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f~ de Construção Civil e Princípios de c;a..

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(jcr31do Cechella saJa (Organiz.ador!Editor) """&enharia de Materiaia
2()10 IBRACON. Todos direitos reservados.

Capítulo 54

Materia is de Construça-o· p t·
e Desafios Futuros . erspec 1vas
van&rleJ· M. John
L'ni\'etsidade de São Paulo

Philippe J .P. Gleize


i;ni,·ersidade Federal de Santa Catarina

54.1 Introdução

Os ma«:ri~is de construção têm apresentado evolução tecnológica incremental.


Os mate~ais q~e ~mpregamos hoje, com exceção dos plásticos, foram
desen~~lv1dos ha mais de 100 anos. E certo que, nesse período de tempo, estes
matenais ~elhorar~ s~as ~ropriedades. Porém, até recentemente, poucas eram
as revol~ç~s .tecnolog1ca~ _importantes observadas no campo de materiais de
construçao c1vil. Este cenano, no entanto, está mudando rapidamente.
O setor da construção civil é uma área chave para o desenvolvimento
sustentável por sua capacidade de retratar nossa sociedade na sua procura por
segurança, conforto e bem-estar. Esta exigência social anima um setor econômico
particularmen te amplo, constituído por cadeias produtivas técnicas que
exploram recursos renováveis ou não, transformam as matérias-prim as em
produtos técnicos cada vez mais evoluídos e montam o conjunto num
produto final relativament e complexo. ,
Nesta perspectiva de desenvolvim ento sustentável, a sociedade dev~ra
ser capaz de encontrar as inovações necessárias para vencer desafios
como:
• redução da poluição, incluindo a redução da emissão de gases aoefeito
estufa;
• economia de energia e emprego de energias renová~eis; _
• red ... ção de cons umo de materiais não renováveis e, ~roteç~o da
natu e za, pela combinação do u so de resíduos como matenas pnmas e
p .. h ~esmateríaJi zação da construção (ver capítulo 4);
.to tta iiat\ftiâill ele cana
,~ur 1metc~do brP1~ ~nte. Os sinais dóSsa mudança já são vi:ç~a
il\tanç1 d as~1e1ro. eis,
âe so:stic~ '!_Onheci~ent'? possibilitou, nas últimas décadas
aperfeiçoame ntoçea~ da ciê~cta de materiais hoje empregada pa;:nª
as funções des . esenvolvimento de materiais otimizados para cum ~
dos materiais jadas com ~norme eficiência. O desenvolvimento fufu;r
intensiva dos e c<?n8truçao será, certamente, resultado da aplica _o
tendência já conheciment os da ciência de materiais e seus conceitos. J!º
os aditivos ,~omeça ª s~~ observada no mercado, inclusive no brasileir:
grande a superplast1~1c!lnt~s" para concreto, que têm propiciado 0·
sistemaf umento da re~1stencia, são moléculas orgânicas projetadas
icamente aperfeiçoada s. e
me~ gJªnde escala de pro_dução e a concentração observada em algun
inv c~. os, como o do cimento, tem tornado viável a realização d!
es ~mentos pesados em pesquisa visando ao desenvolvimento de nova
so 1u~o~s.. ~esses grupos de pesquisa, prevalece a abordage~
multidisc1p hnar com engenheiros de materiais, químicos, físicos
!ra~alh~ndo lado a lado ~om os engenheiros civis que dominam as
ph~açoes e suas necessidade s. Termos como nanotecnolo gia (ver
cap1~ulo. 50), ~a~eriais .multifuncio nais, materiais com gradações
func1ona1s, matena1s autohmpante s, antes restritos a produtos avançados
começam a se tornar comuns na engenharia civil e arquitetura. Mas'
certamente, dada a escala de produção dos materiais de construção civil
os materiais de construção do futuro continuarão sendo composto~
predominan temente de espécies químicas abundantes, como o silício
alumínio, ferro, cálcio e oxigênio (Scrivener e Van Damme, 2004)',
embora a participação do carbono oriundo da biomassa possa crescer no
futuro próximo.
Neste capítulo, temos a oportunidad e de apresentar e discutir
brevemente alguns dos avanços produzidos pela aplicação de ciência de
materiais aos produtos da construção .

