You are on page 1of 2

Mediando a Conjuntura.

Por, Runildo Pinto

Marx é genial, não foi só porque ele disse que onde há trabalho assalariado há
exploração. Marx é genial porque tendo descoberto isso, cria a AIT - Associação
Internacional de Trabalhadores, com um bando de reformistas do lado dele, os caras não
queriam destruir o capitalismo, queriam reduzir a jornada de trabalho e quando se
conquista, a redução para 8 horas diárias, sabe o que ele escreveu? Escreveu: "essa é a
primeira vitória da economia política do proletariado, do trabalho sobre a economia
política do capital. E ele obviamente que a exploração do capital sobre o trabalho
continuava. Ele foi grande porque foi capaz de vincular as suas descobertas teóricas
com uma ação política POSSÍVEL. Marx foi aquele que descobriu na realidade que
onde há trabalho comandado pelo capital, há trabalho explorado e trabalho alienado, é o
mesmo Marx que foi a AIT, sentou ao lado de descarados reformistas e saudou, a
legislação que limitava a exploração, a primeira vitória da economia política do trabalho
sobre a do capital. Temos que ter uma exigência teórica mais rigorosa possível, mas a
ação política é mediada pelas possibilidades de conjuntura. (José Paulo Netto)

Baseando-se nisto podemos afirmar o reformismo do PT, não representa nenhum


avanço contra a exploração e para a organização dos trabalhadores enquanto classe,
cabe a realidade a impossibilidade de qualquer mediação à esquerda com esse projeto
estruturado no Consenso de Washington. O PT pautou a sua política pela aliança com a
direita e para governar como parlamento burguês. Descrevendo às praticas políticas
neoliberais foi conivente e ao mesmo tempo implementou junto a garantir legislação
que as impõe sobre a sociedade, o PT sustentou e sustenta contra os interesses da classe
trabalhadora, o seguinte: manteve as desregulamentações de profissões, manteve o
banco de horas como uma legislação contra a classe trabalhadora, manteve todas as
privatizações – privatizou, terceirizou, precarizou direitos, manteve a flexibilização das
leis trabalhistas e contribuiu para que isso se ampliasse. Retirou direitos, desqualificou a
educação (contrarreforma da educação) para privilegiar os interesses e o lucros dos
empresários privados da educação sob o manto das cotas e do prouni, a pesquisa nas
universidades públicas sob o jugo dos grandes empresários nacionais e das corporações
internacionais, isto é a mercantilizarão da educação, na disseminação de faculdades de
esquina por todo o país. Desqualificou a saúde com a ampliação da sua mercantilização,
o transporte coletivo no mesmo rumo, não fez reforma agrária. Aparelhou os
movimentos sociais para serem instrumentalizados pelo governo do PT com objetivo de
impor uma conciliação de classes e as consequências disso foram a despolitização e a
desmobilização. É evidente essa repercussão no movimento sindical onde se proliferou
inúmeras Centrais Sindicais, na sua maioria de oportunistas de olho nos fundo de
pensão, é clara a fragmentação na classe. A saber, no final das contas o PT fez das
demandas dos trabalhadores mercadoria, a política econômica veio em uma crescente
capitulação aos interesses conservadores da burguesia nacional dependente do capital
internacional. Para finalizar a corrosão do salário-mínimo com essa política economia
empenhada pelo governo dilma.

Nesse sentido, é necessário aqui e agora ponderar, qual a viabilidade, a margem de


mediação que poderia orientar para uma política do possível e que possibilite vitórias
para a classe trabalhadora. Está claro que não é pela via de apoio ao PT e seu governo.
O PT não deixou margem para a unidade, dentro da diversidade da esquerda, pelo
contrário, criou as condições por hegemonia, para isolar e impedir o crescimento da
esquerda, pelo seu descompromisso com a classe trabalhadora e seu compromisso com
a burguesia. O Pacto Social imposto a goela abaixo da classe trabalhadora, desqualifica
e mais impossibilita qualquer mediação coerente na conjuntura que se desdobra desde o
ano 2000. O PT apostou no crescimento econômico como forma de inclusão, num
cenário de crise na América do Norte e na Europa, o que é complicado, ainda mais
depois da queda da bolsa em 2009. Só que o PT subestimou a crise e a conjuntura
apostou no desenvolvimentismo mesmo vendo que o barco tenha começado a fazer água
com a marolinha, foi empurrando com a barriga a dívida interna, inflação, alta dos juros,
PIB estagnado e sem perspectiva de crescimento, tudo dentro da perspectiva da balança
comercial em seus déficits. Obviamente que apostar no projeto desenvolvimentista
desvinculado de garantia de ganhos contra a exploração foi um tiro no pé, mas esta é a
natureza do PT, é neoliberal.

Assim, o PT não deixa margem de apoio pela esquerda, não justificando à esquerda
seguir o exemplo de Marx quando da conquista da redução de jornada de trabalho pela
AIT. Aqueles reformistas que o rodeavam não queriam destruir o capitalismo, mas
queriam reduzir a exploração do capital sobre o trabalho, e era o possível naquela
conjuntura, naquele momento e dava sentido de classe na luta pela conquista, sentido
organizativo da classe e a percepção do inimigo de classe. No caso do PT o que
aconteceu foi uma capitulação. Do PT não sobra nada para a classe trabalhadora. Os
movimentos sociais tem que tomar outros caminhos. Há que surgir novas vanguardas
para esse novo caminho, o espaço para uma nova conjuntura vem se abrindo, a
sociedade está indo para a rua, cabe a esquerda apreender este objeto em movimento.

You might also like