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U NIVERSIDADE F EDERAL DO E SP ÍRITO

S ANTO

C ENTRO DE C I ÊNCIAS A GR ÁRIAS E E NGENHERIAS

Geomática I: notas de aula

Autor:
Prof. Alexandre Cândido X AVIER1

November 13, 2017

1 https://sites.google.com/site/alexandrecandidoxavierufes/home
ii

D EDICO AOS MEUS PAIS , J O ÃO E B ENEDITA .


Prefácio

Este livro (inacabado) trata da apresentação de elementos básicos de alguns tópicos da disciplina
Geomática, sendo estes: introdução de geodésia; Sistemas Globais de Navegação por Satélite
(GNSS, “Global Navigation Satellite System”); planimetria e altimetria. Este texto vem sendo uti-
lizado na graduação, disciplina Geomática I (ENG05644), que ministro semestralmente na Uni-
versidade Federal do Espı́rito Santo (UFES), campus de Alegre, para os cursos de Agronomia,
Engenharia Florestal e Geologia. Para estes cursos, o conteúdo referente a outros tópicos da área
Geomática, como o sensoriamento remoto, os sistemas de informação geográficas e o geoproces-
samento, são apresentados em uma outra disciplina, denominada Geomática II, e não é tratada
neste texto.
Embora exista uma imensa quantidade de livros que abordam os temas objetos desta obra, eu
justifico a existência deste material como de consulta, tanto para o professor como para o aluno,
durante as aulas teóricas e práticas. O texto conta sempre com uma breve explicação teórica dos
temas, tendo ainda cerca de 50 exemplos resolvidos, 67 exercı́cios propostos, em que vários deles,
são apresentados os resultados. Há ainda sugestões de aulas práticas, a serem realizadas em
computador (e.g. uso de planilha eletrônica) e em campo (e.g. nivelamento).
Buscou-se sempre apresentar sugestões de leituras para estudos mais aprofundados. Isto se
faz necessário, uma vez que o aprofundamento de determinados tópicos, fogem ao objetivo deste
texto, que é apenas introdutório à disciplina Geomática.
Como meu resumo acadêmico: sou Engenheiro Agrı́cola, formado para Universidade Federal
da Paraı́ba, hoje Universidade Federal de Campina Grande. Meu mestrado é em Sensoriamento
Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, enquanto o doutorado é em Agronomia,
na Universidade de São Paulo-ESALQ. Desde 2004 sou professor da disciplina Geomática I na
UFES, trabalhando em pesquisa na área Engenharia Agrı́cola. Logo, observem, que não sou um
especialista na área, de tal forma que erros existirão nesta obra. Desta forma, desde já, agrade-
ceria que, em se encontrando inconsistências, erros etc, estes me fossem comunicados (e-mail:
alexandre.xavier@ufes.br). Farei a correção o mais brevemente possı́vel.
Em relação a divisão do conteúdo deste texto, adotei aquela que coincide com ao que ministro
na disciplina Geomática I da UFES. Esta disciplina tem um total de 80 horas semestrais, sendo 60
horas e 20 horas de aulas, respectivamente, teóricas e práticas. Segue uma apresentação dos
conteúdos abordados em cada capı́tulo:
• Capı́tulo 1: Matemática fundamental - conceitos básicos de matemática que, ao longo do
texto, se farão necessários, como ângulos, trigonometria, cálculo áreas elementares, etc. De-
pendendo do nı́vel dos estudantes, este capı́tulo poderá ser ou não abordado em sala de
aula;
• Capı́tulo 2: Unidades métricas, escala e determinação de áreas - trata de medidas de com-
primento e de área utilizadas em levantamento topográficos. Também são definidas as es-
calas gráfica e numérica. Finalizo este capı́tulo apresentando alguns métodos para se deter-
minar áreas;
• Capı́tulo 3: Introdução a geodésia e cartografia - são apresentadas noções de geodésia,
como a forma da terra, o sistema geodésico brasileiro, datum horizontal e vertical, projeções
cartográficas e o sistema de coordenadas UTM;
• Capı́tulo 4: GNSS - são apresentado os GNSSs e seu princı́pio de funcionamento, enfati-
zando seus segmentos, o de controle, o espacial e dos usuários. Descreve-se vários sistemas
de posicionamento por satélite existentes, como o GPS e o Galileu. Os erros e os tipos de
técnicas de levantamento GNSS, também são abordados;
• Capı́tulo 5: Georreferenciamento de imóveis rurais - aborda o Georreferenciamento de
Imóveis Rurais, de acordo com INCRA (2010), mostrando o seu objetivo, as precisões re-
queridas e os tipos dos vértices que são levantados;

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo iii


iv

• Capı́tulo 6: Medidas de distância - A partir deste capı́tulo, tem inicio com maior ênfase,
ao que era, nos anos anteriores, a disciplina topografia. Quais são os meios para se medir
distâncias em campo, em especial, as distâncias horizontais? Este é o objetivo deste capı́tulo,
onde serão apresentados o uso de trenas, dos teodolitos e das estações totais para esta final-
idade;
• Capı́tulo 7: Ângulos - Neste capı́tulo, serão definidos os ângulos horizontais e verticais,
e seus métodos de medição e determinação. Também serão tratados os ângulos de alin-
hamentos em relação ao norte, isto é. os azimutes e rumos. Conceito e exemplos práticos
sobre a declinação magnética também é tema deste capı́tulo;
• Capı́tulo 8: Poligonal - trata propriamente do levantamento planimétrico (em termos sim-
ples, determinação das coordenadas x e y no plano topográfico), por meio de poligonais.
Através de exemplos, serão abordados os erros que devem ser avaliados nas poligonais
ditas fechadas. Na avaliação dos erros e a suas compensações é considerada a NBR13133
(1996);
• Capı́tulo 9: Altimetria - é apresentada a altimetria. Serão descritos diferentes métodos para
determinar as altitudes, as cotas e as diferenças de nı́vel de pontos. Aqui, estaremos dando
atenção às coordenadas (y).

Como escrito na primeira linha deste prefácio, este texto é inacabado (existe obra didático que
encerra todo um assunto?), pois alguns tópico que trato na disciplina Geomática I ainda não foram
concluı́dos, podendo-se citar, por exemplo, as curvas de nı́vel, a planialtimetria e determinação
de volume. Uma vez finalizados estes pontos, poderei considerar que, todos os tópicos, que
atualmente são abordados nesta disciplina, estarão inclusos neste texto.
Este livro está sendo escrito em LATEX2 , distribuı́do por MiKTeX3 , com o auxı́lio do editor
Texmaker4 . Para a geração do estilo bibliográfico alfabético é empregado o pacote abntex2cite5 . As
figuras foram geradas com o auxı́lio dos pacotes TikZ (TANTAU, 2013) e PSTricks6 . Destaco ainda
o pacote Cartopy (Met Office, 2010 - 2015), utilizado para gerar mapas de diferentes tipos projeções
cartográficas (ver Secção 3.5, página 42). Teria também muita mais dificuldade de produzir este
material se não contasse com o Python7 e o Matlab8 , linguagens em que foram escritos vários
scripts para, por exemplo, a geração e a solução dos problemas e exercı́cios propostos.
Gostaria de encerrar agradecendo aos meus professores que me ensinaram a estudar. À UFES,
por me propiciar a paz para o desenvolvimento de minhas atividades de ensino e pesquisa. E, à
minha esposa Juliana e filhos, Beatriz e Thiago, por todos os momentos de alegria.

Julho de 2017 A LEXANDRE C ÂNDIDO X AVIER


Alegre, Espı́rito Santo

2 hhttps://www.latex-project.org/i
3 hhttps://miktex.org/i
4 hhttp://www.xm1math.net/texmaker/i
5 hhttp://mirrors.ibiblio.org/CTAN/macros/latex/contrib/abntex2/doc/abntex2cite-alf.pdfi
6 hhttp://tug.org/PSTricks/main.cgi/i
7 hhttps://www.python.org/i
8 hhttp://www.mathworks.com/i
Índice

1 Matemática fundamental 1
1.1 Noções básicas de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Ângulo em grau, grado e radiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.2.1 Grau sistema sexagesimal e decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.3 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.3.1 Lei dos cossenos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Coordenada retangular e polar no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.1 Coordenada retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.2 Coordenada polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 Coordenada polar para retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.4 Coordenada retangular para polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Áreas de figuras elementares no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2 Unidades métricas, escala e determinação de áreas 21


2.1 Unidades de comprimento e área . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.0.1 Escala numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3 Determinação de áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.1 Decomposição de figuras elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.2 Área ao longo de um transecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3.3 Cálculo de área por Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3 Introdução a geodésia e cartografia 33


3.1 Geóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Elipsóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Coordenada geodésica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.4 Coordenada geodésica cartesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.4.1 Coordenada astronômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4.2 Sistema de geodésico brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.5 Projeção cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.5.1 Projeção cônica de Albers (igual área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.5.2 Projeção sinusoidal (igual área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.5.3 Projeção cônica de Lambert (conforme) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.5.4 Projeção Azimutal (equidistante) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.5.5 Projeção Universal Transversa de Mercador (UTM) . . . . . . . . . . . . . . 47

4 GNSS 53
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Posicionamento por satélite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.3 Segmentos GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.4 Exemplos de GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.5 Observáveis e fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.5.1 Pseudodistância por código . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.2 Pseudodistância por fase da onda portadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.3 Erros nas observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.3.1 Erro devido ao satélite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.3.2 Erro devido à propagação do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.6 Tipos de posicionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.6.1 Terminologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

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4.6.2 Posicionamento por ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.6.3 Posicionamento diferencial (DGNSS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.4 Posicionamento relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.4.1 Posicionamento relativo estático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5 Georreferenciamento de imóveis rurais 73


5.1 Objetivo e prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2 Profissional habilitado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.3 Tipos de vértices e sua identificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

6 Medidas de distância 79
6.1 Tipos de distâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.2 Influência da curvatura da terra nas medidas de distância horizontal . . . . . . . . 80
6.3 Medição com trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6.3.1 Erros instrumentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
6.3.2 Erros naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
6.3.3 Procedimento em campo para medidas à trena . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
6.4 Medição taqueométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6.5 Medidor eletrônico de distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.5.1 Radiação eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.5.2 Princı́pio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.5.3 Fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

7 Ângulos 97
7.1 Medidores de ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2 Ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.1 Alinhamento de vante e ré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.2 Medição do ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.3 Ângulos horizontais à direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7.2.4 Ângulos de deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7.2.5 Meridiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
7.2.6 Azimute . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.2.7 Rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.8 Conversão de azimutes em rumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.9 Erro angular de fechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7.2.10 Cálculo do azimute a partir dos ângulos internos à direita . . . . . . . . . . 107
7.2.11 Cálculo do azimute a partir da deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.2.12 Cálculo do azimute a partir das coordenadas retangulares . . . . . . . . . . 110
7.2.13 Medidas de azimute em campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.2.14 Declinação magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.3 Ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
7.3.1 Medição do ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

8 Poligonal 123
8.1 Poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
8.2 Poligonal aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
8.3 Cálculo de uma poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
8.3.1 Exemplo de cálculo de poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.3.2 Cálculo da poligonal quando pontos não podem ser ocupados . . . . . . . . 134
8.4 Cálculo de uma poligonal aberta e apoiada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
9 Altimetria 141
9.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.2 Erro de esfericidade e refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
9.3 Declividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
9.4 Nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
9.4.1 Nivelamento barométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.2 Nivelamento trigonométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.3 Nivelamento taqueométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
9.4.4 Nivelamento GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
9.4.5 Nivelamento geométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
9.4.5.1 Nivelamento geométrico simples (NGS) . . . . . . . . . . . . . . . 154
9.4.5.2 Nivelamento geométrico composto (NGC) . . . . . . . . . . . . . . 157
9.5 Tolerância para o nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
9.6 Perfil topográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
9.7 Greide ou rampa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
9.8 Cálculo de volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164

Índice remissivo 175


Matemática fundamental
1
Na maioria dos problemas que serão vistos ao longo dos próximos capı́tulos haverá a necessidade
de aplicação de cálculos simples. Por exemplo, em levantamentos topográficos convencionais são
medidos em campo, entre os pontos de interesse, ângulos e distâncias, que posteriormente serão
utilizadas para cálculo das suas coordenadas (x, y), tendo como base um plano topográfico local.
Para estes cálculos são empregadas funções trigonométricas e conhecimentos básicos de geome-
tria analı́tica. Neste capı́tulo será realizada uma breve revisão de trigonometria e de geometria
analı́tica.
Sumário
1.1 Noções básicas de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Ângulo em grau, grado e radiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.3 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Coordenada retangular e polar no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.1 Coordenada retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.2 Coordenada polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 Coordenada polar para retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.4 Coordenada retangular para polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Áreas de figuras elementares no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.1 Noções básicas de trigonometria

Trigonometria é a área da matemática que estuda relações entre lados e ângulos de um triângulo.
Neste estudo utiliza-se ângulos, em diferentes unidades, e funções trigonométricas, sendo que ao
longo desta seção estes pontos serão relembrados.

1.1.1 Ângulos

Duas semirretas, quando não coincidentes e com ponto de origem em


comum, ponto este dito vértice, tem um plano que as contêm e demarcam
duas regiões deste plano1 . A noção de ângulo é estabelecida pela medida s
da abertura entre estas semirretas, neste caso, dois ângulos. Do mesmo θ
modo, dois segmentos de reta, não sobrepostos, com origem comum, de-
r
finem dois ângulos, se estendermos em duas semirretas a partir da origem
dos segmentos. Seja a Figura ao lado representando: dois segmentos; o ângulo θ; um arco de
comprimento “s” que está a uma distância “r” do vértice. Matematicamente θ é:
1 Os equipamentos topográficos medem os ângulos no plano horizontal e vertical. Maiores detalhes no Capı́tulo 7,

página 97.
CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

s
θ=k , (1.1)
r
sendo k uma constante, que vai depender da unidade angular que se está trabalhando: radiano,
grau ou grado, conforme será visto adiante. A constante k faz com que a medida do ângulo seja
independentemente do comprimento do arco s ou da posição r em que o arco esteja iniciando.

1.1.2 Ângulo em grau, grado e radiano


Vimos que ângulo e uma medida da abertura entre dois segmentos de reta com origem comum ou
de duas semirretas também com origem comum. Nota-se que deve-se definir qual é o segmento
ou semi-reta que terá o inı́cio da contagem da medida e qual o sentido a ser percorrido, se horário
ou anti-horário. As unidades angulares serão apresentadas sobre um cı́rculo, tendo como inı́cio a
contagem o segmento que coincide com o eixo-x e o sentido sendo anti-horário. Esta contagem é a
mesma que é utilizada para cálculos das funções trigonométricas. Na Figura 1.1 são apresentados
alguns ângulos, nas unidades de grau, radiano e grado.

100g

150g π 50g
3π 2 π
4 4
90◦
135◦ 45◦

200g π 180◦ 0◦ 0 0g 360◦ 2π rad 400g x

225◦ 315◦
5π 270◦ 7π
4 3π 4
Figura 1.1 250g 2 350g
Ângulo de
grau, radiano e 300g
grado sobre o
cı́rculo.

Grau
A unidade de grau é aquela onde um cı́rculo é dividido em 360 partes iguais e cada parte corre-
sponde a um grau, sendo utilizado como sı́mbolo para o grau, “◦ ”, devendo o mesmo ser aplicado
após o número. Sobre o cı́rculo no eixo-x positivo o ângulo é 0◦ ou 360◦ , aumentando no sentido
anti-horário até que sobre o eixo-y positivo o ângulo é de 90◦ , e assim sucessivamente.
Podem-se considerar ângulos negativos. O significado é simples,
por exemplo, o ângulo −56◦ corresponde ao ângulo 304◦ (Figura ao y
lado), no entanto não se escreve −56◦ = 304◦ . Ou seja, −56◦ e 304◦ ◦
estão na mesma posição sobre o cı́rculo, e se forem aplicadas funções 304
trigonométricas a estes valores, os resultados serão os mesmo. De
forma similar, pode-se ter valores angulares superiores a 360◦ . Por x
exemplo 380◦ , significa que já foi dada uma volta completa no cı́rculo, −56◦

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

mais 20◦ , dessa forma 380◦ corresponde a 20◦ graus e aqui também
não se escreve 380◦ = 20◦ .

1.1.2.1 Grau sistema sexagesimal e decimal


Os ângulos em graus podem estar nas formas sexagesimal ou deci-
mal. A forma sexagesimal é aquela em que o ângulo é apresentado
em: i) graus, sem sua fração; ii) subdivisão do graus, minutos (0 ); iii)
e subdivisão dos minutos, segundos (00 ). Podem-se citar as seguintes
63◦ 260 5,800
relações entre graus, minutos e segundos: 1◦ = 600 ; 10 = 6000 ; e logo, 116◦ 330 5400
1 = 3600 . Na notação sexagesimal, os minutos variam de 0 a 60 ,
◦ 00 0 0

e os segundos de 000 a 6000 . A única parte que admite decimal é a dos


segundos.
180◦ 00 000
Os ângulos em graus decimal são apresentados em graus com
sua decimal, se for o caso. A conversão de ângulos em graus sexa-
gesimais para decimais é simples, basta somar ao valor dos graus, aos minutos e aos segundos
transformados em graus, como apresentado no 1.1.
Exemplo 1.1

Converta o ângulo sexagesimal 116◦ 33’54,1800 para grau decimal.


Solução
Sabendo-se que 1◦ = 600 e 1◦ = 360000 , temos:
 ◦  ◦
330 54,1800
116◦ 330 54,1800 = 116◦ + +
600 360000
= 116,5650511◦ .

Por outro lado, para converter um ângulo na forma grau decimal para sexagesimal observa-
mos, primeiramente, que a parte inteira corresponde aos graus. Em seguida multiplica-se por 60 a
parte decimal do ângulo e a nova parte inteira do resultado serão os minutos. Agora, multiplica-se
por 60 a última parte decimal encontrada para obter os segundos, inclusive com a parte decimal,
se for o caso. Um exemplo desta conversão é apresentada no Exemplo 1.2. A transformação de
ângulos decimais para sexagesimais e vice-versa é realizada automaticamente, pela maioria das
calculadoras cientı́ficas, por meio da tecla ◦ 0 00 , e o auxı́lio da tecla shift .
Exemplo 1.2

Transforme o ângulo decimal do 1.1 para o sistema sexagesimal.

Solução
O ângulo é 116,5650511◦ , logo 116◦ . A decimal 0,5650511◦ em minutos:

minutos = 0,5650511 · 600


= 33,903
= 330 .

Agora decimal dos minutos, 0,9030 , em graus:

segundos = 0,903 · 6000


= 54,1800 .

Desta forma, temos o ângulo na forma sexagesimal, 116◦ 330 54,1800 .

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

Radianos

Os ângulos em radianos são abreviados por “rad”, sendo que 1 rad


corresponde ao ângulo que subentende o comprimento do arco, s,
de comprimento igual ao raio, r, como mostrado na Figura ao lado. s=r
r
Uma volta total em um circunferência corresponde a 2π rad. O
1 rad
valor de π é definido como a razão entre o perı́metro de uma cir-
cunferência e o seu diâmetro, sendo ≈ 3,1415927. Para os nos- r
sos cálculos, deve-se utilizar o valor de π dado pela calculadora ou
planilha eletrônica. A unidade angular de radianos é a utilizada para
cálculos de funções trigonométricas na maior parte dos programas
e linguagens computacionais, como por exemplo a planilha Excel2 ,
planilha do Google3 , C++4 , Java5 , Python6 , Matlab7 etc.

Grados

O ângulo em grado tem como sı́mbolo “g”, e é colocado após o valor da medida. Nesta unidade
o cı́rculo é dividido em 400 partes iguais e cada uma equivale a um grado, sendo aceito a decimal
de grado. É uma unidade utilizada por alguns paı́ses europeus, como por exemplo Portugal.
A conversão entre unidades angulares é bastante simples. Por exemplo, se considerar apenas
meio cı́rculo, têm-se: π rad = 180◦ = 200g .
Exemplo 1.3

Quanto vale 116◦ 330 54,1800 em radiano e grado?

Solução
Primeiramente, este ângulo deve ser transformado para grau decimal, o que foi realizado
no 1.1. Por meio da relação entre as unidades de graus e radianos, mostradas acima, tem-
se, para transformá-lo em radianos (xrad ):
xrad π

=
116,5650511 180◦
116,5650511◦ · π
xrad =
180◦
xrad = 2,0344 rad.

Aplica-se agora a relação entre grau e grado para encontrar o valor angular em grado
(xgrado ), como:

xgrado 200g
=
116,5650511◦ 180◦
116,5650511◦ · 200g
xgrado =
180◦
xgrado = 129,5167g .

2 Ver hhttp://office.microsoft.com/pt-br/i
3 Ver hhttps://support.google.com/drive/bin/topic.py?hl=pt-BR&topic=30240i
4 Ver hhttp://www.open-std.org/i
5 Ver hhttp://www.java.com/pt BR/i
6 Ver hhttp://www.python.org/i
7 Ver hhttp://www.mathworks.com/i

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

Observações sobre ângulos: goniômetros; calculadora e a constante k (Equação 1.1)


Os instrumentos que medem ângulos são chamados goniômetros. Um transferidor é um
goniômetro, assim como equipamentos topográficos que os possuem, como o teodolito e a estação
total. É por meio destes equipamentos que são realizadas a medidas de ângulos entre pontos de
interesse. Geralmente, estes equipamentos apresentam os ângulos na unidade de graus e no sis-
tema sexagesimal. Para trabalhar com estes dados em planilhas eletrônicas, estes devem ser trans-
formados para grau decimal, e posteriormente para a unidade de radianos, pois é nesta unidade
que a maioria dos programas computacionais trabalham com as funções trigonométricas.
Deve-se prestar atenção quanto ao uso de ângulos em calculadora cientı́fica. Geralmente
ela pode trabalhar nas três unidades angulares apresentadas, bastando ajustá-la para a unidade
que é requerida nos cálculos. A unidade de ângulo que a calculadora está configurada pode ser
visualizada na tela da mesma, onde as letras: “D8 ”, “R” e “G”, identificam que a calculadora está
trabalhando, respectivamente, em grau, radiano e grado. Para modificar a unidade de grau da
calculadora, deve-se consultar manual e seguir procedimento indicado.
Encerrando este assunto, vamos observar mais uma vez a Equação 1.1. Agora podemos facil-
mente calcular o valor da constante k. Para a unidade de radianos temos para θ = 1 rad, o
comprimento do arco (s) é igual ao raio (r), desta forma k = 1 rad. Caso a unidade seja de graus,
sabe-se que para θ = 180◦ , em um arco de raio r, teremos um comprimento de arco, s = π · r,

desta forma, substituindo na Equação 1.1, temos k = 180π . Utilizando o mesmo raciocı́nio acima
você pode encontrar o valor de k para ângulo na unidade grado.

1.1.3 Funções trigonométricas


Para definir as funções trigonométricas de ângulos agu-
dos (θ < 90◦ ), serão utilizadas razões entre os lados de
um triângulo retângulo, conforme a Figura ao lado. Neste u sa

cateto oposto
ten
triângulo, o maior lado, oposto ao ângulo reto (90◦ ), é de-
hipo
nominado de hipotenusa; o cateto que contem o ângulo me-
dido é denominado de cateto adjacente; e o outro cateto
é o cateto oposto. As funções trigonométricas são, o seno θ
( sen ), o cosseno (cos), a tangente (tan), a cotangente (cot),
a secante (sec) e a cossecante (csc), sendo apresentadas nas cateto adjacente
Equações 1.2 a 1.7.
 
cateto oposto
sen θ = (1.2)
hipotenusa
 
cateto adjacente
cos θ = (1.3)
hipotenusa
 
cateto oposto
tan θ = (1.4)
cateto adjacente
 
cateto adjacente
cot θ = (1.5)
cateto oposto
 
hipotenusa
sec θ = (1.6)
cateto adjacente
 
hipotenusa
csc θ = (1.7)
cateto oposto
Uma vez conhecidos os lados de um triângulo retângulo, é possı́vel por meio das funções
trigonométricas inversas encontrar um determinado ângulo desejado. Cita-se abaixo as funções
8 Abreviação de graus em inglês, degree.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

inversas: arco seno ( arcsen ou sen −1 ); arco cosseno (arccos ou cos−1 ) e arco tangente (arctan ou
tan−1 ). Em calculadoras eletrônicas e planilhas, os valores das funções inversas estão restritas à
diferentes domı́nios, para maiores detalhes ver Stewart (1999).

 
cateto oposto
θ = arcsen (1.8)
hipotenusa
 
cateto adjacente
θ = arccos (1.9)
hipotenusa
 
cateto oposto
θ = arctan (1.10)
cateto adjacente

Exemplo 1.4

Para o triângulo retângulo da Figura ao lado, determinar θ, α,


e o seno, o cosseno e a tangente destes ângulos?
α
6,4 m
5m

θ
Solução
A hipotenusa vale 6,4 m. Para o ângulo θ, o lado de 5 m é o seu cateto oposto. Desta forma,
pode-se utilizar a função arco seno para determinar θ:
 
cateto oposto
θ = arcsen
hipotenusa
 
5
= arcsen
6,4
= 51,3752◦ .

Para calcular α, sabe-se que a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180◦ , logo
α = 180◦ − (51,3752◦ + 90◦ ) = 38,6248◦ . As funções trigonométricas para θ e α:

sen θ = 0,7813 cos θ = 0,6242 tan θ = 1,2515


sen α = 0,6242 cos α = 0,7813 tan α = 0,7990

Exemplo 1.5

Com o objetivo de se estimar o raio da


terra (R), um topógrafo subiu em uma mon- A linha do horizonte em A
tanha de 5 km de altura, tendo vista para
5 km 2,26◦
o oceano. Com o auxı́lio dos seus equipa-
mentos, mediu-se o ângulo formado entre a θ H
linha horizontal que passa pelo equipamento R
e a reta tangente a superfı́cie do oceano no
ponto H, obtendo 2,26◦ . Por meio destas R
informações, determinar o raio aproximado O
da terra (R).

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

Solução
A visada AH é tangente à terra em H. AH é perpendicular à OH, logo em H, o ângulo
é reto (90◦ ) para o triângulo AOH. O lado deste triângulo oposto a H (R+5 km) é a
hipotenusa. Percebe-se também que, o ângulo entre a linha do horizonte que passa em A
e a linha AO é de 90◦ , então o ângulo θ é de 87,74◦ (90◦ −2,26◦ ). Considerando sen θ temos:
R
sen θ =
R+5
R = (R + 5) sen 87,74
R − R sen 87,74 = 5 · sen 87,74
5 · sen 87,74
R=
1 − sen 87,74
R = 6423,1 km.

Para as definições das funções trigonométricas em função apenas de um ângulo qualquer,


utiliza-se a figura de um cı́rculo unitário no plano cartesiano, ou seja, de raio 1 conforme Figura
1.2. Os valores de cos θ e sen θ correspondem a projeção do raio com o ângulo θ nos eixos x e
y, respectivamente. Logo os seus valores variam entre −1 e 1, sendo que os seus sinais mudam
conforme o quadrante. Maiores detalhes podem ser encontrados em livros de cálculo.

2◦ Quadrante y 1◦ Quadrante
sen θ = + sen θ = +
cos θ = − cos θ = +
tan θ = − 1 tan θ = +

sen θ
sen θ tan θ =
θ cos θ
x
−1 cos θ 1

3◦ Quadrante −1 4◦ Quadrante
sen θ = − sen θ = −
cos θ = − cos θ = +
tan θ = + tan θ = −

Figura 1.2
Cı́rculo unitário e os sinais por quadrante das funções sen , cos e tan.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

Lei dos senos

Agora, considere um triângulo de lados a, b e c, com os ângulos opostos a a b


b B
b e C.
b A lei dos senos apresenta as relações B c
estes lados, respectivamente, A,
apresentadas na Equação 1.11. Um exemplo clássico de aplicação da lei dos b b
A
C
senos aplicada à topografia é apresentado no Exemplo 1.6. b

a b c
= = . (1.11)
b
sen A b
sen B b
sen C

Exemplo 1.6

Considere o esquema apresentado na Figura a seguir. Um levantamento topográfico foi


realizado do lado esquerdo do rio, e não se tem acesso ao lado direito, onde encontra-se
o ponto P. Todavia deseja-se obter a distância AP. Para tanto, mediu-se: com uma trena,
a distância de A ao ponto B, resultando em 50 m; por meio de um teodolito estacionado
em A, visando-se sucessivamente P e B, o ângulo α = 37◦ 510 ; e por fim, também com o
teodolito, agora estacionado em B, visando-se A e P, o ângulo β = 75◦ 470 . Por meio destas
medidas, calcule a distância AP.
A rio

γ P
50 m

Solução
A lei dos senos pode ser utilizada para determinar a distância do ponto inacessı́vel
P. Como dois ângulos do triângulo foram medidos, pode-se calcular o outro, ao qual
denominaremos de γ, sendo:

γ = 180 − (α + β)
= 180 − (37◦ 510 + 75◦ 470 )
= 66◦ 220
Uma vez que conhecemos o lado AB=50 m, o seu ângulo oposto, γ = 66◦ 22’, e o ângulo
α = 75◦ 47’, oposto ao lado que queremos determinar, AP, pode-se aplicar a lei dos senos,
como segue abaixo:

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA

AB AP
=
sen γ sen β
50 m AP
◦ 0
=
sen 66 22 sen 75◦ 470
50 m · sen 75◦ 470
AP =
sen 66◦ 220
AP = 52,906 m.

1.1.3.1 Lei dos cossenos

A outra lei trigonométrica que vamos apresentar é a dos cossenos. Ela relaciona os lados do
triângulo com um ângulo interno interno segundo as Equações 1.12-1.14. Pode-se utilizar estas
Equações para marcação de ângulos em campo, como será apresentado no Exemplo 1.7.

!
b b= a2 − b2 + c2
2 2 2
a = b + c − 2bc cos A cos A (1.12)
−2bc
!
b b= b2 − a2 + c2
b2 = a2 + c2 − 2ac cos B cos B (1.13)
−2ac
!
b b= c2 − a2 + b2
2 2 2
c = a + b − 2ab cos C cos C (1.14)
−2ab

Exemplo 1.7

Considerando que os comprimentos dos lados de um triângulo são: a = 32 m, b = 28 m e


c = 23 m. Determine os ângulos internos.

Solução
A partir da lei dos cossenos, temos b
para A:
2 2 2
!
b= a − b +c
cos A
−2bc
2 2 2
! !
b = arccos a − b + c 322 − 282 + 232
A = arccos = 77,0336◦
−2bc −2 · 28 · 23
b:
Para B

!
b= b2 − a2 + c2
cos B
−2ac
! !
b = arccos b2 − a2 + c2 282 − 322 + 232
B = arccos = 58,5054◦
−2ac −2 · 32 · 23

Uma vez que conhecemos dois ângulos internos do triângulo, então


b = 180 − (A
C b + B)
b = 44,4610◦ .

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.2. COORDENADA RETANGULAR E POLAR NO PLANO

1.2 Coordenada retangular e polar no plano

Para a apresentação gráfica de dados bidimensionais, é utilizado o plano cartesiano, formado por
dois eixos ortogonais entre si, denominados de eixo-x e eixo-y. A posição de pontos neste sistema
dar-se-á por meio de coordenadas retangulares ou polares.

1.2.1 Coordenada retangular


A coordenada retangular de um ponto é dada por sua posição horizontal e vertical, coordenada
x e coordenada y, respectivamente. Exemplo do plano cartesiano e pontos com suas respectivas
coordenadas retangulares são apresentados na Figura 1.3. Estas coordenadas podem estar em
qualquer unidade de comprimento, sendo que em geomática a mais comum é a de metro (m).
Logicamente, caso a unidade fosse de metro, esta figura estaria reduzida a determinada escala
(ver Secção 2.2, página 22).

B(−1; 3,7) 4
3
2 A(4,5; 2,1)
1
E(0,0)
x
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−1
−2 D(4,9; −1,3)

−3
C(−4,9; −3,2)
−4
Figura 1.3
Posição de alguns pontos e suas coordenada re- −5
tangulares.

Distância Euclidiana
Caso as coordenadas retangulares de dois pontos quaisquer sejam conhecidas, por exemplo, os
pontos 1(x1 , y1 ) e 2(x2 , y2 ) da Figura ao lado, pode-se calcular a distância da linha reta entre eles
(d12 ), denominada de distância Euclidiana. Pelo teorema de Pitágoras, d12 :
y

d212 = ∆x2 + ∆y 2
q (1.15) (x2 ,y2 )
2 2
d12 = (x2 − x1 ) + (y2 − y1 )
d12
∆y = y2 − y1

(x1 ,y1 )
∆x = x2 − x1
x

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.2. COORDENADA RETANGULAR E POLAR NO PLANO

Exemplo 1.8

Qual a distância entre os pontos A e C apresentados na Figura 1.3? Considere que a


unidade é o metro.
Solução
As coordenadas de A e C são (4,5 m; 2,1 m) e (−4,9 m; −3,2 m), respectivamente. Apli-
cando a Equação 1.15: q
2 2
d= (xA − xC ) + (yA − yC )
q
2 2
= (4,5 − −4,9) + (2,1 − −3,2)
q
2 2
= (4,5 + 4,9) + (2,1 + 3,2)
= 10,791 m.

1.2.2 Coordenada polar

y
A coordenada polar de um
ponto é dada pelo seu raio
(r), distância entre a origem do 5
sistema cartesiano ao ponto, e
4
seu ângulo (θ), medido a par-
tir do eixo-x positivo, sentido 3
anti-horário, até raio. Exem- A(25,017◦ ; 4,97)
plo de coordenadas polares para 2
,97
os pontos A e C vistos na =4
1 rA
Figura 1.3 podem ser observa- θ = 213,147◦ θA = 25,017◦
dos na Figura 1.4. Aprenderemos x
posteriormente que em levanta- −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
mentos topográficos trabalhamos −1
5
com um tipo de coordenada po- 5,8 −2
lar, em que o ângulo é denomi- =
rC
nado de Azimute, e o raio o com- −3
primento do alinhamento. Porém C(213,147◦ ; 5,85)
o ângulo de Azimute é medido −4
a partir do eixo-y positivo, e o −5
sentido de contagem angular é o
horário. Mais detalhes serão vis-
tos posteriormente, no Capı́tulo Figura 1.4
7. Coordenadas polares para os pontos A e C da Figura 1.3.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.2. COORDENADA RETANGULAR E POLAR NO PLANO

1.2.3 Coordenada polar para retangular

A transformação de coordenada
polar para retangular pode ser de- y
duzida a partir da Figura 1.5. Con-
sidere um ponto P, de coordenada P(xP ,yP )
yP
polar (θP , rP ). Queremos obter
sua coordenada retangular (xP , yP ). rP cateto oposto ao θ
Pode-se verificar que o cateto oposto
e o cateto adjacente ao ângulo θP cor-
θP
respondem, respectivamente, à coor- x
denada yP e xP . Serão aplicadas as cateto adjacente ao θ xP
funções seno e cossenos ao ângulo
θ, que tem como hipotenusa rP , o Figura 1.5
Esquema gráfico para conversão entre coordenada polar
que resultará na obtenção da coor-
e retangular.
denada retangular, como apresen-
tado nas Equações 1.16 e 1.17. Estas
equações são aplicadas para pontos localizados em quaisquer quadrante.

xP
cos θP =
rP (1.16)
xP = rP cos θP

yP
sen θP =
rP (1.17)
yP = rP sen θP

Exemplo 1.9

Considere a coordenada polar do ponto C da Figura 1.4. Qual a sua coordenada retangu-
lar? A unidade de comprimento é seja de metro.
Solução
A coordenada polar de C é (213,147◦ ,5,85). Então:

xC = rC cos θC = 5,85 cos 213,147◦ = −4,9 m.

yC = rC sen θC = 5,85 sen 213,147◦ = −3,2 m.

Como era esperado, a coordenada retangular de C é a mesma apresentada na Figura 1.3.

1.2.4 Coordenada retangular para polar


Agora será apresentada a transformação de coordenada retangular para polar. Para tanto uti-
lizaremos mais uma vez o esquema da Figura 1.5. Só que desta vez, a coordenada retangular de
P, (xP , yP ), é que é conhecida. Uma vez que se têm os dois catetos do triângulo retângulo, o raio de
P, rP , é obtido por meio da Teorema de Pitágoras (Equação 1.18). Já o ângulo θP , para este quad-
rante, pode ser obtido por meio da função arco tangente, como apresentada na Equação 1.19. A
Equação 1.18 é valida para pontos em qualquer quadrante. Já a Equação 1.19, para cálculo de θp ,
é valida apenas para o primeiro quadrante, sendo que para os demais, pode-se obtê-lo facilmente,
como será apresentado no Exemplo 1.2.4.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

q
rP = x2P + yP2 (1.18)

Se xP não for nulo:

yP
tan θP =
xP
  (1.19)
yP
θP = arctan
xP

Exemplo 1.10

Considere a coordenada retangular do ponto D da Figura 1.3. Qual a sua coordenada


polar? Considere que a unidade seja de metro.

Solução

A coordenada retangular de D é
(4,9 m; −1,3 m). Ela é novamente mostrada y
na Figura ao lado. Observe que a projeção
da coordenada e o raio de D, rD , resultam em
um triângulo retângulo, em que, 4,9 m é o θD
cateto adjacente a α, e 1,3 m é o cateto oposto, x
podendo-se calcular α: α rD

yD D(4,9; −1,3)
tan α =
xD
   
yD 1,3
α = arctan = arctan = 14,8586◦ .
xD 4,9

Agora pode-se calcular θD , pois, θD = 360◦ − α = 345,1414◦ . Para se calcular rD , temos:

q p
rD = x2D + yD
2 = 4,92 + 1,32 = 5,07 m.

Desta forma, a coordenada polar de D é (345,1414◦ ; 5,07 m).

1.3 Áreas de figuras elementares no plano

Área de um retângulo
Sejam os lados de um retângulo, a e b. A sua área (A) é calculada pelo produto dos seus lados:

A = ab. (1.20)

Exemplo 1.11

Qual a área de um sala retangular, onde os lados medem 5,3 m e 7,9 m.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

Solução

A = ab = 5,3 · 7.9 = 41,87 m2 .

Área de triângulo
a
h c
A área de um triângulo pode ser calculada de diversas formas, α
dependendo dos dados disponı́veis, se os comprimentos dos lados
e/ou ângulos internos. Considere o triângulo da Figura ao lado. Caso b
sejam conhecidas(os):

• a sua altura (h) e a base (nesta Figura o lado b), a área será:

bh
A= . (1.21)
2

Exemplo 1.12

Qual a área de triângulo onde a base mede 15,9 m e a altura 9 m.

Solução
bh 15,9 · 9
A= = 5,3 · 7.9 = 71,55 m2 .
2 2

• dois lados, a e b, e o ângulo formado entre eles, α, a área será:

1
A= ab sen α; (1.22)
2

Exemplo 1.13

Qual a área de triângulo em que dois lados medem 3,1 m e 6,8 m, e o ângulo entre eles é
de 34◦ .
Solução
1 1
A= ab sen α = 3,1 · 6,8 sen 34◦ = 5,89 m2 .
2 2

• os comprimentos dos três lados do triângulo, a, b, e c, usa-se a fórmula de Heron, também


conhecida como a fórmula do semiperı́metro, em que a área é:
p
A= p (p − a) (p − b) (p − c), (1.23)
em que p é semiperı́metro:

a+b+c
p= . (1.24)
2

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

Exemplo 1.14

Qual a área de um triângulo de lados medem 10,3 m, 5,4 m e 6,0 m.


Solução
O semiperı́metro:
a+b+c 10,3 + 5,4 + 6,0
p= = = 10,85 m.
2 2
A área será:
p p
A = p (p − a) (p − b) (p − c) = 10,85 (10,85 − 10,3) (10,85 − 5,4) (10,85 − 6) = 12,56 m2 .

Área de trapézio

A área de um trapézio é calculada pela soma da bases, b1 e b2 , b2


multiplicada pela altura9 (h) dividida por dois, isto é:
h

b1

1
A= (b1 + b2 )h. (1.25)
2

Exemplo 1.15

Uma praça pública tem a forma de um trapézio, sendo medidos os lados paralelos de 50,7
m e 80,4 m e a distância entre eles de 12 m, calcular á área da praça.
Solução
1 1
A= (b1 + b2 )h = (50,7 + 80,4)12 = 786,6 m2 .
2 2

Área de um cı́rculo
Para uma cı́rculo, pode ser conhecido o seu raio R ou o seu diâmetro, D (2R). Se o R é conhecido,
a sua área é:

A = πR2 . (1.26)
Caso seja conhecido o diâmetro (D):
π 2
A= D . (1.27)
4

Exemplo 1.16

Uma caixa de água tem diâmetro de 1,2 m. Qual a área de superfı́cie que ela ocupa.
Solução
Conhecendo-se o diâmetro temos:
π π
A = D2 = 1,22 = 1,13 m2 .
4 4

9 Chamam-se de bases de um trapézio os seus lados paralelos e, sua altura, a distância que separa estes dois lados.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

Área de um setor de cı́rculo

Seja α, em graus, o ângulo da área do setor de cı́rculo a ser


calculado. Temos, quando se conhece o raio (R): R

 α  α
A= πR2 . (1.28)
360◦

Caso o diâmetro (D) seja conhecido:

 α π
A= D2 . (1.29)
360◦ 4

Exemplo 1.17

Calcule a área de um setor de 5◦ de uma circunferência de R igual a 3 m.


Solução
 α   ◦ 
5
A= πR 2
= π32 = 0,393 m2 .
360◦ 360◦

Sugestão de aula prática

Uso de planilha eletrônica para solução de problemas em matemática.

Objetivo: apresentar o uso de planilhas eletrônicas para a resolução de problemas em


topografia. É sugerida a utilização da planilha de cálculo Calc, presente no pacote libreoffice,
que é diponı́vel gratuitamente. Para obtê-lo e encontrar maiores informações, consultar a
página: hhttps://www.libreoffice.orgi.
Serão apresentados os operadores e algumas funções matemáticas, onde, uma vez sabendo
utilizá-las, é possı́vel resolver grande parte dos problemas de topografia.
Como roteiro:
• apresentação dos operadores matemáticos: soma (+), subtração (−), multiplicação
(∗), divisão (\) e potência (∧);
• apresentação das funções da tabela abaixo. Em que θ é o ângulo na unidade de
radianos (rad), e arg é(são) o(s) argumento(s) a ser(em) utilizado(s).

Funções a serem apresentadas.


sen =sen(θ[rad] ) cos =cos(θ[rad] ) tan =tan(θ[rad] )
arcsen =asen(arg) arccos =acos(arg) arctan =atan(arg)
soma =soma(arg) média =média(arg) desvio padrão =DESVPAD(arg)

Como exemplo de aplicações, resolver os problemas dos exercı́cios 1.3, 1.6 e 1.7 na planilha
Calc.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

Exercı́cios

y(m)
1.1. Com o triângulo da Figura ao lado, de coordenada R(12,3 m,
6,1 m), calcular os ângulos α, β, e o seno, cosseno e tangente destes R
ângulos.
Resp.: α = 26,3784◦ ; β = 63,6216◦ ; sen α = 0,4443; β
cos α = 0,89588; tan α = 0,49593; sen β = 0,89588; cos β = 0,4443; α x(m)
tan β = 2,0163.

1.2. Converter 0,0006◦ para segundos.


Resp.: 2,1600 .

1.3. Expressar 2,32 rad e 1,25 rad em graus decimais.


Resp.: 132,926◦ ; 71,619◦ .

1.4. Converter 10◦ 150 3900 para graus decimais.


Resp.: 10,26083333.

1.5. Converter 11◦ 500 300 para radianos.


Resp.: 0,207 rad.

1.6. Um triângulo tem lados a = 7,5 m, b = 8,9 m e c = 10,2 m. Calcule: i) a área (m2 e ha); ii) os
ângulos internos.
Resp.: 32,437 m2 ; 0,003243 ha; â = 45,614◦ ; b̂ = 57,999◦ ; ĉ = 76,387◦ .

1.7. Utilizando calculadora, calcule o seno, cosseno e tangente de 22,3◦ , 42,6◦ , 51,3◦ 89,1◦ e 76,5◦ .
Resp.: Tabela 1.1.

Tabela 1.1 Ângulo(◦ ) seno cosseno tan


22,3 0,37946 0,92521 0,41013
42,6 0,67688 0,73610 0,91955
51,3 0,78043 0,62524 1,24820
89,1 0,99988 0,01571 63,65674
76,5 0,97237 0,23345 4,16530

1.8. Um topógrafo necessita determinar a distância entre A e C


B, mostrados na Figura ao lado. Infelizmente, seu equipa-
mento de medição eletrônica de distância não está funcio- 51◦
nando. Devido a isto: em A, o topógrafo mediu o ângulo de
159,4

B
88◦ ; determinou a distância AC = 159,49 m; e em C mediu
9m

de 51◦ . Calcule o comprimento AB.


88◦
Resp.: AB = 188,927 m.
A

1.9. Dadas as coordenadas retangulares dos pontos: A(5, −19), B(−23, −10), C(−29, 4), D(13, 11).
Calcular as respectivas coordenadas polares.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

Tabela 1.2 Ponto Coord. Polar


A (284,7436◦ , 19,6468)
B (203,4986◦ , 25,0798)
C (172,1467◦ , 29,2745)
D (40,23636◦ , 17,0293)

Resp.: Tabela 1.2.

1.10. Dadas as coordenadas polares dos pontos: A(72,9 m, 314◦ 270 ); B(58,1 m, 260◦ 220 ); C(100,9
m, 118◦ 410 ); D(29,3 m, 25◦ 280 ), calcular as respectivas coordenadas retangulares.
Resp.: Tabela 1.3.

Tabela 1.3 Ponto x(m) y (m)


A 51,05089 −52,0405
B −9,72259 −57,2807
C −48,4288 88,51814
D 26,45308 12,59859

A linha do horizonte em A
1.11. Com o objetivo de se estimar o raio da terra (R), 3,0 km 1◦ 460
um topógrafo subiu em uma montanha de 3,0 km de
θ H
altura, tendo vista para o oceano. Com o auxı́lio dos
seus equipamentos, mediu-se o ângulo formado en- R
tre a linha horizontal que passa pelo equipamento e a R
reta tangente a superfı́cie do oceano no ponto H, ob-
tendo 1◦ 460 . Determinar o raio da terra aproximado, O
por meio destas medidas.
Resp.: 6.308,3 km.

1.12. Com o objetivo de determinar a altura da árvore da


Figura ao lado, o engenheiro mediu, com o auxı́lio de um h
clinômetro (equipamento que mede ângulo vertical), o ângulo 32◦
vertical entre a sua posição e o topo da árvore. Com 30 m
uma trena, também mediu a distância horizontal à árvore. 1,80 m
Sabendo que o engenheiro mede 1,80 m, qual é a altura da
árvore?
Resp.: 20,546 m.

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

1.13. Determinar a altura H do levantamento realizado conforme Figura ao lado,


sendo as medidas de distância em metros.
Resp.: Altura = 18,466 m.

21
H

90◦
10

1.14. Deseja-se medir a altura da torre da


igreja ao lado. A distância horizontal foi me-
Igreja
dida a partir do prédio, como mostrado, e
dois ângulos verticais foram determinados, em 16◦ 120
relação a base e ao topo da igreja. Qual a altura 36◦
30,75 m
da igreja?
Resp.: Altura = 31,275 m.

1.15. Com a finalidade de determinar a altura de um morro,


foram medidas a distância horizontal entre a base do morro
ao primeiro ponto (200 m), onde nesta primeira posição h
determinou-se o ângulo vertical em relação topo do morro,
conforme esquema ao lado. A partir deste ponto à outro, 28◦ 45◦
distante 300 m (percorrendo a mesma direção), mediu-se x
300 200
novamente o ângulo vertical em relação ao topo do morro.
Com estas medidas medidas calcular x e h.
.
Resp.: x = 140,628 m e h = 340,628 m.

1.16. Calcule a área de um triângulo retângulo de base 20,0 m e altura de 14,2 m.


Resp.: 142 m2 .
367

1.17. Dado o triângulo da Figura ao lado, calcule qual o com-


,94

primento dos lados x e y. ?


Resp.: x = 571,93 m; y = 660,069 m. =
m

x 59◦ 510
33◦ 480
y =?

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CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.3. ÁREAS DE FIGURAS ELEMENTARES NO PLANO

y
1.18. Dado o triângulo ao lado, contendo: as coor-
denadas dos vértices A(20 m; 30 m) e B(40 m; 70 m).
Calcular os comprimentos dos lados AB e AC e a sua C
B(40 m; 70 m)
área. 60◦ 370
Resp.: AB = 44,721 m; AC = 49,594 m.
44◦ 180

A(20 m; 30 m)
x

1.19. Calcular a área do polı́gono formado pelos vértices 1, y


2, 3 e 4, sabendo-se que: α = 77◦ 400 ; β = 23◦ 100 ; γ = 39◦ 50 ; 1
1(60,0 m; 45,0 m); 3(10,0 m; 11,0 m); DH12 = 44 m. β
Resp.: área = 1553,941 m2 . 4
γ
α

3
2
x

y
1.20. Do triângulo ao lado, contendo a distância do
alinhamento CB = 69,43 m, Calcular os compri- B 69,4
mentos dos lados AB e AC e a sua área. 3m
Resp.: AB = 57,095 m; AC = 49,594 m; área =
1397,850 m2 . 44◦ 510 C
◦ 0
80 52

A x

1.21. Dado um triângulo retângulo de catetos a = 3,6 m e b = 4,7 m. Encontrar a hipotenusa.


Calcule os ângulos internos.
Resp.: Hipotenusa = 5,920 m; â = 37,450◦ ; b̂ = 52,549◦ ; ĉ = 90◦ .

