) quanto à questão da arquitetura do Portal Único, alega que o Projeto Plataforma prevê a busca
de solução de arquitetura de TI adequada ao Portal, bem como mantém diálogo com o provedor de
serviço, Serpro, a fim de garantir a solução mais apropriada;
d) sobre o tema de pessoal, destaca que a Secex dispõe de 10 servidores com dedicação exclusiva
para atuarem no projeto. Os outros servidores da Secex têm dedicação parcial; e
e) no que se refere à quantidade de projetos do Programa, propõe a revisão do número no
decorrer do texto. A referência correta é de sete projetos.
4.2 Análise dos comentários do Mdic
185. Os comentários do Mdic estão alinhados com o teor do Relatório Preliminar, com a
necessidade de pequenos ajustes dos parágrafos 63, 80, 81, 85, 86, 92, 129, 155, 156 e 178 da versão
Preliminar do Relatório.
4.3 Comentários da RFB (Ofício 74/2014-RFB/Audit/Diaex, de 26/11/2014 - peça 47)
186. A Coordenação-Geral de Auditoria Interna (Audit) informou que encaminhou o Relatório
Preliminar de Auditoria ao Gerente do Programa Portal Único do Comercio Exterior na RFB, à
Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (COANA), à Subsecretaria de Aduana e Relações
Internacionais (SUARI), à Subsecretária de Gestão, Corporativa (SUCOR) e à Coordenação-Geral de-
Tecnologia dação (Cotec). Os comentários foram então consolidados pela Audit. Tendo em vista a
extensão, os comentários foram segmentados e sintetizados nos tópicos a seguir.
4.3.1 Quanto à Solução de Tecnologia da Informação (TI)
187. A RFB alega que não procederia a afirmação de que ‘aparentes falhas na escolha da solução
tecnológica adotada para desenvolvimento do sistema informatizado podem levar ao fracasso do
Programa’, parágrafo 141 do Relatório Preliminar. Isto porque o desenvolvimento do Portal Único do
Comércio Exterior encontra-se, ainda, em fase de pré-especificação. Os gestores do Portal (área
solicitante do novo sistema) estariam apresentando os processos de trabalho e as respectivas atividades
que o sistema deverá apoiar, bem como as funcionalidades necessárias para efetivar esse apoio.
Somente após a fase de pré-especificação é que os requisitos do sistema, previamente especificados
pelos gestores, seriam detalhados, documentados e validados, durante a denominada fase de
especificação.
188. Ressalta que o modelo de desenvolvimento de sistemas adotado pela RFB, prevendo fases
de pré-especificação e especificação, permite que eventuais falhas sejam previamente detectadas.
Assim, considera prematuro afirmar que há ‘aparentes falhas na escolha da solução tecnológica’.
189. Reforça que não há, até o momento, qualquer definição quanto ao sistema a ser
desenvolvido e que as demandas da área solicitante ainda estão sendo avaliadas. Assim, considera que
não procede a afirmação do relatório preliminar no sentido de que a solução tecnológica é ‘inadequada
e pouco robusta para atender as necessidades de negócio’.
190. Já a afirmação de que ‘não sendo a tecnologia da informação o negócio dos gestores, há o
risco de que a identificação da necessidade do negócio (...) seja realizada pelo próprio prestador de
serviços’, parágrafo 150 do Relatório Preliminar, foi considerada improcedente pela RFB.
191. A RFB afirma que não é competência do prestador de serviço a identificação da
necessidade do negócio. Discorre que a fase de pré-especificação é realizada pela área solicitante (no
caso, os gestores do Portal), que pode contar com o apoio da área técnica da RFB. Já a fase de
especificação é promovida em conjunto entre área solicitante, área de tecnologia da informação e o
798

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prestador de serviço. Assim, considera que os gestores possuem completo apoio de sua área técnica, de
modo a mitigar o risco apontado no Relatório Preliminar.
192. Concluindo seus comentários quanto à solução tecnológica a ser adotada, a RFB considera
que a possibilidade de desenvolver o sistema Portal Único com base em Arquitetura Orientada a
Serviços (Service-Oriented Architecture - SOA), ou qualquer outra a ser adota será avaliada, no
momento apropriado, após a conclusão da especificação do sistema, inclusive em termos do custo-
benefício de sua implementação.
4.3.2 Quanto ao Orçamento
193. A RFB informa que em 2014, conjuntamente com o Ministério da Fazenda (MF), participou
de reunião com representantes da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), cujo objetivo era replicar a
Ação 153V - Desenvolvimento do Portal do Comercio Exterior, multissetorial, entre os orçamentos da
RFB e da Secretaria de Comercio Exterior (Secex).
194. Posteriormente, a RFB encaminhou a Nota Técnica da Subsecretaria de Planejamento
Orçamento e Administração do MF (Spoa/MF), contendo sua necessidade orçamentaria para o
exercício 2015, que totalizava R$ 4,063 bilhões em despesas discricionárias, e os riscos associados ao
não atendimento dessa necessidade, inclusive indicando os possíveis impactos no desenvolvimento do
Portal Único do Comercio Exterior. Apesar disso, a RFB informa que o referencial monetário para
preenchimento do SIOP foi de R$ 2,519 bilhões, o que considera insuficiente para cumprir com todas
as obrigações durante o exercício de 2015. O valor para a Ação 153V foi reservado em R$ 9 milhões.
195. Por fim, ressaltou que o Projeto de Lei Orçamentária da RFB em 2015 (despesas
discricionárias) sofreu uma redução de 14% relativamente ao exercício 2013, além de haver absorvido
um contingenciamento médio de 35,1% nos últimos dois anos (35,8% em 2013 e 34,4% em 2014). A
RFB considera que esse contingenciamento impacta sobremaneira a capacidade de priorizar seus
gastos.
4.3.3 Quanto a Pessoal
196. A RFB informa que a Portaria RFB 147, constituiu Grupo de Trabalho (GT) para criar o
Portal Único do Comercio Exterior. Informa que são 25 servidores relacionados, com parcelas de
contribuição que variam de 25% a 75%.
197. Essa composição teria alcançado servidores de mais de 20 unidades de exercício distintas,
de 8 diferentes Alfândegas, 4 Superintendências, 9 Regiões Fiscais. Com isso, a RFB considera que
agrega-se grande multiplicidade de valores, conhecimentos e habilidades reunidas no GT.
198. Ainda em suas considerações, avalia que as parcelas de contribuição dos servidores que
compõe o GT do PCE somam 900%. Assim, os servidores designados dessa forma equivaleriam à
mesma quantidade de horas que estaria disponível caso fossem 9 servidores designados em regime de
dedicação exclusiva. Portanto, considera que com a designação de menos servidores, mas com
dedicação exclusiva, haveria perda de competências frente ao rol atualmente designado.
199. A outra alternativa considerada pela RFB seria a alocação de mais pessoas. Contudo,
informa que o quadro de pessoal do órgão apresenta uma defasagem de 49%, apresentando grau de
lotação (lotação real / lotação autorizada) de apenas 52% para o cargo de Auditor-Fiscal e 45% para o
cargo de Analista-Tributário.
200. A RFB considera que o déficit de servidores do Órgão impossibilita manter uma quantidade
maior de servidores designados para o desenvolvimento do Programa Portal Único do Comércio
Exterior, uma vez que as atividades rotineiras desses servidores ficariam pendentes.
201. De forma a demonstrar que providências para contornar essa situação foram adotadas, a
RFB informa que encaminhou Aviso Ministerial e Nota Técnica ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG) com proposta de recomposição e fortalecimento do órgão, propondo o
provimento de 5.000 vagas da Carreira Auditoria da Receita Federal do Brasil. Contudo, a matéria
ainda não teria sido apreciada pelo MPOG.
4.3.4 Quanto ao Componente Monitoramento e Avaliação
799

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

202. A RFB informou que o Programa Portal Único está sendo desenvolvido de acordo com a
Metodologia de Gerenciamento de Projetos (MGP). Segundo essa metodologia, o Gerenciamento de
Projeto e composto de 5 processos principais: Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e
Encerramento.
203. De acordo com a MGP, no processo de controle devem ser realizadas reuniões de ponto de
controle periódicas para identificar os pontos críticos, analisar o planejado versus o realizado,
identificar ações preventivas ou corretivas, avaliar a necessidade de mudanças e emitir relatório de
acompanhamento.
204. Tanto o Programa Portal Único quanto os demais projetos incluídos em seu escopo têm
cronograma de reuniões de ponto de controle mensais definidas, onde participam os gerentes e
integrantes do projeto, gestores dos processos e patrocinadores.
205. A partir dessas reuniões devem ser emitidos e divulgados Relatórios de Acompanhamento
mensais (conforme Anexo E do manual da MGP), os quais visam reportar o andamento do projeto em
termos de escopo, tempo e custos, alertar sobre os principais riscos, entregas realizadas, pontos críticos
e seus encaminhamentos.
206. Por, outro lado, frisa que a publicação da Portaria Interministerial Mdic/MF 444 aprovou o
Regimento Interno da Comissão Gestora do Sistema Integrado de Comercio Exterior (Siscomex), a
qual possui gestão sobre o Portal Único de Comércio Exterior. A primeira reunião ordinária dessa
comissão estava prevista para 26/11/2014, e em sua pauta seriam discutidos temas como designação do
comitê executivo, plano de trabalho, orçamento e cronogramas do programa, entre outros.
4.3.5 Quanto à Avaliação de Riscos
207. Por fim, a RFB solicitou a remessa de informações e cópia do documento denominado
‘Relatório de Riscos Negativos’, citado em diversos parágrafos do Relatório Preliminar, considerando-
se que os documentos internos que versam sobre os possíveis riscos desse projeto, ainda não foram
validados por todas as áreas internas responsáveis.
4.4 Análise dos comentários do RFB
4.4.1 Quanto à Solução de Tecnologia da Informação (TI)
208. A RFB, quando dos comentários aos registros do Relatório Preliminar, considerou que a
redação do parágrafo 141 afirmava que a solução tecnológica a ser adotada para o Portal Único teria
sido considerada inadequada. Porém, não é o que pretendia informar o Relatório Preliminar.
209. O item 3.4.1, tratando da solução de tecnologia da informação a ser adotada, inicia seu texto
abordando o Siscomex. Dos parágrafos 134 ao 140 traz análise sobre os gargalos desse importante
sistema. Essa análise considera, que apesar de reconhecido avanço à época de sua criação, o Siscomex
atualmente não atende plenamente aos objetivos para os quais foi criado. Portanto, o sistema
informatizado de que trata o parágrafo 141 é o Siscomex. Não se trata da solução tecnológica a ser
adotada para o Portal Único de Comércio Exterior.
210. Outra razão pela qual pode-se verificar a consistência da afirmativa é o registro da proposta
de encaminhamento do Relatório Preliminar no sentido de recomendar à Secex e à RFB que realizem
estudo para identificar a arquitetura mais adequada para a implementação do Portal Único do
Comércio Exterior, avaliando o impacto que a implementação terá nos sistemas legados, as
implicações nas soluções de TI. Ademais, está registrado no parágrafo 155 que, durante os trabalhos de
auditoria, não foi identificada definição formal e precisa, por parte dos gestores do Programa, sobre a
arquitetura a ser adotada no desenvolvimento do Portal Único.
211. Isso deixa claro que o Relatório considera que ainda não havia solução tecnológica definida,
portanto, logicamente, não poderiam haver aparentes falhas nessa nova solução.
212. Não obstante, considera-se que a redação do parágrafo 141 gerou prejuízo no entendimento
da questão, tendo em vista a falta de explicitação de que se tratava do Siscomex, apesar de todo o
contexto indicar tal fato. Para maior clareza, o referido item foi alterado.
213. Quanto à afirmação da RFB de que não é competência do prestador de serviço a
identificação da necessidade do negócio, é exatamente esse o ponto defendido no Relatório Preliminar.
800

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Naquela oportunidade, registrou-se o risco de que o prestador de serviços pudesse a interferir nesse
processo.
214. No Relatório de Gestão para o exercício de 2013, disponível em seu portal na internet
(http://www.receita.fazenda.gov.br), a RFB informa seus 21 objetivos estratégicos. A leitura desses
objetivos deixa claro que o negócio da RFB é a gestão da política tributária e aduaneira. Os objetivos
indicam a busca da RFB pela excelência em sua missão institucional. Assim, a afirmação do Relatório
Preliminar não é improcedente, pois essas informações indicam claramente que o negócio da RFB não
é a tecnologia da informação.
215. Indo além, o Decreto dispondo sobre o Serviço Federal de Processamento de Dados
(Serpro), em seu art. 2º, estabelece que é dispensada a licitação para a contratação do Serpro pela
União, por intermédio dos respectivos órgãos do Ministério da Fazenda e do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, para a prestação de serviços de tecnologia da informação
considerados estratégicos, relacionados com as atividades de sua especialização. Portanto, por Lei, o
negócio de tecnologia da informação, no âmbito do Ministério da Fazenda, cabe ao Serpro, não à RFB.
216. Porém, deve-se verificar que dos 21 objetivos estratégicos da RFB, dois ganham destaque
no caso em análise: assegurar soluções de TI integradas e tempestivas; e adequar a infraestrutura física
e tecnológica às necessidades institucionais.
217. Assim, visando agregar agilidade e qualidade aos seus serviços, a RFB tem entre seus
pilares estratégicos buscar a expertise em assuntos relacionados à tecnologia da informação. Nesse
sentido, institucionalmente, dispõe em sua estrutura da Coordenação-Geral de Tecnologia da
Informação (Cotec), vinculada à Subsecretaria de Gestão Coorporativa.
218. Os frutos do empenho da RFB na área da TI são inegáveis e o órgão recebeu vários prêmios
nos últimos anos. Entre eles o Prêmio Notabile - CIO Brasil GOV 2013 à atual Coordenadora-Geral da
Cotec como liderança em TI reconhecida em seu meio; o Prêmio Inovação da Administração
Tributária de 2013 - CIAT pela iniciativa ‘Julgamento de Processos por meio de Sessões Não
Presenciais’ que permitiu a participação dos julgadores a partir de qualquer lugar do Brasil; bem como
o Prêmio TI & Governo 2012: o Modelo GSERV - Modelo de Gestão de Serviço pela Qualidade
tratando da implementação da melhoria contínua dos serviços de TI prestados aos usuários internos e
externos, com foco em mais qualidade e eficiência do gasto público. Assim, apesar de não ser o
negócio da RFB a Tecnologia da Informação, é inquestionável seu conhecimento, bem como a elevada
especialização e qualidade de seus serviços nessa área.
219. Não obstante, o risco exposto decorre de uma imposição legal. Tendo em vista que a Lei
5.615/1970 dispensa a contratação do Serpro para prestação de serviços de tecnologia da informação
considerados estratégicos para o Ministério da Fazenda, o risco existe em função de que o Serpro não
usou essa abordagem nos módulos do Siscomex. Sendo o Serpro o responsável pelo desenvolvimento
dos serviços estratégicos do Ministério da Fazenda, é inegável que existe a possibilidade de oferta de
soluções de seu portfólio existente.
220. Considerando o exposto, cabe ressaltar que o Relatório Preliminar identifica o risco inerente
no processo de implementação do Portal Único. Não se trata de um achado de auditoria, cujo teor seja
a identificação de um problema de gestão. Risco inerente é aquele relativo ao risco do negócio, do
processo ou da atividade, independente dos controles adotados, e risco residual o que ainda remanesce
após a mitigação por controles.
221. Assim, destaca-se a importância primordial da Cotec na mitigação do risco inerente
identificado, no sentido de contribuir para identificação da arquitetura mais adequada para a
implementação do Portal Único do Comércio Exterior, avaliando o impacto que a implementação terá
nos sistemas legados, as implicações nas soluções de TI, conforme proposta de recomendação deste
Relatório.
222. Ante o exposto, diante dos comentários da RFB, a redação dos parágrafos 150, 157 e 159
mereceu ajustes, de forma a tornar mais claro de que há risco inerente de que a identificação da
arquitetura necessária para implementação do Portal Único do Comércio Exterior seja realizada pelo
801

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prestador de serviços. Porém, mantém-se a proposta de recomendação I, alínea b, considerando,


inclusive, que a expertise da RFB, em especial de sua Cotec, poderá mitigar o risco inerente
identificado. Assim, vislumbra-se que o risco residual pode alcançar patamares adequados, de forma a
não comprometer a implementação do Programa.
4.4.2 Quanto ao Orçamento
223. Os comentários da RFB, aliados ao fato de que ainda não havia, ao momento da conclusão
deste relatório, definição da solução tecnológica a ser adotada para o Portal Único do Comércio
Exterior, indicam um risco adicional de que os recursos orçamentários previstos no PLOA 2015, tanto
para a RFB, quanto para o Mdic, podem eventualmente ser insuficientes para a evolução da
implementação do Programa.
224. Ante o exposto, promoveu-se adequação da redação do item II da proposta de
encaminhamento, no sentido de ampliar a recomendação à Casa Civil da Presidência da República e ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para que atentem para o risco de que
eventual insuficiência de recursos orçamentários pode inviabilizar o alcance dos objetivos pretendidos
pela política, em especial quando esses recursos destinem-se a atender soluções de tecnologia a serem
desenvolvidas pelos órgãos e entidades gestores (RFB e Mdic) e anuentes participantes da
implementação do Portal Único do Comércio Exterior.
225. Tendo em vista que essa eventual insuficiência de recursos somente ocorrerá caso a
estimativa de custos, após a devida definição da solução tecnológica, se demonstre superior ao previsto
no projeto de lei orçamentária para 2015, considerando os desembolsos a ocorrerem nesse exercício,
reforça-se a proposta de recomendação do item I, alínea b, da proposta de encaminhamento deste
Relatório, razão pela qual sua redação também foi objeto de adequação.
4.4.3 Quanto a Pessoal
226. Os comentários apresentados pela RFB indicam que a avalição da oportunidade e
conveniência de designar servidores com dedicação exclusiva ao desenvolvimento e implementação do
Programa Portal Único do Comércio Exterior, proposta de recomendação constante do Relatório
Preliminar, foi realizada pelo Órgão quando da designação da equipe de servidores para atuarem na
implementação do Portal Único.
227. Contudo, a própria RFB informa haver proposto ao MPOG a recomposição de seus quadros,
propondo o provimento de 5.000 vagas da Carreira de Auditoria. Assim, verifica-se que a força de
trabalho, tanto da RFB, quanto do Mdic, é uma variável dinâmica, cuja quantidade pode aumentar ou
diminuir ao longo do tempo. Eventual efetivação da proposta de elevação de efetivo da RFB pode
possibilitar alguma margem para uma alocação de pessoal nas suas diversas atividades. Portanto,
considerando o cronograma de implementação do Programa, é salutar manter a proposta de
recomendação com devidos ajustes, já que o ingresso de novos servidores pode possibilitar a
designação de pessoal com dedicação exclusiva ao Programa.
4.4.4 Quanto ao Componente Monitoramento e Avaliação
228. Os comentários da RFB apontam boas práticas institucionais na sua gestão de projetos,
principalmente diante de metodologia própria para gerenciamento de projetos formalizada, a qual
inclui etapas de monitoramento e avaliação.
229. Contudo, não é menos verdade que o Programa Portal Único não fixou formalmente como
se dará a realização de monitoramento e avaliação periódicos dos projetos e ações pretendidos,
principalmente quanto ao grau de implementação dos projetos associados.
230. A ausência de monitoramento pode trazer prejuízo na condução da política, haja vista que
reduz a transparência e o acompanhamento do grau de implementação dos projetos, bem como a
identificação da necessidade de correção de rumos. Porém, diante da existência de metodologia de
gerenciamento de projetos devidamente formalizada pela RFB, é pertinente ajustar a redação da
proposta de recomendação do item I, alínea a, para que os gestores coloquem em prática rotinas
periódicas de monitoramento e avaliação do Programa Portal Único do Comércio Exterior, tal como a
própria MGP, com vistas a aferir e divulgar precisamente o grau de progresso dos projetos e ações
802

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pretendidos, confrontando-o com o cronograma estipulado, e a identificar e executar correções que se


façam necessárias, em consonância com os princípios da publicidade, transparência e eficiência.
4.4.5 Quanto à Avaliação de Riscos
231. O questionamento da RFB acerca do ‘Relatório de Riscos Negativos’, apresentado no
Relatório Preliminar como tendo sido elaborado pela Audit, indica que o documento não é o
posicionamento oficial da Audit, e, portanto da RFB. Nesse sentido cabem os seguintes
esclarecimentos.
232. No dia 29/9/2014 realizou-se, no TCU, reunião para a discussão da Matriz de Análise
SWOT, tendo comparecido assessor do gabinete da RFB e representante da Audit, bem como
representantes do Departamento de Competitividade no Comércio Exterior do Mdic, conforme consta
de ata de reunião (peça 17, p. 8).
233. Durante essa reunião foram discutidos riscos relativos à implementação da solução
tecnológica do Portal Único do Comércio Exterior. Os gestores corroboraram as conclusões da matriz
SWOT e, inclusive, o assessor da RFB, informou que dispunham de análises internas sobre o tema e
que essas informações poderiam ser disponibilizadas para a equipe de auditoria.
234. Posteriormente à reunião, recebeu-se correspondência registrada do Mdic (AR 99771406 9 -
peça 50), contendo um CD-Rom com diversos documentos. O CD-Rom foi recebido neste Tribunal
desacompanhado de expediente de apresentação.
235. Entre os documentos constantes do CD-Rom há um arquivo denominado ‘Cadastro de
Riscos Negativos do Programa Portal Único consolidado’, nas extensões ‘.doc’ e ‘.pdf’. Tais
documentos possuem o timbre da Receita Federal e têm em sua identificação a Coordenação-Geral de
Auditoria Interna (Audit) e a Coordenação de Gestão de Riscos (Coris).
236. Esclareça-se que o teor das informações constantes do mencionado documento é, em
essência, semelhante àquele informado no arquivo de apresentação de slides denominado ‘Programa
Portal Único de Comércio Exterior’, elaborado pela RFB e Mdic, e encaminhado pela Coordenação-
Geral de Auditoria Interna da RFB por meio do Ofício 65/2014-RFB/Audit/Diaex, 24/9/2014 (peça 12,
p. 12-39).
237. Ressalte-se que os riscos apontados na matriz SWOT já decorriam de análises
anteriormente realizadas, as quais já eram suficientes para a formulação das propostas de
encaminhamento constantes do Relatório Preliminar de Auditoria. As informações constantes do
‘Cadastro de Riscos Negativos do Programa Portal Único consolidado’, refletidas nos slides de
apresentação do ‘Programa Portal Único de Comércio Exterior’ corroboram as análises prévias e
fortalecem as recomendações propostas.
238. Portanto, o documento, tendo sido entregue por meio de correspondência oficial do Mdic
com aviso de recebimento, diante do fato de que se tratava de assunto discutido na reunião do dia
29/9/2014, inclusive com sinalização do assessor da RFB de que estudos relacionados a ameaças e
fraquezas ao programa existiam e poderiam ser encaminhados, bem como tendo em seu timbre
sinalização identificando a Audit, considerou-se que o documento era de sua autoria.
239. Não obstante esses fatos, e ante o questionamento da RFB, conclui-se que o documento
‘Relatório de Riscos Negativos’ utilizado como evidência de boa prática do Relatório Preliminar não
representa a posição oficial da RFB sobre os riscos ali apontados. Em virtude dessa conclusão, alterou-
se a redação dos parágrafos 141, 142, 143, 150, 151, 166 e 182 para substituir o documento de
evidência para o arquivo de apresentação de slides denominado ‘Programa Portal Único de Comércio
Exterior’, elaborado pela RFB e Mdic, e encaminhado pela Coordenação-Geral de Auditoria Interna da
RFB por meio do Ofício 65/2014-RFB/Audit/Diaex, 24/9/2014.
240. Cabe, por fim, destacar que a existência de documento apontando a realização de
diagnóstico de riscos foi mencionada no Relatório Preliminar como boa prática de governança na
implementação do Programa Portal Único do Comércio Exterior (parágrafo 184 do Relatório
Preliminar). Apesar de o documento ‘Relatório de Riscos Negativos’ não poder mais ser considerado
como suporte às conclusões deste Relatório, cabe registrar que a boa prática identificada no Relatório
803

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Preliminar continua, tendo em vista que os processos de identificação de risco e previsão de medidas
de contorno estão sendo realizados pelos gestores, conforme pode ser evidenciado pelo documento
formalizador do programa (peças 20 a 22), quanto da apresentação ‘Programa Portal Único de
Comércio Exterior’.
5. Conclusão
241. A presente auditoria operacional teve por objetivo avaliar a governança da política pública
no tratamento administrativo do comércio exterior brasileiro. A análise se ateve aos componentes de
‘Institucionalização’, ‘Planos e Objetivos’, ‘Coordenação e Coerência’ e ‘Capacidade Organizacional e
Recursos’ do Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas do TCU, critério
norteador na condução dos trabalhos.
242. Quanto à Institucionalização, discorreu-se sobre a primeira política pública desenvolvida ao
tratamento administrativo, realizada sob a denominação de ‘Estratégia de Simplificação do Comércio
Exterior’ e coordenada pela CAMEX, em 2007. Verificou-se que, embora pautada em resoluções da
Câmara, a política até então formatada não continha aspectos que assegurassem uma adequada
institucionalização, tais como diagnóstico minucioso dos problemas a serem enfrentados, definição
clara e precisa de competências e obrigações dos atores envolvidos, objetivos, metas e produtos
associados, recursos, riscos e estratégias de contorno. Consequentemente, ocorreu baixo grau de
implementação das ações propostas, desassociadas do cronograma então estipulado.
243. A institucionalidade da política pública na área somente ganhou reforço com a formatação
do ‘Programa Portal Único do Comércio Exterior’, ocorrida em 2013, sob a coordenação da Secex e
RFB, e legalizada por meio do Decreto 8.229/2014. Houve a identificação dos problemas e gargalos
com a elaboração de diagnóstico que contou com participação do setor privado. A partir disso, foram
desenvolvidos projetos com competências, obrigações, metas, equipes, prazos, etapas e riscos e ações
de mitigação definidos. Com efeito, com o Programa Portal Único houve significativa melhora na
governança da institucionalização da política pública.
244. No que se refere ao componente ‘Planos e Objetivos’, verificou-se que o Programa Portal
Único foi formulado logicamente, a partir da definição de premissas básicas (simplificação e
racionalização de procedimentos) para que então fossem indicadas as ações necessárias para o
atingimento das metas e objetivos propostos.
245. Para a solução dos problemas identificados, o Programa Portal Único fixou a execução de
projetos associados, os quais seguem a cadeia lógica de diagnóstico da situação, ações a serem
executadas, riscos, estratégias de contorno, metas, prazos e resultados esperados. Também foram
definidas equipes para a implementação dos projetos e previu-se o aproveitamento de experiências de
simplificação e racionalização do tratamento administrativo carreadas por outros países.
246. Porém, como ponto contrário à boa prática de governança na política formalizada referente
ao componente ‘Planos e Objetivos’, o Programa Portal Único do Comércio Exterior não estipulou
formalmente a realização de monitoramento e avaliação periódicos dos projetos e ações pretendidos. A
ausência de monitoramento pode trazer prejuízo na condução da política, haja vista que reduz a
transparência e o acompanhamento do grau de implementação dos projetos, bem como a identificação
da necessidade de correção de rumos.
247. Porém, cabe registrar que a RFB adota metodologia de gerenciamento de projetos (MGP)
devidamente formalizada, o que demonstra uma boa prática de governança corporativa. Se
efetivamente colocada em prática quando da condução da implementação do Programa, a MGP pode
suprimir os eventuais efeitos da ausência formal de previsão de monitoramento e avaliação periódicos.
248. Com a nova formatação da política pública no tratamento administrativo do comércio
exterior, advinda com o Programa Portal Único, a instância coordenadora foi transferida da CAMEX à
Secex/Mdic e RFB, conjuntamente. Com isso é esperada maior robustez à condução da política tendo
em vista que ambos órgãos possuem uma atuação e visão sistêmicas no tema, são gestores do principal
sistema de tecnologia (Siscomex) e, portanto, dotados das competências e ferramentas operacionais
para a implementar e regulamentar ações no comércio exterior.
804

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

249. A coordenação da Secex e da RFB e os mecanismos de articulação entre os atores do


Programa Portal Único foram legitimados pelo Decreto 8.229/2014. Definiu-se a atuação dos órgãos e
entidades anuentes em cooperação com a instância coordenadora e da CAMEX como órgão auxiliar na
articulação da política. Além do decreto, está prevista a edição de Portaria Interministerial do Mdic e
do MF acerca dos arranjos de condução do programa. Assim, a análise demonstrou a observância de
boas práticas de governança para o componente ‘Coordenação e Coerência’.
250. Todavia, em relação ao componente ‘Capacidade Organizacional e Recursos’ foram
apontadas falhas na governança da política pública. Essas dizem respeito a riscos negativos
relacionados à implementação da solução de tecnologia da informação e à previsão orçamentária de
recursos para implementação no Programa Portal Único de Comércio Exterior. Entre outras
dificuldades, essas falhas podem acarretar eventuais dificuldades de interligação dos sistemas dos
órgãos anuentes com o sistema central do Portal Único, inviabilizando o ambiente single window.
251. Apesar de diagnosticados pelos gestores do Programa, esses riscos ainda não foram
devidamente contornados. Ao momento da conclusão dos trabalhos de auditoria, ainda não havia uma
definição precisa da arquitetura de sistema, nem da solução tecnológica a ser utilizada no
desenvolvimento do Portal Único, o que pode atrasar o cronograma de implementação ou até mesmo
inviabilizar o alcance dos objetivos pretendidos pela política. Essa indefinição, por si só, já acarreta a
imprecisão na estimativa de recursos necessários para implementação do Programa. Tampouco havia
previsão orçamentária contemplando os órgãos e entidades anuente com recursos para
desenvolvimento e/ou adaptação de seus respectivos sistemas para interligar ao Portal Único de
Comércio Exterior.
252. Ressalte-se ainda que, apesar de não totalmente contornados, os riscos apresentados já
haviam sido devidamente mapeados pelos gestores e estão registrados no Plano do Programa Portal
Único do Comercio Exterior. Esse mapeamento demonstra uma boa prática de governança na
implementação da política pública de facilitação de comércio.
253. Outra boa prática identificada no componente ‘Capacidade Organizacional e Recursos’ é a
designação formal de equipes para o desenvolvimento dos projetos associados ao Programa Portal
Único.
254. Em suma, foi observado que a política pública formatada para o tratamento administrativo
sob o Programa Portal Único do Comércio Exterior abarca boas práticas de governança recomendadas
no Referencial para Avaliação da Governança de Políticas Públicas, especialmente nos componentes
de ‘Institucionalização’, ‘Planos e Objetivos’ e ‘Coordenação e Coerência’. As fragilidades
identificadas, inerentes às formas de monitoramento e avaliação, à necessidade de estrutura de pessoal
de dedicação exclusiva e de orçamento ao Programa, e à definição e sensibilização acerca das soluções
tecnológicas adequadas ao que se pretende, serão objeto de recomendação.
255. Espera-se que com a adoção das medidas contidas na proposta de encaminhamento deste
relatório a governança da política pública no tratamento administrativo do comércio exterior seja
reforçada, dotando-a de mecanismos favoráveis ao pleno atingimento dos objetivos estabelecidos.
6. Proposta de Encaminhamento
291. Ante todo o exposto, submete-se este relatório à consideração superior, para posterior
encaminhamento ao gabinete do Sr. Ministro-Relator Augusto Sherman, com as propostas que
seguem:
I) recomendar à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior e à Receita Federal do Brasil, órgãos componentes do Comitê Gestor do Siscomex,
com fundamento no 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que:
a. coloquem em prática rotinas periódicas de monitoramento e avaliação do Programa Portal
Único do Comércio Exterior, tal como a própria metodologia de gerenciamento de projetos da Receita
Federal do Brasil, com vistas a aferir e divulgar precisamente o grau de progresso dos projetos e ações
pretendidos, confrontando-o com o cronograma estipulado, e a identificar e executar correções que se
805

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

façam necessárias, em consonância com os princípios da publicidade, transparência e eficiência (item


3.2);
b. realizem estudo para identificar a arquitetura mais adequada para a implementação do Portal
Único do Comércio Exterior, avaliando o impacto que a implementação terá nos sistemas legados, as
implicações nas soluções de TI, os respectivos custos, considerando as necessidades de previsão
orçamentária, bem como a adequação do cronograma de implementação, de forma a determinar com
precisão o objeto a ser contratado e contratar provedor de serviços de TI capacitado para o
desenvolvimento do Programa (item 3.4.1);
c. realizem gestões junto às instâncias decisórias dos demais órgãos e entidades anuentes e ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Órgão Central do Sistema de
Planejamento e de Orçamento Federal, de forma a sensibilizá-los acerca da necessidade de previsão
orçamentária específica para a implementação do Programa Portal Único do Comércio Exterior,
especialmente quanto ao desenvolvimento de solução de tecnologia interna adequada ao sistema single
window a ser desenvolvido, resguardando, dessa forma, o cumprimento dos objetivos do programa
(item 3.4.2);
d. avaliem periodicamente a oportunidade e conveniência de designar servidores com dedicação
exclusiva ao desenvolvimento e implementação do Programa Portal Único do Comércio Exterior,
como medida de aprimoramento à governança na implementação da política pública (item 3.4.3);
II) recomendar à Casa Civil da Presidência da República e ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão que atentem para o risco de que eventual insuficiência de recursos orçamentários
pode inviabilizar o alcance dos objetivos pretendidos pela política, em especial quando esses recursos
destinem-se a atender soluções de tecnologia a serem desenvolvidas pelos órgãos e entidades gestores
(Receita Federal do Brasil e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e anuentes
participantes da implementação do Portal Único do Comércio Exterior (item 3.4.3);
III) incluir a Receita Federal do Brasil como parte do presente processo para que tenha acesso a
todas as peças que o compõem, tendo em vista que em decorrência do Decreto 8.229/1994 trata-se de
gestora do Programa Portal Único do Comércio Exterior;
IV) encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser adotado pelo Tribunal, bem como do relatório e
do voto que o fundamentarem, e do inteiro teor do presente relatório para a Casa Civil da Presidência
da República, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para o Ministério
da Fazenda, à Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos
Deputados e à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal;
V) arquivar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso II, c/c o art. 250, inciso II, ambos
do Regimento Interno do TCU.”

É o relatório.

VOTO

Trata-se de auditoria de natureza operacional tendo por objeto a avaliação da governança da


política pública no tratamento administrativo do comércio exterior.
A presente auditoria, realizada por equipe da SecexDesenvolvimento, foi planejada de
forma a responder às seguintes questões de auditoria:
1) Em que medida a política pública foi institucionalizada formal e adequadamente por meio de
instrumento legal (lei, decreto, resolução etc.)?
2) De que forma a lógica de intervenção da política pública está alinhada com seus componentes
e resultados esperados?
3) Em que medida o planejamento da política pública orienta a sua operacionalização?
806

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4) Como os responsáveis pela política pública definem e declaram as diretrizes, objetivos, metas,
priorização, responsáveis, prazos e a orientação estratégica a que a política está alinhada?
5) Em que medida os diversos atores governamentais envolvidos com a política pública atuam de
maneira coerente e coordenada entre si?
6) De que maneira ocorre a articulação entre as esferas de governo para que a política pública
seja desenvolvida de maneira coesa e coordenada?
7) Em que medida os órgãos e entidades possuem capacidade organizacional e recursos
suficientes para o adequado desenvolvimento da política pública?
Os resultados dos trabalhos realizados estão registrados no Relatório de Fiscalização
476/2014, transcrito no relatório precedente.
A importância desta fiscalização pode ser avaliada pelos dados da balança comercial
brasileira de 2013, cujas exportações atingiram o montante US$ 242,178 bilhões, enquanto que as
importações somaram US$ 239,620 bilhões. Entretanto, em que pese o Brasil ter o oitavo maior
produto interno bruto do mundo, conforme dados do Banco Mundial de 2012, o país ocupava, segundo
avaliação daquele banco, a 124ª posição do indicador de comércio entre fronteiras em um ranking
composto por 189 países avaliados.

“Custo Brasil”, que não apenas eleva os custos envolvidos nas operações de importações e
exportações, mas também aumenta significativamente o tempo envolvido nessas operações. Uma
comparação feita no item 44 do relatório dá uma ideia das diferenças de custos para exportação e
importação de um contêiner de mercadorias. Para exportação, o custo no Brasil é de US$ 2.215,
enquanto que a média nos países da América Latina e Caribe é de US$ 1.283 e a média das maiores
economias da OCDE é de US$ 1.070; para importação, esses custos são, respectivamente, US$ 2.275,
US$ 1.676 e US$ 1.090. Portanto, o custo dessas operações no Brasil é mais que o dobro daquele
incorrido nas maiores economias.
Esse quadro mostra o quanto o Brasil pode melhorar os seus processos relacionados ao
comércio exterior, como forma de aumentar sua competitividade nesse segmento vital para a economia
brasileira.
solução de entraves existentes no chamado
tratamento administrativo do comércio exterior, que é um dos fatores determinantes dos problemas
apontados. A primeira delas ocorreu a partir de 2007, por iniciativa da Câmara de Comércio Exterior
(Camex). Mais recentemente, em 2013, foi lançado, por iniciativa e coordenação conjunta da
Secretaria de Comércio Exterior, do Mdic, e da Receita Federal do Brasil, o “Programa Portal Único
do Comércio Exterior”.

tratamento administrativo do comércio exterior, com enfoque especial no Programa Portal Único do
Comércio Exterior. Nesse sentido, foram analisados os seguintes referenciais para avaliação de
governança em políticas públicas: institucionalização, planos e objetivos, coordenação e coerência, e
capacidade operacional e recursos. Como resultado dessa análise, foram observadas, por um lado, a
ocorrência de boas práticas e, por outro, oportunidades de aprimoramentos na execução do programa,
o que resultou em propostas de recomendações.
Dentre os pontos objeto das recomendações, ressalta-se a inexistência, até o momento da
auditoria, uma definição precisa da arquitetura de sistema e da solução tecnológica a ser utilizada no
desenvolvimento do Portal Único. Conforme relatado pela equipe de fiscalização, essa indefinição
pode resultar no atraso do cronograma de implementação ou até mesmo inviabilizar o alcance dos
objetivos pretendidos. Outra questão que pode representar graves impactos na implementação desse
programa é a ausência de previsão orçamentária contemplando os órgãos e entidades anuentes com
recursos para desenvolvimento e/ou adaptação de seus respectivos sistemas para interligar ao Portal
Único de Comércio Exterior.
807

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Dessa forma, entendo que as medidas propostas pela SecexDesenvolvimento mostram-


se oportunas, representando uma efetiva contribuição deste Tribunal para o aprimoramento das
medidas estruturantes que estão sendo adotadas pelos vários setores envolvidos com vistas à redução
do “Custo Brasil” na área de comércio exterior. Quanto à proposta de recomendação à Casa Civil da
Presidência da República e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para que atentem para
o risco de que eventual insuficiência de recursos orçamentários pode inviabilizar o alcance dos
objetivos pretendidos, entendo pertinente, dada a natureza de seu conteúdo, transformá-la em alerta.
11. Permito-me apenas modificar a recomendação proposta nos seguintes termos:

“recomendar à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e


Comércio Exterior e à Receita Federal do Brasil, órgãos componentes do Comitê Gestor do Siscomex,
com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que realizem gestões junto às
instâncias decisórias dos demais órgãos e entidades anuentes e ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG), Órgão Central do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, de
forma a sensibilizá-los acerca da necessidade de previsão orçamentária específica para a
implementação do Programa Portal Único do Comércio Exterior, especialmente quanto ao
desenvolvimento de solução de tecnologia interna adequada ao sistema single window a ser
desenvolvido, resguardando, dessa forma, o cumprimento dos objetivos do programa;”

12. Entendo que, ante a importância, no âmbito do comércio exterior, representada pela
implementação do Programa Portal Único do Comércio Exterior, mostra-se mais oportuno que o
Tribunal informe diretamente aos órgãos e entidades anuentes e ao MPOG acerca da necessidade de
previsão orçamentária específica para a implementação daquele programa.
Por fim, cabe destacar a qualidade do trabalho de auditoria realizado pela equipe da
SecexDesenvolvimento, ressaltando a profundidade da análise da vasta normatização e dos vários
processos envolvidos no comércio exterior brasileiro, nos quais tem participação um grande número de
órgãos governamentais.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2744/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-018.688/2014-4
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: SecexDesenvolvimento.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de natureza operacional tendo por objeto
a avaliação da governança da política pública no tratamento administrativo do comércio exterior,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
808

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1. recomendar à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria


e Comércio Exterior e à Receita Federal do Brasil, órgãos componentes do Comitê Gestor do
Siscomex, com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que:
9.1.1. coloquem em prática rotinas periódicas de monitoramento e avaliação do Programa Portal
Único do Comércio Exterior, tal como a própria metodologia de gerenciamento de projetos da Receita
Federal do Brasil, com vistas a aferir e divulgar precisamente o grau de progresso dos projetos e ações
pretendidos, confrontando-o com o cronograma estipulado, e a identificar e executar correções que se
façam necessárias, em consonância com os princípios da publicidade, transparência e eficiência;
9.1.2. realizem estudo para identificar a arquitetura mais adequada para a implementação do
Portal Único do Comércio Exterior, avaliando o impacto que a implementação terá nos sistemas
legados, as implicações nas soluções de TI, os respectivos custos, considerando as necessidades de
previsão orçamentária, bem como a adequação do cronograma de implementação, de forma a
determinar com precisão o objeto a ser contratado e contratar provedor de serviços de TI capacitado
para o desenvolvimento do Programa;
9.1.3. avaliem periodicamente a oportunidade e conveniência de designar servidores com
dedicação exclusiva ao desenvolvimento e implementação do Programa Portal Único do Comércio
Exterior, como medida de aprimoramento à governança na implementação da política pública;
9.2. informar aos órgãos e entidades anuentes relacionados na peça 23, p. 04/06, e ao Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Órgão Central do Sistema de Planejamento e de
Orçamento Federal, acerca da necessidade de previsão orçamentária específica para a implementação
do Programa Portal Único do Comércio Exterior, especialmente quanto ao desenvolvimento de
solução de tecnologia interna adequada ao sistema single window a ser desenvolvido, resguardando,
dessa forma, o cumprimento dos objetivos do programa;
9.3. alertar a Casa Civil da Presidência da República e o Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão para o risco de que eventual insuficiência de recursos orçamentários pode inviabilizar o
alcance dos objetivos pretendidos pela política, em especial quando esses recursos destinem-se a
atender soluções de tecnologia a serem desenvolvidas pelos órgãos e entidades gestores (Receita
Federal do Brasil e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e anuentes participantes da
implementação do Portal Único do Comércio Exterior;
9.4. incluir a Receita Federal do Brasil como parte do presente processo para que tenha acesso a
todas as peças que o compõem, tendo em vista que, em decorrência do Decreto 8.229/1994, tratar-se
de gestora do Programa Portal Único do Comércio Exterior;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como das peças que o fundamentam, à Casa Civil da
Presidência da República, ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao
Ministério da Fazenda, à Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara
dos Deputados e à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, e
9.6. arquivar o presente processo, com fulcro no art. 169, inciso II, do Regimento Interno do
TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2744-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
809

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

GRUPO I – CLASSE V – PLENÁRIO


TC 020.443/2014-5
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit
Interessado: Congresso Nacional
Representação legal: não há

SUMÁRIO: FISCOBRAS 2015. OBRAS NA RODOVIA BR-364/RO, TRAVESSIA URBANA


DE PORTO VELHO/RO. OITIVA. REJEIÇÃO PARCIAL DOS ARGUMENTOS.
DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Os autos tratam de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de


Transportes – DNIT, no âmbito do Fiscobras 2015, com o objetivo de fiscalizar o Edital
RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, relativo às obras de adequação da BR-364/RO,
Travessia Urbana de Porto Velho/RO, tendo sido contratado o Consórcio Construtor
Equipav/Madecon/Concresolo, no valor de R$ 76.490.000,00 (valores de jan/2014, Contrato TT-
702/2014-00).
2. Essa obra encontra-se inserida no perímetro urbano do Porto Velho e vai do Km 713,96 até o
Km 724,36 da BR-364/RO. Já houve duas paralisações da obra, com as respectivas rescisões dos
contratos. O referido contrato TT 702/2014-00 tem como objeto refazer os serviços que se
deterioraram durante essas paralisações, bem como finalizar o empreendimento.
3. Após a realização da fiscalização, a equipe de auditoria elaborou o Relatório de Fiscalização
parcialmente transcrito a seguir, com pequenos ajustes (peça 25):

“2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho


Em cumprimento ao Despacho de 01/08/2014 do Min. Augusto Sherman (TC 016.556/2014-3),
foi realizada auditoria no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, no período
compreendido entre 25/8/2014 e 3/10/2014.

2.2 - Visão geral do objeto


Essa obra encontra-se totalmente inserida no perímetro urbano do Porto Velho e vai do Km
713,96 até o Km 724,36 da BR-364/RO. Teve início em julho/2009 por meio de contrato celebrado
entre a Prefeitura Municipal de Porto Velho/RO (PMPV) e a empresa Camter - Construções e
Empreendimentos S/A. Em abril/2011, esse contrato foi rescindido. Sobreveio a esse ajuste o Contrato
143/PGM/2011 entre a PMPV e a Egesa Engenharia S.A., também rescindido, nesse caso, em
outubro/2012. Segundo informações contidas no anteprojeto, Volume 1, houve execução parcial dos
seguintes serviços: terraplenagem, pavimentação, drenagem e obras de arte correntes e especiais.
Consta do site do DNIT que essas obras parciais foram executadas com recursos do Termo de
Compromisso TC 220/2008-00 (Siafi 653325) com valor liberado de R$ 65.788.705,95 (dez/2008) e
valor retido de R$ 28.311.788,28 (dez/2008). A correção desses valores pelo índice de reajustamento
de obras rodoviárias, obras de arte especiais, monta em R$ 79.573.820,21 (jan/2014) e R$
34.244.132,30 (jan/2014).
810

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Registre-se que o TC 220/2008-00 não faz parte do escopo deste trabalho e que se encontra em
andamento no DNIT processo no qual estão sendo adotadas providências visando a instauração de
possível tomada de contas especial.
Nesse passo, o contrato TT 702/2014-00, no valor de R$ 76.490.000,00 (jan/2014) terá como
objetivo refazer os serviços que se deterioraram durante a paralisação do empreendimento, bem como
finalizar as obras.
Vale consignar que esse empreendimento fez parte do rol de obras consideradas paralisadas pelo
TCU em levantamento de obras rodoviárias do DNIT (TC 015.963/2013-6). Naquele trabalho, foi
determinado ao DNIT estabelecer meios suficientes para manter sob seu controle informações sobre as
obras paralisadas, os motivos que as levaram a essa paralisação, bem como quais as ações devem ser
realizadas para a sua continuidade (Acórdão 162/2014-TCU-Plenário).

2.3 - Objetivo e questões de auditoria


A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar o Edital RDC Eletrônico 272/2014-00 -
Contratação Integrada, relativo à contratação do remanescente das obras de adequação da BR-364/RO
- Travessia Urbana de Porto Velho/RO.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formulou-se a questão adiante indicada:

1) Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?

2.4 - Metodologia utilizada


A metodologia utilizada constituiu-se da análise documental, pesquisas em sistemas
informatizados, procedimentos de revisão analítica, comparação com a legislação e a jurisprudência do
TCU, conferência de cálculos e inspeção física por meio de visita à obra.
Destacam-se alguns procedimentos adotados pela equipe no levantamento de auditoria:
a) verificar se os quantitativos do projeto eram razoáveis, identificando a consistência e a
pertinência dos serviços;
b) verificar se os quantitativos de projeto, relativamente às distâncias médias de transporte, eram
consistentes;
c) elaborar Curva ABC para identificação de possível sobrepreço no orçamento da obra;

2.5 - Volume de recursos fiscalizados


O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 76.490.000,00. A data-base desse
orçamento é janeiro/2014.

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização


Pode-se citar como benefício estimado desta fiscalização o incremento da expectativa de
controle das ações de governo e a possibilidade de aperfeiçoamento das metodologias utilizadas para
definição dos valores das reservas de contingência nas licitações do tipo RDC-Contratação Integrada.

3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Fragilidade ou deficiência na fase preparatória de licitação do RDC
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A irregularidade não é
materialmente relevante e, por isso, não se recomenda a paralisação prevista no art. 98, § 1º, inciso IV
da Lei 12.919/2013 (LDO/2014).
3.1.2 - Situação encontrada:
811

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Na análise do processo de gerenciamento de riscos das obras remanescentes da travessia urbana


de Porto Velho/RO verificaram-se quatro indícios de irregularidades: "Fragilidade dos dados históricos
amostrais da análise de risco", "Não correspondência entre a justificativa da Ata do Comitê de Risco e
os termos do Contrato", "Fragilidade nas justificativas para a alteração do nível de confiabilidade da
análise de risco" e "Utilização de quantidade de dados históricos insuficientes".
A primeira irregularidade refere-se à utilização de percentuais de aditivos que, a princípio, não
são hábeis a representar a obra em questão. A segunda irregularidade trata da falta de correspondência
entre as justificativas apresentadas na ata que definiu a reserva de contingência e a matriz de risco da
obra. A terceira trata do fato de que as justificativas para alterar a taxa de contingência de 80% para
90% já eram de conhecimento dos gestores desde o início da obra, apontando aparente fragilidade
desses argumentos. A última refere-se à utilização de apenas dez dados históricos para compor o banco
de dados que subsidiou a análise da reserva de contingência para a família de serviços referentes às
obras de arte especiais.
O processo de gerenciamento de risco consiste na atividade de identificação, análise,
planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos em licitações do regime de contratações
integradas previstas na Lei 12.462/2011. Esse exame culmina na elaboração de uma matriz de risco em
que são definidas as responsabilidades da contratada e da contratante, bem como na definição de uma
reserva de contingência para equilibrar os riscos a serem suportados pelo contratado. A metodologia
para essa análise está definida na Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014.
Para as obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO, a análise foi realizada por
meio de avaliação de dados históricos de aditivos em empreendimentos similares e em região
geográfica semelhante, conforme previsto no parágrafo único, inc. III, art. 3 e art. 7º, parágrafo
primeiro da Instrução de Serviço/DG 1/2014.

3.1.2.1 - Fragilidade de dados históricos amostrais da análise de risco.


A tabela de dados históricos que subsidiou a avaliação de risco das obras remanescentes da
travessia urbana de Porto Velho/RO apresentou percentuais de aditivos aparentemente desarrazoados
para fins de compor uma amostra representativa para o caso em análise. Esses dados influenciaram a
formação do preço final de referência da obra em questão. A tabela completa encontra-se ao final deste
campo (Situação encontrada).
Na citada tabela, percebe-se, em determinada obra, percentual de supressão de 141,82% para a
família de serviços de drenagem e obras de arte correntes (OAC). Esse percentual não guarda sentido
prático uma vez que não pode haver redução de serviço superior a 100% do valor contratado. Até
mesmo supressões de 100% evidenciam que o serviço originalmente contratado não foi executado e,
sendo assim, não seria razoável que fizesse parte do rol de valores que serviram de parâmetros de
entrada para o cálculo da reserva de contingência dessa família de serviços.
Nos dados históricos, verifica-se também, em outras obras, a presença de acréscimos da ordem
de 600% e 1.200%. Nesses casos, pressupõe-se forte modificação do projeto inicialmente contratado,
indicando possíveis alterações de metas de execução. Por exemplo, em uma obra de travessia urbana,
alterações de meta podem ocorrer quando se aditiva a construção de mais um acesso pavimentado
(vias laterais), o acréscimo na extensão do seguimento a ser adequado, a construção de mais uma
passarela etc. E nas supressões, as metas seriam alteradas com a retirada dos contratos de itens
importantes das obras, como, por exemplo, um viaduto, uma ponte, trechos de drenagem urbana, vias
laterais etc.
Cabe registrar que a utilização de aditivos com possíveis alterações de meta de contratos não guarda
conformidade com o cálculo da reserva de contingência em contratações integradas do RDC. Isso porque
eventuais alterações de meta em contratações integradas não são de responsabilidade da empresa contratada e,
por consequência, serão suportadas apenas pela contratante. Eventuais alterações de meta acarretarão aditivos
contratuais, mesmo nas contratações integradas.
812

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Desse modo, dados históricos que contemplem possíveis alterações de meta, como os citados
acima, não devem fazer parte da amostra utilizada para subsidiar a avaliação de riscos. Acrescente-se
que, mesmo que sejam considerados outliers (valores atípicos) na análise estatística, esses percentuais
podem comprometer o resultado final dos cálculos.
Assim, resta caracterizada a fragilidade dos dados históricos amostrais utilizados na análise de
risco do empreendimento.

3.1.2.2 - Não correspondência entre justificativa da Ata do Comitê de Risco e os termos do


contrato.
Nos termos da Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, percebe-se que a definição do
nível de confiabilidade do orçamento de uma obra está estreitamente correlacionada com a definição
da matriz de risco. Vale transcrever partes dessa instrução de serviço evidenciando esse fato:
"Art. 3º, parágrafo primeiro, II - A Diretoria de Infraestrutura Rodoviária deverá encaminhar
solicitação da análise quantitativa de riscos, contendo os seguintes itens: (...) b. Matriz de Risco da
obra em questão".
"Art. 4º - Na etapa de identificação, caberá à Diretoria de Infraestrutura Rodoviária, por meio de
uma Matriz de Risco, gerenciar a atividade de identificação dos riscos que podem afetar cada
empreendimento. Esse processo consiste em identificar os riscos e documentar as suas características,
conforme disposto no Guia de Gerenciamento de Riscos".
"Art. 5º - A Diretoria Executiva realizará a etapa de análise de riscos, com base na Matriz de
Risco, dados históricos, orçamento estimado da obra e opinião especializada".
Ou seja, na matriz devem estar definidos os riscos que serão assumidos pelo DNIT e aqueles que
serão assumidos pela contratada de sorte que, a depender dessa conformação de possíveis eventos, a
reserva de contingência será majorada ou minorada. Esse fato conduz à conclusão de que as
justificativas produzidas pelo Comitê de Gestão de Riscos para elevar ou reduzir o nível de
confiabilidade do orçamento devem guardar correlação com a matriz. Os fatos que ensejarem elevação
da reserva de contingência devem representar eventuais responsabilidades da contratada. Fatos que
ensejarem diminuição da reserva de contingência devem representar eventuais responsabilidades do
DNIT.
No caso concreto, tanto por meio da Ata 14/2014, de 27/3/2014, quanto por meio da Ata
23/2014, de 7/5/2014, o Comitê de Gestão de Riscos justificou que a contratada será responsável por
toda a obra e não somente pelo remanescente que ela executar. Apesar disso, não consta da matriz de
risco a atribuição dessa responsabilidade à contratada. Vale registrar que essa atribuição também não
se encontra registrada no Contrato TT 702/2014-00 nem no Edital RDC 272/2014-00.
Assim, pode-se concluir que não se verifica a imprescindível correspondência entre as
justificativas constantes da Ata do Comitê de Gestão de Risco e os termos do contrato de execução das
obras.

3.1.2.3 - Fragilidade nas justificativas para a alteração do nível de confiabilidade da análise de


risco.
Após a realização da análise quantitativa de riscos do empreendimento, o Comitê de Gestão de
Risco passou a avaliar o grau de confiabilidade da distribuição de probabilidade que seria mais
adequado para as obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO.
Por meio da Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, ficou estabelecido que, para os
casos em que os estudos se baseiam em dados históricos, o nível de confiabilidade padrão de todos os
orçamentos seria de 50% e que outros valores poderiam ser utilizados, a depender das características
da obra e do apetite ao risco, desde que devidamente justificados.
Em 27/3/2014, por meio da Ata 14/2014, o Comitê de Gestão de Riscos estabeleceu o nível
confiabilidade de 80% para essa obra, correspondendo à taxa de contingência de 13,95%. Para isso,
justificou que, por se tratar de remanescente de obra:
813

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) não é possível afirmar tecnicamente o que de fato será aproveitado dos serviços já executados,
elevando assim o risco de retrabalho com ou sem o reaproveitamento do material; e
b) a nova contratada será responsável por toda a obra e não somente pelo que ela executar, o
objeto não é muito atrativo às empresas.
Em 7/5/2014, o Comitê de Gestão de Riscos se reuniu novamente para tratar dessa obra e
elaborou a Ata 23/2014. Nesse novo documento, reproduziu as duas justificativas da Ata 14/2014
relativas a remanescentes de obras e acrescentou o que segue:
a) em razão de se tratar de obra inserida no tráfego da capital Porto Velho, há impacto negativo
na execução da obra;
b) a curta janela climática para execução das obras restringe os períodos de possível execução,
visto que ainda restam quantitativos relevantes de terraplenagem e pavimentação a serem realizadas;
c) ocorrência recente de grande volume de chuva, fato que também agrava a disponibilidade de
materiais de pavimentação na região; e
d) o fato de se ter duas contratações anteriores mal sucedidas.
Com base nesses argumentos, promoveu-se a alteração do nível de confiabilidade da obra de
80% para 90% e a reserva de contingência foi de 13,95% para 18,48%.
Percebe-se que as novas justificativas apontadas pelo Comitê de Gestão de Riscos na segunda
reunião e que fundamentaram a elevação do nível de confiabilidade já eram de conhecimento dos
gestores no momento da formalização da primeira ata, dia 27/3/2014. Ou seja, riscos relacionados à
baixa mobilidade urbana e a existência de contratações anteriores mal sucedidas eram fatos inerentes à
própria obra, a qual se trata de remanescente de travessia urbana.
Também, pondera-se que, em março de 2014, a curta janela climática e a ocorrência de fortes
chuvas na região era de conhecimento público. No final de março desse ano, o rio Madeira atingiu o
seu máximo histórico.
Com base nesse entendimento, verifica-se a ocorrência de fragilidade na metodologia e nas
próprias justificativas para definição e para alteração do nível de confiabilidade da análise de risco.

3.1.2.4 - Utilização de quantidade de dados históricos insuficientes.


Por meio da Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, art. 7º, parágrafo primeiro, o
DNIT estabeleceu uma quantidade mínima de 30 dados históricos para a avaliação de risco de novas
contratações. Ocorre que, nas obras da travessia urbana de Porto Velho/RO, para a família de serviços
Obras de Arte Especiais (OAE), a base de dados históricos utilizada contém apenas dez valores. Esse
fato, a princípio, demonstra não cumprimento da norma do próprio DNIT e, ao final, pode revelar
possível fragilidade na análise estatística empreendida, uma vez que a amostra analisada parece carecer
de uma maior representatividade de dados.

3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:


(IG-C) - Contrato TT - 702/2014-00, Elaboração do projeto básico e executivo de engenharia e
realização das obras de implantação e pavimentação de ruas laterais com transposição da rodovia por
obras de artes especiais, com melhoramentos para adequação de capacidade e segurança na rodovia
BR 364/RO, travessia urbana de Porto Velho, Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo.

3.1.4 - Critérios:
Lei 12462/2011, art. 4º, inciso III
3.1.5 - Evidências:
2 - IS DG n°01-2014_riscos - IS DG n°01-2014_riscos, folhas 1/5.
3 - Análise de risco superada - Análise de risco superada, folhas 1/21.
4 - Análise de risco vigente - Análise de risco vigente, folhas 1/21.

3.1.6 - Conclusão da equipe:


814

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Essas análises conduzem à conclusão de que, a princípio, há fragilidade nos dados históricos
amostrais da análise de risco, falta correspondência entre justificativa da Ata do Comitê de Gestão de
Risco e os termos do contrato de execução das obras, há fragilidade nas justificativas para a alteração
do nível de confiabilidade da análise de risco e foi utilizada quantidade de dados históricos insuficiente
no cálculo da reserva de contingência.
Nos termos do item 145 da Portaria TCU 280/2010, alterada pela Portaria TCU 168/2011, esses
fatos poderiam demandar submeter um relatório preliminar aos gestores, uma vez que a irregularidade
pode ser considerada de alta complexidade ou de grande impacto. Entretanto, no caso concreto,
entende-se que tal procedimento pode ser dispensado. Isso porque, em 18/11/2014, realizou-se na Sede
do DNIT reunião com os componentes do Comitê de Gestão de Riscos e a Diretoria Geral da autarquia
para tratar, exclusivamente, das questões abordadas neste achado. Nessa reunião, esta equipe de
auditoria apresentou aos membros do Comitê e à Diretoria Geral da autarquia uma síntese da situação
encontrada e os possíveis encaminhamentos que poderiam ser adotados para tratar a irregularidade
apontada. Os gestores também tiveram a oportunidade de se manifestar sobre todas as questões
abordadas, inclusive quanto às possíveis propostas de encaminhamento.
De posse dos elementos colhidos nessa reunião, avaliou-se os custos e benefícios das possíveis
propostas de encaminhamento, concluindo-se que, no caso concreto, seria adequado propor, com
fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, a realização de oitiva do DNIT, na
pessoa do Diretor-Geral, para que apresente manifestação no prazo de quinze dias acerca dos indícios
de irregularidade registrados neste item.

3.2 - Anteprojeto de engenharia deficiente e/ou desatualizado.


3.2.1 - Tipificação do achado:
Classificação - outras irregularidades (OI)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - Em que pese a relevância
do presente achado de auditoria, a irregularidade não se enquadra no conceito de grave com
recomendação de paralisação contido no art. 98, § 1º, inciso IV da Lei 12.919/2013 (LDO/2014), uma
vez que não se apresenta materialmente relevante em relação ao valor total contratado.

3.2.2 - Situação encontrada:


Identificou-se a adoção de solução antieconômica no anteprojeto que fundamentou o Edital RDC
Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada em virtude da não utilização da maioria do material
proveniente dos cortes nos aterros da travessia urbana de Porto Velho. Essa inadequação na
distribuição de massas do projeto implica um potencial prejuízo aos cofres públicos de R$ 116.984,92
(jan/2014). Esse fato contraria os princípios da eficiência e economicidade a serem observados nas
contratações realizadas com base no RDC, conforme previsto no art. 3º da Lei 12.462/2011.
De acordo com anteprojeto, foram previstas a destinação ao bota-fora de 100.153 m³ de materiais
provenientes dos cortes e a utilização em aterros de 164.508 m³ de material oriundo de jazida,
considerando apenas solo de 1ª categoria.
Cabe destacar que o bota-fora de projeto se encontra na mesma área onde é retirado o material a
ser aplicado nos aterros, ou seja na jazida Bela Vista (EC-01), à 8,6 km do início do trecho (Estaca 00),
no sentido Porto Velho-Cuiabá.
Observando os ensaios geotécnicos do subleito do trecho onde serão realizados os cortes,
verifica-se que os materiais apresentam características físicas que demonstram ser tecnicamente viável
a utilização desse solo no corpo dos aterros da obra (Índice de Suporte Califórnia - ISC - maior que 2%
e expansão menor que 4%, limites estabelecidos na Norma DNIT 108/2009 - ES).
Por meio do Ofício 01-525/2014, a Equipe de Auditoria solicitou do DNIT justificativa para a
não utilização do material oriundo dos cortes na execução dos aterros da obra. Em resposta, por meio
do Ofício 1378/2014/Audint/DNIT, a Autarquia afirmou que não houve previsão da utilização dos
materiais provenientes dos cortes na execução dos aterros devido a possíveis problemas com as
815

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

desapropriações e também com o remanejamento de serviços públicos, que poderiam não ser
finalizados em tempo hábil. Justificou ainda que os materiais oriundos dos cortes poderiam ser
aplicados em aterros, porém, como a área desses aterros provavelmente não estaria liberada para ser
utilizada no momento da execução dos cortes, previu-se que esse material dos cortes fosse destinado
ao bota-fora.
Em que pese possa haver alguns impedimentos para a utilização imediata do material dos cortes
nos aterros da obra, o projetista poderia ter estudado áreas contíguas à obra para armazenamento
provisório do material até sua utilização nas áreas a receberem o aterro.
Para o cálculo da antieconomicidade da solução adotada no anteprojeto, considerou-se, de forma
conservadora, as seguintes premissas:
a) adotar que 70% do material de cortes originalmente destinado ao bota-fora seja utilizado nos
aterros. Para estabelecer esse percentual, levou-se em conta possíveis perdas no transporte,
contaminação do material por matéria orgânica, restos de construção, lixo etc;
b) retirar 8,600 km da DMT (distância média de transporte) a ser considerada no transporte desse
material, que corresponde à distância da jazida até o início do trecho, estaca 00. Para o restante do
material manteve-se a mesma DMT;
c) estimar uma DMT média de 8,099 km para deslocamento do material proveniente dos cortes
para depósitos provisórios e 6,904km para o transporte desse material dos depósitos até sua posterior
aplicação nos aterros.
Considerando o aproveitamento de boa parte do material destinado ao bota fora, foi reduzido
também o quantitativo do serviço "compactação de material em bota fora".
Conforme estimativa constante na evidência associada a este relatório "Memória de Cálculo -
Sobrepreço - Anteprojeto BR-364_RO", o valor do sobrepreço relativo a essa irregularidade alcança o
valor de R$ 545.119,05 (jan/2014). Como o consórcio vencedor ofertou desconto de R$ 428.134,13, o
possível prejuízo da contratação alcança o valor de R$ 116.984,92 (R$ 545.119,05 - R$ 428.134,13).

3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:


(OI) - Contrato TT - 702/2014-00, Elaboração do projeto básico e executivo de engenharia e
realização das obras de implantação e pavimentação de ruas laterais com transposição da rodovia por
obras de artes especiais, com melhoramentos para adequação de capacidade e segurança na rodovia
BR 364/RO, travessia urbana de Porto Velho, Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 545.119,05

3.2.4 - Critérios:
Decreto 7581/2011, art. 74, § 3º; art. 74, inciso I
Lei 12462/2011, art. 3º; art. 9º, § 2º, inciso I, alínea a
Portaria 657/2013, Dnit, art. 1º
3.2.5 - Evidências:
Memória de Cálculo de momento de transporte e croqui localização.
Ofício de Requisição TCU 01-525-2014 com recebimento DNIT.
Oficio Resposta 1378_2014_Audint_DNIT.
Memória de cálculo - bota-fora a ser reaproveitado.
Memória de Cálculo - Sobrepreço - Anteprojeto BR-364_RO.

3.2.6 - Conclusão da equipe:


As justificativas apresentadas pelo DNIT não conseguiram elidir o indício de irregularidade
referente a não utilização dos volumes provenientes dos cortes nos aterros da obra.
O sobrepreço estimado para a irregularidade alcança o valor de R$ 545.119,05 (jan/2014), o que
representa montante inferior a 1% do valor da obra. Esse percentual de sobrepreço somado ao fato de
que o orçamento da obra não foi disponibilizado às licitantes, por ser sigiloso, conduzem à conclusão
816

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de que não seria apropriado propor determinação direcionada ao DNIT no sentido de alterar o valor do
Contrato TT 702/2014-00 para corrigir a irregularidade apontada. Mesmo porque o consórcio vencedor
ofertou desconto de R$ 428.134,13 em relação ao preço de referência, valor que atua no sentido de
minorar o sobrepreço apontado.
Contudo, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, será proposta
oitiva do DNIT, na pessoa do Diretor-Geral, para que apresente manifestação no prazo de quinze dias
acerca da adoção de solução antieconômica no anteprojeto que fundamentou o Edital RDC Eletrônico
272/2014-00 - Contratação Integrada, em virtude da não utilização da maioria do material proveniente
dos cortes, nos aterros da travessia urbana de Porto Velho, fato que afronta os princípios da
economicidade e eficiência previstos nas contratações realizadas com base no RDC, conforme no art.
3º da Lei 12.462/2011.

4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
No decorrer desse trabalho, também se analisou o fato de que a armadura exposta relativa aos
serviços remanescentes do Convênio TC 220/2008-00, localizados na trincheira da avenida Prudente
de Morais, estava enferrujada, podendo comprometer a resistência estrutural da obra de arte especial a
ser construída naquele local.?
Assim, por meio do Ofício de Requisição 01-525/2014, foram requeridas informações a respeito
das soluções técnicas adotadas para as ferragens dessa trincheira uma vez que esses dados não foram
identificados no anteprojeto utilizado no Edital RDC Eletrônico 272/2014-00. Em resposta, o DNIT
enviou informações da Consol Engenheiros Consultores, responsável pela elaboração do anteprojeto
da obra:?
"Consideraram-se duas opções:?
. Reaproveitar os serviços executados (armação) procedendo a sua desmontagem, limpeza e
remontagem; ou?
. Retirar sem reaproveitamento, removendo o entulho para bota-fora.?
Considerando o risco e a incerteza de se obter sucesso técnico nos serviços de reaproveitamento
da armação já executada (retirada, limpeza e recolocação) e também a subjetividade de se obter
parâmetros para os recursos necessários (mão de obra, materiais e equipamentos) para elaboração da
CPU (Composição de Preço Unitário), optou-se em deixar a cargo do futuro contratado o projeto e a
execução destes trabalhos. E este como responsável técnico pelas obras optará ou não pelo
reaproveitamento dos serviços executados. Na elaboração do orçamento referencial optou-se pelo não
reaproveitamento dos serviços executados. No item armação da superestrutura, está considerada a
massa de aço a ser refeita".?
Como visto, no anteprojeto optou-se por não reaproveitar o aço para fins do orçamento de
referência da obra, franqueando ao contratado a possibilidade de utilizá-lo desde que realizadas as
manutenções devidas. Essa opção revelou-se questionável pois, nos termos do anteprojeto da obra (p.
15 a 26, Vol. 2, Tomo IV), o quantitativo desse aço corresponde a 79.001 kg. Considerando o preço
unitário do serviço de fornecimento, preparo e colocação de aço CA 50, ao valor de R$ 9,41/kg (Sicro
1 A 01 580 02, jan/2014, BDI de 29,96%), o prejuízo aos cofres públicos relativos a esse retrabalho é
de R$ 743.319,22.?
A fim de verificar os motivos que levaram o DNIT a adotar essa solução no projeto e quais as
medidas tomadas para reaver os valores pagos pelo retrabalho a ser realizado na estrutura, foram
requeridas as seguintes informações no Ofício de Requisição 02-525/2014:?
a) esclarecer quais os riscos estariam envolvidos no reaproveitamento do aço exposto na
trincheira da av. Prudente de Moraes e quais os estudos feitos na fase de anteprojeto para se chegar a
essa conclusão, bem como justificar a ausência de cálculos que pudessem aferir o valor de recuperação
daquele material, declarando tão somente a subjetividade dessa ação, fato que culminou na
desconsideração do valor econômico daquele serviço;?
817

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) informações a respeito de eventuais pagamentos já realizados quanto a essa armação no


âmbito do Termo de Compromisso TC 220/2008-00 (Prefeitura de Porto Velho e DNIT), bem como a
situação atual da prestação de contas ou tomada de contas desse termo de compromisso.?
Em resposta, o DNIT encaminhou o Memorando 210-UL-PVH-2014, bem como o Ofício 016-
2014 elaborado pela Consol Engenheiros Consultores, empresa responsável pela elaboração do
anteprojeto do Edital RDC 272/2014. Nesse Ofício 016-2014, a Consol relatou que a opção de não
reaproveitar o aço decorreu dos seguintes fatores:?
"1 - incertezas quanto ao nível de oxidação da ferragem que está exposta a quase quatro anos e às
condições em que se encontrarão após a limpeza;?
2 - incertezas também quanto à quantidade de ferragem ainda existente no local, pois esse
material está sujeito a furtos constantes;?
3 - o custo de reaproveitamento da armação (R$ 9,39/kg) é maior que o custo de sua substituição
por armação nova (R$ 7,84/kg), na data-base de setembro/2012".?
Quanto ao questionamento descrito no item "b" supra, o DNIT declarou que o Processo
50600.012861/2014-53 relativo ao TC 220/2008-00 encontra-se na sede daquela autarquia para as
providências de instauração de tomada de contas especial, tendo como base o Despacho
011/UL/PVH/2014, elaborado pela comissão de fiscalização do TC 220/2008-00, bem como pelo
Relatório Técnico Circunstanciado elaborado pela supervisora empresa Consol Engenheiros
Consultores.?
De fato, o estudo mais apurado da real situação do aço exposto demandaria a limpeza por
jateamento, hipótese não factível quando da realização dos estudos realizados em fevereiro/2013. Esse
fato associado ao custo de reaproveitamento, possivelmente, ser superior à reposição do aço
condiciona ao entendimento de que as justificativas para o não reaproveitamento do aço podem ser
consideradas adequadas. Esses fatos confirmam a ocorrência de dano aos cofres públicos e, em
consequência, esta auditoria poderia culminar em uma representação para dar sequência a essa análise.
?
Contudo, as informações apresentadas pelo DNIT demonstram que a autarquia já está tomando
as medidas necessárias para reaver os débitos decorrentes da gestão irregular do TC 220/2008-00,
incluído a perda do serviço das ferragens da trincheira da avenida Prudente de Morais que não foram
aproveitadas para fins do orçamento de referência. Diante disso, não serão propostas medidas atinentes
a essas ferragens nestes autos.?
Ademais, vale registro o fato que tramita na Secex/RO representação tratando de supostas
irregularidades ocorridas nas obras da travessia urbana de Porto Velho/RO (TC 003.695/2014-0), no
âmbito da qual poderão ser examinadas as possíveis irregularidades ocorridas na execução do TT
220/2008-00.?

5 - CONCLUSÃO
A presente auditoria avaliou a conformidade da contratação integrada promovida por meio do
Edital RDC 272/2014-00, o qual culminou na formalização do Contrato TT-702/2014-00.
Não faz parte do escopo deste trabalho o objeto do TT 220/2008-00, firmado entre o DNIT e a
Prefeitura de Porto Velho/RO, cujos recursos foram aportados entre 2008 e 2012.
No achado de auditoria 3.1, foram registradas fragilidades nos documentos que subsidiaram a
definição da reserva de contingência, a qual integra o orçamento de referência. Foram identificados
quatro indícios de irregularidade. O primeiro refere-se à utilização de percentuais de aditivos que, a
princípio, não são hábeis a representar a obra em questão. O segundo trata da falta de correspondência
entre as justificativas apresentadas na ata que definiu a reserva de contingência e a matriz de risco da
obra. O terceiro trata do fato de as justificativas para alterar a taxa de contingência de 80% para 90% já
serem de conhecimento dos gestores desde o momento em que se definiu a taxa em 80%, apontando
aparente fragilidade desses argumentos. O último refere-se à utilização de apenas dez dados históricos
818

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para compor o banco de dados que subsidiou a análise da reserva de contingência para a família de
serviços referentes às obras de arte especiais. Será proposta oitiva do DNIT quanto a esses fatos.
No achado de auditoria 3.2, foi registrada solução antieconômica quando, no anteprojeto, não se
utilizou do material proveniente dos cortes para a execução dos aterros da obra. Essa inadequação na
distribuição de massas do projeto implica em um potencial prejuízo aos cofres públicos de R$
545.119,05 (jan/2014). Esse fato contraria os princípios da eficiência e economicidade previstos no art.
3º da Lei 12462/2011 que trata do RDC.
Em razão de o sobrepreço ser inferior a 1% do valor da obra, bem como pelo fato de que, na
licitação das obras, houve desconto de R$ 428.134,13, entende-se que não seria apropriado propor
determinação direcionada ao DNIT com vistas a reverter eventual prejuízo decorrente do Contrato TT
702/2014-00. Contudo, avalia-se adequado propor oitiva ao DNIT em razão de esses fatos terem, a
princípio, afrontado os princípios da economicidade e da eficiência previstos no art. 3º da Lei
12.462/2011, que trata do RDC.
Também foi verificada a questão das ferragens expostas da trincheira da avenida Prudente de
Morais. A solução adotada no orçamento da obra foi não reaproveitar a armação devido ao custo de
reaproveitamento ser superior ao de substituição do material. Esse fato revela dano aos cofres públicos
no âmbito do TC 220/2008-00, anteriormente firmado pelo DNIT com a Prefeitura de Porto Velho
para a execução das obras. Como o DNIT demonstrou estar tomando as medidas para reaver os débitos
relativos a esse termo de compromisso, entende-se que não cabe fazer proposição de encaminhamentos
quanto a esse fato.
Por fim, pode-se citar como benefício estimado desta fiscalização o incremento da expectativa de
controle das ações de governo e a possibilidade de aperfeiçoamento das metodologias utilizadas para
definição dos valores das reservas de contingência utilizados nas licitações do tipo RDC-Contratação
Integrada.

6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal
realizar, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, a oitiva do Dnit, na
pessoa de seu Diretor-Geral, Tarcísio Gomes de Freitas, CPF 180.777.838-05, para que apresente
manifestação no prazo de quinze dias acerca dos itens seguintes, relativamente ao Edital RDC
272/2014-00, Travessia Urbana de Porto Velho/RO:
a.) ocorrência de indícios de irregularidades no processo de gerenciamento de riscos das obras
remanescentes da Travessia Urbana de Porto Velho/RO, especificamente quanto a:
a.1) fragilidade dos dados históricos amostrais que subsidiam a análise de risco;
a.2) falta de correspondência entre justificativa da Ata do Comitê de Risco e os termos do
Contrato;
a.3) fragilidade nas justificativas para a alteração do nível de confiabilidade da análise de risco;
a.4) utilização de quantidade de dados históricos insuficientes no cálculo da reserva de
contingência;
b) adoção de solução antieconômica no anteprojeto que fundamentou o Edital RDC Eletrônico
272/2014-00 - Contratação Integrada, em virtude da não utilização da maioria do material proveniente
dos cortes, nos aterros da travessia urbana de Porto Velho, fato que afronta os princípios da
economicidade e eficiência previstos nas contratações realizadas com base no RDC, conforme no art.
3º da Lei 12.462/2011.”

3. Realizada a oitiva do Dnit, a unidade técnica assim se manifestou (peças 34-35):

“(...)
819

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. Em atenção ao despacho do Ministro Relator, foi expedido o Ofício 736/2015-


TCU/SeinfraRodovia (peça 28) informando sobre a fixação de prazo para a manifestação a respeito
dos indícios de irregularidades apontados no Relatório de Fiscalização 525/2014. Tal procedimento se
fez em observância ao princípio do contraditório, tendo em vista viabilizar deliberação de mérito pelo
Tribunal. As manifestações foram tempestivamente apresentadas (peças 30 e 33).
6. Antes de adentrar ao exame técnico das manifestações trazidas a estes autos, vale aduzir que,
por meio do TC 044.365/2012-8 (ainda pendente de decisão de mérito), este Tribunal também está
tratando de matéria conexa a deste processo.
7. Naqueles autos foi abordada a metodologia de remuneração de riscos adotada pelo DNIT. Em
apertada síntese, foi exposta a improcedência da utilização de banco de dados composto de obras
reguladas pelo regime de preços unitários (RPU) para abalizar análises de riscos de licitações regidas
pelo Regime Diferenciado de Contratação – Contratação Integrada (RDC-CI).
8. Isso porque o RPU direciona as construtoras para tendências opostas às do RDC-CI.
Enquanto, no RPU, as empresas tendem a incentivar a formalização de aditivos onerando a obra, no
RDC-CI, as empresas tendem a baratear a obra uma vez que eventuais custos extras correriam por
conta da contratada e não do poder concedente. Esse fato conduz à conclusão que utilizar o banco de
dados de obras regidas pelo RPU para atribuir reserva de contingência para obras regidas pelo RDC-CI
tende a majorar indevidamente os contratos decorrentes do RDC-CI.
9. Outro ponto abordado no TC 044.365/2012-8 é similar ao tratado neste processo no item
“fragilidade dos dados históricos amostrais da análise de risco”. No TC 044.365/2012-8, foi exposto
que a metodologia utilizada pelo DNIT para retirar valores de aditivos considerados extremos da
amostra (outliers) não elimina percentuais de aditivos passíveis de enquadramento no item II,
parágrafo 4º, art. 9º da Lei 12.462/2011. Ou seja, a retirada de outliers de um banco de dados de
aditivos satisfaz apenas a necessidade de eliminação de extremos. Nada contribui para a
representatividade dos dados que foram mantidos como referência para se calcular a reserva de
contingência no âmbito do RDC-CI, pois permanece a possibilidade de essa base de dados estar inflada
por aditivos do RPU (art. 65, § 1º da Lei 8.666/1993) que não se enquadrariam nos aditivos do RDC-
CI (art. 9º, § 4º, II, da Lei 12.462/2011).
10. A partir dessas abordagens contidas no relatório da unidade técnica, entendeu-se, entre
outras, que a utilização de base de aditivos de contratos sob o regime de preços unitários não é
adequada para precificar o risco (contingência) na execução de obras sob o RDC-CI. O
TC 044.365/2012-8 encontra-se no gabinete do Relator – Ministro José Múcio Monteiro para
avaliação.
EXAME TÉCNICO
11. O achado tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização 525/2014 foi divido em quatro
partes:
a) Item 3.1.2.1 - "Fragilidade dos dados históricos amostrais da análise de risco";
b) Item 3.1.2.2 - "Não correspondência entre a justificativa da Ata do Comitê de Risco e os
termos do Contrato";
c) Item 3.1.2.3 - "Fragilidade nas justificativas para a alteração do nível de confiabilidade da
análise de risco";
d) Item 3.1.2.4 - "Utilização de quantidade de dados históricos insuficientes".
12. Afora essas questões que tratam da metodologia de avaliação de riscos, também foi abordado
o indício de anteprojeto de engenharia deficiente ou desatualizado (Item 3.2). A seguir, serão feitas as
análises de cada um desses pontos.
I – Item 3.1.2.1 do Relatório de Fiscalização 525/2014 – Fragilidade dos dados históricos
amostrais da análise de risco.
SÍNTESE DO ACHADO
13. A tabela de dados históricos que subsidiou a avaliação de risco das obras remanescentes da
travessia urbana de Porto Velho/RO apresentou percentuais de aditivos aparentemente desarrazoados
820

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para fins de compor uma amostra representativa para o caso em análise (ver Anexo I), contrariando o
disposto no art. 7º, parágrafo 1º da IS DG 01/2014, transcrito a seguir.
Instrução de Serviço/DG/DNIT 01, de 02/01/2014
Art. 7°. Para as análises de riscos realizadas a partir de dados históricos, fica estabelecido como referência
o nível de confiabilidade de 50%. Caso o Comitê de Gestão de Riscos opte por valores diferentes, o que irá
depender das características da obra e do apetite ao risco, esta escolha deverá ser devidamente justificada.
(...)
Parágrafo Primeiro. Para a análise de riscos utilizando a base de dados históricos, exige-se uma
quantidade mínima de 30 dados, cuja representatividade seja devidamente atestada pela unidade
demandante. (grifo no original)
14. Utilizou-se, por exemplo, percentual de supressão de 141,82% para a família de serviços de
drenagem e obras de arte correntes (OAC). Esse percentual não guardaria sentido prático uma vez que
não pode haver redução de serviço superior a 100% do valor contratado. Até mesmo supressões de
100% evidenciariam que o serviço originalmente contratado não foi executado e, sendo assim, não
seria razoável que fizesse parte do rol de valores que serviram de parâmetros de entrada para o cálculo
da reserva de contingência dessa família de serviços.
15. Nos dados históricos, verificou-se também, em outras rubricas, a presença de acréscimos da
ordem de 600% e 1.200%. Nesses casos, pressupôs-se forte modificação do projeto inicialmente
contratado, indicando possíveis alterações nas metas de execução. Por exemplo, em uma obra de
travessia urbana, alterações de meta poderiam ocorrer quando se aditiva a construção de mais um
acesso pavimentado (vias laterais), ou acréscimo na extensão do seguimento a ser adequado, ou a
construção de mais uma passarela etc. E nas supressões, as metas seriam alteradas com a retirada dos
contratos de itens importantes das obras, como, por exemplo, um viaduto, uma ponte, trechos de
drenagem urbana, vias laterais etc.
16. Por meio do Relatório de Fiscalização 525/2014, também foi registrado que a utilização de
aditivos com possíveis alterações de meta de contratos não guardaria conformidade com o cálculo da
reserva de contingência em contratações integradas do RDC. Isso porque eventuais alterações de meta
em contratações integradas não seriam de responsabilidade da empresa contratada e, por consequência,
deveriam ser suportadas apenas pela contratante. Eventuais alterações de meta ou de escopo da obra
acarretariam aditivos contratuais, mesmo nas contratações integradas.
17. Desse modo, dados históricos que contemplem possíveis alterações de meta, como os citados
acima, por não serem representativos, não deveriam fazer parte da amostra utilizada para subsidiar a
avaliação de riscos. Acrescentou-se que, mesmo sendo considerados outliers (valores atípicos) na
análise estatística, esses percentuais poderiam comprometer o resultado final dos cálculos da reserva
de contingência (peça 24, p. 9).
MANIFESTAÇÃO DO RESPONSÁVEL
18. De início, o DNIT admitiu falha ao se prever na planilha de análise de risco percentual de
supressão de 141,82% para família de serviços de drenagem e obras de arte corrente. Entretanto,
acrescentou que esse valor teria sido suprimido para fins de cálculos da reserva de contingenciamento
durante o prévio tratamento estatístico, não influenciando no resultado final da análise.
19. Para corroborar a sua justificativa, o DNIT registrou ter feito nova simulação excluindo-se
previamente os dados em questão (outliers), o que teria proporcionado resultado idêntico. Esses novos
cálculos não foram apresentados ao TCU nem juntados ao processo.
20. No que se refere aos acréscimos de 600% e 1.200%, o DNIT divergiu da posição lançada no
Relatório de Fiscalização 525/2014. Segundo a Autarquia, os contratos que originaram as variações
constatadas na família de serviço terraplenagem foram alterados por necessidade técnica de ajustes em
serviços e quantitativos e que, portanto, caso ocorressem no contexto da contratação integrada em
questão, seriam suportados pelo contratado e não pelo DNIT.
821

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. Especificamente quanto ao acréscimo de 644,32%, o DNIT alegou que se trata das obras de
construção de ponte sobre o rio Madeira e acessos na BR-319/RO e que se justificaram pelas seguintes
razões (peça 30, p. 8):
As alterações de quantidade se devem a adequação do projeto à situação existente da topografia local.
Esta adequação se fez necessária para concordar o greide de projeto da ponte com o greide das pistas já
existentes no lado de Porto Velho a Humaitá.
Outra alteração foi o material utilizado para execução dos acessos. A jazida de material para execução do
aterro próximo a obra não foi aprovada porque a sua distribuição granulométrica não atendia às especificações
do material para aterro de terra armada. Para a execução do aterro, identificamos uma jazida distante 5,0 km da
obra, que apresentava as características granulométricas adequadas para execução do aterro” (grifo no original).
22. Segundo o DNIT, as alterações que levaram ao acréscimo de 644,32% nas obras da ponte
sobre o rio Madeira são da mesma tipologia das obras da família de serviço de terraplenagem do
Contrato 274/2010, as quais seriam de risco da contratada. Ou seja, na hipótese de, nas obras dos
viadutos de Porto Velho, haver necessidade de acréscimos de terraplenagem semelhantes aos ocorridos
nas obras da ponte sobre o rio Madeira, esses serviços seriam executados pela contratada em razão de a
matriz de risco atribuir a ela essa obrigação (peça 30, p. 9-10).
Tabela 1: Aditivo de 644,32% x Matriz de Risco
Matriz de risco
Fato Motivo Item com
Descrição
alteração
Aditivo de Mudança da origem (indicada) dos materiais
Pavimentação ou acréscimos do número de fontes.
644,32% relativo
a acréscimo nos Adequação de Aumento de quantitativos por conta da
serviços de projeto alteração da solução, por ocasião das
terraplenagem em geométrico Obras de arte
peculiaridades encontradas em campo que
cabeceira de especiais
divirjam do anteprojeto. Ajuste nos métodos
ponte. construtivos e/ou insumos e serviços.
Fonte: Manifestação do DNIT, peça 30, p. 9.
23. Arguiu também que o acréscimo de 1.211,75% refere-se ao aumento de quantitativos de
terraplenagem do Contrato 032/2003, Adequação de Capacidade da Travessia Urbana de Primavera do
Leste na BR-070/MT. Segundo o DNIT, as alterações estão relacionadas aos ajustes decorrentes de
problemas geotécnicos, os quais não seriam enquadrados como alterações de escopo caso estivessem
regidos pelo RDC. Isso porque a matriz de risco direcionaria à contratada os riscos decorrentes de
problemas geotécnicos no item “Acréscimo de serviços necessários à estabilização de taludes (...)”
(peça 30, p. 10-11).
Tabela 2: Aditivo de 1.211,75% x Matriz de Risco
Matriz de risco
Fato Motivo Item com
Descrição
alteração
Aditivos de 1.211,75% Adequação de projeto devido a Risco geotécnico Acréscimo de serviços
em serviços de problemas geotécnicos necessários à
terraplenagem supervenientes ao início da estabilização de taludes.
obra.
Fonte: Manifestação do DNIT, peça 30, p. 10
24. Ante o exposto, o DNIT concluiu não haver fragilidade nos dados amostrais considerados
para a análise de riscos, pois os valores que aparentemente foram considerados anômalos teriam tido
correto tratamento de acordo com a metodologia de análise implementada pelo DNIT (peça 30, p. 10).
ANÁLISE
25. As análises promovidas no Relatório de Fiscalização 525/2014 reportaram os seguintes
índices de aditivos utilizados aparentemente de modo inadequado: supressões de 141,82% e 100% e
acréscimos de 644,32% e 1.211,75%.
822

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

26. Em resposta, o DNIT admitiu falha no uso do aditivo que suprimiu 141,82% do serviço,
alegando que, de fato, não faz sentido suprimir mais que a totalidade do serviço.
27. Quanto às supressões de 100%, o DNIT não se pronunciou. Vê-se no Anexo I, ao final deste
relatório, que quatro famílias de serviços de uma mesma obra apresentaram aditivos com esse
percentual de supressão: terraplenagem, pavimentação, sinalização e obras complementares.
28. Percebe-se que não faz sentido usar como parâmetro representativo obra em que não se
executou terraplenagem, pavimentação, sinalização e obras complementares para formar a reserva de
contingência da Travessia Urbana de Porto Velho/RO, pois, nessa obra, esses serviços representam
quase 50% do orçamento total do empreendimento. Assim, a utilização desses dados fragiliza o cálculo
da reserva de contingência em análise.
29. Repise-se que, por meio do art. 7º, parágrafo 1º da IS DG 01/2014, a qual define a
metodologia de quantificação de riscos, ficou estabelecido que a “para a análise de riscos utilizando a
base de dados históricos, exige-se uma quantidade mínima de 30 dados, cuja representatividade seja
devidamente atestada pela unidade demandante”. Ou seja, é necessário que as características da obra
utilizada como fonte de dados para o cálculo da reserva de contingência representem a obra analisada.
A ausência de terraplenagem, pavimentação, sinalização e obras complementares dão indicativo de que
não há esse pré-requisito nessa referência utilizada.
30. A utilização dos aditivos de 644,32% e 1.211,75% na composição do banco de dados para
formulação da reserva de contingência foi justificada pelo DNIT. O aditivo de 644,32% refere-se a
serviços de terraplenagem decorrentes de adequação de projeto geométrico em obra de ponte sobre o
rio Madeira. O segundo trata também de acréscimo de serviços de terraplenagem decorrente de
problemas geotécnicos supervenientes ao início da obra de travessia urbana em Primavera do
Leste/MT.
31. Considerando a magnitude das alterações promovidas, não se mostra razoável admitir que a
contratada possa assumir os custos referentes a modificações de projeto de tal ordem, sem promover
questionamentos. Isso se torna mais claro quando se analisa, por exemplo, o serviço relacionado ao
acréscimo de 644,32% decorrente de alterações no projeto geométrico.
32. Sabe-se que as construtoras têm interesse em maximizar os seus ganhos. Portanto, demandar
alterações de projeto para aumentar os seus próprios custos não é próprio dessas empresas. Pelo
contrário, há interesse em demandar alterações de projeto para reduzir os seus custos. Vale transcrever
aqui texto do TC 004.437/2014-4, peça 35:
Para o lote 6 constatou-se que o projeto básico apresentado pelo contratado possui nível de serviço aquém
do estabelecido no edital do certame, no que concerne ao traçado horizontal. O anteprojeto da licitação continha
62 curvas enquanto o projeto básico apresentava 72. Devido a essa diferença, os usuários perceberão um traçado
mais sinuoso, com 16% mais curvas. Além disso, apenas duas curvas do anteprojeto apresentavam raio inferior
ao mínimo desejável de 230m, ao passo que o projeto básico apresentava 20 curvas com raios inferiores a 230m
(valor mínimo estabelecido em norma para rodovias de Classe I-A com velocidade diretriz de 80 Km/h e
superelevação máxima de 8%). Ou seja, curvas mais perigosas e de raio mais fechado (abaixo de 230 m)
aumentaram em 1.000% no projeto básico elaborado pelo contratado.
(...)
Ainda para o Lote 6, cite-se como exemplo as interseções das estacas 85 - área urbana de João Monlevade
e 1182 - interseção em São Gonçalo do Rio Abaixo. As alterações foram fundamentadas em redução de
desapropriações, segundo o contratado. A análise do Dnit de 12/02/2014 (Evidência - Análise projeto Básico -
Lote 6) destacou a substituição dos ramos direcionais (interseções em níveis diferentes) por rotatórias (em
nível). A avaliação, subscrita por engenheiro da autarquia, destaca que as alterações pioraram as condições de
operação, de modo que não teriam condições de serem aceitas.
(...)
Para o Lote 3.1 o anteprojeto previa entre as estacas 320 e 340 a implantação da Variante do Ribeirão
Severo, paralela à ferrovia existente. Já no projeto do consórcio, essa variante foi suprimida, e foi proposta uma
duplicação ao lado da pista existente. Dessa forma, o traçado proposto pelo contratado cruza a ferrovia em
passagem inferior (túnel para transposição) e passa a coincidir com a rodovia existente até a estaca 450. No
entanto, por acompanhar a geometria da rodovia atual, o novo traçado mantém nesse trecho todos os defeitos da
823

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

estrada, apresentando trechos mais sinuosos, com curvas de raios menores em comparação a solução do
anteprojeto.
33. Assim, é de se concluir que os acréscimos de 644,32% decorrentes de alterações no projeto
geométrico tenderiam a ser suportados pelo contratante, e não pela empresa executora das obras. Dessa
forma, conclui-se pela não procedência da alegação do DNIT quanto a esse item.
34. Ao final, o DNIT registrou que esses valores de aditivos atípicos tratados no Relatório de
Fiscalização 525/2014 teriam sido considerados outliers no cálculo da reserva de contingência e,
portanto, não teriam afetado o valor dessa reserva. A fim de corroborar essa afirmação, alegou que
teria refeito as análises sem esses dados e o resultado teria sido o mesmo.
35. Ocorre que os dados de entrada e de saída dessa nova análise que teria sido efetivada pelo
DNIT não foram apresentados neste processo. Portanto, não restou comprovado que os dados de fato
não influenciaram no resultado final da reserva de contingência.
36. Do exposto, conclui-se pela improcedência das manifestações do DNIT. De toda sorte,
avalia-se que, neste caso concreto, não se mostra razoável promover a audiência dos gestores
responsáveis pela ocorrência da irregularidade apontada. Isso porque, apesar das falhas verificadas, os
elementos constantes nos autos não permitem afirmar que a irregularidade em exame acarretou
prejuízos à Administração na licitação das obras e não se pode negar as dificuldades inerentes à
formulação dos critérios para estabelecer a amostra de dados históricos a ser utilizada para definição
da análise de riscos, sobretudo em função do pioneirismo do DNIT na condução do RDC-CI,
especialmente no que tange a esse tema.
37. Também não se mostra razoável perquirir eventual repactuação do Contrato TT 702/2014-00,
pois, como relatado, os elementos constantes nos autos não permitem afirmar que a irregularidade
apontada prejudicou a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração na licitação do
empreendimento, bem como pelo fato de que os licitantes não tiveram conhecimento das
irregularidades verificadas na formação do preço de referência da licitação, na medida em que esse
orçamento foi sigiloso.
38. Ademais, avalia-se que estudos mais aprofundados terão de ser desenvolvidos a fim de
ajustar essa técnica de avaliação de riscos. Nesse passo, entende-se que a irregularidade aqui tratada
será melhor abordada no âmbito do TC 044.365/2012-8, uma vez que a análise procedida naquele
processo contempla aspectos não tratados nesta instrução, como a impropriedade de se utilizar dados
do RPU para abalizar reserva de contingência do RDC-CI. Dessa forma, vale reproduzir o
encaminhamento proposto por esta unidade técnica naquele processo (peça 83, p. 13-14):
a.4) abstenha-se de utilizar base de dados de aditivos em contratos sob o regime de preços unitários
para abalizar análises de riscos de licitações sob o Regime Diferenciado de Contratação – Contratação
Integrada (RDC-CI), e passe a considerar o resultado do estudo a que se refere o item a.3 supra) combinado
com a análise do caso concreto da matriz de risco do empreendimento, em prestígio aos princípios da
eficiência e da economicidade, insculpidos nos arts. 37 e 70 da Constituição Federal de 1988.
39. De todo modo, pondera-se que seja producente cientificar o DNIT quanto a ocorrência da
irregularidade.
II – Item 3.1.2.2 do Relatório de Fiscalização 525/2014 – Não correspondência entre
justificativa da Ata do Comitê de Risco e os termos do contrato.
SÍNTESE DO ACHADO
40. Tendo como base a Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, foi registrado no
Relatório de Fiscalização 525/2014 que a definição do nível de confiabilidade do orçamento de uma
obra estaria estreitamente correlacionada com a caracterização da matriz de risco. A fim de justificar
esse posicionamento, transcreveu-se o seguinte excerto da instrução de serviço:
"Art. 4º - Na etapa de identificação, caberá à Diretoria de Infraestrutura Rodoviária, por meio de uma
Matriz de Risco, gerenciar a atividade de identificação dos riscos que podem afetar cada empreendimento. Esse
processo consiste em identificar os riscos e documentar as suas características, conforme disposto no Guia de
Gerenciamento de Riscos.
824

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Art. 5º - A Diretoria Executiva realizará a etapa de análise de riscos, com base na Matriz de Risco, dados
históricos, orçamento estimado da obra e opinião especializada".
41. Nesse caso, a matriz define os riscos que serão assumidos pelo DNIT e aqueles que serão
assumidos pela contratada, de sorte que, a depender dessa conformação de possíveis eventos, a reserva
de contingência será majorada ou minorada. Esse fato conduziria à conclusão de que as justificativas
produzidas pelo Comitê de Gestão de Riscos para elevar ou reduzir o nível de confiabilidade do
orçamento deveriam guardar correlação com a matriz. Os fatos que ensejassem elevação da reserva de
contingência deveriam representar eventuais responsabilidades da contratada. Fatos que ensejassem
diminuição da reserva de contingência deveriam representar eventuais responsabilidades do DNIT.
42. No caso concreto, tanto por meio da Ata 14/2014, de 27/3/2014, quanto por meio da Ata
23/2014, de 7/5/2014, o Comitê de Gestão de Riscos justificou que a contratada será responsável por
toda a obra e não somente pelo remanescente que ela executar. Apesar disso, não consta da matriz de
risco a atribuição dessa responsabilidade à contratada. Vale registrar que essa atribuição também não
se encontra registrada no Edital RDC 272/2014-00 nem no Contrato TT 702/2014-00.
43. Assim, concluiu-se que não se verifica a imprescindível correspondência entre as
justificativas constantes da Ata do Comitê de Gestão de Risco e os termos do contrato de execução das
obras.
MANIFESTAÇÃO DO RESPONSÁVEL
44. O DNIT discordou da tese esposada por meio do Relatório de Fiscalização 525/2014 de que
não haveria correspondência entre as Atas do Comitê de Gestão de Risco e o contrato, no que tange à
parte já construída da obra (peça 30, p. 11).
45. Segundo a Autarquia, por meio da matriz de risco, constante do Anexo III do Edital
272/2014-00, previu-se a responsabilidade da contratada quanto à solidez de todo o empreendimento e
não apenas do remanescente de obra. Essa atribuição de responsabilidade estaria delineada no
item: “Risco de ocorrerem eventos na construção que impeçam o cumprimento do prazo ou que
aumentem os custos” da matriz de risco (peça 30, p. 11).
46. O DNIT também argumentou que o termo de visita técnica faz com que a empresa tome
conhecimento de todos os aspectos que possam influenciar direta ou indiretamente na execução dos
serviços, assumindo assim responsabilidade pelo conjunto da obra (peça 30, p. 12-13):
19.2.3 Atestado de visita emitido pelo DNIT, em nome da licitante, de que ela, preferencialmente, por
intermédio de integrante do seu quadro de responsáveis técnicos, visitou os locais, onde serão executadas as
obras/serviços, tomando conhecimento de todos os aspectos que possam influir direta ou indiretamente na
execução dos mesmos, até o último dia útil imediatamente anterior à data de que trata o subitem 2.3 deste
Edital.
47. Por fim, o DNIT registrou que não procede a argumentação contida no Relatório de
Fiscalização 525/2014 segundo a qual fatos que ensejarem elevação da reserva de contingência devem
representar eventuais responsabilidades da contratada e fatos que ensejarem diminuição da reserva de
contingência devem representar eventuais responsabilidades do DNIT (peça 30, p. 14).
48. Segundo a Autarquia, a reserva de contingência não assume o caráter de instrumento para
alteração do escopo contratado, mas ao contrário, constitui-se como dispositivo que vem acrescentar
previamente e diante dos cenários vislumbrados pela administração, maior previsibilidade à
contratação (peça 30, p. 19).
ANÁLISE
49. Cabe razão ao DNIT quanto às alegações de que a executora da obra estaria contratualmente
responsável pelos serviços já existentes e não apenas pelo remanescente a ser executado. De fato, a
matriz de risco possibilita atribuir essa responsabilidade ao contratado.
50. Além disso, por meio do art. 618 do Código Civil, atribuiu-se ao executor da obra a
responsabilidade pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo por
um período de 5 anos. Nesse caso, não há como diferenciar a obra entre serviços remanescentes e já
825

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

executados. O construtor será responsável pela totalidade do empreendimento, fazendo decair o indício
de irregularidade abordado no Relatório de Fiscalização 525/2014.
51. Ademais, nos termos do art. 5º da Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, a
definição da reserva de contingência ocorrerá com base na matriz de risco, nos dados históricos, no
orçamento estimada da obra e na opinião especializada. Ou seja, no momento de definição da reserva
de contingência, o escopo da obra deve estar totalmente definido. Portanto, os apontamentos contidos
no Relatório de Fiscalização 525/2014 e na manifestação do DNIT estão concordantes neste ponto.
52. Conclui-se, portanto, que não há encaminhamento a ser proposto quanto a esta
irregularidade.

III – Item 3.1.2.3 do Relatório de Fiscalização 525/2014 - Fragilidade nas justificativas para
a alteração do nível de confiabilidade da análise de risco.
SÍNTESE DO ACHADO
53. Após a realização da análise quantitativa de riscos do empreendimento, o Comitê de Gestão
de Risco passou a avaliar o grau de confiabilidade da distribuição de probabilidade que seria mais
adequado para as obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO.
54. Por meio da Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, ficou estabelecido que, para
os casos em que os estudos se baseiam em dados históricos, o nível de confiabilidade padrão de todos
os orçamentos seria de 50% e que outros valores poderiam ser utilizados, a depender das
características da obra e do apetite ao risco, desde que devidamente justificados.
a) Em 27/3/2014, por meio da Ata 14/2014, o Comitê de Gestão de Riscos estabeleceu o nível
confiabilidade de 80% para essa obra, correspondendo à taxa de contingência de 13,95%. Para isso,
justificou que, por se tratar de remanescente de obra: a) não é possível afirmar tecnicamente o que de
fato será aproveitado dos serviços já executados, elevando assim o risco de retrabalho com ou sem o
reaproveitamento do material;
b) a nova contratada será responsável por toda a obra e não somente pelo que ela executar, o
objeto não é muito atrativo às empresas.
55. Em 7/5/2014, o Comitê de Gestão de Riscos se reuniu novamente para tratar dessa obra e
elaborou a Ata 23/2014. Nesse novo documento, reproduziu as duas justificativas da Ata 14/2014
relativas a remanescentes de obras e acrescentou o que segue:
a) em razão de se tratar de obra inserida no tráfego da capital Porto Velho, há impacto negativo
na execução da obra;
b) a curta janela climática para execução das obras restringe os períodos de possível execução,
visto que ainda restam quantitativos relevantes de terraplenagem e pavimentação a serem realizadas;
c) ocorrência recente de grande volume de chuva, fato que também agrava a disponibilidade de
materiais de pavimentação na região;
d) o fato de se ter duas contratações anteriores mal sucedidas.
56. Com base nesses argumentos, promoveu-se a alteração do nível de confiabilidade da obra de
80% para 90% e a reserva de contingência foi de 13,95% para 18,48%.
57. Percebe-se que as novas justificativas apontadas pelo Comitê de Gestão de Riscos na
segunda reunião e que fundamentaram a elevação do nível de confiabilidade já eram de conhecimento
dos gestores no momento da formalização da primeira ata, dia 27/3/2014. Ou seja, riscos relacionados
à baixa mobilidade urbana e a existência de contratações anteriores mal sucedidas eram fatos inerentes
à própria obra, a qual se trata de remanescente de travessia urbana.
58. Também, pondera-se que, em março de 2014, a curta janela climática e a ocorrência de fortes
chuvas na região era de conhecimento público. No final de março desse ano, o rio Madeira atingiu o
seu máximo histórico.
59. Com base nesse entendimento, verifica-se a ocorrência de fragilidade na metodologia e nas
próprias justificativas para definição e para alteração do nível de confiabilidade da análise de risco.
826

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ante essa constatação, foi proposta oitiva do DNIT para se manifestar quanto a esse indício de
irregularidade.

MANIFESTAÇÃO DO RESPONSÁVEL
60. Assim se manifestou o DNIT, por meio da Coordenação de Análise de Riscos (peça 30, p.
20-21):
As considerações do Tribunal de Contas da União a respeito deste item, estão concentradas na
argumentação de que o conjunto de novas justificativas elencadas e acrescentadas pelo Comitê de Gestão de
Riscos para a elevação do nível de confiabilidade para 90% (conforme Ata 23/2014 de 07/05/2014) já seriam de
conhecimento dos gestores quando da realização da primeira reunião do Comitê em 27/03/2014 (Ata 14/2014),
por se tratarem de justificativas atreladas às características técnicas do empreendimento, ou ainda da região do
empreendimento, pretensamente conhecidas desde a definição do objeto.
O conteúdo da Ata 14/2014, de 27/03/2014, não permite ratificar a conclusão manifestada pelo Tribunal
de Contas da União no Relatório de Fiscalização em tela, de que as justificativas para o aumento no nível de
confiabilidade já eram de conhecimento prévio dos gestores, uma vez que, à luz do que está redigido, tais
justificativas não foram objeto de discussão e por isso, tão pouco, incluídas em ata.
Porém se, sob outra perspectiva, assistisse razão à inferência de que as justificativas sim, de fato eram
conhecidas pelos gestores a priori, ainda que a Ata 14/2014 não demonstre isso; o fato concreto é que os
aspectos que justificaram a decisão final do Comitê foram formalmente manifestados apenas na segunda reunião
do Comitê, em 07/05/2014 (Ata 23/2014), onde os gestores decidiram então elevar o nível de confiabilidade
para 90%.
Assim, assumindo-se que a última decisão do Comitê, manifestada na Ata 23/2014, é a decisão válida e
correta, haja visto o posterior êxito na concretização da contratação, é razoável concluir pelo entendimento de
que a alteração do nível de confiabilidade configurou-se como correção do ato anterior, tendo, portanto o
Comitê lançado mão de suas prerrogativas para, a partir das discussões naquele fórum, incluir os critérios não
manifestados anteriormente e que, se tivessem sido aludidos anteriormente, poderiam, já na primeira
oportunidade, em 27/03/2014, ter elevado o nível de confiabilidade para 90%
Assim, estando presentes, fundamentados e documentados em ata os novos argumentos para a elevação
do nível de confiabilidade, entende-se não ter havido fragilidade na decisão exarada pelo Comitê de Gestão de
Riscos.
ANÁLISE
61. Por se tratar de uma metodologia de aplicação recente na contratação de obras públicas no
Brasil, o processo de escolha do nível de confiabilidade em que determinará o valor da reserva de
contingência a ser adicionada ao valor obra ainda gera bastante discussão.
62. Em que pese ser assunto novo no Brasil, tal tema é bastante utilizado fora do país, sendo
regulamentado pela na Norma Técnica IRP (International Recommended Practice) 41R-08 da AACEI
(The Association for the Advancement of Cost Engineering International), devidamente reconhecida
em precedente do TCU (Acórdão 571/2013-TCU-Plenário), como balizadora da conduta da
Administração Pública. Tal norma também é utilizada pelo DNIT em sua metodologia de precificação
de risco.
63. Esse documento critica a utilização de nível de confiabilidade superior a 80%:
A probabilidade de 80% de que o custo do projeto não será ultrapassado resulta em uma má distribuição
de recursos. Grandes contingências sequestram fundos que poderiam ser destinados a outros projetos da
companhia. Altas contingências não confirmadas pelo acompanhamento sistemático dos custos devem ser
diminuídas ao fim do projeto, quando naturalmente o risco diminuiu.
64. Para o caso em tela, apesar do art. 7º da IS/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, estabelecer como
referência o nível de confiabilidade de 50% que o custo estimado do projeto não será superado, a
norma autoriza o Comitê de Gestão de Riscos do DNIT optar por valores diferentes dependendo das
características da obra e do apetite ao risco, sem estabelecer limites para esse percentual.
65. Quanto a escolha dos 90% de nível de confiabilidade, que representou acréscimo de 18,48%
ao valor de referência da obra, avalia-se que é de magnitude elevada, visto que supera o valor de
referência do DNIT e o recomendado pela norma internacional.
827

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

66. A alegação da Autarquia de que o êxito da contratação justifica a adoção do índice superior
não se sustenta, visto que não se pode provar que com o percentual de 80%, que representa um
acréscimo de 14,46% ao valor da obra (pç. 23, p. 13), o certame não seria bem sucedido.
67. Em relação as demais justificativas para o aumento do nível de confiabilidade, parte delas
também presentes na ata da reunião do comitê de gestão de risco (pç. 23, p. 15-16), na qual alegam que
por se tratar de obra em perímetro urbano, em região com elevada pluviosidade em que duas
contratações anteriores foram mal sucedidas, avalia-se que de fato esses eventos podem elevar o custo
da obra. Porém, se os dados relativos ao impacto financeiro das Revisões de Projeto em Fase de Obras
das amostras (pç. 23, p. 3) utilizadas para se calcular a taxa de risco representarem obras com
características semelhantes a da Travessia Urbana de Porto Velho, esse risco estaria minimizado.
68. Dessa forma, a escolha equilibrada do nível de confiabilidade perpassa as justificativas
apresentadas nas atas, pois todo o cálculo estatístico está fundamentado em parâmetros de outras obras
e, se esses dados não forem representativos, conforme se verificou no primeiro achado desta instrução,
até mesmo a opção de 90% para o nível de confiabilidade poderia colocar em risco a viabilidade da
execução do empreendimento. Assim, se constatada a ausência de representatividade dos dados
históricos utilizados na análise estatística, fica prejudicada a análise quanto à correção dos níveis de
confiabilidade de 80%, 90% ou mesmo 50%.
69. Ademais, já foi dito nesta instrução que, por meio do TC 044.365/2012-8, há proposta de
determinação ao DNIT para se abster de utilizar dados de aditivos de obras sob o RPU para balizar
análise de riscos de licitações sob o RDC-CI (pç. 83, p. 13-14).
70. Nesse caso, embora possa ter ocorrido falhas na definição do nível de confiabilidade da
análise de riscos das obras em exame, avalia-se que, nestes autos, não cabe proposta em relação a essa
irregularidade, uma vez que a análise de riscos em licitações no âmbito do RDC-CI já está sendo
tratada de uma maneira mais ampla no TC 044.365/2012-8.
IV – Item 3.1.2.4 do Relatório de Fiscalização 525/2014 - Utilização de quantidade de dados
históricos insuficientes.
SÍNTESE DO ACHADO
71. Por meio da Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, art. 7º, parágrafo primeiro, o
DNIT estabeleceu uma quantidade mínima de trinta dados históricos para a avaliação de risco de novas
contratações. Ocorre que, nas obras da travessia urbana de Porto Velho/RO, para a família de serviços
Obras de Arte Especiais (OAE), a base de dados históricos utilizada contém apenas dez valores. Esse
fato, a princípio, demonstra não cumprimento da norma do próprio DNIT e, ao final, pode revelar
possível fragilidade na análise estatística empreendida, uma vez que a amostra analisada parece carecer
de uma maior representatividade de dados.
MANIFESTAÇÃO DO RESPONSÁVEL
72. O DNIT se manifestou por meio da Coordenação de Análise de Riscos nos seguintes termos
(peça 30, p. 21-22):
No que se refere ao apontamento em questão, a Coordenação de Análise de Riscos tem a considerar que
apesar de não estar textualmente informado no art. 7º, §1° da Instrução de Serviço/DG n° 1, de 2/1/2014, a
quantidade mínima mencionada de 30 dados históricos refere-se à existência de no mínimo 30 contratos e suas
respectivas revisões de projeto em fase de obras, com objeto similar ao que se pretende contratar por RDC. Tal
afirmação se confirma pela leitura do art. 3º, §1°, Inciso III, de onde se percebe que os dados históricos que
subsidiam a análise de riscos deste tipo, são obtidos em função do histórico de aditivos de obras, que trazem as
alterações no conjunto de todas as famílias de cada contrato.
A afirmação de que o DNIT não cumpre o próprio normativo não pode prosperar pois, a interpretação
estabelecida no Relatório de Fiscalização, a respeito deste item, parte do pressuposto de que deveriam existir
pelo menos 30 dados históricos de cada família de serviço, o que, pelos motivos expostos acima, demonstra não
ser este o requisito estabelecido pelo normativo em alusão.
Em outras palavras, o normativo não estabelece que todos os contratos que venham a formar a base de
dados mínima para análise de risco, contenham exatamente as mesmas famílias de serviço daquele objeto que se
pretende contratar, pias sim que guardem semelhança técnica.
828

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Por fim, no caso concreto, a base de dados encaminhada pela diretoria que demandou a análise de riscos
cumpriu o requisito do normativo, pois continha a quantidade mínima de dados, tendo sido considerados 30
contratos distintos e com características similares ao contexto da BR-364/RO.
No entanto, em que pese nem todos os contratos conterem dados a respeito da família de serviço Obras-
de-arte especiais (OAE), tal fato não representa nenhum comprometimento técnico à análise de riscos em
questão, nem tão pouco caracterizasse como descumprimento da norma que rege as análises de risco do DNIT.
Assim, pelos argumentos demonstrados, entende-se não haver insuficiência na base de dados adotada pelo
DNIT para a realização da análise de riscos do empreendimento em questão.
ANÁLISE
73. Os dados são os ingredientes básicos da estatística. É a partir deles que podemos tirar
diversas conclusões.
74. Na aplicação do Método de Monte Carlo, utilizado no estudo de risco da obra não é
diferente, pois o objetivo é obter conclusões para uma obra através de evidências fornecidas por uma
amostra retirada de outras obras semelhantes.
75. A amostra contém os elementos que podem ser analisados e é onde as quantidades de
interesse podem ser medidas.
76. Se a quantidade mínima de dados de fato se referir apenas a contratos, não levando em conta
suas especificidades, pode ocorrer o problema de algumas das famílias de serviços serem
representados apenas por dois, um ou nenhum dado.
77. O exposto no art. 3º, §1°, Inciso III da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014 não é claro o suficiente
para permitir a inferência que o limite mínimo de dados, estabelecido no art. 7º, parágrafo primeiro da
mesma instrução, se refere apenas a contratos, como também não permite deduzir que se trata apenas
de dados de famílias de serviços que serão utilizados no estudo estatístico da obra.
78. Para o caso concreto, não se pode afirmar que o estudo de apenas dez dados coletados para a
família de serviços Obras de Arte Especiais - OAE (peça 23, p. 3) prejudicou o estudo estatístico
realizado, no entanto, essa lacuna normativa de não haver número mínimo de dados por família de
serviços pode comprometer o estudo estatístico de outros empreendimentos.
79. Assim, tendo em vista que a norma não é objetiva o suficiente para permitir uma
interpretação direta sobre o limite de dados, avalia-se que o normativo não foi descumprido na análise
de risco do projeto da Travessia Urbana de Porto Velho.
80. De todo modo, com intuito de o DNIT atentar para essa fragilidade verificada na
IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014, avalia-se que seja producente cientificá-lo quanto a ocorrência da
irregularidade apontada.
VI – Item 3.2 do Relatório de Fiscalização 525/2014 - Anteprojeto de engenharia deficiente
e/ou desatualizado:
SÍNTESE DO ACHADO
81. Identificou-se adoção de solução antieconômica no anteprojeto que fundamentou o Edital
RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, em virtude da não utilização da maioria do
material proveniente dos cortes, nos aterros da travessia urbana de Porto Velho, fato que afronta os
princípios da economicidade e eficiência previstos nas contratações realizadas com base no RDC,
conforme no art. 3º da Lei 12.462/2011.
MANIFESTAÇÃO DO RESPONSÁVEL
82. Em resposta a oitiva (pç. 33, p. 1-13), o DNIT em conjunto com a empresa Consol,
responsável pela elaboração do projeto executivo da obra, apresentaram as justificativas para o projeto
da obra não contemplar o aproveitamento de parte do material dos cortes nos aterros da obra.
83. Relataram que o projeto da obra foi elaborado em 2008, por meio do Contrato
049/PGM/2007 firmado com a Prefeitura Municipal de Porto Velho e que, na sua concepção original,
considerou o aproveitamento total dos volumes escavados nos cortes existentes ao longo do trecho.
84. Entretanto, narraram que em 2011, no decorrer da execução do empreendimento por outra
empresa, teria sido necessária a realização de diversos ajustes no projeto em virtude de fatos que
829

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ocorreram na obra, quando estavam sob a responsabilidade da Prefeitura de Porto Velho e do Estado
de Rondônia.
85. Nessas alterações, teria sido descartado o aproveitamento de materiais provenientes de
alguns cortes, de escavações das valas para implantação das redes de drenagem e de escavações nas
obras de artes especiais.
86. Entre os motivos para não aproveitamento completo do material, citaram que o início das
obras não teria sido precedido de medidas de desapropriação e remanejamento de serviços públicos
para que pudessem ser liberadas mais frentes de serviços, de maneira a evitar trabalhos em segmentos
descontínuos. Também relataram que grande parte dos serviços teria sido realizada em período
chuvoso, em região com índices pluviométricos muito elevados.
87. Afirmaram, que a deposição do solo escavado e solto em área na faixa de domínio iria criar
um problema ambiental de carreamento do material para os dispositivos de drenagem executados
anteriormente causando o seu entupimento, podendo provocar problemas como inundações e
alagamentos na área do entorno.
88. Ressaltaram que a declividade dos dispositivos de drenagem é muito baixa por causa da
topografia local e isto agravaria o problema.
89. Alertaram ainda para o custo da guarda do material estocado, em função para os furtos que
poderiam acontecer no decorrer dos trabalhos.
90. Concluíram assegurando que a qualidade do material estaria comprometida, uma vez que
estaria exposto a intempéries, alterando assim suas características.
ANÁLISE
91. O bom aproveitamento dos materiais provenientes dos cortes nos aterros da obra é conceito
fundamental da boa engenharia.
92. A utilização de materiais provenientes de áreas se empréstimo é adotada somente para suprir
deficiência ou insuficiência de materiais extraídos dos cortes. Diante disso, seria natural propor a
rejeição dos argumentos oferecidos pelo DNIT. Contudo, o caso em exame merece uma análise
especial, sobretudo por se tratar de um remanescente de obra de uma travessia urbana, que, por suas
especificidades, difere do que se espera de uma obra rodoviária tradicional desenvolvida em áreas não
povoadas.
93. Dadas as características específicas da obra em exame, avalia-se que merece prosperar a
justificativa de que existe o risco de o material armazenado temporariamente em área próxima ao
empreendimento ocasionar obstruções nas redes de drenagem locais, em função do elevado índice
pluviométrico da região e da baixa declividade dessas tubulações.
94. Do exposto, considerando que durante a obra pode não haver frentes de serviço liberadas em
tempo hábil para execução de aterros quando o material proveniente dos cortes estiver disponível,
aumentando o risco desse material depositado ser carreado pelas chuvas para as redes de drenagem
provocando sua obstrução; considerando que não foram identificados locais de armazenamento
provisório capaz de descartar a possibilidade de carreamento do material depositado para as redes de
drenagem; considerando, ainda, que os custos para armazenar e proteger o material depositado de
possível carreamento não se encontra orçado no projeto; propõe-se que neste caso concreto,
excepcionalmente, sejam acatadas as justificativas apresentadas pelo DNIT.
CONCLUSÃO
95. Trata o presente processo de auditoria realizada no âmbito do Fiscobras 2015, tendo como
objetivo fiscalizar o Edital RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, relativo às obras de
adequação da BR-364/RO, Travessia Urbana de Porto Velho/RO.
96. Nesta fase processual, são analisadas as manifestações do DNIT em resposta as oitivas
realizadas em cumprimento ao Despacho do Ministro Relator, de 12/8/2015 (peça 27).
97. Por meio do Relatório de Fiscalização 525/2014 (peça 24), abordaram-se os seguintes
indícios de irregularidade:
a) "Fragilidade dos dados históricos amostrais da análise de risco";
830

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) "Não correspondência entre a justificativa da Ata do Comitê de Risco e os termos do


Contrato";
c) "Fragilidade nas justificativas para a alteração do nível de confiabilidade da análise de risco";
d) "Utilização de quantidade de dados históricos insuficientes"; e
e) anteprojeto de engenharia deficiente ou desatualizado.
98. Quanto a fragilidade dos dados históricos amostrais da análise de risco, consideram-se
improcedentes os argumentos apresentados pelo DNIT. De toda sorte, avalia-se que, neste caso
concreto, não se mostra razoável promover a audiência dos gestores responsáveis pela ocorrência da
irregularidade apontada. Isso porque, apesar das falhas verificadas, não existem nos autos elementos
que evidenciem a ocorrência de prejuízo à Administração em razão dessas falhas e não se pode negar
as dificuldades inerentes a formulação dos critérios para estabelecer a amostra de dados históricos a ser
utilizada para definição da análise de riscos, sobretudo em função do pioneirismo do DNIT na
condução do RDC-CI, especialmente no que tange a esse tema.
98.1. Também não se mostra razoável perquirir eventual repactuação do Contrato TT 702/2014-
00, pois, como relatado, os elementos constantes nos autos não permitem afirmar que a irregularidade
apontada prejudicou a obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração na licitação do
empreendimento, bem como pelo fato de que os licitantes não tiveram conhecimento das
irregularidades verificadas na formação do preço de referência da licitação, na medida em que esse
orçamento foi sigiloso.
98.2. Ademais, avalia-se que estudos mais aprofundados precisam ser desenvolvidos a fim de
ajustar essa técnica de avaliação de riscos. Nesse passo, cabe entendimento no sentido de que o
Tribunal realize o exame desse tema no âmbito do TC 044.365/2012-8, uma vez que naquele processo
contemplam-se aspectos não abordados nestes autos, como a impropriedade de se utilizar dados do
RPU para abalizar reserva de contingência do RDC-CI.

98.3. De todo modo, tomando por base o disposto no art. 4º da Portaria Secegex 13/2011,
pondera-se que seja producente cientificar o DNIT quanto a ocorrência dessa irregularidade.
99. Quanto ao segundo apontamento, não correspondência entre a justificativa da Ata do Comitê
de Risco e os termos do Contrato, procedem as alegações do DNIT de que o responsável estaria
contratualmente responsável pelos serviços já existentes e não apenas pelo remanescente a ser
executado. Assim, foi saneada essa questão.
100. Quanto ao terceiro apontamento, que discute da fragilidade nas justificativas para a
alteração do nível de confiabilidade da análise de risco, avalia-se que a escolha equilibrada do nível de
confiabilidade perpassa as justificativas apresentadas nas atas do comitê de risco, pois todo o cálculo
estatístico está fundamentado em parâmetros de outras obras e, se esses dados não forem
representativos, toda avaliação de risco restaria comprometida.
100.1. Assim, embora se verifiquem fragilidades nos procedimentos adotados para definição do
nível de confiabilidade da análise de riscos, como por meio do TC 044.365/2012-8 todo o processo de
análise de riscos em licitações no âmbito do RDC-CI está sendo tratado de uma maneira mais ampla,
entende-se, por prudência, não propor encaminhamento quanto a essa irregularidade neste processo.
101. Em relação ao quarto apontamento, que trata da utilização de quantidade de dados
históricos insuficientes, avalia-se que a IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014 não foi descumprida na análise
de risco do projeto da Travessia Urbana de Porto Velho, afastando assim o indício de irregularidade
apontado. Contudo, verificou-se que o art. 3º, §1°, Inciso III da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014 não é
claro o suficiente para permitir a inferência que o limite mínimo de dados se refere apenas a contratos,
como também não permite deduzir que se trata apenas de dados de famílias de serviços que serão
utilizados no estudo estatístico da obra, caracterizando-se com isso a fragilidade dessa norma quanto a
esse ponto. Dessa forma, com intuito de o DNIT atentar para essa fragilidade verificada na
IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014 e tomando por base o disposto no art. 4º da Portaria Secegex 13/2011,
831

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

avalia-se que seja producente cientificar aquela Autarquia quanto a ocorrência da irregularidade
apontada.
102. Quanto a oitiva referente ao indício de anteprojeto de engenharia deficiente ou
desatualizado, em relação ao não aproveitamento de parte do material proveniente dos cortes nos
aterros da obra, verifica-se que os argumentos apresentados pelo DNIT se mostraram suficientes para
afastar a irregularidade apontada.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
103. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo que o Tribunal:
a) dê ciência ao DNIT que:
a.1) a tabela de dados históricos que subsidiou a análise de risco e a definição do valor da reserva
de contingência das obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO, relativas ao Edital
RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, apresentou dados não representativos,
contrariando o disposto no art. 7º, parágrafo 1º da IS DG 01/2014;
a.2) o art. 3º, §1°, Inciso III, da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014, não permite entendimento
conclusivo se a definição do número mínimo de dados a serem utilizados no estudo estatístico da obra
trata de quantidade de contratos ou de família de serviços, acarretando risco de descumprimento no
disposto no art. 7º, parágrafo 1º, da mesma IS DG 01/2014;
b) encaminhar cópia do Acórdão que o Tribunal vier a adotar, acompanhado do relatório e voto
que o fundamentarem ao Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre;
c) arquivar os presentes autos, com fundamento no art. 169, inciso V, do RITCU.”

É o relatório.

VOTO

Os autos tratam de auditoria realizada no Departamento Nacional de Infraestrutura de


Transportes – DNIT, no âmbito do Fiscobras 2015, tendo por objetivo fiscalizar o Edital
RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, relativo às obras de adequação da BR-364/RO,
Travessia Urbana de Porto Velho/RO, cuja licitação culminou na formalização do Contrato TT-
702/2014-00, entre o DNIT e o Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo, no valor de
R$ 76.490.000,00 (jan./2014).
2. O referido contrato tem como objeto refazer e finalizar os serviços que se deterioraram
durante duas paralisações anteriores da obra.
3. A unidade técnica esclareceu no Relatório de Auditoria que:

“O processo de gerenciamento de risco consiste na atividade de identificação, análise,


planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos em licitações do regime de contratações
integradas previstas na Lei 12.462/2011. Esse exame culmina na elaboração de uma matriz de risco em
que são definidas as responsabilidades da contratada e da contratante, bem como na definição de uma
reserva de contingência para equilibrar os riscos a serem suportados pelo contratado. A metodologia
para essa análise está definida na Instrução de Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014.
Para as obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO, a análise foi realizada por
meio de avaliação de dados históricos de aditivos em empreendimentos similares e em região
geográfica semelhante, conforme previsto no parágrafo único, inc. III, art. 3 e art. 7º, parágrafo
primeiro da Instrução de Serviço/DG 1/2014.”

4. O Relatório de Auditoria aponta os seguintes achados (peça 24):


4.1 - Fragilidade ou deficiência na fase preparatória de licitação do RDC:
832

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.1.1 - Fragilidade de dados históricos amostrais da análise de risco: havia sido constatada a
utilização de percentuais supostamente desarrazoados de supressão e acréscimos (141,82%, 600% e
1200%) na amostra, não sendo hábeis a representar o empreendimento;
4.1.2 - Não correspondência entre justificativa da Ata do Comitê de Risco e os termos do
contrato: falta de correspondência entre as justificativas apresentadas na ata que definiu a reserva de
contingência, a matriz de risco da obra e o respectivo contrato, no qual não consta que a
responsabilidade por toda obra é da contratada;
4.1.3 - Fragilidade nas justificativas para a alteração do nível de confiabilidade da análise de
risco: as justificativas para alterar a taxa de contingência de 80% para 90% já eram de conhecimento
dos gestores desde o início da obra, apontando aparente fragilidade desses argumentos;
4.1.4 - Utilização de quantidade de dados históricos insuficientes: utilização de apenas dez dados
históricos para compor o banco de dados que subsidiou a análise da reserva de contingência para a
família de serviços referentes às obras-de-arte especiais (OAE), quando na Instrução de
Serviço/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014, art. 7º, parágrafo primeiro, o DNIT estabeleceu uma quantidade
mínima de trinta dados históricos para a avaliação de risco de novas contratações.
4.2 - Anteprojeto de engenharia deficiente e/ou desatualizado:
Foi identificada a adoção de solução antieconômica no anteprojeto que fundamentou o Edital
RDC Eletrônico 272/2014-00, em virtude da não utilização da maioria do material proveniente dos
cortes nos aterros da travessia urbana de Porto Velho. De acordo com a unidade instrutiva, o valor do
sobrepreço relativo à irregularidade é de R$ 545.119,05 (jan./2014). No entanto, salienta que,
considerando que o consórcio vencedor ofertou um desconto de R$ 428.134,13, o possível prejuízo da
contratação alcança o valor de R$ 116.984,92, o que representa montante inferior a 1% do valor da
obra.
5. Em Despacho à peça 27, autorizei a realização da oitiva do Dnit, conforme proposto, para que
se manifestasse sobre os achados constantes do item 4 acima, conforme proposta da SeinfraRod
naquela oportunidade.
6. Na instrução de análise das justificativas dos gestores, a secretaria técnica, inicialmente,
esclareceu que a questão relativa à “fragilidade de dados históricos amostrais da análise de risco” (item
4.1.1) e, em adição, a “metodologia de remuneração de riscos” (matéria conexa a deste processo),
estão sendo tratados no âmbito do TC 044.365/2012-8, atualmente no gabinete do eminente Ministro-
Relator José Múcio Monteiro.
7. Passo, a seguir, para o exame dos argumentos apresentados pelo Dnit e da análise da unidade
instrutiva sobre cada achado acima referido, a qual adoto, desde já, como minhas razões de decidir,
sem prejuízo de tecer outros comentários e fazer pequenos ajustes na proposta apresentada.
8. Quanto ao item 4.1.1, a autarquia informou não haver fragilidade nos dados amostrais
considerados para a análise de riscos, pois os valores que aparentemente foram considerados anômalos
teriam tido correto tratamento de acordo com a metodologia de análise implementada.
9. Como bem ressaltado pela unidade técnica, muito embora os argumentos apresentados pelo
Dnit sejam improcedentes, não justificando a utilização dos percentuais ora questionados como dados
amostrais na análise de risco (conforme tabela constante do relatório precedente), não restou
constatado nos autos, em princípio, prejuízo à obtenção da proposta mais vantajosa para a
Administração na licitação das obras em tela. Por tal razão, não será proposta a audiência dos
responsáveis, sendo dada apenas ciência da ocorrência à autarquia.
10. Em relação ao item 4.1.2, o Dnit afirmou que está prevista na matriz de risco a
responsabilidade da contratada quanto à solidez de todo o empreendimento e não apenas da execução
do remanescente de obra. Afirmou, ainda, que o termo de visita técnica faz com que a empresa tome
conhecimento de todos os aspectos que possam influenciar direta ou indiretamente na execução dos
serviços, assumindo assim responsabilidade pelo conjunto da obra. Contestando o argumento constante
do Relatório de Auditoria, o Dnit registrou que os fatos que ensejarem a elevação da reserva de
contingência devem representar eventuais responsabilidades da contratada e fatos que ensejarem
833

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

diminuição da reserva de contingência devem representar eventuais responsabilidades do


Departamento. Informou, também, que a referida reserva constitui-se como dispositivo que vem
acrescentar previamente e diante dos cenários vislumbrados pela administração, uma maior
previsibilidade à contratação.
11. No entendimento da unidade instrutiva, a autarquia demonstrou a previsão, na matriz de
riscos, da responsabilidade da contratada por toda a obra, não apenas pelas obras remanescentes.
Considerou que a matriz de risco possibilita atribuir essa responsabilidade ao contratado e citou o art.
618 do Código Civil, segundo o qual se atribui ao executor da obra a responsabilidade pela solidez e
segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo, por um período de 5 anos.
12. De outra parte, a autarquia esclareceu que os apontamentos contidos no Relatório de
Fiscalização 525/2014 e na manifestação do DNIT estão concordantes quanto à definição da reserva de
contingência.
13. Entendo, que, de fato, a matriz de risco pode conduzir ao entendimento de que a
responsabilidade por toda a obra é do consórcio contratado. Mas, esta questão não está suficientemente
clara. O próprio Dnit afirmou nas justificativas apresentadas o seguinte:

“Sendo assim, ainda que os termos de contrato possam não traduzir tão explicitamente a
assunção da responsabilidade por parte do contratado por toda a obra e não só pelos remanescentes que
executar, entende-se, sob estes termos, restar demonstrada a necessária correspondência entre a
alegação trazida na Ata do Comitê de Gestão de Riscos e o contexto de execução do objeto contratado"
(fl. 13, peça 30).

14. Parece-me, então que, considerando as informações do Dnit de que restou demonstrada a
correspondência entre a referida Ata e o contexto de execução do objeto, de que as empresas
realizaram visita técnica e de que há previsão na matriz de risco da referida responsabilidade, não há
nenhum óbice para que a autarquia faça constar do próprio contrato uma cláusula explicitando que a
contratada é responsável por toda a obra, e não apenas pelas obras remanescentes.
15. Quanto ao item 4.1.3, o Dnit alegou que, muito embora as justificativas “novas” já fossem do
seu conhecimento, o fato é que o Comitê de Gestão de Riscos, no uso de suas prerrogativas, e
devidamente fundamentado, corrigiu a ata anterior e elevou o nível de confiabilidade.
16. A unidade instrutiva ressaltou que, apesar do art. 7º da IS/DG/DNIT nº 1, de 2/1/2014 (peça
21), estabelecer como referência o nível de confiabilidade de 50% que o custo estimado do projeto não
será superado, a norma autoriza o Comitê de Gestão de Riscos do Dnit optar por valores diferentes
dependendo das características da obra e do apetite ao risco, sem estabelecer limites para esse
percentual. Afirmou que a escolha do percentual de 90% de nível de confiabilidade é de magnitude
elevada e que não procede o argumento de que se o percentual fosse menor, o certame poderia não ter
sido bem-sucedido. Afirmou, ainda, que, se constatada a ausência de representatividade dos dados
históricos utilizados no estudo estatístico, fica prejudicada a análise quanto à correção dos níveis de
confiabilidade de 80%, 90% ou mesmo 50%. Avaliou que não cabe proposta em relação a essa
irregularidade, até mesmo porque a análise de riscos em licitações no âmbito do RDC-CI já está sendo
tratada de uma maneira mais ampla no TC 044.365/2012-8.
17. Concordo com esse posicionamento. Ressalto que o percentual de 90% está muito acima da
referência do nível de confiabilidade estabelecido pelo próprio Dnit e não há como afirmar que o
certame não seria bem-sucedido caso fosse adotado um percentual menor. Contudo, considerando a
informação da secretaria de que a matéria também está sendo tratada de forma mais ampla no âmbito
do referido TC 044.365/2012-8, deixo de propor, nesta oportunidade, medida corretiva sobre a
questão.
18. Em relação ao item 4.1.4, o Dnit afirmou que a quantidade mínima mencionada de 30 dados
históricos se refere à existência de no mínimo 30 contratos e suas respectivas revisões de projeto em
fase de obras, com objeto similar ao que se pretende contratar por RDC. O requisito não é existir pelo
834

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

menos 30 dados históricos de cada família de serviço. No caso em concreto, foram considerados 30
contratos distintos e com características similares ao contexto da BR-364/RO, em que pese nem todos
os contratos conterem dados a respeito da família de serviço OAE.
19. Relativamente a este aspecto, estou de acordo com a unidade técnica no sentido de que a
Instrução de Serviço do Dnit não é clara o suficiente para permitir a inferência de que o limite mínimo
de dados, estabelecido no seu art. 7º, § 1º, se refere apenas a contratos. De igual forma, também não
permite deduzir que se trata apenas de dados de famílias de serviços que serão utilizados no estudo
estatístico da obra. Não há, a meu ver, elementos nos autos para se afirmar que o estudo de apenas dez
dados coletados para a família de OAE prejudicou o estudo estatístico, mas tal lacuna normativa pode
comprometer tal estudo. Assim, considero adequada a proposta de dar ciência da ocorrência à
autarquia.
20. Quanto ao item 4.2, o Dnit apresentou as justificativas elaboradas pela empresa Consol
Engenheiros Consultores, responsável pela elaboração do projeto básico e executivo (peça 33).
Informou que: (I) o projeto da obra é de 2008, (II) no curso da execução do empreendimento por outra
empresa foram feitos diversos ajustes nesse projeto, tendo sido descartado o aproveitamento de alguns
materiais, (III) haveria problema ambiental causado pelo depósito de material escavado e solto em área
na faixa de domínio, o qual iria para os dispositivos de drenagem, obstruindo-os e causando
alagamentos, (IV) não seria possível garantir a qualidade do material, (V) não havia área contígua
disponível para locação e para depósito dos materiais, e (VI) haveria custos adicionais para evitar
furtos do material. Citou ainda que não foram adotadas medidas de desapropriação nem de
remanejamento de serviços públicos e, ainda, que grande parte dos serviços teria sido realizada em
período chuvoso.
21. No Relatório de Auditoria, a secretaria registrou que o percentual de 1% de possível prejuízo
decorrente do achado em tela, somado ao fato de que o orçamento da obra não foi disponibilizado às
licitantes, por ser sigiloso, “conduzem à conclusão de que não seria apropriado propor determinação
direcionada ao Dnit no sentido de alterar o valor do Contrato TT 702/2014-00 para corrigir a
irregularidade apontada”.
22. Ressaltou, também, que o bom aproveitamento dos materiais provenientes dos cortes nos
aterros da obra é conceito fundamental da boa engenharia e que a utilização de outros materiais é
adotada somente para suprir deficiência ou insuficiência de materiais extraídos dos cortes. Contudo,
salientou a especificidade, sobretudo por se tratar de um remanescente de obra de uma travessia
urbana, a qual difere de obra rodoviária tradicional desenvolvida em áreas não povoadas.
23. Diante disso, e considerando que: (I) durante a obra pode não haver frentes de serviço
liberadas em tempo hábil para execução de aterros quando o material proveniente dos cortes estiver
disponível, aumentando o risco desse material depositado ser carreado pelas chuvas para as redes de
drenagem provocando sua obstrução; (II) não foram identificados locais de armazenamento provisório
capaz de descartar a possibilidade de carreamento do material depositado para as redes de drenagem;
(III) os custos para armazenar e proteger o material depositado de possível carreamento não se
encontram orçados no projeto, propôs, reforçando seu entendimento acima citado, que, neste caso
concreto, excepcionalmente, sejam acatadas as justificativas apresentadas pelo DNIT.
24. Concordo com esse entendimento. As informações dos autos indicam que o projeto da obra é
de 2008. Houve ajustes no projeto, paralisações da obra e problemas com as desapropriações. No item
4.2 acima consta a informação de que a ocorrência em questão teria gerado, repito, um sobrepreço
estimado em R$ 545.119,05 (jan/2014), e que o consórcio vencedor ofertou desconto de
R$ 428.134,13, sendo o possível prejuízo da contratação o montante de R$ 116.984,92, inferior a 1%
do valor da obra. Parece, assim, ser adequado, neste caso em concreto, em sintonia com a proposta
elaborada pela SeinfraRodov, acolher as justificativas apresentadas pelo Dnit.
Feitas essas considerações, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto
à apreciação deste Colegiado.
835

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2745/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 020.443/2014-5.
2. Grupo I – Classe: V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária (SeinfraRod).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT, no âmbito do Fiscobras 2015, tendo por objetivo fiscalizar o
Edital RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, relativo às obras de adequação da BR-
364/RO, Travessia Urbana de Porto Velho/RO, cuja licitação culminou na formalização do Contrato
TT-702/2014-00, entre o DNIT e o Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo, no valor de
R$ 76.490.000,00 (jan/2014),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, com fundamento no
art. 45 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 251, caput, do RI/TCU, que adote as medidas necessárias, no prazo
de quinze dias, no sentido de incluir cláusula específica no Contrato TT-702/2014-00 prevendo a
responsabilidade integral do Consórcio Construtor Equipav/Madecon/Concresolo por toda a obra em
questão, e não apenas pelas obras remanescentes que forem executadas pelo referido Consórcio;
9.2. dar ciência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit das seguintes
ocorrências:
9.2.1. a tabela de dados históricos que subsidiou a análise de risco e a definição do valor da
reserva de contingência das obras remanescentes da travessia urbana de Porto Velho/RO, relativas ao
Edital RDC Eletrônico 272/2014-00 - Contratação Integrada, apresentou dados não representativos,
contrariando o disposto no art. 7º, parágrafo 1º da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014;
9.2.2. o art. 3º, §1°, inciso III, da IS/DG/DNIT n° 1, de 2/1/2014, não permite entendimento
conclusivo se a definição do número mínimo de dados a serem utilizados no estudo estatístico da obra
trata de quantidade de contratos ou de família de serviços, acarretando risco de descumprimento do
disposto no art. 7º, parágrafo 1º, da referida Instrução de Serviço;
9.3. encaminhar cópia da presente deliberação, bem como das peças que a fundamentam, ao
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes;
9.4. determinar à SeinfraRod que monitore o cumprimento da determinação constante do
subitem 9.1 desta deliberação, e
9.5. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2745-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
836

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I - CLASSE V - Plenário


TC-021.938/2014-8
Natureza: Relatório de Auditoria
Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
Interessado: Tribunal de Contas da União.
Representação Legal: não há.

SUMÁRIO: AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC).


GOVERNANÇA E GESTÃO DAS AQUISIÇÕES. DEFICIÊNCIAS DE GOVERNANÇA E
GESTÃO. DEFICIÊNCIAS OU AUSÊNCIA DE MECANISMOS, INSTRUMENTOS E PRÁTICAS
RELACIONADAS AO TEMA. RECOMENDAÇÕES. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o Relatório de Fiscalização 567/2014 (peça 60) elaborado por equipe de
auditoria da Selog, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica (peças 61 e 62):

“1. Apresentação
1. Em 27/3/2013, por meio da Ata 9 do Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), foi
aprovado o Plano de Controle Externo de 2013/2014, contemplando 49 linhas de ação que impactam
diretamente dez objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal, para o quadriênio 2011-2015,
relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos no plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação de ações que promovam o aprimoramento de ações de controle voltadas à melhoria do
desempenho da Administração Pública (Objetivo Estratégico VI).
3. Ainda segundo o plano, impacta no objetivo supra a linha de ação treze, descrita a seguir:
Avaliar a governança e a gestão no Sistema único de Saúde (SUS), na segurança pública, na
defesa nacional, na previdência complementar, na sistemática de descentralização de recursos federais,
nas universidades públicas federais e nos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, nos
setores de pessoal, de tecnologia da informação e de aquisições, dentre outras áreas. (grifos nossos)
4. Em consonância com essa linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com o objetivo de avaliar se as práticas de governança
e de gestão de aquisições públicas adotadas pela Administração Pública Federal estão de acordo com a
legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade
orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos
resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações ficou a cargo de cinco Secretarias de
Controle Externo (Secex) dos estados (AM, CE, PA, PE, RJ) e da SefidEnergia, além da própria Selog.
6. O trabalho abrangeu os temas governança das aquisições, controles da gestão das aquisições,
controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e controles internos e conformidade
das contratações. No tema governança das aquisições, foram avaliados controles nos componentes
liderança, estratégia e controle. No tema controles da gestão, foram avaliados controles nos
componentes planos, processos e pessoas. No tema controles internos e conformidade das
contratações, foram avaliados processos de contratações relacionados à terceirização dos serviços de
837

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

limpeza, vigilância e transporte de pessoas.


7. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em critérios de
relevância, materialidade, risco e oportunidade, conforme informações constantes do
TC-016.816/2014-5.
8. Esta FOC é a sequência do trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no
levantamento da situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal
(Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013), por meio do qual 376 organizações da
Administração Pública Federal informaram sua situação, por meio de questionário eletrônico (mais
informações em http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes).
9. O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Selog no Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit).
2. Introdução
2.1 Deliberação
10. A presente fiscalização foi autorizada mediante Acórdão 2.269-TCU-Plenário (peça 16),
proferido no âmbito do TC-016.816/2014-5.
2.2 Visão geral do objeto
11. Governança das aquisições consiste no conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com
objetivo que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis.
12. De forma mais detalhada, a governança das aquisições tem por objetivo:
a) alinhar as políticas e as estratégias de gestão das aquisições com as prioridades do negócio da
organização em prol de resultados;
b) assegurar a utilização eficiente de recursos;
c) otimizar a disponibilidade e o desempenho dos objetos adquiridos;
d) mitigar riscos;
e) auxiliar a tomada de decisão;
f) assegurar o cumprimento dos papeis e das responsabilidades e a transparência dos resultados.
13. Com respeito à distinção entre governança e gestão das aquisições, cabe frisar que não são
sinônimos, embora sejam complementares e interdependentes. Governança refere-se à definição do
que deve ser executado (direção), e gestão refere-se à forma como se executa. Por exemplo, diversas
organizações (e.g., IBGC, GAO e OCDE) preconizam que uma boa prática de governança é
estabelecer política (diretrizes) para a gestão de riscos (inclusive das aquisições). Entretanto, a
implementação dessa política não é função da governança, e sim da gestão. Já o controle da gestão é
função da governança, ou seja, a gestão deve ser monitorada quanto ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e quanto aos resultados obtidos.
14. A abordagem do presente trabalho consiste em verificar, por meio da avaliação de controles
internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes substantivos
(inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com deficiências não
contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
15. Com respeito aos contratos avaliados, optou-se por escolher os contratos para prestação de
serviços de limpeza e vigilância. A escolha decorreu dos seguintes critérios:
a) relevância: há relevância social que consiste no risco de inadimplência das obrigações
trabalhistas e previdenciárias com os trabalhadores contratadas para a prestação desses serviços na
APF;
b) materialidade: os contratos de terceirização consomem boa parte do orçamento de custeio das
organizações públicas;
c) risco: constantemente os meios de comunicação dão notícia de problemas decorrentes do
inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias desses contratos;
d) oportunidade: com a prolação do Acórdão 1.214/2013-Plenário, diversas orientações para dar
maior robustez a esses contratos foram proferidas, sem que o TCU tenha averiguado se estão sendo
838

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

seguidas e se surtiram efeito.


2.3 Objetivo e questões de auditoria
16. O objetivo geral desta fiscalização foi avaliar se as práticas de governança e de gestão de
aquisições públicas adotadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estão
de acordo com a legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
17. Como objetivos específicos, podem-se citar:
a) avaliar a existência de deficiências nas práticas de governança e gestão das aquisições,
utilizando a legislação aplicável e as boas práticas como parâmetro;
b) ratificar (ou retificar) as informações apresentadas pelo Dnit em resposta ao levantamento do
perfil de governança das aquisições realizado pelo TCU em 2013;
c) avaliar a existência de deficiências nos controles internos em nível de atividade no processo de
aquisição;
d) avaliar aspectos de conformidade das contratações de serviços terceirizados de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas;
e) avaliar a possível contribuição das deficiências nos controles para a ocorrência de
desconformidades nas contratações.
18. Dessa forma, com base no objetivo da fiscalização, foram elaboradas doze questões de
auditoria, a saber:
a) Q1. As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
b) Q2. A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
c) Q3. Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
d) Q4. O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições?
e) Q5. A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
f) Q6. Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
g) Q7. Os estudos técnicos preliminares contribuem para assegurar a viabilidade da contratação?
h) Q8. Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela
terceirização do serviço?
i) Q9. O termo de referência contém elementos que contribuem para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
j) Q10. A seleção do fornecedor é executada de forma a contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
k) Q11. A gestão do contrato é realizada de forma contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
l) Q12. Há controles internos compensatórios em nível de atividade no processo de aquisição
adequados?
2.4 Método
19. Para a realização deste trabalho, que tem natureza de auditoria integrada (operacional e
conformidade), foram observados os documentos intitulados ‘Padrões de Auditoria de Conformidade’,
aprovado pela Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009, ‘Manual de Auditoria Operacional’, aprovado pela
Portaria-Segecex 4, de 26/2/2010; ‘Orientações para fiscalizações de Orientação Centralizada’,
aprovado pela Portaria-Adplan 2, de 23/8/2010; e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovada
por meio da Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de
30/6/2011. Em especial, a estrutura do relatório foi baseada no ‘Manual de Auditoria Operacional’.
20. Durante a fase de planejamento da FOC, a Selog, unidade técnica orientadora dos trabalhos
definiu as questões, os procedimentos de auditoria e os possíveis achados com o seguinte
embasamento:
a) questões de auditoria um a seis e doze, com base nos itens do questionário utilizado no
levantamento relativo ao perfil de governança de aquisições de 2013;
b) questões sete a onze, com base no documento Riscos e Controles nas Aquisições (RCA),
publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog, menu ‘Riscos e Controles nas Aquisições’)
839

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em atenção ao Acórdão 1.321/2014-Plenário.


21. Como resultado dessa fase, foram geradas as matrizes de planejamento e de achados-padrão
das auditorias. Essas matrizes foram aperfeiçoadas com a participação das unidades envolvidas na
FOC durante workshop, realizado presencialmente em Brasília e por meio de vídeo conferência nos
estados participantes.
22. A fim de obter evidências que possibilitassem a avaliação das informações fornecidas em
resposta ao Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, foi encaminhado
ao Dnit o Ofício 1.917/2014-TCU/Selog, de 2/9/2014, o qual solicitou documentos e informações
sobre os objetos analisados nesse trabalho (peça 4).
23. Durante a execução, foram aplicados procedimentos de análise documental e entrevistas.
Também foram solicitadas informações adicionais por meio dos Ofícios de Requisição 1-567/2014,
02-567/2014 e 03-567/2014 (peças 32 a 34).
24. Concomitante à execução dos procedimentos e registro dos achados, as conclusões
preliminares a que chegava a equipe de auditoria eram discutidas com o supervisor do trabalho, bem
como com os interlocutores designados pelo Dnit.
25. Já na reunião de encerramento, foram apresentados os entendimentos a que tinha chegado a
equipe, esclarecendo aos gestores, na oportunidade, o caráter preliminar dessas conclusões, ainda
sujeitas a mudanças em face do aprofundamento da análise e de novos elementos eventualmente
apresentados.
26. O relatório preliminar de auditoria foi submetido aos comentários do gestor, por meio do
Ofício 916/2015-TCU/Selog, conforme prevê os parágrafos 145 e 146 das Normas de Auditoria do
Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela Portaria - TCU 280/2010. Em resposta, o Dnit
remeteu o Ofício 507/2015/Audint/Dnit (peça 59), cujas considerações foram avaliadas e geraram
ajustes no relatório preliminar.
27. O ofício que solicitou os comentários do gestor também incentivou a identificação das
possíveis causas das deficiências nos controles de governança e de gestão das aquisições, a fim de
contribuir para análise acerca das propostas de encaminhamento a serem feitas neste e no relatório de
consolidação. Para cada achado identificado, o gestor foi orientado a escolher uma ou mais dentre as
seguintes possíveis causas: 1. Impossibilidade legal; 2. Falta de orientação; 3. Desconhecimento sobre
o tema; 4. Pouca cultura com respeito a riscos e controles; 5. Relação custo/benefício desfavorável; 6.
Falta de pessoal; 7. Falta de capacitação adequada; 8. Outras. As causas apontadas pelo gestor (peça
59, p. 8 e 9) foram incorporadas ao relatório.
28. O ofício que solicitou os comentários do gestor também solicitou a identificação das
possíveis causas das divergências, entre a situação declarada no questionário e a situação encontrada
pela equipe. Para cada questão cuja resposta foi considerada divergente, o gestor foi orientado a
escolher uma ou mais dentre as seguintes possíveis causas: 1. Interpretação diversa da apresentada pela
equipe de auditoria; 2. Não conhecimento do assunto contido da pergunta; 3. Erro material (marcação
errada); 4. Resposta fornecida com base em informação que veio da área imprópria. As causas
apontadas pelo gestor foram acostadas aos autos (peça 59, p. 16 e 17) e servirão de subsidio para que a
Selog aperfeiçoe o questionário para os próximos ciclos de levantamento.
29. Além de dispositivos constitucionais, legais e infralegais, foram utilizados como principais
critérios os do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - Gespública. Também
foram utilizados como critério o Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros modelos internacionais aplicáveis à governança
e à gestão de aquisições, tais como: o publicado pela Federação Internacional de Contadores
(Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective) e o utilizado pelo Government
Accountability Office (GAO), Entidade de Fiscalização Superior dos E.U.A. (Framework for Assessing
the Acquisition Function at Federal Agencies).
30. Registre-se que o arcabouço normativo que trata de controles ligados à governança e gestão
das aquisições cogente às organizações públicas federais é muito incipiente, como se pode observar no
840

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

documento contendo a fundamentação das perguntas do perfil de Governança e Gestão das Aquisições
- ciclo 2013, base das questões e procedimentos desta parte da auditoria, que pode ser consultado em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes. Esse documento contém o mapeamento dos excertos das
normas, jurisprudência e boas práticas que fundamentaram as perguntas do Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, de forma que se opta, neste relatório, por citar, sem
transcrever, os critérios de auditoria utilizados para caracterizar os achados de auditoria relatados a
seguir, uma vez que podem ser consultados na URL http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
31. Assim, este trabalho valeu-se de considerar ‘critérios emprestados’ com base no seguinte
procedimento: para os achados de conformidade, cujo critério utilizado se aplica ao ente auditado,
foram propostas determinações; para os achados em que o critério não se aplica ao ente auditado,
foram propostas recomendações. Da mesma forma, para os achados de governança, cujos critérios
foram retirados de modelos e referenciais de boas práticas, tendo em vista ausência de normativos
sobre o tema, também foram feitas recomendações sem força cogente.
32. Desse modo, não há propostas de determinações ao auditado com base em critérios que não
são vinculantes para ele. Nesse caso, os critérios serviram tão somente como base para propostas de
recomendação.
33. Como um dos objetivos específicos deste trabalho foi avaliar a existência de deficiências nos
controles, foi utilizado o termo deficiências para iniciar o título de achados dessa natureza,
caracterizando situações onde tais controles não estão adequados, expondo a organização a riscos,
portanto suscitando uma necessidade de melhoria por parte da organização. Por racionalidade na
redação dos achados, a fim de padronizar o título dos achados em todas as fiscalizações da FOC e
evitar a duplicação da quantidade de achados-padrão, o termo deficiências foi usado indistintamente
para os casos em que o controle existe, mas carece de aperfeiçoamento, bem como para os casos de
inexistência, nos quais o controle não estava implantado.
34. Nesses casos, as recomendações ou determinações foram direcionadas precipuamente ao
aperfeiçoamento dos processos de trabalho, por meio da criação ou adequação de controles internos
que reduzam o impacto ou a probabilidade da ocorrência de eventos de risco nas aquisições realizadas
pela organização.
35. Por fim, considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em todas as organizações, propôs-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura
mais preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que, nesta auditoria no Dnit, optou-se pela não
responsabilização de gestores apesar da grande quantidade de falhas identificadas.
2.5 Limitações
36. Cabe registrar que houve atrasos reiterados por parte do Dnit na entrega de documentos e
informações solicitadas pela equipe de auditoria, o que acarretou problemas na execução dos trabalhos,
mas que não prejudicou o alcance dos objetivos da auditoria.
2.6 Volume de Recursos Fiscalizados (VRF)
37. O VRF alcançou o montante de R$ 11.917.466,89. Foi considerado, para fins de volume de
recursos fiscalizados, a soma dos valores anuais dos Contratos 001/2009 (limpeza), 155/2012
(vigilância) e 146/2011 (transporte de pessoal) fiscalizados nesta auditoria.
38. As deliberações propostas neste relatório não impactarão as contas da organização
fiscalizada.
3. Achados de Auditoria
39. Nesta seção serão apresentados os achados de auditoria de forma agrupada, por questão de
auditoria. Para cada questão de auditoria foi também incluído um pequeno texto introdutório.
Q1. As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
40. Sobre o componente liderança, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que
assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas
841

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das


organizações e liderando os processos de trabalho.
41. No componente liderança, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) A organização executa processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da função de
aquisições considerando as competências para as atividades;
b) A organização executa avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições, a
fim de verificar se os recursos humanos estão em quantidade e com a qualificação adequada às suas
atribuições;
c) Há um código de ética implantado, divulgado e monitorado;
d) A autoridade máxima exerce a liderança organizacional, estabelecendo objetivos, indicadores
e metas para a gestão das aquisições.
42. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.1 Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de aquisições
Situação encontrada
43. O item A.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de processo
formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades.
44. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 3), o Dnit declarou que realiza tal processo.
Posteriormente, por meio de ofício de requisição 1-567/2014, item a (peça 32, p. 1), foram solicitados
como evidência os normativos internos que estabelecem o aludido processo seleção, as competências
necessárias para ocupar as funções e os critérios de seleção adotados para selecionar os candidatos.
45. Em resposta, enviada por meio do ofício 1727/2014/Audint/Dnit (peça 36, p. 4), o Dnit não
encaminhou as evidências solicitadas e informou que não adota processo de seleção interno para os
cargos de Diretor de Administração e Finanças, tendo em vista ser este um cargo de livre nomeação e
exoneração, mas que o seu provimento respeita os normativos vigentes. Quanto aos cargos de
pregoeiro e membros de comissão de licitação, o Dnit informou que os seleciona em observância ao
disposto na Lei 10.520/2002 e na Lei 12.462/2011.
46. Nesse caso, cabe ressaltar que, mesmo para cargos sujeitos à livre nomeação e exoneração, é
importante que o processo pelo qual o ocupante é escolhido se baseie nas competências requeridas
para o cargo, o qual pode ser feito mediante a publicação de um modelo de competências, condição
necessária para que se proceda a alocação de pessoas com base em competências.
47. Tendo em vista a situação descrita, observa-se que há, no âmbito da organização,
deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções chave da área de aquisições.
48. Além disso, cabe registrar a divergência entre a resposta dada ao item A.1 do questionário e a
situação real da organização verificada nessa auditoria.
Causas
49. Necessidade de mapeamento de competência (peça 59, p.14).

