You are on page 1of 11

Criar uma idiocultura para promover o

desenvolvimento de crianças com paralisia cerebral

Lucia Willadino Braga


Luciana Rossi
Rede SARAH de Neurorreabilitação

Michael Cole
Universidade da California

Resumo

Este estudo apresenta os resultados preliminares da adaptação


de um sistema educacional, chamado Quinta Dimensão, no qual
a interação social é um meio para a generalização da informa-
ção e base para o desenvolvimento de habilidades. Foi criado
originalmente por Michael Cole no Laboratório de Cognição
Humana Comparada, Universidade da Califórnia, San Diego, e
pela primeira vez é aplicado em um contexto de reabilitação
com crianças com lesão cerebral na Rede SARAH de
Neurorreabilitação, Brasília. Alunos de graduação em psicologia
e pedagogia participam do programa e interagem de maneira
lúdica e educativa com crianças com paralisia cerebral. Ambos
são envolvidos em atividades de aprendizagem colaborativa. Na
interação com a criança, os alunos são encorajados a colocar
em prática conceitos teóricos formais e, também, vivências indi-
viduais. Resultados indicam efeitos positivos sobre o desenvol-
vimento da criança e aprendizagem do aluno de graduação e
mostram caminhos alternativos na educação da criança defici-
ente. Neste artigo, descrevemos as alterações feitas no programa
original para adaptá-lo à reabilitação configurada, assim como os
artefatos que medeiam a atividade, necessário para a interação e
expressão da criança com paralisia cerebral. Também são discutidos
e apresentados os efeitos da atividade sobre o desenvolvimento da
criança — com base em relatórios dos pais — e do impacto sobre o
processo de aprendizagem dos alunos de graduação. O programa
abre caminhos alternativos para uma reflexão sobre e educação da
criança com lesão cerebral, com base no desenvolvimento do po-
tencial individual, o contexto e os interesses.

Palavras-chave
Correspondência:
Lucia Willadino Braga Interação social — Aprendizagem colaborativa — Desenvolvimento
SMHS Quadra 501 conj. A - Térreo cognitivo — Paralisia cerebral — Reabilitação.
70335-901 – Brasília – DF
e-mail: luciabraga@sarah.br

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010 131


Creating an idioculture to promote the development
of children with cerebral palsy

Lucia Willadino Braga


Luciana Rossi
Rede SARAH de Neurorreabilitação

Michael Cole
Universidade da California

Abstract

This study presents the preliminary results of the adaptation of an


educational system called the Fifth Dimension (5D), in which social
interaction is a means for generalizing information and a basis for
the development of skills beyond the constituent tasks. Originally
created by Michael Cole – Laboratory for Comparative Human
Cognition at the University of California at San Diego (UCSD) – this
system was, for the first time, applied to a rehabilitation setting
with children with brain injury, at the SARAH Network of
Neurorehabilitation Hospitals, in Brazil. Undergraduate college
students majoring in psychology and education participate in the
program and interact with children who have cerebral palsy,
engaging in playful/educational activities of collaborative learning.
While interacting with the child, the student is encouraged to put
formal theoretical concepts and personal experience into practice.
In this article, we describe the changes made to the original
program to adapt it to the rehabilitation setting as well as the
artefacts that mediate the activity, necessary for the interaction and
expression of the child with cerebral palsy. Also discussed and
presented are the effects of the activity on the child's development
- based on the parents' reports - and the impact on the learning
process of the undergraduate students. The program opens
alternative pathways for a reflection on, and education of, the child
with brain injury, based on the development of individual potential,
context and interests.

Keywords

Social interaction — Collaborative learning — Cognitive


development — Cerebral palsy — Rehabilitation.
Contact:
Lucia Willadino Braga
SMHS Quadra 501 conj. A - Térreo
70335-901 – Brasília – DF
e-mail: luciabraga@sarah.br

