Professional Documents
Culture Documents
CAPÍTULO II
Artigo 6.o
Sistema de gestão territorial
Objectivos do ordenamento do território e do urbanismo
3 — O sistema de gestão territorial concretiza a inte- ritoriais que, pela sua interdependência, neces-
racção coordenada dos seus diversos âmbitos, através sitam de coordenação integrada.
de um conjunto coerente e racional de instrumentos
de gestão territorial. 2 — São instrumentos de planeamento territorial os
planos municipais de ordenamento do território, que
compreendem as seguintes figuras:
Artigo 8.o
a) O plano director municipal, que, com base na
Instrumentos de gestão territorial
estratégia de desenvolvimento local, estabelece
Os instrumentos de gestão territorial, de acordo com a estrutura espacial, a classificação básica do
as funções diferenciadas que desempenham, integram: solo, bem como parâmetros de ocupação, con-
siderando a implantação dos equipamentos
a) Instrumentos de desenvolvimento territorial, de sociais, e desenvolve a qualificação dos solos
natureza estratégica, que traduzem as grandes urbano e rural;
opções com relevância para a organização do b) O plano de urbanização, que desenvolve, em
território, estabelecendo directrizes de carácter especial, a qualificação do solo urbano;
genérico sobre o modo de uso do mesmo, con- c) O plano de pormenor, que define com detalhe
substanciando o quadro de referência a con- o uso de qualquer área delimitada do território
siderar na elaboração de instrumentos de pla- municipal.
neamento territorial;
b) Instrumentos de planeamento territorial, de 3 — São instrumentos de política sectorial os planos
natureza regulamentar, que estabelecem o com incidência territorial da responsabilidade dos diver-
regime de uso do solo, definindo modelos de sos sectores da administração central, nomeadamente
evolução da ocupação humana e da organização nos domínios dos transportes, das comunicações, da
de redes e sistemas urbanos e, na escala ade- energia e recursos geológicos, da educação e da for-
quada, parâmetros de aproveitamento do solo; mação, da cultura, da saúde, da habitação, do turismo,
c) Instrumentos de política sectorial, que progra- da agricultura, do comércio e indústria, das florestas
mam ou concretizam as políticas de desenvol- e do ambiente.
vimento económico e social com incidência 4 — Constituem instrumentos de natureza especial os
espacial, determinando o respectivo impacte planos especiais de ordenamento do território.
territorial;
d) Instrumentos de natureza especial, que estabe-
lecem um meio supletivo de intervenção do Artigo 10.o
Governo apto à prossecução de objectivos de Relações entre instrumentos de gestão territorial
interesse nacional, com repercussão espacial,
ou, transitoriamente, de salvaguarda de prin- 1 — Os instrumentos de planeamento territorial
cípios fundamentais do programa nacional de devem prosseguir as orientações definidas pelos instru-
ordenamento do território. mentos de desenvolvimento territorial.
2 — Os instrumentos de desenvolvimento territorial
e os instrumentos de política sectorial traduzem um com-
Artigo 9.o promisso recíproco de integração e compatibilização das
Caracterização dos instrumentos de gestão territorial respectivas opções, determinando que:
Regime dos instrumentos de gestão territorial 6 — Os planos sectoriais com incidência territorial são
elaborados pela administração central e aprovados pelo
Artigo 19.o Governo, ouvidas as autarquias locais abrangidas.
Regime jurídico
Artigo 21.o
O regime jurídico dos instrumentos de gestão ter-
ritorial é estabelecido através de diplomas legais com- Participação e concertação
plementares da presente lei.
1 — Os instrumentos de gestão territorial são sub-
o
metidos a prévia apreciação pública.
Artigo 20. 2 — A elaboração e aprovação dos instrumentos de
Elaboração e aprovação gestão territorial vinculativos dos particulares são
objecto de mecanismos reforçados de participação dos
1 — O programa nacional da política de ordenamento cidadãos, nomeadamente através de formas de concer-
do território é elaborado pelo Governo e aprovado pela tação de interesses.
Assembleia da República, ouvidas as Regiões Autóno-
mas, as regiões administrativas e os municípios.
