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1. Introdução ao estudo da Psicologia Jurídica – A interdisciplinaridade.

Como dissemos no início deste material, a Psicologia Jurídica atua na interface


com o Direito, mas esta também atua na interface com a Assistência Social – a
partir da formulação de políticas públicas de combate a violência doméstica e o
cuidado integral à criança e ao adolescente – conforme determinado pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990). Desta forma, discutiremos a seguir
alguns tópicos importantes a respeito deste assunto.

Vamos conhecer um pouco sobre este sistema e sobre assistência social: Todo
mundo paga imposto para o governo. Uma parte do preço pago por cada uma das
coisas que consumimos, têm embutido algum tipo de imposto. Os impostos, junto
com outras fontes de arrecadação, formam o ORÇAMENTO PÚBLICO
(Instrumento legal que gerencia o dinheiro público e determina onde e como ele
será gasto). Aí, o governo usa esse dinheiro para pagar as contas da saúde, da
educação, da segurança, o salário dos servidores municipais, à construção das
estradas, os gastos com assistência social...

A assistência social é um direito de toda pessoa que precisa dos mínimos sociais,
que são: vida digna, saúde, educação, cultura, lazer, segurança, trabalho e renda.
Existia uma época em que a assistência social não era vista como um direito. O
governo cuidava dos mais pobres quando queria e como queria. Normalmente era
a primeira dama – nos municípios – quem fazia este trabalho, através de
campanhas de arrecadação de alimentos ou roupas. Era uma questão de caridade.
Este tipo de trabalho era muito interessante, mas não modificava – efetivamente –
a vida das pessoas que recebiam estes benefícios.
Depois de muita mobilização e luta, a assistência social foi reconhecida como
DIREITO do cidadão e DEVER do Estado reconhecido pela Constituição Federal
– que é um conjunto de leis a ser respeitado em todo o país. No final de 2004, foi
aprovada a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), construída
coletivamente com o objetivo de implementar o Sistema Único de Assistência
Social- SUAS, criado no ano seguinte.
O SUAS – articula duas estruturas: a de proteção social básica e a proteção social
especial (de média e alta complexidade) – é uma espécie de gerente das ações da
assistência social e a inspiração veio da compreensão de que as pessoas são por
inteiro e nossos direitos são indivisíveis e nossas necessidades são interligadas.
Para tal organização foram criados os CRAS e os CREAS. Os CRAS são os
Centros de Referência de Assistência Social e trabalham com a proteção social
básica, mais especificamente com as famílias – e sito ocorre porque temos na
família o primeiro espaço de proteção e socialização. Quando a família é cuidada
e recebe atenção – é fortalecida e todos que nela estão também são. O núcleo
familiar é a referência e o ponto de partida para a garantia dos direitos e lugar de
prevenção.
O CRAS faz parte de uma rede de atendimento municipal (composta por pessoas,
equipamentos, políticas públicas, programas e projetos conversando entre si e se
conectando nos níveis municipal, estadual e federal) e ele é responsável por
oferecer condições favoráveis às famílias que precisam de oportunidades de renda
e de trabalho, de convivência comunitária, segurança, de proteção e ações de
prevenção à vulnerabilidade e risco. Para isso, ele aciona os seguintes direitos:
serviços socioeducativos e sociocomunitários, bolsa família, benefício de
prestação continuada (no caso dos idosos) e benefícios emergenciais ou eventuais.

1.1 Vulnerabilidade e Risco


Quando ocorre um problema grave em um núcleo familiar, ela fica em condição
de vulnerabilidade, porque se esta situação perdurar, suas condições de
manutenção e estabilidade estarão ameaçadas. Quando uma criança abandona a
escola, ou é abandonada por ela (não tem vaga disponível), esta pode ficar muito
tempo nas ruas em risco de envolver-se em situações perigosas – situações em que
seus direitos não são respeitados. Assim, é necessário um trabalho de prevenção –
oferecendo às famílias possibilidades de superação e autonomia.
Existem casos ainda em que os vínculos com a família ou com a sociedade se
rompem e nesses casos, as pessoas precisam de proteção social especial. São
casos que demandam acolhimento, abrigo, família substituta e atenção integral do
Estado, da Sociedade e da Rede Sócio assistencial. Quem cuida da proteção social
especial é o CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
Seguem alguns exemplos: crianças com direitos violados e que precisam de
medidas de proteção; mulheres vítimas de violência doméstica e que precisam se
afastar de seus agressores; adolescentes que cometeram atos infracionais e que
precisam cumprir medidas socioeducativas e idosos que precisam de cuidados
continuados.
Por força do SUAS, devem ser garantidas equipes mínimas para atendimento à
população e estas devem contar com assistente social, psicólogo, pessoal
administrativo e outros profissionais que se façam necessário. E porque um
psicólogo na equipe interdisciplinar? Porque ele pode contribuir com seu
conhecimento e formação, agregando e valorizando o aspecto das experiências
subjetivas no individual, coletivo e no social; as relações podem ser
compreendidas de uma maneira mais ampla e as alternativas podem ser mais
abrangentes; ele pode cuidar das pessoas e pensar com elas - formas de retomar o
processo de protagonismo de suas próprias vidas – além de contribuir no
fortalecimento dos vínculos familiares, na estruturação de habilidades sociais
necessárias à sua realidade e desenvolvimento de potencial criativo e
empreendedor, além da capacidade de resolução de problemas.