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 20


Unidades métricas, escala e determinação de
2
áreas

Este capı́tulo tem como objetivo central a determinação de áreas. Começaremos com a
apresentação das unidades de comprimento e de área mais utilizadas em geomática. Como geral-
mente os desenhos topográficos estão reduzidos à determinada escala, ela será definida e aplicada
em problemas de determinação de distância e área. Por fim, alguns métodos de cálculo de área
serão apresentados.

Sumário
2.1 Unidades de comprimento e área . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3 Determinação de áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.1 Decomposição de figuras elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.2 Área ao longo de um transecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3.3 Cálculo de área por Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.1 Unidades de comprimento e área

O Sistema Internacional de Unidades (SI) tem como unidade de comprimento o metro (m).
Ele é definido como o comprimento do caminho viajado pela luz durante o intervalo de
1/299.792.458 segundo. Seguem alguns exemplos de subdivisões do metro:

• o milı́metro (mm, 1 mm = 10−3 m = 0,001 m);

• o centı́metro (cm, 1 cm = 10−2 m = 0,01 m) e;

• o decı́metro (dm, 1 dm = 10−1 m = 0,1 m).

Como múltiplo de metro pode-se citar o quilômetro (km, 1 km = 1.000 m), geralmente utilizado
em medidas sobre mapas ou cartas de pequenas escala.
A unidade de área empregada é o m2 . Para medidas de superfı́cie terrestre também podem-
se empregar outras unidades, como o “are” (1 are = 100 m2 ) e seus múltiplos, sendo que o mais
utilizado é o hectare (“ha”), em que 1 ha = 10.000 m2 .
Unidades de área mais antigas ainda hoje são utilizadas, como o alqueire (“alq”). Um
alqueiro pode apresentar diferentes valores de área, de acordo com a localidade. Por exemplo,
um alqueiro geométrico, também conhecido por mineiro, mede 48.400 m2 , enquanto o paulista
mede 24.200 m2 . Na apresentação de grandes extensões de área, como as presentes em mapas ou
cartas topográficas, utiliza-se a unidade de km2 . Outras unidades de comprimento e área podem
ser encontradas em Comastri e Junior (2004).
CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.2. ESCALA

Exemplo 2.1

Converta 1 km2 para: m2 , ha, alqueire geométrico e paulista?


Solução

Para m2 : como 1 km = 1000 m, então, elevando ao quadrado ambos os lados, (1 km)2 =


(1000 m)2 , vai resultar em 1 km2 = 106 m2 = 1.000.000 m2 ;
Para ha: sabe-se agora que a área é de 106 m2 , como 1 ha = 10.000 m2 , então a área em ha
(xha ):
xha 1 ha
=
106 m2 10.000 m2
1 ha · 106 m2
xha =
10.000 m2
xha = 100 ha;
Para alqueire geométrico: como 1 alqueire = 48.400 m2 , então a área em alqueire
geométrico (xalqGeo ):

xalqGeo 1 ha
=
106 m2 48.400 m2
1 alqueiro · 106 m2
xalqGeo =
48.400 m2
xalqGeo = 20,6612 alqueiro geométrico;

Para alqueire paulista: como 1 alqueire = 24.200 m2 , então a área em alqueire paulista
(xalqPau ):

xalqPau 1 ha
=
10 m
6 2 24.200 m2
1 alqueiro · 106 m2
xalqPau =
24.200 m2
xalqPau = 41,3223 alqueiro paulista.

2.2 Escala

2.2.0.1 Escala numérica


Quando se realiza levantamento na superfı́cie terrestre, obtêm-se as coordenadas dos pontos de-
sejáveis, e posteriormente são apresentados em papel ou na tela do computador. Logicamente
que as medidas de distância e áreas da superfı́cie terrestre são, em geral, demasiadamente ex-
tensas para caberem, nas mesmas proporções, em papel ou tela de computador. Para ajustar ao
papel/tela, é realizada uma redução das dimensões a uma escala apropriada, de acordo com o
tamanho do papel/tela. E o que vem a ser uma escala? A escala (E) é a relação entre a distância
de um objeto apresentado no papel/tela (l) e a sua verdadeira distância na natureza (L), isto é:

l
E= (2.1)
L
Para o uso desta Equação, as unidades de l e L devem ser as mesmas. Observe que para
levantamentos sobre a superfı́cie terrestre L  l. Desta forma, a E resulta em um número muito

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.2. ESCALA

pequeno, o que demandaria o uso de várias casas decimais para representá-la, dificultando a sua
interpretação. Para apresentar a E de uma forma mais intuitiva, usa-se a forma:

1
E= , (2.2)
M
em que M é denominado o módulo da escala, sendo M = L /l . A E na forma da Equação 2.2
tem uma interpretação bastante simples. Por exemplo, se na forma de decimal E = 0,00028571,
na forma da Equação 2.2 seria E = 1/3500. Obviamente E = 0,00028571 = 1/3500, mas na
segunda forma, já conclui-se de imediato que, por exemplo, 1 m de um comprimento no papel,
corresponderia ao comprimento de 3500 m em campo. Ou, de outra forma, 1 cm de comprimento
no papel, corresponde a 35 m em campo1 . A escala numérica pode estar na forma de fração (p.
ex., E = 1/3500); proporção (p. ex., E = 1 : 3500); ou equação (p. ex., 1 cm = 35 m).

Exemplo 2.2

A distância entre dois postes em uma rua equivale a 33,4 m. Quando representados em
papel, estes postes estavam distantes 3 cm entre si. Qual a escala do desenho?
Solução

Utilizando a Equação 2.2, e sabendo que l = 3 cm = 0,03 m, e L igual a 33,4 m, o módulo da


escala será:

L
M=
l
33,4
=
0,03
= 1113

O resultado exato de M é 1.113,3333333 . . ., todavia, na apresentação da E, utiliza-se, geral-


mente, apenas o número inteiro. Desta forma, E = 1/1.113.

Exemplo 2.3

Em uma planta topográfica mediu-se um talhão na forma de um retângulo, obtendo-se


como comprimentos dos lados os valores de 2,3 cm e de 0,9 cm. Sabendo-se que a escala
do desenho era de 1 : 6000, calcule a área do talhão em m2 ?
Solução

Este problema será resolvido de duas formas. A primeira é calculando os comprimentos


dos lados em metros e depois calculando a área. Da escala temos, 1 m = 6000 m, que é
o mesmo que 1 cm = 60 m. Utilizando esta última relação, aplica-se uma regra de três,
obtendo-se para os lados de 2,3 cm e de 0,9 cm, respectivamente, os comprimentos dos
lados de 138 m e 54 m. Desta forma, a área seria de 7.452 m2 (138 m × 54 m).
Uma outra maneira de calcular a área do talhão é, calculá-la em cm2 e, posteriormente,
convertê-la para m2 . Assim, a área no papel é de 2,07 cm2 (2,3 cm × 0,9 cm). A escala,
como já foi dito, é utilizada para medidas de comprimento. Todavia, elevando ambos
os lados da escala ao quadrados, teremos uma relação entre área de desenho e área na
natureza. Para a nossa escala (1 cm = 60 m), elevando ambos os lados ao quadrado tem-se:
1 Como 1 m = 100 cm, então de acordo com a escala 100 cm = 3500 m, dividindo-se ambas as partes por 100, temos

1 cm = 35 m.

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.2. ESCALA

2 2
(1 cm) = (60 m)
1 cm2 = 3600 m2 .

Logo, a área do talhão será 2,07 × 3600 = 7.452 m2 .

Escala gráfica

Uma outra forma de representação da escala é a gráfica, que tem como vantagem, que, mesmo
se o mapa/carta for reduzida ou ampliada, a escala gráfica se mostrará apropriada para análises,
uma vez que ela é reduzida ou ampliada na mesma proporção. Dois exemplos de escalas gráficas
são apresentados na Figura 2.1.

E = 1 : 500

0m 10 m 20 m 30 m 40 m

0m 4000 m

1
E=
80.000

0 2 4 6 8 10 m
Figura 2.1
Exemplos de escalas gráficas.

Para desenhar uma escala gráfica aplicam-se as seguinte etapas:

a) a escala gráfica a ser desenhada é colocada na parte inferior ou inferior e a direita do


mapa/carta;

b) quanto ao tamanho, não deve ser muito pequeno, impossibilitando uma leitura adequada,
nem muito grande, ocupando um espaço desproporcional ao desenho a ser apresentado;

c) definido o tamanho e posição, faz-se a sua subdivisão; pintando intercaladamente as subdi-


visões;

d) conhecendo a escala numérica, coloca-se sobre as subdivisões suas distância em relação ao


ponto inicial da escala;

No Exemplo 2.4 é apresentado passo a passo a construção de uma escala gráfica.

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

Exemplo 2.4

Um levantamento de uma propriedade será apresentado em papel A4, onde foi estabele-
cida a E = 1 : 1500, desenhe uma escala gráfica com 6 cm de comprimento.
Solução

1) Com o auxı́lio de uma régua, trace


6 cm uma linha com 6 cm de comprimento
na posição desejada;

2) Subdivida a escala em distâncias


2 cm 2 cm 2 cm
iguais, neste caso, a cada 2 cm;

2) Por último, altere as cores entre


preto e branco; e sabendo-se que a
0m 30 m 60 m 90 m escala é de E = 1 : 1500, temos
2 cm = 30 m. Então no inı́cio do de-
1 senho da escala (0 cm) coloca-se a
E=
1.500 legenda
0 m, e, nas posições 2 cm, 4 cm e
6 cm, colocam-se as legendas 30 m,
60 m e 90 m, respectivamente.

2.3 Determinação de áreas

Normalmente, em problemas topográficos, há a necessidade de se calcular áreas. As áreas podem


ser: i) da superfı́cie projetada do plano topográfico ou cartográfico (plano horizontal), quando se
deseja, por exemplo, conhecer a área que se pode cultivar, ou em caso de construções, as áreas
disponı́veis para locação de obras de engenharia; ou ii) no plano vertical, quando se deseja realizar
cálculos de volumes de corte e de aterro. O cálculo de áreas de figuras elementares foi apresentado
na secção 1.3 (página 13). Neste capı́tulo veremos algumas metodologias para medição de áreas
em topografia.

2.3.1 Decomposição de figuras elementares


Uma maneira grosseira de realizar medidas de uma área (A), seja diretamente em uma planta
topográfica ou mesmo em levantamento de campo, é na decomposição de sua área em figuras
geométricas simples, como triângulos, trapézios e retângulos (ver secção 1.3). Na Figura 2.2 é
apresentada um limite de uma propriedade onde se pretende medir a área. Ela é delimitada a sua
esquerda por um rio e a sua direita pela poligonal ABCDEF G. Decidiu-se então por decompô-la
nas figuras geométricas: de três triângulos (BCF , CDF e DEF ); e três trapézios (GF JK, HIJK
e ABIH). Observe que as áreas dos trapézios são apenas aproximações ao limite do rio, pois
assume-se que ele se aproxima a seguimentos retos. Se o rio fosse mais sinuoso, poderia utilizar
mais retângulos e trapézios para melhorar o ajuste.
Em campo, as medidas de comprimento dos lados das figuras geométricas podem ser real-
izadas utilizando-se, por exemplo, uma trena ou uma estação total. Se a área estivesse represen-
tada em papel, bastaria medir os lados dos segmentos que formam as figuras geométricas com
uma régua e aplicar a estes valores a escala. Se o levantamento já se encontra na forma digital,

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 25


CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

A 28,6 m B 44,0 m C

16,7 m
46
38,5 m ,7
m
H I

m
27,5 m

,3
D

79
15,4 m

m
K J 8m
83,

34,8
22,1 m
Figura 2.2 17,6 m 66,0 m
Decomposição de uma G F E
área em figuras ele-
mentares.

em ambiente de SIG2 ou de CAD3 , as distâncias são obtidas de maneira automática. Uma vez
conhecida as distâncias entre os alinhamentos das figuras geométricas propostas, calcula-se de
cada uma, e posteriormente, são somadas, obtendo-se a área total.

2.3.2 Área ao longo de um transecto

Quando a superfı́cie a ser determinada apresenta-se com uma forma estreita, pode-se estabelecer
um alinhamento na direção do maior comprimento com o auxı́lio de um teodolito ou estação
total, e a partir deste alinhamento, a espaçamentos constantes ou não, lançar perpendiculares até
os pontos limitantes. A definição se o espaçamento será constante ou não dependerá do limite da
divisa ser ou não uniforme.
Um exemplo de um transecto em que o espaçamento pode ser constante é apresentado na
Figura 2.3, onde se tem o alinhamento principal dado por AB, e as medidas dos comprimentos
das perpendiculares, espaçada, neste caso, de 20 m em 20 m. Desta forma, haverá como resul-
tado, que cada par de perpendiculares, quando ligadas, formarão as bases (b) de um trapézio
e o espaçamento entre as perpendiculares, a sua altura (h). Se somarmos as áreas de todos os
trapézios, teremos a da área total. Nota-se que o ajuste ao limite original não é perfeito, todavia,
como a área é aproximadamente uniforme e que, haverão trapézios que irão subestimar área e
outros que irão superestimá-la, há uma tendência de que o valor calculado se aproximar do valor
real. A área poderá ser calculada como:

(b0 + b1 ) h (b1 + b2 ) h (bn−1 + bn ) h


A= + + ... +
2 2 2
  (2.3)
b0 bn
A=h + b1 + b2 + . . . + .
2 2

2 Abreviação de Sistema de Informação Geográfica, que diz respeito a utilização de computador e programas para

solução de problemas espaciais.


3 CAD é a abreviação de “Computer-aided design”, desenho acompanhado por computador, que são programas de

computador para desenvolvimento de desenhos técnicos.

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

Limite da área
Aproximação ao limite da área
h Perpendiculares ao alinhamento AB

25,8 m 27,4 m
26,1 m 25,6 m
12,5 m
0m
0m 20 m 40 m 60 m 80 m 100 m
A B
Figura 2.3
Exemplo de um transecto uniforme e a aproximação a figuras de trapézios.

Exemplo 2.5

Calcular a área do transecto mostrada na Figura 2.3.


Solução

Considerando a Equação 2.3, com as perpendiculares sendo as bases e h = 20 m, temos:


 
0 12,5
A = 20 + 25,8 + 27,4 + 26,1 + 25,6 + .
2 2
= 2.223 m2 .

Considera-se agora a parte limitante do transecto não uniforme, conforme Figura 2.4. Para
calcular a área com espaçamento constante e obter uma boa estimativa da área, o espaçamento
entre as perpendiculares teriam que ser menor. Todavia, tal procedimento aumentaria demasi-
adamente o trabalho em campo. Ao invés disto, podemos considerar perpendiculares lançadas
de acordo com a mudança de direção do limite. Esta mudança de estratégia vai fazer com que o
espaçamento entre as perpendiculares sejam variáveis, mas vai adaptar melhor ao limite. Com os
espaçamentos distintos, aplica-se a Equação 2.4, considerando as alturas distintas dos trapézios.

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

Limite da área
Aproximação ao limite da área
Perpendiculares ao alinhamento AB

59,1 m
49,4 m

14,7 m 12,2 m 14,9 m 21,5 m

0m 15,8 m 30,1 m 65,0 m 85,4 m 114,1 m


A B
Figura 2.4
Exemplo de um transecto não uniforme e a aproximação às figuras de trapézios.

(b0 + b1 ) h1 (b1 + b2 ) h2 (bn−1 + bn ) hn


A= + + ... +
2 2 2 (2.4)
1
A = ((b0 + b1 )h1 + (b1 + b2 )h2 + . . . + (bn−1 + bn )hn ) .
2

Exemplo 2.6

Calcular a área do transecto mostrada na Figura 2.4.


Solução

Considerando a Equação 2.4, para perpendiculares que não tem espaçamento constante e
utilizando os dados da Figura 2.4, temos:

1
A= ((14,7 + 12,2)(15,8 − 0) + (12,2 + 49,4)(30,1 − 15,8) + (49,4 + 14,9)(65,0 − 30,1)+
2
(14,9 + 59,1)(85,4 − 65) + (59,1 + 21,5)(114,1 − 85,4))

A = 3.686,4 m2 .

2.3.3 Cálculo de área por Gauss


Em levantamentos topográficos, as coordenadas retangulares dos pontos limitantes, são determi-
nados por diversos métodos. A obtenção das coordenadas retangulares é de suma importância,
uma vez, que a partir delas, pode-se plotar em papel, calcular distâncias entre pontos e áreas de
poligonais.
A maneira mais utilizada para se calcular a área, quando se conhecem as coordenadas re-
tangulares dos vértices da poligonal, é pelo método de Gauss, também conhecido como método
das coordenadas. A seu cálculo é bastante facilitado com o uso de calculadoras ou programas
computacionais. O eixo-y das coordenadas topográficas, coincide com a direção dita como Norte,

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

e o eixo-x com a direção Leste. As coordenadas retangulares podem também ser obtidas em pa-
pel, realizando medidas com régua na própria planta, considerando a escala do desenho, por
exemplo, por digitalização4 .
Para demonstrar como o método funciona, considere a Figura 2.5, onde pretende-se calcular
a área limitada pelos vértices ABCD, onde suas coordenadas retangulares são conhecidas. Para
obter a área total, soma-se as áreas limitadas pelos pontos C’CDD’ e D’DAA’ e subtrai-se das
áreas C’CBB’ e B’BAA’. Observe que todas estas áreas formam figuras de trapézios, desta forma,
a área compreendida entre os vértices ABCD é dada pela Equação 2.5.

y
xC
C’ C

xD
D’ yC D

B’ xB B
yD

yB xA
A’ A
Figura 2.5 yA
Esquema para dedução do cálculo de área por x
Gauss.

A = C’CDD’ + D’DAA’ − C’CBB’ − B’BAA’


1 1 1 1
A= (xC + xD )(yC − yD ) + (xD + xA )(yD − yA ) − (xC + xB )(yC − yB ) − (xB + xA )(yB − yA )
2 2 2 2
(2.5)
2A = (xC + xD )(yC − yD ) + (xD + xA )(yD − yA ) − (xC + xB )(yC − yB ) − (xB + xA )(yB − yA )
2A = yA (xB − xD ) + yB (xC − xA ) + yC (xD − xB ) + yD (xA − xC )
2A = yA xB + yB xC + yC xD + yD xA − xA yB − xB yC − xC yD − xD yA

Considere agora um número qualquer de vértices (n), convenientemente organizados, que


delimitam a área. Poderemos, para fins de facilidade do cálculo, organizar os dados como mostra-
dos na Figura 2.6, com as coordenadas x acima das coordenadas y para cada ponto. As coorde-
nadas devem estar em sequência para formar um polı́gono, seguindo o sentido horário ou anti-
horário. Também não se deve pular coordenada de quaisquer vértices. A primeira coordenada
deve aparecer, mais uma vez, na última posição. Faz-se então o somatório do produto da di-
agonal subindo e a este resultado subtrai-se do somatório do produto da diagonal descendo (o
contrário também pode ser realizado). Considere o valor absoluto desta operação, ou seja, se o
resultado der negativo, considere-o positivo. E por fim, para obter a área, divida este número por
dois. A unidade de área dependerá da unidade das coordenadas. Assim, se forem coordenadas
na unidade de metros, tem-se área em m2 , se for em quilômetros, em km2 . Não confundir no
esquema da Figura 2.6 com uma divisão e produto das coordenadas.
4 Ato de transformar a informação do papel (analı́tica) para um formato em que o computador consiga trabalhar. Para

digitalizar os dados de plantas ou cartas, podem-se empregar os scanners e as mesas digitalizadora.

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

+ + + + +
x x2 x3 x4 xn−1 xn x1
2·A= 1 ...
y1 y2 y3 y4 yn−1 yn y1
− − − − −

2 · A = |(y1 x2 + y2 x3 + · · · + yn x1 ) − (x1 y2 + x2 y3 + · · · xn y1 )|

Figura 2.6
Organização dos dados para cálculo 1
A= |(y1 x2 + y2 x3 + · · · + yn x1 ) − (x1 y2 + x2 y3 + · · · xn y1 )|
da área por Gauss. 2

Exemplo 2.7

A partir das coordenadas retangulares, em y (m)


metros, do levantamento da poligonal apre-
sentada ao lado, calcular a sua área. C(24,5; 67,1)

D(58,9; 46,3)

B(9,8; 22,9)
E(40,7; 14,2)
A(26,2; 7,5)
x (m)
Solução

Organizando os dados e realizando os cálculos conforme metodologia apresentada na


Figura 2.6, temos:
+ + + + +
26,2 9,8 24,5 58,9 40,7 26,2
2·A=
7,5 22,9 67,1 46,3 14,2 7,5
− − − − −

2 · A = |(7,5 · 9,8 + 22,9 · 24,5 + · · · + 14,2 · 26,2)


−(26,2 · 22,9 + 9,8 · 67,1 + · · · + 40,7 · 7,5)|
1
A= |6.843,2 − 3.533,5|
2

A = 1.654,8 m2

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

Sugestão de aula prática

Uso do AutoCad para desenho de planta topográfica.

Objetivo: utilizar a ferramenta AutoCada para fins de desenho de planta topográfica.


Serão apresentadas algumas funções básicas, necessárias para o desenho da planta. Como
roteiro:
• apresentação geral do AutoCad: janelas de funções; principais ı́cones de funções; área
de desenho; coordenadas retangulares; a área de comando, etc;
• apresentação de funções, como: zoom, line, pline, area, dimaligned e text;
• como alterar as propriedades dos objetos do desenho.

Como exemplo de aplicação: considere a poligonal do exercı́cio 2.4, fazer o desenho, cotar,
determinar a área e o perı́metro.
a Informações do produto em: hwww.autodesk.comi

Exercı́cio

2.1. A distância entre duas paredes de um apartamento é de 12,32 m. No desenho da planta do


apartamento, estas duas paredes estão separadas por 4,2 cm. Qual a escala da planta?
Resp.: E = 1 : 293.

2.2. Um galpão, na forma de um trapézio, tem dimensões: bases de 30 cm e 25 cm e, altura de 27


cm. Sabendo que a escala é de 1 : 200, qual a área do galpão em m2 ?
Resp.: Área de 2.970 m2 .

2.3. Calcular a área total da poligonal ABCDEFGKH da Figura 2.2, página 26?
Resp.: Área de 6.026,0 m2 .

2.4. Seguem as coordenadas em metros dos vértices de uma área levantada: 1(0, 19), 2(4, 29),
3(34, 44), 4(64, 29), 5(71, 11), 6(49, 2), 7(34, 10), 8(29, 11), 9(14, 0). Calcule a área pela fórmula de
Gauss nas unidade de m2 e ha. Represente graficamente.
Resp.: área = 1925 m2 ; área = 0,1925 ha.
y (m)
2.5. Seguem as coordenadas em metros dos E
bC
vértices de uma área levantada: A(0, 0), 10
B(5, − 19), C(23, − 10), D(29, 4), E(13, 11),
com a representação gráfica na Figura ao
bC
D
A
lado. 0 bC
x (m)
a) Calcule a área pela fórmula de Gauss 10 20 30
nas unidade de m2 e ha. Represente grafi-
camente. −10 bC
C
b) Qual a distância entre os pontos B e
C? bC
−20
c) Qual a distância entre os pontos C e B
D?
Resp.: a) 518 m2 e 0,0518 ha; b) 20,125 m; c) 15,232 m.

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CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.3. DETERMINAÇÃO DE ÁREAS

2.6. Sendo as coordenadas de uma poligonal: a(0, 0), b(32, 34), c(23, 9), d(54, 35), e(19, − 27),
f(16, − 8). Estando elas em metros, pede-se:
a) Calcule a área pela fórmula de gauss nas unidade de m2 e ha.
b) Represente graficamente.
c) Qual a distância entre os pontos a e b?
d) Qual a distância entre os pontos e e f?
Resp.: a) 1009 m2 ; 0,1009 ha; c) 46,690 m; d) 19,235 m.

2.7. Na Figura ao lado, é apresentado


um transecto uniforme e os dados de
distância. Calcule a área em alqueire 34 m 36 m 40 m 30 m 32 m
geométrico. 20 m
Resp.: 0,06818 alqueire. 180 m 200 m 220 m 240 m 260 m 280 m
A B

2.8. Na Figura ao lado, são apresenta-


dos os dados um levantamento de um
transecto não uniforme, sendo as me-
didas na unidade de metros. Calcule a 51
área em hectare. 43
27
Resp.: 0,6723 ha. 22
9 11
0 94 113 144 208 227

2.9. Desenhar uma escala gráfica de 1 : 2000, com 10 cm de tamanho.

2.10. Desenhar uma escala gráfica de 1 : 500, com 8 cm de tamanho.

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 32


Introdução a geodésia e cartografia
3
Serão abordados neste capı́tulo os conceitos básicos da geodésia como: forma e dimensão da
terra; modelos matemáticos que se aproximam da forma da terra (elipsóide); o sistema de re-
ferência geodésico adotado pelo Brasil. Quanto a cartografia, será definida o que é uma projeção
cartográfica mostrando alguns exemplos, como o sistema projeção e coordenadas UTM, que é
uma das projeções mais utilizada no Brasil.

Sumário
3.1 Geóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Elipsóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Coordenada geodésica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.4 Coordenada geodésica cartesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.4.1 Coordenada astronômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4.2 Sistema de geodésico brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.5 Projeção cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.5.1 Projeção cônica de Albers (igual área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.5.2 Projeção sinusoidal (igual área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.5.3 Projeção cônica de Lambert (conforme) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.5.4 Projeção Azimutal (equidistante) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.5.5 Projeção Universal Transversa de Mercador (UTM) . . . . . . . . . . . . . . 47

3.1 Geóide

A terra vista do espaço se aproxima de uma esfera. Todavia, quanto mais nos aproximamos dela,
mais ela se torna desuniforme, sendo formada na sua superfı́cie, pelos continentes e mares. Nos
continentes tem-se diferentes formas de relevo, das mais planos aos mais acidentados. Observa-
se também que a superfı́cie da terra não é estática, mas sim dinâmica. Há um movimento da
crosta terrestre, devido às forças tectônicas. Por exemplo, no terremoto no Chile no ano de 2010,
foi estimada que a cidade de Conception moveu 3,02 metros para a direção oeste (WIRED, 2012).
Já os mares apresentam-se em constante movimento, pois são sujeitos a diversas forças, como: a
centrı́fuga, devido a rotação da terra; a gravitacional da terra, lua, sol; dos ventos, etc.
A geodésia é a ciência que tem como objetivo estudar a forma da terra, sendo esta forma
denominada de geóide. O geóide consiste na superfı́cie equipotencial do campo gravitacional
da terra que melhor se ajusta ao nı́vel médio dos mares (NMM) e seu prolongamento sobre os
continente. Para a definição do NMM, são desconsideradas as forças do vento e as gravitacionais
da lua, sol, etc. Desta forma, NMM de um longo perı́odo, estará sujeito apenas as forças exercidas
pela massa e pelo movimento de rotação da terra, respectivamente, os potenciais gravitacional e
centrı́fugo da terra. A soma dos potenciais gravitacional e centrı́fugo da terra resultam na atração
que sentimos sobre a terra, sendo que a direção desta força é denominada de vertical do lugar,
CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.2. ELIPSÓIDE

sendo ele único em cada posição do Geóide. A vertical do lugar pode ser obtida por um fio de
prumo1 . Nos equipamentos topográficos como o teodolito, a estação total, e o dos receptores
GNSS, um dos seus eixos conterá a vertical do lugar, ou seja, estarão perpendiculares à superfı́cie
de nı́vel local.

Do que foi dito acima, como a densidade da


massa da terra é variável espacialmente, o geóide
resulta em uma forma ondulada. Uma forma de ap-
resentar o geóide é por meio da ondulação geoidal
(N ). Na Figura ao lado é apresentado a ondulação
geoidal da terra dado pelo EGM96 (Earth Grav-
itational Model 19962 , Lemoine et al. (1998)). A
ondulação geoidal apresenta a distância vertical en-
tre o geóide e o elipsóide (ver Secção 9.4.4), figura
matemática que se aproxima a forma da terra, neste
caso o WGS84. Valores positivos indicam que o
geóide está acima do elipóide WGS84, e negativos,
abaixo. Percebe-se que a variação da altura geoidal
é de −107 m a 85 m, ou seja, algumas áreas estão
mais próximas do centro do elipsóide e outras mais
distantes, o que resulta numa forma ondulada. Vale N (m)
salientar ainda que, além do geóide ser ondulado,
ele é achatado na direção dos polos. A medida do −107 −50 0 50 85
raio da terra no equador é aproximadamente 21 km
maior que o raio na linha que contém o eixo de rotação da terra.

3.2 Elipsóide

O que os cientistas fazem então para realizar mapeamentos, definir fronteiras etc, uma vez que
a forma da terra tem a forma irregular? Fazem uma aproximação do geóide à figura matemática
denominada de elipsóide de revolução, ou simplesmente elipsóide. O elipsóide nada mais é
que uma elipse rotacionando em torno de um eixo (Figura 3.1). O maior semieixo do elipsóide
é denominado por a, e o menor por b. Geralmente, na definição dos parâmetros do elipsóide,
ao invés de apresentar os dois raios, são apresentados, o raio do semieixo a e o achatamento,
f , definido pela Equação 3.1. O parâmetro f é preferı́vel pois é utilizado nas equações para
cálculo das, coordenadas sobre o elipsóide e das projeções cartográficas. Nota-se que, se tivermos
quaisquer dois parâmetros do elipsóide, o terceiro poderá ser calculado por meio da Equação 3.1.
Observando esta Equação, se a terra tivesse a forma de uma esferoide, isto é a = b, f seria zero,
não teria achatamento. Como a terra é achatada nos polos, a > b, f será sempre maior que zero e
menor que um. Caso trabalhando em pequenas escalas, pode-se considerar a terra um esferoide
a = b ou f = 0.

a−b b
f= =1− (3.1)
a a

1 Pedaço de linha ou náilon com um peso em uma extremidade.


2 Disponı́vel em (9/7/2015): hhttp://earth-info.nga.mil/GandG/wgs84/gravitymod/egm96/egm96.htmli

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 34


CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.2. ELIPSÓIDE

elipse elipsóide

b b

a a
Figura 3.1
Apresentação de uma elipse e um
elipsóide de revolução.

Exemplo 3.1

O elipsóide de referência utilizado pelo sistema norte-americano de posicionamento


por satélite, o GPS, é denominado de WGS84, tendo como raios dos semieixos:
a = 6.378.137,0 m e b = 6.356.752,31424 m. Calcule o achatamento deste elipsóide.
Solução

Por meio da Equação 3.1, tem-se:


b
f =1−
a
6.356.752,31424
=1−
6.378.137,0
= 0,003 3528 106 647
1
= .
298,257 223 563
Então, f = 0,003 3528 106 647 = 298,2571223 563 , sendo a segunda forma, f = 298,257 ,
1
com
arredondamento, a mais utilizada.

Para a definição precisa do elipsóide, deve-se também considerar a constante gravitacional


(GM, Earth’s Gravitational Constant) e a velocidade angular de rotação da terra (ω). Por exemplo,
para o WGS84, GM = (3.986.004,418±0,008)108 m3 s−2 e ω = 7292115 · 10−11 rad s−1 (National
Imagery and Mapping Agency, 2000).
Ao longo do tempo, vários elipsoides foram definidos, pois as medidas da dimensão terra
eram aperfeiçoadas. Os elipsoides podem ser utilizados em nı́vel local ou mundial, onde se esta-
belecem medidas de a e f , de forma a melhor se ajustar ao geóide local ou mundial, respectiva-
mente. Na Tabela 3.1 são apresentados alguns parâmetros de elipsoides e o local em que ele é ou
foi utilizado (SMITH, 1997).

Tabela 3.1
Exemplo dos parâmetros de elipsoides.

Elipsóide a (m) f −1 Local de utilização


Everest 1830 6.377.276,345 300,8017 Índia, Pakistão
Hayford 1924 6.378.388 297 Europa e Brasil
Krassovskiy 1942 6.378.245 298,3 USSR
Elip. Inter. de 1967 6.378.160 298,25 América do Sul
Geodetic Reference System (GRS 1980) 6.378.137 298,257 222 101 Mundial
World Geodetic System (WGS84) 6.378.137 298,257 223 563 Mundial

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.3. COORDENADA GEODÉSICA

3.3 Coordenada geodésica

Para a determinação da latitude (φ, leia-se fi) e da longitude (λ, leia-se lambda) geodésica de um
ponto P qualquer, é considerada a normal P ao elipsóide (P 0 , Figura 3.2) e:

• sua projeção com o plano do Equador, para a latitude geodésica (φp );

• o meridiano de Greenwich (Grw) e o meridiano que passa por P 0 , para a longitude


geodésica (φP ) e;

• a distância entre P e P 0 , altura geodésica (hP , também denominada de geométrica).

O plano do Equador é o plano perpendicular ao semieixo menor, encontram-se no centro do


elipsóide. Um meridiano é uma secção elı́ptica gerada no elipsóide pelo plano definido pelo
semieixo menor e o ponto em questão no elipsóide. A latitude geodésica de P é o ângulo entre a
normal e o plano do equador (φp ). A longitude geodésica de P (λp ) é o ângulo diedro dos planos
que contem o meridiano de P 0 e o Grw.

A latitude no equador é de 0◦ e varia até −90◦ ou +90◦3 , respectivamente, para o Polo Sul
e Norte. A variação da longitude é de 0◦ a –180◦ , quando o meridiano do ponto se encontra à
esquerda de Grw, e de 0◦ a +180◦ quando o ponto se encontrar a sua direita4 .

As coordenadas calculadas pelos receptores GNSS são geodésicas, logo relacionada a um


determinado elipsóide. Fato que deve-se estar atento, para não cometer erros grosseiros de
interpretação das informações GNSS. Por exemplo, a elevação apresentada pelos receptores, é
em relação ao elipsóide e não em relação ao Geóide. Normalmente, em engenharia, o interesse é
com a elevação em relação ao geóide.

3 Pode-seao invés do sinal, + ou –, considerar o hemisfério Sul (S) e Norte (N), por exemplo, 22◦ S ou 45◦ N.
4 Pode-seao invés do sinal, + ou –, considerar se o meridiano encontra-se a direita (Este, E) ou a oeste (West, W) de
Grw, por exemplo, 120◦ E ou 45◦ W.

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 36


CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.4. COORDENADA GEODÉSICA CARTESIANA

z z P
P
bc

h h

P′
b


b P
b N N

φ φ
y x, y

a λ

Figura 3.2
Variáveis necessárias para cálculo das coordenadas retangulares (x,y,z) de um ponto P a partir das coordenadas
geodésicas (φ,λ) e vice-versa.

3.4 Coordenada geodésica cartesiana

Um outro meio de estabelecer a localização espacial de um ponto, por exemplo o P , a um de-


terminado elipsóide, é por meio de sua coordenada geodésica cartesiana (xP , yP , zP ), também
denominado de sistema de coordenada geocêntrico. Este é o sistema onde primeiramente a coor-
denada de um ponto é determinada pelos receptores GNSS. As coordenadas geodésicas retangu-
lares também são utilizadas para efetuar transformação de coordenadas entre elipsoides.
Definiremos primeiro a origem do sistema e os eixos-x, -y e -z, sendo: a origem, o centro do
elipsóide; o eixo-z é aquele que coincide com o semieixo menor do elipsóide, eixo de rotação; o
eixo-x é aquele dado pela intersecção do plano do Equador com o meridiano de Grw; e o eixo-y
formando um diedro com os outros eixos (Figura 3.2). Quando as coordenadas Geodésicas são
conhecidas, utilizam-se Equações 3.2 a 3.4 para convertê-las retangulares.

x = (N + h) cos φ cos λ (3.2)


y = (N + h) cos φ sen λ (3.3)
 2 
b
z= N + h sen φ (3.4)
a2
em que: N é denominado de grande normal, correspondendo ao comprimento da vertical que
passa por P 0 ao eixo-z (Figura 3.2) dado por:

a2
N=p (3.5)
a2 cos2 φ + b2 sen 2 φ

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.4. COORDENADA GEODÉSICA CARTESIANA

Exemplo 3.2

A latitude, longitude e altitude geodésica de um ponto P valem: φ = −22◦ 130 21,133700 ,


λ = −41◦ 470 29,892100 e h = 272,32 m. Considerando elipsóide WGS84, tendo como raios
dos semieixos: a = 6.378.137,0 m e b = 6.356.752,3 m, calcule as coordenadas retangulares.
Solução

Substituindo os valores nas Equações 3.2 a 3.5, tem-se:


6.378.1372
N = p = 6.381.192,9127 m
6.378.1372 cos2 (−22◦ 130 21,133700 ) + 6.356.752,32 sen 2 (−22◦ 130 21,133700 )
x = (6.381.192,9127 + 272,32 cos −22◦ 130 21,133700 cos −41◦ 470 29,892100 = 4.404.445,8857 m
 

y = (6.381.192,9127 + 272,32) cos −22◦ 130 21,133700 sen −41◦ 470 29,892100 = −3.936.872,4167 m
 

6.356.752,32
 
z= 6.381.192,9127 + 272,32 sen (−22◦ 130 21,133700 ) = 2.397.345,4965 m.
6.378.1372

Para a solução inversa, a partir das coordenadas geodésicas retangulares, calcular as coorde-
nadas geodésicas (φ, λ, h), diferentes metodologias podem ser utilizadas, sendo alguns métodos
apresentados em Wolf e Ghilani (2004) e Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008). Aqui
será apresentada uma metodologia em que não há necessidade de iterações (Equações 3.6 a 3.8),
ou seja, é simples, uma vez que, com a aplicação das equações, o resultado é obtido diretamente.

z + e02 b sen 3 θ
φ = arctan (3.6)
p − e2 a cos3 θ
y
λ = arctan (3.7)
x
p
h= −N (3.8)
cos φ

em que:

a2 − b2
e2 = (3.9)
a2
a − b2
2
e02 = 2
(3.10)
pb
p = x2 + y 2 (3.11)
z·a
θ = arctan (3.12)
p·b

Os termos e2 e e02 são denominados, respectivamente de primeira e segunda excentricidade.


O valor de p corresponde ao raio no paralelo analisado.

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.4. COORDENADA GEODÉSICA CARTESIANA

Exemplo 3.3

A partir das coordenadas retangulares do Exemplo 3.2, referentes ao sistema WGS84, en-
contrar as coordenadas geodésicas φ, λ e h.
Solução

Sabendo-se que a = 6.378.137,0 m e b = 6.356.752,3 m e substituindo


x = 4.404.445,8857 m, y = −3.936.872,4167 m e z = −2.397.345,4965 m nas Equações 3.9
a 3.12 para o cálculo das variáveis auxiliares:

6.378.1372 − 6.356.752,32
e2 = = 0,006 694 384 442
6.378.1372
6.378.137,02 − 6.356.752,32
e02 = = 0,006 739 501 254
6.356.752,32
p
p = 4.404.445,88572 + −3.936.872,41672 = 5.907.462,05962
−2.397.345,4965 · 6.378.137,0
θ = arctan = −22◦ 90 18,911900
5.907.462,059620 · 6.356.752,3

Agora, aplicando as Equações 3.6 a 3.8 e utilizando o valor de N já calculado no Exemplo
3.2 tem-se:

−2.397.345,4965 + 0,006 739 501 254 · 6.356.752,3 sen 3 (−22◦ 90 18,911900 )


φ = arctan
5.907.462,059620 − 0,006 694 384 442 · 6.378.137 cos3 (−22◦ 90 18,911900 )
φ = −22◦ 130 21,133700
−3.936.872,4167
λ = arctan = −41◦ 470 29,892100
4.404.445,8857
5.907.462,05962
h= − 6.381.192,9127 = 272,32 m
cos (−22◦ 130 21,133700 )

Como era esperado, o resultado é o mesmo de φ, λ e h do Exemplo 3.2.

3.4.1 Coordenada astronômica


Quando consideramos a vertical do ponto P , que pode ser dada pela direção do fio de prumo,
que tem a direção do centro de massa da terra, tem-se como a latitude astronômica de P , o ângulo
medido entre a vertical em P o plano do equador. Já a longitude astronômica é o ângulo entre o
plano meridiano local e o meridiano de Grw.

3.4.2 Sistema de geodésico brasileiro


O objetivo de um sistema de referência geodésico é o de disponibilizar, implantar e manter uma
infraestrutura básica para levantamento de posição de pontos na superfı́cie da terra. Os sistemas
de referências são aprimorados continuamente, de acordo com o estado da arte na época de sua
definição. Por exemplo, atualmente para a definição da rede planimétrica, utiliza-se a tecnologia
de posicionamento por satélite e, em épocas passadas, utilizava-se equipamentos topográficos
convencionais, como pouca precisão. O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é composto pelas
redes planimétricas, altimétrica e gravitacional.
A rede gravitacional é aquela que trata na determinação da força da gravidade da terra, sendo
o resultado pela atração da massa e da força centrı́fuga em um determinado ponto. Tais resulta-
dos são empregados por exemplo, na determinação da ondulação geoidal, no estudo das correntes

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.4. COORDENADA GEODÉSICA CARTESIANA

oceânicas e na determinação das altitudes ortométricas. Podem-se citar como métodos emprega-
dos na sua determinação, o método pendular, a avaliação da queda livre de um corpo e, o mais
usualmente utilizado, o Gravı́metro. Outra forma de obter a gravidade da terra é utilizando-
se satélites artificiais, podendo-se citar o par de satélites GRACE (“Gravity Recovery And Climate
Experiment”), lançados em 2002. A determinação desta quantidade foge ao escopo introdutório
deste livro e, para os que tiverem mais interesse neste tema, pode-se consultar Gemael (1999) e
Tapley (2003).
Para a definição das redes planimétricas e altimétricas são necessárias as definições do Datum
horizontal e o do Datum vertical, respectivamente, e a materialização das posições. O Datum hor-
izontal é utilizado para as posições em latitude (φ), longitude (λ) e altitude geodésica (h, altitude
em relação ao elipsóide) e, coordenadas cartográficas. Enquanto o Datum altimétrico é utilizado
para definição de altitude ortométrica (H, altitude em relação ao geóide). A materialização de
posições, é realizada por meio marcos, ao longo do estado Brasileiro e em sua fronteira. A re-
sponsabilidade pelo SGB no Brasil fica a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatı́stica
(IBGE).

Datum horizontal

Um Datum horizontal é con- Geóide


stituı́do de um elipsóide mais uma Datum 1 (Topocêntrico)
série de parâmetros que o posiciona Datum 2 (Geocêntrico)
à terra, como, por exemplo, a lat-
itude e a longitude do ponto ini- Datum 2 com ajuste global
cial e o azimute de um alinhamento.
A posição do elipsóide em relação
à terra pode ser topocêntrico, fix-
ado a um ponto na superfı́cie (Da-
tum topocêntrico) ou geocêntrico,
o centro do elipsóide coincide com
centro de massa da terra (Da- C1
tum geocêntrico). Um exemplo
C2
gráfico do ajuste de um Datum hor-
izontal topocêntrico (Datum 1) e
geocêntrico (Datum 2), ao geóide, é
apresentado na Figura 3.3. O Da-
tum topocêntrico só se ajusta bem ao
Geóide em uma pequena porção do
Geóide, parte inferior esquerda, en-
quanto no restante do Geóide não há
um bom ajuste. Nota-se esta falta de Local de ajuste do Datum 1
ajuste, principalmente, na porção su-
perior direita do Geóide, em que o Figura 3.3
Datum 1 passa bem acima. Já, o Da- Datum horizontal do tipo topocêntrico e geocêntrico.
tum 2, geocêntrico, tem seu centro C1 que coincide com centro de massa da terra, tendo os seus
parâmetros a e f definidos de forma a minimizar os desvios dele com o Geóide como um todo,
não em apenas uma porção.
Como dito anteriormente, o SGB é dinâmico, o Brasil já teve o Datum horizontal denominado
de Córrego Alegre, que tinha como figura geométrica da terra o elipsóide Hayford 1924 (Tabela
3.1). Atualmente o Brasil adota dois Data5 , o SAD696 e o SIRGA20007 . As caracterı́sticas do
5 Dataé o plural de Datum.
6 SAD é a abreviação de “South American Datum”, Datum Sul Americano.
7 SIRGAS é a abreviação de “Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas”

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.4. COORDENADA GEODÉSICA CARTESIANA

SAD69 e do SISGAS2000 (IBGE, 2005) são apresentadas abaixo:


Para o Datum SAD69:

• Figura geométrica para a Terra: Elipsóide Internacional de 1967; Semi eixo maior
a = 6.378.160 m; f = 1/298,2.

• Parâmetros referentes ao posicionamento espacial do elipsóide: Orientação geocêntrica com


eixo de rotação paralelo ao eixo de rotação da Terra; plano meridiano origem paralelo ao
plano meridiano de Greenwich;

• Orientação topocêntrica, com: Ponto Datum = Vértice de triangulação Chuá;


φG = 19◦ 450 41,652700 S; λG = 48◦ 060 04,063900 W; φA = 19◦ 450 41,3400 S; λA = 48◦ 060 07,8000 W;
AG = 271◦ 300 04,0500 SWNE para VT-Uberaba; N = 0,0 m.

em que: “G” e “A” referem-se, respectivamente, às medidas geodésicas e astronômicas; N é de-
nominado de ondulação geoidal, diferença entre altura do elipsóide e do geóide na posição anal-
isada.
Para o SIRGAS2000:

• Figura geométrica para a Terra: Elipsóide do Sistema Geodésico de Referência


de 1980 (Geodetic Reference System 1980 – GRS80) Semieixo maior a = 6.378.137 m,
f = 1/298,257 222 101;

• Origem: Centro de massa da Terra;

• Orientação: Polos e meridiano de referência consistentes em ±0,00500 com as direções


definidas pelo BIH (Bureau International de l´Heure), em 1984,0.

Na Figura 3.4 são apresentadas as posições dos marcos geodésicos que fazem parte do SGB. As
técnicas nas quais os pontos foram levantados também são apresentadas. Faz parte da rede hor-
izontal um total de 8.226, sendo 1.008, 2.443, 3.642 e 1.133 pontos referentes às técnicas, respec-
tivamente, doppler, GPS, vértice de triangulação e estações de poligonal. Como é observado na
Figura 3.4, algumas observações são realizadas fora do continente, em ilhas, por exemplo em
Fernando de Noronha.

Figura 3.4 Doppler


Posição das referencias hor- GPS
izontais e os métodos em Vértice de triangulação
que as posições foram es-
Estacão de poligonal
timadas. Dados obtidos
em hftp://geoftp.ibge.gov.
br/arquivos google earth/
sistema geodesico brasileiro/i,
7 de maio de 2012. Os lim-
ites estaduais obtidos em:
hhttp://www.ngdc.noaa.gov/
mgg/coast/i

Datum vertical

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

São duas as referencias de altitude adotado


pelo Brasil, que coincide com nı́vel médio dos
mares (NMM), sendo: i) o Datum de Imbituba,
definido de observações da maré em Imbituba,
Santa Catarina entre os anos de 1949 e 1957, na
Figura ao lado as referências de nı́vel em vermelho
e; e ii) o Datum de Santana, definido de observações
da maré no estado do Amapá entre os anos de 1957
a 1958, as referências de nı́vel cor verde. O Da-
tum de Santana deu-se devido a impossibilidade de
estender a rede de Imbituba à região do Amapá.
Na Figura ao lado são apresentadas as posições da
referência altimétrica do SGB, sendo um total de
9.397 referências de nı́vel, 475 e 8.922, respectiva-
mente, referentes ao Datum de Santana e ao Datum
de Imbituba.

3.5 Projeção cartográfica

Projeções cartográficas são funções matemáticas que transformam as coordenadas geodésicas


(φ, λ) para coordenadas planas (x, y), isto é, x = f (φ, λ) e y = f (φ, λ). Podem-se classificar as
projeções cartográficas de acordo com:

a) a superfı́cie utilizada na projeção: plana


(Figuras a, d, g), cilı́ndrica (Figuras b, e, h) ou
cônica (Figuras c, f, i). Na prática, a projeção
é realizada analiticamente, ou seja, por meio
de equações matemáticas, que são variantes
destas formas geométricas; (a) (b) ( )

b) se é tangente (Figuras ao lado) ou secante


(Figura 3.5);

c) a posição da figura geométrica, por exem-


plo, caso a projeção seja cilı́ndrica tangente, (d) (e) (f)

ela é dita como sendo normal se o cilin-


dro é tangente no equador (e.g. Figura b);
transversa, caso o cilindro seja tangente a
um meridiano (e.g. Figura e); e é oblı́qua
caso o cilindro seja tangente à qualquer
seção normal que passa pelo ponto central (g) (h) (i)
(e.g. Figura h).

