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PERÍCIA

AMBIENTAL
ARBITRAL

Rogerio Reginato
Paulo Andrade
Elenice Rachid
Rachid Saab Barbosa
Gustavo Aveiro Lins
Thereza Cristina F. Camello
Camilo Pinto de Souza
Manoel Gonçalves Rodrigues
Laís Alencar de Aguiar
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Tainá Pellegrino Martins
Josimar Ribeiro de Almeida
2 CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC-A

Nunes, Rogério Reginato Alves.


A perícia ambiental judicial e a perícia ambiental arbitral na
resolução de conflitos ambientais / Rogério Reginato Alves Nunes,
Paulo Andrade, Tainá Pellegrino Martins, Josimar Ribeiro de
Almeida - 1. ed. - Rio de Janeiro: Rede Sirius, 2014.
72 p. : il.

ISBN 978-85-88769-69-69-4

1. Perícia ambiental. 2. Resíduos perigosos. I. Andrade, Paulo. II.


Martins, Tainá Pellegrino. III. Almeida, Josimar Ribeiro de. IV. Título.

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em diferentes áreas temáticas. Representa o trabalho de Pesqui-
sa, Magistério, Consultoria, Extensão e Auditoria de inúmeros pro-
fissionais de diversas instituições nacionais e extra-nacionais.
O objetivo da biblioteca é ser útil como instrumentação e base epis-
temológica dos Graduandos, Pós-graduandos e profissionais das
áreas pertinentes aos temas publicados. Por ser um material didá-
tico público poderá ter uso público especialmente para treinamen-
to, formação acadêmica e extensionista de alunos e profissionais.
Evidentemente que cada caso da BIBLIOTECA OUERJ deve
6
ser encarado dentro de um contexto a que foi inicialmente pro-
posto. Especialmente deve-se levar em conta as limitações vi-
gentes do estado d’arte, das circunstancias e da finalidade ini-
cial a que foi proposta. As derivações e extrapolações podem
ser adotadas desde que não se deixe de vislumbrar sempre,
estes limites de escopo inicial que norteou estes trabalhos.
Nós do OUERJ, agradecemos especialmente aos autores, a todos
os profissionais que compõem os Conselhos Editoriais, Executivos e
Consultivo do OUERJ. Agradecimento especial a REDE SIRIUS e a Pro
Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ que possibilita esta publicação.

Diretoria do OUERJ
SUMÁRIO
PREFÁCIO 8
1. CONFLITOS AMBIENTAIS 10
2. PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL 14
3.PERÍCIA AMBIENTAL ARBITRAL 20
4. ESTUDO DE CASO 26
4.1.VIA JUDICIAL 27
4.2.VIA EXTRAJUDICIAL 28
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTUDO DE CASO 31
6. OS RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE 36
6.1. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 36
6.2. LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS AOS PROCESSOS DE GRSS 7
37
6.3. CLASSIFICAÇÃO DOS RSS 41
6.4. MANEJO DOS RSS 43
6.5.. TRATAMENTO DOS RSS 50
6.6.. DESTINO CORRETO PARA O LIXO 51
6.6.1. ATERRO CONTROLADO 52
6.6.2. ATERRO SANITÁRIO 52
6.7. COLETA SELETIVA 53
LISTA DE IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS 60
REFERÊNCIAS 67
PREFÁCIO

O presente trabalho trata da utilização da perícia ambiental


judicial e da perícia ambiental arbitral na resolução de conflitos
ambientais, abordando seus aspectos mais relevantes. A impor-
tância de se estudar este tema está pautada na necessidade de
desenvolvimento de teorias e práticas para os atuantes da área,
viso que ainda é um tema escasso de materiais bibliográficos.
Para alcançar nossos objetivos, utilizamos a análi-
se das legislações pátrias e por ser um tema doutriná-
8
rio, fazemos uso também da pesquisa bibliográfica, vis-
to que ela nos permite conhecer as diferentes formas de
contribuição científica que se realizaram sobre o assunto.
Para tanto, adotamos uma abordagem qualitativa, pois não
empregamos dados estatísticos como centro do processo de
análise do nosso problema, e sim uma série de leituras sobre
o assunto, elaborando resenhas que descrevem minuciosa-
mente o que os autores ensinam, e a partir daí estabelecemos
uma série de correlações e construímos nosso ponto de vista.
Dessa maneira, as nossas fontes iniciais são di-
plomas legislativos, bem como a doutrina relacio-
nada ao tema, e as secundárias por sua vez são
periódicos. O método dedutivo foi utilizado, pela pos-
sibilidade de se fazer uso de um processo mental pelo
qual partimos de generalizações e conhecemos uma par-
te de algo. Por esse escopo, o leitor encontra num primei-
ro momento noções gerais sobre o amadurecimento da im-
portância do meio ambiente e os conflitos dele surgidos.
Em um segundo momento foi tecido comentários sobre a Perícia
Ambiental Judicial, através da sua conceituação e apresentação
de quando e como ela surge, demonstrando também quando a
mesma é necessária e em quais situações é indeferida pelo Juiz.
Posteriormente, analisamos a Perícia Ambiental Arbitral defi-
nindo-a, explicamos o que é a arbitragem como via extrajudicial
de resolução de conflitos, e as vantagens dessa em relação via
9
judicial. Abordamos a importância da especialização do arbi-
tro que assume a função de perito e de árbitro ao mesmo tem-
po, bem como surge à arbitragem e o papel do perito arbitral.
Por fim, apresentamos um estudo de caso no qual de forma sucinta
demonstramos a solução de um problema apresentado utilizando
a via judicial e a perícia ambiental judicial e a via extrajudicial por
meio da arbitragem com o auxílio da perícia ambiental arbitral.
CONFLITOS AMBIENTAIS

Questões ligadas ao Meio Ambiente tem sido o princi-


pal foco de discussão mundial nas últimas décadas, tornan-
do-se a preocupação de vários indivíduos, governos, empre-
sas e áreas de conhecimento específico. Essa preocupação
se justifica nos dias atuais pela degradação que o ser huma-
no vem causando no ecossistema (NEGRA; NEGRA, 2011).
Não se pode duvidar que a questão do meio ambiente tornou-se
a preocupação universal e definitiva no fim do século XX, ocupan-
10 do lugar cativo e preferencial na agenda dos organismos inter-
nacionais, nos programas de políticas públicas de todos os níveis
de governo, como também nas rotinas de militância das repre-
sentações da sociedade civil organizada (CASTRO, 2003, p.697).
No âmbito internacional podemos citar a Conferência das Nações
Unidas (CNU) sobre o Meio Ambiente e os Direitos Humanos,
realizado em 1972 pela Organização das Nações Unidas (ONU),
em Estocolmo na Suécia, na qual se realizou a aprovação do tex-
to da Declaração sobre o Meio Ambiente, instrumento que cons-
tam vinte e seis princípios a serem seguidos pelos signatários.
A tutela do ambiente em função da sadia qualidade
de vida é recente. A Declaração das Nações Unidas so-
bre o Ambiente, denominada “Declaração de Estocolmo”,
adotada na Conferência das gê-lo. Nesse contexto a ONU
Nações Unidas, em Estocolmo, realizou a Conferência RIO 92,
em 1972, reconheceu expres- na cidade do Rio de Janeiro,
samente no Princípio 1 o cará- que permitiu a construção de
ter de direito fundamental do diretrizes a fim de orientar a
ambiente ao declarar que “O elaboração de futuros tratados
homem tem o direito funda- internacionais. Outra impor-
mental à liberdade, à igualda- tante reunião foi a Conferência
de e ao desfrute de condições do Clima das Nações Unidas,
de vida adequada em um meio realizada em 1997 em Qui-
cuja qualidade lhe permite le- to, no Japão, dando origem ao
var uma vida digna e gozar protocolo internacional sobre
11
de bem-estar e tem a solene a redução de emissão de ga-
obrigação de proteger e me- ses geradores do efeito estufa.
lhorar esse meio para as ge- Diante deste cenário, nos últi-
rações presentes e futuras”(S- mos anos a humanidade vem
CALASSARA, 2006, p.26). discutindo cada vez mais a
A partir da referida con- problemática ambiental, re-
ferência o direito ambiental pensando o mero crescimento
passa a ser observado pela econômico e buscando alterna-
maioria das nações, como sen- tivas de preservação do meio
do um direito de todos e impon- ambiente. Aliás, não se pode ol-
do ao Estado, à coletividade e vidar que a convivência dos ho-
ao cidadão o dever de prote- mens em sociedade implica na
coexistência de diversos in- pagação de graves doenças
teresses, nem sempre con- infecto-contagiosas (além da
vergentes e que, na maioria nova descoberta de doenças
das vezes, geram conflitos de desse tipo), a perda ou esteri-
interesses, cada vez mais fre- lização dos solos agrícolas por
quentes, sobretudo, na área causa de práticas predatórias,
ambiental (SARTORI, 2011). os males dos grandes mono-
A gênese do conflito é o cultivos agrícolas, o desmata-
ponto de vista e os interes- mento, o esfeito-estufa, a fra-
ses diversos, que cada par- gilização da camada de ozônio,
te busca a prevalência em os riscos da tecnologia nucle-
12
detrimento de outra parte. ar, as ameaças à biodiversida-
Dentre os principais proble- de e assim com relação a qua-
mas em torno da natureza e se todos os recursos naturais”
que podem gerar conflitos so- (THEODORO, 2005. p.54).
cioambientais, destacam-se: Surgido o conflito ambiental
“a finitude e eventual escas- a solução pode ser executada
sez de alguns bens (petróleo, tanto pela via jurisdicional, ou
água potável, peixes), a polui- seja, o problema será resolvido
ção atmosférica e aquática, a através da atuação do Estado
contaminação por substâncias por meio do Poder Judiciário; ou
tóxicas, a extinção de espécies pela via extrajudicial, utilizan-
e a redução de seus hábitats do-se de institutos colocados
naturais, a aceleração da pro- a disposição das partes como
a mediação e a arbitragem. senta inúmeras vantagens
A escolha pela via judicial por sobre o tradicional meio ju-
muitas vezes, está relaciona- risdicional de pacificação so-
da à necessidade de conheci- cial, destacando, dentre elas,
mentos técnicos específicos a celeridade na resolução dos
sobre determinado tema. No conflitos.(SARTORI,2011,p.93).
presente caso, sobre questões Assim, na via extraju-
ambientais, o poder judiciário dicial, entre outras formas de
tende a recorrer ao auxílio de resolução de conflitos, temos a
especialistas que irão atuar arbitragem ambiental na qual
no processo e dar o seu pare- ocorrerá uma perícia arbitral
cer técnico que será observa- ambiental manejada pela fi-
13
do pelo juiz para firmar o seu gura do árbitro e do perito, na
convencimento. Tal parecer é mesma pessoa, que após ana-
realizado por meio de uma pe- lisar todos os nuances do caso
rícia ambiental, através de um concreto irá emitir o seu po-
ou mais especialistas na área sicionamento visando elidir o
ambienta, que analisarão o conflito surgido entre as partes.
problema sob a ótica ambien-
tal e elaborarão o seu parecer.
A resolução dos conflitos pela
via extrajudicial tem se apre-
sentado como um mecanis-
mo importante, pois apre-
PERÍCIA AMBIENTAL JUDICIAL

