Paulo R.M. Correia, Melissa Dazzani, Maria Eunice R. Marcondes e Bayardo B.

Torres

A abordagem interdisciplinar dos temas das Ciências Naturais favorece a integração de conteúdos, evita a visão
fragmentada do conhecimento e expõe os alunos à complexidade do processo de geração do conhecimento. Nesse contexto,
a Bioquímica foi explorada como ferramenta interdisciplinar utilizando as proteínas e sua ação enzimática como tema cen-
tral. As atividades foram divididas em três momentos distintos: 1) realização de experimentos para gerar resultados a serem
interpretados; 2) introdução de subsídios teóricos a partir de textos e questionários; e 3) teatralização da síntese de proteínas
com a participação de todos os alunos. A intervenção interdisciplinar proposta permitiu a discussão de conceitos bioquímicos,
favorecendo a integração de conteúdos da Biologia e da Química.
▲

▲
interdisciplinaridade, Bioquímica, proteínas, Biologia

Recebido em 24/2/03; aceito em 16/12/03

19

A
apresentação dos conteúdos e expõem os alunos à complexidade como as questões ambientais e os
relacionados às Ciências do processo de geração do conheci- problemas relacionados com a saúde
Naturais durante o Ensino mento (Nolasco, 2002). A combina- (Figura 1).
Médio ocorre de maneira fragmen- ção dessas vantagens pode tornar A interação mais explorada ao lon-
tada, provocando o fracionamento do mais significativa a aprendizagem go do Ensino Médio tem ocorrido en-
conhecimento em disciplinas isola- dos conceitos científicos. tre a Química e a Física. A valorização
das. A configuração e o âmbito des- Os conteúdos discutidos nas au- da Físico-Química pode ser observa-
sas disciplinas são freqüentemente las de Química permitem uma grande da na organização da maioria dos
estabelecidos pelos livros didáticos, quantidade de interações com as livros didáticos, que dedicam mais de
que delimitam os conteúdos e a outras disciplinas do Ensino Médio. 30% dos seus conteúdos às intera-
seqüência dos tópicos (Krasilchik, Algumas discussões interdiscipli- ções entre a Química e a Física (Fel-
1998). Nesse contexto, a discussão nares podem ser promovidas a partir tre, 2000; Peruzzo e Canto, 1999).
de temas complexos, como as ques- de temas de grande relevância, tais A Bioquímica é um outro nicho
tões ambientais e os problemas de
saúde, fica prejudicada devido à
necessidade de combinar conheci-
mentos de diferentes disciplinas (Mo-
rin, 2002).
A adoção de uma abordagem
interdisciplinar no Ensino Médio é
uma das indicações dos documentos
oficiais (Brasil, 1999) e pode ser con-
siderada uma das maneiras de
superar a fragmentação do conheci-
mento (Schinitman, 1987; Morin,
2002). Além de evitar uma visão redu-
cionista da Ciência, as intervenções
interdisciplinares permitem utilizar as-
suntos mais interessantes para con-
textualizar as aulas (Lima et al., 2000), Figura 1: Algumas interações interdisciplinares que podem ser estabelecidas no Ensino
favorecem a integração de conteúdos Médio a partir da Química.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA A Bioquímica como ferramenta interdisciplinar N° 19, MAIO 2004
 interdisciplinar explícito que pode ser (catalase), extrato de abacaxi (pro- pequenos grupos. Os conceitos quí-
estabelecido entre a Química e a teases) e clara de ovo (albumina). micos e biológicos necessários para
Biologia. Apesar disso, as discussões Esses materiais foram adicionados a a compreensão dos experimentos
bioquímicas ocorrem superficial- tubos de ensaio contendo os subs- foram abordados na seqüência indi-
mente no Ensino Médio, devido à falta tratos a serem degradados: solução cada na Tabela 1. Desta maneira, os
de material didático que explore ade- de amido (Maizena®), água oxige- conhecimentos disciplinares foram
quadamente essa interação. Concei- nada ou folhas de gelatina colorida. progressivamente integrados e os
tos como proteínas A observação vi- fatos observados nos experimentos
e sua ação enzimá- Uma teatralização permitiu sual dos tubos de en- foram interpretados sob o ponto de
tica são apresenta- aos alunos representarem saio permitiu avaliar vista bioquímico.
