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Resumo
O Turismo Cultural não assenta exclusivamente na procura de eventos ou experiencias culturais. Antes circunscrever-se-á numa espécie
de geometria triangular, a qual envolve, para além dos aspectos culturais patrimoniais, a fruição de valores patrimoniais culturais, assim como
um mosaico de actividades ligadas à prática do turismo.
Tal multidimensionalidade reflecte uma ligação mais estreita do que nunca entre o turismo dito cultural, ou seja, o turismo ligado aos
objectos patrimoniais e o turismo dito de eventos, isto é o turismo ligado às recriações históricas.
Este artigo terá como objectivo discutir e aprofundar o conceito de Recriações Históricas, tendo por base a bibliografia, e a reflexão sobre
a habitual tendência de revalorização dos principais locais de recriação sobre a temática medieval e respectivas zonas envolventes, como
reforço da atractividade dos destinos turísticos.
Tendo como pano de fundo as recriações enquanto viagem em busca exclusiva do passado, registam-se dificuldades em identificar
características verdadeiramente diferenciadoras entre recriação histórica, re-enactement e living history, considerando que todos eles têm
como objectivo a recriação do passado.
Quer o turista, quer o participante são atraídos pelo autêntico e pelo tradicional.
Ambos visitam os diversos lugares numa tentativa de satisfazer desejos nostálgicos como forma de consolidar e de ligar à terra um
património cultural secular.
Ambos se fixam numa espécie de alienação romântica, embora conscientes de que o real e o natural são culturalmente construídos. O que
diferencia um e outro são as suas motivações mais profundas.
Por sua vez, a comercialização dos destinos de Recriação Histórica leva os responsáveis dos destinos a valorizar o seu património e a
potenciá-lo com ofertas culturais diversificadas nos espaços envolventes, que extravasam as tradicionais festividades e eventos de recriação
histórica.
Neste sentido, procurar-se-á desenvolver ao longo deste trabalho uma reflexão sobre a realidade actual do produto Turismo de Eventos
/ Recriações Históricas, tendo como foco central o patrimonial, cultural e suportado por três componentes estruturais, designadamente
património, cultural e turística. Esta nova abordagem obriga a uma reflexão mais aprofundada de qual deve ser o posicionamento deste produto
turístico, que parece deter um poder de atracão singular para a competitividade dos destinos turísticos.
As Recriações Históricas
As recriações históricas têm conhecido uma grande Histórica” fazem comummente “Living History”, enquanto,
expansão nos últimos anos em Portugal, pelo que se os que recriando apenas um preciso evento histórico, fazem
justifica o debate sobre este fenómeno - quer para melhor aquilo que designamos de “Re-enactment”.
conhecimento intrínseco, quer para divulgação dos
Na perspectiva de Mabel Villagra Romero no seu trabalho
instrumentos a si associados.
Actualidad del Asociacionismo Recreacionista en Europa: el
Neste contexto temos que considerar os seguintes caso italiano, para se poder definir como sendo de Recriação
conceitos dentro da “Recriação Histórica”, a “Living Histórica um grupo, uma associação ou uma pessoa a título
History” que é é a redescoberta do passado em todas individual devem de respeitar os seguintes requisitos:
suas modalidades (civil, tecnológica, científica, artística ou
militar) e numa perspectiva mais ampla, e o conceito “Re- a) reconstruir rigorosamente através dos mais diversos
enactment” que significa a recriação de um determinado aspectos (vida quotidiana, eventos bélicos, religiosos ou civis,
evento histórico sobre o qual colocam em cena os factos e os música, artes de rua, etc.) um período histórico bem definido,
seus desenvolvimentos; nomeadamente os eventos bélicos representando o melhor possível e segundo estudos, textos,
(batalha de Hasting ou a de Aljubarrota), entre outras. documentos da época e investigação arqueológica.
Está claro que, por norma, todos os grupos, associações O que deve de suceder é declarar de modo evidente e
ou simplesmente pessoas empenhadas na “Recriação explícito o período histórico recriado, para por exemplo
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produzirem adequadamente os seus trajes (civis ou militares), Os responsáveis e representantes eleitos de um povo,
o equipamento e alfaias”. e de um povo com História, ao levarem a cabo iniciativas
culturais para as mais variadas e distintas franjas da nossa
Ao nível do associativismo, muitos destes grupos
sociedade, têm por certo consciência das necessidades
constituem-se local ou regionalmente como associações
primeiras daqueles a quem servem”1.
histórico-culturais, associações desportivo-culturais (“grupos
históricos”), associações histórico-religiosas. Noutros casos, Alexandre Cabrita no mesmo encontro na apresentação
numa situação parecida com a Espanha, temos as Câmaras A Recriação Histórica como factor de desenvolvimento local
Municipais e as entidades locais que se encarregam de sublinhou igualmente que “devemos de aproveitar esta
organizar este tipo de eventos coordenar as associações e “modalidade” cultural, que poderá ter várias valências - na
outros participantes. área turística ou da cidadania - de uma forma sustentável,
nos tempos que correm pode ser importante para ajudar ao
Na perspectiva da mesma autora, podemos então definir
desenvolvimento ou ao “não esquecimento” de certas áreas
as seguintes categorias para os grupos de recriação histórica:
geográficas, ricas em história e património mas sem grande
Grupos locais (ranchos folclóricos) a que se associam grupos
factor produtivo.
culturais dedicados à recriação de eventos de carácter
histórico, religioso ou desportivo (como por exemplo jogos Ao mesmo tempo, compreender a necessidade
de petanca); Grupos históricos de combatentes que na sua do envolvimento da comunidade local, através da
grande maioria integram também praticantes de esgrima consciencialização da importância da sua história e de ao
medieval (numa faceta mais desportiva). torná-la Viva dar corpo a um produto de qualidade, para todos
benéficos, pode ser outro instrumento de desenvolvimento
Também encontramos casos de pessoas que movidas
de vários sectores de uma região.
pela sua paixão pela história decidem integrar-se, aprender
estas técnicas e simultaneamente estabelecer laços Todavia é fundamental distinguir o “principal” do
amizades no seio de um grupo; Grupos de recriação histórica “acessório”, a “ qualidade” do “disfarce”, a “dimensão
enquadrados no “re-enactement” ou na “living history”. Aqui adequada” à “falsa dimensão” são alguns pontos de partida
já estamos a um nível de uma recriação mais científica, muita para quem pretenda planear algo dentro deste contexto.
das vezes assessorados por arqueólogos e professores
Por último, as recriações históricas devem ser encaradas
universitários. Integram os chamados “re-ennactors”, ou
como projectos globais, sempre a médio-longo prazo,
“recriadores”. Dedicam-se à “reconstrução histórica”, quer
independentemente da sua dimensão e contexto de
na forma de vestir, viver e reproduzir fielmente a partir de
realização presentes, pautando sempre pela qualidade
vestígios arqueológicos ou de outro tipo de fontes.
minimamente exigível2.
