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Capítulo 2

O Estado no Direito Constitucional


Jorge Bacelar GOUVEIA, Manual de Direito Constitucional, I,
pp. 109-241

2009 José Domingues 1


Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

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Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

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Indispensabilidade do PP

‰ Antes de mais, o Estado é uma sociedade e a boa


convivência social depende de um poder político.
‰ O poder político assenta na natureza social do homem e do
seu Direito:
‰ “ubi homo, ibi societas”
‰ “ubi societas, ibi ius”
‰ Inconveniência dos desvios ou distorções da tarefa do
poder político:
‰ Anomia ou anarquia , ausência do poder político.
‰ Ditadura ou totalitarismo, poder político arbitrário, que não
respeita o exercício de um espaço vital de liberdade
humana.

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Conceito

‰ Poder Político consiste na produção de


comandos que imponham determinados
comportamentos, relativamente aos quais
revela uma intrínseca aptidão de obrigar,
pela força se necessário, ao respectivo
acatamento, através do emprego de
esquemas de coacção material.

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Dimensões

‰ Poder Político:
‰ Dimensão substantiva – o poder político exprime
orientações jurídicas destinadas à regulação da
vida em comunidade.
‰ Dimensão adjectiva – ao poder político se comete
a tarefa de se “defender a si próprio”,
organizando a obediência que os outros lhe
devem

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Origem do Poder Político

‰ Teorias explicativas:
‰ Origem naturalista.
‰ Origem teológica:
‰ Teoria teocrática.
‰ Teoria do direito divino sobrenatural.
‰ Teoria do direito divino providencial.
‰ Origem voluntarista:
‰ Teoria do pacto de sujeição irrevogável e absoluto.
‰ Teoria do pacto de sujeição revogável.
‰ Teorias contratualistas democráticas
‰ Teoria do contrato social em favor de um poder
parlamentar

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Origem

‰ Origem naturalista [ARISTÓTELES] – O


PP radica na ideia de que o Homem é um
animal social, que só se realiza como ser
humano inserindo-se numa comunidade.
‰ “ubi homo, ibi societas”
‰ “ubi societas, ibi ius”
‰ O Homem como “animal político”.
‰ (»Nota)

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Origem

‰ Origem teológica – O PP deriva de Deus,


directamente ou por intermediação.
‰ Teoria teocrática – Divinização dos reis, sendo-lhe até
prestado culto
‰ Teoria do direito divino sobrenatural – Os governantes
são directamente escolhidos por Deus, exercendo o
poder por dom divino e alcançando grandes feitos
históricos (Ex. mito de Ourique)
‰ Teoria do direito divino providencial – O poder de Deus
manifesta-se através do povo e o PP chega aos
governantes através do povo. [SANTO AGOSTINHO,
SÃO TOMÁS DE AQUINO]

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Origem

‰ Origem teológica.
‰ Teoria Teocrática.
‰ Reis maias.
‰ Faraós egípcios.
‰ Octávio, imperador
romano.

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Origem

‰ Origem teológica.
‰ Teoria do Direito Divino
Sobrenatural.
‰ “Deo in celo tibi autem in
mundo” = O.M. 1514.
‰ Monarcas Medievais.
‰ Mito Ourique.

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Origem

‰ Origem teológica.
‰ Teoria do Direito Divino
Providencial .
‰ Cortes de Lamego?
‰ Providência divina na
escolha dos respectivos
representantes.

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Origem

† Origem voluntarista [Idade Moderna] – O PP


não está em Deus, nem numa inevitabilidade
de convivência social pacífica, mas antes na
vontade dos cidadãos, que através de um pacto
ou contrato social passariam do estado de
natureza ao estado de sociedade. Esse pacto
implicava a limitação dos interesses e
liberdades individuais para a criação de um PP
que a todos defendesse por igual.

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Origem

† Origem voluntarista:
† Teoria do pacto de sujeição irrevogável e absoluto sendo
o homem o lobo do próprio homem (homo homini lupus)
a única forma de passar do estado de natureza para o de
sociedade seria conferindo aos governantes o poder de
vida e de morte sobre os súbditos [Thomas Hobbes,
construção Leviatã].
† Teoria do pacto de sujeição revogável, podendo o povo
retirar o poder aos governantes.
† Teorias contratualistas democráticas, radicando o PP na
vontade da comunidade, mas com respeito pelos
direitos fundamentais e genericamente limitado [John
Locke]
† Teoria do contrato social em favor de um poder
parlamentar, numa concepção democrática totalitária
[Rousseau].
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Origem

‰ Idade Contemporânea = Constitucionalismo: a origem do


PP, sendo consensualmente popular, foi oscilando entre a
soberania nacional e a soberania popular, deixando de ter
interesse a questão do pacto social.
‰ Soberania nacional – reconhece o PP na nação como
comunidade sociológica e histórica, ainda que não
individualmente manifestada.
‰ Soberania popular – o PP reside na comunidade através
de cada um dos seus membros, os cidadãos com direitos
de participação política e sem exclusões arbitrárias entre
os membros.

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Origem: Perspectiva Conciliatória

†“É possível que as 3 grandes


orientações apresentadas acabem
por ser objecto de uma reflexão
conciliatória”

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Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

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O PP e os Outros Poderes

† As relações sociais pressupõem a


existência de outros poderes, que se
distinguem do PP pela ausência de
coercibilidade.
† Coercibilidade – O PP determina o
cumprimento dos seus comandos
recorrendo à força se necessário, isso não
sucede com os outros poderes.