A Perícia Ambiental Judicial é uma espécie de pe-


rícia judicial, determinada pelo juiz durante o trâmite de
uma ação judicial, sendo um instrumento de prova que ob-
jetiva esclarecer fatos que exijam um conhecimento técni-
co específico para a sua exata compreensão (NEVES, 2009,
p. 404), pois não se pode exigir do magistrado conhecimen-
to pleno a respeito de todas as ciências humanas e exatas.
Em todas as áreas técnico-científicasdo setor humano, sobre as
14
quais o conhecimento jurídico do magistrado não é suficiente
para emitir opinião técnica a respeito, faz-se necessário uma perí-
cia para apurar circunstâncias e/ou causas relativas a fatos reais,
com vistas ao esclarecimento da verdade (ALMEIDA, 2011, p.21).
De forma mais técnica a NBR (Norma Brasileira Re-
gulamentar) 14653-1: 2011 define a perícia como:
Atividade técnica realizada por profissional com qualifica-
ção específica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o
estado de um bem, apurar as causas que motivaram deter-
minado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos.
Nesse contexto, a Perícia Ambien-
tal, como espécie de perícia, tem como
objeto de estudo o meio ambiente, nos seus aspectos abi-
óticos, bióticos e socioe- tuações em que a mesma é
conômicos, abrangendo a desnecessária, traz o procedi-
natureza e as atividades hu- mento que deve ser observa-
manas (ALMEIDA, 2011). do para a realização da prova
A atividade pericial na área pericial. No tocante a necessi-
ambiental é regida pelo Có- dade de produção desse tipo
digo de Processo Civil, como de prova o art. 420, parágra-
as demais modalidades de fo único do CPC, prescreve:
perícia, submetida à mesma Art. 420. A prova pe-
prática forense, mas que, por ricial consiste em exa-
atender a demandas especifi- me, vistoria ou avaliação.
cas advindas das questões am- Parágrafo único. O juiz in-
15
bientais, se desenvolverá sob deferira a perícia quando:
o suporte da legislação tutelar I – a prova do fato não depen-
ambiental, designada a Legis- der do conhecimento especial
lação Ambiental, que regula- de técnico; II – for desneces-
menta a proteção ambiental sária em vista de outras pro-
em níveis Federal, Estadual e vas
Municipal, no âmbito do Direi- produzidas;III – a verificação
to Ambiental (ARAUJO, 1999, for impraticável.
apud ALMEIDA, 2011, p.35). A prova pericial é o meio
O Código de Proces- mais complexo, demorado e
so Civil além de definir o que caro entre todo o sistema de
seja perícia e de indicar as si- prova, e dessa maneira deve
ser admitido para as hipóte- ção chamada de contestação.
ses em que se faça necessário Apresentada a contestação o
e indispensável contar com o juiz intima o requerente/au-
auxílio de um especialista. Isso tor para apresente a réplica
porque o objetivo da norma é que é a manifestação sobre a
determinar a dispensa da pro- contestação. Após essas mani-
va pericial sempre que o escla- festações o juiz se manifestará
recimento e compreensão dos sobre o que foi argumentado
fatos exigir tão somente um pelas partes e sobre todos os
conhecimento comum à pes- documentos até o momen-
soa de cultura média (NEVES, to colacionado no processo e
16
2009). Então quando surge observará a necessidade de
a perícia ambiental judicial? produção da prova pericial.
Conforme Almeida (2011) A perícia surge nor-
havendo um conflito entre malmente em decorrência de
duas ou mais partes esse con- uma demanda, por iniciativa
flito é levado ao poder judici- de uma das partes interes-
ário por meio de uma petição sadas na busca de provas de
inicial. Recebida a petição o atos e fatos por ela levantados
juiz verifica a sua regularida- para fundamentar um direi-
de e determina a citação da to pleiteado. A perícia pode
parte requerida/ré para que ainda surgir por iniciativa
apresente a sua defesa o que do juiz, para conhecimento e
é feito por meio de uma peti- esclarecimento de atos e fa-
tos (ALMEIDA, 2011, p.21). do, conforme determinação
Constatada a necessidade da do juiz, em inquirição em au-
prova pericial seja por pedi- diência ou por escrito (lau-
do das partes, seja por inicia- do) (ALMEIDA, 2011, p.30).
tiva do juiz, este indicará um Conforme Neves (2009), o CPC
perito que deverá possuir co- dispensa a produção da prova
nhecimentos na área que será pericial sempre que as partes,
objeto da perícia, no caso a na inicial e na contestação,
área ambiental, bem como fi- apresentarem pareceres técni-
xará o prazo para a entrega cos ou documentos que o juiz
do laudo pericial, o valor dos considere elucidativos a respei-
honorários bem como os pon- to das questões de fato. Nesse
17
tos necessários para a com- contexto Almeida (2011) res-
preensão da matéria posta salta que na maioria dos casos
em discussão (NEVES, 2009). envolvendo questão ambiental
A atuação do perito é as ações judiciais já estão bem
exercida no sentido de satis- instruídas com laudos e rela-
fazer a finalidade da perícia, tórios, produzidos por órgão
verificando fatos relaciona- de controle e administração
dos à matéria em questão, ambiental como as Secretarias
certificando-os, apreciando- do Meio Ambiente e IBAMA,
-os ou interpretando-os. Seu que demonstram a ocorrência
parecer técnico, resultante do dano/impacto ambiental,
da perícia, será apresenta- motivo pelo qual é desneces-
sária a realização da perícia influencia nessa escolha, que
nessa situação. Entretanto, podem no máximo sugerir no-
a realização pode ser neces- mes ao juiz cabendo a este a
sária no intuito de verificar o escolha final. Assim, escolhi-
tamanho do dano ou as for- do o perito e este aceitando
mas de minorá-los, bem como as partes são intimadas para
quantificá-lo para arbitrar um apresentarem os quesitos que
valor para a sua reparação. deverão ser respondidos pelo
Percebe-se então que o juiz perito, que no prazo fixado pelo
admitirá a perícia em função Juiz deverá apresentar o laudo
da necessidade de conhe- pericialque aliado às demais
18
cimentos técnicos ou espe- provas existentes nos autos
cíficos do fato provando. A irão formar o convencimento
requisição desta perícia pode do juiz para que este tome a
se dever ao requerimento das sua decisão pondo fim ao con-
partes ou por sua própria de- flito que havia se instaurado.
liberação, devido à conveniên- Conclui-se que a prova pericial
cia ou necessidade (ALMEIDA, é de fundamental importân-
2011, p.27). cia no sentido de se confirmar,
Neves (2009) ressalta cientificamente, a ocorrência
que o ordenamento jurídico do dano e a apuração de sua
brasileiro adotou o sistema real extensão ambiental. Ela é
de escolha do perito pelo pró- fundamental para que o juiz
prio juiz, não tendo as partes tenha convicção no julgamento
da procedência do pedido do
autor e possa determinar, se for
o caso, a cessação da atividade
ou conduta lesiva, a reconsti-
tuição do bem lesado, ou, se
impossível a reconstituição, a
indenização em dinheiro equi-
valente ao prejuízo constata-
do, a ser revertida a um fundo
para recuperação dos bens le-
sados (ALMEIDA, 2011, p.34).