dos em momentos macroscopicamente em qual situação a A síntese de proteínas foi discutida
diferentes do Ensi- fenômenos dinâmicos que rapidez das transfor- no final do dia para reforçar e sedi-
no Médio, durante envolvem a participação de mações químicas é mentar os novos conhecimentos
as aulas de Quími- vários componentes aumentada: a solução bioquímicos. A teatralização permitiu
ca e Biologia. Além celulares, como DNA, RNA esbranquiçada de aos alunos representarem macrosco-
disso, as discus- e ribossomo amido torna-se prati- picamente fenômenos dinâmicos que
sões ressaltam so- camente incolor na envolvem a participação de vários
mente os aspectos químicos ou bio- presença de α-amilase; a liberação componentes celulares, como DNA,
lógicos, impedindo uma abordagem de gás oxigênio é intensificada du- RNA e ribossomo (Amabis, 2001). A
interdisciplinar que o enfoque bio- rante o processo de decomposição síntese de proteínas foi entendida
químico pode propiciar. da água oxigenada com catalase; o como um processo organizado, que
Assim, uma intervenção interdisci- corante da folha de gelatina é pro- implica na ocorrência ordenada de
plinar explorando as proteínas como gressivamente transferido para a solu- várias reações químicas aceleradas
catalisadores foi planejada, aplicada ção com a degradação da proteína por enzimas.
e avaliada. A elaboração das ativi- pelas proteases. Para facilitar a com- A avaliação dessa intervenção
20 dades considerou a necessidade de paração visual, foi utilizado um tubo interdisciplinar foi realizada por meio
abordar, sob o ponto de vista químico, de ensaio de referên- de três questionários
alguns processos tratados no Ensino cia, contendo so- As discussões bioquímicas e dos depoimentos
Médio exclusivamente sob o enfoque mente o substrato ocorrem superficialmente espontâneos dos
biológico. que estava sendo no Ensino Médio, devido à alunos. Os questio-
testado. Uma tabela falta de material didático nários foram aplica-
Procedimentos com os resultados dos em três momen-
que explore
Durante um dia (8 horas) de ativi- experimentais obti- adequadamente essa tos distintos: 1) se-
dades extraclasse, 20 alunos volun- dos pelos grupos de interação manas antes da
tários da 3a série do Ensino Médio do alunos foi organizada aula, para verificar as
Colégio Objetivo localizado em Suza- para facilitar a interpretação dos fa- concepções prévias dos alunos e
no - SP foram submetidos à interven- tos observados. A discussão a fornecer subsídios para elaborar o
ção interdisciplinar. Um roteiro, con- respeito da ação catalisadora das material a ser utilizado; 2) imediata-
tendo a descrição das atividades pro- proteínas foi iniciada visando buscar mente após a aula, para avaliar o grau
gramadas e as informações teóricas explicações para os resultados dos de integração dos conhecimentos
necessárias para as discussões, foi experimentos. disciplinares e a formação de con-
previamente elaborado e distribuído A introdução de subsídios teóricos ceitos bioquímicos; e 3) dois meses
aos alunos. foi feita por meio de textos e de um após a aula, para verificar quanto a
As estratégias didáticas aplicadas roteiro de questões, que foram res- aprendizagem foi significativa e
permitiram dividir as atividades em pondidas pelos alunos divididos em estável.
três momentos diferentes: 1) realiza-
ção de experimentos, 2) leitura de tex-
Tabela 1: Conceitos teóricos discutidos no texto fornecido aos alunos.