A figura da terra utilizada na geodésia, o elipsóide, é tridimensional e faz com que seja im-
possı́vel projetar uma parte de sua superfı́cie em um plano sem causar alguma deformação. A
escolha de uma determinada projeção dependerá dos objetivos ao qual ele é proposto. As carac-
terı́sticas consideradas na projeção são (SNYDER, 1987):

a) Área: projeções que mantém a área são denominadas de igual área ou equivalente, sendo
aquela em que uma área de uma forma qualquer, como um cı́rculo de qualquer tamanho na
terra, em qualquer parte do mapa, a sua projeção vai cobrir a mesma área. A forma, ângulos
e escala estarão distorcidos na maior parte do mapa;

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

b) Forma: são aquelas projeções que mantém a forma, sendo denominadas de projeções con-
forme. Nesta projeção os ângulos locais em cada ponto do mapa são mostrados correta-
mente. Como os ângulos são mantidos corretos, a intersecção dos meridianos com os par-
alelos formam ângulos retos. As área são aumentadas ou diminuı́das ao longo do mapa.

(a) (b) ( )

Figura 3.5
Projeções plana, cilı́ndrica e cônica secantes.

Nenhum mapa pode ser ao mesmo tempo igual área e conforme. Projeções que não são igual
área nem conforme são denominadas de afiláticas. Pode-se citar outros termos que descrevem car-
acterı́sticas especiais de projeções:

c) Escala: projeções que mantém a escala em uma ou mais linhas do mapa são denominadas
de equidistante. Vale salientar que nenhuma projeção é capaz de manter a escala correta em
todo mapa;

d) Direção: são mapas em que uma determinadas direção ou azimute são apresentadas cor-
retamente. Por exemplo, se a direção do azimute é apresentada corretamente entre dois
pontos, diz-se que a projeção é azimutal;

As deformações da projeção só serão visı́veis para grandes áreas, como para o mapa do Brasil.
Para pequenas áreas, as distorções são de difı́cil percepção visual. A seguir serão apresentadas
algumas projeções abrangendo toda, ou quase toda, a terra. Juntamente com o limite dos conti-
nentes, serão apresentadas elipses, denominadas de indicatrizes de Tissot, cujo objetivo é avaliar
as distorções da projeção. A indicatriz de Tissot é o resultado da projeção da figura geométrica de
um cı́rculo no elipsóide de referência. Como exemplos de interpretação para indicatriz de Tissot na
projeção pode-se citar: se a projeção é conforme, a elipse é um cı́rculo e o seu tamanho vai variar
ao longo do mapa; se as elipses aparentam ter a mesma área, variando a sua forma, temos uma
projeção igual área; se os semieixos da indicatriz de Tissot são distintos, demonstra a distorção
em escala e a deformação angular.

3.5.1 Projeção cônica de Albers (igual área)

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

Um exemplo de projeção igual área é


a projeção cônica de Albers (Figura ao
lado). Como diz o nome da projeção, ela
é do tipo cônica, tendo os paralelos como
arcos concêntricos e espaçamento dis-
tinto. Já os meridianos tem espaçamento
igual, cortando os paralelos em ângulos
retos. Nesta projeção a escala sofre
deformação ao longo da latitude e da
longitude, de forma a manter igual área
ao longo do mapa. Ela é utilizada para
regiões que tem extensões na direção
leste-oeste, como os Estados Unidos.
As fórmulas para a projeção cônica
de Albers para um esferoide (a = b) são apresentadas nas Equações 3.15 e 3.14, para o mod-
elo da terra sendo um esferoide. Para o modelo da terra sendo um elipsóide, consultar Snyder
(1987).

x = ρ sen θ (3.13)
y = ρ0 − ρ cos θ (3.14)

em que:

1 1/2
ρ= R (C − 2n sen φ) (3.15)
n
θ = n(λ − λ0 ) (3.16)
1 1/2
ρ0 = (C − 2n sen φ0 ) (3.17)
n
C = cos2 φ1 + 2n sen φ1 (3.18)
1
n = ( sen φ1 + sen φ2 ) (3.19)
2
φ0 ,λ0 = latitude e longitude para origem do sistema de coordenadas (3.20)
φ1 ,φ2 = paralelos padrão (3.21)

O eixo-y coincide com o meridiano central (λ0 ). O eixo-x intercepta perpendicularmente em


φ0 , aumentando para este. Observe que n, C e ρ0 são constantes e são calculados uma única vez.
As fórmulas inversas são:

 
C − (ρn)2
φ = arcsen (3.22)
2n
λ = λ0 + θ/n (3.23)

em que:

 1/2
2
ρ = x2 + (ρ0 − y) (3.24)
 
x
λ = arctan (3.25)
ρ0 − y

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

3.5.2 Projeção sinusoidal (igual área)

Outro exemplo de projeção igual área


é a Sinusoidal (Figura ao lado). O
único meridiano que se apresenta como
uma linha reta é o meridiano central
(λ0 ), os demais tem forma sinusoidal com
espaçamento constante. No meridiano
central a escala é verdadeira. Os paralelos
tem espaçamento igual. O eixo-x coincide
com a linha do Equador, enquanto o eixo-
y coincide com o meridiano central. As
equações para a projeção sinusoidal são
simples. Considerando a forma da terra
como um esferoide, as coordenadas retan-
gulares da projeção Sinusoidal são:

x = (λ − λ0 ) cos φ (3.26)

y=φ (3.27)
As coordenadas devem estar em radianos. As funções inversas da projeção sinusoidal são:
x
λ= + λ0 (3.28)
cos φ

φ=y (3.29)

Exemplo 3.4

Qual é a coordenada retângular de um ponto de latitude –21,4324◦ e longitude de


–42,7912◦ considerando a projeção sendo sinusoidal com λ0 = 0◦ .
Solução

Considerando as Equações 3.26 e 3.27, e observando que os ângulos devem estar em radi-
anos tem-se:
x = (λ − λ0 ) cos φ
x = (−42,7912 · π/180) cos(−21,4324 · π/180)
x = −0,6952.
y=φ
y = −21,4324 · π/180
y = −0,3741.

3.5.3 Projeção cônica de Lambert (conforme)

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

A projeção cônica de Lambert con-


forme é apresentada na Figura ao lado.
Ela é utilizado em nações que têm área
predominantemente na direção de leste-
oeste, como os Estados Unidos. Pode-se
citar ainda que: os paralelos concêntricos
e com espaçamento distinto, sendo mais
próximo do centro do mapa; os merid-
ianos tem espaçamento igual, cortando
os paralelos em ângulos retos; a escala
só é verdadeira ao longo dos paralelos
padrão; e no hemisfério sobre os parale-
los padrão o polo é um ponto, e no outro
polo, infinito.

3.5.4 Projeção Azimutal (equidistante)

Na Figura ao lado é apresentada uma


projeção equidistante, do tipo Azimutal
(azimutal equidistante). Pode-se citar
como alguns aspectos desta projeção: as
distâncias a partir do centro e ao longo do
raio são verdadeiras; o único ponto que
não têm distorção é o central e nenhum
ponto tem área igual ou conforme; parale-
los são cı́rculos espaçados em intervalos
verdadeiros.
A Equações para as coordenadas
planas da projeção azimutal equidistante
são:

x = k 0 cos φ sen (λ − λ0 ) (3.30)


0
y = k (cos φ1 sen (φ) − sen φ1 cos φ cos(λ − λ0 ))
(3.31)

em que:

k 0 = c/ sen (3.32)
cos c = sen φ1 sen (φ) − cos φ1 cos φ cos(λ − λ0 ) (3.33)

Sendo (φ1 ,λ0 ) são a latitude e a longi-


tude do centro da projeção e a origem. O
eixo-y coincide com o meridiano central, crescendo ao norte e diminuindo ao sul. Se cos c = 1 na
Equação 3.33, ela é indeterminada, mas k 0 = 1, e x = y = 0. Se cos c = −1 , o ponto é oposto ao
centro (−φ1 ,λ0 ± 180◦ ). As funções inversas são:
  
y sen c cos φ1
φ = arcsen cos c sen φ1 + , (3.34)
c

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

  

 x sen c

 arctan se φ1 6= ±90◦ ,

 φ1 cos c − y sen φ1 sen c
 ρ cos
 x
λ = λ0 + arctan se φ1 = 90◦ , (3.35)

  −y

 x


arctan se φ1 = −90◦ ,
y
 1/2
em que: ρ = x2 + y 2 e c = ρ/R.

3.5.5 Projeção Universal Transversa de Mercador (UTM)

−16◦
−24◦
−32◦
−40◦
−48◦
−56◦
−64◦
−72◦
−80◦
−8◦
84◦

72◦
64◦
56◦
48◦
40◦
32◦
24◦
16◦
8◦
0◦
192◦

G
N

H
U

D
X

R
Q

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 1 2
T

E
F
L
S

J
186◦

Na projeção Universal Transversa de


180◦
174◦
Mercador, Transverse Mercator Projection 168◦

(UTM), a terra, entre as latitudes de 84◦ N


162◦
156◦

e 80◦ S, é dividida em 60 fusos8 , cada um 150◦


144◦
abrangendo 6◦ de longitude, numeradas 138◦

de 1 a 60, começando a numeração em


132◦
126◦

−180◦ e caminhando a contagem no sen- 120◦


114◦
tido leste. Denomina-se de meridiano cen- 108◦

tral (MC) ao meridiano que divide deter-


102◦
96◦

minado fuso ao meio. Desta forma, por ex- 90◦


84◦
emplo, o primeiro fuso abrange a área en- 78◦

tre os meridianos −180◦ a −144◦ (ou, 180◦


72◦
66◦

W a 174◦ W), logo, o MC deste primeiro 60◦


54◦
fuso é igual a −177◦ . Já as letras do alfa- 48◦

beto identificam a posição em latitude, em


42◦
36◦

que cada letra corresponde a uma variação 30◦


24◦
de latitude de 8◦ , com exceção da banda de 18◦

latitude X, que abrange 12◦ . A combinação


12◦
6◦

do número do fuso com a letra da banda 0◦


W

−6◦
G
N

H
U

D
X

R
Q
T

E
F
L
S

latitude define a zona do grid. Como −12◦


−18◦
exemplo, é apresentada a zona 22J, cor- −24◦
respondendo, aproximadamente, a região −30◦
−36◦
dos estados do Paraná, Santa Catarina e −42◦
−48◦
Rio Grande do Sul. Esta combinação, de
22J

−54◦
fuso com a letra da banda de latitude, é −60◦
−66◦
sempre apresentado, quando utilizando, −72◦
−78◦
por exemplo, receptores GNSS e o pro- −84◦
grama Google Earth, se o sistema de co- −90◦
−96◦
ordenadas estiver configurado em UTM. −102◦
−108◦
Para o mapeamento de áreas fora de −114◦
84◦ N e 80◦ S, região dos polos, é adotado −120◦
−126◦
uma outra projeção, Universal Polar Stereo- −132◦

graphic (UPS). Ela não será tratada aqui, to- −138◦


−144◦
davia, maiores informações podem ser en- −150◦
−156◦
contradas em Snyder (1987). −162◦
−168◦
−174◦
W

−180◦
G
N

H
U

D
X

R
Q
T

E
F
L
S

J
−16◦
−24◦
−32◦
−40◦
−48◦
−56◦
−64◦
−72◦
−80◦
−8◦
84◦

72◦
64◦
56◦
48◦
40◦
32◦
24◦
16◦
8◦
0◦

8 Pode-se denominar também de zonas.

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

O território Brasileiro está in- 78◦ W 72◦ W 66◦ W 60◦ W 54◦ W 48◦ W 42◦ W 36◦ W 30◦ W
serido ao longo de 8 fusos UTM, 8◦ N
do número 18 ao 25, e das ban-
das de latitudes designadas pelas 18N 19N 20N 21N 22N 23N 24N 25N
letras de H à N (Figura ao lado). 0◦
Para a grande maioria dos estados,
são necessários mais de um fuso 18M 19M 20M 21M 22M 23M 24M 25M
para se trabalhar com as coorde- 8◦ S
nadas UTM. Por exemplo, para o es-
tado do Amazonas será necessário 18L 19L 20L 21L 22L 23L 24L 25L
trabalhar com quatro fusos. Já o es- 16◦ S
tado do Espı́rito Santo, encontra-se
inserido em um único fuso, o 24, 18K 19K 20K 21K 22K 23K 24K 25K
cujos meridianos limites são 42 W ◦
24◦ S
e 36◦ W (MC = 39◦ W). Este es-
tado encontra-se entre os paralelos 18J 19J 20J 21J 22J 23J 24J 25J
24 S e 16 S, letra de linha da latitude
◦ ◦
32◦ S
“K”. É por isto, que quando nos en-
contramos com um receptor GNSS 18H 19H 20H 21H 22H 23H 24H 25H
em qualquer posição no estado, ele
40◦ S
mostrará, juntamente com as coor-
denadas UTM do ponto, a informação “24K”, referente ao fuso e a linha de latitude onde o ponto
se encontra.
Agora vamos abordar as coordenadas MC
UTM, onde, uma apresentação gráfica de-

k = 0,9996
las, para um fuso, é apresentada na Figura

k=1

k=1
ao lado. A unidade das coordenadas UTM
é o metro. Para as coordenadas UTM, con- y(N)
sidere: o eixo-x coincide com a linha do
equador, e o eixo-y está a distância 500.000 84◦
m do MC do fuso. Nas coordenadas so-
bre MC é aplicado uma redução de es-
3◦ 3◦
cala de 0,9996 (k0 ), sendo que este fator 6◦
vai aumentando, na medida em que se
E = 320.000 m

E = 500.000 m

E = 680.000 m

afasta do MC, sendo k = 1 a aproximada-


mente 180 km do MC. A partir dos 180 N=0m
km, a escala aumentada (k > 1). Para 0m x(E)
o hemisfério Norte, a intersecção do do N = 10.000.000 m
k>1
eixo-x com MC, tem coordenada y = 0 m
e x = 500.000 m. Já, para o hem- k<1
isfério Sul, a intersecção do do eixo-x com
MC tem coordenada x = 500.000 m, to-
davia, a fim de evitar coordenada negati-
vas, y = 10.000.000 m. Em ambos os hem- 500.000 m −80◦
isférios, as coordenadas x e y crescem na
0m x(E)
direção, respectivamente, oeste-leste e sul- 0m
norte. Quando se trata de descrever as co-
ordenadas UTM, normatizou-se em designar as coordenadas x, por “E”, de Este, e y, de “N”, de
Norte.

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

Na Figura ao lado é apresentado o Fuso 24K


limite do Espı́rito Santo em coordenadas
UTM. Todo o limite se encontra no fuso MC (−39◦ )
24, com MC de −39◦ , como já dito an- k=1 k = 0,9996
teriormente. O estado encontra-se à es-
querda do MC do fuso, logo suas coorde-
nadas E serão sempre menores que 500.000 8.100.000
m. No MC deste fuso é aplicada uma k>1 k<1
redução na escala de 0,9996 (k0 ). É apre-
sentada nesta Figura a linha em que não 8.000.000
há redução de escala (k = 1), encontrando-
se a aproximadamente 180 km de MC. To-

N (m)
dos os pontos que encontram-se a direita
desta linha e a esquerda do MC terão a es- 7.900.000
cala reduzida, k < 1. Já pontos que se
encontrarem à esquerda da linha k = 1,
será aplicada uma ampliação (k > 1). 7.800.000
A coordenada do municı́pio de Alegre,
E = 236.175 m e N = 7.701.983 m, de onde
pode-se concluir, por exemplo, que ele está Alegre
263.825 m do MC (500.000 − 236.175) e a 7.700.000 E = 236.175 m
N = 7.701.983 m
uma distância de 2.298.017 m da linha do
Equador (10.000.000 − 7.701.983).
200.000 300.000 400.000 500.000 m
Coordenadas geográficas para UTM E (m)
Sendo conhecidas as coordenadas
geodésicas, latitude (φ) e longitude
(λ), de um ponto, seguem as fórmulas que são utilizadas para cálculo das coordenadas UTM.
Para se obter as coordenadas, a Este soma-se 500.000 m ao valor de x (Equação 3.36) e, para
coordenada Norte no hemisfério sul, soma-se 10.000.000 m a y (Equação 3.37).

x = k0 N (A + (1 − T + C)A3 /6 + (5 − 18T + T 2 + 72C − 58e02 )A5 /120 (3.36)

y = k0 (M + N tan φ(A2 /2 + (5 − T + 9C + 4C 2 )A4 /24


+ (61 − 58T + T 2 + 600C − 330e02 )A6 /720)) (3.37)

k = k0 (1 + (1 + C)A2 /2 + (5 − 4T + 42C + 13C 2 − 28e02 )A4 /24


+ (61 − 148T + 16T 2 )A6 /270) (3.38)

em que: k0 é a escala no meridiano central, para projeção UTM, k0 = 0,9996. A grande normal,
N , foi definida na Equação 3.5, a segunda excentricidade, e02 , na Equação 3.10, para as demais
variáveis auxiliares:

T = tan2 φ (3.39)
02
C = e cos φ 2
(3.40)
A = (λ − λ0 ) cos φ (3.41)

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

M = a((1 − e2 /4 − 3e4 /64 − 5e6 /256 − ...)φ − (3e2 /8 + 3e4 /32


+ 45e6 /1024 + ...) sen 2φ + (15e4 /256 + 45e6 /1024
+ ...) sen 4φ − (35e6 /3072 + ...) sen 6φ + ...) (3.42)

com φ em radianos. M é a distância ao longo do meridiano central de φ, ao equador. A primeira


excentricidade e2 foi definida na Equação 3.9. Caso as coordenadas geodésicas estejam em graus,
o parâmetro A deve ser transformado para ângulos em radianos, ou seja, A = 180 π
(λ − λ0 ) cos φ.
Exemplo 3.5

Calcule a coordenada UTM de um ponto de latitude −21◦ e longitude de −41◦ . Considere


como modelo da terra o sistema WGS84.
Solução

Verifica-se que para o valor da longitude do ponto, −41◦ , o fuso é o 24, que tem MC de
–39◦ (λ0 ). Do Exemplo 3.3 temos; e2 = 0,006 694 384 442, logo e = 0,081 819; e a segunda
excentricidade, e02 = 0,006 739 501. Para as outras variáveis auxiliares, considerando as
Equações 3.5, 3.39 a 3.41, temos:
6 378 1372
N=p = 6.380.880,55 m
6.378.1372 cos2 (−21◦ ) + 6.356.752,32 sen 2 (−21◦ )
T = tan2 (−21◦ ) = 0,147 351 597 390
C = 0,006 739 501 cos2 (−21◦ ) = 0,005 873 963 368
π
A= (−41◦ − −29◦ ) cos(−21◦ ) = −0,0325 881 045 490
180◦
Substituindo os valores na Equação 3.42:
M =6 378 137((1 − 0,081 8192 /4 − 3 · 0,081 8194 /64 − 5 · 0,081 8196 /256) · −21◦ · π/180
− (3 · 0,081 8192 /8 + 3 · 0,081 8194 /32 + 45 · 0,081 8196 /1024) · sen (2 · −21◦ )
+ (15 · 0,081 819/256 + 45 · 0,081 819/1024) · sen (4 · −21◦ )
− (35 · 0,081 8196 /3072) · sen (6 · −21◦ ))
M = − 2.323.076,859 370 594 m
Aplicando os resultados nas Equações 3.36 e 3.37:
x =0,999 6 · 6.380.880,55(−0,032 588 104 549 + (1 − 0,147 351 597 390 + 0,005 873 963 368)
− 0,032 588 104 5493 /6 + (5 − 18 · 0,147 351 597 390 + 0,147 351 597 3902 + 72 · 0,005873963368
− 58 · 0,006 739 501) − 0,032 588 104 5495 /120
− (35 · 0,0818196 /3072) · sen (6 · −21◦ ))
x = − 207.889,216 m
y =0,999 6(−2.323.076,859 370 594 + 6.380.880,55 tan φ( − 0,0325 881 045 4902 /2+
(5 − 0,14735159739 + 9 · 0,005 873 963 368 + 4 · 0,005 873 963 3682 ) − 0,0325 881 045 4904 /24
+ (61 − 58 · 0,147 351 597 390 + 0,147 351 597 3902 + 600 · 0,005 873 963 368 − 330 · 0,006 694 384 442)
− 0,032 588 104 5496 /720))
y = − 2.323.448,280 m
Para obtermos a coordenada Este, tem que se somar 500.000 m à x e, para a coordenada Norte, somar 10.000.000
m à y. Desta forma, a coordenada do ponto é: E = 292.110,784 m e N = 7.676.551,720 m.

Para a solução do problema inverso, transformação de coordenada UTM (E, N) em geodésica


(φ, λ), consultar Snyder (1987), DMA (1989) e Wikipedia (2012).

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

Sugestão de aula prática

Google Earth Pro como ferramente para uso em alguns problemas de geomática.

Objetivo: Apresentar algumas funcionalidades do Google Earth Proa em geomática. Como


roteiro:
• apresentação geral do Google Earth Pro: janelas de funções; principais ı́cones de
funções; zoom, adicionar ponto, caminho, etc;
• como modificar o sistema de coordenadas de geográficas (φ, λ) para UTM (E, N);
• apresentar os fusos das sistema de projeção UTM;
• realização de medidas de distância e área;
a hhttps://www.google.com/earth/i

Exercı́cio

3.1. Como é definida a forma da terra?

3.2. O que é altitude?

3.3. Defina Geóide, Elipsóide e Datum.

3.4. Quais são os Datum horizontal e vertical adotados pelo Brasil?

3.5. Defina latitude, longitude de um lugar?

3.6. Qual a nossa referência para altitude?

3.7. O que é projeção cartográfica, cite exemplos?

3.8. O que é uma projeção conforme, igual área e equidistante?

3.9. Descreva detalhadamente como é o sistema de coordenadas UTM (fusos, meridiano central,
abrangência de cada fuso, etc)? O que significa uma coordenada UTM, E = 610.000 m e N =
8.500.000 m no hemisfério sul?

3.10. Dadas as coordenadas UTM de dois pontos no hemisfério sul: (a) E = 216.589 m e N =
7.709.930 m; (b) E = 251.361 m e N = 7.694.522 m. Calcular a distância entre eles?
Resp.: 38.032,860 m.

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CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.5. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

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4
GNSS

Os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (Global Navigation Satellite Systems, GNSS) tratam-
se de diferentes sistemas, para fins de posicionamento, que utilizam ondas eletromagnéticas emi-
tidas por satélites artificiais à terra. Estes sistemas são utilizados em diferentes áreas, sendo
primeiramente construı́dos com finalidades militares. Atualmente, por exemplo, são empregados
nos transportes terrestres, marinhos e aéreos, em levantamentos geodésicos e, na agricultura, na
denominada agricultura de precisão e no georreferenciamento de imóveis rurais. Neste capı́tulo
será realizada uma apresentação do princı́pio de seu funcionamento, dos sistemas existentes, das
fontes de erros, e dos tipos de posicionamento GNSS.

Sumário
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Posicionamento por satélite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.3 Segmentos GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.4 Exemplos de GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.5 Observáveis e fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.5.1 Pseudodistância por código . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.2 Pseudodistância por fase da onda portadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.3 Erros nas observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.6 Tipos de posicionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.6.1 Terminologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.6.2 Posicionamento por ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.6.3 Posicionamento diferencial (DGNSS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.4 Posicionamento relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

4.1 Introdução

O posicionamento baseado por satélite, se refere à obtenção da posição de um ponto (p.ex.: lat-
itude e longitude), por meio de receptor que capta e processa sinais emitidos por satélites arti-
ficiais, na superfı́cie terrestre, no mar, no ar ou no espaço. Antes dos satélites a posição de um
ponto era realizado por meio da técnica denominada de triangulação, em que vários lados dos
triângulos são ligados por pontos (vértices) na área de interesse. Então os lados e ângulos dos
triângulos eram medidos. Os vértices dos triângulos eram, geralmente, materializados por mar-
cos. Os lados dos triângulos eram medidos por réguas, trenas e mais recentemente por meio de
medidores eletrônicos de distância e os ângulos, medidos por teodolitos. Sendo que cada lado dos
triângulos poderia chegar a 100 km. Para o ajustamento era necessário que em pelo menos um
ponto as suas coordenadas (p.ex. latitude, longitude e altitude) fossem conhecidas, assim como
também fosse determinado o azimute de uma linha. As coordenadas do ponto era estabelecida
com base em observações astronômicas, o que poderia resultar em erros de metros.
CAPÍTULO 4. GNSS 4.2. POSICIONAMENTO POR SATÉLITE

O primeiro satélite a ser lançado foi o Sputnik, Russo, em 4 de outubro de 1957. Desde então
vários outros foram lançados, fazendo com que uma outra metodologia pudesse ser utilizada para
o posicionamento, sendo denominada de programa mundial de triangulação por satélite (world-
wide satellate triangulation program). Constituia em fotografar, de dois pontos da terra, satélites com
caracterı́sticas refletivas no espaço, com estrelas ao fundo, ao longo de um tempo. Por técnicas
fotogramétricas era possı́vel encontrar a direção entre estes dois pontos. Observações de outros
pontos na terra eram realizadas, formando uma rede global para ajustamento. Podem-se citar
como problemas para esta metodologia: necessidade de céu limpo durante a fotografia nas duas
estações que, eram separadas em aproximadamente 4.000 km; e o equipamento para fotografia,
pesado e caro.
O primeiro sistema a utilizar satélites artificias, com capacidade de emitir sinais à terra, que
poderiam ser captados por receptores para fins de posicionamento, foi o Transit, formalmente
conhecido por Navy Navigation Satellite System, utilizado pela Marinha Norte Americana para o
posicionamento de submarinos e de navios de guerra por um perı́odo de 32 anos, tendo finalizado
suas operações em 1996. O primeiro satélite Transit lançado com sucesso ocorreu em 1960, trans-
mitindo sinais em duas frequências tendo como finalidade a realização de testes. O lançamento
de um satélite operacional ocorreu em 5 de dezembro de 1963.
Quando em operação o sistema Transit era constituı́do de 6 satélites orbitando a terra na
altitude de 1.100 km, perı́odo orbital de 106 min e enviando sinais em duas frequências (150 MHz
e 400 MHz). Em 1967 o presidente dos Estados Unidos autorizou o uso comercial e privado, sendo
fabricado mais de 80.000 receptores. Segundo Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008),
a precisão de posicionamento do sistema Transit, quando utilizando receptor com capacidade de
rastreio de uma e de duas frequências, era de 100 m e 20 m, respectivamente. Este sistema tinha
como limitação a precisão e, principalmente, a baixa frequência para obter a posição, ou seja, não
era apenas ligar o receptor em terra e já obter a coordenada, poderia demorar de 6 horas a 12 horas
para ter satélites disponı́veis e então obter a coordenada. Isto ocorria pelo número reduzido de
satélites em órbita (SMITH, 1997). Na mesma época, um sistema similar ao Transit, o Cicata, foi
desenvolvido pela Rússia.
O termo GNSS (Global Navigation Satellite Systems) descreve os diferentes sistemas de posi-
cionamento por satélites, assim como as suas combinações para se obter o tempo, posição e ve-
locidade em qualquer tempo e condição atmosférica (BHATTA, 2010). Com o breve histórico
apresentado anteriormente, percebe-se que toda uma base tecnológica de conhecimento estava
formada para construção de novos GNSS. Desta forma, vários paı́ses ou nações, partiram para
o desenvolvimento e construção de seu próprio GNSS, sem as limitações dos anteriores, como a
baixa precisão e frequência. Seguem alguns exemplos de GNSS: nos Estados Unidos, por meio do
seu Departamento de Defesa (DoD1 ), houve o desenvolvimento do Sistema de Posicionamento
Global (GPS, Global Positioning System), na Rússia, sob a operação das forças armadas, o Sis-
tema de Navegação Global por Satélite (GLONASS, GLObal’naya NAvigatsionnaya Sputnikovaya
Sistema); e, na Europa, sendo construı́do pela União Europeia, o sistema Galileu. Maiores detal-
hes destes sistemas serão apresentados na Secção 4.4.

4.2 Posicionamento por satélite

Nesta secção será apresentado o princı́pio básico do posicionamento por satélite conforme
explicação de Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008). Como já foi dito, o GNSS fornece
informação da posição de um lugar, por exemplo, a latitude, longitude e altitude geométrica. Para
tanto, é necessário: uma constelação de satélites sobrevoando o espaço e enviando sinais à terra
e; receptores. capazes de captar e processar as informações contidas nestes sinais. Basicamente,
para o posicionamento ser realizado, é necessário a determinação da distância entre satélites e
receptor. Considere a Figura 4.1, com a representação da terra, de um receptor e de um satélite,
1 Abreviação de Department of Defense.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.2. POSICIONAMENTO POR SATÉLITE

em uma determinada época. Imagine esta época congelada. A posição do receptor (%r ) e de cada
satélite (%s ) tem como sistema de referência o centro de massa da terra (sistema geocêntrico). A
posição de cada satélite pode ser determinada com o auxı́lio das efemérides2 transmitidas pelos
satélites e processadas no receptor. Se o receptor, definido na terra por sua posição geocêntrica
(%r ), tem um relógio preciso, a distância (δ) entre cada satélite e o receptor pode ser calculada
pela medida de tempo que o sinal (código) demorou entre a emissão do satélite até a chegada
no receptor. Cada satélite definirá uma superfı́cie de esfera, em que o seu centro é a posição do
satélite. Desta forma, determinada as distâncias entre três satélites e o receptor, torna-se suficiente
para que a intersecção das três esferas resulte na determinação das três incógnitas da posição do
receptor, por exemplo, a latitude, a longitude a altitude geométrica. A equação da distância entre
cada satélite e receptor é determinada por:

δ = k%s − %r k (4.1)

Satélite
é lite
s at
do ̺
ta
r bi
Ó ̺s

Receptor
Te

rr
a
̺r

Geocentro

Figura 4.1
Princı́pio do posicionamento por GNSS.

Dado um vetor a, no espaço tridimensional p de coordenadas x, y e z, tem-se que, kak rep-


3
resenta a norma de um vetor , onde kak = x2 + y 2 + z 2 . No Exemplo 4.1 é apresentado a
obtenção da posição de um ponto, em um sistema de coordenadas bidimensional, conhecendo-se
as posições dos satélites e dos intervalos de tempo entre o envio do sinal pelos satélites e a sua
chegada ao receptor.

2 Tabelas de valores que torna possı́vel determinar a posição do satélite no espaço.


3 Também denominado de módulo de um vetor.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.2. POSICIONAMENTO POR SATÉLITE

Exemplo 4.1

Os dados das posições e distâncias que serão apresentados neste exemplo têm magnitude
muito inferiores das usuais nos GNSS, uma vez que, geralmente, são dadas em milhares
de metros, vistas as altitudes dos satélites a e o sistema de referência utilizado. Desta
forma, busca-se apenas ilustrar a estratégia utilizada no GNSS para cálculo da posição do
receptor. Vamos supor que desejamos encontrar as coordenadas bidimensionais de um
ponto onde uma pessoa possua um receptor (r). Este receptor recebe e processa os sinais,
de uma determinada época, emitidos de dois satélites, denominados aqui por satélites 1
e 2. Nestes sinais são enviadas as efemérides dos satélites, sendo então calculadas suas
posições: para o satélite 1 e 2, respectivamente, %1 = (3, 5) e %2 = (6, 4). Os receptores
GNSS, também por meio dos sinais (código), conseguem realizar uma estimativa do in-
tervalo de tempo entre o envio do sinal e a chegada ao receptor (∆t). Como se conhece a
velocidade de propagação do sinal, velocidade da luz (c = 299.792,458 km s−1 ), pode-se
calcular a distância entre eles (% = c · ∆t), sendo de %1r = 4,123 e de %2r = 3,606. Calcule
as coordenadas do receptor (δr ).
Solução
Com os dados apresentados na figura a seguir, pode-se desenhar a configuração
geométrica dos satélites e, por circunferências, as distâncias entre eles e o receptor. As
circunferências se interceptam em dois pontos, sendo estas as possı́veis posições para o re-
ceptor. Considerando que o receptor não pode estar localizado acima dos satélites, temos
apenas uma posição possı́vel, a do receptor.
y y
̺1r = 4,
123
9 9

8 8
̺2r
=
7 3,6 7
0
6

6 6
1
5 ̺ = (3, 5) 5 ̺1 = (3, 5) ut

4 ̺2 = (6, 4) 4 ut
̺2 = (6, 4)
4,123

06
3 3
̺ 1r =

3,6
=

2 2
r
̺2

1 1 rs
̺r = (4, 1)
̺r = (xr , yr ) =?
bc x bc x
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Para encontrar a posição do receptor, utiliza-se a Equação 4.1, sendo, para o receptor e o
satélite 1:

p
4,1232 = (xr − 3)2 + (yr − 5)2
−17,001 = x2r − 6xr + yr2 − 10yr (a)

Para o satélite 2 e o receptor:

p
3,6062 = (xr − 6)2 + (yr − 4)2
−38,997 = x2r − 12xr + yr2 − 8yr (b)

Subtraindo a Equação (a) da (b) e isolando y:

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.3. SEGMENTOS GNSS

yr = −10,998 + 3xr (c)

Substituindo (c) em (a):

x2r − 6xr + (−10,998 + 3xr )2 − 10(−10,998 + 3xr ) = −17,001


10x2r − 101,988xr + 247,935 = 0 (d)

A Equação (d) é do tipo polinomial do segundo grau, sendo suas raı́zesb , xr1 = 4 e xr2 =
6,2. Por fim, substituindo as raı́zes na Equação (a) ou (b) encontram-se, yr1 = 1 e yr2 = 7,6.
Ou seja, temos duas posições possı́veis para o receptor, %r = (4, 1) ou %r = (6,2, 7,6).
Como o receptor não estará acima dos satélites, a posição do receptor seria %r = (4, 1).
a Por exemplo, a altitude da órbita dos satélites GPS é de 20.200 km. √
bA −b ± b2 − 4ac
equação do segundo grau, ax2 + bx + x = 0, tem raı́zes: x = .
2a

Como foi apresentado no Exemplo 4.1, há a necessidade de se conhecer a distância geométrica
entre o receptor e os satélites. Isto é realizado medindo-se o lapso de tempo entre o envio e a
chegada ao receptor multiplicado pela velocidade da luz. Desta forma, o lapso de tempo pode-
ria ser calculado se os relógios do receptor e dos satélites estivessem sincronizados. Contudo
os relógios dos receptores são de baixa precisão e apresentam apenas uma aproximação do sis-
tema de tempo do GNSS, resultando em um erro do relógio (δ) e posteriormente em um erro na
distância ∆%. Desta forma, a distância calculada pelos receptores não será a distância geométrica,
mais sim ao que se denomina pseudodistância (R):

R = % + ∆% = % + cδ (4.2)
O sistema passa agora a ter quatro variáveis desconhecidas, a posição, três variáveis
(xr , yr , zr ), mais a variável erro do relógio (δ), fazendo com que sejam necessários pelo menos 4
pseudodistâncias para solucionar estas quatro variáveis desconhecidas. Considerando um recep-
tor com coordenadas xr , yr e zr , observando 4 satélites, ele poderá calcular as 4 pseudodistâncias,
resultado em:
p
R1 = p(x1 − xr )2 + (y1 − yr )2 + (z1 − zr )2 + cδ
R2 = p(x2 − xr )2 + (y2 − yr )2 + (z2 − zr )2 + cδ
(4.3)
R3 = p(x3 − xr )2 + (y3 − yr )2 + (z3 − zr )2 + cδ
R4 = (x4 − xr )2 + (y4 − yr )2 + (z4 − zr )2 + cδ
As Equações 4.3 são do tipo não lineares, onde as variáveis xr , yr , zr e δ podem ser estimadas
de diferentes métodos, por exemplo, pelo método iterativo, baseando-se na sua linearização (KA-
PLAN; LEVA, 2006).

4.3 Segmentos GNSS

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.4. EXEMPLOS DE GNSS

Para que o GNSS seja capaz de calcular a


posição, o tempo e a velocidade, em qualquer
posição e hora na terra, são necessários três seg-
Espacial
mentos, denominados de segmentos espacial, de
controle e usuário. Segue uma descrição dos mes-
mos.

Segmento espacial
Segmentos
Usuário
É constituı́do da constelação de satélites, com um GNSS
número adequado, orbitando a terra em difer-
entes posições no espaço, com a finalidade de
garantir que em qualquer posição na superfı́cie da
terra ou acima dela, pelo menos quatro satélites
disponı́veis enviando sinais. Os satélites são Controle
equipados com diversos instrumentos, podendo-
se citar: relógio(s) atômicos de alta precisão4 ;
painéis para captar energia solar, transformando
em energia elétrica para ser utilizada nos diversos
equipamentos do satélite; computadores; e trans-
missores de rádios, para enviar os sinais à terra. É por meio dos sinais enviados, por cada satélite
visı́vel, que os receptores conseguem calcular, para época do seu envio, a pseudodistância (R) e a
posição orbital do satélite (%s ).

Segmento controle

É o responsável, em terra, pelos satélites GNSS funcionarem de forma adequada. Geralmente há
uma estação de controle principal e outras que auxiliam no rastreamento dos satélites. No ras-
treamento dos satélites, por estas estações, faz-se a avaliação da qualidade de seus equipamentos,
relógio(s), e órbita. Por exemplo, observado algum problema de erro do relógio do satélite, as
estações de controle em terra fazem a correção.
O segmento controle também é responsável ligar ou deligar a função de encriptar as
informações enviadas quando isto se fizer necessário. Por exemplo, em época de guerra, para
que os únicos usuários a terem informação de posição precisa, sejam os usuários de sua arma.

Segmento usuário
São todos aqueles que têm a sua disposição um receptor GNSS. Podem ser classificados nas cat-
egorias de usuário e tipo de receptor. A categoria usuário pode ser, militar ou civil. Geralmente,
o usuário civil, não vai ter acesso a todos serviços GNSS. Lembre-se que inicialmente o GNSS foi
construı́do com finalidades militares.
Os receptores, que são os equipamentos que vão captar e processar a informação emitidas
pelos satélites, são constituı́dos basicamente de uma antena, processador para recebimento do
sinal, relógio (geralmente de cristal) e dispositivo para visualização de informação. Eles podem
apresentar diversas classificações de acordo com: o número de frequências que consegue rastrear;
ao tipo de sinal que rastreia; a capacidade de rastrear diferentes GNSS.

4.4 Exemplos de GNSS

4 Os relógios atômicos utilizam a frequência em diversas regiões de espectro eletromagnético de átomos para a medição

do tempo.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.4. EXEMPLOS DE GNSS

GPS
O Sistema de Posicionamento Global (GPS, Global Positioning System) é o mais conhecido GNSS.
O seu desenvolvimento começou em 1973, tendo como responsável o Departamento de Defesa
dos Estados Unidos. Entre os anos de 1978 a 1985 foram lançados em órbita 11 protótipos, de-
nominados de Bloco I, para avaliação e testes. O primeiro satélite operacional foi lançado 1989,
tornando o segmento espacial do GPS completo 1994, com 24 satélites em órbita, com satélites do
Bloco II e IIA. No espaço eles estão distribuı́dos em 6 planos orbitais distintos, com um ângulo
de 55◦ na linha do Equador, a uma altitude de 20.200 km, resultando em uma volta ao redor
da terra a cada 12 horas. Atualmente o segmento espacial conta com 32 satélites, dos Blocos
II/IIA/IIR/IIR-M5 . Esta configuração de satélites permite que em qualquer hora do dia, de qua-
tro a oito satélites estejam simultaneamente disponı́veis na região. O segmento espacial segue em
constante modernização. Atualmente em teste nos satélites do Bloco IIR-M, um segundo sinal
para uso civil (L2C) e um sinal para uso militar (M). Os satélites GPS que foram recentemente
lançados, fazem parte do Bloco IIF, que inclui uma nova frequência (L5).
Há dois tipos de serviços no GPS, o Serviço de Espacial
Posicionamento Padrão (SPS, Standard Positioning • > 24 satélites;
•Altitude: 20.200 km;
Service, SPS) para uso civil e o Serviço de Posi- •L1 = 1575,42 MHz (λ = 19,03 cm);
cionamento Preciso (PPS, Precise Positioning Ser- •L2 = 1227,60 MHz (λ = 24,42 cm);
•L2C = 1227,60 MHz (λ = 24,42 cm);
vice) para uso militar. Para compreender melhor •L5 = 1176,45 MHz (λ = 25,48 cm);
estes serviços, voltaremos para os satélites, es- •Separação entre planos: 60◦ ;
•Inclinação: 55◦ ;
pecificamente para os sinais enviados. Dentro dos •Perı́odo orbital: ≈ 12 horas.
satélites é gerada uma frequência fundamental de
10,23 MHz, e de forma coerente é derivada desta
frequência duas ondas portadoras, L1 e L2, gera- GPS
Controle

dos pela multiplicação da frequência fundamen- Americano •Principal: Colorado Springs, USA;
•Outras espalhadas ao redor da terra.
tal por 154 e 120, respectivamente. Desta forma, a
frequência de L1 e L2 corresponde, a 1575,42 MHz
Usuário
e 1227,60 MHz, respectivamente. Modulado em
•Militar, PPS;
L1 há o Código Aberto (C/A, Coarse/Acquisition) •Civil, SPS.
disponı́vel para uso civil, apresentando aproxi-
madamente 300 m de comprimento de onda. Um Figura 4.2
segundo código, denominado de código de Pre- Caracterı́sticas principais do GPS.
cisão (P, Precision Code), é modulado tanto em L1 como em L2 e é reservado para uso da arma
Norte-Americana. O código C/A é o utilizado no Serviço de SPS, enquanto o P para o PPS.
Adicionalmente a estes dados, são também enviados dados do erro do relógio do satélite e suas
efemérides, nas duas ondas portadoras.
O governo Americano pode fazer com que o posicionamento com GPS seja prejudicado sem-
pre que se mostrar necessário, como em caso de guerra, danificando os sinais. As maneiras
de danificar os sinais são, por meio da Disponibilidade Seletiva (SA, Selective Availability) e da
Antifraude (A-S), anti-spoofing). Se a SA estiver ativada os dados do relógio do satélite e das
efemérides enviadas são danificados, fazendo com que ocorra erro na pseudodistância calculada
por C/A. Ela foi ativada em 1990, causando erro na posição horizontal e vertical de 100 m e de
156 m, respectivamente. Foi suspensa em maio de 2000, resultando no erro horizontal e vertical
menores que 13 m e 22 m (95% de probabilidade), respectivamente. O A-S é responsável por
desligar ou encriptar o código P, tornando-o acessı́vel somente às pessoas habilitadas. Quando o
código P, presente em L1 e L2, é encriptado, passa a ser denominado de código Y.
O segmento controle é constituı́do de uma estação master (principal), localizada em Colorado
Springs, Estado do Colorado, USA. As outras estações de controle ficam em diferentes locali-
dades na terra, Hawai, Kwajalein no Pacı́fico, Ilha de Ascenção no Atlântico Sul, Diego Garcia no
5 26/06/2012. Informações atualizadas podem ser encontradas em hhttp://tycho.usno.navy.mil/gpscurr.htmli

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.4. EXEMPLOS DE GNSS

Oceano Pacı́fico e Cabo Canaveral. Elas são equipadas de tempo padrão atômico de precisão e
receptores que realizam medidas contı́nuas de pseudodistância. Em algumas estações há antenas
para transmitir e receber dados dos satélites. Na estação master as informações das estações são
coletadas, e então calculadas as órbitas e parâmetros dos relógios dos satélites. As informações
das efemérides e do relógio dos satélites, calculadas pela estação master, são retransmitidas aos
satélites, pelo menos três vezes ao dia, para atualização. Segundo Hofmann-Wellenhof, Licht-
enegger e Wasle (2008) até 2006 mais 11 estações monitoras se somaram ao segmento de controle
GPS.

GLONASS
O Sistema de Navegação Global por Satélite (GLONASS, GLObal’naya NAvigatsionnaya
Sputnikovaya Sistema) é o GNSS da Federação Russa. Teve os seus primeiros satélites lançados
em meados dos anos 80. Em 1996 a constelação estava completa, com 24 satélites. Todavia, nos
anos seguintes houve uma diminuição no número de satélites, caindo ao número mı́nimo em
2001, com no máximo 6 satélites em órbita e funcionando. Atualmente o GLONASS conta com 24
satélites6 , sendo 21 em operação, e os demais estão de reserva, em manutenção ou em avaliação
(Federal Space Agency, 2012). Eles têm uma inclinação em relação ao equador de 64,8◦ , orbi-
tando a terra na altitude de 19.100 m, resultando em uma órbita ao redor da terra a cada 11 horas
e 15 min e 44 s. Os planos orbitais estão separados em 120◦ (três planos orbitais), estando os
satélites separados dentro de cada plano em 45◦ .
O sistema GLONASS transmite os Espacial
sinais em duas ondas portadoras de 24 satélites (2015);
•Altitude: 19.100 km;
frequências L1, L2 e L37 : •L1 = 1.602+k0,5625 MHz;
•L2 = 1.246+k0,4375 MHz;
L1 = f0L1 + k∆fL1 •L3 = 1.201+k0,4375 MHz;
•Separação entre planos: 120◦ ;
L2 = f0L2 + k∆fL2 (4.4) •Inclinação: 64,8◦ ;
L3 = f0L3 + k∆fL3 •Perı́odo orbital:≈ 11,25 horas

em que: f0L1 , f0L2 e f0L3 , repectivamente


1.602 MHz, 1.246 MHz e 1.201 MHz; ∆fL1 , Controle
•Principal: Próxima a Moscou,
∆fL2 e ∆fL3 em intervalos de frequência de GLONASS
Russia;
Russo
0,5625 MHz, 0,4375 MHz e 0,4375 MHz; •Outras de rastreio, sincronização,
telimetria, monitoramento, etc.
k − 7,..., + 6 são os canais de frequência.
Nestas duas frequências são enviados
códigos um para uso civil (C/A) e outra Usuário
para uso militar (P), disponibilizando dois •Semelhante ao GPS.

tipos de serviços, semelhante ao SPS e PPS


Figura 4.3
do GPS.
Caracterı́sticas principais do GLONASS.
Segundo Feairheller e Clark (2006), o
segmento controle do GLONASS é subdi-
vidido em: i) Sistema de controle central
(SCC, System control center) localizado em
Golitsyno-2 a 70 km de Moscou, um com-
plexo militar, responsável pela coordenação de todo funcionamento do GLONASS; ii) Central
de sincronização (Central Synchronizer) responsável pelo sistema de tempo do GLONASS, moni-
torando o relógio dos satélites; iii) estações de rastreio e comando (Command and Tracking Stations)
onde fazem o rastreamento individual da trajetória dos satélites e enviam as atualizações; iv)
estações de rastreamento por laser (Laser Tracking Stations), utilizadas para calibrar as medidas
6 Acessado
em 5/10/2014, atualizados em: hhttps://www.glonass-iac.ru/en/CUSGLONASS/index.phpi
7 hhttp://www.navipedia.net/index.php/GLONASS Signal Plani e hhttp://www.navipedia.net/index.php/
GLONASS Future and Evolutionsi. Acessado em 10/5/2014

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.4. EXEMPLOS DE GNSS

realizadas no rastreamento por radio frequência (item iv), sendo que cada satélite tem um refle-
tor de laser para esta finalidade; e v) Controle de navegação em campo (Navigation Field Control
Equipment), responsável por monitorar os sinais de navegação do GLONAS e, em caso de alguma
anomalia ser detectada, é enviado um comunicado para o SCC.