54.2 Materiais de alta eco-eficiência


Boa parte dos principais problemas ambientais da construção civil est~
relacionad a ao elevado consumo de materiais requerid os para construir
edifícios, pontes ou estradas: consumo de matérias-primas não
renováveis , geração de resíduos , poluição no processa_mento e transporte,
etc. A superação desses limites vai exigir o desenvolv1mento de matenais
de alta eco-eficiên cia , que . .
• permitam consumo de materiais significativamente 11fenor ao dos
materiais tradicionais, atendend
isola_m,e nto acllstico, t6rmico, et:., 88 diferentes fu.nç&M •
• pro~1c1em a construção com irnpa~to .
de vida menor que as soluções tr d' . am~ientat ao longo do seu ciclo
desmontáveis e reutilizáveis; a icionais e que sejam recicláveis ou
• apresentem grande durabilidade .
O primeiro requisito trata da desmat~~f ~b~entes a que se destinam.
utiliza~do menos matérias-prima s. Do ahzaçao da ~onstrução: construir
mecâmco, pode-se obter uma redu - ponto de vista do desempenho
aumento da resistência mecânica. Jªº no consumo. de materiais pelo
composição química básica, pode ser ª~~ento da resistência, mantida a

~.:ªt
O
de defeitos, particularmen te poros A t ido pelo ~ontrole da quantidade
O st
de materiais compósitos _ obtid~s ra~égia_é o desenvo!v~mento
propriedades complementar es. Esse tf d ombm~çao de matena1s com
O
a resistência quanto a tenacidade. P e matenal pode melhorar tanto
Esse fato já vem sendo observad0 . .
bido de forma contínua · . no concreto, ~u~a resistência tem
su . pnnc1palment e nos ult1mos anos Esse
crescimento é resultado de uma combinaça-0 d t · A · ·· é
1 · . e ecno1og1as. prmc1pa1
o d~se~v~ vi":ento de dispersantes que permitiram uma sensível redução
1
e ate e! mmaçao do cx~e~so de ág~a necessário para separar as partículas,
gar~ntmdo a trabal~~biltd~ de. A mtrodução de micropartícula s reativas,
part1cuJarmen t_e a stlica ativa e o metacaulim, tem também contribuição
1
importante .. F ~~Jm~nte, deve-se reconhecer que o cimento Portland
me!h~ro~ s!gn1f1cat1va_mente seu desempenho mecânico, passando sua
res1sten~ia a compressao de 24 ~~a, no início da década de 80, para 40
MPa hoJe, com ganho de durab1hdade na maioria dos ambientes. No
entanto , a resistência à t_:açã~, o módulo de elasticidade, a fragilidade e os
problemas, como re traçao, nao sofreram melhoras significativas .

54.2.1 Concreto de pós-reativosi

Um desen volvimento recente mais radical que serve de exemplo e que


deve ganhar mercado são os concretos de pós-reativos reforçados com
microfi bras de aço . Consistem em um produto, baseado em cimento
Portland con vencionaJ , que pode atingir resistências de até 800 MPa e
resistência à tração de até 50 MPa, valores numa ordem de grandeza
superior aos dos concretos de alta resistência (VERNET, 2004). Cerca de
10 anos depois do desenvolvim ento em laboratório, uma versão reforçada
com microfi bras de aço já chegou aos mercados europeus, japonês e norte-
americano sob a marca Ductal TM . Esse material permite dividir por três a
massa de estruturas de concreto e tem sido utilizado em pontes de
pedestre, (Figura 1).