19
PERÍCIA AMBIENTAL ARBITRAL

A perícia arbitral é realizada no juízo arbitral, instân-


cia criada pelas partes, cujo perito será o árbitro e enquan-
to árbitro é o juiz de fato, e sua atividade é arbitragem, e
embora não seja judicialmente determinada, tem valor de
perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as regras
serão determinadas pelas partes (NEGRA; NEGRA, 2001).
Nesse sentido, denomina-se arbitragem a via de solução de
conflito, alternativa ao sistema jurisdicional estatal, na qual
20
um decisor é o árbitro, escolhido pelas partes, a quem se atri-
bui a função de resolver o conflito segundo as regras, critérios e
procedimentos por elas autorizados (FRAGUETTO, 2006, p.5).
Com efeito, [...] se comparada à prestação jurisdicional estatal,
a arbitragem pode reduzir os custos de transação da prestação
jurisdicional. Em primeiro lugar, em razão da agilidade com
que é concluída. O procedimento arbitral não está sujeito à
rigidez dos processos judiciais, não se submete ao regime dos
infindáveis recursos a instâncias superiores, e os árbitros, não
raro, contam com a infra-estrutura necessária para que suas
decisões sejam tomadas com grande rapidez. Na prestação
jurisdicional estatal, o tempo de espera por uma decisão defini-
tiva gera alto custo para as partes, que ficam privadas dos bens
ou direitos litigiosos durante vérsia vir a decidir sobre o
todos os anos que precedem o conflito (FRAGUETTO, 2006).
efetivo cumprimento da de- A especialização permite, as-
cisão transitada em julgado. sim, a redução dos erros nas
Nesse caso, as partes arcam decisões arbitrais. Em tese,
com o custo de oportunidade apesar de todos os procedi-
decorrente da privação dos mentos estarem sujeitos a
bens e direitos disputados em erros, a probabilidade de o
Juízo (PUGLIESE; SALAMA, árbitro especializado decidir
2008). de forma equivocada, por não
No caso da perícia ar- conhecer a matéria discutida,
bitral ambiental, o árbitro es- é menor. Vê-se que uma das
21
colhido irá cumular a função vantagens da arbitragem é a
de perito e técnico ao mesmo possibilidade de utilização de
tempo, isto é, utilizando dos árbitros que tenham familiari-
seus conhecimentos ele irá dade com a matéria objeto da
proferir uma decisão ao con- controvérsia. Ao contrário do
flito surgido entre as partes, juiz estatal, o árbitro pode ter
assim, a arbitragem pode reve- formação específica em área
lar-se como modo de obtenção técnica que interessa direta-
da solução justa, pelo fato de, mente ao objeto da arbitragem
à escolha conjunta das partes (PUGLIESE; SALAMA, 2008).
do caso concreto, um expert Deste modo, [...] a finalidade
na matéria objeto da contro- da arbitragem está ligada á
possibilidade de a solução da a depender do caso concreto,
controvérsia poder decorrer como a Lei de Crimes Ambien-
de um processo de conven- tais (Lei 7.347/1985), o Códi-
cimento de um terceiro (que go de Processo Civil Brasileiro,
não seja representante do o Código Penal Brasileiro, a
Poder Judiciário no exercício Constituição Federal, as nor-
de sua função estatal) que, mas regulamentares (NBR).
segundo a vontade manifesta Desta forma, como é que surge
das partes, foi identificado, de a perícia ambiental arbitral?
comum acordo, como sendo Segundo Pugliese e Salama
a pessoa adequada para ser o (2008) os indivíduos podem
22
julgador que elegem à reso- optar pela arbitragem em dois
lução da causa (FRAGUETTO, momentos: antes ou depois do
2006, p.5). surgimento da disputa. Dá-se
O árbitro perito deve o nome de arbitragem ex ante
observar não somente as facto ao acordo para realiza-
questões técnicas de cada ção de arbitragem celebrado
caso específico, mas também “antes” do surgimento da dis-
as normas legais a ele aplica- puta (notadamente, a nego-
das. Ressalta-se que a perí- ciação de cláusula arbitral) e,
cia arbitral obedece a Lei de ao acordo para realização de
Arbitragem e Mediação (Lei arbitragem celebrado após o
9.307/1996) e as demais nor- surgimento de controvér-
mas legais e regulamentares, sias, dá-se o nome de ar-
bitragem ex post facto. submeter à arbitragem os lití-
A arbitragem, uma vez gios que possam vir a surgir,
prevista, materializa-se pela relativamente a tal contrato.
convenção de arbitragem, da Art. 9º O compromisso arbi-
qual é espécie a cláusula com- tral é a convenção através da
promissória, pactuada antes qual as partes submetem um
do conflito, que pode ser ratifi- litígio à arbitragem de uma
cada na forma cheia (com pre- ou mais pessoas, podendo
visão de todo o procedimento) ser judicial ou extrajudicial.
ou vazia ou em branco (sem Na hipótese de
maiores menções); e o com- cláusula compromissá-
promisso arbitral, efetivado ria, as partes envolvidas
23
depois de surgido o conflito, previamente se comprometem
sempre na forma cheia. (ROSA; a submeter qualquer litígio fu-
CACHAPUZ, 2012, p.155). turo à eventual arbitragem, as-
Tal entendimento se depreen- sim, surgindo o litígio a forma
de da Lei de Arbitragem que de instauração da arbitragem
apresenta duas formas de con- dependerá muito do que as
venção, a cláusula compromis- partes estabeleceram no con-
sária e o compromisso arbitral. trato. Isso porque, a lei esta-
Art. 4º. A cláusula compro- belece que a cláusula compro-
missária é a convenção atra- missária deva ser estipulada
vés da qual as partes em um por escrito. Já na hipótese de
contrato comprometem-se a compromisso arbitral o início
do procedimento se da com a quando as partes nomearem
assinatura do compromisso ar- árbitros em número par estes
bitral que deverá obedecer ao estão autorizados a nomear
que as partes estabelecerem. mais um para que fique em
Pode-se perceber que a ins- número ímpar. Tal fato é de ex-
tauração do juízo arbitral é trema importância, pois caso
mais simples quando as par- contrário o impasse não será
tes celebram o compromisso. solucionado devidamente.
Isso porque, neste caso, já há Conforme ocorre na perícia
o litígio e uma comunhão de judicial, na perícia arbitral o
vontades de ambas as par- árbitro, que como visto será
24
tes que decidem submeter à um especialista, após anali-
questão à arbitragem naquele sar as alegações de ambas as
momento. As peculiaridades partes, irá realizar seu tra-
e detalhes de cada forma de balho técnico, analisando o
convenção não serão trata- caso concreto e logo após irá
das nesse trabalho tendo em apresentar as suas conclusões
vista que o mesmo apresenta através de um laudo arbitral
apenas uma visão geral dessa que será apresentado às par-
forma de solução e conflito. tes e com base nos critérios
Instaurado o procedimento adotados para a solução do
cabe agora a nomeação dos conflito irá apresentar a solu-
árbitros que será sempre em ção para o conflito instaurado.
número impar, sendo que Na perícia ambiental judicial
é de extrema importância que em meio ambiente é corrobo-
o árbitro seja um perito espe- rado pelo atributo de que o
cialista no assunto ambiental, objeto da controvérsia levada
Isso em razão da sua capaci- à arbitragem pela categoria
dade em discernir, no detalhe, de conteúdo material comen-
os efeitos de determinados fe- tada esteja relacionada ao
nômenos sobre processo anti- interesse jurídico de proteção
-desenvolvimento sustentável das condições de equilíbrio
causadores de transformação ecológico (FRAGUETTO, 2006,
negativa dos ecossistemas, ao p.34).
lado das maneiras de tratamen-
to, viáveis e previstas no siste-
25
ma convencional de acordos
ambientais multilaterais, para
o retorno de equilíbrio ecológi-
co (FRAGUETTO, 2006, p.17).
Percebe-se claramente
que, [...] o uso da arbitragem
ambiental está condicionada
à formação de um método
de solução de controvérsias
mediante o qual a caracterís-
tica de ter sido previamente
eleito um árbitro especialista
ESTUDO DE CASO