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Outros Poderes

‰Poder social.
‰Poder religioso
‰Poder comunicacional.

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Outros Poderes

†Poder social – a vida em sociedade está


submetida a tradições comuns e a normas
de comportamento, em conformidade com
certos padrões de etiqueta social = Ordem
de Civilidade ou Ordem de Trato Social.
(Ex. necessidade de esperar pela ordem de chegada para entrar em
transporte público; obrigatoriedade de cumprimentar pessoa
conhecida)

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Outros Poderes

‰ Poder social:
‰ As regras de trato social destinam-se a permitir uma
convivência mais agradável entre as pessoas, mas não
são indispensáveis à subsistência da vida em sociedade.
‰ Etiqueta e boas maneiras
‰ Regras de cortesia
‰ São regras de convivência que, ainda que não cumpridas,
não põem em causa a própria sociedade. A sanção do seu
incumprimento é, sobretudo, a reprovação social e a
segregação.

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Outros Poderes

† Poder religioso – uma das características do


Homem é a sua religiosidade. O conjunto de
comandos que regulam a conduta humana
em relação a Deus fazem parte da Ordem
Religiosa.
† Castigo divino (terreno ou sobrenatural).
(Curiosidade: concórdia de 1361)
† A ordem religiosa, em determinados assuntos,
pode influenciar e até entrar em conflito com a
ordem jurídica (divórcio, eutanásia, aborto…).

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Outros Poderes

† Poder comunicacional – Poder da


comunicação social, muitas vezes
referido como o 4.º poder, a seguir aos
três clássicos poderes de
MONTESQUIEU, no séc. XVIII.
† A força do poder da comunicação social
afere-se pelo seu inestimável contributo
na formação da opinião pública.
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Outros Poderes

‰ Poder económico.
‰ Poder militar.
‰ Poder cultural.
‰ Poder desportivo.
‰ Poder científico.

(Cfr. Manual pp. 122 e 123)

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Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

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O Estado

‰ A entidade emblematicamente ligada ao


poder político é o Estado
no entanto
‰ Sendo a realidade fundamental na
organização política da sociedade humana,
não é a única entidade política que pode
protagonizar um desejo de organização
colectiva.
‰ Existem outras entidades próximas, detentoras de
poder político.
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Entidades Afins

‰ Entidades jurídico-políticas afins:


‰ Entidades pré-estaduais.
‰ Entidades infra-estaduais.
‰ Entidades inter-estaduais.
‰ Entidades para-estaduais.

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Entidades Pré-estaduais

† São formas incipientes do PP, antes da


concepção e desenvolvimento do Estado.
† As entidades pré-estaduais confundem-se
com as primeiras tentativas de organização
da colectividade, em que a titularidade do
PP era cometida a certas pessoas ou
entidades.
† Com a organização estadual deixam de
existir ou passam à clandestinidade.
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Entidades Infra-estaduais

† Inserem-se no âmbito territorial do Estado, mas


apresentam-se com autonomia organizatória e
funcional
† Não se misturam com a realidade estadual, tem a
ver com a descentralização do PP.
† Espaços territoriais dotados de autonomia
jurídico-pública e com poderes na vida interna e
às vezes internacional.
ƒ Regiões Autónomas Açores e Madeira / Portugal.
ƒ Hong Kong e Macau / China.

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Entidades Inter-estaduais

†Possibilidade de duas ou mais


realidades estaduais se
associarem, resultando numa
nova realidade = Estados
compostos

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Estados Compostos

‰Estados federais.
‰Uniões reais
Numa dimensão menos intensa
‰Confederações
‰Organizações Internacionais

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Estados Compostos

‰ Estados federais – os Estados membros


não desaparecem, apenas ficam
limitados nos seus poderes. (Ex. EUA, Brasil)
‰ Uniões Reais – Fusão com algum ou
alguns Estados membros dessa União.
‰ União da Suécia e da Noruega (1815-1905)
‰ União da Áustria e da Hungria (1867-
1919)
‰ União da Dinamarca e a Islândia (1918-
1944)
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Estados Compostos

‰ Confederações – associações de Estados que se


fundam num tratado internacional, onde constam
as atribuições transmitidas e os respectivos órgãos.
(Ex. Confederação Norte-Americana, 15 de Nov. 1777)

‰ Organizações Internacionais – nova entidade


jurídico-internacional, sem carácter estadual.
‰ Elemento organizacional – nova pessoa colectiva, dotada
de órgãos próprios e objectivos diferentes dos sujeitos
estaduais que a promoveram
‰ Elemento internacional – regulada pelo Direito
Internacional

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Entidades Para-estaduais

‰ Aproximam-se da realidade estadual, mas


não são Estados.
‰ Os que pretendem mudar o sistema político
dentro do Estado onde actuam
‰ Beligerantes
‰ Insurrectos
‰ Os que agem na promessa da criação futura
de um novo Estado:
‰ Minorias nacionais ou movimentos de libertação
nacional

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Entidades Para-estaduais

‰ Beligerantes – grupos de rebeldes armados, que lutam pela


mudança do sistema político do Estado em que se inserem
‰ Insurrectos – também levam adiante uma luta armada contra o
sistema político vigente, mas não ocupam nenhuma parcela do
território estadual (actuam em diversas zonas)

‰ Minorias nacionais ou movimentos de libertação nacional –


querem transformar o território onde habitam, com a sua
população, numa realidade estadual. (Ex. Organização da
Libertação Palestina, as colónias portuguesas em África)

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Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

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Conceito

† “A noção de Estado é tão complexa, tão


controvertida e difícil que abrange por
si só o campo de múltiplas
disciplinas”.

