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CIÊNCIA DOS MATERIAIS – (ÁREA 1 – Estrutura Cristalina) DEMAT-EE-UFRGS

3. ESTRUTURA

CRISTALINA - A
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ESTRUTURA CRISTALINA
3.1 INTRODUÇÃO
3.2 ORDENAÇÃO DOS ÁTOMOS
3.3 CÉLULA UNITÁRIA
Sistema Cristalino/Rede de Bravais
Fator de Empacotamento
Número de Coordenação
Densidade
3.4 ALOTROPIA
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3.1 INTRODUÇÃO
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♦ As propriedades dos materiais sólidos


cristalinos dependem da estrutura
cristalina, ou seja, da maneira na qual os
átomos, moléculas ou íons estão
espacialmente dispostos.
Ex: magnésio e berílio que têm a mesma
estrutura (HC) se deformam muito
menos que ouro e prata (CFC) que têm
outra estrutura cristalina.
♦ Explica a diferença significativa nas
propriedades de materiais cristalinos e não
A diferença no comportamento mecânico de um
cristalinos de mesma composição. material sólido é definida no arranjo atômico, e
conseqüentemente na sua estrutura cristalina.
Ex: materiais transparentes, translúcidos,
opacos.
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3.1 ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS


Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade
na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos.

Cristal Vidro Gás

Ordem a longo Ordem a curto Sem


alcance alcance ordenamento
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Sem ordem
Alguns polímeros podem ser inteiramente amorfos
se unem através do entrelaçamento de suas macromoléculas.

Polímero
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Ordem a curto alcance


♦ Ângulos, distâncias e simetria com ordenação a curto alcance
(formam apenas uma estrutura reticular) .
♦ Ocorre no SiO2 , que apresenta uma orientação preferencial, e
também em outros materiais vítreos.
materiais não-cristalinos ou amorfos

SiO2

Representação esquemática da estrutura de um vidro de


silicato de sódio. Cada Na2O adicionados resulta ma formação
de dois oxigênios nas terminações tetraédricas da sílica
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Ordem a longo alcance

Material cristalino
Os átomos estão situados de acordo com uma matriz que se
repete os átomos são ordenados em longas distâncias atômicas
formam uma estrutura tridimensional

rede cristalina

Metais, muitos cerâmicos e


alguns polímeros formam estruturas
Cristalinas sob condições normais
de solidificação
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Ordem a longo alcance


⇒ A rede cristalina é formada por um arranjo repetitivo
de átomos.
REDE: conjunto de pontos espaciais
REDE
que possuem vizinhança
idêntica.
⇒ Na rede a relação com vizinhos é constante:
- simetria com os vizinhos;
-distâncias define o parâmetro de rede a
(comprimento da aresta da célula unitária); Exemplo esquemático de rede

- ângulos entre arestas


PARÂMETROS PELOS QUAIS SE DEFINE UM CRISTAL
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3.3 CÉLULA UNITÁRIA


⇒ CÉLULA UNITÁRIA unidade estrutural básica, ou seja,
menor subdivisão da rede cristalina que retém as características de toda
a rede.
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⇒ CÉLULA UNITÁRIA Define a rede cristalina em virtude da


geometria e das posição dos átomos em seu interior.
Existem diferentes tipos de células
unitárias, que dependem da relação entre seus parâmetros de rede
(arestas – a, b, c e ângulos - α , β , γ ).

Exemplo de três diferentes tipos de estruturas cristalinas


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Sistema Cristalino – esquema que classifica as estruturas


cristalinas de acordo com a geometria da célula unitária. Essa
geometria é especificada de acordo com o comprimento das
arestas e os ângulos interaxiais.
Rede de Bravais – são as configurações básicas da disposição
dos átomos em cada célula unitária da rede cristalina. Diferentes
empacotamentos atômicos nos 7 diferentes tipos de redes
cristalinas.