l r adicionais <;obre esse tipo de concreto podem ser obtidas em REPETTE, W. L. Concretos de ultima
Gr rcsenlc e Futuro. Jn: JSAIA, G. C. (ed.) Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações. São Paulo,
l ileiro do Concn.·to, 2005, p. 1509-1550.
ad a co m D uc ta l® . O ar co ce nt ra l da ponte
d e pe de st re s S eo ny u, em S eu l, co nf ec ci on
F ig ur a J - Ponte es pe ss ur a m áx im a d e 3 cm
d e la rg ur a te m
te m 120 m d e vão, e o deck d e 4. 3 m ud y R ic ci ot ti).
li pp e R ua ul t . A rq ui te to : R
© Phototheque Lafarge / Phi

e x e m p lo d e c o m p o s iç ã o d e s s e m a te ri a l, 0
O Qu a d r o 1 a p r e s e n ta u m
d e u m a ~ ~ m b i~ a ç ã o d e a b o r~ a g e n s : (a)
a~to. d e ~ e m p e n h o é p r ~ d u to iç ã o
e p e l a u ti l1 z a ç a o d e u m a d is tr ib u
d1m1nu1ção d a p o r o s id a d
a p e la c o m b in a ç ã o d e f in o s ; ( b ) p ro je to
granulométrica e x te n s a , o b ti d
c a d a p a r tí c u la m a io r e s tá c e rc a d a p o r
d e g r a n u lo m e tr ia d e f o r m a q u e
e .d is tr ib u e m a,.s. te n s õ e s ;. ( e ) re la ç ã o
; á r i a s . partículas m e n o r e s , q u
a b a ix o d a n e c e s s a n a p a r a h id r a ta r to d o
a g u a /c im e n to f r e q ü e n te m e n te 0
d is p e r s a n te s e f ic ie n te s , u m a v e z q u e
cim e n t o , v ia b il iz a d a p o r a d i ti v o s
e s e u m ó d u lo d e e la s ti c id a d e sã o
a r e s is tê n c ia d o g r ã o a n i d r o
s d e a ç o ; ( e ) d i m i n u i ç ã o d o s d e fe it o s
s u p e r io r e s ; ( d ) r e f o r ç o c o m f ib r a
é a u t o - a d e n s á v e l . A lé m d e b a ix a
de m o l d a g e m , p o is o p r o d u t o
r e s i s t ê n c i a à d e g r a d a ç ã o n a m a io ri a
porosidade que confe r e e n o r m e
o - r e p a r á v e l , d e v i d o a o a lt o te o r d e
dos a m b ie n te s , o p r o d u t o é a u t
s s ã o p r e e n c h i d a s p e l o s p r o d u to s d a
cim e n to a n id ro : e v e n t u a i s f i s s u r a
o s a n i d r o s e x p o s t o s .
hidratação dos grã
13
200 310
10
...
7,79 2,65 2 o
3,17
0,216 2,85 2.27
1430 1,21
0,021 1000 0300
0,402 0325
0,235
0,084 0,11
0012 o
161 1066 0004 0142
746 224 242 9 142

o produto .não é isento de


_
problemas: 0 fíler de q artzo traz
. u para ostra
balh d
a ores
0 il
risco de s 1cose, caso nao seJam tomadas medidas adequ das d te - Es
1 . d
tecno ogia emo _ nstra as ºbiliºda a e pro çao. sa
possi des introduzidas pelo estrito controle de
agreg~dos :. seleçao de agregados· ~ve-se esperar uma sofisticação crescente das
especificaçoes dos produtos e aperfeiçoamento crescente dessa indústria no futuro
próximo.