Galileu
Galileu é o nome do GNSS da União Europeia (EU, European Union). O nome, Galileu, é uma
homenagem ao cientista italiano Galileu Galilei, que viveu entre os anos de 1564 e 1642, tendo
realizado grandes contribuições às ciências, como, por exemplo, a melhoria do telescópio8 . O
sistema Galileu envolve uma parceria da Comissão Europeia (EC, European Commission) com a
Agência Espacial Europeia (ESA, European Space Agency). A EC é responsável pelo dimensiona-
mento polı́tico e os requisitos necessários para o sistema. Já a ESA, tem como responsabilidade
a definição, o desenvolvimento e a validação do segmento espacial e de terra (European Space
Agency, 2012). O sistema Galileu teve sua concepção inicial nos anos 90, quando o GPS e o
GLONASS já estavam quase em funcionamento completo.
Dois satélites de teste foram lançados em 2005 Espacial
e 2008. Os dois primeiros operacionais foram •30 satélies, quando completo;
•10 satélies (out/2015);
lançados em 20 de outubro de 2011. Atualmente, •Altitude: 23.222 km;
9
out/2015, estão em órbita 10 satélites . De acordo •E1 = 1.575,420 MHz (λ = 19,0 cm);
com Falcone, Erhard e W. (2006), quando o sis- •E6 = 1.278,750 MHz (λ = 23,4 cm);
•E5 = 1.191,795 MHz (λ = 25,2 cm);
tema espacial estiver em plena operação terá de •E5a = 1.176,450 MHz (λ = 25,5 cm);
30 satélites em três planos orbitais igualmente •E5b = 1.207,140 MHz (λ = 24,8 cm);
•Separação entre planos: 120◦ ;
espaçados, cada plano com 9 satélites ativos e •Inclinação: 56◦ ;
•Perı́odo orbital: ≈ 14 horas.
um de reserva, espaçados em 40 . A órbita tem

inclinação de 56 no plano do equador. A al-


titude de 23.222 km resultará em uma órbita a Controle


cada 14 horas. É esperado que existirá uma alta •Segmento de controle em terra,
probabilidade (maior que 90%) que em qualquer Galileu Oberpfaffenhofen, Alemanha;
União •Segmento de missão em terra
posição e altitude, o usuário vá receber sinal de Europeia Fucino, Itália;
pelo menos 4 satélites. Segundo (HOFMANN- •Outras estações de rastreio,
envio de dados, etc, ao redor
WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2008), da terra.
as frequencias enviadas pelo sistema Galileu são:
E1 (1.575,420 MHz); E6 (1.278,750 MHz); E5 Usuário
(1.191,795 MHz); E5a (1.176,450 MHz) e; E5b •Serviço aberto;
(1.207,140 MHz) •Serviço comercial;
•Navegação para segurança da vida;
São cinco os serviços que serão disponibi- •Serviço público regulado;
lizados pelo sistema Galileu para os usuários •Serviço de busca e resgate.
(UNION, 2002): i) serviço aberto (open service),
que tem como objetivo prover informação de Figura 4.4
Caracterı́sticas principais do Galileu.
posição, velocidade e tempo sem custo algum
para o usuário; ii) serviço comercial (commercial service), que possibilitará o desenvolvimento de
aplicações comerciais, terá precisão centimétrica; iii) navegação para segurança da vida (Safety Of
life navigation), serviço para ser utilizado no transporte marı́timo, na aviação e em trens; iv) serviço
público regulado (Public regulated navigation), um serviço em que o sinal é encriptado e apenas os
usuários autorizados terão acesso a este sinal; e v) serviço de busca e resgate (Search and Rescue
Service), utilizado para localização e resgate de usuários que utilizam rádio sinalizadores.
8 Maiores informações podem ser encontradas em: hhttp://en.wikipedia.org/wiki/Galileo Galileii.
9 Informações atualizadas em: hhttp://www.esa.int/Our Activities/Navigation/The future - Galileo/
What is Galileoi
acessado em 6/10/2015; hhttp://blogs.esa.int/rocketscience/2015/09/16/galileo-satellites-performing-beautifully/i
acessado em 6/10/2015;.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.5. OBSERVÁVEIS E FONTES DE ERRO

Segundo Falcone, Erhard e W. (2006), o sistema Galileu tem dois segmentos de controle prin-
cipal em terra, o segmento de controle em terra (GCS, Ground Control Segment) que irá controlar
e comandar a constelação de satélites e, o segmento de missão em terra (GMS, Ground Mission
Segment), responsável por operar o sistema de navegação e a determinação da integridade, assim
como disseminar os serviços do Galileu. Estes dois segmentos se localizam em Fucino (Itália) e
em Oberpfaffenhofen (Alemanha). Haverá também uma rede de estações (GSS, GALILEO Sensor
Stations), para realização de medidas de distância e monitoramento dos sinais dos satélites; uma
rede de telemetria, rastreamento e controle (TT&C, Telemetry, tracking and control); e uma rede de
estações para envio de informação (ULS, uplink stations); uma rede de intercomunicação de alta
performance.

Outros GNSS
Além do GNSS americano, russo e europeu, outros paı́ses também desenvolvem o seu próprio
sistema. O principal motivo para o desenvolvimento de novos GNSS é o de ter independência
dos outros sistemas que, como visto, a permissão de uso depende das nações que os construı́ram.
Abaixo descreve-se um resumo do sistema chinês (Beidou-2/Compass), e dos regionais, japonês
(QZSS) e indiano (IRNSS).
O sistema Beidou-2/Compass, desenvolvido pela República da China, tem como predecessor
o sistema Beidou-1, que teve seus primeiros estudos nos anos 80, e o primeiro satélite em órbita
no ano 2000 e o terceiro e último, em 2003. O Beidou-1 funciona regionalmente. Diferentemente
do GPS, Galileu e GLONASS, ele é geoestacionário, fazendo com que apenas uma parte da terra
tenha disponibilidade dos sinais destes satélites, entre as latitudes de 5◦ N a 55◦ N e as longitudes
entre 70◦ E e 140◦ E. O Beidou-2 será global, com o segmento espacial hı́brido, tendo 5 satélites
geoestacionário e 30 orbitando a terra. Terá, assim como o GPS, um serviço aberto para uso civil
e um outro restrito. Atualmente estão em operação 12 satélites10 .
O sistema de posicionamento japonês é denominado de sistema de satélite quase zenital
(QZSS, Quasi-Zenith Satellite System), desenvolvido pela agência de exploração aeroespacial do
Japão (JAXA, Japan Aerospace Exploration Agency). O QZSS oferece seus serviços na região com-
preendendo o Japão, sul da Ásia e Oceania. Os satélites QZSS enviam os sinais à terra na direção
quase zenital, o que aumenta sua disponibilidade em áreas com prédios ou morros. Funcionará
complementando o GPS, fazendo com que mais sinais estejam disponı́veis, uma vez que o número
de satélites na região será maior, pois soma-se ao GPS o QZSS. Desta forma, a precisão do posi-
cionamento será melhorada. Os satélites QZSS transmitem sinais semelhantes ao GPS (L1C/A,
L1C, L2C e L5)11 . O primeiro satélite foi lançado em setembro de 2011, está a uma altitude entre
32.000 km a 40.000 km, e tem sua longitude central de 135◦ E. O QZSS além do segmento espa-
cial, consta do: segmento de controle, que compreende estações de monitoramento; uma estação
de controle principal; estação de controle e rastreamento; e estação de administração do tempo
(Japan Aerospace Exploration Agency, 2012).
O sistema de navegação por satélite indiano (IRNSS, Indian Regional Navigational Satellite Sys-
tem) constituı́do de 7 satélites, sendo que o primeiro tem a estimativa de ser lançado em 2012-
13 (Indian Space Research Organization, 2012). Como o sistema GPS, serão disponibilizados os
serviço SPS e PS.

4.5 Observáveis e fontes de erro

Os satélites no espaço enviam os sinais para terra que são captados pelos receptores, sendo a
distância, na verdade pseudodistância, entre o sinal emitido pelo satélite e recebido pelo sen-
sor calculada, ou por código (medida de tempo) ou pela medida de fase da onda portadora. A
10 Julho de 2012, em hhttp://en.wikipedia.org/wiki/Beidou navigation systemi
11 Informações atualizadas em: hhttp://www.jaxa.jp/projects/sat/qzss/index e.htmli.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.5. OBSERVÁVEIS E FONTES DE ERRO

distância calculada tem várias fontes de erro, por exemplo, a falta de sincronismo de tempo en-
tre o relógio do receptor e do satélite, resultando distâncias que não correspondem à distância
geométrica do satélite ao receptor. Desta maneira as distâncias calculadas pelos receptores são
denominadas de pseudodistâncias como já visto na secção 4.2.

4.5.1 Pseudodistância por código


Lembre-se que, por exemplo, no GPS há o envio do código C/A, onde são transmitidas várias
informações, dentre elas a hora em que o sinal foi emitido pelo satélite, ts (sat). Esta informação
chega ao receptor, depois de viajar pelo espaço e passar pela atmosfera. A hora de chegada do
sinal no receptor denominado de tr (rec). O erro dos relógios dos satélites e do receptor ao sistema
de hora GPS são denominados de δ s e δr , respectivamente. Considere que no sistema de tempo
sem erros, ts e tr , seria a hora de envio do sinal pelo satélite e a hora de recebimento pelo receptor.
Então, tr (rec) = tr − δr e ts (sat) = ts − δ s . O lapso de tempo entre o envio do sinal e a chegada
ao receptor será:

tr (rec) − ts (sat) = (tr − δr ) − (ts − δ s ) = ∆t + ∆δ, (4.5)


em que: ∆t = tr − t e ∆δ = δr − δ . Se multiplicar a diferença de tempo, tr (rec) − t (sat), pela
s s s

velocidade da luz, c, temos a pseudodistância (R) determinada pelo código:

R = c(tr (rec) − ts (sat)) = c∆t + c∆δ = % + c∆δ (4.6)


em que % é a distância geométrica (ver Figura 4.1), na época de envio do sinal (t ), entre o satélite e
s

o receptor. O erro no cálculo da pseudodisdância por código é de cerca de 1% da comprimento de


onda em que o código é enviado. No sistema GPS, o C/A tem comprimento de onda de ≈ 300 m,
o que resultaria em um erro de 3 m. Já o código P, tem comprimento de onda de ≈ 30 m, o que
resultaria em um erro da pseudodistância de 0,3 m na medida de R.

4.5.2 Pseudodistância por fase da onda portadora


Uma outra maneira de medir a distância é por meio da fase de onda portadora. Esta medida
apresentará maior precisão no posicionamento. Nesta técnica, em cada época em que o sinal é
transmitido, mede-se a diferença de fase que ocorreu entre a fase do sinal enviada pelo satélite e
a fase observada no receptor. Matematicamente é dada por:
1 r c
Φrs (t) = s
%s (t) + Nrs + s ∆δrs (t) (4.7)
λ λ
em que: Φrs (t) é a medida de fase, sendo expressa em ciclos; λs é o comprimento de onda da
portadora; %rs (t) é a mesma pseudodistância estimado pelo código; Nrs é a denominado de am-
biguidade, corresponde ao número inteiro de comprimentos de onda ou número de ciclos inicial,
entre o satélite e o receptor; c é a velocidade da luz; e ∆δrs = δr − δ s . O valor Nrs inicialmente
é desconhecido, contudo com o rastreamento de outras observações no tempo, sem que ocorra a
perda de sinal, pode-se determiná-la.

4.5.3 Erros nas observações


Do que foi visto anteriormente, para o GNSS realizar as medidas de posição, tem-se: os satélites
enviando sinais com várias informações, como o tempo e as efemérides; estes sinais viajam pelo
espaço, passando pela atmosfera; e enfim chegam ao receptor, que também tem um relógio. Desta
forma, as fontes de erros do GNSS são devidos aos satélites (relógio e órbita), à propagação do
sinal (refração devido a passagem do sinal pela ionosfera e troposfera) e ao receptor (erro do
relógio, erro do centro de fase da antena e o multicaminhamento). Alguns erros podem ser mod-
elados e outros eliminados, por exemplo, por meio de medidas simultâneas com dois receptores.
Segue uma breve discussão dos erros.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.5. OBSERVÁVEIS E FONTES DE ERRO

4.5.3.1 Erro devido ao satélite

a) Relógio: o erro devido ao relógio do satélite é modelado, por:


δ s (t) = a0 + a1 (t − t0 ) + a2 (t − t0 )2 , em que: δ s (t) é o erro do satélite na época t; t0 é
a época de referência do relógio do satélite; a0 , a1 e a2 são parâmetros do modelo, sendo
enviados na mensagem do satélite, juntamente com t0 . Se for utilizado o posicionamento
relativo este erro pode ser anulado (secção 4.6).

b) Órbita: devido a variação da força gravitacional da terra e da variação das marés, por
exemplo, as efemérides enviadas pelos satélites, que são utilizadas para determinação de
suas posições, podem não resultar nas suas corretas posições no espaço. O erro da posição
da órbita é avaliado pelas estações de controle em solo, e são disponibilizadas para pós-
processamento, minimizando este erro. Dependendo do nı́vel de precisão das órbitas que se
deseja, pode-se levar até duas semanas para estarem disponı́veis (WOLF; GHILANI, 2004).
Outra forma de anular este erro é por meio do posicionamento relativo (ver 4.6.4).

4.5.3.2 Erro devido à propagação do sinal

A velocidade de propagação da radiação eletromagnética depende do ı́ndice de refração do meio


em que ela viaja, sendo no vácuo c = 299.792,458 km s−1 . Inicialmente, ao ser transmitida pelo
satélite, ela viaja no vácuo até chegar na atmosfera. As camadas atmosféricas que tem impacto
nos sinais que são enviados pelos GNSS são, a troposfera e a ionosfera. A troposfera é a camada
mais próxima a superfı́cie terrestre chegando até à altitudes entre 14 km-18 km, já a ionosfera está
situada na camada entre 70 km-1.000 km de altitude. Este problema pode ser minimizado com
receptores que trabalham em duas frequências (e.g. GPS, L1 e L2), em que a refração atmosférica
poderá ser modelada.

Como o erro da refração aumenta com o comprimento da camada atmosférica que o sinal
vai atravesar, pode-se configurar o receptor para evitar satélites que estajam próximos à linha do
horizonte, geralmente aqueles abaixo de 20◦ da linha do horizonte, minimizando a influência da
atmosfera. Este ângulo é denominação de ângulo de máscara de elevação do satélite (satellite angle
mask). Na Figura 4.5 é apresentado um receptor que está configurado para receber sinais daqueles
satélites que estiverem acima de 20◦ da linha do horizonte.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.5. OBSERVÁVEIS E FONTES DE ERRO

× máscara=20◦ máscara=20◦
×
linha do horizonte

Figura 4.5
Princı́pio da utilização de máscara de elevação pera prevenir satélites próximos a linha do horizonte.

Erro devido ao receptor


a) Antena:

• Centralização do centro da antena sobre o ponto: em levantamento de precisão, a antena


do receptor GNSS terá que estar centralizada sobre um ponto, geralmente materializado
por um marco. A vertical do centro da antena é materializada por um bastão, apoiado por
um tripé. Deve-se fazer a centralização de forma cuidadosa, uma vez todo erro cometido
devido a falta de centralização será transferido para o ponto medido.
• Para medidas de altitude geométrica (ver página 36) é necessário realizar a medida da al-
tura da antena, distância vertical entre o centro da antena e o centro do marco. Esta me-
dida geralmente é realizada de forma inclinada, sendo que posteriormente é corrigida para
distância vertical, ou por meio de software do equipamento, ou por simples cálculo.
• O centro de fase da antena, definido como o centro eletrônico da antena, varia com a
orientação e a frequência do sinal. É necessário que ele corresponda ao centro fı́sico da
antena, sendo que nem sempre isto ocorre. Para levantamentos de alta precisão é necessário
conhecer este desvio para correção. Procedimento para esta avaliação é encontrado em
Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008).

b) Erro do relógio: os relógios presentes nos receptores GNSS não são de alta precisão como
os presentes nos satélites, não apresentando sincronismo com o sistema de tempo do GNSS.
Este problema é resolvido com a utilização da observação de quatro satélites simultanea-
mente.
c) Multicaminhamento: o multicaminhamento é definido como sendo as réplicas de sinal que
o receptor recebe devido ao sinal ter percorrido diferentes caminhos. Na Figura 4.6 é ap-
resentada a concepção básica do que é o efeito multicaminhamento em uma determinada

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

época. Nesta figura há o sinal que percorre o caminho direto do satélite ao receptor e dois
sinais que são recebidos pelo receptor por caminho indireto, sinais refletidos de superfı́cies
refletoras, a obra de construção civil e a superfı́cie terrestre.
A consequência do multicaminhamento é a imprecisão da medida de distância satélite-
receptor (%). O multicaminhamento pode ser de tal grandeza que o receptor não possa
mais contar com a informação de determinado satélite, para o posicionamento do ponto.
Maneiras para mitigar o multicaminhamento podem ser encontrados em Ward, Betz e J.
(2006). Pode-se citar, por exemplo, como uma maneira simples para minimizar o efeito
do multicaminhamento devido à superfı́cie refletora, a instalação da antena próxima a su-
perfı́cie.

to
d ire
o in

to
inh

ire

o
superfı́cie cam

iret
od
refletora

ind
in
m

ho
ca

in
cam
superfı́cie
Figura 4.6
Multicam-
inhamento
no GNSS.

4.6 Tipos de posicionamento

4.6.1 Terminologia
Não há um concenso quanto terminologia utilizada às diferentes técnicas de posicionamento
GNSS. Aqui será utilizada a terminologia adotada por Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle
(2008). No posicionamento, as medidas de pseudodistância podem ser obtidas de duas formas,
por meio dos códigos (ver secção 4.5.1) ou da medida de fase da onda portadora (ver secção 4.5.2). As
medidas por código tem precisão em nı́vel de metros, enquanto pela medida da onda portadora
tem precisão de milı́metros. A desvantagem das medidas de fase da onda portadora é a solução
da ambiguidade (N, ver secção 4.5.2).
Quando na medida de posição é utilizado um único receptor, recebendo sinais de pelo menos
quatro satélites, ela é dita de posicionamento por ponto12 . O posicionamento por ponto também
pode ser denominado de posicionamento absoluto, posicionamento por ponto simples ou posicionamento
por ponto absoluto.
12 Este é o termo que será utilizado neste texto.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

No posicionamento relativo, empregam-se dois receptores, recebendo sinais dos mesmos


satélites simultaneamente. Estas medidas então são combinadas, melhorando a precisão do lev-
antamento. A posição de um ponto tem que ser conhecida, sendo então calculada a posição do
outro ponto relativa a esta.
O posicionamento diferencial é realizado também a partir de dois receptores, que fazem
observações simultâneas aos mesmos satélites, todavia é feita tendo como base as pseu-
dodistâncias corrigidas. Como um receptor é fixo em um ponto de coordenada conhecida, calcula-
se as correções das pseudodistância a este ponto e estas correções, em determinada época, são
enviadas em tempo real para o(s) outro(s) receptores.
O posicionamento é dito estático, se não há movimentação do receptor durante posiciona-
mento. Por outro lado, se o receptor está em movimento, o posicionamento é dito cinemático .
O posicionamento pode ser realizado em tempo real, quando os resultados são processados e
apresentados imediatamente. Já o posicionamento pós-processado, como o próprio nome diz, só
serão conhecidas as posições depois de processados. Ou seja, neste caso, os dados são coletados
em campo e, no escritório, são submetidos ao processamento. O método de pós-processamento é
o método mais utilizado nos posicionamentos relativos, onde as medidas dos dois receptores são
combinadas e processadas depois da coleta em campo.

4.6.2 Posicionamento por ponto


No posicionamento por ponto, utiliza-se apenas um receptor, sendo que este deve estar recebendo
sinais de pelo menos 4 satélites para calcular as coordenadas tridimensionais (Figura 4.7). O
posicionamento por ponto pode se dar por meio dos códigos (secção 4.5.1) ou pela medida de fase
da onda portadora (secção 4.5.2). A precisão deste tipo de posicionamento depende da qualidade
do sinal. No posicionamento por ponto no GPS, utilizando o código C/A, antes de maio de
2000, com disponibilidade seletiva (SA, secção 4.4) em funcionamento, a precisão era em torno
de 100 m na horizontal e 156 m na vertical, ao nı́vel de 95% de probabilidade (WOLF; GHILANI,
2004, p. 346). Quando ela foi desabilitada, a precisão aumentou, para velares menores que 13 m na
horizontal, e menores que 22 m na vertical, a 95% de probabilidade (HOFMANN-WELLENHOF;
LICHTENEGGER; WASLE, 2008, p. 317), sendo esta a precisão obtida atualmente.

j m
k

̺j ̺m
̺k
̺l

Figura 4.7
Concepção do posi-
cionamento por ponto.

Pode-se obter coordenadas com maior precisão com um único receptor pelo método denom-
inado de posicionamento por ponto preciso. Para tanto, deve-se trabalhar com: i) as efemérides

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

precisas dos satélites, para determinação de suas posições precisas dos satélites; ii) receptor com
frequência dupla que permitirá eliminar a influência da ionosfera.

4.6.3 Posicionamento diferencial (DGNSS)


O posicionamento diferencial GNSS (DGNSS) é aquele em que se utilizam pelo menos 2 recep-
tores, sendo um fixo na estação base (base station), também denominada de estação de referência,
e o(s) outro(s) fixo(s) ou móvel(is) (rover) (Figura 4.8). Os receptores observam, em determinada
época, os mesmos satélites. A estação base tem suas coordenadas conhecidas. Logo, com o re-
ceptor fixo a este ponto, é possı́vel calcular os erros nas medidas de pseudodistância de cada
um dos satélites a esta estação. Como os outros receptores se encontram próximos à estação
base (distância de apenas alguns quilômetros), assume-se que os erros nas pseudodistâncias se-
jam os mesmos. Estas informações são enviadas por meio de transmissor aos outros receptores
para realizar, em tempo real, a correção de suas respectivas pseudoditâncias aos satélites, e as-
sim calcular as suas coordenadas com maior precisão. O DGNSS pode ser realizado por meio de
receptores que trabalham com códigos ou com medidas de fase da onda portadora. Valores de
precisão do levantamento DGNSS são apresentados na Tabela 4.1 (HOFMANN-WELLENHOF;
LICHTENEGGER; WASLE, 2008, p. 437). Quando se utiliza as medidas de fase da onda porta-
dora, este posicionamento é denominado de levantamento cinemático em tempo real (real-time
kinematic, RTK) (WOLF; GHILANI, 2004).

j l m
k

̺jA ̺lB ̺m
̺kA B

̺lA ̺m
A ̺jB ̺kB

estação base (A)


receptor móvel (B)

Figura 4.8 corre


ções d ias
Concepção do posi- as pseudo distânc
cionamento relativo.

Tabela 4.1 Observável Separação das estações Precisão horizontal


Precisão DGNSS. Código 1 000 km <10 m
Onda portadora ∼10 km <0,1 m

4.6.4 Posicionamento relativo


No posicionamento relativo (Figura 4.9) o que se calcula é a distância relativa entre o receptor
que se encontra fixo na estação de coordenada conhecida (A) e o que se encontra na posição
desconhecida, B, ou seja, ∆XAB , ∆YAB e ∆ZAB , denominado de vetor base. Como a posição de
A é conhecida (XA , YA , ZA ), a posição de B será:

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

XB = XA + ∆XAB
YB = YA + ∆YAB . (4.8)
ZB = ZA + ∆ZAB
Neste método geralmente são utilizadas as medidas de diferença de fase juntamente com o
código. Requer que os mesmos satélites sejam observados pelos receptores da estação base e no
móvel durante o perı́odo de aquisição dos dados.

4.6.4.1 Posicionamento relativo estático


O posicionamento dito como posicionamento relativo estático ocorre quando os dois receptores fi-
cam estacionados por um tempo suficientemente longo para resolver o problema das medidas
relativas entre eles. Este tipo de posicionamento é o utilizado nos levantamentos geodésicos. O
tempo para coleta dos dados depende do número de fases medidas e da distância que separa
os receptores. Sugestões de tempo para obtenção da posição é apresentada na Tabela 4.2, sendo
considerado pelo menos quatro satélites visı́veis, condição atmosférica normal e boa geometria
dos satélites (HOFMANN-WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2008, p. 438). Segundo
Wolf e Ghilani (2004, p. 361), a precisão deste tipo de posicionamento é de aproximadamente
±(3 mm + 1 ppm).
Tabela 4.2 Receptor (# fases) Estático (m) Estático rápido
Tempo para aquisição da Simples frequência 30 min + 3 min km−1 20 min + 2 min km−1
posição pelo método relativo
Dupla frequência 20 min + 2 min km−1 10 min + 1 min km−1
estático.

Posicionamento relativo pseudo-cinemático


O posicionamento relativo pseudo-cinemático (Pseudokinematic relative positioning) é aquele em que
as posições relativas dos pontos a serem determinadas são ocupadas mais de uma vez com o
receptor B. Mais uma vez, um outro receptor estacionado em ponto de coordenadas conhecidas
(A). O receptor B fica estacionado por uns 5 min em cada ponto. Depois de aproximadamente
uma hora, a posição é novamente reocupada por B. Caso o levantamento não seja bem planejado
a reocupação dos pontos pelo receptor pode passar a ser um problema.

Posicionamento relativo cinemático


O posicionamento relativo cinemático (kinematic relative positioning) é aquele em que é possı́vel de-
terminar as posições de um maior número pontos, no menor tempo, com grande precisão. É
necessário que a ambiguidade inicial (ver secção 4.5.2) seja determinada, o que pode ser realizado
por diferentes técnicas. Por exemplo, se as coordenadas iniciais dos receptores forem conhecidas,
então ∆XAB , ∆YAB , ∆ZAB (Equação 4.8) também serão. Então, estaciona-se os receptores nestes
ponto e a ambiguidade é determinada depois de um intervalo curto de tempo (2 a 15 min). Um
outro método é o de determinar a ambiguidade com o receptor B em movimento, método de-
nominado de on-the-fly. Neste método é necessário trabalhar com receptor de dupla frequência,
sendo a ambiguidade resolvida em cerca de 2 min para receptores separados em 20 km. Uma
limitação deste método é que durante a coleta de dados não se pode perder os sinais GNSS. Caso
ocorra perda de sinal iniciar novamente o sistema para determinação da ambiguidade.
Um método baseado no posicionamento relativo cinemático, mas que apresenta maior pre-
cisão, pois nos pontos de posições desconhecidas, o receptor B permanecerá parado por poucos
segundos, é denominado de pare-e-continue (stop-and-go) ou semi-cinemático (semikinematic). A
precisão é aumentada conforme o tempo de parada se torna mais longo. Para vetor base de 20 km
a precisão é centimétrica.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

j l m
k

̺jA ̺lB ̺m
̺kA B

̺lA ̺m
A ̺jB ̺kB

estação base (A) receptor móvel (B)

Figura 4.9 vetor base (∆XAB , ∆YAB , ∆ZAB )


Concepção do posi-
cionamento relativo.

Sugestão de aula prática

Levantamento de área com equipamento GNSS de navegação.

Objetivo: Levantar uma poligonal em campo com o auxı́lio de GNSS de navegação, para
posteriormente desenhar no AutoCad ou no Google Earth Pro, ver aulas práticas das páginas
31 e 51, respectivamente. Como roteiro:
• apresentar uma visão geral do receptor que será utilizado: ântena, bateria, visor,
teclado de comandos, janelas de configuração e coleta de dados, etc;

• configurar para o Datum WGS84;


• configurar para o sistema de projeção UTM;
• apresentar os modos de salvar as coordendas dos pontos;
• mostrar as medidas de qualidade da coordenada (e.g. precisão, HDOP, PDOP)

• em campo, coletar as coordenadas dos vértices da poligonal;


• desenhar no AutoCad ou no Google Earth Pro.
Ao final o aluno deve apresentar um relatório sobre o levantamento e, suas considerações
sobre a qualidade do levantamento de uma área, quando um receptor GNSS de navegação
é utilizado.

Exercı́cio

4.1. Quais são os segmentos do GNSS? Explique-os?

4.2. Explique como os GNSS calculam as coordenadas de um ponto.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

4.3. Como são denominados os GNSS americano, o da comunidade europeia e o russo? Comente
cada um deles.

4.4. O posicionamento GNSS pode ser por ponto, diferencial ou relativo. Comente.

4.5. Quais são as fontes de erros nas medidas de pseudodistância do GNSS?

4.6. O GNSS calcula a altitude geométrica ou ortométrica? Explique.

4.7. A altitude medida pelo GPS é em relação a qual elipsóide?

4.8. Sobre um marco geodésico do IBGE de coordenada E = 595.690,0 m e N = 9.433.750,0 m


(fuso 24M) foi colocado um receptor GNSS, e este mostrou a coordenada E = 595.650,0 m e N
= 9.433.720,0 m (fuso 24M). A coordenada do receptor está a NE, SE, SW ou NW com relação à
coordenada do marco? Explique.
Resp.: SW.

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CAPÍTULO 4. GNSS 4.6. TIPOS DE POSICIONAMENTO

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Georreferenciamento de imóveis rurais
5
O georreferenciamento de imóveis rurais trata da identificação do imóvel, realizado por profis-
sional habilitado onde, no memorial descritivo, deve conter as coordenadas dos vértices
definidores dos limites. As coordenadas devem estar georreferenciadas ao Sistema Geodésico
Brasileiro, o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas, SIRGAS2000 (ver secção
3.4.2). Há uma norma para execução deste serviço, denominada Norma Técnica para Georref-
erenciamento de Imóveis Rurais1 (INCRA, 2010), onde nesta secção será realizada uma breve
apresentação.

Sumário
5.1 Objetivo e prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2 Profissional habilitado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.3 Tipos de vértices e sua identificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.1 Objetivo e prazos

O objetivo do georreferenciamento de imóveis rurais é o de disponibilizar um Cadastro Nacional


de Imóveis Rurais (CNIR), sistema único de registro de imóveis rurais para o paı́s, tornando os
limites das propriedades rurais precisas. Desta forma, evita-se que uma área tenha mais de uma
matrı́cula2 no serviço de registro de imóveis. Nos casos de desmembramento, parcelamento,
remembramento e em qualquer situação de transferência de imóvel rural, os prazos3 para o geor-
referenciamento variam de acordo com o tamanho da propriedade (Tabela 5.1), sendo que as
maiores que 500 ha já são obrigadas a realizá-lo. Imóveis rurais com área entre 100 ha a 250 ha,
por exemplo, só serão obrigadas a realizar o georreferenciamento a partir de 20 de novembro de
2016.

Tabela 5.1 Área (ha) Prazo


Prazos para o georreferenciamento de imóveis 100`250 20 de novembro de 2016
rurais.
25`00 20 de novembro de 2019
<25 20 de novembro de 2023

1 Disponı́vel em: hhttp://www.incra.gov.br/index.php/estrutura-fundiaria/regularizacao-fundiaria/


certificacao-de-imoveis-ruraisi.
2 Segundo (INCRA, 2010) matrı́cula é “ato cadastral realizado pelo registro de imóveis que visa à perfeita identificação do imóvel,

caracterizando-o e confrontando-o, conferindo-lhe um número de ordem pelo qual será identificado, sem criar, conferir ou modificar
direitos”.
3 Ver hhttp://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ Ato2011-2014/2011/Decreto/D7620.htmi
CAPÍTULO 5. GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 5.2. PROFISSIONAL HABILITADO

5.2 Profissional habilitado

O georreferenciamento só pode ser realizado por profissional habilitado, com registro no Con-
selho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA4 ), pois será necessário a emissão de uma
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Há também a necessidade deste profissional ser
credenciado junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para este
tipo de levantamento. O Procedimento para cadastramento se encontra na Norma, só podendo
requirir o credenciamento aqueles profissionais habilitados.
Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), os profissionais habili-
tados5 para assumir a responsabilidade técnica para o serviço de georreferenciamento são aqueles
que, por meio de cursos regulares de graduação ou técnico de nı́vel médio, ou por meio de cursos
de pós-graduação ou de qualificação/aperfeiçoamento profissional, comprovem que tenham cur-
sado os seguintes conteúdos formativos: topografia aplicada ao georreferenciamento; cartografia;
sistemas de referência; projeções cartográficas; ajustamentos; métodos e medidas de posiciona-
mento geodésico. São vários os profissionais que podem fazer o georreferenciamento, caso tenha
na sua grade, os tópicos mostrados acima, podendo-se citar, por exemplo: Engenheiro Agrônomo;
Engenheiro Cartógrafo; Engenheiro de Geodésica e Topografia; Engenheiro Civil; Engenheiro Flo-
restal; Engenheiro Agrı́cola; Engenheiro de Minas e Geólogo.

5.3 Tipos de vértices e sua identificação

Para a definição dos limites do imóvel rural são utilizados vértices6 , sendo que estes podem ser de
diferentes tipos, conforme Tabela 5.2. A seguir é apresentada uma descrição dos tipos de vértices
com uma descrição.

• Os vértices tipo M (materializados), têm como finalidade a de preservar a localização do


limite do imóvel. Devem ser materializados por marcos, de concreto, ferro, granito ou
sintético, cujos padrões são apresentados pela Norma. No topo do marco materializando
o vértice M, deve conter uma plaqueta de metal contendo a identificação do responsável
técnico e o número do vértice. Exemplo de plaqueta é apresentado na Figura 5.2;

• Os vértices do tipo P (ponto) são aqueles que foram ocupados, mas não materializados. São
as divisas da propriedade cuja a sua localização são, por exemplo, cursos de água e estradas.
Na localização final e inicial destes vértices, devem-se ter vértices tipo M;

• Os vértices do tipo V (virtual), são aqueles que não são nem ocupados nem materializados.
Suas coordenadas são obtidas analiticamente, ou extraı́das de base cartográfica ou proje-
tado7 ;

• Os vértices do tipo O (virtual) são aqueles determinados de forma analı́tica, em locais de


difı́cil ocupação. A obtenção das coordenadas se dá por linhas paralelas ao delineamento,
podendo ser o trecho de uma estrada ou rio, por exemplo.

4 É a entidade autárquica de fiscalização do exercı́cio e das atividades profissionais dotada de personalidade jurı́dica

de direito público, constituindo serviço público federal, vinculada ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia –
Confea. Cada estado tem o seu CREA.
5 Profissionais habilitados definidos pelas PL-2087/2004 e PL-0633/2003 disponı́veis, respectivamente, em: hhttp:

//200.252.80.40/Credencia/download/Decisao Plenaria CONFEA PL2087.pdfi; e hhttp://200.252.80.40/Credencia/


download/Decisao Plenaria CONFEA PL633.pdfi
6 Segundo (INCRA, 2010), vértice é “todo local onde a linha limı́trofe do imóvel muda de direção ou existe interseção desta linha

com qualquer outra linha limı́trofe contı́guos ou servidões de passagem”.


7 Segundo (INCRA, 2010), o vértice projetado é “determinado no interior do perı́metro do imóvel, a partir das informações

constantes das matrı́culas que o compõe”.

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CAPÍTULO 5. GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 5.3. TIPOS DE VÉRTICES E SUA IDENTIFICAÇÃO

Tabela 5.2 Tipo Caracterı́sticas


Tipos de vértices no georreferenciamento de M medido, materializado e codificado em campo
imóveis rurais (INCRA, 2010, p. 13 e 28).
P medido, mais não materializado
V determinado indiretamente e não materializado
O paralelo a eixo levantado e não materializado

bC Vértice tipo M
bC
Vértice tipo P
bC
Vértice tipo O
Limite do imóvel
MbC Limites confrontantes
M M bC
bC bC M
bC M
bC
bC
M
bC
P

ada
bC
P
estr
P bC
o
córreg

P bC
o da

bC
P
eix

O bC
bC
P
bC
O
bC
P M bC
bC bC
Figura 5.1 bCbC M M
Concepção M
do posi-
cionamento
relativo.

Cada um dos vértices terá uma identificação única, código, sendo gerado pelo responsável
técnico do georreferenciamento. O código terá 8 campos, sendo os três primeiros campos o código
do responsável técnico, constante na Carteira Nacional de Credenciamento, emitida pelo INCRA;
o quarto campo é preenchido pela letra correspondente ao tipo de vértice, M, P, V ou O; e os
quatro últimos campos serão preenchidos por meio de uma numeração sequencial, começando
em 0001 para o primeiro, 0002 para o segundo e assim sucessivamente.
Então, tomemos como exemplo o vértice MHJ V 0143, tem-se: MHJ é o código do técnico re-
sponsável, V é o tipo de vértice (virtual), e 0143 se refere ao 143◦ vértice medido pelo técnico MHJ
credenciado para o georreferenciamento de imóveis rurais. Quando, no georreferenciamento do
imóvel, um ou mais vértices já foram credenciados no INCRA, deve-se respeitar o código do
vértice já existente e não gerar um novo.

Para a Norma, medidas de distância, área e azimute, são aqueles calculados considerando
o plano de projeção UTM (ver secção 3.5.5), no Sistema Geodésico Brasileiro, SIRGAR2000 (ver
secção 3.4.2). A Norma estabelece que a infraestrutura para os trabalhos de georreferenciamento
deve ser oriundos de: estações ativas receptoras de sinais do GNSS, da Rede Brasileira de Mon-
itoramento Contı́nuo (RBMC8 , INCRA (2011)); da Rede Incra de Bases Comunitárias do GPS
8 Redes que tem por objetivo propiciar aos usuários de levantamento relativo informações GNSS de estações de re-

ferência, isto é, não há a necessidade de ocupar a estação de referência, uma vez que nesta rede há receptor GNSS real-

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CAPÍTULO 5. GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 5.3. TIPOS DE VÉRTICES E SUA IDENTIFICAÇÃO

5 cm

CREDENCIADO
MHJ
bC ut
b bC
Espessura mı́nima de 2 mm

VÉRTICE Vista lateral da plaqueta


Figura 5.2 0134
Modelo da
plaqueta
com furos
para fixação
(INCRA, Plaqueta vista de cima
2010, p. 69).

(Ribac9 ); de redes geodésicas estaduais; ou de estações de sinais GNSS. Vale ressaltar que estas
estações devem ser homologadas pelo IBGE.
A Norma para georreferenciamento de imóveis rurais prevê padrões de precisão para as co-
ordenadas, dependente do tipo de finalidade do vértice (Tabela 5.3), assim como os métodos que
podem ser empregados.

Tabela 5.3 Classe10 Finalidade Precisão (m) Tipo


Padrões de precisão C1 Apoio básico/apoio imediato/limite ≤0,10 M
segundo a classe do
C2 Apoio básico/limite ≤0,20 M
levantamento (IN-
C3 Desenvolvimento de poligonal ≤0,40 M, P,
CRA, 2010, p. 21).
C4 Limite ≤0,50 M, P, V, O
C5 Limites naturais ≤2,00 P, V, O
C7 Limite - uso restrito *

A determinação das coordenadas do imóvel rural pode ser realizado pelos métodos conven-
cionais ou por GNSS. Nos métodos convencionais são realizadas medições de ângulos e distâncias
por meio de estações totais. Os métodos a serem empregados e equipamentos que poderão
ser utilizados, variam conforme o objetivo o tipo de poligonal, levantamento por irradiação ou
triangulação.
Para o levantamento realizado com GNSS, os posicionamentos permitidos são vários,
podendo-se citar: o posicionamento relativo estático para a definição dos vértices das classes
C1, C2, C4, C5 e C7; o relativo estático rápido, para vetrices das classes C2, C4, C5 e C7. Maiores
detalhes consultar NBR13133 (1996), INCRA (2010) e o Capı́tulo 4.

Exercı́cio

5.1. O que é o georreferenciamento de imóveis rurais?


5.2. Quais são os prazos para o georreferenciamento de imóveis rurais?

5.3. Quais são os tipos de vértices que podemos ter no georreferenciamento de imóveis rurais?
izando observações contı́nuas, 24 horas por dia, todos os dias do ano. Estas Observações podem ser obtidas pela internet:
hhttp://www.ibge.gov.br/home/geociencias/download/tela inicial.php?tipo=14i.
9 Ver: hhttp://ribac.incra.gov.br/i.

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CAPÍTULO 5. GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 5.3. TIPOS DE VÉRTICES E SUA IDENTIFICAÇÃO

Como é realizada a sua codificação?

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CAPÍTULO 5. GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 5.3. TIPOS DE VÉRTICES E SUA IDENTIFICAÇÃO

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Medidas de distância
6
As distâncias horizontais entre pontos, juntamente com os ângulos, são os elementos básicos
necessários para o cálculo das coordenadas dos pontos. Neste capı́tulo serão abordados os
métodos mais utilizados para a determinação de distâncias entre pontos. Serão apresentados
os tipos de distâncias em que se trabalha na topografia sendo neste capı́tulo dada ênfase para as
medidas de distância horizontal.
Alguns métodos de medidas de distância serão apresentados, como o método direto, com o
uso de trenas, e o indireto, por exemplo, com o uso de medidores eletrônicos de distância. Medi-
das de distâncias por taqueometria, obtidas por meio dos teodolitos, serão apenas apresentadas
superficialmente, uma vez que, atualmente este método vem se tornando um obsoleto, principal-
mente devido a baixa precisão e baixa produtividade em campo.

Sumário
6.1 Tipos de distâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.2 Influência da curvatura da terra nas medidas de distância horizontal . . . . . . . 80
6.3 Medição com trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6.3.1 Erros instrumentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
6.3.2 Erros naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
6.3.3 Procedimento em campo para medidas à trena . . . . . . . . . . . . . . . . 87
6.4 Medição taqueométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6.5 Medidor eletrônico de distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.5.1 Radiação eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.5.2 Princı́pio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.5.3 Fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

6.1 Tipos de distâncias

Em geomática, temos vários tipos de distância, podendo-se citar, por exemplo, a distância no
plano de projeção cartográfico e a distância no elipsóide. Quando realizando levantamentos to-
pográficos, em pequenas áreas1 na superfı́cie terrestre, onde o erro devido a curvatura da terra é
desconsiderado, as distâncias entre os pontos podem ser: a distância horizontal (DH), a distância
inclinada (DI) e a distância vertical (DV) ou diferença de nı́vel (DN). Na Figura 6.1 são apresen-
tas graficamente estas distâncias entre os pontos A e B. Para pequenas áreas é considerada que
a direção da vertical é a mesma para todos os pontos, desta forma, o plano horizontal que passa
por A é paralelo ao plano horizontal que passa por B. A DH é dada pela distância entre A e B
no plano horizontal. A DV ou a DN entre dois pontos, é dada pela distância vertical que separa
os planos horizontais que passam pelos dois ponto. A DI é a medida de distância na direção do
terreno, ou da visada.
1 Segundo a NBR13133 (1996) a dimensão máxima de um levantamento topográfico está limitado a 80 km.
CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA6.2. INFLUÊNCIA DA CURVATURA DA TERRA NAS MEDIDAS DE DISTÂNCIA HORIZONTAL

Distância Horizontal (DH)


A Plano horizontal que passa por A

Diferença de nı́vel (DN)

Distância Vertical (DV)


Di
stâ
nc
ia
Inc
lin
ou ada
(D
I)

Plano horizontal que passa por B


B

Figura 6.1
Distâncias em topografia.

Valores de DH’s são utilizadas nos cálculos planimétricos, como: na determinação das me-
didas de distâncias entre pontos no plano, nas medidas de áreas e nos cálculos de azimutes.
Medidas de DN’s são utilizadas, por exemplo para: elaboração de perfil topográfico do terreno;
determinação de elevação de pontos topográficos; e, cálculos de volume e aterro no terreno.
As DI’s são as medidas de distâncias que os medidores de distância eletrônicos, presentem nas
estações total medem primeiramente, posteriormente, podendo-se tranformá-la para a DH e DN
(ver página 91 para maiores detalhes).

6.2 Influência da curvatura da terra nas medidas de distância horizontal

Na Figura 6.2 são apresentados os pontos A e B, respectivamente, a posição inicial e final de um


levantamento. Suponha, para fins de simplificação, que: estes dois pontos estão sobre o geóide
(≈ nı́vel médio dos mares), ou seja, têm as mesmas altitudes, iguais a 0 m; o geóide tem uma
forma de uma esfera de raio 6.367 km (R), média dos raios do elipsóide WGS84 (ver Secção 3.2,
página 34). Se s é a distância entre os dois pontos na superfı́cie do geóide, aqui, um arco de
circunferência de um ângulo α, temos s:

360◦ 2πR
=
α s (6.1)
απR
s=
180
Considerando d a distância no plano topográfico, para o triângulo AB 0 C, temos:

d
tan α =
R (6.2)
d = R tan α
Na Figura 6.2, também é apresentada para algumas medidas de distância no geóide (s), a
sua correspondente distância no plano topográfico (d). Verifica-se que, para distâncias curtas
(s < 5.000 m), a diferença entre as medidas, d − s, é insignificante (< 1 mm). Todavia, para
medidas de s maiores que 80 km, as diferenças com relação a d se tornam significativas (> 4,2 m).
Se considerarmos que as medidas topográficas são realizadas acima do nı́vel médio dos mares,
acima do geóide, as diferenças entre s e d, serão ainda maiores com relação as medidas de s no
geóide. Para fins de levantamento topográfico, a NBR13133 (1996) estabelece de 80 km a dimensão
máxima a ser medida.

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

d
A B0
Plano horizontal em A
s
e
id
eó B
G

R
R ≈ α (◦ ) s (m) d (m) d − s (m)
α
0,04499 5.000,0 5.000,001 0,001
0,08999 10.000,0 10.000,008 0,008
0,13498 15.000,0 15.000,028 0,028
C 0,71991 80.000,0 80.004,210 4,210

Figura 6.2
Influência da esfericidade da terra nas medidadas topográficas.

Considerações a respeito dos cálculos das medidas de distância horizontais para a distância
geodésica, em relação ao elipsóide, ou para o plano de projeção cartográfica, como o UTM, não
serão apresentados aqui. Contudo, para quem tiver interesse, pode consular, por exemplo, Wolf
e Ghilani (2004).

6.3 Medição com trena

As trenas podem ser utilizadas para as medidas de distância entre pontos. Elas podem ter como
material de fabricação, por exemplo, o aço, o invar (nı́quel e aço) ou a fibra de vidro. Normal-
mente apresentam as medidas de metros e centı́metros nas duas faces, todavia, algumas podem
apresentar em uma face a medida de metros e, na outra, a de polegadas2 . O comprimento nom-
inal das trenas é bastante variado, encontrando comprimentos como de: 5 m, 10 m, 20 m, ou 50
m.

2 Abreviação de polegada é “in” onde, 1 in = 0,0254 m = 2,54 cm.

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

Faz-se necessário, quando se tra- Baliza


balhando com medidas de distância
com a trena, o uso de alguns
acessórios, como as balizas e as
fichas. A baliza é uma haste de ferro 0,5 m
de 2 m de comprimento, de madeira
ou de metal, sendo pintada, alter-
nativamente, com as cores branco e
vermelho. Ela é utilizada para mate- Ficha
rializar a posição do ponto a ser me-
dido acima do solo, devendo estar, 0,5 m
durante as medições, na posição ver-
tical, o que pode ser facilitado se na
mesma conter um nı́vel de bolha. Na 0,4 m
Figura 6.3 são apresentados balizas
com a posição da vertical correta e
incorreta. 0,5 m
A ficha é uma pequena haste
de ferro, utilizada para materializar
uma trenada. Ocorre que, quando
a distância a ser medida é muito
extensa, maior do que o compri-
0,5 m
mento da trena, é necessário um con-
junto de trenadas, e a ficha servirá,
tanto para indicar este número de
trenadas, como para materializar a
posição de inı́cio da próxima me-
dida.

Vertical correta Vertical errada

Figura 6.3
Qualidade da verticalização da balizas no momento
da medida. Manter sempre na vertical

Outros cuidados que devem ser verificados durante o procedimento de medida com a trena
são: se o alinhamento está correto; e, se a trena está em nı́vel e com tensão adequada. Na Figura 6.4
é apresentado a medida de distância entre os pontos A e B, onde serão necessárias várias trenadas.
Para o levantamento serão necessários três balizeiros (pessoa com baliza). Se o caminhamento for
realizado de A para B, um balizeiro ficará parado em B (balizeiro de vante) e, os outros dois
balizeiros farão as medidas, o balizeiro de ré, inicialmente no ponto A e o balizeiro intermediário,
que vai puxar a trena na direção de B. Após o balizeiro intermediário chegar próximo ao limite da
trenada, por exemplo 20 m, terá que fazer o correto alinhamento com a linha AB. Isto será possı́vel
com a orientação do balizeiro de ré que, olhando para a sua baliza e para a baliza no ponto de
vante, orientará o balizeiro intermediário para o correto alinhamento. Uma vez as três balizas

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

alinhadas, o balizeiro de ré, com a baliza na vertical, tensionará a trena, mantendo-a em nı́vel e
para materializar este ponto cravará na posição da baliza uma ficha. O balizeiro de ré deslocará
para a posição da ficha, onde vai estacionar a sua baliza, guardando para si a ficha, enquanto o
balizeiro intermediário caminhará para a próxima trenada. O procedimento se repete até o final.
Obviamente, que a última trenada, quase sempre, será apenas uma fração de 20 m, onde o seu
valor é anotado. Ao final, a distância horizontal AB será o número de fichas vezes o comprimento
da trenada, mais a fração final.

Pode-se perceber na Figura 6.4 as medidas no plano, feitas de maneira correta e não correta.
Se o alinhamento do levantamento à trena não for realizado corretamente, quando se fizer o so-
matório das trenadas, não corresponderá a distância horizontal correta entre os pontos.

1a trenada 2a trenada 3a trenada 4a trenada ∆ trenada

A B
DHAB
Figura 6.4
Levantamento do alin-
Vista no plano (alinhamento correto)
hamento AB com o auxı́lio
da trena. As duas figuras na
parte inferior, apresentam
duas possı́veis configurações
A B
do levantamento visto
no plano, uma com os
alinhamentos realizados
corretamente e outra, Vista no plano (alinhamento incorreto)
incorretamente.

Outros erros que devem-se evitar durante o levantamento são em relação a verificação da
horizontalidade da trena e a pouca tensão aplicada, no momento da medição (Figura 6.5). Quando
o terreno é plano, é fácil manter a horizontalidade, bastando a altura da trena nas duas balizas
serem as mesmas. Todavia, em terreno inclinado, os balizeiros de ré e intermediários devem
tomar cuidados, devendo-se subir ou descer a posição da trena para se ter a horizontalidade.
Uma pessoa olhando o perfil da trenada pode auxiliar na correta horizontalidade da trenada.
Com relação a baixa tensão, quando puxando a trena, em uma catenária elevada (ver erro de
tensão, página 85).

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 83


CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

errado
em desnı́vel errado
pouca tensão
correto
bem tensionado
e em nı́vel

Figura 6.5
Exemplos de trenadas em posição de desnı́vel, com pouca tensão e quando utilizada corretamente.

Além dos erros durante a realização das medidas com trena, podem-se citar (WOLF; GHI-
LANI, 2004): i) erros instrumentais: a trena tem comprimento diferente do comprimento nomi-
nal, devido à falha de fabricação ou resultado de alguma danificação; ii) erros naturais: devido ao
efeito da temperatura, tensão e catenária e vento e; iii) erros de coleta: quando os dados são anota-
dos errados ou a leitura equivocada, alinhamentos incorretos, etc. Abaixo seguem uma descrição
dos erros e maneiras de evitar e, se possı́vel, corrigi-los.