tos com resolução de listas de exer-
Parte Contextualização Tópicos disciplinares abordados
cícios e 3) teatralização da síntese de
proteínas. I O que afeta a rapidez de uma rea- Cinética química, catalisador, enzimas
A experimentação foi utilizada ção química? e modelo chave-fechadura
para gerar resultados a serem inter- II Do que são formadas as enzimas? Polímeros, aminoácidos, aminas, ácido
pretados e discutidos ao longo do dia. carboxílico e ligação peptídica
A rapidez de três transformações III Por que a forma é algo tão impor- Isomeria óptica, forças intermolecula-
químicas foi avaliada na presença de tante? res e desnaturação
materiais ricos em proteínas: saliva IV Como as células sintetizam as Síntese de proteínas, DNA, RNA, có-
humana (α-amilase), extrato de batata proteínas? dons, ribossomos e integração celular

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Discussão das atividades tidos pelos alunos
desenvolvidas em pequenos gru-
pos. Várias ques- Figura 2: Estrutura primária de uma proteína, com cada clipe
A elaboração das atividades privi- colorido representando um aminoácido.
legiou estratégias didáticas pouco tões interrompiam
freqüentes para os alunos que parti- a seqüência do
texto, evitando que a atividade se tor- do o estabelecimento de interações
ciparam dessa intervenção interdisci-
nasse monótona e auxiliando a fixa- por ligações de hidrogênio. Cada gru-
plinar. As aulas oferecidas regular-
ção dos conceitos mais relevantes. po avaliou a estrutura molecular dos
mente são expositivas e as atividades
Nessa situação, os alunos foram mais aminoácidos utilizados e os clipes
experimentais ocorrem esporadica-
participativos e o grau de envolvimen- que representavam aminoácidos com
mente ao longo dos três anos do En-
to com as tarefas propostas foi eleva- grupos –OH foram unidos por meio
sino Médio. O material apostilado,
do. A troca de informações entre os de massa de modelar (Figura 3). Essa
que substitui os livros didáticos, difi-
nova representação permitiu eviden-
culta a integração dos conteúdos das alunos pôde ocorrer intensamente du-
ciar a relação entre a seqüência de
disciplinas e determina a seqüência rante as discussões, permitindo que
aminoácidos, a estrutura espacial e
dos assuntos. Verifica-se uma grande eles se auxiliassem no processo de
a ação biológica das proteínas basea-
valorização do exa- entendimento dos
da no modelo chave-fechadura.
me vestibular, que A teatralização foi uma novos conceitos. Es-
A desnaturação por aquecimento
pode ser constatada maneira de representar se trabalho em con-
ou por mudança de solvente foi dis-
pela realização pe- fenômenos moleculares e junto, que ocorreu
dinâmicos, com a cutida a partir de demonstrações utili-
riódica de provas durante toda a leitura
participação ativa dos zando clara de ovo tratada com álcool
que simulam as con- do texto, favoreceu a
alunos. A parte final do ou com aquecimento. A mudança de
dições daquele exa- aprendizagem cola-
texto fornecido descrevia cor observada foi relacionada com
me. Dentro desse borativa. O papel do
sucintamente os eventos uma alteração da estrutura espacial
contexto, os papéis professor consistiu
celulares que ocorrem da proteína (rompimento de ligações
tradicionais a serem em coordenar os vá- 21
durante a síntese de intramoleculares), apesar da seqüên-
desempenhados pe- rios grupos de dis-
proteínas. Tomando por cia de aminoácidos não ter sido alte-
los professores e cussão e, periodica-
base esse texto, a tarefa rada (manutenção das ligações peptí-
alunos estão bem mente, verificar se to-
solicitada aos alunos foi dicas, que são covalentes). A desna-
definidos: o corpo dos os alunos ha-
representar o processo turação dos modelos construídos pe-
docente deve trans- viam compreendido
los alunos foi simulada removendo-
mitir os conhecimen- as informações for-
se a massa de modelar, o que des-
tos específicos de sua disciplina atra- necidas no texto. Rápidas checagens
truiu a forma espacial da proteína
vés de aulas expositivas; aos alunos das respostas dos alunos às ques-
obtida.
cabe comparecer às aulas e receber tões permitiram ao professor avaliar
A teatralização foi uma maneira de
as informações. o andamento dos grupos.