Existem 14 tipos diferentes de Redes de Bravais, agrupadas


em sete tipos de Estruturas Cristalinas (Sistemas Cristalinos).
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Sete Sistemas Cristalinos
SISTEMA CRISTALINO RELAÇÃO AXIAL RELAÇÃO
ANGULAR GEOMETRIA DA CÉLULA UNITÁRIA
CÚBICO a= b=c α = β = γ = 90°

HEXAGONAL a= b≠c α = β = 90°, γ = 120°

TETRAGONAL a= b≠c α = β = γ = 90°

ROMBOÉDRICO a=b= c α = β = γ ≠ 90°

ORTORRÔMBICO a ≠b≠c α = β = γ = 90°

MONOCLÍNICO a ≠b≠c α = γ = 90° ≠ β

TRICLÍNICO a ≠b≠c α ≠ β ≠ γ ≠ 90°


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7 Sistemas Cristalinos e 14 Redes de Bravais METAIS

Ligação metálica → não-


direcional

Estrutura cristalina dos


metais têm geralmente um
Romboédrico número de vizinhos
grande e alto
empacotamento atômico.

Hexagonal Metais cristalizam


preferencialmente:
- hexagonal
- CCC
- CFC
- CS → muito raro
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Número de átomos por célula unitária


⇒ É o número específico de pontos da
rede que define cada célula unitária.
- Átomo no vértice da célula
unitária cúbica: partilhado por
sete células unitárias em contato
somente 1/8 de cada
vértice pertence a uma
célula particular.

- Átomo da face centrada:


partilhado por
duas células
unitárias
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Número de átomos por célula unitária


Exemplo: Determine o número de átomos da rede cristalina por célula no
sistema cristalino cúbico.
Resposta:

CS n° pontos da rede = 8(cantos) *1 = 1 átomo


célula unitária 8
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Número de átomos por célula unitária


Exemplo: Determine o número de átomos da rede cristalina por célula no
sistema cristalino cúbico.

Resposta:

CCC n° pontos da rede = 8(cantos)*1 + 1 (centro)= 2 átomos


célula unitária 8
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Número de átomos por célula unitária


SISTEMA CRISTALINO CÚBICO – Cúbico de Corpo Centrado
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Número de átomos por célula unitária


Exemplo: Determine o número de átomos da rede cristalina por célula no
sistema cristalino cúbico.

Resposta:

CFC n° pontos da rede = 8(cantos)*1 + 6 (faces)*1= 4 átomos


célula unitária 8 2
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Número de átomos por célula unitária


SISTEMA CRISTALINO CÚBICO – Cúbico de Face Centrado
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Número de átomos por célula unitária

CS 1 átomo

CCC 2 átomos

CFC 4 átomos
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Relação entre raio atômico e parâmetro de rede


Parâmetros de rede - descrevem o tamanho e o formato da
célula unitária (incluem arestas e ângulos).
Raio atômico de um elemento - é definido como a metade da
distância entre os núcleos de dois átomos vizinhos.
⇒ Determina-se primeiramente como os átomos estão em

contato contínuo (suas direções compactas).

⇒ Geometricamente, a temperatura ambiente, determina-se a


relação entre o raio atômico (r) e o parâmetro de rede (ao).
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Relação entre raio atômico e parâmetro de rede


Exemplo: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro
da rede cristalina para as células unitárias do sistema cristalino
cúbico (CS, CFC, CCC).
CÚBICO SIMPLES
Contato entre os átomos ocorre através
da aresta da célula unitária

ao = r + r

ao = 2r
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Relação entre raio atômico e parâmetro de rede


Exemplo: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro
da rede cristalina para as células unitárias do sistema cristalino
cúbico (CS, CFC, CCC).
CÚBICO DE FACE CENTRADA
Contato entre os átomos ocorre
através da diagonal da face da
célula unitária
dface2 = ao2 + ao2
(4r)2 = 2ao2

ao = 4r
√2
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Relação entre raio atômico e parâmetro de rede


