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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANDRÉ FERREIRA DE AZEVEDO

ANÁLISE DE ESTRUTURA DE CONTENÇÃO


MULTIANCORADA EM AREIA

NATAL-RN
2016
André Ferreira de Azevedo

Análise de estrutura de contenção multiancorada em areia

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Artigo Científico, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Orientador: Olavo Francisco dos Santos Junior

Natal-RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede /
Setor de Informação e Referência

Azevedo, André Ferreira de.


Análise de estrutura de contenção multiancorada em areia / André Ferreira de Azevedo. -
2016.
14 f. : il.

Artigo científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de


Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.
Orientador: Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Júnior.

1. Engenharia Civil - TCC. 2. Mecânica do solo - TCC. 3. Estruturas de contenção - TCC. I.


Santos Júnior, Olavo Francisco dos. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.137


André Ferreira de Azevedo

Análise de estrutura de contenção multiancorada em areia

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Artigo Científico, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em: 11/11/2016

___________________________________________________
Prof . Dr. Olavo Francisco do Santos Junior – Orientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Flamarion Marques Chaves – Examinador Interno

___________________________________________________
Prof. Dr. Ênio Fernandes Amorim – Examinador Externo

Natal-RN
2016
RESUMO
O projeto de estruturas de contenções multiancoradas consiste na verificação de condições de
segurança para as tipologias de ruptura existentes. O objetivo deste trabalho é analisar essas
condições para um modelo de estrutura de contenção multiancorada em areia. Inicia-se o
artigo com uma revisão teórica acerca de determinação de empuxo horizontal de terra através
da teoria do empuxo de Rankine. Mais adiante, discutem-se as falhas de projeto que
houveram em obras de metrô do século XIX as quais utilizavam escavações escoradas.
Discute-se diagramações de empuxo para paredes de contenção com travamentos que foram
propostas para evitar futuros problemas de mesma natureza. Os fatores de segurança serão
calculados para os quatro diagramas propostos. Adicionalmente, utiliza-se o software Geo5
que, baseado no Método dos Elementos Finitos, fornece uma análise de deslocamentos da
estrutura e verificação da estabilidade das ancoragens. Destaca-se, ao fim do artigo, uma
comparação dos fatores de segurança calculados a partir das quatro diagramações propostas,
os resultados de deslocamentos e verificação das ancoragens trazidos pelo software Geo5.

Palavras-chave: Estrutura de Contenção Multiancorada. Diagrama. Fator de Segurança.


Estabilidade.

ABSTRACT
The design of a multianchored retaining wall consists on the verification of safety conditions
for the existing failure modes. The objective of this article is to analyze those conditions for a
multi-anchored retaining wall model to be built in a sandy soil. This article begins with a
theoretical review about the determination of lateral earth pressure and the Rankine theory.
Furthermore, it discusses about the design failures that happened in subway construction sites
during the nineteenth century, which used braced excavations. It also discusses the earth
pressure diagrams acting on braced excavations and anchored retaining walls that had been
proposed for avoiding future problems of the same nature. The factors of safety will be
calculated for those four proposed diagrams. Additionaly, the Geo5 software has been used
and, based on the Finite Element Method, provides a structural displacement analysis and the
verification of anchors stability. Finally, this article highlights a comparison between the
factor of safety calculated from those four different proposed diagrams, the displacement
results and the anchor verifications that Geo 5 came up with.

Keywords: Multianchored Retaining Wall. Diagram. Factor of Safety. Stability.