1.2 A Psicologia Jurídica: definições e início

Uma boa definição...

“A Psicologia Jurídica é compreendida como uma especialidade


que desenvolve um grande e específico campo de relações entre os mundos
do Direito e da Psicologia – nos aspectos teóricos, explicativos e de
pesquisa, como também na aplicação, na avaliação e no tratamento”
(Colégio Oficial de Psicólogos, 1997).

A Psicologia Jurídica é, portanto, uma área da Psicologia que se relaciona com o


Sistema de Justiça e o termo “jurídica” é adotado porque é abrangente e refere-se
aos procedimentos ocorridos nos tribunais, bem como aqueles que são fruto da
decisão judicial ou ainda aqueles que são de interesse do jurídico ou do Direito
(França, 2004).

O Conselho Federal de Psicologia (2001) assim definiu quem é o Psicólogo


Jurídico:

“Atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e execução


de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência,
centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado
não só para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal
intervenção, para possibilitar a avaliação das características de
personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial, além de
contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis: Avalia as
condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos
em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e
insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos,
posse e guarda de crianças, aplicando métodos e técnicas psicológicas
e/ou de psicometria, para determinar a responsabilidade legal por atos
criminosos; atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça
do Trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando
laudos, pareceres e perícias, para serem anexados aos processos, a
fim de realizar atendimento e orientação a crianças, adolescentes,
detentos e seus familiares ; orienta a administração e os colegiados do
sistema penitenciário sob o ponto de vista psicológico, usando métodos e
técnicas adequados, para estabelecer tarefas educativas e
profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos
penais; realiza atendimento psicológico a indivíduos que buscam a Vara
de Família, fazendo diagnósticos e usando terapêuticas próprias, para
organizar e resolver questões levantadas; participa de audiência,
prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em
psicologia a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico; atua em
pesquisas e programas sócio-educativos e de prevenção à violência,
construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica,
para atender às necessidades de crianças e adolescentes em situação
de risco, abandonados ou infratores; elabora petições sempre que
solicitar alguma providência ou haja necessidade de comunicar-se com o
juiz durante a execução de perícias, para serem juntadas aos
processos; realiza avaliação das características das personalidade,
através de triagem psicológica, avaliação de periculosidade e outros
exames psicológicos no sistema penitenciário, para os casos de
pedidos de benefícios, tais como transferência para estabelecimento
semi-aberto, livramento condicional e/ou outros semelhantes. Assessora
a administração penal na formulação de políticas penais e no
treinamento de pessoal para aplicá-las. Realiza pesquisa visando à
construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao
campo do direito. Realiza orientação psicológica a casais antes da
entrada nupcial da petição, assim como das audiências de conciliação.
Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam
às instituições de direito, visando à preservação de sua saúde mental.
Auxilia juizados na avaliação e assistência psicológica de menores e
seus familiares, bem como assessorá-los no encaminhamento a terapia
psicológicas quando necessário. Presta atendimento e orientação a
detentos e seus familiares visando à preservação da saúde.
Acompanha detentos em liberdade condicional, na internação em
hospital penitenciário, bem como atuar no apoio psicológico à sua
família. Desenvolve estudos e pesquisas na área criminal, constituindo
ou adaptando os instrumentos de investigação psicológica”

A Psicologia Jurídica nasceu da Psicologia Clínica – especificamente da área de


avaliação psicológica – porque a Justiça necessitava de investigações desta
qualidade para compreender o comportamento humano.

Mas infelizmente não há um único marco histórico que defina o início do trabalho
da Psicologia Jurídica. Sua história confunde-se e muito – com o reconhecimento
da própria profissão de psicólogos – com o reconhecimento da profissão em
agosto de 1960 – o que regulamentou nossa profissão em todo território nacional.