132 Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010


Existem muitas questões sobre como de- ços de amizades e múltiplas formas de comu-
senvolver programas amplos de intervenção que nicação entre todas as variedades de partici-
promovam o desenvolvimento cognitivo e social pantes – crianças, estudantes universitários e
de crianças com vários tipos de deficiências, tais membros da equipe de reabilitação. Nossas
como alterações neurocognitivas, paralisia cere- evidências mostram que a participação no
bral e lesão cerebral traumática. O problema é “mundo de brincadeira” produz mudanças
que procedimentos de intervenção especialmen- cognitivas e sociais que se generalizam ampla-
te desenvolvidos para déficits específicos obtêm mente em outros processos cognitivos e com-
sucesso apenas no alvo específico, mas falham na portamentos sociais que não são específicos do
generalização (Brown; Campione; Murphy, 1977; “mundo de brincadeira”. Em outras palavras,
Tharp; Gallimore, 1985; Ylvisaker; Turkstra; Co- esse mundo serve como instrumento de gene-
elho, 2005). Esse conjunto de estudos nos leva ralização para um amplo conjunto de processos
à conclusão de que para um programa de trei- cognitivos e sociais que não são, explicitamen-
namento ser proveitoso, nas palavras de Tharp e te, o objeto educativo.
Gallimore (1985), “as tarefas devem ser aprendi-
das no contexto de suas eventuais Descrição do “mundo de
aplicabilidades” ou, como Ylvisaker (2005) ex- brincadeira” original
pressa o tema, é preciso dedicar-se à reabilitação
baseada no contexto ou oferecer instruções no O modelo de “mundo de brincadeira”
formato de atividades que sejam de particular que nós adaptamos para utilização com crian-
interesse e importância aos indivíduos que delas ças é chamado Quinta Dimensão. Esse projeto
necessitam. foi originalmente delineado como um sistema
O objetivo do presente trabalho é descre- de atividades para crianças oriundas de grupos
ver uma abordagem promissora para o delinea- socialmente marginalizados nos Estados Unidos
mento de atividades de reabilitação que possam e que apresentavam baixo rendimento na escola.
ser executadas simultaneamente por vários indi- O objetivo era servir tanto como uma forma de
víduos e que produzam efeitos sociais e cognitivos avaliação diagnóstica para déficits específicos de
gerais, além dos objetivos específicos constituin- aprendizagem que, individualmente, uma ou
tes no ambiente da atividade. outra criança poderia apresentar, assim como
Resumidamente, nossa estratégia é cri- criar um ambiente rico em oportunidades para
ar uma idiocultura socialmente organizada e o desenvolvimento de potenciais cognitivos e
saturada com uma ampla variedade de ativida- sociais do grupo (Cole; The Distributed Literacy
des cognitivas, nas quais a interação social Consortium, 2006). Um traço essencial da Quin-
serve de meio para a generalização da informa- ta Dimensão é a sua adaptabilidade a condições
ção e para o desenvolvimento de modalidades específicas de cada local. Entretanto, há seme-
de comportamentos apropriados às tarefas lhanças que permeiam todas as implantações do
constituintes. As tarefas que compõem esse programa, o que é importante para compreen-
sistema especialmente organizado são normal- der como e porque foram feitas as adaptações
mente apresentadas na forma de jogos, nos descritas nesta pesquisa.
quais os estudantes universitários, com pouco
ou nenhum treinamento em técnicas de reabi- Implantações do programa
litação, engajam-se com as crianças em um durante vários anos em
complexo “mundo de brincadeira”. Esse mun- variadas circunstâncias
do simula, em muitos aspectos, uma socioecológicas
microcultura com regras, obrigações, divisão de
trabalho, uso de ferramentas, formação de la- Esse é um sistema de atividade educa-