1 INTRODUÇÃO
Diversas são as utilizações de estruturas de contenção na engenharia. As paredes são
frequentemente utilizadas para construção de estacionamentos em subsolos de edifícios,
trincheiras, metrôs, além de cortes e aterros rodoviários. Para o projeto geotécnico, os
profissionais baseiam-se em teorias clássicas para cálculo do empuxo atuante e, por
conseguinte, fazerem suas considerações de projeto. A teoria de Rankine (1857, apud DAS,
2011) está entre as mais clássicas fontes de direcionamento para projeto geotécnico de
estruturas de contenções.
No final do século XIX houveram várias obras de metrôs em grandes cidades, onde
foram necessárias escavações escoradas com estroncas. Em alguns casos, as estroncas mais
superiores romperam, pois estavam dimensionadas para suportar cargas apontadas pelo
diagrama triangular de tensões, utilizado até então. Através de experimentos realizados nas
obras correntes, concluiu-se, então, que a diagramação de tensões ativas atuando na estrutura
teriam uma característica parabólica (TAYLOR, 1941 apud TSCHEBOTARIOFF, 1978), e
não triangular. Posteriormente, alguns autores propuseram modelos de diagramações para
esses casos de projeto, os quais serão parte do objeto de estudo deste artigo.
Tendo em vista que as estruturas travadas com tirantes e estroncas se comportam de
forma similar no que se refere à distribuição de esforços solicitantes (TSCHEBOTARIOFF,
1978), serão calculados os Fatores de Segurança para uma estrutura genérica de contenção
multiancorada. Assim sendo, os cálculos serão realizados para quatro modelos propostos de
diagramação. O primeiro modelo é composto pela diagramação retificada por igualdade de
áreas (MARZIONNA ET AL, 1998, p. 552). Os três demais modelos são especificações feitas
no século XX. Terzaghi e Peck (1948, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978) e Tschebotarioff
(1951, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978) propuseram diagramas trapezoidais de tensões
ativas. Posteriormente, Terzaghi e Peck (1967, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978) propuseram
um diagrama retangular de tensões ativas. Os resultados dos Fatores de Segurança serão
apresentados de forma gráfica em seção específica.
A análise da estabilidade do sistema estrutural será também realizada no software Geo5,
o qual trabalha baseado no Método dos Elementos Finitos. Incluídos os parâmetros estruturais
e geotécnicos, o programa oferece os deslocamentos da estrutura. Será desenvolvida análise
considerando diferentes valores de módulo de elasticidade do concreto do paramento, através
da variação do seu f!" . O software também contribui para o artigo com a verificação das
condições de segurança para as ancoragens. Serão considerados os comprimentos de tirantes

1
determinados através da linha de ruptura proposta por Rankine (1857, apud DAS, 2011, p.
355-359).
Espera-se que, feitas as análises, possam-se atingir, ao fim deste trabalho, boas
considerações acerca dos métodos utilizados atualmente para verificação de estabilidade de
estruturas de contenções multiancoradas em areia.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 DETERMINAÇÃO DO EMPUXO HORIZONTAL DE TERRA – TEORIA DO
EMPUXO DE RANKINE
Para o cálculo de empuxo horizontal de terra atuante em estruturas de contenção, faz-se
necessária a determinação inicial de coeficiente de empuxo, parâmetro fundamental que
relaciona tensão horizontal e vertical atuantes em estrutura de contenção. De forma genérica,
para areias normalmente adensadas, utiliza-se a equação de Jáky (1944-1948, apud HOLTZ,
KOVACS e SHEAHAN, 2015, p. 571):
K ! = 1 − senϕ .
A teoria de Rankine (1857, apud DAS, 2011, p. 355-359) considera que o maciço de
solo em estudo está na iminência de ruptura, configurando o estado de equilíbrio plástico do
solo. No caso ativo de Rankine, considera-se que o muro em estudo sofreu um afastamento da
massa de solo, diminuindo consideravelmente o valor da tensão horizontal principal,
ocorrendo, portanto, a ruptura do solo. Paralelamente, no caso em que a parede de contenção
é empurrada contra um maciço de solo, têm-se o caso passivo de Rankine. Sendo assim, a
tensão horizontal principal será aumentada consideravelmente, configurando, também, a
ruptura passiva do solo. A teoria determina o cálculo dos coeficientes de empuxo ativo e
passivo através das seguintes expressões:
ϕ
K ! = tg ! 45° − 2
ϕ
K ! = tg ! 45° + 2
Adicionalmente, as tensões horizontais para os casos ativo (σ! ) e passivo (σ! ) de
Rankine, em areia (c=0), são determinadas pelas seguintes expressões:
σ! = γ. z. K !
σ! = γ. z. K !

