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DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2176-9451.19.4.136-157.sar
Pacientes em busca de tratamentos estéticos são uma constante na rotina de todos os profissionais que oferecem este
tipo de serviço. Seguindo esta tendência, os pacientes odontológicos vêm buscando tratamentos com o objetivo pri-
mário de melhorias na estética do sorriso. O objetivo deste artigo é apresentar um protocolo de avaliação do sorriso,
intitulado de “Os 10 mandamentos da estética do sorriso”.
» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou Como citar este artigo: Machado AW. 10 commandments of smile esthet-
financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias ics. Dental Press J Orthod. 2014 July-Aug;19(4):136-57. DOI: http://dx.doi.
descritos nesse artigo. org/10.1590/2176-9451.19.4.136-157.sar
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Machado AW tópico especial
sorriso12; o tipo de corredor bucal13; a quantidade de dos olhos humanos em diversas situações. Seus estudos
exposição gengival no sorriso13,14,15; a presença de as- demonstraram que, durante a análise de fotografias fa-
simetrias gengivais e incisais1,11,16,17; a presença de dias- ciais, as duas áreas da face que mais chamam a atenção
temas na região anterossuperior3,14; a presença de des- são a boca e os olhos.
vios de linha média e alterações nas inclinações axiais Dentre as razões que podem explicar esta hipótese,
dentárias11,17; a proporção, o tamanho e a simetria dos destaca-se, principalmente, o dinamismo dos olhos e da
incisivos superiores1,12; entre outros. boca comparado às outras estruturas estáticas da face, bem
Se, por um lado, a existência de diversos artigos que como o contraste de cores nos olhos, entre a íris, a pupila e
estudaram tais características é de grande relevância à lite- a esclerótica, e, na boca, entre os lábios, o tecido gengival,
ratura odontológica, por outro lado impõe certa dificul- os dentes e o “fundo” preto.
dade ao clínico que busca um protocolo simples e prático. Esse achado foi corroborado recentemente por outros
O profissional, geralmente, enfrenta alguns questiona- autores, os quais ratificaram que, durante interações pes-
mentos. Por onde começo o meu planejamento estético soais, a maior atenção é voltada para a boca e os olhos,
do sorriso? Quais os aspectos mais relevantes a considerar além disso, como a boca seria um dos centros de atenção
em um tratamento estético? Quais referenciais científicos da face, o sorriso desempenharia papel fundamental na
devo considerar em minha abordagem terapêutica? estética facial18. Assim, podemos instituir o primeiro as-
O objetivo do presente artigo é apresentar um pro- pecto na avaliação da estética do sorriso: a dominância do
tocolo de avaliação da estética do sorriso, intitulado de sorriso na estética facial.
“Os 10 mandamentos da estética do sorriso”, com o Durante a realização de pesquisas no curso de Espe-
intuito de simplificar a aplicabilidade clínica e os pla- cialização em Ortodontia da Universidade Federal da Ba-
nejamentos interdisciplinares do tratamento do sorriso. hia (UFBA), ainda tínhamos esta dúvida: até que ponto
Para tornar a leitura mais fluida, e por razões didáticas, o sorriso realmente é mandatório na avaliação da estética
o tema será distribuído em três tópicos: 1) Por que ava- global da face? Assim, em diversos trabalhos13,15,16, ima-
liar o sorriso? 2) Como analisar o sorriso? 3) O que ava- gens manipuladas foram submetidas à avaliação de orto-
liar no sorriso – 10 mandamentos. dontistas e leigos, por meio de duas tomadas: face total
É essencial ressaltar dois importantes aspectos. O pri- e sorriso aproximado. Os resultados demonstraram não
meiro é que, com o objetivo de alcançar resultados estéti- haver diferença estatisticamente significativa entre essas
cos ideais, é fundamental trabalhar em equipe, ou seja, na duas formas de avaliação (p > 0,05). Isso mostra que, na
maioria das vezes serão necessários tratamentos interdis- avaliação da estética do sorriso, em uma vista total da face
ciplinares. O segundo ponto é que, embora grande parte (incluindo nariz, cabelo, olhos, contornos faciais, etc.) ou
desses mandamentos tenha sido baseada em evidências em uma vista aproximada, destacando somente o sorri-
científicas, o protocolo apresentado não deve ser utiliza- so, há o mesmo grau de percepção, sugerindo não haver
do de forma generalizada, mas sim como um ponto de influência da face na avaliação estética de diversas carac-
partida, pois o conceito do “belo” varia para cada pessoa. terísticas do sorriso. Esses dados reforçam a soberania do
Assim, todos os mandamentos devem ser discutidos entre sorriso no contexto da estética global facial.