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010 133


cional que oferece a crianças em idade esco- local que recebe os participantes e supervisiona o
lar um ambiente para a exploração de jogos de fluxo de atividades na sala. Esse coordenador é
computador encontrados no mercado ou espe- treinado a reconhecer e dar apoio aos objetivos
cificamente desenvolvidos para atividades edu- pedagógicos e práticas curriculares caracterizadas
cacionais durante o período pós-aula. Os jogos como “autênticas”: uma forma criativa de as cri-
de computador fazem parte de um “mundo de anças usarem o computador, de trocarem experi-
brincadeira” que inclui também jogos não eletrô- ência e brincarem uma com a outra, e uma for-
nicos tais como origami, xadrez, boggle e vários ma específica de adultos interagiram e coopera-
outros. “Cartões tarefa” ou “guias de aventura”, rem com crianças.
criados pelos membros do programa para cada A presença dos estudantes universitários é
jogo, são desenvolvidos para ajudar os partici- um grande atrativo para as crianças. Os estudan-
pantes (crianças e estudantes universitários) a ori- tes estão cursando disciplina focada em trabalho
entarem-se nos jogos, alcançarem os objetivos, de campo e ambiente comunitário. Na Universi-
evoluírem nos jogos e tornarem-se experts. Os dade da Califórnia, San Diego, instituição que
“cartões tarefa” estabelecem uma variedade de enfatiza a pesquisa, a disciplina é composta de seis
exigências que demandam a exteriorização, refle- unidades que priorizam o conhecimento profun-
xão e crítica de informação; comunicação escri- do dos princípios do desenvolvimento infantil, o
ta com pessoas; procura de informação em en- uso de novas tecnologias para organização do
ciclopédias; e o repasse a outra pessoa do que foi aprendizado e a redação de relatórios e artigos
aprendido. Além disso, o próprio programa já científicos. Os alunos registram o desenvolvimento
inclui tarefas intelectuais incorporadas aos jogos. individual de cada criança, o valor educativo dos
Como uma forma de favorecer que cri- diferentes jogos, o modo de participação de me-
anças e estudantes universitários usem os di- ninos e meninas no “mundo de brinquedo”, as va-
ferentes artefatos do programa, a Quinta Di- riações no uso da linguagem e qualquer outro
mensão contém um labirinto composto de 20 tópico que estabeleça ligação entre as observações
salas, originalmente em modelo de madeira ou de campo e o aporte teórico do curso.
cartaz como tabuleiro ou um quadro imantado. Em suma, considerado em seu contexto
Cada sala permite acesso a dois ou mais jogos, comunitário, a Quinta Dimensão é organizada
nos quais a criança pode escolher dependen- para criar uma versão institucionalizada do que
do do que já jogou antes e da disponibilidade Vygotsky (1978) referia por zona de desenvolvi-
do momento. Há uma lógica de aumento de mento proximal. De tempos em tempos, há uma
complexidade, gradual nessas salas, dentro de confusão criativa sobre quem é mais capaz: cri-
cada jogo, que dá acesso a novas salas, jogos anças ou estudantes universitários (por exemplo,
e níveis de dificuldades e assim sucessivamen- quando novos estudantes encontram crianças
te. com grande habilidade em jogos de computador
Há uma entidade eletrônica (figura mítica) sobre os quais eles não sabem nada). Entretan-
de quem se diz viver na Internet. A entidade es- to, a cultura geral de aprendizado colaborativo
creve e, às vezes, fala com as crianças e os estu- que é criada é benéfica ao desenvolvimento de
dantes, via Internet, que frequentemente escrevem todos. Vários estudos (Cole; The Distributed
de volta. A figura mítica age como patrona dos Literacy Consortium, 2006) sobre os benefícios da
participantes, fornecedora dos jogos, mediadora de participação na Quinta Dimensão mostram que
disputas e fonte de pesquisa para resolver falhas é uma inovação efetiva que permeia um amplo
momentâneas no computador e outros problemas. espectro de várias origens étnicas e classes soci-
Como o programa de Quinta Dimensão é locali- ais.
zado em instituição comunitária, é necessária a
presença de um coordenador responsável pelo Adaptando o modelo da Quinta

134 Lucia BRAGA, Luciana ROSSI e Michael COLE. Criar uma idiocultura para promover...
Dimensão a crianças com tentada.
necessidades especiais Nós iniciamos o programa plenamente
conscientes de que, mesmo para a população
A Quinta Dimensão normalmente funci- cujo programa foi originalmente criado, a
ona em instituições comunitárias que por na- Quinta Dimensão variava amplamente em de-
tureza são inclusivas. Isso levou à participação talhes de implementação de idiocultura. Então,
de crianças com necessidades especiais com nós, de fato, estaríamos criando uma verdadei-
outras crianças. A natureza das necessidades es- ra nova idiocultura sem precedentes. Já esta-
peciais dessas crianças varia amplamente: algu- va largamente demonstrado que o modelo po-
mas estavam em uso de medicamento para me- deria ser efetivamente usado em uma ampla
lhorar os sintomas da desordem de atenção e variedade de ambientes culturais fora dos Es-
hipera-tividade, outras tinham retardo mental e tados Unidos. Já havia sido adotado com su-
uma delas, diagnóstico de Síndrome de Asperger. cesso na Rússia, na Finlândia, no México e no
Após vários anos de realização da Quinta Dimen- Brasil em ocasiões anteriores1.
são e a aplicação em inúmeros casos, evidências
informais mostraram que crianças com necessi- A quinta dimensão na Rede
dades especiais se beneficiaram tanto do progra- Sarah de Hospitais de
ma quanto crianças cuja única necessidade era a Reabilitação em Brasília, Brasil
melhora do desempenho acadêmico.
Em 2002, os autores do presente artigo A Rede Sarah de Hospitais de Reabilita-
tomaram conhecimento dos trabalhos um do ção consiste de nove unidades. Dentre estas,
outro durante uma conferência sobre dois são Centros Internacionais de Neurociência
Alexander Luria e seu trabalho na reabilitação e Neurorreabilitação dedicados primariamente
de pessoas que sofreram lesão cerebral. Lúcia ao atendimento de problemas neurológicos em
Willadino Braga, uma neurocientista brasileira crianças e adultos. Os pacientes atendidos na
cujo foco de atendimento clínico e pesquisa é Rede Sarah são provenientes dos quatro cantos
a reabilitação de crianças com paralisia cerebral do Brasil, com uma ampla variedade de nível
e lesão cerebral traumática, mostrou-se interes- econômico, social e educacional. Grande parte
sada na forma como Michael Cole, inspirado da população infantil atendida apresenta para-
em Luria (1973) e Vygotsky (1978), estava de- lisia cerebral ou lesão cerebral traumática. Essas
senvolvendo projetos para o enriquecimento crianças são atendidas em várias modalidades de
educacional de crianças. Cole, que havia sido tratamento em diferentes subespecialidades. A
aluno de pós-doutorado de Luria, começou a arquitetura da Rede Sarah foi concebida pen-
pensar no potencial da aplicação da Quinta sando no bem-estar do paciente. Áreas internas
Dimensão como uma forma de reabilitação de e externas são integradas com amplos ginásios,
crianças com necessidades especiais, baseado salas com brinquedos, parques e piscinas. A
na evidência fragmentária da eficácia de expe- Rede também dispõe de extensa infraestrutura
riências anteriores com uma grande diversida- de cirurgia, reabilitação, diagnóstico por ima-
de de crianças. Desse interesse mútuo, o pre- gem e apoio à pesquisa tais como ressonância
sente projeto nasceu. A questão central que magnética funcional e laboratórios de movi-
procuramos atender foi se o modelo básico da mento2.
Quinta Dimensão poderia ser adaptado para O projeto da Quinta Dimensão na Rede
uso em um hospital de reabilitação. A ideia de Sarah é desenvolvido no Centro Internacional
criar um programa de reabilitação para um
1. Para maiores informações sobre a generalização das atividades do
grupo grande baseado nos princípios da psico- sistema em diversas de fronteiras culturais, ver http://www.uclinks.org.
logia histórico-cultural ainda não havia sido 2. Para maiores informações, consulte http://www.sarah.org.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010 135