Efeitos/Consequências do achado
50. Seleção de pessoal não qualificado para desempenhar funções chave da área de aquisições
(efeito potencial).
Critérios
51. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
52. Gespública, item 6.1 - B.
Evidências
53. Ofício 1727/2014/Audint/Dnit (peça 36, p. 4).
Conclusão da equipe
54. A organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio
de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das
atividades.
842

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

55. Registre-se que, mais importante que a formalização do processo de escolha das pessoas para
a ocupação dos cargos, é que esta escolha se dê em função das competências necessárias para a
execução dos encargos, ponto no qual focaremos a proposta de melhoria.
Proposta de encaminhamento
56. Recomendar ao Dnit que discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de
aquisições, incluindo às funções de liderança, em especial à função de principal dirigente responsável
pelas aquisições, considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais necessárias
para essas funções.
3.2 Deficiências na avaliação da estrutura de recursos humanos da função aquisições
Situação encontrada
57. O item A.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
estrutura de recursos humanos é avaliada periodicamente, em termos quantitativos e qualitativos.
58. Em documento enviado ao TCU (peça 35, p. 3), o Dnit declarou que adota integralmente tal
prática. Posteriormente, por meio de ofício de requisição 1-567/2014, letras b e c (peça 32, p. 1), foram
solicitados como evidência os relatórios de avaliação da adequação ou não da estrutura de recursos
humanos realizada pela organização.
59. Em resposta, enviada por meio do ofício 1490/2014/Audint/Dnit (peça 37, p. 2-5), o Dnit
encaminhou uma análise resumida do quadro de pessoal alocado na área de aquisições, com base nas
atribuições da unidade e no número de servidores atualmente alocados, concluindo que o quantitativo
atual de servidores é adequado, mas a qualificação desses não o é, visto que a análise dos processos é
realizada por servidores de nível médio e que 51% do pessoal alocado é de terceirizados.
60. Registre-se que a avaliação encaminhada foi feita pontualmente para atender à solicitação da
equipe de auditoria e que não há evidências de que seja realizada periodicamente. Além disso, não há
referência aos critérios técnicos utilizados para tal avaliação, tais como produtividade dos servidores e
a relação entre as competências atuais versus as competências necessárias ao desempenho das
atividades, por exemplo.
61. Pelo exposto, observa-se que há deficiências na avaliação da estrutura de recursos humanos
da função aquisições.
62. Além disso, cabe registrar a divergência entre a resposta dada ao item A.2 do questionário e a
situação real da organização verificada nessa auditoria.
Causas
63. Necessidade de mapeamento de competência (peça 59, p.14).
Efeitos/Consequências do achado
64. Quantidade inadequada de pessoal para desempenhar as atividades da área de aquisições
(efeito potencial).
65. Quantidade excessiva de pessoal alocada nas atividades da área de aquisições (efeito
potencial).
66. Qualificação insuficiente do pessoal responsável por desempenhar as atividades da área de
aquisições (efeito potencial).
Critérios
67. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
Evidências
68. Ofício 1490/2014/Audint/Dnit (peça 37, p. 2-5).
Conclusão da equipe
69. A organização não avalia periodicamente e com base em critérios técnicos a estrutura de
recursos humanos da função de aquisições, em termos quantitativos e qualitativos.
Proposta de encaminhamento
70. Recomendar ao Dnit que realize periodicamente avaliação quantitativa e qualitativa da
estrutura de recursos humanos da função de aquisições, de forma a delimitar as necessidades de
pessoal para que esse setor realize a adequada gestão das atividades de aquisições da organização.
843

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.3 Deficiências na implantação de código de ética


Situação encontrada
71. O item A.7.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 solicita a
quantidade de ações de disseminação, capacitação ou treinamento sobre as normas do código de ética
realizadas nos últimos dois anos.
72. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 4), o Dnit declarou que não realizou ação dessa
natureza no período.
73. O item A.7.3.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se
a Comissão de Ética aprovou plano de trabalho para 2013.
74. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 4), o Dnit declarou que não foi aprovado tal plano.
75. Desse modo, observa-se que há deficiências na implantação do código de ética, visto que a
não realização de ações voltadas a disseminar as normas de ética e a não atuação da Comissão de Ética
prejudicam a adoção do código por parte dos servidores e colaboradores da organização.
Causas
76. Não identificada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
77. Atores da função de aquisição adotarem condutas inadequadas nos processos ligados às
aquisições (efeito potencial).
Critérios
78. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 6.1.
79. Ifac (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 070.
80. Decreto 6.029/2007, arts. 15, 16 e 24.
81. Decreto 6.029/2007, art. 7º, II, d.
82. Decreto 6.029/2007, art. 5º.
83. Decreto 1.171/1994, art. 2º e XVI do Anexo II.
84. Decreto 6.029/2007, art. 7º, § 1º.
Evidências
85. Resposta do Dnit aos itens A.7.2 e A.7.3.1 do Questionário Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013 (peça 35, p. 4).
Conclusão da equipe
86. A organização não adota práticas de disseminação, capacitação ou treinamento sobre as
normas do código de ética e não aprovou plano de trabalho anual para atuação da sua comissão de
ética.

Proposta de encaminhamento
87. Recomendar ao Dnit que:
a) promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
b) aprove plano de trabalho anual para atuação da sua comissão de ética.
3.4 Deficiências na liderança organizacional
Situação encontrada
88. O item A.9 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona, em
relação ao desempenho organizacional da gestão das aquisições, se a alta administração da organização
estabeleceu:
a) objetivos para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias da organização;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo da gestão das aquisições;
c) metas de desempenho para os objetivos da gestão das aquisições;
d) mecanismos de controle do cumprimento das metas da gestão das aquisições.
89. Em documento enviado ao TCU (peça 35, p. 4), o Dnit declarou que estabeleceu os objetivos
para a gestão das aquisições, mas não os indicadores, as metas e os mecanismos de controle do
cumprimento das metas.
844

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

90. Posteriormente, por meio de ofício de requisição 1-567/2014, letra d (peça 32, p. 1), foi
solicitado como evidência o documento que contém tais objetivos para função de aquisições.
91. Como resposta, enviada por meio do ofício 1490/2014/Audint/Dnit (peça 37, p. 7-8), foi
enviada cópia da proposta orçamentária da Coordenação Geral de Administração Geral para o
exercício de 2014, contendo as contratações a serem executadas pela unidade nesse período, sem
qualquer referência aos objetivos estratégicos da função aquisições.
92. Registre-se que não se espera que os objetivos das aquisições sejam concebidos de forma
autônoma, mas sim alinhados aos objetivos da organização, uma vez que as aquisições são meios para
a implementação das políticas públicas, razão da existência das organizações públicas.
93. Pelo descrito acima, observa-se que há deficiências na liderança organizacional da
instituição, tendo em vista que não foram definidos objetivos para a gestão das aquisições e,
consequentemente, os indicadores, as metas e os mecanismos de controle do cumprimento das metas.
94. Além disso, cabe registrar a divergência entre a resposta dada ao item A.9 do questionário e a
situação real da organização verificada nessa auditoria.
Causa
95. Necessidade de capacitação dos gestores (peça 59, p.14).
Efeitos/Consequências do achado
96. Impossibilidade de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional
adequado (efeito real).
Critérios
97. Gespública, itens 1.6 e 2.2.
98. Ifac (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 102.
Evidências
99. Proposta orçamentária de 2014 da Coordenação Geral de Administração Geral, encaminhado
por meio do Ofício 1490/2014/Audint/Dnit (peça 37, p. 7 e 8).
Conclusão da equipe
100. O Dnit não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições, nem
mecanismos de controle do alcance das metas.
Proposta de encaminhamento
101. Recomendar ao Dnit que estabeleça formalmente:
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
Q2. A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
102. Sobre o componente estratégia, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia
necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e
expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação
e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de
curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e
organizações envolvidas ou afetadas.
103. No componente estratégia, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Há estabelecimento de diretrizes para as aquisições, como políticas de terceirização, de
compras, de estoques dentre outras, que direcionam as decisões operacionais das aquisições (por
exemplo, quais serviços devem ser contratados e quais devem ser executados com servidores);
b) Há estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área de aquisições,
845

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de forma que cada setor tenha atribuições específicas e se possam implementar mecanismos de
segregação de funções críticas;
c) Existem instâncias colegiadas, compostas por integrantes das diversas áreas da organização,
que apoiem as decisões críticas sobre as aquisições, mitigando o risco de decisões com viés.
104. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.5 Deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições
Situação encontrada
105. O item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
alta administração da organização aprovou e publicou diretrizes para as aquisições da organização
(peça 35, p. 5). Dentre as diretrizes pesquisadas, serão tratadas neste relatório as seguintes:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas.
106. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 5), o Dnit declarou que não estabeleceu
nenhuma dessas diretrizes.
107. Tendo em vista o informado pela organização, observa-se que há deficiências no
estabelecimento de diretrizes para as aquisições.
Causas
108. Necessidade de capacitação dos gestores (peça 59, p.14).
Efeitos/Consequências do achado
109. Realização de aquisições que não estejam alinhadas às diretrizes estratégicas da organização
(efeito potencial).
Critérios
110. Gespública, item 2.1.
Evidências
111. Resposta do Dnit ao item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 35, p. 5).
Conclusão da equipe:
112. O Dnit não estabeleceu diretrizes para função de aquisições
Proposta de encaminhamento:
113. Recomendar ao Dnit que estabeleça diretrizes para área de aquisições, incluindo pelo menos
as seguintes:
a) estratégia de terceirização;
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas.
3.6 Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área
de aquisições
Situação encontrada
114. O item B.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos
cargos efetivos e comissionados da função de aquisições.
115. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 5), o Dnit declarou que possui tais normativos
internos. Posteriormente, por meio do Ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38, p. 5), que solicitou as
evidências das respostas ao questionário, informou que o regimento interno prevê as atribuições e
responsabilidades da estrutura organizacional do Dnit.
116. Já quanto às competências relativas aos cargos comissionados e efetivos, informou que está
em andamento processo para contratação de consultoria para mapeamento das competências e que a
846

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Lei 11.171/2005 prevê de forma ampla as atribuições dos cargos específicos do Dnit.
117. Conforme reconhecido pela própria organização, observa-se que há deficiências no
estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades da função de aquisições, no tocante
especificamente aos cargos efetivos e comissionados.
118. Além disso, cabe registrar a divergência entre a resposta dada ao item B.2 do questionário e
a situação real da organização verificada nessa auditoria.
Causas
119. Necessidade de mapeamento de competências (peça 59, p.14);
120. Necessidade de capacitação dos gestores (peça 59, p.14).
Efeitos/Consequências do achado
121. Ausência de segregação de funções em atividades críticas (potencial).
122. Desconhecimento acerca de quem é o responsável por realizar atividades na área de
aquisições (potencial).
123. Sobreposição de responsabilidades pela realização de uma mesma atribuição (potencial).
Critérios
124. Princípio da segregação de funções;
125. Ifac (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 084;
126. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Evidências
127. Ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38, p. 5).
Conclusão da equipe
128. O Dnit não estabeleceu as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos
e comissionados da função de aquisições.
Proposta de encaminhamento
129. Recomendar ao Dnit que estabeleça em normativos internos as competências, atribuições e
responsabilidades dos cargos efetivos e comissionados da função de aquisições.
Q3. Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
130. Sobre o componente controle, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser
avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação,
transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a
responsabilização pelos atos praticados.
131. No componente controle, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Existem diretrizes para gestão de risco das aquisições, os gestores são capacitados para
realizar gestão de risco das aquisições e essa gestão é realizada;
b) Existem canais que recebem denúncias sobre impropriedades nas aquisições da organização;
c) A função de auditoria interna está estabelecida e atua segunda as boas práticas internacionais
sobre o tema (por exemplo, IPPF), não realizando atividades de cogestão.
d) A organização dá publicidade das decisões sobre o julgamento das contas, agendas de
dirigentes superiores e tem transparência ativa quanto a todos os documentos de seus processos
administrativos de aquisição.
132. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.7 Deficiências na gestão de risco das aquisições
Situação encontrada
133. Os itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se:
a) a alta administração estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições;
b) a organização capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos;
c) a organização realiza gestão de riscos das aquisições.
847

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

134. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 5 e 6), o Dnit declarou que a alta administração
não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições; que não pretende adotar a
prática de capacitar os gestores da área de aquisições em gestão de riscos; e que não pretende realizar
gestão de riscos das aquisições.
135. Conforme reconhecido pela própria organização, verifica-se que há deficiências na gestão
de risco das aquisições, considerando a ausência de diretrizes para gestão de riscos, a não capacitação
dos gestores em gestão de riscos e, consequentemente, a não realização da gestão de riscos das
aquisições.
Causas
136. Necessidade de capacitação de gestores (peça 59, p. 14).
Efeitos/Consequências do achado
137. Desconhecimento acerca dos riscos envolvidos em cada aquisição (efeito real).
Critérios
138. Gespública, item 1.1 - C.
139. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Evidências
140. Resposta aos itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 35, p. 5 e 6).
Conclusão da equipe
141. O Dnit não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições.

Proposta de encaminhamento
142. Recomendar ao Dnit que:
a) estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
b) capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
c) realize gestão de riscos das aquisições.
3.8 Deficiências na função de auditoria interna
Situação encontrada
143. O item C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
unidade de auditoria interna executou trabalhos, no último ano, de: a) avaliação de governança; b)
avaliação de gestão de riscos; e c) avaliação de controles internos na função de aquisições.
144. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 6), o Dnit declarou que não realizou trabalhos de
auditoria abrangendo os temas citados.
145. Conforme reconhecido pela própria organização, observa-se que há deficiências na função
de auditoria interna, visto que a unidade de auditoria interna não faz avaliação da governança e da
gestão de riscos da organização, nem dos controles internos na função de aquisições.
Causas do achado
146. Nota técnica 022/2015/Audint/Dnit (peça 59, p. 2 a 9).
Efeitos/Consequências do achado
147. Desconhecimento acerca da adequação dos processos de governança, riscos e controles
(real).
Critérios
148. The Institute of Internal Auditors (IIA). Estrutura Internacional de Práticas Profissionais.
Itens: 1120, 2100 e 2120.
Evidências
149. Resposta ao item C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
(peça 35, p. 6).
Conclusão da equipe:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

150. Há deficiências na função de auditoria interna, visto que não foram feitos trabalhos de
auditoria acerca da governança, da gestão de riscos e dos controles internos da organização.
Proposta de encaminhamento
151. Recomendar ao Dnit que inclua nas atividades de auditoria interna:
a) a avaliação da governança, da gestão de riscos da organização;
b) a avaliação dos controles internos na função de aquisições.
3.9 Deficiências em accountability
Situação encontrada
152. O item C.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta, com
respeito à accountability e transparência, se a alta administração:
a) estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na
internet;
b) determina a publicação, em sua página na internet, da decisão quanto à regularidade das
contas proferida pelo órgão de controle externo;
c) determina a publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
153. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 7), o Dnit respondeu SIM para o item a) e NÃO
para os itens b) e c).
154. Porém, o Ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38), o qual contém as evidências das
respostas dadas ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, não traz referência às
diretrizes informadas.
155. Posteriormente, por meio do ofício de requisição 1-567/2014, letra 1) (peça 32, p. 1), foi
solicitado novamente o envio de documentos que estabeleceram as diretrizes para publicação da
íntegra dos processos licitatórios. Entretanto, o Dnit não enviou as informações solicitadas.
156. Ante a ausência de evidências sobre as diretrizes para publicação na internet da íntegra dos
processos licitatórios, a não publicação da decisão quanto à regularidade das contas e da agenda de
compromissos públicos do dirigente máximo e do principal gestor responsável pelas aquisições,
observa-se que há deficiências em accountability.
Causas do achado
157. Não identificada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
158. Prejuízo ao controle social dos processos de aquisição (efeito potencial).
159. Redução da transparência quanto ao julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle
externo (efeito real).
Critérios
160. Lei 12.527/2011, arts. 3º, 5º, 7º e 8º, inciso IV.
161. Lei 12.813/2001, art. 11, c/c art. 2º.
Evidências
162. Resposta ao item C.6 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 35, p. 7).
163. Ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38).
Conclusão da equipe
164. Não há diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na internet.
Não há determinação para publicação da decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão
de controle externo. Não há determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do
dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições na internet.
Proposta de encaminhamento
165. Recomendar ao Dnit que:
a) publique todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação de
aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na
internet;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) publique, na sua página na internet, a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo
órgão de controle externo.
c) publique na internet a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da organização
e do principal gestor responsável pelas aquisições.
Q4. O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das
aquisições?
166. Planejamento é princípio fundamental da administração pública, e sobre este componente
buscou-se avaliar se a organização pratica um processo de planejamento das aquisições, gerando um
plano de aquisições contendo o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo do ano,
instrumento este que deveria ser utilizado como insumo para a elaboração da proposta orçamentária
anual, bem como para o acompanhamento da execução orçamentária.
167. Também foi avaliada a existência de um Plano de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos
de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer
práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
168. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.

3.10 Deficiências no processo de planejamento das aquisições


Situação encontrada
169. O item D.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização executa processo de planejamento das aquisições, aprovando um plano anual de
aquisições.
170. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 8), o Dnit declarou que não prevê adotar tal
prática.
171. Posteriormente, por meio do ofício 1490/2014/Audint/Dnit (peça 37, p. 5), informou que
utiliza como plano anual de aquisições a proposta orçamentária da Coordenação Geral de
Administração Geral (peça 37, p. 7-8).
172. Sobre a proposta orçamentária encaminhada, cabe ressaltar que tal documento contém o
objeto a ser contratado e o valor estimado da despesa, sem referência a outros elementos necessários a
um adequado planejamento, tais como: objetivo estratégico suportado pela contratação, unidade
requisitante da contratação, justificativa resumida da contratação, período estimado no qual a
contratação será realizada, entre outros.
173. Além disso, o documento apresentado não está aprovado pela alta administração do Dnit
nem está publicado na página da organização na Internet.
174. Dessa forma, observa-se que há deficiências no processo de planejamento das aquisições no
âmbito da organização, tendo em vista que o instrumento utilizado pelo Dnit como um plano de
aquisições não contém os elementos essenciais a um adequado planejamento anual de compras.
175. Ademais, registra-se divergência entre a resposta dada ao item D.2 do questionário e a
situação real da organização verificada nessa auditoria.
176. Causas do achado
177. Necessidade de capacitação de gestores (peça 59, p. 15).
Efeitos/Consequências do achado
178. Realização de aquisições sem vinculação ao PEI (potencial).
179. Imprevisibilidade da demanda de trabalho da unidade de aquisições (real).
180. Realização de aquisições sem o prazo adequado para planejamento (potencial).
181. Falta de recursos previstos no orçamento para realização da aquisição (potencial).
182. Realização de contratações emergenciais sem amparo legal (potencial).
Critérios
183. GESPÚBLICA, item 2.2 - Implementação das estratégias.
Evidências
850

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

184. Resposta ao item D.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
35, p. 8);
185. Proposta Orçamentária da CGAG/DAF (peça 37, p. 7 e 8).
Conclusão da equipe
186. Há deficiências no processo de planejamento das aquisições.
Proposta de encaminhamento
187. Recomendar à organização que execute processo de planejamento das aquisições,
contemplando, pelo menos:
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
b) aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na Internet;
d) acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios.
3.11 Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS)
Situação encontrada
188. O item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização aprovou um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS; ou equivalente), isto é, um
plano contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e
mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite à organização estabelecer práticas de
sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
189. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 8), o Dnit declarou que não prevê adotar a prática.
Posteriormente, por meio do ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38, p. 8), informou que pretende
adotar a prática e que para 2015 encontra-se em estudo projeto para desenvolvimento do PLS.
190. Conforme informado pela organização, observa-se que o Dnit não possui um Plano de
Logística Sustentável - PLS.
Causas do achado
191. Não identificada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
192. Realização de contratações sem inclusão de requisitos de sustentabilidade (efeito potencial).
193. Desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios
194. Lei 8.666/93, art. 3º caput;
195. IN-SLTI/MPOG 10/2012, arts. 12, 13 e 14.
Evidências
196. Resposta ao item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
35, p. 8);
197. Ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38, p. 8).
Conclusão da equipe
198. A organização não possui um Plano de Gestão de Logística Sustentável.
Proposta de encaminhamento
199. Recomendar ao Dnit que elabore um Plano de Gestão de Logística Sustentável, contendo
objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento, que permite à organização estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de
gastos e processos.
Q5. A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
200. Quanto à gestão de pessoas, foi avaliada a existência de mapeamento de competências
necessárias à função de aquisições, condição necessária para uma boa gestão de pessoas, e se a
851

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capacitação dos servidores/empregados da função de aquisições é adequada à execução das atividades.


201. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.12 Deficiências no mapeamento de competências necessárias à função de aquisições
Situação encontrada
202. O item E.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se são
identificadas e definidas as competências necessárias para o desempenho das funções-chave da área de
aquisições.
203. Em resposta enviada ao TCU (peça 35, p. 8), o Dnit declarou que pretende adotar tal
prática. Posteriormente, por meio do ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38, p. 8), informou que está
em processo de contratação da UFPA para realização do mapeamento de competências da organização.
204. Conforme declarado pela organização, observa-se que há deficiências no processo de
mapeamento de competências necessárias à função de aquisições, tendo em vista que não estão
identificadas e definidas as competências necessárias para o desempenho das funções-chave da área de
aquisições.
Causas do achado
205. Ausência de mapeamento de competências (peça 59, p.15).
Efeitos/Consequências do achado
206. Desconhecimento acerca das competências necessárias ao desempenho adequado das
atividades realizadas pela área de aquisições (real).
207. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (potencial).
Critérios
208. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
Evidências
209. Ofício 1466/2014/Audint/Dnit (peça 38, p. 8).
Conclusão da equipe
210. A organização não realizou o mapeamento das competências necessárias à função de
aquisições.
Proposta de encaminhamento
211. Recomendar a organização que estabeleça um modelo de competências para os ocupantes
das funções chave da área de aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à
governança e à gestão das aquisições.
3.13 Deficiências na capacitação dos servidores da função aquisições
Situação encontrada
212. O item E.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização possui uma política de capacitação para os servidores que integram a área de aquisições.
213. Em documento enviado ao TCU (peça 35, p. 8), o Dnit declarou que possui tal política.
Posteriormente, por meio do ofício de requisição 1-567/2014, letra o (peça 32, p. 1), foi solicitado o
plano anual de capacitação aprovado para o exercício de 2014.
214. Como resposta, enviada por meio do ofício 1499/2014/Audint/Dnit (peça 39, p. 4), o Dnit
informou que submeteu o Plano Educacional Anual (PEA) 2013/2014 à avaliação e aprovação da
Diretoria Colegiada, mas não localizou a respectiva aprovação do PEA e que a Coordenadoria Geral de
Recursos Humanos vem trabalhando para atender demandas pontuais solicitadas pelas diversas áreas
da organização e de acordo com os recursos orçamentários disponibilizados.
215. A não sistematização do processo de capacitação dos servidores prejudica o planejamento
anual das ações de treinamento e seu alinhamento aos objetivos organizacionais. Além disso, a
existência de um plano anual de capacitação devidamente aprovado facilita a adequada alocação de
recursos orçamentários, mitigando o risco de não realização de eventos pela inexistência de orçamento.
216. Tendo em vista a não aprovação de um plano anual de capacitação, observa-se que há
deficiências no processo de capacitação dos servidores da função de aquisições.
852

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Causas do achado
217. O levantamento das necessidades de capacitação é realizado por meio de pesquisa na área,
sendo que, para o exercício de 2015, existe indicação de curso para a área de aquisições para o tema
em questão (peça 59, p.15).
Efeitos/Consequências do achado
218. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (potencial).
Critérios
219. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
Evidências
220. Ofício 1499/2014/Audint/Dnit (peça 39, p. 4).
Conclusão da equipe
221. A organização não aprovou um plano anual de capacitação.
Proposta de encaminhamento
222. Determinar à organização que, em atenção às disposições contidas no Decreto 5.707/2006,
art. 5º, 2º, c/c Portaria MP 208/2006, art. 2º, I e art. 4º, elabore Plano Anual de Capacitação para a
organização.
223. Recomendar à organização que:
224. a) Quando elaborar o Plano Anual de Capacitação, contemple ações de capacitação voltadas
para a governança e gestão das aquisições;
225. b) Adote mecanismos para acompanhar a execução do plano anual de capacitação.
Q6. Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
226. As normas da série ISO 9.000 preconizam que, para atingir qualidade, um dos princípios
que devem nortear a execução das operações de uma organização é a abordagem por processos, isto é,
um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos
relacionados são gerenciados como um processo.
227. Processos de trabalho é um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transformam insumos (entradas) em produtos (saídas).
228. Assim, a fim de obter qualidade nas contratações, as organizações devem sistematizar por
meio de processos de trabalho, suas aquisições.
229. Neste componente, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Estabelecimento de processos de trabalho para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos;
b) Estabelecimento de padrões diversos (e sua utilização), como minutas de editais, listas de
verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que aumentam a produtividade dos
processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
230. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.14 Processos de trabalho de contratação ad hoc
Situação encontrada
231. Os itens F.3 a F.5 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se a organização utiliza processo de trabalho aprovado e publicado para o planejamento de
cada uma das contratações, para a seleção do fornecedor e para a gestão dos contratos.
232. Em documento enviado ao TCU (peça 35, p. 8), o Dnit declarou que não prevê adotar tais
processos de trabalho.
233. Conforme declarado pela organização, observa-se que os processos de trabalho relativos às
contratações não são formalizados no âmbito do Dnit, sendo, portanto, potencialmente realizados de
forma ad hoc, isto é, cada vez é executado de uma forma diferente.
Causas do achado
234. Não identificada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
853

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235. Falta de padronização de procedimentos (real).


236. Execução de uma mesma atividade por unidades diferentes (potencial).
237. Existência de atividades sem um responsável claro (potencial).
Critérios
238. ISO 9.001, princípio da abordagem por processos.

Evidências
239. Respostas aos itens F.3 e F.5 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 35, p. 9).
Conclusão da equipe
240. Os processos de trabalho das contratações são feitos de forma ad hoc.
Proposta de encaminhamento
241. Recomendar a organização que defina, aprove e publique um processo formal de trabalho
para:
242. a) Planejamento de cada uma das aquisições, considerando, inclusive, as falhas e
impropriedades que culminaram na expedição das recomendações constantes dos achados 3.16, 3.17,
3.18, 3.19, 3.20, 3.23, 3.24, 3.25 e 3.37 deste relatório;
243. b) Seleção do fornecedor, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na expedição das recomendações constantes dos achados 3.26, 3.29 e 3.36 deste relatório
de auditoria;
244. c) Gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na expedição das recomendações constantes dos achados 3.17, 3.30, 3.31, 3.32, 3.33 e
3.34 deste relatório.
3.15 Deficiências no estabelecimento e adesão a padrões
Situação encontrada
245. O item F.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização reconhece que seu OGS padroniza e recomenda a utilização de especificações técnicas de
objetos contratados frequentemente.
246. O item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização definiu seus próprios padrões de especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente.
247. Em documento enviado ao TCU (peça 35, p. 8), o Dnit responde NÃO para ambas as
perguntas.
248. Conforme declarado pela organização, observa-se que o Dnit não utiliza padrões para
especificações técnicas de objetos contratados frequentemente.
Causas do achado
249. Não identificada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
250. Ocorrência de erros em procedimentos repetitivos (potencial).
251. Realização de retrabalho na execução de procedimentos (potencial).
252. Não realização de algum procedimento essencial (potencial).
Critérios
253. Princípio da eficiência;
254. Lei 8.666/1993, art. 11 e art. 15, I (no caso de especificações técnicas padronizadas).
Evidências
255. Respostas aos itens F.6 e F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 35, p. 9).
Conclusão da equipe
256. A organização não utiliza padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente.
854

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Proposta de encaminhamento
257. Recomendar ao Dnit que estabeleça e adote padrões para especificações técnicas de objetos
contratados frequentemente.
Questões de auditoria Q7 a Q12
258. As questões de auditoria Q7 à Q12 tiveram como objetivo avaliar os controles internos em
nível de atividade e a conformidade dos processos de contratação e os achados decorrentes desse tema
estão apresentados a seguir.
3.16 Deficiências no levantamento de mercado
Situação encontrada
259. Atualmente o serviço de transporte de pessoal no âmbito do Dnit é realizado por meio de
contratação de motoristas terceirizados, nos termos do Contrato 146/2011.
260. Por meio do Ofício de Requisição 2-567/2014, letra a (peça 33, p. 1), foi solicitado ao Dnit
o estudo realizado para identificar quais soluções existentes no mercado atendiam aos requisitos da
contratação de serviços de transporte de pessoal e de carga, de modo a alcançar os resultados
pretendidos e atender à necessidade da contratação.
261. Por meio do ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 2), o Dnit informou que não realizou
tal estudo e optou por modelar a contratação conforme anteriormente realizada. Ressaltou ainda que
está avaliando minutas de editais e termos de referência produzidos por outros órgãos da administração
direta que contenham alternativas para contratação dos serviços de transportes.
262. Em vista disso, observa-se que houve uma deficiência na elaboração dos estudos técnicos
preliminares, que não contemplaram um prévio levantamento de outras soluções disponíveis no
mercado para atender à demanda de transporte de pessoas, não obstante informação de que tal estudo
está sendo conduzido para a próxima contratação.
Causa do achado
263. Não realização de estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
264. Adoção de solução que não é a que apresenta melhor relação custo/benefício (potencial).
Critérios
265. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea c.
Evidências
266. Ofício 1533/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 2).
Conclusão da equipe
267. Não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico
para a identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade
de transportar pessoas. A equipe de auditoria identificou, a título de ilustração e em caráter preliminar,
algumas soluções como:
a) comprar os veículos, contratar motoristas, contratar fornecimento de combustíveis, contratar
serviço de manutenção para a frota e contratar os seguros (provavelmente com fornecedores distintos);
b) análogo à alternativa ‘a’, mas com aluguel em vez de compra dos veículos;
c) análogo à letra ‘a’, mas usando motoristas próprios, em vez de terceirizados;
d) contratar o serviço de transporte de forma integrada, incluindo o fornecimento de todos os
itens da letra ‘a’, e remunerando a contratada pelo serviço (por exemplo, pagamento por km rodado).
Proposta de encaminhamento
268. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, que vier a ser elabora em atenção ao item a) do encaminhamento do achado 3.14,
inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
855

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soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993, art. 6º,
inciso IX, alínea c).
269. Determinar ao Dnit que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da
eventual prorrogação do Contrato 146/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas à
substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de
soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual
(transportar pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais vantajosa
dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos, locação de
veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado.
3.17 Deficiências na estimativa de quantidades de materiais
Situação encontrada
270. Por meio do ofício de requisição 2-567/2014 (peça 33, p. 1), letras b e c, foi solicitado ao
Dnit que apresentasse estudo técnico realizado para estimar a quantidade de material e de
equipamentos constante do Anexo I (Termo de Referência), itens 7 e 8, do Edital do Pregão Eletrônico
217/2008 para contratação de serviços de limpeza e conservação, assim como o mecanismo de
controle gerencial dos quantitativos utilizados na execução do Contrato 1/2009 (limpeza e
conservação).
271. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit, letras b e c (peça 40, p. 2-3), o Dnit informou
que não realizou tal estudo técnico, optando por adoção de quantidades licitadas em contratações
anteriores e que não possui um mecanismo gerencial para controlar a quantidade de material utilizada
na prestação dos serviços de limpeza, ressaltando que para nova contratação desses serviços o controle
se fará por intermédio da comissão de fiscalização.
272. Sobre isso cabe ressaltar que a experiência em contratações anteriores é uma das fontes de
pesquisa válida para estimar a quantidade de material, mas não a única, visto que o contexto da
contratação atual pode variar bastante em relação à anterior, motivando uma alteração tanto da
quantidade quanto do tipo dos materiais utilizados.
273. Tendo em vista a não realização de estudo técnico prévio e a não utilização de controle
gerencial na contratação atual de serviços de limpeza, no tocante à quantidade de materiais e
equipamentos utilizados, observa-se que houve uma deficiência na estimativa dessas quantidades.
Causas do achado
274. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
275. Utilização das especificações de outras contratações sem análise crítica.
Efeitos/Consequências do achado
276. Superfaturamento devido ao superdimensionamento de materiais na contratação que não
são utilizados na execução do contrato de limpeza (potencial);
277. Execução dos serviços de limpeza com qualidade inadequada pela subestimativa do
material necessário (potencial).
Critérios
278. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alínea f e 7º, § 4º.
Evidências
279. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit, letras b e c (peça 40, p. 2-3).
Conclusão da equipe
280. A organização não realizou estudo para estimar da melhor forma possível a quantidade de
material a ser utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação. Ainda que não haja
remuneração pelo consumo de materiais no contrato, a deficiência na estimativa causa impactos no
preço contratado. Além disso, não possui mecanismo de controle gerencial para verificar se as
quantidades estimadas estão adequadas à execução dos serviços.
Proposta de encaminhamento
281. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção ao item a) do
856

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos
estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
282. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de gestão contratual:
a) manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
283. Determinar ao Dnit que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º, §
4º, antes da eventual prorrogação do Contrato 1/2009, ou da elaboração de edital para licitação com
vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da quantidade de material que será utilizada na prestação de serviços de
limpeza.
3.18 Deficiências na definição dos postos de trabalhos
Situação encontrada
284. Por meio do Ofício de Requisição 2-567/2014 (peça 33, p. 1), foi solicitado ao Dnit que
apresentasse:
a) Estudo realizado para definir os índices de produtividade da mão de obra contratada para
prestação de serviços de limpeza e conservação;
b) Mecanismo de controle gerencial utilizado para avaliar, a cada prorrogação contratual, se a
produtividade está adequada;
c) Estudo realizado para justificar a localização, quantidade e tipo (turno, escala) de postos de
trabalho de vigilância armada e desarmada contratados;
285. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 3) o Dnit informou que:
a) Não realizou estudo técnico para definição dos índices produtividade adotados (letra d);
b) Não possui mecanismo gerencial para avaliar a adequação da produtividade adotada (letra e);
c) Não realizou estudo para definição das quantidades e tipos de postos de vigilância contratados,
sendo utilizados como parâmetro a experiência em contratações anteriores do mesmo objeto (letra f);
286. Sobre isso cabe ressaltar que a experiência em contratações anteriores é uma das fontes de
pesquisa válida para estimar a quantidade de postos de trabalho, mas não a única, visto que o contexto
da contratação atual pode variar bastante em relação à anterior, motivando uma alteração tanto da
quantidade quanto do tipo dos postos de trabalho necessários.
287. Sendo assim, observa-se que houve uma deficiência na definição dos postos de trabalho
contratados para executar os serviços de limpeza e vigilância, tendo em vista a não realização de
estudo prévio para definir a produtividade da mão de obra alocada nos serviços de limpeza e para
definição da quantidade e tipo dos postos de vigilância contratados.
Causas do achado
288. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
289. Contratação de mais postos de trabalho do que o necessário, com consequente ato de gestão
antieconômico (potencial).
290. Contratação de menos postos de trabalho do que o necessário, com consequente prejuízo à
qualidade dos serviços contratados (potencial).
Critérios
291. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alínea f e 7º, § 4º;
292. Decreto 2.271/1997, art. 2º, inciso II;
293. IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 43, parágrafo único e art. 49, inciso I.
Evidências
857

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

294. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 3).


Conclusão da equipe
295. A organização não realizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação.
296. A organização não avalia periodicamente se a produtividade adotada para prestação de
serviços de limpeza está adequada.
297. A organização não realizou estudo para definir a quantidade e tipo de postos de trabalho
alocados na prestação de serviços de vigilância.
Proposta de encaminhamento
298. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrente, que vier a ser elaborado em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos
estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
c) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
299. Determinar ao Dnit que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º, §
4º, antes da eventual prorrogação do Contrato 1/2009, ou da elaboração de edital para licitação com
vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 43, parágrafo único.
300. Determinar ao Dnit que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da
eventual prorrogação do Contrato 155/2012, ou da elaboração de edital para licitação com vistas à
substituí-lo, realize estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 49, I.
3.19 Deficiências na estimativa de preços
Situação encontrada
301. A organização respondeu, no Questionário do Perfil de Governança e Gestão das
Aquisições - Ciclo 2013, que não adota procedimento padronizado para elaboração de estimativas de
preços (peça 35, questões F.6 e F.7).
302. Da análise do processo administrativo PA 50600.004212/2006-79 (limpeza), constatou-se
que a organização utilizou como referência de preços o anexo I da Portaria 04/2006 da SLTI/MPOG
(peça 41, p. 2), a qual trazia limites máximos para o custo do m2 dos serviços de limpeza e
conservação.
303. Para estimar o valor da contratação, a organização não deveria se limitar a utilizar um único
parâmetro de preços, abstendo-se de efetuar consulta a outras fontes de pesquisa, tais como o mercado
fornecedor ou outros órgãos públicos que contrataram o mesmo objeto.
304. A época, a Administração foi alertada pela sua Procuradoria Jurídica que tal procedimento
era irregular (peça 42, p. 7), mas o processo prosseguiu mesmo sem a realização da pesquisa de
mercado, conforme despacho posterior da administração (peça 42, p. 11 e 12).
305. Por considerar apenas uma fonte de pesquisa como referência para estimar o valor da
contratação, observa-se que houve uma deficiência na estimativa de preços dos serviços de limpeza e
conservação.
Causas do achado
306. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
307. Utilização de parâmetro insuficiente para análise da aceitabilidade dos preços (efeito real).
858

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

308. Dificuldade de justificar as estimativas de preços quando questionado por partes


interessadas (efeito potencial).
Critérios
309. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea f.
310. Acórdão Plenário 4.695/2012, item 9.2.6.3.
Evidências
311. Parecer Jurídico /DAD/PGE/Dnit/nº 1036/2008 (peça 42, p. 7).
312. Despacho da administração (peça 42, p. 11 e 12).
Conclusão da equipe
313. A organização não realizou uma pesquisa de preços adequada para contratação de serviços
de limpeza e conservação.
Proposta de encaminhamento
314. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos
estudos técnicos preliminares:
a) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI/MPOG 5/2014;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
3.20 Deficiências nos requisitos de qualidade
Situação encontrada
315. Da análise das contratações decorrentes dos termos de referência de limpeza (peça 43, p.
19-46) e vigilância (peça 44, p. 2-30), verificou-se que não foram estabelecidos critérios objetivos para
avaliar a qualidade dos serviços prestados pelas contratadas.
316. Os documentos citados descrevem todas as atividades a serem desempenhadas pela
contratada durante a execução do contrato, mas não fazem referência a níveis de qualidade a serem
alcançados no desempenho dessas tarefas.
317. Tal situação impossibilita a organização de vincular a remuneração dos contratos ao alcance
de resultados pelas contratadas e verificar objetivamente se os serviços estão sendo prestados
adequadamente pela contratada e caracteriza a contratação como fornecimento de mão de obra (prática
condenada pelo Decreto 2.271/1997, art. 4º, II).
Causas do achado
318. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
319. Pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a bens ou serviços
entregues (efeito real).
320. Impossibilidade de cobrar da contratada o alcance de níveis mínimos de qualidade (efeito
real).
321. Caracterização da contratação como fornecimento de mão de obra (efeito real).
322. Caracterização da contratação como intermediação de mão de obra (efeito potencial).
Critérios
323. Lei 10.520/2002, art. 3º, inciso II.
324. Decreto 2.271/1997, art. 4º, II.
325. IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 11.
Evidências
326. Anexo I do Edital do Pregão Eletrônico 217/2008 - Limpeza e conservação (peça 43, p. 19-
46).
327. Termo de Referência para adesão à Ata de Registro de Preços 100/2011 - Vigilância armada
e desarmada (peça 44, p. 2 -30).
859

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conclusão da equipe
328. A organização não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada, e, consequentemente, não vinculou os
pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade contratada.
329. A título de exemplo, citem-se as especificações de qualidade para serviços de conservação e
limpeza contidas nas contratações decorrentes do Pregão Eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos
Correios (peça 45, p. 72-77), e do Pregão Eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 46, p.
49-56), e para os serviços de vigilância contidas na contratação decorrente do Pregão Eletrônico
152/2012, do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (peça 47, p. 53-63).
Proposta de encaminhamento
330. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elabora em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo
de referência ou projeto básico:
a) definir requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados, a exemplo das
especificações de qualidade para serviços de conservação e limpeza contidas nas contratações
decorrentes do Pregão Eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos Correios (peça 18, p. 72-77), e do Pregão
Eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 19, p. 49-56), e para os serviços de vigilância
contidas na contratação decorrente do Pregão Eletrônico 152/2012, do Conjunto Hospitalar de
Sorocaba (peça 20, p. 53-63);
b) vincular os pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade
contratada.
3.21 Deficiências nos requisitos de sustentabilidade
Situação encontrada
331. Da análise do termo de referência da contratação dos serviços de limpeza e conservação
(peça 43, p. 19-46), verificou-se que não foram estabelecidos requisitos de sustentabilidade a serem
cumpridos pela contratada.
332. O item 5 do citado documento não estabelece, entre as obrigações da contratada, a adoção
de práticas de racionalização de recursos naturais, tais como a adequada utilização da água e o descarte
de produtos recicláveis, por exemplo.
333. Tal situação impossibilita a organização de adotar práticas de sustentabilidade ambiental na
prestação de serviços de limpeza, com o consequente risco de haver desperdício de recursos naturais e
de dano ao meio ambiente.
Causas do achado
334. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
335. Ausência de um Plano de Logística Sustentável - PLS;
336. Falta de cultura da organização quanto ao aspecto de sustentabilidade ambiental.
Critérios
337. Lei 8.666/93, art. 3º, caput.
338. IN SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º;
339. IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 42, inciso III.
Evidências
340. Anexo I do Edital do Pregão Eletrônico 217/2008 - Limpeza e conservação (peça 43, p. 19-
46).
Conclusão da equipe
341. A organização não definiu requisitos de sustentabilidade ambiental para orientar a adequada
prestação de serviços de limpeza e conservação.
Proposta de encaminhamento
342. Determinar ao Dnit que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 3º, caput, antes da eventual
860

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prorrogação do Contrato 1/2009, ou da licitação com vistas a substituí-lo, inclua como obrigação da
contratada a adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza e
conservação, nos termos da IN-SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e IN SLTI/MPOG 2/2008, art. 42, inciso
III.
3.22 Ausência de segregação dos recebimentos provisório e definitivo
Situação encontrada
343. Da análise dos contratos 01/2009 (limpeza), cláusula sexta, parágrafo primeiro (peça 48, p.
9) e 155/2012 (vigilância), cláusula sexta (peça 50, p. 9), constatou-se a previsão de que apenas o
fiscal do contrato procederá à conferência do cumprimento das obrigações prestadas, para fins de
‘atestar’ a nota fiscal apresentada.
344. Não há, portanto, previsão para participação de servidor, que não o executor do contrato, ou
comissão designada, para produzir o termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a
regularidade administrativa da contratada, contrariando inclusive o previsto na Lei 8.666/93, art. 73,
inciso I, ‘b’.
345. Registre-se, por esclarecedor, trecho do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções
de Tecnologia da Informação - Riscos e Controles para o Planejamento da Contratação - versão 1.0,
publicado pelo TCU, que descreve a importância dessa segregação de funções (p. 157-159. item 5.2):
5.2) Considerações: com relação ao recebimento de serviços, no art. 73, inciso I, alíneas ‘a’ e ‘b’,
da Lei 8.666/1993, há uma segregação de funções entre o fiscal do contrato, que efetua o recebimento
provisório, e o servidor ou comissão de recebimento, que efetua o recebimento definitivo. Vale
lembrar que o fiscal é responsável pelo acompanhamento e fiscalização do contrato, devendo anotar
em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que
for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados (Lei 8.666/1993, art. 67, § 1º 105).
Assim, é de se esperar que o termo circunstanciado relativo ao recebimento provisório deve pautar-se
nessas obrigações e seu teor deve basear-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e
fiscalização. Por exemplo, no caso de serviços para os quais sejam previstos níveis mínimos de serviço
exigidos, o fiscal deve informar no recebimento provisório se esses níveis foram alcançados ou não,
embasando como chegou a esse juízo. Por outro lado, o servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo deve verificar o trabalho feito pelo fiscal e verificar todos os outros aspectos do
contrato (e.g. uso de uniformes pelos funcionários da contratada, recolhimento de contribuições
trabalhistas e previdenciárias). A segregação de funções exposta é sintetizada na Figura 4. (...) Para
que o fiscal do contrato concentre-se na avaliação técnica dos produtos e serviços entregues, no caso
do recebimento provisório de serviços, a verificação das regularidades fiscais, trabalhistas e
previdenciárias para fins de pagamento devem ficar a cargo da comissão de recebimento, responsável
pelo aceite definitivo, que pode contar com apoio de unidade da área administrativa que execute essa
atividade. Na IN - SLTI 4/2010, as atividades relativas à gestão contratual são distribuídas para
diversos atores (art. 25, inciso III 106). Como há uma segregação de funções nos dois aceites, o fiscal
do contrato não deve fazer parte do aceite definitivo. É importante ressaltar que o recebimento de
serviços é diferente do recebimento de bens. Os dois recebimentos são definidos em incisos separados
do art. 73. O recebimento provisório de bens é mais simples do que o correspondente para serviços,
pois o termo circunstanciado de serviços envolve um parecer sobre o serviço entregue, enquanto que o
recebimento provisório de bens é basicamente uma declaração de que o objeto foi entregue, para
depois haver a verificação da conformidade do material entregue com a especificação. A nota fiscal
(ou a fatura) deve ser objeto do recebimento definitivo, mas não do recebimento provisório. É
conveniente que a nota fiscal de serviços seja emitida após o recebimento definitivo, visto que,
havendo rejeição total ou parcial dos serviços, fica a nota fiscal previamente emitida estabelecendo
valor que não poderá ser aceito pela Administração, mas que já terá gerado efeito tributário. Também é
importante lembrar que o aceite definitivo não se confunde com a liquidação da despesa, que é
atribuição da área contábil. O aceite definitivo é insumo para a liquidação da despesa (Lei 4.320/1964,
art. 63 107).
861

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Causas do achado
346. Deficiências no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
347. Fiscal do contrato despende maior parte do tempo na fiscalização das obrigações acessórias
(e.g., encargos trabalhistas e previdenciários) do que na das obrigações principais (execução
propriamente dita do serviço; potencial), e consequente recebimento dos serviços em desconformidade
com as especificações técnicas (efeito potencial).
Critérios
348. Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘a’ e ‘b’.
Evidências
349. Cláusula sexta, parágrafo primeiro do Contrato 1/2009 (peça 48, p. 9);
350. Cláusula sexta do Contrato 155/2012 (peça 50, p. 9).
Conclusão da equipe
351. A organização não prevê que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o
termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da
contratada, de forma que segregação de funções entre o recebimento provisório e o recebimento
definitivo do bem ou serviço contratado.
Proposta de encaminhamento
352. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo
de referência ou projeto básico:
352.1. prever, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
a) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-se
no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘a’);
b) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo recebimento
definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de todos os
outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/93, art. 73,
inciso I, ‘b’).
3.23 Deficiências nas cláusulas de penalidade
Situação encontrada
353. Da análise do Contrato 1/2009 (limpeza), cláusula décima primeira (peça 48, p. 11),
constatou-se que as cláusulas de penalidade são descritas de forma genérica, sem vincular
objetivamente as obrigações da contratada às possíveis penas previstas em contrato.
354. Dessa forma, sem uma definição clara de quais penalidades aplicar em cada situação e da
maneira de aferir a desconformidade detectada, a imputação de responsabilidade à contratada por
falhas na execução contratual resta prejudicada.
355. Ademais, observa-se que as penalidades são atreladas a obrigações acessórias do contrato, e
não às obrigações principais, até porque não se tem estabelecido, conforme já mencionado no item
3.21, critérios de qualidade para os serviços.
Causas do achado
356. Deficiências no processo de planejamento da contratação.

Efeitos/Consequências do achado
357. Impossibilidade de aplicar penalidades à contratada por descumprimento de obrigações
previstas no contrato.
Critérios
358. Princípios da prudência, proporcionalidade e razoabilidade;
359. Acórdão 2.832/2012 - Plenário, item 9.4.
862

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Evidências
360. Contrato 1/2009, cláusula décima primeira (peça 48, p. 11).
Conclusão da equipe
361. Houve deficiências na definição as cláusulas de penalidades previstas no Contrato 01/2009.
Ademais, conforme registrado no achado 3.21, as cláusulas de penalidades não estão associadas ao
objeto principal do contrato.
Proposta de encaminhamento
362. Recomendar ao Dnit que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e
serviços, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo
de referência ou projeto básico:
362.1. prever, no modelo de gestão do contrato, cláusulas de penalidades observando as
seguintes diretrizes:
a) vincular multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
b) definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
c) definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
d) definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja a mais simples possível;
e) definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
f) definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
3.24 Ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
Situação encontrada
363. Por meio do ofício de requisição 2-567/2014, letra j (peça 33, p. 1), foi solicitado ao Dnit
que apresentasse estudo realizado para definir os critérios de habilitação econômico-financeira
previstos no Edital do Pregão Eletrônico 217/2008, para contratação de serviços de limpeza e
conservação.
364. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 4), encaminhado como resposta ao
ofício de requisição, o Dnit não apresentou os documentos solicitados, motivando a conclusão de que
ela não foi realizada.
365. Ante a ausência de uma avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
exigidos no edital, há o risco de contratação de empresas que não possuem capacidade financeira para
cumprir as obrigações contratuais, em caso de estabelecimento de critérios pouco rígidos ou, em caso
de definição de critérios rigorosos, à restrição indevida da competitividade da licitação.
Causas do achado
366. Deficiência no processo de planejamento das contratações. Falta de cultura de gestão de
riscos.
Efeitos/Consequências do achado
367. Contratação de empresa sem capacidade financeira para executar o contrato (potencial).
368. Restrição da competitividade da licitação (potencial).
Critérios
369. Princípio da eficiência.
370. Decreto-lei 200/1967, art. 14.
371. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.10.2 e 9.1.10.3.
Evidências
372. Ofício1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 4).
Conclusão da equipe
373. A organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza.
863

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Proposta de encaminhamento
374. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção à letra a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos
técnicos preliminares:
a) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não.
3.25 Deficiência nos critérios de aceitabilidade de preços
Situação encontrada
375. Da análise do processo administrativo PA 50600.004212/2006-79, constatou-se que na
contratação dos serviços de limpeza e conservação:
a) não foi definido critério objetivo para avaliar a exequibilidade das propostas na fase de
julgamento da licitação - Edital do PE 217/2008, item 9 (peça 43, p. 5);
b) não foi fixado preço máximo para o custo dos materiais de limpeza - Anexo III-F do termo de
referência (peça 43, p. 46).
376. Sem um critério objetivo para avaliar a exequibilidade das propostas, tais como um limite
de preço mínimo para que o pregoeiro diligencie a licitante a fim de esclarecer os valores propostos,
aumenta-se o risco de contratar uma empresa que não consegue executar o contrato ou da necessidade
de aditamentos contratuais sem justificativa válida.
377. Quanto aos materiais de limpeza, estes foram incluídos como itens do posto de trabalho. Tal
situação traz riscos de ‘jogo de planilha’, visto que o acréscimo de trabalhadores acarreta aumento
linear dos custos de insumos, os quais já foram aceitos pela organização sem a verificação se os
valores praticados estavam adequados.
Causas do achado
378. Deficiências na estimativa de preços.
Efeitos/Consequências do achado
379. Sobrepreço do valor total do contrato (efeito potencial).
380. Ocorrência de ‘jogo de planilha’ (efeito potencial).
Critérios
381. Lei 8.666/93, arts. 40, inciso X e 48, inciso II.
Evidências
382. Edital do PE 217/2008, item 9 (peça 43, p. 5).
383. Planilha de referência de preços Anexo III-F (peça 43, p. 46).
Conclusão da equipe
384. A organização não definiu critério de objetivo para avaliar a exequibilidade das propostas
na fase de julgamento da licitação, nem fixou preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais de
limpeza.
Proposta de encaminhamento
385. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção à letra a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo
de referência ou projeto básico:
a) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas;
b) estabelecer critérios objetivos para avaliar a exequibilidade das propostas, de forma que
aquelas com preços manifestamente inexequíveis sejam desclassificadas.
3.26 Deficiências em cláusulas editalícias
Situação encontrada
864

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

386. No Edital do Pregão Eletrônico 217/2008, para contratação dos serviços de limpeza e
conservação, foram feitas as seguintes constatações:
a) exigência de vistoria prévia nas suas instalações como condição para participação das
licitantes no certame - item 10.2.c, (peça 43, p. 6);
b) exigência de que a contratada deve submeter previamente a relação dos empregados ao exame
da contratante, podendo esta recomendar a substituição daqueles que, a seu juízo, não preencham as
condições de idoneidade e de capacidade exigível para o serviço - item 15.2.2 (peça 43, p. 10).
387. Por meio do Ofício de Requisição 2-567/2014, letras k e l (peça 33, p. 1), foi solicitado ao
Dnit que apresentasse as justificativas para as constatações acima, uma vez que constituem práticas,
em geral, condenadas pelo TCU por tratar-se de condições que geram restrição indevida à competição
e ingerência indevida na gestão da contratada.
388. Por meio do Ofício 1533/2014/Audint/Dnit, o Dnit informou que:
a) a exigência de vistoria prévia se deu pela necessidade de as licitantes terem a real dimensão
dos serviços e ciência das condições e características do prédio (peça 40, p. 4);
b) a exigência de submissão prévia da relação de empregados se deu porque o termo de
referência anterior, usado como modelo, já continha tal previsão (peça 40, p. 4 a 5).
389. As informações apresentadas pelo Dnit não justificam as exigências impostas no edital,
pois: I - para se conhecer as características do prédio é suficiente uma descrição técnica do objeto no
termo de referência, facultando a visita àqueles licitantes que entendessem ser esta fundamental para
formulação de sua proposta; II - a existência de obrigações à contratada no termo de referência
anterior, e usado como modelo para esta contratação, não afasta a revisão detalhada dos seus itens pela
equipe de planejamento da contratação.
390. Posto, isso, observa-se que houve deficiências na definição das cláusulas editalícias para
contratação de serviços de limpeza e vigilância.
Causas do achado
391. Crença da organização de que a vistoria prévia permite que as licitantes realizem uma
melhor avaliação acerca da forma de prestação dos serviços.
392. Desconhecimento das consequências desse tipo de cláusulas.
Efeitos/Consequências do achado
393. restrição indevida à competição, por privilegiar indevidamente empresas locais
(potencialmente):
394. Ingerência indevida na gestão da contratada (efeito real).
Critérios
395. Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso I e art. 30;
396. Acórdão 2.938/2010-TCU-Plenário, item 9.3.5.
Evidências
397. Edital do pregão Eletrônico 217/2008, itens 10.2.c e 15.2.2 (peça 43, p. 6 e 10);
398. Ofício 1533/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 4 a 5).
Conclusão da equipe
399. Houve deficiências na definição das cláusulas editalícias para contratação de serviços de
limpeza e conservação.
Proposta de encaminhamento
400. Dar ciência ao Dnit que:
a) o item 10.2.c, constante do Edital 217/2008, contendo obrigatoriedade de vistoria prévia às
instalações onde os serviços serão prestados como condição de habilitação afronta o art. 3º, § 1º,
inciso. I, da Lei 8.666/1993;
b) o item 15.2.2, constante do Edital 217/2008, contendo exigência de que a contratada deve
submeter previamente a relação dos empregados ao exame da contratante, podendo esta recomendar a
substituição daqueles que, a seu juízo, não preencham as condições de idoneidade e de capacidade
exigível para o serviço, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada, e afronta o princípio
865

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

da eficiência e da impessoalidade, além de contrariar a jurisprudência desta Corte sobre o tema,


contida no Acórdão 2.938/2010-Plenário.
3.27 Parcelas indevidas na planilha de custos e formação de preços (PCFP)
Situação encontrada
401. Da análise das planilhas de custos e formação de preços relativa ao Contrato 1/2009 -
limpeza e conservação (peça 43, p. 47 a 52), constatou-se a inclusão das seguintes parcelas:
a) Treinamento, capacitação e reciclagem compondo insumos de mão de obra - item III-F (p. 47
e 50);
b) Reserva técnica - item I-E (p. 49 e 52).
402. Por meio do Ofício de Requisição 2-567/2014, letra m (peça 33, p. 1), foi solicitado ao Dnit
que apresentasse as justificativas para as constatações acima, uma vez que constituem parcelas, em
geral, consideradas indevidas pelo TCU.
403. Por meio do Ofício 1533/2014/Audint/Dnit (peça 40 p. 5), o Dnit informou que se deu
porque o termo de referência anterior, usado como modelo, já continha tal previsão.
404. A justificativa apresentada pelo Dnit não procede, pois as parcelas existentes no termo de
referência anterior, e usado como modelo para esta contratação, não afasta a revisão detalhada dos seus
itens pela equipe de planejamento da contratação.
Causas do achado
405. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado à inexistência de
lista de verificação para atuação do pregoeiro na fase de seleção do fornecedor.
Efeitos/Consequências do achado
406. Empresas aventureiras participam da licitação, com atraso indevido na finalização do
procedimento e suas consequências (potencial).
Critérios
407. Acórdão 593/2010-Plenário, item 1.5.1.3.
408. Acórdão 825/2010-Plenário, item 1.5.2.
Evidências
409. Planilha de custos e formação de preços (peça 43, p. 47 a 52).
Conclusão da equipe
410. A organização incluiu de forma indevida as parcelas ‘reserva técnica’ e ‘treinamento,
capacitação e reciclagem’ na planilha de custos e formação de preços para contratação de serviços de
limpeza e conservação.
Proposta de encaminhamento
411. Dar ciência ao Dnit que:
a) a inclusão da parcela ‘treinamento, capacitação e reciclagem’ como o item de ‘Insumos de
mão de obra’ da planilha de custos e formação de preços do Contrato 1/2009 é indevida, visto que tal
parcela já é coberta pela rubrica ‘despesas administrativas’, conforme Acórdão 825/2010-Plenário;
b) a inclusão da parcela ‘reserva técnica’ na planilha de custos e formação de preços do Contrato
1/2009 é indevida, conforme jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdãos 645/2009-P, 727/2009-P,
1.942/2009-P, 2.060/2009-P, 825/2010-P, 1.597/2010-P e 3.006/2010-P).
3.28 Deficiências na definição de penalidades para fase de julgamento da licitação
Situação encontrada
412. Da análise do Edital 217/2008 (limpeza), constatou-se que a organização definiu de forma
genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e a
respectiva forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas.
413. O item 17.2 do Edital 217/2008 (peça 43, p. 15) não traz de forma clara e objetiva a relação
entre os comportamentos inadequados das licitantes durante o pregão e as penalidades estabelecidas, o
que prejudica a aplicação das penas e a inibição das condutas de empresas aventureiras que retardam a
conclusão dos procedimentos licitatórios.
Causas do achado
866

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

414. Falta de cultura da administração pública em apenar empresas nessa fase da licitação.
Efeitos/Consequências do achado
415. Empresas aventureiras participam da licitação, com atraso indevido na finalização do
procedimento e suas consequências (potencial).
Critérios
416. Princípios da proporcionalidade e prudência.
417. Acórdão 754/2015-Plenário, itens 9.5.1 e 9.5.2.
Evidências
418. Edital do Pregão 217/2008, ite17.2 (peça 43, p. 15).
Conclusão da equipe
419. A organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que, na prática, dificulta aplicar essas penalidades e, por consequência, não se inibem as
condutas que retardam o procedimento licitatório do pregão.
Proposta de encaminhamento
420. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção à letra a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo
de referência ou projeto básico:
a) prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência.
3.29 Ausência de designação formal dos atores da fiscalização
Situação encontrada
421. Por meio do Ofício de Requisição 2-567/2014, letra o (peça 33, p. 2), foi solicitado ao Dnit
que apresentasse documentos de designação dos prepostos das contratadas para representá-las na
execução dos Contratos 1/2009 e 155/2012, nos termos do art. 68 da Lei 8.666/1993.
422. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 5), o Dnit informou que entende
desnecessário tal medida, bastando que a contratada apresente o empregado que irá desempenhar as
funções de preposto.
423. Conforme informado pela organização, observa-se que não houve a designação formal de
um agente importante no processo de fiscalização dos contratos 1/2009 e 155/2012.
Causas do achado
424. Deficiência no processo de gestão do contrato.
Efeitos/Consequências do achado
425. Dificuldade ou impossibilidade de responsabilizar a contratada (real).
426. Dificuldade em identificar os responsáveis por representar a contratada (real).
Critérios
427. Lei 8.666/93, art. 68.
Evidências
428. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 5).
Conclusão da equipe
429. Houve falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de designação
formal pelas contratadas dos prepostos para representá-las na execução contratual. Porém, nos
comentários dos gestores (peça 59, p. 23), o Dnit informou que o Contrato 1/2009 (limpeza e
conservação) teve sua vigência encerrada no dia 21/01/2015, motivo pelo qual a proposta de
encaminhamento a ele direcionada foi removida por perda de objeto.
Proposta de encaminhamento
430. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elabora em atenção à letra c) do
867

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de gestão do contrato:
a) exija, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável por
representar à contratada durante a execução contratual.
431. Determinar ao Dnit, com fulcro na Lei 8.666/1993, art. 68, que oficie a empresa contratada
por meio do contrato 155/2012 para que designe formalmente o preposto para representá-la,
informando ao TCU, em trinta dias, as medidas adotadas.
3.30 Não aplicação de penalidades por falhas na execução contratual
Situação encontrada
432. Por meio do ofício de requisição 2-567/2014, letra p (peça 33, p. 2), foi solicitado ao Dnit
que apresentasse os registros de ocorrências relativas à fiscalização dos contratos 1/2009 e 155/2012,
nos termos do art. 67, § 1º da Lei 8.666/1993.
433. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 5), o Dnit não encaminhou os
documentos solicitados e informou que as ocorrências de menor monta são resolvidas mediante
negociação entre os fiscais, o Dnit e a empresa e que, para as de maior vulto, registradas em processo
administrativo próprio.
434. Considerando as informações apresentadas, observa-se que há deficiências no processo de
fiscalização dos contratos, tendo em vista a margem discricionária dada à fiscalização para negociar
com a empresa eventuais falhas de execução, permitindo àquela definir o que será ou não objeto de
processo administrativo de penalização e prejudicando a aplicação de penalidades pela reincidência em
falhas consideradas menos graves.
435. Além disso, a apuração de ocorrências em processos próprios e apartados, sem o registro
em livro único, dificulta a visualização do contexto histórico de eventuais falhas na execução
contratual, prejudicando o processo de controle posterior por outros atores interessados, como a
auditoria interna, por exemplo.
Causas do achado
436. Falta de cultura da Administração Pública em registrar as ocorrências contratuais e apenar
empresas pelo descumprimento de obrigações contratuais.
Efeitos/Consequências do achado
437. Descumprimento de obrigação legal (real).
438. Impossibilidade de agravar a pena por falhas reincidentes (potencial).
439. Motivação para que a contratada continue não cumprindo as obrigações contratuais
(potencial).
Critérios
440. Lei 8.666/93, art. 66.
Evidências
441. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 5).
Conclusão da equipe
442. Houve falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a inexistência de registro
próprio das ocorrências relativas à execução contratual.
Proposta de encaminhamento
443. Recomendar ao Dnit que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e
serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) registrar todas as ocorrências relativas à execução contratual;
b) aplicar as penalidades previstas sempre que uma ocorrência registrada caracterizar uma
situação passível de punição.
3.31 Deficiências na garantia contratual
Situação encontrada
444. Da análise das garantias relativas ao Contrato 155/2012, constatou-se que:
a) A garantia relativa ao 1º TA (peça 50, p. 20) foi entregue em 05/09/2012, quando o prazo
868

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

estipulado era 28/07/2012 - Guia 12.DC.02630 (peça 49, p. 2);


b) A garantia relativa ao 2º TA (peça 51 p. 2) foi entregue em 29/04/2013, quando o prazo
estipulado era 22/03/2013 - Guia 13.DC.00406 (peça 49, p. 3);
c) A garantia relativa a 1ª apostila (peça 52, p. 1) foi entregue em 28/04/2014, quando o prazo
estipulado era 20/09/2013 - Guia 14.DC.00355 (peça 49, p. 4).
445. Não obstante a cláusula oitava do contrato estabelecer em dez dias o prazo para entrega das
garantias e ensejar a aplicação de multa (peça 50, p. 12-13), não foram abertos processos de
penalização da empresa pelos atrasos relatados acima.
446. Considerando as informações apresentadas, observa-se que há deficiências nas garantias
contratuais, tendo em vista que uma parcela do período de execução do contrato ficou sem cobertura
de garantia.
Causas do achado
447. Falta de cultura da Administração Pública em apenar empresas pelo descumprimento de
obrigações contratuais.
Efeitos/Consequências do achado
448. Impossibilidade de executar a garantia contratual para pagamento de encargos trabalhistas e
previdenciários não quitados pela contratada (real).
Critérios
449. Lei 8.666/93, art. 66.
450. Cláusula oitava do contrato 155/2012.
Evidências
451. 1° termo aditivo ao contrato 155/2012 (peça 50, p. 20);
452. Guia 12.DC.02630 (peça 49, p. 2);
453. 2° termo aditivo ao contrato 155/2012 (peça 51, p. 2);
454. Guia 13.DC.00406 (peça 49, p. 3);
455. 1ª apostila ao contrato 155/2012 (peça 52, p. 1);
456. Guia 14.DC.00355 (peça 49, p. 4).
Conclusão da equipe
457. Houve falhas na gestão das garantias contratuais relativas ao contrato 155/2012.
Proposta de encaminhamento
458. Recomendar ao Dnit que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e
serviços, e a gestão dos contratos, que vierem a ser elaborados em atenção ao item c) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão contratual:
a) aplicar as penalidades previstas à contratada sempre que uma ocorrência registrada
caracterizar uma situação passível de punição.

3.32 Não comprovação da manutenção das condições de habilitação


Situação encontrada
459. Por meio do Ofício de Requisição 2-567/2014, letra r (peça 33, p. 2), foi solicitado ao Dnit
que apresentasse os documentos comprovando que, a cada prorrogação do contrato 155/212
(vigilância), as condições de habilitação técnica exigidas no item 17.5 do Termo de Referência (peça
44, p. 25) são verificadas.
460. Tais documentos correspondem a autorização para funcionamento da empresa no Distrito
Federal e o certificado de segurança, ambos expedidos pelo Departamento da Polícia Federal.
461. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 6), o Dnit informou que tais
documentos não são exigidos pelo Dnit a cada prorrogação contratual. Sem essa comprovação não se
pode afirmar que as empresas mantêm a capacidade legal de atuar no ramo da segurança privada no
DF.
Causas do achado
462. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação, associado à inexistência de
869

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

lista de verificação para atuação da fiscalização na fase de gestão do contrato.


463. Falta de cultura da organização em fazer tal avaliação previamente às prorrogações
contratuais.
Efeitos/Consequências do achado
464. A contratada não tem condições legais para manter a execução do contrato (potencial).
Critérios
465. Lei 8.666/93, art. 55, XIII.
Evidências
466. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 6).
Conclusão da equipe
467. A organização não verificou, a cada prorrogação do contrato de vigilância, se a contratada
mantinha todas as condições de habilitação exigidas à época da licitação.
Proposta de encaminhamento
468. Recomendar ao Dnit que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção ao item c) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) a cada prorrogação contratual, verifique se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação exigidas à época da licitação.
3.33 Fiscalização administrativa executada sem avaliação de riscos
Situação encontrada
469. Por meio do ofício de requisição 2-567/2014, letras s e t (peça 33, p. 2), foi solicitado ao
Dnit que informasse qual a metodologia (conferência exaustiva ou por amostragem) utilizada pela
fiscalização para que comprove o cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias das
contratadas, e se foi feita prévia avaliação de riscos para escolha dessa metodologia.
470. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 6), o Dnit informou que realiza uma
conferência por amostragem, mas que não fez avaliação de riscos para justificar tal escolha.
Causas do achado
471. Ausência de cultura de gestão de riscos na organização.
Efeitos/Consequências do achado
472. Desconhecimento acerca dos riscos relativos ao não cumprimento das obrigações
trabalhistas e previdenciárias das contratadas.

Critérios
473. Decreto-lei 200/1963, art. 14
474. Acórdão 1.214/2013, itens 9.1.5, 9.1.6, 9.1.9
Evidências
475. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 6).
Conclusão da equipe
476. A organização não fez avaliação dos riscos relativos para escolher o tipo de fiscalização,
quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias das contratadas, que utilizaria em
cada contrato.
Proposta de encaminhamento
477. Recomendar ao Dnit que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e
serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção ao item c) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
477.1. avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
a) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que impactem
o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma vantagem a
870

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

um determinado empregado;
b) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos extratos
retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias contas (o
objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano - sem que
isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle).
477.2. documentar a sistemática de fiscalização administrativa utilizada em cada período.
3.34 Falhas na repactuação
Situação encontrada
478. Por meio do ofício de requisição 2-567/2014, foi solicitado o mecanismo de controle
gerencial dos contratos 1/2009 e 155/2012 utilizado pela fiscalização para renegociar, a cada
prorrogação, a redução de valores nas provisões relativas às licenças maternidade e paternidade, faltas
legais e acidente de trabalho.
479. Em resposta, enviada por meio do ofício 1553/Audint/Dnit, item u (peça 40, p. 7), a
organização informou que tal prática não é adotada pela administração.
480. Os valores das provisões representam reservas para fatos incertos que podem ocorrer
durante a execução contratual, tais como afastamentos de colaboradores por licença maternidade,
licença paternidade e acidente de trabalho, por exemplo.
481. Nesse sentido, a administração pode verificar periodicamente, qual a frequência de
ocorrência desses fatos, a fim de negociar, a cada prorrogação, uma redução nos valores das provisões,
e consequente, no valor total do contrato. Contratos que contêm, por exemplo, parcelas de provisões
para licença maternidade, mas que não possuem colaboradores do sexo feminino alocados, apresentam
uma justificativa razoável para renegociação quando da sua prorrogação.
Causas do achado
482. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado à inexistência de
lista de verificação para atuação do fiscal na fase de gestão do fornecedor.
Efeitos/Consequências do achado
483. Pagamento de valores indevidos nas provisões (potencial).
Critérios
484. IN-SLTI 2/2008, art. 40, § 1º.

Evidências
485. Ofício 1553/Audint/Dnit, item u (peça 40, p. 7).
Conclusão da equipe
486. A organização não utiliza informações gerenciais para propor redução das provisões
relativas às licenças maternidade e paternidade, faltas legais e acidente de trabalho nas prorrogações
dos contratos 1/2009 e 155/2012.
Proposta de encaminhamento
487. Recomendar ao Dnit que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e
serviços, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua o seguinte controle interno na etapa de gestão do contrato:
a) quando da realização de prorrogações ou repactuações, utilizar informações gerenciais do
contrato para negociar valores consentâneos com a realidade da respectiva execução contratual.
3.35 Deficiências nos controles compensatórios da seleção do fornecedor
Situação encontrada
488. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
seleção do fornecedor. Um dos controles compensatórios possíveis para essa etapa é a utilização, pelo
871

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pregoeiro ou comissão de licitação, de lista contendo os procedimentos a serem seguidos durante a fase
externa da licitação.
489. O item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta, com
respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias listas
de verificação contendo os itens a serem analisados pelo pregoeiro ou comissão de licitação ao
proceder a seleção do fornecedor. O item F.6 contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento
de tal padronização pelo respectivo OGS.
490. Em resposta enviada (peça 35, p. 9), a organização informou que não elaborou tais listas de
verificação.
491. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser analisado na fase de seleção do
fornecedor e as tarefas são executadas ad hoc (em cada seleção é verificado um conjunto de aspectos
potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens com baixo risco de ilegalidade e à não
avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Causas do achado
492. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
493. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação do
pregoeiro ou da comissão de licitação.
Efeitos/Consequências do achado
494. Não verificação acerca da regularidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios
495. Lei 8.666/1993, art. 115.
496. Princípio da eficiência.
Evidências
497. Resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 35, p. 9).
Conclusão da equipe
498. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da
comissão de licitação.
Proposta de encaminhamento
499. Recomendar ao Dnit que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação do
pregoeiro ou da comissão de licitação contendo os itens a serem analisados na etapa de seleção do
fornecedor.
3.36 Deficiências nos controles compensatórios dos recebimentos provisório e definitivo
Situação encontrada
500. Ainda considerando a falta de sistematização dos procedimentos das contratações no setor
público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios suficientes nas organizações com
vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de gestão contratual, em especial
nos recebimentos provisório e definitivo dos objetos. Um dos controles compensatórios possíveis para
essa etapa é a utilização, pela fiscalização dos contratos, de listas contendo os procedimentos a serem
seguidos para fins de atestar o recebimento dos objetos.
501. Por meio do ofício de requisição 2-567/2014, letra z (peça 33, p. 3), foi solicitado ao Dnit
cópias das listas de verificação utilizadas pelos fiscais dos contratos 155/2012 e 1/2009 para que
comprove o cumprimento das obrigações contratuais previamente ao pagamento das faturas.
502. Por meio do Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 8), o Dnit informou que não adota
tais listas, tendo em vista que somente em 2013 foi incluída na IN-SLTI 2/2008 regulamentação das
ações da fiscalização de contratos administrativos e que até a presente data o Dnit não regulamentou
internamente direitos e obrigações dos fiscais dos contratos administrativos.
503. Informou ainda que, no âmbito da Coordenação Geral de Administração Geral/DAF, os
contratos acima citados são atestados pela fiscalização responsável após a análise, por amostragem, do
cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias das contratadas e emitido Relatório de
Fiscalização que, por sua vez, é instruído junto aos autos dos processos de pagamento.
872

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

504. Sobre as informações trazidas pelo Dnit, cabe registrar que a utilização de listas de
verificação pela fiscalização para atestar as notas fiscais não depende, necessariamente, de
regulamentação normativa específica, sendo sim instrumento de controle de gestão contratual que
mitiga o risco de pagamentos indevidos às contratadas.
505. Já quanto ao Relatório de Fiscalização emitido, este não foi enviado para análise da equipe
de auditoria, não obstante o Dnit informar em sua manifestação que ele estava anexo ao ofício.
506. Diante do exposto, observa-se que não há sistematização sobre o que deve ser analisado na
fase de gestão contratual e as tarefas são executadas ad hoc (cada um verificando um conjunto de
aspectos potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens com baixo risco de ilegalidade
e à não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Causas do achado
507. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
508. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação dos
fiscais dos contratos.
Efeitos/Consequências do achado
509. Ateste de serviços prestados em desconformidade com o previsto no contrato (potencial).
510. Não verificação de itens que deveriam ser verificados pelo fiscal (potencial).
Critérios
511. Lei 8.666/1993, art. 115.
512. Princípio da eficiência.
Evidências
513. Ofício 1553/2014/Audint/Dnit (peça 40, p. 8).
Conclusão da equipe
514. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação dos fiscais quando
dos recebimentos provisório e definitivo.

Proposta de encaminhamento
515. Recomendar ao Dnit que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e
serviços, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item a) do
encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração do
termo de referência ou projeto básico:
a) incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites provisório e
definitivo na etapa de planejamento da contratação, de modo que os atores da fiscalização tenham um
referencial para atuar na fase de gestão do contrato.
4. Comentários do Gestor
516. Nos termos do disposto nos parágrafos 144-146 das ‘Normas de Auditoria do Tribunal de
Contas da União’, aprovadas pela Portaria - TCU 168/2011, o relatório preliminar (peça 54) foi
submetido aos comentários, opcionais, dos gestores do Dnit.
517. Em resposta, foi enviado o Ofício 507/2015/Audint/Dnit (peça 59), no qual o Dnit apresenta
comentários sobre os achados de auditoria, as possíveis causas para as deficiências nos controles de
governança e de gestão das aquisições, assim como as possíveis causas das divergências encontradas
pela equipe em nove itens do Questionário Perfil GovAquisições.
518. Entre as considerações trazidas pelo Dnit sobre a governança das aquisições, cabe destacar
a discordância da organização quanto à afirmação, contida na conclusão do relatório preliminar (peça
54, p. 51, item 521), de que a unidade de auditoria interna não executa seu papel fundamental, que é
avaliar os processos de governança, gestão de riscos e controles da organização. Segundo o Dnit (peça
59, p. 5, item 5), não é correto afirmar isso, uma vez que essa mesma auditoria vem, reiteradamente,
superando metas estabelecidas e aperfeiçoando o seu trabalho de apoio à gestão da organização.
519. Sobre isso, cabe esclarecer que estão registradas no relatório de auditoria (item 3.8) as
evidências de que a auditoria interna não executou trabalhos específicos de avaliação de governança,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de gestão de riscos e de controles internos, o que segundo as normas internacionais sobre o tema
(IPPF, por exemplo) é função da auditoria interna.
520. Além disso, a própria unidade de auditoria interna reconhece (peça 59, p. 3, item 2.8) ser
um desafio que os seus colaboradores se posicionem como agentes de governança, que tenham
conhecimentos das normas profissionais expedidas pelo IIA, que contribuam para o gerenciamento de
riscos do Dnit e que busquem aprimoramento por meio de certificações profissionais e educação
continuada.
521. Sobre a conformidade dos contratos de limpeza, vigilância e transporte, de forma geral, os
comentários da organização (peça 59, p. 2 a 30) assinalam a intenção de adotar medidas saneadores
para os encaminhamentos contidos no relatório preliminar, porém informa que o Contrato 1/2009,
referente a limpeza e conservação, teve sua vigência encerrada (peça 59, p. 23), mas que a nova
contratação prevê as medidas saneadoras expressas no relatório preliminar, conforme documentos
apensados à peça 59, p. 31 a 128.
522. Como a análise da nova contratação de serviços de limpeza não será feita no âmbito deste
trabalho, procedeu-se a exclusão do item 545.2.6 do relatório preliminar, pela perda do objeto, e
alterou-se a redação do item 545.1.26, a fim de que a nova contratação seja avaliada pelo Dnit à luz
das deficiências expressas neste relatório, nos seguintes termos:
545.1.26 promova uma autoavaliação da atual contratação para prestação dos serviços de
limpeza e conservação, a fim de identificar a eventual ocorrência das deficiências detectadas no
Contrato 1/2009, realizando os ajustes necessários no contrato atual para melhor adequação técnica aos
seus objetivos, informando ao TCU as medidas adotadas (item 543);
523. Ademais, sobre o contrato de vigilância, o Dnit informou (peça 59, p. 23) que ele foi
renovado recentemente e estará em vigência até março/2016, mas que está procedendo estudos para
verificar se os postos contratados estão de acordo com as orientações desta Corte de Contas e da IN -
SLTI/MPOG 2/2008.
524. Nesse caso, cabe esclarecer que é necessária uma avaliação da organização quanto a todas
as deficiências detectadas na contratação dos serviços de vigilância e registradas no relatório, não
somente as relacionadas à definição dos postos de trabalho, conforme afirmou o Dnit em seus
comentários.
525. Dessa forma, a fim de aperfeiçoar a redação do item 545.1.27 do relatório preliminar para
melhor compreensão por parte da organização, a equipe de auditoria decidiu alterar o texto original da
seguinte forma:
545.1.27 promova, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea a, os ajustes
necessários no Contrato 155/2012 para melhor adequação técnica aos seus objetivos, ou avalie a sua
não prorrogação, caso não seja possível implementá-los na contratação atual, informando ao TCU as
medidas adotadas (item 541);
526. Sendo assim, considerando que os comentários do Dnit não apontaram óbices à
conveniência e à oportunidade de implementação das medidas preliminarmente propostas, manter-se-
ão todas as outras propostas de encaminhamento inicialmente formuladas.
5. Conclusão
527. A presente fiscalização constituiu uma das vinte auditorias previstas para a Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, e teve como objetivo avaliar se
as práticas de governança e gestão das aquisições no Dnit estão aderentes às boas práticas e de acordo
com a legislação pertinente. Este trabalho pode ser considerado a sequência do trabalho realizado no
TC-025.068/2013-0 (ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de governança e
gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013), por meio do qual 376 organizações da Administração Pública Federal informaram sua situação,
utilizando-se questionários eletrônicos.
528. Conforme mencionado no item 2.4, os procedimentos foram referentes a doze questões de
auditoria, a partir dos quais foram registrados 36 achados, dos quais destacamos os resumidos a seguir.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

529. Constatou-se que a organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de
aquisições por meio de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao
desempenho das atividades, o que aumenta o risco de seleção de pessoas não qualificadas para exercer
tarefas críticas, tais como pregoeiro, membro de comissão de licitação, gestor e fiscal de contratos
(item 3.1).
530. Outro aspecto relevante constatado foi que o Dnit não estabeleceu objetivos, indicadores e
metas para a função de aquisições, nem mecanismos de controle do alcance das metas, o que impede a
alta administração de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional adequado
(item 3.4).
531. Também não foram estabelecidas as diretrizes para área de aquisições, no que tange à
estratégia de terceirização, à política de estoques e à política de compras conjuntas, o que não mitiga
ocorrências de realização de contratações desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (item
3.5).
532. É incipiente a cultura do Dnit no tocante à gestão de riscos, pois não há diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não há capacitação dos gestores da área de aquisições em
gestão de riscos e, portanto, não é realizada gestão de riscos das aquisições, o que acarreta um
desconhecimento da organização acerca dos riscos envolvidos nas suas contratações (item 3.7).
533. As deficiências da atividade de auditoria interna (item 3.8) é uma das causas-raiz de todas
as deficiências apontadas neste relatório, visto que a unidade de auditoria interna não executa seu papel
fundamental, que, à luz das boas práticas sobre o tema (por exemplo, IPPF), é avaliar os processos de
governança, gestão de riscos e controles da organização.
534. Em relação à accountability, o Dnit não definiu diretrizes para que a íntegra dos processos
de aquisições seja publicada na internet, não determinou a publicação da decisão quanto à regularidade
das contas proferida pelo órgão de controle externo, nem a publicação da agenda de compromissos
públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições. Tal
situação prejudica a transparência e o controle social dos processos de aquisição da organização (item
3.9).
535. Na contratação dos serviços de transporte de servidores, o Dnit não realizou, previamente à
terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico para a identificar os diferentes tipos de
solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de transportar pessoas, o que pode ter
levado à adoção de uma solução que não apresenta a melhor relação custo/benefício para a
organização (item 3.16).
536. No tocante ao planejamento da contratação dos serviços de limpeza, verificou-se que não
havia um estudo técnico formalizado para estimar da melhor forma possível a quantidade de material a
ser utilizado na prestação de serviços (item 3.17), nem para definir a produtividade da mão de obra
contratada (item 3.18).
537. Já em relação ao planejamento da contratação dos serviços de vigilância, verificou-se que a
definição do tipo, quantidade e localização dos postos não foi feita com base em estudo técnico
preliminar, de forma a evidenciar a real necessidade dos postos (item 3.18).
538. Por sua vez, as deficiências evidenciadas nas estimativas de preço (item 3.19) apontam que
o parâmetro utilizado pelo Dnit para julgar a licitação, em geral, é inadequado.
539. O Dnit também não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços,
o que pode caracterizar o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a
resultados (item 3.20).
540. Aliado a essa deficiência, verificou-se, também, que as cláusulas de penalidades definidas
para as contratações de limpeza e vigilância não estão associadas ao objeto principal do contrato,
impossibilitando a aplicação de sanções pelo seu descumprimento (item 3.24). Já para fase de
julgamento da licitação, o Dnit definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que dificulta a penalização de empresas aventureiras que comparecem ao pregão e
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

retardam a conclusão do processo licitatório (item 3.28).


541. Outra constatação foi a não fixação de preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais
utilizados nos serviços de limpeza (item 3.25), o que levou o Dnit a contratar esses insumos sem
avaliar se os preços ofertados estavam de acordo com o praticado no mercado.
542. O principal objetivo da governança das aquisições é fazer com que as aquisições agreguem
valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis. Isso se dá, basicamente, a partir da
implantação e monitoramento de processos e controles na função de aquisição da organização.
543. Quanto menos instrumentos de controle houver nessa função, maiores são as chances da
ocorrência de situações que afetem negativamente as aquisições e, por consequência, maior a
probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização, acarretando,
em última análise, riscos de a organização prestar um serviço não adequado às necessidades do
cidadão.
544. Sob essa premissa e considerando os achados relatados na fiscalização, há forte relação
entre as falhas associadas à governança e gestão das aquisições e as inconformidades específicas
encontradas nos contratos analisados, como, por exemplo:
a) a falta de cultura de gestão de riscos na organização (item 3.7) contribui para que não haja
avaliação dos riscos da escolha da metodologia de fiscalização administrativa nos contratos (item 3.33)
nem quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira (item 3.24), podendo acarretar
ineficiência na fiscalização dos contratos e limitação indevida da competição ou contratação de
empresa sem condições de executar os contratos, respectivamente;
b) as deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições (item 3.5), em especial a
ausência de estratégia de terceirização, contribuem para ocorrência de falhas na definição dos postos
de trabalho (item 3.18), podendo acarretar numa contratação que não atende às necessidades da
organização;
c) as deficiências na atividade de auditoria interna (item 3.8), que no Dnit faz atividades de
cogestão, contribui para que o processo de contratação da organização tenha fragilidades, como
relatadas nos itens 3.16 e seguintes. Segundo as boas práticas (por exemplo, IPPF), a auditoria interna
também deveria realizar trabalhos a fim de identificar as deficiências em governança relatadas neste
relatório (itens 3.1 a 3.15).
545. Portanto, a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições no Dnit
contribuirá para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o que só é
possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de controles
internos adequados.
546. Foram registrados 36 achados de auditoria, sendo que houve achado nas doze questões de
auditoria aplicadas ao Dnit, de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança e
de gestão de aquisições públicas ou não são adotadas pela organização, ou não estão de acordo com a
legislação aplicável nem aderentes às boas práticas.
547. No tocante a validação das respostas dadas ao questionário do levantamento do perfil de
governança das aquisições, verificou-se que houve divergência para nove dos 51 (cinquenta e um)
itens avaliados neste trabalho, ou seja, a organização informou que adota uma determinada prática,
mas a equipe de auditoria constatou que ela, na verdade, não a adota.
548. Um exemplo é a questão A.2 do levantamento, o qual verifica se a Alta Administração
avalia periodicamente a adequação da estrutura de recursos humanos da área de aquisições. A
organização informou que adota tal prática, porém, quando da auditoria, a equipe constatou que não
há, no âmbito da organização, uma avaliação periódica, feita com base em critérios, da estrutura de
pessoal da unidade responsável pelas aquisições (item 3.2).
549. O resumo dessa análise, acompanhado dos motivos para a divergência apontados pelos
gestores do Dnit, está documentado (peça 59, p.16 e 17) e permite identificar oportunidades de
melhoria no questionário a ser aplicado no próximo ciclo, bem como evidencia a incipiência do tema
governança no Dnit.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

550. Do ponto de vista da conformidade, as seguintes constatações no contrato para prestação de


serviços de limpeza e conservação (Contrato 1/2009) são consideradas relevantes:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que pode
caracterizar o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item
3.20), de forma que a administração realiza pagamentos, mas não tem parâmetro objetivo para aferir
como serviço está sendo prestado (no caso, se as áreas estão limpas);
b) estimativa deficiente da quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços (item
3.17), com risco de potencial superfaturamento ou de execução dos serviços que não atendem às
necessidades da contratação;
c) estimativas de preço deficientes (item 3.19), indicando que o parâmetro utilizado pelo Dnit
para julgar a licitação foi inadequado.
551. Considerando que o Contrato 1/2009 encerrou sua vigência em 21/1/2015, conforme
informado pelo Dnit por ocasião dos comentários dos gestores (peça 59, p. 23), propõe-se recomendar
ao órgão que promova uma autoavaliação da atual contratação dos serviços de limpeza e conservação,
fim de identificar a eventual ocorrência das deficiências detectadas no Contrato 1/2009, e que, se
encontradas, realize, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea a, os ajustes
necessários no contrato atual para melhor adequação técnica aos seus objetivos, informando ao TCU,
no prazo de 30 dias, as medidas adotadas.
552. Já no contrato para prestação de serviços de vigilância (Contrato 155/2012), são relevantes
as seguintes constatações:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que pode
caracterizar o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item
3.20), de forma que a administração realiza pagamentos mas não tem parâmetro objetivo para aferir se
o serviço está sendo prestado (no caso, como as instalações estão sendo ‘vigiadas’);
b) não realização de estudo técnico preliminar para definir os tipos, quantidades e localização
dos postos de trabalho alocados no contrato, de forma a evidenciar a real necessidade dos postos (item
3.18);
553. Ante as constatações acima, e ainda considerando todas as demais falhas expostas ao longo
do relatório, propõe-se recomendar ao Dnit que, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I,
alínea a, promova os ajustes necessários no Contrato 155/2012 para melhor adequação técnica aos seus
objetivos, ou avalie a sua não prorrogação, caso não seja possível implementá-los na contratação atual,
informando ao TCU as medidas adotadas.
554. Considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em muitas organizações, propôs-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura mais
preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que, nesta auditoria no Dnit, optou-se pela não
responsabilização de gestores, apesar das falhas identificadas.
555. Registre-se, por fim, que o presente trabalho fez parte de um diagnóstico da governança e
gestão das aquisições nos entes públicos, e que os fatos aqui relatados serão considerados, em conjunto
com as conclusões das demais fiscalizações, no âmbito do processo referente à fiscalização
consolidadora desta FOC (TC-017.599/2014-8).
6. Benefícios da Ação de Controle Externo
556. Entre os benefícios esperados desta fiscalização, pode-se mencionar, principalmente, a
indução à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições do Dnit, cujas
deficiências foram evidenciadas pelas falhas e impropriedades identificadas e relatadas neste processo.
7. Proposta de Encaminhamento
557. Ante o exposto, propõe-se o encaminhamento dos autos ao gabinete do Relator, Exmº
Ministro AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, com as seguintes propostas:
557.1. Recomendar ao Dnit, com fundamento na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o
Regimento Interno do TCU, art. 250, inciso III, que avalie a conveniência e a oportunidade de adotar
os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle interno da organização:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

557.1.1. discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de aquisições, incluindo às


funções de liderança, em especial à função de principal dirigente responsável pelas aquisições,
considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais necessárias para essas funções
(item 3.1);
557.1.2. realize periodicamente avaliação quantitativa e qualitativa da estrutura de recursos
humanos da função de aquisições, de forma a delimitar as necessidades de pessoal para que esse setor
realize a adequada gestão das atividades de aquisições da organização (item 3.2)
557.1.3. promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado
(item 3.3);
557.1.4. aprove plano de trabalho anual para atuação da sua comissão de ética (item 3.3);
557.1.5. estabeleça formalmente (item 3.4):
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
557.1.6. estabeleça diretrizes para área de aquisições, incluindo pelo menos as seguintes (item
3.5):
a) estratégia de terceirização;
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas.
557.1.7. estabeleça em normativos internos as competências, atribuições e responsabilidades dos
cargos efetivos e comissionados da área de aquisições (item 3.6).
557.1.8. estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições (item 3.7);
557.1.9. capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos (item 3.7);
557.1.10. realize gestão de riscos das aquisições (item 3.7);
557.1.11. inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da governança, da gestão de
riscos e dos controles internos da organização (item 3.8);
557.1.12. publique todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g.,
solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e
jurídicos etc.) na internet (item 3.9);
557.1.13. publique na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo (item 3.9);
557.1.14. publique a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da organização e do
principal gestor responsável pelas aquisições (item 3.9);
557.1.15. execute processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos (item
3.10):
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
b) aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na Internet;
d) acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios.
557.1.16. elabore um Plano de Gestão de Logística Sustentável, contendo objetivos e
responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento, que
permite a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos
878

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(item 3.11).
557.1.17. estabeleça um modelo de competências para os ocupantes das funções chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições (item 3.12).
557.1.18. ao elaborar o plano anual de capacitação, contemple ações de capacitação voltadas
para a governança e gestão das aquisições (item 3.13);
557.1.19. adote mecanismos para acompanhar a execução do plano anual de capacitação (item
3.13).
557.1.20. defina, aprove e publique um processo formal de trabalho para (item 3.14):
a) planejamento de cada uma das aquisições considerando, inclusive, as falhas e impropriedades
que culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.16, 3.17, 3.18, 3.19, 3.20,
3.22, 3.23, 3.24 e 3.36 do relatório de auditoria;
b) seleção do fornecedor, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que culminaram na
expedição das recomendações constantes dos subitens 3.25, 3.26, 3.27 e 3.28 deste relatório de
auditoria;
c) gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que culminaram na
expedição das recomendações constantes dos subitens 3.17, 3.29, 3.30, 3.31, 3.32, 3.33, 3.34 e 3.35 do
relatório de auditoria.
557.1.21. estabeleça e adote padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente (item 3.15);
557.1.22. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, que
vier a ser elaborado em atenção à letra a) do encaminhamento do achado 3.14, inclua os seguintes
controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação, nos termos da Lei
8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c) (item 3.16);
b) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação (item 3.17);
c) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.17);
d) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação
(item 3.18);
e) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.18);
f) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações
(item 3.18);
g) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014 (item 3.19);
h) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.19);
i) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não (item 3.24);
557.1.23. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços e a
gestão dos contratos decorrentes, que ver a ser elaborado em atenção à letra a) do encaminhamento do
achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou
projeto básico:
879

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) definir requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados, a exemplo das
especificações de qualidade para serviços de conservação e limpeza contidas nas contratações
decorrentes do Pregão Eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos Correios (peça 18, p. 72-77), e do Pregão
Eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 19, p. 49-56), e para os serviços de vigilância
contidas na contratação decorrente do Pregão Eletrônico 152/2012, do Conjunto Hospitalar de
Sorocaba (peça 20, p. 53-63); (item 3.20);
b) vincular os pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade
contratada (item 3.20);
c) prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que (item 3.22):
c.1) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-
se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/93, art. 73, inciso I,
‘a’);
c.2) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/93,
art. 73, inciso I, ‘b’).
d) prever cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes (item 3.23):
d.1) atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
d.2) definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
d.3) definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
d.4) definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
d.5) definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
d.6) definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
e) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas (item 3.25);
f) prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da proporcionalidade e prudência
(item 3.28);
g) incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites provisório e
definitivo na etapa de planejamento da contratação, de modo que os atores da fiscalização tenham um
referencial para atuar na fase de gestão do contrato (item 3.36);
557.1.24. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado em atenção à letra c) do encaminhamento do
achado 3.14, inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações (item 3.17);
b) exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável
por representar à contratada durante a execução contratual (item 3.29);
c) registrar todas as ocorrências relativas à execução contratual (item 3.30);
d) aplicar as penalidades previstas à contratada sempre que uma ocorrência registrada
caracterizar uma situação passível de punição (item 3.31);
e) a cada prorrogação contratual, verificar se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação (item 3.32);
f) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
880

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fiscalização do cumprimento (item 3.33):


f.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
f.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos extratos
retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias contas (o
objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano - sem que
isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
g) documentar a sistemática de fiscalização administrativa utilizada em cada período (item 3.33);
h) quando da realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para
negociar valores consentâneos com a realidade da respectiva execução contratual (item 3.34);
557.1.25. estabeleça modelos de lista de verificação para atuação do pregoeiro ou comissão de
licitação quando da execução de atividades na fase externa da licitação (item 3.35);
557.1.26. promova uma autoavaliação da atual contratação dos serviços de limpeza e
conservação, fim de identificar a eventual ocorrência das deficiências detectadas no Contrato 1/2009, e
que, se encontradas, realize, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea a, os ajustes
necessários no contrato atual para melhor adequação técnica aos seus objetivos, informando ao TCU,
no prazo de 30 dias, as medidas adotadas (item 551).
557.1.27. promova, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea a, os ajustes
necessários no Contrato 155/2012 para melhor adequação técnica aos seus objetivos, ou avalie a sua
não prorrogação, caso não seja possível implementá-los na contratação atual, informando ao TCU as
medidas adotadas (item 553);
557.2. Determinar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o Regimento Interno do
TCU, art. 250, inciso II, ao Dnit que:
557.2.1. em atenção às disposições contidas no Decreto 5.707/2006, art. 5º, 2º, c/c Portaria MP
208/2006, art. 2º, I e art. 4º, elabore Plano Anual de Capacitação para a organização (item 3.13);
557.2.2. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da eventual prorrogação
do Contrato 146/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas à substituí-lo, inclua, nos
estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções disponíveis no
mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o problema do
transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado (item 3.16);
557.2.3. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º, § 4º, antes da eventual
prorrogação do Contrato 1/2009, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da quantidade de material que será utilizada na prestação de serviços de
limpeza (item 3.17);
557.2.4. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f e art. 7º, § 4º, antes da eventual
prorrogação do Contrato 1/2009 ou antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-
lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único (item 3.18);
557.2.5. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da eventual prorrogação
do Contrato 155/2012, ou antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, realize
estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 49, I (item 3.18).
557.2.6. em atenção à Lei 8.666/93, art. 3º, caput, antes da eventual prorrogação do Contrato
881

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1/2009, ou da licitação com vistas a substituí-lo, inclua como obrigação da contratada a adoção de
práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza e conservação, nos termos da IN-
SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 42, inciso III (item 3.21).
557.2.7. em atenção a Lei 8.666/93, art. 68, oficie a empresa contratada por meio do contrato
155/2012, para que designe formalmente o preposto para representa-la, informando ao TCU, em trinta
dias, as medidas adotadas (item 3.29);
557.2.8. encaminhe, no prazo de noventa dias a contar da ciência do acórdão que vier a ser
proferido, plano de ação para a implementação das medidas citadas no decisum, contendo:
a) para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o setor
responsável pelo desenvolvimento das ações;
b) para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, as
ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o setor responsável pelo desenvolvimento das
ações;
c) para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão.
557.3. Dar ciência ao Dnit sobre as seguintes impropriedades/falhas, para que sejam adotadas
medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
a) o item 10.2.c, constante do Edital 217/2008, contendo obrigatoriedade de vistoria prévia às
instalações onde os serviços serão prestados como condição de habilitação, afronta o art. 3º, § 1º,
inciso I, da Lei 8.666/1993 (item 3.26);
b) o item 15.2.2, constante do Edital 217/2008, contendo exigência de que a contratada deve
submeter previamente a relação dos empregados ao exame da contratante, podendo esta recomendar a
substituição daqueles que, a seu juízo, não preencham as condições de idoneidade e de capacidade
exigível para o serviço, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada, e afronta o princípio
da eficiência e da impessoalidade (item 3.26);
c) a inclusão da parcela ‘treinamento, capacitação e reciclagem’ como o item de ‘Insumos de
mão de obra’ da planilha de custos e formação de preços do Contrato 1/2009, é indevida, visto que que
tal parcela já é coberta pelas pela rubrica ‘despesas administrativas’, conforme Acórdão 825/2010-
Plenário (item 3.27);
d) a inclusão da parcela ‘reserva técnica’ na planilha de custos e formação de preços do Contrato
1/2009, é indevida, conforme jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdãos 645/2009-P, 727/2009-P,
1.942/2009-P, 2.060/2009-P, 825/2010-P, 1.597/2010-P e 3.006/2010-P) (item 3.27).
557.4. arquivar os presentes autos, nos termos do RI/TCU, art. 169, V, sem prejuízo de que a
Selog monitore a decisão que vier a ser proferida em processo próprio.”

É o relatório.

VOTO

A presente auditoria integra os trabalhos de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) -


Governança e Gestão das Aquisições realizados com os objetivos de avaliar as práticas de governança
e gestão das aquisições de vinte entidades da Administração Pública Federal e de verificar a
consistência das informações apresentadas em questionário aplicado no âmbito do levantamento
referente ao mesmo tema, executado no TC-025.068/2013-0.

I
2. A fiscalização em exame foi realizada Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit). Os trabalhos, realizados pela Selog, corresponderam aos de uma auditoria
882

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

integrada (operacional e de conformidade), conduzindo a unidade técnica a examinar contratos e a


realizar entrevistas com os gestores e interlocutores designados pelo Dnit. Foram escolhidos para
análise documental os Contratos 001/2009 (limpeza), 155/2012 (vigilância) e 146/2011 (transporte de
pessoal). O primeiro, no entanto, já se encontra expirado, consoante informação dos próprios gestores
nos comentários que fizeram sobre o relatório, conduzindo a secretaria a excluir as propostas de
encaminhamento inicialmente cogitadas em relação a ele e a modificar outras com vistas a induzir o
aperfeiçoamento de novas contratações.
3. O presente trabalho se estruturou sobre três referenciais: governança, gestão e aquisições.
4. Governança consiste na atividade exercida pela alta administração da organização, envolvendo
as funções de avaliar, dirigir e monitorar, por meio do estabelecimento de diretrizes, políticas e
controles, visando a alcançar seus objetivos estratégicos. De sua vez, a gestão se constitui na execução
de processos e ações, por corpo gerencial qualificado, com vistas a cumprir os objetivos estratégicos
traçados. Por fim, as aquisições se referem às contratações de bens e serviços destinados a viabilizar a
execução das atividades finalísticas e das atividades meio para, em última instância, atingir os
objetivos definidos pela alta administração.
5. Como se vê, há interdependência entre esses fatores. Quanto mais sintonizados estiverem
entre si, maior será a eficiência, a eficácia e a efetividade da organização. Em outras palavras, boas
práticas de governança e gestão na área de aquisições resultam em agregação de valor e minimização
dos riscos atrelados ao negócio da organização.
6. De acordo com o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública (RBG) publicado pelo TCU, para que as funções de governança sejam
executadas de forma satisfatória, três mecanismos devem ser adotados: liderança, estratégia e controle.
7. Os achados de auditoria foram organizados sob a perspectiva desses três mecanismos, a fim de
avaliar a governança. A seguir, examinam-se questões mais específicas relacionadas à governança.
II - Governança

8. Os mecanismos de governança são implementados a partir da adoção de determinadas


práticas. Portanto, o levantamento das práticas e dos respectivos instrumentos vigentes na entidade
permite avaliar a qualidade da governança exercida.
9. A partir das observações da equipe, percebe-se que faltam instrumentos que permitam ao nível
estratégico exercer a liderança necessária para conduzir à boa governança e à consequente boa gestão
do setor de aquisições. Nesse contexto, constatou-se que há deficiências no processo de seleção dos
ocupantes das funções-chave da área de aquisições, haja vista não ter ficado claro se tal seleção se dá
com base em critérios de competências requeridas para os cargos.
10. Com relação à estratégia, foram pesquisadas a adoção de diretrizes para as aquisições da
organização, como por exemplo, se havia política de compras, de estoques, de compras conjuntas e
estratégias de terceirização. Porém, constatou-se que o Dnit não estabeleceu nenhuma dessas diretrizes
para aquisições.
11. O Dnit não estabelece, ainda, as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos
efetivos e comissionados da área de aquisições, estando ainda em andamento a contratação, segundo o
órgão, de consultoria para mapeamento de competências.
12. Relativamente ao controle, foram examinadas as práticas relativas à gestão de riscos, à
existência de canais para recebimento de denúncias, à função de auditoria interna e à accountability
(prestação de contas e responsabilização), esta sob a perspectiva da divulgação das decisões e
documentos relacionados à atividade do setor de aquisições.
13. Os achados de auditoria apontam que o Dnit não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento
de riscos das aquisições, e não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos. Também
não realiza gestão de riscos das aquisições.
883

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14. Com relação à auditoria interna, foi apurado que há deficiências, visto que não foram feitos
trabalhos de auditoria acerca da governança, da gestão de riscos e dos controles internos da
organização.
15. Quanto à accountability, constatou-se que não há diretrizes para que a íntegra dos processos
de aquisições seja publicada na internet. Não há determinação para publicação das decisões quanto à
regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo. Não há também determinação para
publicação da agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas aquisições.
16. Com base nesses achados de auditoria, conclui-se que há diversas oportunidades de melhoria
identificadas no Dnit, no que diz respeito à implementação de mecanismos e práticas de governança na
área de aquisições.
III - Gestão

17. Segundo o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG), a gestão “é inerente e integrada aos processos organizacionais, sendo
responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pelo manejo dos recursos e poderes
colocados à disposição de órgãos e entidades para a consecução de seus objetivos”.
18. Neste trabalho, a gestão das aquisições foi avaliada a partir do exame dos instrumentos de
planejamento, de gestão de pessoas e de padronização dos processos de trabalho da área.
19. O planejamento das aquisições deveria gerar um plano anual de aquisições a fim de
fundamentar a elaboração da proposta orçamentária anual e possibilitar o acompanhamento. No
entanto, foi constatado que o Dnit utiliza como tal plano a proposta orçamentária do órgão. Tal
documento contém o objeto a ser contratado e o valor estimado da despesa, sem referência a outros
elementos necessários a um adequado planejamento, tais como o objetivo estratégico suportado pela
contratação, unidade requisitante da contratação, justificativa resumida da contratação, período
estimado no qual a contratação será realizada, entre outros, de modo que se conclui haver deficiências
no processo de planejamento das aquisições.
20. Outro aspecto relacionado ao planejamento trata-se da necessidade de contar com um Plano
de Gestão de Logística Sustentável (PLS), de forma a definir as práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos, bem como as respectivas responsabilidades, ações, metas, prazos e
mecanismos de monitoramento. O trabalho revelou a inexistência do instrumento no Dnit.
21. Quanto à gestão de pessoas, constatou-se que há deficiências no mapeamento de
competências necessárias à função de aquisições. Também ficou evidenciado que não existe uma
política de capacitação formalmente estabelecida para os servidores que integram a área de aquisições.
22. No tocante aos processos de trabalho relacionados às licitações e contratos, buscou-se
verificar se haveria estabelecimento de processos para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos, bem como o estabelecimento padronizações, tais como
minutas de editais, listas de verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que
aumentam a produtividade dos processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
Segundo apurado pela auditoria, o Dnit não utiliza processo de trabalho adequado para a seleção do
fornecedor. Dessa forma, pode-se concluir que há deficiências nos instrumentos de planejamento, de
gestão de pessoas e de processo de trabalho da área de aquisições do Dnit, o que pode impactar
negativamente a qualidade da gestão do setor.

IV - Conformidade das Contratações

23. Neste tópico, a equipe de auditoria avaliou a conformidade de aspectos específicos


relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. Os resultados se
constituem na demonstração prática dos efeitos das falhas de governança e de gestão.
884

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

24. Do ponto de vista da conformidade, as seguintes constatações no contrato para prestação de


serviços de limpeza e conservação (Contrato 1/2009), atualmente já expirado, foram reputadas como
mais relevantes:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que poderia
conduzir ao risco de realizar pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a
resultados;
b) estimativa deficiente da quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços;
c) estimativas de preço deficientes, indicando que o parâmetro utilizado pelo Dnit para julgar a
licitação foi inadequado.
25. No contrato para prestação de serviços de vigilância (Contrato 155/2012):
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que pode
caracterizar o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados; e
b) não realização de estudo técnico preliminar para definir os tipos, quantidades e localização
dos postos de trabalho alocados no contrato, de forma a evidenciar a real necessidade dos postos.
V - Apreciação Geral - Conclusões

26. Conforme apontado pela equipe de auditoria, foram registrados 36 achados de auditoria,
sendo que houve achado nas doze questões de auditoria aplicadas ao Dnit, de forma que se pode
concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições públicas ou não são
adotadas, ou não estão de acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas práticas.
27. Foram observadas várias falhas nos processos de governança e gestão das aquisições da
entidade. Por sua vez, a avaliação da conformidade das contratações objeto da presente auditoria
demonstrou a ocorrência de falhas tanto nos procedimentos preparação das referidas contratações,
quanto nas fases de licitação e execução contratual. Tais ocorrências estão intimamente relacionadas às
deficiências nos processos de governança e gestão das aquisições praticados pela entidade auditada.
28. Concluiu-se, assim, que a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições no
Dnit é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o que
só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de controles
internos adequados.

VI - Proposta de Encaminhamento

29. Conforme enfatizado no relatório, as deficiências nos instrumentos de governança e gestão


elevam as chances da ocorrência de situações passíveis de afetar negativamente as aquisições e a
probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização. Para mitigar
tais riscos, foram formuladas pela equipe de auditoria recomendações e determinações a serem
encaminhadas ao Dnit.
30. Quanto às propostas de recomendações alvitradas pela equipe de auditoria, acolho-as com
alguns ajustes entendidos pertinentes. As recomendações propostas visam ao aprimoramento dos
aspectos analisados nestes autos. Apenas deixo de acolher aquela que se refere à adoção de
procedimento para disciplinar a forma de acesso às funções-chave do setor de aquisições. Entendo que
a escolha dos ocupantes de cargos em comissão e funções de confiança se insere no campo da
discricionariedade do gestor e envolve a aferição de uma multiplicidade de fatores, nem todos
traduzíveis em enunciados de normas. Assim, em consonância com julgados proferidos em outros
trabalhos congêneres (e.g. Acórdão 105/2015-Plenário), penso que seja providência suficiente para
solucionar o problema a proposta de recomendação no sentido do estabelecimento de um modelo de
competências para as funções-chave da área, complementada por recomendação para que a instituição
expeça orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de funções de
confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada nos perfis de competências
885

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da motivação, da eficiência e


do interesse público.
31. Já em relação às determinações, algumas delas se referem a falhas observadas no Contrato
1/2009 que, conforme o comentário dos gestores e as anotações da própria secretaria ao longo do
relatório, encerrou sua vigência em 21/1/2015, conduzindo a secretaria a efetuar ajustes nas propostas
quando da finalização do relatório, de modo que as determinações restaram para serem observadas
pela autarquia “antes da eventual prorrogação do Contrato 1/2009, ou da elaboração de edital para
licitação com vistas a substituí-lo”. A esta altura, ou referido contrato já foi prorrogado, em caráter
emergencial, ou realizada nova licitação. Assim, penso ainda caber uma readequação das redações
propostas.
32. Anoto, finalmente, que outros pontos levantados neste relatório terão tratamento específico
por ocasião dos trabalhos de consolidação da FOC.
Ante o exposto, acolho as propostas da Selog, com ajustes pertinentes, e manifesto-me por que o
Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2746/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-021.938/2014-8
2. Grupo: I - Classe: V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsável: Tarcísio Gomes de Freitas (180.777.838-05).
4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria integrante dos trabalhos de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com
o objetivo de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação
pertinente, bem como dar sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no
levantamento da situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal
(Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar ao Dnit, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250,
inciso III, do Regimento Interno/TCU, que avalie a conveniência e a oportunidade de adotar os
seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle interno da organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.3. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.4. aprovar plano de trabalho anual para atuação da sua comissão de ética;
9.1.5. estabelecer formalmente:
886

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.5.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de


negócio;
9.1.5.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido conforme o subitem anterior,
preferencialmente em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.5.3. metas para cada indicador definido conforme o subitem anterior;
9.1.5.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.6. estabelecer diretrizes para área de aquisições, incluindo pelo menos as seguintes:
9.1.6.1. estratégia de terceirização;
9.1.6.2. política de compras;
9.1.6.3. política de estoques;
9.1.6.4. política de compras conjuntas;
9.1.7. estabelecer em normativos internos as competências, atribuições e responsabilidades dos
cargos efetivos e comissionados da área de aquisições;
9.1.8. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.9. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.10. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.11. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da governança, da gestão de riscos
e dos controles internos da organização;
9.1.12. publicar todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação
de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.)
na internet;
9.1.13. publicar na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.14. publicar a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas
aquisições;
9.1.15. executar processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos:
9.1.15.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
9.1.15.2. aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.1.15.3. divulgação do plano de aquisições na Internet;
9.1.15.4. acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
9.1.16. elaborar um Plano de Gestão de Logística Sustentável, contendo objetivos e
responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento, que
permita a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos;
9.1.17. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.18. ao elaborar o plano anual de capacitação, contemplar ações de capacitação voltadas para
a governança e gestão das aquisições;
9.1.19. adotar mecanismos para acompanhar a execução do plano anual de capacitação;
9.1.20. definir, aprovar e publicar um processo formal de trabalho para:
9.1.20.1. planejamento de cada uma das aquisições considerando, inclusive, as falhas e
impropriedades que culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.16, 3.17,
3.18, 3.19, 3.20, 3.22, 3.23, 3.24 e 3.36 do relatório de auditoria integrante destes autos;
9.1.20.2. seleção do fornecedor, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.25, 3.26, 3.27 e 3.28 do
887

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relatório de auditoria integrante destes autos;


9.1.20.3. gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na expedição das recomendações constantes dos subitens 3.17, 3.29, 3.30, 3.31, 3.32,
3.33, 3.34 e 3.35 do relatório de auditoria integrante destes autos;
9.1.21. estabelecer e adotar padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente;
9.1.22. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, que vier a
ser elaborado, incluir os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
9.1.22.1. realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação, nos termos da
Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “c”;
9.1.22.2. definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação (item
3.17);
9.1.22.3. documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.4. definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.1.22.5. documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.6. estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de
trabalho empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.22.7. definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
9.1.22.8. documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.9. avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.23. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços e a gestão
dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado, incluir os seguintes controles internos na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
9.1.23.1. definir requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados, a exemplo das
especificações de qualidade para serviços de conservação e limpeza contidas nas contratações
decorrentes do Pregão Eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos Correios (peça 18, p. 72-77), e do Pregão
Eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 19, p. 49-56), e para os serviços de vigilância
contidas na contratação decorrente do Pregão Eletrônico 152/2012, do Conjunto Hospitalar de
Sorocaba (peça 20, p. 53-63);
9.1.23.2 vincular os pagamentos realizados nos contratos à entrega dos serviços com a qualidade
contratada;
9.1.23.3. prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
9.1.23.3.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/93, art. 73,
inciso I, “a”);
9.1.23.3.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
888

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/93,
art. 73, inciso I, “b”);
9.1.23.3.3. prever cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes:
9.1.23.3.3.1 atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do
objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.23.3.3.2 definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.23.3.3.3 definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do
nível de serviço obtido);
9.1.23.3.3.4 definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.23.3.3.5 definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
9.1.23.3.3.6 definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de
cálculo;
9.1.23.3.3.7 estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços
máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores
sejam desclassificadas;
9.1.23.3.3.8. prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que possa se enquadrar no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência;
9.1.23.3.3.9 incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites
provisório e definitivo na etapa de planejamento da contratação, de modo que os atores da fiscalização
tenham um referencial para atuar na fase de gestão do contrato;
9.1.24. no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a gestão
dos contratos decorrentes, que vier a ser elaborado, incluir os seguintes controles internos na etapa de
gestão do contrato:
9.1.24.1. manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos,
a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.24.2. exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante a execução contratual;
9.1.24.3. registrar todas as ocorrências relativas à execução contratual;
9.1.24.4. aplicar as penalidades previstas à contratada sempre que uma ocorrência registrada
caracterizar uma situação passível de punição;
9.1.24.5. a cada prorrogação contratual, verificar se a contratada mantém as mesmas condições
de habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação;
9.1.24.6. avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.1.24.6.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.1.24.6.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.1.24.7. documentar a sistemática de fiscalização administrativa utilizada em cada período (item
3.33);
9.1.24.8. quando da realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para
negociar valores consentâneos com a realidade da respectiva execução contratual;
889

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.25. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação do pregoeiro ou comissão de


licitação quando da execução de atividades na fase externa da licitação;
9.1.26. realizar uma autoavaliação da atual contratação dos serviços de limpeza e conservação,
fim de identificar a eventual ocorrência das deficiências detectadas no Contrato 1/2009, anteriormente
celebrado, de forma a, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea “a”, promover os
ajustes necessários no contrato atual para melhor adequação técnica aos seus objetivos, informando ao
TCU, no prazo de 30 dias, as medidas porventura adotadas;
9.1.27. promover, com fundamento na Lei 8.666/1993, art. 65, inciso I, alínea “a”, os ajustes
necessários no Contrato 155/2012 para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
9.2. determinar ao Dnit, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 que:
9.2.1. em atenção às disposições contidas no Decreto 5.707/2006, art. 5º, 2º, c/c Portaria MP
208/2006, art. 2º, I e art. 4º, elabore Plano Anual de Capacitação para a organização;
9.2.2. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “c”, antes da eventual prorrogação
do Contrato 146/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas à substituí-lo, inclua, nos
estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções disponíveis no
mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o problema do
transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, outras alternativas existentes (e.g. compra
de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado);
9.2.3. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “f” e art. 7º, § 4º, por ocasião de
futuras contratações de serviços como aqueles que constaram do Contrato 1/2009 ou, por ocasião de
eventual prorrogação do contrato existente (caso deficiente nos quesitos abaixo), inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.3.1. o estudo e definição da quantidade de material que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza;
9.2.3.2. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único;
9.2.3.3. obrigação da contratada quanto à adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos
serviços de limpeza e conservação, nos termos da IN-SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e IN-SLTI/MPOG
2/2008, art. 42, inciso III;
9.2.4. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea “c”, antes da eventual prorrogação
do Contrato 155/2012, ou antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, realize
estudo técnico preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos
de trabalho de vigilância, à semelhança do previsto na IN-SLTI/MPOG 2/2008, art. 49, I;
9.2.5. em atenção a Lei 8.666/93, art. 68, oficie a empresa contratada por meio do contrato
155/2012, para que designe formalmente o preposto para representa-la, informando ao TCU, em trinta
dias, as medidas adotadas;
9.2.6. encaminhe, no prazo de noventa dias a contar da ciência deste acórdão, plano de ação para
a implementação das medidas objeto de determinação/recomendação, incluindo:
9.2.6.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o setor
responsável pelo desenvolvimento das ações;
9.2.6.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o setor e pessoa responsável pelo
desenvolvimento das ações (com nome, cargo e CPF);
9.2.6.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. dar ciência ao Dnit sobre as seguintes impropriedades/falhas, para que sejam adotadas
medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
9.3.1. o item 10.2.c, constante do Edital 217/2008, contendo obrigatoriedade de vistoria prévia às
instalações onde os serviços serão prestados como condição de habilitação, afronta o art. 3º, § 1º,
890

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inciso I, da Lei 8.666/1993;


9.3.2. o item 15.2.2, constante do Edital 217/2008, contendo exigência de que a contratada deve
submeter previamente a relação dos empregados ao exame da contratante, podendo esta recomendar a
substituição daqueles que, a seu juízo, não preencham as condições de idoneidade e de capacidade
exigível para o serviço, constitui-se intervenção indevida na gestão da contratada, e afronta o princípio
da eficiência e da impessoalidade;
9.3.3. a inclusão da parcela “treinamento, capacitação e reciclagem” como o item de “Insumos
de mão de obra” da planilha de custos e formação de preços do Contrato 1/2009, foi indevida, visto
que tal parcela já é coberta pelas pela rubrica “despesas administrativas”, conforme Acórdão
825/2010-Plenário;
9.3.4. a inclusão da parcela “reserva técnica” na planilha de custos e formação de preços do
Contrato 1/2009, foi considerada indevida, conforme jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdãos
645/2009-P, 727/2009-P, 1.942/2009-P, 2.060/2009-P, 825/2010-P, 1.597/2010-P e 3.006/2010-P);
9.4. arquivar os presentes autos, nos termos do RI/TCU, art. 169, V, sem prejuízo de que a Selog
monitore a decisão que vier a ser proferida em processo próprio.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2746-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE V - Plenário


TC-022.394/2014-1
Natureza: Auditoria
Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA e AP
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há
SUMÁRIO: AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). GOVERNANÇA E
GESTÃO DAS AQUISIÇÕES. DEFICIÊNCIAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO. DEFICIÊNCIAS OU AUSÊNCIA DE
MECANISMOS, INSTRUMENTOS E PRÁTICAS RELACIONADAS AO TEMA. RECOMENDAÇÕES.
DETERMINAÇÕES. OITIVA. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o Relatório de Fiscalização 572/2014 (peça 65) elaborado por equipe de
auditoria da Secex/PA, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica.

“1. APRESENTAÇÃO
1. Em 27/3/2013, por meio da Ata 9 do Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), foi
aprovado o Plano de Controle Externo de 2013/2014, contemplando 49 linhas de ação que impactam
891

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

diretamente dez objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal (PET-TCU) para o quadriênio
2011-2015 relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos no plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação de ações que promovam o aprimoramento de ações de controle voltadas à melhoria do
desempenho da Administração Pública (Objetivo Estratégico VI).
3. Ainda segundo o plano, impacta o objetivo supra a linha de ação 13, descrita a seguir:
‘Avaliar a governança e a gestão no Sistema único de Saúde (SUS), na segurança pública, na
defesa nacional, na previdência complementar, na sistemática de descentralização de recursos federais,
nas universidades públicas federais e nos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, nos
setores de pessoal, de tecnologia da informação e de aquisições, dentre outras áreas.’ (Destaques
nossos)
4. Em consonância com esta linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com objetivo de avaliar se as práticas de governança e
de gestão de aquisições públicas adotadas pela Administração Pública Federal estão de acordo com a
legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade
orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos
resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações ficou a cargo de cinco secretarias de
controle externo dos estados (AM, CE, PA, PE, RJ) e da SefidEnergia, além da própria Selog.
6. O trabalho abrangeu os temas governança das aquisições, controles da gestão das aquisições,
controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e controles internos e conformidade
das contratações. No tema governança das aquisições foram avaliados controles nos componentes
liderança, estratégia e controle. No tema controles da gestão, foram avaliados controles nos
componentes planos, processos e pessoas. No tema controles internos e conformidade das contratações
foram avaliados processos de contratações relacionados à terceirização dos serviços de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas.
7. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em critérios de
relevância, materialidade, risco e oportunidade.
8. Esta FOC pode ser considerada a sequência do trabalho realizado no TC 017.599/2014-8
(ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de governança e gestão das
aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013), por
meio do qual 376 organizações da administração pública federal informaram sua situação, por meio de
questionário eletrônico (mais informações em http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes).
9. O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Secretaria de Controle Externo no
Estado do Pará no Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA e AP (TRT-8).

2. INTRODUÇÃO
2.1. Deliberação
10. A presente fiscalização foi autorizada mediante Despacho do Ministro-Relator Augusto
Sherman, proferido no âmbito do TC 016.816/2014-5. No referido despacho, foi aprovada a
sistemática geral da FOC, além de duas auditorias pilotos.
2.2. Visão geral do objeto
11. Governança das aquisições consiste no conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com
objetivo que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis.
12. De forma mais detalhada, a governança das aquisições tem por objetivo:
a) alinhar as políticas e as estratégias de gestão das aquisições com as prioridades do negócio da
organização em prol de resultados;
b) assegurar a utilização eficiente de recursos;
c) otimizar a disponibilidade e o desempenho dos objetos adquiridos;
892

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) mitigar riscos;
e) auxiliar a tomada de decisão;
f) assegurar o cumprimento dos papéis e das responsabilidades e a transparência dos resultados.
13. Com respeito à distinção entre governança e gestão das aquisições, cabe frisar que não são
sinônimos, embora sejam complementares e interdependentes. Governança refere-se à definição do
que deve ser executado (direção), e gestão refere-se à forma como as executa. Por exemplo, diversas
organizações (e.g., IBGC, GAO e OCDE) preconizam que uma boa prática de governança consiste em
estabelecer política (diretrizes) para a gestão de riscos (inclusive das aquisições). Entretanto, a
implementação dessa política não é função da governança, e sim da gestão. Já o controle da gestão é
função da governança, ou seja, a gestão deve ser monitorada quanto ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e quanto aos resultados obtidos.
14. A abordagem do presente trabalho consiste em verificar, por meio da avaliação de controles
internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes substantivos
(inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com deficiências não
contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
15. Com respeito aos contratos avaliados, optou-se por escolher os contratos para prestação de
serviços de transporte, limpeza e vigilância. A escolha decorreu dos seguintes critérios:
a) Relevância: há relevância social que consiste no risco de inadimplência das obrigações
trabalhistas e previdenciárias com os trabalhadores contratados para a prestação desses serviços na
APF;
b) Materialidade: os contratos de terceirização consomem boa parte do orçamento de custeio das
organizações públicas;
c) Risco: constantemente os meios de comunicação dão notícia de problemas decorrentes do
inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias desses contratos;
d) Oportunidade: com a prolação do Acórdão 1.214/2013-Plenário, diversas orientações para dar
maior robustez a esses contratos foram proferidas, sem que o TCU tenha averiguado se estão sendo
seguidas e se surtiram efeito.
2.3. Objetivo e questões de auditoria
16. O objetivo geral desta fiscalização foi avaliar se as práticas de governança e de gestão de
aquisições públicas adotadas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA e AP (TRT-8) estão
de acordo com a legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
17. Como objetivos específicos, podem-se citar:
a) avaliar a existência de deficiências nas práticas de governança e gestão das aquisições,
utilizando a legislação aplicável e as boas práticas como parâmetro;
b) ratificar (ou retificar) as informações apresentadas pelo TRT-8 em resposta ao levantamento
do perfil de governança das aquisições realizado pelo TCU em 2013;
c) avaliar a existência de deficiências nos controles internos em nível de atividade no processo de
aquisição;
d) avaliar aspectos de conformidade das contratações de serviços terceirizados de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas;
e) avaliar a possível contribuição das deficiências nos controles para a ocorrência de
desconformidades nas contratações.
18. Dessa forma, com base no objetivo da fiscalização, foram elaboradas doze questões de
auditoria, a saber:
Q1. As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Q2. A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q3. Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Q4. O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q5. A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q6. Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
893

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Q7. Os controles internos compensatórios em nível de atividade no processo de aquisição estão


adequados?
Q.8 Os estudos técnicos preliminares contribuem para assegurar a viabilidade da contratação?
Q.9 Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela terceirização
do serviço?
Q.10 O Termo de Referência contém elementos que contribuem para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
Q.11 A seleção do fornecedor é executada de forma a contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
Q.12 A gestão do contrato é realizada de forma contribuir para obtenção de solução que atenda à
necessidade que originou a contratação?
19. A questão de auditoria nove não foi aplicada ao TRT-8, uma vez que trata da elaboração de
plano de trabalho para contratações de serviços, obrigação contida no Decreto 2.271/1997, art. 2º, o
qual não é cogente aos órgãos do poder judiciário.
2.4. Estratégia metodológica
20. Para a realização deste trabalho, que tem natureza de auditoria integrada (operacional e
conformidade), foram observados os documentos intitulados ‘Padrões de Auditoria de Conformidade’,
aprovado pela Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009, ‘Manual de Auditoria Operacional’, aprovado pela
Portaria-Segecex 4, de 26/2/2010; ‘Orientações para fiscalizações de Orientação Centralizada’,
aprovado pela Portaria-Adplan 2, de 23/8/2010; e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovada
por meio da Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de
30/6/2011. Em especial, a estrutura do relatório foi baseada no ‘Manual de Auditoria Operacional’.
21. Durante a fase de planejamento da FOC, a Selog, unidade técnica orientadora dos trabalhos
definiu as questões, os procedimentos de auditoria e os possíveis achados com o seguinte
embasamento:
a) questões de auditoria um a seis e doze, com base nos itens do questionário utilizado no
levantamento relativo ao perfil de governança de aquisições de 2013;
b) questões sete a onze, com base no documento RCA - Riscos e Controles nas Aquisições,
publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog, menu ‘Riscos e Controles nas Aquisições’)
em atenção ao Acórdão 1.321/2014-Plenário
22. Como resultado dessa fase, foram geradas as matrizes de planejamento e de achados-padrão
das auditorias. Essas matrizes foram aperfeiçoadas com a participação das unidades envolvidas na
FOC durante workshop, realizado presencialmente em Brasília e por meio de vídeo conferência nos
estados participantes.
23. A fim de obter evidências que possibilitassem a avaliação das informações fornecidas em
resposta ao Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, foi encaminhado
o Ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA, de 3/9/2014, o qual solicitou documentos e informações sobre os
objetos analisados nesse trabalho (peça 1).
24. Durante a execução, foram aplicados procedimentos de análise documental e entrevistas.
Também foram solicitadas informações adicionais por meio dos Ofícios de Requisição 1-572/2014, 2-
572/2014 e 3-572/2014 (peça 6).
25. Concomitante à execução dos procedimentos e registro dos achados, as conclusões
preliminares a que chegava a equipe de auditoria eram discutidas com o supervisor do trabalho, bem
como com os interlocutores designados pelo TRT-8.
26. Outro procedimento sistematizado foi a avaliação da existência ou não de divergência, para
os pontos avaliados nas seis primeiras questões, entre a situação declarada no Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013 e a situação encontrada na organização, registrado
em papel de trabalho padronizado (peça 61).
27. Já na reunião de encerramento foram apresentados os entendimentos a que tinha chegado a
equipe, esclarecendo aos gestores, na oportunidade, o caráter preliminar dessas conclusões, ainda
894

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sujeitas a mudanças em face do aprofundamento da análise e de novos elementos eventualmente


apresentados.
28. A fim de aprimorar o questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, a equipe
de auditoria avaliou a consistência de 51 itens do questionário, registrando divergências entre a
situação declarada e a situação encontrada em papel de trabalho.
29. O ofício que solicitou os comentários do gestor também solicitou a identificação das
possíveis causas das divergências, entre a situação declarada no questionário e a situação encontrada
pela equipe. Para cada questão cuja resposta foi considerada divergente, o gestor foi orientado a
escolher uma ou mais dentre as seguintes possíveis causas: 1. Interpretação diversa da apresentada pela
equipe de auditoria; 2. Não conhecimento do assunto contido da pergunta; 3. Erro material (marcação
errada); 4. Resposta fornecida com base em informação que veio da área imprópria. As causas
apontadas pelo gestor foram acostadas aos autos (peça 63) e servirão de subsidio para que a Selog
aperfeiçoe o questionário para os próximos ciclos de levantamento.
30. O relatório preliminar de auditoria foi submetido aos comentários do gestor, por meio do
Ofício TCU/Secex/PA 188/2015 (peça 62), conforme prevê os parágrafos 145 e 146 das Normas de
Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela Portaria - TCU 280/2010, de
8/12/2010. Em resposta, o TRT-8 remeteu o Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi (peça 64), cujas
considerações foram avaliadas e geraram ajustes no relatório preliminar.
31. O ofício que solicitou os comentários do gestor também incentivou a identificação das
possíveis causas das deficiências nos controles de governança e de gestão das aquisições, a fim de
contribuir para análise acerca das propostas de encaminhamento a serem feitas neste e no relatório de
consolidação. Para cada achado identificado, o gestor foi orientado a escolher uma ou mais dentre as
seguintes possíveis causas: 1. Impossibilidade legal; 2. Falta de orientação; 3. Desconhecimento sobre
o tema; 4. Pouca cultura com respeito a riscos e controles; 5. Relação custo/benefício desfavorável; 6.
Falta de pessoal; 7. Falta de capacitação adequada; 8. Outras. As causas apontadas pelo gestor (peça
63) foram incorporadas ao relatório.
32. Além de dispositivos constitucionais, legais e infralegais, foram utilizados como principais
critérios o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - Gespública e decisões do TCU
relacionadas à governança. Também foram utilizados como critério o Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros modelos
internacionais aplicáveis à governança e à gestão de aquisições, tais como o publicado pela Federação
Internacional de Contadores (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective) e o
utilizado pelo Government Accountability Office (GAO), Entidade de Fiscalização Superior dos
E.U.A. (Framework for Assessing the Acquisition Function at Federal Agencies).
33. Registre-se que o arcabouço normativo que trata de controles ligados à governança e gestão
das aquisições cogente às organizações públicas federais é muito incipiente, como se pode observar no
documento contendo a fundamentação das perguntas do perfil de Governança e Gestão das Aquisições
- ciclo 2013, base das questões e procedimentos de parte desta auditoria, pode ser consultado em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes. Esse documento contém o mapeamento dos excertos das
normas, jurisprudência e boas práticas que sustentaram as perguntas do Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, de forma que opta-se, neste relatório, por citar, sem
transcrever, os critérios de auditoria utilizados para caracterizar os achados de auditoria relatados a
seguir, uma vez que podem ser consultados na URL http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
34. Assim, este trabalho valeu-se de considerar ‘critérios emprestados’ com base no seguinte
procedimento: para os achados de conformidade cujo critério utilizado se aplica ao ente auditado,
foram propostas determinações; para os achados em que o critério não se aplica ao ente auditado,
foram propostas recomendações. Da mesma forma, para os achados de governança, cujos critérios
foram retirados de modelos e referenciais de boas práticas, tendo em vista ausência de normativos
sobre o tema, também foram feitas recomendações sem força cogente.
895

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

35. Desse modo, não se pode alegar que determinações estão sendo propostas ao auditado com
base em critérios que não são vinculantes para ele. Nesse caso, os critérios serviram tão somente como
base para propostas de recomendação. Por exemplo, caso o critério identificado se encontre em uma
Instrução Normativa da SLTI, que não é cogente ao TRT-8, utilizou-se o critério para fundamentar
uma recomendação.
36. Como um dos objetivos específicos desse trabalho foi avaliar a existência de deficiências nos
controles, foi utilizado o termo DEFICIÊNCIAS para iniciar o título dos achados desta natureza,
caracterizando situações onde tais controles não estão adequados, expondo a organização a riscos,
suscitando uma necessidade de melhoria por parte da organização. Por racionalidade na redação dos
achados, a fim de padronizar o título dos achados em todas as fiscalizações da FOC e evitar a
duplicação da quantidade de achados-padrão, o termo DEFICIÊNCIAS foi usado indistintamente para
os casos em que o controle existe, mas carece de aperfeiçoamento, bem como para os casos de
inexistência, nos quais o controle não estava implantado.
37. Nesses casos, as recomendações ou determinações foram direcionadas precipuamente ao
aperfeiçoamento dos processos de trabalho, por meio da criação ou adequação de controles internos
que reduzam o impacto ou a probabilidade da ocorrência de eventos de risco nas aquisições realizadas
pela organização.
38. Por fim, considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em todas as organizações, propõe-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura
mais preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que se optou pela não responsabilização de
gestores apesar da grande quantidade de falhas identificadas.
2.5. Limitações
39. Não houve qualquer limitação ou restrição aos trabalhos que mereçam registro.
2.6. Volume de Recursos Fiscalizados (VRF)
40. O VRF alcançou o montante de R$ 18.082.933,15. Foi considerado, para fins de volume de
recursos fiscalizados, a soma dos valores anuais dos Contratos 104/2010 (Vigilância - Belém),
104/2011 (Limpeza - Macapá) e 36/2013 (Limpeza - Belém), fiscalizados nesta auditoria.
41. As deliberações propostas neste relatório não impactarão as contas da organização
fiscalizada.
3. ACHADOS DE AUDITORIA
Liderança
42. A questão de auditoria Q1 teve como objetivo avaliar se as práticas de liderança contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
43. Sobre o componente liderança, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que
assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas
íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das
organizações e liderando os processos de trabalho.
44. No componente liderança, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a). A organização executa processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da função de
aquisições considerando as competências para as atividades;
b). A organização executa avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições, a
fim de verificar se os recursos humanos estão em quantidade e com a qualificação adequada às suas
atribuições;
c). Há um código de ética implantado, divulgado e monitorado;
d). A autoridade máxima exerce a liderança organizacional, estabelecendo objetivos, indicadores
e metas para a gestão das aquisições.
45. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.1. Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de aquisições
896

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Situação encontrada:
46. O item A.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de processo
formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades.
47. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 2), o TRT-8 declarou que não realiza tal
processo.
48. Como evidência, solicitada por meio do Ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-
8 apresentou cópia dos editais de seleção do Coordenador de Material e Logística (edital de
19/1/2012), Assistente de Execução de Pregões (edital de 19/6/2013) e Chefe da Seção de
Planejamento de Licitações (edital de 25/2/2014) (peça 8).
49. Entretanto, não foi apresentado normativo definindo as competências necessárias para se
ocupar as funções-chave da função de aquisições, bem como não há indicativos de que o processo de
seleção vem sendo utilizado e está estabelecido na organização.
50. Além disso, os editais apresentados não abarcam à função do principal dirigente responsável
pelas aquisições, não se correlacionando, ainda, os editais com o exercício das funções-chave na área
de aquisições.
Comentários do Gestor
51. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que, no âmbito do TRT-8, a política de desenvolvimento de recursos humanos segue normativos
próprios por efeito das competências insertas no art. 96, inciso I, da Constituição da República, tendo
por supedâneo as orientações baixadas pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho e pelo Conselho
Nacional de Justiça que, em última análise, não discrepam das requisitadas pelo Decreto 5.707/2006.
Na verdade, as normas internas do Tribunal adotam o mencionado Decreto como paradigma, conforme
se pode vislumbrar pelos considerandos da Resolução 408/2008, do Tribunal, que ora institui a sua
Política de Desenvolvimento de Recursos Humanos.
52. Acrescenta que a Política de Desenvolvimento de Recursos Humanos do Tribunal, objeto da
Resolução 408/2008, além de ter sido orientada para ‘o desenvolvimento dos conhecimentos,
habilidades e atitudes necessários ao desempenho das atividades funcionais com vistas ao alcance da
boa administração pública’ (art. 1º), consigna como premissas básicas: ‘I) a vinculação ao
planejamento estratégico institucional, objetivando disseminar a missão, a visão e os valores do
Tribunal, com vistas ao alcance das metas institucionais; II) o incentivo aos servidores para o seu
autodesenvolvimento, no sentido de melhorar o gerenciamento da sua carreira e de criar condições
concretas para o desenvolvimento organizacional; e ‘III - a identificação e o desenvolvimento das
competências profissionais necessárias para garantir a efetividade organizacional (art. 3º). Ou seja, as
regras internas do Tribunal estão voltadas para disseminar a intitulada gestão por competência e, como
tal, trazem previsão de seleção de pessoal para ocupar cargos e funções comissionadas que integram a
sua estrutura organizacional, conforme se pode depreender do disposto na Seção III.
53. Aduz, ainda, que foi com base nesse roteiro normativo que este Regional selecionou o
Diretor da Coordenadoria de Material e Logística, gestor imediato da unidade de aquisição de material,
conforme se pode depreender do Edital 2, de 19/1/2012. Vale dizer que a escolha, realizada por
Comissão previamente designada para tal finalidade, levou em conta a matriz de competência
elaborada por este Regional em parceria com a empresa Leme Consultoria (Anexo II do Edital).
54. Quanto a esse último tópico, ressalta que o Tribunal adota o modelo de Gestão de Pessoas
por competências, instituído pela Resolução 92/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho,
cuja implantação deu-se em parceria com a empresa Leme Consultoria, contratada para tal finalidade
em 2010. O mapeamento das competências ocorreu com 60 gestores estratégicos, contemplando 16
cargos em comissão correspondentes a Diretores de Secretaria de Varas Trabalhistas, Coordenadores
de Fórum da sede e de fora da sede e Diretores e Coordenadores da área Administrativa. As etapas do
Projeto compreenderam: i) instituição de Comitê Gestor Regional (Portaria TRT8 nº 479/2013); ii)
capacitação em gestão de pessoas por competência; iii) mapeamento das competências gerenciais; iv)
897

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

avaliação das competências gerenciais; v) planos de desenvolvimento individual e vi) programa de


desenvolvimento gerencial, consoante levantamento dos Regionais pelo CSJT.
55. No que diz respeito às funções-chave do setor de aquisições, informa que o TRT8 realizou,
ainda, o mapeamento das competências de todos os servidores lotados na Coordenadoria de Licitações
e Contratos - COLIC (Coordenador de Licitações e Contratos, Assistente do Coordenador de
Licitações e Contratos, Chefe da Seção de Compras Diretas, Chefe da Seção de Contratos, Chefe da
Seção de Planejamento de Licitações, Pregoeiro e Assistente de Execução de Pregões).
56. Não obstante a previsão normativa interna e a adoção pelo Tribunal de processo seletivo para
escolha de servidores detentores de cargos efetivos para o exercício de cargos e funções de confiança,
inclusive para áreas de aquisição, conforme demonstrado, ressalta que a natureza desses cargos e
funções comportam, por lei, eleição discricionária pelo gestor maior do Órgão, fato que, de toda sorte,
não repele a observância dos critérios levantados pela matriz de competência para tal proceder, que
efetivamente se observa nesse processo de provimento.
57. Nestes termos, as causas da deficiência indicada parecem ter sido extraídas em contexto
empírico de falha na comunicação, eis que o Tribunal possui disciplina acerca do acesso às funções de
direção e chefia em todas as suas unidades administrativas e judiciárias, inclusive as relacionadas pela
equipe de auditoria, assim como possui implantado o sistema de gestão por competências.
58. Por derradeiro, informa que o projeto de implantação da gestão de pessoas por competências,
pela sua própria natureza, está sempre em constante aprimoramento, fato que também é levado a efeito
pelo Tribunal.
59. Nesses termos, diverge das conclusões apresentadas.
Efeitos/Consequências do achado:
60. Seleção de pessoal não qualificado para desempenhar funções chave da área de aquisições
(efeito potencial).
Critérios:
61. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
62. Gespública, item 6.1 - B.
Evidências:
63. Resposta ao item A.1 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 7, p.2)
64. Editais de seleção do Coordenador de Material e Logística (edital de 19/1/2012), Assistente
de Execução de Pregões (edital de 19/6/2013) e Chefe da Seção de Planejamento de Licitações (edital
de 25/2/2014) (peça 8).
Conclusão da equipe:
65. A organização seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de
processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades.
66. Diante dos elementos apresentados nos comentários do gestor que modificaram a
interpretação da equipe com relação à falha apresentada, a equipe pugna pela retirada do achado, não
havendo encaminhamento a ser proposto.
3.2. Deficiência na avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições
Situação encontrada:
67. O item A.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
estrutura de recursos humanos da área de aquisições (quantitativo e qualificação do pessoal) é avaliada
periodicamente.
68. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 2), o TRT-8 declarou que pretende adotar a
prática.
69. Solicitada evidência por meio do Ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-8 não
apresentou documentação.
Comentários do Gestor:
70. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal realiza e revisa a avaliação de sua estrutura de recursos humanos, situação que é levada
898

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em conta em seu Planejamento Estratégico, cujos indicadores revelam deficiência de recursos


humanos para fazer face à demanda interna.
71. Complementa que a situação de deficiência de pessoal, mormente da área administrativa,
sempre foi uma constante preocupação do Tribunal que, desde 2010, vem tentado aprovar projetos de
lei para criação de cargos efetivos.
72. Em atuação recente, o Tribunal voltou a elaborar estudos com vista à reavaliação da situação
pelo Conselho Nacional de Justiça, considerando que a alternativa única para minorar os problemas
atuais está na criação de cargos efetivos para compor a sua área administrativa, há muito distanciada
do crescimento das atividades desenvolvidas, englobando a área de aquisições.
73. O gestor citou como referência trecho do Estudo Técnico SEGES/TRT da 8ª Região nº
1/2015 em que faz menção as conclusões de Comissão Técnica de Apoio ao CNJ, instituída por ato de
2009, resumindo a avaliação da estrutura de recursos humanos pela ótica quantitativa em ambiente
interno como precária.
74. Reforça que existem, portanto, estudos que avaliam a estrutura de recursos humanos na área
de aquisição enquanto inserta na área administrativa, sendo que da identificação das deficiências
individuais e locais de cada área administrativa que se projeta o estudo global. Portanto, a situação é
sistêmica.
75. No bojo dessa situação sistêmica, o gestor verifica que se não fosse a qualidade profissional e
técnica dos servidores, a área de aquisição ainda estaria eivada de maiores problemas. E, quanto à
questão qualitativa, o investimento do Tribunal é alto. O Plano Anual de Capacitação, instrumento do
Programa Permanente de Capacitação do Tribunal (Resoluções nºs 408 e 409/2008), possibilita que os
servidores se reciclem constantemente, com força na Educação a Distância, ferramenta que pode ser
acessada e visitada sem o empecilho do tempo e do espaço (v. PAC 2012, 2013 e 2014).
76. Nestes termos, diverge das conclusões apresentadas.
Causas (indicadas pela equipe):
77. Ausência de avaliação quantitativa periódica da estrutura de recursos humanos específica da
função de aquisições.
Análise
78. O estudo técnico citado órgão é de 2015, ou seja, posterior ao período de execução dos
trabalhos da equipe.
79. Em que pese as alegações do gestor, não ficou comprovado que existe uma avaliação
quantitativa periódica da estrutura de recursos humanos da função de aquisições.
80. Em outro viés, há elementos que permitem inferir deficiência de recursos humanos para fazer
face à demanda interna, como menciona nos indicadores revelados pelo Planejamento Estratégico, bem
como nas gestões no intuito de aprovar projetos de lei para criação de cargos efetivos.
81. Por fim, o gestor afirma existirem estudos que avaliam a estrutura de recursos na área de
aquisições enquanto inserta na área administrativa, no entanto não apresentou tal estudo, ainda que
apresentasse a equipe consideraria satisfatória a existência de estudo específico para área de aquisições
e com avaliação periódica.
82. Assim, em vista dos argumentos apresentados, os elementos não desconstituem, sob à ótica
da equipe, o achado.
Efeitos/Consequências do achado:
83. Quantidade inadequada de pessoal para desempenhar as atividades da área de aquisições
(efeito potencial).
84. Qualificação insuficiente do pessoal responsável por desempenhar as atividades da área de
aquisições (efeito potencial).
Critérios:
85. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
Evidências:
86. Resposta ao item A.2 do questionário Perfil Governança das Aquisições 2013 (peça 7, p.2).
899

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conclusão da equipe:
87. A organização não avalia periodicamente a estrutura de recursos humanos da área de
aquisições (quantitativo do pessoal).
Proposta de encaminhamento:
88. Recomendar ao TRT-8 que realize avaliação quantitativa do pessoal do setor de aquisições,
de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das
atividades de aquisições da organização.
3.3. Deficiências na implantação de código de ética
Situação encontrada:
89. O item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se
organização adota código de ética, prevendo sua aplicação a todas as pessoas (servidores, empregados,
gestores, colaboradores), inclusive os membros da alta administração.
90. Em sua resposta enviado ao TCU (peça 7, p. 3), o TRT-8 declarou que adota código de ética,
prevendo sua aplicação a todas as pessoas da organização, inclusive aos membros da cúpula e da Alta
Administração e avaliou a necessidade de complementar o Código de Ética Profissional do Servidor
Público com um código de ética próprio ou outras políticas tratando das questões éticas relacionadas às
suas atividades específicas.
91. Entretanto, ainda em resposta ao Questionário, o TRT-8 informou que não há ações, nos
últimos dois anos, de disseminação, capacitação ou treinamento sobre as normas contidas no código de
ética, assim como não instituiu comissão de ética.
92. Como evidência, solicitada por meio do 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-8
apresentou a Resolução 88/2012, ato que instituiu o Código de Ética dos Servidores, aplicável,
conforme disposto no art. 2º, a todos os servidores do órgão (peça 9, p. 1-12).
93. Frise-se, ainda, que os membros da cúpula do Tribunal obedecem aos ditames estabelecidos
na Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
94. Por meio do Ofício de Requisição 1-572 (peça 6, p. 1-3), foram solicitadas ações de
divulgação ou capacitação nos últimos 2 anos versando sobre o Código de Ética, sendo que o órgão
encaminhou reportagem datada de 1/2/2013 - ‘Código de Ética orienta comportamento dos servidores
do TRT’ em que apresenta resposta dos integrantes da Comissão de Ética a perguntas sobre a temática
(peça 9, p. 13-18).
95. No que tange à instituição da comissão de ética, houve inconsistência entre o informado no
questionário e o constante na resposta apresentada ao Ofício de Requisição e, a fim de dirimir dúvidas,
a equipe questionou à Coordenadora de Auditoria e Controle Interno, obtendo como evidência a
Portaria TRT GP 1145, de 5/10/2012, que designa servidores para a Comissão de Ética do Tribunal
para um mandato de dois anos, a contar de 15/10/2012 (data da publicação da portaria no Diário
Eletrônico da Justiça do Trabalho (peça 9, p. 20)).
96. Ocorre que em 15/10/2014 expirou o mandato dos integrantes da Comissão de Ética do TRT
e não houve a renovação, indicando descontinuidade de ocupação na comissão de ética, bem como não
houve aprovação de plano de trabalho para o exercício de 2013.
Comentários do Gestor:
97. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal trabalha exaustivamente para disseminar a cultura da ética no âmbito de suas
atividades, dentre elas o ingresso, desde 2011 do Curso Deontologia Profissional do Servidor no Plano
Anual de Capacitação - instrumento que integra o Programa Permanente de Capacitação instituído pela
Resolução 409/2008, integrando ainda a grade de cursos a distância - EAD, cuja participação é aberta
não somente ao servidores recém-nomeados como a todos os servidores do órgão.
98. Informa, ainda, que integram o Plano Anual de Capacitação do Tribunal as ações voltadas
para o desenvolvimento da cidadania corporativa, previstas no art. 8º do Regulamento do Programa
Permanente de Capacitação, aprovado pela Resolução 409/2008, que têm por escopo a sensibilização
das pessoas que atuam na organização para a prática de valores institucionais, estando a ética inserida
900

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nesse contexto. A materialização dessas ações dá-se, em regra, por meio de Seminários, a exemplo do
Seminário da Cidadania Corporativa realizado em 9/3/2015, onde um dos temas tratados foi Ética no
Serviço Público.
99. Complementa com o fato de que o último concurso público realizado pelo Tribunal
requisitou conhecimento do Código de Ética no programa para provimento dos cargos de Analista e
Técnico Judiciários, impondo aos candidatos estudo da matéria antes mesmo de seu ingresso no órgão.
100. Por fim, a Comissão de Ética atua em conjunto com a área de capacitação (ECAISS) para
tal finalidade. Não obstante, existe, realmente, ausência de formalização de um plano anual de trabalho
por parte da Comissão de Ética para desenvolver melhor as suas atividades, deficiência que tem como
causa o curto espaço de tempo para desenvolvimento das tarefas diante da efetiva falta de pessoal na
área administrativa.
101. Diante dos fatos, diverge parcialmente das conclusões apresentadas.
Causas (indicadas pela equipe):
102. Ausência de formalização de um plano anual de trabalho;
103. Ausência de ato formal em vigor designando uma comissão de ética.
Análise
104. A equipe reconhece que ações, a exemplo das elencadas pelo TRT-8, representam
iniciativas no sentido de institucionalizar no órgão valores voltados para a aplicação da ética no
serviço público.
105. No entanto, o TRT-8 não apresentou ato aprovado posteriormente à 15/10/2014 indicando
que há Comissão de Ética oficializada e com mandato em vigor no órgão.
106. A admissão pelo gestor da inexistência de plano anual de trabalho, formalizado por parte da
Comissão de Ética para desenvolver melhor as suas atividades, corrobora o entendimento da
deficiência na implantação do Código de Ética na unidade, pelo que a equipe ratifica os termos do
achado.
Efeitos/Consequências do achado:
107. Atores da função de aquisição adotarem condutas inadequadas nos processos ligados às
aquisições (efeito potencial).
Critérios:
108. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 6.1.
109. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 070.
110. Decreto 6.029/2007, arts. 15, 16 e 24.
111. Decreto 6.029/2007, art. 7º, II, d.
112. Decreto 6.029/2007, art. 5º.
113. Decreto 1.171/1994, art. 2º e XVI do Anexo II.
114. Decreto 6.029/2007, art. 7º, § 1º.
Evidências:
115. Resposta do TRT-8 ao item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 7, p. 3).
116. Resolução TRT 88/2012 (peça 9, p. 1-12);
117. Portaria TRT GP 1145, de 5/10/2012 (peça 9, p. 20).
Conclusão da equipe:
118. Em que pese a organização apresentar um arcabouço normativo, a organização não
disseminou ações, no âmbito interno, voltadas à aplicação do Código de Ética, descontinuando a
ocupação da comissão de ética e não aprovando plano de trabalho anual para atuação da comissão de
ética implantada.
Proposta de encaminhamento:
119. Recomendar ao TRT-8 que:
a) promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
901

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b). adote mecanismo de controle e monitoramento do cumprimento do código de ética instituído;


e
c). aprove plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética.
3.4. Deficiências na liderança organizacional
Situação encontrada:
120. O item A.9 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona, em
relação ao desempenho organizacional da gestão das aquisições, se a Alta Administração da
organização estabeleceu:
a). Objetivos para a gestão das aquisições;
b). Pelo menos um indicador para cada objetivo da gestão das aquisições;
c). Metas de desempenho para os objetivos da gestão das aquisições;
d). Mecanismos de gestão dos riscos relacionados aos objetivos; e
e). Mecanismos de controle do cumprimento das metas da gestão das aquisições.
121. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 3), o TRT-8 declarou que não estabeleceu os
parâmetros citados acima.
122. Solicitado por meio do Ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-8 não
apresentou evidência.
Comentários dos Gestores:
123. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal reestruturou os seus serviços auxiliares e trouxe para a organização elementos que
visam otimizar a fase de planejamento das aquisições, conforme pode ser constatado pela Resolução
1/2014 e Ato 61/2015, que aprova o Manual de Organização, de modo que a adoção da recomendação
está em pauta.
124. Em todo caso, registra que o Tribunal encontra-se deficiente na respectiva área por força da
falta de pessoal para adoção das medidas proclamadas pela Fiscalização.
125. Assim, concorda com a recomendação sob escopo da causa elencada, registrando que as
providências estão sendo avaliadas para suprir a deficiência.
Causas (indicadas pela equipe e pelo gestor)
126. Ausência de objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições.
Análise
127. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
128. Impossibilidade de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional
adequado (efeito real).
Critérios:
129. Gespública, item 1.3.
130. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 102.
Evidências:
131. Resposta ao item A.9 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 7, p.3).
Conclusão da equipe:
132. A organização não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições,
tampouco mecanismos de controle do alcance das metas.
Proposta de encaminhamento:
133. Recomendar ao TRT-8 que estabeleça formalmente:
a) Objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) Pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) Metas para cada indicador definido na forma acima;
d) Mecanismos de gestão dos riscos relacionados aos objetivos; e
902