6.3.1 Erros instrumentais


Por falha de fabricação, envelhecimento ou defeito devido à, por exemplo, dobramento da
mesma, a trena pode apresentar o comprimento atual diferente daquele mostrado nominalmente.
A verificação e a correção deste tipo de erro só é possı́vel se estiver a disponibilidade de um com-
primento padrão para comparação. Desta forma, pode-se aplicar a correção para as medidas de
uma trena defeituosa.

6.3.2 Erros naturais


A seguir são apresentado os erros naturais que podem ser corrigidos quando, nas medidas de
distância com a trena. Um erro natural que pode ocorrer, mas não tem como realizar a correção,
é o devido ao efeito do vento. Logo, deve-se evitar fazer medidas em condições de vento desfa-
vorável.

Erro devido à temperatura de trabalho distinta da do padrão


Normalmente as trenas são aferidas para uma determinada temperatura padrão. Ou seja, ela só
vai apresentar o comprimento real de 20 m, por exemplo, se trabalhando naquela temperatura.
Caso se esteja trabalhando em temperatura superior, vai ocorrer dilatação do material da trena,
logo o seu comprimento real será superior do que o medido nominalmente. Por outro lado, caso
a temperatura de trabalho seja inferior ao padrão, a trena vai se contrair, a sua medida real será
inferior a medida nominal. A correção a ser aplicada devida a temperatura (Ct ), em uma trenada
de comprimento nominal (S), quando se está trabalhando com temperatura distinta da padrão é:

Ct = S(t − t0 )α, (6.3)


em que: t é a temperatura de trabalho ( C); t0 é a temperatura na qual a trena foi aferida ( C); e α
◦ ◦

é o coeficiente de dilatação da trena (◦ C−1 ).

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

Exemplo 6.1

Considere uma trena que foi aferida para trabalho na temperatura de 20◦ C. Ela apresenta
coeficiente de dilatação de 0,0000116◦ C−1 . Se foi medido em campo 54,3 m sob uma tem-
peratura de 40◦ C, calcular a distância com a correção devido a temperatura ser distinta do
padrão da trena.
Solução

De acordo com a Equação 6.3, temos:


Ct = S(t − t0 )α = 54,3(40◦ − 20◦ )0,0000116 = 0,013 m
Logo, aplicando a correção, 54,3 m + 0,013 m = 54,313 m.

Erro devido à tensão de trabalho distinta da do padrão


Assim como com a variável temperatura, a trena é aferida para determinada tensão padrão (T0 ),
caso ela seja submetida a uma menor tensão, o seu comprimento real será menor que o mostrado
nominalmente, e caso de submetida à uma tensão maior, o comprimento real será maior do que o
nominal. A correção, devido a se trabalhar com uma tensão (T , kg) distinta da tensão padrão (T0 ,
kg) é:

(T − T0 )
CT = S , (6.4)
qE
em que: q é a área da seção transversal da trena (mm2 ); S é a medida de distância medida; E é o
módulo de elasticidade por tração, normalmente 20.000 kg mm−2 . A tensão pode ser medida por
meio de um tensiômetro.
Exemplo 6.2

Considere uma trena que foi aferida para trabalho na tensão de 10 kg. Todavia, quando no
campo aplicou-se uma tensão de 5 kg. Se foi medido em campo 54,3 m nesta condição, cal-
cular a distância com a correção devido à tensão ser distinta do padrão da trena. Considere
a área da seção da trena q = 0,4 mm · 12 mm = 4,8 mm2 .
Solução

De acordo com a Equação 6.4 e considerando E = 20.000 kg mm−2 temos:


(T − T0 ) (5 − 10)
CT = S , = 54,3 = −0,003 m
qE 4,8 · 20.000
Logo, aplicando a correção para o erro de tensão, 54,3 m − 0,003 m = 54,297 m.

Erro devido à catenária


A medida lida na trena de, por exemplo, 20 m, somente corresponderá ao comprimento de 20 m,
se ela estivesse em descanso sobre uma superfı́cie plana (Figura 6.6). Normalmente no levanta-
mento em campo ela é suspensa, e devido ao seu peso, formará uma catenária. Logo, a leitura
que será feita, não corresponderá à real, mais sim, um pouco inferior que a real. O erro devido a
catenária (Cc ) é dado por:

P 2S3
CC = − , (6.5)
24T 2
em que: P é o peso da trena (kg m−1 ). Observe que o erro sempre será negativo, isto é, a medida
lida quando ela está suspensa, é sempre menor do que a real.

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

leitura de 0 m leitura de 20 m

Trena em repouso sobre uma superfı́cie plana

leitura de 0 m leitura de 20 m

Trena suspensa nas pontas


Figura 6.6
Demonstração do erro devido à P 2S3
CC = −
catenária. 24T 2

Exemplo 6.3

A distância de 54,3 m foi medida em duas trenadas, uma de 30 m e outra de 24,3 m.


Considerando o peso da trena de 0,03967 kg/m, qual o erro devido à catenária e qual seria
a medida real quando este erro for compensando?
Solução

De acordo com a Equação 6.5, para a primeira trenada, S = 30 m:


P 2S3 0,039672 · 303
CC = − = − = −0,071 m,
24T 2 24 · 52
Para os 24,3 m finais:
P 2S3 0,039672 · 24,33
CC = − = − = −0,038 m,
24T 2 24 · 52
Logo, o erro total é −0,109 m (−0,071 + −0,038). A medida correta da trena considerando
e erro da catenária é 54,3 − 0,109 = 54,191 m.

Correção do efeito combinado da temperatura, tensão e catenária


Os três erros mostrado anteriormente devido, à temperatura, à tensão e à catenária, devem ser
considerados concomitantemente, desta forma, o comprimento corrigido devido a estes três erros
(Scorrigido ) é:

Scorrigido = S + Ct + CT + CC , (6.6)

em que: Scorrigido é o comprimento do alinhamento corrigido (m); S é o comprimento do al-


inhamento medido com a trena (m); Ct é a compensação devido à temperatura (m); CT é a
compensação devido à tensão (m); e CC é a compensação devido à catenária (m).
Exemplo 6.4

Considerando os erros encontrados na medição devido à temperatura, à tensão e à


catenária dos Exemplos 6.1, 6.2 e 6.3, respectivamente, qual seria o comprimento real,
quando o nominal foi de 54,3 m?
Solução

De acordo com a Equação 6.6:


Scorrigido = S + Ct + CT + CC = 54,3 + 0,013 + −0,003 + −0,109 = 54,201 m.

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.3. MEDIÇÃO COM TRENA

6.3.3 Procedimento em campo para medidas à trena

Se for para medição de área, mede-se a poligonal e as diagonais internar que subdividem a área
em vários triângulos. A Figura 6.7 apresenta a poligonal ABCDEFA a ser medida com a trena.
A partir do ponto E foram determinadas as diagonais internas, subdividindo a área em quatro
triângulos. Deve-se medir em campo os alinhamento a, b, c, d, e e f , da poligonal e as diagonais
internas g, h, e i.

Como os lados dos quatro triângulos foram medidos, é possı́vel medir individualmente a
área deles por meio da Equação do semi-perı́metro (Equação 1.23, página 14), e somando estas
área individuais, obter a área total.

Conhecendo-se as DHs da poligonal e os ângulos internos dos vértices, é possı́vel calcular


as coordenadas dos vértices, sendo este procedimento apresentado na Secção 8.3, página 124. Os
ângulos internos de cada vértice podem ser calculados com o auxı́lio da lei dos cossenos (Equação
1.12, página 9). Por exemplo, no vértice A, o ângulo interno, 88,35◦ , será a soma de dois ângulos,
o α e o β, opostos, respectivamente, as diagonais h e i.

f
A F
δ = 37,82◦

γ = 62,83◦ e
h ε = 61,5◦
a

E
ζ = 55,87◦ d

α = 61,3
D
θ = 20,05◦
g ι = 95,02◦
B
β = 27,05◦ η = 137,65◦

i c
κ = 64,93◦
Figura 6.7 b λ = 15,3◦
Esquema de um C
levantamento à
trena.

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.4. MEDIÇÃO TAQUEOMÉTRICA

Sugestão de aula prática

Levantamento de área com o auxı́lio da trena.

Material: trena, baliza, fichas e estacas.


Procedimento:
• materializar com as estacas a área a ser medida em campo;

• constituir um grupo de três balizeiros para realização das medidas;


• subdividir a área em triângulos;
• medir as diagonais da poligonal e as diagonais internas;

• calcular a área dos triângulos pela equação do semi-perı́metro;


• calcular os ângulos internos pela lei dos cossenos;
• calcular as coordenadas totais.

6.4 Medição taqueométrica

Nos teodolitos, quando se observa a luneta, com o foco adequado, pode-se observar três retı́culos
(fios) na horizontal e um na vertical. Aos retı́culos da horizontal denominamos, de acordo com
a sua posição (Figura 6.8a) de: i) se na superior, retı́culo superior (rs). ii) se na do meio, retı́culo
médio (rm) e; iii) se inferior, retı́culo inferior (ri). É possı́vel, por meio de leituras dos retı́culos
de um teodolito em uma mira, e da medida do ângulo vertical, calcular a DH e a DN entre a
posição do teodolito e o ponto da mira. Para a DN há ainda a necessidade de se medir a altura do
instrumento (ai ).
Uma mira é uma régua graduada, que deverá ser mantida na vertical durante as medidas.
Normalmente as miras são de alumı́nio ou de madeira. Na Figura 6.8b é apresentado o esquema
de uma mira onde: mede 4 m; o número de bolas vermelhas ou os algarismos romanos indicam
a quantidade de metros; os números, na cor preta, são as medidas dos decı́metros; cada faixa
branca ou preta, equivale a um centı́metro. As miras tem apresentam um sistema de encaixe,
para ajustar a um comprimento adequado e para facilitar o seu transporte e a sua guarda. Há
miras que apresentam as medidas de centı́metros, como em uma trena, além das subdivisões dos
milı́metros.
Quando uma mira é observada com a luneta, devem-se anotar as leituras dos três retı́culos
que estão na horizontal, correspondente às posições em que elas interceptam a mira. O valor
anotado deve ser em metros, com três casas decimais, referentes aos decı́metros, centı́metros e
por final, os milı́metros, que na mira apresentada na Figura 6.8b, são estimados.

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9
CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA
6
6.4. MEDIÇÃO TAQUEOMÉTRICA

4
8
5
3
b) Mira
7
4
2
9

6 6
3
1
5

2 5
1 2
III
III

8 4
1
9
7

4 3I
8
3

II 2
a) Luneta 9
7
9

6 1
8
6
5

h
rs 3

2
II
rm
h 7
5
1

ri I

8 9
6
4
7

4 8
5
3
3

Figura 6.8 7
Esquema ilustrativo 4
dos retı́culos de um 2
teodolito (a) e de uma
mira (b). 6
3
1
Nas medições taqueométricas, o ângulo vertical pode ser o zenital e o de inclinação (maiores
5
informações na Secção 7.3, página 117). Se o teodolito for eletrônico o ângulo vertical será apre-
2
II
sentado no visor, mas se o teodolito for do tipo ótico mecânico, deverá ser realizado uma leitura
em uma luneta no equipamento, e o ângulo anotado. Na Figura 6.9 é apresentada um esquema
de uma medição da DH e DN entre os pontos A e B utilizando um teodolito. Se o objetivo deste
4
levantamento for apenas gerar a planta planimétrica, será necessário determinar a DHAB , para
1
9
3
8
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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.4. MEDIÇÃO TAQUEOMÉTRICA

isto, serão lidos o rs, o ri e o z. Com a medida do rm, é possı́vel confirmar se as medidas dos out-
ros dois retı́culos foram realizadas com precisão, uma vez que: rs − rm = rm − ri. As leituras de
rm também são necessárias para o caso do levantamento for altimétrico, calculo da DNAB , sendo
que para este tipo de levantamento, há ainda a necessidade da medição da altura do instrumento
(ai).

DHAB III

zenite (z = 0 ) ◦ 3

1
rs
II

z
8

6
rm
5

ri
3

plano horizontal em B
3

DNAB
ai
plano horizontal em A
A

Figura 6.9
Esquema de um levantamento taqueométrico em campo para as medidas da DH e da DN.

A DH (m) e a DN (m), entre os pontos A e B no terreno, respectivamente, DHAB e DNAB ,


quando se trabalha com ângulos zenitais (z), são dadas por:

DHAB = 100H sen 2 z; (6.7)

100H sen 2z
DNAB = + ai − rm, (6.8)
2
em que: ai é a altura do instrumento (m); H = (rs − ri ); rs, rm e ri, respectivamente, retı́culo
superior, médio e inferior (m); e z, o ângulo zenital (◦ ). Informações sobre como estas Equações
foram determinadas, consultar Loch e Cordini (1995) e Borges (1999).
Em algumas situações, em que não se tem a leitura de um dos retı́culos, pode-se empregar a
Equação 6.9 para o cálculo do retı́culo faltante. Na Figura 6.8a observa-se que a separação entre o
rm aos rs e ri, são as mesmas, h, logo:

2rm = rs + ri . (6.9)

Exemplo 6.5

Utilizando um teodolito estacionado no ponto A, de altitude de 456,785 m e ai = 1,65 m,


fez-se uma visada ao ponto B, anotando as seguintes medidas: z = 84◦ 120 0000 ; ri = 0,900
m; rm = 1,732 m; rs = 2,564. m. Qual é DHAB e a altitude de B?
Solução

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.5. MEDIDOR ELETRÔNICO DE DISTÂNCIA

Da Equação 6.7:
DHAB = 100(2,564 − 0,900) sen 2 84◦ 120 000 = 164,701 m.
Pela 6.8:
100(2,564 − 0,900) sen 2 · 84◦ 120 0000
DNAB = + 1,65 − 1,732 = 16,648 m. Logo a altitude
2
de B será de 473.433 m (456,785 + 16,617).

6.5 Medidor eletrônico de distância

6.5.1 Radiação eletromagnética

Considerando
a radiação eletro- y
magnética (REM),
E
com comportamento
de onda, ela será λ
composta de dois λ
x
campos perpendicu-
lares entre si, o campo
magnético e o campo M c
z
elétrico, que viajam na
direção perpendicular E = campo elétrico
a eles, na velocidade M = campo magnético
da luz, c (Figura ao c = velocidade da luz (299.792.458 m s−1 )
lado). A velocidade λ = comprimento de onda (m)
da REM no vácuo é de =
299.792.458 m s−1 . A REM que trabalhamos não viaja no vácuo, e sim submetida às condições
atmosféricas, logo com velocidade menor que c. A velocidade da luz, sob condições de de um
meio refratário (V ), será de:
c
, V = (6.10)
η
em que, η é o ı́ndice de refração da atmosfera, entre 1,0001 e 1,0005. O comprimento de onda (λ,
m) da REM é definido como a distância que separa dois pontos que nela se repete. A relação de
V com o λ e a frequência (f , Hz3 ):

V = λf, (6.11)
Normalmente a frequência de trabalho da REM nos medidores de distância é alta, então emprega-
se a sua prefixação, sendo as mais comuns: k = 103 (kHz, quilo-hertz); M = 106 (MHz, mega-
hertz) e G = 109 (GHz, quilo-hertz).
Exemplo 6.6

Considere que um feixe de REM, emitida por um MED de uma estação total, foi modulada
na frequência de 149,84 kHz e η = 1,0003. Qual é o valor do comprimento de onda?
Solução

Das Equações 6.10 e 6.11:


V c 299.792.458
λ= = = = 2.000,2 m.
f η·f 1,0003 · 149,84 · 103

3 Hz é a abreviação de hertz, unidade de frequência igual a 1 ciclo por segundo (s−1 ).

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.5. MEDIDOR ELETRÔNICO DE DISTÂNCIA

6.5.2 Princı́pio de funcionamento

O medidor eletrônico de distância (MED) é um equipamento que está presente nas estações totais.
O MED emite a REM na direção de um refletor, sendo refletida de volta ao equipamento, onde o
sinal é processado e, a distância, do MED ao refletor (prisma), é determinada.

Na Figura 6.10 é apresentado um esquema de uma estação total, que tem um MED, esta-
cionada e nivelada em A e, o prisma, em B. A distância entre o centro do MED ao prisma será
denominado por d. O MED emite um feixe de REM, modulada em determinada frequência, logo
com um determinado λ, na direção do prisma, que reflete o sinal de volta para o MED. O MED
faz a contagem do número de comprimentos de onda inteiros (n), obtidos entre a partida da REM
e a chegada ao MED. O valor de n é multiplicado por λ para se ter a distância em metros de ida e
volta. Soma-se a este valor a fração do comprimento de onda (∆λ) que faltou para completar um
λ inteiro. Como o sinal percorreu a distância de ida e volta estação prisma, divide-se resultado
por dois, ou seja:

nλ + ∆λ
d= , (6.12)
2

Para a determinação de ∆λ, o equipamento é capaz de medir a diferença de fase (ϕ), que é a
diferença na unidade de ângulo do ângulo da REM de saı́da e o de chegada. Sabendo-se que um
ciclo completo da onda em graus, 360◦ equivale a um λ, então:

 ϕ

 λ, se ϕ graus
360◦
∆λ = (6.13)
 ϕ λ,

se ϕ rad

sendo ϕ a mudança de fase da onda entre a onda emitida e a onda recebida (◦ ), em graus e radi-
anos (Equação 6.13). Na realizade, o MED, para medir a distância, trabalha com vária frequências.
Assim pode-se obter o valor de n, pois este númeto inicialmete é desconhecido, e a distância com
precisão milimétrica.

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.5. MEDIDOR ELETRÔNICO DE DISTÂNCIA

λ7
REM de ida λ6
λ5
Prisma
λ4
λ7
λ3 λ8
λ2 d
λ9
λ1 λ 10
λ 11 REM de retorno
MED B
λ 12
∆λ
Fio de prumo
vertical em B
Fio de prumo
A
vertical em A

Figura 6.10
Determinação da DH e da DN por meio do MED.

Exemplo 6.7

Trabalhando com um medidor eletrônico de distância (MED) de frequência 1,4984 MHz


estacionado em um ponto e fazendo uma mira no prisma sobre outro ponto, foram obtidos
os seguintes dados: um total de número de comprimento de onda inteiro de 20 (n); e um
ângulo de fase de 15◦ (ϕ). Considerando η = 1,0003, calcule: a) o comprimento de onda
(λ) para a frequência modulada emitida; b) a distância entre o MED e o prisma.
Solução

Das Equações 6.10 e 6.11:


V c 299.792.458
λ= = = = 200,02 m.
f η·f 1,0003 · 1,4984 · 106
ϕ 15◦
De acordo com Equação 6.13: ∆λ = λ = 200,02 = 8,334 m.
360◦ 360◦
nλ + ∆λ 20 · 200,02 + 8,334
De acordo com Equação 6.12: d = = = 2.004,367 m.
2 2

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.5. MEDIDOR ELETRÔNICO DE DISTÂNCIA

Como podemos observar na Figura


ao lado, a distância que o MED calcula D
é a d, distância do MED ao prisma, en-
ap
quanto estamos normalmente interessa-
dos na DH ou na DN. O que se deve fazer B
é, com o auxı́lio do ângulo zenital (ou de
inclinação, α), reduzir d para a DH, e com d V

a medida de ai e da altura do prisma, ap, z


DN
calcular a DN. De acordo com as equações
que seguem para os pontos A e B temos,
α
para DH: C b
linha horizontal E
ai DH
A

DH = d sen z, (6.14)
DH = d cos α. (6.15)

Para a medida de DN, considere V a distância vertical entre o centro do equipamento (C) ao
centro do prisma (D). Então, de acordo com o ângulo medido, o zenital (z) ou o de inclinação (α),
temos:

V = d cos z, (6.16)
V = d sen α. (6.17)

A DN entre o ponto A e B será:

DN = V + ai − ap, (6.18)
em que: ai é a altura do equipamento (m), medida vertical do centro da estação total (MED) ao
ponto de interesse; z é o ângulo zenital, α é o ângulo de inclinação; ap é a altura do primas (m).
Normalmente, no bastão em que o prisma é sustentado, há uma régua graduada, que é utilizada
para as medidas de ap.
Nas estações totais, a DH pode ser obtido automaticamente. Já para a DN, deve-se inserir, via
teclado, os valores de ai e da ap, para que a estação total possa calculá-la. Quando é obtido um
valor de DN positivo, o ponto B, da posição do prisma, é mais elevado que o ponto A, posição
da estação. Caso contrário, DN negativa, o ponto A é o mais elevado. Logicamente, se a altitude
de A for igual a de B, eles estão em uma mesma elevação, desta forma, a DN entre A e B é zero.
Considerações a respeito da influência da curvatura da terra e do efeito da refração serão tratados
no Capı́tulo 9, Secção 9.2.
Exemplo 6.8

De uma estação total estacionada no ponto 30, fez uma visada no ponto 31, onde se encon-
trava o prisma. Sendo a ai = 1,60 m, ap = 2,000 m. As leituras obtidas no visor da estação
foram: z = 95◦ 410 1000 ; d = 329,715 m. Calcular a DH e a DN entre os pontos 30 e 31.
Solução

Da Equação 6.14:
DH = d sen z = 329,715 sen 95◦ 410 1000 = 328,093 m.
Da Equação 6.18 e 6.16:

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.5. MEDIDOR ELETRÔNICO DE DISTÂNCIA

DN = d cos z − ai + ap = 329,715 cos 95◦ 410 1000 + 1,60 − 2,000 = −33,068 m.

6.5.3 Fontes de erro


Quando trabalhando de forma adequada com um MED, a precisão deste equipamento normal-
mente é muito alta, por exemplo, precisão de ±(5 mm + 2 ppm), isto é, para uma medida,
 de 5.000
m de distância, o erro esperado é de ±15 mm 5 mm + 1 0002 000 5 000 m · 1 000 mm m−1 . Todavia
algumas precauções no uso deste equipamento deve ser observadas, pois pode implicar em erros
nas medidas. Pode-se citar como erros a serem evitados:
• erro devido à má centralização do tripé do equipamento e do prisma: se o equipamento e o prisma
não estiverem bem centralizados e nivelados aos pontos a serem medido, haverá um erro na
distância com MED, pois o centro do equipamento e do nı́vel estarão deslocados em relação
aos pontos;
• erro devido à refração atmosférica: como visto acima, a velocidade da luz, c, é reduzida para V
quando se trabalha sob condições atmosféricas. Para a determinação do ı́ndice de refração,
η, deve-se conhecer: a frequência de trabalho, a temperatura, a pressão atmosférica e a
umidade relativa. Nas estações totais, este erro é possı́vel de ser corrigido, desde que as
informações sejam conhecidas e inseridas no MED (estação total)(WOLF; GHILANI, 2004);
• centro do refletor: o centro do refletor não coincide com a linha vertical ao ponto de interesse;
• desvio da frequência: o equipamento pode mudar a frequência original de trabalho ao longo
de seu uso ou tempo de trabalho. Desta forma, periodicamente, o equipamento deve ser
checado. Este procedimento é realizada para própria companhia do equipamento;

Exercı́cios

6.1. A distância horizontal real do alinhamento AB é de 82,58 m; Este alinhamento ao ser me-
dido com uma trena, de comprimento nominal de 20,00 m resultou em 82,42 m. Determinar o
comprimento real da trena e o seu erro.
Resp.: comprimento real da trena = 20,039 m; erro = 0,039 m.

6.2. Um alinhamento foi medido com uma trena e obteve-se comprimento nominal de 27,95 m.
Esta trena foi aferida para trabalho à temperatura de 20◦ C e na tensão de 10 kg. Sabe-se que esta
trena tem peso de 0,03967 kg/m, coeficiente de dilatação da trena de 0,000012◦ C−1 , módulo de
elasticidade de 20.000 kg mm−2 e área de seção transversal de 4,8 mm2 . Realizando um trabalho
com esta trena à temperatura de 35◦ C, na tensão de 5 kg. Calcular para este alinhamento:
a) o erro devido a temperatura;
b) o erro devido a tensão;
c) o erro devido a catenária;
d) qual seria o comprimento real da trena nestas condições de trabalho?
Resp.: a) 0,0050 m; b) −0,0015 m; c) −0,0573 m; d) 28,01 m.

6.3. Utilizando um teodolito estacionado no ponto T, fez-se uma visada ao ponto U, anotando as
seguintes medidas: z = 80◦ 300 000 ; ri = 0,500 m e rm = 1,765 m. Qual é a DHTU ?
Resp.: DHTU = 246,108 m.

6.4. Utilizando um teodolito estacionado no ponto 5 de altitude de 806,501 m com ai = 1,72 m,


fez-se uma visada ao ponto 6, anotando as seguintes medidas: z = 92◦ 210 3000 ; ri = 0,500 m;
rm = 1,543 m; rs = 2,586 m. Qual é DH56 e a altitude do ponto 6?

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CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.5. MEDIDOR ELETRÔNICO DE DISTÂNCIA

Resp.: DH56 = 208,247 m; altitude de 6 é de 798,102 m.

6.5. Considere um feixe de radiação eletromagnética, emitida por uma estação total, com
frequência de 24,5 MHz. O ı́ndice de refração atmosférico, η, é de 1,0003. Responda:
a) qual o comprimento de onda (λ)?
b) qual o comprimento de onda fase (∆λ) para uma mudança de fase de 193◦ (ϕ)?
Resp.: λ = 12,236 m e p = 6,558 m.

6.6. Trabalhando com um medidor eletrônico de distância (MED) de frequência 14,9896 MHz
estacionado em um ponto e fazendo uma mira no prisma sobre outro ponto, foram obtidos os
seguintes dados: um total de número de comprimento de onda inteiro de 34 (n); e um ângulo de
fase de 115,7◦ (ϕ). Considerando η = 1,0, Calcule:
a) o comprimento de onda (λ) para a frequência do equipamento;
b) a distância entre os pontos.
Resp.: a) 20,000 m; b) 343,208 m.

6.7. De uma estação total estacionada no ponto Q, fez uma visada no ponto R, onde se encontrava
o prisma. Sendo a ai = 1,60 m, ap = 3,000 m. As leituras obtidas no visor da estação foram:
z = 81◦ 40 3000 ; d = 129,715 m. Calcular a DH e a DN entre os pontos Q e R.
Resp.: DHQR = 128,144 m e DNQR = 18,724 m.

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Ângulos
7
Para a determinação das coordenadas de pontos topográficos, uma vez na área do levantamento,
e com o auxı́lio de teodolitos/estações totais, medem-se os ângulos e as distâncias entre alin-
hamentos. Neste capı́tulo analisaremos os ângulos medidos, que podem ser, horizontais (secção
7.2) ou verticais (secção 7.3), que são medidos em relação ao plano horizontal e vertical, respecti-
vamente. Para os cálculos das coordenadas dos pontos, há a necessidade de conhecer (calcular)
a direção dos alinhamentos em relação ao meridiano utilizado, ou seja, os azimutes ou rumos,
sendo também vistos neste capı́tulo.

Sumário
7.1 Medidores de ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2 Ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.1 Alinhamento de vante e ré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.2 Medição do ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.3 Ângulos horizontais à direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7.2.4 Ângulos de deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7.2.5 Meridiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
7.2.6 Azimute . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.2.7 Rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.8 Conversão de azimutes em rumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.9 Erro angular de fechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7.2.10 Cálculo do azimute a partir dos ângulos internos à direita . . . . . . . . . . 107
7.2.11 Cálculo do azimute a partir da deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.2.12 Cálculo do azimute a partir das coordenadas retangulares . . . . . . . . . . 110
7.2.13 Medidas de azimute em campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.2.14 Declinação magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.3 Ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
7.3.1 Medição do ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

7.1 Medidores de ângulos

Na topografia, são utilizados bússolas, teodolitos ótico mecânicos, teodolitos eletrônicos e


estações totais para a medição dos ângulos. Os ângulos que se podem medir com estes equipa-
mentos são de dois tipos, o horizontal e o vertical, exceção da bússola, onde pode-se medir ape-
nas ângulos horizontais. Nos teodolitos eletrônicos e nas estações totais, os ângulos são medidos
eletronicamente, podendo-se armazená-los automaticamente na memória do equipamento. Já nos
teodolitos ótico mecânicos, tem-se que fazer a leitura do ângulo no cı́rculo horizontal e vertical
graduado (limbo), anotando-a na caderneta de campo.
CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.1. MEDIDORES DE ÂNGULOS

Na Figura 7.1 é apresentado um esquema dos limbos vertical e horizontal de um teodolito


ótico mecânico. Quando o equipamento está nivelado sobre um ponto, o seu eixo vertical coincide
com a linha da vertical do lugar, contendo o ponto estacionado e o centro ótico do equipamento
(O). O cı́rculo horizontal é normal ao eixo vertical. Já o cı́rculo vertical, tem direção paralela ao
eixo vertical e o seu centro coincide com o eixo horizontal do instrumento. Na maioria dos nossos
equipamentos, os ângulos são medidos na unidade de graus, de 0◦ a 360◦ , no sentido horário. O
0◦ do cı́rculo horizontal, pode ser fixo em qualquer direção, ficando independente do movimento
da luneta. Com o cı́rculo horizontal, o ângulo horizontal entre dois pontos qualquer pode ser
medido (α), onde os procedimentos para a sua medição são apresentados na Secção 7.2.2.

l
tica
o ver
la n
P

ite l
ica iva
Zên o vert jet
E ix Ob
l
ta
on
iz
or
H
o
ix
E


O 0

a
net
a lu z ◦
r d 90
o
Vis
l
tica
ver
c ulo
◦ Cı́r
270

90◦ ◦
180
l
ta
on
iz
or

180◦
H
lo

α
cu
ı́r
C

0◦
al
nt
o
r iz
ho
no
la
P

270◦

Lin
ha
ver
dir tica
Na l

Figura 7.1
Esquema de um teodolito com os cı́rculos vertical e horizontal.

Com relação ao ângulo vertical, quando o equipamento está nivelado, o 0◦ do cı́rculo vertical
tem direção do zênite ou do plano horizontal que passa pelo centro ótico da luneta, respectiva-

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

mente, ângulo zenital e de inclinação (z). Maiores informações sobre os ângulos verticais podem
ser encontrados na secção 7.3, página 117.

7.2 Ângulo horizontal

7.2.1 Alinhamento de vante e ré

A Figura 7.2 apresenta a sequência de vértices EAB, onde é realizada a medida do ângulo hori-
zontal, no sentido horário, α, no vértice A. Para a medida de α, o ponto E é o ponto inicial (ponto
de ré), onde se realiza a visada de ré, enquanto e B, é o ponto final (ponto de vante), onde é realizada
a visada de vante. Aos alinhamentos que correspondem ao inı́cio e ao final das medidas, denom-
inamos de alinhamentos de ré e vante. Para este exemplo, AE é o alinhamento de ré e AB o de
vante. O ângulo α pode ser calculado subtraindo a medida do ângulo horizontal de vante da
medida de ré.

B, vante = 299◦ 480 5400 350 0 10


20
340
0 30
33
0 40
32
α = vante –ré

0
α = 299◦ 480 5400 − 200◦

50
31
α = 99◦ 480 5400
0

60
30 Vi
sad
290

ad

70
ev
an
280

te

80
270

90
260

100
ré
250

110
a de
0

12
α
24

0
d
30

13
Visa
2

0
0 14
22 0
0 15
21 0
160
200 170
190 180

Figura 7.2
Leitura do ângulos internos
EAB. E, ré = 200◦

7.2.2 Medição do ângulo horizontal

Existem várias formas de medição dos ângulos horizontais, a mais simples é apresentada na
Figura 7.2, em que o ângulo α é determinado de apenas uma leitura no ponto de ré e no de
vante. Todavia, devido aos erros instrumentais, deve-se considerar a média de várias medidas de
α, com a luneta na posição direta e inversa (ver secção 7.3, página 117). Neste texto será apresen-
tado o método das direções, que é o previsto para ser utilizado pela NBR13133 (1996) na medição
de ângulos. Para outros métodos, pode-se consultar, Loch e Cordini (1995), Gonçalves, Madeira e
Souza (2008) e Wolf e Ghilani (2004).

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

Método das direções

Considere os alinhamentos apresentados na Figura 7.2. O método das direções tem as seguintes
etapas quando se trabalha com estação total:

a) equipamento é centralizado e nivelado em A, ponto da estação;


b) com a luneta na posição direta (PD), é realizada uma aproximação em E, ponto de ré. Com
o movimento horizontal e vertical travados, e com o auxı́lio dos parafusos de movimento
micrométrico, é realizada a visada exata ao centro prisma;
c) o ângulo horizontal em E pode ser zerado, ou o seu valor lido, teremos (Lré PD );
d) com o movimento horizontal e vertical solto, faz-se uma visada aproximada em B, ponto de
vante, e com os parafusos micrométricos, depois que os movimentos horizontal e vertical
estiverem travados, faz-se a aproximação precisa ao centro do prisma, anotando-se o ângulo
PD ). Se na etapa anterior o ângulo horizonal foi zerado, o ângulo horizontal
horizontal (Lvante
em B corresponderá a α na posição direta, αPD . Se o ângulo horizontal na etapa anterior
não foi zerado, o valor de αPD será dado pela diferença dos ângulos horizontais de vante e
PD − LPD ;
de ré, no nosso caso, αPD = Lvante ré

e) repete-se as estapas b a d, n vezes;


f) coloca-se a luneta na posição inversa (PI), e repete-se as etapas de b a d mais n vezes, onde
teremos n valores de α com a luneta na PI, αPI ;
g) o valor médio de α (ᾱ), será a média de todas as medidas na posição direta e inversa:

Pn Pn 
(αPD,i + αPI,i ) i=1 Lvante ré vante ré
PD,i − LPD,i + LPI,i − LPI,i
ᾱ = i=1
= (7.1)
2n 2n

Na Figura 7.3 é apresentado um exemplo de cálculo de um ângulo horizontal entre dois al-
inhamentos pelo método das direções. São realizadas duas repetições, com a luneta na posição
direta e inversa. Na posição direta, o ângulo horizontal no ponto de ré foi zerado, o mesmo não
acontecendo quando a posição era a inversa. Se trabalhando com estação total, o ângulo horizon-
tal no ponto de ré, quando a luneta está na posição inversa, também poderia ter sido zerado. Este
último procedimento, zerar o ângulo horizontal no ponto de ré quando a luneta está na posição
inversa, não é realizado quando utiliza-se o teodolito do tipo ótico mecânico. Uma vez que o
método das direções visa medir os ângulos horizontais em diferentes posições do limbo destes
equipamentos. Para maiores informações, consultar NBR13133 (1996, página 3).

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

Anotações para medida de ângulo horizontal pelo método das direções.

I II III IV V VI
Hz α
estação luneta repetição PV o ’ ” o ’ ”
A 0 0 0
1 121 51 13
C 121 51 13
PD
A 0 0 0
2 121 51 24
C 121 51 24
B
A 180 0 12
1 121 51 20
C 301 51 32
PI
A 180 0 8
2 121 51 31
C 301 51 39
soma 487 25 28
÷4
N média, α = 121 51 22
C
A coluna I corresponde à estação; a II à posição
da luneta, se posição direta (PD) ou posição in-
versa (PI); a III é o número de repetições em
α cada posição da luneta; a IV é o ponto de visada;
B
a V é a leitura do ângulo horizontal (Hz); a
VI é o ângulo, α, de cada repetição, dado pela
diferença entre vante e ré. Na última linha é
apresentada a média das 4 repetições (α).
A

Figura 7.3
Exemplo de anotações para medida de ângulo pelo método das direções.

7.2.3 Ângulos horizontais à direita


Os ângulos horizontais medidos entre os alinhamentos são na grande maioria os ângulos internos
e de deflexão. Na Figura 7.4a são apresentados ângulos horizontais internos medidos à direita, ou
seja, no sentido horário nos vértices A, B, C, D e E. Os ângulos são medidos na sequência A, B, C,
D e E. Desta forma, os alinhamentos AB, BC, CD, DE e EA são denominados de vante. Já BA, CB,
DC, DE e AE são os alinhamentos de ré. Observe que para medir os ângulos internos horizontais à
direita da poligonal fechada ABCDE, tem-se que fazer um caminhamento no sentido anti-horário.
No alinhamento AB é apresentado o seu azimute, ou seja a sua direção em relação ao meridiano.
Ela é necessária para o cálculo dos azimutes dos demais alinhamentos, como será visto na Secção
7.2.10.

7.2.4 Ângulos de deflexão


O ângulo de deflexão de um determinado alinhamento é o ângulo entre ele e o prolongamento do
alinhamento anterior. Na Figura 7.4b é apresentado um exemplo de um levantamento utilizando
este tipo de medida angular. Pode-se observar que o ângulo de deflexão pode ser à direita (de-
flexão à direita, DD) ou à esquerda (deflexão à esquerda, DE), se o alinhamento é medido à direita
ou à esquerda do prolongamento anterior, respectivamente. Os ângulo de deflexão têm variação

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

de 0◦ a 180◦ . As medidas de ângulos de deflexão são as mais utilizadas para a locação de estradas,
dutos, canais de irrigação, etc. Em algumas estações totais, é possı́vel configurá-la para trabalhar
com este tipo de ângulo.

a) Levantamento por ângulo interno.


BA
zA
B
=
29
9 ◦8 0
00 19 00
95 ◦550 15

99◦ 480 54
A

11
0

8 3 7 50 0 0

0

C
00

0
4

142 50 01


E
82 47 02 0 0

Legenda
D Estação de controle
Piquete - Estação de levantamento
Distância medida
Ângulo medido

b) Levantamento por deflexão.


1

3 5

Figura 7.4 2 (DD)


Exemplo de poligonais medidas por 4
ângulos internos à direita (a) e por (DE) (DE)
de deflexão (b). DD é a deflexão à
direita e DE deflexão à esquerda.

7.2.5 Meridiano
Em um levantamento topográfico, tem-se que definir qual é a referência de meridiano que se vai
utilizar, podendo ser:

a) o meridiano astronômico: é a linha que passa pelos pólos geográficos da terra (Secção 3.3), é
determinado usualmente por medidas astronômicas;

b) o meridiano geodésico: é a linha gerada pela intersecção do elipsóide de revolução com o


plano que passa pelos seus pólos (Secção 3.3). Atualmente com o GNSS (Secção 4.2), a sua
definição em campo tornou-se de fácil obtenção;

c) o meridiano magnético: é o plano vertical que passa pelo eixo da agulha magnetizada livre,
com apoio apenas no seu centro. Por exemplo, a direção norte-sul dada por uma bússola, é
a direção do meridiano local (Secção 7.2.14);

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

d) o meridiano da quadrı́cula: corresponde a direção do eixo-y do sistema cartesiano da


quadrı́cula, da projeção cartográfica. Nas coordenas UTM, corresponde ao eixo Norte
(Secção 3.5.5). Também é de fácil determinação com uso do GNSS;

e) o meridiano hipotético: é aquele estabelecido em campo, sem relação com os apresentados


acima. Deve ser evitado, uma vez que, no futuro, pode tornar difı́cil ou até impossı́vel
aviventar o levantamento. Sugere-se, caso se utilize este tipo, a construção de marcos nos
pontos que foram utilizados para a sua definição. Desta forma, seria possı́vel a aviventação
dos alinhamentos no futuro.

7.2.6 Azimute
O azimute (Az) de um alinhamento é o ângulo horizontal entre o meridiano e o alinhamento,
medido no sentido horário. As medidas de azimute iniciam no norte do meridiano, variando de
0◦ a 360◦ . O meridiano pode ser quaisquer dos apresentados na secção 7.2.5.
O azimute quando medido do começo para o final do alinhamento é denominado azimute de
vante. Na Figura 7.5a são observados os azimutes de vante OA, OB, OC OD, respectivamente, de
45◦ , 160◦ , 230◦ e 300◦ .
O azimute de ré do alinhamento OA (vante) é o azimute de AO, ou seja, quando o azimute
do alinhamento é medido do final para o inı́cio do alinhamento. Quando se conhece o azimute
de vante um alinhamento, o seu azimute de ré pode ser calculado: i) subtraindo-se o azimute de
180◦ se ele estiver entre 180◦ e 360◦ ou; ii) somando-se ao azimute 180◦ , se ele estiver 0◦ e 180◦ .
Na Figura 7.5b é apresentado o alinhamento OA com azimute de vante, 45◦ , e o seu azimute de
ré, AO, de 225◦ (180◦ + 45◦ ).

a) Azimutes de vante. b) Azimute de ré do alinhamento OA.


N

N Azimute de ré

A A
N
225◦

Azimute OA
D
S

45◦
45◦
160◦ O
O

230◦ S
S

300◦
C B

Figura 7.5
Exemplo de azimutes de vante (a) e ré do alinhamento OA (b).

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

7.2.7 Rumo
O rumo de um alinhamento é o menor ângulo que ele faz com o meridiano, logo, nunca é maior
que 90◦ . A medição dele começa no norte ou sul do meridiano, medindo-se à direita ou à es-
querda, caso o alinhamento se encontre à leste (E) ou à oeste (W) do meridiano, respectivamente.
Para a sua adequada descrição, além do ângulo, deve-se constar o quadrante na qual o alin-
hamento se encontra, nordeste (NE), sudeste (SE), sudoeste (SW) ou noroeste (NW). O meridiano
pode ser o geodésico, da quadrı́cula, hipotético, etc.
Chama-se de rumo de vante, quando o mesmo é medido do inı́cio do alinhamento para o final.
Na Figura 7.6a são observados exemplos de medidas de direção utilizando o rumo de vante.
Observe que os alinhamentos estão nas mesmas direções e sentidos do exemplo apresentado para
o azimute na Figura 7.5a.
O rumo de ré OA é o rumo AO, ou seja, quando mede-se o rumo do fim do alinhamento
para o começo. Os valores dos rumos de ré também são menores que 90◦ , e deve-se informar o
quadrante em que se encontra. O rumo de ré é de fácil determinação, o valor angular é o mesmo
e o quadrante, o oposto. Na Figura 7.6b é apresentado o rumo de ré do alinhamento OA, 45◦ SW.

a) Rumos de vante. b) Rumo de ré do alinhamento OA.

N
NW N NE
A N A
45◦ NE

60◦ NW 45◦ NE

D
45◦ SW (rumo de ré)

O S
W E
O

S
Figura 7.6 C 20◦ SE
Exemplo de rumos de
50◦ SW
vante (a) e ré do alin- B
hamento OA (b). SW S SE

7.2.8 Conversão de azimutes em rumos


Para fazer a conversão de azimute para rumo basta verificar o quadrante em que se encontra
o alinhamento e aplicar a regra da Equação 7.2. Note que para o rumo, deve-se acrescentar o
quadrante em que se encontra o alinhamento.


 Az (NE) se 0◦ < Az ≤ 90◦

180◦ − Az (SE) se 90◦ < Az ≤ 180◦
Rumo = (7.2)


 Az − 180◦ (SW) se 180◦ < Az ≤ 270

360◦ − Az (NW) se 270◦ < Az ≤ 360◦

Exemplo 7.1

Dados os azimutes dos alinhamentos: 12 = 37◦ 400 , 23 = 122◦ 150 , 34 = 257◦ 300 e 45 =
290◦ 100 . Calcular o rumo.
Solução
Na Figura a seguir é apresentada a solução.

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

N 2 N
Az23 = 122◦ 150 , logo,
R23 = 180◦ − 122◦ 150
R23 = 57◦ 450 SE
Legenda
Azimute 2
1
Rumo Az12 = 37◦ 400 , logo,
R12 = 37◦ 400 NE
3
S S

N N
Az34 = 257◦ 300 , logo, Az45 = 290◦ 100 , logo,
R34 = 257◦ 300 − 180◦ 5 R45 = 360◦ − 290◦ 100
R34 = 77◦ 300 SW R45 = 69◦ 500 SW
3 4
4

S S

7.2.9 Erro angular de fechamento


Sempre que se realiza um levantamento topográfico é necessário fazer a verificação se os erros nas
medições de ângulos e distâncias estão de acordo com a tolerância definida pela NBR13133 (1996),
para depois compensá-los, se estiver dentro do máximo tolerado. Tal procedimento só é possı́vel
se a poligonal for do tipo fechada ou quando aberta e apoiada (ver Capı́tulo 8). Por exemplo,
se for uma poligonal fechada em um ponto e os ângulos internos medidos, o erro angular de
fechamento é a diferença do somatório do ângulos internos medidos com o somatório dos ângulos
internos teórico. Se aberta e apoiada, é a diferença do azimute calculado do alinhamento final com
o azimute deste alinhamento previamente estabelecido.
Para o somatório dos ângulos internos, considere, por exemplo, uma poligonal fechada
fechada na forma de triângulo, em que foram medidos os ângulos internos, temos o número
de lados desta poligonal, n, de três. Logo soma dos ângulos internos teórico é de 180◦ . Pode-se
generalizar por (n − 2)180◦ o somatório dos ângulos internos teórico de uma poligonal qualquer
com n vértices.
A tolerância para o erro angular de fechamento (Tα) vária de acordo com finalidade levan-
tamento a ser realizado. Para uma poligonal fechada de n vértices e apoiada em um só ponto, √
cuja a finalidade é para estudos de viabilidade em projetos de engenharia, temos Tα ≤ 4000 n.
Para outros casos ver NBR13133 (1996). Em se encontrando um erro angular menor do que o
estabelecido pela norma, é realizada a compensação, que nada mais é do que, a distribuição do
erro angular de fechamento nos ângulos medidos.
Exemplo 7.2

Calcular o erro angular de fechamento da poligonal fechada da Figura 7.4a (pg. 102).
Se o levantamento foi realizado para estudos de viabilidade em projetos de engenharia,
pergunta-se, o erro angular de fechamento estaria dentro da tolerância estabelecida pela
NBR13133?
Solução

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

Para a poligonal em questão, temos 5 lados, n = 5, então somatório de ângulos internos


teórico é 540◦ , (5 − 2)180◦ . O somatório dos ângulos internos medidos é:

Vértice ^ medido
A 99◦ 480 5400
B 95◦ 550 1500
C 118◦ 370 5000
D 82◦ 470 200
E 142◦ 500 1400
Σ = 539◦ 590 1500

Desta forma, o erro angular de fechamento é de −4500 (539◦ 590 1500 − 540◦ ). Se √
o levanta-
mento fosse para estudos de viabilidade em projetos de engenharia, Tα ≤ 4000 n = 8900 .
Como o erro do levantamento é menor, considerando valor absoluto (| − 4500 |), pode-se
concluir que o erro nas medições dos ângulos da poligonal estão dentro do limite estab-
elecido pela NBR13133, podendo-se realizar a compensação.

Compensação do erro angular


Uma vez que o erro angular de fechamento foi menor do que a tolerância, e antes de se calcular
os rumos ou os azimutes, é necessário que se faça a compensação do erro angular de fechamento,
para que o somatório dos ângulos internos da poligonal levantada seja igual ao do valor teórico.
Existem vários métodos de compensação, sendo que o mais comum é distribuir o erro angular de
forma linear entre os ângulos medidos. Ou seja, aplicar em cada um dos vértices o erro médio,
dado pelo erro angular de fechamento dividido pelo número de lados. No Exemplo 7.3 é ap-
resentada a distribuição do erro angular para o levantamento da Figura 7.4a (página 102). Este
método deve ser utilizado quando os comprimentos dos alinhamentos forem aproximadamente
iguais. Outros métodos de compensação podem ser encontrados, por exemplo, em Loch e Cordini
(1995).
Exemplo 7.3

Distribuir o erro angular de fechamento da poligonal fechada da Figura 7.4a (pg. 102) pelo
método linear.
Solução
Na tabela a seguir, é apresentado o resultado da compensação. Na coluna I estão os
ângulos horizontais medidos em cada um dos vértices; na II o erro médio e na III, o ângulo
interno compensado (I + II). Com o erro angular de fechamento de −4500 (ver exemplo 7.2),
e sendo a poligonal de cinco lados, temos o erro médio de 900 (4500 /5). Note que, como o
somatório dos ângulos medidos foi menor do que o teórico, então deve-se somar 900 a cada
um dos vértices. Caso contrário, o somatório das medidas angulares maiores que o teórico,
deve-se subtrair.

Vértice ^ medido erro médio ^ compensado


(I) (II) (I+II)
A 99◦ 480 5400 +9 99◦ 490 300
B 95◦ 550 1500 +9 95◦ 550 2400
C 118◦ 370 5000 +9 118◦ 370 5900
D 82◦ 470 200 +9 82◦ 470 1100
E 142◦ 500 1400 +9 142◦ 500 2300
Σ = 539◦ 590 1500 Σ = 4500 Σ = 540◦ 000 0000

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

7.2.10 Cálculo do azimute a partir dos ângulos internos à direita

Para os cálculos das coordenadas parciais, é necessário determinar os azimutes ou rumos dos
alinhamentos. Normalmente, nos cálculos, trabalha-se com valores de azimute, uma vez, que os
sentidos das coordenadas parciais dos alinhamentos são dados diretamente. Já, com os rumos,
temos que estabelecer os sentidos dos alinhamentos, por exemplo, se estão com sua projeção sobre
o eixo-x, à direita ou à esquerda, respectivamente, E ou W, do meridiano utilizado.

Quando o ângulo horizontal é medido para a direita, o cálculo do azimute de um alinhamento


é dado pelo azimute de ré do alinhamento anterior mais o ângulo à direita. O azimute de ré,
como já apresentado, é o azimute de vante ±180◦ . Na Figura 7.7 é apresentado graficamente
o cálculo dos azimutes dos alinhamentos para a poligonal da Figura 7.4 (página 102). Para esta
solução optou-se por calcular os azimutes de ré subtraindo 180◦ , sendo que não mudaria em nada
os valores dos azimutes calculados se utilizasse a soma de 180◦ . Note que os ângulos internos
utilizados são os compensados (ver Exemplo 7.3), e o azimute do alinhamento AB é conhecido
(299◦ 80 1900 ). Para o azimute do alinhamento BC temos:

• o azimute do alinhamento anterior, AB, é conhecido, logo o seu azimute de ré, BA, é dado
subtraindo do azimute AB de 180◦ , isto é, AzBA = 299◦ 80 1900 − 180◦ = 119◦ 80 1900 ;

• para se calcular AzBC , basta somar o AzBA ao ângulo interno medido em B,


AzBC = 119◦ 80 1900 + 95◦ 550 2400 = 215◦ 30 3400 .

O procedimento acima é repetido para os demais vértices. Um ângulo negativo indica que o
ângulo está sendo contado no sentido anti-horário. Quando o azimute calculado for menor que
0◦ ou maior que 360◦ , deve-se somar ou subtrair 360◦ , respectivamente. Se a poligonal for fechada
ou apoiada em vértices de controle, ao final dos cálculos deve-se confrontar os azimute calculado
com: o azimute inicial, se a poligonal for fechada em um ponto ou; o azimute do alinhamento de
controle final, quando a poligonal for aberta e apoiada ao final. Na Tabela 7.1 são apresentados
os cálculos quando os dados estão tabelados.

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 107


CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

N
Cálculo do AzCD A
z

AB
Cálculo do AzBC B

= 215
N


3
0
Az 4300
B
C
N
Az

=
B
A 35◦ 30 4300

11
=

9
11


8 1 9 + 95 ◦5
9 8 9

0
◦ 01 00
B N 35◦ 30 4300

00

11
AzCD = 35◦ 30 4300 + 118◦ 370 5900

8 37 59 0 0

00
0 24 C AzCD = 153◦ 410 4200

0
95◦

50
55

2
4
= 00

A z AB =
21
5 3
◦ 0 4 3 00 A

00
0 9
81
00 29
9 8 19
◦ 0


9
11
C

Cálculo do AzEA A
Cálculo do AzDE
N N
Az AzEA = −123◦ 310 700 + 142◦ 500 2300
C
D
AzEA = 19◦ 190 1600
=1

00
AzDE = −26◦ 180 1800 + 82◦ 470 1100
53 41 042 0

7
C 00

31 0
23

0
AzDE = 56◦ 280 5300

−123 ◦

50
142 ◦
0

N
N E
E
◦ AzDE = 56◦ 280 5300
8 2 4 7’1
−26◦ 180 1800 1’
D

−123 ◦
D
31 0

7
00

Cálculo do AzAB para fins de verificação


N
B AzAB = −160◦ 400 4400 + 99◦ 490 300
AzAB = −60◦ 510 4100
- 1 6 0 4 0 04 4 00

0 00

49 3

A

99

AzAB = 360◦ − 60◦ 510 4100


AzAB = 299◦ 80 1900
N

16

E
0 40 0

44
00

Figura 7.7
Cálculo dos azimutes utilizando ângulos internos.

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 108


CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

Vértice ^ compensado Az
A 99◦ 490 300 AzAB = 299◦ 80 1900 (conhecido)
B 95◦ 550 2400 AzBC = 299◦ 80 1900 − 180◦ + 95◦ 550 2400 = 215◦ 30 4300
C 118◦ 370 5900 AzCD = 215◦ 30 4300 − 180◦ + 118◦ 370 5900 = 153◦ 410 4200
D 82◦ 470 1100 AzDE = 153◦ 410 4200 − 180◦ + 82◦ 470 1100 = 56◦ 280 5300
E 142◦ 500 2300 AzEA = 56◦ 280 5300 − 180◦ + 142◦ 500 2300 = 19◦ 190 1600
Verificação
A 99◦ 490 300 AzAB = 19◦ 190 1600 − 180◦ + 99◦ 490 300 = −60◦ 510 4100 = 299◦ 80 1900

Tabela 7.1
Tabela de cálculo dos azimutes do exemplo da Figura 7.4a. Os ângulos internos são os compensados (Exemplo 7.3).

No que diz respeito ao cálculo dos rumos, já foi dito anteriormente que é preferı́vel trabalhar
com os ângulos de azimute devido a facilidade na computação das projeções dos alinhamentos.
Todavia, o cálculo do rumo é realizado de maneira similar aos do azimutes. Devendo-se consid-
erar o rumo anterior e o ângulo interno medido. Outra possibilidade para determinação do rumo,
seria calcular o azimute e posteriormente converter para rumo, conforme Secção 7.2.8.

7.2.11 Cálculo do azimute a partir da deflexão


Quando se trabalha com ângulos de deflexão, o azimute de um alinhamento é dado pelo azimute
anterior mais ou menos, respectivamente, o ângulo de deflexão à direita (DD) ou à esquerda (DE)
do alinhamento a ser calculado. Tal procedimento é apresentado no Exemplo 7.4, juntamente com
o cálculo do erro de fechamento angular e sua compensação.
Exemplo 7.4

A poligonal aberta da Figura a seguir foi medida por meio das deflexões, sendo que os
azimutes inicial e final, respectivamente, O1 e 5P, são conhecidos. Calcular o erro angular
de fechamento e compensar os azimutes pelo método linear.

DD = 123◦ 210 5200


6 00

1
11
0 5 0

DD = 99◦ 230 1100


=2 ◦

3 5
O1

DD = 49◦ 340 3600


AZ

2
AZ

O
P5
=

4
14

DE = 71◦ 470 2500 DE = 76◦ 380 4200


4
◦44
0
13
00

Solução
O erro angular de fechamento será determinado comparando o azimute final do alin-
hamento 5P calculado com o conhecido. As deflexões são apresentadas na coluna I. Os
azimutes são calculados somando ou subtraindo do azimute anterior a deflexão à direita
ou à esquerda, respectivamente (II). O primeiro azimute O1 que é conhecido não é calcu-
lado no inı́cio, só no final, para avaliação do erro angular. O erro encontrado, depois de
calculados os azimutes com os ângulos de deflexões medidos, é de 3500 a mais no azimute
final calculado (ver três últimas linhas da Tabela). Desta forma, a compensação linear a ser
aplicada em cada deflexão é de −700 , média do erro angular. Para evitar de se fazer nova-
mente os cálculos dos azimutes com as deflexões compensadas, aplica-se diretamento nos
azimutes calculados a compensação do erro médio acumulado (III). Observe que depois

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

da compensação aplicada, o valor de azimute calculado do alinhamento final (5P) deve ser
igual ao valor conhecido (IV).
Deflexão
Alin. Cálculo do Az Compensação Az comp
medida
(I) (II) (III) (IV)
O1 Azimute conhecido 20◦ 510 1600
12 123◦ 210 5200 (DD) 20◦ 510 1600 + 123◦ 210 5200 = 144◦ 130 800 −700 · 1 = −700 144◦ 130 100
23 71◦ 470 2500 (DE) 144◦ 130 800 − 71◦ 470 2500 = 72◦ 250 4300 −700 · 2 = −1400 72◦ 250 2900
34 49◦ 340 3600 (DD) 72◦ 250 4300 + 49◦ 340 3600 = 122◦ 00 1900 −700 · 3 = −2100 121◦ 590 5800
45 76◦ 380 4200 (DE) 122◦ 00 1900 − 76◦ 380 4200 = 45◦ 210 3700 −700 · 4 = −2800 45◦ 210 900
5P 99◦ 230 1100 (DD) 45◦ 210 3700 + 99◦ 230 1100 = 144◦ 440 4800 −700 · 5 = −3500 144◦ 440 1300
Az5P calculado 144◦ 440 4800
Az5P conhecido −144◦ 440 1300
erro=3500

7.2.12 Cálculo do azimute a partir das coordenadas retangulares

A partir das coordenadas retangulares dos pontos de um alinhamento é possı́vel calcular o seu
azimute. Atualmente, com o auxı́lio do GNSS, ou a partir da rede do Sistema Geodésico Brasileiro,
é comum começar o levantamento a partir de pontos de coordenadas UTM. Se o azimute for
calculado das coordenadas UTM, os azimutes serão aqueles em relação ao norte da quadrı́cula.
O cálculo do azimute é similar à conversão de coordenadas retangulares para polares (ver secção
1.2.2, pg. 11), todavia com a contagem dos ângulos no eixo-y (N), e o sentido da medição dos
ângulos, o horário. Uma vez definido o azimute, o rumo pode ser determinado como apresentado
na Secção 7.2.8.

Exemplo 7.5

Dadas as coordenadas UTM, levantados com receptor GNSS, dos pontos A, B, E e F:


A (E = 485 631 m; N = 7 702 079 m);
B (E = 485 701 m; N = 7 701 980 m);
E (E = 485 191 m; N = 7 702 043 m);
F (E = 485 231 m; N = 7 702 148 m).
Solução
Alinhamento AB
AzAB = α + 90◦ 
N ∆y
AzAB = arctan + 90◦
 ∆x 
7 702 079 − 7 701 980
AzAB = arctan + 90◦
Az   485 701 − 485 631
99
A AzAB = arctan + 90◦
α 70
∆y AzAB = 144◦ 440 1300
No quadrante SE o rumo a partir do azimute será:
RumoAB = 180◦ − 144◦ 440 1300
∆x RumoAB = 35◦ 150 4700 SE
B

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

Alinhamento EF
 
∆x
N AzEF = arctan
 ∆y 
∆x 485 231 − 485 191
F AzEF = arctan
 7 702148 − 7 702 043
Az 40
AzEF = arctan
∆y 105
AzEF = 20◦ 510 1600
No primeiro quadrante o rumo será igual ao azimute:
RumoEF = 20◦ 510 1600 NE
E

7.2.13 Medidas de azimute em campo

No campo, conhecendo o azimute de um alinhamento, é


N
possı́vel determinar os azimutes de outros alinhamentos. Por
exemplo, considere o azimute AB do Exemplo 7.5 da página 110, Az
de AzAB = 142◦ 70 3000 . Ele foi calculado de coordenadas UTM, C
=

14
obtidas por GNSS, logo o meridiano é o da quadrı́cula das co-

2 7 30 0 0
◦ 0
ordenadas UTM. Suponha que temos que medir o azimute do
A
alinhamento AC, conforme apresentado na Figura ao lado. A

Az
metodologia a ser seguida é, estacionar e nivelar o equipamento

=
29
em A. Faz-se uma visada em B onde, via teclado, o ângulo hor-
2
50 ◦
0
izontal de 142◦ 70 3000 é digitado para este ponto, caso se tra-
2
00

balhe com estação total. Desta forma, estabelecemos em campo B


o azimute de AB. Com teodolito, tal procedimento também é
possı́vel por meio dos parafusos que prendem e soltam o movimento do limbo ao equipamento.
Uma vez que a direção AB é estabelecida, quando rodando a luneta horizontalmente, o ângulo
horizontal mostrar 0◦ 000 0000 , teremos a direção norte, neste caso, o norte da quadrı́cula. Para o
nosso exemplo, que é o de medir o azimute AC, basta fazer uma visada precisa em C onde, o
ângulo horizontal apresentado na tela da estação total corresponderá ao valor do azimute AC
(292◦ 500 200 ).
Se o equipamento estiver nivelado e centralizado em B, pode-se fazer uma visada para A.
Como o azimute AB é conhecido, então o seu azimute de ré, BA, também é, sendo igual a
322◦ 70 3000 (142◦ 70 3000 + 180◦ ). Este valor é inserido para o ângulo horizontal. Mais uma vez, agora
em B, quando o ângulo horizontal for 0◦ 000 0000 , corresponderá a direção do norte da quadrı́cula.
Desta forma, as medidas de ângulo horizontal a partir de B corresponderão aos azimutes. Tal
procedimento, de mudança de estação e medição dos azimutes a partir do anterior, pode ser real-
izada para se fazer o levantamento de uma poligonal qualquer. No caso dela ser fechada, como no
exemplo da Figura 7.4, página 102, deve-se repetir a medida do alinhamento inicial, objetivando
o calculo do erro angular de fechamento.

7.2.14 Declinação magnética


Parte dos levantamentos topográficos realizados no passado, utilizaram como referência da
direção norte, aquela observada pelo norte da bússola, a qual denomina-se de norte magnético.
A direção do norte magnético pode ser definida pela direção longitudinal de uma agulha mag-
netizada livre, apoiada apenas no seu centro. A agulha será orientada de acordo com o campo
magnético da terra, que tem variação temporal e espacial. Logo, se o topógrafo têm como objetivo

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

aviventar para o presente os alinhamentos medidos no passado, em relação ao norte magnético,


deverá encontrar, por exemplo, a direção do norte verdadeiro do alinhamento. Isto é possı́vel
através do conhecimento da declinação magnética nas diferentes datas.

A declinação magnética é o ângulo formado entre o norte geodésico e o norte magnético


local. Quando o norte magnético se encontra à direita do norte geodésico, a declinação magnética
é positiva e podemos abreviar pela letra “E” (este). Por outro lado, quando o norte magnético
encontra-se à esquerda do norte geodésico, a declinação magnética é negativa, ou pode-se utilizar
a letra “W” de west (oeste). Na Figura 7.8 temos a apresentação da declinação magnética de −19◦
para o ano de 2000, em uma posição próxima a Brası́lia.

Pólo Norte Magnético


Pólo Norte Geográfico

−19◦ Declinação magnética

u u u u u u
u u u u u u

Pólo Sul Geográfico


Pólo Sul Magnético

Figura 7.8
Representação gráfica da declinação magnética na região central do Brasil para o ano de 2000.

Exemplo 7.6

O azimute magnético do alinhamento AB é de 230◦ 230 . Sabendo-se que a declinação


magnética local é −21◦ 90 , calcular o azimute verdadeiro deste alinhamento.
Solução

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

NG De acordo com o esquema apresen-


NM tado ao lado, o azimute verdadeiro AB
pode ser dado por:

δ AB =
Azverda = Azmag + δAB
Azverda = 230◦ 230 − 21◦ 90

−21
Azverda = 209◦ 140 .

◦ 90

Az m
a g =230
A

Azve
r
23

da =
0

A variação temporal da declinação magnética, denomina-se de variação secular. Um exem-


plo da variação secular da declinação magnética, logo, também, da variação temporal do norte
magnético, é apresentado na Figura 7.9. Os valores da declinação magnética são para a cidade
do Rio de Janeiro, baseados na Referência do Campo Geomagnético Internacional (IGRF, Interna-
tional Geomagnetic Reference Field). Em 1590, a declinação magnética era de +13◦ 220 . Com o passar
dos anos, ela foi gradualmente se deslocando para a esquerda, sendo que em 1800 era de +5◦ 130 ,
e em julho de 1853 era de 0◦ . A declinação magnética continua se deslocando para a esquerda,
em 2016 é de −22◦ 440 . Note que, a forma da seta que apresenta a direção da declinação magnética
é representada de maneira distinta, quando está a este é desenhada apenas a ponta direita, en-
quanto se a oeste, a ponta esquerda. Esta nomenclatura é utilizada, por exemplo, nas cartas do
IBGE.

NG NG NG NG
13 22 0

5 13 0

δ=
δ=+ ◦

δ=+ ◦

−22
◦ 44
0

NM NM NM
NM
δ = 0◦

Figura 7.9
Variação temporal da declinação
magnética (δ) para o Municı́pio do
Rio de Janeiro. Dados do modelo
IGRF. 1590 1800 Julho de 1853 2016

Linha isogônica se refere ao conjunto de pontos ligados por linhas onde a declinação magnética
tem o mesmo valor em determinada época. Elas mostram a variação espacial da declinação
magnética. Na Figura 7.10 são apresentadas linhas isogônicas para o Brasil, ano de 2000, se-

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

gundo o IGRF. Neste ano a declinação magnética no Brasil variou de aproximadamente −23◦ a
−3◦ , costa leste e oeste do estado do Acre, respectivamente. A linha isogônica de 0◦ , direção do
norte geográfico igual a do norte magnético, é denominada de linha agônica.

◦ ◦ −18◦
−16◦−17 −18
−15◦
−14◦
−13◦
−19◦
−12◦
−11◦
−10◦ −20◦
−9◦
−8◦ −21◦
−7◦
−6◦ −22◦
−5◦
−4◦
−3◦ −23◦

−1◦ ◦
−2

Figura 7.10
Linhas
isogônicas
em 2000 para a
região do Brasil
segundo IGRF.

Uma linha isopórica consiste nos pontos de mesma variação anual da declinação magnética
em determinada época. Ela apresenta a variação secular da declinação magnética. Na Figura 7.11
são apresentadas linhas isopóricas para o Brasil no ano de 2000. A unidade das linhas isopóricas
são de minutos por ano. Quando uma linha isopórica é negativa, a declinação magnética está
se movendo para oeste (W), e positiva para este (E). No ano de 2000, as maiores variações anu-
ais da declinação magnética ocorre no oeste do Brasil, com uma variação próxima de −90 /ano.
No nordeste se encontrava a linha isopórica de 00 /ano, ou seja, a variação anual de declividade
magnética foi zero.
Além da variação espacial e da variação secular da declinação magnética, pode-se citar:
• a variação diária, é aquela em que ocorre ao longo de 24 horas. Ela é regular, ou seja, se repete
a cada 24 horas. Ocorre devido à correntes elétricas na alta ionosfera (região acima dos 100
km) variar ao longo de 24 horas. A variação da declinação magnética ao longo de 24 horas
é pequena, por exemplo, em Hartland, Reino Unido, verificou-se variação de aproximada-
mente 180 (SURVEY, 2015). Já para os Estados Unidos, a variação é de aproximadamente 80
ao longo de 24 horas (WOLF; GHILANI, 2004);
• a variação irregular, é uma variação imprevisı́vel. Pode ocorrer devido ao distúrbio das tem-
pestades solares ao campo magnético da terra; ou por efeito de proximidade de materiais
metálicos ou de correntes elétricas locais, como àquelas que são geradas por fios de alta
tensão. Embora imprevisı́vel, as tempestades solares tem uma frequência de aproximada-
mente 11 anos. Segundo Wolf e Ghilani (2004) estas perturbações na declinação magnética
são pequenas, de cerca de um grau ou mais.

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

Por meio de interpolação das linhas isopóricas, pode-se encontrar a variação anual da declinação
magnética para uma posição geográfica de interesse. O valor da variação encontrada, pode ser
utilizada em conjunto com a declinação magnética local, para encontrar a declinação magnética
em anos anteriores ou posteriores. Todavia, isto não se faz necessário atualmente, devido
à disponibilidade na internet de dados de declinação magnética para diferentes posições ge-
ográficas e épocas. Pode-se citar como fontes de consulta da declinação magnética na internet
utilizando o Modelo Magnético Mundial (World Magnetic Model, Chulliat et al. (2014)) e o IGRF,
os seguintes endereços:

a) para IGRF, hhttp://ccmc.gsfc.nasa.gov/modelweb/models/igrf vitmo.phpi;

b) para IGRF e WMM, hhttp://www.ngdc.noaa.gov/geomag-web/#declinationi e;

c) para IGRF, hhttp://www.on.br/conteudo/modelo.php?endereco=servicos/servicos.htmli.

−7′ −6′ −5′ −4′ −3′ −2′ −1′ 0′ 1′ 2′

−8′

−9′

Figura 7.11
Linhas isopóricas em 2000 para a região segundo o IGRF.
7′

Exemplo 7.7

Na página do Observatório Nacional (endereço na internet, item “c”) é possı́vel


encontrar os valores da declinação magnética do IGRF. Por meio dela, calcu-
lar a variação da declinação magnética para a cidade de Vitória, Espı́rito Santo
(φ = −20◦ 190 1000 , λ = −40◦ 200 1600 ), entre o perı́odo de 1/Jan/1960 e 1/Jan/2014.
Solução

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.2. ÂNGULO HORIZONTAL

δ 1/jan
/ 19
Segundo o modelo IGRF, para a posição geográfica

60
δ 1/ j

=−
de Vitória, a declinação magnética em 1/jan/1960

an

18, 6
/2
e 1/jan/2014 foi de, respectivamente, −18, 65◦ e
01
4
NG

5
−21, 54◦ . Logo, a variação da declinação magnética
=


−2 no perı́odo:
1, 5
4

∆δ = δ1/jan/2014 − δ1/jan/1960
∆δ = −21, 54◦ − (−18, 65◦ )
∆δ = −2, 89◦ .
Observe que a variação foi negativa, ou seja, o norte
∆δ magnético ao longo do perı́odo analisado se deslocou
para oeste.

Vitória

Uma vez que um alinhamento teve a sua direção determinada com referência ao norte o
magnético, o seu azimute ou rumo é dito como sendo magnético. Conhecendo o azimute ou
rumo magnético de um alinhamento é possı́vel, por meio da declinação magnético da época,
encontrar seu azimute ou rumo verdadeiro. Considerando o sinal negativo para declinação oeste
(W) e positiva para a declinação à leste (E), o azimute verdadeiro é dado pelo azimute magnético
mais a declinação magnética da época do levantamento (ver Exemplo 7.6).

Muitas vezes no processo de aviventação de uma área levantada no passado, tem-se que
encontrar novamente a direção dos respectivos alinhamentos em campo no presente. Se os al-
inhamentos tiveram suas direções obtidas com a referência do norte magnético, na época da
aviventação, tem-se que fazer suas atualização, considerando a mudança da direção do norte
magnético entre as duas épocas. Mais uma vez, tal procedimento é possı́vel, por meio da aplicação
da variação de declinação magnética entre as épocas aos azimutes ou rumos magnéticos medidos
no passado (ver Exemplo a seguir).

Exemplo 7.8

Na região de Umuarama, PR, o alinhamento BC teve o seu azimute magnético medido


de 153◦ 410 3000 em 10/12/1967. Qual é o azimute magnético deste alinhamento se você
estivesse locando em campo este mesmo alinhamento em 4/5/2014?
Solução

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.3. ÂNGULO VERTICAL

δ10/12/1967
δ 4/ 5/ Para a localização geográfica de Umuarama,
201

= −9 52
4
=−
segundo o IGRF, verifica-se que a declinação

◦ ′
magnética em 10/12/1967 e 4/5/2014 era de,
17 2

NG respectivamente, −9◦ 52′ e −17◦ 2′ . Logo, ∆δ no


perı́odo:
∆δ
∆δ = −17◦ 2′ − −9◦ 52′ = −7◦ 10′
O azimute magnético BC em 4/5/2014 é:
A Azmag(4/5/2014) = Azmag(10/12/1967) + |∆δ|
A z ma Azmag(4/5/2014) = 153◦ 41′ 30′′ + 7◦ 10′

z ma
g
(1
0 Azmag(4/5/2014) = 160◦ 51′ 30′′ .

g ( 4/
/1
2/

5/ 14)
6 7)

B
= 1 5 3◦

=?
41 ′

30

7.3 Ângulo vertical

O ângulo vertical é o ângulo medido no plano vertical. Quando a origem das medição do ângulo
vertical for o zênite1 , o ângulo vertical é denominado de ângulo zenital (z). Caso a origem seja o
plano horizontal, o ângulo vertical é de inclinação (α) (Figura 7.12). Os ângulos verticais medidos
de estações totais e teodolitos são utilizados, por exemplo, para calcular diferenças de nı́vel e
reduzir a distância inclinada para distância horizontal. A maior parte dos teodolitos utilizam o
ângulo vertical do tipo zenital. De modo geral, as estações totais têm a opção de se trabalhar com
ângulo vertical tipo zenital ou de inclinação.

1 Ver secção 9.1, pg. 141.

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.3. ÂNGULO VERTICAL

Prisma

ap

Zenite
z

α
b
linha horizontal
ai

Figura 7.12
Ângulo vertical zenital (z) e de inclinação (α). As abreviações “ai” e “ap”, correspondem, respectivamente, a altura
do instrumento e a altura do prisma, necessárias para calcular a diferença de nı́vel.

A variação do ângulo zenital é de 0◦ a 360◦ . Se o ângulo zenital é de 0◦ , a luneta se encontra


na direção contrária a vertical do lugar, ou seja, na direção do zênite. Na medida em que a luneta,
é inclinada na direção do horizonte, quando o ângulo for de 90◦ , conterá o plano horizontal.
Quando ela estiver na posição da vertical do lugar, direção do nadir, o ângulo será de 180◦ . A
luneta está na posição direta quando o ângulo zenital está entre 0◦ e 180◦ . Quando o ângulo zenital
for de 270◦ a luneta estará novamente no plano horizontal, até que, se novamente a luneta estiver
no zênite, o ângulo vertical medido será de 360◦ ou 0◦ . A posição inversa da luneta ocorre quando
o ângulo zenital estiver entre 180◦ e 360◦ .
Já o ângulo de inclinação tem variação de 0◦ a +90◦ se a visada for ascendente e, de 0◦ a
−90 se a visada for descendente. A Tabela 7.2 apresenta a relação entre o ângulo zenital, o de

inclinação, o tipo de visada, se ascendente ou descendente, e a posição da luneta.

Tabela 7.2 z α Tipo de visada Posição da luneta


Relação entre ângulo zenital 0◦ < z < 90◦ ascendente
(z), de inclinação (α) e tipo α = 90 − z Direta
90◦ < z < 180◦ descendente
de visada.
180◦ < z < 270◦ descendente
α = z − 270 Inversa
270◦ < z < 360◦ ascendente

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.3. ÂNGULO VERTICAL

7.3.1 Medição do ângulo vertical

Para reduzir os erros causados pelas medições dos ângulos verticais, ao invés de se realizar ape-
nas uma medida, sugere-se realizar pares de medidas, com a luneta na posição direta e inversa,
calculando-se o valor médio das medidas. Tem-se que o ângulo zenital médio na direção direta
(z̄d ) é dado por:

Σzd 360◦ · n − (Σzd + Σzi )


z̄d = + (7.3)
n 2·n

em que: Σzd é o somatório das medidas de z na posição direta; Σzi é o somatório das medidas de
z na posição indireta; n é o número de pares de medidas de zd e zi .

Exemplo 7.9

Calcule o ângulo zenital médio a partir dos quatro pares de medidas de ângulo zenital,
respectivamente, na posição direta e inversa da luneta:
1) 111◦ 320 4400 e 248◦ 270 500 ;
2) 111◦ 320 4000 e 248◦ 270 1100 ;
3) 111◦ 320 3700 e 248◦ 270 1100 e;
4) 111◦ 320 3900 e 248◦ 270 1300 .
Solução
Os dados podem ser organizados conforme a tabela abaixo. Nela são apresentados os
somatórios dos ângulos zenitais nas posições direta e inversa.
Medida zd zi
1 111◦ 320 4400 248◦ 270 500
2 111◦ 320 4000 248◦ 270 1100
3 ◦
111 32 37 0 00
248◦ 270 1100
4 ◦
111 32 39 0 00
248◦ 270 1300
◦ 0 00
Σzd = 446 10 40 Σzi = 993◦ 480 4000
De acordo com a Equação 7.3:

446◦ 100 4000 4 · 360◦ − (446◦ 100 4000 + 993◦ 480 4000 )
z̄d = +
4 2·4
◦ ◦ 0 00
1440 − (1439 59 20 )
z̄d = 111◦ 320 4000 +
8
z̄d = 111◦ 320 4000 + 0◦ 00 500
z̄d = 111◦ 320 4500 .

Sugestão de aula prática

Medição de ângulos pelo método das direções.

Objetivo: Medir em campo e calcular o ângulo horizontal pelo método das direções.
Procedimento: Em campo materializar três pontos consecutivos, A, B e C. Estacionar o
equipamento em C, e realizar dois pares de medidas do ângulo horizontal ABC com a
luneta na PD e PI. A caderneta de campo é o mesma apresentada na Figura 7.3, página
101.

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.3. ÂNGULO VERTICAL

Exercı́cios

7.1. Calcular o ângulo horizontal no ponto 2 pelo método das direções, dada as leituras de ré e
vante, respectivamente, nos pontos 1 e 3, com a luneta na posição direta e inversa, conforme a
Tabela 7.3.
Tabela 7.3 posição
estação repetição PV Hz
luneta
1 00◦ 000 0000
1
3 45◦ 190 1400
PD
1 00◦ 000 0000
2
3 45◦ 190 2700
2
1 179◦ 590 5700
1
3 225◦ 190 1500
PI
1 180◦ 000 0500
2
3 225◦ 190 2500

Resp.: 45◦ 190 19,700 .

7.2. Dados os azimutes de vante: Az01 = 132◦ 430 600 , Az12 = 265◦ 180 900 , Az23 = 169◦ 360 400 e Az34 =
316◦ 210 3400 , calcule:
a) os rumos de vante;
b) os rumos de ré e;
c) os azimutes de ré.
Resp.:
a) R01 = 47◦ 160 5400 SE, R12 = 85◦ 180 900 SW, R23 = 10◦ 230 5600 SE e R34 = 43◦ 380 2600 NW.
b) R10 = 47◦ 160 5400 NW, R21 = 85◦ 180 900 NE, R32 = 10◦ 230 5600 NW e R43 = 43◦ 380 2600 SE.
c) Az10 = 312◦ 430 600 , Az21 = 85◦ 180 900 , Az32 = 349◦ 360 400 e Az43 = 136◦ 210 3400 .

7.3. Dados os rumos de vante: RAB = 54◦ 300 2900 SW, RBC = 31◦ 20 5000 NE, RCD = 11◦ 30 4100 SE, e
RDE = 61◦ 210 3400 NW, calcule:
a) os rumos de ré;
b) os azimutes de vante e;
c) os azimutes de ré.
Resp.:
a) RBA = 54◦ 300 2900 NE, RCB = 31◦ 20 5000 SW, RDC = 11◦ 30 4100 NW e RED = 61◦ 210 3400 SE.
b) AzAB = 234◦ 300 2900 , AzBC = 31◦ 20 5000 , AzCD = 168◦ 560 1900 e AzEF = 298◦ 380 2600 .
c) AzBA = 54◦ 300 2900 , AzCB = 211◦ 20 5000 , AzDC = 348◦ 560 1900 e AzFE = 118◦ 380 2600 .

7.4. Calcular o azimute CD sabendo que: o azimute AB é 47◦ 210 200 ; ângulos medidos à direita
ABC = 141◦ 10 5400 e BCD = 85◦ 360 1000 .
Resp.: AzCD = 273◦ 590 600 .

7.5. Calcular o azimute 34 sabendo que: o azimute 12 é 242◦ 550 2200 ; ângulos medidos à direita
123 = 65◦ 120 1300 e 234 = 125◦ 60 4000 .
Resp.: AzCD = 73◦ 140 1500 .

7.6. O alinhamento AB é de controle, sendo suas coordenadas retangulares, em metros, de


A(559,432; 765,231) e de B(612,019; 791,692). Determine o azimute AB.
Resp.: AzAB = 63◦ 170 20,900 .

7.7. Repetir o exercı́cio 7.6 para o alinhamento OP com O(975,796; 419,790) e P(801,218; 152,865).

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.3. ÂNGULO VERTICAL

Resp.: AzOP = 213◦ 110 9,800 .

7.8. A soma dos ângulos internos medidos de uma poligonal de 9 lados é de 1259◦ 590 2400 . Deter-
mine qual o erro angular de fechamento e a compensação a ser aplicada em cada ângulo medido,
a fim de tornar a poligonal com erro angular igual a zero.
Resp.: o erro angular de fechamento é de −3600 . Será aplicado +400 em cada ângulo interno me-
dido.

7.9. Na Tabela 7.4 são apresentados os ângulos internos à direita medidos da poligonal fechada
ABCD. Calcule o erro angular de fechamento. Compense pelo método linear e calcule os azimutes
dos alinhamentos BC, CD e DA.
Tabela 7.4 Alin Azimute ^ à direita
Caderneta de campo. AB 186◦ 90 3300 A = 128◦ 40 200
BC B = 68◦ 570 3400
CD C = 113◦ 410 3200
DA D = 49◦ 170 3200

Resp.: o erro angular de fechamento é de 4000 . Os azimutes compensados: AzBC = 75◦ 60 5700 ,
AzCD = 8◦ 480 1900 e AzDA = 238◦ 50 4100 .
B

7.10. No levantamento apresentado ao lado, poligonal DDBC


aberta e apoiada, foram medidos os ângulos de deflexão: A

DDBC = 132◦ 430 600 , DECD = 65◦ 180 900 , DDDE = 69◦ 360 400 ,
DEEF = 66◦ 210 3400 , DEFG = 106◦ 100 1100 . Os azimutes de C
controle de saı́da e chegada foram de AzAB = 63◦ 520 800 e D
AzFG = 28◦ 220 900 . Determinar: DECD

a) o erro angular de fechamento;


b) os azimutes considerando a compensação DDDE

do erro angular de fechamento.


E
Resp.: o erro angular de fechamento é de 4500 . Os az- G
imutes compensados: AzBC = 196◦ 350 2300 , AzCD = 131◦ 170 2300 , DEEF
AzDE = 200◦ 530 3600 e AzEF = 134◦ 320 1100 . DEFG
F

7.11. Converta em azimutes e rumos verdadeiros os seguintes azimutes magnéticos com suas
respectivas declinações magnéticas (δ):
a) 6◦ 350 3000 , δ = 10◦ 50 W;
b) 28◦ 30 4000 , δ = 22◦ 320 W;
c) 228◦ 430 2000 , δ = 5◦ 520 E;
Resp.:
a) Azverda = 356◦ 300 3000 e Rverda = 3◦ 290 3000 NW;
b) Azverda = 5◦ 310 4000 e Rverda = 5◦ 310 4000 NE;
c) Azverda = 234◦ 350 2000 e Rverda = 54◦ 350 2000 SW.

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CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.3. ÂNGULO VERTICAL

7.12. Pesquisar na página do Observatório Nacional a declinação magnética para a Cidade de


Campina Grande (φ = −7◦ 130 5000 , λ = −35◦ 510 5200 ; altitude = 551 m), PB, para a data de
28/jan/1996.
Resp.: δ = −22◦ 200 2400 .

7.13. Repetir o cálculo da variação da declinação magnética como a realizada no Exemplo 7.7 (pg.
115) para o municı́pio de Piracicaba, São Paulo (φ = −22◦ 430 3100 , λ = −47◦ 380 5700 ; altitude =
547 m), entre o perı́odo 1/Jul/1950 e 15/Ago/2010.
Resp.: Em 1/Jul/1950 e 15/Ago/2010 a declinação magnética foi de, respectivamente, −11,87◦ e
−20,10◦ , logo a variação é de 8,23◦ W.

7.14. O ângulo zenital na posição direta é de 74◦ 20 4800 . Qual seria o ângulo equivalente se a luneta
estivesse na posição inversa.
Resp.: zd = 285◦ 570 1200 .

7.15. Foram medidos dois pares de ângulo zenital, na posição direta e inversa da luneta, re-
sultando nas seguintes leituras: na posição direta 87◦ 90 3700 e 87◦ 90 4300 e, na posição inversa
272◦ 500 2700 e 272◦ 500 2100 . Calcular o ângulo zenital médio na posição direta da luneta (z̄d ).
Resp.: z̄d = 87◦ 90 3800 .

7.16. Repetir o exercı́cio 7.15 considerando os seguintes valores de ângulos zenitais: na posição
direta 95◦ 490 1400 e 95◦ 490 1800 e, na posição inversa 264◦ 100 4000 e 264◦ 100 3600 .
Resp.: z̄d = 95◦ 490 1900 .

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8
Poligonal

Em um levantamento topográfico, pode haver a necessidade de estabelecer uma estrutura de pon-


tos com coordenadas conhecidas, tendo a função de servir de base de apoio para as medidas dos
pontos de detalhe. Para a construção desta estrutura, utiliza-se o que denominamos de poligonal,
que é definida como uma séria de linhas conectadas, onde os ângulos e as distâncias dos alin-
hamentos são medidos, todas as vezes que sua direção tem mudança. A avaliação da precisão
da poligonal, quanto aos ângulos e distâncias medidas, devem ser verificadas. Neste capı́tulo
apresentaremos os procedimentos para determinação e avaliação de poligonais.

8.1 Poligonal fechada

Uma poligonal fechada é aquela que começa e termina no mesmo ponto, é matematicamente e
geometricamente fechada, permitindo a avaliação dos erros angulares e lineares. Um exemplo
deste tipo de poligonal é apresentado na Figura 8.1, onde os ângulos horizontais são medidos à
direita. Os procedimentos para a medição dos ângulos horizontais são apresentados no Capı́tulo
7, sendo os medidores eletrônicos, presentes em estações totais, os equipamentos mais utilizados
para esta finalidade. Já as medidas de distâncias horizontais (ver Capı́tulo 6), são realizadas,
preferencialmente, por meio dos medidores eletrônicos de distância, devido à precisão. Todavia,
pode-se utilizar medidas de distâncias obtidas por meio dos métodos taqueométricas ou à trena,
dependendo do tipo de levantamento a ser realizado (NBR13133, 1996).

E
O

Figura 8.1 Legenda


Poligonal fechada, matematicamente e geometrica- Estação de controle
mente fechada. D Piquete - Estação de levantamento
CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.2. POLIGONAL ABERTA

8.2 Poligonal aberta

Uma poligonal aberta, geometricamente aberta, é aquela que apresenta uma série de alinhamen-
tos, não retornando ao ponto inicial, podendo ser apoiada ou não. Por exemplo, na Figura 8.2a
e b é apresentada, respectivamente, uma poligonal dita apoiada e não apoiada. Na poligonal
aberta e apoiada (Figura 8.2a), ela começa e termina em alinhamentos conhecidos, onde as suas
coordenadas foram previamente estabelecidas. Esta poligonal é dita geometricamente aberta e
matematicamente fechada, sendo possı́vel realizar uma avaliação do erro angular de fechamento
(ver secção 7.2.9, página 105) e do erro linear. Já a poligonal aberta e sem apoio, não é possı́vel a
avaliação dos erros angulares e lineares, logo, deve-se evitá-la. Contudo, caso ela não possa ser
evitada, faz-se necessário realizar as medidas de distância e de ângulos com o máximo de atenção,
se possı́vel com repetição, a fim de minimizar os erros.
Também na poligonal do tipo aberta, as distâncias e ângulos entre os alinhamentos devem
ser, preferencialmente, medidos por meio de medidores eletrônicos, disponı́veis nas estações to-
tais. Com relação aos ângulos horizontais, neste nosso exemplo, eles são medidos à direita. No
entanto, o método das deflexões também poderia ser o utilizado.

a) Poligonal aberta e apoiada E

B F
D
A
C

b) Poligonal aberta.
E

O
Legenda
B F Estação de controle
D
A Piquete - Estação de levantamento
C Distância medida
Ângulo medido

Figura 8.2
Exemplo de poligonal aberta e apoiada (a), matematicamente fechada e geometricamente aberta e poligonal aberta (b),
matematicamente e geometricamente aberta.

8.3 Cálculo de uma poligonal fechada

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 124


CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

Levantamento
A poligonal vai servir não em campo
de estrutura básica para
o mapeamento topográfico O eaf está Cálculo do erro angular
dos pontos de detalhe. As- dentro da de fechamento, eaf
tolerância?
sim, a sua qualidade com
relação a precisão angular não
sim
e linear têm que ser veri- Compensação do eaf

ficadas. Tais procedimen-


tos são realizados no es- Cálculo dos
Az’s provisórios
critório ou em campo. Em
campo é possı́vel, caso se Cálculo coorde-
trabalhe com estações to- nadas parciais
tais que permitam estas
O efl está
avaliações. Os procedi- Cálculo do erro de
dentro da
fechamento linear, efl
mentos para a avaliação e tolerância?
cálculo da poligonal, só são
possı́veis, ao final da co- Compensação do efl sim
leta dos dados em campo,
sendo eles apresentados na Cálculo das coorde-
Figura ao lado. As me- nadas retângulares,
DH’s e Az’s finais
didas de ângulos e de
distâncias serão avaliadas,
comparando o erro destas
medições com valores de tolerâncias máximas, estabelecidos pela NBR13133 (1996), sendo que,
apresentado erros superiores, há a necessidade de retornar em campo para repetir as medições
em campo.

8.3.1 Exemplo de cálculo de poligonal fechada

Na Figura 8.3 é apresentado um exemplo de caderneta de campo para uma poligonal do tipo
fechada. Esta poligonal será utilizada como o nosso exemplo para as avaliações e cálculos que
devem ser realizados neste tipo de politonal. Na caderneta de campo há a indicação de que os
ângulo internos foram medidos pelo método das direções e a distâncias horizontais correspon-
dem a média das leituras de ré e vante dos alinhamentos. Existe dois pontos de controle, o O e o
A, onde suas coordenadas UTM foram determinadas por meio de levantamento GNSS, logo, o az-
imute OA pode ser determinado. Ele será a referência para a determinação dos demais azimutes.
No inı́cio do levantamento, com o equipamento na estação A, a primeira medida de ângulo hori-
zontal foi do alinhamento de azimute conhecido, OA, ao primeiro alinhamento da poligonal, AB.
Depois passou-se a medir os ângulos internos e as distâncias horizontais dos alinhamentos, sendo
os seus valores anotados na tabela da caderneta de campo.

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

Levantamento realizado em 12/jun/2014. Método das direções para as


medidas dos ângulos internos. A distância horizontal é a média das medi-
das de ré e de vante dos alinhamentos.

I II III IV V
Hz DH
Estação ré vante o ’ ” metros
O B 139 27 3
A
E B 49 7 44 201,737
B A C 100 4 4 224,863
C B D 114 34 23 141,247
D C E 59 55 7 173,084
E D A 216 18 7 170,376
soma 539 59 25

N Coordenadas de O e A determinadas por


B GNSS de precição, fuso 22K, na região de
Umuarama, PR.
O (E = 268.111,805 m; N = 7.370.682,471 m)
A A (E = 268.011,610 m; N = 7.370.836,303 m).

C
O

Figura 8.3
Caderneta de campo de uma poligonal fechada.

• Avaliação do erro angular de fechamento

A avaliação o erro angular de fechamento é realizada por meio da verificação do somatório


dos ângulos internos medidos com o somatório dos ângulos internos teórico. Para o nosso exem-
plo, como o número de vértices é de 5 (n = 5), temos que o somatório teórico é de 540◦ , (n−2)180◦ .
Logo, erro angular de fechamento
√ é de 3500 . Considerando a tolerância máxima do erro angular
de fechamento Tα ≤ 40 n = 89 , conclui-se que os ângulos internos foram medidos dentro dos
00 00

limites admissı́vel de erro, logo, os ângulos internos podem ser compensados. A compensação
que será aplicada é a linear, conforme apresentada na Tabela 8.1. Note que o método linear é
indicado quando o comprimento do alinhamentos forem aproximadamente constante (ver secção
7.2.9, página 105). Quando isto não ocorrer, melhor ponderar as compensações pelos comprimen-
tos dos alinhamentos em que o ângulo foi medido onde, as maiores compensações são aplicadas
para os comprimentos mais curtos, pois estes estão sujeitos aos maires erros nas suas medidas
(LOCH; CORDINI, 1995; WOLF; GHILANI, 2004).

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

Estação ^ medido erro médio ^ compensado


(I) (II) (I+II)
A 49◦ 70 4400 +7 49◦ 70 5100
B 100◦ 40 400 +7 100◦ 40 1100
C 114◦ 340 2300 +7 114◦ 340 3000
D 59◦ 550 700 +7 59◦ 550 1400
E 216◦ 180 700 +7 216◦ 180 1400
Σ = 539◦ 590 2500 Σ = 3500 Σ = 540◦ 000 0000

Tabela 8.1
Compensação do erro angular pelo método linear

• Cálculo dos azimutes provisórios

Uma vez que os ângulos internos foram compensados, o próximo passo é o cálculo dos azimutes
provisórios. Nesta fase é necessário conhecer pelo menos um azimute do levantamento. Relem-
brando que os azimutes podem ter como referência de meridiano, o geográfico, o magnético, o
hipotético ou o da quadrı́cula.

Com o uso do GNSS, trabalhando com coordenadas do tipo UTM, a partir da determinação
de dois pontos na área a ser levantada, o azimute inicial tornou-se de fácil obtenção. Este azimute
tem como referência o meridiano da quadrı́cula. Como no nosso exemplo foram determinadas as
coordenadas UTM dos pontos de controle O e A, pode-se calcular o azimute OA e, como o ângulo
OAB também foi medido, o azimute AB pode ser calculado, conforme apresentado no Exemplo
8.1.

Exemplo 8.1

Calcular o azimute AB da poligonal fechada apresentada na Figura 8.3, onde se conhecem


as coordenadas UTM dos pontos O e A, e o ângulo OAB.
Solução
Cálculo do azimute OA por meio das coordenadas UTM:

AzOA = 360◦ − α  
∆x
∆x N AzAB = 360◦ − arctan
A  ∆y 
◦ 268 111,805 − 268 011,610
AzOA = 360 − arctan
α  7 370 836,303
 − 7 370 682,471
100,195
∆y AzOA = 360◦ − arctan
153,832
AzOA = 360◦ − 33◦ 4′ 38′′
AzOA = 326◦ 55′ 22′′ .
O
AzAB

Cálculo do azimute AB utilizando o azimute OA e o ângulo horizontal OAB:

N
B AzAB = AzOA − 180◦ + HzA
AzAB = 326◦ 55′ 22′′ − 180◦ + 139◦ 27′ 3′′
A AzAB = 286◦ 22′ 25′′ .
Hz A

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?
=

z
=
AzOA = 360 − arctan
α  7 370 836,303
 − 7 370 682,471
◦ 100,195
CAPÍTULO 8. POLIGONAL ∆y AzOA = 360 − arctan 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA
153,832
◦ ◦ ′ ′′
AzOA = 360 − 33 4 38
AzOA = 326◦ 55′ 22′′ .
O
AzAB

Cálculo do azimute AB utilizando o azimute OA e o ângulo horizontal OAB:

N
B AzAB = AzOA − 180◦ + HzA
AzAB = 326◦ 55′ 22′′ − 180◦ + 139◦ 27′ 3′′
A AzAB = 286◦ 22′ 25′′ .

Hz A

?
=
Az

=
39 ◦ N

1
2 7 ′ 3′ ′

2 2′′
O

55 ′
Az
OA ◦
= 326

Por meio de um azimute da poligonal conhecido, no nosso exemplo o azimute AB e; com


as medidas dos ângulos internos compensadas, os demais azimutes da poligonal podem ser cal-
culados. O azimute de um alinha manto é dado pelo azimute do alinhamento anterior ±180◦ ,
mais o ângulo interno compensado. Os azimutes provisórios calculados para o nosso exemplo
são apresentados na Tabela 8.2, onde no final, o azimute AB é recalculado para a verificação dos
cálculos.

Estação ^ compensado Az
A 49◦ 70 5100 AzAB = 286◦ 220 2500 (conhecido)
B 100◦ 40 1100 AzBC = 286◦ 220 2500 − 180◦ + 100◦ 40 1100 = 206◦ 260 3600
C 114◦ 330 2200 AzCD = 206◦ 260 3600 − 180◦ + 114◦ 330 2200 = 141◦ 10 600
D 59◦ 550 1400 AzDE = 141◦ 10 600 − 180◦ + 59◦ 550 1400 = 20◦ 560 2000
E 216◦ 180 1400 AzEA = 20◦ 560 2000 − 180◦ + 216◦ 180 1400 = 57◦ 140 3400
Verificação
A 49◦ 70 5100 AzAB = 57◦ 140 3400 − 180◦ + 49◦ 70 5100 = −73◦ 370 3500 = 286◦ 220 2500

Tabela 8.2
Tabela de cálculo dos azimutes do exemplo da Figura 8.2. Note que os ângulos internos são os compensados (Exemplo
8.1).

• Cálculo das coordenadas parciais

Uma vez calculados os azimutes provisórios, tem-se que determinar as coordenadas parciais dos
alinhamentos, que nada mais são do que as projeções dos alinhamentos sobre o eixo-x e y. Na
Figura 8.4 é apresentado um alinhamento hipotético AB, e a sua projeção sobre o eixo-x e y, cor-
respondendo, respectivamente, a ∆x e a ∆y. Como este alinhamento teve a distância horizontal
e o azimute determinados, por meio deles, pode-se calcular as suas coordenadas parciais.
As coordenadas parciais, quando calculadas a partir do azimute, poderão ter valores posi-
tivos ou negativos. Se ∆x ou ∆y forem positivos, indica que o alinhamento tem direção este ou
norte, respectivamente. Por outro lado, se ∆x ou ∆y forem negativos, a direção do alinhamento é
oeste ou sul, respectivamente. Para as coordenadas parciais calculadas por meio dos rumos, há a
necessidade de se estabelecer se o alinhamento está projetado esquerda ou ao sul (−), ou se está
à direita ou ao norte (+). Como o cálculo com o azimute retorna o sinal da projeção automatica-
mente, logo o sentido da projeção, a sua utilização se torna preferı́vel.