Como é referido no Relatório do 1.º O 1º Encontro sobre
Recriação Histórica, Cultura, Turismo e Cidadania que Recriação histórica: Antes e Depois de 1978
decorreu no Monte do Alto da Courela da Chaminé, em
Vendas Novas, em 28 de Novembro de 2008, na comunicação As Recriaçãos Históricas podem ser simplesmente
de Catarina Loureiro sob o tema Animação versus Recriação definida como “um papel desempenhado, no qual os
- Incompatibilidade ou Parceria? “Numa época em que as participantes tentam recriar alguns aspectos de um evento
Autarquias se apresentam cada vez mais sensibilizadas, histórico ou período. Pode ser um período estritamente
quer para a divulgação do seu património turístico-cultural,
quer para memória colectiva da região, urge colocar algumas
questões: a imagem dos Municípios, o seu potencial turístico
1
http://www.passadovivo.com/contactos/Relatorio_1_Encontro_281108.pdf (falta a
e respectivo desenvolvimento económico. data de visualização)
2
Idem
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definido, tais como uma guerra específica ou outro evento, capacidades de combate perante o rei Carlos I, e em 1645,
ou pode ter uma definição mais ampla”3. durante a Guerra Civil Inglesa, as tropas parlamentares
escolheram Blackheath para recriarem uma das suas vitórias
Segundo esta definição, a reconstituição pode ser de
recentes, apesar de ainda estarem em guerra”.
qualquer época ou de qualquer acontecimento histórico,
incluindo guerras, que é, sem dúvida, a forma mais conhecida Em 1821, o duque de Buckingham chegou a encenar
de recriação. batalhas navais napoleónicas num lago da sua propriedade.
Em 1840, o jovem Lord Glasgow, governador da Nova
Antes de 1978, a forma mais popular de reconstituição
Zelândia (1892-1897), organizou um torneio medieval em
histórica foi a Guerra Civil Americana, que se impôs no
Kelburn Castle, na Escócia, onde todos os participantes
início dos anos 60, aquando das comemorações do seu
tiveram que estar trajados à época.
centenário. No entanto, esta não foi a primeira reconstituição
histórica que aconteceu. Jenny Thompson, autor do livro War Este episódio poderia ser visto como um precursor de
Games: Inside the World of 20th Century War Reenactors, uma moderna Feira Medieval ou do Renascimento, outra
identificou outras formas de reconstituição que nos levam forma de história ao vivo e de reconstituição histórica.
até ao período do Império Romano4. Em Fevereiro de 1895, cerca de cem membros do grupo
O conceito Re-enactment (recriação ou reconstituição) Gloucestershire Engineer Volunteers recriou a famosa
é tão antigo quanto a própria civilização, no entender de batalha da defesa de Rorkes Drift em Natal. Setenta e cinco
Howard Giles5, que é considerado pelos britânicos como elementos estavam vestidos de “Zulus”, enquanto os outros
um dos maiores especialistas em eventos históricos. Este vinte e cinco estavam trajados como “redcoats” (armada
autor considera que “as lutas de gladiadores organizadas britânica).
em Roma, nas quais se lutava até à morte, pelas vitórias no No entanto, estes tipos de eventos/batalhas não se
Coliseu”, podem ser consideradas reconstituições históricas limitaram às ilhas britânicas. Em 1876, os sobreviventes do
primárias, pois um dos principais objectivos da reconstituição Custer’s Last Stand at Little Big Horn foram encorajados a
é a oferta de uma exibição pública, designada de “história regressar ao campo de batalha e recriar os acontecimentos
viva”. da batalha para os fotógrafos. Durante o século 19 e início do
A História ao Vivo ou Living History, por sua vez, pode ser século 20, membros de diferentes organizações começaram
definida como “uma actividade que incorpora ferramentas a homenagear os pais e os avós que foram soldados e
históricas, actividades e trajes numa apresentação morreram na Guerra Civil Americana.
interactiva, fazendo com que os visitantes e os participantes
tenham uma sensação de recuar no tempo.” Living History – História ao Vivo em Portugal
6
SOLÉ, Maria Glória Parra Santos, “A técnica de história ao vivo - a realização de
uma feira medieval no Lindoso” (Didácticas e Metodologias de Ensino) Instituto
7
ROMERO, Mabel Villagra. Actualidad del Asociacionismo Recreacionista en
de Estudos da Criança- Universidade do Minho. Comunicação apresentada no Europa: el caso italiano.
IV Encontro Nacional de Didácticas e Metodologias da Educação – “Percursos e 2 º Encuentro de Grupos de Recreación Histórica Medieval de Aragón, Alcañiz
Desafios”, Évora, 26-28 set. 2001. (Teruel). 2006
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Foto Albino Santos, jornal Correio da Feira
Neste sentido deixamos as seguintes questões para as Calcula-se que em 2010 se tenham realizado em Portugal
quais, procuraremos respostas. mais de 120 Feiras Medievais e Quinhentistas de média ou
grande dimensão, e pelo menos outras tantas recriações de
Quando uma Câmara, uma Junta de Freguesia, uma
outras épocas históricas.
Empresa Municipal organiza um evento com fundamento
e contexto histórico, para além de procurar, com toda
a legitimidade, arrastar multidões e obter rentabilidade
económica, passar testemunhos de vitalidade e de
intervenção, poderá satisfazer-se apenas com a festa
propriamente dita?
O evento Viagem Medieval em Terra de Santa Maria que Os dados recolhidos referentes à opinião dos inquiridos
se organiza em Santa Maria da Feira é um extraordinário sobre os impactos económicos, sociais, culturais e
exemplo de projecto de rentabilização dos recursos ambientais, dizem-nos que em relação aos impactos
patrimoniais através daquilo que Jesús Pena Castro positivos e, considerando o somatório das opiniões positivas
designa no seu trabalho El negocio de la historia en la Feria verifica-se que a maioria dos respondentes concorda que
Medieval de Noia, “como sendo o mercado da história, das o evento atrai mais investimento, promove o comércio e
suas narrativas e dos espaços, bem como os níveis de indústria locais, aumenta os meios recreativos e de lazer,
autenticidade vividos e apreciados na recriação.” recupera o artesanato e incentiva a restauração dos
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edifícios históricos. Em menor percentagem, concorda que “A actividade turística em Portugal, apesar de constituir
o evento cria postos de trabalho. Também concordam que um fenómeno relativamente recente enquanto actividade
o evento aumenta a sensibilização e consciencialização económica organizada apresenta uma já considerável
ambiental da comunidade local e concordam que melhora diversificação e segmentação, ainda que continue a assentar
as infra-estruturas públicas. Quanto aos impactos negativos, fortemente no chamado turismo balnear litoral ou turismo de
destacam-se o aumento do congestionamento e do tráfego, sol e mar. Este é, de facto, o sector mais massificado, aquele
o aumento dos preços e o aumento da poluição ambiental. que mais nacionais faz deslocar dentro do país e que maior
número de estrangeiros atrai, sendo, portanto, o sector
Perante os elementos recolhidos, ainda está por alcançar
de mercado turístico de maior significado económico e de
o obcjectivo turístico da estadia, porque durante a Viagem
maior relevância geográfica, quer pela importância de que
Medieval, a grande maioria dos visitantes não pernoita
se reveste na mobilidade da população, quer pelo papel que
na Feira. Rigor histórico e a escassa qualidade cénica de
desempenha na transformação dos espaços e da paisagem,
algumas recriações são elementos a serem melhorados.
quer, ainda, pelos impactes ambientais e sociais que gera”9.