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) Mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
Estratégia
134. Sobre o componente estratégia, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia
necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e
expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação
e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de
curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e
organizações envolvidas ou afetadas.
135. No componente estratégia, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Há estabelecimento de diretrizes para as aquisições, como políticas de terceirização, de
compras, de estoques dentre outras, que direcionam as decisões operacionais das aquisições (por
exemplo, quais serviços devem ser contratados e quais devem ser executados com servidores);
b) Há estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área de aquisições,
de forma que cada setor tenha atribuições específicas e se possam implementar mecanismos de
segregação de funções críticas;
c) Existem instâncias colegiadas, compostas por integrantes das diversas áreas da organização,
que apoiem as decisões críticas sobre as aquisições, mitigando o risco de decisões com viés.
136. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.5. Deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições
Situação encontrada:
137. O item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
Alta Administração da organização aprovou e publicou para a organização:
a) Estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) Política de compras;
c) Política de estoques;
d) Política de sustentabilidade; e
e) Política de compras conjuntas.
138. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 3-4), o TRT-8 declarou que não estabeleceu
estratégias de terceirização, política de compras, política de estoques, política de sustentabilidade e
política de compras conjuntas.
139. Solicitado por meio do Ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-8 não
apresentou evidência.
Comentários dos Gestores:
140. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que a terceirização no âmbito do Tribunal deu-se depois de estudos técnicos realizados, primeiramente,
em 1998, revisados em 2003, ainda sob o enredo das orientações vigentes à época. Os estudos
englobaram fases para implantação da terceirização, tendo ficado sedimentado que esta ocorreria
paulatinamente. Para tal finalidade, o Tribunal aprovou o regulamento das atividades terceirizadas,
objeto da Resolução 26/2003 que, embora defasado, mormente no que tange à competência dos órgãos
destinados ao desenvolvimento das atividades envolvidas, demonstra a diretriz inicial para execução
dos serviços.
141. Em todo caso, a partir desse marco histórico, ressalta que o Tribunal vem atualizando suas
estratégias de terceirização por ocasião dos estudos preliminares que dão ensejo ao processo licitatório,
seguindo o roteiro dos editais elaborados pelo Tribunal de Contas da União, que servem de espelho à
materialização das atividades na respectiva área, de modo que, na atualidade, não se pode falar em
existência de aprovação de estratégia específica, nos moldes requisitados pela Fiscalização.
903

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

142. No que tange à política de compras e de estoques, reconhece que existe carência de
estratégias que deverão ser supridas com a atual postura de governança adotada.
143. Em relação à política de sustentabilidade, informa que o Tribunal segue os roteiros
delineados pelas normas técnicas, e já deu o primeiro passo com a criação de Comissão
Multidisciplinar de Licitação (CML) incumbida da elaboração do Plano de Projeto de Licitação
Sustentável (PPLS), objeto da Portaria GP nº 157, de 2 de março de 2015, divulgada no DEJT de 5
seguinte, responsável por realizar a análise preliminar dos planos de projetos de licitação sustentável
(PPLS); emitir parecer conclusivo para subsidiar o Ordenador de Despesa na aprovação dos PPLS; e
manter controle de versões dos PPLS analisados, para fins de monitoramento da qualidade da fase de
planejamento da licitação (art. 2º), instrumento que vem ao encontro das diretrizes e metas de
governança que estão sendo implementadas pelo Tribunal a partir da reformulação do seu
Regulamento dos Serviços Auxiliares.
144. Isto posto, concorda parcialmente com as conclusões da fiscalização.
Causas (indicadas pela equipe e pelo gestor)
145. Carência de estratégias voltadas a política de compras e de estoques.
Análise
146. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
147. Realização de aquisições que não estejam alinhadas às diretrizes estratégicas da organização
(efeito potencial).
Critérios:
148. Gespública, itens 2.1, 2.3.2 e 4.1.
Evidências:
149. Resposta do TRT-8 ao item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 7, p. 3-4).
Conclusão da equipe:
150. O TRT-8 não estabeleceu as seguintes diretrizes para função de aquisições:
a) Estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) Política de compras;
c) Política de estoques;
d) Política de sustentabilidade; e
e) Política de compras conjuntas.
Proposta de encaminhamento:
151. Recomendar ao TRT-8 que estabeleça diretrizes para área de aquisições incluindo:
a) Estratégia de terceirização.
b) Política de compras;
c) Política de estoques;
d) Política de sustentabilidade; e
e) Política de compras conjuntas.
3.6. Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área
de aquisições
Situação encontrada:
152. O item B.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que incluem a definição da estrutura organizacional da área de aquisições, e
estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados.
153. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 4), o TRT-8 declarou que haveria tais normativos
internos.
904

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

154. Como evidência, solicitada por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-
8 apresentou o Regulamento dos Serviços Auxiliares do Tribunal (peça 10).
155. O Regulamento dos Serviços Auxiliares do Tribunal estabelece em seus arts. 18 a 25 as
atribuições da Coordenadoria de Material e Logística e subordinados, órgão técnico subordinado à
Secretaria Administrativa que tem por finalidade gerenciar e executar atividades inerentes à
administração e controle de bens patrimoniais, móveis e imóveis, e de consumo necessários ao
funcionamento da Justiça do Trabalho da Oitava Região.
156. O Regulamento supramencionado estabelece, ainda, em seus arts. 26 a 28, as atribuições da
Coordenadoria de Licitações e Contratos e subordinados, órgão técnico subordinado à Secretaria
Administrativa que tem por finalidade gerenciar e executar atividades inerentes à aquisição de
materiais, contratação de serviços em geral, mediante apresentação de projetos básicos e termos de
referências.
157. Quanto à política de delegação de competência para autorização das contratações,
questionado por meio do subitem ‘c’ do Ofício de Requisição 1-572 (peça 6), o TRT-8 apresentou a
Portaria GP 1, de 2/1/2013, que delega competência ao Diretor-Geral para a prática dos seguintes atos
(peça 11):
[...]
p) Assinar portarias de designação de fiscalizadores de contratos, bem como de substitutos
automáticos;
[...]
r) Designar os membros da Comissão Permanente de Licitação e de Cadastramento Anual, bem
como os Pregoeiros e a equipe de apoio nos pregões;
s) Autorizar a realização de licitação nas modalidades previstas em lei, cujo valor não ultrapasse
R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) após manifestação favorável do Ordenador de Despesas;
t) Homologar, anular ou revogar, total ou parcialmente, os processos licitatórios, inclusive os que
envolvem contratação de natureza contínua, cujo valor não ultrapasse R$ 150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais);
u) Ratificar as situações de dispensa de processos licitatórios e reconhecer as hipóteses de
inexigência de licitação, nos termos do art. 26 da Lei 8.666/93, até o limite de R$ 150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais);
v) Assinar contratos, termos aditivos e Atas de Registro de Preços, bem como rescisões e
distratos, no interesse da Administração, em contratos cujo valor original não ultrapasse R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);
w) Autorizar a substituição de garantia exigida nos processos licitatórios e nos contratos, bem
como sua liberação e restituição, quando comprovado o cumprimento das respectivas obrigações;
x) Apreciar e decidir sobre a aplicação de penalidades a licitantes, fornecedores e prestadores de
serviços, excetuando aquela prevista no artigo 87, inciso IV, da Lei 8.666/93;
158. O item B.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente
máximo da organização com respeito às aquisições.
159. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 4), o TRT-8 declarou que haveria tais normativos
internos.
160. Da leitura do subitem 155 acima, depreende-se que há limite de alçada de R$ 150.000,00
para aquisições mediante a delegação de competência ao Diretor-Geral, sendo ausente na normatização
interna as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo da organização com
respeito às aquisições.
161. No tocante aos controles internos para monitorar os atos delegados, foi solicitada
informação por meio do Ofício de Requisição 1-572 (peça 6 - subitem d), sendo que o TRT-8
informou que é inexistente o mecanismo de monitoramento dos atos delegados (peça 12 - alínea d).
Comentários dos Gestores:
905

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

162. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que as competências internas e o funcionamento dos diversos órgãos e serviços do Tribunal estão
dispostos no seu Regimento Interno e no Regulamento dos Serviços Auxiliares, cuja competência para
elaboração é conferida pelo art. 96, inciso I, da CF/1988.
163. Complementa aduzindo que as competências do Presidente do Tribunal, pertinente às
aquisições, estão dispostas no art. 37, incisos LV a LIX, do Regimento Interno, e o atual Regulamento
dos Serviços Auxiliares, recentemente aprovado pela Resolução 1/2015, que reorganizou a estrutura
administrativa do Tribunal e, em consequência, as diversas unidades vinculadas à área de aquisições,
estabeleceu as finalidades dos órgãos judiciários e administrativos, delegando para o Manual da
Organização, aprovado pelo Ato GP nº 61, de 2015, a fixação das competências das diversas unidades
que o compõem, dentre as quais a Coordenadoria de Material e Logística e a Coordenadoria de
Licitações e Contratos.
164. Ressalta que a delegação de competência é prática que o Tribunal estabelece a partir das
necessidades internas, de sorte que ao Diretor-Geral são conferidas prerrogativas insertas na Portaria
GP nº 1, de 2013, cujo monitoramento é realizado não somente pela Coordenadoria de Auditoria e
Controle Interno (Coaud) do Tribunal, como pelos órgãos vinculados à atual Coordenadoria de
Governança Institucional, cuja competência encontra-se delineada no Manual da Organização.
165. Assim, nesse sentido, realça que o Tribunal possui normativo fixando as competências das
unidades administrativas quanto às aquisições, fato que pode ser confirmado pelos documentos
encaminhados, sem perder de vistas que as competências nada mais são do que atribuições dispostas
em normativos internos cujo descumprimento ou não observância faz gerar as responsabilidades
previstas na legislação de regência.
166. Finaliza alegando que os mecanismos de controles internos para monitorar as ações
relativas às aquisições fazem parte do rol de atribuições da Coordenadoria de Governança
Institucional, sendo que os atos delegados ao Diretor-Geral são monitorados, em regra, pelo órgão de
Auditoria e Controle Interno do Tribunal em ação correspondente, em face do princípio das
segregações das funções.
167. Assim, diante do novo quadro institucional, diverge das conclusões apresentadas no
Relatório.
Efeitos/Consequências do achado:
168. Ausência de segregação de funções em atividades críticas (potencial).
169. Desconhecimento acerca de quem é o responsável por realizar atividades na área de
aquisições (potencial).
170. Sobreposição de responsabilidades pela realização de uma mesma atribuição (potencial).
Critérios:
171. Princípio da segregação de funções;
172. Princípio de Prudência;
173. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 084;
174. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1;
Evidências:
175. Regulamento dos Serviços Auxiliares do TRT-8 (peça 10);
176. Portaria TRT-8 GP 1, de 2/1/2013 (peça 11); e
177. Resposta do TRT-8 aos subitens c e d do Ofício de Requisição 1-572 (peça 12).
Conclusão da equipe:
178. A organização estabelece as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente
máximo da organização com respeito às aquisições e existem mecanismos de monitoramento dos atos
delegados.
179. Diante dos elementos apresentados nos comentários do gestor que modificaram a
interpretação da equipe com relação à falha apresentada, a equipe pugna pela retirada do achado, não
havendo encaminhamento a ser proposto.
906

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.7. Deficiências na instituição de instâncias colegiadas


Situação encontrada:
180. O item B.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
alta administração designou formalmente corpo colegiado (ex. comitê, conselho) responsável por
auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições.
181. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 4), o TRT-8 declarou que não designou
formalmente corpo colegiado para auxiliá-lo nas decisões relativas às aquisições.
Comentários dos Gestores:
182. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que a alta administração busca formar colegiados técnicos para subsidiar suas decisões, o que faz por
meio de resoluções e portarias.
183. Ressalta que a Resolução 196/2005 instituiu a Comissão do Orçamento que possui, dentre
outras competências, a de emitir parecer prévio sobre a proposta orçamentária anual, inclusive com a
sugestão ao Tribunal Pleno de modificações e ajustes que devam ser implementados. Nessa Comissão
são definidos os pontos da execução orçamentária, inclusive no que tange ao planejamento das
aquisições.
184. Realça, ainda, que a Portaria 312/2001 criou a Comissão de Informática para auxiliar a alta
administração nas decisões relativas às aquisições da área. Essa Comissão define as diretrizes para a
área de informática.
185. Nesse sentido, diverge das conclusões apresentadas no Relatório.
Causas (indicadas pela equipe)
186. Falta de formalização de instância colegiada.
Análise
187. A existência de uma Comissão de Orçamento no âmbito da organização que possui
competência para definir pontos do planejamento das aquisições, não elide a recomendação
apresentada no encaminhamento, tendo em vista que a implantação de um comitê integrado por
representantes dos diversos setores da organização representaria solução diversa no processo decisório
de auxílio à alta administração em processos de aquisições.
188. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que há deficiências na instituição
de instâncias colegiadas.
Efeitos/Consequências do achado:
189. Realização de aquisições que não atendam às demandas da organização como um todo
(potencial).
190. Realização de aquisições desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (potencial).
Critérios:
191. IFAC, item 073;
Evidências:
192. Resposta ao item B.7 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 7, p. 4).
Conclusão da equipe:
193. A alta administração não designou formalmente corpo colegiado para auxiliá-la nas
decisões relativas às aquisições.
Proposta de encaminhamento:
194. Recomendar ao TRT-8 que avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por
representantes dos diversos setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração
nas decisões relativas às aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização
como um todo.
Controle
195. Sobre o componente controle, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
907

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser
avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação,
transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a
responsabilização pelos atos praticados.
196. No componente controle, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Existem diretrizes para gestão de risco das aquisições, os gestores são capacitados para
realizar gestão de risco das aquisições e esta gestão é realizada;
b) Existem canais que recebem denúncias sobre impropriedades nas aquisições da organização;
c) A função de auditoria interna está estabelecida e atua segunda as boas práticas internacionais
sobre o tema (IPPF), não realizando atividades de co-gestão.
d) A organização dá publicidade às decisões sobre o julgamento das contas, agendas de
dirigentes superiores e tem transparência ativa quanto a todos os documentos de seus processos
administrativos de aquisição.
197. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.8. Deficiências na gestão de risco das aquisições
Situação encontrada:
198. Os itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se:
a) A Alta Administração estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições.
b) A organização capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos.
c) A organização realiza gestão de riscos das aquisições.
199. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 4), o TRT-8 declarou que:
a) A Alta Administração não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das
aquisições;
b) Pretende adotar a prática de capacitar os gestores da área de aquisições em gestão de riscos; e
c) Pretende adotar a prática de realizar gestão de riscos das aquisições.
200. Solicitado evidência, por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-8 não
apresentou evidência.
Comentários dos Gestores:
201. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal, por meio da Resolução 1, de 2015, reestruturou os seus serviços auxiliares e criou a
Coordenadoria de Governança Institucional cujo papel principal visa operacionalizar a gestão de
riscos, conforme se pode depreender das competências insertas no Manual de Organização aprovado
pelo Ato nº 61/2015, in verbis:
À Cogin compete: I. planejar ações de monitoramento e avaliação de riscos corporativos, com
ênfase nos aspectos da conformidade legal e normativa, boas práticas, alinhamento às estratégias da
instituição e seu desempenho global; II. planejar atividades de monitoramento da gestão de contratos,
convênios e ajustes congêneres e de fiscalização administrativa de condições acessórias pactuadas, em
apoio à fiscalização técnica do objeto contratado; III. planejar de ofício ou por ordem superior
inspeções nos atos e sistemas de gestão administrativa e averiguações de natureza disciplinar; IV.
planejar e dirigir ações coordenadas de monitoramento da gestão administrativa em conjunto com a
Coordenadoria de Gestão Estratégica e a Coordenadoria de Auditoria e Controle Interno, em apoio à
governança institucional; V. submeter à consideração superior relatório das atividades planejadas e
executadas e respectivos resultados obtidos, e VI. executar outras atividades que lhe forem atribuídas.
202. Ressalta que as diretrizes para a gestão de riscos traçadas pela Alta Administração do
Tribunal, portanto, foram implementadas com a criação dessa unidade administrativa que, por força de
suas atividades, deverá estabelecer critérios de gerenciamento de riscos das aquisições.
203. Quanto à capacitação de servidores, informa que treinamentos já foram oferecidos e outros
estão sendo requisitados com vistas ao fortalecimento e implementação dessa cultura no âmbito do
Tribunal.
908

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

204. Pelas razões enfocadas, diverge das conclusões da Fiscalização.


Causas (indicadas pela equipe):
205. Falta de uma cultura de gestão de riscos na organização.
Análise
206. A estrutura de gestão de riscos da organização é incipiente, pois foi introduzida por ato
normativo de 2015, não sendo institucionalizada no Tribunal uma cultura de gestão de riscos.
207. No que concerne à capacitação de servidores, em que pese o Tribunal ter informado que os
treinamentos foram oferecidos e outros estão sendo requisitados com vistas ao fortalecimento e
implementação dessa cultura no âmbito do Tribunal, não foram apresentados elementos que
comprovem tal prática.
208. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que é deficiente à gestão de risco
nas aquisições realizadas pelo TRT-8.
Efeitos/Consequências do achado:
209. Desconhecimento acerca dos riscos envolvidos em cada aquisição (efeito real).
Critérios:
210. Gespública, item 1.1 - C
211. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Evidências:
212. Resposta aos itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 7, p. 4).
Conclusão da equipe:
213. A organização não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições.
Proposta de encaminhamento:
214. Recomendar ao TRT-8 que:
a) Estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
b) Capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
c) Realize gestão de riscos das aquisições.
3.9. Deficiências na função de auditoria interna
Situação encontrada:
215. Os itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
contêm as seguintes perguntas:
a) A unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de contratações específicos,
como parte de sua rotina ou mesmo de forma esporádica?
b) A unidade de auditoria interna executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão de
riscos?
216. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 4-5), o TRT-8 declarou que:
a) A unidade de auditoria interna não emite pareceres em processos de contratações específicos,
como parte de sua rotina ou mesmo de forma esporádica;
b) A unidade de auditoria interna não executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão
de riscos.
217. Registre-se, por oportuno, que a emissão de pareceres em processos constitui-se em um dos
tipos de atividade de controle (no caso, a revisão), e que as atividades de controle são de
responsabilidade dos gestores, não devendo ser realizadas por auditores internos por trazer-lhes perda
de independência na atividade de auditoria.
218. Por meio do Ofício de Requisição 1-572 (peça 6 - subitens g e h), foram solicitadas as
seguintes informações:
909

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) sistema utilizado para monitorar as providências adotadas pela Administração em decorrência


dos resultados dos trabalhos de auditoria interna e externa;
b) cópia, preferencialmente em meio magnético, do estatuto para a auditoria interna, regimento
interno do TRT-8, listagem de processos administrativos em que a auditoria interna emitiu parecer em
2013/2014, ato que aprovou o plano anual de auditoria de 2014, modelos de procedimentos utilizados
nas atividades de auditoria interna e relatórios de auditoria 2014.
219. Em resposta ao subitem ‘a’ acima descrito, o TRT-8 declarou que é inexistente um sistema
utilizado para monitorar as providências adotadas pela administração em decorrência dos resultados
dos trabalhos de auditoria interna e externa e encaminhou a documentação com relação ao item b
acima descrito.
Comentários dos Gestores:
220. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que, de acordo com o Manual de Organização aprovado pelo Ato nº 61/2015, a Coordenadoria de
Auditoria e Controle Interno detém competência e possui a atividade de auditoria como uma
ferramenta auxiliar da unidade de controle interno, em consonância com as orientações postas no
Acórdão TCU 821, de 2014, do Plenário do Tribunal de Contas da União.
221. Enfatiza que, por força dessa própria natureza, a Coaud não mais exerce atividades de
evidenciem cogestão. Aliás, essa preocupação também foi exposta em recomendação efetivada pelo
Colendo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) nos autos do PROCESSO Nº CSJT-A-
2801-10.2013.5.90.0000, relativo à realização de auditoria no exercício de 2012, no âmbito do
Tribunal.
222. Nesse sentido, vale registrar para melhor entendimento da Fiscalização, que o Poder
Judiciário possui sistema de controle integrado, tendo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como
órgão de cúpula. O CNJ, por sua vez, padronizou a organização e o funcionamento das unidades ou
núcleos de controle interno por meio da Resolução 86, de 8 de setembro de 2009, tendo esta unidade se
adequado aos ditames da referida Resolução, bem como ao roteiro delineado na Resolução 171, de 1º
de março de 2013, no que refere às normas técnicas de auditoria, inspeção administrativa e
fiscalização. Nesses termos, as definições de controle interno e auditoria acolhida pela unidade de
Controle não diverge das proclamadas pelo CNJ e pelo TCU.
223. No mais, com base nesses normativos, a Coaud do Tribunal vem trabalhando, inclusive
realizando auditorias para avaliação de gestão de riscos, como a realizada em 2014, que teve por
objeto, justamente, a avaliação dos contratos de serviços contínuos. Logo, afirma e demonstra que a
Coaud não mais atua em cogestão, como realiza trabalhos de avaliação da gestão de riscos na
organização.
224. Em conclusão, há que se divergir das conclusões apresentadas no relatório.
Causas (indicadas pela equipe):
225. Ausência de um sistema para monitoramento dos resultados dos trabalhos de auditoria
interna e externa.
Análise
226. A estrutura de gestão de riscos da organização é incipiente, pois foi introduzida por ato
normativo de 2015, não sendo institucionalizada no Tribunal uma cultura de gestão de riscos.
227. Em que pese a organização mencionar realização, em 2014, de auditoria para avaliação de
gestão de riscos não apresentou resultados dos trabalhos efetuados,
228. Não se vislumbrou na organização um sistema para monitoramento das providências
adotadas pela administração em decorrência dos resultados dos trabalhos de auditoria interna e externa.
A organização não se manifestou sobre essa falha.
229. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que há deficiência na função de
auditoria interna.
Efeitos/Consequências do achado:
910

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

230. Prejuízo à independência da unidade de auditoria interna (potencial).


231. Desconhecimento acerca da adequação dos processos de governança, riscos e controles
(real).
Critérios:
232. Acórdão 1.074/2009 - Plenário, item 9.1.2.
233. IIA - The Institute of Internal Auditors. Estrutura Internacional de Práticas Profissionais.
Itens: 1120, 2100, 2120 e 2500.
Evidências:
234. Resposta aos itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013.
Conclusão da equipe:
235. A unidade de auditoria interna não dispõe de um sistema para monitoramento das
providências adotadas pela administração em decorrência dos resultados dos trabalhos de auditoria
interna e externa.
Proposta de encaminhamento:
236. Recomendar ao TRT-8 que:
a) Observe as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores responsáveis
pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir atividades de
cogestão à unidade de auditoria interna;
b) Em decorrência da distinção conceitual acima, avalie a necessidade de segregar as atribuições
e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de forma que essa unidade organizacional não
possua concomitantemente atribuições e competências relativas a atividades de controle interno e a
atividades de auditoria interna;
c) Inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização; e
d) Adote um sistema de monitoramento para acompanhar o cumprimento das recomendações
proferidas pela unidade de auditoria interna.
3.10. Deficiências em accountability
Situação encontrada:
237. O item C.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta, com
respeito a accountability e transparência, se a Alta Administração:
a) Estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na
Internet;
b) Determina a publicação na sua página na Internet da decisão quanto à regularidade das contas
proferida pelo órgão de controle externo;
c) Determina a publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições;
d) Estabeleceu diretrizes para garantir que, de ofício, sejam apurados os fatos com indícios de
irregularidade ou contrários à política de governança, promovendo a responsabilização em caso de
comprovação.
238. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 5-6), o TRT-8 respondeu NÃO para os itens ‘a’,
‘b’, ‘c’ e SIM para o item ‘d’.
239. Solicitado evidência, por meio dos ofícios 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1) e 1-
572/2014 (peça 6, subitem i), o TRT-8 apresentou o Regulamento dos Serviços Auxiliares (peça 10),
Manual do Processo Administrativo Disciplinar, Plano de Gestão da Controladoria Administrativa e
Regulamento da Controladoria Administrativa (peça 13).
240. Observa-se que não constam diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja
publicada na Internet (mas sim para que informações relativas aos processos de licitações e contratos
sejam publicadas), nem a determinação para que seja publicada a decisão quanto à regularidade das
contas proferida pelo órgão de controle externo, bem como não é publicada a agenda de compromissos
públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
911

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Comentários dos Gestores:


241. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que, no tocante ao tópico accountability e transparência, por meio da Resolução 017/2014, o TRT-8
instituiu o Processo Administrativo Eletrônico, através do qual a tramitação, autuação, consulta e
prática de atos administrativos estarão disponíveis em meio eletrônico. A partir da implantação do
PAe, todos os documentos que integram não só os processos de aquisições como todos os demais
temas, estarão disponíveis na internet. De qualquer forma, todos os atos relativos a aquisições estão
dispostos no portal do TRT-8, link www.trt8.jus.br/Transparência/Contas Públicas (Licitações;
Contratos; Compras; Empresas Apenadas), e também www.trt8.jus.br/Transparência/Licitações,
Contratos e Registro de Preços.
242. Quanto à regularidade das contas proferidas pelo Tribunal de Contas da União, consta no
portal do TRT link Controle Interno a apresentação das contas nos exercícios de 1994 à 2013
(www.trt8.jus.br/Controle Interno/Tomada de Contas). Consta, ainda, no portal do Tribunal, link
denominado ‘Institucional/Agenda Institucional’ onde são postados os compromissos agendados da
Presidência, Vice-Presidência e Corregedoria.
243. Pelo exposto, acredita que os atos são suficientes para suprir qualquer deficiência de
accountability e transparência, pelo que diverge das conclusões da Fiscalização.
Causas (indicadas pela equipe):
244. Ausência de normatização interna estabelecendo diretrizes de accountability na
organização.
Análise
245. A organização alega cumprimento dos paradigmas de accountability e transparência, no
entanto não demonstra que há ato formal da alta administração estabelecendo as diretrizes ou
determinando a adoção de tais práticas.
246. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que há deficiência em
accountability na organização.
Efeitos/Consequências do achado:
247. Prejuízo ao controle social dos processos de aquisição (efeito potencial).
248. Redução da transparência quanto ao julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle
externo (efeito real).
Critérios:
249. Lei 12.527/2011, arts. 3º, 5º, 7º e 8º, inc. IV.
250. Lei 12.813/2001, art. 11 c/c art. 2º.
Evidências:
251. Resposta ao item C.6 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 7, p. 5-6).
Conclusão da equipe:
252. Não há diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na Internet.
Não há determinação para publicação da decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão
de controle externo. Não há determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do
dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições na Internet.
Proposta de encaminhamento:
253. Recomendar ao TRT-8 que:
a) Avalie a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os
processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na Internet;
b) Publique na sua página na Internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo
órgão de controle externo.
c) Publique na Internet a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da organização
e do principal gestor responsável pelas aquisições.
912

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Planejamento
254. Planejamento é princípio fundamental da administração pública, e sobre este componente
buscou-se avaliar se a organização pratica um processo de planejamento das aquisições, gerando um
plano de aquisições contendo o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo do ano,
instrumento este que deveria ser utilizado para a elaboração da proposta orçamentária anual, bem
como para o acompanhamento.
255. Também foi avaliada a existência de um Plano de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos
de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer
práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
256. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.11. Deficiências no processo de planejamento das aquisições
Situação encontrada:
257. O item D.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização executa processo de planejamento das aquisições, aprovando um plano de aquisições (ou
documento similar) para o período mínimo de um ano.
258. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 6), o TRT-8 declarou que pretende adotar a prática.
259. Solicitada evidência por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-8 não
apresentou evidência.
Comentários dos Gestores:
260. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal não possui, em termos formais, um Plano Anual de Aquisições, mas possui ferramentas
de planejamento anual das aquisições, bem como controle das aquisições.
261. Acrescenta, ainda que as evidências, portanto, são suficientes para que se concorde
parcialmente com a fiscalização.
Causas (indicadas pela equipe e pelo gestor):
262. Falta de formalização de um processo de planejamento das aquisições.
Análise:
263. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
264. Realização de aquisições sem vinculação ao PEI (potencial).
265. Imprevisibilidade da demanda de trabalho da unidade de aquisições (real).
266. Realização de aquisições sem o prazo adequado para planejamento (potencial).
267. Falta de recursos previstos no orçamento para realização da aquisição (potencial).
268. Realização de contratações emergenciais sem amparo legal (potencial).
Critérios:
269. GESPÚBLICA, item 2.2 - Implementação das estratégias.
Evidências:
270. Resposta ao item D.2 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 7, p. 6).
Conclusão da equipe:
271. A organização não possui um Plano Anual de Aquisições.
Proposta de encaminhamento:
272. Recomendar à organização que execute processo de planejamento das aquisições,
contemplando, pelo menos:
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
b) aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
913

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) divulgação do plano de aquisições na Internet; e


d) acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios.
3.12. Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS)
Situação encontrada:
273. O item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização aprovou um Plano de Gestão de Logística Sustentável - PLS (ou equivalente), isto é, um
plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e
mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer práticas de
sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
274. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 6), o TRT-8 declarou que pretende adotar a prática.
275. Como evidência, solicitada por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-
8 apresentou a Resolução CSJT 103 (peça 14), de 25/5/2012, que aprova o Guia Prático para inclusão
de critérios de sustentabilidade nas contratações de bens e serviços no âmbito da Justiça do Trabalho
de primeiro e segundo graus.
276. Foi solicitado, por meio do ofício 1-572/2014 (peça 6, subitem j), normativo que aprovou o
plano de ação para adoção/elaboração do Plano de Logística Sustentável ou equivalente, sendo que o
TRT-8 declarou que inexiste tal normativo e apresentou arquivo digital Projeto ‘Plano de Logística
Sustentável’ (peça 15).
277. O projeto de Plano de Gestão de Logística Sustentável (peça 15) contém, no subitem 9 -
Marcos e Entregas do Projeto - MEP, quadro sem preenchimento com cronograma de início, término e
servidor responsável, levando a crer que o projeto está paralisado, considerando, ainda, que, no campo
1 - Identificação do Projeto, consta data de início 7/1/2013 e data de término 30/4/2013 e a
apresentação à equipe de auditoria como Projeto indica que não prosperou tal iniciativa no âmbito do
TRT-8.
Comentários dos Gestores:
278. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal criou, recentemente, por meio da Portaria GP nº 157, de 2 de março de 2015, divulgada
no DEJT de 5 seguinte, a Comissão Multidisciplinar de Licitação (CML), responsável por realizar a
análise preliminar dos planos de projetos de licitação sustentável (PPLS); emitir parecer conclusivo
para subsidiar o Ordenador de Despesa na aprovação dos PPLS; e manter controle de versões dos
PPLS analisados, para fins de monitoramento da qualidade da fase de planejamento da licitação (art.
2º), instrumento que vem ao encontro das diretrizes e metas de governança que estão sendo
implementadas pelo Tribunal a partir da reformulação do seu Regulamento dos Serviços Auxiliares,
como dito alhures.
279. Acrescenta que o PPLS, versão atualizada do Plano de Projeto aprovado pela Portaria 90, de
2013, terá o condão de ‘possibilitar a aferição de resultados na fase de execução contratual,
considerados os parâmetros e indicadores constantes dos objetivos do contrato’, vindo ao encontro da
proposta de encaminhamento realizada pela Fiscalização.
280. Assim, diverge das conclusões apresentadas no relatório.
Efeitos/Consequências do achado:
281. Realização de contratações sem inclusão de requisitos de sustentabilidade (efeito real).
282. Desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios:
283. Lei 8.666/93, art. 3º caput;
284. IN-SLTI 10/2012, art. 12, 13 e 14.
Evidências:
285. Projeto de PLS (peça 15).
Conclusão da equipe:
286. A organização implementou pela Portaria GP nº 157, de 2/3/2015, um Plano de Gestão de
Logística Sustentável.
914

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

287. Diante dos elementos apresentados nos comentários do gestor que modificaram a
interpretação da equipe com relação à falha apresentada, a equipe pugna pela retirada do achado, não
havendo encaminhamento a ser proposto.
Pessoas
288. Quanto à gestão de pessoas, foram avaliados a existência de mapeamento de competências
necessárias à função de aquisições, condição necessária para uma boa gestão de pessoas, bem como se
a capacitação dos servidores/empregados da função de aquisições é adequada à execução das
atividades.
289. A deficiência identificada na avaliação empreendida encontra-se descrita a seguir.
3.13. Deficiências no mapeamento de competências necessárias à área de aquisições
Situação encontrada:
290. O item E.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se são
identificadas e definidas as competências necessárias para o desempenho das funções-chave da área de
aquisições.
291. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 6), o TRT-8 declarou que pretende adotar a prática.
Comentários dos Gestores:
292. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal desenvolve desde 2010 a implantação do modelo de gestão de pessoas por
competências (Resolução CSJT nº 92/2012), tendo já mapeado as competências específicas da área de
aquisições.
293. Complementa com o fato de que a evidência encontrada pelos auditores no Questionário
Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 registrava ‘pretende adotar a prática’, visto que o
trabalho de levantamento das competências gerenciais encontrava-se em curso (causa da divergência).
294. Logo, cabe divergir das conclusões do relatório.
Causas (indicadas pela equipe):
295. Falta de formalização das competências necessárias à área de aquisições.
Análise
296. A organização alega, mas não comprova por documentação formal, o mapeamento das
competências específicas da área de aquisições.
297. Considerando que alguns achados são passíveis de monitoramento em momento posterior, a
equipe considera pertinente a manutenção do encaminhamento proposto, com o subsequente
monitoramento do achado, tendo em vista que os elementos apresentados não foram suficientes para
descaracterizar que há deficiência no mapeamento de competências necessárias à área de aquisições.
Efeitos/Consequências do achado:
298. Desconhecimento acerca das competências necessárias ao desempenho adequado das
atividades realizadas pela área de aquisições (real).
299. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (potencial).
Critérios:
300. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inc. III.
301. Resolução CNJ 111/2010, art. 2º, II;
Evidências:
302. Resposta ao item E.1 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 7, p. 6).
Conclusão da equipe:
303. A organização não dispõe de documento interno ou externo descrevendo as competências
necessárias para o desempenho das funções-chave em aquisições.
Proposta de encaminhamento:
304. Recomendar ao TRT-8 que estabeleça um modelo de competências para os ocupantes das
funções chave da área de aquisições, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à
governança e à gestão das aquisições.
915

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Processos
305. As normas da série ISO 9000 preconizam que, para atingir qualidade, um dos princípios que
devem nortear a execução das operações de uma organização é a abordagem por processos, isto é, um
resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados
são gerenciados como um processo.
306. Processos de trabalho são conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transformam insumos (entradas) em produtos (saídas).
307. Com base neste princípio, a fim de obter qualidade nas contratações, as organizações devem
sistematizar por meio de processos de trabalho, suas aquisições.
308. Neste componente, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) Estabelecimento de processos de trabalho para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos;
b) Estabelecimento de padrões diversos (e sua utilização), como minutas de editais, listas de
verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que aumentam a produtividade dos
processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
309. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.14. Processos de trabalho de contratação ad hoc
Situação encontrada:
310. Os itens F3 a F5 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
questionam a organização sobre a utilização dos seguintes processos de trabalho aprovados e
publicados:
a) Planejamento de cada uma das contratações;
b) Seleção do fornecedor; e
c) Gestão de contratos.
311. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 7), o TRT-8 declarou que pretende adotar a prática
de elaboração da proposta de orçamento anual, elaboração do plano de aquisições (ou similar) e gestão
de contratos.
312. No que tange ao planejamento de cada uma das contratações, o TRT-8 informou adotar
parcialmente a prática.
313. A organização informou ainda que não prevê adotar a prática de seleção do fornecedor.
314. Como evidência, solicitada por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-
8 apresentou, quanto ao planejamento de cada uma das contratações, registro de preços para eventual
aquisição e apoio ergonômico basculante para os pés e projeto básico para contratação de empresa de
engenharia para execução dos serviços de instalação do protocolo no hall de entrada do prédio sede.
315. Os elementos apresentados indicam que as iniciativas foram tomadas no planejamento de
duas contratações, não sendo uma prática recorrente da organização com relação a cada uma das
contratações.
Comentários dos Gestores:
316. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que, em relação aos processos de trabalho relacionados à atividade de aquisições, o Tribunal possui
duas normas diretivas: 1) a primeira consigna o encadeamento dos atos administrativos a serem
ordenados nas aquisições, constantes do Manual de Processos Administrativos, aprovado pela Portaria
183/2009 às fls. 222 e seguintes; e, 2) o Plano de Projeto de Licitação Sustentável (PPLS), aprovado
pela Portaria 157/2015, que revisou o antigo Plano de Projeto (PPL) aprovado pela Resolução 90/2013,
onde são estabelecidas as diretrizes para planejamento das contratações, previamente avaliadas por
uma Comissão Multidisciplinar designada para esse fim específico.
317. Reforça que as diretrizes enfocadas conferem padronização e uniformização às contratações
do Tribunal, além de orientarem os setores envolvidos na prática de uma gestão responsável, eis que ao
final, esses processos auxiliam na fiscalização dos contratos, que possuem, atualmente, unidades de
apoio específica para tal finalidade, a saber: Seção de Fiscalização de Contratos e Convênios Comuns;
916

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Seção de Gestão e Fiscalização de Contratos de Serviços Terceirizados e Seção de Gestão e


Fiscalização de Contratos de Engenharia e de Tecnologia da Informação, todas vinculadas à Divisão
de Gestão e Fiscalização de Contratos, que integra a Coordenadoria de Governança Institucional, cujas
competências estão insertas no Manual de Organização aprovado pelo Ato nº 61, de 2015.
318. Nesses termos, os planejamentos encaminhados para avaliação da Fiscalização constituem o
formato adotado pelo Tribunal para seus processos de trabalho, informações essas que complementam
as anteriormente prestadas e, como tal, fortalecem a divergência da materialização do achado (causa).
Causas (indicadas pela equipe):
319. Não aprovação e publicação de processos de trabalho.
Análise:
320. Não se pode afirmar que o marco normativo inaugurado pela organização sob à égide da
Portaria 157/2015, que aprova o Plano de Projeto de Licitação Sustentável, adere à recomendação
proposta no encaminhamento da equipe.
321. Considerando que alguns achados são passíveis de monitoramento em momento posterior, a
equipe considera pertinente a manutenção do encaminhamento proposto, com o subsequente
monitoramento do achado.
Efeitos/Consequências do achado:
322. Falta de padronização de procedimentos (real).
323. Execução de uma mesma atividade por unidades diferentes (potencial).
324. Existência de atividades sem um responsável claro (potencial).
Critérios:
325. ISO 9001, princípio da abordagem por processos.
Evidências:
326. Resposta aos itens F3 a F5 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 7, p. 7).
327. Registro de preços para eventual aquisição e apoio ergonômico basculante para os pés e
projeto básico para contratação de empresa de engenharia para execução dos serviços de instalação do
protocolo no hall de entrada do prédio sede (peça 16).
Conclusão da equipe:
328. A organização não dispõe de documento interno formalizado estabelecendo processos de
trabalho relacionados à atividade de aquisições.
Proposta de encaminhamento:
329. Recomendar ao TRT-8 que defina um processo formal de trabalho para:
a). Planejamento de cada uma das aquisições;
b) Seleção do fornecedor; e
c) Gestão dos contratos.
3.15. Deficiências no estabelecimento e adesão a padrões
Situação encontrada:
330. O item F6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona, com
respeito à aderência a padrões, se a organização reconhece que os seus Órgãos Governantes Superiores
padronizaram e recomendaram a utilização do seguinte:
a) Especificações técnicas para os objetos contratados frequentemente;.
b) Minutas de editais e contratos;
c) Listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres
jurídicos de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único;
d) Listas de verificação para os procedimentos que devem ser executados durante a fase de
julgamento das licitações;
e) Procedimentos para a elaboração das estimativas de preços das contratações;
f) Conteúdo e formato das informações que devem ser publicadas na Internet, em atenção à Lei
12.527/2011, art. 8º, § lº, IV (‘informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os
respectivos editais e resultados bem como a todos os contratos celebrados’).
917

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

331. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 8), o TRT-8 declarou que reconhece que os OGS
padronizaram e recomendaram a utilização dos subitens ‘e’ e ‘f’ acima detalhados.
332. Como evidência, solicitada por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-
8 apresentou Parecer Asjur/IZM 46/2013 (processo 00358/2013) referente ao pregão eletrônico para
aquisição e instalação de uma central privada de comutação telefônica (CPCT), com tecnologia por
programa armazenado (CPA), e vinte aparelhos telefônicos digitais, incluídas as despesas com
treinamento dos usuários e assistência técnica no período da garantia, bem como link para acesso às
contratações e procedimentos licitatórios efetuados pelo TRT-8 (peça 17).
333. Foi solicitado, por meio do ofício 1-572/2014 (peça 6, subitem m), procedimentos para
elaboração das estimativas de preços das contratações, ao que o TRT-8 encaminhou Plano de Projeto
de Licitação - PPL e tramitação do PPL para terceirização de serviços de limpeza (peça 18).
334. Os elementos encaminhados evidenciam que o TRT-8 adota procedimentos no sentido de
publicar conteúdo e formato das informações na internet, comprovando aderência à Lei 12.527/2011.
335. Em que pese terem se constatado boas práticas, a exemplo do Plano de Projeto de Licitação
- PPL, vislumbrou-se que tais procedimentos não se encontram institucionalizados no órgão, tampouco
oficializados por meio de normativos internos, não se podendo afirmar que os mesmos sejam
recorrentes no âmbito do TRT-8.
336. O item F7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona a
situação da organização com respeito à padronização dos procedimentos nas aquisições:
a) Definiu seus próprios padrões de especificações técnicas para contratações que realiza
frequentemente, e recomendou sua utilização;
b) Definiu suas próprias listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando dá
emissão dos pareceres jurídicos de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou
sua utilização;
c) Definiu seus próprios padrões de minutas de editais e contratos, e recomendou sua utilização;
d) Definiu suas próprias listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser
executados durante a fase de julgamento das licitações, e recomendou sua utilização;
e) Definiu seus próprios procedimentos para a elaboração das estimativas de preços das
contratações, e recomendou sua utilização.
337. Em resposta enviada ao TCU (peça 7, p. 8), o TRT-8 declarou que padroniza os
procedimentos nas aquisições descritos nos subitens ‘c’, ‘d’ e ‘e’ acima.
338. Como evidência, solicitada por meio do ofício 1.742/2014-TCU/Secex/PA (peça 1), o TRT-
8 apresentou Edital do Pregão 52/2014, cujo objeto versava sobre a contratação de seguro para um lote
de 73 (setenta e três) veículos oficiais do Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região, nos
Estados do Pará e Amapá, com cobertura anual contra danos materiais resultantes de sinistros de roubo
ou furto, colisão, incêndio, danos causados pela natureza e assistência 24 horas.
339. A evidência apresentada não se revela suficiente para indicar que há adoção de listas de
verificação para padronizar os procedimentos que devem ser executados durante a fase de julgamento
de licitações, tampouco conclui-se que haja minutas de editais e contratos padronizados no âmbito do
TRT-8.
Comentários dos Gestores:
340. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que o Tribunal adota, sempre que possível, por força da natureza do objeto, padronização das
especificações técnicas nas contratações de bens e serviços, bem como das minutas de editais, projetos
básicos, termos de referência e contratos.
341. Agrega que dois são os normativos internos, aprovados por Portaria da Presidência,
conforme citado no tópico anterior, que fixam as diretrizes para uniformização e padronização de
procedimentos: i) o Manual de Processos Administrativos, aprovado pela Portaria 183/2009 (fls. 222 e
seguintes); e, ii) o Plano de Projeto, aprovado pela Portaria 90/2013, agora sob a roupagem de Plano de
918

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Projeto de Licitação Sustentável (PPLS), aprovada pela Portaria 157/2015, que revisou o antigo Plano
de Projeto e criou uma Comissão Multidisciplinar.
342. Atualmente, com a reestruturação da área administrativa do Tribunal, realizada pela
Resolução 1, de 2015, e consequente criação da Coordenadoria de Governança Institucional, a
execução desses atos normativos deverá ser monitorada por unidades competentes, vinculadas à
Divisão de Gestão e Fiscalização de Contratos.
343. Complementa com o fato de que a padronização pode ser evidenciada em banco de dados
de minutas dos editais e contratos (arquivo de programa interno), indicada no Anexo II, ou por meio de
análise dos termos de contratos que constam do link Transparência, presente no Portal do TRT 8ª
Região.
344. Ressalta que o Tribunal tem por padrão de editais e contratos os elaborados pelo Tribunal
de Contas da União, que estão disponíveis em seu Portal, mormente os relativos às contratações de
serviços terceirizados, que fazem parte, inclusive, do rol das minutas exemplificadas no Manual de
Processos Administrativos.
345. Quanto aos pareceres jurídicos emitidos em processos licitatórios, enfatiza que não existe,
por sua própria natureza, padronização ou uniformidade acerca da análise envidada, eis que a
formatação decorre do conteúdo acolhido por cada Assessor que, efetivamente, segue as diretrizes
legais e, porque não dizer, a lista de verificação imposta em face da avaliação da adoção, pelos setores
competentes, dos ditames da Lei 8.666/93 ou da Lei 10.510/2002.
346. Diverge, portanto, das conclusões da Fiscalização.
Causas do achado:
347. Ausência de documento interno formalizado estabelecendo processos de trabalho
relacionados à atividade de aquisições.
Análise:
348. A reestruturação da área administrativa do Tribunal, promovida pela Resolução 1/2015 e
pelo Plano de Projeto de Licitação Sustentável (PPLS), aprovado pela Portaria 157/2015, representam
iniciativas da organização no sentido de estabelecer e aderir a padrões.
349. Considerando que alguns achados são passíveis de monitoramento em momento posterior, a
equipe considera pertinente a manutenção do encaminhamento proposto, com o subsequente
monitoramento do achado.
Efeitos/Consequências do achado:
350. Ocorrência de erros em procedimentos repetitivos (potencial).
351. Não realização de algum procedimento essencial (potencial).
352. Realização de retrabalho na execução de procedimentos (potencial).
Critérios:
353. Princípio da eficiência;
354. Lei 8.666/1993, art. 11 e art. 15, I; (especificações técnicas padronizadas)
Evidências:
355. Resposta aos itens F.6 a F7 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 7, p. 8).
356. Parecer Asjur/IZM nº 46/2013 (processo 00358/2013) (peça 17).
357. Plano de Projeto de Licitação - PPL e tramitação do PPL para terceirização de serviços de
limpeza (peça 18).
358. Edital do Pregão TRT-8 52/2014 (peça 19).
Conclusão da equipe:
359. A organização não dispõe de documento interno formalizado estabelecendo processos de
trabalho relacionados à atividade de aquisições.
Proposta de encaminhamento:
360. Recomendar ao TRT-8 que estabeleça e adote:
a) padrões para especificações técnicas de objetos contratados frequentemente;
b) padrão de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela AGU; e
919

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações.


Conformidade das contratações
361. As questões de auditoria Q7 a Q12 tiveram como objetivo avaliar a conformidade dos
processos de contratação.
362. Os achados decorrentes desse tema estão apresentados a seguir.
3.16. Deficiências no levantamento de mercado
Situação encontrada:
363. Inicialmente foi informado pelo TRT-8 que havia transporte de carga efetivado através de
registro de preços, face à necessidade de eventual contratação de serviços de transportes de bens
pessoais e veículos pertencentes a magistrados e servidores.
364. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, item ‘n’), foi solicitado ao TRT-8 que
informasse se foi realizado estudo para identificar quais soluções existentes no mercado atendiam aos
requisitos da contratação de serviços de transporte de carga, de modo a alcançar os resultados
pretendidos e atender à necessidade da contratação.
365. Como evidência, o TRT-8 expediu a Informação Coaud 5/2014 (peça 12, letra ‘n’),
encaminhando informação da Coordenadoria de Material e Logística, que esclareceu que os
parâmetros eram delineados e considerados na fase de planejamento da contratação, tomando como
referência o Pregão Eletrônico 50/2014, processo 1780/2014, que tem como objeto a contratação de
empresa especializada para a prestação de serviços de transporte de materiais, tipo porta-a-porta,
constituídas por materiais de consumo e materiais permanentes, pertencentes à Justiça do Trabalho da
8ª Região, entre o prédio sede em Belém (PA) e as suas demais unidades instaladas fora do prédio sede
e vice-versa (peça 20).
366. No bojo dos trabalhos, além dos contratos de transporte acima apurados (cargas e de
materiais), apurou-se ainda que o TRT-8 realiza transporte de pessoas na região metropolitana.
367. Por meio do Ofício 3-572/2014 (peça 6, item ‘d’), foi solicitado ao TRT-8, considerando a
necessidade de transportar pessoas na região metropolitana, informar se foi realizado estudo técnico
preliminar para identificar quais soluções existentes no mercado atenderiam essa necessidade (e.g.,
comprar carros e usar motoristas próprios, comprar veículos e terceirizar a condução dos mesmos,
contratação conjunta do serviço de transporte, contemplando fornecimento de veículos, motoristas,
combustíveis, seguros etc.).
368. Como evidência, o TRT-8 expediu o Ofício 16/2014/TRT-Coaud, letra ‘d’, de 28/11/2014,
em que informa que nunca realizou estudo técnico preliminar para identificar quais as soluções de
mercado que melhor atenderiam a sua necessidade no que se refere à atividade de conduzir pessoas em
veículos automotivos (peça 21, p. 2-4).
369. Nos três contratos de transportes efetuados pelo TRT-8, não se identificaram justificativas
para o tipo de solução contratada dentre as levantadas, tampouco estudos técnicos preliminares para as
contratações.
Comentários dos Gestores
370. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que deve ser informado que o Tribunal não possui contratos de transporte de pessoas. O Tribunal se
utiliza de motoristas oficiais e de sua frota de veículos para tal proceder, de modo que não poderia
realizar estudos preliminares de objeto que não faz parte de sua programação/planejamento. O que o
Tribunal possui são contratos de: (i) transporte de bens de consumo e permanente entre as unidades da
sede e de fora da sede (Contrato TRT 8 nº 83/2014); e (ii) transporte de bens pessoais e veículos
pertencentes a servidores e magistrados entre unidades, em face de afastamentos permanente no
interesse do serviço (Ata de Registro de Preços nº 58/2014).
371. Complementa, ainda, que em relação à contratação de transporte de bens de consumo e
permanentes, os estudos preliminares foram realizados há mais de 10 (dez) anos, por ocasião da
transição da contratação direta da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) para
contratação de empresa por meio de realização de prévio procedimento licitatório. A alteração do
920

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

formato da contratação, naquele momento, foi precedida de pesquisa no mercado, materializada


mediante pesquisa de preços com prévia delimitação das circunstâncias requeridas pela Administração
relativas à identificação das formas de contratação disponibilizadas pela iniciativa privada.
372. Igual procedimento foi observado na contratação dos serviços de transporte de bens
pessoais e veículos de servidores e magistrados entre unidades, no interesse do serviço. Nesse caso, o
planejamento da contratação também teve por base pesquisas de preços. Adotou-se, por essa via,
procedimento de abordagem e consulta a empresas especializadas na execução dos serviços sob o
escopo do delineamento prévio das conjunturas requeridas para a sua execução. Ou seja, a consulta foi
realizada a partir de estudos prévios dos parâmetros que se pretendia contratar, partindo daí a
delimitação das condições de execução.
373. Acrescenta que houve a conformação dessas premissas considerando-se os aspectos
existentes no mercado especializado e as prescrições da Resolução CSJT nº 112/2012, normativo que
regulamenta, no âmbito da Justiça do Trabalho, a concessão de ajuda de custo aos
magistrados/servidores e traça os limites para ressarcimento de despesas com transporte de bens e
veículos (art. 8º e seguintes).
374. Assim, a contratação dos serviços, conforme Ata de Registro de Preços TRT8 nº 58/2014,
definiu os parâmetros para a execução e remuneração dos serviços conforme a seguir: a) no caso de
bens pessoais - preço do m³ (metro cúbico) transportado, considerados os trajetos entre as origens e
destinos (distância percorrida ou ‘quilômetro rodado’) e; b) no caso de veículos - preço por unidade de
veículo, considerados, além das dimensões do veículo, os trajetos entre as origens e destinos
(distâncias percorridas/quilômetro rodado’).
375. Em ambas as hipóteses foram realizadas amplas pesquisas de mercado junto a diferentes
fontes, inclusive em sítios oficiais na Internet, pesquisa junto a fornecedores e outras fontes para
validação dos levantamentos, rotina que se conforma aos ditames da IN 5, de 2014, do MPOG,
alterada pela de nº 7/2014.
376. Importa dizer que o Tribunal realiza, igualmente, como assim o fez no caso da mudança na
contratação de transporte de encomendas, avaliação das soluções mais vantajosas dentre as que
interessam ao serviço judiciário, de modo que quanto a esse ponto impõe-se divergir das conclusões da
Fiscalização.
Causa do achado:
377. Não realização de estudos técnicos preliminares.
Análise
378. Ainda que o Tribunal não possua contrato para transporte de pessoas, utilizando motoristas
oficiais e frota de veículos adquiridos pelo Tribunal, a equipe observa que deveria ser realizado estudo
técnico preliminar para identificar quais soluções existentes no mercado atenderiam essa necessidade
(e.g., comprar carros e usar motoristas próprios, comprar veículos e terceirizar a condução dos
mesmos, contratação conjunta do serviço de transporte, contemplando fornecimento de veículos,
motoristas, combustíveis, seguros etc.), ao que a organização não apresentou tal solução.
379. A questão da solução de mercado se aplica também aos contratos de transporte de bens de
consumo e permanentes.
380. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que há deficiência no
levantamento de mercado.
Efeitos/Consequências do achado:
381. Adoção de solução que não é a que apresenta melhor relação custo/benefício (potencial).
Critérios:
382. Lei 8.666/93, art. 6º, inc. IX, alínea c.
Evidências:
383. Informação Coaud 5/2014, letra ‘n’ (peça 12);
384. Informação da Coordenadoria de Material e Logística (peça 20); e
921

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385. Ofício 16/2014/TRT-Coaud, letra ‘d’ (peça 21, p. 2-4).


Conclusão da equipe:
386. Não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de transporte, um estudo técnico
para identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de
transportar pessoas, cargas e materiais. Identificam-se, em caráter preliminar, no caso de transporte de
pessoas, algumas soluções como:
a) Comprar os veículos, contratar motoristas, contratar fornecimento de combustíveis, contratar
serviço de manutenção para a frota e contratar os seguros (provavelmente com fornecedores distintos);
b) Análogo a alternativa ‘a’, mas com aluguel em vez de compra dos veículos;
c) Análogo a letra ‘a’, mas usando motoristas próprios, em vez de terceirizados; e
d) Contratar o serviço de transporte de forma integrada, incluindo o fornecimento de todos os
itens da letra ‘a’, e remunerando a contratada pelo serviço (por exemplo, pagamento por Km rodado).
Proposta de encaminhamento:
387. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares: realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993,
art. 6º, inc. IX, alínea c).
388. Determinar ao TRT-8 que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’, antes da
eventual prorrogação dos contratos, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (transportar
pessoas, cargas e materiais em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais vantajosa
dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos, locação de
veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro rodado.
3.17. Deficiências na estimativa de quantidades de materiais
Situação encontrada:
389. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, itens ‘p’ e ‘q’), foi solicitado ao TRT-
8 que apresentasse:
a) estudo realizado para estimar a quantidade de material e de equipamentos para contratação de
serviços de limpeza e conservação;
b) mecanismo de controle gerencial dos quantitativos de material e de equipamentos utilizados
na execução dos contratos de limpeza e conservação.
390. Por meio da Informação Coaud 7/2014, letras ‘p’ e ‘q’ (peça 12, p. 3-4), o TRT-8
encaminhou Plano de Projeto de Licitação (PPL) e tramitação PPL para terceirização de serviços de
limpeza (peça 18), bem como informou que é inexistente o mecanismo de controle gerencial dos
quantitativos de material e de equipamentos utilizados na execução dos contratos de limpeza e
conservação.
391. Houve a formalização de um estudo técnico denominado Plano de Projeto de Licitação que
definiu a quantidade estimada de material e equipamentos utilizados na prestação de serviços de
limpeza e conservação por unidade do TRT-8.
392. Consta no PPL distribuição de quantidades de material de consumo por localidade,
englobando levantamento das Varas do Trabalho no interior, entretanto o termo de referência do
contrato 36/2013 (peça 22, p. 8) especifica que os materiais de limpeza estão discriminados em listas
exemplificativas anexas, sendo que a quantidade de materiais é meramente estimativa, podendo haver
variações no quantitativo a ser consumido.
922

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

393. Não se verificou um método objetivo para justificar as quantidades de material utilizados na
prestação do serviço em cada localidade.
Comentários dos Gestores:
394. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que o método de cálculo utilizado para definição das quantidades de material de limpeza tem por base
uma lista padronizada, sendo sua aplicação proporcional à metragem de cada localidade fornecida, na
época, pela Secretaria de Manutenção e Projeto, unidade de engenharia responsável pelo Tribunal.
395. Complementa que em determinada localidade pode ocorrer insuficiência de material fato
que é registrado, ou não, pelos diretores das Varas e Fóruns fora da Sede, que possuem a atribuição de
Fiscais Auxiliares, conforme Portaria DG nº 124/2013. No caso do prédio Sede, o setor de Zeladoria é
responsável pela fiscalização dos serviços de limpeza, realizando a contagem de material por
amostragem, face grande quantidade de itens e localidades.
396. De qualquer sorte, concorda com a necessidade dos encaminhamentos propostos pela
Fiscalização.
Causas do achado:
397. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Análise
398. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
399. Superfaturamento de materiais na execução do contrato de limpeza (potencial);
400. Inexecução, com qualidade, dos serviços de limpeza pela subestimativa do material
necessário (potencial).
Critérios:
401. Lei 8.666/93, arts. 6º, inc. IX, alínea f e 7º, § 4º.
Evidências:
402. Informação Coaud 7/2014, letras ‘p’ e ‘q’ (peça 12, p. 3-4).
403. Plano de Projeto de Licitação - PPL e tramitação do PPL para terceirização de serviços de
limpeza (peça 18).
404. Termo de Referência do Contrato TRT 36/2013 (peça 22, p. 8).
Conclusão da equipe:
405. A organização realizou de forma precária estudo para estimar a quantidade de material a ser
utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação. Considerando que há remuneração pelo
consumo de materiais no contrato, a deficiência na estimativa causa impactos no preço contratado.
406. Considerando que o TRT-8 tem processo de contratação formalizado (Contrato 36/3013),
cabe, neste e nos demais achados relativos às questões de contratações, recomendar aperfeiçoamento
do processo, mediante inclusão de controles internos em nível de atividade no processo já existente.
Proposta de encaminhamento:
407. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes:
a) inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
a.1) Definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
a.2) Documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
b) inclua o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato:
b.1) manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
3.18. Deficiências na definição dos postos de trabalhos
Situação encontrada:
923

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

408. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014, itens ‘r’, ‘s’ e ‘t’ (peça 6), foi solicitado ao
TRT-8 que apresentasse:
a) Documento que define o tamanho das áreas internas e externas dos prédios a serem objeto dos
serviços de limpeza e conservação;
b) Estudo realizado para definir os índices de produtividade da mão de obra contratada para
prestação de serviços de limpeza e conservação; e
c) Estudo realizado para justificar a localização, quantidade e tipo (turno, escala) de postos de
trabalho de vigilância armada contratados.
409. Por meio da Informação Coaud 7/2014, letras ‘r’, ‘s’ e ‘t’ (peça 12, p. 3-4), o TRT-8
informou que:
a) Os índices de produtividade aplicados são os definidos pela Instrução Normativa SLTI/MPOG
nº 02/2008.
b) O termo de referência e o projeto básico encontram-se nos autos físicos dos processos
1397/2011 e 2095/2012.
410. Portanto, a definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza e a produtividade da
mão de obra utilizada na prestação dos serviços de limpeza não estão suportadas por documentação
técnica.
411. Além disso, não há definição das áreas com base na planta do prédio ou documento
equivalente, constando dos autos como anexo planilha nominada ‘Levantamento de áreas das varas do
trabalho do interior’ (Contrato 36/2013 - peça 23) e definição dos itens e grupo/lote da contratação
(Contrato 104/2011 - peça 24, p. 3).
412. No tocante aos postos de vigilância, não foi localizado nos autos estudo técnico preliminar
para justificar a localização, quantidade e tipo (escala, turno) de postos de vigilância.
413. As contratações no âmbito do TRT-8 dão-se por postos de serviços 12/36 no prédio sede de
Belém e 24 horas nos demais prédios não tendo sido encontrada nos autos justificativa para a diferença
de tratamento entre os prédios da Justiça do Trabalho.
414. Além disso, não foi encontrado no termo de referência ao Contrato 104/2010 (vigilância/PA
- peça 25) estudo para definir os diferentes turnos, de acordo com as necessidades da organização, para
postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12 x 36h que ficam ociosos nos finais de
semana. Esclareça-se que os postos de trabalho do TRT - Belém (4) com oito vigilantes funcionam no
sistema de 12x36 durante a semana, sendo que a equipe que assume as 19h da sexta permanece até as
19 h do sábado, substituída por outra equipe que permanece até as 19 h do Domingo (24 horas), sendo
informado por servidor do órgão, que há o pagamento de hora extra nesse período.
Comentários dos Gestores
415. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que dada a extinção do Contrato 104/2010, em 25/11/2014, por decurso do prazo de vigência, a
determinação dirigida ao referido ajuste ficou prejudicada por perda do objeto.
416. Acrescenta, quanto à conclusão da equipe de auditoria, no sentido de que não houve
justificativa para a diferença de regime de contratação de turnos de trabalho entre as unidades do TRT-
8, uma vez que há postos de trabalho 12 x 36 que ficam ociosos nos finais de semana em algumas
unidades e em outras há postos de trabalho 24 horas, esclarece:
a) nos estudos visando à nova contratação de serviço de vigilância, os postos localizados em
Belém funcionarão apenas em horário noturno (12h), de segunda à domingo, sendo que o período
diurno será coberto por pessoal do próprio quadro (Técnico Judiciário - Especialidade Segurança), em
escala de revezamento inclusive nos sábados, domingos e feriados;
b) constitui exceção à regra da jornada exclusivamente noturna o posto a ser instalado no
Depósito de Bens localizado em prédio alugado em área próxima ao Edifício-Sede, que contará com
vigilância armada terceirizada no período da manhã e tarde, dadas as peculiaridades das instalações;
924

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) por sua vez, funcionará ainda no Edifício-Sede deste Tribunal em Belém 1 (um) posto de
vigilância no horário de 8h às 15h, justificável pela necessidade de realização de revista feminina na
entrada principal da Instituição;
d) quanto aos Fóruns e Varas do Trabalho localizadas fora da Sede, a ausência ou insuficiência
de pessoal do quadro de segurança, bem como a sua utilização concomitante em serviços judiciários
(atividade de carteira), referendada por decisão do Conselho Nacional de Justiça, tem justificada a
contratação de postos de vigilância patrimonial diurnos e noturnos cobrindo 24h de segunda a
domingo.
417. No que se refere ao Contrato 36/2013 (limpeza e conservação - Pará), a proximidade do
termo final de vigência do ajuste sem tempo hábil à realização de nova licitação, justificou a decisão
de prorrogá-lo pelo tempo necessário à realização de estudos preliminares e do procedimento
licitatório, conforme deliberação relacionada no Anexo II.
418. Finalmente, no que tange ao Contrato 105/2010 (vigilância-Amapá) e Contrato 104/2011
(limpeza e conservação- Amapá), as medidas relativas à comunicação pela falta de interesse na
prorrogação contratual e pela realização de estudos preliminares e nova licitação serão adotadas
oportunamente.
419. Desta feita, entende viáveis as proposições apresentadas pela Fiscalização, que já estão em
pauta.
Causas do achado:
420. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Análise
421. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
422. Contratação de mais postos de trabalho do que o necessário (potencial).
423. Aditivos contratuais para acréscimo de postos de trabalho sem justificativa válida (efeito
potencial).
Critérios:
424. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alínea f e 7º, § 4º ;
425. Decreto 2.271/1997, art. 2º, inciso II;
426. IN SLTI/MPOG 02/2008, art. 43, parágrafo único e art. 49, inciso I.
Evidências:
427. Informação Coaud 7/2014, letras ‘r’, ‘s’ e ‘t’ (peça 12, p. 3-4);
428. Anexo III ao Contrato 36/2013 - Limpeza/PA (peça 23);
429. Contrato 104/2011 - Limpeza/AP (peça 24, p. 3); e
430. Contrato 104/2010 - Vigilância/PA (peça 25).
Conclusão da equipe:
431. A organização não realizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação.
432. A definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza não está suportada por
documentação técnica.
433. Não há justificativa para a diferença de regime de contratação de turnos de trabalho entre as
unidades do TRT-8, uma vez que há postos de trabalho 12 x 36 que ficam ociosos nos finais de semana
em algumas unidades e em outras há postos de trabalho 24 horas.
Proposta de encaminhamento:
434. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrente, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) Defina o método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação e
documente o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
925

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) Estabeleça mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho


empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
435. Determinar ao TRT-8 que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘f’ e art. 7º,
§ 4º, não prorrogue os Contratos 104/2011 e 36/2013, e antes da elaboração de edital para licitação
com vistas a substituí-lo, inclua nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) O estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único;
b) A definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
ou documento técnico equivalente.
436. Determinar ao TRT-8 que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’, não
prorrogue os Contratos 104/2010 e 105/2010, e antes da elaboração de edital para licitação com vistas
a substitui-lo, realize estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) Definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI 02/2008, art. 49, I.
3.19. Deficiências na estimativa de preços
Situação encontrada:
437. A organização respondeu, no questionário do perfil de governança e gestão das aquisições -
ciclo 2013, que adota procedimento padronizado para elaboração de estimativas de preços (Peça 7, p.
8, questões F.6 e F.7).
438. Da análise do termo de referência constante dos processos administrativos PA 1.397/2011
(limpeza/AP) e 2095/2012 (limpeza/PA) constatou-se que não houve pesquisas de preços pela
organização tanto com relação aos materiais e insumos utilizados na prestação dos serviços de
limpeza, quanto aos custos de mão de obra. Em conversa com servidor responsável pela pesquisa de
preços, o mesmo informou que fez a pesquisa de preços dos materiais de consumo e insumos pela
internet.
439. Frise-se que houve alocação quantitativa de materiais e insumos por localidade, com preços
diferenciados, sem que seja constatado nos autos pesquisa prévia de preços unitários dos produtos nos
municípios sede de varas de trabalho e objeto dos serviços de limpeza e conservação.
440. Os outros custos que compõem o preço final da contratação foram definidos pela própria
organização diretamente na planilha de custos e formação de preços, inclusive os percentuais de lucro
da contratada e de despesas administrativas, sem que fosse realizada uma consulta ao mercado para
verificar se os valores estimados estavam adequados.
Comentários dos Gestores:
441. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o levantamento do preço dos serviços de limpeza e conservação seguem os padrões aprovados pela
Instrução Normativa 2, de 2008, do MPOG, com as alterações posteriores.
442. Acrescenta que o preço foi auferido por m² limpo, englobando os insumos incidentes sobre
a prestação dos serviços, contabilizados os encargos imanentes à contratação, além do fornecimento
dos materiais, de modo que a pesquisa de preços foi realizada a partir de estudos preliminares
elaborados para consolidação do Termo de Referência à licitação, conforme se pode evidenciar pelos
documentos constantes do Anexo II.
443. Informa, ainda, que o Tribunal realizou consulta de mercado para fins de verificação dos
preços praticados a partir dos elementos colhidos na Instrução Normativa citada, de forma que os
custos que compõe o preço final da contratação devem ser tidos como válidos. A falta do Tribunal
reside em não ter documentado adequadamente o trabalho nos autos do processo, podendo-se
identificar como causa a pouca cultura dos setores envolvidos com respeito a riscos e controles.
444. Finaliza aduzindo que a falha, entretanto, deverá entrar na pauta da governança.
Causas do achado:
445. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
Análise
926

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

446. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.


Efeitos/Consequências do achado:
447. Utilização de parâmetro inadequado para análise da aceitabilidade dos preços (efeito real).
448. Dificuldade de justificar as estimativas quando questionado por partes interessadas (efeito
potencial).
Critérios:
449. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea f.
450. Acórdão Plenário nº 4.695/2012, item 9.2.6.3.
Evidências:
451. Termo de Referência ao Edital do Pregão 25/2011 - Limpeza/AP (peça 26)
452. Anexo III ao Pregão Eletrônico 57/2012 - Planilhas de Preços dos Serviços - Limpeza/PA
(peça 27).
Conclusão da equipe:
453. A organização realizou uma pesquisa de preços inadequada para contratação de serviços de
limpeza e conservação.
Proposta de encaminhamento:
454. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa
de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) Definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
b) Documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
3.20. Deficiências na justificativa para o parcelamento ou não da solução
Situação encontrada:
455. Não há justificativa técnica formalizada nos autos para a organização não parcelar as
contratações dos serviços de limpeza e conservação e de vigilância armada. Cada uma dessas
contratações foi realizada pelo TRT-8 para atender a todas as localidades distribuídas pelos estados do
Pará e Amapá, sem considerar a possibilidade de parcelar os objetos por área geográfica, por exemplo,
ou um outro critério de parcelamento.
456. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 1, item u), foi solicitado ao TRT-8
que apresentasse justificativa para o parcelamento ou não parcelamento dos objetos dos contratos de
limpeza e conservação e vigilância armada.
457. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 6, p. 1, alínea u), o TRT-8 informou que o
parcelamento do objeto das licitações em 2 (dois) itens - Pará e Amapá - se deve ao fato das normas
coletivas de trabalho (CCT) serem distintas, fixando piso salarial e demais benefícios diferenciados
para as categorias profissionais nesses Estados.
458. Em que pese a afirmação acima estabelecida, o TRT-8 deveria ter apresentado justificativa
técnica para o não parcelamento dos serviços de vigilância e limpeza no Estado do Pará, considerando
que a solução contratada encampa a prestação de serviços em 16 municípios do Estado, restando
ausente se a solução apresentada de não parcelar seria mais viável do que o parcelamento.
Comentários dos Gestores:
459. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que houve manifestação da Coordenadoria de Auditoria e Controle Interno, por meio da Informação
Coaud nº 7/2014, sobre o parcelamento da solução, na qual ponderou as diferentes Convenções
Coletivas de Trabalho para os estados do Pará e Amapá que fixa pisos salariais e benefícios distintos
para as categorias profissionais.
460. Complementa que há grande dificuldade de contratação observada pela Secretaria
Administrativa para as demandas das Varas e Fóruns Trabalhistas localizados fora da sede, onde se
927

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

observa empresas que não estão cadastradas no Sicaf e não possuem documentação habilitatória
exigida para tal mister.
461. Exemplifica com a tentativa de contratação de objetos mais simples que uma terceirização,
como consumíveis (café, leite, açúcar e água mineral) para os Fóruns Trabalhistas de Parauapebas,
Marabá, Macapá, Santarém e Abaetetuba que são localidades com características mais desenvolvidas e
que em tese dispõe de um mercado local mais aquecido.
462. À exceção da localidade Macapá, os pregões publicados para a aquisição de consumíveis
para as demais localidades tiveram de ser repetidos por duas vezes, sem lograr êxito total, seja pela
falta de documentação das empresas locais participantes, seja pela participação de empresas de outros
centros ou outros estados que ofertaram preços acima da estimativa, evidenciando o desinteresse de
empresas locais, conforme Pregões Eletrônicos nº 015/2013, 027/2014 e 004/2015 (Parauapebas);
Pregões Eletrônicos nº 015/2013, 027/2014 e 002/2015 (Marabá); Pregões Eletrônicos nº 015/2013,
027/2014 e 001/2015 (Santarém); Pregões Eletrônicos nº 015/2013, 027/2014 e 003/2015
(Abaetetuba), cujos editais e atas encontram-se disponíveis no site
www.comprasgovernamentais.gov.br, vinculados à UASG 080003.
463. Ainda que considere as informações acima, aquiesce com a recomendação da equipe de
auditoria de realizar estudos preliminares a fim de averiguar a possibilidade de parcelamento ou não da
contratação, na forma proposta.
Causas do achado:
464. Ausência de estratégia de contratação (achado 3.4 - Deficiências no estabelecimento de
diretrizes para as aquisições);
465. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares;
466. Falta de cultura da organização em analisar possibilidade de parcelamento de um único
serviço.
Análise
467. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
468. Diminuição da competitividade das licitações (risco potencial).
469. Dependência de uma única contratada para prestar serviços em todas as localizações (efeito
real).
Critérios:
470. Lei 8.666/93, art. 23, § 1º.
471. Lei 9.784/99, art. 2º, inc. VII.
Evidências:
472. Informação Coaud 7/2014 (peça 6, p. 1, alínea u).
Conclusão da equipe:
473. A organização não justificou de forma adequada nos autos o não parcelamento das
contratações de serviços de limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada.
Proposta de encaminhamento:
474. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) Avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e atentando
que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem positivas:
1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução? 3) Não há
perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e ampliação da
competitividade ao dividir a solução?
3.21. Deficiências nos requisitos de qualidade
Situação encontrada:
928

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475. Da análise das contratações decorrentes dos termos de referência da limpeza e


conservação/AP (peça 26) e Vigilância Armada/PA e AP (peça 28), verificou-se que não foram
estabelecidos critérios objetivos para avaliar a qualidade dos serviços prestados pelas contratadas.
476. Tal situação impossibilita a organização de vincular a remuneração dos contratos ao alcance
de resultados pelas contratadas, verificar objetivamente se os serviços estão sendo prestados
adequadamente pela contratada e caracteriza a contratação como fornecimento de mão de obra (prática
condenada pelo Decreto 2.271/1997, art. 4º, II).
Comentários dos Gestores:
477. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que a contratação dos serviços de limpeza e conservação é realizada por área limpa (m² de Área),
enquanto a de serviços de vigilância é feita por postos de serviço (quantidade postos e não de
vigilantes), de modo que a ênfase dada ao objeto recai sobre o serviço e não sobre a mão de obra, cuja
qualificação é auferida não somente por ocasião da avaliação da qualificação técnica requisitada no ato
convocatório, como no curso da execução contratual, por meio da avaliação da qualidade dos serviços.
O pagamento dos serviços, por seu turno, é realizado em razão do objeto (área limpa e funcionamento
regular dos postos).
478. Acrescenta aduzindo que o Tribunal tem por orientação seguir os modelos de minutas
elaboradas pelo Tribunal de Contas da União (a exemplo do Pregão Eletrônico 37/2011), entretanto,
nada obsta que se promova a revisão do termo de referência dessas contratações para o fim de inserir
requisitos de qualidade para avaliação dos serviços, além dos adotados.
479. Desta feita, concorda com os encaminhamentos.
Causas do achado:
480. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Análise
481. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
482. Pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a bens ou serviços
entregues (efeito real).
483. Impossibilidade de cobrar da contratada o alcance de níveis mínimos de qualidade (efeito
real).
484. Caracterização da contratação como fornecimento de mão de obra (efeito real).
485. Caracterização da contratação como intermediação de mão de obra (efeito potencial).
Critérios:
486. Lei 10.520/2002, art. 3º, inc. II.
487. IN-SLTI nº 02/2008, arts. 11, caput, e § 1º.
Evidências:
488. Termo de Referência - Limpeza e conservação/AP (peça 26).
489. Termo de Referência - Vigilância Armada/PA e AP (peça 28).
490. Pregão eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos Correios (peça 29, p. 72-77)
491. Pregão eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 30, p. 49-56);
492. Pregão eletrônico 152/2012, do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (peça 31, p. 53-63).
Conclusão da equipe:
493. A organização não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e conservação e de vigilância armada.
494. A título de exemplo, citem-se as especificações de qualidade para serviços de conservação e
limpeza contidas nas contratações decorrentes do pregão eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos Correios
(peça 29, p. 72-77), e do pregão eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência (peça 30, p. 49-56), e
para os serviços de vigilância contidas na contratação decorrente do pregão eletrônico 152/2012, do
Conjunto Hospitalar de Sorocaba (peça 31, p. 53-63).
Proposta de encaminhamento:
929

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

495. Determinar ao TRT-8 que, em atenção à Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da
eficiência), nas contratações que vierem a substituir os Contratos 104/2010, 105/2010, 104/2011 e
36/2013, inclua, no termo de referência, requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e
vincule os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada.
3.22. Deficiências nos Requisitos de Sustentabilidade
Situação encontrada:
496. Da análise dos termos de referência que precederam as contratações de limpeza e
conservação/AP (peça 26), verificou-se que não foram estabelecidos requisitos de sustentabilidade nas
contratações de serviços de limpeza.
497. Ao contrário da contratação de limpeza e conservação no Estado do Pará, algumas práticas
de sustentabilidade não foram objeto de exigência por ocasião do termo de referência do contrato de
limpeza e conservação/AP, a saber:
a) Não houve a previsão do uso de produtos de limpeza e conservação de superfícies e objetos
inanimados que obedeçam às classificações e especificações determinadas pela Anvisa; e
b) Não houve a exigência da utilização de equipamentos de limpeza que não gerem ruído no seu
funcionamento.
498. Observou-se tanto na contratação de limpeza e conservação no estado do Pará, quanto na
contratação de serviços de vigilância, que houve a adoção de critérios de sustentabilidade, faltando
somente para o TRT-8 uniformizar os critérios e adotá-los a todos os contratos.
Comentários dos Gestores:
499. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que realmente o Tribunal deixou de definir requisitos de sustentabilidade nas contratações de serviços
de limpeza e conservação do Estado do Amapá. A causa está assente na ausência, por ocasião do
planejamento da licitação, de capacitação de servidores para implementação do requisito e de
planejamento interno para tal proceder.
500. Desta forma, acolhe as conclusões.
Causas do achado:
501. Ausência de um Plano de Logística Sustentável - PLS;
502. Falta de cultura da organização quanto ao aspecto de sustentabilidade ambiental.
Análise
503. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
504. Dano ao meio ambiente provocado pela utilização de práticas inadequadas na execução dos
serviços de limpeza (potencial);
505. Desperdício de recursos naturais (potencial).
Critérios:
506. Lei 8.666/93, art. 3º
507. IN SLTI 1/2010, art. 6º ;
508. IN-SLTI 2/2008, art. 42, inc. III.
Evidências:
509. Termo de Referência - Limpeza e conservação/AP (peça 26).
Conclusão da equipe:
510. A organização não definiu requisitos de sustentabilidade nas contratações de serviços de
limpeza e conservação no Estado do Amapá.
Proposta de encaminhamento:
511. Determinar ao TRT-8 que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 3º caput, antes da licitação
com vistas a substituir o Contrato 104/2011, avalie a possibilidade de incluir como obrigação da
contratada a adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza e
conservação, nos termos da IN SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e IN SLTI 2/2008, art. 42, inc. III.
3.23. Ausência de segregação dos recebimentos provisório e definitivo
930

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Situação encontrada:
512. Da análise dos Contratos 104/2010 (vigilância/PA), cláusula décima terceira, parágrafo
primeiro (peça 32, p. 9), 105/2010 (vigilância/AP), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça
33, p. 10), e 104/2011 (limpeza/AP), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça 34, p. 28), o
objeto dos contratos será recebido:
a) provisoriamente, imediatamente após a apresentação da nota fiscal correspondente aos
serviços prestados no último período de adimplemento da obrigação, para efeito de posterior
verificação e sua conformidade com as especificações contratuais;
b) definitivamente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis, após verificação do pleno
cumprimento dos serviços indicados.
513. Por outro lado, o Contrato 36/2013 (limpeza/PA), cláusula décima terceira, parágrafo
primeiro (peça 35, p. 10) contém previsão de que caberá ao servidor designado pelo Desembargador-
Presidente do Tribunal a atestação dos serviços objeto do contrato. Em reforço a este entendimento o
subitem 11.4 do Contrato 36/2013 (peça 35, p. 8-9) enuncia a seguinte disposição:
A nota fiscal/fatura deverá ser devidamente atestada pelo fiscal do contrato e estar com todos os
campos corretamente preenchidos e sem rasuras, consignando o número do contrato e tipo de serviço
prestado, período correspondente e dados bancários para recebimento do crédito.
514. Não há, portanto, previsão para participação de pessoa, que não o fiscal do contrato, ou
comissão designada, para produzir o termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a
regularidade administrativa da contratada, contrariando inclusive a Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘b’.
515. Registre-se, por esclarecedor, trecho do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções
de Tecnologia da Informação - Riscos e Controles para o Planejamento da Contratação - versão 1.0,
publicado pelo TCU, que descreve a importância dessa segregação de funções (p. 157-159. item 5.2):
5.2) Considerações: com relação ao recebimento de serviços, no art. 73, inciso I, alíneas ‘a’ e ‘b’,
da Lei 8.666/1993, há uma segregação de funções entre o fiscal do contrato, que efetua o recebimento
provisório, e o servidor ou comissão de recebimento, que efetua o recebimento definitivo. Vale
lembrar que o fiscal é responsável pelo acompanhamento e fiscalização do contrato, devendo anotar
em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que
for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados (Lei 8.666/1993, art. 67, § 1º 105).
Assim, é de se esperar que o termo circunstanciado relativo ao recebimento provisório deve pautar-se
nessas obrigações e seu teor deve basear-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e
fiscalização. Por exemplo, no caso de serviços para os quais sejam previstos níveis mínimos de serviço
exigidos, o fiscal deve informar no recebimento provisório se esses níveis foram alcançados ou não,
embasando como chegou a esse juízo. Por outro lado, o servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo deve verificar o trabalho feito pelo fiscal e verificar todos os outros aspectos do
contrato (e.g. uso de uniformes pelos funcionários da contratada, recolhimento de contribuições
trabalhistas e previdenciárias). A segregação de funções exposta é sintetizada na Figura 4. (...) Para
que o fiscal do contrato concentre-se na avaliação técnica dos produtos e serviços entregues, no caso
do recebimento provisório de serviços, a verificação das regularidades fiscais, trabalhistas e
previdenciárias para fins de pagamento devem ficar a cargo da comissão de recebimento, responsável
pelo aceite definitivo, que pode contar com apoio de unidade da área administrativa que execute essa
atividade. Na IN - SLTI 4/2010, as atividades relativas à gestão contratual são distribuídas para
diversos atores (art. 25, inciso III 106). Como há uma segregação de funções nos dois aceites, o fiscal
do contrato não deve fazer parte do aceite definitivo. É importante ressaltar que o recebimento de
serviços é diferente do recebimento de bens. Os dois recebimentos são definidos em incisos separados
do art. 73. O recebimento provisório de bens é mais simples do que o correspondente para serviços,
pois o termo circunstanciado de serviços envolve um parecer sobre o serviço entregue, enquanto que o
recebimento provisório de bens é basicamente uma declaração de que o objeto foi entregue, para
depois haver a verificação da conformidade do material entregue com a especificação. A nota fiscal
(ou a fatura) deve ser objeto do recebimento definitivo, mas não do recebimento provisório. É
931

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

conveniente que a nota fiscal de serviços seja emitida após o recebimento definitivo, visto que,
havendo rejeição total ou parcial dos serviços, fica a nota fiscal previamente emitida estabelecendo
valor que não poderá ser aceito pela Administração, mas que já terá gerado efeito tributário. Também é
importante lembrar que o aceite definitivo não se confunde com a liquidação da despesa, que é
atribuição da área contábil. O aceite definitivo é insumo para a liquidação da despesa (Lei 4.320/1964,
art. 63 107).
Comentários dos Gestores:
516. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça), o gestor informa
que o Tribunal possui orientação expressa, em relação à contratação de serviços, no seguinte sentido:
‘QUEM ESTÁ AUTORIZADO A RECEBER: O objeto do contrato deve ser recebido
provisoriamente pelo Gestor do Contrato, mediante termo circunstanciado assinado pelas partes; e
definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, nos termos do art.
73, inciso I, da Lei 8.666/93.
VEDAÇÃO PARA RECEBER: O gestor do Contrato que realizar o recebimento provisório não
poderá ser encarregado do recebimento definitivo com exclusividade, mas pode integrar a comissão na
condição de membro.’ (Manual de Processos Administrativos, p. 307)
517. Os termos dos Contratos 104/2010; 105/2010; 104/2011 e 36/2013 não contradizem o
disposto na Lei 73, inciso I, ‘b’, da Lei 8.666/93, muito embora não deixem evidenciar, com clareza, a
existência da segregação dos recebimentos. Em todo caso, não se deve confundir recebimento com a
atestação dos serviços, eis que esta última dá-se após o recebimento dos serviços e corresponde à
declaração de que o contratado cumpriu suas obrigações, podendo ser feita pelo gestor do contrato.
518. Nesses termos, aduz que o Tribunal possui orientação expressa quanto à observância do art.
73, inciso I, da Lei 8.666/93, cabendo aprimorar seus termos de contratos para tornar visível a referida
forma de controle.
519. Assim, diverge das conclusões porque o Tribunal possui previsão em sentido equivalente ao
proposto pela Fiscalização.
Causas do achado:
520. Deficiências no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado:
521. Recebimento dos serviços em desconformidade com as especificações técnicas (efeito
potencial).
522. Fiscal do contrato dispende maior parte do tempo na fiscalização das obrigações acessórias
(e.g., encargos trabalhistas e previdenciários) que das obrigações principais (execução propriamente
dita do serviço) (potencial).
Critérios:
523. Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘a’ e ‘b’.
Evidências:
524. Contrato 104/2010 (vigilância/PA), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça 32,
p. 9);
525. Contrato 105/2010 (vigilância/AP), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça 33,
p. 10);
526. Contrato 104/2011 (limpeza/AP), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça 34, p.
28); e
527. Contrato 36/2013 (limpeza/PA), cláusula décima terceira, parágrafo primeiro (peça 35, p.
10) e subitem 11.4 (peça 35, p. 8-9).
Conclusão da equipe:
528. A organização prevê que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o termo
circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da contratada, de
forma que pessoas diferentes atestem o recebimento provisório e o recebimento definitivo do bem ou
serviço contratado.
932

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

529. Diante dos elementos apresentados nos comentários do gestor que modificaram a
interpretação da equipe com relação à falha apresentada, a equipe pugna pela retirada do achado, não
havendo encaminhamento a ser proposto.
3.24. Deficiências nas cláusulas de penalidades
Situação encontrada:
530. Da análise dos Contratos 104/2010 (vigilância/PA), 105/2010 (vigilância/AP), 104/2011
(limpeza/AP) e 36/2013 (limpeza/PA) não foi constatado aferição de requisitos de qualidade.
531. A ausência do estabelecimento de requisitos de qualidade nos contratos, fragiliza o
acompanhamento e fiscalização dos ajustes na administração pública.
532. Assim, na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico, deve-se atentar
para o fato de que o modelo de execução do objeto deve contemplar, entre as obrigações da contratada,
cláusula de penalidade atrelada ao não cumprimento de requisitos de qualidade.
Comentários dos Gestores:
533. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o Tribunal tem por orientação seguir os termos contratuais elaborados pelo TCU, mormente
quanto aos critérios sancionatórios.
534. Complementa que as cláusulas dos contratos alinhados trazem, para efeito de aplicação de
sanções, a aferição da qualificação dos serviços por meio de tabela de descrição de condutas que
considera incompatíveis com a eficiência, tais como: manter funcionário sem qualificação para
executar os serviços contratados, por empregado; permitir a presença de empregado não uniformizado,
com uniforme manchado, sujo, mal apresentado e/ou sem crachá, por empregado e por ocorrência;
deixar de zelar pelas instalações do TRIBUNAL por item e por dia; deixar de registrar e controlar,
diariamente, a assiduidade e a pontualidade de seu pessoal, por funcionário e por dia; deixar de
cumprir determinação formal ou instrução da FISCALIZAÇÃO do TRIBUNAL, por ocorrência;
deixar de substituir funcionário que se conduza de modo inconveniente, por funcionário e por dia e
outros.
535. Aduz, ainda, que os contratos especificam, expressamente, cláusulas sancionatórias na
hipótese de descumprimento de ‘quaisquer dos itens do Contrato seus Anexos não previstos nesta
tabela, por item e por ocorrência’. Ou seja, existe previsão e ampla possibilidade de aplicação de
penalidades por descumprimento de obrigações previstas no contrato, o que certamente nada impede
de manter-se o aprimoramento dos respectivos termos contratuais.
536. Em todo caso, diverge das conclusões da fiscalização.
Causas do achado:
537. Deficiências no processo de planejamento das contratações.
Análise
538. O achado está associado à aferição de requisitos de qualidade, sendo apurado que os
contratos no âmbito da organização não contemplam a previsão de tais requisitos, impactando no
achado.
539. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que há deficiência nas cláusulas
de penalidade.
Efeitos/Consequências do achado:
540. Impossibilidade de aplicar penalidades à contratada por descumprimento de obrigações
previstas no contrato (potencial).
Critérios:
541. Princípios da prudência, proporcionalidade e razoabilidade;
542. Acórdão TCU 2.832/2012 - Plenário, item 9.4.
Evidências:
543. Contrato 104/2010 (vigilância/PA) (peça 32);
544. Contrato 105/2010 (vigilância/AP) (peça 33);
933

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

545. Contrato 104/2011 (limpeza/AP) (peça 34); e


546. Contrato 36/2013 (limpeza/PA) (peça 35).
Conclusão da equipe:
547. A organização não prevê penalidades atreladas ao cumprimento das obrigações contratuais.
Proposta de encaminhamento:
548. Recomendar ao TRT-8 que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção
processo formal de trabalho inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
408.1. prever, no modelo de gestão do contrato, cláusulas de penalidades observando as
seguintes diretrizes:
a) Atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
b) Definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
c) Definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
d) Definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
e) Definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
f) Definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
3.25. Ausência de avaliação das alternativas de fiscalização administrativa
Situação encontrada:
549. Em decorrência da obrigatoriedade contida na Resolução-CNJ 169/2013, art. 1º, a
organização utiliza-se da conta vinculada para depósito de provisões de encargos trabalhistas,
previdenciários e outros sem considerar a relação custo/benefício da operacionalização desse
mecanismo de controle.
550. Registre-se que, por meio do Acórdão 4.720/2009-TCU-2ª Câmara (item 9.1. e item 4 do
voto), o TCU condenou a utilização de prática análoga, acolhendo posição do Banco do Brasil em sede
de recurso (o banco argumentou, e o TCU acolheu o argumento, que esse tipo de controle teria custo-
benefício desfavorável à administração).
551. Em que pese este ponto não acarretar encaminhamento para o TRT-8, registra-se este
achado para permitir que, na consolidação da FOC, este tema seja aprofundado.
552. A título ilustrativo, citam-se a seguir algumas alternativas para a fiscalização administrativa,
aqui considerada a fiscalização do cumprimento, pela contratada, das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS:
a) Utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada somente por servidor público;
b) Utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada por servidor público com empresa
supervisora contratada para apoio à fiscalização;
c) Não utilização de conta vinculada, e implementação de outros controles compensatórios (e.g.,
os diversos previstos no Acórdão 1.214/2013-Plenário), e fiscalização realizada somente por servidor
público;
d) Idem acima, mas com utilização de empresa supervisora apoiando a fiscalização.
553. Uma vez que deve haver uma relação custo-benefício favorável na implantação de
controles, alternativas estão sendo levantadas nos trabalhos das auditorias da FOC, deixando-se para o
relatório de consolidação dos trabalhos proposta de encaminhamento mais robusta.
Causas do achado:
554. Orientação do CNJ para utilização da conta vinculada (Resolução-CNJ 169/2013, art. 1º).
Efeitos/Consequências do achado:
555. Utilização de controle (conta vinculada) com relação custo/benefício desfavorável
(potencial).
934

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556. Fiscal do contrato pretere a fiscalização da execução do objeto em detrimento da


fiscalização das obrigações acessórias (real).
Critérios:
557. Princípio da eficiência.
558. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7 e 9.1.9.
Evidências:
559. Contrato 104/2010 (vigilância/PA), cláusula décima quinta, parágrafo nono (peça 32, p.11);
560. Contrato 105/2010 (vigilância/AP), cláusula décima quinta, parágrafo nono (peça 33, p.12);
561. Contrato 104/2011 (limpeza/AP), cláusula décima quinta, parágrafo nono (peça 34, p. 30); e
562. Contrato 36/2013 (limpeza/PA), cláusula décima segunda, parágrafo primeiro (peça 35, p.
9-10).
Conclusão da equipe:
563. Ante os comandos da Resolução CNJ 169/2013, a organização não realizou estudo para
avaliar outras alternativas de fiscalização administrativa dos contratos de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento:
564. Ante a obrigatoriedade prevista na Resolução CNJ 169/2013, art. 1º, deixa-se de fazer
proposta de encaminhamento neste relatório, o que poderá ser considerado pela Selog quando da
consolidação dos trabalhos desta FOC.
3.26. Ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
Situação encontrada:
565. Por meio do ofício de requisição 1-572 (peça 6, p. 2, item x), foi solicitado ao TRT-8 que
apresentasse estudo realizado para definir os critérios de habilitação econômico-financeira previstos
nos Editais.
566. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, alínea x) o TRT-8 informou que
inexiste tal estudo.
567. Tal situação leva ao risco de contratação de empresas que não possuem capacidade
financeira para cumprir as obrigações contratuais, em caso de estabelecimento de critérios pouco
rígidos ou, em caso de definição de critérios rigorosos, à restrição da competitividade da licitação.
Comentários dos Gestores:
568. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor registra
que os dados registrados no Sicaf são utilizados para a aferição dos requisitos de habilitação
relacionados à regularidade jurídica, regularidade fiscal e qualificação econômico-financeira das
empresas participantes em certames licitatórios processados por pregão eletrônico neste Tribunal, e
que o único critério indicado naquele sistema (Sicaf) faz alusão aos índices contábeis das proponentes.
569. Complementa que os editais de pregão eletrônico das contratações objeto de análise
guardam consonância como o modelo de edital publicado no Manual de Processo Administrativo deste
Regional, que teve como paradigma os elaborados pelo TCU, conforme item 12, página 223, verbis:
12 - DA HABILITAÇÃO
12.1 A habilitação das licitantes será verificada por meio do Sicaf, nos documentos por ele
abrangidos, e por meio da documentação complementar especificada neste Edital.
12.2 A licitante deverá apresentar habilitação parcial válida no Sicaf ou apresentar os
documentos que supram tal habilitação.
570. De forma alternativa, os editais preveem a necessidade de envio do Balanço Patrimonial das
empresas que demonstrarem índices iguais ou inferiores a 1 (um), o que demanda a análise da
qualificação econômico-financeira em função do Patrimônio Líquido da empresa, nos termos dos
parágrafos 2º e 3º do art. 31 da Lei 8.666/1993.
571. De toda sorte, acolhe e nas futuras contratações de serviços continuados, serão apresentados
estudos técnicos preliminares que visem avaliar o critério mais adequado para a aferição da
qualificação econômico-financeira pretendida para a contratação.
Causas do achado:
935

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572. Deficiência no processo de planejamento das contratações. Falta de cultura de gestão de


riscos.
Análise
573. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
574. Contratação de empresa sem capacidade financeira para executar o contrato (potencial);
575. Restrição da competitividade da licitação (potencial).
Critérios:
576. Princípio da eficiência.
577. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.10.2 e 9.1.10.3.
Evidências:
578. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, alínea x).
Conclusão da equipe:
579. A organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos Editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento:
580. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a). Avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não.
3.27. Deficiência nos critérios de aceitabilidade de preços
Situação encontrada:
581. Da análise dos processos administrativos 1397/2011 (limpeza/AP) e 2095/2012
(limpeza/PA), constatou-se que na contratação dos serviços de limpeza e conservação:
a) não foi fixado preço máximo aceitável para os materiais utilizados na prestação de serviços de
limpeza (peça 26, p. 21-22 e peça 36, p. 12-13)
b) o Parecer Coaud/TRT8/75/2012 (peça 37) informa que foi adotado o parâmetro estabelecido
pela Portaria SLTI 9/2012, que fixa os valores limites para contratação de serviços de limpeza e
conservação para o estado do Pará;
c) consta nos subitens 8.7 do edital do pregão 25/2011 (limpeza/AP - peça 38, p. 6) e 8.6 do
edital do pregão 57/2012 (limpeza/PA - peça 39, p. 7) que durante a fase de lances, o pregoeiro poderá
excluir justificadamente lance cujo valor seja considerado inexequível;
d) nos subitens 12.5 do edital do pregão 25/2011 (peça 38, p. 8) e 12.6 do pregão 57/2012 (peça
39, p. 10) está consignado que não se admitirá proposta que apresente valores simbólicos, irrisórios ou
de valor zero, incompatíveis com os preços de mercado, exceto quando se referirem a materiais e
instalações de propriedade da licitante, para os quais ela renuncie à parcela ou à totalidade da
remuneração.
582. Partindo das Planilhas de Custos e Formação de Preços, construiu-se uma planilha
relacionando o custo inicial dos materiais e o custo contratado dos materiais (peça 40). O custo
contratado dos materiais de limpeza alcançou 10,12% do preço unitário do posto de trabalho de
servente enquanto o percentual de referência adotado pela SLTI/MPOG em seu caderno de logística de
prestação de serviços de limpeza é de 12% (peça 25, item 6.3.3.4, folha 59) e o percentual estimado na
fase de pesquisa de preços foi de 9,32%.
583. Verifica-se ainda que o custo inicial contratado do valor dos materiais em 15 dos 19
municípios pesquisados foram superiores ao custo decorrente do orçamento inicial, enquanto nos
municípios de Paragominas, Redenção, Santa Izabel, Xinguara e Macapá inclusive ultrapassaram o
percentual de referência adotado pela SLTI/MPOG (12%).
936

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

584. Como os materiais de limpeza foram incluídos como itens do posto de trabalho, tal situação
traz riscos de jogo de planilha, visto que o acréscimo de trabalhadores acarreta aumento linear dos
custos de insumos, os quais já foram aceitos pela organização em valores superiores ao praticado no
mercado.
Comentários dos Gestores:
585. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor
exemplifica com o edital do Pregão Eletrônico 57/2012, objeto do Processo TRT nº 2095/2012, no
qual se efetivaram os procedimentos para a contratação dos serviços de limpeza e conservação no
Estado Pará. O o item 10.1 informa que o preço máximo aceito pela Administração é o valor de
referência, qual seja, o valor do metro quadrado a ser contratado, verbis:
10.1. Encerrada a etapa de lances, o (a) Pregoeiro (a) poderá encaminhar contraproposta
diretamente à licitante que tenha apresentado o lance mais vantajoso, para que seja obtida melhor
proposta, observado o critério de julgamento e o valor de referência, não se admitindo negociar
condições diferentes das previstas neste Edital.
586. Acrescente que as contratações de serviço de limpeza tanto do Estado do Pará quanto do
Estado do Amapá ocorreram pelo valor do metro quadrado menor do que o estimado nos editais dos
respectivos pregões, de modo que não houve aceitação de preços superiores aos praticados no
mercado. O caderno de logística da SLTI/MPOG para prestação de serviços de limpeza, asseio e
conservação traz o indicativo de 12% para materiais e equipamentos, verbis:
6.3.3.4 Insumos de Limpeza a) Metodologia de cálculo Na metodologia de cálculo dos valores
limites o custo dos insumos de limpeza, incluídos matérias, utensílios, equipamentos é calculado como
um percentual de 12% (doze por cento) em relação a soma de todos os itens de custo para o cargo do
servente.
587. Nesse sentido, embora divergindo da conclusão da Fiscalização, será recomendada aos
órgãos competentes a adoção, nos futuros editais, de cláusulas de aceitabilidade mais objetivas,
relacionadas à mão de obra e aos materiais.
Causas do achado:
588. Deficiências na estimativa de preços.
Análise
589. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
590. Sobrepreço do valor total do contrato (efeito potencial).
591. Ocorrência de jogo de planilha (efeito potencial).
Critérios:
592. Lei 8.666/93, arts. 40, inciso X e 48, inc II.
Evidências:
593. Termo de Referência ao Pregão 25/2011 - Limpeza/AP (peça 26, p. 21-22).
594. Peças extraídas do Termo de Referência ao Pregão 57/2012 - Limpeza/PA (peça 36, p. 12-
13).
595. Parecer Coaud/TRT8/75/2012 (peça 37).
596. Edital do Pregão 25/2011 - Limpeza/AP (peça 38, p. 6 e 8).
597. Edital do Pregão 57/2012 - Limpeza/PA (peça 39, p. 7 e 10).
598. Planilha Consolidada de Custos e Formação de Preços - Contrato de Limpeza TRT-8 (peça
40)
599. Caderno de Logística da SLTI/MPOG (peça 59, p. 6).
Conclusão da equipe:
600. A organização não fixou preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais de limpeza,
o que ocasionou a aceitação de preços desses insumos por valores acima do praticado no mercado.
Proposta de encaminhamento:
937

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

601. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a). Estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas.
3.28. Deficiências na planilha de custos e formação de preços (PCFP)
Situação encontrada:
602. No Processo 2145/2009 - Pregão 41/2010 (Vigilância/PA) - Contrato 104/2010, a PCFP
contém parcela referente à reciclagem (peça 42, p. 8, 10, 12), com amparo na Lei 7.103/1983,
regulamentada pelo Decreto 89.056/1983 e na Portaria 387/2006 - DG/DPF.
603. A Equipe não encontrou, nos referidos normativos, suporte para a manutenção da referida
parcela. O § 1º do art. 109 da Portaria 387/2006 - DG/DPF, estabelece que os exames de saúde física e
mental e de aptidão psicológica serão renovados por ocasião da reciclagem do vigilante, às expensas
do empregador (grifo nosso).
Comentários dos Gestores:
604. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que concorda com a proposta de adoção de lista de verificação para auxiliar o pregoeiro na fase de
seleção do fornecedor, bem como adotará medidas à exclusão da parcela referente à reciclagem da
planilha de custos e sua cobrança à contratada pelos valores pagos indevidamente.
Causas do achado:
605. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado a inexistência de
lista de verificação para atuação do pregoeiro na fase de seleção do fornecedor.
Análise
606. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
607. Superfaturamento nos contratos (real).
Critérios:
608. Acórdão 825/2010-Plenário item 1.5.2
Evidências:
609. Planilha de Custos e Formação de Preços - Contrato 104/2011 - Limpeza/AP - Processo
1397/2011 - Pregão 25/2011 (peça 41, p. 13).
610. Planilha de Custos e Formação de Preços - Processo 2.145/2011 - Pregão 41/2010 -
Contrato 104/2010 (Vigilância/PA) (peça 42, p. 8, 10, 12).
Conclusão da equipe:
611. O TRT-8 não adotou lista de verificação para atuação do pregoeiro na fase de seleção do
fornecedor que levaria à detecção de tais parcelas indevidas.
Proposta de encaminhamento:
612. Determinar ao TRT-8 que, em atenção ao princípio da legalidade (CF, art. 37, caput), adote
as medidas necessárias à exclusão da parcela referente à reciclagem da planilha de custos e formação
de preços do Contrato 104/2010, por ser indevida:
a) Contrato 104/2010, a PCFP contém parcela referente a reciclagem, sem amparo legal, visto
que tal parcela já é coberta pelas pela rubrica ‘despesas administrativas’, conforme Acórdão 825/2010-
Plenário, item 1.5.2.
613. Determinar ao TRT-8, com fulcro na CF, art. 71, IX, que, em atenção ao princípio da
legalidade (CF, art. 37, caput), adote, no prazo de 30 dias, as medidas necessárias à recuperação dos
valores pagos em decorrência das parcelas indevidamente contidas na planilha de custos e formação de
preços do Contrato 104/2010.
3.29. Deficiências na definição de penalidades para fase de julgamento da licitação
Situação encontrada:
938

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

614. Da análise dos Editais 41/2010 (vigilância), 25/2011 (limpeza/AP) e 57/2012 (limpeza/PA),
constatou-se que a organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas.
615. O item 23.1 do Edital 41/2010 (peça 43, p. 15), item 23.1 do Edital 25/2011 (peça 44, p. 17)
e o item 19.1 do Edital 57/2012 (peça 45, p. 14-15) não trazem de forma clara a relação entre os
comportamentos inadequados das licitantes durante o pregão e as penalidades estabelecidas, o que
prejudica a aplicação das penas e a inibição das condutas de empresas aventureiras que retardam a
conclusão dos procedimentos licitatórios.
Comentários dos Gestores:
616. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que o poder sancionatório da Administração é tema delicado, tanto que o art. 7º da Lei 10.520/2002
declina, de forma clara, a tipicidade da conduta capaz de gerar penalidades, tais como: cometer fraude;
apresentar documento falso; fizer declaração falsa; não assinar o termo de contrato no prazo
estabelecido; pontos sobre os quais não parece crível inovar, como aliás assim não fez o TCU em suas
licitações (consulta de editais). O que tem se verificado é a possibilidade de descrição ou remissão a
dispositivos legais que descrevem condutas consideradas inidôneas.
617. Nesse sentido, complementa no sentido de que serão implementados nos novos editais de
contratações, a exemplo do que tem adotado o TCU, o alinhamento requisitado.
618. Frisa que a causa da não inserção de tais elementos não se deve a cultura do Tribunal em
apenar empresas nessa fase, mas no entendimento da aplicação sistemática da legislação de regência
por efeito do disposto na Lei 8.666/93, que descreve situação tipificadas como inidôneas, aplicável
supletivamente ao Pregão.
619. Por fim, acolhe a proposição sob o contexto das causas elencadas.
Causas do achado:
620. Falta de cultura da Administração Pública em apenar empresas nessa fase da licitação.
Análise
621. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
622. Empresas aventureiras participam da licitação, com atraso indevido na finalização do
procedimento e suas consequências (potencial).
Critérios:
623. Lei 10.520/2002, art. 7º
624. Princípios da proporcionalidade e prudência.
Evidências:
625. Edital do Pregão 41/2010 (vigilância) (peça 43, p. 15);
626. Edital do Pregão 25/2011 (limpeza/AP) (peça 44, p. 17);
627. Edital do Pregão 57/2012 (limpeza/PA) (peça 45, p. 14-15).
Conclusão da equipe:
628. A organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que, na prática, faz com que não seja viável aplicar essas penalidades e, por consequência,
inibir as condutas que retardam o procedimento licitatório do pregão.
Proposta de encaminhamento:
629. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) Prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência.
939

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.30. Ausência de designação formal dos atores da fiscalização


Situação encontrada:
630. Por meio do ofício de requisição 01-572/2014 (peça 6, p. 2, item z), foi solicitado ao TRT-8
que apresentasse documentos de designação formal dos prepostos das contratadas e dos servidores
responsáveis pela fiscalização dos contratos de limpeza e vigilância para representá-las na execução
dos Contratos 104/2010, 105/2010, 104/2011 e 36/2013, nos termos do art. 68 da Lei 8.666/1993.
631. Por meio da Informação Coaud 7/2014, o TRT-8 informou que (peça 12, p. 3-4, letra z) os
documentos estavam dispostos nos autos físicos.
632. Compulsando os autos das contratações de limpeza e vigilância, não foi encontrada
designação formal dos prepostos das contratadas.
633. Por meio de Extrato de Entrevista com os fiscais dos contratos (peça 46), foi questionado se
houve a designação formal de preposto por parte da contratada, ao que foi respondido que houve
comunicação por e-mail de quem deverá ser o preposto (vigilância) e, no tocante à limpeza, não houve
designação formal de preposto, foi enviada uma relação com o nomes e telefones da diretoria da
empresa a quem deveriam se reportadas as ocorrências.
634. No caso do contrato de vigilância, a utilização de empregado terceirizado, vinculado ao
contrato, como preposto para representar a contratada não é a solução adequada, visto que as
atribuições de preposto são diferentes daquelas definidas para os terceirizados e, para desempenhá-las,
o preposto não precisa estar dedicado exclusivamente ao contratante.
635. Além de ser um custo já coberto pelas despesas indiretas incluídas no BDI, e que por isso
não necessita de um posto de trabalho exclusivo, a dedicação do preposto 8 horas por dia nas
dependências da contratante representa um risco de se criar uma relação de subordinação hierárquica
entre os servidores da organização e o empregado terceirizado.
Comentários dos Gestores:
636. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que nos 4 contratos formalizados há previsão expressa da figura do preposto, de modo que a falha
consistiu em não documentar nominalmente a palavra preposto.
637. Acrescente que, no caso da vigilância Pará, havia informação de que o preposto seria o
diretor financeiro.
638. De qualquer modo, o TRT-8 adotará medidas para sanear tal falha.
Causas do achado:
639. Deficiência no processo de gestão do contrato.
Análise
640. Nestes termos, a equipe e o TRT8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
641. Dificuldade ou impossibilidade de responsabilizar as partes do contrato e responsabilização
dos agentes públicos que atuaram sem delegação (real).
Critérios:
642. Lei 8.666/93, art. 68.
Evidências:
643. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra z);
644. Extrato de Entrevista com os fiscais de contratos (peça 46);
Conclusão da equipe:
645. Houve falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de designação
dos prepostos pelas contratadas para representá-las na execução contratual.
Proposta de encaminhamento:
646. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
940

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) Exija, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável por
representar à contratada durante execução contratual.
3.31. Não aplicação de penalidades por falhas na execução contratual
Situação encontrada:
647. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, itens y e aa), foi solicitado ao
TRT-8 cópia, preferencialmente em meio magnético, do livro de registro de ocorrências relacionadas à
execução dos contratos de limpeza e vigilância - contratos 104/2011 e 36/2013; e que informasse a
existência de processo administrativo referente à aplicação de penalidades às contratadas em processo
de terceirização de limpeza e vigilância.
648. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 2, item aa), o TRT-8 informou a
inexistência de livro de registro de ocorrências relacionado à execução dos contratos de limpeza e
vigilância.
649. Informou ainda a existência do processo 776/2014 (peça 47) referente à aplicação de multa
em razão de atraso no pagamento dos encargos trabalhistas a que está subordinada por força do
Contrato 104/2010 (vigilância).
650. Compulsando os autos há registro de outras falhas na execução contratual, sem a
correspondente aplicação de penalidades à contratada, conforme comprova a documentação
evidenciada (peça 48).
Comentários dos Gestores:
651. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que existem falhas sistêmicas na fiscalização dos contratos de terceirização e que estão sendo
levantadas pelos órgãos incumbidos da governança institucional, muitas das quais já foram detectadas
em processos de inspeção realizados pela Coaud (Relatório de Inspeção SACI/IP nº 4/2010; Relatório
de Inspeção SACI/AS nº 12/2010; Relatório SCONT/Coaud nº 09/2012; Relatório de Inspeção
SeCON/Coaud nº 12/2013; Relatório Coaud/TRT8 nº 16/2013). A não observância de registro de
ocorrências é livro/acervo digital é uma delas.
652. Não obstante, complementa que a causa dessa impropriedade está vinculada à falta de
servidores e à impossibilidade de se arregimentar pessoal técnico para fazer face às fiscalizações,
muito embora se tenha proporcionado aos fiscais treinamento e capacitação na área (PAC 2012 e
2013). Contudo, esse fator não impediu ou impede que a Administração adote as medidas
sancionatórios cabíveis em situações de inadimplência pela Contratada, cuja parceria encontra limites
legais (Portarias 685/2006; 984/2006; 134/2014 e 98/2015).
653. Nesses termos, acolhe parcialmente a proposta constante do Relatório.
Causas do achado:
654. Falta de cultura da Administração Pública em apenar empresas pelo descumprimento de
obrigações.
Análise
655. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
656. Descumprimento do contrato (e da lei) (real).
657. Impossibilidade de agravar motivação para que a contratada continue não cumprindo as
obrigações contratuais (potencial).
Critérios:
658. Lei 8.666/1993, art. 66.
Evidências:
659. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letras y e aa);
660. Páginas finais do Processo 776/2014 (multa contratual) (peça 47)
661. Documentos - Falhas na execução contratual (peça 48).
Conclusão da equipe:
941

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

662. Houve falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de aplicação
de penalidades por falhas na sua execução.
Proposta de encaminhamento:
663. Recomendar ao TRT-8 que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados inclua na etapa de
gestão do contrato, os seguintes controles internos:
a) Registrar todas as ocorrências relativas à execução contratual;
b) Aplicar as penalidades devidas sempre que uma ocorrência registrada caracterizar uma
situação passível de punição.
3.32. Ausência de mecanismo para rastrear os serviços realizados/materiais utilizados
Situação encontrada:
664. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, item bb), foi solicitado ao TRT-8
cópias, preferencialmente em meio magnético, das notas fiscais de serviço, relatório da fiscalização,
Relatório de frequência dos colaboradores e Livro de Ocorrências relacionados aos contratos de
limpeza e vigilância.
665. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra bb), o TRT-8 informou que as
notas fiscais de serviço encontravam-se nos autos físicos e que era inexistente relatório de fiscalização,
relatório de frequência dos colaboradores e livro de ocorrência.
Comentários dos Gestores:
666. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que o pagamento dos serviços é realizado à vista de certificação da sua prestação pelos titulares dos
diversos órgãos beneficiados com a execução, consubstanciadas em mensagens eletrônicas (mensagens
dos Diretores de Secretaria das Varas que certificam a execução dos serviços). Nesse caso, não se
perde a essência do objeto contratado, assente na efetiva limpeza por área (m²) e por postos de
serviços. Ou seja, certifica-se que o serviço foi prestado, a ensejar, desta forma, o efetivo pagamento.
667. Em todo caso, acrescenta que o Tribunal está envidado esforços no sentido de otimizar os
serviços nessa área, inclusive com a criação de unidade específica voltada para planejamento da gestão
de contratos e avaliação de riscos (Divisão de Governança Institucional), antes tratada nos tópicos
anteriores.
668. Desta forma, acolhe parcialmente a proposta de encaminhamento sob a ótica delineada.
Causas do achado:
669. Deficiências no modelo de gestão do contrato, elaborado na fase de planejamento da
contratação.
Análise
670. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
671. Dificuldade ou impossibilidade de justificar os pagamentos realizados (real).
Critérios:
672. Lei 4.320/1964, art. 63, § 1°, II
673. Lei 8.666/1993, art. 67, § 1º
674. Decreto 2.271/1997, art. 6º ;
675. Acórdão TCU 1.647/2010 -Plenário, 9.1.1;
676. Acórdão TCU 2.204/2010 - Plenário, item 9.8.2
Evidências:
677. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra bb).
Conclusão da equipe:
678. Houve falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de
mecanismos que permitam verificar a efetiva prestação dos serviços ou o recebimento dos materiais.
Proposta de encaminhamento:
942

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

679. Recomendar ao TRT-8 que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de


bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados inclua os seguintes
controles internos na etapa de planejamento da contratação:
. a) incluir no modelo de gestão do contrato mecanismos que permitam o rastreamento dos
pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado, identificar os bens ou
serviços fornecidos pela contratada
3.33. Pagamento de serviços/produtos não realizados/utilizados
Situação encontrada:
680. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, item cc), foi solicitado ao TRT-8
que informasse os critérios utilizados para definir a localização, a quantidade e o tipo (escala e turno,
fixo ou ronda) dos postos de trabalho de vigilância alocados no endereço atual de prestação dos
serviços.
681. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra cc), o TRT-8 informou que
tomava por base o previsto no projeto básico e no termo de referência.
682. Com relação aos serviços de limpeza, compulsando os autos há registro de falhas na
execução contratual, a exemplo da falta de materiais na prestação de serviços de limpeza, sendo que o
contrato prevê a alocação mensal de materiais, sem a correspondente glosa dos pagamentos da
contratada, conforme comprova a documentação evidenciada (peça 48).
Comentários dos Gestores:
683. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que o Tribunal adotou as providências necessárias com vistas à apuração da falha detectada na
execução do ajuste.
684. Nesse sentido, acresce que o órgão de controle interno emitiu o Relatório
SeAUD/Coaud/TRT8 nº 3/2015 (Processo TRT nº 490/2015) em que propôs a aplicação de penalidade
pecuniária à contratada pelo descumprimento das condições ajustadas, medida acatada pela
Administração e em vias de processamento através da Portaria DG nº 98/2015.
Causas do achado:
685. Deficiência na etapa de gestão do contrato.
Análise
686. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
687. Superfaturamento (real).
Critérios:
688. Lei 8.666/1993, art. 66.
Evidências:
689. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra cc).
690. Documentos - Falhas na execução contratual (peça 48).
Conclusão da equipe:
691. Houve falta de material para realização dos serviços de limpeza, sem que fosse realizada
glosa na fatura da empresa contratada, evidenciando falha na gestão/fiscalização do contrato, conforme
comprova a documentação à peça 48, configurando pagamentos por materiais não entregues ou
entregues em quantidades inferiores a prevista.
Proposta de encaminhamento:
692. Determinar ao TRT-8, com fulcro na CF, art. 71, IX, que, em atenção ao princípio da
legalidade (CF, art. 37, caput), adote, no prazo de 30 dias, as medidas necessárias à recuperação dos
valores pagos indevidamente em decorrência materiais de limpeza não utilizados na prestação de
serviços na Vara do Trabalho de Altamira (outubro e novembro de 2013) à conta do Contrato 36/2013.
3.34. Deficiências na garantia contratual
Situação encontrada:
943

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

693. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, item dd), foi solicitado ao TRT-8
todas as garantias prestadas pela contratada desde o início da execução dos serviços em relação aos
contratos 104/2010, 104/2011 e 36/2013.
694. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra dd), o TRT-8 informou que as
garantias encontravam-se nos processos administrativos.
695. No que tange ao Contrato 36/2013 (limpeza/PA), a última garantia apresentada pelo TRT-8
venceu em 24/6/2014 (3º aditivo contratual), bem como com relação ao contrato 104/2011
(limpeza/AP), a última garantia apresentada pelo TRT-8 venceu em 7/9/2014, não havendo renovação
da mesma até a presente data. Com relação ao contrato 36/2013, já foram celebrados 5 aditivos
contratuais, ainda que o 4º e o 5º aditivos não tenham modificado o valor avençado, houve o
vencimento da garantia contratual.
696. Com relação à cobertura do pagamento de verbas trabalhistas e previdenciárias não
honradas pela contratada, não há previsão no corpo do seguro garantia de tal cobertura nos contratos
de limpeza/PA (peça 49, p. 1-14), limpeza/AP (peça 49, p. 15-20) e vigilância/PA (peça 49, p. 21-28).
697. Da prestação de serviços de vigilância, objeto do Contrato 104/2010 (vigilância/PA), consta
documento datado de 3/11/2014 (peça 50, p. 5) informando que a apólice se encontra em processo de
renovação devido uma pendência no Bradesco, em fase de baixa operacional. A última garantia
apresentada venceu em 26/11/2013 (peça 49, p. 23)
Comentários dos Gestores:
698. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aduz
que a prolação do Acórdão 1.214/2013 ocorreu concomitantemente à assinatura do Contrato 36/2013,
de modo que não houve o registro de previsão de cláusula de garantia para cobertura de pagamento de
encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada.
699. Ainda que considerando as informações acima, aquiesce com a orientação de fazer constar
nos contratos de serviços terceirizados a multa pelo atraso da entrega da garantia, bem como sua
utilização para cobertura das inadimplências dos encargos trabalhistas e previdenciários inclusive na
modalidade seguro garantia.
Causas do achado:
700. Não definição de penalidades pelo atraso na entrega de garantia.
Análise
701. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
702. Execução do contrato sem garantia adequada (real).
703. Impossibilidade de executar a garantia contratual para pagamento de encargos trabalhistas e
previdenciários não quitados pela contratada (real).
Critérios:
704. Lei 8.666/93, art. 66 c/c cláusula décima sexta do contrato 104/2010 (peça 32, p. 12-13)
705. Lei 8.666/93, art. 66 c/c cláusula décima sexta do contrato 104/2011 (peça 34, p. 31-32)
706. Lei 8.666/93, art. 66 c/c cláusula décima quarta do contrato 36/2013 (peça 35, p. 11)
707. Acórdão 1.214/2013 -Plenário, item 9.1.4.
Evidências:
708. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra dd).
709. Garantia Contratual - Riscos Excluídos (peça 49).
710. Documento da empresa contratada declarando atraso na apresentação da garantia (peça 50,
p. 5).
Conclusão da equipe:
711. O TRT-8 não verificou as cláusulas da garantia, em especial a ausência de cobertura para
executar a garantia contratual para pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários não quitados
pela contratada.
Proposta de encaminhamento:
944

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

712. Recomendar ao TRT-8 que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de


bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, inclua os seguintes
controles internos na etapa de planejamento da contratação:
a) no modelo de gestão do contrato a exigência de que a garantia cubra o pagamento de encargos
trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada;
b) nas cláusulas de penalidades previsão de sanção para o atraso na entrega das garantias
contratuais, inclusive as respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos contratuais.
3.35. Não comprovação da manutenção das condições de habilitação
Situação encontrada:
713. Da análise dos processos administrativos 2288/2010 (vigilância/PA), 1397/2011
(limpeza/AP) e 2095/2012 (limpeza/PA), constatou-se que a organização não verificou, a cada
prorrogação do contrato, se a contratada mantinha todas as condições de habilitação exigidas, à época
da licitação.
714. As verificações a cada prorrogação (peças 51 a 53), limitaram-se a comprovar a
regularidade fiscal, previdenciária e trabalhista da empresa contratada e as penalidades registradas no
Sicaf, não abrangendo outros requisitos de qualificação exigidos no Edital, tais como os dispostos nos
itens 13.2.1 (peça 43, p. 7, peça 44, p. 9 e peça 45, p. 11).
Comentários dos Gestores:
715. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que por ocasião das prorrogações contratuais o Sicaf é consultado previamente para aferição dos
requisitos de habilitação relacionados à regularidade jurídica, regularidade fiscal e qualificação
econômico-financeira das empresas participantes, cuja certificação é trazida aos autos. A habilitação
técnica, pela sua natureza, é aferida no curso da própria prestação do serviço ao Tribunal.
716. Complementa que as evidências indicam a preocupação do Tribunal em avaliar a mantença
das condições habilitatórias pela Contratada por ocasião de cada prorrogação contratual a partir dos
parâmetros requisitados nos editais que deram origem à contratação e na jurisprudência do Tribunal de
Contas da União, de modo a compor lista de verificação para tal fim, que é adotada por todos os
setores envolvidos em suas informações.
717. Nestes termos, diverge parcialmente das conclusões do Relatório, haja vista que o Tribunal
possui parâmetros de verificação, sem embargo de adotar providências para melhor documentá-los e
torná-los visível sob o contexto de uma lista formal de verificação.
Causas do achado:
718. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação, associado à inexistência de
lista de verificação para atuação da fiscalização na fase de gestão do contrato.
719. Falta de cultura da organização em fazer tal avaliação previamente às prorrogações
contratuais.
Análise
720. A inexistência de lista de verificação reforça o encaminhamento proposto pela equipe.
721. Nestes termos, a equipe ratifica o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
722. Contratada não tem condições operacionais para manter a execução do contrato (potencial).
Critérios:
723. Lei 8.666/93, art. 55, XIII.
Evidências:
724. Parecer da Assessoria Jurídica 37/2011 e Despacho da Presidência (peça 51).
725. Parecer da Assessoria Jurídica 081/2012 e Despacho da Presidência (peça 52).
726. Parecer ASJUR/LA 135/2014 e Despacho da Presidência (peça 53).
727. Edital do Pregão 41/2010 (vigilância) (peça 43, p. 7);
728. Edital do Pregão 25/2011 (limpeza/AP) (peça 44, p. 9);
729. Edital do Pregão 57/2012 (limpeza/PA) (peça 45, p. 11).
945

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conclusão da equipe:
730. A organização não verificou, a cada prorrogação do contrato de vigilância, se a contratada
mantinha todas as condições de habilitação exigidas à época da licitação.
Proposta de encaminhamento:
731. Recomendar ao TRT-8 que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa
de gestão do contrato:
a) A cada prorrogação contratual, verifique se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação exigidas à época da licitação.
3.36. Fiscalização administrativa executada sem avaliação de riscos
Situação encontrada:
732. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, item ee), foi solicitado ao TRT-8
mecanismo utilizado pela fiscalização (conferência exaustiva ou por amostragem dos documentos)
para que comprove o cumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas e previdenciárias
relativas aos contratos de limpeza e vigilância.
733. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra ee), o TRT-8 informou que era
inexistente tal mecanismo.
734. Em complementação, foi solicitado, por meio do ofício 3-572 (peça 6, p. 5), que o TRT-8
informasse com respeito à forma utilizada pela fiscalização para verificar o cumprimento das
obrigações trabalhistas, previdenciárias e com o FGTS pelas contratadas para prestação de serviços de
limpeza e vigilância:
a) Caso a fiscalização verificasse o cumprimento das obrigações para todos os colaboradores das
contratadas (verificação exaustiva), fosse encaminhado relatório de verificação que autorizou o
pagamento realizado em outubro;
b) Caso a fiscalização verificasse as obrigações por amostragem, fosse informado os critérios
utilizados para sua realização e encaminhada a aplicação do critério e o relatório de verificação relativa
à amostra que autorizou o pagamento realizado em outubro;
c) Caso a fiscalização recebesse a documentação das contratadas, juntasse ao processo de
pagamento e não realizasse verificações, fosse informado esse fato.
735. Por intermédio do Ofício 17/2014/TRT-Coaud, de 9/12/2014 (peça 54, p. 1 e 24), o TRT-8
informou que a fiscalização do Contrato TRT 36/2013 (limpeza/PA) é realizada por amostragem,
descrevendo o seguinte procedimento:
a) ao receber as faturas emitidas pela contratada é efetuada a conferência das mesmas, quanto a
seus valores.
b) são verificadas aleatoriamente algumas cópias de documentos de transferência entre contas
correntes, verificação feita quanto a valores e data de depósito.
c) também por amostragem, e verificada a relação de entrega de vale transporte e vale
alimentação.
d) o servidor, sempre que possível faz diligência junto aos colaboradores, objetivando obter
informações quanto à data correta de recebimento de seus salários, vale transporte e vale alimentação.
e) Por fim, é necessário esclarecer que apesar das verificações por amostragem, e diligência
junto aos colaboradores, o servidor não possui a devida formação para efetuar este tipo de inspeção.
736. Assim, ratificamos o entendimento de que não é feita a verificação associada aos
recolhimentos realizados e sua correlação com os colaboradores vinculados aos contratos de prestação
de serviços mantidos com a Instituição.
Comentários dos Gestores:
737. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que, por meio da Resolução 1/2015, foi criada a Coordenadoria de Governança Institucional, unidade
responsável à operacionalizar a gestão de riscos no Tribunal, constituída da Divisão de Gestão e
Fiscalização de Contratos (Seção de Fiscalização de Contratos e Convênios Comuns; Seção de Gestão
946

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e Fiscalização de Contratos de Serviços Terceirizados e Seção de Gestão e Fiscalização de Contratos


de Engenharia e de Tecnologia da Informação).
738. Dessa forma, a fiscalização administrativa passará a contar com todos os requisitos da
avaliação de riscos, de modo que diverge da materialização do achado.
Causas do achado:
739. Ausência de cultura de gestão de riscos.
Análise
740. A reestruturação da área administrativa do Tribunal, promovida pela Resolução 1/2015 e
pelo Plano de Projeto de Licitação Sustentável (PPLS), aprovado pela Portaria 157/2015, representam
iniciativas da organização no sentido de operacionalizar a gestão de riscos na organização.
741. Considerando que alguns achados são passíveis de monitoramento em momento posterior, a
equipe considera pertinente a manutenção do encaminhamento proposto, com o subsequente
monitoramento do achado.
Efeitos/Consequências do achado:
742. Prejuízo à fiscalização das obrigações principais da contratada (potencial).
743. Relação custo/benefício da fiscalização desfavorável (real)
Critérios:
744. Decreto-lei 200/1967, art. 14
745. Acórdão 1.214/2013, itens 9.1.5, 9.1.6, 9.1.9
Evidências:
746. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra ee).
747. Ofício 17/2014/TRT-Coaud (peça 54, p. 1 e 24),
Conclusão da equipe:
748. A organização não realizou a verificação de que os recolhimentos realizados pelas
contratadas correspondem aos colaboradores vinculados aos contratos de prestação de serviços de
limpeza e conservação e vigilância mantidos com a Instituição.
Proposta de encaminhamento:
749. Recomendar ao TRT-8 que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados inclua os seguintes
controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
a.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
a.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos extratos
retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias contas (o
objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano - sem que
isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
b) documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período.
3.37. Descumprimento das regras de pagamento previstas no contrato
Situação encontrada:
750. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, item ff), foi solicitado ao TRT-8
cópia, preferencialmente em meio magnético, das Notas Fiscais, Relatório de Fiscalização e Ordens
bancárias de pagamentos relativos aos contratos de limpeza e conservação e vigilância.
751. Por meio da Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra ff), o TRT-8 informou que as
cópias das notas fiscais e das ordens bancárias estavam nos processos administrativos e era inexistente
relatório de fiscalização.
947

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

752. O Contrato 104/2010 (vigilância/PA) estabelece, em sua cláusula décima quinta, parágrafo
oitavo, que nenhum pagamento será efetuado à contratada na pendência de qualquer uma das
situações, dentre elas as estabelecidas no subitem 15.1, sem que isso gere direito à alteração de preços
ou compensação financeira (peça 32, p. 10-11).
753. No bojo dos trabalhos, foi colhida documentação em que a empresa Bertillon, executora do
contrato 104/2010, confirma que não expediu certidões previdenciárias nem de FGTS, caracterizando
descumprimento das regras de pagamento estabelecidas no subitem 15.1 (peça 55, p. 5 e peça 32, p.
10).
Comentários dos Gestores:
754. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor
esclarece que o Tribunal fez registro, sim, a cada pagamento à contratada, das regras contratuais.
Ocorre que o Tribunal esteve atrelado ao Acórdão 964/2012-Plenário TCU, no qual se posiciona:
9.2.3 Verificada a irregular situação fiscal da contratada, incluindo a seguridade social, é vedada
a retenção de pagamento por serviço já executado, ou fornecimento já entregue, sob pena de
enriquecimento sem causa da Administração.
755. Registra, ainda, que no Acórdão 1214/2013-Plenário TCU, houve recomendação de que
haja, nos contratos, a previsão de que a administração está autorizada a realizar os pagamentos de
salários diretamente aos empregados, bem como das contribuições previdenciárias e do FGTS, quando
estes não forem honrados pelas empresas (9.1.2).
756. Esclarece, ainda, que com a extinção do Contrato 104/2010, em novembro 2014, os
recursos financeiros utilizados pela Administração no pagamento das indenizações trabalhistas e
recolhimento ao FGTS dos empregados demissionários tiveram origem no saldo da conta vinculada da
provisão de demissão de empregados (Resolução CNJ nº 169/2013) e de bloqueio de parte dos créditos
devidos pela contraprestação dos serviços, em atenção ao Acórdão 1214/2013.
Causas do achado:
757. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado à inexistência de
lista de verificação para atuação do fiscal na fase de gestão do contrato.
Análise:
758. Em que pese o gestor alegar dar seguimento aos pagamentos com base em acórdão do TCU,
não constam providências internas no sentido de dar cumprimento ao disposto no contrato 104/2010.
759. Assim, a equipe considera que o encaminhamento proposto deve permanecer, pugnando que
os elementos apresentados não foram suficientes para descaracterizar que há deficiência nas cláusulas
de penalidade.
Efeitos/Consequências do achado:
760. Beneficiamento indevido da contratada (real)
Critérios:
761. Lei 8.666/93, art. 66 c/c subitem 15.1 e 15.8 do Contrato 104/2010;
Evidências:
762. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra ff).
763. Documentação da contratada ratificando problemas na expedição da certidão (peça 55, p.
5).
Conclusão da equipe:
764. A organização não verificou, mensalmente e previamente a cada pagamento, o
cumprimento das regras estabelecidas no contrato ou a organização verificou e descumpriu as regras
de pagamento previstas no contrato.
Proposta de encaminhamento:
765. Dar ciência ao TRT-8 sobre a realização de pagamentos em desacordo com o previsto no
contrato, identificada nos pagamentos do Contrato 104/2010, o que afronta o disposto na Lei
8.666/1993, art. 66 (item 3.37), com vistas à adoção de providências internas que previnam a
ocorrência de outras semelhantes.
948

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.38. Falhas na Repactuação


Situação encontrada:
766. Da análise dos Contratos 36/2013 (Limpeza/PA) e 104/2011 (Limpeza/AP), constatou-se
que não foram utilizadas informações gerenciais da execução do contrato para propor redução de
valores nas provisões (ex: proposta com PCFP com erros), auxílio maternidade sem mulheres.
767. O Contrato 104/2011 foi firmado inicialmente em 8/9/2011 (peça 34, p. 38). Por ocasião da
repactuação e celebração do 2º Termo Aditivo em 18/2/2013 (peça 56, p. 49) foram mantidos, na
rubrica Provisão para Rescisão, valores de aviso prévio trabalhado (peça 56, p. 24). A falha foi
constatada ainda no Contrato 36/2013.
Comentários dos Gestores:
768. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor anui
com a proposta de revisão dos valores lançados a título de provisão, de forma que a unidade técnica
responsável pelo cálculo das planilhas de preços fará o recálculo a partir de 8/9/2012 e cobrará os
valores pagos indevidamente à contratada.
Causas do achado:
769. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado à inexistência de
lista de verificação para atuação do fiscal na fase de gestão do fornecedor.
Análise:
770. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
771. Pagamento de valores indevidos (real).
Critérios:
772. Lei 8.666/93, art. 65, II, d (bilateral)
773. Decreto 2.271/1997, art. 5º ; art 4º, inc. I
774. IN SLTI 02/2008 -arts. 37 a 41.
775. Parecer JT-02/2009.
Evidências:
776. Pedido de Repactuação e 2º Termo Aditivo ao Contrato 104/2011 (limpeza/AP) (peça 56).
Conclusão da equipe:
777. A organização não revisou os valores lançados a título de Provisão, quando das
prorrogações/repactuações contratuais, tampouco utilizou informações gerenciais da execução do
contrato para propor redução de valores nas provisões.
Proposta de encaminhamento:
778. Determinar ao TRT-8, com fulcro na Constituição Federal, art. 71, IX:
595.1. Adote as medidas para corrigir os seguintes itens na Planilha de Custos e Formação de
Preços dos contratos 104/2011 e 36/2013:
a) exclusão da parcela Aviso Prévio Trabalhado, após 12 meses de contrato, em consonância
com o Acórdão TCU 3006/2010 - Plenário, item 9.2.2.
595.2. adote, no prazo de 90 dias, as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos
indevidamente em decorrência dos ajustes acima.
779. Recomendar ao TRT-8 que, no modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados inclua o seguinte
controle interno na etapa de gestão do contrato:
a) quando da realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para
negociar valores mais justos para a Administração;
3.39. Não desoneração dos contratos em decorrência do Plano Brasil Maior
Situação encontrada:
780. O Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, determinou ao CNJ que orientasse os órgãos a
ele vinculados a adotar medidas necessárias à revisão dos contratos de prestação de serviços ainda
vigentes, firmados com empresas beneficiadas pela desoneração da folha de pagamento, mediante
949

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

alteração das planilhas de custo, atentando para os efeitos retroativos às datas de início da desoneração,
mencionadas na legislação.
781. Por meio do ofício de requisição 1-572/2014 (peça 6, p. 2, item hh), foi solicitado ao TRT-8
que informasse as medidas adotadas pelo Órgão para o cumprimento do Acórdão 2.859/2013 -
Plenário (desoneração fiscal decorrente do Plano Brasil Maior).
782. Por meio do Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra hh), o TRT-8 informou que as
desonerações de que tratam o Acórdão TCU 2.859/2013 - Plenário não se aplicam aos serviços de
vigilância e limpeza, a teor da Lei 12.546/2011 e Decreto 7.828/2012.
783. Foi reiterada a questão, por meio do ofício de requisição 3-572/2014 (peça 6, p. 5, item e),
ao que o TRT-8 encaminhou, por meio do Ofício 016/2014/TRT-Coaud, de 28/11/2014, documento
com as medidas adotadas em cumprimento ao acórdão (peça 57).
784. Em decorrência de levantamento, o TRT-8 informou que identificou um total de 39
contratos suscetíveis de revisão, sendo que desse total apenas 20 contratos foram modificados, os quais
totalizaram R$ 50.507.770,77. O trabalho em questão trouxe uma economia/redução de
aproximadamente R$ 129.457,42, considerando que algumas empresas recorreram da revisão
contratual, cujos recursos estão sob análise do órgão jurídico da corte (peça 57, p. 5).
785. O órgão jurídico do TRT-8 analisa, no momento, revisão contratual da ordem de R$
126.574,98, sendo que houve posicionamento favorável no contrato 133/2012, no importe de R$
29.966,90, e o restante se encontra na situação sob análise.
786. O contrato 101/2013, sujo objeto é a construção do Fórum Trabalhista de Macapá, está
pendente de análise da documentação apresentada pela contratada.
Comentários dos Gestores:
787. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor aponta
que a Unidade de Contabilidade informa que, em cumprimento ao disposto no art. 7º da Lei
12.546/2011 e art. 2º do Decreto 7.828/2012, bem como aos Acórdãos 2859/2013-Plenário e
1212/2014-Plenário, a Administração do Tribunal realizou levantamento dos contratos (vigentes e
extintos), firmados com empresas beneficiadas pelo Plano Brasil Maior, implementados pelos
normativos anteriormente referidos.
788. Complementa que foram identificados um total de 39 contratos (20 na área de construção
civil e 19 na área de informática), sendo que os últimos (área de informática), não foram objeto de
revisão, haja vista que na prestação dos serviços contratados não ocorreu dedicação exclusiva de mão
de obra, a exemplo de aquisições de licença, software, entre outros.
789. Com relação aos contratos celebrados na área da construção civil, apesar da unidade
identificar 20 avenças, apenas 7 foram objeto de revisão, considerando que os demais foram assinados
fora do período de abrangência da lei ou foram assinados já devidamente desonerados. A economia foi
na ordem de R$ 129.457,72 (cento e vinte e nove mil, quatrocentos e cinquenta e sete reais e setenta e
dois centavos).
790. Informa, ainda, que as empresas que tiveram seus contratos revisados pelo TRT-8
recorreram da decisão sem êxito, levando as mesmas a interpor ação na Justiça Federal onde obtiveram
liminar favorável. Nesse sentido, apenas 1 (uma) empresa encontra-se pendente de análise, tendo sido
encaminhada à unidade especializada para emissão de parecer. De todo modo, o TRT-8 ultimou
parcialmente as providências para revisão decorrente da desoneração fiscal, restando apenas uma
contratação sob análise.
Causas do achado:
791. Desconhecimento do potencial benefício financeiro para a organização da ordem de 8%
com a repactuação dos contratos (potencial).
Análise:
792. Nestes termos, a equipe e o TRT-8 ratificam o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
950

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

793. Pagamento a maior por serviços executados por empresas abrangidas pela desoneração
fiscal (efeito real).
Critérios:
794. Lei 12.546/2011, art. 7º.
795. Decreto 7.828/2012, art. 2º.
796. Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º.
797. Ofício-Circular CNJ 590/2013, de 14/11/2013.
798. Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1.
Evidências:
799. Informação Coaud 7/2014 (peça 12, p. 3-4, letra hh).
800. Ofício 016/2014/TRT-Coaud, de 28/11/2014 (peça 57).
Conclusão da equipe:
801. A organização ainda não ultimou as providências para revisar os contratos a serem objeto
de revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011.
Proposta de encaminhamento:
802. Determinar ao TRT-8 que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º e ao princípio da
legalidade, informe ao TCU, no prazo de 60 dias, os resultados alcançados em cumprimento às
orientações contidas no Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, incluindo detalhamento da
quantidade de contratos revisados e a economia (redução de valor contratual) obtida.
3.40. Deficiências nos controles compensatórios do planejamento da contratação
Situação encontrada:
803. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
planejamento da contratação. Um dos controles compensatórios possíveis para esta etapa é previsto na
legislação, e consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica antes da fase de seleção do
fornecedor (fase externa da licitação).
804. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há pergunta,
com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos
de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
805. Em resposta enviada ao Ofício de Requisição 2-572, o TRT-8 informou, por meio do Ofício
014/2014/TRT-Coaud (peça 58), que aprovou o Manual de Processos Administrativos e de acordo com
o manual, item f, página 233, o parecer da assessoria jurídica-administrativa é de natureza obrigatória e
vinculante. O conteúdo consiste na aprovação da minuta sob o ângulo da legalidade, conforme
determina o art. 38, § único, da Lei 8.666/1993. A consultoria jurídica acontece ainda antes dos ajustes
contratuais. Consta no Manual modelo padrão de parecer da assessoria jurídica.
806. Com relação à fase de seleção de fornecedor, o modelo de ata da sessão pública do pregão
contém no julgamento das propostas comerciais: etapa competitiva, etapa de negociação, fase da
análise da documentação, declaração da licitante vencedora, fase recursal e termo final.
807. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica e os pareceres são elaborados ad hoc (cada um
verificando um conjunto de aspectos potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens
com baixo risco de ilegalidade e a não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Comentários dos Gestores:
808. Por meio do Ofício 1/2015-TRT-8ª - Coaud/Presi, de 10/3/2015 (peça 64), o gestor informa
que, em processos licitatórios, os pareceres são atos de opinião técnico-jurídica emitidos de forma
951

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

obrigatória e vinculante (aprovação) e, como tal, devem observar as diretrizes impostas pela Lei
8.666/93 para avaliação das minutas dos diversos atos que chegam a sua apreciação.
809. Acresce que, no âmbito do Tribunal, os Assessores observam os ditames legais e
estabelecem a sua lista de verificação a partir da natureza das minutas que lhe são postas à avaliação.
A formatação dessa lista decorre do conteúdo acolhido por cada Assessor que, efetivamente, observa
os ditames da Lei 8.666/93 e/ou da Lei 10.510/2002 para a aprovação para tal proceder. E não poderia
ser diferente na medida em que o parecer jurídico é de responsabilidade do Assessor que aprova a
minuta.
810. Por outro lado, nada obsta que exista diretriz por parte da Administração no sentido de
recomendar a adoção de lista mínima de verificação, cuja observância, em todo caso, não determinará
a escorreita aplicação da legislação de regência, haja vista que a responsabilidade do Assessor Jurídico
está circunscrita à avaliação das minutas sob o escopo da legislação em sentido específico, conforme
se pode depreender de inúmeros julgados oriundos do TCU. Vale conferir:
‘12. Concordo com a unidade técnica quanto à possibilidade de dispensa, no caso concreto, de
multa aos responsáveis.
13. Não se pode responsabilizar o parecerista jurídico pela deficiência na especificação técnica
da licitação, pela desordem processual, pela ausência de documentos comprobatórios da entrega de
edital e pelas irregularidades no julgamento e classificação das propostas, já que tais atos são estranhos
à área de atuação daquele profissional.
14. As exigências editalícias questionadas poderiam ter sido mitigadas com esclarecimentos na
fase própria da licitação. Entretanto, não houve quaisquer impugnações ao edital, levando-me a crer
que, conquanto não redigidas adequadamente, não influenciaram o resultado da licitação’. (Acórdão
TCU Plenário 181/2015)
811. A verificação da legalidade da minuta, portanto, é realizada sob o escopo de todos os
elementos exigidos na legislação de regência, observada, sempre, a jurisprudência pátria, mormente a
oriunda do TCU, com observância do art. 50, da Lei 9.784/99.
812. Nesse sentido, entende possível a adoção de lista de verificação com a cautela, eis que a sua
confecção, nessa área, pode não somente trazer benefícios compensatórios, como configurar um fator
de limitação ao campo de visão do parecerista, de forma que o ideal seria elaborar uma lista de
verificação exemplificativa mínima, com espaço para a formatação de conteúdo e estilo definido pelo
parecerista responsável, até mesmo por força da natureza do ato.
813. Na oportunidade, retifica informação anteriormente oferecida, eis que o Manual de
Processos Administrativos não traz modelo padrão de parecer, embora oriente o parecerista e demais
operadores dos atos licitatórios e de gestão contratual na elaboração de seus atos. Aliás, o Manual de
Processos Administrativos congrega verdadeira lista de verificação para atuação de diversos órgãos do
Tribunal, além de estar em constante atualização pela Coaud.
814. Nestes termos, diverge parcialmente do Relatório quanto ao tópico lançado.
Causas do achado:
815. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
816. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
consultoria jurídica.
Análise
817. A equipe realça a importância do estabelecimento de diretriz por parte da Administração no
sentido de recomendar a adoção de lista mínima de verificação para atuação da consultoria jurídica.
818. Nestes termos, a equipe ratifica o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
819. Não verificação acerca da legalidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios:
820. Lei 8.666/1993, art. 115.
821. Princípio da eficiência.
952

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Evidências:
822. Ofício 014/2014/TRT-Coaud (peça 58),
Conclusão da equipe:
823. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria
jurídica quando da emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação.
Proposta de encaminhamento:
824. Recomendar ao TRT-8 que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da
consultoria jurídica na emissão pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em
especial, na aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações, podendo adotar os
modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
3.41. Deficiências nos controles compensatórios dos ajustes contratuais
Situação encontrada:
825. Ainda considerando a falta de sistematização dos procedimentos das contratações no setor
público, esta auditoria avaliou se haveriam controles compensatórios suficientes nas organizações com
vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de gestão dos contratos, em
especial, antes das repactuações. Novamente, um dos controles compensatórios possíveis para esta
etapa é previsto na legislação, e consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica previamente à
celebração de ajustes.
826. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há pergunta,
com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos
de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
827. Em resposta enviada pelo TRT-8 (peça 58), o TRT-8 informou que a fase de gestão dos
contratos encontra-se no Manual de Processos Administrativos, páginas 272 a 306, composta de:
gestão de contratos de fornecimento de bens; gestão de contratos de serviços e gestão de contratos de
obras e serviços de engenharia.
828. A organização informou, ainda, que os fiscais dos serviços terceirizados também contam
com o Guia de Fiscalização dos Contratos, disponível em www.trt8.jus.br/controle
interno/manuais/guia de fiscalização de contratos.
829. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica antes das repactuações e os pareceres são elaborados ad
hoc, podendo levar à avaliação de itens com baixo risco de ilegalidade e a não avaliação de outros com
alto risco de ilegalidade.
Causas do achado:
830. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
831. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
consultoria jurídica.
Análise
832. A equipe realça a importância do estabelecimento de diretriz por parte da Administração no
sentido de recomendar a adoção de lista mínima de verificação para atuação da consultoria jurídica.
833. Nestes termos, a equipe ratifica o já informado no achado.
Efeitos/Consequências do achado:
834. Não verificação acerca da legalidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios:
835. Lei 8.666/1993, art. 115.
Evidências:
836. Ofício 014/2014/TRT-Coaud (peça 58).
Conclusão da equipe:
953

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

837. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria
jurídica quando da emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais.
Proposta de encaminhamento:
838. Recomendar ao TRT-8 que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da
consultoria jurídica na emissão pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em
especial, na aprovação das minutas de ajustes decorrentes de repactuações, podendo adotar os modelos
estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
4. COMENTÁRIOS DO GESTOR
839. Os elementos apresentados pelo gestor a título de comentários (peça 64) modificaram a
interpretação da equipe de fiscalização, redundando em retirada das recomendações/determinações
expedidas nos achados a seguir:
Achado 1 - Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de
aquisições;
Achado 6 - Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades
para área de aquisições;
Achado 12 - Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS); e
Achado 23 - Ausência de Segregação dos Recebimentos Provisório e Definitivo.
840. A equipe avaliou ainda a pertinência de ratificar os achados propostos, considerando que há
cronograma de monitoramento futuro e as medidas adotadas pela organização são contemporâneas à
realização da fiscalização, considerando de grande valia o acompanhamento das medidas adotadas pela
organização.
5. CONCLUSÃO
841. A presente fiscalização constituiu uma das 19 auditorias previstas para a Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, e teve como objetivo avaliar se
as práticas de governança e gestão das aquisições no TRT-8 estão aderentes às boas práticas e de
acordo com a legislação pertinente. Este trabalho pode ser considerado a sequência do trabalho
realizado no TC 017.599/2014-8 (ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013), por meio do qual 376 organizações da administração pública federal
informaram sua situação, via questionário eletrônico.
842. Conforme mencionado no item 2.3, os procedimentos referentes à questão de auditoria nove
(Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela terceirização do
serviço?) não foram executados e, logo, não foram registrados achados de auditoria para ela. Para as
demais questões de auditoria, foram registrados 38 achados de auditoria, dos quais destacamos os
resumidos a seguir.
843. Outro aspecto relevante constatado foi que TRT-8 não estabeleceu objetivos, indicadores e
metas para a função de aquisições, nem mecanismos de controle do alcance das metas, o que impede a
alta administração de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional adequado
(item 3.4).
844. Também não foram estabelecidas as diretrizes para área de aquisições, no que tange à
estratégia de terceirização, à política de compras, à política de estoques, à política de sustentabilidade e
à política de compras conjuntas, o que não mitiga ocorrências de realização de contratações
desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (item 3.5).
845. Frise-se que a alta administração não designou formalmente corpo colegiado para auxiliá-la
nas decisões relativas às aquisições, o que pode ocasionar realização de aquisições desalinhadas aos
objetivos estratégicos da organização, bem como que não atendam às demandas da organização como
um todo (item 3.7).
846. É muito incipiente a cultura do TRT-8 no tocante à gestão de riscos, pois não há diretrizes
para o gerenciamento de riscos das aquisições, não há capacitação dos gestores da área de aquisições
954

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em gestão de riscos e, portanto, não é realizada gestão de riscos das aquisições, o que acarreta um
desconhecimento da organização acerca dos riscos envolvidos nas suas contratações (item 3.8).
847. As deficiências da atividade de auditoria interna (item 3.9) é uma das causas-raiz de todas
as deficiências apontadas neste relatório, visto que ao realizar cogestão (e.g., emite pareceres em
processos de contratações específicos como parte de sua rotina), não executa seu papel, que à luz das
boas práticas sobre o tema (IPPF), é avaliar os processos de governança, gestão de riscos e controles
da organização.
848. Em relação à accountability, o TRT-8 não definiu diretrizes para que a íntegra dos
processos de aquisições seja publicada na Internet, não determina a publicação da decisão quanto à
regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo, nem a publicação da agenda de
compromissos públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas
aquisições. Tal situação prejudica a transparência e o controle social dos processos de aquisição da
organização (item 3.10).
849. No tocante ao processo de planejamento, a organização não possui um plano anual de
aquisições, o que torna imprevisível a demanda de trabalho da unidade de aquisições e pode ocasionar
falta de recursos previstos no orçamento para realização da aquisição e a realização de contratações
emergenciais sem amparo legal (item 3.11).
850. Quanto aos processos, o TRT-8 não dispõe de documento interno formalizado
estabelecendo processos de trabalho relacionados à atividade de aquisições, o que implica em falta de
padronização de procedimentos, podendo ocasionar na execução de uma mesma atividade por
unidades diferentes e existência de atividades sem um responsável claro (item 3.14).
851. Na contratação dos serviços de transporte de servidores, o TRT-8 considerando a
necessidade de transportar pessoas na região metropolitana de Belém não realizou um estudo técnico
para a identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade
de transportar pessoas, o que pode levar à adoção de uma solução que não apresenta a melhor relação
custo/benefício para a organização (item 3.16).
852. No tocante ao planejamento da contratação dos serviços de limpeza e conservação,
verificou-se que não havia um estudo técnico formalizado para estimar da melhor forma possível a
quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços (item 3.17), nem para definir a
produtividade da mão de obra contratada (item 3.18). Além disso, o tamanho das áreas que são objeto
de limpeza não foi definido com base em documentos técnicos, tais como plantas dos prédios ou
laudos de medição (item 3.17)
853. Outra falha observada na fase de planejamento das contratações de serviços de limpeza e
vigilância foi a ausência de uma avaliação por parte da organização acerca do parcelamento ou não dos
objetos contratados (item 3.20). Não foram considerados aspectos como valor dos contratos, áreas
geográficas atendidas pelos serviços, riscos de inexecução dos contratos resultantes, ampliação da
competitividade da licitação, entre outros.
854. O TRT-8 também não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses
serviços, o que caracteriza o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a
resultados (item 3.21).
855. Aliado a essa deficiência, verificou-se também que as cláusulas de penalidades definidas
para as contratações de limpeza e vigilância não estão associadas ao objeto principal do contrato,
impossibilitando a aplicação de sanções pelo seu descumprimento (item 3.24). Já, para fase de
julgamento da licitação, o TRT-8 definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que dificulta a penalização de empresas aventureiras que comparecem ao pregão e
retardam a conclusão do processo licitatório (item 3.29).
856. Outra constatação foi a não fixação de preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais
utilizados nos serviços de limpeza, o que pode ter levado o TRT-8 a contratar esses insumos por preços
superiores àqueles obtidos em pesquisa de mercado realizada na fase interna da licitação (item 3.27).
955

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

857. Por sua vez, as deficiências evidenciadas nas estimativas de preço (item 3.19) apontam que
o parâmetro utilizado pelo TRT-8 para julgar a licitação é inadequado.
858. Por fim, outra constatação de relevo no tocante aos controles internos das contratações foi a
inexistência de listas de verificação padronizadas para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação e das minutas de ajustes contratuais, em
especial antes das repactuações (itens 3.40 e 3.41).
859. O principal objetivo da governança das aquisições é fazer com que as aquisições agreguem
valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis. Isso se dá, basicamente, a partir da
implantação e monitoramento de processos e controles na função de aquisição da organização.
860. Quanto menos instrumentos de controle houver nesta função, maiores são as chances da
ocorrência de situações que afetem negativamente as aquisições e, por consequência, maior a
probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização, acarretando,
em última análise, riscos de a organização prestar um serviço não adequado às necessidades do
cidadão.
861. Sob essa premissa e considerando os achados relatados na fiscalização, há forte relação
entre as falhas associadas à governança e gestão das aquisições e as inconformidades específicas
encontradas nos contratos analisados, como, por exemplo:
a) A falta de cultura de gestão de riscos na organização (item 3.8) contribui para que não haja
avaliação das alternativas de fiscalização administrativa nos contratos (item 3.25) nem quanto aos
critérios de habilitação econômico-financeira (item 3.26), podendo acarretar ineficiência na
fiscalização dos contratos e limitação indevida da competição, respectivamente;
b) As deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições (item 3.5), em especial a
ausência de estratégia de terceirização, contribuem para que não seja realizada a análise do
parcelamento ou não das contratações (item 3.20), podendo acarretar diminuição da competição nas
licitações e dependência de um único fornecedor;
c) As deficiências na atividade de auditoria interna (item 3.9), que no TRT-8 faz atividades de
cogestão, contribui para que o processo de contratação estabelecido pela organização (Regimento
Interno Administrativo da Secretaria), tenha diversas fragilidades, como relatadas nos itens 3.16 e
seguintes. Segundo as boas práticas (IPPF), a auditoria interna também deveria realizar trabalhos a fim
de identificar as deficiências em governança relatadas neste trabalho (itens 3.1 a 3.9)
862. Portanto, a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições no TRT-8 é
essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o que só é
possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de controles
internos adequados.
863. Foram registrados 37 achados de auditoria, sendo que houve achados nas onze questões de
auditoria aplicadas ao TRT-8, de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança
e de gestão de aquisições públicas ou não são adotadas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª
Região/PA e AP ou não estão de acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas práticas.
864. Do ponto de vista da conformidade, as seguintes constatações no contrato para prestação de
serviços de limpeza e conservação (Contratos 104/2011 e 36/2013) são consideradas graves:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que caracteriza
o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item 3.21), de
forma que a administração realiza pagamentos mas não tem parâmetro objetivo para aferir se o serviço
está sendo prestado (no caso, se as áreas estão limpas);
b) estimativa deficiente da quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços (item
3.17), com risco de potencial superfaturamento;
c) o tamanho das áreas que são objeto de limpeza não foi definido com base em documentos
técnicos, tais como plantas dos prédios ou laudos de medição (item 3.18), o que gera risco de ato de
gestão antieconômico;
956

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) estimativas de preço deficientes (item 3.19), indicando que o parâmetro utilizado pelo TRT-8
para julgar a licitação foi inadequado.
865. Determinar, com fundamento no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, art.
250, II, ao TRT-8 que, ante as graves constatações, e ainda considerando as demais falhas expostas ao
longo do relatório, adote providências com vistas a não prorrogar os Contratos 104/2011 e 36/2013,
promovendo ajustes para as falhas registradas neste relatório, por estar em desacordo com a
Constituição Federal, art. 37 (princípio da legalidade)
866. Já no contrato para prestação de serviços de vigilância (contrato 104/2010), são graves as
seguintes constatações:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que caracteriza
o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item 3.21), de
forma que a administração realiza pagamentos mas não tem parâmetro objetivo para aferir se o serviço
está sendo prestado (no caso, se as instalações estão sendo vigiadas);
b) estimativas de preço deficientes (item 3.19), indicando que o parâmetro utilizado pelo TRT-8
para julgar a licitação foi inadequado.
867. Determinar, com fundamento no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, art.
250, II, ao TRT-8 que, ante as graves constatações, e ainda considerando as demais falhas expostas ao
longo do relatório, adote providências com vistas a não prorrogar os Contratos 104/2010 e 105/2010,
promovendo ajustes para as falhas registradas neste relatório, por estar em desacordo com a
Constituição Federal, art. 37 (princípio da legalidade)
868. A fim de aprimorar o questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, a equipe
de auditoria avaliou a consistência de 51 itens do questionário, registrando divergência entre a situação
declarada e a situação encontrada em sete itens. O resumo dessa análise acompanhado dos motivos
para a divergência apontados pelos gestores do TRT-8 está documentado (peça 63), e permitem
identificar oportunidades de melhoria no questionário a ser aplicado no próximo ciclo, bem como
evidenciam a incipiência do tema governança no TRT-8.
869. Registre-se por fim que o presente trabalho fez parte de um diagnóstico da governança e
gestão das aquisições nos entes públicos e que os fatos aqui relatados serão considerados, em conjunto
com as conclusões das demais fiscalizações, no âmbito do processo referente à fiscalização
consolidadora desta FOC (TC 017.599/2014-8).
6. BENEFÍCIOS DA AÇÃO DE CONTROLE EXTERNO
870. Entre os benefícios esperados desta fiscalização pode-se mencionar, principalmente, a
indução à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições do TRT-8,
cujas deficiências foram evidenciadas pelas falhas e impropriedades identificadas e relatadas neste
processo.
871. Além disso, espera-se uma economia de R$ 226.065,50 (duzentos e vinte e seis mil,
sessenta e cinco reais e cinquenta centavos), referente à economia/redução do Plano Brasil Maior.
7. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Ante o exposto, propõe-se o encaminhamento dos autos ao gabinete do Relator, Exmº Ministro
AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, com as seguintes propostas:
1. Recomendar ao TRT-8, com fundamento na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o Regimento
Interno do TCU, art. 250, inciso III, que avalie a conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes
procedimentos, com vistas a melhoria do sistema de controle interno da organização:
1.1. Realize avaliação quantitativa do pessoal do setor de aquisições, de forma a delimitar as
necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de aquisições da
organização (item 3.2);
1.2. Promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado
(item 3.3);
1.3. adote mecanismo de controle e monitoramento do cumprimento do código de ética instituído
(item 3.3);
957

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4. Aprove plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética (item 3.3);
1.5. Estabeleça formalmente (item 3.4):
a) Objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) Pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) Metas para cada indicador definido na forma acima;
d) Mecanismos de gestão dos riscos relacionados aos objetivos; e
e) Mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
1.6. Estabeleça diretrizes para área de aquisições incluindo (item 3.5):
a) Estratégia de terceirização;
b) Política de compras;
c) Política de estoques;
d) Política de Sustentabilidade; e
e) Política de compras conjuntas.
1.7. Avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às
aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo (item 3.7);
1.8. Estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições (item 3.8);
1.9. Capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos (item 3.8);
1.10. Realize gestão de riscos das aquisições (item 3.8);
1.11. Observe as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores responsáveis
pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir atividades de
cogestão à unidade de auditoria interna (item 3.9);
1.12. Em decorrência da distinção conceitual acima, avalie a necessidade de segregar as
atribuições e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de forma que essa unidade
organizacional não possua concomitantemente atribuições e competências relativas a atividades de
controle interno e a atividades de auditoria interna (item 3.9);
1.13. Inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização
(item 3.9);
1.14. Adote um sistema de monitoramento para acompanhar o cumprimento das recomendações
proferidas pela unidade de auditoria interna (item 3.9).
1.15. Avalie a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os
processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na Internet (item 3.10);
1.16. Publique na sua página na Internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo (item 3.10);
1.17. Publique na Internet a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições (item 3.10);
1.18. Execute processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos (item 3.11):
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
. b) aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na Internet; e
d) acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios.
958

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.19. Estabeleça um modelo de competências para os ocupantes das funções chave da área de
aquisições, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições (item 3.13).
1.20. Defina um processo formal de trabalho para (item 3.14):
a) Planejamento de cada uma das aquisições;
b) Seleção do fornecedor; e
c) Gestão dos contratos.
1.21. Estabeleça e adote (item 3.15):
a) Padrões para especificações técnicas de objetivos contratados frequentemente;
b) Padrão de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela AGU;
c) Procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações;
1.22. Inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) Realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993, art. 6º,
inc. IX, alínea c) (item 3.16);
b) Definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação (item 3.17);
c) Documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.17);
d) Definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014 (item 3.19);
e) Documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.19);
f) Avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atendando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem
positivas: 1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução?
3) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução? (item 3.20);
g) Avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não (item 3.26)
1.23. Inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de gestão contratual:
a) Manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações (item 3.17);
b) Definir o método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação e
documente o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.18);
c) Estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações
(item 3.18)
1.24. Inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e na
gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
a) Estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas (item 3.27);
959

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) Prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência (item 3.29);
1.25. Inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e na
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção a processo formal de
trabalho, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico (item 3.24):
a) Atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
b) Definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
c) Definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
d) Definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
e) Definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
f) Definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
1.26. Inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e na
gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) Exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável
por representar à contratada durante execução contratual (item 3.30);
b) Registrar todas as ocorrências relativas à execução contratual (item 3.31);
c) Aplicar as penalidades devidas sempre que uma ocorrência registrada caracterizar uma
situação passível de punição (item 3.31);
d) A cada prorrogação contratual, verificar se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação exigidas à época da licitação (item 3.35)
e) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento (item 3.36):
e.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
e.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos extratos
retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias contas (o
objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano - sem que
isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
f). documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período (item 3.36).
1.27. Inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e na
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, os seguintes controles internos na etapa
de planejamento da contratação:
a) Incluir no modelo de gestão do contrato mecanismos que permitam o rastreamento dos
pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado, identificar os bens ou
serviços fornecidos pela contratada (item 3.32)
b) Incluir no modelo de gestão do contrato a exigência de que a garantia cubra o pagamento de
encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada (item 3.34)
c) Incluir nas cláusulas de penalidades previsão de sanção para o atraso na entrega das garantias
contratuais, inclusive as respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos contratuais (item
3.34).
960

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.28. Inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e na


gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
a) quando da realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para
negociar valores mais justos para a Administração (item 3.38);
1.29. Estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na emissão
de pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em especial, na aprovação das
minutas de instrumentos convocatórios das licitações e de ajustes decorrentes de repactuações,
podendo adotar os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União (item 3.40 e 3.41).
2. Determinar ao TRT-8, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o Regimento Interno
do TCU, art. 250, inciso II, que:
2.1. Em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’, antes da eventual prorrogação dos
contratos de transporte de cargas e materiais, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a
substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de
soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver
o problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução
mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro rodado (item 3.16);
2.2. Em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘f’ e art. 7º, § 4º, não prorrogue os
Contratos 104/2011 e 36/2013, e antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) O estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único (item 3.18);
b) A definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
ou documento técnico equivalente (item 3.18).
2.3. Em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’, não prorrogue os Contratos
104/2010 e 105/2010, e antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substitui-lo, realize
estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) Definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI 02/2008, art. 49, I (item 3.18).
2.4. Em atenção à Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da eficiência), nas contratações
que vierem a substituir os Contratos 104/2010, 105/2010, 104/2011 e 36/2013, inclua, no termo de
referência, requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e vincule os pagamentos
realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada (item 3.21).
2.5. Em atenção à Lei 8.666/1993, art. 3º, caput, antes da licitação com vistas a substituir o
Contrato 104/2011, avalie a possibilidade de incluir como obrigação da contratada a adoção de práticas
de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza e conservação, nos termos da IN
SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e IN SLTI 2/2008, art. 42, inciso III (item 3.22).
2.6. Em atenção ao princípio da legalidade (CF, art. 37, caput), adote as medidas necessárias à
exclusão da parcela referente à reciclagem da planilha de custos e formação de preços do Contrato
104/2010, por ser indevida (item 3.28):
a) a PCFP contém parcela referente a reciclagem, sem amparo legal, visto que tal parcela já é
coberta pelas pela rubrica ‘despesas administrativas’, conforme Acórdão 825/2010-Plenário, item
1.5.2.
2.7. Em atenção ao art. 71, IX, da CF e ao princípio da legalidade (CF, art. 37, caput) adote, no
prazo de 30 dias, as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos em decorrência:
a) da parcela referente à reciclagem indevidamente contida na planilha de custos e formação de
preços do Contrato 104/2010 (item 3.28);
b) dos materiais de limpeza não utilizados na prestação de serviços na Vara do Trabalho de
Altamira (outubro e novembro de 2013) à conta do Contrato 36/2013 (item 3.33).
961

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.8. Em atenção ao art. 71, IX, da CF, adote as medidas para excluir na Planilha de Custos e
Formação de Preços dos contratos 104/2011 e 36/2013 a parcela Aviso Prévio Trabalhado, após 12
meses de contrato, em consonância com o Acórdão TCU 3006/2010 - Plenário, item 9.2.2 (item 3.38).
2.9. Em atenção ao art. 71, IX, da CF, adote, no prazo de 90 dias, as medidas necessárias à
recuperação dos valores pagos indevidamente em decorrência dos ajustes acima nos Contratos
104/2011 e 36/2013 (item 3.38).
2.10. Em atenção à Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º e ao princípio da legalidade informe ao TCU, no
prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao Acórdão 2.859/2013 - Plenário,
item 9.2.1, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia (redução de
valor contratual) obtida (item 3.39);
2.11. Encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência do acórdão que vier a ser
proferido, plano de ação para a implementação das medidas citadas no decisum, contendo:
a) Para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
b) Para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, as
ações que serão adotadas pela organização o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
c) Para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou oportuna,
justificativa da decisão.
3. Dar ciência ao TRT-8 sobre a realização de pagamentos em desacordo com o previsto no
contrato, identificada nos pagamentos do Contrato 104/2010, o que afronta o disposto na Lei
8.666/1993, art. 66, com vistas à adoção de providências internas que previnam a ocorrência de outras
semelhantes (item 3.37).
4. Arquivar os presentes autos.”

É o relatório.

VOTO

A presente auditoria integra os trabalhos de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) -


Governança e Gestão das Aquisições realizados com os objetivos de avaliar as práticas de governança
e gestão das aquisições de vinte entidades da Administração Pública Federal e de verificar a
consistência das informações apresentadas em questionário aplicado no âmbito do levantamento
referente ao mesmo tema executado no TC-025.068/2013-0.
A fiscalização em exame foi realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA
e AP (TRT-8). Foram escolhidos como objeto da auditoria os Contratos 104/2010 (prestação de
serviços de vigilância, em Belém), 104/2011 (prestação de serviços de limpeza, em Macapá) e 36/2013
(prestação de serviços de limpeza, em Belém).
O presente trabalho se estruturou sobre três referenciais: governança, gestão e aquisições.
Governança consiste na atividade exercida pela alta administração da organização,
envolvendo as funções de avaliar, dirigir e monitorar, por meio do estabelecimento de diretrizes,
políticas e controles, visando a alcançar seus objetivos estratégicos. De sua vez, a gestão se constitui
na execução de processos e ações, por corpo gerencial qualificado, com vistas a cumprir os objetivos
estratégicos traçados. Por fim, as aquisições se referem às contratações de bens e serviços destinados a
viabilizar a execução das atividades finalísticas e das atividades meio para, em última instância, atingir
os objetivos definidos pela alta administração.
962

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Como se vê, há interdependência entre esses fatores. Quanto mais sintonizados estiverem
entre si, maior será a eficiência, a eficácia e a efetividade da organização. Em outras palavras, boas
práticas de governança e gestão na área de aquisições resultam em agregação de valor e minimização
dos riscos atrelados ao negócio da organização.
De acordo com o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública (RBG) publicado pelo TCU, para que as funções de governança sejam
executadas de forma satisfatória, três mecanismos devem ser adotados: liderança, estratégia e controle.
Os achados de auditoria foram organizados sob a perspectiva desses três mecanismos a fim
de avaliar a governança. A seguir, examinaram-se questões mais específicas relacionadas à gestão.

II - Governança

Os mecanismos de governança são implementados a partir da adoção de determinadas


práticas. Portanto, o levantamento das práticas e dos respectivos instrumentos vigentes no órgão
permite avaliar a qualidade da governança exercida.
A partir das observações da equipe, percebe-se que são deficientes os instrumentos que
permitam ao nível estratégico exercer a liderança necessária para conduzir à boa governança e à
consequente boa gestão do setor de aquisições. Nesse contexto, constatou-se que o TRT-8 não avalia
periodicamente a estrutura de recursos humanos da área de aquisições no tocante ao quantitativo do
pessoal. Quanto ao código de ética do órgão, em que pese o TRT-8 dispor de um arcabouço normativo,
ele não disseminou ações, no âmbito interno, voltadas à aplicação do seu Código de Ética,
descontinuando a ocupação da comissão de ética e não aprovando plano de trabalho anual para atuação
dessa comissão. O órgão também não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de
aquisições, tampouco mecanismos de controle do alcance das metas.
Com relação à estratégia, constatou-se que também são deficientes os instrumentos que
definam e divulguem a estrutura de governança do TRT-8, os papéis e as responsabilidades no tocante
à área de aquisições.
Nesse sentido, foi verificado que a instituição não estabeleceu formalmente estratégias e
políticas voltadas para a função de aquisições, quais sejam: estratégia de terceirização, política de
compras e de estoques, política de sustentabilidade nem política de compras conjuntas. Ademais, a alta
administração não designou formalmente corpo colegiado para auxiliá-la nas decisões relativas às
aquisições.
Relativamente ao controle, foram examinadas as práticas relativas à gestão de riscos, à
existência de canais para recebimento de denúncias, à função de auditoria interna e à accountability
(prestação de contas e responsabilização), esta sob a perspectiva da divulgação das decisões e
documentos relacionados à atividade do setor de aquisições.
Os achados de auditoria apontam que o TRT-8 não estabelece diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de
riscos e não realiza gestão de riscos das aquisições. Foi verificado, ainda, que a unidade de auditoria
interna não dispõe de um sistema para monitoramento das providências adotadas pela administração
em decorrência dos resultados dos trabalhos de auditoria interna e externa.
Quanto à accountability, constatou-se que o TRT-8 não estabelece diretrizes para que a
íntegra dos processos de aquisições seja publicada na internet, além de não determinar a publicação na
sua página na internet da decisão quanto a regularidade das contas proferida pelo órgão de controle
externo, bem como da agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas
aquisições.
Com base nesses achados de auditoria, conclui-se que o TRT-8 enfrenta deficiências na
implementação de mecanismos e práticas de governança na área de aquisições.

III - Gestão
963

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Segundo o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG), a gestão “é inerente e integrada aos processos organizacionais, sendo
responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pelo manejo dos recursos e poderes
colocados à disposição de órgãos e entidades para a consecução de seus objetivos” (destaques
acrescentados).
Neste trabalho, a gestão das aquisições foi avaliada a partir do exame dos instrumentos
de planejamento, de gestão de pessoas e de padronização dos processos de trabalho da área.
Em relação ao planejamento, constatou-se que o TRT-8 não possui um Plano Anual de
Aquisições. Este instrumento deveria conter o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo
do ano, servindo para a elaboração da proposta orçamentária anual, bem como para o
acompanhamento das aquisições.
Quanto à gestão de pessoas, constatou-se que o órgão não dispõe de documento interno
ou externo descrevendo as competências necessárias para o desempenho das funções-chave em
aquisições.
No tocante aos processos de trabalho relacionados às licitações e contratos, buscou-se
verificar se haveria estabelecimento de processos para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos, bem como o estabelecimento de padronizações, tais
como minutas de editais, listas de verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que
aumentam a produtividade dos processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
Segundo apurado pela auditoria, a instituição não dispõe de documento interno formalizado
estabelecendo processos de trabalho relacionados à atividade de aquisições.
Dessa forma, pode-se concluir que há deficiências nos instrumentos de planejamento, de
gestão de pessoas e de processo de trabalho da área de aquisições do TRT-8, o que pode impactar
negativamente a qualidade da gestão do setor.

IV - Conformidade das Contratações

Neste tópico, a equipe de auditoria avaliou a conformidade de aspectos específicos


relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. Os resultados se
constituem na demonstração prática dos efeitos das falhas de governança e de gestão.
Em síntese, foram constatadas as seguintes deficiências na etapa de preparação das
referidas contratações:
a) não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de transporte, um estudo técnico
para identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de
transportar pessoas, cargas e materiais;
b) realização, de forma precária, de estudo para estimar a quantidade de material a ser utilizado
na prestação de serviços de limpeza e conservação. Considerando que há remuneração pelo consumo
de materiais no contrato, a deficiência na estimativa causa impactos no preço contratado;
c) não realização de estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente
alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação;
d) realização de pesquisa de preços inadequada para contratação de serviços de limpeza e
conservação;
e) o TRT-8 não justificou de forma adequada nos autos o não parcelamento das contratações de
serviços de limpeza e conservação e de vigilância armada e desarmada;
f) não definição dos requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de limpeza e
conservação e de vigilância armada;
g) não definição dos requisitos de sustentabilidade nas contratações de serviços de limpeza e
conservação na sede do órgão no Estado do Amapá.
964

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

No tocante às licitações e à execução dos contratos, foram observadas as deficiências que


se seguem:
a) ausência de previsão de penalidades atreladas ao cumprimento das obrigações contratuais;
b) não realização de estudo para definir os critérios de habilitação econômico-financeira
estabelecidos nos Editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância;
c) não fixação de preços máximos aceitáveis para o custo dos materiais de limpeza, o que
ocasionou a aceitação de preços desses insumos por valores acima do praticado no mercado;
d) não adoção de lista de verificação para atuação do pregoeiro na fase de seleção do fornecedor
que levaria à detecção de tais parcelas indevidas;
e) definição, de forma genérica, das situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem
referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas, o que, na prática,
faz com que não seja viável aplicar essas penalidades e, por consequência, inibir as condutas que
retardam o procedimento licitatório do pregão;
f) falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de designação dos
prepostos pelas contratadas para representá-las na execução contratual;
g) falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de aplicação de
penalidades por falhas na sua execução;
h) falhas na gestão dos contratos de limpeza e vigilância, ante a ausência de mecanismos que
permitam verificar a efetiva prestação dos serviços ou o recebimento dos materiais;
i) falta de material para realização dos serviços de limpeza, sem que fosse realizada glosa na
fatura da empresa contratada, evidenciando falha na gestão/fiscalização do contrato, conforme
comprova a documentação à peça 48, configurando pagamentos por materiais não entregues ou
entregues em quantidades inferiores à prevista;
j) não verificação das cláusulas da garantia, em especial a ausência de cobertura para executar a
garantia contratual para pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela
contratada;
k) não verificação, a cada prorrogação do contrato de vigilância, se a contratada mantinha todas
as condições de habilitação exigidas à época da licitação;
l) não realização da verificação de que os recolhimentos realizados pelas contratadas
correspondem aos colaboradores vinculados aos contratos de prestação de serviços de limpeza e
conservação e vigilância mantidos com a instituição;
m) não verificação, mensalmente e previamente a cada pagamento, do cumprimento das regras
estabelecidas no contrato, ou houve a verificação, mas foram descumpridas as regras de pagamento
previstas no contrato;
n) não revisão dos valores lançados a título de Provisão, quando das prorrogações ou
repactuações contratuais, ou ausência da utilização das informações gerenciais da execução do
contrato para propor redução de valores nas provisões;
o) não ultimação das providências para revisar os contratos a serem objeto de revisão decorrente
da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011;
p) não adoção de lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação;
q) não adoção de lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais.
Como fica evidenciado, foram constatadas deficiências no planejamento das aquisições, na
gestão de contratos e na implementação de controles internos.

V - Apreciação Geral - Conclusões

Conforme apontado pela equipe de auditoria, foram registrados 37 achados de auditoria,


de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições
965

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

públicas ou não são adotadas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA e AP ou não estão
de acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas práticas.
Foram observadas várias falhas nos processos de governança e gestão das aquisições do
órgão. Por sua vez, a avaliação da conformidade das contratações objeto da presente auditoria
demonstrou a ocorrência de um elevado número de falhas tanto nos procedimentos preparação das
referidas contratações, quanto nas fases de licitação e execução contratual. Tais ocorrências estão
intimamente relacionadas às deficiências nos processos de governança e gestão das aquisições
praticados pelo órgão auditado.
Concluiu-se, assim, que a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições
no TRT-8 é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o
que só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de
controles internos adequados.

VI - Proposta de Encaminhamento

Conforme enfatizado no relatório, as deficiências nos instrumentos de governança e


gestão elevam as chances da ocorrência de situações passíveis de afetar negativamente as aquisições e
a probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização. Para mitigar
tais riscos, foram formuladas, pela equipe de auditoria, recomendações e determinações a serem
encaminhadas ao TRT-8, além de se dar ciência de uma das ocorrências, a qual, no entender da equipe
de auditoria, não enseja a prolação de determinação ou recomendação.
Quanto às propostas de recomendações e ciência alvitradas pela equipe de auditoria,
acolho-as com eventuais ajustes que entendo pertinentes. As recomendações propostas visam ao
aprimoramento dos aspectos analisados nestes autos, enquanto que a cientificação da falha observada
busca evitar sua repetição.
Com relação às determinações propostas, parte delas dizem respeito à exclusão de
parcelas indevidas das planilhas de custo e formação de preços dos Contratos 104/2010, 104/2011 e
36/2013, bem como à recuperação dos valores pagos relativos a essas parcelas. Entretanto,
considerando que as a parcela referente à reciclagem da planilha de custos e formação de preços do
Contrato 104/2010 constou do procedimento licitatório e do termo de contrato, entendo que as medidas
referentes a essa parcela devem ser precedidas da oitiva do contratante e do contratado.
Foi proposta, ainda, determinação visando à não prorrogação dos Contratos 104/2010,
105/2010, 104/2011 e 36/2013, tendo em vista várias falhas detectadas no procedimento da
contratação dos serviços objeto das referidas avenças, tais como, ausência de requisitos de qualidade
para avaliar a prestação dos serviços, estimativa deficiente da quantidade de material a ser utilizado na
prestação de serviços, o tamanho das áreas que são objeto dos contratos de limpeza não foi definido
com base em documentos técnicos e inadequação da estimativa de preços utilizada para julgamento da
licitação.
Entretanto, considerando que os Contratos 104/2010 e 105/2010, de acordo com suas
datas de assinatura, já se encontram no último período de prorrogação, tal determinação resta
prejudicada em relação a essas avenças. Quanto ao Contrato 104/2011, a sua assinatura ocorreu em
8/9/2011. Dessa forma, restaria prazo exíguo para o TRT-8 realizar novo procedimento licitatório para
a contratação de novo prestador dos serviços objeto daquele contrato, caso a determinação alcançasse
essa nova prorrogação. Dessa forma, entendo que a determinação não deveria impedir essa possível
renovação que se avizinha, caso seja do interesse da administração. Por outro lado, essa seria a última
prorrogação possível desse contrato, nos termos do art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993. Portanto, a
determinação proposta não deve incidir também sobre essa avença. Resta, portanto, apenas o Contrato
36/2013 como objeto da determinação de não prorrogação da avença.
Anoto, finalmente, que outros pontos levantados neste relatório terão tratamento
específico por ocasião dos trabalhos de consolidação da FOC.
966

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2747/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-022.394/2014-1
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região/PA e AP.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal Regional do Trabalho da 8ª
Região/PA e AP apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar
sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com fundamento no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a
conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema
de controle interno da organização:
9.1.1. realizar avaliação quantitativa do pessoal do setor de aquisições, de forma a delimitar as
necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de aquisições da
organização;
9.1.2. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.3. adotar mecanismo de controle e monitoramento do cumprimento do código de ética
instituído;
9.1.4. aprovar plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética;
9.1.5. estabelecer formalmente:
9.1.5.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.5.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente
em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.5.3. metas para cada indicador definido no subitem anterior;
9.1.5.4. mecanismos de gestão dos riscos relacionados aos objetivos;
9.1.5.5. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.6. estabelecer diretrizes para área de aquisições incluindo:
9.1.6.1. estratégia de terceirização;
9.1.6.2. política de compras;
967

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.6.3. política de estoques;


9.1.6.4. política de Sustentabilidade;
9.1.6.5. política de compras conjuntas;
9.1.7. avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às
aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo;
9.1.8. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.9. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.10. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.11. observar as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna;
9.1.12. avaliar, em decorrência da distinção conceitual acima, a necessidade de segregar as
atribuições e competências da atual Secretaria de Controle Interno, de forma que essa unidade
organizacional não possua concomitantemente atribuições e competências relativas a atividades de
controle interno e a atividades de auditoria interna;
9.1.13. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização;
9.1.14. adotar um sistema de monitoramento para acompanhar o cumprimento das
recomendações proferidas pela unidade de auditoria interna;
9.1.15. publicar todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g., solicitação
de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos, etc...)
na internet;
9.1.16. publicar na sua página na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.17. publicar na internet a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável
pelas aquisições;
9.1.18. executar processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos:
9.1.18.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
9.1.18.2. aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.1.18.3. divulgação do plano de aquisições na internet;
9.1.18.4. acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
9.1.19. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções chave da área de
aquisições, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.20. definir um processo formal de trabalho para:
9.1.20.1. planejamento de cada uma das aquisições;
9.1.20.2. seleção do fornecedor;
9.1.20.3. gestão dos contratos;
9.1.21. estabelecer e adotar:
9.1.21.1. padrões para especificações técnicas de objetivos contratados frequentemente;
9.1.21.2. padrão de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela AGU;
9.1.21.3. procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações;
9.1.22. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.22.1. realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
968

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993,
art. 6º, inc. IX, alínea c);
9.1.22.2. definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
9.1.22.3. documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.4. definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, podendo
utilizar-se das diretrizes contidas na IN-SLTI 5/2014;
9.1.22.5. documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.22.6. avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atendando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem
positivas: 1ª) É tecnicamente viável dividir a solução? 2ª) É economicamente viável dividir a solução?
3ª) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4ª) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução?
9.1.22.7. avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.23. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de gestão contratual:
9.1.23.1. manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos,
a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.23.2. definir o método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação e documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.23.3. estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de
trabalho empregados nos contratos de limpeza, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.24. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
9.1.24.1. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.1.24.2. previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que se possa enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.1.25. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção a processo formal de
trabalho, os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico:
9.1.25.1. atrelamento de multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de
execução do objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.25.2. definição do rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.25.3. definição do processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do
nível de serviço obtido);
9.1.25.4. definição da forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.25.5. definição das medidas a serem adotadas caso as multas se acumulem (e.g. distrato);
969

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.25.6. definição das condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de
cálculo;
9.1.26. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes, os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
9.1.26.1. exigência, antes do início da execução contratual, da designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante execução contratual;
9.1.26.2. registro de todas as ocorrências relativas à execução contratual;
9.1.26.3. aplicação das penalidades devidas sempre que uma ocorrência registrada caracterizar
uma situação passível de punição;
9.1.26.4. verificação, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas
condições de habilitação exigidas à época da licitação;
9.1.26.5. avaliação dos riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.1.26.5.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.1.26.5.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.1.26.6. documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período;
9.1.27. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, os seguintes controles internos na
etapa de planejamento da contratação:
9.1.27.1. inclusão, no modelo de gestão do contrato, de mecanismos que permitam o
rastreamento dos pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado,
identificar os bens ou serviços fornecidos pela contratada;
9.1.27.2. inclusão, no modelo de gestão do contrato, da exigência de que a garantia cubra o
pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada;
9.1.27.3. inclusão, nas cláusulas de penalidades, de previsão de sanção para o atraso na entrega
das garantias contratuais, inclusive as respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos
contratuais;
9.1.28. incluir na etapa de gestão do contrato, no modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e na gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados, o
controle interno atinente à utilização de informações gerenciais do contrato, quando da realização de
repactuações, para negociar valores mais justos para a Administração;
9.1.29. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na
aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações e de ajustes decorrentes de
repactuações, podendo adotar os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.2. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com fulcro no art. 43, inciso I,
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da eventual
prorrogação dos contratos de transporte de cargas e materiais, ou da elaboração de edital para licitação
com vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das
alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação
atual (resolver o problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de
identificar a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de
970

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

compra de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro
rodado;
9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “f” e art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, não prorrogue
o 36/2013, e antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.2.1. estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.2.2. definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente;
9.2.3. antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituir os Contratos 104/2010 e
105/2010, realize estudo técnico preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de
todos os postos de trabalho de vigilância, à semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI
02/2008;
9.2.4. em atenção ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37, caput, da Constituição
Federal, nas contratações que vierem a substituir os Contratos 104/2010, 105/2010, 104/2011 e
36/2013, inclua, no termo de referência, requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e
vincule os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada;
9.2.5. em atenção ao art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993, antes da licitação com vistas a substituir o
Contrato 104/2011, avalie a possibilidade de incluir, como obrigação da contratada, a adoção de
práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza e conservação, nos termos do art. 6º
da IN-SLTI/MPOG 1/2010, e do art. 42, inciso III, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.6. em atenção ao art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, e ao princípio da legalidade
insculpido no seu art. 37, caput, adote, no prazo de noventa dias, as medidas necessárias, incluindo o
prévio contraditório da contratada, à recuperação dos valores pagos em decorrência dos materiais de
limpeza não utilizados na prestação de serviços na Vara do Trabalho de Altamira (outubro e novembro
de 2013) à conta do Contrato 36/2013;
9.2.7. em atenção ao art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, adote as medidas para excluir na
Planilha de Custos e Formação de Preços dos Contratos 104/2011 e 36/2013 a parcela “Aviso Prévio
Trabalhado”, após 12 meses de contrato, em consonância com o item 9.2.2 do Acórdão 3006/2010-
TCU-Plenário;
9.2.8. em atenção ao art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, adote, no prazo de noventa dias,
as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos indevidamente em decorrência dos ajustes
mencionados no subitem anterior nos Contratos 104/2011 e 36/2013;
9.2.9. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão
2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida;
9.2.10. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a
implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:
9.2. 10.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo (caso
não estipulado) e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2. 10.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.2. 10.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar as
seguintes oitivas:
9.3.1. do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e da empresa contratada por meio do
Contrato 104/2010 a respeito da inclusão da parcela referente à reciclagem da planilha de custos e
971

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

formação de preços do Contrato 104/2010, tendo em vista que tal parcela já é coberta pela rubrica
“despesas administrativas”, conforme Acórdão 825/2010-TCU-Plenário;
9.3.2. do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e das empresas contratadas por meio dos
Contratos 104/2011 e 36/2013 a respeito da inclusão da parcela “Aviso Prévio Trabalhado”, após 12
meses de contrato, em desacordo com o estabelecido no item 9.2.2 do Acórdão 3006/2010-TCU-
Plenário;
9.4. dar ciência ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região sobre a realização de pagamentos
em desacordo com o previsto no contrato, identificada nos pagamentos do Contrato 104/2010, o que
afronta o disposto no art. 66, da Lei 8.666/1993, com vistas à adoção de providências internas que
previnam a ocorrência de outras semelhantes;
9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região;

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2747-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE V - Plenário


TC-022.923/2014-4
Natureza: Auditoria
Unidade: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há

SUMÁRIO: AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). GOVERNANÇA E


GESTÃO DAS AQUISIÇÕES. DEFICIÊNCIAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO. DEFICIÊNCIAS OU AUSÊNCIA DE
MECANISMOS, INSTRUMENTOS E PRÁTICAS RELACIONADAS AO TEMA. RECOMENDAÇÕES.
DETERMINAÇÕES. OITIVA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o Relatório de Fiscalização 576/2014 (peça 52) elaborado por equipe de
auditoria da Secex/RJ, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica.

“1. APRESENTAÇÃO
1. Em 27/3/2013, por meio da Ata 9 do Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), foi
aprovado o Plano de Controle Externo de 2013/2014, contemplando 49 linhas de ação que impactam
diretamente dez objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal para o quadriênio 2011-2015
relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos no plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação de ações que promovam o aprimoramento de ações de controle voltadas à melhoria do
desempenho da Administração Pública (Objetivo Estratégico VI).
972

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Ainda segundo o plano, impacta o objetivo supra a linha de ação 13, descrita a seguir:
Avaliar a governança e a gestão no Sistema único de Saúde (SUS), na segurança pública, na
defesa nacional, na previdência complementar, na sistemática de descentralização de recursos federais,
nas universidades públicas federais e nos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, nos
setores de pessoal, de tecnologia da informação e de aquisições, dentre outras áreas (destaques nossos).
4. Em consonância com esta linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com objetivo de avaliar se as práticas de governança e
de gestão de aquisições públicas adotadas pela Administração Pública Federal estão de acordo com a
legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade
orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos
resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações ficou a cargo de cinco secretarias de
controle externo dos estados (AM, CE, PA, PE e RJ) e da SefidEnergia, além da própria Selog.
6. O trabalho abrangeu os temas governança das aquisições, controles da gestão das aquisições,
controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e controles internos e conformidade
das contratações. No tema governança das aquisições foram avaliados controles nos componentes
liderança, estratégia e controle. No tema controles da gestão, foram avaliados controles nos
componentes planos, processos e pessoas. No tema controles internos e conformidade das contratações
foram avaliados processos de contratações relacionados à terceirização dos serviços de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas.
7. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em critérios de
relevância, materialidade, risco e oportunidade.
8. Esta FOC pode ser considerada a sequência do trabalho realizado no TC-025.068/2013-0
(ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de governança e gestão das
aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013), por
meio do qual 376 organizações da administração pública federal informaram sua situação, por meio de
questionário eletrônico (mais informações em http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes).
9. O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Secex/RJ na Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz).
2. INTRODUÇÃO
2.1 Deliberação
10. A presente fiscalização foi autorizada mediante o Acórdão 2.269/2014-TCU-Plenário (peça
16 do TC-016.816/2014-5 - sigiloso).
2.2 Visão geral do objeto
11. Governança das aquisições consiste no conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com
objetivo que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis.
12. De forma mais detalhada, a governança das aquisições tem por objetivo:
a) alinhar as políticas e as estratégias de gestão das aquisições com as prioridades do negócio da
organização em prol de resultados;
b) assegurar a utilização eficiente de recursos;
c) otimizar a disponibilidade e o desempenho dos objetos adquiridos;
d) mitigar riscos;
e) auxiliar a tomada de decisão;
f) assegurar o cumprimento dos papéis e das responsabilidades e a transparência dos resultados.
13. Com respeito à distinção entre governança e gestão das aquisições, cabe frisar que não são
sinônimos, embora sejam complementares e interdependentes. Governança refere-se à definição do
que deve ser executado (direção), e gestão refere-se à forma como é executado. Por exemplo, diversas
organizações (e.g., IBGC, GAO e OCDE) preconizam que uma boa prática de governança é
estabelecer política (diretrizes) para a gestão de riscos (inclusive das aquisições). Entretanto, a
973

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

implementação dessa política não é função da governança, e sim da gestão. Já o controle da gestão é
função da governança, ou seja, a gestão deve ser monitorada quanto ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e quanto aos resultados obtidos.
14. A abordagem do presente trabalho consiste em verificar, por meio da avaliação de controles
internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes substantivos
(inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com deficiências não
contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
15. Com respeito aos contratos avaliados, optou-se por escolher os contratos para prestação de
serviços de limpeza e vigilância. A escolha decorreu dos seguintes critérios:
a) relevância: há relevância social que consiste no risco de inadimplência das obrigações
trabalhistas e previdenciárias com os trabalhadores contratadas para a prestação desses serviços na
APF;
b) materialidade: os contratos de terceirização consomem boa parte do orçamento de custeio das
organizações públicas;
c) risco: constantemente os meios de comunicação dão notícia de problemas decorrentes do
inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias desses contratos;
d) oportunidade: com a prolação do Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, diversas orientações
para dar maior robustez a esses contratos foram proferidas, sem que este Tribunal tenha averiguado se
estão sendo seguidas e se surtiram efeito.
2.3 Objetivo e questões de auditoria
16. O objetivo geral desta fiscalização foi avaliar se as práticas de governança e de gestão de
aquisições públicas adotadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão de acordo com a legislação
aplicável e aderentes às boas práticas.
17. Como objetivos específicos, podem-se citar:
a) avaliar a existência de deficiências nas práticas de governança e gestão das aquisições,
utilizando a legislação aplicável e as boas práticas como parâmetro;
b) ratificar (ou retificar) as informações apresentadas pela Fiocruz em resposta ao levantamento
do perfil de governança das aquisições realizado pelo TCU em 2013;
c) avaliar a existência de deficiências nos controles internos em nível de atividade no processo
de aquisição;
d) avaliar aspectos de conformidade das contratações de serviços terceirizados de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas;
e) avaliar a possível contribuição das deficiências nos controles para a ocorrência de
desconformidades nas contratações.
18. Dessa forma, com base no objetivo da fiscalização, foram elaboradas doze questões de
auditoria, a saber:
Q1. As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Q2. A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q3. Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Q4. O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições
Q5. A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q6. Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
Q7. Os estudos técnicos preliminares contribuem para assegurar a viabilidade da contratação?
Q8. Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela terceirização
do serviço?
Q9. O Termo de Referência contém elementos que contribuem para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
Q10. A seleção do fornecedor é executada de forma a contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
974

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Q11. A gestão do contrato é realizada de forma contribuir para obtenção de solução que atenda à
necessidade que originou a contratação?
Q12. Há controles internos compensatórios em nível de atividade no processo de aquisição
adequados?
2.4 Estratégia metodológica
19. Para a realização deste trabalho, que tem natureza de auditoria integrada (operacional e
conformidade), foram observados os documentos intitulados ‘Padrões de Auditoria de Conformidade’,
aprovado pela Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009, ‘Manual de Auditoria Operacional’, aprovado pela
Portaria-Segecex 4, de 26/2/2010; ‘Orientações para fiscalizações de Orientação Centralizada’,
aprovado pela Portaria-Adplan 2, de 23/8/2010; e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovada
por meio da Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de
30/6/2011. Em especial, a estrutura do relatório foi baseada no ‘Manual de Auditoria Operacional’.
20. Durante a fase de planejamento da FOC, a Selog, unidade técnica orientadora dos trabalhos
definiu as questões, os procedimentos de auditoria e os possíveis achados com o seguinte
embasamento:
a) questões de auditoria um a seis e doze, com base nos itens do questionário utilizado no
levantamento relativo ao perfil de governança de aquisições de 2013;
b) questões sete a onze, com base no documento RCA - Riscos e Controles nas Aquisições,
publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog, menu ‘Riscos e Controles nas Aquisições’)
em atenção ao Acórdão 1.321/2014-TCU-Plenário.
21. Como resultado dessa fase, foram geradas as matrizes de planejamento e de achados-padrão
das auditorias. Essas matrizes foram aperfeiçoadas com a participação das unidades envolvidas na
FOC durante workshop, realizado presencialmente em Brasília e por meio de vídeo conferência nos
estados participantes.
22. A fim de obter evidências que possibilitassem a avaliação das informações fornecidas pela
Fiocruz em resposta ao Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, foi
encaminhado à unidade o ofício 2.265/2014-TCU/Secex/RJ, de 4/9/2014, o qual solicitou documentos
e informações sobre os objetos analisados nesse trabalho (peça 2).
23. Durante a execução, foram aplicados procedimentos de análise documental e entrevistas.
Também foram solicitadas informações adicionais por meio dos ofícios de requisição 02, 05 e 10-
576/2014 (peça 39).
24. Concomitante à execução dos procedimentos e registro dos achados, as conclusões
preliminares a que chegava a equipe de auditoria eram discutidas com o supervisor do trabalho, bem
como com os interlocutores designados pela Fiocruz.
25. Outro procedimento sistematizado foi a avaliação da existência ou não de divergência, para
os pontos avaliados nas seis primeiras questões, entre a situação declarada no Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013 e a situação encontrada na organização, registrado
em papel de trabalho padronizado (peça 47).
26. Já na reunião de encerramento foram apresentados os entendimentos a que tinha chegado a
equipe, esclarecendo aos gestores, na oportunidade, o caráter preliminar dessas conclusões, ainda
sujeitas a mudanças em face do aprofundamento da análise e de novos elementos eventualmente
apresentados.
27. O relatório preliminar de auditoria foi submetido, em 16/12/2014, aos comentários do gestor
(peça 49), como previsto nos parágrafos 145 e 146 das Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da
União (NAT), aprovadas pela Portaria - TCU 280/2010, de 8/12/2010. A data limite fixada para o
envio dos comentários foi de 23/1/2015, prazo que se mostra razoável, mormente considerando que os
achados já haviam sido apresentados pela equipe à unidade por ocasião da reunião de encerramento
dos trabalhos de fiscalização. Contudo, a Fiocruz absteve-se de encaminhar tais comentários, mesmo
tendo sido feitas pela equipe, após o término do prazo estipulado, diversas ligações telefônicas
buscando estimular o posicionamento do gestor quanto ao relatório preliminar (vide peça 50).
975

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28. O ofício que solicitou os comentários do gestor também incentivou a identificação das
possíveis causas das deficiências nos controles de governança e de gestão das aquisições, a fim de
contribuir para análise acerca das propostas de encaminhamento a serem feitas neste e no relatório de
consolidação. Para cada achado identificado, o gestor foi orientado a escolher uma ou mais dentre as
seguintes possíveis causas: 1. Impossibilidade legal; 2. Falta de orientação; 3. Desconhecimento sobre
o tema; 4. Pouca cultura com respeito a riscos e controles; 5. Relação custo/benefício desfavorável; 6.
Falta de pessoal; 7. Falta de capacitação adequada; 8. Outras. As causas apontadas pelo gestor (peça
51) foram incorporadas ao relatório.
29. Além de dispositivos constitucionais, legais e infralegais, foram utilizados como principais
critérios o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - Gespública e decisões do TCU
relacionadas à governança. Também foram utilizados como critério o Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros modelos
internacionais aplicáveis à governança e à gestão de aquisições, tais como o publicado pela Federação
Internacional de Contadores (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective) e o
utilizado pelo Government Accountability Office (GAO), Entidade de Fiscalização Superior dos
E.U.A. (Framework for Assessing the Acquisition Function at Federal Agencies).
30. Registre-se que o arcabouço normativo que trata de controles ligados à governança e gestão
das aquisições cogente às organizações públicas federais é muito incipiente, como se pode observar no
documento contendo a fundamentação das perguntas do perfil de Governança e Gestão das Aquisições
- ciclo 2013, base das questões e procedimentos de parte desta auditoria, que pode ser consultado em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes. Esse documento contém o mapeamento dos excertos das
normas, jurisprudência e boas práticas que sustentaram as perguntas do Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, de forma que se opta, neste relatório, por citar, sem
transcrever, os critérios de auditoria utilizados para caracterizar os achados de auditoria relatados a
seguir, uma vez que podem ser consultados na URL http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
31. Assim, este trabalho valeu-se de considerar ‘critérios emprestados’ com base no seguinte
procedimento: para os achados de conformidade cujo critério utilizado se aplica ao ente auditado,
foram propostas determinações; para os achados em que o critério não se aplica ao ente auditado,
foram propostas recomendações. Da mesma forma, para os achados de governança, cujos critérios
foram retirados de modelos e referenciais de boas práticas, tendo em vista ausência de normativos
sobre o tema, também foram feitas recomendações sem força cogente.
32. Desse modo, não se pode alegar que determinações estão sendo propostas ao auditado com
base em critérios que não são vinculantes para ele. Nesse caso, os critérios serviram tão somente como
base para propostas de recomendação.
33. Como um dos objetivos específicos desse trabalho foi avaliar a existência de deficiências nos
controles, foi utilizado o termo DEFICIÊNCIAS para iniciar o título dos achados desta natureza,
caracterizando situações onde tais controles não estão adequados, expondo a organização a riscos,
suscitando uma necessidade de melhoria por parte da organização. Por racionalidade na redação dos
achados, a fim de padronizar o título dos achados em todas as fiscalizações da FOC e evitar a
duplicação da quantidade de achados-padrão, o termo DEFICIÊNCIAS foi usado indistintamente para
os casos em que o controle existe, mas carece de aperfeiçoamento, bem como para os casos de
inexistência, nos quais o controle não estava implantado.
34. Nesses casos, as recomendações ou determinações foram direcionadas precipuamente ao
aperfeiçoamento dos processos de trabalho, por meio da criação ou adequação de controles internos
que reduzam o impacto ou a probabilidade da ocorrência de eventos de risco nas aquisições realizadas
pela organização.
35. Há que se ressaltar, ainda, que dois achados de auditoria envolveram recursos financeiros
despendidos indevidamente na execução de contratos firmados pela Fiocruz. O primeiro, trata de
parcelas indevidas presentes na planilha de custos e formação de preços do contrato 92/2010-Dirac
(inclusão do percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível com aquele
976

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

constante da GFIP; e inclusão de reserva técnica). O segundo, trata de falhas nas repactuações dos
Contratos 51/2009-Dirac e 92/2010-Dirac (a provisão para aviso prévio trabalhado não foi retirada das
respectivas planilhas de custos e formação de preços após o primeiro ano dos contratos). Alertada por
esta equipe de fiscalização quanto à ilegalidade dos pagamentos, a Fiocruz informou (peça 36, p.1) que
irá adotar medidas visando à exclusão das parcelas indevidas das planilhas de custos e formação de
preços, bem como à devolução, pelas contratadas, dos valores pagos indevidamente. Assim,
considerando que a Fiocruz admitiu a ocorrência das irregularidades, a proposta da equipe foi no
sentido de determinar à unidade que efetivasse as ações pertinentes no sentido de corrigir as planilhas e
recompor o erário.
36. Por fim, considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em todas as organizações, as auditorias desta FOC tiveram uma postura mais preventiva,
orientativa e pedagógica, de forma que se optou pela não responsabilização de gestores apesar da
grande quantidade de falhas identificadas.
2.5 Limitações
37. Não houve qualquer limitação ou restrição aos trabalhos que mereçam registro.
2.6 Volume de Recursos Fiscalizados (VRF)
38. O VRF alcançou o montante de R$ 170.505.982,53. Foi considerado, para fins de volume de
recursos fiscalizados, a soma dos valores anuais dos contratos 51/2009-Dirac (prestação de serviços de
limpeza), 92/2010-Dirac (prestação de serviços de vigilância) e 036/2014-Dirac (prestação de serviços
de transporte de pessoas), bem como das atas de registro de preços relativas aos pregões eletrônicos
14/2014-Dirac, 37/2013-Dirac, 44/2013-Dirac, 41/2013-Dirac, 69/2013-Dirac e 7/2014-Dirac
(aquisição de materiais de limpeza) fiscalizados nesta auditoria.
3. ACHADOS DE AUDITORIA
Liderança
39. A questão de auditoria Q1 teve como objetivo avaliar se as práticas de liderança contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
40. Sobre o componente ‘liderança’, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que
assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas
íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das
organizações e liderando os processos de trabalho.
41. No componente ‘liderança’, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) a organização executa processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da função de
aquisições considerando as competências para as atividades;
b) a organização executa avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições, a
fim de verificar se os recursos humanos estão em quantidade e com a qualificação adequada às suas
atribuições;
c) há um código de ética implantado, divulgado e monitorado;
d) a autoridade máxima exerce a liderança organizacional, estabelecendo objetivos, indicadores
e metas para a gestão das aquisições.
42. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.1 Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de aquisições
Situação encontrada:
43. O item A.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de processo
formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades.
44. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 2), a Fiocruz declarou que não realiza tal
processo.
Causas:
977

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

45. Ausência de orientação.


Efeitos/Consequências do achado:
46. Seleção de pessoal não qualificado para desempenhar funções chave da área de aquisições
(efeito potencial).

Critérios:
47. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
48. Gespública, item 6.1 - B.
Evidências:
49. Resposta ao item A.1 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 6, p. 2).
Conclusão da equipe:
50. A organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio
de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das
atividades.
Proposta de encaminhamento:
51. Recomendar à organização que discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de
aquisições, incluindo as funções de liderança, em especial a função de principal dirigente responsável
pelas aquisições, considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais necessárias
para estas funções.
3.2 Deficiências na avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições
Situação encontrada:
52. O item A.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização avalia a estrutura de recursos humanos da função de aquisições.
53. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 2), a Fiocruz declarou que não realiza tal
processo, mas que pretende adotar a prática.
Causas:
54. Pouca cultura com respeito a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado:
55. Quantidade inadequada de pessoal para desempenhar as atividades da área de aquisições
(efeito potencial).
56. Qualificação insuficiente do pessoal responsável por desempenhar as atividades da área de
aquisições (efeito potencial).
Critérios:
57. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
Evidências:
58. Resposta ao item A.2 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 6, p. 2)
Conclusão da equipe:
59. A organização não avalia periodicamente a estrutura de recursos humanos da função de
aquisições.
Proposta de encaminhamento:
60. Recomendar à organização que proceda, periodicamente, à avaliação quantitativa e
qualitativa do pessoal do setor de aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos
humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de aquisições da organização.
3.3 Deficiências na implantação de código de ética
Situação encontrada:
61. O item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
organização adota código de ética, prevendo sua aplicação a todas as pessoas (servidores, empregados,
gestores, colaboradores), inclusive os membros da alta administração.
62. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 3), a Fiocruz declarou que adota o código de
ética profissional do servidor público civil do poder executivo federal, aprovado por meio do Decreto
978

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.171, de 22/6/1994, acrescentando que não avaliou a necessidade de complementá-lo com um código
de ética próprio tratando das questões éticas relacionadas às atividades específicas da unidade.
Ademais, a Fiocruz informou (item A.7.3) que não instituiu comissão de ética.

Causas:
63. A unidade não definiu as causas para a ausência de uma comissão de ética, somente alegou
(peça 51) que utilizava o código de ética do servidor público. Como possível causa, esta equipe indica
a pouca cultura com respeito a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado:
64. Atores da função de aquisição adotarem condutas inadequadas nos processos ligados às
aquisições (efeito potencial).
Critérios:
65. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 6.1.
66. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 070.
67. Decreto 6.029/2007, arts. 15, 16 e 24.
68. Decreto 6.029/2007, art. 7º, II, d.
69. Decreto 6.029/2007, art. 5º.
70. Decreto 1.171/1994, art. 2º e XVI do Anexo II.
71. Decreto 6.029/2007, art. 7º, § 1º.
Evidências:
72. Resposta da Fiocruz ao item A.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 6, p. 3).
Conclusão da equipe:
73. A organização não avaliou a necessidade de complementar o código de ética profissional do
servidor público civil do poder executivo federal com um código de ética próprio, tratando das
questões éticas relacionadas às atividades específicas da unidade. Ademais, a Fiocruz não instituiu
Comissão de Ética.
Proposta de encaminhamento:
74. Recomendar à organização que:
a) avalie a necessidade de complementar o código de ética do servidor público federal ante as
suas atividades específicas;
b) promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
c) constitua comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído;
d) aprove plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética.
3.4 Deficiências na liderança organizacional
Situação encontrada:
75. O item A.9 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona, em
relação ao desempenho organizacional da gestão das aquisições, se a alta administração da organização
estabeleceu:
a) objetivos para a gestão das aquisições;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo da gestão das aquisições;
c) metas de desempenho para os objetivos da gestão das aquisições;
d) mecanismos de gestão dos riscos relacionados aos objetivos;
e) mecanismos de controle do cumprimento das metas da gestão das aquisições.
76. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 3-4), a Fiocruz declarou que estabeleceu
objetivos para a gestão das aquisições (item ‘a’ retro). Como evidência, solicitada por meio do ofício
2.265/2014-TCU/Secex/RJ (peça 2), a Fiocruz informou:
As aquisições da Fiocruz ocorrem de acordo com o planejamento anual sob a gestão da Diretoria
de Planejamento Estratégico que encaminha o Plano Anual da Fiocruz para aprovação do Conselho
979

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Deliberativo da Fiocruz todo início do ano (até março). Este Plano Anual contempla a descrição das
despesas e receitas (por elemento de despesa) a serem realizadas durante o ano subsequente por cada
Unidade da Fiocruz que as insere no sistema informatizado SAGE - Sistema de Apoio da Gestão
Estratégica. Evidência: O Plano Anual fica disponível na Diretoria de Planejamento Estratégico -
DIPLAN.
77. Instada, por meio do item ‘b’ do ofício de requisição 02-576/2014, a apresentar evidências
quanto ao estabelecimento de objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, a Fiocruz
encaminhou os relatórios constantes da peça 34, p. 5-20. Analisando tais relatórios, observa-se que o
planejamento anual contempla, apenas, a descrição das despesas a serem realizadas durante o ano
subsequente por cada unidade da Fiocruz, que as insere no sistema informatizado SAGE - Sistema de
Apoio da Gestão Estratégica. Desse modo, os documentos apresentados não contêm objetivos
organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio.
Causas:
78. Falta de capacitação adequada.
Efeitos/Consequências do achado:
79. Impossibilidade de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional
adequado (efeito real).
Critérios:
80. Gespública, item 1.3.
81. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 102.
Evidências:
82. Relatórios do sistema informatizado SAGE - Sistema de Apoio da Gestão Estratégica (peça
34, p. 5-20), encaminhados por meio do Oficio 016/2014 - AUDIN, de 27/10/2014 (peça 32, p. 1-2).
Conclusão da equipe:
83. A Fiocruz não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições,
tampouco mecanismos de gestão de riscos e controle do alcance das metas.
Proposta de encaminhamento:
84. Recomendar à organização que estabeleça formalmente:
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
Estratégia
85. A questão de auditoria Q2 teve como objetivo avaliar se as práticas de ‘estratégia’
contribuem para uma boa gestão das aquisições.
86. Sobre o componente ‘estratégia’, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia
necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e
expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação
e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de
curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e
organizações envolvidas ou afetadas.
87. No componente ‘estratégia’, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) há estabelecimento de diretrizes para as aquisições, como políticas de terceirização, de
compras, de estoques, entre outras, que direcionam as decisões operacionais das aquisições (por
exemplo, quais serviços devem ser contratados e quais devem ser executados com servidores);
980

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) há estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área de aquisições,


de forma que cada setor tenha atribuições específicas e se possam implementar mecanismos de
segregação de funções críticas;
c) existem instâncias colegiadas, compostas por integrantes das diversas áreas da organização,
que apoiem as decisões críticas sobre as aquisições, mitigando o risco de decisões com viés.
88. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.5 Deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições
Situação encontrada:
89. O item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
alta administração da organização aprovou e publicou:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas.
90. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 4), a Fiocruz declarou que não estabeleceu
nenhuma das estratégias ou políticas listadas acima.
Causas:
91. Descentralização administrativa/financeira das unidades da Fiocruz.
Efeitos/Consequências do achado:
92. Realização de aquisições que não estejam alinhadas às diretrizes estratégicas da organização
(efeito potencial).
Critérios:
93. Gespública, itens 2.1, 2.3.2 e 4.1.
Evidências:
94. Resposta da Fiocruz ao item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 6, p. 4).
Conclusão da equipe:
95. A Fiocruz não estabeleceu as seguintes diretrizes para função de aquisições:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas.
Proposta de encaminhamento:
96. Recomendar à organização que estabeleça diretrizes para área de aquisições incluindo:
a) estratégia de terceirização;
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas.
3.6 Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área
de aquisições
Situação encontrada:
97. O item B.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que incluem a definição da estrutura organizacional da área de aquisições, e
estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados.
981

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

98. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 4), a Fiocruz declarou que possui tais normativos
internos. Como evidência, solicitada por meio do ofício 2.265/2014-TCU/Secex/RJ (peça 2) e do item
‘d’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 39, p. 1-2), a Fiocruz alegou que ‘a Diretoria de
Administração possui as competências, atribuições e por consequência a responsabilidade da área de
compras no sítio eletrônico da Dirad’ (vide peça 7, p. 9, e peça 32, p. 1-3). Entretanto, tais documentos
não estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos e comissionados
da área de aquisições.
99. O item B.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente
máximo da organização com respeito às aquisições.
100. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 4), a Fiocruz declarou que há tais normativos
internos. Como evidência, solicitada por meio do ofício 2.265/2014-TCU/Secex/RJ (peça 2) e do item
‘e’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 39, p. 1-2), a Fiocruz alegou que ‘a Diretoria de
Administração possui as competências, atribuições e por consequência a responsabilidade da área de
compras no sítio eletrônico da Dirad’ (vide peça 7, p. 9-10, e peça 32, p. 1-3). Contudo, esses
documentos não estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo da
organização com respeito às aquisições.
101. O item B.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
alta administração aprovou e publicou uma política de delegação de competência para autorização de
contratações relativas a atividades de custeio.
102. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 4), a Fiocruz declarou que há tal política de
delegação de competência. Como evidência, solicitada por meio do ofício 2.265/2014-TCU/Secex/RJ
(peça 2) e do item ‘f’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 39, p. 1-2), a Fiocruz encaminhou a
Portaria 748/2013-PR (peça 7, p. 110-114, e peça 32, p. 1-3). Entretanto, esse documento não
estabelece uma política de delegação e reserva de competência. Em verdade, as delegações adotadas
pela alta administração da entidade para autorização de todos os tipos de contratações (atividades de
custeio ou de investimento) não são precedidas de uma avaliação prévia das necessidades e riscos da
organização e não estão acompanhadas do estabelecimento de controles internos para monitorar os
atos delegados.
Causas:
103. Descentralização administrativa/financeira das unidades da Fiocruz.
Efeitos/Consequências do achado:
104. Ausência de segregação de funções em atividades críticas (efeito potencial).
105. Desconhecimento acerca de quem é o responsável por realizar atividades na área de
aquisições (efeito potencial).
106. Sobreposição de responsabilidades pela realização de uma mesma atribuição (efeito
potencial).
Critérios:
107. Princípio da segregação de funções.
108. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 084.
109. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Evidências:
110. Portaria 748/2013-PR (peça 7, p. 110-114).
111. Resposta aos itens ‘d’, ‘e’ e ‘f’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 32, p. 1-3).
112. Resposta ao ofício 2.265/2014-TCU/Secex/RJ (peça 7, p. 9-10).
Conclusão da equipe:
113. A Fiocruz não estabelece as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos
efetivos e comissionados da área de aquisições, nem do dirigente máximo da organização com respeito
às aquisições.
982

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

114. A alta administração da Fiocruz não aprovou e publicou uma política de delegação de
competência para autorização de contratações.
Proposta de encaminhamento:
115. Recomendar à organização que estabeleça em normativos internos:
a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às
aquisições, nesses incluídos, mas não limitados, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições;
b) as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de aquisições;
c) política de delegação de competência para autorização de contratações;
d) controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações.
3.7 Deficiências na instituição de instâncias colegiadas
Situação encontrada:
116. O item B.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
alta administração da unidade designou formalmente corpo colegiado (ex. comitê, conselho)
responsável por auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições.
117. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 5), a Fiocruz declarou que há tal colegiado. Como
evidência, solicitada por meio do ofício 2.265/2014-TCU/Secex/RJ (peça 2) e do item ‘g’ do ofício de
requisição 02-576/2014 (peça 39, p. 1-2), a Fiocruz alegou (peça 7, p. 506 e peça 32, p. 3-4) que o seu
Conselho Deliberativo é o órgão colegiado responsável por auxiliar a alta administração nas decisões
relativas às aquisições, quando aprova, no início de cada ano, o orçamento da unidade, consolidado no
Plano Anual da Fiocruz, e quando aprova o Plano Quadrienal da Fiocruz.
118. Entretanto, o Conselho Deliberativo da Fiocruz não é específico para a área de aquisições,
tratando de diversos temas afetos à unidade. Assim, não há, efetivamente, na organização, um comitê
designado formalmente pela alta administração para auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições.
Causas:
119. Descentralização administrativa/financeira das unidades da Fiocruz.
Efeitos/Consequências do achado:
120. Realização de aquisições que não atendam às demandas da organização como um todo
(efeito potencial).
121. Realização de aquisições desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (efeito
potencial).
Critérios:
122. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 073.
Evidências:
123. Resposta ao item ‘g’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 32, p. 3-4).
Conclusão da equipe:
124. A alta administração da Fiocruz não instituiu instância colegiada para auxiliá-la nas
decisões relativas às aquisições.
125. Quanto ao tema, releva notar que a Fundação Oswaldo Cruz é composta por dezesseis
unidades técnico-científicas dotadas de autonomia, que preservam modelos próprios de gestão. Essa
peculiaridade da instituição deverá, pois, ser levada em conta na decisão quanto à formatação e
composição do comitê em destaque.
Proposta de encaminhamento:
126. Recomendar à Fiocruz que avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por
representantes dos diversos setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração
nas decisões relativas às aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização
como um todo.
Controle
127. A questão de auditoria Q3 teve como objetivo avaliar se as práticas de controle contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
983

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

128. Sobre o componente ‘controle’, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a


Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser
avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação,
transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a
responsabilização pelos atos praticados.
129. No componente ‘controle’, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) existem diretrizes para gestão de risco das aquisições, os gestores são capacitados para
realizar gestão de risco das aquisições e esta gestão é realizada;
b) existem canais que recebem denúncias sobre impropriedades nas aquisições da organização;
c) a função de auditoria interna está estabelecida e atua segunda as boas práticas internacionais
sobre o tema (IPPF), não realizando atividades de cogestão;
d) a organização dá publicidade das decisões sobre o julgamento das contas, bem como das
agendas de dirigentes superiores, e tem transparência ativa quanto a todos os documentos de seus
processos administrativos de aquisição.
130. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.8 Deficiências na gestão de risco das aquisições
Situação encontrada:
131. Os itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se:
a) a alta administração estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições;
b) a organização capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos;
c) a organização realiza gestão de riscos das aquisições.
132. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 5), a Fiocruz declarou que:
a) a alta administração não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições;
b) pretende adotar a prática de capacitar os gestores da área de aquisições em gestão de riscos; e
c) pretende adotar a prática de realizar gestão de riscos das aquisições.
Causas:
133. Pouca cultura com respeito a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado:
134. Desconhecimento acerca dos riscos envolvidos em cada aquisição (efeito real).
Critérios:
135. Gespública, item 1.1 - C.
136. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Evidências:
137. Resposta aos itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 6, p. 5).

Conclusão da equipe:
138. A Fiocruz não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições.
Proposta de encaminhamento:
139. Recomendar à organização que:
a) estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
b) capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
c) realize gestão de riscos das aquisições.
3.9 Deficiências na função de auditoria interna
Situação encontrada:
984

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

140. Os itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam, em relação à unidade de auditoria, se:
a) a unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de contratações específicos,
como parte de sua rotina ou mesmo de forma esporádica;
b) há procedimentos formalizados para que a unidade de auditoria interna utilize uma
abordagem sistemática e disciplinada nas atividades de auditoria interna, incluindo, para cada trabalho,
as fases de planejamento, execução e comunicação dos resultados;
c) a unidade de auditoria interna executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão de
riscos;
141. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 6), a Fiocruz declarou que:
a) a unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de contratações específicos;
b) não há procedimentos formalizados para que a unidade de auditoria interna utilize uma
abordagem sistemática e disciplinada nas atividades de auditoria interna, incluindo, para cada trabalho,
as fases de planejamento, execução e comunicação dos resultados;
c) a unidade de auditoria interna não executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão
de riscos.
142. Registre-se, por oportuno, que a emissão de pareceres em processos constitui-se em um dos
tipos de atividade de controle (no caso, a revisão), e que as atividades de controle são de
responsabilidade dos gestores, não devendo ser realizadas por auditores internos por trazer-lhes perda
de independência na atividade de auditoria.
Causas do achado:
143. Desconhecimento sobre o tema (atividades de cogestão); falta de pessoal (ausência de
manuais); falta de capacitação adequada (ausência da avaliação da gestão de riscos).
Efeitos/Consequências do achado:
144. Prejuízo à independência da unidade de auditoria interna (efeito potencial).
145. Desconhecimento acerca da adequação dos processos de governança, riscos e controles
(efeito real).
Critérios:
146. Acórdão TCU 1.074/2009 - Plenário, item 9.1.2.
147. IIA - The Institute of Internal Auditors. Estrutura Internacional de Práticas Profissionais.
Itens: 1120, 2100 e 2120.
Evidências:
148. Resposta aos itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 6, p. 6).
Conclusão da equipe:
149. A unidade de auditoria interna é responsável por atividades que caracterizam a cogestão e
não realiza trabalhos de avaliação da gestão de riscos da organização.
150. Não há procedimentos formalizados para que a unidade de auditoria interna utilize uma
abordagem sistemática e disciplinada nas atividades de auditoria interna, incluindo, para cada trabalho,
as fases de planejamento, execução e comunicação dos resultados.
Proposta de encaminhamento:
151. Recomendar à organização que:
a) observe as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores responsáveis
pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir atividades de
cogestão à unidade de auditoria interna;
b) defina manuais de procedimentos para serem utilizados pela unidade de auditoria interna na
execução de suas atividades;
c) inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização.
3.10 Deficiências em accountability
Situação encontrada:
985

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

152. O item C.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta, com
respeito a accountability e transparência, se a alta administração:
a) estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na
Internet;
b) determina a publicação na sua página na Internet da decisão quanto à regularidade das contas
proferida pelo órgão de controle externo;
c) determina a publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
153. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 7), a Fiocruz declarou que a alta administração não
procedeu a nenhuma das ações acima relacionadas.
Causas do achado:
154. Ausência de orientação.
Efeitos/Consequências do achado:
155. Prejuízo ao controle social dos processos de aquisição (efeito potencial).
156. Redução da transparência quanto ao julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle
externo (efeito real).
Critérios:
157. Lei 12.527/2011, arts. 3º, 5º, 7º e 8º, inciso IV.
158. Lei 12.813/2001, art. 11 c/c art. 2º.
Evidências:
159. Resposta ao item C.6 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 6, p. 7).
Conclusão da equipe:
160. Não há diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na Internet.
Não há determinação para publicação da decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão
de controle externo. Não há determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do
dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
Proposta de encaminhamento:
161. Recomendar à organização que:
a) avalie a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os
processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na internet;
b) publique na sua página na internet a decisão quanto a regularidade das contas proferida pelo
órgão de controle externo.
c) publique a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas aquisições.

Planejamento
162. A questão de auditoria Q4 teve como objetivo avaliar se o processo de planejamento das
aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições.
163. Planejamento é princípio fundamental da administração pública, e sobre este componente
buscou-se avaliar se a organização pratica um processo de planejamento das aquisições, gerando um
plano de aquisições contendo o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo do ano,
instrumento este que deveria ser utilizado para a elaboração da proposta orçamentária anual, bem
como para o seu acompanhamento.
164. Também foi avaliada a existência de um Plano de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos
de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite à organização estabelecer
práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
165. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.11 Deficiências no processo de planejamento das aquisições
Situação encontrada:
986

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

166. O item D.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização executa processo de planejamento das aquisições, aprovando um plano de aquisições (ou
documento similar) para o período mínimo de um ano.
167. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 7), a Fiocruz declarou que pretende adotar a
prática.
Causas do achado:
168. Descentralização administrativa/financeira das unidades da Fiocruz.
Efeitos/Consequências do achado:
169. Imprevisibilidade da demanda de trabalho da unidade de aquisições (efeito real).
170. Realização de aquisições sem o prazo adequado para planejamento (efeito potencial).
171. Falta de recursos previstos no orçamento para realização da aquisição (efeito potencial).
172. Realização de contratações emergenciais sem amparo legal (efeito potencial).
Critérios:
173. Gespública, item 2.2 - Implementação das estratégias.
Evidências:
174. Resposta ao item D.2 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 6, p. 7).
Conclusão da equipe:
175. A organização não executa processo de planejamento das aquisições, aprovando um plano
de aquisições (ou documento similar) para o período mínimo de um ano.
Proposta de encaminhamento:
176. Recomendar à organização que execute processo de planejamento das aquisições,
contemplando, pelo menos:
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
b) aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na Internet;
d) acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios.
3.12 Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS)
Situação encontrada:
177. O item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização aprovou um Plano de Gestão de Logística Sustentável - PLS (ou equivalente), isto é, um
plano contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e
mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer práticas de
sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
178. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 7), a Fiocruz declarou que não prevê adotar a
prática.
Causas do achado:
179. Desconhecimento sobre o tema.
Efeitos/Consequências do achado:
180. Realização de contratações sem inclusão de requisitos de sustentabilidade (efeito potencial).
181. Desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios:
182. Lei 8.666/93, art. 3º caput.
183. Decreto 7.746/2012, art. 16;
184. IN SLTI 10/2012, arts. 12, 13 e 14.
Evidências:
185. Resposta ao item D.4 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 6, p. 7).
987

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conclusão da equipe:
186. A organização não possui um Plano de Gestão de Logística Sustentável.
Proposta de encaminhamento:
187. Determinar à organização que:
a) em atenção ao Decreto 7.746/2012, art. 16, elabore e aprove um Plano de Gestão de Logística
Sustentável;
b) em atenção à IN SLTI 10/2012, art. 12, publique no seu sítio na internet o PLS aprovado;
c) em atenção à IN SLTI 10/2012, arts. 13 e 14, estabeleça mecanismos de monitoramento para
acompanhar a execução do PLS.
Pessoas
188. A questão de auditoria Q5 teve como objetivo avaliar se a gestão de pessoas contribui para
uma boa gestão das aquisições.
189. Quanto à gestão de pessoas, foram avaliados a existência de mapeamento de competências
necessárias à função de aquisições, condição necessária para uma boa gestão de pessoas, bem como se
a capacitação dos servidores/empregados da função de aquisições é adequada à execução das
atividades.
190. Os achados decorrentes desse tema estão apresentados a seguir.
3.13 Deficiências no mapeamento de competências necessárias à função de aquisições.
Situação encontrada:
191. O item E.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização identifica e define as competências necessárias para o desempenho das funções-chave da
área de aquisições.
192. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 7), a Fiocruz declarou que pretende adotar a
prática.
Causas do achado:
193. Falta de capacitação adequada.

Efeitos/Consequências do achado:
194. Desconhecimento acerca das competências necessárias ao desempenho adequado das
atividades realizadas pela área de aquisições (efeito real).
195. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (efeito potencial).
Critérios:
196. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inciso III.
Evidências:
197. Resposta ao item E.1 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 6, p. 7).
Conclusão da equipe:
198. A organização não identifica e define as competências necessárias para o desempenho das
funções-chave da área de aquisições.
Proposta de encaminhamento:
199. Recomendar à organização que estabeleça um modelo de competências para os ocupantes
das funções-chave da área de aquisição, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à
governança e à gestão das aquisições.
3.14 Deficiências na capacitação dos servidores/empregados da função de aquisições
Situação encontrada:
200. Os itens E.3, E.4.5 e E.4.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se:
a) existe uma política de capacitação para os servidores que integram a área de aquisições;
b) os fiscais e gestores de contrato recebem treinamento específico para as atividades de
fiscalização e gestão de contratos antes de assumirem o encargo pela primeira vez;
988

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) os fiscais e gestores de contrato recebem treinamento específico para as atividades de


fiscalização e gestão de contratos periodicamente.
201. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 8), a Fiocruz declarou que existe uma política de
capacitação para os servidores que integram a área de aquisições. Ademais, informou que elaborou
plano de ação para que os fiscais e gestores de contrato recebam treinamento específico para as
atividades de fiscalização e gestão de contratos, antes de assumirem o encargo pela primeira vez e
periodicamente.
202. Ainda com relação à política de capacitação para os servidores que integram a área de
aquisições, o item ‘k’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 39, p. 1-2) solicitou à Fiocruz que
apresentasse o plano de capacitação anual aprovado, contendo ações para os servidores da função de
aquisições. Em resposta, a entidade encaminhou o documento exposto na peça 34, p. 35-38.
Entretanto, o documento apresentado não foi formalmente aprovado pela alta administração ou pelos
setores a quem essa tenha delegado competência.
Causas do achado:
203. Falta de capacitação adequada.
Efeitos/Consequências do achado:
204. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (efeito potencial).
3.13.4 - Critérios:
205. Decreto 5.707/2006, art. 5º.
206. Portaria MP 208/2006, art. 2º, inciso I, e art. 4º.
Evidências:
207. Resposta aos itens E.3, E.4.5 e E.4.6 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
(peça 6, p. 8).
208. Resposta ao item ‘k’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 34, p. 35-38).

Conclusão da equipe:
209. Não existe uma política de capacitação formalmente estabelecida para os servidores que
integram a área de aquisições.
210. Os fiscais e gestores de contrato não recebem treinamento específico para as atividades de
fiscalização e gestão de contratos, antes de assumirem o encargo pela primeira vez e periodicamente.
Proposta de encaminhamento:
211. Determinar à Fiocruz que:
a) em atenção às disposições contidas no Decreto 5.707/2006, art. 5º, c/c Portaria MP 208/2006,
art. 2º, inciso I, e art. 4º, elabore Plano Anual de Capacitação para a organização;
b) quando elaborar o Plano Anual de Capacitação, contemple ações de capacitação voltadas para
a governança e gestão das aquisições, fazendo com que os fiscais e gestores de contrato recebam
treinamento específico antes de assumirem o encargo pela primeira vez e periodicamente;
c) adote mecanismos para acompanhar a execução do plano anual de capacitação.
Processos de trabalho
212. A questão de auditoria Q6 teve como objetivo avaliar se há padronização na execução dos
processos de trabalho para aquisições.
213. As normas da série ISO 9000 preconizam que, para atingir qualidade, um dos princípios que
devem nortear a execução das operações de uma organização é a abordagem por processos, isto é, um
resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados
são gerenciados como um processo.
214. Processos de trabalho são conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transformam insumos (entradas) em produtos (saídas).
215. Com base neste princípio, a fim de obter qualidade nas contratações, as organizações devem
sistematizar, por meio de processos de trabalho, suas aquisições.
989

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

216. Nesse componente, este trabalho avaliou as seguintes práticas:


a) estabelecimento de processos de trabalho para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos;
b) estabelecimento de padrões diversos (e sua utilização), como minutas de editais, listas de
verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que aumentam a produtividade dos
processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
217. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.15 Processos de trabalho de contratação ad hoc
Situação encontrada:
218. O item F.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização utiliza processo de trabalho aprovado e publicado para a seleção do fornecedor.
219. Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 9), a Fiocruz declarou que ‘adota parcialmente a
prática’. Como evidência, encaminhou os formulários constantes da peça 7, p. 486-489. Entretanto, os
documentos apresentados, além de não preverem todos os procedimentos a serem executados na etapa
de seleção do fornecedor, não foram formalmente aprovados pela alta administração da unidade.
Causas do achado:
220. Descentralização administrativa/financeira das unidades da Fiocruz.
Efeitos/Consequências do achado:
221. Falta de padronização de procedimentos (efeito real).
Critérios:
222. ISO 9001, princípio da abordagem por processos.

Evidências:
223. Resposta ao item F.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
6, p. 9).
224. Formulários expostos na peça 7, p. 486-489.
Conclusão da equipe:
225. A Fiocruz não utiliza processo de trabalho adequado para a seleção do fornecedor.
Proposta de encaminhamento:
226. Recomendar à Fiocruz que defina um processo formal de trabalho para seleção do
fornecedor.
3.16 Deficiências no estabelecimento e adesão a padrões
Situação encontrada:
227. O item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se,
com respeito à padronização dos procedimentos nas aquisições, a organização:
a) definiu seus próprios padrões de especificações técnicas para contratações que realiza
frequentemente, e recomendou sua utilização;
b) definiu suas próprias listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser
executados durante a fase de julgamento das licitações, e recomendou sua utilização;
c) definiu seus próprios procedimentos para elaboração das estimativas de preços das
contratações, e recomendou sua utilização.
Em resposta enviada ao TCU (peça 6, p. 10), a Fiocruz declarou que definiu tais padrões, listas e
procedimentos.
228. Como evidência para os padrões de especificações técnicas para contratações que realiza
frequentemente, a unidade encaminhou a relação constante da peça 34, p. 231-260. Entretanto, o
documento apresentado não foi formalmente aprovado pela alta administração ou pelos setores a quem
essa tenha delegado competência.
229. Com relação às listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser
executados durante a fase de julgamento das licitações, apesar de a Fiocruz haver declarado, na
resposta ao Questionário, que as teria definido, não encaminhou as evidências cabíveis.
990

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Posteriormente, ao ser instada, por meio do item ‘r’ do ofício de requisição 02-576/2014, a apresentá-
las, a unidade argumentou (peça 32, p. 4) que ‘não é necessário realizar listas padronizadas já que o
procedimento de julgamento é padronizado no edital e na operacionalização da licitação pelo sistema
Comprasnet’.
230. Quanto aos procedimentos definidos para elaboração das estimativas de preços das
contratações, a Fiocruz, em princípio, não encaminhou evidências. Posteriormente, em resposta ao
item ‘s’ do ofício de requisição 02-576/2014, a entidade assumiu que ‘não há procedimentos próprios,
apenas o consagrado pela legislação em vigor’ (peça 39, p. 2, e peça 32, p. 5).
Causas do achado:
231. Descentralização administrativa/financeira das unidades da Fiocruz.
Efeitos/Consequências do achado:
232. Ocorrência de erros em procedimentos repetitivos (efeito potencial).
233. Não realização de algum procedimento essencial (efeito potencial).
234. Realização de retrabalho na execução de procedimentos (efeito potencial).
Critérios:
235. Princípio da eficiência (art. 37 da Constituição Federal).
236. Lei 8.666/1993, art. 11 e art. 15, I (especificações técnicas padronizadas).
Evidências:
237. Resposta ao item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
6, p. 10).
238. Resposta ao item ‘s’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 32, p. 5).
239. Resposta ao item ‘r’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 32, p. 4).
Conclusão da equipe:
240. A Fiocruz não definiu formalmente seus próprios padrões de especificações técnicas para
contratações que realiza frequentemente.
241. A Fiocruz não definiu suas próprias listas de verificação para padronizar os procedimentos
que devem ser executados durante a fase de julgamento das licitações.
242. A Fiocruz não definiu seus próprios procedimentos para elaboração das estimativas de
preços das contratações.
Proposta de encaminhamento:
243. Recomendar à organização que estabeleça e adote:
a) padrões para especificações técnicas de objetos contratados frequentemente;
b) listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser executados durante a
fase de julgamento das licitações;
c) procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações, abrangendo a
elaboração das planilhas de custos e formação de preços.
Conformidade das contratações
244. As questões de auditoria Q7 a Q12 tiveram como objetivo avaliar a conformidade dos
processos de contratação.
245. Os achados decorrentes desse tema estão apresentados a seguir.
3.17 Deficiências no levantamento de mercado
Situação encontrada:
246. Atualmente, o serviço de transporte de pessoal na Fiocruz (contrato 36/2014-Dirac) é
realizado por meio de contratação de serviços de locação de veículos com motorista.
247. A terceirização dos serviços não foi precedida de levantamento de mercado visando
identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de
transportar pessoas.
Causa do achado:
248. Não realização de estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado:
991

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

249. Adoção de solução que não é a que apresenta melhor relação custo/benefício (efeito
potencial).
Critérios:
250. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea c.
Evidências:
251. Plano de trabalho e projeto básico relativos ao pregão eletrônico 18/2014 (peça 31, p. 1-11).
Conclusão da equipe:
252. Não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de locação de veículos com
motorista, um estudo técnico para a identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e
que atendessem à necessidade de transportar pessoas.
253. Considerando que a Fiocruz tem processo de contratação parcialmente formalizado, cabe,
neste e nos demais achados relativos às questões de contratações, recomendar aperfeiçoamento do
processo, mediante inclusão de controles internos em nível de atividade no processo já existente.
Proposta de encaminhamento:
254. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares: realizar levantamento de mercado junto a diferentes
fontes possíveis, efetuando levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a
sítios na internet (e.g. portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas
(e.g. comparativos de soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores,
a fim de avaliar as diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a
contratação (Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c).
255. Determinar à Fiocruz que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea c, antes da
eventual prorrogação do contrato 36/2014-Dirac, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a
substituí-lo, inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de
soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver
o problema do transporte de pessoas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado.
3.18 Deficiências na estimativa de quantidades de materiais
Situação encontrada:
256. A prestação de serviços de limpeza na Fiocruz está amparada no contrato 92/2010-Dirac.
Nele, não há previsão de fornecimento, pela contratada, de materiais de limpeza (vide projeto básico
do edital de pregão eletrônico 72/2010-Dirac, peça 19, p. 13).
257. A aquisição dos materiais utilizados na prestação dos serviços de limpeza se dá por meio de
pregões eletrônicos específicos. Nesse sentido, durante o exercício de 2013, foram realizados os
pregões eletrônicos 14/2014, 69/2013, 37/2013, 44/2013 e 41/2013, todos da Diretoria de
Administração do Campus (Dirac). Da análise dos respectivos processos, percebe-se que não foram
formalizados estudos técnicos para definir a quantidade estimada de material a ser utilizada na
prestação de serviços de limpeza e conservação.
258. Em resposta ao item ‘b’ do ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 3), a Fiocruz
alegou ter adotado como método ‘a estimativa média de consumo do ano anterior, levando ainda em
consideração um acréscimo de 10%, dado o crescimento de novas áreas físicas da Fiocruz’. Forçoso é
convir que essa metodologia para a estimativa de quantidades de materiais a serem adquiridos, além de
não estar documentada nos processos, mostra-se deficiente, pois não está amparada em estudos
técnicos que relacionem as áreas físicas da entidade e as produtividades esperadas para a execução dos
serviços de limpeza.
Causas do achado:
259. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado:
992

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

260. Aquisição a maior de materiais para a execução do contrato de limpeza (efeito potencial).
261. Inexecução dos serviços de limpeza pela subestimativa do material necessário (efeito
potencial).
Critérios:
262. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alínea f e 7º, § 4º.
Evidências:
263. Memorando 96/14-Dirac, item ‘b’ (peça 35, p. 1).
Conclusão da equipe:
264. A organização não formalizou estudo técnico preliminar para estimar da melhor forma
possível a quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação.
Proposta de encaminhamento:
265. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes:
1) inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
2) inclua o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato:
a) manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
3.19 Deficiências na definição dos postos de trabalho
Situação encontrada:
266. Não foi formalizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente
alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação. Nesse sentido, em resposta ao item ‘d’ do
ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 3), a organização informou (peça 35, p. 2), que ‘foram
empregados os índices de produtividade de mão de obra estabelecidos pelo Ministério do
Planejamento (administrativas, hospitalares, laboratoriais, etc.)’.
267. A definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza não está suportada por
documentação técnica completa e atualizada. Nessa linha, a organização informou (peça 35, p. 7): ‘no
que tange aos documentos que possam comprovar a atualização da metragem das edificações da
Fiocruz utilizadas para o serviço de limpeza, deve ser dito que não se tem esse instrumento para todos
os prédios da Fundação’. Acrescenta, ainda, a Fiocruz: ‘nesse sentido nosso Departamento de
Arquitetura e Engenharia está desenvolvendo um trabalho para fazer a conferência e atualização das
metragens das edificações da Fiocruz, através de planilhas ou sistemas de forma que a instituição tenha
seus dados atualizados, e principalmente que essas informações possam orientar de forma fidedigna
novas contratações’ (peça 35, p. 7).
268. No tocante ao contrato de vigilância armada e desarmada, não há estudo técnico para
justificar a localização, quantidade e tipo (escala e turno) de postos de vigilância. Instada, por meio do
item ‘a’ do ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 5), a apresentar tal estudo, a Fiocruz
encaminhou somente as alegações expostas na peça 37, p. 2-3, que não são capazes de esclarecer o
método utilizado para definir a localização, quantidade e tipo de postos de vigilância presentes no
contrato.
Causas do achado:
269. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
3.19.3 - Efeitos/Consequências do achado:
270. Contratação de mais postos de trabalho do que o necessário (efeito potencial).
Critérios:
271. Lei 8.666/93, arts. 6º, inciso IX, alíneas ‘c’ e ‘f’, e art. 7º, § 4º.
272. Decreto 2.271/97, art. 2º, inciso II.
993

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

273. IN SLTI/MP 02/2008, art. 43, parágrafo único, e art. 49, inciso I.
Evidências:
274. Memorando 96/14-Dirac, itens ‘d’ e ‘e’ (peça 35, p. 2).
275. Memorando 98/14-Dirac (peça 35, p. 7).
276. Projeto básico do edital de pregão eletrônico 72/2010-Dirac (peça 19, p. 25-26).
277. Memorando 84/14-Dirac (peça 37, p. 2-3).
278. Projeto básico do edital de pregão eletrônico 24/2009-Dirac (peça 40, p.40-42 e 269).
Conclusão da equipe:
279. A instituição não formalizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação.
280. A definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza não está suportada por
documentação técnica completa e atualizada.
281. Não há estudo técnico para justificar a localização, quantidade e tipo (escala, turno) de
postos de vigilância.

Proposta de encaminhamento:
282. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
283. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão contratual:
a) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
284. Determinar à Fiocruz que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alíneas ‘c’ e ‘f’, e
art. 7º, § 4º, antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituir o contrato 92/2010-
Dirac inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, de acordo com o previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único;
b) a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em plantas
atualizadas das áreas das unidades.
285. Determinar à Fiocruz que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alíneas ‘c’ e ‘f’, e
art. 7º, § 4º, antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituir o contrato 51/2009-
Dirac inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) a definição da localização, quantidade e tipo (escala e turno) de todos os postos de trabalho de
vigilância, de acordo com o previsto na IN-SLTI 02/2008, art. 49, inciso I;
3.20 Deficiências na estimativa de preços
Situação encontrada:
286. A estimativa de preços da contratação de serviços de limpeza (pregão eletrônico 72/2010-
Dirac) foi elaborada com base em consulta realizada a três empresas (Nova Rio Serviços Gerais Ltda. -
que acabou por ser contratada-, Excelence RH Serviços Ltda. e CNS Nacional de Serviços Ltda.). Não
foram pesquisados, além dos fornecedores, o portal de compras governamentais, sites especializados
ou outros entes públicos.
287. Na contratação de serviços de vigilância (pregão eletrônico 24/2010-Dirac), a estimativa de
preços se deu mediante solicitação de orçamento a cinco empresas (Transegur Vigilância e Segurança,
Juiz de Fora Empresa de Vigilância, Tiger Segurança, Confederal Rio Vigilância Ltda. e Fenixx
994

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Vigilância e Segurança Profissional Ltda.). Não foram pesquisados, além dos fornecedores, o portal de
compras governamentais, sites especializados ou outros entes públicos.
288. Como vemos, tanto no pregão eletrônico 72/2010-Dirac quanto no pregão eletrônico
24/2010-Dirac a sistemática utilizada para a elaboração da estimativa de preço foi, tão somente, a
consulta a empresas do ramo. Essa sistemática mostra-se deficiente, mormente considerando os
serviços que estavam sendo licitados (prestação de serviços de limpeza e prestação de serviços de
vigilância). Em tais contratações, caberia à entidade elaborar as suas próprias planilhas de custos e
formação de preços, considerando todos os itens que compõem os custos das contratações: materiais,
insumos e mão de obra.
Causas do achado:
289. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado:
290. Utilização de parâmetro inadequado para análise da aceitabilidade dos preços (efeito real).
291. Dificuldade de justificar as estimativas quando questionado por partes interessadas (efeito
potencial).
Critérios:
292. Lei 8.666/93, art. 6º, inciso IX, alínea f.
293. Acórdão 4.695/2012-TCU-Plenário, item 9.2.6.3.
Evidências:
294. Memorando 131/2010-DSG (peça 19, p. 7).
295. Planilha de pesquisa de preços relativa ao pregão eletrônico 24/2010-Dirac (peça 40, p. 1-
29).
296. Planilhas de custos e formação de preços relativas ao pregão eletrônico 24/2010-Dirac (peça
41, p. 13-15).
297. Resposta ao item ‘b’ do ofício de requisição 10-576/2014 (peça 37, p.3).
Conclusão da equipe:
298. A organização realizou pesquisas de preços inadequadas para contratação de serviços de
limpeza e de vigilância armada e desarmada.
Proposta de encaminhamento:
299. Determinar à Fiocruz que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea f, nas
contratações com vistas a substituir os contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac, inclua, nos estudos
técnicos preliminares das contratações, a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que
expressem a composição de todos os custos unitários.
300. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, utilizando as
diretrizes contidas na IN SLTI 5/2014;
b) incluir no método acima a elaboração de planilhas de custos e de formação de preços que
expressem a composição de todos os custos unitários;
c) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.
3.21 Deficiências na justificativa para o parcelamento ou não da solução
Situação encontrada:
301. Na contratação de serviços de limpeza e conservação (pregão eletrônico 72/2010-Dirac),
mesmo diante da diversidade de tipos de áreas (administrativa, hospitalar, laboratorial, externa, etc.),
dos serviços serem prestados em diferentes localidades (inclusive fora da cidade do Rio de Janeiro) e
do elevado número de postos de trabalho, não consta dos autos do processo de contratação uma
avaliação quanto a um possível parcelamento da aquisição dos serviços.
995

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302. Por meio do item ‘h’ do ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 3), foi solicitada à
Fiocruz justificativa para o não parcelamento do objeto do mencionado pregão eletrônico. Em resposta
(peça 35, p. 2), a entidade alegou que o parcelamento da contratação seria ‘uma ação antieconômica’,
tendo em vista o aumento de fiscais, de contratos e seus respectivos custos, ‘perdendo-se em economia
de escala’. Essa argumentação, contudo, não se encontra fundamentada em qualquer estudo prévio,
que demonstre a economicidade da contratação nos moldes atuais. Além disso, tais informações não
constam dos autos da contratação.
303. Do mesmo modo, quanto aos serviços de vigilância (pregão eletrônico 24/2009-Dirac), não
há justificativa técnica formalizada nos autos para a organização não parcelar a contratação. Por
intermédio do item ‘d’ do ofício de requisição 10-576/2014 (peça 39, p. 5), foi solicitada à Fiocruz
justificativa para o fato. Em resposta, a entidade informou (peça 37, p. 3) que optou pelo não
parcelamento, sem tecer maiores considerações a respeito.
304. Cada uma dessas contratações foi realizada sem que a Fiocruz considerasse a possibilidade
de parcelar os objetos por área geográfica, por exemplo, ou um outro critério de parcelamento.
Causas do achado:
305. Ausência de estratégia de contratação.
306. Deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
307. Falta de cultura da organização em analisar possibilidade de parcelamento de um único
serviço.
Efeitos/Consequências do achado:
308. Diminuição da competitividade das licitações (risco potencial).
309. Dependência de uma única contratada para prestar serviços em todas as localizações (efeito
real).
Critérios:
310. Lei 8.666/93, art. 23, § 1º.
311. Lei 9.784/99, art. 2, inciso VII.
Evidências:
312. Memorando 96/14-Dirac, item ‘h’ (peça 35, p. 2).
313. Memorando 84/14-Dirac (peça 37, p. 3).
Conclusão da equipe:
314. A organização não justificou nos autos o não parcelamento das contratações de serviços de
limpeza e de vigilância armada e desarmada.
Proposta de encaminhamento:
315. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atendando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem
positivas: 1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução?
3) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução?
3.22 Deficiências nos requisitos de qualidade
Situação encontrada:
316. Da análise das contratações decorrentes dos termos de referência contidos nos editais de
pregão eletrônico 72/2010-Dirac (peça 19, p. 23) e 24/2009-Dirac (peça 40, p. 51-70), verificou-se que
não foram estabelecidos critérios objetivos para avaliar a qualidade dos serviços prestados pelas
contratadas.
317. Tal situação impossibilita à organização vincular a remuneração dos contratos ao alcance de
resultados pelas contratadas, bem como verificar objetivamente se os serviços estão sendo prestados
996

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adequadamente, caracterizando a contratação como fornecimento de mão de obra (prática condenada


pelo Decreto 2.271/1997, art. 4º, inciso II).
Causas do achado:
318. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado:
319. Pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a bens ou serviços
entregues (efeito real).
320. Impossibilidade de cobrar da contratada o alcance de níveis mínimos de qualidade (efeito
real).
Critérios:
321. Decreto 2.271/1997, art. 3º, § 1º.
322. Lei 10.520/2002, art. 3º, inciso II.
323. IN SLTI 02/2008, art. 11.
Evidências:
324. Memorando 96/14-Dirac, itens ‘j’ e ‘k’ (peça 35, p. 2-3).
325. Projeto básico do edital de pregão eletrônico 72/2010-Dirac (peça 19, p. 23).
326. Memorando 84/14-Dirac (peça 37, p. 3).
327. Projeto básico do edital de pregão eletrônico 24/2009-Dirac (peça 40, p. 51-70).
Conclusão da equipe:
328. A organização não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e de vigilância. A título de exemplo, citem-se as especificações de qualidade para serviços de
conservação e limpeza contidas nas contratações decorrentes do pregão eletrônico 13000239 -
DR/SPM, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT (peça 46), e do pregão eletrônico
23/2014, da São Paulo Previdência (peça 44). Para os serviços de vigilância, tomem-se como exemplo
as especificações de qualidade contidas na contratação decorrente do pregão eletrônico 152/2012, do
Conjunto Hospitalar de Sorocaba (peça 45).
Proposta de encaminhamento:
329. Determinar à Fiocruz que, em atenção à Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da
eficiência), c/c a Lei 10.520/2002, art. 3º, inciso II, o Decreto 2.271/1997, art. 3º, § 1º, e a IN SLTI
02/2008, art. 11, nas contratações com vistas a substituir os contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac,
inclua, nos termos de referência dos editais, requisitos para aferição da qualidade dos serviços
prestados e vincule os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada.
330. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) incluir, no levantamento dos requisitos da contratação, requisitos para aferição da qualidade
dos serviços prestados, vinculando os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade
contratada.
3.23 Deficiências nas cláusulas de penalidades
Situação encontrada:
331. As sanções administrativas contidas na cláusula décima terceira do contrato 92/2010-Dirac
e na cláusula décima terceira do contrato 51/2009-Dirac não estão vinculadas às obrigações da
contratada quanto ao cumprimento dos critérios de qualidade. Tampouco há definição do processo de
aferição da desconformidade, isto é, como constatar as situações de inconformidade.
Causas do achado:
332. Deficiências no processo de planejamento da contratação.
Efeitos/Consequências do achado:
333. Impossibilidade de aplicar penas à contratada por descumprimento de obrigações previstas
no contrato (efeito real).
Critérios:
997

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334. Princípios da prudência, proporcionalidade e razoabilidade.


335. Acórdão 2.832/2012-TCU-Plenário, item 9.4.
Evidências:
336. Cláusula décima terceira do Contrato 92/2010-Dirac (peça 15, p. 75-76).
337. Cláusula décima terceira do Contrato 51/2009-Dirac (peça 41, p. 5-6).
Conclusão da equipe:
338. A organização não definiu cláusulas de penalidade que contemplem todas as obrigações
previstas para a prestação dos serviços de limpeza e de vigilância.
Proposta de encaminhamento:
339. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
1) prever, no modelo de gestão do contrato, cláusulas de penalidades observando as seguintes
diretrizes:
a) atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
b) definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
c) definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
d) definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
e) definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
f) definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
3.24 Ausência de avaliação das alternativas de fiscalização administrativa
Situação encontrada:
340. A organização utiliza-se da conta vinculada para depósito de provisões de encargos
trabalhistas, previdenciários e outros sem considerar a relação custo/benefício da operacionalização
desse mecanismo de controle.
341. Registre-se que, por meio do Acórdão 4.720/2009-TCU-2ª Câmara (item 9.1. e item 4 do
voto), o TCU condenou a utilização de prática análoga, acolhendo posição do Banco do Brasil em sede
de recurso (o banco argumentou, e o TCU acolheu o argumento de que esse tipo de controle teria
custo-benefício desfavorável à administração).
342. A título ilustrativo, citam-se a seguir algumas alternativas para a fiscalização administrativa,
aqui considerada a fiscalização do cumprimento, pela contratada, das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS:
a) utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada somente por servidor público;
b) utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada por servidor público com empresa
supervisora contratada para apoio à fiscalização;
c) não utilização de conta vinculada, e implementação de outros controles compensatórios (e.g.,
os diversos previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário), e fiscalização realizada somente por
servidor público;
d) idem acima, mas com utilização de empresa supervisora apoiando a fiscalização.
Causas do achado:
343. Orientação da AGU para utilização da conta vinculada.
Efeitos/Consequências do achado:
344. Utilização de controle (conta vinculada) com relação custo/benefício desfavorável (efeito
potencial).
345. Fiscal do contrato pretere a fiscalização da execução do objeto em detrimento da
fiscalização das obrigações acessórias (efeito real).
Critérios:
998

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346. Princípio da eficiência.


347. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7 e 9.1.9.
Evidências:
348. Contrato 92/2010-Dirac, cláusula terceira, subcláusula primeira (peça 15, p. 67-68).
Conclusão da equipe:
349. A organização não realizou estudo para avaliar outras alternativas de fiscalização
administrativa do contrato de limpeza.

Proposta de encaminhamento:
350. Recomendar à Fiocruz que, em atenção ao Decreto-lei 200/1967, art. 14, na contratação
com vistas a substituir o contrato 92/2010-Dirac, inclua, nos estudos técnicos preliminares da
contratação, a avaliação do custo/benefício do modelo de fiscalização administrativa que será
utilizado, considerando, além da conta vinculada, outras possibilidades como a aplicação dos controles
previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles mais rígidos na seleção do
fornecedor - e.g., itens 9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais eficientes na fiscalização - e.g.,
itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9).
3.25 Ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
Situação encontrada:
351. Por meio do item ‘n’ do ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 3) e do item ‘f’ do
ofício de requisição 10-576/2014 (peça 39, p. 5), foi solicitado à Fiocruz que apresentasse estudos
prévios realizados para definir os critérios de habilitação econômico-financeira previstos nos pregões
eletrônicos 72/2010-Dirac e 24/2009-Dirac. Em resposta, a entidade informou (peça 35, p. 4, e peça
37, p. 3) que tais estudos não foram realizados.
352. A falta de um estudo próprio pode levar à contratação de empresas que não possuem
capacidade financeira para cumprir as obrigações contratuais, em caso de estabelecimento de critérios
pouco rígidos ou, em caso de definição de critérios rigorosos, à restrição da competitividade da
licitação.
Causas do achado:
353. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado:
354. Contratação de empresa sem capacidade financeira para executar o contrato (efeito
potencial);
355. Restrição da competitividade da licitação (efeito potencial).
Critérios:
356. Princípio da eficiência.
357. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.10.2 e 9.1.10.3.
Evidências:
358. Memorando 96/14-Dirac, item ‘n’ (peça 35, p. 4).
359. Memorando 84/14-Dirac (peça 37, p. 3).
Conclusão da equipe:
360. A organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento:
361. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não.
3.26 Deficiência nos critérios de aceitabilidade de preços
999

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Situação encontrada:
362. Nos editais dos pregões eletrônicos 72/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e
24/2009-Dirac (prestação de serviços de vigilância) não foram fixados os preços máximos unitários
(postos de trabalho) admitidos para a contratação.
3.26.2 - Causas do achado:
363. Deficiências na estimativa de preços.

Efeitos/Consequências do achado:
364. Sobrepreço do valor total do contrato (efeito potencial).
365. Ocorrência de jogo de planilha (efeito potencial).
Critérios:
366. Lei 8.666/93, arts. 40, inciso X, e 48, inciso II.
Evidências:
367. Projeto básico do edital de pregão eletrônico 72/2010-Dirac (peça 19, p. 11-41).
368. Memorando 131/2010-DSG (peça 19, p. 7).
369. Planilhas de custos e formação de preços relativas ao pregão eletrônico 72/2010-Dirac (peça
13, p. 59-91; peça 14 e peça 15, p. 1-55).
370. Projeto básico do edital de pregão eletrônico 24/2009-Dirac (peça 40, p. 34-266).
371. Planilha de pesquisa de preços relativa ao pregão eletrônico 24/2010-Dirac (peça 40, p. 29).
372. Planilhas de custos e formação de preços relativas ao pregão eletrônico 24/2010-Dirac (peça
41, p. 13-15).
Conclusão da equipe:
373. A organização não fixou preços máximos unitários (postos de trabalho) admitidos para as
contratações relativas aos pregões eletrônicos 72/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e
24/2009-Dirac (prestação de serviços de vigilância).
Proposta de encaminhamento:
374. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para os postos de trabalho e para os materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas.
3.27 Parcelas indevidas na planilha de custos e formação de preços (PCFP)
Situação encontrada:
375. No Contrato 92/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza), verificou-se a inclusão das
seguintes rubricas na respectiva planilha de custos e formação de preços:
a) percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível com aquele
constante da GFIP;
b) reserva técnica.
Causas do achado:
376. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação, associado à inexistência de
lista de verificação para atuação do pregoeiro na fase de seleção do fornecedor.
Efeitos/Consequências do achado:
377. Pagamentos a maior nos contratos (efeito real).
3.27.4 - Critérios:
378. Lei 8.212/1991, art. 22, inciso II.
379. Acórdão 3.166/2011-TCU-Segunda Câmara, item 1.6.3.
Evidências:
380. Planilhas de custos e formação de preços relativas ao contrato 92/2010-Dirac (peça 13, p.
59-91; peça 14 e peça 15, p. 1-55).
1000

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

381. Memorando 96/14-Dirac, item ‘p’ (peça 35, p. 5).


382. Ofício 235/2014 - Dirac (peça 36, p. 1).
383. Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social - GFIP (peça 35, p. 88).

Conclusão da equipe:
384. As parcelas indevidas presentes na planilha de custos e formação de preços do contrato
92/2010-Dirac (inclusão do percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível
com aquele constante da GFIP; e inclusão de reserva técnica) geraram pagamentos a maior à
contratada por parte da Fiocruz. Alertada por esta equipe de fiscalização quanto à ilegalidade dos
pagamentos, a Fiocruz informou, por meio do ofício 235/2014 - Dirac (peça 36, p. 1), que irá adotar
medidas visando à exclusão das parcelas indevidas das planilhas de custos e formação de preços, bem
como à devolução, pela contratada, dos valores pagos indevidamente. Assim, considerando que a
Fiocruz admitiu a ocorrência das irregularidades, a proposta da equipe é no sentido de determinar à
unidade que efetive as ações pertinentes no sentido de corrigir as planilhas e recompor o erário.
Proposta de encaminhamento:
385. Determinar à Fiocruz que, em atenção ao princípio da legalidade (CF, art. 37, caput), adote
as medidas necessárias à exclusão das parcelas a seguir da planilha de custos e formação de preços do
contrato 92/2010-Dirac, por serem indevidas:
a) reserva técnica, conforme jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdão 3.166/2011-2ª Câmara),
uma vez que não se vislumbra justificativa para sua inclusão nos contratos de limpeza e conservação;
b) percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível com aquele
constante da GFIP, em desacordo com a Lei 8.212/1991, art. 22, inciso II.
386. Determinar à Fiocruz, com fulcro na Constituição Federal, art. 71, IX, que, em atenção ao
princípio da legalidade (CF, art. 37, caput), adote, no prazo de 90 dias, as medidas necessárias à
recuperação dos valores pagos em decorrência das parcelas indevidamente contidas na planilha de
custos e formação de preços do contrato 92/2010-Dirac.
3.28 Deficiências na definição de penalidades para fase de julgamento da licitação
Situação encontrada:
387. Nos pregões eletrônicos 72/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e 24/2009-Dirac
(prestação de serviços de vigilância), a organização definiu de forma genérica as situações tipificadas
no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a
serem aplicadas.
388. Os editais de limpeza e vigilância analisados não trazem de forma clara a relação entre os
comportamentos inadequados das licitantes durante o pregão e as penalidades estabelecidas, o que
prejudica a aplicação das penas e a inibição dessas ações de empresas aventureiras que retardam a
conclusão dos procedimentos licitatórios.
Causas do achado:
389. Falta de cultura da Administração Pública para apenar empresas nessa fase da licitação.
Efeitos/Consequências do achado:
390. Empresas aventureiras participam da licitação, com atraso indevido na finalização do
procedimento e suas consequências (efeito potencial).
Critérios:
391. Lei 10.520/2002, art. 7º.
392. Princípios da proporcionalidade e prudência.
Evidências:
393. Edital do pregão eletrônico 72/2010-Dirac, item 15 (peça 13, p. 17-18).
394. Edital do pregão eletrônico 24/2010-Dirac, item 16 (peça 40, p. 282-283).
Conclusão da equipe:
1001

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

395. A organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei


10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas.
Proposta de encaminhamento:
396. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência.
3.29 Ausência de designação formal dos atores da fiscalização
Situação encontrada:
397. Por meio do item ‘q’ do ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 4) e do item ‘g’ do
ofício de requisição 10-576/2014 (peça 39, p. 5), foi solicitado à Fiocruz que apresentasse documentos
de designação formal dos prepostos da contratada e do substituto dos fiscais dos contratos 92/2010-
Dirac (prestação de serviços de limpeza) e 51/2009-Dirac (prestação de serviços de vigilância). Em
resposta, a unidade apresentou os documentos presentes na peça 35, p. 5, e peça 37, p. 4. Neles, não
constam as portarias de designação dos substitutos eventuais para as atividades de gestão, fiscalização
e acompanhamento dos contratos, tampouco as designações formais de prepostos por parte das
contratadas.
Causas do achado:
398. Deficiência no processo de gestão do contrato.
Efeitos/Consequências do achado:
399. Dificuldade ou impossibilidade de responsabilizar as partes do contrato e responsabilização
dos agentes públicos que atuaram sem delegação (efeito real).
Critérios:
400. Lei 8.666/93, arts. 67 e 68.
Evidências:
401. Memorando 96/14-Dirac, item ‘q’ (peça 35, p. 5).
402. Memorando 84/14-Dirac, item ‘g’ (peça 37, p. 4).
Conclusão da equipe:
403. Não foram nomeados substitutos eventuais para as atividades de gestão, fiscalização e
acompanhamento dos contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac.
404. Não houve designação formal de prepostos pelas contratadas.
Proposta de encaminhamento:
405. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
a) designar formalmente todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na gestão e
fiscalização dos contratos;
b) exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável
por representar à contratada durante execução contratual.
3.30 Fiscalização administrativa executada sem avaliação de riscos
Situação encontrada:
406. Por meio do item ‘i’ do ofício de requisição 05-576/2014 (peça 39, p. 5), foi solicitado à
Fiocruz que apresentasse o mecanismo utilizado pela fiscalização (conferência exaustiva, ou por
amostragem dos documentos) para que comprove o cumprimento pela contratada das obrigações
trabalhistas e previdenciárias relativas ao contrato 92/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza). O
mesmo questionamento foi feito com relação ao contrato 51/2009-Dirac, relativo à prestação de
serviços de vigilância (vide item ‘i’ do ofício de requisição 10-576/2014, exposto na peça 39, p. 5).
1002

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

407. Em resposta, a Fiocruz informou, quanto ao contrato 92/2010-Dirac (peça 35, p. 6):
Os meios utilizados pela fiscalização consistem em: Cópia da Guia de Recolhimento do FGTS e
informações à previdência social GFIP, devidamente quitada, relativa ao mês da última competência
vencida, constando a relação nominal dos empregados utilizados no contrato, salário contribuição além
do CNPJ do contratante, A conferência é realizada pela sua totalidade (...).
408. No que se refere ao contrato 51/2009-Dirac, a entidade alegou (peça 37, p. 4):
Os meios utilizados pela fiscalização consistem em: Cópia da Guia de Recolhimento do FGTS e
informações à previdência social (GFIP), devidamente quitada e relativa ao mês da última competência
vencida, constando a Relação Nominal dos Colaboradores Terceirizados, Salário, Contribuições, além
do CNPJ da contratante. Exemplificamos com um conjunto de documentos apresentados pela
contratada da competência de agosto/2014 em anexo. A conferência é realizada pela sua totalidade
através desta Fiscalização, auxiliada por colaboradora explicitada na Portaria 068/2012-Dirac, de 15 de
maio de 2012, conforme cópia, também anexa.
409. Como vemos, a entidade indica que a fiscalização é realizada de maneira exaustiva, e não
por amostragem dos documentos. Pelo informado, não houve avaliação de riscos por parte da Fiocruz
para escolher a extensão das conferências.
Causas do achado:
410. Ausência de cultura de gestão de riscos.
Efeitos/Consequências do achado:
411. Prejuízo à fiscalização das obrigações principais da contratada (efeito potencial).
412. Relação custo/benefício da fiscalização desfavorável (efeito real).
Critérios:
413. Decreto-lei 200/1963, art. 14.
414. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.5, 9.1.6 e 9.1.9.
Evidências:
415. Memorando 96/14-Dirac, item ‘v’ (peça 35, p. 6).
416. Memorando 84/14-Dirac, item ‘i’ (peça 37, p. 4).
Conclusão da equipe:
417. A organização não adotou procedimentos de avaliação de riscos para escolher a extensão
das conferências na fiscalização administrativa relativa aos contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac.
Proposta de encaminhamento:
418. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de
gestão do contrato:
a) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
a.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
a.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
b) documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período.
3.31 Falhas na repactuação

Situação encontrada:
1003

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

419. Nos contratos 92/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e 51/2009-Dirac (prestação


de serviços de vigilância), verificou-se que a provisão para aviso prévio trabalhado não foi retirada
após o primeiro ano de vigência dos contratos.
Causas do achado:
420. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação, associado à deficiência da
lista de verificação para atuação do fiscal na fase de gestão do contrato.
Efeitos/Consequências do achado:
421. Pagamentos a maior nos contratos (efeito real).
Critérios:
422. Lei 8.666/93, art. 65, inciso II, d.
423. IN SLTI 02/2008, art. 19, inciso XVII.
424. IN SLTI 02/2008, art. 30-A, § 4º.
425. Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário, item 9.2.2.
Evidências:
426. Planilha de custos e formação de preços relativas ao contrato 92/2010-Dirac (peça 13, p. 59-
91; peça 14 e peça 15, p. 1-55).
427. Planilha de custos e formação de preços relativas ao contrato 51/2009-Dirac (peça 41, p.
13).
428. Planilha de custos e formação de preços relativas à renovação do contrato 92/2010-Dirac
(peça 16, p. 8-292; peça 17, p. 1-145).
429. Memorando 96/14-Dirac, item ‘w’ (peça 35, p. 6).
430. Memorando 84/14-Dirac, item ‘j’ (peça 37, p. 4).
431. Ofício 235/2014-Dirac (peça 36, p. 1).
Conclusão da equipe:
432. A manutenção, nas renovações dos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac, da rubrica
‘provisão para aviso prévio trabalhado’, presente nas respectivas planilhas de custos e formação de
preços, gerou pagamentos a maior por parte da Fiocruz. Alertada por esta equipe de fiscalização
quanto à ilegalidade dos pagamentos, a Fiocruz informou, por meio do ofício 235/2014 - Dirac (peça
36, p. 1) e do memorando 84/14-Dirac (item ‘j’, peça 37, p. 4), que irá adotar medidas visando à
exclusão das parcelas indevidas das planilhas de custos e formação de preços, bem como à devolução,
pela contratada, dos valores pagos indevidamente. Assim, considerando que a Fiocruz admitiu a
ocorrência das irregularidades, a proposta da equipe é no sentido de determinar à unidade que efetive
as ações pertinentes no sentido de corrigir as planilhas e recompor o erário.
433. Convém notar, outrossim, que a manutenção da rubrica ‘provisão para aviso prévio
trabalhado’ na planilha de custos e formação de preços após o primeiro ano de vigência contratual
indica que não são utilizadas pela entidade informações gerenciais da execução do contrato para
propor redução de valores nas provisões (ex: propostas com planilha de custos e formação de preços
com erros, auxílio maternidade sem mulheres, etc.).
Proposta de encaminhamento:
434. Determinar à Fiocruz, com fulcro na Constituição Federal, art. 71, IX:
1) adote as medidas necessárias para corrigir o seguinte item nas planilhas de custos e formação
de preços dos contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac:
a) exclusão da parcela ‘provisão para aviso prévio trabalhado’, conforme o disposto na IN SLTI
02/2008 (art. 19, inciso XVII, e art. 30-A, § 4º) e na Jurisprudência desta Corte (Acórdão 3006/2010-
TCU-Plenário, item 9.2.2);
2) adote, no prazo de 90 dias, as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos
indevidamente em decorrência dos ajustes acima.
435. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de
gestão do contrato:
1004

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) quando da realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para


negociar valores mais justos para a Administração.
3.32 Deficiências nos controles compensatórios da seleção do fornecedor
Situação encontrada:
436. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
planejamento da contratação. Um dos controles compensatórios possíveis para esta etapa é previsto na
legislação, e consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica antes da fase de seleção do
fornecedor (fase externa da licitação).
437. O item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização definiu suas próprias listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem
ser executados durante a fase de julgamento das licitações, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
438. Em sua resposta (peça 6, p. 10), a Fiocruz asseverou ter elaborado tais listas. Ao ser instada,
por meio do item ‘r’ do ofício de requisição 02-576/2014, a apresentá-las, a unidade argumentou (peça
32, p. 4) que ‘não é necessário realizar listas padronizadas já que o procedimento de julgamento é
padronizado no edital e na operacionalização da licitação pelo sistema Comprasnet’.
439. Como vemos, a organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação do
pregoeiro ou da comissão de licitação durante a fase de seleção do fornecedor. Dessa forma, não há
sistematização sobre o que deve ser verificado, por exemplo, nas planilhas de custos e formação de
preços das licitantes, com vistas a evitar futuros pagamentos indevidos nos contratos a serem firmados.
Causas do achado:
440. Ausência de padrão elaborado pelo OGS respectivo.
441. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação do
pregoeiro.
Efeitos/Consequências do achado:
442. Impugnação de licitação pela não realização de procedimento essencial. (efeito potencial)
443. Declaração de nulidade de contrato pela realização irregular da licitação. (efeito potencial)
444. Não verificação acerca da legalidade de algum item da planilha de custos e formação de
preços (efeito potencial).
Critérios:
445. Lei 8.666/1993, art. 115.
Evidências:
446. Resposta ao item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
6, p. 10).
447. Resposta ao item ‘r’ do ofício de requisição 02-576/2014 (peça 32, p. 4).
Conclusão da equipe:
448. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da
comissão de licitação durante a fase de seleção do fornecedor.

Proposta de encaminhamento:
449. Recomendar à organização que estabeleça modelos de listas de verificação para atuação do
pregoeiro ou da comissão de licitação durante a fase de seleção do fornecedor.
3.33 Deficiências nos controles compensatórios dos recebimentos provisório e definitivo
Situação encontrada:
450. Os contratos de prestação de serviços de limpeza (contrato 92/2010-Dirac) e de vigilância
(contrato 51/2009-Dirac) preveem que, executado o contrato, o seu objeto será recebido (vide cláusula
décima quinta, em ambos os contratos):
1005

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) provisoriamente, nos termos do art. 73, inciso I, alínea ‘a’, da Lei 8.666/93;
b) definitivamente, nos termos do art. 73, inciso I, alínea ‘b’, da Lei 8.666/93;
451. Contudo, da análise dos respectivos processos de pagamento, verifica-se que em nenhum
consta termo circunstanciado de recebimento provisório produzido pelo fiscal do contrato, atestando a
realização do serviço. Tampouco consta termo circunstanciado de recebimento definitivo produzido
por pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, atestando a regularidade administrativa da
contratada. Consta somente desses processos de pagamento o atesto em notas fiscais (carimbo)
certificando que os serviços foram prestados.
452. Isso se deve ao fato de a Fiocruz não haver incluído, no seu modelo de gestão do contrato,
listas de verificação para os aceites provisório e definitivo, de modo que os atores da fiscalização
tivessem um referencial claro para atuar na fase de gestão do contrato.
453. Nessa esteira, cabe ressaltar que, em resposta ao F.8.18 do Questionário Perfil Governança
das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 6, p. 12), a Fiocruz admitiu que o seu modelo de gestão do contrato
não contém listas de verificação formalizadas para os recebimentos provisório e definitivo, sendo que
tais controles internos são feitos ‘ad hoc’.
Causas do achado:
454. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
455. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para a atuação dos
fiscais nos recebimentos provisório e definitivo.
Efeitos/Consequências do achado:
456. Ateste de serviços prestados em desconformidade com o previsto no contrato (efeito
potencial).
457. Não verificação de itens que deveriam ser verificados pelo fiscal (efeito potencial).
Critérios:
458. Lei 8.666/93, art. 115.
Evidências:
459. Resposta da Fiocruz ao item F.8.18 do Questionário Perfil Governança das Aquisições -
Ciclo 2013 (peça 6, p. 12).
460. Cláusula décima quinta do contrato 92/2010-Dirac (peça 15, p. 76).
461. Cláusula décima quinta do contrato 51/2009-Dirac (peça 41, p. 6).
462. Processos de pagamento relativos ao contrato 92/2010-Dirac (peças 28, 29 e 30).
463. Processos de pagamento relativos ao contrato 51/2009-Dirac (peças 42 e 43).
Conclusão da equipe:
464. A Fiocruz não elaborou listas de verificação para os recebimentos provisório e definitivo.
Proposta de encaminhamento:
465. Recomendar à Fiocruz que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, inclua os seguintes controles internos na etapa de
planejamento da contratação:
a) incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites provisório e
definitivo, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para sua atuação.

4. COMENTÁRIOS DO GESTOR
466. Com vistas a proporcionar a manifestação dos gestores acerca das constatações apuradas
durante a realização da auditoria, bem como sobre as medidas propostas, foi encaminhada, em
16/12/2014, versão preliminar do presente relatório à Fiocruz (vide peça 49), como previsto nos
parágrafos 145 e 146 das Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela
Portaria - TCU 280/2010, de 8/12/2010. A data limite fixada para o envio dos comentários foi de
23/1/2015, prazo que se mostra razoável, mormente considerando que os achados já haviam sido
apresentados pela equipe à unidade por ocasião da reunião de encerramento dos trabalhos de
fiscalização. Contudo, a Fiocruz absteve-se de encaminhar tais comentários, mesmo tendo sido feitas
1006

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pela equipe, após o término do prazo estipulado, diversas ligações telefônicas buscando estimular o
posicionamento do gestor quanto ao relatório preliminar (vide peça 50).
5. CONCLUSÃO
467. A presente fiscalização constituiu uma das 19 auditorias previstas para a Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, e teve como objetivo avaliar se
as práticas de governança e gestão das aquisições na Fiocruz estão aderentes às boas práticas e de
acordo com a legislação pertinente. Este trabalho pode ser considerado a sequência do trabalho
realizado no TC-017.599/2014-8 (ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013), por meio do qual 376 organizações da administração pública federal
informaram sua situação, por meio de questionário eletrônico.
468. Para as doze questões de auditoria formuladas (vide parágrafo 18 deste relatório), foram
registrados 33 achados de auditoria, dos quais destacamos os resumidos a seguir.
469. Constatou-se que a organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de
aquisições por meio de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao
desempenho das atividades, o que aumenta o risco de seleção de pessoas não qualificadas para exercer
tarefas críticas, tais como pregoeiro, membro de comissão de licitação, gestor e fiscal de contratos
(item 3.1).
470. Outro aspecto relevante constatado foi que a Fiocruz não estabeleceu objetivos, indicadores
e metas para a função de aquisições, tampouco mecanismos de controle do alcance das metas, o que
impede a alta administração de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional
adequado (item 3.4).
471. Também não foram estabelecidas as diretrizes para área de aquisições, no que tange
especificamente a: estratégia de terceirização, política de compras, política de estoques e política de
compras conjuntas, fato que pode acarretar a realização de contratações desalinhadas aos objetivos
estratégicos da organização (item 3.5).
472. No tocante à gestão de riscos, a Fiocruz não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de
riscos das aquisições, não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e, portanto,
não realiza gestão de riscos das aquisições, o que acarreta um desconhecimento da organização acerca
dos riscos envolvidos nas suas contratações (item 3.8).
473. Quanto à função de auditoria interna, não há procedimentos formalizados para que a
unidade de auditoria interna utilize uma abordagem sistemática e disciplinada nas atividades de
auditoria interna, incluindo, para cada trabalho, as fases de planejamento, execução e comunicação dos
resultados. Observa-se, ainda, que a unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de
contratações específicos, como parte de sua rotina ou mesmo de forma esporádica. Essas atividades,
contudo, são de responsabilidade dos gestores, não devendo ser realizadas por auditores internos por
trazer-lhes perda de independência na atividade de auditoria. Além das deficiências mencionadas, a
unidade de auditoria interna não executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão de riscos
(item 3.9).
474. Em relação a accountability, a Fiocruz não definiu diretrizes para que a íntegra dos
processos de aquisições seja publicada na internet, não determina a publicação da decisão quanto à
regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo, nem a publicação da agenda de
compromissos públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas
aquisições. Tal situação prejudica a transparência e o controle social dos processos de aquisição da
organização (item 3.10).
475. Com relação ao processo de planejamento das aquisições, a Fiocruz não elaborou um plano
anual de aquisições formalmente aprovado pela alta administração (item 3.11).
476. Já no tocante à sustentabilidade, a Fiocruz não possui um Plano de Gestão de Logística
Sustentável (PLS), contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução
1007

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e mecanismos de monitoramento, o que permitiria à organização estabelecer práticas de


sustentabilidade e racionalização de gastos e processos (item 3.12).
477. Ademais, a Fiocruz não possui normativos internos que estabeleçam os processos de
trabalho relacionados à fase de seleção do fornecedor (item 3.15). Com relação ao estabelecimento e
adesão a padrões, a Fiocruz não definiu seus próprios padrões de especificações técnicas para
contratações que realiza frequentemente, não definiu suas próprias listas de verificação para padronizar
os procedimentos que devem ser executados durante a fase de julgamento das licitações e não definiu
seus próprios procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações (item 3.16).
478. No tocante à validação das respostas dadas ao questionário do levantamento do perfil de
governança das aquisições, verificou-se que houve divergência para 10 (dez) dos 51 (cinquenta e um)
itens avaliados nesse trabalho, ou seja, a organização informou que adota uma determinada prática,
mas a equipe de auditoria constatou que ela, na verdade, não adota.
479. Um exemplo é a questão E.3 do levantamento, o qual verifica se existe uma política de
capacitação para os servidores da área de aquisições. A Fiocruz informou que possui tal política,
porém, quando da fiscalização, a equipe de auditoria constatou que não há, no âmbito da organização,
uma política de capacitação implantada para os servidores da área de aquisições (item 3.14).
480. Na contratação dos serviços de transporte de pessoas, a Fiocruz não realizou, previamente à
solução por ele implementada (locação de veículos com motorista), um estudo técnico para identificar
os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem às suas necessidades o que pode
levar à adoção de uma solução que não apresenta a melhor relação custo/benefício para a organização
(item 3.17).
481. Quanto ao planejamento da aquisição de materiais de limpeza, não consta do respectivo
processo estudo técnico capaz de justificar a quantidade de material contida nas planilhas de custos
elaboradas pela Fiocruz para a estimativa de preço da contratação (item 3.18).
482. Por seu turno, no que pertine ao planejamento da contratação dos serviços de limpeza,
verificou-se que não havia um estudo técnico formalizado para definir a produtividade da mão de obra
contratada (item 3.19).
483. Já em relação ao planejamento da contratação dos serviços de vigilância, verificou-se que
não há estudo técnico formalizado para definição da quantidade e tipo dos postos de trabalho (item
3.19).
484. Verificou-se, tanto na contratação de serviços de limpeza quanto na contratação de serviços
de vigilância, que as respectivas estimativas de preços foram elaboradas pela Fiocruz com base,
somente, em consulta realizada a empresas do ramo. Essa sistemática mostra-se deficiente, mormente
considerando os serviços que estavam sendo licitados. Em tais contratações, caberia à entidade
elaborar as suas próprias planilhas de custos e formação de preços, considerando todos os itens que
compõem os custos das contratações: materiais, insumos e mão de obra (item 3.20).
485. Na contratação de serviços de limpeza, mesmo diante da diversidade de tipos de áreas
(administrativa, hospitalar, laboratorial, externa, etc.), dos serviços serem prestados em diferentes
localidades (inclusive fora da cidade do Rio de Janeiro) e do elevado número de postos de trabalho,
não foi realizada uma avaliação quanto a um possível parcelamento da aquisição dos serviços (item
3.21). Do mesmo modo, quanto aos serviços de vigilância, não há justificativa técnica formalizada nos
autos para a organização não parcelar a contratação (item 3.21).
486. Outra falha relevante observada na fase de planejamento das contratações de serviços de
limpeza e vigilância foi a ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços,
o que caracteriza o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados
(item 3.22).
487. Aliado a essa deficiência, verificou-se também que as cláusulas de penalidades definidas
para as contratações de limpeza e vigilância não contemplam todas as obrigações previstas nos
contratos, impossibilitando a aplicação de penas pelo seu descumprimento (item 3.23). Já para fase de
julgamento da licitação, a Fiocruz definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
1008

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que dificulta a penalização de empresas aventureiras que comparecem ao pregão e
retardam a conclusão do processo licitatório (item 3.28).
488. Quanto à fiscalização administrativa dos contratos de limpeza e de vigilância, a Fiocruz não
procedeu à avaliação dos riscos de descumprimento, pelas contratadas, das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento dessas obrigações (itens 3.24 e 3.30).
489. Verificou-se a presença, na planilha de custos e formação de preços do contrato 92/2010-
Dirac, de parcelas indevidas (inclusão do percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT,
incompatível com aquele constante da GFIP; e inclusão de reserva técnica), que geraram pagamentos a
maior à contratada por parte da Fiocruz (item 3.27).
490. Observou-se, ademais, falhas na repactuação dos contratos de prestação de serviços de
limpeza e de vigilância (a provisão para aviso prévio trabalhado presente na planilha de custos e
formação de preços não foi retirada após o primeiro ano de vigência contratual), o que gerou
pagamentos a maior por parte da Fiocruz (item 3.31).
491. Quanto aos controles compensatórios da seleção do fornecedor, verificou-se que a Fiocruz
não adota uma lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da comissão de licitação
durante a fase de seleção do fornecedor (item 3.32).
492. Por fim, no que se refere ao recebimento do objeto contratado, constatou-se que a Fiocruz
não elaborou listas de verificação para os aceites provisório e definitivo, de modo que os atores da
fiscalização tivessem um referencial claro para atuar na fase de gestão do contrato (item 3.33).
493. Isto posto, vale ressaltar que o principal objetivo da governança das aquisições é fazer com
que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis. Isso se dá,
basicamente, a partir da implantação e monitoramento de processos e controles na função de aquisição
da organização.
494. Quanto menos instrumentos de controle houver dentro da organização, maiores são as
chances do surgimento de situações que afetem negativamente as aquisições e, por consequência,
maior a probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização,
acarretando, em última análise, riscos de a organização prestar um serviço não adequado às
necessidades do cidadão.
495. A partir dessa premissa e considerando os achados relatados na fiscalização, há forte
relação entre as falhas associadas à governança e gestão das aquisições e as inconformidades
específicas encontradas nos contratos analisados, como, por exemplo:
a) a falta de cultura de gestão de riscos na organização (item 3.8) contribui para que não haja
avaliação das alternativas de fiscalização administrativa nos contratos (item 3.30) nem quanto aos
critérios de habilitação econômico-financeira (item 3.25), podendo acarretar ineficiência na
fiscalização dos contratos e limitação indevida da competição, respectivamente;
b) as deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições (item 3.5), em especial a
ausência de estratégia de terceirização, contribuem para que não seja realizada a análise do
parcelamento ou não das contratações (item 3.21), podendo acarretar diminuição da competição nas
licitações e dependência de um único fornecedor;
c) as deficiências na atividade de auditoria interna (item 3.9), que na Fiocruz faz atividades de
cogestão, contribui para que o processo de contratação estabelecido pela organização tenha diversas
fragilidades, como relatadas nos itens 3.16 e seguintes. Segundo as boas práticas (IPPF), a auditoria
interna também deveria realizar trabalhos afim de identificar as deficiências em governança relatadas
neste trabalho (itens 3.1 a 3.15).
496. Portanto, a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições na Fiocruz é
essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o que só é
possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de controles
internos adequados.
1009

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

497. Foram registrados 33 achados de auditoria, sendo que houve achado em onze das doze
questões de auditoria aplicadas à Fiocruz, de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de
governança e de gestão de aquisições públicas ou não são adotadas pela Fiocruz ou não estão de
acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas práticas.
498. Do ponto de vista da conformidade, as seguintes constatações no contrato para prestação de
serviços de limpeza e conservação (contrato 92/2010-Dirac) são consideradas graves:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que caracteriza
o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item 3.22), de
forma que a administração realiza pagamentos mas não tem parâmetro objetivo para aferir se o serviço
está sendo prestado (no caso, se as áreas estão limpas);
b) o tamanho das áreas que são objeto de limpeza não foi definido com base em documentos
técnicos completos e atualizados (item 3.19), o que gera risco de ato de gestão antieconômico;
c) estimativas de preço deficientes (item 3.20), indicando que o parâmetro utilizado pela Fiocruz
para julgar a licitação foi inadequado;
d) mesmo diante da diversidade de tipos de áreas (administrativa, hospitalar, laboratorial,
externa, etc.), dos serviços serem prestados em diferentes localidades (inclusive fora da cidade do Rio
de Janeiro) e do elevado número de postos de trabalho, não foi realizada uma avaliação quanto a um
possível parcelamento da aquisição dos serviços (item 3.21);
e) presença, na planilha de custos e formação de preços do contrato, de parcelas indevidas
(inclusão do percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível com aquele
constante da GFIP; e inclusão de reserva técnica), que geraram pagamentos a maior à contratada por
parte da Fiocruz (item 3.27);
f) ocorrência de falhas na repactuação do contrato (a provisão para aviso prévio trabalhado
presente na planilha de custos e formação de preços não foi retirada após o primeiro ano de vigência
contratual), o que gerou pagamentos a maior por parte da Fiocruz (item 3.31).
499. Ante as graves constatações acima, e ainda considerando todas as demais falhas expostas ao
longo do relatório, propõe-se determinar à Fiocruz que, em atenção à Constituição Federal (princípio
da eficiência), não prorrogue o contrato 92/2010-Dirac, promovendo-se ajustes para todas as falhas
registradas neste relatório.
500. Já no contrato para prestação de serviços de vigilância (contrato 51/2009-Dirac), são graves
as seguintes constatações:
a) ausência de requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que caracteriza
o pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (item 3.22), de
forma que a administração realiza pagamentos mas não tem parâmetro objetivo para aferir se o serviço
está sendo prestado (no caso, se as instalações estão sendo vigiadas);
b) estimativas de preço deficientes (item 3.20), indicando que o parâmetro utilizado pela Fiocruz
para julgar a licitação foi inadequado;
c) ocorrência de falhas na repactuação do contrato (a provisão para aviso prévio trabalhado
presente na planilha de custos e formação de preços não foi retirada após o primeiro ano de vigência
contratual), o que gerou pagamentos a maior por parte da Fiocruz (item 3.31).
501. Da mesma forma, ante as graves constatações acima, e ainda considerando todas as demais
falhas expostas ao longo do relatório, propõe-se determinar à Fiocruz que, que, em atenção à
Constituição Federal (princípio da eficiência), não prorrogue o contrato 51/2009-Dirac, promovendo-
se ajustes para todas as falhas registradas neste relatório.
502. Registre-se por fim que o presente trabalho fez parte de um diagnóstico da governança e
gestão das aquisições nos entes públicos e que os fatos aqui relatados serão considerados, em conjunto
com as conclusões das demais fiscalizações, no âmbito do processo referente à fiscalização
consolidadora desta FOC (TC-017.599/2014-8).
6. BENEFÍCIOS DA AÇÃO DE CONTROLE EXTERNO
1010

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

503. Entre os benefícios esperados desta fiscalização pode-se mencionar, principalmente, a


indução à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições da Fiocruz,
cujas deficiências foram evidenciadas pelas falhas e impropriedades identificadas e relatadas neste
processo.
504. Ainda com relação aos benefícios de controle, vale mencionar a economia, a ser ainda
calculada pela Fiocruz, relativa à exclusão, das planilhas de custos e formação de preços dos contratos
92/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e 51/2009-Dirac (prestação de serviços de
vigilância), ambos ainda em vigor, de rubricas pagas indevidamente pela entidade, consoante
explanado nos itens 3.27 e 3.31 deste relatório.
7. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
505. Ante o exposto, propõe-se o encaminhamento dos autos ao gabinete do Relator, Exmº
Ministro AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, com as seguintes propostas:
1. Recomendar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno do TCU, à Fundação Oswaldo Cruz que:
1.1. Discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de aquisições, incluindo as
funções de liderança, em especial a função de principal dirigente responsável pelas aquisições,
considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais, necessárias para estas funções
(item 3.1);
1.2. Proceda, periodicamente, à avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de
aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da organização (item 3.2);
1.3. Avalie a necessidade de complementar o código de ética do servidor público federal ante as
suas atividades específicas (item 3.3);
1.4. Promova ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado
(item 3.3);
1.5. Constitua comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído (item 3.3);
1.6. Aprove plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética (item 3.3);
1.7. Estabeleça formalmente (item 3.4):
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições;
1.8. Estabeleça diretrizes para a área de aquisições incluindo (item 3.5):
a) estratégia de terceirização;
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas;
1.9. Estabeleça em normativos internos (item 3.6):
a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às
aquisições, nesses incluídos, mas não limitados, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições;
b) as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de aquisições;
c) política de delegação de competência para autorização de contratações;
d) controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
1011

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.10. Avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às
aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo (item 3.7);
1.11. Estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições (item 3.8);
1.12. Capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos (item 3.8);
1.13. Realize gestão de riscos das aquisições (item 3.8);
1.14. Observe as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores responsáveis
pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir atividades de
cogestão à unidade de auditoria interna (item 3.9);
1.15. Defina manuais de procedimentos para serem utilizados pela unidade de auditoria interna
na execução de suas atividades (item 3.9);
1.16. Inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização
(item 3.9);
1.17. Avalie a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os
processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na internet (item 3.10);
1.18. Publique na sua página na internet a decisão quanto a regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo (item 3.10);
1.19. Publique a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas aquisições
(item 3.10);
1.20. Execute processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos (item 3.11):
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o Plano de Aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição (e.g., mês),
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela aquisição;
b) aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na internet;
d) acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
1.21. Estabeleça um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições (item 3.13);
1.22. Defina um processo formal de trabalho para seleção do fornecedor (item 3.15);
1.23. Estabeleça e adote (item 3.16):
a) padrões para especificações técnicas de objetos contratados frequentemente;
b) listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser executados durante a
fase de julgamento das licitações;
c) procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações, abrangendo a
elaboração das planilhas de custos e formação de preços;
1.24. Na contratação com vistas a substituir o contrato 92/2010-Dirac, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação, a avaliação do custo/benefício do modelo de fiscalização
administrativa que será utilizado, considerando, além da conta vinculada, outras possibilidades como a
aplicação dos controles previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles
mais rígidos na seleção do fornecedor - e.g., itens 9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais
eficientes na fiscalização - e.g., itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9) (item
3.24);
1.25. Estabeleça modelos de listas de verificação para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor (item 3.32);
1.26. No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, inclua os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
1012

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) realizar levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento


de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (Lei 8.666/1993, art. 6º,
inciso IX, alínea c) (item 3.17);
b) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação (item 3.18);
c) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.18);
d) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação
(item 3.19);
e) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades de postos de trabalho no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.19);
f) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, utilizando as
diretrizes contidas na IN SLTI 5/2014 (item 3.20);
g) incluir no método definido acima a elaboração de planilhas de custos e de formação de preços
que expressem a composição de todos os custos unitários (item 3.20);
h) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (item 3.20);
i) avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e atendando
que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem positivas:
1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução? 3) Não há
perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e ampliação da
competitividade ao dividir a solução? (item 3.21);
j) incluir, no levantamento dos requisitos da contratação, requisitos para aferição da qualidade
dos serviços prestados, vinculando os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade
contratada (item 3.22);
k) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não (item 3.25);
1.27. No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, inclua o
seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) prever, no modelo de gestão do contrato, cláusulas de penalidades observando as seguintes
diretrizes (item 3.23):
a.1) atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
a.2) definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
a.3) definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
a.4) definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
a.5) definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
a.6) definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
b) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas (item 3.26);
c) prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência (item 3.28);
1013

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) prever, no modelo de gestão do contrato, listas de verificação para os aceites provisório e


definitivo, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para sua atuação (item
3.33);
1.28. No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, inclua o
seguinte controle interno na etapa de gestão do contrato:
a) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados
nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações (item 3.18);
b) estabelecer mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos postos de trabalho
empregados nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações (item 3.19);
c) verificar, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas condições de
habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação (item 3.25);
d) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento (item 3.30):
d.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
d.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso as suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
e) documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período, na forma do item ‘d’
retro (item 3.30);
f) designar formalmente todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na gestão e
fiscalização dos contratos (item 3.29);
g) exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável
por representar à contratada durante execução contratual (item 3.29);
h) utilizar, quando da realização de repactuações, informações gerenciais do contrato para
negociar valores mais justos para a Administração.
2. Determinar, com fulcro na Constituição Federal, art. 71, inciso IX, à Fundação Oswaldo Cruz
que:
2.1. Não prorrogue a vigência dos contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac;
2.2. Adote as medidas necessárias para corrigir o seguinte item nas planilhas de custos e
formação de preços dos contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac: excluir a parcela ‘aviso prévio
trabalhado’ após o primeiro ano de vigência contratual, conforme o disposto na IN SLTI 02/2008 (art.
19, inciso XVII, e art. 30-A, § 4º) e na Jurisprudência desta Corte (Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário,
item 9.2.2) (item 3.31);
2.3. Adote as medidas necessárias à exclusão das parcelas a seguir da planilha de custos e
formação de preços do contrato 92/2010-Dirac, por serem indevidas (item 3.27):
a) reserva técnica, conforme jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdão 3.166/2011-2ª Câmara),
uma vez que não se vislumbra justificativa para sua inclusão nos contratos de limpeza e conservação;
b) percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível com aquele
constante da GFIP, em desacordo com a Lei 8.212/1991, art. 22, inciso II;
2.4. Adote, no prazo de 90 dias, as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos em
decorrência das parcelas indevidamente contidas na planilha de custos e formação de preços dos
contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac (itens 3.27 e 3.31).
3. Determinar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o Regimento Interno do TCU,
art. 250, inciso II, à Fundação Oswaldo Cruz que:
1014

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3.1. Antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituir o contrato 92/2010-Dirac,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, de acordo com o previsto na IN-SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único (item 3.19);
b) a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
ou documento técnico equivalente, de acordo com o previsto no Decreto 2.271/97, art. 2º, inciso II
(item 3.19);
c) a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que expressem a composição de
todos os custos unitários, de acordo com o previsto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’
(item 3.20);
3.2. Antes da elaboração de edital para licitação com vistas a substituir o contrato 51/2009-Dirac,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) a definição da localização, quantidade e tipo (escala e turno) de todos os postos de trabalho de
vigilância, de acordo com o previsto na IN-SLTI 02/2008, art. 49, inciso I (item 3.19);
b) a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que expressem a composição de
todos os custos unitários, de acordo com a Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’ (item 3.20);
3.3. Em atenção à Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da eficiência), c/c a Lei
10.520/2002, art. 3º, inciso II, o Decreto 2.271/1997, art. 3º, § 1º, e a IN SLTI 02/2008, art. 11, nas
contratações com vistas a substituir os contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac, inclua, nos termos de
referência dos editais, requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e vincule os
pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada (item 3.22);
3.4. Em atenção ao Decreto 7.746/2012, art. 16, elabore e aprove um Plano de Gestão de
Logística Sustentável, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas,
prazos de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite a organização
estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos (item 3.12);
3.5. Em atenção à IN SLTI 10/2012, art. 12, publique no seu sítio na internet o Plano de Gestão
de Logística Sustentável aprovado (item 3.12);
3.6. Em atenção à IN SLTI 10/2012, arts. 13 e 14, estabeleça mecanismos de monitoramento
para acompanhar a execução do Plano de Gestão de Logística Sustentável (item 3.12);
3.7. Em atenção às disposições contidas no Decreto 5.707/2006, art. 5º, c/c Portaria MP
208/2006, art. 2º, inciso I, e art. 4º, elabore Plano Anual de Capacitação que contemple,
particularmente, ações de capacitação voltadas para a governança e gestão das aquisições, fazendo
com que os fiscais e gestores de contrato recebam treinamento específico antes de assumirem o
encargo pela primeira vez e periodicamente (item 3.14);
3.8. Adote mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação (item 3.14);
3.9. Em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, antes da eventual prorrogação do
Contrato 36/2014-Dirac, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, inclua, nos
estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções disponíveis no
mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o problema do
transporte de pessoas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais vantajosa dentre
as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos, locação de veículos e
contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado (item 3.17);
3.10. Encaminhe, no prazo de 60 dias a contar da ciência do acórdão que vier a ser proferido,
plano de ação para a implementação das medidas citadas no decisum, contendo:
a) para cada determinação, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento
das ações;
b) para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, o
prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
c) para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou oportuna,
justificativa da decisão.
1015

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Arquivar os presentes autos, nos termos do disposto no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno do TCU.”

É o relatório.

VOTO

A presente auditoria integra os trabalhos de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) -


Governança e Gestão das Aquisições realizados com os objetivos de avaliar as práticas de governança
e gestão das aquisições de vinte entidades da Administração Pública Federal e de verificar a
consistência das informações apresentadas em questionário aplicado no âmbito do levantamento
referente ao mesmo tema executado no TC-025.068/2013-0.
A fiscalização em exame foi realizada na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foram
escolhidos como objeto da auditoria os Contratos 51/2009-Dirac (prestação de serviços de limpeza),
92/2010-Dirac (prestação de serviços de vigilância) e 036/2014-Dirac (prestação de serviços de
transporte de pessoas).
O presente trabalho se estruturou sobre três referenciais: governança, gestão e aquisições.
Governança consiste na atividade exercida pela alta administração da organização,
envolvendo as funções de avaliar, dirigir e monitorar, por meio do estabelecimento de diretrizes,
políticas e controles, visando a alcançar seus objetivos estratégicos. De sua vez, a gestão se constitui
na execução de processos e ações, por corpo gerencial qualificado, com vistas a cumprir os objetivos
estratégicos traçados. Por fim, as aquisições se referem às contratações de bens e serviços destinados a
viabilizar a execução das atividades finalísticas e das atividades meio para, em última instância, atingir
os objetivos definidos pela alta administração.
Como se vê, há interdependência entre esses fatores. Quanto mais sintonizados estiverem
entre si, maior será a eficiência, a eficácia e a efetividade da organização. Em outras palavras, boas
práticas de governança e gestão na área de aquisições resultam em agregação de valor e minimização
dos riscos atrelados ao negócio da organização.
De acordo com o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública (RBG) publicado pelo TCU, para que as funções de governança sejam
executadas de forma satisfatória, três mecanismos devem ser adotados: liderança, estratégia e controle.
Os achados de auditoria foram organizados sob a perspectiva desses três mecanismos, a
fim de avaliar a governança. A seguir, examinaram-se questões mais específicas relacionadas à gestão.

II - Governança

Os mecanismos de governança são implementados a partir da adoção de determinadas


práticas. Portanto, o levantamento das práticas e dos respectivos instrumentos vigentes na entidade
permite avaliar a qualidade da governança exercida.
9. A partir das observações da equipe, percebe-se que faltam instrumentos que permitam ao nível
estratégico exercer a liderança necessária para conduzir à boa governança e à consequente boa gestão
do setor de aquisições. Nesse contexto, constatou-se que não há instrumentos que auxiliem a seleção
dos ocupantes das funções-chave da área de aquisições e não há estudo contendo a avaliação
quantitativa e qualitativa do quadro de pessoal da área. Em relação ao código de ética aplicável ao
quadro de pessoal da Fundação, inclusive aos administradores, foi verificado que a Fiocruz adota o
código de ética profissional do servidor público civil do poder executivo federal, aprovado por meio do
Decreto 1.171/1994. Não houve avaliação da necessidade de complementá-lo com um código de ética
1016

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

próprio tratando das questões éticas relacionadas às atividades específicas da unidade. Foi verificado,
ainda, que a entidade não instituiu uma comissão de ética. Por fim, verificou-se que a alta
administração não fixou objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições, nem tampouco
mecanismos de gestão de riscos e controle do alcance das metas.
Com relação à estratégia, constatou-se que falta à Fiocruz instrumentos que definam e
divulguem a estrutura de governança, os papéis e as responsabilidades no tocante à área de aquisições.
Nesse sentido, foi verificado que a companhia não dispõe de documentos para
estabelecer a estratégia de terceirização de serviços, a política de compras, a política de estoques, a
política de compras conjuntas e a política de sustentabilidade, com definição dos requisitos de
sustentabilidade aplicáveis aos produtos a serem adquiridos.
A Fiocruz não estabelece, ainda, as competências, atribuições e responsabilidades dos
cargos efetivos e comissionados da área de aquisições, nem do dirigente máximo da organização com
respeito às aquisições. A entidade não aprovou e publicou uma política de delegação de competência
para autorização de contratações. Ademais, a alta administração não instituiu instância colegiada para
auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições.
Relativamente ao controle, foram examinadas as práticas relativas à gestão de riscos, à
existência de canais para recebimento de denúncias, à função de auditoria interna e à accountability
(prestação de contas e responsabilização), esta sob a perspectiva da divulgação das decisões e
documentos relacionados à atividade do setor de aquisições.
Os achados de auditoria apontam que a Fiocruz não estabeleceu diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de
riscos e não realiza gestão de riscos das aquisições.
Com relação à auditoria interna, foi apurado que a unidade é responsável por atividades
que caracterizam a cogestão, e não realiza trabalhos de avaliação da gestão de riscos da organização.
Não há procedimentos formalizados para que a unidade de auditoria interna utilize uma abordagem
sistemática e disciplinada nessas atividades de auditoria interna, incluindo, para cada trabalho, as fases
de planejamento, execução e comunicação dos resultados.
Quanto à accountability, constatou-se que não há diretrizes para que a íntegra dos
processos de aquisições seja publicada na internet. Não há determinação para publicação das decisões
quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo. Não há também
determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
Com base nesses achados de auditoria, conclui-se que a Fioucruz enfrenta deficiências na
implementação de mecanismos e práticas de governança na área de aquisições.

III - Gestão

Segundo o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG), a gestão “é inerente e integrada aos processos organizacionais, sendo
responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pelo manejo dos recursos e poderes
colocados à disposição de órgãos e entidades para a consecução de seus objetivos” (destaques
acrescentados).
Neste trabalho, a gestão das aquisições foi avaliada a partir do exame dos instrumentos
de planejamento, de gestão de pessoas e de padronização dos processos de trabalho da área.
O planejamento das aquisições deveria gerar um plano anual de aquisições a fim de
fundamentar a elaboração da proposta orçamentária anual e possibilitar o acompanhamento. No
entanto, foi constatado que a Fundação não possui o referido plano.
Outro aspecto relacionado ao planejamento trata-se da necessidade de contar com um
Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), de forma a definir as práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos, bem como as respectivas responsabilidades, ações, metas, prazos e
1017

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mecanismos de monitoramento. O trabalho revelou a inexistência do instrumento na Fiocruz, com a


consequente realização de contratações sem a inclusão de requisitos de sustentabilidade.
Quanto à gestão de pessoas, constatou-se que a entidade não identifica e define as
competências necessárias para o desempenho das funções-chave da área de aquisições. Também ficou
evidenciado que não existe uma política de capacitação formalmente estabelecida para os servidores
que integram a área de aquisições. Verificou-se, ainda, que os fiscais e gestores de contrato não
recebem treinamento específico para as atividades de fiscalização e gestão de contratos.
No tocante aos processos de trabalho relacionados às licitações e contratos, buscou-se
verificar se haveria estabelecimento de processos para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos, bem como o estabelecimento padronizações, tais como
minutas de editais, listas de verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que
aumentam a produtividade dos processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
Segundo apurado pela auditoria, a Fiocruz não utiliza processo de trabalho adequado para a seleção do
fornecedor. Além do mais, a entidade não definiu (1) seus padrões de especificações técnicas para
contratações que realiza frequentemente; (2) listas de verificação para padronizar os procedimentos
que devem ser executados durante a fase de julgamento das licitações, e (3) procedimentos para
elaboração das estimativas de preços das contratações.
Dessa forma, pode-se concluir que há deficiências nos instrumentos de planejamento, de
gestão de pessoas e de processo de trabalho da área de aquisições da Fiocruz, o que pode impactar
negativamente a qualidade da gestão do setor.

IV - Conformidade das Contratações

Neste tópico, a equipe de auditoria avaliou a conformidade de aspectos específicos


relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. Os resultados se
constituem na demonstração prática dos efeitos das falhas de governança e de gestão.
Em síntese, foram constatadas as seguintes deficiências na etapa de preparação das
referidas contratações:
a) a contratação de serviços de transporte de pessoal (Contrato 36/2014-Dirac) foi realizada sem
que houvesse prévio levantamento de mercado para definir e justificar o tipo de solução adequada às
necessidades da empresa;
b) a terceirização dos serviços de transporte de pessoal (Contrato 36/2014-Dirac) não foi
precedida de levantamento de mercado visando identificar os diferentes tipos de solução passíveis de
contratar e que atendessem à necessidade de transportar pessoas;
c) não foram formalizados estudos técnicos para definir a quantidade estimada de material a ser
utilizada na prestação de serviços de limpeza e conservação;
d) a entidade não formalizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação (Contrato 92/2010-Dirac);
e) a definição do tamanho das áreas a serem objeto de limpeza não está suportada por
documentação técnica completa e atualizada;
f) não há estudo técnico para justificar a localização, quantidade e tipo (escala, turno) de postos
de vigilância;
g) realização de pesquisas de preços inadequadas para contratação de serviços de limpeza e de
vigilância armada e desarmada;
h) ausência de justificativa nos autos para o não parcelamento das contratações de serviços de
limpeza e de vigilância armada e desarmada;
i) ausência de definição dos requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e de vigilância.
No tocante às licitações e à execução dos contratos, foram observadas as deficiências que
se seguem:
1018

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) ausência de definição de cláusulas de penalidade que contemplem todas as obrigações


previstas para a prestação dos serviços de limpeza e de vigilância;
b) não realização de estudo para avaliar outras alternativas de fiscalização administrativa do
contrato de limpeza;
c) não realização de estudo para definir os critérios de habilitação econômico-financeira
estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância;
d) não fixação de preços máximos unitários (postos de trabalho) admitidos para as contratações
relativas aos pregões eletrônicos 72/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e 24/2009-Dirac
(prestação de serviços de vigilância);
e) parcelas indevidas presentes na planilha de custos e formação de preços do Contrato 92/2010-
Dirac (inclusão do percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho - RAT, incompatível com
aquele constante da GFIP, e inclusão de reserva técnica);
f) a entidade definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002,
sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas;
g) ausência de nomeação dos substitutos eventuais para as atividades de gestão, fiscalização e
acompanhamento dos Contratos de 92/2010-Dirac (prestação de serviços de limpeza) e 51/2009-Dirac
(prestação de serviços de vigilância);
h) designação formal de prepostos pelas contratadas por meio dos Contratos 92/2010-Dirac
(prestação de serviços de limpeza) e 51/2009-Dirac (prestação de serviços de vigilância);
i) manutenção, nas renovações dos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac, da rubrica
“provisão para aviso prévio trabalhado”, presente nas respectivas planilhas de custos e formação de
preços, o que gerou pagamentos a maior por parte da Fiocruz;
j) não adoção de lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor;
k) não elaboração de listas de verificação para os recebimentos provisório e definitivo dos
objetos contratados.
Deixo de acolher como achado de auditoria o item 3.30 do relatório de fiscalização
(Fiscalização administrativa executada sem avaliação de riscos). O referido achado aponta que a
Fiocruz não adotou procedimentos de avaliação de riscos para escolher a extensão das conferências
para que comprove o cumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas e previdenciárias na
fiscalização administrativa relativa aos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac. Entretanto, tendo
em vista que a entidade informou realizar conferência exaustiva nos dois contratos, não seria exigível a
avaliação de risco para determinação do tamanho das amostras a serem conferidas.
De qualquer forma, considerando a eventualidade de a entidade vir a adotar a conferência
por amostragem no futuro, entendo pertinentes as recomendações propostas no achado.
Como fica evidenciado, foram constatadas deficiências no planejamento das aquisições,
na gestão de contratos e na implementação de controles internos.

V - Apreciação Geral - Conclusões

Conforme apontado pela equipe de auditoria, foram registrados 33 achados de auditoria,


sendo que houve achado em onze das doze questões de auditoria aplicadas à Fiocruz, de forma que se
pode concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições públicas ou não são
adotadas pela Fiocruz, ou não estão de acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas
práticas.
Foram observadas várias falhas nos processos de governança e gestão das aquisições da
entidade. Por sua vez, a avaliação da conformidade das contratações objeto da presente auditoria
demonstrou a ocorrência de um elevado número de falhas tanto nos procedimentos preparação das
referidas contratações, quanto nas fases de licitação e execução contratual. Tais ocorrências estão
1019

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

intimamente relacionadas às deficiências nos processos de governança e gestão das aquisições


praticados pela entidade auditada.
Uma causa provável para vários achados apontada pela equipe de auditoria é a
descentralização administrativa e financeira das unidades da Fiocruz. Conforme informado no
relatório, a Fundação Oswaldo Cruz é composta por dezesseis unidades técnico-científicas dotadas de
autonomia, que preservam modelos próprios de gestão. Muito embora essa descentralização possa
influir na formatação dos encaminhamentos formulados nesta fiscalização, ela não se constitui óbice
para que as práticas de governança e gestão auditadas sejam executadas pelas suas unidades.
Concluiu-se, assim, que a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições
na Fiocruz é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados,
o que só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de
controles internos adequados.