54.2.2 Madeira densificada

Outro exemplo radical de eliminação de defeitos são os componentes de madeira


densificadas, estratégia que tem o potencial de abrir novos mercados para materiais
renováveis. Esses componentes são produzidos explorando as propriedades
termoplásticas da lignina - a fase que liga as fibras ocas de celulose (NAVI e
HEGER, 2004). A madeira é aquecida e submetida à compressão no sentido
perpendicular às suas fibras de celulose, fazendo com que a estrutura tubu~ar entre
em colapso e produzindo um material de maior dureza e res}stência mec~1~a. Essa
estratégia foi adotada por Motta (2006) para aumentar o modulo de elasticidade de
fibras de coco (Figura 2).
.... ' .
.
·-- .....
':
. ,
\
~·!· ., . . ,
·, ... : .,

......

-
100 µm
(b)
t.

(a) (MOTIA 2006) Em (a) as fibras originais~Em (b) as


Figura 2 - Densificação terrnoplástica de fibras de ~oco - - '. ·tic~tivame~te reduzidas pela compressão.
fibras apno;: CJmpressão sob a alta temperatura. As d1mensoes sao s1gm 1
~ ~tropia-~
tfíf'.éiolmaterlais. a s ~ sãov~áveis de aca~
es. o 'é bastante claro no bambU2: a porosidade na periferia
, Q'(ie SUpôiUl elevados esforços de tração e compressão, é pequena e Vai
aum~tando gradualmente à medida em que nos aproximamos ~ camadas tna.i
próxunas à parede interna. As fibras de celulose são também maiores na perifen:
Trata-se, portanto, de uma estrutura otimizada. Essa abordagem tem gtand ·
potenci~ em materiais de construção, pois permite otimização dos re_cursos. e
Gra~e~tes de porosidade, produzidos por gradientes no teor de ar ~corporado
ou v~açao _gradual na composição (água, por exemplo), em peças fletidas podem
~uzrr i_nmto o peso próprio e podem produzir pe9~s de_ grande inércia e
resistência à flexão com redução de consumo de matenrus. Dias, Savastano lr. e
John (2006) demonstram que o conceito pode ajudar na redução de consumo de
fibras plásticas para a produção de telhas onduladas de fibrocimento e até de chapas
planas, com significativa redução de custo e de impacto ambiental (Figura 3). A
concentração de fibras nas bordas é maior que no centro, com~ pode ser visto pela
observação dos pontos pretos. Essa abordagem permitiu reduzir o teor de fibra em
40% sem alteração significativa na resistência à flexão, mas com redução na
energia de fratura
Esse tipo de abordagem traz a necessidade de se desenvolverem métodos de
produção adequados para a produção de gradações funcionais. Sabe-se que peças
FGM de materiais cimentícios ou cerâmicos podem ser produzidas por co-
extrusão.

Figura 3 - Imagem de microscopia de varredura (elétrons retro~espalhados) mostrando a gradação do_teor _de fibras
de PVA em compósito de cimento de acordo com a neces~1dade de n.lorço JMíl esforç lle flexao. Fibras
aparecem como pontos escuros. (DIAS. SAVASTANO JR. e JOH 6)

2 Ver Capítulo 50 deste livro.


54.3 Materiais ''inteligentes" ou ativos
Não existe divisão clara entre . .
. 1) t . . matenw.s ti
a v~s ?U inteligentes (smart
rnatena s e ma ,er!a1s multifuncionais
possuen:i <:_aractenstic~s programáveis e ~ã';s pnme1ros são aqueles que
às cond1çoes do ambiente. Já os mat . . capazes de reagir ou se adaptar
cumprir mais de uma função simulta enats multifuncionais são capazes de
ativos são multifunciona is. neamente . Na prática, muitos materiais
Um material ou sistema ativo dev
podendo se comportar como sensor ecJ!~ sensível, ~d~ptativo e evolutivo,
uma ação sobre seu ambiente) ou pro ector de sma1s), atuador (efetuar
dados). Esse material será capaz Jessador (tratar, comparar, armazenar
(dimensões, cor, viscoelasticid ade e m~da~ _suas propri_edades físicas
resposta a solicitações naturais ou ' con utivid~de térmica, ~te.), em
interior do material (tensão mecâ 1.Provocadas vmdas do extenor ou do
eletricidade, substancia química et~ )Ó tempe!atur~, umidade, ruído, luz,
ambiente e em alguns casos p ' . . matenal vai detectar a mudança no
' ' rovocar uma ação de correção (por l
auto-reparo ou transmissão desta funç- _exemp o,
ossibilita por exem lo d - ao P!lra outro matenal). Isso
p , P , a etecçao de movimentos e até fissuras em
estruturas.
"' At~almen~~, ex~~tem vários ti~os desses materiais chamados de
mtehgentes . qu,: Jª encontram aplicações em vários setores (ROSNAY,
2000). A seguir sao dados alguns exemplos.

