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SOBRE PONTO DE
TROCA DE TRÁFEGO (PTT)
Superintendência
de Competição – SCP
Brasília/DF – novembro de 2018
ÍNDICE
Objetivo 3
O que é um PTT? 5
O PTT sujeita-se à regulamentação da Anatel? 6
Modelos de negócio e interconexão de dados 7
Por que estabelecer PTTs para as ORPAs de interconexão
e de transporte de dados em alta capacidade? 12
Estabelecimento do PTT 13
Do ato que estabelecerá o PTT 15
OBJETIVO
O presente Guia Informativo tem como objetivo orientar os interessados em participar da etapa de
definição dos Pontos de Troca de Tráfego (PTT), por meio de listagem anexa ao Ato a ser expedido
pela Superintendência de Competição (SCP) da Anatel.
O estabelecimento dos PTT por meio de Ato a ser expedido pela Superintendência de Competição
da Anatel está previsto no art. 29-A, § 6º, do Anexo IV, do Plano Geral de Metas de Competição
(PGMC), aprovado pela Resolução nº 600, de 8 de novembro de 2012, e alterado pela Resolução
nº 694, de 17 de julho de 2018.
O objetivo da referida norma é delimitar espacialmente – ou seja, no âmbito dos PTT que serão
estabelecidos no referido Ato – as Ofertas de Referência de Produto de Atacado (ORPA) de Inter-
conexão e de Transporte de Dados em Alta Capacidade.
CAPÍTULO VI
Art. 29. De acordo com a categorização de municípios e com o disposto neste Regulamento,
o Grupo com PMS no Mercado Relevante de Transporte de Dados em Alta Capacidade,
estará sujeito às medidas regulatórias assimétricas da seguinte forma:
Art. 29-A. O Grupo com PMS no Mercado Relevante de oferta atacadista de transporte de
dados em alta capacidade deve apresentar Ofertas de Referência de Transporte de Dados
em Alta Capacidade, de Interconexão para Trânsito de Dados e de Interconexão para Troca
de Tráfego de Dados, nos termos da regulamentação vigente e do art. 5º deste Anexo.
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I - Todos os Pontos de Interconexão - POI ou Pontos de Presença para Interconexão - PPI
localizados em municípios nos quais o Grupo for designado detentor de PMS, sendo no
mínimo 1 (um) por município; e,
I - o transporte de dados entre todos os centros de fios ou PTTs que compõe a rede de alta
capacidade do Grupo localizados em municípios que o Grupo for designado PMS; e,
II - o transporte de dados entre um centro de fios ou PTT que compõe a rede de alta
capacidade do Grupo localizado em município que o Grupo for designado PMS e um PTT
localizado em outro município, distinto daqueles abrangidos pelo inciso I.
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O QUE É UM PTT?
No ambiente mundial, a Internet não possui um controle centralizado, o que possibilita afirmar
que não há um backbone principal. Virtualmente, contudo, a rede mundial pode ser representada
por uma região corresponde aos maiores provedores de serviços de Internet - do inglês, I nternet
Service Provider (ISP), que caracterizam as redes de distribuição de conteúdo, e aos maiores
Pontos de Troca de Tráfego (PTT) da Internet.
A figura abaixo representa esse ambiente virtual, o qual suporta a parte mais significativa da
Internet onde o tráfego de todas as outras partes é agregado:
Sistema
Fibras
Sistema Autônomo
Autônomo
apagadas
Sistema
PIX
Autônomo
Sistema Sistema
Autônomo Autônomo
Sistema
Autônomo
Adaptado de: Nic.br
Ou seja, os PTT são instalações onde há a presença de grandes provedores de conteúdo que
podem se conectar entre si e que dividem os custos envolvidos entre todos os usuários.
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O PTT SUJEITA-SE À REGULAMENTAÇÃO
DA ANATEL?
Art. 1º Compete à União, por intermédio do órgão regulador e nos termos das políticas
estabelecidas pelos Poderes Executivo e Legislativo, organizar a exploração dos serviços
de telecomunicações.