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

y (N) Considerando o alinhamento AB, onde foram


N
determinados o azimute e a distância hori-
zontal e, de acordo com triângulo retângulo
yB C ACB, temos:
B
∆x
sen Az = , logo: ∆x = DH sen Az
∆y Az DH
DH

yA A ∆y
cos Az = , logo: ∆y = DH cos Az
DH

em que:
x ∆x = xB − xB ;
xA xB
∆y = yB − yB .
∆x
Figura 8.4
Representação e cálculo das coordenadas parciais de um alinhamento por meio do seu azimute e da distância horizontal.

Na Figura 8.5 são apresentadas as coordenadas parciais dos alinhamentos da nossa poligonal
de exemplo (Figura 8.2). Também são apresentados os somatórios das distâncias horizontais,
ΣDH, e das coordenadas parciais, Σ∆x e Σ∆y. Estes somatórios serão utilizados nas próximas
etapas, avaliação do erro de fechamento linear e a sua compensação.

∆xBC ∆xAB
B ∆yAB
A
∆yBC ∆yEA

E ∆xEA
C
∆yDE
∆yCD
D
∆x ∆y
∆xCD ∆xDE Estação Az DH DH sen (Az) DH cos(Az)
A 286◦ 220 2500 201,737 –193,555 56,870
B 206◦ 260 3600 224,863 –100,134 –201,337
C 141◦ 10 600 141,247 88,854 –109,798
D 20◦ 560 2000 173,084 61,855 161,654
E 57◦ 140 3400 170,376 143,281 92,187
ΣDH = 911,307 Σ∆x = 0,301 Σ∆y = −0,424

Figura 8.5
Coordenadas parciais dos alinhamentos.

• Avaliação do erro de fechamento linear

A nossa poligonal, ABCDEA, começa e termina em um mesmo ponto, o A. Uma vez que as
medidas de ângulos e distância estão sujeitas a erros, caso se calcule as coordenadas retangulares
das estações a partir das coordenadas parciais (Figura 8.5), ao invés de obtermos ao final a mesma
coordenada da estação A, obterı́amos uma coordenada distinta, onde a denominaremos de A0 .
Na Figura 8.6 é apresentado um esquema da nossa poligonal que não fecha em A, mas sim em
A0 . A distância entre A e A0 é denominado de erro de fechamento linear (E). Ele é utilizado para
avaliação da precisão do levantamento, sendo dado por:

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

p
E= (Σ∆x)2 + (Σ∆y)2 (8.1)

B
A
A′

C
A Erro de
D fechamento
Σ∆y linear (E)


Figura 8.6
Esquema do erro de fechamento linear de uma
Σ∆x
A
poligonal.

Uma vez calculado E, deve-se compará-lo com a tolerância do erro linear de fechamento
(Tp ), que é apresentado na NBR13133 (1996). A Tp depende da finalidadepda poligonal. Para os
nossos exemplo e exercı́cios de poligonal fechada, utilizaremos Tp ≤ 0,56 L(km), sendo que, L
é o perı́metro da poligonal na unidade de quilômetros. Em se obtendo valor de E ≤ Tp , pode-se
realizar a compensação do erro de fechamento linear, a fim de tornar a poligonal fechada. Caso
contrário, E > Tp , o levantamento não está de acordo com a precisão necessária para o projeto,
devendo-se voltar ao campo e refazer as medidas de ângulos e de distância da poligonal.
Exemplo 8.2

Para a nossa poligonal de exemplo, calcular o erro de fechamento linear (E) e, verificar se
o mesmo se encontra dentro do limite de tolerância para o erro de fechamento linear.
Solução

De acordo com a Equação 8.1 e, os valores de Σ∆x e Σ∆y apresentados na Figura 8.5,
temos:
p
E = (0,301)2 + (−0,424)2 = 0,520 m.
O valor dopperı́metro da poligonal é de 911,307 m (0,911307 km) (Figura 8.5), logo Tp :
Tp = 0,56 0,911307) = 0,535 m.
Uma vez que o E ≤ Tp , pode-se concluir que a poligonal está dentro do limite máximo de
erro de tolerância para o erro linear de fechamento, podendo-se aplicar a distribuição do
erro linear.

Precisão relativa
Uma forma de apresentar no memorial descritivo e na planta, o grau de precisão interna da polig-
onal, é por meio da precisão relativa (Pr ). Ela é calculada pela razão entre o E e o perı́metro da
poligonal (ΣDH). Desta forma, Pr do nosso exemplo será:
E 0,520
Pr = =
ΣDH 911,307

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

Dividindo o numerador e o denominador por 0,520, com a finalidade de tornar o numerador


1 e, arredondando o denominador, temos:

0,520
0,520 1
Pr = = .
911,307 1.753
0,520

Significa que no nosso levantamento ocorre 1 m de erro a cada 1.753 m de perı́metro da polig-
onal. Quanto maior o valor do denominador, maior é a precisão do levantamento.

• compensação do erro de fechamento linear

A compensação do erro de fechamento linear, tem como objetivo tornar a poligonal fechada.
Pode-se citar como metodologias empregadas para compensação do erro de fechamento linear:
i) a distribuição do erro de fechamento igualmente por todas a coordenadas relativas; ii) pro-
porcional ao comprimento dos lados; iii) proporcional aos valores absolutos das coordenadas
parciais. A NBR13133 (1996) permite a compensação por quaisquer destes métodos. Para o nosso
levantamento utilizaremos o método proporcional ao comprimento dos lados, para os demais
métodos consultar, por exemplo, Loch e Cordini (1995), Wolf e Ghilani (2004) e Cole e Harbin
(2009).
A compensação do erro de fechamento linear, nas coordenadas parciais de um alinhamento
qualquer (C∆x e C∆y ), por exemplo o AB, pelo método proporcional ao comprimento do lado
será:

Σ∆x
C∆xAB = − × DHAB (8.2)
ΣDH

Σ∆y
C∆yAB = − × DHAB (8.3)
ΣDH

Exemplo 8.3

Considerando as coordenadas parciais apresentada na Figura 8.5, referente a poligonal


do nosso exemplo, calcular as coordenadas parciais compensadas por meio do método
proporcional ao comprimento dos lados.
Solução

De acordo com a Equação 8.2 e 8.3, para o alinha meto AB, temos:
0,301
C∆xAB = − × 201,737 = −0,067 m,
911,307
−0,424
C∆yAB = − × 201,737 = 0,094m.
911,307
Desta forma, ∆x e ∆y compensados (∆xC e ∆yC ), do alinhamento AB serão:
∆xCAB = ∆xAB + C∆xAB = −193,555 + −0,067 = −193.622 m,
∆yCAB = ∆yAB + C∆yAB = 56,870 + 0,094 = 56,964 m.
As compensações dos demais alinhamentos são apresentadas na Tabela a seguir. Note que
ao final da tabela é realizado o somatório das compensações e das coordenadas parciais
compensadas. O somatório das compensações tem que ser de mesmo valor do somatório
das coordenadas parciais, com sinal contrário. Já o somatório das coordenadas parciais
compensadas, tem que resultar em zero.

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

Estação DH ∆x ∆y C∆x C∆y ∆xC ∆yC


A 201,737 –193,555 56,870 –0,067 0,094 –193,622 56,964
B 224,863 –100,134 –201,337 –0,074 0,105 –100,208 –201,232
C 141,247 88,854 –109,798 –0,047 0,066 88,807 –109,732
D 173,084 61,855 161,654 –0,057 0,081 61,798 161,735
E 170,376 143,281 92,187 –0,056 0,078 143,225 92,265
Σ = 911,307 Σ = 0,301 Σ = −0,424 Σ = −0,301 Σ = 0,424 Σ=0 Σ=0

• cálculo das coordenadas retangulares da poligonal

A poligonal vai servir de apoio para as medidas dos pontos de detalhe do mapeamento logo,
o cálculo das suas coordenadas retangulares se faz necessário. A partir das coordenadas retan-
gulares, por exemplo, podem-se calcular as distâncias horizontais e os azimutes finais dos alin-
hamentos. Também, a partir das coordenadas retângulares, pode-se calcular a área da poligonal
pelo método de Gauss (Secção 2.3.3, página 28).
Para o cálculo das coordenadas retângulares, há a necessidade de se conhecer pelo menos
a coordenada de um ponto. Em uma situação ideal, a poligonal é vinculada a rede geodésica
(Sistema Geodésico Brasileiro), onde será utilizada as coordenadas UTM. Em não havendo pontos
de apoio topográfico, pode-se atribuir uma coordenada a um ponto, tomando-se o cuidado dele
ter valores suficientemente altos, para não resultar em coordenadas retângulares negativas nos
outros pontos. Por exemplo pode-se adotar no ponto inicial, x = 10.000 m e y = 10.000 m. Outros
procedimentos para a amarração da poligonal podem ser verificados na NBR13133 (1996, páginas
7-8).
Considere um alinhamento hipotético AB, onde são conhecidas, a coordenada retangular do
ponto A (xA , xA ) e as coordenadas parciais de AB (∆xAB e ∆yAB ), então a coordenada de B será:

xB = xA + ∆xAB (8.4)

yB = xA + ∆yAB (8.5)

Exemplo 8.4

Calcular as coordenadas retangulares da poligonal da Figura 8.3, considerando conhecida


a coordenada UTM da estação A (E = 268.011,610 m; N = 7.370.836,303 m).
Solução

A coordenada UTM, E e N, da estação A é em relação ao eixo-x e y da quadrı́cula logo,


xA = 268.011,610 m e yA = 7.370.836,303 m. De acordo com a Equação 8.4 e 8.5, e as
coordenadas parciais AB compensada, temos:
xB = 268.011,610 + −193,622 = 267.817,988 m,
yB = 7.370.836,303 + 56.964 = 7.370.893,267 m.
Para os demais alinhamentos, os resultados são apresentados na Tabela a seguir. Note
que a coordenada da estação conhecida é colocada na sua respectiva linha, assim, na linha
da estação A, é colocado o valor da coordenada UTM obtida por GNSS. Para as demais
estações a coordenada é calculada, somando a coordenada da linha acima (anterior) com
a parcial, também da linha acima na Tabela. Com o objetivo de verificção dos cálculos, ao
final, a coordenada do ponto inicial é calculada, em que deve-se obter o mesmo valor da
coordenada de saı́da, neste exemplo, a obtida por GNSS.

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

Estação ∆xC ∆yC x (E) y (N)


A –193,622 56,964 268.011,610 7.370.836,303
B –100,208 –201,232 267.817,988 7.370.893,267
C 88,807 –109,732 267.717,780 7.370.692,035
D 61,798 161,735 267.806,587 7.370.582,303
E 143,225 92,265 267.868,385 7.370.744,038
Verificação 268.011,610 7.370.836,303

• cálculo da distância horizontal e azimute dos alinhamentos da poligonal

O azimute e a distância horizontal final dos alinhamentos devem calculados ao final, pois, uma
vez que os erros dos ângulos e o linear foram compensados, a direção e a distância dos alin-
hamentos foram distintas das inicialmente calculadas e medidas, respectivamente. Estes azimutes
e distâncias recalculados, serão as medidas a serem apresentadas no memorial descritivo e na
planta final do levantamento.
As direções e as distâncias dos alinhamentos podem ser calculadas por meio das coordenadas
parciais compensadas ou das coordenadas retangulares finais. As relações para a determinação
do azimute e da distância horizontal de um alinhamento AB,, por exemplo, por meio das coorde-
nadas parciais compensadas ou das coordenadas retangulares finais, são:
xB − xA ∆x
tan AzAB = = (8.6)
yB − yA ∆y

xB − xA ∆x
DHAB = =
sen AzAB sen AzAB
yB − yA ∆y
= =
cos AzAB cos AzAB
p p
= (xB − xA )2 + (yB − yA )2 = ∆x2 + ∆y 2 (8.7)

Para simplificação das Equações 8.6 e 8.7, foram utilizados como sı́mbolos das coordenadas
parciais compensadas ∆x e ∆y e não ∆xC e ∆yC , como apresentado anteriormente.
Na determinação correta do azimute, deve-se considerar o quadrante em que o alinhamento
se encontra, somando 180◦ se o alinhamento estiver no quadrante SE ou SW e, somando 360◦
se o alinhamento estiver no quadrante NW. No quadrante NE, o azimute é dado diretamente na
Equação.
Cabe também salientar que, a Equação 8.6 não é definida quando ∆y = 0, nem a Equação 8.7,
quando sen AzAB = 0 ou cos AzAB = 0. Desta forma, comsiderar:
a) na Equação 8.6 o ∆y = 0, o azimute será de 90◦ ou de 270◦ , se ∆x > 0 ou ∆x < 0, respecti-
vamente;
b) na Equação 8.7 com o sen AzAB = 0 (Az = 0◦ ou Az = 180◦ ), a DH será o módulo de ∆y;
c) na Equação 8.7 com o cos AzAB = 0 (Az = 90◦ ou Az = 270◦ ), a DH será o módulo de ∆x.

Exemplo 8.5

Calcular os azimutes e as distâncias horizontais finais dos alinhamentos do nosso exemplo.


Solução

A partir das coordenadas parciais compensadas do Exemplo 8.2 e, por meio da Equação
8.6, o azimute AB será:

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA

−193,622
tan AzAB = = −3,3990 ∴ AzAB = arctan −3,3990 = −73◦ 360 2200 ,
56,964
Como o alinhamento está no quadrante NW:
AzAB = 360◦ − 73◦ 360 2200 = 286◦ 230 3800 .
Já a DHABp
, considerando a Equação 8.7:
DHAB = −193,6222 + 56,9642 = 201,828 m.

Para os demais alinhamentos, o procedimento é equivalente, sendo o resultado apresen-


tado na Tabela a seguir.
Alinhamento ∆xC ∆yC DH Az
AB −193,622 56,964 201,828 286◦ 230 3800
BC −100,208 −201,232 224,802 206◦ 280 1900
CD 88,807 −109,732 141,166 141◦ 00 5900
DE 61,798 161,735 173,139 20◦ 540 4200
EA 143,225 92,265 170,371 57◦ 120 3800
Observe que as distâncias horizontais e azimutes não correspondem aqueles medidos em
campos e calculados, respectivamente (ver Figura 8.5). Isto ocorre pois, ao longo dos
cálculos da poligonal fechada, os erros angulares e lineares foram compensados, modif-
icando as posições dos pontos, logo a distância horizontal entre eles os seus sentidos.

Após os cálculo das coordenadas, e azimutes finais, a NBR13133 (1996, página 19) ainda es-
tabelece que: “Após o ajustamento, devem ser calculados e comparados com seus valores preestabelecidos
como tolerâncias os erros médios relativos entre quaisquer duas estações poligonais (para todos os lados
poligonais), o erro médio em azimute e o erro médio em coordenadas (de posição)”. Estes procedimentos
de avaliação fogem ao objetivo introdutório deste livro, logo, não serão apresentados. Todavia,
estas informações podem ser obtidas na NBR13133 (1996).

8.3.2 Cálculo da poligonal quando pontos não podem ser ocupados

Muitas vezes, no levantamento de uma poligonal, não é possı́vel ocupar os pontos do limite
da área, por exemplo, se o limite é materializado por uma cerca. Logo, o que se pode fazer é,
estacionar o equipamento em uma posição próxima, e a partir desta estação, medir o ângulo hor-
izontal entre o alinhamento da poligonal e o ponto de interesse e, também, a distância horizontal
entre a estação e o ponto. Com o ângulo horizontal do alinhamento e o azimute da poligonal con-
hecido, é calculado o azimute da estação ao ponto obstruı́do e suas coordenadas parciais. Então,
a coordenada do ponto obstruı́do pode ser calculada, uma vez que ele está apoiado em um ponto
de coordenada conhecida e se conhecem as suas coordenadas parciais.

Exemplo 8.6

Considere que no nosso exemplo, ao invés da poligonal de interesse ser a ABCDEA, passe
a ser a ABPDEA, de acordo com a Figura que segue. A distância horizontal CP e o ângulo
à direita BCP foram medidos, sendo, respectivamente, de 7,85 m e 253◦ 220 . Calcular o
azimute e a distância horizontal do alinhamento BP.

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.4. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL ABERTA E APOIADA

E
O
7, 85
m
P C 253◦ 22′

7, 85
m
D P C 253◦ 22′

Solução

Primeiramente, deve-se calcular a coordenada do ponto P. Para tanto, temos que determi-
nar o AzCP e as suas coordenadas parciais do alinhamento CP. O AzCP é:
AzCP = AzBC − 180◦ + BCP
AzCP = 206◦ 260 3600 − 180◦ + 253◦ 220
AzCP = 279◦ 480 3600 .
As coordenadas parciais do alinhamento CP:
∆xCP = DHCP sen AzCP = 7,85 sen 279◦ 480 3600 = −7,735 m,
∆yCP = DHCP cos AzCP = 7,85 cos 279◦ 480 3600 = 1,338 m.
Uma vez que a coordenada do ponto C foi calculada (Exemplo 8.4), xC = 267.717,780 e
yC = 7.370.692,035 m, a coordenada de C será (Equações 8.4 e 8.5):
xP = xC + ∆xCP = 267.717,780 + −7,735 = 267.710,045 m,
yP = yC + ∆yCP = 7.370.692,035 + 1,337 = 7.370.693,372 m.
Com a coordenada do ponto B conhecida (Exemplo 8.4) e utilizando as Equação 8.6, temos
o azimute BP:
xB − xP 267.817,988 − 267.710,045 107,943
tan AzBP = = = = 0,54
yB − yP 7.370.893,267 − 7.370.693,372 199.895
Como o alinhamento BP está no quadrante SW:
AzBP = arctan 0,54 + 180◦ = 208◦ 220 800 .
A distância
p horizontal BP (Equação 8.7):
AzBP = p(xB − xP )2 + (yB − yP )2
AzBP = (267.817,988 − 267.710,045)2 + (7.370.893,267 − 7.370.693,372)2
AzBP = 227,178 m.

8.4 Cálculo de uma poligonal aberta e apoiada

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.4. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL ABERTA E APOIADA

No cálculo de uma poligonal


aberta e apoiada, as compensações
dos erros angulares e lineares são
realizadas da mesma forma que na
poligonal fechada, caso estejam den-
tro da tolerância estabelecida pela Ponto de chegada
NBR13133 (1996). Na avaliação dos
erros, se a poligonal aberta e apoiada
E′
tem desenvolvimento curvo, deve- E
se calcular o erro de fechamento an- O C H
gular e linear da mesma forma que
D
na poligonal fechada em um ponto, A F
conforme apresentado na Secção 8.3, B
e comparar com a tolerância máxima
para este tipo de poligonal. Já, se Ponto de partida
o desenvolvimento da poligonal for
retilı́neo, devem-se calcular os erros
de fechamento longitudinal (efl ) e o Legenda
E′
transversal (eft), e comparar se estes Estação de controle
estão de acordo com a tolerância da Estação do levantamento
Distância medida
eft E
NBR13133 (1996). efl é o erro de fechamento longitudinal
eft é o erro de fechamento transversal
H efl
Na Figura ao lado é apresen-
tada uma representação gráfica con-
Figura 8.7
ceitual do efl e do eft. Seja AE Representação do erro de fechamento longitudinal e transversal de uma
o alinhamento entre os pontos das poligonal aberta e apoiada.
estações de apoio, de saı́da e de
chegada, do levantamento da polig-
onal ABCDE. Como o levantamento
está sujeito aos erros angulares e lin-
eares, quando calculada a posição do ponto de chegada, ao invés de encontrarmos a coordenada
de E, será outra, denominaremos de E0 . A intersecção da projeção perpendicular de E0 ao alin-
hamento AB, será denominado de H. Desta forma, o efl será comprimento entre o ponto H e E,
enquanto o eft é a distância entre H e E0 . Como a poligonal tem desenvolvimento retilı́neo, eft é
função dos erro angular de fechamento, enquanto o efl é função do erro linear.

O eft e o efl podem ser obtidos analiticamente, antes da compensação angular. Um exemplo
de procedimento de cálculo é apresentado no Exemplo 8.7.

Exemplo 8.7

De acordo com a Figura 8.7, seja: a coordenada da estação de controle E igual a xE =


1420,118 e yE = 1159,889; a coordenada E0 , calculada a partir das medidas de campo, sem
a correção angular e linear igual a xE0 = 1419,080 e yE0 = 1160,235; o azimute entre as
estações de controle AE de 230◦ 280 4000 . Pergunta-se, qual o eft e o efl desta poligonal aberta
e apoiada.
Solução

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.4. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL ABERTA E APOIADA

De acordo com o esquema abaixo, para a determinação do AzEE′ a partir das coordenadas retan-
gulares de E e E′ , temos:
xE′ − xE 1419,080 − 1420,118
AzEE′ = 360◦ + arctan = 360◦ + arctan
yE′ − yE 1160.235 − 1159,889
−1.038
AzEE′ = 360◦ + arctan = 288◦ 26′ 6′′ .
0.346
O ângulo α é:
α = AzEE′ − AzEA = 288◦ 26′ 6′′ − 230◦ 28′ 40′′
N
α = 57◦ 57′ 26′′ .
A distância horizontal EE′ é:
p AzEA
DHEE′ = (1419,080 − 1420,118)2 + (1160.235 − 1159,889)2
E′
DHEE′ = 1,094 m
DHE AzEE′
E′
Considerando o triângulo retângulo EHE′ , temos efl:
efl = DHEE′ cos α = 1,094 cos 57◦ 57′ 26′′ E
α
efl = 0,581;

eft
e para eft:
efl
eft = DHEE′ cos α = 1,094 sin 57◦ 57′ 26′′
H
eft = 0,928.
\\
A

Sugestão de aula prática

Levantamento de uma poligonal fechada.

Objetivo: Levantar, e calcular as coordenadas finais de uma poligonal a ser estabele-


cida em campo. Considerar o modelo da caderneta de campo apresentada na Figura 8.3,
página 6.
Material: Estação total e acessórios.
Como sugestão de roteiro:
• materializar em campo o poligonal a ser levantada;
• no ponto inicial, depois do equipamento nivelado, estabelecer a direção do Norte;
• medir o azimute do primeiro alinhamento;
• fazer as medições no sentido anti-horário da poligonal, medindo os ângulos internos
à direita e a distância horizontal do vétice ao ponto de vante;
• avaliar o erro angular de fechamento;
• compensar o erro angular de fechamento pelo método linear;
• avaliar o erro linear;
• calcular a precisão relativa;
• compensar o erro de fechamento;
• calcular as coordenadas totais;

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.4. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL ABERTA E APOIADA

• desenhar no AutoCad;
Apresentar a poligonal em planta, com a sua precisão.

Exercı́cios

8.1. Em uma poligonal fechada com 5 vértices, ABCDE, foram medidos os ângulos horizontais
à direita (internos), sendo: A = 100◦ 270 900 , B = 71◦ 200 4500 , C = 216◦ 470 500 , D = 60◦ 00 300 e E =
91◦ 250 1800 . Calcular o erro angular de fechamento e realizar a compensação pelo método linear,
conforme Secção 7.2.9, página 105.
Resp.: E = 200 ; ângulos compensados: A = 100◦ 270 500 ; B = 71◦ 200 4100 ; C = 216◦ 470 100 ; D =
59◦ 590 5900 e E = 91◦ 250 1400 .

8.2. Fazer um esboço da poligonal ABCDE e: calcular as coordenadas parciais; o erro de


fechamento linear (E) e; a precisão relativa (Pr ) do levantamento do exercı́cio 8.1. Considere o az-
imute do alinhamento AB de 201◦ 40 5500 e, as distâncias horizontais dos alinhamentos em metros,
de: AB = 173,831; BC = 82,447; CD = 100,334; DE = 206,936 e EA = 133,172.
Resp.: Na Figura 8.8.

N Alinhamento ∆x ∆y
AB −62,528 −162,196
A BC 82,373 −3,491
E
CD 77,742 −63,428
DE 33,121 204,268
EA –130,886 24,567
B Σ = −0,178 Σ = −0,280
C
E = 0,331 m
Figura 8.8 D 1
Pr =
Solução Exercı́cio 8.2. 2.102

8.3. O erro linear de fechamento encontrado


p no exercı́cio 8.2 está dentro do limite estabelecido
pela NBR13133, considerando Tp ≤ 0,56 L(km)?
Resp.: Sim.

8.4. Compensar as coordenadas parciais do exercı́cio 8.2 utilizando o método proporcional ao


comprimento dos lados e, sendo atribuı́da a coordenada do ponto A, xA = 1.000 m e yA = 1.000
m, calcular as coordenadas dos demais vértices.
Resp.: Na Tabela 8.3.

Tabela 8.3 Alinhamento ∆xC ∆yC Ponto x y


AB −62,484 −162,126 A 1000,000 1000,000
BC 82,394 −3,458 B 937,517 837,874
CD 77,768 −63,388 C 1019,911 834,416
DE 33,174 204,351 D 1097,679 771,028
EA −130,852 24,620 E 1130,852 975,380

8.5. Calcular os azimutes finais dos alinhamentos BC e CD do exercı́cio 8.4.


Resp.: AzBC = 92◦ 240 11,400 e AzCD = 129◦ 100 59,500 .

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.4. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL ABERTA E APOIADA

8.6. Calcular as distâncias horizontais finais dos alinhamentos BC e CD do exercı́cio 8.4.


Resp.: DHBC = 82,467 m e DHCD = 100,329 m.

8.7. Seja a poligonal fechada apresentada na Figura 8.9, com: os ângulos internos medidos à di-
reita; o azimute AB de 106◦ 120 3600 e; a coordenada de A, xA = 5.000 m e yA = 5.000 m. Sendo a
compensação do erro de fechamento angular compensado pelo método linear e, a compensação
do erro de fechamento linear pelo o método proporcional ao comprimento dos lados, calcular:
a) o erro angular de fechamento;
b) o erro de fechamento linear (E);
c) a precisão relativa (Pr );
d) as coordenadas dos pontos B e C;
e) o azimute final BC.

Estação ré vante Hz DH


N
A C B 89◦ 31′ 4′′ 660,042
B A C 46◦ 31′ 24′′ 950,732
Figura 8.9 A C B A 43◦ 57′ 23′′ 689,829
Dados do Exercı́cio 8.7. B

Resp.: a) erro angular de fechamento de 900 ; b) E = 0,145 m; c) Pr = 1/15.854; d) Ponto B


(xB = 5633,767 m; yB = 4815,722 m) e ponto C (xC = 5198,167 m; yC = 5660,787 m); e) AzBC =
332◦ 430 5000 .

8.8. Na Figura 8.10 são apresentadas as distâncias horizontais e as coordenadas parciais não com-
pensadas da poligonal ABCDE. Calcular:
a) o erro de fechamento linear (E);
b) a precisão relativa (Pr );
c) os azimutes e as distâncias horizontais após a compensação do erro de fechamento linear
pelo o método proporcional ao comprimento dos lados.

N
alinhamento DH ∆x ∆y
A AB 631,989 –350,118 –526,144
D
BC 1128,562 958,169 –596,292
B CD 1160,501 834,052 806,920
DA 1476,542 –1442,365 315,849
C

Figura 8.10
Dados do Exercı́cio 8.7.

Resp.: a) E de 0,424 m; b) Pr = 1/10.379; d) na Tabela 8.4.

Tabela 8.4 Alinhamento Az DH


AB 213◦ 380 1000 632,008
BC 121◦ 530 4900 1128,664
CD 45◦ 570 1000 1160,489
DE 282◦ 200 5300 1476,432

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CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.4. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL ABERTA E APOIADA

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Altimetria
9
Um ponto na superfı́cie da terra só estará completamente definido depois de estabelecida as suas
coordenadas horizontal e vertical. Por exemplo, um ponto que tenha as suas coordenadas hori-
zontais do tipo geográficas (φ, λ) poderá estar em infinitas distâncias verticais acima do Datum
vertical utilizado (ver página 41). Desta forma, depois de ser apresentado os métodos para os
cálculos no plano horizontal topográfico, agora trataremos da altimetria, que trata das medidas
das distâncias verticais entre pontos. A altimetria é necessária em várias aplicações na engen-
haria, podendo-se citar: na determinação da distância vertical entre pontos onde será realizada
a construção de uma elevatória; na construção de curvas de nı́vel; na determinação de greides
(rampas); e para cálculo de volume de corte ou aterro de uma área.

Sumário
9.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.2 Erro de esfericidade e refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
9.3 Declividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
9.4 Nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
9.4.1 Nivelamento barométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.2 Nivelamento trigonométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.3 Nivelamento taqueométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
9.4.4 Nivelamento GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
9.4.5 Nivelamento geométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
9.5 Tolerância para o nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
9.6 Perfil topográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
9.7 Greide ou rampa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
9.8 Cálculo de volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164

9.1 Definições

Na Figura 9.1 são apresentados os elementos da altimetria, em que:

• o fio de prumo é um cordão com um peso em uma extremidade onde, quando solto, indica a
direção da gravidade local;

• a linha vertical é a linha de qualquer ponto da terra ao centro da terra. Ela tem a direção da
gravidade local. A linha vertical do lugar coincide com o fio de prumo em repouso;

• o plano horizontal é o plano perpendicular a direção da gravidade local;

• a linha horizontal é uma linha no plano horizontal, perpendicular à direção da gravidade


local;
CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.1. DEFINIÇÕES

• superfı́cie de nı́vel é uma superfı́cie curva em que ela é perpendicular a linha vertical local,
sendo o potencial gravitacional igual em todos os pontos desta superfı́cie;

• linha de nı́vel uma linha qualquer em uma determinada superfı́cie de nı́vel;

• Datum vertical é uma superfı́cie de nı́vel que será utilizada como referência para
determinação de elevações de outros pontos. Pontos em uma mesma superfı́cie de nı́vel
têm diferença de elevação zero;

• a elevação é a distância ao longo da linha vertical entre o ponto observado e o Datum vertical;

• a diferença de nı́vel (DN) é a diferença entre a elevação de dois pontos. É também denominada
de Distância Vertical (DV);

• nivelamento é o processo para se determinar a altitude, elavação ou a DN entre entre pontos


topográficos;

• referência de nı́vel (RN) é um ponto materializada em que sua altitude foi determinada.

A
A l em
em nta
r u mo ntal orizo
de p
iz o h
hor Plano
fio Lin
ha
Supe
A ângulo vertical r fície
de
nív
el
fíc ie de nível em B em
A Super Dif
e A
m r en
oe
B
ã ça
vaç Datum Vertical de
l e Ele ní
E Geóide va v
çã
oe
m el
en
tre
B
A

AB
em

m
al e
ical

rtic
vert

a ve
a
linh

linh

Figura 9.1
Elementos básicos da altimetria (adaptado de Wolf e Ghilani (2004).

Pode-se ainda recordar da Secção 3.4.2, 41, que a altitude ortométrica corresponde à distância
vertical entre um ponto ao Datum Altimétrico utilizado, no caso do Brasil Datum de Imbituba ou
o de Santana. Já a altitude geométrica é distância vertical entre o ponto e o Datum Horizontal,
por exemplo SIRGAS2000.
Sempre que possı́vel, é desejável que se trabalhe com valores de altitude ortométrica, pois
assim os pontos levantados poderão ser comparados com mapas e a outros levantamentos exis-
tentes. Entretanto, nem sempre se trabalha com ela, seja por que, a RN de altitude ortométrica
mais próxima esteja muito distante do local a ser levantado e o seu transporte para seria de alto
custo, ou por que o levantamento a ser realizado não a faz necessária.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.2. ERRO DE ESFERICIDADE E REFRAÇÃO

Em levantamentos em que não há RN próxima ou ela não se faz necessária, precisa-se arbi-
trar uma RN local para ser utilizada nas medidas altimétricas. É então atribuı́do RN inicial do
levantamento, ou seja, um valor de DN dele à uma superfı́cie de nı́vel arbitrária, um Datum al-
timétrico local. A esta DN, e às demais DN’s que serão calculadas em relação a este Datum local,
denominam-se de cota.
A partir da RN inicial, em que se conhece a altitude ou a cota, e com os métodos que serão
vistos a seguir, pode-se medir a DN deste ponto a outro ponto. Tais procedimentos podem ser
repetidos, determinando-se as DNs entre os pontos. Uma vez conhecida a DN entre dois pontos
e a altitude ou cota do ponto inicial, por exemplo, para os pontos A e B, a DNAB e a altitude de
A (altA ), pode-se calcular a altitude de B (altB ), conforme Equação 9.1. O mesmo raciocı́nio pode
ser utilizado para cálculo das altitudes dos demais pontos levantados.

altB = altA + DNAB


(9.1)
cotaB = cotaA + DNAB

Exemplo 9.1

De uma marco do IBGE de altitude 691,421 m ao ponto X, mediu-se uma DN de −39,697 m.


Qual a altitude de X?

Solução

altX = altIBGE + DNXIBGE


= 691,421 − 39,697
= 651,724 m.

9.2 Erro de esfericidade e refração

Quando o nivelamento é realizado entre pontos distantes em mais de 100 m, a NBR13.133 re-
comenda que o efeito da curvatura terrestre (Cc ) e o da refração atmosférica (Cr ) sejam compen-
sadas.

Erro de esfericidade
Na Figura 9.2 são apresentados dois pontos topográficos, A e B, na mesma linha de nı́vel. A partir
de A é realizada uma visada horizontal para medidas de elevação. À medida que um ponto a ser
medido se afasta de A, há um aumento da separação entre a linha horizontal e a linha de nı́vel
que passa por A. Por exemplo, em B, que está na mesma linha de nı́vel de A, há uma separação,
correspondendo a BC. A esta separação denominamos Cc . Do triângulo retângulo AOC:

OC 2 = OA2 + AC 2
(R + Cc )2 = R2 + DH2
R2 + 2RCc + Cc2 = R2 + DH2
Cc (2R + Cc ) = DH2
DH2
Cc = . (9.2)
2R + Cc

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.2. ERRO DE ESFERICIDADE E REFRAÇÃO

considerando o valor de R como sendo a média dos raios do WGS841 , R = 6.367 km; e no de-
nominador da Equação 9.2, 2R + Cc , o valor de Cc insignificante em relação a ordem de grandeza
de 2R, tem-se, para Cc em metros e DH em km a Equação:

DH2
Cc = 1.000 ·= 0,07853DH2 . (9.3)
2R
Com a finalidade de ilustrar o efeito de Cc , imagine uma embarcação, que em A é verificado
que a sua altura é de 4 m. Se ela parte ao mar, quando estiver a uma distância de aproximada-
mente 7,14 km de A (DH = (4/0,07853)0,5 , Equação 9.3), não será mais possı́vel observá-la. É
lógico que a embarcação não ficou 4 m menor, é apenas o efeito de Cc que, estando a embarcação
a 7,14 km de A, faz com que ela não seja mais visı́vel. Daı́ pode-se concluir que, devido à Cc ,
qualquer ponto que esteja a uma distância de 7,14 km de onde se está realizando a medida de
DN, tem-se que considerar que a DN é 4 m maior do que a calculada, quando considerando o
erro devido a esfericidade da terra.

refração da luz linha horizontal

H A C
Cr D distâ
nci Cc
a
B

li n
R

ha
do
nı́ve
R

l
Figura 9.2
Elementos básicos para definição do efeito da cur-
vatura terrestre (Cc ) e da refração (Cr ) sobre as Centro da terra O
medidas de altitude.

Erro de refração
A luz, ao passar pela a atmosfera, é refratada para a terra, assim os objetos parecem ser mais
altos do que eles realmente são. Na Figura 9.2 é apresentada como seria uma visada horizontal
AH, mas como realmente é o trajeto da luz, AD. A refração atmosférica depende das condições
atmosféricas, da altitude, do ângulo de visada e da distância medida. Para visadas horizontais,
com Cr em metros e a DH em km:

Cr = 0,011DH2 . (9.4)

Erro de esfericidade e refração combinado


A combinação dos Cc e Cr resulta em Ccr , ou seja, a compensação que deve ser aplicada nas
medidas de altimétricas a pontos distantes entre si em mais de 100 m. Como Cc resulta em alturas
menores e Cr os pontos parecem ser mais altos, a compensação, Ccr é:

Ccr = 0,07853DH2 − 0,011DH2


Ccr = 0,06753DH2 (9.5)
1 Raios do Datum WGS84: a6 378 137 m , b6 356 752,314 m.

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 144


CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.3. DECLIVIDADE

Mais uma vez, a unidade de Ccr é m e a DH em km.

Exemplo 9.2

Qual será o erro cometido em um nivelamento se não for considerado o efeito da curvatura
da terra e da refração atmosférica na medida de DN entre pontos distantes entre si em
1.398 m?
Solução

Considerando a DH em km e de acordo com a Equação 9.5:

Ccr = 0,06753 · 1,3982


= 0,132 m

O erro cometido corresponderia a 0,132 m para menos na DN entre os pontos.

Exemplo 9.3

No exemplo 9.1, considere que na DN de −39,697 m, entre o marco do IBGE ao ponto X,


não foi considerado o erro de curvatura e de refração (Ccr ). Calcule novamente a altitude
de X aplicando a correção para Ccr . Considere a distância entre os pontos de 753,982 m.
Solução

Uma vez que se queira realizar a compensação, basta aplicar à DN a Ccr , desta forma:

altX = altIBGE + DNXIBGE +Ccr


= altIBGE + DNXIBGE +Ccr + 0,0675DH2
= 691,421 − 39,697 + 0,06753 · 0,7539822
= 651,762 m.

9.3 Declividade

A declividade mede o grau de inclinação do terreno, podendo ser calculada em graus d(◦ ) ou em
percentagem d(%) conforme, respectivamente, as Equações 9.6 e 9.7:

DN
d(%) = 100 (9.6)
DH

DN
d(◦ ) = arctan (9.7)
DH

A declividade é um parâmetro importante pois, de acordo com a grandeza da declividade do


terreno, pode haver limitação: ao uso agrı́cola; à utilização de equipamentos agrı́colas, como tra-
tores; à construção de estrada, uma vez que no transporte de cargas em caminhões, por exemplo,
há um limite para sua circulação em rampas com alta declividade. Valores positivos e negativos
de d(%) e d(◦ ) representam, respectivamente, o terreno aclive e decleve (ver Figura 9.3).

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 145


CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

d em percentagem:

y yB − yA 4−1
dAB = 100 = 100 = 150%
B xB − xA 3−1
4

d(
yC − yB 1−4

ve

−)
3 dBC = 100 = 100 = −150%

cli
xC − xB 5−3

;d
;a

ec
+) d em graus:
2

li
d(

ve
yB − yA 4−1
1 A C dAB = arctan = arctan = 56,31◦
xB − xA 3−1
x yC − yB 1−4
0 1 2 3 4 5 6 dBC = arctan = arctan = −56,31◦
xC − xB 5−3

Figura 9.3
Exemplo gráfico e numérico de terreno em aclive e em declive. O eixo-x representa a distância horizontal e o eixo-y, a
altitude ou a cota do terreno.

Exemplo 9.4

Calcule a declividade em percentagem e graus para uma DN e DH entre dois pontos de


−27,9 m e 162,2 m, respectivamente?
Solução

A DN negativa tem como significado que o terreno onde foi realizada a medição se apre-
senta em declive do ponto inicial ao final, isto é, ponto inicial tem cota/altitude maior do
que o ponto final. A declividade em percentagem:

DN
d(%) = 100
DH
−27,9
= 100
162,2
= −17,201%.

Em graus:

DN
d(◦ ) = arctan
DH
−27,9
= arctan
162,2
= −9◦ 450 35,7500 .

Uma maneira de interpretar o valor da declividade em percentagem é, por exemplo, de acordo
com o Exemplo 9.4, se o terreno fosse uniforme com d(%) = −17,201, quando fosse percorrido
uma DH de 100 m, a DN seria de −17,201 m.

9.4 Nivelamento

Em topografia, chama-se de nivelamento, aos métodos utilizados para medir a DN, a altitude
ou a cota. Vários são os métodos que podem ser empregados para o nivelamento. A utilização

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 146


CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

de um ou outro método dependerá dos objetivos do nivelamento (ver NBR13133 (1996)). Nesta
secção serão apresentados os métodos de nivelamento: i) barométricos; ii) trigonométricos; iii)
taqueométricos; iv) GNSS; e v) geométrico.

9.4.1 Nivelamento barométrico

Por meio de equipamentos 4.000


   1 
que medem a pressão do ar, que mm Hg 5,25588

Altitude (m)
denominam-se barômetros, é 3.000 alt = 44.330 1 −
760
possı́vel encontrar a DN entre os
2.000
pontos. A explicação é dada pela
relação inversa que há entre pressão 1.000
do ar e a altitude (Figura ao lado).
Quanto mais alto um ponto, menor 0
450 500 550 600 650 700 750 800
é a camada atmosférica atuando
nele, logo, menor será a pressão Pressão atmosférica (mm Hg)
devida à atmosfera. Por outro lado,
Figura 9.4
um ponto em uma altitude menor,
Relação entre pressão atmosférica e altitude.
está sujeito a uma maior camada de
ar, resultando numa maior pressão atmosférica (ESPARTEL, 1960). A pressão do ar depende
também da temperatura do ar e em menor grau da umidade e da latitude do lugar (DEUMLICH;
FAIG, 1982, página 222).
Existem vários tipos de barômetros, destacando- Vácuo
se os de mercúrio e os aneroides. O barômetro de
mercúrio, é constituı́do de um recipiente, fechada de Pressão do Hg
um lado e aberta do outro. É colocado mercúrio nesta igual pressão
atmosférica
coluna e a parte aberta é virada em um reservatório.
Na parte superior é criado um vácuo, que será equili-
brado de acordo com a pressão atmosférica que é apli-
pressão at-
cada no reservatório (Figura 9.5). Ao nı́vel do mar, a col- mosférica
una mede 760 mm. Quanto maior a pressão atmosférica, 760 mm
maior a força agindo sobre o reservatório, forçando a
coluna de mercúrio a subir. Uma variação de 1 mm
na coluna de mercúrio corresponde a aproximadamente
uma variação de 11 m de altitude. Estes equipamentos
devem ser evitados por apresentarem pouca precisão,
por exemplo, segundo Deumlich e Faig (1982), um erro
de ±2 m (±0,15 mm Hg à ±0,19 mm Hg) pode ser en- Mercúrio (Hg)
contrado para uma diferença de elevação de 200 m.
Os barômetros do tipo aneroides consistem de uma Figura 9.5
pequena caixa flexı́vel onde o ar interno é retirado, Barômetro de mercúrio ao nı́vel do mar.
criando-se um vácuo. Na medida que a pressão do ar muda, a membrana da caixa se deforma,
comprimindo-se os expandindo-se. Um mecanismo mede esta deformação, que está relacionada
a pressão do ar, e é mostrado em uma escala graduada e em painel digital. São mais precisos
que os de mercúrio, por exemplo, o aumento precinção na medida de pressão resulta em desvio
padrão da DN entre pontos de ±0,8 m (DEUMLICH; FAIG, 1982, pg. 224).

9.4.2 Nivelamento trigonométrico


Nivelamento trigonométrico é aquele em que a DN é avaliada com o auxı́lio das funções
trigonométricas. Em campo são medidos: o ângulo vertical e a DI ou a DH entre os pontos de in-
teresse. As medidas de distâncias podem ser realizadas utilizando a trena, o teodolito ou a estação

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

total, e as angulares, com estes dois últimos equipamentos ou com clinômetros. Na Figura 9.6 é
apresentado um esquema do nivelamento trigonométrico para medidas de DN entre os pontos A
e B, materializados por piquetes. No ponto A é estacionada a estação total, e em B, o prisma. O
centro da estação total corresponde a C, e a intersecção da linha horizontal que passa por C com
a linha vertical que passa por B, corresponde à E. A distância vertical entre E e D denominaremos
por V . Considerando o triângulo retângulo CED e que foi medida a DI, tem-se V:

V = DI cos z, (9.8)
V = DI sen α, (9.9)

para medidas de DH:

V = DH cot z, (9.10)
V = DH tan α, (9.11)

A distância BD corresponde à altura do prisma (ap). É facilmente obtida por meio da leitura na
régua presente no bastão em que o prisma está conectado. A altura do equipamento (ai), distância
vertical entre C e A, pode ser obtida com uma trena. Com estas definições, para a determinação
da DN tem que somar a V, a ai e subtrair ap:

DN = V + ai − ap. (9.12)

Para realizar a correção para os efeitos da curvatura da terra e da refração atmosférica no


nivelamento trigonométrico, basta somar à Equação 9.12 o valor de Ccr , isto é:

DN = V + ai − ap + Ccr . (9.13)

O valor de DN poderá ter valores positivos ou negativos. Valores positivos indicam que o
terreno está em aclive, enquanto valores negativos, terreno em declive. Por exemplo, caso a DN
seja positivo, indica que a cota ou altitude de B é maior que em A.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

ap

DI V

z
DN

α
C E
b
linha horizontal
ai DH
A

Figura 9.6
Elementos básicos para o nivelamento trigonométrico.

Exemplo 9.5

Em um levantamento para determinar a DN entre os pontos A e B, estacionou-se a estação


total em A e, em B, o prisma. Da estação total mirou-se o prisma, resultando na DI de
322,567 m. Anotou-se também: o ângulo zenital de 85◦ 240 ; a altura do instrumento de
1,769 m; e a altura do prisma de 2,000 m. Pergunta-se, qual a DN entre A e B, sem e com
os efeitos da curvatura da terra e da refração atmosférica sendo considerado?
Solução

Sem Ccr , considerando a Equação 9.12 com o valor de V dado pela Equação 9.8, pois os
dados disponı́veis são DI e z, tem-se:

DNAB = DIAB cos z + ai − ap


= 322,567 cos 85◦ 240 + 1,769 − 2,000
= 25,638 m.

No cálculo de DN considerando Ccr , utiliza-se a Equação 9.13. Para Ccr (Equação 9.5) DH
é na unidade de km, então por trigonometria:

DI sen z
DHAB =
1000
322,567 sen 85◦ 240
=
1000
= 0,3215 km.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

Por fim, aplicando-se a Equação 9.13, tem-se:

DNAB = DIAB cos z + ai − ap + Ccr


= DI cos z + ai − ap + 0,06753DH2
= 322,567 cos 85◦ 240 + 1,769 − 2,000 + 0,06753 · 0,32152
= 25,646 m.

9.4.3 Nivelamento taqueométrico

De acordo com a Figura 9.6, agora, DHAB


em A, é estacionado um teodolito e em B,
9

0◦ )
4

uma mira. O nivelamento taqueométrico é zenite (z =


3

III
rs
9

aquele realizado por meio das leituras dos


7

rm
6

retı́culos sobre a mira e do ângulo vertical


1

II

ri
9

com o auxı́lio do teodolito (ver Secção 6.4).


5

z V
1

Sendo V, a distância vertical entre o plano


9

plano horizontal em B
5

que passa pelo centro do equipamento ao


3

B
que passa por rm, temos:
DNAB
ai
plano horizontal em A
100H sen 2z A
V = 100H cos z sen z =
2
(9.14) Figura 9.7
em que: H = (rs − ri) sendo, rs e ri, re- Esquema para o nivelamento taqueométrico.
spectivamente, a leitura sobre a mira em B
dos retı́culos superior e inferior.

Para calcular a DN, aplicam-se as Equação 9.12 ou 9.13, esta última se Ccr for utilizado. O
valor da altura do prisma (ap), nestas Equações, é substituı́do pela leitura do retı́culo médio (rm).
Por se tratar de um método que é a cada dia menos empregado nos levantamentos to-
pográficos, não será apresentado a determinação Equação 9.14. Aos interessados, consultar
Godoy (1988), Comastri e Tuler (2003) e Casaca, Matos e Dias (2007), entre outros.
Exemplo 9.6

Com um teodolito no ponto 9 de cota 100,0 m, visou-se o ponto 10, onde foram medidos:
a altura do instrumento de 1,532 m; visando-se a mira em 10, as leitura do rs = 2,984 m e
do ri = 0,200 m; e ângulo zenital de 97◦ . Determine a diferença de nı́vel entre os pontos 9
e 10 e a cota em 10.
Solução

Da Equação 9.14, verifica-se que temos que determinar rm. Em taqueometria, rs − rm é


igual a rm − ri (ver Equação 6.9, página 90), desta forma:
rs + ri 2,984 + 0,200
rm = = = 1,592 m.
2 2
Substituindo as medidas na Equação 9.14 tem-se para V:

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

100H sen 2z 100(2,984 − 0,200) sen (2 · 97◦ )


V= = = −33,676 m.
2 2
Aplicando a Equação 9.12 com ap igual a rm:

DN9,10 = V + ai − rm = −33,676 + 1,532 − 1,592 = −33,736 m.


Para o transporte da cota em 9 para o ponto 10:
cota10 = cota9 + DN9,10 = 100 − 33,736 = 66,264 m.

9.4.4 Nivelamento GNSS

Como já foi visto anteriormente, a altitude que os receptores GNSS determinam, corresponde à
distância vertical do centro fı́sico da antena do receptor ao Datum horizontal considerado (ver
Capı́tulo 3). Esta distância é denominada de altitude geométrica (h). A altitude que trabalhamos
é a altitude em relação ao geóide, altitude ortométrica (H), que é a distância vertical do ponto
na superfı́cie ao geóide, isto é, aproximadamente ao nı́vel médio dos mares. Valores de H são,
normalmente, medidas por meio do nivelamento geométrico (ver Secção 9.4.5). Todavia, pode-se
obter H se conhecer h, medida por GNSS e, a ondulação geoidal (N ) local, diferença entre h e H
(Equação 9.15e Figura 9.8a).