os membros da equipe de trabalho e com os pacientes, Após perceber a importância do sorriso no contexto
para a criação de planejamentos estéticos individualizados facial, podemos extrapolar ainda mais. O sorriso, não só é
e, consequentemente, mais satisfatórios. decisivo na percepção da atratividade da face, como também
está relacionado com a percepção de diversas características
1) POR QUE AVALIAR O SORRISO? psicológicas dos indivíduos. A presença ou não de alterações
A expressão popular, amplamente conhecida, “o sor- deletérias no sorriso tem influência significativa sobre como
riso é o nosso cartão de visita” deve ser bastante respei- se percebe e se avalia outros indivíduos10. Tais alterações ne-
tada e considerada, pois já existe evidência científica que gativas no sorriso podem afetar avaliações de personalidade,
destaca o sorriso como o elemento mais importante no inteligência, estabilidade emocional, dominância, sexualida-
contexto da estética dentofacial. de, bem como as intenções comportamentais para interagir
No século passado, o cientista Alfred Yarbus17 de- com os outros10. O conjunto dessas características pode ser
senvolveu um equipamento que registrava o movimento facialmente percebido quando tratamentos odontológicos
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tópico especial Os 10 mandamentos da estética do sorriso
que envolvem aprimoramentos na estética do sorriso são do lábio levantam levemente, podendo ou não apa-
realizados. O leitor, com certeza, já testemunhou a melhora recer dentes. O segundo tipo, o sorriso de canino21,
na autoestima de pacientes no pós-tratamento estético e o ou sorriso social, vem sendo mundialmente utilizado
quanto isso agregou qualidade de vida a eles. e divulgado nas redes sociais pelos diversos tipos de
Dessa forma, tudo isso justifica o porquê dos pacientes selfies. É aquele em que o lábio superior é elevado de
procurarem tratamentos odontológicos por queixas estéti- forma uniforme, mostrando os dentes anterossupe-
cas. Quando mudanças estéticas no sorriso são realizadas, riores (Fig. 1B). Este tipo pode ou não ser voluntário
os pacientes não só ficam mais atraentes, mas também mais e, muitas vezes, os pacientes com alterações negativas
jovens e com mudanças positivas no âmbito psicológico. no sorriso (como sorrisos gengivais), podem aprender
Por outro lado, um aspecto a ser discutido é até que a mascarar tal alteração, limitando, assim, uma análise
ponto os ortodontistas estão priorizando a estética do do sorriso mais fidedigna. O terceiro tipo foi definido
sorriso no planejamento de seus casos. A exemplo disso, como sorriso complexo21, no qual ocorre movimen-
o trabalho conduzido por Schabel et al.19 demonstrou não tação do lábio inferior, além de ampla movimentação
existir forte relação entre casos ortodônticos bem finali- do lábio superior. Este tipo também é chamado de
zados, do ponto de vista oclusal, com estética do sorriso. sorriso espontâneo, geralmente involuntário, retra-
Em outras palavras, os autores sugerem a inclusão de novos tando de forma mais realista o desenho do sorriso dos
critérios para avaliar a estética do sorriso na análise global pacientes (Fig. 1C). Segundo Camara5, os planeja-
dos casos finalizados ortodonticamente. mentos estéticos devem ser realizados tomando como
base este tipo de sorriso, pois o sorriso social pode
2) COMO ANALISAR O SORRISO? não corresponder à realidade, mas sim representar um
A análise do sorriso pode ser realizada, basicamen- movimento aprendido e voluntário.
te, por meio da avaliação clínica, de registros fotográficos Torna-se perceptível a dificuldade em realizar o regis-
e de filmagens. De fato, o exame clínico é soberano no tro do sorriso de forma mais acertada, no momento exato,
contexto odontológico, porém, é necessário o registro de com tomadas fotográficas estáticas. Para dificultar ainda
dados dos pacientes. Para tal, as fotografias sempre foram mais o registro fotográfico, o estímulo do sorriso torna-se
o padrão-ouro. Porém, recentemente, a validade das foto- outro problema, pois o que é engraçado para alguns indiví-
grafias para o registro do sorriso tem sido questionada em duos pode não ser para outros5.