VI - Proposta de Encaminhamento

Conforme enfatizado no relatório, as deficiências nos instrumentos de governança e


gestão elevam as chances da ocorrência de situações passíveis de afetar negativamente as aquisições e
a probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização. Para mitigar
tais riscos, foram formuladas, pela equipe de auditoria, recomendações e determinações a serem
encaminhadas à Fiocruz.
Quanto às propostas de recomendações alvitradas pela equipe de auditoria, acolho-as
com eventuais ajustes que entendo pertinentes. As recomendações propostas visam ao aprimoramento
dos aspectos analisados nestes autos.
37. Deixo de acolher, entretanto, a proposta de recomendação constante do subitem 1.1 do item 7
do relatório, que se refere à adoção de procedimento para disciplinar a forma de acesso às funções-
chave do setor de aquisições. Entendo que a escolha dos ocupantes de cargos em comissão e funções
de confiança se insere no campo da discricionariedade do gestor e envolve a aferição de uma
multiplicidade de fatores, nem todos traduzíveis em enunciados de normas. Assim, em consonância
com julgados proferidos em outros trabalhos congêneres (e.g. Acórdão 105/2015-TCU-Plenário),
penso que seja providência suficiente para solucionar o problema a recomendação no sentido do
estabelecimento de um modelo de competências para as funções-chave da área, complementada por
recomendação para que a instituição expeça orientações no sentido de que, quando pertinente, a
escolha dos ocupantes de funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja
fundamentada nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da
transparência, da motivação, da eficiência e do interesse público.
Já em relação às determinações, merecem destaque aquelas do item 2 da proposta de
encaminhamento constante do relatório de fiscalização transcrito no Relatório parte desta deliberação.
O subitem 2.1 propõe que seja determinada a não prorrogação da vigência dos Contratos
92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac. Entretanto, tendo em vista as datas de assinaturas desses contratos,
verifica-se que o Contrato 51/2009-Dirac já deve estar, neste momento, expirado e, no caso do
Contrato 92/2010-Dirac, já no seu último ano de prorrogação. Dessa forma, por entender prejudicada a
proposta de determinação, deixo de acolhê-la.
No subitem 2.2 da proposta de encaminhamento formulada pela equipe de auditoria, é
proposta a determinação para que sejam adotadas as medidas necessárias para a exclusão da parcela
“aviso prévio trabalhado” após o primeiro ano de vigência contratual das planilhas de custos e
formação de preços dos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac.
Por sua vez, o subitem 2.3 da referida proposta, alvitra a adoção de medidas necessárias à
exclusão das seguintes parcelas da planilha de custos e formação de preços do Contrato 92/2010-Dirac,
por serem consideradas indevidas:
1020

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) reserva técnica, uma vez que não se vislumbra justificativa para sua inclusão nos contratos de
limpeza e conservação;
b) percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho (RAT), incompatível com aquele
constante da GFIP, em desacordo com a Lei 8.212/1991, art. 22, inciso II.
Já o subitem 2.4 propõe a assinatura de prazo para adoção das medidas necessárias à
recuperação dos valores pagos em decorrência das parcelas indevidamente contidas na planilha de
custos e formação de preços dos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac.
Quanto à primeira determinação, não tenho reparos a fazer, ante o não cabimento da
parcela “aviso prévio trabalhado” após o primeiro ano de vigência do contrato, nos termos do item
9.2.2 do Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário. Já em relação às outras parcelas objeto de proposta de
exclusão, considerando que as mencionadas parcelas constaram do procedimento licitatório e do termo
de contrato, entendo que as medidas referentes a essas parcelas de custo devem ser precedidas da
oitiva do contratante e do contratado.
Quanto às demais determinações propostas em relação aos outros achados apontados na
presente auditoria, acolho-as também com eventuais ajustes.
Anoto, finalmente, que outros pontos levantados neste relatório terão tratamento
específico por ocasião dos trabalhos de consolidação da FOC.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2748/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-022.923/2014-4.
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar sequência ao trabalho
realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de governança e gestão
das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do
Regimento Interno do TCU, à Fundação Oswaldo Cruz que avalie a conveniência e a oportunidade de
adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle interno da
organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
1021

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.2. proceder, periodicamente, à avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de
aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da organização;
9.1.3. avaliar a necessidade de complementar o código de ética do servidor público federal ante
as suas atividades específicas;
9.1.4. promover ações de disseminação, capacitação ou treinamento do código de ética adotado;
9.1.5. constituir comissão de ética ou outro mecanismo de controle e monitoramento do
cumprimento do código de ética instituído;
9.1.6. aprovar plano de trabalho anual para atuação da comissão de ética;
9.1.7. estabelecer formalmente:
9.1.7.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.7.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido conforme o subitem anterior,
preferencialmente em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.7.3. metas para cada indicador definido conforme o subitem anterior;
9.1.7.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.8. estabelecer diretrizes para a área de aquisições incluindo:
9.1.8.1. estratégia de terceirização;
9.1.8.2. política de compras;
9.1.8.3. política de estoques;
9.1.8.4. política de sustentabilidade;
9.1.8.5. política de compras conjuntas;
9.1.9. estabelecer em normativos internos:
9.1.9.1. estabelecer, em normativos internos, as competências, atribuições e responsabilidades
dos dirigentes, inclusive quanto à delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a
responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários
para mitigar os riscos nas aquisições;
9.1.9.2. as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de
aquisições;
9.1.9.3. política de delegação de competência para autorização de contratações;
9.1.9.4. controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
9.1.10. avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às
aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo;
9.1.11. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.12. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.13. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.1.14. observar as diferenças conceituais entre controle interno (a cargo dos gestores
responsáveis pelos processos que recebem o controle) e auditoria interna, de forma a não atribuir
atividades de cogestão à unidade de auditoria interna;
9.1.15. definir manuais de procedimentos para serem utilizados pela unidade de auditoria interna
na execução de suas atividades;
9.1.16. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação da gestão de riscos da organização;
9.1.17. avaliar a conveniência e oportunidade de publicar todos os documentos que integram os
processos de aquisições (e.g., solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de
preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.) na internet;
1022

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.18. publicar na sua página na internet a decisão quanto a regularidade das contas proferida
pelo órgão de controle externo;
9.1.19. publicar a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas aquisições;
9.1.20. executar processo de planejamento das aquisições, contemplando, pelo menos:
9.1.20.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o Plano de Aquisições, contemplando, para cada contratação
pretendida, informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor
estimado, identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para aquisição
(e.g., mês), programa/ação suportado (a) pela aquisição e objetivo (s) estratégico (s) apoiado (s) pela
aquisição;
9.1.20.2. aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.1.20.3. divulgação do plano de aquisições na internet;
9.1.20.4. acompanhamento periódico da execução do plano, para correção de desvios;
9.1.21. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papéis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.22. definir um processo formal de trabalho para seleção do fornecedor;
9.1.23. estabelecer e adotar:
9.1.23.1. padrões para especificações técnicas de objetos contratados frequentemente;
9.1.23.2. listas de verificação para padronizar os procedimentos que devem ser executados
durante a fase de julgamento das licitações;
9.1.23.3. procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações, abrangendo
a elaboração das planilhas de custos e formação de preços;
9.1.24. na contratação que eventualmente venha a ser realizada com vistas a substituir o Contrato
92/2010-Dirac, incluir, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação do
custo/benefício do modelo de fiscalização administrativa que será utilizado, considerando, além da
conta vinculada, outras possibilidades como a aplicação dos controles previstos no Acórdão
1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles mais rígidos na seleção do fornecedor - e.g., itens
9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais eficientes na fiscalização - e.g., itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4,
9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9);
9.1.25. estabelecer modelos de listas de verificação para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor;
9.1.26. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, os
seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.26.1. realização de levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação (art. 6º, inciso
IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993);
9.1.26.2. definição do método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
9.1.26.3. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades de materiais no
processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.26.4. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.1.26.5. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades de postos de
trabalho no processo de contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.26.6. definição método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços,
utilizando as diretrizes contidas na IN/SLTI 5/2014;
1023

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.26.7. incluir no método definido no subitem anterior a elaboração de planilhas de custos e de


formação de preços que expressem a composição de todos os custos unitários;
9.1.26.8. documentação do método utilizado para a estimativa de preços no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.1.26.9. avaliação se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atendando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as 4 perguntas a seguir forem
positivas: 1) é tecnicamente viável dividir a solução? 2) é economicamente viável dividir a solução? 3)
não há perda de escala ao dividir a solução? 4) há o melhor aproveitamento do mercado e ampliação da
competitividade ao dividir a solução?
9.1.26.10. incluir, no levantamento dos requisitos da contratação, requisitos para aferição da
qualidade dos serviços prestados, vinculando os pagamentos realizados à entrega dos serviços com a
qualidade contratada;
9.1.26.11. avaliação, no caso de contratação de serviços continuados, das diferentes
possibilidades de critérios de qualificação econômico-financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da
IN/SLTI 02/2008, considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.1.27. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
9.1.27.1. previsão, no modelo de gestão do contrato, de cláusulas de penalidades observando as
seguintes diretrizes:
9.1.27.1.1. atrelamento de multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de
execução do objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.27.1.2. definição da gradação das multas, de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.27.1.3. definição do processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo
do nível de serviço obtido);
9.1.27.1.4. definição da forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.27.1.5. definição da medida a ser adotada caso as multas se acumulem (e.g. distrato);
9.1.27.1.6. definição das condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas
de cálculo;
9.1.27.2. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.1.27.3. previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que se possa enquadrar no contido no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.1.27.4. previsão, no modelo de gestão do contrato, de listas de verificação para os aceites
provisório e definitivo, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para sua
atuação;
9.1.28. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, o
seguinte controle interno na etapa de gestão do contrato:
9.1.28.1. estabelecimento de mecanismo de controle gerencial acerca da utilização dos materiais
empregados nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.28.2. estabelecimento de mecanismo de controle gerencial acerca da produtividade dos
postos de trabalho empregados nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras
contratações;
9.1.28.3. verificação, a cada prorrogação contratual, se a contratada mantém as mesmas
condições de habilitação econômico-financeira e técnico-operacional exigidas à época da licitação;
9.1.28.4. avaliação dos riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
1024

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.1.28.4.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.1.28.4.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final de um ano -
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
empregado, garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.1.28.5. documentação da sistemática de fiscalização utilizada em cada período, conforme o
subitem 9.1.28.4 deste Acórdão;
9.1.28.6. designação formal de todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na
gestão e fiscalização dos contratos;
9.1.28.7. exigência, antes do início da execução contratual, da designação formal do preposto
responsável por representar à contratada durante execução contratual;
9.1.28.8. utilização, quando da realização de repactuações, de informações gerenciais do contrato
para negociar valores mais justos para a Administração;
9.2. determinar, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, à Fundação Oswaldo
Cruz que:
9.2.1. adote, no prazo de trinta dias, as medidas necessárias para excluir das planilhas de custos e
formação de preços dos Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac a parcela “aviso prévio trabalhado”
após o primeiro ano de vigência contratual, conforme o disposto no art. 19, inciso XVII, e no art. 30-A,
§ 4º, da IN/SLTI 02/2008 e na Jurisprudência desta Corte (Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário, item
9.2.2);
9.2.2. adote, no prazo de noventa dias, as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos
em decorrência das parcelas indevidamente contidas na planilha de custos e formação de preços dos
Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac;
9.3. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno do TCU, à Fundação Oswaldo Cruz que:
9.3.1. inclua nos estudos técnicos preliminares com vistas à eventual contratação com vistas à
substituição do Contrato 92/2010-Dirac:
9.3.1.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, de acordo com o previsto no art. 43, parágrafo único, da IN/SLTI 2/2008;
9.3.1.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente, de acordo com o previsto no art. 2º, inciso II, do Decreto
2.271/97;
9.3.1.3. a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que expressem a composição
de todos os custos unitários, de acordo com o previsto no art. 6º, inciso IX, alínea “f”, da Lei
8.666/1993;
9.3.2. inclua nos estudos técnicos preliminares com vistas à eventual contratação com vistas à
substituição do Contrato 51/2009-Dirac:
9.3.2.1. a definição da localização, quantidade e tipo (escala e turno) de todos os postos de
trabalho de vigilância, de acordo com o previsto no art. 49, inciso I, da IN/SLTI 02/2008;
9.3.2.2. a elaboração de planilhas de custos e formação de preços que expressem a composição
de todos os custos unitários, de acordo com o art. 6º, inciso IX, alínea “f”, da Lei 8.666/1993;
9.3.3. inclua nos termos de referência dos editais das eventuais contratações com vistas a
substituir os Contratos 92/2010-Dirac e 51/2009-Dirac, em atenção ao art. 37, caput, da Constituição
Federal, (princípio da eficiência), c/c o art. 3º, inciso II, da Lei 10.520/2002, o art. 3º, § 1º, do Decreto
2.271/1997, e o art. 110 da IN/SLTI 02/2008, requisitos para aferição da qualidade dos serviços
prestados, vinculando os pagamentos a serem realizados à entrega dos serviços com a qualidade
contratada;
1025

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3.4. elabore e aprove, em atenção ao art. 16 do Decreto 7.746/2012, um Plano de Gestão de


Logística Sustentável, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas,
prazos de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização
estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos;
9.3.5. publique, em atenção ao art. 12 da IN/SLTI 10/2012, no seu sítio na internet o Plano de
Gestão de Logística Sustentável aprovado;
9.3.6. estabeleça, em atenção aos arts. 13 e 14 da IN/SLTI 10/2012, mecanismos de
monitoramento para acompanhar a execução do Plano de Gestão de Logística Sustentável;
9.3.7. elabore, em atenção às disposições contidas no art. 5º do Decreto 5.707/2006 c/c o art. 2º,
inciso I, e art. 4º da Portaria/MP 208/2006, Plano Anual de Capacitação que contemple,
particularmente, ações de capacitação voltadas para a governança e gestão das aquisições, com
previsão de que os fiscais e gestores de contrato recebam treinamento específico antes de assumirem o
encargo pela primeira vez e, posteriormente, periodicamente;
9.3.8. adote mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação;
9.3.9. inclua nos estudos técnicos preliminares da contratação, em atenção ao art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes da eventual prorrogação do Contrato 36/2014-Dirac, ou da
elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o
problema do transporte de pessoas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;
9.3.10. encaminhe, no prazo de sessenta dias, a contar da ciência deste Acórdão, plano de ação
para a implementação das medidas prolatadas, contendo:
9.3.10.1. para cada determinação, o prazo (caso não estipulado) e o responsável (nome, cargo e
CPF) pelo desenvolvimento dessas;
9.3.10.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo seu desenvolvimento;
9.3.10.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.4. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva da
Fundação Oswaldo Cruz e da empresa contratada por meio do Contrato 92/2010-Dirac a respeito da
inclusão, na planilha de custos e formação de preços do contrato, das parcelas referentes às despesas
com a parcela técnica, por contrariar a jurisprudência desta Corte (e.g., Acórdão 3.166/2011-2ª
Câmara) e o percentual de 4,72% para o risco acidente de trabalho (RAT), incompatível com aquele
constante da GFIP, em desacordo com o art. 22, inciso II, da Lei 8.212/1991;
9.5 dar ciência desta deliberação à Fundação Oswaldo Cruz;

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2748-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1026

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

GRUPO II - CLASSE V - Plenário


TC-023.204/2014-1
Natureza: Auditoria
Unidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há
SUMÁRIO: AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). GOVERNANÇA E
GESTÃO DAS AQUISIÇÕES. DEFICIÊNCIAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO. DEFICIÊNCIAS OU AUSÊNCIA DE
MECANISMOS, INSTRUMENTOS E PRÁTICAS RELACIONADAS AO TEMA. RECOMENDAÇÕES.
DETERMINAÇÕES. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, o Relatório de Fiscalização 581/2014 (peça 53) elaborado por equipe de
auditoria da Secex/PE, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica.

“1. APRESENTAÇÃO
1. Em 27/3/2013, por meio da Ata 9 do Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), foi
aprovado o Plano de Controle Externo de 2013/2014, contemplando 49 linhas de ação que impactam
diretamente dez objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal para o quadriênio 2011-2015
relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos no plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação de ações que promovam o aprimoramento de ações de controle voltadas à melhoria do
desempenho da Administração Pública (Objetivo Estratégico VI).
3. Ainda segundo o plano, impacta o objetivo supra a linha de ação 13, descrita a seguir:
‘Avaliar a governança e a gestão no Sistema único de Saúde (SUS), na segurança pública, na
defesa nacional, na previdência complementar, na sistemática de descentralização de recursos federais,
nas universidades públicas federais e nos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, nos
setores de pessoal, de tecnologia da informação e de aquisições, dentre outras áreas.’ (Destaques
nossos)
4. Em consonância com esta linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com objetivo de avaliar se as práticas de governança e
de gestão de aquisições públicas adotadas pela Administração Pública Federal estão de acordo com a
legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade
orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos
resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações ficou a cargo de cinco secretarias de
controle externo nos estados (AM, CE, PA, PE, RJ) e da SefidEnergia, além da própria Selog.
6. O trabalho abrangeu os temas governança das aquisições, controles da gestão das aquisições,
controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e controles internos e conformidade
das contratações. No tema governança das aquisições foram avaliados controles nos componentes
liderança, estratégia e controle. No tema controles da gestão, foram avaliados controles nos
componentes planos, processos e pessoas. No tema controles internos e conformidade das contratações
foram avaliados processos de contratações relacionados à terceirização dos serviços de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas.
7. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em critérios de
relevância, materialidade, risco e oportunidade.
8. Esta FOC pode ser considerada a sequência do trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que
1027

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

consistiu no levantamento da situação de governança e gestão das aquisições na Administração Pública


Federal (APF), denominado Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, no qual 376 organizações
informaram sua situação por meio de questionário eletrônico (mais informações em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes).
9. O presente relatório trata da fiscalização realizada pela Secretaria de Controle Externo no
Estado de Pernambuco (Secex/PE) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
2. INTRODUÇÃO
2.1 Deliberação
10. A presente fiscalização foi autorizada mediante o Acórdão 2.269/2014-TCU-Plenário
proferido no âmbito do TC-016.816/2014-5. No referido processo, foi aprovada a sistemática geral da
FOC, além de duas auditorias pilotos a serem realizadas pela equipe da Selog.
2.2 Visão geral do objeto
11. Governança das aquisições consiste no conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com
objetivo de que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis.
12. De forma mais detalhada, a governança das aquisições tem por objetivo:
a) alinhar as políticas e as estratégias de gestão das aquisições com as prioridades do negócio da
organização em prol de resultados;
b) assegurar a utilização eficiente de recursos;
c) otimizar a disponibilidade e o desempenho dos objetos adquiridos;
d) mitigar riscos;
e) auxiliar a tomada de decisão;
f) assegurar o cumprimento dos papéis e das responsabilidades e a transparência dos resultados.
13. Com respeito à distinção entre governança e gestão das aquisições, cabe frisar que não são
sinônimos, embora sejam complementares e interdependentes. Governança refere-se à definição do
que deve ser executado (direção), e gestão refere-se à forma como as executa. Por exemplo, diversas
organizações (e.g., IBGC, GAO e OCDE) preconizam que uma boa prática de governança é
estabelecer política (diretrizes) para a gestão de riscos (inclusive das aquisições). Entretanto, a
implementação dessa política não é função da governança, e sim da gestão. Já o controle da gestão é
função da governança, ou seja, a gestão deve ser monitorada quanto ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e quanto aos resultados obtidos.
14. A abordagem do presente trabalho consiste em verificar, por meio da avaliação de controles
internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes substantivos
(inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com deficiências não
contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
15. Com respeito aos contratos avaliados, optou-se por escolher os contratos para prestação de
serviços de limpeza e vigilância. A escolha decorreu dos seguintes critérios:
a) relevância: há relevância social que consiste no risco de inadimplência das obrigações
trabalhistas e previdenciárias com os trabalhadores contratados para a prestação desses serviços na
APF;
b) materialidade: os contratos de terceirização consomem boa parte do orçamento de custeio das
organizações públicas;
c) risco: constantemente os meios de comunicação dão notícia de problemas decorrentes do
inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias desses contratos;
d) oportunidade: com a prolação do Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, diversas orientações
para dar maior robustez a esses contratos foram proferidas, sem que o TCU tenha averiguado se estão
sendo seguidas e se surtiram efeito.
2.3 Objetivo e questões de auditoria
16. O objetivo geral desta fiscalização foi avaliar se as práticas de governança e de gestão de
aquisições públicas adotadas pela UFRN estão de acordo com a legislação aplicável e aderentes às
1028

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

boas práticas.
17. Como objetivos específicos, podem-se citar:
a) avaliar a existência de deficiências nas práticas de governança e gestão das aquisições,
utilizando a legislação aplicável e as boas práticas como parâmetro;
b) ratificar (ou retificar) as informações apresentadas pela UFRN em resposta ao levantamento
do perfil de governança das aquisições realizado pelo TCU em 2013;
c) avaliar a existência de deficiências nos controles internos em nível de atividade no processo de
aquisição;
d) avaliar aspectos de conformidade das contratações de serviços terceirizados de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas;
e) avaliar a possível contribuição das deficiências nos controles para a ocorrência de
desconformidades nas contratações.
18. Dessa forma, com base no objetivo da fiscalização, foram elaboradas as seguintes questões
de auditoria:
Número Descrição da questão
Q1 As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Q2 A estratégia organizacional contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q3 Os mecanismos de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Q4 O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q5 A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
Q6 Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
Q7 Os estudos técnicos preliminares contribuem para assegurar a viabilidade da contratação?
Q8 Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela terceirização
do serviço?
Q9 O Termo de Referência contém elementos que contribuem para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
Q10 A seleção do fornecedor é executada de forma a contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
Q11 A gestão do contrato é realizada de forma contribuir para obtenção de solução que atenda à
necessidade que originou a contratação?
Q12 Há controles internos compensatórios em nível de atividade no processo de aquisição
adequados?

2.4 Metodologia e Critérios


Metodologia
19. Para a realização deste trabalho, que tem natureza de auditoria integrada (operacional e
conformidade), foram observados os documentos intitulados ‘Padrões de Auditoria de Conformidade’,
aprovado pela Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009, ‘Manual de Auditoria Operacional’, aprovado pela
Portaria-Segecex 4, de 26/2/2010; ‘Orientações para fiscalizações de Orientação Centralizada’,
aprovado pela Portaria-Adplan 2, de 23/8/2010; e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovado
por meio da Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de
30/6/2011. Em especial, a estrutura do relatório foi baseada no ‘Manual de Auditoria Operacional’.
20. Durante a fase de planejamento da FOC, a Selog, unidade técnica orientadora dos trabalhos
definiu as questões, os procedimentos de auditoria e os possíveis achados com o seguinte
embasamento:
a) questões de auditoria um a seis e doze, com base nos itens do questionário utilizado no
levantamento relativo ao perfil de governança de aquisições de 2013;
b) questões sete a onze, com base no documento Riscos e Controles nas Aquisições (RCA),
publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog, menu ‘Riscos e Controles nas Aquisições’)
1029

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em atenção ao Acórdão 1.321/2014-TCU-Plenário.


21. Como resultado dessa fase, foram geradas as matrizes de planejamento e de achados-padrão
das auditorias. As matrizes foram apresentadas à equipe da Secex/PE por meio de videoconferência
antes do início dos trabalhos de execução das auditorias.
22. A fim de obter evidências que possibilitassem a avaliação das informações fornecidas em
resposta ao Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições - Ciclo 2013, a Secex/PE
encaminhou o Ofício 1042/2014-TCU/Secex/PE, de 4/9/2014, no qual solicitou documentos e
informações sobre os objetos analisados nesse trabalho (peça 2).
23. Na etapa de execução da fiscalização, foi promovida reunião com a reitora da UFRN e
representantes das áreas envolvidas com gestão e governança de aquisições na universidade para
apresentação da equipe de auditoria e dos objetivos e escopo do trabalho. Essa etapa contou com a
participação de auditor da Selog, unidade coordenadora da FOC.
24. No decorrer dos trabalhos, foram aplicados procedimentos de análise documental e
entrevistas aos interlocutores designados pela UFRN em relação a cada uma das questões de auditoria.
Também foram solicitadas informações adicionais por meio do Ofício de Requisição 1/2014 (peça 23).
25. Já na reunião de encerramento foram apresentados os entendimentos a que tinha chegado a
equipe, esclarecendo aos gestores, na oportunidade, o caráter preliminar dessas conclusões, ainda
sujeitas a mudanças em face do aprofundamento da análise e de novos elementos eventualmente
apresentados.
26. A minuta do relatório foi encaminhada à equipe coordenadora da FOC para revisão com o
objetivo de manter uniformidade no tratamento dos achados pelas diversas equipes. Os ajustes
sugeridos e comentários foram analisados e as sugestões de melhoria acatadas pela equipe foram
incorporadas ao texto final do relatório.
27. Após revisão da Selog, o relatório preliminar de auditoria foi submetido aos comentários do
gestor, por meio do Ofício 004/2015-TCU/Secex/PE, conforme prevê os parágrafos 145 e 146 das
Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela Portaria -TCU 280/2010,
de 8/12/2010. Além disso, o ofício que submeteu o relatório aos comentários do gestor também
solicitou a identificação das possíveis causas dos achados de auditoria.
28. A fim de aprimorar o questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, a equipe
de auditoria avaliou a consistência de 59 itens do questionário, registrando divergências entre a
situação declarada e a situação encontrada em papel de trabalho. O resultado dessa avaliação contou
com participação do gestor na indicação das causas das divergências identificadas e servirá de subsídio
para que a Selog aperfeiçoe o questionário para os próximos ciclos de levantamento (peça 51, p. 47).
Critérios
29. Além de dispositivos constitucionais, legais e infralegais, foram utilizados como principais
critérios o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública) e decisões do TCU
relacionadas à governança. Também foram utilizados como critério o Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros modelos
internacionais aplicáveis à governança e à gestão de aquisições, tais como o publicado pela Federação
Internacional de Contadores (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective) e o
utilizado pelo Government Accountability Office (GAO), Entidade de Fiscalização Superior dos
E.U.A. (Framework for Assessing the Acquisition Function at Federal Agencies).
30. Registre-se que o arcabouço normativo que trata de controles ligados à governança e gestão
das aquisições cogente às organizações públicas federais é muito incipiente, como se pode observar no
documento contendo a fundamentação das perguntas do perfil de Governança e Gestão das Aquisições
- Ciclo 2013, base das questões e procedimentos de parte desta auditoria, que pode ser consultado em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
31. Esse documento contém o mapeamento dos excertos das normas, jurisprudência e boas
práticas que sustentaram as perguntas do Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições -
Ciclo 2013, de forma que opta-se, neste relatório, por citar, sem transcrever, os critérios de auditoria
1030

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

utilizados para caracterizar os achados de auditoria relatados a seguir, uma vez que podem ser
consultados na URL http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
32. Como um dos objetivos específicos desse trabalho foi avaliar a existência de deficiências nos
controles, foi utilizado o termo ‘Deficiências’ para iniciar o título dos achados desta natureza,
caracterizando situações onde tais controles não estão adequados, expondo a organização a riscos,
suscitando uma necessidade de melhoria por parte da organização. Por racionalidade na redação dos
achados, a fim de padronizar o título dos achados em todas as fiscalizações da FOC e evitar a
duplicação da quantidade de achados-padrão, o termo ‘Deficiências’ foi usado indistintamente para os
casos em que o controle existe, mas carece de aperfeiçoamento, bem como para os casos de
inexistência, nos quais o controle não estava implantado.
33. Nesses casos, as recomendações ou determinações foram direcionadas precipuamente ao
aperfeiçoamento dos processos de trabalho, por meio da criação ou adequação de controles internos
que reduzam o impacto ou a probabilidade da ocorrência de eventos de risco nas aquisições realizadas
pela organização.
34. Considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em todas as organizações, propôs-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura
mais preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que se optou pela não responsabilização de
gestores apesar da grande quantidade de falhas identificadas.
35. Por fim, vale ressaltar que as deliberações propostas neste relatório não impactarão o exame
das contas da organização fiscalizada.
2.5 Limitações
36. Não houve qualquer limitação ou restrição aos trabalhos desenvolvidos pela equipe de
auditoria que mereçam registro.
2.6 Volume de Recursos Fiscalizados (VRF)
37. O VRF alcançou o montante de R$ 13.926.801,96. Foi considerado, para fins de volume de
recursos fiscalizados, a soma dos valores anuais dos contratos fiscalizados no âmbito da presente
auditoria referentes à contratação de serviços de limpeza (Contrato 55/2011) e vigilância (Contrato
85/2010). O contrato de serviços de transporte não foi incluído uma vez que somente foi analisado
quanto aos estudos preliminares à fase de licitação.
3. ACHADOS DE AUDITORIA
Liderança
38. A questão de auditoria Q1 teve como objetivo avaliar se as práticas de liderança contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
39. Sobre o componente liderança, o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e
Entidades da Administração Pública (RBG) - publicado pelo TCU registra:
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que
assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas
íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das
organizações e liderando os processos de trabalho.
40. No componente liderança, este trabalho avaliou se:
a) a organização executa processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da função de
aquisições considerando as competências para as atividades;
b) a organização executa avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições, a
fim de verificar se os recursos humanos estão em quantidade e com a qualificação adequada às suas
atribuições;
c) há um código de ética implantado, divulgado e monitorado;
d) a autoridade máxima exerce a liderança organizacional, estabelecendo objetivos, indicadores e
metas para a gestão das aquisições.
41. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.1 Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de
1031

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

aquisições.
Situação encontrada
42. Com relação à questão apresentada no item A.1 do Questionário Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013, a UFRN informou que não adota a prática de fazer com que os ocupantes das
funções-chave na área de aquisições sejam selecionados por meio de processo formal, transparente e
baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades (peça 10, p. 2).
43. Durante a fase de execução da auditoria, foi realizada entrevista à secretária da Secretaria de
Recursos Humanos, que esclareceu que não há normativo interno definindo as competências
necessárias para a ocupação das funções-chave das áreas envolvidas com aquisições e, por
consequência, não há divulgação dos critérios de seleção, pois eles não estão objetivamente
estabelecidos nem vêm sendo utilizados.
Comentários do gestor
44. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 1):
A despeito da inexistência de normativos orientadores para a seleção de todos os ocupantes das
funções-chaves na área de aquisições, ressaltamos que a escolha do Pró-Reitor de Administração
obedece a procedimentos previstos no Estatuto da UFRN, com a apresentação do nome proposto pelo
(a) Reitor (a) para análise e possível arguição perante o Conselho de Administração. Para os demais
cargos, a nomeação é precedida pela análise do perfil técnico e a experiência vivenciada em funções
semelhantes no âmbito da administração universitária, visando o cumprimento das atribuições
estabelecidas no Regimento Interno da Reitoria.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) nenhuma causa foi indicada - Segundo o gestor, ‘existe normativo apenas para nomeação do
Pró-Reitor de Administração (art. 19 do Estatuto da UFRN)’.
Efeitos/Consequências do achado
b) seleção de pessoal não qualificado para desempenhar funções-chave da área de aquisições
(efeito potencial).
Critérios
a) Decreto 5.707/2006, art. 1º, inc. III;
b) GESPÚBLICA, item 6.1 - B.
Conclusão da equipe
45. A UFRN não possui normativo interno definindo as competências necessárias para ocupar as
funções chave da área de aquisições e também não divulga os critérios de seleção para ocupar essas
funções.
46. A instituição tampouco definiu critérios de seleção dos ocupantes das funções-chave da área
de aquisições, bem como não estabeleceu processo formal de seleção dos ocupantes dessas funções.
Proposta de encaminhamento
47. Recomendar à UFRN que discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de
aquisições, incluindo as funções de liderança, em especial a função de principal dirigente responsável
pelas aquisições, considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais, necessárias
para estas funções.
3.2 Deficiências na avaliação da estrutura de recursos humanos da área de aquisições

Situação encontrada
48. Com relação à questão apresentada no item A.2 do Questionário Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013, a UFRN informou que adota parcialmente a prática de avaliar periodicamente
a estrutura de recursos humanos da área de aquisições, tanto quantitativa como qualitativamente (peça
10, p. 2).
49. Em resposta ao Ofício de Requisição 1042/2014-TCU/Secex/PE, a UFRN informou (peça
13, p. 1-5) que, em relação à avaliação dos recursos humanos, há um sistema de avaliação de
desempenho, denominado Gestão do Desempenho Humano (GDH), que consiste num processo
1032

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contínuo e sistemático de descrição, análise e avaliação das atividades técnicas e administrativas


desenvolvidas por servidores que atuam na área administrativa, nos termos da Resolução 024/2006 -
CONSAD.
50. Na fase de execução da auditoria, em entrevista realizada com a pessoa indicada pela
Administração como responsável pelo Departamento de Administração de Pessoal, com o fim de
verificar (1) se existe avalição quantitativa e qualitativa dos recursos humanos e (2) se a avaliação é
feita com base em critérios técnicos, nos foi informado que a avaliação dos recursos humanos ocorre
conforme narrado na resposta do ofício de requisição supracitado e que, para se chegar a uma
avaliação quantitativa e qualitativa utilizando-se critérios técnicos, a universidade vem fazendo estudos
de pessoal de forma a dimensionar as necessidades da área administrativa, a exemplo da elaboração de
matrizes para definir o quantitativo de pessoal para alguns setores, para posteriormente alocar pessoas
capacitadas para ocupar atribuições definidas.
51. A entrevistada acrescentou que um mapeamento piloto foi iniciado no Departamento de
Administração de Pessoal (DAP), que atualmente está em fase de revisão.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) Falta de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado
a) Quantidade inadequada de pessoal para desempenhar as atividades da área de aquisições
(efeito potencial);
b) Qualificação insuficiente do pessoal responsável por desempenhar as atividades da área de
aquisições (efeito potencial).
Critério
a) Decreto 5.707/2006, art. 1º, inc. III.
Conclusão da equipe
52. Conforme relatado acima, a UFRN ainda não realiza avaliação quantitativa e qualitativa do
quadro de pessoal da universidade voltado para a função de aquisições. Apesar do registro de alguns
estudos que visam chegar a este nível de avaliação, não foi realizado um estudo ou avaliação geral e
englobando todas as áreas envolvidas na atividade de aquisições da universidade.
53. Com relação à avaliação qualitativa, faz-se necessário que a universidade avance no
mapeamento de competências iniciado pelo DAP (projeto piloto).
Proposta de encaminhamento
54. Recomendar à UFRN que realize avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de
aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da instituição.
3.3 Deficiências na liderança organizacional
Situação encontrada
55. O item A.9 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona, em
relação ao desempenho organizacional da gestão das aquisições, se a alta administração da organização
estabeleceu:
a) Objetivos para a gestão das aquisições;
b) Pelo menos um indicador para cada objetivo da gestão das aquisições;
c) Metas de desempenho para os objetivos da gestão das aquisições;
d) Mecanismos de controle do cumprimento das metas da gestão das aquisições.
56. Em resposta ao ofício de requisição inicial da auditoria (peça 2), instada a apresentar
documentos que evidenciassem a resposta ao questionário, a UFRN não encaminhou documentos
diretamente relacionados à questão.
57. Na fase de execução, a equipe de auditoria entrevistou dirigentes da Pró-Reitoria de
Planejamento (Proplan), pró-reitor e pró-reitor adjunto, ocasião em que foram esclarecidos detalhes do
modelo de planejamento institucional da UFRN. Segundo esses dirigentes, os objetivos, metas e
políticas da universidade foram estabelecidos no Plano de Desenvolvimento Institucional 2009-2019,
1033

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

que representa um avanço expressivo em vários aspectos se comparados ao plano anterior, no entanto,
não tratam dos aspectos relacionados nas alíneas ‘a’ a ‘d’ acima (peça 14, p. 183-230).
58. Da análise desse plano, observou-se que algumas metas globais ou políticas poderiam ser
associadas diretamente à atividade de aquisições, a exemplo da ‘Meta 12 - Expansão do acervo nas
bibliotecas em 32,6% ‘, porém, não foram definidos indicadores ou estabelecida vinculação com
objetivos essencialmente voltados à gestão das aquisições (peça 14, p. 208).
Comentários do gestor
59. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 1):
O Plano de Desenvolvimento Institucional, elaborado em 2010, não contemplou especificamente
a gestão das aquisições, priorizando a definição de metas em consonância com as funções finalísticas
da UFRN. Entendemos, todavia, que as questões aqui levantadas requerem maior amadurecimento por
parte da comunidade universitária com vistas a definição de diretrizes e metas que correlacionem as
atividades-fins com as atividades-meios numa instituição universitária.
Causas indicadas pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) Pouca cultura com respeito a riscos e controles;
b) Falta de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado
a) Impossibilidade de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional
adequado (efeito real).
Critérios
a) GESPÚBLICA, itens 1.6 e 2.2;
b) IFAC, item 102.
Conclusão da equipe
60. A UFRN não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de aquisições, nem
tampouco, mecanismos de controle do alcance das metas.
Proposta de encaminhamento
61. Recomendar à UFRN que estabeleça formalmente:
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
Estratégia
62. A questão de auditoria Q2 teve como objetivo avaliar se as práticas de estratégia contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
63. Sobre o componente estratégia, o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e
Entidades da Administração Pública (RBG) - publicado pelo TCU registra:
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia
necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e
expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação
e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de
curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e
organizações envolvidas ou afetadas.
64. No componente estratégia, este trabalho avaliou se:
a) há estabelecimento de diretrizes para as aquisições, como políticas de terceirização, de
compras, de estoques, dentre outras, que direcionam as decisões operacionais das aquisições (por
exemplo, quais serviços devem ser contratados e quais devem ser executados com servidores);
1034

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) há estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área de aquisições,


de forma que cada setor tenha atribuições específicas e se possam implementar mecanismos de
segregação de funções críticas;
c) existem instâncias colegiadas, compostas por integrantes das diversas áreas da organização,
que apoiem as decisões críticas sobre as aquisições, mitigando o risco de decisões com viés.
65. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.4 Deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições
Situação encontrada
66. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, item B.1, a
UFRN informou que a Administração aprovou e publicou políticas de compras e de estoques, mas que
não possui estratégia de terceirização, políticas de sustentabilidade nem de compras conjuntas (peça
10, p. 4).
67. Na fase de execução da auditoria, verificou-se que a UFRN não possui ato administrativo
formal regulamentando suas estratégias de terceirização, sua política de compras, sua política de
estoques, sua política de sustentabilidade nem sua política de compras conjuntas.
68. Contudo, constatou-se, em entrevista, que a universidade utiliza o sistema Sipac (Sistema
Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos), que registra eventos desde a fase das compras
até à da execução orçamentária e financeira.
69. No Sipac os centros acadêmicos registram suas solicitações de compras consoante um
calendário estabelecido pela Pró-Reitoria de Administração (peça 35), no qual consta prazo para os
departamentos lançarem:
a) as suas demandas de materiais bibliográficos;
b) dados sobre o Plano Anual de Aquisição de Veículos;
c) suas demandas para aquisições/contratações de bens, serviços e obras.
70. Em suma, os documentos instituídos pela UFRN e norteadores para as aquisições e
contratações de serviços são as resoluções anuais do Conselho de Administração (Consad), que
estabelecem o calendário universitário, procedimento adotado pela primeira vez para o exercício de
2009 e que ‘vem sendo aperfeiçoado aos poucos com a implantação gradual da cultura de
planejamento, atividade que requer processos de maturação, de convencimento e de remoção de
resistências’ (peça 19, p. 6).
71. Constatou-se, também, na fase de execução, no que diz respeito à política de estoques, que a
UFRN tem políticas de estoques, conforme consta à peça 19, p. 14-16, não normatizada, contudo.
72. Quanto à política de compras conjuntas, verificou-se que a UFRN mantém um plano de
compras compartilhadas com a UFPE, UFCG e outras, para aquisição de vários itens, dentre eles:
projetores multimídia, veículos, mobiliário, condicionador de ar, papel etc. (peça 36). Essas compras
também são discutidas e empreendidas no âmbito do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Planejamento
e Administração das Instituições Federais de Ensino Superior (Forplad), que funciona como um órgão
assessor da Associação Nacional dos Dirigentes das IFES (Andifes), realizando análises e estudos que
servem como base na construção de propostas e planos para o sistema federal de ensino superior, bem
como promovendo debates sobre atividades, funções e objetivos das universidades públicas, assim
como de todo o sistema federal de ensino superior no país.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) pouca cultura com relação a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado
a) arealização de aquisições que não estejam alinhadas às diretrizes estratégicas da organização
(efeito potencial).
Critério
a) GESPÚBLICA, itens 2.1, 2.3.2 (sustentabilidade) e 4.1 (sustentabilidade).
Conclusão da equipe
1035

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

73. Conforme relatado acima, a UFRN não estabeleceu formalmente estratégias e políticas
voltadas para a função de aquisições, quais sejam: estratégia de terceirização, política de compras e de
estoques, política de sustentabilidade nem política de compras conjuntas.
Proposta de encaminhamento
74. Recomendar à UFRN que aprove e publique diretrizes para área de aquisições incluindo:
a) estratégia de terceirização;
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas, podendo utilizar-se do Forplad na construção de política
regional.
3.5 Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para
área de aquisições.
Situação encontrada
75. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, itens B.2, B.3 e
B.4, a UFRN informou que há normativos internos que incluem a definição da estrutura organizacional
da área de aquisições e que estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades da área, dos
cargos efetivos e dos comissionados (peça 10, p. 4).
76. Informou também que há normativos internos que estabelecem as competências, atribuições
e responsabilidades do dirigente máximo da organização; que a alta administração aprovou e publicou
uma política de delegação de competências para autorização de contratações relativas a atividades de
custeio, mas que não realizou uma avaliação das necessidades e riscos antes de formalizar a política de
delegação de competências (peça 10, p. 4).
77. Na fase de execução da auditoria, verificou-se que não há normativos internos que incluam a
definição da estrutura organizacional da área de aquisições nem que estabeleçam as competências,
atribuições e responsabilidades da área, dos cargos efetivos e dos comissionados.
78. Em relação aos normativos internos que estabelecem as competências, atribuições e
responsabilidades do dirigente máximo da organização, na fase de execução da auditoria, verificou-se
que o Regimento Interno da UFRN (peça 17, p. 2) é a norma que os supracitados requisitos; contudo,
nele não constam as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo da
organização com respeito às aquisições da organização.
79. Verificou-se que a instituição desenvolve um trabalho de dimensionamento do quadro de
pessoal como um todo, cujos estudos preliminares estão à peça 37.
Comentários do gestor
80. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 1):
Esclarecemos, inicialmente, que no Regimento Interno da Reitoria consta a estrutura
organizacional da Pró-Reitoria de Administração, com a especificação da Diretoria de Material e
Patrimônio, a qual se vinculam os setores de planejamento, licitação, compras, acompanhamento e
patrimonialização e suas respectivas competências. Ressaltamos que a Pró-Reitoria de Administração e
sua Diretoria de Material e Patrimônio são hierarquicamente subordinadas ao dirigente máximo da
Universidade, cujas atribuições estão definidas no Estatuto e no Regimento Geral da UFRN. Na
estrutura organizacional da UFRN, as Pró-Reitorias são órgãos com atribuições delegadas pelo (a)
Reitor (a).
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) nenhuma causa foi indicada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
a) ausência de segregação de funções em atividades críticas (efeito potencial);
b) desconhecimento acerca de quem é o responsável por realizar atividades na área de aquisições
(efeito potencial);
c) sobreposição de responsabilidades pela realização de uma mesma atribuição (efeito potencial);
1036

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) incerteza acerca de a qual unidade a área de aquisições está subordinada (efeito potencial);
e) falta de envolvimento formal da alta administração nas decisões relativas às aquisições (efeito
potencial).
Critérios
a) princípio da segregação de funções;
b) IFAC, item 084;
c) Código do IBGC, item 2.3.1.
Conclusão da equipe
81. Conforme relatado acima, a UFRN não dispõe de documento descrevendo as competências,
atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e comissionados da área de aquisições,
ou seja, não há normativo sintetizando e formalizando o conjunto de atribuições e responsabilidades.
Proposta de encaminhamento
82. Recomendar à UFRN que estabeleça em normativos internos:
a) a estrutura organizacional da área de aquisições;
b) as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados;
c) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo da organização com
respeito às aquisições da universidade, nesses incluída, mas não limitada, a responsabilidade pelo
estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos
nas aquisições;
d) controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações.

3.6 Deficiências na instituição de instâncias colegiadas


Situação encontrada
83. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, itens B.7, a
UFRN informou que a alta administração não designou formalmente corpo colegiado (ex. comitê,
conselho) responsável por auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições (peça 10, p. 4). Essa
informação foi confirmada na fase de execução por meio de entrevistas aos representantes da Pró-
Reitoria de Planejamento.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) Pouca cultura com respeito a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado
a) Realização de aquisições que não atendam as demandas da organização como um todo (efeito
potencial);
b) Realização de aquisições desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (efeito
potencial).
Critério
a) IFAC, item 073.
Conclusão da equipe
84. Conforme relatado acima, a UFRN não possui comitê ou conselho que desempenhe a função
de auxiliar a alta administração nas decisões sobre aquisições.
Proposta de encaminhamento
85. Recomendar à UFRN que avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por
representantes dos diversos setores da universidade, a responsabilidade por auxiliar a alta
administração nas decisões relativas às aquisições, com objetivo de buscar o melhor resultado para a
instituição.
Controle
86. A questão de auditoria Q3 teve como objetivo avaliar se as práticas de controle contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
1037

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

87. Sobre o componente controle, o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e


Entidades da Administração Pública (RBG) - publicado pelo TCU registra:
Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser
avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação,
transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a
responsabilização pelos atos praticados.
88. No componente controle, este trabalho avaliou se:
a) existem diretrizes para gestão de risco das aquisições, os gestores são capacitados para realizar
gestão de risco das aquisições e esta gestão é realizada;
b) existem canais que recebem denúncias sobre impropriedades nas aquisições da organização;
c) a função de auditoria interna está estabelecida e atua segundo as boas práticas internacionais
sobre o tema, não realizando atividades de cogestão.
d) a organização dá publicidade das decisões sobre o julgamento das contas, agendas de
dirigentes superiores e tem transparência ativa quanto a todos os documentos de seus processos
administrativos de aquisição.
89. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.7 Deficiências na gestão de risco das aquisições
Situação encontrada
90. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, itens C.1, C.2 e
C.3, a UFRN informou que a instituição não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das
aquisições. Além disso, registrou que não prevê adotar a prática de capacitar os gestores da área de
aquisições em gestão de riscos, bem como realizar gestão de riscos nas aquisições (peça 10, p. 4).
91. Em entrevista realizada com o diretor da Diretoria de Material e Patrimônio (DMP) e com o
pró-reitor da Pró-Reitoria de Administração (Proad), a equipe de auditoria foi informada que a UFRN
não realiza gestão de riscos nas aquisições.
Comentários do gestor
92. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 1-2):
A gestão baseada na avaliação de risco tem sido objeto de destaque nas recomendações dos
órgãos de controle externo à administração pública. A UFRN reconhece a importância do tema. Ao
mesmo tempo, contudo, constata que não há ainda estabelecida na administração pública brasileira
uma cultura e a adoção de procedimentos operacionais objetivos que possibilitem a efetivação de sua
utilização como ferramenta para a melhoria da gestão pública.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) pouca cultura com respeito a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado:
a) desconhecimento acerca dos riscos envolvidos em cada aquisição (efeito real).
Critérios
a) Gespública, item 1.1 - C;
b) Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Conclusão da equipe
93. A UFRN não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições.
Proposta de encaminhamento
94. Recomendar à UFRN que:
a) estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
b) capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
c) realize gestão de riscos das aquisições.

3.8 Deficiências em accountability


1038

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Situação encontrada
95. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, item C.6, a
UFRN registrou que a instituição não estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de
aquisições seja publicada na Internet, bem como não determinou a publicação na sua página na
Internet da decisão quanto a regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo.
Respondeu, ainda, que determina a publicação da agenda de compromissos públicos do principal
gestor responsável pelas aquisições (peça 10, p. 6).
96. Na fase de execução da auditoria, foi verificado que a agenda da reitora é publicada no portal
da UFRN, sem qualquer menção aos compromissos do gestor principal das aquisições, conforme
consultas realizadas ao referido site, página ‘Acesso à informação’ (peça 42, p. 1). Sobre licitações e
contratos, apenas as informações gerais e documentos específicos são disponibilizados no portal, a
exemplo dos editais, minutas/contratos assinados e termos aditivos, os quais puderam ser acessados
pela equipe de auditoria (peça 42, p. 2-9).
Causas indicadas pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) nenhuma causa foi indicada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado:
a) prejuízo ao controle social dos processos de aquisição (efeito potencial);
b) redução da transparência quanto ao julgamento das contas dos gestores pelo órgão de controle
externo (efeito real).
Critérios
a) Lei 12.527/2011, arts. 3º, 5º, 7º e 8º, inc. IV;
b) Lei 12.813/2001, art. 11 c/c art. 2º, I;
c) Portaria CGU 262/2005, art. 2º.
Conclusão da equipe
97. A UFRN não estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja
publicada na Internet e não determina a publicação na sua página na Internet da decisão quanto a
regularidade das contas proferida pelo órgão de controle externo, bem como da agenda de
compromissos públicos do principal gestor responsável pelas aquisições.
Proposta de encaminhamento

98. Recomendar à UFRN que:


a) publique na Internet todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g.
solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e
jurídicos etc.);
b) publique na Internet a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas
aquisições;
c) publique na Internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão de
controle externo.
Planejamento
99. A questão de auditoria Q4 teve como objetivo avaliar se o processo de planejamento das
aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições.
100. Planejamento é princípio fundamental da administração pública, e sobre este componente
buscou-se avaliar se a organização pratica um processo de planejamento das aquisições, gerando um
plano de aquisições contendo o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo do ano,
instrumento este que deveria ser utilizado para a elaboração da proposta orçamentária anual, bem
como para o acompanhamento.
101. Também foi avaliada a existência de um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente, isto é, um plano, contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos
de execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permite a organização estabelecer
práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
1039

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

102. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.


3.9 Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS)
Situação encontrada
103. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, item D.4, a
UFRN informou que não pretende aprovar um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente (peça 10, p. 7).
104. Em entrevista realizada com o diretor da DMP, a equipe de auditoria foi informada que a
UFRN aderiu à Agenda A3P do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que, no entendimento da DMP,
contém as mesmas diretrizes de um PLS. Foram disponibilizadas à equipe de auditoria cópias do Selo
A3P-Verde, conferido à universidade, bem como relatório técnico de implementação da referida
Agenda (peça 34).
105. Da análise dos documentos, verifica-se que a UFRN instituiu comissão gestora da Agenda
A3P (peça 34, p. 2). Além disso, as ações previstas no relatório englobam os seguintes eixos temáticos
de atuação: uso racional dos recursos naturais e bens públicos; gestão adequada dos resíduos gerados;
licitações sustentáveis; qualidade de vida no trabalho; e sensibilização e capacitação.
106. Sabe-se que o programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) foi criado pelo
MMA, constituindo ação que busca a construção de uma nova cultura institucional nos órgãos e
entidades públicos. A A3P tem como objetivo estimular os gestores públicos a incorporar princípios e
critérios de gestão socioambiental em suas atividades rotineiras. Nesse sentido, o selo A3P Verde foi
conferido à UFRN em reconhecimento à instituição pública pelo empenho na implementação da
agenda, por meio da adesão formal ao Programa Agenda Ambiental na Administração Pública (peça
34, p. 3).
Comentários do gestor
107. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 2):
Entendemos que houve uma informação aparentemente equivocada por parte dos entrevistados
pela equipe de auditoria, haja vista que a Agenda A3P possui diretrizes que também deverão estar
presentes na elaboração do Plano de Logística Sustentável. Reafirmamos que a UFRN vem
dispendendo esforços para a elaboração do seu Plano de Logística Sustentável, a partir da experiência
acumulada na gestão da Agenda A3P junto à comunidade universitária.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) nenhuma causa foi indicada pelo gestor.
Efeitos/Consequências do achado
a) realização de contratações sem inclusão de requisitos de sustentabilidade (efeito potencial);
b) desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 3º;
b) Decreto 7.746/2012, art. 16;
c) IN SLTI 10/2012, art. 12.
Conclusão da equipe
108. Constatou-se a inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável. Esse plano é uma
ferramenta de planejamento que permite o estabelecimento de práticas de sustentabilidade e
racionalização dos gastos institucionais e dos processos administrativos e, em atenção ao normativos
mencionados acima, deverá ser elaborado e aprovado no âmbito da UFRN.
109. Nesse sentido, a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P - SAIC/MMA) pode
ser considerada parte de grupo de ações e projetos afins desenvolvidos pela instituição com potencial
de integrar o Plano de Logística Sustentável, documento importante para a função de aquisições,
objeto da presente fiscalização, por contemplar linhas de ações para agregar critérios de
sustentabilidade à logística, incluindo parâmetros para avaliação e comparação de bens, materiais ou
serviços em função do seu impacto ambiental, social e econômico.
Proposta de encaminhamento
1040

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110. Considerando que a inexistência do PLS também foi tratada no Processo TC-018.267/2014-
9 (auditoria de natureza operacional), culminando em recomendação proferida no âmbito do Acórdão
48/2015-TCU-Plenário, deixa-se de propor encaminhamento sobre a questão.
Acórdão 48/2015-TCU-Plenário
9.1. recomendar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte que:
[...]
9.1.13.constitua Comissão Gestora do Plano de Gestão de Logística Sustentável, elabore Plano
de Gestão de Logística Sustentável - PLS e divulgue-o em seu sítio eletrônico, conforme prescreve os
artigos 6º e 12 do Decreto 7.746/2012 c/c IN/SLTI/MP 10/2012;
Gestão de Pessoas
111. A questão de auditoria Q5 teve como objetivo avaliar se a gestão de pessoas contribui para
uma boa gestão das aquisições.
112. Foi avaliada a existência de mapeamento de competências necessárias à função de
aquisições, condição necessária para uma boa gestão de pessoas, bem como se a capacitação dos
servidores/empregados da função de aquisições é adequada à execução das atividades.
113. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.10 Deficiências no mapeamento de competências necessárias à função de aquisições
Situação encontrada
114. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, item E.1 e
E.2, a UFRN informou que a universidade pretende adotar a prática de identificar e definir as
competências necessárias para o desempenho das funções-chaves da área de aquisições (peça 10, p. 7).
Comentários do gestor
115. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 2):
O processo de identificação e definição das competências necessárias para o desempenho das
funções-chaves da área de aquisições foi iniciado no Setor de Compras da Diretoria de Material e
Patrimônio em outubro de 2014.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) Segundo o gestor, ‘O planejamento das atividades de dimensionamento de pessoal e
mapeamento das competências definidos pela UFRN contemplam todos os setores da Diretoria de
Material e Patrimônio, que serão concluídos em 2015’.
Efeitos/Consequências do achado
a) desconhecimento acerca das competências necessárias ao desempenho adequado das
atividades realizadas pela área de aquisições (efeito real);
b) execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor sem a
competência necessária (efeito potencial).
Critério
a) Decreto 5.707/2006, art. 1º, inc. III.
Conclusão da equipe
116. Conforme relatado acima, a UFRN ainda não realizou mapeamento de competências com
relação aos ocupantes das funções-chave da área de aquisição.
Proposta de encaminhamento
117. Recomendar à UFRN que estabeleça um modelo de competências para os ocupantes das
funções-chave da área de aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à
governança e à gestão das aquisições.
Processo de trabalho
118. A questão de auditoria Q6 teve como objetivo avaliar se há padronização na execução dos
processos de trabalho para aquisições.
119. As normas da série ISO 9000 preconizam que, para atingir qualidade, um dos princípios que
devem nortear a execução das operações de uma organização é a abordagem por processos, isto é, um
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resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados


são gerenciados como um processo.
120. Processos de trabalho são conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transformam insumos (entradas) em produtos (saídas).
121. Com base neste princípio, a fim de obter qualidade nas contratações, as organizações devem
sistematizar por meio de processos de trabalho, suas aquisições.
122. Neste componente, o trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) estabelecimento de processos de trabalho para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos;
b) estabelecimento de padrões diversos (e sua utilização), como minutas de editais, listas de
verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que aumentam a produtividade dos
processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
123. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.11 Processos de contratação ad hoc
Situação encontrada
124. Em resposta ao Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, itens F.3 a
F.5, a UFRN respondeu que a unidade não prevê adotar a prática de utilizar processo de trabalho
aprovado e publicado para o planejamento de cada uma das aquisições, assim como também não prevê
adotar a prática de utilizar processo de trabalho aprovado e publicado para a seleção de fornecedor.
125. Finalmente, informou que adota parcialmente a prática de utilizar processo de trabalho
aprovado e publicado para a gestão de contratos (peça 10, p. 8).
126. Na fase de execução da auditoria, constatou-se que não há documento formal descrevendo
atribuições e responsabilidades dos fiscais dos contratos (gestão de contratos). Em entrevista com o
responsável pelo setor de contratos e com vários fiscais, ficou assente a necessidade de formalizar as
atribuições dos gestores e dos fiscais dos contratos.
Comentários do gestor
127. Sobre a situação encontrada, o gestor apresentou o seguinte comentário (peça 51, p. 2):
Informamos que a grande maioria dos processos de trabalho referentes às aquisições está
implantada como fluxos no SIPAC (Sistema Integrado de Administração, Patrimônio e Contratos).
Entretanto, reconhecemos que esses processos automatizados ainda carecem de normatização
específica.
Causa indicada pelo gestor (peça 51, p. 46)
a) Pouca cultura com respeito a riscos e controles.
Efeitos/Consequências do achado
a) Falta de padronização de procedimentos (efeito real);
b) Execução de uma mesma atividade por unidades diferentes (efeito potencial);
c) Existência de atividades sem um responsável claro (efeito potencial).
Critério
a) ISO 9001, princípio da abordagem por processos.
Conclusão da equipe
128. Conforme relatado acima, a UFRN não aprovou nem normatizou processo de trabalho para
planejamento de cada uma das aquisições, para a seleção dos fornecedores ou para a gestão de
contratos.
Proposta de encaminhamento
129. Recomendar à UFRN que defina um processo formal de trabalho para:
a) planejamento de cada uma das aquisições, considerando, inclusive, as falhas e
impropriedades que culminaram na proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens
deste relatório: 3.12 (parágrafo 136), 3.13 (parágrafo 141, ‘a’), 3.14 (parágrafo 147), 3.15 (parágrafo
151), 3.20 (parágrafo 171) e 3.22 (parágrafo 180);
b) seleção do fornecedor;
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c) gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que culminaram na


proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens deste relatório: 3.13 (parágrafo 141,
‘b’), 3.19 (parágrafo 167), 3.24 (parágrafo 188), 3.25 (parágrafo 192), 3.26 (parágrafo 199, ‘a’ e ‘b’),
3.28 (parágrafo 211) e 3.31 (parágrafo 231).
Conformidade das contratações
130. As questões de auditoria Q7 a Q12 tiveram como objetivo avaliar a conformidade de
aspectos específicos relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de
pessoas, selecionados pela equipe de coordenação central desta auditoria com base no documento
Riscos e Controles nas Aquisições (RCA), publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog,
menu ‘Riscos e Controles nas Aquisições’) em atenção ao Acórdão 1.321/2014-TCU-Plenário. Para
avaliação dessas questões, foram selecionadas as seguintes contratações:
Instrumentos Formais Objeto da Contratação
Pregão Eletrônico: 27/2010 LIMPEZA: Prestação de serviços de limpeza e higienização nas
Processo: 23077.010712/2010-29 áreas internas e externas das unidades acadêmicas pertencentes à
Contrato: 55/2011 UFRN, campus universitário central e interior.
Pregão Eletrônico: 133/2009 VIGILÂNCIA: Prestação de serviços de vigilância armada,
Processo: 23077.050174/2009-71 desarmada e motorizada (moto e veículo) para diversas unidades
Contrato: 85/2010 da UFRN.
Pregão Eletrônico: 24/2009 TRANSPORTE DE PESSOAS: Prestação de serviços de locação
Processo: 23077.015476/09-01 de mão de obra para atender atividades de apoio administrativo,
Contrato: 50/2010 técnico e operacional nas áreas administrativas e acadêmicas.
131. Os achados identificados na avaliação da conformidade das contratações não foram
contemplados na Planilha de Identificação de Causas encaminhada para preenchimento por parte dos
gestores, mas sim selecionados a partir de relação de possíveis causas disponibilizada pela equipe de
coordenação central da auditoria.
132. Vale ressaltar que os documentos recebidos em resposta ao Ofício de Requisição 1/2014
(peça 23) foram digitalizados pela própria UFRN. Na análise desses documentos, verificou-se que os
arquivos apresentavam partes ilegíveis, no entanto, uma vez que trata-se de auditoria operacional e
evitando atrasos na finalização dos trabalhos, a equipe de fiscalização decidiu pela não renovação dos
ofícios de requisição, com aproveitamento do material recebido e, nos casos necessários, a referência
dos achados utilizou remissão às folhas do processo administrativo da contratação.
133. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.12 Deficiências no levantamento de mercado
Situação encontrada
134. No processo administrativo da contratação de serviços de motorista (Processo
23077.015476/09-01), analisado no âmbito da fiscalização, foi verificado que a UFRN não realizou
estudo para avaliar quais soluções existentes no mercado atendiam aos requisitos da contratação de
serviços de transporte de pessoal e de carga. A solução adotada foi a contratação de motoristas
terceirizados e, nesse sentido, não consta do processo documento com informações de estudos técnicos
preliminares à licitação.
Causa
a) não realização de estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
a) adoção de solução que não é a que apresenta melhor relação custo/benefício (efeito potencial).
Critério
a) Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’;
Conclusão da equipe
135. O processo de planejamento de contratações na UFRN não contempla a realização e
formalização de estudos preliminares para definição dos aspectos da contratação voltados a identificar
e avaliar as diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação.
1043

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Proposta de encaminhamento
136. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), realize, na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares, levantamento
de mercado junto às diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento de contratações similares
feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software público), visita a feiras,
consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções publicados em revistas
especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes soluções que possam
atendem às necessidades que originaram a contratação.
137. Dar ciência à UFRN que a contratação de serviços de transporte de pessoas e de carga de
documentos sem avaliação das alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à
necessidade que originou a contratação atual (resolver o problema do transporte de pessoas e carga de
documentos, a fim de identificar a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por
exemplo, as alternativas de compra de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de
transporte pagos por km rodado, entre outras possíveis), a exemplo do constatado no Contrato
50/2010, contraria o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’.

3.13 Deficiências na definição dos postos de trabalhos


Situação encontrada
138. Ao analisar o processo administrativo da contratação de serviços de limpeza (Contrato
55/2011), verificou-se que a produtividade foi definida sem estudo prévio e a produtividade não é
reavaliada a cada prorrogação com base em dados gerenciais pretéritos. Além disso, o tamanho das
áreas foi definido sem base em um documento técnico.
139. Ao analisar o processo de contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010),
constatou-se que não há nos autos demonstrativos de estudos preliminares das necessidades dos postos
que foram contratados. Os quantitativos são lançados em planilha sem justificativas nem conexão com
políticas de segurança da universidade. Tampouco há registro de dados relativos à
produtividade/necessidade dos postos de trabalho empregados em contratações anteriores, assim como
também não foi realizado estudo visando otimizar os postos de vigilância, de forma a substituir por
recepcionistas ou por agentes de vigilância os que tenham como efetiva atribuição o atendimento ao
público. Não foi realizado, também, estudo para definir os diferentes turnos, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12 x 36 h
que ficam ociosos nos finais de semana.
Causa
a) deficiência na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
a) contratação de mais postos de trabalho do que o necessário (efeito potencial);
b) aditivos contratuais de alteração de quantidades sem justificativa válida (efeito potencial).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, arts. 6º, inc. IX, alínea ‘f’ e 7º, § 4º;
b) Decreto 2.271/1997, art. 2º, inc. II (para serviços);
c) IN SLTI 2/2008, art. 43, parágrafo único (Limpeza);
d) IN SLTI 2/2008, art. 49, inc. I e art. 51-A (Vigilância).
Conclusão da equipe
140. O processo de planejamento de contratações na UFRN não contempla a realização e
formalização de estudos para definição dos aspectos da contratação voltados à definição dos postos de
trabalho a serem contratados.
Proposta de encaminhamento
1044

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

141. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes):
a) inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação; e
documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
b) inclua o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato: manter controle
gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa
para as futuras contratações.
142. Dar ciência à UFRN sobre as seguintes impropriedades detectadas no âmbito do Contrato
55/2011 (serviços de limpeza):
a) A ausência de estudo para definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na
contratação (ou na prorrogação de contrato) de serviços de limpeza, nos termos da IN SLTI 2/2008,
art. 43, parágrafo único, bem como na prorrogação de contratos dessa natureza, contraria o disposto na
Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘f’, e art. 7º, § 4º;
b) A ausência de documento técnico que fundamente a definição do tamanho das áreas que serão
objeto de contratação de serviços de limpeza (e.g. planta do prédio ou laudo de medição), bem como
na prorrogação de contratos dessa natureza, contraria o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX,
alínea ‘f’, e art. 7º, § 4º.
143. Dar ciência à UFRN sobre as seguintes impropriedades detectadas no âmbito do Contrato
85/2010 (serviços de vigilância), que contrariam o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea
‘c’:
a) não definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN SLTI 2/2008, art. 49, I;
b) não definição dos diferentes turnos para os postos de vigilância, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12 x 36h
que ficam ociosos nos finais de semana, à semelhança do previsto na IN SLTI 2/2008, art. 51-A.

3.14 Deficiências na estimativa de preços


Situação encontrada
144. Ao analisar o processo administrativo de contratação de serviços de limpeza (Contrato
55/2011), verificou-se que não houve pesquisa de mercado para estimar o preço da contratação. Os
itens da planilha de custos foram definidos pela própria administração, inclusive itens como Despesas
Operacionais e Lucro.
145. Da mesma forma, da análise do processo administrativo de contratação dos serviços de
vigilância (Contrato 85/2010), não foram encontradas pesquisas de preço de mercado nem comparação
de propostas de preço com outros órgãos. Tampouco houve pesquisas em portais de compras
governamentais, sites especializados ou outros entes públicos.
Causa
a) deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares.
Efeitos/Consequências do achado
a) utilização de parâmetro inadequado para análise da aceitabilidade dos preços (efeito
potencial);
b) dificuldade de justificar as estimativas quando questionados por partes interessadas (efeito
potencial).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’;
b) IN SLTI 5/2014, art. 2º;
c) Acórdão 4.695/2012-TCU-Plenário, item 9.2.6.3.
1045

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Conclusão da equipe
146. A UFRN apresenta deficiências na estimativa de preços das contratações de serviços, não
realizando adequadamente as pesquisas de mercado, não realizando, também, pesquisas ao portal de
compras governamentais, sites especializados ou entes públicos, situação constatada na análise dos
processos de contratação dos serviços de limpeza e de vigilância.
Proposta de encaminhamento
147. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos
técnicos preliminares:
a) definir método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, que contemple
pesquisa além dos fornecedores, ao portal de compras governamentais e sites especializados ou entes
públicos, podendo utilizar-se das diretrizes contidas na IN SLTI 5/2014;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte.

3.15 Deficiências na justificativa para o parcelamento ou não da solução


Situação encontrada
148. Ao analisar o processo administrativo da contratação de serviços de limpeza (Contrato
55/2011), verificou-se que a contratação foi parcelada por itens, considerando os tipos de áreas
(administrativas, hospitalares e urbanas). Porém não consta nos autos um estudo formal que justifique
tal opção pelo parcelamento. Em entrevista com a Seção de Contratos, foi informado que o principal
critério foi a existência do adicional de insalubridade para a limpeza de áreas hospitalares.
149. Da análise do processo administrativo de contratação de serviços de vigilância (Contrato
85/2010), verificou-se que não consta nos autos avaliação de viabilidade de parcelamento ou não da
solução contratada.
Causas
a) ausência de estratégia de contratação;
b) deficiências na elaboração dos estudos técnicos preliminares;
c) falta de cultura da organização em analisar possibilidade de parcelamento de um único
serviço.
Efeitos/Consequências do achado
a) diminuição da competitividade das licitações, com risco de aumento dos valores contratados
(efeito potencial);
b) dependência de uma única contratada (efeito potencial).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 23, § 1º;
b) Lei 9.784/99, art. 2º, inciso VII.
Conclusão da equipe
150. A UFRN não avalia ou justifica de forma adequada o parcelamento ou não da solução a ser
contratada pela instituição, conforme verificado na análise dos processos administrativos da
contratação de serviços de limpeza que deu origem ao Contrato 55/2011 e de vigilância, que deu
origem ao Contrato 85/2010.
Proposta de encaminhamento
151. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), avalie, na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares, se a solução é
divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e atentando que a solução deve ser
parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir forem positivas: 1) É tecnicamente
viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução? 3) Não há perda de escala ao
1046

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dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e ampliação da competitividade ao


dividir a solução?
3.16 Inexistência de Plano de Trabalho
Situação encontrada
152. Nos processos administrativos das contratações de serviços de limpeza (Contrato 55/2011) e
vigilância (Contrato 085/2011), analisados no âmbito da fiscalização, foi verificado que a instituição
não elaborou plano de trabalho para subsidiar essas contratações.
153. Em entrevista realizada com o diretor do Departamento de Material e Patrimônio (DMP), a
equipe de auditoria foi informada que a universidade não elaborou plano de trabalho de terceirização
nos moldes do Decreto 2.271/1997, art. 2º.
Causas
a) deficiência no estabelecimento de diretrizes para as aquisições;
b) deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
a) risco de contratação de serviços não alinhada à estratégia de terceirização da organização
(efeito potencial).
Critérios
a) Decreto 2.271/1997, art. 2º;
b) IN SLTI 2/2008, art. 6º, § 3º.
Conclusão da equipe
154. A UFRN não elaborou plano de trabalho de terceirização para subsidiar a contratação dos
serviços de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento
155. Dar ciência à UFRN que a contratação dos serviços especificados no Decreto 2.271/1997,
sem a elaboração, aprovação e publicação de plano de trabalho, a exemplo do ocorrido nos Contratos
55/2011 e 85/2011, contrariam os ditames do art. 2º do supracitado decreto.
3.17 Deficiências nos requisitos de qualidade
Situação encontrada
156. Ao analisar o Edital 133/2009 (Vigilância), constatou-se que há um Acordo de Níveis de
Serviços que se destina ao acompanhamento e avaliação dos serviços prestados pela contratada (peça
47, p. 79-82). Contudo os critérios ali estabelecidos ficaram restritos à possibilidade de aplicação de
penalidades, conforme previsto no item 1.2, e não à definição de requisitos de qualidade dos serviços
prestados; função principal desse tipo de documento. Por consequência, os pagamentos são realizados
sem que haja uma medição do alcance das metas estabelecidas e avaliação da qualidade dos serviços
prestados. O mesmo problema foi verificado no Edital 27/2010 para contratação de serviços de
limpeza (peça 48, p. 75-78).
Causa
a) Deficiências no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
a) Pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a bens ou serviços
entregues (efeito real).
b) Impossibilidade de cobrar da contratada o alcance de níveis mínimos de qualidade na
prestação dos serviços (efeito real).
Critérios
a) Lei 10.520/2002, art. 3º, inciso II;
b) Decreto 2.271/1997, art. 3º, § 1º;
c) IN SLTI 2/2008, art. 11.
Conclusão da equipe
1047

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

157. Os Acordos de Níveis de Serviços dos contratos de limpeza e vigilância, analisados no


âmbito da presente fiscalização, não são suficientes para definir os requisitos de qualidade dos serviços
prestados pelas contratadas.
158. Nesse sentido, os pagamentos são realizados sem que haja uma medição do alcance das
metas estabelecidas e avaliação da qualidade dos serviços prestados.
Proposta de encaminhamento
159. Dar ciência à UFRN que a falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços
prestados e a ausência de vinculação dos pagamentos realizados à entrega dos serviços com a
qualidade contratada, constatadas nas especificações dos objetos dos Contratos 55/2011 e 85/2010,
contraria o disposto na Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da eficiência).
3.18 Deficiências nos requisitos de sustentabilidade
Situação encontrada
160. Ao analisar a contratação de serviços de limpeza (Contrato 55/2011), verificou-se que a
UFRN não estabeleceu requisitos de sustentabilidade para prestação dos serviços de limpeza, no
contrato supracitado.
Causas
a) ausência de um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS);
b) falta de cultura da organização quanto ao aspecto de sustentabilidade ambiental.
Efeitos/Consequências do achado
a) dano ao meio ambiente provocado pela utilização de práticas inadequadas na execução dos
serviços de limpeza (efeito potencial);
b) desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 3º;
b) IN SLTI 1/2010, art. 6º;
c) IN SLTI 2/2008, art. 42, inciso III.
Conclusão da equipe
161. A UFRN não estabeleceu requisitos de sustentabilidade para prestação dos serviços de
limpeza no Contrato 55/2011.
Proposta de encaminhamento
162. Dar ciência à UFRN que a contratação de serviços de limpeza e conservação sem
avaliação da possibilidade de incrementar, como obrigação da contratada, a adoção de novas práticas
de sustentabilidade na execução dos serviços (e.g. utilização de equipamentos de limpeza que não
gerem ruído no seu funcionamento e realização de um programa interno de treinamento de seus
empregados, nos três primeiros meses de execução contratual, para redução de consumo de energia
elétrica, de consumo de água e redução de produção de resíduos sólidos), a exemplo do constatado no
Contrato 55/2011, contraria os comandos da Lei 8.666/1993, art. 3º, da IN SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º
e da IN SLTI 2/2008, art. 42, inciso III.
3.19 Ausência de segregação dos recebimentos provisório e definitivo
Situação encontrada
163. Ao analisar os processos administrativos de contratação de serviços de vigilância (Contrato
85/2010) e de limpeza (Contrato 55/2011), verificou-se que as notas fiscais são atestadas pelos fiscais
em cada local de prestação dos serviços sem considerar os aspectos administrativos da fiscalização.
Esses outros aspectos são verificados pela Seção de Gestão do Contrato, sem que essa atribuição esteja
prevista formalmente em algum normativo interno da universidade, ou no modelo de gestão previsto
nos contratos. Cite-se, como exemplo, o Contrato 85/2010, no qual as cláusulas que tratam da
fiscalização dos serviços não estabelecem previsão de emissão de termo de recebimento provisório e
definitivo, separadamente (peça 40, p. 14).
164. Na prática, há uma segregação das fases de recebimento provisório e definitivo, uma vez
que o fiscal atesta a realização dos serviços e a Seção de Gestão de Contratos analisa a parte
1048

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

documental. É importante que essa segregação de funções na fase da liquidação da despesa esteja
devidamente normatizada pela UFRN e que os seus requisitos estejam previstos nos editais e nos
contratos.
165. Em entrevista realizada pela equipe de auditoria com a presença de diversos fiscais do
contrato e do chefe da Seção de Gestão de contratos, a constatação acima foi confirmada. Ressalte-se
que os fiscais informaram desconhecer os limites e rol de responsabilidades para atuação na
fiscalização dos contratos.
Causa
a) deficiências no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
a) recebimento dos serviços em desconformidade com as especificações técnicas (efeito
potencial).
Critério
a) Lei 8.666/1993, art. 73, incisos I, ‘a’ e ‘b’.
Conclusão da equipe
166. A instituição não estabeleceu nos processos administrativos fiscalizados um modelo de
gestão de contratos contemplando a segregação das atividades de recebimento provisório e
recebimento definitivo dos serviços/materiais contratados. Na prática, ocorre segregação de atividades,
porém sem normatização os atores envolvidos não estão cientes dos limites e responsabilidades de
atuação na fase de execução dos contratos.
Proposta de encaminhamento
167. Recomendar à UFRN que, nas contratações de bens e serviços, quanto à gestão dos
contratos, inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou
projeto básico:
a) prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
a.1) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-
se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/1993, art. 73, inciso I,
‘a’);
a.2) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/1993,
art. 73, inciso I, ‘b’).
3.20 Deficiências nas cláusulas de penalidades
Situação encontrada
168. Ao analisar o processo administrativo de contratação de serviços de limpeza (Contrato
55/2011), verificou-se que os itens 16.2.2.b) e 16.2.2.c) do termo de referência anexo ao edital (peça
25, p. 176-177) não estabelecem o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo
causado pela desconformidade detectada. Além disso, o percentual das multas é único para qualquer
tipo de inadimplência da contratada. Por fim, não há previsão de penalidades para o caso de
reincidência de condutas irregulares.
169. O processo administrativo de contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010)
repete essas deficiências no estabelecimento de penalidades, conforme item 22.0 - Das Sanções
Administrativas presente no edital da licitação (peça 29, p. 167-168).
Causas
a) deficiências no processo de planejamento da contratação
Efeitos/Consequências do achado
a) impossibilidade de aplicar penalidades à contratada por descumprimento de obrigações
previstas no contrato (efeito real).
Critérios
1049

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) Princípios da prudência, proporcionalidade e razoabilidade;


b) Acórdão TCU 2.832/2012-TCU-Plenário, item 9.4.
Conclusão da equipe
170. As cláusulas que tratam da aplicação de penalidades, nos processos administrativos
fiscalizados, foram definidas de forma genérica, não estabelecendo o rigor de cada multa de modo que
seja proporcional ao prejuízo causado, e não há previsão de penalidades específicas ou gradação para o
caso de reincidência de condutas.
Proposta de encaminhamento
171. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de
referência ou projeto básico:
a) prever cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes:
a.1) atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
a.2) definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
a.3) definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
a.4) definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
a.5) definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
a.6) definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
3.21 Ausência de avaliação das alternativas de fiscalização administrativa
Situação encontrada
172. Com relação à contratação de serviços de limpeza, Contrato 55/2011 - Cláusula 5.6 (peça
38, p. 10), a UFRN estabeleceu previsão de retenção de encargos trabalhistas em conta vinculada. A
mesma previsão foi estabelecida também na contratação de serviços de vigilância, Contrato 85/2010 -
Cláusula 7.6 (peça 40, p. 18).
173. Em entrevista realizada aos fiscais do contrato, bem como ao pró-reitor da Proad, a equipe
de auditoria foi informada que a universidade adotou a conta vinculada prevista no art. 19-A e Anexo
VII da IN SLTI 2/2008, e que não foram realizados estudos ou avaliação sistematizada acerca da
relação custo/benefício da opção pela implementação desse controle.
174. Registre-se que, por meio do Acórdão 4.720/2009-TCU-2ª Câmara (item 9.1 e item 4 do
Voto), o TCU condenou a utilização de prática análoga, acolhendo posição do Banco do Brasil em
sede de recurso (o banco argumentou, e o TCU acolheu o argumento, que esse tipo de controle teria
custo-benefício desfavorável à administração).
Causas
a) orientação da AGU para utilização da conta vinculada.
Efeitos/Consequências do achado
a) utilização de controle (conta vinculada) com relação custo/benefício desfavorável; (efeito
potencial);
b) fiscal do contrato pretere a fiscalização da execução do objeto em detrimento da fiscalização
das obrigações acessórias (efeito real).
Critérios
a) Princípio da eficiência;
b) Decreto-lei 200/1967, art. 14;
c) Acórdão 4.720/2009-TCU-2ª Câmara, item 9.1 e item 4 do voto.
Conclusão da equipe
175. As contratações de serviços de limpeza e de vigilância na UFRN, objeto da presente
fiscalização, foram realizadas sem avaliação das alternativas de fiscalização administrativa.
1050

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Proposta de encaminhamento
176. Dar ciência à UFRN que a contratação de serviços de limpeza e de vigilância sem
realização de estudos técnicos preliminares que contemplem avaliação do custo/benefício do modelo
de fiscalização administrativa que será utilizado, considerando, além da conta vinculada, outras
possibilidades como a aplicação dos controles previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário
(combinação de controles mais rígidos na seleção do fornecedor - e.g., itens 9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 -
com controles mais eficientes na fiscalização - e.g. itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8
e 9.1.9) e a possibilidade de contratação de empresa especializada para apoiar a avaliação do
cumprimento, pelas contratadas, das obrigações trabalhistas, previdenciárias e para com o FGTS, a
exemplo do constatado no Contrato 55/2011 (serviços de limpeza) e no Contrato 85/2010 (serviços de
vigilância), contraria o disposto no Decreto-lei 200/1967, art. 14, bem como o princípio da eficiência.
3.22 Ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
Situação encontrada
177. Ao analisar os processos administrativos de contratação dos serviços de limpeza e
vigilância, Contrato 55/2011 e Contrato 85/2010, respectivamente, na fase de execução da auditoria,
não foram encontrados nos autos estudos ou documento de avaliação para definição dos critérios de
habilitação econômico-financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação desses
serviços.
178. Em entrevista com o representante do Departamento de Material e Patrimônio (DMP), a
equipe de auditoria foi informada que essa avaliação não foi realizada.
Causas
a) deficiência no processo de planejamento das contratações.
Efeitos/Consequências do achado
a) contratação de empresa sem capacidade econômico-financeira para executar o contrato (efeito
potencial);
b) restrição indevida da competitividade da licitação (efeito potencial).
Critérios
a) Princípio da eficiência;
b) Decreto-lei 200/1967, art. 14;
c) Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, item 9.1.10.2 e 9.1.10.3.
Conclusão da equipe
179. A organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento
180. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processos de aquisições para as contratações
de bens e serviços, avalie, na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares, as diferentes
possibilidades de critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN SLTI 2/2008, art. 19,
inciso XXIV, considerando os riscos de sua utilização ou não.
3.23 Deficiências em cláusulas editalícias
Situação encontrada
181. No edital para contratação de serviços de limpeza (Pregão Eletrônico 27/2010), analisado
no âmbito da fiscalização, foram feitas as seguintes constatações:
a) exigência de vistoria prévia nas suas instalações como condição para participação das
licitantes no certame - Cláusula 5.1 do edital (peça 25, p. 119);
b) definição, pela contratante, do salário a ser pago aos empregados terceirizados - Cláusula 10.1
do termo de referência (peça 25, p. 165).
182. Já no edital para contratação de serviços de vigilância (Pregão Eletrônico 133/2009) outras
constatações foram feitas:
a) exigência de vistoria prévia nas suas instalações como condição para participação das
licitantes no certame - Cláusula 5.1 do edital (peça 29, p. 148);
1051

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) exigência que o serviço fosse iniciado em prazo exíguo, imediatamente após a autorização de
início dos serviços - Cláusula 5.1 da minuta do contrato (peça 29, p. 183).
c) definição, pela contratante, do salário a ser pago aos empregados terceirizados - Cláusula 14.1
e 15.1 do termo de referência (peça 29, p. 209).
Causas
a) crença da organização de que a vistoria prévia permite que as licitantes realizem uma melhor
avaliação acerca da forma de prestação dos serviços;
b) desconhecimento das consequências desses tipos de cláusulas.
Efeitos/Consequências do achado
a) restrição indevida à competição, por (potencialmente): privilegiar a empresa que já está
prestando o serviço, no caso de contratos de duração continuada, pois esta já tem os funcionários
contratados; e privilegiar indevidamente empresas locais (efeito potencial);
b) ingerência indevida na gestão da contratada (efeito real).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso I, e art. 30;
b) Acórdão 1.955/2014-TCU-Plenário, item 9.2.4 (vistoria);
c) Acórdão 2.938/2010-TCU-Plenário, item 9.3.5 (remuneração);
d) Acórdão 614/2008-TCU-Plenário, item 9.3.3.2 (definição de salário pela contratante).
Conclusão da equipe
183. A contratação de serviços de limpeza e vigilância na UFRN apresentou deficiências na
definição das cláusulas editalícias constantes nos editais 27/2010 e 133/2009, respectivamente, quanto
aos aspectos de vistoria prévia, prazo para início dos serviços e definição, pela contratante, do salário a
ser pago aos empregados terceirizados.
Proposta de encaminhamento
184. Dar ciência à UFRN que:
a) cláusula estabelecendo a obrigatoriedade de vistoria prévia às instalações onde os serviços
serão prestados como condição de habilitação, a exemplo do ocorrido no item 5 do Edital 27/2010,
afronta a Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso. I;
b) a fixação de valores para os salários a serem pagos pela contratada aos seus empregados, a
exemplo do verificado no item 10 do Anexo II do Edital 27/2010, constitui intervenção indevida na
gestão da contratada, e afronta o princípio da eficiência;
c) a fixação de prazo exíguo para início da prestação do serviço contratado, sem justificativa
para tal, a exemplo do verificado no item 5.1 do Edital 133/2009, é incompatível com a necessidade de
mobilizar pessoas para prestação dos serviços, e afronta a Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso I.
3.24 Ausência de designação formal dos atores da fiscalização
Situação encontrada
185. Nos processos administrativos das contratações de serviços de limpeza (Contrato 55/2011) e
vigilância (Contrato 85/2010), analisados no âmbito da fiscalização, foi verificado que não há atos
formais nomeando os suplentes para fiscalização dos contratos analisados.
186. Além disso, aos autos do processo referente ao Contrato 85/2010 não foram juntados os atos
de designação formal dos responsáveis pela fiscalização e acompanhamento contratual.
Causa
a) deficiências no processo de gestão do contrato.
Efeitos/Consequências do achado
a) atesto de serviços por fiscal diverso do designado em portaria (efeito real);
b) dificuldade ou impossibilidade de identificar os fiscais do contrato e responsabilização dos
agentes públicos que atuaram sem delegação (efeito real).
Critério
a) Lei 8.666/1993, arts. 67 e 68.
Conclusão da equipe
1052

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

187. A UFRN não incluiu nas portarias de designação dos atores envolvidos no
acompanhamento e fiscalização dos contratos a designação de suplentes para atuação em substituição
aos titulares. Além disso, as portarias emitidas não estão sendo juntadas aos autos do processo
administrativo da referida contratação.
Proposta de encaminhamento
188. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) designar formalmente todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na gestão e
fiscalização dos contratos;
b) promover a juntada das portarias de designação dos servidores responsáveis pela gestão e
fiscalização dos contratos aos autos do processo administrativo da contratação.

3.25 Ausência de mecanismo para rastrear os serviços realizados/materiais utilizados


Situação encontrada
189. Com relação à rastreabilidade dos serviços e materiais utilizados no âmbito da execução do
contrato referente aos serviços de limpeza (Contrato 55/2011), verificou-se que existe relação nominal
dos terceirizados alocados no contrato e que há uma ficha de acompanhamento (check-list) com dados
parametrizados para a fiscalização verificar o cumprimento das obrigações contratuais. Após o
preenchimento da ficha, a fiscalização ressalta as ocorrências relacionadas ao não cumprimento das
obrigações. Contudo, essa lista de verificação só existe para os contratos em que a fiscalização é feita
por vários fiscais. Para a limpeza urbana, na qual há apenas um único fiscal, tal lista de verificação não
é utilizada.
190. No que diz respeito ao Contrato 85/2010, serviços de vigilância, ao analisar os pagamentos
dos meses de agosto, setembro e outubro de 2014 (Processos 23077.054994/2014-08,
23077.062917/2014-13 e 23077.070427/2014-91) constatou-se que não há relação nominal dos
ocupantes dos postos de trabalho, valendo destacar que tampouco há mecanismos que permitam
rastrear os serviços executados, que somente puderam ser confrontados com a nota fiscal emitida e
atestada pelo fiscal do contrato.
Causa
a) deficiências no modelo de gestão do contrato, elaborado na fase de planejamento da
contratação.
Efeitos/Consequências do achado
a) dificuldade ou impossibilidade de justificar os pagamentos realizados (efeito real);
b) dificuldade ou impossibilidade de aplicar e graduar penalidades previstas em contrato (efeito
real).
Critérios
a) Lei 4.320/1964, art. 63, § 1°, II;
b) Lei 8.666/1993, art. 67, § 1º;
c) Decreto 2.271/1997, art. 6º;
d) Acórdão 1.647/2010-TCU-Plenário, subitem 9.1.1;
e) Acórdão 2.204/2010-TCU-Plenário, subitem 9.8.2.
Conclusão da equipe
191. A UFRN não coloca em prática todos os mecanismos formais de rastreabilidade dos
serviços prestados previstos no Contrato 55/2011 (serviços de limpeza) nem estabeleceu mecanismos
desse tipo no contrato do serviço de vigilância (Contrato 85/2010).
Proposta de encaminhamento
192. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), estabeleça os seguintes controles internos na etapa de planejamento da
1053

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contratação: incluir, no modelo de gestão do contrato, mecanismos que permitam o rastreamento dos
pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado, identificar os bens ou
serviços fornecidos pela contratada.
193. Recomendar à UFRN que oriente os servidores envolvidos na atividade de
acompanhamento e fiscalização dos contratos, acerca do modelo de gestão adotado pela instituição.
3.26 Deficiências na garantia contratual
Situação encontrada
194. Ao analisar o processo 23077.010712/2010-29 (contratação de serviços de limpeza) em
busca da garantia contratual, com o fim de verificar se ela foi apresentada no prazo devido, verificou-
se que a cláusula 10.1 do Contrato 55/2011 (peça 38, p. 14) estabelece prazo para a contratada
apresentar o supracitado documento. No entanto, a garantia relativa ao contrato foi assinada em
5/9/2011, quando o prazo previsto era 11/8/2011, ou seja, dez dias após a assinatura do termo, sem que
fosse aberto processo administrativo para penalizar a contratada (peça 44).
195. Além disso, a garantia apresentada não cobre riscos referentes a obrigações trabalhistas e
previdenciárias, condição que se repetiu na apresentação das demais garantias à época dos ajustes
contratuais, a exemplo do seguro-garantia acostado à peça 39.
196. Ao analisar o processo 23077.050174/2009-71 (contratação de serviços de vigilância)
verificou-se também que o seguro-garantia apresentado não assegurava as obrigações trabalhistas e
previdenciárias (peça 41). Além disso, constatou-se que o contrato foi assinado em 1/9/2010 e a
garantia somente foi apresentada em 12/5/2011 (peça 41, p. 1-2), descumprindo cláusulas que
estabeleciam o prazo de dez dias para apresentação do seguro. Registre-se que, apesar de apresentar
vigência de 1/9/2010 até 1/12/2011, o atraso na sua apresentação representou risco para a UFRN que,
nesse período, não teve certeza sobre a cobertura de encargos trabalhistas e previdenciários, por
exemplo.
Causas
a) não definição de penalidades pelo atraso na entrega de garantia.
Efeitos/Consequências do achado
a) execução do contrato sem garantia adequada (efeito real);
b) impossibilidade de executar a garantia contratual para pagamento de encargos trabalhistas e
previdenciários não quitados pela contratada (efeito real).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 66;
b) Contratos 55/2011 e 85/2010 (UFRN);
b) Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, item 9.1.4.
Conclusão da equipe
197. A UFRN estabeleceu previsão contratual de prazo para a apresentação das garantias, no
entanto as empresas contratadas apresentaram as garantias fora do prazo. Apesar de cobranças por
meio de memorandos emitidos pelos gestores do contrato e encaminhados às contratadas, não foram
aplicadas penalidades.
198. Foi verificado que as apólices de seguro apresentadas não cobrem os riscos referentes a
obrigações trabalhistas e previdenciárias.
Proposta de encaminhamento
199. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua o seguinte controle interno na etapa de planejamento da contratação:
a) incluir no modelo de gestão do contrato a exigência de que a garantia cubra o pagamento de
encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada;
b) incluir no modelo de gestão do contrato a obrigação de abertura de processo de penalização da
contratada pelo atraso na entrega da garantia contratual;
1054

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) incluir nas cláusulas de penalidades o atraso na entrega das garantias contratuais, inclusive as
respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos contratuais.
3.27 Descumprimento das regras de pagamento previstas no contrato
Situação encontrada
200. No processo de contratação dos serviços de limpeza (Contrato 55/2011), ao analisar se a
alíquota do seguro de acidente de trabalho prevista na PCFP estava de acordo com o praticado na
GFIP, verificou-se que na proposta apresentada pela licitante vencedora o seguro acidente do trabalho
estava cotado a uma alíquota de 3% (peça 26, p. 89). Contudo, a partir da GFIP anexada ao processo
de pagamento do mês de outubro de 2014 (peça 27, p. 541), verificou-se que a contratada pagou, após
a aplicação do fator de ajuste, uma alíquota de apenas 1,5%.
201. A mesma constatação foi realizada no âmbito do processo de contratação dos serviços de
vigilância (Contrato 85/2010), no qual o seguro de acidente de trabalho prevista na PCFP da empresa
vencedora estava cotado a uma alíquota de 3%, enquanto a GFIP anexada ao processo de pagamento
referente à competência setembro de 2014 apresentou alíquota, após a aplicação do fator de ajuste, de
2,79% (peça 33, p. 4).
202. Em entrevista realizada pela equipe de auditoria com a chefia da Seção de Gestão de
Contratos, foi confirmado que essas informações não são conferidas nesse nível de detalhe.
Causa
a) grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado a inexistência de lista
de verificação para atuação do fiscal na fase de gestão do contrato.
Efeitos/Consequências do achado
a) beneficiamento indevido da contratada (efeito real).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 66;
b) Contrato 55/2011 (Cláusula quinta);
c) Contrato 85/2010 (Cláusula sétima);
Conclusão da equipe
203. Os procedimentos adotados pela fiscalização administrativa dos contratos fiscalizados na
presente auditoria não contemplam análise de condições específicas das regras de pagamento, em
especial, as alíquotas previstas e realizadas de seguro de acidente de trabalho, o que possibilitou
pagamento de verba indevida às contratadas.
204. Considerando que a análise da equipe de auditoria ocorreu por amostragem, é provável que
essas divergências tenham ocorrido em outros meses de execução do contrato.
Proposta de encaminhamento:
205. Dar ciência à UFRN que a realização de pagamentos em desacordo com o previsto no
contrato, como ocorrido nos pagamentos dos Contratos 55/2011 e 85/2010, afronta a Lei 8.666/1993,
art. 66.
3.28 Falhas na repactuação
Situação encontrada
206. Ao analisar o processo 23077.010712/2010-29 referente à contratação de serviços de
limpeza, verificou-se que a parcela relativa à depreciação de equipamentos não foi retirada da PCFP
após doze meses de execução do contrato, conforme estava previsto na proposta da empresa SAFE,
vencedora da licitação. Da mesma forma, a parcela de aviso prévio trabalhado não foi retirada
(Processo 23077.010712/2010-29 - fl. 1.422).
207. Com relação ao processo 23077.050174/2009-71, referente à contratação de serviços de
vigilância, foi verificado que a provisão para aviso prévio trabalhado não foi retirada da PCFP à época
da prorrogação do contrato, após o primeiro ano de execução (Processo 23077.050174/2009-71 - fls.
601 e 602).
1055

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

208. Além disso, em entrevista realizada com representante da Seção de Contratos, a equipe de
auditoria foi informada que não são utilizadas informações gerenciais para propor redução no valor das
provisões constantes da PCFP nos momentos dos ajustes contratuais (prorrogação, repactuação, etc.).
Causas
a) grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado a inexistência de lista
de verificação para atuação do fiscal na fase de gestão do fornecedor.
Efeitos/Consequências do achado
a) pagamento de valores indevidos pelos serviços de limpeza e vigilância (efeito real).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 65, II, ‘d’;
b) Decreto 2.271/1997, art. 5º;
c) IN SLTI 2/2008 - arts. 37 a 41.

Conclusão da equipe
209. Houve falha na repactuação e prorrogação dos contratos 85/2010 (vigilância) e 55/2011
(limpeza). Foram mantidas na PCFP as verbas referentes a aviso prévio trabalhado e depreciação de
equipamentos, o que ocasionou pagamento de verbas indevidas à contratada.
210. A equipe de fiscalização dos contratos na UFRN não utilizada informações gerenciais para
propor redução no valor das provisões constantes da PCFP nos momentos dos ajustes contratuais
(prorrogação, repactuação, etc.).
Proposta de encaminhamento
211. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua o seguinte controle interno na etapa de gestão do contrato: quando da
realização de repactuações, utilizar informações gerenciais do contrato para negociar valores mais
justos para a Administração (e.g. pagamento de auxílio maternidade sem mulheres contratadas).
212. Determinar à UFRN que, com fulcro na Constituição Federal, art. 71, IX, adote as
medidas para corrigir os seguintes itens na Planilha de Custos e Formação de Preços:
a) exclusão da parcela ‘ITENS DIVERSOS (MAT/MAQ/EQUIP)’ no âmbito do Contrato
55/2011 (Limpeza), uma vez que esta verba deveria ser retirada após doze meses, conforme proposta
da contratada;
b) exclusão da parcela ‘AVISO PRÉVIO TRABALHADO’ no âmbito dos contratos 55/2011
(Limpeza) e 85/2010 (Vigilância), uma vez que esta verba deveria ser retirada após doze meses,
conforme jurisprudência do TCU.
213. Determinar à UFRN que, com fundamento na CF, art. 71, IX, em atenção ao princípio da
legalidade (CF, art. 37, caput), realize, no prazo de noventa dias, levantamento dos valores pagos em
decorrência das verbas ‘ITENS DIVERSOS (MAT/MAQ/EQUIP)’, no âmbito do Contrato 55/2011, e
‘AVISO PRÉVIO TRABALHADO’, no âmbito dos contratos 55/2011 (Limpeza) e 85/2010
(Vigilância), adotando as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos indevidamente (após
doze meses de execução contratual).
3.29 Deficiências nos controles compensatórios no planejamento da contratação
214. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
planejamento da contratação.
215. Um dos controles compensatórios possíveis para esta etapa é previsto na legislação e
consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica antes da fase de seleção do fornecedor (fase
externa da licitação).
216. Na fase de execução da auditoria constatou-se, por meio de entrevista ao procurador-chefe
1056

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

da Procuradoria Jurídica da UFRN, que a universidade não utiliza listas de verificação que contenham
itens para análise quando da aprovação do edital.
217. Ao analisar os processos administrativos 23077.010712/2010-29 (Limpeza) e
23077.050174/2009-71 (Vigilância), verificou-se que não constam listas de verificação para análise
pela Procuradoria Jurídica da UFRN, quando da aprovação do edital.
218. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica e os pareceres são elaborados ad hoc, podendo levar à
avaliação de itens com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com alto risco de
ilegalidade.
Causas
a) ausência de padrão elaborado pelo OGS;
b) falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
assessoria jurídica.
Efeitos/Consequências do achado
a) não verificação de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 115;
b) Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único.
Conclusão da equipe
219. A UFRN não adota lista de verificação (check-list) relacionando os itens a serem analisados
pela consultoria jurídica, quando da aprovação dos editais de licitação.
Proposta de encaminhamento
220. Recomendar à UFRN que estabeleça modelos de listas de verificação para atuação da
consultoria jurídica na emissão pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único,
podendo adotar os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
3.30 Deficiências nos controles compensatórios na seleção do fornecedor
Situação encontrada
221. Em resposta aos itens F.6 (4) do questionário Perfil de Governança das Aquisições - Ciclo
2013, a UFRN indicou que não reconhece que os seus Órgãos Governantes Superiores padronizaram e
recomendaram a utilização de listas de verificação para os procedimentos que devem ser executados
durante a fase de julgamento das licitações. Da mesma forma, na resposta ao item F.7 (4) a
universidade indicou que não definiu suas próprias listas de verificação para padronizar esses
procedimentos (peça 10, p. 8-9).
222. Em resposta ao ofício de requisição inicial da equipe de auditoria (peça 2), não foram
encaminhados elementos comprobatórios acerca da questão, indicando que a UFRN não implantou
esse controle compensatório na fase de seleção do fornecedor.
223. Em análise dos processos administrativos 23077.010712/2010-29 (Limpeza) e
23077.050174/2009-71 (Vigilância), a equipe de auditoria verificou que não constam dos autos lista de
verificação para utilização pelo pregoeiro para proceder à seleção de fornecedor.
Causas
a) ausência de padrão elaborado pelo OGS.
b) falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação do
pregoeiro.
Efeitos/Consequências do achado
a) impugnação de licitação pela não realização de procedimento essencial (efeito potencial);
b) declaração de nulidade de contrato pela realização irregular da licitação (efeito potencial);
c) realização de licitação com grave irregularidade não detectada (efeito potencial).
Critério
a) Lei 8.666/1993, art. 115.
Conclusão da equipe
1057

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

224. A UFRN não utiliza listas de verificação para auxiliar as atividades desenvolvidas pelo
pregoeiro ou comissão de licitação durante a fase de seleção de fornecedor.
Proposta de encaminhamento
225. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua listas de verificação para auxiliar as atividades desenvolvidas pelo
pregoeiro ou comissão de licitação durante a fase de seleção de fornecedor.

3.31 Deficiências nos controles compensatórios nos recebimentos provisório e definitivo


Situação encontrada
226. Ainda considerando a falta de sistematização dos procedimentos das contratações no setor
público, esta auditoria avaliou se haveriam controles compensatórios suficientes nas organizações com
vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de gestão dos contratos, em
especial, nas atividades desempenhadas pelo gestor do contrato e pelo fiscal designado.
227. A resposta ao questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, subitem F.8.18,
indicou que a UFRN não implantou listas de verificação para apoiar/auxiliar a atividade de fiscalização
(peça 10, p. 10).
228. Na fase de execução da auditoria, foi realizada reunião da equipe de fiscalização com
diversos fiscais dos contratos de serviços de limpeza, vigilância e transporte, oportunidade em que foi
confirmado pelos fiscais presentes à reunião que a universidade não utiliza listas de verificação
contendo itens a serem analisados pela fiscalização ao realizar essa atividade. O chefe da Seção de
Contratos informou também que não são utilizadas listas na atividade de fiscalização administrativa
sob responsabilidade de sua unidade.
229. Em análise dos processos administrativos 23077.010712/2010-29 (Limpeza) e
23077.050174/2009-71 (Vigilância), a equipe de auditoria verificou que não constam nos autos listas
de verificação para utilização pelos fiscais designados na atividade de fiscalização do contrato.
Causas
a) ausência de padrão elaborado pelo OGS.
b) falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para a atuação dos
fiscais nos recebimentos provisório e definitivo.
Efeitos/Consequências do achado
a) não verificação por parte do fiscal do contrato de algum item essencial na análise do
cumprimento das exigências contratuais relacionadas aos recebimentos provisório e definitivo. Além
disso, atesto de serviços prestados em desconformidade com o previsto no contrato.
Critério
a) Lei 8.666/1993, art. 115.
Conclusão da equipe
230. A UFRN não implantou o controle compensatório de adotar listas de verificação para
padronizar os procedimentos durante a fase de gestão dos contratos.
Proposta de encaminhamento
231. Recomendar à UFRN que, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de
bens e serviços (isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos
contratos decorrentes), inclua, no modelo de gestão do contrato, listas de verificação para os aceites
provisório e definitivo na etapa de planejamento da contratação, de modo que os atores da fiscalização
tenham um referencial claro para atuar na fase de gestão do contrato.
3.32 Deficiências nos controles compensatórios nos ajustes contratuais
Situação encontrada
232. Em continuidade da avaliação dos controles compensatórios, esta auditoria avaliou se
haveria controles compensatórios suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos
controles internos durante os ajustes contratuais. Novamente, um dos controles compensatórios
1058

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

possíveis para esta etapa é a utilização de lista de verificação para auxiliar a emissão do parecer da
assessoria jurídica.
233. Em resposta aos itens F.6 (3) e F.7 (2) do Questionário Perfil Governança das Aquisições -
Ciclo 2013 a UFRN informou que reconhece que os seus Órgãos Governantes Superiores
padronizaram e recomendaram a utilização de listas de verificação para a atuação da consultoria
jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo
único, mas que não definiu listas próprias e recomendou sua utilização (peça 10, p. 8-9).
234. Em entrevista realizada pela equipe de auditoria com o Procurador-Chefe da Procuradoria
Jurídica da UFRN, nos foi informado que não são utilizadas listas de verificação contendo itens para
análise quando das etapas da aprovação dos ajustes contratuais (repactuação, prorrogação e reajuste).
235. Em análise dos processos administrativos 23077.010712/2010-29 (Limpeza) e
23077.050174/2009-71 (Vigilância), foi verificado que não constam listas de verificação para análise
pela Procuradoria Jurídica da UFRN quando da aprovação dos reajustes contratuais (repactuação,
prorrogação e reajuste).
Causas
a) ausência de padrão elaborado pelo OGS;
b) falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
assessoria jurídica.
Efeitos/Consequências do achado
a) não verificação de algum item essencial na análise jurídica de ajustes contratuais da
universidade.
Critérios
a) Lei 8.666/1993, art. 115.
b) Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único.
Conclusão da equipe
236. A UFRN não desenvolveu ou adotou listas de verificação para utilização no âmbito das
análises jurídicas dos ajustes contratuais (prorrogação, repactuação e reajuste). Dessa forma, não há
sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de legalidade executada pela assessoria
jurídica antes das repactuações e os pareceres são elaborados ad hoc, podendo levar à avaliação de
itens com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Proposta de encaminhamento
237. Recomendar à UFRN que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da
consultoria jurídica na emissão de pareceres aos quais se refere a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo
único, podendo adotar os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
4. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
4.1 Função de auditoria interna
238. No âmbito da Questão de Auditoria 3 (As práticas de controle contribuem para uma boa
gestão das aquisições?) foram planejadas verificações com o objetivo de analisar a atividade da
auditoria interna da UFRN.
239. A Secex/PE realizou, recentemente, trabalho específico sobre a auditoria interna da UFRN
no âmbito da FOC-Audin, com objetivo de avaliar a estrutura e a atuação das auditorias internas das
instituições federais de ensino, com previsão de análise de assuntos semelhantes às verificações
previstas nesta FOC (Processo TC-025.574/2014-0).
240. Nesse sentido, em acordo firmado com a unidade que realiza a coordenação central da
presente auditoria (Selog), esta questão foi aplicada de forma reduzida, verificando: se a auditoria
interna emite pareceres prévios em processos específicos; e se faz trabalho de avaliação de controles
internos na função aquisição. A análise destas questões não resultou em achados de auditoria.
4.2 Parcelas previstas na Planilha de Custos e Formação de Preços
1059

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

241. Em análise das parcelas que compõem as planilhas de custo e formação de preços do
contrato de vigilância (Contrato 85/2010), foi constatado que essas planilhas estabeleceram previsão
concomitante para as seguintes verbas:
a) aviso prévio trabalhado;
b) aviso prévio indenizado.
242. As planilhas analisadas, correspondentes ao supracitado contrato, foram juntadas aos autos
à peça 30, p. 5-6 (Processo 23077.050174/2009-7)
243. Essa informação foi registrada nos papéis de trabalho da equipe de auditoria e a informação
deverá ser analisada pela coordenação central da auditoria no âmbito do relatório consolidador da
fiscalização.
4.3 Não desoneração dos contratos em decorrência do Plano Brasil Maior
244. O Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário determinou à SLTI que orientasse os órgãos a ele
vinculados a adotar medidas necessárias à revisão dos contratos de prestação de serviços ainda
vigentes, firmados com empresas beneficiadas pela desoneração da folha de pagamento, mediante
alteração das planilhas de custo, atentando para os efeitos retroativos às datas de início da desoneração,
mencionadas na legislação.
245. Por meio do ofício de requisição 1/2014 (peça 23), foi solicitado à UFRN que informasse as
medidas adotadas pela instituição para revisão de contratos decorrente das orientações expedidas pela
SLTI e CGU aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional,
nos termos do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário e Acórdão 1.212/2014-TCU-Plenário
(contemplando medidas adotadas, relação e quantidade de contratos afetados, se a organização avaliou
a economia gerada com a alteração desses contratos, e prazo estimado para conclusão desse trabalho).
246. Por meio do Ofício 727/14-R (peça 24), a UFRN informou a relação das obras que foram
desoneradas com os correspondentes número de contrato, número de processo e valor:

EMPRESA Nº CONTRATO Nº PROCESSO R$


AC ENGENHARIA 3/2014 59528/2014 11.001,11
LTDA.
G.H. CONTRUÇÕES 51/2013 55090/2014 22.431,70
R2 ENGENHARIA 6/2014 55663/2014 525,73
R2 ENGENHARIA 6/2014 59112/2014 2.112,90
5. COMENTÁRIOS DO GESTOR
247. Com vistas a obter eventuais comentários quanto aos achados e conclusões em seu contexto
completo, bem como, se fosse o caso, propostas de correção e contribuições para o aperfeiçoamento do
relatório, a versão preliminar deste relatório foi enviada ao dirigente máximo da UFRN mediante o
Ofício 004/2015-TCU/Secex/PE.
248. Em resposta, a UFRN encaminhou o Ofício 108/15-R (peça 51), cujas considerações foram
avaliadas pela equipe de auditoria e geraram ajustes no presente relatório.
249. As novas informações e argumentos trazidos constituem valiosa contribuição ao trabalho da
equipe e foram utilizados, em parte, para esclarecer assuntos tratados na versão preliminar deste
documento, ensejando modificações pontuais na versão definitiva do presente relatório. No entanto, os
comentários apresentados pelo gestor não foram suficientes para alterar o entendimento da equipe
quanto às conclusões e propostas de encaminhamento para os achados de auditoria.
250. Em síntese, a UFRN, além de esclarecer questões tratadas na auditoria, relaciona iniciativas
em andamento na universidade associadas aos achados de auditoria, reconhece que a universidade tem
carência de normatização de questões específicas, enfatiza a necessidade de amadurecimento por parte
da comunidade universitária com vistas a definição de diretrizes e metas que correlacionem atividade-
fim com a atividade-meio numa instituição universitária e, por fim, registra que a administração
pública brasileira ainda não estabeleceu uma cultura de adoção de procedimentos operacionais
1060

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

objetivos que possibilitem a utilização da gestão de riscos como ferramenta para a melhoria da gestão
pública.
251. Na conclusão dos comentários apresentados, o gestor conclui o seguinte (peça 51, p. 2):
A Reitoria da UFRN reconhece a importância do trabalho de auditoria realizado, que aponta para
o aperfeiçoamento da gestão na área de aquisições. Entretanto, para sua efetiva implementação faz-se
necessário que haja uma política de governo compatível com as necessidades e as especificidades das
universidades federais brasileiras. A partir daí, será possível a difusão desses procedimentos na
perspectiva da constituição de uma cultura organizacional que contemple esse modelo teórico
enquanto ferramenta de gestão pública.
252. Vale ressaltar que a UFRN terá oportunidade de, à época da elaboração de plano de ação
proposto, avaliar a conveniência e oportunidade de implementação das recomendações propostas,
informando ao Tribunal o prazo para implementação e detalhes de ações ‘em andamento’, bem como
justificativas quanto às medidas que não serão adotadas pela instituição.
6. CONCLUSÃO
253. A presente fiscalização constituiu uma das vinte auditorias previstas para a Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, e teve como objetivo avaliar se
as práticas de governança e gestão das aquisições na UFRN estão aderentes às boas práticas e de
acordo com a legislação pertinente. Este trabalho pode ser considerado a sequência do trabalho
realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de governança e gestão
das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013), por
meio do qual 376 organizações da administração pública federal informaram sua situação, por meio de
questionário eletrônico.
254. Foram registrados 32 achados de auditoria, dos quais destacamos os resumidos a seguir.
255. Constatou-se que a organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de
aquisições por meio de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao
desempenho das atividades, o que aumenta o risco de seleção de pessoas não qualificadas para exercer
tarefas críticas, tais como pregoeiro, membro de comissão de licitação, gestor e fiscal de contratos
(subitem 3.1).
256. Outro aspecto relevante constatado foi que a UFRN não estabeleceu objetivos, indicadores e
metas para a função de aquisições, nem mecanismos de controle do alcance das metas, o que impede a
alta administração de avaliar se a área de aquisições possui desempenho organizacional adequado
(subitem 3.3).
257. Também não foram estabelecidas as diretrizes para área de aquisições, no que tange à
estratégia de terceirização e políticas de compras e de sustentabilidade, o que não mitiga ocorrências
de realização de contratações desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (subitem 3.4)
258. Sobre gestão de riscos, não há diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
há capacitação dos gestores da área de aquisições em gestão de riscos e, portanto, não é realizada
gestão de riscos das aquisições, o que acarreta um desconhecimento da organização acerca dos riscos
envolvidos nas suas contratações (subitem 3.7).
259. Em relação a accountability, a UFRN não definiu diretrizes para que a íntegra dos processos
de aquisições seja publicada na Internet, não determina a publicação da decisão quanto a regularidade
das contas proferida pelo órgão de controle externo, nem a publicação da agenda de compromissos
públicos do principal gestor responsável pelas aquisições. Tal situação prejudica a transparência e o
controle social dos processos de aquisição da organização (subitem 3.8).
260. Nos aspectos voltados à gestão de pessoas, a universidade precisa avançar no mapeamento
das competências necessárias para o desempenho das funções-chaves da área de aquisições (subitem
3.10).
261. Na contratação dos serviços de transporte de servidores, a universidade não realizou,
previamente à terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico para a identificar os diferentes
tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de transportar pessoas, o que
1061

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pode levar à adoção de uma solução que não apresenta a melhor relação custo/benefício para a
organização (subitem 3.12).
262. Já em relação ao planejamento da contratação dos serviços de vigilância e de limpeza,
verificou-se que a universidade não realizou adequadamente estudos preliminares acerca da definição
dos postos de trabalho para especificar quantidades e tipos de postos a serem contratados (subitem
3.13).
263. Outra falha observada na fase de planejamento das contratações de serviços de limpeza e
vigilância foi a ausência de uma avaliação por parte da organização acerca do parcelamento ou não dos
objetos contratados e da forma de parcelamento a ser adotada (subitem 3.15).
264. A UFRN também não definiu adequadamente os requisitos de qualidade para avaliar a
prestação dos serviços de limpeza e vigilância, o que caracteriza o pagamento pela mera
disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados (subitem 3.17).
265. Aliado a essa deficiência, verificou-se também que as cláusulas de penalidades definidas
para as contratações de limpeza e vigilância não estão associadas ao objeto principal do contrato,
dificultando ou impossibilitando a aplicação de sanções pelo seu descumprimento (item 3.20).
266. A universidade utiliza mecanismo de fiscalização administrativa (conta vinculada) sem
avaliação das alternativas, possibilitando a utilização de controle com custo/benefício desfavorável à
instituição (subitem 3.21).
267. Por fim, outra constatação de relevo diz respeito ao processo de gestão de contratos adotado
pela UFRN. Nesse sentido foram diversas constatações voltadas para os controles internos das
contratações: ausência de designação formal dos fiscais, deficiência dos mecanismos de rastreamento
de serviços/materiais, descumprimento das regras de pagamento previstas no contrato não utilização de
listas de verificação padronizadas (check-list) em diversos ações durante a fase de execução contratual
e, por fim, não exigência das garantias contratuais estabelecidas no edital e contrato (subitens 3.24,
3.25, 3.26, 3.27 e 3.31).
268. O principal objetivo da governança das aquisições é fazer com que as aquisições agreguem
valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis. Isso se dá, basicamente, a partir da
implantação e monitoramento de processos e controles na função de aquisição da organização.
269. Quanto menos instrumentos de controle houver nesta função, maiores são as chances da
ocorrência de situações que afetem negativamente as aquisições e, por consequência, maior a
probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização, acarretando,
em última análise, riscos de a organização prestar um serviço não adequado às necessidades do
cidadão.
270. Sob essa premissa e considerando os achados relatados na fiscalização, há forte relação
entre as falhas associadas à governança e gestão das aquisições e as inconformidades específicas
encontradas nos contratos analisados, como, por exemplo, a falta de cultura de gestão de riscos na
organização contribui para que não haja avaliação das alternativas de fiscalização administrativa nos
contratos nem quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira, podendo acarretar ineficiência
na fiscalização dos contratos e limitação indevida da competição, respectivamente;
271. Portanto, a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições na UFRN é
essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o que só é
possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de controles
internos adequados.
272. Vale ressaltar que houve achado em todas as questões de auditoria aplicadas na UFRN, de
forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições
públicas ou não são adotadas pela universidade ou não estão de acordo com a legislação aplicável nem
aderente às boas práticas.
273. Do ponto de vista da conformidade, as seguintes constatações no contrato para prestação de
serviços de limpeza (Contrato 55/2011) são consideradas graves:
1062

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) A ausência de estudo para definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na
contratação de serviços de limpeza, bem como o tamanho das áreas que são objeto de limpeza não foi
definido com base em documentos técnicos, tais como planta do prédio ou laudo de medição, o que
gera risco de ato de gestão antieconômico (subitem 3.13);
b) estimativas de preço deficientes, indicando que o parâmetro utilizado para julgar a licitação
foi inadequado (subitem 3.14);
c) deficiências nos requisitos de qualidade para avaliar a prestação desses serviços, o que pode
acarretar pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a resultados, de forma
que a administração realiza pagamentos mas não tem parâmetro objetivo para aferir se o serviço está
sendo prestado na qualidade contratada (subitem 3.17);
d) deficiências nos requisitos de sustentabilidade definidos (subitem 3.18).
274. Ante as constatações acima, e ainda considerando todas as demais falhas expostas ao longo
do relatório, propõe-se determinar à UFRN que, com fundamento no Regimento Interno do Tribunal
de Contas da União, art. 250, II, adote providências com vistas a não prorrogar o Contrato 55/2011,
promovendo ajustes para as falhas registradas neste relatório, por estar em desacordo com a
Constituição Federal, art. 37 (princípio da legalidade). Ressalte-se que o referido contrato encontra-se
em seu 4º ano de execução, com vencimento previsto para 31/7/2015.
275. Já no contrato para prestação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010), são graves as
seguintes constatações:
a) definição dos postos de trabalho, em quantidade e tipo (armada, desarmada; turno de 12h x
36h, turnos de 44h semanais, etc.) não suportados por estudos técnicos preliminares que possam
evidenciar a real necessidade do posto no formato definido para contratação (subitem 3.13);
b) estimativas de preço deficientes, indicando que o parâmetro utilizado pela UFRN para julgar a
licitação foi inadequado (subitem 3.14);
c) deficiências na justificativa para o parcelamento ou não da solução adotada na contratação
(subitem 3.15).
276. Da mesma forma, as constatações acima, bem como todas as demais falhas expostas ao
longo do relatório, acarretariam em proposta de determinação à UFRN para que, em atenção à
Constituição Federal (princípio da eficiência), não prorrogue o Contrato 85/2010. Considerando que o
contrato encontra-se no 5º ano de execução, com vencimento previsto para 31/8/2015, deixa-se de
fazer essa proposição, uma vez que a universidade terá a oportunidade de promover ajustes para todas
as falhas registradas neste relatório à época da nova licitação para contratação dos serviços objeto do
referido contrato.
Inconsistências no Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
277. Um dos objetivos secundários da presente fiscalização era a verificação de eventuais
inconsistências entre as evidências da gestão de governança das aquisições e as respostas apresentadas
pelos órgãos e entidades no Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013.
278. No tocante à validação das respostas dadas ao questionário, verificou-se que houve
divergência para 7 dos 59 itens/subitens avaliados nesse trabalho, ou seja, a organização informou que
adota uma determinada prática, mas a equipe de auditoria constatou que ela na verdade não adota
(peça 51, p. 47).
279. Um exemplo é a questão C.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013, o qual verifica se a instituição determina a publicação da agenda de compromissos públicos do
dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições. A organização
informou que sim, porém, a equipe de auditoria constatou que apenas a agenda do dirigente máximo é
publicada na internet e que não há normativo ou determinação acerca da publicação da agenda do
principal gestor responsável pelas aquisições.
280. Ressalte-se que a existência de inconsistências tem causas diversas, tais como: falhas de
interpretação do questionário por parte do órgão/ente fiscalizado; falta de clareza de algumas perguntas
do questionário; grau de rigor empregado pela instituição na auto avaliação; erros no preenchimento do
1063

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

questionário; e evolução da instituição no período entre a resposta ao questionário e a execução da


auditoria.

7. BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO


281. São esperados, como benefícios decorrentes deste trabalho, o incremento da economia,
eficiência, eficácia ou efetividade de órgão da administração pública, no caso, da UFRN, por meio do
aperfeiçoamento da governança e gestão das aquisições e de controles internos dessa instituição, a ser
alcançado pela efetiva adoção de planos e estratégias e pela implementação de controles internos,
preconizados nas recomendações propostas neste relatório.
8. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
282. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
283. Recomendar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com fundamento na
Lei 8.443/1992, art. 43, I, c/c art. 250, III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a conveniência e
a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas a melhoria do sistema de controle
interno da organização:
283.1 Disciplinar a forma de acesso às funções-chave dos setores de aquisições, incluindo as
funções de liderança, em especial a função de principal dirigente responsável pelas aquisições,
considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais, necessárias para estas funções
(parágrafos 42-47).
283.2 Realizar avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de aquisições, de forma a
delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de
aquisições da instituição (parágrafos 48-54).
283.3 Sobre liderança organizacional, estabelecer (parágrafos 55-61):
a) objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de negócio;
b) pelo menos um indicador para cada objetivo definido na forma acima, preferencialmente em
termos de benefícios para o negócio da organização;
c) metas para cada indicador definido na forma acima;
d) mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão das
aquisições.
283.4 Aprovar e publicar diretrizes para área de aquisições incluindo (parágrafos 66-74):
a) estratégia de terceirização;
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas, podendo utilizar-se do Forplad na construção de política
regional.
283.5 Estabelecer em normativos internos (parágrafos 75-82):
a) a estrutura organizacional da área de aquisições;
b) as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados;
c) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo da organização com
respeito às aquisições da universidade, nesses incluídos, mas não limitados, a responsabilidade pelo
estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos
nas aquisições;
d) controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações.
283.6 Atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos setores da universidade, a
responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às aquisições, com objetivo de
buscar o melhor resultado para a instituição (parágrafos 83-85).
283.7 Adotar os seguintes procedimentos sobre gestão de riscos (parágrafos 90-94):
a) estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
1064

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;


c) realize gestão de riscos das aquisições.
283.8 Sobre transparência (parágrafos 95-98):
a) publicar na internet todos os documentos que integram os processos de aquisições (e.g.
solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares, estimativas de preços, pareceres técnicos e
jurídicos etc.);
b) publicar na internet a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas
aquisições;
c) publicar na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão de
controle externo.
283.9 Estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições (parágrafos 114-117).
283.10 Definir um processo formal de trabalho para (parágrafos 124-129):
a) planejamento de cada uma das aquisições, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades
que culminaram na proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens deste relatório: 3.12
(parágrafo 136), 3.13 (parágrafo 141, ‘a’), 3.14 (parágrafo 147), 3.15 (parágrafo 151), 3.20 (parágrafo
171) e 3.22 (parágrafo 180);
b) seleção do fornecedor;
c) gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que culminaram na
proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens deste relatório: 3.13 (parágrafo 141,
‘b’), 3.19 (parágrafo 167), 3.24 (parágrafo 188), 3.25 (parágrafo 192), 3.26 (parágrafo 199, ‘a’ e ‘b’),
3.28 (parágrafo 211) e 3.31 (parágrafo 231).
283.11 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes), inclua
os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) realizar levantamento de mercado junto às diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento
de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software
público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções
publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes
soluções que possam atendem às necessidades que originaram a contratação (parágrafos 134-136);
b) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação; e
documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (parágrafos 138-142);
c) definir o método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços, que
contemple pesquisa além dos fornecedores, ao portal de compras governamentais e sites especializados
ou entes públicos, podendo utilizar-se das diretrizes contidas na IN SLTI 5/2014 (parágrafos 144-147);
d) documentar o método utilizado para a estimativa de preços no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte (parágrafos 144-147);
e) avaliar se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e atentando
que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir forem
positivas: 1) É tecnicamente viável dividir a solução? 2) É economicamente viável dividir a solução?
3) Não há perda de escala ao dividir a solução? 4) Há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução? (parágrafos 148-151);
f) avaliar as diferentes possibilidades de critérios de qualificação econômico-financeiras
previstas na IN SLTI 2/2008, art. 19, inciso XXIV, considerando os riscos de sua utilização ou não
(parágrafos 177-180).
283.12 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes), inclua
o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato: manter controle gerencial
1065

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

acerca da produtividade do pessoal empregado nos contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as
futuras contratações (parágrafos 138-142).
283.13 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes), inclua
os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que (parágrafos 163-167):
a.1) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-
se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/1993, art. 73, inciso I,
‘a’);
a.2) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/1993,
art. 73, inciso I, ‘b’).
b) prever cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes (parágrafos 168-171):
b.1) atrelar multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de execução do objeto
(e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
b.2) definir o rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado pela
desconformidade;
b.3) definir o processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo do nível de
serviço obtido);
b.4) definir a forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
b.5) definir o que fazer se as multas se acumularem (e.g. distrato);
b.6) definir as condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas de cálculo.
c) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
global e unitário para os postos de trabalho e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas (parágrafos 173-176);
283.14 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes), inclua
os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
a) designar formalmente todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na gestão e
fiscalização dos contratos (parágrafos 185-188);
b) promover a juntada das portarias de designação dos servidores responsáveis pela gestão e
fiscalização dos contratos aos autos do processo administrativo da contratação (parágrafos 185-188);
c) utilizar, quando da realização de repactuações, informações gerenciais do contrato para
negociar valores mais justos para a Administração (parágrafos 206-211).
283.15 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes), inclua
os seguintes controles internos na etapa de planejamento da contratação:
a) incluir no modelo de gestão do contrato mecanismos que permitam o rastreamento dos
pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado, identificar os bens ou
serviços fornecidos pela contratada (parágrafos 189-193);
b) incluir no modelo de gestão do contrato a exigência de que a garantia cubra o pagamento de
encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada (parágrafos 194-199);
c) incluir no modelo de gestão do contrato a obrigação de abertura de processo de penalização da
contratada pelo atraso na entrega da garantia contratual (parágrafos 194-199);
d) incluir nas cláusulas de penalidades o atraso na entrega das garantias contratuais, inclusive as
respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos contratuais (parágrafos 194-199).
283.16 Orientar os servidores envolvidos na atividade de acompanhamento e fiscalização dos
contratos, acerca do modelo de gestão adotado pela instituição (parágrafos 189-193).
1066

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

283.17 Estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na


emissão de pareceres aos quais se refere a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, podendo adotar os
modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União (parágrafos 214-220 e 232-237).
283.18 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes), inclua
listas de verificação para auxiliar as atividades desenvolvidas pelo pregoeiro ou comissão de licitação
durante na fase de seleção de fornecedor (parágrafos 221-225).
283.19 No seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços (isto é,
processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos decorrentes),
inclua, no modelo de gestão do contrato, listas de verificação para os aceites provisório e definitivo na
etapa de planejamento da contratação, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial
claro para atuar na fase de gestão do contrato (parágrafos 226-231).
284. Dar Ciência à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre as seguintes
falhas/impropriedades, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de
ocorrência de outras semelhantes:
284.1 A contratação de serviços de transporte de pessoas e de carga de documentos sem
avaliação das alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou
a contratação (resolver o problema do transporte de pessoas e carga de documentos, a fim de
identificar a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de
compra de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por km rodado,
entre outras possíveis), a exemplo do constatado no Contrato 50/2010, contraria o disposto na Lei
8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’ (parágrafos 134-137).
284.2 A ausência de estudo para definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na
contratação (ou na prorrogação de contrato) de serviços de limpeza, nos termos da IN SLTI 2/2008,
art. 43, parágrafo único, a exemplo do constatado no Contrato 55/2011 (serviços de limpeza), contraria
o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘f’, e art. 7º, § 4º (parágrafos 138-143);
284.3 A ausência de documento técnico que fundamente a definição do tamanho das áreas que
serão objeto de contratação de serviços de limpeza (e.g. planta do prédio ou laudo de medição), a
exemplo do constatado no Contrato 55/2011 (serviços de limpeza), contraria o disposto na Lei
8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘f’, e art. 7º, § 4º (parágrafos 138-143).
284.4 A não definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN SLTI 02/2008, art. 49, I, a exemplo do identificado na contratação de
serviços de vigilância (Contrato 85/2010), contraria o disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX,
alínea ‘c’ (parágrafos 138-143);
284.5 A não definição dos diferentes turnos para os postos de vigilância, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12 x 36h
que ficam ociosos nos finais de semana, à semelhança do previsto na IN SLTI 2/2008, art. 51-A, a
exemplo do identificado na contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010), contraria o
disposto na Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea ‘c’ (parágrafos 138-143).
284.6 A contratação dos serviços especificados no Decreto 2.271/1997, sem a elaboração,
aprovação e publicação de plano de trabalho, bem como as prorrogações das contratações dessa
natureza, a exemplo do ocorrido nos Contratos 55/2011 e 85/2011, contraria os ditames do art. 2º do
supracitado decreto (parágrafos 152-155).
284.7 A falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a ausência de
vinculação dos pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada, constatadas
nas especificações dos objetos dos Contratos 55/2011 e 85/2010, contraria o disposto na Constituição
Federal, art. 37, caput (princípio da eficiência) (parágrafos 156-159).
284.8 A contratação de serviços de limpeza e conservação sem avaliação da possibilidade de
incrementar, como obrigação da contratada, a adoção de novas práticas de sustentabilidade na
execução dos serviços (e.g. utilização de equipamentos de limpeza que não gerem ruído no seu
1067

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

funcionamento e realização de um programa interno de treinamento de seus empregados, nos três


primeiros meses de execução contratual, para redução de consumo de energia elétrica, de consumo de
água e redução de produção de resíduos sólidos), a exemplo do constatado no Contrato 55/2011,
contraria os comandos da Lei 8.666/1993, art. 3º, da IN SLTI/MPOG 1/2010, art. 6º e da IN SLTI
2/2008, art. 42, inciso III (parágrafos 160-162).
284.9 A contratação de serviços de limpeza e de vigilância sem realização de estudos técnicos
preliminares que contemplem avaliação do custo/benefício do modelo de fiscalização administrativa
que será utilizado, considerando, além da conta vinculada, outras possibilidades como a aplicação dos
controles previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles mais rígidos na
seleção do fornecedor - e.g. itens 9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais eficientes na fiscalização
- e.g. itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9) e a possibilidade de contratação de
empresa especializada para apoiar a avaliação do cumprimento, pelas contratadas, das obrigações
trabalhistas, previdenciárias e para com o FGTS, a exemplo do constatado no Contrato 55/2011
(serviços de limpeza) e no Contrato 85/2010 (serviços de vigilância), contraria o disposto no Decreto-
lei 200/1967, art. 14, bem como o princípio da eficiência (parágrafos 172-176).
284.10 As cláusulas estabelecendo a obrigatoriedade de vistoria prévia às instalações onde os
serviços serão prestados como condição de habilitação, a exemplo do ocorrido no item 5 do Edital
27/2010, afronta a Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º, inciso. I (parágrafos 181-184);
284.11 A fixação de valores para os salários a serem pagos pela contratada aos seus empregados,
a exemplo do verificado no item 10 do Anexo II do Edital 27/2010, constitui intervenção indevida na
gestão da contratada, e afronta o princípio da eficiência (parágrafos 181-184);
284.12 A fixação de prazo exíguo para início da prestação do serviço contratado, sem
justificativa para tal, a exemplo do verificado no item 5.1 do Edital 133/2009, é incompatível com a
necessidade de mobilizar pessoas para prestação dos serviços, e afronta a Lei 8.666/1993, art. 3º, § 1º,
inciso I (parágrafos 181-184).
284.13 A realização de pagamentos em desacordo com o previsto no contrato, conforme
verificado nos pagamentos dos Contratos 55/2011 (serviços de limpeza) e 85/2010 (serviços de
vigilância), afronta a Lei 8.666/1993, art. 66 (parágrafos 200-205).
285. Determinar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com fundamento na
Lei 8.443/1992, art. 43, I, c/c o Regimento Interno do TCU, art. 250, II, que:
285.1 Com fundamento na Constituição Federal, art. 71, IX, adote as medidas para corrigir os
seguintes itens na Planilha de Custos e Formação de Preços (parágrafos 206-213):
a) exclusão da parcela ‘Itens Diversos (Mat/Maq/Equip)’ no âmbito do Contrato 55/2011
(Limpeza), uma vez que esta verba deveria ser retirada após doze meses, conforme proposta da
contratada;
b) exclusão da parcela ‘Aviso Prévio Trabalhado’ no âmbito dos contratos 55/2011 (Limpeza) e
85/2010 (Vigilância), uma vez que esta verba deveria ser retirada após doze meses, conforme
jurisprudência do TCU.
285.2 Com fundamento na CF, art. 71, IX, em atenção ao princípio da legalidade (CF, art. 37,
caput), realize, no prazo de noventa dias, levantamento dos valores pagos em decorrência das verbas
‘Itens Diversos (Mat/Maq/Equip)’, no âmbito do Contrato 55/2011, e ‘Aviso Prévio Trabalhado’, no
âmbito dos contratos 55/2011 (Limpeza) e 85/2010 (Vigilância), adotando as medidas necessárias à
recuperação dos valores pagos indevidamente (após doze meses de execução contratual) (parágrafos
206-213).
285.3 Adote providências com vistas a não prorrogar o Contrato 55/2011 (serviços de limpeza),
com vencimento previsto para 31/7/2015, ante a ausência de requisitos para aferição da qualidade dos
serviços prestados, estimativa deficiente da quantidade de material a ser utilizado na prestação de
serviços, ausência de documentos técnicos para definição das áreas objeto dos serviços de limpeza e
inadequação da estimativa de preços utilizada para julgamento da licitação, o que contraria os
seguintes dispositivos: Lei 8.666/1993, arts. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, e 7º, § 4º; IN SLTI 2/2008, art. 43,
1068

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

parágrafo único, e art. 11; Decreto 2.271/1997, art. 2º, inciso II, e art. 3º, § 1º; IN SLTI 5/2014, art. 2º
(parágrafos 273-274);
285.4 Encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência do acórdão que vier a ser
proferido, plano de ação para a implementação das medidas citadas no decisum, contendo:
a) para cada determinação, as ações que serão adotadas pela universidade, o prazo e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
b) para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, as
ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
c) para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão.
286. Encaminhar cópia da decisão que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que
o fundamentam, à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e à Secretaria de Controle Externo no
Estado do Rio Grande do Norte.”

É o relatório.

VOTO

A presente auditoria integra os trabalhos de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) -


Governança e Gestão das Aquisições realizados com os objetivos de avaliar as práticas de governança
e gestão das aquisições de vinte entidades da Administração Pública Federal e de verificar a
consistência das informações apresentadas em questionário aplicado no âmbito do levantamento
referente ao mesmo tema executado no TC-025.068/2013-0.
A fiscalização em exame foi realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Foram escolhidos como objeto da auditoria o Contrato 55/2011 (prestação de serviços de
limpeza) e o Contrato 85/2010 (prestação de serviços de vigilância).
O presente trabalho se estruturou sobre três referenciais: governança, gestão e aquisições.
Governança consiste na atividade exercida pela alta administração da organização,
envolvendo as funções de avaliar, dirigir e monitorar, por meio do estabelecimento de diretrizes,
políticas e controles, visando a alcançar seus objetivos estratégicos. Por sua vez, a gestão se constitui
na execução de processos e ações, por corpo gerencial qualificado, com vistas a cumprir os objetivos
estratégicos traçados. Por fim, as aquisições se referem às contratações de bens e serviços destinados a
viabilizar a execução das atividades finalísticas e das atividades meio para, em última instância, atingir
os objetivos definidos pela alta administração.
Como se vê, há interdependência entre esses fatores. Quanto mais sintonizados estiverem
entre si, maior será a eficiência, a eficácia e a efetividade da organização. Em outras palavras, boas
práticas de governança e gestão na área de aquisições resultam em agregação de valor e minimização
dos riscos atrelados ao negócio da organização.
De acordo com o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública (RBG) publicado pelo TCU, para que as funções de governança sejam
executadas de forma satisfatória, três mecanismos devem ser adotados: liderança, estratégia e controle.
Os achados de auditoria foram organizados sob a perspectiva desses três mecanismos a fim
de avaliar a governança. A seguir, examinaram-se questões mais específicas relacionadas à gestão.

II - Governança
1069

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os mecanismos de governança são implementados a partir da adoção de determinadas


práticas. Portanto, o levantamento das práticas e dos respectivos instrumentos vigentes na entidade
permite avaliar a qualidade da governança exercida.
A partir das observações da equipe, percebe-se que faltam instrumentos que permitam ao
nível estratégico exercer a liderança necessária para conduzir à boa governança e à consequente boa
gestão do setor de aquisições. Nesse contexto, constatou-se que a UFRN não possui normativo interno
definindo as competências necessárias para ocupar as funções chave da área de aquisições e também
não divulga os critérios de seleção para ocupar essas funções. A instituição também não definiu
critérios de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de aquisições, bem como não estabeleceu
processo formal de seleção dos ocupantes dessas funções. Além disso, a UFRN não realiza avaliação
quantitativa e qualitativa do quadro de pessoal da universidade voltado para a função de aquisições.
Por fim, verificou-se que a instituição não estabeleceu objetivos, indicadores e metas para a função de
aquisições, nem tampouco mecanismos de gestão de riscos e controle do alcance das metas.
Com relação à estratégia, constatou-se que falta à UFRN instrumentos que definam e
divulguem a estrutura de governança, os papéis e as responsabilidades no tocante à área de aquisições.
Nesse sentido, foi verificado que a instituição não estabeleceu formalmente estratégias e
políticas voltadas para a função de aquisições, quais sejam: estratégia de terceirização, política de
compras e de estoques, política de sustentabilidade nem política de compras conjuntas.
A UFRN não dispõe de documento descrevendo as competências, atribuições e
responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e comissionados da área de aquisições, não havendo,
portanto, normativo sintetizando e formalizando o conjunto de atribuições e responsabilidades.
Ademais, a entidade não possui comitê ou conselho que desempenhe a função de auxiliar a alta
administração nas decisões sobre aquisições.
Relativamente ao controle, foram examinadas as práticas relativas à gestão de riscos, à
existência de canais para recebimento de denúncias, à função de auditoria interna e à accountability
(prestação de contas e responsabilização), esta sob a perspectiva da divulgação das decisões e
documentos relacionados à atividade do setor de aquisições.
Os achados de auditoria apontam que a UFRN não estabeleceu diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de
riscos e não realiza gestão de riscos das aquisições.
Quanto à accountability, constatou-se que a UFRN não estabeleceu diretrizes para que a
íntegra dos processos de aquisições seja publicada na internet, além de não determinar a publicação na
sua página na internet da decisão quanto a regularidade das contas proferida pelo órgão de controle
externo, bem como da agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável pelas
aquisições.
Com base nesses achados de auditoria, conclui-se que a UFRN enfrenta deficiências na
implementação de mecanismos e práticas de governança na área de aquisições.

III - Gestão

Segundo o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG), a gestão “é inerente e integrada aos processos organizacionais, sendo
responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pelo manejo dos recursos e poderes
colocados à disposição de órgãos e entidades para a consecução de seus objetivos” (destaques
acrescentados).
Neste trabalho, a gestão das aquisições foi avaliada a partir do exame dos instrumentos
de planejamento, de gestão de pessoas e de padronização dos processos de trabalho da área.
Um aspecto relacionado ao planejamento trata-se da necessidade de contar com um
Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), de forma a definir as práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos, bem como os respectivas responsabilidades, ações, metas, prazos e
1070

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mecanismos de monitoramento. O trabalho revelou a inexistência do instrumento na UFRN.


Entretanto, foi verificado que a instituição aderiu à Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P
- SAIC/MMA), a qual pode ser considerada parte de grupo de ações e projetos afins desenvolvidos
pela instituição com potencial de integrar o Plano de Logística Sustentável.
Quanto à gestão de pessoas, constatou-se que a entidade ainda não realizou mapeamento
de competências com relação aos ocupantes das funções-chave da área de aquisição.
No tocante aos processos de trabalho relacionados às licitações e contratos, buscou-se
verificar se haveria estabelecimento de processos para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos, bem como o estabelecimento padronizações, tais como
minutas de editais, listas de verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que
aumentam a produtividade dos processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
Segundo apurado pela auditoria, a UFRN não aprovou nem normatizou processo de trabalho para
planejamento de cada uma das aquisições, para a seleção dos fornecedores ou para a gestão de
contratos.
Dessa forma, pode-se concluir que há deficiências nos instrumentos de planejamento, de
gestão de pessoas e de processo de trabalho da área de aquisições da UFRN, o que pode impactar
negativamente a qualidade da gestão do setor.

IV - Conformidade das Contratações

Neste tópico, a equipe de auditoria avaliou a conformidade de aspectos específicos


relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. Os resultados se
constituem na demonstração prática dos efeitos das falhas de governança e de gestão.
Em síntese, foram constatadas as seguintes deficiências na etapa de preparação das
referidas contratações:
a) o processo de planejamento de contratações na UFRN não contempla a realização e
formalização de estudos preliminares para definição dos aspectos da contratação voltados a identificar
e avaliar as diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a contratação;
b) o processo de planejamento de contratações na UFRN não contempla a realização e
formalização de estudos para definição dos aspectos da contratação voltados à definição dos postos de
trabalho a serem contratados;
c) a UFRN apresenta deficiências na estimativa de preços das contratações de serviços, não
realizando adequadamente as pesquisas de mercado, não realizando, também, pesquisas ao portal de
compras governamentais, sites especializados ou entes públicos, situação constatada na análise dos
processos de contratação dos serviços de limpeza e de vigilância;
d) a UFRN não avalia ou justifica de forma adequada o parcelamento ou não da solução a ser
contratada pela instituição, conforme verificado na análise dos processos administrativos da
contratação de serviços de limpeza que deu origem ao Contrato 55/2011 e de vigilância, que deu
origem ao Contrato 85/2010;
e) a UFRN não elaborou plano de trabalho de terceirização para subsidiar a contratação dos
serviços de limpeza e vigilância;
f) os Acordos de Níveis de Serviços dos contratos de limpeza e vigilância, analisados no âmbito
da presente fiscalização, não são suficientes para definir os requisitos de qualidade dos serviços
prestados pelas contratadas;
g) não estabelecimento de requisitos de sustentabilidade para prestação dos serviços de limpeza
no Contrato 55/2011;
h) a instituição não estabeleceu nos processos administrativos fiscalizados um modelo de gestão
de contratos contemplando a segregação das atividades de recebimento provisório e recebimento
definitivo dos serviços/materiais contratados;
1071

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

i) não adoção de lista de verificação (check-list) relacionando os itens a serem analisados pela
consultoria jurídica, quando da aprovação dos editais de licitação;
j) não utiliza listas de verificação para auxiliar as atividades desenvolvidas pelo pregoeiro ou
comissão de licitação durante a fase de seleção de fornecedor;
k) não implantação do controle compensatório de adotar listas de verificação para padronizar os
procedimentos durante a fase de gestão dos contratos;
l) não adoção de listas de verificação para utilização no âmbito das análises jurídicas dos ajustes
contratuais (prorrogação, repactuação e reajuste).
No tocante às licitações e à execução dos contratos, foram observadas as deficiências que
se seguem:
a) as cláusulas que tratam da aplicação de penalidades, nos processos administrativos
fiscalizados, foram definidas de forma genérica, não estabelecendo o rigor de cada multa de modo que
seja proporcional ao prejuízo causado, e não há previsão de penalidades específicas ou gradação para o
caso de reincidência de condutas;
b) as contratações de serviços de limpeza e de vigilância na UFRN foram realizadas sem
avaliação das alternativas de fiscalização administrativa;
c) não realização de estudo para definir os critérios de habilitação econômico-financeira
estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância;
d) deficiências na definição das cláusulas editalícias constantes nos editais 27/2010 (serviços de
limpeza) e 133/2009 (serviços de vigilância), respectivamente, quanto aos aspectos de vistoria prévia,
prazo para início dos serviços e definição, pela contratante, do salário a ser pago aos empregados
terceirizados;
e) não inclusão, nas portarias de designação dos atores envolvidos no acompanhamento e
fiscalização dos contratos, da designação de suplentes para atuação em substituição aos titulares;
f) as portarias de designação dos atores envolvidos no acompanhamento e fiscalização dos
contratos não estão sendo juntadas aos autos dos processos administrativos das correspondentes
contratações;
g) a UFRN não coloca em prática todos os mecanismos formais de rastreabilidade dos serviços
prestados previstos no Contrato 55/2011 (serviços de limpeza) nem estabeleceu mecanismos desse tipo
no contrato do serviço de vigilância (Contrato 85/2010);
h) apresentação, por parte das empresas contratadas, de garantias fora do prazo estabelecido;
i) não aplicação de penalidades às contratadas em razão da apresentação de garantias fora do
prazo estabelecido;
j) os procedimentos adotados pela fiscalização administrativa dos contratos não contemplam
análise de condições específicas das regras de pagamento, em especial, as alíquotas previstas e
realizadas de seguro de acidente de trabalho, o que possibilitou pagamento de verba indevida às
contratadas;
k) manutenção na PCFP, quando da repactuação e prorrogação dos contratos 85/2010
(vigilância) e 55/2011 (limpeza), das verbas referentes a aviso prévio trabalhado e depreciação de
equipamentos, o que ocasionou pagamento de verbas indevidas à contratada.
Como fica evidenciado, foram constatadas deficiências no planejamento das aquisições,
na gestão de contratos e na implementação de controles internos.
Foi informado no relatório de fiscalização, no item “4. Informações Complementares”, as
seguintes ocorrências correlatas à presente auditoria:
a) a Secex/PE realizou recentemente trabalho específico sobre a auditoria interna da UFRN (TC-
025.574/2014-0), no âmbito da FOC-Audin, com objetivo de avaliar a estrutura e a atuação das
auditorias internas das instituições federais de ensino, com análise de questões semelhantes às
verificações previstas nesta FOC. Por essa razão, as questões atinentes à auditoria interna foram
aplicadas de forma reduzida na presente auditoria;
1072

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) foi verificado nas planilhas de custo e formação de preços do contrato de vigilância (Contrato
85/2010) previsão concomitante para as verbas aviso prévio trabalhado e aviso prévio indenizado.
Conforme apontado, essa ocorrência deverá ser analisada pela coordenação central da auditoria no
âmbito do relatório consolidador da fiscalização.

V - Apreciação Geral - Conclusões

Conforme apontado pela equipe de auditoria, foram registrados 32 achados de auditoria,


de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições
públicas ou não são adotadas pela UFRN não estão de acordo com a legislação aplicável nem aderente
às boas práticas.
Foram observadas várias falhas nos processos de governança e gestão das aquisições da
entidade. Por sua vez, a avaliação da conformidade das contratações objeto da presente auditoria
demonstrou a ocorrência de um elevado número de falhas tanto nos procedimentos preparação das
referidas contratações, quanto nas fases de licitação e execução contratual. Tais ocorrências estão
intimamente relacionadas às deficiências nos processos de governança e gestão das aquisições
praticados pela entidade auditada.
Concluiu-se, assim, que a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições
na UFRN é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o
que só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de
controles internos adequados.

VI - Proposta de Encaminhamento

Conforme enfatizado no relatório, as deficiências nos instrumentos de governança e


gestão elevam as chances da ocorrência de situações passíveis de afetar negativamente as aquisições e
a probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização. Para mitigar
tais riscos, foram formuladas pela equipe de auditoria recomendações e determinações a serem
encaminhadas à UFRN, além de se dar ciência das ocorrências que, no entender da equipe de auditoria,
não ensejam a prolação de determinações ou recomendações.
Quanto às propostas de recomendações e ciência alvitradas pela equipe de auditoria,
acolho-as com eventuais ajustes que entendo pertinentes. As recomendações propostas visam ao
aprimoramento dos aspectos analisados nestes autos, enquanto que a cientificação das falhas
observadas busca evitar a repetição das mesmas.
33. Deixo de acolher, entretanto, a proposta de recomendação constante do item 283.1 do
relatório, que se refere à adoção de procedimento para disciplinar a forma de acesso às funções-chave
do setor de aquisições. Entendo que a escolha dos ocupantes de cargos em comissão e funções de
confiança se insere no campo da discricionariedade do gestor e envolve a aferição de uma
multiplicidade de fatores, nem todos traduzíveis em enunciados de normas. Assim, em consonância
com julgados proferidos em outros trabalhos congêneres (e.g. Acórdão 105/2015-TCU-Plenário),
penso que seja providência suficiente para solucionar o problema a recomendação no sentido do
estabelecimento de um modelo de competências para as funções-chave da área, complementada por
recomendação para que a instituição expeça orientações no sentido de que, quando pertinente, a
escolha dos ocupantes de funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja
fundamentada nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da
transparência, da motivação, da eficiência e do interesse público.
Com relação às determinações propostas, parte delas dizem respeito à exclusão de
parcelas indevidas das planilhas de custos e formação de preços dos contratos 55/2011 (prestação de
serviços de limpeza) e 85/2010 (prestação de serviços de vigilância), bem como à recuperação dos
valores pagos relativos a essas parcelas. Uma vez que restou demonstrado o não cabimento dos
1073

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mencionados itens de custo, entendo que não merece reparos as determinações ora propostas com vista
ao saneamento das falhas observadas nos mencionados contratos.
Foi proposta, ainda, determinação visando à não prorrogação do Contrato 55/2011, tendo
em vista várias falhas detectadas no procedimento da contratação dos serviços objeto da referida
avença, tais como, ausência de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados, estimativa
deficiente da quantidade de material a ser utilizado na prestação de serviços, ausência de documentos
técnicos para definição das áreas objeto dos serviços de limpeza e inadequação da estimativa de preços
utilizada para julgamento da licitação.
Entretanto, considerando que, conforme informado pela equipe de auditoria, o referido
contrato tem vencimento previsto para 31/7/2015, o mesmo pode já ter sido prorrogado neste ano. Por
outro lado, considerando que essa seria a última prorrogação possível deste contrato, nos termos do art.
57, inciso II, da Lei 8.666/1993, resta prejudicada a mencionada determinação. Deixo, portanto, de
acolher essa proposta.