Exemplo: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro
da rede cristalina para as células unitárias do sistema cristalino
cúbico (CS, CFC, CCC).
CÚBICO DE CORPO CENTRADO
Contato entre os átomos ocorre
A através da diagonal do cubo da
célula unitária
dcubo2 = ao2 + dbase2
(4r)2 = 3ao2
B
C
ao = 4r
√3
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Relação entre raio atômico e parâmetro de rede


Exemplo: O raio atômico do ferro é 1,24 A. Calcule o parâmetro de
rede do Fe CCC e CFC.
Fe CCC Fe CFC

ao = 4r ao = 4r
31/2 21/2
ao = 4 x 1,24 = 2,86 A ao = 4 x 1,24 = 3,51 A
31/2 21/2
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Fator de empacotamento
FE = (n
(n°° átomos / célula) * volume cada átomo
volume da célula unitária
Sendo:
Volume dos átomos = Volume da esfera= 4π πr3/3
Volume da célula unitária = Volume cubo (sistema cúbico) = a3

⇒ O Fator de Empacotamento Atômico é a fração de volume


da célula unitária efetivamente ocupada por átomos,
assumindo que os átomos são “esferas rígidas”.
⇒ Estas “esferas” empilham-se com a mínima perda de
espaço para formar uma estrutura compacta e estável.
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Fator de empacotamento
1 2

As
Asesferas
esferasdadaprimeira
primeiracamada,
camada,
A, A, As esferas da terceira camada
tocam
tocamseus
seusseis
seisvizinhos.
vizinhos.
As As
esferas encontram-se nas depressões da
da
esferas
segunda
da camada
segunda(superior),
camada segunda camada, que não estão
camada
(superior),
B, encontram-se
camada B, encontram-
nas diretamente sobre os átomos da primeira
depressões
se nas depressões
da primeira
dacamada.
primeira camada.
camada. Se denominarmos esta terceira camada
de C, a estrutura tem um padrão
ABCABC, de camadas para dar uma
Fonte: UEMG estrutura CFC.
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Fator de empacotamento
Exemplo: Calcule o fator de empacotamento do sistema cúbico.

CS π r3/3)
FE = (1 átomo / célula) * (4π
ao3
π r3/3) = 0,52
FE = (1 átomo / célula) * (4π
(2r)3
CCC π r3/3)
FE = (2 átomo / célula) * (4π
ao3
π r3/3) = 0,68
FE = (2 átomo / célula) * (4π
(4r/31/2)3
CFC π r3/3)
FE = (4 átomo / célula) * (4π
ao3
π r3/3) = 0,74
FE = (4 átomo / célula) * (4π
(4r/21/2)3
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Número de coordenação
⇒ O número de coordenação é o número de vizinhos mais próximos de
um átomo, depende:
- covalência: o número de ligações covalentes que um átomo
pode compartilhar;
- fator de empacotamento da rede cristalina: há liberação de
energia quando os átomos ou íons são aproximados (até o
equilíbrio).

Um material se torna mais estável se os átomos forem arranjados de


uma forma mais fechada e as distâncias interatômicas reduzidas.
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Número de coordenação

CÚBICO
NC = 6
SIMPLES
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Número de coordenação

CÚBICO DE
CORPO
CENTRADO

NC = 8

Ex.:Fe, Cr, W, Na, K...