detrimento das filmagens. Quando essas dificuldades são analisadas, parece óbvio
Isso ocorre porque o sorriso é um movimento dinâmico compreender que o registro do sorriso por meio de filma-
e complexo, com a interação de diversos músculos faciais, gens pode proporcionar dados mais fiéis e elucidativos ao
gerando diferentes posições da arquitetura dentolabial. clínico20. Este recurso possibilita a análise de outra informa-
Segundo Rubin21, existem três níveis, ou tipos, de ção bastante pertinente para o planejamento dos tratamen-
sorriso (Fig. 1). O sorriso de comissura21, também tos estéticos: o estudo dos diferentes níveis de exposição de
chamado de sorriso de Mona Lisa, é aquele comu- dentes anteriores durante a fala (Fig. 2A a 2D). Vale ressal-
mente apresentado durante o cumprimento de pes- tar que esse método também possui desvantagens, como
soas em situações sociais ou locais inusitados, como a) a qualidade final das imagens individualizadas (frames)
em elevadores (Fig. 1A). Nesse sorriso, as comissuras provenientes das filmagens é menor do que a qualidade das
A B C
Figura 1 - Diferentes tipos de sorriso: A) sorriso de comissura; B) sorriso social e C) sorriso espontâneo.
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A B C D
E F G H
Figura 2 - Ilustração de “frames” mostrando diferentes níveis de exposição de incisivos: (A–D) durante a fala e (E–H) durante diferentes fases do sorriso.
fotografias; b) o espaço (em bytes) ocupado é maior do que 8º) linha média e angulação dentária; 9º) detalhamento:
o das fotografias nas memórias dos computadores ou em cor e anatomia dentária; 10º) volume labial.
dispositivos de armazenamento; e, c) há maior necessidade Entre esses, especial atenção é direcionada ao arranjo
de conhecimento técnico específico para realizar as filma- dos dentes anterossuperiores (canino a canino ou primeiro
gens, bem como avaliá-las em softwares22. pré-molar a primeiro pré-molar), área chamada pela lite-
Em resumo, a avaliação clínica por meio de um ratura de “zona estética”. Nesta região, os incisivos cen-
exame clínico detalhado, associada ao diálogo com os trais são chamados de “elementos-chave”, caracterizando
pacientes, pode fornecer dados bastante fidedignos. a terminologia “dominância dos incisivos centrais”
De forma semelhante, quando um adequado protoco- (Fig. 3). Em síntese, os incisivos centrais devem ser os den-
lo fotográfico é utilizado, é possível obter informações tes que mais se destacam, os verdadeiros protagonistas do
consistentes sobre o sorriso, favorecendo o planejamen- sorriso. Dessa forma, os mandamentos de 1 a 4 estão di-
to estético dos casos. Por fim, o uso de filmagens é uma retamente relacionados a esta característica, compondo o
ferramenta bastante completa e interessante, fornecen- grupo “dominância dos incisivos centrais”.
do dados dinâmicos aos clínicos, não só sobre o sorriso,
mas também sobre o nível de exposição dos dentes ante- 1º mandamento ‒ Arco do sorriso:
riores durante toda a dinâmica da boca (Fig. 2). posição vertical dos incisivos superiores
Um planejamento estético deve ser iniciado pela área
3) O QUE AVALIAR NO SORRISO? mais nobre do sorriso: os incisivos centrais superiores7,8,9.
10 MANDAMENTOS DA ESTÉTICA DO SORRISO Assim, o 1º mandamento estabelece a posição vertical ideal
Conforme citado anteriormente, a existência de diver- dos incisivos superiores no sorriso, sendo este o 1º passo a ser
sos artigos que pesquisaram isoladamente características planejado nos tratamentos estéticos.
do sorriso é de grande valia científica, porém, impõe cer- O sorriso ilustrado na Figura 4A ilustra dentes com
ta dificuldade ao clínico que busca um passo-a-passo para boa coloração e boa anatomia. Apesar dessas qualidades, o
planejar seus casos objetivando a estética máxima do sorri- sorriso pode ser considerado bastante antiestético. A razão
so. Assim, o presente protocolo é composto por dez tópi- principal é a posição vertical inadequada dos incisivos, con-
cos (dez mandamentos), que auxiliam de forma prática e siderada ponto crucial na estética do sorriso2,8,9.
simplificada os planejamentos ortodônticos e/ou estéticos, Em um arco do sorriso ideal, as bordas incisais dos den-
além de ser útil na comunicação “profissional x profissio- tes superiores formam um arco que acompanha suavemen-
nal” e “profissional x paciente”. te o contorno do lábio inferior (Fig. 5A). Essa diagramação
Os dez mandamentos sugeridos consistem nos se- ideal do arco do sorriso é descrita de diferentes formas,
guintes: 1º) Arco do sorriso: posição vertical dos incisivos como arco convexo, arco curvo, arco consoante, arco em
superiores; 2º) proporção e simetria dos incisivos centrais forma de prato fundo, etc.4,5,7,8,9,23
superiores; 3º) proporção entre dentes anterossuperiores; Por outro lado, quando o contorno incisal dos dentes na
4º) presença de espaços anterossuperiores; 5º) design gen- zona estética não acompanha o desenho do lábio inferior,
gival; 6º) nível de exposição gengival; 7º) corredor bucal; o arco do sorriso pode ser classificado de duas formas23.