A inserção dos psicólogos em processos judiciais e em trabalhos no Tribunal de


Justiça deu-se de forma lenta e gradual e sempre por intermédio de trabalhos
voluntários – ou seja, psicólogos que tinham contato com juízes e advogados e
eram chamados a fornecer um parecer (mesmo que informal) sobre um
determinado caso (LAGO ET AL, 2009)

Assim, os primeiros trabalhos foram na área criminal, em estudos sobre adultos


“criminosos” e adolescentes em conflito com a lei. Embora se tenha
conhecimento de psicólogos atuando no sistema prisional há mais de 50 anos, foi
somente a partir de 1984 e após a promulgação da Lei Federal de Execução Penal
(7210/84) que o trabalho do psicólogo no sistema prisional foi reconhecido
legalmente (LAGO ET AL, 2009).

A participação de psicólogos no Tribunal de Justiça de São


Paulo, começou em 1980, quando um grupo de voluntárias foi convidado a dar
orientações às famílias em litígio e a posterior reestruturação do lar e manutenção
das crianças em disputa em um ambiente saudável. Em 1985, o Presidente do
Tribunal de Justiça apresentou à Assembléia Legislativa de São Paulo – um
projeto criando o cargo de Psicólogo Judiciário – o que significou a consolidação
do posto de psicólogo no sistema judiciário (SHINE, 2005).

Antes de 1990, o trabalho do psicólogo destacava-se no Juizado de Menores, em


perícias e no Direito de Família – principalmente nos casos de adoção. A partir da
implantação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – em 1990 – os
Juizados da Infância e Juventude passam a exigir a presença do psicólogo nas
equipes mínimas de trabalho e sua atuação expande para as medidas
socioeducativas e outros – Artigos 150 e 151 que determinam a equipe mínima e
suas atribuições, bem como a livre manifestação destes profissionais. O objetivo
desta equipe é prestar atendimento de orientação e encaminhamento às pessoas e
famílias que recorrem ao judiciário - bem como o de auxiliar o juiz na aplicação e
administração da Justiça (BRASIL, 1990).

O Direito de Família tem se destacado na busca do trabalho do Psicólogo Jurídico.


Quando pensamos em situações muito particulares e que são levadas à Justiça
para uma solução – como é o caso das disputas de guarda em processo de
separação litigiosa, o juiz não se sente apto a decidir e exatamente por isso,
solicita o trabalho de um “expert” no assunto. No caso destas questões que
envolvem respostas pautadas no emocional, o psicólogo jurídico é com certeza o
profissional melhor habilitado para isso.

Assim, o psicólogo pode atuar como perito ou como assistente técnico em casos
de demanda judicial. Nestes casos o psicólogo pode e deve agir com isenção,
conduzindo seu trabalho segundo os referenciais técnicos e éticos de sua área.
Dentro da prática pericial, existem os assistentes técnicos e alguns – imbuídos
pela lógica adversarial, pretendem que o seu laudo fique a favor de quem o
contratou, não existindo nenhum compromisso com a imparcialidade ou isenção –
estes são chamados de “pistoleiros” – pois são antiéticos ao defenderem uma das
partes ou um determinado resultado, por meio da omissão de dados desfavoráveis
(SHINE, 2005)

A avaliação psicológica realizada deve ser traduzida em um relatório que


chamamos laudo pericial e juntada nos autos para que o juiz possa se valer de
mais esse cabedal teórico e técnico, antes de dar sua sentença sobre o caso. A que
se considerar que obrigatoriamente todo e qualquer documento deve se basear na
ética e no rigor técnico que esta produção exige. Os laudos, pareceres e os
relatórios psicológicos precisam estar baseados e devem ser elaborados seguindo
de forma rigorosa e criteriosa os parâmetros exigidos pela Resolução No.
007/2003 – elaborada e publicada pelo Conselho Federal de Psicologia e que
institui normas e regras para elaboração de documentos escritos produzidos pelos
psicólogos e compartilhados com outros profissionais e usuários.

1.3 Principais campos de atuação do Psicólogo Jurídico

 O Psicólogo jurídico trabalha na elaboração de laudos e relatórios e em


alguns casos sua atuação restringe-se a questão avaliativa dos atores
jurídicos envolvidos na questão.

 Assessoramento – trabalhando como perito assistente em casos de litígio e


divergência de opiniões entre as partes.

 Intervenção: planejamento e realização de programas de prevenção,


tratamento, reabilitação e integração de atores jurídicos na comunidade,
mo meio penitenciário – tanto individual quanto coletivamente.

 Campanhas de prevenção social contra a criminalidade em meios de


comunicação.