543.1 Materiais eletro ou magnetoativos

Materiais eletro ?u. magnetoativos são materiais que atuam ou reagem


frente a campos eletncos ou magnéticos. Os materiais piezoelétricos são
um exemplo típico desse tipo sensor. Esses materiais, geralmente cerâmicas
ou polímeros, são capazes de converter energia mecânica ou térmica em
tensão elétrica, ou vice-versa. A amplitude e a freqüência do sinal elétrico
são proporciona is à amplitude da deformação sofrida. Um sensor
piezoelétrico pode, então, monitorar uma estrutura, pois é capaz de detectar
deformações e defeitos. Por exemplo, Chung (2002) mostrou que é possível
detectarem-se deformaçõe s devido a solicitações mecânicas através de
medidas de resistividad e elétrica em compósitos de cimento com fibras de
carbono.
Os fluidos eletroreológicos ou magnetoreológicos são outras aplicações.
Esses materiais reagem à aplicação de um campo elétrico ou magnético,
mudando suas propriedade s físicas. São exemplo mudanças de viscosidade
de fluiaos graças à orientação preferencia l de algumas partículas
polarizáveis presentes no líquido.
Os criais eletroestric tivos e magnetoestrictivos podem se deformar
sob a , respectivam ente, de campos elétricos e magnéticos.
( P C M - p h a s e c h a n g e materiais)
.., de m u d a n ç a de f a s e
te ria is q u e , p a s sa n d o po r d e te r m in a d a
te.riais d e m u d a n ç a d e fa s e s ã o m a b e ra n d o
a se - s e li q u e fa z e m o u s o lid if ic a m - , li
a d e tem p er atu r a , m u d am d e f m u it o ú te is n o
U T IN H O , 2 0 0 6 ). E s s e s m a te ria is s ã o
n absorv e n d o e n e r g ia ( C O
d e n d o p ro p ic ia r g ra n d e s
s e p e r d a s d e c a lo r d o s e d if íc io s , p o
controle d e g a n h o to té rm ic o e d o s im p a c to s
us to s d e e n e r g ia d e c o n d ic io n a m e n
reduções d o s c s s a c la s se d e m a te r ia is ta m b é m
as s o cia d o s à g e ra ç ã o d e e n e rg ia . E
ambientais r g ia ( Z A L B A e t a i. , 2 0 0 3 ) .
pode ser utilizada p a r a e s to c a r e n e s u a m u m a
ria is d e m u d a n ç a d e f a s e é q u e p o s
O princ ip a l re q u is it o d e m a te b ie n te e qu e
f a s e o c o r r e n d o n a te m p e r a tu ra d o a m
grande energia d e m u d a n ç a d e e o s m a te ria i
s s a ú d e o u a o m e io a m b ie n te . D e n tr
os materiais n ã o s e ja m n o c iv o à
os , c o m o o
it o s e n c o n tr a m -s e m a te ria is in o rg ân ic
capazes de aten d e r a e s s e s r e q u is ar a fin a d e
m a te r ia is o r g â n ic o s , c o m o c e r a s , p
M n ( N 03) 2 .6H20 e C a C I 2 .6 H 2 0 , e
a riá v e is , e tc . ( Z A L B A e t a i. , 2 0 0 3 ).
comprimento de cad e ia s v e n co n tr a m n o
e rc ia is p a r a e n g en h a r ia c iv il j á se
As primeir a s a p li c a çõ e s c o m tim en to
c a rto n a d a e a r g a m a s s a s d e r e v e
p l a c a s d e g e s s o a
mercado, como p r e e n c h id a s p o r p a r a fi n a ( C o u tin h o .
s fe ra s o u s íl ic a p o r o s a
contendo microe d e a r g a m a s s a c o n t e n d o 2 0 ° /r d e . se
a d a d e r e v e s ti m e n to
2006). Uma cam a m e s 1 n a c a p a c i d a d e d e a r n 1 a z e n a m e n to
m d e e s p e s s u r a te m
c o m p o s t o com 20 m m .
m a p a r e d e d e c o n c r e t o d e 2 0 0 m
d e energia d e u
54A Materia is multifu ncional s