Para facilitar a explanação dos assuntos aqui trata-


dos iremos utilizar um cenário base que irá servir de análi-
se prática. Suponhamos que em determinada região há uma
grande quantidade de indústrias, havendo duas indústrias,
químicas responsáveis pela produção de fertilizantes, indús-
tria A e indústria B, onde são gerados efluentes líquidos, ga-
sosos e resíduos sólidos que devem ser tratados de manei-
ra adequada para não causar sérios danos ao meio ambiente.
26
Conforme Almeida (2011) nos efluentes hídricos, comu-
mente se encontram sólidos suspensos, nitrato e nitrogê-
nio orgânico, fósforo, e potássio, o que resulta alta con-
centração de DBO (demanda bioquímica de oxigênio).
[...] quando se lança esgoto, contendo matéria orgânica, em
um corpo d’água, aumenta-se a demanda de oxigênio ne-
cessário às bactérias, para decompô-la. Essa necessidade é
expressa por um parâmetro denominado de Demanda Bio-
química de Oxigênio (DBO), o qual expressa a quantidade
de oxigênio a ser utilizada pelos microrganismos, durante a
oxidação aeróbia da matéria orgânica (MOTA, 2010, p.170).
Suponhamos agora que foram encontrados diversos pei-
xes mortos em uma lagoa próxima as indústrias A e B, sendo que
essa lagoa recebe os efluen- indústrias A e B pela prática
tes provenientes dessas duas de suposto crime ambiental.
indústrias de fertilizantes. As indústrias foram citadas
Houve uma denúncia, o órgão para se manifestarem e ambas
ambiental responsável cole- apresentaram contestação ale-
tou amostras e verificou alta gando que sua planta indus-
concentração de DBO e cons- trial segue todas as normas
tatou que a morte dos peixes determinadas pela legislação
deu-se em razão da falta de oxi- e que o problema é provenien-
gênio da água decorrente da te de sua concorrente. Diante
quantidade de substâncias en- do caso, como o Juiz não tem
contradas na água muito pro- conhecimentos técnicos na
27
vavelmente decorrentes das área ambiental, e verificando
indústrias de fertilizantes da a necessidade de mais deta-
região. Diante desse cenário a lhes, nomeou um perito am-
solução para o problema pode biental para que analisasse as
ser resolvido tanto pela via ju- duas indústrias e verificasse
dicial quanto pela extrajudicial. se as mesmas estavam dentro
dos padrões legais, bem como
Via judicial qual das duas estavam lan-
Com base da fiscalização çando efluentes sem o devido
e no laudo do órgão ambien- tratamento na lagoa causan-
tal o Ministério Público ajui- do a mortandade dos peixes.
zou ação judicial indiciando as Após a realização da perícia
foi apresentado o laudo que mas de resolução de conflitos.
constatou que realmente há Tomando conhecimento do
alta concentração de DBO foi laudo ambiental apresenta-
à responsável pela mortalida- do pelo órgão ambiental que
de dos peixes e que a indústria não pode determinar qual
A obedecia todas as normas e das duas indústrias era a res-
tratava os efluentes de manei- ponsável pela mortalidade
ra correta, o que não acontecia dos peixes decorrente da alta
com a indústria B. Com base no concentração de DBO, as in-
laudo o juiz proferiu a senten- dústrias A e B evitando elidir
ça condenando a indústria B a o conflito surgido e objetivan-
28
readequar a sua planta indus- do saber qual das duas indús-
trial bem como a recuperar a trias de fato estavam causando
população de peixes na lagoa. o problema, firmaram com-
promisso arbitral que deverá
Via extrajudicial obedecer a lei de arbitragem.
Na via extrajudicial a Firmado o compromisso cada
solução para o conflito se da uma escolheu o seu perito am-
de forma diferente. Ressal- biental, que realizou a perícia
tamos que aqui se trata ape- e apresentou o seu laudo am-
nas de um exemplo de forma biental arbitral. Ressalta-se
sucinta que visa apenas de- que no compromisso arbitral
monstrar de uma forma cla- ficou acordado que os peritos
ra a aplicação das duas for- teriam amplo acesso a plan-
ta industrial das indústrias do pelo perito da indústria A.
no intuído de verificar toda a
regularidade e procedimento Os laudos ambientais peri-
de fabricação dos fertilizan- ciais foram apresentados as
tes. O laudo ambiental arbi- indústrias de fertilizantes que
tral apresentado pelo perito os aceitaram pondo então
da indústria A constatou que a fim ao conflito surgindo en-
planta industrial desta estava tre ambas no sentido de saber
conforme a legislação vigente qual das duas estavam provo-
e que todos os cuidados eram cando a alta concentração de
tomados no intuito de se evi- DBO que causou a mortalida-
tar que os efluentes hídricos de dos peixes, tendo a indús-
29
contaminassem a lagoa, bem tria B se comprometido junto
como constatou que a siste- ao órgão ambiental e ao Mi-
ma de tratamento biológico nistério Público a regularizar
dos efluentes realizados pela o seu sistema de tratamento
indústria B estava inoperan- biológico de seus efluentes
te o que provocou a alta con- hídricos bem como a introdu-
centração de DBO na lagoa e a zir peixes na lagoa no intuito
consequente mortalidade dos de reparar o dano causado.
peixes. O laudo ambiental ar- Perceba-se que o caso
bitral apresentado pelo perito aqui apresentado é apenas
da indústria B também chegou para explanação, sendo que
a mesma conclusão apresenta- na prática é possível que após
a apresentação dos laudos
ambientais arbitrais as con-
clusões apresentadas pelo(s)
perito(s) não seja aceita por
uma das duas partes, deven-
do nesse caso verificar as o
que ficou acordado no com-
promisso ou cláusula arbitral.

30
OBJETIVOS ESPECIFICOS
DO ESTUDO DE CASO

Todos os resíduos gerados devem ser destinados de


forma correta a fim de que sejam evitados os efeitos negati-
vos que eles podem ter no meio ambiente, como a poluição
de rios e do solo, e mesmo na saúde das pessoas já que po-
dem ser responsáveis pela transmissão de diversas doenças.
Os chamados serviços de saúde, categoria que engloba hospi-
tais, clínicas, consultórios médicos, pronto socorro e unidades
básicas de saúde, geram os mais variados tipos de resíduos
31
que são classificados de acordo com o grau de periculosidade
que oferecem aos profissionais da saúde e ao meio ambiente e
não podem ter o mesmo destino dos resíduos gerados nas re-
sidências. Entre as fontes de degradação ambiental, os resídu-
os sólidos gerados na área de saúde, representam uma pecu-
liaridade importante, quando gerenciados inadequadamente
(TAKAYANAGUI, 1993; CORRÊA et al, 2005b; MENDES; 2005).
No Brasil, o movimento para um gerenciamento diferenciado
dos RSS vem ganhando força rapidamente, mas ainda é falho,
com deficiências em vários aspectos, desde problemas opera-
cionais até econômicos. Os principais agravos gerados pelo ina-
dequado manejo do RSS são entre outros: acidentes provocados
por objetos perfurocortantes pública e um item relevante
nos indivíduos que realizam em termos de saneamento
a limpeza hospitalar nos es- ambiental (BRANDT, 2002).
tabelecimentos de serviço de Resíduos de Serviços de Saúde
saúde, riscos de infecções nos (RSS) são aqueles resultantes
indivíduos que manipulam os de atividades exercidas nos
resíduos para recuperar os estabelecimentos prestadores
materiais descartados e in- de serviço de saúde, tais como:
fecções hospitalares devido hospitais, clínicas médicas, clí-
ao manejo inadequado des- nicas veterinárias, farmácias,
ses resíduos pelos profissio- drogarias, consultórios médi-
32
nais da área da saúde (GAR- cos, consultórios odontológi-
CIA e RAMOS, 2004; ZELTZER, cos, laboratórios de análises,
2004; TAKADA, 2003). bancos de sangue e demais es-
Nesse contexto, pela presen- tabelecimentos similares, que
ça de agentes patogênicos, por suas características, neces-
pelo risco que representam a sitam de processos diferencia-
saúde pública e pela falta de dos em seu manejo, exigindo
um gerenciamento específi- ou não tratamento prévio a sua
co nas instituições de saúde, disposição final (Brasil, 2005).
o correto manejo dos Resí- É necessária uma conscienti-
duos de Serviços de Saúde, zação por parte das pessoas
constituem um elemento fun- que manipulam esses resídu-
damental nas ações de saúde os, seja através da adequação
as normas regulamentadoras as legislações pertinentes ao
e legislações mais rígidas ou assunto, de âmbito federal:
até por pressões de órgãos a) A RDC nº 306 de 07 de
governamentais mais exi- dezembro de 2004 que é uma
gentes. Neste contexto, a ges- Resolução da Diretoria Co-
tão ambiental torna-se uma legiada, da Agência Nacional
questão estratégica para as da Vigilância Sanitária que
instituições, pois, além de ser dispõe sobre o regulamento
uma maneira das instituições técnico para o gerenciamen-
hospitalares demonstrarem to de resíduos de serviços de
aos seus clientes que almejam saúde que leva em conside-
cumprir a legislação ambien- ração princípios de Biossegu-
33
tal, e que adotam a mesma no rança, empregando medidas
sentido de prevenir os impac- técnicas e normativas, na pre-
tos negativos das etapas do venção de acidentes, preser-
processo, é a oportunidade da vação da saúde pública e do
instituição verificar os pon- meio ambiente, com aborda-
tos onde podem estar ocor- gem sobre a Capacitação dos
rendo desperdícios e promo- funcionários envolvidos no
ver uma grande economia no processo de GRSS em regi-
processo (GÜTTLER, 2005). me de Educação Permanente.
Existem três pilares bási- b) A Resolução nº
cos para um eficaz Gerencia- 358/2005 do Conselho Nacio-
mento do RSS e referem-se nal do Meio Ambiente (CONA-
MA) que dispõe sobre o trata- sólidos de serviço de saúde é o
mento e a disposição final dos conhecimento das principais
resíduos de serviços de saúde, normas, leis, decretos e resolu-
objetivando a minimização dos ções que vigoram no país aliado
riscos ocupacionais nos am- a educação ambiental e princi-
bientes de trabalho, proteção a palmente, ao treinamento dos
saúde do trabalhador e da po- profissionais da área da saúde.
pulação em geral, a redução de Este trabalho trata-se de uma
resíduos gerados na fonte e so- avaliação do Gerenciamen-
lução considerada para fins de to de Resíduos de Serviço de
tratamento e disposição final. Saúde - GRSS de um hospital
34
c) A Norma Regulamenta- de médio porte do Município
dora 32 (NR-32) do Ministério de Santo Antônio de Jesus –
do Trabalho, que prevê a im- Bahia, que visa contribuir para
plementação de medidas de potencializar o cumprimento
proteção a segurança e a saú- das principais normas referen-
de dos trabalhadores em esta- tes aos resíduos, ampliando
belecimentos de assistência a as oportunidades de adequa-
saúde, e das pessoas que exer- ção, a partir das necessida-
cem atividades de promoção e des de saúde locorregionais.
assistência a saúde em geral. Nosso objetivo geral é analisar
Um caminho para solu- o Gerenciamento de Resíduos
cionar as questões de manu- de Serviço de Saúde – GRSS,
seio e tratamento dos resíduos bem como o cumprimento das
principais normas referentes
aos resíduos em um hospital
de médio porte do Município
de Santo Antônio de Jesus - BA.
Nossos objeti-
vos específicos são:
• Conhecer a problemática
que atinge o estabelecimento;
• Realizar compara-
ção entre práticas e normas;
• Apresentar soluções
para eliminar ou pelo menos
35
minimizar os efeitos dos pro-
blemas do descarte do Re-
síduo do Serviço de Saúde.
OS RESÍDUOS DOS
SERVIÇOS DE SAÚDE