de Neurociências em Brasília. O projeto come- gressam no programa, têm em média 20 anos de
çou em março de 2006 com 11 crianças com idade e se encontram no primeiro ou segundo
paralisia cerebral, a maioria com diagnóstico de ano do curso.
diplegia espástica. Estrategicamente as altera- No presente estudo, nós apresentamos
ções neuropsicológicas no grupo eram bastante três aspectos fundamentais dessa experiência
heterogêneas, dado o objetivo do projeto de inicial com crianças com lesão cerebral: 1) as
promover níveis diferentes de cooperação en- alterações implementadas ao modelo original
tre as crianças e oferecer oportunidades de para melhor adaptá-lo às necessidades de de-
troca de experiências entre as famílias. Além senvolvimento das crianças com paralisia cere-
disso, há a dificuldade de se obter uma amostra bral, o que inclui o estudo do modo como as
homogênea de crianças com lesão cerebral, ape- famílias participam do programa; 2) uma aná-
sar de aplicados critérios clínicos e etiológicos lise das impressões das famílias e dos relatóri-
para seleção da amostra. É reconhecido que o os das crianças após a participação no progra-
desenvolvimento de criança com paralisia cerebral ma; 3) uma análise dos efeitos da interação com
é um processo individual que depende de fato- as crianças sobre desenvolvimento dos estudan-
res sociais, familiares e educacionais. Essas con- tes.
siderações são consonantes com os princípios O grupo de 11 crianças que iniciou a
teóricos e filosóficos do Método Sarah de Rea- primeira edição do programa Quinta Dimensão
bilitação (Braga; Campos da Paz, 2008; Braga; na Rede Sarah em maio de 2006 era compos-
Campos da Paz; Ylvisaker, 2005). to por crianças em idades de 8 a 12 anos. A
Os estudantes universitários que partici- maioria delas tinha pouco ou nenhum acesso
param da Quinta Dimensão na Rede Sarah são a jogos de computador e conhecimento limi-
provenientes de várias universidades localiza- tado sobre o uso de e-mail, busca na internet
das em Brasília. Os alunos interessados foram e edição de texto. Vários já haviam tido con-
selecionados baseado no conhecimento sobre tado com algumas dessas ferramentas na esco-
desenvolvimento, educação e aprendizagem la. Cinco crianças possuíam computador em
infantil, assim como na experiência pessoal e casa, mas raramente o usavam. Apenas duas
educação formal de cada um. Elementos da crianças do grupo tinham videogame em casa.
Quinta Dimensão na Rede Sarah refletem a No que concerne ao
abordagem interprofissional, na qual diferen- neurodesenvolvimento, todas as crianças apresen-
tes profissionais participam do processo de re- tavam alterações variadas do tônus muscular e
abilitação de cada paciente. problemas motores (te-traplegia mista, triplegia
Na paralisia cerebral, diferentes áreas do espástica, diplegia espástica e hemiplegia
desenvolvimento podem ser afetadas tais como espástica). O nível de independência motora vari-
função motora, cognição e linguagem. Assim, ava de marcha independente ao uso de cadeira de
melhores resultados são obtidos com equipes rodas com assistência e de relativo controle de
integradas com diferentes profissionais de diver- tronco e coordenação motora fina das mãos e
sas especialidades. Dessa forma, com o passar do dedos a dificuldades mais ou menos severas. De
tempo, estudantes de vários cursos foram se in- uma maneira geral, as habilidades linguísticas do
tegrando ao programa, tais como fonoaudiólogos grupo estavam acima da média para a idade. Por
e pedagogos além dos estudantes em psicologia. outro lado, o grupo demonstrava dificuldades sig-
Essa pluralidade permitiu um enriquecimento da nificativas com habilidades relacionadas à percep-
compreensão das interações sociais das crianças ção discriminativa, à antecipação e ao planejamen-
com lesão cerebral e contribuiu para a integração to de uma dada atividade e organização
de conhecimento de diferentes áreas no início da visuoperceptual. Essas dificuldades não estavam
graduação desses alunos. Os alunos, quando in- diretamente associadas às desordens de movimen-