54.4.1 Materia is autolim pantes

uma série de materiais autolimpantes tem sido d . .


vidros. tintas~ J?rodutos à base de cimentos. 1ança a no mercado. mcluindo
Esses matemus operam com base em diferentes rotas u ..,. é mb" - de
rfí · hidrofób· b" · ma ro- a co maçao
supe cies su~r- icas c~m .m~as ':°m rugosidade superficial controlada. no
que se con~encmnou chamar ~e efei~o lotus' , pois foi inspirado na superfície das folhas
da tlorde lotus. Essa ~nolog ia tem s1~0 aplicada a tintas e a vidros (BAUMAN.2003).
A outra metod?~ogia para produzrr superfícies auto-limpantes é a utilização de
produt~s fotoc~~t:J.co~, 9ue, quando expostos à luz, têm a capacidade de catalizar a
oxidaçao a matena Or_?;~ca ao final do Processo. e simulaneamente reduzem o ângulo
de contato da superfíc ie, que passa a ser superhidrofílica, facilitando a remoção do
material decomp osto (CASS AR, 2004). O anatásioJ, uma das formas alotrópicas do
óxido de titânio - Ti02, tem poderos a capacidade fotocatalítica quando exposto à
radiação ultravio leta, propici ando reações de oxidação de compostos orgânicos (Figura
4). Esse process o permite que superfícies cobertas com anatásio fotocatalítico expostas
mesmo a radiaçõ es de UV (450 run) de baixa energia promov am a remoçã o de odores,
apresen tem ação bacteric ida e possam degrada r sujeiras orgânicas responsáveis_ pela
pátina nas superfíc ies (FUi lS~e ~ G , 2006). Como a radiaç~o u\tra~v1ol:ta
das fluoresc entes é capaz de ativar o anatas10, começa m a ser desenv olvi~ apli~a9oes
de equipam entos sanitári os e revestim entos internos autolim pantes e ant.1bactenc1das.
particu larment e quando combin ado com prata coloidal (PAGE et a1 2007).
30
25
1Referência \
20-l-\-- -+ --- --t --- t-- --t --- ,-,