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
Conforme a Resolução da Diretoria Colegiada, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA - RDC nº 306, o geren-
ciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS) é constituído
por um conjunto de procedimentos de gestão. Estes procedi-
mentos são planejados e implementados a partir de bases cien-
tíficas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimi-
36
zar a produção de resíduos de serviços de saúde e proporcionar
aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma
eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação
da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.
O gerenciamento inicia pelo planejamento dos recur-
sos físicos e dos recursos materiais necessários, culmi-
nando na capacitação dos recursos humanos envolvidos.
Toda unidade de saúde geradora deve elaborar um Pla-
no de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde -
PGRSS, baseado nas características dos resíduos gerados.
O PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas fede-
rais, estaduais e municipais, e ainda deve estar de acordo com os
procedimentos institucionais de biossegurança, relativos à cole-
ta, transporte e disposição final. Determina que as empresas
que possuam empregados re-
LEGISLAÇÕES gidos pela Consolidação das
APLICÁVEIS AOS Leis do Trabalho - CLT devem
PROCESSOS DE GRSS manter, obrigatoriamente,
• Resolução – RDC nº Serviços Especializados em
50 – 21 de fevereiro de 2002 Engenharia de Segurança e em
Dispõe sobre o regulamento Medicina do Trabalho, com a fi-
técnico para planejamento, nalidade de promover a saúde
programação, elaboração e e proteger a integridade do tra-
avaliação de projetos físicos de balhador no local de trabalho.
estabelecimentos assistenciais • NR-5 – Comis-
37
de saúde. Resolução com alte- são Interna de Preven-
rações feitas em 2002 e 2008. ção de Acidentes - CIPA
• RDC nº 306, de 7 Determina que as organiza-
de dezembro de 2004 ções devem constituir uma Co-
Dispõe sobre o Regula- missão Interna de Prevenção
mento Técnico para o ge- de Acidentes – CIPA – com ob-
renciamento de resídu- jetivo de prevenir acidentes e
os de serviços de saúde. doenças decorrentes do tra-
• NR-4 – Serviços Es- balho, de modo a tornar
pecializados em Enge- compatível permanente-
nharia de Segurança e mente o trabalho com a pre-
em Medicina do Trabalho servação da vida e a promo-
ção da saúde do trabalhador. como empregados, do Pro-
• NR-6 - Equipamen- grama de Controle Médico de
to de Proteção Individual Saúde Ocupacional - PCMSO,
Determina a obrigatoriedade com o objetivo de promoção e
das organizações em fornecer preservação da saúde do con-
aos empregados, gratuitamen- junto dos seus trabalhadores.
te, Equipamento de Proteção • NR-9 - Programa de Pre-
Individual – EPI, adequado ao venção de Riscos Ambientais
risco, em perfeito estado de Estabelece a obrigatoriedade
conservação e funcionamento. da elaboração e implemen-
Considera-se EPI, todo disposi- tação, por parte de todos os
38
tivo ou produto, de uso indivi- empregadores e instituições
dual utilizado pelo trabalhador, que admitam trabalhadores
destinado à proteção de riscos como empregados, do Progra-
suscetíveis de ameaçar a segu- ma de Prevenção de Riscos
rança e a saúde no trabalho. Ambientais - PPRA, visando
• NR-7 - Progra- à preservação da saúde e da
ma de Controle Médi- integridade dos trabalhado-
co de Saúde Ocupacional res, através da antecipação,
Estabelece a obrigatoriedade reconhecimento, avaliação
de elaboração e implemen- e consequente controle da
tação, por parte de todos os ocorrência de riscos ambien-
empregadores e instituições tais existentes ou que ve-
que admitam trabalhadores nham a existir no ambiente de
trabalho, tendo em conside- renciamento de Resíduos de
ração a proteção do meio am- Serviços de Saúde - PGRSS.
biente e dos recursos naturais. Somente, a partir de 1993, a
• NR-32 - Seguran- Associação Brasileira de Nor-
ça e Saúde no Traba- mas Técnicas - ABNT, insti-
lho em Serviços de Saúde tuição privada, formou uma
Tem por finalidade estabele- Comissão de Estudos de RSS,
cer as diretrizes básicas para composta por profissionais de
a implementação de medi- diversas áreas, que implantou
das de proteção à segurança a primeira normatização técni-
e à saúde dos trabalhadores ca específica para os RSS, dan-
dos serviços de saúde, bem do suporte às resoluções, tanto
39
como daqueles que exercem da ANVISA como do CONAMA.
atividades de promoção e as- Estão apresentadas, a
sistência à saúde em geral. seguir, as principais resolu-
• Instrução Normativa Nº. ções, então estabelecidas, que
001, de 12 de fevereiro de 2008 descrevem detalhadamente
Estabelece atribuições ao Po- as etapas do manejo dos RSS,
der Público e responsabilida- fundamentais para prevenção
des ao Estabelecimento gera- da saúde e do meio ambiente.
dor de resíduos de serviços de • NBR 12807 jan/ 93 - Re-
saúde, bem como o Termo de síduos de Serviço de
Referência para elaboração e Saúde - Terminologia
apresentação do Plano de Ge- Procedimento: define os termos
empregados em relação aos dimentos exigíveis para a co-
Resíduos de Serviço de Saúde. leta de RSS extra-unidades.
• NBR 12808 jan/ 93 - Re- • NBR 13853 mai/ 97 - Co-
síduos de Serviço de letores para resíduos de ser-
Saúde – Classificação viço de saúde perfurantes
Procedimento: classifica os ou cortantes Procedimento:
Resíduos de Serviço de Saú- especifica requisitos e mé-
de quanto ao risco potencial todos de ensaio e coleto-
ao meio ambiente e à saú- res para resíduos de serviço
de púbica, para que tenham de saúde perfuro cortantes.
gerenciamento adequado. • NBR 7500 mar/ 2000 - Sím-
40
• NBR 12809 fev/ 93 - Manuseio bolos de risco e manuseio para
de Resíduos de Serviço de Saúde transporte e armazenamento
Procedimento: fixa os proce- Procedimento: especifica sím-
dimentos exigíveis para ga- bolos de risco e manuseio
rantir condições de higiene e para o transporte de mate-
segurança no processamento riais perigosos; define sím-
interno de resíduos infectan- bolo de substancia infectante.
tes, especiais e comuns, no • NBR 9191 jul/ 2000 - Sa-
serviço de saúde, sob condi- cos plásticos para acondi-
ções de higiene e segurança. cionamento dos resíduos
• NBR 12810 jan/ 93 – Coleta de Procedimento: especifica ca-
Resíduos de Serviço de Saúde racterísticas e define me-
Procedimento: fixa os proce- todologia para teste de re-
sistência e perfuração de to a ser dado para cada grupo.
sacos plásticos para acon-
dicionamento dos resíduos. • Grupo A: dentro deste
• NBR 10004 mai/ 04 - Resí- grupo são encontrados resí-
duos Sólidos- Classificação dos duos que possivelmente pos-
Resíduos Sólidos (2ª edição). suem agentes biológicos, desta
maneira, apresentando riscos
CLASSIFICAÇÃO de causar infecções. Divide-se
DOS RSS em 5 subgrupos (A1,A2,A3,A4
No Brasil, há alguns anos e A5), baseado nas diferen-
atrás, os RSS eram manejados ças entre os tipos de RSS que
da mesma forma que os resí- possuem estes agentes. Ex:
41
duos domiciliares e públicos, Sangue e hemoderivados, ex-
ou seja, sua coleta, transporte, creções, secreções e líquidos
tratamento e local de despejo, orgânicos, meios de cultura,
em ambos, as situações eram tecidos, órgãos, fetos e peças
iguais. Mas no dia 7 de setem- anatômicas, filtros de gases as-
bro de 2004 entrou em vigor pirados de água contaminada,
a Resolução da Diretoria Co- resíduos advindos da área de
legiada, da Agência Nacional isolamento, restos de alimen-
de Vigilância Sanitária/ANVI- tos das unidades de isolamen-
SA, n° 306, onde estão defini- to, resíduos de laboratório.
das as classificações dos RSS
e qual o devido gerenciamen- • Grupo B: nestes resídu-
os estão presentes substâncias nientes de laboratório de aná-
químicas que, possivelmente, lises clínicas, serviços de me-
conferem riscos à saúde pú- dicina nuclear e radioterapia.
blica ou ao meio ambiente.
Ex: Drogas quimioterápicas • Grupo D: neste grupo
e produtos por elas contami- estão presentes os resíduos
nados, resíduos farmacêuti- que não apresentam risco quí-
cos (medicamentos vencidos, mico, biológico e nem radio-
contaminados, interditados ou ativo para a saúde dos seres
vivos, muito menos ao meio
não utilizados), demais pro- ambiente, como por exemplo,
42
dutos considerados perigo- papel de uso sanitário, fraldas
sos, conforme classificação da descartáveis, restos alimenta-
NBR 10.004 (tóxicos, corro- res de paciente, entre outros.
sivos, inflamáveis e reativos).
• Grupo E: grupo onde es-
• Grupo C: englobam mate- tão os materiais perfurocor-
riais oriundos de atividades hu- tantes ou escarificantes. Ex:
manas que possuem radionu- Objetos perfurantes e cortan-
clídeos em quantidades acima tes capazes de causar punctura
dos limites aceitáveis segundos ou corte, tais como lâminas de
as normas do Conselho Nacio- barbear, bisturi, agulhas, escal-
nal de Energia Nuclear - CNEN. pes, vidros quebrados e outros.
Ex: Rejeitos radioativos prove-
MANEJO DOS RSS • Segregação
A realização de um de- Consiste na separação dos re-
vido gerenciamento dos RSS síduos no momento e local de
é de extrema importância na sua geração, de acordo com as
neutralização dos possíveis características físicas, quími-
riscos à saúde dos seres hu- cas, biológicas, o seu estado
manos e também ao meio am- físico e os riscos envolvidos.
biente. Este gerenciamento é
feito através de um conjunto de • Acondicionamento
ações que tem seu início no ma- Consiste no ato de embalar
nejo interno, onde é realizada os resíduos segregados, em
uma segregação adequada den- sacos ou recipientes que evi-
43
tro das unidades de serviços tem vazamentos e resistam
de saúde, visando à redução do às ações de punctura e rup-