representar fenômenos moleculares
O experimento proposto para ini- A utilização de um modelo visual
e dinâmicos, com a participação ativa
ciar as atividades teve o objetivo de macroscópico para representar a es-
dos alunos. A parte final do texto for-
expor os alunos ao caráter empírico trutura de uma proteína foi necessária
necido descrevia sucintamente os
da ciência. Além de mudar o ambien- para elucidar fenômenos moleculares
eventos celulares que ocorrem duran-
te usualmente encontrado na sala de como a desnaturação. As interações
te a síntese de proteínas. Tomando
aula, foi possível utilizar equipamen- intramoleculares, responsáveis pela
por base esse texto, a tarefa solicitada
tos básicos de laboratório e discutir manutenção da estrutura espacial da
como se planeja um experimento. As proteína, foram representadas com
informações obtidas no laboratório auxílio de clipes coloridos e massa de
serviram como ponto de partida para modelar. Cada grupo recebeu um
as discussões que ocorreram ao papel indicando a seqüência de dez
longo do dia. Desta forma, valorizou- aminoácidos que deveriam ser liga-
se o trabalho realizado pelos alunos dos, bem como a correspondência
no laboratório e utilizou-se a experi- entre os aminoácidos e cada uma das
mentação para gerar questiona- cores dos clipes. Cada grupo cons-
mentos. Ao final dessa atividade, os truiu uma seqüência de dez clipes
alunos mostraram-se motivados para unidos representando a estrutura pri-
iniciar a busca por informações atra- mária da proteína (Figura 2). Poste- Figura 3: Representação de uma das liga-
vés da leitura do texto. riormente, alertou-se os estudantes ções intramoleculares responsáveis pela
Os subsídios teóricos fornecidos para o fato de alguns aminoácidos forma espacial da proteína, utilizando
no texto foram interpretados e discu- apresentarem grupos –OH, permitin- massa de modelar.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA A Bioquímica como ferramenta interdisciplinar N° 19, MAIO 2004
 aos alunos foi representar o processo.
Os grupos de alunos destacaram as
palavras desconhecidas, buscaram
compreender seus significados e or-
denaram a participação dos princi-
pais componentes envolvidos na sín-
tese de proteínas. Este estudo prepa-
rou-os para a teatralização solicitada.
A mudança da linguagem verbal para
a linguagem gestual (corporal), ne-
cessária para a teatralização, é um re-
curso instrucional poderoso: para
conseguir a transposição, é obriga-
tória a compreensão do fenômeno a
ser representado.
Cada aluno representou um dos
componentes celulares importantes
para a síntese do glucagon, uma das
proteínas que controlam a concentra-
ção de glicose no sangue. Além de
permitir a discussão dos conceitos
bioquímicos previamente abordados,
os alunos compreenderam a impor-
tância da ordenação dos eventos ce-
lulares necessários para a síntese de
22
proteínas. A célula passou a ser vista
como um sistema muito bem orga-
nizado, onde cada estrutura desem-
penha uma função específica.
Avaliação dos questionários
A comparação das respostas aos
questionários aplicados antes e após
a intervenção interdisciplinar permitiu
verificar que os alunos estabeleceram
novas relações entre os conhecimen-
tos da Química e da Biologia. Os con-
ceitos abordados em cada questio-
nário estão indicados na Tabela 2.
A análise das respostas ao ques-
tionário inicial permitiu constatar que
os principais conceitos a serem dis-
cutidos não eram desconhecidos. Por
outro lado, as respostas indicaram
que a memorização de definições en-
contradas nos livros didáticos predo-
minava sobre o entendimento con-
ceitual.
Os alunos relacionaram freqüente-
mente o papel das enzimas com o
processo digestivo, talvez porque a
ptialina e a pepsina são exemplos
comumente apresentados nos livros
didáticos. A definição de enzimas
fornecida pelos alunos [“... catalisam
e aceleram as reações dentro do
organismo (sic)]” e “... participam da
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA
Tabela 2: Aspectos avaliados em função do momento de aplicação dos questionários.
