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FAMÍLIAS: DIFERENTES CONCEPÇÕES HISTÓRICAS

DEMENECH, Flaviana∗

Introdução

Para compreendermos as mudanças internas dentro da instituição familiar,


primeiramente necessitamos entender o contexto de família e sua inserção dentro da
sociedade, isto é, a construção do conceito de família ao longo do tempo. Pois, as alterações
nos conceitos familiares tiveram grande interferência da sociedade vigente, e algumas dessas
mudanças ocorreram por total influência social, como afirma Simionato & Oliveira (2003:
63), “importantes modificações têm ocorrido na estrutura da família, conforme se transforma
a sociedade nas diferentes maneiras de produzir materialmente a vida dos homens”.
Por muitos séculos, na cultura ocidental as crianças e os adolescentes eram tratados
como adultos. Até o século XVII não existia uma concepção de especificidade da infância.
Esta concepção foi sendo construída no decorrer dos séculos, considerando os aspectos sociais
de cada época (mortalidade infantil, trabalho escravo de crianças, entre outros),
compreendendo, portanto, as peculiaridades do ser infantil. A criança deixa de ser um mini
adulto e a infância adquire novos significados.
Considerando a Idade Média o período final do feudalismo e o sistema político, social
e econômico de tal período sofrerem influência pela Igreja, assim iniciamos nossa abordagem
tratando da concepção e das disposições que as crianças e adolescentes foram ocupando desde
a Idade Média até os anos contemporâneos, a partir da abordagem de Ariès (2006)1 que
contextualizou a posição da sociedade a este respeito.


Discente do Mestrado de Educação da Universidade de Passo Fundo – UPF, professora alfabetizadora do
Instituto Educacional – IE, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Práticas Educativas – MEDIAR e do Grupo
de Estudos e Pesquisa em Alfabetização – GEPALFA, formada em Pedagogia pela Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (UNIOESTE), E-mail: flavi_sti@hotmail.com.
1
A contribuição de Ariés (2006) é uma pesquisa realizada na França, o que devemos cuidar e diferenciar
algumas contribuições em relação à construção e constituição história da família no Brasil.
2

A criança, a infância e a família foram entendidas de maneiras diferentes no


decorrer dos tempos e sua significação pode mudar ainda hoje, de acordo com a
metodologia que fundamenta sua análise, modificando seu conceito conforme o
olhar que recebe, seja ele histórico, sociólogo, antropólogo, filosófico ou
psicológico (OLIVEIRA & ROBAZZI, 2006: 19).

Diferente de hoje na qual a família é um grupamento de afetividade, a família na Idade


Média, fundava-se na união do homem e da mulher e dos filhos futuros, compreendia-se o
matrimônio como um contrato a ser estabelecido entre o casal heterossexual. Uma vez que,
não existia um laço afetivo dentro da família, os filhos em si não tinham importância afetiva
para a família, não havia um recolhimento, uma vida privada e íntima entre os membros
familiares. Para a sociedade renascentista, a essência da família era a conservação de bens,
transmissão do nome e prática adjacente de um ofício, isto é, a família tinha uma vida social e
profissional, conjuntamente.
A partir de então, compreendendo essa intrínseca relação entre família e sociedade,
façamos uma breve construção histórica dos conceitos de família, partindo do século XV.

Conceito de famílias

A família com o passar dos tempos foi sofrendo diversas mudanças, tanto externas
quanto referente às funções internas com os indivíduos integrantes dentro desta instituição2
em relação ao seu papel social dentro da sociedade de cada época.
Família é uma instituição historicamente construída, logo não podemos descrever ou
assimilá-la como algo estático, pacífico, com determinadas características especificas, como
algo único, mas sim em modelos distintos, diferentes, ou seja, família não se restringe a um
modelo nuclear, já que são de diversas as formas de estrutura e funcionamento familiar, pois
esta instituição se modifica de acordo com a história e com a cultura.
No século XV, o conceito de família diferenciava-se das características de amor, afeto
e cuidado. Nessa época, os pais biológicos enviavam seus filhos para outras famílias quando
esses completavam sete anos, idade em que a criança era batizada (pela Igreja Católica) e, por

2
Descrevemos família como uma instituição, devido a não existência de uma família e sim famílias.
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conseguinte, tornava-se ‘imortal’ (assim fixada pela literatura moralista e pedagógica) visto
que era comum a morte de crianças antes dessa idade. Era tamanho o descaso para com as
crianças que a Igreja Católica ponderava que a criança era pura e inocente, como um anjo,
logo se ela morresse, nasceria outra para substituir. Entretanto, nessa outra família a qual eram
enviadas, recebiam ensinamentos para o trabalho e para o serviço doméstico. Esse
aprendizado era difundido por todos, independentes da classe e da condição social da família.

As pessoas não conservavam as próprias crianças em casa: enviavam-nas a outras


famílias, com ou sem contrato, para que elas morassem e começassem suas vidas,
ou, nesse novo ambiente, aprendessem as maneiras de um cavaleiro ou um ofício,
ou mesmo para que frequentassem uma escola e aprendessem as letras latinas
(ARIÈS, 2006: 157).

