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As teorias da Ação Racional e da Ação Planejada. Relações entre intenções e


comportamentos

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2 authors:

Karina Moutinho Antonio Roazzi


Federal University of Pernambuco Federal University of Pernambuco
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Avaliação Psicológica, 2010, 9(2), pp. 279-287 279

AS TEORIAS DA AÇÃO RACIONAL E DA AÇÃO PLANEJADA:


RELAÇÕES ENTRE INTENÇÕES E COMPORTAMENTOS
Karina Moutinho - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil
Antonio Roazzi - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil

RESUMO
A Teoria da Ação Racional (TAR) vem sendo usada na psicologia especialmente para investigar os fatores preditores de
comportamentos, como amamentar e doar órgãos. Em revisão a esta teoria e objetivando sua ampliação, estudos diversos
têm apontado para a Teoria da Ação Planejada (TAP). Neste artigo aprofunda-se a apresentação da TAR e da TAP,
especificando seus conceitos fundamentais e estratégias para investigação. Achados evidenciam que investigações
norteadas pela TAR/TAP podem colaborar para a definição de políticas públicas e viabilizar campanhas educativas.
Palavras-chave: Crenças; Atitudes; Normas subjetivas; Intenções; Controle; Comportamento.

THEORY OF REASONED ACTION AND THEORY OF PLANNED ACTION: RELATIONS


BETWEEN INTENTION AND BEHAVIOR

ABSTRACT
Theory of Reasoned Action (TRA) has been used in psichology specially to investigate predictor factors of behavior as
like breastfeed and organs donation. In review and to amplify this theory many studies point to the proposition of the
Theory of Planned Action (TPA). This article deepens the presentation of both TRA and TAP, specifying its main
concepts and investigation strategies. The data found make evident that investigation guided by TRA/TPA make possible
educational campaigns.
Keywords: Beliefs; Attitudes; Subjective norms; Intentions.

INTRODUÇÃO1 estudiosos (Ajzen, 1985; 1988; 1991; Ajzen,


Albarracín & Hornik, 2007; Ajzen & Fishbein, 1970,
Quais fatores estão envolvidos no uso de 1980; Fishbein & Ajzen, 1974, 1975, 1977, 2010). A
métodos contraceptivos? O que interfere no teoria admite que os seres humanos são racionais e
comportamento de amamentar? Para responder a utilizam as informações disponíveis, avaliando as
perguntas como estas, a Teoria da Ação Racional implicações de seus comportamentos, a fim de
(TAR), e sua ampliação, a Teoria da Ação Planejada decidirem por sua realização (Ajzen & Fishbein,
(TAP), têm sido eficientes ferramentas usadas na 1970, 1977, 1980; Brown, 1999). O modelo é bem
psicologia e em áreas diversas. É com o objetivo de sucedido quando aplicado a comportamentos sobre
aprofundar uma discussão teórico-metodológica os quais o indivíduo exerce controle volitivo (Ajzen,
sobre a TAR e a TAP que se destina o presente 1991; Tuck, 1978).
artigo. Consideramos oportuna esta presente Como objetivos principais da Teoria da Ação
discussão se admitirmos que no âmbito da avaliação Racional ressaltam-se o (1) interesse por predizer e
psicológica, de tais teorias podem provir entender o comportamento e ainda, sendo este fruto
instrumentais adequados à realização de de escolhas conscientes por parte do indivíduo, (2)
diagnósticos, por exemplo, à elaboração de testes precisar a intenção para realizá-lo (Fishbein & Ajzen,
psicológicos dedicados à realização de 1975). Para se entender o comportamento, há que se
diagnósticos. identificar os determinantes das intenções
comportamentais: atitudes, que dizem respeito ao
Teoria da Ação Racional: conceitos básicos aspecto pessoal, e normas subjetivas, que se refere à
A Teoria da Ação Racional foi inicialmente influencia social. A teoria traça considerações ainda
desenvolvida por volta de 1960, por Martin Fishbein sobre crenças dos indivíduos, a avaliação das
(1963, 1967), sendo posteriormente revista e conseqüências do comportamento, a motivação para
expandida em colaboração com Icek Ajzen e outros concordar com as pessoas (referentes) que lhe são
importantes e as variáveis externas (ver Figura 1).
 