2
O plano de ruptura do maciço de solo contido descrito pela teoria de Rankine tem para o
ϕ ϕ
caso ativo uma inclinação de 45° + 2 e para o caso passivo 45° − 2 graus com a
horizontal.
2.2 EMPUXO DE TERRA ATUANTE SOBRE PAREDES MULTIANCORADAS
Durante o século XIX, grandes cidades estavam executando obras de metrô, utilizando a
técnica de escavações escoradas com estroncas. Para o dimensionamento dessas estroncas, até
então, considerava-se a convencional diagramação triangular de tensões ativas do solo.
Entretanto, alguns acidentes ocorreram, rompendo as estroncas e tirantes que estavam sendo
utilizadas no travamento de seus paramentos. Experimentos foram realizados extraindo
medidas de carga em estroncas de diversas obras de mesma categoria, constatando, assim,
uma distribuição parabólica de tensões (TAYLOR, 1941 apud TSCHEBOTARIOFF, 1978, p.
335), ao invés da distribuição triangular. O diagrama parabólico de tensões está representado
na Figura 1. Com esses resultados, justificou-se o rompimento das estroncas e tirantes que
haviam ocorrido, uma vez que a carga suportada pelo travamento mais próximo da superfície
seria superior àquela prevista em uma distribuição triangular de tensões.
Figura 1 - Distribuição de tensões e deformações do paramento em escavações com escoramento em areia.

FONTE: Tschebotarioff, 1978


A distribuição parabólica não ocorre de forma matematicamente exata em todas as
situações. De acordo com Budhu (2015), a carga nos tirantes/estroncas depende não somente
da carga atuante no sistema estrutural; depende, ainda, do tempo entre as escavações e o
processo de instalação do travamento. Ainda em relação ao diagrama de distribuição de
tensões em paredes de contenção, White e Prentis (1950 apud TSCHEBOTARIOFF, 1978, p.
338), ao encontrarem tensões excessivas nas estroncas mais superficiais de uma obra de metrô
em New York, para o Sixth Avenue Subway, constatam que a curva parabólica de tensões
depende, principalmente, de uma redistribuição de tensões a qual a estrutura é submetida.
Em estudo desenvolvido por Hansen (1953 apud TSCHEBOTARIOFF, 1978, p. 336-
337), foi modelado o movimento de escorregamento de grãos de areia em uma estrutura

3
escorada com estroncas. A Figura 1 ilustra, em seu lado direito, a configuração desse
movimento. A zona de compressão, na região mais superior, representa os grãos em seu
estado natural tendendo à redução de seu índice de vazios para prosseguirem à zona de
expansão e escorregamento. Medidas detectaram que o movimento lateral do paramento
configurava uma rotação em torno do topo (TSCHEBOTARIOFF, 1978). Eis, portanto, uma
adicional variação de modelo de ruptura a qual deve ser considerada em cálculos de Fatores
de Segurança.

3 MODELO DE ESTUDO
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados alguns parâmetros genéricos,
tanto no âmbito estrutural quanto no geológico.
Figura 2 - Modelo genérico utilizado no estudo

FONTE: Autor
A Figura 2 detalha as considerações feitas para o desenvolvimento do estudo. O sistema
estrutural conta com uma profundidade de escavação total de 10 metros, com ficha de 4
metros engastada no solo e três linhas de ancoragem. Foi adotada uma sobrecarga de
10kN/m! , segundo recomendação de Marzionna et al (1998, p. 542). Foi considerada a
estrutura como sendo executada em solo não estratificado composto por Areia (ϕ = 30°; γ =
18kN/m! , c = 0). O ângulo de atrito entre solo e muro δ = 20°. A inclinação do possível
plano de ruptura do maciço contido obedece às teorias do caso ativo de Rankine, já detalhadas
neste artigo.
𝜙 30°
θ = 45° + 2 = 45° + 2 è θ = 60°
A profundidade dos tirantes foi determinada em sequência à determinação da linha de
ruptura de Rankine. O trecho ancorado conta com 8 metros de comprimento, afastados de 1
metro da linha de ruptura. A carga admissível dos tirantes é de 350 kN, e a componente
horizontal a ser utilizada nos cálculos será de:

4
T = 350. cos 15° è T = 338 kN
O nível do lençol freático está localizado abaixo do sistema estrutural, não interferindo,
portanto, nos cálculos aqui apresentados.

4 VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE DE ESTRUTURA DE CONTENÇÃO


MULTIANCORADA - MODELOS DE DIAGRAMAS DE TENSÕES
Em projetos geotécnicos de cortinas multiancoradas, faz-se necessária a verificação da
estabilidade do sistema estrutural através do cálculo de Fatores de Segurança, neste artigo
representados por FS. Seguindo as orientações de Joppert Jr (2007, p. 24-25), a estabilidade
do sistema será verificada através do cálculo de FS para rotação em torno do tirante mais
superior FS!"#" , rotação em torno do pé FS!É e translação FS!"#$%&#ÇÃ) , conforme
ilustra a Figura 3.
Figura 3 - Tipos de ruptura analisados: a) rotação em torno do tirante superior, b) rotação em torno do pé, c)
translação