Nesse período (se estendendo até o século XVIII), a criança necessitava cumprir
deveres dentro da própria casa. Isto é, as atitudes que ela possuía é que demonstrava o quão
educada era. Por exemplo, uma maneira de mostrar-se bem educada era sua atitude ao servir à
mesa aos pais, visitas e demais pessoas: “O serviço da mesa continuou a ser tarefa dos filhos
de família e não dos empregados pagos” (ARIÈS, 2006: 157). Essa concepção possuiu
tamanho destaque que se encontrava presente até nos manuais de civilidade, como boas
maneiras.

O servidor era uma criança, uma criança grande, quer estivesse colocada em casa
alheia por um período limitado a fim de partilhar da vida familiar e assim se iniciar
na vida adulta, quer não tivesse esperança de algum dia passar “de criado a
mestre”, pela obscuridade de sua origem (ARIÈS, 2006: 157).

Tratando da escola, nesse momento, ela era limitada a alguns. Enquanto que esses (em
sua maioria, clérigos e latinófones) possuíam o acesso à escola, outras crianças nem se quer
conheciam e participavam da educação escolar. Com o decorrer do tempo, essa exceção se
alterou e passou a ser vista como regra, como afirma Ariès (2006):

A escola, a escola latina, que se destinava apenas aos clérigos, aos latinófones,
aparece como um caso isolado, reservado a uma categoria muito particular. E a
escola era na realidade uma exceção, e o fato de mais tarde ela ter-se estendido a
4

toda a sociedade não justifica descrever através dela a educação medieval: seria
considerar a exceção como regra (ARIÈS, 2006: 157).