136 Lucia BRAGA, Luciana ROSSI e Michael COLE. Criar uma idiocultura para promover...
to. Além desses desafios, algumas crianças apre- Sarah de reabilitação infantil é fundamentado
sentavam déficit de atenção e problemas de visão no contexto e na participação familiar e o pa-
(estrabismo, problemas de acuidade visual e pel da família no projeto precisava ser pensa-
hemianopsia). O nível socioeconômico das famí- do (Braga; Campos da Paz, 2008). Diferente-
lias apresentava grande variação, assim como o mente do modelo original da Quinta Dimensão,
nível educacional dos pais era bastante heterogê- as crianças tratadas na Rede Sarah não moram
neo – de ensino fundamental incompleto a dou- nas redondezas do hospital, possuem problemas
torado. O programa de atividades das crianças de locomoção e dependem das famílias para
corria em paralelo com o calendário escolar. Em trazê-las ao centro de reabilitação, dessa forma,
média, cada criança participou de 57 horas de ati- a criança sempre está na companhia dos pais.
vidade por semestre, divididas em dois períodos Deparamo-nos então com a questão do papel
vespertinos por semana. dos pais na Quinta Dimensão. Inicialmente os
pais chegavam às salas do projeto, localizadas
Adaptações iniciais para o na área de reabilitação e especialmente adapta-
grupo de crianças com paralisia das para esse fim, ávidos em participar das ati-
cerebral vidades de seus filhos com os estudantes uni-
versitários. Essa reação dos pais é perfeitamen-
Computadores – Novos softwares com te normal, haja vista que eles se acostumaram
modalidade de controle de voz foram desen- a mediar as interações de seus filhos com ou-
volvidos e ajustados para as crianças com dé- tras pessoas. O intuito dos pais era apenas de aju-
ficit motor ou problemas cognitivos para a dar os filhos a usufruírem o máximo da experiên-
escrita. Essas adaptações facilitaram a comu- cia. No entanto, eles logo perceberam que as cri-
nicação com a figura mítica no envio de e-mail anças estavam estabelecendo relações com os es-
ou voice-mail. O tamanho da fonte foi tudantes sem a necessidade de ajuda. Algumas cri-
maximizada para atender aos problemas visu- anças chegaram a pedir aos pais que aguardassem
ais e novas interfaces foram criadas para con- fora da sala de atividades. Para acomodar essa
templar aqueles com dificuldades em usar o nova situação, foi criado, dentro do projeto, um
teclado tradicional devido a problemas moto- espaço específico para os pais: um grupo aberto,
res. de apoio, para debates, discussões e troca de ex-
Projetos individuais – O potencial, limite e periências entre famílias e equipe de reabilitação.
grau de desempenho das crianças com lesão ce- O grupo era de natureza psicoeducacional, permi-
rebral é bastante variável e está associado a fato- tindo aos pais aprender com as experiências uns
res biológicos, culturais e epistemológicos (Braga; dos outros. Durante as sessões, lideradas por psi-
Campos da Paz, 2008). Algumas crianças com le- cólogos da equipe, as famílias conversavam sobre
são cerebral não atingem níveis específicos de suas vidas em casa, seus sentimentos e pensamen-
desempenho em algumas tarefas, i.e., uma crian- tos sobre o projeto, mudanças que eles estavam
ça com déficit cognitivo pode não ser capaz de percebendo em suas crianças, sugestões ao pro-
alcançar diferentes fases de um jogo de videogame grama. Outros pontos também eram discutidos,
cuja complexidade aumenta gradativamente. Nes- tais como desenvolvimento infantil, reabilitação,
se sentido, foram necessários ajustes e elaboração aprendizagem e formas de enfrentamento.
de estratégias, tais como a graduação do grau de Curso para os estudantes universitários –
dificuldade no labirinto e o desenvolvimento de O curso foi organizado em três módulos a cada
programas individuais com base na potencialidade semestre. No módulo I, aos novos estudantes, são
de cada criança, o que estava relacionado ao pa- dadas informações sobre as atividades com as
pel de cada um na microcultura do projeto. crianças, elaboração de relatórios de atividades,
Participação das famílias – O Método debates, discussões, mudanças ocorridas no sis-