2 — Os planos regionais de ordenamento do território Artigo 22.o
são elaborados pelas juntas regionais, com audição dos Pareceres da junta regional
municípios abrangidos, e são aprovados pelas assem-
bleias regionais, com posterior ratificação pelo Governo. 1 — Os pareceres a emitir pela junta regional rela-
3 — Os planos intermunicipais de ordenamento do tivamente aos planos municipais e intermunicipais inci-
território são elaborados pelas câmaras municipais dem sobre a sua articulação com os objectivos, princípios
envolvidas e, após parecer da junta regional, aprovados e regras aplicáveis no município ou municípios em causa,
pelas assembleias municipais respectivas, estando sujei- definidos por instrumentos de desenvolvimento terri-
tos a ratificação pelo Governo. torial, de planeamento territorial, de política sectorial
4 — Os planos municipais de ordenamento do ter- ou de natureza especial.
ritório são elaborados pelas câmaras municipais e apro- 2 — A junta regional deve suscitar a ilegalidade dos
vados pelas assembleias municipais, estabelecendo-se as instrumentos de planeamento territorial sujeitos à sua
seguintes regras específicas: apreciação junto das entidades competentes para a res-
a) Os planos directores municipais estão sujeitos pectiva aprovação.
a parecer da junta regional e a ratificação pelo
Governo;
Artigo 23.o
b) Os planos de urbanização estão sujeitos a pare-
cer da junta regional e a ratificação pelo Ratificação pelo Governo
Governo quando não se conformem com o
plano director municipal que os abrange ou sem- 1 — A ratificação pelo Governo dos planos regionais,
pre que este não seja eficaz; intermunicipais e municipais destina-se a verificar a sua
c) Os planos de pormenor estão sujeitos a parecer conformidade com as disposições legais e regulamen-
da junta regional e a ratificação pelo Governo tares vigentes, bem como a conformidade com instru-
quando não se conformem com o plano director mentos de desenvolvimento territorial, de planeamento
municipal ou com o plano de urbanização que territorial, de política sectorial ou de natureza especial
os abrangem ou sempre que estes não sejam válidos e eficazes, sem prejuízo do disposto no número
eficazes; seguinte.
3874 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 184 — 11-8-1998
2 — A ratificação dos planos pode ser parcial, apro- de ordenamento do território, das políticas sectoriais
veitando apenas à parte conforme com as normas legais com incidência territorial e articulação entre os planos
e regulamentares vigentes e conforme com os instru- directores municipais.
mentos de gestão territorial eficazes. 3 — A câmara municipal apresenta, de dois em
dois anos, à assembleia municipal um relatório sobre
a execução dos planos municipais de ordenamento do
Artigo 24.o território e a sua articulação com a estratégia de desen-
Publicidade volvimento municipal, sendo igualmente apreciada a
eventual necessidade de revisão ou alteração dos planos.
1 — São publicados em Diário da República todos os
instrumentos de gestão territorial.
2 — Poderão ser estabelecidos ainda outros meios de Artigo 29.o
publicidade que garantam uma adequada divulgação. Acompanhamento da política de ordenamento do território
1 — Todos os instrumentos de natureza legal ou regu- A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua
lamentar com incidência territorial actualmente existen- publicação.
tes deverão ser reconduzidos, no âmbito do sistema de
planeamento estabelecido pela presente lei, ao tipo de Aprovada em 30 de Junho de 1998.
instrumento de gestão territorial que se revele adequado O Presidente da Assembleia da República, António
à sua vocação específica. de Almeida Santos.
2 — O disposto no número anterior deverá considerar
que: Promulgada em 28 de Julho de 1998.
a) A produção de quaisquer efeitos jurídicos exter- Publique-se.
nos pelos instrumentos com incidência territo- O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
rial a integrar no sistema de planeamento ter-
ritorial dependerá sempre, nos termos do Referendada em 30 de Julho de 1998.
artigo 11.o, n.o 2, da presente lei, da possibi-
lidade de converter aqueles instrumentos em O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
planos municipais de ordenamento do território Guterres.
ou em planos especiais de ordenamento do
território;
Lei n.o 49/98
b) Além de determinar o alcance dos efeitos jurí-
dicos a produzir, a integração em qualquer das de 11 de Agosto
categorias de instrumentos de gestão territorial
A Assembleia da República decreta, nos termos da
legalmente previstas impõe o cumprimento das
alínea c) do artigo 161.o, da alínea b) do n.o 1 do
regras relativas à respectiva elaboração, apro-
artigo 165.o e do n.o 3 do artigo 166.o da Constituição,
vação e entrada em vigor; para valer como lei geral da República, o seguinte:
c) A integração nas categorias previstas no sistema
de gestão territorial deverá fazer-se no prazo
de dois anos a contar da entrada em vigor da Artigo único
presente lei, findo o qual deixam de vincular O n.o 1 do artigo 1.o da Lei n.o 5/95, de 21 de Feve-
os particulares todos os instrumentos de natu- reiro, passa a ter a seguinte redacção:
reza legal ou regulamentar com incidência ter-
ritorial que não se enquadrem no elenco típico «Artigo 1.o
legalmente estabelecido.
Dever de identificação
3 — No prazo máximo de 180 dias, o Governo definirá 1 — Os agentes das forças ou serviços de segurança
em diploma próprio o procedimento a adoptar. a que se refere a Lei n.o 20/87, de 12 de Junho, no