Em meados do século XVII, a criança assume um lugar central dentro da família


ocidental. Nesse contexto, há o surgimento da escola, o que antes acontecia em ambientes
particulares, isto é, era ensinado pelo pedagogo em casas e para algumas crianças apenas.
Nesse momento a educação passa a ocorrer em um prédio centralizado. Ou seja, a criança
passou a estudar em uma instituição de ensino devido à influência das transformações sociais
introduzidas pelas novas formas de organização política, social e econômica, ditadas pela
Revolução Científica e a Revolução Industrial.
O ensino era ofertado de maneira técnica, ensinava-se para determinados fins, como
por exemplo, para a equitação ou caça ou para armas. Na Idade Média, houve mudanças nesse
conceito: “Dessa época em diante, ao contrário, a educação passou a ser fornecida cada vez
mais pela escola. A escola deixou de ser reservada aos clérigos para se tornar o instrumento
normal da iniciação social” (ARIÈS, 2006: 159). Isto é, a educação estando vinculada à
escola, acabou por influenciar a relação das crianças com os pais, que consequentemente com
a família, passando esta a estar mais próxima da criança. “A substituição da aprendizagem
pela escola exprime também uma aproximação da família e das crianças, do sentimento da
família e do sentimento da infância, outrora separados” (ARIÈS, 2006: 159).
Um exemplo desse novo conceito e da preocupação familiar foi a nova posição
adotada pela própria família no século XVII. Os pais que passaram a se preocupar com a
educação escolar de seus filhos começaram a enviá-los a colégios distantes, nos quais
permaneciam em pensionatos particulares ou na casa de seus mestres, com o intuito de
receber educação. A educação, por consequência em casa, acabava por acentuar a timidez da
criança e até mesmo, deixá-la mimada. Os pais preferiam enviar a escola a ficar em casa.
Mesmo que as escolas proporcionavam uma educação conturbada, como por exemplo, a perca
da inocência entre outros, já que “as classes eram muito numerosas, muitas vezes contendo
mais de 100 alunos” (ARIÈS, 2006: 169). Os pais, visando à educação permitiam esse
distanciamento e auxiliavam na educação escolar, mesmo quando as crianças retornavam para
casa, pois como afirma Ariès (2006: 159) “Os tratados de educação do século XVII insistem
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nos deveres dos pais relativos à escolha do colégio e do preceptor, e à supervisão dos estudos,
à repetição das lições, quando a criança vinha dormir em casa”.
Preceptor, definido na citação, diz respeito à pessoa que acompanhava a criança ao sair
de casa, sendo em sua maioria, crianças ricas. Considera-se, portanto, uma transformação
considerável no interior e no sentimento da família, passando a preocupar-se e concentrar-se
na criança.
Porém, essa escolarização “não afetou uma vasta parcela da população infantil, que
continuou a ser educada segundo as antigas práticas de aprendizagem” (ARIÈS, 2006: 160).
Como por exemplo, as meninas permaneceram sendo educadas em casa, ou na de parentes, de
vizinhos ou outros. Isto é, enquanto alguns iam para a escola para serem educados, as meninas
continuavam sendo educadas sob uma antiga prática de aprendizagem, como de costume: em
casa. Enquanto entre os meninos a escolarização também era restrita primeiramente “à
camada média da hierarquia social” (ARIÈS, 2006: 160).
Quanto à família, uma condição existente foi o benefício que um único filho, em sua
maioria o primogênito, possuía diante os direitos familiares. “O privilégio do filho,
beneficiado por sua primogenitura ou pela escolha dos pais, foi a base da sociedade familiar
do fim da Idade Média até o século XVII, mas não mais durante o século XVIII” (ARIÈS,
2006: 161). Esse privilégio foi colocado à discussão diante a atitude de escolha de um
determinado filho que os pais possuíam, significando portanto, a preferência que esses tinham
para com o primogênito. Evidencia-se assim a prioridade desse filho escolhido perante os seus
irmãos, assumindo, portanto, a postura de que é alguém melhor que eles. Mas se formos
pensar no aspecto da desigualdade, o que os filhos mais novos fizeram ou possuíam para
merecer tanto descaso? Simplesmente pelo fato de não serem o primeiro filho? E, o que
aquele primogênito havia de tal especial para ser considerado o melhor? Tudo era uma
questão de injustiça e desigualdade proporcionada pelos próprios pais.
Entretanto como exposto no parágrafo acima, aquela concepção de preferência para
com o filho primogênito perdurou até o século XVII. Após esse período de ‘privilégios’, mais
especificadamente no século XVIII, uma nova configuração de família começou a ser
esboçada, não existindo mais preferências por algum filho em específico: “esse respeito pela
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igualdade entre os filhos de uma família é uma prova de um movimento gradual de família-
casa em direção à família sentimental moderna” (ARIÈS, 2006: 162).
Tratando desse novo conceito moderno de família, afirma Ariès (2006: 179) que “a
primeira família moderna foi à família desses homens ricos e importantes”. Esses homens
possuíam uma família grande, não limitada à pai, mãe e filhos, pelo contrário, a casa era
repleta de pessoas (clérigos, servidores, empregados, aprendizes, criados, entre outros). Além
dos moradores havia muitas visitas que ocupavam o tempo da criança. Elas não eram apenas
amigas, mas também profissionais3. Além da presença das visitas, a casa da família moderna
era tumultuada, contendo muitas pessoas, dentre elas os criados e empregados. Tratando do
meio familiar, da relação das crianças e dos criados percebe-se que “não havia uma grande
diferença de idade entre as crianças da casa e os criados, que eram admitidos muito jovens, e
alguns dos quais eram irmãos de leite dos membros da família” (ARIÈS, 2006: 182). A
diferença consistia na obrigação que os chefes da família possuíam, sendo os responsáveis
pela educação desses. Era tão grande a relação entre o “pai da família” e esses criados, que:
“nessas salas sem destinação especial onde se comia, dormia e recebia, os criados nunca se
separavam de seus senhores” (ARIÈS, 2006: 184).
Porém, ao tratar da família conceituada moderna, “no século XVIII, a família começou
a manter a sociedade a distancia, a confiá-la a um espaço limitado, aquém de uma zona cada
vez mais extensa de vida particular” (ARIÈS, 2006: 184). Nesse período é que a casa foi
tomando forma da casa moderna. Isto é, os cômodos foram despendidos de forma individual,
sendo separados por um corredor. Assim como o conforto, que “nasceu ao mesmo tempo em
que a intimidade, a discrição e o isolamento” (ARIÈS, 2006: 185). As camas foram colocadas
em quartos em específico, não estando em toda a parte da casa, como antigamente era,

3
Os conceitos e as necessidades de criança eram insignificantes para os adultos. Um contexto no qual no centro
das relações estava a figura do pai. As ligações entre os adultos e as crianças eram de propriedade de alguém, ou
seja, o pai e o clero tinham poder sobre a criança. Conforme Gomes e Adorno (1990), não existiam a
conscientização e a preocupação com o cuidado da descendência de pai para filho. O conceito de especificidade
da infância começa a ser desenvolvido a partir do século XIII, abrindo preceitos para análise de como a criança
era, isto é, inicia-se a descoberta das especificidades do corpo, da fala e dos hábitos das crianças pequenas.
Segundo Moraes & Kassar (2008), os adultos passam a diferenciar-se da criança, como por exemplo, com a
mudança de suas vestimentas. Os espaços também foram restritos aos adultos, impossibilitando que as crianças
frequentassem tais ambientes.
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expressando um ideal de isolamento e individualidade. “Nesses interiores mais fechados, os