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tópico especial Os 10 mandamentos da estética do sorriso
A B C
Figura 3 - Ilustração do sorriso: (A) design ideal; (B) zona estética do sorriso, em azul, e (C) dominância dos incisivos centrais, em amarelo.
A B
C D
Figura 4 - Caso clínico exemplificando o impacto estético da mudança no posicionamento vertical dos incisivos no sorriso: A) sorriso inicial, demonstrando um
arco do sorriso invertido; B) desenho da posição final ideal dos incisivos; C) resultado após a fase de alinhamento e nivelamento com mudança do protocolo de
colagem, segundo o contorno do lábio inferior; e D) resultado final.
Na primeira, chamado de arco plano ou reto, as bordas outra característica fundamental: a jovialidade. Quanto mais
incisais dos dentes na zona estética encontram-se pratica- arqueado o contorno incisal dos dentes anterossuperiores,
mente no mesmo nível das bordas dos dentes posteriores, maior aparência de jovem terá o sorriso, e quanto mais pla-
paralelas ao solo, não acompanhando o contorno do lábio no, mais denotará aparência de sorriso mais envelhecido.
inferior (Fig. 5B). Na outra forma, chamada de arco inver- Adicionalmente, segundo a literatura24, quanto mais idade,
tido, reverso ou não-consoante, o desenho das bordas inci- menor a exposição de incisivos superiores e maior a exposi-
sais, além de não acompanhar o lábio inferior, apresenta-se ção de incisivos inferiores no sorriso, em repouso ou durante
com a curvatura invertida23 (Fig. 5C). a fala24. Tais mudanças são fisiológicas e ocorrem devido a
Quando comparamos sorrisos com arcos convexos e um conjunto de fatores, como aumento da flacidez muscu-
arcos invertidos, o seguinte questionamento pode ser feito: lar na região peribucal, genética, raça, idade e exposição ao
por que eles são tão antagônicos do ponto de vista estético? sol, resultando em menor exposição dos dentes superiores6.
O primeiro aspecto está na beleza do contorno arqueado Na sociedade contemporânea, grande associação tem
da incisal dos dentes na zona estética, que é considerado o sido feita entre estética e jovialidade, onde, muitas vezes,
fator isolado mais importante na estética dentária (Fig. 6)9. o belo e o jovem estão interligados. Algumas caracterís-
O segundo ponto está, não só na beleza, mas também em ticas estéticas vêm sendo bastante observadas em artistas
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Figura 5 - Diferentes tipos de arco do sorriso: A) convexo, ou curvo; B) reto, ou plano; e C) invertido, ou reverso.
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tópico especial Os 10 mandamentos da estética do sorriso
A B
Figura 7 - Estratégias para extruir incisivos superiores com o objetivo de obter o design ideal do contorno incisal e maximizar sua exposição no repouso, sorriso e
fala: A) mudança na altura do posicionamento dos braquetes e B) dobras no arco ortodôntico.
colagem ortodôntica, na zona estética, seja individuali- sorriso, repouso e fala. Nos casos de incisivos projeta-
zado segundo o contorno do lábio inferior e a anatomia dos (ângulo interincisal diminuído), a extrusão estará
dentária de cada paciente. Na Figura 4C, observa-se o dificultada ou impossibilitada, como nas má oclusões de
posicionamento dos braquetes respeitando esse princí- Classe I biprotrusão ou de Classe I, 1ª divisão. Nessas
pio e com o objetivo principal de extruir os incisivos situações se faz necessário corrigir a angulação dos inci-
centrais. Nesse exemplo, a altura dos braquetes dos cani- sivos, para, então, otimizar sua posição vertical.
nos foi de 3,5mm, enquanto nos centrais foi de 5,5mm. Para concluir este mandamento, voltamos a avaliar
Assim, após o alinhamento e nivelamento, foi possível cuidadosamente a Figura 6. Nessa ilustração, percebe-se
posicionar idealmente os incisivos centrais superiores, que, com o objetivo de ajustar idealmente o contorno
segundo as recomendações descritas anteriormente, al- incisal dos dentes na zona estética, a posição das margens
cançando um sorriso agradável e jovem (Fig. 4D). gengivais também será modificada. Em grande parte das
Vale ressaltar que, frente ao planejamento de modi- situações clínicas, o profissional talvez se depare com o
ficações da posição vertical dos dentes na zona estéti- problema de ter a borda incisal dos centrais posicionada
ca, três importantes aspectos devem ser considerados. abaixo da incisal dos caninos. Assim, como fica o design
O primeiro é a inclinação do plano oclusal maxilar e das margens gengivais? Este questionamento será res-
da cabeça dos pacientes no momento da avaliação do pondido durante a descrição do 5º mandamento.