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Conceito

‰ Estado é uma estrutura juridicamente


personalizada, que, num dado território,
exerce um poder político soberano, em
nome de uma comunidade de cidadãos que
ao mesmo se vincula.
‰ Elementos do Estado:
‰ Território
‰ Povo
‰ Soberania

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Características

† Complexidade organizatória e funcional – pluralidade de


organismos, tarefas, actividades e competências.
† Institucionalização dos objectivos e das actividades – não os
confundidndo com os interesses particulares e pessoais
daqueles que nele desempenham funções.
† Autonomia dos fins – o Estado separa os fins que prossegue
dos interesses individuais pretendidos pelos seus membros
(nem sequer sendo o seu somatório = ideia de bem comum)
† Originariedade do poder – atarvés do poder constituinte é o
próprio Estado que se auto-determina e auto-organiza
† Sedentariedade do exercício do poder – o Estado pressupões
um território, não havendo Estados virtuais nem Estados
nómadas.
† Coercibilidade do meios – pode aplicar a força.

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Fins do Estado

‰ Segurança
‰ Segurança externa
‰ Segurança interna
‰ Justiça
‰ Justiça comutativa (relações de igualdade)
‰ Justiça distributiva (cada um o que lhe pertence)
‰ Bem-estar
‰ Bem-estar económico
‰ Bem-estar social

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Acepções de Estado

‰ Direito Constitucional – Estado-Poder (conjunto de órgãos,


titulares, atribuições e competências) e Estado-Comunidade
(conjunto de cidadãos protegidos por direitos fundamentais).
‰ Direito Internacional Público – Estado enquanto pessoa
colectiva participante das relações jurídicas internacionais.
‰ Direito Administrativo – pessoa colectiva pública (Estado-
Administração)
‰ Direito Judiciário – pessoa colectiva pública que desenvolve a
função jurisdicional através dos órgãos judiciais.
‰ Direito Privado – Estado enquanto pessoa colectiva que se
submete ao Direito Privado

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A palavra Estado

†A palavra Estado nasce no


começo do século XVI, sendo, por
isso, um conceito moderno.
†Nicolau Maquiavel, O Princípe.
†O termo soberania surge a partir
de 1577 (Jean Bodin).
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Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

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Elementos do Estado
‰Elemento humano – povo.
‰Elemento funcional – soberania.
‰Elemento espacial – território.

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Elemento Humano
† Povo – conjunto dos cidadãos, pessoas que
apresentam um vinculo jurídico-político
com o Estado, a cidadania. (art. 4º CRP)
† Cidadania ≠ Nacionalidade
„ Não confundir cidadania com nacionalidade. Esta aplica-
se a realidades afins que não são as pessoas humanas (tal
como nacionalidade das pessoas colectivas, navios e
aeronaves). Por isso, neste contexto deve preferir-se a
expressão “cidadania”, mesmo que na linguagem corrente
e até legal seja mais frequente a expressão
“nacionalidade”.

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Relevância da Cidadania
‰ Na escolha dos governantes (através do
direito de sufrágio).
‰ No Desempenho de cargos públicos (art.
122º CRP – PR, cidadão eleitor de origem
portuguesa, maior de 35 anos).
‰ Na definição das prestações sociais.
‰ No cumprimento de alguns deveres
fundamentais (defesa da pátria).

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Povo ≠ População, Nação, Pátria
‰ População – pessoas residentes ou habitantes no território
estadual, independentemente do vínculo de cidadania ou
vínculo de apolidia (não há cidadania alguma = ciganos).
‰ Nação – pessoas ligadas pela mesma cultura, religião,
etnia, língua ou tradições.
‰ Estado sem nação – paraísos fiscais.
‰ Estado com várias nações – Espanha.
‰ Pátria – sítio onde viviam os pais, a terra dos antepassados,
numa conjugação de factores territoriais e histórico-
culturais.
‰ Nacionalidade (stricto sensu) – qualidade atribuída a
pessoas colectivas ou a bens móveis registáveis (aeronaves
e navios).
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Critérios de atribuição cidadania
† Critério do ius sanguinis – relações de
sangue, se os progenitores pertencem a
certa cidadania, ela se comunica aos seus
descendentes.
† Critério do ius soli – o lugar do
nascimento, por uma ligação afectivo-
territorial justificar a atribuição da
cidadania.

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Elemento Funcional
‰ Soberania – Poder de legislar sobre os seus súbditos,
sem o seu consentimento.
‰ Soberania interna – representa a supremacia sobre
qualquer outro centro de poder político, que lhe deve
obediência e cujas existência e amplitude são forçosamente
definidas pelo Estado.
‰ Soberania externa – igualdade e independência nas relações
com outras entidades políticas, nomeadamente outros
Estados.
‰ Direito de celebrar contratos (ius tractuum).
‰ Direito de estabelecer relações diplomáticas e consulares (ius
legationis).
‰ Direito de apresentar queixa, exercer a legítima defesa e participar
na segurança da comunidade internacional (ius belli).
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Elemento Funcional
‰ Soberania – representa também o poder de o Estado
se auto-organizar a si próprio.
‰ Auto-organização inicial – quando o estado estabelece uma nova
Constituição (poder constituinte inicial).
‰ Auto-organização superveniente – quando modifica a
Constituição (poder de revisão constitucional) ou exerce um novo
poder constituinte primário (poder constituinte posterior).