Consideramos que com este estudo, poderá haver
Ao analisarmos a trajectória de Santa Maria da Feira,
claramente uma reflexão sobre as relações que podem
a partir da segunda metade do século XX, percebe-se
ser estabelecidas entre o Turismo, o Património Cultural,
claramente a mudança de uma economia fortemente assente
o Planeamento, a Preservação e Desenvolvimento
na indústria, para actividades económicas do sector terciário
Económico.
que envolve a prestação de serviços, o comércio, o turismo
Destacaremos então a recriação histórica, a requalificação entre outros.
urbana, os seus impactos em termos económicos e a
possibilidade da estruturação de um parque, uma vez que Na década de 90, a Câmara Municipal de Santa Maria da
o Turismo é uma das actividades que actualmente ajuda Feira procurou estimular a atracção de empresas hoteleiras
à obtenção de resultados relevantes no que concerne à de grande dimensão, que foi mais ou menos bem conseguida,
preservação da memória e identidade, ao apresentar aos nomeadamente devido à construção do Europarque.
turistas e/ou visitantes a essência e os significados do Contudo, neste mesmo período, através da aposta num
património local. Plano para o Turismo, abriram-se novas perspectivas para
Mas, se de facto o turismo gera desenvolvimento, trata- o Município. Tal iniciativa teve como objectivo transformar
se, no entanto, de “uma actividade que depende largamente a cidade num destino turístico regional e nacional, e
das conjunturas económicas o que introduz um carácter consequentemente, gerar receitas e postos de trabalho.
de vulnerabilidade que não pode deixar de ser sempre O Município apostou numa série de acções, visando a
considerado. Da circunstância do sector do turismo interferir mobilização da comunidade, dos empresários, bem como das
e depender de outros subsectores, como a construção civil, escolas e particulares, para torná-los actores conscientes do
o comércio, os transportes, leva a que qualquer oscilação seu papel na implantação da actividade turística.
operada se reflicta, de imediato, em importantes sectores da Ainda neste sentido, fruto da acção da Câmara Municipal,
actividade económica. e da Associação Empresarial de Portugal foi construído o
O seu efeito multiplicador pode, assim, funcionar como primeiro centro de congressos do Concelho, o Europarque,
importante acelerador de desenvolvimento mas pode com objectivo de responder às necessidades do Turismo
também permitir que situações de crise se expandam mais de Eventos e de Negócios da cidade e da região. A
rapidamente a outros sectores produtivos”8. finalidade foi incrementar o fluxo de turistas e aumentar as
8
CRAVIDÃO, Fernanda. Turismo e Desenvolvimento - o distrito de Coimbra, 1980- 9
CUNHA, Lúcio. Turismo e desenvolvimento na Raia Central. Cadernos de Geografia,
1987, separata de Arunce, Lousã.1989 14, Coimbra, FLUC, pp. 129-138. 1995
90
oportunidades de empregos directos e indirectos. Um dos O conceito lugar de memória está mais vinculado às
grandes eventos foi a Presidência da União Europeia em análises sobre a preservação e o património. No turismo a
2000. Foram construídos novos hotéis e outros estavam sua melhor integração seria como “concepção que remete
projectados, exigindo mão-de-obra qualificada para que directamente à afectividade, integridade e identidades
possam assegurar ao turista a excelência de atendimento, locais”10.
apesar do abrandamento do investimento motivado pela
Segundo Huyssen, “a emergência da memória é um
crise económica actual.
dos fenómenos culturais e políticos mais característicos
Em 1999, a Câmara Municipal criou a Sociedade de dos fins do século X., devido à transformação que ocorreu
Turismo de Santa Maria da Feira, S.A, uma entidade de na sociedade, nomeadamente a mudança em relação à
capitais mistos que tem como fundamento conciliar interesses percepção do tempo de futuro-presente para passado-
públicos e privados com o objectivo de rentabilizar esforços presente”11.
em prol do Turismo da região.
A sua missão assentava na definição e promoção de Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.
estratégias de desenvolvimento turístico no concelho de
Santa Maria da Feira, bem como a gestão dos recursos
e equipamentos do âmbito turístico, nomeadamente a
exploração da água mineral e da actividade termal das
Termas de S. Jorge e a organização de eventos com
temática medieval, das quais se salienta o produto turístico já
consolidado apesar da conjuntura actual (Ceias Medievais),
vocacionado para a área do Turismo de Negócios e
Incentivos.
O orçamento de 2011 foi 900 mil euros, sendo que 150 mil
foram de investimento (pórticos, acessibilidades ao recinto, e
estruturas dos restaurantes).
Cartaz da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria de 2003. Como temos vindo a verificar a Viagem Medieval
Arquivo Viagem Medieval em Terra de Santa Maria em Terra de Santa Maria é um dos maiores eventos de
recriação medieval da Europa e realiza-se anualmente, no
centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira, atraindo
Em 2011, houve uma outra alteração profunda visando a
diariamente cerca de 50 mil visitantes.
sustentabilidade do projecto, ou seja a 15.ª edição do evento
teve entrada paga em determinados horários das 17h00 às O projecto apresenta características únicas no país,
01h00 nos dias úteis e das 12h00 até à mesma hora aos fins- porque se diferencia pelo rigor histórico, dimensão (espacial
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e temporal), envolvimento da população e associativismo cumpre a dupla função de demonstrar as possibilidades
local, reforçando a sua identidade e sentimento de pertença. e a rentabilidade económica dos bens patrimoniais, ao
É centrada na recriação de episódios e acontecimentos que mesmo tempo em que é apresentada como um instrumento
marcaram a história local e nacional na Idade Média. de consciencialização sobre a identidade histórica e a
importância de se recuperar e conservar os legados da
Devido aos momentos de recriação histórica, da
história.
diversidade de áreas temáticas e da qualidade da animação
permanente, a Viagem Medieval é um evento de grande Tem um claro objectivo económico, enquanto se procura
envergadura, constituindo uma oferta turística única que multiplicar o número de visitantes e potenciar o comércio, a
potencia a promoção do Município e de toda a Grande Área economia e a hotelaria local mediante a celebração de uma
Metropolitana do Porto. importante atracção turística, sendo ao mesmo tempo um
A Viagem Medieval já foi distinguida com uma menção instrumento para consciencialização da população sobre as
honrosa na terceira edição dos Prémios Turismo de Portugal virtudes do património urbano, bem como para fortalecer
(categoria Animação) e arrecadou o prémio Melhor Evento as raízes de identidade da comunidade nas suas origens
Cultural 2009, na terceira edição da Gala dos Eventos. históricas.
Plano de Urbanização do Parque das Guimbras – Vale Rossio. Foto Arquivo Câmara Municipal de Santa Maria da Feira
do Cáster13
suas confeitarias de fogaças, o Rossio ou lugar da Feira,
O Rio Cáster encaixa-se entre o Castelo de Santa Maria o Mercado Municipal, da autoria do Arquitecto Fernando
da Feira, com o seu parque de árvores frondosas, e a Távora, o “Orfeon”, as piscinas, antigos moinhos e um tanque
Baixa da Cidade, onde se destacam os largos da Câmara de 1888. Trata-se, enfim, da zona de lazer potencialmente
Municipal, da Igreja dos Lóios, a antiga Rua Direita com as mais notável do centro da Cidade, para a valorização
ambiental do espaço urbano.