FONTE: Autor
4.1 COEFICIENTES DE EMPUXO ATIVO E PASSIVO (𝐊 𝐚 𝐞 𝐊 𝐩 )
O cálculo dos coeficientes de empuxo ativo e passivo foram realizados através das
equações de Rankine:
ϕ 30° !
K ! = tg ! 45° − !
2 è K ! = tg 45° − 2 è K! = !
ϕ 30°
K ! = tg ! 45° + !
2 è K ! = tg 45° + 2 è K! = 3
4.2 DIAGRAMA RETIFICADO
Este modelo de diagramação é sugerido por Marzionna et al (1998, p. 551). Consiste na
diagramação convencional triangular e sua posterior substituição por diagrama retangular de
mesma área. Como resultado dessa substituição, obtém-se o mesmo valor resultante de
empuxo ativo, porém atuando em um ponto mais acima, trazendo o cálculo para uma
realidade mais desfavorável.
!
σ!!"#" = K ! . γ. H = ! . 18.14 è σ!!"#" = 84kN/m!

5
!
σ!!"#$%&'$(' = K ! . q = !
. 10 è σ!!"#$%&'$(' = 3,33kN/m!
Figura 4 - Diagrama de tensões ativas de a) empuxo do solo, b) sobrecarga e c) somatório final de empuxos ativos

FONTE: Autor
O empuxo ativo total é numericamente igual à área do diagrama trapezoidal oriundo da
soma entre os diagramas de empuxo do solo e da sobrecarga. Portanto, o valor do empuxo
ativo total é de 634,62 kN/m. Obedecendo as regras do método, para a continuação dos
cálculos de estabilidade da estrutura, substitui-se o diagrama trapezoidal por um diagrama
retangular de mesma área. O valor, portanto, da tensão do diagrama retangular é de
45,33kN/m! (Figura 5 a).
O valor da tensão passiva máxima atuante na estrutura é de:
σ! = K ! . γ. H = 3 . 18 . 4 è σ! = 216𝑘𝑁/𝑚!
Tendo em vista que a mobilização passiva do maciço de solo contido é bem maior do
!
que na sessão ativa K ! = ! e K ! = 3 , o valor da tensão passiva máxima foi dividido por

1,5. Ressalte-se que não se trata da aplicação de um fator de segurança, e sim uma
consideração adicional de projeto. Assim sendo, a tensão passiva máxima a ser utilizada para
fins de cálculo será:
216
σ! = è σ! = 144kN/m!
1,5
A Figura 5 b ilustra as tensões finais atuantes obtidas através da área dos diagramas.
Figura 5 – a) Diagrama final de tensões atuantes e b) cargas resultantes

FONTE: Autor

6
Então, os valores de FS em relação a rotação em torno do tirante superior, rotação em
torno do pé e translação são:
!!" ! !!!!" ! !!!"" ! !",!"
FS!"#" = !"#,!" ! !
è FS!"#" = 1,93
!
!"" ! !!!" ! !!!!" ! !!!!" ! !"
FS!É = !
!"#,!" ! !
è FS!É = 2,14
!!" ! !!!""
FS!"#$%&#ÇÃ) = !"#,!"
è FS!"#$%&#ÇÃ) = 2,05

4.3 DIAGRAMAÇÃO TRAPEZOIDAL DE TERZAGHI E PECK (1948)


Diante das diagramações parabólicas encontradas nos experimentos com medições in
loco de tensões nas estroncas das obras de metrô do século XIX, Terzaghi e Peck (1948 apud
TSCHEBOTARIOFF, 1978, p. 342) sugeriram a utilização do diagrama trapezoidal oefc
(Figura 1). As dimensões do trapézio são ilustradas na Figura 6.
Figura 6 - Diagrama de empuxos de Terzaghi & Peck (1948) para areias

FONTE: Autor
A figura 7 ilustra as cargas resultantes atuantes no sistema: T1 = T2 = T3 = 338 kN =
componente horizontal da carga dos tirantes; 360,8 kN/m = resultante do diagrama
trapezoidal de empuxo; 46,62 kN/m = carga horizontal equivalente à sobrecarga de 10 kN/m2.
Figura 7 - Cargas resultantes atuantes