Com fundamento nas normas que regem o setor de telecomunicações e em amplos estudos técnicos
realizados pela Anatel, desenvolveu-se a metodologia da qual faz parte a orientação desta cartilha,
desenvolvida para que os Pontos de Troca de Tráfego (PTT) interessados em constar do Ato da
Anatel participem deste processo, possibilitando a disponibilização de ORPAs de Interconexão e de
Transporte de Dados em Alta Capacidade.
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MODELOS DE NEGÓCIO
E INTERCONEXÃO DE DADOS
O ecossistema da Internet envolve uma série de relacionamentos comerciais: (a) entre empresas
de telecomunicações; (b) empresas de telecomunicações e provedores de aplicações e conteú-
dos; (c) entre usuários e empresas de telecomunicações; e (d) entre usuários e provedores de
aplicações e conteúdos.
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Além da natureza das aplicações e dos conteúdos, a experiência de utilização da Internet está
diretamente ligada à hospedagem lógica e física dos conteúdos acessados. Isso significa, por
exemplo, que usuários de uma mesma localidade, assinantes de uma mesma velocidade de acesso
de prestadores distintos de serviços de telecomunicações, poderão ter experiências muito distintas
ao requisitarem o mesmo conteúdo, a depender de como esses provedores o acessam.
A figura a seguir ilustra este conceito.
Para minimizar essas diferenças, surgiram soluções técnicas e comerciais que visam a aproximar
os conteúdos/aplicações dos usuários finais, por exemplo, os operadores de redes de distribuição
de conteúdo (em inglês, Content Delivery Networks – CDN). A figura a seguir ilustra este conceito.
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Apesar de ainda estar localizado na rede A, o conteúdo X foi distribuído para as outras redes,
estando nelas disponível também, de modo a permitir que outros usuários possam ter acesso a
este conteúdo com uma experiência similar a do usuário 1.
Soluções para acessar aplicações e conteúdos localizados em outra rede de telecomunicações que
não a do usuário são os contratos de trânsito IP ou os acordos de peering.
As diferenças entre estes dois modelos residem essencialmente nas formas de roteamento e de
troca de tráfego. Um acordo de trânsito IP consiste na contratação de uma capacidade e/ou volume
de tráfego, por meio do qual a rede provê ao contratante conectividade com todo o ecossistema
da Internet. Já um acordo de peering consiste em um arranjo por meio do qual duas redes trocam
tráfego entre elas.
Em um relacionamento de peering as partes irão anunciar as rotas que dão acesso a seus próprios
blocos de endereços IP e aos blocos de seus clientes, inclusive aqueles para os quais provê trânsito.
Já em um relacionamento de trânsito, o provedor de trânsito anunciará ao contratante todas as
rotas que ele conheça, assim como anunciará em todos os relacionamentos que possui que as
redes do contratante podem ser acessadas por meio dele.
Por não haver coordenação central das interconexões estabelecidas na Internet, subentende-se que
cada AS atuará com o incentivo de estabelecer o máximo de conectividade (peering + trâsito)
que lhe traga o maior ganho na relação custo/benefício. Isso significa que o porte e a escala
dos diferentes “AS” na Internet e a função que desempenham influenciará significativamente nas
relações que serão capazes de estabelecer e no poder de barganha que terão.
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Assim, o que define a Internet que existe atualmente é a interconexão entre diferentes “AS” que
utilizam um mesmo protocolo de roteamento para anunciar as rotas para a troca de tráfego entre
si, mas tem autonomia para estabelecer a própria política de roteamento.
Os Pontos de Troca de Tráfego (PTT), ou, no inglês, Internet Exchange Points – IXPs apareceram
como solução ao problema de escala no estabelecimento de interconexões na Internet.
A vantagem de um ISP em se ligar a um PTT está diretamente relacionada com a relação entre
o custo de investimento e o benefício obtido: um único link torna possível a conexão de um ISP a
inúmeros outros em detrimento do cenário de inúmeros links interligando inúmeros ISPs.