H ≈h−N (9.15)

Na Figura 9.8b é apresentado, do modelo EGM96, a N para parte da região da América do


Sul. O EGM96 tem como referência o Datum WGS84. Valores positivos indicam que o geóide está
acima do WGS84, e negativos, abaixo. Segundo este modelo, no Acre N ≈ 30 m, já no Amapá,
N ≈ −30 m. Na América do sul, os maiores valores se encontram nas Cordilheira dos Andes, com
N ≈ 50 m.

Valores de N com relação aos Data utilizados no Brasil, o SAD69 e o SIRGAS2000, podem
ser obtidos por meio do programa MAPGEO2010 (IBGE, 2011). No MAPGEO2010, têm que in-
formar para obter a estimativa de N , o Datum utilizado na coleta dos dados de h com receptor
GNSS, o SAD69 ou SIRGASS2000, e, as coordenadas do ponto, em latitude e longitude. Uma
vez conhecidos os valores de h (receptor GNSS) e N (MAPGEO2010), pode-se calcular H pela
Equação 9.15.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

a) b)

H
h
Geóide
N N (m)
e
Elipsóid
−46 −20 0 20 50

Figura 9.8
Relação entre altura ortométrica (H), altura geométrica (h) e ondulação geoidal (N ) em (a). Ondulação geoidal segundo
EGM96 (LEMOINE et al., 1998), tendo h em relação ao WGS84 (b).

A precisão na determinação de H, dependerá: i) da precisão de h, ou seja, do tipo de receptor


GNSS, do método de posicionamento, e ii) da precisão da estimativa da N. Para a N do modelo
MAPGEO2010, segundo Matos et al. (2012), o desvio com relação à N calculadas de medidas de
GPS (H) em referências de nı́veis (h) do IBGE, foi de aproximadamente ±1 m.
Para aumentar a precisão do receptor, ou seja, a h, sugere-se utilizar os métodos de medidas
relativas e por diferença de fase por onda portadora. Já, para aumentar a precisão no que diz
respeito a N , pode-se realizar a sua calibração local. Esta calibração não será apresentada, por
este texto ser apenas introdutório à esta disciplina. Maiores detalhes podem ser encontrados em
Wolf e Ghilani (2004).

Exemplo 9.7

Encontre, por meio do programa MAPGEO2010, a ondulação geoidal para um ponto de


coordenadas −22◦ 60 4100 de latitude e −41◦ 540 800 de longitude, no Datum SIRGAS2000.
Sabendo-se que a altura geométrica calculada pelo receptor GNSS nesta coordenada foi
de 562,672 m, qual a altitude ortométrica.
Solução

Com as coordenadas e o Datum apresentados acima,


obteve-se por meio do MAPGEO2010 o valor de
N de −6,44 m (Figura ao lado). Para calcular a alti-
tude ortométrica (H), aplica-se a Equação 9.15:

H = h − N = 562,672 − −6,44 = 569,112 m.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

Exemplo 9.8

Trabalhando com receptores GNSS com a técnica de medida relativa por diferença de fase,
obteve-se para um ponto a altitude geométrica de 231,849 m no Datum SIRGAS2000. Uti-
lizando o programa MAPGEO2010, foi encontrado a ondulação geoidal de −12,598 m.
Calcule a altitude ortométrica.
Solução

Da Equação 9.15, e com os dados apresentados acima, temos:


H = h − N = 231,849 − −12,598 = 244,447 m.

Sugestão de aula prática

Levantamento de ponto inacessı́vel.

Introdução: Um problema comum em topografia é ter pontos onde se deseja conhecer sua
altitude ou, a DN entre ele e o ponto da estação. Isto é facilmente resolvido se for possı́vel
levar ao ponto de interesse, uma mira ou um prisma, respectivamente, para levantamento
com teodolito ou estação total, Secções 9.4.2 e 9.4.3. Todavia, em algumas situações, este
procedimento não pode ser realizado devido, por exemplo, a não se ter acesso ao ponto de
interesse.
Objetivo: Determinar a DN entre o ponto em que a estação total está estacionada, a um
ponto inacessı́vel, escolhido em campo.
Material: Estação total, prisma, trena e estaca.
Procedimento: é apresentado graficamente abaixo, onde: A é o ponto de referência para
a medida de DN, primeiro ponto onde a estação total será estacionada; O é o ponto in-
acessı́vel; B é uma posição onde se tem acesso; AB é a base, onde é medida a DHAB ; α e
β são os ângulos horizontais medidos em A e B, respectivamente; ai é a altura do instru-
mento em A, medida com a trena.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

Medir em A: ai, zAO , DHAB e α, e, em B, ape-


nas β. Para γ, temos: γ = 180◦ − (α + β). Pela
lei dos senos:
DHAB DHAO sen β
= ∴ DHAO = DHAB
sen γ sen β sen γ
O Para o cálculo de V :
DHAB
V = = DHAB · cot zA .
tan zA
Por final, DNAO :

V
DNAO
zenite DNAO = V + ai.

Plano que passa por A


zAO
AO

ai
DH
O0
γ
AO B
ai DH
α β
base = DHAB B0
A

9.4.5 Nivelamento geométrico


O nivelamento geométrico (NG) é aquele em que, a DN, a cota ou a altitude, é calculada por meio
de visadas horizontais às miras localizadas sobre os pontos de interesse (NBR13133, 1996). Os
equipamentos topográficos que fazem visadas horizontais são denominados de nı́veis.
Se o NG é realizado de uma única estação, ponto em que o nı́vel é estacionado, denomina-se
nivelamento geométrico simples (NGS). Caso tenha que ocorrer mudança de estação, denomina-
se de nivelamento geométrico composto (NGC). A seguir são descritso uma breve explicação das
duas metodologias.

9.4.5.1 Nivelamento geométrico simples (NGS)


Na Figura 9.9 é apresentado o procedimento para o nivelamento entre dois pontos, o A e o B. O
nı́vel é estacionado, de preferência em um ponto intermediário à A e B. Ao primeiro ponto em
que é realizada a leitura na mira, denomina-se de ponto de ré, no nosso exemplo o ponto A. Este
ponto deve ter a sua cota ou altitude conhecida, será a RN. Uma vez conhecida a cota ou a altitude
do ponto de ré, pode-se calcular a altura do instrumento (AI, Equação 9.16), distância vertical do
centro do equipamento ao Datum vertical utilizado.

AI = cota + ré (9.16)


Os demais pontos de um NGS denominam-se de pontos de vante. Logo, a leitura da mira em
B, é de vante. A cota dos pontos de vante é calculada subtraindo da AI o valor da sua leitura de
vante, isto é:

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

cota = AI − vante. (9.17)

Observe que o conceito de AI para o NG é diferente do que foi visto no nivelamento


trigonométrico e taqueométrico, onde a altura do instrumento (ai) é a distância vertical do centro
do equipamento ao piquete ou ao marco do ponto onde o equipamento está estacionada.


a) b)

3,580 m
B B

DNAB =?
cotaB =? AI=257,123 m

A A
cotaA =253,543 m cotaA =253,543 m

Datum vertical Datum vertical

vante
c) d)
0,643 m

B B

DNAB =2,940 m
AI=257,123 m cotaB =256,48 m cotaB =256,48 m

A A
cotaA =253,543 m

Datum vertical Datum vertical

Figura 9.9
Nivelamento geométrico simples.

De acordo com a Figura 9.9a, suponha que se deseja calcular a cota de B e a DNAB . O ponto
A tem cota de 253,543 m, RN do levantamento. Inicialmente estaciona-se o nı́vel em um ponto
intermediário aos pontos A e B e, sobre o ponto A, é colocada a mira. Não há a necessidade do
nı́vel estar alinhado com os pontos A e B, no entando a distância deveria ser aproximadamente
igual aos pontos de interesse. A mira em A é visada com o nı́vel e, realiza-se a leitura, denominada
de ré. Considere o valor de ré de 3,580 m (Figura 9.9b). Pode-se, de acordo com a Equação 9.16,
calcular a AI:
AI = 253,543 + 3,580 = 257,123 m.
O próximo passo é deslocar a mira para B, ponto de vante. Faz-se a leitura com a luneta do
nı́vel apontado sobre a mira em B, onde, para este exemplo, o valor de 0,643 m, leitura de vante
(Figura 9.9c). Desta forma, a cotaB é (Equação 9.17):
cotaB = 257,123 − 0,643 = 256,480 m.
Uma vez conhecidas as cotas de A e B, a DNAB (Figura 9.9d) será:
DNAB = cotaA − cotaB = 253,543 − 256,480 = 2,940 m.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

Caderneta de campo para um nivelamento geométrico simples.


Ponto ré AI vante cota
(I) (II) (III) (IV) (V)
A 3,580 257,123 253,543
B 0,643 256,480
C 1,898 255,225
D 2,537 254,586
E 1,841 255,282

Na cor preta, são as anotações das medidas do levantamento, exceção da cota na


estaca A, que é a referência de nível, um valor conhecido. Na cor azul, são as ano-
tações dos cálculos.

Tabela 9.1
Exemplo de caderneta de campo.

Supondo-se que há outras estacas


(pontos) a serem levantados, os dados vante vante
terão que ser tabelados de forma organi- vante
vante
zada. Na Tabela 9.1 é apresentado um
exemplo de caderneta de campo para o ré C
B
NGS com cinco pontos A, B, C, D e E. E
Nesta Tabela, a coluna: (I) é a posição D
onde a mira foi estacionada e se fez a
leitura; (II) é o valor da leitura de ré, o A
primeiro ponto visado; (III) é altura do
instrumento (Equação 9.16); (IV) são (0,as
0)
leituras de vante e; (V), com exceção da
estaca A, referência de nı́vel, são as co-
tas calculadas (Equação 9.17). Para o Figura 9.10
cálculo das cotas, a AI é sempre igual a Exemplo da distribuição espacial dos pontos do NGS da Tabela
257,123 m, modificando-se apenas os val- 9.1.
ores das leituras de vante dos pontos. Um
fato importante a ser observado nesta Tabela de nivelamento, é que não é possı́vel conhecer a
distribuição espacial dos pontos na superfı́cie terrestre, uma vez que não são apresentadas, por
exemplo, as suas respectivas coordenadas. Se for necessário conhecer a distribuição espacial dos
pontos no plano, terá que ser realizado o levantamento planimétrico para os pontos do NG. A
tı́tulo de ilustração, a Figura 9.10 apresenta uma possı́vel configuração espacial dos pontos refer-
entes aos dados da Tabela 9.1 em uma superfı́cie topográfica.

Exemplo 9.9

Com os dados da caderneta de campo de um NGS, figura a seguir, calcule as cotas dos
pontos 1, 2, 3, 4, e 5. Considere o ponto 0 como sendo a RN, com cota atribuı́da de 100 m.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

Ponto ré AI vante cota


0 1,937 100
1 2,189
2 3,105
3 0,825
4 0,194
5 0,491

ré 0,825 m 0,194 m 0,491 m

3,105 m
1,937 m 5
2,189 m
3

0
1

cota0 = 100,0 m AI

Datum vertical

Solução

De acordo com as Equações 9.16 e 9.17, a solução é apresentada na Tabela que segue, onde,
em negrito são as respostas e, em parenteses, os cálculos realizados.
Ponto ré AI vante cota
0 1,937 101,937 (100 + 1,937) 100
1 2,189 99,748 (101,937 − 2,189)
2 3,105 98,832 (101,937 − 3,105)
3 0,825 101,112 (101,937 − 0,825)
4 0,194 101,743 (101,937 − 0,194)
5 0,491 101,446 (101,937 − 0,491)

9.4.5.2 Nivelamento geométrico composto (NGC)

Quando de uma única estação, ponto em que o nı́vel é estacionado, não se consegue fazer a
visada para o ponto de interesse, há a necessidade de realizar a mudança do equipamento, para
que os outros pontos possam ser medidos. A este NG, com mudança de estação, denomina-se de
nivelamento geométrico composto (NGC).
O procedimento inicial do NGC é o mesmo do NGS. Inicialmente faz-se a leitura de ré em um
ponto de cota conhecida ou estabelecida (RN). Os próximas pontos a serem visados também são
denominadas de pontos vante, todavia, eles podem ser de dois tipos, ponto intermediário (PI) ou
ponto de mudança (PM). Será PI até o penúltimo ponto a ser visado de uma determinada estação
e, PM é o último ponto observado da estação. Desta forma, no NGC, após a leitura de um PM, o
equipamento é colocado em outra estação, tendo que realizar em seguida, a sua primeira visada,

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.4. NIVELAMENTO

sobre a mira no PM da estação anterior. Esta leitura, agora realizada da nova estação, também é
denominada de ré. Pode-se então calcular a nova AI (Equação 9.16).
As cotas dos pontos vante de uma nova estação, que poderão ser PI ou PM, serão calculadas
pela Equação 9.17. O último ponto medido no NGC é sempre denominado de PM.
Os cálculos do NGC podem ser verificados de acordo com a Equação 9.18. Nesta verificação,
não é observado se o trabalho foi bem realizado ou não. Ela apenas informa se os cálculos foram
feitos corretamente. A avaliação da qualidade do levantamento será avaliada na Secção 9.5.

Σré − ΣPM = cotafinal − cotainicial . (9.18)

Exemplo 9.10

Com os dados de um NGC coletados em campo conforme o esquema gráfico a seguir,


calcule as cotas das estacas (pontos materializados em campo por estacas).

ré Estaca ré AI PI PM cota


PI
0,796 m 1,491 m 0,264 m 0 0,796 200,0
1 1,491
PM 2 0,264 3,701
3 0,450 3,889
4 1,982
3,701 m

0
1 5 0,868 3,646
PM
6 3,317
ré

2
0,450 m PI 1,982 m 0,868 m
3,889 m

r PM

3
3,646 m
cota0 =200,0 m

PM
4 r

3,317 m
5

Datum vertical local

Solução

Solução na Tabela 9.4.5.2, sendo que em negrito são os valores calculados e, entre parente-
ses, os cálculos realizados.
Estaca ré AI (cota + ré) PI PM cota ( AI – vante)
0 0,796 200,796(200,000 + 0,796) 200,000
1 1,491 199,305(200,796 − 1,491)
2 0,264 197,359(197,095 + 0,264) 3,701 197,095(200,796 − 3,701)
3 0,450 193,920(193,470 + 0,450) 3,889 193,470197,359 − 3,889)
4 1.982 191,938(193,920 − 1,982)
5 0,868 191,142(190,274 + 0,868) 3,646 190,274(193,920 − 3,646)
6 3,317 187,825(191,142 − 3,317)
Σré = 2,378 ΣPM = 14,553
Verificação: Σré − ΣPM = cotafinal − inicialinicial
2,378 − 14,553 = 187,825 − 200,000
−12,175 = −12,175 (OK!)

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.5. TOLERÂNCIA PARA O NIVELAMENTO

Cuidados no nivelamento geométrico


Alguns cuidados devem ser tomados em um NG a fim de se obter melhores resultados no NG.
Podendo-se citar, por exemplo (NBR13133, 1996):

• medir sempre pontos de destaque no terreno, como depressões e elevações;

• repetição das medidas;

• utilização de equipamentos precisos;

• sejam estabelecidos pontos materializados para o controle do nivelamento;

• realização do nivelamento e o contra-nivelamente em horários destintos. Assim, pode-se


calcular a diferença entre o desnı́vel nas duas medições, e compará-lo com a tolerância do
nivelamento (Secção 9.5);

• os comprimentos das visadas de ré e de vante devem ser de no máximo 80 m, minimizando


os erros de refração e curvatura da terra, além de facilitar as leituras na mira. As distâncias
podem ser medidas utilizando-se uma trena, ou mais comumente, com a leitura dos rs e ri e
aplicando a fórmula taqueométricas. As informações de distâncias podem ser inseridas na
tabela de campo do NGC com a inclusão de mais duas colunas, indicando as distâncias do
nı́vel ao ponto de ré e de vante (ver NBR13133 (1996, pg. 30);

• as visadas de ré e de vante devem ser à uma altura em relação ao solo, superior a 0,50 m,
com a finalidade de minimizar o problema de reverberação;

• a mira deve ser de madeira e dobrável, não de encaixe, devendo ser apoiada sobre sapatas2 .

9.5 Tolerância para o nivelamento

Em um nivelamento, é sempre prudente realizar uma avaliação da qualidade do levantamento. A


NBR13133 (1996) estabelece os métodos, os equipamentos e as tolerâncias que serão permitidas,
que dependerá da escala, da equidistância das curvas de nı́vel e da densidade de pontos medidos.
A norma estabelece 4 classes de nivelamento: IN e IIN, nivelamento geométrico; IIIN, nive-
lamento trigonométrico e; IVN, nivelamento taqueométrico. Para cada classe é estabelecida a
metodologia, equipamentos e a tolerância do erro de fechamento do nivelamento (Tnivelamento ),
para ser considerado aceitável:

Tnivelamento = a K (9.19)
em que: a dependerá da classe do nivelamento, por exemplo para a classe IIN3 , a = 20 mm; K é
a extensão nivelada em km, medida num único sentido. Para os demais valores de a consultar
NBR13133 (1996).
O erro de nivelamento pode ser obtido, por exemplo, das seguintes formas:

a) se for uma poligonal de nivelamento fechada, ponto de partida é o ponto de chegada, é só
calcular a diferença entre as cotas de partida e de chegada;

b) se for aberta e, se conhece a cota do ponto de partida e o de chegada, o erro será a diferença
entre a DN medida em campo e a DN conhecida entre os pontos;
2 Equipamento que é colocado no solo, e permite que a mira, sobre ele, gire sem se deslocar no ponto.
3 Neste nivelamento: o nı́vel é da classe 2, com precisão média, desvio-padrão ≤ ±10 mm/km; as miras dobráveis,
centimétricas e devidamente aferidas, providas de prumo esférico; pode ser realizado em circuito fechado (NBR13133,
1996, páginas 6 e 17).

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 159


CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.6. PERFIL TOPOGRÁFICO

c) se a poligonal for aberta, mas sem conhecimento das cotas de partida e de chegada, é real-
izado o nivelamento e o contra-nivelamente, e a DN entre esses dois levantamentos, é o erro
do nivelamento.
O procedimento para a compensação do erro do nivelamento pode ser, para o caso: (a) e (b),
distribuir de forma linear o erro entre as estacas; e (c) distribuir o erro linearmente, por exemplo,
nas cotas do contra-nivelamento e, calcular a média entre as contas do nivelamento e do contra-
nivelamente compensada. Maiores detalhes e outros métodos de ajuste para nivelamento podem
ser encontrados em: Comastri e Tuler (2003, pg. 84-89), McCormac (2007, pg. 122-125) e Wolf e
Ghilani (2004, pg. 406-411).
Exemplo 9.11

Foram realizados um nivelamento e um contra-nivelamento de 800 m de extensão. A DN,


entre o ponto inicial e final do nivelamento e do contra-nivelamento, foram de 8,581 m e
−8,603 m, respectivamente. Este nivelamento é da classe IIN, de acordo com a NBR13133.
Pergunta-se: o levantamento é aceitável?
Solução

Como se têm as medidas de DN do nivelamento e do contra-nivelamento, pode-se obter o


erro do nivelamento (erronivelamento ), dada pelas diferenças das DNs em valores absolutos:
erronivelamento = |−8,603| − |8,581| = 0,022 m.
Para a classe de IIN, o parâmentro a da Equação 9.19 é de 20 mm. Com K de 0,8 km, o erro
máximo a ser tolerado:

Tnivelamento = 20 mm 0,8 = 17,9 mm.
Como erronivelamento > Tnivelamento , o levantamento não é aceitável, novo levantamento deve
ser realizado e, posterioremente, verificada se está de acordo com a tolerância.

9.6 Perfil topográfico

O perfil topográfico é um gráfico em que, o eixo-x representa a distância horizontal, geralmente


dado por números de estacas, e o eixo-y os valores das cotas ou altitudes das respectivas estacas,
determinadas em um nivelamento. A DH entre as estacas, na maioria dos casos é constante, de
10 m em 10 m ou de 20 m em 20 m, de acordo com o relevo. A metodologia mais empregada
de nivelamento para a determinação do perfil topográfico é o nivelamento geométrico, por ser o
mais preciso.
No desenho do perfil deve-se utilizar escalas para o eixo-x, escala horizontal (EH), dis-
tinta daquela utilizada no eixo-y, escala vertical (EV). As escalas devem ser diferentes devido
às variações das DHs serem, na grande maioria dos casos, superiores às das DNs. Desta forma, se
colocadas em mesma escala, não se poderia avaliar o perfil do terreno de forma adequada. Uma
vez conhecida a EH, pode-se considerar inicialmente para teste, EV = 10 · EH (GODOY, 1988).
Verifica-se se este valor é adequado para construção do perfil no tamanho do papel utilizado. Se
necessário escolhe-se outra EV.
Na Figura 9.11 é apresentado o perfil do NG do Exemplo 9.10 (pg. 158). Considerando as
estacas espaçadas em 20 m. No entanto, uma estaca a mais foi medida, localizada entre a 3 e a 4, a
estaca 3+12 m. Isto é, distante 12 m da estaca número 3. A necessidade da medição de uma estaca
intermediária pode se dar por diversos motivo, por exemplo, cotar uma elevação ou depressão no
terreno. Neste exemplo, a estaca 3 + 12 m está indicando a mudança de direção do levantamento.
Entre as estacas 0 e 3 + 12 m o Az é de 137◦ 220 , posteriormente o Az é de 101◦ 490 .
Além dos azimutes, pode-se também, apresentar no gráfico do perfil topográfico, informações
referentes a DH. Por exemplo, na Figura 9.11 é apresentada a DH entre a estaca 0 e 3 + 12 m, de
72 m, e entre 3 + 12 m e 6, de 48 m.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.7. GREIDE OU RAMPA

200
EH = 1/1.000
Escala
198 Pe
rfi EV = 1/200
lt
196 op
og
ráfi
co
cota (m)

194

192

190

188

186 Estaca
0 1 2 3 3 + 12 m 4 5 6
200,000 m

199,305 m

197,095 m

193,470 m

192,400 m

191,938 m

190,274 m

187,825 m
cota no
terreno

Plani- Az = 137◦ 22 Az = 101◦ 49


metria DH = 72 m DH = 48 m

Figura 9.11
Representação gráfica do perfil topográfico do Exemplo 9.10.

9.7 Greide ou rampa

Juntamente com o perfil do terreno, pode-se ter um greide, também denominado de rampa, com
uma declividade (Equações 9.6 e 9.7). O greide pode representar, por exemplo, o eixo onde uma
estrada passará, um canal de irrigação ou a posição de uma rede de esgoto. Observando as cotas
do perfil topográfico com as do greide, pode-se também avaliar as áreas que serão cortadas ou
aterradas, ou a profundida de escavamento para posicionamento de uma rede de esgoto. A DN
entre a cota greide (cotagreide ) e a cota do terreno (cotaterreno ) é denominada de cota vermelha (CV):

CV = cotagreide − cotaterreno (9.20)


Desta forma, a CV em um ponto, indicará se nele será realizado corte ou aterro, em que:
a) se CV for positiva, cotagreide > cotaterreno , é um ponto de aterro;
b) se CV for negativa, cotagreide < cotaterreno , é um ponto de corte e;
c) se CV for igual a zero, cotagreide = cotaterreno , é um ponto de passagem (PP), não haverá
nem corte nem aterro.
Sempre que o sinal algébrico da CV mudar entre estacas, haverá um PP. Na Tabela 9.2 é apresen-
tada um exemplo de uma caderneta de campo para um NGC com: as estacas de 20 m em 20 m; as
cotas do terreno calculadas; um greide arbitrário; e as respectivas CV’s. Na Figura 9.12 é apresen-
tada a representação gráfica destes dados, inclusive com a posição dos PPs. O perfil do terreno

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.7. GREIDE OU RAMPA

apresentado começa na estaca 5 + 13,5 m de cota de 200,00 m e termina na estaca 10 + 15,1 m de


cota 202,11 m, ou seja, uma DN total de 2,11 m, com o terreno em aclive entre a primeira estaca e
a última.

Tabela 9.2
Apresentação da CV em uma caderneta de campo.

Estacas ré AI PI PM cotaterreno cotagreide CV


5 + 13,5 m 1,75 201,75 200,00 200,465 0,465
6 1,43 200,32 200,530 0,210
7 0,67 201,08 200,730 −0,350
8 0,50 201,25 200,930 −0,320
9 0,79 202,43 0,11 201,64 201,130 −0,510
10 1,59 200,84 201,330 0,490
10 + 15,1 m 0,32 202,11 201,481 −0,629

Mais uma vez, a interpretação dos números das estacas intermediárias é: i) o primeiro número
corresponde ao número da estaca anterior; e ii) o segundo número, caso ocorra, é a fração que a
estaca se encontra em relação a estaca anterior. Então, a estaca inicial 5 + 13,5 m está 13,5 m à
frente da estaca número 5, e 6,5 m atrás da estaca 6 (20 m − 13,5 m). Segundo esta mesma linha
de raciocı́nio, somando as distâncias entre as estacas, tem-se que a DH entre as estacas inicial e
final é de 101,6 m (6,5 + 20 · 4 + 15,1).

202 Perfil topográfico


Greide CV=–0,629 m
CV b
rs
PP b
rs
CV=–0,51 m b
b rs
Cota (m)

b
b CV=–0,32 m CV=0,49 m
201 b
CV=–0,35 m
b

rs
b
b
CV=0,21m
b

CV=0,465 m

200 b

5+13,5 m 6 7 8 9 10 10+15,1 m
Estaca
Figura 9.12
Perfil topográfico, greide e CV dos dados apresentados na Tabela 9.2.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.7. GREIDE OU RAMPA

Exemplo 9.12

Com os dados da Tabela 9.2 , pergunta-se: a) qual é a declividade do greide (%); b) qual a
cota do greide na estaca 8; e, c) a estaca a cota do segundo PP.
Solução

Questão (a): considerando as cotas do greide nas estacas 5 + 13,5 m e 10 + 15,1 m e a DH


entre estas estacas de 101,6 m:

DN
d(%) = 100
DH
201,481 − 200,465
= 100
101,6
= 1%.

Questão (b): as cotas do greide, que na Tabela 9.2 são apenas apresentadas, são calculadas
conhecendo-se: i) a declividade do greide, neste caso de 1% e, ii) as DHs entre a primeira
estaca às estacas de interesse, para o exercı́cio, a 8. A DH é de 46,5 m (6,5 + 20 · 2). Como
a declividade do greide é de 1%, tem-se que para uma DH de 100 m neste greide, há uma
DN de 1 m, então, para uma DH de 46,5 m, tem-se uma DNgreide (8, 5 + 13,5 m) de 0,465 m
46,5

100 1 , logo:

cotagreide, 8 = cotagreide, 5+13,5 m + DNgreide (8, 5 + 13,5 m)


= 200,465 + 0,465
= 200,930 m.

Questão (c): o segundo PP encontra-se entre as estacas 9 e 10. A figura a seguir apresenta
uma ampliação do perfil do terreno e do greide entre esras estacas. As CVs são apresen-
tadas em valores absolutos, uma vez que se vai avaliar as distância que separam o greide
do terreno em valores absolutos. Seja x a DH da estaca 9 ao PP. Como a DH entre as estacas
é de 20 m, a DH de PP à estaca 10 será de 20 − x. Por semelhança de triângulos:

x 20 − x
=
0,51 0,49
20 · 0,51
x=
0,49 + 0,51
x = 10,2 m.

Desta forma, a estaca no ponto de passagem é 9 + 10,2 m.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

cota
202

CV= 0,51 m PP b
rs
b CV= 0,49 m
201
b

x 20 − x

200 Estaca
8 9 10
Para calcular o valor da cota no PP, a DH entre a estaca 5 + 13,5 m e a estaca no PP, 9 +
10,2 m, é de 76,7 m (6,5 + 20 · 3 +
 10,2). Sendo a declividade do greide de 1%, a DN entre
estas estacas é de 0,767 m 76,7
100 1 . Desta forma:

cota9+10,2 m = cota5+13,5 m + DN
= 200,465 + 0,767
= 201,232 m.

9.8 Cálculo de volume

Volume de corte e aterro se refere ao volume e movimentação de terra, sedimentos ou rochas que
se deverá movimentar com a finalidade de ter o terreno de acordo forma estabelecida no projeto.
Os projetos podem ser de estradas, planificação para construção de abras civis (casas, prédios,
praças, etc), terreiros ou planificação para fins de irrigação por gravidade.
Cálculo de volume de corte ou aterro de uam áreas por meio da

a) Gradriculação do terreno: tal etapa é realizada estaqueando estacas nos pontos onde será
cálculada as cotas. Tal procedimento pode ser realizado com a auxı́lio de trena ou estação
total, por exemplo. Na área a ser levantada em DHs constantes, por exemplo, de 5 m em 5 m,
são materializadas os pontos por estacas, repetindo-se o estaqueamento a ortogonalmente
a estas também são estabelecidas, e novamente, para DH constante, o terreo é estaqueado.
Na

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

40 m
15,8 m 15,3 m 14,6 m 14,7 m 14,3 m
1 2 3 4 5

10 m
Am B C 14 m
D
15 m
14
15,0 m 14,3 m 13,3 m 13,5 m 13,4 m
6 7 8 9 10

10 m
Em
14
F G H
13 m

m
m
m

13
12,9

,9

40 m
12
13,8 m 13,3 m 12,4 m 12,8 m 12,5 m
11 12 13 14 15

10 m
Im J K L
13
12 m
12,9 m 12,5 m 11,4 m 11,9 m 11,7 m
16 17 m 18 19 20
12

10 m M Nm O P
11 m
11
11,1 m 11,3 m 10,0 m 10,6 m 10,5 m
Figura 9.13 21 22 23 24 25
Quadrı́cula para cálculo de volume de 10 m 10 m 10 m 10 m
cote e aterro. A curva de nı́vel

Figura 9.14

Exercı́cios

9.1. Qual o erro que resultará se, a correção dos efeitos da curvatura da terra e de refração, for
negligenciado em nivelamentos trigonométricos para pontos separados em:
a) 100 m;
b) 500 m;
c) 1500 m;
d) 4000 m;
Resp.: a) 0,0007 m; b) 0,0169 m; c) 0,1519 m; d) 1,0804 m.

9.2. Qual o princı́pio de funcionamento dos barômetros?


Resp.: ver texto e referências.

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

9.3. Com uma estação total no ponto A, de altitude 1.392,869 m, visou-se um prisma sobre o
ponto P, registrando-se os seguintes valores: z = 81◦ 20 4500 ; DIAP = 792,298 m; ai = 1,521 m;
ap = 1,775 m. Considerando o erro da curvatura da terra e o de refração, qual a altitude em P?
Resp.: Altitude em P = 1.515,972 m.

9.4. Um nivelamento foi realizado da estação A para B, sendo a altitude de B de 409,56 m. Obteve-
se os seguintes dados: zAB = 86◦ 80 4700 ; DIAB = 3.524,68 m; aiA = 1,440 m; altura do centro do
refletor (ap) no ponto B de 2,510 m. Calcular a altitude do ponto A. Considere o efeito de curvatura
e o de refração terrestre.
Resp.: Altitude em A = 172,911 m.

9.5. A distância inclinada e o ângulo zenital foram medidos de X para Y, sendo DI = 474,3 m e
z = 93◦ 130 4600 , respectivamente. A altura do prisma e a altura do equipamento foi a mesma. Se a
elevação de X foi de 837,5 m acima do Datum, qual a elevação de Y.
Resp.: Elevação de Y = 810,781 m.

9.6. De um teodolito estacionado no ponto 13, de altitude 492,7 m, foi visada a mira no ponto
14, realizando as seguintes medidas: z = 92◦ 270 ; ri = 1,000 m; rm = 1,598 m; rs = 2,196 m;
ai = 1,7 m. Pergunta-se:
a) qual a DN entre os pontos 13 e 14;
b) qual a altitude do ponto 14.
Resp.: DN = –5,006 m; altitude do ponto 14 é de 487,694 m.

9.7. Em nivelamento taqueométrico do ponto X para Y, foram realizadas as seguinte leituras:


z = 86◦ 100 ; ri = 1,700 m; rs = 2,300 m. Sabendo-se que a altura do instrumento foi igual a leitura
do retı́culo médio. Pergunta-se qual a DN entre os pontos X e Y.
Resp.: DN = 4,002 m

9.8. Com o objetivo de determinar a altitude do ponto inacessı́vel, P, foram realizadas as seguintes
medidas: comprimento de uma base AB de 50 m; ângulos horizontais P \ AB (α = 52◦ 250 3800 ) e
\ (β = 67 37 49 ), conforme Figura 9.15 (plano topográfico); aiA = 1,745 m; e ângulo zenital
ABP ◦ 0 00

da luneta em A visando P de 57◦ 270 3100 . Sabe-se que a altitude em A é de 564,693 m. Pede-se:
a) a DH de A a P;
b) a altitude de P.

Vista do levantamento
no plano horizontal

b
P
B
α
β
base

Figura 9.15 A

Resp.: DHAP = 47,786 m; Altitude P = 595,654 m.

9.9. Calcule a altitude ortométrica (H) para uma estação em que a altitude geométrica (h), medida
com receptor GPS foi de 59,1 m. Sabe-se que a ondulação geoidal (N ) para a estação é de –21,3 m?
Resp.: H = 80,4 m.

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 166


CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

9.10. Sobre um marco do IBGE foi estacionado um receptor GNSS, utilizando como método de
cálculo da posição, a diferença de fase. Foi obtida com este receptor a altitude de 329,673 m
(geométrica). Consultando o programa MAPGEO2010, foi verificado que a altitude ortométrica
deste marco é de 335,958 m. Qual é a ondulação geoidal deste ponto?
Resp.: N = −6,285 m.

9.11. Utilizando-se um receptor GNSS, configurado para trabalhar com o Datum SIRGAS2000,
obteve-se os seguintes dados de um determinado ponto: coordenadas 20,7615◦ de Latitude Sul e
41,5354◦ de Longitude Oeste e, altitude geométrica de 272,13 m. Calcule a altitude em relação ao
geóide (altitude ortométrica). Utilizar o programa MAPGEO2010.
Resp.: 278,48 m.

9.12. Em um perfil topográfico, a estaca 5 + 14 m tem cota 200,5 m e a estaca 10 + 2 m tem cota
204,7 m. O terreno entre essas estacas é aproximadamente plano. Com estas informações calcular:
a) a declividade (%) de um greide que passaria pelas referidas estacas, se na estaca 5 + 14 m
m fosse feito um aterro de 1,7 m de altura e um corte da mesma altura na estaca 10 + 2 m;
b) a cota do ponto de passagem e sua distância com relação à estaca m;
c) a cota no terreno e no greide na estaca 7.
Resp.: Declividade de 0,91%; cotaPP = 202,6 m e distância de PP à estaca 5 + 14 m é de 44 m;
cotagreide(7) = 202,436 m e cotaterreno(7) = 201,741 m.

9.13. Foi realizado um nivelamento e um contra-nivelamento entre os pontos A e B, obtendo-se


a DN de, respectivamente, 3,837 m e 3,842 m. Sabendo-se que o trecho AB tem uma extensão de
580 m. Pede-se:
a) o erro cometido no trecho;
b) considerando um levantamento da classe IIN da NBR13133, este levantamento está dentro
do limite tolerado.
Resp.: erro = 0,005 m; está de acordo com a Norma.

9.14. Com os dados das cadernetas de nivelamento e contra-nivelamento (Tabela 9.3), e sabendo-
se que as estacas estão espaçadas de 20 m, calcular:
a) o erro cometido no trecho;
b) considerando um levantamento da classe IIN da NBR13133, este levantamento está dentro
do limite tolerado.
Resp.: erro do nivelamento 0,006 m; está de acordo com a Norma.

9.15. Com os dados de um NGC apresentados na caderneta de campo da Tabela 9.4, calcule:
a) a declividade, em %, de um plano inclinado que passa pelas estacas 7 + 12 m e 12 + 5 m,
considerando-se que o espaçamento entre as estacas é de 20,0 m;
b) as CV para todos as estacas;
c) em que estaca(s) se encontra(m) o(s) ponto(s) de passagem.
Resp.: a) d = −1,008%; b) CV7+12 m = 0 m, CV8 = 1,328 m, CV9 = −1,384 m, CV10 = −1,407 m,
CV11 = −0,478 m, CV12 = 1,068 m, CV12+5 m = 0 m; c) PP1 = 8 + 9.795 m, PP2 = 11 + 6.183 m.

9.16. Um terreno foi estaqueado conforme a Figura 9.16 para fins de trabalho de terraplenagem.
O espaçamento entre as estacas foi de 20,0 m. A declividade do terreno na direção das linhas é de
–3% e na direção das colunas é de –2%. A cota do terreno para estaca A1 de 100,00 m. Pedem-se:
a) Calcular as cotas para todas as estacas;
b) Traçar as curvas de nı́vel da área, com equidistância vertical de 1,00 m;

Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 167


CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

Tabela 9.3 Nivelamento


Nivelamento e conta- Estaca ré AI PI PM cota
nivelamento. 4 3,321 100,000
5 1,325
6 3,793
7 2,650 1,467
8 3,820
9 2,100

Contra-Nive.
Estaca ré AI PI PM cota
9 1,200
8 2,923
7 0,621 1,756
6 2,947
5 0,710 0,479
4 2,706

Tabela 9.4 Estaca ré AI PI PM cota greide CV


Tabela de nivelamento. 7 + 12 m 1,316 200,0
8 2,725
9 2,321 0,214
10 0,340 2,500
11 1,470
12 3,218
12 + 5 m 2,200

c) Calcular a cota (hm) de um plano horizontal que, na terraplenagem, resulte em volumes de


corte e aterro iguais;
d) Traçar a linha de passagem, indicando as áreas de corte e aterro;
e) Calcular a cota vermelha para todas as estacas.
1 2 3 4
A

B
-2%
C

D
-3%
Figura 9.16

Resp.: a) e e) nas Tabelas abaixo; c) hm = 98,5 m.

9.17. Num trabalho de terraplenagem, transferiu-se a altitude de um marco para um ponto


próximo a área de trabalho, pelo método de nivelamento trigonométrico. Posteriormente,
conhecendo-se esta nova altitude, determinaram-se as altitudes das estacas que serviram de ter-
raplenagem. Dados:
• transferência de altitude: na estação A, cuja altitude é de 305,3 m instalou-se uma estação
total ficando o eixo da luneta a 1,74 m de altura (ai), em seguida visou-se o prisma, cuja a
altura era de 1,0 m (ap), em X, anotando-se o ângulo zenital 96◦ 200 e a DI de 926,0 m;

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

Tabela 9.5 Cotas CV


Estaca 1 2 3 4 Estaca 1 2 3 4
A 100 99,4 98,8 98,2 A –1,5 –0,9 –0,3 0,3
B 99,6 99 98,4 97,8 B –1,1 –0,5 0,1 0,7
C 99,2 98,6 98 97,4 C –0,7 –0,1 0,5 1,1
D 98,8 98,2 97,6 97 D –0,3 0,3 0,9 1,5

• altitudes das estacas que serviram à terraplenagem: com o nı́vel de precisão fez-se uma
irradiação geométrica obtendo-se os seguintes dados: visada de ré na mira colocada sobre
X igual a 0,12 m; leitura da mira, em metros, nas estacas da quadrı́cula (20 m por 20 m) na
Tabela 9.6.
Com os dados acima pede-se:
a) qual a altitude em X;
b) qual a altitude nas estacas da quadrı́cula;
c) calcular a altura média do plano que resultará em Vc = Va ;
d) projetar um plano inclinado de 1% de declividade no sentido A para C e de −2% na direção
da seção de 1 para 2.

Tabela 9.6 Estaca A B C


Valores das medidas de vante. 1 1,86 2,20 1,30
2 2,50 2,40 2,30

Resp.: a) altitude X = 203,891 m; b) na Tabela 9.7; c) hm = 201,866 m; d) na Tabela 9.8.

Tabela 9.7 Estaca A B C


Altitude das estacas (m). 1 202,151 201,811 202,711
2 201,511 201,611 201,711

9.18. Um terreno de 40,0 m por 40,0 m, foi estaqueado em quadrı́culas de 20,0 m por 20,0 m. As
cotas obtidas para cada vértice estão na Figura 9.17.

111,7 112,6 113,7


A

111,0 111,8 112,7


B +2%

110,2 111,1 112,0


C
Figura 9.17
Cotas no terreno (m).

Pede-se:
a) desenhar o terreno na escala 1 : 500 e locar as curvas de nı́vel inteiras, pelo método de
interpolação por cálculo com EV = 1,0 m;

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CAPÍTULO 9. ALTIMETRIA 9.8. CÁLCULO DE VOLUME

Tabela 9.8 Estaca A B C


Cotas do plano inclinado. 1 201,866 202,066 202,266
2 201,466 201,666 201,866

b) projetar um plano inclinado de +2% na direção e sentido de A para C que resultará em


Vc = Va . Fazer desenho na escala 1:500;
c) calcular os volumes de corte e aterro para o plano inclinado (não considere talude de corte
e saia de aterro), utilize a fórmula do tronco de pirâmide.
Resp.: b) Figura 9.18; c) Vc = 557,90 m3 ; Va = 562,89 m3 .

111,45 111,45 111,45


A

111,85 111,85 111,85


B

112,25 112,25 112,25


C
Figura 9.18
Plano inclinado (m).

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BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE REMISSIVO ÍNDICE REMISSIVO

Índice remissivo

Área de vante, 103


cı́rculo, 15 em campo, 111
determinação, 25 provisório, 127
método de Gauss, 28
retângulo, 13 Balizas, 82
setor de cı́rculo, 16 Beidou, 62
transecto, 26 Beidou-2/Compass, 62
trapézio, 15
triângulo, 14 C/A, coarse/acquisition, 59
Heron, 14 Código
semiperı́metro, 14 aberto (C/A, coarse/acquisition), 59
Ângulo, iv, 1, 97 de precisão (P, precision code), 59, 63
de deflexão, 101 Campo magnético, 113
à direita, 101 modelo
à esquerda, 101 IGRF, 113
deflexão, 101 WMM, 115
grado, 5 Cateto
grau, 2 adjacente, 5
horizontal, 97, 99 oposto, 5
à direita, 101 Cicata, 54
medição, 99 Cinemático em tempo real, 68
interno, 101 Coeficiente de dilatação, 84
radiano, 4 Coordenada
soma dos ângulos internos Geocêntrico, 37
medidos, 105 geodésica, 36
teórica, 105 geodésica cartesiana, 37
vertical, 97, 117 retangular, 132
inclinação, 117 coordenada
medição, 119 polar, 11
zenital, 99, 117 retangular, 10
Coordenada astronômica, 39
Alinhamento Coordenadas parciais, 128
de vante e ré, 99 Cota, 143
Alqueiro Cota vermelha, 161
mineiro ou geométrico, 21 CREA, 74
paulista, 21
Altimetria, iv, 141 Datum
definições, 141 altimétrico
Altitude Imbituba, 142
geométrica, 142 Santana, 142
ortométrica, 142 horizontal
altitude SAD69, 151
geométrica, 151 SIRGAS2000, 151, 152
ortométrica, 151 Datum horizontal, 40
Ambiguidade, N , 63 Córrego Alegre, 40
Anotação de Responsabilidade Técnica, 74 SAD69, 41
Azimute, 103 SIRGAS2000, 41
cálculo, 133 Datum vertical, 40, 41, 142
a partir das coordenadas retangulares, Imbituba, 42
110 Santana, 42
por meio da deflexão, 109 Declinação magnética
por meio do ângulo interno, 107 linha agônica, 114
conversão para rumo, 104 linha isogônica, 113
de ré, 103 linha isopórica, 114

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ÍNDICE REMISSIVO ÍNDICE REMISSIVO

variação Beidou-2/Compass, see Beidou–2/Compass


secular, 113 Galileu, see Galileu
Declividade, 145 GLONASS, see GLONASS
Diferença GPS, see GPS
de nı́vel, 79 IRNSS, see IRNSS
Diferença de nı́vel, 142 on-the-fly, 69
Disponibilidade Seletiva, 59 posicionamento
Distância Euclidiana, 10 cinemático, 67
Distância horizontal diferencial, 67
cálculo, 133 estático, 67
Distância Vertical, 142 kinematic relative positioning, 69
Distâncias, iv, 79 pós-processado, 67
ponto, 66
Efemérides, 55 por ponto, 67
Elevação, 142 por ponto preciso, 67
Elipsóide, 35 Pseudokinematic relative positioning, 69
achatamento, 34 relativo, 67
definição, 34 RTK, see RTK
raio, 34 semikinematic, 69
Erro stop-and-go, 69
GNSS QZSS, see QZSS
órbita do satélite, 64 GPS, 59
centralização do centro da antena do Greide, 161
receptor, 65 GRS80, 41
centro de fase da antena do receptor, 65
erro do relógio do receptor, 65 Hipotenusa, 5
medida a altura da antena do receptor, 65
multicaminhamento, 65 IBGE, 40
propagação do sinal, 64 INCRA, 74
relógio do satélite, 64 Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Erro angular Agrária, 74
compensação, 106 IRNSS, 62
de fechamento, 105
Erro angular de fechamento, 126 Kinematic relative positioning, see GNSS,
Erro de esfericidade e refração, 143 posicionamento
Erro de fechamento linear, 131
Erro linear, 129 Lei dos cossenos, 9
Escala, 22 Lei dos senos, 8
horizontal, 160 Limbo, 97
vertical, 160 Linha de nı́vel, 142
Estação Linha horizontal, 141
total, 100 Linha vertical, 141
Estação total, 76 Luneta
posição direta, 118
Fase da onda portadora, pseudodistância, 63 posição inversa, 118
Fichas, 82
Fio de prumo, 141 Máscara de elevação do satélite, 64
Fontes de erro GNSS, 62 MAPGEO2010, 153
Funções trigonométricas, 5 MED
medidor eletrônico distância, 92
Galileu, 61 Medidor eletrônico distância, 91
Geóide, 33, 40 Meridiano
geóide, 151 astronômico, 102
Georreferenciamento de imóveis rurais, iii, 73 geodésico, 102
GLONASS, 60 hipotético, 103
GNSS, 62, 147, 152 magnético, 102
Beidou, see Beidou quadrı́cula, 103

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ÍNDICE REMISSIVO ÍNDICE REMISSIVO

Mira, 88 Projeção cartográfica, 42


Multicaminhamento, 65 Albers igual área, 43
Azimutal, 46
Nadir, 118 cônica de Lambert, 45
Nivelamento, 146 conforme, 43
barométrico, 147 equivalente, 42
geométrico, 154 igual área, 42
composto, 157 projeção cônica de Albers, 44
simples, 154 Sinusoidal, 45
geométrico composto sinusoidal (igual área), 45
ponto de mudança, 158 Universal Transversa de Mercador (UTM),
ponto de ré, 157 47
ponto de vante, 157 Pseudodistância, 62
geométrico simples pseudodistância, 57
AI, 154 Pseudodistância por código, 63
ré, 154 Pseudokinematic relative positioning, see GNSS,
vante, 154 posicionamento
GNSS, 151
taqueométrico, 150 QZSS, 62
trigonométrico, 147
Norte Radiação eletromagnética, 91
magnético, 111 Rampa, 161
quadrı́cula, 110, 127 RBMC, 75
Rede
On-the-fly, see GNSS gravitacional, 39
planimétrica, 39
P, precision code, 59 rede
Perfil topográfico, 160 altimétrica, 39
Plano horizontal, 141 Rede Brasileira de Monitoramento Contı́nuo, 75
Polegadas, 81 Rede Incra de Bases Comunitárias do GPS, 75
Poligonal Referência de nı́vel, 142
aberta, 124 Ribac, 76
cálculo, 135 RTK, 68
aberta e apoiada Rumo, 104
erro de fechamento longitudinal, 136 cálculo
erro de fechamento transversal, 136 por meio do ângulo interno, 109
fechada, 123 conversão para azimute, 104
azimute provisório, 127 de ré, 104
cálculo, 124 de vante, 104
cálculo azimute, 133
compensação do erro de fechamento Segmento controle, 58
linear, 131 Segmento espacial, 58
coordenadas parciais, 128 Segmento usuário, 58
coordenadas retangulares, 132 Segmentos GNSS, 57
erro angular de fechamento, 126 SGB, 39
erro linear, 129 Sistema de geodésico brasileiro, 39
Ponto de passagem, 161 Sistemas Globais de Navegação por Satélite,
Pontos topográficos não ocupados, 134 GNSS, 53
Posicionamento Standard Positioning Service, 59
padrão (SPS, Standard Positioning Service), Superfı́cie de nı́vel, 142
59
preciso (PPS, Precise Positioning Service), 59 Taqueometria, 88
Posicionamento diferencial GNSS (DGNSS), 68 Teodolito, 88
Precisão relativa, 130 Tissot, indicatriz, 43
Prisma, 92 Tolerância
Processado em tempo real, 67 nivelamento, 159
Profissional habilitado, 74 Transit, 54

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ÍNDICE REMISSIVO ÍNDICE REMISSIVO

Trena, 81 metro, 21
Módulo de elasticidade por tração, 85 polegadas, 81
Triangulação, 53 UPS, see Projeção cartográfica
Trigonometria, 1 UTM, see Projeção cartográfica

Unidade
Área Velocidade da luz, 56
alqueiro, 21
alqueiro mineiro ou geométrico, 21 WGS84, 35, 151
alqueiro paulista, 21 Constante gravitacional da terra, 35
hectare, 21 Velocidade angular de rotação da terra, 35
Comprimento WRS 1980, 35

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