FONTE: Autor

7
Então, os valores de FS em relação a rotação em torno do tirante superior, rotação em
torno do pé e translação são:
!!" ! !!!!" ! !
FS!"#" = !"#,! ! !!!",!" ! ! è FS!"#" = 2,31
!!" ! !"!!!" ! !!!!" ! !
FS!É = !"#,! ! !!!",!" ! !
è FS!É = 2,55
!!" ! !
FS!"#$%&#ÇÃ) = !"#,!!!",!" è FS!"#$%&#ÇÃ) = 2,49

4.4 DIAGRAMAÇÃO TRAPEZOIDAL DE TSCHEBOTARIOFF (1951)


Após os resultados dos ensaios realizados na obra do Sixth Avenue Subway, em new
York, Tschebotarioff propôs um novo diagrama trapezoidal (TSCHEBOTARIOFF, 1978 p.
342) oabc (Figura 1). As dimensões do trapézio são ilustradas na figura 8.
Figura 8 - Diagrama de empuxo de Tschebotarioff (1951) para areias

FONTE: Autor
A figura 9 ilustra as cargas resultantes atuantes no sistema: T1 = T2 = T3 = 338 kN =
componente horizontal da carga dos tirantes; 306 kN/m = resultante do diagrama trapezoidal
de empuxo; 46,62 kN/m = carga horizontal equivalente à sobrecarga de 10 kN/m2.
Figura 9 - Cargas resultantes atuantes

FONTE: Autor
Então, os valores de FS em relação a rotação em torno do tirante superior, rotação em
torno do pé e translação são:
!!" ! !!!!" ! !
FS!"#" = !"# ! !,!"!!",!" ! ! è FS!"#" = 2,82

8
!!" ! !"!!!" ! !!!!" ! !
FS!É = !"# ! !,!"!!",!" ! !
è FS!É = 2,89
!!" ! !
FS!"#$%&#ÇÃ) = !"#!!",!" è FS!"#$%&#ÇÃ) = 2,88

4.5 DIAGRAMAÇÃO RETANGULAR DE TERZAGHI E PECK (1967)


Após os diagramas trapezoidais que vinham, até então, sendo utilizado, Terzaghi e Peck
(1967 apud TSCHEBOTARIOFF, 1978 p. 342) recomendaram a utilização de um novo
diagrama, dessa vez o retangular oo’dc (Figura 1). As dimensões do diagrama proposto são
ilustradas na figura 10.
Figura 10 - Diagrama de empuxos de Terzaghi & Peck (1967) para areias

FONTE: Autor
A figura 11 ilustra as cargas resultantes atuantes no sistema: T1 = T2 = T3 = 338 kN =
componente horizontal da carga dos tirantes; 390 kN/m = resultante do diagrama retangular
de empuxo; 46,62 kN/m = carga horizontal equivalente à sobrecarga de 10 kN/m2.As cargas
atuantes são:
Figura 11 - Cargas resultantes atuantes

FONTE: Autor
Então, os valores de FS em relação a rotação em torno do tirante superior, rotação em
torno do pé e translação são:
!!" ! !!!!" ! !
FS!"#" = !"# ! !!!",!" ! ! è FS!"#" = 2,17

9
!!" ! !"!!!" ! !!!!" ! !
FS!É = !"# ! !!!",!" ! !
è FS!É = 2,38
!!" ! !
FS!"#$%&#ÇÃ) = !"#!!",!" è FS!"#$%&#ÇÃ) = 2,32

5 VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE DE ESTRUTURA DE CONTENÇÃO


MULTIANCORADA - GEO5
Figura 15 - Modelo da estrutura estudada no Geo5

FONTE: Autor - Geo5 (2016)


As análises da estabilidade de estruturas de contenções multiancoradas também podem
ser realizadas através da utilização de meios computacionais. O Geo5 é um software
geotécnico que, baseado no MEF (Método dos Elementos Finitos), realiza análises globais e
locais em sistemas estruturais geotécnicos. Para o desenvolvimento deste artigo, foi utilizado
o módulo de Verificação de Contenções do programa. De forma preparatória à análise, além
de geometria e propriedades do terreno e do sistema estrutural, também foram incluídos os
parâmetros de resistência do solo e do material utilizado no paramento.