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O modelo de exploração comercial dos PTTs varia significativamente. Messano (2013, pág. 20)
aponta três modelos possíveis:
ii. Privado: uma empresa estabelece uma infraestrutura para troca de tráfego e passa a
cobrar pelos serviços prestados nessa instalação;
iii. Modelo misto: uma associação sem fins lucrativos estabelece um PTT e coopera
com equipamentos e a operação da infraestrutura, deixando o modelo econômico da
interconexão sob responsabilidade dos participantes.
Além dos benefícios financeiros, o modelo de interconexão nos PTT traz vantagens técnicas
relevantes para a qualidade percebida na Internet. Um modelo típico possível a um PTT é como
mostrado na figura a seguir.
A atuação do PTT tem a característica de manter em âmbito local o tráfego que pode ser trocado
localmente, o que em geral resulta em melhor desempenho e qualidade das conexões dos usuários
envolvidos na troca de tráfego.
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POR QUE ESTABELECER PTTs
PARA AS ORPAs DE INTERCONEXÃO
E DE TRANSPORTE DE DADOS
EM ALTA CAPACIDADE?
O SNOA foi criado no bojo do PGMC para ser o lócus exclusivo por meio do qual as empresas
designadas como detentoras de PMS na oferta atacadista comercializam determinados produtos.
No SNOA estão cadastrados os PTTs proprietários utilizados pelas empresas pertencentes a grupos
detentores de PMS para fins de oferta dos produtos relacionados à conectividade, e que foram
denominados, no âmbito do PGMC, de Interconexão para Trânsito de Tráfego de Dados e
Interconexão para Troca de Tráfego de Dados (peering).
A definição de mercado relevante é feita com o objetivo de identificar uma falha de mercado, que
é presumida, cujo custo fosse superior ao da intervenção governamental, ou da falha de Estado¹.
Dessa forma, o estabelecimento de normas provenientes de uma regulamentação adequada, com
objetivos claros de estímulo e promoção da concorrência, pode eliminar ou atenuar as falhas de
mercado.
O PGMC foi desenvolvido a partir dessa avaliação dos mercados nos quais se verifica a necessidade
de atuação da Agência quando do exercício de sua missão de incentivar e promover a competição
livre, ampla e justa no setor de telecomunicações, nas hipóteses em que a probabilidade de
exercício de poder de mercado por parte de Grupo detentor de PMS e em determinado mercado
relevante exige a adoção de medidas regulatórias assimétricas.
Em linhas gerais, a assimetria adotada ex-ante revela-se no incentivo aos PTTs em face da sua
relação com o Mercado de Transporte de Dados em Alta Capacidade e ao Mercado de Interconexão
de dados, uma vez que, no procedimento de identificação de tais mercados relevantes, verificou-se o
seguinte cenário:
1. OLIVEIRA, Gesner e RODAS, João Grandino, Direito e Economia da Concorrência: Ensinam esses autores que há quatro
fontes de falha de mercado: poder de mercado, informação assimétrica, bens públicos e externalidades. No tocante ao
poder de mercado, ressalte-se que uma das condições necessárias para que o funcionamento dos mercados produza uma
alocação eficiente de recursos é a de que os produtores sejam tomadores e não formadores de preços. Se as empresas
têm poder de influenciar os preços, deixa-se de obter os resultados de eficiência de um mercado competitivo.
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– em tais mercados há manutenção do risco de exercício de poder de mercado em um
horizonte de tempo não desprezível; e
Essas falhas decorrem de algumas características peculiares aos referidos mercados, destacando-se
o fato de que o insumo Interconexão de Dados é muitas vezes comercializado conjuntamente com
o Transporte de Dados e, de forma semelhante, à oferta de Transporte.
Constatada essa situação, verificou-se que na maior parte dos munícipios brasileiros, a Interconexão
de Dados somente é ofertada pela operadora de atuação nacional presente naquele espaço local
(município/localidade).