 Pesquisa

 Vitimologia (atenção às vítimas de crimes e maus tratos).

 Direito de Família: separação – disputa de guarda – regulamentação de


visitas – destituição do poder familiar

 Direito Civil: interdição – perícia para indenizações.

 Direito Trabalhista: perícia psicológica para indenizações

 Direito Penal: Corpo de delito – exame de sanidade mental – estudo sobre


redução de penas – indultos.

 Mediação de conflitos
2. Trabalho do psicólogo como perito nas Varas de Família – regulamentação
de guarda e de visita em casos de litígio conjugal. A questão do litígio e seus
efeitos nos filhos do casal.

O objetivo básico do serviço de Psicologia no Poder Judiciário é elaborar um


esboço, o mais fidedigno possível, acerca da situação das crianças e de suas
famílias. Esse perfil auxilia a decisão do juiz em: Processo de separação e
divórcio; disputa de guarda e regulamentação de visitas. Os processos de
separação que envolve a participação do psicólogo são na sua maioria litigiosas –
as partes não conseguiram acordar em relação às questões envolvidas – questões
estas tais como: partilha de bens, guarda de filhos, pensão alimentícia e direito de
visitação.

O psicólogo pode atuar como mediador nos casos em que os litigantes se


disponham a tentar um acordo. Esta possibilidade de atuação permite ao psicólogo
propor às partes um momento de escuta de suas angústias e dificuldades
envolvendo o processo de separação. Este momento de acolhimento pode servir
como uma oportunidade de ajuda aos litigantes e quem sabe até – a proposta de
um acordo amigável onde as partes podem acertar os pontos divergentes e com
isso acelerar o processo de resolução do problema. Quando o juiz não considerar
viável a mediação, ao psicólogo pode ser solicitada uma avaliação de uma das
partes ou do casal como um todo. Assim, seja como avaliador ou mediador, o
psicólogo buscará os motivos que levaram o casal ao litígio e os conflitos
subjacentes que impedem um acordo em relação aos aspectos citados. Esta
percepção e este conhecimento é muito importante para uma proposta de
resolução do conflito. Nota-se que existem muitos casais que perpetuam as brigas
e de preferência judicialmente, pois esta é uma forma de estender o laço conjugal.
Mesmo que este casal não consiga mais dialogar, mesmo que não haja mais
vínculo afetivo entre ambos, quando este litígio não se encerra, isto ocorre porque
– provavelmente uma das partes não aceita a separação e/ou sente dificuldades em
lidar de uma forma saudável emocionalmente e por isso, arrasta esta disputa na
justiça. O maior prejuízo observado nestas disputas, é a saúde e a estabilidade
emocional dos filhos deste casal – que pouco participam deste processo de forma
ativa e sempre são solicitados a opinar sobre. Vale ressaltar que são solicitados a
opinar não pelo Poder Judiciário e sim pelos próprios pais – que “usam os filhos”
– como moeda de troca nas disputas litigiosas – e em momento algum pensam
nestes (os filhos) como parte integrante desta dinâmica.

A avaliação psicológica do perito será realizada mediante as preferências e


escolhas técnicas do profissional que a realiza – não havendo protoloco específico
para tal. Na maioria dos casos são feitas entrevistas semi-dirigidas com as pessoas
envolvidas além da aplicação de testes – quando necessário. Entrevistas com
terceiros envolvidos e instituições podem ser feitas e são muito comuns.

Na regulamentação de visitas os conflitos variam desde uma queixa de uma das


partes reclamando de impedimentos de visitas ao filho por parte do ex-cônjuge
que detém a guarda da criança até a tentativa da mudança de horário de visita.

Na modificação de guarda, a disputa gira em torno da guarda dos filhos e na


maioria das vezes - são feitas acusações graves contra o detentor da guarda e/o ou
outro – gerando em alguns casos até a possibilidade de instalação da Síndrome de
Alienação Parental.

A SAP caracteriza-se por um processo que consiste em programar uma criança


para que esta odeie um de seus genitores sem justificativa por influência do outro
genitor com quem a criança mantém um vínculo de dependência afetiva e
estabelece um pacto de lealdade inconsciente. Quando esta síndrome se instala, o
vínculo da criança com o genitor alienado torna-se irremediavelmente destruído.
Para que este quadro seja considerado, é necessário que se tenha garantias de que
o genitor alienado não mereça – de forma alguma – as acusações que lhe são
feitas. Após a percepção real da instalação deste quadro, é necessário que um
trabalho psicológico intensivo seja iniciado e que seja capaz de neutralizar os
efeitos da SAP.

3. Medidas protetivas contempladas no trabalho do psicólogo nas Varas da


Infância e Juventude – guarda e acolhimento.