3 A outn n1 . a do T102
alotróp1c . e, o rutilo,
. 0 pigm
. ento mais comum em tintas imobiliárias
ô -PIOéllüli ~:isobatPp t i l m ~ de
~ ~~- - - ~~ pomo (Figura S)
rnmlil•J:M*da d e ~ aotón&G dó tempo, atribuída~
fotocatalíticas por proddtoS de cad,onatação (POON e
e até mesmo hidratação
tl'IUlblo (2009) apresenta uma nova ·solução que pennite um pós-tratamento
perft'cies existentes e, portanto já carbonatadas e hidratadas, sem mudança
aparência. O sistema proposto ~m a vantagem adicional de combinar 0
. lamento hidrofóbico que dificulta a penetração de água nos po~s d~s produtos
cunentíticos e outras rochas, com uma superfície, que após ati.vaçao por UV,
passa a ser superhidrofílica (ângulo de contato< 20º), favo~~endo a velocidade
de secagem e a remoção da sujeira incluindo a matéria orgamca decomposta.
Adicionalmen te, está comprov~do que O produto também oxida poluentes
abnosféricos, como NOx, SOx, NH3, co, e compostos orgânicos voláteis. como
benzeno, .tc~I~eno, aldeídos e hidrocarbonetos poliaromá~cos (CASSAR~ 2004).
Esta poss1b1hdade tem levado a experimentos de aplicaçao _dest~s revestunentos
em áreas urbanas 1. visando a melhoria das condições amb1enta1s urbanas (YU,
2003, MARANHAO , 2009).

Figura 5 -A Igreja "Dives in Misericordia" em Roma, constmída com concn:tn dt: L'imt:nl~l bram:n fotocata\ítico:
nunca ficará suja (Fonte: JTALCEMENTI, 2007).
54.4.2 Pinturas frias
As ilhas de caJor, capazes de elevar e1n
cidade, são um probJema urbano que agrav~ ~ a temperatura ao centro. da
nsurno de energia para condici O 8COnforto e pode até domar o
c;ANTAMOURIS, M. et ai. (200 f ). A .::.":':n!_o llmbi"!'tal dos edificios
( or vegetação e seu potencial de evapo1ran •tu,~ do ambten": llllbual, coberto
8
~ateriais de cores ".scuras (ci_nza, Preto, veJ:..,~ao, por um ambiente "'_bano com
su erfícies por m1cr~organ1smos (SiiIRAKA~ agravada pela colomzação das
,fncipais causas das ilhas de calor. A et ai. (2002) é uma das
P Revestir as superfícies com materiais de cores claras b ·a1
J M, · d
pode reso ver. as como . Pünto de vista prático - éodesejável
0 ranco emuma
especi
maior -
variedade. de cores, mc!usi_v_c P~ evitar o ofuscamento da vizinhança, foi
1 1 !
desen,volv1da uma nov~ fam a de pigmentos, denominados pigmentos coloridos
inorgamcos complex_os _ou J?•~mentos de óxidos metálicos mistos, que reflete e
absorve parte da ':d,_açao v,s,vel garantindo cor, incluindo o marrom e o preto,
mas reflete a fr3rao mfrav~rmelha, que não influencia na percepção de cor dos
humanos, mas e responsavel por aproximadamente 45% da energia do sol
(UEMOTO et ai. 2010). Assim é possível a produção de superfícies escuras que
refletem parcela s1gnificat1va da energia (Figura 6).
No entanto a deposição superficial de sujeiras, incluindo a colonização por
microorganism os, reduz progressivamente o efeito da pintura (SYNNEFA et al.
2007). Portanto a avaliação da e~cácia da soluç~o depende de ?m estudo_ de
envelhecimen to natural nas condições de uso. E também poss1vel combt?ar
mecanismos autoJimpante s na pintura. Em todos os casos é importante garantrr a
limpeza periódica.

100
UVi VIS
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80
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Q)
30
~
20 ............. STD ~ .
- • - , - Coai brown palnt
10 _ _ _ _ convemtlonal brown paint
o
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600
wavelength (nm)

- fl ·t:- .·, de .
fibroc1mento sem P1·ntura (refletância total de 47,3% -\ m
Figura 6-( omparaçao entre a rc e anc1a . l d 30,2% - legenda:--- , eco
. • danai (rcflctãncia tota e
legenda: • ••), pintado com tinta marrom conven . - • - • ). (UEMOTO et al. (2010).
. . (rc: fl ctancia
, fd marrom fna , · tol'a1d'·"' f, J ,9% - legenda.

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