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010 137


tema etc. Nos módulos II e III, os estudantes mais abilitação, os consultores e a família encon-
experientes ampliam responsabilidades tais como tram-se para discutir a percepção e os senti-
redação dos e-mails de respostas da figura mítica mentos dos pais sobre o projeto.
às mensagens das crianças, coordenação de dis- Após testemunharem a crescente indepen-
cussões, elaboração de planos. A cada semestre, dência e a melhoria nas interações e auto-estima
o projeto contou, em média, com 12 estudantes. de seus filhos, alguns pais expressaram o quanto
Todos os alunos redigiam o relatório suas crianças haviam de fato progredido. Uma mãe
estruturado (diário de campo). Foi criado um disse: “Minha filha estava estagnada, mas vejo o
website para troca de experiência entre equipe de quanto cresceu agora. Ela está mais independen-
reabilitação e alunos de graduação e para envio te e foi até capaz de viajar sozinha durante as
dos diários de campo e comentários. Cada diário últimas férias. Ela está confiante o suficiente para
era lido e comentado por diferentes componen- fazer novos amigos”. Outra mãe observou: “Meu
tes do grupo, promovendo uma rede de comuni- filho mudou muito – assim como eu também
cação e, também, uma estratégia para acompa- mudei. Antes ele realmente dependia de mim, mas
nharmos o desenvolvimento dos alunos. Os alu- agora eu o deixo ir a alguns lugares sozinho.
nos tinham a oportunidade de comentar e respon- Agora eu me sinto mais segura do que ele é ca-
der a comentários de seus colegas online. O sítio paz de fazer”. Ainda outra mãe expressou uma im-
também ajudou na comunicação em geral, assim portante situação envolvendo autoestima. “[Meu
como na disseminação da bibliografia, no debate filho] estava jogando basquete com algumas cri-
e na discussão sobre o desempenho das crianças. anças normais. O time dele estava perdendo, en-
Um ponto central que gostaríamos de res- tão ele chamou um de seus colegas e disse: ‘Tome
saltar diz respeito às informações fornecidas aos o meu lugar, você pode jogar melhor do que eu’.
estudantes. Dados sobre o desenvolvimento de O professor o parabenizou por resolver a situação
cada criança, exames neurológicos ou imagens sem se sentir diminuído. Eu devo essa mudança
diagnósticas não foram repassados. Os estudan- de atitude do meu filho a esse programa”.
tes usaram princípios da psicologia histórico-cul- Os pais também reconheceram a impor-
tural para interagir com as crianças, mas sem tância dos estudantes, especialmente no que diz
acesso às informações sobre a lesão cerebral. A respeito ao aspecto intergeracional. “O fato de
leitura sobre tópicos específicos foi ocorrendo na haver estudantes ajudou meu filho a se tornar
medida em que surgia a necessidade de compre- mais centrado e focado... eles eram próximos em
ensão de temas específicos para crescer na idade às crianças”. Finalmente, os pais ressaltam
interação com as crianças. Além da leitura, ao a importância da troca de experiências entre as
término de cada dia de interação com a criança, famílias. “Quando ouvimos outra mãe falando
os alunos discutiam, com a equipe de reabilita- do que ela tem passado, percebemos que não é
ção e os colegas, questões teóricas e práticas apenas a nossa criança que tem problemas, to-
sobre desenvolvimento cognitivo e dos elas têm. Aí paramos de tratar a nossa cri-
comportamental das crianças com lesão cerebral. ança como se fosse diferente, porque percebe-
mos que ela é igual a muitas outras”.
Resultados preliminares
Estudantes
Pais
Cada aluno respondeu a um questioná-
Ao final de um ano de atividades com rio aberto 6 e 12 meses após o início da par-
os pais (grupos de discussão, troca de experi- ticipação no projeto na Rede Sarah.
ências entre famílias, conversas com estudan- Os resultados mostram que o tempo de
tes e observação das crianças), a equipe de re- participação no projeto e a qualidade das