Segundo o ECA (BRASIL, 1990), em seu parágrafo 3º, toda criança e adolescente
gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e devem ter
assegurado por força desta lei, pleno desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social em condições de liberdade e dignidade.
Em seu artigo 4º. o ECA diz:

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder


Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.”

Desta forma, sempre será ou deverá ser primazia do Estado o desenvolvimento de


políticas públicas voltadas aos adolescentes e as crianças, pois elas estão em pleno
desenvolvimento e precisam desta prioridade para ter este direito garantido.

Já em seu artigo 19, o ECA (BARSIL,1990) assegura que toda criança e todo
adolescente tem o direito de ser criado e educado no seio de sua família e
excepcionalmente em família substituta – e ainda assegurar a ela a obrigatoriedade
de ter uma convivência familiar saudável e em ambiente livre de substâncias
entorpecentes.

È preciso que se compreenda a diferença entre família natural, família extensa ou


ampliada e família substituta. A família natural é aquela formada pelos pais ou por
qualquer um de seus descendentes. Já a família extensa ou ampliada é aquela que
esse estende para além da unidade pais e filhos e é formada por parentes próximos
(avós, tios) e que mantém uma vinculação afetiva. A família substituta é aquela
formada por um núcleo fora dos âmbitos da família e pode ser representada pelas
mães sociais e casas-lares.

O ECA prevê a possibilidade de colocação em família substituta quando


necessário, mas esta medida será tomada em casos extremos e todos os cuidados
para tal serão tomados – tais como avaliação periódica e cuidadosa da família –
bem como adaptação da criança e/ou adolescente a esta medida. Os juízes da Vara
da Infância e Juventude tem evitado tomar este tipo de atitude ao máximo –
sempre que casos de negligência e maus-tratos são encaminhados ao Judiciário
com os respectivos pedidos de providência por parte dos Conselhos Tutelares –
estes tem sido devolvidos com determinação de encaminhamento destas famílias à
programas oficiais de auxílio financeiro (quando necessário) e programas oficiais
de acompanhamento psicológico e social – sempre na expectativa de melhora
deste quadro e a manutenção da criança em seu núcleo familiar de oriegm.

O trabalho do psicólogo em situações como estas é o de avaliar e ponderar a


capacidade das famílias em acolher a criança em situação de vulnerabilidade.
Além disto, é preciso que se avalie também – a real necessidade de retirada da
criança do ambiente familiar e posterior encaminhamento às famílias extensas ou
substitutas. Nada é comparado à família de origem ou natural em termos de
acolhimento e convivência – mas é fato que alguns núcleos familiares permeados
por violência doméstica e outros não são saudáveis para o desenvolvimento de
uma criança e de um adolescente. Desta forma, o poder judiciário, quando
detentor deste conhecimento decide pela retirada da criança do ambiente e
posterior encaminhamento. A que se considerar que esta família – que
temporariamente está destituída de seu poder familiar e da guarda de seus filhos,
não ficará sozinha e nem mesmo abandonada. Esta deverá ser encaminhada á
programas de orientação e auxílio e serão periodicamente reavaliadas. Tão logo o
Juizado entenda que esta família tem condições de receber suas crianças de volta –
o poder familiar será restaurado e esta será a medida adotada e terá preferência em
relação a qualquer outra medida.

Se a criança for encaminhada a um programa de acolhimento institucional, esta


não poderá ultrapassar mais de 02 anos, salvo comprovada necessidade contrária.

Se for comprovada a necessidade de acolhimento – a criança deve ser


encaminhada a uma instituição que siga à risca todas as determinações do ECA e
que seja cadastrada e fiscalizada pelo Conselho Municipal do Direito da Criança e
do Adolescente – além do Conselho Tutelar do município. Em 18 de junho de
2009, foi aprovado o documento de Orientações Técnicas: Serviços de
Acolhimento para crianças e adolescentes e este tem a finalidade de dar
parâmetros claros, procedimentos técnicos e orientações metodológicas para que
estes serviços tenham qualidade ímpar – sem perder de vista o caráter transitório,
porém reparador desta medida.

A ênfase no trabalho de inserção familiar que atualmente orienta as políticas de


acolhimento coloca um desafio para os trabalhadores destes serviços: vincular-se
afetivamente ás crianças e ao mesmo tempo prepará-los para o desligamento da
instituição e/ou serviço de acolhimento e retorná-los à suas famílias de origem.
Daí a importância do preparo destes trabalhadores do intenso apoio do
profissionais da psicologia – tanto para as crianças quanto para os profissionais.

