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Introdução
Em 1937 o economista Ronald Coase publicou o artigo A Natureza da Firma:
origem, evolução e desenvolvimento, onde afirma que as organizações surgem
para atuar nos mercados com o objetivo de diminuir os custos de transação
(custos de busca e aquisição, de contratação e controle, de coordenação e de
confiança)1. Na economia industrial, onde busca-se a produção em larga escala a
fim de obter-se o menor custo marginal possível, faz sentido grandes estruturas
hierárquicas e cadeias de comando e controle na busca do máximo de eficiência
possível por meio da especialização, planejamento da produção, tarefas
encadeadas e controles de qualidade.
1
COASE, Ronald H., The Nature of The firm, Economica, New Series, vol. 4 No. 16 (Nov. 1937) pp.
386 - 405
2
RIFKIN, Jeremy, the Zero Marginal Cost Society: the internet of things, the collaborative commons,
and the eclipse of capitalism, Palgrave Macmillan Trade: July, 2015
direta ao mercado seja feita com maior eficiência, velocidade, e eficiência que
aquela feita por meio de uma “Firma”3.
Esse novo modelo de organização distribuída, deve ser construído sob um novo
conjunto de princípios, opostos aos da OIM, sob um novo paradigma que priorize
também a eficácia e não só a eficiência, sem hierarquia e funções pré-definidas,
sem processos decisórios e seletivos, sem patrimônio ou fundos comuns
administrados por uma equipe ou grupo. Uma organização aberta e inclusiva,
transparente e que segue um modelo exponencial e abundante, com foco na
evolução bem como na sobrevivência, uma organização que prospera.
PRINCÍPIOS
É necessário ser eficaz além de ser eficiente. Enquanto ser eficiente é fazer a
mesma coisa melhor, ser eficaz é fazer a melhor coisa. É ter a capacidade de ir
deixando de fazer aquilo que já se sabe fazer muito bem para começar a fazer
aquilo que não se faz tão bem ainda mas que passou a ser necessário. Ser eficaz
3
TAPSCOTT, Don, TAPSCOTT, Alex, Blockchain Revolution, how the technology behind Bitcoin is
changing Money, business and the world, Penguin: May 2016
é a capacidade de se adaptar às novas necessidades do ambiente em que
estamos contidos, da sociedade ao universo.
As cadeias de comando e controle das OMI são instituídas por seus fundadores
que, em muitas ocasiões, compõem a hierarquia de comando e controle. Essa
estrutura estimula nos integrantes das OMI um contínuo comportamento de
dependente aprovação, pois precisam submeter as suas propostas a uma ou
mais instâncias superiores que em teoria sabem mais pela simples posição
hierárquica.
Essa ideia de alguém que sabe mais ou até, às vezes, sabe tudo é
extremamente desempoderante e inibe a exploração do campo de possibilidades
e das iniciativas transformadoras que possibilitariam a evolução da OMI. O
centro decisor, tentando manter a sua capacidade de sobreviver como igual,
bloqueia a habilidade das bordas de interagir com o ambiente, perceber as suas
constantes mudanças e se adaptar.
Diz o Osho:
A Organização Próspera não tem ninguém no centro pois não há centro decisor,
só bordas que decidem sobre si mesmas. Por outro lado, ela não passa a existir
do nada. Toda a matéria resulta da pressão exercida na energia e assim
acontece quando queremos materializar algo e, por isso, é necessário exercer
pressão na energia para que a organização se materialize e passe a existir.
A existência da organização depende de alguém(ns) que se comprometa(m) em
pressionar a energia para que ela se inicie. Uma dependência que é necessária
somente no início e, por isso, na Organização Próspera, não há fundadores para
instituir uma cadeia de comando e controle, só iniciadores que se
responsabilizam por seu início, estabelecendo arbitrariamente o conjunto de
princípios e regras do modelo de negócio a serem seguidos.
Essa percepção nos liberta para incluir a diversidade que possibilita a evolução,
removendo os rótulos e deslinearizando a interação, deixando de ter uma linha
que conecta um EU a um ELE, derrubando a ilusão da separação e integrando
todos os nós em um único NÓS exponencial, que interage livremente e liberta a
capacidade cognitiva do todo. É essa capacidade que emerge da livre interação
co-criativa e abundante que permite a integração da evolução à capacidade de
sobrevivência e materializa a organização próspera.
Na Organização Próspera não pode haver nenhum processo de exclusão pois isso
compromete a diversidade do campo co-criativo que leva a evolução. Isso
significa que não poder haver processos seletivos, votações, consensos
construídos, eleições, premiações, rankings ou avaliações. Nada que se justifique
como ferramenta para a tomada de uma decisão coletiva única.
O sistema se auto organiza pela livre movimentação dos NÓS que, interagindo
entre sí, constroem sua reputação por meio da auto regulação.
Na Organização Prospera não pode haver trocas pois elas impedem a evolução.
Só pode haver distribuição. Esta distribuição não se dá por meio de recursos
coletados por um centro decisor e sim pela simples ausência de um sistema de
trocas.
Cada nó do NÓS é responsável por si mesmo e portanto é ele quem gera o seu
próprio faturamento. A ausência de CNPJ ou Conta Bancária coletivos é
substituída por CNPJ´s, CPF´s e Contas Bancárias individuais, pertencentes a
cada NÓ do NÓS.
Cada NÓ é responsável pela sua reputação perante o NÓS, pois não há avaliação
centralizada, só há a convivência que gera reputação de forma autônoma de
todos os NÓ que integram o NÓS. Os faturamentos e as atitudes compõe o
ambiente de reputação dos NÓS.
Como não há patrimônio acumulado, ativos coletivos nem cargos padrão não há
despesas e custos de natureza fixa. Todo o fluxo financeiro flui de forma variável
e é distribuído em tempo real.
ANEXO I
Usando o Blockchain e as Criptomoedas na Organização
Próspera
O Blockchain é um livro de registros de transações (como um livro-razão
contábil) distribuído, transparente e seguro que, ao longo de seus 8 anos de
existência tem se mostrado a ferramenta ideal para atender ao novo modelo de
Organização Próspera. Sua arquitetura e processos vão ao encontro das
necessidades e princípios da OP. Auxiliam seus integrantes a enfrentar o
condicionamento de adotar modelos industriais centralizados.
4
Idem nota de rodapé no. 3
consensuais ou a criação de fundos e patrimônio. Os Smart Contratcs garantem
a fluidez do sistema e a distribuição contínua5.
O papel da Criptomoedas
5
SWAN, Melanie, Blockchain, blueprint for a new economy, O´Reilly, feb. 2015
6
ULRICH, Fernando, Aspectos Econômicos do Bitcoin, em A Revolução das Moedas Digitais:
Bitcoins e Altcoins, aspectos jurídicos, sociológicos, econômicos e da ciência da computação,
Revoar: São Paulo, 2016 pgs 78 - 105
7
Idem nota anterior
(realização de uma tarefa ou atividade) ou prova de participação (a posse de
uma emissão anterior da mesma Criptomoeda)