1
Contato:
Email: karinamoutinho@gmail.com; roazzi@gmail.com
280 Moutinho & Roazzi

Variáveis Crença Comportamental


(CC)
Externas

Demográ- A. Conseqüência (AC) Atitude


(AT)
ficas
Pesos Empíricos
Atitudes da AT e da NS
Intenções (I) Comportamento
(C)
Gerais

Traços de C. Normativa (CN) Normas


Subjetivas (NS)
Persona-
lidade
Motivação (MO)

Relações entre variáveis externas e comportamento


Relações entre variáveis internas e comportamentos

Figura 1. A Teoria da Ação Racional contemplando as variáveis externas. Adaptada de Ajzen & Fishbein
(1980).

Comportamento Além da definição quanto ao tipo de comportamento


O entendimento e a predição do a ser investigado (se atos únicos ou categorias
comportamento tornam-se demasiadamente comportamentais), outros três aspectos devem ser
arriscados se a sua definição não é claramente considerados: 1) o alvo (para o comportamento de
realizada: se está em investigação um beber é a cerveja); 2) o contexto e 3) o tempo,
comportamento (atos observáveis) ou uma referentes respectivamente ao local e ao período em
conseqüência comportamental. Alto rendimento em que a ação ocorre (Ajzen & Fishbein, 1980; Fishbein
matemática, por exemplo, é uma possível & Ajzen, 1975). A consideração destes aspectos
conseqüência de um conjunto de comportamentos permite uma maior especificação do comportamento.
específicos, como ler livros e resolver exercícios
matemáticos, etc. Esta distinção é importante na Intenções
medida em que ambos, comportamento e As intenções são assumidas como
conseqüência, requerem investigações diferentes. A disposições para realização do comportamento,
TAR tem seu foco voltado para comportamentos estando este, vale ressaltar, sob controle volitivo
(Ajzen & Fishbein, 1980; Fishbein & Ajzen, 1975). (Tuck, 1978). Sabe-se que não há uma perfeita
Outro critério do comportamento a ser considerado, correspondência entre intenções e comportamento.
diz respeito à seleção entre atos únicos e categorias Entretanto, as pessoas usualmente agem em acordo
comportamentais. Os atos únicos se referem “a um com suas intenções. Esta correspondência entre
comportamento específico realizado por um intenção e comportamento dependerá de alguns
individuo” (Ajzen & Fishbein, 1980; p. 31). Para fatores, tais como a força da intenção, ou seja, a
serem mensurados é preciso que os comportamentos probabilidade subjetiva de realização de uma ação
sejam claramente definidos e exista um alto acordo admitida por uma pessoa, e, ainda, a estabilidade das
entre observadores sobre sua ocorrência, como por intenções. Em se tratando de comportamentos do
exemplo, ir à igreja, comprar carro, fumar, etc. Já as tipo ações únicas, as intenções podem ser medidas de
categorias comportamentais não podem ser diversas formas. É preferível, segundo Ajzen e
observadas diretamente e sua determinação depende Fishbein (1980), escolher uma medição em que a
de inferência sobre um conjunto de atos únicos, que intenção do respondente em realizar o
devem ser especificados: assistência à campanha de comportamento possa ser manifesta de forma
um candidato pode ser inferida a partir de precisa. Uma forma de medição indicada é através de
comportamentos tais como doação de dinheiro, escala bipolar, onde uma afirmação como: “eu
distribuição de panfletos, participação em comícios pretendo matricular meu filho em escola pública”, é
(Ajzen & Fishbein, 1980; Fishbein & Ajzen, 1975).