4. Vitimização de crianças e adolescentes – Maus-tratos perpetuados por


familiares ou conhecidos contra a integridade física, psicológica de crianças e
adolescentes.

As crianças e os adolescentes vítimas de violência doméstica e maus-tratos


perpetuados por familiares ou conhecidos - apresentam sinais e sintomas
característicos. Muitos casos dependem de uma observação atenta cuidadosa do
profissional responsável pela avaliação – pois violência tende a ser encoberta,
principalmente quando a criança ou o adolescente são vítimas dos próprios pais ou
parentes próximos.

O que se observa com muita freqüência é que estas famílias são isoladas da
convivência com outras famílias e seus membros pouco interagem com vizinhos,
amigos ou afins. Nota-se a presença do chamado “complô do silêncio” ou também
conhecida “síndrome do segredo” – fenômeno que envolve todo o contexto da
violência, no qual os familiares, o agressor e a própria vítima passam a
compactuar para a perpetuação das respostas agressivas e este silêncio dentro do
núcleo familiar cria um “segredo” entre vítima e agressor, que deve ser
desvendado no momento certo e com as devidas precauções do profissional. Esta
fase denominada de “revelação” significa para algumas vítimas como a
possibilidade da quebra do ciclo da violência, mas também como o desamparo da
família – o que gera muita angústia e dúvida sobre o que e como fazer. A
“revelação” também depende da personalidade da vítima, do tipo e da freqüência
da agressão e ocorre com mais facilidade para uns do que para outros. É possível
observar que o momento da “revelação” – em alguns casos – pode não ser
imediato ao início da avaliação psicológica e dependerá da estrutura do vínculo
entre o profissional e a criança ou adolescente, bem como as características de
personalidade dos entrevistados – este deve sentir-se tranqüilo e à vontade,
percebendo que pode confiar no profissional que o está atendendo. As revelações,
às vezes, são parciais e o assunto pode ser mais grave do que aparenta.
A criança ou o adolescente pode revelar a outras pessoas, mas nem sempre esta
escolhida é mãe – pois esta pode não ser uma pessoa de confiança – seja no
sentido de compartilhar o segredo com o filho e achar que o está ajudando, seja
quando tenta desmenti-lo por ser cúmplice da violência ou ser a própria agressora.

Alterações de comportamento, queixas somáticas, alterações psicológicas e


conseqüente comprometimento da criança e do adolescente vitimizado refletem
características comuns desta população maltratada, podendo aparecer as mais
variadas combinações de sinais.

É preciso lembrar que cada indicador sozinho não significa necessariamente um


sinal de violência. Um conjunto razoável deles associado a evidências orgânicas
pode nos fornecer uma pista de que o fenômeno está ocorrendo e a criança vítima
de violência: desconfia do conato com os adultos, esta sempre alerta esperando
que algo de ruim ocorra, tem receio dos pais e evita ficar em casa, fica apreensiva
quando outras crianças começam a chorar, demonstra mudanças súbitas no
desempenho escolar ou no comportamento e apresenta dificuldades de
aprendizagem não atribuíveis a problemas físicos específicos ou a problemas no
próprio ambiente escolar.

A observação e a discriminação dessas características são fundamentais ao


diagnóstico e ao encaminhamento o mais adequado possível, podendo fornecer
maiores e melhores condições de trabalho aos profissionais que atendem crianças
e adolescente vitimizados.

Alguns estudos demonstram que alguns agressores foram vítimas de violência na


infância – o que reforça a questão da transgeracionalidade da violência – ou seja,
padrões de comportamento que se repetem de geração para geração e outra
característica muito comum na maioria dos agressores é o uso de álcool e drogas.

4.1 Tipos de violência

Violência Física: pode ser definida como atos violentos com uso da força física de
forma intencional, praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas
próximas da criança ou do adolescente com o objetivo de ferir, lesar ou destruir a
vítima, deixando ou não marcas.
Violência Sexual: consiste em todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou
homossexual cujo agressor está em estágio de desenvolvimento psicossexual mais
adiantado que a criança ou o adolescente. Tem por intenção estimulá-la
sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. Apresenta-se sob a forma
de práticas eróticas e sexuais impostas às crianças ou adolescentes pela violência
física, ameaças ou indução de sua vontade. Esse fenômeno pode variar desde atos
em que não se produz o contato sexual (voyeurismo, exibicionismo, produção de
fotos e vídeos), até diferentes tipos de ações que incluem contato sexual com ou
sem penetração. Engloba ainda a exploração sexual visando lucros como é o caso
da prostituição e da pornografia.