‰ Limites ao poder soberano:


‰ Limites axiológicos – limites à actuação de qualquer poder político
e, por isso, também do poder soberano (nomeadamente, a
legitimidade e a justiça).
‰ Limites lógicos – que derivam da coexistência, na ordem
internacional, dos diversos Estados soberanos.

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Soberania Interna
‰ No seu território, o Estado é a autoridade máxima, nenhuma
outra com ele podendo ombrear:
‰ Do Estado depende a fonte de juridicidade da Ordem Jurídica
interna.
‰ É ao Estado que compete optar pela existência de outras
entidades infra-estaduais ou menores e a definição da
natureza, intensidade e limites do poder político que lhe é
atribuído (Por isso, as entidades infra-estaduais são
autónomas, mas não soberanas).
‰ A soberania estadual interna implica:
‰ Competências pessoais (definição da cidadania, direitos
fundamentais).
‰ Competências territoriais (utilização e aproveitamento dos
espaços territoriais).

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Soberania Externa
‰ Soberania externa – Liberdade de os Estados
escolherem os seus vínculos contratuais e
diplomáticos, sem que se possa aceitar a existência
de autoridades que lhe sejam superiores, a não ser
com o seu consentimento.
‰ No entanto, no plano internacional, existem:
‰ Estados semi-soberanos – Estados que não se
apresentam com uma soberania plena na esfera das
relações internacionais.
‰ Estados não soberanos – são verdadeiros Estados a nível
interno, mas carecem de capacidade de actuação própria
na ordem internacional.

2009 José Domingues 52


Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados confederados
‰ Estados vassalos
‰ Estados protegidos
‰ Estados exíguos
‰ Estados neutralizados
‰ Estados federados
‰ Estados membros de organizações supranacionais
‰ Estados não soberanos.
‰ Estados federados.
‰ Estados membros de uniões reais

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Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados confederados – vêem a sua soberania
internacional limitada nos assuntos que
ficaram delegados na estrutura confederativa.
Não se trata de uma limitação total porque
mantêm a capacidade internacional nos
domínios não abrangidos pela actividade da
confederação.
‰ Ex. Confederação americana que
antecedeu a actual; a União Europeia actual.

2009 José Domingues 54


Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados vassalos – reflectem a existência
de um vínculo feudal, através do qual o
Estado suserano, em troca do exercício de
poderes internacionais, confere protecção
e segurança ao Estado vassalo.

‰ Não existem na actualidade.


‰ Várias situações do Império Otomano, em relação
ao Egipto, de 1841 até 1914, em relação aos
principados balcânicos da Valáquia, Moldávia,
Sérvia e Montenegro, de 1856 a 1878, ou em relação
à Bulgária, de 1878 a 1908.
2009 José Domingues 55
Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados protegidos – situação próxima da
anterior, colocam-se numa posição de
menoridade relativamente ao Estado protector, a
quem conferem um mandato para o exercício de
certos poderes internacionais, em troca de
protecção e ajuda.

‰ Não existem na actualidade.


‰ Marrocos em relação à França, entre 1912 e 1956.

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Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados exíguos (micro-Estados ou
Estados-Lilipute) – por causa da sua
pequenez territorial, não são aceites à
plenitude da capacidade jurídico-
internacional, embora possam ter alguns
poderes

Ex. Andorra, Mónaco, Liechtenstein, São


Marino.

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Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados neutralizados – são os Estados
que, por acto unilateral interno ou por
tratado internacional, ficaram decepados
do seu poder de intervir em assuntos de
natureza militar no plano internacional.
Ex. Suiça, que se neutralizou no âmbito do Tratado de
Paris de 20 de Março de 1815; a Áustria, segundo o
Tratado de 15 de Maio de 1955.
‰ Constituição do Japão (art.º 9º).
2009 José Domingues 58
Soberania Externa
‰ Estados semi-soberanos.
‰ Estados federados – por força da sua
inclusão numa federação perdem parte
da respectiva capacidade internacional.
‰ Perdem apenas parte da capacidade internacional. Se
perderem toda essa capacidade passam para o grupo dos
Estados não soberanos.
‰ Os Estados federados tanto podem ser semi-soberanos,
como não soberanos (a seguir).

‰ Ex. algumas repúblicas da ex-URSS.


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Soberania Externa
‰ Estados não soberanos (Estados
compostos <= diapositivo 33).
‰Estados federados.
‰Estados membros de uniões reais.

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Soberania Externa
‰ Estados não soberanos.
‰Estados federados – mantém a
soberania interna, com todos os seus
poderes, inclusive o poder
constituinte, mas transferiram a
totalidade de poderes de actuação
internacional para o nível federal.
(Ex. EUA, Brasil.)
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Soberania Externa
‰ Estados não soberanos.
‰ Estados membros de uniões reais –
diferentemente dos Estados federais, alguns dos
órgãos daqueles podem ser comuns à união real,
numa lógica de fusão de poderes.