sorriso. Nas situações de inclinações horárias do plano
maxilar, bem como da cabeça, existe uma maior expo- Resumo do 1º mandamento
sição dos incisivos e, assim, arcos convexos são mais fa- » O posicionamento vertical dos incisivos supe-
cilmente encontrados. Por outro lado, nas situações de riores é determinante para a obtenção de sorrisos
inclinações anti-horárias do plano oclusal maxilar, bem atraentes e joviais.
como nos casos que a cabeça do paciente encontra-se » A borda incisal dos centrais superiores deve fi-
inclinada para trás, a visualização e/ou obtenção de arcos car abaixo da ponta de cúspide dos caninos, garan-
convexos estará dificultada. tindo a dominância dos centrais.
O segundo aspecto a ser considerado é a função man- » O degrau entre incisivos centrais e laterais
dibular, que sempre deve ser soberana nos planejamen- deve ser de 1,0 a 1,5mm, no sexo feminino, e de
tos odontológicos. Em outras palavras, os ideais estéticos 0,5 a 1,0mm, no sexo masculino.
não devem violar o equilíbrio oclusal. A extrusão ou a
intrusão de incisivos pode influenciar os movimentos de
protrusão e lateralidade. Portanto, a função mandibu- 2° mandamento – Proporção e Simetria
lar deve ser cuidadosamente avaliada, e possíveis ajustes dos Incisivos Centrais Superiores
oclusais poderão ser necessários2. Após estabelecer a posição vertical dos incisivos superio-
O terceiro ponto a ser analisado é a inclinação axial res, procede-se o ajuste da proporção e simetria dos incisivos
dos incisivos superiores e inferiores (ângulo interincisal). centrais superiores. Assim, o 2° mandamento estabelece que
Essa característica é determinante para possibilitar ou não se deve alcançar proporção largura/altura (L/A) ideal dos in-
a extrusão dos incisivos, aumentando sua visibilidade no cisivos centrais, além de máxima simetria entre eles.
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O passo clínico consiste em registrar a largura e a al- A Figura 10 ilustra uma situação clínica de um
tura das coroas clínicas dos incisivos centrais superiores paciente que apresentava a queixa principal de pos-
para então, calcular a proporção L/A (Fig. 8). Em segui- suir um “dentão” na zona estética. O central direi-
da, deve-se planejar a obtenção de proporções entre 75 to apresentava 9,1mm de largura e 9,5mm de altura,
e 85%, consideradas mais estéticas (Fig. 9A)25. Quando gerando uma proporção L/A de 95%, altamente an-
os valores tenderem a 75%, os centrais serão mais lon- tiestética. O central esquerdo apresentava 8,0mm de
gos, sendo mais aceito pelo sexo feminino e, quando as largura e 9,5mm de altura, gerando uma proporção
proporções tenderem a 85%, os centrais serão mais lar- de 84%, dentro dos valores de normalidade. Assim,
gos, sendo mais aceito pelo sexo masculino. o tratamento consistiu de desgastes interproximais
Em situações clínicas de proporções alteradas, o pri- de 0,5mm nas faces mesial e distal do central direito,
meiro passo a ser tomado é definir se existe algum central seguido de fechamento ortodôntico do espaço. Com
com a proporção L/A adequada. Caso positivo, este dente isso, a proporção ideal do lado esquerdo foi mantida
será utilizado como referência (template) para, em segui- e a do lado direito foi modificada. Após este procedi-
da, o outro central ser modificado. Se ambos os centrais mento, com o objetivo de completar o 2° mandamen-
estão alterados, é necessário utilizar a altura como ponto to, a restauração do central esquerdo foi refeita para
de partida para a sua correção. Em outras palavras, inci- obtenção de máxima simetria entre os centrais.
sivos centrais considerados estéticos possuem, em média, A busca por simetria entre centrais é baseada na
de 9,5 a 11mm8,9 de altura das coroas. Assim, é possível opinião clínica de que, quanto mais próximo da linha
comparar a medida encontrada com estes dados para, en- média, maior a necessidade de simetria e, quanto mais
tão, definir a abordagem terapêutica mais adequada. distante, leves assimetrias são aceitáveis, clinicamente9.