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Número de coordenação

CÚBICO
DE FACE NC = 12
CENTRADA
Ex.: Al, Cu, Ag, Au, Pb, Ni, Fe...
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Densidade
ρ = (n
(n°° átomos / célula)*(massa atômica de cada átomo) = m
(volume da célula unitária) * (n°
(n° de Avogadro) v

⇒ A densidade de um cristal pode ser calculada usando-se as


propriedades da estrutura cristalina.
⇒ A densidade é uma propriedade intensiva, então a densidade de
uma amostra de um metal é também a densidade da menor unidade
característica do sólido, uma única célula unitária
⇒ Por meio da densidade do metal, é possível, às vezes, distinguir a
sua estrutura cristalina, pelo menos entre empacotamentos
compactos hexagonais e cúbico de corpo centrado.
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Densidade
Exemplo: Determine a densidade do Fe CCC, que tem um a0 de 2,866 A.

Átomos/célula = 2 átomos
Massa atômica = 55,85 g/g.mol
Volume da célula unitária = a03 = 23,55 10-24 cm3/célula
Número de Avogadro = 6,02 1023 átomos/g.mol

ρ= (2 átomos / célula)*(55,85 g/g.mol)


(23,55 10-24 cm3/célula) * (6,02 1023 átomos/g.mol)

ρ = 7,879 g/cm3
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Resumo da estrutura cúbica


Átomos Número de Parâmetro Fator de
por célula coordenação de rede empacotamento

CS 1 6 2R 0,52
CCC 2 8 4R/(3)1/2 0,68
CFC 4 12 4R/(2)1/2 0,74

CS CCC CFC
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Estrutura hexagonal simples


⇒ Metais não cristalizam no sistema hexagonal simples,
o fator de empacotamento é muito baixo

⇒ Cristais com mais de um tipo


de átomo podem cristalizar neste
sistema
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Estrutura hexagonal compacta


⇒ O número de coordenação (NC) deste sistema é
12, pois cada átomo toca 3 átomos no seu nível
inferior, seis no seu próprio plano e mais três no
nível superior ao seu, resultando em um.
⇒ O fator de empacotamento é o mesmo que o
CFC (0,74).
⇒ Ex.: Mg e Zn
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3.4 ALOTROPIA OU TRANSFORMAÇÕES


POLIMÓRFICAS
⇒ Alguns metais e não-metais podem ter mais de uma estrutura
cristalina dependendo da temperatura e pressão..
Materiais de mesma composição química podem
apresentar estruturas cristalinas diferentes são denominados
de alotrópicos ou polimórficos.

⇒ Geralmente as transformações polimórficas são acompanhadas de


mudanças na densidade e mudanças de outras propriedades físicas.
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Titânio α - existe até 883ºC, apresenta estrutura


hexagonal compacta e é mole.
β - existe a partir de 883ºC, apresenta estrutura
CCC e é dura.
SiC (chega ter 20 modificações cristalinas)
Carbono grafite hexagonal
diamante cúbico
(uma das formas)

Fe CCC
CFC
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Tambiente FeCCC,
NC 8
FE 0,68

910°C FeCFC
NC 12
FE 0,74

1390°C FeCCC
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O ferro passa de CCC para CFC a 912 ºC. Nesta temperatura, os raios
atômicos nas duas estruturas são respectivamente, 0,126nm e
0,129nm. Qual a percentagem de variação volumétrica provocada pela
mudança de estrutura?
“Para este cálculo foi tomado como base 4 átomos de ferro, ou seja, 2 células
unitárias CCC (por isso Vccc= 2a3, uma vez que na passagem do sistema CCC
para CFC há uma contração de volume e um aumento de densidade) e 1
célula unitária CFC.”
VCCC = 2a3 VCFC = a3
aCCC = 4R/(3)1/2 aCFC = 2R (2)1/2
VCCC = 0,0493 nm3 VCFC = 0,0486 nm3

∆ V/V = (0,0486 - 0,0493)/0,0493 = - 0,014


∆ V% = 1,4%
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3. ESTRUTURA

CRISTALINA - B
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ESTRUTURA CRISTALINA - B
3.5 ESTRUTURA CRISTALINA NOS METAIS
3.6 DIREÇÕES NO CRISTAL
3.7 PLANOS NO CRISTAL
3.8 ÍNDICES DE MILLER PARA CÉLULA HEXAGONAL
3.9 DIFRAÇÃO DE RAIOS-
RAIOS-X

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3.5 ESTRUTURA CRISTALINA NOS METAIS


Os metais cristalizam preferencialmente em sistemas cúbico
(CCC, CFC) ou hexagonal (HC).
Sistema
Sistema cúbico hexagonal
CCC CFC compacto
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Características gerais de metais comuns


Estrutura a0 x R átomos NC FE Metais
por célula Típicos

CS a0 = 2R 1 6 0,52 Po

CCC a0 = 4R/31/2 2 8 0,68 β ), W,


Fe, Ti (β
Mo, Nb, Ta, K,
Na, V, Cr, Zr

CFC a0 = 4R/21/2 4 12 0,74 Fe, U, Al, Au,


Ag, Pb, Ni, Pt

HC a0 = 2R 6 12 0,74 α ), Mg, Zn
Ti (α
c0 = 1,633 a0 Be,
Co, Zr, Cd
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3.6 DIREÇÕES NO CRISTAL


Coordenadas dos pontos
⇒ Pode-se localizar os pontos das
posições atômicas da célula
unitária cristalina construindo-se
um sistema de eixos coordenados.
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Direções da célula unitária


Índices de Miller: usados para descrever o conjunto
de direções e planos existentes num cristal.
ÍNDICES DE MILLER PARA DIREÇÕES:

1. Definir dois pontos por onde passa a direção

2. Definir o ponto alvo e origem, fazendo-se: ALVO-ORIGEM

3. Eliminar as frações e reduzir ao m.m.c.

4. Escrever entre colchetes, e se houver n° negativo o sinal é colocado


sobre o n°. x y z

[h k l]
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Direções da célula unitária


Exemplo: Determine os Índices de Miller das direções A, B e C, da
figura abaixo.
Direção A:
1. alvo= 1, 0, 0; origem= 0, 0, 0
2. alvo - origem = 1, 0, 0
3. sem frações Direção B:
4. [1 0 0] 1. alvo= 1,1,1; origem= 0, 0, 0
2. alvo - origem = 1, 1, 1
3. sem frações
4. [1 1 1]
Direção C:
1. alvo= 0, 0, 1; origem= 1/2, 1, 0
2. alvo - origem = -1/2, -1, 1
3. 2 (-1/2, -1, 1) = -1, -2, 2
4. [1 2 2]
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Direções da célula unitária


Considerações:
• A simetria da estrutura permite que as direções equivalentes
sejam agrupadas para formar uma família de direções:
<100> para as faces
<110> para as diagonais das faces
<111> para a diagonal do cubo

•A direção [222] é idêntica à direção [111]. Assim sendo, a


combinação dos menores números inteiros deve ser usada.
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Direções da célula unitária


No sistema CCC os átomos se tocam ao longo da diagonal do cubo, que corresponde
a família de direções {111}. Neste caso, a direção [111] é a de maior empacotamento
atômico para este sistema.

[111]
[111]
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Direções da célula unitária


No sistema CFC os átomos se tocam ao longo da diagonal da face, que corresponde a
família de direções {110}. Portanto, a direção [110] é a de maior empacotamento
atômico para este sistema.

[011]

[110]
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Direções da célula unitária


⇒ Outra maneira de caracterizar as direções é através do fator de
empacotamento e da densidade linear.
DENSIDADE LINEAR: É o número de átomos por unidades de
comprimento.
ρ L = número de átomos
unidade de comprimento

O vetor direção está direcionado de forma


a passar através dos centros dos átomos,
e a fração do comprimento da linha que é
interceptada por estes átomos é igual a
densidade linear.
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Direções da célula unitária


Exemplo: Calcular a densidade linear, em Å, na direção [1 0 0] para o
potássio. Dados: K - CCC
ρL = n° átomos
r - 0,2312 nm
unid comprimento