13
Entrevista a Manuel da Costa Lobo, na qual o Responsável pelo Projecto foi
Analisadas algumas alternativas, a Câmara Municipal
explanando as suas ideias de recuperação do Vale do Cáster. de Santa Maria da Feira optou pela construção de um
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encadeamento de continências. Não se constrói um público
num vazio comunicacional ou por mera intencionalidade
política. Não existem, ademais, receitas ou cartilhas
sociológicas”.
A Terra de Santa Maria, está assim situada no contexto O Castelo da Feira, sendo um local de pagamento de
do centro litoral norte do país é, do ponto de vista da sua tributo era local privilegiado de comércio de produtos vários,
geomorfologia, uma região de transição entre os relevos pelo que em seu redor se foi instalando a população, dando
acentuados e muito antigos do extremo ocidental da meseta origem à actual cidade de Santa Maria da Feira.
ibérica e os solos recentes, ternários e quarternários, que
O povoamento da Terra de Santa Maria é já muito
confinam com a orla marítima, constituindo-se em anfiteatro
antigo, como o atestam a presença de vários monumentos
fronteiro ao Oceano Atlântico.
funerários (mamoas), que remontam ao IV-V milénio antes
É de realçar aqui a amenidade do clima e a influência de Cristo, bem como castros (povoações fortificadas) pré-
marítima decrescente a medida que se avança para o interior, romanos ou romanizados. O império trouxe as vias romanas,
possibilitando, sobretudo nos vales e encostas viradas a sul, por necessidades militares ou comerciais e são ainda visíveis
a existência de uma vegetação extremamente diversificada. vários troços de vias e pontes dessa época, muitos dos quais
Por sua vez os vales cavados pelos cursos de água ainda bem conservados.
constituíram, desde os tempos remotos, rotas privilegiadas Da Idade Média ficaram-nos testemunhos da arquitectura
de penetração e comunicação com o interior. militar, de que o castelo da feira será o mais imponente
As zonas montanhosas constituídas maioritariamente por e representativo. Mas é na arquitectura religiosa que
xistos e granitos, vêem sofrendo de há milénios uma erosão a monumentalidade atinge a sua máxima expressão:
acentuada a que não foi estranho o pastoreio intensivo. conventos, igrejas, cruzeiros, do românico ao barroco, são
muitas vezes o espelho do passar do tempo, através de
Os terrenos de cultivo nas áreas de montanha, inicialmente intervenções sofridas em épocas variadas.
circunscritos aos vales de aluvião, devido ao crescimento
populacional foram progressivamente ocupando algumas A Civitas Sanctae Mariae, está documentada desde ano
encostas, através de um trabalho árduo de construção de 977 e mais tarde (1117), num documento de D. Teresa,
terraços e fertilização do solo com o estrume dos animais o local é designado por “Terra de Santa Maria”. A 10 de
e os matos retirados das florestas adjacentes, moldando e Fevereiro de 1514, D. Manuel I concede o foral à “Vila da
alterando lentamente a paisagem. Feira e Terra de Santa Maria”.
A Terra de Santa Maria, situada no cruzamento A origem mais provável do nome será a feira que se
dos eixos Norte - Sul e Litoral - Beira Interior dispõe de um realizava às portas do castelo e a partir da qual se terá
posicionamento geográfico que, desde épocas remotas fez, criado e desenvolvido uma povoação. Essa feira tornou-se
desta região, local de encontro e de passagem de muitos tão importante que a aglomeração e posteriormente a vila
tomaram o seu nome.
povos. Comprovam-no a existência das vias romanas que
ligavam Lisboa a Braga (marco milenário encontrado em Todavia, fruto desta enorme riqueza histórica de uma
Ul) e o Porto Viseu (Por Batalha - Cepelos). Estas vias de vasta região, e uma vez que nos Concelhos da Terra de
comunicação continuaram a ser utilizadas durante toda a Santa Maria da Feira são já realizados outros eventos
Idade Media e até ao nosso século. de recriação histórica (Arouca, Uma Recriação Histórica
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Espinho - Vir a Banhos. Recriação de uma praia do início do XIII, o Mosteiro de Arouca passou para a posse da Coroa e
século XX; Gondomar - A recriação histórica da Assinatura D. Sancho I deixou-o em testamento a sua filha D. Mafalda.
da Convenção de Gramido; Murtosa – Reconstituição do O seu ingresso na comunidade religiosa de Arouca deu-se
Ciclo do Milho; Oliveira de Azeméis. Era Uma vez, Mercado à entre 1217 e 1220.
Moda à Antiga; Santa Maria da Feira: Viagem Medieval, Festa
D. Mafalda levou o Mosteiro a uma época de esplendor,
das Fogaceiras, Via-Sacra, Invasões Francesas, Centenário
que o marcou para sempre, não só pela honra de nele se
Vale do Vouga, Centenário da República; Vila Nova de
ter recolhido, como pelos benefícios materiais que consigo
Gaia – Feira Medieval de Vilar de Andorinho e Invasões
trouxe e lhe atribuiu. O Mosteiro, já apenas feminino, era
Francesas e Ovar – com um trabalho notável na Recriação
o principal pólo de dinamização económica do vale de
Histórica da Visita de D. Maria II a Ovar e o Desfile de Trajes
Arouca.
do Concelho de Ovar “O Trabalho e as Artes”), gostaria de
partilhar convosco estes eventos e deixa a sugestão de que Após a morte de D. Mafalda, em 1256, o prestígio do
os mesmo poderiam dar origem a um Parque temático da mosteiro continuou, evocando a sua passada protecção,
Terra de Santa Maria. a sua memória, a sua fama de santa e o seu culto. Foi
beatificada em 1792. O seu corpo repousa numa urna,
Arouca16 executada em ébano, cristal, prata e bronze, numa das alas
da Igreja do Mosteiro, para onde foi trasladada em 1793.
O actual concelho de Arouca é composto por vinte
freguesias e resultou de uma evolução que se processou Arouca, uma recriação história17
ao longo de alguns séculos. Arouca herdou freguesias de
concelhos suprimidos no século XIX e até concelhos na Em 2004 O Mosteiro de Arouca transformou-se, num
sua globalidade. Actualmente o concelho de Arouca integra cenário do século XIX, para recriar nos seus diversos
as seguintes freguesias: Albergaria da Serra, Alvarenga, espaços o ambiente em que viviam as monjas da Ordem
Arouca , Burgo , Cabreiros, Canelas, Chave, Covêlo de Paivó, de Cister.
Escariz, Espiunca, Fermêdo, Janarde, Mansores, Moldes,
Rossas, Santa Eulália , São Miguel do Mato, Tropêço, Urrô Em 2009, este evento atingiu o seu apogeu uma vez que
e Várzea ao longo de três dias, cerca de 200 actores e figurantes
participaram no evento “Arouca, uma recriação histórica”,
A história de Arouca só ganha destaque entre outras que encenava situações do antigo quotidiano das monjas
terras, a partir da fundação e posterior crescimento do seu no interior do mosteiro, assim como no terreiro de Santa
Mosteiro e, sobretudo, após o ingresso, na sua comunidade Mafalda e nos jardins em redor.
de religiosas, de D. Mafalda, filha do nosso segundo rei, D.
