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TRF2

Fls 950
Apelação Cível - Turma Especialidade I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial
Nº CNJ : 0001005-97.2014.4.02.5101 (2014.51.01.001005-9)
RELATOR : Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO
APELANTE : BOMBRIL MERCOSUL S/A
ADVOGADO : SP192268 - GUSTAVO A. S. G. PUGLIESI E OUTROS
APELADO : EMPORIO DAS EMBALAGENS LORENA LTDA ME E OUTRO
ADVOGADO : SC016667 - Fabio Roberto Lorena E OUTROS
ORIGEM : 09ª Vara Federal do Rio de Janeiro (00010059720144025101)

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EMENTA

PROPRIEDADE INDUSTRIAL: COLIDÊNCIA ENTRE AS MARCAS HIGIBRIL E


BOMBRIL – MARCA DE ALTO RENOME - TEORIA DA DISTÂNCIA – TEORIA DA
DILUIÇÃO - POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO E ASSOCIAÇÃO INDEVIDA – FIM
SOCIAL DA PROTEÇÃO MARCARIA.

I – Não se revela possível a convivência das marcas HIGIBRIL e BOM BRIL com base na
teoria da distância, porque o termo BRIL não consiste em palavra do vernáculo português
ou de qualquer outra língua conhecida, não apresentando, pois, significado dicionarizado
relacionado ao segmento mercadológico em que se insere a marca.

II - A noção de brilho do termo BRIL, qualidade que se procura evidenciar no caso dos
produtos de limpeza, nada mais é do que resultado dos investimentos realizados pela titular
do signo BOM BRIL para difundi-la no mercado e criar uma imagem forte no imaginário
do público consumidor através de décadas, o que afasta a compreensão de se estar diante de

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marca meramente evocativa.

III – Evidencia-se a possibilidade de associação indevida entre a marca HIGIBRIL e as


marcas BOMBRIL e BOM BRIL junto ao público consumidor, não se exigindo, para tanto,
a prova do efetivo engano por parte dos clientes ou consumidores específicos. Precedentes
do STJ.

IV - No exame de colidência de marcas, não se pode perder de vista o fim social da


proteção marcária, que tem por condão resguardar a livre concorrência e viabilizar a
identificação de origem do produto pelos consumidores.

V – A manutenção do registro da marca HIGIBRIL, ao lado das marcas BOMBRIL, pode


dar a impressão ao consumidor de que se trata de uma aparente família de marcas, sendo
este certamente um fator que pode levar o público a erro, confusão ou associação
equivocada quanto à origem dos produtos. Precedente do TRF2.

VI – A ideia principal da teoria da diluição é a de proteger o titular contra o


enfraquecimento progressivo do poder distintivo de sua marca, mormente em casos de
marcas que ostentam alto grau de reconhecimento ou que sejam muito criativas,
afigurando-se nítida a possibilidade de diluição do signo BOMBRIL, que, ao ser obrigado a
conviver com outros que partem do mesmo conceito, poderia, com o passar do tempo, ter

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seu poder de difusão diminuído gradativamente. Precedente do TRF2.

VII – Apelação conhecida e provida, nos moldes do art. 942 do CPC/2015.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda
Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por maioria, dar

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provimento à apelação, nos termos do voto e do relatório.

Rio de Janeiro, 26 de outubro de 2018 (data do julgamento).

Desembargador Federal MARCELLO GRANADO


Relator p/ Acórdão

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Apelação Cível - Turma Especialidade I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial
Nº CNJ : 0001005-97.2014.4.02.5101 (2014.51.01.001005-9)
RELATOR : Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO
APELANTE : BOMBRIL MERCOSUL S/A
ADVOGADO : SP192268 - GUSTAVO A. S. G. PUGLIESI E OUTROS
APELADO : EMPORIO DAS EMBALAGENS LORENA LTDA ME E OUTRO
ADVOGADO : SC016667 - Fabio Roberto Lorena E OUTROS
ORIGEM : 09ª Vara Federal do Rio de Janeiro (00010059720144025101)

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RELATÓRIO

(DESEMBARGADOR FEDERAL MESSOD AZULAY NETO - RELATOR) Cuida-se de apelação


contra sentença que julgou improcedente o pedido de nulidade da marca "HIGIBRIL", nº
901.768.600, por entender que não colide com as marca "BOMBRIL", designativa de produtos
de limpeza.

Inconformada, alega a apelante, resumidamente, às fls. 107/118: (i) que é titular da marca de
produtos de limpeza BOMBRIL, desde 1953, e de outras marcas correlatas com a expressão
BRIL e BRILL relacionadas às fls 818/819; (ii) que a notoriedade dos produtos de limpeza com a
marca BOM BRIL aliada à famosa publicidade ao longo dos anos permitiu que a apelante se
tornasse conhecida de outras empresas no ramo de higiene e limpeza, sendo premiada em
diversos anos por suas conhecidas campanhas publicitárias; ( iii) que a marca da apelada,
HIGIBRIL, é reprodução do com acréscimo da notória família de produtos BIRL da apelante; (iv)
que a apelada sempre teve conhecimento dos produtos e marcas da apelante, atuando com má-
fé ao buscar o registro de marca que reproduz e imita as marcas da "família de produtos BRIL";
(v) que o e. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em processo com as mesmas partes,
já reconheceu a distintividade das marcas BRIL, BRILL e BOMBRIL, da apelante, condenando a
apelada a se abster de fazer uso da expressão HIGIBRIL e ao pagamento de indenização,
reconhecendo que as expressões BRIL E BRILL não se caracterizam como de uso comum,
necessário ou vulgar; (vi) que as marcas pertencentes à renomada "família BRIL" sempre foram

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concedidas sem apostilamento em relação ao radical BRIL, há mais de 50 anos, não se
podendo considerar que tais marcas sejam palavras genéricas ou evocativas; (vii) que juntou
aos autos dois pareceres jurídicos a respeito do tema, elaborados por juristas que ratificam a
inexistência de qualquer fragilidade na marca BRIL, destacando que o uso daquela marca na
composição de outros signos por terceiro tem o claro intuito de aproveitamento parasitário; (viii)
que o uso da marca HIGIBRIL é conduta suscetível de causar confusão ou associação indevida
com as marcas da "família BRIL", violando os incisos XIX e XXIII do artigo 124 da LPI; (ix) que
resta demonstrado nos autos que as marcas da chamada "família BRIL" são notoriamente
conhecidas no Brasil e que a marca BOM BRIL faz parte do seleto grupo de marcas
reconhecidas pelo INPI como de alto renome.