criados não saíam mais das áreas separadas que lhes eram determinadas” (ARIÈS, 2006: 185),
ou seja, se limitavam a ficar em seus espaços, sendo o oposto do que ocorria anteriormente, os
quais viviam e tinham uma estreita relação com as crianças das casas e os senhores. Um
exemplo disso foi a invenção da campainha nos quartos, pelo qual se chamava o criado que se
encontrava distante daquele espaço.
Nesse mesmo século “não se ousava mais ir à casa de um amigo ou sócio a qualquer
hora, sem prevenir” (ARIÈS, 2006: 185). As visitas precisavam antecipar sua chegada, e não
se fazia mais como antigamente, aonde chegavam a hora que quisessem e permaneciam até
quando desejassem. Esse é um fator que mostra o quanto a individualidade estava presente e
acentuada. A casa passou a ser reorganizada e seus costumes, reformados. Houve “progressos
de um sentimento da família que se havia despojado de todo arcaísmo e tornado idêntico ao
do século XIX e início do século XX. A família deixara de ser silenciosa: tornara-se tagarela e
invadira a correspondência das pessoas, bem como, sem dúvida, suas conversas e
preocupações” (ARIÈS, 2006, p. 186). A família se alterou.
Consequentemente, seu interior foi alterado. Aquela configuração de família grande,
com muitas pessoas passou por mudanças: Nesse momento “a reorganização da casa e a
reforma dos costumes deixaram um espaço maior para a intimidade, que foi preenchida por
uma família reduzida aos pais e às crianças, da qual se excluíam os criados, os clientes e os
amigos” (ARIÈS, 2006: 186). Portanto, ao restringir a família aos pais e as crianças, o laço
afetivo e familiar foi intensificado, a preocupação, o cuidado e o carinho entre si aumentou,
visto que passou a surgir um sentimento e uma nova caracterização de família. Um exemplo
dessa nova conceituação de família foi que “as antigas formas de tratamento como Maddame
desapareceram” (ARIÈS, 2006: 186). Isto é, o tratamento para a criança passou de formal,
como com o nome maddame, para palavras carinhosas e diminutivas, aproximando e
promovendo a familiaridade entre pais e filhos, sendo um exemplo dessa nova caracterização.
Nesse contexto, uma nova preocupação surtiu efeito: “as questões da saúde e de
higiene ocupam um lugar importante” (ARIÈS, 2006: 186). Além do cuidado com a higiene
das crianças a educação era tratada como prioridade e como preocupação por parte dos pais.
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Como afirma Àries (2006: 188) “A saúde e a educação: a partir dessa época, seriam essas as
duas principais preocupações dos pais”.
Considerando esse novo modelo de família, comparamos àquele apresentado no início
deste artigo e percebe-se o quanto o conceito de família evoluiu e como se desenvolveu.
Passou a valorizar os filhos e não mais considerá-los como alguém desmerecedor de cuidado
e atenção. “Esse grupo de pais e filhos, felizes com sua solidão, estranhos ao resto da
sociedade, não é mais a família do século XVII, aberta para o mundo invasor dos amigos,
clientes e servidores: é a família moderna” (ARIÈS, 2006: 188).

Amor familiar

É necessário e indispensável analisarmos a estrutura familiar que se deu ao longo dos


séculos e a constante transformação do modelo familiar, assim compreender o quão
contraditório o discurso ideológico da família perfeita se dá na sociedade pós-moderna, pois
continuamos a considerar as famílias a partir de concepções que se tornam cada vez mais
arcaicas.
A história da família nos apresenta as modificações existentes na estrutura familiar,
visto que, na era primitiva as famílias eram poligâmicas (mais de um cônjuge ao mesmo
tempo entre homens) e poliandrica (matrimônio de mulheres com diversos homens) e por fim
e atual como a sociedade ocidental defende a monogâmica (matrimonio entre um homem e
uma mulher), segundo Giraldi & Waideman (2007).
É importante ressaltar que o processo histórico da família é contínuo, houve ao longo
dos séculos a evolução dos poderes familiares, ou seja, era instituído na sociedade primitiva a
base social do sistema de poder matriarcal (a mulher era autoridade), com o passar do tempo e
a transformação da sociedade nos tornamos patriarcal, o poder familiar voltou-se ao homem.

A base da nossa sociedade e a ideia de família que temos tem como referencial o
patriarcalismo, que pode ser definido, segundo Ferreira, como um regime social em
que o pai é a autoridade máxima. Porém, atualmente esta autoridade já não é tão
inquestionável, tendo o declínio do patriarcado se mostrado evidente em muitos
contextos sociais, especialmente os da família (GIRALDI & WAIDEMAN, 2007: 4).
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O Brasil desde seu descobrimento constitui-se de uma família patriarcal, a família


brasileira fundou-se do modelo europeu, devido à colonização pelos portugueses. Este modelo
patriarcal está voltado em o homem ser o centro do poder da família e da sociedade.

[...] De acordo com Samara (1998), este modelo patriarcal, existente especialmente
no período colonial, apresentava-se estruturalmente como composta de um núcleo
central, representado pelo chefe da família, e por membros subsidiários, que são os
legítimos descendentes, seja da família materna ou paterna. No modelo patriarcal, a
autoridade é exclusiva do marido, e a esposa era passada da mão do pai para o
esposo, ficando incumbida pela organização da casa e pelo cuidado dos filhos
(GIRALDI & WAIDEMAN, 2007: 5).

