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Mestre em Administração e Professor Substituto da UFES – Departamento de Administração, e
doutorando pelo Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP, Núcleo de
Subjetividade.
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Aluno do Programa de Estudos Pós Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP - Núcleo de
Subjetividade, Psicólogo graduado pela UNESP – Faculdade de Ciências e Letras de Assis e Professor de
Educação Básica II da Secretaria de Educação do Governo do Estado de São Paulo.
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nossas próprias experimentações como professores que nos sensibilizam para uma
uma que experimenta a vida como cartografia das formas e outra que experimenta a
poder que estão inscritas e ritualizadas no interior das cerimônias que aprisionam o par
tal relação. Com isso queremos afirmar que os regimes de olhar, de dizer e de dispor os
corpos que organizam esse dispositivo (DELEUZE, 1990) com o nome aula explicitam
úteis e dóceis para uma posterior relação de produção: corpos anestesiados que atuarão
poder-se-ia libertar a aula deste agenciamento de poder e levá-la para uma organização
na qual os corpos experimentassem relações que aumentassem sua potência (no sentido
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Em ressonância com Espinosa. Conceito delocado aqui para sua aplicação em educação pelo Prof. Dr.
Sílvio Gallo, Sobre a pedagogia do conceito. Mini-Curso oferecido no II Colóquio franco-brasileiro de
filosofia da educação. O Devir-Mestre – Entre Deleuze e a Educação, UERJ, Rio de Janeiro, 18 e 19 de
novembro de 2004.
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anestesiar a micropersepção. O corpo, por sua vez, vai sendo levado a deixar de
1984). Com isso, o corpo vai sendo levado a deixar de experimentar os aspectos
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Empregamos a palavra máquina no sentido desenvolvido por GUATTARI e ROLNIK (1999: 27) de
dispositivo de produção: “Trata-se se de sistemas de conexão direta entre as grandes máquinas produtivas,
as grandes máquinas de controle social e as instâncias psíquicas que definem a maneira de perceber o
mundo”.
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No sentido proposto por Gattari de máquina produtora e conectada a outras máquicas produtoras de
fluxos e mais fluxos de modos de subjetivação.
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“‘Sensível’ e ‘vibrátil’ referem-se a potências outras do corpo em sua maneira de apreender o mundo:
se a percepção do outro operada pelos cinco sentidos, traz sua existência ‘forma’ à subjetividade –
existência esta que se traduz em representações [visuais, auditivas, etc] –, a sensação por sua vez traz
para a subjetividade a presença viva do outro [que é passível de expressão, mas, não de
representação]”. In: Rolnik, S. Cartografia Sentimental: Transformações Contemporâneas do Desejo. São
Paulo: Estações Liberdade, 1989, p.02.
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somente pelos cinco órgãos do sentido. Um processo educacional que considera apenas
prontamente aceitas pela população que recebem sem questionamento, após anos
captura das formas de perceberem o mundo. Rolnik (2003) enuncia que algumas
anestésicas produzidas para a sociedade. Faz com que o sujeito nunca consiga ter uma
cristalizadora das formas possíveis humanas se instala, criando uma paralisia subjetiva,
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ROLNIK, Suely. “Uma terapeuta para tempos desprovidos de poesia”. In Lígia Clark, do objeto ao
acontecimento: Projeto de ativação de 26 anos de experiência corporal. Porto Alegre: Sulinha, 2006.
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conceitos, propondo, com isso, passos novos a diante tem como objetivo promover que
aumentando a potência de seus corpos que vão se tornando fortes e vibráteis o suficiente
Entretanto, a autora salienta e descreve sobre o cuidado que se deve ter neste
captura pela centralização dos sentidos e valores”. Na sua desesperada busca por um
modelo, o sujeito investe na “própria captura”, vai em busca daquilo que promete a
estabilidade de um território, mas que, no entanto, acaba por ser uma certeza ilusória e
do corpo vibrátil”, que, por sua vez, leva ao “enfraquecimento da potência de criação” e
“fragilização ainda maior” que o faz viver outras desterritorializações “mais e mais
Fazer com que o sujeito aposte na sua própria captura, pode ser a estratégia da
sociedade de controle problematizada por Deleuze (1992), onde o autor aponta que
Moduladores sociais agem de tal forma que o sujeito vai querer fazer mais um curso,
uma formação. Para continuar num mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
Dão ao indivíduo a ilusão de maior autonomia, mas nunca se tem um fim. É um fluxo
dispositivos em aula que levam o aluno a questionar as verdades como sendo algo
serventia nos tem e o que fazemos com isso? O objetivo é simples: deixar claro que
tudo que será estudado são modelos e paradigmas agenciados em territórios criados em
um espaço-tempo para uma prática histórico-social. Isso nos parece óbvio, mas durante
micropolítica, que uma parcela significativa dos nossos alunos esperam apenas a
uma genealogia histórica daquele componente curricular, de um saber8, sempre soa com
estranheza. O segundo, pactuar que nosso percurso possa ser teórico (o conteúdo) possa
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Utilizamos a palavra saber e pensar em ressonância ao sentido deleuziano de:“Pensar é,
primeiramente, ver e falar, mas com a condição de que o olho não permaneça nas coisas e se eleve até as
‘visibilidades’, e de que a linguagem não fique nas palavras ou frases e se eleve até os enunciados”.
DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro. Editora 34, 1995, p. 119.
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se pensar9 e repensado e aberto durante as aulas: Qual o sentido que isto tem dado a
minha carreira acadêmica, ou por fim, o que eu faço com isso para minha vida? Tem-se
como objetivo aqui, fazer com que o aluno seja atuante no seu processo de aprendizado,
e que este não se dê na solidão das certezas, mas sim com o benefício da dúvida
lidar. A criação, elemento primordial de uma atividade artística e força propulsora para
uma possível produção de novas formas mais adequadas à transitoriedade, tende a ser
esquecida. Sobra então os moldes enrijecidos. Talvez a rigidez destes moldes procure
(formas fixas) quanto o transitório (formas que passam), assumindo os conflitos que
assim como fazer com que eles também se tornem passageiros atuantes e participantes
em sala de aula tem por objetivo último criar uma composição aula-professor-aluno no
qual todos estão implicados com aquilo que está por se construir a cada passo. Pretende-
se, com isso, criar dispositivos para pensar o processo educacional de conhecer o
mundo, também, como diagrama de fluxos, forças que afetam o corpo convocando as
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Saber e Pensar: Idem a nota 8.
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para com o mundo. Enfim, criar dispositivos para que a vida seja liberada de suas
correntes criadas pelo corpo disciplinar e possa no ritual da aula apresentar-se como
transitórios quanto as linhas duras (molares) onde o desejo encontra passagem por um
momento antes de escapar por uma linha molecular e forçar a criação de um outro
território.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA