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Mesmo diante de todo o quadro político-histórico já elucidado, o Oriente jamais deixara de

reverenciar o Bispo de Roma – mesmo nos tempos de crise entre as partes – e nele
reconhecer a primazia de amor entre os irmãos patriarcas.

Graças ao Espírito Santo, todavia, e após os concílios gerais de 869-870 (ecumênico para
os romano-católicos) e de 879-880 (ecumênico para os grego-ortodoxos), ou seja, pouco
mais de vinte anos depois, Oriente e Ocidente restabeleceram laços de amizade e a paz
voltou a reinar na cristandade. O papa romano João VIII e o patriarca ecumênico Fócio
chegaram a manter relações pacíficas em época posterior a esses tristes fatos e somente
cerca de duzentos anos mais tarde (1054) ocorreria a excomunhão recíproca entre as
igrejas, nas ilustres pessoas do Patriarca Miguel Cerulário e do Cardeal Humberto da Silva
Cândida. Observe-se – salvo melhor juízo – que as excomunhões eram pessoais e não
atingiam as igrejas bizantina e romana enquanto tais.

os católicos-romanos, longe demais ao afirmar a primazia de sua sede sobre as outras, a


qual sempre fora reconhecida no plano fático e da honra, mas não em termos de uma
infalibilidade pessoal e de uma jurisdição universal do pontífice romano.

E todos os patriarcados, exceto o de Jerusalém – talvez por ter sido o mais novo em
ordem de criação e o menos influente nas decisões da Igreja no curso de sua história –
cometeram lá suas heresias: 1. Antioquia e Alexandria, conforme já visto (nestorianismo e
monofisismo); 2. Constantinopla, na tentativa de restabelecer a unidade com os grupos
orientais dissidentes, entrou em cisma com Roma pelo “Henotikon” – já elucidado
anteriormente – e foi a autora do monotelismo na pessoa do Patriarca Sérgio, com apoio
genérico do papa ocidental romano; foi também no patriarcado de Constantinopla que veio
à tona o sangrento iconoclasmo, combatido ferozmente pelos monges e pelo povo simples
do império. Foram necessários dois concílios para sepultar de vez a perigosa heresia de
destruição das imagens sacras: o VII Ecumênico – II de Nicéia, em 787, e o
constantinopolitano de 861. Mesmo assim, as estátuas são até hoje proibidas nas Igrejas
Ortodoxas, permitindo-se apenas ícones (imagens planas); e 3. Roma, com suas
inovações teológicas (exemplos principais: filioqüe, purgatório, imaculada conceição de
Nossa Senhora e insistência no primado jurisdicional e, mais tarde, na infalibilidade do
papa romano), litúrgicas e disciplinares (as quais são tantas que não convém enumerar).

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