A B C
Figura 8 - Diferentes métodos para aferir a largura e altura dos centrais superiores: A) medição com paquímetro, clinicamente; B) medição com paquímetro no
modelo convencional e C) medição por meio de softwares em modelo digital.
A B C
Figura 9 - Diferentes proporções largura/altura de centrais: A) proporção ideal entre 75 e 85%; B) dentes longos, com proporções < 75%; e C) dentes curtos ou
quadrados, com proporções > 85%.
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C D E
Figura 12 - Caso clínico exemplificando a importância da simetria entre centrais na estética do sorriso: A) inicial; B) durante o tratamento ortodôntico; C) após a
remoção do aparelho ortodôntico; D) final e E) sorriso final.
Essa característica é bastante utilizada em Odontologia por exemplo, duas grades foram utilizadas, uma com a
e é baseada na proporção áurea, ou de ouro, proposta proporção áurea (62%; Fig. 14A) e outra com a propor-
inicialmente por Levin, em 197826. Segundo este autor, ção modificada (70; Fig. 14B), para demonstrar que, em
em uma vista frontal, existe uma proporção da largura ambos os sorrisos, os laterais dos dois lados encontram-
dos dentes, na visualização em perspectiva. A Figura 13 -se estreitos, não respeitando a proporção esteticamente
ilustra este aspecto, no qual a largura visível do lateral re- mais agradável entre os dentes anterossuperiores.
presenta 62% da largura do central, enquanto a largura A situação clínica descrita na Figura 15 ilustra um
do canino representa 62% da largura do lateral. caso em que existia assimetria entre a proporção dos
Uma pesquisa publicada recentemente27 comparou dentes anterossuperiores. O uso da grade de proporção
diversas proporções, como a de 57% (caracterizando la- áurea facilita a localização da discrepância, indicando
terais mais estreitos) e as de 67%, 70% e 72% (caracteri- que o lateral direito encontrava-se com a dimensão
zando laterais mais largos)27. Os resultados encontrados mésiodistal reduzida. Durante o tratamento ortodôn-
mostraram que a proporção áurea deve ser utilizada com tico foi aberto espaço na região do lateral para posterior
cautela, pois o valor de 62% deve ser encarado como restauração estética, contemplando assim, o 3º manda-
uma média e não como um padrão a ser buscado sem- mento, que é a proporção entre dentes anterossuperio-
pre. Além disso, proporções maiores (67% e 70%) fo- res. Além disso, reanatomizações incisais foram reali-
ram apontadas como mais estéticas, demonstrando que zadas para otimizar a simetria entre centrais e ajustar o
parece existir uma maior preferência por laterais mais degrau entre centrais e laterais, realçando a dominância
largos àqueles muito estreitos. dos centrais no sorriso.
Clinicamente, essa característica é facilmente per-
ceptível frente à presença de incisivos laterais conoides
ou muito estreitos. Existem réguas e guias de referência
para serem utilizadas clinicamente. Outra ferramen- Resumo do 3° Mandamento
ta bastante útil é a confecção de guias ou grades de si- » Laterais muito estreitos são antiestéticos.
metria digitais, respeitando essas proporções. Por meio » Tratamentos multidisciplinares são necessários.
dessas grades é possível estudar e visualizar essa variável
nas telas dos computadores e/ou tablets. Na Figura 14,
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Figura 13 - Sorriso com a proporção áurea (62%) entre os dentes na zona estética.
A B
Figura 14 - Exemplo do uso da grade de proporção digital, ilustrando dois sorrisos com laterais estreitos: A) grade com a proporção áurea (62%) e B) grade com a
proporção modificada (70%).
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a 2,0mm realmente podem passar despercebidos pelos lei- foram detectados pelos leigos. Assim, caso algum espaço re-
gos? Embora o conceito de estética tenha forte influência manescente seja deixado após os tratamentos ortodônticos,
da subjetividade, o 4º mandamento estabelece que todos os a face distal dos laterais deve ser a área de escolha3.
diastemas medianos devem ser fechados, ortodonticamente As Figuras 16 e 17 ilustram duas situações clínicas com a
ou por tratamentos multidisciplinares. Outro questiona- presença de diastemas na zona estética. Na primeira, o espa-
mento seria se diastemas na região dos laterais (mesial, distal ço estava localizado entre centrais, e, na segunda, localizado
ou ambas as faces) afetariam a percepção estética do sorriso. na distal do lateral superior esquerdo. Em ambas as situações
Com o objetivo de tentar responder a esta pergunta, reali- clínicas, com o objetivo de contemplar o 4º mandamento,
zamos outra pesquisa para avaliar o impacto estético des- todos os espaços foram fechados.
ses diastemas no sorriso de duas mulheres3. Os resultados
encontrados mostraram que quanto maiores os diastemas Resumo do 4° mandamento
e quanto mais próximos à linha média, mais antiestéticos » Diastemas na zona estética são antiestéticos.
eram os sorrisos. A única exceção foi a dos sorrisos com » Recomenda-se o fechamento de todos os diastemas.
diastemas de 0,5mm na face distal dos laterais, pois não
A B
C D E
Figura 16 - Exemplo do impacto no sorriso da correção de diastema mediano: A) sorriso inicial; B) sorriso final; C) frontal inicial; D) frontal após uso de ativador;
E) frontal final após tratamento ortodôntico corretivo fixo.