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avaliada em alternativas de resposta que variam entre convidado a fazer uma avaliação de um
totalmente impossível a totalmente possível. comportamento. Quanto mais favorável for a atitude
Segundo a TAR, enquanto a intenção em relação ao objeto, maior será sua intenção em
comportamental exerce poder determinante sobre o relação a ele (Ajzen & Fishbein, 1980). Outro
comportamento, alguns fatores, por sua vez, atuam determinante das intenções são as normas subjetivas.
sobre a intenção comportamental. Trata-se das Segundo Ajzen e Fishbein (1980, p. 6), as normas
Atitudes em Relação ao Comportamento e das subjetivas dizem respeito à “percepção da pessoa
Normas Subjetivas. As atitudes referem-se à quanto à pressão social exercida sobre a mesma para
influência pessoal sobre o comportamento e que realize ou não realize o comportamento em
correspondem ao julgamento da pessoa para questão”. As normas subjetivas podem ser
realização do mesmo como bom-ruim, ou seja, mensuradas também através de escala bipolar,
admitindo sua favorabilidade ou não à ação. As aplicada a questões como: “A maioria das pessoas
normas subjetivas dizem da percepção da pessoa que são importantes para mim acha que eu devo
sobre a pressão socialmente exercida sobre o sujeito matricular meu filho em escola pública”. As
no sentido de incentivar ou não a execução do alternativas para resposta podem variar entre
comportamento. Assim, segundo a TAR, maior será a totalmente impossível e totalmente possível. De
intenção do sujeito em relação ao comportamento, acordo com a TAR, quanto mais a pessoa percebe
quanto mais positiva for sua avaliação sobre este que os outros que lhe são importantes pensam que ela
(atitudes) e quando perceber que as pessoas que lhes deve realizar o comportamento, maior será sua
são importantes acham que deve realizar o intenção para fazê-lo.
comportamento - normas subjetivas (Ajzen, 1991; Segundo Ajzen e Fishbein (1980), para uma
Ajzen & Fishbein, 1980; Brown, 1999; Fishbein & melhor compreensão das intenções, faz-se ainda
Ajzen, 1975). Para especificar a relação entre necessário entender porque as pessoas possuem
Intenção (I), Atitudes em Relação ao Comportamento certas atitudes e normas subjetivas. E tais aspectos
(ATc) e Normas Subjetivas (NS), a Teoria da Ação são determinados pelas crenças. Para Fishbein e
Racional propõe a seguinte equação: Ajzen (1975, p.12): “crenças representam a
informação que ele [o sujeito] tem sobre o objeto.
C ~ I = p1ATc + p2NS Especificamente, uma crença relaciona um objeto a
algum atributo”. Objeto e atributo são utilizados pela
Onde C é o Comportamento; I é a Intenção teoria de forma genérica. Objeto pode se referir a
Comportamental; ATc é a Atitude em Relação ao pessoas, grupos, instituições, comportamentos.
Comportamento; NS é a Norma Subjetiva; e p1 e p2 Atributos dizem de qualidade, conseqüência,
são os Pesos Empíricos. Trata-se de uma equação de característica, evento. Como exemplo, tomar pílulas
regressão e, assim sendo, sabe-se que as medições da anticoncepcionais afasta o medo de engravidar: o
atitude e das normas subjetivas auxiliam na predição comportamento de tomar pílulas seria o objeto e a
da intenção. conseqüência, afastar medo de engravidar, pode ser
considerada o atributo. As crenças formam a base da
Atitudes e Normas Subjetivas estrutura conceitual da TAR. São aprendidas através
Há diferentes formas de conceber e medir as de processo inferencial, de informações recebidas
atitudes. Para a TAR, a “atitude em relação a um e/ou de observação direta. Servem como base de
conceito é simplesmente o grau de favorabilidade ou informação para fazer julgamentos, avaliações e
não favorabilidade a este conceito” (Ajzen & tomar decisões. As crenças são entendidas como
Fishbein, 1980, p. 54). Uma forma freqüentemente subjacentes às atitudes e às normas subjetivas, o que,
utilizada para medir as atitudes é o diferencial em última instância, as coloca como determinantes
semântico, proposto por Osgood e colaboradores de intenções e comportamentos.
(1957). Em caráter ilustrativo, tome-se como
exemplo a questão: “Eu matricular meu filho em Atitudes, Crenças Comportamentais e Avaliação das
escola pública é”, que pode ser avaliada, em uma Conseqüências
escala bipolar, através de alternativas, que variem Ao serem construídas crenças, são associados
entre totalmente ruim e totalmente bom. Trata-se da objetos a atributos. Para Ajzen e Fishbein (1980),
medida direta da atitude, onde o respondente é assim são também construídas atitudes em relação ao


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objeto. Passa-se a ser favorável ao objeto que se totalmente bom. De posse dos resultados da
acredita ter características positivas. Deste modo, aplicação de ambas as escalas, a equação apresentada
para determinação indireta das atitudes são anteriormente pode então ser manipulada e a medição
consideradas as seguintes variáveis: a força das indireta da atitude realizada.
crenças que o indivíduo possui em relação a um dado
comportamento, neste caso, as Crenças Normas Subjetivas, Crenças Normativas e Motivação
Comportamentais (CC); e a avaliação (positiva ou As normas subjetivas, como anteriormente
negativa) que o individuo faz das conseqüências mencionado, referem-se à percepção da pessoa
deste comportamento – Avaliação das Conseqüências quanto à pressão social exercida sobre ela para que
(AC). realize ou não realize um comportamento. Elas são
determinadas pelas Crenças Normativas (CN) e pela
ATc = ™ CCi . ACi Motivação para Concordar com o Referente (MO).
i=1 As crenças normativas reportam-se às pessoas, que
fazem esta pressão social: família, amigos,
Onde ATc é a Atitude em Relação ao professores, etc. Já a motivação para concordar com
Comportamento, CC é a Força da Crença o referente trata se o individuo está motivado ou não
Comportamental e AC é a Avaliação das para aceitar a pressão exercida pelos seus pares
Conseqüências. De acordo com esta equação, a força quanto à realização do comportamento. A TAR
de cada crença comportamental saliente deve ser também prevê uma equação para medição indireta da
multiplicada pela avaliação das conseqüências da norma subjetiva:
crença e todos os produtos resultantes devem ser
somados. NS = ™ CNi . MOi
Para então predizer as atitudes a partir das i=1
crenças, faz-se necessário definir as formas de
medição de cada uma destas variáveis. Sugere-se Donde NS é a Norma Subjetiva, CN é a
que, num primeiro momento, sejam eliciadas as Força da Crença Normativa e MO é a Motivação
crenças salientes. Dentre o amplo número de crenças para Concordar com Referente. Assim, as normas
que o indivíduo possui, uma quantidade restrita subjetivas podem ser preditas através do resultado do
destaca-se como sua base de informações para cada somatório dos produtos das forças das crenças
objeto. Para eliciá-las, recomenda-se que sejam normativas com a motivação para concordar com os
realizadas questões do tipo “Quais são as vantagens e referentes de cada crença normativa. Para realizar a
as desvantagens que você acredita estarem medição das crenças normativas, deverá ser realizado
relacionadas a tomar pílulas anticoncepcionais?”. As um procedimento semelhante àquele referente às
primeiras 5 a 9 crenças emitidas são consideradas crenças comportamentais. Em primeiro lugar, eliciar
crenças salientes. No caso de serem consideradas as as crenças normativas salientes, através de
crenças de um amplo número de participantes, pode questionamento livre, em que o respondente é
ser indicado utilizar as crenças modais salientes, convidado a mencionar pessoas e/ou grupos que logo
aquelas que forem mais freqüentemente emitidas. lhe vêem à mente quanto à realização de um dado
Conhecendo-se as crenças, é importante comportamento. Em seguida, há que se mensurar a
saber a força da crença comportamental, ou seja, força das crenças normativas salientes através de
definir quão confiante é a pessoa de que o escala bipolar, onde o sujeito deverá indicar o quão
comportamento em questão está relacionado a uma provável é que o referente assuma dada posição em
dada conseqüência. Sugere-se a medição através de relação ao comportamento. Considere-se como
escala bipolar, tal como o exemplo: “poderei exemplo: “minha igreja acha que eu devo doar
engordar se eu tomar pílulas anticoncepcionais?” e as sangue”, que poderá ser avaliada em escala que varie
alternativas devem variar entre totalmente impossível entre totalmente impossível e totalmente possível.
e totalmente possível. Já para se medir a avaliação Quanto à motivação para concordar com o referente,
das conseqüências do comportamento, a escala a escala bipolar também é indicada. Pode-se recorrer
sugerida envolve uma questão do tipo: “tomar pílulas a uma questão do tipo: “quero fazer o que minha
anticoncepcionais e engordar é”, que deve ser igreja acha que eu devo fazer sobre doar sangue”,
avaliada numa variação entre totalmente ruim e


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que pode ter como alternativas para respostas: compreensão dos fatores relacionados à intenção de
totalmente impossível e totalmente possível. amamentar (geral) e à intenção de amamentar por 6
Quanto às variáveis externas, a TAR assume meses (específica). Quanto a sua consistência interna,
que variáveis tais como traços de comportamento, foram observadas correlações fortes e significativas
atitudes relacionadas a pessoas, instituições (atitude entre crenças comportamentais e atitudes, e entre
gerais) e variáveis demográficas estão relacionadas crenças normativas e normas subjetivas, seguindo
ao comportamento, mas sua determinação se faz de assim em conformidade com o pressuposto pela TAR
forma indireta. Deste modo, é possível que (ver também Moutinho, Roazzi & Gouveia, 2001).
indivíduos com alto nível de escolaridade, por
exemplo, sejam mais favoráveis ao ato de fumar que Teoria da Ação Planejada: Ampliando a TAR
os de escolaridade baixa. Entretanto, segundo a Apesar do sucesso da TAR, o modelo tem
teoria, as variáveis externas não têm efeito sido objeto de questionamento, visto que as intenções
consistente sobre o comportamento. Alguns dos e o comportamento parecem ser influenciados por
argumentos destacados por Ajzen e Fishbein (1980) outros fatores, como por exemplo, os hábitos, o que
defendendo este posicionamento são: (1) uma tenha sido realizado no passado. As intenções
variável externa pode estar relacionada a um comportamentais refletem de fato somente a
comportamento num dado tempo e não em outro motivação a agir, enquanto a execução de uma ação
tempo; (2) uma variável pode estar relacionada a um não depende somente desta, mas também do maior
comportamento, mas não a outro, mesmo que estes ou menor controle sobre o comportamento. Assim, se
comportamentos pareçam similares. um indivíduo possui o pleno controle de uma
Tomando a TAR como modelo, situação, pode decidir por executar ou não uma ação.
investigações têm sido realizadas com o objetivo de Têm sido detectadas duas variáveis principais
explicitar e predizer comportamentos diversos, tanto implicadas na influência do comportamento futuro:
na Psicologia como em demais áreas. Algumas das costume e falta de controle. De fato, algumas ações
problemáticas investigadas tratam sobre realizar o podem ser tão habituais e rotineiras, que as pessoas
auto-exame da mama (Gonçalves & Dias, 1999), o as executam sem nem prestar muita atenção ou
uso de camisinha (Oliveira, Dias & Silva, 2004), a pensar sobre elas. Existem numerosos exemplos de
perda de peso (Costa & colaboradores, 2004; comportamentos que somente em parte estão sob
Narciso, 2002), a doação de órgãos (Weber, Martin controle voluntário do indivíduo. Considere-se, por
& Corrigan, 2007) e o aconselhamento psicológico exemplo, quando ouvimos as pessoas contar que na
(Romano & Netland, 2008). primeira tentativa não conseguiram parar de fumar.
Utilizando-se da TAR, Moutinho (2000) se Este fato deve-se a dificilmente se conseguir
interessou por investigar os fatores preditores da controlar o próprio comportamento e esta pode ser
intenção (geral) de amamentar, como também então a razão pela qual as experiências passadas são
aqueles referentes à intenção (específica) de capazes de melhorar as previsões futuras.
amamentar durantes os seis primeiros meses de vida O problema do controle do comportamento
do bebê. No estudo realizado observou-se que, tem provocado uma modificação e expansão da TAR
quanto à intenção geral de amamentar o bebê, as com a proposta da Teoria da Ação Planejada - TAP
variáveis atitude (medida direta) e crenças (Theory of Planned Behavior; Ajzen, 1985; 1988;
normativas foram indicadas como variáveis 1991; Bamberg, Ajzen & Schmidt, 2003; Davis,
preditoras desta intenção. A atitude teve maior poder Ajzen, Saunders & Williams, 2002). Neste modelo
preditivo, explicando 41,1% (R Múltiplo=0,64, tem sido inserido outro elemento de previsão: além
R²=0,41, ȕ=0,58) da variância da intenção de das crenças comportamentais e crenças normativas,
amamentar o bebê, frente a 5,8% das crenças têm-se as crenças sobre o controle, ou seja, sobre a
normativas (R Múltiplo=0,68, R²=0,46, ȕ=0,24). E presença de fatores que possam facilitar ou impedir o
em relação à intenção especifica – quanto a desempenho do comportamento. Mais
amamentar por 6 meses – a única variável preditora especificamente, elas dizem respeito à percepção de
identificada foi a atitude, explicando 15,4% da controle sobre o comportamento (controle
variância desta intenção (R Múltiplo=0,39, R²=0,15, comportamental percebido), que se refere às crenças
ȕ=0,39). O estudo revela ainda que a TAR se da pessoa acerca o grau de facilidade/dificuldade em
apresentou como modelo explicativo eficiente para executar uma determinada ação, isto é, à percepção


