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Estamos falando aqui de uma nova lógica de produção que nasceu na Alemanha, em
2011, e deu início ao processo de digitalização da operação industrial. A união do
conceito de internet das coisas com a automatização industrial gera inteligência à
manufatura e um universo de possibilidades para diferentes fabricantes. Máquinas
interconectadas conversam e trocam comandos entre si, armazenam dados na nuvem,
identificam defeitos e fazem correções sem precisar de ajuda.
Algumas indústrias brasileiras saíram na frente, com projetos que podem ser
considerados 4.0. Veja o caso da Ambev. Em 2015, a multinacional de bebidas adotou
um sistema de automação para melhorar o controle do processo de resfriamento da
cerveja e reduzir as variações de temperatura, evitando, assim, o desperdício de energia.
A tecnologia já está em oito cervejarias da empresa e a previsão é expandir o uso para
outras unidades ao longo deste ano.
“A indústria 4.0 cria uma produção em rede mais precisa, de baixo custo, e permite
personalizações em massa com velocidade”, afirma Rosane Prado, diretora da área de
digital da consultoria Innovative. As máquinas podem reproduzir diferentes modelos de
um produto em sequência, sem qualquer necessidade de parada para reconfiguração.
A intenção é que o consumidor possa escolher um carro de cor diferente, por exemplo.
Ainda na linha de montagem, aquele automóvel já teria um dono, pois as máquinas
podem receber o pedido e fazer as customizações necessárias. “Tradicionalmente, a
produção industrial acontece em lotes muito grandes. Mas, com a digitalização, cada
produto é único na linha de produção”, diz Zancul.
Essa é uma realidade possível em países como Alemanha e Estados Unidos, porque
existem grandes projetos e iniciativas com participação do governo e da iniciativa
privada. Nos Estados Unidos, foi criada a organização sem fins lucrativos Smart
Manufacturing Leadership Coalition (coalização para a liderança em indústria inteligente,
em tradução livre) para mostrar, com a ajuda de pesquisas, os benefícios da manufatura
avançada e facilitar sua adoção.
Para competir globalmente, a indústria nacional deve aumentar sua produtividade e sua
participação na economia brasileira. “As empresas precisam fazer uma transformação
digital tanto em hardware quanto em software para ter uma integração completa de todos
os processos”, diz Rosane, da Innovative. Disposição e vontade não faltam, mas o Brasil
precisa ousar para dar um salto de desenvolvimento e entrar para valer na nova era da
indústria 4.0.