138 Lucia BRAGA, Luciana ROSSI e Michael COLE. Criar uma idiocultura para promover...
interações com as crianças foram fatores im- cemos juntos e depois vemos o que a crian-
portantes no estabelecimento de conexões ça aprendeu. Aprendi pessoalmente... mu-
entre prática com as crianças e a teoria do de- danças que aconteceram comigo, coisas que
senvolvimento infantil. Os comentários dos levarei para minha vida futura...”.
alunos podem ser agrupados em três catego-
rias: 1) compartilhamento de interesses comuns Discussão
com as crianças; 2) várias dimensões de
interação; e 3) como aprenderam além do que No presente artigo, nós sumarizamos
esperavam, a associação entre prática e teoria nossa tentativa de adaptar um sistema de ati-
e o compar-tilhamento dos relatórios. vidade educacional chamado Quinta Dimensão,
1. Durante o processo onde vivenciaram e originalmente concebido para ser aplicado em
compartilharam interesses comuns com as crianças estadunidenses com dificuldades esco-
crianças, os alunos começaram a compreen- lares, para um ambiente hospitalar no Brasil. De
der os objetivos do projeto. “Como nós estu- uma maneira geral, os achados qualitativos in-
dantes, somos mais novos, temos muito em dicam ganhos e mudanças positivas no desen-
comum com as crianças no que diz respeito volvimento de crianças com paralisia cerebral
ao que acontece no mundo, cultura pop, jo- após o início da participação na versão brasileira
gos e formas de pensamento”. do programa. Esses ganhos foram relatados
2. Eles perceberam as várias dimensões de pelos pais e pelos estudantes universitários que
interação. “Uma das coisas que fez a Quinta trabalharam e brincaram com as crianças como
Dimensão tão importante foi o local – o parte central da atividade. Consequentemente,
hospital, o tratamento – onde, muitas vezes, podemos concluir que a abordagem da Quinta
as crianças não têm voz. Aqui ela pode dizer Dimensão para favorecer o desenvolvimento in-
do que gosta ou não gosta; podem ser elas telectual e social das crianças é aplicável em
mesmas sem terem que se enquadrar em um uma ampla variedade de populações.
modelo preestabelecido – elas podem apren- Além dessa conclusão geral, gostaríamos de
der quem são como indivíduos. Elas levam levantar outros pontos sobre como interpretar
esse novo aprendizado para a escola, para a esses resultados preliminares e o seu significado
família, para a interação com os amigos. As- potencial como parte de um regime de reabilita-
sim se sentem mais felizes, porque mais li- ção para crianças com várias formas de lesão ce-
vres”. rebral precoce. Se adotarmos o conceito
3. Os alunos perceberam o envolvimento da socioecológico chamado “contexto”, representado
criança em atividades desafiadoras, estimu- por um grupo de círculos concêntricos nos quais
lantes e, nesse contexto, aprenderam a esta- a atividade focal está no centro ou próxima do
belecer associações entre as teorias do de- centro, o contexto constitui e é constituído por
senvolvimento e a interação social, assim diferentes níveis que se distanciam do centro
como aprenderam algo que não esperavam: (Cole; The Distributed Literacy Consortium, 2006).
“Eu nunca tinha visto ninguém com paralisia Uma atividade ecologicamente integrada de rea-
cerebral antes, então a gente chega aqui bilitação, na qual estão implícitos, de forma dire-
pensando: – eu gostaria de voltar para trás... ta ou indireta, os diferentes níveis contextuais de
Então começamos o programa e encontra- vida do sujeito, poderia então produzir efeitos
mos essas crianças maravilhosas! Nós demos mais significativos sobre o desenvolvimento da
para estas crianças incríveis um pouco de criança com lesão cerebral, do que atividades
nós mesmos e eles nos deram muito mais de mecânicas, repetitivas, como historicamente já
volta. Acho que o projeto é bom para todos, foram realizadas.
para as crianças e para o aluno, porque cres- Desde os anos 1980, a Rede Sarah vem