5.1 ANÁLISE DE DEFORMAÇÕES SOB DIFERENTES VALORES DE 𝐅𝐜𝐤 DO


CONCRETO
Para a realização da análise de deformações, foi considerada uma cortina executada em
estacas justapostas de concreto armado com 50 centímetros de diâmetro e tirantes com
capacidade de carga de 350 kN. Visando comparar os deslocamentos da estrutura, foram
feitas diversas análises no Geo5, cada uma com um valor diferente de f!" do concreto. Foram
empregadas resistências à compressão iguais a 20, 35 e 50 MPa. O módulo de elasticidade
para essas resistências são, respectivamente, 30.000, 34.000 e 37.000 MPa.

10
A figura 16 ilustra as deformações encontradas nas análises desenvolvidas para os
diferentes valores de f!" do concreto.
Figura 16 – Deformações resultantes da análise no Geo5 para estrutura de contenção executadas com concretos de
diferentes resistências à compressão

20 MPa 35 MPa 50 MPa

FONTE: Autor - Geo5 (2016)


5.2 ANÁLISE DA ESTABILIDADE INTERNA DOS TIRANTES
Ainda no Geo5, foi desenvolvido estudo para verificação da estabilidade das
ancoragens. Inicialmente, entrou-se no software com valor de comprimento livre dos tirantes
determinado através da superfície de ruptura de Rankine, conforme demonstrado na seção 2
deste artigo.
Após análise, a situação não foi satisfatória. De acordo com o Manual de Engenharia N.
7 do Geo5: Verification of a multi-anchored wall (2016, p. 15), a melhor forma de alcançar a
estabilidade nesses casos, é aumentando o comprimento da ancoragem. Por esse motivo,
entrou-se, gradativamente, com valores maiores de comprimento do trecho livre dos tirantes
até que se atingisse o nível satisfatório de estabilidade calculado pelo programa. O
comprimento de 8 metros nos trechos ancorado foi mantido.
A tabela 1 apresenta os comprimentos dos trechos livres dos tirantes utilizados.
Tabela 1 – Comprimento do trecho livre de tirantes nas análises inicial e final, para as três fileiras de travamento

Comprimento Comprimento
Fileira
Inicial (m) Final (m)
1 7,20 12,00
2 5,70 11,00
3 4,10 10,00

11
A figura 17 apresenta as cunhas de ruptura determinadas pelo Geo5, que têm como
delimitações a parede, a superfície do terreno, o ponto médio do trecho ancorado dos tirantes,
e o pé da construção. A análise do programa gera uma cunha para cada fileira de tirante.
Figura 7 - Cunhas de ruptura apresentadas pelo Geo5

FONTE: Autor

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este trabalho obteve como resultado principal a análise de uma estrutura de contenção
multiancorada em areia. A primeira análise foi realizada através do cálculo dos Fatores de
Segurança (FS) de verificação quanto às três tipologias clássicas de ruptura para estruturas
desta natureza: rotação em torno do tirante mais superior (tirante de topo), rotação em torno
do pé da estrutura e translação global do sistema. Os Fatores de Segurança foram calculados
individualmente para cada modelo de diagramação apresentada neste artigo.
Gráfico 1 - Compilação dos Fatores de Segurança calculados através dos métodos apresentados

3.5 2.89
3 2.55 2.82 2.88
2.38 2.49
2.5 2.14 2.32 2.31
2.17
1.93 2.05
2
FS topo
1.5
FS pé
1
FS translação
0.5
0
Reti0icado Retangular Trapezoidal Trapezoidal
Terzaghi & Terzaghi & Tschebotarioff
Peck (1967) Peck (1948) (1951)

FONTE: Autor
O gráfico 1 apresenta, de forma compilada, os Fatores de Segurança calculados. Os
resultados mostram que, em meio aos diversos modelos de diagramações de tensões
existentes na literatura, o modelo que apresenta os menores valores de FS é o mais
conservador de todos, o diagrama retificado. Os diagramas trapezoidais de Terzaghi & Peck