Sancho I. Nesta quinta edição da iniciativa o programa do evento
apostou na recriação do incêndio que destruiu parte do
Todavia a história de Arouca não pode, por isso, dissociar-
mosteiro e na encenação de dois momentos relativos à
se da história do seu Mosteiro. Foi à sua sombra e à sua
intervenção de Frei Simão de Vasconcelos no Cerco do Porto
volta que, durante muitos séculos, grande parte do povo
e na guerra civil entre tropas liberais e forças realistas.
arouquense viveu, trabalhou, rezou e gozou alguns dos seus
poucos tempos livres. Houve lugar ainda para o “Jantar das Monjas”, um concerto
de órgão de tubos ibérico no cadeiral do mosteiro, cânticos
O Mosteiro de Arouca foi erigido no século X e o seu
nos claustros, confecção de tisanas na botica, recepção de
primeiro padroeiro foi S. Pedro. Nos primeiros anos do século
visitas no locutório, ceias silenciosas no refeitório, reuniões de
http://www.cm-arouca.pt/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=19
16
&Itemid=139
17
Alexandra Couto, Agência Lusa 2 de Julho de 2009
99
capítulo e comércio por taberneiros, artesãos e vendedeiras Frei Simão, por exemplo, era um descendente indirecto do
são algumas das outras actividades previstas com recurso a Frei Simão verdadeiro. Só isso já dá ideia de como estas
voluntários de 20 colectividades do município. coisas ainda estão vivas para algumas destas pessoas. De
certa forma, elas estão a representar os seus antepassados
e a transmitir a outras gerações a imagem que ainda têm
das freiras.
A coordenação de todo o projecto esteve a cargo de José Só podiam entrar senhoras de comprovada ascendência
Carretas, da associação cultural Panmixia, que também dá o nobre - nada de sangue judeu, nem sangue negro. Em alguns
seu contributo a outras recriações, e que ao longo de quatro casos, as freiras eram realmente devotas - chamavam-se
“religiosas professas” - e seguiam a Regra de S. Bento, que
anos dirigiu todos os actores e figurantes envolvidos na
determina que: “Sete vezes ao dia rezarás ao Senhor teu
recriação, oriundos das associações de Arouca, produzindo
Deus”.
uma pequena novela velada, em que até os padres
confessores, que viviam em frente ao mosteiro, podem A maioria das monjas que frequentavam o mosteiro era,
revelar-se suspeitos”. no entanto, secular. Iam para o mosteiro devido a desgostos
de amor, porque tinham enviuvado ou porque não havia quem
Curiosamente a maioria dos arouquenses é descendente
casasse com elas e não tinham que seguir regras rígidas.
de pessoas que viveram no tempo das monjas. Eram as
famílias de Arouca que forneciam as criadas e as damas de Tanto para as professas como para as seculares, o
companhia às freiras, e, à custa disso, as monjas ficaram mosteiro era sempre prestigiante, um espaço de reserva
para sempre na memória desta gente. O actor que fez de para onde as famílias nobres podiam mandar os seus
100
«excedentes familiares»”, mas “ter uma filha no mosteiro de Portuguesas pode ler-se (citado da Monografia de Álvaro
Arouca era um prestígio muito grande”. Pereira): “(….) Espinho deve o seu nome a uma penedia
espiniforme, a qualquer espinhaço da praia: há ali um lugar
O pagamento para a entrada era, por isso, um dote
chamado Espinho de Terra, indicando um espinho de mar”.
riquíssimo. Além de uma criada e uma dama de companhia,
as noviças - termo para as freiras ainda em avaliação - Por outro lado, há quem entenda que Espinho deve o
levavam para o mosteiro tudo de que pudessem precisar, nome a um lugar que pertence, hoje como há mais de 200
desde a mobília do quarto até aos seus utensílios de cozinha, anos, à freguesia de S. Félix da Marinha-Villa de Spino.
passando pelos próprios vidros da janela. A Abadessa podia As actuais Freguesias de Espinho são Anta, Espinho,
exigir ainda mais. Eleita na sala do capítulo por períodos Guetim, Paramos e Silvalde.
de três anos e figura máxima do governo administrativo e
político de todo o couto de Arouca, essa religiosa chegava a Vir a Banhos. Recriação de uma praia do início do
requerer que o dote das noviças também incluísse dinheiro século XX19
ou terrenos.
“Os pais das freiras não se importavam”. Para eles, era A Praia da Baía recebe em Julho, vilões e fidalgos em
um descanso: as filhas ficavam perto de Deus e não podiam fatos de banho dos anos 20, na iniciativa “Vir a Banhos”
arranjar escândalos que envergonhassem a família”. que recorda a época áurea de Espinho, quando “vilões e
fidalgos” faziam praia durante a manhã, mediante prescrição
médica, e ocupavam as tardes no convívio social da então
Espinho18
chamada “Cascais do Norte”.
Em tempos muito recuados, uma pequena embarcação Este evento “Vir a Banhos” organizado pela Câmara de
que navegava junto à costa foi apanhada em muito mar Espinho em parceria com nove entidades locais, só não é
(mar mau, encapelado, furioso) e naufragou. Dois homens, uma recriação rigorosa em termos históricos porque juntam-
espanhóis da Galiza, sobreviveram à tragédia, diz a lenda se na mesma tarde os camponeses e os fidalgos, que, na
que mercê de uma promessa feita a Nossa Senhora de realidade, nunca se misturavam. No início do século XX, a
construírem uma Capelinha em Sua honra se Ela lhes prática era que fidalgos e nobres fizessem praia entre Abril e
possibilitasse a salvação. Quando sentiram chão firme Outubro, durante toda a semana, enquanto os “vilões” iam ao
debaixo dos pés, os dois homens – Eugénio e Márcio mar ao sábado e domingo, sobretudo depois de terminada a
Esteves, segundo a Monografia de Álvaro Pereira - tomaram época das vindimas.
o facto por milagre e construíram à beira praia uma pequena
Sem dinheiro para comprar fatos de fato, as classes mais
igreja (Capela dos Galegos).
baixas usavam a roupa do quotidiano e para entrar na água
Mas o que da lenda interessa fundamentalmente reter é limitavam-se a “arregaçar as calças ou as saias”.
o diálogo que os dois galegos tiveram quando, ainda mal
Veraneantes de posição mais elevada usavam fatos de
refeitos do susto, detiveram a sua atenção na prancha de
banho completos, quase sempre às riscas brancas com
madeira em que se tinham posto a salvo: dizia um que ela
azul ou preto, gorro ou chapéu de palha para os homens
era feita de castanho, mas o outro, perentório no seu falar
e touquinha aos folhos para as senhoras. Elas só tinham
galego, garantia: “No! És Piño!” E daqui terá havido nome
a descoberto as mãos, os pés e o rosto; eles, às vezes,
de Espinho. Há, evidentemente, hipóteses mais credíveis
deixavam de fora o braço inteiro.
do que esta. Nas memórias sobre os Forais das Terras
18
http://portal.cm-espinho.pt/pt/turismo/conhecer-e-como-chegar/resenha-historica/
(falta a data de consulta) 19
http://www.destak.pt/artigo/35083 - 11 | 07 | 2009 16.16H
101
Entravam na água com essa roupa toda mas, como na
altura quase ninguém sabia nadar, o banheiro ajudava-os a
mergulhar, tantas vezes quantas as que o médico receitara.