Anoto, finalmente, que outros pontos levantados neste relatório terão tratamento
específico por ocasião dos trabalhos de consolidação da FOC.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2749/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-023.204/2014-1
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições na Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN) apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar
sequência ao trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. recomendar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com fundamento no
art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie
a conveniência e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do
sistema de controle interno da organização:
9.1.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
1074

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.1.2. realizar, periodicamente, avaliação quantitativa e qualitativa do pessoal do setor de
aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da instituição;
9.1.3. estabelecer, quanto à liderança organizacional:
9.1.3.1. objetivos organizacionais para a gestão das aquisições, alinhados às estratégias de
negócio;
9.1.3.2. pelo menos um indicador para cada objetivo definido no subitem anterior,
preferencialmente em termos de benefícios para o negócio da organização;
9.1.3.3. metas para cada indicador definido no subitem anterior;
9.1.3.4. mecanismos que a alta administração adotará para acompanhar o desempenho da gestão
das aquisições;
9.1.4. aprovar e publicar diretrizes para área de aquisições, incluindo:
9.1.4.1. estratégia de terceirização;
9.1.4.2. política de compras;
9.1.4.3. política de estoques;
9.1.4.4. política de sustentabilidade;
9.1.4.5. política de compras conjuntas, podendo utilizar-se do Forplad na construção de política
regional;
9.1.5. estabelecer, em normativos internos:
9.1.5.1. a estrutura organizacional da área de aquisições;
9.1.5.2. as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados;
9.1.5.3. estabelecer, em normativos internos, as competências, atribuições e responsabilidades
dos dirigentes, inclusive quanto à delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a
responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários
para mitigar os riscos nas aquisições;
9.1.5.4. controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
9.1.6. atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos setores da universidade, a
responsabilidade por auxiliar a alta administração nas decisões relativas às aquisições, com objetivo de
buscar o melhor resultado para a instituição;
9.1.7. adotar os seguintes procedimentos sobre gestão de riscos:
9.1.7.1. estabelecimento de diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.1.7.2. capacitação dos gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.1.7.3. realização de gestão de riscos das aquisições;
9.1.8. adotar as seguintes providências quanto à transparência:
9.1.8.1. avaliar a conveniência e oportunidade de publicar na internet todos os documentos que
integram os processos de aquisições (e.g. solicitação de aquisição, estudos técnicos preliminares,
estimativas de preços, pareceres técnicos e jurídicos etc.);
9.1.8.2. publicar na internet a agenda de compromissos públicos do dirigente responsável pelas
aquisições;
9.1.8.3. publicar na internet a decisão quanto à regularidade das contas proferida pelo órgão de
controle externo;
9.1.9. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisição, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.1.10. definir um processo formal de trabalho para:
9.1.10.1. planejamento de cada uma das aquisições, considerando, inclusive, as falhas e
impropriedades que culminaram na proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens do
1075

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relatório de fiscalização transcrito no Relatório parte desta deliberação: 3.12 (parágrafo 136), 3.13
(parágrafo 141, “a”), 3.14 (parágrafo 147), 3.15 (parágrafo 151), 3.20 (parágrafo 171) e 3.22
(parágrafo 180);
9.1.10.2. seleção do fornecedor;
9.1.10.3. gestão dos contratos, considerando, inclusive, as falhas e impropriedades que
culminaram na proposta das recomendações constantes dos seguintes subitens do relatório de
fiscalização transcrito no Relatório parte desta deliberação: 3.13 (parágrafo 141, “b”), 3.19 (parágrafo
167), 3.24 (parágrafo 188), 3.25 (parágrafo 192), 3.26 (parágrafo 199, “a” e “b”), 3.28 (parágrafo 211)
e 3.31 (parágrafo 231);
9.1.11. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.1.11.1. realização de levantamento de mercado junto às diferentes fontes possíveis, efetuando
levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g.
portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de
soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as
diferentes soluções que possam atendem às necessidades que originaram a contratação;
9.1.11.2. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação, documentando o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntando os documentos que lhe dão suporte;
9.1.11.3. definição do método para a estimativa de preços, considerando uma cesta de preços,
contemplando, além de pesquisa junto aos fornecedores, pesquisa ao portal de compras
governamentais e sites especializados ou entes públicos, podendo utilizar-se das diretrizes contidas na
IN/SLTI 5/2014;
9.1.11.4. documentação do método utilizado para a estimativa de preços no processo de
contratação, com a juntada dos documentos que lhe dão suporte;
9.1.11.5. avaliação se a solução é divisível ou não, levando em conta o mercado que a fornece e
atentando que a solução deve ser parcelada quando as respostas a todas as quatro perguntas a seguir
forem positivas: 1) é tecnicamente viável dividir a solução? 2) é economicamente viável dividir a
solução? 3) não há perda de escala ao dividir a solução? 4) há o melhor aproveitamento do mercado e
ampliação da competitividade ao dividir a solução?
9.1.11.6. avaliação das diferentes possibilidades de critérios de qualificação econômico-
financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da IN/SLTI 2/2008, considerando os riscos de sua
utilização ou não;
9.1.12. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), como forma de controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato, a
manutenção do controle gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.1.13. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico:
9.1.13.1. previsão, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços,
da segregação das atividades de recebimento de serviços, de forma que:
9.1.13.1.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (art. 73, inciso I, alínea
“a”, da Lei 8.666/1993);
9.1.13.1.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
1076

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (art. 73, inciso I,
alínea “b” da Lei 8.666/1993);
9.1.13.2. previsão cláusulas de penalidades observando as seguintes diretrizes:
9.1.13.2.1. atrelamento de multas às obrigações da contratada estabelecidas no modelo de
execução do objeto (e.g. multas por atraso de entrega de produtos e por recusa de produtos);
9.1.13.2.2. definição do rigor de cada multa de modo que seja proporcional ao prejuízo causado
pela desconformidade;
9.1.13.2.3. definição do processo de aferição da desconformidade que leva à multa (e.g. cálculo
do nível de serviço obtido);
9.1.13.2.4. definição da forma de cálculo da multa, de modo que seja o mais simples possível;
9.1.13.2.5. definição das medidas a serem adotadas caso as multas se acumulem (e.g. distrato);
9.1.13.2.6. definição das condições para aplicações de glosas, bem como as respectivas formas
de cálculo;
9.1.13.3. estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos global e unitário para os postos de trabalho e materiais utilizados, de forma que
propostas com valores superiores sejam desclassificadas;
9.1.14. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
9.1.14.1. designação formal de todos os servidores, titulares e substitutos, que irão atuar na
gestão e fiscalização dos contratos;
9.1.14.2. juntada das portarias de designação dos servidores responsáveis pela gestão e
fiscalização dos contratos aos autos do processo administrativo da contratação;
9.1.14.3. utilização, quando da realização de repactuações, de informações gerenciais do contrato
para negociar valores mais justos para a Administração;
9.1.15. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), os seguintes controles internos na etapa de planejamento da contratação:
9.1.15.1. inclusão, no modelo de gestão do contrato, de mecanismos que permitam o
rastreamento dos pagamentos efetuados, isto é, que permitam, para cada pagamento executado,
identificar os bens ou serviços fornecidos pela contratada;
9.1.15.2. inclusão, no modelo de gestão do contrato, da exigência de que a garantia cubra o
pagamento de encargos trabalhistas e previdenciários não quitados pela contratada;
9.1.15.3. inclusão, no modelo de gestão do contrato, da obrigação de abertura de processo de
penalização da contratada pelo atraso na entrega da garantia contratual;
9.1.15.4. inclusão, nas cláusulas de penalidades, do atraso na entrega das garantias contratuais,
inclusive as respectivas atualizações de valores decorrentes de aditivos contratuais;
9.1.16. orientar os servidores envolvidos na atividade de acompanhamento e fiscalização dos
contratos, acerca do modelo de gestão adotado pela instituição;
9.1.17. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres aos quais se refere o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, podendo ser
adotados os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.1.18. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), listas de verificação para auxiliar as atividades desenvolvidas pelo pregoeiro ou comissão
de licitação durante a fase de seleção de fornecedor;
9.1.19. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços
(isto é, processo de trabalho para a contratação de bens e serviços e a gestão dos contratos
decorrentes), listas de verificação para os aceites provisório e definitivo na etapa de planejamento da
1077

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contratação, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para atuar na fase de
gestão do contrato;
9.2. determinar à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com fundamento no
art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, adote, no prazo de trinta
dias, as seguintes medidas:
9.2.1.1. exclusão da parcela “Itens Diversos (Mat/Maq/Equip)” da Planilha de Custos e
Formação de Preços do Contrato 55/2011, uma vez que essa parcela deveria ser retirada após doze
meses, conforme proposta da contratada;
9.2.1.2. exclusão da parcela “Aviso Prévio Trabalhado” das Planilhas de Custos e Formação de
Preços dos contratos 55/2011 e 85/2010, uma vez que essa parcela deveria ser retirada após doze
meses, conforme jurisprudência do TCU;
9.2.2. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, em atenção ao princípio da
legalidade, insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal, realize, no prazo de noventa dias,
levantamento dos valores pagos em decorrência das verbas “Itens Diversos (Mat/Maq/Equip)”, no
âmbito do Contrato 55/2011, e “Aviso Prévio Trabalhado”, no âmbito dos Contratos 55/2011 e
85/2010, adotando as medidas necessárias à recuperação dos valores pagos indevidamente;
9.2.3. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência deste acórdão, plano de ação para
a implementação das medidas prolatadas, contendo:
9.2.3.1. para cada determinação, o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das
ações;
9.2.3.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, o
prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2.3.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.3. dar ciência à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sobre as seguintes
falhas ou impropriedades, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de
ocorrência de outras semelhantes:
9.3.1. a contratação de serviços de transporte de pessoas e de carga de documentos sem avaliação
das alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a
contratação (resolver o problema do transporte de pessoas e carga de documentos, a fim de identificar
a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de
veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por km rodado, entre outras
possíveis), a exemplo do constatado no Contrato 50/2010, contraria o disposto no art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993;
9.3.2. a ausência de estudo para definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na
contratação (ou na prorrogação de contrato) de serviços de limpeza, nos termos do art. 43, parágrafo
único, da IN/SLTI 2/2008, a exemplo do constatado no Contrato 55/2011, contraria o disposto no art.
6º, inciso IX, alínea “f”, e no art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993;
9.3.3. a ausência de documento técnico que fundamente a definição do tamanho das áreas que
serão objeto de contratação de serviços de limpeza (e.g. planta do prédio ou laudo de medição), a
exemplo do constatado no Contrato 55/2011, contraria o disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “f”, e no
art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993;
9.3.4. a não definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN/SLTI 02/2008, a exemplo do identificado na
contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010), contraria o disposto no art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993;
9.3.5. a não definição dos diferentes turnos para os postos de vigilância, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12 x 36h
que ficam ociosos nos finais de semana, à semelhança do previsto no art. 51-A da IN/SLTI 2/2008, a
1078

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

exemplo do identificado na contratação de serviços de vigilância (Contrato 85/2010), contraria o


disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993;
9.3.6. a contratação dos serviços especificados no Decreto 2.271/1997, sem a elaboração,
aprovação e publicação de plano de trabalho, bem como as prorrogações das contratações dessa
natureza, a exemplo do ocorrido nos Contratos 55/2011 e 85/2011, contraria os ditames do art. 2º do
supracitado decreto;
9.3.7. a falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a ausência de
vinculação dos pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade contratada, constatadas
nas especificações dos objetos dos Contratos 55/2011 e 85/2010, contraria o princípio da eficiência,
insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal;
9.3.8. a contratação de serviços de limpeza e conservação sem avaliação da possibilidade de
incrementar, como obrigação da contratada, a adoção de novas práticas de sustentabilidade na
execução dos serviços (e.g. utilização de equipamentos de limpeza que não gerem ruído no seu
funcionamento e realização de um programa interno de treinamento de seus empregados, nos três
primeiros meses de execução contratual, para redução de consumo de energia elétrica, de consumo de
água e redução de produção de resíduos sólidos), a exemplo do constatado no Contrato 55/2011,
contraria o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 6º da IN/SLTI/MPOG 1/2010, e o art. 42, inciso III, da IN
SLTI 2/2008;
9.3.9. a contratação de serviços de limpeza e de vigilância sem realização de estudos técnicos
preliminares que contemplem avaliação do custo/benefício do modelo de fiscalização administrativa
que será utilizado, considerando, além da conta vinculada, outras possibilidades como a aplicação dos
controles previstos no Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário (combinação de controles mais rígidos na
seleção do fornecedor - e.g. itens 9.1.10, 9.1.12 e 9.1.13 - com controles mais eficientes na fiscalização
- e.g. itens 9.1.2, 9.1.3, 9.1.4, 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7, 9.1.8 e 9.1.9) e a possibilidade de contratação de
empresa especializada para apoiar a avaliação do cumprimento, pelas contratadas, das obrigações
trabalhistas, previdenciárias e para com o FGTS, a exemplo do constatado no Contrato 55/2011 e no
Contrato 85/2010, contraria o disposto no art. 14 do Decreto-lei 200/1967, bem como o princípio da
eficiência;
9.3.10. as cláusulas estabelecendo a obrigatoriedade de vistoria prévia às instalações onde os
serviços serão prestados como condição de habilitação, a exemplo do ocorrido no item 5 do Edital
27/2010, afronta o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.11. a fixação de valores para os salários a serem pagos pela contratada aos seus empregados,
a exemplo do verificado no item 10 do Anexo II do Edital 27/2010, constitui intervenção indevida na
gestão da contratada, e afronta o princípio da eficiência;
9.3.12. a fixação de prazo exíguo para início da prestação do serviço contratado, sem justificativa
para tal, a exemplo do verificado no item 5.1 do Edital 133/2009, é incompatível com a necessidade de
mobilizar pessoas para prestação dos serviços, e afronta o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993;
9.3.13. a realização de pagamentos em desacordo com o previsto no contrato, conforme
verificado nos pagamentos dos Contratos 55/2011 e 85/2010, afronta o art. 66 da Lei 8.666/1993;
9.4. dar ciência desta deliberação à Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
9.5. arquivar os presentes autos, nos termos do disposto no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno do TCU.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2749-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
1079

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos


Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE V - Plenário


TC-023.270/2014-4
Natureza: Auditoria
Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT-7ª)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há

SUMÁRIO: AUDITORIA. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA (FOC). GOVERNANÇA E


GESTÃO DAS AQUISIÇÕES. DEFICIÊNCIAS DE GOVERNANÇA E GESTÃO. DEFICIÊNCIAS OU AUSÊNCIA DE
MECANISMOS, INSTRUMENTOS E PRÁTICAS RELACIONADAS AO TEMA. RECOMENDAÇÕES.
DETERMINAÇÕES. OITIVA. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Adoto como relatório o Relatório de Fiscalização 584/2014 (peça 63) elaborado por equipe de
auditoria da Secex/CE, aprovado pelos dirigentes daquela unidade técnica.

“1. APRESENTAÇÃO
1. Em 27/03/2013, por meio da Ata 9 do Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), foi
autorizado o Plano de Controle Externo de 2013/2014, contemplando 49 linhas de ação que impactam
diretamente dez objetivos estratégicos do Plano Estratégico do Tribunal (PET-TCU) para o quadriênio
2011-2015 relacionados aos processos finalísticos do exercício do controle externo.
2. Entre os objetivos estratégicos estabelecidos no plano, destaca-se aquele ligado à
intensificação de ações que promovam o aprimoramento de ações de controle voltadas à melhoria do
desempenho da Administração Pública (Objetivo Estratégico VI).
3. Ainda segundo o plano, impacta o objetivo supra a linha de ação 13, descrita a seguir:
Avaliar a governança e a gestão no Sistema Único de Saúde (SUS), na segurança pública, na
defesa nacional, na previdência complementar, na sistemática de descentralização de recursos federais,
nas universidades públicas federais de Educação, Ciência e Tecnologia, nos setores de pessoal, de
tecnologia da informação e de aquisições, dentre outras áreas. (Destaques nossos)
4. Em consonância com esta linha de ação, foi realizado um conjunto de auditorias, na forma de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), com objetivo de avaliar se as práticas de governança e
de gestão de aquisições públicas adotadas pela Administração Pública Federal estão de acordo com a
legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
5. Nesse contexto, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), unidade
orientadora dos trabalhos, é responsável pelo planejamento centralizado e pela consolidação dos
resultados das auditorias, enquanto a execução das fiscalizações ficou a cargo de cinco Secretarias de
Controle Externo (Secex) dos estados (AM, CE, PA, PE, RJ) e da SefidEnergia, além da própria Selog.
6. O trabalho abrangeu os temas governança das aquisições, controles da gestão das aquisições,
controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e controles internos e conformidade
das contratações. No tema governança das aquisições, foram avaliados controles nos componentes
liderança, estratégia e controle. No tema controles da gestão, foram avaliados controles nos
1080

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

componentes planos, processos e pessoas. No tema controles internos e conformidade das


contratações, foram avaliados processos de contratações relacionados à terceirização dos serviços de
limpeza, vigilância e transporte de pessoas.
7. As organizações fiscalizadas no âmbito da FOC foram selecionadas com base em critérios de
relevância, materialidade, risco e oportunidade.
8. Esta FOC pode ser considerada a sequência do trabalho realizado no TC-025.068/2013-0
(ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de governança e gestão das
aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013), por
meio do qual 376 organizações informaram sua situação, por meio de questionário eletrônico (mais
informações em http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes).
9. O presente relatório trata da fiscalização realizada pelo Núcleo de Aquisições Logísticas da
Secex/CE no Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região.
2. INTRODUÇÃO
2.1. Deliberação
10. A sistemática geral da FOC foi aprovada mediante Despacho do Ministro-Relator Augusto
Sherman (peça 6), proferido no âmbito do TC-016.816/2014-5. A presente fiscalização foi realizada
em atendimento ao item 9.1 do Acórdão 2.269/2014-TCU-Plenário (peça 16 do TC-016.816/2014-5).
11. O referido acórdão 2269/2014-TCU-Plenário, de 27/8/2014, autorizou a Fiscalização de
Orientação Centralizada - FOC nos contratos de aquisições públicas de bens e serviços, conforme
Proposta de Ação de Controle da Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas -
Selog/Coestado, objetivando avaliar se as práticas de governança e a gestão de aquisições adotadas por
órgãos e entidades da Administração Pública Federal (APF) estão de acordo com a legislação
pertinente e aderentes às boas práticas.
2.2 Visão geral do objeto
12. Governança das aquisições consiste no conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com
objetivo que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis.
13. De forma mais detalhada, a governança das aquisições tem por objetivo:
a) alinhar as políticas e as estratégias de gestão das aquisições com as prioridades do negócio da
organização em prol de resultados;
b) assegurar a utilização eficiente de recursos;
c) otimizar a disponibilidade e o desempenho dos objetos adquiridos;
d) mitigar riscos;
e) auxiliar a tomada de decisão;
f) assegurar o cumprimento dos papéis e das responsabilidades e a transparência dos resultados.
14. Com respeito à distinção entre governança e gestão das aquisições, cabe frisar que não são
sinônimos, embora sejam complementares e interdependentes. Governança refere-se à definição do
que deve ser executado (direção), e gestão refere-se à forma como as executa. Por exemplo, diversas
organizações (e.g., IBGC, GAO e OCDE) preconizam que uma boa prática de governança é
estabelecer política (diretrizes) para a gestão de riscos (inclusive das aquisições). Entretanto, a
implementação dessa política não é função da governança, e sim da gestão. Já o controle da gestão é
função da governança, ou seja, a gestão deve ser monitorada quanto ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e quanto aos resultados obtidos.
15. A abordagem do presente trabalho consiste em verificar, por meio da avaliação de controles
internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes substantivos
(inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com deficiências não
contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
16. Com respeito aos contratos avaliados, optou-se por escolher os contratos para prestação de
serviços de limpeza e vigilância. A escolha decorreu dos seguintes critérios:
a) Relevância: há relevância social que consiste no risco de inadimplência das obrigações
1081

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

trabalhistas e previdenciárias com os trabalhadores contratadas para a prestação desses serviços na


APF;
b) Materialidade: os contratos de terceirização consomem boa parte do orçamento de custeio das
organizações públicas;
c) Risco: constantemente os meios de comunicação dão notícia de problemas decorrentes do
inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias desses contratos;
d) Oportunidade: com a prolação do Acórdão 1.214/2013-Plenário, diversas orientações para dar
maior robustez a esses contratos foram proferidas, sem que o TCU tenha averiguado se estão sendo
seguidas e se surtiram efeito.
2.3. Objetivo e questões de auditoria
17. O objetivo geral desta fiscalização foi avaliar se as práticas de governança e de gestão de
aquisições públicas adotadas pelo TRT-7ª Região estão de acordo com a legislação aplicável e
aderentes às boas práticas.
18. Como objetivos específicos, podem-se citar:
a) avaliar a existência de deficiências nas práticas de governança e gestão das aquisições,
utilizando a legislação aplicável e as boas práticas como parâmetro;
b) ratificar (ou retificar) as informações apresentadas pelo TRT-7ª Região em resposta ao
levantamento do perfil de governança das aquisições realizado pelo TCU em 2013;
c) avaliar a existência de deficiências nos controles internos em nível de atividade no processo de
aquisição;
d) avaliar aspectos de conformidade das contratações de serviços terceirizados de limpeza,
vigilância e transporte de pessoas;
e) avaliar a possível contribuição das deficiências nos controles para a ocorrência de
desconformidades nas contratações.
19. Dessa forma, com base no objetivo da fiscalização e a fim de avaliar a aderência do TRT - 7ª
Região às melhores práticas de governança e de gestão das aquisições, foram elaboradas doze questões
de auditoria, agrupadas neste relatório em sete temas, conforme ilustra a tabela a seguir:

Temas Questões de Auditoria (Q1 a Q12)


Liderança Q1 - As práticas de liderança contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Estratégia Q2 -As práticas de estratégia contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Controle Q3 -As práticas de controle contribuem para uma boa gestão das aquisições?
Planos Q4 - O processo de planejamento das aquisições contribui para uma boa gestão das
aquisições?
Pessoas Q5 - A gestão de pessoas contribui para uma boa gestão das aquisições?
Processos Q6 - Há padronização na execução dos processos de trabalho para aquisições?
Q7 - Os estudos técnicos preliminares contribuem para assegurar a viabilidade da
contratação?
Q8 - Há plano de trabalho da contratação que explicita a opção da organização pela
terceirização do serviço? (Sisg)
Q9 - O Edital, incluindo o Termo de Referência e a minuta de Contrato, contém elementos
que contribuem para obtenção de solução que atenda à necessidade que originou a
Conformidade
contratação?
dos contratos
Q10 - A seleção do fornecedor é executada de forma a contribuir para obtenção de solução
que atenda à necessidade que originou a contratação?
Q11 - A gestão do contrato é realizada de forma a contribuir para obtenção de solução que
atenda à necessidade que originou a contratação?
Q12 -Há controles internos compensatórios em nível de atividade no processo de
aquisição?
20. A questão de auditoria oito não foi aplicada ao TRT-7ª Região, uma vez que trata da
elaboração de plano de trabalho para contratações de serviços, obrigação contida no Decreto
1082

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.271/1997, artigo 2º, o qual não é cogente aos órgãos do poder judiciário.
2.4. Metodologia
21. Para a realização deste trabalho, que tem natureza de auditoria integrada (operacional e
conformidade), foram observados os documentos intitulados ‘Padrões de Auditoria de Conformidade’,
aprovado pela Portaria-Segecex 26, de 19/10/2009; ‘Manual de Auditoria Operacional’, aprovado pela
Portaria-Segecex4, de 26/2/2010; ‘Orientações para Fiscalizações de Orientação Centralizada’,
aprovado pela Portaria-Adplan 2, de 23/8/2010; e ‘Normas de Auditoria do TCU’ (NAT), aprovada
por meio da Portaria-TCU 280, de 8/12/2010, posteriormente alterada pela Portaria-TCU 168, de
30/6/2011. Em especial, a estrutura do relatório foi baseada no ‘Manual de Auditoria Operacional’.
22. Durante a fase de planejamento da FOC, a Selog, unidade técnica orientadora dos trabalhos
definiu as questões, os procedimentos de auditoria e os possíveis achados com o seguinte
embasamento:
a) questões de auditoria um a seis e doze, com base nos itens do questionário utilizado no
levantamento relativo ao perfil de governança de aquisições de 2013;
b) questões de auditoria sete a onze, com base no documento RCA - Riscos e Controles nas
Aquisições, publicado no site da Selog (http://www.tcu.gov.br/selog, menu ‘Riscos e Controles nas
Aquisições’) em atenção ao Acórdão 1.321/2014-Plenário.
23. Como resultado dessa fase, foram geradas as matrizes de planejamento e de achados-padrão
das auditorias. Essas matrizes foram aperfeiçoadas com a participação das unidades envolvidas na
FOC durante workshop, realizado presencialmente em Brasília e por meio de vídeo conferência nos
estados participantes.
24. A fim de obter evidências que possibilitassem a avaliação das informações fornecidas em
resposta ao Questionário Perfil de Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, foi encaminhado
o Ofício EA 2/2014-TCU/Secex/CE, de 30/9/2014, o qual solicitou documentos e informações sobre
os objetos analisados nesse trabalho (peça 1).
25. Durante a execução, foram aplicados procedimentos de análise documental e entrevistas.
Também foram solicitadas informações adicionais por meio do Ofício de Requisição EA 5/2014-
TCU/Secex/CE e e-mails (peça 5).
26. Concomitante à execução dos procedimentos e registro dos achados, as conclusões
preliminares a que chegava a equipe de auditoria eram discutidas com o supervisor do trabalho, bem
como com os interlocutores designados pelo TRT-7ª Região.
27. Outro procedimento sistematizado foi a avaliação da existência ou não de divergência, para
os pontos avaliados nas seis primeiras questões, entre a situação declarada no Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013 e a situação encontrada na organização, registrado
em papel de trabalho padronizado (peça 61).
28. O relatório preliminar de auditoria foi submetido aos comentários do gestor, por meio do
Ofício EA/TCU/Secex/CE 2/2015 (peça 6), conforme prevê os parágrafos 145 e 146 das Normas de
Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela Portaria - TCU 280/2010, de
8/12/2010. Em resposta, o TRT - 7ª Região remeteu o Ofício TRT7/DG 9/2015 (peça 60), cujas
considerações foram avaliadas e não geraram ajustes no relatório preliminar.
29. Solicitou-se, inclusive, a identificação das possíveis causas das deficiências nos controles de
governança e de gestão das aquisições, bem como na conformidade dos contratos, a fim de contribuir
para análise acerca das propostas de encaminhamento a serem feitas neste e no relatório de
consolidação. Para cada achado identificado, o gestor foi orientado a escolher uma ou mais dentre as
seguintes possíveis causas: 1. Impossibilidade legal; 2. Falta de orientação; 3. Desconhecimento sobre
o tema; 4. Pouca cultura com respeito a riscos e controles; 5. Relação custo/benefício desfavorável; 6.
Falta de pessoal; 7. Falta de capacitação adequada; 8. Outras. As causas apontadas pelo gestor (peça 7)
foram incorporadas ao relatório.
30. Além de dispositivos constitucionais, legais e infra legais, foram utilizados como principais
critérios o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - Gespública e decisões do TCU
1083

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

relacionadas à governança. Também foram utilizados como critério o Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros modelos
internacionais aplicáveis à governança e à gestão de aquisições, tais como o publicado pela Federação
Internacional de Contadores (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective) e o
utilizado pelo Government Accountability Office (GAO), Entidade de Fiscalização Superior dos
E.U.A. (Framework for Assessing the Acquisition Function at Federal Agencies).
31. Registre-se que o arcabouço normativo que trata de controles ligados à governança e gestão
das aquisições cogente às organizações públicas federais é muito incipiente, como se pode observar no
documento contendo a fundamentação das perguntas do perfil de Governança e Gestão das Aquisições
- ciclo 2013, base das questões e procedimentos de parte desta auditoria, podendo ser consultado em
http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes. Esse documento contém o mapeamento dos excertos das
normas, jurisprudência e boas práticas que sustentaram as perguntas do Questionário Perfil de
Governança e Gestão das Aquisições - ciclo 2013, de forma que se opta, neste relatório, por citar, sem
transcrever, os critérios de auditoria utilizados para caracterizar os achados de auditoria relatados a
seguir, uma vez que podem ser consultados na URL http://www.tcu.gov.br/perfilgovaquisicoes.
32. Assim, este trabalho valeu-se de considerar ‘critérios emprestados’ com base no seguinte
procedimento: para os achados de conformidade cujo critério utilizado se aplica ao ente auditado,
foram propostas determinações; para os achados em que o critério não se aplica ao ente auditado,
foram propostas recomendações. Da mesma forma, para os achados de governança, cujos critérios
foram retirados de modelos e referenciais de boas práticas, tendo em vista ausência de normativos
sobre o tema, também foram feitas recomendações sem força cogente.
33. Desse modo, não se pode alegar que determinações estão sendo propostas ao auditado com
base em critérios que não são vinculantes para ele. Nesse caso, os critérios serviram tão somente como
base para propostas de recomendação. Por exemplo, caso o critério identificado se encontre em uma
Instrução Normativa da SLTI, que não é cogente ao TRT-7ª Região, utilizou-se o critério para
fundamentar uma recomendação.
34. Como um dos objetivos específicos desse trabalho foi avaliar a existência de deficiências nos
controles, foi utilizado o termo deficiências para iniciar o título dos achados desta natureza,
caracterizando situações onde tais controles não estão adequados, expondo a organização a riscos,
suscitando uma necessidade de melhoria por parte da organização. Por racionalidade na redação dos
achados, a fim de padronizar o título dos achados em todas as fiscalizações da FOC e evitar a
duplicação da quantidade de achados-padrão, o termo deficiências foi usado indistintamente para os
casos em que o controle existe, mas carece de aperfeiçoamento, bem como para os casos de
inexistência, nos quais o controle não estava implantado.
35. Nesses casos, as recomendações ou determinações foram direcionadas precipuamente ao
aperfeiçoamento dos processos de trabalho, por meio da criação ou adequação de controles internos
que reduzam o impacto ou a probabilidade da ocorrência de eventos de risco nas aquisições realizadas
pela organização.
36. Por fim, considerando que as falhas e impropriedades descritas neste relatório tendem a ser
recorrentes em todas as organizações, propõe-se que as auditorias desta FOC tivessem uma postura
mais preventiva, orientativa e pedagógica, de forma que se optou pela não responsabilização de
gestores apesar da grande quantidade de falhas identificadas.
2.5. Limitações
37. Não houve, por parte dos auditados, a imposição de qualquer limitação ou restrição aos
trabalhos desta equipe.
2.6. Volume de Recursos Fiscalizados (VRF)
38. O VRF alcançou o montante de R$ 8.032.568,64. Foi considerado, para fins de volume de
recursos fiscalizados, a soma dos valores anuais dos contratos 13/2012 (limpeza) e 13/2011
(vigilância), fiscalizados nesta auditoria.
39. As deliberações propostas neste relatório não impactarão as contas da organização
1084

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fiscalizada.
3. ACHADOS DE AUDITORIA
Liderança
40. A questão de auditoria Q1 teve como objetivo avaliar se as práticas de liderança contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
41. Sobre o componente liderança, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que
assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas
íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das
organizações e liderando os processos de trabalho.
42. No componente liderança, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) a organização executa processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da função de
aquisições considerando as competências para as atividades;
b) a organização executa avaliação da estrutura de recursos humanos da função de aquisições, a
fim de verificar se os recursos humanos estão em quantidade e com a qualificação adequada às suas
atribuições;
c) há um código de ética implantado, divulgado e monitorado;
d) a autoridade máxima exerce a liderança organizacional, estabelecendo objetivos, indicadores e
metas para a gestão das aquisições.
43. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.1. - Deficiências no processo de seleção dos ocupantes das funções-chave da área de
aquisições (A1)
Situação encontrada:
44. O item A.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições são selecionados por meio
de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das
atividades.
45. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que não realiza tal
processo.
Causas:
46. O gestor informou que a possível causa é a ausência de orientação. Esclareceu que o
mapeamento das atribuições e competências dos cargos de gestão está prestes a ser concluído. Aduziu
que há contrato com a empresa Leme Consultoria e que a implantação da gestão por competências
estava em fase inicial (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
47. Seleção de pessoal não qualificado para desempenhar funções-chave da área de aquisições
(efeito potencial).
Critérios:
48. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inc. III.
49. Gespública, item 6.1 - B (Decreto 5.378/2005).
Evidências:
50. Resposta ao item A.1 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 4).
Conclusão da equipe:
51. A organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio
de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das
atividades.
Proposta de encaminhamento:
52. Recomendar ao TRT-7ª Região que discipline a forma de acesso às funções-chave dos
setores de aquisições, incluindo as funções de liderança, em especial à função de principal dirigente
1085

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

responsável pelas aquisições, considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais


necessárias para estas funções.
3.2. - Deficiências na avaliação da estrutura de recursos humanos na área de aquisições
(A2)
Situação encontrada:
53. O item A.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
estrutura de recursos humanos da área de aquisições (quantitativo e qualificação de pessoal) é avaliada
periodicamente.
54. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT-7ª Região declarou que não realiza tal
processo, mas que elaborou plano de ação para adotar a prática. Em atendimento ao Ofício EA 2/2014
- TCU/Secex/CE, a organização apresentou o Ato 147/2012, de 17/5/2012, que instituiu comitê gestor
regional de implantação do Modelo de Gestão por Competência de que trata a Resolução CSJT
92/2012 (peças 8, 9, 10 e 11).
55. Em atendimento ao Ofício EA 5/2014 - TCU/Secex/CE, de 15/10/2014, o TRT-7ª Região
aduziu que o quantitativo de pessoal seria insuficiente e a qualificação do pessoal, embora adequada, é
passível de aprimoramento contínuo, mediante ampliação de sua capacitação, conforme Relatório do
Diretor da Divisão de Licitações e Contratos (DLC) (peça 12 e 13).
Causas:
56. O gestor informou que as possíveis causas são desconhecimento sobre o tema, pouca cultura
com respeito a riscos e controles e excesso de serviços nas unidades (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
57. Quantidade inadequada de pessoal para desempenhar as atividades da área de aquisições
(efeito potencial).
58. Qualificação insuficiente do pessoal responsável por desempenhar as atividades da área de
aquisições (efeito potencial).
Critérios:
59. Decreto 5.707/2006, art. 1º, inc. III.
Evidências:
60. Resposta ao item A.2 do questionário PerfilGovAquisições 2013 (peça 4) e respostas aos
Ofícios EA 2/2014-TCU/Secex/CE e 5/2014-TCU/Secex/CE (peças 8, 9, 10, 11 e 12).
61. Conclusão da equipe:
62. A organização não avalia periodicamente a estrutura de recursos humanos da área de
aquisições em termos quantitativo e de qualificação de pessoal.
Proposta de encaminhamento:
63. Recomendar a organização que realize avaliação quantitativa e qualitativa de pessoal do setor
de aquisições, de forma a delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a
gestão das atividades de aquisições da organização.
Estratégia
64. A questão de auditoria Q2 teve como objetivo avaliar se a estratégia organizacional contribui
para uma boa gestão das aquisições.
65. Sobre o componente estratégia, o RBG - Referencial Básico de Governança Aplicável a
Órgãos e Entidades da Administração Pública - publicado pelo TCU registra:
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia
necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e
expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação
e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de
curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e
organizações envolvidas ou afetadas.
66. No componente estratégia, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) há estabelecimento de diretrizes para as aquisições, como políticas de terceirização, de
1086

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

compras, de estoques dentre outras, que direcionam as decisões operacionais das aquisições (por
exemplo, quais serviços devem ser contratados e quais devem ser executados com servidores);
b) há estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades para área de aquisições,
de forma que cada setor tenha atribuições específicas e se possam implementar mecanismos de
segregação de funções críticas;
c) existem instâncias colegiadas, compostas por integrantes das diversas áreas da organização,
que apoiem as decisões críticas sobre as aquisições, mitigando o risco de decisões com viés.
67. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.3. - Deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições (A5)
Situação encontrada:
68. O item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 questiona se a
Alta Administração da organização aprovou e publicou para a organização:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques (quantidade e procedimentos de retirada);
d) política de sustentabilidade;
e) política de compras conjuntas.
69. Em sua resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que não estabeleceu
estratégias de terceirização, política de compras, política de estoques e política de compras conjuntas.
70. Afirmou que possuía apenas política de sustentabilidade, apresentando, para tanto, o Ato
TRT7 119/2010, a Resolução TRT7 280/2008, a Resolução CSJT 103/2012 - disponível no Portal do
TRT7 na Internet e o Ato CSJT GP SG 307/2012 - Fórum de Contratação Sustentáveis (peças 10, 14,
15, 16 e 17).
Causas:
71. O gestor informou que as possíveis causas para as deficiências no estabelecimento de
diretrizes para as aquisições são a ausência de orientação, pouca cultura com respeito a riscos e
controles, falta de pessoal e excesso de serviço nas unidades. Ressaltou que há projetos de lei para
criação de cargos e funções e estudo que indica o alto absenteísmo causado pelo excesso de serviço e
carência de pessoal (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
72. Realização de aquisições que não estejam alinhadas às diretrizes estratégicas da organização
(efeito potencial).
Critérios:
73. Gespública, itens 2.1, 2.3.2 e 4.1 (sustentabilidade)
Evidências:
74. Resposta do TRT- 7ª Região ao item B.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições -
Ciclo 2013, Ato TRT7 119/2010, Resolução TRT7 280/2008, Resolução CSJT 103/2012 - disponível
no Portal do TRT7 na Internet e Ato CSJT GP SG 307/2012 - Fórum de Contratação Sustentáveis
(peças 4, 10, 14, 15, 16 e 17).

Conclusão da equipe:
75. O TRT- 7ª Região não estabeleceu as seguintes diretrizes para a função de aquisições:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas.
Proposta de encaminhamento:
76. Recomendar a organização que estabeleça diretrizes para área de aquisições incluindo:
1087

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma


generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas.
3.4. - Deficiências no estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades
para a área de aquisições (A6)
Situação encontrada:
77. O item B.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que incluem a definição da estrutura organizacional da área de aquisições, e
estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e
comissionados.
78. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que haveria tais
normativos internos.
79. Como evidência, solicitada por meio do Ofício EA 2/2014-TCU/Secex/CE (peça 6), o TRT -
7ª Região apresentou o Regulamento Geral aprovado em sessão do Pleno de 19/4/1999 e a Resolução
TRT7 376/2008, bem como o Ato TRT7 200/2010 e o Regimento Interno-Delegação de Competência
(peças 10, 18-22 e 24-25).
80. O Regulamento Geral estabelece somente as competências das áreas do TRT-7ª Região,
incluindo os setores relacionados às áreas de aquisições (peça 20).
81. Entretanto, tais documentos não estabelecem as competências, atribuições e
responsabilidades de cargos efetivos, tais como pregoeiros e fiscais de contratos, com respeito às
aquisições.
82. O item B.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se há
normativos internos que estabelecem as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente
máximo da organização com respeito às aquisições.
83. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT-7ª Região declarou que não estabeleceu
referidas competências, atribuições e responsabilidades.
84. Foi informado, ainda, que o TRT-7ª Região não dispõe de controles internos para monitorar
os atos delegados, de acordo com a resposta ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 12, p. 12).
Causas:
85. O gestor informou que as possíveis causas para as deficiências no estabelecimento de
competências, atribuições e responsabilidades são a ausência de orientação, falta de capacitação
adequada e excesso de serviço nas unidades. Ressaltou que foi firmado contrato com a empresa Leme
Consultoria, objetivando a implantação da gestão por competências em fase inicial, o que implica,
dada a ausência de mapeamento anterior das competências dos gestores, e, ainda, não haver o
mapeamento para funções que não sejam de gestão, na inexistência de planos de desenvolvimento
individuais (PDI) para os gestores e demais funções, e da consequente capacitação para suprir
eventuais gap´s (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
86. Ausência de segregação de funções em atividades críticas (potencial).
87. Desconhecimento acerca de quem é o responsável por realizar atividades na área de
aquisições (potencial).
88. Sobreposição de responsabilidades pela realização de uma mesma atribuição (potencial).
89. Falta de envolvimento formal da alta administração nas decisões relativas às aquisições
(efeito potencial).
Critérios:
90. Princípio da segregação de funções e princípio da prudência.
91. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 084.
92. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
1088

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Evidências:
93. Respostas ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE e ao Ofício EA 5/2014/TCU-Secex/CE
(peças 10 e 12), Regulamento Geral aprovado em sessão do Pleno de 19/4/1999 e Resolução TRT7
376/2008, Ato TRT7 200/2010 e Regimento Interno-Delegação de Competência (peças 18-22 e 24-
25).
Conclusão da equipe:
94. O TRT - 7ª Região não estabelece as competências, atribuições e responsabilidades de cargos
efetivos da área de aquisições, nem do dirigente máximo da organização com respeito às aquisições,
bem como não dispõe de controles internos para monitorar os atos delegados.
Proposta de encaminhamento:
95. Recomendar ao TRT-7ª Região que estabeleça em normativos internos:
a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às
aquisições, nesses incluídos, mas não limitados, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições;
b) as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de aquisições, em
especial dos pregoeiros e fiscais de contratos.
c) controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações.
3.5. - Deficiências na instituição de instâncias colegiadas para aquisições (A7)
Situação encontrada:
96. O item B.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
Alta Administração designou formalmente corpo colegiado (ex. comitê, conselho) responsável por
auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições.
97. Em resposta enviada ao TCU (Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou
que não designou formalmente referido corpo colegiado.
Causas:
98. O gestor, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, não apresentou possíveis
causas para a não designação formal de corpo colegiado responsável por auxiliar o TRT-7ª Região nas
decisões relativas às aquisições (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
99. Realização de aquisições que não atendam às demandas da organização como um todo
(potencial).
100. Realização de aquisições desalinhadas aos objetivos estratégicos da organização (potencial).
Critérios:
101. IFAC (Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective), item 073.
Evidências:
102. Resposta do TRT- 7ª Região ao item B.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições
- Ciclo 2013, Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4).
Conclusão da equipe:
103. A Alta Administração do TRT - 7ª Região não designou formalmente corpo colegiado
responsável por auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições.
Proposta de encaminhamento:
104. Recomendar ao TRT-7ª Região que avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado
por representantes dos diversos setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a Alta
Administração nas decisões relativas às aquisições, com o objetivo de buscar o melhor resultado para a
organização como um todo.
Controle
105. A questão de auditoria Q3 teve como objetivo avaliar se as práticas de controle contribuem
para uma boa gestão das aquisições.
106. Sobre o componente controle, o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e
Entidades da Administração Pública (RBG), publicado pelo TCU, registra:
1089

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser
avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de controles e sua avaliação,
transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a
responsabilização pelos atos praticados.
107. No componente controle, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) existem diretrizes para gestão de risco das aquisições, os gestores são capacitados para realizar
gestão de risco das aquisições e esta gestão é realizada;
b) existem canais que recebem denúncias sobre impropriedades nas aquisições da organização;
c) a função de auditoria interna está estabelecida e atua segundo as boas práticas internacionais
sobre o tema (IPPF), não realizando atividades de cogestão;
d) a organização dá publicidade das decisões sobre o julgamento das contas, agendas de
dirigentes superiores e tem transparência ativa quanto a todos os documentos de seus processos
administrativos de aquisição;
108. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.6. - Deficiências na gestão de risco das aquisições (A8)
Situação encontrada:
109. Os itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se:
a) a Alta Administração estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições;
b) a organização capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos;
c) a organização realiza gestão de riscos das aquisições.
110. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT-7ª Região declarou que:
a) a Alta Administração não estabeleceu diretrizes para o gerenciamento de riscos das
aquisições;
b) não prevê adotar a prática de capacitar os gestores da área de aquisições em gestão de riscos; e
c) adota parcialmente a prática de realizar gestão de riscos das aquisições.
111. Como evidência, solicitada por meio do Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peça 6), o TRT
7ª Região apresentou os Processos 1979/2014; 5625/2014; 9277/2013; 11771/2013; 14417-2012-7; e a
Portaria DG 375/2011, que obriga a observância da IN MPOG 04/2010 - Gestão de Riscos (peças 26-
31).
112. Entretanto, a documentação apresentada tratada adoção de processo de contratação de
solução de TI, em conformidade com a Instrução Normativa 4 da Secretaria de Logística do Ministério
do Planejamento, mas sem englobar a gestão/gerenciamento de riscos na área de aquisições.
Causas:
113. O gestor informou que as possíveis causas para as deficiências na gestão de risco na área de
aquisições são desconhecimento sobre o tema, pouca cultura com respeito a riscos e controles, falta de
pessoal, falta de capacitação adequada e excesso de serviço nas unidades. Para tanto, destaca projetos
de lei para criação de cargos e funções, estudo que indica o alto absenteísmo causado pelo excesso de
serviço e carência de pessoal e a inexistência de capacitação para gestão de risco (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
114. Desconhecimento acerca dos riscos envolvidos em cada aquisição (efeito real).
Critérios:
115. Gespública, item 1.1 - C;
116. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 2.3.1.
Evidências:
117. Resposta aos itens C.1, C.2 e C.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 4) e Ofício TRT7.DG 102/2014 em resposta ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE,
Processos 1979/2014; 5625/2014; 9277/2013; 11771/2013; 14417-2012-7; e a Portaria DG375/2011
(peças 26 a 31).
Conclusão da equipe:
1090

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

118. O TRT - 7ª Região não estabelece diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições,
não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições.
Proposta de encaminhamento:
119. Recomendar ao TRT-7ª Região que:
a) estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
b) capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
c) realize gestão de riscos das aquisições.
3.7. - Deficiências na função de auditoria interna (A10)
Situação encontrada:
120. Os itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
contém as seguintes perguntas:
a) a unidade de auditoria interna emite pareceres em processos de contratações específicos, como
parte de sua rotina ou mesmo de forma esporádica?
b) a unidade de auditoria interna executou trabalhos, no último ano, de avaliação de gestão de
riscos?
121. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT-7ª Região declarou que:
a) a unidade de auditoria interna não emite pareceres em processos de contratações específicos;
b) a unidade de auditoria interna não executou trabalhos, no último ano, de avaliação de
governança e de gestão de riscos, nem de controles internos na função de aquisições, avaliando apenas
a conformidade na área de licitações e contratos.
Causas do achado:
122. O gestor informa que as possíveis causas para a deficiência na função de auditoria interna
são a pouca cultura com respeito a riscos e controles, falta de pessoal e excesso de serviços nas
unidades (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
123. Desconhecimento acerca da adequação dos processos de governança, riscos e controles
(real).

Critérios:
124. Acórdão 1.074/2009 - Plenário, item 9.1.2;
125. IIA - The Institute of Internal Auditors. Estrutura Internacional de Práticas Profissionais.
Itens: 1120, 2100 e 2120.
Evidências:
126. Resposta aos itens C.5.2 e C.5.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 (peça 4).
Conclusão da equipe:
127. A unidade de auditoria interna da organização não realiza trabalhos de avaliação de
governança e de gestão de riscos da organização, nem faz avaliação de controles internos na função
aquisição.
Proposta de encaminhamento:
128. Recomendar ao TRT-7ª Região que inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação de
governança e de gestão de riscos da organização, bem como dos controles internos na função
aquisição.
3.8. - Deficiências em accountability (A11)
Situação encontrada:
129. O item C.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta, com
respeito a accountability e transparência, se a Alta Administração:
a) estabeleceu diretrizes para que a íntegra dos processos de aquisições seja publicada na
Internet;
1091

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) determina a publicação na sua página na Internet da decisão quanto a regularidade das contas
proferidas pelo órgão de controle externo;
c) determina a publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
130. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região respondeu SIM para os itens a) e
b) e NÃO para o item c).
131. Como evidências, solicitada por meio do Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peça 6), o TRT
- 7ª Região apresentou a Resolução TRT7 377/2012 - Lei de Acesso à Informação e o Ato TRT7
454/2011, trazendo as diretrizes e publicações dos itens a) e b) (peças 32-33).
132. Quanto ao item c), não há publicação da agenda de compromissos.
Causas do achado:
133. O gestor não apresentou causas para a deficiência em accountability.
Efeitos/Consequências do achado:
134. Prejuízo ao controle social dos processos de aquisição (efeito potencial).
135. Falta de transparência.
Critérios:
136. Lei 12.813/2001, art. 11 c/c art. 2º.
Evidências:
137. Resposta ao item C.6 do Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça 4).
138. Ofício TRT7.DG 102/2014 em resposta ao Ofício 2/2014/TCU/Secex/CE (peças 10 e 23).
Conclusão da equipe:
139. Não há determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente
máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições na Internet.
Proposta de encaminhamento:
140. Recomendar ao TRT-7ª Região que publique na Internet a agenda de compromissos
públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições.
Planos
141. A questão de auditoria Q4 teve como objetivo avaliar se o processo de planejamento das
aquisições contribui para uma boa gestão das aquisições.
142. Planejamento é princípio fundamental da administração pública e sobre este componente
buscou-se avaliar se a organização pratica um processo de planejamento das aquisições contemplando
um plano contendo o conjunto de aquisições que pretende realizar ao longo do ano. Tal instrumento
deveria ser utilizado para a elaboração da proposta orçamentária anual e para o respectivo
acompanhamento.
143. Também foi avaliada a existência de um Plano de Logística Sustentável (PLS) ou
equivalente, isto é, um plano contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de
execução e mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer práticas
de sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
144. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.9. - Deficiências no processo de planejamento das aquisições (A12)
Situação encontrada:
145. Os itens D.2 e D.2.1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
pergunta se a organização executa processo de planejamento das aquisições, aprovando um plano de
aquisições para o período mínimo de um ano.
146. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região respondeu que não prevê adotar a
prática.
Causas do achado:
147. O gestor informou que as possíveis causas para a deficiência no processo de planejamento
das aquisições são ausência de orientação, pouca cultura com respeito a riscos e controles, falta de
pessoal e excesso de serviços nas unidades. Ressaltou que há projeto de lei para a criação de cargos e
1092

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

funções. Aduziu que há estudo indicando o alto absenteísmo causado pelo excesso de serviço e
carência de pessoal (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
148. Realização de aquisições sem vinculação ao PEI (efeito potencial).
149. Imprevisibilidade da demanda de trabalho da unidade de aquisições (efeito real).
150. Realização de aquisições sem prazo adequado para planejamento (efeito potencial).
151. Falta de recursos previstos no orçamento para a realização da aquisição (efeito potencial).
152. Realização de contratações emergenciais sem amparo legal (efeito potencial).
Critérios:
153. Gespública, item 2.2 - Implementação das estratégias.
Evidências:
154. Resposta ao item D.2 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
4).
Conclusão da equipe:
155. A organização não executa processo de planejamento das aquisições com a aprovação de
um plano de aquisições para o período mínimo de um ano.
Proposta de encaminhamento:
156. Recomendar ao TRT-7ª Região que execute processo de planejamento das aquisições
contemplando, pelo menos:
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para a aquisição,
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo estratégico apoiado pela aquisição;
b) aprovação pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na internet;
d) acompanhamento periódico da execução do plano para a correção de desvios.
3.10. - Inexistência de Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) (A13)
Situação encontrada:
157. O item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se a
organização aprovou um Plano de Gestão de Logística Sustentável - PLS (ou equivalente), isto é, um
plano contendo objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e
mecanismos de monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer práticas de
sustentabilidade e racionalização de gastos e processos.
158. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que não prevê adotar a
prática.
Causas do achado:
159. O TRT - 7ª Região não apresentou possíveis causas para a inexistência do Plano de
Logística Sustentável (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
160. Realização de contratações sem inclusão de requisitos de sustentabilidade (efeito potencial).
161. Desperdício de recursos naturais (efeito potencial).
Critérios:
162. Lei 8.666/93, art. 3º, caput;
163. Decreto 7.746/2013, artigo 16.
164. IN SLTI 10/2012, arts. 12, 13 e 14.
Evidências:
165. Resposta ao item D.4 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 (peça
4).
Conclusão da equipe:
1093

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

166. A organização não possui um Plano de Gestão de Logística Sustentável.


Proposta de encaminhamento:
167. Recomendar a organização que:
a) elabore e aprove um Plano de Gestão de Logística Sustentável, contendo objetivos e
responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento e
avaliação, que permita a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de
gastos e processos;
b) publique no seu sítio na internet o PLS aprovado;
c) estabeleça mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS.
Pessoas
168. A questão de auditoria Q5 teve como objetivo avaliar se a gestão de pessoas contribui para
uma boa gestão das aquisições.
169. Quanto a gestão de pessoas, foram avaliados a existência de mapeamento de competências
necessárias à função de aquisições, condição necessária para uma boa gestão de pessoas, bem como se
a capacitação dos servidores/empregados da função de aquisições é adequada à execução das
atividades.
170. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.11. - Deficiências no mapeamento das competências necessárias à função de aquisições
(A15)
Situação encontrada:
171. O item E.1 Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se são
identificadas e definidas as competências necessárias para o desempenho das funções-chave da área de
aquisições.
172. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que elaborou Plano de
Ação para elaborar a prática.
173. Em resposta ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peça 6), o TRT - 7ª Região informou
(Ofício TRT7.DG 102/2014, peça 23) que contratou a empresa de Consultoria Leme (Contrato
25/2013), tendo sido prorrogado até 31/12/2014 (1º TA), para prestação de serviço de consultoria
especializada para estruturação e implantação do Plano de Gestão de Pessoas por Competências, tendo
sido, inclusive, instituído o Comitê Gestor Regional de Implantação do Modelo de Gestão por
Competências (Ato TRT7 147/2012 e Resolução CSJT 92/2011).
Causas do achado:
174. O TRT - 7ª Região apresentou como possíveis causas para a deficiência no mapeamento das
competências necessárias à função de aquisições a ausência de orientação e a carência de recursos
orçamentários para o mapeamento integral do TRT - 7ª Região (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
175. Desconhecimento acerca das competências necessárias ao desempenho adequado das
atividades realizadas pela área de aquisições (efeito real).
176. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (efeito potencial).
Critérios:
177. Decreto 5.707/2006, artigo 1º, inciso III.
178. Resolução CNJ 111/2010, artigo 2º, inciso II.
Evidências:
179. Resposta ao item E-1 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 e ao
Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peça 4).
180. Ofício TRT7.DG 102/2014, Contrato 25/2013 (Leme Consultoria), Ato TRT7 147/2012 e
Resolução CSJT 92/2011 (peças 34-38).
Conclusão da equipe:
181. A organização não identificou nem definiu as competências necessárias para o desempenho
1094

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das funções básicas da área de aquisições.


Proposta de encaminhamento:
182. Recomendar à organização que estabeleça um modelo de competências para os ocupantes
das funções-chave da área de aquisições, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à
governança e à gestão das aquisições.
3.12. - Deficiência na capacitação de servidores na função de aquisições (A16)
Situação encontrada:
183. O item E.3 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta se
existe uma política de capacitação para os servidores que integram a área de aquisições.
184. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7º Região declarou que não existe a referida
política de capacitação.
185. Os itens E.4.4 e E.4.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
perguntam se os pregoeiros, fiscais e gestores de contratos recebem treinamento específico para a
condução de pregões, atividades de fiscalização e gestão de contratos, periodicamente.
186. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que adota parcialmente a
prática em relação aos pregoeiros, fiscais e gestores de contratos.
187. Em resposta ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE, o TRT - 7º Região apresentou como
evidência (Ofício TRT7.DG 102/2014) os Cursos de Atualização de Pregoeiros e Fiscais de Contratos
- Relatório DRH (peças 10, 23, 39 e 40).
Causas do achado:
188. O TRT - 7ª Região apresentou como possíveis causas para a deficiência na capacitação de
servidores na função de aquisições a ausência de orientação, a falta de capacitação adequada e excesso
de serviços nas unidades.
189. Acrescentou que foi firmado Contrato com a Leme Consultoria para implantação da gestão
por competências que está em fase inicial, o que implica, dada a ausência de mapeamento anterior das
competências dos gestores, e ainda não haver o mapeamento para funções que não sejam de gestão, na
inexistência de Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) para os gestores e demais funções e da
consequente capacitação para suprir eventuais gap´s (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
190. Execução inadequada de atividades críticas da área de aquisições por servidor não
capacitado (efeito potencial).
Critérios:
191. Decreto 5.707/2006, artigos 2º e 5º.
192. Portaria MP 208/2006, artigo 2º, I, e artigo 4º.
193. Gespública, item 6.2 - Capacitação e Desenvolvimento.
Evidências:
194. Resposta aos itens E-3, E-4.4 e E-4.6 do Questionário Perfil Governança das Aquisições -
Ciclo 2013 e ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peça 4).
195. Ofício TRT7.DG 102/2014, Cursos de Atualização de Pregoeiros e Fiscais de Contratos -
Relatório DRH (peças 10, 23, 39 e 40).
Conclusão da equipe:
196. A organização não possui Plano Anual de Capacitação dos servidores que integram a área
de aquisições.
Proposta de encaminhamento:
197. Recomendar ao TRT - 7º Região que:
a) elabore Plano Anual de Capacitação para a organização contemplando ações de capacitação
voltadas para a governança e gestão das aquisições;
b) adote mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação.
Processos
198. A questão de auditoria Q6 teve como objetivo avaliar se há padronização na execução dos
1095

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processos de trabalho para aquisições.


199. As normas da série ISO 9000 preconizam que, para atingir qualidade, um dos princípios que
devem nortear a execução das operações de uma organização é a abordagem por processos, isto é, um
resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados
são gerenciados como um processo.
200. Processos de trabalho são conjuntos de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transformam insumos (entradas) em produtos (saídas).
201. Com base neste princípio, a fim de obter qualidade nas contratações, as organizações devem
sistematizar por meio de processos de trabalho, suas aquisições.
202. Neste componente, este trabalho avaliou as seguintes práticas:
a) estabelecimento de processos de trabalho para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos;
b) estabelecimento de padrões diversos (e sua utilização), como minutas de editais, listas de
verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que aumentam a produtividade dos
processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
203. As deficiências identificadas na avaliação empreendida encontram-se descritas a seguir.
3.13. - Processos de Trabalho de Contratação ‘ad hoc’ (A17).
Situação encontrada:
204. O item F-3 a F-5 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 pergunta
se a organização utiliza processo de trabalho aprovado e publicado para o planejamento de cada uma
de suas contratações, para a seleção do fornecedor e para a gestão de contratos.
205. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que não prevê adotar as
referidas práticas.
206. Em resposta ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE, o TRT - 7ª Região confirmou a resposta
ao questionamento inicial (peças 10 e 23).
Causas do achado:
207. O TRT - 7ª Região apresentou como possíveis causas para a não utilização de processo de
trabalho aprovado para o planejamento e gestão das contratações são a ausência de orientação, pouca
cultura com respeito a riscos e controles, falta de pessoal, ausência de normatização interna sobre o
tema e excesso de serviços nas unidades.
208. Aduziu que há projeto de lei para criação de cargos e funções e estudo que indica o alto
absenteísmo causado pelo excesso de serviço e carência de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado:
209. Falta de padronização de procedimentos (efeito real).
210. Execução de uma mesma atividade por unidades diferentes (efeito potencial).
211. Existência de atividades sem um responsável claro (efeito potencial)
Critérios:
212. ISO 9001
213. Princípio da abordagem por processos
Evidências:
214. Resposta aos itens F.3, F.4 e F.5 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013 e ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peças 4, 10 e 23).
Conclusão da equipe:
215. A organização não formaliza processos de trabalho relacionados à atividade de aquisições
(planejamento, seleção do fornecedor e gestão dos contratos).
Proposta de encaminhamento:
216. Recomendar ao TRT-7ª Região que defina um processo formal de trabalho para:
a) planejamento de cada uma das aquisições;
b) seleção do fornecedor;
c) gestão dos Contratos
1096

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3.14. - Deficiência no estabelecimento e adesão a padrões (A18)


Situação encontrada:
217. Os itens F.6 e F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
questionam, com respeito a padrões, se a organização reconhece e utiliza documentos e procedimentos
padronizados por ela ou pelo Órgão Governante Superior - OGS respectivo e se a organização definiu
seus próprios padrões.
218. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), o TRT - 7ª Região declarou que o CNJ e o CSJT
padronizaram o conteúdo e formato das informações que devem ser publicadas na internet, em atenção
à Lei 12.527/2011, artigo 8º, § 1º, IV (informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive
os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados).
219. Em resposta ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE, o TRT - 7ª Região apresentou, como
evidência, o Ato TRT7 179/2012 e Portaria TRT7 501/2012 acerca das Normas Gerais dos Órgãos
Superiores (CNJ/CSJT) sobre as padronizações em comento (peças 10 e 23).
220. No entanto, ainda em resposta aos referidos itens F.6 e F.7, o TRT-7ª Região informou que
a entidade não possui especificações técnicas para os objetos contratados, nem padronizações próprias
ou dos Órgãos Governantes Superiores para minutas de editais e contratos, listas de verificação para a
atuação da consultoria jurídica (itens 3.29 e 3.32) e procedimentos para elaboração das estimativas de
preços.
Causas do achado:
221. O TRT - 7ª Região apresentou como possíveis causas para as deficiências no
estabelecimento e adesão a padrões a ausência de orientação, pouca cultura com respeito a riscos e
controles, falta de pessoal, ausência de normatização interna sobre o tema e excesso de serviços nas
unidades.
222. Aduziu que há projeto de lei para criação de cargos e funções e estudo que indica o alto
absenteísmo causado pelo excesso de serviço e carência de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado:
223. Ocorrência de erros em procedimentos repetitivos (efeito potencial).
224. Não realização de algum procedimento essencial (efeito potencial).
225. Realização de retrabalho na execução de procedimentos (efeito potencial).
Critérios:
226. Princípio da eficiência.
227. Lei 8.666/1993, artigo 11 e artigo 15, inciso I (especificações técnicas padronizadas).
Evidências:
228. Resposta aos itens F.6 e F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013
e ao Ofício EA 2/2014/TCU/Secex/CE (peças 4, 10 e 23).
Conclusão da equipe:
229. A organização não utiliza documentos, procedimentos e especificações técnicas
padronizadas próprias ou de seus OGS´s nos seus processos de aquisições, em relação a minutas de
editais e contratos, listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica e procedimentos para
elaboração das estimativas de preços.
Proposta de encaminhamento:
230. Recomendar ao TRT-7ª Região:
a) estabeleça e adote padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente;
b) adote as minutas de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela AGU;
c) estabeleça e adote procedimentos para elaboração das estimativas de preços das contratações.
Conformidade das contratações
231. As questões de auditoria Q7 a Q12 tiveram como objetivo avaliar a conformidade dos
processos de contratação.
232. Os achados decorrentes desse tema estão apresentados a seguir.
1097

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3.15. - Deficiências no levantamento de mercado (A19)


Situação encontrada:
233. Atualmente, no âmbito do TRT-7ª Região, a prestação dos serviços de transporte é realizada
com motoristas e veículos próprios, incluindo a estrutura para manutenção e abastecimento dos carros.
234. Por meio do Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 5), foi solicitado ao TRT o estudo para
identificar se atual forma de prestação de serviços de transporte (motorista e veículos próprios) é a
mais adequada e se há análise de outras soluções existentes no mercado que atendam aos resultados
pretendidos para o transporte de pessoas e autoridades no âmbito daquele órgão.
235. Em resposta (peça 12, p. 4; e peça 41, p. 1), o gestor informou que, até o momento, o
Coordenador do Setor de Transporte desconhece qualquer tipo de estudo realizado pela administração
que definiu o atual formato da prestação de serviços de transporte do TRT - 7ª Região.
236. Aditou que, atualmente, o Coordenador do Setor de Transporte tem buscado informações
com outros Regionais com o intuito de coletar informações acerca do funcionamento do serviço de
transportes para que a atual Administração tenha mais elementos quando for realizar um estudo mais
aprofundado para definir novas políticas para o referido serviço.
237. Portanto, constatou-se que a prestação de serviços de transporte não foi precedida de
estudos técnicos preliminares que contivessem levantamento de mercado visando a identificar os
diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de transportar
pessoas.
Causa do achado:
238. Não realização de estudos técnicos preliminares.
239. O TRT-7ª Região informou que as possíveis causas para a deficiência no levantamento de
mercado (transporte) é a falta de pessoal e o excesso de serviço nas unidades (peça 7).
240. Aduziu que há projetos de lei para criação de cargos e funções e estudos indicando alto
absenteísmo causado pelo excesso de serviço e carência de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado:
241. Adoção de solução que não é a que apresenta melhor relação custo/benefício (potencial).
Critérios:
242. Lei 8.666/93, art. 6º, inc. IX, alínea c.
Evidências:
243. Resposta ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 12, p.4; e peça 41, p. 1).
Conclusão da equipe:
244. Não foi realizado, para a prestação de serviços de serviços de transporte, um estudo técnico
para a identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade
de transportar pessoas.
Proposta de encaminhamento:
245. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em
atenção ao item 3.13 retro (parágrafo 216, letra ‘a’), inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares: realizar levantamento de mercado junto a diferentes
fontes possíveis, efetuando levantamento de contratações similares feitas por outros órgãos, consulta a
sítios na internet (e.g. portal do software público), visita a feiras, consulta a publicações especializadas
(e.g. comparativos de soluções publicados em revistas especializadas) e pesquisa junto a fornecedores,
a fim de avaliar as diferentes soluções que possam atender às necessidades que originaram a forma de
prestação de serviços utilizada (Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea c).
246. Determinar ao TRT-7º Região que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea c,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a atual forma de prestação de serviços
(resolver o problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar
a solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de
1098

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contratação, compra de veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por
quilômetro rodado.
3.16. - Deficiências na estimativa de quantidades de materiais (A20)
Situação encontrada:
247. Por meio do Ofício de Requisição EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 5), foi solicitado ao
TRT-7ª Região que apresentasse estudo para estimar a quantidade de material e de equipamentos para
a contratação de serviços de limpeza e conservação.
248. Em resposta, o Setor de Apoio Administrativo (SAA) informou que, mensalmente, fiscaliza
o recebimento do material encaminhado pela empresa contratada ao TRT - 7ª Região (peça 12, p. 5).
249. Aduziu que há cláusula de proibição de saída de material sem autorização do fiscal do
contrato, conforme item 12.2 do TR - Processo 48.684/2009-6 (peça 12, p. 5; e peça 41, p. 1).
250. Constatou-se que não foi formalizado estudo técnico ou método objetivo para definir ou
justificar a quantidade estimada de material e equipamentos utilizados na prestação de serviços de
limpeza e conservação.
251. Além disso, a organização não realiza controle gerencial sobre a quantidade de material
utilizada atualmente na prestação dos serviços de limpeza e conservação, a fim de manter uma base de
informações para estimar de forma mais precisa as quantidades nas futuras contratações desse serviço.
Causas do achado:
252. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
253. Utilização das especificações de outras contratações sem análise crítica.
254. O TRT-7ª Região informou que as possíveis causas para a deficiência na estimativa das
quantidades de materiais é a falta de pessoal e o excesso de serviço nas unidades (peça 7).
255. Aduziu que há projetos de lei para a criação de cargos e funções e estudos indicando alto
absenteísmo causado pelo excesso de serviço e carência de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado:
256. Superfaturamento devido ao superdimensionamento de materiais na contratação, que não
são utilizados na execução do contrato de limpeza (potencial).
257. Inexecução dos serviços de limpeza pela subestimativa do material necessário (potencial).
Critérios:
258. Lei 8.666/93, arts. 6º, inc. IX, alínea f e 7º, § 4º.
Evidências:
259. Resposta ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 12 e 41).
Conclusão da equipe:
260. A organização não realizou estudo para estimar da melhor forma possível a quantidade de
material a ser utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação. Ainda que não haja
remuneração pelo consumo de materiais no contrato, a deficiência na estimativa causa impactos no
preço contratado.
261. Além disso, não há um controle gerencial sobre a quantidade de material utilizada
atualmente na prestação dos serviços de limpeza e conservação.
262. Considerando que o TRT-7ª Região não possui processo de trabalho formalizado
(planejamento das aquisições, seleção do fornecedor e gestão de contratos), e que já há recomendação
(item 3.13) para a definição do referido processo, cabe recomendação no sentido da inclusão de
controles internos em nível de atividades no processo a ser implantado.
Proposta de encaminhamento:
263. Recomendar ao TRT - 7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letras ‘a’ e ‘c’):
1) inclua os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
1099

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b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,


juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
2) inclua o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato:
a) manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
3.17 - Deficiências na definição dos postos de trabalhos (A21)
Situação encontrada:
264. Por meio do Ofício de Requisição EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 5), foi solicitado ao
TRT-7ª Região que apresentasse:
a) estudo para definir os índices de produtividade da mão de obra contratada para prestação de
serviços de limpeza e conservação;
b) estudo para justificar a localização, quantidade e tipo (turno, escala) de postos de trabalho de
vigilância;
c) documento que defina o tamanho das áreas internas e externas dos prédios a serem objeto dos
serviços de limpeza e conservação.
265. Em resposta ao Ofício EA 5/2014, a organização informou que não há método
documentado, no que tange à limpeza e conservação, para a definição da quantidade e tipo de postos
de trabalho (peça 12, p. 5; e 41, p. 1-2).
266. Aduziu que é utilizada a área física a ser limpa, em atendimento ao artigo 43 da IN MPOG
2/2008.
267. Não foi formalizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente
alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação. Foram utilizados os índices de
produtividade da mão de obra constantes do Anexo III - F da IN SLTI 2/2008.
268. A definição do tamanho das áreas internas e externas dos prédios a serem objeto dos
serviços de limpeza e conservação está suportada pelo Anexo II do Termo de Referência do Processo
48.684/2009-6, contemplando áreas e demandas dos serviços.
269. A organização informou que há unidades com maior circulação de pessoas que receberam
mais postos de trabalho, embora o cálculo tenha sido feito com base no tamanho da área a ser limpa.
270. O Setor de Vigilância do TRT - 7ª Região esclareceu que as quantidades e tipos de postos
de vigilância foram determinados de acordo com a necessidade, na prática, da localização dos postos.
271. Não foi apresentado estudo para justificar a localização, quantidade e tipo (turno, escala) de
posto de trabalho de vigilância.
272. Não estão documentadas experiências adquiridas em contratações anteriores, nem o
estabelecimento de rotinas de serviço para definir ou reavaliar a produtividade adotada.
273. Ainda em relação à vigilância, não foi realizado estudo visando a otimizar os postos de
vigilância, de forma a substituir por recepcionistas ou por agentes de vigilância os que tenham como
efetiva atribuição o atendimento ao público.
274. Também não foi realizado estudo para definir os diferentes turnos, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12x36h
que ficam ociosos nos finais de semana.
Causas do achado:
275. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
276. O TRT-7ª Região informou que as possíveis causas para a deficiência na definição dos
postos de trabalho são a ausência de orientação, falta de pessoal e o excesso de serviço nas unidades
(peça 7).
277. Aduziu que há projeto de lei para a criação de cargos e funções e estudos indicando alto
absenteísmo causado pelo excesso de serviço e carência de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado:
278. Contratação de mais postos de trabalho do que o necessário (potencial).
279. Aditivos contratuais para acréscimo de postos de trabalho sem justificativa válida (efeito
1100

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

real).
Critérios:
280. Lei 8.666/1993, arts. 6º, inc. IX, alínea f e 7º, § 4º.
281. Decreto 2.271/1997, art. 2º, inc. II (para serviços).
282. IN SLTI/MPOG 02/2008, art. 43, parágrafo único (limpeza) e art. 49, inc. I e artigo 51-A
(vigilância).
Evidências:
283. Respostas ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peças 12 e 41).
284. Edital PE 05/11-R - Vigilância, Processo 23.034/2010-0 (peça 45).
285. Edital PE 38/11 - Limpeza e Anexos I, II, III, IV, V, V-A do Termo de Referência -
Processo 48.684/2009-6 (peças 42, 43, 44, 46 e 47).
Conclusão da equipe:
286. A instituição não formalizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação.
287. A instituição não apresentou estudo para justificar a localização, quantidade e tipo (turno,
escala) de posto de trabalho de vigilância.
288. Não estão documentadas experiências adquiridas em contratações anteriores, nem o
estabelecimento de rotinas de serviço para definir ou reavaliar a produtividade adotada.
289. Em relação à vigilância, não foi realizado estudo visando a otimizar os postos de vigilância,
de forma a substituir por recepcionistas ou por agentes de vigilância os que tenham como efetiva
atribuição o atendimento ao público.
290. Também não foi realizado estudo para definir os diferentes turnos, de acordo com as
necessidades da organização, para postos de escala 44h semanais, visando eliminar postos de 12x36h
que ficam ociosos nos finais de semana.
Proposta de encaminhamento:
291. Recomendar ao TRT 7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letra ‘a’ e ‘b’), inclua os seguintes controles internos:
1) na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
2) na etapa de fiscalização técnica do contrato:
a) manter controle gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações.
292. Determinar ao TRT-7ª Região que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea f, e
artigo 7º, parágrafo 4º, antes de eventual prorrogação do Contrato de limpeza em vigor, ou da
elaboração de edital para licitação com vistas a substitui-lo, inclua nos estudos técnicos preliminares
da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade de mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN SLTI 2/2008, artigo 43, parágrafo único;
b) a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
atualizada ou documento técnico equivalente.
293. Determinar ao TRT-7ª Região que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea c,
antes da eventual prorrogação do Contrato de vigilância em vigor, ou da elaboração de edital para
licitação com vistas a substitui-lo, realize estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI 02/2008, art. 49, I.
3.18 - Deficiências nos requisitos de qualidade (A26)
Situação encontrada:
1101

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

294. A organização não definiu os requisitos de qualidade para avaliar os serviços de limpeza e
vigilância. Para os serviços de limpeza, os requisitos de qualidade, incluídos dentro das rotinas a serem
executadas pelos fiscais dos contratos, estão sem vinculação aos pagamentos.
295. Para os serviços de limpeza e vigilância, não há critérios objetivos para mensurar os
requisitos de qualidade. Não há definição do processo de aferição da qualidade, nem cálculo do nível
do serviço obtido. Os pagamentos não são vinculados à aferição de qualidade do serviço prestado.
296. Tal situação impossibilita a organização de vincular a remuneração dos contratos ao alcance
de resultados pelas contratadas, verificar objetivamente se os serviços estão sendo prestados
adequadamente pela contratada e caracteriza a contratação como fornecimento de mão de obra (prática
condenada pelo Decreto 2.271/1997, artigo 4º, II).
Causas do achado:
297. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
298. O TRT7 informou que as possíveis causas para a deficiência nos requisitos de qualidade são
ausência de orientação, desconhecimento sobre o tema, falta de pessoal e excesso de serviço nas
unidades (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
299. Pagamento pela mera disponibilidade de mão de obra e não vinculado a bens ou serviços
entregues (efeito real).
300. Impossibilidade de cobrar da contratada o alcance de níveis mínimos de qualidade (efeito
real).
301. Caracterização da contratação como fornecimento de mão de obra (efeito real).
302. Caracterização da contratação como intermediação de mão de obra (efeito potencial)
Critérios:
303. Lei 10.520/2002, art. 3º, inc. II.
304. Decreto 2.271/1997, artigo 3º, § 1º.
305. IN-SLTI 2/2008, art. 11 e § 1º.
306. CF, artigo 37 (princípio da eficiência)
Evidências:
307. Planilha -Resposta ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 41).
308. Termo de Referência - Edital PE 38/11 (peças 42, 43, 44, 46 e 47).
309. Termo de Referência - Edital PE 05/11-R (peça 45 e 48).
Conclusão da equipe:
310. A organização não definiu requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e vigilância.
311. Para os serviços de limpeza e vigilância, não há critérios objetivos para mensurar os
requisitos de qualidade. Não há definição do processo de aferição da qualidade, nem cálculo do nível
do serviço obtido. Os pagamentos não são vinculados à aferição de qualidade do serviço prestado.
312. A título de exemplo, citem-se as especificações de qualidade para serviços de conservação e
limpeza contidas nas contratações decorrentes do pregão eletrônico 13000239 - DR/SPM, dos
Correios, e do pregão eletrônico 23/2014, da São Paulo Previdência, e para os serviços de vigilância
contidas na contratação decorrente do pregão eletrônico 152/2012, do Conjunto Hospitalar de
Sorocaba.
Proposta de encaminhamento:
313. Dar ciência ao TRT, sobre a seguinte impropriedade, para que sejam adotadas medidas
internas com vistas à prevenção de ocorrências de outras semelhantes:
a) a falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a vinculação dos
pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade, constatadas nas especificações do
objeto dos Contratos 13/2011 e 13/2012, afronta a Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da
eficiência).
3.19 - Deficiências nos requisitos de sustentabilidade (A27)
1102

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Situação encontrada:
314. A organização não utiliza produtos de limpeza e conservação que obedeçam às
classificações e especificações determinadas pela Anvisa. Também não utiliza equipamentos de
limpeza que não gerem ruído no seu funcionamento, nem realiza programa interno de treinamento de
seus empregados nos meses iniciais de execução contratual para redução de consumo de energia
elétrica, de consumo de água e redução de produção de resíduos sólidos. Outrossim, não é realizada
separação dos resíduos recicláveis e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de
materiais recicláveis.
315. Identificou-se que o TRT-7ª Região apenas adota medidas para evitar o desperdício de água
tratada, consoante itens 10.14 e 10.15 do Termo de Referência do Edital de Limpeza.
316. Portanto, a organização não definiu requisitos de sustentabilidade para a contratação dos
serviços de limpeza e conservação.
Causas do achado:
317. Ausência de um Plano de Logística Sustentável - PLS.
318. Falta de cultura da organização quanto ao aspecto de sustentabilidade ambiental.
319. O TRT-7ª Região informou, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, que as
possíveis causas para a deficiência nas práticas de sustentabilidade são desconhecimento sobre o tema,
falta de pessoal e excesso de serviço nas unidades (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
320. Dano ao meio ambiente provocado pela utilização de práticas inadequadas na execução dos
serviços de limpeza (potencial);
321. Desperdício de recursos naturais (potencial).
Critérios:
322. Lei 8.666/1993, art. 3º, caput.
323. IN SLTI 1/2010, artigo 6º.
324. IN SLTI 2/2008, artigo 42, inciso III.
Evidências:
325. Itens 10.14 e 10.15 do Termo de Referência - Limpeza e Conservação (peça 47, p. 15).
326. Resposta ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 41).
Conclusão da equipe:
327. A organização não definiu requisitos de sustentabilidade para contratação dos serviços de
limpeza e conservação e de vigilância.
Proposta de encaminhamento:
328. Determinar ao TRT - 7ª Região, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 3º, caput, antes da
eventual prorrogação do contrato de limpeza e conservação, ou da licitação com vistas a substituí-lo,
avalie a possibilidade de incluir como obrigação da contratada a adoção de práticas de sustentabilidade
na execução dos serviços de limpeza e conservação, à semelhança do contido na IN SLTI/MPOG
01/2010, art. 6º e IN SLTI 2/2008, art. 42, inc. III.
3.20. - Ausência de segregação dos recebimentos provisório e definitivo (A28)
Situação encontrada:
329. Da análise dos contratos de limpeza e vigilância, e, em resposta à planilha referente ao
Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE, constatou-se que há previsão para que o fiscal da execução do
contrato produza termo circunstanciado de recebimento provisório, atestando a realização do serviço.
Entretanto, apenas o fiscal do contrato procede à conferência do cumprimento das obrigações prestadas
para fins de atestar a nota fiscal (Itens 5 e 6 do Termo de Referência - Processo 48.684/2009-6, peça
47, p. 3-6).
330. O TRT-7ª Região informou que, embora haja a indicação de pessoa diversa do fiscal
técnico, para a verificação da regularidade administrativa, não está definido quem firmará o termo
definitivo.
331. Ratificou-se, não obstante haja previsão (itens 5 e 6 do Termo de Referência - Processo
1103

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

48.684/2009-6), que não há efetiva participação de pessoa, que não o fiscal do contrato, ou comissão
designada, para produzir o termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade
administrativa da contratada, contrariando inclusive a Lei 8.666/93, art. 73, inciso I, ‘b’.
332. Registre-se, por esclarecedor, trecho do Guia de Boas Práticas em Contratação de Soluções
de Tecnologia da Informação - Riscos e Controles para o Planejamento da Contratação - versão 1.0,
publicado pelo TCU, que descreve a importância dessa segregação de funções (p. 157-159, item 5.2):
5.2) Considerações: com relação ao recebimento de serviços, no art. 73, inciso I, alíneas ‘a’ e ‘b’,
da Lei 8.666/1993, há uma segregação de funções entre o fiscal do contrato, que efetua o recebimento
provisório, e o servidor ou comissão de recebimento, que efetua o recebimento definitivo. Vale
lembrar que o fiscal é responsável pelo acompanhamento e fiscalização do contrato, devendo anotar
em registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que
for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados (Lei 8.666/1993, art. 67, § 1º 105).
Assim, é de se esperar que o termo circunstanciado relativo ao recebimento provisório deve pautar-se
nessas obrigações e seu teor deve basear-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e
fiscalização. Por exemplo, no caso de serviços para os quais sejam previstos níveis mínimos de serviço
exigidos, o fiscal deve informar no recebimento provisório se esses níveis foram alcançados ou não,
embasando como chegou a esse juízo. Por outro lado, o servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo deve verificar o trabalho feito pelo fiscal e verificar todos os outros aspectos do
contrato (e.g. uso de uniformes pelos funcionários da contratada, recolhimento de contribuições
trabalhistas e previdenciárias). A segregação de funções exposta é sintetizada na Figura 4. (...) Para
que o fiscal do contrato concentre-se na avaliação técnica dos produtos e serviços entregues, no caso
do recebimento provisório de serviços, a verificação das regularidades fiscais, trabalhistas e
previdenciárias para fins de pagamento devem ficar a cargo da comissão de recebimento, responsável
pelo aceite definitivo, que pode contar com apoio de unidade da área administrativa que execute essa
atividade. Na IN - SLTI 4/2010, as atividades relativas à gestão contratual são distribuídas para
diversos atores (art. 25, inciso III 106). Como há uma segregação de funções nos dois aceites, o fiscal
do contrato não deve fazer parte do aceite definitivo. É importante ressaltar que o recebimento de
serviços é diferente do recebimento de bens. Os dois recebimentos são definidos em incisos separados
do art. 73. O recebimento provisório de bens é mais simples do que o correspondente para serviços,
pois o termo circunstanciado de serviços envolve um parecer sobre o serviço entregue, enquanto que o
recebimento provisório de bens é basicamente uma declaração de que o objeto foi entregue, para
depois haver a verificação da conformidade do material entregue com a especificação. A nota fiscal
(ou a fatura) deve ser objeto do recebimento definitivo, mas não do recebimento provisório. É
conveniente que a nota fiscal de serviços seja emitida após o recebimento definitivo, visto que,
havendo rejeição total ou parcial dos serviços, fica a nota fiscal previamente emitida estabelecendo
valor que não poderá ser aceito pela Administração, mas que já terá gerado efeito tributário. Também é
importante lembrar que o aceite definitivo não se confunde com a liquidação da despesa, que é
atribuição da área contábil. O aceite definitivo é insumo para a liquidação da despesa (Lei 4.320/1964,
art. 63 107).
Causas do achado:
333. Deficiências no processo de planejamento das contratações.
334. O TRT - 7ª Região, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, informou que as
possíveis causas para ausência de segregação dos recebimentos provisórios e definitivos são a pouca
cultura com respeito a riscos e controles, a falta de pessoal e o excesso de serviço nas unidades (peça
7).
Efeitos/Consequências do achado:
335. Recebimento dos serviços em desconformidade com as especificações técnicas (efeito
potencial).
336. Fiscal do contrato dispende maior parte do tempo na fiscalização das obrigações acessórias
(e.g., encargos trabalhistas e previdenciários) que das obrigações principais (execução propriamente
1104

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

dita do serviço) (potencial).


Critérios:
337. Lei 8.666/1993, art. 73, inciso I, ‘a’ e ‘b’.

Evidências:
338. Planilha anexada ao Ofício EA 5/2014/TCU-Secex/CE (peça 41).
339. Itens 5.2 do Termo de Referência do Edital 38/11 (Processo 48.684/2009-6) (peça 47, p. 5).
Conclusão da equipe:
340. A organização não prevê que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o
termo circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da
contratada, de forma que pessoas diferentes atestem o recebimento provisório e o recebimento
definitivo do bem ou serviço contratado.
Proposta de encaminhamento:
341. Recomendar ao TRT - 7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços que vier a ser elaborado, e a gestão dos contratos decorrentes, que
vierem a ser elaborados em atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letras ‘a’ e ‘c’) inclua o seguinte
controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
1) prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
a) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-se
no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/1993, art. 73, inciso I,
‘a’);
b) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo recebimento
definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de todos os
outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/1993, art. 73,
inciso I, ‘b’).
3.21. - Ausência de avaliação das alternativas de fiscalização administrativa (A30)
Situação encontrada:
342. O TRT-7ª Região, em obediência à Resolução CNJ 169/2013, artigo 1º, está buscando
acordo com os bancos, mas ainda não conseguiu êxito, em relação à utilização de conta vinculada para
depósito de provisões de encargos trabalhistas, previdenciários e outros.
343. Em resposta ao Ofício EA 5/2015 e planilha de evidências (peças 12 e 41), a organização
informa que, tendo em vista as reiteradas determinações do CNJ e Instruções Normativas da Secretaria
de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(SLTI/MPOG), o TRT-7ª Região empreendeu intensa negociação com os bancos oficiais (Caixa
Econômica Federal e Banco do Brasil), firmando-se apenas com este último, em 6/5/2014, o Termo de
Cooperação Técnica para fins de implantação da conta corrente vinculada.
344. Aditou que pesquisas empreendidas junto a outros Regionais auxiliaram nos procedimentos,
ressaltando que no TRT-2ª Região foi editada portaria pela Presidência normatizando a utilização da
referida conta.
345. O Termo de Referência alusivo ao Processo TRT7 8.843/2014 já contempla o percentual a
ser provisionado para a conta corrente vinculada (contratação de empresa para prestação de serviço de
copa).
346. Em face do referido normativo cogente do CNJ, a organização não realizou estudo para
avaliar a relação custo/benefício em relação a outras alternativas de fiscalização administrativa dos
contratos de limpeza e vigilância.
347. Registre-se que, por meio do Acórdão 4.720/2009-TCU-2ª Câmara (item 9.1 e item 4 do
voto), o TCU condenou a utilização de prática análoga, acolhendo posição do Banco do Brasil em sede
de recurso (o banco argumentou, e o TCU acolheu o argumento, que esse tipo de controle teria custo-
benefício desfavorável à administração).
1105

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

348. Em que pese este ponto não acarretar encaminhamento para o TRT-7ª Região, registra-se
este achado para permitir que, na consolidação da FOC, este tema seja aprofundado.
349. A título ilustrativo, citam-se a seguir algumas alternativas para a fiscalização administrativa,
aqui considerada a fiscalização do cumprimento, pela contratada, das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS:
a) utilização de conta vinculada e fiscalização realizada somente por servidor público;
b) utilização de conta vinculada, e fiscalização realizada por servidor público com empresa
supervisora contratada para apoio à fiscalização;
c) não utilização de conta vinculada, e implementação de outros controles compensatórios (e.g.,
os diversos previstos no Acórdão 1.214/2013-Plenário), e fiscalização realizada somente por servidor
público;
d) idem acima, mas com utilização de empresa supervisora apoiando a fiscalização.
350. Uma vez que deve haver uma relação custo-benefício favorável na implantação de
controles, alternativas estão sendo levantadas nos trabalhos das auditorias da FOC, deixando-se para o
relatório de consolidação dos trabalhos proposta de encaminhamento mais robusta.
Causas do achado:
351. Orientação do CNJ para utilização da conta vinculada (Resolução-CNJ 169/2013, art. 1º).
352. O TRT7, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, informou que as possíveis
causas para a ausência de avaliação das alternativas de fiscalização administrativa são o
desconhecimento sobre o tema, pouca cultura com respeito a riscos e controles e falta de pessoal.
Registrou, ainda, o excesso de serviço nas unidades decisórias e operacionais para pesquisa e
proposição (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
353. Utilização de controle (conta vinculada) com relação custo/benefício desfavorável
(potencial).
354. Fiscal do contrato pretere a fiscalização da execução do objeto em detrimento da
fiscalização das obrigações acessórias (real).
Critérios:
355. Princípio da eficiência.
356. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.5.6, 9.1.6.6, 9.1.7 e 9.1.9.
Evidências:
357. Planilha apresentada em resposta ao Ofício EA 5/2014, Termo de Cooperação com o Banco
do Brasil, Resolução CNJ 169/2013 (peças 41, 53, 54, 55, 56 e 57).
Conclusão da equipe:
358. Ante os comandos da Resolução CNJ 169/2013, a organização não realizou estudo para
avaliar outras alternativas de fiscalização administrativa dos contratos de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento:
359. Ante a obrigatoriedade prevista na Resolução CNJ 169/2013, art. 1º, deixa-se de fazer
proposta de encaminhamento neste relatório, o que poderá ser considerado pela Selog quando da
consolidação dos trabalhos desta FOC.
3.22. - Ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira
(A31)
Situação encontrada:
360. Por meio do Ofício de Requisição EA 5/2014 (peça 4), foi solicitado ao TRT-7ª Região que
apresentasse estudo realizado para definir os critérios de habilitação econômico-financeira previstos
nos Editais alusivos aos serviços de limpeza e vigilância.
361. Em sua resposta (peças 12 e 41), o TRT-7ª Região informou que não foram feitos estudos
para definir os referidos critérios, ressaltando que a única exigência prevista nos editais foi a Certidão
Negativa de Falência ou Recuperação Judicial.
362. Tal situação leva ao risco de contratação de empresas que não possuem capacidade
1106

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

financeira para cumprir as obrigações contratuais, em caso de estabelecimento de critérios pouco


rígidos ou, em caso de definição de critérios rigorosos, à restrição da competitividade da licitação.
Causas do achado:
363. Deficiência no processo de planejamento das contratações.
364. Falta de cultura de gestão de riscos.
365. O TRT-7ª Região, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, não apresentou as
possíveis causas para a ausência de avaliação quanto aos critérios de habilitação econômico-financeira.
Efeitos/Consequências do achado:
366. Contratação de empresa sem capacidade financeira para executar o contrato (potencial);
367. Restrição da competitividade da licitação (potencial).
Critérios:
368. Princípio da eficiência.
369. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.10.2 e 9.1.10.3.
Evidências:
370. Resposta ao Ofício EA 5/2014 e planilhas de evidências anexadas (peças 12 e 41).
Conclusão da equipe:
371. A organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância.
Proposta de encaminhamento:
372. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letra ‘a’), inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não.
3.23. - Deficiência nos critérios de aceitabilidade de preços (A32)
Situação encontrada:
373. Da análise dos processos de contratação de limpeza e vigilância e com base na resposta
apresentada pelo TRT - 7ª Região ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE (peça 5), identificamos que
foram fixados os preços máximos global e unitário (postos de trabalho) admitidos para a contratação.
Os preços máximos global e unitário foram definidos com base em memória de cálculo documentada
nos autos.
374. Contudo, o TRT-7ª Região não definiu critério objetivo para avaliar a exequibilidade da
proposta, nem fixou preço mínimo abaixo do qual há presunção de inexequibilidade. A organização
também não fixou preço máximo aceitável para os materiais utilizados na prestação dos serviços (peça
41).
Causas do achado:
375. Deficiências na estimativa de preços.
376. O TRT-7ª Região, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, não apresentou as
possíveis causas para a deficiência nos critérios de aceitabilidade dos preços (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
377. Sobrepreço do valor total do contrato (efeito potencial).
378. Ocorrência de jogo de planilha (efeito potencial).
Critérios:
379. Lei 8.666/1993, art. 40, inciso X e art. 48, inc. II.
Evidências:
380. Termo de Referência Edital PE 38/11 - Limpeza - Empresa Gestor (peças 42, 43, 44, 47 e
48).
381. Contrato 13/2012- Gestor (peça 50).
1107

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

382. Edital PE 38/11 - Gestor (peça 45).


383. Termo de Referência Edital PE 5/11-R - Vigilância (peça 45).
384. Contrato 13/2011 - North (peça 49).
385. Edital PE 5/2011 - North (peça 45).
386. Planilha de Preços - North (peça 51).
387. Planilha de Preços - Gestor (peça 52).
Conclusão da equipe:
388. A organização não definiu critério objetivo para avaliar a exequibilidade da proposta, nem
fixou preço mínimo abaixo do qual há presunção de inexequibilidade.
389. A organização também não fixou preço máximo aceitável para os custos dos materiais
utilizados na prestação dos serviços de limpeza.
Proposta de encaminhamento:
390. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letra ‘a’), inclua o seguinte controle interno na etapa de
elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas.
3.24. - Parcelas indevidas na Planilha de Custos e Formação de Preços (A35)
Situação encontrada:
391. A parcela destinada a cobrir despesas com seleção e treinamento de terceirizados deve estar
excluída do quadro de insumos da PCFP, uma vez que esses custos já estão englobados nas despesas
administrativas da contratada.
392. Quanto a este aspecto, em atendimento ao Ofício EA 5/2014, o TRT-ª Região informou que
existe apenas a parcela destinada a cobrir despesas com treinamento dos terceirizados no contrato de
vigilância (peças 12 e 41).
393. Detectou-se que as despesas com treinamento/capacitação/reciclagem estão no Quadro II -
Insumos de Mão de Obra (PCFP-vigilância, peça 51), já embutidas nas Despesas
Operacionais/Administrativas contidas no Quadro Demais Custos (PCFP-vigilância, peça 51), em
desacordo com o Acórdão 825/2010-Plenário, item 1.5.2.
Causas do achado:
394. Grande quantidade de procedimentos dispersos na legislação associado à inexistência de
lista de verificação para atuação do pregoeiro na fase de seleção do fornecedor.
395. O TRT-7ª Região, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, não apresentou as
possíveis causas para as parcelas indevidas na Planilha de Custos e Formação de Preços (peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
396. Superfaturamento nos contratos (real).
Critérios:
397. Acórdão 825/2010 - Plenário, item 1.5.2.
Evidências:
398. Planilha de Custos e Formação de Preços do Contrato 13/2011 - North -vigilância (peça 51).
Conclusão da equipe:
399. As despesas com treinamento/capacitação/reciclagem constantes do Quadro II - Insumos de
Mão de Obra da Planilha de Custos e Formação de Preços dos serviços de vigilância da organização, já
se encontram embutidas nas Despesas Operacionais/Administrativas contidas no Quadro Demais
Custos, em desacordo com o Acórdão 825/2010-Plenário, item 1.5.2.
Proposta de encaminhamento:
400. Determinar ao TRT-7ª Região que, em atenção ao princípio da legalidade (Constituição
Federal, artigo 37, caput), adote as medidas necessárias à exclusão das parcelas de despesas com
1108

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

treinamento, capacitação e reciclagem como item Insumos de Mão de Obra, visto que tal parcela já é
coberta pela rubrica Despesas Administrativas, conforme Acórdão 825/2010-Plenário, item 1.5.2.
3.25. - Deficiências na definição de penalidades para fase de julgamento da licitação (A36)
Situação encontrada:
401. Da análise dos Editais PE 38/11 (limpeza) e 05/11-R (vigilância), constatou-se que a
organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem
referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas.
402. Os itens 17.1 dos referidos Editais não trazem de forma clara a relação entre os
comportamentos inadequados das licitantes durante o pregão e as penalidades estabelecidas, o que
prejudica a aplicação das penas e a inibição das condutas de empresas aventureiras que retardam a
conclusão dos procedimentos licitatórios.
Causas do achado:
403. Falta de cultura da Administração Pública em apenar empresas nessa fase da licitação.
Efeitos/Consequências do achado:
404. Empresas aventureiras participam da licitação, com atraso indevido na finalização do
procedimento e suas consequências (potencial).
Critérios:
405. Lei 10.520/2002, art. 7º.
406. Princípios da proporcionalidade e prudência.
Evidências:
407. Edital do Pregão PE 38/2011, item 17.1 (peça 46).
408. Edital do Pregão Eletrônico PE 05/11-R, item 17.1 (peça 45).
Conclusão da equipe:
409. A organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que, na prática, faz com que não seja viável aplicar essas penalidades e, por consequência,
inibir as condutas que retardam o procedimento licitatório do pregão.
Proposta de encaminhamento:
410. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letras ‘a’ e ‘b’), inclua o seguinte controle interno na etapa
de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência.
3.26. - Ausência de designação formal dos atores da fiscalização (A37)
Situação encontrada:
411. Por meio do Ofício de Requisição EA 05/2014-Secex/CE (peça 5), foi solicitado ao TRT-7º
Região que apresentasse documentos de designação dos prepostos das contratadas para representá-las
na execução dos contratos 13/2011 e 13/2012, nos termos do art. 68 da Lei 8.666/1993.
412. Em resposta (Planilha de evidências, peças 12 e 41), o TRT - 7º Região informou, no que
tange aos contratos de limpeza e de vigilância, que houve designação formal do fiscal do contrato e de
seu substituto, não existindo a figura do gestor dos contratos.
413. Aditou que recentemente houve a ratificação/alteração das designações por portaria,
apresentando a novel Portaria DG 437, de 22/10/2014 (peça 58).
414. Ressaltou que não houve designação formal do preposto por parte das empresas contratadas
para os serviços de limpeza e de vigilância.
415. Registre-se que o TRT-7ª Região não se utilizou de empregado terceirizado, vinculado ao
contrato, como preposto para representar a contratada, o que não seria a solução adequada, visto que as
atribuições de preposto são diferentes daquelas definidas para os terceirizados e, para desempenhá-las,
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o preposto não precisa estar dedicado exclusivamente ao contratante


Causas do achado:
416. Deficiência no processo de gestão do contrato.
417. O TRT-7ª Região, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, não apresentou as
possíveis causas para deficiências na definição de penalidades para a fase de julgamento da licitação
(peça 7).
Efeitos/Consequências do achado:
418. Dificuldade ou impossibilidade de responsabilizar as partes do contrato e responsabilização
dos agentes públicos que atuaram sem delegação (real).
Critérios:
419. Lei 8.666/1993, art. 68.
Evidências:
420. Portaria DG 437, de 22/10/2014 - fiscal e substituto dos contratos (peça 58).
421. Planilha em resposta ao Ofício EA 05/2014-Secex/CE (peças 12 e 41).
Conclusão da equipe:
422. Quanto à gestão dos contratos de limpeza e vigilância, há ausência de designação dos
prepostos pelas contratadas para representá-las na execução contratual.
Proposta de encaminhamento:
423. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letra ‘c’), inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
a) exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável
por representar à contratada durante esse período.
3.27. - Fiscalização administrativa executada sem avaliação de risco (A43)
Situação encontrada:
424. Em resposta ao Ofício EA 5/2014/TCU/Secex/CE, a organização informou que não realiza
avaliação de risco para escolher a extensão das conferências na fiscalização administrativa, realizando-
as de forma exaustiva: notas fiscais e atestos, GFIP/Sefip e comprovantes de recolhimento do FGTS e
INSS, certidões de regularidade, folha de ponto, folha de pagamento, concessão e pagamento de férias,
verbas rescisórias e demais verbas devidas, pagamento de vale-transporte, vale-alimentação e outros
insumos de mão de obra (peças 12 e 41).
Causas do achado:
425. Ausência de cultura de gestão de riscos.
426. O TRT-7ª Região, em resposta ao questionamento da equipe de auditoria, informou que as
possíveis causas para a ausência de avaliação de risco na extensão da fiscalização administrativa são a
pouca cultura com respeito a riscos e controles, falta de pessoal e falta de capacitação para gestão de
risco.
427. Para tanto, apresentou projetos de lei para criação de cargos e funções, bem como estudo
que indica o alto absenteísmo causado pelo excesso de serviço e carência de pessoal.
Efeitos/Consequências do achado:
428. Prejuízo à fiscalização das obrigações principais da contratada (potencial).
429. Relação custo-benefício da fiscalização desfavorável (real).
Critérios:
430. Decreto-lei 200/1963, artigo 14.
431. Acórdão 1.214/2013-TCU-Plenário, itens 9.1.5, 9.1.6 e 9.1.9.
Evidências:
432. Informações inseridas da Planilha de Evidência em atendimento ao Ofício EA 5/2014-
Secex/CE (peças 12 e 41).
Conclusão da equipe:
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433. A organização não realiza avaliação de risco para escolher a extensão das conferências na
fiscalização administrativa.
Proposta de encaminhamento:
434. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no seu modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letra ‘c’), inclua o seguinte controle interno na etapa de
gestão do contrato:
a) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
a.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
a.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos extratos
retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias contas (o
objetivo é que todos os empregados tenham tido extratos avaliados ao final de um ano - sem que isso
signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
b) documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período.
3.28. - Não desoneração dos contratos em decorrência do Plano Brasil Maior (A46)
Situação encontrada:
435. O Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, determinou ao CNJ que orientasse os órgãos a
ele vinculados a adotar medidas necessárias à revisão dos contratos de prestação de serviços ainda
vigentes, firmados com empresas beneficiadas pela desoneração da folha de pagamento, mediante
alteração das planilhas de custo, atentando para os efeitos retroativos às datas de início da desoneração,
mencionadas na legislação.
436. Em resposta ao Ofício EA 5/2014-Secex/CE, o TRT-7ª Região informou que, em função da
desoneração referente à parcela de contribuição previdenciária prevista no Plano Brasil Maior, foram
renegociados três contratos (44, 45 e 46/2013) e os demais estão em procedimento de revisão (peças
12 e 41).
437. Para os contratos já encerrados, o TRT-ª Região abriu o Processo 2.916/2014 para obter o
valor pago a maior a partir de 1/12/2011, com constituição de comissão objetivando a implementação
das medidas determinadas através do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário.
438. Ressaltou que foram afetados pelo referido acórdão quatro contratos de TI e cinco de
engenharia.
439. A organização avaliou as economias real e potencial geradas com a alteração dos referidos
contratos nos seguintes termos: real nos contratos 44/2013 (R$ 161.369,51); 45/2013 (R$ 9.396,70); e
46/2013 (R$ 16;115,56), todos de engenharia; potencial nos demais. Aduziu que não há prazo definido
para conclusão dos trabalhos (peça 41).
Causas do achado:
440. Desconhecimento do potencial benefício financeiro para a organização da ordem de 8%
com a repactuação dos contratos (potencial).
Efeitos/Consequências do achado:
441. Pagamento a maior por serviços executados por empresas abrangidas pela desoneração
fiscal (efeito real).
Critérios:
442. Lei 12.546/2011, art. 2º.
443. Decreto 7.828/2012, art. 2º.
444. Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º.
445. Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1.
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446. Ofício-Circular CNJ 590/2013, de 14/11/2013.


Evidências:
447. Planilhas de evidências apresentadas em atendimento ao Ofício EA 5/2014 (peças 12 e 41).
Conclusão da equipe:
448. A organização ainda não ultimou as providências para revisar os contratos a serem objeto
de revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 2.546/2011.
Proposta de encaminhamento:
449. Determinar ao TRT-7ª Região que, em atenção à Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º e ao princípio
da legalidade, informe ao TCU, no prazo de 60 dias, os resultados alcançados em cumprimento às
orientações contidas no Acórdão 2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, incluindo detalhamento da
quantidade de contratos revisados e a economia (redução de valor contratual) obtida, e as providências
para reaver os valores pagos a maior.
3.29. - Deficiências nos controles compensatórios do planejamento da contratação (A47)
Situação encontrada:
450. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
planejamento da contratação. Um dos controles compensatórios possíveis para esta etapa é previsto na
legislação, e consiste no estabelecimento de padrões para embasar a emissão do parecer da assessoria
jurídica antes da fase de seleção do fornecedor (fase externa da licitação).
451. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há pergunta,
com respeito a padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos
de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
452. Em resposta enviada (Ofício TRT GP 49/2014, peça 4), o TRT-7ª Região informou que não
elaborou listas de verificação com vistas a emissão de pareceres.
453. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica e os pareceres são elaborados ad hoc (cada um
verificando um conjunto de aspectos potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens
com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Causas do achado:
454. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
455. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
consultoria jurídica.
Efeitos/Consequências do achado:
456. Não verificação acerca da legalidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios:
457. Lei 8.666/1993, art. 115.
458. Princípio da eficiência.
Evidências:
459. Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4).
Conclusão da equipe:
460. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria
jurídica quando da emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação.
Proposta de encaminhamento:
461. Recomendar ao TRT-7ª Região que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação
da consultoria jurídica na emissão de pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único,
em especial, na aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações, podendo adotar
1112

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os modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.


3.30. - Deficiências nos controles compensatórios da seleção do fornecedor (A48)
Situação encontrada:
462. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
seleção do fornecedor da contratação. Um dos controles compensatórios possíveis para esta etapa é
previsto na legislação, e consiste no estabelecimento de padrões para embasar a atuação do pregoeiro
antes da fase de gestão dos contratos.
463. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há pergunta,
com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a padronização dos procedimentos que devem ser executados pelo pregoeiro
durante a fase de julgamento das licitações, e recomendou sua utilização. O item F.6 contém pergunta
semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
464. Em resposta enviada (peça 4), a organização informou que não elaborou listas de
verificação com vistas à padronização da atuação do pregoeiro no julgamento da licitação.
465. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade alusiva à atuação do pregoeiro durante a licitação e os atos são praticados ad hoc (cada um
verificando um conjunto de aspectos potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens
com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Causas do achado:
466. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
467. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação do
pregoeiro.
Efeitos/Consequências do achado:
468. Impugnação de licitação pela não realização de procedimento essencial (efeito potencial).
469. Declaração de nulidade de contrato pela realização irregular da licitação (efeito potencial).
Critérios:
470. Lei 8.666/1993, art. 115.
471. Princípio da eficiência.
Evidências:
472. Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4).
Conclusão da equipe:
473. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da
comissão de licitação durante a fase de seleção do fornecedor.
Proposta de encaminhamento:
474. Recomendar ao TRT-7ª Região que estabeleça uma lista de verificação para atuação do
pregoeiro ou da comissão de licitação durante a fase de seleção do fornecedor.
3.31. - Deficiências nos controles compensatórios dos recebimentos provisório e definitivo
(A49)
Situação encontrada:
475. Um controle compensatório é um controle que é implantado pelos gestores para compensar
deficiências em outros controles internos. Considerando a falta de sistematização dos procedimentos
das contratações no setor público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios
suficientes nas organizações com vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de
gestão dos contratos. Um dos controles compensatórios possíveis para esta etapa é previsto na
legislação, e consiste no estabelecimento de padrões que sirvam de referencial para a atuação dos
atores envolvidos na gestão/fiscalização do contrato.
476. No item F.8.18 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há
1113

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pergunta, com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas
próprias listas de verificação para a atuação dos atores envolvidos na gestão/fiscalização dos contratos,
em relação aos recebimentos provisório e definitivo do objeto contratual.
477. Em resposta enviada ao TCU (peça 4), a organização informou que não elaborou listas de
verificação com vistas a padronização da atuação dos atores envolvidos nos recebimentos provisório e
definitivo.
478. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade alusiva à atuação dos atores envolvidos na gestão/fiscalização dos contratos, em relação aos
recebimentos provisório e definitivo do objeto contratual, e os atos são praticados ad hoc (cada um
verificando um conjunto de aspectos potencialmente diferentes), podendo levar à avaliação de itens
com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com alto risco de ilegalidade.
Causas do achado:
479. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
480. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação dos
fiscais nos recebimentos provisório e definitivo.
Efeitos/Consequências do achado:
481. Ateste de serviços prestados em desconformidade com o previsto no contrato.
482. Não verificação de itens que deveriam ser verificados pelo fiscal.
Critérios:
483. Lei 8.666/1993, art. 115.
484. Princípio da eficiência.
Evidências:
485. Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4).
Conclusão da equipe:
486. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação dos atores envolvidos
nos recebimentos provisório e definitivo.
Proposta de encaminhamento:
487. Recomendar ao TRT-7ª Região que, no modelo de processo de aquisições para a
contratação de bens e serviços, e a gestão dos contratos decorrentes, que vierem a ser elaborados em
atendimento ao item 3.13 (parágrafo 216, letras ‘a’ e ‘c’), inclua os seguintes controles internos na
etapa de planejamento da contratação:
a) incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites provisório e
definitivo, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para atuar na fase de
gestão do contrato.

3.32. - Deficiências nos controles compensatórios dos ajustes contratuais (A50)


Situação encontrada:
488. Ainda considerando a falta de sistematização dos procedimentos das contratações no setor
público, esta auditoria avaliou se haveria controles compensatórios suficientes nas organizações com
vistas a suprir as deficiências nos controles internos durante a fase de gestão dos contratos, em
especial, antes das repactuações. Novamente, um dos controles compensatórios possíveis para esta
etapa é previsto na legislação, e consiste na emissão do parecer da assessoria jurídica previamente à
celebração de ajustes.
489. No item F.7 do Questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013 há pergunta,
com respeito à padronização de procedimentos nas aquisições, se a organização definiu suas próprias
listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica quando da emissão dos pareceres jurídicos
de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, e recomendou sua utilização. O item F.6
contém pergunta semelhante, acerca do estabelecimento de tal padronização pelo respectivo OGS.
490. Conforme Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4), a organização informou acerca da não
elaboração de listas de verificação com vistas a emissão de pareceres.
1114

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491. Dessa forma, não há sistematização sobre o que deve ser verificado na avaliação de
legalidade executada pela assessoria jurídica antes das repactuações e os pareceres são elaborados ad
hoc, podendo levar à avaliação de itens com baixo risco de ilegalidade e à não avaliação de outros com
alto risco de ilegalidade.
Causas do achado:
492. Ausência de padrão elaborado pelo OGS.
493. Falta de cultura da organização quanto ao estabelecimento de padrões para atuação da
consultoria jurídica.
Efeitos/Consequências do achado:
494. Não verificação acerca da legalidade de algum item essencial (efeito potencial).
Critérios:
495. Lei 8.666/1993, art. 115.
Evidências:
496. Ofício TRT GP 49/2014 (peça 4).
Conclusão da equipe:
497. A organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria
jurídica quando da emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais.
Proposta de encaminhamento:
498. Recomendar ao TRT-7ª Região que estabeleça modelos de lista de verificação para atuação
da consultoria jurídica na emissão de pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único,
em especial, na aprovação das minutas de ajustes decorrentes de repactuações, podendo adotar os
modelos estabelecidos pela Advocacia-Geral da União.
4. COMENTÁRIOS DO GESTOR
499. O relatório preliminar de auditoria foi submetido aos comentários do gestor, por meio do
Ofício EA/TCU/Secex/CE 2/2015 (peça 6), conforme prevê os parágrafos 145 e 146 das Normas de
Auditoria do Tribunal de Contas da União (NAT), aprovadas pela Portaria - TCU 280/2010, de
8/12/2010.
500. Em resposta, o TRT - 7ª Região remeteu o Ofício TRT7/DG 9/2015 (peça 60), apresentando
as seguintes considerações em relação à inconsistência apontada no item 3.5 do presente relatório:
Em resposta ao ofício em epígrafe, traço as seguintes considerações relativas à inconsistência
apontada no item (A6), quanto à existência de normativos internos que incluam a definição da
estrutura organizacional da área de aquisições, e estabeleçam as competências, atribuições e
responsabilidades das áreas e dos cargos efetivos e comissionados.
A princípio, observa-se que a inconsistência está restrita a ausência de comprovação de atos
internos que estabeleçam as competências, atribuições e responsabilidade de cargos efetivos (e
comissionados, conforme conteúdo do item), ‘tais como pregoeiros e fiscais de contratos’, com
respeito às aquisições. De fato, os documentos apresentados, Regulamento Geral e Resolução TRT7
376/2008, não as estabelecem, haja vista que não existem cargos efetivos e nem comissionados (e
sequer funções gratificadas especificas) de pregoeiro e de fiscal de contrato neste Regional.
Apesar de não haver função vinculada ao servidor que atua como pregoeiro, é praxe da
Administração atribuir a função de assistente administrativo (FC3) àquele designado pregoeiro oficial.
Quanto às competências, atribuições e responsabilidades, por estarem devidamente dispostas no
Decreto 5.450/2005, entendeu-se despicienda a normatização interna.
Diferentemente, para o servidor que atua como fiscal de contrato, a Resolução 200/2014 (anexa),
que regulamenta o processo de contratação no âmbito do TRT7, estabelece as competências,
atribuições e responsabilidades dos gestores e fiscais de contrato.
As informações apresentadas referiram-se à divergência apontada no item 3.5 do presente
relatório, em relação à situação declarada no Questionário Perfil de Governança e Gestão das
Aquisições - ciclo 2013, já registrada na peça 61.
501. Verifica-se, após aplicação do referido questionário, que o TRT - 7ª Região já está
1115

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

normatizando o estabelecimento de competências, atribuições e responsabilidades dos gestores e


fiscais de contrato, bem como o processo de contratação no que tange ao planejamento anual das
contratações, seleção de fornecedores e gestão e fiscalização dos contratos (Resolução 200, de
20/5/2014, peça 62).
502. Os comentários do gestor não geram ajustes no relatório preliminar e conduzem à
manutenção das recomendações contidas na proposta de encaminhamento que se segue, para posterior
acompanhamento do plano de ação a ser implementado pelo TRT-7ª Região.
5. CONCLUSÃO
503. A presente fiscalização constituiu uma das 20 auditorias previstas para a Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, e teve como objetivo avaliar se
as práticas de governança e gestão das aquisições no TRT-7ª Região estão aderentes às boas práticas e
de acordo com a legislação pertinente. Este trabalho pode ser considerado a sequência do trabalho
realizado no TC-025.068/2013-0 (ainda não apreciado), que consistiu no levantamento da situação de
governança e gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das
Aquisições - Ciclo 2013), por meio do qual 376 organizações da administração pública federal
informaram sua situação, por meio de questionário eletrônico.
504. Conforme mencionado no item 2.3 do presente relatório (objetivo e questões de auditoria),
os procedimentos referentes à questão de auditoria oito (Há plano de trabalho da contratação que
explicita a opção da organização pela terceirização do serviço?) não foram executados e, logo, não
foram registrados achados de auditoria para ela. Para as demais questões de auditoria, foram
registrados 31 achados resumidos a seguir.
505. Quanto aos controles de governança das aquisições (liderança, estratégia e práticas de
controle), foi constatado que:
1) a organização não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio
de processo formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das
atividades (item 3.1);
2) a organização não avalia periodicamente a estrutura de recursos humanos da área de
aquisições em termos quantitativo e de qualificação de pessoal (item 3.2);
3) a organização não estabeleceu as seguintes diretrizes para a função de aquisições:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas (item 3.3);
4) a organização não estabelece as competências, atribuições e responsabilidades de cargos
efetivos da área de aquisições, nem do dirigente máximo da organização com respeito às aquisições,
bem como não dispõe de controles internos para monitorar os atos delegados (item 3.4);
5) a Alta Administração do TRT - 7ª Região não designou formalmente corpo colegiado
responsável por auxiliá-la nas decisões relativas às aquisições (item 3.5);
6) a organização não estabelece diretrizes para o gerenciamento de riscos das aquisições, não
capacita os gestores da área de aquisições em gestão de riscos e não realiza gestão de riscos das
aquisições (item 3.6);
7) a unidade de auditoria interna da organização não realiza trabalhos de avaliação de
governança e de gestão de riscos da organização, nem faz avaliação de controles internos na função
aquisição (item 3.7);
8) não há determinação para publicação da agenda de compromissos públicos do dirigente
máximo da organização e do principal gestor responsável pelas aquisições na Internet (item 3.8).
506. No que tange aos controles da gestão das aquisições (planejamento, processos e pessoas),
constatou-se que:
1) a organização não executa processo de planejamento das aquisições com a aprovação de um
1116

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

plano de aquisições para o período mínimo de um ano (item 3.9);


2) a organização não possui um Plano de Gestão de Logística Sustentável (item 3.10);
3) a organização não identificou nem definiu as competências necessárias para o desempenho
das funções básicas da área de aquisições (item 3.11);
4) a organização não possui Plano Anual de Capacitação dos servidores que integram a área de
aquisições (item 3.12);
5) a organização não formaliza processos de trabalho relacionados à atividade de aquisições
(planejamento, seleção do fornecedor e gestão dos contratos) (item 3.13);
6) a organização não utiliza documentos, procedimentos e especificações técnicas padronizadas
próprias ou de seus OGS´s nos seus processos de aquisições, em relação a minutas de editais e
contratos, listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica e procedimentos para elaboração
das estimativas de preços (item 3.14).
507. Na avaliação dos controles internos em nível de atividade no processo de aquisições e
conformidade das contratações, constatou-se que:
1) não foi realizado, para a prestação de serviços de serviços de transporte, um estudo técnico
para a identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade
de transportar pessoas (item 3.15);
2) a organização não realizou estudo para estimar da melhor forma possível a quantidade de
material a ser utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação (item 3.16);
3) a organização não formalizou estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra
atualmente alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação, nem apresentou estudo para
justificar a localização, quantidade e tipo de posto de trabalho de vigilância (item 3.17);
4) a organização não definiu requisitos de qualidade com critérios objetivos para mensurar e
avaliar a prestação dos serviços de limpeza e vigilância (item 3.18);
5) a organização não definiu requisitos de sustentabilidade para contratação dos serviços de
limpeza e conservação e de vigilância (item 3.19);
6) a organização não prevê que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o termo
circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da contratada, de
forma que pessoas diferentes atestem o recebimento provisório e o recebimento definitivo do bem ou
serviço contratado (item 3.20);
7) a organização não realizou estudo para avaliar outras alternativas de fiscalização
administrativa dos contratos de limpeza e vigilância (item 3.21);
8) a organização não realizou estudo para definir os critérios de habilitação econômico-
financeira estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância
(item 3.22);
9) a organização não definiu critério objetivo para avaliar a exequibilidade da proposta, nem
fixou preço mínimo abaixo do qual há presunção de inexequibilidade, em relação aos serviços de
limpeza e vigilância (item 3.23);
10) as despesas com treinamento/capacitação/reciclagem constantes do Quadro II - Insumos de
Mão de Obra da Planilha de Custos e Formação de Preços dos serviços de vigilância da organização, já
se encontram embutidas nas Despesas Operacionais/Administrativas contidas no Quadro Demais
Custos, em desacordo com o Acórdão 825/2010-Plenário, item 1.5.2 (item 3.24);
11) a organização definiu de forma genérica as situações tipificadas no art. 7º da Lei
10.520/2002, sem referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem
aplicadas, o que, na prática, faz com que não seja viável aplicar essas penalidades e, por consequência,
inibir as condutas que retardam o procedimento licitatório do pregão (item 3.25);
12) nos contratos de limpeza e vigilância da organização, há ausência de designação dos
prepostos pelas contratadas para representá-las na execução contratual (item 3.26);
13) a organização não realiza avaliação de risco para escolher a extensão das conferências na
fiscalização administrativa (item 3.27);
1117

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14) organização ainda não ultimou as providências para revisar os contratos a serem objeto de
revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 2.546/2011 (item 3.28).
508. Quanto aos controles compensatórios do planejamento da contratação, da seleção do
fornecedor, dos recebimentos provisório e definitivo e dos ajustes contratuais, verificou-se que:
1) organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica
quando da emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação (item 3.29);
2) a organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da
comissão de licitação durante a fase de seleção do fornecedor (item 3.30);
3) a organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação dos atores envolvidos
nos recebimentos provisório e definitivo (item 3.31);
4) a organização não adota uma lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica
quando da emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais (item 3.32).
509. O principal objetivo da governança das aquisições é fazer com que as aquisições agreguem
valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis. Isso se dá, basicamente, a partir da
implantação e monitoramento de processos e controles na função de aquisição da organização.
510. Quanto menos instrumentos de controle houver nesta função, maiores são as chances da
ocorrência de situações que afetem negativamente as aquisições e, por consequência, maior a
probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização, acarretando,
em última análise, riscos de a organização prestar um serviço não adequado às necessidades do
cidadão.
511. Sob essa premissa e considerando os achados relatados na fiscalização, há relação entre as
falhas associadas à governança e gestão das aquisições e as inconformidades específicas encontradas
nos contratos analisados, conforme exposto a seguir.
512. A falta de cultura de gestão de riscos na organização (item 3.6) contribui para que não haja
avaliação das alternativas de fiscalização administrativa nos contratos (item 3.21) nem quanto aos
critérios de habilitação econômico-financeira (item 3.22), podendo acarretar ineficiência na
fiscalização dos contratos e limitação indevida da competição, respectivamente.
513. As deficiências no estabelecimento de diretrizes para as aquisições (item 3.3), em especial a
ausência de estratégia de terceirização, contribuem para que não seja realizada a análise do
parcelamento ou não das contratações (item 3.15), podendo acarretar diminuição da competição nas
licitações e dependência de um único fornecedor.
514. Segundo as boas práticas (IPPF), a auditoria interna também deveria realizar trabalhos a fim
de identificar as deficiências em governança relatadas neste trabalho (itens 3.1 a 3.14).
515. Portanto, a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições no TRT-7ª
Região é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados, o
que só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de
controles internos adequados.
516. Foram registrados 32 achados de auditoria, sendo que houve achado nas onze questões de
auditoria aplicadas ao TRT-7ª Região, de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de
governança e de gestão de aquisições públicas ou não são adotadas pelo Tribunal Regional do
Trabalho da 7ª Região ou não estão de acordo com a legislação aplicável nem aderente às boas
práticas.
517. A fim de aprimorar o questionário Perfil Governança das Aquisições - Ciclo 2013, a equipe
de auditoria avaliou a consistência de 51 itens do questionário, registrando divergência entre a situação
declarada e a situação encontrada em 1 item (item 3.4 deste relatório). O resumo dessa análise
acompanhado dos motivos para a divergência apontados pelos gestores do TRT-7ª Região está
documentado (peça 61), e permitem identificar oportunidades de melhoria no questionário a ser
aplicado no próximo ciclo, bem como evidenciam a incipiência do tema governança no TRT-7ª
Região.
518. Registre-se por fim que o presente trabalho fez parte de um diagnóstico da governança e
1118

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

gestão das aquisições nos entes públicos e que os fatos aqui relatados serão considerados, em conjunto
com as conclusões das demais fiscalizações, no âmbito do processo referente à fiscalização
consolidadora desta FOC (TC-017.599/2014-8).
6. BENEFÍCIOS DA AÇÃO DE CONTROLE EXTERNO
519. Entre os benefícios esperados desta fiscalização pode-se mencionar, principalmente, a
indução à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições do TRT-7ª
Região, cujas deficiências foram evidenciadas pelas falhas e impropriedades identificadas e relatadas
neste processo.
7. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
520. Ante o exposto, propõe-se o encaminhamento dos autos ao gabinete do Relator, Exmº
Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, com as seguintes propostas:
1. determinar, com fulcro na Lei 8.443/1992, artigo 43, inciso I, c/c o Regimento Interno do
TCU, artigo 250, inciso II, ao TRT-7ª Região que:
1.1. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea c, inclua, nos estudos técnicos
preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções disponíveis no mercado para
atender à necessidade que originou a atual forma de prestação de serviços (resolver o problema do
transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução mais
vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de contratação, compra de
veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro rodado
(item 3.15);
1.2. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea f, e artigo 7º, parágrafo 4º, antes de
eventual prorrogação do Contrato de limpeza em vigor, ou da elaboração de edital para licitação com
vistas a substitui-lo, inclua nos estudos técnicos preliminares da contratação:
a) o estudo e definição da produtividade de mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto na IN SLTI 2/2008, artigo 43, parágrafo único;
b) a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do prédio
atualizada ou documento técnico equivalente (item 3.17);
1.3. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 6º, inc. IX, alínea c, antes da eventual prorrogação do
contrato de vigilância em vigor, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substitui-lo,
realize estudo técnico preliminar com objetivo de:
a) definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto na IN-SLTI 02/2008, art. 49, I (item 3.17);
1.4. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 3º, caput, antes da eventual prorrogação do contrato de
limpeza e conservação, ou da licitação com vistas a substituí-lo, avalie a possibilidade de incluir como
obrigação da contratada a adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de limpeza
e conservação, à semelhança do contido na IN SLTI/MPOG 01/2010, art. 6º e IN SLTI 2/2008, art. 42,
inc. III (item 3.19);
1.5. em atenção ao princípio da legalidade (Constituição Federal, artigo 37, caput), adote as
medidas necessárias à exclusão das parcelas de despesas com treinamento, capacitação e reciclagem
como item Insumos de Mão de Obra, visto que tal parcela já é coberta pela rubrica Despesas
Administrativas, conforme Acórdão 825/2010-Plenário, item 1.5.2 (item 3.24);
1.6. em atenção à Lei 8.666/1993, art. 65, § 5º e ao princípio da legalidade, informe ao TCU, no
prazo de 60 dias, os resultados alcançados em cumprimento às orientações contidas no Acórdão
2.859/2013 - Plenário, item 9.2.1, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a
economia (redução de valor contratual) obtida, e as providências para reaver os valores pagos a maior
(item 3.28);
1.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência do acórdão que vier a ser proferido,
plano de ação para a implementação das medidas citadas no decisum, contendo:
a) para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável
(nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
1119

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna, as


ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
c) para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
2. recomendar, com fulcro na Lei 8.443/1992, art. 43, inciso I, c/c o Regimento Interno do TCU,
art. 250, inciso III, ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região que avalie a conveniência e a
oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas a melhoria do sistema de controle
interno da organização:
2.1. discipline a forma de acesso às funções-chave dos setores de aquisições, incluindo às
funções de liderança, em especial à função de principal dirigente responsável pelas aquisições,
considerando as competências multidisciplinares, técnicas e gerenciais, necessárias para estas funções
(item 3.1);
2.2. realize avaliação quantitativa e qualitativa de pessoal do setor de aquisições, de forma a
delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de
aquisições da organização (item 3.2);
2.3. estabeleça diretrizes para área de aquisições incluindo:
a) estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de forma
generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
b) política de compras;
c) política de estoques;
d) política de compras conjuntas (item 3.3);
2.4. estabeleça em normativos internos:
a) as competências, atribuições e responsabilidades do dirigente máximo com respeito às
aquisições, nesses incluídos, mas não limitados, a responsabilidade pelo estabelecimento de políticas e
procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos nas aquisições;
b) as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de aquisições, em
especial dos pregoeiros e fiscais de contratos;
c) controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações (item 3.4);
2.5. avalie a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a Alta Administração nas decisões relativas às
aquisições, com o objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo (item 3.5);
2.6. estabeleça diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições (item 3.6);
2.7. capacite os gestores na área de aquisições em gestão de riscos (item 3.6);
2.8. realize gestão de riscos das aquisições (item 3.6);
2.9. inclua nas atividades de auditoria interna a avaliação de governança e de gestão de riscos da
organização, bem como dos controles internos na função aquisição (item 3.7);
2.10. publique na Internet a agenda de compromissos públicos do dirigente máximo da
organização e do principal gestor responsável pelas aquisições (item 3.8);
2.11. execute processo de planejamento das aquisições contemplando, pelo menos:
a) elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de um
documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para a aquisição,
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo estratégico apoiado pela aquisição;
b) aprovação pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
c) divulgação do plano de aquisições na internet;
d) acompanhamento periódico da execução do plano para a correção de desvios (item 3.9);
2.12. elabore e aprove um Plano de Gestão de Logística Sustentável, contendo objetivos e
responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento e
1120

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

avaliação, que permita a organização estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização de


gastos e processos, publicando no seu sítio na internet o PLS aprovado (item 3.10);
2.13. estabeleça mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS (item
3.10);
2.14. estabeleça um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisições, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições (item 3.11);
2.15. elabore Plano Anual de Capacitação para a organização contemplando ações de
capacitação voltadas para a governança e gestão das aquisições (item 3.12);
2.16. adote mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação (item
3.12);
2.17. defina um processo formal de trabalho para:
a) planejamento de cada uma das aquisições;
b) seleção do fornecedor;
c) gestão dos contratos (item 3.13);
2.18. estabeleça e adote padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente (item 3.14);
2.19. adote as minutas de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela AGU
(item 3.14);
2.20. estabeleça e adote procedimentos para elaboração das estimativas de preços das
contratações (item 3.14);
2.21. inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, o seguinte
controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares: realizar levantamento de
mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento de contratações similares feitas
por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software público), visita a feiras, consulta
a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções publicados em revistas especializadas) e
pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes soluções que possam atender às
necessidades que originaram a forma de prestação de serviços utilizada (Lei 8.666/1993, art. 6º, inc.
IX, alínea c) (item 3.15);
2.22. inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro:
a) os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a.1) definir método de cálculo das quantidades de materiais necessários à contratação;
a.2) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
b) o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato:
b.1) manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações (item 3.16);
2.23. inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em
atenção ao item 2.17 retro (letras ‘a’ e ‘c’), os seguintes controles internos:
1) na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) definir método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à contratação;
b) documentar o método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de contratação,
juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
2) na etapa de fiscalização técnica do contrato:
a) manter controle gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos contratos, a fim
de subsidiar a estimativa para as futuras contratações (item 3.17);
2.24. inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
1121

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, inclua o
seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
1) prever no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, a
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
a) o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato, baseie-se
no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (Lei 8.666/1993, art. 73, inciso I,
‘a’);
b) o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo recebimento
definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de todos os
outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (Lei 8.666/1993, art. 73,
inciso I, ‘b’) (item 3.20);
2.25. inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, inclua o
seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
a) avaliar, no caso de contratação de serviços continuados, as diferentes possibilidades de
critérios de qualificação econômico-financeiras previstas na IN-SLTI 02/2008, art. 19, inciso XXIV,
considerando os riscos de sua utilização ou não (item 3.22);
2.26. inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, o seguinte
controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) estabelecer critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando preços máximos
para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores superiores sejam
desclassificadas (item 3.23);
2.27. inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, o seguinte
controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico:
a) prever, no edital de pregão, cláusulas de penalidades específicas para cada conduta que possa
se enquadrar no contido na Lei 10.520/2002, art. 7º, observando os princípios da proporcionalidade e
prudência (item 3.25);
2.28. inclua, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, o seguinte
controle interno na etapa de gestão do contrato:
a) exigir, antes do início da execução contratual, a designação formal do preposto responsável
por representar à contratada durante esse período (item 3.26);
2.29. inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, o seguinte
controle interno na etapa de gestão do contrato:
a) avaliar os riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
a.1) das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
a.2) das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos extratos
retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias contas (o
objetivo é que todos os empregados tenham tido extratos avaliados ao final de um ano - sem que isso
signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o ‘efeito surpresa’ e o benefício da expectativa do controle);
b) documentar a sistemática de fiscalização utilizada em cada período (item 3.27);
2.30. estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na emissão
1122

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em especial, na aprovação das
minutas de instrumentos convocatórios das licitações, podendo adotar os modelos estabelecidos pela
Advocacia-Geral da União (item 3.29);
2.31. estabeleça uma lista de verificação para atuação do pregoeiro ou da comissão de licitação
durante a fase de seleção do fornecedor (item 3.30);
2.32. inclua, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao item 2.17 retro, inclua os
seguintes controles internos na etapa de planejamento da contratação:
a) incluir no modelo de gestão do contrato listas de verificação para os aceites provisório e
definitivo, de modo que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para atuar na fase de
gestão do contrato item 3.31);
2.33. estabeleça modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na emissão
de pareceres de que trata a Lei 8.666/1993, art. 38, parágrafo único, em especial, na aprovação das
minutas de ajustes decorrentes de repactuações, podendo adotar os modelos estabelecidos pela
Advocacia-Geral da União (item 3.32);
3. dar ciência ao TRT, sobre a seguinte impropriedade, para que sejam adotadas medidas internas
com vistas à prevenção de ocorrências de outras semelhantes:
a) a falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a vinculação dos
pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade, constatadas nas especificações do
objeto dos Contratos 13/2011 e 13/2012, afronta a Constituição Federal, art. 37, caput (princípio da
eficiência) (item 3.18).”

É o relatório.

VOTO

A presente auditoria integra os trabalhos de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) -


Governança e Gestão das Aquisições realizados com os objetivos de avaliar as práticas de governança
e gestão das aquisições de vinte entidades da Administração Pública Federal e de verificar a
consistência das informações apresentadas em questionário aplicado no âmbito do levantamento
referente ao mesmo tema executado no TC-025.068/2013-0.
A fiscalização em exame foi realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região
(TRT-7ª). Foram escolhidos como objeto da auditoria os Contratos 13/2011 (prestação de serviços de
vigilância) e 13/2012 (prestação de serviços de limpeza).
O presente trabalho se estruturou sobre três referenciais: governança, gestão e aquisições.
Governança consiste na atividade exercida pela alta administração da organização,
envolvendo as funções de avaliar, dirigir e monitorar, por meio do estabelecimento de diretrizes,
políticas e controles, visando a alcançar seus objetivos estratégicos. De sua vez, a gestão se constitui
na execução de processos e ações, por corpo gerencial qualificado, com vistas a cumprir os objetivos
estratégicos traçados. Por fim, as aquisições se referem às contratações de bens e serviços destinados a
viabilizar a execução das atividades finalísticas e das atividades meio para, em última instância, atingir
os objetivos definidos pela alta administração.
Como se vê, há interdependência entre esses fatores. Quanto mais sintonizados estiverem
entre si, maior será a eficiência, a eficácia e a efetividade da organização. Em outras palavras, boas
práticas de governança e gestão na área de aquisições resultam em agregação de valor e minimização
dos riscos atrelados ao negócio da organização.
1123

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

De acordo com o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG) publicado pelo TCU, para que as funções de governança sejam
executadas de forma satisfatória, três mecanismos devem ser adotados: liderança, estratégia e controle.
Os achados de auditoria foram organizados sob a perspectiva desses três mecanismos a fim
de avaliar a governança. A seguir, examinaram-se questões mais específicas relacionadas à gestão.

II - Governança

Os mecanismos de governança são implementados a partir da adoção de determinadas


práticas. Portanto, o levantamento das práticas e dos respectivos instrumentos vigentes no órgão
permite avaliar a qualidade da governança exercida.
A partir das observações da equipe de auditoria, percebe-se que são deficientes os
instrumentos que permitam ao nível estratégico exercer a liderança necessária para conduzir à boa
governança e à consequente boa gestão do setor de aquisições. Nesse contexto, constatou-se que o
TRT-7ª não seleciona os ocupantes das funções-chave na área de aquisições por meio de processo
formal, transparente e baseado nas competências necessárias ao desempenho das atividades e não
avalia periodicamente a estrutura de recursos humanos da área de aquisições em termos quantitativo e
de qualificação de pessoal.
Com relação à estratégia, constatou-se que também são deficientes os instrumentos que
definam e divulguem a estrutura de governança do TRT-7ª, os papéis e as responsabilidades no tocante
à área de aquisições.
Nesse sentido, foi verificado que a instituição não estabeleceu formalmente estratégias e
políticas voltadas para a função de aquisições, quais sejam: estratégia de terceirização, política de
compras e de estoques e política de compras conjuntas. O órgão também não estabelece as
competências, atribuições e responsabilidades de cargos efetivos da área de aquisições, nem do
dirigente máximo da organização com respeito às aquisições, bem como não dispõe de controles
internos para monitorar os atos delegados. Além disso, não foi designado formalmente corpo colegiado
responsável por auxiliar a instituição nas decisões relativas às aquisições.
Relativamente ao controle, foram examinadas as práticas relativas à gestão de riscos, à
existência de canais para recebimento de denúncias, à função de auditoria interna e à accountability
(prestação de contas e responsabilização), esta sob a perspectiva da divulgação das decisões e
documentos relacionados à atividade do setor de aquisições.
Os achados de auditoria apontam que o TRT-7ª não estabelece diretrizes para o
gerenciamento de riscos das aquisições, não capacita os gestores da área de aquisições em gestão de
riscos e não realiza gestão de riscos das aquisições. Foi verificado, ainda, que a auditoria interna não
realiza trabalhos de avaliação de governança e de gestão de riscos da organização, nem faz avaliação
de controles internos na função aquisição.
Quanto à accountability, não há determinação para publicação da agenda de
compromissos públicos do dirigente máximo da organização e do principal gestor responsável pelas
aquisições na Internet.
Com base nesses achados de auditoria, conclui-se que o TRT-7ª enfrenta deficiências na
implementação de mecanismos e práticas de governança na área de aquisições.

III - Gestão

Segundo o Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da


Administração Pública (RBG), a gestão “é inerente e integrada aos processos organizacionais, sendo
responsável pelo planejamento, execução, controle, ação, enfim, pelo manejo dos recursos e poderes
colocados à disposição de órgãos e entidades para a consecução de seus objetivos” (destaques
acrescentados).
1124

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Neste trabalho, a gestão das aquisições foi avaliada a partir do exame dos instrumentos
de planejamento, de gestão de pessoas e de padronização dos processos de trabalho da área.
Em relação ao planejamento, constatou-se que o TRT-7ª não executa processo de
planejamento das aquisições com a aprovação de um plano de aquisições para o período mínimo de um
ano. Também não possui um Plano de Gestão de Logística Sustentável.
Quanto à gestão de pessoas, foi verificado que a instituição não identificou nem definiu
as competências necessárias para o desempenho das funções básicas da área de aquisições, além de
não possuir Plano Anual de Capacitação dos servidores que integram essa área.
No tocante aos processos de trabalho relacionados às licitações e contratos, buscou-se
verificar se haveria estabelecimento de processos para o planejamento de cada uma das contratações,
seleção do fornecedor e gestão dos contratos, bem como o estabelecimento padronizações, tais como
minutas de editais, listas de verificação para atuação das consultorias jurídicas, entre outros, que
aumentam a produtividade dos processos de contratação e contribuem para a diminuição de erros.
Segundo apurado pela auditoria, a instituição não formaliza processos de trabalho relacionados à
atividade de aquisições (planejamento, seleção do fornecedor e gestão dos contratos). Além disso, o
órgão não utiliza documentos, procedimentos e especificações técnicas padronizadas próprias ou de
seus órgãos governantes superiores nos seus processos de aquisições, em relação a minutas de editais e
contratos, listas de verificação para a atuação da consultoria jurídica e procedimentos para elaboração
das estimativas de preços.
Dessa forma, pode-se concluir que há deficiências nos instrumentos de planejamento, de
gestão de pessoas e de processo de trabalho da área de aquisições do TRT-7ª, o que pode impactar
negativamente a qualidade da gestão do setor.

IV - Conformidade das Contratações

Neste tópico, a equipe de auditoria avaliou a conformidade de aspectos específicos


relacionados à contratação de serviços de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. Os resultados se
constituem na demonstração prática dos efeitos das falhas de governança e de gestão.
Em síntese, foram constatadas as seguintes deficiências na etapa de preparação das
referidas contratações:
a) não foi realizado, para a prestação de serviços de transporte, um estudo técnico para
identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de
transportar pessoas;
b) não foi realizado estudo para estimar da melhor forma possível a quantidade de material a ser
utilizado na prestação de serviços de limpeza e conservação;
c) não foi formalizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente
alocada na prestação de serviços de limpeza e conservação;
d) não foi apresentado estudo para justificar a localização, quantidade e tipo (turno, escala) de
posto de trabalho de vigilância;
e) não foram definidos os requisitos de qualidade para avaliar a prestação dos serviços de
limpeza e vigilância;
f) não houve definição dos requisitos de sustentabilidade para contratação dos serviços de
limpeza e conservação e de vigilância;
g) o órgão não prevê que pessoa ou comissão designada, que não o fiscal, produza o termo
circunstanciado de recebimento definitivo, atestando a regularidade administrativa da contratada, de
forma que pessoas diferentes atestem o recebimento provisório e o recebimento definitivo do bem ou
serviço contratado.
No tocante às licitações e à execução dos contratos, foram observadas as deficiências que
se seguem:
1125

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) não realização de estudo para definir os critérios de habilitação econômico-financeira


estabelecidos nos editais de licitação para contratação de serviços de limpeza e vigilância;
b) ausência de definição de critério objetivo para avaliar a exequibilidade da proposta, além da
não fixação do preço mínimo abaixo do qual há presunção de inexequibilidade;
c) as despesas com treinamento/capacitação/reciclagem constantes do Quadro II - Insumos de
Mão de Obra da Planilha de Custos e Formação de Preços dos serviços de vigilância da organização, já
se encontram embutidas nas Despesas Operacionais/Administrativas contidas no Quadro Demais
Custos, em desacordo com o Acórdão 825/2010-Plenário;
d) definição, de forma genérica, das situações tipificadas no art. 7º da Lei 10.520/2002, sem
referência a qualquer gradação e forma de cálculo das penalidades a serem aplicadas;
e) ausência de designação dos prepostos pelas contratadas para representá-las na execução
contratual;
f) o TRT-7ª ainda não ultimou as providências para revisar os contratos a serem objeto de
revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 2.546/2011;
g) não adoção de lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres de aprovação dos editais de licitação;
h) não adoção de lista de verificação padrão para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor;
i) não adoção de lista de verificação padrão para atuação dos atores envolvidos nos
recebimentos provisório e definitivo;
j) não adoção de lista de verificação padrão para atuação da consultoria jurídica quando da
emissão de pareceres previamente aos ajustes contratuais.
Como fica evidenciado, foram constatadas deficiências no planejamento das aquisições,
na gestão de contratos e na implementação de controles internos.
V - Apreciação Geral - Conclusões

Conforme apontado pela equipe de auditoria, foram registrados 31 achados de auditoria,


de forma que se pode concluir que a maioria das práticas de governança e de gestão de aquisições
públicas ou não são adotadas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região não estão de acordo
com a legislação aplicável nem aderente às boas práticas.
Foram observadas várias falhas nos processos de governança e gestão das aquisições do
órgão. Por sua vez, a avaliação da conformidade das contratações objeto da presente auditoria
demonstrou a ocorrência de um elevado número de falhas tanto nos procedimentos preparação das
referidas contratações, quanto nas fases de licitação e execução contratual. Tais ocorrências estão
intimamente relacionadas às deficiências nos processos de governança e gestão das aquisições
praticados pelo órgão auditado.
Concluiu-se, assim, que a melhoria dos processos de governança e gestão das aquisições
no TRT-7ª é essencial para que os riscos de ocorrências específicas nas contratações sejam mitigados,
o que só é possível por meio do apoio da alta administração da organização para implantação de
controles internos adequados.

VI - Proposta de Encaminhamento

Conforme enfatizado no relatório, as deficiências nos instrumentos de governança e


gestão elevam as chances da ocorrência de situações passíveis de afetar negativamente as aquisições e
a probabilidade de impacto negativo no atingimento dos objetivos da própria organização. Para mitigar
tais riscos, foram formuladas pela equipe de auditoria recomendações e determinações a serem
encaminhadas ao TRT-7ª, além de se dar ciência de uma das ocorrências, a qual, no entender da equipe
de auditoria, não enseja a prolação de determinação ou recomendação.
1126

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Quanto às propostas de recomendações e ciência alvitradas pela equipe de auditoria,


acolho-as com eventuais ajustes que entendo pertinentes. As recomendações propostas visam ao
aprimoramento dos aspectos analisados nestes autos, enquanto que a cientificação da falha observada
busca evitar a repetição da mesma.
Deixo de acolher, entretanto, a proposta de recomendação constante do subitem 2.1 do
item 7 do relatório, que se refere à adoção de procedimento para disciplinar a forma de acesso às
funções-chave do setor de aquisições. Entendo que a escolha dos ocupantes de cargos em comissão e
funções de confiança se insere no campo da discricionariedade do gestor e envolve a aferição de uma
multiplicidade de fatores, nem todos traduzíveis em enunciados de normas. Assim, em consonância
com julgados proferidos em outros trabalhos congêneres (e.g. Acórdão 105/2015-TCU-Plenário),
penso que seja providência suficiente para solucionar o problema a recomendação no sentido do
estabelecimento de um modelo de competências para as funções-chave da área, complementada por
recomendação para que a instituição expeça orientações no sentido de que, quando pertinente, a
escolha dos ocupantes de funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja
fundamentada nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da
transparência, da motivação, da eficiência e do interesse público.
Uma das determinações propostas diz respeito à exclusão, da planilha de custo e
formação de preços do Contrato 13/2011, da parcela destinada a cobrir despesas com seleção e
treinamento de terceirizados. Outra determinação trata da recuperação dos valores indevidamente
pagos em razão dessa parcela. Entretanto, considerando que as a mencionada parcela constou do
procedimento licitatório e do termo de contrato, entendo que as medidas referentes a essa parcela de
custo devem ser precedidas da oitiva do contratante e do contratado.
Quanto à proposta de determinação constante do subitem 1.1 do item 7 do relatório de
fiscalização elaborado pela equipe de auditoria, entendo pertinente transformá-la em recomendação,
por se tratar de medida que visa avaliar a melhor forma de prestação dos serviços de transporte
demandados pelo órgão auditado.
Anoto, finalmente, que outros pontos levantados neste relatório terão tratamento
específico por ocasião dos trabalhos de consolidação da FOC.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2750/2015 - TCU - Plenário

1. Processo TC-023.270/2014-4
2. Grupo: II - Classe: V Assunto: Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Unidade: Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT-7ª).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secex/RJ.
8. Representação Legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria integrante dos trabalhos de Fiscalização
de Orientação Centralizada (FOC) - Governança e Gestão das Aquisições, realizada com os objetivos
de avaliar se as práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal Regional do Trabalho da 7ª
Região apresentam-se aderentes às boas práticas e à legislação pertinente, bem como dar sequência ao
1127

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

trabalho realizado no TC-025.068/2013-0, que consistiu no levantamento da situação de governança e


gestão das aquisições na Administração Pública Federal (Perfil Governança das Aquisições - Ciclo
2013),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, com fulcro no artigo 43, inciso I, da
Lei 8.443/1992, c/c o artigo 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.1.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “f”, e ao artigo 7º, parágrafo 4º, da Lei 8.666/1993,
antes de eventual prorrogação do contrato de limpeza em vigor, ou da elaboração de edital para
licitação com vistas a substituí-lo, inclua nos estudos técnicos preliminares da contratação:
9.1.1.1. estudo e definição da produtividade de mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no artigo 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.1.1.2. definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio atualizada ou documento técnico equivalente;
9.1.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea c, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de edital
para licitação com vistas a substituir o contrato de vigilância em vigor, realize estudo técnico
preliminar com objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de
vigilância, à semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 02/2008;
9.1.3. em atenção ao art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993, antes da eventual prorrogação do contrato
de limpeza e conservação, ou da licitação com vistas a substituí-lo, avalie a possibilidade de incluir
como obrigação da contratada a adoção de práticas de sustentabilidade na execução dos serviços de
limpeza e conservação, à semelhança do contido no art. 6º da IN-SLTI/MPOG 01/2010, e no art. 42,
inciso III, da IN-SLTI 2/2008;
9.1.4. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento às orientações contidas no
item 9.2.1 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos
revisados e a economia (redução de valor contratual) obtida, e as providências para reaver os valores
pagos a maior;
9.1.5. encaminhe ao TCU, no prazo de sessenta dias, plano de ação para a implementação das
medidas constantes deste acórdão, contendo:
9.1.5.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pelo órgão, o prazo (caso não
estipulado) e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.1.5.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.1.5.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
9.2. recomendar ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, com fulcro no art. 43, inciso I,
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, que avalie a conveniência
e a oportunidade de adotar os seguintes procedimentos, com vistas à melhoria do sistema de controle
interno da organização:
9.2.1. expedir orientações no sentido de que, quando pertinente, a escolha dos ocupantes de
funções-chave, funções de confiança ou cargos em comissão na área de aquisições seja fundamentada
nos perfis de competências definidos no modelo e sempre pautada pelos princípios da transparência, da
motivação, da eficiência e do interesse público;
9.2.2. realizar avaliação quantitativa e qualitativa de pessoal do setor de aquisições, de forma a
delimitar as necessidades de recursos humanos para que esse setor realize a gestão das atividades de
aquisições da organização;
9.2.3. estabelecer diretrizes para área de aquisições incluindo:
1128

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.3.1. estratégia de terceirização (aqui considerada como execução indireta de serviços de


forma generalizada, com ou sem cessão de mão de obra);
9.2.3.2. política de compras;
9.2.3.3. política de estoques;
9.2.3.4. política de compras conjuntas;
9.2.4. estabelecer, em normativos internos:
9.2.4.1. as competências, atribuições e responsabilidades dos dirigentes, inclusive quanto à
delegação de competências, com respeito às aquisições, incluindo a responsabilidade pelo
estabelecimento de políticas e procedimentos de controles internos necessários para mitigar os riscos
nas aquisições;
9.2.4.2. as competências, atribuições e responsabilidades dos cargos efetivos da área de
aquisições, em especial dos pregoeiros e fiscais de contratos;
9.2.4.3. controles internos para monitorar os atos delegados relativos às contratações;
9.2.5. avaliar a necessidade de atribuir a um comitê, integrado por representantes dos diversos
setores da organização, a responsabilidade por auxiliar a Alta Administração nas decisões relativas às
aquisições, com o objetivo de buscar o melhor resultado para a organização como um todo;
9.2.6. estabelecer diretrizes para o gerenciamento de riscos da área de aquisições;
9.2.7. capacitar os gestores na área de aquisições em gestão de riscos;
9.2.8. realizar gestão de riscos das aquisições;
9.2.9. incluir nas atividades de auditoria interna a avaliação de governança e de gestão de riscos
da organização, bem como dos controles internos na função aquisição;
9.2.10. publicar na internet a agenda de compromissos públicos do principal gestor responsável
pelas aquisições;
9.2.11. executar processo de planejamento das aquisições contemplando, pelo menos:
9.2.11.1. elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da organização, de
um documento que materialize o plano de aquisições, contemplando, para cada contratação pretendida,
informações como: descrição do objeto, quantidade estimada para a contratação, valor estimado,
identificação do requisitante, justificativa da necessidade, período estimado para a aquisição,
programa/ação suportado (a) pela aquisição, e objetivo estratégico apoiado pela aquisição;
9.2.11.2. aprovação pela mais alta autoridade da organização, do plano de aquisições;
9.2.11.3. divulgação do plano de aquisições na internet;
9.2.11.4. acompanhamento periódico da execução do plano para a correção de desvios;
9.2.12. elaborar e aprovar um Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS), contendo
objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de
monitoramento e avaliação, que permita à organização estabelecer práticas de sustentabilidade e
racionalização de gastos e processos, publicando no seu sítio na internet o PLS aprovado;
9.2.13. estabelecer mecanismos de monitoramento para acompanhar a execução do PLS;
9.2.14. estabelecer um modelo de competências para os ocupantes das funções-chave da área de
aquisições, em especial daqueles que desempenham papeis ligados à governança e à gestão das
aquisições;
9.2.15. elaborar Plano Anual de Capacitação para a organização contemplando ações de
capacitação voltadas para a governança e gestão das aquisições;
9.2.16. adotar mecanismos para acompanhar a execução do Plano Anual de Capacitação;
9.2.17. definir um processo formal de trabalho para:
9.2.17.1. planejamento de cada uma das aquisições;
9.2.17.2. seleção do fornecedor;
9.2.17.3. gestão dos contratos;
9.2.18. estabelecer e adotar padrões para especificações técnicas de objetos contratados
frequentemente;
1129

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.19. adotar minutas de editais e contratos, podendo valer-se das minutas publicadas pela
Advocacia-Geral da União;
9.2.20. estabelecer e adotar procedimentos para elaboração das estimativas de preços das
contratações;
9.2.21. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, o seguinte controle interno na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares: realizar
levantamento de mercado junto a diferentes fontes possíveis, efetuando levantamento de contratações
similares feitas por outros órgãos, consulta a sítios na internet (e.g. portal do software público), visita a
feiras, consulta a publicações especializadas (e.g. comparativos de soluções publicados em revistas
especializadas) e pesquisa junto a fornecedores, a fim de avaliar as diferentes soluções que possam
atender às necessidades que originaram a forma de prestação de serviços utilizada (art. 6º, inciso IX,
alínea “c”, da Lei 8.666/1993);
9.2.22. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão:
9.2.22.1. os seguintes controles internos na etapa de elaboração dos estudos técnicos
preliminares:
9.2.22.1.1. definição do método de cálculo das quantidades de materiais necessários à
contratação;
9.2.22.1.2. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.2.22.2. o seguinte controle interno na etapa de fiscalização técnica do contrato:
9.2.22.2.1. manter controle gerencial acerca da utilização dos materiais empregados nos
contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.2.23. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes, e a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados
em atenção ao item 2.17 retro (letras “a” e “c”), os seguintes controles internos:
9.2.23.1. na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares:
9.2.23.1.1. definição do método de cálculo das quantidades de postos de trabalho necessários à
contratação;
9.2.23.1.2. documentação do método utilizado para a estimativa de quantidades no processo de
contratação, juntamente com os documentos que lhe dão suporte;
9.2.23.2. na etapa de fiscalização técnica do contrato:
9.2.23.2.1. manter controle gerencial acerca da produtividade do pessoal empregado nos
contratos, a fim de subsidiar a estimativa para as futuras contratações;
9.2.24. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, inclua o seguinte controle interno na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto
básico, previsão, no modelo de gestão do contrato, quando se tratar de contratação de serviços, da
segregação das atividades de recebimento de serviços de forma que:
9.2.24.1. o recebimento provisório, a cargo do fiscal que acompanha a execução do contrato,
baseie-se no que foi observado ao longo do acompanhamento e fiscalização (art. 73, inciso I, “a”, da
Lei 8.666/1993);
9.2.24.2. o recebimento definitivo, a cargo de outro servidor ou comissão responsável pelo
recebimento definitivo, deve basear-se na verificação do trabalho feito pelo fiscal e na verificação de
todos os outros aspectos do contrato que não a execução do objeto propriamente dita (art. 73, inciso I,
“b”, da Lei 8.666/1993);
9.2.25. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
1130

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

acórdão, na etapa de elaboração dos estudos técnicos preliminares, o controle interno consistente na
avaliação, no caso de contratação de serviços continuados, das diferentes possibilidades de critérios de
qualificação econômico-financeiras previstas no art. 19, inciso XXIV, da IN-SLTI 02/2008,
considerando os riscos de sua utilização ou não;
9.2.26. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
de gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico, o controle interno
consistente no estabelecimento de critérios de aceitabilidade de preços global e unitários, fixando
preços máximos para mão de obra e materiais utilizados, de forma que propostas com valores
superiores sejam desclassificadas;
9.2.27. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e de
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de elaboração do termo de referência ou projeto básico, o controle interno
consistente na previsão, no edital de pregão, de cláusulas de penalidades específicas para cada conduta
que possa se enquadrar no contido no art. 7º da Lei 10.520/2002, observando os princípios da
proporcionalidade e prudência;
9.2.28. incluir, no seu modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e
a gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de gestão do contrato, o controle interno consistente na exigência, antes do início da
execução contratual, da designação formal do preposto responsável por representar à contratada
durante esse período;
9.2.29. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, os seguintes controles internos na etapa de gestão do contrato:
9.2.29.1. avaliação dos riscos de descumprimento pela contratada das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e com o FGTS para determinar a extensão das amostras que serão utilizadas na
fiscalização do cumprimento:
9.2.29.1.1. das obrigações trabalhistas pela contratada, levando-se em consideração falhas que
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas eventuais no pagamento de alguma
vantagem a um determinado empregado;
9.2.29.1.2. das contribuições previdenciárias e dos depósitos do FGTS, por meio da análise dos
extratos retirados pelos próprios empregados terceirizados utilizando-se do acesso às suas próprias
contas (o objetivo é que todos os empregados tenham tido extratos avaliados ao final de um ano - sem
que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo empregado,
garantindo assim o “efeito surpresa” e o benefício da expectativa do controle);
9.2.29.2. documentação da sistemática de fiscalização utilizada em cada período;
9.2.30. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na
aprovação das minutas de instrumentos convocatórios das licitações, podendo adotar os modelos
estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.2.31. estabelecer uma lista de verificação para atuação do pregoeiro ou da comissão de
licitação durante a fase de seleção do fornecedor;
9.2.32. incluir, no modelo de processo de aquisições para a contratação de bens e serviços, e a
gestão dos contratos decorrentes que vierem a ser elaborados em atenção ao subitem 9.2.17 deste
acórdão, na etapa de planejamento da contratação, o controle interno consistente na inclusão, no
modelo de gestão do contrato, de listas de verificação para os aceites provisório e definitivo, de modo
que os atores da fiscalização tenham um referencial claro para atuar na fase de gestão do contrato;
9.2.33. estabelecer modelos de lista de verificação para atuação da consultoria jurídica na
emissão de pareceres de que trata o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, em especial, na
1131

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

aprovação das minutas de ajustes decorrentes de repactuações, podendo ser adotados os modelos
estabelecidos pela Advocacia-Geral da União;
9.2.34. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea “c”, da Lei 8.666/1993, antes de eventual
elaboração de edital para licitação com vistas à contratação de serviços de transporte de pessoas,
cargas e materiais, incluir, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das
alternativas de soluções disponíveis no mercado para atender à necessidade, a fim de identificar a
solução mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de
veículos, locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilômetro rodado;
9.3. com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, determinar a oitiva
do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região e da empresa contratada por meio do Contrato 13/2011
a respeito da inclusão, na planilha de custos e formação de preços do contrato, da parcela referente
despesas com treinamento, capacitação e reciclagem como item Insumos de Mão de Obra do Contrato
13/2011, visto que tal parcela já é coberta pela rubrica Despesas Administrativas, conforme o item
1.5.2 do Acórdão 825/2010-TCU-Plenário;
9.4. dar ciência ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região acerca da impropriedade
consistente na falta de requisitos para aferição da qualidade dos serviços prestados e a vinculação dos
pagamentos realizados à entrega dos serviços com a qualidade, constatadas nas especificações do
objeto dos Contratos 13/2011 e 13/2012, em afronta ao princípio da eficiência, insculpido no art. 37,
caput, da Constituição Federal; e
9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2750-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator) e Marcos
Bemquerer Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

TC 011.470/2015-1

Natureza: Relatório de Levantamento de Auditoria.


Órgãos/Entidades: Codevasf – Superintendência Regional de Teresina/PI – 7ª SR e
Entidades/órgãos do Governo do Estado do Piauí.
Interessada: Secex/PI.

SUMÁRIO: LEVANTAMENTO DE AUDITORIA RELATIVO AO TEMA


DESENVOLVIMENTO COM RECORTE DA REGIÃO NORDESTE (FISCNORDESTE).
ABORDAGEM ESPECÍFICA DA SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E ECONÔMICO-SOCIAL DO
ESTADO DO PIAUÍ. DELINEAÇÃO DA SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA AQUELE ENTE
FEDERADO. INEXISTÊNCIA DE IRREGULARIDADES QUE DEMANDEM CONTRADITÓRIO.
ARQUIVAMENTO.
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RELATÓRIO

Trata-se do Levantamento de Auditoria relativo ao tema “Desenvolvimento” com recorte da


Região Nordeste (FiscNordeste) cujo objetivo específico foi obter uma visão ampla e abrangente da
situação geográfica e econômico-social do Estado do Piauí.
2. Diante desse contexto, a Secex/PI organizou um mapeamento dos desafios enfrentados com
vistas ao desenvolvimento daquele ente da federação, bem como elaborou síntese do conjunto de ações
relevantes a serem implementadas no âmbito do Controle Externo.
3. Transcrevo, com os ajustes de forma pertinentes, a parte principal do relatório elaborado pela
equipe de fiscalização da Secex/PI que obteve a anuência dos dirigentes daquela unidade técnica
(peças 30/33):

“I. INTRODUÇÃO
1. A presente fiscalização, na modalidade Levantamento, está inserida na área temática
‘Desenvolvimento Econômico’ cuja ação primordial é ‘caracterizar e avaliar aspectos de formulação,
implementação e/ou resultados de políticas públicas por meio de diagnósticos sistêmicos’.
2. Este trabalho é parte integrante do conjunto de levantamentos sobre o tema
‘Desenvolvimento’ com recorte da Região Nordeste (FiscNordeste).
3. Especificamente quanto ao Estado do Piauí, é cediço que esta unidade da federação apresenta
indicadores econômicos e sociais abaixo da média brasileira, ainda que tenha avançado em alguns
setores.
4. Diante disso, é essencial que o Tribunal de Contas da União obtenha uma visão sistêmica
quanto ao planejamento e à execução de políticas públicas federais no âmbito estadual, de forma a
contribuir com o aperfeiçoamento da Administração Pública visando à entrega de ações
governamentais mais efetivas para a sociedade.
5.
Antecedentes
6. A presente fiscalização foi autorizada pelo Despacho de 21/5/2015 do Ministro-Substituto
Marcos Bemquerer Costa no âmbito do TC 010.450/2015-7.
Objetivos e Escopo da Auditoria
7. O objetivo deste levantamento foi obter uma visão ampla e abrangente da situação geográfica
e econômico-social do Estado do Piauí, incluindo o mapeamento dos desafios locais para seu
desenvolvimento, bem como uma síntese do conjunto de ações de controle relevantes realizadas pelo
Controle Externo com foco no território do estado.
Metodologia
8. A metodologia do trabalho se deu por meio da realização de reuniões, painéis de referência,
pesquisas, levantamentos utilizados na definição das fases de planejamento e execução e entrevistas a
especialistas e gestores.
Limitações
9. Frise-se que alguns atores integrantes do Governo do Estado do Piauí não foram entrevistados
em razão de indisponibilidade de agenda. Alguns documentos de planejamento também não foram
analisados à exaustão, dado o tempo exíguo para um trabalho dessa natureza.
II CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL E DEMOGRÁFICA
Limites e Regionalizações
10. O Estado do Piauí está localizado na região Nordeste do Brasil, limitando-se a Norte com o
Oceano Atlântico; ao Sul com os Estados da Bahia e Tocantins; a Leste com os Estados de
Pernambuco e Ceará e a Oeste com o Estado do Maranhão.
11. O Estado do Piauí possui uma área de 251.577,738 km², o que equivale a 16% da área
pertencente à região Nordeste e 2,95% da área do Brasil. Desta forma, o Estado do Piauí é o 3º maior
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estado da região Nordeste e o 11º maior entre os estados brasileiros em termos de extensão. Segue
mapa do Brasil, destacando o Estado do Piauí:
12.

