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Ligações Químicas

Níveis de Abordagem da Química

Eletropositividade e Eletronegatividade
Ambos os termos estão relacionados com a afinidade eletrônica de um átomo, e são usados
para definir o quão intensa é atração de elétrons quando átomos estabelecem uma ligação.
Assim, se por um lado a eletronegatividade tem a função de indicar a tendência de um
átomo atrair elétrons de uma ligação em sua direção, a eletropositividade trata de expressar
a propensão de um átomo a perder elétrons.
Ambas as propriedades são periódicas e variam com o tamanho do raio atômico do
elemento. Átomos de menor tamanho terão um maior caráter eletronegativo, e átomos de
maior tamanho terão um maior caráter eletropositivo.

Ligações Químicas
A combinação de átomos para a formação de moléculas só será possível se a estrutura
resultante oferecer maior estabilidade e menor energia para os átomos quando comparados
individualmente.
A estabilidade de um átomo está associado ao preenchimento de seus níveis eletrônicos
mais superficiais, e isto é refletido em sua energia. Átomos com sua valência totalmente
preenchida possuem uma energia mais baixa, e logo, não terão tendência a reagir, como
pode ser visto nos elementos do grupo 18 da tabela periódica, os gases nobres.
Com isso, átomos que não tem seu nível eletrônico mais externo completamente
preenchido serão propensos a adquirir uma configuração eletrônica mais estável,
semelhante a dos gases nobre, podendo receber, perder ou compartilhar seus elétrons da
camada de valência.
A estrutura assumida pelo elementos quando estiverem estáveis, o tipo de ligação
estabelecida e a força destas ligações definirá quais as propriedades macroscópicas de um
material.

O tipo de ligação dependerá diretamente do caráter eletropositivo ou eletronegativo dos


átomos envolvidos:
1. Ligação iônica: Elemento eletropositivo + Elemento eletronegativo.
Envolve a transferência completa de um ou mais elétrons de um átomo para outro;

2. Ligação covalente: Elemento eletronegativo + Elemento eletronegativo.


Envolve o compartilhamento de um ou mais pares de elétrons entre dois átomos;

3. Ligação metálica: Elemento eletropositivo + Elemento eletropositivo


Elétrons de valência são livres para se moverem através de todo cristal.

Poucas ligações são caracterizadas como sendo puramente de um tipo. Normalmente, a


maioria das ligações químicas são intermediárias entre estas três classificações e
apresentam alguns traços de suas características.
Ligação Iônica
Por meio deste tipo de interação, os átomos adquirem sua configuração eletrônica mais
estável através de uma reação em que o elétron do nível mais exterior do átomo mais
eletropositivo é transferido para a camada de valência do átomo mais eletronegativo. A
ocorrência dessa reação resulta numa diferença de cargas no átomo, tendo como como
consequência o surgimento de um íon.
Quando neutro, um átomo tem o mesmo número de prótons em seu núcleo e de elétrons
em seus orbitais. Dessa forma, a remoção de um elétron acaba por deixar o átomo com
uma natureza positiva, pois tem um maior número de prótons em comparação aos elétrons,
ganhando o nome de cátion. Da mesma maneira, adição de um elétron à composição do
átomo o deixa com natureza negativa, pois tem um maior número de elétrons em
comparação aos prótons, e leva o nome de ânion.
A ligação em si se mantém unida devido à atração eletrostática das cargas opostas do
cátion e do ânion, se organizando em um retículo cristalino. Um sólido iônico é basicamente
um conjunto de cátions e ânions que se mantêm juntos através de um arranjo regular que
lhes ofereça a menor quantidade de energia. Incluem sais, óxidos, hidróxidos, sulfetos e a
maioria dos compostos inorgânicos.