Contrarrazões da apelada, fls. 878/885, prestigiando a decisão e asseverando que o radical


"BRIL", por sugerir "brilho" ou "brilhar", é usado por muitos industriais e comerciantes que
atuam no ramo de produtos de limpeza, constituindo-se em termo evocativo e de uso comum da
finalidade e função dos produtos.

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Contrarrazões do INPI, fls. 886/888, requerendo o desprovimento do recurso.

Manifestação do Ministério Público Federal, fls. 898/900, abstendo-se de intervir no feito.

É o relatório.

DES. FED. MESSOD AZULAY NETO


Relator - 2ª Turma Especializada

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Fls 926
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Nº CNJ : 0001005-97.2014.4.02.5101 (2014.51.01.001005-9)
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ORIGEM : 09ª Vara Federal do Rio de Janeiro (00010059720144025101)

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VOTO
(DESEMBARGADOR FEDERAL MESSOD AZULAY NETO - RELATOR) Conheço a apelação
porque presentes os pressupostos de admissibilidade.

Como relatei, cuida-se de apelação contra sentença que julgou improcedente o pedido de
nulidade da marca "HIGIBRIL", nº 901.768.600, por entender que não colide com as marca
"BOMBRIL", "BRILL" e "BRIL" que designam produtos de limpeza.

Merece prosperar a sentença.


Inicialmente, alega a apelante que o TJ do Estado de São Paulo já decidira pela impossibilidade
da apelada utilizar a marca HIGIBRIL e que decisão em sentido contrário por parte da justiça
federal criaria situação esdrúxula e conflitante. Tal argumento, entretanto, não merece
prosperar de vez que compete à justiça federal decidir sobre a anulação de registro de marcas
e a sua consequente imposssibilidade de uso, matéria que , aliás, se pacificou no âmbito do
STJ, restringindo-se tão somente ao âmbito da justiça comum do Estado a análise da
contrafacção do uso das marcas.
Se ao Juiz de direito não lhe compete expropriar o direito real de propriedade que é o direito
marcário, porquanto necessariamente deve estar no polo passivo da ação o INPI, não se lhe
cabe afastar um dos elementos constitutivos da propriedade que é o direito de usufruir da
mesma.
Por outro lado de acordo com a lei, marca é signo visualmente perceptível destinado a distinguir

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produtos ou serviços de seus titulares, sem causar confusão no público consumidor nem se
aproveitar de fama ou investimentos dos concorrentes.

Por isso, o registro antecedente de um sinal, sem embargo da fama ou notoriedade que
possua, só pode impedir o registro de outra se houver risco de confusão entre elas ou perigo de
adesão involuntária ou subliminar.

Logo, havendo distinguibilidade entre signos nada justifica proibir-lhes o registro porquanto
nosso sistema jurídico rege-se pelos princípios da "livre concorrência" e "da intervenção mínima
do estado sob seus administrados."

Assim, no caso em apreço, filio-me inteiramente ao entendimento do Magistrado, tendo para


mim que o verbete "BRIL" (independente de como se escreva, com um ou dois "LL") não possui
significado distinto do emprestado pela língua, em que a simples menção de seu nome leve o
consumidor a pensar instantaneamente em um produto comercial, como acontece, por ex., com
a marca "BOM BRIL", que a despeito de ser constituída por dois vocábulos indiscutivelmente

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comuns e gozar do atributo de "marca de alto renome", é de se reconhecer que o uso em
separado de seus termos perde toda a capacidade de identificar a marca em si.

Exemplo que mostra bem - que o acréscimo ou subtração de um verbete a um signo pode
dissociá-lo completamente de outro, ainda que mundialmente consagrado, como COCA-COLA
em relação às marcas GUARANÁ-COLA, TRI-COLA, PEPSI-COLA, PINHO COLA;
TROPICOLA; ITU-COLA; REFRI-COLA; AFRI-COLA; SICOLA; BARÉ-COLA; PAP'S COLA;
SINCO-COLA; KEY-COLA; KING-COLA; MAC-COLA; BABY COLA; MAX-COLA, CUP-COLA e

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tantas outras que coexistem na mesma classe de bebida.

Desse modo, de acordo com a teoria da distância, consagrada em nossos tribunais, uma nova
marca em seu segmento de mercado não precisa ser mais diferente do que as já existentes ou
do que elas próprias entre si. Nesse sentido, são os julgados:

"3. 0 caso vertente enseja a aplicação da Teoria da Distância, segundo a


qual não se pode exigir que entre as marcas supostamente colidentes
incida maior grau de distinção do que aquele que se verifica entre a marca
anteriormente protegida e marcas pré -existentes. A convivência de sinais
semelhantes - `Castelo Branco', `Castelo Velho', `Castelar', `Castellari',
`Castelo' - em tese, prepararia o público consumidor para diferenciar o
produto pretendido dos demais.
4. A convivência pacífica entre essas marcas, de diferentes titulares, no
seu conjunto, demonstra que estas se revestem de suficiente
distintividade, afastando a possibilidade de confusão ou associação
equivocada, não violando o disposto no inciso V do art. 124 da LPI, mesmo
porque inexiste coincidência da marca CASTELAR com o elemento
característico do nome comercial da apelante (CASTELO).
5. Considerando a diversidade de registros que ostentam o radical
"CASTEL ", descabe falar, ainda, em infringência ao inciso XXIII do art.