A recriação reune, numa só tarde, todas as classes Um dos aspectos mais marcantes da prática balnear do
sociais que, embora ocupando a mesma praia, o faziam em início do século XX seria também o deslumbramento do mar
diferentes períodos do ano e nunca se misturavam . . A maioria da população só se deslocava à praia por razões
medicinais, muitos adultos viam-se obrigados a uma viagem
102
longa para ter essa primeira experiência e a visão do mar, Cova, Jovim, Foz do Sousa, Covelo, Medas, Melres e Lomba.
a chegada, revelava-se uma coisa imensa, enorme, que Formalmente só em 1927 a sede do concelho - São Cosme
impressionava e assustava. - foi confirmada como Vila de Gondomar, mediante pedido à
Presidência da República.
de São Cosme, Valbom, Rio Tinto, Fânzeres, São Pedro da casa-branca-do-gramido=f334508#ixzz1msA7K4GN - 31 de Maio de 2008
103
A recriação histórica da Assinatura da Convenção de Reconstituição do Ciclo do Milho
Gramido21 esteve a cargo da Associação Napoleónica
Portuguesa e do Grupo de Recriação Histórica do Município
de Almeida, culminando com uma demonstração militar.
Murtosa22
21
Realizada a 29 de junho de 1847, a Convenção do Gramido (Valbom, Gondomar) Reino), o tenente general D. Manuel de la Concha, conde de Cancellada e o coronel
foi imposta por forças militares estrangeiras - espanholas e inglesas -, para que Buenaga (Espanha) e o coronel Wilde (Inglaterra). D. Manuel de la Concha, general
os princípios de manutenção da monarquia defendidos pela Quádrupla Aliança de das forças espanholas, tinha sido obrigado a defrontar o exército popular dirigido
1834 se mantivessem em Portugal. Assim, esta convenção entre os estrangeiros pelo conde das Antas para conseguir entrar no Porto e levar a cabo a pacificação
da Quádrupla Aliança e a Junta do Porto teve como objetivo a finalização da guerra materializada na Convenção de Gramido. As ações convencionadas foram as de
civil ou revolta da Maria da Fonte e da Patuleia que em Portugal tinha oposto os ocupação da cidade do Porto e de Vila Nova de Gaia a partir do dia 30 de junho
Cartistas (defensores da Carta Constitucional outorgada em 1826 por D. Pedro IV) desse ano pelas forças armadas espanholas - que tinham entrado pelo Alentejo e
aos Setembristas (liberais radicais) entre 1846 e 1847. por Trás-os-Montes - para pacificar o território, a rendição e entrega pacífica das
Como reação da parte vencida às perseguições subsequentes à Convenção do armas por parte do exército da Junta do Porto sem exercício de represálias, com
Gramido surgiram em 1848 jornais contestatários ao regime cabralista e a Carbonária direito a conservarem os seus pertences e de circulação livre, o compromisso por
Portuguesa, situação que culminaria com a insurreição militar da Regeneração, em parte das forças de intervenção em reforçar a condição dos oficiais do antigo exército
1851. Os representantes das diferentes partes na Convenção do Gramido foram Real e o zelar pela segurança dos habitantes portuenses e da sua propriedade por
o general César de Vasconcelos (Junta do Porto), o marquês de Loulé (par do parte das forças Aliadas. http://www.infopedia.pt
104
falta a nota 22
levada a cabo, em parceria, pelos Ranchos Folclóricos “Os transportado para as imediações do Cais da Béstida, onde,
Camponeses da Beira - Ria” e “As Andorinhas de S.Silvestre”, ficou a aguardar a cascadela.
Associação Desportiva e Recreativa das Quintas”, Confraria
À noite, num cenário que procurou, continuamente,
Gastronómica “O Moliceiro” e “Fraternidade de Nuno
lembrar aos mais velhos os tempos de outrora e transmitir
Álvares23.
aos mais novos uma imagem/retrato de uma parte da vida
no campo vividos há 40 e mais anos atrás, centenas de
pessoas assistiram, no Cais da Béstida, à cascadela à moda
antiga. Não faltaram os cantares tradicionais e os “moços”
que, disfarçados com colchas ou gabões, se foram abeirando
das raparigas casadoiras.
Depois de, em Maio, o Ciclo se ter iniciado com o lavrar, Esta recriação pretendeu criar um registo fiel do que
gradar e semear do milho, na tarde do dia 17, o milho foi era o ciclo do milho, há mais de 50 anos e assim permitir
cortado, com foicinhas, carregado para os carros de vacas e aos mais novos ficarem a conhecer as técnicas manuais
dos nossos antepassados. Tudo foi pensado ao pormenor,
www.cm-murtosa.pt
23
tendo os figurantes estado soberbos na interpretação das
105
sua personagens e levado assim, a uns, a recordação de Desta forma, para além de proporcionar um momento de
tempos já idos e a outros o conhecimento das técnicas dos lazer, o “Mercado à Moda Antiga” é já uma referência no que
nossos avós. diz respeito ao envolvimento dos usos e costumes do final
do Séc. XIX, início do Séc. XX, recriados nos dias de hoje
Oliveira de Azeméis24 como uma verdadeira partilha de saberes por novos e mais
velhos das 19 freguesias do concelho.
São vários os símbolos deste município destacando-se
não só o património construído, dos quais são exemplo
os castros de Ul e de Ossela, os moinhos usados para a
moagem de cereais e o descasque do arroz, o Parque e
a Capela de La Salette, as casas de brasileiro construídas
por alguns emigrantes regressados do Brasil, os centros
históricos de Oliveira de Azeméis e da Bemposta e alguns
edifícios cujos projectos de construção foram elaborado pelo
conhecido arquitecto Siza Vieira; mas é também valioso o
património natural englobando os rios Antuã, Caima e Ul,
para além das paisagens existentes em redor dos mesmos.