Negligência: designa as omissões dos pais ou de outros responsáveis pela criança


ou adolescente (inclusive instituição), quando deixam de prover as necessidades
básicas para seu desenvolvimento físico, emocional e social. O abandono é
considerado uma forma grave de negligência e esta significa ainda, a omissão de
cuidados básicos como a privação de medicamentos; a falta de atendimento aos
cuidados necessários com a saúde; ausência de proteção contra as inclemências do
meio, como frio e calor; o não provimento de estímulos e condições para
frequência à escola.

Violência Psicológica: constitui toda forma de rejeição, depreciação,


discriminação, desrespeito, cobranças exageradas, punições humilhantes e
utilização da criança ou do adolescente para atender as necessidades psíquicas dos
adultos. Todas essas formas de maus tratos psicológicos causam dano ao
desenvolvimento e ao crescimento biopsicossocial da criança e do adolescente,
podendo provocar efeitos muito deletérios na formação da personalidade e na sua
forma de encarar a vida. Pela falta de materialidade e evidências do fato, este tipo
de violência é o mais difícil de ser identificado.

4.2 Violência contra a mulher – Atuação dos Psicólogos nas Delegacias de Defesa
da Mulher – Lei Maria da Penha.

A violência doméstica contra a mulher compreende situações diversas, como


violência física, sexual e psicológica cometidas por parceiros íntimos. Estudiosos
acreditam que o comportamento violento e transmitido transgeracionalmente, pois
é na família que os indivíduos recebem as primeiras lições de violência e é nas
relações familiares que meninos ou meninas, vitimas ou testemunhas de violência
aprendem que aqueles que amam ou são amados são também aqueles que batem
(Moreira e Prieto, 2010)
Durante muitas décadas e ainda até hoje – muitas famílias patriarcais entendem
que a mulher é o objeto do homem e a ele deve respeito e obediência absolutos –
desta forma, as mulheres sentem-se subjugadas a seus maridos e nunca
compartilham com ninguém – muitas vezes por medo ou vergonha – seus
históricos de violência. Porém, após a quebra deste silencio perpetrado por muitos
anos, a violência domestica passa a ser percebida pelos governos mundiais e pela
sociedade em geral e estes por sua vez dão visibilidade ao que antes era apenas
mantido entre as paredes do lar.
No que diz respeito às mudanças sociais no Brasil, em agosto de 2006, entrou em
vigor a Lei Maria da Penha que trata exclusivamente de crimes cometidos contra a
mulher no ambiente familiar. Esta Lei criou mecanismos para coibir e prevenir a
violência domestica e familiar contra a mulher nos termos da Constituição Federal
e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a
Mulher.