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124 da LPI.
6. Apelação desprovida."
(AREsp 890660 - Decisão Monocrática - Ministro. PAULO DE TARSO
SANSEVERINO - DP 14/03/2018)

"Tanto é inviável a apropriação exclusiva no caso vertente que, em sede


administrativa, não considerou o Instituto Nacional de Propriedade
Industrial - INPI, para fins de anterioridade impeditiva, o registro da marca
TEXACO, do primeiro agravado, indeferindo as oposições oferecidas.
Pois, não os afirmados prejuízos causados pela utilização indevida da
insígina, mas sim a legalidade e a legitimidade do ato administrativo que
concedeu o registro da marca nominativa TEXSA ao segundo apelado é
que presumem-se.
De fato, uma marca nova em seu segmento não precisa ser mais diferente
das marcas já existentes do que essas são entre si. É, grosso modo, a

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idéia primacial da Teoria da Distância".
(...)
Sobre o ponto, em específico, a seguinte passagem do voto condutor do
referido agravo, cuja ementa está às fls. 711-712, citando o parecer
ministerial, que desta o seguinte fato: 'através de uma consulta ao site do
INPI, constata-se que o termo TEX é utilizado para compor diversos nomes
de marcas, existindo inúmeras pessoas jurídicas que utilizam para
distinguir produtos da mesma classe na qual estão inseridas as marcas

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litigantes. A marca ESSOTEX, por exemplo, foi depositada perante a
Autarquia Marcária em 1938, na classe 04:10, muito antes de ter sido feito
o registro da marca TEXACO, pela ora agravada. A diferenciação entre
essas marcas ocorre pelo vocábulo que se une ao termo TEX formando,
com isso, signos suficientemente distintos. Dessa forma, resta claro que a
empresa Agravada não possui direto à exclusividade de uso do termo TEX
, que não é um nome fantasioso por ela criado, mas sim, um vocábulo da
língua portuguesa que pode ser amplamente utilizado para a formação de
marcas. Ao se constatar, ainda,a existência de diversas marcas com
semelhante composição, identificando produtos do mesmo segmento
mercadológico e coexistindo pacificamente, afasta-se por completo a
possibilidade de confusão perante o mercado consumidor.'
(REsp 1345118 - Decisão Monocrática - Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA - DP 23/02/2016)

E nem se alegue, como faz a apelante, que o STJ tem jurisprudência firmada no sentido de que
o alto renome da marca "BOM BRIL" serve de impedimento para o registro de outras marcas
que façam uso do verbete 'BRIL', em razão dos julgamentos dos recursos especiais nºs
1.312.131/SP e 1.582.179/PR, uma vez que em nenhum deles houve análise de mérito da
questão em face do óbice da súmula 07, como se extrai das duas ementas:

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RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. MARCA NOTORIAMENTE
CONHECIDA. CONCORRÊNCIA DESLEAL. REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO
COMPROVADO. AÇÃO COMINATÓRIA C/C INDENIZATÓRIA.
PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA.
1.- É inadmissível o recurso especial quanto a questões que não foram
apreciadas pelo Tribunal de origem, por desinfluente para o julgamento da
lide.
2.- Para se afastar a conclusão a que chegou o v. aresto de 2º grau, de
existência de marca notoriamente conhecida e de prática de
concorrência desleal, seria inevitável, incontornável e necessário o
reexame fático-probatório, vedado tal procedimento pela Súmula
7desta Corte.
3.- O dissenso pretoriano deve ser demonstrado por meio do cotejo

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analítico, com transcrição de trechos dos acórdãos recorrido e paradigma
que exponham a similitude fática e a diferente interpretação da lei federal,
o que não ocorreu no caso.
4.- Os Embargos de Declaração são corretamente rejeitados se não há
omissão, contradição ou obscuridade no acórdão embargado, tendo a lide
sido dirimida com a devida e suficiente fundamentação.
5. - Recurso Especial improvido.
(REsp. 1.312.131/SP - Rel. Min. Sidnei Beneti - Terceira Turma - DJ

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05/02/2013)

RECURSO ESPECIAL. NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA.


PRODUTOS. MESMO RAMO COMERCIAL. MARCAS REGISTRADAS.
USO COMUM. EXCLUSIVIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. ALTO RENOME.
EFEITO PROSPECTIVO.
1. Visa a presente ação ordinária a declaração de nulidade do
registro de propriedade industrial da marca SANYBRIL, que atua no
mesmo ramo comercial da autora de marca BOM BRIL.
2. Conforme a jurisprudência consolidada desta Corte, marcas fracas
ou evocativas, que constituem expressão de uso comum, de
pouca originalidade, atraem a mitigação da regra de
exclusividade decorrente do registro, admitindo-se a sua utilização
por terceiros de boa-fé.
3. Tendo o Tribunal estadual concluído, diante do contexto
fático-probatório dos autos, que o termo BRIL seria evocativo e de
uso comum, e que as marcas teriam sido registradas sem a menção
de exclusividade dos elementos nominativos, não haveria como esta
Corte Superior rever tal entendimento, sob pena de esbarrar no
óbice da Súmula nº 7/STJ.

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4. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que, a partir do momento
que o INPI reconhece uma marca como sendo de alto renome, a
sua proteção se dará com efeitos prospectivos (ex nunc). Assim, a
marca igual ou parecida que já estava registrada de boa-fé
anteriormente não será atingida pelo registro daquela de alto renome,
como no caso em apreço.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não
provido.
(REsp. 1.582.179/PR - Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva - Terceira
Turma - DJ 09/08/2016)

Sobre o tema, valho-me também da lição contida no voto do eminente Des. André Fontes, na
apelação cível, nº 2009.51.01.807177-7, em que se discutiu a antecedência das mesmas
marcas da ora apelante, e que mostra bem a importância de não se dar maior proteção do que a
oferecida pela lei, sob pena de condescendência com abuso de direito.

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"E mesmo que a marca que fundamenta a anterioridade impeditiva tenha o
status de marca notória, reconhecida administrativamente em recente
decisão do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, esse fato
não se mostra hábil a descaracterizar a tese acima defendida. Reporto-me,
nesse particular, ao entendimento por mim esposado por ocasião do voto
proferido no julgamento da AC 2002.51.01.523951-8, da qual foi relatora a
Exma. Desembargadora Liliane Roriz:

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“É induvidoso que não se deve dispensar, mesmo às marcas de alto
renome, proteção absoluta, se compostas de termos triviais e de uso
disseminado. O tratamento jurídico que se confere a marca de alto
renome, que tem originalidade absoluta, é a proteção especial que se
justifica pelos esforços e investimentos de seu titular para alcançar
esse perfil. A fama da marca, nessas hipóteses, está
indissociavelmente vinculada ao esforço econômico que o seu titular
realiza para divulgá-la. A ausência de novidade do termo OMEGA,
que nada mais é do que a vetusta denominação da última letra do
alfabeto grego, reproduzida no alfabeto cirílico, impede que se atribua
efeito transcendente à proteção marcária já deferida para classes
específicas, diante do principio da especialidade, sob pena de se
constituir indesejável monopólio de expressão popular. Acrescente-se
que a letra de um alfabeto é res extra comercium e, portanto,
inapropriável.
Recorra-se à analogia: assegurar à apelante o uso exclusivo do
vocábulo OMEGA consubstanciaria o mesmo despropósito de se
conferir exclusividade a empresa que por, exemplo, registrasse
marca representada pelas letras “a”, ou “b”, ou quem sabe “z” do
alfabeto arábico. As letras de um alfabeto, seja ele o arábico, o grego
ou o cirílico, não podem ser objeto de apropriação, capaz de excluir o

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seu uso por terceiros, porque integram o patrimônio cultural não só
dos povos que adotam, mas também de toda a humanidade.
A famosa letra OMEGA – famosa porque integra o relevante alfabeto
grego e não porque está estampada nos relógios da apelante há
menos de dois séculos – é conhecida, utilizada e invocada por todos
os povos cultos há muitos e muitos séculos. Segundo os
historiadores, ela é conhecida desde a Antiguidade. E, por essa
razão, não pode e não deve ser objeto de apropriação, com caráter
de exclusividade, ainda que notoriamente esteja vinculada a uma
prestigiosa marca de relógios.
De uso corrente, a letra OMEGA tem sido utilizada e invocada em
vários segmentos. O carro OMEGA, fabricado pela General Motors
nos anos 80, foi comercializado em diversos países. É, por outro
lado, conhecida no mercado de livros a OMEGA Editora. E no
mercado dos seguros, atua ativamente a Seguradora OMEGA. Todas
essas marcas, relativas a produtos de diferentes segmentos,

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convivem harmonicamente, porque optaram pela utilização de
vocábulo de uso disseminado, que,repita-se, reproduz letra de dois
alfabetos mundialmente conhecidos.
Nesse contexto, não é porque a apelante fabrica relógios famosos,
que se poderia conferir a ela a exclusividade do uso do termo que
integra o patrimônio cultural de vários povos.
Some-se a esses argumentos o de que a utilização da famosa letra
do alfabeto grego por empresa que tem atividade manifestamente

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distinta de fabricação de relógios não trará qualquer risco de induzir o
consumidor a erro. Ninguém que compra móveis ou livros em
empresa denominada OMEGA será levado a supor que estes
produtos seriam fabricados pelos famosos fabricantes de relógios e
vice-versa. A fama da notória OMEGA, que transcende a reputação
de relógios fabricados pela apelante, exclui a possibilidade de
dúvidas sobre a procedência comum de produtos tão diversos.
Assim, a despeito do alto renome, é fraca a proteção que se pode
conferir a marca mista da qual a apelante é titular, que reproduz
vocábulo de uso corrente, em todo o mundo, há muitos séculos."

Assim, não há reparo a fazer na sentença que aplicou o melhor direito à questão.

Ante o exposto, nego provimento à apelação e confirmo a sentença.

É como voto.

DES. FED. MESSOD AZULAY NBTO


Relator – 2ª Turma Especializada

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Apelação Cível - Turma Especialidade I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial
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RELATOR : Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO
APELANTE : BOMBRIL MERCOSUL S/A
ADVOGADO : SP192268 - GUSTAVO A. S. G. PUGLIESI E OUTROS
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ADVOGADO : SC016667 - Fabio Roberto Lorena E OUTROS
ORIGEM : 09ª Vara Federal do Rio de Janeiro (00010059720144025101)

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VOTO VISTA

(DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELLO GRANADO) Na hipótese sob exame,


BOMBRIL MERCOSUL S/A, incorporada por BRIL COSMETICOS S/A, ajuizou esta
ação em face do EMPORIO DAS EMBALAGENS LORENA LTDA.-ME e do INPI
visando à declaração da nulidade do registro 901.768.600, relativo à marca "HIGIBRIL" e a
abstenção de uso da marca.

O em. relator, DF MESSOD AZULAY NETO, votou no sentido de negar provimento à


apelação da autora, mantendo a sentença que julgou improcedente o pedido inicial, por
entender, em apertada síntese, que (i) o verbete "BRIL" não possui significado distinto do
emprestado pela língua, (ii) o uso em separado dos dois vocábulos que formam a marca
BOM BRIL perde toda a capacidade de identificar a marca em si, (iii) uma nova marca em
seu segmento de mercado não precisa ser mais diferente do que as já existentes ou do que
elas próprias entre si e (iiii) o alto renome da marca BOMBRIL não impede o registro de
outras marcas com o sinal BRIL, por ser um termo trivial e de uso disseminado.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO.


A respeito da anterioridade impeditiva, a Diretoria de Marcas do INPI assim se manifestou,
ipsis litteris (fls. 547/549):

12. Quanto à infringência do inciso XIX do art. 124 da LPI, entendemos que a marca
da 1ª ré é suficientemente distinta das marcas da autora. Muito embora a autora seja
titular de vários registros com o radical evocativo BRIL, este também é parte
integrante de diversos conjuntos concedidos a titulares distintos, para assinalar
produtos similares/afins, como por exemplo: reg. nº 823565068 - UNIBRIL -; pedido
de registro nº 830418180 - EVOBRIL, aguardando publicação da concessão do
registro; reg. nº 780072979 - SILIBRIL -; reg. nº 813453445 - RODABRILL; reg. nº
824924150 - BRILLO; reg. nº 002370131 - BRYLCREEM.
13. Quanto à aplicabilidade do disposto no inciso XXIII do art. 124, não assiste
razão à autora, uma vez que este inciso estabelece não ser passível de registro o
sinal que imite ou reproduza marca registrada no exterior, não notoriamente
conhecida, que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de
atuar em segmento semelhante, ou em razão de ter havido uma relação empresarial
entre as partes, seja de natureza jurídica, contratual ou de qualquer outra forma.
Não há nos autos nenhuma evidência de alguma relação empresarial entre as partes,
nem documentação que demonstre a existência de marcas registradas no exterior, de
titularidade da autora.