‰ União do Brasil e Portugal (Constituição de 1822)


‰ União da Suécia e da Noruega (1815-1905)
‰ União da Áustria e da Hungria (1867-1919)
‰ União da Dinamarca e a Islândia (1918-1944)

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Elemento espacial – território
‰ Território – é o espaço geográfico em que o poder
do Estado faz sentido.
‰ Condição da existência do Estado, uma vez que não
podem existir Estados virtuais ou nómadas.
‰ Funções do elemento espacial:
‰ Sede dos órgãos estaduais (capital).
‰ Lugar de aplicação das políticas públicas do Estado, bem
como da residência da maioria dos seus cidadãos.
‰ Delimitação do âmbito de aplicação da ordem jurídica.
‰ Espaço vital de independência nacional.

2009 José Domingues 63


Elemento espacial – território
‰ O poder do Estado, em relação ao seu
território, adquire 3 características:
‰ Permanência – o poder do Estado é duradouro.
‰ Plenitude – o poder do Estado é exercido na sua
máxima potencialidade.
‰ Exclusividade – o poder do Estado não é
partilhado.

2009 José Domingues 64


Elemento espacial – território
‰ Território:
‰ Espaço terrestre.
‰ Espaço marítimo.
‰ Espaço aéreo.

2009 José Domingues 65


Elemento espacial – território
‰ Espaço terrestre – massa de terra seca, continental ou
insular, onde o Estado, os seus órgãos e os
respectivos cidadãos desenvolvem a sua actividade.
Pode incluir massas líquidas. Assim, compõe-se:
‰ Terra seca – porção de terra que se encontra acima do
nível médio das águas.
‰ Cursos fluviais – correntes de água doce que percorrem
os meandros da terra seca.
‰ Lagos e lagoas – porções de água doce, sem corrente
circulatória, delimitados por terra seca.

2009 José Domingues 66


Elemento espacial – território
‰ Espaço marítimo – porção de água
salgada que circunda o território
terrestre.
‰ Águas interiores.
‰ Mar territorial.
‰ Plataforma continental.
‰ Águas arquipelágicas .

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Elemento espacial – território
‰ Espaço marítimo:
‰ Águas interiores – porção de água salgada até ao
limite interno do mar territorial.
‰ Mar territorial – porção de água salgada com o
limite exterior de 12 milhas, incluindo o solo e
subsolo.
‰ Plataforma continental – Solo e subsolo
marítimos com o máximo de 350 milhas.
‰ Águas arquipelágicas - massa de água
circundante das ilhas.
2009 José Domingues 68
Elemento espacial – território
‰ Espaço marítimo:

Plataforma
Continental
350 milhas

Mar
12 milhas
Territorial
Águas
Interiores

Terra

2009 José Domingues 69


Elemento espacial – território
‰ Espaço aéreo – camada de ar
subjacente aos espaços terrestres e
marítimos submetidos à soberania
estadual, até a um limite superior a
partir do qual se considera existir o
espaço exterior, aí vigorando um
regime internacional.

2009 José Domingues 70


Elemento espacial – território
‰ Casos com poderes menos intensos:
‰ Zona contígua – espaço marítimo delimitado entre as 12 e
as 24 milhas, a seguir ao mar territorial.
‰ Poderes de fiscalização com vista a evitar ou reprimir
violações às suas leis e regulamentos internos.
‰ Zona económica exclusiva (ZEE) – espaço marítimo
delimitado entre as 12 e as 200 milhas, a seguir ao mar
territorial.
‰ Poderes de exploração de recursos biológicos vivos e poderes
de jurisdição e fiscalização.
‰ Espaços internacionais:
‰ Espaços terrestres (Antártida).
‰ Espaços marítimos (alto mar, ZEE, área)
‰ Espaços aéreos (espaço aéreo internacional, espaço exterior)

2009 José Domingues 71


Elemento espacial – território
‰ Casos com poderes menos intensos:

ZEE
200 milhas

Zona
12 milhas
Contígua
Mar
12 milhas
Territorial
Águas
Interiores

Terra

2009 José Domingues 72


Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

2009 José Domingues 73


Vicissitudes do Estado
‰ O Estado não é uma realidade estática
e imutável; com o decurso do tempo,
está sujeito a determinadas mudanças
ou alterações, nomeadamente:
‰ Vicissitudes políticas.
‰ Vicissitudes territoriais.

2009 José Domingues 74


Vicissitudes do Estado
‰ Vicissitudes políticas – mutações no
sistema político dos Estados.
‰ Vicissitudes territoriais – alterações a
do território:
‰ Vicissitudes aquisitivas.
‰ Vicissitudes modificativas.
‰ Vicissitudes extintivas.

2009 José Domingues 75


Vicissitudes territoriais
‰ Vicissitudes aquisitivas = aparecimento do Estado:
‰ Nascimento a partir de um processo de
secessão – manutenção do Estado anterior,
surgindo um novo Estado através de um acto
de separação territorial.
‰ Nascimento a partir de um processo de
descolonização política (Ex. as colónias
portuguesas).
‰ Nascimento por fusão num novo Estado de
territórios que pertenciam a outros Estados, que
ao mesmo tempo se dissolvem, ou por
desmembramento de um Estado anterior em
dois ou mais Estados.
2009 José Domingues 76
Vicissitudes territoriais
‰ Vicissitudes modificativas = alterações
territoriais:
‰ Aquisição de parcelas territoriais.
‰ Perda de parte do território
‰ Cessão parcial voluntária, havendo a
decepação de parte do seu território, a
integrar noutro Estado ou a erigir-se em
Estado novo.