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5° mandamento ‒ Design gengival (estética branca) é o fator isolado mais importante na es-
A arquitetura do tecido gengival também deve ser levada tética dentária9, corroborando a literatura. Assim, além
em consideração nos tratamentos estéticos. Recentemente, das recomendações descritas no 1º mandamento (arco do
a nomenclatura de “estética rosa”, ou ”estética vermelha”, sorriso), pode-se usar um design gengival modificado, no
vem sendo utilizada para descrever contornos ideais dos te- qual as margens gengivais dos centrais e laterais são coin-
cidos gengivais no sorriso. cidentes, e ambas encontram-se levemente (0,5 a 1,0mm)
Em alguns livros didáticos de Odontologia, o seguinte abaixo dos caninos ou centrais abaixo dos caninos (0,5 a
parâmetro de estética gengival ideal pode ser encontrado: 1,0mm) e laterais abaixo dos centrais (0,5mm) (Fig. 18B).
“as margens gengivais dos caninos devem estar coinciden- É evidente que a magnitude da extrusão dos centrais deve
tes às margens dos centrais, enquanto as margens dos late- ser individualizada segundo o contorno do lábio inferior
rais devem estar posicionadas levemente abaixo dessa linha e, também, segundo o sexo, respeitando a indicação de
(Fig. 18A).” De fato, esta posição poderá proporcionar esté- centrais mais extruídos para sorrisos femininos. Ademais,
tica máxima do sorriso. Porém, em muitos casos, como nas conforme descrito anteriormente, o nível de extrusão
situações em que os caninos e centrais possuem o mesmo não deve violar as guias de lateralidade2.
comprimento2, se o clínico seguir rigorosamente este pa- Outro parâmetro estético divulgado é o posicionamento
râmetro, poderá posicionar a borda incisal dos centrais no dos zênites gengivais, definidos como os pontos mais apicais
mesmo nível, ou acima, dos caninos. Assim, arcos do sorriso do contorno das margens gengivais. Em uma análise frontal
planos ou invertidos poderão ser criados, respectivamente, dos dentes na zona estética, esse ponto estaria localizado no
representando sorrisos antiestéticos. centro das coroas ou levemente para distal. Por outro lado,
Essa dúvida clínica possui foco no seguinte questio- com base nos limites de aceitabilidade da presença de assi-
namento: qual é o parâmetro estético mais importante? metrias no sorriso (Fig. 11), mudanças nos zênites gengivais
O contorno incisal (estética branca) ou o design gengival dificilmente impactarão negativamente o sorriso.
(estética rosa)? Em um trabalho publicado na literatura, Após estabelecer o design ideal das margens gengivais
correlacionamos a percepção da estética em uma avaliação na zona estética, faz-se necessário lembrar que, em muitas
do sorriso completo, com o sorriso somente mostrando situações clínicas, teremos assimetrias gengivais entre esses
as bordas incisais e, por fim, num sorriso mostrando as dentes. Conforme mencionado anteriormente, quando
margens gengivais2. O resultado foi que o desenho incisal assimetrias ocorrem entre as bordas incisais dos centrais,
A B
Figura 18 - Dois diferentes tipos de design das margens gengivais: A) clássico; margens dos caninos e centrais niveladas, e dos laterais levemente abaixo. B) Modi-
ficado; margens dos centrais abaixo dos caninos e margem dos laterais niveladas com os centrais ou levemente abaixo desses.
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A B C
Figura 21 - Caso clínico exemplificando a correção de assimetria gengival e incisal: A) sorriso inicial; B) resultado após o tratamento ortodôntico e C) sorriso final.
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A B C
Figura 22 - Diferentes linhas do sorriso, segundo Tjan et al. A) sorriso alto, caracterizado pela exposição total das coroas clínicas e uma faixa contínua de tecido
23
gengival; B) sorriso médio, quando tona-se visível grande parte (75%) ou a totalidade (100%) das coroas clínicas e apenas as papilas interdentárias ou interproximais;
C) sorriso baixo, caracterizado pela exposição de menos de 75% das coroas clínicas e nenhum nível de tecido gengival.