Momento da aplicação Aspectos avaliados
Antes da atividade proposta • Conceitos prévios sobre cinética química,
I
funções orgânicas, reação de neutraliza-
ção, proteínas, enzimas, DNA e ribossomo
II Logo após a atividade proposta • Elaboração de conceitos bioquímicos
referentes a proteínas
• Visão sistêmica dos processos celulares
III Dois meses após a atividade pro- • Consolidação dos novos conhecimentos
posta bioquímicos, reavaliando os tópicos mais
relevantes sobre proteínas e suas funções
digestão, quebrando as moléculas mo esta desempenhar suas funções
maiores para facilitar a absorção...”) corretamente...”). Assim, o enfoque
reforçaram esse fato. A falta de inte- bioquímico das atividades permitiu
ração dos conhecimentos discipli- integrar os conceitos de proteína
nares da Química e da Biologia é apresentados isoladamente nas aulas
outra característica marcante. Assim, de Química e Biologia.
a macromolécula “proteína” apresen- A teatralização da síntese de pro-
tada pela Química tem pouca relação teínas auxiliou o desenvolvimento de
com a “proteína” apresentada nas uma visão sistêmica dos processos
aulas de Biologia. celulares. A função
As respostas for- bioquímica desem-
A comparação das
muladas pelos alu- penhada por diver-
respostas aos questionários
nos após a atividade sos componentes
aplicados antes e após a
indicaram um au- celulares (DNA,
intervenção interdisciplinar
mento da integração RNA, ribossomo
permitiu verificar que os
dos conteúdos disci- etc.) foi assimilada.
alunos estabeleceram
plinares. A especifici- novas relações entre os A molécula de DNA,
dade das enzimas e conhecimentos da Química freqüentemente ex-
a desnaturação das e da Biologia posta na mídia, ga-
proteínas foram com- nhou ainda mais sig-
preendidas a partir da nificado para os alu-
estrutura molecular. A classificação da nos: ao interpretarem um quadrinho
afirmação “Se a seqüência de ami- (Figura 4), o DNA foi entendido como
noácidos estiver correta, a proteína “...guardião das características funda-
resultante certamente irá desem- mentais...” e “...livro de receitas que
penhar suas funções corretamente” contém a seqüência correta para ca-
em verdadeiro ou falso indicou que da proteína...”.
os alunos passaram a entender as O questionário aplicado após dois
proteínas presentes nos organismos meses permitiu constatar que os con-
vivos como moléculas que possuem ceitos bioquímicos abordados duran-
formas (“... se a forma, a estrutura da te a atividade proposta foram assimi-
molécula for alterada, não haverá co- lados de maneira significativa. A im-
Figura 4: Quadrinho interpretado pelos alunos após a aplicação das atividades interdis-
ciplinares.
A Bioquímica como ferramenta interdisciplinar N° 19, MAIO 2004
portância da seqüência de aminoá-
cidos e das ligações intramoleculares
para garantir a forma espacial da pro-
teína, o modelo chave-fechadura e o
processo de desnaturação foram
adequadamente discutidos pelos
alunos. A síntese de proteínas foi reto-
mada através da comparação entre
dois segmentos de DNA, diferindo
apenas por uma base nitrogenada.
Os alunos conseguiram relacionar es-
sa diferença com uma provável alte-
ração estrutural da proteína, compro-
metendo seu funcionamento.
Conclusões
A intervenção interdisciplinar de-
senvolvida permitiu aumentar a inte-
gração dos conteúdos da Química e
da Biologia. A introdução de concei-
tos bioquímicos facilitou a compreen-
são de processos celulares comple-
xos como a catálise biológica e a sín-
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Abstract: Biochemistry as an Interdisciplinary Tool: Meeting the Challenge of Content Integration in High School – The interdisciplinary approach to Natural Sciences’ themes enhances content
integration, avoids the compartmentalized perception of knowledge and exposes the students to the complexity of the knowledge generation process. In this context, Biochemistry was explored as
an interdisciplinary tool, using proteins and their enzymatic action as a central theme. The activities were divided into three different stages: 1) doing experiments to generate results to be interpreted;
2) theoretical information supplied through texts and questionnaires; 3) theatrical role-playing of the protein synthesis process with the participation of all the students. This interdisciplinary interven-
tion allowed the discussion of biochemical concepts, facilitating the integration of biological and chemical contents.