volume de resíduos infectantes. tura. A capacidade dos reci-
O manejo dos resíduos de ser- pientes de acondicionamen-
viços de saúde é o conjunto de to deve ser compatível com a
ações voltadas ao gerenciamen- geração diária de cada tipo de
to dos resíduos gerados. Deve resíduo. Os resíduos sólidos
focar os aspectos intra e extra- devem ser acondicionados em
-estabelecimento, indo desde a sacos resistentes à ruptura
geração até a disposição final, e vazamento e ser imperme-
incluindo as seguintes etapas: áveis, de acordo com a NBR
9191/2000 da Associação
Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). Deve ser respeitado
o limite de peso de cada saco,
além de ser proibido o seu es-
vaziamento ou reaproveita-
mento. Colocar os sacos em co-
letores de material lavável, com
tampa provida de sistema de
abertura sem contato manual,
e possuir cantos arredondados.
Os resíduos perfurocortantes
44
devem ser acondicionados em
recipientes resistentes à punc-
tura, ruptura e vazamento. Os
Resíduos do Grupo A devem
ser acondicionados em saco
branco leitoso, que devem ser
substituídos quando atingi-
rem 2/3 de sua capacidade
ou pelo menos 1 vez a cada
24 horas (NBR 12.809/1993).
Identificação identificado pelo símbolo in-
Esta etapa do manejo ternacional de risco biológico,
dos resíduos permite o reco- com rótulos de fundo branco,
nhecimento dos resíduos con- desenho e contornos pretos.
tidos nos sacos e recipientes, O Grupo B é identificado
fornecendo informações ao através do símbolo de ris-
correto manejo dos RSS. Os co associado, de acordo com
sacos de acondicionamento, a NBR 7500 da ABNT e com
os recipientes de coleta inter- discriminação de substân-
na e externa, os recipientes de cia química e frases de risco.
transporte interno e externo, Os resíduos do grupo D po-
e os locais de armazenamen- dem ser destinados à recicla-
45
to devem ser identificados gem ou à reutilização. Quan-
de tal forma a permitir fácil do adotada a reciclagem, sua
visualização, de forma inde- identificação deve ser feita nos
lével, utilizando-se símbolos, recipientes e nos abrigos de
cores e frases, atendendo aos guarda de recipientes, usando
parâmetros referendados na código de cores e suas corres-
norma NBR 7.500 da ABNT, pondentes nomeações, base-
além de outras exigências re- adas na Resolução CONAMA
lacionadas à identificação de nº 275/01, e símbolos de tipo
conteúdo e ao risco específi- de material reciclável. Para os
co de cada grupo de resíduos. demais resíduos do grupo D
O Grupo A de resíduos é deve ser utilizada a cor cinza
ou preta nos recipientes. Caso de apresentação para a coleta.
não exista processo de segre- O transporte interno de resí-
gação para reciclagem, não há duos deve ser realizado aten-
exigência para a padroniza- dendo roteiro previamente
ção de cor desses recipientes. definido e em horários não
O Grupo C é representado pelo coincidentes com a distribui-
símbolo internacional de pre- ção de roupas, alimentos e me-
sença de radiação ionizante dicamentos, períodos de visita
(trifólio de cor magenta) em ou de maior fluxo de pesso-
rótulos de fundo amarelo e as ou de atividades. Deve ser
contornos pretos, acrescido da feito separadamente de acor-
46
expressão “Rejeito Radioativo”. do com o grupo de resíduos
O Grupo E possui a inscri- e em recipientes específicos
ção de “Resíduo Perfuro- a cada grupo de resíduos. Os
cortante”, indicando o ris- carros para transporte inter-
co que apresenta o resíduo. no devem ser constituídos de
material rígido, lavável, imper-
Transporte Interno meável, provido de tampa ar-
Esta etapa consiste no ticulada ao próprio corpo do
translado dos resíduos dos equipamento, cantos e bordas
pontos de geração até local arredondados, e identificados
destinado ao armazenamento com o símbolo corresponden-
temporário ou armazenamen- te ao risco do resíduo neles
to externo com a finalidade contidos. Devem ser providos
de rodas revestidas de ma- à apresentação para coleta ex-
terial que reduza o ruído. Os terna. Não pode ser feito arma-
recipientes com mais de 400 zenamento temporário com
litros de capacidade devem disposição direta dos sacos so-
possuir válvula de dreno no bre o piso, sendo obrigatória a
fundo. O uso de recipientes conservação dos sacos em reci-
desprovidos de rodas deve pientes de acondicionamento.
observar os limites de carga O armazenamento temporário
permitidos para o transporte pode ser dispensado nos ca-
pelos trabalhadores, conforme sos em que a distância entre
normas reguladoras do Minis- o ponto de geração e o arma-
tério do Trabalho e Emprego. zenamento externo justifique.
47
A área destinada à guarda
Armazenamento dos carros de transporte in-
temporário terno de resíduos deve ter pi-
Consiste na guarda tem- sos e paredes lisas, laváveis
porária dos recipientes con- e resistentes ao processo de
tendo os resíduos já acondi- descontaminação utilizado.
cionados, em local próximo O piso deve, ainda, ser resis-
aos pontos de geração, visan- tente ao tráfego dos carros
do agilizar a coleta dentro do coletores. Deve possuir ponto
estabelecimento e otimizar o de iluminação artificial e área
deslocamento entre os pontos suficiente para armazenar, no
geradores e o ponto destinado mínimo, dois carros coletores,
para translado posterior até a dos resíduos (desinfecção ou
área de armazenamento exter- esterilização) por meios físi-
no. Quando a sala for exclusi- cos ou químicos, realizado em
va para o armazenamento de condições de segurança e efi-
resíduos, deve estar identifi- cácia comprovada, no local de
cada como “Sala de Resíduos”. geração, a fim de modificar as
Não é permitida a retirada dos características químicas, físi-
sacos de resíduos de dentro cas ou biológicas dos resíduos
dos recipientes ali estaciona- e promover a redução, a elimi-
dos. Os resíduos de fácil putre- nação ou a neutralização dos
fação que venham a ser coleta- agentes nocivos à saúde hu-
48
dos por período superior a 24 mana, animal e ao ambiente.
horas de seu armazenamento, Os sistemas para tratamento
devem ser conservados sob de resíduos de serviços de saú-
refrigeração, e quando não for de devem ser objeto de licen-
possível, serem submetidos a ciamento ambiental, de acor-
outro método de conservação. do com a Resolução CONAMA
O armazenamento de resí- nº. 237/1997 e são passíveis
duos químicos deve aten- de fiscalização e de controle
der à NBR 12235 da ABNT. pelos órgãos de vigilância sa-
nitária e de meio ambiente.
Tratamento O processo de esterilização
O tratamento preliminar por vapor úmido, ou seja, au-
consiste na descontaminação toclavação, não necessita de
licenciamento ambiental. A Coleta e transporte
eficácia do processo deve ser externos
feita através de controles quí- Consistem na remoção
micos e biológicos, periódi- dos RSS do abrigo de resídu-
cos, e devem ser registrados. os (armazenamento externo)
Os sistemas de tratamento tér- até a unidade de tratamento
mico por incineração devem ou disposição final, utilizan-
obedecer ao estabelecido na Re- do-se técnicas que garantam
solução CONAMA nº 316/2002. a preservação das condições
de acondicionamento e a in-
Armazenamento tegridade dos trabalhado-
externo res, da população e do meio
49
Consiste na guarda dos reci- ambiente, devendo estar de
pientes de resíduos até a rea- acordo com as orientações
lização da etapa de coleta ex- dos órgãos de limpeza urbana.
terna, em ambiente exclusivo A coleta e transporte externos
com acesso facilitado para os dos resíduos de serviços de
veículos coletores. Neste local saúde devem ser realizados
não é permitido a manutenção de acordo com as normas NBR
dos sacos de resíduos fora dos 12.810 e NBR 14652 da ABNT.
recipientes ali estacionados.
Disposição final
Consiste na disposição
de resíduos no solo, previa-
mente preparado para rece- passarem por este processo
bê-los, obedecendo a critérios devem ser triturados para que
técnicos de construção e ope- haja um aumento na eficiência
ração, e com licenciamento deste. Em seguida à trituração
ambiental de acordo com a Re- os RSS são imersos em desin-
solução CONAMA nº.237/97. fetantes por alguns minutos.
• Irradiação: neste caso,
TRATAMENTO há uma excitação da cama-
DOS RSS da externa dos elétrons das
O tratamento dos RSS é moléculas, devido á radiação
de extrema importância, pois ionizante, deixando-as car-
50
consiste na descontaminação regadas, sendo assim haverá
dos resíduos, através de meios um rompimento do material
químicos ou físicos que devem genético (DNA ou RNA) dos
ser feitos em locais seguros. microrganismos, resultan-
Esta etapa pode ser realizada do na morte dos mesmos.
através de diversas maneiras: Por fim, após todos es-
• Processos térmicos: tes processos, o material re-
através da realização da au- sultante é encaminhado para
toclavagem, incineração, pi- um aterro sanitário que pos-
rólise, ou até mesmo uso de sua licenciamento ambien-
aparelhos de micro-ondas. tal. Nos casos de municípios
• Processos químicos: que não possuem esta opção,
previamente os matérias à vem sendo muito utilizada a
implementação de valas sép- classificação que se determina
ticas, onde os RSS são deposi- quais as destinações adequa-
tados nestas valas escavadas das para cada tipo de resíduo.
no solo, que em seguida é re- Já quanto aos locais de destina-
vestida por uma manta plás- ção as normas específicas são:
tica impermeável, protegendo • ABNT NBR13896/97
assim contra possíveis conta- – Aterros de resíduos não pe-
minações ao meio ambiente. rigosos – Critérios para pro-
jeto, implantação e operação;
O DESTINO CORRETO PARA • ABNT NBR10157/87
O LIXO – Aterros de resíduos peri-
No Brasil existe uma gosos – Critérios para pro-
51
norma específica denomina- jeto, construção e operação;
