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1.

Conceito de prova
Todo elemento ou instrumento previsto ou não em lei, capaz de demonstrar a veracidade,
em regra, de algum fato ou de alguma situação jurídica que interessa à solução do litígio.
2. Finalidade
“Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade
dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do
juiz”.
“Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas
necessárias ao julgamento do mérito”.
Finalidade: influir eficazmente no convencimento do magistrado.
Produção de prova: direito fundamental da parte.
Atipicidade dos meios de prova. Juiz é o destinatário último das provas.
Princípio da comunhão da prova: a prova não pertence à parte que a produziu e sim ao
processo. A finalidade é influir o convencimento do juiz, portanto há comunhão das
provas.
Art. 370: poder instrutório do juiz. Resquício do sistema inquisitorial, possibilidade de
em determinados casos o juiz agir de oficio.
Sistemas de valoração das provas.
3. Valoração:
- Sistema legal (prova plena, tarifada)
“Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos: (...); II - que só por
documento ou por exame pericial puderem ser provados”.
Como regra não é o adotado no Brasil, mas existem resquícios.
- Sistema da íntima convicção: não é adotado no Brasil, mas existe resquício no tribunal
do júri, eles decidem conforme sua intima convicção.
- Sistema da persuasão racional (art. 371, CPC):
“Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito
que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento”.
Esse é o sistema adotado no Brasil. Juiz decide de acordo com as provas fundamentando
sua decisão.
4. Distribuição do ônus da prova:
- Sistema estático (Art. 373, CPC):
“Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor”.
Via de regra o legislador trabalha com o sistema estático, mas dependendo da
peculiaridade da causa pode existir a distribuição diversa do ônus da prova.
Distribuição diversa
 Legal: a própria lei pode distribuir de forma diversa.
 Judicial: o juiz pode distribuir de forma diversa, quando houver previsão legal ou
quando for extremamente difícil a produção para a parte que deveria produzi-la.
 Convencional: as partes podem, através do negócio processual, distribuir o ônus
da prova de forma diversa. Lembrar que não pode recair sobre direito
indisponível, ou se tornar impossível ou muito difícil (prova diabólica).
a) Distribuição Legal (Ex.: art. 37, § 6º, CF)
b) Distribuição judicial:
Art. 373, § 1º, CPC: “Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o
juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada,
caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído”.
Obs. Cuidado com a prova diabólica!! Prova diabólica, impossível de ser produzida.
Provar fato negativo.
c) Distribuição convencional:
Art. 373, § 3o, CPC: “A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por
convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito”.
5. Inversão do ônus da prova no CDC:
- “Ope iudicis”: art. 6º, VIII do CDC.
Pressupostos: verossimilhança das alegações do consumidor; hipossuficiência do
consumidor. Esses pressupostos são não cumulativos.
A inversão do ônus da prova não gera inversão quanto ao pagamento para se realizar essa
prova.
- “Ope legis” art. 12, parágrafo 3º, art. 14, parágrafo 3º e art. 38. Aqui a própria lei inverte
o ônus da prova.
6. Prova emprestada (art. 372, CPC):
- Contraditório (Enunciado 52, FPPC);
A prova deve ser lícita, o contraditório tanto no processo de origem, quando no processo
de destino. As partes precisam ser as mesmas? O STJ entendeu que não há necessidade
de se observar a identidade entre as partes.
- Prova emprestada X Segredo de justiça;
03 correntes:
1º: não é possível mesmo que as partes sejam as mesmas.
2º: depende, para que possa ser transportada o processo de destino também deve tramitar
em segredo de justiça, ou pelo menos deve ser dado o devido sigilo à prova.
3º: pode, a prova não necessariamente tem a ver com o sigilo do processo.
- Prova emprestada X Juízo incompetente (art. 68, §§ 3º e 4º).
Pode, os atos praticados (decisórios ou não) pelo juiz incompetente serão mantidos. A
produção de prova produzida perante um juiz competente não é ato decisório, então pode
ser emprestada para outro processo. Observado o contraditório.
7. Provas em relação a terceiros (art. 380, CPC)
Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento;
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da
imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias.
8. Produção antecipada de prova (art. 381, CPC)
“Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação
de certos fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação”.
Direito autônomo à produção antecipada da prova: posso ingressar com ação com o único
objetivo de produzir antecipadamente a prova.
Juízo competente?
Foros concorrentes, local onde a prova deve ser produzida ou domicilio do réu. “Foro
shopping”. O autor escolhe.
Haverá prevenção do juízo?
O juízo responsável pela produção de provas não fica prevento para a ação futura.
Produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica
ou de empresa pública federal?
Na vera federal. Se no local não houver vara federal pode ajuizar na justiça estadual