Keywords: Interdisciplinarity, biochemistry, proteins, biology
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA
tese de proteínas. As estratégias di- Agradecimentos
dáticas utilizadas (experimentação e Os autores agradecem a Juliana
discussão em pequenos grupos) exi- Naozuka pela leitura crítica do texto e
giram uma postura ativa dos alunos, ao Colégio Objetivo (Suzano - SP) por
diferente da passividade das aulas ex- permitir o desenvolvimento das ativida-
positivas regularmente freqüentadas des com seus alunos. P.R.M. Correia
por eles. Mesmo com as 8 horas de agradece à FAPESP pela bolsa con-
duração da atividade, todos os alunos cedida (processo 01/02590-2).
permaneceram até o final e mostra-
ram um elevado envolvimento com to- Paulo R.M. Correia (prmc@iq.usp.br), licenciado e
das as atividades desenvolvidas. A bacharel em Química e mestre em Química
validade da aplicação dessa proposta Analítica pela Universidade de São Paulo (USP), é
doutorando na área de Química Analítica no
ficou evidenciada nas declarações Instituto de Química da USP (IQ-USP). Melissa
espontâneas dos alunos, que classi- Dazzani (melissa_daz@ hotmail.com), licenciada
ficaram a intervenção interdisciplinar e bacharel em Química pela USP e mestranda na
como “... uma maneira dinâmica de área de Ensino de Ciências na USP, é professora
de Química no Colégio Integrado Objetivo, em São
aprender, a partir do meu próprio ra- Paulo - SP. Maria Eunice R. Marcondes (mermarco@
ciocínio...”. iq.usp.br), licenciada e bacharel em Química e
doutora em Química Orgânica pela USP, é docente
Nota do Departamento de Química Fundamental do IQ-
USP. Bayardo B. Torres (bayardo@iq.usp.br),
Este trabalho foi apresentado no licenciado e bacharel em Biologia e doutor em
XI Encontro Nacional de Ensino de Bioquímica pela USP, é docente do Departamento
Química, em Recife - PE. de Bioquímica do IQ-USP.
PERUZZO, F.M. e CANTO, E.L. Química química básica. 2ª ed. Rio de Janeiro: 23
na abordagem do cotidiano. 2ª ed. São Guanabara Koogan, 1999. p. 270-274.
Paulo: Moderna, 1999. v. 2. SNYDER, C. H. The extraordinary che-
SCHINITMAN, N.I. (Ed.). Manual de mistry of ordinary things. 3ª ed. Nova Ior-
metodologia de la enseñanza de la Quí- que: John Wiley & Sons, 1998. p. 455-
mica. Córdoba: Ed. Gonzales Truccone, 490.
1987. p. I.1-I.27.
Na Internet
O roteiro de atividades elaborado para
Para saber mais
desenvolver as atividades está disponí-
COELHO, F.A.S. Fármacos e quiralida- vel no seguinte sítio: http://sbbq.iq.usp.
de. Em: Torres, B.B. e Barreiro, E.J. (Eds.). br/revista/mtdidaticos.php.
Cadernos Temáticos de Química Nova na Alguns projetos dedicados à discus-
Escola (Química de Fármacos), n. 3, p. são de temas bioquímicos no Ensino
23-32, 2001. Médio, desenvolvidos pelo Laboratório
FRAGA, C.A.M. Razões da atividade de Ensino a Distância do Instituto de Bio-
biológica: interações micro- e biomacro- logia da Unicamp, podem ser encon-
moléculas. Em: Torres, B.B. e Barreiro, E.J. trados no seguinte sítio: http://ensino.
(Eds.). Cadernos Temáticos de Química ibi.unicamp.br/.
Nova na Escola (Química de Fármacos),
n. 3, p. 33-42, 2001. Recurso multimídia
ROCHA, W.R. Interações intermolecu- Um CD contendo programas edu-
lares. Em: Amaral, L.O.F. e Almeida, W.B. cativos visando o ensino de Bioquí-
de (Eds.). Cadernos Temáticos de Quí- mica e que trata de cinética enzimá-
mica Nova na Escola (Estrutura da Ma- tica pode complementar algumas
téria: Uma Visão Molecular), n. 4, p. 31- discussões: GALEMBECK, E.; TOR-
36, 2001. RES, B.B. Bioquímica: softwares edu-
MARZZOCCO, A. e TORRES, B.B. Bio- cacionais, 1999.
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