Associação de Pais, todos trabalharam para a tornar uma património da freguesia, sensibilizar proprietários e a
realidade “Brincar com a história a pensar no futuro”. câmara, no sentido, de preservar este espaço magnífico,
para um projecto de cariz cultural ou turístico. Uma quinta
Havia de tudo pessoas trajadas à época medieval, venda
datada de meados do século XVIII, composto de Casa de
de artesanato, jogos tradicionais, música e danças medievais,
Quinta e Capela, edifício barroco, em forma de U, sendo o
venda de produtos hortícolas, doces da época e sem faltar
acesso ao edifício nobre feito por escada interior, esta quinta
também lá estava a taberna dos “comes e bebes”.
fica situada no gaveto das ruas de Mariz com a de S. João
A primeira Feira Medieval de apenas um dia foi um Baptista.
sucesso, passando no ano seguinte a dois dias, já com
O slogan da Feira é “vem recriar a história” constituindo-
almoço medieval. A adesão da população foi grande e
se numa espécie de aula de história ao vivo, em que a
juventude poderá vir a assistir, sendo recriada uma fase da
JORNAL AUDÊNCIA. Quarta-feira, 10 de Junho de 2009
27 Idade Média, o século XIV. A História é uma disciplina que se
109
ministra nas escolas e, às vezes, é tida como uma disciplina Concertos, cortejos, danças do ventre, exibição de aves
“chata” por parte de muitos alunos, porque os professores de rapina, adestramento de cavaleiros, manifestações
desbobinam matéria, os alunos não têm, muita das vezes, circenses, ceia, teatro, fantoches, espectáculos de fogo,
a capacidade para recuar no tempo a esta época, e assim, torneios a cavalo, assalto ao acampamento e missa na Igreja
aqui, podem visualizar aquilo que aconteceu há 600 anos Matriz foram as notas de principal destaque que se dividiram
atrás. Repetindo o ditado chinês “uma imagem vale mais do pelos espaços da Liça, Animais, Paço, Pelourinho, Tenda do
que mil palavras”, visualizar uma feira medieval é descer no Rei e Mouraria.
tempo à época medieval e aprender melhor. Com o século
XIII como pano de fundo, cerca de 25 mil pessoas passam
pela Quinta dos Condes Paço Vitorino e participam na Feira
Medieval. Organizado pela junta local, o evento já passou as
fronteiras do concelho29.
28
http://ruinarte.blogspot.pt/ (FALTA NO TEXTO)
29
Notícias de Gaia | 23.junho.11 |
110
Outras Recriações Históriacas que se realizam em Sabe-se que os Senhores da Feira e o povo da Terra
Santa Maria Feira de Santa Maria, duramente castigados por uma daquelas
pestes tristemente célebres da Idade Média, recorreram
O Município de Santa Maria da Feira, que para além ao patrocínio do Mártir S. Sebastião e dele alcançaram
da Viagem Medieval, tem fortemente enraizados outros miraculoso acolhimento.
eventos como por exemplo a Festa da Fogaceiras, que se
No tempo dos condes, segundo a tradição uma epidemia
realiza anualmente em 20 de Janeiro, em honra do Mártir S.
devastou implacavelmente a vila; e eles valendo-se da
Sebastião.
protecção de S. Sebastião, prometeram festejá-lo todos
os anos com missa cantada, Santíssimo exposto, sermão,
A Festa das Fogaceiras procissão, e com a oferenda de três broas de pão doce,
chamadas fogaças benzidas no acto da festa.
Até hoje são problemáticas todas a datas de origem que
se alegam para a Festa das Fogaceiras. Com efeito a epidemia desapareceu e os condes
cumpriram religiosamente o voto até ao ano de 1700, em
O voto cuja origem é tão remota não tem uma data que a casa dos condes, pela extinção dos mesmos, passou
assinalada, porém foi referido por D. Marcos da Cruz, que no tempo de D. João V para a Casa do Infantado.
ao falar desta terra na “Crónica dos Crúzios”, em 1640, e
referindo-se aos tempos de D. Sancho I (1184 a 1211) como Depois deste acontecimento as pessoas mais nobres
estando relacionada com com o célebre e calamitoso ano, e abastadas da vila encarregaram-se desta festividade e
chamado “annus malus” que assinalou a era de 1160 (César) cumpriram o voto dos condes por espaço de alguns anos, até
ou fosse o ano de Cristo de 1122. que afrouxando a devoção, deixaram de festejar o santo.
Esta tese indicaria que a Festa teria 890 anos, contudo Decorridos anos, reapareceu na vila a epidemia e com
e como sempre as teses historiográficas devem de ser tal força que apavorou toda a população. Depressa a viuvez
colocadas à discussão e quantos mais documentos surgirem, e a orfandade invadiu o palácio do rico e a choupana do
melhor, porque assim nós os historiadores conseguirão pobre. O povo atribuiu o reaparecimento do flagelo à
chegar a uma data mais próxima quanto à sua origem. relaxação do voto e pediu à Câmara Municipal, para que
esta, continuando o exemplo dos nobres condes da Feira,
se encarregasse de fazer a mesma festividade a expensas
suas; a Câmara acedeu de bom grado à vontade do povo e
obteve do infante D. Pedro III uma provisão para celebrar a
festa anualmente e com a mesma oferenda de três fogaças
benzidas, que seriam conduzidas na procissão por três
homens e repartidas depois por todos os habitantes da
vila. E para mais brilhantismo da festa estatuiu que seriam
obrigados a comparecer na procissão as cruzes paroquiais
das freguesias mais próximas, toda a polícia da vila e
concelho e que a mesma câmara assistisse à festividade e
se incorporasse na procissão com o seu estandarte.
Ex.12,13,23,27
30 31
Notícias da Feira, 24 de Março de 1911, pág. 2
113
No Dia de Ramos, as atenções estão viradas para os
mais novos. A par de dezenas de actores do grupo Gólgota,
centenas de crianças e jovens animam o percurso, desde a
Igreja Matriz até ao Seminário dos Passionistas, recriando os
vários quadros da Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém
e na Cidade Humana, sempre acompanhados por uma
multidão que acena a Jesus. Aqui são encenados cinco
quadros, de uma forma muito realista e interventiva em
termos culturais, sociais e religiosos.
114
A Sexta-Feira Santa é marcada pela realização da Via-
Sacra ao Vivo, desde o Palácio da Justiça até ao Castelo.
Nesta encenação, o povo acompanha os diversos quadros,
mostrando-se sensível aos valores e princípios evidenciados,
sentindo e vivendo os acontecimentos importantíssimos
da vida de Jesus, relacionados com a sua condenação
injusta, com a sua morte dolorosíssima na cruz e com a sua
ressurreição.
Queima do Judas.
115
Aqui temos a recriação de uma tradição que está muito importância do cargo de Juiz da Cruz nas nossas paróquias,
arreigada no Norte de Portugal, mas cujo significado, na que deu origem à Confraria do Subsino (a Cruz e não o sino
prática, ninguém consegue apurar. Todavia, esta tradição de tocar), aquela que tomava o encargo de velar pela Igreja e
está basicamente ligada à celebração da Páscoa. pelo enterro dos cristãos. Foi a partir dela que no Liberalismo
se formou a Junta de Paróquia e, na República, a Junta de
Como afirma Geraldo Coelho Dias “a sua origem,
Freguesia, que, com as leis higiénicas dos enterros fora das
devemos procurá-la na benção das casas, que, na Idade
igrejas, herdou o encargo de zelar pelo cemitério”33.
Média, o pároco fazia às casas dos seus paroquianos, em
recordação das casas dos hebreus ou judeus benzidas no
Egipto e defendidas pela protecção do anjo exterminador,
que marcou com sangue a soleira ou dintel das suas casas
(Ex. 12,21-23). Daqui nasceu a prática da benção das
casas entre os judeus pela Páscoa, costume que, depois,
passou aos cristãos, originando o solene rito da Visita
Pascal ou Compasso, isto é, a benção feita pelo pároco
com o acompanhamento da Cruz, em que o Senhor tinha 33
DIAS, Geraldo J. A. Coelho As Religiões da nossa vizinhança: História, Crença e
padecido (Crux cum passo Domino). Deriva desta prática a Espiritualidade
116
Visita do Rei D. Manuel II e inauguração da Linha
do Vale do Vouga.