ρL = ½ + ½ = 1
ao 4r/√3

ρL = 0,1837 átomos/Å
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3.7 PLANOS NO CRISTAL


⇒ Um cristal possui planos de átomos que influenciam as propriedades e
o comportamento de um material.
⇒ Os Índices de Miller também são determinados para planos.
ÍNDICES DE MILLER PARA PLANOS:
1. Definir três pontos onde o plano corta x, y e z.
2. Calcular os recíprocos dos valores obtidos.
3. Eliminar as frações sem reduzir ao m.m.c.
4. Escrever entre parênteses, e se houver n° negativo o sinal é colocado
sobre este n°. x y z
OBS.: Se o plano passar pela origem, desloque-a. (h k l)
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Planos
Exemplo: Determine os Índices de Miller para os planos A, B e C da figura
abaixo. Plano A: Plano B:
1. 1 1 1 1. 1 2 ∞
2. 1/1 1/1 1/1 2. 1/1 1/2 1/∞
3. Não tem frações 3. 2 1 0
4. (1 1 1) 4. (2 1 0)

Plano C: passa pela


origem
(x’, y’, z’)
1. ∞ -1 ∞
2. 1/ ∞ 1/-1 1/∞
3. 0 -1 0
4. (0 1 0)
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Planos Cristalinos

Planos (010)
• São paralelos aos eixos x
e z (paralelo à face do
cubo)

• Cortam um eixo (neste


exemplo: y em 1 e os
eixos x e z em ∞ )

• 1/ ∞ , 1/1, 1/ ∞ = (010)

Fonte: Eleani Maria da Costa DEM/PUCRS


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Planos Cristalinos
Planos (110)
• São paralelos a um eixo (z)

• Cortam o cubo através de


dois eixos (x e y) passam
pela diagonal vertical do
cubo

• 1/ 1, 1/1, 1/ ∞ = (110)
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Planos Cristalinos
Planos (111)

• Cortam o cubo
através de 3 eixos
cristalográficos
passam pela
diagonal inclinada do
cubo

• 1/ 1, 1/1, 1/ 1 = (111)
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Planos Cristalinos
Planos paralelos são equivalentes tendo os mesmos índices
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Planos Cristalinos

DENSIDADE PLANAR: É o número de átomos pela área do plano.

ρ P = número de átomos no plano


área do plano
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Planos
Exemplo: Calcule a densidade planar para o plano (0 1 0) para o sistema
cúbico simples do polônio, o qual tem a0 = 3,34 10-8 cm.

ρplanar = n° átomos
área

(020) ρplanar (0 1 0) = 1 átomo = 8,96. 1014 átomos/cm 2


ao2

(010)
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3.8 ÍNDICES DE MILLER PARA CÉLULA


HEXAGONAL
⇒ Direções na célula unitária
hexagonal
[h k i l]

⇒ Eixos: a1 a2 a3 c
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Índices de Miller para a Célula Hexagonal


Exemplo 13: Determine os índices de Miller para os planos A e B e para as direções C e D

Plano A:
1. ∞ ∞ ∞ 1
2. 1/ ∞ 1/ ∞ 1/ ∞ 1/1
3. 0 0 0 1
4. (0 0 0 1)

Plano B:
1. 1 1 -1/2 1
2. 1/1 1/1 -2/1 1/1
3. 1 1 -2 1
4. (1 1 -2 1)
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Índices de Miller para a Célula Hexagonal


Exemplo 13: Determine os índices de Miller para os planos A e B e para as direções C e D

Direção C:
1. alvo= 0, 0, 0, 1; origem= 1, 0, 0, 0
2. alvo - origem = -1, 0, 0, 1
3. sem frações
4. [1 0 01]