2009 José Domingues 77


Vicissitudes territoriais
‰ Vicissitudes extintivas = desaparecimento
do Estado:
‰ Desaparecimento físico do seu território
(Atlântida).
‰ Secessão extintiva – quando o Estado se
desagrega, integrando-se noutros Estados
existentes ou dando origem a novos Estados.
‰ Usucapião – quando a posse sobre território
alheio, sem que seja contestada, se transforma
em direito de soberania territorial.
‰ Decisão unilateral.

2009 José Domingues 78


Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

2009 José Domingues 79


Evolução do Estado

‰Estado Oriental
‰Estado Grego
‰Estado Romano
‰Estado Medieval
‰Estado Moderno
‰Estado Contemporâneo

2009 José Domingues 80


Estado Oriental

‰Características:
‰Elevada extensão territorial
‰Regime teocrático (predomínio do
religioso sobre a dimensão política)
‰Sistema monárquico
‰Acentuado escalonamento e
estratificação social (» nota)

2009 José Domingues 81


Estado Oriental

‰Antiga Mesopotâmia:
‰Código (compilação) Hamurabi.
‰Antigo Egipto:
‰Pedra Roseta.
‰Antigo Israel:
‰Pentateuco (Torá ou Lei de Moisés).

2009 José Domingues 82


Antiga Mesopotâmia
‰Código Hamurabi – Descoberto pelo
arqueólogo Francês Jacques Morgan (1902)
nas ruínas da acrópole de Susa (Irão).
Monumento de pedra negra e cilíndrica de
diorito, que estava partido em 8 pedaços. Tem
cerca de 2,50 metros de altura por 1,60 metros
de circunferência na parte superior e 1,90 na
base. Consta de 282 preceitos em linguagem
cuneiforme, repartidos por cerca de 46
colunas e 3600 linhas. Na parte superior estão
representados MARDUK, Deus da sabedoria
e da prudência, e HAMURABI (rei da
Babilónia). Encontra-se no Museu do Louvre
(Paris - França).
2009 José Domingues 83
Antigo Egipto (Maat)

Pedra Roseta – Descoberta,


na localidade de Roseta,
durante as incursões
napoleónicas ao Egipto
(1799). De uma importância
extrema para decifrar os
hieróglifos egípcios. Essa
tarefa foi levada a cabo por
Jean-François
CHAMPOLLEON (1822).
Levada pelos ingleses, como
despojo de guerra, para o
Museu Britânico de Londres.

2009 José Domingues 84


Estado Grego

‰ Não há um Estado Grego unitário,


mas antes várias cidades-Estado:
‰ Atenas
‰ Esparta
‰ Características:
‰ Diversidade simultânea de regimes políticos.
‰ Exiguidade dos territórios.
‰ Proximidade da esfera religiosa com a esfera civil.
‰ Sentido reflexivo a respeito da condição humana
(aparecimento da Filosofia)

2009 José Domingues 85


Estado Romano

‰ Período muito longo (+ de um milénio)


‰ Características:
‰ Acentuação do factor territorial.
‰ Diversidade sucessiva de experiências políticas
(monarquia, república, dominato)
‰ Relação de domínio do poder político sobre o factor
religioso.
‰ Preocupação com a construção dos grandes alicerces do
Direito e das suas fontes (Lei das XII Tábuas, Corpus
Iuris Civilis).
‰ Afirmação dos direitos de cidadania romana.
‰ Grande influência até à actualidade,
nomeadamente a nível do Direito Constitucional.
2009 José Domingues 86
Estado Medieval

‰ Monarquia – forma política de governo: De


acordo com a Lei Sálica o rei era escolhido
com base em critérios de sucessão (excluí-se
a sucessão feminina).
‰ Perda de terreno do poder político:
‰ Nível interno – Senhorios feudais.
‰ Nível externo – Preponderância do Papado.

‰ Hierocratismo medieval – supremacia do


poder espiritual sobre o poder temporal:
‰ Teoria Gelasiana dos dois gládios (Papa Gelásio I)
2009 José Domingues 87
Estado Moderno

‰ Desaparece o feudalismo.
‰ Intensificação do poder estadual com
recurso ao conceito de soberania. Afirmação
do poder do monarca que raros limites
conhecia – monarquias absolutistas.
‰ Dominação do poder religioso pelo poder
político
‰ Surgimento de novos Estados.

2009 José Domingues 88


Estado Moderno
Pensadores políticos coetâneos:
† Nicolau Maquiavel (1469-1527)
† Fortalecimento do Estado (autor desta designação) – “O
Príncipe”.
† Jean Bodin (1530-1596)
† Soberania, faculdade de legislar sobre os súbditos sem o
seu consentimento. Mas limitada pelos mandamentos
divinos, pelas leis naturais e certos princípios gerais de
Direito
† Thomas Hobbes (1588-1679)
† Teoria contratualista – contrato de passagem do estado
de natureza para o estado de sociedade (“Homem é o lobo
do Homem”).

2009 José Domingues 89


Estado Contemporâneo

‰ Estado de Direito – o poder político estadual


submete-se materialmente ao Direito.
‰ Corte com o passado, numa orientação
contra o arbítrio régio do Estado absoluto.