12
(1948, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978, p. 342) e o de Tschebotarioff (1951, apud
TSCHEBOTARIOFF, 1978, p. 342) trazem os maiores valores de FS.
A segunda sessão de análise foi desenvolvida através do software geotécnico Geo5,
obtendo-se os deslocamentos da estrutura para diferentes valores de f!" do concreto, além de
verificação da estabilidade interna dos tirantes. Os resultados das análises mostram que, para
fins de engenharia, diferentes valores de f!" do concreto não resultam em diferenças
significativas de deslocamentos na estrutura em trabalho. As diferenças encontradas variando-
se o f!" do concreto entre 20 e 50 MPa foram de apenas 0,3 milímetros (ver figura 16).
Em relação à análise de estabilidade interna dos tirantes, pode-se dizer que o software
Geo5 considera insuficiente o comprimento de trecho livre inicialmente utilizado para a
estabilidade do sistema. Para Marzionna et al (1998, p. 564), a ancoragem é considerada
satisfatória se o tirante tiver comprimento suficientemente capaz de garantir que a massa de
solo atrás da parede (dentro da cunha) irá suportar a compressão causada pelo tensionamento
das ancoragens. Essa verdade justifica a necessidade que houve em aumentar o comprimento
livre dos tirantes no software de forma iterativa, até que a estabilidade fosse considerada
satisfatória.

7 CONCLUSÃO
O presente artigo foi desenvolvido em cima de análises desenvolvidas em modelo de
estrutura de contenção multiancorada em areia. A análise inicial foi elaborada seguindo-se as
orientações de Joppert Jr (2007, p. 24-25) para cálculo de Fatores de Segurança, considerando
os modelos de ruptura por rotação em torno do pé da construção, em torno do tirante mais
superior e, por fim, translação. Os cálculos foram realizados para quatro modelos diferentes
de diagramação de tensão, sendo eles: o diagrama retificado de tensões, os diagramas
trapezoidais de Terzaghi e Peck (1948, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978, p. 342) e
Tschebotarioff (1951, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978. p. 342) e o diagrama retangular
proposto por Terzaghi e Peck (1967, apud TSCHEBOTARIOFF, 1978, p. 342). Todos os
diagramas que foram utilizados são específicos para areias, apenas.
Uma outra análise desenvolvida para o este artigo, foi utilizado o software geotécnico
Geo5, no módulo de Verificação de Contenções, no qual foram incluídos todos os parâmetros
estruturais e geotécnicos. Concluiu-se que a utilização de valores diferentes de f!" do concreto
não interfere de forma significante nos deslocamentos sofridos pela estrutura, muito embora a
alteração desse parâmetro signifique aumentar a rigidez do material através do módulo de
elasticidade. A análise do Geo5 permite concluir, ainda, que a estabilidade dos tirantes não
13
deve ser dependente da posição da linha de ruptura determinada através da teoria de Rankine
(1857, apud DAS, 2011, p. 355-359). O programa considerou inseguros os tirantes pré-
determinados de acordo com a posição da linha de ruptura estabelecida pela teoria, sendo
necessário o incremento no comprimento dos trechos livres. Foi possível analisar, através dos
resultados do software, as cunhas de ruptura a que os tirantes submetem o sistema estrutural,
facilitando, portanto, o entendimento da necessidade de alteração da estrutura.
Nesse ensejo, conclui-se que o desenvolvimento deste trabalho manteve-se sempre a
favor da segurança, considerando verificações de diversas naturezas. Cumpriu-se, assim, o
objetivo de analisar as diversas fontes de informação disponíveis atualmente para projeto de
estruturas de contenções multiancoradas em areia.

8 REFERÊNCIAS

DAS, Braja M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. Tradução: All Tasks. Revisão


técnica: Pérsio Leister de Almeida Barros. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

TSCHEBOTARIOFF, Gregory Porphyriewitch. Fundações, estruturas de arrimo e obras


de terra: a arte de projetar e construir e suas bases científicas na mecânica dos solos.
Tradução: Eda Freitas de Quadros. Revisão técnica: Renato Armando Silva Leme. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1978.

MARZIONNA, Jaime D. et al. Análise, projeto e execução de escavações e contenções. In:


Hachich et al. Fundações: Teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Pini, 1998.

HOLTZ, Robert D.; KOVACS, William D.; SHEAHAN, Thomas C. An introduction to


geotechnical engineering. 2 ed. [S.l.]: Pearson Education, 2011.

BUDHU, Muni. Fundações e estruturas de contenção. Tradução: Luiz Antonio Vieira


Carneiro e Maria Esther Soares Marques. 1 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

JOPPERT JR, Ivan. Fundações e contenções em edifícios: qualidade total na gestão do


projeto e execução. São Paulo: Pini, 2007.

GEO5 SHEETING CHECK SOFTWARE. Verification of a multi-anchored wall.


Engineering Manual No. 7. [S.l.]: Fine Civil Engineering Software, 2016. Disponível em:
<www.finesoftware.eu/engineering-manuals/>. Acesso em: 25 de outubro de 2016.

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