Figura 1-Mapa do Estado do Piauí

13. No que tange à Divisão Político-Administrativa, o Estado é composto atualmente por 224
municípios. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) definiu uma regionalização do
estado que sempre é referência para a administração, composta por quatro macrorregiões: litoral, meio-
norte, semiárido e cerrado, conforme mapa:

Figura 2 – Mapa das Macrorregiões

14. Na elaboração de um Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado da Bacia do


Parnaíba, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)
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subdividiu as macrorregiões em 11 territórios de desenvolvimento: planície litorânea, na macrorregião


do litoral; Cocais, Carnaubais e Entre Rios, no meio-norte; vale do Rio Sambito, Vale do Rio
Guaribas, Vale do Rio Canindé e Serra da Capivara, no semiárido; e vales dos rios Piauí e Itaueira,
tabuleiros do Alto Parnaíba e chapada das Mangabeiras, no cerrado. Por sua vez, os territórios são
divididos em 29 aglomerados. Entre os territórios, cinco foram inclusos como territórios de cidadania e
os onze são considerados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) como territórios rurais.
Segue mapa dos territórios:

Figura 3 – Mapa dos 11 territórios


15. Tal divisão passou a ser uma referência importante para a ação governamental tanto de
programas federais como de estaduais, e mesmo de consórcios municipais. Seguem as especialidades
de cada território, conforme sínteses executivas da Codevasf:
Planície Litorânea: Pesca artesanal, pecuária de leite, turismo, artesanato, indústria de
laticínios, agricultura familiar, arroz irrigado, agroindústria de beneficiamento do arroz, cerâmica;
Cocais: Extrativismo, babaçu, carnaúba, arroz, castanha de caju, milho, ovinocaprinocultura,
bovinocultura, avicultura, floricultura, fruticultura, tomate, turismo rural e agroindústria;
Carnaubais: Indústria de calçados, fábrica de condimentos e doces, fábrica de cera de
carnaúba, fábrica de calcário, pedras ornamentais, cerâmica, agricultura familiar;
Entre Rios: Cultivos tradicionais de arroz, milho, feijão e mandioca, castanha de caju,
ovinocaprinocultura, artesanato, indústria, comércio, serviços, apicultura, extrativismo do coco babaçu
e carnaúba, bovinocultura, avicultura, piscicultura, fruticultura, turismo de negócio e agroindústria
(mandioca, polpa de frutas);
Vale do Sambito: Apicultura, ovinocaprinocultura, castanha de caju, turismo, artesanato,
agricultura familiar, agroindústria de beneficiamento de frutas, cana-de-açúcar, cerâmica,
hortifruticultura, mandioca, piscicultura;
Vale do Rio Guaribas: Agropecuária, com destaque para ovinocaprinocultura; apicultura;
cajucultura; bovinocultura; mandiocultura e a agroindústria de sucos e doces. Outras são a mineração e
o setor de comércio e serviços, particularmente no município de Picos e Paulistana. A piscicultura é
uma atividade em expansão, mas ainda pouco significativa;
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Vale do Canindé: Cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca, cajucultura, bovinocultura de


corte, apicultura, ovinocaprinocultura, avicultura, extrativismo, produção artesanal, turismo e
comércio;
Serra da Capivara: Agricultura familiar: feijão, mandioca, apicultura. Economia de
consórcio: mamona, feijão, ovinocaprinocultura, produção artesanal e turismo;
Tabuleiros dos Rios Piauí e Itaueira: Cultivos tradicionais de arroz, milho, feijão e
mandioca, castanha de caju, ovinocaprinocultura, artesanato, indústria, comércio, serviços, apicultura,
extrativismo do coco babaçu e carnaúba, bovinocultura, avicultura, piscicultura, fruticultura, turismo
de negócio e agroindústria (mandioca, polpa de frutas);
Tabuleiro do Alto Parnaíba: Extrativismo do coco babaçu, cana-de-açúcar para produção
de álcool, cultivo do algodão, pesca artesanal, piscicultura, bovinocultura de corte, ovinocaprinos,
agricultura de subsistência, agricultura empresarial com cultivo de soja e arroz, fruticultura e
comércio;
Chapadas das Mangabeiras: Cultivo de mandioca, mamona, cana-de-açúcar para produção
de cachaça e rapadura, algodão; pesca artesanal; piscicultura; apicultura; bovinocultura de corte,
ovino-caprinos; agricultura de subsistência; agricultura empresarial, com cultivo de soja e arroz,
fruticultura e comércio.
Meio Ambiente
16. No Estado do Piauí, estão presentes dois biomas: a caatinga, com extensão do norte ao
sudeste do estado; e o cerrado, com extensão do sudoeste, margeando o Rio Parnaíba e indo até suas
nascentes na divisa dos quatro estados: Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins. A questão ambiental na
caatinga não se resume com a preocupação com a conservação e o uso sustentável da natureza, mas
também pela dificuldade de convivência com o semiárido e sua limitação de recursos hídricos.
Distribuição da População
17. Os dados dos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
dos anos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010 permitiram a análise do crescimento populacional e as
mudanças ocorridas na estrutura demográfica do Estado do Piauí. Na seção referente à distribuição da
população, estudaram-se aspectos relacionados à população total, urbana, rural e densidade
demográfica.
18. A taxa de urbanização para o Estado do Piauí no ano 2010 foi de 65,8 %, percentual inferior
ao registrado para o Brasil (84,4%), e inferior também ao da região Nordeste (73,1%). Comparando
com os valores das taxas de urbanização referentes aos anos de 1970, 1980, 1991 e 2000, os quais
foram iguais a 32,34%, 42,55%, 52,93% e 62,9%, percebe-se que o Estado do Piauí vem aumentando
sua taxa de urbanização no decorrer dos anos, acompanhando a tendência brasileira, apresentando um
maior número de habitantes urbanos a partir da década de 1990. No entanto, a participação da
população rural do Piauí na população total (34,23%) é mais que o dobro da brasileira (15,64%). Essa
participação também é alta em relação à região nordeste, que registra 38.821.246 (73,13%) como
população urbana e 14.260.704 (26,87%) como população rural.
19. Em termos absolutos, tem-se em 2010 um total de 2.050.959 pessoas residindo em áreas
urbanas e 1.067.401 em áreas rurais no Estado do Piauí.
20. Em termos de densidade demográfica, o Estado do Piauí registrou no ano de 2000 um valor
de 11,31 hab./km², passando para 12,40 hab./km² no ano de 2010, ou seja, um incremento de cerca de
1,09 hab./km². A população não é distribuída de forma equivalente no território. A Região
Metropolitana de Teresina constitui-se na área mais densamente povoada.
Estrutura da População
21. A estrutura etária da população do Estado do Piauí vem se modificando ao longo das últimas
décadas resultando em um processo de envelhecimento, conforme tabela abaixo:
22.

Evolução da composição etária


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Piauí 2000 Piauí 2010 Brasil 2010


0 a 4 anos 301.954 247.531
5 a 9 anos 302.741 272.591
10 a 14 anos 349.797 309.914
954.492 33,57% 830.036 26,62% 24,08%
15 a 19 anos 345.590 301.868
20 a 24 anos 275.690 301.449
25 a 29 anos 208.284 275.371
30 a 39 anos 362.171 453.672
40 a 49 anos 271.682 359.160
50 a 59 anos 188.415 264.927
60 a 64 anos 74.385 99.156
1.726.217 60,71% 2.055.603 65,92% 68,54%
65 anos e mais 162.569 5,72% 232.721 7,46% 7,38%
População Total 2.843.278 3.118.360 190.755.799
Fonte: O Piauí em Números- Fundação Cepro/PI
23. Entre os anos 2000 e 2010, houve um decréscimo da participação na população total das
faixas de 0 a 14 anos (população jovem) de 33,57% para 26,62%. Entre as faixas de 20 a 64 anos
(população em idade ativa), houve incremento de participação de 60,71% para 65,92% e acima de 65
anos (população idosa), a participação subiu de 5,77% para 7,46%, a qual é próxima da taxa brasileira
de 7,38%.
24. Estes resultados são importantes para o planejamento urbano e educacional, pois a partir
deles pode-se identificar, por exemplo, quais os municípios que possuem maior parcela de população
jovem, na qual se inclui a faixa etária apta a cursar o ensino fundamental, os locais onde há um
contingente expressivo de mão-de-obra em busca de trabalho, entre outros aspectos.
III. INDICADORES ESTRATÉGICOS PARA O DESENVOLVIMENTO
25. Em face da impossibilidade e inconveniência de apresentar vários indicadores que já estão
divulgados em bases públicas de dados e sítios eletrônicos na internet, apresentaremos aqueles que
melhor retratam a realidade do Estado do Piauí, comparando-os com os da Região Nordeste e o Brasil,
quando possível.
26. No que tange à área da saúde, o Piauí apresenta taxa de mortalidade infantil e número de
consultas per capita piores do que aqueles da Região Nordeste e do Brasil. O número de profissionais
de saúde por habitantes (0,93) é o segundo pior da Região Nordeste perdendo apenas para o
Maranhão(0,53). Em contraste, apresenta número de leitos por habitante e oferta de serviços básicos de
saúde melhores que o Nordeste e que o Brasil, perdendo apenas para a Paraíba (Livro IBGE/2015-
‘Indicadores de Desenvolvimento Sustentável’).
27. Esses dados refletem o fato de que o Piauí, e notadamente sua capital Teresina, ser
referência regional em tratamento de saúde. Ainda que o número de profissionais de saúde por
habitantes seja ruim, ele é muito superior ao do Maranhão, o que explica parcialmente o grande
número de pessoas oriundas desse estado vizinho que se dirigem à Teresina em busca de atendimento
de saúde.
28. Quanto à assistência social, o número de benefícios concedidos pelo Bolsa Família per
capita é superior à do Nordeste e à do Brasil, o que caracteriza a pobreza do Estado do Piauí.
29. No que se refere ao saneamento, o percentual de domicílios atendidos por rede coletora de
esgoto era 4% em 2011, caiu para 2,8% em 2012 e para 1,8% em 2013. Esse índice é assustadoramente
baixo quando se compara com os outros estados do Nordeste, em 2013: Maranhão – 10,3%; Ceará -
35,6%; Rio Grande do Norte – 20,2%; Paraíba -51,9%; Pernambuco – 49,48%; Alagoas - 20,1%;
Sergipe -44,5%; Bahia – 50,1%.
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30. A queda deste índice ao longo dos anos, acreditamos, deve ser atribuída ao incremento de
domicílios, em razão da facilidade de se conseguir financiamento para construção junto à Caixa
Econômica Federal.
31. Por outro lado, o Estado do Piauí é o que apresenta o maior número de fossas sépticas por
domicílios: 78,6% dos domicílios. Tais fossas não evitam o aparecimento de doenças uma vez que
podem contaminar os lençóis freáticos, que cobrem quase toda a região do estado e são apontados
como uma das suas maiores riquezas, podendo ser utilizados para amenizar os efeitos da seca e
possibilitar a irrigação de culturas agrícolas. As fossas podem ainda transbordar, o que ocorre com
frequência, pois não há uma programação periódica para suas limpezas.
32. A pequena participação de domicílios com rede de esgoto pode provocar inúmeras doenças,
a saber: amebíase, ancilostomíase, ascaridíase, cisticercose, cólera, dengue, diarréia, desinterias,
elefantíase, esquistossomose, febre amarela, febre paratifóide, febre tifóide, giardíase, hepatite,
infecções na pele e nos olhos, leptospirose, malária, poliomielite, teníase e tricuríase. A ausência de
rede de esgoto é responsável por diarréia em crianças até 5 anos e está correlacionada positivamente
com a mortalidade infantil, índice alto no estado (http://educando.sanepar.com.br/ensino_medio/doen%C3%A7-
relacionadas-com-falta-de-saneamento ).
33. A falta da rede de esgoto impacta negativamente não só a construção civil pela
impossibilidade de se construir novos prédios como também o turismo, notadamente no litoral do
estado, onde muitas localidades não possuem sequer abastecimento de água, pré-requisito para
implantação da rede de esgoto, e são ainda abastecidas por carros-pipa, conforme relato de
stakeholders.
34. O percentual de apenas 62,7% de domicílios atendidos por coleta de lixo em 2012 foi o pior
do nordeste. O lixo pode muitas vezes conter materiais perigosos, que oferecem sérios riscos à saúde
humana e ao meio ambiente, como baterias de veículos, pilhas e baterias comuns e de celulares,
embalagens de produtos químicos, tóxicos e/ou corrosivos, além de atrair ratos, baratas, moscas,
mosquitos, formigas e escorpiões, entre outros, podendo transmitir doenças como diarréias infecciosas,
parasitoses, amebíase etc.
35. No que tange à educação, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade,
em 2012, é a terceira pior do Brasil (18,3%), perdendo apenas para os estados do Maranhão (20,84) e
Alagoas (21,83) e a taxa de analfabetismo funcional é a pior do Brasil (33,66%). A educação é
fundamental para o desenvolvimento econômico e alguns estudiosos, tais qual o professor da USP
Alexandre Rands Barros, afirmam que os desequilíbrios regionais no Brasil podem ser atribuídos
exclusivamente às diferenças na educação.
36. Quanto à segurança pública, em 2013, a despesa per capita (em reais) com a função
segurança pública (29,67) é a mais baixa do Brasil e muito abaixo das outras unidades da federação:
Maranhão (132,49), Ceará (166,24), Rio Grande do Norte (209,24), Paraíba (217,76), Pernambuco
(215,73), Alagoas (300,23), Sergipe (317,98), Bahia (192,07). Do total dessa despesa, em 2013,
38,96% foram gastos com a defesa civil e 7,41% em demais subfunções, restanto 53,63% a serem
gastos efetivamente com policiamento e serviço de informação inteligência
(http://www.forumseguranca.org.br/storage/download/anuario_2014_20150309.pdf, p. 50-52).
37. No Estado do Piauí, conforme Mapa da Violência em 2014, a taxa de homicídios em relação
à população total, por 100 mil habitantes, em 2012, foi de 17,2% e com taxa de crescimento, em
relação a 2002, de 58,4%, e em relação a 2011, de 17,2%. Em relação à população jovem, em 2012, a
taxa de homicídio foi 31%, com crescimento em relação a 2002 de 57,9% e, em relação a 2011, de
18,2%.
38. Na cidade de Teresina, a taxa de homicídios em relação à população total (por 100.000
hab.), em 2012, foi de 41,1%, havendo um crescimento percentual de 47,2% em relação a 2002 e de
22,8% em relação de 2011. Em relação à população jovem, a taxa de homicídio foi de 76,0%, com
crescimento de 42,5% em relação à 2002 e de 18,4%
(http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil.pdf, p. 37,42, 53,57).
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39. As taxas de homicídio no Piauí, e notadamente em Teresina, são ainda baixas, em


comparação com as demais unidades da federação, porém crescendo muito, o que contrasta com as
cidades tidas como as mais violentas do País e que tem conseguido reduzir o número de homicídios, a
saber: João Pessoa, Maceió, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo. Considerando-se o baixo
valor da despesa na função segurança no Piauí, pode-se trabalhar para reduzir o número de homicídios
com elevação ainda que pequena desse gasto. Deve-se atuar antes que os índices cheguem a números
alarmantes como os das referidas cidades, as quais não atuaram preventivamente. Florianópolis e
Cuiabá também têm conseguido reduzir tal indicador ainda que não sejam tão violentas em nível
Brasil.
40. Esses dados referentes à segurança pública precisam ser validados, uma vez que o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública coloca o Piauí no grupo de estados com menor confiabilidade dos
dados. Essa tarefa, devido a exiguidade do tempo, não pode ser feita nesta oportunidade. No entanto,
acreditamos que qualquer variação que possa haver não retratará um quadro divergente do indicado
pelo Mapa da Violência em conjunto com o Anuário Estatístico de Segurança Pública 2014.
41. O PIB do Piauí tem a composição setorial que se segue: 77, 2% em serviço; 18,60 % em
indústria e 4,2% em agropecuária, conforme Fundação Cepro-PIB Piauí 2012. Além disso, seu PIB
per capita, em 2012, foi de R$ 8.137,51, sendo o pior do Brasil.
42. Esses indicadores já apontam as prioridades a serem contempladas em qualquer plano de
desenvolvimento para o Estado do Piauí, a saber: não deixar morrer e educar. Não deixar morrer
significa ampliar a rede de esgotamento sanitário que por sua vez reduz a mortalidade infantil, entre
outros benefícios. Demais disso, aumentar a coleta de lixo e investir em segurança pública de sorte a
reduzir a taxa de homicídio. Educar significa primordialmente reduzir o número de analfabetos e
analfabetos funcionais. Com efeito, a educação é um dos maiores propulsores, se não o maior, do
desenvolvimento econômico.
43. Com essas duas frentes, ter-se-á melhoria dos outros indicadores que viriam a reboque: PIB,
IDH etc.
44. Voltaremos a esse ponto mais adiante.
45. Os problemas de saneamento básico e educação não são exclusivos do Piauí, mas de todo o
Brasil, sendo que neste estado os índices são alarmantes.
46. De registrar que os gestores estaduais e municipais conhecem esses números há muito mais
tempo do que esta Equipe de Auditoria e não se entende porque questões tão prementes não são
colocadas na lista de prioridades.
IV. DESAFIOS E PLANOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO
47. Conforme literatura sobre o tema – constantes no livro ‘Desigualdades Regionais no Brasil’
de Alexandre Rands Barros (2011), professor da USP, as causas usualmente atribuídas às
desigualdades regionais, notadamente da Região Nordeste em relação às outras regiões, são as que
seguem: diferenças climáticas e de solo; diferenças em capital social; diferenças baseadas no papel
das amenidades; diferenças nas instituições; ausências de indústrias; diferenças em capital humano.
Explicaremos abaixo, de forma muito resumida, cada uma delas, com base no referido livro, mas
também com considerações da Equipe de Auditoria.
48. A hipótese de diferenças climáticas reside na existência do semiárido, o qual possui
condições climáticas próximas da de um deserto, antigamente chamada de Desertão, depois
compactada na palavra Sertão, hipótese refutada por Celso Furtado no livro a ‘Operação Nordeste’.
49. A hipótese em diferenças de capital social é definida como a propensão média em uma
comunidade a cooperar em jogos não cooperativos (teoria dos jogos) e está intimamente relacionada
com a tradição e cultura da região e com a confiança que os indivíduos têm uns nos outros, com as
redes de relacionamento que os indivíduos constroem na vida e com as organizações voluntárias que
existem nas comunidades.
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50. No que que tange à suposição das amenidades, ela refere-se ao fato de que a maior parte dos
indivíduos tende a preferir viver na região de seus familiares, ou a mais próxima possível deles ainda
que a remuneração no sudeste seja maior.
51. As diferenças em instituições já eram apontadas em estudos antigos tais qual o realizado
pelo Exmº Sr. Ministro Marcos Vinicius Vilaça e o economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque no
livro ‘Coronel, Coronéis’ (1965) e voltou à moda em razão do livro ‘Por que as Nações Fracassam’ de
Daron Acemoglu (professor do MIT) e James Robinson (professor na Universidade de Chicago, antes
em Harvard). O primeiro estudo revela, entre outras, a possibilidade das elites locais se apropriarem do
Estado em seu benefício de forma lícita ou ilícita, em lugar de empreender políticas
desenvolvimentistas, no estilo do que se convencionou chamar, posteriormente, na literatura
econômica de uma ‘rent-seeking society’, termo criado por Anne Krueger, em 1974, para designar
ganhos não relacionados com produtividade de indivíduos que, geralmente via estado, conseguem
extrair da sociedade uma extra-renda em seus benefícios.
52. O segundo trabalho traz um arcabouço teórico e empírico para revelar a importância das
instituições de apoio à iniciativa privada que garantam a eficiência do mercado como aquelas que
tragam segurança jurídica. Diferencia as instituições inclusivas, aquelas que atendem a um conjunto
amplo de diferentes interesses, das excludentes, aquelas que surgem para proteger os interesses de uma
elite privilegiada.
53. A questão da industrialização foi levantada por Celso Furtado a partir do entendimento da
CEPAL, notadamente do argentino Raúl Prebisch, de que as economias produtoras de bens primários
exportam seus ganhos de produtividade, com preços relativamente baixos, enquanto as produtoras de
bens industrializados conseguem retê-los, com preços relativamente altos, mediante poder de mercado.
Haveria uma assimetria no comércio entre tais regiões em desfavor da produtora de bens primários. A
solução seria industrializar a América Latina e, para Furtado, o Nordeste.
54. Alexandre Rands Barros, baseado em estudos econométricos, refuta todas as hipóteses
acima, dedicando especial atenção ao trabalho de Celso Furtado, por seu trabalho seminal e identifica
que a causa do problema seria diferenças em capital humano entre as regiões. Segundo Barros, ‘as
políticas públicas utilizadas até agora não foram capazes de sequer arranhar o status quo existente.
Tudo que elas conseguiram foi transferir rios de dinheiro público para empresários locais ou vindos de
outras regiões para se beneficiar das vantagens ofertadas’. Com efeito, as desigualdades regionais
persistem e ainda são muito elevadas.
55. O capital humano abrange a formação educacional das pessoas, suas experiências prévias de
trabalho e suas capacidades físicas de trabalho (saúde física e mental), sendo que a educação é mais
relevante para explicar os desequilíbrios regionais. A teoria de crescimento econômico mais em voga,
a neoclássica, no modelo de Solow, coloca a renda nacional (Y) como função do capital (K) e trabalho
(L): Y= f (K, L). Aquilo que não é explicado por estes dois fatores chama-se progresso tecnológico,
estimado por resíduo e associado primordialmente à educação e à pesquisa.
56. De se registrar que indústrias oriundas da Região Sudeste são beneficiadas com a política de
desenvolvimento regional. Com efeito, levantamento de 1988 já apontava que acionistas residentes no
sudeste detinham a posse de metade do capital social da nova indústria nordestina, conforme Leonardo
Guimarães Neto no artigo Planejamento Regional do Nordeste, o qual compõe o livro Planejamento no
Brasil II (2010). É de se supor que os ganhos auferidos por essas empresas retornem para suas matrizes
e sejam reinvestidos não necessariamente na Região Nordeste. Uma razão para este percentual alto é
que os empresários nordestinos não têm capacidade para investir e sofrem restrição ao crédito por não
terem garantias vultosas para oferecerem em contrapartida aos financiamentos ofertados por
instituições de fomento, fato caracterizado na literatura econômica pelos trabalhos de Joseph Stiglitz,
Nobel de Economia, com o nome de credit rationing em mercados de informação imperfeita.
57. Na visão de Aristides Monteiro Neto, em texto de discussão de 1984 do IPEA, ‘Governos
Estaduais no Federalismo Brasileiro: Capacidades e Limitações no Cenário Atual’, de 2013, boa parte
dos recursos para diminuir a desigualdade regional é capturada por empresas do Sul e Sudeste,
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mediante a compra de bens de consumo duráveis, semiduráveis e de investimento ou de capital, o que


é usualmente denominado vazamento de renda.
58. Barros identifica que os gastos previstos nos ensinos fundamental e médio nos estados do
Nordeste equivalem a 61% daqueles realizados pelo Estado de São Paulo. A solução seria que a União
realizasse transferências aos estados do Nordeste de sorte a igualar os gastos por aluno com estado de
São Paulo. Para empreender essa tarefa, a União gastaria cerca de 70% do valor gasto com as políticas
atuais de desenvolvimento regional.
59. Para ele, o sistema educacional deve seguir uma lógica que promova a eficiência, mediante a
meritocracia, premiando alunos e professores que se esforçassem mais, com um sistema de avalição
baseado em notas de provas, do tipo ENEM, às quais os alunos deveriam estar cada vez mais expostos.
60. Assim como Eduardo Giannetti da Fonseca, Barros defende que o problema que se deve
enfrentar no Brasil é a desigualdade de oportunidades. Giannetti exemplifica com a questão da
deficiência de saneamento básico, enquanto Barros trata de uma política de educação com qualidade
semelhante para todos os indivíduos
61. Boa parte da divergência entre Furtado e Barros reside na antiga questão econômica da
relação de causalidade entre oferta e demanda (no caso, de mão de obra qualificada). Para Furtado, a
demanda por mão de obra gera sua qualificação, enquanto para Barros a oferta de mão de obra
qualificada gera sua demanda.
62. Erik Hanushek (professor em Stanford), talvez o economista mais citado quando se trata de
educação, afirmou, em entrevista à Revista Exame CEO, Edição 21, de agosto de 2015, que ‘o mais
importante é como se investe e não quanto se investe’. Para ele, nada é mais importante do que o
professor, o qual deve ser avaliado com base na noção de valor agregado usualmente empregado na
indústria. Essa avalição dar-se-ia pela evolução de seus alunos, o que coincide com entendimento de
Barros.
63. O Prof. Carlos Brandão, especialista em planejamento regional, oriundo da Unicamp e hoje
na Ufrj, que tem Celso Furtado como um de seus mestres, em resposta a email da Equipe de Auditoria,
consignou que ‘também concordo com o Senador Cristovam Buarque, que vem da tradição de Darci
Ribeiro, Florestan Fernandes e Paulo Freire sobre a necessidade de uma revolução educacional no
Brasil’. Brandão defende que sejam gastos 10% do PIB com educação integral, percentual que seria
adequado para países jovens como o Brasil.
64. A questão da necessidade de um investimento massivo em educação no Brasil parece ser
consenso entre os economistas de qualquer vertente política no Brasil. Com efeito, os economistas
liberais sempre foram a favor de investimentos em capital humano no lugar de políticas
industrializantes e geralmente atribuem à falta de investimento em capital humano a causa para a má
distribuição de renda no país. Aqueles mais à esquerda no espectro político também possuem uma
tradição de exigir maiores investimentos em educação, como apontado no parágrafo anterior.

65. Ante tantas discórdias acerca dos caminhos que o Brasil deve seguir, este é um consenso que
precisa ser explorado.
66. Esse breve relato serve para pontuar o debate que existe entre diversos especialistas, alguns
que dedicaram sua vida a isso, acerca das soluções para reduzir as desigualdades regionais, sendo, no
escopo deste trabalho, impossível identificar qual seria a política ou o mix de políticas mais adequadas
para tal finalidade, com exceção da evidência de que a educação deve ser o carro-chefe de qualquer
política. Contudo, isso pode ser objeto de um futuro trabalho que faça um levantamento mais
pormenorizado da literatura sobre o tema.
67. Constata-se também que aquilo que se chama de Nordeste está longe de ser uma região
uniforme. De fato, boa parte dos estados nordestinos possuem PIBs muito acima dos demais (em
relação ao PIB Nacional a Bahia contribui com 4%, Pernambuco com 2,5% e o Ceará com 2,2%, e
todos os estados restantes em conjunto com apenas 4,9%). Existem estados com participação da
1141

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

indústria no seu PIB muito maior que outros. O processo de industrialização do nordeste deixou à
margem o Estado do Piauí, por exemplo.
68. Alguns estados foram beneficiados com investimentos estatais, notadamente no setor
petroquímico, a exemplo dos Estados da Bahia (Pólo Petroquímico de Camaçari, Refinaria Landulfo
Alves), Pernambuco (Refinaria Abreu e Lima e Petroquímica Suape), Rio Grande do Norte (Refinaria
Potiguar Clara Clarão que tornou esse estado no único autossuficiente na produção de todos os tipos de
derivados de petróleo), Sergipe (extração de petróleo). Está nos planos do governo federal a construção
das refinarias Premium I, no Maranhão, e II, no Ceará, atualmente interrompidas. É de notório
conhecimento que a cadeia de petróleo e gás é de grande capilaridade espacial e impulsiona o
crescimento de diversos setores que com ela se relacionam, a saber: metalomecânico, eletroeletrônico,
químico, tecnologia da informação, serviços gerais etc. Isso gerou riquezas nos referidos estados que
se espraiaram por vários segmentos da sociedade.
69. Por certo que alguns estados recebem recursos estatais em face de seus recursos naturais,
que outros estados não possuem. Contudo, não há, dentro da região, políticas compensatórias para
beneficiar àqueles não contemplados por tais investimentos.
70. Todas as capitais do Nordeste, com exceção de Teresina, possuem rodovias duplicadas em
seus entornos para facilitar o acesso de veículos, um grande centro de convenções para abrigar eventos
e um aeroporto de porte. Como também em nenhum estado se tem uma situação de calamidade pública
de ausência de rede de esgoto e mortalidade infantil – as quais estão diretamente correlacionadas -
como a do Piauí, responsabilidade essa muito mais federal do que estadual, uma vez que o estado não
tem capacidade de investimento para obras de tal envergadura.
71. O fato é que existem desequilíbrios regionais dentro da Região Nordeste que não são
levados em conta na política de desenvolvimento regional, com alguns estados recebendo aporte de
recursos federais muito menor que outros, aumentando o fosso que os separam daqueles mais
agraciados. A lógica parece ser muito mais política do que técnica. Esse tema também pode ser objeto
de futuros trabalhos do TCU.
72. Contudo, em face da exiguidade do tempo, devemos nos ater àquilo que os indicadores
sociais expõem, o que já foi realizado acima, bem como aos planos de desenvolvimento para o estado,
o que vamos tratar agora.
Planos
73. O levantamento concentrou-se em conhecer possíveis planos de desenvolvimento do Estado
do Piauí em três frentes: Governo federal, por meio da Companhia dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba (Codevasf); Governo do Estado do Piauí, por meio da Secretaria do Planejamento do estado e
Prefeitura Municipal de Teresina, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento.
74. Foram consultados, também, planos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), além de planos setoriais como o de transporte.
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)
75. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) é
uma empresa pública vinculada ao Ministério da Integração Nacional que promove o desenvolvimento
e a revitalização das bacias dos rios São Francisco, Parnaíba, Itapecuru e Mearim, com a utilização
sustentável dos recursos naturais e estruturação de atividades produtivas para a inclusão econômica e
social.
76. A Codevasf (7ª Superintendência Regional) instituiu, em 2003, o Plano de Ação para o
Desenvolvimento Integrado do Vale do Parnaíba (Planap).
77. Segundo a Codevasf, o Planap consiste em um plano de ações integradas para o
desenvolvimento sustentável da bacia do Parnaíba, abrangendo municípios dos Estados do Piauí (222),
Maranhão (36) e do Ceará (20), com uma divisão territorial bem definida.
78. Consta de um inventário dos diagnósticos e estudos técnicos realizados pelas diversas
instituições atuantes na Bacia; de um plano de curto prazo, com propostas de rápida implementação
que aproveitem as infraestruturas já existentes na região; de um plano de desenvolvimento com ações
1142

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de médio e longo prazos, incluindo a elaboração do macrozoneamento ecológico-econômico, de


sistema de informação (geoprocessamento) e de proposta de ações estratégicas para sua execução.
79. Em resposta sobre o grau de monitoramento do Planap (Ofício 2532/2015-7ª SR/GB, de
4/9/2015 (peça 22), a Codevasf informou que as ações que são implementadas estão relacionadas aos
grandes componentes, a exemplo de Controle de processos Erosivos, Recuperação de Áreas
Degradadas, Resíduos Sólidos, Apoio a Arranjos Produtivos Locais. Essas ações são monitoradas pelo
instrumento operacional da Codevasf, Sistema de Gerenciamento de Convênios e Contratos-SIGEC, e
pelo Sistema de Gestão de Convênios-SICONV (Governo Federal).
80. As principais ações relacionadas a esses componentes tiveram sua execução realizada a
partir de 2008 com recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC. Mensalmente
é disponibilizada a situação das ações à Superintendência Regional, para conhecimento e
acompanhamento, bem como enviada ao Governo do Estado do Piauí.
Governo do Estado do Piauí
81. O Governo do Estado do Piauí apresenta seu planejamento por meio do Plano Plurianual
(PPA). Não há, até o momento, um plano formal que declare quais são as suas estratégias de
desenvolvimento. Tal realidade é um indicativo de risco de fragilidade no tocante a articulações pré-
planejadas com os planos federais para a região/unidade da federação.
82. Conquanto não haja, atualmente, esse plano institucional, está em elaboração o Plano de
Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Piauí – o Piauí de 2050.
83. No documento ‘O Piauí de 2050’ são traçados vinte segmentos estratégicos envolvendo as
áreas de energia, indústria, petróleo, agronegócio, irrigação, construção civil, logística, infraestrutura
viária, serviços especializados (serviços, educação e saúde) e turismo.
84. Contudo, até a data de fechamento deste relatório, o Plano Piauí 2050 não havia sido
divulgado oficialmente à sociedade.

85. Há que se ressaltar a realização do Seminário ‘Federalismo, Desenvolvimento e


Planejamento Regional’, ocorrido no início de julho/2015. O evento foi articulado pela Secretaria de
Planejamento do Estado com vistas à melhoria do planejamento de políticas públicas, bem como de
melhoria da qualidade da gestão. A realização desse evento demonstra a preocupação e o interesse do
governo do estado com o tema planejamento.
Prefeitura Municipal de Teresina
86. Teresina representa 47,8% do PIB do Estado do Piauí e em face de sua localização à
margem do rio Parnaíba, na divisa dos Estados do Piauí como do Maranhão, constituiu-se em
importante entroncamento rodoviário. É uma cidade que vive praticamente de serviços e tem um raio
de influência em 271 municípios que abrigam cerca de 4,3 milhões de pessoas não só do Piauí, mas
também do Maranhão.
87. No entanto, Teresina é uma cidade que não tem um acesso facilitado. Com efeito, ela é a
única capital do nordeste que não possui rodoanel e nem rodovias federais duplicadas. O governo do
estado na gestão Wilson Martins chegou a contrair empréstimos para realização de tais obras que
poderiam ficar a cargo da União no âmbito do PAC como em outras capitais.
88. Ademais disso, tem-se o caso da BR-226 que existe há cerca 40 anos, mas que nunca teve o
trecho Teresina-Porto Franco/MA pavimentado (consta no PAC/2015). Essa é uma rodovia de muita
importância para a integração nacional, uma vez que liga as cidades de Natal (RN), ao município de
Wanderlândia (TO), passando por Porto Franco, cidade que será o entrocamento da ferrovia
Transnordestina e Norte-Sul, conforme Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental
(EVTEA) da Valec Ferrovias S.A.
89. De registrar que o início da pavimentação no contorno da cidade de Timon/MA, vizinha à
Teresina, consta no PAC/2015, estando consignada como obra emergencial.
1143

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

90. O município de Teresina possui formalizado um plano de longo prazo denominado ‘Teresina
– Agenda 2030’. Esta é a segunda versão ou continuidade de um primeiro plano elaborado no ano
2000 que recebeu a intitulação ‘Teresina – Agenda 2015’.
91. Na página da internet da Secretaria Municipal de Planejamento (Semplan) é possível
acessar o plano (Agenda 2030) bem como outros documentos de planejamento disponibilizados, a
exemplo do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana; Plano Diretor de Drenagem Urbana;
Plano Local de Habitação e Interesse Social; Plano Municipal de Saneamento Básico; Plano Municipal
de Educação, dentre outros.
92. O referido plano está subdividido em eixos temáticos de desenvolvimento, quais sejam: eixo
cidade sustentável, eixo cidade de oportunidades, eixo cidade de direitos, eixo cidade criativa, eixo
governança eficiente. Também há um capítulo sobre programas especiais e um capítulo sobre grandes
desafios.
93. Nota-se uma preocupação com o saneamento básico da cidade. Esse tópico, subdividido em
i) abastecimento de água potável; ii) esgotamento sanitário; iii) limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos; e iv) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, é o primeiro a ser tratado no âmbito do
eixo cidade sustentável. Cada subtópico possui descrição sobre análise da realidade, o que fazer e
como fazer, as diretrizes e respectivas ações.
94. Percebe-se que, com este plano de longo prazo, além de outros planos diretores, o Município
de Teresina consegue alinhar-se com as ações dos programas federais, inclusive na captação de
recursos via transferências voluntários ou obrigatórias, a exemplo do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC).
95. Ressalte-se que o Município de Teresina está executando diversas obras com recursos do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que demanda uma atenção do controle externo
sobre o efetivo estágio de implementação dessas obras.
96. A Agenda 2030 proposta pela Prefeitura Municipal de Teresina revela que a cidade possui
potencial para turismo de eventos (congressos, convenções, seminários, cursos, feiras, shows musicais,
manifestações religiosas, dentre outros). Para aproveitar esse potencial, haveria a necessidade da
construção de um centro de convenções e de um novo aeroporto, nos moldes dos que existem em
outras capitais do Nordeste.
97. Especialistas sugerem a elaboração de planos de longo para que os governos locais alinhem
suas diretrizes com o planejamento federal.
98. De acordo com os indicadores apresentados e com a opinião de especialistas, os desafios
apresentam-se em várias funções, destacando-se as seguintes: educação, saneamento básico, energia,
infraestrutura de transporte e gestão de águas (semiárido).
Educação
99. Já foi apontado nos indicadores a necessidade de melhorar a qualidade da educação no
estado, cuja ausência poderá impedir potencial desenvolvimento econômico local, ante eventual
demanda por mão de obra qualificada para setores específicos.
100. A necessidade de se melhorar o nível educacional no Nordeste/Piauí já foi enfatizado nos
itens 43 e 48 a 66 deste relatório.
Saneamento básico
101. Indicadores já mostraram a situação calamitosa do esgotamento sanitário no Estado do
Piauí.
102. A mitigação dessa situação dar-se-ia pela ampliação da rede coletora de esgotos. Nesse
viés, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf) executam obras de esgotamento sanitário, para municípios de até
50.000 habitantes, previstas no PAC.
103. Entrave detectado quanto à entrega do sistema de esgotamento sanitário e sua respectiva
operação recai sobre o fato de que a empresa concessionária dos serviços de águas e esgotos do Piauí
1144

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(Agespisa) não está assumindo essa função, fato que poderá gerar relevante dano ao erário em razão da
potencial não utilização do sistema.
104. Informações iniciais da Funasa indicam obras de esgotamento sanitário sem funcionamento
nas cidades de Bocaina, Canto do Buriti, Pio IX e São Raimundo Nonato, cujos investimentos somam
R$ 12.300.000,00.
Energia
105. Segundo o mapa eletrogeográfico fornecido pela Eletrobrás Piauí, a região Sul do Estado
carece de linhas de transmissão. Dirigentes da concessionária informaram que já se encontra em
execução linhas de transmissão no mencionado trecho.
106. O PPA 2016-2019 prevê a aplicação de recursos no Piauí, contemplando a distribuição e a
execução do programa Luz para Todos, no âmbito do programa 2033 – Energia Elétrica:
06RB – Ampliação da Rede Rural de Distribuição de Energia Elétrica – Luz para Todos – Piauí. Custo
Total: R$ 1.106.919.832,00;
06SJ – Ampliação do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica – Piauí. Custo Total:
R$ 1.039.436.166,00.
107. Conforme a grande maioria dos stakeholders afirmou, como também previsto na Agenda
Teresina 2030, o fornecimento e/ou distribuição de energia constitui-se como um grande entrave ao
desenvolvimento do Piauí, em razão das fortes oscilações do sistema e da baixa capacidade para
atender sua expansão, principalmente para a instalação de empreendimentos de grande porte.
Infraestrutura de transportes
108. Considera-se relevante obter informações nos planos orçamentários e setoriais de
transportes sobre a pretensão de aplicação de recursos federais no estado do Piauí. Essa preocupação
reside no fato de que o governo federal está executando obras da ferrovia Nova Transnordestina,
interligando a cidade de Trindade/PE a Eliseu Martins/PI.
109. Por seu turno, o governo do Estado do Piauí anuncia que concluirá as obras do Porto de
Luís Correia/PI. Contudo, não se tem clara a política de logística de transportes para a região.
110. Especialistas entrevistados durante o levantamento indicaram que a ausência de um estudo
de viabilidade técnica e econômica do porto eleva o risco de desperdício de recursos públicos.
111. Frise-se que, inclusive, tramita no TCU processo de Tomada de Contas Especial (TC
000.543/2014-4), a partir de representação oferecida pelo Ministério Público Federal atinente a
possíveis irregularidades na execução dos contratos 59/2008 e 34/2010, da Secretaria Estadual de
Transportes do Estado do Piauí, cujos objetos consistiram em etapas das obras de retomada da
construção do Porto de Luís Correia/PI.
112. Não há menção de aplicação de recursos nesse empreendimento no PPA 2012-2015.
Consultas realizadas no PPA 2016-2019 também não indicam construção e/ou conclusão do Porto de
Luís Correia. Acaso existente, essa ação deveria estar consignada no âmbito do programa 2086 –
Transporte Aquaviário, sob responsabilidade da Secretaria de Portos.
113. Já em consulta a informações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), obtidas
diretamente do site na internet (www.pac.gov.br), há previsão de investimento da ordem de R$
64.000.000,00 para construção do porto e retroárea. De acordo com essas informações, cuja referência
data de 30/6/2015, o estágio do empreendimento encontra-se ‘em obras’.
114. No Orçamento da União para 2016 há previsão de aplicação de R$ 100.000,00 na
programática 26.784.2086.131M.0884 (Volume IV, Tomo II, p. 515, do PLOA), que se refere a
‘construção da retroárea, edificações administrativas e operacionais do Porto de Luís Correia/PI.’
115. Contudo, o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) apresenta 111 projetos
considerados prioritários, não estando presente nesse portfólio o Porto de Luís Correia/PI.
116. Assim, diante das informações divergentes relatadas neste tópico, consideramos salutar um
possível aprofundamento sobre a função transportes, de forma a acompanhar a conexão entre
planejamento e execução nessa área no estado do Piauí.
Gestão de águas (Semiárido)
1145

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

117. No âmbito do programa 2077 – Agropecuária Sustentável, previsto no PPA 2016-2019,


estão previstas diversas iniciativas de irrigação, com o objetivo de ‘concluir a implantação, melhorar a
gestão, recuperar e modernizar os projetos públicos de irrigação existentes visando à emancipação’.
118. No Estado do Piauí destacam-se os projetos: Marrecas/Jenipapo; Platôs de Guadalupe;
Tabuleiros Litorâneos do Piauí e Salinas/PI.
119. Para se ter uma ideia da materialidade, o PPA 2016-2019 prevê o custo total da
implantação do projeto Platôs de Guadalupe em R$ 370.000.000,00 e do projeto Tabuleiros Litorâneos
em R$ 309.661.700,00.
120. Os projetos Marrecas/Jenipapo e Salinas/PI, situados geograficamente na área do
semiárido, não estão contemplados explicitamente no PPA, em relação a valores, mas estão previstos
na LOA/2016, sendo Marrecas R$ 9.000.000,00 e Salinas R$ 500.000,00.

121. Boa parte dos especialistas destacaram que em relação aos açudes, alguns não estão
terminados e outros não atingiram o objeto a que se destinavam e que o melhor seria concluí-los e
fazer obras complementares (adutoras, por exemplo) antes de se vislumbrar a possibilidade da
construção de novos açudes.
Agronegócio
122. A região Sul do Piauí está compreendida na fronteira do agronegócio cuja cultura de maior
relevo é a soja. O grande percalço mencionado é o escoamento da produção que se dá por meio
rodoviário. Inclusive, há uma rodovia inacabada, a PI-287, conhecida como Transcerrados, com
extensão aproximada de 360 km, que em alguns trechos dificulta o transporte de cargas. A conclusão
da ferrovia Transnordestina é o empreendimento mais aguardado visando contribuir com a logística de
transportes na região.
123. Essa região Sul do Piauí está compreendida no Matopiba. De acordo com a Embrapa, a
expressão Matopiba resulta de um acrônico criado com as iniciais dos estados do Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia. Essa expressão designa uma realidade geográfica que recobre parcialmente
os quatro estados mencionados, caracterizada pela expansão de uma fronteira agrícola baseada em
tecnologias modernas de alta produtividade.
124. O Governo Federal, reconhecendo a importância produtiva na região, publicou o Decreto n.
8.447, de 6 de maio de 2015, que dispõe sobre o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do
Matopiba e seu Comitê gestor.
125. O mencionado decreto tem por finalidade promover e coordenar políticas públicas voltadas
ao desenvolvimento econômico sustentável fundado nas atividades agrícolas e pecuárias que resultem
na melhoria da qualidade de vida da população.
V. ORÇAMENTO
Composição das Receitas do Estado do Piauí
123. Da análise dos demonstrativos contábeis disponibilizados no Sistema de Informações
Contábeis e Fiscais do Setor Público (Siconfi), mantido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), é
possível observar que a Receita Orçamentária total do Estado do Piauí, no período de 2011 a 2014, foi
composta, em média, por 49,79% de transferências e 35,51% de receitas tributárias. Os 14,71%
restantes são complementados por outras fontes como, por exemplo, outras receitas e operações de
crédito.
124. A União transferiu para o Piauí, entre 2011 e 2014, por meio de convênios, o montante de
R$ 977.335.880,06, o que representa 3,02% do total das receitas do período. Desse total repassado,
somente R$ 295.026.345,06 (30,19%) correspondem a transferências de capital para investimentos.

Transferências de
Receita Total Transferências Receita Tributária Convênios da União e
suas entidades
2011 6.946.108.752,48 3.677.200.691,76 1.923.136.181,35 157.818.178,25
2012 8.506.095.441,93 4.024.104.080,55 2.839.829.198,90 342.605.989,68
2013 8.362.177.133,00 4.123.985.426,72 3.196.932.278,69 259.937.865,35
1146

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2014 8.568.843.272,97 4.297.488.178,20 3.537.941.501,54 216.973.846,78


32.383.224.600,38 16.122.778.377,23 11.497.839.160,48 977.335.880,06
Tabela 1: Recursos do estado do Piauí (Siconfi)

Saúde e Educação
125. Considerando recursos do Sistema Único de Saúde, a União repassou para o Piauí (fundo a
fundo), no período 2011/2014, o montante de R$ 821.260.884,93.
126. Maior repasse foi o do Fundeb, da ordem de R$ 1.988.140.100,45. Considerando, ainda, a
complementação do Fundeb de R$ 508.146.423,27, o total repassado para o fundo no Piauí alcançou
R$ 2.496.286523,72, três vezes maior que o repasse para o SUS.

127. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fnde) repassou para o Piauí, entre
2011 e 2014, o valor total de R$ 305.292.715,94. Percebe-se, assim, um repasse bem maior para o
estado do Piauí na função educação.
2011 2012 2013 2014
SUS (Fundo a Fundo) 205.091.126,40 188.471.249,38 218.530.925,55 209.167.583,60 821.260.884,93
FNDE 60.392.930,55 121.621.356,16 66.468.711,43 56.809.717,80 305.292.715,94
FUNDEB 462.783.640,69 484.078.823,22 517.023.837,02 524.253.799,52 1.988.140.100,45
Complementação FUNDEB 132.801.095,19 134.104.762,42 123.834.985,19 117.405.580,47 508.146.423,27
861.070.803,83 928.278.203,18 925.860.472,19 907.638.695,39 3.622.840.124,59
Tabela 2: Repasses Saúde X Educação (Siconfi)
Saneamento
128. Considerando a função saneamento, a União repassou para o governo do estado do Piauí, no
período 2011/2014, o montante de R$ 47.688.380,47 para o programa saneamento básico. Ressalte-se
que o investimento total do governo do estado na função saneamento, no período, correspondeu a R$
362.251.051,54. Assim, a participação de recursos federais em saneamento carreados para o governo
estadual do Piauí corresponde a 13,16% do total investido nessa função governamental.
129. Quando se engloba o total repassado para o programa saneamento básico, incluindo os
municípios, a União despendeu (pagou), entre 2011 e 2014, R$ 176.215505,50 para o Piauí.

Gráfico 1: Pagamento Saneamento Básico


Oferta de água
130. Considerando que 56% dos municípios do Piauí encontram-se na delimitação do semiárido
(127 municípios), é importante verificar a execução orçamentária quanto a ações de enfrentamento dos
efeitos da seca. Nesse sentido, importante programa de governo com esse viés é o 2051 – Oferta de
Água.
131. Entre 2012 e 2014 foram carreados para o Estado do Piauí, em valores efetivamente pagos,
o montante de R$ 127.730.364,79. Já para o programa 2026 - Conservação e gestão de recursos
hídricos, foram pagos R$ 4.553.136,93.
132. No âmbito do programa oferta de água, estão previstas diversas ações estruturantes, a
exemplo da construção da barragem de Algodões, barragem de Milagres, adutora do Garrincho,
Sistema adutor Padre Lira, Sistema de abastecimento Bocaina-Piaus II, implantação de obras de
1147

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

infraestrutura hídrica do DNOCS (projeto de irrigação Hildo Diniz e complexo de abastecimento de


água Bom Jesus/Morro Cabeça no Tempo) e barragem Atalaia.
Agricultura Irrigada
133. Destaque-se, também, o programa 2013 – Agricultura Irrigada, que objetiva a implantação
de perímetros de irrigação no Estado do Piauí com valores empenhados de R$ 48.375.584,18 nos anos
2013 e 2014.
Energia
134. Esta função não apresentou informações quanto à execução orçamentária e financeira nas
planilhas extraídas diretamente do Sistema Siafi-Gerencial dos anos 2011 a 2014.
135. Contudo, em consulta à página do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na
internet (http://www.pac.gov.br), é possível visualizar investimentos para o Piauí contemplados no
eixo ‘Infraestrutura Energética’ composto por 53 ações nos temas geologia e mineração, geração de
energia elétrica, transmissão de energia elétrica e petróleo e gás.
136. Em que pese a disponibilização das informações acima, não é possível traçar análise sobre a
execução das ações, uma vez que não estão evidenciadas as execuções orçamentárias e financeiras dos
empreendimentos.
Transporte
137. A execução do orçamento federal na função transporte apresentou pagamento no montante
de R$ 102.610.454,15, entre os anos 2012 e 2013, atinente ao programa 2075 – Transporte rodoviário.
No ano de 2013 registrou-se pagamento de R$ 5.570,53 no programa 2072 – transporte ferroviário.
138. Observa-se, da execução orçamentária em análise, que primou-se pela implementação e/ou
manutenção da malha rodoviária no Piauí, em detrimento de outras modalidades de transporte como
ferrovias e hidrovias.
VI. TRABALHOS RELEVANTES REALIZADOS PELO TCU NO
ESTADO
139. Esta unidade técnica tem realizado importantes fiscalizações, seja por iniciativa própria ou
por orientação centralizada (FOC), o que colabora com o conhecimento das unidades jurisdicionadas e
propicia um melhor planejamento de suas ações. Dentre os trabalhos relevantes podemos mencionar os
que seguem:
a) TC 025.981/2010-2 (Levantamento Crédito Instalação) – apresentou informações relativas
à estrutura, à organização e ao funcionamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária/Incra - Superintendência Regional do Piauí/SR24. Apresenta um panorama geral da entidade e
traz dados atinentes ao seu ambiente interno e externo e às atividades de controle existentes. Ademais,
são apresentados os principais macroprocessos sob a responsabilidade da instituição, juntamente com
uma breve descrição de seus objetivos. Dentre os macroprocessos associados à área fim, foi
selecionado o macroprocesso de Crédito Instalação, para a realização de um exame mais detalhado. A
respeito deste macroprocesso, o presente levantamento traz informações relativas ao seu aspecto
organizacional, marco regulatório, suporte de tecnologia da informação, aspecto orçamentário,
diagrama de blocos, principais forças, fraquezas, oportunidades, ameaças e riscos. Como resultado,
foram identificados os principais eventos de risco e as possíveis ações de controle que podem ser
adotadas.
b) TC 006.989/2012-8 (Levantamento UFPI) – apresentou um panorama geral da
Universidade Federal do Piauí e evidenciou dados atinentes ao seu ambiente interno e externo e às
atividades de controle existentes. Dentre os macroprocessos associados à área fim, foi selecionado o
macroprocesso de Ensino de Graduação, para a realização de um exame mais detalhado. A respeito
deste macroprocesso, o presente levantamento traz informações relativas ao seu aspecto
organizacional, marco regulatório, suporte de tecnologia da informação, aspecto orçamentário,
diagrama de blocos, principais forças, fraquezas, oportunidades, ameaças e riscos. A partir das
informações colhidas sobre a UFPI e do macroprocesso de Ensino de Graduação, foi feita uma análise
1148

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de risco, observando-se a técnica de análise SWOT e diagrama de verificação de risco. Como


resultado, foram identificados os principais eventos de risco e as possíveis ações de controle que
podem ser adotadas.
c) TC 029.148/2014-6 (Saneamento Básico) - Essa auditoria irá contribuir para melhorias
efetivas nos programas de construção de sistemas de saneamento básico com recursos da Funasa, a
partir do diagnóstico levantado da situação das obras em andamento e daquelas que estão sendo
entregues, que servirão de subsídios para a formulação de propostas de aperfeiçoamento que serão
realizadas por este Tribunal no bojo do relatório consolidado.
d) TC 013.327/2015-1 (Transferências voluntárias para o Estado do Piauí) – Esse trabalho,
em fase de execução, tem por objetivo acompanhar a transferência de recursos para o Governo do
Estado do Piauí, superior a R$ 10 milhões, nas áreas da educação e gestão ambiental.
140. Outros trabalhos relevantes estão em vias de planejamento e/ou execução cujos objetivos
procuram conhecer a gestão de programas federais, com forte impacto no desenvolvimento econômico
e social do Estado do Piauí, a exemplo do TC 014.435/2015-2 que tem por objetivo acompanhar a
execução de empreendimentos associados à oferta de água na Região do Semiárido, identificando os
reflexos nas Ações e Programas associados à infraestrutura hídrica do Semiárido, previstas no PPA
2011-2015 e do TC 025.128/2015-9 que tem por objetivo verificar a regularidade da aplicação de
recursos em ações do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
[...]
IX. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
141. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) Que a Secex-PI, ao planejar suas ações de controle, priorize e utilize como subsídio as
informações disponibilizadas neste relatório de levantamento, em consonância com o Plano de
Controle Externo do TCU;
b) dar conhecimento deste relatório à Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco,
de forma a subsidiar o trabalho de consolidação das informações do Estado no âmbito da construção
do Relatório Sistêmico da Região Nordeste.”
1. É o Relatório.

VOTO
Em pauta Relatório de Levantamento de Auditoria realizado no âmbito do tema
“Desenvolvimento” com recorte da Região Nordeste (FiscNordeste) cujo objetivo específico foi obter
uma visão ampla e abrangente da situação geográfica e econômico-social do Estado do Piauí.
2. Por meio da referida fiscalização, efetuou-se tanto um mapeamento dos desafios enfrentados
com vistas ao desenvolvimento do ente da federação supramencionado, quanto a síntese do conjunto
de ações relevantes a serem implementadas no âmbito do Controle Externo.
3. No que concerne à metodologia adotada no presente trabalho, baseou-se em pesquisas e
levantamentos, realização de painéis de referência e reuniões periódicas com aqueles identificados
como principais atores no processo de desenvolvimentos sócio-econômico do Estado do Piauí.
4. Acerca das características daquele Estado, cumpre destacar alguns indicadores:
4.1. embora tenha havido incremento na taxa de urbanização, o percentual apurado em 2010 de
65,8% ainda está abaixo das médias do nordeste (73,1%) e brasileira (84,4%) ;
4.2. a taxa de mortalidade, em 2012, foi bastante elevada (20,8%) se compararmos com o
restante do nordeste (18,0%) e com a média nacional (15,3%);
4.3. a proporção de domicílios que possuem rede de abastecimento de água no Piauí (84,0%),
consoante apurado em 2012, está acima do indicador da região (80,6%) e próximo do detectado a nível
nacional (85,4%);
1149

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4.4. conforme pesquisas de 2013, o percentual de residências que possuem rede de tratamento
de esgoto naquele Estado ainda é incipiente (1,8%), principalmente em contraposição com os demais
estados nordestinos (37,18%) e com o panorama brasileiro (58,16%);
4.5. no tocante ao percentual de residências em que há serviço de coleta de lixo (62,7%), os
números não são satisfatórios se comparados com o perfil do nordeste (79,9%) e de todo o País
(84,62%), consoante dados de 2012;
4.6. a taxa de analfabetismo funcional de 33,66% é a mais alta do País e o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM, segundo apurado em 2010, está estimado em 0,646 e é
o quarto pior do Brasil;
4.7. a despesa per capita, no Piauí, com a função de segurança pública é de R$ 29,67 enquanto
o gasto nacional médio com essa mesma função é de R$ 286,17, conforme especificado no Anuário
Brasileiro de Segurança Pública de 2014.
5. Diante de todo esse contexto, a Secex/PI apontou os principais desafios a serem enfrentados
pelo ente federado em questão: ampliação da rede de tratamento de esgoto e queda tanto dos índices de
mortalidade infantil quanto daqueles números relativos ao analfabetismo funcional.
6. Importante destacar, ainda, que não foi detectada a existência de um plano de
desenvolvimento econômico que pudesse servir de base para a elaboração do Plano Plurianuual
Estadual – PPA.
Nessas condições, tendo em vista que não foram detectadas irregularidades nestes autos que
demandem contraditório, acolho, com alguns ajustes, a proposta da unidade técnica e voto por que seja
adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2751/2015 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 011.470/2015-1.
2. Grupo: I – Classe de Assunto: V – Relatório de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Secex/PI.
4. Órgãos/Entidades: Codevasf – Superintendência Regional de Teresina/PI – 7ª SR e Entidades/
órgãos do Governo do Estado do Piauí.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secex/PI.
8. Advogados constituídos nos autos: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório de Levantamento de Auditoria realizado
no âmbito do tema “Desenvolvimento” com recorte da Região Nordeste (FiscNordeste) cujo objetivo
específico foi obter uma visão ampla e abrangente da situação geográfica e econômico-social do
Estado do Piauí.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Secretaria de Controle Externo no Estado do Piauí – Secex/PI que, no processo
de planejamento de suas ações de controle externo, utilize as informações obtidas nestes autos como
parâmetro para definição das áreas prioritárias que devem ser objeto de fiscalizações por parte deste
Tribunal;
9.2. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam,
à Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco – Secex/PE, com vistas a subsidiar o
1150

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

trabalho de consolidação das informações relativas ao Estado do Piauí, no âmbito da construção do


Relatório Sistêmico da Região Nordeste;
9.3. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2751-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE V – Plenário

TC-024.630/2012-8
Apenso: TC-008.393/2015-0

Natureza: Monitoramento.
Entidades: Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte (SIN) e Companhia Estadual de
Habitação e Desenvolvimento Urbano (Cehab).
Interessado: Congresso Nacional.

SUMÁRIO: MONITORAMENTO. FISCALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO CENTRALIZADA


– FOC/HABITAÇÃO E SANEAMENTO. ACÓRDÃOS NS. 1.119/2010 E 3.165/2010 – PLENÁRIO.
OBRAS PARALISADAS. NECESSIDADE DE AVALIAÇÃO DA RETOMADA DO
EMPREENDIMENTO E DE POSSÍVEL DANO AO ERÁRIO, PARA, SE FOR O CASO, SEREM
ADOTADAS AS MEDIDAS PREVISTAS NO ART. 8º DA LEI N. 8.443/1992.

RELATÓRIO

Trata-se do monitoramento das determinações constantes do Acórdão 3.165/2010 – Plenário,


proferido no âmbito do TC-000.275/2010-7, relativo à auditoria realizada no período de 18/01 a
26/02/2010 pela então 3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – Secob, Fiscalização de Orientação
Centralizada – FOC, na obra de construção de unidades habitacionais em Natal/RN, vinculada ao
Contrato de Repasse 226.012-13/2007, incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
2. Mediante a instrução da peça 6, a Secex/RN procedeu à avaliação do cumprimento dos
subitens 9.2 e 9.3.2 do referido Acórdão, a partir da análise de documentação encaminhada pela
Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte – SIN/RN e pela Companhia Estadual de
Habitação e Desenvolvimento Urbano – Cehab/RN.
3. Transcrevo, a seguir, parte da aludida peça instrutiva, com os ajustes de forma pertinentes:
“3. No item 9.2 do Acórdão 3.165/2010 – Plenário foi fixado prazo de 45 dias para que a SIN e a
Cehab/RN adotassem as seguintes providências relativas ao Contrato 039/2008-SIN, firmado com a
empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda.:
1151

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

‘9.2. fixar, com fundamento no art. 71, IX, da Constituição Federal e no art. 45 da Lei n.
8.443/1992, prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, a contar da ciência do Acórdão, para que a Secretaria
de Infraestrutura do Rio Grande do Norte – SIN e a Companhia Estadual de Habitação e
Desenvolvimento Urbano – Cehab/RN adotem, dentro de suas competências, as seguintes providências
relativas ao Contrato n. 039/2008-SIN, firmado com a empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda.,
no tocante às parcelas pagas e a pagar, devendo ser encaminhados a este TCU, ao término do referido
prazo, documentos comprobatórios das medidas implementadas:
9.2.1. correção, na planilha contratual, dos seguintes quantitativos:
Item Descrição Quantitativos corretos
3.1.1 Regularização do subleito 14.445,86 m2
3.1.3 Colchão de areia e = 15 cm 14.445,86 m2
14.445,86 m2
3.1.4 Pavimentação a paralelepípedos 14.445,86 m2
rej. c/ brita e asfalto
3.1.5 Meio fio granítico 4.206,66 m
9.2.2 substituição, na planilha contratual, da unidade ‘verba’ por outras que espelhem
adequadamente os quantitativos dos seguintes itens: 1.2.1 – Elaboração de projeto executivo de
drenagem, pavimentação, lagoa de acumulação e infiltração, rede elétrica e complementares das casas;
1.3.1 – Rede de distribuição de água nas casas inclusive as ligações domiciliares; 1.3.2 – Rede de
distribuição de água duplex inclusive as ligações domiciliares; 8.6.1 – Cobertura em fibra tipo concha
acústica; 10.10.1 – Rede de entrada trifásica c/ caixa de medição padrão Cosern; 10.11.1 – Entrada
d'água padrão Caern;
9.2.3 regularização do item ‘Mobilização e Desmobilização’ no valor de R$ 111.555,39 (...),
com taxa de BDI de 16,50% inclusa, e que deve ser transferido para a planilha orçamentária, de tal
forma que passe a ser medido e pago como custo direto;
9.2.4 comprovação da execução de medidas visando à proteção dos serviços que já foram
executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de captação, nos termos do item 9.1.3 do
Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário.’
4. Já o item 9.3.2 do referido Acórdão determinou que a SIN e a Cehab/RN encaminhassem
relação dos custos correspondentes à Administração Local do Contrato 039/2008-SIN, firmado com a
empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., para comprovar a fidedignidade do percentual de 17%
que este item representa no BDI.
5. Em resposta às determinações do referido Acórdão, a SIN e a Cehab/RN, em conjunto, por
meio do Ofício 142/2011-SIN/GS, de 04/03/2011 (peça 5, p. 2/72), informaram que foi necessária a
readequação da planilha de preços do Contrato 039/2008-SN, a qual culminou na celebração de termo
aditivo ao contrato.
6. Da análise da documentação enviada, foi verificado que foi encaminhado documento referente
à publicação do extrato do respectivo termo aditivo em Diário Oficial do Estado do Rio Grande do
Norte, bem como da planilha de readequação dos custos do contrato.
7. Entendeu-se que, para o atendimento pleno do item 9.2 do referido acórdão, seria necessária a
análise do termo aditivo ao Contrato 039/2008-SN, visando à verificação se o previsto no instrumento
era coerente com o apresentado na planilha de readequação de custos e com o extrato publicado em
Diário Oficial Estadual.
8. (...). A Secob-3 propôs a realização de diligências à SIN e à Cehab/RN (Ofícios 515 e
516/2011-TCU/Secob-3 - peça 5, p. 29/30, do TC 000.275/2010-7), para que, no prazo de 15 dias,
apresentassem documentação comprobatória do termo aditivo ao Contrato 039/2008-SN, firmado com
a empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., (...).
9. Por meio dos ofícios 1021/2011-SIN/GS e 428/2011-Cehab/PR (peças 3 e 4), respectivamente,
a SIN e a Cehab/RN encaminharam documentação visando ao atendimento da solicitação deste TCU, a
qual será objeto de análise nesta instrução.
1152

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

II. DOCUMENTAÇÃO ENCAMINHADA PELA SIN E PELA CEHAB/RN


10. Conforme relatado, em resposta à diligência desta Corte de Contas (Ofício 515/2011-
TCU/Secob-3, de 22/9/2011), a SIN encaminhou o Ofício 1021/2011-SIN/GS, de 18/10/2011 (peça 3)
acompanhado de cópia do Processo Administrativo 53740/2011-7, referente ao 5° Termo Aditivo ao
Contrato 039/2008-SIN, firmado com a empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda.
11. Os anexos ao referido ofício compreendem cópias da mesma documentação enviada por
meio do Oficio 142/2011-SIN/GS, de 4/3/2011, e de novos documentos. (...).
12. Já a Cehab encaminhou, por meio do Ofício 428/2011-Cehab/PR, de 21/10/2011 (peça 4),
cópia do Quinto Termo Aditivo ao Contrato 039/2008-SIN e da planilha de readequação com os
serviços que serão realizados com recursos do Estado.
III. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO ENCAMINHADA PELA SIN E PELA
CEHAB/RN
13. Primeiramente, cabe salientar que nem a SIN e nem a Cehab se manifestaram acerca da
determinação 9.2.4 do Acórdão 3.165/2010 – Plenário, ou seja, não foi apresentada comprovação
alguma da execução de medidas visando à proteção dos serviços que já foram executados,
principalmente daqueles relativos à lagoa de captação.
14. Adicionalmente, conforme pode ser constatado da leitura do trecho abaixo da instrução
elaborada pela Secob-3 em 26/10/2010 (Peça 4, p. 1/32, do TC 000.275/2010-7), esta é a segunda vez
que os referidos órgãos não apresentam a comprovação solicitada por esta Corte de Contas, pois eles
também descumpriram diligência constante do subitem 9.1.3 do Acórdão 1.119/2010-TCU-Plenário,
de mesmo teor:
‘74. A Cehab/RN informou, sem juntar provas, que solicitou oficialmente providências junto à
empresa contratada referentes às determinações do subitem 9.1.3 do Acórdão 1.119/2010 – Plenário,
que trata de adoção de medidas visando à proteção dos serviços que já foram executados.’
15. A diligência constante do subitem 9.1.3 do Acórdão 1.119/2010 – Plenário foi efetuada por
meio dos ofícios 195 e 196/2010-TCU/Secob-3 (Peça 3, p. 59/60, do TC 000.275/2010-7), ambos de
21/5/2010, enviados, respectivamente, aos Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes Trinta, Secretário de Estado
da Infraestrutura do Rio Grande do Norte - SIN/RN, e Damião Rodrigues Pita, Diretor Presidente da
Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano - Cehab/RN. Os referidos ofícios foram
recebidos, conforme avisos juntados às páginas 48 e 49 da Peça 3 (TC 000.275/2010-7). Em ambos os
ofícios foi informado que ‘por dever de oficio, esclareço que o não atendimento, sem causa justificada,
à diligência ou à decisão do Tribunal sujeita o responsável à multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei
n° 8.443/1992’.
16. Conforme já relatado, face ao não cumprimento da diligência constante do subitem 9.1.3 do
Acórdão 1.119/2010 – Plenário, foi fixado novo prazo para apresentação da documentação solicitada,
por meio do subitem 9.2.4 do Acórdão 3.165/2010 – Plenário, decisão comunicada aos dirigentes da
SIN e da Cehab por meio dos ofícios 796 e 797/2010-TCU/Secob-3 (Peça 2, p. 1/3 e 5/7), ambos de
2/12/2010. Estes ofícios foram recebidos, conforme avisos juntados às páginas 4 e 8 da Peça 2.
Novamente, os responsáveis foram informados sobre a possibilidade de aplicação de multa em caso de
descumprimento da decisão deste Tribunal.
17. Sendo assim, tendo em vista que houve descumprimento de decisão deste TCU, entende-se
que deve ser aplicada aos responsáveis a multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992.
18. Cabe lembrar que a origem da referida diligência foi a situação encontrada pela equipe de
auditoria durante os trabalhos de campo, em fevereiro de 2010, conforme trecho a seguir do relatório
de auditoria (Peça 2, p. 33, do TC 000.275/2010-7):
‘3.10.2 - Situação encontrada
O serviço ‘2.2 - Lagoa de Captação’ encontra-se parcialmente executado, tendo sido
interrompido devido à indefinição da SIN-RN e da Cehab-RN quanto ao sistema de esgotamento
sanitário a ser executado. Segundo a SIN-RN, uma das possibilidades é que a lagoa de captação de
águas pluviais seja transformada em uma estação de tratamento de esgoto, o que geraria a necessidade
1153

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de serem feitas adaptações em seu projeto. Enquanto não se chega à definição de qual sistema será
adotado, a lagoa está começando a sofrer o efeito da erosão em seus taludes, já tendo ocorrido também
o carreamento de material arenoso para seu interior, conforme constatado na visita realizada à obra
pela equipe.
Existe o risco de perda total ou parcial desse serviço, pelo decurso de prazo entre a definição do
sistema de esgotamento e o término dos demais serviços relativos à lagoa. Tal situação, além do
potencial dano ao erário por conta do que já foi pago, pode ensejar a execução de novos serviços,
principalmente para recuperação da lagoa, podendo ocasionar novo atraso no cronograma da obra,
além de pleito de novo aditivo de valor por parte da contratada.
A situação descrita contraria o princípio constitucional da economicidade, podendo gerar
prejuízo ao erário. A Fiscalização (SIN-RN) deveria ter cobrado da contratada medidas visando à
proteção dos serviços que já foram executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de captação.’
19. Observando-se a 2ª Planilha de Readequação, parte integrante do 5º termo aditivo (peça 3, p.
7/8), constata-se que a Lagoa de Captação ainda está prevista no orçamento e que houve um acréscimo
mínimo no quantitativo de um único serviço (+ 4,68% no serviço ‘2.2.2 Escavação mecânica em
campo aberto em solo exc. Rocha de 2,00 a 4,0 m’). Entretanto, não consta dos autos informações
sobre o andamento da obra e, apesar de o 5º termo aditivo (peça 3, p. 113) ter prorrogado o prazo de
vigência e execução das obras até 2/4/2012, entende-se que é necessário que a SIN e a Cehab
comprovem que não houve dano ao erário em decorrência de potencial necessidade de se refazer os
serviços relativos à lagoa de captação. Sendo assim, propõe-se determinar aos órgãos que encaminhem
a este TCU os seguintes documentos e informações acerca do Contrato 039/2008-SN, firmado com a
empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda.:
i) solução adotada para o sistema de esgotamento sanitário;
ii) data de reinício das obras, caso os serviços relativos à Lagoa de Captação tenham sido
retomados;
iii) relação de serviços que necessitaram ser refeitos por força da paralisação das obras da Lagoa
de Captação, se for o caso, acompanhados de seus quantitativos e custos, além do respectivo impacto
financeiro no contrato;
iv) solução adotada para construção da Lagoa de Contenção, caso tenha sido alterada a
concepção inicial, acompanhada de seus quantitativos e custos, além do respectivo impacto financeiro
no contrato ;
iv) todos os boletins de medição da obra acompanhados das respectivas memórias de cálculo,
em planilha eletrônica no formato ‘xls’;
v) relatório fotográfico da situação da obra, com ênfase nos serviços relativos à Lagoa de
Captação;
vi) cópia de todos os aditivos ao contrato que tenham alterado o valor da obra.
20. Entende-se ainda que, caso a documentação encaminhada pelos órgãos não seja suficiente
para sanar o indício de irregularidade apontado pela equipe de auditoria, deve ser realizada inspeção na
obra.
21. Outro ponto a ser destacado diz respeito ao subitem 9.3.2 do mesmo Acórdão, que
determinou à SIN e à Cehab que enviassem a relação dos custos correspondentes à Administração
Local do Contrato n. 039/2008-SIN, firmado com a empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., de
forma a comprovar a fidedignidade do percentual utilizado no BDI. Apesar de a SIN ter apresentado
uma planilha de composição do BDI (Peça 3, p. 28), o detalhamento dos custos correspondentes à
Administração Local não foi suficiente para comprovar a fidedignidade do percentual de 17%
utilizado. O valor total da Administração Local foi subdividido em 7 subitens genéricos: Pessoal,
Apoio Técnico, [Equipamentos de Proteção Individual] – EPI e Ferramentas, Ensaios e Testes,
Subsídio e Alimentação e Transporte, Despesas Financeiras e Consumos. Para cada subitem foi
estipulado um valor global mensal que foi multiplicado por 18 meses para obter seu valor total dentro
da composição. Entende-se que o detalhamento da Administração Local deve especificar os
1154

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

componentes de cada um de seus subitens. No caso do subitem ‘Pessoal’, por exemplo, seria
necessário especificar quantos são e quais são os funcionários que compõem a administração local
(gerente, engenheiro, mestre de obras, encarregado, entre outros), além do custo de cada um deles. O
mesmo entendimento pode ser extrapolado para os demais subitens.
22. Entretanto, apesar de o detalhamento da Administração Local não ter sido completo,
entende-se que não se faz necessária uma análise mais aprofundada desse item do BDI, pois, conforme
foi abordado pelo Ministro Relator no Voto condutor do Acórdão 3.165/2010 – Plenário, a análise do
valor global do contrato não apontou sobrepreço decorrente dos preços de serviços. Na verdade, a
equipe de auditoria apontou acréscimos não justificados de quantitativos em relação ao projeto básico
que embasou a licitação. A correção da planilha contratual, alterando os quantitativos inadequados
para as quantidades previstas no projeto básico, eliminou os indícios de sobrepreço apontados.
23. Ademais, o valor do BDI como um todo é aceitável do ponto de vista dos referenciais
adotados por esta Corte de Contas. A análise global do BDI contratado mostra que, apesar de o valor
da Administração Local (17% do BDI) ser, de forma isolada, elevado, o BDI como um todo, de 33,5%
(já descontados os valores relativos a Mobilização e Desmobilização que foram retirados dos custos
indiretos e acrescentados ao custo direto da obra, conforme determinação deste TCU) encontra-se
dentro de um valor razoável (...).
24. Da análise da composição do BDI da contratada (Peça 15, p. 23, do TC 000.275/2010-7),
constata-se que além dos itens previstos no BDI máximo de referência, foi considerado o item
Administração Local. Ou seja, esse item ‘extra’ pode corresponder, em tese, aos 4,63% de diferença
entre o BDI de referência e o BDI contratado.
25. Sendo assim, tendo em vista que não houve sobrepreço no contrato, e que o valor do BDI
contratado está dentro do limite do razoável, depreende-se que o percentual aparentemente elevado da
Administração Local pode ter sido decorrente da forma como foi feita a distribuição dos itens que
compõem o BDI. Corrobora com esse entendimento o fato de o item ‘Despesas Financeiras’, que no
BDI de referência corresponde a 1,2%, ser parte integrante do item Administração Local do BDI
contratado, correspondendo a 1% de sua composição. Sendo assim, entende-se que o indício de
irregularidade foi sanado e que, conforme já relatado, não se faz necessário representar acerca de
sobrepreço na composição da Administração Local (subitem 9.4 do Acórdão
3.165/2010-TCU-Plenário).
26. Com relação aos subitens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3, constatou-se que foi dado devido cumprimento
às determinações deste TCU. A análise da 2ª Planilha de Readequação (peça 3, p. 5/23) mostra, com
relação ao subitem 9.2.1 do Acórdão 3.165/2010 – Plenário, que os quantitativos dos serviços ‘3.1.1
Regularização do subleito’, ‘3.1.3 Colchão de areia e=15cm’, ‘3.1.4 Pavimentação a paralelepípedos
rej. c/ brita e asfalto’ e ‘3.1.5 Meio fio granítico’ foram devidamente corrigidos.
27. Com relação ao subitem 9.2.2, constatou-se que foi substituída a unidade ‘verba’ nos
serviços ‘1.2.1 Elaboração de projeto executivo de drenagem, pavimentação, lagoa de acumulação e
infiltração, rede elétrica e complementares das casas’; ‘1.3.1 Rede de distribuição de água nas casas
inclusive as ligações domiciliares’; ‘1.3.2 Rede de distribuição de água duplex inclusive as ligações
domiciliares’; ‘8.6.1 Cobertura em fibra tipo concha acústica’; ‘10.10.1 - Rede de entrada trifásica c/
caixa de medição padrão Cosern’ e ‘10.11.1 Entrada d'água padrão Caern’.
28. Com relação ao subitem 9.2.3, observou-se que os itens mobilização e desmobilização que
estavam incluídos no BDI e correspondiam a 1,50% deste (ou R$ 111.555,39) foram retirados do BDI
e transferidos para a planilha orçamentária. O item 1.5 da planilha orçamentária (peça 21, p. 7) foi
denominado de ‘Mobilização e desmobilização de equipamentos’ e dividido nos subitens ‘1.5.1
Mobilização de equipamentos’, no valor de R$ 66.933,23, e ‘1.5.2 desmobilização de equipamentos’,
no valor de R$ 44.622,16. Consequentemente, o BDI passou de 35% para 33,5%.
4. Ante a análise feita, a unidade técnica entendeu cabível (peças 6 a 8) proposição de multa aos
Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes Trinta e Damião Rodrigues Pita, por não terem atendido, no prazo
fixado, sem causa justificada, às decisões constantes do subitem 9.1.3 do Acórdão 1.119/2010 –
1155

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Plenário e do subitem 9.2.4 do Acórdão 3.165/2010 – Plenário. Adicionalmente, propôs determinar à


Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte – SIN e à Companhia Estadual de Habitação e
Desenvolvimento Urbano – Cehab/RN que encaminhassem, no prazo de 15 (quinze) dias, a este
Tribunal os seguintes documentos e informações acerca do Contrato 039/2008-SN, firmado com a
empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda.:
“36.2.1. solução adotada para o sistema de esgotamento sanitário;
36.2.2. data de reinício das obras, caso os serviços relativos à Lagoa de Captação tenham sido
retomados;
36.2.3. relação de serviços que necessitaram ser refeitos por força da paralisação das obras da
Lagoa de Captação, se for o caso, acompanhados de seus quantitativos e custos, além do respectivo
impacto financeiro no contrato;
36.2.4. solução adotada para construção da Lagoa de Contenção, caso tenha sido alterada a
concepção inicial, acompanhada de seus quantitativos e custos, além do respectivo impacto financeiro
no contrato ;
36.2.5. todos os boletins de medição da obra acompanhados das respectivas memórias de
cálculo, em planilha eletrônica no formato ‘xls’;
36.2.6. relatório fotográfico da situação da obra, com ênfase nos serviços relativos à Lagoa de
Captação;
36.2.7. cópia de todos os aditivos ao contrato que tenham alterado o valor da obra.”.
5. Por intermédio do Despacho da peça 9, externei o entendimento de que seria necessária,
preliminarmente, a promoção da audiência dos responsáveis mencionados pela unidade técnica a fim
de que apresentassem suas justificativas para o descumprimento das determinações constantes dos
subitens 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 e 9.1.3 do Acórdão n. 1.119/2010, ambos do Plenário,
observadas as disposições legais e regulamentares pertinentes, em especial a Resolução/TCU
n. 170/2004.
6. Demais disso, considerei que a então 3ª Secob deveria requisitar, mediante diligências junto à
Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte e à Companhia Estadual de Habitação e
Desenvolvimento Urbano do Rio Grande do Norte, os documentos e informações indicados nos
subitens 36.2.1 a 36.2.7 da instrução indicada no item 4 acima.
7. Após o recebimento dos elementos requeridos, a Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura
Urbana reinstruiu os autos, conforme a peça 29, a qual reproduzo, em parte, com os ajustes de forma
pertinentes:
“EXAME TÉCNICO
I. Razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes Trinta,
Secretário de Estado da Infraestrutura do Rio Grande do Norte - SIN/RN e Damião Rodrigues
Pita, Diretor Presidente da Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano -
Cehab/RN em razão do descumprimento da determinação constante no item 9.2.4 do Acórdão n.
3.165/2010-TCU-Plenário
18. As razões de justificativas apresentadas pelos dois gestores foram as mesmas, de modo que
serão analisadas em conjunto, a seguir.
I.1. Argumentos apresentados (peças 16 e 17)
19. Inicialmente, afirmam que somente ocuparam os cargos de Secretário de Infraestrutura do
Rio Grande do Norte e de Diretor Presidente da Cehab/RN até 30/12/2010, de modo que, em eventual
julgamento, solicitaram que fosse considerada a data supracitada como termo final para suas
responsabilizações.
20. Aduzem que o Contrato n. 039/2008-SIN traz a previsão de responsabilização da contratada
por fatos que possam resultar em destruição ou danificação da obra, conforme item 3.13, alínea b, do
contrato.
21. Citam que, dentre as obrigações da contratada, estaria descrita a contratação de vigilante para
servir de guarda da obra em execução, com custo, inclusive, previsto na planilha orçamentária da obra.
1156

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

22. Informam a existência de um seguro atrelado à obra, no valor de R$ 501.999.41, com a


finalidade de garantir, exclusivamente, a execução dos serviços descritos no Contrato n. 039/2008-
SIN, o que demonstraria cuidado com tal execução.
23. Frisam que a Cehab/RN, órgão responsável pela obra, enviou dois ofícios à empresa
contratada, Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., solicitando que fossem tomadas providências para
proteção dos serviços já executados.
24. Dessa forma, afirmam que foram tomadas as devidas providências para a preservação da
obra, o que daria cumprimento às determinações contidas nos itens 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 –
Plenário, e item 9.1.3 do Acórdão 1.119/2010 – Plenário.
25. Finalizam comunicando que houve uma invasão de famílias que moravam nas adjacências da
obra, de modo que foi acionado o Poder Judiciário para a solução da questão, assim, restaria
demonstrada a adoção de medidas para a preservação da obra.
I.2. Análise
26. Inicialmente, cabe destacar o motivo pelo qual os gestores foram chamados em audiência: o
descumprimento da determinação deste Tribunal no sentido de comprovar a execução de medidas
visando à proteção dos serviços que já foram executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de
captação, conforme previsto nos itens 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 e 9.1.3 do Acórdão n.
1.119/2010, ambos do Plenário do TCU.
27. Portanto, o teor da audiência não era para que fossem apresentadas razões de justificativa
quanto ao que havia sido feito para proteção da parcela das obras da lagoa de captação do
empreendimento já executadas – o que já havia sido solicitado em duas outras oportunidades, sendo
descumprido em ambas –, mas sim para que fosse justificado o motivo do descumprimento reiterado
das determinações do TCU.
28. As manifestações dos gestores apresentadas não explicam o porquê do não atendimento dos
itens dos acórdãos supracitados, mas trazem informações sobre medidas adotadas para preservação das
obras da lagoa de captação, as quais serão analisadas a seguir. Apenas essa razão já seria suficiente
para a rejeição das justificativas apresentadas e apenação dos responsáveis. Soma-se, ainda, como será
explanado abaixo, que as medidas adotadas por esses responsáveis não foram consideradas suficientes
para comprovar o atendimento à determinação desta Corte.
29. Desse modo, com relação à análise da audiência propriamente dita, conclui-se que os Srs.
Dâmocles Pantaleão Lopes Trinta e Damião Rodrigues Pita não lograram êxito em justificar o não
atendimento das determinações do TCU, constantes nos itens 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 e 9.1.3
do Acórdão n. 1.119/2010, de modo que se propõe a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso IV,
da Lei 8.443/1992.
30. Cabe ainda ressaltar que, com relação ao fato de os dois gestores terem afirmado que
ocuparam os respectivos cargos apenas até 30/12/2010, tal informação em nada impacta na presente
análise, pois as duas determinações exaradas por esta Corte foram conhecidas e descumpridas durante
suas gestões.
31. Quanto às medidas para proteção da obra, serão analisadas a seguir.
32. Foram elencadas três medidas tomadas pela Cehab/RN e SIN/RN para proteção da obra: (i)
notificação da empresa contratada, dado que ela seria a responsável pela proteção do canteiro, (ii)
existência de um seguro atrelado a obra, no valor de R$ 501.999,41, para garantir a execução dos
serviços, e (iii) ações judiciais para reintegração de posse do terreno da obra invadido por famílias
locais.
33. Verifica-se que as medidas apresentadas não surtiram efeitos, tendo sido insuficientes para
garantir a integridade da obra. Tanto é que ocorreram invasões de moradores das adjacências, em mais
de uma oportunidade (três vezes), conforme informações prestadas na diligência (peça 26, p. 3-5),
evidenciando que a proteção do empreendimento não foi eficaz.
34. Apesar de a proteção do canteiro ser de responsabilidade da contratada, conforme informado,
não se verificou a adoção de medidas por ela para conservação da obra. Tampouco as notificações
1157

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

realizadas pela Cehab/RN e SIN/RN à empresa surtiram efeito, valendo ressaltar que também não foi
identificada a aplicação de eventuais sanções à contratada por conta da falta de ações efetivas na
preservação das obras.
35. A existência do seguro para garantir a conclusão do serviço seria medida extrema, visando a
garantir a conclusão das obras pela contratada. Não é, de fato, uma medida preventiva para evitar a
deterioração da obra.
36. Com relação à última medida citada, a de que existiriam ações judiciais de reintegração de
posse do terreno, da mesma forma que as outras, essa medida não constitui uma forma de prevenir
danos ao empreendimento, mas apenas comprova a falta de cuidado com a obra.
37. Analisando a documentação enviada pela Cehab/RN, em resposta à diligência realizada ao
órgão pelo TCU, verifica-se que ocorreram três invasões ao empreendimento, de modo que as duas
primeiras haviam sido solucionadas, mas a terceira ainda estava pendente de solução.
38. Observando as fotos anexadas na resposta à diligência analisada adiante, observou-se que as
obras da lagoa de captação estão, de fato, deteriorando-se, inclusive, sendo local de despejo de lixo da
população.
39. Já em consulta ao sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal, verificou-se que as obras
constam como paralisadas, com execução de apenas 26,22% (anexo).
40. Diante do exposto, dado que (i) as obras estão paralisadas, segundo informações da Caixa, e
deteriorando-se, conforme relatório fotográfico apresentado, (ii) não se verificou nos autos ações
efetivas da Cehab/RN, nem da SIN/RN, para proteção e retomada das obras, e (iii) o Ministério das
Cidades (Mcid) é o órgão repassador dos recursos para a construção da obra, devendo, portanto,
acompanhar sua correta aplicação, propõe-se determinar ao Ministério das Cidades (Concedente), à
Caixa Econômica Federal (Interveniente) e ao Estado do Rio Grande do Norte (Convenente) que
apresentem, no prazo de 90 dias, a comprovação das providências adotas para retomada da execução
das obras relativas ao Contrato de Repasse 621856. Na impossibilidade de retomada da execução da
obra, nos termos do subitem acima, propõe-se determinar ao Ministério das Cidades que apresente em
60 dias, a contar do prazo final de sua apresentação, o resultado da análise da prestação de contas do
Contrato de Repasse 621856.
II. Diligência relizada para a SIN/RN e Cehab/RN
41. A Secretaria de Estado de Infraestrutura do Rio Grande Norte (SIN/RN) e a Companhia
Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Cehab/RN) foram notificadas da realização da
diligência, respectivamente, por meio dos ofícios n. 657-TCU/Secob3 (peça 11), e n. 658-TCU/Secob3
(peça 10).
42. Os documentos e informações solicitados por meio da diligência foram os constantes do § 14
desta instrução.
43. Tais informações objetivam verificar as medidas adotadas para a retomada das obras da lagoa
de captação (destinada para captação e armazenamento de águas pluviais, funcionando como um
sistema de drenagem para o local), que haviam sido paralisadas em decorrência de estar em estudo a
possibilidade de ela ser transformada em uma lagoa de estabilização (que funcionam como locais para
tratamento de efluentes), a qual serviria de solução de destino do esgoto da comunidade. Essa possível
alteração de projeto ocorreria pois, até aquele momento, não havia sido instalada rede de esgoto na
região, forçando, assim, a modificação do projeto original.
44. A seguir serão apresentadas as informações e respectivas análises.
II.1. Solução adotada para o sistema de esgotamento sanitário
II.1.1 Documentação apresentada pela Cehab/RN e pela SIN/RN
45. Foi informado que a solução adotada para o transporte, tratamento e destinação final dos
esgotos coletados no empreendimento seria a implantação de uma Estação Elevatória de Esgotos
(EEE), que, por sua vez, integrar-se-ia ao Sistema de Esgotamento da Bacia IS, por meio de uma rede
coletora existente e em operação no bairro da Cidade da Esperança.
1158

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

46. Assim, não seria necessário utilizar a lagoa de captação da obra como unidade de tratamento
ou de destinação final dos esgotos.
47. Finalizam afirmando que a referida EEE encontrava-se em fase de conclusão.
II.1.2. Análise da documentação da Cehab/RN e da SIN/RN
48. Considera-se atendido o item, visto que, além das informações prestadas nas respostas, foram
enviados projetos da solução adotada, bem como o oficio n. 1.964/2012-Diretoria Técnica Caern,
informando que as obras específicas da EEE estavam adiantadas, com 98% de execução em
17/10/2012. Desse modo, não foi necessário alterar a concepção original do projeto da lagoa da
captação do empreendimento, a qual cogitava-se ser transformada em lagoa de estabilização.
II.2.Data de reinício das obras relativas à lagoa de captação
II.2.1 Documentação apresentada pela SIN/RN e pela Cehab/RN
49. Os órgãos iniciam afirmando que, com relação à determinação constante no item 9.2.4 do
Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário, a Cehab/RN enviou dois ofícios à contratada para a execução das
obras, Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., solicitando que fossem tomadas as medidas necessárias
para resguardar a obra.
50. Continua informando que ocorreram três invasões de famílias que moravam nas adjacências
da obra, a primeira em 2010, a segunda em 2011, e a terceira em 2012.
51. As duas primeiras foram resolvidas por meio de medidas judiciais, sendo que, até a data de
resposta à diligência, não havia sido deliberada solução judicial para a terceira invasão, de modo que a
obra se encontrava paralisada.
52. Desse modo, não haveria como informar a data de reinício das obras.
II.2.2. Análise da documentação apresentada pela SIN/RN e pela Cehab/RN
53. Com relação às informações de que haviam sido enviados dois ofícios à contratada
demandando ações no sentido de evitar a deterioração da obra, conforme explicitado nas análises das
audiências dos Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes Trinta e Damião Rodrigues Pita, tais ações não se
mostraram suficientes para salvaguardar a integridade da obra, tanto é que ocorreram três invasões em
um período de menos de dois anos (entre 2010 e 2012).
54. Com relação a data de reinício das obras propriamente dita, pelo fato de, na época da
diligência, a obra estar paralisada por conta de invasão de famílias e a desocupação depender de ordem
judicial, constata-se a impossibilidade, de fato, de saber quando as obras iriam reiniciar. Desse modo,
considera-se essa questão como superada diante da impossibilidade de atendimento.
55. Todavia, cabe ressaltar que, conforme análise constante no item I.2 desta instrução, faz-se
necessário determinar ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Estado do Rio
Grande do Norte que apresentem a comprovação das providências adotadas para retomada da
execução das obras relativas ao Contrato de Repasse 621856, e, caso não seja possível a retomada, que
o Ministério das Cidades apresente o resultado da análise da prestação de contas do Contrato de
Repasse 621856.
II.3. Relação de serviços que necessitariam ser refeitos por força da paralisação das obras
da Lagoa de Captação
II.3.1. Documentação apresentada pela Cehab/RN e pela SIN/RN
56. Foi informado que não era considerada a possibilidade de serviços serem refeitos às expensas
da Administração, dado que, por força contratual, a obrigação pela proteção da obra era da contratada
para a sua execução, empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda.
57. Assim, a responsabilidade pelos eventuais danos ocorridos nas obras da Lagoa de Captação,
tais como assoreamento do seu interior e erosão dos taludes, seria de inteira responsabilidade da
contratada, que inclusive já foi notificada a respeito em duas oportunidades.
II.3.2. Análise da documentação apresentada pela Cehab/RN e pela SIN/RN
58. Analisando o Contrato n. 039/2008-SIN, verifica-se em seu item 3.13, alínea b, que existe a
responsabilidade da contratada de zelar pela integridade da obra.
1159

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

59. Apesar de, conforme já mencionado nesta instrução, as ações tomadas pela Cehab/RN e pela
SIN/RN terem sido consideradas insuficientes para resguardar a obra da lagoa, considera-se que o item
da diligência foi atendido, na medida em que não existem as informações solicitadas, já que a
Administração não considerava a hipótese de ter que arcar por retrabalhos em serviços deteriorados.
II.4. Solução adotada para construção da lagoa de captação, caso tenha sido alterada a sua
concepção inicial para passar a ser uma lagoa de estabilização, acompanhada de seus custos,
além do impacto financeiro no contrato.
II.4.1. Documentação apresentada pela Cehab/RN e pela SIN/RN
60. Foi informado que não houve mudança na concepção inicial da lagoa de captação da obra,
dado que a solução para o esgotamento sanitário se trata de uma Estação Elevatória de Esgoto (EEE),
em nada interferindo com as obras da lagoa.
II.4.2. Análise da documentação apresentada pela Cehab/RN e pela SIN/RN
61. Considera-se atendido o item, pois, conforme informações já apresentadas no item II.1 desta
instrução, optou-se por outra solução para o transporte, tratamento e destinação final dos esgotos
coletados no empreendimento, a saber, a implantação de uma Estação Elevatória de Esgotos (EEE)
que, por sua vez, integrar-se-ia ao Sistema de Esgotamento da Bacia IS, por meio de uma rede coletora
existente e em operação no bairro da Cidade da Esperança. Assim, não seria necessário utilizar a lagoa
de captação da obra como unidade de tratamento ou de destinação final dos esgotos.
II.5. Boletins de medição da obra, relatório fotográfico, e cópia dos termos aditivos
celebrados
II.5.1. Documentação apresentada pela Cehab/RN e SIN/RN
62. Foram enviados todos os boletins de medição da obra, além de um relatório fotográfico do
empreendimento, e cópia de todos os termos aditivos celebrados (peças 24 e 26).
II.5.2. Análise da documentação enviada
63. Toda a documentação solicitada (boletins de medição, relatório fotográfico e termos aditivos)
foi apresentada, de modo que o item foi atendido.
64. Todavia, conforme já mencionado anteriormente nesta instrução, cabe destacar que, segundo
informações constantes no sítio eletrônico da Caixa, a obra encontra-se paralisada, com apenas 26,22%
de execução.
65. Também é preciso reforçar que, conforme o relatório fotográfico apresentado pela Cehab/RN
e pela SIN/RN, as obras da lagoa de captação estão sofrendo danos.
66. Tais informações evidenciam a necessidade de propor determinação ao Ministério das
Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Estado do Rio Grande do Norte para que apresentem a
comprovação das providências adotadas para a retomada da execução das obras relativas ao Contrato
de Repasse 621856, e, caso não seja possível a retomada, que o Ministério das Cidades apresente o
resultado da análise da prestação de contas do Contrato de Repasse 621856”.
8. Em conclusão, a unidade especializada entendeu que os responsáveis chamados em audiência
não encaminharam razões de justificativa específicas sobre o ponto questionado, qual seja, o “reiterado
descumprimento de determinações do TCU (apresentação de comprovação da execução de medidas
visando à proteção dos serviços que já foram executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de
captação)”.
9. A SeinfraUrbana registra que a referida determinação foi descumprida em duas oportunidades,
pois as entidades não haviam atendido à diligência determinada pelo subitem 9.1.3 do Acórdão n.
1.119/2010 – Plenário, de mesmo teor que o subitem 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário.
10. Sobre as medidas noticiadas pelos responsáveis, a unidade especializada assim se posiciona:
“69. Os gestores, contudo, enfim apresentaram as medidas que teriam sido adotadas para evitar a
deterioração dos serviços já concluídos da lagoa de captação da obra.
70. Em análise dessas informações, concluiu-se que as ações empregadas não foram suficientes
para evitar uma eventual deterioração da parcela já pronta da obra, tanto que foi relatada a ocorrência
1160

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de três invasões ao canteiro, de modo que resta comprovada a falta de ações mais efetivas para
preservação dos serviços já concluídos da lagoa de captação.
71. Também se observou, nas fotos do empreendimento anexadas na resposta à diligência
analisada adiante, que as obras da lagoa de captação estão deteriorando-se, inclusive, sendo local de
despejo de lixo da população.
72. Já em consulta ao sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal, verificou-se que as obras
constam como paralisadas, com execução de apenas 26,22% (anexo à esta instrução).
(...).
74. Por fim, em análise dos documentos e informações enviados pela SIN/RN e pela Cehab/RN,
concluiu-se que foram atendidos todos os pontos da diligência, sendo enviadas todas as informações
solicitadas. Todavia, é necessário chamar a atenção para o fato de que o relatório fotográfico
apresentado evidencia que houve deterioração das obras da lagoa de captação do empreendimento,
sendo necessário que o Ministério das Cidades adote providências para a conclusão da obra.”
11. Ao final, a SeinfraUrbana, em pareceres uniformes (peças 29/31), sugere, com fundamento
no art. 58, IV, da Lei n. 8.443/1992, no essencial, aplicar multa aos Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes
Trinta e Damião Rodrigues Pita, por não terem atendido, no prazo fixado, sem causa justificada, às
decisões constantes do subitem 9.1.3 do Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário e do subitem 9.2.4 do
Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário.
12. Também foi sugerida a autorização do pagamento das dívidas de forma parcelada, caso
venha a ser solicitado pelos responsáveis antes do envio do processo para cobrança judicial, nos termos
do art. 26 da Lei n. 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno do TCU, além das seguintes
determinações:
a) ao Ministério das Cidades (Concedente), à Caixa Econômica Federal (Interveniente), e ao
Estado do Rio Grande do Norte (Convenente), que apresentem, no prazo de 90 dias, a comprovação
das providências adotadas para retomada da execução das obras relativas ao Contrato de Repasse
621856; e
b) ao Ministério das Cidades que, na impossibilidade configurada de retomada da execução da
obra, nos termos do subitem acima, apresente em 60 dias, a contar do prazo final de sua apresentação,
o resultado da análise da prestação de contas do Contrato de Repasse 621856.
13. Foi apensado ao presente processo o TC-008.393/2015-0, que trata da Solicitação de
Informações formulada pelo Procurador da República Paulo Sérgio Duarte da Rocha Júnior, lotado na
Procuradoria da República no Estado do Rio Grande do Norte, requerendo notícias sobre a
implementação das determinações exaradas por este Tribunal, por meio dos Acórdãos ns. 1.119/2010 e
3.165/2010, ambos do Plenário.
É o Relatório.

VOTO

Nesta fase processual, está em apreciação o monitoramento das determinações constantes do


Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário, proferido no âmbito do TC-000.275/2010-7, relativo à auditoria
realizada no período de 18/01 a 26/02/2010, por meio de Fiscalização de Orientação Centralizada –
FOC, nas obras de construção de unidades habitacionais em Natal/RN, vinculada ao Contrato de
Repasse n. 226.012-13/2007, obras essas que, de acordo com consulta ao sítio eletrônico da Caixa
Econômica Federal, estão paralisadas, com execução de apenas 26,22%.
2. Consoante relatado, o processo original foi submetido a este Colegiado em duas outras
oportunidades, quando foram prolatados os Acórdãos ns. 1.119/2010 e 3.165/2010, ocasiões em que
foram fixados prazos para que as entidades do Rio Grande do Norte efetivassem medidas para a
correção do instrumento contratual celebrado.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Mediante o Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário, ora monitorado, foi fixado prazo para que a
Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte – SIN/RN e a Companhia Estadual de Habitação e
Desenvolvimento Urbano – Cehab/RN adotassem, dentro de suas competências, providências relativas
ao Contrato n. 039/2008-SIN, firmado com a empresa Dois A Engenharia e Tecnologia Ltda., no
tocante às parcelas pagas e a pagar, devendo ser encaminhados a este TCU, ao término do referido
prazo, documentos comprobatórios das medidas implementadas, relativamente ao que se segue
(subitem 9.2):
a) correção na planilha contratual dos quantitativos referentes à “Regularização do subleito”,
“Colchão de areia”, “Pavimentação a paralelepípedos rej. c/ brita e asfalto” e “Meio fio granítico”
(subitem 9.2.1);
b) substituição, na planilha contratual, da unidade “verba” por outras que espelhem
adequadamente os quantitativos dos seguintes itens: 1.2.1 - Elaboração de projeto executivo de
drenagem, pavimentação, lagoa de acumulação e infiltração, rede elétrica e complementares das casas;
1.3.1 - Rede de distribuição de água nas casas inclusive as ligações domiciliares; 1.3.2 - Rede de
distribuição de água duplex inclusive as ligações domiciliares; 8.6.1 - Cobertura em fibra tipo concha
acústica; 10.10.1 - Rede de entrada trifásica c/ caixa de medição padrão Cosern; 10.11.1 - Entrada
d'água padrão Caern (subitem 9.2.2);
c) regularização do item “Mobilização e Desmobilização” no valor de R$ 111.555,39,
indevidamente considerado como BDI, e que deve ser transferido para a planilha orçamentária, de tal
forma que passe a ser medido e pago como custo direto (subitem 9.2.3);
d) comprovação da execução de medidas visando à proteção dos serviços que já foram
executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de captação, nos termos do item 9.1.3 do
Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário (subitem 9.2.4).
4. Também foi determinado aos entes retromencionados, mediante o subitem 9.3.2 do Acórdão,
que encaminhassem, no prazo de 60 dias ao Tribunal relação dos custos correspondentes à
Administração Local do Contrato n. 039/2008 – SIN, firmado com a empresa Dois A Engenharia e
Tecnologia Ltda., de forma a comprovar a fidedignidade do percentual utilizado no BDI.
5. Por intermédio da instrução da peça 6, a Secex/RN procedeu à avaliação do cumprimento dos
subitens 9.2 e 9.3.2 do Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário, a partir da análise de documentação
encaminhada pela Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte – SIN/RN e pela Companhia
Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano – Cehab/RN.
6. Posteriormente, foi efetivada a audiência dos Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes Trinta e Damião
Rodrigues Pita, ex-Secretário de Infraestrutura do Rio Grande do Norte e ex-Diretor Presidente da
Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano do referido Estado, respectivamente,
por não terem atendido, no prazo fixado, sem causa justificada, às decisões constantes dos subitens
9.1.3 do Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário e 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário.
7. As medidas em causa são, em essência, de idêntico teor, mas permito-me transcrever os
respectivos dispositivos de cada deliberação:
a) subitem 9.1.3 do Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário: “adoção de medidas visando à proteção
dos serviços que já foram executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de captação, de forma
a minimizar a necessidade de celebração de novo termo aditivo para execução de novos serviços para
correção de problemas em itens pagos e executados”;
b) subitem 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário: “comprovação da execução de medidas
visando à proteção dos serviços que já foram executados, principalmente daqueles relativos à lagoa de
captação, nos termos do item 9.1.3 do Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário.
8. Ao final das análises, conforme consta da instrução reproduzida parcialmente no Relatório
antecedente, a SeinfraUrbana consigna que os comandos deste Tribunal foram atendidos pelas
entidades do Governo do Rio Grande do Norte, à exceção do contido nos subitens 9.1.3 do Acórdão n.
1.119/2010 – Plenário e 9.2.4 do Acórdão n. 3.165/2010 – Plenário.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. E, uma vez que as manifestações apresentadas não teriam explicado os motivos do não
cumprimento das referidas medidas, a Secretaria sugere a aplicação de multa aos Srs. Dâmocles
Pantaleão Lopes Trinta e Damião Rodrigues Pita, com fundamento no art. 58, IV, da Lei n.
8.443/1992. Adicionalmente, ante as notícias acerca do estado das obras da lagoa de captação, a
unidade técnica propõe o encaminhamento das seguintes determinações:
a) ao Ministério das Cidades (Concedente), à Caixa Econômica Federal (Interveniente), e ao
Estado do Rio Grande do Norte (Convenente), que apresentem, no prazo de 90 dias, a comprovação
das providências adotadas para retomada da execução das obras relativas ao Contrato de Repasse
621856; e
b) ao Ministério das Cidades que, na impossibilidade configurada de retomada da execução da
obra, nos termos do subitem acima, apresente, em 60 dias, a contar do prazo final de sua apresentação,
o resultado da análise da prestação de contas do Contrato de Repasse n. 621856.
10. Para fins de avaliar a pertinência da proposta de encaminhamento oferecida nestes autos,
mister se faz tecer algumas considerações adicionais aos exames feitos nestes autos.
11. Como já consignado acima, as medidas objeto da audiência dos responsáveis foram indicadas
no subitem 9.1.3 do referido Acórdão n. 1.119/2010 e depois no subitem 9.2.4 do Acórdão n.
3.165/2010, ambos do Plenário.
12. Rememoro, que, de acordo com os registros contidos nos itens 16 e 17 da Proposta de
Deliberação que apresentei quando da prolação do Acórdão n. 3.165/2010, embora o subitem 9.1 do
Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário, de cujos desdobramentos consta o subitem 9.1.3 em causa, não
tivesse sido cumprido, não se devia considerar que tivesse havido ato passível de punição, visto que a
oitiva da empresa e a oportunização de defesa para as entidades envolvidas ocorreram
simultaneamente à fixação de prazo para a correção da planilha contratual.
13. Expressei, naquela oportunidade, que, já tendo todos os interessados sido ouvidos, não
haveria mais óbice para que se fixasse novo prazo para que o contrato fosse alterado, para as correções
necessárias, sob pena de aplicação, pelo TCU, das disposições constantes do § 2º do art. 251 do seu
Regimento Interno/TCU.
14. E assim foi feito, como se vê das providências transcritas no item 3 retro, alusivamente ao
Acórdão ora em monitoramento, havendo, implicitamente, uma prorrogação do prazo inicialmente
fixado por esta Corte de Contas, para que as entidades envolvidas fizessem todos os ajustes devidos no
Contrato n. 039/2008 – SIN.
15. Quando do encaminhamento das razões de justificativa, os Srs. Dâmocles Pantaleão Lopes
Trinta e Damião Rodrigues Pita expuseram também as medidas adotadas para proteção da obra, que
foram consideradas insuficientes pela SeinfraUrbana.
16. Foram noticiadas as seguintes providências:
a) notificação da empresa contratada, visto que ela seria a responsável pela proteção do canteiro;
b) existência de um seguro atrelado a obra, no valor de R$ 501.999,41, para garantir a execução
dos serviços;
c) ingresso com ações judiciais para reintegração de posse do terreno da obra invadido por
famílias locais, em três oportunidades.
17. Concordo com a análise efetivada pela SeinfraUrbana quando observa que as medidas
noticiadas não surtiram efeito, tendo sido insuficientes para garantir a integridade da obra. Tanto é que
ocorreram invasões de moradores das adjacências, conforme informações prestadas mediante
diligências, em três oportunidades (peça 26, p. 3-5).
18. Nada obstante, considero de extremo rigor a proposição de multa apresentada pela unidade
técnica, pois, embora não tenham se mostrado eficazes as providências adotadas especificamente
relacionadas aos mencionados subitens 9.1.3 e 9.2.4, conforme exposto acima, não foi evidenciada
inércia dos responsáveis.
19. Ademais, deve-se atentar para as datas das ciências dos envolvidos quanto às deliberações
em causa. Quanto ao Acórdão n. 1.119/2010 – Plenário, não há indicação das datas das respectivas
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ciências. No que diz respeito ao Acórdão subsequente, o de n. 3.165/2010, prolatado em 24/11/2010,


ora monitorado, de conformidade com os documentos da peça n. 2, a Secretaria de Infraestrutura do
Rio Grande do Norte – SIN e a Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano –
Cehab/RN receberam as notificações em 13 e 14 de janeiro de 2011, quando os dois responsáveis cujas
audiências foram promovidas, relativamente a descumprimento de determinação deste Tribunal, não
mais estavam respondendo pela gestão das mencionadas entidades, o que ocorreu somente até
30/12/2010, como informado nas razões de justificativa e confirmado pela unidade técnica.
20. Assim, e na linha de entendimento deste Tribunal, a exemplo dos Acórdãos ns. 4.759/2011 –
1ª Câmara, 5.923/2014 – 2ª Câmara e 3.437/2014 – Plenário, deixo de acolher a proposta de apenação
aos envolvidos.
21. Em outra vertente, tendo em vista as notícias acerca do estado das obras –, que, como já dito,
foram invadidas em três oportunidades, sendo, inclusive, local de despejo de lixo da população –,
devem os órgãos e entidades envolvidos bem avaliar a questão da retomada das obras em causa, como
bem propõe a unidade instrutiva.
22. O Ministério das Cidades, como órgão repassador dos recursos para a construção da obra, a
Caixa Econômica Federal, como interveniente, e o Estado do Rio Grande do Norte, como convenente,
devem apresentar a comprovação das providências adotadas para retomada da execução das obras
relativas ao Contrato de Repasse n. 621.856. E, na impossibilidade de se efetuar essa retomada, é
necessário que o Ministério das Cidades apresente o resultado da análise da prestação de contas do
aludido Contrato de Repasse a este Tribunal.
23. De toda forma, em todas as hipóteses, cabe ao Ministério das Cidades considerar a
possibilidade de dano ao erário, que, se comprovado, enseja a adoção das medidas do art. 8º da Lei n.
8.443/1992.
24. Por derradeiro, tendo em vista que, em apenso, encontra-se o TC-008.393/2015-0, que trata
da Solicitação de Informações formulada pelo Procurador da República Paulo Sérgio Duarte da Rocha
Júnior no Rio Grande do Norte, acerca da implementação das determinações exaradas por este
Tribunal, por meio dos Acórdãos ns. 1.119/2010 e 3.165/2010, ambos deste Plenário, cumpre remeter
cópia do Acórdão que sobrevier, acompanhado dos correspondentes Relatório e Voto, ao solicitante.
Nessas condições, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2752/2015 – TCU – Plenário

1. Processo TC-024.630/2012-8. Apenso: TC-008.393/2015-0.


2. Grupo: II – Classe de Assunto: V – Monitoramento – Relatório de Auditoria de
Conformidade.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidades: Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal,
Secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e da Assistência Social (Sethas) do Governo do Estado do
Rio Grande do Norte e Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Cehab).
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secex/RN e SeinfraUrbana.
8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do monitoramento das determinações exaradas no
Relatório de Auditoria de Conformidade integrante da Fiscalização de Orientação Centralizada – FOC,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

objetivando avaliar a execução das obras de construção de unidades habitacionais em Natal/RN


(Contrato de Repasse n. 226.012-13/2007), obras essas previstas no Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar:
9.1.1 ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Estado do Rio Grande do
Norte que apresentem, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da ciência deste Acórdão, a
comprovação das providências adotadas para retomada da execução das obras relativas ao Contrato de
Repasse n. 621.856;
9.1.2 ao Ministério das Cidades que:
9.1.2.1 na impossibilidade configurada de retomada da execução da obra, nos termos do subitem
acima, apresente em 60 (sessenta) dias, a contar do prazo final de sua apresentação, o resultado da
análise da prestação de contas do Contrato de Repasse n. 621.856;
9.1.2.2 em qualquer das hipóteses aventadas nos subitens 9.1.1 ou 9.1.2.1 acima, avalie a
possibilidade de dano ao erário e, se for o caso, adote as medidas indicadas no art. 8º da Lei n.
8.443/1992;
9.2 remeter cópia deste Acórdão, assim como do Relatório e do Voto que o fundamentam, ao
Procurador da República no Estado do Rio Grande do Norte, Sr. Paulo Sérgio Duarte da Rocha Júnior,
interessado no TC-008.393/2015-0, em apenso.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2752-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II - CLASSE I - Plenário


TC 029.083/2013-3
Natureza: Agravo (em DESESTATIZAÇÃO)
Agravante: Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (CPF-331.556.234-20).
Unidades Jurisdicionadas: Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) e Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), vinculada à SEP/PR.
Interessados: Tribunal de Contas da União.
Advogado: Apuán Carvalho da Costa (OAB-DF nº 32.322).

SUMÁRIO: DESESTATIZAÇÃO. ACOMPANHAMENTO DO 1º ESTÁGIO DAS


CONCESSÕES DE ÁREAS E INSTALAÇÕES LOCALIZADAS NOS PORTOS ORGANIZADOS
DE SANTOS, VILA DO CONDE E TERMINAIS DE OUTEIRO E MIRAMAR. NOVO EVTEA –
FASE 1 DO BLOCO 1 DOS ARRENDAMENTOS. REGULARIDADE DA ALTERAÇÃO DO
CRITÉRIO DE JULGAMENTO DAS LICITAÇÕES PARA MAIOR VALOR DE OUTORGA.
1165

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. NOVOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO MERA PETIÇÃO E NEGADO SEGUIMENTO. AGRAVO.
CONHECIMENTO. NEGADO PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso de agravo, em processo de Desestatização, interposto pelo Deputado Federal


Augusto Rodrigues Coutinho de Melo, com fundamento no art. 289, § 4º, do Regimento Interno do
TCU (RI/TCU), contra decisão da minha lavra (peça nº 269), datada de 21/9/2015, por meio da qual
recebi nova peça do signatário nominada embargos de declaração como mera petição e, nos termos do
art. 287, § 6º do RI/TCU, neguei-lhe seguimento.
2. Anteriormente, o Sr. Augusto Coutinho havia manejado embargos de declaração em face do
Acórdão nº 1.077/2015-TCU-Plenário, o qual fora igualmente não conhecido pelo Tribunal por
intermédio do Acórdão nº 2.193/2015-TCU-Plenário, constante da Relação nº 31/2015, de minha lavra
e vazado nos seguintes termos:
“Considerando que se examinam, nesta oportunidade, embargos de declaração opostos ao
Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário pelo Sr. Augusto Rodrigues Coutinho de Melo, na condição de
Deputado Federal;
Considerando que a legitimidade prevista no art. 237, inciso III, do Regimento Interno do TCU
(RITCU), em se tratando de autoridade parlamentar, como é o caso, limita-se ao processo de
representação, espécie do gênero ‘fiscalização’;
Considerando que o processo em questão é de acompanhamento de desestatização, de rito
próprio, disciplinado pela Instrução Normativa TCU 27/1998;
Considerando que o interesse recursal arguido pelo embargante se fundamenta, em essência, em
conexão havida entre a matéria deste processo e a do TC 012.687/2013-8 – representação de sua
autoria acerca de supostas irregularidades na Portaria SEP-PR 38/2013, que autorizou a Empresa
Brasileira de Projetos S.A. (EBP) ‘a desenvolver estudos para subsidiar a preparação de
procedimentos licitatórios de concessões de portos organizados e de arrendamentos portuários’ –,
bem como que a omissão suscitada, neste julgado embargado, refere-se à questão de fundo daquele
processo;
Considerando que este Tribunal já deliberou naqueles autos por intermédio do Acórdão
1.555/2014-TCU-Plenário, pelo qual autorizou, quanto ao mérito, o prosseguimento dos atos
decorrentes da Portaria SEP-PR 38/2013 – sem prejuízo de determinações dirigidas à Secretaria
Especial de Portos –, após ter rejeitado pedido de suspensão cautelar dos certames à época em
andamento;
Considerando que, conquanto se reconheça ponto de conexão entre os processos, a decisão
prolatada no TC 012.687/2013-8 (Acórdão 1.555/2014-TCU-Plenário) não conflita com a deste feito
(Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário); pelo contrário, com esta é compatível;
Considerando que, mesmo na hipótese de superado o óbice decorrente da natureza do processo,
em termos de legitimidade originária, o embargante, nesta etapa de admissibilidade recursal, em vista
dos fundamentos acima, não demonstra razão legítima para intervir no processo, carecendo, portanto,
de interesse recursal, condição necessária à sua habilitação no processo, nos termos do art. 146 c/c o
art. 282 do RITCU;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de
1992, c/c os arts. 15, inciso II, 143, inciso V, alínea ‘f’, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela
Resolução nº 155, de 4 de dezembro de 2002, ante as razões expostas pelo Relator, em não conhecer
dos embargos de declaração interpostos pelo Sr. Augusto Rodrigues Coutinho de Melo, na condição
de Deputado Federal”.
1166

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Referido Acórdão nº 1.077/2015-TCU-Plenário, por sua vez, cuidou de pedido de reexame


contra o Acórdão nº 3.661/2013-TCU-Plenário, decidindo no seguinte sentido:
9.1. conhecer do pedido de reexame interposto pela Secretaria de Portos da Presidência da
República e, quanto ao mérito, dar-lhe provimento parcial, de modo a:
9.1.1. retirar a exigência de utilização da regulação por tarifa-teto, porquanto esta se mostra
como uma dentre as opções de metodologias de regulação tarifária aplicáveis à modelagem dos
arrendamentos a serem leiloados, sendo da competência do poder concedente a escolha da
metodologia a ser utilizada;
9.1.2. considerar constitucionais e legais os critérios de julgamento da licitação adotados pela
SEP e pela Antaq, em especial a opção pelo julgamento em função da maior capacidade de carga
movimentada com preço negociado entre arrendatário e beneficiário, submetido a controle
regulatório subsidiário;
9.1.3. alterar os subitens 9.1.13, 9.1.14, 9.1.15 e 9.1.17 da deliberação recorrida, para que
passem a vigorar com a seguinte redação:
“(...)
9.1.13. justificação dos preços e tarifas utilizados nos estudos de viabilidade e fundamentação,
de maneira consistente, da metodologia de coleta dos preços e tarifas utilizados na alimentação dos
fluxos de caixa;
9.1.14. fundamentação da política tarifária a ser aplicada em todos os estudos de viabilidade das
concessões de arrendamentos portuários, envolvendo uma análise regulatória, econômica,
concorrencial e de custo-benefício, que permita avaliar a necessidade, a adequação e a
proporcionalidade do estabelecimento de tarifas reguladas ou do regime de preços (liberdade tarifária);
9.1.15. revisão da modelagem empregada no terminal STS13, de forma que os preços ou tarifas
reguladas estabelecidos sejam devidamente fundamentados, a fim de refletir a variedade de cargas
movimentadas no terminal;
(...)
9.1.17. inclusão, nos contratos de arrendamentos portuários submetidos à regulação tarifária,
de cláusula de revisão tarifária periódica, observando a metodologia a ser definida pela Antaq, de
forma a manter a modicidade tarifária e o equilíbrio do contrato;
9.2. alertar a Secretaria de Portos da Presidência da República e a Antaq que, dada a forma
escolhida para o arrendamento de terminais portuários, os critérios e regras do edital relativos aos
parâmetros de desempenho e operacional dos terminais a serem arrendados não viabilizam,
isoladamente, a consecução dos princípios constitucionais e das diretrizes legais, competindo ao
órgão regulador a expedição de regras complementares tendentes ao devido tratamento das
internalidades incidentes sobre o arrendamento de terminais portuários, de modo a minimizar o tempo
máximo de parada de carga movimentada em área primária do terminal e mecanismos antitruste para
o caso de cadeias verticalizadas;
9.3. alertar a Secretaria de Portos da Presidência da República e a Antaq que, dada a forma
escolhida para o arrendamento de terminais portuários, os critérios e regras do edital relativos aos
parâmetros de desempenho e operacional dos terminais a serem arrendados não viabilizam, por si
mesmos, a consecução dos princípios constitucionais e das diretrizes legais, competindo ao órgão
regulador a expedição de regras complementares tendentes ao devido tratamento das externalidades
incidentes sobre o arrendamento de terminais portuários, de modo ao tratamento sistêmico da
operação de portos (rubrica frete), visando a qualidade, desempenho, competitividade, modicidade
tarifária e proteção dos usuários e arrendatários, incluída aí normas de regulação e fiscalização das
companhias de navegação, brasileiras ou não, de modo a criar mecanismos facilitadores de
transferência, ainda que parcial, aos usuários das melhorias decorrentes dos novos arrendamentos de
terminais portuários;
9.4. dar ciência à Secretaria de Portos e à Antaq do recomendável desenvolvimento de critérios,
em especial: tarifa-meta a ser utilizada pela Antaq como mecanismo gerencial de monitoramento e
1167

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

consecução de preços compatíveis com o mercado internacional; tempo-meta de espera de


embarcações na área de fundeio, ou de caminhões em retro-áreas ou rodovias, para o início das
operações de carregamento/descarregamento; eficiência-meta do arrendatário no
embarque/desembarque de cargas; satisfação-meta dos usuários dos terminais arrendados;
9.5. determinar à Secretaria de Portos e à Antaq que remetam a este Tribunal, para análise no
próximo estágio deste processo de desestatização, os critérios utilizados para a fundamentação da
política tarifária de cada arrendamento, de maneira a evidenciar as diferentes estratégias
regulatórias, inclusive quanto à alimentação do fluxo de caixa, especialmente quando forem adotadas
soluções tarifárias distintas entre terminais análogos, bem assim os mecanismos de proteção aos
direitos dos usuários em caso de aplicação do regime de liberdade tarifária;
9.6. deixar assente que o Tribunal de Contas da União, no uso de suas competências
constitucionais, exerce o controle do poder discricionário da administração pública, através da
proteção e concretização dos princípios constitucionais e diretrizes legais aplicáveis, bem assim pelo
critério da razoabilidade, controlando eventuais omissões, excessos ou insuficiências na atuação os
órgãos e entidades envolvidos;
9.7. manter em seus exatos termos os demais subitens do Acórdão 3.661/2013-Plenário e,
quanto ao item 9.1.15, na compreensão detalhada no item 29 do Voto do Ministro Relator;
9.8. esclarecer à Secretaria de Portos da Presidência da República que quaisquer dos terminais
portuários previstos no Bloco I da Portaria 38/2013 da SEP/PR podem ser licitados imediatamente de
forma isolada ou em sub-blocos, desde que sejam atendidas, em relação à respectiva área portuária,
as condicionantes específicas consignadas no Acórdão 3.661/2013-Plenário;
9.9 determinar à Antaq e à Secretaria de Portos que, no edital de licitação da área STS-4, do
Porto de Santos, do Bloco I, se for o caso, faça expressa menção a quaisquer restrições judiciais, a
exemplo da existência da ADPF 316, que tramita no STF, com medida cautelar concedida a favor da
União, bem como administrativas que, na época da realização do referido certame, incidam sobre a
determinada área licitada e que possam, no futuro, causar impacto na eventual contratação
decorrente;
9.10 autorizar a Antaq e a Secretaria de Portos, com o fito de evitar o retardamento das
licitações para arrendamentos de áreas portuárias, a substituir as novas audiências públicas
determinadas no subitem 9.7.3 do Acórdão 3.661/2013-Plenário – voltadas à rediscussão das
modificações intercorrentes nos procedimentos voltados aos arrendamentos enfocados neste processo
–, pela possibilidade de acompanhamento concomitante dos estudos e procedimentos afetos às
referidas licitações, a ser franqueada aos interessados (autoridades municipais, órgãos de controle e
demais interessados);
9.11. recomendar à Antaq que proceda a amplo diagnóstico acerca de sua situação atual, com a
indicação de suas fragilidades e forças, bem como dos desafios futuros a serem enfrentados,
consubstanciado em um sistema de planejamento institucional, com vistas a elaborar medidas que
visem a fortalecer sua atuação, gestão e governança, para que aquela unidade possa melhor
desempenhar suas competências legais e normativas em benefício da sociedade brasileira;
9.12. determinar à Segecex que autue processo destinado ao desenvolvimento de metodologia de
controle externo sob a lógica da governança pública, de modo a sua adequação à nova modelagem de
concessão portuária tratada nestes autos e as aspirações da Lei 12.815/2013, submetendo ao Relator
em prazo razoável para a devida apreciação pelo Plenário deste Tribunal;
9.13. orientar à SeinfraHid para que utilize, na apreciação das ações em curso e a serem
editadas em função das determinações supra, os critérios definidos neste Acórdão, bem assim
determinar que acompanhe a efetiva implementação dos cronogramas de ações e normas
viabilizadoras do novo modelo, com foco em resultados de efetiva melhoria do setor;
9.14. determinar à SeinfraHid que, no prazo de 90 dias, finalize auditoria de forma a:
9.14.1. avaliar o cronograma de implementação das medidas já em curso e plano para a edição
de solução tendente à definição de mecanismos, modelagem, critérios e parâmetros regulatórios que
1168

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

atendam os princípios constitucionais e as diretrizes legais, consoante estabelecido neste Acórdão,


inclusive medidas inerentes a retro-áreas portuárias e estações aduaneiras interiores, de modo a
mitigar as causas de ineficiência do setor e os efeitos das internalidades e das externalidades sobre o
sucesso da modelagem de arrendamento sob análise, o que não impede a continuidade dos
procedimentos licitatórios relativos ao Bloco I;
9.14.2. aferir o progresso de medidas tendentes à melhoria da capacidade da Antaq de controlar
e de regular os preços praticados por arrendatárias e os indicadores de qualidade e desempenho, em
especial no caso de licitação por maior capacidade de movimentação de carga, e projeção das ações
destinadas à dotar a Agência de recursos humanos, materiais, tecnológicos e orçamentários
compatíveis com o encargo, tais como concursos públicos, desenvolvimento de metodologias,
tecnologia da informação, entre outras;
9.14.3. verificar o andamento de planos de cooperação entre Secretaria dos Portos/Antaq com
outros ministérios, em especial o da Fazenda (aduana) Saúde/Anvisa (fiscalização sanitária) e
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (vigilância agropecuária), em cuja concepção esteja a ideia de
‘cadeia’ ou ‘ciclo’ de operação portuária, no sentido de redução de gargalos que afetam os
indicadores e custos dos portos brasileiros, tais como a construção de um regime de eficiência e
eficácia aduaneira e de fiscalização sanitária e agropecuária, de modo a adotar boas práticas
internacionais;
9.15. determinar, ainda, à SeinfraHid que:
9.15.1 obtenha mediante diligência — e utilize como subsídio à análise dos demais estágios de
desestatização — os estudos até aqui produzidos pela Autoridade do Porto de Rotterdam, pelo Centro
de Excelência em Engenharia de Transportes (Centran) e pela Universidade Federal de Santa
Catarina, no interesse da Secretaria de Portos da Presidência da República, no âmbito do Plano
Nacional de Logística Portuária;
9.15.2 autue processo de representação para apurar os fatos noticiados pelas autoridades
municipais de Santos-SP mediante o Ofício 528/2014-GPM-E, de 4/11/2014 – a sinalizar supostas
irregularidades na prorrogação do Contrato de Arrendamento PRES 41/97, referente à área STS-4
(Grãos – Ponta da Praia) – e, se necessário, proponha a suspensão cautelar dos procedimentos;
9.16. dar ciência deste decisum à recorrente e, em complemento ao subitem 9.9 do acórdão
recorrido, à Casa Civil da Presidência da República, ao Ministério da Fazenda, ao Ministério da
Saúde, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ao Ministério da Defesa, ao
Ministério da Justiça, ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao Conselho
Nacional de Desestatização, à Comissão Nacional das Autoridades nos Portos, à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, à Agência Nacional de Transportes Aquaviários, ao Grupo de Trabalho de
Modernização da Gestão Portuária e ao Deputado Milton Monti, Presidente da Subcomissão de
Portos da Câmara dos Deputados.

4. A seguir, reproduzo os argumentos manejados pelo agravante:


“2. Os primeiros Embargos de Declaração foram opostos em face da omissão contida no
Acórdão nº 1077/2015 — TCU — Plenário, que julgou o Pedido de Reexame interposto pela
Secretaria de Portos da Presidência da República — SEP/PR, nos autos do processo de
acompanhamento da desestatização, por meio de arrendamento, de áreas e instalações localizadas
nos portos organizados de Santos, Belém, Santarém, Vila do Conde e terminais de Outeiro e Miramar,
onde serão licitados 16 (dezesseis) lotes de projetos, que correspondem a 29 (vinte e nove) áreas e
instalações portuárias, constantes do primeiro bloco daqueles previstos na Portaria nº 38/2013,
expedida pela Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR).
3. A omissão do Acórdão nº 1077/2015 — TCU — Plenário restou materializada em decorrência
da ausência enfrentamento do tema ‘necessidade de atualizações dos EVTEAs’, objeto de
deliberação pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, sendo o assunto
1169

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

oficialmente comunicado ao TCU por meio do Ofício nº 64/2015/CFFC, de 8/4/2015, cujo teor foi
objeto de comunicação nos presentes autos em 02 (duas) oportunidades.
4. Apesar dos esforços conjuntos dos parlamentares que deliberaram sobre o tema, nenhuma
palavra foi dita sobre o Ofício nº 64/2015/CFFC em todo o corpo do Acórdão nº 1.077/TCU-
Plenário, fazenda de tábula rasa as orientações daquela Comissão, o que demonstra, por si só, a
existência de omissão no presente julgado.
5. Considerando a omissão contida na deliberação desse TCU, o Agravante opôs os primeiros
Embargos Declaratórios a fim de sanar a flagrante omissão do Acórdão nº 1077/2015 — TCU —
Plenário.
6. Porém, para a surpresa do Embargante, os mesmos não foram conhecidos por falta de
legitimidade do Embargante, ora Agravante, apesar de a sua legitimidade ter sido reconhecida em 03
(três) manifestações do Plenário dessa Corte.
7. Assim, o Acórdão 2.193/2015 — TCU — Plenário, JULGADO EM RELAÇÃO (sem
apresentação do seu conteúdo ao Colegiado), declarou a falta de legitimidade do Agravado, o que
suscitou evidente contradição ao que já havia sido decidido anteriormente pelo mesmo Relator no
processo 004.440/2014-5 e pela Ministra Ana Arraes no Acórdão 828/2015-TCU-Plenário, conforme
será demonstrado a seguir.
8. O despacho ora agravado, ao manter a decisão do Acórdão 2.193/2015 — TCU — Plenário
manteve, portanto, os mesmos vícios já apontados, não havendo outra forma de saná-los se não pela
interposição do presente recurso de agravo.

II. DA DECISÃO AGRAVADA


9. A decisão agravada, proferida por meio de despacho decisório, negou seguimento aos
segundos Embargos Declaratórios e manteve incólume a decisão do Acórdão 2.193/2015 — TCU —
Plenário, que não reconheceu a legitimidade do Agravante para ingressar como interessado no
presente processo (primeiros Embargos Declaratórios).
10. Em sua breve fundamentação, o despacho afirmou que os Embargos Declaratórios
anteriormente opostos (segundo ED) tinham intenção de rediscutir o mérito do Acórdão atacado e,
portanto, foram recebidos como mera petição.
11. Com a devida vênia, a decisão agravada necessita de urgente reparo. Primeiramente,
cumpre ressaltar que apesar dos esforços coletivo para demonstrar a esse Colendo TCU sobre a
necessidade de atualização dos EVTEAs, cuja finalidade é balizar a licitação de área portuárias pelos
próximos 25 (vinte e cinco) anos, os primeiros Embargos Declaratórios tiveram seu seguimento
obstado em razão do seu ‘não conhecimento’ pela falta de ‘legitimidade’ do Embargante, ora
Agravante.
12. Nesse sentido, o despacho ora agravado manteve o mesmo entendimento do Acórdão nº
2.193/2015 — TCU — Plenário. Porém, esse entendimento não merece prosperar, tendo em vista que
não sanou a omissão discutida e, ainda, resultou em flagrante contradição com outras decisões deste
Eg. Tribunal.
13. Logo, a decisão consignada no Acórdão nº 2.193/2015 — TCU — Plenário, não guardou
costumeiro acerto, desacerto este que foi mantido pelo despacho ora agravado, motivo pelo qual a
decisão deve ser reformada, conforme será demonstrado a seguir.

III.DAS RAZÕES RECURSAIS (DA LEGITIMIDADE DO AGRAVANTE):

14. Primeiramente, o recebimento dos Embargos Declaratórios como mera petição, decisão
baseada no artigo 287, §6 2 do RITCU, merece ser reconsiderada.
15. O referido artigo afirma que os Embargos Declaratórios serão recebidos como mera petição
nos casos em que forem meramente protelatórios, caso em que não se enquadra a presente demanda.
1170

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

16. Os primeiros embargos declaratórios opostos apontaram a omissão quanto ao tema


‘necessidade de atualizações dos EVTEAs’, tema este que continua omisso tendo em vista o não
conhecimento dos embargos por falta de legitimidade do Agravante.
17. Contra essa decisão foram opostos os segundos Embargos Declaratórios, flagrantemente
contraditória em relação às deliberações anteriores da Corte sobre o ingresso do Embargante no
processo, que não tem nenhum interesse em protelar bom andamento das licitações, o que não
significar ser conivente com os fatos retratados nos autos.
18. Nesse sentido, os segundos Embargos Declaratórios demonstraram de modo cristalino a
contradição na decisão que julgou os primeiros Embargos Declaratórios, vez que a legitimidade do
Embargante para figurar em ambos os processos (029.083/2013-3 e 004.440/2014-5) não estava em
discussão, cabendo ao Tribunal apreciar o mérito do recurso.
19. Assim, cumpre aclarar novamente a incoerência da decisão que não reconheceu a
legitimidade do Agravante para integrar o presente processo se, conforme descrito acima, sua
legitimidade foi reconhecida pelo Tribunal no processo de monitoramento e com assuntos totalmente
conexos.
20. Senhor Ministro, Vossa Excelência não pode afastar a atuação do Embargante, vez que esse
tópico não está em discussão, visto que no Acórdão 828/2015 — TCU — Plenário, a Ministra Ana
Arraes, não só declarou a legitimidade do Agravante para figurar como parte no presente processo
como, determinou que a discussão levantada no processo 004.440/2014-5 fosse inserida no processo
029.083/2013-3.
21. Em seu voto, a Douta Ministra declarou que:
"10. Em tempo, registro que no dia 08/04/2015 o deputado federal Augusto Coutinho remeteu
novo expediente ao tribunal, dessa feita discorrendo sobre o lapso temporal decorrido desde a
elaboração dos estudos de viabilidade que instruem essas desestatizações e pleiteando "que seja
determinada à SER/PR ANTAQ, a imediata revisão dos estudos (EVTEAs) elaborados pela EBP e
aprovados ANTAQ (Resolução ANTAQ n°. 3021/2013), de modo que as licitações retratem com
transparência e fidelidade o atual cenário econômico nacional, bem como as interferências dos
mercados externos, especialmente em relação à vertiginosa queda de nossa balança comercial, por
ser essa a medida que melhor atende ao interesse público e à coletividade".
Não obstante ter sido inserida nestes autos, a peça deve ser tratada no âmbito do TC
029.083/2013-3, que analisa de forma ampla as desestatizações portuárias desse primeiro bloco,
uma vez que este TC 004.440/2014-5 tem por único objetivo monitorar as providências deliberadas
pelo Acórdão 3.661/2013 — Plenário."
22. Nesse sentido, o Acórdão ainda continha, em seu dispositivo, as seguintes determinações:
" 9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declaração opostos por Augusto Rodrigues
Coutinho contra o Acórdão 1.555/2014 - Plenário, proferido em monitoramento do cumprimento das
providências deliberadas pelo Acórdão 3.661/2013 - Plenário, exarado no TC 029.083/2013-3, que
tratou da desestatização de áreas e instalações portuárias localizadas nos portos organizados de
Santos, Belém, Santarém e Vila do Conde e nos terminais de Outeiro e Miramar, inseridas no
primeiro bloco de licitações previsto na Portaria 38/2013, da Secretaria de Portos da Presidência da
República.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 32 e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los;
9.2. juntar cópia do expediente remetido pelo deputado federal Augusto Rodrigues Coutinho,
constante da peça 49, ao TC-029.083/2013-3, para que seja analisada no âmbito daquele processo;
9.3. dar ciência desta deliberação ao embargante, à Secretaria de Portos da Presidência da
República e à Agência Nacional de Transportes Aquaviários."
1171

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

23. Dessa forma, percebe-se que a Ministra Ana Arraes já havia declarado a legitimidade do
Agravante para figurar no presente processo, tendo em vista que mandou juntar cópia do expediente
remetido pelo Agravante ao mesmo.
24. Percebe-se, portanto, que não é razoável o não conhecimento do recurso com base no
argumento "legitimidade", vez que esse quesito não estava em debate por ser matéria já superada.
25. Ademais, o mesmo Relator, no Acórdão nº 3143/2014 — TCU — Plenário, de maneira
pragmática, firmou seu entendimento acerca da legitimidade do Agravado, verbis:
VOTO
1 Registro, inicialmente, que atuo neste processo em substituição à ministra Ana Arraes, nos
termos da Portaria TCU 287, de 16 de outubro de 2014.
2. Trata-se de agravo interposto pela Advocacia-Geral da União — AGU contra despacho em
que a relatora admitiu embargos de declaração apresentados pelo deputado federal Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo contra o Acórdão 1.555/2014 — Plenário, que apreciou o
monitoramento das providências deliberadas pelo Acórdão 3.661/2013 — Plenário, exarado no TC
029.083/2013-3, relativas à desestatização de áreas e instalações portuárias localizadas nos portos
organizados de Santos, Belém, Santarém e Vila do Conde e nos terminais de Outeiro e Miramar,
inseridas no primeiro bloco de licitações previsto na Portaria 38/2013 da Secretaria de Portos da
Presidência da República — SEP/PR.
3. Os motivos alinhados pela AGU encontram-se detalhados no relatório. De forma sintética,
referem-se todos à possível ilegitimidade do embargante.
4. Não vejo, no entanto, razão para que o despacho agravado seja modificado.
5. Registro, inicialmente, que, de forma contrária ao que alegou a AGU, não existe qualquer
óbice a que o ingresso de terceiro nos autos ocorra de forma simultânea à sua pretensão de exercer
prerrogativas processuais. O apontamento da AGU de que o embargante deveria ter apresentado
prévio pedido de ingresso nos autos aborda questão meramente formal e em nada afeta o mérito da
discussão. Caso tivesse ocorrido tal solicitação prévia, a relatora poderia tê-lo deferido, o que
conduziria, de igual forma, à apresentação dos mesmos embargos declaratórios agora questionados.
Por evidente, ao conhecer dos embargos, a relatora adotou solução mais compatível com a
racionalidade administrativa e reconheceu implicitamente, naquele mesmo momento, o interesse
processual do embargante. Não resta qualquer dúvida de que o admitiu como parte no processo.
5. É certo que o juízo de admissibilidade de um interessado no processo comporta significativo
grau de subjetividade. Compete ao relator a formulação desse juízo, em face do maior conhecimento
que detém acerca das particularidades do processo e dos bens jurídicos nele tratados e que devem ser
tutelados.
6. No caso específico, o bem jurídico a ser tutelado é a observância aos princípios insculpidos
no art. 37 da Carta Magna, conjugados ao efetivo cumprimento das diretrizes estabelecidas no art. 39
da Lei 12.815/2013, a denominada "Lei dos Portos".
7. Como este Tribunal já destacou em mais de uma oportunidade, o processo de desestatização
das áreas de portos organizados e arrendamentos portuários constitui pilar fundamental para
eliminação de alguns dos maiores entraves ao crescimento e à alavancagem da economia nacional e,
de forma reflexa, à modernização do país e à melhoria das condições sociais da população. Nesse
contexto e de forma mais relevante, os efeitos das questões submetidas ao crivo desta Corte irão
espraiar-se pelos próximos vinte ou trinta anos, o que exige postura cautelosa, avessa à azáfama.
Urgência não pode ser confundida com precipitação.
8. Sob esse prisma, destaco que os processos submetidos ao Tribunal não possuem natureza
judicial e, portanto, não lhes são aplicáveis os mesmos rigores relacionados aos atos preparatórios
exigidos daqueles que tramitam no Poder Judiciário. O processo no Tribunal de Contas da União
move-se fundado na aplicação dos princípios ínsitos aos processos administrativos, dentre eles os do
interesse público, do formalismo moderado e da busca da verdade material. A busca da verdade
1172

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

material, neste caso específico, se faz mais premente em vista da relevância das questões discutidas
nestes autos, sobretudo em face do amplo horizonte temporal em que seus resultados se farão sentir.
9. Especificamente em relação aos processos que tratam de desestatizações, o TCU se
manifesta sobre o atendimento dos parâmetros estabelecidos na IN TCU 27/1998, sobretudo em
relação à suficiência dos documentos apresentados em cada estágio. Não são, portanto, processos
em que se busca responsabilizar ou punir agentes específicos. Não há que se falar, por conseguinte,
na existência de litígio ou de litigantes. Em tais situações, em especial, a obtenção de informações
que conduzam à melhor compreensão das questões tratadas não pode ser tida como prejudicial ao
interesse público, mas ao contrário, como sua aliada.
10. O embargante já demonstrou, em mais de uma oportunidade, seu interesse, preocupação e
condição de prestar auxílio a este Tribunal no que se refere ao bom andamento dos processos
relacionados à infraestrutura nacional, até mesmo em decorrência da posição que ocupa como
presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos
Deputados. Como signatário da representação que conduziu autuação do TC 012.687/2013-8, trouxe
a esta Casa questões que suscitaram intensos debates e reflexões e que, ao final, trouxeram
significativo ganho ao controle ao resultarem nas determinações e recomendações constantes do
Acórdão 1.155/2014-Plenário. Dentre tais determinações, destaco a dirigida à SEP/PR para que
modificasse os critérios para cálculo dos ressarcimentos dos valores dos estudos técnicos
selecionados nos termos da Portaria SEP/PR 38/2013, bem assim aquela encaminhada à Casa Civil
da Presidência da República para que oriente os órgãos da administração pública a adotarem as
disposições do Decreto 5.977/2006 para autorizações destinadas à realização de estudos sobre
arrendamentos portuários e concessões de portos organizados, até que aquela Pasta regulamente
tais procedimentos, nos termos da competência que lhe foi atribuída pelo art. 16, inciso II, da Lei
12.815/2013.
11. As questões tratadas no TC 012.687/2013-8 não podem ser dissociadas daquelas tratadas
neste feito, como pretende a agravante. A inexistência de conexão processual registrada nos
sistemas corporativos desta Casa não retrata adequadamente o nexo existente entre ambos os
processos. A prova da correlação entre os temas discutidos se encontra consignada no Acórdão
3.661/2013-Plenário, proferido no TC 029.083/2013-3, que expressamente deu ciência a órgãos do
Poder Executivo de que as questões tratadas no TC 012.687/2013-8 tinham "potencial de
comprometer a continuidade do processo de concessão".
12. Na condição de autor da representação, o deputado signatário pode ter reconhecida sua
condição de interessado, nos termos do art. 144 do Regimento Interno, pendente apenas o juízo de
sua razão legítima para intervir no processo, que, neste caso, advém de seu protagonismo nos fatos
associados ao setor portuário recentemente discutidos por esta Corte.
13. É imprópria a afirmativa da AGU de que o Tribunal reconhecer a existência de interesse
por parte daquele parlamentar equivaleria a dizer ‘que o parlamentar autor da representação tem
direito não só ao processamento da representação, como também a uma decisão do TCU que coincida
com a sua visão sobre determinada questão’ e que o TCU ficaria ‘tolhido de sua autoridade para
decidir autonomamente sobre as representações submetidas à sua apreciação’. O reconhecimento do
interesse de uma parte implica apenas que o TCU se debruce sobre os argumentos por ela
apresentados e analise as questões, mantidas a independência e a autonomia para formulação de seu
juízo próprio. A ilação apresentada pelo órgão máximo incumbido da defesa dos interesses jurídicos
da União desprestigia esta Corte de Contas, na medida em que aventa a possibilidade de que ela se
permita ser capturada para atendimento de interesses de terceiros que não convergiriam,
necessariamente, com a melhor solução para satisfação do interesse público. Essa insinuação é
incompatível com a postura sempre republicana adotada por este Tribunal no desempenho do papel
que lhe foi conferido pela Constituição Federal de 1988.
14. Registro, a propósito, que o mesmo autor da representação apresentou recurso contra o
Acórdão 1.155/2014-Plenário, prolatado no já mencionado TC 012.687/2013-8. Tal recurso foi
1173

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

conhecido pelo ministro Bruno Dantas sob fundamentos semelhantes àqueles que já consignei. Por
sua pertinência, peço licença àquele relator para transcrever trecho de seu despacho, em que divergiu
da proposta de não conhecimento do recurso, apresentada pela Serur:
"4. Discordo de tal proposta, pois entendo que a presença de eminente interesse público na
matéria discutida nestes autos - fato, aliás, que motivou a interposição do presente pedido de reexame,
conforme transcrição do item 2 deste despacho – faz merecer o conhecimento e o exame do mérito
desta peça recursal.
5. A propósito, este foi o entendimento do Tribunal que prevaleceu ao não acolher a proposta de
instauração de incidente de uniformização de jurisprudência sobre a matéria, levantada no âmbito do
TC 037.183/2011-7, julgado pelo Acórdão 1.029/2012-Plenário, consoante trecho do voto do Ministro
Revisor Walton Alencar Rodrigues transcrito a seguir:
'Com as devidas vênias ao Relator, não vejo utilidade na instauração do conflito [do incidente
de uniformização de jurisprudência]. Toda a questão do conhecimento de recursos, interpostos por
denunciantes/representantes, diz respeito à análise da existência de interesse público no recurso, e
não meramente de interesses privados.
A decisão preliminar que poderia exsurgir deste incidente de uniformização jurisprudencial
negaria competência ao Relator, que regimentalmente preside a instauração do processo, para
aquilatar, em cada situação específica, a presença de interesse público prevalente que mereça o
conhecimento e o exame do mérito da peça recursal.
(...)
Assim, sustento que incumbe ao Relator avaliar, em cada caso concreto, a primazia do interesse
público no recurso do representante/denunciante, para conhecer ou não da peça recursal' (grifei)."
15. Por último, assinalo que o conhecimento dos embargos não trouxe sucumbência à União,
uma vez que o primeiro estágio das concessões em apreço, tratado no TC 029.083/2013-3, ainda não
foi aprovado, pois resta pendente de apreciação naqueles autos recurso interposto pela SEP/PR, em
face de pedido de vista formulado pelo ministro Raimundo Carreiro. O assunto, portanto, ainda não
transitou em julgado, permanecendo abertas e em discussão as questões tratadas naquele processo.
Ante o exposto, voto por que seja adotado o Acórdão submeto à apreciação deste colegiado.
TCU, Sala das Sessões, em 12 de novembro de 2014.
MARCOS BEMQUERER COSTA – Relator

26. Pelo teor do voto condutor do Acórdão nº 3143/2014 — TCU — Plenário, do processo
004.440/2014-5, o qual corre em apenso ao processo 029.083/2013-3 agora em discussão, nos parece
cristalina a legitimidade do Agravante para atuar no presente processo.
27. Recentemente, por ocasião da interposição de Pedido de Reexame pelo Deputado Augusto
Coutinho (TC 004.440/2013-5), em face do Acórdão nº 1555/2014 — TCU — Plenário, a Secretaria
de Recursos do TCU se pronunciou nos seguintes termos, verbis:
2.3. LEGITIMIDADE
Trata-se de recurso interposto por responsável/interessado habilitado nos autos, nos ternas do
art. 144 do R1- TCU?
sim
2.4. INTERESSE
Houve sucunbência da parte? Sim
Para análise do presente requisito, verifica-se oportuno a realização de breve histórico dos
autos.
Trata-se de monitoramento do cumprimento das providências deliberadas pelo Acórdão
3.661/2013 — Plenário, exarado no TC 029.083/2013-3, que tratou da desestatização de áreas e
instalações portuárias localizadas nos portos organizados de Santos, Belém, Santarém e Vila do
Conde e nos terminais . de Outeiro e Miramar, inseridas no primeiro bloco de licitações previsto na
Portaria 38/2013 da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), apreciado pelo
1174

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1555/2014-TCU-Plenário (peça 17) que considerou cumpridas diversas condicionantes do acórdão


monitorado e para as parcialmente cumpridas, emitiu alerta e determinações.
Irresignado, o recorrente opôs embargos de declaração (peça 27) que foram conhecidos por
meio do despacho de peça 28, da relatora, Exma. Ministra Ana Arraes.
Contra o despacho de admissão dos embargos, a Advocacia-Geral da União -- AGU interpôs
agravo (peça 31), apreciado pelo Acórdão 3143/2014-TCU-Plenário (peça 34) que conheceu do
agravo para negar-lhe provimento.
Em suma, ficou reconhecido o interesse do embargante pela reforma do Acórdão 1.555/2014. O
embargante já demonstrara, em mais de uma oportunidade, seu interesse, preocupação e condição de
prestar auxílio a este Tribunal no que se refere ao bom andamento dos processos relacionados à
infraestrutura nacional, em decorrência da posição que ocupa corno presidente da Comissão de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, sendo destacado que
no âmbito da TC 012.687/2013-8, o recorrente interpôs pedido de reexame contra o Acórdão
1.155/2014 que foi conhecido pelo Ministro Bruno Dantas devido à presença de eminente interesse
público (peça 33, itens 10 e 14).
Sendo assim, não há que se questionar a existência de interesse recursal.

28. Diante do exposto, temos que esse Tribunal, em diversas oportunidades, já reconheceu a
legitimidade do Agravante para aduzir suas ponderações e preocupações com o objeto da matéria sub
análise, não se mostrando como tempestivo e razoável eventual debate sobre a "legitimidade" do
Agravante.
29. A legitimidade do Agravante já foi reconhecida em processo análogo e, por isso, não
deveria nem ser motivo de debate quando da interposição de seu recurso.
30. O Acórdão e o despacho que alegaram a falta de legitimidade do Agravante estão em
desacordo ao que foi determinado anteriormente pela Ministra Ana Arraes e com os argumentos do
mesmo Relator descritos acima.
31. A legitimidade do Agravante já foi reconhecida inclusive em relação ao processo em
epígrafe, segundo o Acórdão relatado pela Ministra Ana Arraes. E, mais que isso, a Ministra
determinou que um dos questionamentos do Agravante naquele processo fosse trazido ao presente,
levando em consideração seu caráter mais amplo.
32. De toda forma, ao determinar a integração da consideração do Agravante ao presente
processo por meio do Acórdão 828/2015, a Douta Ministra reconheceu sua legitimidade e considerou
a importância do ponto questionado. Nesse sentido, o não conhecimento da legitimidade do Agravante
não apenas vai contra a consignação de ambos os Ministros, mas também exclui da discussão tema já
considerado de extrema relevância e que continua omisso (necessidade de atualização dos EVTEAs)
devido ao consequente não conhecimento dos embargos por falta de legitimidade do ora Agravante.
33. Nesse ínterim, convém mais uma vez reprisar que Constituição Federal de 1988 estreitou a
relação mantida entre o Congresso Nacional e o Tribunal de Contas da União (TCU) no tocante ao
exercício do controle externo em benefício da sociedade brasileira.
34. Pelas competências constituídas, o Poder Legislativo conta com a parceria do Tribunal de
Contas da União para controlar os gastos públicos, avaliar a adequação das ações governamentais e
dispor dos resultados das fiscalizações, obtidos mediante aplicação das mais avançadas técnicas de
auditoria desenvolvidas pelo TCU.
35. O Agravante é Deputado Federal e Autor da Representação nº TC 012.687/2013-8, em
tramitação perante esse Eg. TCU, cujo objeto volta-se contra a Portaria n 2 38/2013, da Secretaria de
Portos da Presidência da República, à qual autorizou a Companhia ‘Estruturadora Brasileira de
Projetos S.A.’ — EBP - a desenvolver projetos e/ou estudos de viabilidade técnica, econômica,
ambiental e operacional destinados a subsidiar a preparação de estudos que fundamentarão os
procedimentos licitatórios de diversas instalações portuárias.
1175

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

36. Sobre a referida autorização, a Representação nº TC 012.687/2013-8 descreveu, a par das


diversas outras irregularidades, o nítido favorecimento de que foi beneficiária a EBP, não só pelos
obstáculos criados para que outras empresas apresentassem tais estudos, mas também pela obtenção
de informações privilegiadas antes mesmo da edição da Portaria nº 38/2013.
37. Com se percebe, os fatos apontados pelo Agravante na representação possuem estreita
sintonia com o objeto do presente processo, bem como demonstram a gravidade da situação
destacada no TC-012.687/2013-8, suficiente para ensejar o pronunciamento cautelar desse Eg. TCU,
bem como para justificar a legitimidade do Agravante para atuar n qualidade de interessado no bojo
do presente processo.
38. Diante do exposto, considerando que por força do art. 70, caput, da Constituição Federal, a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades
da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, será exercida
pelo Congresso Nacional, mediante controle externo.
39. Considerando também, que na forma do art. 71, caput, da Constituição Federal, o controle
externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, resta devidamente justificada a pertinência do recurso sub examine, considerando o munus
publico exercido pelos membros do Congresso Nacional na defesa dos interesses da Nação.
40. Por fim, também não restam dúvidas sobre a contradição existente no Acórdão agravado e a
necessidade de imediato aperfeiçoamento, a fim de ratificada a legitimidade do Agravante, haja vista
a sua condição de membro integrante do Congresso Nacional e a pertinência temática com a
Representação nº TC 012.687/2013-8 e com o Processo de Monitoramento nº TC 004.440/2014-5.
41. O reconhecimento da legitimidade do Agravante é imprescindível para que a omissão
suscitada nos embargos anteriormente opostos possa ser sanada, e a matéria sobre a necessidade de
atualização dos EVTEAS, discutida em prol do bem público.

5. Por fim, requer:


“a) Que recebam o presente Agravo na forma prevista no artigo 289 e seguintes do RITCU, e no
mérito requer o seu provimento, a fim de reformar a decisão proferida no despacho decisório ora
agravado, dando seguimento aos segundos Embargos Declaratórios, sanando-se a contradição
apontada no presente recurso, reconhecendo-se a legitimidade do Agravante para atuar nos autos do
TC nº 029.083/2013-3;
b) Por conseguinte, que seja dado prosseguimento ao julgamento dos primeiros embargos de
declaração, para o fim de aperfeiçoar o Acórdão n 2 1077/2015 — Plenário, sanando-se as omissões
apresentada nas razões recursais, em especial no que tange à necessidade de revisão dos estudos
(EVTEAs)”. Grifos constam do original.
É o relatório.

VOTO

Cuida o presente processo, originalmente, de acompanhamento do 1° estágio da concessão dos


arrendamentos de áreas e instalações portuárias integrantes do Bloco 1, Fase 1, do Programa de
Investimentos em Logística (PIL), que abrange os portos de Santos, Vila do Conde e Terminais de
Outeiro e Miramar, a ser realizada sob a égide da Lei nº 12.815/2013.
2. Referido processo foi apreciado pelo Acórdão nº 3.661/2013-TCU- Plenário que condicionou a
publicação dos editais das licitações à adoção de 19 (dezenove) providências e emitiu determinações e
recomendações à Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) e à Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), e deu ciência da deliberação a diversos intervenientes.
1176

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Em face dessa decisão a Secretaria de Portos/SEP/PR interpôs pedido de reexame, conhecido


e provido parcialmente por meio do Acórdão nº 1.077/2015-TCU-Plenário, que retirou a exigência de
utilização da regulação por tarifa-teto, alterou subitens da deliberação recorrida, e emitiu novas
determinações, alertas e ciência aos órgãos envolvidos.
4. Irresignado com a última decisão, o Exmo. Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de
Melo opôs embargos de declaração que não foram conhecidos pelo Acórdão nº 2.193/2015-Plenário,
Relação nº 31/2015, de minha relatoria, essencialmente devido à ausência de legitimidade e interesse
recursal do embargante.
5. Insistiu o Exmo. Sr. Deputado Federal Augusto Coutinho, desta feita por intermédio de nova
peça processual, também intitulada embargos de declaração, a qual recebi, por despacho datado de
18/9/2015, nos termos do art. 287, § 6º, do RI/TCU, como mera petição, negando-lhe seguimento.
6. Desta feita, o Exmo. Sr. Deputado retorna aos autos manejando agravo contra o
retromencionado despacho, nos termos expressos no relatório que antecede este voto, para requerer o
recebimento do recurso e no mérito o seu provimento no sentido de reformar a decisão proferida nos
segundos embargos declaratórios, sanando-se a contradição apontada pelo agravante e reconhecendo-
se a sua legitimidade para atuar nos autos do presente processo.

***

7. Em síntese, o agravante alega que o Acórdão nº 2.193/2015-TCU-Plenário laborou em


evidente contradição, ao declarar a sua falta de legitimidade para atuar no feito, visto que este Relator
e a Ministra Ana Arraes já haviam decidido por lhe reconhecer legítimo interesse em atuar nos autos
do processo TC-004.440/2014-5.
8. Reporta-se, ademais, ao parecer da Serur, em sede de Pedido de Reexame, no bojo do TC-
004.440/2014-5, que novamente estaria reconhecendo sua legitimidade para atuar naquele feito.
Menciona, ainda, que o Ministro Bruno Dantas conheceu de pedido de reexame interposto pelo
agravante no TC-012.687/2013-8, devido à presença de eminente interesse público, para aduzir que
não se mostra tempestivo e razoável eventual debate sobre a legitimidade do agravante, que já fora
reconhecida em processo análogo.
9. O despacho ora agravado, portanto, ao manter os termos do Acórdão nº 2.193/2015-TCU-
Plenário, teria mantido os mesmos vícios, não havendo outra forma de saná-los senão por meio deste
agravo.
10. Argumenta que a decisão de recebimento dos embargos como mera petição, nos termos do
art. 287, § 6º do RI/TCU, merece ser reconsiderada pois, no caso, não se trata de peça meramente
protelatória, uma vez que considera que o tema “necessidade de atualização dos EVTEAs” continua
omisso, em virtude do não conhecimento dos seus embargos.
11. Reporta-se, ainda, à parceria entre o Poder Legislativo e o Tribunal de Contas da União bem
como à sua condição de Deputado Federal, autor da representação contra a Portaria nº 38/2013, da
Secretaria Especial de Portos da Presidência da República (objeto do TC-012.687/2013-8), que
autorizou a Companhia Estruturadora Brasileira de Projetos S.A. – EBP a desenvolver projetos e/ou
estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e operacional destinados a subsidiar a preparação
de estudos que fundamentaram os procedimentos licitatórios de diversas instalações portuárias.
12. Por fim, indica a necessidade de imediato aperfeiçoamento do acórdão embargado para sanar
a sua contradição, a fim de se ratificar a legitimidade do agravante, haja vista a sua condição de
membro do Congresso Nacional e a pertinência temática destes autos com a Representação do TC-
012.687/2013-8 e com o Monitoramento do TC-004.440/2014-5.