No entanto, cada vez mais as famílias fogem deste modelo nuclear, havendo grandes
mudanças tanto em sua composição quanto nas relações existentes dentro desta instituição.
Com diversas transformações culturais, sociais, políticas e econômicas a família também teve
algumas características alteradas, como descritas anteriormente, ela passa da condição de
simples reprodução de descendentes para preocupação com os integrantes familiares,
valorização dos filhos e concepção de amor e carinho dentro do laço matrimonial e familiar.

No século XVI e XVII a família não exercia função afetiva e nem socializadora,
dando-se pouca importância à vida doméstica, aos cuidados maternos e ao cuidado
com as crianças. Ariès (1978) afirma que o fato da família do século XV não ter
vivido o vínculo entre pais e filhos de maneira semelhante aos atuais não quer dizer
que não tenha existido amor dos genitores pelos seus filhos; essa relação pautava-
se muito mais na contribuição que as crianças poderiam trazer para a família e
para o bem comum do que no apego ao infante (GIRALDI & WAIDEMAN, 2007: 3).

Na sociedade ocidental, o século XVIII é considerado um marco para a família, pois a


relação com os integrantes familiares passa a ser privada, o que antes se estabelecia como
uma instituição pública em que todos interferiam, como a igreja, a sociedade, entre outros.
Um outro marco histórico que contribuiu para a afetividade familiar, foi no século
XIX com a Revolução Industrial e com a migração das pessoas da zona rural para os centros
urbanos, a partir de então surgiu o controle da natalidade, uma vez que, já não havia tanta
necessidade de mão-de-obra para trabalhar nas lavouras, assim, as famílias passaram a ter
menos filhos, logo essa redução de integrantes familiares fez com que houvesse uma
aproximação entre pais e filhos e consequentemente o surgimento da afetividade, até então
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inexistente. E este sentimento se protagonizou nos séculos seguintes tendo solidariedade e


sensibilidade aos familiares e principalmente uma ligação afetiva de abnegação e desambição,
segundo Simionato & Oliveira (2003).

A Constituição Federal de 1988 representou um marco na evolução do conceito de


família, ao corporificar o conceito de Lévy-Brul, de que o traço dominante da
evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez menos
organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua
(GENOFRE, 1997). (SIMIONATO & OLIVEIRA, 2003: 57).

Atualmente, a família é vista como um “sistema inserido numa diversidade de


contextos e constituído por pessoas que compartilham sentimentos e valores formando laços
de interesse, solidariedade e reciprocidade, com especificidade e funcionamento próprios”
(SIMIONATO & OLIVEIRA, 2003: 58), assumindo, portanto, uma instituição que difere
daquela configuração de pai, mãe e filho. Mas, para a família qual a importância desses
sentimentos como amor, carinho e afetividade construídos intrafamiliar?
No mundo atual, os valores e regras que sustentam o equilíbrio do indivíduo na
sociedade são constantemente negados e violados, o que dificulta muitas vezes a família e a
qualidade de vida da criança e do adolescente.
Os sentimentos e as emoções estão presentes quando se busca conhecimento e quando
se estabelece relações sociais e familiares. O afeto e a cognição constituem aspectos
inseparáveis presentes em quaisquer atividades, isto é, a afetividade se estrutura nas ações dos
indivíduos, implica em expressividade e interação de um com o outro.
Deste modo, a criança e o adolescente necessitam do afeto (amor) da família para o
seu desenvolvimento, já que, com relação ao afeto, tanto a superproteção familiar, quanto a
carência podem interferir no desenvolvimento da criança e do adolescente. Por conseguinte,
quando a família se torna autoritária ou paternalista, acaba progressivamente afastando a
criança de suas próprias percepções e emoções, pois, provoca na mesma o afastamento da
experiência, reduz a autoconfiança e aumenta a dependência em relação aos valores
instituídos. “[...] como unidade e identificação total entre dois seres; e como troca recíproca
entre seres individuais e autônomos [...] a troca recíproca, emotivamente controlada, de
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atenções e cuidados tem por finalidade o bem do outro como se fosse o seu próprio”
(ARANHA, 1998: 143).
Portanto, a família tem sua transformação, o que era uma instituição passa a ser um
sentimento, significa que ela passa a compor fraternidade, amizade, cumplicidade,
solidariedade e amor entre os integrantes da mesma, de tal modo que a inexistência desses
aspectos afeta a sua manutenção. “Assim, a família se forma através do afeto e transforma
seus seres a partir do afeto. Desta forma, são as relações familiares que despertam o
entendimento baseado na compreensão e no carinho” (LEVY, 2010: 7).
Assim, a afetividade familiar tem seu papel imprescindível, é o elemento formador da
família na sociedade atual, "as trocas afetivas na família imprimem marcas que as pessoas
carregam a vida toda, definindo direções no modo de ser com os outros afetivamente e no
modo de agir com as pessoas" (SZYMANSKI, 2002: 12).
Segundo Dias (2006):

A família transforma-se na medida em que se acentuam as relações de sentimentos


entre seus membros: valorizam-se as funções afetivas da família [...] A comunhão
de afeto é incompatível com o modelo único, matrimonializado da família. Por isso,
a afetividade entrou nas cogitações dos juristas, buscando explicar as relações
familiares contemporâneas (DIAS, 2006: 61).