(Gajardoni entende ser inconstitucional, pois não poderia nesse caso o CPC fazer essa
delegação, o 109 da CF só admite para ações previdenciárias).
Art. 381§ 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova
requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se,
na localidade, não houver vara federal.
Citação dos interessados (intervenção iussu iudicis)
Juiz pode de oficio determinar citação dos interessados.
Art. 381, § 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de
interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter
contencioso.
Defesa ou recurso (art. 382, § 4º): “não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra
decisão que indeferir totalmente a produção da prova”.
O juiz não se defende nem recorre. Esse procedimento não faz juízo de valor.
9. Meios de prova:
9.1. Ata notarial:
“Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou
documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos
eletrônicos poderão constar da ata notarial”.
Tabelião goza de fé pública. A prova não é quanto a veracidade de um fato, diz respeito
àquilo que os sentidos do tabelião verificou.
9.2. Depoimento pessoal:
“Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta
seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de
ordená-lo de ofício”.
P. E se a parte não comparecer? Pena de confesso, confissão sobre os fatos que
caberiam o depoimento.
P. E se a parte residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela
onde tramita o processo? Pode ser por vídeo conferência. Não precisa ser
necessariamente por carta precatória.
9.3. Confissão:
“Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de
fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário”.
Confissão espontânea X provocada (art. 389, §§ 1º e 2º)
Espontânea pode ser tanto pela parte como pelo representante (que tenha poderes
especiais para tanto). Provocada: no decorrer do depoimento a pessoa confessa.
Confissão judicial X litisconsórcio (art. 391)
A confissão é prova contra o confitente, não prejudica os litisconsortes.
Confissão em ação real imobiliária (art. 391, p. único)
Se o confitente é casado a confissão depende também da confissão de seu cônjuge, salvo
se forem casados sob o regime da separação absoluta de bens.
Confissão X direitos indisponíveis (art. 392)
Confissão sobre direitos indisponíveis não é admitida.
Irrevogabilidade da confissão (art. 393)
É irrevogável, podendo ser anulada se provar erro de fato ou coação.
Indivisibilidade da confissão (art. 395)
Não pode confessar somente o que lhe aproveita e não reconhecer o que prejudica.
9.4. Prova documental:
“Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”.
Documento feito por oficial público incompetente (art. 407)
Se subscrito pela parte tem valor de documento particular.
Declarações em documento particular escrito ou assinado (art. 408)
Prova em relação ao seu subscritor.
Declaração da ciência de determinado fato (art. 408, p. único)
Essa declaração não prova o fato, prova apenas a ciência.
Indivisibilidade do documento particular (art. 412, p. único)
Mesma ideia da confissão, o documento é indivisível, não dá para rejeitar a parte que não
beneficia.
Indivisibilidade da escrituração contábil (art. 419)
Exibição integral dos livros empresariais (art. 420), o juiz pode determinar nessas
03 hipóteses:
- Liquidação da sociedade;
- Quando se tratar de sucessão por morte de algum sócio;
- Quando houver expressa disposição legal
9.4.1. Arguição de falsidade (art. 430)
Sempre que no curso do processo uma das partes alegar falsidade de documento, via de
regra, será como questão incidental. No art. 430 poderá a parte requerer que essa arguição
de falsidade possa ser feita como questão principal, que prevê ação meramente
declaratória para prever falsidade do documento. Art. 19, II.
Questão incidental: conta apenas na fundamentação, não faz coisa julgada.
Questão principal: quando for principal deve constar no dispositivo da sentença, ou seja,
vai haver coisa julgada.
Procedimento: essa falsidade pode ser alegada na contestação, pelo autor em réplica, ou
ainda, no prazo de 15 dias da intimação da juntada do documento.
- Arguição
- Contestação
- Réplica
- 15 dias da intimação da juntada do documento
- Oitiva da parte contrária - Perícia - Julgamento
9.5. Prova testemunhal:
Exigência de prova escrita (art. 444)
Incapacidade; impedimento e suspeição da testemunha (art. 447)
Apresentação do rol (art. 357, § 4º);
Número de testemunhas (art. 357, § 6º)
Intimação pelo advogado (art. 455)
Inquirição (art. 459)
9.6. Prova pericial:
Modalidades
- Exame
- Vistoria
- Avaliação
Prova técnica simplificada (art. 464, §§ 2º, 3º e 4º)
Procedimento (art. 465):
- Nomeação do perito e fixação do prazo para a entrega do laudo
- Intimação das partes
- Resposta do perito
9.7. Inspeção judicial:
De ofício ou a requerimento (art. 481)
Assistência de peritos (art. 482)

“Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva
observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando
esclarecimentos e fazendo observações que considerem de interesse para a causa”.
10. Audiência de instrução e julgamento
 Provas orais
 Audiência una
 Gravação

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