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010 139


desenvolvendo programas baseados no contex- tos benéficos e extensivos a vários domínios do
to da família e da criança (Braga; Campos da desenvolvimento com apenas poucas horas de
Paz, 2008). A participação da família no pro- terapia reabilitadora? Como explicar os resul-
jeto Quinta Dimensão, foi coconstruída, pro- tados, dado que, em grande parte, eles provêm
cessualmente, entre pais, criança, equipe de re- da interação entre crianças e estudantes de
abilitação e alunos de graduação. Com a par- graduação que tinham pouco treinamento an-
ticipação da família, foi possível integrar, de terior? Observa-se que uma questão análoga
forma sistemática, o papel das diferentes ge- foi levantada nas experiências positivas obtidas
rações no desenvolvimento individual da crian- nas implantações dos EUA e da Europa (Cole;
ça com paralisia cerebral. Esses resultados, ain- The Distributed Literacy Consortium, 2006).
da preliminares, devem ser mais bem investiga- Talvez um caminho para essa resposta esteja na
dos e abrem caminhos para novas técnicas de aprendizagem afetiva. Partindo da atividade, o
participação da família, inclusive em projetos aluno interage com a criança com lesão cere-
da Quinta Dimensão realizados em outros pa- bral. Desconstrói conceitos pré-concebidos
íses. sobre o desenvolvimento humano, aprende a
As adaptações necessárias do Projeto aprender com o outro e se desenvolve a partir
Quinta Dimensão ao desenvolvimento da cri- do amadurecimento pessoal. Esse processo
ança com paralisia cerebral incluíram artefatos educativo é complementar à aprendizagem
mediadores para comunicação e expressão em acadêmica. São vias de aprendizagens diferen-
um ambiente cujas regras, rotinas e formas de tes sobre um mesmo fenômeno.
relacionamento foram criadas por ela, inclusi- As crianças, por sua vez, são engajadas em
ve. A criação dos projetos individuais permitiu atividades desenhadas para suas necessidades e
que cada criança desenvolvesse seu papel so- potenciais. A elas, também é oferecida a oportu-
cial, nessa microcultura, a partir de suas capa- nidade de interagir com seus pares, que enfren-
cidades e potencialidade. Esse conceito pode tam desafios semelhantes, assim como estudantes
ser adotado como um princípio básico de e profissionais, que colaboram em suas atividades
modelo educacional não apenas em institui- e reforçam suas habilidades. Nossa hipótese é de
ções de reabilitação, mas também em escolas que o impacto desse processo no seu desenvol-
com crianças com dificuldade de aprendizagem vimento favorece a transferência de suas habilida-
secundárias a desordens neurológicas. des para a vida diária. Esse ambiente mutuamente
Uma última observação, para a qual ain- enriquecedor, para estudantes e crianças, pode ter
da temos mais perguntas do que respostas, é: contribuído significativamente para os resultados
O que há na forma como a Quinta Dimensão obtidos na Quinta Dimensão.
é organizada que parece produzir tantos efei- Esses resultados preliminares mostram
que a aprendizagem cooperativa, baseada na
interação social, é uma ferramenta importan-
te para o desenvolvimento da criança com le-
são cerebral e pode ser conduzido de maneira
agradável, divertida e desafiadora. As crianças
alcançam objetivos significativos quando estão
intelectual e emocionalmente engajadas na
tarefa a ser executada. Os benefícios pessoais
e educacionais da colaboração dependem do
grau no qual o indivíduo está envolvido na
atividade coletiva, já que crianças ficam menos
inclinadas a cooperar quando a atividade e
tarefa não são representativas para elas.

140 Lucia BRAGA, Luciana ROSSI e Michael COLE. Criar uma idiocultura para promover...
Referências bibliográficas

BRAGA, L. W.; CAMPOS DA PAZ, A. Método Sarah


Sarah: reabilitação baseada na família e na criança com lesão cerebral. São Paulo:
Santos, 2008.

BRAGA, L. W.; CAMPOS DA PAZ, A.; YLVISAKER, M. Direct clinician-delivered versus indirect family-supported rehabilitation of
Injuryy , v. 19, n. 10, p. 819-831, 2005.
children with traumatic brain injury: a randomized controlled trial. Brain Injur

BROWN, A. L.; CAMPIONE, J. C.; MURPHY, M. D. Maintenance and generalization of trained metamnemonic awareness by
educable retarded children. Journal of Experimental Child Psycholog
Psychologyy , v. 24, n. 2, p. 191-211, 1977.

COLE, M.; Distributed Literacy Consortium. The fifth dimension


dimension: a system built for diversity. New York: Russell Sage, 2006.

LURIA, A. R. The working brain


brain: an introduction to neuropsychology. New York: Basic Books, 1973.

THARP, R.; GALLIMORE, R. The logical status of metacognitve training. Journal of Abnormal Child Psycholog
Psychologyy , v. 13, n. 3, p.
455-466, 1985.

VYGOTSKY, L. S. Mind in society


society. Cambridge: Harvard University Press, 1978.

YLVISAKER, M.; TURKSTRA, L. S.; COELHO, C. Behavioral and social interventions for individuals with traumatic brain injury: a
summary of the research with clinical implications. Seminars in Speech and Langua
Languagege
ge, v. 26, n. 4, p. 256-267, 2005.

Recebido em 07.12.09
Aprovado em 03.02.10

Lucia Willadino Braga é neurocientista, PhD em Psicologia (Universidade de Brasília), doutora Honoris Causa (Universidade
de Reims), presidente e diretora executiva da Rede Sarah de Hospitais Neurorehabilitação.

Luciana Rossi, psicóloga com mestrado em Ciências da Reabilitação, é a líder da equipe multidisciplinar de
neurorehabilitação. Pediatra e coordenadora do Programa de Neurorehabilitação Pediátrica na Rede Sarah de Hospitais de
Neurorehabilitação.

Michael Cole é notável Professor de Comunicação, Psicologia e Desenvolvimento Humano na UCSD. Cole é mais conhecido
por seu trabalho sobre a cultura e o desenvolvimento inspirado pela obra de L. S. Vygotsky e A. R. Luria.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, p. 133-143, 2010 141

You might also like