1
TRF2
Fls 939
14. No que concerne às alegações de infringência do art. 125 da LPI, consideramos
improcedentes, uma vez que a marca da 1ª ré é suficientemente distinta da marca de
alto renome BOMBRIL, de titularidade da autora, complementando o exposto no
item 12 acima.
15. Com relação ao art. 126 da LPI, a argumentação não se aplica, uma vez que a
autora é depositante nacional.

A discussão travada nestes autos já foi apreciada pelo STJ, em hipótese semelhante, quando

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do julgamento, pela 3ª Turma, do recurso especial nº 1.582.179/PR, em ação oriunda do
TRF da 4ª Região e ajuizada pela BOMBRIL MERCOSUL S/A em face de SANY DO
BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PRODUTOS DE LIMPEZA LTDA. visando à
declaração de nulidade do registro de propriedade industrial nº 823.209.512, referente à
marca SANYBRIL.

O em. relator, min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, proferiu voto negando
provimento ao recurso da BOMBRIL, de cuja fundamentação destaco os seguintes trechos,
in verbis :
[1]

2.2. Dos arts. 124 e 165 da Lei nº 9.279/1996

Não há como conhecer da insurgência com base na apontada afronta aos arts. 124 e
165 da Lei nº 9.279/1996.
Inicialmente, ressalta-se que, no caso em apreço, ocorre a colisão nominativa de
marcas, procedimento não reprovável quando inexistir o intuito de imitar, provocar

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confusão e iludir o consumidor.
(...)
Assim, não se vislumbra como o Superior Tribunal de Justiça poderia reapreciar os
temas antes referidos sem incursionar no contexto fático-probatório dos autos,
procedimento inviável neste momento processual, a teor da Súmula nº 7/STJ.
(...)
Ainda que assim não fosse, vale anotar que marca fraca (meramente sugestiva e/ou
evocativa), assim reconhecida pelo INPI, como na hipótese, pode conviver
harmonicamente com marcas semelhantes, conforme vem entendendo este Tribunal,
como se nota dos seguintes precedentes: REsp nº 1.166.498/RJ, Relatora Ministra
Nancy Andrighi, DJe 30/3/2011, AgRg no REsp nº 1.046.529/RJ, Relator Ministro
Antonio Carlos Ferreira, DJe 4/8/2014, AgRg no REsp nº 1.236.353/SC, Relator
Ministro João Otávio de Noronha, DJe 11/12/2015, e AgRg no AREsp nº
100.976/SP, Relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 4/2/2015.

2.3. Do art. 125 da Lei nº 9.279/1996

Apregoa a BOMBRIL MERCOSUL S.A., em seu recurso, que o reconhecimento da


marca BOM BRIL como de alto renome pela autarquia competente lhe confere os
privilégios e a proteção especial em todos os ramos de atividade comercial, nos
termos da lei.

2
TRF2
Fls 940
(...)
Na hipótese, entretanto, apesar de ser inconteste que a marca BOM BRIL foi
reconhecida como de alto renome pelo INPI em 23/9/2008, conforme documento de
fl. 914 (e-STJ), tal fato não é determinante para a pretensa declaração de nulidade
do registro da marca ré.
Isso porque o reconhecimento pelo INPI da marca BOM BRIL como de alto renome
foi posterior à propositura da presente ação, datada de 18/7/2008 (fl. 3, e-STJ), e ao
registro da marca SANYBRIL, em 5/12/2006 (fl. 1.391, e-STJ).

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(...)

Porém, houve votos divergentes, ainda que tenha prevalecido, por apertada maioria, a
posição adotada pelo relator, cumprindo destacar trechos do voto vista do min. Marco
Aurélio Bellizze, in verbis :
[2]

Todavia, na hipótese dos autos, a despeito do entendimento do Tribunal de origem,


não há um vínculo conotativo apreendido de pronto pelo público alvo do termo
"BRIL" como relacionado de forma óbvia à qualidade de brilho. E note-se que tal
conclusão independe de qualquer reexame de fato ou prova, à medida que se
comprovou nos autos a existência de precedentes jurisprudenciais que, enfrentando
o mesmo argumento da força evocativa do termo, resultaram em conclusões
díspares. É o caso da apelação n. 2008.51.01.807326-5 do TRF da 2ª Região, cujo
acórdão encontra-se devidamente juntado ao presente recurso especial (e-STJ, fls.
1.581-1.594).
Nesse ponto peço licença para transcrever breve trecho do voto proferido no

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acórdão paradigma (e-STJ, fl. 1.591):

Ora, o termo "BRIL" não consiste em palavra do vernáculo português ou de


qualquer outra língua conhecida, não apresentando, pois, significado
dicionarizado relacionado ao segmento mercadológico em que se insere a
marca. Assim, o fato de remeter este à noção de brilho, qualidade que se
procurava evidenciar no caso dos produtos de limpeza, nada mais é do que
resultado dos investimentos realizados pela titular do signo "BOM BRIL" para
difundi-la no mercado e criar uma imagem forte no imaginário do público
consumidor através de décadas.

A mera existência de entendimentos divergentes quanto à capacidade evocativa do


termo "BRIL", a meu ver, se afigura suficiente para afastar a compreensão da marca
como evocativa - frise-se que nem mesmo os julgadores, ao enfrentar a questão em
processos distintos, são unânimes em afirmar categoricamente essa correlação do
termo "BRIL" com "brilho", como pretendeu o INPI e a recorrida.
Ademais, deve-se verificar que, segundo consta da contestação oportunamente
apresentada pela empresa recorrida, a marca impugnada foi depositada sob a
especificação de "desodorantes sanitários" (e-STJ, fl. 628), produto desvinculado de
qualquer associação ou evocação à qualidade de "brilho", derrubando por terra o
argumento de utilização de termo comum ou sugestivo.

3
TRF2
Fls 941
Diante desses fundamentos, não se sustenta o afastamento do direito de exclusiva,
nem mesmo sua limitação no sentido de impor a tolerância de utilização do termo
por seus concorrentes diretos, reconhecido sob o exclusivo fundamento da
distintividade restrita de marca evocativa, porquanto de marca evocativa não se
trata. Noutros termos, deve-se reconhecer a exclusividade da utilização do termo
"BRIL", enquanto válido o registro da marca concedido pelo INPI à recorrente, já
que anterior e efetivado em classe semelhante àquela em que explorada a marca da
recorrida.