Ha uma diferença entre um casamento ruim e um casamento abusivo. Embora


todo casamento no qual ocorra o abuso seja obviamente ruim, nem toda relação
marital ruim é abusiva. A violência física é precedida pela violência psicológica,
na qual o agressor impõe a vitima diversas formas de violência. Faz‐se necessário
entendermos inicialmente à violência psicológica para compreender de que
maneira se instaura a violência física no casal (Moreira e Prieto, 2010)
As vitimas tem dificuldades em perceber e reconhecer a violência psicológica,
uma vez que esta apresenta um limite impreciso e subjetivo, em que um mesmo
ato pode ter significações distintas dependendo do contexto em que se apresenta e
pode ter significações diferentes que se alteram de acordo com seus atores.
O impedimento para trabalhar e ou estudar; o aviltamento, a lavagem cerebral, o
cativeiro, o controle, impedindo a mulher de sair de casa ou ate mesmo de um
cômodo especifico; o ciúme patológico; o assedio; as intimidações e ameaças,
dentre outros são formas características de violência contra a mulher.
A violência psicológica tem como principal objetivo controlar, solucionar
conflitos e manter a esposa sob seu jugo. Uma característica comum aos homens
que praticam abusos emocionais e a habilidade em encontrar um ponto fraco na
esposa, utilizando‐o como uma arma para mante-la como sua propriedade. Alguns
utilizam os filhos, outros o trabalho, ou ainda sua capacidade como dona de casa e
como mulher.
Após a implantação do domínio sobre o parceiro por meio da violência
psicológica, a violência física e a etapa final presente na violência conjugal.
A violência física pode ser caracterizada pela ocorrência de empurrões, tapas,
murros, queimaduras, braços torcidos, enforcamentos, socos, pontapés, puxar
cabelos, ameaças com algum tipo de instrumento ou arma de fogo, que possa
causar lesões internas, externas ou ambas.
A violência física tem por objetivo marcar o corpo, destruir o pensamento e por
fim anular o outro como sujeito.
A violência contra a mulher e um processo contínuo e repetitivo. A violência pode
ser apresentada em ciclos, sendo composto por quatro fases distintas, mas que se
retroalimentam.
A primeira fase e representada pela fase da construção da tensão. Durante esta
fase a violência não aparece diretamente, mas traduz‐ se pela ocorrência de
agressões verbais, silêncios hostis, olhares agressivos, ciúmes, ameaças,
destruição de objetos e irritação excessiva do agressor. Tudo o que a esposa
faz o deixa com raiva e irritado. Esta faz de tudo para ser carinhosa atenciosa e
prestativa, atendendo prontamente aos desejos do marido, acreditando ser capaz
de controlar a situação. Contudo, o agressor tende a responsabilizar a vitima por
todos os seus problemas e frustrações. Neste momento, a mulher atribui a si a
responsabilidade pela frustração e irritação do marido e desenvolve
inconscientemente um processo de constante auto‐acusação.
Na segunda fase, a tensão aumenta e atinge seu ponto Maximo, configurando a
fase da agressão. O agressor perde o controle e surgem então agressões mais
graves. A violência física inicia‐se de forma gradual com empurrões, torções nos
braços, tapas e, por conseguinte, socos e a utilização de armas de fogo. O agressor
pode ainda forçar a companheira a manter relações sexuais com
o objetivo de obter maior dominação. A vítima, por sua vez, não esboça reação,
pois o terreno já foi preparado na fase de tensão para que esta não se defenda.
Entretanto, se tentar defender‐se ou questionar tal comportamento, a tendência e
que a violência aumente.
A terceira fase pode ser descrita como a fase do pedido de desculpas no qual o
agressor tende a minimizar seu comportamento agressivo ou ate mesmo anula‐lo.
Esta fase e acompanhada de arrependimento e o homem tenta encontrarem uma
explicação para o seu comportamento.
O objetivo desta fase e responsabilizar a companheira e fazer com que ela não
sinta mais raiva pelas agressões sofridas. Neste momento, o marido pede perdão,
jura que tais comportamentos jamais se repetirão que ira procurar ajuda de
médicos psiquiatras ou os Alcoólicos Anônimos, por exemplo.
A quarta e última fase é conhecida como fase de lua de mel. Após terem cessados
os ataques violentos, as agressões físicas e os incessantes pedidos de desculpas e
promessas inicia-se a quarta fase. Sua principal característica e a ausência de
tensão e o comportamento amoroso do esposo. Este se comporta de forma
agradável, amável, ajuda nas tarefas domesticas, mostra-se apaixonado e realiza
diversos esforços para tranqüilizar a esposa levando-a, inclusive, a pensar que e
ela quem detém o poder da relação.
Neste momento, as mulheres acreditam que podem corrigir esse homem e que
com seu amor, paciência e dedicação ele voltara a ser aquele homem gentil por
quem se apaixonaram. E geralmente neste momento que as mulheres agredidas
retiram as queixas. Entretanto, esta falsa esperança faz com que as mulheres
tornem-se mais tolerantes a agressão. Tais comportamentos podem ser
percebidos como uma manipulação perversa a fim de manter a relação conjugal.
Esta mudança de atitude pode ser explicada pelo medo do abandono, medo de
perder a mulher.
Com a violência instalada, os ciclos se repetem e aceleram tanto no tempo como
em intensidade, ou seja, as fases tendem a serem mais curtas e mais intensas. As
vitimas por sua vez tentam reconfortar e satisfazer o agressor, observando os
sinais sutis que precedem a crise. Diante das agressões verbais, comportam‐se de
maneira constrita e acalmam o parceiro. Perante as agressões físicas, tendem a
fugir ou tentam escapar, pois e uma questão de sobrevivência e evitam o
confronto, pois sabem que tal comportamento aumentara a violência.

Referências
BRANDÃO, Eduardo P. Psicologia Jurídica no Brasil. RJ: Ed Nau, 2005 (pág.
277 – 307).

Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990)


LAGO, V. M. et al. Um breve histórico da Psicologia Jurídica no Brasil. Estudos
de Psicologia (Campinas). Vol26, no. 24, pp483-491.2009

MOREIRA, Myrella Maria Normando e PRIETO, Daniela. “Da sexta vez não
passa”: violência cíclica na relação conjugal. Psicologia IESB, vol2, no. 1, 58-69,
2010.

SILVA, D. M. P. Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro. São Paulo.


Casa do Psicólogo. 2006

SIQUEIRA, A.C; JAEGER, F.P. & KRUEL, C.S. Família e Violência –


Conceitos, Práticas e Reflexões Críticas. Juruá Editora. 2013 (pag. 11-31)

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