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que um indivíduo possui de poder executar um sujeito efetue uma ação preventiva é também escassa,
comportamento desejado. Assim, a inclusão do apesar de a pessoa estar de acordo sobre a
“controle percebido” baseia-se na pressuposição de importância de adotar aquele comportamento e avalie
que uma maior percepção de controle corresponde a positivamente as conseqüências da eventual ação.
uma maior probabilidade de que o desempenho do Assim, este controle irá influenciar a intenção de
comportamento tenha sucesso. Para Ajzen e Fishbein executar um determinado comportamento e efetivá-
(2000), a ação humana, de acordo com a Teoria da lo. Em uma ótica de mercado, este comportamento
Ação Planejada, pode ser influenciada por três tipos poderia ser, por exemplo, a aquisição de um produto.
de crenças: comportamentais, normativas e as A percepção de controle tem se demonstrado
crenças de controle. Assim como se tem as atitudes e um importante elemento preditor (Bamberg, Ajzen &
as normas subjetivas, pressupõe-se que as percepções Schmidt, 2003, 1999; Caprara, Barbaranelli & Guido,
do controle comportamental surjam de maneira 1998; Doll & Ajzen, 1992; Schifter & Ajzen, 1985),
espontânea. Desta maneira, para estes autores, visto que pode estar relacionado tanto por via indireta
atitudes em relação ao comportamento, normas com o comportamento, através da intenção
subjetivas e a percepção do controle comportamental comportamental, como diretamente ao mesmo (sem a
levam, de forma combinada, à formação das mediação intencional). Além do mais, a ação humana
intenções comportamentais (ver Figura 2). É é influenciável por fatores que podem ser internos e
importante notar que a percepção de controle se externos: os internos são, por exemplo, o
aproxima muito ao construto de auto-eficácia (self- conhecimento, a habilidade, as competências e
efficacy), que concerne ao julgamento das pessoas também fortes desejos. Como exemplo, apesar de
acerca das próprias capacidades de enfrentar os uma pessoa com problemas de saúde estar decidida a
requerimentos oriundos do ambiente (Bandura, ir ao médico, pode saber, tendo como base a
1989a, 1989b). Decorre que, se a percepção de experiência, que provavelmente não irá traduzir estas
controle é muito baixa, a probabilidade que um intenções em ação.

Atitudes
em relação
ao comportamento

 Intenção 
Normas Comportamento
Conhecimento Subjetivas Comportamental


Controle
Comportamental
Percebido

Figura 2. A Teoria da Ação Planejada (Theory of Planned Behavior). Adaptado de Azjen (1981)

Resumindo, em suas áreas específicas, as combinada, a atitude em relação ao comportamento,


crenças comportamentais produzem uma atitude as normas subjetivas, e a percepção de controle
favorável ou desfavorável em relação ao comportamental conduzem à formação de uma
comportamento; as crenças normativas são expressão intenção comportamental. Como regra geral, se a
da pressão social percebida ou das normas subjetivas atitude e a norma subjetiva são mais favoráveis, o
e as crenças de controle são o resultado do controle controle percebido será maior e a intenção da pessoa
percebido sobre o comportamento. De forma


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de realizar o comportamento em questão deverá ser da Ação Planejada (TAP). Este último modelo - uma
mais forte. ampliação da TAR - é particularmente útil e crucial
Azjen (2002) também tem investigado os em circunstâncias/projetos/programas nas quais o
efeitos residuais do passado nos comportamentos comportamento das pessoas precisa ser modificado.
subseqüentes, chegando à conclusão que estes fatores Azjen (1991) tem revisado os resultados de mais de
existem, mas não podem ser descritos como um uma dúzia de estudos que fazem uso da TAP. Na
costume, como considerados por muitos. Uma maioria destas investigações, a adição do controle do
revisão das evidências existentes sugere que o efeito comportamento percebido resultou em um
residual dos comportamentos passados é atenuado, melhoramento significativo das predições das
quando as mensurações da intenção e do intenções e/ou do comportamento. Godin e Kok
comportamento são compatíveis. Quando as (1996) revisaram os resultados de 54 avaliações
intenções são fortes e bem estabelecidas, as empíricas da TAP em pesquisas na área de saúde,
expectativas são realistas, e programas específicos chegando a constatações similares às alcançadas por
têm sido desenvolvidos para se efetivar a intenção. A Ajzen (1991). Nestas investigações, a TAR e a TAP
TAP pode contribuir, assim, para explicar porque as têm se colocado como ferramentas teórico-
campanhas publicitárias que fornecem somente metodológicas que apontam relações entre variáveis
informações não funcionam. Aumentar o e se apresentam como capazes de discutir em termos
conhecimento não contribui muito para mudar o da previsibilidade a comportamentos diversos, em
comportamento. As campanhas que focalizam as variados campos do conhecimento, como saúde,
atitudes, as normas percebidas e o controle em educação, sociologia, prática clínica, demonstrando
produzir mudanças ou a aquisição de determinados poder preditivo significativo (Ajzen, Albarracín &
bens, com certeza, são mais eficazes e obtêm Hornik, 2007, Armitage & Conner, 2000; Fishbein &
melhores resultados. De forma similar, os programas Ajzen, 2010; Sheeran, Conner & Norman, 2001). Os
que se concentram somente nas explicações sobre a estudos realizados à luz da TAR/TAP abrem ainda
importância de algo, provavelmente não terão para outras possibilidades, como a de colaborar para
sucesso. A alternativa melhor sucedida a definição de políticas públicas e viabilizar
provavelmente seria convencer as pessoas em mudar campanhas educativas, para que comportamentos
as próprias intenções, prestando muita atenção às indesejáveis por comprometem a saúde da população