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Acrescento que, mesmo na hipótese de se manter a caracterização da marca como
evocativa, esse fundamento, por si só, não seria suficiente para sustentar qualquer
conclusão quanto à extensão da oponibilidade da exclusividade perante a marca de
titularidade da recorrida. Frise-se que a consequência da fraca distintividade da
marca é a limitação da exclusividade, e não seu afastamento definitivo.
Assim, como reiteradamente reconhecido por esta Corte Superior, no exame de
colidência de marcas, não se pode perder de vista o fim social da proteção marcária,
que tem por condão resguardar a livre concorrência e viabilizar a identificação de
origem do produto pelos consumidores.
(...)
Noutros termos, enquanto não anulados os registros concedidos à recorrente, há
direito de exclusividade que se opera de forma plena, nos termos de remansosa e
antiga jurisprudência desta Corte Superior (sem grifo no original):
(...)
Desse modo, não verificados os requisitos para mitigação do direito de exclusiva no
caso concreto e, notadamente, afastado o caráter evocativo das marcas "BRIL",

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"BRILL" e "BOMBRIL", impõe-se o respeito à plena exclusividade da marca
registrada com precedência à da recorrida. Note-se que, nesse cenário, perdem
relevância os efeitos prospectivos da declaração de alto renome da marca
"BOMBRIL" para solução do caso dos autos, porquanto as marcas "BRIL" e
"BRILL" encontravam-se validamente registradas quando do depósito da marca sub
judice.
(...)

Como destacado no voto acima, a 2ª Turma Especializada do TRF2 enfrentou


anteriormente hipótese similar à destes autos, na qual a autora/apelante - BOMBRIL
MERCOSUL S/A - buscava, em suma, zelar pela integridade material ou reputação da sua
marca BOMBRIL, nos autos da APELREEX 08073262820084025101, sob a relatoria da
DF Liliane Roriz, dando razão à ora apelante, nos termos da ementa a seguir, ipsis litteris:

PROPRIEDADE INDUSTRIAL. APELAÇÃO. NOME EMPRESARIAL.


REPRODUÇÃO. MARCA. COLIDÊNCIA. MARCA DE ALTO RENOME. USO
COMUM OU NECESSÁRIO NÃO EVIDENCIADO.
1. De acordo com o art. 124, V, da LPI, não é admitido em nosso sistema marcário o
registro de elementos definidores de nome de empresa ou título de estabelecimento
quando pertencentes a terceiros e na medida em que o emprego possa gerar
situações de confusão ou associação.

4
TRF2
Fls 942
2. Da leitura dos documentos que acompanham à petição inicial, observa-se que a
autora, de fato, ostenta a expressão BOMBRIL em seu nome comercial desde a sua
constituição, ocorrida em 14/01/1948, enquanto que a empresa ré somente foi
constituída a partir de 01/07/1995 (fls. 657/659). Assim, em princípio, o privilégio da
anterioridade militaria em favor da autora.
3. Os autos evidenciam, ainda, que o primeiro depósito efetuado pela autora para o
signo BOM BRIL (nº 002914239, classe 03.10) data de 16/04/1953, tendo sido este
seguido pelo depósito e concessão de diversos outros no segmento de produtos e

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instrumento de limpeza. Em contrapartida, os registros titularizados pela empresa ré
(821.995.480 e 822.530.945) para a marca AUTOBRIL, nas formas nominativa e
mista, foram somente depositados em 15/02/2000 e 14/08/2000, respectivamente,
tendo sido ambos concedidos para a classe NCL(7)03.Acrescente-se que, pela leitura
do ato constitutivo da empresa ré, esta tem por objeto social a FABRICAÇÃO DE
SABÕES, DETERGENTES, DESINFETANTES, PRODUTOS DE PERFUMARIA E
COSMÉTICOS. Assim, as empresas se dedicam ao mesmo segmento mercadológico
(produtos destinados à limpeza), o que, a toda evidência, atrai sobre a hipótese a
incidência da previsão inscrita no art. 124, inciso XIX, da LPI.
4. A manutenção dos registros da empresa ré no mercado, ao lado daqueles da
autora, pode dar a impressão ao consumidor de que se trata de uma aparente
família de marcas, sendo este certamente um fator que pode levar o público a erro,
confusão ou associação equivocada quanto à origem dos produtos. Outro fator que
certamente agrava essa conjuntura é que se trata de produtos oferecidos no mesmo
tipo de estabelecimento comercial e, muitas vezes, na mesma seção. Acrescente-se
que a marca BOM BRIL ostenta há vários anos uma extrema notoriedade junto ao

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público consumidor, o que lhe possibilitou, inclusive, alcançar o status de marca de
alto renome junto ao INPI, nos termos do art. 125 da LPI.
5. Cabe destacar que não merece acolhimento a tese da empresa ré, ora apelante, de
que a marca BOM BRIL consiste em marca meramente evocativa, ao argumento de
ser o sufixo BRIL de uso comum ou necessário na área de produtos de limpeza. Ora,
o termo BRIL não consiste em palavra do vernáculo português ou de qualquer outra
língua conhecida, não apresentando, pois, significado dicionarizado relacionado ao
segmento mercadológico em que se insere a marca. Assim, o fato de remeter este à
noção de brilho, qualidade que se procura evidenciar no caso dos produtos de
limpeza, nada mais é do que resultado dos investimentos realizados pela titular do
signo BOM BRIL para difundi-la no mercado e criar uma imagem forte no
imaginário do público consumidor através de décadas.
6. Afigura-se nítida a possibilidade de diluição do signo da empresa-autora, que, ao
ser obrigado a conviver com outros que partem do mesmo conceito, poderia, com o
passar do tempo, ter seu poder de difusão diminuído gradativamente. Ora, o
fenômeno da diluição constitui justamente uma ofensa à integridade de um signo
distintivo, seja moral ou material, tendo por efeito a diminuição do seu poder de
venda. A idéia principal da teoria da diluição é, pois, a de proteger o titular contra o
enfraquecimento progressivo do poder distintivo de sua marca, mormente em casos
de marcas que ostentam alto grau de reconhecimento ou que sejam muito criativas.
Em outras palavras, a nulidade dos registros em tela merece ser mantida, ante o