Retículo cristalino e Cela Unitária


Um reticulado cristalino é basicamente uma rede de pontos que representam cátions e
ânions, dispostos no espaço de maneira organizada e constante de acordo com as
propriedades de cada um, se repetindo no espaço pelas três dimensões, podendo se
prolongar infinitamente.
A propriedade que define a disposição dos íons no espaço é o seu número de coordenação,
que representa quantos vizinhos diretos de carga oposta um dado íon pode possuir. Este
valor está diretamente relacionado com o raio iônico dos íons. Um íon de maior tamanho
pode suportar um maior número de vizinhos, mas do mesmo modo, se os vizinho possuírem
um tamanho muito grande, uma pouca quantia poderá ser suportada.
Uma cela unitária pode ser utilizada para representar uma pequena parte do retículo
cristalino, e vem a ser o menor agrupamento possível de átomos de uma estrutura cristalina
específica que ainda contenha as características e propriedades do cristal. A repetição
desta cela unitária define a constituição de um mineral.
O principal propósito de termos que definir uma célula representativa do retículo cristalino é
para determinarmos sua geometria no espaço e sua simetria. Sua forma é estabelecida de
acordo com os valores de seus parâmetros de rede, que ao total são seis: três que definem
o tamanho das arestas de cela (a, b, c) e outros três que definem os ângulos entre as
arestas (ⲁ , 𝜷, 𝜷). Ao final existirão sete combinações possíveis entre os valores dos
parâmetros, e cada uma destas combinações constitui um sistema cristalino. Ao
combinarmos cada um dos sete sistemas cristalinos com as formas de disposição de
partículas em um cela (CCC, CFC e HC), obteremos 14 retículos cristalinos diferentes,
nomeados de Retículos de Bravais.
Relação de Raios Iônicos
Estabelecendo uma relação entre o tamanho de um íon e de seu vizinhos é possível
estabelecer geometricamente quantos íons de um dado tamanho podem se arranjar em
torno de um íon menor, determinando assim seu número de coordenação. Através do valor
da Relação de raios limitantes (Raio A+ / Raio Z-) é possível verificar qual o NC do íon,
assim como a estrutura mais estável em que o conjunto se dispõem. O valor obtido pela
razão é comparado com um valor de limite inferior já determinado através de relações
trigonométricas que levam em consideração a geometria e o número de ligantes de um
arranjo.
Deve-se, no entanto, prestar atenção ao tipo de sólido, pois mesmo que a relação de raios
indique a estrutura correta em muitos casos, por conta dos pressupostos em que se baseia
existem uma série de exceções, o que a torna um método não muito confiável.

Empacotamento Compacto
Considerando cada íon como uma esfera no espaço, estruturas cristalinas tendem a manter
um arranjo compacto, de forma a haver o mínimo de desperdício de espaço, mas devido ao
formato esférico dos íons, a densidade máxima que poderá ser atingida por um arranjo
como este será de até 74%. O restante será constituído pelos espaços não ocupados da
estrutura cristalina, divididos em interstícios que se encontram entre cada grupamento de
esferas. Interstícios são classificados de acordo com o número de íons que os delimitam,
podendo ser tetraédricos se forem delimitados por quatro esferas ou octaédricos se forem
delimitados por seis esferas.

Para cada esfera num arranjo de empacotamento compacto há um interstício octaédrico e


dois tetraédricos.
Geralmente se é possível determinar com a relação de raios se o íon de menor tamanho da
estrutura estará ocupando algum interstício. Um íon com NC=4 ocuparia um interstício
tetraédrico, enquanto um com NC=6 ocuparia um octaédrico.
Energia Reticular
A energia de rede (U) de um cristal se trata da quantidade de energia liberada na formação
de um mol do sólido cristalino a partir de seus íons no estado gasoso. A posição ocupada
pelos íons na estrutura cristalina estão propensos a se organizar desta maneira pois
conduzem uma energia reticular mais favorável. O valor da energia de rede também define
o quanto de energia será necessário para separar os íons de um mol do composto iônico
em íons gasosos.

Este tipo de energia não pode ser medido diretamente, mas é possível se determinar
teoricamente seu valor. Para tal, é levado em consideração que os íons de carga positiva e
negativa se comportam como cargas pontuais, e a energia que permite a formação do
cristal é baseada em suas interações de atração e repulsão eletrostática estando em
equilíbrio.

A equação de Born-Landé permite calcular a energia reticular desde que se conheçam a


geometria do cristal, a constante de Madelung, as cargas z+ e z- e a distância interiônica .

Observando as variáveis da equação, é possível observar que a distância interiônica é


inversamente proporcional ao valor da energia, o que se traduz na forma de que compostos
com retículos mais fortes terão menores distâncias entre seus íons. Também é possível
perceber que o produto das cargas iônicas é diretamente proporcional ao valor da energia,
assim, maiores valores resultarão em uma energia reticular mais negativa.

A energia de rede de um sólido reflete a força de ligação, o que pode ser notado facilmente,
pois cristais com altos valores de U possuem pontos de fusão e dureza mais elevadas.

Ciclo de Born-Haber
O valor da energia de rede também pode ser obtido através do uso de valores
experimentais. Usa-se para isso o ciclo de Born-Haber, que se baseia fortemente no
princípio da Lei de Hess, a qual diz que a variação total de energia de um processo
depende somente das energias dos estados inicial e final, e não do caminho seguido. Com
isso em mente, ao se dispor em etapas o processo de combinação dos íons para a
formação do retículo cristalino, dispondo a energia envolvida em cada etapa, e, ao final
somarmos todos os termos obtém-se o valor da Entalpia de Formação do cristal.
Desejando-se saber o valor de U, basta a aplicação de propriedades matemáticas de forma
a isolá-lo na equação termodinâmica e obter seu valor.
Características dos Compostos Iônicos
Geralmente se apresentam como sólidos cristalinos com pontos de fusão e ebulição muito
elevados. A interação estabelecida pelos átomos que os constituem não é de maneira
direcional, mas sim de natureza eletrostática em decorrência dos íons formados. Quando
fundidos ou em solução, tem a capacidade de conduzir corrente elétrica por conta da
liberdade dos íons.

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