2009 José Domingues 90


Características
‰ Afirmação de uma legalidade constitucional,
voluntária e escrita, consubstanciada numa lei
escrita, decretada e superior às demais.
‰ Reconhecimento de um conjunto de direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana.
‰ Separação entre o poder político e o fenómeno
religioso.
‰ Origem liberal e democrática do poder político.
‰ Proclamação da teoria da separação de poderes –
CHARLES MONTESQUIEU.

2009 José Domingues 91


Características
‰ Estado de Constituição:
‰ 1787 – Constituição Norte-Americana.
‰ 1791 – Constituição da Polónia
‰ 1791 – Constituição Francesa
‰ Estado de Direitos Fundamentais (1.ª geração)
‰ Declaração dos direitos fundamentais nos textos
constitucionais
‰ Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)
‰ Estado Laico
‰ Separação do poder político face ao religioso.
‰ Estado Democrático e Republicano:
‰ Origem do poder na soberania popular, sendo os cidadãos,
não súbditos, mas titulares do poder político do Estado.
‰ Evoluindo-se para a democracia representativa.

2009 José Domingues 92


Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

2009 José Domingues 93


Estado Const. Contemporâneo

† Estado Liberal.
† Estado Totalitário Socialista (URSS,
China, Cuba)
† Estado Totalitário Fascista (Alemanha,
Itália, Portugal, Espanha)
† Estado Social do século XX.
† Estado Pós-Social do século XXI?

2009 José Domingues 94


Estado Const. Contemporâneo
‰ Estado Social do século XX.
‰ Novos direitos fundamentais, os direitos fundamentais sociais
ou de 2.ª geração
‰ Sofisticação dos mecanismos de organização do poder político:
‰ Abolição do dogma de separação rígida de poderes
‰ Favorecimento de mecanismos de participação democrática
(sufrágio universal, referendos, inciativas legislativas populares)
‰ Estado Pós-Social do século XXI?
‰ Era da globalização.
‰ Desafio da degradação ambiental.
‰ Desafio do progresso tecnológico.
‰ Desafio do multiculturalismo das sociedades, com o
aparecimento de direitos de defesa das minorias.

2009 José Domingues 95


Capítulo 2
‰ Conceito e origem do poder político.
‰ O poder político e os outros poderes.
‰ O poder político e as diversas entidades jurídico-
políticas.
‰ O sentido de Estado em geral.
‰ Elementos do Estado.
‰ Vicissitudes do Estado.
‰ Evolução do Estado na História Universal.
‰ Estado constitucional da Idade Contemporânea.
‰ Caracterização do Estado Português.

2009 José Domingues 96


Origem Estado Português
† 1139 – batalha de Ourique.
† 1143 – Tratado de Zamora
† 1179 – Bula Manifestis Probatum (Alexandre
III)

† Afonso III (meados séc. XIII) – conquista


definitiva do Algarve.

2009 José Domingues 97


Período Moderno
† Descobrimentos
† África – 1415 – Ceuta (14 Agosto)
† Ásia – 1498 – Calecut, Índia (Vasco da Gama)
† América Sul – 1500 – Brasil (P.o Alvares Cabral)
† 1580-1640 – União com Espanha.
† 1820 – Revolução Liberal (Porto).
† Constituição 1822.
† Carta Constitucional de 1826
† Constituição 1838
† Constituição 1911
† Constituição 1933
† Constituição 1976
2009 José Domingues 98
Parêntesis
† Manual: “A partir do séc. XV, com os
Descobrimentos, o Estado Português
conheceu um período de múltiplos
alargamentos territoriais, pelo acrescento
das novas possessões ultramarinas
entretanto descobertas, da África à Ásia,
passando pela América do Sul.”
† 1415 – Ceuta.
† 1492 – América Norte (Cristóvão Colombo)
† 1498 – Calecut, Índia (Vasco da Gama)
† 1500 – Brasil (Pedro Alvares Cabral)

2009 José Domingues 99


Elementos do Estado Português
‰ Elemento humano – cidadãos portugueses.
‰ Elemento funcional – soberania
portuguesa.
‰ Elemento espacial – território português.

2009 José Domingues 100


Elemento Humano - Povo
† Cidadãos portugueses – conjunto de pessoas que
se vinculam ao Estado português por um laço
jurídico-público de cidadnia.

† Cfr. Cidadania ≠ Nacionalidade.


† Lei da Nacionalidade (Lei n.º37/81, de 3 de Outubro.
Alterada pela Lei n.º25/94, de 19 de Agosto, pela Lei
Orgânica n.º1/2004, de 15 de Janeiro, e pela Lei
Orgânica n.º2/2006, de 17 de Abril)

2009 José Domingues 101


Critérios
‰ A CRP é silente (art. 4º CRP).
‰ Lei da Nacionalidade:
‰ Atribuição originária pelo nascimento
‰ Aquisição por efeito da vontade
‰ Aquisição por efeito da adopção
‰ Aquisição por naturalização

‰ Critério do ius sanguinis – transmitida por descendência


‰ Os filhos de pai ou mãe portuguesa são sempre portugueses,
nascidos em Portugal, e se nascidos no estrangeiro também o
são desde que aí eles se encontrem ao serviço de Portugal, se
declararem querer ser portugueses ou se inscreverem no registo
civil português.
‰ Critério do ius soli – adquirida segundo o lugar de nascimento.
‰ (normalmente funcionam em consonância, dando origem a
sistemas mistos)

2009 José Domingues 102


Lei da Nacionalidade - Critérios
‰ Atribuição originária pelo nascimento – cidadania originária,
para os casos de nascimento de cidadão português ou em
território português, ainda que com algumas limitações.
‰ Os indivíduos nascidos em território português são
portugueses se:
‰ 1.º Não possuírem outra cidadania.
‰ 2.º Se pelo menos um dos progenitores também aqui tiver
nascido e aqui tiver residência, independentemente de
título, ao tempo do nascimento.
‰ 3.º Os filhos de estrangeiros que não se encontrem ao
serviço do respectivo Estado, que declararem que querem
ser portugueses e desde que, no momento do nascimento,
um dos progenitores aqui resida legalmente há pelo
menos 5 anos.