5
TRF2
Fls 943
grau de renome atingido pela marca-autora, bem como a possibilidade de dano
progressivo ao seu poder distintivo, enquanto instrumento empresarial, de
persuasão, de conquista do consumidor.
7. Apelações e remessa desprovidas.
(E-DJF2R de 11/12/2012)

No mesmo sentido, a 1ª Turma Especializada, recentemente, julgou a apelação interposta


pelo INPI em face da ora apelante - processo nº 0049324-67.2012.4.02.5101 -, conforme a

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ementa abaixo transcrita, ipsis litteris:

APELAÇÕES CÍVEIS E REMESSA NECESSÁRIA – PROPRIEDADE INDUSTRIAL


– MARCAS BOMBRIL E SANY BRIL – MESMO SEGMENTO MERCADOLÓGICO
– PRODUTOS DE LIMPEZA – NOTORIEDADE DA MARCA DA AUTORA -
POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO E ASSOCIAÇÃO INDEVIDA – NULIDADE DO
REGISTRO DA RÉ – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS PELO INPI –
FIXAÇÃO DO PERCENTUAL MÍNIMO PARA A EMPRESA RÉ – OBEDIÊNCIA
AO ART. 85, § 2º, DO CPC.
I - Correta a sentença recorrida que decretou a nulidade do registro da marca
SANY BRIL, da empresa apelante, não apenas por haver risco de confusão quanto
ao consumo dos produtos, mas, sobretudo, ante a evidente possibilidade de causar
associação indevida com as marcas da apelada, BOMBRIL, PINHO BRIL, BRIL e
BRILL, levando o público consumidor a pensar que adquiriu produto de uma
determinada empresa, quando, na verdade, trata-se do produto de outra, além do
reconhecimento da notoriedade da marca da apelada, o que faz incidir na espécie o

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inciso XIX do art. 124 e o art. 125 da Lei nº 9.279/96, até porque as litigantes
pertencem ao mesmo segmento mercadológico, qual seja, produtos de limpeza.
II – A expressão BOMBRIL integra o nome comercial da autora desde a sua
constituição, ocorrida em 14/01/1948, quando recebeu o nome de ABRASIVOS
BOMBRIL LTDA., enquanto a empresa ré, SANY DO BRASIL INDÚSTRIA E
COMÉRCIO DE PRODUTOS DE LIMPEZA LTDA., somente foi constituída a
partir de 10/07/1997, incidindo a vedação descrita no art. 124, V, da Lei de
Propriedade Industrial.
III - Não foi ação ou omissão do INPI a causadora exclusiva de necessidade do
ajuizamento de ação, sendo, portanto, indevidos honorários advocatícios pela
Autarquia Marcária (REsp 1378699/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 10/06/2016).
IV - Considerando que a sentença apelada foi proferida quando o CPC de 2015 já
estava em vigor, é o caso de aplicar-se o art. 85, § 11, do CPC de 2015. Contudo,
tendo em vista que os honorários foram fixados pela sentença em 15% do valor da
causa, pro rata, e que a condenação do INPI foi afastada, fixo em 10% do valor da
causa os honorários advocatícios a serem pagos pela empresa ré, de modo a não
ficar aquém do percentual mínimo estabelecido pelo art. 85, § 2º, do CPC.
V – Apelações desprovidas. Remessa necessária parcialmente provida, apenas para
excluir a condenação do INPI em honorários advocatícios. Honorários advocatícios,
em desfavor da empresa ré, fixados em 10% do valor atualizado da causa, nos

6
TRF2
Fls 944
termos do art. 85, §§ 2º e 11, do CPC.

Cotejando os argumentos e fundamentações favoráveis e contrários à pretensão autoral,


tanto nestes autos quanto nos precedentes acima colacionados, concluí no sentido de que
procede a irresignação da autora/apelante.

A autora/apelante é titular, entre outras, da marca BOM BRIL - registro nº 002.914.239 -


desde 16/04/1963, posicionada na classe 03 : 10 (03 - Produtos de limpeza e higiene

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doméstica, humana e veterinária, bem como os produtos de perfumaria, de toucador e
cosméticos; 10 - Preparados para lavanderia, produtos e instrumentos de limpeza, exceto os
de uso pessoal e industrial) e da marca BOMBRIL - registro nº 003.082.776 - desde
22/03/1975, posicionada na classe 20:25 (20 - Artigos de mobiliário em geral, acolchoados,
utensílios domésticos, recipientes e embalagens, vidros, espelhos, cristais, pincéis e
espetos; 25 - Artigos e utensílios de utilidade doméstica).

A marca nominativa BOMBRIL - registro nº 003.082.776 - desfrutou da proteção especial,


em todas as classes, concedida pelo revogado Código de Propriedade Industrial às marcas
notórias- Lei nº 5.772/1971, art. 67 -, motivo impediente do registro posterior de outras
marcas que reproduzissem ou imitassem, no todo ou em parte, e com possibilidade de
confusão quanto à origem dos produtos, mercadorias ou serviços, ou ainda em prejuízo para
a reputação da marca, da década de 1980 até 06/11/2007, quando se deu a extinção, em
virtude da superveniência da Lei de Propriedade Industrial - Lei nº 9.279/1996 -, cujo art.
233 impediu a prorrogação. Essa marca foi declarada pelo INPI como de alto renome, com
base no art. 125 da LPI, em 28/03/2017.

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A seu turno, a marca mista BOM BRIL - registro nº 002.914.239 -, segundo o INPI (fl.
548), gozou da proteção especial conferida às marcas de alto renome no período entre
2008 a 2013, com efeitos prorrogados por decisão judicial proferida no processo nº
0133449-31.2013.4.02.5101.

A marca mista havida como colidente - HIGIBRIL - foi depositada em 06/07/2009 e


concedida em 28/05/2013, na classe (9) 03 (Preparações para branquear e outras
substâncias para uso em lavanderia; produtos para limpar, polir e decapar; produtos
abrasivos; sabões; perfumaria, óleos essenciais, cosméticos, loções para os cabelos;
dentifrícios), não obstante a oposição e o processo administrativo de nulidade que sofreu.