Assim, compreendemos a família e suas diversas concepções inseridas em um sistema


de cobrança tanto por meios religiosos, como também pelo Estado, logo, mesmo estando em
diversos contextos, a família se forma por pessoas que dividem sentimentos e valores
formando laços de interesse, solidariedade e reciprocidade, com especificidade e
funcionamento próprios. Pois, a família tem essa característica de proteção e afetividade, a
partir do momento que começou uma maior preocupação com os filhos e a educação dos
mesmos.

Com o surgimento da afetividade dentro da família e com a ênfase no privado, o


modelo nuclear foi adquirindo forças, sendo este vigente na sociedade ocidental
atual. No entanto, como a família vive um processo constante de transformação,
com o modelo nuclear não poderia ser diferente. Há, atualmente, diversas formas
de organização familiar em nossa sociedade, abrindo um leque de possibilidades de
12

constituição familiar, apesar de todas se sustentarem dentro de um regime


patriarcal (GIRALDI & WAIDEMAN, 2007: 4).

Atualmente há novas configurações familiares, como pai e filho(a); mãe e filho(a);


filho(a) e madrasta; filho(a) e padrasto; filhos de pais diferentes; filhos vivendo com irmãos
que não são de sangue; filhos (as) de pais homossexuais; filhos (as) que vivem com parentes;
entre outras formas de família. Portanto, verifica-se que família constitui-se em pessoas que
compartilham o mesmo sentimento, sendo recíproco e verdadeiro.

A partir daí, surgem inúmeras organizações familiares alternativas: casamentos


sucessivos com parceiros distintos e filhos de diferentes uniões; casais
homossexuais adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros isolados
ou mesmo cada um vivendo com uma das famílias de origem; as chamadas
“produções independentes” tornam-se mais frequentes; e mais ultimamente, duplas
de mães solteiras ou já separadas compartilham a criação de seus filhos
(SIMIONATO & OLIVEIRA, 2003: 60).

Todavia, pensando nas mudanças ocorridas na família no decorrer das últimas


décadas, trazemos alguns dados do IBGE de 2005, publicada na Folha de S.Paulo (2006),
segundo Giraldi & Waideman (2007):

Apontam que o modelo tradicional de família – pai, mãe e filho(s) – perde, a cada
ano, espaço para novas formas de arranjos familiares. Em 2005, essas famílias
passaram a representar 50% do total. Em 1995, eram 57,6%. Isso significa que,
pela primeira vez, esse modelo, apesar de continuar sendo o mais comum, já divide
o mesmo espaço dos outros tipos de famílias, que, somadas, representam também
50% do total. Cresceram, nos últimos dez anos, as famílias com um único morador
(10,4% do total), os casais sem filhos (15,2%), as mulheres solteiras com filhos
(18,3%) e outras formas de arranjos (6,3%). Uma hipótese é que esse avanço tem a
ver com o aumento da expectativa de vida e com a emancipação feminina. No caso
dos idosos, como os brasileiros estão vivendo mais, aumenta o número deles
morando sozinhos ou com o cônjuge sem filhos. No caso das mulheres, elas estão
aumentando sua presença no mercado de trabalho (portanto ficando mais
independentes financeiramente) e adiando o projeto de ter filhos, o que faz, também,
com que a fecundidade caia. A emancipação feminina ajuda a explicar por que, de
1995 a 2005, foi de 20,2% para 28,5% o percentual de mulheres entre o total de
chefes de família. Esse aumento aconteceu mesmo em famílias onde havia cônjuge.
Em 1995, do total de mulheres chefes de família, 3,5% viviam com seus maridos.
Nesse mesmo levantamento de dados do IBGE, esse percentual aumentou para
18,6%. Entre as regiões metropolitanas, as mulheres chefiavam proporcionalmente
mais lares em Salvador, 42%. O índice é alto também em Belém (40,9%). Em
Curitiba, estava em 30,3%. Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, a
intensa urbanização brasileira das últimas décadas está por trás dessa e de outras
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mudanças na estrutura social do país.


(http://1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2112200619.htm, acesso em 21 dez 2006)
(GIRALDI & WAIDEMAN, 2007: 6).