da NBR10004 que trata dos Existem também normas es-
critérios para a classificação pecíficas sobre incineração,
dos resíduos de acordo com reciclagem e outras formas
sua composição e caracterís- de tratamento dos resíduos
ticas em duas classes: Classe que são empregadas antes da
1, para resíduos considerados disposição final, ou seja, os
perigosos (que podem ofere- resíduos coletados passam
cer algum risco para o meio por estas etapas e somente o
ambiente ou para o homem), que sobre delas (ou o que não
e Classe 2, para resíduos não pode ser mesmo aproveitado)
perigosos. É a partir desta é destinado para os aterros.
Assim, consegue-se aumen- não sejam uma forma de des-
tar a vida útil do mesmo. A tinação ideal, costumam ser
seguir um pouco mais sobre aceitos pelos órgãos ambien-
os diferentes tipos de aterros: tais (isso varia de Estado para
Estado) de forma temporária,
Aterro controlado enquanto o município procura
O Aterro Controlado é outras formas de destinação.
um local onde os resíduos são Podemos dizer, então, que os
descartados diretamente no aterros controlados são uma
solo (sem nenhuma imperme- espécie de transição entre os
abilização), porém recebe um lixões e os aterros sanitários,
52
certo controle para minimizar mas é importante frisar que os
seus impactos. Na maioria dos aterros controlados são ape-
casos, eles são apenas um li- nas uma forma de minimizar
xão que recebeu algumas ade- o impacto do descarte de re-
quações com o fim de atender síduos e atender a legislação
a legislação vigente. A dife- não constituindo de forma
rença entre estes e os lixões é alguma um meio adequado
que eles são cercados para im- do ponto de vista ambiental.
pedir a entrada de pessoas e
podem apresentar algum tipo Aterro sanitário
de controle para evitar a po- Geralmente denomina-
luição, como o monitoramen- -se de aterro sanitário o local
to do lençol freático. Embora para onde são destinados os
resíduos urbanos provenien- resíduos (separação dos ma-
tes do serviço de coleta mu- teriais recicláveis) e apenas o
nicipal, mas ele também pode que não pode mesmo ser reci-
receber alguns resíduos indus- clado é enviado para o aterro.
triais não perigosos (Classe II),
podendo ser chamado também COLETA SELETIVA
de “Aterro Classe II”. O solo do É um sistema de reco-
local onde será despejado o lhimento de materiais reciclá-
resíduo deve ser impermeabi- veis, tais como: papéis, plásti-
lizado e são implantadas cana- cos, vidros, metais e orgânicos,
letas para coleta do chorume previamente separados na
que será enviado para uma fonte geradora. Estes mate-
53
Estação de Tratamento de Es- riais são vendidos às indús-
goto (ETE). Também é feito o trias recicladoras ou aos su-
monitoramento do lençol freá- cateiros. As quatro principais
tico e das emissões atmosféri- modalidades de coleta seletiva
cas, podendo haver a captação são: domiciliar, em postos de
dos gases gerados no ater- entrega voluntária (PEV), em
ro para geração de energia. postos de troca e por catado-
O local de despejo dos resídu- res (SERVIÇO BRASILEIRO DE
os deve ser protegido das chu- RESPOSTAS TÉCNICAS, 2006).
vas e o resíduo, compactado
e enterrado todos os dias. Ge-
ralmente é feita a triagem dos
Como implantar a coleta para o recolhimento dos ma-
seletiva teriais selecionados e que de-
Inicialmente, é necessá- verão ser encaminhados para
ria a conscientização de todos as usinas de reciclagens (PLA-
para a busca de soluções para NETA PLÁSTICO, [200-?]).
o problema. Isto é possível A separação do lixo
através de palestras, manual reciclável do não reciclável
de coleta seletiva e cartazes No cotidiano de nossas cida-
demonstrando as vantagens des, são produzidas milhares
da reciclagem, da preservação de toneladas de lixo. Há muito
dos recursos naturais e a não tempo este resíduo é um dos
54
poluição do meio ambiente grandes problemas que o po-
(PLANETA PLÁSTICO, [200-?]). der público e a sociedade têm
Na próxima fase, é necessá- enfrentado, buscando soluções
rio sinalizar e disponibilizar que nem sempre atendem as
coletores específicos para necessidades. Em razão disso,
cada tipo de material em lu- ocorre a degradação do meio
gar comum a todos e de fácil ambiente: como as contamina-
acesso. Hoje, além dos cole- ções de nossos rios, a poluição
tores, é possível disponibi- do ar, ruas sujas, proliferação
lizar sacos de lixos nas co- de insetos, ratos etc (PLA-
res-padrão de cada material NETA PLÁSTICO, [200-?]).
Na última fase é necessário ter A solução mais eficiente é a se-
um sistema pré-determinado paração dos materiais reciclá-
veis para o reaproveitamento, de energia e são reduzidos
transformando o problema 10% no consumo de água;
do lixo em solução econômi- • As vantagens da recicla-
ca e social. Para que isto seja gem são muitas, mas, acima
possível, é preciso que todos de tudo, ela melhora a qua-
participem colaborando com lidade de vida, minimiza os
o programa de coleta seletiva. efeitos da poluição no plane-
ta, gera empregos e rendas,
Benefícios da além de valorizar as empre-
Coleta Seletiva sas ambientalmente corretas.
• Para 75 latas de aço, recicla-
das, preserva-se uma árvore Materiais recicláveis
55
que seria usada como carvão; Os principais materiais
• Para cada tonelada de pa- recicláveis são: papéis, plásti-
pel reciclado, evita-se a cos, vidro e metal. Todos deve-
derrubada de 16 a 30 ár- rão ser separados e colocados
vores adultas, em média; em coletores ou sacos plásticos,
• A cada 100 toneladas de de preferência na cor padrão
plástico reciclado, evita-se de cada material conforme re-
a extração de 1 tonelada de solução do Conselho Nacional
petróleo e a economia em do Meio Ambiente (CONAMA)
torno de 90% de energia; nº 275, de 25 de abril de 2001.
• Com 10% de vidro reci-
clado, economizam-se 4%
Materiais não-recicláveis tipo de material, como acon-
Lixo orgânico ou úmido: tece na Europa onde o sistema
são restos de comidas, cas- de 4 cores surgiu. Aqui o mes-
cas de frutas e legumes etc.; mo caminhão vai coletar todos
Rejeitos: lenços e guarda- os materiais recicláveis (GON-
napos de papel, absorven- ÇALVES; PINHEIRO; [200?]).
te e papel higiênico, fral- Quem observa a coleta se sen-
das, papéis sujos, espelhos, te frustrado após o esforço de
cerâmicas, porcelanas etc; separar por cores. Ademais a
Resíduos especiais: pi- comercialização dos reciclá-
lhas e baterias; veis se dá após uma separação
56
Resíduos hospitalar: curativos, muito mais fina. Os plásticos,
gazes, algodão, seringas etc.; por exemplo, deverão ser se-
Lixo químico ou tóxico: em- lecionados por tipo e cor e só
balagens de agrotóxico. então enfardados para a co-
mercialização. Há mais de 300
Coleta Seletiva - Cores tipos de plásticos. Da mesma
Mais importante que as forma os papéis, são separa-
cores e o número de coletores é dos por tipo: papel branco, re-
a coerência com o que vem an- vista, jornal, papelão, papelão
tes e o que vem depois. O fato é com impressão de um lado, pa-
que na maioria das vezes a co- pelão com impressão dos dois
leta não é multiseletiva, ou seja, lados. Ou seja: mesmo que a
não há uma coleta para cada separação na fonte seja feita
em quatro cores terá de haver operativas, escolas, igrejas,
uma nova separação (GON- organizações não-governa-
ÇALVES; PINHEIRO; [200?]). mentais e demais entidades in-
A escolha da cor da lixei- teressadas (CONAMA; 2001).
ra dever ser coerente com
a geração, com a logísti- PLÁSTICO
ca e com a cultura local. Cor vermelha
A Resolução 275 de 25 de abril Reciclável: Copos; garra-
2001 do Conselho Nacional fas; sacos/sacolas; frascos
do Meio Ambiente – CONAMA de produtos; tampas; potes;
estabelece que: Os programas canos e tubos de PVC; em-
de coleta seletiva, criados e balagens pet (refrigeran-
57
mantidos no âmbito de órgãos tes, suco, óleo, vinagre etc);
da administração pública fe- Não reciclável: Tomadas; ca-
deral, estadual e municipal, bos de panelas; adesivos; es-
direta e indireta, e entidades puma; embalagens metaliza-
paraestatais, devem seguir das (biscoitos e salgadinhos).
o padrão de cores estabele-
cido em anexo à resolução. METAL
Fica recomendada a ado- Cor amarela
ção de referido código de co- Reciclável: Tampinhas de gar-
res para programas de co- rafas; latas; enlatados; panelas
leta seletiva estabelecidos sem cabo; ferragens; arames;
pela iniciativa privada, co- chapas; canos; pregos; cobre;
Não reciclável: Clipes; gram- VIDRO
pos; esponja de aço; aerossóis; Cor verde
latas de tinta; latas de verniz; Reciclável: Garrafas; potes de
solventes químicos; inseticidas. conservas; embalagens; frascos
de remédios; copos; cacos dos
PAPEL produtos citados; pára-brisas;
Cor azul Não reciclável: Portas de vi-
Reciclável: Jornais e revistas; dro; espelhos; boxes tem-
listas telefônicas; papel sulfi- perados; louças; cerâmicas;
te/rascunho; papel de fax; fo- óculos; pirex; porcelanas; vi-
lhas de caderno; formulários dros especiais (tampa de for-
58
de computador; caixas em no e microondas); tubo de TV.
geral (ondulado); aparas de Conforme legislação é obriga-
papel; fotocópias; envelopes; tória a utilização do código de
rascunhos; cartazes velhos; cores nos programas de coleta
Não reciclável: Etiquetas ade- seletiva, criados e mantidos no
sivas; papel carbono; papel âmbito de órgãos da adminis-
celofane; fita crepe; papéis sa- tração pública federal, estadual
nitários; papéis metalizados; e municipal, direta e indireta e
papéis parafinados; papéis entidades paraestatais, porém
plastificados; guardanapos; bi- no caso da iniciativa privada,
tucas de cigarros; fotografias. cooperativas, escolas, igrejas,
organizações não-governa-
mentais e demais entidades é
somente recomendada à ado-
ção de referido código de cores