35
CLETO, Joel e FARO, Suzana - Massacre em Arrifana, Feira. Mortos de repente
pelos franceses. O Comércio do Porto. Revista Domingo, Porto, 23 de Janeiro 2000,
p.21-22.
118
Implantação da República.36
120
Turno da Noite no Museu do Papel
Integrado no projecto Europeu “La Nuit des Musées”, merendas que incluíam broa, chouriço, marmelada, queijo
comemorado em toda a Europa, realiza-se desde 2004 a e eram acompanhadas de uma bebida “a receita” feita com
recriação de um “Turno da Noite”, no Museu do Papel Terras vinho tinto, água gaseificada e açúcar”.
de Santa Maria, em Paços de Brandão.
Em género de conclusão, podemos dizer que, hoje em dia, Esta estrutura, para além de vir a constituir uma atracção
a aposta em parques temáticos é uma aposta válida, uma turística para a cidade, teria igualmente como função ser um
vez que, aliados ao turismo temático, criam em geral, novas espaço de formação aberto à comunidade e de um modo
sinergias nas regiões ou localidades em que se instalam e especial à comunidade educativa.
podem ser utilizados para rejuvenescer os destinos turísticos
Em Portugal, esta indústria ainda não se encontra muito
tradicionais, porque atraem novos segmentos de mercado,
desenvolvida, pelo que se propõe uma pequena reflexão
melhoram a imagem desses destinos e diversificam a sua
tendo em vista a criação de um Parque de natureza histórica
oferta.
na cidade de Santa Maria da Feira, tomando como exemplo
Como refere Mary Ashton37, “os parques temáticos o Parque Puy du Fou.
representam, hoje, uma proposta de pesquisa multifacetada,
ligada ao turismo, à economia, sociologia, história, geografia, Parque temático Le Puy-du-Fou, análise de um
e tantas outras áreas”, permitindo a melhoria das sinergias caso de sucesso
interdisciplinares.
“Os parques temáticos históricos são os fiéis depositários Puy du Fou, é um parque temático que celebra a história
do património imaterial porque apelam ao sentido de memória da França e que em 2009 comemorou o seu 20° aniversário,
colectiva e exaltam os valores históricos. Neles, apesar da localizando-se na cidade de Epesses, Vendée, departamento
componente economicista, estão implícitas temáticas que de região de Pays de la Loire, Baía de Biscaia.
fazem parte do património endógeno de uma determinada A história do parque começou no final da década de 70,
região. Os conteúdos temáticos dos parques, apesar da sua a partir de um espectáculo criado por Philippe de Villiers e
vertente de lazer, fazem referência a um passado, a uma batizado de “Cinéscénie”, no qual era retratado a história
tradição ou a uma memória que poderia ser esquecido se não da França. Em 89 nasceu o “Grand Parc”, em 95, a Cidade
existisse esta vertente”38. Medieval, em 2001, foi inaugurado a arena Gallo-Romano e
Em Portugal existem apenas 5 parques temáticos históricos: o primeiro hotel, a Villa Gallo-Romaine, em 2007. A oferta
O Portugal dos Pequenitos; a Fábrica do Inglês; o Parque cresceu com dois novos espectáculos: “Les Grandes Eaux”
Mineiro Cova dos Mouros; Parque Temático da Madeira e o e “Les Orgues de Feu”; com novos efeitos especiais e
Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota. espectaculares. O Puy du Fou inaugurou o primeiro hotel de
luxo, o Le Logis de Lescure, com uma ligação directa com a
Os quatros primeiros não têm características totalmente
estação do TGV de Angers e com um serviço de transfer.
históricas. Todos eles são transversais a outras tipologias.
Mas isso também é uma característica dos parques temáticos É o quarto parque mais visitado em França após a
históricos que tem o património imaterial na sua génese. Disneylândia, o Parc Asterix e Futuroscope, com mais de
1.450.000 visitantes em 2009, entre Abril e Setembro.
Os visitantes fazem uma viagem no tempo com grandes
espectáculos quer de dia quer de noite dezenas de jogos
37
ASHTON, Mary Sandra G. Parques temáticos: espaços e imaginários. In: GASTAL, e animações, vilas antigas, hotéis o famoso espectáculo
Suzana; GASTOGIOVANNI, Antonio Carlos (org.). Turismo na pós-modernidade
(des) inquietações. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. Cinéscénie.
38
http://www.quintacidade.com/?p=1625. Acesso em 12 de Junho de 2009
123
Recursos Competências
124
Em Guédelon são recebidos também estudantes e
turistas de todo o mundo, que recebem instruções e têm
aulas sobre a cultura e os métodos construtivos daquele
tempo, participando activamente no projecto.
125
Guédelon - Um castelo em Construção 2010
1997
2001
2025
126
Deixamos assim algumas sugestões para o futuro da Gran Canaria, Madrid, Palma de Maiorca, Málaga, Valencia,
Viagem Medieval e de outras recriações: elaboração de Alicante, Bilbao, Tenerife e Valência entre outros ), para o
protocolos com as universidades para investigação científica nosso território; Animação ao longo do ano nos espaços do
promovendo o Rigor histórico; o Envolvimento de todos os património construído (artes performativas), promoção de
concelhos da Terra de Santa Maria (artesãos, grupos de roteiros teatralizados e dinamização do turismo religioso
animação e associações); Avaliar a possibilidade de replicar e Valorização do trabalho social dos beneficiários do
o Parque temático Le Puydu-Fou, ou numa outra perspectiva Rendimento Social de Inserção.
o projecto Guédelon - Um castelo em Construção; A
Ao pretendermos promover as recriações históricas como
Dinamizção de uma Escola de Artes vocacionada para
um produto turístico cultural atractivo, há a necessidade de
cursos de teatro medieval, escola de música medieval,
se elaborar um mapa pormenorizado com as datas e os
festival de música medieval, gastronomia medieval);
locais dos eventos, com uma catalogação que permita ao
Dinamização de algumas das Indústrias criativas (Artes
visitante interessado neste tipo de eventos, saber quando
Performativas; Artes Visuais e Antiguidades; Artesanato e
e onde poderá assistir e participar. Também se constata
Joalharia; Cinema, Vídeo e Audiovisual; Design; Design de
uma falta de coordenação entre as entidades promotoras,
Moda; Edição; Música; Publicidade; Software e Serviços
já que cada localidade luta por manter a sua própria
de Informática; Software Educacional e de Entretenimento;
história, fazendo em cada ano que passa o que pode, em
Televisão e Rádio) , nas Secundárias, Institutos Superiores
função dos orçamentos, do maior ou menor entusiasmo
e outras entidades; Animação ao longo do ano nos espaços
dos organizadores e dos residentes, e que poderia passar
do património construído (artes performativas), promoção
pela criação de uma espécie de Federação Portuguesa das
de roteiros teatralizados e dinamização do turismo religioso;
Organizações de Recriações Históricas.
Apostar na atractividade do público espanhol de outras
regiões, aproveitando as viagens low coast (Barcelona,
127
Bibliografia GILES, Howard, “Recreating the Past for Live Events,
TV, and Film: A Brief History of Reenactment. http://www.
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