Diante da importância que a afetividade possui para a configuração da família, trago


como questionamento os filhos das famílias que cometem atos infracionais, sendo crianças ou
adolescentes que infringem a lei.
Ao analisarmos o crescente número de crianças e adolescentes em conflito com a lei e
os casos atendidos, pelo Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude
(NEDDIJ4) e segundo levantamento de dados a respeito do projeto de pesquisa ‘Causas da
criminalidade entre os adolescentes: locais de maior incidência5’ em 20 de Junho de 2012,
desenvolvida pelo NEDDIJ com adolescentes apreendidos, somos levados a questionar: Será
que foi garantido o direito desses adolescentes a ter família? Como se estrutura a família dos
adolescentes em conflito com a lei? Para estes, o que é uma família? Será que o modelo de
família desses indivíduos possui alguma relação com tais atos? Será que a família deles e a
configuração (ou não) dessa família resulta em tamanhas consequências como a inserção de
seus filhos nos atos infracionais?
Dos adolescentes entrevistados 80% constam em sua certidão de nascimento o
nome dos genitores6 e 20% constam só o nome da genitora. Desses 80% que na certidão
de nascimento consta o nome dos genitores 37,5% moram com a mãe e outros7; 28,1%

4
Através do programa de extensão “Universidade sem fronteiras” da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE) foi criado o Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e Juventude (NEDDIJ) que tem
como objetivo atuar como defensor público ou curador especial em casos que envolvam o enfrentamento à
Violência Sexual Infanto-Juvenil, assim como medida de proteção, abrigamento e destituição de poder familiar.
A partir dos atendimentos realizados pelo Núcleo são desenvolvidos projetos de pesquisa com intuito de intervir
nas escolas e locais de maior incidência dos casos, buscando a prevenção e educação da sociedade civil em geral.

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Pesquisa realizada quando eu pertencia como pedagoga ao Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância
e da Juventude (NEDDIJ), programa de extensão ‘Universidade sem fronteiras’ da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná (UNIOESTE), dados obtidos a partir do projeto Causas da Criminalidade entre os Adolescentes:
locais de maior incidência (Caderno de Campo: fevereiro-agosto, 2012).
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Quando apregoamos a palavra genitor para denominar pai e mãe, devido à constatação que pai e mãe são
pessoas que amam a seus filhos.
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Irmãos, cunhados, padrasto e avós.
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moram com os pais; 11% moram com os avos; 7,8% moram com o pai; 4,7% moram
com os tios; 4,7% moram os com os irmãos e 6,2% moram com outros.
O que podemos verificar é que a estrutura familiar que a sociedade ocidental descreve
como perfeita (pai, mãe e filho) não é presente, pois como no caso destes adolescentes que
estão em conflito com a lei, verifica-se que não possuem tal estrutura familiar. Ou seja, o
modelo familiar imposto pela sociedade já foi vista por nós que é falho, o que
compreendemos como família na atualidade é o grupo de pessoas que possui amor entre os
familiares e lhes dão proteção, garantindo o melhor possível a todos. Assim nos questionamos
e devemos investigar como se dá a relação das famílias desses adolescentes em conflito com a
lei: Será que falta de amor familiar é um dos fatores para estes adolescentes entrarem e
permanecerem em conflito com a lei? Essas e outras questões ainda não podemos responder,
mas nos faz refletir sobre a família e sobre os atos infracionais cometidos por crianças e
adolescentes.

Dentro desta perspectiva, Eiguer (1985) afirma que a família é uma realidade
inconsciente para cada membro, ou seja, por mais que se afirme que a família
moderna está se fragmentando devido a divórcios, produções independentes ou
qualquer outra forma de constituição e reorganização, ela se faz presente através
de representações do vínculo e do coletivo grupal. Ainda segundo este autor, a
família é composta de membros que têm modalidades de funcionamento psíquico
inconsciente diferentes de seu funcionamento individual (GIRALDI & WAIDEMAN,
2007: 8).

Segue alguns escritos dos adolescentes em conflito com a lei para suas famílias,
muitas vezes pedindo desculpas ou até mesmo mostrando o amor que os meus tenspor seus
familiares, visto que, na maioria a família deles se constitui somente da mãe:

Mae voce é a única pessoa que se preocupa comigo eu presizo que voce fica do
meu lado a qui não é fasio eu não quero mais cai aqui não vou mais uzar mais
drogas porque ela estraga a minha família mais eu prometo que vou aguntar ela de
novo so preciso de mais uma chanse e peso que voce mede esachance. (L. K. da S.)
(Caderno de Campo, junho, 2012).
Mãe se eu tivesse escutado seus conselhos não estaria aqui, dizia para eu estudar e
ser alguém na vida mas ouvimos conselhos mas pensamos que é só ilusão, mas
estou vendo, como diz o ditado quem não ouve conselho, ouve coitado agora todos
dizem coitado do R. Mas tudo o que acontece em nossas vidas nada é em vão, que
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nem a senhora disse isso é uma lição. (R. R. de S) (Caderno de Campo, junho,
2012).