A partir desse cenário, no qual se observou falha no referido Mercado Relevante, observa-se que o
incentivo proposto no processo de revisão do PGMC visa à geração de estímulo à conectividade de
provedores aos PTTs que não detêm PMS, podendo-se, dessa forma, mitigar possíveis distorções
na oferta de varejo relacionada, contribuindo para a promoção da concorrência no mercado de
Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) local.
ESTABELECIMENTO DO PTT
Os PTT serão estabelecidos pela Anatel por meio de listagem anexa ao Ato a ser expedido pela
Superintendência de Competição (SCP), que levará em conta aspectos técnicos e econômicos na
sua elaboração, nos termos do supracitado Art. 29-A, §6º, do PGMC.
Do limite quantitativo
Do limite espacial
Da hipótese de empate
Ainda, se for preciso, será considerado o PTT que detiver o maior quantitativo de
provedores de conteúdo, CDN ou Cloud dos grupos: Google, Facebook, Microsoft, Globo,
Mercado Livre, UOL, Yahoo, Blogspot, Wikipedia, Netflix, Amazon, Akamai, Cloudfare, que
troca tráfego sem ônus em suas facilidades. Se necessário, será considerado o PTT que
detiver o maior quantitativo de Sistemas Autônomos habilitados a trocar trafego no mês
considerado pela Anatel.
Por fim, será considerado o PTT que permitir acesso remoto de modo a permitir a troca de
tráfego por meio de infraestrutura no próprio PTT.
Da pessoa jurídica
Dessa forma, os PTT que constarem da listagem anexa ao Ato da SCP integrarão oferta
constante do Sistema de Negociação de Oferta de Atacado (SNOA), sendo, portanto, objeto
da Oferta Atacadista de Transporte em Alta Capacidade por parte da prestadora detentora
de PMS nesse mercado, conforme previsão constante do PGMC.
O atendimento caberá ao Grupo com PMS que detiver rede de alta capacidade com fibra
no município de localização do PTT.
Para que iniciem a oferta, os PTT deverão observar as orientações para cadastramento no
SNOA.
Relativamente aos critérios para identificação e listagem dos PTT que constarão, inicialmente,
na oferta de atacado constante do SNOA, foram selecionados os seguintes requisitos,
concomitantemente:
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2 - Obtiver, em média, 10Gbps de troca de tráfego no mês considerado pela Anatel;
3 - Possibilitar a troca de tráfego sem ônus com pelo menos 3 (três) provedores de
conteúdo, CDN ou Cloud dentre os seguintes grupos: Google, Facebook, Microsoft,
Globo, Mercado Livre, UOL, Yahoo, Blogspot, Wikipedia, Netflix, Amazon, Akamai,
Cloudfare;
4 - Utilizar os protocolos TCP/IP nos modos Dual-stack IPv4/v6 (preferencial), IPv4 ou IPv6;
Assim, como forma de comprovar que atende aos critérios estabelecidos da Anatel, o PTT
interessado deverá:
2 - Indicar o número médio total de tráfego trocado pelos participantes (ASN) no mês
considerado pela Anatel, que deve ser passível de verificação por meio de consulta aberta
a sites (como, por exemplo: https://peeringdb.com ou similar);
3 - Indicar o número de participantes (ASN distintos) que trocaram tráfego no mês informado
de modo a demonstrar a habilitação dos mesmos para trocar tráfego no referido PTT. Tal
demonstração deve ser passível de verificação por meio de consulta a informações disponíveis
publicamente, tal como aquelas de sites como, por exemplo: https://peeringdb.com
ou similar; e
4 - Indicar quais os protocolos são utilizados e suportados no PTT para realização da troca de
tráfego, que deve ser passível de verificação por meio de consulta aberta em sites (como,
por exemplo: https://peeringdb.com ou similar).
Sob o aspecto temporal, o Ato de estabelecimento dos PTT indicará o período de revisão anual,
cabendo, ainda, a possibilidade de revisão excepcional e extemporânea, a critério da Anatel.
Após a identificação dos PTT aptos a constar no Ato de estabelecimento, este será publicado no
site da Anatel e no Diário Oficial da União, dando-se, portanto, ampla publicidade ao resultado.
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Superintendência
de Competição