De cara, verifica-se que a marca mista HIGIBRIL foi depositada quando a marca mista
BOM BRIL usufruía da proteção especial conferida às marcas de alto renome.

Passo seguinte, forçoso reconhecer que as empresas autora e ré possuem marcas para
utilização nos mesmos segmentos mercadológicos, quais sejam, produtos de limpeza,
higiene, lavanderia e cosméticos, não obstante a distinção de classes.

Contudo, o INPI defende ser possível a convivência das marcas em conflito, baseado na
teoria da distância, relativamente ao radical evocativo BRIL, e levando em conta que as

7
TRF2
Fls 945
marcas são suficientemente distintas.

Penso de maneira diversa e de acordo com o que ficou consignado no supracitado julgado
desta 2ª Turma Especializada, segundo o qual o termo BRIL não consiste em palavra do
vernáculo português ou de qualquer outra língua conhecida, não apresentando, pois,
significado dicionarizado relacionado ao segmento mercadológico em que se insere a
marca.

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Outrossim, o fato de remeter à noção de brilho, qualidade que se procura evidenciar no caso
dos produtos de limpeza, nada mais é do que resultado dos investimentos realizados pela
titular do signo BOM BRIL para difundi-la no mercado e criar uma imagem forte no
imaginário do público consumidor através de décadas, o que afasta a compreensão de se
estar diante de marca meramente evocativa.

Quanto à aplicação da teoria da distância, cumpre evocar a teoria da diluição, cuja ideia
principal é a de proteger o titular contra o enfraquecimento progressivo do poder distintivo
de sua marca.

Nesses termos, trago à reflexão trecho de artigo constante do sítio


www.dannemann.com.br, intitulado "O Fenômeno da Diluição e o Conflito de Marcas", da
lavra do advogado e agente da propriedade intelectual José Antonio B. L. Faria Correa
(1998):

Um dos critérios que balizam o exame de colidência de marcas é a existência, no

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ramo de negócio pretendido, de outros sinais morfologicamente eqüidistantes, teoria
tradicional no campo do direito de propriedade industrial que vem sendo adotada,
sem maiores discussões, pelo INPI e pelos tribunais.
(...)
O propósito deste artigo é discutir as diversas causas conducentes ao convívio de
marcas morfologicamente similares, a justificar a aplicação da teoria da distância ,
e os seus efeitos jurídicos, para se concluir que , dentre essas causas, muitas há que
derivam de ato ilícito e que o fenômeno da diluição, embora de grande peso, pode
ser nuanceado por outros fatores que, reunidos, permitem que se dê pela
configuração de infringência de direitos.
(...)
Ora, a distintividade descomunal da marca notória deve ser o fio condutor de
qualquer análise de colidência. Não importa que a marca notória tenha emergido de
um campo lógico originariamente banal. Importa é a sua evolução no campo
cognitivo, a aptidão que tenha adquirido, em função do uso, para dinamizar a venda
de um produto. Assim como alguém pode nascer em um meio acanhado e tornar-se
dono de um império, a marca notória pode ser, na origem, palavra banal, quase
genérica, e crescer a ponto de libertar-se de sua limitação natal. Assim sendo, ainda
que a muitos possa parecer um paradoxo, restrição não há a que um sinal não
arbitrário possa , pela ginástica do uso, adquirir poder distintivo incomum.
Qualquer dos cinco tipos de marca expostos no início deste trabalho pode, em

8
TRF2
Fls 946
conseqüência, originar sinal notório.
Em resumo, conquanto o exame de colidência, seja na esfera do INPI, seja no
âmbito do Judiciário, deva tomar em consideração o quadro atual , a aplicação da
teoria da distância não deve desprezar por inteiro os dados históricos, o caráter
unitário de cada marca e a eventual ocorrência do fenômeno da notoriedade. A
invocação pura e simples da teoria da distância pode deformar a conclusão,
deixando ao desabrigo marcas que, malgrado sua aparente semelhança com outras
no mesmo segmento de mercado, possuem poder distintivo que, de outra forma,

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poderia ser corroído.

Com efeito, não há como deixar de considerar, in casu, que as marcas BOMBRIL e BOM
BRIL vêm sendo utilizadas por seus sucessivos proprietários para designarem,
inicialmente, uma esponja de aço que adquiriu fama entre os consumidores, e que,
posteriormente, através do sinal BRIL, vieram a identificar uma família de marcas de
produtos voltados aos segmentos de limpeza/higiene/lavanderia.

Além disso, desfrutaram desde a década de 1980 da proteção especial concedida pelo
revogado Código de Propriedade Industrial às marcas notórias - art. 67 - e pela Lei de
Propriedade Industrial às marcas de alto renome - art. 125 -, atingindo, portanto, poder
distintivo incomum.

Dessa forma, evidencia-se a possibilidade de associação indevida entre a marca HIGIBRIL


e as marcas da autora/apelante - BOMBRIL, BOM BRIL, etc. - junto ao público
consumidor, que é o que basta, não se exigindo, para tanto, a prova do efetivo engano por

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parte dos clientes ou consumidores específicos, conforme precedentes do STJ, dentre eles o
REsp 1.721.701/RJ, rel. min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, DJe de 12/04/2018.

Importante realçar, tal como o min. Marco Aurélio Bellizze no voto vista acima transcrito,
que o STJ vem reiteradamente reconhecendo, no exame de colidência de marcas, não se
poder perder de vista o fim social da proteção marcária, que tem por condão resguardar a
livre concorrência e viabilizar a identificação de origem do produto pelos consumidores.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, peço vênia para DIVERGIR do em. Relator, dando provimento à
apelação, para julgar procedente o pedido inicial, declarando a nulidade do registro
901.768.600 relativo à marca "HIGIBRIL", condenando o EMPORIO DAS
EMBALAGENS LORENA LTDA.-ME a abster-se de usar a marca, invertendo os ônus da
sucumbência em desfavor dos réus.

É como voto.

Desembargador Federal MARCELLO GRANADO


afn

9
TRF2
Fls 947
[ 1 ]

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=57849024&num_registro=2014003
18290&data=20160819&tipo=51&formato=PDF
[ 2 ]

https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201400318290&totalRegistrosPor
Pagina=40&aplicacao=processos.ea
REsp 1.667.213/RS, Relator Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, DJe de 30/06/2017.
[3]

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