Pensar a criança e adolescente como um cidadão com direitos e deveres, e não como
um ser qualquer, implica, no entanto, outro modo de conceber a sociedade e a vida humana.
Diversas transformações ocorridas na sociedade, tais como o aumento das separações
conjugais, desigualdades sociais e educacionais, regionais e raciais, também obrigam aos
membros da família, inclusive crianças e adolescentes, a buscar condições materiais que
garantam sua existência, muitos acabam cometendo erros e entrando em conflito com a lei.
Os casos concretos corroboram os dados acima descritos, conforme trechos dos
depoimentos de alguns adolescentes apreendidos, afirmando os motivos familiares que os
levaram a entrar em conflito com a lei:

L.K.S (16 anos) alega: Eu estava a procura de trabalho e voltar para a escola, mas
as coisas ficaram difíceis e minha família precisava de dinheiro, então, eu fui
furtar.
O.I.C.F. (17 anos) afirma: Levei os cigarros para ganhar dinheiro e pagar o
colégio em que estudo, pois meus pais estão sem dinheiro.
G.S.M. (15 anos) pronuncia: Meu pai está doente e estamos devendo no mercado,
com esse dinheiro eu ajudaria meu pai com os remédios e a comida. (Caderno de
Campo, abril, 2012).

A realidade da situação da infância e adolescência no Brasil, em especial das classes


mais excluídas da sociedade, faz-nos refletir acerca dos atos conflitantes com a lei cometidos
por crianças e adolescentes. Talvez um fator que ocasiona a necessidade de crianças e
adolescentes a entrar em conflito com a lei é o empobrecimento das famílias brasileiras, este
fator, constitui-se por si só um aspecto imperativo e determinante na busca de ‘reforços’
financeiros. Diversas transformações ocorridas na sociedade, tais como o aumento das
separações conjugais, desigualdades sociais e educacionais, regionais e raciais, também
obrigam aos membros da família, inclusive crianças e adolescentes, a buscar condições
materiais que garantam sua existência.
Portanto, podemos afirmar que a família atual se diferencia dos séculos anteriores, a
família de hoje exerce uma enorme influência social e cultural para as crianças e os
adolescentes, tendo seu papel como protetora, zeladora e principalmente amorosa.
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Considerações Finais

Este trabalho buscou apresentar um estudo no qual, possa resenhar as concepções


familiares no decorrer dos tempos, bem como, mostrar a importância da família, da
afetividade e do sentimento familiar para a criança e o adolescente, como também, para que
adolescentes não entrem em conflito com a lei.
Assim, aqui considero que o conceito de família vai muito além daquele que a maioria
das pessoas considera como ideal. Como visto, ao longo dos séculos houve significativas
mudanças na configuração familiar. Passou por várias etapas, onde em um momento era uma
instituição em que não valorizava a criança, logo em seguida, passou a adquirir uma nova
visão dessa criança, como uma serva da família e posteriormente, passou a reconhecer os
filhos como um membro familiar, que merecia amor, atenção e zelo. Ou seja, se a história da
família apresenta que ela possuiu diversas configurações, porque hoje, em muitas instâncias,
há a fixação de um modelo de família perfeita? A construção dela mostra que não foi assim,
existiu mudanças anteriormente e, há alterações atualmente e não há a necessidade de um
modelo a ser seguido como fundamental.
Atualmente e a cada dia, o modelo que era preconizado como perfeito vem sofrendo
significativas alterações. A família é o grupo de pessoas que ama, respeita e se preocupa umas
com as outras. Não é necessariamente, o pai, a mãe e o filho. Podendo ser pai e filho;
madrasta e filha; pai e mãe adotiva e filho; pais homossexuais e filha; etc. A configuração por
si só não garante o sentimento de família. Em muitas casas, há o pai, a mãe e o filho (o tal
modelo perfeito), mas o laço afetivo não existe. No entanto, conclui-se que o que é
verdadeiramente importante é a afetividade e, o que constrói a família não é a existência de
um, ou outro personagem especificamente, mas sim o sentimento e o afeto (amor) entre tais
pessoas.

Referências bibliográficas
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ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Temas de filosofia. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1998.

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Flaksman. – 2.ed. – Rio de Janeiro : LTC, 2006.

DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 3 ed. Porto Alegre: Revista dos
Tribunais, 2006.

GIRALDI, Josemary & WAIDEMAN, Marlene Castro. Família ou Famílias – Construção


Histórica e Social do conceito de Família. III Congresso Internacional de Psicologia e IX
Semana de Psicologia, Universidade Estadual de Maringá (UEM) Maringá: PR, 2007.

LEVY, Laura Affonso da Costa. Família Constitucional, sob um olhar da afetividade.


2010. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/familia-constitucional-sob-um-
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MORAES, Thais Palmeira & KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. A história do


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OLIVEIRA, Beatriz Rosana Gonçalves de & ROBAZZI, Maria Lúcia do Carmo Cruz. O
adolescente trabalhador: determinadas e repercussões do trabalho precoce. Cascavel:
Edunioeste, 2006.

SIMIONATO, Marlene Aparecida Wischral & OLIVEIRA, Raquel Gusmão. Funções e


transformações da família ao longo da História. I Encontro Paranaense de Psicopedagogia
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SZYMANSKI, Heloisa. Viver em Família como experiência de Cuidado Mútuo. Revista


Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n. 71, set. 2002.

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