***
1177

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Passando à discussão do agravo, julgo que o recurso deve ser conhecido, porquanto
preenchidos os requisitos de admissibilidade contidos no art. 289 do Regimento Interno deste Tribunal.
Entretanto, no mérito, entendo deva ser rejeitado, pelas razões que passo a expor.
14. De pronto, registro que não vislumbro qualquer mácula no acórdão por intermédio do qual o
Tribunal não conheceu os primeiros embargos de declaração do Exmo. Sr. Deputado Federal Augusto
Rodrigues Coutinho de Melo, tampouco no despacho subsequente, por mim exarado, que recebeu sua
última peça nominada de embargos de declaração como mera petição, negando-lhe seguimento.
15. Com efeito, da leitura do Acórdão nº 2.193/2015-TCU-Plenário, ainda que proferido por
intermédio de relação, em perfeita consonância com o art. 143 do Regimento Interno, é possível
identificar todos os fundamentos de fato e de direito que suportaram a referida deliberação. Veja-se a
seguir a sua íntegra:
“Considerando que se examinam, nesta oportunidade, embargos de declaração opostos ao
Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário pelo Sr. Augusto Rodrigues Coutinho de Melo, na condição de
Deputado Federal;
Considerando que a legitimidade prevista no art. 237, inciso III, do Regimento Interno do TCU
(RITCU), em se tratando de autoridade parlamentar, como é o caso, limita-se ao processo de
representação, espécie do gênero ‘fiscalização’;
Considerando que o processo em questão é de acompanhamento de desestatização, de rito
próprio, disciplinado pela Instrução Normativa TCU 27/1998;
Considerando que o interesse recursal arguido pelo embargante se fundamenta, em essência, em
conexão havida entre a matéria deste processo e a do TC 012.687/2013-8 – representação de sua
autoria acerca de supostas irregularidades na Portaria SEP-PR 38/2013, que autorizou a Empresa
Brasileira de Projetos S.A. (EBP) ‘a desenvolver estudos para subsidiar a preparação de
procedimentos licitatórios de concessões de portos organizados e de arrendamentos portuários’ –,
bem como que a omissão suscitada, neste julgado embargado, refere-se à questão de fundo daquele
processo;
Considerando que este Tribunal já deliberou naqueles autos por intermédio do Acórdão
1.555/2014-TCU-Plenário, pelo qual autorizou, quanto ao mérito, o prosseguimento dos atos
decorrentes da Portaria SEP-PR 38/2013 – sem prejuízo de determinações dirigidas à Secretaria
Especial de Portos –, após ter rejeitado pedido de suspensão cautelar dos certames à época em
andamento;
Considerando que, conquanto se reconheça ponto de conexão entre os processos, a decisão
prolatada no TC 012.687/2013-8 (Acórdão 1.555/2014-TCU-Plenário) não conflita com a deste feito
(Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário); pelo contrário, com esta é compatível;
Considerando que, mesmo na hipótese de superado o óbice decorrente da natureza do processo,
em termos de legitimidade originária, o embargante, nesta etapa de admissibilidade recursal, em vista
dos fundamentos acima, não demonstra razão legítima para intervir no processo, carecendo, portanto,
de interesse recursal, condição necessária à sua habilitação no processo, nos termos do art. 146 c/c o
art. 282 do RITCU;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de
1992, c/c os arts. 15, inciso II, 143, inciso V, alínea ‘f’, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela
Resolução nº 155, de 4 de dezembro de 2002, ante as razões expostas pelo Relator, em não conhecer
dos embargos de declaração interpostos pelo Sr. Augusto Rodrigues Coutinho de Melo, na condição
de Deputado Federal”

16. Em seguida, reproduzo a essência do despacho ora agravado, para demonstrar a sua higidez,
processual e material, que o agravante tenta, sem sucesso, desqualificar, para ver rediscutido o mérito
da matéria:
1178

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

No Acórdão 2193/2015-TCU-Plenário foram expostas de maneira pormenorizada as razões


pelas quais este Tribunal não reconheceu a legitimidade do requerente para ingressar como
interessado no presente processo. Nesta oportunidade, por meio de nova peça intitulada de Embargos
de Declaração, nota-se que há intenção do signatário em rediscutir o mérito do acordão atacado, o
que não merece prosperar pela nova oposição de novos Embargos Declaratórios.
2. Nos termos do art. 287, § 6º, do Regimento Interno do TCU, recebo o documento (peça 266)
como mera petição, negando-lhe seguimento.

17. Assim, esclarecidos os fundamentos da decisão originalmente atacada pelos primeiros


embargos, e demonstrada a clara intenção de agravante de rediscutir o mérito do acórdão em questão
na segunda petição, concluo que não merecem reparos quaisquer das decisões.
18. Além disso, reitero o meu juízo expresso no Acórdão nº 2.193/2015-TCU-Plenário, acerca da
ilegitimidade do agravante para atuar nestes autos, pois, tendo em vista ser aquela a primeira tentativa
do agravante de atuar neste feito, e ante os fundamentos lá consignados, não procede a afirmativa de
que não caberia discutir, naquela ocasião, a sua legitimidade processual.
17. Ademais, não lhe socorre a referência a duas deliberações anteriores do Tribunal que maneja
no sentido de tentar demonstrar contradição na decisão agravada, querendo fazer crer que estaria
legitimado a atuar neste feito, pelo fato de a Ministra Ana Arraes, no Acórdão nº 828/2015-TCU-
Plenário, ter declarado a sua legitimidade para figurar naquele processo, bem como pelo fato de eu
mesmo, por força da relatoria de agravo da Advocacia-Geral da União nos autos do TC-004.440/2014-
5 (Acórdão nº 3.143/2014-TCU-Plenário), já ter “de maneira pragmática, firmado entendimento
acerca da legitimidade do agravante”.
18. Em primeiro lugar, porque, segundo a jurisprudência pacífica desta Corte (v.g. Acórdão
3.974/2015-TCU-Primeira Câmara e Acórdão nº 1.802/2015-TCU-Plenário), a contradição que deve
ser alegada em sede de embargos é aquela ínsita ao próprio julgado e não eventual divergência entre
julgados, como, no caso, alega o embargante, ao ponderar que o não conhecimento de sua legitimidade
“não apenas vai contra a consignação de ambos os Ministros, mas também exclui da discussão tema
já considerado de extrema relevância e que continua omisso”.
19. Em segundo lugar, porque referidos acórdãos foram proferidos no âmbito do TC-
004.440/2014-5 e não no presente feito, o que não permite a dedução que faz o embargante de que
reconhecida sua legitimidade naquele feito estaria automaticamente autorizado a atuar neste, pela
pertinência temática e pelo simples fato de um dos acórdãos ter determinado a juntada de cópia do
expediente por ele remetido a este feito, para que fosse então analisado.
20. Isto porque, conforme mencionei no voto que subsidiou o Acórdão nº 3.143/2014-Plenário,
no âmbito do TC-004.440/2014-5:
5. É certo que o juízo de admissibilidade de um interessado no processo comporta significativo
grau de subjetividade. Compete ao relator a formulação desse juízo, em face do maior conhecimento
que detém acerca das particularidades do processo e dos bens jurídicos nele tratados e que devem ser
tutelados.
6. No caso específico, o bem jurídico a ser tutelado é a observância aos princípios insculpidos
no art. 37 da Carta Magna, conjugados ao efetivo cumprimento das diretrizes estabelecidas no art. 3º
da Lei 12.815/2013, a denominada ‘Lei dos Portos’.

21. É dizer que aquela mesma subjetividade, no sentido de tutelar o interesse público primário,
que permitiu a abordagem favorável ao ora agravante, naquela ocasião e naqueles autos, me conduziu
a não conhecer dos seus embargos de declaração no Acórdão nº 2.193/2015-TCU-Plenário, ante os
fundamentos ali consignados, e a rejeitar o seu agravo, desta feita.
22. Portanto, não pode prosperar o argumento de que estaria legitimado a atuar neste processo,
uma vez que estava habilitado em outro processo, análogo.
1179

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

23. Por último, também não socorre o agravante a situação por ele mencionada, consistente no
fato de o TC-004.440/2014-5, no qual proferidas as decisões que lhe são favoráveis, tramitar em
apenso ao presente processo, uma vez que, naquele feito, pende apreciação de pedido de reexame
exatamente de sua lavra, após haverem sido rejeitados embargos de declaração, igualmente da lavra do
parlamentar, em face do Acórdão nº 1.555/2014-TCU-Plenário, processo atualmente sob a relatoria do
Ministro Walton Alencar Rodrigues.
24. Registro, ainda, a título informativo, que igualmente no TC-012.687/2013-8, representação
de autoria do agravante, pende apreciação definitiva de recurso de pedido de reexame interposto pelo
parlamentar, processo atualmente sob a relatoria do Ministro Bruno Dantas.
25. De outra parte, como reconheci ao relatar agravo da AGU no TC-004.440/2014-5, o
parlamentar “já demonstrou, em mais de uma oportunidade, seu interesse, preocupação e condição de
prestar auxílio a este Tribunal no que se refere ao bom andamento dos processos relacionados à
infraestrutura nacional”, entretanto, evoluo meu pensamento para concluir que tal auxílio prescinde da
condição formal de interessado processual. Deixo em aberto, entretanto, as alternativas e
possibilidades que permitiriam tal auxílio, permitindo-me mencionar, apenas a título exemplificativo,
apresentação de novas representações, atuação nas audiências públicas e em eventuais painéis de
referências levados a efeito pelos diversos intervenientes no processo.
26. Por fim, reitero também o disposto no Acórdão nº 2.193/2015-TCU-Plenário, de que a
legitimidade prevista no art. 237, inciso III, do Regimento Interno do TCU (RITCU), em se tratando de
autoridade parlamentar, como é o caso, limita-se ao processo de representação, e, no presente caso,
estamos a tratar de acompanhamento de desestatização, de rito próprio, disciplinado pela Instrução
Normativa TCU nº 27/1998.
Ante o exposto, voto por que seja adotado o Acórdão que submeto à deliberação desse
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2753/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 029.083/2013-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Agravo (Desestatização)
3. Agravante: Augusto Rodrigues Coutinho de Melo (331.556.234-20).
4. Unidades/Interessado:
4.1. Unidades: Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq e Secretaria de Portos da
Presidência da República – SEP/PR.
4.2. Interessado: Tribunal de Contas da União.
5. Relator: Ministro Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogado: Apuám Carvalho da Costa (OAB-DF nº 32.322).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia agravo interposto pelo Deputado
Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo contra o despacho que recebeu peça nominada de
embargos de declaração como mera petição, nos termos do art. 287, § 6º, do Regimento Interno do
TCU, e negou-lhe seguimento,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do agravo, com fundamento no art. 289 do Regimento Interno deste Tribunal,
interposto pelo Deputado Federal Augusto Rodrigues Coutinho de Melo para, no mérito, negar-lhe
1180

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao agravante.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2753-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO II – CLASSE I – Plenário

TC-035.902/2011-6

Natureza: Embargos de Declaração.


Entidade: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo – Crea/SP.
Embargante: Sr. José Tadeu da Silva, ex-Presidente.

SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM PROCESSO DE AUDITORIA.


CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO ESTADO DE SÃO PAULO –
CREA/SP. ACÓRDÃO N. 1.656/2015 – PLENÁRIO. ALEGAÇÃO DO VÍCIO DA OMISSÃO NO
JULGADO. NÃO CONFIRMAÇÃO DO VÍCIO. EQUÍVOCO NA PAUTA PUBLICADA NO
TOCANTE À INFORMAÇÃO DOS ADVOGADOS CONSTITUÍDOS NOS AUTOS.
CONHECIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA, NO MÉRITO, NEGAR-LHES
PROVIMENTO. DECLARAÇÃO, DE OFÍCIO, DE NULIDADE DO ACÓRDÃO NO QUE DIZ
RESPEITO SOMENTE A UM DOS RESPONSÁVEIS.

RELATÓRIO

Trata-se do Relatório da Auditoria realizada pela Secex/SP no Conselho Regional de Engenharia


e Agronomia do Estado de São Paulo – Crea/SP (peça 48), tendo por objetivo avaliar a regularidade
dos procedimentos adotados nas áreas de licitações e contratos, assim como na concessão de passagens
e diárias, nos atos de 2009 a 2011.
2. Foram apontados indícios de irregularidades na licitação promovida para a aquisição do
imóvel “sede Angélica”, na renovação da frota de veículos de fiscalização, na execução de serviços em
contrato de publicidade, na contratação de serviços de coquetel, de empresa para impressão de revistas,
assim como na aquisição de embalagens para tais revistas, nos pagamentos de indenizações, diárias e
passagens a conselheiros.
3. Seguindo proposição da equipe de auditoria, determinei a realização das audiências dos
responsáveis pelas ocorrências indicadas, sendo apresentadas as correspondentes razões de
justificativa.
4. Após o exame de todos os elementos de defesa acostados ao processo pelos envolvidos, em
mais de uma oportunidade, foi sugerida pela unidade instrutiva a rejeição das razões de justificativa
oferecidas pelos Srs. Ângelo Petto Neto, Paulo Roberto Machado de Oliveira Ferraz, Ariosto Mila
1181

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Peixoto e José Tadeu da Silva, com a consequente aplicação de multa, posicionamento que foi
endossado por este Colegiado, consoante deliberado mediante o Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário.
5. Nesta oportunidade, estão em exame os Embargos de Declaração opostos pelo Sr. José Tadeu
da Silva (peça 216) e as propostas de encaminhamento formuladas pela Secex/SP e pelo Ministério
Público, no tocante à constatação de equívoco na listagem de advogados constituídos registrada na
referida Deliberação (peças 224/225 e 232).
6. Primeiramente, no que diz respeito aos Embargos de Declaração mencionados, o interessado
invoca o vício da omissão no Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, porquanto não se teria analisado o
argumento apresentado pela defesa de que a compra do imóvel questionado nesta auditoria estaria
amparada por laudo elaborado pelo arquiteto Gustavo Ramos Melo, o qual teria justificado a
necessidade das especificações técnicas contidas no edital e as alterações posteriores.
7. O Embargante requer que os Embargos sejam acolhidos, para sanar a omissão indicada (peça
216).
8. Já no que concerne à publicação do rol de advogados constituídos neste processo, a Secex/SP,
ao realizar check list dos dados do Acórdão (peças 224 e 225), atestou que foi identificado erro
material, pois houve equívoco na respectiva listagem constante da aludida deliberação. Assim, sugere,
nos termos da Súmula/TCU n. 145 e da Ordem de Serviço/Segecex n. 10/2005, seja promovido o
apostilamento do Acórdão n. 1.656/2015, fazendo-se a substituição das informações indevidas pelas
corretas.
9. Pelo despacho da peça 226, solicitei a oitiva do Ministério Público junto a este Tribunal, nos
termos da Súmula/TCU n. 145, que, mediante o parecer do Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin
(peça 232), discorda do encaminhamento acima proposto, pelas seguintes razões, em síntese:
a) ao consultar a pauta da Sessão Ordinária de 08/07/2015 do Plenário, em relação ao
julgamento deste feito, de fato, houve incorreta identificação dos advogados constituídos neste
processo;
b) constaram da aludida publicação os seguintes interessados em Sustentação Oral:
“Antony Araujo Couto (OAB/SP 226.033), em nome do Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia do Estado de São Paulo;
- Ariosto Mila Peixoto (OAB/SP 125.311), em nome próprio; e
- Wilton Luis da Silva Gomes (OAB/SP 220.788), em nome de José Tadeu da Silva.”
d) nenhum dos representantes legais dos Srs. José Tadeu da Silva e Ariosto Mila Peixoto teve
seu nome incluído no item “Advogados constituídos nos autos” da pauta;
e) ainda que o nome de Wilton Luís da Silva Gomes, advogado do responsável José Tadeu da
Silva, tenha constado do item “Interessados em sustentação oral” da pauta, o referido causídico não
compareceu à Sessão, conforme a Ata n. 27/2015 – Plenário, parecendo mais adequado tornar
insubsistente a deliberação em tela, de modo a assegurar a ampla defesa, o contraditório e o devido
processo legal;
f) no tocante ao Sr. Ariosto Mila Peixoto, tal incorreção não pode ser considerada mero erro
material, suscetível de ser retificada com a aplicação da Súmula TCU n. 145, por conter vício
insanável, decorrente da ausência, na respectiva pauta de julgamento, do nome de pelo menos um de
seus procuradores, como previsto no § 3º do art. 145 do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 40 da
Resolução/TCU n. 164/2003.
10. Desse modo, o Ministério Público manifesta-se no sentido de que esta Corte declare, de
ofício, a nulidade do Acórdão n. 1656/2015 – Plenário, promovendo-se novo julgamento após o
saneamento dos autos.
É o Relatório.

VOTO
1182

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Em exame o Relatório da Auditoria realizada pela Secex/SP no Conselho Regional de


Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo – Crea/SP, tendo por objetivo avaliar a regularidade
dos procedimentos adotados nas áreas de licitações e contratos, assim como na concessão de passagens
e diárias, nos atos de 2009 a 2011.
2. Após audiência dos responsáveis pelos Achados da Auditoria, este Plenário, acolhendo as
conclusões da Secex/SP e as razões deste Relator, decidiu rejeitar as razões de justificativa oferecidas
pelos Srs. Ângelo Petto Neto, Paulo Roberto Machado de Oliveira Ferraz, Ariosto Mila Peixoto e José
Tadeu da Silva, com a consequente aplicação de multa, nos termos do Acórdão n. 1.656/2015 –
Plenário.
3. Consoante relatado, nesta oportunidade, estão em apreciação os Embargos de Declaração
opostos pelo Sr. José Tadeu da Silva, mediante o expediente datado de 29/07/2015 (peça 216), assim
como as proposições formuladas pela Secex/SP e pelo Ministério Público, no tocante ao rol de
advogados informados na referida Deliberação.
4. No que diz respeito aos Embargos de Declaração, como anotado nos itens 6 e 7 do Relatório
precedente, o Sr. José Tadeu da Silva invoca o vício da omissão no Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário.
5. Considerando que os presentes Embargos de Declaração atendem aos requisitos de
admissibilidade previstos no art. 34, § 1º, da Lei n. 8.443/1992, eles merecem ser conhecidos.
6. No mérito, busco os ensinamentos de Vicente Greco Filho, na obra intitulada Direito
Processual Civil Brasileiro, Saraiva, 11ª ed., 2º Volume, para definir que, na omissão, a sentença nos
Embargos de Declaração é complementar, passando a resolver questão não solucionada, ganhando
substância, portanto. A omissão é entendida como “(...) aquela advinda do próprio julgado e
prejudicial à compreensão de causa, e não aquela que entenda o embargante, ainda mais como meio
transverso a impugnar os fundamentos da decisão recorrida.” (STJ, Edcl Resp 351490, DJ
23/09/2002).
7. No presente caso, o ex-Presidente do Crea/SP alega a ocorrência do mencionado vício, pois
este Tribunal teria deixado de analisar alegação de defesa por ele oferecida, no sentido de que a
compra do imóvel “sede Angélica”, questionada nesta auditoria, estaria amparada por laudo elaborado
pelo arquiteto Gustavo Ramos Melo, o qual teria justificado a necessidade das especificações técnicas
contidas no edital e as alterações posteriores.
8. Acerca de tal argumento, importa rememorar que, no item 4 do Relatório que fundamentou o
Acórdão embargado, foi transcrita parte da detalhada instrução objeto da peça 171, mediante a qual
foram examinadas as razões de justificativa e outros elementos de defesa encaminhados a este
Tribunal.
9. Na oportunidade, foi feita remissão às ocorrências questionadas, às justificativas oferecidas e à
correspondente análise, relativamente às constatações envolvendo a aquisição do imóvel “sede
Angélica” e aditamento do contrato, em especial no tocante às especificações definidas para o imóvel
em questão e aos respectivos agentes responsáveis, sendo circunscritas as competências de cada um
dos envolvidos, Srs. José Tadeu da Silva, ex-Presidente, Aquilino José Pacheco Verdade, ex-Gerente
do Departamento Regional e ex-gestor do contrato, Gustavo Ramos Melo, ex-Assessor da Presidência
e ex-gestor do contrato, e Ariosto Mila Peixoto, ex-Assessor/Consultor Jurídico.
10. Trago, a seguir, excertos do Relatório que embasou a deliberação embargada, na parte dos
fatos atribuídos aos Srs. José Tadeu da Silva e Gustavo Ramos Melo, as defesas por eles oferecidas e
exames efetivados pela Secex/SP:
“10. As análises das razões de justificativa dos responsáveis pelas irregularidades passam a ser
apresentadas segundo as constatações apontadas no relatório de fiscalização (peça 48), com os
complementos e ajustes constantes na instrução da peça 114:
11. Constatação: objeto especificado de modo a direcionar a licitação ou a restringir o
caráter competitivo do certame na aquisição do imóvel ‘sede Angélica’ (peça 48, p. 9-10 e peça
114, p. 3-4) - o Crea/SP realizou licitação na modalidade Concorrência, para compra de imóvel
na Avenida Angélica, o que resultou em aquisição pelo valor de R$ 27.054.577,39. O
1183

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

detalhamento das descrições de exigências levou a que apenas uma empresa apresentasse
proposta comercial, embora dez empresas tenham retirado o edital. A própria vencedora do
certame não tinha o imóvel nas condições exigidas pelo Conselho, tendo que realizar diversas
intervenções no imóvel oferecido para adaptação às exigências do certame. Verificou-se ainda
que, nos últimos quatro anos, foram comprados cinco imóveis pelo Crea/SP, sendo que em
quatro dessas aquisições houve intermediação da imobiliária Local Negócios Ltda. (ou de
empresa do mesmo sócio majoritário), inclusive o imóvel objeto do presente achado. A comissão
pela negociação do imóvel da Av. Angélica rendeu à Local Negócios o valor de R$ 405.000,00.
11.1. Responsável: José Tadeu da Silva, CPF 720.451.168-91, Presidente do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (de 1º/1/2010 a 31/12/2011).
Conduta: autorizar e homologar a licitação para aquisição do imóvel ‘sede Angélica’ com
restrição do caráter competitivo da licitação e direcionamento na contratação da empresa Q New
England S.A., com afronta ao § 1º, inciso I, do art. 3º da Lei 8.666/1993.
Razões de justificativa (peça 107, p. 1-13 e peça 108, p. 1-49):
O gestor defende a necessidade das especificações detalhadas para resolver transtornos
decorrentes da falta de local apropriado para realização das sessões plenárias e demais atividades
correlatas (peça 107, p. 2).
Em apertada síntese, alega que a instalação das sessões Plenárias do Conselho se dava de
maneira precária, mediante locação de espaço físico por procedimento licitatório e que, via de regra, os
locais disponíveis para locação não possuíam os recursos necessários como, por exemplo, dispositivos
para votação, com painel eletrônico, mesas com possibilidades de instalação de equipamentos para
informatização das sessões, microfones individuais, controle geral, iluminação adequada para leitura
dos processos, sonorização adequada, dentre outros. Dificuldades para operacionalizar as votações,
para contar os votos, problemas para locação de espaços, instalações inadequadas e elevado número de
conselheiros são apontados como justificativas para a compra do imóvel (peça 107, p. 3). Assim,
haveria necessidade de informatizar as sessões, de espaço, de sistema de som e de outras medidas para
fazer frente a esses problemas.
O responsável alega ainda que o Plenário do Crea deliberou por adquirir o espaço (peça 107, p.
4) e que houve publicação da licitação no diário oficial e em outros jornais de circulação do extrato do
edital de licitação, o que demonstraria a publicidade dada à compra do imóvel.
Outra alegação é a de que para a aquisição do imóvel seria inclusive dispensável a licitação, com
base no art. 24, X, da Lei 8.666/1993, (...). Assim, ao optar pela realização de licitação, teria ficado
demonstrado excesso de zelo da Administração do Crea.
Por fim, o próprio gestor reconhece que, em função de todo o detalhamento do Edital, no qual
devem ser atendidos diversos requisitos como localização, metragem, formatação de auditório, dentre
outros, seria ‘absolutamente normal’ que várias empresas tenham retirado o edital e que fosse reduzido
o número de propostas.
Análise
Inicialmente, cabe destacar que não se questiona a opção do Crea/SP de adquirir imóvel para satisfação
das necessidades do Conselho, o que está de fato inserido no campo da discricionariedade dos
gestores. O objeto em discussão é o direcionamento da licitação para aquisição do imóvel escolhido.
As especificações adotadas para a licitação deixam clara a restrição à competitividade e o
direcionamento a um imóvel específico. Alguns exemplos: localização em um raio de até 2 km da
Avenida Paulista, considerada toda a sua extensão, e distante até 1 km de estação de metrô; área
mínima construída privativa de 3.000 m2; estacionamento rotativo com garantia de aproximadamente
150 vagas na própria edificação ou, no máximo, a 50 metros de distância; mínimo de 20 vagas de
garagem de uso privativo; área situada próxima do solo que permita atendimento confortável aos
profissionais do Sistema Confea x Crea; área livre para instalação da sessão plenária ou similar para
um público de, no mínimo, 400 pessoas; mínimo de 2 elevadores, com capacidade mínima para 10
pessoas; ambientes climatizados, sendo do tipo central no auditório, do tipo central - CAG, com
1184

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Chillers instalado na área da cobertura e dispositivos do tipo FAN COIL instalados nas derivações
e/ou andares, com capacidade compatível com os espaços; dentre outros.
Não há justificativas razoáveis para a escolha de imóvel próximo à Av. Paulista ou para exigência de
metragem mínima muito superior a de um ambiente para realização das plenárias, característica que
motivou a compra. Também não é possível prever com antecedência que o imóvel escolhido teria
vagas de uso privativo ou vagas de uso rotativo, como previsto no edital, já que isso depende da
estrutura de cada imóvel.
Outra característica que se destaca é a exigência de dois elevadores, com capacidade mínima
para 10 pessoas. O imóvel seria adquirido em razão da realização de plenárias do Conselho, que tem
aproximadamente 250 conselheiros. Considerando-se que são realizadas poucas sessões em cada mês,
e ainda que antes da licitação não se poderia saber que tipo de imóvel seria oferecido (por exemplo,
poderia ser um imóvel térreo), essas exigências mostram-se desproporcionais e inadequadas à
realização do objeto da licitação. O mesmo pode se dizer das especificações de ar condicionado, já que
isso também varia de acordo com o tipo de imóvel oferecido.
Com o nível de detalhamento do objeto licitado, fica claro que não haveria nenhum imóvel que
atendesse às exigências editalícias, exceto os andares do prédio da Av. Angélica. E mesmo esse imóvel
somente estaria em condições de contemplar as características estabelecidas após a realização de
ampla reforma e aquisição de diversos equipamentos e mobiliários, já que são exigidos equipamentos
para votação, sistema de segurança e alarme, acústica, móveis, dentre várias outras características,
restando claro que nenhum imóvel estaria pronto com equipamentos nesse nível de especificação.
Assim, restaram duas possibilidades: ou as características do edital referiam-se a um imóvel pré-
existente à realização do certame, ou seria necessário que o imóvel fosse construído, situação pouco
provável diante da dificuldade de encontrar um terreno com as especificações exigidas em edital, que
restringem a área do imóvel a um raio de até 2 km da Avenida Paulista e distante até 1 km de estação
de metrô.
Ademais, só existem cinco estações de metrô no eixo da Av. Paulista, todas localizadas em áreas
extremamente adensadas e onde praticamente já não há terrenos disponíveis. Sobre a escolha da
localização, não há nos autos justificativa que sustente a necessidade de restringir à Av. Paulista ou
suas imediações a área para oferta do objeto. Assim, ao contrário do que o gestor quer demonstrar em
suas alegações, o art. 24, X, da Lei 8.666/1993 não pode ser invocado para afastar a licitação, já que
não há no processo comprovação das necessidades de instalação e localização que pudessem
condicionar a escolha de um imóvel específico. E ainda que essa localização fosse devidamente
justificada, o gestor teria de provar que o preço era compatível com o valor de mercado, segundo
avaliação prévia, o que se tornaria inviável pelas inúmeras intervenções e modificações no imóvel e
pelos equipamentos posteriormente instalados, sem que tivessem sido apresentadas pesquisas de
preços de mercado.
Sobre essas intervenções na execução do objeto para supostamente atender às necessidades do
Crea/SP, cabe registrar que caso essa possibilidade de ampla reforma, com preços praticados que
terminaram por aumentar expressivamente o valor do imóvel, tivesse sido oferecida de forma ampla a
todos os licitantes, poderiam ter surgido outros interessados na execução do objeto, inclusive em
construir prédio ou adquirir imóvel para reformá-lo e equipá-lo, com vistas a atender ao solicitado pelo
Conselho.
Verificam-se ainda outros fatores que apontam para o direcionamento do objeto. O edital da
licitação é datado de 8/9/2010 (peça 27, p. 89), no entanto o pré-empenho foi emitido em 10/9/2010
(peça 27, p. 99), cujo histórico prevê a ‘Aquisição de Imóvel para sessões plenárias e eventos em São
Paulo (Av. Angélica)’. Ou seja, o próprio documento que reservava valores para a aquisição já
referenciava o endereço da Av. Angélica (em data superior a um mês previamente à abertura das
propostas, que veio a ocorrer somente em 19/10/2010 - peça 28, p. 215), o que deixa claro que se
esperava que fosse selecionado imóvel já escolhido.
1185

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Também foi exigido nas especificações do objeto que o hall de acesso ao auditório/teatro tivesse
piso em granito e características de pintura, forro, luminárias, dentre outras (peça 27, p. 87), relativas a
um ambiente, que, em tese, não se poderia sequer saber se existiria no imóvel a ser futuramente
selecionado.
O resultado desse detalhamento do objeto foi que, de dez empresas que retiraram o edital, apenas
uma apresentou proposta. E a publicação do extrato do edital de licitação no diário oficial e em jornais
de grande circulação não é procedimento suficiente para garantir a competitividade do certame.
Mais um ponto a ser considerado é a intermediação da imobiliária Local Negócios Ltda. para a
compra do imóvel. Ocorre que essa mesma imobiliária intermediou outras duas vendas de imóveis ao
Crea/SP, e o sócio majoritário da Local também é sócio da Noblesse Consultoria Imobiliária, que
intermediou um quarto negócio de compra de imóvel pelo Conselho (peça 48, p. 9), situação que
reforça a tese de direcionamento do certame.
Por fim, a aprovação da compra do imóvel pelo Plenário do Crea/SP também não pode ser
utilizada como motivo para afastar a responsabilidade do gestor pela compra irregular. Quem aprovou
a compra do auditório no valor de até R$ 25 milhões foi a Presidência. Ao ser levado o assunto ao
Plenário, já havia sido decidido que seria escolhido o imóvel da Av. Angélica. A responsabilidade pela
prática do ato irregular é do Gestor, não do Plenário, pois a questão legal atacada cabia ser considerada
pelo Presidente à época de sua decisão (peça 108, p. 20-22). E nas decisões, tanto da Diretoria
Colegiada quanto do Plenário do Crea/SP, não se teceram detalhes da especificação do objeto ou de
sua adequação à Lei 8.666/1993, ou sobre direcionamento da licitação, por não ter sido objeto de
deliberação. Quer dizer, não se poderia esperar que os conselheiros adentrassem à questão do
atendimento às exigências da lei de licitações e contratos, uma vez que o deliberado e resolvido foi
apenas a ratificação da decisão pela aquisição do imóvel, e não a formatação jurídica de sua
operacionalização.
(...)
12. Constatação: fuga à licitação caracterizada pela agregação de objetos de natureza
distinta à aquisição do imóvel ‘Sede Angélica’ (peça 48, p. 11-14) - na aquisição do imóvel da Av.
Angélica, em São Paulo - SP, o Crea incluiu na compra dos andares do prédio a execução de
obras, serviços e a instalação de materiais e equipamentos. A vencedora Q New England S.A.
apresentou planilha/orçamento detalhado de custos unitários e totais dessas obras, serviços e
produtos (marcas e modelos), para serem executados e/ou instalados no objeto da licitação. Isso
acresceu em R$ 10,3 milhões o valor do imóvel, restando caracterizada fuga ao procedimento
licitatório.
12.1. Responsável: José Tadeu da Silva, CPF 720.451.168-91, Presidente do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (de 1º/1/2010 a 31/12/2011).
Conduta: autorização, adjudicação, homologação da licitação, contratação e pagamento à
empresa Q New England S.A., agregando à compra do imóvel ‘sede Angélica’ a execução de obras,
serviços e a instalação de produtos (marcas e modelos), incorrendo em fuga a licitação, com afronta
aos princípios da legalidade, economicidade e razoabilidade gravados na Lei 9.784/1999.
Razões de justificativa (peça 107, p. 1-15 e peça 108, p. 50-100):
O gestor defende que, por economia de escala, realizar várias licitações seria mais custoso à
Administração, e que uma licitação grande seria mais econômica do que várias pequenas (peça 107, p.
5-6). Acrescenta que realizar licitações por etapas seria mais demorado e que o objeto único facilitaria
a fiscalização, já que uma única empresa executando todos os projetos facilitaria a responsabilização.
Essa aglutinação de serviços em um único contrato de obras, serviços de engenharia e instalações
ensejaria ainda menor risco e custo administrativos (peça 107, p. 8).
Compara a aquisição do imóvel com o regime de Empreitada Integral da Lei 8.666/1993,
apontando a possibilidade de utilização desse instituto: (...).
Segundo o responsável, o possível fracasso de algumas das licitações comprometeria todo o
objeto, com ocorrência de atrasos. Assim, o objeto da licitação teria pretendido o melhor resultado
1186

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

tanto técnico quanto econômico, sendo que o objetivo do Crea/SP sempre fora a celeridade, eficiência,
qualidade e preço compatível com o mercado (peça 107, p. 11).
As especificações do objeto foram realizadas por arquiteto, empregado do Crea, que diante de
problemas do Projeto Básico foi substituído por outro arquiteto, que passou a ser o gestor do contrato
(peça 107, p. 13). Isso resultou na necessidade de aditivo, que teria sido realizado com observância de
todos os procedimentos exigidos pela legislação: a) remessa de ofício à contratada, consultando quanto
ao interesse de se proceder ao aditamento pretendido, bem como para oferecimento de proposta
comercial, observados os valores legais; b) realização de pesquisa de mercado; c) apresentação de
proposta de cronograma físico-financeiro adaptado em razão das propostas; d) verificação de
disponibilidade orçamentária; e) obtenção de parecer jurídico sobre a legalidade do aditamento (peça
107, p. 14).
Sobre o aditamento realizado, defende que se a lei exigisse que fossem realizados novos
certames, não estabeleceria a possibilidade de realização de aditivo contratual. Essa figura do aditivo
contratual existiria exatamente para tornar possível a obra pública, para viabilizá-la e suprir as
necessidades da Administração (peça 107, p. 15).
O certame licitatório teria se realizado nos termos legais, sem exigência de marcas ou modelos.
Já definida a empresa vencedora, foi exigido que apresentasse a planilha para que não houvesse a
possibilidade de substituição de produtos por outros de menor valor ou qualidade. Essa exigência teria
sido uma cautela recomendada pela consultoria jurídica do Crea/SP (peça 107, p. 14-15).
Análise
A jurisprudência do Tribunal aponta para a divisão por itens sempre que possível, em especial quando
se trata de um conjunto de intervenções tão diversas quanto às do caso analisado. Com efeito, o imóvel
da Av. Angélica, quando identificado pelo Crea/SP, em momento anterior à realização da licitação,
necessitava de todo o acabamento, com obras civis - instalações elétricas, hidráulicas, adequação de
ambientes -, assim como a instalação de equipamentos diversos.
A figura da empreitada integral não se aplica ao caso, já que não foi licitada a construção de um
imóvel, mas sua aquisição. Ou seja, buscava-se um imóvel já construído que já existiria no mercado.
Caso fosse diferente o entendimento, não deveria ter sido licitada a aquisição de imóvel, mas a
construção de prédio em terreno do Crea, o que poderia até ter sido realizado, já que o Conselho dispõe
de terreno em tamanho adequado para esse tipo de solução, inclusive incorporando todas as suas
atividades, hoje dispersas por diversos imóveis na capital.
Assim, ao decidir pela incorporação ao imóvel dessas inúmeras adequações de instalações físicas
e, principalmente, incluir no objeto de sistemas e equipamentos (tais como sistema de ar condicionado,
centrais de segurança e alarme, computadores, no breaks, sistema de votação e de áudio e vídeo,
poltronas de primeira linha, dentre outros), restou clara a fuga ao processo licitatório. Com efeito, uma
empresa que pretendesse construir ou reformar um prédio para atender ao objeto requerido, certamente
não atuaria nesse vasto número de outras áreas. E as licitantes sequer sabiam o detalhamento preciso
das características desses equipamentos e sistemas, o que dificulta a formação do preço e pode
explicar, em parte, o fato de ter havido apenas uma participante, dentre as dez empresas que retiraram
o edital.
A celeridade e eficiência também não podem ser utilizadas para justificar a aquisição de todos
esses equipamentos e reformas do prédio. Por certo que a contratação unificada é mais célere se
comparada à compra por itens. Porém, o gestor não pode se restringir a esse aspecto na gestão dos
recursos. A legislação que rege as compras públicas tem como fundamentos outros princípios, como a
legalidade, legitimidade e moralidade, que também devem ser observados nas licitações e contratos
celebrados. O que se verificou, na prática, foi a fuga à licitação - procedimento exigido pela Lei
8.666/1993 -, no valor correspondente aos aproximados R$ 13 milhões incorporados ao imóvel da Av.
Angélica. Parte dessa alteração de preço ocorreu por conta de aditivo contratual, o que será abordado
adiante. (...).
1187

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12.2. Responsável: Gustavo Ramos Melo, CPF 264.455.598-16, Assessor da Presidência e


Gestor do contrato (de 17/3/2011 até 15/12/2011).
Conduta: proposta de realização de correções e adequações nas especificações do projeto inicial,
e recomendação favorável à proposta comercial da empresa Q New England S.A. relativa ao
aditamento do contrato firmado com a referida empresa, com fuga à licitação, agregando obras,
serviços e produtos à aquisição do imóvel ‘sede Angélica’, com inobservância aos princípios da
legalidade, economicidade e razoabilidade insculpidos na Lei 9.784/1999.
Razões de justificativa (peça 103):
O arquiteto explica que, ao assumir a gestão do contrato, os serviços não estavam fluindo a
contento e que foi chamado para garantir a efetiva entrega do prédio ao término do contrato, com
qualidade que atendesse às necessidades do Conselho. Assim, constatou que para atendimento do
objeto pretendido havia necessidade das correções e adequações que deveriam ser efetivadas.
Cita, como caso mais crítico, as instalações de som e vídeo para uso dos conselheiros e o sistema
de votação eletrônica. Segundo ele, as cadeiras inicialmente especificadas não apresentavam condições
de instalação do sistema de som individualizado nem o sistema acoplado de vídeo e de votação
eletrônica. E ainda essas cadeiras não apresentavam condições de acomodação adequada dos
notebooks que seriam usados durante as sessões plenárias (peça 103, p. 2). O responsável alega que
esses aspectos se mostravam de fundamental importância para a Administração, pois sem eles os
conselheiros, a cada fala, teriam que se inscrever, aguardar a sua vez e se deslocar até o púlpito para
falar.
Sobre sua conduta, argumenta que no relatório de auditoria constou que ele propôs alterações
para melhor adequação técnica e aproveitamento do imóvel e classificou a proposta comercial da
contratada como abaixo do valor médio praticado pelo mercado, com base em pesquisa de preços, sem
a promoção do devido certame licitatório, o que teria baseado a conclusão por sua culpabilidade.
Portanto, discorda o arquiteto das conclusões do relatório, visto que existia um contrato e existia uma
situação de alteração contratual, que foi realizada utilizando-se o permissivo legal para aditamento do
contrato.
Por fim, aponta que havia necessidade de garantir que esse aditivo estava sendo comercializado a
preços razoáveis, no nível de mercado, o que teria ocorrido por meio de consultas a outras empresas
(peça 103, p. 4). Anexa à sua manifestação despacho realizado no processo, no qual informa que
assumiu a gestão do contrato, realiza análise do caso do imóvel da Av. Angélica e aponta as supostas
necessidades de ajustes que resultaram no aditivo (peça 103, p. 5-15).
Análise
A argumentação do responsável foi no sentido de defender as alterações realizadas no projeto de
adequação do imóvel da Av. Angélica, que, segundo ele, seriam necessárias para melhor execução do
objeto. A razoabilidade do aditivo contratual, que contemplou essas intervenções propostas pelo
arquiteto e aprovadas pelo Presidente José Tadeu, será tratada em item específico.
O presente achado limita-se à fuga de licitação. Sobre esse aspecto, o arquiteto afirma que existia
um contrato e o que ocorreu foi uma situação de alteração contratual, que foi realizada utilizando-se o
permissivo legal para aditamento do contrato. Além disso, teria havido pesquisas para comprovação de
que os preços eram de mercado.
Assiste razão parcial ao responsável. A fuga à licitação ocorreu em momento anterior à sua
designação como gestor do contrato, já que ele informa ter assumido o encargo a partir de 17/3/2011,
enquanto que a homologação do resultado e adjudicação à vencedora já havia acontecido em
16/12/2010 (peça 28, p. 238-240).
A análise das especificações técnicas e as propostas de intervenções foram requeridas pelo então
Presidente José Tadeu. Entende-se que a conduta do arquiteto remete à celebração do aditivo, o que
ocorreu com a incorporação de itens sofisticados e desarrazoados no objeto do aditamento (o que
ocorre em seu despacho de 5/4/2011, que propôs as adequações que resultaram no aditivo), e não
1188

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

propriamente à fuga ao processo licitatório, já que havia um contrato assinado e o valor aditado
encontrava-se abaixo dos 25% permitidos pela Lei 8.666/1993.
(...).
13. Constatação: Excessos desarrazoados no estabelecimento das especificações técnicas de
intervenções realizadas no imóvel da Av. Angélica, sem justificativas e em afronta aos princípios
da economicidade, moralidade e razoabilidade, previstos na Constituição Federal/1988, na Lei
8.666/1993 e na Lei 9.784/1999 (peça 114, p. 4-6) - na especificação do objeto da licitação, o
Crea/SP estabeleceu detalhamento excessivo e injustificado de itens e características que
deveriam constar do imóvel a ser selecionado, dentre as quais a localização em um raio de até 2
km da Avenida Paulista e distante de até 1 km de estação de metrô, e injustificada sofisticação e
ausência de economicidade na definição dos equipamentos e materiais que deveriam compor o
imóvel, como a exigência de pisos em granito, poltronas de primeira linha, isolamento acústico,
sistemas modernos de áudio e vídeo e de votação, e softwares para gerenciar toda a plataforma
de informática. Todas essas exigências foram incluídas sem que constasse do processo qualquer
detalhamento ou referência aos preços a serem acrescidos ao imóvel para seu atendimento.
13.1. Responsável: José Tadeu da Silva, CPF 720.451.168-91, Presidente do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (de 1º/1/2010 a 31/12/2011).
Conduta: determinar a abertura de procedimento licitatório e autorizar a contratação da empresa
que alienou o imóvel da Av. Angélica ao Crea, mediante assinatura da Nota de Empenho de
Compra/Serviço e respectivo anexo, com estabelecimento de especificações técnicas das intervenções
realizadas de modo desarrazoado e sem justificativas, em afronta aos princípios da economicidade,
moralidade e razoabilidade, da Constituição Federal/1988, Lei 8.666/1993 e Lei 9.784/1999.
Razões de justificativa (peça 168):
O gestor alega que a aquisição do imóvel poderia ter sido realizada sem licitação (peça 168, p. 2
e 6). Destaca um julgado do TCU que ampararia a aquisição com base no art. 24, X, da Lei
8.666/1993, bem como edital para aquisição de imóvel pelo Ministério Público de Santa Catarina, no
valor de R$ 53 milhões, por dispensa de licitação com base no mesmo dispositivo legal (peça 168, p.
8-9).
Sobre o imóvel adquirido, defende que inicialmente houve oferta apenas do auditório, sem
acabamento, por R$ 7,3 milhões, que foi recusado ‘uma vez que a proposta para entrega de forma
inacabada’, relacionando diversos imóveis que foram oferecidos ao Conselho (peça 168, p. 3). No
início de 2010 foi novamente oferecido o imóvel da Av. Angélica, porém já com os quatro
pavimentos, devidamente acabados, por R$ 23 milhões. A partir daí, começa a descrever o processo, o
qual já é de conhecimento da auditoria que culminou na audiência.
Aponta que houve aprovação de verba pela Diretoria do Conselho, autorização para aquisição
pelo Plenário do Conselho e parecer jurídico favorável (peça 168, p. 4-6).
Entende que o trabalho elaborado pelo Arquiteto foi um trabalho técnico, amparado nos
conhecimentos e legislações aplicáveis à matéria, apontando trechos de autores sobre o tema ‘Conforto
em Auditórios’. Assim, defende que os auditores do TCU não teriam competência técnica para avaliar
a matéria, que a constatação de excessos só poderia ser realizada por profissional habilitado e que, no
caso de controvérsia, deveria ser ouvido um perito (peça 168, p. 7).
Análise
Há pontos específicos no presente relatório que tratam do direcionamento de licitação com restrição à
competitividade (item 11) e da fuga à licitação por incorporação de itens na aquisição do prédio (item
12). Assim, não cabe mais tecer considerações a esse respeito.
A irregularidade atribuída ao gestor neste ponto foi a determinação da abertura de procedimento
licitatório e consequente autorização para contratação da empresa que alienou o imóvel da Av.
Angélica ao Crea, de modo desarrazoado e sem justificativas, em afronta aos princípios da
economicidade, moralidade e razoabilidade. Esses atos foram praticados pelo gestor e a submissão do
1189

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processo à Diretoria e ao Plenário do Conselho, e a emissão de parecer jurídico não isentam sua
responsabilidade.
Da mesma forma, o relatório de auditoria, ao contrário do que alega o gestor, não questiona ou
desqualifica a peça técnica produzida pelo Arquiteto. O ponto em discussão foram os excessos
praticados, a partir de uma escolha dos responsáveis pela elaboração dessas especificações e pela
autorização do prosseguimento da contratação. Com efeito, qualquer obra pode ser executada com
diversos padrões de construção, sem que isso indique que um projeto de padrão mais econômico possa
ter diferença (do ponto de vista técnico) em relação a outra de padrão luxuoso. O que se questiona são
os excessos adotados pelos gestores em sua escolha, irregularidade que se agrava quando considerada
em conjunto com os demais achados referentes ao imóvel da Av. Angélica, como a restrição à
competitividade e a fuga à licitação. Fotos anexadas ao relatório de auditoria demonstram parte dos
excessos praticados (peça 48, p. 40-43).
(...).
14. Constatação: Celebração de termo aditivo para a aquisição do imóvel ‘sede Angélica’,
em afronta aos princípios da economicidade, moralidade e razoabilidade (peça 114, p. 6-7) - não
obstante ter havido a incorporação de bens, serviços, materiais e reformas baseada na
especificação de itens caros, sofisticados e desarrazoados, que culminaram por quase dobrar o
valor do imóvel, o Crea/SP entendeu necessária a inclusão de outros bens (móveis e
equipamentos) e serviços de adequação para reformulação de layout, o que elevou o valou do
imóvel em R$ 2,7 milhões (aditivo de 12%). A empresa contratada Q New England aquiesceu à
inclusão dos novos bens e serviços.
14.1. Responsável: José Tadeu da Silva, CPF 720.451.168-91, Presidente do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (de 1º/1/2010 a 31/12/2011).
Conduta: autorizar e assinar o aditivo contratual que majorou o valor do imóvel da Av. Angélica
em R$ 2.714.577,39.
Razões de justificativa (peça 168, p. 17-19):
O gestor alega que, após a contratação e no decorrer das obras, os trabalhos não estavam fluindo
no ritmo desejado e que as intervenções não estariam condizentes com o quanto estabelecido
inicialmente. O Presidente teria então resolvido substituir o gestor do Contrato, que elaborou relatório
em que constariam as alterações para melhor aproveitamento do imóvel.
Assim, foi consultada a empresa contratada sobre o interesse no aditamento, com realização de
pesquisa de mercado, apresentação de proposta de cronograma físico-financeiro adaptado, verificação
de disponibilidade orçamentária e obtido parecer jurídico sobre a legalidade do aditamento (peça 168,
p. 17-18).
O ex-Presidente defende que a alteração qualitativa do objeto proporcionou atendimento ao
interesse público, e que os encargos de uma eventual rescisão contratual seriam superiores à opção
adotada. Além disso, o valor da alteração contratual não extrapolou o limite previsto pelo artigo 65, §
1º, da Lei 8.666/1993. Conclui que autorizar e assinar o aditivo contratual que majorou o valor do
imóvel da Av. Angélica em R$ 2.714.577,39 foi ato decorrente do trabalho técnico realizado, que
culminou com a proposta de alteração do projeto, respaldado com o parecer jurídico mencionado.
Análise
Cabe esclarecer que o percentual do aditivo autorizado pelo gestor do Crea encontra-se de fato de
acordo com os parâmetros permitidos pela lei de licitações e contratos. No entanto, isso não foi objeto
de apontamento. A irregularidade consistiu na inobservância dos princípios da economicidade,
moralidade e razoabilidade, previstos na Constituição Federal/1988, Lei 8.666/1993 e Lei 9.784/1999,
os quais devem ser seguidos por todos os gestores públicos.
Como já restou devidamente comprovado, a licitação foi direcionada, houve fuga à licitação por
incorporação de bens, equipamentos e serviços que quase dobraram o valor do imóvel, e ainda houve
excesso na escolha dos melhoramentos a serem realizados. Nesse sentido, o conjunto de intervenções
1190

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

realizadas com base nesse aditamento majoraram os valores e especificações que já eram excessivos,
com afronta aos princípios da economicidade, moralidade e razoabilidade.
Exemplo desses excessos pode ser verificado na autorização aos arquitetos Gustavo Ramos Melo
e Luciana Rando de Macedo Bento para viajarem a Barcelona/Espanha, no intuito de realizarem visita
técnica na empresa Figueras, no período de 21 a 26 de março de 2011. Em consequência, foram
adquiridas poltronas, sistema de vídeo, áudio e de microfonia de elevado custo para o auditório
Crea/SP, conforme se pode observar da planilha apresentada pela empresa Pedra Forte (peça 29, p.
94). Algumas das fotos produzidas na fase de execução da auditoria corroboram os excessos praticados
(peça 48, p. 40-43).
Reafirme-se que não se questiona o trabalho técnico produzido pelo arquiteto, mas as escolhas
adotadas pelo ex-Presidente e que compõem o aditivo contratual. (...).
14.2. Responsável: Gustavo Ramos Melo, CPF 264.455.598-16, Assessor da Presidência e
gestor do contrato (de 17/3/2011 até 15/12/2011).
Conduta: elaborar especificações técnicas para modificação do Projeto Básico, que resultou em
celebração de termo aditivo e elevação do valor contratado em 12%, em inobservância aos princípios
da razoabilidade, economicidade e moralidade previstos na Constituição Federal/1988, Lei 8.666/1993
e Lei 9.784/1999.
Razões de justificativa (peça 141):
Defende o gestor do contrato que seu trabalho foi estritamente técnico, dentro do escopo
solicitado pela Administração (peça 141, p. 1). Afirma que, ao assumir a gestão do contrato, realizou
reunião com a equipe que geria a obra, tendo resultado no trabalho técnico apresentado. Assim, após
aprovação pelas autoridades competentes, procedeu à execução do novo projeto.
Em seguida, passa a justificar cada uma das alterações realizadas (peça 141, p. 2-16), o que se
constitui em repetição do que consta da peça técnica elaborada pelo arquiteto e já analisada no período
da auditoria.
Análise
Na mesma linha de análise adotada para a conduta do arquiteto Aquilino Verdade no caso das
especificações desarrazoadas, entende-se que assiste razão ao Sr. Gustavo Melo.
A conduta do gestor do contrato considerada irregular seria a elaboração das especificações
técnicas para modificação do Projeto Básico, que resultou em celebração de termo aditivo e elevação
do valor contratado em 12%, em inobservância aos princípios da razoabilidade, economicidade e
moralidade.
Na elaboração do trabalho técnico do arquiteto não estava implícito o conhecimento da
legislação de licitações e contratos. E sob esse aspecto legal, verifica-se que o termo aditivo elevou o
valor contratado em patamar permitido pela Lei 8.666/1993, com parecer jurídico favorável. A partir
de análise do conjunto de agentes que contribuíram para o ato irregular, conclui-se pela inexigibilidade
de conduta diversa do arquiteto, sendo os excessos atribuídos às escolhas do ex-Presidente do Crea/SP.
(...)”.
11. Na oportunidade, expressei concordância com o exame empreendido pela Secex/SP,
consoante se verifica dos itens 6 a 29 da Proposta de Deliberação então apresentada, posicionamento
endossado por este Plenário, nos termos do Acórdão n. 1.656/2015.
12. Veja-se, da transcrição feita no item 10 acima, que todos os argumentos de defesa
apresentados pelo embargante foram examinados pela unidade técnica, em contraponto com as razões
de justificativa dos demais envolvidos, concluindo-se, na oportunidade, que a responsabilidade pela
definição de todas as especificações do imóvel foi do ex-Presidente do Crea/SP, Sr. José Tadeu da
Silva, como se vê do despacho por ele proferido (p. 7-10 da peça 169), sendo que os arquitetos, Srs.
Aquilino José Pacheco Verdade e Gustavo Ramos Melo assinaram os memoriais descritivos para
atendimento às referidas definições.
13. Uma vez que não se comprovou a omissão de análise alegada pelo Sr. José Tadeu da Silva,
não há que se dar provimento aos Embargos de Declaração por ele opostos.
1191

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14. Ademais, pelo que se depreende dos argumentos por ele oferecidos, em sede de Embargos, o
que se pretende é a rediscussão do mérito destes autos e da pena que lhe foi aplicada. E tal pretensão
não deve ser resolvida mediante a espécie recursal escolhida, que constitui via estreita e não se presta à
alteração do mérito das decisões atacadas, haja vista que têm por finalidade aclarar ou corrigir os
defeitos da Deliberação vergastada, nos termos do art. 34, caput, da Lei n. 8.443/1992.
15. Este Tribunal, em várias oportunidades (v. g. Acórdãos ns. 92/2004 e 328/2004, do Plenário,
e 137/2007 e 6.723/2010, da 1ª Câmara, entre outros julgados), bem como o Supremo Tribunal Federal
(RE 327376/PR, DJ 12/06/2002, AI 423108 AgR-ED/DF, DJ 18/02/2005; AI 455611 AgR-ED/RS, DJ
18/02/2005; AI 488470 AgR-ED/RS, DJ 18/02/2005), já se pronunciaram no sentido de que não cabe,
em sede de embargos de declaração, rediscutir a matéria decidida, para modificar o julgado em sua
essência.
16. Desse modo, os Embargos de Declaração opostos pelo Sr. José Tadeu da Silva contra o
Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário devem ser conhecidos, para, no mérito, negar-lhes provimento,
dando-se ao embargante conhecimento do Acórdão que sobrevier, nesta oportunidade.
17. Neste ponto, passo a tratar das proposições formuladas pela Secex/SP e pelo Ministério
Público junto a este Tribunal, relativamente à publicação dos nomes dos advogados constituídos nestes
autos (peças 224, 225 e 232).
18. Como já dito, em razão da constatação de equívoco na identificação dos representantes legais
dos responsáveis no Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, foram apresentadas proposições dissonantes
por parte da unidade instrutiva e do Ministério Público junto a este Tribunal quanto ao melhor
encaminhamento da questão.
19. Enquanto que a Secex/SP sugere, nos termos da Súmula/TCU n. 145 e da Ordem de
Serviço/Segecex n. 10/2005, o apostilamento do referido Acórdão, com a substituição do rol elaborado
indevidamente (peças 224 e 225), o Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin entende mais acertado,
pelas razões descritas no item 9 do Relatório antecedente, que esta Corte declare, de ofício, a nulidade
do Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, promovendo novo julgamento deste feito, após o seu
saneamento.
20. De início, reproduzo o contido no art. 236, § 1º, do Código de Processo Civil, empregado
subsidiariamente aos processos deste Tribunal de Contas da União:
“Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-se feitas
as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial.
§ 1o É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação constem os nomes das partes e de
seus advogados, suficientes para sua identificação.”.
21. Da consulta aos documentos cadastrados no Sistema Sagas, na função “Agrupado por tipo de
Documento”, tem-se que os dois responsáveis multados por intermédio do Acórdão n. 1.656/2015
constituíram os seguintes advogados nas seguintes datas:
RESPONSÁVEL REPRESENTANTE LEGAL DATA
Cristiano Vilela de Pinho 07/07/2015
Eduardo Conde da Silva Júnior
Erika Juliane Nakamura (estagiária)
Fátima Cristina Pires Miranda
Flávia Botta
José Tadeu da Silva Gabriel Angeli Pesato
Juliana Ferreira Andrade da Silva
Priscila Lima Aguiar Fernandes
Renan Bronzatto Adorno
Rubens Catirce Júnior
Wilton Luis da Silva Gomes
Ariosto Mila Peixoto Adriana Ferreira 31/12/2012
1192

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Camille Vaz Hurtado Pavani


Caroline dos Santos (estagiária)
Erika Alves Oliver Watermann
22. Como a pauta da Sessão Ordinária de 08/07/2015, data do julgamento do Relatório da
Auditoria em comento, foi publicada no Diário Oficial da União de 06/07/2015, constata-se que o
descumprimento do aludido dispositivo do Código de Processo Civil se refere somente ao Sr. Ariosto
Mila Peixoto, uma vez que, em relação ao outro responsável, não fora ainda constituída a banca de
advogados acima arrolada, na data da publicação da pauta.
23. Sendo assim, por afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, creio mais
acertado à espécie declarar, de ofício, a nulidade do Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário em relação ao
Sr. Ariosto Mila Peixoto, mantendo-se inalterados os efeitos da Deliberação no que toca ao Sr. José
Tadeu da Silva e aos demais responsáveis arrolados nestes autos.
24. Cabe à Secex/SP providenciar a notificação do Sr. Ariosto Mila Peixoto e reinstruir este
feito, posteriormente, remetendo-o ao Gabinete deste Relator.
Dessarte, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Plenário.

ACÓRDÃO Nº 2754/2015 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 035.902/2011-6.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Interessado: José Tadeu da Silva (720.451.168-91).
4. Entidade: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo em São Paulo (Secex/SP).
8. Representação Legal: Thiago Santos de Araújo (OAB/SP 324.659), Fátima Cristina Pires
Miranda (OAB/SP 109.889), Wilton Luís da Silva Gomes (OAB/SP 220.788), Cristiano Vilela de
Pinho (OAB/SP 221.594), Renan Bronzatto Adorno (OAB/SP 301.385), Priscila Lima Aguiar
Fernandes (OAB/SP 312.943), Rubens Catirce Júnior (OAB/SP 316.306), Gabriel Angeli Pesato
(OAB/SP 329.916), Juliana Ferreira Andrade da Silva (OAB/SP 335.963), Flávia Botta (OAB/SP
351.859), Eduardo Conde da Silva Júnior (OAB/SP 357.171), Erika Juliane Nakamura (OAB/SP
207.524-E), Camille Vaz Hurtado Pavani (OAB/SP 223.302), Erika Alves Oliver Watermann
(OAB/SP 181.904), Adriana Ferreira (OAB/SP 324.077), Antony Araújo Couto, OAB/SP 226.033,
Jadir José Alberti (OAB/SC 33.692B), Renata Valéria Pinho Casale Cohen (OAB/SP 225.847), César
Eduardo Abranches Cavalcante Foratiero (OAB/SP 199.304-E), Robson do Nascimento Ribeiro
(OAB/SP 206.013-E).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração opostos contra o
Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, por parte do Sr. José Tadeu da Silva, ex-Presidente do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo – Crea/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 conhecer dos presentes Embargos de Declaração referentes ao Acórdão n. 1.656/2015
– Plenário, opostos pelo Sr. José Tadeu da Silva, para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. declarar, de ofício, a nulidade do aludido Acórdão n. 1.656/2015 – Plenário, somente
em relação ao Sr. Ariosto Mila Peixoto, ante o descumprimento do § 1º do art. 236 do Código de
Processo Civil;
1193

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. determinar à Secex/SP que providencie a notificação do Sr. Ariosto Mila Peixoto acerca
da deliberação inserta no subitem 9.2 retro e a reinstrução dos autos;
9.4 dar ciência desta Deliberação ao Sr. José Tadeu da Silva.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2754-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa (Relator).

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

GRUPO I – CLASSE ___ – Plenário


TC 006.374/2012-3 [Apenso: TC 006.439/2010-1]
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado
da Bahia; Ministério das Cidades (vinculador)
Responsáveis: Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF 117.579.905-00); Caixa Econômica
Federal (00.360.305/0001-74); Cláudia Maia de Freitas (599.430.451-87); Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (13.595.251/0001-08); Deir Nazareth Andrade Costa da
Silva (CPF 268.879.165-68); Dellano Carvalho Abreu (811.902.555-53); Gilbert Souza Santos
(728.893.815-87); José Ubiratan Cardoso Matos (452.920.195-34); Leonardo Barbosa dos Santos
(959.199.295-53); Luiz Eduardo Lopes Jenkins (066.694.505-59); Ministério das Cidades
(vinculador); Márcio Reis de Jesus (917.762.605-20); Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF
408.825.945-91); Sz Construtora e Incorporadora Ltda (09.655.659/0001-50)
Interessado: Congresso Nacional
Representação legal: Murilo Oliveira Leitão (17611/OAB-DF) e outros, representando a Caixa
Econômica Federal.
SUMÁRIO: AUDITORIA. OBRAS DE URBANIZAÇÃO DO BAIRRO NOVA
CONSTITUINTE. IRREGULARIDADES. AUDIÊNCIAS DE RESPONSÁVEIS. ACOLHIMENTO
PARCIAL DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA APRESENTADAS POR UMA RESPONSÁVEL.
ELISÃO DA RESPONSABILIDADE DE OUTRAS. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.
Relatório
Examino auditoria realizada no Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal e Companhia
de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), no período entre 15/3/2010 e 23/4/2010.
2. A auditoria teve como objetivo realizar levantamento de auditoria nas obras de urbanização
integrada de Nova Constituinte/Vale do Paraguari, subúrbio ferroviário de Salvador/BA. A obra está
incluída nos projetos prioritários de investimento, integrante do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), com a finalidade de executar ações integradas de habitação, saneamento e
inclusão social.
3. O projeto prevê a execução de obras e serviços de engenharia para infraestrutura: sistema
viário, abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem pluvial; a construção de
equipamentos comunitários, 576 unidades habitacionais, 1.232 melhorias habitacionais e 743 unidades
sanitárias.
1194

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. O valor total de investimento inicialmente previsto para o empreendimento foi de R$ 42,9


milhões, conforme o contrato de repasse 0218855-47/2007.
5. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 31,63 milhões. Este volume de
recursos corresponde a todas as notas de empenho do contrato de repasse em questão, desde 2007 a
2010, no valor de R$ 28,20 milhões, somados ao equivalente da contrapartida estadual no valor de R$
3,43 milhões.
6. Os principais achados do trabalho, registrados no relatório de fiscalização 186/2010 (TC
006.439/2010-1, peça 1, p. 88-126), foram: '3.1 - projeto básico deficiente ou desatualizado (IG-C)' e '
3.2 - Inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e global (OI)'.
7. Em despacho monocrático de 23/10/2010, autorizei a audiência das Sras. Adalva Pereira
Tonhá de Menezes, Deir Nazareth Andrade Costa e Silva e Rita de Cássia Alves de Souza para que
apresentassem razões de justificativas relacionadas aos seguintes fatos (TC 006.439/2010-1, peça 1, p.
128-129):
"- a Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF 117.579.905-00), diretora de habitação da Companhia
de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, por ter solicitado abertura de procedimento licitatório com
base em projeto básico deficiente, em afronta ao art. 6°, inciso IX, da Lei n° 8.666/1993;
- a Sra. Deir Nazareth Andrade Costa da Silva (CPF 268.879.165-68), sub-coordenadora da supervisão de
orçamentação da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, por ter aprovado orçamento base
em desacordo com o projeto básico da obra de requalificação ambiental e urbanística em Nova Constituinte, em
afronta ao art. 6°, inciso IX, alínea f da Lei n° 8.666/93;
- a Sra. Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF 408.825.945-9 1), orçamentista da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, por ter elaborado orçamento base em desacordo com o projeto
básico da obra de requalificação ambiental e urbanística em Nova Constituinte, em afronta ao art. 6°, inciso IX,
alínea f da Lei n° 8.666/93."
8. As razões de justificativas apresentadas mereceram da Secex-BA as seguintes análises e
conclusões (peça 171):
“I. Audiência da Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes
30. Em cumprimento ao Despacho do Ministro Relator, de 23/7/2010 (peça 1, p. 128-129, do TC
006.439/2010-1), foi promovida a audiência da Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF 117.579.905-00),
na qualidade de diretora de habitação da Conder/BA, para possibilitar que esta apresentasse suas razões de
justificativa por ter solicitado abertura de procedimento licitatório com base em projeto básico deficiente, em
afronta ao art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993.
I.1. Razões de justificativa (peça 10, p. 10-24, do TC 006.439/2010-1)
31. A responsável apresentou a sua manifestação em 30/8/2010. Inicialmente, destacou as seguintes
características do empreendimento: i) a população do local possui baixa renda, baixo nível de escolaridade e alto
índice de desemprego; ii) o local apresenta ocupação desordenada, oriunda de inúmeras invasões que resultaram
em um traçado irregular; iii) a topografia da área é desfavorável, com trechos de declividade acentuada, solo em
massapé (solo de baixa resistência), sujeito a deslizamentos e desabamentos de encostas, alagamentos
indiscriminados, enchentes, o que causa risco de acidentes; iv) a área é carente de infraestrutura urbana,
equipamentos de uso coletivo e diversos outros elementos necessários para a sua adequada habitabilidade; v)
diante da sua importância, a obra foi inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
32. Informou que a Conder/BA contratou o arquiteto Floriano Freaza para elaborar estudos técnicos e
desenvolver o projeto dessas obras, tendo anexado a sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) (peça
10, p. 24, do TC 006.439/2010-1), de 4/8/2008. Segundo a gestora, a licitação da 2ª etapa foi realizada com base
no projeto básico elaborado por esse profissional, tendo este se comprometido integralmente pela boa técnica
empregada em seu trabalho.
33. Quanto à elaboração do projeto básico, ressaltou que essa atividade enfrentou dificuldade típica de
toda atividade estatal voltada à recuperação e reurbanização de bolsões de pobreza espalhados pelo território
nacional. Isso porque as comunidades ocupadas desordenadamente geralmente apresentam um alto dinamismo
na sua ocupação, com permanente mutação das unidades estabelecidas e uma variação significativa e acelerada
do número de ocupantes, o que, no seu entendimento, tornaria relevante a aproximação entre o momento da
concepção do projeto e a efetiva realização das obras. Além disso, salientou que a ocupação desordenada e a
1195

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

impossibilidade de se esvaziar a área temporariamente dificultou o desenvolvimento de todos os estudos


técnicos e o detalhamento do projeto de intervenção.
34. Outro aspecto alegado pela responsável é que, naquela época, as regras definidas no programa não
exigiam que o início da licitação se desse apenas em momento posterior à aprovação prévia dos projetos pela
CEF e à expedição da Síntese do Projeto Aprovado (SPA) – documento emitido pelo Ministério das Cidades
após a aprovação do projeto pela CEF e a verificação do seu enquadramento no programa. Ademais,
argumentou que não seria razoável desconsiderar um projeto concebido por profissional habilitado e recebido
pelo setor técnico da Conder/BA.
35. Acrescentou ainda que, em 20/8/2010, a CEF, após análise de documentação complementar
encaminhada pela Conder/BA, informou que “os quantitativos e serviços previstos estão aptos à aprovação,
considerando as memórias de cálculo e projetos apresentados”. Como as obras da 2ª etapa ainda não haviam
sido iniciadas, alegou que as questões técnicas estavam sendo enfrentadas e vencidas, sem qualquer prejuízo ao
erário ou violação aos princípios da Administração Pública. Alegou que seria precipitada a conclusão da equipe
da auditoria que afirma haver risco potencial de celebração de aditivos que ultrapassassem o limite previsto no
art. 65 da Lei 8.666/1993 ou necessidade de novo orçamento com valor superior ao investimento previsto no
contrato de repasse em caso de posterior adequação do projeto básico.
36. Por fim, concluiu que seria descabido aplicar-lhe qualquer sanção, haja vista que a própria equipe de
auditoria teria afirmado no relatório que:
(...) este achado não se enquadra na definição de irregularidade grave do art. 94, § 1º, IV, da Lei
12.017/2009 (LDO 2010), pois o potencial risco de lesão aos cofres federais está mitigado, uma vez que só
haverá liberação dos recursos por parte da CEF após análise favorável dessa instituição.
37. Assim, a gestora entendeu que os próprios auditores teriam considerado que a irregularidade não seria
grave, de modo que não haveria motivos para a incidência de multa, por restarem afastadas as hipóteses
previstas no art. 58 da Lei 8.443/1992.
I.2. Análise
38. Conforme será demonstrado a seguir, considera-se que os argumentos apresentados pela gestora não
foram suficientes para elidir a irregularidade relativa à deficiência do projeto básico que serviu de base para a
Concorrência 32/2009. Entretanto, observa-se nos autos que a alegação de que as questões técnicas estavam
sendo saneadas pela Conder/BA é procedente, pois há evidências de que a companhia adotou medidas corretivas
para atenuar a gravidade da irregularidade e evitar consequências prejudiciais à Administração Pública.
39. Primeiramente, entende-se que as alegadas características do empreendimento não justificam a
irregularidade. Pelo contrário, servem para reforçar a importância de se basear a licitação das obras em projeto
básico consistente e com todas as informações necessárias para a sua adequada caracterização, à luz do art. 6º,
inciso IX, da Lei 8.666/1993, uma vez que a própria manifestante reconheceu que a comunidade encontra-se
inserida em área com topografia e solos desfavoráveis, com riscos de deslizamentos e de enchentes, que podem
afetar as unidades habitacionais e a população local. O fato de a intervenção incidir sobre comunidade com
predominância de população com baixa renda e baixo nível de escolaridade torna ainda mais relevante que o
projeto básico esteja adequado, pois se presume que a população terá menos informações acerca de eventuais
riscos a que suas unidades habitacionais estarão submetidas quando da conclusão do empreendimento e sobre os
procedimentos apropriados para o monitoramento desses riscos.
40. Ademais, a contratação de profissional legalmente habilitado para elaboração do projeto básico não
exclui a responsabilidade dos gestores da Conder/BA acerca de eventuais deficiências ou incompletude do
projeto, haja vista que, por força do art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei 8.666/1993, as obras e serviços somente podem
ser licitados quando houver projeto básico aprovado pela autoridade competente, que, no caso concreto, seria a
aprovação por um gestor da referida companhia. Como a manifestante não apresentou documento que
demonstre aprovação formal do projeto básico por funcionário da companhia e não há nos autos qualquer
documento que comprove tal aprovação, entende-se que houve aprovação tácita do projeto básico pela
responsável, visto que foi ela quem solicitou a abertura do procedimento licitatório com base no referido projeto
básico.
41. O alto dinamismo da ocupação desordenada realmente torna importante a busca por uma aproximação
entre o momento da concepção do projeto e o da efetiva realização das obras.
42. Entretanto, tal aproximação deve respeitar o período mínimo necessário para se desenvolver e
completar adequadamente o projeto básico, em conformidade com o disposto na Lei de Licitações e Contratos,
ou seja, não pode servir como justificativa genérica para um projeto deficiente.
1196

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

43. Analisando o cenário das obras neste país, tem-se observado que grande parte dos atrasos na execução
das obras são decorrentes de projetos deficientes, os quais, muitas vezes, são elaborados às pressas para dar
início ao procedimento licitatório das obras correspondentes. Como consequência, surgem entraves durante a
execução do contrato, provocando a necessidade de reformulação dos projetos, de aditivos com altos valores,
etc. Além disso, cabe salientar que projetos deficientes geram riscos que inevitavelmente serão incluídos nas
propostas de preço das concorrentes, em prejuízo à economicidade da licitação, e, quando não incluídos nas
propostas de preço, aumentam o risco de inexecução do objeto licitado, por desistência da contratada.
44. A manifestante também alegou que os estudos técnicos e o detalhamento do projeto foram
prejudicados pela ocupação desordenada e pela impossibilidade de se esvaziar a área temporariamente.
45. Porém, não informou quais estudos foram prejudicados, quais ensaios não puderam ser executados,
quais foram as dificuldades que impediram o acesso e o levantamento de informações, nem quais foram as ações
empreendidas pela Conder/BA na tentativa de realizar o referido levantamento. Desse modo, trata-se de
alegação genérica que é insuficiente para demonstrar a impossibilidade de realização de estudos técnicos no
local e de detalhamento do projeto de maneira adequada.
46. Além disso, observa-se que a CEF também apontou pendências que não são decorrentes da
impossibilidade de realização de determinados ensaios no local, mas sim de inconsistências entre peças do
projeto básico, a exemplo das divergências entre o orçamento e as memórias de cálculo, das incompatibilidades
entre os projetos arquitetônico e estrutural para a Habitação Padrão Tipo BA70 GD2, bem como da
sobreposição de quantitativos de alguns serviços relacionados à movimentação de terra.
47. A gestora também argumentou que a realização da licitação antes da aprovação do projeto básico pela
CEF não infringiu as regras do programa vigentes à época.
48. Quanto a esse aspecto, convém esclarecer que a conduta de promover a licitação antes da aprovação
do projeto básico pela CEF não foi considerada irregular no referido relatório, nem configurou motivo da
audiência em apreço. Esta foi realizada em função de a gestora ter iniciado a licitação com base em projeto
básico deficiente, em descumprimento ao disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993. As pendências
apontadas pela CEF e reproduzidas no relatório de auditoria tiveram como propósito somente evidenciar as
deficiências do projeto básico.
49. A gestora também alegou que, em 20/8/2010, a CEF informou que os quantitativos e serviços estavam
aptos à aprovação, considerando as memórias de cálculo e projetos apresentados.
50. Contudo, não encaminhou o documento comprobatório correspondente. Conforme informações do
relatório da auditoria de 2012 (peça 64, p. 8), a aprovação do projeto básico pela CEF somente veio a ocorrer
em 30/6/2011, por meio do Laudo de Análise Técnica de Engenharia (LAE). Esse mesmo relatório (peça 64, p.
15) informou que, além das notas técnicas mencionadas na auditoria de 2010, foram necessárias outras oito
notas técnicas emitidas pela CEF comunicando à Conder/BA pendências no projeto básico, quais sejam: a NT
GIDUR/SA 697/10, de 13/05/2010, a NT GIDUR/SA 766/10, de 24/5/2010, a NT GIDUR/SA 956/10, de
29/6/2010, a NT GIDUR/SA 1144/10, de 28/6/2010, a NT GIDUR/SA 1288/10, de 19/8/2010, a NT
RSGOV/SA 1620/10, de 3/11/2010, a NT RSGOV/SA 1841/10, de 10/12/2010 e a NT RSGOV/SA 309/11, de
22/3/2011.
51. A gestora ainda defendeu que não lhe deveria ser aplicada qualquer sanção, pois a própria equipe de
auditoria teria afirmado no relatório de 2010 que o achado não se enquadrava na definição de irregularidade
grave do art. 94, § 1º, inciso IV, da Lei 12.017/2009 (LDO 2010). No seu entendimento, como a equipe de
auditoria não considerou grave a irregularidade, não haveria motivo para aplicar-lhe multa com base no art. 58
da Lei 8.443/1992.
52. Essa alegação também não procede. Isso porque o art. 94, § 1º, inciso IV, da Lei 12.017/2009 define a
irregularidade grave com recomendação de paralisação (IG-P), isto é, aquela irregularidade que, diante da
potencialidade de ocasionar prejuízos ao erário, enseja o bloqueio preventivo das execuções física, orçamentária
e financeira do contrato. Como a equipe de auditoria considerou que a potencialidade de causar prejuízos estava
mitigada, uma vez que só haveria liberação dos recursos por parte da CEF após análise favorável dessa
instituição, o achado foi classificado como irregularidade grave com recomendação de continuidade (IG-C).
Logo, a irregularidade foi considerada grave pela equipe de auditoria e por este Tribunal, razão pela qual foram
promovidas as audiências ora em análise, sendo, portanto, possível a aplicação de multa aos responsáveis, no
caso de rejeição das suas razões de justificativa.
53. Embora as alegações da manifestante não tenham se mostrado suficientes para afastar a
irregularidade, a gestora afirmou que a Conder/BA vem adotando medidas corretivas com vistas a evitar
1197

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

consequências prejudiciais à Administração Pública. Analisando os autos, percebe-se que tal afirmativa é
procedente.
54. Uma das medidas refere-se à rescisão do contrato oriundo da Concorrência 32/2009, por iniciativa
própria, antes de qualquer execução física ou financeira, de modo que a licitação com base em projeto básico
deficiente não trouxe prejuízos ao erário (peça 64, p. 15).
55. Ou seja, mesmo na hipótese de que as deficiências do projeto básico realmente tivessem prejudicado a
concorrência, por meio de aumento dos valores das propostas de preço das licitantes devido ao maior nível de
riscos, de contratação antieconômica ou de inobservância aos princípios da licitação pública, ainda assim a
rescisão do contrato sem qualquer execução teria evitado/mitigado danos à Administração e a terceiros.
56. A rescisão ainda evitou eventuais aditivos que poderiam superar o limite estipulado no art. 65, § 2º, da
Lei 8.666/1993 ou, até mesmo, descaracterizar o objeto licitado.
57. Outra medida corretiva refere-se aos posteriores procedimentos de ajustes e revisões no projeto
básico, efetuados pela Conder/BA, que inclusive culminaram na aprovação do projeto básico pela CEF em
30/6/2011.
58. Além disso, conforme mencionado anteriormente, o relatório de auditoria de 2012 apontou
deficiências concernentes à inviabilidade técnica e ambiental da solução adotada no projeto básico, sendo que a
Conder/BA se comprometeu a realizar as readequações necessárias antes de iniciar as obras correspondentes.
Considerando as circunstâncias do caso concreto, o Relator formulou proposta de deliberação (peça 94), de
13/6/2012, acatada pelo Plenário deste Tribunal por meio do Acórdão 1.484/2012, demonstrando o
entendimento de que as medidas corretivas relacionadas à deficiência do projeto básico estavam em curso, o que
afastava a potencialidade de ocasionar prejuízo ao erário ou a terceiros, conforme se verifica no trecho da
referida proposta de deliberação, transcrito a seguir:
28. Verifico, no entanto, a partir das diversas manifestações do órgão ambiental estadual, da própria
Conder e da Caixa que esses problemas são do conhecimento dos órgãos e entidades envolvidas, os quais
demonstram estar comprometidos com a adoção de iminentes providências adequadas para o seu saneamento,
não se vislumbrando, por conseguinte, o risco de que as obras serão executadas sem as correções necessárias e
sem a elaboração de novo e adequado projeto básico.
59. Posteriormente, o Relator, por meio de nova proposta de deliberação (peça 114), de 24/10/2012,
acatada pelo Plenário do TCU por meio do Acórdão 2.918/2012, considerou que a Conder/BA estava adotando
os procedimentos necessários para corrigir o projeto básico, de modo que entendeu desnecessário, naquele
momento, acolher a proposta da equipe de auditoria contida no relatório de 2012 de promover a audiência dos
responsáveis pelo encaminhamento do projeto básico da Conder/BA à CEF e dos responsáveis pela sua
aprovação na CEF, conforme se verifica no trecho transcrito a seguir:
‘26. Tendo em vista que ficou constatado que a Conder atua para sanar as irregularidades apontadas pela
equipe de auditoria da Secob-3, considero desnecessário, nesta etapa processual realizar audiências dos
responsáveis, mas cumpre assinar prazo para que a empresa encaminhe ao Tribunal informações sobre a
implementação das ações corretivas.’
60. A análise da correção das irregularidades relacionadas ao projeto básico detectadas no relatório de
auditoria de 2012 continua sendo realizada no âmbito do TC 022.274/2013-8, que trata do monitoramento da
determinação contida no item 1.9.1 do Acórdão 1.371/2013-Plenário.
61. Ante o exposto, entende-se que as razões de justificativa não foram suficientes para afastar a
irregularidade, porém observou-se que os gestores da Conder/BA adotaram os procedimentos necessários para
evitar que a conduta irregular em apreço pudesse trazer consequências prejudiciais ao erário e ao interesse
público, visto que a companhia providenciou a rescisão do contrato oriundo da Concorrência 32/2009 e se
comprometeu a realizar os devidos ajustes no projeto básico deficiente, antes do início das obras
correspondentes. Tal situação atenua a gravidade da irregularidade e, em tese, aponta para a existência de boa fé
dos envolvidos.
62. Dessa forma, será proposto acolher parcialmente as razões de justificativa, sem imputação de multa à
responsável, em razão de atenuantes, bem como dar ciência da irregularidade à companhia.
II. Audiências das Sras. Deir Nazareth Andrade Costa da Silva e Rita de Cássia Alves de Sousa
63. Em cumprimento ao Despacho do Ministro Relator, de 23/7/2010 (peça 1, p. 128-129, do TC
006.439/2010-1), foram promovidas as audiências das Sras. Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF 408.825.945-
91) e Deir Nazareth Andrade Costa da Silva (CPF 268.879.165-68), nas qualidades de orçamentista e
subcoordenadora da supervisão de orçamentação da Conder/BA, para possibilitar que estas apresentassem suas
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

razões de justificativa por terem, respectivamente, elaborado e aprovado orçamento base em desacordo com o
projeto básico da obra de requalificação ambiental e urbanística em Nova Constituinte, em afronta ao art. 6º,
inciso IX, alínea “f”, da Lei 8.666/1993.
64. As responsáveis apresentaram suas razões de justificativa de maneira conjunta, em um mesmo
documento, o qual se passa a analisar a seguir.
II.1. Razões de justificativa (peças 11 e 12 do TC 006.439/2010-1)
65. As gestoras encaminharam conjuntamente a manifestação em 12/8/2010, informando que não foram
responsáveis pela irregularidade em apreço.
66. Alegaram que as suas audiências foram motivadas pela elaboração e aprovação de orçamento base
com quantitativos em desacordo com o projeto básico. Entretanto, conforme Regimento Interno da Conder/BA
(peça 11, p. 39, do TC 006.439/2010-1), a definição e aprovação dos quantitativos não constituíam competência
da Subcoordenação de Orçamento e Custos (Suorc), do Núcleo de Custos e Orçamento de Obras, unidade onde
estavam alocadas à época. No caso das obras na comunidade de Nova Constituinte, frisaram que a competência
pela definição dos quantitativos de projeto era da Diretoria de Habitação (Dihab).
67. Segundo as manifestantes, a atribuição da referida subcoordenação limitava-se a proceder à análise de
custos das planilhas orçamentárias enviadas pelas diretorias da Conder/BA (dentre elas, a Dihab), para exame
dos preços unitários, verificação da escolha correta dos serviços incluídos e elaboração de composições
analíticas de serviços não constantes do banco de dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (Sinapi) e da Conder/BA.
68. Em anexo à manifestação, apresentaram a ART específica de elaboração dos preços unitários do
orçamento (peça 11, p. 166, do TC 006.439/2010-1), sob responsabilidade da Sra. Rita de Cássia Alves de
Sousa, de modo que a referida ART não abarca a definição dos quantitativos, e encaminharam documentos que
demonstram como ocorria o trâmite interno de informações acerca dos quantitativos de projeto dentro da
companhia (peça 11, p. 75-97, do TC 006.439/2010-1). Por meio deles, em diversas oportunidades, a Dihab
informou que realizou alterações nos quantitativos dos serviços das obras na comunidade de Nova Constituinte
e encaminhou os novos quantitativos à Suorc, para utilizá-los em substituição aos antigos.
69. Por fim, ressaltaram que o projeto básico não foi elaborado pela referida subcoordenação e que a
análise de compatibilidade dos quantitativos com o projeto não fazia parte de suas competências, de modo que
solicitaram o afastamento de suas responsabilidades pela irregularidade em questão.
II.2. Análise
70. As alegações das responsáveis são procedentes. Analisando o Regimento Interno da Conder/BA e
alguns documentos de trâmite interno da companhia acerca de informações de quantitativos de projeto, percebe-
se que a definição e aprovação dos quantitativos do orçamento do projeto básico da Concorrência 32/2009 não
constituíam competência da Suorc, unidade onde estavam alocadas à época, e sim competência da Dihab.
71. Como as irregularidades que ensejaram as suas audiências são concernentes a inconsistências nos
quantitativos do orçamento, e não a inconsistências nos preços unitários de serviços ou nas suas composições
analíticas, entende-se que há inexistência de nexo de causalidade entre as suas condutas e o resultado de
quantitativos inconsistentes no orçamento que serviu de base para a referida concorrência, haja vista que a causa
dessas irregularidades foi a definição/aprovação dos quantitativos pela Dihab, cuja diretora, à época, foi ouvida
na audiência analisada no tópico anterior.
72. Portanto, será proposto acolher estas razões de justificativa, sem aplicação de multas às responsáveis.
CONCLUSÃO
73. Esta instrução teve como objetivo a análise das audiências das Sras. Adalva Pereira Tonhá de
Menezes, Deir Nazareth Andrade Costa da Silva e Rita de Cássia Alves de Sousa, respectivamente, nas
qualidades de diretora de habitação, de subcoordenadora da supervisão de orçamentação e de orçamentista da
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder/BA), as quais foram promovidas em razão
de irregularidade identificada na auditoria de 2010 (TC 006.439/2010-1), referente a deficiências do projeto e do
orçamento que serviram de base para a Concorrência 32/2009, que deu origem ao Contrato 012/2010, no valor
de R$ 37.655.693,46, na data-base de dez/2009.
74. Por considerar que as informações colhidas na auditoria de 2012 (no âmbito deste processo) poderiam
servir de subsídio para a análise dessas audiências, haja vista que possivelmente auxiliariam na fase de avaliação
das consequências dos atos irregulares supostamente praticados pelas responsáveis, o supracitado Relator emitiu
Despacho, de 19/11/2012 (peça 17 do TC 006.439/2010-1), determinando o apensamento do TC 006.439/2010-
1 ao presente processo, de modo que, inicialmente, este passou a tratar tanto das determinações oriundas da
1199

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

auditoria de 2012, como das audiências decorrentes da auditoria de 2010. Contudo, em função do Acórdão
1.371/2013-Plenário, as referidas determinações passaram a ser monitoradas no âmbito do TC 022.274/2013-8,
restando ao presente processo apenas as análises das audiências.
75. No tópico I, verificou-se que as razões de justificativa da Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes não
foram suficientes para justificar a sua conduta irregular de ter solicitado a abertura do referido procedimento
licitatório com base em projeto básico deficiente. Entretanto, a manifestante alegou que as questões técnicas
relacionadas ao tema estavam sendo saneadas pela Conder/BA, sem qualquer prejuízo ao erário e ao interesse
público. Analisando os autos, constatou-se que, de fato, a companhia adotou medidas corretivas para atenuar a
gravidade da irregularidade, a exemplo da rescisão, por iniciativa própria, do Contrato 012/2010, oriundo da
Concorrência 32/2009, além dos procedimentos de readequação do projeto básico, o que, em tese, aponta para a
existência de boa fé dos envolvidos na direção da companhia. Dessa forma, será proposto o acolhimento parcial
das suas razões de justificativa, sem a imputação de multa, bem como dar ciência da irregularidade à
companhia.
76. No tópico II, foram analisadas as razões de justificativa das Sras. Rita de Cássia Alves de Sousa e
Deir Nazareth Andrade Costa da Silva, respectivamente, acerca da conduta de elaboração e aprovação do
orçamento em desacordo com o projeto básico que serviu de base para a supracitada licitação. As responsáveis
encaminharam manifestação conjunta, alegando que as inconsistências que ensejaram as suas audiências eram
relacionadas aos quantitativos do orçamento e que a definição/aprovação desses quantitativos não constituíam
competência da Subcoordenação de Orçamento e Custos (Suorc), unidade interna da Conder/BA em que
estavam alocadas à época, a qual competia apenas definir/aprovar a escolha dos serviços incluídos no
orçamento, os preços unitários desses serviços e suas composições de preços unitários. A definição/aprovação
dos quantitativos, no caso das obras em apreço, competia à Diretoria de Habitação (Dihab), cuja diretora, à
época, foi ouvida na audiência analisada no tópico I.
77. Com base no Regimento Interno da Conder/BA e em alguns documentos de trâmite interno da
companhia acerca de trocas de informações de quantitativos de projeto, demonstraram-se procedentes os
argumentos apresentados, de modo que há inexistência de nexo de causalidade entre as suas condutas relativas
ao orçamento e o resultado de quantitativos inconsistentes. Dessa forma, será proposto o acolhimento das suas
razões de justificativa, sem a imputação de multa.
(...)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
79. Considerando a solicitação de informações acerca da auditoria de 2010 (TC 006.439/2010-1),
realizada pelo Ministério Público Federal, por intermédio da Procuradoria da República na Bahia, no âmbito do
TC 034.054/2011-1 (apenso ao TC 006.439/2010-1), será proposto o encaminhamento a essa instituição de
cópia da decisão que vier a ser proferida, acompanhada de relatório e proposta de deliberação.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
80. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, para posterior envio ao gabinete do
Relator, Ministro Substituto Weder de Oliveira, propondo:
80.1. acolher parcialmente as razões de justificativa da Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF
117.579.905-00), na qualidade de diretora de habitação da Conder/BA, e acolher as razões de justificativa das
Sras. Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF 408.825.945-91) e Deir Nazareth Andrade Costa da Silva (CPF
268.879.165-68), nas qualidades de orçamentista e subcoordenadora da supervisão de orçamentação da
Conder/BA, respectivamente, sem imputar-lhes multa;
80.2. dar ciência à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder/BA), com
fundamento no art. 7º da Resolução do TCU 265/2014, que a Concorrência 32/2009 foi realizada co base em
projeto básico deficiente, contrariando o disposto no art. 6º, inciso IX c/c o art. 7º, § 2º, inciso I, da Lei
8.666/1993;
80.3. encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser proferido, acompanhado de relatório e proposta de
deliberação, à Procuradora da República no Estado da Bahia, Sra. Flávia Galvão Arruti, com vistas a servir de
subsídio ao Inquérito Civil Público 1.14.000.0001565/2010-43;
80.4. arquivar os presentes autos.”
É o relatório.

Proposta de Deliberação
1200

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Examino auditoria realizada no Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal e Companhia
de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), no período entre 15/3/2010 e 23/4/2010.
9. A auditoria teve como objetivo realizar levantamento de auditoria nas obras de urbanização
integrada de Nova Constituinte/Vale do Paraguari, subúrbio ferroviário de Salvador/BA. A obra está
incluída nos projetos prioritários de investimento, integrante do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), com a finalidade de executar ações integradas de habitação, saneamento e
inclusão social.
10. O projeto prevê a execução de obras e serviços de engenharia para infra-estrutura: sistema
viário, abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem pluvial; a construção de
equipamentos comunitários, 576 unidades habitacionais, 1.232 melhorias habitacionais e 743 unidades
sanitárias.
11. O valor total de investimento inicialmente previsto para o empreendimento foi de R$ 42,9
milhões, conforme o contrato de repasse 0218855-47/2007.
12. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 31,63 milhões. Este volume de
recursos corresponde a todas as notas de empenho do contrato de repasse em questão de 2007 a 2010,
no valor de R$ 28,20 milhões, somados ao equivalente da contrapartida estadual no valor de R$ 3,43
milhões.
13. Os principais achados do trabalho, registrados no relatório de fiscalização 186/2010 (TC
006.439/2010-1, peça 1, p. 88-126), foram: '3.1 - projeto básico deficiente ou desatualizado (IG-C)' e '
3.2 - Inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e global (OI)'.
14. Em despacho monocrático de 23/10/2010, autorizei a audiência das Sras. Adalva Pereira
Tonhá de Menezes, Deir Nazareth Andrade Costa e Silva e Rita de Cássia Alves de Souza para que
apresentassem razões de justificativas relacionadas aos seguintes fatos (TC 006.439/2010-1, peça 1, p.
128-129):
"- a Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF 117.579.905-00), diretora de habitação da Companhia
de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, por ter solicitado abertura de procedimento licitatório com
base em projeto básico deficiente, em afronta ao art. 6°, inciso IX, da Lei n° 8.666/1993;
- a Sra. Deir Nazareth Andrade Costa da Silva (CPF 268.879.165-68), sub-coordenadora da supervisão de
orçamentação da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, por ter aprovado orçamento base
em desacordo com o projeto básico da obra de requalificação ambiental e urbanística em Nova Constituinte, em
afronta ao art. 6°, inciso IX, alínea f da Lei n° 8.666/93;
- a Sra. Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF 408.825.945-9 1), orçamentista da Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, por ter elaborado orçamento base em desacordo com o projeto
básico da obra de requalificação ambiental e urbanística em Nova Constituinte, em afronta ao art. 6°, inciso IX,
alínea f da Lei n° 8.666/93."
II
15. As responsáveis Rita de Cássia Alves de Sousa e Deir Nazareth Andrade Costa da Silva
foram ouvidas em audiência por terem, respectivamente, elaborado e aprovado “orçamento base em
desacordo com o projeto básico da obra de requalificação ambiental e urbanística em Nova
Constituinte, em afronta ao art. 6º, IX, alínea f da Lei 8.666/1993”.
16. Nos termos do relatório de fiscalização 186/2010, as condutas atribuídas a essas
responsáveis referem-se, respectivamente, à elaboração e aprovação de “orçamento da licitação com
quantitativos incompatíveis com o projeto básico e respectivas memórias de cálculo”.
17. Conforme destacou a Secex-BA, a análise das razões de justificativa apresentadas por essas
responsáveis apontam que não estava entre as competências dos cargos que exerciam a elaboração e
aprovação do orçamento, nos termos que lhes foram atribuídos:
“As responsáveis encaminharam manifestação conjunta, alegando que as inconsistências que ensejaram
as suas audiências eram relacionadas aos quantitativos do orçamento e que a definição/aprovação desses
quantitativos não constituíam competência da Subcoordenação de Orçamento e Custos (Suorc), unidade interna
da Conder/BA em que estavam alocadas à época, a qual competia apenas definir/aprovar a escolha dos serviços
incluídos no orçamento, os preços unitários desses serviços e suas composições de preços unitários. A
1201

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

definição/aprovação dos quantitativos, no caso das obras em apreço, competia à Diretoria de Habitação (Dihab),
cuja diretora, à época, foi ouvida na audiência analisada no tópico I. “
18. Acompanho as conclusões da unidade instrutiva, pelo acolhimento das razões de justificativa
das responsáveis Rita de Cássia Alves de Souza e Deir Nazareth Andrade Costa da Silva.
19. A então diretora de habitação e urbanização da Conder, Adalva Pereira Tonhá, foi ouvida
em audiência “por ter solicitado abertura de procedimento licitatório com base em projeto básico
deficiente, em afronta ao art. 6°, inciso IX, da Lei n° 8.666/1993”.
20. A situação encontrada, descrita no relatório de fiscalização 186/2010, relata que a Conder
realizou a concorrência pública 32/2009 e a contratação de empresa para executar a 2ª fase da obra,
relativa ao empreendimento, utilizando projeto básico não aprovado pela Caixa, uma vez que haveria
uma série de pendências levantadas pela instituição financeira e que só vieram a ser saneadas após a
conclusão do certame.
21. Em situações semelhantes, este Tribunal tem considerado que, no caso de licitações
realizadas por entes da federação com recursos federais repassados por meio de termo de compromisso
ou contrato de repasse, incluindo-se aí recursos do PAC, é necessária a prévia aprovação do projeto
básico pela Caixa.
22. Esse foi o teor do acórdão 2099/2011-TCU-Plenário, no qual este Tribunal deliberou:
“9.1. conhecer da presente Consulta, formulada pelo Ministro de Estado das Cidades, Sr. Márcio Fortes de
Almeida, por atender aos requisitos de admissibilidade de que tratam os arts. 1º, inciso XVII, e § 2º, da Lei n.
8.443/1992, e 264 , inciso V, §§ 1° e 2°, do Regimento Interno/TCU, para responder ao consulente que:
9.1.1. a jurisprudência desta Corte de Contas é pacífica no sentido do necessário cumprimento ao disposto
no § 2º, do artigo 7º da Lei n. 8.666/1993 para qualquer empreendimento que utilize recursos federais, por meio
de termo de compromisso ou contrato de repasse, de tal forma que não há como se admitir a realização de
licitação com base em projeto básico que não obteve a aprovação do órgão técnico competente na esfera federal;
9.1.2. no tocante à abertura de licitação pelo ente federado, quando há previsão de repasse de recursos
federais por meio de termo de compromisso ou contrato de repasse, além da prévia aprovação do projeto básico
pela Caixa Econômica Federal – CAIXA, deve haver a necessária publicação do edital do certame no Diário
Oficial da União – DOU;”
23. No caso em tela, acompanho as conclusões da unidade instrutiva no sentido de que as
justificativas apresentadas pela responsável são insuficientes para afastar a irregularidade.
24. Dentre as justificativas, as mencionadas características do empreendimento, notadamente
aquelas relacionadas à ocupação desordenada e à topografia acidentada do terreno, sujeito a
deslizamentos e a deslocamentos de encostas reforçam a importância de se contar com um projeto
básico adequadamente caracterizado, nos termos do art. 6º, IX, da Lei 8.666/1993.
25. Tampouco sua elaboração por profissional habilitado tem o condão de excluir a
irregularidade, ante o teor do art. 7º, §2º, I, da Lei 8.666/1993 que dispõe que as obras e serviços só
podem ser licitados quando houver projeto básico aprovado pela autoridade competente.
26. Sendo assim, a irregularidade atribuída à responsável não pode ser afastada. Apenas não
requer expedição de determinações ou recomendações, tampouco a imputação de sanções à diretora de
habitação e urbanização da Conder, uma vez que foram adotados procedimentos necessários para
evitar que daí decorressem consequências prejudiciais ao erário e ao interesse público, visto que a
companhia providenciou a rescisão do contrato oriundo da concorrência 32/2009, sem que tivesse
havido qualquer execução física ou financeira, e se comprometeu a realizar os devidos ajustes no
projeto básico deficiente, antes do início das obras correspondentes.
Ante o exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2755/2015 – TCU – Plenário


1. Processo nº TC 006.374/2012-3.
1202

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Apenso: 006.439/2010-1


2. Grupo I –Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Adalva Pereira Tonhá de Menezes (CPF 117.579.905-00); Caixa Econômica
Federal (00.360.305/0001-74); Cláudia Maia de Freitas (599.430.451-87); Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (13.595.251/0001-08); Deir Nazareth Andrade Costa da
Silva (CPF 268.879.165-68); Dellano Carvalho Abreu (811.902.555-53); Gilbert Souza Santos
(728.893.815-87); José Ubiratan Cardoso Matos (452.920.195-34); Leonardo Barbosa dos Santos
(959.199.295-53); Luiz Eduardo Lopes Jenkins (066.694.505-59); Ministério das Cidades
(vinculador); Márcio Reis de Jesus (917.762.605-20); Rita de Cássia Alves de Sousa (CPF
408.825.945-91); Sz Construtora e Incorporadora Ltda (09.655.659/0001-50).
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal; Companhia de Desenvolvimento Urbano do
Estado da Bahia; Ministério das Cidades (vinculador).
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrb).
8. Representação legal: Murilo Oliveira Leitão (17611/ OAB-DF) e outros, representando a
Caixa Econômica Federal.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria de obras realizada no Ministério das
Cidades, na Caixa Econômica Federal (Caixa) e na Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado
da Bahia (Conder), com o objetivo de fiscalizar a contratação e execução de obras de urbanização do
bairro Nova Constituinte em Salvador/BA, custeadas pelo contrato de repasse 218.855-47/2007.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator em:
9.1. acolher parcialmente as razões de justificativa da Sra. Adalva Pereira Tonhá de Menezes
(CPF 117.579.905-00);
9.2. considerar elidida a imputação inicialmente feita às Sras. Rita de Cássia Alves de Sousa
(CPF 408.825.945-91) e Deir Nazareth Andrade Costa da Silva (CPF 268.879.165-68);
9.3. dar ciência desta deliberação à Caixa Econômica Federal, à Companhia de Desenvolvimento
Urbano do Estado da Bahia, ao Ministério das Cidades, aos responsáveis e à Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional;
9.4. encerrar o presente processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2755-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.

13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira (Relator).


1203

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

GRUPO I – CLASSE II – Plenário


TC 022.899/2015-4
Natureza: Solicitação do Congresso Nacional
Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Interessado: Comissão Parlamentar de Inquérito – Câmara dos Deputados.
Representação legal: André Carvalho Teixeira, 18135/OAB-DF, e outros, representando o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
SUMÁRIO: SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL. COMISSÃO PARLAMENTAR
DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR SUPOSTAS IRREGULARIDADES NO BNDES.
REQUERIMENTO DE CÓPIA INTEGRAL DO TC 012.641/2009-2. SOLICITAÇÃO
INTEGRALMENTE ATENDIDA. ARQUIVAMENTO.
Relatório
Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução da SecexEstataisRJ (peça
5):
“Trata-se do Ofício 26/2015-Pres., por meio do qual a Exmo. Deputado Sr. Marcos Rotta, presidente da
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar supostas irregularidades envolvendo o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, ocorridas entre os anos de 2003 e 2015, relacionadas à
concessão de empréstimos suspeitos e prejudiciais ao interesse público, solicita o encaminhamento de todos os
documentos e resultados já apurados referentes ao processo TC 012.641/2009-2, aprovado pelo Requerimento
86/15, na sessão de 20/8/2015.
2. O documento encaminhado, de autoria do deputado Augusto Coutinho, requer todos os documentos e
resultados já apurados referentes ao TC 012.641/2009-2 que apresenta o seguinte assunto: “Representação
formulada pelo Procurador-Geral Lucas Furtado para acompanhamento das concessões de créditos pelo BNDES
a execução de projetos de investimentos na República Bolivariana da Venezuela”.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3. Os arts. 4º, inciso I, alínea b, da Resolução TCU 215/2008 e 232, inciso III, do Regimento Interno do
TCU conferem legitimidade à presidente da comissão parlamentar, quando por ela aprovada, para solicitar a
prestação de informações.
4. Assim, legítima a autoridade solicitante, cabe o conhecimento do expediente como solicitação do
Congresso Nacional.
EXAME TÉCNICO
5. O autor do pedido de prestação de informações, deputado Augusto Coutinho, informa que a análise da
documentação e dos resultados já apurados pelo TCU no processo 012.641/2009-2, que trata do
acompanhamento das concessões de créditos pelo BNDES a execução de projetos de investimentos na
República Bolivariana da Venezuela, é de fundamental importância para os trabalhos daquela Comissão
Parlamentar de Inquérito.
6. O processo 012.641/2009-2 encontra-se em fase final de instrução para manifestação do titular da
unidade SecexEstataisRJ. Assim, considerando que o processo já se encontra saneado, com instruções que
resumem e explicitam as principais questões relacionadas ao objeto da representação, entende-se que o envio de
cópia integral dos autos atende ao requerimento encaminhado pela Presidência da Comissão Parlamentar de
Inquérito do BNDES.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
7. Diante do exposto, submete-se à consideração superior a presente solicitação do Congresso Nacional,
formulada por intermédio do Ofício 26/2015-Pres., pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
destinada a investigar supostas irregularidades envolvendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social, Exmo. Deputado Sr. Marcos Rotta, aprovada pelo Requerimento 86/15, na sessão de 20/8/2015,
sugerindo encaminhar o presente processo ao Gabinete do Relator, com proposta de:
I – conhecer da presente solicitação, por estarem preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos
nos artigos 38, inciso II, da Lei 8.443/92, 232, inciso III, do Regimento Interno e 4º, inciso I, alínea b, da
Resolução TCU 215/2008;
II – prestar informações, fornecendo cópia integral do processo TC 012.641/2009-2, ao presidente, Exm.
Deputado Sr. Marcos Rotta, da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar supostas
irregularidades envolvendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, ocorridas entre os anos
1204

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de 2003 e 2015, relacionadas à concessão de empréstimos suspeitos e prejudiciais ao interesse público, nos
termos do art. 167 do Regimento Interno do TCU.”
É o relatório.

Proposta de Deliberação
Trata-se de solicitação do Congresso Nacional formulada pela Comissão Parlamentar de
Inquérito destinada a investigar supostas irregulares no BNDES. Por meio do ofício 26/2015-Pres, é
requerido o encaminhamento de todos os documentos e resultados já apurados referentes ao
TC 012.641/2009-2, que cuida de “representação formulada pelo procurador-geral Lucas Furtado para
acompanhamento das concessões de créditos pelo BNDES para execução de projetos de investimentos
na República Bolivariana da Venezuela”.
2. A SecexEstataisRJ informa que o processo está em fase final de instrução para manifestação
do titular da unidade, com instruções que resumem e explicitam as principais questões relacionadas ao
objeto da representação, e propõe o envio de cópia integral dos autos à comissão parlamentar de
inquérito.
3. Nos termos propostos pela SecexEstataisRJ, a solicitação deve ser conhecida pelo Tribunal e
a cópia do TC 012.641/2009-2, de relatoria do ministro Raimundo Carreiro, deve ser fornecida à
comissão.
Diante do exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2756/2015 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 022.899/2015-4.
2. Grupo I – Classe II - Assunto: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessado: Comissão Parlamentar de Inquérito - Câmara dos Deputados.
4. Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro
(SecexEstataisRJ).
8. Representação legal: André Carvalho Teixeira, 18135/OAB-DF, e outros, representando o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de solicitação do Congresso Nacional em que a
Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados destinada a investigar supostas
irregularidades no BNDES requer cópia do TC 012.641/2009-2.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional, nos termos do art. 4º, I, ‘b’, da
Resolução TCU 215/2008;
9.2. encaminhar cópia do TC 012.641/2009-2 à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara
dos Deputados destinada a investigar supostas irregularidades no BNDES, informando-a de que o
processo encontra-se em fase de instrução, não havendo até o momento decisão desta Corte;
9.3. solicitar à referida Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, em sede
do art. 25, § 2º, da Lei 12.527/2011 e do art. 4º, § 2º, da Resolução TCU 254/2013, a necessidade de
1205

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

observar a salvaguarda de sigilo que recai sobre as peças referenciadas na peça 178 do
TC 012.641/2009-2;
9.4. considerar integralmente atendida a presente solicitação do Congresso Nacional;
9.5. encerrar o processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 43/2015 – Plenário.


11. Data da Sessão: 28/10/2015 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2756-43/15-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro,
José Múcio Monteiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer
Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira (Relator).

ANEXO III DA ATA Nº 43, DE 28 DE OUTUBRO DE 2015


(Sessão Ordinária do Plenário)

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 005.214/2009-3
Natureza: Pedido de Reexame (Representação)
Órgão/Entidade/Unidade: Município de Lagoa D’Anta (RN)
Recorrente: Germano de Azevedo Targino (CPF 839.850.854-04)
Representação legal: Bruno Macedo Dantas (OAB/RN 4.448)

Sumário: REPRESENTAÇÃO. PROCESSO APARTADO DO TC 032.635/2008-4. INDÍCIOS


DE IRREGULARIDADES EM PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. CONVÊNIO 2.102/2001,
CELEBRADO ENTRE O MINISTÉRIO DA SAÚDE E O MUNICÍPIO DE LAGOA D´ANTA/RN,
OBJETIVANDO A AQUISIÇÃO DE UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE. AUDIÊNCIA DOS
RESPONSÁVEIS. CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA. REJEIÇÃO DAS RAZÕES DE
JUSTIFICATIVA. MULTA. INIDONEIDADE DE PESSOAS JURÍDICAS PARA PARTICIPAREM
DE LICITAÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. PEDIDO DE REEXAME.
CONHECIMENTO. PROVIMENTO. CIÊNCIA ÀS PARTES.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório, nos termos do art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei 8.443/92, a instrução, de
peça eletrônica 49, lavrada no âmbito da Secretaria de Recursos (Serur):

“I. HISTÓRICO PROCESSUAL


Inicialmente assinale-se, por questões metodológicas, que nesta instrução a referenciação
das peças terá sempre como base os documentos e respectivas numerações de páginas constantes do
processo eletrônico, ante sua conversão, consoante Termo autuado como peça 10. Serão ignoradas,
portanto, as numerações de páginas inicialmente consignadas nos então existentes volumes e anexos.

2. Trata-se de Pedido de Reexame interposto pelo Sr. Germano de Azevedo Targino (peça 36),
por intermédio do advogado Dr. Bruno Macedo Dantas (OAB/RN 4.448), pelo qual contesta o
1206

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Acórdão n. 1.546/2012, prolatado na Sessão Ordinária do Plenário realizada em 20/6/2012 (peça 6, pp.
19-20).

3. O citado acórdão aplicou multa ao Sr. Germano, com fulcro no art. 58 da Lei n. 8.443, de
1992, por haver homologado, na condição de prefeito municipal de Lagoa D´Anta/RN, resultado de
licitação na modalidade convite considerada irregular.

Acórdão n. 1.546/2012-TCU-Plenário
9.1. com fundamento no art. 237 do Regimento Interno do TCU, conhecer da Representação, para, no
mérito, considerá-la procedente;
9.2 com fundamento no art. 58, inciso 1I, da Leí 8.443/1992, aplicar ao Sr. Germano de Azevedo Targino
multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser recolhida aos cofres do Tesauro Nacional, atualizada
monetariamente a partir da data deste acórdão, se paga após o vencimento do prazo abaixo estipulado;
9.3 fixar o prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação para comprovação do recolhimento da
dívida perante o Tribunal;
9.4 autorizar o recolhimento judicial da dívida, caso não atendida a notificação;
(...)

II – DO EXAME DE ADMISSIBILIDADE
4. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 39), ratificado pelo Exmo. Sr.
Ministro-Relator Raimundo Carreiro (peças 44), que entendeu pelo conhecimento do recurso como
Pedido de Reexame, uma vez que preenchidos os requisitos do art. 48 da Lei n. 8.443/92, c/c os arts.
285 e 286, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, suspendendo-se os efeitos em relação aos
itens 9.2, 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.546/2012-TCU-Plenário.
III - DA ANÁLISE DE MÉRITO
Argumento
5. O recorrente alega que estava prescrita a possibilidade de aplicação de multa, vez que incide
no caso o artigo 54, da Lei n. 9.784, de 1999, e o ato tido por irregular ocorreu em 2002. Observa que
remetera ao citado dispositivo em sede de audiência realizada neste processo, e a instrução que refutou
tal argumento aludiu ao Acórdão n. 2.709/2008-Plenário, entretanto, esse aresto concluiu pela
imprescritibilidade tão somente em relação às ações de ressarcimento ao erário, mas, não se aplica às
multas.
Análise
6. A questão da prescrição para as ações de ressarcimento ao erário e aplicação de multa
sancionatória com base na Lei n. 8.443/92 já foi objeto de vários debates no TCU. Em relação ao
ressarcimento do dano apurado, as posições oscilaram entre a imprescritibilidade e a aplicação dos
prazos estabelecidos no Código Civil Brasileiro, até que o Acórdão n. 2.079/2008-TCU-Plenário,
proferido em sede de uniformização de jurisprudência, decidiu pela imprescritibilidade dessas ações,
passando a ser paradigma no âmbito do TCU.
7. Em relação às multas, a jurisprudência do tribunal é firme no sentido de se aplicar os prazos
do código civil anterior, ou, atual, a depender do caso concreto, lançando mão da regra de transição do
artigo 2.028 do Código de 2002.
8. Sobre o argumento do recorrente de que o processo de tomada de contas especial foi
instaurado para apurar possível dano ao erário, eis alguns acórdãos que concluíram apenas pela
aplicação de multa aos responsáveis identificados, sempre com fulcro no código civil, ao invés de
outros normativos como as Leis n. 8.429/92, n. 9.873/99 e, mesmo, a Lei n. 9.784/99 à qual aludiu o
Sr. Germano:
a) Acórdão nº 1.803/2010 – Plenário (Relator - Min. Walton Alencar Rodrigues):
Sumário
TOMADA DE CONTAS. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE. EXERCÍCIO DE
1999. CONTAS JULGADAS REGULARES. SUPERVENIÊNCIA DE DOCUMENTOS NOVOS COM EFICÁCIA
1207

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

SOBRE A PROVA PRODUZIDA. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE REVISÃO PELO MP/TCU.


IRREGULARIDADES APONTADAS, POR MEIO DE AUDITORIA, NA ÁREA DE LICITAÇÕES E
CONTRATOS. CONHECIMENTO. APRESENTAÇÃO DE CONTRARRAZÕES. REJEIÇÃO. PROVIMENTO.
INSUBSISTÊNCIA DA DELIBERAÇÃO RECORRIDA. NOVO ACÓRDÃO. APLICAÇÃO DE MULTA AOS
RESPONSÁVEIS. CIÊNCIA
b) Acórdão nº 510/2005 – Plenário (Relator - Min. Marcos Bemquerer):
Ementa
Representação formulada pela Fundacentro. Possíveis irregularidades praticadas no âmbito do Centro
Estadual de Santa Catarina. Pedido de reexame de acórdão que aplicou multa aos responsáveis em
decorrência da violação aos princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
probidade administrativa e de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração em procedimentos
licitatórios. Ausência de fatos novos. Conhecimento. Negado provimento.
- Prazo prescricional para atuação do TCU. Prazo previsto no novo Código Civil. Análise da matéria.
c) Acórdão nº 2.495/2005 – 1ª Câmara (Relator - Min. Valmir Campelo):
Sumário
Recursos de Reconsideração interpostos contra o Acórdão 1219/2004 - Primeira Câmara - TCU, que
julgou irregulares as contas dos responsáveis e aplicou-lhes multa individual de R$ 10.000,00, em virtude dos
desdobramentos do contrato de prestação de serviços e comodato, celebrado com o SIRCESP, sem licitação e
por prazo indeterminado. Razões de justificativa insuficientes. Conhecimento. Negar provimento aos recursos,
mantendo-se os termos do Acórdão recorrido. Tornar sem efeito a multa aplicada ao Sr. Fred Hering, ante o
seu falecimento. Ciência aos interessados da deliberação do TCU, bem como do Relatório e Voto que a
fundamentam.
d) Acórdão nº 3.036/2006 – 1ª Câmara (Relator - Min. Valmir Campelo):
Ementa
RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO. COMPETÊNCIA DO TCU PARA FISCALIZAR CONSELHOS
PROFISSIONAIS. INAPLICABILIDADE DA LEI 9.873/99. INAPLICABILIDADE DO PRAZO DECADENCIAL
ESTABELECIDO PELA LEI 9.784/99. SANÇÃO POR FATOS CONTINUADOS. RESPONSABILIZAÇÃO EM
FACE DE CONDUTA CULPOSA. ARGUMENTAÇÃO IDÊNTICA À ANALISADA ANTERIORMENTE.
NEGADO PROVIMENTO.
1. Os conselhos de fiscalização do exercício profissional têm natureza autárquica, arrecadam e
gerenciam recursos públicos de natureza parafiscal, estando sujeitos às normas de administração pública, e ao
controle jurisdicional do TCU.
2. A atuação do TCU, no exercício da função de controle externo, não se enquadra como poder de
polícia, não se sujeitando, portanto, às disposições da Lei 9.873/1999.
3. As decisões adotadas pelo Tribunal de Contas da União, no exercício da função de controle externo,
não configuram autotutela administrativa e não se sujeitam, portanto, ao prazo decadencial estabelecido pelo
art. 54 da Lei 9.784/99.
4. A aplicação de penalidade em uma gestão não afasta, por si só, a apenação em outra gestão, ainda
que por fatos irregulares continuados.
5. A ausência de dolo e de locupletamento não exime o gestor da responsabilização e imputação de multa
pela atuação culposa, consubstanciada no descuido no atuar ou no descumprimento de um dever, seja por
negligência, imprudência ou imperícia.
6. A mera reprodução das argumentações já utilizadas por ocasião da defesa e refutadas pelo TCU é
insuficiente para motivar a reforma da deliberação recorrida.
e) Acórdão nº 2.011/2007 – 1ª Câmara (Relator - Min. Augusto Nardes):
Sumário
PEDIDOS DE REEXAME EM REPRESENTAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DOS ARGUMENTOS.
CONHECIMENTO. NEGADO PROVIMENTO.
Mantêm-se a deliberação objeto de recurso quando os argumentos de defesa apresentados são
insuficientes para descaracterizar as irregularidades que fundamentaram a condenação atacada ou afastar a
responsabilização dos recorrentes pelos atos inquinados.
f) Acórdão nº 53/2005 – 2ª Câmara (Relator - Min. Benjamin Zymler):
Ementa
1208

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Representação. TRT Região 13. Magistrado. Pedido de reexame da decisão que considerou procedente a
representação e aplicou multa aos responsáveis, em razão da conversão indevida de um terço de férias em
abono pecuniário. Improcedência da alegada ocorrência de prescrição quinquenal. Ausência de argumentos
capazes alterar o acórdão recorrido. Conhecimento. Negado provimento.
- Prescrição decenária. Considerações.
g) Acórdão nº 3.132/2006 – 2ª Câmara (Relator - Min. Ubiratan Aguiar):
Ementa
PEDIDOS DE REEXAME. PROCESSUAL. INAPLICABILIDADE DA PRESCRIÇÃO DO DECRETO
20.910/32 E DA LEI 9.873/99. APLICABILIDADE DA PRESCRIÇÃO DECENÁRIA. IMPOSIÇÃO DE MULTA
NAS INSTÂNCIAS CIVIL E ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO NON BIS IN
IDEM. RESPONSABILIDADE EM CARÁTER PESSOAL POR ATUAÇÃO EM NOME DO ENTE FEDERADO.
NEGADO PROVIMENTO.
1. A prescrição da dívida com fundamento na Lei 9.783/99 ou no Decreto 20.910/32 não se aplica à
atividade de controle externo desempenhada pelo TCU.
2. Aplica-se a prescrição decenária quando o decurso de prazo, observada a interrupção do prazo
prescricional com a citação válida do responsável, não ultrapassar a metade do prazo vintenário estabelecido
pelo antigo Código Civil.
3. Não constitui violação ao princípio do non bis in idem a aplicação de multa aos respectivos
responsáveis, pelo mesmo fato gerador, em face do princípio da independência das instâncias civil e
administrativa.
4. A prática de atos de gestão tidos como irregulares, com violação a normas estaduais e desvio de
finalidade, responsabiliza pessoalmente o gestor e não o ente federado.

9. Nota-se que o recurso em exame não trouxe maiores justificativas para a tese da aplicabilidade
do prazo prescricional contido na chamada Lei do Processo Administrativo. Oportuno, então,
transcrever o seguinte excerto da manifestação do MP/TCU quando da prolação do citado Acórdão n.
2.709/2008-TCU-Plenário, que explicita a razoabilidade da aplicação do Código Civil na hipótese do
tribunal não adotar a tese da imprescritibilidade das ações de ressarcimento de danos ao erário.

Assentada, pois, nossa posição quanto à interpretação a ser dada ao disposto na parte final do §
5º do artigo 37 da Constituição Federal, cabe-nos, porém, expor o que é de nosso entender caso não vingue, no
TCU, a tese da imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento dos cofres públicos lesados em decorrência
de ilícitos.
Admitindo-se o entendimento de que a prescrição alcança, sim, aquela pretensão, e que essa
prescrição deve ser regulada pela lei ordinária, deve-se perquirir, então, que norma ou normas estariam a
desempenhar esse papel. Repita-se, neste ponto, que, com o fim de se levar a efeito a exigibilidade envolvida
em uma determinada pretensão, pode o ordenamento jurídico prever diversos meios, tais como as ações
judiciais e os procedimentos administrativos. Em sendo assim, nada impede que a lei disponha tanto sobre a
prescrição da pretensão, considerada em si, quanto sobre a prescrição específica de cada um daqueles meios.
Dito isso, voltemos à busca da norma ou das normas legais que estariam, por hipótese, a regular a
prescrição da pretensão de ressarcimento do erário lesado em decorrência de ilícito. É de se esperar, pela
natureza da matéria envolvida, que uma norma legal editada com esse fim seja uma norma de Direito Público.
Essa expectativa se justifica porque o § 5º do artigo 37 da Constituição, origem da discussão levantada neste
incidente de uniformização de jurisprudência, encontra-se no Capítulo VII - Da Administração Pública - do
Título III - Da Organização do Estado - daquela Carta, em que se trata de um regime jurídico de ordem
pública, que visa à consecução do interesse coletivo colocando-se o Estado, gestor do erário, numa posição
privilegiada, de autoridade e supremacia, em suas relações com os indivíduos.
Percebe-se, porém, que tal norma legal de Direito Público não existe no nosso ordenamento
jurídico. Comente-se, de passagem, que a inexistência dessa norma dá força à tese da imprescritibilidade, por
nós defendida, pois sugere que o legislador ordinário, consentâneo com a vontade constitucional, não editou lei
tratando da prescrição da pretensão de ressarcimento dos cofres públicos lesados em decorrência de ilícitos
simplesmente porque não há lei a ser editada com essa finalidade.
A propósito, cabe neste ponto esclarecer porque nem a Lei nº 8.429, de 02.06.1992 - Lei de
Improbidade Administrativa -, nem a Lei nº 4.717, de 29.06.1965 - Lei da Ação Popular -, não nos fornecem a
1209

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

solução para a questão da regulação da hipotética prescrição da pretensão de ressarcimento do erário lesado
em decorrência de ilícito.
A Lei nº 8.429/1992 dispõe, em seu artigo 12, que o responsável pelo ato de improbidade
administrativa está sujeito às cominações que naquele dispositivo se relacionam. Entre essas cominações, fez a
lei figurar o ressarcimento integral do dano causado ao patrimônio público. Adiante, em seu artigo 23, I, a
mesma Lei de Improbidade Administrativa dispõe que as ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas
naquela norma legal podem ser propostas até cinco anos após o término do exercício do mandato, do cargo em
comissão ou da função de confiança do responsável pelo ato de improbidade administrativa. Repare-se, então,
que na Lei nº 8.429/1992 estabeleceu-se apenas a prescrição da ação de improbidade administrativa, um meio
jurídico de se levar a efeito a exigibilidade envolvida na pretensão de ressarcimento do erário. Ou seja, a Lei nº
8.429/1992 previu prazo prescricional específico, aplicável apenas à ação de improbidade administrativa, mas
nada dispôs sobre a prescrição da própria pretensão de ressarcimento do erário.
A Lei nº 4.717/1965, ainda que não trate de uma pretensão estatal de ressarcimento do patrimônio
público, mas de uma pretensão do cidadão, com esse mesmo fim, entre outros, também nada dispôs sobre a
prescrição daquela pretensão, em si considerada. Estabeleceu aquela norma legal, em seu artigo 21, tão-
somente o prazo prescricional de cinco anos para a ação popular, um dos instrumentos de tutela daquela
pretensão.
Assim, se, por hipótese, prevalece na interpretação da parte final do § 5º do artigo 37 da
Constituição a tese da prescritibilidade, e se não existe uma norma legal de Direito Público que trate da
prescrição da pretensão de ressarcimento do erário lesado em decorrência de ilícitos, então é de se concluir
que, até que se decida pela edição de uma norma que supra aquela lacuna legislativa, deverá ser adotada, para
o tratamento da questão, uma solução jurídica razoável e conforme a Constituição, obtida a partir do que
atualmente se apresenta no ordenamento jurídico. É nesse contexto, pois, que admitimos a aplicação, à
regulação da matéria ora em foco, de disposições do Código Civil. Ainda que não se possa equiparar, sob os
aspectos do interesse público e da relevância social, uma pretensão de ressarcimento do erário, de natureza
pública, a uma pretensão de ressarcimento do patrimônio particular, de natureza privada, é de se reconhecer
que não há lei, que não o Código Civil, que se possa tomar como norma de aplicação subsidiária ao
tratamento daquela pretensão de natureza pública.
Uma vez admitida, pois, a aplicação de disposições do Código Civil para o tratamento da questão
sob exame, deduz-se, então, que a prescrição para a pretensão do ressarcimento dos cofres públicos lesados em
decorrência de ilícito dá-se decorrido o prazo de dez anos, contado este da ocorrência do dano, tal como
previsto na regra geral de prescrição disposta no artigo 205 daquele código.
(...)
- IV -
(...)
Se, todavia, contrariamente ao entendimento defendido por este representante do MP/TCU,
interpreta-se o mencionado § 5º do artigo 37 da Constituição Federal extraindo-se dele a conclusão de que a
mencionada pretensão e seus respectivos instrumentos de tutela são alcançados, sim, pela prescrição, e que
esta deve ser regulada pela lei ordinária, então, até que se decida pela edição de norma legal de Direito
Público que disponha sobre a prescrição da referida pretensão, devem ser subsidiariamente aplicadas, para a
regulação da matéria, as regras que se seguem, depreendidas do que dispõem os artigos 202, parágrafo único,
205 e 2.028 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil):
a) quanto aos ilícitos danosos ao erário ocorridos a partir de 12.01.2003 (data de entrada em vigor
do Código Civil), o prazo de prescrição é de 10 anos, contado da ocorrência dos ilícitos;
b) em relação aos ilícitos danosos ao erário ocorridos antes de 12.01.2003, hão de ser consideradas
duas situações distintas: se, naquela data, já houver transcorrido lapso de mais de 10 anos, contado da
ocorrência dos ilícitos, a prescrição se dará no prazo de 20 anos, contado daquela ocorrência, tal como
previsto no artigo 177 do antigo Código Civil (Lei nº 3.071/1916); se, porém, em 12.01.2003 houver
transcorrido lapso de 10 anos ou menos, contado da ocorrência dos ilícitos, a prescrição se dará no prazo de
10 anos, contado este a partir de 12.01.2003; e
c) em qualquer das situações acima consideradas, deve-se observar o disposto na parte final do
parágrafo único do artigo 202 do Código Civil, no sentido de que a prescrição interrompida recomeça a correr
do último ato do processo que a interrompeu.
1210

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Tem-se que o mesmo raciocínio se aplica ao caso das multas, ou seja, ante a ausência de
regra específica sobre a prescrição das multas aplicadas em sede de processos de controle externo, o
código civil seria a norma que melhor se adapta nesses casos:
11. No caso em exame, a multa aplicada pelo acórdão recorrido teve por pressuposto fático a
homologação do Convite 14/2002 em 28/3/2002 (peça 4, p. 7). Assim, quando da entrada em vigor do
Código Civil atual, em 12/1/2003, não havia se passado sequer um ano, aplicando-se o prazo decenal
do artigo 205. Ainda, a prescrição foi interrompida em 2010, pelo Ofício 1.464/2010-TCU-7.ª Secex,
sendo efetivamente recebido em 23/7/2010 (peça , pp. 24-26), conforme o documento Aviso de
Recebimento, ou seja, sem que se completasse o interstício de 10 anos.
IV - DA PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
12. Pelo exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a adoção
das seguintes medidas:
a) conhecer dos Pedidos de Reexame do Acórdão n. 1.546/2012-TCU- Plenário interposto pelo
Sr. Germano de Azevedo Targino, com base no art. 48 da Lei n. 8.443/92, para, no mérito, negar-lhe
provimento;
b) dar ciência ao recorrente e aos órgãos/entidades interessados da decisão que vier a ser
proferida nestes autos.”

O Diretor da Subunidade anui à proposta da Unidade Técnica, aduzindo os seguintes


comentários:

“2. Com efeito, a regra da prescrição adota pelo TCU (Acórdão 1131/2011 - Plenário e
Acórdão 1144/2011 – 2ª Câmara) para a pretensão punitiva está prevista no Código Civil, haja vista a
falta de previsão na LO/TCU. Consoante o art. 205 e o art. 2.028, do referido diploma legal, tem-se o
seguinte:
- Aplica-se a prescrição decenária quando o "fato gerador" tiver ocorrido após o dia 11/01/2003, data de
entrada em vigor do Novo Código Civil;
- Também se aplica a prescrição decenária, introduzida pelo Código Civil de 2002, quando na data de
vigência desta Lei, 11/01/2003, o prazo prescricional não ultrapassou a metade do prazo vintenário trazido pelo
antigo Código Civil. Em outras palavras, se em 11/01/2003, menos de 10 anos houverem se passado desde o
"fato gerador", aplica-se o novo prazo de 10 anos;
- Aplica-se a prescrição vintenária, do antigo Código Civil, quando na data da vigência do Novo Código,
11/01/2003, o prazo prescricional de 20 anos já houver sido ultrapassado em sua metade. Ou seja, se em
11/01/2003, mais de 10 anos já se passaram desde o "fato gerador", aplica-se o prazo antigo de 20 anos.

3. Por conseguinte, não se aplica ao caso ora examinado nos autos do presente processo a
prescrição da pretensão punitiva, haja vista não haver transcorrido o prazo de 10 anos do fato gerador.”

Por sua vez, o Titular da Unidade Técnica, ao manifestar sua concordância com as conclusões
precedentes, traz as considerações abaixo:

“Em preliminar, aduz o recorrente que teria operado a prescrição da pretensão punitiva desta
Corte, com fundamento no art. 54 da Lei 9.784/1999, porquanto o acórdão condenatório teria sido
prolatado após mais de 5 (cinco) anos da ocorrência da ilicitude que ensejara a sua apenação, no ano
de 2002.

2. De antemão, a citada lei, ao regular o processo administrativo no âmbito da Administração


Pública Federal, não dispôs sobre a prescrição da pretensão punitiva, mas sobre a decadência do direito
de anulação de atos favoráveis ao administrado. Não obstante a invalidade do fundamento utilizado
pelo recorrente, permanece válida a sua intenção de reforma do julgado com amparo na tese da
prescrição, razão pela qual considero pertinente tecer breves comentários sobre o tema.
1211

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Pelo fato de a Lei nº 8.443/1992 não dispor sobre a prescrição da pretensão punitiva desta
Corte, cabe ao intérprete recorrer à analogia, em atenção ao art. 4º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro. Assim, este Tribunal há algum tempo vem se valendo do prazo geral de dez anos,
estabelecido no Código Civil (art. 205), para suplantar tal lacuna legislativa. É o que se depreende das
seguintes decisões: Acórdãos 510/2005, 1.803/2010, 771/2010 e 474/2011, do Plenário; Acórdãos
3.036/2006 e 847/2007, da 1ª Câmara; e Acórdãos 5/2003 e 3.132/2006, da 2ª Câmara.

4. É bem verdade que, na grande maioria dos casos, os precedentes enfrentaram a questão da
prescrição sob a ótica da pretensão de ressarcimento ao erário, quando internamente não havia
entendimento consolidado sobre a tese imprescritibilidade (Acórdão nº 2.709/2008-Plenário), nesse
particular, motivado por decisão do Supremo Tribunal Federal (MS 26.210-9/DF). Nesse sentido, o
Tribunal não tinha o costume de examinar a prescrição da pretensão punitiva de forma isolada, a qual
ficava “a reboque” daquela tese central sobre a qual, com mais frequência, se insurgiam as partes nos
processos de controle externo.

5. No Poder Judiciário, é pacífico o entendimento de que o prazo prescricional em se tratando de


multa administrativa deve ser de cinco anos, quando a lei expressamente não o exija, em consonância
com a realidade de várias outras normas de Direito Público, tais como: a Lei nº 9.873/1999, para a
pretensão punitiva da Administração no exercício do poder de polícia; o Código Tributário Nacional,
para a cobrança de crédito tributário; o Decreto nº 20.910/1932, para cobrança de dívidas passivas da
União, Estados/DF e Municípios; a Lei nº 8.112/1990, para ação disciplinar contra servidor público; e
a Lei nº 8.429/1992, para ações destinadas à aplicação das sanções expressas nessa lei.

6. Por elucidativo, transcrevo os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ):

“ADMINISTRATIVO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DANO AO ERÁRIO.


RESSARCIMENTO. IMPRESCRITIBILIDADE. MULTA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. ART. 1º DA
LEI 9.873/1999. INAPLICABILIDADE.
1. A pretensão de ressarcimento por prejuízo causado ao Erário é imprescritível. Por
decorrência lógica, tampouco prescreve a Tomada de Contas Especial no que tange à identificação
dos responsáveis por danos causados ao Erário e à determinação do ressarcimento do prejuízo
apurado. Precedente do STF.
2. Diferente solução se aplica ao prazo prescricional para a instauração da Tomada de Contas
no que diz respeito à aplicação da multa prevista nos arts. 57 e 58 da Lei 8.443/1992. Em relação à
imposição da penalidade, incide, em regra, o prazo qüinqüenal.
3. Inaplicável à hipótese dos autos o disposto no art. 1º da Lei 9.873/1999, que estabelece que,
nos casos em que o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. Isso porque a instância de origem apenas
consignou que as condutas imputadas ao gestor público não caracterizavam crime, sendo impossível
depreender do acórdão recorrido a causa da aplicação da multa. Dessa forma, é inviável, em Recurso
Especial, analisar as provas dos autos para verificar se a causa da imputação da multa também
constitui crime (Súmula 7/STJ).
4. Recursos Especiais parcialmente providos para afastar a prescrição relativamente ao
ressarcimento por danos causados ao Erário” (REsp 894.539/PI, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/08/2009, DJe 27/08/2009);

“AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. MULTA


ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. ATÉRIA
1212

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

APRECIADA SOB O RITO DO ART. 543-C, DO CPC. RESP N.º 1.112.577/SP REPRESENTATIVO
DA CONTROVÉRSIA).
1. A sanção administrativa é consectário do Poder de Polícia regulado por normas
administrativas. A aplicação principiológica da isonomia, por si só, impõe a incidência recíproca do
prazo do Decreto 20.910/32 nas pretensões deduzidas em face da Fazenda e desta em face do
administrado.
2. Deveras, e ainda que assim não fosse, no afã de minudenciar a questão, a Lei Federal
9.873/99 que versa sobre o exercício da ação punitiva pela Administração Federal colocou um pá de
cal sobre a questão assentando em seu art. 1º caput: ‘Prescreve em cinco anos a ação punitiva da
Administração Pública Federal, direta e indireta,no exercício do poder de polícia, objetivando apurar
infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.’
3. A possibilidade de a Administração Pública impor sanções em prazo vintenário, previsto no
Código Civil, e o administrado ter a seu dispor o prazo quinquenal para veicular pretensão, escapa ao
cânone da razoabilidade, critério norteador do atuar do administrador, máxime no campo
sancionatório, onde essa vertente é lindeira à questão da legalidade.
4. Outrossim, as prescrições administrativas em geral, quer das ações judiciais tipicamente
administrativas, quer do processo administrativo, mercê do vetusto prazo do Decreto 20.910/32,
obedecem à quinquenalidade, regra que não deve ser afastada in casu. (...)” (AgRg no Ag
1069662/SP, Relator Ministro Luiz Fux; Data do Julgamento: 1/6/2010; grifos nossos).

7. Celso Antonio Bandeira de Mello, revendo seu posicionamento outrora manifestado sobre a
matéria, assevera:

“Não há regra alguma fixando genericamente um prazo prescricional para as ações judiciais do
Poder Público em face do administrado. Em matéria de débitos tributários o prazo é de cinco anos, a
teor do art. 174 do Código Tributário Nacional, o qual também fixa, no art. 173, igual prazo para a
decadência do direito de constituir o crédito tributário. No passado, sustentávamos que, não havendo
especificação legal dos prazos de prescrição para as situações tais ou quais, deveriam ser decididos
por analogia com os estabelecidos na lei civil, na conformidade do princípio geral que dela decorre:
prazos longos para atos nulos e mais curtos para os anuláveis. Reconsideramos tal posição.
Remeditando sobre a matéria, parece-nos que o correto não é a analogia com o Direito Civil, visto
que, sendo as razões de Direito Público, nem mesmo em tema de prescrição caberia buscar inspiração
em tal fonte. Ademais, salvo disposição legal expressa, não haveria razão prestante para distinguir
entre administração e administrado no que concerne ao prazo ao cabo do qual faleceria o direito de
reciprocamente se proporem ações. Isto posto, estamos em que, faltando regra específica que
disponha de modo diverso, ressalvada a hipótese de comprovada má-fé em uma, outra ou em ambas
as partes da relação jurídica que envolva atos ampliativos de direito dos administrados, o prazo para
a Administração proceder, judicialmente, contra eles é, como regra, de cinco anos, quer se trate de
atos nulos, quer se trate de atos anuláveis” (in Curso de Direito Administrativo. 17. ed. São Paulo:
Malheiros. p. 930).

8. Recentemente, o assunto tomou posição de destaque nos debates deste Tribunal em face de
representação específica da Conjur (TC 021.540/2010-1), pendente de julgamento, sob a relatoria do
Exmo. Ministro Benjamin Zymler.

9. Reputo de elevada importância essa representação, haja vista a necessidade de balizamento


definitivo do tema no âmbito desta egrégia Corte, o que permitirá possa ser invocada pelas unidades
técnicas, na fase de instrução, antes da propositura de qualquer penalidade.
1213

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Sabe-se que a prescrição, por se tratar de questão de ordem pública, deve ser reconhecida de
ofício quando não alegada pela parte. Traçando-se um paralelo com a legislação penal, o art. 61 do
Código de Processo Penal dispõe que “Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a
punibilidade, deverá declará-lo de ofício”. Inúmeros julgados do Superior Tribunal de Justiça
corroboram essa disposição literal, como não poderia ser diferente (v.g. AgRg no REsp 1256886/PR e
HC 132804/MS).

11. Por certo, não se trata apenas de firmar entendimento sobre o prazo prescricional – se cinco
ou dez anos. Inúmeros outros pontos correlacionados ao tema necessitam de definição, a nosso ver,
como a fixação do termo a quo para contagem desse prazo – se da ocorrência do fato ou do
conhecimento do fato pelo TCU – e das eventuais causas interruptivas.

12. Diante dessas ponderações, mostra-se coerente e plenamente defensável o prazo de cinco
anos para efeito de prescrição da pretensão punitiva, pois a falta disposição legal a respeito do assunto
na Lei Orgânica (Lei nº 8.443/1992) sugere que se extraia do Direito Administrativo, dada a sua
independência científica, as bases para a integração dessa lacuna.

13. Todavia, considerando estar pendente de apreciação pelo Plenário o TC 021.540/2010-1, no


qual a questão está sendo abordada sob todas as suas vertentes, acompanho o parecer aprovado na 2ª
Diretoria, de modo a aplicar o prazo de dez anos previsto no Código Civil, por analogia, em
consonância com a jurisprudência do TCU. A adoção desse entendimento afasta, no caso concreto, a
prescrição – argumento central sustentado pelo recorrente – e implica a negativa de provimento do
presente recurso.

14. Em vista do estágio avançado de discussão da matéria internamente, avalio que eventual
proposição contrária à orientação até então firmada pelo Tribunal – isto é, pela tese dos dez anos
(Código Civil) – poderia tumultuar ou dificultar o julgamento de diversos processos oriundos desta
unidade até o desfecho daqueles autos paradigmáticos. Isso em função da grande quantidade de
recursos nos quais a preliminar de prescrição da pretensão punitiva é arguida pelos recorrentes.

15. Nesses termos, em consonância com o encaminhamento aprovado no âmbito da 2ª Diretoria,


submeto os autos à consideração superior, propondo seja negado provimento ao pedido de reexame
interposto contra o Acórdão 1.546/2012-Plenário pelo Sr. Germano de Azevedo Targino.”

É o Relatório.

VOTO

O Pedido de Reexame merece ser conhecido por preencher os requisitos de admissibilidade


aplicáveis à espécie.

2. O Sr. Germano de Azevedo Targino, Prefeito Municipal de Lagoa d’Anta à época dos fatos,
ora recorrente, foi condenado ao pagamento de multa, nos termos do art. 58, inciso II, da Lei
8.443/1992, por meio do Acórdão 1.546/2012-TCU-Plenário, em razão de condução de licitação
considerada irregular.

3. Pondera o recorrente que estaria prescrita a possibilidade de aplicação de multa, de acordo


com o disposto no artigo 54 da Lei 9.784/1999, em vista de os fatos terem ocorrido em 2002. Entende
que na análise de audiência realizada neste processo, este TCU partiu de premissa equivocada ao
1214

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

lançar mão do Acórdão 2.709/2008-TCU-Plenário - que concluiu tão somente serem imprescritíveis as
ações de ressarcimento ao erário – para defender a imprescritibilidade da multa em questão.

4. Esclarece o auditor responsável pela instrução lavrada no âmbito da Secretaria de Recursos


(Serur) e transcrita no relatório precedente que:

“11. No caso em exame, a multa aplicada pelo acórdão recorrido teve por pressuposto fático a
homologação do Convite 14/2002 em 28/3/2002 (peça 4, p. 7). Assim, quando da entrada em vigor do
Código Civil atual, em 12/1/2003, não havia se passado sequer um ano, aplicando-se o prazo decenal
do artigo 205. Ainda, a prescrição foi interrompida em 2010, pelo Ofício 1.464/2010-TCU-7.ª Secex,
sendo efetivamente recebido em 23/7/2010 (peça , pp. 24-26), conforme o documento Aviso de
Recebimento, ou seja, sem que se completasse o interstício de 10 anos.”

5. Tal argumento foi ratificado pelo Diretor da Subunidade. Por sua vez, o então Titular da da
Serur concluiu:

“12. Diante dessas ponderações, mostra-se coerente e plenamente defensável o prazo de cinco
anos para efeito de prescrição da pretensão punitiva, pois a falta disposição legal a respeito do assunto
na Lei Orgânica (Lei nº 8.443/1992) sugere que se extraia do Direito Administrativo, dada a sua
independência científica, as bases para a integração dessa lacuna.

13. Todavia, considerando estar pendente de apreciação pelo Plenário o TC 021.540/2010-1, no


qual a questão está sendo abordada sob todas as suas vertentes, acompanho o parecer aprovado na 2ª
Diretoria, de modo a aplicar o prazo de dez anos previsto no Código Civil, por analogia, em
consonância com a jurisprudência do TCU. A adoção desse entendimento afasta, no caso concreto, a
prescrição – argumento central sustentado pelo recorrente – e implica a negativa de provimento do
presente recurso.”

6. A matéria ainda é controversa nesta Corte de Contas e somente será firmado entendimento
quando da apreciação definitiva dos processos TC 007.822/2005-4 e TC 011.101/2003-6. Não
obstante, a massa crítica vai sendo formada em outros feitos que não podem ficar represados à espera
do aperfeiçoamento do entendimento e do consenso que não virá sem que haja intenso debate.

7. Em vista ausência de disposição legal específica para os processos de controle externo quanto
à prescrição da pretensão punitiva, o TCU vem enfrentando a matéria e preenchendo essa lacuna a
partir de outras fontes de direito na linha defendida pela Serur. Em outras palavras, este Tribunal, em
seus últimos julgados, tem adotado o prazo decenal insculpido no artigo 205 do Código Civil vigente.

8. Como não havia unidade de pensamento sobre o tema, vinha acompanhando a jurisprudência
dominante no âmbito da Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 1.727/2003, 330/2007 e
2.073/2011, da 1ª Câmara; 8/1997 e 11/1998 e 5/2003, 2437/2014 da 2ª Câmara; 71/2000, 61/2003,
771/2010, 474/2011, 828/2013 e 946/2013, do Plenário.

9. Entretanto, após muitos debates, modifiquei minha percepção sobre o assunto. Dentro dessa
nova visão, levei à apreciação da Segunda Câmara o processo TC 020.526/2009-5, cujo Voto foi
acolhido integralmente pelos meus pares (Acórdão 3.763/2015-TCU-2ª Câmara):

“3. Dentre os argumentos trazidos na peça recursal, é sustentado que, embora a pretensão estatal
seja imprescritível quanto às ações para ressarcimento de dano ao Erário, “a função de julgar e apenar
1215

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

é sim submetida ao crivo prescricional da legislação administrativa e cível, o que angaria reforma da
decisão no quesito relacionado ao julgamento e penalização do agente”.
4. Com efeito, a mesma norma constitucional que estabelece a imprescritibilidade das ações para
esse tipo de ressarcimento (Art. 37, §5º) também define que, quanto aos “ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, deverá a lei fixar o prazo
prescricional” (grifei).
5. Não se desconhece, cumpre destacar, que a questão ainda é controvertida no âmbito desta
Corte.
6. Contudo, é preciso diferenciar a pretensão ao ressarcimento da pretensão punitiva. A
Constituição Federal estabelece essa diferença, como dito acima, deixando claro, a meu ver, que a
prescrição, mesmo em casos de ilícitos praticados por agentes públicos, é a regra, ressalvando
unicamente as ações de ressarcimento.
7. Registro, a propósito, que por ocasião do julgamento, pelo E. STF, do MS nº 26.210/DF, o
qual é reiteradamente invocado nesta Corte de Contas para justificar a imprescritibilidade das ações de
ressarcimento, o então Relator, Ministro Ricardo Lewandowski, trouxe à baila lição do professor José
Afonso da Silva, onde ele esclareceu justamente que apenas as ações que visam ao ressarcimento são
imprescritíveis, mas não a apuração e punição do ilícito, senão vejamos a explicação do citado
constitucionalista:
“... Vê-se, porém, que há uma ressalva ao princípio. Nem tudo prescreverá. Apenas a apuração e
punição do ilícito, não, porém, o direito da Administração ao ressarcimento, à indenização, do prejuízo
causado ao erário. ...” (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo:
Malheiros. 2006. p. 673 – grifo acrescido).
8. Dessarte, ainda que se considere ser prescritível a ação punitiva do Estado quanto à aplicação
das multas previstas nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.443/1992, cumpre definir qual seria este prazo
prescricional, haja vista que o citado diploma Legal não disciplina a questão.
9. Nesse mister, a Unidade Técnica, em seu parecer, pugnou pela aplicação do prazo geral de dez
anos previstos no art. 205 do Código Civil, sustentando, para tanto, que não haveria lei específica.
10. Com todas as vênias, divirjo dessa posição.
11. É fato que não existe norma legal de prescrição específica para a pretensão punitiva do
Tribunal de Contas da União. Todavia, isso não afasta a possibilidade, ou melhor, a necessidade de
colmatar essa lacuna normativa por meio de processo analógico com normas outras cujo substrato de
incidência mais se assemelhe à atuação sancionadora desta Corte de Contas.
12. E nesse diapasão, o prazo analogicamente mais ajustado ao perfil dos processos de controle
externo é o quinquenal, porquanto esse é o período consagrado no arcabouço normativo brasileiro
sobre prescrição no âmbito do Direito Administrativo.
13. Nesse sentido, aliás, já se posicionou o Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Senão
vejamos:
“ADMINISTRATIVO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DANO AO ERÁRIO.
RESSARCIMENTO. IMPRESCRITIBILIDADE. MULTA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. ART. 1º
DA LEI 9.873/1999. INAPLICABILIDADE.
1. A pretensão de ressarcimento por prejuízo causado ao Erário é imprescritível. Por decorrência
lógica, tampouco prescreve a Tomada de Contas Especial no que tange à identificação dos
responsáveis por danos causados ao Erário e à determinação do ressarcimento do prejuízo apurado.
Precedente do STF.
2. Diferente solução se aplica ao prazo prescricional para a instauração da Tomada de Contas no
que diz respeito à aplicação da multa prevista nos arts. 57 e 58 da Lei 8.443/1992. Em relação à
imposição da penalidade, incide, em regra, o prazo quinquenal. (...)” (grifei)
(REsp 894.539/PI, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/08/2009, DJe 27/08/2009)
1216

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14. O prazo prescricional de cinco anos é o adotado como regra, de forma larga e uniforme, nas
leis de regência do Direito Administrativo.
15. Está presente, por exemplo, no art. 23, inciso II, da Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Administrativa), no art. 142, inciso I da Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores), do art. 1º do Decreto
20.910/1932 (regula a prescrição quinquenal na Administração), no art. 21 da Lei 4.717/1965 (Lei da
Ação Popular), no art. 174 da Lei 5.172/1966 (Código Tributário Nacional), no art. 1º da Lei
9.873/1999 (estabelece o prazo de prescrição para o exercício do poder de polícia), e no art. 46 da Lei
12.529/2011 (define a prescrição da ação punitiva estatal contra infrações à ordem econômica), entre
outros.
16. Importa frisar que a aplicação da analogia com as regras de Direito Administrativo, e não
com o Direito Civil, na hipótese em estudo, ampara-se na doutrina administrativista. Cito, nesse passo,
o escólio de Celso Antônio Bandeira de Mello acerca do tema das pretensões da Administração contra
os administrados. Sobre a questão, o respeitável autor sustenta que tal analogia não pode ser feita com
as regras do Direito Civil, mas com as normas do Direito Público, verbis:
...parece-nos que o correto não é a analogia com o Direito Civil, visto que, sendo as razões de
Direito Público, posto que, sendo as razões que o informam tão profundamente distintas que inspiram
as relações de Direito Público, nem mesmo em tema de prescrição caberia buscar inspiração em tal
fonte (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 30ª ed. São Paulo:
Malheiros. 2013. p. 1079).
17. Bandeira de Mello também converge para a adoção analógica do prazo quinquenal previsto
na maioria das normas sobre prescrição nas relações entre Estado e particulares (e vice-versa), tendo
por base os prazos definidos no Decreto 20.910/1932 e nas Leis 4.717/1965, 9.873/1999 e 9.784/1999.
Sobre esse ponto, o autor assim pontua:
Vê-se, pois, que este prazo de cinco anos é uma constante nas disposições gerais estatuídas em
regras de Direito Público, quer quando reportadas ao prazo para o administrado agir, quer quando
reportadas ao prazo para a Administração fulminar seus próprios atos. Ademais, salvo disposição legal
explícita, não haveria razão prestante para distinguir entre Administração e administrados no que
concerne ao prazo ao cabo do qual faleceria o direito de reciprocamente se proporem ações.
Isto posto, estamos em que, faltando regra específica que disponha de modo diverso, ressalvada a
hipótese de comprovada má-fé [...], o prazo para a Administração proceder judicialmente contra eles
[os administrados] é, como regra, de cinco anos [...].(BANDEIRA DE MELLO, op. cit, p. 1.080.)
18. Na mesma convergência, Luís Roberto Barroso defende o uso da analogia como forma de
suprir lacunas na definição de prazos de prescrição no Direito Administrativo mediante a invocação de
regras do mesmo ramo do Direito.
19. O ilustre autor sustenta, por exemplo, que o prazo prescricional de cinco anos já incidia sobre
as multas aplicáveis pelo Banco Central do Brasil antes mesmo da publicação da Lei 9.873/1999, que
veio a positivar esse prazo para as multas decorrentes do poder de polícia da Administração, hipótese
em que se encaixa a atuação fiscalizadora do Bacen, nos termos da Lei 4.131/1962 (define, entre
outras disposições, as hipóteses de multas administrativas aplicáveis pelo Banco Central em face de
irregularidades em operações cambiais), a qual não fixa prazos de prescrição (BARROSO, Luís
Roberto. A Prescrição Administrativa no Direito Brasileiro Antes e Depois da Lei nº 9.873/99. Revista
de Diálogo Jurídico. Salvador: Centro de Atualização Jurídica. Ano I, vol. I, n. 4, julho/2001.
Disponível em: http://www.direitopublico.com.br/pdf_4/dialogo-juridico-04-julho-2001-luis-r-
barroso.pdf. Acesso em: 20/07/2015).
20. Para Barroso, a prescrição quinquenal tem status de regra geral no Direito Administrativo
brasileiro.
21. De retorno ao caso vertente, cabe reafirmar, portanto, que a ausência de norma específica
sobre prescrição em processos de controle externo reclama o uso da analogia com normas
teleologicamente próximas às características do controle externo para suprir a lacuna. Em outras
palavras: diante duas fontes de direito para suprir uma lacuna, a analogia deve socorrer-se da norma
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

cujo substrato de incidência mais se aproxime do caso em estudo. E, no caso em comento, não há
nenhuma dúvida de que os processos de controle externo se irmanam muito mais com as normas do
Direito Administrativo do que com o Direito Civil.
22. Assim, a fórmula mais adequada à boa técnica hermenêutica é a utilização do prazo
quinquenal, extraído das normas análogas do Direito Administrativo.
23. Ainda na trilha desses argumentos, acrescento que, segundo Norberto Bobbio, as lacunas
não representam a falta de uma solução, “mas de uma solução satisfatória, ou, em outras palavras, não
a falta de uma norma, mas a falta de uma norma justa, isto é, de uma norma que se desejaria que
existisse, mas que não existe” (BOBBIO. Teoria do Ordenamento Jurídico. Trad.: Maria Celeste C. J.
Santos. 10 ed. Brasília: UnB, 1999, p. 140). De fato, soaria estranho invocar no caso em estudo, para
fins de analogia, o prazo geral de dez anos – inspirado nas distantes regras do Direito Civil –, quando
há uma regra geral – de cinco anos – adotada em múltiplas leis do Direito Administrativo.
24. Feitas essas ponderações, tenho que a Lei 9.873/99, que estabelece o prazo de prescrição para
o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, é a norma que mais se aproxima
analogicamente ao caso, porquanto, embora o controle externo não possa ser classificado como “poder
de polícia”, é inafastável seu viés sancionador, punitivo, quando se trata do poder de aplicação de
multas e outras sanções previstas na Lei 8.443/92. E, de acordo com o artigo 1º da lei análoga, o prazo
prescricional, em casos da espécie, é de cinco anos, “contados da data da prática do ato ou, no caso de
infração permanente, do dia em que tiver cessado”, verbis:
Art. 1º - Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados
da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver
cessado. (Lei 9.873/99 - grifei).
25. No caso sob exame, a infração objeto dos autos (realização da despesa irregular) ocorreu em
20/03/2003 (fls. 48 - Peça 04), ao passo que a citação somente foi efetivada em 22/06/2010 (fls. 43/48
- Peça 10), mais de sete anos depois.
26. Assim, identifica-se, no caso presente, a prescrição da pretensão punitiva deste Tribunal
referente à aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92, o que justifica o provimento
parcial do presente recurso, para que se torne sem efeito o item 9.5 do acórdão alvejado.
27. Friso, ademais, que, nos termos do art. 281 do Regimento Interno deste Tribunal, a
prescrição em questão aproveita aos demais responsáveis apenados com a multa prevista no art. 57 da
Lei nº 8.443/92, quais sejam: Klass Comércio e Representação Ltda. e Sr. Luiz Antonio Trevisan
Vedoin, os quais foram apenados em virtude da mesma ocorrência imputada ao ora recorrente,
ocorrida, como visto, em 20/03/2003, ou seja, mais de sete anos antes das citações dos responsáveis
neste processo”.
10. No caso vertente, a multa aplicada pelo acórdão vergastado decorreu da homologação do
Convite 14/2002 em 28/3/2002. A audiência do responsável ocorreu em 12/7/2010, conforme o Ofício
1.464/2010-TCU-7.ª Secex, o qual foi efetivamente recebido em 23/7/2010 de acordo com o Aviso de
Recebimento, portanto, 8 anos depois da ocorrência do fato.

11. Concluo, pois, que, por ocasião da audiência do Sr. Germano de Azevedo Targino já
ocorrera a prescrição da pretensão punitiva deste Tribunal, nos termos do art. 1º da Lei 9.873/99.

Em face do exposto, acolho as conclusões da Secretaria de Recursos, com os ajustes que entendo
pertinentes, e Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto ao escrutínio do Pleno:

“9.1. conhecer dos Pedidos de Reexame, com base no art. 48 da Lei n. 8.443/92 c/c os arts. 285
e 286, Parágrafo Único, do Regimento Interno/TCU, para, no mérito, dar-lhe provimento;
9.2. tornar insubsistentes os itens 9.2, 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.546/2012-TCU-Plenário;
9.3. dar ciência deste Acórdão ao recorrente e à Prefeitura Municipal de Lagoa d’Anta (RN).”
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 28 de outubro de 2015.

RAIMUNDO CARREIRO
Relator

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