2009 José Domingues 103


Lei da Nacionalidade - Critérios
‰ Aquisição por efeito da vontade – Aquisição por
filhos menores ou incapazes quando os
progenitores adquirem a cidadania portuguesa e o
caso da aquisição da cidadania por efeito do
casamento ou união de facto.
‰ Aquisição por efeito da adopção.
‰ Aquisição por naturalização – ao cidadão
estrangeiro, em nome de uma ligação forte a
Portugal dada pela residência e pelo conhecimento
das suas realidades, é atribuída a cidadania
portuguesa.

2009 José Domingues 104


Relevância da cidadania
‰ Capacidade para eleger e referendar, nos
termos do direito de sufrágio.
‰ Exclusividade do acesso aos cargos
políticos mais relevantes.
‰ Obrigação de defender a Pátria, em caso de
necessidade.

2009 José Domingues 105


Elemento Funcional - Soberania
‰ República Portuguesa como Estado soberano e
fundado na soberania popular (art. 1º, 2º e 3º
CRP).
‰ O texto constitucional é o produto da vontade do povo
soberano (cfr. preâmbulo)
‰ Princípio da constitucionalidade:
‰ Superioridade hierárquico-formal da Constituição
(excepção da administração Pública).
‰ O texto constitucional é o texto fundador da Ordem
Jurídica Estadual.
‰ Limitações quanto à manifestação do poder de revisão
constitucional.

2009 José Domingues 106


Elemento Funcional - Soberania
‰ Limites ao poder de revisão (CRP =
Constituição hiper-rígida):
‰ Limites orgânicos (AR), temporais (5 anos,
urgente exige maioria de 4/5 dos dep.s Em
efectividade), procedimentais (deputados,
inexistência veto político, Publicação na
íntegra, maioria 2/3).
‰ Circunstanciais (nunca em estado de sítio e
situações emergência).
‰ Materiais (art.º 288º).

2009 José Domingues 107


Elemento Funcional - Soberania
‰ Soberania interna – todos devem obediência ao
Estado através da sua Constituição.
‰ Soberania externa – princípio da independência
nacional, respeito pela independência nacional,
dos outros Estados e de si próprio.

‰ Entidades autónomas, mas não soberanas:


‰ Regiões autónomas
‰ Autarquias locais
‰ Outras entidades administrativas

2009 José Domingues 108


Elemento Espacial - Território
† Território terrestre.
† Território continental (fronteiras mais antigas da Europa).
ƒ O caso de Olivença (www.olivenca.org)
ƒ O Couto Misto
† Território insular: Açores e Madeira.
† Território marítimo.
† Águas interiores
† Mar territorial (até às 12 milhas)
† Plataforma continental (350 milhas)
Poder não de soberania, mas de mera jurisdição: zona contígua (12
a 24 milhas) e ZEE (12 até 200 milhas).
† Território aéreo.
† Flagrante lacuna constitucional (art. 5º CRP)
2009 José Domingues 109
Território – Couto Misto

2009 José Domingues 110


† 1864 – Tratado de limites entre
Portugal e Espanha acaba com
uma realidade histórica e
jurídica peculiar = COUTO
MISTO.
† Origem na Idade Média, sobre
uma das mais antigas fronteiras
do mundo (a galego-portuguesa)
† Micro-Estado, Estado exíguo ou
liliputiano (Andorra,
Liechtenstein, San Marino,
Mónaco)
† Uma República Esquecida
† Um Estado sui generis de tipo
exíguo.
2009 José Domingues 111
† Privilégios pessoais:
† Escolha da Nacionalidade
† Isenção de sangue ou de contributo de homens para o exército.
† Direito de asilo
† Privilégios políticos:
† Auto-governo.
† Não participação nos plebiscitos
† Privilégios fiscais:
† Isenção de cargas fiscais a favor de Espanha ou Portugal
† Direito de livre comércio
† Privilégios administrativos:
† Não obrigatoriedade de uso de impressos oficiais
† Direito de possuir armas de defesa ou caça, sem licenças
† Privilégios económico-comerciais:

2009 José Domingues 112


† Caminho privilegiado, entre o couto e Tourém,
permitia o livre trânsito e uso, sem que as autoridades
lusas ou espanholas pudessem intervir, ainda que este
levasse contrabando.
† Comércio livre de todo o tipo de mercadorias (sal,
tabaco, armas…) dentro do perímetro do couto.
† Isenção de cargas fiscais e direitos aduaneiros para os
vizinhos do couto, tanto pelas compras como pelas
vendas

2009 José Domingues 113


Fim

2009 José Domingues 114

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