Direção D:
1. alvo= 0, 1, 0, 0; origem= 1, 0, 0, 0
2. alvo - origem = -1, 1, 0, 0
3. sem frações
4. [1 1 0 0]
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Planos
DISTÂNCIA INTERPLANAR: É a distância de dois planos com mesmos
índices de Miller – relaciona os índices de Miller com o parâmetro de rede.
Para o
D (h, k, l) = a0 sistema
(h2 + k2 + l2)1/2 cúbico
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Planos
Exemplo: Calcule a distância interplanar entre dois planos adjacentes
(1 1 1) no ouro, que tem a0 = 4,0786 Å.
d (h, k, l) = a0
(h2 + k2 + l2)1/2

d (111) = 4,0786 A = 2,355 Å


(12 + 12 + 12)1/2
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Contém todos os planos que são cristalograficamente equivalentes, ou seja,


possuem o mesmo empacotamento atômico.
FAMÍLIA DE PLANOS {110} é paralelo a um eixo

⁄⁄ z

⁄⁄ y

⁄⁄ x
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⇒ A simetria do sistema cúbico faz com que a família de planos tenha o


mesmo arranjo e densidade
⇒ Deformação em metais envolve deslizamento de planos atômicos
Deslizamento ocorre mais facilmente nos planos e
CCC direções de maior densidade atômica
Família de planos {110}: maior densidade atômica CFC
Família de planos que passa pela diagonal vertical Família de planos {111}: maior densidade
do cubo atômica
Família de planos que passa pela diagonal
inclinada do cubo
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UTILIZAÇÃO PRÁTICA DOS PLANOS E


DISTÂNCIAS INTERPLANARES
Difração de raios X
• Para detecção de elementos e moléculas em
materiais
Uma das técnicas utilizadas é a do Pó: o material a ser
analisado encontra-se na forma de pó (partículas finas
orientadas ao acaso) que são expostas a um raio X
monocromático.
O grande número de partículas com orientação diferente
assegura que a lei de Bragg seja satisfeita para alguns
planos cristalográficos
LEI DE BRAGG nλ= 2 dhkl.senθ
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3.9 DIFRAÇÃO DE RAIOS-


RAIOS-X
O Fenômeno de Difração: Quando um feixe de raios x é dirigido à um
material cristalino, esses raios são difratados pelos planos dos átomos
ou íons dentro do cristal.

LEI DE BRAGG
nλ= 2 dhkl.senθ

λ - comprimento de onda
n - número inteiro de ondas
d - distância interplanar
θ - ângulo de difração com a superfície
dhkl= a
Distância interplanar - válido para sistema cúbico
(h2+k2+l2)1/2
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Equipamento: Difratômetro
• T= fonte de raios X
• S= amostra
Fonte • C= detector
• O= eixo no qual a amostra e o
detector giram
θ = ângulo de difração (ângulo

medido experimentalmente)

Detector

Difração de raios X têm diferentes comprimentos de onda


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Exemplo – pó de Al

λ = 0,1542nm (CuKα )
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Exemplo – Al AA6056

Imagem de alto contraste de pequenos


precipitados intragranulares
e padrão de difração selecionado no plano
(001).
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Exemplo: Uma amostra de ferro CCC foi colocada num difractômetro


de raios X incidentes com λ = 0,1541nm. A difração pela família de
planos {110} ocorreu para 2θ θ = 44,704o. Calcule o valor do parâmetro de
rede do ferro CCC (considere a difração de 1a ordem, com n=1).
Solução: LEI DE BRAGG
d[110] nλ= 2 dhkl.senθ
2θθ = 44,704 o θ = 22,352 o

λ = 2.d[hkl] sen θ
d[110]= λ / 2 sen θ = 0,1541nm / 2(sen 22,35o) = 0,2026 nm
ao(Fe)
d[110]= ao / (h2+k2+l2)0,5
ao(Fe)= d[110]= ao / (h2+k2+l2)0,5 = 0,2026nm (1,414) = 0,287 nm

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