atitudes, às normas subjetivas e ao controle percebido sejam cada vez menos freqüentes. Carece ainda de
sobre o comportamento. avanços, entretanto, quanto a outras variáveis de
âmbito sociocultural. Na TAP esta é contemplada
CONSIDERAÇÕES FINAIS unicamente pelas normas subjetivas, enquanto que os
aspectos pessoais são enfocados pelas atitudes e
A Teoria da Ação Racional tem sido controle percebido.
verificada através de inúmeros estudos realizados Mais ainda, A TAR e a TAP nos oferecem
desde seu desenvolvimento, ainda em 1960, a partir um caminho para que possamos ingressar em um
de uma sistemática avaliação das normas subjetivas campo ainda não explorado por seus estudiosos, que
(as expectativas que outras pessoas para nós é o da avaliação psicológica. Estas teorias oferecem
significativas possuem a respeito do nosso um conjunto de variáveis relacionadas à intenção de
comportamento e a nossa motivação em atendê-las), realizar um comportamento. O avanço dos estudos
e das atitudes (a avaliação das conseqüências do nesta direção poderia explorar a construção de
comportamento e das crenças comportamentais). ferramentas para diagnóstico destas intenções, a
Tem sido verificado também que este partir das variáveis que estas teorias têm validado
comportamento intencional pode melhorar suas pelas pesquisas: crenças, atitudes, normas subjetivas
previsões se for considerado que, em determinadas e, no caso da TAP, percepção de controle
situações e contingências, nem sempre um sujeito comportamental. Vemos que ainda há que se
tem à disposição os recursos cognitivos, temporais, e conhecer melhor ambas teorias para que avanços
motivacionais para analisar e avaliar de forma precisa nesta direção possam acontecer. Neste estudo
a própria ação e suas conseqüências. A partir destas esperamos contribuir para tanto, entendendo que
considerações, Ajzen introduz o “controle simultaneamente podemos fortalecê-las no campo da
comportamental percebido” para a criação da Teoria


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investigação empírica e ingressar mais reasoned action. Basic and Applied Social
fortemente na avaliação psicológica. Psychology, 25, 175-188
Bandura, A. (1989a). Regulation of cognitive
REFERÊNCIAS processes through perceived self-efficacy.
Development Psychology, 25, 729-735.
Ajzen, I. (1985). From intentions to actions: A theory Bandura, A. (1989b). Human Agency in Social
of planned behavior. Em J. Kuhl & J. Beckmann Cognitive Theory. American Psychologist, 42,
(Orgs.), Action Control: From Cognition to 1175-1184.
Behavior (pp. 11-39). Springer-Verlag: Berlim. Brown, K. M. (1999). Theory of Reasoned
Ajzen I. (1988). Attitudes, personality and behavior. Action/Theory of Planned Behavior. University of
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SOBRE OS AUTORES:
Karina Moutinho: Doutora em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Pesquisadora na UFPE do Centro de Estudos da Narrativa - CENA e do Laboratório de Análise Interacional e
Videografia - LAIV. Professora da Faculdade Santa Emília - FASE.
Antonio Roazzi: Professor Titular da Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Coordenador do PPG em Psicologia Cognitiva da UFPE. Doutor (D.Phil.) em Psicologia
do Desenvolvimento pela University of Oxford, Inglaterra. Pós-Doutor em Psicologia pelas University of
London, University of Oxford, Inglaterra e Instituto Di Scienze e Tecnologie Della Cognizione, Roma (Itália).


Avaliação Psicológica, 2010, 9(2), pp. 279-287

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