A B C
Figura 23 - Caso clínico exemplificando o tratamento de uma paciente com sorriso gengival: A) sorriso inicial; B) resultado após o tratamento ortodôntico, ilustran-
do a manutenção do design incisal ideal; e C) sorriso final.
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A B C D
Figura 24 - Corredor bucal e seus tipos: A) localização do corredor bucal no sorriso; B) corredor bucal amplo; C) corredor bucal intermediário; e D) corredor bucal
estreito.
A B C
Figura 25 - Importância da avaliação da angulação dos incisivos numa vista lateral: A) torque ideal; B) avaliação em uma tomada oblíqua; e C) análise em uma
tomada perpendicular.
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Figura 26 - Caso clínico ilustrando o impacto negativo da alteração da angulação dos incisivos em uma vista frontal: A) frontal inicial e do sorriso; B) resultado
intermediário após a correção do plano incisal e das angulações com o auxílio de mini-implante.
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Figura 27 - Caso clínico ilustrando a importância do detalhamento e anatomia dentária: A) fase de finalização ortodôntica; B) vistas aproximadas da zona estética,
mostrando a presença de triângulos negros devido à presença de pontos de contatos inadequados; C) resultado após reanatomizações dentárias.
Figura 28 - Esquema ilustrando a localização ideal do ponto de contato entre Figura 29 - Esquema ilustrando o arranjo ideal das embrasuras (ameias) inci-
incisivos centrais para facilitar o preenchimento dos espaços interproximais sais, mostrando um aumento natural e progressivo dos centrais aos caninos.
pelas papilas interdentárias.
10º mandamento ‒ Volume labial volume dos lábios5,30. A exemplo disso, as Figuras 30 e
O último mandamento está associado à estrutura 31 ilustram um caso clínico de um paciente com 38 anos
que emoldura os sorrisos: os lábios. Como mencionado de idade, com mordida profunda e extrema redução da
anteriormente, o padrão atual de beleza do “novo sécu- exposição do vermelhão dos lábios. Após a correção da
lo” é composto não só por belos sorrisos, mas também mordida profunda e projeção de incisivos, principal-
por lábios volumosos e uma maior exposição de incisi- mente inferiores, ocorreu melhora significativa no vo-
vos superiores no sorriso, em repouso e durante a fala. lume labial, maximizando a estética labial e, também,
Segundo a literatura, o posicionamento anteropos- rejuvenescendo o paciente. Ressalta-se que, mesmo
terior dos dentes desempenha papel fundamental no frente a uma mordida bastante profunda, nenhum tipo
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de intrusão foi realizada nos dentes superiores, para evi- lábios finos. Após tratamento ortodôntico e abordagem
tar o envelhecimento do sorriso. Vale lembrar, ainda, dermatológica, por meio de preenchimento com ácido
que se deve ter muita cautela frente à decisão de realizar hialurônico, o resultado alcançou um sorriso agradável
retrações dentárias, pois o volume labial pode diminuir, em conjunto com lábios mais volumosos, contemplan-
tornando os lábios mais finos e menos estéticos. do, assim, o 10º mandamento (volume labial).
Outra opção terapêutica que pode ser sugerida pelo
ortodontista é o tratamento multidisciplinar por meio Resumo do 10º mandamento
do uso de agentes preenchedores para aumentar o vo- » Lábios volumosos são o padrão atual de beleza.
lume labial. Este tema é extenso e, por isso, sugere-se » Cuidado nas retrações de dentes anteriores,
leitura complementar5,30. para não impactar negativamente no volume labial.
Para exemplificar o uso de preenchedores labiais, » Parcerias com a Dermatologia são necessárias
as Figuras 32 e 33 ilustram um caso de apinhamen- para a realização de possíveis preenchimentos labiais.
to moderado, com um sorriso bastante desagradável e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O protocolo apresentado — Os 10 mandamentos da Vale ressaltar a necessidade de discussão desses aspec-
estética do sorriso — serve como um ponto de partida tos com os pacientes, com o objetivo de individualizar
para os clínicos que desejam alcançar estética máxima os planejamentos, contemplando, assim, seus desejos
nos tratamentos odontológicos. Entre os aspectos anali- e anseios. Por fim, lembramos que, com o objetivo de
sados, especial atenção deve ser direcionada aos quatro alcançar resultados estéticos ideais, é fundamental tra-
primeiros mandamentos, relacionados à dominância dos balhar em equipe, ou seja, na maioria das vezes serão
incisivos centrais no sorriso. necessários tratamentos multidisciplinares.
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