59
LISTA DE
IDENTIFICAÇÃO
DE RESÍDUOS

Assinalar com um X os resíduos que são gerados no estabeleci-


mento:

GRUPO A - RESÍDUOS INFECTANTES


Resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao
meio ambiente devido à presença de agentes biológicos.
60
• GRUPO A1
( ) culturas e estoques de microrganismos, resíduos de fabri-
cação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; (estes
resíduos não podem deixar a unidade geradora sem tratamen-
to prévio).
( ) meios de cultura e instrumentais utilizados para transfe-
rência, inoculação ou mistura de culturas; (estes resíduos não
podem deixar a unidade geradora sem tratamento prévio);
( ) resíduos de laboratórios de manipulação genética. (estes
resíduos não podem deixar a unidade geradora sem tratamen-
to prévio).
(X) resíduos resultantes de atividades de vacinação com mi-
crorganismos vivos ou atenuados, incluindo frascos de vacinas
com expiração do prazo de validade, com conteúdo inutilizado,
vazios ou com restos do produto, agulhas e seringas (devem
ser submetidos a tratamento antes da disposição final).
( ) resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou
animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica
por agentes Classe Risco 4 (apêndice II da RDC nº306/2004
- ANVISA), microrganismos com relevância epidemiológica e
risco de disseminação ou causador de doença emergente que
se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo
de transmissão seja desconhecido (devem ser submetidos a
tratamento antes da disposição final.
61
( ) bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocompon-
tente, rejeitadas por contaminação ou má conservação, ou com
prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incom-
pleta (devem ser submetidos a tratamento antes da disposição
final).
(X) sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou lí-
quido corpóreos, recipientes e materiais resultantes do proces-
so de assistência à saúde, contendo sangue ou líquido corpóre-
os na forma livre (devem ser submetidos a tratamento antes da
disposição final).
• GRUPO A2
( ) carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos pro-
venientes de animais submetidos a processos de experimenta-
ção com inoculação de microrganismos, bem como suas forra-
ções, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores
de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco
de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anato-
mopatológico ou confirmação diagnóstica (devem ser submeti-
dos a tratamento antes da disposição final).

• GRUPO A3
62
(X) peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de
fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas
ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional
menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou
legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares.

• GRUPO A4
(X) kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando
descartados.
(X) filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; mem-
brana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesqui-
sa, entre outro similares.
(X) sobras de amostras de laboratório e seus recipientes con-
tendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que
não contenham e nem seja suspeitos de conter agentes Clas-
se de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e
risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença
emergente que se torne epidemiologicamente importante ou
cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com sus-
peita de contaminação com príons.
( ) resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração,
lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que
gere este tipo de resíduo.
(X) recipientes e materiais resultantes do processo de assistên-
cia à saúde, que não contenha
63
sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
(X) peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos pro-
venientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomo-
patológico ou de confirmação diagnóstica.
( ) carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos pro-
venientes de animais não submetidos a processos de experi-
mentação com inoculação de microrganismos, bem como suas
forrações.
(X) bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-
-transfusão.
• GRUPO A5
(X) órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortan-
tes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção
à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons.

GRUPO B - RESÍDUOS QUÍMICOS


Resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública
e ao meio ambiente devido às suas características químicas.
(X) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; imunos-
supressores; digitálicos; imunomoduladores; antirretrovirais,
64
quando descartados por serviços de saúde, farmácias, droga-
rias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os
resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos Controla-
dos pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações.
(X) resíduos saneantes, desinfetantes, desinfetantes; resíduos
contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive
os recipientes contaminados por estes.
(X) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixa-
dores).
(X) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em
análises clínicas.
( ) resíduos de amálgama
( ) demais produtos considerados perigosos, conforme classifi-
cação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis
e reativos).

GRUPO D - RESÍDUOS COMUNS


Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente podendo ser equipa-
rados aos resíduos domiciliares.
(X) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos,
peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente,
material utilizado em antissepsia e hemostasia de venóclise,
equipo de soro e outros similares não classificados como A1.
(X) sobras de alimentos e do preparo de alimentos.
65
(X) resto alimentar de refeitório.
(X) resíduos provenientes das áreas administrativas.
(X) resíduos de varrição, flores, podas e jardins.
(X) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

GRUPO E - PERFUROCORTANTES
OU ESCARIFICANTES
(X) lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro,
brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de
bisturi, lancetas.
(X) tubos capilares, micropipetas.
(X) lâminas e lamínulas, espátulas.
(X) utensílios de vidros quebrados no laboratório (pipetas,
tubos de coleta sanguínea e placas
de Petri.
( ) outros similares.

66
REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - Notícias da


ANVISA. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/no-
ticias/2008/070508.htm. Acesso em: 02/10/2013.

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67

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.


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zembro de 2004. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/
leisref/public/showAct.php?id=13554&word=>. Acesso em:
01/09/2013.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.


Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o trata-
mento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde
e dá outras providências. D.O. U nº 084, de 04 de maio de 2005,
p. 63-65. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/cona-
ma/legiabre.cfm?codlegi=462>. Acesso em: 01/09/2013.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.


Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o código
de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na
identificação de coletores e transportadores, bem como nas
campanhas informativas para a coleta seletiva. D.O.U. nº 117-E,
de 19 de junho de 2001, Seção 1, p.80. Disponível em: <http://
www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=273>.
68
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Sanitária. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços
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Sanitária. Brasília : Ministério da Saúde, 2006.

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atual. e ampl..São Paulo: Saraiva, 2008.
BRASIL. Código de Processo Civil. Vade Mecum: obra coletiva
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